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UNIVERSIDADE DA AMAZÔNIA – UNAMA
CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E TECNOLOGIA –
CCET
CURSO DE ENGENHARIA CIVIL
APLICAÇÃO DOS PRINCÍPIOS DA CONSTRUÇÃO ENXUTA EM UMA OBRA VERTICAL
RAPHAEL DE ARAÚJO OYAMA WELLEN SOUZA BANDEIRA MOTA
Belém – PA 2010
UNIVERSIDADE DA AMAZÔNIA - UNAMA
CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E TECNOLOGIA - CCET
CURSO DE ENGENHARIA CIVIL
APLICAÇÃO DOS PRINCÍPIOS DA CONSTRUÇÃO
ENXUTA EM UMA OBRA VERTICAL
RAPHAEL DE ARAÚJO OYAMA
WELLEN SOUZA BANDEIRA MOTA
Orientador: ANDRÉ CLEMENTINO DE OLIVEIRA SANTOS
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado
como exigência parcial para obtenção do
título de Engenheiro Civil, submetido à banca
examinadora do Centro de Ciências Exatas e
Tecnologia da Universidade da Amazônia.
Belém – PA 2010
Trabalho de Conclusão de Curso submetido à Congregação do Curso de Engenharia Civil do Centro de Ciências Exatas e Tecnologia da Universidade da Amazônia, como parte dos requisitos para obtenção do título de Engenheiro Civil, sendo considerado satisfatório e APROVADO em sua forma final pela banca examinadora existente. APROVADO POR: ________________________________________________ ANDRÉ CLEMENTINO DE OLIVEIRA SANTOS, Mestre (UNAMA) (ORIENTADOR) ________________________________________________ EVARISTO REZENDE JUNIOR, Mestre (Unama) (EXAMINADOR INTERNO) ________________________________________________ ALVÁRO VINÍCIUS MONTEIRO DE ARAÚJO, Engenheiro Civil / Supervisor de Obras (CKOM Engenharia) (EXAMINADOR EXTERNO) DATA: BELÉM - PA, 15 de Dezembro de 2010
AGRADECIMENTOS
Gostaríamos de agradecer a todos que nos motivaram a fazer este trabalho,
especialmente aos nossos pais que sempre nos apoiaram e acreditaram na
gente. Queríamos agradecer também toda a nossa equipe de trabalho que nos
deu bastante suporte na coleta de dados, análises e pesquisa.
“Dados são importantes, mas dou maior ênfase aos fatos”
- Taiichi Ohno
RESUMO
A indústria da construção civil tem despertado grande interesse por novos
conceitos e técnicas de construção. Desde a criação do conceito de
“Mentalidade enxuta” no inicio da década de 90, baseada no Sistema Toyota
de Produção, muitas empresas estão discutindo essa aplicação.
O principal objetivo deste trabalho é introduzir uma nova filosofia de produção
em uma construtora em Belém-PA para alcançar a melhoria continua nos
processos construtivos. Com isso em mente, foi necessário conhecer todos os
processos da empresa para localizar as falhas e suas necessidades através de
um estudo de campo. Uma pesquisa sobre os princípios da construção enxuta
foi realizada apresentando à gerência as condições de aplicabilidade no
canteiro de obras. Após a aplicação, foi realizada a avaliação e discussão dos
resultados. Pode-se destacar que a integração dos princípios da construção
enxuta ao PBQP-H possibilitaram a introdução dessa nova filosofia de
produção que ainda está em desenvolvimento e em fase de aprendizado.
ABSTRACT
The construction industry has been very interested in some new concepts and
techniques. Since the creation of the “Lean Thinking” concept in the 90’s, which
is based on the Toyota’s Production System, many companies are discussing
its application.
The main objective of this study is to introduce a new production philosophy in a
construction company located in Belém-PA in order to achieve continuing
improvement on its procedures. With that in mind, it was necessary to get to
know all the company’s process in order to identify its failures and necessities
for this application. A study about the principles of Lean Construction was
carried out to be presented to the company staff and discussed its application at
the construction site. When this study is done, the process was evaluated and
discussed its results. We have to point that with the integration of the Lean
Construction principles to the Brazilian Program of Habitat Quality and
Productivity (PBQP-H), provided the development to the introduction of the new
production philosophy which until the end of this study, still in learning process.
SUMÁRIO Capítulo Página 1 - INTRODUÇÃO 1.1- CONSIDERAÇÕES INICIAIS.....................................................................10 1.2 - JUSTIFICATIVA.........................................................................................11 1.3 - OBJETIVOS...............................................................................................11 1.3.1 - Objetivo geral ........................................................................................11 1.3.2 - Objetivo específico ...............................................................................11 1.4 - RESUMO DOS CAPÍTULOS.....................................................................12
2 - TOPICOS TEÓRICOS RELEVANTES 2.1 SISTEMAS DE PRODUÇÃO.......................................................................13 2.1.1 - Sistema Toyota de Produção ..............................................................13 2.1.2 - Just-in-Time ..........................................................................................15 2.1.3 - A estrutura do Sistema Toyota de Produção .....................................15 2.2 - MENTALIDADE ENXUTA..........................................................................17 2.2.1 - Princípios da Lean Thinking ...............................................................17 2.3 - LEAN CONSTRUCTION...........................................................................18 2.3.1 - Histórico ................................................................................................18 2.3.2 - Aplicação na Construção Civil ............................................................20 2.3.3 - Conceitos Básicos ................................................................................21 2.3.4 - Princípios da Construção Enxuta .......................................................22 3 - ESTUDO DE CASO 3.1 - ANALISE PRELIMINAR.............................................................................29 3.1.1 - Dados da empresa ................................................................................29 3.1.2 - Dados da obra .......................................................................................29 3.1.3 - Política de Qualidade ...........................................................................29 3.1.4 - Estrutura Organizacional .....................................................................30 3.2 - ARRANJO FÍSICO.....................................................................................30 3.3 - FASES DA IMPLANTAÇÃO......................................................................31 3.4 - PRINCIPIOS DA CONSTRUÇÃO ENXUTA: APLICABILIDADE...............32 4 - CONCLUSÃO 4.1 - DISCUSSÃO DE RESULTADOS..............................................................49 4.2 - CONSIDERAÇÕES FINAIS.......................................................................52 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................................................54 ANEXOS........................................................................................................... 56
LISTA DE FIGURAS
Figura Página Figura 01 – Estrutura do Sistema Toyota de Produção ............................... 16
Figura 02 - Modelo de processo na filosofia gerencial tradicional ................. 21
Figura 03 - Modelo de processos na construção enxuta ............................... 22
Figura 04 – Estrutura Organizacional da obra .............................................. 30
Figura 05 – Novo layout de canteiro ............................................................. 32
Figura 06 – Área do contêiner antes da intervenção .................................... 33
Figura 07 – Área do contêiner depois da intervenção .................................. 33
Figura 08 – Arrumação dos tijolos em paletes para subir no guincho .......... 34
Figura 09 – Armazenamento de tijolos no posto de trabalho ........................ 34
Figura 10 – Exemplo de Ficha de Verificação de Serviço (FVS) ................... 35
Figura 11 – Planejamento executado na obra ............................................... 36
Figura 12 – Exemplo de Ficha de Verificação de Material (FVM) .................. 36
Figura 13 – Inspeção de serviço controlado ................................................... 37
Figura 14 – Serviço executado em lote menor de produção .......................... 38
Figura 15 – Aço cortado e dobrado pelo fornecedor ...................................... 38
Figura 16 – Fabricação de vergas pré-moldadas ........................................... 39
Figura 17 – Aplicação de verga pré-moldada ................................................. 39
Figura 18 – Apartamento padrão .................................................................... 40
Figura 19 – Apartamento modificado pelo cliente ........................................... 40
Figura 20 – Dispositivos visuais de comunicação ........................................... 41
Figura 21 – Placas de identificação de materiais ............................................ 41
Figura 22 – Seqüenciadores de argamassa .................................................... 42
Figura 23 – Tapume da obra .......................................................................... 42
Figura 24 – Walk-Talkie para comunicação com o guincheiro ........................ 43
Figura 25 – Dispositivos visuais de gerenciamento da obra ........................... 44
Figura 26 – Planilha de avaliação de fornecedor ............................................ 45
Figura 27 – Treinamentos e exibição de vídeos motivacionais ...................... 45
Figura 28 – Relatório de não-conformidade ................................................... 46
Figura 29 – Mapa de fluxo do processo de alvenaria ..................................... 47
Figura 30 – Fluxograma do processo de confecção de argamassa ............... 48
10
1.INTRODUÇÃO 1.1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS
O mercado da construção civil está aquecido e cada vez mais as
empresas investem em técnicas e novas práticas de gestão com o intuito de
reduzir custos e aumentar a produtividade através de novas filosofias de
produção. O termo “lean”, que significa “enxuto”, foi usado no final dos anos 80
por pesquisadores para definir um sistema de produção muito mais eficiente,
flexível, ágil e inovador para enfrentar um mercado em constante mudança.
