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A aplicação dos Modelos de Previsão de Falência em Postos de Combustíveis: Um Estudo Exploratório. Resumo Este trabalho busca retratar a realidade vivida por postos de combustíveis que faliram no interior do Estado de Pernambuco. Seu objetivo principal será facilitar o trabalho de contadores e proprietários de empresas do ramo de combustíveis, na escolha de caminhos a seguir para evitar a falência. Buscou-se neste trabalho entrevistar empresários e contadores, fazendo assim um estudo detalhado do histórico de empresas deste ramo antes da falência. Foram entrevistados cinco proprietários de postos falidos e seus respectivos contadores. Porém apenas uma empresa forneceu os balanços de 1998 a 2000, para que fossem estudados. Foi calculado a previsão de falência, por meio da análise discriminante usando modelos de previsões de falências de Kanitz, Altman, Elizabetsky, Matias e Pereira, fazendo assim uma comparação dos resultados obtidos com o uso de cada indicador de solvência. Apresenta-se também uma análise vertical e horizontal do Balanço da empresa que forneceu seus dados. Também se investigou aspectos da nova Lei de Falência em que entrou em vigor em 9 de fevereiro de 2005 sob lei N° 11.101/2005. Os resultados da aplicação dos modelos de insolvência demonstraram que alguns destes modelos poderiam antecipar uma situação de insolvência. 1 Introdução 1 Apresentação A pesquisa teve como partida a identificação de casos de fechamento de Postos de Combustíveis nas cidades de Bonito, Toritama e Caruaru, localizadas na Região do Agreste do Estado de Pernambuco. Procurou-se verificar a realidade dessas empresas com os contadores e os proprietários de postos de combustíveis falidos. Foram realizadas entrevistas com auxílio de gravador, tentando identificar as causas que levaram a falência desses postos. As entrevistas foram realizadas com cinco proprietários de postos de gasolina e seus contadores. Assim conseguiu-se demonstrar os percentuais dos problemas que levaram a falência e as causas reais vividas por esses empresários. Foram analisados balanços de 1998 a 2000 de um dos postos falidos, através de gráficos, análise vertical e horizontal, cálculo da liquidez e análise de previsão de falência, onde se utilizou os índices de Kanitz, Elizabetsky, Matias, Pereira e Altman, podendo assim fazer um comparativo dos dados obtidos em cada modelo e com isso saber se a empresa estaria insolvente no período analisado. Mostrou-se também a sistemática dos impostos que o comércio de combustível está obrigado em nível Estadual e Federal, a Nova Legislação de Falência Lei nº 11.101/2005, que

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  • A aplicao dos Modelos de Previso de Falncia em Postos de Combustveis: UmEstudo Exploratrio.

    Resumo

    Este trabalho busca retratar a realidade vivida por postos de combustveis que faliram nointerior do Estado de Pernambuco. Seu objetivo principal ser facilitar o trabalho de contadores eproprietrios de empresas do ramo de combustveis, na escolha de caminhos a seguir para evitar afalncia.

    Buscou-se neste trabalho entrevistar empresrios e contadores, fazendo assim um estudodetalhado do histrico de empresas deste ramo antes da falncia. Foram entrevistados cincoproprietrios de postos falidos e seus respectivos contadores. Porm apenas uma empresaforneceu os balanos de 1998 a 2000, para que fossem estudados.

    Foi calculado a previso de falncia, por meio da anlise discriminante usando modelos deprevises de falncias de Kanitz, Altman, Elizabetsky, Matias e Pereira, fazendo assim umacomparao dos resultados obtidos com o uso de cada indicador de solvncia. Apresenta-setambm uma anlise vertical e horizontal do Balano da empresa que forneceu seus dados.

    Tambm se investigou aspectos da nova Lei de Falncia em que entrou em vigor em 9 defevereiro de 2005 sob lei N 11.101/2005.

    Os resultados da aplicao dos modelos de insolvncia demonstraram que alguns destesmodelos poderiam antecipar uma situao de insolvncia.

    1 Introduo1 ApresentaoA pesquisa teve como partida a identificao de casos de fechamento de Postos de

    Combustveis nas cidades de Bonito, Toritama e Caruaru, localizadas na Regio do Agreste doEstado de Pernambuco.

    Procurou-se verificar a realidade dessas empresas com os contadores e os proprietrios depostos de combustveis falidos. Foram realizadas entrevistas com auxlio de gravador, tentandoidentificar as causas que levaram a falncia desses postos. As entrevistas foram realizadas comcinco proprietrios de postos de gasolina e seus contadores. Assim conseguiu-se demonstrar ospercentuais dos problemas que levaram a falncia e as causas reais vividas por esses empresrios.

