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INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DE GOIÁS IFG CAMPUS APARECIDA DE GOIÂNIA DEPARTAMENTO DE ÁREAS ACADÊMICAS CURSO BACHARELADO EM ENGENHARIA CIVIL APLICAÇÃO DE BACTÉRIAS BIOCIMENTANTES NO TRATAMENTO DE PATOLOGIAS DE REVESTIMENTOS DE ARGAMASSA DANIEL GONÇALVES SILVA LUCAS ANDRADE DE MELO APARECIDA DE GOIÂNIA 2018

APLICAÇÃO DE BACTÉRIAS BIOCIMENTANTES NO …repositorio.ifg.edu.br/bitstream/prefix/208/1/tcc_Daniel Silva_Lucas Melo.pdf · As fissuras e a desagregação do revestimento podem

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INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DE GOIÁS – IFG

CAMPUS APARECIDA DE GOIÂNIA

DEPARTAMENTO DE ÁREAS ACADÊMICAS

CURSO BACHARELADO EM ENGENHARIA CIVIL

APLICAÇÃO DE BACTÉRIAS BIOCIMENTANTES NO TRATAMENTO DE PATOLOGIAS DE REVESTIMENTOS DE

ARGAMASSA

DANIEL GONÇALVES SILVA

LUCAS ANDRADE DE MELO

APARECIDA DE GOIÂNIA

2018

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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO

SECRETARIA DE EDUCAÇÃO PROFISSIONAL E TECNOLÓGICA

INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA

PRÓ-REITORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO

SISTEMA INTEGRADO DE BIBLIOTECAS

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INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DE GOIÁS – IFG

CAMPUS APARECIDA DE GOIÂNIA

DEPARTAMENTO DE ÁREAS ACADÊMICAS

CURSO BACHARELADO EM ENGENHARIA CIVIL

DANIEL GONÇALVES SILVA

LUCAS ANDRADE DE MELO

APLICAÇÃO DE BACTÉRIAS BIOCIMENTANTES NO TRATAMENTO DE PATOLOGIAS DE REVESTIMENTOS DE

ARGAMASSA

Trabalho de conclusão de curso de graduação apresentado ao Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Goiás – Campus Aparecida de Goiânia como requisito parcial para obtenção do título de Bacharel em Engenharia Civil e desenvolvido na linha de pesquisa Construção Civil: Materiais e Tecnologias, sob orientação do Professor: Me. Renato Costa Araújo.

APARECIDA DE GOIÂNIA

2018

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Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)

M528 Melo, Lucas Andrade de Aplicação de bactérias biocimentantes no tratamento de patologias de

revestimentos de argamassa / Lucas Andrade de Melo, Daniel Gonçalves

Silva. – Aparecida de Goiânia, 2018. 52 f. : il.

Orientador: Me. Renato Costa Araújo. Trabalho de conclusão de curso (graduação) – Instituto Federal de

Educação Ciência e Tecnologia de Goiás: Campus Aparecida de Goiânia,

Bacharelado em Engenharia Civil, 2018. 1. Argamassa. 2. Bactérias biocimentantes. 3. Fissuras. 4.

Biomineralização. 5. Carbonato. I. Silva, Daniel Gonçalves. II. Título.

CDD 691.5

Catalogação na publicação: Thalita Franco dos Santos Dutra – CRB 1/2186

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AGRADECIMENTOS

Primeiramente agradecemos, à Deus, que nos deu força e sabedoria para construir e concluir

todo esse trabalho.

Agradecemos as nossas mães que nos apoiaram e incentivaram durante toda essa etapa de

nossa vida, sem nunca sair do nosso lado.

Ao nosso querido Professor Mestre Renato Costa Araújo pela orientação e pela nossa

amizade que construímos nesses cinco anos de curso.

Ao nosso colega Mestre Luann Guilherme Vieira dos Reis pela grande ajuda e orientação que

nos deu no laboratório e na construção deste trabalho de conclusão de cursos. Nosso muito

obrigado, pois, sem você este trabalho não existiria.

Ao pessoal da Carlos Campos pelo auxílio com os experimentos.

E por último aos nossos amigos e a todos que contribuíram diretamente ou indiretamente para

a conclusão deste trabalho. Nosso muito obrigado!

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RESUMO

SILVA, DANIEL G.; MELO, LUCAS A. Aplicação de Bactérias Biocimentantes no Tratamento de Patologias de Revestimentos de Argamassa. 2018. 49f. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Engenharia Civil) – Departamento de Engenharia Civil, Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Goiás, Campus Aparecida de Goiânia, 2018.

Os revestimentos de argamassa podem apresentar diversas manifestações patológicas, entre

elas, as principais são a formação de trincas ou fissuras, descolamento do revestimento por

falta de aderência e a desagregação da argamassa. Os reparos dessas manifestações

patológicas demandam alto investimento. Para evitar essa necessidade alto investimento no

reparo, este estudo avalia o tratamento destas patologias por meio de bactérias

biocimentantes. As bactérias ureolíticas, responsáveis pelo fenômeno de produção de cristais

de CaCO3, têm a capacidade de converter a ureia em carbonato e são encontradas em solo.

Essas bactérias retiradas do rejeito de contrução civil são cultivadas em meio de cultura

contendo uma fonte de cálcio. Esses micro-organismos apresentam alta potencialidade em

recuperar revestimentos argamassados que apresentam manifestações patológicas. Para

avaliar se as bactérias são capazes de tratar manifestações patológicas nos revestimentos,

foram produzidos corpos de provas que foram moldados com isolados. Os corpos de prova

foram testados quanto a resistência a compressão, absorção e abrasão. Um revestimento

externo foi tratado com bactérias, e assim foi avaliado de acordo com a abrasão e a aderência.

Não fora constatada diferenças nas propriedades físicas entre os corpos de prova que tiveram

as bactérias incorporadas à massa. Os isolados apresentaram grande capacidade de resistir

ao desgaste a abrasão, apresentando mais de 60% de redução de massa desagregada em

relação as amostras sem os micro-organismos, as bactérias biocimentantes mostraram

grande capacidade de tratar revestimentos argamassados falhos mesmo em um curto período

de aplicação, resultados que os classificam como potencial produto de revestimento de

proteção de superfície de argamassas.

Palavras chave: Argamassa, bactérias biocimentantes, biomineralização, biodeposição,

carbonato.

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ABSTRACT

SILVA, DANIEL G.; MELO, LUCAS A. Application of Biocicant Bacteria in the Treatment of Pathologies of Mortar Coatings. 2018. 49f. Graduation in Civil Engineering - Department of Civil Engineering, Federal Institute of Education, Science and Technology of Goiás, Campus Aparecida de Goiânia, 2018.

Mortar coatings can present several manifestation pathologies, among them the main ones

are the formation of cracks or cracks and the breakdown of the mortar. These pathological

manifestations present a high cost of repair. To avoid this need for repair, this study points out

the treatment of these pathologies by means of biocidal bacteria. The ureolytic bacteria

responsible for the production of CaCO3 crystals have the ability to convert urea to carbonate

and are found in high percentages in the soil. When extracted, these bacteria are cultured in

culture medium containing calcium acetate. These microorganisms present high potential in

recovering mortar coatings that present pathological manifestations. To evaluate whether

bacteria are capable of treating pathological manifestations in coatings, test bodies have been

produced that have been shaped with isolates. No differences in physical properties were

found between the specimens that had the bacteria incorporated into the mass. The isolates

had a high capacity to resist abrasion wear, presenting more than 60% reduction of

disintegrated mass in relation to the samples without the microorganisms, the biociting bacteria

showed great capacity to treat faulty mortar coatings even in a short period of application,

results that classify them as potential surface protective coating product for mortars.

Key-words: Mortar, biociding bacteria, fissures, biomineralization, carbonate.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Fluxograma das atividades que estruturarão o trabalho. Fonte: Acervo

Pessoal...................................................................................................................................19

Figura 2 – Modelo esquemático resumindo o papel da urease na precipitação CaCO3 mediada

por micro-organismos na presença de elevada concentração de íons Ca2+. Fonte: adaptado

de Al-Thawadi 2008................................................................................................................26

Figura 3 – Modelo esquemático da vista superior de uma placa de petri dividida em regiões

equidistantes de 2.8 cm cada. A circunferência no interior da placa indica o local de

inoculação. Fonte: Reis 2017..................................................................................................32

Figura 4 – Configuração da Metodologia para o tratamento. Fonte: Acervo Pessoal.............36

Figura 5 – Granulometria do agregado. Fonte: Acervo Pessoal.............................................37

Figura 6 – Comparação da amostra da areia com o colorímetro. Fonte: Acervo Pessoal......37

Figura 7 –Amostras de solo de rejeitos de construção civil. Fonte: Acervo Pessoal..............38

Figura 8 – Gráfico do teor de fases da Argamassa controle e da Argamassa bacteriana. Fonte:

Acervo Pessoal.......................................................................................................................40

Figura 9 – Corpo de prova cilíndrico, com formação dos cristais de carbonato de cálcio. Fonte:

Acervo Pessoal.......................................................................................................................41

Figura 10 – Gráfico da capacidade de biodeposição dos isolados. Fonte: Acervo Pessoal...43

Figura 11– Gráfico: Médias de massa desagregada das aplicações e dos referenciais. Fonte:

Acervo Pessoal.......................................................................................................................45

Figura 12 – Gráfico: Resistência de arrancamento das amostras (Mpa). Fonte: Acervo Pessoal...................................................................................................................................47

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LISTA DE QUADROS

Quadro 1: Massas especificas e unitárias dos agregados e aglomerantes. Fonte: Acervo

Pessoal...................................................................................................................................38

Quadro 2: Tipo de crescimento respectivo aos isolados bacterianos obtidos. Fonte: Acervo

Pessoal...................................................................................................................................38

Quadro 3: Classificação do potencial ureolítico dos isolados. Fonte: Acervo Pessoal.............39

Quadro 4: Índice médio de consistência, retenção de água e teor de ar. Fonte: Acervo

Pessoal...................................................................................................................................40

Quadro 5: Resistencia mecânica a compressão axial e absorção dos corpos de prova do grupo

controle e dos isolados. Fonte: Acervo Pessoal......................................................................41

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LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS

NBR Norma Brasileira

ABNT Associação brasileira de normas técnicas

CO2 Dióxido de carbono

ACC Carbonato de cálcio amorfo

MICP Microbially induced carbonate precipitation - Precipitação de carbonato

induzida microbiologicamente

CaCO3 Carbonato de cálcio

pH Potencial hidrogeniônico

°C Graus Celsius

Ca2+ Íon Cálcio

CO32- Íon Carbonato

Kps Constante do produto de solubilidade

M Mol

O2 Dióxido de oxigênio

LAMAB Laboratório de Microbiologia Ambiental e Biotecnologia

IPTSP Instituto de Patologia Tropical e Saúde Pública

UFG Universidade Federal de Goiás

mL Mililitros

mm Milímetros

m/v Massa sobre volume

μL Microlitros/milímetro cúbico

g Gramas

g/L Gramas por litro

NaCl Cloreto de Sódio

KH2PO4 Fosfato monopotássico

μm Micrômetro

h Horas

BHI Brain Heart Infusion – Infusão cérebro-coração

v/v Volume sobre Volume

cm Céntimetro

m/m Massa sobre Massa

m Metro

NBU Caldo nutriente suplementado com ureia

ACU Suplemento acetato de cálcio

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO...................................................................................15

