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Universidade Estadual de Maringá Centro de Tecnologia Departamento de Engenharia de Produção A PRODUÇÃO ENXUTA COMO ESTRATÉGIA COMPETITIVA DE MERCADO E O KAIZEN COMO FERRAMENTA DE TRANSFORMAÇÃO – ESTUDO DE CASO EM UMA LINHA DE MONTAGEM Flávio Squecola Pereira TCC-EP-33-2013 TCC-EP-XX-2010 {Fonte Arial 12, negrito} Maringá - Paraná Brasil

UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MARINGÁ · OS SETE DESPERDÍCIOS ..... 19 2.4. A PRODUÇÃO ENXUTA ..... 22 2.5. PRINCÍPIOS DO PENSAMENTO ENXUTO ..... 24 ... O presente trabalho descreve

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Universidade Estadual de Maringá Centro de Tecnologia Departamento de Engenharia de Produção

A PRODUÇÃO ENXUTA COMO ESTRATÉGIA COMPETITIVA

DE MERCADO E O KAIZEN COMO FERRAMENTA DE TRANSFORMAÇÃO – ESTUDO DE CASO EM UMA LINHA DE

MONTAGEM

Flávio Squecola Pereira

TCC-EP-33-2013

TCC-EP-XX-2010 {Fonte Arial 12, negrito}

Maringá - Paraná

Brasil

Universidade Estadual de Maringá

Centro de Tecnologia

Departamento de Engenharia de Produção

A PRODUÇÃO ENXUTA COMO ESTRATÉGIA COMPETITIVA DE MERCADO E O KAIZEN COMO FERRAMENTA DE

TRANSFORMAÇÃO – ESTUDO DE CASO EM UMA LINHA DE MONTAGEM

Flávio Squecola Pereira

Trabalho de Conclusão de curso apresentado como

requisito de avaliação no curso de graduação em

Engenharia de Produção na Universidade Estadual de

Maringá – UEM.

Orientador(a): Prof.(ª): Carlos Antônio Pizo

Maringá - Paraná

2013

DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho aos meus pais,

Celene Aparecida Squecola Pereira e

Ataide Pereira, a quem devo por ser

quem sou.

AGRADECIMENTOS

Ofereço este trabalho e agradeço em primeiro lugar aos meus pais, Celene Aparecida

Squecola Pereira e Ataide Pereira, que com muito amor e dedicação me possibilitaram o

ingresso em uma boa Universidade. Obrigado a vocês pelo carinho, apoio e palavras de

encorajamento sempre que necessitei.

A minha namorada, Karoline S. de Mello, uma mulher virtuosa e com uma bondade incomum

dentro do coração. Obrigado por não ter desistido, contar com você como porto seguro desde

o início da graduação é motivo de orgulho, admiração e respeito.

Ao meu gestor Jean Romanini, uma referência profissional da qual tive a oportunidade de

trabalhar junto e que me proporcionou intangível crescimento profissional e pessoal.

Ao meu orientador Calor Antônio Pizo pelas conversas e ensinamentos durante este ano.

Aos meus amigos Luiz Ricardo de Paulo, Rodrigo Veschi, Renan Moreno, Marcel Grégolis e

Vinícius Campos, por terem sido mais que amigos, por terem sido irmãos. Incontáveis

momentos de alegrias, tristezas e risadas vão estar em minha memória para sempre.

Aos meus amigos Guilherme Braz, Evandro Oliveira e Marcelo Furtado, amigos de bom

coração e leais que tive a oportunidade de estreitar laços durante este ano. Obrigado pelas

peripécias juntos, pelas trocas de experiência e por poder contar com vocês sempre que

precisei.

Aos meus amigos Ricardo Saad, Ítalo Henrique, João Paulo Rocha, Lucas Nunes, Leandro

Fusco, Daio e Vitor Cunha, Luís Alexandre, Vitor Pupin, Rafael Barbosa e todos os demais

que participaram nesta minha jornada e de uma forma ou de outra contribuíram para eu me

tornar o homem que tornei, deixo aqui meu muito obrigado.

RESUMO

A necessidade das empresas estarem constantemente melhorando seus processos e produtos

aumenta cada vez mais a competitividade entre as organizações. Neste cenário a Toyota foi a

organização que revolucionou os métodos de produção e criou o Lean Manufacturing ou

Manufatura Enxuta, uma filosofia empresarial que hoje é referência em grandes empresas,

sendo adotada como solução para aumentar a lucratividade através da melhoria contínua dos

processos de fabricação, maior agregação de valor e produtos de maior qualidade. O evento

Kaizen é uma das abordagens existentes para a disseminação das ferramentas e da cultura da

Produção Enxuta. O trabalho irá mostrar como implantar melhorias nos processos e na cultura

organizacional de uma organização através de um evento Kaizen em uma linha de montagem

de cabeçotes. Os principais pontos a serem atacados serão os desperdícios de movimentação,

transportes e esperas.

Palavras-chave: Manufatura Enxuta, Kaizen, Sistema Toyota de Produção, Redução de desperdícios e Processo de melhoria.

SUMÁRIO

LISTA DE ILUSTRAÇÕES ...................................................................................................... 9

LISTA DE QUADROS ............................................................................................................ 10

1. INTRODUÇÃO ................................................................................................................ 12

1.1. JUSTIFICATIVA ...................................................................................................... 13

1.2. DEFINIÇÃO E DELIMITAÇÃO DO PROBLEMA ................................................ 13

1.3. OBJETIVOS .............................................................................................................. 14

1.3.1. Objetivo geral ..................................................................................................... 14

1.3.2. Objetivos específicos .......................................................................................... 14

1.4. ESTRUTURA DO TRABALHO .............................................................................. 15

2. REVISÃO DE LITERATURA ........................................................................................ 16

2.1. SISTEMA TOYOTA DE PRODUÇÃO ................................................................... 16

2.2. JUST-IN-TIME.......................................................................................................... 18

2.3. OS SETE DESPERDÍCIOS ...................................................................................... 19

2.4. A PRODUÇÃO ENXUTA ........................................................................................ 22

2.5. PRINCÍPIOS DO PENSAMENTO ENXUTO ......................................................... 24

2.6. PRINCIPAIS FERRAMENTAS DO SISTEMA DE PRODUÇÃO ENXUTA ....... 25

2.6.1. Mapeamento do fluxo de valor (MFV) .............................................................. 25

2.6.2. Fluxo Contínuo ................................................................................................... 28

2.6.3. Cinco S ............................................................................................................... 30

2.6.4. Os cinco poquês .................................................................................................. 32

2.6.5. Heijunka ............................................................................................................. 33

2.6.6. Poka-Yoke ........................................................................................................... 35

2.7. FILOSOFIA KAIZEN ................................................................................................ 37

2.8. O EVENTO KAIZEN ................................................................................................. 38

3. METODOLOGIA ............................................................................................................. 43

4. DESENVOLVIMENTO ................................................................................................... 45

4.1. CARACTERIZAÇÃO DA EMPRESA ..................................................................... 45

4.2. CARACTERIZAÇÃO DO PROCESSO ................................................................... 46

4.3. O EVENTO KAIZEN ................................................................................................. 48

4.3.1. Formação da Equipe ........................................................................................... 48

4.3.2. Treinamento Lean ............................................................................................... 49

4.3.3. Definição dos Objetivos ..................................................................................... 50

4.3.4. Levantamento de dados ...................................................................................... 50

4.3.5. Problemas = Oportunidades de Melhoria ........................................................... 60

4.3.6. Elaboração do plano de ação. ............................................................................. 61

4.3.7. Desenvolvimento e Propostas do Plano de Ação. .............................................. 63

5. RESULTADOS ................................................................................................................ 69

6. CONCLUSÃO .................................................................................................................. 73

6.1. CONTRIBUIÇÕES ................................................................................................... 73

6.2. DIFICULDADES E LIMITAÇÕES.......................................................................... 74

6.3. TRABALHOS FUTUROS ........................................................................................ 75

7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................................. 76

LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1: Casa do Sistema Toyota de Produção ....................................................................... 17

Figura 2: Exemplo de Mapa de Fluxo de Valor da situação atual ............................................ 26

Figura 3: Ciclo de melhoria do mapeamento do fluxo de valor ............................................... 27

Figura 4: Metodologia 5S ......................................................................................................... 31

Figura 5: Nivelamento de Operações ....................................................................................... 35

Figura 6: Classificação de Poka Yoke ...................................................................................... 36

Figura 7: Os dois tipos de Kaien Fonte: ................................................................................... 38

Figura 8: Fluxograma geral de uma das etapas da cadeia de valor do produto ........................ 46

Figura 9: Eficiência de Entrega ................................................................................................ 52

Figura 10: Cárteres dos modelos de 2, 3 e 5 cilindros. ............................................................. 53

Figura 11: Vista explodida e lista de componentes do produto ................................................ 55

Figura 12: Fluxo do Processo - Cabeçote 20V AP - Família A .............................................. 57

Figura 13: Continuação do Fluxo do Processo - Cabeçote 20V AP - Família A ..................... 58

Figura 14: Layout Esquemático ................................................................................................ 59

Figura 15: Quadro de Sequenciamento de Produção................................................................ 64

Figura 16: Layout depois das ações do Evento Kaizen ............................................................ 70

LISTA DE QUADROS

Quadro 1: Os principais desperdícios da manufatura e como eliminá-los. .............................. 21

Quadro 2: As 11 quesstões do Fluxo Contínuo ........................................................................ 28

Quadro 3: 5W1H ....................................................................... Erro! Indicador não definido.

Quadro 4: Exemplo de aplicação dos cinco porquês ................................................................ 33

Quadro 5: Equipe Kaizen ......................................................................................................... 48

Quadro 6: Produtos e Famílias ................................................................................................. 51

Quadro 7: Volume de produtos e representatividade na demanda ........................................... 51

Quadro 8: Capacidades antes do Kaizen .................................................................................. 56

Quadro 9: Oportunidades de Melhoria ..................................................................................... 60

Quadro 10: Plano de Ações ...................................................................................................... 62

LISTA DE ABREVEATURAS E SIGLAS

PSI Pound force per Square Inch

STP Sistema Toyota de Produção

JIT Just in Time

VSM Value Stream Map

MFV Mapeamento do Fluxo de Valor

5S Seiri, Seiton, Seiso, Seiketsu e Shitsuke

TC Tempo Ciclo

CPI Continuos Process Improvement

PCP Planejamento e Controle da Produção

TI Tecnologia da Informação

CNC Comando Numérico Computadorizado

1. INTRODUÇÃO

Atualmente não importa se as organizações exportam ou não, porém elas cada vez mais

precisam se tornar e manter-se competitivas no mercado, pois enfrentam com frequência o

lançamento de produtos e serviços de seus concorrentes, o que traz novos desafios

(CHIAVENATO, 2004).

Segundo Chiavenato (2004), da mesma forma que o ambiente e o mundo se transformam,

com as organizações não são diferentes, elas precisam seguir as tendências do contexto que

estão inseridas. O nível que a organização consegue atingir seus objetivos através do aumento

da eficácia é o objetivo da mudança organizacional.

Os resultados alcançados pela Produção Enxuta implicam geralmente em aumento da

capacidade produtiva, produtos disponíveis na hora certa, preços que os clientes estão

dispostos a pagar, menores custos, aumento da qualidade e lead times menores, garantindo

assim maior rentabilidade e competitividade ao negócio (LEAN INSTITUTE, 2013).

Segundo Imai (1996), a propagação do Lean Thinking pode ser disseminada na organização

através de eventos Kaizen, proporcionando projetos que visam otimizar os recursos já

existentes, rapidez na implantação de mudanças, participação do mais alto ao mais baixo

cargo hierárquico e aproximação contínua dos objetivos definidos. Tais resultados obtidos em

curto prazo alinham as diretrizes da corporação com suas equipes através do

comprometimento.

1.1. Justificativa

A necessidade de reação à competição global impulsionou a empresa do estudo em questão a

adotar uma nova postura com o intuito de aumentar sua rentabilidade. A Produção Enxuta ou

Lean Manufacturing foi a estratégia escolhida.

Para disseminação desta filosofia empresarial, os eventos Kaizen é a ferramenta de

transformação cultural. Uma ferramenta de melhorias rápidas, altamente impactantes nos

resultados, com necessidade de baixo investimento e participação ativa dos colaboradores,

condizente com o cenário que a organização vive hoje.

Dessa forma, o presente trabalho visa avaliar o impacto do Evento Kaizen na linha de

montagem de cabeçotes de uma empresa do ramo de Metal mecânica. O trabalho descreve as

ações que foram realizadas na linha de montagem de cabeçotes dos produtos de Alta Pressão

– Pressão de trabalho acima de 140PSI -.

1.2. Definição e delimitação do problema

O presente trabalho descreve os impactos da realização do Evento Kaizen em uma empresa do

ramo de Metal. Com o crescimento vivido nos últimos anos, a empresa precisou produzir cada

vez mais, ajustando seus recursos nem sempre da forma mais adequada. Situação que levou a

surgirem diversos pontos de gargalo na produção.

