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APLICAÇÃO DO CUSTEIO ABC EM UMA EMPRESA VAREJISTA DE GASES INDUSTRIAIS Rafaela Lopes de Azevedo (uepa ) [email protected] Bruna Gabrielly Teixeira da Silva (uepa ) [email protected] A busca constante por espaço e reconhecimento no mercado, pelas organizações, além de aspectos que as diferenciem da concorrência, conduz a adoção de métodos que auxiliem no conhecimento dos reais custos recorrentes na execução de suas ativvidades para assim empregarem, adequadamente, suas receitas em ações que promovam seu crescimento. Em virtude disso, o estudo objetiva apresentar informações, em uma empresa que comercializa gases industriais, acerca do comportamento de consumo dos recursos que validarão o planejamento de capital em cada departamento, bem como a otimização dos custos. Para isso, no estudo foi utilizada a metodologia de Custeio por Atividade, ou Custeio ABC, que visa identificar todos os custos relativos em cada atividade, pertinente aos departamentos presente na empresa, com intuito conhecer e assim minimizar determinados gastos que por vezes podem ser irrelevantes e ocasionarem a análise equivocada sobre o lucro. Por fim, foi observado que o departamento de compras, sendo um dos mais necessários à empresa, era o que concentrava mais custo para sua realização. Além disso, através dessa descoberta e da mensuração dos dados foi possível elaborar a DRE. Palavras-chave: Custeio por atividade; Custeio ABC; gases industriais; Análise de custos XXXVI ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCÃO Contribuições da Engenharia de Produção para Melhores Práticas de Gestão e Modernização do Brasil João Pessoa/PB, Brasil, de 03 a 06 de outubro de 2016.

APLICAÇÃO DO CUSTEIO ABC EM UMA EMPRESA … · empresa comercializante de gases industriais, a mesma concedeu dados de seu exercício do ano de 2015. ... Seguindo a abordagem do

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APLICAÇÃO DO CUSTEIO ABC EM

UMA EMPRESA VAREJISTA DE GASES

INDUSTRIAIS

Rafaela Lopes de Azevedo (uepa )

[email protected]

Bruna Gabrielly Teixeira da Silva (uepa )

[email protected]

A busca constante por espaço e reconhecimento no mercado, pelas

organizações, além de aspectos que as diferenciem da concorrência,

conduz a adoção de métodos que auxiliem no conhecimento dos reais

custos recorrentes na execução de suas ativvidades para assim

empregarem, adequadamente, suas receitas em ações que promovam

seu crescimento. Em virtude disso, o estudo objetiva apresentar

informações, em uma empresa que comercializa gases industriais,

acerca do comportamento de consumo dos recursos que validarão o

planejamento de capital em cada departamento, bem como a

otimização dos custos. Para isso, no estudo foi utilizada a metodologia

de Custeio por Atividade, ou Custeio ABC, que visa identificar todos os

custos relativos em cada atividade, pertinente aos departamentos

presente na empresa, com intuito conhecer e assim minimizar

determinados gastos que por vezes podem ser irrelevantes e

ocasionarem a análise equivocada sobre o lucro. Por fim, foi

observado que o departamento de compras, sendo um dos mais

necessários à empresa, era o que concentrava mais custo para sua

realização. Além disso, através dessa descoberta e da mensuração dos

dados foi possível elaborar a DRE.

Palavras-chave: Custeio por atividade; Custeio ABC; gases

industriais; Análise de custos

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1. Introdução

O acirramento da concorrência conduz organizações a buscarem métodos que auxiliem na

tomada de decisões fundamentais à sua permanência no segmento de mercado em que atuam.

Segundo Megliorini (2012), com a competividade mais intensa a Gestão de Custos passou a

ter mais importância no sentido de que pode oferecer informações pertinentes para acessorar a

organização na condução lucrativa de seus negócios.

Nesse contexto, para a mensuração de custos, dentre outras possibilidades existentes na

literatura, destaca-se o Custeio Baseado em Atividades (ABC). Tal metodologia melhorou a

gestão financeira à medida que permitiu identificar os custos com atividades associadas aos

departamentos existentes na empresa, verificando de que forma essas atividades se relacionam

com a geração de receitas e qual o respectivo consumo de recursos de sua parte.

O presente artigo teve como referência de estudo uma empresa que comercializa gases

industriais, localizada na cidade de Castanhal, estado do Pará, a mesma está no mercado há

cerca de seis anos e atualmente tem dificuldade para competir no seu segmento, visto que

empresas da capital paraense vieram competir na cidade onde ela está localizada.

