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Apontamentos IEFPT | CLE 2011-2015 | Inês da Conceição Correia, 4313 0 Regente: Fátima Moreira 6 ECTS Apontamentos Intervenções de Enfermagem à Família em Processo de Transição _______________________________________ Curso de Licenciatura em Enfermagem 3º Ano, 1º Semestre 2013/2014

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0

Regente: Fátima Moreira

6 ECTS

Apontamentos

Intervenções de Enfermagem à Família em

Processo de Transição

_______________________________________

Curso de Licenciatura em Enfermagem 3º Ano, 1º Semestre

2013/2014

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Aula 1 – INTRODUÇÃO À UC 17/09/2013

Profª Fátima Moreira

Avaliação

8 De Janeiro - Trabalho de grupo (30%, sendo 8 valores para a apresentação e 12 valores para a

componente escrita)

9/17 De Janeiro – Apresentações

16 De Dezembro – Frequência

NOTA: Esta Unidade Curricular agrega as componentes de Saúde Materna, Saúde Infantil e Saúde

Familiar.

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Aula 2 – 2. CONCEITOS E TRAJETÓRIAS FAMILIARES | 3. ABORDAGEM DE CUIDADOS À FAMÍLIA

17/09/2013

Profª Fátima Moreira

SUMÁRIO ALARGADO – 17 e 18 de Setembro

Apresentar a estrutura da UC: ficha da UC e Guia do estudante.

Definir os métodos e momentos de avaliação da disciplina

Descrever os principais conceitos de enfermagem dirigido à família: (família; saúde familiar; ambiente

familiar, enfermagem de família e enfermeiro de família).

Analisar as características universais das famílias

Caracterizar as famílias saudáveis

Rever as tipologias de configuração familiar aprendidas no 1º ano

Rever as funções universais da família aprendidas no 1º ano

Descrever os referenciais de suporte à enfermagem de família

Descrever as principais processos de transição familiar (desenvolvimento, situacionais e de saúde doença).

Relacionar os diferentes tipos de processos de transição familiar ao longo do ciclo de vida familiar

(segundo MC Goldrick & Carter)

Analisar as características da enfermagem focada no cliente família

Distinguir os níveis de abordagem familiar e os tipos de abordagem à família (contexto, cliente, sistema e

componente social)

Descrever os papéis do enfermeiro que cuida das famílias.

OBJETIVOS

Descrever as tipologias da configuração familiar

Distinguir os tipos de abordagem à enfermagem de família e os níveis de abordagem familiar

Analisar as características universais das famílias e as suas funções

Caracterizar famílias saudáveis

Descrever os papéis do enfermeiro que cuida das famílias

NOTA: Não há famílias disfuncionais. Este rótulo depende dos padrões de quem rotula. Há família em

funcionamento.

CONCEITO DE FAMÍLIA

Podemos recorrer a diversas características (em simultâneo ou dissociadas) para caracterizar uma família:

Critério legal

Relação afetiva

Coabitação

Componente genética

Sistema de 2 ou mais pessoas

Porém, encontramos muitas famílias que não apresentam as características enunciadas. A título de exemplo, e

sobre o que consta no último ponto, o INE diz-nos que há famílias unipessoais.

Assim, conclui-se que famílias são quem os seus membros dizem que são. Por isso, o enfermeiro, no

cuidado à família, deve ancorar-se no autoconceito dessa família.

Transição familiar

A família é um sistema e, como sistema, sofre várias alterações (diferentes processos de transição e diferentes

configurações). Comumente, a primeira grande transição familiar é a transição da família de orientação para a

família de procriação.

Teoria da ciência social da família

Teoria dos sistemas familiares

Existem 5 atributos críticos para o conceito de familia (Wright e Leahey, 2011:54): - a familia e um sistema ou unidade - os seus membros podem ou não ser relacionados, viver ou não juntos - a unidade pode ou não ter crianças - existe um compromisso ou vinculo afetivo entre os membros da unidade que Abrangem obrigações futuras - as funções dessa unidade de cuidados consistem em proteção, nutrição, e socialização dos seus membros.
A família tem sido definida tradicionalmente utilizando conceitos legais de relacionamento, tais como, biológicos, de sangue, adoção, tutela ou casamento. Desde 1980 que foi promulgada uma definição mais ampla que foi alem das determinações tradicionais. Assim, a familia refere-se a dois ou mais indivíduos que dependem um do outro para apoio emocional, físico e ou financeiro (Hanson, 2005) - As famílias autodefinem-se, ou seja, familia e quem os seus membros dizem que são.
Estado dinâmico de relativa mudança de bem-estar que incluinfatores biológicos, psicológicos, sociológicos, culturais e espirituais do sistema familiar. (Hanson, 2005) A família saudável e aquela que responde as necessidades materiais, emocionais e espirituais dos seus membros, tendo em conta a adaptação no ciclo de vida familiar e outras transições. Saúde da familia consiste no seus funcionamento como agente social primário na promoção da saúde e bem estar (OMS)
Sete características: Comunicam e ouvem Fomentam a comunicação o tempo e livre lazer Ensinam o respeito pelo outro Desenvolvem a confiança e sentido de humor Interagem de forma equilibrada com cada um dos seus membros Partilham responsabilidades Ensinam o que e certo e errado Tem rituais e tradições Partilham crenças religiosas Identificam problemas e encontram soluções ou procuram ajuda Respeitam a privacidade
Estado dinâmico de relativa mudança de bem-estar que inclui fatores biológicos, psicológicos, sociológicos, culturais e espirituais do sistema familiar. (Hanson, 2005) A família saudável e aquela que responde as necessidades materiais, emocionais e espirituais dos seus membros, tendo em conta a adaptação no ciclo de vida familiar e outras transições. Saúde da familia consiste no seus funcionamento como agente social primário na promoção da saúde e bem estar (OMS)
Díade nuclear, nuclear, alargada, comuns, coabitaçao, homossexual, monoparental, reconstituída, celibatária
Introduzido no quadro concetual das politicas de saúde da OMS para atingir os 21 objetivos traçados nessas politicas, como modelo organizativo, e' uma mais valia no âmbito dos cuidados prestados à população, com enfase na afetividade, proximidade e acessibilidade
Consiste no trabalho conjunto dos enfermeiros e das famílias para melhorar o sucesso das famílias na adaptação a transições normativas e situacionais, assim como melhorar as respostas na saúde e na doença.
A família tem um foco tradicional, com o membro da família em primeiro lugar e a familia em segundo
O foco é a família como cliente e a família e' encarada como um sistema interativo no qual o todo é maior do que a soma das partes. Centra-se simultaneamente nos membros individualmente ena familia como um todo. Implica que quando alguma coisa acontece a um membro todos sejam afetados.
A família é vista como uma das muitas instituições da sociedade, a par das instituições de saúde, educação, religiosas e financeiras. É uma unidade básica da sociedade, parte de um sistema social alargado, com o qual interage.
A família e' o foco principal. O foco centra-se no modo como a familia reage como um todo quando um membro da familia tem um problema de saúde.

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Teoria de stress

Teoria do desenvolvimento

Teoria da mudança

Teoria da comunicação

Teoria da terapia familiar e modelos comunicativos

Teoria da transição (?)

Para além da teoria dos sistemas, a conceção familiar pode ancorar-se na teoria do stress, nas teorias ligadas à

cooperação familiar (relativamente à dimensão psicoafectiva), entre outras.

- As relações dinâmicas internas do microssistema familiar representam-se pela psicofigura.

- O ecomapa representa as relações do microssistema com o macrosistema.

Modelo de Mónica Goldrick e Emili Carpi - Slide 32

ESTÁDIO PROCESSO DE TRANSIÇAO MUDANÇAS DE 2ªORDEM

1) Jovem adulto

independente

Aceitação da separação dos

pais dos filhos

Diferenciação do self em relação à

família de origem

Desenvolvimento de relações íntimas

com o parceiro

Estabelecimento de identidade no

âmbito laboral

2) Junçao de 2

famílias pelo

casamento. Novo

casal

Compromisso com o novo

sistema

Formação de novo sistema conjugal

Realinhamento das relações com a

família e amigos de modo a incluir o

cônjuge

3) Famílias com filhos

pequenos

Aceitação no sistema dos

membros da nova geração

Ajustamento do sistema conjugal: criar

espaços para o novo filho

Assumir papeis parentais. Realinha a

relação com a família de origem

4) Famílias com

adolescentes

Flexibilização dos limites

familiares de modo a aceitar

a independência dos filhos

Mudança da relação pais/filhos

Recentração na vida conjugal da meia-

idade e carreiras profissionais

5) Saída dos filhos Aceitação das entradas e

saídas

Renegociação do sistema conjugal

como díade

Relacionamento adulto/adulto entre

jovens e pais

Realinhamento das relações para incluir

parentes e netos

6) Última fase da vida

familiar

Aceitação da mudança dos

papéis geracionais

Manutenção de interesses do casal

Papel de destaque da geração

intermédia

Aceitação das perdas e lutos

Fonte: McGoldrick, Monica & Carter E. (1999). The family life cycle in Walsh The GuildfordPress. P.176

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Aula 2 (continuação) – 2. CONCEITOS E TRAJETÓRIAS FAMILIARES | 3. ABORDAGEM DE CUIDADOS À

FAMÍLIA 18/09/2013

Profª Fátima Moreira

Metodologia para a aula – brainstorming; apresentação da opinião dos autores; questões orientadoras.

QUESTÃO PARA BRAINSTORMING

O QUE É A SAÚDE FAMILIAR/ O QUE É UMA FAMÍLIA SAUDÁVEL/ O QUE É A SAÚDE DA FAMÍLIA?

Uma família saudável aquela que…

Tem uma estrutura interna que possibilita o desempenho dos papéis dos seus indivíduos

Tem uma estrutura flexível que permite dar resposta às situações de transição

Possibilita estabilidade social e afetiva dos seus membros

Possibilita mecanismos de coping ou respostas adaptativas adequadas

Assume as suas responsabilidades internas e externas (inerentes à vida em sociedade)

Age do modo ético, no respeito pela lei

Mobiliza os recursos externos

Induz a adoção de estilos de vida saudável

Transmite informação genética de qualidade

SAÚDE FAMILIAR

“(…) estado dinâmico de relativa mudança de bem-estar que inclui os fatores biológicos, psicológicos,

sociológicos, culturais, e espirituais do sistema familiar.” (Hanson, 2005)

A família saudável é aquela que responde às necessidades materiais, emocionais e espirituais dos seus

membros, tendo em conta a adaptação no ciclo de vida e outras transições

Saúde da família “consiste no seu funcionamento como agente social primário, na promoção da saúde e

bem-estar” (OMS).

CARACTERÍSTICAS DAS FAMÍLIAS SAUDÁVEIS

1. Empenho familiar Desenvolve a confiança; ensina a respeitar os outros

Partilha responsabilidades

2. Tempo passado na família Partilha rituais e tradições familiares

Partilha tempo e lazer. Apreciam a companhia

3. Flexibilidade e capacidade para lidar com o

stress

Vê as crises como desafio e oportunidade

Abertura a mudanças. Procura ajuda para os problemas

4. Bem-estar espiritual Partilha a fé. Encoraja a esperança

Ensina valores éticos. Respeita a privacidade de cada um

5. Comunicação positiva Comunica e ouve eficazmente. Partilha sentimentos

Aceita discordar. Não recrimina

6. Apreciação e afeto Preocupa-se com os outros. Partilham emoções

Tem sentido de humor

Fonte: Hanson (2005). Enfermagem de Cuidados de Saúde à Família. Loures: Lusociência. P.213

CARACTERÍSTICAS DAS FAMÍLIAS SAUDÁVEIS

Comunicam e ouvem

Fomentam a comunicação, o tempo livre e lazer

Aceitam e apoiam cada membro

Ensinam o respeito pelos outros

Desenvolvem a confiança e o sentido de humor

Interagem de forma equilibrada com todos os membros

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Partilham responsabilidades

Ensinam a distinguir entre certo e errado

Conhecem rituais e tradições

Partilham crenças religiosas

Identificam o problema e encontram soluções ou procuram ajuda

Respeitam a privacidade

Ensinam a distinguir o certo do errato

Não há famílias disfuncionais, há familiares em funcionamento

Cada família reage a uma crise de determinada maneira

Pergunta

Indique 5 áreas/aspetos/itens que valoriza/considera nas famílias saudáveis

CRITÉRIOS PARA AVALIAÇÃO DAS FORÇAS FAMILIARES

Modelos de forças de Otto

Devem estar presentes para desempenho das funções e manutenção da saúde da família as seguintes

habilidades e capacidades:

Habilidade para satisfazer as necessidades físicas, económicas e espirituais dos seus membros

Habilidade para ser sensível às necessidades dos seus membros

Habilidade para comunicar pensamentos e sentimentos

Habilidade para dar apoio, segurança e encorajamento

Habilidade para iniciar e manter relações de produção, crescimento e esperança dentro e fora da família

Habilidade para crescer com e através das crianças

Habilidade para criar e manter relações comunitárias, construtivas e responsáveis

É capaz de desenvolver funções básicas como cuidar do outro

MODO DE FUNCIONAMENTO

Flexíveis ou flutuantes: são funcionais, adaptáveis, procuram um ponto de equilíbrio em função das

necessidades de momento, são abertas ao exterior, sem perder a coerência interna, têm criatividade e

maleabilidade

Rígidas ou convergentes: não gostam de mudança, constituem um sistema que se fecha

progressivamente e acaba por estagnar, podem ter um membro psicótico.

Dispersas ou divergentes: têm mudanças frequentes, por vezes tão amplificadas que acabam numa

desorganização completa; as fronteiras não são claras, o que acentua a instabilidade interna; meio

propício para desenvolver delinquentes.

Caóticas ou alternantes: oscilam entre a rigidez, que pode ir até ao imobilismo e a desestruturação, não

criam condições para uma adaptação funcional e criativa dos membros.

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MODELO CIRCUNFLEXO

adaptabilidade e coesão

- caótica; flexível; estruturada; rígida da alta adaptabilidade para baixa adaptabilidade

- desmembrada; separada; ligada; emaranhada da baixa coesão para a alta coesão

- Zona de famílias mais saudáveis; nos extremos as famílias menos saudáveis

Ver: instrumento FACES 1 ou FACES 3, que permite compreender a percepção da família

AVALIAÇÃO DOS ASPETOS AFETIVOS DAS FAMÍLIAS

Atributo Parâmetros de bom

funcionamento

Parâmetros de funcionamento

inadequado

Saúde mental Boa Má

Coesão Nível médio Muito alta ou muito baixa

Comunicação Aberta Paradoxal ou ausente

Empatia pelos outros Existe Inexistente

Expressão de sentimentos Capacidade Incapacidade

Meio extra familiar Perceção realista Percebida como hostil/ ameaçadora/

sedutora

Mitos da família Congruentes com as

necessidades

Discrepantes das necessidades

Orgulho familiar Presente Ausente

Desempenho de papéis Flexíveis/maleáveis Rígidos/ não definidos

Relação conjugal Forte Fraca

Satisfação familiar Presente Ausente

Sentimentos de pertença Presente Ausente

Tolerância dos outros Alta Baixa

QUESTÃO PARA BRAINSTORMING

O QUE É UM ENFERMEIRO DA FAMÍLIA?

É um promotor de estilos de vida saudáveis, onde se incluem práticas preventivas e de promoção da

saúde

Está mais próximo da comunidade

É geralmente aquele que trabalha no centro de saúde ou diretamente na comunidade

Na carta de saúde 21, meta 15, consta a importância do enfermeiro da família: «No ano 2020 as pessoas

deverão ter melhor acesso aos cuidados de saúde primários orientados para a família e comunidade e

suportados por um sistema hospitalar flexível e responsável»

Ajuda na promoção de estilos de vida saudáveis; nos processos de doença; transição; na doença crónica;

em fim de vida.

Segundo consta no artigo 67º da Constituição Portuguesa:

Desmembrada Separada Ligada Emaranhada

Caótica Caótica

Desmembrada

Caótica Separada Caótica Ligada Caótica Emaranhada

Flexível Flexível

Desmembrada

Flexível Separada Flexível Ligada Flexível Emaranhada

Estruturada Estruturada

Desmembrada

Estruturada

Separada

Estruturada Ligada Estruturada

Emaranhada

Rígida Rígida

Desmembrada

Rígida Separada Rígida Ligada Rígida Emaranhada

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1 - A família, como elemento fundamental da sociedade, tem direito à proteção da sociedade e do Estado

e à efetivação de todas as condições que permitam a realização pessoal dos seus membros.

2 - Incumbe, designadamente, ao Estado para proteção da família:

a) Promover a independência social e económica dos agregados familiares;

b) Promover a criação e garantir o acesso a uma rede nacional de creches e de outros equipamentos

sociais de apoio à família, bem como uma política de terceira idade;

c) Cooperar com os pais na educação dos filhos;

d) Garantir, no respeito da liberdade individual, o direito ao planeamento familiar, promovendo a

informação e o acesso aos métodos e aos meios que o assegurem, e organizar as estruturas jurídicas e

técnicas que permitam o exercício de uma maternidade e paternidade conscientes;

e) Regulamentar a procriação assistida, em termos que salvaguardem a dignidade da pessoa humana;

f) Regular os impostos e os benefícios sociais, de harmonia com os encargos familiares;

g) Definir, ouvidas as associações representativas das famílias, e executar uma política de família com

carácter global e integrado

O ENFERMEIRO DE SAÚDE FAMILIAR

Introduzido no quadro concetual das políticas de saúde da OMS, para atingir os 21 objetivos traçados

nessas políticas

O “Enfermeiro Familiar”, como modelo organizativo, é uma mais-valia no âmbito da qualidade dos

cuidados prestados à população, com ênfase para a afetividade, proximidade e acessibilidade

De entre os profissionais de saúde que integram as equipas multiprofissionais, a OMS considera que o

enfermeiro é aquele que, pela formação específica que detém, está melhor posicionado para avaliar

globalmente as necessidades em cuidados de saúde das pessoas e mobilizar os recursos (internos e

externos), tendo em conta não só as expetativas dos utentes, mas também a adequação e rentabilização

dos meios (Ordem dos Enfermeiros)

NOTA: há dois níveis de intervenção nos cuidados às famílias; a intervenção dos generalistas e a intervenção

dos enfermeiros especialistas.

NÍVEIS DE ENVOLVIMENTO COM A FAMÍLIA

Fonte: Albuquerque A. (2003). Natureza das intervenções …

Níveis Tipo de interações

I Mínima enfase na família

Contacto apenas necessário e por razões práticas ou legais

II Enfase na informação

Os contactos são para obter informação para educação para a

saúde

III Relação e apoio emocional

O envolvimento é baseado no reconhecimento sobre o

desenvolvimento normal da família e as reações ao stress

IV

Enfermeiro especialista

Avaliação sistemática e planeamento da intervenção. Baseada

na compreensão dos sistemas familiares. Requer competência

para: planear; estruturar entrevistas à família. Apreciar o

funcionamento familiar. Apoiar membros sem formar alianças.

Ajudar membros a trabalhar em conjunto para gerar soluções

aceitáveis para todos. Redefinir situações para promover a

identificação de soluções para os problemas. Identificar

situações que precisam de encaminhamento

V Nível mais elevado e complexo

Exige formação em terapia familiar

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ABORDAGENS DO ENFERMEIRO À FAMÍLIA

1. Família como contexto

2. Família como cliente

3. Família como sistema

4. Família como componente da sociedade

Fonte: Hanson (2005)

Perguntas

Qual a diferença entre família como cliente e como sistema (?)

Quais os principais documentos políticos que orientam a definição do enfermeiro de família?

Quais dos níveis de intervenção de um enfermeiro generalista e especialista?

Rever

Quais são as principais funções da família?

- Função económica; de aumento da natalidade; estabilizar pessoas; função socializadora

FUNÇÕES MICRO E MACRO/ INTRASISTEMA E DO MACROSSISTEMA

Funções sociais

Económica

Reprodução e aumento da natalidade

Socialização dos filhos

Estabilizar a personalidade adulta através

de conjugalidade

Funções como sistema

Adaptação ao ambiente

Manter a integração familiar

ACABAR

Funções da família (OMS)

FUNÇÕES

BIOLÓGICAS

FUNÇÕES

ECONÓMICAS

FUNÇÕES

EDUCACIONAIS

FUNÇÕES

PSICOLÓGICAS

FUNÇÕES

SOCIOECONÓMICAS

•Reprodução

•Cuidar

•Educar

•Alimentação

•Manutenção da

saúde e lazer

•Recursos

suficientes às

necessidades

•Gestão do

orçamento

familiar

•Assegurar a

estabilidade

financeira

•Tarefas

•Atitudes

•Promoção de

ambiente saudável

ao

desenvolvimento

da personalidade

•Proteção

psicológica

•Promover

capacidade de

relacionamento

•Socialização

•Transmissão de:

•Valores

•Tradições

•Religião

•Atitudes

•Linguagem

•Comportamento

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FUNÇÕES DA FAMÍLIA – OUTROS AUTORES

Adaptação – capacidade que a família tem de utilizar os seus recursos dentro e fora da família

para resolver determinado problema, nomeadamente quando o equilíbrio da família está

ameaçado durante uma situação de crise.

Participação – implica a partilha e a tomada de decisões e de responsabilidades pelos seus

membros. Todos os problemas e novas situações são discutidos e analisados na família, havendo

uma tomada de decisões e um compartilhar de decisões entre os seus membros.

Crescimento- contribui para a maturidade física e emocional da família e a realização conseguida

pelos seus membros através do apoio mútuo e orientação.

Afeto – dá suporte e apoio á manutenção da personalidade e da relação de cuidados e ternura

que existem entre os membros da Família. Permite uma estabilização da personalidade.

Decisão – implica um compromisso de dedicar tempo a outros membros da família, encorajando-

os física e emocionalmente, o que implica uma decisão na partilha do espaço e dos bens da

família.

FUNÇÕES DO ENFERMEIRO DE FAMÍLIA

Perito

Advogado

Supervisor de processos

Substituto

Modificador do ambiente

Intermediário

Implementador de teorias

Investigador

Epidemiologista

Explicador e intérprete

Colaborador e coordenador

Fonte: Hanson (2005)

BIBLIOGRAFIA

CARTER, E. & MCGOLDRICK, M. (cols) (1995). As mudanças no ciclo de vida familiar. 2ª ed. Porto Alegre:

Artes Médicas.

FIGUEIREDO, M. Henriqueta (2012). Modelo Dinâmico de Avaliação e Intervenção Familiar (MDAIF). Loures

Lusociencia.

FRIEDMAM, Marilyn M. (1986). Family Nursing-Theory and Assessment. (2.ª Ed.). Norwalk Connecticut:

Appleton-Centory-Crofts.

HANSON, S.M.H. (2005). Enfermagem de Cuidados de Saúde à Família. Lisboa: Lusociência.

WRIGHT, Lorraine & LEAHEY, Maureen (2002). Enfermeiros e Famílias. (3ª ed.). S. Paulo: Editora Roca.

No livro de STANHOPE, M. & LANCASTER, J. (2011). Enfermagem de Saúde Pública. Loures: Lusociencia tem

2 capítulos sobre a enfermagem de família:

Capitulo 24 - Desenvolvimento da família: Apreciação de enfermagem da família, p. 574- 604

Capitulo 25 - Riscos de saúde familiar, p. 602-630.

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Aula 3 – 1. ENFERMAGEM DE CUIDADOS À FAMÍLIA 19/09/2013

Profª Emília Brito

SUMÁRIO ALARGADO

Perfil demográfico das famílias do seculo XXI em Portugal.

Identificação de fontes de referência sobre demografia familiar (INE e PORDATA).

Tendências atuais que afetam a família e suas repercussão na saúde familiar.

Diretivas internacionais e nacionais que enquadram o enfermeiro de família: Organização Mundial de

Saúde (Saúde 21 e Declaração de Munique); International Council of Nurses - Nurses always there for you

- Caring families; Ordem dos Enfermeiros - A cada família seu enfermeiro e Plano Nacional de Saúde

2004-2010 - abordagem centrada na família e ciclo de vida.

Recursos de saúde e sociais existentes que permitem responder às necessidades de cada família.

Considerações legais e deontológicas que configuram o acesso aos recursos de saúde.

Caracterização e acesso aos contextos de cuidados dirigidos à família: comunitário e hospitalar.

OBJETIVOS

1. Contextualizar o perfil demográfico das famílias do século XXI

2. Descrever as principais diretivas internacionais e nacionais para enquadrar o enfermeiro de família

3. Descrever os recursos de saúde e sociais para dar resposta às necessidades de saúde das famílias

4. Caracterizar os contextos dos cuidados dirigidos à família

CONFIGURAÇÕES FAMILIARES

TENDÊNCIAS ATUAIS QUE AFETAM A FAMÍLIA

Envelhecimento da população

Declínio da taxa de natalidade e tamanho da família

Aumento da desigualdade entre ricos e pobres

Aumento do acesso das mulheres à educação

Aumento da taxa de divórcio e recasamento

Aumento do número de famílias monoparentais e reconstituídas

Mudança e equiparação dos papéis de género

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Aumento do trabalho da mulher fora de casa

Avanços tecnológicos que reduzem o trabalho e proporcionam mais tempo livre

DEMOGRAFIA DAS FAMÍLIAS EM PORTUGAL

Nota: Nas famílias foram apresentados os seguintes dados:

Agregado doméstico por composição

Famílias por número de indivíduos segundo os censos

Famílias unipessoais segundo os censos: total e mais de 65 anos

Agregados domésticos monoparentais: total e por sexo

Dimensão média das famílias segundo os censos

Fonte: Adaptado de PORDATA (2013)

1º OBJETIVO – CONTEXTUALIZAR O PERFIL DEMOGRÁFICO DAS FAMÍLIAS DO SECULO XXI EM

PORTUGAL

Famílias de menor dimensão

Famílias monoparentais

Famílias reconstituídas

Famílias unipessoais

IMPORTÂNCIA DA FAMÍLIA PARA A ENFERMAGEM

Os comportamentos saudáveis e de risco são aprendidos dentro do contexto familiar

As unidades familiares são afetadas quando um ou mais membros têm problemas de saúde, sendo as

famílias um fator importante no estado de saúde e bem-estar dos indivíduos

As famílias afetam a saúde dos seus membros e os acontecimentos e práticas de saúde de cada indivíduo

afetam toda a família;

A eficácia dos cuidados de saúde é melhorada quando se dá maior enfase à família, e não apenas ao

individuo

A promoção, manutenção e restauração da saúde das famílias é importante para a sobrevivência da

sociedade

Considerando as alterações demográficas, os enfermeiros que trabalham com as famílias devem

perguntar aos clientes quem é que eles consideram a sua família e incluir estes membros no planeamento

dos cuidados de saúde

2º OBJETIVO – DESCREVER AS PRINCIPAIS DIRETIVAS INTERNACIONAIS E NACIONAIS PARA

ENQUADRAR O ENFERMEIRO DE FAMÍLIA

Marcos históricos

ONU – ano internacional da família em 1994

- Tema: Família, capacidades e responsabilidades num mundo em transformações

- A família é a unidade social básica de todas as sociedades e é necessário adequar a atenção a várias

dimensões

- 15 de Maio – dia internacional das famílias

OMS – Saúde 21

- Anuncia um novo e importante papel, o papel do enfermeiro familair prestador de cuidados que

combina a promoção da saúde e prevençãs das doenças com atuação e responsabilidades clinicas

dirigidas aos membros da família

- Meta 15 – enfase forte nos cuidados de saúde primários e no centro deve estar o enfermeiro de saúde

familiar

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OMS – SAÚDE 21: PAPEL DO ENFERMEIRO DE SAÚDE FAMILIAR

Promoção da saúde, prevenção da doença e tratamento

Famílias

Domicilio

Favorecer a tomada de consciência

Contribuir para o encurtamento das hospitalizações

Aconselhamento sobre estilos de vida e fatores de risco

*Declaração de Alma-Ata: ênfase nos cuidados de saúde primários, onde deve estar o enfermeiro de saúde

familiar, que não cuida do indivíduo mas da família

OMS 2000 – DECLARAÇÃO DE MUNIQUE

A segunda conferência ministerial da OMS em Enfermagem e Enfermagem obstétrica na europa, consigna

o papel único desempenhado pelos 6 milhões de enfermeiros e parteiras da europa no desenvolvimento

da saúde e na prestação de cuidados de saúde

Garantir a participação dos enfermeiros e parteiras na tomada de decisão em todos os níveis de

desenvolvimento e definição das políticas de saúde

Estabelecer programas e serviços de enfermagem comunitária e enfermagem obstétrica centrados na

família, incluindo a enfermagem de saúde da família

Reforçar o papel dos enfermeiros e das parteiras na saúde pública, na promoção da saúde e no

desenvolvimento comunitário

INTERNACIONAL COUNCIL OF NURSES, 2002

Em todos os contextos de intervenção dos enfermeiros, o foco de atenção é a família:

A sua saúde

Capacidade de crescimento

Cuidados a si mesma

O seu contributo para a comunidade

No dia internacional do Enfermeiro, a 12/05/2005, o tema foi: cuidar da família – os enfermeiros sempre

presentes para ajudar

Objetivos

Promover a consciencialização sobre o papel do enfermeiro no cuidado à família e saúde da família,

inclusive como principal ponto de entrada no sistema de cuidados de saúde

Incentivar a participação da Enfermagem no desenvolvimento e implementação de políticas de saúde e

sociais que sejam favoráveis à família

Chamar a atenção para a importância da família e do papel dos seus membros na sua própria saúde,

individualmente e como unidade familiar.