Devido ao crescimento desenfreado a empresa enfrenta atualmente problemas como altos

estoques em processo, produção empurrada, excesso de movimentações de pessoas e

transportes de materiais, alto índice de problemas de qualidade além da incapacidade de

atender a demanda do mercado.

Segundo Slack (2002), um sistema produtivo pode ser comparado a um conjunto de

tubulações de vários diâmetros diferentes, pela qual passa um líquido. Desta forma, o que

determina o ritmo de produção do sistema é a velocidade com que o líquido (objeto de

trabalho) passa pela tubulação de menor diâmetro.

Para a identificação do gargalo realizou-se o Mapeamento de Fluxo de Valor do produto

desde a chegada da matéria prima até o momento de saída no qual se observou que o setor de

usinagem era o mais problemático, com a menor porcentagem de operações que agregam

valor e não conseguia atender seu cliente interno, a montagem de cabeçotes.

Após a realização de Eventos Kaizen e consequente melhoria na capacidade, eficiência e

produtividade do setor de usinagem, o gargalo passou a ser seu cliente interno, a montagem de

cabeçotes. Foi realizada a cronoanálise e identificado que o Takt Time não era atendido –

gargalo – foi idealizado o projeto de melhoria para o setor.

O projeto foi a realização de um evento Kaizen para eliminação dos desperdícios presentes no

processo, visando o aumento de eficiência, capacidade, produtividade e qualidade da linha.

1.3. Objetivos

1.3.1. Objetivo geral

Analisar a implantação da metodologia de Evento Kaizen e os impactos resultantes deste

processo.

1.3.2. Objetivos específicos

Garantir aprendizado e aderência dos conceitos Lean para toda a equipe;

Avaliar como as melhorias de eficiência, capacidade, produtividade e qualidade da

linha evoluiu após implantação do Evento Kaizen.

Identificar situação atual do processo;

Aplicar os conceitos da Produção Enxuta e do Pensamento Enxuto;

Aplicar ações de melhoria provenientes do Evento Kaizen.

Avaliar desempenho da linha após execução do Evento Kaizen.

Gerar oportunidades de melhoria para próximo Evento Kaizen.

1.4. ESTRUTURA DO TRABALHO

O desenvolvimento do presente trabalho foi estruturado em seis capítulos, sendo eles:

Introdução, Revisão de Literatura, Metodologia, Desenvolvimento, Resultados e Conclusão.

O primeiro capítulo apresenta a contextualização do tema, a motivação da realização do

projeto e quais os objetivos a serem alcançados com seu desenvolvimento e implantação.

O segundo capítulo traz consigo toda a fundamentação teórica que envolve o tema do

trabalho. Os conceitos explicados são fundamentais para o entendimento da importância da

Produção Enxuta e incorporação da filosofia Lean. Serão considerados aspectos desde o

Sistema Toyota de Produção até como implantar a Produção Enxuta através de eventos

Kaizen.

O terceiro capítulo exibe de forma geral o que motivou a temática do trabalho, e alguns dos

fundamentos prioritários para o desenvolvimento do projeto.

O quarto capítulo caracteriza a empresa e contextualiza parte do processo produtivo da

mesma. Apresenta de forma detalhada cada etapa do evento Kaizen, desde a formação da

equipe até a implantação das ações de melhoria.

O quinto capítulo demonstrará os resultados obtidos depois de finalizado o evento Kaizen. O

sexto capítulo apresenta a conclusão de todo o trabalho, sendo apresentadas as contribuições,

as dificuldades e limitações e as oportunidades de trabalhos futuros.

2. REVISÃO DE LITERATURA

2.1. SISTEMA TOYOTA DE PRODUÇÃO

Em um Japão devastado pelo pós-guerra, a necessidade de soluções que os fizessem alavancar

a economia novamente era prioridade. Com plataformas e fábricas de abastecimento

destruídas o país se via sem recursos. (LIKER, 2005).

A Toyota Motor Company se encontrava neste ambiente e para sobreviver precisava de maior

variedade de produtos devido à baixa demanda e o sistema produtivo necessitava de

flexibilidade. Para atender as exigências do mercado ela deveria produzir produtos diferentes,

na mesma linha, e no momento em que quisesse (WOMACK; JONES e ROOS, 1992).

Eiji Toyoda e Taiichi Ohno – Idealizadores do STP – tinham como responsabilidade tornar o

processo produtivo da Toyota mais eficiência, flexível, com menores custos e menor lead

time. Procurou-se adquirir maior qualidade, com produtividade igual a da Ford (LIKER,

2005).

A acentuada competitividade que o STP apresenta fez com que grandes estudiosos, como

Shingo em 1989, Monden em 1998, Schonberger em 1982 e Suzaki em 1987, e empresas

como General Eletric e Motorola estudassem este método inovador, desenvolvido através da

tentativa e erro ao longo de décadas, o Sistema Toyota de produção revolucionou os métodos

produtivos da época (FUJIMOTO, 1999).

No Sistema Toyota de Produção o custo por unidade diminui não pelo aumento do volume de

produção, mas por fatores como eliminação de estoques desnecessários e redução acentuada

de peças defeituosas. Diversas novas ferramentas e técnicas surgiram a partir da criação, teste

e padronização das mesmas (WOMACK; JONES; ROOS, 1992).

Ohno (1997) define que a obtenção do lucro acontece pela redução de custos, pois o preço de

venda é a adição de lucro e custo. As técnicas e ferramentas do STP aparecem com o intuito

de eliminar desperdícios oriundos dos processos, reduzindo os custos, proporcionando

produtos de alta qualidade e defeitos quase zero. A “Casa do Sistema Toyota de Produção”,

apresentada na Figura 1 representa tais ferramentas.

Figura 1: Casa do Sistema Toyota de Produção

Liker (2005)

A Gestão Visual, 5S, Manutenção Preventiva Total, QCO, Processos Estáveis e Padronizados

e a Produção Nivelada (Heijunka) são a base do STP. Segundo Onho (1988), o Sistema

Toyota de Produção possui como alicerce dois pilares: just-in-time e autonomação.

O Just-in-Time é o sistema no qual só se produz um produto no momento certo, sempre em

um fluxo puxado pelo próximo processo e por final, pelo cliente.

A autonomação teve seu início com Sakichi Toyoda com o tear auto ativado, ou seja, a

máquina parava seu funcionamento por si só sempre que se rompesse uma linha. A

autonomação faculta ao operador ou a maquina a autonomia de parar o processamento assim

que uma anormalidade for identificada. A ideia central é impedir a propagação de defeitos e

eliminar qualquer anormalidade no processo (OHNO, 1997).

O Sistema Toyota de Produção ficou sendo chamado de sistema de Produção Enxuta ou Lean

Manufacturing após a publicação do livro “A Máquina que Mudou o Mundo” por Womack,

Jones e Roos em 1990 e traduzido no Brasil em 1992.

2.2. Just-in-time

Expressão de origem inglesa que era segundo Ohno (1997) utilizada pelos japoneses, surgiu

na Toyota Motor Company.

Para Pascal (2008), o que define o just-in-time (JIT) é fabricar o produto certo, nas horas e

quantidades certas, sem formar estoques, e sem que seus clientes tenham que esperar. Ainda

segundo Shingo (1996) para uma organização ser considerada JIT não bastam apenas os

conceitos citados por Pascal, mas necessariamente deve contemplar a eliminação das

atividades que não agregam valor, os desperdícios.

Para Moura e Banzato (1994), diminuir o tempo de atravessamento (lead time) das peças e

flexibilizar a produção são necessários para se alcançar o JIT. Para conseguir tais resultados o

melhor caminho é utilizando o fluxo unitário, ou seja, produzir uma peça de cada vez.

Agrupar máquinas e operações, reduzindo assim transportes desnecessários, movimentações e

estoques em processo.

Segundo Corrêa e Gianesi (1996), a administração de materiais, a gestão da qualidade, o

arranjo físico, o projeto do produto, a organização do trabalho e a gestão de recursos humanos

são aspectos contemplados no JIT. Ele abrange muito mais que uma técnica ou conjunto de

métodos de produção, sendo vista como uma filosofia completa.

Ohno (1997) sintetiza a filosofia Just in Time em um sistema para puxar o fluxo de produção

e um sistema de controle de estoques. Para isto ocorrer é necessário que o processo seja

provido dos itens certos, na quantidade certa, no momento certo, no local certo e nas

condições certas. O objetivo do JIT é identificar, localizar e eliminar desperdícios e atividades

que não agreguem valor ao processo, garantindo assim o fluxo contínuo de produção e

redução dos estoques.

O foco na eliminação dos desperdícios e a melhoria contínua são metas de gestão acima de

qualquer outra no Just-In-Time. Através destes dois aspectos atingem-se os objetivos

fundamentais do JIT: a qualidade e a flexibilidade. Estes dois objetivos quando estabelecidos

durante o processo produtivo, aumentam a eficiência da linha e a velocidade e confiabilidade

do processo (CORRÊA e CORRÊA, 2004).

2.3. Os sete desperdícios

Para Shingo (1996) o desperdício quando não notado, pois se tornou aceito como parte do

processo, é definido como perda. O desperdício (ou muda em japonês) traz aumento de

custos, pois consome recursos para a efetuação das atividades e não geram valor.

No STP, um processo é considerado com alta eficiência operacional quando ele é isento de

desperdícios. A produtividade é mensurada na busca de fazer o certo da forma consistente e

eficaz da primeira vez, na quantidade necessária e com o mínimo de recursos. Obtendo

processos capazes de assegurar qualidade, evitando que erros aconteçam onde os resultado

são clientes satisfeitos e altos níveis de lucratividade.

Segundo Ohno (1997) os desperdícios a serem eliminados são:

1. Desperdício de Superprodução: Produzir sem necessidade ou sem demanda, elevando

os custos de produção, armazenamento e de estoque, causando impacto negativo no

capital de giro do negócio;

2. Desperdício de Espera: Ocasionam a ociosidade do operador pela falta de materiais da

operação anterior para serem processados, pela falta de matéria prima, pela falta de

balanceamento das operações da linha/célula ou pela presença de gargalos;

3. Desperdício de Transporte: Movimento de peças, componentes e produtos por longas

distâncias, sistemas de movimentação inadequados para o uso além de um desperdício

de transporte pode causar o não atendimento da demanda requerida pelo cliente ou

danificar produtos;

4. Desperdício de Estoques: O excesso de produtos acabados, estoques em processo ou

de matéria prima causando lead-times mais longos, aumento dos custos de transporte e

armazenagem, obsolescências e produtos danificados.

O desbalanceamento da produção, atraso dos fornecedores, defeitos, equipamentos

danificados ou longos tempos de preparação (setup) são problemas ocultados por altos

estoques, além de investimentos como matéria-prima, mão de obra, energia e espaço

físico terem sido feitos sem retorno;

5. Desperdício de processamento: Operações desnecessárias ao processo e que não

agregam valor ao produto. O processamento ineficiente pode ser ocasionado devido a

um projeto de produto de baixa qualidade, uma ferramenta inadequada, uma operação

desnecessária, causando movimentos desnecessários e em alguns casos defeitos

também, gerando assim o retrabalho. A entrega de um produto para o cliente com

qualidade acima da requerida pelo mercado também é um desperdício de

processamento.

6. Desperdício de Movimentação: Métodos inadequados de trabalho ocasionam esforço

desnecessário do operador. Carregar, descarregar, pegar, movimentar, empilhar e

caminhar são exemplos de ações que não agregam valor ao produto e podem ser

eliminadas do processo. Devido à fadiga física os desperdícios de movimentação

podem causar refugo e retrabalho;

7. Desperdício por Defeitos: Produzir peças não conformes gera desperdício de

manuseio, tempo e esforços, e o pior de todos os desperdícios, o de produzir peças

passíveis de se tornarem refugos, pois além dos desperdícios citados acima, foi

utilizado sem valor material e mão de obra.

Segundo Liker (apud Lima, 2010) a falta de criatividade dos funcionários pode ser definida

como um oitavo desperdício. Já Laraia apud Lima (2010) coloca o oitavo desperdício como a

“informação”, e apresenta sua classificação de acordo com o Quadro 1.

Quadro 1: Os principais desperdícios da manufatura e como eliminá-los.

Desperdícios Ações na área de Produção Ação na Administração

Superprodução

Reduzir tamanho dos lotes. Reduzir tamanho dos lotes de trabalho. Reduzir tempo de setup. Reduzir tempo de preparação mental. Encurtar rotinas de busca. Facilitar acesso à informação. Eliminar dados desnecessários. Simplificar o processamento.

Tempo de Espera

Sincronizar fluxo de trabalho. Combinar trabalho em uma estação de trabalho. Usar células.

Balancear operações. Co-alocar trabalho sequencial.

Treinamento múltiplo. Treinamento múltiplo para aliviar a carga de trabalho. Dicas sobre sistemas visuais.

Acesso a informação com um toque

Dicas sobre sistemas visuais.

Transporte

Usar células. Eliminação do papel ou redução de processos que envolvam papel. Espaço compacto.