1.1. JUSTIFICATIVA E IMPORTANCIA DO TEMA..........................................................15

1.2. OBJETIVOS DA PESQUISA.....................................................................................18

1.2.1. Objetivo Geral..................................................................................................18

1.2.2. Objetivos Específicos.......................................................................................18

1.3. ESTRUTURA DO TRABALHO..................................................................................19

2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA..............................................................20

2.1. ARGAMASSA...........................................................................................................20

2.1.1. Histórico da Argamassa...................................................................................20

2.1.2. Funções da Argamassa...................................................................................20

2.1.3. Dosagem da Argamassa..................................................................................21

2.1.4. Manifestações Patológicas em revestimentos de Argamassa.........................21

2.2. BACTÉRIAS UREOLÍTICAS.....................................................................................23

2.2.1. Ureases...........................................................................................................23

2.2.2. Precipitação microbiana de carbonato de cálcio..............................................25

2.2.3. Fontes de isolamento de bactérias ureolíticas.................................................26

2.2.4. Sequestro de CO2............................................................................................27

2.2.5. Restauração de prédios históricos...................................................................28

2.2.6. Biocimentação ou bioconcreto.........................................................................28

2.2.7. Proteção da superfície de argamassas e concreto via biodeposição...............29

2.2.8. Remediação de fissuras...................................................................................30

3. METODOLOGIA.................................................................................31

3.1. CARACTERIZAÇÃO DA PESQUISA........................................................................31

3.2. CULTIVO DOS MICRORGANISMOS UREOLÍTICOS..............................................31

3.3. TRIAGEM DAS MELHORES BACTÉRIAS PRODUTORAS DE UREASE...............32

3.4. PREPARAÇÃO DA ARGAMASSA MICROBIANA...................................................33

3.5. AVALIAÇÃO DAS CARACTERÍSTICAS DA ARGAMASSA MICROBIANA NO

ESTADO FRESCO.................................................................................................................34

3.6. AVALIAÇÃO DA CAPACIDADE DE BIODEPOSIÇÃO DOS ISOLADOS................35

3.7. AVALIAÇÃO DAS CARACTERÍSTICAS DA ARGAMASSA MICROBIANA NO

ESTADO ENDURECIDO........................................................................................................35

3.8. TRATAMENTO DE REVESTIMENTO ARGAMASSADO FALHO EM

OBRA.....................................................................................................................................35

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4. RESULTADOS E DISCUSSÕES.......................................................37

4.1. AVALIAÇÃO DOS AGREGADOS E AGLOMERANTES.........................................37

4.2. ISOLAMENTO DAS BACTÉRIAS UREOLÍTICAS...................................................38

4.3. SELEÇÃO DAS MELHORES BACTÉRIAS PRODUTORAS DE UREASE.............39

4.4. AVALIAÇÃO DA ARGAMASSA NO ESTADO FRESCO........................................39

4.5. AVALIAÇÃO DA ARGAMASSA MICROBIANO NO ESTADO ENDURECIDO......41

4.6. CARACTERIZAÇÃO DA CAPACIDADE DE BIODEPOSIÇÃO DOS MICRO-

ORGANISMOS.......................................................................................................................42

4.7. TRATAMENTO DO REVESTIMENTO COM MANIFESTAÇÕES PATOLÓGICAS..43

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS E SUGESTÕES....................................45

6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS..................................................47

APÊNDICE..............................................................................................52

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1. INTRODUÇÃO

1.1. JUSTIFICATIVA E IMPORTÂNCIA DO TEMA

A argamassa segundo a NBR 7200:1998, consiste em uma mistura homogênea de um

ou mais aglomerantes (cimento, cal), agregado miúdo (areias naturais e artificiais) e água

(ABNT, 1998). A norma de desempenho de edificações habitacionais, NBR 15775-4:2013,

classifica a ocorrência de fissuras e deslocamentos como toleráveis, desde que: não

apresentem fissuras no corpo da alvenaria ou no encontro com elementos estruturais e

destacamento entre placas de revestimentos, que não possam ser detectadas a olho nu. Os

revestimentos de argamassa podem apresentar diversas patologias, entre elas, as principais

são a formação de trincas ou fissuras, os descolamentos e a desagregação da argamassa,

que são agravados por agressores externos como a água. Levando revestimento ao seu

estado-limite de serviço ou último, no qual o revestimento não mais apresenta funcionalidade

para o qual foi projetada, tornando-se um risco a segurança do usuário.

O baixo teor de cimento pode provocar o aparecimento de alterações nas paredes,

como a desagregação do revestimento e a fissuração, causadas pela baixa resistência da

argamassa. Outros fatores como o excesso de finos, agregados que possuem dimensão

excessivamente pequena, podem favorecer o surgimento desses distúrbios patológicos. A

ausência de um controle tecnológico no procedimento de produção e execução da argamassa

também podem levar ao surgimento de diversas manifestações patológicas nos revestimentos

argamassados (THOMAZ, 2002).

As fissuras e a desagregação do revestimento podem ser causadas por diversos

fatores, como: falhas no processo executivo, traço inadequado, teor excessivo de finos e

rigidez excessiva do revestimento, que em grande parte dos casos são potencializados por

ambientes agressivos. A maioria dos mecanismos de degradação desses elementos está

associada diretamente a ação erosiva da água. Sendo assim, o tempo de vida útil da

argamassa pode ser melhorado significativamente, reduzindo sua permeabilidade. Para esta

finalidade, vários materiais orgânicos, tais como repelentes de água, bloqueadores de poros,

e revestimentos, são utilizados para tratamento de superfícies de argamassas

(KRISHNAPRIYA et al., 2015).

Essas alterações na argamassa podem prejudicar na estética da edificação e servir de

entrada para agentes externos, como a água, que aumentam o estado de deterioração e

exposição da estrutura ao ambiente, demandando assim o reparo imediato. Para o conserto

dos revestimentos é necessário a total retirada do mesmo, demandando alto custo e tempo.

A fim de evitar essa necessidade de reparo é necessário à busca de novos métodos. Este

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trabalho visa estudar o tratamento da desagregação do revestimento por meio de bactérias

biocimentantes.

Essa proposta inovadora de reparar os revestimentos de argamassa com o uso das

bactérias, foi utilizada pela primeira vez para reparação de fissuras com intuito de evitar a

lixiviação em canais (GOLLAPUDI et al., 1995). Contudo, ela vem sendo estudada para ser

empregada para remediações de argamassa, granito, calcário e concreto, de metais

potencialmente tóxicos, radio nucleotídeos e íons de cálcio, sequestro de CO2 atmosférico, na

restauração de prédios históricos, na consolidação de solos e taludes, na redução de poros

em reservatórios, na proteção da superfície de concretos e argamassas, entre outros

(METAYER-LEVREL et al., 1999).

Os micro-organismos utilizados para realizarem os reparos, são ditos ureolíticos,

sendo responsáveis por converter a ureia em amônia e carbonato. Esse processo, chamado

de biomineralização, é bastante comum no meio ambiente e corresponde ao processo pelo

qual organismos vivos precipitam minerais inorgânicos na forma de esqueletos, conchas,

dentes, (XU et al, 2006). A biomineralização pode produzir diferentes fases de polimorfos

anidros de carbonato de cálcio tais como calcita, aragonita e vaterita, bem como fases

cristalinas hidratadas tais como monohidrocalcilta, ikeita e carbonato de cálcio amorfo (ACC)

(ANBU et al., 2016).

Na precipitação de carbonato de cálcio induzida microbiologicamente (MICP, do inglês

microbially induced calcium carbonate precipitation), a urease apresenta papel importante ao

hidrolisar a ureia, por meio de uma grande variedade de micro-organismos capazes de

produzir elevados níveis desta enzima. Existem diferentes polimorfos do cristal de carbonato

de cálcio e a estrutura que é formada depende do tipo da fonte de cálcio utilizada, período de

incubação e atividades metabólicas referentes à espécie microbiana avaliada.

A MICP é uma alternativa promissora para as tecnologias de remediação atuais e

convencionais, capaz de resolver problemas ambientais em campos multidisciplinares. Várias

aplicações como, por exemplo, aumento da qualidade e da melhoria das propriedades de

materiais de construção, remoção de metais pesados e rádio nucleotídeos e sequestro de

dióxido de carbono atmosférico têm sido discutidas.

No mercado da construção civil existe uma grande disponibilidade de produtos

disponíveis para serem utilizados na proteção de superfícies de concreto (BASHEER &

CLEELAND, 2006). Entretanto, a maioria destes produtos são revestimentos a base de

compostos orgânicos voláteis. Estes compostos apresentam efeito poluidor do ar tanto

durante a fabricação quanto na aplicação. Sendo assim, tal condição tem levado ao

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desenvolvimento de novas formulações, tais como, materiais de revestimento inorgânicos (DE

MUYNCK et al., 2010).

Proteção contra rachaduras e vazamentos são fundamentais em muitas estruturas,

especialmente aquelas que armazenam produtos químicos nocivos. Nesse tipo de situação,

a MICP seria uma grande vantagem. Esta precipitação de carbonato de cálcio induzido, pode

ser desencadeada por micro-organismos na presença de agentes químicos, nesses

ambientes pode-se aumentar o processo de auto cura (DE MUYNCK et al., 2010).

A biomineralização promovida por bactérias vem sendo estudada como uma

tecnologia promissora na área da construção civil. Por essa razão, torna-se importante o

estudo dos microrganismos capazes de promover o processo de biocimentação. No âmbito

da construção civil, considerando a conjuntura climática atual, é necessário buscar materiais

e processos que tenham um menor impacto no ambiente. A indústria do cimento, um dos

principais materiais utilizados pela humanidade, é uma grande emissora de CO2 (5-8% da

emissão antropogênica), responsável pelo consumo de 10-15% da energia industrial mundial

(USON et al., 2013; GONZÁLEZ-KUNZ et al., 2017).

Dessa forma, diante da atual conjuntura faz-se necessário encontrar novas alternativas

capazes de reduzir os impactos provocados pela indústria de cimento e de revestimento a

base de compostos orgânicos. Sendo assim, este estudo investigou a presença de bactérias

ureolíticas capazes de precipitar carbonato de cálcio em rejeitos de construção, selecionou as

que apresentam maior potencial para aplicações e avaliou as mudanças das propriedades

físicas e mecânicas de corpos de prova tratados com estes micro-organismos. Tendo em vista

que o uso destes pode promover menores danos ao meio ambiente, possibilitando assim o

seu tratamento sem a necessidade de extração do revestimento, pois, além da redução do

custo, reduzirá o consumo de materiais que seriam necessários para refazer aquele

revestimento.