ORDEM DOS ENFERMEIROS – A CADA FAMÍLIA O SEU ENFERMEIRO

Responsável por um grupo de famílias

Elemento ativo de equipa multidisciplinar

Elemento de referência e gestor de cuidados

PLANO NACIONAL DE SAÚDE (2004-2010)

Abordagem centrada na família e por ciclo de vida

Reorientação do sistema de saúde - Visão integrada que inclua de forma articulada a rede de cuidados de

saúde primários, a rede de cuidados hospitalares, a rede de cuidados continuados e os serviços de saúde

pública

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3º OBJETIVO: DESCREVER OS RECURSOS DE SAÚDE E SOCIAIS PARA DAR RESPOSTA ÀS NECESSIDADES

DA FAMÍLIA

Nota: saúde é um recurso interno da família

Focos de abordagem

1. Recursos de saúde e sociais existentes

2. Necessidades de saúde das famílias

RECURSOS DE SAÚDE E SOCIAIS – em resposta a… influenciados por…

Mudança na condição feminina – trabalhadora e/ou estudante

Mudança no papel masculino – papel ativo na parentalidade e na assistência doméstica

Reformulações na relação conjugal

Reformulações na relação pais-filhos

Literacia em saúde

Acesso à informação

A valorização dos direitos humanos

A multiculturalidade

Processos de saúde-doença: aguda ou crónica

RECURSO – promoção do crescimento e desenvolvimento

“Os cuidados de enfermagem são centrados na unidade familiar, concebendo a família como uma

unidade em transformação, promovendo a sua capacitação face às exigências decorrentes das transições

que ocorrem ao longo do ciclo vital da família”. (Figueiredo, M., 2009,p.31)

“… muitas situações de maior risco ou vulnerabilidade implicam a diferenciação e personalização das

respostas de cuidados de saúde de acordo com as condições particulares dos seus destinatários”.

(Guerreiro, 2006, p. 22)

RECURSOS – considerar

Constituição da república

CDE

REPE

Constituição da república

Artigo 64º

1. Todos têm direito à proteção da saúde e o dever de a defender e promover.

2. O direito à proteção da saúde é realizado:

a) Através de um serviço nacional de saúde universal e geral e, tendo em conta as condições económicas e

sociais dos cidadãos, tendencialmente gratuito;

b) Pela criação de condições económicas, sociais, culturais e ambientais que garantam, designadamente, a

proteção da infância, da juventude e da velhice, e pela melhoria sistemática das condições de vida e de

trabalho, bem como pela promoção da cultura física e desportiva, escolar e popular, e ainda pelo

desenvolvimento da educação sanitária do povo e de práticas de vida saudável.

3. Para assegurar o direito à proteção da saúde, incumbe prioritariamente ao Estado:

a) Garantir o acesso de todos os cidadãos, independentemente da sua condição económica, aos cuidados da

medicina preventiva, curativa e de reabilitação;

b) Garantir uma racional e eficiente cobertura de todo o país em recursos humanos e unidades de saúde;

c) Orientar a sua acção para a socialização dos custos dos cuidados médicos e medicamentosos;

d) Disciplinar e fiscalizar as formas empresariais e privadas da medicina, articulando-as com o serviço nacional

de saúde, por forma a assegurar, nas instituições de saúde públicas e privadas, adequados padrões de

eficiência e de qualidade;

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e) Disciplinar e controlar a produção, a distribuição, a comercialização e o uso dos produtos químicos,

biológicos e farmacêuticos e outros meios de tratamento e diagnóstico;

f) Estabelecer políticas de prevenção e tratamento da toxicodependência.

Artigo 67º

1. A família, como elemento fundamental da sociedade, tem direito à proteção da sociedade e do Estado e à

efetivação de todas as condições que permitam a realização pessoal dos seus membros.

2. Incumbe, designadamente, ao Estado para proteção da família:

a) Promover a independência social e económica dos agregados familiares;

b) Promover a criação e garantir o acesso a uma rede nacional de creches e de outros equipamentos sociais

de apoio à família, bem como uma política de terceira idade;

c) Cooperar com os pais na educação dos filhos;

d) Garantir, no respeito da liberdade individual, o direito ao planeamento familiar, promovendo a informação

e o acesso aos métodos e aos meios que o assegurem, e organizar as estruturas jurídicas e técnicas que

permitam o exercício de uma maternidade e paternidade conscientes;

e) Regulamentar a procriação assistida, em termos que salvaguardem a dignidade da pessoa humana;

f) Regular os impostos e os benefícios sociais, de harmonia com os encargos familiares;

g) Definir, ouvidas as associações representativas das famílias, e executar uma política de família com carácter

global e integrado;

h) Promover, através da concertação das várias políticas sectoriais, a conciliação da atividade profissional com

a vida familiar.

REPE

Os cuidados de enfermagem são caracterizados por:

1) Terem por fundamento uma interação entre enfermeiro e utente, indivíduo, família, grupos e comunidade;

2) Estabelecerem uma relação de ajuda com o utente;

3) Utilizarem metodologia científica, que inclui:

a) A identificação dos problemas de saúde em geral e de enfermagem em especial, no indivíduo, família,

grupos e comunidade;

b) A recolha e apreciação de dados sobre cada situação que se apresenta;

c) A formulação do diagnóstico de enfermagem;

d) A elaboração e realização de planos para a prestação de cuidados de enfermagem;

e) A execução correta e adequada dos cuidados de enfermagem necessários;

f) A avaliação dos cuidados de enfermagem prestados e a reformulação das intervenções;

Código deontológico

Artigo 80º

O enfermeiro, sendo responsável para com a comunidade na promoção da saúde e na resposta adequada às

necessidades em cuidados de enfermagem, assume o dever de:

a) Conhecer as necessidades da população e da comunidade em que está inserido;

b) Participar na orientação da comunidade na busca de soluções para os problemas de saúde detetados;

c) Colaborar com outros profissionais em programas que respondam às necessidades da comunidade.

(passou um slide)

Evidência científica produzida

A enfermagem não é uma profissão estática, sendo necessário adotar uma postura dialética e interventiva

junto do doente, família e comunidade assim como de outras áreas do conhecimento”

“A forma como os enfermeiros conceptualizam os cuidados de saúde é fator determinante nos processos

de tomada de decisão desde a conceção à execução dos cuidados à família”

(Figueiredo)

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4º OBJETIVO: CARACTERIZAR OS CONTEXTOS DOS CUIDADOS DE SAÚDE ÀS FAMÍLIAS

UNIDADES FUNCIONAIS DE SAÚDE

As várias unidades funcionais dos ACES são:

Unidade de Saúde Familiar (USF)

Unidade de Cuidados de Saúde Personalizados (UCSP)

Unidade de Saúde Pública (USP)

Unidade de Cuidados na Comunidade (UCC)

Unidade de Recursos Assistenciais Partilhados (URAP)

REDE NACIONAL DE CUIDADOS CONTINUADOS INTEGRADOS

A RNCCI, que se constitui como um novo modelo organizacional criado pelos Ministérios do trabalho e da

Solidariedade Social e da Saúde, é formada por um conjunto de instituições públicas e privadas, que

prestam cuidados continuados de saúde e de apoio social. Estas novas respostas promovem a

continuidade de cuidados de forma integrada a pessoas em situação de dependência e com perda de

autonomia.

Proposta da RNCCI

São objetivos da RNCCI a prestação de cuidados de saúde e de apoio social de forma continuada e

integrada a pessoas que, independentemente da idade, se encontrem em situação de dependência. Os

Cuidados Continuados Integrados estão centrados na recuperação global da pessoa, promovendo a sua

autonomia e melhorando a sua funcionalidade, no âmbito da situação de dependência em que se

encontra.

Recuperar; reabilitar; readaptar; reintegrar

RNCCI – unidades de internamento e ambulatório e de equipas domiciliares

Tipologias de cuidados continuados

Unidades de Convalescença

Unidades de Média Duração e Reabilitação

Unidades de Longa Duração e Manutenção

Unidades de Cuidados Paliativos

Unidades de dia e de promoção da autonomia

Equipas domiciliárias

RNCCI – circuito de admissão

1. Através do Hospital do Serviço Nacional de Saúde (SNS) Contactar o serviço onde está internado ou a Equipa de Gestão de Altas (EGA) desse hospital. A EGA do hospital pertencente ao SNS onde o doente está internado é quem faz a referenciação para a

RNCCI. A avaliação da necessidade de cuidados continuados integrados é realizada, de preferência, logo

no início do internamento no hospital, porque é preciso preparar, com tempo, a etapa que se segue à alta

clínica. A proposta desta equipa é apresentada à Equipa Coordenadora Local (ECL).

2. Através do Domicílio/Casa Contactar o centro de saúde através do:

Médico de família; Enfermeiro; Assistente social. A proposta de ingresso na RNCCI é apresentada por estes profissionais do centro de saúde à Equipa

Coordenadora Local (ECL). Em caso de dificuldade, contactar directamente a ECL sedeada no centro de saúde da respectiva área

de residência.

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INTRA-HOSPITALAR Centralidade na pessoa doente e família Considera as necessidades da pessoa doente e família Promover momentos de discussão/ informação Garantir o acesso a suporte institucional (financeiro e social) Promover a continuidade dos cuidados Promover o acesso à família na participação e tomada de decisão relativamente aos cuidados

REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICA

—Figueiredo, M. (2009). Enfermagem de família: um contexto do cuidar. Dissertação de Doutoramento em

Ciências de Enfermagem. ICBAS.

—Figueiredo, I. (2004).Ética e formação em enfermagem. Lisboa : Climepsi editores.

—Gerreiro, I. (2006). Cuidados Continuados e Paliativos - Desafios. Gestão & Saúde. Janeiro, 4.

—Hintz, H. (2001) - Novos tempos, novas famílias? Da modernidade à pós-modernidade. Pensando Famílias,

3, pp. 8-19.

—International Council of Nurses (2002). Nurses always for you: caring for families. Geneva: ICN.

—Ordem dos Enfermeiros. (2007). Desenvolvimento Profissional – Individualização das Especialidades em

Enfermagem. Revista Ordem dos Enfermeiros , 26(suppl.), pp. 9- 20.

—Ordem dos Enfermeiros (2002). A cada Família o seu Enfermeiro. Lisboa: Ordem dos Enfermeiros.

—Organização Mundial de Saúde (2002). Saúde XXI: Uma introdução ao enquadramento político da saúde

para todos na Região europeia da OMS. Loures: Lusociência.

—World Health Organization (2000). Munich Declaration: Nurses and midwives: a force for health.

Copenhagen: WHO Regional Office for Europe.

—http://www.pordata.pt/Subtema/Portugal/Familias-29. Acedido a 18/7/2013.

—http://www.rncci.min-saude.pt

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Aula 4 - PROMOÇÃO DA SAÚDE AO LONGO DO CICLO DE VIDA FAMILIAR 24/09/2013

Profª Sónia Colaço

OBJETIVOS Identificar os principais programas de proteção e vigilância de saúde familiar Analisar os principais indicadores de saúde nas diferentes etapas do ciclo de vida PNS 2012-2016 Compreender as estratégias de promoção de saúde infantil e juvenil

- Programa nacional de saúde infantil e juvenil 2013

- Intervenção de enfermagem na promoção de saúde infantil e juvenil

PNS 2012-2016 - Visão

Maximizar os ganhos em saúde, através do alinhamento em torno de objetivos comuns, a

integração de esforços sustentados de todos os sectores da sociedade e da utilização de

estratégias assentes na cidadania, na equidade e acesso, na qualidade e nas políticas saudáveis.

Envolvimento de todos na responsabilização dos recursos de saúde.

AVALIAÇÃO DO PNS 2004-2010 PELA OMS:

1. Aspetos positivos: participação alargada; consenso quanto a prioridades; compromisso político

2. A melhorar: suporte à sustentabilidade; hierarquia de indicadores e metas: maior foco nos

determinantes sociais e nos métodos em saúde; método para atribuição de ganhos.

PROMOÇÃO DA SAÚDE DA FAMÍLIA - PNS 2012-2016

Eixos estratégicos Cidadania em saúde Acesso e equidade Qualidade em saúde Políticas saudáveis

OBJETIVOS PARA O SISTEMA DE SAÚDE Obter Ganhos em Saúde Promover Contextos Saudáveis ao Longo da Vida Reforçar o Suporte Social e Económico na Saúde e na Doença Fortalecer a Participação de Portugal na Saúde Global

Objetivo para o sistema de saúde - Promover Contextos Favoráveis à Saúde ao Longo do Ciclo de Vida

Retorna ganhos em saúde e em sustentabilidade, ao

reforçar uma cadeia de potenciação dos efeitos

positivos ou atenuação dos efeitos negativosde

fatores de risco e determinantes.

Perdas cumulativas de saúde determinam o

aparecimento precoce de incapacidade e de doença

crónica e degenerativa (FIGURA 4.2.1.). O SdS e os

contextos saudáveis são fatores protetores e

estratégia fundamental para que o crescimento da

população idosa não seja proporcional ao aumento

da doença crónica (Fries JF et al, 1980).

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ORIENTAÇÕES E EVIDÊNCIA

Na sua prática os profissionais de saúde devem: Incorporar aspetos da saúde e do bem-estar dos indivíduos e das populações na missão da sua atividade

profissional, numa perspetiva de agente do Sistema de Saúde, com capacidade e responsabilidade por

produzir e/ou proteger a saúde.

Assegurar registos de elevada qualidade

Promover a melhoria contínua do desempenho nas áreas e intervenções consideradas prioritárias

Desenvolver, investigar, avaliar e disseminar estratégias inovadoras para situações e contextos específicos

no âmbito das áreas consideradas prioritárias.

VISÃO PARA 2016

1. Identificação das oportunidades de promoção da saúde e prevenção da doença da responsabilidade das

instituições

2. Colaboração e desenvolvimento de redes de intervenção, sinalização e articulação

3. Envolvimento pelos profissionais e instituições de saúde de outros profissionais e instituições fora da

saúde na intervenção sobre necessidades individuais e populacionais de saúde; respondem também às

necessidades de colaboração nos contextos fora da saúde

4. Desenvolvimento de estratégias locais de saúde, como meios de articular respostas de várias instituições e

setores em torno de situações específicas, para a obtenção de ganhos em saúde

Promoção da saúde centrada no ciclo de vida e na família – Continuação do PNS (2004-2010)

Consideram-se etapas do Ciclo da Vida, as definidas no PNS 2004-2010: Nascer com Saúde, gravidez e período neonatal; Crescer com Segurança, pós-neonatal até 9 anos; Juventude à Procura de um Futuro Saudável, dos 10 aos 24 anos; Uma Vida Adulta Produtiva, dos 25 aos 64 anos; Um Envelhecimento Ativo, acima dos 65 anos. Morrer com Dignidade

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Para cada etapa, ilustram-se necessidades e determinantes de saúde específicos.

PRINCIPAIS INDICADORES E PROBLEMAS DE SAUDE, PROGRAMAS DE PROTECÇÃO, PROMOÇÃO E

VIGILÂNCIA DA SAÚDE NAS DIFERENTES ETAPAS DO CICLO DE VIDA FAMILIAR

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OS PROGRAMAS DE SAÚDE E A FAMÍLIA NA PROMOÇÃO DA SAÚDE DAS CRIANÇAS E ADOLESCENTES Os programas de saúde são orientações para a intervenção dos profissionais, visando a obtenção de

ganhos em saúde

PROGRAMA DE SAÚDE DA CRIANÇA E ADOLESCENTE

Recomendações para a intervenção – áreas com necessidade de intervenção Prevenção da prematuridade e baixo peso ao nascer e cuidados pós-natais Prevenção de acidentes, da obesidade e da depressão infantil Intervenção precoce nas situações de doença rara e deficiência Promoção das relações parentais

A FAMÍLIA COMO CONTEXTO PROMOTOR DA SAÚDE DOS SEUS FILHOS PEQUENOS E ADOLESCENTES

Estratégias de intervenção de enfermagem Capacitação da família/ empowerment – orientação antecipada; informação; treino de capacidades Apoio e orientação na tomada de decisão Promoção do potencial máximo de desenvolvimento da criança Prevenção e deteção da doença

- Meleis: cada vez que ocorre uma mudança, a pessoa tenta estabilizar. Dá-se a necessária transição até ao

equilíbrio. É neste período que pode ocorrer a doença. Aqui o enfermeiro deve apoio para prevenir a doença

através do apoio, da informação, do treino, …

O PROGRAMA DE SAÚDE INFANTIL E JUVENIL 2013 Entrou em vigor a 1 de Junho de 2013 e veio substituir o programa-tipo de atuação em saúde infantil e

juvenil, orientação técnica nº12, 2ª edição de 2005

As principais alterações em relação ao PNSIJ de 2005 são:

a) Alteração na cronologia das consultas referentes a idades-chave da vigilância;

b) Adoção das curvas de crescimento da Organização Mundial da Saúde (OMS);

c) Novo enfoque nas questões relacionadas com o desenvolvimento infantil, as perturbações emocionais e do

comportamento e os maus tratos.

Fonte: norma da DGS. Assunto: Programa Nacional de saúde infantil e juvenil

(vimos o programa de saúde infantil)

VER LINHAS MESTRAS DOS PNSIJ 2013

OBJETIVOS DOS EXAMES DE SAÚDE

1. Avaliar o crescimento e desenvolvimento e registar os dados obtidos, nos suportes próprios,

nomeadamente no Boletim de Saúde Infantil e Juvenil (BSIJ) ou no eBoletim;

2. Estimular a opção, sempre que possível, por comportamentos promotores de saúde, entre os quais os

relacionados com:

alimentares equilibrados;

despoluídos; a gestão do stress;

3. Promover:

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comportamento;

4. Detetar precocemente e encaminhar situações que possam comprometer a vida ou afetar a qualidade de

vida da criança e do adolescente, tais como: malformações congénitas – doença luxante da anca, cardiopatias

congénitas, testículo(s) não descido(s), perturbações da visão, audição e linguagem, perturbações do

desenvolvimento estaturo-ponderal e psicomotor, problemas dentários, alterações neurológicas, alterações do

comportamento e do foro emocional e relacional.

5. Prevenir, identificar e saber como abordar as doenças comuns nas várias idades, nomeadamente reforçando

o papel dos pais e outros cuidadores, alertando para os sinais e sintomas que justificam o recurso aos diversos

serviços de saúde.

6. Sinalizar e proporcionar apoio continuado às crianças com doença crónica/deficiência e às suas famílias,

bem como promover a eficaz articulação com os vários intervenientes na prestação de cuidados a estas

crianças.

7. Assegurar a realização do aconselhamento genético, sempre que tal esteja indicado, quer para os

progenitores, quer para os adolescentes, se necessário, através da referenciação para serviços especializados.

8. Identificar, apoiar e orientar as crianças e famílias vítimas de maus tratos e de violência, tais como:

negligência, maus tratos físicos, psicológicos, abuso sexual, bullying, práticas tradicionais lesivas,

nomeadamente a mutilação genital feminina.

9. Promover o desenvolvimento pessoal e social e a autodeterminação das crianças e dos jovens, com

progressiva responsabilização pelas escolhas relativas à saúde, prevenindo situações disruptivas ou de risco

acrescido e promovendo a equidade de género.

10. Apoiar e estimular o exercício adequado das responsabilidades parentais e promover o bem-estar familiar

e em outros ambientes específicos.

A concretização destes objetivos implica a otimização dos recursos disponíveis. Assim, de molde a potenciar o

trabalho em equipa, há que, em cada situação, aplicar os princípios deontológicos e as competências técnicas

atribuídas pelas entidades próprias dos diferentes profissionais de saúde.

Pretende-se rentabilizar a ação dos profissionais e desenvolver sinergias nas diferentes equipas (intra e

interinstitucionalmente), com as famílias e a própria comunidade, no sentido de assegurar e otimizar a

vigilância adequada da saúde das crianças e jovens.

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Periodicidade dos exames de saúde

INTERVENÇÃO DE ENFERMAGEM NA FAMÍLIA COM CRIANÇAS PEQUENAS Consultas de enfermagem Visitas domiciliárias

Consulta de enfermagem em saúde infantil e juvenil - O que fazer…como fazer… Conteúdo

- Deteção da doença (rastreios…)

- Prevenção da doença (EpS..)

- Promoção da saúde (bem-estar, otimização…)

- Orientação antecipada (a partir da avaliação feita)

Estrutura

- Modelo SOAP

- Modelo GAPS

- Modelo Bright Futures

Modelos de consulta SOAP – Polisky et al (2005)

- Subjetive history

- Objetive findings

- Assessment

- Plan

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GAPS – Elster, A; Fleming, M et al (1994)

- Gather information

- Assess further

- Problem identification

- Solutions

Modelo de consulta Bright Futures

Abordagem baseada no fortalecimento A. Contexto B. Prioridades da consulta C. Vigilância de saúde

C1- História

C2 – Interação pais-criança

C3 – Vigilância do desenvolvimento

C4 – Exame físico

C5 – Rastreios

C6 – Vacinas

C7 – Outras intervenções D. Orientação antecipada

*modelo Bright Futures – abordagem baseada no fortalecimento (tem uma sequência nem sempre possível de

operacionalizar – muitas vezes rastreios e vacinas são realizados no final para não destabilizar a criança)

Consulta de enfermagem em saúde infantil e juvenil - Fases

1. Preparação:

Leitura do processo: identificação/revisão dos problemas e elaboração do plano de consulta

Preparação dos materiais identificados como necessários

2. Execução:

3. Registo:

Marcação da próxima consulta

Registo do observado, da entrevista, dos problemas identificados e das questões pendentes

Avaliação do plano de cuidados e reformulação do mesmo quando necessário

VISITA DOMICILIÁRIA

Objetivos:

Investigar uma situação aparentemente problemática

Assistir o utente em caso de necessidade

Fazer educação para a saúde

Pressupostos.

Estabelecer prioridades e definir a população alvo

Identificar pessoas ou grupos em risco, p.e.:

- período perinatal, período de introdução de novos alimentos

- situação de doença ou deficiência da mãe ou da criança

- criança com problemas de desenvolvimento ou insucesso escolar

- crises ou problemas familiares (como toxicodependência, alcoolismo, deliquência, …)

- mãe adolescente, solteira primípara ou com muitos filhos

- ausência às consultas ou à vacinação

Trabalhar em equipa (saber o que já foi feito)

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Promover reuniões de equipa de enfermagem e interdisciplinares

Articular com csd e com outras instituições ou técnicos do…. …

Articular recursos

Fases da visita domiciliária:

1. Preparação:

Identificação do problema/situação

Recolha de dados no processo individual e familiar, junto dos técnicos, de outros serviços de saúde ou de

líderes locais

Planeamento da visita:

1. Onde e quando;

2. Problemas identificados;

3. Objetivos; ações a desenvolver (conteúdos e estratégias);

4. Organização de material, se necessário

2. Realização

Apresentação e explicitação do motivo da visita

Prestar os cuidados de acordo com o planeado, mas com flexibilidade – ouvir, apoiar, ajudar o utente a

tomar decisões

Validar os conhecimentos, orientar e realçar os aspetos considerados pertinentes

Avaliar cuidados prestados

Marcar nova visita domiciliária ou lembrar consulta seguinte

3. Registo

Registar (tipo de habitação, espaço, luz, cheiro, arrumação, materiais, roupa…e da relação entre os

elementos da família)

4. Avaliação

Confrontar o planeado com o realizado

Atualizar o plano de cuidados

5. Conclusão

*existindo…

Ver: Wong: capítulos 8, 12, 14, 15, 17, 19.

FOCOS DE ATENÇÃO NA PROMOÇÃO DA SAUDE DA FAMILIA COM CRIANÇAS E ADOLESCENTES Adaptação ao papel parental e exercício do papel parental. Promoção da alimentação saudável da criança ao longo do desenvolvimento. Prevenção de acidentes infantis e juvenis. Promoção da saúde oral.

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LEITURA OBRIGATÓRIA

Hockenberry, M.; Wilson, D. (2011). Wong’s Nursing Care of Infants and Children,9 th Edition. Missouri: Mosby

Elsevier.

Capítulos: CHAPTER 8 – Health Promotion of the Newborn and Family, pp. 231- 273 CHAPTER 12 – Health Promotion of the Infant and Family, pp. 488-518 CHAPTER 14 – Health Promotion of the Toddler and Family, pp. 570- 583 CHAPTER 15 – Health Promotion of the Preschooler and Family, pp. 601-605 CHAPTER 17 – Health Promotion of the School-Age Child and Family, pp. 665-681 CHAPTER 19 – Health Promotion of the Adolescent and Family, pp. 756-772 Portugal. Direcção-Geral da Saúde (2013). Programa Nacional de Saúde Infantil e Juvenil: Programa Nacional/Direcção-Geral de Saúde (Norma da DGS nº 10/13 de 31/05/2013

LEITURA RECOMENDADA

Hagan JF, Shaw JS, Duncan PM, eds. 2008. Bright Futures: Guidelines for Health Supervision of

Infants, Children, and Adolescents, Third Edition. Elk Grove Village: American Academy of

Pediatrics, p. 11-219.

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Aula 5 – PROGRAMA NACIONAL DE VACINAÇÃO (PNV) 25/09/2013

Profª Sónia Colaço

VACINA Originalmente referida à inoculação com o vírus da varíola para tornar uma pessoa imune a esta doença;

habitualmente significa um ato físico de administração de qualquer vacina ou toxoide. Produto antigénico a que se retirou a capacidade de provocar doença que introduzido no organismo,

provoca uma reação imunológica comparável à que acontece quando um individuo tem contacto com o

agente patogénico a que se refere

IMUNIDADE ATIVA Estado onde os anticorpos são ativamente formados contra antigénios específicos, naturalmente, por se

ter tido clinica ou subclinicamente a doença, ou artificialmente por introdução do antigénio no individuo

Ver conceitos na Wong – a partir do capítulo 12

IMUNIDADE PASSIVA Imunidade temporária obtida por transfusão de imunoglobulinas ou antitoxinas, artificialmente, de outro

humano ou animal que tenha sido ativamente imunizado contra um antigénio ou naturalmente, da mãe

para o feto, através da placenta

IMUNIDADE DE GRUPO Uma condição na qual a maioria da população da comunidade está vacinada e a propagação de certas

doenças é impedida, uma vez que a população que foi vacinada protege aqueles que, na mesma

população, não foram vacinados. Taxa de cobertura da vacinação pra a uma determinada doença, a partir da qual se consegue a sua

irradicação Depende de dados epidemiológicos e fatores socioeconómicos Nas doenças em que a imunidade de grupo funciona, ela consegue-se com uma percentagem de 70-80%

de vacinados, relativamente a essa doença No caso da tuberculose, difteria, tétano, sarampo, este conceito não se aplica, sendo necessário vacinar

100% da população

RESPOSTA IMUNOLÓGICA

A resposta imunológica depende de: Condições do hospedeiro Condições das vacinas Organização do esquema vacinal/ PNV

Condições do hospedeiro Idade – sistema imunitário Situação de saúde

Condições do hospedeiro que contra indicam todas as vacinas Doença febril aguda até à sua cura Descompensação de doença neurológica se a vacina puder provocar febre Alergia aos compostos da vacina (ovo, antibióticos…) Reação grave ou de sensibilidade a uma dose anterior da mesma vacina

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Condições do hospedeiro que contra indicam as vacinas vivas Gravidez nos primeiros 4 meses Doenças oncológicas ou imunodeficiências Terapêutica imunossupressora Administração há menos de 3 meses de sangue, plasma ou imunoglobulina.