Uma característica marcante do setor da construção civil é o elevado
percentual de desperdício. A falta de planejamento e gerenciamento, ou a
improvisação dos mesmos, gera desperdício de materiais, de mão-de-obra e
baixa produtividade. Para que essas perdas sejam evitadas é necessário
racionalizar a construção substituindo práticas rotineiras e convencionais por
processos sistemáticos.
A indústria da construção civil encontra-se em relativo atraso tecnológico
comparado com outros setores produtivos do país. Por se tratar de uma
indústria muito tradicional e antiga, apresenta muita resistência a mudanças
dificultando a adaptação da filosofia “lean” nos canteiros sobre a alegação de
que as características da construção são diferentes daquelas da manufatura,
onde a filosofia inicialmente se aplicou.
A construção enxuta é uma adaptação da produção enxuta desenvolvida
pelo Sistema Toyota de Produção (STP) de Taichi Ohno que surgiu na indústria
automobilística dos anos 50 no Japão. Essa época foi marcada por filosofias do
Total Quality Management (TQM) e do Just-in-Time (JIT), entre outras com o
objetivo da remoção de desperdícios através de uma abordagem prática.
A partir do Sistema Toyota de Produção, outros conceitos surgiram
baseados nele, como o “Lean Thinking” (mentalidade enxuta) que é
considerado uma generalização deste sistema.
Nos anos 90 estes conceitos foram aplicados na construção civil por
Lauri Koskela através do trabalho intitulado “Application of the new production
phylosophy in the construction industry” quer ficou conhecido como um novo
referencial teórico instituído para a gestão de processos na construção e
promoveu a criação do International Group for Lean Construction (IGLC).
11
No Brasil, a Lean Construction chegou em 1996, trazida por diversos
pesquisadores e consultores da área de planejamento e gestão de produção.
1.2 JUSTIFICATIVA
A produtividade na construção civil pode ser melhorada através de um
conjunto de modificações estruturais, tecnológicas, organizacionais,
motivações psicológicas e das condições de trabalho. A obra em estudo, busca
adotar os princípios da Lean Construction e as filosofias “lean” para estabilizar
o fluxo de material e informação, melhorar os seus processos construtivos,
produzir necessário somente quando o necessário (JIT) e otimizar a mão-de-
obra reduzindo os tempos de ociosidade.
1.3 OBJETIVOS
1.3.1 OBJETIVO GERAL
Este trabalho tem como objetivo identificar as diretrizes para implantar
os princípios da construção enxuta em um canteiro de obras vertical em Belém-
PA para melhoria dos seus processos construtivos.
1.3.2 OBJETIVO ESPECÍFICO
� Conhecer as técnicas e métodos utilizados na Construção Enxuta
para a sua aplicação no canteiro de obras.
� Estudar a empresa em estudo e conhecer os seus processos.
� Apresentar os princípios da Construção Enxuta para a gerência
na obra em estudo e analisar a sua aplicabilidade através de
casos de implantação na construção civil.
� Coletar informações que sobre os processos da obra em estudo
para análise de melhorias.
� Propor práticas que evidenciem a aplicação dos princípios da
Construção Enxuta no canteiro de obras
12
� Avaliar os fatores críticos dessa implantação no estudo de caso e
descrever os benefícios que ela proporcionou para a obra em
estudo.
1.4 RESUMO DOS CAPÍTULOS
Além deste capítulo, que promove as principais propostas deste trabalho
discutidos nos objetivos gerais e nos objetivos específicos, este trabalho está
composto por mais três capítulos.
No segundo capitulo é abordado o referencial teórico que é constituído
pelos principais conceitos que formaram a construção enxuta e a sua
adaptação nos canteiros de obras.
No terceiro capitulo é discutido a aplicação da construção enxuta na
obra em estudo através dos onze princípios propostos pro Laury Koskela e a
apresentação de práticas e evidenciam os mesmos.
No quarto Capitulo são apresentadas as conclusões e os resultados da
intervenção deste estudo na obra.
13
2. TOPICOS TEORICOS RELEVANTES
2.1 SISTEMAS DE PRODUÇÃO
2.1.1 SISTEMA TOYOTA DE PRODUÇÃO
No ano de 1973, com a crise do petróleo governos, empresas e
sociedades no mundo inteiro enfrentaram pesados prejuízos. Enquanto a
Toyota Motor Company, empresa japonesa continuou obtendo lucros, não com
a mesma proporção, sendo uma das poucas empresas a escapar dessa crise.
Este fenômeno despertou a curiosidade das organizações [GHINATO, 2000].
Desde então Eiji Toyota e Taiichi Ohno iniciaram um esforço para a
mudança para desse cenário. Ohno começou a trabalhar diretamente com
equipes e seus lideres que recebiam um grupo de atividades de montagem e
uma área de linha de produção devendo trabalhar juntas da melhor maneira
para realizar as operações necessárias, logo em seguida organizou as tarefas
da área de trabalho, forneceu ferramentas e atribuiu tarefas de verificação da
qualidade.
Este processo contínuo de melhoria, termo japonês “kaizen”, ocorre em
colaboração com engenheiros industriais, que ainda existiam, mas em
quantidade muito menor. Segundo [WOMACK, 1990], em se tratando do
retrabalho, Ohno permitiu que cada trabalhador da linha de montagem, ao
contrário do sistema de produção em massa, pudesse parar a linha de
produção caso algum defeito fosse detectado. De maneira sistemática os
trabalhadores aprenderam a identificar a raiz do problema, e posteriormente a
sugerir a correção para que este mesmo problema nunca voltasse a ocorrer. À
medida que os trabalhadores obtiveram experiência em identificar e rastrear os
problemas até a raiz, o número de erros foi reduzido bruscamente. Outras
conseqüências foram a redução da necessidade de retrabalho e o aumento da
qualidade dos carros fabricados. O objetivo do sistema Toyota era reduzir os
estoques finais e intermediários trabalhando com pequenos lotes de produção
e uma alta quantidade de entregas e transporte [SHINGO, 1996].
14
O sistema de produção adotado pela Toyota é conhecido como Sistema
Toyota Produção (STP), que hoje conhecemos por Lean Prodution System que
significa Sistema de Produção Enxuta.
O significado da palavra enxuto do inglês (lean) foi utilizado no final dos
anos 80 pelos pesquisadores do International Motor Vehicle Program (IMVP)
para definir um sistema de produção eficiente, flexível e inovador do que a
produção em massa, o qual é um sistema que está habituado a enfrentar
mudanças constantes no mercado.
O interesse nas idéias do Sistema Toyota de Produção surgiu
principalmente pelo alto grau de competitividade que ele oferecia. Através da
análise das atividades envolvidas no processo, era possível identificar as
diferenças entre desperdício e valor, a partir da ótica de clientes e usuários
convencionais [KOSKELA, 2004].