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1.2.OBJETIVOS DA PESQUISA

1.2.1. Objetivo Geral

Avaliar o potencial de biocimentação de bactérias ureolíticas, oriundas de rejeito de

construção civil, capazes de precipitar cristais de carbonato de cálcio, bem como examinar as

suas aplicações em remediação de fissuras e melhorias de propriedades físico-mecânicas de

corpos de prova de argamassa tratados com estes micro-organismos.

1.2.2. Objetivos Específicos

Isolar bactérias ureolíticas de amostras de rejeitos de construção civil;

Selecionar entre os isolados aqueles que apresentam maior capacidade ureolítica;

Quantificar qualitativamente a produção de carbonato de cálcio pelos isolados

selecionados;

Verificar o comportamento da argamassa com os micro-organismos em seu estado

fresco e endurecido;

Qualificar a aplicação da argamassa microbiana na agregação de arenitos como

integrante da argamassa e como produto para proteção da superfície de argamassas;

Analisar a eficácia da bactéria para a redução da desagregação dos revestimentos

argamassados com baixa resistência mecânica;

Desenvolver mecanismo alternativo para tratamento de patologias;

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1.3.ESTRUTURA DO TRABALHO

Este trabalho encontra-se segmentado em vários tópicos que vão desempenhar função de estrutural da pesquisa e conceber a pesquisa. Essa estrutura pode ser observada por meio da figura 1.

No primeiro momento, a revisão bibliográfica, foi realizada de forma a estabelecer breves conceitos sobre as bactérias ureolíticas, suas capacidades de bioprecipitação e suas aplicações. Em seguida foi apresentado sobre a prospecção e utilização de bactérias ureolíticas precipitadoras de carbonato de cálcio como biocimentadoras.

Dando sequência na metodologia foi abordada a parte experimental do trabalho, como se pretende avaliar e caracterizar a argamassa microbiana e a sua capacidade de tratar revestimento de argamassa.

Finalizando o trabalho, foram elaborados os resultados do estudo a partir da discussão, análise e caracterização dos ensaios, para posteriormente construir as conclusões.

Figura 1 – Fluxograma das atividades que estruturarão o trabalho. Fonte: Acervo Pessoal.

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2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1.ARGAMASSA

2.1.1. Histórico da Argamassa

No Brasil, as argamassas são o principal produto de revestimento e assentamento de

alvenarias. São materiais de construção, com propriedades de aderência e endurecimento,

obtidos a partir da mistura homogênea de um ou mais aglomerantes, agregado miúdo (areia)

e água, podendo conter ainda aditivos e adições minerais. (CARASEK, 2010).

O registro mais antigo do uso da argamassa como material de construção é da pré-

história, datado de 11.000 anos atrás. Foi encontrado no sul da Galiléia, próximo de Yiftah’el,

em Israel, descoberto em 1985, ela foi encontrada depois que uma escavação para abrir uma

rua fora feita, era um piso polido de 180m², feito com pedras e uma argamassa de cal e areia,

pesquisadores estimam ter sido produzido entre 7.000 a.C. e 9.000 a.C. (EUROPEAN

MORTAR INDUSTRY ORGANIZATION - EMO, 2006; HELLENIC CEMENT INDUSTRY

ASSOCIATION - HCIA, 2006). Também produzida com massa de cal e pedras é datada a

segunda argamassa mais antiga, 5600 a.C., no pátio da Vila de lepenske-Vir, hoje Iuguslávia.

(GUIMARÃES, 1997).

Por intermédio das inovações das técnicas de edificação, novos materiais vêm sendo

criados. As novas argamassas usuais possuem em sua composição o cimento Portland e

aditivos orgânicos para melhorar suas propriedades físicas e químicas, como a

trabalhabilidade. Um exemplo desses aditivos são os incorporadores de ar, que modificam a

reologia da argamassa fresca pela introdução de pequenas bolhas de ar, ou mesmo os

aditivos de retenção de água. No começo do século passado surgiram as argamassas

industrializadas, misturas prontas, dosadas em plantas industriais, para as quais, na obra, só

é necessária a adição de água, e que são muito empregadas atualmente no Brasil.

(CARASEK, 2010).

2.1.2. Funções da Argamassa

Como demonstrado no livro de Bauer (2005) as argamassas possuem funções que se

relacionaram de acordo com as suas finalidades ou aplicações. O foco deste trabalho é para

aquela que é um dos métodos mais empregadas na construção civil, o de revestimentos de

paredes, mas além desta a argamassa ainda possui função de assentamento de alvenaria,

piso, contra pisos, chapisco, colante, rejuntamento e reparo. Usada para revestir paredes,

muros e tetos, a argamassa de revestimento, pode ser dividida em camadas diferentes, do

quais podem ser constituídas por várias camadas com características e funções específicas,

comumente dividas em chapisco, emboço e reboco.

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Ainda segundo Bauer (2005) um revestimento argamassado possui como atribuições:

proteger a alvenaria e a estrutura contra a ação do intemperismo, no caso dos revestimentos

externos, integrar o sistema de vedação dos edifícios, contribuindo com diversas funções, tais

como, isolamento térmico, isolamento acústico, estanqueidade à água, segurança ao fogo e

resistência ao desgaste e abalos superficiais e regularizar a superfície dos elementos de

vedação e servir como base para acabamentos decorativos, contribuindo para a estética da

edificação. Visando satisfazer às funções citadas, algumas propriedades tornam-se

essenciais para essas argamassas, a saber: trabalhabilidade, consistência, plasticidade,

adesão inicial, baixa retração, aderência, baixa permeabilidade à água, resistência mecânica,

principalmente a superficial, capacidade de absorver deformações.

2.1.3. Dosagem da Argamassa

No mercado da construção existem inúmeros métodos racionais para dosagem e

controle do concreto. No entanto, para as argamassas ainda não há métodos totalmente

consagrados e difundidos para esse propósito, de manter um controle tecnológico rigoroso.

Estudos vêm sendo realizados por grupos de pesquisadores a fim de suprir esta necessidade.

Dentre eles, destacam-se as contribuições de Selmo (1989) e diversas outras publicações de

Carasek e do grupo de pesquisa do CPqDCC/EPUSP (Sabbatini, Barros, Helene, dentre

outros). (GOMES e NEVES, 2001)

Por esse motivo, é comum o uso de traços tabelados, baseados em normas e

documentos feitos por instituições técnicas, para o preparo de argamassas de assentamento

e revestimento em obra. Outro motivo que favorece essa falta do controle técnico da

argamassa, é o fato de que devido à “menor responsabilidade aparente” com a argamassa,

quando comparado ao concreto que tem função estrutural, sendo assim muitas construtoras

não querem investir em um estudo de dosagem em laboratório, razão pela qual não se

desenvolveram e consolidaram muitos métodos de dosagem. (SELMO, 1989)

2.1.4. Manifestações Patológicas em Revestimentos de Argamassa

A degradação da argamassa ocorre devido aos ataques de agentes externos os quais

ocorrem formas diferentes, podendo ser classificadas em físicas, mecânicas, químicas e

biológicas. Todavia, essa classificação é didática, o que ocorre na prática é a interação de

vários destes fatores. Além dos fatores externos a deterioração dos revestimentos de

argamassa também pode ter sua origem causada por fatores internos. Esses fatores internos

são aqueles que afetam a durabilidade da argamassa, sendo os principais: os materiais

constituintes da argamassa, o traço da argamassa e a sua execução. Nos revestimentos de

argamassa as patologias geralmente se manifestam através de efeitos físicos nocivos, como:

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desagregação, descolamento, vesículas, fissuração e aumento da porosidade e

permeabilidade. (CARASEK, 2010)

As causas das manifestações patológicas nos revestimentos de argamassa são

originadas da junção de mais de um fator, seja ele externo ou interno. (CARASEK, 2010).

Dessa forma, os aspectos ligados à influência dos materiais constituintes das argamassas de

emboço ou camada única (cimento, cal, agregados, adições, aditivos e água) na durabilidade

dos revestimentos, serão tratados a seguir.

Por ser um material industrializado, o cimento Portland, possui excelente controle de

qualidade o que faz com que seja pouco responsável pela deterioração da argamassa. Na

maioria dos casos, em que existem problemas nos revestimentos associados ao cimento, em

geral, estão ligados a dosagem do traço e não da qualidade do cimento. Traços muito ricos,

em cimento, levam a rigidez, retração, fissuração e descolamento do revestimento, já em

traços muito pobres, o revestimento se desagregara. (BAUER, 2005)

No Brasil a qualidade da cal está ligada à sua origem, apesar de existirem cales muito

boas ainda existem cales inadequadas, geralmente produtos de origem duvidosa,

normalmente resultado de um processo de fabricação com baixo controle de produção, ou

mesmo de uma mistura rudimentar de cal com outros materiais. O principal problema

observado com a cal hidratada é a presença de óxidos não hidratados em teor excessivo.

(CARASEK e CASCUDO, 1999).

Os agregados representam cerca de 60% a 80% da argamassa pronta, resultando em

grande atuação tanto em seu estado fresco, quanto, no desempenho do revestimento

endurecido. As areias são escolhidas pelo construtor geralmente em função do custo e do

acabamento, o que pode gerar séria fonte de manifestações patológicas. Os problemas dos

revestimentos atribuídos às areias podem ser separados em dois grupos: relacionados à

composição química e a mineralógica, está ligado com a retração e consequente fissuração

das argamassas. Outro efeito prejudicial dessas partículas muito finas é que elas podem

recobrir os grãos de areia e prejudicar a adesão entre a pasta aglomerante e a areia,

reduzindo a coesão interna da argamassa, deixando o revestimento pulverulento (SELMO,

1986).

Em relação aos aditivos em revestimentos de argamassa os mais empregados são os

incorporadores de ar e os retentores de água. Os incorporadores de ar tratam-se de produtos

que, adicionado em pequena quantidade à argamassa, são capazes de formar microbolhas

de ar, homogeneamente distribuídas na argamassa, conferindo-lhe principalmente melhor

trabalhabilidade e redução do consumo de água de amassamento, o que pode ajudar a reduzir

o risco de fissuração. No entanto, estes aditivos devem ser empregados com cautela, pois, se

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o ar for incorporado em teores muito elevados, isto pode prejudicar a aderência da argamassa

com o substrato. (CARASEK, 2010)

Por último à água, o seu principal problema está relacionado à presença de sais

solúveis, que podem gerar as eflorescências nos revestimentos e também acelerar a pega da

argamassa. Por outro lado, a presença de matéria orgânica pode retardar a pega e o

endurecimento da argamassa. Por esses motivos, não se pode utilizar água do mar e outras

águas com alto teor de sais solúveis e outras substâncias nocivas. (CARASEK, 2010)

2.2.BACTÉRIAS UREOLÍTICAS

O processo no qual organismos vivos sintetizam minerais inorgânicos é denominado

biomineralização. A precipitação de carbonato de cálcio (CaCO3) é um exemplo conhecido

deste fenômeno, promovida por células bacterianas e suas respectivas atividades

metabólicas. Na precipitação de carbonato de cálcio induzida microbiologicamente os micro-

organismos são capazes de secretar um ou mais produtos metabólicos que reagem com íons

cálcio no ambiente, resultando na precipitação de minerais (DHAMI et al., 2013).

