Aplicação Manguezais Sistemas de Informações Geograficas

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    SOUZA , ET AL (2013)

    Congresso Norte Nordeste de Pesquisa e Inovação, 2013 1

    APLICAÇÃO DE SISTEMAS DE INFORMAÇÃO GEOGRÁFICA PARA A GESTÃO AMBIENTAL DOS

    MANGUEZAIS SERGIPANOS: ESTUDO DE CASO NA ADEMA

    B. B. Souza¹, M. A. B. Melo², M. Correa², G. N. Silva² e J. D. Melo¹¹Grupo de Pesquisa em Meio Ambiente e Gestão Territorial – Instituto Federal de Sergipe, IFS. E-mail:

    [email protected]; 2 Administração Estadual do Meio Ambiente, ADEMA

    E-mail:[email protected]

    Artigo submetido em xxx/2013 e aceito em xxxx/2013

    RESUMO

    Os manguezais são um ecossistema alvo de fortes

    pressões antrópicas, e se encontra em condição

    crítica de conservação. Dado este contexto,

    incorporar ferramentas para maximizar a eficiência

    da gestão territorial de seus remanescentes pelo

    uso de ferramentas SIG, é estratégico para sua

    perpetuidade. A geração de novos conhecimentos

    acerca do tema é um primeiro passo e de caráter

    fundamental para a implementação destas ações.

    No entanto, o conhecimento gerado quando não

    apropriado na rotina da instituição não é de

    qualquer valia, o que eleva a forma de uso do

    conhecimento ao nível do conhecimento em si.

    Através deste estudo, pode-se constatar que a

    incorporação das informações de maneira indireta,

    através de mecanismos automatizados de

    processamento de dados geoespaciais, fora da

    percepção dos profissionais, torna os novos

    conhecimentos e ferramentas mais efetivos quanto

    a seu objetivo que é o uso amplo nas atividades de

    gestão ambiental no âmbito do Estado de Sergipe.

    PALAVRAS-CHAVE: Gestão Ambiental, Banco de Dados, Licenciamento Ambiental, Gestão do

    Conhecimento. 

    GEOGRAPHIC INFORMATIONS SERVICES APPLICATION TO ENVIRONMENTAL MANAGEMENT OF

    SERGIPE MANGROVES: ADEMA CASE

    ABSTRACT

    Mangroves are an ecosystem under heavy

    anthropogenic pressures and in critical situation about

    the conservation . In the context, incorporation of GIS

    tools to maximize the efficiency of their remaining land

    management is strategic for its perpetuity. Thus, the

    generation of new knowledge on the subject is the first

    step and essential for the implementation of these

    actions . However , the knowledge generated when not

    appropriate in the routine of the institution is of no

    value, which elevates the form of use of knowledge as

    important as the knowledge itself . Through this study ,

    it can be seen that the incorporation of information

    indirectly through mechanisms automated processing of

    geospatial data, outside the perception of professionals,

    makes new knowledge and tools more effective as your

    goal is broad use in management activities environment

    within the State of Sergipe.

    KEY-WORDS: Environmental Management, Database, Environmental Licensing, KnowledgeManagement. 

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    APLICAÇÃO DE SISTEMAS DE INFORMAÇÃO GEOGRÁFICA PARA A GESTÃO AMBIENTAL DOS

    MANGUEZAIS SERGIPANOS: ESTUDO DE CASO NA ADEMA

    INTRODUÇÃO

    A Administração Estadual do Meio Ambiente é uma Autarquia Estadual criada pela Lei nº

    2.181, de 12 de outubro de 1978, que veio ser alterada pela Lei 5.057, de 07 de novembro de

    2003, e que possibilita a execução das políticas estaduais relativas ao meio ambiente.

    Responsável pela execução da Política de Meio Ambiente, no âmbito do Estado de Sergipe

    Dentre os diversos tipos de cobertura vegetal existentes no Estado, o Manguezal é um

    ecossistema, componente do bioma Mata Atlântica, que sofre crescentes impactos em função de

    atividades humanas (BRASIL, 2006; DUKE, et al. 2007; ALONGI, 2002, VALIELA, 2001). Este

    ecossistema é responsável por diversos serviços ecossistêmicos essenciais à manutenção da

    qualidade de vida, principalmente das comunidades costeiras e estuarinas além de ser a base que

    sustenta diversos ecossistemas associados (BRASIL, 2006; RONNBACK, 1999; SRIVASTAVA, 2012).

    Em virtude de sua importância torna-se urgente a tomada de ações para a preservação de

    seus remanescentes (SRIVASTAVA, 2012), contudo um planejamento adequado das mesmas

    exige um diagnóstico prévio da extensão e da distribuição dos seus remanescentes. Este

    mapeamento gerou o conhecimento necessário para subsidiar o monitoramento ambiental

    eficiente do ecossistema, além das ações de zoneamento urbano, com finalidade de prevenir a

    instalação de atividades potencialmente danosas em área de influência destes ambientes.