Uma das principais características do Sistema Toyota de Produção é a
redução de perdas em todo o processo de produção. Perdas são vistas como
qualquer ineficiência que leva ao uso de equipamentos, materiais e mão-de-
obra em quantidades maiores do que as necessárias para a produção de um
produto. Estas perdas podem ser tanto desperdício de materiais quanto
execução de tarefas desnecessárias que levam a custos adicionais e a
atividades que não agregam valor.
A Toyota apresenta uma busca incessante pela descoberta das causas
reais dos problemas e perdas. Outro sistema utilizado para tal é o dos 5
“Porquês”. Ao utilizar este sistema é possível descobrir a raiz dos problemas,
tendo como objetivo final a melhoria [SHINGO, 1996].
De acordo com [WOMACK, 1990], outro sistema criado pela Toyota foi
uma nova maneira de coordenar o fluxo de materiais dentro do sistema de
fornecimento diário de suprimentos, o just-in-time. Nesse sistema foi
estabelecido que as partes fossem produzidas apenas quando a próxima etapa
as requisitasse.
O sistema de produção e gerenciamento desenvolvido na Toyota foi
resultado de esforços de tentativas e erros para competir com a produção em
massa já estabelecida nas indústrias de automóveis americanas e européias
[SHINGO, 1996].
15
Toyota e Ohno levaram mais de vinte anos para implantar este conjunto
completo de idéias dentro do Sistema Toyota de Produção. No final eles
obtiveram sucesso, trazendo melhorias relevantes na produtividade, na
qualidade do produto e na capacidade de resposta a mudanças do mercado
[WOMACK, 1990].
2.1.2 JUST-IN-TIME
O conceito de Just-in-Time (JIT) se baseia em produzir os itens
necessários na quantidade necessária e no tempo necessário. Tem por
objetivo identificar, localizar e eliminar as perdas garantindo um fluxo contínuo
de produção.
O princípio de funcionamento do sistema de Construção Enxuta é
composto pelo método do tempo propício. O Just-in-Time determina que as
empresas necessitem eliminar e reduzir os estoques de produtos e devem
procurar trabalhar em parcerias com os seus fornecedores com a finalidade de
igualar e evitar o excesso.
2.1.3 A ESTRUTURA DO SISTEMA TOYOTA DE PRODUÇÃO
A base do sistema Toyota de produção é sustentada por seus dois
pilares, o Just-in-Time e Jidoka, e outros componentes essenciais do sistema.
Com este modelo, o objetivo é atender da melhor maneira as necessidades do
cliente, fornecendo produtos e serviços da mais alta qualidade, ao mais baixo
custo e no menor tempo (lead time) possível.
Tudo isso, enquanto assegura um ambiente de trabalho onde segurança
e moral dos trabalhadores constitua-se em preocupação fundamental da
gerência.
16
Figura 01 – Estrutura do Sistema Toyota de Produção (Ghinato, 2000)
Esse modelo visa adaptar os componentes do STP às peculiaridades do
setor da construção de edificações residenciais verticais, com o intuito de
aumentar sua competitividade, permitindo que as empresas tenham um melhor
aproveitamento dos seus recursos internos. A estrutura é composta por dois
pilares, pela base e no topo o cliente.
2.2 MENTALIDADE ENXUTA
O conceito de mentalidade enxuta foi formulado no inicio da década de
90, baseada no sistema Toyota de produção e firmou como o novo paradigma
de produtividade na manufatura existindo diversas aplicações em vários
setores da indústria.
Com o avanço da construção civil o interesse nos conceitos da
construção cresceu tendo assim várias empresas e pesquisadores discutindo
esses conceitos e práticas.
17
2.2.1 PRINCIPIOS DO LEAN THINKING (MENTALIDADE ENXU TA)
Valor:
A princípio, deve-se entender o que é valor para o cliente, pois este
princípio é o ponto de partida para aplicação de todos os demais princípios da
lean.
Essa identificação inclui determinar exatamente quais características do
produto e serviços associados ao mesmo, o cliente está disposto a pagar. Esta
é a referência para a identificação de desperdícios, definidos como tudo aquilo
que não agrega valor, servindo de base para a aplicação dos demais
princípios.
Fluxo de Valor:
Deve-se identificar e eliminar desperdícios ao longo de toda a cadeia de
valor, da matéria-prima ao cliente final. Para isso, faz-se necessário que se
faça a gestão de fluxos físicos de pessoas, materiais e equipamentos em
canteiro de obra, que deve fazer parte do processo de planejamento e controle
da produção.
Fluxo Continuo:
Devem-se realizar todas as atividades que agregam valor sem
interrupções, eliminando os desperdícios e reduzindo o lead time. Seguindo
este raciocínio pode-se dizer que o conceito de fluxo é fundamental dentro da
filosofia Lean. Sua implantação resulta, por exemplo, na utilização de produção
celular, onde a produtividade é alta, devido ao uso de conceitos tais como:
fluxo de uma peça, operadores multifuncionais, e ritmo padronizado e
controlado.
18
Puxar:
Juntamente com o princípio do fluxo, o conceito de puxar pode ser
considerado como o mais característico da “Lean”, sendo fundamental na
busca da eliminação de desperdício, pois, de acordo com o mesmo, deve-se
produzir somente quando demandado pelo cliente ou processo posterior.
Todas as comunicações devem ser diretas e sem ambigüidade.
Perfeição:
Deve-se ter uma melhoria contínua através da rápida detecção e
solução de problemas na base, ou seja, o processo de melhoria e aprendizado
contínuos deve ser disseminado na base da hierarquia funcional, contando com
o apoio de um método científico.
A adoção desta estratégia garante que problemas possam ser detectados com
eficiência e resolvidos rapidamente.
2.3 LEAN CONSTRUCTION
2.3.1 HISTÓRICO
A evolução da Construção Enxuta no Brasil ocorreu desde a década de
90, um novo conceito passou a ser utilizado na gestão de processos na
construção civil, essas novidades eram identificadas como “Lean Prodution”, ou
seja, Produção Enxuta, e assim passou a se confrontar com as idéias
tradicionais de Taylor e Ford.
Tendo sua origem no ano de 1950 no Japão, e como principal base as
filosofias do Total Quality Magagemant (TQM) e do Just-in-time (JIT), o objetivo
deste novo conceito seria a remoção de desperdícios através de uma
abordagem prática, e os resultados alcançados estão voltados para o aumento
da confiabilidade de serviços e produtos, diminuindo assim o custo da
produção e aumentando a qualidade do produto final.
O ponto mais importante neste processo foi à publicação do trabalho do
finlandês Laury Koskela em 1992, “Application of the new prodution philosophy
19
in the construction industry”. Esta obra representa um marco na indústria da
construção civil, e promoveu a criação do International Group for Lean
Construction – IGLC, cuja estratégia é a disseminação do novo paradigma na
construção civil em diversos países.
A evolução da construção civil no Brasil está ligada ao modelo
tradicional e ao modelo proposto por Koskela. O modelo de processo utilizado
na filosofia gerencial tradicional, desenvolvidos por Taylor e aplicados por Ford,
apresenta como características principais a subdivisão de um processo em
sub-processos das atividades que transformam os insumos em produtos
intermediários e conseqüentemente em produtos finais.
A diminuição do custo total de um processo esta baseado principalmente
nas atividades de minimização do custo de cada sub-processo, que é formado
durante a execução ou realização de atividade desenvolvida no canteiro.
Laury Koskela, em seu trabalho “Application of the new production
philosophy in the construction industry” (1992), apresenta o modelo de
processo na Construção Enxuta, desde a matéria prima até a obtenção do
produto final. Neste modelo, um processo consiste em um fluxo de materiais,
sendo constituído por atividades de transporte, espera, processamento e
inspeção, sendo que nem todas as atividades agregam valor ao produto.
Existem onze princípios para projeto e melhoria de fluxo de processo os
quais representam a base de diversas atividades e trabalhos de aplicação
prática dos princípios da mentalidade enxuta na construção.