Esse processo, realizado naturalmente pelas bactérias, a biomineralização, pode

produzir diferentes fases de polimorfos anidros de carbonato de cálcio tais como calcita,

aragonita e vaterita, bem como fases cristalinas hidratadas, tais como monohidrocalcilta, ikeita

e carbonato de cálcio amorfo (HAMMES et al., 2003; DHAMI et al. 2013b; ANBU et al. 2016).

O processo de MICP é uma técnica efetiva e ecologicamente correta que pode ser

aplicada em diversas formas, incluindo a remediação de íons cálcio, radionucleotídeos e

metais pesados, sequestro de CO2, restauração de calcário em prédios históricos, bio-

estabilização de solos e taludes, biocimentação, proteção da superfície de argamassas e

concreto, remediação de fissuras dentre outras aplicações (METAYER-LEVREL et al. 1999;

AL-THAWADI, 2008; DE MUYNCK et al. 2010; PENG et al. 2010; ACHAl et al. 2012; PHILLIPS

et al. 2012; ABO-EL-ENEIN et al. 2013).

2.2.1. Ureases

As uréases, são enzimas responsáveis pela hidrólise da ureia, foram isoladas

inicialmente em sua forma cristalina a partir da planta conhecida como feijão-de-porco

(SUMMER 1926). São amplamente distribuídas na natureza e encontradas no solo e em

ambientes aquáticos estando presentes em plantas, algas, bactérias, fungos e invertebrados.

As ureases fazem parte da superfamília das amidohidrolases e fosfotriesterases. Mesmo

apresentando diferentes estruturas proteicas, as ureases exercem uma única função

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catalítica, a hidrólise da ureia, tendo como produtos finais a amônia e o ácido carbônico (AL-

THAWADI 2008; JIANG et al. 2016).

Uma característica essencial das ureases é a presença de centros metálicos em seus

sítios ativos, cuja função é ativar o substrato para que ocorra a reação. Essas enzimas são as

únicas a possuírem íons de níquel em seus sítios ativos dentre as outras da superfamília das

metalohidrolases (HAUSINGER et al. 2001). Desde a sua descoberta, a urease tem sido

objeto intenso de pesquisa, visando elucidar seu papel e ocorrência na natureza, seus

mecanismos de funcionamento, a reação a compostos exógenos e sua especificidade de

ação. No solo, estas desempenham papel fundamental ao fornecer nitrogênio na forma de

amônia aos organismos. Assim, esta função é essencial para promover o crescimento destes

(KRAJEWSKA 2009).

2.2.2. Precipitação microbiana de carbonato de cálcio

De acordo com Hammes e et al (2003) a precipitação de carbonato de cálcio é um

processo químico que é controlado por quatro fatores: concentração do carbono inorgânico

dissolvido, concentração dos íons cálcio, o pH e a presença de sítios de nucleação.

Para a ocorrência da precipitação de carbonato de cálcio por micro-organismos, a

concentração inorgânica, a concentração de íons cálcio e o pH, são a chave, sendo que a

presença de sítios de nucleação não é fator crucial, pois as bactérias podem se comportar

como sítios ativos de nucleação (AL-THAWADI, 2008).

Em estudos de Achal (2012) a presença de vários grupos de íons que apresentam

cargas negativas na parede da célula, em pH neutro, podem fazer com que íons metálicos

carregados positivamente se liguem às superfícies microbiana. Esses íons podem

posteriormente reagir com ânions para formar um sal insolúvel. O ânion desse sistema pode

ser de origem microbiana (produto do seu próprio metabolismo), ou pode ter advindo de

origem abiótica. Em caso de excesso suficiente de cátions e ânions, o sal metálico ainda é

responsável por iniciar a formação de mineral na superfície celular, atuando como um sítio de

nucleação.

Existem duas vias metabólicas para a formação bacteriana de carbonatos: autotrófico

e heterotrófico. Na primeira, o dióxido de carbono é utilizado como fonte de carbono,

provocando sua redução no ambiente bacteriano. Na presença de íons de Ca2+, a depleção

resulta no aumento da produção de carbonato de cálcio (CASTANIER et al., 2000). Na

segunda, a via heterotrófica, os micro-organismos podem formar carbonato através da

precipitação ativa ou passiva. Na precipitação ativa, a produção de íons carbonato ocorre

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devido à troca iônica através da bomba iônica de cálcio ou de magnésio. Já no processo de

precipitação passiva, a produção do íon carbonato ocorre devido à amonificação de

aminoácidos, redução de nitratos ou pela degradação da ureia. Independentemente dos casos

supracitados, a amônia é produzida como produto metabólito final, o que resulta no aumento

do pH (AL-THAWADI, 2008).

Segundo estudo de Dhami e autores (2013) a precipitação de carbonato de cálcio é

em geral, uma função linear resultante do produto da concentração de íons de Ca2+ e CO32-.

Sendo assim, obedece-se a cinética das reações, caso um dos reagentes estiver em excesso

(ACHAL et al. 2015). As bactérias exercem papel fundamental ao influenciar a saturação

atingível e a taxa de precipitação de carbonato de cálcio, regulando a morfologia dos cristais

formados. Quando a concentração destes íons excede o produto de solubilidade (Kps), a

solução do meio se torna supersaturada. Quanto mais supersaturada for a solução, maior é a

chance de a precipitação de carbonato de cálcio ocorrer.

A urease ao hidrolisar a ureia, produz amônia e carbamato (Eq. 1), que se hidrolisam

espontaneamente para produzir outra molécula de amônia e ácido carbônico (Eq. 2). Estes

produtos equilibram-se em meio aquoso, formando bicarbonato e amônio, além de íons

hidróxido (Eq. 3 e 4) que resultam na elevação do pH. Esta alteração do pH pode alterar o

equilíbrio do bicarbonato, gerando íons carbonato (Eq. 5) que na presença de íons solúveis

de cálcio, precipitam como CaCO3 (Eq. 6) (HAMMES et al., 2003; DHAMI et al., 2013). A

Figura 2 esquematiza o processo de produção de carbonato de cálcio pela enzima urease.

CO(NH2)2 + H2O ⟶ NH2COOH + NH3 (1) Uréia Água Carbamato Amônia

NH2COOH + H2O ⟶ NH3 + H2CO3 (2) Carbamato Água Amônia Ácido Carbônico

H2CO3 ⟷ HCO3- + H+ (3)

2NH3 + 2H2O ⟷ 2NH4

+ + 2OH- (4)

HCO3- + H++ 2NH4

+ + 2OH- ⟷ CO32- + 2NH4

+ + 2H2O (5)

CO23- + Ca2+ ⟷ CaCO3 (6)

Carbonato de Cálcio

A parede celular bacteriana também pode apresentar cargas negativas, e com isso,

atrair cátions como Ca2+ para depositarem-se na sua superfície celular. O Ca2+ reage com os

íons CO23- e precipitando carbonato de cálcio na superfície da parede celular que leva à morte

das bactérias (Eq. 7 e 8) (HELMI et al. 2016).

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Ca2+ + Célula → Célula– Ca2+ (7)

Célula– Ca2+ + CO23-→ Célula–CaCO3 (8)

Figura 2 – Modelo esquemático resumindo o papel da urease na precipitação CaCO3 mediada por micro-organismos na presença de elevada concentração de íons Ca2+. Fonte: adaptado de Al-Thawadi 2008.

2.2.3. Fontes de isolamento de bactérias ureolíticas

A precipitação do carbonato de cálcio e a atividade da urease são baseadas em

diversos fatores ambientais, tais como, o tipo de bactéria, a concentração celular bacteriana,

o pH, a temperatura, e a concentração de ureia e cálcio (HAMMES E VERSTRAETE 2002;

MORTENSEN ET AL. 2011; QABANY et al. 2012; HELMI Et al. 2016).

As concentrações celulares bacterianas elevadas aumentam a quantidade de

carbonato de cálcio precipitada por MICP, devido ao aumento da concentração de urease e

da hidrólise da ureia (OKWADHA E LI 2010). A hidrólise da ureia tem uma relação direta com

a concentração celular bacteriana (NG et al. 2012). Stock-Fischer e colaboradores em 1999

demostraram que as células atuam como locais de nucleações para precipitação de CaCO3,

sendo este um fator importante para precipitação dos cristais. Neste estudo, os autores

compararam a eficiência da precipitação microbiana de carbonato de cálcio com a

precipitação química induzida e constataram que 98 % da concentração inicial de Ca2+ foi

precipitada microbiologicamente enquanto que apenas 35% e 54% foi precipitado

quimicamente em água e em meio, respectivamente. Esta diferença foi constatada porque as

bactérias se portaram como sítio ativo de nucleação para o CaCO3 e criaram um ambiente

alcalino propício para a formação e crescimento dos cristais.

A produção de carbonato de cálcio é influenciada pelo pH, pois a enzima urease

apenas se ativará em faixas de pH específicas para que a hidrólise da ureia ocorra. Grande

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parte do CaCO3 precipitado ocorre em condições alcalinas, com pH variando entre 8,7 e 9,5

(STOCKS-FISCHER et al. 1999; HELMI et al. 2016).

A hidrólise da ureia pela urease depende da temperatura, assim como em outras

reações enzimáticas. A temperatura ótima para a maioria das ureases varia entre 20 a 37°C

(OKWADHA E LI 2010; HELMI et al 2016). DHAMI et al. (2014) constatou que a enzima urease

é completamente estável a 35°C, mas quando a temperatura é aumentada para 55°C a

atividade da enzima cai cerca de 47%.

O processo de hidrólise não só apenas eleva o pH do meio como também libera

nitrogênio que pode ser utilizado como fonte de energia (ACHAL E PAN 2014). Isso ocorre

porque o micro-organismo pode produzir amônia como produto da hidrólise enzimática da

ureia, criando um ambiente alcalino ao redor da célula, elevando o pH e consequentemente

induzindo a precipitação de CaCO3 (STOCKS-FISCHER et al. 1999). A concentração da fonte

de cálcio e de ureia é importante para a precipitação. Altas concentrações destes

componentes diminuem a eficiência na precipitação de calcita, enquanto que a eficiência é

aumentada em baixas concentrações (0,05 – 0,25M) (OKWADHA E LI 2010).

A composição do meio de cultura também pode afetar a morfologia, pois diferentes

espécies bacterianas são capazes de precipitar diferentes formas, quantidades e tamanhos

de cristais de carbonato partindo do mesmo meio sintético. Vários pesquisadores têm utilizado

diferentes tipos de fontes de cálcio para indução da precipitação de CaCO3, sendo que o

cloreto de cálcio é uma das melhores para indução da precipitação (ACHAL E PAN 2014).

Contudo, esta fonte de cálcio ao ser utilizado para melhorar as propriedades mecânicas ou

reparar estruturas de argamassa e concreto pode apresentar efeito contrário, e promover

patologias graves. A corrosão eletroquímica causada pelo ataque dos cloretos é uma das

principais causas de deterioração das estruturas de concreto armado (CASCUDO 1997).