Tendo em vista, essa problemática objetivou-se identificar o efetivo consumo de recursos

destinados ás atividades de cada departamento da entidade estudada, com o intuito de analisar

os custos corretamente, para assim ajudar na melhoria de análise de rentabilidade da empresa.

2. Referencial Teórico

Nesta seção encontra-se toda fundamentação teórica do estudo.

2.1. Evolução do custeio

De acordo com Megliorini (2012), a identificação dos custos no processo de fabricação dos

produtos antigamente era obtida a partir, apenas, da matéria-prima e da mão de obra direta.

Diante disso, Araujo (1995) afirma que a partir da década de 1980 a relevância do custeio

tradicional começa a ser questionada por acadêmicos e posteriormente pelo ambiente

industrial.

Pois, segundo Megliorini (2012), com a acentuação de equipamentos e maquinários no

processo produtivo, proporcionada pelo avanço da tecnologia, a mão de obra direta passa a ser

reduzida ao passo que custos indiretos na fabricação sofrem significativo aumento, visto que

antes de 1980 o processo era executado predominantemente pela mão de obra.

2.3. Classificação dos custos

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Segundo Iudícibus e Marion (2008) os custos pertinentes a produção podem ser classificados

e diferenciados da seguinte maneira:

Custos Diretos: Custos apropriados diretamente ao produto e há o conhecimento do

valor que o produto absorveu. A matéria-prima e a mão de obra direta, são exemplos

desse custo;

Custos Indiretos: Não são identificáveis no produto devido não possuírem medida

exata e carecerem de estimativas de valores através do rateio. Vale ressaltar que no

Brasil, a depreciação é tratada como custo indireto, devido o bem depreciar

trabalhando ou não.

De acordo com Oliveira et al. (2004), as taxas reconhecidas pela Receita Federal

podem ser visualizadas no quadro 01 abaixo:

Quadro 01 – Taxas de depreciação de acordo com o Regulamento de Imposto de Renda

Ativo Imobilizado Taxa anual de

depreciação (%)

Edifícios e benfeitorias 4

Instalações 10

Maquinários 10

Móveis e utensílios 10

Semoventes - animais de tração 20

Computadores e periféricos – hardware 20

Programas de computador - software (amortização) 20

Veículos de carga 20

Veículos de passageiros 20

Máquina de terraplanagem 25

Motociclos 25

Tratores 25

Autor: Adaptado de Oliveira et al. (2004)

Ainda segundo os autores, os custos podem ser variáveis ou fixos, independentemente de

serem diretos ou indiretos.

Custos Variáveis: São custos que variam na mesma proporção das variações ocorridas

com determinados volumes das atividades;

Custos Fixos: São custos que não se alteram mesmo que ocorram variações.

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O aumento dos custos indiretos na fabricação ocasionou um impacto considerável na

obtenção dos custos de cada produto, visto que a incorporação a eles necessitam do rateio

mediante direcionadores de valores. Em vista disso, e buscando atender às necessidades

informacionais dos gestores, foram criados métodos de custeios adequados a identificação dos

custos indiretos (MEGLIORINI, 2012).

2.2. Sistemas de Custeios

2.2.1. Custeio por absorção

No custeio por absorção todos os custos são apropriados ao produto, sem distinção do tipo, se

são variáveis ou fixos. (IUDÍCIBUS; MARION, 2008)

2.2.2. Custeio variável

De acordo com Horngren, Foster e Datar (2000), no custeio variável todos os custos, diretos

ou indiretos, são apropriados aos produtos e os custos tidos como fixos são excluídos do

período e classificados como despesas.

2.2.4. Custeio baseado em atividade ou ABC ou Activity based costing

No custeio ABC os custos indiretos são apropriados aos produtos através das atividades que

cada departamento ou centro de custos possui. De acordo com esse sistema, os produtos

utilizam-se das atividades e estas, por sua vez, se mantem através do consumo de recursos

(RIBEIRO, 2009).

Segundo Martins (2003):

Atividade é uma ação que utiliza recursos humanos, materiais, tecnológicos e

financeiros para se produzirem bens ou serviços. E composta por um conjunto de

tarefas necessárias ao seu desempenho. As atividades são necessárias para a

concretização de um processo, que é uma cadeia de atividades correlatas, inter-

relacionadas.

Os procedimentos para execução do custeio ABC acontecem, segundo Ribeiro (2009), da

seguinte maneira:

Acumulação dos custos indiretos de fabricação (CIF) aos seus respectivos

departamentos de origem;

Repasse dos CIFs às atividades que os geraram dentro de cada departamento;

Apropriação dos CIFs acumulados nas atividades aos produtos.