    Foram analisados balanos de 1998 a 2000 de um dos postos falidos, atravs de grficos,anlise vertical e horizontal, clculo da liquidez e anlise de previso de falncia, onde se utilizouos ndices de Kanitz, Elizabetsky, Matias, Pereira e Altman, podendo assim fazer umcomparativo dos dados obtidos em cada modelo e com isso saber se a empresa estaria insolventeno perodo analisado.

    Mostrou-se tambm a sistemtica dos impostos que o comrcio de combustvel estobrigado em nvel Estadual e Federal, a Nova Legislao de Falncia Lei n 11.101/2005, que

  • entrou em vigor em 9 de fevereiro 2005, o papel da contabilidade em face das novas mudanas equal o seu papel social.

    2 Questo da PesquisaEm 2004, no setor de combustvel no Estado de Pernambuco, nenhuma empresa solicitou

    a falncia oficial, porm 24 solicitaram baixa na Junta Comercial do Estado de Pernambuco. Diante disso, houve a necessidade de fazer um estudo sobre as causas que levam Postos de

    combustveis nas cidades de Bonito, Toritama e Caruaru, onde foi constatado que nas nestascidades muitos postos fechavam ou trovam de proprietrios, fato que chamou ateno para quefosse feito um estudo detalhado do patrimnio dessas empresas com auxlio de indicadores deprevises de falncia, se poderia ter sido detectado as causas que s levariam a falncia e atevitaria a falncia. Assim surgiu a seguinte questo de pesquisa: Os modelos de previso defalncia poderiam ter detectado uma possvel insolvncia dos postos de combustveis localizadosno agreste do Estado de Pernambuco?

    3 Objetivo da pesquisa1.3.1 Objetivo geralO objetivo geral desta pesquisa identificar se os modelos de previso de insolvncia

    seriam teis na antecipao de possveis descontinuidade dos postos combustveis localizados noagreste do Estado de Pernambuco.

    3.2 Objetivos EspecficosOs objetivos especficos foram os seguintes:

    1) Identificar na literatura instrumentos que possam antecipar uma possvelinsolvncia:

    2) Identificar as causas que levaram a falncia de postos de combustveis:3) Aplicar nos postos falidos indicadores propostos na literatura, para medir a

    eficcia desses instrumentos, nos postos de combustveis, localizados na regio doAgreste do Estado de Pernambuco.

    4 Mtodo da Pesquisa

    Identificou-se cinco postos de combustveis, antes localizados nas cidades de Bonito,Toritama e Caruaru, no Estado de Pernambuco, para entrevistar os antigos proprietrios e osrespectivos Contadores. As entrevistas questionaram o seguinte: as causas da falncia; comoperceberam que a falncia esta prxima;; se havia alguma dvida com fornecedores, impostos eoutras; se eles voltariam s atividades caso as causas da falncia fossem superadas; se a variao

  • de preos foi causa da falncia. Especificamente com relao aos Contadores, questionou-se: seeles apresentavam demonstraes especficas que fossem teis a tomada de decises dosempresrios; se eles auxiliavam os clientes nos controles de custos e despesas; e se eles haviamcalculado os indicares de falncia, de acordo com os modelos referenciados na literatura. Emseguida obteve-se, com o compromisso de no revelar a denominao social, os balanos de 1998at 2000 de um posto que havia falido. Em seguida foram obtidos resultados de clculo dosmodelos de previso de falncia indicados na literatura. Tais clculos foram complementadoscom indicadores de liquidez e endividamento, alm de anlise horizontal e vertical.

    2 Atividade de Comrcio Varejista de Combustveis2.2 Posto de combustveis O Posto de Combustveis uma atividade mercantil, destinada venda de combustveis

    ao consumidor, segundo o Cdigo Nacional de Atividade Econmica. Esse tipo de Empresa poder ser uma firma individual, onde ser constituda por um

    nico proprietrio denominado Empresrio, sendo tambm o nico a responder pela Empresa emcaso de falncia Art: 966; Sociedade por Quotas de Responsabilidade Limitado de cada scio,sendo a sua responsabilidade na Empresa at o valor do seu capital social, art: 1052, ouSociedades Annimas, onde possui quase os mesmos requisitos da Sociedade por Quotas deResponsabilidade Limitada, porm o capital divide-se em aes que so negociadas na Bolsa deValores art: 108, da Lei 10.406/2002.

    2.2 Impostos e Legislao2.2.1 Registro nos rgos Competentes:Para ser constitudo um posto de combustvel necessita do registro no Registro Pblico de

    Empresas Mercantis da respectiva sede, antes do incio de sua atividade Lei 10406/2002, art: 966:no Cadastro Nacional de Pessoa Jurdica (CNPJ) art: 214 do Regulamento do Imposto de Renda eo registro da Inscrio Estadual Art: 56 a 58, 63 e 64 do Decreto 14.876/91.