A abordagem “lean” na construção civil visa seqüenciar as atividades de
modo integrado, planejando as atividades de forma balanceada, ou seja,
atividades cadenciadas e no mesmo ritmo. A conseqüência deste tipo de
solução é fazer com que haja a quebra de isolamento da seqüência de
atividades na obra.
ISATTO [2000] aponta as principais deficiências deste modelo,
identificado como modelo de conversão, que apresenta uma parcela de
atividades que compõem os fluxos físicos entre as atividades de conversão, as
quais não são consideradas de forma explícita. Diferentemente das atividades
de conversão, estas não agregam valor. Ainda no modelo de conversão, o
controle da produção tende a ser focado nos sub-processos individuais e não
no sistema de produção considerado como um todo.
20
Segundo ISATTO [2000], uma ênfase excessiva em melhorias nas
atividades de conversão, tais como inovações tecnológicas, pode deteriorar a
eficiência de fluxos de outras atividades de conversão. Outra consideração
refere-se a não consideração dos requisitos dos clientes, que pode resultar na
produção de produtos inadequados.
Na Construção Enxuta, é importante salientar o conceito de valor, que
deve estar diretamente associado ao conceito de satisfação do cliente, que se
confirma com ISATTO [2000] quando afirma que a geração de valor é outro
aspecto que caracteriza os processos na Construção Enxuta não sendo
inerente à execução de um processo. Um processo só gera valor quando as
atividades de processamento transformam as matérias primas ou os
componentes requeridos pelos clientes, sejam eles internos ou externos.
O modelo de processo da Construção enxuta de Koskela (1992) é
aplicável não só a processos de produção de caráter físico como também os de
natureza gerencial.
Para PICCHI [2000], a melhoria contínua e competitiva das empresas
através da eliminação de desperdícios e o constante atendimento aos
requisitos dos clientes em variedade, qualidade, tempo e preço é um dos
objetivos da mentalidade enxuta.
2.3.2 APLICAÇÃO NA CONSTRUÇÃO CIVIL
Um dos maiores problemas encontrados atualmente de gestão e
planejamento da construção civil em centros urbanos no Brasil é um relativo
atraso tecnológico, quando comparado a outros países, o desperdício, de
materiais, mão-de-obra e a baixa produtividade, são fatores que ocorrem
devido às dificuldades de contratação de mão-de-obra qualificada,
planejamentos inadequados, inspeção e controle das atividades desenvolvidas
dentro do canteiro, ou até mesmo a soma de mais de um desses problemas.
Como possível solução do problema de baixa produtividade, estaria
ligada ao gerenciamento da obra, essa atividade pretende igualar a produção
em cada fase do processo, como ocorria nas indústrias.
Porém devido à falta de conhecimentos bibliográficos sobre o assunto e as
dificuldades de implantação devido ao tempo de adaptação, realizações de
21
treinamentos e altos investimentos iniciais, são fatores que acabam
desestimulando a sua implantação.
No Brasil, diversos núcleos, institutos e universidades vêm se destacando
no estudo e desenvolvimento de métodos de aplicação da Lean Construction
como uma forma de consolidação do novo paradigma.
2.3.3 CONCEITOS BASICOS :
Na construção enxuta um processo é constituído de sub-processos que
consiste em um fluxo de materiais, desde a matéria prima até o produto final de
acordo com a filosofia gerencial proposta por Koskela ilustrada na Figura 02.
Estes processos são constituídos por atividades de transporte, espera,
processamento ou conversão e inspeção demonstradas na Figura 03. Dessas
atividades, somente o processamento agrega valor ao produto final, por esta
razão, as outras atividades são denominadas atividades de fluxo.
Algumas dessas atividades como, controle dimensional, treinamento da
mão-de-obra e instalação de dispositivos de segurança não agregam valor ao
cliente, mas são essenciais a eficiência global dos processos.
Figura 02 - Modelo de processo na filosofia gerencial tradicional (Koskela,1992)
22
Figura 03 - Modelo de processos na construção enxuta (Koskela, 1992)
Segundo FORMOSO [2000], estima-se que dois terços (67%) do tempo
gasto por trabalhadores em um canteiro de obras são em atividades que não
agregam valor.
Segundo SHINGO [1996], produção é um fluxo de material e/ou de
informação desde a matéria prima até o produto final. Neste fluxo o material é
processado (conversão), é inspecionado, está parado ou está em movimento.
Estas atividades são diferentes. O processamento representa a
conversão da produção, a inspeção, o movimento e o armazenamento
representando aspecto de fluxo de produção.
Uma característica importante da Lean Construction é a geração de
valor que estar diretamente vinculada à satisfação do cliente, tanto internos
como externos.
2.3.4 OS PRINCIPIOS DA LEAN CONSTRUCTION
Com base nos princípios apresentados a seguir, será desenvolvido o
estudo de caso que ilustra a aplicação da Construção Enxuta na obra em
estudo.
1) Reduzir a parcela de atividades que não agregam valor:
Este princípio é considerado o mais fundamental da construção enxuta
que melhora a eficiência dos processos e reduz as perdas eliminando algumas
atividades de fluxo, disponibilizando equipamento, ferramentas, informações e
locais adequados visando à redução de movimentos desnecessários.
Segundo KOSKELA [1992], as atividades podem ser definidas como:
23
• Atividades que agregam valor ou atividades de transformação ou
conversão de material ou informação, na direção que é requerido pelo
consumidor.
• Atividades que não agregam valor, também denominadas de
desperdício.
• Atividades que consomem tempo, recursos e espaço, mas que não
acrescentam valor ao produto.
2) Aumentar o valor do produto através da considera ção das
necessidades dos clientes
Este princípio é baseado nas necessidades dos clientes externos e
internos e na geração de valor. Considera-se os clientes internos os
trabalhadores da empresa e os clientes externos os adquirentes dos imóveis.
Segundo KOSKELA [1992], o valor não é uma qualidade inerente ao
processo de conversão, mas é gerado como conseqüência do atendimento aos
requisitos do cliente. O cliente pode ser o consumidor final ou a próxima
atividade no processo de produção.
3) Reduzir a variabilidade
O principal objetivo da implantação do sistema de gestão da qualidade
na empresa é manter uma padronização na execução de seus serviços e na
sua organização. Para isso será necessário evitar a variabilidade que pode
ocorrer com bastante freqüência nos canteiros de obra.
Segundo ISATTO [2000], existem diversos tipos de variabilidade,
relacionados ao processo de produção, como por exemplo, a variação
dimensional dos materiais entregues, a variabilidade existente na própria
execução de um determinado processo e a variabilidade da demanda, que está
relacionada aos desejos e ás necessidades dos clientes de um processo.
Portanto, a melhor forma de reduzir a variabilidade é alcançando uma
padronização, tanto na conversão quanto no fluxo do processo [SHINGO,
1996]. A variabilidade é responsável por aumentar o tempo de ciclo e as
atividades que não agregam valor.
24
4) Reduzir o tempo de ciclo
Um tempo de ciclo é composto pela soma de todos os tempos
(movimento, espera, processamento e inspeção) na geração do produto. Este
principio da construção enxuta tem origem na filosofia do “Just-in-Time”.
Com o principal objetivo de minimizar o percurso do material no canteiro até o
seu destino final aonde ocorrerá os processamento ou conversão, neste
princípio será desenvolvido a sincronização do fluxo de materiais e mão-de-
obra através de programações repetitivas e padronizadas tornando o sistema
de produção menos vulnerável a mudanças de demanda.
Ao invés de espalhar varias frentes de serviço pela obra, deve-se focar
em menores lotes de produção que facilitam a gestão dos processos e o
controle da produção. Além disso, os erros são mais facilmente identificados,
pois existe menos sobreposição na execução de diferentes unidades.