Condições das vacinas Composição Conservação (entre 2 e 8ºC) Administração (princípios da administração de terapêutica – 6 certos) Doses Local Intervalos entre a administração das vacinas

Conservação Respeitar os prazos de validade Não expor os preparados à luz direta ou fontes de calor Não guardar nas portas do frigorífico Seguir as instruções relativamente às instruções de conservação Manter a temperatura entre 2 e 8ºC e não congelar As vacinas anti-sarampo, anti-parotidite, anti-rubeola e anti-hepatite B, quando diluídas devem ser

utilizadas no prazo de 1hora e dentro de 8 dias se forem mantidas entre 2 e 8ºC

COMPOSIÇÃO DAS VACINAS

Antigénios utilizados na produção de vacinas Toxoide – ex: vacina tetânica Microorganismo vivos atenuados (p.ex. vacina antisarampo, papeira e rubéola) Micro organismos mortos (vacina anti tosse convulsa) Micro organismos similares (vacina BCG) Polissacáridos bacterianos (vacina anti hemophillus influenzae do tipo B) Antigénio de superfície purificado (vacina anti hepatite B) Imunoglobulinas específicas

*Junçao de determinadas substâncias

TIPOS DE VACINAS

Vacinas vivas atenuadas Contêm estirpes modificadas de um agente patogénico (bactérias ou vírus) que foram enfraquecidas por

meio de passagens por um hospedeiro não natural, ou por um meio que lhe seja desfavorável. Estas

estirpes mantêm a capacidade de se multiplicar dentro do hospedeiro e continuar a ser suficientemente

antigénicas para induzir uma forte resposta imunitária Exemplo: a vacina contra a varicela-zoster, a vacina oral contra i vírus da poliomielite (VAP) e a contra o

víus da febre amarela

As vacinas heterólogas são um subgrupo de vacinas ativas atenuadas que produzido a partir das estirpes

que são patogénicas em animais mas não em pessoas. O único exemplo até à data é o vírus da variola das

vacas que protege contra o vírus da varíola humana

Vacinas mortas/ inativadas O agente bacteriano ou viral é morto ou inativado através de tratamento químico (ex: forlmaldeído) ou

por calor.

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Exemplo: a vacina inativada contra o vírus da poliomielite (VIP), a vacina contra a pertussis (Pw), a vacina

contra a raiva ou a vacina contra o vírus da hepatite A.

Vacinas sub-unitárias Contêm frações ou sub-unidades do agente infecioso (bactérias ou vírus) selecionado devido à sua

capacidade de inciar uma resposta imunitária especifica Exemplo: a vacina contra o Haemophilus influenza do serotipo b ou a vacina acelular contra a pertussis~

As toxoides são um importante grupo de vacinas sub-unitárias, como a toxoide de difteria, que contêm

uma toxina bacteriana quimicamente modificada, que mantém as suas propriedades imunogénicas,

estimulando a formação de anticorpos. (Wong)

VIAS DE ADMINISTRAÇÃO

Seguir as orientações relativas à via de administração

As vacinas do PNV são administradas por injeção i.d. BCG i.m. anti meningococo do tipo C e anti-papiloma vírus i.m. ou s.c. anti hepatite B, anti tétano, tríplice, tetra pentavalente s.c. anti sarampo, anti rubéola ou anti sarampo, papeira e rubéola (VASPR)

DOSES E LOCAIS DE ADMINISTRAÇÃO

Doses O número de dose depende da imunidade conferida pela vacina

Local de administração Onde seja menor o risco de lesão local, nervosa, vascular ou dos tecidos A injeção intradérmica, do BCG, é administrada na face superior externa do braço esquerdo, na união do

terço superior com o terço médio As injeções subcutâneas são administradas na coxa dos latentes ou na face superior externa do braço, nas

crianças maiores As injeções intramusculares são administradas no vasto lateral da coxa nos latentes ou no deltoide nas

crianças maiores

INTERVALOS DE ADMINISTRAÇÃO Vacinas mortas (sem restrições) Vacinas vivas (4 semanas de intervalo)

- 3 semanas no caso das vacinas anti cólera e anti febre amarela

Idade mínima para iniciar a

vacinação e intervalos mínimos

entre múltiplas doses da mesma

vacina

(a)A VHB pode ser excepcionalmente

administrada em esquemas

acelerados (viajantes e recém-

nascidos <2 000g filhos de mães Ag

HBs+ (ver “Vacinação em

Circunstâncias Especiais – Crianças

pré-termo e de baixo peso”).

(b) Excepcionalmente, em situação de

surto, a idade mínima para a 1ª dose

de DTPa, será de 4 semanas.

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(c) Excepcionalmente, pode ser aceite um intervalo de 4 meses entre a DTPa 3 e a DTPa4.

(d) Até aos 10 anos de idade (exclusive), a 5ª dose de DTPa ou Td só é recomendada se a 4ª dose tiver sido

administrada antes dos 4 anos de idade. Nestes casos, a 5ª dose deve ser administrada, pelo menos, 6 meses depois

da 4ª dose.

(e) Se a VIP 3 for a última dose do esquema vacinal (administrada ≥4 anos de idade) recomenda-se um intervalo de 6

meses em relação à VIP 2.

(f) A VIP 4 só é recomendada se a 3ª dose tiver sido administrada antes dos 4 anos de idade, excepto para os que tenham

recebido um esquema misto VAP e VIP que devem receber a VIP 4 mesmo que a VIP ou VAP 3 tenha sido administrada

depois dos 4 anos de idade. Todas as crianças que tenham feito 4 ou mais doses de VIP e/ou VAP precocemente (antes

dos quatro anos de idade) devem sempre fazer uma dose de VIP depois dos 4 anos, com intervalo mínimo de 6 meses

entre a penúltima e a última dose.

(g) A MenC pode ser administrada a partir das 6 semanas de vida, no contexto de vacinação pós-exposição (Quadro XVII),

a contactos de casos, sem prejuízo da dose recomendada aos 12 meses de idade.

(h) Se for necessária protecção mais precoce (surtos, pessoas infectadas com VIH, viajantes), a 1ª dose de VASPR pode ser

antecipada para os 6 meses de idade, não contando esta dose para o esquema recomendado. As crianças vacinadas

durante o primeiro ano de idade devem ser revacinadas, com a VASPR 1, aos 12 meses.

(i) Excepcionalmente, em crianças com contra-indicação absoluta para a Pa, a Td pode ser administrada antes dos 7 anos

de idade.

PNV (2012: 22)

CONTRAINDICAÇÕES DAS VACINAS - As contraindicações às vacinas são raras e podem ser permanentes

ou transitórias. No capítulo do documento relativo ao PNV 2012

“Descrição das Vacinas do PNV” são apresentadas as contraindicações e precauções específicas para cada

vacina. As precauções não são contraindicações para a vacinação mas exigem prescrição médica para

administrar as respetivas vacinas.

Consultar também Honkenberry & Wilson (2011) - subcapítulo "Contraindicações e

Precauções".

FALSAS CONTRA-INDICAÇÕES PARA A VACINAÇÃO ÀS VACINAS DO PNV - Exceto quando existe uma

contraindicação verdadeira, a decisão de não vacinar, por razões médicas, deve ser sempre cuidadosamente

ponderada e é da responsabilidade do médico assistente, que terá em consideração os benefícios da

prevenção da doença e as raras situações adversas, temporalmente relacionadas com as vacinas. É importante

lembrar que qualquer adiamento da vacinação devido a uma falsa contraindicação constitui uma

oportunidade perdida de vacinação. (consultar circular normativa nº 040/2011 DGS- Quadro IX- Falsas

contraindicações às vacinas do PNV - pag.38)

Reações locais, ligeiras a moderadas, a uma dose anterior da vacina

Doença ligeira aguda, com ou sem febre (exemplo: infeção das vias respiratórias superiores, diarreia)

Terapêutica antibiótica concomitante (exceto os tuberculostáticos para a BCG - ver “Vacina BCG”)

Imunoterapia concomitante com extratos de alérgenos

História pessoal ou familiar de alergias (exemplo: ovos, penicilina, asma, febre dos fenos, rinite ou outras

manifestações atópicas)

Dermatoses, eczemas ou infeções cutâneas localizadas

Doença crónica cardíaca, pulmonar, renal ou hepática

Doenças neurológicas não evolutivas, como a paralisia cerebral

Síndroma de Down ou outras patologias cromossómicas

Prematuridade

Baixo peso à nascença (< 2 000 g) (exceto para a VHB e a BCG – ver “Vacinação em Circunstâncias

Especiais”)

Aleitamento materno

História de icterícia neonatal

Malnutrição

História anterior de sarampo, parotidite epidémica, rubéola ou outra doença alvo de uma vacina

Exposição recente a uma doença infeciosa

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Convalescença de doença aguda

História familiar de reações adversas graves à mesma vacina ou a outras vacinas

História familiar de síndroma da morte súbita do lactente

História familiar de convulsões

PNV (2012: 38)

PROGRAMA NACIONAL DE VACINAÇÃO É gratuito para todos os que vivam em Portugal. É determinado e atualizado em função da epidemiologia das doenças infecciosas. Inclui as idades, doses e vias de administração de vacinas para prevenção de doze* doenças (*desde

Janeiro de 2009)

PNV – Vacinas Vacina contra a tuberculose (BCG) Vacina monovalente contra a hepatite B (VHB) Vacina monovalente contra a doença invasiva por Haemophilus influenzae b (Hib) Vacina “monovalente” contra a poliomielite (VIP) Vacina trivalente contra a difteria, o tétano e a tosse convulsa/pertussis (DTPa) Vacina tetravalente contra a difteria, o tétano, a tosse convulsa e a doença invasiva por Haemophilus

influenzae b (DTPaHib) Vacina tetravalente contra a difteria, o tétano, a tosse convulsa e a poliomielite (DTPaVIP) Vacina pentavalente contra a difteria, o tétano, a tosse convulsa, a doença invasiva por Haemophilus

influenzae b e a poliomielite (DTPaHibVIP) Vacina monovalente contra a doença invasiva por Neisseria meningitidis C (MenC) Vacina trivalente contra o sarampo, a parotidite epidémica e a rubéola (VASPR) Vacina tetravalente contra infecções por vírus do Papiloma humano (HPV) Vacina bivalente contra infecções por vírus do Papiloma humano (HPV) Vacina bivalente contra o tétano e a difteria (Td)

PNV – CALENDÁRIO

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(a) À data de entrada em vigor do PNV 2012, apenas se recomenda 1 dose de MenC aos 12 meses. No período de

transição, as crianças que já tenham 1 dose de MenC no 1º ano de vida, necessitam apenas da dose aos 12 meses.

Independentemente do numero de doses (uma ou duas) efectuadas no primeiro ano de vida, é necessária a dose dos 12

meses (respeitando sempre o intervalo mínimo entre doses).

(b) Aplicável apenas a raparigas.

BCG – BACILO DE CALMETTE-GUÉRIN

VACINA ANTI-TUBERCULOSE É uma vacina de microrganismos vivos que é administrada por enfermeiros especificamente preparados,

por via i.d., na face posterior do braço esquerdo dos recém-nascidos com mais de 2kg, na dose de 0,05ml

e, mais tarde, 0,1ml. O controlo vacinal é feito às 10 semanas pela verificação da cicatriz vacinal. Dos 3

meses aos 18 anos é efetuada após reação intradérmica de Mantoux negativa Confere imunidade a 80% das pessoas vacinadas, quando administrada a menores de 5 anos, defendendo

dos casos graves da doença. A a partir dos 18 anos, pensa-se que deixe de ser eficaz para proteger da

tuberculose

Efeitos secundários Incluem reações imediatas – lesão supurativa que vem a formar crosta – e não imediatas – adenite satélite

axilar.

Contra indicações

As relacionadas com as vacinas vivas; as dermatoses generalizads; a síndrome de imunodeficiência

humana sintomática

PROVA DE MANTOUX Administração de 0,1ml de um soluto de 2 unidades de tuberculina, na face anterior ou ântero-lateral do

1/3 médio do antebraço esquerdo. O aspeto de casca de laranja indica uma boa técnica. Faz-se a leitura às 48-96h após a inoculação, palpando-se e medindo-se em milímetros, com régua

transparente, a zona de induração. A reação é positiva se for ≥10mm; se for entre 5 e 9 mm, apesar de duvidosa, não é preciso revacinar.

VACINA HPV

VACINA ANTI PAPILOMA VÍRUS (para genótipos 6, 11,16,18) Foi a última vacina a ser integrada no PNV – em janeiro 2009 Previne lesões genitais pré-cancerosas, cancro do colo do útero e verrugas genitais externas relacionados

com os genótipos que a compõem, não para as outras formas de infeção por papiloma vírus; É uma vacina produzida por DNA recombinante do HPV, com um adjuvante, pelo que deve ser

administrada 0,5ml, por via i.m. profunda, em 3 doses, entre os 11 e os 13 anos; O intervalo entre a 1.ª e a 2.ª não deve ser inferior a 2 meses e entre a 2.ª e a 3.ª será de 3 meses; A imunogenicidade da vacina está demonstrada entre os 9 e os 26 anos de idade.

Conservação 2 a 8ºc, sem congelar, protegida da luz

Precauções da vacinação contra o HPV Doença aguda grave, com ou sem febre Em indivíduos com alterações da coagulação / risco de hemorragia, fazer segundo prescrição médica Gravidez

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Reações adversas da vacinação contra o HPV Febre e sinais inflamatórios no local da injeção (muito frequentes) Equimose ou prurido no local da injeção (frequentes) Broncospasmo (muito raras)

OUTRAS VACINAS NÃO INTEGRADAS NO PNV Prevenar – streptococcus pneumoniae Rotavírus Antigripe A – 6 meses aos 2 anos Gripe

VACINAÇÃO EM CIRCUNSTÂNCIAS ESPECIAIS (consultar circular normativa nº 040/2011 DGS -pág. 49 a 66) Crianças Pré-termo e de baixo peso Gravidez e Amamentação Indivíduos com alterações/disfunções imunitárias Terapêutica com produtos contendo imunoglobulinas Indivíduos com alterações da coagulação Viajantes - Vacinação no âmbito do PNV Profilaxia pós exposição

CUIDADOS GERAIS A OBSERVAR NA PRÁTICA DA VACINAÇÃO Certificar-se da vacina a administrar, em função da idade e do boletim individual de saúde (BIS), assim

como na ficha central de vacinação da criança Assegurar o respeito pelos prazos de validade, condições de armazenamento e local de disponibilidade

das vacinas Preparar as vacinas de acordo com as regras de administração terapêutica Preparar a criança – e/ou informar os pais para o procedimento – o que vai fazer, como, objeto –

elogiando-a no fim Informar sobre os efeitos secundários possíveis Escrever a lápis no BIS as datas das próximas vacinas Registar a vacina administrada, o laboratório, o lote, a dose na ficha central de vacinação da criança,

através do programa SINUS Aconselhar a criança a permanecer 30 minutos no centro de saúde

REAÇÕES ANAFILÁTICAS E O SEU TRATAMENTO (Consultar circular normativa da DGS nº 040/2011 -

PNV 2012) Diagnóstico de reação anafilática Equipamento e medicamentos Procedimentos a adotar em caso de anafilaxia

- As reações anafiláticas surgem, geralmente, pouco tempo após o contacto com alérgeno, sendo tanto mais

graves quanto mais precoces, pelo que as pessoas vacinadas deverão permanecer sob observação durante 20

minutos após a administração da vacina.

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EQUIPAMENTOS E MEDICAMENTOS – PÁG 50 DGS

Procedimentos

1. Pedir ajuda e telefonar para o 112 para transporte do doente para o Serviço de Urgência mais próximo.

2. Deitar o doente com os pés elevados (posição de Trendelenburg, porque há necessidade de restaurar

rapidamente a volémia); a posição supina pode ser fatal por aumentar o depósito sanguíneo nos membros

inferiores. Nos doentes com dificuldade respiratória deve optar-se pela posição sentada, com elevação dos

membros inferiores. Algumas crianças com dificuldade respiratória preferem estar sentadas ao colo.

Utilizar uma “abordagem ABCDE” e tratar os problemas potencialmente fatais à medida que surgem.

3. Manter as vias aéreas permeáveis, usando um tubo de Guedel, se necessário.

4. Administrar O2 por máscara, com reservatório a 15 L/min ou, na sua falta, por cânula nasal até 6 L/min.

5. Administrar adrenalina aquosa a 1:1 000 (1 mg/mL), na dose de 0,01 mL/kg (máximo 0,5 mL), por via

intramuscular12 na face anterolateral da coxa13. Repetir após 5 minutos se não houver melhoria clínica.

6. Se se mantiverem os sinais de obstrução das vias aéreas, que não responderam à administração parentérica

de adrenalina, administrar aerosol com broncodilatadores (salbutamol em 0,03 mL/kg até à dose máxima de

1mL) ou adrenalina a 1:1 000 (1 mg/mL) (diluir 1 mL em 4 mL de soro fisiológico).

7. Monitorizar o Tempo de Preenchimento Capilar (TPC), a frequência cardíaca e a pressão arterial.

Registar as medições efectuadas, devendo essa informação acompanhar o doente na sua transferência para o

Serviço de Urgência.

RESPONSABILIDADE DO ENFERMEIRO NA VACINAÇÃO

Informar adequadamente os pais acerca da natureza, prevalência e riscos da da doença; tipo de produto

de imunização utilizado; benefícios esperados e risco de efeitos secundários.

Realizar registos rigorosos, documentação precisa (dia;mês; ano da administração; fabricante e nº de lote

da vacina; nome, Instituição de Saúde e assinatura legível da pessoa que administra a vacina.

Reportar quaisquer reações adversas

Manter-se atualizado acerca das recomendações das vacinas

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LEITURA OBRIGATÓRIA Direção Geral da Saúde – Programa Nacional de Vacinação 2012 Norma 040/2011, Lisboa, DGS, 21.12.2011, atualização 26.1.2012 Hockenberry, M.; Wilson, D. (2011). Wong’s Nursing Care of Infants and Children, 9th Edition. Missouri: Mosby Elsevier, Chapter 12 Direcção-Geral da Saúde –Orientações para a operacionalização do módulo de vacinação SINUS. “Direcção-Geral dos Cuidados de Saúde Primários – Circular Normativa N.º 04/DT”, Lisboa, 31/03/03, 3 p. Direcção-Geral da Saúde – Boletim Vacinação n.º2, Abril 2012

LEITURA COMPLEMENTAR Documentos WHO - Bases Imunológicas para a vacinação ( ficheiros em anexo)

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SAÚDE SEXUAL SAÚDE

REPRODUTIVA

Aula 6 – SEXUALIDADE E SAÚDE SEXUAL E REPRODUTIVA 1/10/2013

Profª Madalena Oliveira

SUMÁRIO ALARGADO

Conceitos de sexualidade/Saúde Sexual e Saúde Reprodutiva/Direitos Sexuais e Reprodutivas

Dimensões e funções da sexualidade

Componentes da saúde sexual

Ciclo de Resposta Sexual humana

Vivências e expressões da sexualidade ao longo do ciclo de vida

A carta dos Direitos Sexuais e reprodutivos

Principais problemas e tendências em SSR

O cuidado em SSR

SAÚDE SEXUAL E SAÚDE REPRODUTIVA

- Verifica-se atualmente, uma mudança de paradigma. Distinguimos saúde sexual e saúde reprodutiva,

porque falámos, cada vez mais, de sexualidade não reprodutiva e de reprodução “não sexual”.

- Hoje falámos em “orientações técnicas para a saúde reprodutiva”. O “sexual” fica invisível. E o que é que isto

quererá dizer? Falamos nestas duas conceções separadamente para não confundir as 2 áreas.

- Do mesmo modo, já não falamos tanto em saúde da mulher, mas em saúde sexual, que abrange homens e

mulheres.

O QUE ENTENDEM POR SEXUALIDADE?

É uma energia que nos motiva para encontrar amor, contacto, ternura, intimidade e se integra no modo

como nos sentimos, movemos, tocamos e somos tocados. É ser-se sensual e ao mesmo tempo sexual.

A sexualidade influencia pensamentos, sentimentos, ações e interações e, por isso, influencia a nossa

saúde física e mental”. (WHO, 2006)

- Ainda assim, vários autores contestam esta conceção. Esta é uma definição “muito romantizada” e positivista;

pouco inclusiva.

- Ao longo da história, sempre existiram muitos mitos acerca da sexualidade. Hoje falámos em sexualidade

como um bem de consumo mas, segundo Michel (filosofo), hoje faz-se tanto barulho acerca da sexualidade,

que o efeito é semelhante ao do passado. Não há comunicação, mas barulho que, esconde “esta lacuna”.

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dimensões

biologica

sociocultural

ético legal psicoafetivo

espiritual

DIMENSÕES DA SEXUALIDADE

FUNÇÕES DA SEXUALIDADE

Reprodução

- Durante muito tempo, falamos em reprodução, associada ao modelo social vigente – o casamento

Prazer

Comunicação

- Gradualmente, falamos também em comunicação na sexualidade

SAUDE SEXUAL

É um processo contínuo de bem-estar físico, psicológico e socio cultural, relacionado com a sexualidade,

que se evidencia nas expressões livres e responsáveis de capacidades sexuais que conduzem ao bem-estar

pessoal e social enriquecendo a vida individual e social.

Para conseguir alcançar e manter a vida sexual é necessário que se reconheçam e defendam os direitos

sexuais de todas as pessoas. (WAS, 2000)

Satisfação e gratificação

Sexualidade livre de abusos

Prática de sexo seguro

(Cook, Dichens e Fathalla, 2003)

- Temos uma legislação desde Abril de 2009 (relatório do grupo de trabalho para a educação sexual nas

escolas) que obriga a trabalhar as áreas da sexualidade

VIVÊNCIAS E EXPRESSÕES DA SEXUALIDADE AO LONGO DA VIDA

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TIPOS DE AFETOS

APEGO E SEXUALIDADE

Apego – vínculos afetivos que estabelecemos com os outros significativos

Modelos familiares

Estilo de vinculação – segura, ansiosa, evitante

Contactos/interações – informais; constantes; frequentes

- Um bebé que chora e cuja mãe/pai não atende ao seu chamamento frequentemente, muito provavelmente,

desaprende a ligar-se ao outro; desaprende a viver a relação afetiva, de proximidade, “de toque”.

- Este tipo de relação entre pais-bebés, “aparentemente infantil”, volta a surgir no âmbito das relações

amorosas.

Segundo Jean Watson (2005), a união precoce entre mãe e filho num verdadeiro relacionamento é um

princípio básico para o desenvolvimento psicológico da necessidade de sexualidade, a qual é

demonstrada precocemente, quando o bebé suga, morde e se alimenta como também na segurança e no

contacto diário com outras pessoas.

Relação entre o apego primário e as relações afetivo sexuais no adulto

Relacionado a com auto estima, traços de personalidade, ansiedade e altruísmo

O comportamento de apego na vida adulta é uma continuação direta do comportamento na infância

No adulto existe a procura de proximidade, o refúgio seguro e a criação de 1 base segura entre os pares

Toca a simbologia das relações interpessoais e está ligada ao desenvolvimento do apego na infância

Logo, o apego infantil permanece nas relações adultas (Bowby).

O QUE É A RESPOSTA SEXUAL HUMANA?

Ciclo da resposta sexual humana

Fase de desejo

Fase de excitação

Fase do orgasmo

De Master e Johnsons ao modelo circular de Basson

- Master e Johsons começaram por falar na excitação, planalto, orgasmo e resolução (período refratário). Esta

seria a resposta sexual do Homem. Mais tarde, sugeriu-se que a resposta da mulher seria diferente.

- Atualmente, é amplamente aceite que o desejo antecede a excitação e que o desejo é possibilitado pela

existência de disponibilidade para o desejo.

SAÚDE SEXUAL E REPRODUTIVA

Carta dos direitos sexuais e reprodutivos – Federação Internacional para o Planeamento Familiar (IPPF)

•Desejo - prazer

•Atração

•Enamoramento

•Experiência amorosa

•Inibiçao, rejeição, dor, culpa, ciúme

Sexo- afetivos

•Empatia

•Apego

•Amizade

•Hostilidade

Socio-afetivos

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1 – DIREITO À VIDA

Nenhuma mulher deve ter a vida em risco por razões de gravidez. Nenhuma pessoa deve ter a vida em

risco por falta de acesso aos serviços de saúde e/ou informação, aconselhamento ou serviços relacionados

com a saúde sexual e reprodutiva.

2 – DIREITO À LIBERDADE E SEGURANÇA DA PESSOA

Todas as pessoas têm o direito de poder desfrutar e controlar a sua vida sexual e reprodutiva, no respeito

pelos direitos dos outros.

Todas as pessoas têm o direito de não estarem sujeitas a assédio sexual.

Todas as pessoas têm o direito de estar livres do medo, vergonha, culpa, falsas crenças ou mitos e outros

fatores psicológicos que inibam ou prejudiquem o seu relacionamento sexual ou resposta sexual.

3 – O DIREITO À IGUALDADE E O DIREITO A ESTAR LIVRE DE TODAS AS FORMAS DE DISCRIMINAÇÃO

Ninguém deve ser discriminado, no âmbito da sua vida sexual e reprodutiva, no acesso aos cuidados e/ou

serviços.

Todas as pessoas têm o direito à igualdade no acesso à educação e informação de forma a preservar a sua

saúde e bem-estar, incluindo o acesso à informação, aconselhamento e serviços relativos à sua saúde e

direitos sexuais e reprodutivos.

Nenhuma pessoa deve ser discriminada no seu acesso à informação, cuidados de saúde, ou serviços

relacionados com as suas necessidades de saúde e direitos sexuais e reprodutivos ao longo da sua vida,

por razões de idade, orientação sexual, “deficiência” física ou mental.

4 – O DIREITO À PRIVACIDADE

Todos os serviços de saúde sexual e reprodutivos, incluindo a informação e o aconselhamento, deverão

ser prestados com privacidade e a garantia de que as informações pessoais permanecerão confidenciais.

Todas as mulheres têm o direito de efetuar escolhas autónomas em matéria de reprodução, incluindo as

opções relacionadas com o aborto seguro.

Todas as pessoas têm o direito de exprimir a sua orientação sexual a fim de poder desfrutar de uma vida

sexual segura e satisfatória, respeitando contudo o bem-estar e os direitos dos outros, sem receio de

perseguição, perda da liberdade ou interferência de ordem social.

Todos os serviços de cuidados em saúde sexual e reprodutiva incluindo os serviços de informação e

aconselhamento devem estar disponíveis para todas as pessoas e casais, em particular os mais jovens,

numa base de respeito aos seus direitos de privacidade e confidencialidade.

5 – O DIREITO À LIBERDADE DE PENSAMENTO

Todas as pessoas têm direito à liberdade de pensamento e de expressão relativa à sua vida sexual e

reprodutiva.

Todas as pessoas têm o direito à proteção contra quaisquer restrições por motivos de pensamento,

consciência e religião, no seu acesso à educação e informação relativas à sua saúde sexual e reprodutiva.

Os profissionais de saúde têm o direito de invocar objecção de consciência na prestação de serviços de

contraceção e aborto e o dever de encaminhar os utentes para outros profissionais de saúde dispostos a

prestar o serviço solicitado de imediato. Este direito não é contemplado em casos de emergência, quando

esteja em risco a vida de uma pessoa.

Todas as pessoas têm o direito de estar livres de interpretações restritas de textos religiosos, crenças,

filosofias ou costumes, como forma de delimitar a liberdade de pensamento em matérias de cuidados de

saúde sexual e reprodutivos.

6 – O DIREITO À INFORMAÇÃO E EDUCAÇÃO

Todas as pessoas têm o direito de receber uma educação e informação suficientes de forma a assegurar

que quaisquer decisões que tomem, relacionadas com a sua vida sexual e reprodutiva, sejam exercidas

com o seu consentimento pleno, livre e informado.