    Concludas todas as etapas deste processo devero ser feito o registro na AgnciaNacional do Petrleo (ANP) que tem procedimentos especficos para o cadastro e fiscalizaodesses postos de combustveis.

    2.2.2 Formas de Tributao: Em nvel Federal o posto de combustvel poder optar pelo Regime Presumido ou Lucro

    Real. O Pis e a Confins so reduzidos alquota zero, de acordo com Medida Provisria n

    2158/2003 independente do regime de tributao escolhido.O Imposto de Renda Pessoa Jurdica tem a base de clculo a alquota de 1,6% e a

    Contribuio Social a alquota de 12%, o percentual aplicado a base de clculo de 8% para o IRPJe de 9% Contribuio Social.

  • No regime presumido o Imposto de Renda Pessoa Jurdica e a Contribuio Social socalculados em funo do faturamento.

    No Lucro Real a empresa poder optar pelo pagamento trimestral, onde ser levantadoum Balano, e pago os impostos e se a opo for Estimativa Mensal, a Empresa pagar pelofaturamento na mesma forma do Lucro Presumido e ao final do exerccio quando ocorrerencerramento do Balano ser calculado pelo lucro do perodo, sendo feito o confronto do que foipago em regime de estimativa durante o ano com que deveria ser pago sobre o lucro ao final doexerccio.

    3 Legislao e Indicadores de Previso de Falncia3.1 Legislao FalimentarA Legislao de Falncia no Brasil est gerando expectativas por parte dos Juristas,

    Empresrios e Investidores, Lei n 11.101 de 09/02/2005 que entrou em vigor em Julho de 2005. Essa nova Legislao vem com muitas mudanas, e uma delas privilegiar a recuperao

    das empresas para garantir que elas continuem no mercado, onde dever ser traado um plano decomo essa recuperao ser efetuada, isso se a sua permanecia ainda for vivel. Com isso, evitara reduo de empregos e o desaquecimento econmico, causado pela quebra de muitas empresasArt 47.

    A Nova Legislao, entretanto poder se configurar em uma faca de dois gumes, poisse o Juiz, o responsvel pelo deferimento da recuperao judicial Art 52, no avaliar osdocumentos com bastante preciso poder est deixando no mercado empresas que no estejammais fazendo o seu papel, que gerar lucros e benefcios para a sociedade, ou tirar uma empresaque possa gerar lucros e apenas estava passando por um momento de crise.

    A contabilidade tem extrema funo nesse processo, pois os documentos que seroanalisados pelo Juiz so os documentos contbeis dos trs ltimos exerccios Art 51 quedevero condizer com a verdade absoluta para que esse processo tenha xito.

    A nova Lei ir substituir a Lei n 7.661 de junho de 1945 que no mais condiz com a novarealidade que a economia globalizada, que segundo Marion e Iudcibus (2002 pg. 42) Aexperincia do administrador no so mais fatores decisivos no quadro atual; exige-se umelenco de informaes reais, que norteiam tais decises. E essas informaes esto contidas nosrelatrios elaborados pela Contabilidade.

    Diante desses processos a Contabilidade tem um papel de extrema responsabilidade, poispara efeito de Recuperao Judicial os dados sero fornecidos com base nos livros edemonstraes contbeis, que devero condizer com a realidade da empresa. Pois so essesdocumentos que sero apresentados pelo devedor ao Juiz. Tambm no Artigo 21 da citada Lei ocontador tem destaques importantes, que administrar empresa na fase de recuperao judicial.

    A contabilidade pode prestar informaes tanto para administrao e proprietrios,utilizando instrumentos de previso de falncia, como tambm para que os Juristas possamavaliar essas empresas e decidir se elas tm condies de continuar no mercado, decretando assima Recuperao Judicial.

  • Diante dessas consideraes a contabilidade e os contadores exercem um papel de grandeimportncia em tudo que diz respeito administrao da empresa e no processo falimentar.

    3.2 Indicadores de Anlise de Balanos e Previso de FalnciasA anlise de Balano atravs dos ndices tem com objetivo extrair informaes das

    Demonstraes Financeiras e vem sendo desenvolvida no meio acadmico atravs da integraocom os empresrios, que vem esse tipo de anlise como mais uma ferramenta gerencial quepodem criar novas frmulas de acordo com as necessidades de cada empresa, onde essesempresrios podero ter uma anlise mais detalhada do patrimnio de sua empresa e usar essesdetalhes para fazer bons negcios e continuar no seu ramo de atividade por muito tempo ealcanando bons resultados.