5) Simplificar através da redução do número de pass os ou partes
Este princípio consiste na redução do número de componentes em um
produto ou a redução do número de partes ou estágios em um fluxo de
materiais ou informações causando a redução de atividades que não agregam
valor, ou seja, pela simplificação dos processos. Considera-se que quanto
maior é o numero de componentes ou passos em um processo maior será a
quantidade de atividades que não agregam valor [ISATTO, 2000], que também
podem causar variabilidade que aumenta a possibilidade de interferência entre
as equipes.
As principais formas de atingir esta simplificação é com a utilização de
elementos pré-fabricados, o uso de equipes polivalentes e com um
planejamento eficaz dos métodos de produção.
6) Aumentar a flexibilidade na execução do produto
O conceito do aumento de flexibilidade está vinculado no processo como
gerador de valor que consiste em poder alterar as características de um
25
determinado produto sem aumentar o seu custo ou causar atividades que não
agregam valor, tornando o produto mais flexível a mudanças.
As maneiras de aplicar este princípio podem ser através da redução do
numero de lotes causando redução do tempo de ciclo das atividades, e
também com o uso de mão de obra polivalente que são capazes de se adaptar
facilmente as mudanças na demanda.
7) Aumentar a transparência do processo
Aumentar a transparência no canteiro de obras é importante para
diminuir a quantidade de erros nos processos de produção com o aumento do
fluxo de informações.
Segundo KOSKELLA [1992], pode-se diminuir a ocorrência de erros na
produção, proporcionando maior transparência dos processos produtivos. Isso
ocorre porque à medida que o principio é utilizado, podem-se identificar
problemas mais facilmente, no ambiente produtivo durante a execução dos
serviços
Para ISATTO [2000], algumas formas de aumentar a transparência no
processo são:
• A remoção de obstáculos visuais, tais como divisórias e tapumes.
• Utilização de dispositivos visuais, tais como cartazes, sinalização
e demarcação de áreas.
• Emprego de indicadores de desempenho, que tornam visíveis
atributos do processo.
• Aplicação de programas de melhorias da organização e limpeza
do canteiro como o 5S.
Pouca transparência no processo aumenta a possibilidade de erros e
pode diminuir a motivação para melhorias
8) Focar o controle no processo global
Tem o objetivo de proporcionar uma visão mais ampla do percurso do
produto até chegar ao seu consumidor final, pois possibilita a identificação de
possíveis desperdícios que ocorrem, considerando a cadeia como um todo,
26
como repetidas atividades de transporte, inspeções, estoques e retrabalho
(PICCHI, 2001).
9) Introduzir melhoria contínua ao processo
Os esforços para a redução do desperdício e do aumento do valor do
produto devem ocorrer de maneira contínua na empresa [KOSKELA. 2002].
Para ISATTO [2000], trabalho em equipe e gestão participativa constituem os
requisitos essenciais para a introdução de melhoria contínua no processo.
Aplica-se este princípio através de iniciativas de apoio e dignificação da
mão-de-obra. Por exemplo: a utilização de caixa de sugestões, premiações
pelo cumprimento de tarefas, estabelecimento de planos de carreira,
certificados de desempenho, a escolha do funcionário do mês, entre outros.
10) Manter um equilíbrio entre melhorias nos fluxos e nas conversões
Segundo KOSKELA [2002], melhorias nos fluxos e na conversão estão
interligadas à:
• Melhores fluxos requerem menor capacidade de conversão e,
portanto, menores investimentos em equipamentos.
• Fluxos mais controlados facilitam à implementação de novas
tecnologias de conversão.
• Novas tecnologias na conversão podem acarretar menor
variabilidade e, assim, benefícios no fluxo.
KOSKELLA ainda comenta quem em um processo de produção há
diferenças de potencial de melhoria em conversões e fluxos. Em geral, quanto
maior a complexidade do processo de produção, maior é o impacto das
melhorias e quanto maiores os desperdícios inerentes no processo de
produção, mais proveitosos os benefícios nas melhoras do fluxo, em
comparação com as melhorias na conversão.
27
11) Fazer Benchmarking
Este princípio também é conhecido como “referenciais de ponta”, que
quer dizer, a busca de informações de outras fontes como dissertações de
autores especialistas em um determinado assunto ou através de práticas de
outras empresas no mercado da construção civil.
Benchmarking é um processo de aprendizado a partir de referências de
outras empresas consideradas “lideres” em determinados aspectos ou
seguimentos [ISATTO, 2000].
28
3. ESTUDO DE CASO
A implantação dos princípios da Construção Enxuta n o processo de
produção da obra vertical em estudo: Estudo de caso real
A seguir será apresentada a descrição das etapas do estudo de caso na
obra analisada neste trabalho:
a) Análise preliminar :
Esta primeira etapa da implantação tem como principal objetivo, o
estudo da empresa responsável pela obra em estudo, envolvendo a coleta e
dados e analise dos seus processos gerenciais.
b) Arranjo Físico do canteiro
Nesta etapa será discutido as mudanças no layout de canteiro seguido
de implementações necessárias no canteiro de obra a partir de analises e
estudos relacionados ao assunto.
c) Aplicação dos onze princípios da construção enxu ta no canteiro de
obras
Realização de estudos, coleta de dados e analises da aplicabilidade na
obra vertical em estudo de cada um dos princípios da construção enxuta.
d) Resultados e conclusões
Esta etapa conclui o estudo de caso com a discussão dos resultados
obtidos através dos novos métodos e produção aplicados no canteiro.
29
3.1 ANÁLISE PRELIMINAR
3.1.1 Dados da Empresa
A empresa em estudo atua no mercado desde 1978, demonstrando ao
longo desses anos uma grande evolução, procurando sempre satisfazer os
clientes ao nível que é exigido. A empresa participa do Programa Brasileiro da
Qualidade e Produtividade na Construção Civil Habitacional - PBQP-H, visando
a Certificação ISO-9000, estando em fase final de implantação dos sistemas
necessários, aguardando auditoria para o Nível "C", conforme classificação do
programa.
3.1.2 Dados da obra em estudo
Consiste na execução de um edifício residencial multifamiliar composto
de pavimento térreo, pavimento mezanino I, pavimento mezanino II, pavimento
tipo e cobertura, onde constará de 30 pavimentos, cada um com 2
apartamentos, totalizando 60 unidades.
Cada apartamento é composto por uma sala de estar/jantar com sacada,
uma circulação, um lavabo, uma suíte máster com sacada, duas suítes, uma
copa/cozinha, uma área de serviço, um quarto de serviço, um banheiro de
serviço. Tudo totalizando uma área de 130,39 m², sendo que cada unidade terá
direito a duas vagas de garagem.
A área comum é formada por piscina adulta e infantil, quadra polivalente,
churrasqueira, três elevadores sendo um social, emergência e outro de serviço,
grupo gerador e salão de festa.
3.1.3 Política da qualidade
A empresa em questão esta implantando o sistema da qualidade para
aquisição do certificado de qualificação do nível C, pelo Programa Brasileiro de
Qualidade e Produtividade habitacional - PBQP-H, com isso implantou como
política de qualidade na obra:
30
• Atender as necessidades de seus clientes internos e externos.
• Treinar todos os seus colaboradores.
• Melhorar continuamente os seus serviços, a competitividade e a
qualidade de seus produtos.
3.1.4 Estrutura organizacional
A estrutura organizacional e a autoridade das funções estabelecidas
para esta obra estão representadas de acordo com a hierarquia, e segue o
seguinte organograma:
Figura 04 – Estrutura Organizacional da obra
* SESMT – Serviço Especializado na Engenharia e Medicina do Trabalho
3.2 ARRANJO FÍSICO
Um layout de canteiro arranjado apropriadamente é de grande
importância para a indústria da construção civil pela influência que ele exerce
sobre as atividades de fluxo, como o movimento e o armazenamento de
materiais e equipamentos para um melhor aproveitamento da mão-de-obra.