Apontamentos IEFPT | CLE 2011-2015 | Inês da Conceição Correia, 4313

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Todas as pessoas têm o direito de receber informações completas quanto às vantagens, eficácia e riscos

associados a todos os métodos de regulação e fertilidade e de prevenção.

7 – O DIREITO DE ESCOLHER CASAR OU NÃO E DE CONSTITUIR E PLANEAR FAMÍLIA

Todas as pessoas têm o direito de acesso aos cuidados de saúde reprodutiva, incluindo casos de

infertilidade, ou quando a fertilidade esteja comprometida devido a doenças transmitidas sexualmente.

8 – O DIREITO DE DECIDIR TER OU NÃO FILHOS E QUANDO OS TER

Todas as pessoas têm o direito ao acesso à gama mais ampla possível de métodos seguros, eficazes e

aceitáveis de contraceção.

Todas as pessoas têm o direito à liberdade de escolher e utilizar um método de protecção contra a

gravidez não desejada, que seja seguro e aceitável.

9 – O DIREITO AOS CUIDADOS

Todas as pessoas têm o direito a usufruir de cuidados de saúde sexual e reprodutiva, incluindo o direito:

Informação dobre os benefícios e riscos dos métodos contracetivos

Acesso à maior variedade possível de serviços

Opção para decidir utilizar ou não serviços e para escolher o método contracetivo a usar

Segurança relativa aos métodos e serviços ao seu dispor

Privacidade na informação e serviços prestados

Confidencialidade relativa a informações pessoais

Dignidade no acesso e na prestação dos cuidados em saúde sexual e reprodutiva

Confiança e comodidade relativa à qualidade dos serviços oferecidos

Continuidade que garanta a disponibilidade futura dos serviços

Opinião sobre o serviço oferecido

10 – O DIREITO AOS BENEFÍCIOS DO PROGRESSO CIENTÍFICO

Todas as pessoas utentes dos serviços de saúde sexual e reprodutiva têm o direito ao acesso a todas as

novas tecnologias reprodutivas seguras e reconhecidas.

11 – O DIREITO À LIBERDADE DE REUNIÃO E PARTICIPAÇÃO POLÍTICA

Todas as pessoas têm o direito de influenciar os governos para que a saúde e os direitos em matéria de

sexualidade e reprodução sejam uma prioridade dos mesmos.

12 – O DIREITO A NÃO SER SUBMETIDO NEM A TORTURA, NEM A TRATAMENTO DESUMANO OU

DEGRADANTE

Todas as crianças têm o direito a proteção contra todas as formas de exploração e, especialmente, da

exploração sexual, da prostituição infantil e todas as formas de abuso, violência e assédio sexuais.

DO PLANEAMENTO FAMILIAR À SAÚDE SEXUAL E REPRODUTIVA

Mudança no conceito de P.F. influenciada pelas várias conferências internacionais

Saúde materna/P.F. – direitos e saúde reprodutiva

1995 – Cairo (integra todas as etapas do ciclo de vida, perspetivando a individualização dos cuidados) –

direito à saúde sexual (os vários elementos estão ligados)

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Percurso histórico da contraceção no P.F.

Em suma: alargou-se o âmbito das suas atividades

Passamos de um modelo higiénico sanitário a um modelo holístico individualizado.

Forma de assegurar que as pessoas têm acesso a informação, métodos eficazes e seguros, a serviços de

saúde que contribuem para a vivência da sexualidade de forma segura e saudável.

DO P.F. À SAÚDE SEXUAL E REPRODUTIVA

Objetivos

1. Promover comportamentos saudáveis face à sexualidade

2. Informar e aconselhar sobre a saúde sexual e reprodutiva

3. Reduzir a incidência de IST e as suas consequências, nomeadamente a infertilidade

4. Reduzir a mortalidade e morbilidade materna, perinatal e infantil

5. Permitir ao casal decidir quantos filhos quer, se os quer e quando os quer, ou seja, planear a sua família

6. Preparar e promover uma parentalidade responsável

Atividades

Esclarecer sobre vantagens e desvantagens de regular a fecundidade em função da idade

Reconhecer e orientar os casais com desajustes/dificuldades sexuais

Prestar cuidados pré concecionais tendo em vista a redução do risco numa futura gravidez

Identificar e orientar os casais com problemas de infertilidade

Efetuar prevenção, diagnóstico e tratamento das IST

Efetuar rastreio do cancro do colo e mama

SAÚDE REPRODUTIVA

Implica que as pessoas possam ter uma vida sexual satisfatória e segura e que tenham a capacidade de se

reproduzir e decidir quando e com que frequência têm filhos.

Saúde Reprodutiva é um estado de bem-estar físico, mental e social, e não apenas a ausência de doença ou enfermidade, em todos os aspetos relacionados com o sistema reprodutivo, suas funções e processos. In Programa de Ação da Conferência Internacional sobre População e Desenvolvimento (Cairo, 1994)

Finalidade

Que as pessoas gozem de ausência …

PRINCIPAIS TENDÊNCIAS EM SSR

Promover a saúde na esfera sexual e reprodutiva

Promover uma efetiva igualdade

..Acabar

Os laços existentes entre pobreza, desigualdade e violência de género, fertilidade, gravidez indesejada e

aborto, demonstram que o investimento na saúde sexual e reprodutiva é fundamental para quebrar este

ciclo.

1. Contraceção

(limitação/

espaçamento dos

nascimentos)

2. Contraceção

(prevenção da

gravidez não

desejada)

Prevenção de IST e

Rastreio do cancro

genital

Informação e

educação sexual

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43

É necessário

Atendimento imediato

Encaminhamento adequado

Protocolos de articulação

Consulta de P.F. hospitalar

Consulta de P.F. em CS

OS CUIDADOS DE ENFERMAGEM EM SS

Consulta de enfermagem programada

Atendimento não programado

Unidades móveis

Projetos em estabelecimentos de ensino, associações..

Espaços de atendimento a jovens

Escolas de pais

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Aula 7 (TP) – MÉTODOS DE CONTROLO DA FECUNDIDADE 2/10/2013

Profª Esmeralda Afonso

SUMÁRIO ALARGADO

Sistema reprodutor feminino e masculino (revisões)

Métodos de controlo da fecundidade

Eficácia contraceptiva teórica e prática: (conceitos e interpretação dos valores)

Descrição e formas de actuação:

- Métodos hormonais

- Métodos barreira

- Métodos cirúrgicos

- Métodos de conhecimento do período fértil ou de auto-observação

- Dispositivo intra-uterino (DIU)

- Contraceção de emergência

Critérios de escolha de um método de controlo da fecundidade e características do utilizador

O cuidado de enfermagem no aconselhamento contraceptivo

SISTEMA REPRODUTOR FEMININO

Órgãos sexuais internos

Gonadas (ovários)

Trompas

Útero

Vagina

Órgãos sexuais externos

Vulva (conjunto dos pequenos e grandes lábios e clítoris)

Grandes lábios

Pequenos lábios

Clítoris

Introito vaginal

Ciclo ovárico

- Em cada ciclo ovárico – antes da menstruação vários oócitos passam por um processo de maturação. Um

deles tem um desenvolvimento “especial” e os outros acabam por atrofiar.

- A principal fonte de estrógeno são os folículos

- O muco cervical, produzido pelas células do colo do útero e estimulado pelo estrogénio, ajuda no transporte

dos espermatozoides até às trompas.

- O muco cervical distingue-se do corrimento porque o muco cervical é uma secreção produzida pelo colo do

útero, também chamado cérvix. Este muco impede que as bactérias que habitam a vagina penetrem no útero

mantendo-o saudável, além disso também ajuda o espermatozoide a alcançar o útero durante o período fértil

da mulher. O muco cervical durante a maior parte do mês é espesso, o que dificulta a passagem dos

espermatozoides da vagina ao útero, mas durante o período fértil da mulher esse muco se torna transparente

e elástico, ajudando a passagem do esperma pela vagina até o útero e tubas uterinas, onde pode ocorrer a

conceção do bebê e começar a gravidez.

- Ciclo menstrual – começa quando se inicia a menstruação e termina e reinicia na menstruação seguinte

- Se houver uma gravidez…

Ciclo endometrial

Fase menstrual

Fase descamativa

Fase secretória

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Ciclo menstrual, ovárico e endometrial

Ciclo menstrual – 1º dia da menstruação até ao último dia antes da menstruação seguinte

1ª Fase (antecede a ovulação): duração variável

2ª Fase (depois da ovulação): aproximadamente 14 dias

Primeiros 2 anos após a menarca e pré-menopausa (última menstruação) – habitualmente ciclos mais

longos e irregulares devido a ciclos anovulatórios

SISTEMA REPRODUTOR MASCULINO

Testículos

Epidídimo

Canas deferentes

Uretra

Pénis

Escroto

Glândulas anexas

Vesiculas seminais

Próstata

Glândulas de Cowper ou bulbos uretrais

Espermatogénese

Processo de diferenciação das espermatogónias em espermatozoides

Demora cerca de 70/80 dias (qualquer problema ou modificação temporária das condições de

espermatogénese pode originar problemas de fertilidade durante 2 a 3 meses

Inicio na puberdade e continua ao longo da vida

EFICÁCIA DOS METODOS CONTRACETIVOS

Índice de Pearl (permite calcular a eficácia de um método)

(Nº de gravidezesx12x100)/ ciclos de uso

Número de gravidezes em cada 100 mulheres que usam esse método durante 1 ano

Eficácia teórica - Corresponde à eficácia contracetiva de um método quando ele é utilizado em

condições ideais

Eficácia prática - Corresponde à eficácia contracetiva de um método na prática, ou seja, tendo em conta

a qualidade da sua utilização: a motivação e experiência dos utilizadores, erros na sua utilização, as

omissões, etc.

Formas diferentes de apresentar as eficácias

Numero de gravidezes em 100 mulheres por ano (ex: 0,1 a 2 gravidezes em 100 mulheres por ano)

Apresentação da taxa de fracasso…

MÉTODOS CONTRACETIVOS

Formas de atuação

Impedindo a ovulação

Impedindo o encontro dos espermatozoides com óvulo

Impedindo a nidação

1. Métodos hormonais

- Oral; adesivo; anel vaginal; injetável; implante

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2. Dispositivo intra-uterino (DIU)

3. Métodos barreira

- Preservativo; diafragma; espermicida

4. Métodos de conhecimento do período fértil ou de observação

- métodos com base no calendário e métodos com base na observação de sinais e sintomas (método da

temperatura basal; método do muco; método sintotérmico)

5. Testes preditivos da ovulação

6. Métodos cirúrgicos

7. Contraceção coital

1. Métodos hormonais

1.1. Contraceção combinada (estrogénio e progestagénio)

Contraceção oral combinada (COC)

Anel vaginal

Adesivo contracetivo transdérmico

1.2. Contraceção progestativa

Contraceção oral progestativas (POC)

Implante subcutâneo

Contraceção injetável

Atenção às interações medicamentosas!

1.1.1. Anel vaginal

Pode ficar ou ser retirado antes da relação sexual. Neste caso, ou se o anel tiver sido expulso, deve ser

lavado com água, fria ou morna, e recolocado.

Não é necessário retirá-lo para o exame ginecológico.

1.1.2. Adesivo contracetivo transdérmico

Esquecimento

Semana 1 (o 1º adesivo não foi colocado no dia previsto):

Aplicar novo adesivo de imediato, iniciando-se um novo ciclo

Usar contracepção suplementar durante 7 dias

Se o atraso no início do novo ciclo por 2 a 3 dias e, tiver havido relações sexuais vaginais não protegidas,

deve ser considerada a utilização de Contraceção de Emergência.

Semana 2 ou 3 (o adesivo não foi substituído no dia correto):

< a 48 horas – aplicar novo adesivo de imediato, manter o dia previsto para a substituição seguinte

o a 48 horas – aplicar de imediato um novo adesivo. Inicia-se um novo ciclo

Usar contraceção suplementar durante 7 dias

O adesivo não foi retirado no fim do ciclo:

Retirar o adesivo e colocar um novo, no dia previsto

1.2.1.Contraceção hormonal progestativa

Iniciar preferencialmente no 1º dia do ciclo, ou até ao 5.º dia da menstruação, não necessitando, nestas

circunstâncias, de outro método contraceptivo complementar. Em casos particulares, a pílula pode ser

iniciada em qualquer dia do ciclo (desde que haja a segurança de que a mulher não está grávida),

devendo ser utilizado um método adicional nos primeiros 7 dias (após 2 dias de toma do POC, já se

verifica a sua acção sobre o muco cervical).Tomar o comprimido diariamente e à mesma hora,

recomeçando uma nova embalagem, sem interrupção.

2. Dispositivo interno uterino (DIU) – tipos de DIU

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Dispositivos inertes de polieteno (não comercializados em Portugal)

Dispositivos ativos: com cobre; com cobre e prata; com levonorgestrel (progesterona)

3. Métodos barreira

4. Métodos de conhecimento do período fértil

Métodos de auto-observação (baseados na avaliação de sinais e sintomas

- Método da temperatura basal

- Método do muco cervical – enquanto há muco à possibilidade de produzir a gravidez

- Método sinto-térmico

Métodos com base no calendário

Nota: podem ser utilizados como métodos contracetivos ou como métodos de conceção

4.1. Métodos de auto observação

Pressupostos

Período fértil

4.2. Método do calendário

A utilização do método do calendário baseia-se no cálculo do período fértil com base nas premissas:

A mulher tem uma ovulação por mês, 14 dias antes da menstruação seguinte

O óvulo é viável entre 1 a 3 dias após a ovulação e o espermatozóide pode ser fecundante 3 a 5 dias após

a ejaculação

Considerando a duração dos ciclos menstruais anteriores (pelo menos 6 ciclos), calcula-se o período fértil,

subtraindo 11 dias ao número de dias do ciclo mais longo e 18 dias ao número de dias do ciclo mais curto.

5. Testes preditivos da ovulação

Teste de urina preditivo da ovulação: deteta a subida da hormona luteinizante (LH) que ocorre,

aproximadamente 12 a 24horas antes da ovulação (?)

Acabar

6. Métodos cirúrgicos

Laqueação das trompas

Vasectomia

- Os espermatozoides são destruídos por fagocitose

A quantidade… Acabar

7. Contraceção coital

Modo de ação

Impede ou retarda a ovulação (contracetivo)

Caso tenha havido fecundação, impede a nidação (anti-nidatório)

Disponíveis, em Portugal, no momento:

Método de Yuzpe

Método com progestagestativo

Método do DIU

Qualquer dos métodos deverá ser utilizado até 5 dias depois da relação sexual (DGS, 2008) ……

A ESCOLHA DE UM MÉTODO DEPENDE..

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De uma decisão voluntária e esclarecida sobre a segurança, eficácia, custos, efeitos secundários e

reversibilidade dos métodos disponíveis. Há um conjunto de questões que devem ser colocadas quando se

pretende escolher um método de contraceção:

É o mais conveniente e eficaz?

Está adequado ao meu estilo de vida?

É reversível?

É um método acessível?

Existem riscos para a saúde?

CARACTERISTICAS DO UTILIZADOR

O MÉTODO IDEAL

ACONSELHAMENTO CONTRACETIVO – princípios gerais

O enfermeiro

Deve ter conhecimentos aprofundados e atualizados sobre todos os métodos de controle da fecundação

Sempre que

Acabar

Saber escutar estabelecer um clima de confiança

Encorajar a pessoa a falar e colocar questões

Adequar a informação à pessoa em causa

Acabar

Identificar os conhecimentos e grau de compreensão da mulher/ companheiro relativamente aos métodos

de controlo da fecundidade

Identificar mitos, fatores éticos, culturais, ecológicos

Identificar o nível de adesão da mulher/ companheiro à contraceção e as objeções relativas a algum

método

Colher dados relativos à história de saúde pessoal (incluindo ginecológica e obstétrica…

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Aula 8 – CONJUGALIDADE E PARENTALIDADE – DO SISTEMA CONJUGAL AO SISTEMA PARENTAL 3/10/2013

Profª Madalena Oliveira

SUMÁRIO ALARGADO

Formação do sistema conjugal

Conceitos de conjugalidade/tipos de conjugalidade

Tipologias de relações de vinculação no adulto

Conjugalidade e género

Relações de género na conjugalidade e na parentalidade

Conjugalidade e Parentalidade

A construção do papel parental (Mercer)

O QUE É CONJUGALIDADE?

O QUE É O CASAL ATUALMENTE?

COMO SE FORMA? COMO FUNCIONA?

A nova forma de mudança do fato conjugal (Kaufmann, 1993)

Menor institucionalização e normalização dos percursos familiares e conjugais

Alongamento (verticalização) dos laços familiares (K.Wall, 2002)

- As famílias mudaram e, por isso, temos que olhar para as famílias de uma forma diferente.

DO SISTEMA CONJUGAL AO SISTEMA PARENTAL

Conjugalidade como fenómeno existente em todas as culturas

“Amar e ser amado é absolutamente organizador”

É nessa reciprocidade da relação e na vida com os outros que nos construímos como pessoas

Contudo, existe outras formas de alcançar esse equilibrio

O SISTEMA CONJUGAL

- Há vários tipos de conjugalidade. Nem todos têm os mesmos objetivos…

Várias formas de entrega na conjugalidade

Multiplicidade de modelos

Tipos de conjugalidade

Institucional – assenta no passado; casamento como bem instituído e estatutário

Fusional – pessoas que fazem “tudo” juntas; que se fundem numa só

Associativa - casais que têm um espaço individual e um espaço comum; existe um ele/eu e um nós

(Anália Torres, 2000)

- Há casais ou membros num casal que valorizam…

A dimensão sexuada da conjugalidade

A construção da identidade pessoal e conjugal – a relação com o par amoroso valoriza-nos enquanto

pessoa

Novos desafios da conjugalidade

Cada elemento aspira a uma vida provada com gratificações afetivas e sexuais

DIMENSÕES DA CONJUGALIDADE

1. Afetos

2. Sentido

3. Género

4. Recursos

5. Contexto

6. Identidade

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ADAPTAÇÃO À CONJUGALIDADE E PARENTALIDADE

A adaptação à conjugalidade e à parentalidade sofre influência das tendências sociais e das mudanças

drásticas nas sociedades ocidentais

Situação das mulheres portuguesas sui-generis relativamente ao panorama europeu

Mudança no papel da mulher que participa ativamente na vida económica, social e política

Mudança no desempenho do pai que inclui uma participação direta na parentalidade

PARENTALIDADE

“Processo de incorporação e transição de papeis que começa durante a gravidez e termina quando o

pai/mãe desenvolvem um sentimento de conforto e confiança no desempenho dos seus respetivos papéis

(Lowdermilk, 2008)

“Assumir as responsabilidades de ser mãe ou pai” (ICN, 2009)

Ter filhos é transmitir heranças diversas desde a genética às dos costumes, valores e significados mas

igualmente num contexto de intimidade, aceitar a diferença da individualidade”. (Canavarro, 2002)

Gravidez e sobretudo a maternidade jogam-se no (desequilíbrio entre estar juntos, dar continuidade,

proteger e estar separado, promover a descontinuidade e a autonomia

Representações da parentalidade

A gravidez é um teste à funcionalidade do corpo feminino, definindo a sua “normalidade” possibilidade

(...)

A perceção do investimento emocional e de tempo que a gravidez e sobretudo a maternidade implicam,

pode ser perspetivado como um roubo à relação conjugal/marital estabelecida

Para as mulheres que consideram um corpo grávido como fisicamente pouco atraente, existe o medo de

uma vida a desenvolver-se dentro de si, dia torcendo a sua imagem física, fazendo-a engordar e produzir

leite, modificando também a sua capacidade de sedução e vida sexual. (Canavarro, 2001)

TRANSIÇÃO PARA A PARENTALIDADE

Uma passagem de um estado, condição ou lugar para outro podendo gerar instabilidade, produzir efeito

negativos e profundas alteações passageiras ou permanentes, deixando a sua marca no individuo … (Chick

e Meleis, 1986)

FATORES QUE INFLUENCIAM A TRANSIÇÃO PARA A PARENTALIDADE

Condições pessoais (significados, atitudes e crenças; estatuto socioeconómicos, preparação e conhecimento)

Condições da comunidade (recursos)

Condições da sociedade (estereótipos e marginalização)

Dimensões:

Comportamentos

Cognições

Afetos

PRINCIPAIS EXIGÊNCIAS NA TRANSIÇAO PARA A PARENTALIDADE

Adaptação materna

Privação do sono e cansaço

Alteração da imagem corporal

Insatisfação com a aparência física

Duvidas acerca da competência parental

Ansiedade acerca dos novos papéis e responsabilidades

Alterações de humor

Aumento das tarefas domésticas

Mudanças na situação profissional

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Adaptação paterna

Privação do sono e cansaço

Aumento das tarefas domésticas

Constrangimentos financeiros e económicos

Intrusividade da família

GÉNERO NA CONJUGALIDADE E PARENTALIDADE

Conceito (afeta todas as dimensões da vida)

Diferença entre género e sexo

O género como um determinante em saúde

Ainda fortes desigualdades sociais e de género na família e rede de parentesco (K.Wall, 2002)

- Construção social que é feita sobre um corpo biológico. Papéis que na sociedade estão definidos para o

homem ou para a mulher. Construções sociais aplicadas a homens e a mulheres que constituem uma

justificação para um corpo biológico masculino ou feminino.

GÉNERO

Sexo – diferenças biológicas entre homens e mulheres (“nascer” homem ou mulher)

Género – construção social da masculinidade e feminilidade (“tornar-se” homem ou mulher)

Relações de género

Diferentes de acordo com a cultura, religião e sociedade

Influenciadas por diferentes fatores (etnia, classe social, condição e situação das mulheres)

Caracterizadas por ser dinâmicas e estarem no centro das relações sociais

Distinguirem-se ainda pela sua desigualdade

Afeta todas as dimensões

O FEMININO E O MATERNO/ O MASCULINO E O PATERNO

Feminino – significante de capacidade de auto afirmação de poder, de competência física…

Materno – significante de afeto de ternura, de capacidade de cuidar, de altruísmo, defesa e proteção do

outro

Feminino e materno

Mulheres centradas no feminino

Querer ter um filho como querer ter um carro, uma casa, currículo profissional…

Ter filhos porque é suposto, porque está na idade, porque é suposto, porque está na idade, porque o

conjugue, os pais, o meio circundante o reivindica.

Mulheres centradas no materno

Desejar a todo o custo ser mae

(...)o parceiro da relação com ele é secundário e secundarizado

A VIVENCIA DA PARENTALIDADE

História pessoal

Qualidade da relação conjugal

Qualidade da relação com a família de origem

Expetativas em torno do bebé

Fatores sociais, económicos e culturais

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TRANSFORMAÇÕES DA PARENTALIDADE

Continuidade

Assentava exclusivamente na figura materna

O pai não participava nos cuidados aos filhos estando afastado do exercício da paternidade

Famílias alargadas que apoiava os futuros pais e recém-nascido

Mudança

Pais e mães entendem a ter cada vez mais papéis igualitários em termos de direitos e deveres

Famílias nucleares e urbanas (casais vivem longe da família de origem)

LEGISLAÇÃO DE PROTEÇÃO À PARENTALIDADE

A maternidade e a paternidade constituem valores sociais eminentes.

Os trabalhadores têm direito a proteção da sociedade e do Estado na realização da sua insubstituível ação

em relação ao exercício da parentalidade. Leis de proteção à parentalidade e maternidade

FUNÇÕES DA PARENTALIDADE

1. Satisfazer as NHF de sobrevivência e saúde da criança

2. Disponibilizar-lhe um mundo físico organizado e previsível

3. Responder às suas necessidades de compreensão cognitiva das realidades extra familiares

4. Satisfazer as suas necessidades de afeto, confiança e segurança

5. Ir ao encontro das suas necessidade de interação social e respetiva integração na comunidade

TAREFAS DESENVOLVIMENTAIS DA MATERNIDADE

Aceitação da gravidez (1ºT)

Aceitar a realidade do feto (2ºT)

Reavaliar e reestruturar a relação com os pais

Reavaliar e reestruturar a relação com o cônjuge/ companheiro

Aceitar o bebé como pessoa separada

Integrar a identidade materna/paterna

Reavaliar e reestruturar a relação com o(s) outro(s) filho(s)

(Canavarro, 2001)

TAREFAS DESENVOLVIMENTAIS DA PATERNIDADE

Fase de tomada de conhecimento

Fase moratória

Fase de concentração

May (1982)

PARENTALIDADE E FAMILIA ALARGADA

O nascimento de uma criança implica:

A ligação irreversível entre 2 famílias biológicas

O aparecimento de uma serie de novos laços de parentesco (avós, tios, sobrinhos, primos...)

Conjugalidade e parente

- Nas épocas de grande mudança das necessidades de reajustamentos…

identidade pessoal ser pessoa ser marido/ mulher ser mãr/ pai

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A CONSTRUÇAO DO PAPEL PARENTAL

Teoria da consecução do papel maternal (Mercer, 1991)

Microssistema (família, relações conjugais, apoio social, stress)

Mesossitema (família largada, escola, trabalho, igreja e comunidade)

Macrossitema

Influências

Relação conjugal

Funcionamento da família

Stress

Apoio social

4 Fases importantes

1. Antecipativa (expetativa do papel – gravidez)

2. Formal (a partir do nascimento desempenho do papel=

3. Informal

4. Pessoal (identidade)

INTERVENÇÕES DE ENFERMAGEM

É necessário sensibilizar a mulher para o papel do marido, mostrando as vantagens que daí poderão advir

e fazendo-a sentir q tem enorme influência neste processo de envolvimento paterno

É desejável encorajar o pai a expressar as suas expectativas, os seus medos e sentimentos sensibilizando-o

para o envolvimento em todas as fases do processo de parentalidade.

É fundamental que se centrem na tríade mãe-filho-pai

É indispensável reconhecer-se que o pai também sofre um processo de adaptação, paralelo ao da mãe,

que pode e deve ser facilitado pela ação dos profissionais de saúde

É desejável que as intervenções se centrem também na harmonização....

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Aula 9 – FECUNDAÇÃO E DESENVOLVIMENTO EMBRIONÁRIO 8/10/2013

Profª Madalena Oliveira

SUMÁRIO ALARGADO

Fecundação e desenvolvimento embrionário e dos anexos ovulares

Aspetos psico sociais da gravidez e parentalidade

Transição para a parentalidade

Tarefas do ponto de vista psicossocial

- 1º trimestre da gravidez (fase de aceitação)

- 2º trimestre da gravidez (fase de diferenciação)

- 3º trimestre da gravidez(fase de separação)

Aspetos biofísicos da gravidez

Conceitos em Obstetrícia

Diagnóstico de gravidez (presunção, probabilidade e certeza)

Avaliação da DUM, Idade Gestacional/DPP

Índice Obstétrico/ história Obstétrica

Adaptações maternas à gravidez do ponto de vista biofísico

Vigilância de saúde da gravidez

Principais desconfortos da gravidez e medidas de alívio

Cuidados de enfermagem na prevenção e alívio dos principais desconfortos durante a gravidez

PERIODO PRÉ-EMBRIONÁRIO – GAMETOGENESE

Cada célula tem:

22 Pares de cromossomas

1 Par de cromossomas sexuais – xx na mulher e xy no homem

Formam um número diploide de cromossomas – 46

46 cromossomas dispostos em 23 pares de cromossomas homólogos emparelhados

Cada gameta tem 23 cromossomas – nº haploide

A gametogénese inclui:

PERIODO PRÉ-EMBRIONÁRIO - FECUNDAÇÃO

1. Dá-se a ovulação – o ovócito é captado pela trompa

2. 1% DOS ESPERMATOZÓIDES DESPOSITADOS NA VAGINA (150 a 500 milhoes) entram no útero e dirigem-

se para a trompa a uma velocidade média de 2 a 3 mm/m (trajeto em 1 hora)

3. Os espermatozoides podem fertilizar até 48/72 horas

4. Óvulo pode ser fertilizado até 24/48 horas

5. Para que ocorra fecundação o espermatozoide vai sofrer capacitação e reação acrossomal

Oogénese oogónias oócitos primários oócitos maduros

Espermatogénese espermatogónias espermatócitos

primários

espermatócitos

maduros

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Capacitação – Alteração fisiológica de Remoção da camada glicoproteica e de proteínas que cobrem a

membrana plasmática da região acrossomal dos espermatozoides (revestimento protetor da cabeça do

espermatozoide, o acrossoma); depois, formam-se pequenas perfurações no acrossoma, permitindo que as

enzimas (ex: hialuronidase) se escapem. Estas enzimas são necessárias para que o espermatozoide penetre

nas camadas protetoras do ovulo antes da fecindação. Só os espermatozoides capacitados conseguem passar

as células da corona radiata

Reação acrossomal - Reação em que são libertadas enzimas necessárias à penetração do espermatozoide na

zona pelúcida

A – Oócito em repouso na 2ª divisão meiótica

B – Fertilização

C – Formação do zigoto com 2 pronúcleos – feminino e masculino – que iniciam a replicação do seu DNA

D e E – divisão mitótica

F – Formação de um ovo ou zigoto com 2 células

“A fecundação” tem lugar na ampola (terço externo) da trompa uterina. Quando um espermatozoide penetra

com êxito na membrana que circunda o óvulo, tanto o espematozóide como o óvulo são fechados dentro da

membrana, que se torna impenetrável a outro espermatozoide. Isto denomina-se reação da zona. A segunda

divisão meiótica do óócito é concluída, e o núcleo do óvulo trona-se no pronúcleo feminino.