2.2.4. Sequestro de CO2

Uma questão ambiental importante a ser levantada é o aquecimento global que ocorre

devido a concentrações crescentes de CO2 na atmosfera terrestre (YADAV et al 2011). O CO2

é removido primariamente da atmosfera via fotossíntese realizada por plantas e organismos

marinhos e retorna para atmosfera através da respiração de organismos quimiorganotróficos

e animais. A MICP é um método efetivo para remoção de CO2 do meio ambiente (PENG et

al. 2010; PHILLIPS et al. 2012). Neste caso, o CO2 é convertido em minerais de carbonato

que podem formar diferentes cristais como calcita, vaterita, aragonita, dolomita e magnesita.

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2.2.5. Restauração de prédios históricos

A MICP foi utilizada em experimento realizado na cidade francesa de Thouars, para o

tratamento da torre de uma igreja do século XII feita de rocha calcária. Le-Metayer-Levrel e

colaboradores (1999) validaram a viabilidade do processo microbiano na restauração do

calcário da superfície tratada. A proteção superficial da rocha foi promovida pelo carbonato

de cálcio produzido pelos micro-organismos, reduzindo a absorção de água, sem alterar sua

aparência estética. Além disso, foi constatado que o desenvolvimento abundante de bactérias

carbonatogênicas preveniu a formação de consórcios de bactérias acidificadoras.

2.2.6. Biocimentação ou bioconcreto

O cimento é um dos materiais de construção mais utilizado no mundo (STABNIKOV et

al. 2013). Entretanto, sua produção gera impactos ambientais durante todas as etapas da

fabricação. Somado a este fato, a produção de cimento mundial é responsável pelo consumo

de cerca de 10% da energia industrial total e 5% da emissão antropogênica de CO2 (WORREL

et al. 2001). O biocimento é uma alternativa ao cimento (DE MUYNK et al. 2010) que pode

produzir materiais aglutinantes por meio do tratamento com MICP para melhorar a resistência

e durabilidade de materiais cimentícios (PHILLIPS et al. 2012; DHAMI et al. 2013).

Na construção civil, a MICP é empregada principalmente em duas formas: como

material de cimentação ou como uma camada de proteção superficial. Enquanto o primeiro é

chamado de biocimentação o último é chamado de biodeposição (ACHAL E MUKHERJEE

2015). O “biocimento” é produto da MICP que visa diminuir ou eliminar os espaços entre as

partículas de um material granular (por exemplo, a areia como agregado). Para atingir esse

objetivo, utiliza-se um meio líquido contendo bactérias, ureia como uma solução de substrato

e íons de cálcio. A enzima urease, produzida pela bactéria, hidrolisa a ureia que juntamente

com os íons de cálcio são utilizados como base para formar o “biocimento”. O cimento une os

grãos, criando uma massa sólida (RONG e QIAN 2012).

A atividade enzimática da cepa bacteriana e da composição do meio de cultura

utilizado, está diretamente relacionada a biocimentação. Dessa forma, quanto mais elevada a

atividade da urease e melhor o perfil nutricional do meio, maior é a capacidade de precipitação

de carbonato de cálcio. (AFIFUDIN et al. 2011). A biocimentação também é utilizada para a

melhoria da resistência à compressão de outros materiais constituídos de cimento (CHENG e

CORD-RUWISCH 2012).

A areia é um material abundante na natureza e por isso é o mais utilizado como

agregado para fabricação de materiais de construção e estruturas. Muitos são os estudos

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perante o qual associou-se com sucesso a MICP à cimentação da areia. Uma melhoria na

resistência à compressão de até 25% foi constatada quando se utilizou a biocimentação

induzida por Shewanella sp. isolada a partir de águas termais. Em estudos realizados por

Achal e colaboradores (2012), a biocimentação foi usada em conjunto com cimento

convencional para fazer argamassas. As células bacterianas cultivadas em meio líquido foram

adicionadas na mistura de areia e cimento e corpos de provas de 70.6 mm foram moldados.

Tais amostras de cimento mostraram um aumento de 17-36% da resistência à compressão,

enquanto a resistência à permeabilidade à água fora aumentada quatro vezes.

2.2.7. Proteção da superfície de argamassas e concreto via biodeposição

Elementos e materiais de construção como estruturas de concreto e argamassa estão

suscetíveis à ação do intemperismo de vários fatores químicos, físicos e biológicos (LE-

METAYER-LEVREL et al. 1999). O avanço progressivo da dissolução da matriz mineral como

consequência do intemperismo leva ao aumento da porosidade, consequentemente, a uma

redução das características mecânicas. (DE MUYNCK et al. 2010). Assim sendo, com o

objetivo de diminuir a suscetibilidade à deterioração, vários tratamentos de conservação têm

sido empregados para alterar algumas características das rochas. Repelentes de água têm

sido aplicados para proteger as rochas do acesso de água e de agentes agressivos presentes

na atmosfera. O uso de consolidantes para rocha visa o reestabelecimento da coesão entre

os grãos deteriorados da mesma. Contudo, ambos os tratamentos de conservação estão

sujeitos a frequente controvérsia devido à sua ação não reversível e à sua atuação limitada,

podendo até contribuir para acelerar a deterioração de rochas (DE MUYNCK et al. 2010).

Na biodeposição, uma camada de carbonato de origem microbiológica é precipitada

sobre um substrato poroso, tal como tijolo, cimento ou argamassa. A MICP pode depositar os

cristais formados de carbonato dentro dos poros da superfície e evitar a entrada de materiais

nocivos para o substrato. Assim, a superfície de materiais porosos, tais como tijolos, concretos

e pedra calcária, pode ser protegida da ação da água ou da invasão química (ação de cloretos

e sulfatos, por exemplo) (PHILLIPS et al. 2013).

A biodeposição envolve vários micro-organismos, caminhos e ambientes. Esta pode

ser obtida através da exposição da superfície à cultura de bactérias ureolíticas. A exposição

pode ser feita por imersão ou pulverização (De MUYNCK et al. 2010). A biodeposição foi

utilizada por DICK et al. (2006) no tratamento e restauração de estruturas degradadas. Nos

seus experimentos, cubos de 30 mm foram incubados em jarras estéreis com meio líquido

contendo ureia e fonte de cálcio. Várias camadas de calcita foram depositadas sobre o

calcário degradado durante 4 semanas. Concluíram que a melhor biodeposição homogênea

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de calcita em cubos de calcário foi obtida pela bactéria com maior eficiência ureolítica. Depois,

uma tentativa bem-sucedida foi feita para melhorar a eficiência do processo em biodeposição

de calcário baseado na influência de parâmetros químicos, ou seja, a concentração de sais

de cálcio e de ureia. O aumento das concentrações desses constituintes em certo nível e a

repetição do tratamento melhorou a resistência do calcário em absorver água, devido a MICP.

Além disso, os corpos de prova tratados aumentaram sua resistência frente à sonicação1.

A MICP tem sido proposta como um método ecológico para proteger rochas

ornamentais deterioradas (LE METAYER-LEVREL et al., 1999) e como um método de

melhoramento da durabilidade de materiais cimentícios (RAMACHANDRAN et al., 2001). De

Muynck et al. (2010) em experimentos com Bacillus sphaericus crescidos em meio com ureia,

constataram a biodeposição com este micro-organismo como um tratamento para superfícies

de materiais cimentícios com diferentes porosidades. Os autores demonstraram que o

tratamento resultou em um aumento da resistência de corpos de prova de argamassa.

2.2.8. Remediação de fissuras

Zhong e Islam (1995) utilizaram a consolidação de misturas de areia, compostas por

bactérias, nutrientes e um material para remediação de rachaduras em granito. Dentre os

materiais avaliados nas misturas, os granitos que foram tratados com S. pasteurii, sílica ativa

(10%) e areia (90%) mostraram aumento à força compressiva e a redução da permeabilidade.

Em estudo sobre remediação em concreto com S. pasteurii, Ramachandran et al.

(2001) constataram que a precipitação bacteriana de CaCO3 era muito efetiva na remediação

de rachaduras nesse elemento, aumentando a resistência à compressão em cubos de

argamassa com rachaduras. Entretanto, a remediação microbiana foi mais efetiva em

rachaduras superficiais do que nas mais profundas devido ao fato de S. pasteurii ser um

organismo que cresce mais ativamente na presença de O2. De Belie e De Muynck (2010), em

estudo semelhante, avaliaram a capacidade de B. sphaericus de reparar fissuras em concreto

através da precipitação de carbonato de cálcio pela via de hidrólise da ureia. Observaram-se

que cristais de CaCO3 formaram no interior dos poros do material estudado, selando a

rachadura. Um dos resultados desse efeito foi o decréscimo da permeabilidade à água.

1 Sonicação é o procedimento que utiliza a energia das ondas sonoras, mais comumente o ultrassom.

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31

3. METODOLOGIA

3.1. CARACTERIZAÇÃO DA PESQUISA

Este tópico define a proposta de metodologia que foi utilizada neste trabalho, bem

como apontar quais ferramentas foram empregadas na condução e análise dos resultados.

Em um primeiro momento foram realizadas as revisões de literatura sobre a argamassa e as

bactérias ureolíticas, com o intuito de enriquecer a pesquisa e desenvolver os futuros métodos

de avaliação do produto final. No segundo momento as amostras foram levantadas para a

seleção e produção dos micro-organismos, a partir dessa seleção foi possível a elaboração

dos traços e cálculos de dosagem para definir as quantidades que seriam gastas de materiais

e selecionados (bactérias). Na sequência foi possível desenvolver os corpos de prova dos

grupos controle e dos grupos tratados com os micro-organismos, que segundo os ensaios

predeterminados por normas serviriam como comparação entre os grupos.

Para elaboração das conclusões, os resultados foram dispostos em formas de gráficos

e quadros, a fim de que sejam feitas comparações que comprovem ou não a viabilidade da

pesquisa e dos estudos. Nesta fase também são identificados os possíveis problemas

operacionais que possam impedir ou retardar a realização da pesquisa, bem como possíveis

contribuições e sugestões para a continuidade da pesquisa.

3.2.CULTIVO DOS MICRORGANISMOS UREOLÍTICOS

Para o cultivo das bactérias ureolíticas, amostras de solo de rejeitos de construção civil

foram coletadas em cinco pontos diversos de um prédio em construção localizado no hospital

escola da UFG. O solo coletado em uma profundidade máxima de cinco centímetros,

acondicionados em sacos plásticos estéreis e encaminhadas ao Laboratório de Microbiologia

Ambiental e Biotecnologia do Instituto de Patologia Tropical e Saúde Pública da Universidade

Federal de Goiás (LAMAB/IPTSP/UFG).

As porções de solo coletadas foram peneiradas (Granutest, malha em abertura de 2

mm) e cinco gramas adicionadas a Erlenmeyers contendo 45 mL de solução salina a 0.85%

de NaCl (m/v). Os Erlenmeyers colocados sob agitação em shaker a 130 rpm e 30 °C por uma

hora. Após este tempo, as amostras diluídas de até 10-7. Em seguida, 100μL de cada diluição

foram inoculadas em placas contendo o meio diferencial de Christensen e incubadas a 30 °C.