No início da intervenção deste estudo, a obra encontrava-se em uma
fase de transição das fundações da estrutura da garagem localizadas no fundo
Supervisor
Engenheiro
Almoxarife
SESMT
Téc. de Edificações
Estagiários
Equipes Equipes
31
do terreno. Por tanto, esta área se tornaria indisponível para o uso como área
de vivência, conseqüentemente causando o deslocamento de algumas áreas
como escritório, almoxarifado, banheiros, vestiários e bancada de serra.
Essas novas implementações geraram falta de espaço para os fluxos de
materiais no canteiro. Para resolver esse problema foi necessário ser realizado
um estudo sobre layout de canteiro para que o novo layout atendesse essas
necessidades.
Esta abordagem tem objetivo de proporcionar a transparência dos
processos físicos, como identificar e compreender melhor o fluxo de materiais e
falhas. Estes projetos estão anexados neste trabalho.
3.3 FASES DA IMPLANTAÇÃO
Deverão ser realizados estudos na obra e na empresa em estudo,
buscando identificar a sua estrutura administrativa e os processos produtivos
utilizados. Esta é dividida em três fases segundo o trabalho desenvolvido por
KUREK [2005].
Fase I: Exploratória
Com a identificação da empresa para o estudo e observação direta no canteiro
de obras e para a descrição de seus processos
Fase II: Apresentação
Apresentação dos princípios da Lean Construction e análise in loco.
Fase III: Implementação
Avaliação e discussão dos resultados e uma proposta de diagnóstico para
empresas construtoras.
32
3.4 Os princípios da Construção enxuta: Estudo de a plicabilidade na obra
em estudo
1) Reduzir a parcela de atividades que não agregam valor
Para uma boa aplicação deste principio se deve haver uma organização
estrutural no canteiro de obras indicando a entrada, saída, carga e descarga de
materiais, vias de circulação e local para armazenamento de insumos. Foram
realizadas uma série de modificações no canteiro descritas anteriormente com
base em estudos de determinação de layout de canteiro de obras visando a
minimização de fluxos de pessoas e materiais.
Figura 05 – Novo layout de canteiro
O novo layout apresentado indicará os fluxos através de uma logística
interna para minimizar as distâncias com o intuito de reduzir as atividades que
não agregam valor conhecidas como atividades de movimentação, inspeção e
espera.
Um exemplo de aplicação deste princípio na obra em estudo é na
melhoria da eficiência do processo de limpeza. Foi construída uma rampa de
madeira com seguimento para o contêiner de armazenamento de entulho com
o intuito de jogar todo o entulho dentro dos carrinhos diretamente nele,
33
eliminando uma boa parcela de atividades que não agregam valor neste
processo.
Figura 06 – Área do contêiner antes da intervenção
Figura 07 – Área do contêiner depois da intervenção
Com o objetivo de melhorar o fluxo continuo do serviço de elevação de
alvenaria nos pavimentos, foram estudados os projetos arquitetônicos e
projetos de elevação de alvenaria do pavimento tipo para identificar a
34
quantidade de tijolos assentados em cada cômodo a partir do
dimensionamento das paredes. Através deste estudo os tijolos são distribuídos
nos pavimentos em cima de paletes e transportados por transpaletes em
quantidades equivalentes em cada cômodo.
Figura 08 – Arrumação dos tijolos em paletes para subir no guincho
Figura 09 – Armazenamento de tijolos no posto de trabalho
Esta atividade de movimento vertical dos tijolos pelo guincho e a sua
distribuição na laje é executada depois do horário do expediente normal sendo
35
pago uma produção para os funcionários envolvidos, eliminando então, uma
fase do ciclo deste processo durante a sua execução.
2) Aumentar o valor do produto através da considera ção das
necessidades dos clientes
Como a empresa passa pela implantação do sistema de gestão da
qualidade do PBQP-H, são definidas tolerâncias de aceitação dos serviços
através dos procedimentos executivos de serviço (PES) para que eles possam
ser liberados para sua próxima fase, que será responsável por outro cliente
interno. Para passar para a próxima fase é realizada uma inspeção do serviço
controlado através de uma ficha de verificação de serviço (FVS), evitando as
tolerâncias dimensionais para que os processos seguintes não sejam
dificultados.
Figura 10 – Exemplo de Ficha de Verificação de Serviço (FVS)
Para suprir as considerações e necessidades dos clientes externos são
executados planejamentos de obra para garantir a conclusão da obra no prazo
previsto. Outra maneira muito freqüente na empresa de atender as
necessidades desses clientes é através de solicitações de modificação de
apartamento, como a possibilidade de poder definir acabamentos no imóvel por
exemplo.
36
Figura 11 – Planejamento executado na obra
3) Reduzir a variabilidade
Essa variabilidade relacionada aos materiais pode ser evitada com
inspeções no momento em que estes são entregues na obra, como verificar a
variabilidade das dimensões de blocos cerâmicos, a conservação dos sacos de
cimento, ferragens e etc. Tais verificações são feitas através de uma ficha de
verificação de material (FVM) que contém todas as informações necessárias
para fiscalização de material e estocagem.
Figura 12 – Exemplo de Ficha de Verificação de Material (FVM)
Quando se trata de variabilidade na execução dos serviços, a grande
parte das incidências é voltada a problemas de planejamento. Isso acontece
37
quando certa atividade não cumpre os seus pré-requisitos, atrasando as tarefas
seguintes. Como mencionado anteriormente, uma maneira de evitar esses
problemas é com a ajuda das fichas de verificação de serviço (FVS) que
facilitam a identificação de falhas no processo.
Figura 13 – Inspeção de serviço controlado
4) Reduzir o tempo de ciclo
Com o propósito de reduzir o tempo de ciclo do serviço de reboco
interno das paredes de um pavimento tipo, os serviços de colocação de
caixinha elétrica e o assentamento de contra-marco das janelas agora são
realizados antes do reboco. Seguindo os princípios do Just-in-Time (JIT), esses
materiais são solicitados na obra de acordo com o planejamento, seguindo um
cronograma de execução, evitando que uma grande quantidade destes
materiais fiquem armazenados no almoxarifado por muito tempo, possibilitando
a danificação dos mesmos.
Para que este princípio seja atendido com mais eficiência, é vantajoso o
uso de equipes polivalentes, ou seja, equipes capazes de exercer vários tipos
de serviço. Assim, a própria equipe do reboco fica responsável pelo
assentamento desses materiais e o arremate, eliminando a necessidade de
formação de uma nova frente de serviço facilitando o controle da produção e
reduzindo movimentos e esperas durante o serviço.
38
Figura 14 – Serviço executado em lote menor de produção
5) Simplificar através da redução do número de pass os ou partes
Para atingir a simplificação dentro do canteiro de obras a empresa pede
o aço dobrado e cortado pro fornecedor através de um romaneio, eliminando
uma fase do processo de armação.
Figura 15 – Aço cortado e dobrado pelo fornecedor
Outra forma de simplificação aplicada na obra é a produção de vergas
pré-fabricadas. É reservado um espaço dentro do canteiro para esta finalidade
39
aonde um servente as produz e às transporta até o local de trabalho. Sendo
assim, o pedreiro posiciona a verga no local sem ser preciso interromper o
processo de execução do serviço resultando em atividades que não agregam
valor.
Figura 16 – Fabricação de vergas pré-moldadas
Figura 17 – Aplicação de verga pré-moldada
Pode-se aplicar também este principio através da concentração de
trabalhadores no mesmo posto de trabalho, facilitando o controle de varias
atividades em um mesmo local. Por exemplo, em um mesmo pavimento foram
concentrados vários pedreiros de alvenaria reduzindo o numero de serventes
40
para auxiliá-los. Além de simplificar o processo, ele reduz a parcela de
atividade que não agregam valor, reduzindo os movimentos e economizando
energia que seria gasta pelo guincho para abastecer mais postos de trabalho.