A cabeça do espermatozoide aumenta, tornando-se no pronúcleo masculino e a cauda degenera. Os núcleos

fundem-se e os cromossomas associam-se, recuperando o núcleo diploide. Concretizou-se a conceção, a

formação do ovo ou zigo (primeira célula do novo individuo)

A reprodução celular mitótica, chamada clivagem, começa com a viagem do ovo ao longo da trompa uterina

até ao útero. Esta viagem duara 3 a 4 dias. Como o ovo fecundado se divide rapidamente sem qualquer

aumento de tamanho, forma-se sucessivas células mais pequenas, os blastómeros, em cada divisão. No

espaço de 3 dias, produz-se a mórula, uma solida esfera de 16 células. A morula encontra-se ainda

protegida pela zona pelúcida. O desenvolvimento prossegue enquanto amorula flutua livremente dentro do

útero. O fluido passa através da zona pelúcida para os espaços intercelulares entre os blastómeros. À medida

que os espaços se vao juntando dentro da massa celular, forma-se uma estutura cavitária chamada

blastocisto. A formação do blastocisto marca a primeira grande diferenciação do embrião. A massa sólida de

células internas, botao embrionário ou massa celular interna sá origem ao embrião e à membrana

embrionária, chamada âmnio. A camada exterior de células que circundam a cavidade constitui o trofoblasto,

a partir do qual se desenvolve a membrana embrionário, o córion, e a parte embrionária da placenta.”

(Lowdermilk, página 69)

“Nidação. A zona pelúcida degenera e o trofoblasto adere ao endométrio uterino. Entre 7 a 10 dias após a

conceção, o trofoblasto segrega enzimas que lhe permitem introduzir-se no endométrio, até que todo o

blastocisto fique coberto.

Chama-se a isto nidação. Os vasos sanguíneos endometriais sofrem um erosão e algumas mulheres têm uma

ligeira perda de sangue muito ténue na altura da primeira falta de período menstrual. As vilosidade

coriónicas, umas saliências em forma de deo, desenvolvem-se fora do trofoblasto e estendem-se até aos

lagos sanguíneos de endométrio. Estas vilosidades constituem processos vasculares que obtêm oxigénio e

Ovulação

oócitos

captados pela

trompa

12/24h -

fecundação zigoto

2º dia - 2

células

3º dia - mórula (16

células

4º dia -

Entrada na

cavidade

uterina

Blastocisto

inicial

desaparecime

nto da zona

pelúcido

5º-7º dia

Implantação

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nutrientes a partir do fluxo sanguíneo materno e que depositam dióxido de carbono e produtos de

degradação. Após a nidação o endométrio passa a chamar-se de decídua. A parte diretamente abaixo do

blastócito, onde as vilosidades coriónicas se liagam aos vasos sanguíneos maternos, constitui a decídua

basalis. A parte que cobre o blastócito é a decídua capsularis e a parte que envolve o resto do útero é a

decídua vera.” (Lowdermilk, páginas 69-71)

“A gravidez dura aproximadamente 9 meses, 40 semanas ou 280 dias. A duração da gravidez é contada desde

o primeiro dia do último período menstrual ou data da ultima mensatruação até ao dia do nascimento. No

entanto, a conceção ocorre aproximadamente 2 semanas depois do primeiro dia da ultima menstruação

(DUM). Assim, a idade gestacional do feto é de duas semanas menos, num total de 266 dias ou 38 semans. A

idade gestacional vai ser usada para se estudar o desenvolvimento do feto.

O desenvolvimento intrauterino divide-se em 3 estádio: ovo ou zigoto, embrião e feto. O estádio de zigoto

dura desde a conceção até ao 14º dia. Este período cobre a reprodução celular, a formçao do blastócisto, o

desenvolvimento incial das membranas embrionárias e o estabelecimento das camadas germinativas

primitivas.

O estádio de embrião dura desde o 15º duas até aproximadamente 8 semanas após a conceção ou até o

embrião medir 3 cm de comprimento crânio-caudal. Este estádio constitui o tempo mais crítico no

desenvolvimento dos sistemas orgânicos e das principais características externas. As áreas de

desenvolvimento com rápida divisão de células são as mais vulneráveis às malformações por agentes

teratog+enicos ambientais. No final da 8ª semana, estão presentes todos os sistemas orgânicos e estruturas

externas e o embrião é indubitavelmente um ser humano.” (Lowdermilk, página 71)

Formação do disco germinativo trilaminar – constituído por 3 camadas

Ectoderme

Mesoderme

Endoderme

- Cada uma das 3 camadas germinativas dá origem aos vários tecidos e órgãos

Derivados da ectoderme

SNC e SNP

Epitélio sensorial do olho ouvido e nariz

Epiderme

Glândulas subcutâneas, mamárias e hipófise

Derivados da mesoderme

Tecidos de suporte

Sistema vascular

Sistema urogenital

Sistema respiratório

Baço

Derivados da endoderme

Revestimento epitelial do ap. Gastrointestinal

Revestimento do aparelho respiratório

Revestimento da bexiga

Revestimento da tiroide, fígado e pâncreas

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CALENDÁRIO DE DESENVOLVIMENTO HUMANO PRÉ-NATAL, DESDE A DUM ATÉ À DECIMA SEMANA

DE GESTAÇÃO

DIA 1 – Fecundação. Início do Estádio 1.

DIA 2 - Divisão do zigoto. Início do Estádio 2.

DIA 3 - Mórula

DIA 4 - Blastócisto primário. Início do Estádio 3

DIA 5 - Blastocisto secundário

DIA 6 – nidação. Inicio do Estádio 4

DIA 7 - Início do estádio 5

DIA 8 – (IMAGEM DE) Cavidade amniótica – embrião bilaminado

DIA 9 - Aparecem lacunas no sinciotrofablasto – saco vitelino primitivo

DIA 10 - Nidação completa do blastócito e crescimento do epitélio

DIA 11 - Estabelecimento da circulação placentária primaria

DIA 12 – (IMAGEM DE) Mesoderme extra embrionária – celoma

DIA 13 – vilosidade primária. Início do estádio 6

DIA 14 – (IMAGEM DE) Aspeto dorsal do embrião. Placa pré cordial e disco germinativo

DIA 15 - Primeira folha menstrual

DIA 16 – Processo neo cordial. Início do estádio 7

DIA 17 – (IMAGEM DE) Mesoderme intra embrionário – embrião trilaminar

DIA 18 - Inicio do estádio 8

….

Ver: MATERIAL PEDAGÓGICO DE SUPORTE

A vida no ventre “National Geografic”

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58

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59

Aula 9 – PARTE 2 – ASPETOS BIOLÓGICOS E PSICOSSOCIAIS DA GRAVIDEZ

8/10/2013

Profª Madalena Oliveira

ASPETOS PSICOSSOCIAIS – Adriana Wagner (2006)

A gestação de um bebé é um período cheio de expetativas, em que a família se prepara para a chegada

do novo membro. Cada criança que chega ao mundo ano se incorpora num contexto vazio, muito pelo

contrário, nasce num contexto familiar repleto de expetativas, crianças, valores e metas.

Fatores biológicos

Idade

História anterior relacionada com a gravidez

Evolução da gravidez

Psicológicos

Relação do casal com seus progenitores

Relação do casal com a sua história

Psicodinâmica do casal e de cada cônjuge

Fatores sociais

Estrutura do casal

Estrutura social de apoio

Anseios e pressões socioculturais

TAREFAS DE DESENVOLVIMENTO

tarefas de

desenvolvimento

aceitação da gravidez

preparação para a

experiencia do parto

reorganização da

relaçao com o

companheiro

estabelecimento de

uma relaçao com a

criança que ainda nao

nasceu

reorganizaçao da

relaçao com os seus

modelos parentais

identificação com o

papel de mae/ pai

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60

A GRAVIDEZ NO CICLO DE VIDA

Primeiro trimestre – da conceção até ao final da 13ª/ 14ª semana

1. Fase de integração

Aceitação da notícia da gravidez

Modificações corporais e psicológicas

Alteração dos estilos de vida

Preparação da casa família

Em suma, início do processo de parentalidade (?)

Segundo trimestre (até à 26ª semana)

2. Fase de diferenciação

Desconfortos tendem a cessar

Inicio dos movimentos fetais

O feto reage de forma diferente aos estímulos

A mãe interpreta as reações como características individuais

Bebé imaginário – o casal começa a atribuir personalidade ao feto

Começa a vinculação pré-natal

Terceiro trimestre (27ºsemana até ao nascimento)

3. Fase de separação

Proximidade do Parto

Ansiedade

Novo período de ambivalência

Desejo de ver o filho e terminar com a gravidez

Vontade de prolongar a gravidez

Adaptação exigidas pelo nascimento do bebé

PRINCIPAIS DESCONFORTOS DA GRAVIDEZ

Desconfortos mais frequentes no 1º trimestre

Alteração de humor(labilidade, confusão de sentimentos)

Nauseas, vomitos e ptialismo

Hipersensibilidade mamária

Mal-estar, fadiga e prostração

Urgência e aumento de frequência urinária

Congestão nasal: epistaxis

Desconforto no 2º trimestre

Aumento do apetite e sede

Hipotensão supina

Síndrome do canal cárpico

Lopotímia

Aumento da pigmentação

Pirose

Obstipação/flatulência

Desconforto no 3º trimestre

Dispneia

Varizes

Maior dificuldade na realização das AVDs

Lombalgias

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61

polaquiuria

Obstipação

ASPETOS BIOFÍSICOS DA GRAVIDEZ

Protegem o funcionamento fisiológico normal da mulher

Respondem às necessidades metabólicas que a gravidez impõe ao corpo da mulher

Satisfazem as necessidades de crescimento e desenvolvimento do feto

MECANISMO DE ADAPTAÇÃO NA MULHER GRÁVIDA

Durante a gravidez ocorrem inúmeras adaptações fisiológicas

Alteração sistema endócrino Alteração corporais

Sintoma e /ou desconforto da gravidez

Esclarecimento e medidas de alívio

O Corpo amarelo é importante inicialmente para a produção de estrogénio e progesterona

“As adaptações são atribuídas às hormonas de gravidez e às pressões mecânicas provocadas pelo aumento do

útero e de outros tecidos. Estas adaptações protegem o funcionamento fisiológico normal da mulher,

respondem às necessidades metabólicas que a gravidez impõe ao corpo da mulher, e satisfazem as

necessidades de crescimento e desenvolvimento do feto.” (Lowdermilk, página 97)

PLACENTA – funções

Respiratória

Excreção

Nutrição

Armazenamento

Atua como glândula endócrina

Assegura o estabelecimento de estrogénios e progesterona

SISTEMA ENDÓCRINO

“Durante a gravidez ocorrem profundas alterações endócrinas, essenciais à manutenção da gravidez,

crescimento fetal normal e à recuperação pós-parto” (Lowdermilk, página 111)

Aumento de estrogénios (ovários e placenta a partir da 7º semana), no final da gravidez aumenta

significativamente

Estimula o desenvolvimento uterino

Aumenta o tecido mamário

Enfraquecimento do tecido dérmico (estrias abdómen, mamas e coxas)

Aumenta a vascularização materna (rubor facial, eritema e epistaxes)

Aumenta o fluxo sanguíneo uteroplacentário

Estimula contratilidade do miomério.

Aumento de Progesterona (corpo lúteo e depois placenta)

Promove desenvolvimento e manutenção do endométrio

Inibe contração uterino, manutenção da gravidez

Desenvolvimento do sistema Ductal secretório das mamas

Estimula a excreção de sódio

Reduz a tonicidade de músculos e esfinteres-obstipação, pirosa, varicosidades

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1. Aumenta a Hormona gonatrofina coriónica (produzida pelo trofoblasto a partir do 14º dia)

Aumenta a produção de estrogénios e progestrona pelo corpo luteo para manter a gravidez

Não há ovulação – amenorreia

2. Aumento da hormona lactogeneo placentar (placenta)

Semelhante a 1 hormona de crescimento. Estimula o metabolismo materno

Alteração do metabolismo das proteínas e do açucar disponibilizado mais proteínas para o crescimento

fetal e necessidades da mãe

Efeito diabetogénico

3. Aumento da hormona estimulante dos melanócitos (MSH) produzida pela pituitária anterior

Aumento da pigmentaçao da pele nos mamilos; linha negra (entre a sínfise púbica e o umbigo); cloasma;

escurecimento de sinais e sardas

4. Aumento da relaxina (corpo luteo e depois pela placenta)

Inibe a contratibilidade uterina

Promove alterações a nível do tecido colagénio

Tecido conjuntivo fica amolecido

5. Aumento da prolactina (no final da gravidez)

Prepara as mamas para a lactação

6. Aumento da oxicitocina produzida pituitária posterior na fase final da gravidez

Estimula as contrações uterinas

Estimula o reflexo de ejeção de leite na amamentação

7. Aumento da hormona placentar (placenta)

Semelhante a uma hormona de crescimento. Estimula o metabolismo materno

Altera o metabolismo das proteínas e do açúcar disponibilizando mais proteínas para o crescimento fetal

e necessidades da mãe

Efeito diabetogénico

8. Aumento da insulina

Durante o 2º e 3º trimestres as necessidades de insulina aumentam

9. Aumento das hormonas tirodeias e paratirodeias

Metabolismo basal aumenta 20% (metabolismo do cálcio tb)

CONSULTAR: Lowdermilk e bobak

10. AUMENTO DA ALDOSTERONA (CONTRAREGULADA PELA PROGESTROBA DURANTE A GRAVIDEZ)

Estimula a reabsoorçao de agua

Se desiquilibrio – hipertensão

11. Aumento dos estrogénios

Ovários e placenta a partir das 7s

Nota: no final da gravidez aumenta significativamente (teor desencadenate do tp)

Estimula do desenvolvimento uterino

Aumenta o tecido mamário

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63

Enfraquecimento do tecido dérmico

Aumenta a vascularidade – varizes e epistaxis, pele mais ruborizada na face (telangiectasias) porque

aumenta o fluxo útero-placentário

Aumenta o fluxo sanguíneo útero-placentário

Estimula a contractilidade do miométrio

A progesterona é a responsável pela manutenção da gravidez

Promove o desenvolvimento do endométrio

Inibe as contrações uterinas

Desenvolvimento do sistrema ductal secretório das mamas

Estimula a secreção de sódio

Reduz a tonicidade dos músculos (tal como a relaxina) e esfíncteres – obstipação, pirose e varicosidades

Relativamente ao útero…

Hipertrofia e hiperplasia

A termo 1/6 do volume de sangue materno está no útero

- As artérias transportam 1/6 do volume sanguíneo

Cresce a um ritmo previsível – o que nos dá a noção do tempo gestacional

“O crescimento acentuado do útero durante o primeiro trimestre de gravidez ocorre me resposta aos

estímulos produzidos pelos níveis elevados de estrogénios e progesterona. Este aumento resulta de (1)

aumento da vascularização com dilatação dos vasos sanguíneo, (2) hiperlplasia (produção de fibras

musculares novas e de tecido fibro-eslático) e hipertrofia (aumento das fibras musculares e do tecido fibro-

elástico existente) e (3) desenvolvimento da decídua”. (Lowdermilk, página 98)

Ao nível da vagina e vulva

Aumentam as secreções vaginais com aumento do glicogénio – devido à descamação das células vaginais

ricas em glicogénio, sob a estimulação dos estrogénios.

Ph aumenta (menos ácido, com maior risco infecioso – infeções do trato urinário e vaginais)

“O aumento da vascularização vaginal e das outras visceras pélvicas origina uma sensibilidade elevada. Este

aumento pode conduzir a níveis elevados de interesse e prazer sexual, sobretudo durante o segundo trimestre

de gravidez. Associados à maior congestão e relaxamento das paredes dos vasos sanguíneos, e ao aumento

de peso do útero, pode surgir edema e varizes vulvares que, geralmente desaparecem após o parto.

(…) a estruturas externas da vulva aumentam de volume, devido à vascularização, hipertrofia do corpo perineal

e deposição de gordura”. (Lowdermilk, página 102).

Mamas

Aumentam de tamanho e sensibilidade (cerca das 6 semanas) – estas alterações constituem sinais de

presunção de gravidez

Aumenta a pigmentação aréola e mamilo – a hormona estimulante dos melanócitos aumenta

Glândulas Montgomery tornam-se mais proeminentes, lubrificam e protegem o mamilo – glândulas

sebácias existentes na aréola primária perto do mamilo. Estas desempenham um função prtetora do

mailo, uma vez que os mantêm lubrificados

Podem começar a excretar colostro (leite primordial) entre 16 e 20ª semana/ apartir da 6ª semana pode

surgir pré-colostro

- O colostro tem uma cor mais amarelada porque tem muito caroteno. Por vezes é transparente e está

preparado para ajudar na função intestinal do RN

“ O colostro é um fluido cremoso, branco, amarelado, percursor do leite, que pode ser excretado pelos

mamilos durante o 3ºsemestre”. (Lowermilk, página 103).

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SISTEMA MÚSCULO-ESQUELÉTICO

Ligeiro relaxamento e aumento de mobilidade das articulações pelvicas. Este processo é secundário a uma

elasticidade exagerada dos tecidos conjuntivo e colagénio, e resulta do aumento do nível das hormonas

esteroides circulantes

Alterações da postura e no andar

Possível estiramento do ligamento redondo

Pode ocorrer síndrome do canal cárpico

“As alterações que gradualmente se vão operando no corpo, acrescidas ao aumento de peso que se verifica,

condicionam na gravida, alterações marcadas de postura e no andar. A grande distensão abdominal que a

empurra para a frente, a diminuição do tónus muscular abdominal e o aumento de peso que se verificam na

fase mais avançada da gravidez, exigem o realinhamento das curvaturas da coluna vertebral. O centro de

gravidade da mulher desloca-se para a frente. A curvatura lombo-sagrada acentua-se e, no sentido de manter

o equilíbrio, acentua-se também de forma compensatória a curvatura cérvico-dorsal (acentuada flexão

anterior da cabeça). O aumento do volume das mamas e a posição mais inclinada dos ombros, acentuam as

curvaturas dorsal e lombar. A locomoção torna-se mais difícil e o andar bambaleante adquirido pela gravida é

bem patente” (Lowdermilk, página 109)

Desconfortos

Dor lombar

Dor localizada na pélvis

Centro de gravidade altera-se

Andar instável

SISTEMA CARDIOVASCULAR

- Alterações anatómicas e fisiológicas

Coração

Aumento do volume de sangue injetado em cada batimento/ débito cardiaco

Hipertrofia ligeira ou dilatação cardíaca

Alteração da posição do coração para fora e para a esquerda por elevação do diafragma

Palpitações e arritmias benignas – habitualmente, não são significativas

Aumenta o pulso +- 10 b/min – entre as 14 e 20 semanas o pulso pode sofrer algumas alterações que

revertem no pós-parto

Pulso

Aumento do volume sanguíneo em 40%

Aumento do plasma é maior que o aumento celular – ocorre hemodiluição

Aumento de eritrócitos, leucócitos e fatores de coagulação

Hemodiluição – anemia fisiológica (Hg 11gr e Hct 35%)

Sistema venoso

Pressão venosa femoral aumentada, pelo peso do útero sobre veias dos membros inferiores (edema MI)

Sindrome de hipotensão supina

Hipotensão ortostática

Veias varicosas nomeadamente na vulva e ânus

Veia cava inferior - sensação de lipotimia se deitada em decúbito dorsal

Pressão sanguínea

Estável nos valores prévias à gravidez

TA >= 140/90 = sinal de alarme

Distribuição do aumento do débito cardíaco durante a gravidez e 6 semanas após o parto

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65

“Estas adaptações protegem o funcionamento fisiológico normal da mulher, respondem às necessidades

metabólicas impostas pela gravidez e garantem o necessário para assegurar o crescimento e desenvolvimento

do feto.

- A hemodiluição poderia justificar a ocorrência de hipertensão, mas é mais habitual a hipotensão (quando a

gravidez é normal) porque ocorre vasodilatação periférica, grandemente responsável pelas hormonas

mencionadas. Assim, a gravida só fica hipertensão se houver uma desregulação em termos daquilo que seria

expectável.

- Na gravida devemos medir a tensão com a gravida sempre sentada, apontando-se sempre o local de

medição. Com a gravida deitada a tensão é muito mais baixa. Esta não é uma posição desejável para grávida.

Prefere-se decúbito lateral esquerdo (para evitar também compressões sobre o fígado e etc)

“A posição materna pode influenciar a avaliação dado poder intervir na circulação de retorno (devido à

pressão exercida pelo útero), diminuindo assim o debito cardíaco e baixando os valores de TA. A TA braquial é

mais elevada quando a mulher esta sentada, mais baixa quando esta deitada em decúbito lateral esquerdo e

apresenta valores intermédios quando a mulher está deitada em decúbito dorsal. Deste modo as avaliações

de TA devem efetuar-se sempre no mesmo braço e com a mulher na mesma posiçao. A posiçao e braço

utilizado devem ser registados concomitantemente com os valores obtidos.

Durante a primeira metade da gravidez, verifica-se uma diminuição dos valores de tensão diastólica e sistólica

de cerca de 5 a 10 mmHg. Esta diminuição resulta, provavelmente, da vasodilatação periférica provocada pelas

alterações hormonais verificadas durante a gravidez. No terceiro trimestre, a tensão volta, de forma geral, aos

valores verificados durante o primeiro trimestre.” (Lowdermilk, página 104).

“O aumento do volume de sangue refere-se a 100ml de plasma e 450 ml de eritrócitos. O aumento incia-se

cerca das 10-12 semanas, atingindo o seu pico máximo cerca de 30% a 50% acinma dos valores normais entre

as 20 e 26 semanas, para diminuir a partir das 30 semanas. Este aumento de volume constitui um mecanismo

protetor. É essencial para (1) o sistema vascular hipertrofiado do útero, (2) hidratação adequada dos tecidos

da mãe e feto, quando a mulher está de pé ou em decúbito dorsal, (3) reserva de líquidos para reposição de

perdas sanguíneas ocorridas durante o parto e puerpério. A vasodilatação periférica ajuda na manutenção de

valores de TA normais, apesar do aumento do volume de sangue durante a gravidez.

Durante a gravidez, verifica-se uma produção exagerada de eritrócitos. Este aumento é influenciado pelas

reservas de ferro existentes (…) Apesar do aumento da produção de eritrócitos verifica-se uma aparente

diminuição dos valores normais da hemoglobina e do hematrócito. Esta situação é conhecida como anemia

fisiológica.”

SISTEMA RESPIRATÓRIO

- Ocorrem alterações estruturais e ventilatórias que têm como principal finalidade suprir as necessidades da

mãe e do feto

Elevação do diafragma +- 4 cm

Aumenta a circunferência torácica

Mantém a capacidade pulmonar

Aumenta a profundidade e frequência respiratória – no fim da gravidez a respiração tende a ser mais

superficial

Alteração do tipo respiratório de abdominal para torácico – porque temos o abdómen preenchido com o

feto. Os níveis elevados de estrogénios condicionam o relaxamento dos ligamentos da caixa torácica,

permitindo uma maior expansão do tórax. O comprimento dos pulmões diminui, por forma a permitir o

aumento do útero.

Pode ocorrer dispneia relacionada com a maior sensibilidade do sistema respiratório causada pela

progesterona e também pela pressão do útero grávio no diafragma

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SISTEMA GASTROINTESTINAL

Aumenta a sensibilidade das gengivas – porque há vasodilatação pelos estrogénios (estradiol..),

responsáveis, entre outros, pelo aumento do endométrio

Aumenta o apetite e a sede (2ª trimestre); pode ocorrer alteração do gosto – os sentidos ficam mais

apurados porque possibilita uma maior proteção ao bebé pela deteção de

Náuseas e vómitos pelo efeito dos estrogénios (estradiol)

Ptialismo

Pirose, obstipação (progesterona), flatulência – pela alteação do relaxamento dos esfíncteres

Alteração do metabolismo dos hidratos de carbono e gorduras

A secreção intestinal diminui. O colon é deslocado para cima e para trás. A atividade peristáltica

(motilidade) diminui.

O fluxo sanguíneo pélvico aumenta, bem, como a pressão venosa, o que contribui para o aparecimento de

hemorroidas na fase mais avançada da gravidez.

SISTEMA URINÁRIO

Aumento da função renal

- por efeitos dos estrogénios e progesterona a mulher pode ter polaquiúria. Do mesmo modo, esta situação

pode ocorrer no fim da gravidez por aumento da força gravítica.