Possuir menos fornecedores, porém mais próximos.

Estação de trabalho com uma parada On-Line para fornecedores.

Minimizar número de movimentações de materiais.

Processamento

Redesenhar - Eliminar peças e simplificar desenhos das mesmas. Simplificar - Eliminar trabalho desnecessário.

Rever todos os passos do processo. Estabelecer sistema de trabalho padrão.

Estabelecer trabalho padrão. Processos à prova de falha para eliminar retrabalho.

Ação a prova de falhas para eliminar trabalho.

Estoque

Reduzir tamanho dos lotes.

Reduzir tamanho dos lotes para processamento. Reduzir tempos totais.

Sincronizar fluxo de trabalho. Minimizar verificações e revisões.

Minimizar interrupções de fluxo. Sincronizar fluxo de trabalho.

Criar capacidade para lidar com picos de carga.

Minimizar interrupções de fluxo.

Criar capacidade para lidar com picos de carga.

Movimento Torne importante cada movimento de pessoas ou máquinas.

Eliminar movimentos buscando acesso de uma parada ao invés de rodar ao redor.

Organizar o layout: 5S. Organizar o layout: 5S.

Sistema de visibilidade. Sistema de visibilidade.

Defeitos

Padrões lógicos de qualidade. Padrões lógicos de qualidade.

Documentação disciplinada, mas flexível. Documentação disciplinada, mas flexível.

Trabalho padronizado. Trabalho padronizado.

Processo a prova de falhas. Processo a prova de falhas.

Informação

Reduzir desperdício do processo. Facilmente compreensível.

Facilmente compreensível. Sistemas de visibilidade.

Sistema de visivilidade. Facilitar o acesso ao banco de dados.

Facilitar o acesso ao banco de dados. Precisão no registro.

Precisão ne registro. Fonte: Laraia (apud Lima 2010)

A Produção Enxuta ou Lean Manufacturing possui métodos e ferramentas para identificar e

eliminar desperdícios. Assim nasceu um novo modelo de Sistema de Produção, focado no

cliente, e caracterizado pela busca e eliminação de desperdícios e das operações que não

agregam valor, melhoria do fluxo produtivo para obtenção de menores lead times, aumento da

qualidade, diminuição de custos e maior eficiência na entrega.

2.4. A Produção Enxuta

O conceito de Produção Enxuta difundiu-se pelo mundo todo e se tornou um paradigma a ser

rompido nas corporações e enxergado como um fator de competitividade e sobrevivência.

Atualmente existem diversas definições para Manufatura Enxuta ou Produção Enxuta.

Womack E Jones (1998) definem a Manufatura Enxuta como o sistema em que se faz mais

com menos (menos equipamento, menos pessoas, menos esforço humano, menos tempo, etc.)

melhorando continuamente as formas de gerenciar as relações com clientes, fornecedores e o

desenvolvimento de produtos e operações.

Segundo Sharh & Ward (2002), a Manufatura Enxuta deve criar um sistema de alta qualidade

que fabrica produtos no ritmo que o cliente deseja, sem desperdícios através de uma

metodologia gerencial que engloba o Just in time, sistemas de qualidade, manufatura celular,

entre outros.

Para Godinho Filho (2004) a Manufatura Enxuta é um modelo estratégico e integrado de

gestão voltado para uma estratégia de mercado que auxilia a empresa a alcançar objetivos de

desempenho melhores, como qualidade e produtividade com menor custo.

Qualquer atividade que não auxilia na busca e atendimento da qualidade, preço ou prazo

definido pelo cliente é entendida como desperdício na busca de uma tecnologia de produção

que visa à produção sem defeitos no menor tempo possível, com o mínimo de estoques e com

a menor quantidade de equipamentos e mão de obra. A eliminação dos desperdícios deve

acontecer por esforços concentrados na administração, produção, pesquisa e desenvolvimento

e distribuição (SHINOHARA, 1988).

Qualquer atividade que consuma recursos e não crie valor é considerada um desperdício. A

produção enxuta visa identificar e eliminar desperdícios na cadeia produtiva (WOMACK e

JONES, 1998).

Segundo Hines e Taylor (2000), os princípios da produção enxuta são:

- Não se analisar pela ótica da empresa ou dos departamentos as atividades que agregam ou

não valor ao cliente, mas sim pelas perspectivas do cliente;

- A fim de não se gerar desperdícios, todos os passos para produzir o produto ao longo da

linha devem ser identificados, sendo eles preferencialmente atividades que agreguem

valor ao produto;

- Criar fluxo de valor contínuo, sem paradas, esperas ou interrupções;

- Produzir o essencial, ou seja, somente o que o cliente deseja;

- Foco na melhoria contínua e eliminação de perdas e desperdícios.

Segundo Bamber e Dale (2000), os principais causadores de insucesso na implantação da

Produção Enxuta são:

- Não valorização dos funcionários e cultura centralizadora dentro da organização;

- Desconhecimento dos princípios da produção enxuta por parte do chão de fábrica,

gerência e diretoria;

- Falta de comprometimento da alta gerência;

- A Produção Enxuta como estratégia não compatível com o modo de produção da

organização ou mercado.

O foco na eliminação de desperdício é a essência do Sistema Toyota de Produção e da

Produção Enxuta e tem o Kaizen como metodologia de melhoria para transformar a

organização. Assim, sem as operações que não agregam valor ao produto presentes, o sistema

produtivo alavanca rumo à perfeição.

2.5. Princípios do Pensamento Enxuto

O pensamento enxuto é apresentado como um forte combatente do desperdício. Definidos por

Womack e Jones (1998), os princípios que substanciam o pensamento enxuto são:

- Valor: Quem define o valor é o cliente, caso contrário pode ocorrer do cliente comprar

um produto com características que ele efetivamente não deseje ou precise. A produção

enxuta visa eliminar as fontes de desperdício e criar valor.

- Cadeia de valor: O Mapeamento do Fluxo de Valor (VSM) implica em enxergar o todo,

proporcionando assim a identificação ao longo de todo o processo produtivo dos três

tipos de atividades. As que agregam valor, as que não agregam valor, porém são

necessárias ao processo e as que não agregam valor e não são necessárias ao processo,

sendo considerados desperdícios e devendo ser imediatamente eliminadas.

- Produção puxada: O método produtivo de se produzir sem se preocupar com a operação

seguinte (produção empurrada) não é mais opção quando se fala de pensamento enxuto.

Na produção puxada uma operação somente será iniciada quando a operação seguinte

necessitar, assim um processo onde somente o que o próximo processo necessita e

quando necessita é criado. Desta forma quem dita o ritmo da produção é o cliente, ele

puxa o produto, a produção e consequentemente o valor. Caso contrário os processos

fornecedores produziriam o que seus clientes não necessitam, gerando estoques e

desbalanceamento das operações.

- Fluxo de valor enxuto: O fluxo de valor enxuto acontece após o mapeamento da cadeia

de valor, especificação de valor e implantação da produção puxada. Os produtos devem

fluir durando o processo sem desperdícios como movimentos, transportes, esperas e

estoques.

- Perfeição: Conforme os princípios anteriores são alcançados, a organização começa a

ver inúmeras possibilidades de melhoria nas reduções de esforços, espaço, erros, tempos

de processamentos e custos. Assim, a empresa consegue se aproximar cada vez mais do

que o cliente realmente deseja. O quinto e último elemento do pensamento enxuto – a

perfeição – não é mais utopia.

2.6. Principais ferramentas do sistema de Produção Enxuta

2.6.1. Mapeamento do fluxo de valor (MFV)

Segundo Ghinato (2002), o Mapeamento do Fluxo de Valor (Value Stream Map), além de

uma ferramenta um tanto quanto interessante, é uma das mais utilizadas nas aplicações da

Produção Enxuta ao redor do mundo.

Para Nazareno, Rentes e Silva (2001), por considerar o fluxo de valor como todo o conjunto

de atividades que o produto passa desde a entrada da matéria prima até a entrega do mesmo ao

cliente o MFV é uma das ferramentas mais utilizadas na implantação da Manufatura Enxuta.

O foco da ferramenta é a redução do lead time do produto.

O Mapeamento do Fluxo de Valor foi elaborado para ser uma ferramenta com utilização de

pouca tecnologia. A fim de encorajar os usuários da ferramenta a passar por todo fluxo de

valor, o mapeamento é alentado a ser desenvolvido utilizando apenas lápis, papel e borracha,

mesmo existindo softwares específicos para isso (POJASEK, 2004). Liker (2005) descreve

essa atitude de visualizar por si mesmo para entender o processo (genchi genbutsu) como o

décimo segundo princípio do Modelo Toyota em seu livro.

De acordo com Ohno (1997), a ferramenta foi desenvolvida com a finalidade de identificação

e eliminação dos desperdícios e consequente redução do lead time. Trazendo impactos

positivos sobre os objetivos de desempenho da produção – qualidade, custo, entrega

velocidade e flexibilidade – descrita por Slack (1996).

Rother e Shook (1998) definem como características do MFV:

Fornecer linguagem comum para tratativa dos processos de manufatura;

Torna o fluxo visível, possibilitando discussões e decisões futuras;

Auxilia na identificação das fontes de desperdício do fluxo de valor;

Previne a implantação de técnicas isoladamente, pois reúne conceitos e técnicas

enxutas;

Convém de base para elaboração de um plano de implantação;

Apresenta a relação fluxo de material x fluxo de informação;

Possui maior utilidade que diagramas de layout e algumas ferramentas quantitativas

que fornecem informações de passos que não agregam valor, como distâncias,

quantidade de estoques, lead times, entre outros.

Na Figura 2 pode ser observada uma ilustração do Mapeamento de Fluxo de Valor, onde são

vistos o fluxo e processamento de matérias bem como os tempos das operações.

Figura 2: Exemplo de Mapa de Fluxo de Valor da situação atual

Fonte: Rother e Shock (1998)

O MFV é considerado uma ferramenta de melhoria contínua, pois seu ciclo não possui fim.

Depois de um produto ou processo ser mapeado, são identificadas as oportunidades de

melhoria e um plano de ação é elaborada para enxuga o fluxo de valor do processo/produto.

Depois de implantadas as ações um mapa novo e melhor é criado, porém este novo mapa a

partir do momento que é criado já se torna o mapa atual, abrindo horizonte para novas

oportunidades de melhoria e criação de um novo mapa futuro. O tempo médio deste ciclo é de

três a seis meses. As ações de melhorias e novos mapas são finalizados a cada três meses na

Toyota (ROTHER; SHOOK, 2003).

A Figura 3 apresenta um fluxograma do funcionamento do MFV e como um mapa futuro se

torna um mapa atual.

Figura 3: Ciclo de melhoria do mapeamento do fluxo de valor

Segundo Rother e Shook (1998), alguns passos são necessários para a realização do

mapeamento do fluxo de valor.

1) Escolher um produto ou uma família de produtos processados por equipamentos

comuns;

2) Coletar dados do chão de fábrica para construção do mapa do estado atual,

possibilitando a definição das ações para o estado futuro;

3) Identificar e eliminar fontes de desperdícios e operações que não agregam valor;

Fullman (2009) cita que após a identificação e eliminação das atividades que não agregam

valor, Projetos Kaizen são utilizados para melhorar as atividades que agregam valor e eliminar

as que não agregam valor, porém são necessárias.

2.6.2. Fluxo Contínuo

O Fluxo Contínuo é o modo mais eficiente para transformar materiais em produtos, pois

utiliza o mínimo de recursos possíveis, sejam em relação às pessoas, máquinas, materiais, etc.

o que significa baixo custo. Responder rapidamente as exigências dos clientes devido a lead

times curtos, defeitos identificados e corrigidos antes de prosseguirem para o próximo

processo e o encorajamento de comunicação entre operações para estabelecerem a relação

“cliente-fornecedor” são características do fluxo contínuo e comprovam sua eficiência.

(TAKTTIME, 2013)

Os requisitos da Manufatura enxuta que devem ser conhecidos para implantação do fluxo

contínuo segundo Rother e Harris (2002) seguem no Quadro 2.

Quadro 2: As 11 questões do Fluxo Contínuo

As 11 questões do Fluxo Contínuo

1 Os produtos finais corretos foram escolhidos?

2 Qual o Tempo Takt?

3 Quais os elementos de trabalho necessários para realizar o processo?

4 Qual o tempo real necessário para cada operação?

5 A linha tem capacidade para atender o Tempo Takt ?

6 Qual o nível de automação?

7 Como organizar o processo para que seja o mais eficiente possível?

8 Quantos operadores são necessários para atender o Tempo Takt ?

9 Como distribuir as atividades entre operações?

10 Como o processo puxador será programado?

11 O processo puxador atenderá a nova demanda do cliente? Fonte: Adaptado de Rother e Harris (2002)

As questões levantadas possibilitam melhor detalhamento, maior visão crítica e conhecimento

sobre o processo. Assim, segue o detalhamento das mesmas.