    De acordo com Matarazzo (2003 pg. 225) Espera-se de qualquer anlise baseada numconjunto de ndices que estes sejam capazes de distinguir as empresa saudveis daquelas com asquais os negcios devem ser evitados.

    Infelizmente, no existem frmulas mgicas de prever se a empresa vai chegar a falnciaou no, o que pretendemos mostrar as ferramentas de anlise que podero detectar comantecedncia se no futuro empresa ter ou no como pagar as suas dvidas e continuar com a suaatividade. Segundo Matarazzo (2003 pg. 146) Um ndice como uma vela acesa num quartoescuro d uma viso geral de como se comportou o patrimnio da empresa em determinadadata, podendo com esse dado passado fazer previses futuras que auxiliam na administrao.

    3.2.1 Anlise Vertical e Horizontal

    De acordo com Matarazzo (2003 pg. 24) ... pesquisas efetuadas recentemente cominsolvncia de pequenas e mdias empresas tm ressaltado a utilidade da Anlise Vertical eHorizontal como instrumento de anlise.

    Porm ainda pouco explorado, pois no ambiente de inflao e incertezas comercias queo Brasil se encontra, no tem servido de estimulo aos analistas fazerem uso mais intensamentedas possibilidades da Anlise Vertical e Horizontal. (Matarazzo 2003)

    A Anlise Vertical representa o percentual de cada Conta do Balano Patrimonial, emrelao ao Ativo e Passivo, mostra o quanto cada conta representa do Ativo e do Passivo Total.No caso da Demonstrao de Resultados representa o quanto cada conta de resultado representada Receita Lquida. Segundo Matarazzo (2003 pg. 243) O percentual de cada conta mostra suareal importncia no conjunto.

    J a Anlise Horizontal representa o percentual de crescimento ou reduo de cada conta,comparado com perodos anteriores, considerando o perodo mais antigo como perodo-base. De

  • acordo com Matarazzo (2003 pg. 245) A evoluo de cada conta mostra os caminhos trilhadospela empresa e as possveis tendncias.

    Essas anlises so consideradas de extrema importncia, pois de fcil compreenso, comos dados dos Balanos o administrador poder ter facilmente o histrico de crescimento oureduo da contas Patrimoniais e de Resultado.

    3.2.2 Principais ndicesEm relao estrutura de capitais o endividamento ir apresentar o percentual de

    obrigaes curto prazo em relao s obrigaes totais. Avaliando a composio dos recursosda empresa, procurando atravs desse ndice o quanto do Patrimnio Lquido est endividado. Esegundo Matarazzo, quanto menor este ndice melhor para a empresa.

    J no caso da Liquidez, que tem como objetivo apurar a capacidade da empresa saldarsuas obrigaes com terceiros. Que de acordo com Matarazzo, mostra a situao financeira daempresa e quanto maior melhor.

    3.2.3Anlise Discriminante Breve HistricoTambm chamada de Anlise do Fator Discriminante, a tcnica estatstica desenvolvida

    a partir de clculos de regresso linear e ao contrrio da regresso linear, permite resolverproblemas que contenham no apenas variveis numricas, como tambm variveis quantitativas,como exemplo a separao de empresas insolventes das solventes. Em relao a esta tcnicaBrando e Rozo comenta: (2004, pgs. 152-153)

    As primeiras idias associadas Analise Discriminante apareceram nosanos 20 em trabalhos do estatstico ingls Karl Pearson. Essa tcnica vem sendobastante difundida na predio de empresas que podero tornassem insolventes,utilizando os indicadores contbeis e financeiros para fazer tais previses, sendoutilizada pela primeira vez para eliminar critrios arbitrrios na seleo dos ndicespara determinao da situao da empresa por Edward Altman em 1968, sendoaplicado em empresas brasileiras em 1974 por Stephen Charles Kanitz e 1979 emtrabalho publicado por Altman. Seguidos de Elizabetsky, Matias e Pereira.

    Para Ragsdale (1997) a anlise discriminante (DA Discriminant Analysis) uma tcnicaestatstica que usa a informao de um conjunto de variveis independentes para a predio deuma varivel dependente discreta ou categrica. O objetivo da DA desenvolver um modelo depreviso que identifique qual o provvel grupo que uma nova observao pertencer, baseadonum conjunto de variveis independente, consideradas a priori.

    A Anlise de Balanos fez uso da Anlise Discriminante para indicar quais ndices e pesosdevem ser utilizados para que sejam capazes de distinguir as empresas saudveis daquelas quepodem ser consideradas insolventes. Matarazzo 2003

  • A seguir so demonstrados os principais modelos utilizados para medir o grau deinsolvncia.