6) Aumentar a flexibilidade na execução do produto
Na empresa estudada, essas mudanças no produto são aplicadas para
satisfazer as necessidades de seus clientes externo através de modificações
nas plantas dos apartamentos. Neste caso a única maneira de tornar o produto
mais flexível a mudanças é agendando a alteração com antecedência pelo
setor técnico, de preferência antes do concreto da laje.
Figura 18 e 19 – Apartamento padrão e apartamento modificado pelo cliente
41
7) Aumentar a transparência do processo
Existem diversas formas de aplicar este princípio no canteiro de obras
estudado, como a utilização de cartazes e placas que indicam as áreas de
deposito de materiais e instruções de como depositá-los. Além da identificação
das áreas de vivência, pavimentos e Kam-Bams para controle de argamassa.
Figura 20 – Dispositivos visuais de comunicação
Figura 21 – Placas de identificação de materiais
42
Figura 22 – Seqüenciadores de argamassa (Kam-Bam)
É importante ressaltar a utilização do tapume como gerador de imagem
positiva da empresa para consumidores e clientes.
Figura 23 – Tapume da obra
43
Outra forma de atender as necessidades desse princípio da construção
enxuta é com a aplicação de programa de melhoria da organização e da
limpeza, tais como o 5S, aonde são aplicados os cinco sensos (Utilização,
Ordenação, Limpeza, Disciplina, e Asseio).
Por se tratar de um edifício muito alto, nessa etapa da obra em que esse
estudo está sendo aplicado, a torre já se encontra em um nível bastante
elevado aumentando as distâncias entre os postos de trabalho, a administração
da obra e o guincheiro. Para essa situação, é importante a implantação de
dispositivos de comunicação como os walkie-talkies.
Figura 24 – Walk-Talkie para comunicação com o guincheiro
Também é importante ressaltar a implantação de dispositivos visuais
que são relevantes a disponibilização de informações à gestão da produção
como planejamentos, planilhas informando o andamento da obra e indicadores
de produtividade possibilitando um melhor supervisionamento e fiscalização do
andamento dos serviços.
44
Figura 25 – Dispositivos visuais de gerenciamento da obra
8) Focar o controle no processo global
Este princípio é aplicado através da formação de parcerias com os
fornecedores e a avaliação dos mesmos. Os fornecedores devem ser
selecionados com base na sua capacidade de atender as necessidades da
empresa.
Quando um material é solicitado pela obra, é enviada uma ordem de
compra com as especificações do material, quantidade e prazo de entrega para
o setor de suprimentos. Todo mês os fornecedores de materiais são avaliados
através de uma planilha de qualificação de fornecedores. Esses dados são
armazenados em um banco de dados da empresa onde é exigido um
percentual de conformidades que esses fornecedores devem atingir.
45
Figura 26 – Planilha de avaliação de fornecedor
9) Introduzir melhoria contínua ao processo
Na concepção da nossa equipe responsável por este estudo, nós
acreditamos que a motivação do operário no canteiro é fundamental para
introduzir melhoria contínua ao processo. Para alcançá-la promovemos
atividades que tornam o ambiente de trabalho mais agradável, melhorando as
relações interpessoais que são importantes para o crescimento da empresa e
de todos os envolvidos. Essas atividades motivadoras são identificadas como
confraternizações, aniversariantes do mês, eventos esportivos, treinamentos e
reuniões.
Figura 27 – Treinamentos e exibição de vídeos motivacionais
46
A participação do programa de qualidade do PBQP-H na obra também
pode ser importante para a implantação deste princípio com a introdução do
tratamento de não-conformidades através dos procedimentos de ação corretiva
e ação preventiva que possibilitam a identificação de problemas no processo e
suas prováveis causas.
As ocorrências de não conformidades no momento do recebimento de
materiais e inspeção dos serviços são registradas e tratadas respectivamente
na FVM e FVS pelo responsável definido nos procedimentos específicos.
Outras não-conformidades verificadas na obra por qualquer funcionário
(armazenamento de materiais, equipamentos, projetos, etc) são identificadas
em uma planilha intitulada “Plano de Ação de Melhoria”. Deve-se decidir pela
ação corretiva ou preventiva necessária para eliminar as causas do problema
identificadas. A ação deve incluir o prazo previsto para implantação,
responsável, previsão para avaliação de eficácia e deve ser registrada na
planilha.
É adotada uma ação corretiva quando a não-conformidade de mesma
natureza ocorra de forma repetitiva ou quando estas sejam consideradas
graves. Uma ação preventiva poderá ser providenciada para uma não-
conformidade que ainda não ocorreu, ou seja, tem grande potencial para
acontecer.
Após a implementação da solução proposta, deve-se retornar ao local
aonde foi detectado o problema para verificar se o mesmo foi eliminado.
Figura 28 – Relatório de não-conformidade
47
10) Manter um equilíbrio entre melhorias nos fluxos e nas conversões
Este princípio está focado no estabelecimento de melhorias de fluxo no
canteiro de obras através de um mapeamento dos processos e identificação de
seus requisitos para cada estágio.
Primeiramente se devem eliminar perdas nas atividades de transporte,
inspeção e estoque de um determinado processo e apenas posteriormente,
avaliar a possibilidade de produzir uma inovação tecnológica.
Figura 29 – Mapa de fluxo do processo de alvenaria
O carregamento de tijolos entra na obra, em seguida é realizada a
inspeção do material. Após a aprovação, os tijolos são descarregados em seu
local de armazenamento onde ficam armazenados até serem solicitados aos
postos de trabalho para a execução dos serviços de alvenaria. O transporte
horizontal dos tijolos até o guincho é realizado através de transpaletes, que em
seguida são transportados na vertical pelo mesmo. No pavimento, os tijolos são
armazenados próximos aos locais de execução dos serviços de alvenaria, que
ficam em espera até a sua utilização na etapa de processamento.
48
Abaixo na figura 30, está um fluxograma do processo de confecção de
argamassas.
Figura 30 – Fluxograma do processo de confecção de argamassa
11) Fazer Benchmarking
Para que este princípio seja atendido, é importante a empresa conhecer
os seus próprios processos, identificando as boas práticas em outras
empresas, entender os princípios por trás dessas práticas e aplicá-las.
49
4. CONCLUSÃO
4.1 DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
Após alguns meses da introdução da nova estratégia de produção
desenvolvida na obra em estudo através da aplicação dos princípios da
construção enxuta, a gerência se reuniu para discutir os resultados obtidos com
a intervenção deste estudo e aonde que a obra e a empresa se beneficiaram
com isso.
A seguir, serão discutidos e analisados os resultados da aplicação de cada um
dos onze princípios da construção enxuta aplicados na obra em estudo.
1) Reduzir a parcela de atividades que não agregam valor
Com a implementação do arranjo físico do canteiro da obra foi possível
identificar as atividades de fluxo e os locais de armazenamento de materiais
para minimizar as distâncias. Foram verificadas redução das atividades de
fluxo (movimentação, espera e inspeção)
2) Aumentar o valor do produto através da considera ção das
necessidades dos clientes
Este princípio identificou os clientes internos e externos e as suas
necessidades. O planejamento foi reforçado com base na analise dos
requisitos dos clientes internos a fim de garantir a seqüência das atividades e a
eliminação de perdas para que a obra seja entregue no prazo.
3) Reduzir a variabilidade
Foram desenvolvidos procedimentos executivos de serviço (PES) com o
propósito do padronizar a execução das tarefas exercidas através de
treinamentos das equipes. Também foram desenvolvidos procedimentos de
verificação de recebimento de materiais e verificação de serviços para evitar as
50
variabilidades dos mesmos que conseqüentemente eliminam uma parcela de
atividades que não agregam valor
4) Reduzir o tempo de ciclo
Para a aplicação deste princípio houve muita resistência por partes das
equipes, que com algum tempo elas foram se adaptando às novas estratégias
de produção. Foram compostos lotes menores de trabalho embutindo as
atividades de emestramento, contra-marco, assentamento de caixa elétrica e
reboco. Com isso houve uma redução no movimento de materiais e mão-de-
obra, além de gerar um melhor controle da produção.