A atribuição dos custos aos produtos acontece mediante utilização de direcionador que

compreende a um fator que indica o consumo das atividades pelos produtos atribuindo custos

aos mesmos (MARTINS, 2003)

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Segundo Martins (2003) existe dois tipos de direcionadores: direcionador de primeiro estágio

representa os custos transferidos dos centros de custos ou departamentos as atividades, ou

seja, são indicadores de custeio de atividades, e o direcionador de segundo estágio demonstra

a relação de custos das atividades com os produtos, servem para custear os produtos.

A execução desses direcionadores requer a utilização do método de maneira adequada, em

vista disso Ribeiro (2009) apresenta um esquema para contabilização do custeio da presente

maneira:

Departamentalização: Dividir a empresa em departamentos;

Identificação dos gastos comuns a todos os departamentos: Acumulação de todos os

gastos inerentes a cada centro de custos;

Distribuição dos gastos comuns a todos os departamentos: Segregar despesas e custos

de cada departamento;

Identificação e/ou acumulação dos gastos incorridos em cada departamento: Identificar

todos os gastos incorridos no departamento, tantos os transferidos quanto os

exclusivos daquele centro;

Identificação das atividades realizadas em cada departamento: Elaborar um rol das

atividades executadas em cada departamento;

Definição das atividades relevantes em cada departamento: Eleição das atividades

mais expressivas para contabilização de custos no departamento;

Atribuição de custos às atividades: Apropriação dos recursos consumidos em cada

atividade;

Atribuição de custos aos produtos: Transferência dos custos encontrados e apropriados

nas atividades aos produtos.

3. Caracterização do objeto de estudo

A empresa objeto de estudo é uma empresa que comercializa gases industriais, de caráter

familiar, que conta com um motorista, um auxiliar de motorista, uma auxiliar administrativo e

o proprietário da empresa. Essa entidade tem como clientela, empresas da área industrial e o

seu catálogo de produtos oferece ao cliente seis tipos de gases, sendo acetileno, argônio,

dióxido de carbono (CO2), Nitrogênio, Oxigênio e o Stargold que é a mistura do CO2 com o

argônio. Dentre os gases comercializados, pode-se encontrar ainda o dióxido de carbono e o

oxigênio variando por tamanho classificado pelo seu volume envasado no cilindro, como

mostra o quadro 02:

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Quadro 02 – Produtos e variações comercializados pela empresa

Produtos Variações

Acetileno

Argônio

CO2

7kg

18kg

25kg

Nitrogênio

Oxigênio

1m3

2m3

3m3

7m3

10m3

Stargold

Fonte: Autoras (2016)

No entanto, vale ressaltar que de todos os produtos comercializados, apenas não entrará no

estudo o acetileno devido sua compra não possuir histórico suficiente como os demais.

O seu processo compreende a compra e a venda de gases industriais comprimidos em

cilindros, no qual ela compra gases de uma distribuidora de Belém para posteriormente

vende-los seguindo uma rota diária, que engloba a área industrial de Castanhal e algumas

empresas da cidade de Santa Maria.

4. Metodologia

O presente trabalho utilizou o método de custeio baseado em atividade para analisar uma

empresa comercializante de gases industriais, a mesma concedeu dados de seu exercício do

ano de 2015. A aplicação do método ABC na entidade objeto de estudo se estruturou neste

trabalho da seguinte forma:

Levantamentos bibliográficos, através de uma revisão da literatura sobre os principais

aspectos do Custeio Baseado em Atividades, para ter o fundamento geral do trabalho;

Divisão da organização em departamentos, que foram identificados como, compras,

armazenamento, vendas e manutenção;

Mapeamento das atividades executadas em cada departamento;

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Alocação dos custos às atividades encontradas, através de direcionadores de recursos;

Análise das informações obtidas para assim chegar ao cálculo dos custos de cada

atividade.

5. Aplicabilidade

5.1. Departamentos e atividades

Com a elaboração do fluxograma foi possível identificar os departamentos ou centro custos

presentes na empresa, mostrados abaixo na figura 01:

Figura 01 – Departamentos da empresa

Fonte: Autores (2016)

Seguindo a abordagem do custeio ABC, após departamentalizar o processo da empresa foi

necessário mapear as suas respectivas atividades, como mostra a figura 02:

Figura 02 – Mapeamento das atividades

Fonte: Autores (2016)

5.2. Direcionadores de recursos

Após identificar as atividades alusivas a cada departamento o próximo passo foi encontrar os

direcionadores de primeiro estágio ou de recursos objetivando, posteriormente, alocar os

recursos de cada atividade. Abaixo a figura 03 demonstra os departamentos, suas atividades e

os respectivos direcionadores de recursos.