    3.2.3.1 Modelo de AltmanEsse modelo foi testado em empresas brasileiras em 1979. Apresenta 83% de acerto de

    classificar corretamente se a empresa estar solvente e 77% de acertos se ela estar insolvente,apresentando assim duas formas de clculos, onde foram modificados apenas os pesos(Matarazzo, 2003, Brando e Rozo 2004).

    Z1 = -1,44 +4,03 X2 + 2,25 X3 0,14X4 +0,42X5Z2 = -1,84 - 0,51x1 + 6,32x3 + 0,71x4 + 0,53x5Onde:Z1 ou Z2 = Total de Pontos ObtidosX1 = Ativo Circulante Passivo Circulante / Ativo TotalX2 = Reservas e Lucros Suspensos / Ativo TotalX3 = Lucro Lquido + Despesas Financeiras + Imposto de Renda / Ativo TotalX4 = Patrimnio Lquido / Exigvel TotalX5 = Vendas / Ativo Total

    Nesses modelos, o ponto crtico 0 (Zero), indicando se a empresa obter um resultadoaproximado de 0 (zero) ela dever ter maior ateno, pois poder est ficando insolvente.

    3.2.3.2 Modelo de KanitzFoi o primeiro modelo a ser testado em empresas brasileiras, conhecido como

    termmetro de Kanitz e tem percentual de acerto de 80% de classificao correta de empresassolventes e 68% de empresas insolventes. Apresentando assim os modelos abaixo de previso defalncia (Matarazzo, 2003, Brando e Rozo 2004):

    F1 = 0,05x1 + 1,65 X2 + 3,55 X3 1,06X4 - 0,33X5

    Onde:F1 = Fator de Insolvncia = Total de Pontos obtidosX1 = Lucro Lquido / Patrimnio LquidoX2 = Ativo Circulante + Realizvel Longo Prazo / Exigvel Total

  • X3 = Ativo Circulante Estoques / Passivo CirculanteX4 = Ativo Circulante / Patrimnio LquidoX5 = Exigvel Total / Patrimnio Lquido

    Nesse modelo, a empresa estar insolvente se F1 for inferior a 3: a sua classificaoestar indefinida entre 3 e 0 e acima de 0 estar na faixa de solvncia.

    3.2.3.3 Modelo de ElizabetskyEm 1976, outro modelo de previso falncia mais atualizado, porm com a mesma funo.

    Seu percentual de acerto de 74% para empresas solventes e 63% para empresas insolventes,sendo apresentado o modelo de previso abaixo (Matarazzo, 2003, Brando e Rozo 2004):

    Z = 1,93 x32 0,20 X33 + 1,02 X35 1,33X36 + 1,12X37Onde:Z = Total de Pontos ObtidosX32 = Lucro Lquido / VendasX33 = Disponvel / Ativo PermanenteX35 = Contas Receber / Ativo TotalX36 = Estoques / Ativo TotalX37 = Passivo Circulante / Ativo Total

    Nesses modelos, o ponto crtico 0,5 (Zero Vrgula Cinco), ou seja, se o resultado for 0,5ou aproximado a empresa poder ficar insolvente.

    3.2.3.4 Modelo de MatiasEm 1982 Alberto Broges Matias tambm aperfeioou o modelo e teve um percentual de

    acerto de classificao das empresas solventes de 70% e das insolventes de 77%, apresentandoassim o seu modelo (Matarazzo, 2003, Brando e Rozo 2004):

    Z = 23,79 x1 - 8,26 X2 - 9,868 X3 0,764X4 0,535x5 + 9,912x6

    Onde:Z = Total de Pontos ObtidosX1 = Patrimnio Lquido / Ativo Total

  • X2 = Financiamentos e Emprstimos Bancrios / Ativo CirculanteX3 = Fornecedores / Ativo TotalX4 = Ativo Circulante / Passivo CirculanteX5 = Lucro Operacional / Ativo TotalX6 = Disponvel / Ativo Total

    Nesses modelos, o ponto crtico 0 (Zero), ou seja se o resultado for zero, a empresaestar insolvente.

    3.2.3.5 Modelo de PereiraNo ano de 1982, Jos Pereira da Silva, apresentou um modelo mais atual e com maior

    porcentagem de certos. Classificaram corretamente com 90% de acertos as empresas solventes e86% as empresas insolventes (Matarazzo, 2003, Brando e Rozo 2004). O seu modelo serapresentado a seguir:

    Z = 0,722 5,124E 23 + 11,016L19 0,342L21 0,048L26 + 8,605R13 0,004R29

    Onde:Z = Total de Pontos ObtidosE23 = Duplicatas Descontadas / Duplicatas ReceberL19 = Estoque (Final) / Custo das Mercadorias VendidasL21 = Fornecedores / VendasL26 = Estoque Mdio / Custo das Mercadorias VendidasR13 = (Lucro Operacional + Despesas Financeiras) / (Ativo Total Investimento Mdio)R29 = Exigvel Total / (Lucro Lquido + 0,1 Imobilizado Mdio + Saldo Devedor da

    Correo Monetria)

    Nesse modelo o ponto de separao 0 (Zero), abaixo de zero a empresa estarinsolvente; acima de zero, solvente.

