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APOIO AS POPULAÇÕES DO TERRITÓRIO INDÍGENA e PARQUE NACIONAL ISIBORO SÉCURE – TIPNIS, BOLÍVIA Rio de Janeiro, 25 de Agosto de 2011. Prezado Sr. Luciano Coutinho, Presidente do BNDES As organizações, redes e movimentos sociais que assinam a presente carta exigem a imediata suspensão do financiamento ao projeto de construção de uma estrada de 306 km que pretende ligar as localidades de Villa Tunari e San Ignacio de Moxos, na Bolívia. Entendemos que este financiamento, concedido no âmbito do contrato de cooperação financeira celebrado entre o BNDES e o governo da Bolívia, viola inúmeros direitos dos bolivianos e compromete a convivência harmoniosa entre os povos do Brasil e da Bolívia. Manifestamos total apoio e solidariedade às populações do Território Indígena e Parque Nacional Isiboro Sécure – TIPNIS, que em 15 de agosto iniciaram uma marcha em direção à capital boliviana, La Paz, em defesa de seu território, da vida, da dignidade e dos direitos dos povos indígenas. Os indígenas bolivianos demandam a imediata paralização das obras no TIPNIS já que isso viola a Constituição Política do Estado Boliviano, a Lei Boliviana de Meio Ambiente e a Regulamentação de Áreas Protegidas, bem como convenções internacionais como a 169 da OIT. A luta dos indígenas bolivianos é a mesma das populações que, no Brasil, se opõem às represas sendo construídas no Rio Madeira, em Rondônia, e contra Belo Monte, no Pará, contra um modelo de desenvolvimento que ameaça a vida. Portanto, insistimos que o BNDES suspenda imediatamente o financiamento a este projeto na região do TIPNIS. Ao mesmo tempo, queremos saber quais são os critérios sociais e ambientais que o Banco aplica sobre esses empréstimos e se eles são de igual rigor aos aplicados aos projetos no Brasil; repetimos mais uma vez a urgência da adoção, pelo Banco, de uma política de informações públicas que facilite o acesso das populações atingidas aos dados relativos aos projetos; e também repetimos que o Banco, assim agindo, incorre na possibilidade de ser acionado judicialmente por parte dos atingidos. O BNDES é um banco público e seus recursos pertencem aos brasileiros e brasileiras, por isso sua utilização deve ser sempre balizada por critérios democráticos e equitativos. Desse modo, afirmamos que o BNDES, ao tornar- se (co)responsável por tais violações, entra em rota de colisão com seus próprios princípios constitutivos. Atenciosamente, Centro de Estudos e Pesquisas para o Desenvolvimento do Extremo Sul da Bahia (CEPEDES) CIMI Amazônia Ocidental

Apoio às populações do território indígena e Parque Nacional Isiboro Sécure - Tipnis, Bolívia

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Manifestamos total apoio e solidariedade às populações do Território Indígena e Parque Nacional Isiboro Sécure – TIPNIS, que em 15 de agosto iniciaram uma marcha em direção à capital boliviana, La Paz, em defesa de seu território, da vida, da dignidade e dos direitos dos povos indígenas. Os indígenas bolivianos demandam a imediata paralização das obras no TIPNIS já que isso viola a Constituição Política do Estado Boliviano, a Lei Boliviana de Meio Ambiente e a Regulamentação de Áreas Protegidas, bem como convenções internacionais como a 169 da OIT. A luta dos indígenas bolivianos é a mesma das populações que, no Brasil, se opõem às represas sendo construídas no Rio Madeira, em Rondônia, e contra Belo Monte, no Pará, contra um modelo de desenvolvimento que ameaça a vida.

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Page 1: Apoio às populações do território indígena e Parque Nacional Isiboro Sécure - Tipnis, Bolívia

APOIO AS POPULAÇÕES DO TERRITÓRIO INDÍGENA e PARQUE NACIONAL ISIBORO SÉCURE – TIPNIS, BOLÍVIA

Rio de Janeiro, 25 de Agosto de 2011.

Prezado Sr. Luciano Coutinho, Presidente do BNDES

As organizações, redes e movimentos sociais que assinam a presente carta exigem a imediata suspensão do financiamento ao projeto de construção de uma estrada de 306 km que pretende ligar as localidades de Villa Tunari e San Ignacio de Moxos, na Bolívia. Entendemos que este financiamento, concedido no âmbito do contrato de cooperação financeira celebrado entre o BNDES e o governo da Bolívia, viola inúmeros direitos dos bolivianos e compromete a convivência harmoniosa entre os povos do Brasil e da Bolívia. Manifestamos total apoio e solidariedade às populações do Território Indígena e Parque Nacional Isiboro Sécure – TIPNIS, que em 15 de agosto iniciaram uma marcha em direção à capital boliviana, La Paz, em defesa de seu território, da vida, da dignidade e dos direitos dos povos indígenas. Os indígenas bolivianos demandam a imediata paralização das obras no TIPNIS já que isso viola a Constituição Política do Estado Boliviano, a Lei Boliviana de Meio Ambiente e a Regulamentação de Áreas Protegidas, bem como convenções internacionais como a 169 da OIT.

A luta dos indígenas bolivianos é a mesma das populações que, no Brasil, se opõem às represas sendo construídas no Rio Madeira, em Rondônia, e contra Belo Monte, no Pará, contra um modelo de desenvolvimento que ameaça a vida. Portanto, insistimos que o BNDES suspenda imediatamente o financiamento a este projeto na região do TIPNIS.

Ao mesmo tempo, queremos saber quais são os critérios sociais e ambientais que o Banco aplica sobre esses empréstimos e se eles são de igual rigor aos aplicados aos projetos no Brasil; repetimos mais uma vez a urgência da adoção, pelo Banco, de uma política de informações públicas que facilite o acesso das populações atingidas aos dados relativos aos projetos; e também repetimos que o Banco, assim agindo, incorre na possibilidade de ser acionado judicialmente por parte dos atingidos.

O BNDES é um banco público e seus recursos pertencem aos brasileiros e brasileiras, por isso sua utilização deve ser sempre balizada por critérios democráticos e equitativos. Desse modo, afirmamos que o BNDES, ao tornar-se (co)responsável por tais violações, entra em rota de colisão com seus próprios princípios constitutivos.

Atenciosamente,

Centro de Estudos e Pesquisas para o Desenvolvimento do Extremo Sul da Bahia (CEPEDES)CIMI Amazônia Ocidental

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