Polaquiúria no inicio e final da gravidez

Dificuldade no esvaziamento total de bexiga ou estase nos ureteres

Risco de infeções urinárias (frequentemente assintomático)

EM SÍNTESE – PRINCIPAIS DESCONFORTOS NA GRAVIDEZ

1º trimestre

Alterações do humor (labilidade, confusão de

sentimentos

Mal estar, fadiga, prostração

Ptialismo

Urgência e aumento da frequência urinária

Congestão nasal, epistaxis

Hipersensibilidade mamária

2º trimestre

Aumento da fome/ sede

Aumento da pigmentação

Pirose

Leucorreia

Obstipação/ flatulência

Lipotímia

Síndrome do canal cárpico

Hipotensão supina

3º trimestre

Dispneia

Varizes

Maior dificuldade na realização das AVD

Obstipação

Lombalgias

Polaquiúria

Maior ansiedade no final da gravidez

O QUE FAZER…

Promover a comunicação e o diálogo

Promover períodos de descanso

Evitar alimentos muito condimentados

Controlar estilo de vida, dentro do possível (exemplo, acesso ao wc); ingestão hídrica

Usar soutien adequado/ hidratação

Aplicar soro fisiológico/ pressão nasal

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Promover alimentação equilibrada

Informar sobre etiologia

Orientar o posicionamento privilegiando em DLE ou Semi Fowler

Orientar para a dieta alimentar (evitar café, gorduras, andar após as refeições, ingerir pequeno gole de

água)

Informar sobre etiologia; efetuar massagem; promover hábitos intestinais; ingestão hídrica

Educar sobre observação das secreções; cuidados de higiene; vestuário apropriado

Orientar para mudanças bruscas de posição

Promover alimentação rica em fibras; orientar para a realização de atividade moderada

- É muito importante conhecer o estilo de vida para identificar riscos e cuidados a ter

GRAVIDEZ DE RISCO

Risco

Quando a incidência de complicações é maior para a gravida ou para o seu filho que na pulação gravida

em geral

Conceito dinâmico

- O limite 90/140 não pode ser ultrapassado

FATORES DE RISCO

Demográficos – as pessoas e as suas histórias

Socioeconómicos

Antecedentes pessoais

Historia obstétrica

Gravidez atual

Estilos de vida

OBJETIVOS ASSISTENCIAIS

Identificar precocemente

Informar e orientar sobre prevenção e identificação precoce de fatores riscos

Apoiar e orientar a mulher e família

Referenciar e encaminhar

IMPACTO

Morte fetal – morte in útero

Morte neonatal – morte de nado vivo apartir até às 20 semanas desde os 28 dias após o nascimento

Morte perinatal – morte fetal e neo natal

- O limite entre o aborto ou parte pré-termo são as 20 semanas ou 500 gramas

Mortalidade infantil – número de mortos por mil nados vivos

BIBLIOGRAFIALOWDERMILK, Deitra Leonard; PERRY, S (2008). Enfermagem na Maternidade- 7ªed - Loures :

Lusodidata. Capítulo 9 - Pag 245-286

Material Pedagógico de Apoio - “A vida in útero” (Filme da National Geografic)

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Aula 10 – PARTE 2 – PREPARAÇÃO PARA A PARENTALIDADE

10/10/2013

Profª Madalena Oliveira

PREPARAÇÃO PARA A PARENTALIDADE (diferente de preparação para a gravidez)

Período pré-natal

Implica preparação física e psicológica

- Crescimento fetal e adaptações maternas

OBJETIVOS DOS CUIDADOS DE ENFERMAGEM NA VIGILÂNCIA PRÉ-NATAL

Promover uma boa saúde física e mental durante a gravidez parto e pós parto

Assegurar o nascimento de uma criança de termo viva e saudável

Preparar a grávida(casal para a gravidez, T.P, puerpério, lactação e cuidados parental

Detetar precocemente situações de risco e agir em conformidade com a complexidade da situação

Promover a relação precoce entre a tríade

“O resultado esperado de todos os cuidados de saúde materna é o de garantir 1 gravidez saudável e segura, e

um resultado emocional satisfatório. A supervisão da saúde e o acompanhamento de toda a gravidez, são da

máxima importância. Muitas das adaptações maternas que se operam durante a gravidez são estranhas para a

grávida e para a família. O enfermeiro de saude materna pode ajudar a grávida e perceber a relação entre o

seu estado físico e o plano de cuidados a implementar. A partilha de informação estimula a grávida a

participar ativamente nos cuidados, de acordo com o seu interesse, necessidade de aprendizagem e

motivação para aprender” (Lowdermilk)

Vigilância de saúde na gravidez

Vigilância na gravidez – diminuir morbilidade e mortalidade materna e infantil

Gratuita no SNS (tendencialmente)

Obedece a padrões DGS

CONCEITOS

Gestação - gravidez

Gestante/gravida – mulher grávida

Idade gestacional – tempo de gestação

Nuligesta – mulher que nunca teve gestação

Primigesta – mulher gravida pela primeira vez

Multigesta – mulher que teve 2 ou mais gestações

Gravidez de termo/ parto termo – entre as 37 e até às 42 semanas (a placenta começa a plcer e deixa de

nutrir o bebé)

Parto prematuro – antes das 37 semanas ou inferior a 259 dias

Parto pós termo – após 42 semanas ou 294 dias

Abortamento – IG antes das 20s ou peso fetal inferior a 500g (precoce até às 12s; tardio após as 12s

Viabilidade – capacidade do feto para viver fora do útero cerca das 20s ou com peso superior a 500gr

Paridade – numero de gestações me que o feto atingiu a viabilidade (ter nascido vivo ou morto não afeta

a paridade)

Nulípara – mulher que não atingiu o fim de nenhuma gravidez com fetos com viabilidade

Primípara – mulher que completou uma gestação até ao estádio de viabilidade fetal

Multípara – mulher que completou duas ou mais gestações até ao estádio de viabilidade fetal

Grande multípara

Parturiente – mulher em trabalho de parto

Período perinatal – 20s ou 154d até 7d após nascimento

Período neonatal – 20s ou 154d até 28d pós nascimento

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PERÍODOS DA GRAVIDEZ

1º Trimestre – até às 12s

2º Trimestre – das 12s até às 27s completas

3º Trimestre – das 27s até ao fim da gravidez

1ª metade da gravidez- até às 20s

2ª metade – a partir das 20s

DIAGNÓSTICO DA GRAVIDEZ

Diagnóstico clínico

Sinais de presunção - de pequena probabilidade (amenorreia, fadiga, sonolência, náuseas e vómitos,

alterações mamarias, poliquiúria e 1º movimentos fetais 16-20 semanas). “Eu presumo que estou grávida”

Sinais de probabilidade (amenorreia (após 10 a 14 dias de atraso menstrual-Teste de diagnóstico de gravidez);

alterações uterinas; alteração da coloração vaginal). “É provável que esteja grávida”

Sinais de certeza - atribuídos à presença do feto (visualização e palpação dos movimentos fetais; auscultação

dos batimentos cardiofetais; exame ecográfico: 5/6 semanas saco gestacional, 7/8 semanas MF do embrião, 12

semanas Placenta)

Diagnóstico bioquímico – testes de diagnóstico da gravidez

Diagnóstico ecográfico

“Algumas das alterações fisiológicas que ocorrem durante a gravidez são denominadas sinais de gravidez.

Existem 3 grandes categorias: sinais de presunção, aquelas alterações sentidas pela mulher (p.ex. amenorreia,

fadiga, alterações mamárias); sinais de probabilidade, aquelas alterações observadas pelo examinador (p.ex.,

sinal de Hegar, ballottement, testes de gravidez); e sinais de certeza (p.ex., sonografia, sons cardíacos fetais).

(Lowdermilk, página 98)

DIAGNÓSTICO DE GRAVIDEZ

Sinais de presunção (pequena probabilidade)

Amenorreia

Fadiga, sonolência

Náuseas e vómitos

Alterações mamárias – turgência e aumento de volume

Polaquiúria

Primeiros movimentos fetais (16-20 semanas)

Sinais de probabilidade

Amenorreia - superior a 10/14 dias de atraso menstrual

Alterações uterinas

- Sinal de hegar (6-12s) – amolecimento do istmo

- Sinal de Goodell (6-8s) – amolecimento do colo

Alteração da coloração vaginal

- Sinal de Jequemnir ou de Chadwick – 8s – coloração violácea do vestíbulo, meato urinário e cólo

Sinais de certeza

Visualização e palpação dos movimentos fetais realizada pelo examinador

Auscultação dos batimentos cardíacos fetais

- Doppler – 12ª semana

- Pinard – 20ª semana

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Exame ecográfico

– 6/5s (saco gestacional); 7/8 semanas MF do embrião; 12 semanas Placenta

Diagnostico Bioquímico (testes de diagnostico da gravidez na urina ou no soro materno

CUIDADOS DE ENFERMAGEM

1. 1º Trimestre

Validar o diagnostico da gravidez

Avaliar/validar idade gestacional e data provável do parto (DPP)

Recolha de dados ginecológicos (se já teve gravida, como é que ocorreu, se teve fetos mortos/abortos e

etc.), obstétricos, clínicos, familiares (como tem a relação de companheiro), sociais (vive na

vivenda/edifício, com marido ou não, e etc)

Exame físico

Preparação para a parentalidade

Legislação maternidade/paternidade

Educação para o autocuidado

Orientar para esquema de vigilância da gravidez

2. 2º Trimestre

Avaliação materno-fetal

Orientações para exames de diagnóstico

Preparação para a parentalidade

Reforço da EpS para o autocuidado acrescido

Acabar

3. 3º Trimestre

Avaliação materna e fetal

Educação para o autocuidado: revisão dos sinais de alerta, identificação dos sinais do trabalho de parto

Identificação dos sinais de alerta e sinais do TP

Reforço da importância da amamentação

Educação para os cuidados parentais ao RN

Esclarecimentos acerca do que deve levar para a maternidade

Educação para a saúde

ESQUEMA DE VIGILANCIA PRÉ-NATAL RECOMENDADO – 10 CONSULTAS

3. Até às 36s (mensal)

1. Até às 38 s (15/15d)

2. A partir das 38s (semanal)

Esquema reduzido – 6 consultas

Consultas nos CS se baixo ou medio risco

Se gravidez é considerada de risco é referenciada para consulta hospitalar

Pode haver ajustes de acordo com os protocolos de articulação CS/Hospital

Boletim de Saúde da Gravidez – preenchido e entregue na 1ª consulta à gravida e deve ser atualizado em

cada consulta.

VIGILÂNCIA PRÉ-NATAL

Objetivo dos cuidados de enfermagem

Promover uma boa saúde física e mental durante a gravidez, parto e pós-parto

Proporcionar condições para que a gravidez seja uma experiencia positiva e gratificante

Assegurar o nascimento de uma criança de termo, viva e saudável

Preparar a grávida(casal para a gravidez, T.P, puerpério, lactação e cuidados parental

Detetar precocemente situações de risco e agir em conformidade com a complexidade da situação

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Promover a relação precoce entre a tríade

Etapas da consulta de enfermagem

1. Acolhimento (pressupostos da relação terapeutica): Flash Geral (expressão facial, mãos, olhos,

comunicação, marcha, pés, acompanhante, estado geral de bem-estar)

2. Entrevista. Validar (expetativas, necessidades /desconfortos, conhecimentos, dúvidas/queixas, estilo de

vida)

3. Exame físico / Observação dirigida (exame objetivo). Inclui: exame ginecológico; exame Obstétrico (AFU-

altura do fundo de útero,PA-perimeto abdominal,BCF-batimento cardiaco fetais)

4. Educação para Saúde

5. Registos

ANAMNESE

Idade

Grupo sanguíneo

IO

Raça/etnia

IMC

Estilo de vida (dieta, consumos, fármacos)

História social (emprego, atividade física, lazer)

AP/ ginecológicos/ obstétricos/ familiares

História de gravidez atual

Vacinação

HISTÓRIA OBSTÉTRICA DA MULHER

Caracterizar o passado ginecológico e obstétrico

Gesta...para...

Índice Obstétrico (IO): nº partos termo; nº partos prematuros; nº abortos ou gravidez ectópica; nº de filhos

vivos

História de gestação, partos e Acabar

Antecedentes ginecológicos…

“Os dados são agrupados em idade da menarca e história menstrual, algum dado de infertilidade, anomalias

ginecológicas de qualquer tipo (por exemplo, fibromas), história de doenças sexualmente transmissíveis,

história sexual, todas as gravidezes, incluindo a atual e respetivos resultados finais”. (Lowdermilk)

Antecedentes ginecológicos

Menarca

Características do ciclo menstrual (regularidade, frequência e diração)

Contraceção

Cirurgias prévias

Malformações

Infeções

Historia obstétrica da mulher/ antecedentes obstétricos

Gesta..para…

Índice obstétrico – IO =T P A V

Nº de partos termo

Nº de partos prematuros

Nº de abortos ou gravidez ectópica

Nº de filhos vivos

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Avaliação da idade gestacional

Cálculo da data provável do parto

“Uma vez que a data precisa da conceção é meramente conjectural, existem muitas formulas e regras para

efetuar a determinação da DPP. Nenhuma delas é infalível, mas regra de Nagele demonstrou um grau de

exatidão razoável, sendo por isso, a mais utilizada”. (Lowdermilk, página 132)

“A regra consiste em adicionar 7 dias ao 1º dia da ultima menstruçao, subtrair três meses e adicionar um ano.

Este ciclo considera que a mulher tem ciclos de 28 dias e que a gravidez se deu no 14º dia. Se o ciclo for

menor ou superior é necessário um ajustamento.

1ª CONSULTA

A avaliação do risco é feita através de 1 tabela (tabela de Godwin modificada)

Avaliação inicial – entrevista dirigida e focalizada

Acabar

Entrevista

1. Acolhimento (pressupostos da relação terapêutica)

2. Flash geral (expressão facial; mãos olhos comunicação marcha

3. EpS

4. Registos

EpS implica…

O conhecimento da mulher/ casal nas suas várias dimensões de forma a poder prestar cuidados de

enfermagem de qualidade, personalizados e individualizados

Implica a preparação para a parentalidade e não apenas para o parto

Orientação para o autocuidado

Vestuário: roupa confortável e solta; meias de descanso

Postura e mecânica corporal: prevenir e aliviar lombalgias

Banho: de imersão desaconselhado e há rotura de membranas; de imersão/duche com água morna pode

ter função terapêutica

Atividade física

Repouso e relaxamento: mais aconselhado é decúbito lateral esquerdo

Preparação para amamentação:

Preparação para o parto:

Preparação para o pós-parto: amamentação; relação/gestão das visitas; cuidados ao RN

GRAVIDEZ DE RISCO

Quando a incidência de complicação para a gravida ou pra o seu filho é maior que na população gravida

em geral

Identificar Acabar

Informar e orientar cobre prevenção e identificação precoce Acabar

Apoiar a mulher /família com 1 gravidez de risco

Referenciar para unidade de cuidados diferenciados (protocolos de interligação CSP/H)

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Aula 11 – O PARTO NO CICLO DE VIDA FAMILIAR

15/10/2013

Profª Madalena Oliveira

SUMÁRIO ALARGADO

O Parto no ciclo de vida da família

Conceitos de T.P e Parto

Dimensões do Parto

Estádios do T.P

Fatores que influenciam o T.P

Sinais e sintomas de início do T.P (distinção entre verdadeiro e falso T.P)

O convivente significativo durante o T.P

O cuidado do enfermeiro generalista durante o T.P

Apesar de se poder ensinar uma mulher a ter um bebe exatamente como ela pode aprender a fazer um

sofflé, tudo pode fracassar no último momento

O parto não consiste numa pura habilidade obstétrica, não é um exercício intelectual, não é um exercício

de ginástica, também não é simplesmente uma questão de se agachar

Às vezes a duração do trabalho de parto, existe em razão inversa do garu de civilização.

- Cada vez mais, o parto é medicalizado, menos natural e mais demorado do que o parto que ocorria em meio

natural.

O PARTO

Processo que conduz ao apagamento progressivo e dilatação do cervix à descida d aparte que se

apresenta com expulsão do feto e dos outros produtos de conceção (B. Seguy)

Processo pelo qual os produtos de conceção (feto e anexos – placenta e membranas) são expulsos dp

organismo materno, através do canal de parto

- Para se adaptar à bacia, o bebé tem que executar uma serie de movimentos até que adquira a posição mais

correta para o trabalho de parto.

DIMENSÕES DO PARTO

Dimensão fisiológica

Dimensão psicológica e emocional

Dimensão sociológica

- O enfermeiro tem que monitorizar a futura mãe e registar toda a informação no partograma.

- Relativamente à dimensão sociológica, podemos dizer que o parto é vivido de acordo com a sociedade em

que os indivíduos se inserem: uma mulher de etnia cigana, geralmente “grita” muito; uma mulher oriental, em

geral, não reage de modo tão exacerbado.

FATORES QUE INTERVÊM DURANTE O TRABALHO DE PARTO

Objeto (feto e placenta)

Trajeto (canal de parto)

Forças (contrações e esforços maternos)

Posição da mãe

Reações psicológicas, sociológicas e culturais

- Por exemplo, uma mulher jovem que está fisiologicamente preparada para ter o bebé, mas que viveu um

processo de gravidez anterior muito problemático, em que o bebé faleceu, poderá ter dificuldades no

trabalho de parto porque a mulher está mais contraída, com dor…

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- Daqui decorre que a preparação para o parto é muito importante, sobretudo, pelo ensino sobre o que vai

acontecer durante o parto, diminuindo a ansiedade e medo. Criamos assim as condições para que o trabalho

de parto ocorra de modo mais favorável.

ESTÁDIOS DO TP

1º Estádio - Desde o inicio das contrações regulares até à dilatação completa

Fase latente (apagamento do colo até aos 4cm de dilatação

Fase ativa (dilatação e descida da apresentação)

2º Estádio - Desde a dilatação completa até à expulsão do feto

Duração média – 20 a 40 minutos (na nulípara até 2horas. Na multípara até 1h30mn)

3º Estádio - Desde a expulsão do feto até À completa expulsão da placenta (dequitatura)

Duração – 10 a 60 minutos

4º Estádio

Período de recuperação imediata (cerca de 2horas; restabelecimentos da homeostase

- O rolhão mucoso é uma saída de muco sanguinolento que ocorre no fim da gravidez e que indicia a

proximidade do trabalho de parto

- No 4º estádio, se não se formar o globo de segurança de pinard, a mulher apresenta elevados riscos.

MECANISMO DO PARTO

Adaptações e ajustes do feto, necessários ao nascimento e aos contornos e diâmetros da pelve materna

(conceito de relações feto-pélvicas)

SINAIS E SINTOMAS DO TP

Aparecimento de contrações dolorosas (sinal mais frequente)

Dores abdominais ou lombares persistentes

Endurecimento uterino

À observação – colo uterino mais flácido encurtado e permeável

Perda do rolhão mucosos – emissão de mucosidades sanguinolentas que precedem algumas horas de

trabalho de parto

Rotura de bolsa de águas (eventualmente)

DISTINÇAO ENTRE VERDAIRO E FALSO TP

TP verdadeiro TP falso

As contrações são cada vez mais intensas,

regulares, próximas e longas

Colo uterino (evolução progressiva,

amolecimento, apagamento, dilatação)

Feto (vai-se progressivamente encaixando na

pelve materna)

Contrações irregulares que se interrompem com

mudança de posição ou medidas de conforto

Colo (sem alterações em várias avaliações

Feto (mantém-se no mesmo plano, geralmente

não encaixado)

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TIPO DE PARTO

Parto normal

Gestação de termo entre 37 e 42 semanas de gestão, sem complicações, feto de vértice e duração de 24

horas

Parto eutócico (não instrumental

Parto distorcico (distocias mecânicas/ dinâmicas)

Fórceps

Ventosa

Cesariana

- Distocia mecânica relacionada com o diâmetro imcopativel entre feto e pelve

- Dinâmica quando as contrações não são suficientes

OBJETIVOS DOS CUIDADOS

Estabelecer eficaz padrão de comunicação

Avaliar o grau de risco

Proporcionar conforto

Controlar dor

Promover a vinculação

OS CUIDADOS DE ENFERMAGEM DURANTE O PRIMEIRO ESTÁDIO DO TP

1º Estádio do TP

Contribuir para que esta fase decorra sem intercorrências e seja viva pela mulher/casal como um

momento importante das suas vidas

2º Estádio do TP

Ajudar a mulher/casal a participar no nascimento à medida dos seus desejos Ajudar a mulher/casal a manter adequado nível de energia Ajudar a mulher/casal a controlar o desconforto

3º Estádio do TP

Manter a parturiente (mulher durante o parto) hemodinamicamente estável

Evitar a hemorragia

Favorecer a relação precoce da tríade

4º Estádio do TP

Proporcionar conforto à puérpera e família

Vigiar estado geral da puérpera e família

Prevenir complicações

Favorecer a relação precoce da tríade

RESPOSTA FISIOLÓGICA AO STRESS

O parto vivido como um acontecimento stressante induz, na mulher, a produção de hormonas (adrenalina,

cortisol...) que inibem a produção de hormonas importantes para a evolução normal do parto

(ex.ocitocina)

DESCONFORTO E DOR EM TRABALHO DE PARTO

A perceção individual da dor varia de acordo com factores individuais socio-culturais e étnicos

As expressões verbais e não verbais de dor variam de acordo com as interações estabelecidas com p

grupo social primário

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A dor varia segundo o estádio de TP

MÉTODOS DE CONTROLO DA DOR

Não farmacológicos

Hidroterapia

Acupressão, acunpuntura

Massagem e pressão na região do sacro

Terapias complementares

Estimulação nervosa electrica (TENS)

Preparação para o parto e parentalidade

Farmacológicos

Analgesia sistémica

Bloqueio nervso (analgesia, anestesia)

Anestesia por infiltração local e sistémica

BIBLIOGRAFIA

LOWDERMILK, Deitra Leonard; PERRY, S (2008). Enfermagem na Maternidade- 7ªed - Loures: Lusodidata.

Capítulo 11 – Trabalho de parto e Nascimento 334, 342, 344 a 347 e 355 a 359

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Aula 12 – O PÓS-PARTO NO CICLO DE VIDA FAMILIAR

16/10/2013

Profª Madalena Oliveira

SUMÁRIO

Fisiologia materna no puerpério (sistema reprodutor e estruturas associadas, sistema endócrino,

gastrointestinal, urinário, cardiovascular e músculo-esquelético)

Adaptação materna ao papel parental (fase dependente, fase de dependente-independente e fase

interdependente

Blues pós-parto

O aleitamento materno (fisiologia da lactação; adaptação do bebé à mama; prevenção e/ou alivio do

ingurgitamento mamário, da maceração e/ou fissuras dos mamilo; extracção e conservação do leite

materno)

Cuidados de enfermagem:

- na promoção do autocuidado (físico, parental, conjugal…)

- na promoção do aleitamento materno

- na prevenção e/ou deteção precoce de complicações no pós-parto

PÓS-PARTO

Período que se segue ao trabalho de parto

Implica

Ajustamentos físicos

Ajustamentos psico emocionais e sociais

- Puerpério – alterações od ponto de vista da regressão dos processos que ocorreram no corpo materno

- O pós-parto não tem um limite temporal tao definido e reporta mais aos aspetos psicossociais e, por isso,

também à parentalidade.

PUERPÉRIO

Período que decorre desde a expulsão da placenta até ao órgãos reprodutores retomarem as características

anteriores à gravidez (+/- 6 semanas)

Puerpério imediato (ou 4º estádio do trabalho de parto) – primeiras 2 horas após dequitatura

Puerpério precoce – até ao final da 1ª semana

Puerpério tardio – da 2º à 6ª semana

- Para rever: parto e trabalho de parto não são sinónimos. O parto refere-se exclusivamente à expulsão do

feto, isto é, ao 2º estádio do trabalho de parto. O trabalho de parto é constituído pode 4 estádios: desde o

início das contrações até à dilatação completa; da dilatação à expulsão do feto; da expulsão do feto à

expulsão da placenta; período de recuperação imediata

- Ainda que o bebé nasce de cabeça, o parto pode ser distócico porque a posição da cabeça do bebé pode

não ser a correta

INVOLUÇAO UTERINA

Retorno das características do útero ao estado não gravítico

AVALIAÇÃO DA INVOLUÇÃO UTERINA

Deve/ é desejável/ é necessário ser feito através de:

1. Palpação do útero (para avaliar a involução uterina)

Localização do fundo do útero

Tonicidade (consistencia)

Mobilidade

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Volume (tamanho)

- Após o parto o útero fica contraído. Forma-se o globo de segurança de Pinard e o globo fica com a

consistência e tamanho de um laranja porque o útero funciona como um musculo. À volta dos capilares, o

útero tem fibras de miosina (musculo). Esta contração uterina ocorre sobre o efeito da oxitocina.

- Um útero mais laxo a seguir ao parto não é bom sinal.

- Tal como evolui a um ritmo previsível durante a gravidez, no pós-parto, o útero vai involuir a um ritmo

também previsível. Pretende-se que inicialmente o útero se encontre contraído, como mecanismo protetor,

mas depois o útero vai relaxando.

- Sobre a mobilidade, por exemplo, se eu tiver uma mulher com bexiga cheia temos que promover o

esvaziamento vesical (a bexiga está com maior tonicidade devido ao efeito da relaxina e progesterona)

- Pode haver uma situação em que é aconselhado que a mulher se mantenha deitada, na posição considerada

não natural para a expulsão do feto: quando a apresentação está “alta”.

- Se ao toque vaginal verificamos que a bolsa de água rompeu (que não significa urgência. Urgência ocorre se

houver perda de sangue vivo, ou de cordão umbilical antes da cabeça, entre outros)

2. Observação das características dos lóquios (sangue expulso no pós-parto)

Cor

Quantidade

Cheiro

- Temos que perguntar como é que o penso ficou: repassado; qual a cor e cheiro do lóquio)

PALPAÇÃO DO ÚTERO

Parâmetros a avaliar

Altura do fundo do útero

- O fundo do útero encontra-se no local onde se sente o declive

Tonicidade (consistência)

Mobilidade

Volume (tamanho)

- Não convém que o útero ultrapasse a região da cicatriz umbilical. Numa multípara, poderá verificar-se uma

descida de até 1 a 2 dedos.

- Posteriormente, o útero vai involuindo até ficar atrás da sínfise púbica)

- Se em vez de palparmos um útero contraído, mas um útero lateralizado e relaxado, poderá ser sinal de que a

placenta não saiu na sua totalidade. É preciso verificar se a placenta saiu, juntamente com as suas 2

membranas. Por vezes, basta que uma pequena porção de membrana tenha ficado na parede uterina, para

que o útero não contraia. Para além disso, isto pode ocorrer se a bexiga estiver cheia. Após o parto, devido ao

efeito do epidural (se for administrado), a mulher poderá ainda não sentir vontade de urinar.

- A eliminação urinária estará aumentada no pós-parto, para expulsão do volume sanguíneo e outros líquidos

em excesso (aumentado durante a gravidez)

AVALIAÇÃO DOS LÓQUIOS

Cor

1. Lóquios sanguíneos/ hemáticos – 2/3 dias de puerpério

2. Lóquios sero-sanguíneos/sero hemáticos – 3º a 4º até ao 8º a 10º dia de puerpério

3. Lóquios serosos – 9º a 10º dia até à 3ª semana pós-parto

Quantidade

Mais abundantes

Primeiras 24 horas de puerpério

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- Mais ou menos que quantidade? Habitualmente, as perdas no pós-parto não ultrapassam os 500 ml. Um

penso próprio para o pós-parto mudado de 2 horas, no pós parto imediato, deve aguentar essas duas horas.

Mais do que isso, é sinal de alerta.

Puérperas que amamentam e quando fazem levante precoce (“descarga” mais rápida)

Grandes multíparas (diminuição do tónus uterino)

- Quando bebé suga no mamilo, produz prolactina e oxitocina. A oxitocina estimula o útero e, por isso, o

útero involui mais rapidamente. Para além disso, a mulher emagrece mais rapidamente.

- Se o útero vai contrair mais, e se tem sangue dentro, provavelmente, a mulher ao amamentar terá mais

perdas, o que é normal e desejável.

- Nota: dequitação – expulsão da placenta.

Cheiro

Característico/ “suis géneris” (idêntico ao da descarga menstrual)

Nunca deve ser um cheiro fétido – sinal de infeção

VAGINA

Recupera a elasticidade e tonicidade anteriores à gravidez pela 6ª semana após o parto (fim do puerpério)

A lubrificação vaginal vai-se normalizando com o restabelecimento da função ovárica

- Em princípio, antes das 6 semanas, período em que a mulher é medicada com hormonas (as hormonas da

amamentação), a mulher encontra-se em amenorreia porque está a amamentar. Porém, isto nem sempre

acontece porque, para que o fator amamentação seja sentido como um método anticoncecional, a mulher

tem que amamentar o bebé em exclusivo (3 em 3 horas, aproximadamente), sem outros complementos e até

no período noturno. Se não, há risco de se desencadear uma ovulação.

- A lubrificação vaginal não normaliza logo. Isto significa que pode haver diferenças de ritmo no inicio na

atividade sexual. Podemos ter uma mulher que está traumatizada do ponto de vista psico emocional devido

ao processo de parto e à adaptação à maternidade e que, do ponto de vista físico, ainda não produz a

quantidade habitual de lubrificante.

PERÍNEO

Poderá apresentar

Perineorrafia – sutura do períneo

Episiorrafia – sutura da episiotomia (corte na região dos nervos podendos)

Edema

Hematomas/ equimoses

Varizes

Hemorroidas

Lesões do esfíncter anal/ reto (rasgadura/ episiotomia)

SISTEMA DIGESTIVO

Eliminação intestinal comprometida nos primeiros dias

Musculatura abdominal e pélvica hipotónica

Súbita diminuição da pressão intra-abdominal após o parto

Dor perineal – episiorrafia/ hemorroidas

Receios fantasiados de deiscência da sutura perineal – risco de obstipação

SISTEMA UIRNÁRIO

Diurese

Aumenta após o parto (cerca de 3000ml/dia)

Normaliza entre 2º e 5º dia após o parto

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Risco de retenção urinária nas primeiras 24 horas

Anestesia/ analgesia

Lesões/ edema da uretra e/ou do meato urinário

Traumatismos dolorosos do canal de parto

É desejável que a mulher urine nas 6 a 8 horas depois do parto

A presença de “globo vesical”, dificulta a involução urinária

SISTEMA MUSCÚLO-ESQUELÉTICO

Dores musculares e articulares no pós-parto – causas:

Diástase da sínfise púbica

Diástase dos retos abdominais

Posicionamentos incorretos e por vezes prolongados durante o trabalho de parto

Posicionamentos incorretos nos cuidados ao filho

- Ao amamentar a mulher adquire uma posição incorreta, com acentuação da cifose. Deve, para contrair esta

posição, utilizar uma almofada entre o antebraço e o bebé

TERMORREGULAÇÃO

Geralmente ao 2/3º dias ocorre aumento da temperatura relacionada com o início da lactação – subida/

descida do leite – que dura 24h

Ingurgitamento vascular e linfático das mamas

Não confundir com flutuações térmicas – sinal de infeção

- No puerpério a temperatura é avaliada todos os turnos. Nas primeiras 24 horas a nossa grande preocupação

é a infeção. Temperaturas acima dos 38-38,5 são mais preocupantes.