    4 - Anlise dos Resultados4.1 - Pesquisa com os Administradores

  • A pesquisa foi realizada com cinco proprietrios de postos de combustveis falidos com oauxlio de gravador.

    Durante a entrevista pode-se perceber que a maioria dos proprietrios no administravaadequadamente os seus negcios. Parte dos entrevistados relatou que a causa da falncia foi falta de dinheiro, mas o que se pode perceber que uma das principais causas foi a madministrao, pois no havia uma segregao da entidade scio da entidade empresa, muitasvezes as despesas pagas no eram despesas operacionais, eram tambm despesas particulares dosproprietrios o que prejudicou o equilbrio do caixa.

    Quando foi perguntado ao proprietrio o que fez ele perceber que estava prximo falncia, 50% dos entrevistados responderam que foi a falta de dinheiro; 33% foi ainadimplncia de seus clientes e 17% foi a m administrao.

    Percebeu-se ao longo das entrevistas que muitas vezes os proprietrios no usavainformaes de custos para a formao dos preos, pois 100% dos entrevistados responderam queo preo do combustvel era ditado pelo mercado.

    Outra resposta interessante questo se a empresa tinha ficado com alguma dvida e se elapretendia paga-l, 100% das empresas ficaram com dvidas, deste total 33% eram dvidas comfornecedores; 34% com impostos e 33% com fornecedores e impostos. A pretenso de pagamentotanto dos fornecedores como dos impostos foi de 84% e 16% pretendiam pagar apenas aosfornecedores.

    Todas as empresas pesquisadas no chegaram a decretar falncia oficial, parte delesfecharam as portas e outras arrendaram suas instalaes para que outra se instalasse.

    Durante a pesquisa foi constatado que apenas 50% dos entrevistados voltariam ao ramo devenda de combustveis se a sua dificuldade fosse superada.

    Em face da nova legislao e com a maior facilidade que ela apresenta os outros 50%poderiam voltar a ter interesse em regressar atividade de venda de combustvel

    4.2 Pesquisa com os Contadores

    Durante as entrevistas com os cinco contadores dos postos falidos, eles de uma maneirageral, sempre mostraram que estavam atentos aos problemas que as empresas passaram, e quandoa situao no estava muito equilibrada, eles tentaram fazer um estudo detalhado com osproprietrios procurando solues que se fossem seguidas solucionariam o problema, mas que osproprietrios, no seguiram e acabaram se prejudicando cada vez mais.

    Os contadores responderam tambm que o principal motivo que causa a falncia dasempresas a m administrao.

    Quando foi perguntado se os modelos de previso da falncia foram testados nasdemonstraes contbeis das empresas, todos responderam que no. Alguns responderam que notinham conhecimento de tais tcnicas, causando assim uma controvrsia no que foi respondidoanteriormente, em relao ao desenvolvimento de um estudo detalhado antes da falncia.

  • A concluso que os contadores quiseram passar que os principais culpados pela falnciano eram eles e sim o proprietrio do estabelecimento, pois eles informaram e os proprietriosno quiseram atender.

    4.3 - Apresentao do Balano Patrimonial atravs de grfico e Testes dos Principaismodelos de Previso de Falncia

    4.3.1 Balano Patrimonial e Anlise Vertical e HorizontalNos Balanos apresentados, fornecidos por apenas um dos postos pesquisados, mostra a

    situao da empresa ao longo dos anos. As anlises vertical e horizontal, j mostravam que asituao no era favorvel. Havia um crescimento do Passivo Circulante e uma reduo doslucros e o Ativo Circulante no conseguia acompanhar o crescimento do Passivo Circulante. Aseguir apresenta-se os dados do Balano e as anlises vertical e horizontal.