Figura 03 – Departamentos, atividades e direcionadores

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Fonte: Autores (2016)

5.3. Análise de vendas e custos

Para alocação dos custos de cada atividade, além dos direcionadores, foi necessário solicitar o

histórico de vendas mais recente, que no caso foi do ano de 2015, para conhecimento do

volume faturado e da quantidade vendida de cada produto, visto que haveria necessidade

posteriormente. A figura 04 demonstra tais dados:

Figura 04 – Histórico de vendas de 2015

Fonte: Autores (2016)

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Em seguida foram analisados os custos diretos e indiretos de todo ano de 2015, obtendo os

seguintes resultados mostrados na figura 05:

Figura 05 – Custos diretos e indiretos

Fonte: Autoras (2016)

Os salários dispostos na figura acima levam em consideração a função de cada colaborador de

acordo com o sindicato do município, cujos valores incidem o encargo, obrigatório, de

depósito do proprietário relativo ao FGTS de 8% e a retirada de 8% do salário do colaborador

para o INSS e, ainda, 30% de periculosidade no caso do motorista, por transportar produtos

perigosos. A figura 06 expõem os valores salariais dos colaboradores da empresa no período

de trinta dias:

Figura 06 – custo com mão de obra direta e indireta

Fonte: Autoras (2016)

5.4. Departamentalização

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Obtendo todos os custos, diretos e indiretos, relativos ao ano analisado foi possível apropriá-

los a seus departamentos correspondentes. É possível visualizar através da figura 07:

Figura 07 – Departamentalização e apropriação dos custos

Fonte: Autoras (2016)

A apropriação dos custos aos departamentos aconteceu da seguinte maneira:

Mercadorias: Resultante das compras realizadas no ano de 2015, cuja demonstração

pode ser vista na figura 04 e foi um custo observado apenas no departamento de

compras;

Combustível: O consumo de combustível acontece nos departamentos de compra e

venda. Foi registrado o gasto de R$ 14.400,00 (R$ 300,00/semana) no ano, além disso,

para comprar os materiais é gasto R$ 71,78 para ir e voltar do fornecedor dando,

aproximadamente, 135,6 km. Em 2015 as compras ocorreram a cada 18 dias

resultando no custo R$ 1.435,60 no departamento de compras, e subtraindo do valor

total gasto no ano obteve-se o custo no departamento de vendas;

Materiais auxiliares: Valor alusivo a gasto com materiais de auxílio para contagem

das mercadorias;

Mão de obra direta: Custo obtido com salários e encargos dos colaborados no ano de

estudo, o valor mensal pode ser visualizado na figura 06. No departamento de

armazenamento o auxiliar de depósito é quem estoca os materiais cujo custo anual

com o mesmo é de R$ 11.845,20.

No caso do motorista, sua função é exercida tanto nas compras, ao transportar a

mercadoria ao fornecedor, quanto nas vendas, diante disso foi necessário ratear os

custos a cada departamento. Primeiro foi calculado o gasto mensal do colaborador que

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é R$ 15.399,00 trabalhando 48 horas semanais, no entanto os tempos gastos nas

compras são de 06h: 30min.

Através disso foi encontrado o valor de R$ 34,75, aproximadamente, gasto na

realização das compras, multiplicando pelo total de viagens feitas ao fornecedor (19) o

gasto anual no departamento será de R$ 660,34 e no de vendas será a diferença do

salário anual por esse valor;

Depreciação: Através das cotas de depreciação para o departamento de

armazenamento foi auferido o valor de R$ 14.000,00. No departamento de compras e

no de vendas há a utilização do mesmo veículo, logo o valor total de R$ 12.000,00 foi

separado por meio do custo de R$ 33,85 para cada viagem ao fornecedor totalizando

R$ 643,15 no ano e o restante foi atribuído às vendas;

Energia da empresa: Custo anual com energia somente no armazenamento, pois é

onde é utilizada;

IPTU: Relativo ao imposto incidente ao espaço utilizado, logo somente ao

departamento de armazenamento;

EPI: Custo com equipamentos para manuseio dos produtos na estocagem, que são a

cinta ergonômica e as luvas;

Teste com cilindros: Custo de manutenção dos cilindros quando dez anos após serem

fabricados;