Questão 1: Considerar os seguintes aspectos:

Flexibilidade de Mix – Mais de uma linha deve possibilitar a produção de um mesmo

produto devido à alta demanda do mercado;

Variação do conteúdo total de trabalho – A quantidade de operações existente entre

diferentes produtos não deve variar mais que 30%;

Similaridade das etapas do processo e dos equipamentos – Menor qualidade e

produtividade são resultados de se processar produtos com sequências operacionais

diferentes na mesma linha;

Tempo takt curto ou longo demais – Se recomenda que o tempo ciclo da operação não

seja maior que 120 segundos e menor que 10 segundos;

Localização do cliente: A melhor localização é a que a linha esteja o mais próximo

possível do cliente final;

Questão 2: Um posto de trabalho Lean tem como fundamento o Tempo Takt, um termo

comum na filosofia da Produção Enxuta e significa o ritmo de trabalho (cadência produtiva)

do processo (Austin Weber, 2005). Ritmo este definido pelo mercado. Calcula-se o Tempo

Takt pela equação a seguir:

Equação (1)

Questão 3: O que se é necessário para realizar o processo

Questão 4: Realizando-se a tomada de tempos de cada atividade presente nas operações,

conseguimos identificar e eliminar operações que não agregam valor, possibilitando diminuir

o tempo da operação bem como atender o Tempo Takt;

Questão 5: É comparado o tempo real da linha com o Tempo Takt, analisando se a mesma

consegue ou não atender à demanda;

Questão 6: Avaliação das possibilidades do operador agregar valor ao mesmo tempo que a

máquina opera;

Questão 7: Identificação das oportunidades de melhoria no layout da linha;

Questão 8: Para cálculo do número de operadores da linha utiliza-se da seguinte equação:

Equação (2)

Questão 9: Sabendo-se o Tempo Takt e o tempo das operações é feita a divisão das operações,

de modo a todas as operações do processo ficarem abaixo do Tempo Takt;

Questão 10: O processo puxador necessita da definição do volume de produção e

especificação de cada família de produto;

Questão 11: O processo puxador necessita estar preparado para as mudanças de demanda que

atenderá. Como alternativa para suprir a necessidade do cliente, podemos utilizar

supermercados de produtos acabados ou aumentar os recursos existentes.

2.6.3. Cinco S

Esta filosofia cria uma visão onde as pessoas passam a raciocinar sempre em busca da

melhoria contínua do processo produtivo, para um ambiente de trabalho limpo e organizado,

melhorando as condições de trabalho e a qualidade dos produtos e serviços (LUBBEN, 1989).

Assim, o 5S é um sistema mobilizador, organizar e transformador de pessoas e empresas. Da

mesma forma que o Just in Time (no tempo certo), Controle da Qualidade Total, Kaizen

(melhoria contínua), jidoka (autodetecção / separação homem x máquina) e Manutenção

Produtiva Total o 5S garante a melhoria do desempenho da organização como um todo

(MASIERO, 1996).

Segundo Takashi (1995), maior produtividade, segurança, qualidade e aumento da motivação

dos trabalhadores são resultados do 5S, que tem como objetivo organizar o ambiente de

trabalho deixando-o limpo e organizado para a realização de um bom trabalho.

Para os autores Silva et al, (2001), o programa é caracterizado devido as grandes mudanças na

forma de pensar e agir das pessoas nas relações e com o próprio ambiente de trabalho. O 5S

pode ser aplicado como ferramenta de otimização do processo de informação, gerando assim

organização, segurança e melhorias de arranjo físico, equipamentos, materiais e pessoas.

De acordo com Monden (1997), com a implantação do 5S a empresa pode produzir produtos

com boa qualidade, baixo custo, rapidez e segurança, aumentando assim a lucratividade da

organização. De forma geral, o 5S é análogo ao Kaizen, pois tem como linha de frente a busca

pela melhoria contínua.

Para Francisco e Hatakeyma (2008), o 5S é um sistema simples onde as palavras japonesas

que formam o nome do sistema (“Seiri, Seiton, Seiso, Seiketsu e Shitsuke”), quando

traduzidas para língua portuguesa tomam o significado de “senso”, e significa que a busca

pela melhoria do ambiente de trabalho resulta em uma cultura de bons hábitos para

organização. A Figura 4 apresenta o fluxo do 5S:

Figura 4: Metodologia 5S

Seiri: Senso de arrumação/utilização e implica na organização que efetivamente

precisamos a partir de regras ou princípios, lógica e da razão (FUJITA, 1999). O senso

de arrumação consiste na identificação de materiais, equipamentos, ferramentas,

informações, utensílios e dados necessários e desnecessários. Após a identificação os

itens desnecessários para as atividades são segredados e/ou descartados.

Seiton: Segundo Delgadillo et al, 2006) o foco do senso de organização é a

organização dos itens necessários, realizando a identificação visual e alocando estes

itens segundo critérios como frequência de utilização, facilidade para estocagem,

facilidade de acesso ou facilidade para utilização. Com cada componente em seu lugar

definido este senso traz como essência a racionalização do espaço, facilidade de

acesso aos materiais e melhoria da comunicação no ambiente de trabalho.

Seiso: O senso de limpeza consiste não só na limpeza periódica do ambiente de

trabalho – o que torna a detecção de problemas mais fácil – mas também na detecção e

eliminação de não conformidades em relação à baixa iluminação, excesso de ruídos e

vibrações e odores desagradáveis.

Seiketsu: O senso de saúde consiste basicamente em padronizar os sensos anteriores

para manter a organização, limpeza e higiene. Para Nunes e Alves (2008), esta etapa

pode ser alcançada através da disciplina de limpeza, inspeções rotineiras e registros de

procedimentos padronizados.

Shitsuke: Na última etapa o senso de autodisciplina tem como meta a incorporação de

todos os outros sensos dentro da organização através do incentivo da disciplina. Para

Ribeiro (1994), “ser disciplinado é cumprir rigorosamente as normas e tudo o que for

estabelecido pelo grupo. A disciplina é um sinal de respeito ao próximo”. Este senso

busca a constante autoanálise em busca da melhoria contínua por parte dos

colaboradores, a conscientização dos funcionários em relação à importância do que já

foi aplicado bem como o aumento da motivação.

2.6.4. Os cinco porquês

Ohno (1997), diz que ao se repetir “porquê” cinco vezes, a causa raiz do problema pode ser

identificada e corrigida.

Um processo eficiente não quer dizer necessariamente que é isento de causas especiais. A

metodologia desenvolvida pela Toyota é uma técnica simples aplicada na solução de

problemas onde „porquês‟ são perguntados sucessivamente com a finalidade de identificação

das causas do problema, pois a resposta do primeiro por que leva a um segundo por que e

assim por diante.

O Quadro 3 apresenta um exemplo de aplicação dos cinco porquês.

Quadro 3: Exemplo de aplicação dos cinco porquês

Problema: Produto com Defeito P1 Porque o produto apresentou defeito? R1 Porque houve problema na fabricação. P2 Porque houve problema de fabricação? R2 Porque a pressão de trabalho da máquina esta fora do especificado P3 Porque a pressão de trabalho da máquina esta fora do especificado? R3 Porque a manutenção não foi realizada. P4 Por que a manutenção não foi realizada? R4 Porque não existe o controle de manutenção. P5 Porque não existe o controle de manutenção? R5 Porque o gerente não implantou o método.

Os cinco porquês impede que efeitos e sintomas sejam tratados ao invés da causa raiz do

problema.

2.6.5. Heijunka

O Heijunka ou Nivelamento da Produção é definido por Tardin (2001) como a produção de

qualquer produto em curtos intervalos de tempo. Ao atender este requisito, é possível se

atender as demandas do mercado eficientemente, produzindo a quantidade certa, sem excessos

de produção.

Ghinato (2000) define o Heijunka como a programação nivelada através do processamento

dos pedidos de forma a ser ter um padrão repetitivo levando em conta as variações de

diferentes famílias de produtos.

O Heijunka possibilita a programação da produção ser planejada de forma a produzir

garantindo o fluxo contínuo de produção, nivelando inclusive os recursos do processo.

Segundo Slack et al. (1996) o Heijunka, significa nivelar a produção de modo que o mix e

volumes de produção sejam contínuos ao longo do tempo.

Uma das maneiras de visualizar o balanceamento das operações é através da identificação do

Tempo Takt. Ao se identificar operações que possuem Tempo Ciclo acima do Takt da linha,

têm-se três opções de ação:

Melhorar a operação/recurso que possui tempo ciclo maior que o Tempo Takt da linha

de forma a diminuir o tempo desta operação;

Repartir operações de modo a atribuir atividades da operação com maior tempo a uma

com menor tempo, deste modo balanceando todas as operações de acordo com o

Tempo Takt;

Caso a operação acima do Tempo Takt seja o gargalo do processo, a operação pode

ser potencializada de modo a fazer com a operação consiga suprir a necessidade da

linha;

A Figura 5, Rother (2003), apresenta um processo antes e depois do balanceamento das

operações. Nota-se que com os Tempos Ciclos atuais o processo necessita de cinco

operadores e que o tempo das atividades chegam a oscilar em quase o dobro de uma atividade

para a outra, como é o caso da Montagem em relação ao Teste. Depois de balanceada as

operações reduziu-se os operadores do processo para três, de modo que um mesmo operador

seja capaz de realizar mais de uma operação. Com a aglutinação de operações os tempos do

processo ficam mais próximos um em relação ao outro, proporcionando maior eficiência ao

mesmo.

Figura 5: Nivelamento de Operações Fonte: Adaptado de Rother (2003).

2.6.6. Poka-Yoke

Inicialmente o conceito Poka Yoke foi difundido por Shingo (1992) ao verificar que as

características de controle mais importantes de um produto podem ser controladas por meio

de técnicas de inspeção.

A inspeção Poka Yoke realizada na fonte trabalha na origem do processo, trazendo retorno

imediato e evitando que erros se tornem defeitos. O Poka Yoke ou também denominado

mecanismo a prova de erros, ou à prova de falhas constituem meios para garantir que os

defeitos não ocorram (Shingo, 1996).

Shingo (1996) classifica os Poka-Yoke conforme a Figura 6.

Figura 6: Classificação de Poka Yoke

Fonte: Shingo (1996)

Método do Controle: A linha ou equipamento para imediatamente após detecção

do defeito para que a ação corretiva seja implantada;

Método de Advertência: Atrai a atenção dos responsáveis pelo processo através de

sons ou sinais luminosos assim que uma anormalidade é detectada;

Método do Contato: Dispositivos que se mantêm em contato com o produto

detectam a não conformidade na forma ou dimensão;

Método do Conjunto: Garante a completa execução de todas as atividades em

processos onde as operações são sequências ou passos são pré-estabelecidos.

Método das Etapas: Movimentos padronizados garantem que o operador não

cometa por engano, uma etapa que não faz parte das atividades definidas para a

produção daquele produto.

O Poka Yoke é um componente fundamental das práticas de controle da qualidade na Toyota e

base para o Controle da Qualidade Zero Defeitos (CQZD). O CQZD objetiva a extinção dos

defeitos a partir da identificação e bloqueio das causas de erro.

2.7. Filosofia Kaizen

De acordo com Sharma e Moody (2003), a palavra japonesa Kaizen significa Fazer Bem

(KA= mudar; ZEN= bem).

Segundo Rother e Shook (1999) a metodologia Kaizen atua na cadeia de valor ou em

processos individuais na busca de melhorias contínuas na cadeia produtiva. O Kaizen é uma

ferramenta onde se usa da criatividade e simplicidade para solucionar problemas e alavancar

melhorias de rápida implantação e alto impacto sobre o resultado final ao invés de altos

investimentos, superando barreiras e resistências ao difundir a mudança cultural.

Para Imai (1994), o Kaizen é fundamental no sucesso competitivo japonês e significa

pequenas melhorias no status quo, como resultado de contínuos esforços, e não melhoras

drásticas resultante de altos investimentos, pois estes caracterizam inovação. De acordo com

Brunet e New (2003), ele significa melhoria e envolve um conjunto de atividades, seja no

chão de fábrica ou setores administrativos, com intuito de melhorar as operações e o próprio

ambiente de trabalho.

Deste modo o Kaizen é uma ferramenta que, com baixos custos traz grandes melhorias,

enfatiza a moral, a comunicação, o treinamento, o trabalho em equipe, envolvimento e

autodisciplina, além dos esforços humanos (HANASHIRO, 2005).

Piatkowski (2004) enfatiza que o Kaizen melhora processos existentes e não tem como

objetivo a implementação de novos processos. O Kaizen implementa mudanças para se atingir

objetivos específicos através da identificação de problemas e oportunidades de melhora.

Reali (2006) defende que a expressão melhoria contínua de processos (Continuos Process

Improvement – CPI) é a que mais se aproxima de seu significado, embora o Kaizen não seja

de uso exclusivo de melhorias de processos, podendo ser utilizado em serviços, atendimento

ao cliente, relacionamentos com fornecedores e relacionamentos com sindicatos.

Segundo Rother e Shook (2003), há dois tipos de Kaizen (Figura 7):

Kaizen de fluxo/sistema: Foco no fluxo de valor, dirigido ao gerenciamento;

Kaizen de processo: Foco em processos individuais, dirigido às equipes de trabalho e

líderes.