    Anos 1998AV AH 1999AV AH 2000AV AHTotal Ativo 115.980,60 100 100 156.713,15 100 135 127.596,83 100 110Ativo Circulante 114.930,60 99 100 85.663,15 55 74 56.546,83 45 49Disponvel 27.401,67 24 100 546,66 0 0 - Contas a Receber - 0 - 0 0 56.456,83 45 0Estoques 87.528,93 75 100 85.116,49 55 97 - 0 0Permanente 1.050,00 1 100 71.050,00 45 6767 71.050,00 55 6767Imobilizado 1.050,00 1 100 71.050,00 45 0 71.050,00

    Total Passivo 115.980,60 100 100 156.713,15 100 135 127.596,83 100 110Passivo Circulante 85.333,00 74 100 132.810,27 84 155 108.148,75 84 126Fornecedores 69.256,28 60 100 96.090,36 61 138 35.750,93 28 51Contas a Pagar 16.076,72 13 100 36.719,91 23 228 72.397,82 56 450Patrimnio Liquido 30.647,60 26 100 23.902,88 16 77 19.448,08 15 63Capital 20.000,00 17 100 20.000,00 12 100 20.000,00 15 100Lucros Acumulados 10.647,60 9 100 3.902,88 2 36 (551,92) 0 -5

    4.3.2 - Balano Patrimonial atravs de Grfico

    Ao ser apresentado um Balano Patrimonial de forma tradicional, necessrio algumtempo de anlise para o gestor poder tomar alguma deciso baseada nas informaesapresentadas. A seguir apresentam-se os Balanos Patrimoniais atravs de grficos dos anos de1998 a 2000, de uma das empresas falidas pesquisadas.

    Por motivo de sigilo exigido pelo proprietrio no poder ser divulgada a sua razo social.

    Balano Patrimonial de 1998 a 2000 atravs de grficos

  • No grfico apresentado, pode-se verificar que a situao da Empresa no era muitofavorvel, se fosse feita uma comparao dos dados de 1998 com os de 1999 e 2000.

    O Ativo Circulante mostra uma queda de 1998 a 2000 e o Passivo Circulante apresentaaumento, a situao deveria ser inversa do ponto de vista de liquidez e endividamento. Outraanlise importante em relao ao lucro, que em 1998 era pequeno, contudo em 1999 e 2000 aempresa apresentou prejuzo.

    Porm, esses Balanos sero testados nas frmulas de previso de falncia e a seguir seroapresentados os resultados.

    4.3.3 - Anlise dos Resultados dos testes

    Nos balanos de 1988 a 2000 que foram analisados, em alguns dos perodos a empresano estaria insolvente, porm os dados mostraram uma aproximao com os valores de risco, oque deveria ter sido observado pelos gestores.

    4.3.3.1 - Anlise atravs de ndices Balanos Patrimoniais 1998 a 2000O primeiro ndice calculado foi o de endividamento. Este ndice mede o grau de

    endividamento do capital, e quanto menor melhor, a seguir ser apresentado o resultado doclculo do endividamento do capital de 1998 a 2000.

    Endividamento

  • 1998 1999 2000278% 556% 556%

    Verificou-se que o patrimnio lquido da empresa estava comprometido e ainda no erasuficiente para pagar todas as suas obrigaes. Esse fato se agravou de 1998 a 2000.

    Os ndices de liquidez foram outras medidas calculadas. Esses ndices medem o quanto empresa possu de ativos para arcar com as suas obrigaes. A seguir sero apresentadas sliquidez ao longo dos anos:

    1998 1999 2000Liquidez Geral R$ 1,35 R$ 0,65 R$ 0,52Liquidez Corrente R$ 1,35 R$ 0,65 R$ 0,52Liquidez Seca R$ 0,32 R$ 0,00 R$ 0,52

    A empresa em estudo apresentava uma liquidez geral e corrente satisfatria em 1998,poderia pagar todas as suas dvidas curto prazo e ainda apresentava um percentual de seguranade 35%, j nos anos de 1999 e 2000, ela apresentava uma deficincia de 35% em 1999 e 48% em2000, visto que todas as suas obrigaes eram a curto prazo.

    Levando em considerao as disponibilidades, a empresa necessita da venda de seusestoques para arcar com as suas obrigaes curto prazo, pois a sua liquidez seca deficiente emtodos os perodos. Em 1998, apresenta uma deficincia de 68%, em 1999 de 100% e em 2000 de48%, mostrando uma dependncia da empresa na venda de seus estoques para cobrir as suasobrigaes e se esses estoques no forem realizados ela teria que recorrer a outros meios parahonrar com seus compromissos. Entretanto, esta reduo da liquidez corrente para a liquidezseca, justifica-se, pois o principal ativo circulante do posto de combustvel o estoque.

    4.4 Testes dos modelos de previso de falncia

    A seguir so apresentados os indicadores de solvncia nos Balanos Patrimoniais de 1998a 2000 da empresa em estudo, segundo cada um dos modelos de previso.

    ndices dos modelos de previso de falnciaModelo 1998 1999 2000Altman 1,75 0,77 1,66Situao Solvente Solvente Solvente

  • 1998 1999 2000Kanitz -2,32 -0,38 -3,09Situao Penumbra Penumbra PenumbraModelo 1998 1999 2000Elizabetsky -5,37 0,21 1,39Situao Insolvente Insolvente SolventeModelo 1998 1999 2000Matias 1,66 -2,41 0,48Situao Solvente Insolvente SolventeModelo 1998 1999 2000Pereira 3,48 1,81 0,41Situao Solvente Solvente Solvente

    Em alguns modelos o mesmo Balano poderia no mostrar que a Empresa estariainsolvente. Segundo o modelo de Altman e Pereira ela no estaria insolvente, porm em 1999segundo Altman e em 2000 segundo Pereira, mostra uma aproximao ao ponto critico que 0.