A produção dos microrganismos ureolíticos ocorre utilizando-se o meio ágar ureia de

Christensen (CHRISTENSEN, 1946) constituído de (g/L): NaCl, 5g; KH2PO4, 2g; peptona, 1g;

glicose, 1g; vermelho de fenol, 0.012g; ágar, 15g e 50mL de uma solução de ureia a 40%

(m/v).

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Para esterilizar o ambiente de cultivo das bactérias é utilizada a autoclavagem, a ureia

é esterilizada separadamente por filtragem em membrana Millipore® de 0.22μm de diâmetro

do poro e posteriormente incorporada ao meio, representando uma concentração final de 2%.

Se os microrganismos forem capazes de hidrolisar a ureia, a cor vermelha é evidenciada pelo

indicador de fenol.

O método utilizado adaptado do descrito por Reis (2017), prevê durante um período

de 48h de incubação que as placas são analisadas e colônias isoladas que apresentaram

mudança de cor do meio ao seu redor (alaranjado para rosa) vão ser transferidas para novas

placas contendo o mesmo meio de cultura, utilizando semeadura por estrias. Estas placas

são cultivadas novamente sob as mesmas condições descritas anteriormente. Após cada

período de cultivo é feito sucessivas passagens (5 x) até a garantia de que as colônias obtidas

pelo isolamento se trataram de culturas puras dos micro-organismos. As colônias isoladas

são transferidas para tubos contendo 5mL de Brain Heart Infusion (BHI) e incubados sob

agitação por 48h, a 30°C. Constatado o crescimento bacteriano, 800μL de cada amostra

transferidas para tubos criogênicos contendo 200 μL de glicerol, o que resultará em uma

concentração final de 20% (v/v). O estoque é feito em triplicata para cada isolado e estes são

armazenados em freezer a -20°C, na bacterioteca do LAMAB.

3.3. TRIAGEM DAS MELHORES BACTÉRIAS PRODUTORAS DE UREASE

Para avaliar o potencial ureolítico os microrganismos foram cultivados em meio BHI.

Após o cultivo, retira-se uma alíquota de 10 μL que é inoculada em uma das bordas da placa

de Petri média (diâmetro d = 8.4cm), contendo meio ágar ureia de Christensen e incubadas a

30 °C por 72 horas, sendo dividida em três setores equidistantes 2.8 cm. A produção foi

medida pelo desenvolvimento e progressão da mudança da coloração no meio de cultivo

(Figura 3).

Figura 3 – Modelo esquemático da vista superior de uma placa de Petri dividida em regiões equidistantes de 2.8 cm cada. A circunferência no interior da placa indica o local de inoculação. Fonte: Reis 2017

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Os isolados são qualitativamente classificados quanto à produção de urease à medida

que atingem e ultrapassem as marcas. Assim, no determinado tempo de leitura, a coloração

da primeira marca classificará o isolado como baixo potencial (+), da segunda como médio

potencial (++) e da terceira como alto potencial ureolítico (+++). As leituras feitas a cada 24h

de incubação. Aqueles que apresentaram mudança na tonalidade do meio mais rapidamente

foram selecionados (FUJITA et al. 2000; CHAHAL et al. 2011).

3.4.PREPARAÇÃO DA ARGAMASSA MICROBIANA

Para a fabricação dos traços de argamassa, é utilizado o cimento Portland CP II F-32

como ligante hidráulico, escolhido por ser largamente utilizado em obras da região e em todo

o Brasil. A caracterização física do cimento foi realizada por meio dos ensaios de massa

unitária e massa específica, conforme prescrito respectivamente nas normas NBR NM

45:2006 e NBR NM 23:2001.

O agregado, uma areia natural adquirida de um fornecedor local proveniente do leito

de rio, foi caracterizado quanto à composição granulométrica segundo a NBR NM 248:2003,

massa específica e massa unitária segundo, respectivamente, as normas NBR NM 52:2009 e

NBR NM 45:2006. Além destes, ainda foi realizada caracterização complementar por meio da

determinação do material fino passante na peneira de 0,075 mm segundo a NBR NM 46:2003

e determinação de impurezas orgânicas descrita na NBR NM 49:2001.

A produção das argamassas é realizada utilizando uma argamassadeira para

homogeneização da amostra. Para a preparação da argamassa de cimento microbiano foi

seguido a metodologia proposta por Abo-el-enein et. al (2013) com adaptações. A argamassa

é preparada utilizando uma relação de cimento:areia de 1:3 (m/m). Cada isolado previamente

cultivado em caldo nutriente suplementado com 2% de ureia (NBU) é misturado à areia e ao

cimento, a uma relação de água/cimento (a/c) de 0.6.

As pastas de argamassa frescas são moldadas em moldes cilíndricos com dimensões

de 5x10 e curadas a temperatura ambiente por 24 horas. Após desmoldagem, a cura das

amostras de controle ocorreu sob água e os corpos de prova que tiveram bactérias

incorporadas à massa sob acetato de cálcio (ACU) à temperatura ambiente durante 28 dias

por pulverização de 30 mL água nas amostras controle e de 15 mL de NBU com a cultura

bacteriana e 15 mL de ACU a cada 48 horas (14 tratamentos).

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3.5.AVALIAÇÃO DAS CARACTERÍSTICAS DA ARGAMASSA MICROBIANA

NO ESTADO FRESCO

Para caracterização de todos os traços de argamassas no estado fresco foram

realizados os ensaios de determinação da densidade de massa, teor de ar incorporado,

retenção de água, índice de consistência e determinação do teor de fase.

O ensaio para determinação da densidade de massa foi realizado conforme

preconizado pela NBR 13278:2005. O ensaio consiste em determinar a densidade de massa

da argamassa utilizando um recipiente de volume conhecido, e a massa aferida em três

pesagens. A densidade é calculada pela média aritmética simples das três medidas.

Para a determinação do teor de ar incorporado foi realizado ensaio conforme prescrito

na NBR 13278:2005. O método a ser realizado em triplicata, consiste no preenchimento de

um recipiente metálico com argamassa em duas camadas e aplicação de 25 golpes em cada

camada. Uma cápsula de pressão situada na tampa irá liberar o ar sobre a argamassa e

fazendo assim a leitura do teor de ar em porcentagem.

A retenção de água é determinada com base na NBR 13277:2005. Esta norma

preconiza a aplicação da argamassa no Funil de Büchner. A argamassa foi submetida a uma

sucção causada por uma bomba de vácuo, forçando a saída da água por 15 min, o

procedimento será realizado uma única vez para cada argamassa. Esse método é

considerado de fácil execução e confiável por apresentar resultados com pouca dispersão.

A NBR 13276:2005 é utilizada para determinar o índice de consistência das

argamassas. O princípio desse ensaio consiste em medir, por meio de três determinações, o

diâmetro do espalhamento da argamassa após 30 golpes na mesa de consistência da ABNT

“flow table”. O índice de consistência foi calculado pela média aritmética simples das três

medidas.

Na caracterização das argamassas no estado fresco ainda foram realizados os

cálculos para a determinação do teor de fases da argamassa no estado fresco, indicando o

volume de ar, água, finos (<0,075 mm) e areia. O método de cálculo de volume das fases

utilizado foi apresentado por Quarcioni et al. (2009). A partir do traço em massa, é encontrado

o volume dos grãos por meio da multiplicação pela massa específica de cada material. Como

já citado anteriormente, o teor de ar incorporado no estado fresco é determinado pelo método

de ensaio descrito na NBR 13278:2005. O somatório do volume dos grãos de todos os

materiais que compõe a argamassa, juntamente com a água e o teor de ar incorporado

totalizará 100% da argamassa fresca.

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3.6.AVALIAÇÃO DAS CARACTERÍSTICAS DA ARGAMASSA MICROBIANA

NO ESTADO ENDURECIDO

Após a caracterização das argamassas no estado fresco, foram moldados diferentes

corpos de prova para a caracterização da argamassa no estado endurecido. Para realização

do ensaio de resistência à tração por flexão e resistência à compressão, foram moldados

corpos de prova de cilíndricos, como descrito no item 3.3, para realização dos procedimentos

segundo a NBR 13279:2005. A densidade de massa aparente no estado endurecido foi

determinada conforme a norma NBR13280:2005 e a absorção por capilaridade seguindo a

NBR 9779:2005. As medidas de absorção de água por poro pressão da argamassa

endurecida foram feitas segundo a NBR 9778:2009.

3.7.AVALIAÇÃO DA CAPACIDADE DE BIODEPOSIÇÃO DOS ISOLADOS

Para avaliar a capacidade de biodeposição dos isolados, utilizou-se a metodologia

proposta por Dhami et al. (2013) adaptações. Foi preparado a argamassa utilizando uma

relação de cimento:areia de 1:3 em massa e a relação de água:cimento (a/c) de 0.6. Placas

de argamassa com dimensões de 250x250x10mm foram moldadas e mantidas a temperatura

ambiente durante 24 horas. Após desmoldagem, seguiu-se com a cura durante 28 dias por

pulverização de 30 mL água nas amostras controle e de 15 mL de NBU com a cultura

bacteriana e 15 mL de ACU a cada 48 horas (14 tratamentos). Após tal período, as placas

foram submetidas a um desgaste superficial para avaliar alterações quanto à resistência a

abrasão. Este desgaste foi promovido em cada placa com uma Lixadeira Orbital Makita®

(112x102mm) equipada com uma lixa nº 36 por um período de 60 segundos. A placa é pesada

antes e depois do desgaste em uma balança comercial para avaliação da quantidade de

massa que é desagregada.

3.8.TRATAMENTO DE REVESTIMENTO ARGAMASSADO FALHO EM OBRA

Para comprovação da capacidade de biodeposição da argamassa microbiana foi

realizado o tratamento de um revestimento argamassado cuja resistência fora verificada como

falha, o revestimento se encontrava-se “esfarelando” e é possível visualizar microfissuras por

toda a parede. O revestimento fora encontrado em uma parede externa de uma residência

local próximo ao IFG campus Aparecida de Goiânia. Devidamente autorizado pelo proprietário

do local o revestimento foi tratado seguindo diferentes metodologias, para construção de um

método de aplicação ideal para o melhor benefício do revestimento.

A parede foi isolada e divididas em áreas aproximadas de 40x40cm de área,

resultando em um total de 15 áreas para o estudo. A configuração do tratamento e da

localização de cada área definida pode ser demonstrada pela figura 9, nas quais:

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a) 5 serviram como grupo controle e permaneceram por toda pesquisa inalteradas para

efeitos de comparação com as placas que sofreram o tratamento;

b) 5 foram tratadas pulverizando toda a superfície da área pré-definida com 15 ml de

ACU cada 24 horas por 7 dias (7 tratamentos);

c) 5 foram tratadas pulverizando toda a superfície da área pré-definida com 15 ml de

NBU e ACU com a cultura bacteriana a cada 24 horas por 7 dias (7 tratamentos);

Figura 4 – Configuração da Metodologia para o tratamento. Fonte: Acervo Pessoal

Após o período 3 das placas foram submetidas a um desgaste superficial para

avaliar alterações quanto à resistência à abrasão adaptada da norma americana ASTM

C1138. Este desgaste foi promovido em cada área com uma Lixadeira Orbital Makita®

(112x102mm) equipada com uma lixa nº40 para parede por um período de 60 segundos.