Figura 7: Os dois tipos de Kaien

Fonte: Rother e Shook (2003)

Segundo Imai (1996), o pior erro de um gerente é viver isolado do piso de fábrica, pois ele

efetivamente não estará no lugar certo e na hora certa para tomar decisões. A chave para o

sucesso do Kaizen no gemba (chão de fábrica) é a habilidade de o gestor identificar problemas

através da compreensão de conceitos como desperdícios, agregação de valor, gerência visual,

padronização, Housekeeping, etc.

De acordo com Araújo (2006), Kaizen são esforços de melhoria contínua, implantado por

todos, com foco na busca e eliminação das operações que não agregam valor. Uma forma da

implantação dos princípios do Kaizen é através de Eventos Kaizen como engenho de melhoria

estruturado.

2.8. O evento Kaizen

O Mapeamento do Fluxo de Valor (MFV) identifica qual o foco das ações para a implantação

do sistema de Produção Enxuta, fornecendo a direção clara da atividade que necessita de

melhoria além de possibilitar a visualização do fluxo como um todo. Entretanto, o MFV não

fornece a receita de como melhorar ou como incentivar as pessoas a contribuírem para atingir

os estados futuros (REALI, 2006). Os Eventos Kaizen são designados para isso.

Segundo Sharma e Moody (2003), o importante em um Evento Kaizen, é o trabalho em

equipe. Afinal, para cada Evento uma equipe multifuncional é formada por engenheiros,

operadores, pessoas do setor administrativo, manutenção, fornecedores e, em alguns casos,

pessoas externas. Soluções criativas são aplicadas uma vez que a equipe identifica e ataca o

problema através de diversas perspectivas.

No evento Kaizen o cargo hierárquico “não existe” mais e todos tem igual responsabilidade

sobre as ações, prazos e resultados do projeto. Membros que não fazem parte da rotina de

trabalho ou não estão diretamente ligadas ao processo em questão tendem a ter uma percepção

diferente das soluções, o que em muitos casos nos possibilita melhores soluções ou análises

que nenhuma outra pessoa já inserida no processo conseguiria obter.

Pessoas heterogêneas formam equipes homogêneas, e são as diferentes competências e

experiências de vida de uma equipe multifuncional que complementa e torna eficaz e eficiente

a equipe Kaizen.

De acordo com Kosandal e Farris (2004), Eventos Kaizen são definidos como iniciativas de

processos de melhorias de curto prazo, baseadas em equipes altamente orientadas para a ação.

Para Kosaka (2007), um evento Kaizen de sucesso acontece quando as atividades são

realizadas no gemba, com a filosofia do genchi genbutsu (vá e veja você mesmo), com

decisões estruturadas e de implantação rápida, sempre considerando que a solução implantada

é passível de nova melhoria.

Ainda de acordo com Sharma e Moody (2003), na abordagem da Melhoria Contínua o Evento

Kaizen é uma filosofia e um método de implantação que envolve melhorias rápidas e

contínuas com foco no tempo de duração, criatividade para solucionar problemas ao invés de

altos investimentos e utilização dos recursos disponíveis, o que acarreta em resultados

imediatos. Os autores ainda ressaltam que o plano de melhoria da cadeia de valor deve estar

vinculado com os objetivos do Evento Kaizen.

Os Eventos Kaizen duram normalmente de dois a cinco dias, apesar de alguns eventos

“relâmpagos” durarem menos de um dia (SHERIDAN, 1997).

Deste modo o escopo do evento varia de acordo com a ferramenta enxuta que necessita ser

implantada. O Formato do cronograma é definido por seus respectivos prazos, número de

participantes e nível de exigência das ações.

Nazareno (2008) elenca algumas características principais de um Evento Kaizen:

Formação de uma equipe de até 12 pessoas;

Cumprir a missão em cinco dias (uma semana);

A equipe deve ficar inteiramente focada na missão a ser cumprida;

Sua dedicação deve ser exclusiva e não se ter mais nada a fazer durante a semana;

Possuir prioridades na utilização de recursos fabris e na obtenção de informações.

Recomenda-se reserva-los ou, ao menos, alertar as respectivas áreas de suporte

previamente.

As fases típicas de um Evento Kaizen de acordo com Melnyk et al (1998), são:

1) Formação da equipe;

2) Documentação da fotografia atual do processo;

3) Identificação de potenciais oportunidades de melhoria;

4) Um processo interativo e imediato para implantação de melhorias e avalição de

eficácias das mesmas;

5) Apresentação dos resultados para gestores e diretoria;

6) Geração da lista de ações (para acompanhamento das intervenções).

Imai (1996) aponta que o Evento Kaizen atinge seus objetivos levando em conta as seguintes

premissas:

Obtenção de uma linha capaz de produzir no Tempo Takt;

Obtenção de uma linha de produção flexível em relação aos desvios do Tempo Takt;

Eliminação das causas que prejudicam o ritmo das operações;

Desenvolvimento de procedimentos de trabalho;

Minimização da necessidade de operadores na linha.

Qualquer processo de mudança cultural e/ou organizacional é complexo e envolve inúmeras

variáveis para o sucesso. A mudança gera resistência por parte dos indivíduos. E a resistência

se destaca como uma das principais barreiras para o processo de mudança Em uma pesquisa

com 500 empresas que passaram por um processo de mudança real nos processos e na forma

de atuação dos colaboradores, 62% dos executivos entrevistados apontam o bom

gerenciamento da mudança e a excelência no processo de comunicação como fatores críticos

para uma implantação de um processo de mudança bem sucedido (Othinknowledge, 2013).

Tapping et. al. (2002), apresentam sete consignações para gerenciar e enfrentar processos de

mudança, especialmente aqueles em que envolvem a implantação de Sistemas de Produção

Enxuta.

1º - Comunicar, comunicar e comunicar: Garanta que todos os stakeholders estejam

cientes do que está ocorrendo e o porquê, e não somente os envolvidos diretamente no

evento Kaizen.

2º - Identificar comportamentos negativos: No início da implantação se houver alguém

que não tenha participado ou demonstrado comportamento negativo frente às mudanças,

fale com esta pessoa em particular e se assegure que os anseios dela foram resolvidos.

3º - Não parar o processo devido a problemas: Dificuldades e problemas inesperados no

evento Kaizen podem aparecer e tornar impossível a execução completa do mesmo.

Identifique, analise o problema e reprograme o evento para o primeiro momento possível

após o problema ser sanado.

4º - Considerar cada evento como um projeto: Todo projeto possui início, meio e fim bem

definidos e considerados únicos. O mesmo princípio vale para o Kaizen, que busca o

aprendizado e a melhoria contínua a cada evento.

5º - Recompensar e reconhecer o esforço das pessoas: Na maioria das vezes as pessoas

buscam a motivação almejando o reconhecimento público, ganhos materiais ou status.

Estes dois aspectos podem refinar a confiança mútua e o respeito.

6º - Estar presente: a alta gerência, o líder do projeto e o gerente do fluxo de valor devem

ir regularmente à gemba para encorajar os colaboradores e descobrir o que eles podem e

devem fazer para apoiar os esforços de mudança.

7º - Ser flexível: Provavelmente eventos inesperados irão ocorrer, porém, flexibilidade

combinada com foco e comprometimento irá prevalecer e guiar o evento para o sucesso.

Nos próximos capítulos são apresentadas as etapas envolvidas e os resultados obtidos na

aplicação da metodologia de Evento Kaizen para implantação de conceitos de Produção

Enxuta em uma indústria do setor da Metal mecânica.

3. METODOLOGIA

Com a necessidade de geração de conhecimentos para aplicação prática das soluções dos

problemas levantados a natureza da pesquisa se caracteriza como aplicada. A abordagem se

caracteriza como qualitativa, pois será feita uma análise das ações implantadas e da

perspectiva dos objetivos a pesquisa é exploratória.

Depois de identificado o gargalo do sistema produtivo, a organização sentiu a necessidade de

implantar melhorias na linha de montagem de cabeçotes de Alta Pressão, através de um

evento Kaizen a ser realizado na mesma.

O presente trabalho, conforme Rother e Shook (2003) é um Kaizen de processo, pois tem seu

foco em processos e procedimentos individuais, dirigidos a equipes de trabalho e líderes com

foco na eliminação dos desperdícios.

O evento realizado se baseou em alguns conceitos como:

A utilização de ideias simples, de rápida implantação e baixo custo para alavancar as

melhorias.

Não criar novos processos, e sim melhorar os existentes (Piatkowski 2004).

Os levantamentos de problemas serão essencialmente realizados no gemba. Conforme

Imai (1996) cita, o sucesso para o evento Kaizen é estar no lugar certo e na hora certa,

ou seja, a equipe irá levantar os problemas e oportunidades de melhoria somente no

chão de fábrica.

Estes são algumas considerações levantadas na Revisão de Literatura que foram consideradas

como premissas para o desenvolvimento do projeto Kaizen. Outros conceitos a respeito do

Lean e do próprio Kaizen serão abordados na conclusão.

A metodologia para realização do trabalho seguiu as definições apresentadas por Melnyk et.

al. (1998), que são:

1. Formação da equipe;

2. Diagnóstico do processo atual;

3. Levantamento das oportunidades de melhoria;

4. Elaboração e implantação de um plano de ações;

5. Apresentação para a diretoria;

No próximo capítulo serão apresentadas detalhadamente cada uma das etapas do evento

Kaizen.

4. DESENVOLVIMENTO

4.1. Caracterização da empresa

A empresa de estudo do presente trabalho possui um quadro de funcionários de

aproximadamente 180 colaboradores, está instalada em uma área de 20.000m² e capacidade

de produção atual de 145 compressores/dia.

Os compressores representam a maior parte do faturamento da organização e se dividem em

duas classes de acordo com suas pressões de trabalho, podendo ser classificados como Baixa

Pressão (140 libras/pol²) ou Alta Pressão (175 libras/pol²). Além dos produtos padrões, a

empresa também produz compressores para outras marcas, que só entram com o nome de sua

suas empresas. Possuem em seu portfólio além de compressores, separadores de condensado,

reservatórios avulsos, artesianos, filtros de ar, ferramentas pneumáticas, aspiradores e

lavadoras de alta pressão.

O setor fabril é divido em três grandes áreas. A primeira é o centro de usinagem onde grande

parte dos componentes envolvidos no estudo são fabricados, seguido da fábrica de

reservatórios e montagens. Como áreas de apoio a produção da empresa conta com o setor de

Logística, Planejamento e Controle da Produção (PCP), Qualidade, Tecnologia da Informação

(TI), Suprimentos e Engenharia. Responsáveis pelos processos administrativos e de vendas a

empresa conta o setor Comercial, Financeiro e de Contabilidade.

As obediências às normas nos processos de fabricação garantem um produto final de altíssima

qualidade, não deixando nada a desejar em relação ao que se comercializa hoje no mundo.

Um exemplo desta política são os vasos de pressão (reservatórios) que acompanham os

compressores de ar. Eles são construídos observando-se as especificações da norma ASME

(EUA) quanto ao projeto e construção do reservatório e NR 13 (Ministérios do trabalho -

Brasil).

4.2. Caracterização do processo

A Figura 8 apresenta parte do processo produto da organização.

Figura 8: Fluxograma geral de uma das etapas da cadeia de valor do produto

O fornecedor interno do processo de Montagem de Cabeçotes é a Usinagem, cujas peças são

produzidas em tornos de comando numérico computadorizado (CNC), tornos convencionais,

furadeiras múltiplas, dedicadas, e centros de usinagem. Todas as peças produzidas neste setor

passam por rigorosa análise de medição através dos próprios operadores e do setor de

Metrologia.

Depois de usinados os componentes do cabeçote passam por uma lavadora industrial para

limpeza e remoção de cavacos. As peças são lavadas com produto desengraxante para

remoção de óleos, graxas e demais contaminações, garantindo sempre uma peça 100% limpa.

O produto também contém protetivo que garantirá a imunidade a oxidação por um período

aproximado de 2 meses.

No mesmo posto de trabalho, após a lavação um inspetor de qualidade inspeciona todas as

peças que saem do processo. A inspeção ocorre de forma visual para identificação de macro

erros e caso o inspetor suspeite de alguma não conformidade ele segrega a peça do lote para

posterior inspeção mais detalhada.

Após a lavação os componentes do cabeçote são transportados para o Almoxarifado, onde as

quantidades são conferidas e registradas. Após verificação do lote as caixas em que as peças

se encontram são cobertas com plástico bolha para garantir melhor estocagem e a qualidade

do produto

Depois de o PCP emitir a ordem de produção as peças são todas alocadas em uma única

gaiola que segue para a linha. No momento em que a gaiola com os componentes chega à

linha um operador retira as primeiras peças a serem usadas e as coloca na bancada de

montagem.