    J o modelo de Kanitz, que apresenta o maior percentual de acerto, a empresa estaria napenumbra em todos os perodos calculados, que significa que deveria ter sido dada maior ateno,pois todos os dados levavam a empresa a uma possvel insolvncia.

    Nos modelos de Matias e Elizabetsky ela estaria insolvente em 1999, fato que deveria tersido melhor analisado, pois nos dois modelos ela estaria insolvente no mesmo ano.

    5 - ConclusoA pesquisa se restringiu as informaes fornecidas por cinco proprietrios de postos de

    combustveis falidos e seus respectivos contadores, alm desse fato, as concluses esto limitadass anlises dos indicadores de solvncia calculados a partir dos dados apresentados por apenas umposto de combustveis.

    Conclui-se que os contadores no fizeram uso das ferramentas contbeis de previso defalncia para auxiliar os gestores dessas empresas. A insolvncia no foi detectada comantecedncia, muitos ficaram com dvidas com fornecedores e tributos, dificultando a economialocal.

    A empresa estudada poderia ter percebido que estava numa situao difcil se tivesseaplicado os modelos de previso de insolvncia. Assim poderia ter sido tomada alguma decisopara evitar a falncia deste posto

  • Esse papel importante nas organizaes cabe aos contadores, pois so eles que prestam asinformaes aos gestores no processo de tomada de deciso. Portanto, eles tm que desempenhara funo com bastante zelo, gerando informaes proativas e no apenas informaes a respeitodo passado.

    Os modelos de anlise de previso de falncia podem ser considerado como um bomsubsdio para avaliar os riscos da empresa chegar a falncia, pois so instrumentos multivariados,que procuram por meio de variveis, na sua maioria retiradas das demonstraes contbeis,apresentar a previso de descontinuidade de uma empresa.

    Com a aprovao da Lei 11.101 esses modelos sero de grande importncia social, poisir auxiliar a Justia no processo decisrio de Recuperao Judicial e Extra Judicial. Trarinformao para os administradores judiciais de como a empresa se encontra e se ela ter ou nocondies (previso) de continuar com a sua atividade, evitando assim que seja decretada afalncia de empresas que teriam condies de continuar no mercado.

    Com a reduo das Decretaes de Falncias, a economia do Pas no ser prejudicadacom a falncia de empresas que poderiam continuar no mercado gerando lucros, tendo passadoapenas por perodos de m administrao ou problemas de demanda do mercado.

    Por fim, sugere-se novos trabalhos que se utilizem de amostras maiores, com o objetivode calcular um modelo prprio para o setor de postos de combustveis

    6 - Referncias BibliogrficasALMEIDA, Amador Paes De. Curso De Falncia e Concordata. 8 Edio. So Paulo: EditoraSaraiva; 1988;ASSAF Neto, Alexandre. Estrutura e Anlise de Balanos: um enfoqueeconmicos-financeiro 6 Edio. So Paulo: Atlas 2001;BRANDO, Claudinei Terra, Rozo, Jos Danbio, Coordenadores: CORRAR, Luiz J.THEPHILO; Carlos Renato, --. Pesquisa Operacional para Deciso em Contabilidade eAdministrao: Contabilometria: So Paulo: Editora Atlas 2004;BRASIL. Decreto 3000/99 Regulamento do Imposto de Renda;BRASIL. Lei 10.406/2005 Novo Cdigo Civil;BRASIL. Lei 11.101/2005 Lei de Falncias;BRASIL. Medida Provisria 2158/2001;IUDCIBUS, Sergio de, MARION, Jos Carlos Introduo Teoria da Contabilidade para onvel de graduao 3 Edio. So Paulo: Atlas 2002;Junta Comercial do Estado de Pernambuco, pesquisa local efetuada em 17/05/2005.MARION, Jos Carlos. Anlise das demonstraes contbeis: Contabilidade Empresarial.So Paulo 2 Edio. Editora Atlas 2002;

  • MATARAZO, Dante Carmine. Anlise Financeira de Balanos: Abordagem Bsica eGerencial: So Paulo: 6 Edio Editora Atlas 2003;RAGSDALE, Cliff T. Spreadsheet Modeling and Decision Analysis. Ohio, 2 Edio Editora South Western, 1997.