    Neste contexto, a Administração Estadual do Meio Ambiente (ADEMA) possui o maiorinteresse na consolidação e uso de tal ação, pois se compreende que a integração entre o

    conhecimento sobre a espacialização do ecossistema e as ações públicas de gestão ambiental,

    particularmente o licenciamento e a fiscalização, é um passo essencial à sua preservação.

    Associados a este fato gerador inicial, a utilização de ferramentas SIG em processos de

    análise técnica no Licenciamento Ambiental surgiu como elemento estratégico para a ampliação

    da qualidade técnica, da acurácia da análise e da legitimação da ação da Adema, através da

    participação social mais efetiva, da publicidade dos dados disponíveis e da apropriação da

    espacialização das informações na execução da política estadual de meio ambiente no Estado de

    Sergipe.

    Geração da Base Cartográfica

    No ano de 2012, foi realizado o mapeamento de todo o ecossistema manguezal

    remanescente no estado de Sergipe. Para a geração da base cartográfica foram adquiridas 23

    imagens constelação de satélites RapidEye, georeferenciadas e ortoretificadas, cobrindo 21

    municípios da costa Sergipana, com uma área de 502.200 ha.

    Através da aplicação de técnica de classificação supervisionada, foram mapeados neste

    processo 25.626,24 ha divididos em 16 municípios. Com esta aplicação foi possível verificarmos

    que os remanescentes encontram-se concentrados em quatro áreas principais nos estuários e ao

    longo dos principais afluentes dos rios Piauí, Vaza Barris, Sergipe e São Francisco.

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    Figura 2  – Detalhe de levantamento estatístico  – Mapa Temático

    Fonte: Silva e Barros, 2012.

    Este Banco de Dados GeoEspacial inovou no âmbito do Estado de Sergipe, criando e

    disponibilizando através de tecnologia da informação e comunicação pela primeira vez uma

    cobertura total do Estado, através de imagens de satélite, permitindo uma ampla gama de novas

    aplicações e uso de geoprocessamento, tanto para planejamento quanto para ações executivas

    de fiscalização, por exemplo.

    Apropriação do Conhecimento

    No âmbito da ADEMA, após diversos momentos de interação, notou-se uma subutilização

    da capacidade latente informacional dos mapas temáticos por parte dos técnicos. Apesar da

    tecnologia da informação ser utilizada como ferramenta cotidiana na instituição, a introdução de

    uma nova modalidade de informação, o Sistema de Informações Geográficas -SIG, que necessita

    de ferramentas mais específicas e integração com outros sistemas de informação, não foi

    absorvida inicialmente de maneira bem sucedida pelos profissionais.

    Dentre os motivos alegados pelos participantes, a falta de tempo e de habilidade eram os

    principais impedimentos, o que demonstrou uma possível falta de compreensão dos ganhos

    futuros em termos de eficiência que as ferramentas de gestão de informações poderiam gerar

    para seus trabalhos. Segundo Chiavenato, esta resistência pode ser compreendida como natural,

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    pois alterações no modus operandi   da instituição despertam reações no meio onde são

    instituídas, de maneira análoga à lei fundamental da física que versa sobre a ação e reação

    (CHIAVENATO, 2005).

    Esta resistência apresentada nos momentos de alterações processuais quanto a soluções

    tecnológicas já foi abordada de maneira mais ampla por Dias, quanto a tecnologias, três

    motivadores essenciais à adoção das mesmas devem estar presentes: utilidade, facilidade de uso

    e prazer (DIAS, 2000).

    Figura 3  – GeoCatálogo da ADEMA / Banco de Dados Geoespacial

    Fonte: Autores, 2013.

    Foi adotada como estratégia para minimizar este fator, a definição de técnicos para

    exercer o papel de pontos focais departamentais, como forma de introduzir as novas ferramentasna gestão dos processos, fazendo com que a introdução do conhecimento ocorresse de forma

    que as aplicações, em um primeiro momento, não precisassem ser diretamente manipuladas

    pelos responsáveis pela execução da ação, direcionando a utilização ao Banco de Dados

    Geoespacial e aos mapas temáticos, minimizando este efeito negativo.

    Aplicação do SIG no processo de Licenciamento

    Um dos processos mais importantes da gestão ambiental, o Licenciamento Ambiental no

    âmbito da ADEMA passou por diversos ciclos de modernização tecnológica nos anos recentes,

    todos com o objetivo de sua completa automação. Para esta finalidade, todos os passos do

    processo passaram a ser realizados em uma plataforma online, vinculada a um banco de dados(XAVIER. ET AL, 2012)

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    Os SIG possuem na instituição pesquisada aplicabilidade essencial para a realização de

    estudos ambientais, pois proporcionam a possibilidade de integrar, armazenar e processar

    grandes volumes de dados especializados obre os recursos naturais Estes estudos possuem

    grande valor como subsídio a atividades de licenciamento ambiental em todas as suas etapas,

    fornecendo uma visão contextualizada da informação (DZEDZEJ, ET AL, 2011).