No processo de montagem ocorrem as pré-montagens e montagens principais. Assim que os

cabeçotes estão montados são transferidos para um carrinho e movimentados até a bancada de

espera do teste. Quando testados os cabeçotes são transferidos para outro carrinho que é

movimentado até a bancada de espera da pintura para que os cabeçotes possam ser

descarregados. Uma vez que o cabeçote está pintado e testado segue para a Montagem Final,

onde se encontra com o seu respectivo reservatório, motor e demais componentes até que seja

embalado e enviado para expedição. A Figura 8 exemplifica as etapas do processo produtivo

citado acima e representam uma parte da cadeia de valor do produto final.

4.3. O Evento Kaizen

4.3.1. Formação da Equipe

A equipe do projeto Kaizen foi escolhida estrategicamente e foi formada por pessoas de

diferentes setores da empresa com o intuito de formar um time heterogêneo e com as mais

diferentes perspectivas de soluções. Para o time do projeto foram escaladas pessoas chaves da

organização e do processo como gerentes dos setores Administrativo, de Produção, Qualidade

e Financeiro, os operadores mais experientes do setor de montagem e usinagem também

foram alocados, além de colaboradores da engenharia com experiência em outros eventos

Kaizen.

O quadro 4 representa os integrantes da equipe Kaizen, bem como seus respectivos setores de

tempo de trabalho na empresa.

Quadro 4: Equipe Kaizen

KAIZEN - MONTAGEM DE CABEÇOTES

Nº Nome Setor Tempo de Empresa 1 Anderson B. Produção 17 anos 2 Anderson R. Produção 5 anos 3 Ângela Produção 6 anos 4 Clayton Administrativo 7 anos 5 Flávio Eng. Processo 1 ano 6 meses 6 Gracieli Qualidade 6 anos 7 Jean Romanini Eng. Processo/Produto 1 ano e 5 meses 8 Leandro Produção 4 anos 9 Marcel G. Eng. Processo 1 ano 6 meses 10 Marcelo G. Eng. Processo 3 meses 11 Paulo Eng. Produto 5 anos 12 Sheyla Administrativo 8 anos 13 Soraya Administrativo 7 anos

EXPERIÊNCIA TOTAL = 69 ANOS E 8 MESES

A somatória do tempo de trabalho na empresa de cada membro do time ilustrada ao final do

Quadro 4 mostra, que, de agora em diante, todos ali são um só e agem pelos mesmos

objetivos, o que ajuda na harmonia e comprometimento das pessoas com o objetivo do

trabalho. O total em anos evidencia o quão experiente é aquela equipe e encoraja os mesmos

para não se limitarem às dificuldades, pois, tamanha experiência pode solucionar qualquer

problema.

4.3.2. Treinamento Lean

Após a formação da equipe acontece o treinamento com os integrantes para que todos

absorvam os princípios do Pensamento Enxuto. O treinamento foi realizado na sala de

treinamentos da própria organização e ministrado pelo líder do projeto e autoridade máxima

da engenharia Sr. Jean Romanini.

No treinamento Lean são abordados os princípios do JIT como minimização de desperdícios e

tempo ciclo do operador, importância de cada posto de trabalho assegurar a qualidade,

operações multifuncionais e questões como visibilidade do posto de trabalho.

Imagens de estações de trabalho típicas e ideais são apresentadas a equipe, bem como a

importância de operações padronizadas, tamanhos apropriados de lote, organização dos

componentes, padronização e disposição de ferramentas, controles visuais, supermercados, kit

de peças e o plano de reabastecimento também são abordados.

No treinamento Lean também são apresentados os sete desperdícios da manufatura e o quão

prejudiciais para os processos eles são além de conceitos e exemplos de Fluxo Contínuo,

sistemas Poka-Yoke, Autonomação e Nivelamento da produção.

Para finalizar o treinamento e consolidar toda a teoria apresentada é aplicada uma dinâmica de

grupo, onde é possível evidenciar na prática que com a diminuição do tamanho do lote,

melhor organização do layout e balanceamento das operações o estoque em processo e lead-

time diminuem, a porcentagem de operações que agregam valor aumentam provocando o

consequente aumento do total produzido, a quantidade de operadores diminuiu e a

produtividade aumenta.

A dinâmica de grupo permite também visualizar um dos principais conceitos da filosofia da

Produção Enxuta que é a implantação de melhorias e ganho de resultados com baixos

investimentos e muita criatividade.

4.3.3. Definição dos Objetivos

A definição dos objetivos é fundamental e de extrema importância, pois, são eles que definem

todas as diretrizes do projeto Kaizen. As ações levantadas para implantação das melhorias são

direcionadas através dos objetivos, pois toda ação deve ser observada sob o seguinte aspecto:

“Esta ação vai de encontro com os objetivos do projeto?”.

O passo inicial do projeto foi saber onde/como o processo está atualmente – o que será

analisado na etapa de levantamento de dados – e onde pretendesse chegar – definição dos

objetivos -.

A definição do “aonde queremos chegar” usualmente é definida pela diretoria e alta gerência,

que estipulam valores visando o cumprimento das diretrizes do Planejamento Estratégico da

organização.

Algumas das informações apresentadas na definição dos objetivos somente são possíveis de

serem definidas após o Levantamento de Dados, que será apresentado a seguir.

Os objetivos do presente projeto foram:

1) Assegurar a capacidade da linha de 34 para 45 cabeçotes/dia a 85% de eficiência.

2) Assegurar a eficiência de entrega de 81,3% para 100%.

3) Implementar 1º e 2º S do “5‟S”

4) Implantar ao mínimo 3 ações de ergonomia.

4.3.4. Levantamento de dados

Para esta etapa o Líder do Projeto definiu cada item que deveria ser “fotografado” e delegou

responsáveis e datas para cada colaborador (es). A data definida era não somente para a

obtenção dos dados, mas sim para compilá-la e deixar as informações prontas para apresentar

ao restante da equipe.

A etapa de levantamento de dados não só permitiu a equipe Kaizen ter um mapa detalhado do

processo atual, mas também potencializou a percepção e entendimento dos membros em

relação ao processo e permitiu a identificação imediata de possíveis oportunidades de

melhorias de rápida implantação e alto impacto nos objetivos do projeto.

O Quadro 5 apresenta os diferentes produtos produzidos pela linha e seus agrupamentos em

famílias.

Quadro 5: Produtos e Famílias

PRODUTOS FAMÍLIAS

20 V AP A 25V

40V 40W B 60W C

Devido à complexidade dos produtos a equipe decidiu agrupar produtos similares em famílias

para facilitar análises e as tomadas de decisões. A família A representa produtos que possuem

2 cilindros, a família B produtos que possuem 3 cilindros e a família C 5 cilindros.

A primeira informação a ser levantada foi a quantidade de produtos a serem produzidos. O

Quadro 6 apresenta a relação cabeçote Vs volume dos três últimos meses. A partir deste dado,

é possível saber qual a % de cada família de produtos que serão produzidos na linha, ou seja,

a representatividade de cada cabeçote em relação à demanda.

Quadro 6: Volume de produtos e representatividade na demanda

VOLUME DE PRODUTOS

Item Vol. Junho Vol. Julho Vol. Agosto % 20 V AP 300 pçs 410 pçs 434 pçs

78% 25 V 95 pçs 64 pçs 64 pçs 40 V 95 pçs 64 pçs 65 pçs 40 W 80 pçs 83 pçs 78 pçs 12% 60 W 76 pçs 62 pçs 63 pçs 10%

TOTAL 646 pçs 683 pçs 704 pçs 100%

O histórico de produção da linha trouxe a informação da eficiência da mesma. Ela é

encontrada pela divisão do volume total produzido da linha de montagem de cabeçotes pela

demanda definida pelo PCP. A eficiência é a relação entre o resultado obtido e os recursos

agregados ao processo. A falta de gerenciamento ou a presença de algum dos sete

desperdícios, por exemplo, impactam negativamente na eficiência do processo.

A Figura 9 representa o gráfico da Eficiência de entrega referente aos meses de Abril, Maio e

Junho. A média destes valores representa o ponto inicial na definição do objetivo número 2.

Figura 9: Eficiência de Entrega

Antes de realizar a cronoanálise para definição do lead time a equipe Kaizen buscou algumas

informações para melhor entendimento dos diferentes tipos de produtos que envolviam o

projeto.

A Figura 10 representa, respectivamente, os cárteres de 2, 3 e 5 cilindros. O Cárter é o

principal componente do cabeçote e o que define sua família no agrupamento acima.

83% 91%

70%

0%10%20%30%40%50%60%70%80%90%

100%

Abril Maio Junho

Eficiência de Entrega - Montagem de Cabeçotes AP

Figura 10: Cárteres dos modelos de 2, 3 e 5 cilindros.

A estrutura analítica do produto ou árvore do produto também foi analisada pela equipe para

identificação de todos os componentes existentes em sua estrutura. Estas análises são

fundamentais para as posteriores análises e elaboração do plano de ação, pois, é necessário

entender da melhor forma possível as características do produto e todas as variáveis que o

envolvem.

A Figura 11 representa o flip-chart da equipe Kaizen com a vista explodida e lista de

componentes da família A.

Figura 11: Vista explodida e lista de componentes do produto

Depois de encontrada a eficiência, o próximo passo é saber a capacidade atual da linha que é

apresentada no Quadro 7. É necessário saber exatamente todos das atividades que agregam e

não agregam valor ao produto bem como o tempo de cada uma. Depois de finalizado o projeto

Kaizen deve ser realizado novas análises dos tempos das atividades para apresentação à

diretoria.

Quadro 7: Capacidades antes do Kaizen

CAPACIDADES - LINHA MONTAGEM DE CABEÇOTES

Família ∑ Tempo das operações Capac. à 85% com 1 operador Capac. à 85% com 4 operadores

2Cilindros 32,1 minutos 13,75 pçs/dia 55 pçs/dia 3Cilindros 61,88 minutos 7,11 pçs/dia 28,46 pçs/dia 5Cilindros 98,2 minutos 4,48 pçs/dia 17,48 pçs/dia

A falta de padrão nas operações fez com que para a definição da capacidade a tomada de

tempos fosse realizada observando-se o tempo total de montagem de um produto do início ao

fim com um mesmo operador. Como a linha possui quatro operadores a capacidade teórica é

representada na 4ª coluna do Quadro 7. A partir dos dados ficou claro para a equipe que a

linha não possuía problemas de capacidade, e sim enormes quantidades de desperdícios que

resultavam no não atendimento a meta.

Os tempos de cada operação nos permite identificar a operação gargalo, os principais

desperdícios presentes no processo, o levantamento de oportunidades de melhoria, se a linha é

capaz ou não de atender a meta e até mesmo o comprometimento de cada operador com o

trabalho.

A quantidade de operadores no processo atual é registrada, pois uma vez que a equipe possui

os tempos de cada operação é possível definir a quantidade de operadores necessários para o

processo através da Equação (2):

É importante ressaltar que o conteúdo total de trabalho da equação acima não leva em conta a

maioria dos desperdícios presentes no processo, desse modo o número encontrado serve como

indicador para a definição de quantos operadores realmente são necessários para atender a

nova demanda do mercado, ou seja, possibilita a definição do mapa futuro.

O Fluxo do processo é um dado importante a ser levantado pela equipe para complementar o

entendimento do produto. Entender a sequencia operacional e como suas operações

acontecem capacita a equipe a ter uma visão global do processo, aumentando as

possibilidades de ações de melhoria. As Figuras 12 e 13 representam o fluxo do processo

mapeado pela equipe Kaizen para um dos produtos da família “A” e apresenta a ordem em

que seus componentes são montados na linha.

Figura 12: Fluxo do Processo - Cabeçote 20V AP - Família A

Figura 13: Continuação do Fluxo do Processo - Cabeçote 20V AP - Família A

O próximo passo da etapa de levantamento de dados foi mapear o layout atual da célula que é

representado através da Figura 14, bem como elaborar o fluxo do processo.

Figura 14: Layout Esquemático

A Figura 14 apresenta o fluxo do processo desde o momento em que as peças usinadas saem

do almoxarifado e entram na linha – representadas pelas caixas roxas - até o momento em que

o cabeçote se dirige para seu processo final, a pintura líquida. O layout esquemático permite

de forma simples visualizar oportunidades de melhoria no layout devido ao fluxo inadequado,

movimentações excessivas e desnecessárias dentro da linha.

Finalizada esta etapa, a equipe possui todas as informações necessárias para definir todos os

objetivos e saber como será o mapa do estado futuro.

4.3.5. Oportunidades de Melhoria

Após os dados a cima serem levantados à equipe Kaizen se dirige ao Gemba para a

identificação dos problemas que a linha apresenta. Cada membro do time deve anotar o

máximo de problemas que conseguir identificar, e após algumas horas de análise a equipe se

reúne novamente para o compartilhamento de todas as ideias.

O líder do projeto deve neste momento estimular os membros da equipe – principalmente os

operadores – a expor todos os problemas identificados, que deste momento para frente serão

tratados como oportunidades de melhorias. O Quadro 8 apresenta as oportunidades de

melhorias levantadas pela equipe.