Durante o lixamento as placas são envoltas em sacos de lixo e o material que se

desprender da área foi acondicionado e depois pesado em uma balança de precisão para

avaliar a quantidade de massa que foi desagregada. Além de avaliar a parede de acordo

com sua capacidade de biodeposição a argamassa passou pelo ensaio de arrancamento

para medir a resistência de aderência seguindo as instruções da NBR 13528 (ABNT,

2010). Foram realizados 1 ensaio (12 arrancamentos) para cada referencial, totalizando 3

ensaios. Os ensaios foram executados com ajuda da equipe da empresa Carlos Campos,

tendo um profissional especializado acompanhando todas as etapas do experimento.

a) a) a)

b) b) b)

c) c) c)

a) a)

b) b)

c) c)

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4. RESULTADOS E DISCUSSÕES

4.1.AVALIAÇÃO DOS AGREGADOS E AGLOMERANTES

O agregado utilizado, areia natural foi adquirido de vendedor local e seca por 24 horas

em estufa a 100ºC, pode ser caracterizado com areia de granulometria média. Essa

caracterização se dá a partir do cálculo do modulo de finura, cujo valor encontrado foi de 3.13,

que foi obtido a partir da soma das porcentagens retidas acumuladas, representadas no

gráfico abaixo.

Figura 5 – Granulometria do agregado. Fonte: Acervo Pessoal

O agregado não é considerado de alta pulverulência pois o material passante na

peneira 200 (0,075mm) é inferior a 1%. Também não foi encontrado material inorgânico

suficiente, de acordo com teste do colorímetro, figura 11, que possa interferir na argamassa.

Figura 6 – Comparação da amostra da areia com o colorímetro. Fonte: Acervo Pessoal.

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

90%

100%

0,125 0,25 0,5 1 2 4

% R

ETID

A A

CU

MU

LAD

A

ABERTURA DAS PENEIRAS

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As massas unitárias e específicas da areia e do cimento, que foram utilizadas para

definições dos traços e em seguida para o cálculo do consumo de materiais para a fabricação

da argamassa, da relação água cimento e do proporcionamento da bactéria, foram calculadas

de acordo com as normas já citadas no item 3.4 e estão dispostas no quadro 1.

Quadro 1: Massas especificas e unitárias dos agregados e aglomerantes. Fonte: Acervo Pessoal.

Material/Ensaio Massa Unitária Massa Específica

Areia Natural 1,34 g/cm³ 2,59 g/cm³

Cimento 2,06 g/cm³ 2,92 g/cm³

4.2.ISOLAMENTO DAS BACTÉRIAS UREOLÍTCAS

Foram selecionadas 14 bactérias oriundas do rejeito de construção civil, figura 12. No

Quadro 2 estão dispostos os dados sobre a velocidade do crescimento bacteriano. Aqueles

micro-organismos capazes de crescer no meio em até 24 horas foram considerados do tipo

rápido; entre 24 e 48 horas, intermediário; após 48 horas, lento. A nomenclatura escolhida

para os isolados foi de PM para Prédio da Medicina (isolados advindos de rejeitos de

construção civil).

Quadro 2: Tipo de crescimento respectivo aos isolados bacterianos. Fonte: Adaptado de Reis 2017.

Tipo de Crescimento Amostragem Rápido PM1, PM4, PM5, PM6, PM9, PM11, PM19.

Intermediário PM2, PM7, PM13, PM20, PM22.

Lento PM10, PM21.

Figura 7 –Amostras de solo de rejeitos de construção civil. Fonte: Acervo Pessoal

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4.3.SELEÇÃO DAS MELHORES BÁCTERIAS PRODUTORAS DE UREASE

No meio dos 14 isolados obtidos, os que apresentaram maior potencial ureolítico,

como pode ser observado no quadro 3, foram PM6, PM7 e PM19. Por possuírem maior

velocidade de crescimento os selecionados PM6 e PM19, foram escolhidos para a produção

dos corpos de prova e para as futuras avaliações.

Quadro 3: Classificação do potencial ureolítico dos isolados. Fonte: Adaptado de REIS 2017

Potencial Ureolítico

Isolado 24 horas 48 horas 72 horas

PM1 + ++ +++

PM2 ++ +++ +++

PM4 ++ +++ +++

PM5 + + ++

PM6* +++ +++ +++

PM7 +++ +++ +++

PM9 ++ ++ +++

PM10 ++ +++ +++

PM11 ++ +++ +++

PM13 + ++ +++

PM19* +++ +++ +++

PM20 - + ++

PM21 ++ ++ +++

PM22 + ++ +++ - ausência de atividade, + baixo potencial, ++ médio potencial, +++ alto potencial. * isolados selecionados.

Nas 24 horas iniciais os potenciais isolados de rejeitos (PM6 e PM19) apresentaram

mudança na cor do meio suficiente para ultrapassar a segunda marca equidistante, chegando

a ocupar toda região da placa.

Estudos realizadas por Hammad e colaboradores (2013) mostraram que isolados de

S. Pasteurii inoculados em tubos contendo o mesmo meio diferencial (ágar ureia de

Christensen), apresentaram mudança intensa e rápida na coloração (também em 24 horas),

indicando uma habilidade maior da hidrólise de ureia pela enzima da bactéria avaliada.

4.4.AVALIAÇÃO DA ARGAMASSA MICROBIANA NO ESTADO FRESCO

Para o controle tecnológico da argamassa foram realizados os ensaios de argamassa

em seu estado fresco. A argamassa misturada, primeiramente sem e logo após com o meio

bacteriano, no misturador passa pelo ciclo de ensaios, citados no item 3.5, densidade de

massa, índice de consistência, retenção de água e teor de ar. Os resultados médios do ensaio

de consistência (quadro 4) da argamassa bacteriano apresentou melhor espalhamento, fator

este devido a bactérias as aeróbicas, que asseguram maior incorporação de ar e logo maior

trabalhabilidade da argamassa.

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Quadro 4: Índice médio de consistência, retenção de água e teor de ar. Fonte: Acervo Pessoal.

Bactérias Índice de consistência*

Retenção de água*

Teor de Ar*

Sem células

bacterianas 18,5cm 86,16% 15%

Células bacterianas 24,5cm 88,64% 22%

* Valores Médios referenciados de acordo com as normas descritas na metodologia.

O teor de ar da argamassa bacteriana comparado a de controle se mostrou

relativamente alto conforme o quadro 4, o que para os micro-organismos vieram a se tornar

um ponto positivo, nos resultados da biodeposição item 4.6, tendo em vista que as bactérias

produtoras dos cristais de carbonato de cálcio são aeróbicas. A partir desses ensaios e do

traço de argamassa foi possível elaborar o gráfico de teor de fases, figura 13, das argamassas,

que mostra que não existe diferença estáticas, das quantidades de materiais, entre as

argamassas controle e com a presença dos micro-organismos.

Figura 8 – Gráfico do teor de fases da Argamassa controle e da Argamassa bacteriana.

Fonte: Acervo Pessoal

16,79% 18,48%

50,38%

55,43%

10,08%

11,09%

22,00%

15,00%

0,30%0,20%0,15%0,10%

0,00%

10,00%

20,00%

30,00%

40,00%

50,00%

60,00%

70,00%

80,00%

90,00%

100,00%

Argamassa Bacteriana Argamassa Controle

Micro-organismos

Acetato de Cálcio

Úreia

Meio nutritivo

Ar

Água

Areia

Cimento

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4.5.AVALIAÇÃO DA ARGAMASSA MICROBIANA NO ESTADO

ENDURECIDO

A partir da argamassa microbiana foram moldados corpos de prova cilíndricos (figura

14). Os isolados não apresentaram diferença estatística em relação corpos de prova controle

que não tiveram micro-organismos incorporados durante a sua elaboração, tanto quanto à

força compressiva, como à absorção de água (Quadro 5). Esperava-se que a produção de

carbonato de cálcio induziria ao aumento da resistência à compressão e a redução da

capacidade de absorver a água, contudo, tal perspectiva não fora alcançada. Acredita-se que

a quantidade precipitada in loco tenha sido insuficiente ou que as condições de meio,

temperatura, tempo de cura e concentração microbiana tenham sido inadequadas. No entanto

estes resultados mostram que a inserção do isolado não afeta prejudicialmente nas

características físicas da argamassa, tornando seu uso viável.

Figura 9 – Corpo de prova cilíndrico, com formação dos cristais de carbonato de cálcio.

Fonte: Acervo Pessoal

Quadro 5: Resistencia mecânica a compressão axial e absorção dos corpos de prova do grupo

controle e dos isolados. Fonte: Adaptado de Reis 2017.

Grupos Isolados Resistência compressão axial 28 dias

Absorção

Referenciais C-0 17.77 Mpa 11.77 %

C-1 17.88 Mpa 11.25 %

Bactérias ureolíticas

PM6 14.94 Mpa 13.30 %

PM7 14.26 Mpa 12.27 %

PM19 9.38 Mpa 12.72 %

*C-0: cura em água; C-1: cura em solução de cálcio e ureia;

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Nos primeiros dias de cura, as células obtiveram uma boa nutrição, pois a corpo de

prova de argamassa ainda é muito poroso. Contudo, o crescimento pode não ser propício

porque se trata de um ambiente completamente novo para os micro-organismos. O alto valor

de pH da argamassa pode também oferece uma condição para inativar as células e à medida

que o período de cura aumentava, estas começavam a crescer lentamente. Após crescimento

celular, os cristais de carbonato de cálcio teriam precipitado dentro da matriz da argamassa,

assim como fora evidenciado na superfície do corpo de prova, após 28 dias de cura.

Nas pesquisas de Park et al. (2010), corpos de prova que tiveram biomassa (idenficada

como A. crystallopoietes) após 7 dias apresentou redução de 13.6% da resistência em relação

ao grupo controle, enquanto que passados 28 dias, constatou-se um aumento de 8.9%. Os

corpos de prova tratados com Sporosarcina pasteuri sofreram efeito contrário. O micro-

organismo, notadamente adotado na literatura como referência em MICP, foi responsável por

um aumento de 6.3% nos primeiros 7 dias de cura, enquanto que após 28 dias, reduziu a

resistência à compressão em 17.3% em relação ao grupo controle. Desta forma, o tempo de

cura e as características inerentes a cada estirpe são fatores determinantes para o ganho ou

redução da resistência. Estudos posteriores são necessários para confirmar a presença da

fração amorfa no interior do corpo de prova de argamassa através de micrografrias por MEV

e para avaliação do melhor tempo de cura.