Mão de obra indireta: Salário e encargo referente ao colaborador responsável pela

contagem das mercadorias no departamento de armazenamento;

5.5. Apropriação dos custos às atividades

Posteriormente, os custos foram atribuídos às atividades identificadas em cada departamento,

como mostrado na tabela 02. A apropriação dos custos pode ser visualizada na figura 08 logo

abaixo:

Figura 08 – Apropriação de custos às atividades

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Fonte: Autoras (2016)

A estruturação realizada na figura 03, com os direcionadores de primeiro estágio, propiciaram

a alocação dos custos a suas respectivas atividades. Em seguida foi analisada a significância

de consumo que cada atividade exerce em seus departamentos. A análise pode ser vista na

figura 09:

Figura 09 – Consumo percentual de recursos

Fonte: Autoras (2016)

A tabela acima demonstra que todos os custos apropriados aos departamentos consomem

100% dos recursos de suas atividades.

5.6. Demonstração do resultado do exercício

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A fim de obter o lucro que a empresa alcançou no ano de 2015 foi reduzido da receita de

vendas, através do histórico de dados fornecidos e demonstrado na tabela 04, todos os custos

diretos e indiretos identificados no estudo. Com base nisso é possível visualizar a

demonstração do resultado no período estudado na figura 10:

Figura 10 - DRE

Fonte: Autoras (2016)

6. Considerações finais

Através da análise propiciada pelo método ABC, foi possível identificar as atividades

executadas em cada departamento, bem como calcular o custo de cada atividade

proporcionando apurar os dados e permitindo uma melhor tomada de decisão, chegando assim

ao objetivo do trabalho, visto que foi possível identificar a atividade de maior valor e sugerir

na conclusão da pesquisa o que podia ser minimizado ou até mesmo eliminado dentro do

processo, de forma a melhorar o desemprenho competitivo da empresa.

Neste trabalho, o departamento de compras merece uma maior atenção, tendo em vista que tal

departamento consome cerca de 40% da receita de vendas da empresa, ressaltando que

39,26% dessa porcentagem são com a atividade de compra de mercadorias, ou seja, cerca de

96,55% no departamento de compras é consumido pela atividade mencionada.

Considerando que se trata de uma comercializadora de gases, e que comprar mercadorias é

vital para todo o processo produtivo da empresa, é necessário então sugerir novas formas de

gerir esses custos para essa atividade.

Na análise feita, foi possível identificar que a empresa não possui uma política de estoque

coerente, ou seja, a compra de mercadorias é feita de acordo com a falta delas no estoque,

nunca houve nenhuma pesquisa sobre a projeção de demanda de pedidos para assim chega até

o ponto de pedido das mercadorias e, por conseguinte comprar de acordo com a demanda.

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É importante salientar que é de suma importância analisar o processo de momento de compra

evitando comprar em excesso e gerar custos demasiados, fazendo assim com que essa

atividade reduza seus custos.

O departamento de vendas, que engloba a atividade de fazer a rota diária precisa também de

um enfoque especial, pelo fato de que não existe o controle do dinheiro disponível para o

combustível, acarretando custos a mais na atividade. Como sugestão para outros trabalhos,

recomenda-se a análise dos outros departamentos e como reduzir custos desnecessários.

Por fim, como demostrado nesse estudo, a ferramenta ABC se mostrou um instrumento de

muita importância para a mudança de mentalidade no tocante a administração estratégica, o

método permitiu um aprofundamento do conhecimento das atividades favorecendo um

aperfeiçoamento do processo decisório do gestor da entidade.

7. Referências Bibliográficas CONGRESSO INTERNACIONAL DE CUSTOS, IV, 1995. Campinas – SP. Custos: Um instrumento de apoio à

decisão. Campinas: CONGRESSO INTERNACIONAL DE CUSTOS, 16 a 20 out. 1995. 14p.

HORNGREN, C; FOSTER, G; DATAR, S. Contabilidade de Custos. 9. ed. Rio de Janeiro: LTC, 2000.

IUDÍCIBUS, Sérgio de; MARION, José Carlos. Curso de contabilidade para não contadores. 5. Ed. São Paulo:

Atlas, 2008.

MARTINS, Eliseu. Contabilidade de custos. 9. Ed. São Paulo: Atlas, 2003.

MEGLIORINI, Evandir. Custos: análise e gestão. 3. Ed. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2012.

OLIVEIRA, Luís Martins de. et al. Manual de contabilidade tributária. 3. Ed. São Paulo: Atlas, 2004.

RIBEIRO, Osni Moura. Contabilidade de custos. São Paulo: Saraiva, 2009.