Quadro 3: Oportunidades de Melhoria

PROBLEMAS = OPORTUNIDADES DE MELHORIA

1) Componentes/ferramentas longe dos montadores. 2) Falta padrão nas operações. 3) Faltam ferramentas adequadas para as operações. 4) Produção realizada por lotes. 5) Layout extremamente inadequado 6) Problemas de qualidade (Refugos/retrabalho) 7) Teste ineficiente 8) Reabastecimento da linha ineficiente 9) Apresentação de materiais inadequada 10) Iluminação deficiente 11) Faltam dispositivos adequados para montagens 12) Prensa de rolamentos inadequada (ergonomia, produtividade) 13) Falta padrão no abastecimento de óleo 14) Falhas com protetores de correia no teste 15) Falta limpeza e organização 16) Excesso de movimentações 17) Falta método adequado para montagem dos pinos de pistão 18) Falta garantia do alinhamento dos pistões com cilindros 19) Excesso de retrabalhos 20) Necessidade de ajustes de especificações para facilitar montagens 21) Altos índices de retrabalhos de peças usinadas 22) Falhas de material (fundição) 23) Faltam documentos de processo (Instrução de Trabalho) 24) Falta área adequada para segregação de eventuais retrabalhos 25) Falta gestão a vista do sequenciamento de produção

26) Problemas de ergonomia (peças pesadas/movimentações ineficientes) 27) Falta controle de produção e controle de paradas 28) Perca de tempo desenbalando kits e caixas de fundidos mistuardos

Depois do Quadro acima ser montado em um Flip-Chart a equipe elege as oportunidades de

melhoria (OM) de maior atenção no momento da elaboração do plano de ação, pois se

resolvidas mais contribuirão para o sucesso do projeto, ou seja, para o cumprimento dos

objetivos. No quadro 9 estas OM‟s estão representadas de verde.

4.3.6. Elaboração do plano de ação.

Depois de todas as oportunidades de melhoria levantadas, e definidas as de maior impacto

para o alcance dos objetivos do projeto, o líder inicia a elaboração dos planos de ações para

cada uma delas. É importante que nesta etapa o colaborador que estiver fazendo o papel de

líder sempre estimule o grupo com perguntas chaves, questionando os métodos tradicionais,

confrontando mitos que existam no processo e estimulando a equipe a criar soluções de baixo

custo e alto impacto para organização e projeto.

No plano de ação são definidas as ações a serem realizadas, quem às realizará, o prazo para

realização e o andamento das atividades, que é representado por um círculo dividido em

quatro partes, cujos responsáveis pelas atividades vão preenchendo-os de 25% em 25% até

que a tarefa esteja concluída.

No Quadro 9 é apresentado o Plano de Ação criado pela equipe.

Quadro 9: Plano de Ações

Item Resp/Prazo Andamento

23 Implantar soluções de movimentação para peças pesdas

Flávio/Marcelo (1 dia)

Flávio/Anderson (10dias)

20

21

22

Rever projetos e alterar especificações de montagens deficientes

Bloquear peças com problemas de usinagem antes que cheguem a montagem

Definir área de refugo/retrabalho e área qualidade para eventuais retrabalhos

Jean/Paulo (3dias)

Gracieli/Clayton (5dias)

18

19

Padronizar forma e método de abastecimento de óleo

Padronizar protetores de correia do teste

Implantar 1º e 2º S do 5'S

Paulo/Sheyla (3dias)

Marcel/Soraya

Marcelo/Ângela (3 dias)

Flávio/Paulo (10 dias)

Anderson/Soraya (10 dias)

17

14

15

16

Implantar lâmpadas dedicadas para cada posto de trabalho

Fabricar dispositivos para montagens

Melhorar prensas hidráulicas e eliminar as manuais

Ângela (3dias)

Definir parâmetros no teste funcional e recursos necessários para o operador13

Anderson/Paulo (2 dias)

Gracieli/Flávio (2 dias)

Flávio (7 dias)

Flávio (2 dias)

Clayton / Marcelo G. (5 dias)

Jean / Flávio (1 dia)

Marcel/Gracieli (5dias)

Paulo/Jean (2 dias)

12

Definir TCO, divisão dos postos de trabalhos e sub-montagens

Listar e definir as ferramentas e dispositivos de montagem

Elaborar instruções de trabalho completas para todos os modelos de cabeçotes e definir padrão das operaçõesElaborar e implantar painéis de ferramentas dedicados para cada posto de trabalho

Capacitar linha para utilização do fluxo unitário de peças

Definir layout ideal

Identificar causa raiz e elaborar plano de ação para principais problemas de qualidade

6

7

8

9

10

11

Marcel/ Anderson (1 dia)

Anderson (10 dias)

Clayton/Sheyla (10 dias)

Ângela (1 dia)

2

3

4

5

Definir posição de entrada e saída de materiais e componentes

Fabricar carrinhos, prateleiras e suportes para componentes do almoxarifado e peças da usinagem

Implantar quadro de sequenciamento de produção e sistema Andon

Levantar necessidades de embalagens p/ peças, componentes e acessórios

PLANO DE AÇÕES

Descrição da ação

1 Definir / Fabricar esteira de transporte de cabeçotes Jean (2 dias)

O plano de ações deste Kaizen resultou em 23 ações a serem realizadas. Estas ações serão

desdobradas, gerando uma série de ações menores a serem realizadas para que a ação macro

seja concluída. Pode ocorrer também de não serem geradas ações para oportunidades de

melhoria levantadas na fase anterior devido uma ação ser a solução de outra OM.

4.3.7. Desenvolvimento e Propostas do Plano de Ação.

Todas as ações definidas no Plano de Ação foram geradas a partir de uma ou algumas

oportunidades de melhoria observadas pela equipe Kaizen. Neste tópico, serão abordadas as

justificativas e desenvolvimento das ações.

Ação 1: A montagem dos cabeçotes era realizada em bancadas grandes, sem

dimensionamento para a real necessidade do operador e do processo. A superfície da

bancada era é uma chapa de ferro plaina, o que gerava desperdícios de movimentação

e perca de tempo devido à dificuldade de movimentação dos produtos mais pesados

(Família B e C).

Foi dimensionada uma bancada com roletes para comportar todos os tamanhos de

produtos e tornar mais eficiente a movimentação entre os postos de trabalho.

Ação 2: A apresentação dos materiais e componentes para as operações eram um dos

pontos críticos e que mais geravam desperdícios dentro do processo. Os componentes

menores como parafusos, porcas, arruelas, etc. ficavam todos concentrados em uma

única prateleira, o que gerava a necessidade do operador parar a operação para buscar

componentes, além de estar longe dos mesmos. As peças usinadas também

apresentavam um método ineficiente de abastecimento. Estas vinham misturadas em

três caixas (representados no layout esquemático com quadrados roxos), acarretando

na mesma dificuldade citada anteriormente, somado com a falta de ergonomia, devido

a estas caixas ficarem no chão e muitas de suas peças possuírem carga elevada, o que

se torna pior levando em conta um processo com alta repetitividade. Nesta ação, foi

elaborada a sistemática de abastecimento ideal para todos os postos de trabalho, de

modo a facilitar o fluxo contínuo, evitar paradas desnecessárias, melhorar o aspecto

ergonômico e priorizar o abastecimento dos componentes e peças.

Ação 3: Baseado no planejamento acima, esta ação resultou na elaboração dos

“Croquis” e fabricação de todos os carrinhos, prateleiras e suportes necessários para a

validar a Ação 2.

Ação 4: A linha não possuía a informação do sequenciamento de produção, ou seja, os

operadores nunca, ou quase nunca, sabiam qual seria o próximo produto a ser

montado, o que na maioria das vezes ocasionava perca de tempo entre um lote e outro.

Para resolver este problema foi fabricado um quadro para gestão visual do

sequenciamento de produção, representado na Figura 15.

Figura 15: Quadro de Sequenciamento de Produção

Outro problema encontrado na linha foi a dificuldade de acionar o supervisor da área,

um inspetor de qualidade, um analista de PCP ou até mesmo o gerente de produção

quando um problema ocorria na linha, fazendo com que em muitos casos a linha

ficasse parada até chegar alguém para resolver o problema. Para isto, foi implantado

um sinalizador “Andon”, para que sempre que uma não conformidade ocorresse o

operador acionasse o sistema “Andon” para alertar os envolvidos do processo que algo

errado aconteceu e algum posto de trabalho ou até mesmo a linha inteira estava

parada.

Ação 5: Devido a falta de embalagens dedicadas para cada peça e/ou componentes a

linha utilizava uma mesma embalagem para dois ou mais itens, ocasionando

desperdício de tempo no momento da utilização destes itens. Nesta ação foi planejada

a embalagem ideal para cada componente e peça bem como as quantidades necessárias

para atender a necessidade.

Ação 6: A linha de montagem de cabeçotes não possuía um processo padrão, divisão

dos postos de trabalho e atividades. Um mesmo operador realizava seu trabalho

utilizando diferentes métodos ao longo do dia. Algumas vezes iniciava a montagem de

um produto e a completava, outra, iniciava a montagem de quatro ou cinco produtos

de uma única vez e não os montava até o final, gerando alto estoque em processo e

aumento do lead time. Para esta ação foram analisados os tempos de cada atividade e

as operações foram balanceadas de acordo com o Tempo Takt.

Ação 7: Foi evidenciado que muitas operações manuais de aperto e parafusamentos

eram realizadas de forma manual com a utilização de chaves. Algumas operações que

utilizavam ferramentas pneumáticas possuíam soquetes inadequados para uso,

acarretando grande aumento do tempo das operações que agregam valor.

Os dispositivos de montagens que eram utilizados na prensa hidráulica (representada

de verde no layout esquemático) não garantiam a montagem correta das peças e

necessitavam de muitos movimentos para o conjunto sair pronto da máquina.

Nesta ação foi listado todas as oportunidades de troca de ferramentas manuais por

chaves de impacto e aperto bem como refeito os projetos dos dispositivos de

prensagem da prensa de modo a garantir a qualidade do produto e diminuir o tempo

desta operação, que no processo é vista como uma “pré-montagem”.

Ação 8: As instruções de trabalho presentes no processo eram apenas descritivas,

resultando em dificuldade de novos colaboradores entenderem o processo e na

carência de informações para garantia da qualidade do produto. Novas instruções de

trabalho foram elaboradas contendo fotos, a especificação dos componentes e

ferramentas utilizadas bem como cuidados específicos para operações que representam

alto impacto na funcionalidade do produto.

Ação 9: Diferentes cabeçotes necessitam de diferentes ferramentas para uma mesma

operação (por exemplo, montar cilindro no cárter) pois utilizam diferentes medidas de

parafusos. Todas as ferramentas utilizadas para as operações ficavam em único

armário ao lado da prateleira de componentes. A cada troca de lote ou até mesmo no

meio de uma operação o operador parava sua montagem para ir ao armário

buscar/guardar sua ferramenta. Nesta ação foram definidas as ferramentas e soquetes

necessários para cada posto de trabalho e dimensionados painéis de ferramentas

dedicados para cada operador, de modo que o operador não necessite sair do seu posto

caso necessite trocar a ferramenta/soquete.

Ação 10/11: Com a definição da divisão das operações e a sistemática de

abastecimento de materiais definidos, nesta ação foi planejado o layout ideal para

linha operar utilizando o fluxo unitário de peças.

Ação 12: A linha apresentava altos índices de retrabalho nos últimos meses. Nesta

ação foi levantado o histórico de qualidade da linha e utilizado o método de Pareto

para identificar os problemas que causavam a maior parte dos retrabalhos. Identificado

estes problemas, os responsáveis pela ação utilizaram ferramentas como 5W1H e

Ishikawa para identificação das causas raiz. Depois de identificada as causas um plano

de ação foi elaborado para cada uma delas.

Ação 13: Depois do cabeçote montado, ele se dirige ao teste funcional. Operação que

aprova ou reprova o produto. Foi observado pela equipe que a estação de teste não

analisava todos os parâmetros que o teste funcional possibilitava identificar. Foram

definidos quais os parâmetros de qualidade que deveriam ser identificados para o

teste, bem como as ferramentas necessárias para cada necessidade.

Ação 14: Para cada posto de trabalho foram instaladas lâmpadas dedicadas.

Ação 15: Esta ação possuí vínculo com a “Ação 7” e foi definida para garantir a

fabricação e homologação dos novos dispositivos.

Ação 16: Foram identificadas oportunidades de melhoria na prensa hidráulica para

torná-la mais eficiente e assegurar maior qualidade no produto após a prensagem. Esta

ação foi dedicada a possibilitar estas melhorias e fabricar dispositivos para

determinadas operações manuais serem realizadas na prensa, ou seja, tornar estas

operações semiautomáticas, diminuindo o tempo das atividades que agregam valor.

Ação 17: O óleo hidráulico é considerado um dos componentes do cabeçote. É

utilizado em todo produto na etapa de montagem, e apresentava o mesmo problema

dos demais componentes. Para utilizar o óleo o operador necessitava parar seu

processo para ir até o galão e encher um recipiente com a quantidade necessária. O

galão de 200L de óleo não se localizava na linha de montagem, e sim no almoxarifado.