4.6.AVALIAÇÃO DA CAPACIDADE DE BIODEPOSIÇÃO

Os corpos de prova em forma de placas de argamassa que foram tratadas com meio

contendo os isolados apresentaram redução significativa na capacidade de desagregação de

massa por desgaste abrasivo. Entretanto, não foram notadas distinções entre as placas

tratadas com os isolados. Não se constatou diferença estatística entre os grupos controles,

ou seja, das placas que foram tratadas com água e das que foram tradas com meio o ACU.

As células bacterianas foram responsáveis por uma redução de 69.23% no desgaste abrasivo

em comparação com placas controle que foram tratadas apenas com água (Figura 15).

Pesquisas têm mostrado que a MICP pode ser utilizada como revestimento de

superficies de concreto e argamassa (Ghosh et al. 2005; De Muynck et al. 2008; De Belie e

De Muynck 2009), comprovação feita através de ensaios de degradação tais como os testes

de gelo-degelo, coeficientes de migração de cloretos e carbonatação.

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Figura 10 – Gráfico da capacidade de biodeposição dos isolados. Fonte: Acervo Pessoal

Normalmente as estruturas de concreto estão submetidas a vários tipos de desgaste.

O desgaste superficial, recorrentente de causas físicas, é um deles. Segundo Metha e

Monteiro (1994) o desgaste superficial é a perda progressiva de massa de uma superfície de

concreto, podendo ocorrer através da abrasão, erosão e cavitação. O primeiro é resultado do

atrito seco, como no desgaste de pavimentos e pisos industriais pelo tráfego de veículos. A

erosão é o desgaste abrasivo pela ação de fluidos e a cavitação é a perda de massa pela

formação de bolhas e sua subsequente ruptura devido a mudanças repentinas de direção em

águas que fluem com alta velocidade.

Os isolados da pesquisa sugerem que possam ser uma alternativa ambientalmente

amigável para minimizar os impactos provocados por desgastes superficiais em estruturas de

concreto, barragens e em pavimentos e pisos industriais, por exemplo. Além disso, apresenta-

se um novo ensaio (desgaste abrasivo superficial através de lixamento) para complementar

os já descritos na literatura.

4.7.TRATAMENTO DO REVESTIMENTO ARGAMASSADO FALHO, EM OBRA

As caracterizações anteriores foram feitas em laboratórios e em ambientes que

amenizam a contaminação externa, e propiciam controles ideais de temperaturas e umidade,

que possibilitaram caracterizações positivas sem influências externas. Este capítulo apresenta

os resultados referentes a um tratamento de revestimento falho em uma obra, ambiente no

qual não é possível prever as condições externas nem o nível de contaminação do ambiente.

Como verificado em laboratório os resultados do tratamento da argamassa em obra

comprovam a eficácia das bactérias ureolítcas em fortalecer o substrato, mesmo com todos

fatores externos em questão. Nos ensaios de lixamento verificou se grande diminuição de

massa desagregada, como pode ser notado pelo gráfico da figura 16.

0,00

10,00

20,00

30,00

40,00

50,00

60,00

70,00

80,00

0,00

0,50

1,00

1,50

2,00

2,50

3,00

3,50

C-0 C-1 PM6 PM7 PM19

Po

rce

nta

gem

eq

uiv

ale

nte

(%

)

Mas

sa d

esa

gre

gad

a (g

)

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Figura 11 – Gráfico: Médias de massa desagregada das aplicações e dos referenciais. Fonte:

Acervo Pessoal

C-1: cura em solução de cálcio e ureia

O ensaio de arrancamento dividindo a parede em 3 faixas com duas demarcações de

placas e cada. Foram feitos 12 arrancamento por faixa de acordo com a norma NBR 13528

(ABNT, 2010). Sendo de 1 a 12 os arrancamentos correspondentes a faixa no qual foram

aplicados o meio bacteriano, 13 a 24 os arrancamentos correspondente ao controle negativo

de ACU para verificar que não houve contaminação e 25 a 36 a faixa corresponde ao grupo

controle (sem modificações).

Analisando se os resultados expostos no gráfico da figura 17 (baseado na tabela do

apêndice A) nota se variância de resultados não demonstrando nenhuma correlação ao

tratamento executado na parede. A faixa correspondente ao controle ACU apresentou

resultados inferiores, não significando correlação com o tratamento executado e mais

provavelmente ao conjunto do substrato (tijolos e argamassa) e a espessura do revestimento.

Figura 12 – Gráfico: Resistência de arrancamento das amostras (Mpa). Fonte: Acervo

Pessoal

0

10

20

30

40

50

60

Controle C-1 Isolados

Mas

sa D

esag

raga

da

(g)

0,00

0,05

0,10

0,15

0,20

0,25

0,30

0,35

0,40

Tratamento (a)Controle

Tratamento (b) C-1 Tratamento (c)Isolados

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45

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS E SUGESTÕES

De acordo com os estudos as amostras dos isolados são propensas a produzirem

quantidades satisfatórias de cristais de carbonato de cálcio, apresentando excelente

capacidade de produção em um curto período de tempo. As bactérias com maior capacidade

de produção que foram selecionadas para os ensaios foram os micro-organismos PM19, PM7

e PM6, nas quais todas estas foram selecionadas para a produção e inserção nos corpos de

prova prismáticas e nas placas, e todas as estirpes apresentaram resultados semelhantes.

Para a aplicação no revestimento em falho em obra apenas a estirpe PM19 fora selecionada

devido a quantidade em estoque que é devida a sua alta capacidade de replicação.

A argamassa produzida com os isolados apresentou maior retenção de água e maior

teor de ar, valores associados ao fato da bactéria ser aeróbica e da grande capacidade de

produção dos isolados. Consequentemente elevando a trabalhabilidade da argamassa devido

a maior quantidade de ar incorporado

O potencial de utilização das bactérias ureolíticas fora avaliado e em relação aos

corpos de prova controle, o qual não apresentou grandes diferenças perante aos ensaios de

absorção e compressão axial. No entanto os micro-organismos apresentaram grande

capacidade em minimizar a degradação superficial chegando a reduzir em mais de 60% a

quantidade de massa desagregada perante aos corpos de provas adotados com referência e

no tratamento do revestimento em obra.

Ao realizar o ensaio de arrancamento percebeu-se variação da espessura do

revestimento, a partir daí constatou-se que a alvenaria foi realizada fora de prumo tendo então

compensação de nível no reboco. Percebeu-se emendas de traços de argamassa por causa

dos diferentes tempos de aplicação e diferentes tipos de materiais utilizados (agregados e

aglomerantes). Por isso não foi possível obter um padrão de resultados, logo para alcançar

resultados congruentes seriam necessários a aplicação em um revestimento uniforme e

homogêneo.

Neste estudo foi possível observar que o tratamento das argamassas com bactérias

biocimentantes foi capaz de reverter ou amenizar as patologias referentes a abrasão de

diferentes origens, possibilitando assim o seu tratamento sem a necessidade de extração do

revestimento, pois, além da redução do custo, reduzirá o consumo de materiais que seriam

necessários para refazer aquele revestimento.

Apesar das grandes dificuldades enfrentadas para a produção do meio nutritivo e dos

micro-organismos a pesquisa apresentou resultados positivos que superaram a expectativas.

Como sugestão para futuros trabalhos fica a estabelecer maiores períodos de avaliações dos

efeitos das bactérias ureolíticas em revestimentos de argamassas, períodos de 60 dias ou até

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mesmo 90 dias, período que este que poderá vir mostrar o verdadeiro potencial das bactérias

ureolíticas em recuperar e fortalecer superfícies a base de argamassa. Outras sugestões

seriam: avaliar o potencial destes micro-organismos em grandes fissuras por períodos

maiores, realizar o mapeamento de fissuras antes e após o tratamento, realizar ensaios de

resistência à tração na flexão e verificar a eficiência do tratamento em outros ambientes, como

esgotos que possuem alta concentração de uréia e locais que possuem alto desgaste

superficial.

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APÊNDICE RELÁTORIO DO ENSAIO DE ARRANCAMENTO

Grupo Amostragem Força (kn)

Diâmetro (mm)

Espessura (mm)

Resistência (Mpa)

Ruptura

NBU

1 0,78 49,55 21,6 0,40 100 % Substrato com Argamassa

2 0,39 49,2 21,3 0,21 100 % Substrato com Argamassa

3 0,21 49,3 22,4 0,11 100 % Substrato com Argamassa

4 0,73 49,4 27,5 0,38 100 % Substrato com Argamassa

5 0,52 49,35 25,2 0,27 100 % Substrato com Argamassa

6 0,7 49,35 25,9 0,37 100 % Substrato com Argamassa

7 0,62 49,65 22,4 0,32 100 % Substrato com Argamassa

8 0,31 49,55 27,2 0,16 100 % Substrato com Argamassa

9 0,75 49,2 26,4 0,39 100 % Substrato com Argamassa

10 1,01 49,5 26,3 0,52 90 % Substrato 10% substrato com Argamassa

11 0,52 49,25 27,4 0,27 100 % Substrato com Argamassa

12 0,26 49,35 32,2 0,14 100 % Substrato com Argamassa

ACU

13 0,16 49,3 20,3 0,08 100 % Substrato com Argamassa

14 0,13 49,35 19,5 0,07 100 % Substrato com Argamassa

15 0,55 49,2 23,8 0,29 100 % Substrato com Argamassa

16 0,29 49,5 20 0,15 100 % Substrato com Argamassa

17 0,47 49,35 23,9 0,25 100 % Substrato com Argamassa

18 0,08 49,15 18,8 0,04 100 % Substrato com Argamassa

19 0,1 49,3 20 0,05 100 % Substrato com Argamassa

20 0,08 49,45 22,7 0,04 100 % Substrato com Argamassa

21 0,68 49,25 21,1 0,36 50 % Argamassa 50% substrato com Argamassa

22 0,44 49,5 18,8 0,23 100 % Substrato com Argamassa

23 0,83 49,2 21,9 0,44 100 % Substrato com Argamassa

24 0,96 49,25 18,6 0,50 75 % Argamassa 25% substrato com Argamassa

CONTROLE

25 0,62 49,45 18,6 0,32 100 % Substrato com Argamassa

26 0,96 49,35 19,8 0,50 100 % Substrato com Argamassa

27 0,68 49,15 21,8 0,36 10 % Argamassa 90% substrato com Argamassa

28 0,73 49,15 24,9 0,38 100 % Substrato com Argamassa

29 0,99 49,35 20,4 0,52 90 % Argamassa 10% substrato com Argamassa

30 0,29 49,45 21,4 0,15 100 % Substrato com Argamassa

31 1,07 49,15 23 0,56 100 % Substrato com Argamassa

32 0,7 49,6 24,9 0,36 100 % Substrato com Argamassa

33 0,16 49,3 21,3 0,08 100 % Substrato com Argamassa

34 0,47 49,2 20,7 0,25 80 % Argamassa 20% substrato com Argamassa

35 0,36 49,15 22,1 0,19 100 % Substrato com Argamassa

36 1,4 49,3 20,4 0,73 100 % Substrato com Argamassa