ASPETOS PSICOSSOCIAIS DO PÓS-PARTO

- Como é que eu incorporo o processo de parentalidade?

Pós-parto

Adaptação a uma nova identidade (identidade materna)

Aprendizagem de um novo papel (de mãe)

Adaptação a um novo elemento familiar, com uma identidade própria (o filho)

Reestruturação das relações familiares

Nascimento de um filho

Impacto ao nível psicoemocional, na relação com o filho, com o cônjuge e com a restante família

FASES DE AJUSTAMENTO MATERNO

Fase dependente/ fase de introspeção/ fase de incorporação

Primeiras 24/48 horas após o parto

Necessidade de restabelecimento fisiológico

Bastante centrada em si mesmas e na satisfação das suas necessidades básicas

Desejo de verbalizar a experiência da gravidez e do parto

Pouca disponibilidade para a integração/ assimilação de informação

Fase dependente-independente/ de controlo da situação/ de posse

Inicio no 2º-3º dia e dura entre 10 dias a várias semanas

Muito centrada nos cuidados ao bebé e nas competências maternas

Sente necessidade de orientação e aceitação dos outros

Muito reativa e motivada para a aprendizagem

As tarefas de ajustamento às rotinas quotidianas começam a definir um padrão

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AJUSTAMENTO À PARENTALIDADE

Estádio 1

Expectativas, com base em ideias pré-concebidas, acerca da vida conjugal e familiar depois do nascimento

do filho

Estádio 2

.......

Estádio 3

Envolvimento mais ativo, de forma consciente, nos cuidados e interação com o filho

TAREFAS DE AJUSTAMENTO DO CASAL À PARENTALIDADE

Necessidade de reconciliar a criança real com a criança fantasiada

De se tornarem eficazes nos cuidados e na interação com o filho

Estabelecer um espaço para o bébe no seio familiar

Definir a primazia da sua relação, enquanto adultos e casal, de forma a manter a familia como um grupo

FADIGA

Fenomeno frequente no pós-parto

Influencia a capacidade da mulher para se adaptar à nova situação e para fazer face às solicitações

Causas

Desconfortos fisicos do final da gravidez

A solicitação constante das visitas e os telefonemas nos 1º dias após o parto

Dores/desconfortos nos 1º dias

BLUES Pós-parto

Síndrome afectivo presente em cerca de 50 a 70% das puérperas

Pode ter inicio logo nas 1º horas após o parto ou nos 1º 3 a 4 dias

Duração variavel (de algumas horas a vários dias)

Sintomatologia: crises repetidas de choro; irritabilidade; ansiedade; labilidade do humor; confusão;

perturbações do sono e de apetite; astenia; sentimentos de incapacidade (de não saber como cuidar de

bébe)

- Blues pós parto não é sinónimo de depressão

CUIDADOS/ INTERVENÇÃO DE ENFERMAGEM DA MULHER NO PÓS-PARTO

Objectivos

Promover o auto-cuidado

Promover a amamentação

Assegurar que os cuidados fisicos desenvolvidos no pós-parto estão adoptados às necessidades

individuais (ajudar, informar e validar)

Ajudar a mulher a desenvolver capacidades para cuidar do filho, sem “medos”, sentindo-se mais segura no

seu papel de mãe e aumentado assim a sua auto estima

Prevenir ou identificar, tão cedo quanto possivel, problemas fisicos e/ou psicologicos

Prevenir situaçoes de desajuste pessoal, conjugal e familiar

A intervenção do enfermeiro deve dirigir-se também à familia mais proxima porque:

O nascimento de uma criança tem ijmpacto também no conjuge, nos outros filhos e, por vezes, na familia

de origem

A familia é um recurso de apoio que a mulher habitualmente tem e, como tal, deve ser ouvida, apoiada e

orientada

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82

INTERVENÇÃO DO ENFERMEIRO

1. Internamento (maternidade)

2. Centro de saúde

3. Visita domiciliaria

4. EpS

5. Identificar necessidades, informar, explicar, motivar, validar...

6. Alta

LEVANTE PRECOCE

Se não há contra-indicações

Partos eutócicos/ distócicos (forceps/ ventosas) – 6 horas após o parto

Cesarianas – 6 a 12 horas após o parto (dependendo das instituições)

Partos com analgesia epidural – 6 a 12 horas após o parto (dependendo das intstituições)

Principais contra-indicações do levante

Sub-involução uterino/hemorragia

Alterações significantivas dos sinais vitais

Deiscência de sutura

Indicações médicas (complicações/doença materna)

-Cuidados de enfermagem antes, durante e após o 1º levante.

-Antes de 1º levante, avaliar se o utero está bem contraido (através dos dedos verificado a localização do

fundo do utero em relação ao bico de umbigo), não esquecendo dos sinais vitais.

Procedimento – o 1º levante deve ser gradual

Avaliação da involução uterina (palpação do útero e avaliação dos lóquios)

Avaliação dos sinais vitais (sobretudo, tensao arterial/ características do pulso) – puerpera em decubito

dorsal

Se o utero está bem contraido e os sinais vitais estao estabilizados: sentar-se na cama (com os membros

inferiores fora da cama) durante alguns minutos. Avaliar novamente os sinais vitais

Se os sinais vitais se mantêm estabilizados e se a puerpera se sente bem, efetuar levante, andando no

quarto durante alguns minutos (para adaptação tensional à posiçao ortostática). Reavaliar sinais vitais

Se em qualquer fase do levante a mulher apresentar “tonturas”, “mal estar geral”, “lipotimia” deve deitar-

se imediatamente

Quando a situaçao estiver estabilizada, programar novo levante seguindo novamente os “passos do 1º

levante”

Após o 1º levante, mesmo que a mulher se sinta bem, deve ser “supervisionada” se vai ao wc ou tomar

banho (risco de lipotimia)

- A retenção urinária dificulta a involução uterina

- Sobre a utilizaçao de uma cinta no pós parto, existem muitas contradições. Numa cesariana, a cinta poderá

ajudar na contenção e diminuir o desconforto. Outra vantagem da cinta é o efeito psicológico – contribui para

a manitenção da autoimagem. Porém, a não utilizaçao da cinta facilita o exercicio da musculatura adominal e

recuperação do tonus abdominal.

Outras intervenções:

Promoçao da involução uterina

Prevenção de tromboflebites – levante precoce; exercicios moderados

Promoçao da eliminaçao vesical – a retenção dificulta a involuçao uterina

Promoçao da eliminaçao intestinal – promover a deambulação, dieta rica em fibras, pode aconselhar-se

microclister

Prevenção/ diminuição da fadigal

Facilitar a adaptação à nova dinâmica familiar

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Promoçao doe exercicio físico no pós parto

Promoçao de uma dieta adequada

Informar acerca da sintomatologia de alerta/ motivos para recorrer aos serviços de saúde

1.1. Cuidados peinieais/ Prevenção de infecção/promoção do conforto...

Prestação de cuidados perineais até ao 1º levante

Cuidados de higiene com água corrente, sempre que necessário

Desinfeçao do períneo só quando necessário (em caso de infeçao ou de risco de infeção)

Mudança de pensos higienico frequentemente

Avaliar características dos loquios sempre que mudar o penso

Em caso de edema/ hemorróidas aplicar gelo, protegido, por periodos de 15 minutos

Ao tossir/ espirrar, contrair previamente o perioneo

Dar de maamr em posiçoes/ superficies que evitem o estiramento da cicatriz

1.2. Promoção da involução uterino

Avaliação do útero e loquios (despitar subinvolução)

Promover a eleminaçao vesical

Promover cuidados perineais

Levante precoce – concsiante protocolo do servço/ situaçao clinica da puerpera

Avaliação dos sinais vitais (atenção a hipotensão, taquicardia, febre)

1.3. Prevenção de tromboflebites

Observação dos membros inferiores

Levante precoce – consoante o protocolo do serviço e situaçao clinica da puerpera

1.4. Promoção da eliminação vesical

Vigiar eliminação vesical globo vesival e caracteristicas da urina

Levante precoce

Aumentar a ingestão de liquidos

Estimular a micção por tecnica não invasiva

1.5. Promoção da eliminação intestinal

Levante precoce

Ingestão adequada de fibras e liquidos

Exercicio físico (adequado ao tipo de parto e tempo de puerpério)

A mulher deve estar informada sobre os fatores que favorecem a ibstipaçao no pós-parto e os cuidados a

ter para prevenir; ter oportunidade de expresar as suas duvidas e receios relativamente à relaçao entre

lesoes perineais e o ato de evacuar

A frequente a prescriçao de terapeutica nos primeiros dias de puerperio (emolientes suavaes/ supositorios

de glicerina…)

1.6. Prevenção/diminuição da fadiga

Prevenção /alivio da dor

1.7. Facilitar a adaptação à nova dinamica familiar

Apoio emocional à puerpera/conjuge e outros filhos

Permissividade no horario das visitas ao conjuge e outros filhos

Promover o envolvimento do conjuge nos cuidados ao filho

1.8. Promoção do exercício físico no pós-parto

1.9. Promoção de uma dieta adequada

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1.10. Informar acerca da sintomatologia de alerta/motivos para recorrer aos Serviços de Saúde

Visita domiciliária

Deve ser feita até às 6 semanas pós-parto (de preferencia na 1ª semana após alta da maternidade e deve ter

em conta: amamentaçao, atividade sexual, contraceçao, adaptação RN/família, avaliação do ambiente físico,

avaliação fisica da mulher (mamas, perineo, utero)

Permite:

Conhecer hábitos e recursos familiares

Avaliar identificar problemas no meio onde ocorrem

Maior personalização e individualização dos cuidados

EpS para a saúde: identificar necessidades, informar, explicar, motivar, validar....

Consulta de revisão do puérperio

Deve realizado pela 6ºsemana após o parto (Centro de Saúde/Médico assistente)

Objetivo

Avaliar se o organismo está recuperar de forma satisfatório (útero, períneo, mamas, sinais vitais, peso)

Detetar eventuais problemas físicos e ou psicológicos

Esclarecer dúvidas (ex. Métodos de contraceção)

Apoiar/orientar nas dificuldades apresentadas

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Aula 13 – O CUIDADOS DE ENFERMAGEM NO FAMÍLIA NO PÓS-PARTO (CONTINUAÇÃO)

17/10/2013

Profª Esmeralda Afonso

GLÂNDULA mamária

As mamas são formadas pelas glândulas mamárias e por tecido de sustentação e gordura.

O que influencia a produção de leite é a glândula mamária

A aureola mamária tem um aspeto maior durante a gravidez e amamentação; está mais pigmentada. Em

seu redor encontra-se uma serie de saliências, as glândulas de Montgomery. Estas produzem uma

substancia gordurosa que tem como função proteger o mamilo.

TIPOS DE MAMILO

Mamilo normal/ proeminente

Mamilo pouco saliente

Mamilo plano (ou reso)

Mailo invertido (ou umbilicado)

A proeminência do mamilo e a sua capacidade de protatibilidade (capacidade de ereção do mamilo quando

estimulado) são características importantes para o sucesso da amamentação

FISIOLOGIA DA LACTAÇÃO

Nos alvéolos a secreção de leite é estimulada pela prolactina, libertada pela hipófise(pelas células

secretórias)

As células mioepiteliais contraem sobre a ação da ocitocina facilitando a drenagem do leite dos alvéolos

(as células miopepitaliais)

A lactogénese inicia-se durante a última fase da gravidez

A síntese e secreção de leite após o parto estão relacionadas com a descida acentuada dos níveis de

progesterona e estrogénio

- Quando se dá o parto, com a dequitatura, a progesterona produzida na placenta deixa de exercer o seu

efeito e consequentemente, deixa de inibir a prodição de prolatina.

Reflexo da prolactina ou reflexo de produção

O ato de sucção promove impulsos sensoriais que vão do mamilo para o hipotálamo este estimula a

hipófise anterior que, por sua vez, segregas prolactina

A prolactina estimula a produção de leite nos alvéolos

A maior parte da prolactina permanece em circulação até cerca de 30 mn após a mamada – o que faz com

que a mama produza leite para a mamada seguinte

ASPETOS IMPORTANTES DA AÇÃO DA PROLATINA

Durante a noite é produzida mais prolactina – por isso, é importante amamentar durante a noite

A prolactina favorece o relaxamento e por vezes a sonolência

Os níveis elevados e constantes de prolactina inibem a ovulação

É importante instituir a amamentação na 1ª hora após o nascimento para estimular a produção de

prolactina

REFLEXO DA OCITOCINA OU REFLEXO DE DESCIDA

O ato da sucção promove impulsos sensoriais que vão do mamilo para o hipotálamo. Este estimula a

hipófise posterior que, em resposta, segrega ocitocina

A ocitocina estimula a contração das células mioepiteliais, que se encontram em torno dos alvéolos,

promovendo que o leite ai coletado flua para os ductos

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ALGUNS ASPETOS IMPORTANTES DA AÇÃO DA OCITOCINA

A ocitocina é segregada mais rapidamente do que a prolactina. É produzida durante a mamada,

exercendo a sua ação nessa mesma mamada

A produção da ocitocina pode começar mesmo antes do bebé iniciar a mamada

Se o reflexo de ocitocina não funciona bem, o bebé pode ter dificuldade em receber leite

A ocitocina promove a contração uterina, favorecendo a involução uterina (estimula as contrações

uterinas)

Fatores que influenciam o reflexo da ocitocina

1. Fatores que facilitam

Sentimentos agradáveis (sentir-se contente e ter prazer com o bebé, tocá-lo, olhá-lo ou mesmo ouvi-lo

chorar…)

Confiança na capacidade de amamentar e convicção de que o seu leite é o melhor alimento para o bebé

2. Fatores que dificultam

Sentimentos desagradáveis (dor, preocupação, duvidas por exemplo sobre a quantidade do seu leite,

situações de stress…)

Para a promoção de um bom reflexo de ocitocina

A mulher deverá ter o bebé perto de si, para que possa olhá-lo, tocá-lo e perceber as suas necessidades

A mulher necessita de sentir-se bem e ter confiança na sua capacidade de amamentar

É importante que, da “parte de quem cuida”, haja sensibilidade para a poiar a mulher, promover a sua

autoconfiança e capacidade para a amamentar

CONTROLO DA PRODUÇÃO DE LEITE PELA PRÓPRIA MAMA – FATOR INIBIDOR

O fator inibidor faz com que os alvéolos deixem de produzir leite quando a amamentação, por algum motivo,

não é implementada e as mamas permaneçam cheias

Mecanismo fisiológico, natural, de supressão do processo de lactação

- Na amamentação deve manter-se a mesma mama até que o leite termine nessa refeição, porque do ponto

de vista nutricional e leite do início, não é igual ao leite no fim da mamada

PRINICIPAIS REFLEXOS DO RN RELACIONADOS COM A AMAMENTAÇÃO

1. Reflexo de busca e preensão

Quando alguma coisa toca nos lábios ou bochechas, ele reage virando a cabeça nessa direção e abre a boca

pondo a língua pra baixo e para fora

2. Reflexo da Sucção

Quando alguma coisa toca o seu palato ele inicia a sucção

3. Reflexo da Deglutição

Quando a sua boca “se enche de leite”, ele inicia a deglutição

Estes reflexos fazem parte das aquisições que o RN traz ao nascer

VISUALIZAÇÃO INTERNA DA “BOA E MÁ PEGA”

1. Boa pega

A boca do bebé apanha a maior parte da aréola e dos tecidos que estão sobr ela “esticando” o tecido da

mama para fora, a fim de formar um “bico longo”

O mamilo constitui apenas 1/3 do bico longo, sendo o restante formado pela auréola ( a sucção ´exercida pela

aréola, pressionando os ductos nessa zona)

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2. Má pega

A boca do bebé apanha somente o mamilo, não exercendo o pressão sobre os ductos, não conseguindo

formando “bico longo”

OBSERVAÇÃO EXTERNA DA PEGA CORRETA

O queixo do bebé toca a a mama (ou está muito próximo dela

A boca do bebé está bem aberta

Acabar

CONSEQUÊNCIAS DA PEGA INCORRETA

Grettas e fissuras nos mamilos: estas causam dores durante a amamentação, o que pode levar a que o

leite materno não seja extraído com eficiência e, consequentemente, ao ingurgitamento

Oferta de leite insuficiente

Bebe frustrado

Bebe insatisfeito

Recusa-se a mamar

Não ganha o peso

As mamas produzem menos leite (fator inibidor) - Insucesso na amamentação

COMO TERMINAR A MAMADA

Deixar que o bebé largue a mama sozinho (é um sinal de que está satisfeito)

Para fazer o bebé soltar a mama, a mulher deve colocar a ponta do dedo mínimo no canto da boca do

bebé – deste modo, consegue remover o efeito da sucção e soltar o mamilo sem provocar gretas

FASES DA LACTAÇÃO

1. Colostro

2. Leite de transição

3. Leite maduro

- Colostro é muito importante do ponto de vista da imunidade; para o funcionamemto instestinal (libertação

do mecónio – primeiras fezes)

SINTOMATOLOGIA ASSOCIADA À TRANSIÇAO DO COLOSTRO PARA O LEITE

A nível local

As mamas aumentam de volume, ficam ligeiramente tensas ou muito tens, duras e dolorosas

A nível geral

Pode haver aumento da temperatura corporal (a temperatura axilar não ultrapassa os 38ºC) e de

frequência cardíaca

- Há muitas razões para a mulher ter aumento da temperatura no puerpério, para além da ingurgitamento. As

alterações associadas a esta fase não ultrapassam os 38ºC e não há picos de temperatura. A temperatura é

constante. Convém averiguar se as alterações de temperatura são patológicas ou associam-se a esta fase

normal

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A sintomatologia é transitória – 24 a 48 horas

ENGURGITAMENTO MAMÁRIO – SINTOMATOLOGIA

Mamas

Muito tensas e distendidas

Pele lustrosa (brilhante) e ruborizada

Dolorosas (muito sensíveis ao contacto)

Aréolas também muito tensas (bebé tem dificuldade em fazer uma boa pega)

Dificuldade na drenagem do leite

A(s) glândula(s) mamaria(s) pode(m) infetar se o leite não for drenado (especialmente se os mamilos

apresentarem gretas e/ou fissuras) → MASTITE

INGURGITAMENTO MAMÁRIO – CUIDADOS/ TRATAMENTO

Retirar o leite da mama colocando de preferência o bebe a mamar ou utilizando um método artificial

(expressão manual/ bombas)

Aplicar calor húmido antes de retirar o leite (ida ao chuveiro ou parches de água quente)

Aplicar frio após a mamada

Em caso de grande desconforto/ dor, administrar terapêutica analgésica prescrita

Administrar ocitocina – spray nasal antes da mamada para facilitar a drenagem do leite (atenção à dose e

frequência da administração)

A promoção da autovigilância/ esvaziamento mamário e grande apoio físico e emocional, devem orientar

os cuidados de enfermagem

- O ingurgitamento mamário não ocorre logo após o nascimento, mas 2 a 3 dias após o parto.

- Inicialmente, podemos deixar que o bebé não complete uma mamada numa das mamas, para que este

mame um pouco nas duas, de modo a ajudar a mãe na fase inicial, de maior tensão mamária. Posteriormente,

passa-se a fazer o que se referiu anteriormente – deixar que o bebé complete a mamada na primeira e só

depois passar para a segunda

Expressão mamária – Técnica

Colocar o polegar sobre a aréola mamária e o indicador sob a mesma.

Pressione a mama, em direção ao tórax (“para dentro”), sem deixar deslizar os dedos.

Espremer o leite dos ductos comprimindo a aréola mamária, ao mesmo tempo que os dedos deslizam

para a frente (“para fora”)

Efetuar a rotação da mão (cerca de ¼) à volta da mama e repetir estes passos num movimento rítmico até

que o leite comece a fluir

Nota: Esta manobra deve ser efetuada de acordo com as necessidades até a “mama” ficar mais flácida

INGURGITAMENTO MAMÁRIO – PREVENÇÃO

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A amamentação deve ser instituída precocemente e o horário das mamadas deve ser livre (sempre que o

bebé necessitar)

Colocar o bebé a mamar em posição correta e verificar os sinais de boa pega

Promover um bom Reflexo de Ocitocina (ambiente calmo / alojamento conjunto...)

Esvaziar as mamas após a mamada, caso se encontrem muito tensas

Estar atenta a dificuldades no esvaziamento mamário e promover medidas para a sua resolução

(expressão mamária / bomba elétrica ou manual / administração de Ocitocina - spray nasal 5’ antes da

mamada)

CUIDADOS COM AS MAMAS E MAMILOS

A lavagem do banho diário é suficiente e não se devem esfregar os mailos

Aplicar uma gota de leite nos mamilos e aréolas após cada mamada (lubrifica e protege os mamilos de

agressões/ ajuda à cicatrização – por ação enzimática). Não fechar imediatamente o soutien: deixar secar

os mamilos

Só usar cremes quando necessário (atenção ao tipo de produtos que utilizam)

Utilizar soutien adequando à amamentação: de algodão, ter laças e cós largo, de forma a sustentar bem o

peso das mamas sem as apertar e, se possível, com aberturas nas copas (facilitam a amamentação)

Usar discos protetores, se necessário, e substitui-los em SOS

POSIÇÕES CONFORTÁVEIS PARA AMAMENTAR

Todas as que a mulher quiser, desde que se sinta confortável e tenha uma postura correta, ela e o bebé.

EXTRAÇÃO E CONSERVAÇÃO DO LEITE MATERNO

Extração - Manual ou Bomba

Materiais utilizados na extração e armazenamento - Limpos e fervidos ou exterilizados

Conservação- frigorífico ou congelador. Sacos de congelação ou recipientes de plástico rígido ou vidro

COMISSÃO NACIONAL “iniciativa hospitais amigos dos bebés”

CONTRACEÇÃO NO PÓS-PARTO

Mulheres que amamentam:

A FSH é produzida mas níveis constantes e elevados da prolactina inibem a ação da FSH nos ovários,

inibindo assim a ovulação

Mulheres que não amamentam:

A ovulação pode ocorrer na 4ª semana apos o parto no entanto o tempo médio da 1ª ovulação na mulher

que não amamenta é de 10 semanas

- Uma mulher não deve/ pode esperar ter a menstruação até fazer contraceção, porque a ovulação antecede a

menstruação.

- Se a mulher não vai amamentar, aconselha-se que faça contraceção mais ou menos 15 dias após o parto,

período ”janela” de recuperação da normalidade

CONTRACEÇÃO HORMONAL E AMAMENTAÇÃO

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Contraceção combinada

Os estrogénios inibem a produção de leite pelo que estão pelo estão contraindicados na mulher que quer

amamentar

Contraceção progestativa

A progesterona não afeta a produção de leite no entanto ainda não está devidamente estudado o seu

efeito sobre o desenvolvimento hepático e cerebral do bebé pelo que não é recomendada a sua

utilização, pela mulher que amamenta, antes das 6 semanas de vida do filho

- Ainda não há dados suficientes sobre os efeitos da progesterona no bebé, sobretudo no SNC e hepático, por

se encontrarem numa fase ainda muito imatura quando o bebé nasce

MÉTODO DA AMENORREIA DA LACTAÇÃO

A eficácia deste método requer 3 condições:

1. A mulher ainda não ter tido menstruação após o parto

2. A amamentação ser exclusiva, com mamadas diurnas e noturnas, com intervalos inferiores a 6 horas (DGS,

2008). Alguns autores referem que os intervalos não devem ser superiores a 4 horas

3. A criança ter menos de 6 meses de idade

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Aula 14 – O CUIDADOS DE ENFERMAGEM NO FAMÍLIA NO PÓS-PARTO (CONTINUAÇÃO)

22/10/2013

Profª Esmeralda Afonso

OBJETIVOS

Proporcionar ao RN condições que visam ajudá-lo na sua adaptação à vida extrauterina

Intervir em situaçoes patológicas que o coloquem em risco de vida

CONHECER HISTÓRIA PRÉ-NATAL

História pré-natal e obstétrica; antecedentes familiares

Grupo sanguíneo

IG, desenvolvimento fetal, situação de risco fetal e perinatal

Estado de colonização retovaginal (estreptococos do grupo B)

….

CUIDADOS IMEDIATOS

1. Contacto pele a pele/vinculação

2. Laqueação cordão

3. Avaliação do índice de apgar

4. Promover Aleitamento Materno

5. Identificação

6. Profilaxia da doença hemorrágica do Recém-nascido (administração de vitamina K nas 1ªs horas: 0,5mg

prematuros <2500g; 1g RN termo >2500g)

7. Profilaxia de infeção ocular: limpeza com água destilada do canto interno para o externo. Segundo a

protocolo,Oxitetraciclina 1% ou Eritromicina 0,5%(pomada) prevenção infeção por gonorreia ou por

clamídia.

8. Avaliação física inicial e avaliação do peso

1. Contacto pele com pele

Pode manter-se sobre o abdómen e tórax materno durante 1 a 2 horas (se não houver intercorrências).

Este procedimento deve ser oferecido a todas as mães

A fonte de calor do bebé é a própria mãe

Evidência

Estabilidade cardiorrespiratória

Diminuição do tempo de choro

Efeito benéfico na vinculação

Maior frequência e duração do aleitamento materno

2. Laqueação cordão

- Laqueia-se e coloca-se um clamp perto do umbigo do bebé. Esta laqueação é indolor para o bebé.

- O cordão tem 2 artérias e uma veia

- O cordão umbilical entre o umbigo e clamp é designado por coto umbilical, um aspeto importante a vigiar é

a garantia de que o cordão esta bem clampado, devido ao risco de hemorragia durante o período em que o

coto ainda está gelatinoso

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3. Avaliação do índice de apgar

0-3 sofrimento grave; 4-6 dificuldade moderada; 7-10 boa adaptação à vida extra-uterina.

- A avaliação faz-se ao 1º minuto; 5º e 10º minuto

Útil para descrever a adaptação à vida extrauterina

Não tem valor prognóstico – não prevê resultados neurológicos futuros - determinação de gases no sg do

cordão umbilical no momento do nascimento

Se houver necessidade de reanimação, esta deve ser iniciada antes da 1ª avaliação do índice de apgar

Nota: A pessoa que realiza o parto não deve avaliar o índice de apgar

4. Identificação do bebé

- Quando o bebé nasce, oficialmente ainda não tem identificação; é-lhe atribuído um numero associado ao

numero da sua mãe, mas podemos e devemos identifica-lo pelo nome selecionado pelos pais.