Esta ação definiu como seria a forma de abastecimento do óleo na linha, bem como o

método de abastecimento de modo que o operador não necessitasse mais sair de seu

posto de trabalho para realizar a operação de abastecimento.

Ação 18: O protetor de correia é um componente exigido pela norma NR13 para

qualquer compressor. Toda estação de teste possuí seu protetor de correia para

proteger o usuário do movimento de rotação do volante. Os protetores de correia das

estações de teste não possuem padrão, alguns são fechados na horizontal e outros na

vertical, sendo que o segundo demandava movimentos não ergonômicos do operador.

Esta ação definiu um modelo padrão de protetor para o teste de modo a garantir a boa

ergonomia ao operador.

Ação 19: A linha apresentava grande número de itens e objetos obsoletos e más

condições de limpeza e organização. Os itens e objetos que não eram utilizados foram

levantados e descartados e no momento da mudança de layout foi realizada uma força

tarefa para a limpeza do ambiente de trabalho, ferramentas e bancadas.

Ação 20: Foi identificado que determinadas peças da usinagem, devido às

especificações do projeto, dificultavam o encaixe e montagem das mesmas. Foi

realizada uma revisão nos projetos das peças e alterações nos programas CNC de

modo a eliminar características que dificultavam a montagem bem como adicionar

características em determinadas peças para facilitar a montagem.

Ação 21: A linha de montagem era prejudicada pelo pior dos desperdícios presentes na

manufatura, o retrabalho, devido a peças saírem da usinagem e entrarem na linha de

montagem com problemas de qualidade. O retrabalho ocorria devido ao fato destes

problemas serem somente identificados na montagem quando já estavam sendo

montados ou no pior dos casos, quando estava no teste. A ação para bloquear o envio

de peças com defeitos de qualidade a linha montagem foi alocar um inspetor de

qualidade no ultimo processo da usinagem, a lavação. O inspetor de qualidade passou

a realizar inspeção visual em 100% das peças usinadas, e quando suspeitava de algum

problema de característica, segregava-a para posterior análise utilizando instrumentos

de medição.

Ação 22: A linha não possuía local definido para segregação de peças com defeitos de

qualidade e cabeçotes que necessitavam retrabalhos demorados. Então, eles ficavam

em cima da própria bancada de montagem aguardando o momento do retrabalho,

prejudicando o fluxo do processo e a movimentação dos outros produtos. Foi definido

local para segregação de refugos e retrabalhos, bem como o local de espera para os

cabeçotes que necessitem de retrabalho.

Ação 23: Alguns componentes das famílias B e C são pesados - como o caso do cárter

do cabeçote 60 W que chega a pesar aproximadamente 40Kg – ocasionando

problemas ergonômicos e de movimentação no processo. Foi realizado o levantamento

e implantação das soluções de movimentação para não exigir esforço físico do

operador, bem como diminuir o tempo deste transporte.

5. RESULTADOS

Depois de implantadas a maior parte das ações, mesmo sem análises ou medições os ganhos

obtidos foram perceptíveis e satisfatórios, com o Heijunka ou nivelamento da produção

implantados os estoques em processo não eram mais vistos e o fluxo contínuo já era visível na

linha de montagem.

A eliminação de grandes desperdícios no processo, melhor utilização da mão da obra e um

ambiente de trabalho mais limpo e organizado, adquiridos com as ações Kaizen não só

trouxeram melhores resultados nos indicadores de desempenho, mas a dinâmica do projeto

também transformou as pessoas da linha.

Conceitos como trabalho em equipe e comunicação foram trabalhados durante todo o projeto,

trazendo como resultado uma equipe mais unida e robusta, comprometida com a missão da

organização e de mente aberta as mudanças das quais hoje, sem elas, as organizações não

sobrevivem mais. A Figura 16 apresenta o layout depois do plano de ação ser implantado.

Figura 16: Layout depois das ações do Evento Kaizen

O plano de abastecimento e apresentação de materiais trouxe para a linha uma forma nova e

dinâmica de trabalho. A disposição das peças usinadas que antes se encontravam concentradas

em apenas três embalagens e obrigava o operador a separá-las durante o processo agora são

disponibilizadas direto do almoxarifado em oito carrinhos identificados com espaço para duas

embalagens.

Os carrinhos com suas respectivas peças são posicionados pelo movimentador atrás do

operador, no local definido para aquela montagem. A prateleira de componentes que antes se

encontrava atrás da bancada de montagem e longe dos operadores, agora não existe mais. Os

componentes de montagem como porcas, parafusos e arruelas agora são dispostos em

embalagens na frente do operador. Com o plano de apresentação de materiais implantado, os

operadores não demandam mais tempo com operações que não agregam valor como

movimentações e transportes e sim com as operações de montagem. A nova forma de trabalho

na linha também trouxe melhoras ergonômicas devido às novas soluções de movimentação

para as embalagens bem como proporcionou a criação do fluxo unitário de peças e a definição

dos postos de trabalho baseados na divisão das atividades dos operadores. Os conceitos

implantados são fundamentais para a Manufatura Enxuta.

As pré-montagens que antes eram feitas em uma bancada deslocada do fluxo por um operador

dedicado agora fazem parte do fluxo principal e estão agregadas no Tempo Ciclo dos

operadores. A criação de uma única linha comtemplando todas as operações e possuindo os

materiais separados favorece a gestão dos recursos e do processo pelo supervisor da área, bem

como diminui as movimentações e transportes.

Com a divisão dos postos de trabalhos e operações, cada operador possui seus soquetes para

apertos com ferramenta pneumática bem como as chaves de mão em seu próprio painel de

ferramentas, localizado embaixo da bancada de montagem. Dessa forma, não mais é

necessária a movimentação de um posto de trabalho para outro para se utilizar de uma

ferramenta ou soquete. Além do desperdício da movimentação, quando um operador deixa o

posto de trabalho dele por algum motivo, todo o sincronismo da linha é quebrado, gerando um

desperdício oculto e acarretando em alguns casos a geração de estoque em processo, o que

aumenta o lead time daquele produto.

A criação de novos dispositivos para as prensagens dos conjuntos cubo, virabrequim e

rolamentos proporcionou diminuição de tempo de uma importante atividade agregadora de

valor do processo e trouxe melhor qualidade para o produto como um todo, visto que estes

componentes são de extrema importância na funcionalidade do produto.

O combate ao pior dos desperdícios presentes na manufatura – o retrabalho – colaborou com a

nova performance da linha. A identificação e eliminação das causas raiz responsáveis pela

maior parte dos retrabalhos através do 5W1H e do diagrama de Ishikawa além de trazerem

maior eficiência para a linha, agem diretamente no psicológico dos colaboradores, uma vez

que foi identificado que o alto número de retrabalhos traz desmotivação dos mesmos em

relação ao atingimento da meta.

Após o plano de ações implantado as métricas iniciais foram concluídas com sucesso. O

Quadro 10 apresenta as novas capacidades da linha.

Quadro 10: Capacidades após Evento Kaizen

CAPACIDADES - LINHA MONTAGEM DE CABEÇOTES

Família ∑ Tempo das operações Capac. à 85% com 1 operador Capac. à 85% com 4 operadores 2

Cilindros 22,13 minutos 19,89 pçs/dia 79,58 pçs/dia

3 Cilindros 42,75 minutos 10,30 pçs/dia 41,2 pçs/dia

5 Cilindros 48,65 minutos 9,05 pçs/dia 36,2 pçs/dia

6. CONCLUSÃO

6.1. CONTRIBUIÇÕES

A adoção do Lean Manufacturing vem cada vez mais sendo difundida nas organizações

globais. Os conceitos apresentados pela Manufatura Enxuta revolucionam a forma de pensar e

encarar os desafios e desperdícios dentro da empresa. Como definido por Womack & Jones

(1998), fazer mais com menos é um dos principais aspectos que tornam a metodologia

desenvolvida pelo STP tão desafiadora, e de maior dificuldade de implantação para as

companhias ocidentais, que possuem uma cultura organizacional contrária a dos japoneses e

de difícil adaptabilidade a mudanças. A decisão de a diretoria incentivar a implantação da

Manufatura Enxuta dentro da organização é um fator decisivo para o sucesso da abordagem

metodológica.

A implantação do Lean Manufacturing demonstrou na prática que com criatividade, visão

sistêmica e trabalho em equipe é possível se adquirir ganhos significativos em eficiência,

capacidade e qualidade. A adoção dos princípios de Hines & Taylor (2000) citados na

Revisão de Literatura contribuíram para que os benefícios trazidos pela Produção Enxuta

aumentem significativamente a posição da organização de estudo no mercado. A redução do

lead-time, aumento da qualidade dos produtos e maior flexibilidade de entrega ao cliente

contribuem, por exemplo, diretamente para que a empresa se torne mais competitiva ao

mercado nacional e a forte concorrência dos produtos chineses, que cada vez mais invadem o

mercado nacional.

A linha de montagem escolhida para estudo e elaboração da presente pesquisa não possuía

condições de atender as demandas estipuladas pelo mercado, ou seja, não atendia a meta. O

Evento Kaizen foi a ferramenta escolhida para realizar a mudança necessária a linha para que

o presente quadro se revertesse, e se mostrou uma importante ferramenta para promover

resultados de alto impacto, de forma rápida e a um baixo custo, além de ser um canal de

comunicação para a implantação do Pensamento Enxuto.

O projeto trouxe resultados expressivos e atendeu a todos os objetivos estabelecidos na fase

inicial do Evento. A eficiência da linha melhorou de 81,3% para 100%. A capacidade da linha

aumentou em quase 25%, as condições e práticas do 5‟S melhoraram a Qualidade de Vida no

Trabalho segundo os próprios operadores e reclamações de problemas devido a falta de

ergonomia diminuíram.

Além dos melhores resultados em qualidade, eficiência e produtividade da linha o Evento

Kaizen introduz aos colaboradores o pensamento enxuto. Os fatores do pensamento

defendidos por Womack e Jones (1998) foram trazidos aos operadores. Dentre os cinco

fatores a equipe focou a apresentação dos conceitos da produção puxada, fluxo de valor

enxuto e a perfeição. A aderência dos envolvidos no processo de mudança a estes conceitos é

fundamental para o sucesso da implantação do Lean Manufacturing. A introdução do

pensamento enxuto através da equipe Kaizen e dos treinamentos Lean fez com que os

operadores se sentissem parte importante de um processo com alto impacto no resultado final.

A ideia de que os operadores não só estivessem na empresa somente para produzir, mas

também para garantir qualidade e como defendido por Shingo (1992), através de técnicas de

inspeção, não permitir que os defeitos avancem aos processos seguintes não são mais utopia.

Os bons resultados conseguidos através do evento reforçam e estreitam as relações entre os

membros da equipe e os operadores dos demais setores, bem como com a diretoria da

empresa, relações essas fundamentais para o sucesso do próximo evento.

6.2. DIFICULDADES E LIMITAÇÕES

Como exposto inicialmente à implantação do Lean Manufacturing é um desafio às

organizações principalmente por envolver mudanças profundas de caráter comportamental e

cultural na organização.

Entendido que a palavra “mudança” é premissa para o desenvolvimento da Produção Enxuta,

este foi um dos principais fatores de dificuldade para a implantação da filosofia e

desenvolvimento do evento Kaizen. O pouco tempo disponível para o treinamento e

disseminação dos conceitos abordados no Lean dificultou o processo de mudança e adaptação

dos operadores a nova forma de trabalho. Apesar das melhorias serem evidentes, o fato de

impor ao operador que ele saia de sua zona de conforto, cria uma barreira imediata entre a

mudança e o operador.

A equipe multifuncional estruturada para o projeto não trabalhava de forma dedicada ao

projeto por não ser possível se desvincularem de suas atividades de rotina, participando assim

somente das reuniões. A falta de uma estrutura organizacional de recursos humanos eficiente

para o desenvolvimento do evento Kaizen dificultou em muito a implantação das ações,

atrasou a entrega de resultados e limitou a implantação de algumas das melhorias previstas no

plano de ação.

Quando foi iniciada a etapa de levantamento das oportunidades de melhoria a equipe se

deparou com uma grande dificuldade para a realização das tomada de tempos, identificação e

padronização das operações: a falta de padrão no método de trabalho da linha.

6.3. TRABALHOS FUTUROS

Com o desenvolvimento e consequente aprendizado adquirido neste processo de melhorias

são compreendidas novas oportunidades de implantação de melhorias para que organização se

torne ainda mais competitiva. Pode-se citar como trabalhos futuros para serem implantados e

realizados:

Implantação do Controle Estatístico de Processos;

Início de projetos SIX SIGMA;

Melhorias nas tecnologias de montagem;

Soluções automáticas de movimentação;

Treinamentos Lean para toda a empresa, com focos operacionais e gerenciais;

Criação de uma equipe Kaizen dedicada para os processos de melhoria;

Criação de um programa de incentivo a geração de ideias;

Criação de um programa de incentivo a auto superação do profissional;

Elaboração de novas pesquisas acadêmicas;

Implantação de eventos Kaizen em outros setores e postos de trabalho.

7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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