5) Simplificar através da redução do número de pass os ou partes
Neste princípio foram empregados o uso de elementos pré-moldados na
produção de vergas e contra-vergas e foram realizados acordos com
fornecedores para o fornecimento de aço cortado e dobrado. Foi observado um
aumento de produtividades das equipes por causa da eliminação de etapas no
processo.
6) Aumentar a flexibilidade na execução do produto
Este princípio não possui uma aplicação completa neste estudo por
causa da data da intervenção da obra que já estava com a etapa de
revestimento avançada.
7) Aumentar a transparência do processo
Foram observadas diversas formas de aumentar a transparência de
processos na obra como cartazes, sinalizações e demarcações de áreas.
Foram removidos todos os obstáculos visuais como divisórias tornando a obra
com um aspecto mais agradável gerando uma maior satisfação dos clientes
internos. Além de gerar também mais motivação com a utilização de
indicadores de desempenho que tornam visíveis os atributos do processo.
51
Foi verificada uma maior agilidade nas atividades de fluxo com o uso dos
walkie-talkies e mais organização e limpeza com a inserção do programa 5S.
8) Focar o controle no processo global
Este princípio evidenciou a comunicação da obra com o fornecedor de
material para que se reduzam atividades que não agregam valor no momento
da entrega do material e na sua qualidade.
9) Introduzir melhoria contínua ao processo
Este princípio deixou claro que os processos na obra devem ser
melhorados continuamente, que para este fim foram desenvolvidas atividades
motivacionais tornando o ambiente de trabalho mais agradável e o aumento da
participação dos funcionários com o uso da caixa de sugestões.
A diminuição de erros nos processos foi possível com o desenvolvimento
de procedimentos para monitorar as ações corretivas e preventivas,
enfatizando um processo de aprendizado.
10) Manter um equilíbrio entre melhorias nos fluxos e nas conversões
Foi necessário um equilíbrio entre a melhoria nos fluxos e nas
conversões nas atividades através do desenvolvimento de mapas de fluxos dos
processos para um melhor entendimento das etapas.
11) Fazer Benchmarking
Para a aplicação deste princípio, primeiramente foi necessário que a
empresa tomasse conhecimento dos seus próprios processos para adotar as
práticas de outras empresas.
Nesta pesquisa foram estudadas aplicações dos princípios da
construção enxuta em diversas outras empresas no ramo da construção civil
para a comparação com os processos da empresa em estudo.
52
4.2 CONSIDERAÇÕES FINAIS
O ramo da construção civil está ficando mais competitivo a cada ano, e
cabe a cada empresa utilizar as suas armas para vencer esta disputa pelo
mercado. As ferramentas da construção enxuta auxiliam as construtoras que
elas tenham um maior controle na produção e na gestão de suprimentos
evitando retrabalhos e desperdícios que são bastante comuns na construção
civil.
Foram observadas algumas dificuldades de implantação das
ferramentas da construção enxuta na empresa em estudo devido a diversos
fatores, principalmente o fator cultural. Porém, depois de algum tempo, houve
uma boa aceitação por parte da empresa e dos funcionários durantes os
processos produtivos.
A empresa possui integração com sistemas de melhoria como o PBQP-
H com a aplicação do sistema de gestão da qualidade que utiliza algumas
ferramentas da construção enxuta. Com o sistema da qualidade a obra possui
um controle mais rigoroso dos materiais, serviços e processos como um todo
por se tratarem de requisitos das normas da qualidade, favorecendo a
aplicação de alguns dos princípios da construção enxuta.
A Construção Enxuta não implanta novas tecnologias no canteiro de
obras, ao invés disso, ela sugere idéias e soluções alternativas para a melhoria
dos processos construtivos através da racionalização dos processos e
otimização dos fluxos existentes entre diversas atividades necessárias a
execução da obra.
A aplicação dos princípios da construção enxuta propostos por Lauri
Koskela proporcionaram melhorias perceptíveis no sistema de produção da
obra em estudo. A introdução das ferramentas através das metodologias
adotadas neste estudo e das boas práticas dos mesmos é uma maneira de
introduzir os elementos fundamentais dessa nova filosofia de produção.
Pode-se concluir que ainda é um grande desafio a utilização da nova
filosofia de construção na empresa. Até o final deste trabalho, o processo de
implantação ainda se encontra em discussão, aprendizado e em fase de
desenvolvimento. A introdução da Construção Enxuta na obra em estudo
contribuiu para a visualização de um novo paradigma de produção que
53
proporciona idéias para desenvolver novas pesquisas e a busca pela melhoria
contínua nos processos produtivos da empresa.
54
4.2 REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS
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KOSKELA, L. (1992) - Application of the New Production Philosophy to
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56
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Sistema de Gestão da Qualidade
Ficha de Verificação de Material – FVM
Material: COMPENSADO
( ) Plastificado
( ) Resinado
( ) Super resinado
( ) comum
Identificação:
FVM.05/02
Obra:
Resultado Fornecedor
NF ou Contrato
Data Quant.
(Legenda) Aspecto
(Legenda) Ensaios
(Legenda)
Disposição em Caso de Reprovação
Visto
Legenda: o - APROVADO x - REPROVADO (consultar o Engenheiro)
VERIFICAÇÕES
QUANTIDADE Conferir a quantidade de cada tipo entregue. Informar a diferença para o fornecedor para reposição ou desconto no pagamento. ASPECTO Verificar em toda a carga se não há falhas, furos, riscos, descolamentos e se as bordas estão seladas. Também verificar se o tipo está correto. LÂMINAS e EMENDAS Contar o número de lâminas de 10 % das chapas da carga recebida:
� Chapa de 6 mm � no mínimo 03 lâminas � Chapa de 9 ou 12 mm � no mínimo 05 lâminas � Chapa de 15 ou 18 mm � no mínimo 07 lâminas � Chapa de 21 mm � no mínimo 09 lâminas
Conferir a espessura em 10 % das chapas (utilizar amostra). Reprovar a carga caso seja encontrado alguma peça em desacordo.
ARMAZENAMENTO • Local coberto e ventilado • Posição horizontal sobre 3 pontaletes ou mais
• Pilha máxima de 0,5 metro de altura • Identificar com placas os tipos diferentes
Obra
Fornecedor
Qualidade do Serviço
Cumprimento de prazos e especificações
Limpeza e Organização da area dae trabalho
LEGENDA :
Engº Obra
Identificação: REQ. 20/ 01Sistema de Gestão da Qualidade
Planilha de Avaliação de Fornecedores
Periodo Tipo de Fornecedores: ( ) Materiais ( ) Se rviços
Avaliação (ver legenda) Motivos / Comentarios
Avaliar com critérios BOM, REGULAR ou RUIM (Em caso de avaliação regular ou ruim, descrever os motivos)
Z
Sistema de Gestão da Qualidade Plano de Ação de Melhoria
Identificação:
REQ.14/01
Não-conformidade e Tratamento Número:
Origem : ( ) Auditoria ( ) Análise Crítica pela Direção ( ) Análise de FVM e FVS
( ) Reclamações de Cliente ( ) Outra: _______________________________ Local / Setor:
Descrição do problema (ocorrência):
Solução adotada (ação imediata):
Reverificação
Problema corrigido?
( ) SIM
( ) NÃO
Responsável pela abertura do Plano: Data de abertura:
É necessária ação corretiva ou preventiva? ( ) NÃO - Encerrar Plano de Ação
( ) SIM - Tipo de Ação: ( ) Corretiva ( ) Preventiva
Causa e Ação
Estudo detalhado (investigação das causas):
Descrição da Ação Responsável Prazo
Prazo previsto para verificação da eficácia:
Resultado da Ação
Análise da eficácia da ação:
A ação foi eficaz? ( ) SIM ( ) NÃO - Novo Plano nº _________
__________________________ ____/____/_______
Representante da Direção Data da análise