    Desta forma, o uso efetivo de ferramentas de SIG passou a ser visualizado no processo

    gerencial como uma etapa indispensável para a modernização, agregando valor a estas ações. A

    solução escolhida para que os dados passassem a ser aplicados de maneira efetiva com um

    impacto mínimo na atividade técnica foi a integração de um conjunto de informações proibitivas

    ao licenciamento, gerando uma limitação na formação de processos de licenciamento para

    empreendimentos que se encontram em áreas ocupadas por manguezais, automaticamente.

    Figura 4  – Manguezais grande Aracaju x Empreendimentos licenciados

    Fonte: Autores, 2013.

    Esta implementação executa uma regra que - uma vez que toda informação técnica do

    sistema encontra-se vinculada a uma coordenada geográfica  –  inseriu no banco dados

    transacional do sistema de gestão de processos, um conjunto de coordenadas proibidas que

    evitam o cadastro de empreendimentos inseridos em áreas de manguezal, conforme Figura 4,

    consequentemente negando sumariamente a formalização de processo, sequer sendo alvo de

    análise técnica e aplicando com muita eficiência o regramento legal vigente.

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    CONCLUSÃO

    Este trabalho apresenta um relato de estudo de caso sobre a introdução e aplicaçãoprática da integração entre ferramentas de SIG e de gestão do conhecimento para melhoria da

    eficiência na gestão pública no licenciamento ambiental do Estado de Sergipe.

    Apesar das dificuldades para a apropriação das ferramentas de gestão altamente

    especializadas, a forma com a qual é introduzida pode apresentar um nível de impacto maior que

    o conhecimento que é agregado, no caso em estudo, estes fatores foram levados em

    consideração, o que permitiu grau muito significativo de adesão a nova metodologia de trabalho,

    pelos técnicos envolvidos com o Licenciamento Ambiental em suas atividades analíticas diárias.

    Desta forma, conclui-se que para a adoção destas práticas, o analista não precisa

    necessariamente estar envolvido na interpretação das informações, podendo os dados por ele

    fornecidos, ser processados de maneira integrada àquelas em um espaço fora de seu domínio, e

    lhe ser devolvidos apenas em um espaço de homologação na forma de conhecimento.

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    REFERÊNCIAS

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    Conservation, 29 , pp 331-349, 2002.

    2.  BRASIL. Lei nº 11.428 de 22 de Dezembro. 2006.

    3.  CHIAVENATO, Idalberto. Administração nos novos tempos. Elsevier. (2005).

    4.  DIAS, Donaldo de Souza. Motivação e resistência ao uso da tecnologia da informação: um estudo

    entre gerentes. Revista de Administração Contemporânea, 4(2), 51-66. (2000).

    5.  DUKE, N. C., et al. A world without mangroves. Science Ed. 317: 41-42, 2007

    6.  DZEDZEJ, M. et al. Sistemas de informações geográficas como ferramenta para avaliação ambientalintegrada de potenciais hidrelétricos. In: Simpósio Brasileiro de Sensoriamento  Remoto, 15 (SBSR).(2011)

    7.  GIRI, C. et al. Status and distribution of mangrove forests of the world using earth observation satellite

    data. Global Ecology and Biogeography, v. 20, n. 1, p. 154-159. 2011.

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    9.  RONNBACK, P. The ecological basis for economic value of seafood production supported by mangrove

    ecosystems. Ecological Economics, vol. 29, p. 235 –252. 1999

    10. SRIVASTAVA, J., FAROOQUI, A., HUSSAIN, S. M. Sedimentology and salinity status in pichavarammangrove wetland, south east coast of India. International Journal of Geology, Earth andEnvironmental Sciences. Disponível em Vol. 2 (1) January-April,pp.7-15. 2012.

    11. VALIELA, I., J. L. BOWEN, J. K. YORK. Mangrove Forests: One of the World’s Threatened Major Tropical

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    12. XAVIER, U. R.; MELO, J. D. ; SILVA, C. M. A. . Informatização do Licenciamento Ambiental na Adema:

    Consequências da Implantação do Sistema Cerberus. Anais do VII Connepi: Congresso Norte Nordestede Pesquisa e Inovação, Palmas., 2012.

    13. SILVA, C. M. A., BARBOSA., A. A. Licenciamento ambiental na Adema: mapeamento e quantificaçãodas licenças emitidas de 2008 a 2011. In. II Seminário Temático do Projeto Levantamento Quantitativo

    do Manguezal em Sergipe, no Prelo.

    http://www.cibtech.org/jgee.htmhttp://www.cibtech.org/jgee.htm