- A pulseira deve ser colocada antes do bebé sair perto da mãe, para que a mãe assista a essa colocação

5. Promover Aleitamento Materno

6. Profilaxia da doença hemorrágica do Recém-nascido

Administração de vitamina K

É feita nas primeiras horas

Se é um bebé prematuro: 0,5 mg

Se é um bebe RN termo ou com peso igual ou superior a 2500 g: 1 mg

1mg oral no nascimento

25 microgramas/dia ou 1mg/semana repartida 7 a 14 dias após

Se amamentados – 3 meses

7. Profilaxia de infeção ocular

Limpeza com água destilada do canto interno e externo num movimento único

Segundo protocolo – pomada oftálmica (oxitetraciclina 1% ou eritromicina 0,5% - prevenção de infeção

gonorreica ou por clamídia)

1ª hora – 120 minutos, após o primeiro contacto com a mãe

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8. Observação

Cabeça

Face

Pescoço

Torax

Abdómen

Genitais

Membros superiores e inferiores

Exame neurológico: tónus e reflexos primitivos

Avaliação do peso

- Testes guthrie= teste do pezinho

9. Manutenção de um bom ambiente térmico

Contacto pele com pele

Secá-lo e enrolá-lo em cobertor aquecido

Manter sob fonte de calor até à temperatura estabilizar

Manter a cabeça coberta

Manter a temperatura da enfermaria aquecida

Stress causado pelo frio

Aumento do consumo de oxigénio – dificuldade respiratória

Aumento do consumo de glicose – hipoglicemia

EXAME FÍSICO COMPLETO NO RN

Primeiras 24 horas após o nacimento e sempre que necessário

Ambiente (iluminado, aquecido e sem correntes de ar)

Momento privilegiado de contacto com a tríade

Permite observar aspetos gerais do RN e comportamento

Sinais vitais

Temp 36,5 – 37,2ºC

Função cardíaca (pulso apical – 4º espaço intercostal – 100/160 ppm)

Função respiratória – SDR – 30/60cm

- Apneia > 15’’

Pressão arterial – em RN de termo <90-60mmHg; em RN pré-termo <80-50mmHg

Dor

Peso

2500-4000g

Perda aceitável inferior a 10%. Comunicar aos 7%

Comprimento - 50

Perímetro cefálico

33,5-35,5 cm

(32-36 cm)

(alerta ≥ 4cm perímetro torácico)

Perímetro torácico

30,5-33 cm

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Comprimento

Observação da cabeça

- Fontanelas e suturas

- Lesões dos tecidos moles

Caput succedaneum (edema, tendência para desaparecer)

Cafalo hematoma

Equimoses, escoriações e lacerações

Olhos

Pálpebras, simetria e obliquidade, fotofobia, nistagmo,

estrabismo

Infeção ocular (clamídia, gonococos)

Pavilhões auriculares

Implantação; tubérculos

Otorraquia; otorragia

Nariz

Boca

Lábios, gengivas, palato, pérolas epiteliais, freio da língua

Candidíase

Pérolas epiteliais ou nódulos de Bohn - São formações de excedentes dos tecidos das glândulas mucosas,

formando-se na sua grande maioria no palato, afastados da rafe mediana e, ao longo dos lados bucal e

lingual das cristas dentárias. A sua incidência maior é em recém nascidos até os três meses de idade.

(Soares, A. B.)

Freio da língua

Pescoço

Torax

Glândula mamária – botão mamário

Abdómen – coto umbilical

Coluna vertebral

Membros superiores e inferiores

Lesões do esqueleto – clavícula, úmero e fémur.Lluxação congénita da anca – sinal de ortolani

Genitais

Ânus

Eliminação vesical

Eliminação intestinal

Mecónio

Fezes de transição

Fezes de leite

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Sistema tegumetar

Cor habitual ao nascimento – vérnix, 2º dia

Acrocianose - Cianose periférica; cor azulada das mãos e pés observável à nascença da maioria dos

recém-nascidos, que pode persistir durante 7 a 10 dia

Eritema tóxico/ eritema neonatal ou do RN - Erupção cutânea neonatal papular, rosada, inócua e de causa

desconhecida, com vesículas sobrepostas que surgem entre 24 a 48 horas após o nascimento e

desaparecem, espontaneamente, em poucos dias

Mancha mongólica

Lanugo

Acne miliar/ millium

Infeção estafilocócica

Icterícia fisiológica - Coloração amarela da pele e mucosas em resposta ao aumento dos níveis sanguíneos

de bilirrubina não conjugada; não é notória, habitualmente, antes das 24 horas

POSTURA

Flexão dos membros superiores e inferiores

Vira a Cabeça

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Reflexos - forma de atividade automática e involuntária que resulta da estimulação dos neurónios sensitivos e

motores

Glabelar - Tocar a testa, septo nasal, ou maxilar do recém-nascido

cujos olhos estão abertos. O recém-nascido pestaneja aos primeiros

4 ou 5 toques

Sucção e rotação - Tocar o lábio, bochecha, ou canto da boca da

criança com o mamilo. A criança roda a cabeça em direcção ao

estímulo, abre a boca, agarra o mamilo e suga

Deglutição - Alimentar a criança; a deglutição segue-se à sucção e

ingestão de líquidos. A deglutição está geralmente coordenada com

a sucção, ocorrendo sem náuseas, tosse, ou vómitos

Preensão palmar/ plantar - Colocar um dedo na palma da mão. Colocar um dedo na base dos dedos do

pé. Os dedos da mão da criança envolvem o dedo do examinador; os dedos dos pés curvam-se para baixo

Banbsky

Moro

Marcha automática

Tónico cervical ou “esgrima”- Com o recém-nascido a adormecer ou a dormir, rodar a cabeça

rapidamente para o lado. Com a criança virada para o lado esquerdo, o membro superior e inferior desse

lado ficam em extensão; o membro superior e inferior opostos fletem-se (virando a cabeça para a direita

as extremidades assumirão posturas opostas - posição de esgrima)

Competências do RN

- O bebé tem uma serie de competências inatas que são muito importantes para a interação. Embora sejam

reflexos, dão a sensação de que há interação que é veiculo para o estabelecimento da relação ente RN, mãe e

pai.

Sensoriais

Visão, Audição; Paladar; Olfato; Tato - Habituação ·Fontes de energia ·Memória)

Competências físicas e comportamentais

Choro; sorriso; face/ cabeça; atividade motora

“Eu coloco o meu dedo e ele agarra-o de imediato, é um reflexo, eu sei, mas faz-me sentir bem de

qualquer modo”.

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Aula 15 – ADAPTAÇÃO À PARENTALIDADE – FAMÍLIAS COM FILHOS PEQUENOS E ADOLESCENTES

24/10/2013

Profª Sónia Colaço

SUMÁRIO ALARGADO

1. Enquadramento

a. Conceito de Parentalidade (CIPE; Cruz 2005)

b. A Influencia dos pais na saúde e desenvolvimento da Criança (Gage, Everett e Bullock 2006;Hockenberry,

2011)

c. Exercício do Papel Parental (Dimensão legal e afetiva; Direitos e Responsabilidades parentais)

d. Funções dos Pais (Cruz 2005; Hoghughi e Long 2004)

e. Dimensões da Parentalidade [comportamentos dos Pais (Cuidados; Controlo e Desenvolvimento);

otimização das áreas funcionais da criança (Saúde; Funcionamento Intelectual e Educação; Comportamento

Social e Saúde Mental); Pré-requisitos (motivação; conhecimentos; capacidades)

2. Comportamentos dos Pais ( Hoghughi e Long 2004)

a. Cuidados Parentais

Cuidados Físicos; Emocionais; Sociais

b. Controlo (Disciplina e Limites; Componente Positiva da Educação; Estilos Educativos Parentais)

Tipos de Disciplina (Hockenberry, 2011)

Estabelecer limites e disciplina nas diferentes faixas etárias, estratégias para aconselhamento aos pais

(Hockenberry, 2011)

c. Pré-requisitos da Parentalidade (Hoghughi e Long 2004)

Conhecimento e Compreensão dos pais

Motivação Parental - Fatores que afetam a motivação parental

Recursos no exercício do papel parental

3. Situações de parentalidade Especial (Hockenberry, 2011)

a. Crianças Adotadas

b. Divórcio

c. Monoparentalidade

d. Famílias Reconstituídas

e. Famílias com ambos os pais trabalhadores

4. Focos de atenção do enfermeiro, relacionados com o exercício do papel parental

a. Adaptação ao papel parental

b. Vinculação

c. Potencial para o desenvolvimento da capacidade parental

d. Otimização da saúde e desenvolvimento da criança

5. Intervenções de Enfermagem que otimizam o desempenho do papel parental.

a. Intervenções de Enfermagem - Exemplos: Capacitação (Transmissão de Informação; orientação/cuidados

antecipatórios; treino de capacidades) ; Apoio e orientação; Promoção e vigilância da saúde da criança

b. Modelos de Intervenção - Exemplo: Touch Points - Modelo de Desenvolvimento (Brazelton e Sparrow

2003)

Porque é que a parentalidade constitui um foco de atenção e de intervenção em enfermagem?

As preocupações dos pais diferem de cultura para cultura. A grande diferença reporta às expetativas dobre o

desempenho parental e sobre o futuro pretendido para os filhos. Não podemos falar

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OBJETIVOS

Compreender o conceito

Identificar comportamentos dos pais, como otimizam o funcionamento da criança e os pré-requisitos para

o exercício da parentalidade

Identificar os principais fatores que influenciam o exercício da parentalidade

Conhecer os principais recursos para o exercício parental

Conhecer as situações de parentalidade especial

Compreender a adaptação à parentalidade enquanto fenómeno de enfermagem

Conhecer as intervenções de enfermagem que facilitam a adaptação ao papel parental

- Na teoria de Mercer, já lecionada, a parentalidade é concebida numa logica da transição, tal como Melisse.

Segundo esta autora o papel maternal inicia-se ainda antes da transição, durante a gravidez, mas só se torna

real quando o bebé nasce.

- Ao longo da vida, a criança vai-se desenvolvendo, implicando a adaptação parental, em todas as fases do

seu desenvolvimento.

PARENTALIDADE

“Ação de tomar conta com as características específicas: assumir responsabilidades de ser mãe e/ou pai;

comportamentos destinados a facilitar a incorporação de um recém-nascido na unidade familiar;

comportamentos para otimizar o crescimento e o desenvolvimento das crianças; interiorização das

expetativas dos indivíduos, famílias, amigos e sociedade, quanto aos comportamentos de papel parental

adequados ou não”. (CIPE, 2006: 43)

A influência dos pais na saúde e desenvolvimento da criança

Os pais possuem potencial para promover a saúde e bem-estar da criança ou impedir o desenvolvimento

físico e emocional

- Na mediação do papel da parentalidade, é importante também ter em conta o papel desempenhado pelos

avós, nem sempre bem definido na nossa cultura.

QUE EXERCE O PAPEL PARENTAL?

De acordo com lei:

Pais biológicos

Pais adotivos

Pais de acolhimento

Tutores

De ponto de vista social e afetivo

Pais substitutos

Direitos e responsabilidade

Parentais

Convenção dos direitos das criança: direito a ter pais responsáveis. Art.18º

Decreto lei nº91/2009: Proteçao da parentalidade

Lei nº61/2008: imposição do exercícios das responsabilidades parentais (divórcio)

Lei 147/99 – Lei de proteção de crianças e jovens em perigo

FUNÇÕES DO PAIS

Satisfação das necessidades básicas – afeto; higiene; comer; dormir…

Disponibilizar à criança um mundo físico organizado e previsível

Responder às necessidades de compreensão cognitiva das realidades extra familiares

Satisfazer as necessidades de afeto, confiança e segurança

Satisfazer as necessidades de interação social da criança

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(Cruz, 2005)

ATITUDES PARENTAIS

Sentido de zelo e responsabilidade

Importância atribuída ao papel

Nível de envolvimento

Disponibilidade psicológica e física (idade dos pais)

DIMENSÕES DA PARENTALIDADE

Comportamentos dos pais (cuidado, controlo e desenvolvimento)

Otimização das áreas funcionais da criança (saúde física, funcionamento intelectual e educativo,

comportamento social e saúde mental)

Pré-requisitos dos pais (conhecimento, capacidades e motivação) – O QUE É QUE EU SEI SOBRE A

PARENTALIDADE, AQUILO QUE EU DESENVOLVI NO MEU SEIO FAMILIAR

COMPORTAMENTOS DOS PAIS

Cuidados

Cuidados físicos

Cuidados emocionais – resposta à necessidade emocional; de vinculação

Cuidados sociais – relaciona-se com a necessidade de interação social da criança para se desenvolver

Controlo – disciplina e limites

Num sentido mais amplo, disciplina significa ensinar ou um conjunto de regras que orientam a

conduta. Num sentido mais restrito, refere-se à ação tomada para forçar o cumprimento das regras

depois da sua transgressão.

Colocar limites refere-se a estabelecer regras ou orientações para o comportamento.

- Passamos de um modelo autoritário para um modelo permissivo, cuja implementação foi promovida pelos

investigadores. Hoje, estabelece-se que a criança precisa de uma figura autoritária para o seu

desenvolvimento.

- Como é que os pais fazem isto?

NOTA: consultar a influencia da família no desenvolvimento da criança – capitulo 3, WONG.

Componente positiva da educação

Permite à criança

Testar os limites do seu controlo

Alcançar competências em áreas apropriadas ao seu desenvolvimento

Canalizar sentimentos indesejáveis para atividades construtivas

Proteger-se do perigo

Aprender um comportamento social aceitável

Estilos educativos parentais

Democrata

Autocrata ou autoritário

Permissivo: indulgente e negligente (passa por não prestar cuidados)

- O indulgente não atua mas preocupa-se com a criança

- Ninguém se restringe a um estilo

(Baumering, 1967)

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ORIENTAÇÕES PARA IMPLEMENTAR A DISCIPLINA

(Wong: 45)

TIPOS DE DISCIPLINA

Argumentar

Admoestar (envergonhar ou criticar)

Reforço positivo e negativo (recompensar; ignorar)

Consequências (natural; lógico; não relacionado)

Time-out

Castigos corporais

Recursos na parentalidade

Situações de maior preocupação para a parentalidade

Situações de parentalidade especial

BIBLIOGRAFIA

Brazelton, T. B., & Sparrow, J. (2003). The Touchpionts Model of Development. Obtido de Brazelton Touchpoints

Center: www.touchpoints.org

Cruz, O. (2005). Parentalidade. Coimbra: Quarteto.

Gage, J. D., Everett, K. D., & Bullock, L. (2006). Integrative Review of parenting. Journal of Nursing Scholarship ,

38:1, 56-62.

Hockenberry, M. J. (2011). Family Influences on Child Health Promotion. In M. Hockenberry, & D.

Wilson, Wong's Nursing Care of Infants and Children (9th Edtion. ed., pp. 47-66). Missoury: Mosby Elsevier.

Hoghughi, M. (2004). Parenting - An Introdution. In M. H. Long, Handbook of Parenting (pp. 1-18). London:

SAGE.

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101

LEITURAS OBRIGATÓRIAS

Hockenberry, M. J. (2011). Family Influences on Child Health Promotion. In M. Hockenberry, & D.

Wilson, Wong's Nursing Care of Infants and Children (9th Edtion. ed., pp. 47-66). Missoury: Mosby Elsevier.

Brazelton, T. B., & Sparrow, J. (2003). The Touchpionts Model of Development. Obtido de Brazelton Touchpoints

Center: www.touchpoints.org

LEITURAS COMPLEMENTARES

Gage, J. D., Everett, K. D., & Bullock, L. (2006). Integrative Review of parenting. Journal of Nursing Scholarship ,

38:1, 56-62.

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Aula 16 – ALIMENTAÇÃO

29/10/2013

Profª Sónia Colaço

SUMÁRIO ALARGADO

A ALIMENTAÇÃO DA CRIANÇA E ADOLESCENTE

1- Enquadramento

Vertentes da alimentação

Necessidades nutricionais ao longo do desenvolvimento

2. Características da alimentação da criança e adolescente (Hockenberry & Wilson, 2011; Hagan JF,

2008)

1º ano de vida:

o Alimentação láctea :

Leite Materno

Formulas lácteas (tipos de leite, preparação das formulas, frequência de administração)

o Diversificação alimentar

Princípios

Prevenção das alergias alimentares

Depois do 1º ano de vida:

o Especificidades relacionadas com o desenvolvimento

Toddler

Pré-escolar

Escolar

Adolescente

o Promoção hábitos alimentares saudáveis

SAÚDE ORAL DA CRIANÇA E ADOLESCENTE

1.Enquadramento

Carie dentária - conceito, medidas preventivas/protetoras (Hockenberry & Wilson, 2011; Hagan JF,

2008)

2. Programa Nacional de Promoção de Saúde Oral - aplicação em crianças e Adolescentes

o Recursos e Serviços (Texto de Apoio 2 -PNSIJ)

o Avaliação do risco em saúde oral (PNSO)

o Promoção da saúde oral no contexto familiar (PNSO- Texto de Apoio)

Escovagem ( frequência, técnica e material)

Dentífricos e suplemento de fluoretos

OBJECTIVOS

Conhecer as especificidades relacionadas com a alimentação da criança e adolescente ao longo do

desenvolvimento.

Conhecer os princípios e estratégias na promoção e vigilância da saúde oral nas crianças e adolescentes

VERTENTES DA ALIMENTAÇÃO

Nutricional

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Educação e adaptação social

- Comunicação efetiva

- Aprendizagem de regras sociais

- Desenvolvimento de capacidades

ALIMENTAÇÃO: 1º ANO DE VIDA

- Idealmente, a discussão sobre a melhor forma de alimentação deve ser iniciada ainda durante a gravidez,

devendo ser abordadas as vantagens dos dois tipos de alimentação (amamentação e fórmula)

- Durante os primeiros 4 meses de vida idealmente, a alimentação da criança deverá ser exclusivamente

láctea, qualquer que seja o seu tipo (aleitamento materno, artificial ou misto).

- Apesar do leite humano ser a dieta mais desejável e completa para o latente durante os 6 primeiros meses,

a decisão cabe exclusivamente aos pais. O latente normal que recebe o leite de uma mãe bem nutrida

geralmente não necessita de vitaminas ou suplementos minerais específicos, com exceção do ferro por

volta dos 4 a 6 meses de vida (de forma a compensar a diminuição de ferro disponível no leite materno).

Suplementos diários de vitamina D podem estar indicados se a ingestão desta vitamina pela mãe for

inadequada.

- Os latentes amamentados não necessitam de outros líquidos, especialmente, água, durante os primeiros 4

meses (?) de vida. A ingestão excessiva de água poderá resultar numa intoxicação pela água,

desenvolvimento insuficiente ou hiponatremia.

- Uma alternativa aceitável para a amamentação é uma fórmula enriquecida com ferro. Tal como o leite

humano, as fórmulas suprem as necessidades nutricionais dos latentes durante os primeiros 6 meses de vida.

A forma de preparação do biberão deverá assim, ser abordada na consulta.

NECESSIDADES CALÓRICAS E HÍDRICAS

Idade Necessidades calóricas Necessidades calóricas

globais

Necessidades hídricas

1-3M 120 Kcal/Kg/dia 600 Kcal/dia 150 ml/Kg/dia

3-6 M 110 Kcal/Kg/dia 600 Kcal/dia 120 ml/Kg/dia

6-11 M 100 Kcal/Kg/dia 700 Kcal/dia 110 ml/Kg/dia

1-2 A 90 Kcal/Kg/dia 900 Kcal/dia 100 ml/Kg/dia

- A partir do 2º ano o crescimento da criança começa a desacelerar e, por isso, as necessidades calóricas

também diminuem

DESENVOLVIMENTO DA CRIANÇA DURANTE O 1º ANO DE VIDA

Maturação física e neurológica

Nascimento – reflexo de busca, preensão, sucção e extrusão (só desaparece entre os 4 e 5 meses)

4 Meses – maior suscetibilidade do maxilar e pescoço e o padrão de sucção começa a modificar-se

5 aos 9 meses – desenvolvimento das funções oro motoras com passagem da sucção para a deglutição

(ganha capacidade de transporte e deglutição)

- Entre os 2 e 3 meses o bebé deve segurar a cabeça

CARACTERÍSTICAS DA ALIMENTAÇÃO

1º Ano de vida

Alimentação láctea

- Aleitamento materno

- Aleitamento artificial

O latente deve fazer aleitamento materno exclusivo até aos 6 meses e como complemento até aos 2

anos (OMS)

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104

Diversificação alimentar

Início?

Melhor altura pra a introdução de alimentos?

- A diversificação alimentar torna-se importante a partir de uma dada altura para suprir as necessidades de

ferro e de algumas vitaminas, essenciais a seu desenvolvimento. As curvas de crescimento foram modificadas

porque aquilo que se preconiza como alimentação inicial é o leite materno e, a partir da altura em que se

altera a alimentação ocorre a desaceleração do crescimento

- Quando a criança é alimentada com leite de fórmula/ leite adaptado, deve diversificar alimentação a partir

A ESCOLHA DO TIPO DE ALEITAMENTO. MATERNO OU FÓRMULAS LÁCTEAS?

Tipos de leite:

Leite materno (LM)

Leite adaptado ou de fórmula (LA)

- LA - adaptado hidrolisado a partir das proteínas do leite de vaca

- Leite de soja – normalmente utilizados em caso de doença metabólicas de intolerância às proteínas do

leite (galactosémia, entre outros)

- Fórmulas especiais – anti obstipantes; anti cólicas; hipoalérgicas; saciedade; desconforto digestivo

- As recomendações das fórmulas podem variar de acordo com o ponto de vista do pediatra. As escolhas são

feitas de acordo com as condições específicas da criança, onde se incluem as condições socio económicas da

família.

Aleitamento artificial - Tipos de leite adaptado

1. Latente 1 (0 a 4/6 M) – desenvolvidos a partir de leite de vaca e de outras fontes (por exemplo, soja), que

pode ser dado à criança quando mãe não pode ou não quer amamentar

2. Transição 2 (4M a 12 M) – apresentam ainda um reduzido teor proteico, elevada percentagem de lactose,

teor elevado de calorias, hidratos de carbono, minerais – principalmente, ferro e vitaminas, do que os

leites para latentes

3. Transição 3 (8M a 36 M) – surgiram da necessidade de combater a tendência para a introdução precoce

do leite de vaca, que pode causar sobrecarga renal e apresenta um défice de vitaminas.

Leite de vaca em natureza está contraindicado no 1º ano de vida…e recomenda-se o adiamento da

sua introdução até aos 24-36 meses de idade da criança

Frequência das mamadas

RN 12 a 14 vezes por dia

Nas primeiras semanas alimentar de acordo com a vontade (máximo de 4 horas de intervalo)

Após o primeiro mês pode fazer 5 horas de intervalo à noite

- A partir do 1º mês podemos começar a regular a alimentação de acordo com o ciclo circadiano. O bebé já

pode passar até 5 horas sem alimentação durante a noite.

PREPARAÇÃO DE UM BIBERÃO

Regras

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1. Deve ser preparado no momento de administração

2. Biberão adequadamente limpo e esterilizado – os biberões devem ser bem limpos e lavados e

depois fervidos com as tetinas durante 10 minutos

Siga rigorosamente as instruções presentes na lata

Passos

3. Colocar água fervida (5 min), deixando-a arrefecer antes de misturar o pó

4. Colocar o “pó”: 1 medida rasa por cada 30 ml de água e aquecer o biberão em banho-maria e

testar a temperatura na parte interna (confirmar)

- Explicar aos pais que, sempre que o bebé tenha fome, em vez de juntar pó para a mesma quantidade de

água, aumentar o pó e aumentar também a água na proporção indicada nas instruções da lata.

- O leite materno nunca deve ser aquecido no micro-ondas, mas em banho-maria, a uma temperatura de

aproximadamente 40ºC, ou em dispositivos próprios para aquecimento do leite materno. Ainda não se sabe

quais os riscos/ efeitos das radiações no leito materno, mas sabes que são degradas muitas proteínas

essenciais

- O leite artificial pode ser aquecido no micro-ondas mas deve ser misturado depois de aquecido porque as

radiações não aquecem o leite uniformemente.

- A quantidade de fórmula por alimentação e o número de refeições por dia varia entre os latentes.

DIVERSIFICAÇÂO ALIMENTAR

Princípios

Iniciar quando o bebé estiver saudável

Sentar o bebé à mesa

Se o bebé resistir ao novo alimento, dar apenas 2-3 colheres de chá do mesmo e completar a refeição

com leite

Não se deve adicional sal à alimentação do latente

Evitar a adição de açúcar e mel – a alimentação do latente já tem as quantidades de sódio e açucares

adequada. O mel associa-se ao risco de adquirir botulismo (pela presença da toxina butulínica, presente

em produtos engarrafados/ enlatados). O hábito de colocar mel na chupeta é cultural.

Quando o novo alimento for bem aceite, substituir a refeição de leite

Fazer um intervalo de 1 semana entre os diferentes alimentos

Alimentar o bebé com uma colher, que deverá ser bem introduzida para contrariar o reflexo de extrusão e

facilitar a deglutição

Respeitar os horários das refeições

Dever ser privilegiados no modo de preparação, os cozidos e os estufados

A ordem pela qual os alimentos se introduzem não é rígida

Deve ser oferecida água

Nota: os alimentos pré-confecionados e embalados poderão ser utilizados como recurso ocasional

- A utilização de chás como a estrela de anis para a prevenção de cólicas também não recomendados,

aumento a suscetibilidade ao risco e dano

- Cada vez que introduzo um alimento novo devo faze-lo num espaço de uma semana (segundo alguns

períodos, entre 2 a 3 dias) para averiguar se a criança faz reação alérgica.

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- A diversificação alimentar costuma iniciar-se com uma sopa simples – sopa ABC (Abobora, batata e cenoura).

Essa sopa não deve ter água e deve ser adicionado um fio de azeite em cru (logo, só após triturar)

DIVERSIFICAÇAO ALIMENTAR – exemplo

Idade Introdução de novos alimentos

4 Meses Iniciar papa sem glúten (lactea ou não lactea) ao almoço. A papa sem glúten deve ser

preparada com leite de formula, de soja ou até leite materno.

5 Introduzir puré de cenoura e batata (com um fio de azeite no final da cozeura e sem

sal) ao almoço. A papa passa a ser dada ao lanche

Cada 3-7 dias Introduzir legume novo na sopa

1 Semana depois Iniciar fruta (maça, banana ou pêra) como sobremesa

1 Semana depois Fazer puré de legumes no caldo de cozedura da carne

5,5 A 6 meses Adicionar 30g/dia de carne triturada ao puré (borrego, frango, peru, carneiro)

6 Meses Pode iniciar papa com glúten

6,5 A 7 Meses A sopa com carne passa a ser dada ao almoço e jantar

9 Meses Iniciar peixe branco esmagado numa das refeições.

Introduzir outras frutas.

Iniciar iogurte natural sem açúcar (depois pode-se juntar bolacha ou fruta)

ALERGIAS ALIMENTARES

Prevenção

Ovo, nozes, amendoins, peixe, leite de vaca e trigo (não existe evidência que sustente o ser adiamento)

Existe uma janela crucial para a exposição aos antigénios orais entre os 4 e os 6 meses, importante para o

desenvolvimento da tolerância.

(Silva e Aguiar, 2011)

- O glúten normalmente é melhor tolerado se a sua intriduçao for feita ainda em conjunto com a alimentação

com aleitamento materno.

A medida dietética mais eficaz é o aleitamento materno exclusivo até aos 4 a 6 meses

Evidência é insuficiente para retardar o inicio da diversificação alimentar para depois dos 4-6 meses…

……

- A introdução de alimentos sólidos antes dos 4 a 6 meses de vida não é recomendada. Durante os primeiros

meses, os alimentos sólidos não são compatíveis com a capacidade do trato gastronitestinal e com as

necessidades nutricionais do latente. O uso de alimentos sólidos para latentes expõe essas crianças a

antigénios alimentares que poderão produzir alergias às proteínas dos alimentos. Para além disso, do ponto

de vista do desenvolvimento, os latentes possuem o reflexo de extrusão fazendo com que a criança empurre

os alimentos para fora da língua.

A ALIMENTAÇÃO DA CRIANÇA DEPOIS DO 1º ANO DE VIDA

12 a 24 meses

Incentivar a criança a comer sozinha, beber pelo copo

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Lidar com os conflitos da refeição – as brincadeiras com a comida; levantar da mesa; biberão durante a

noite

2 a 3 anos

Anorexia fisiológica

Negativismo

4 a 5 anos

Identificação com os adultos

Imitação

Recursa da comida “esquisitices”

- Se eu não como legumes a criança também não vai comer legumes

- Nesta fase a criança tem as tais “esquisitice” – numa semana não comem o que é laranja; noutra não comem

porque tem gordura. Estes comportamentos são normais e fazem parte da sua autoafirmação. È importante

que os pais mantenham os alimentos rejeitados no prato até que a criança, por ver os outros comerem,

comece a aceitar esses alimentos.

Alimentação do adolescente

É o 2º período da vida de maiores necessidades calóricas

A alimentação tem de ser variada

O adolescente segue os usos do grupo e pode adotar hábitos errados de nutrição (produtos de alto valor

calórico e pobre valor nutritivo)

Problemas frequentes: obesidade, bulimia e anorexia

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NECESSIDADE NUTRICIONAIS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES

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A minha pirâmide para crianças (my pyramide for kids) - Wong

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Aula 16 (CONTINUAÇÃO) – SAÚDE ORAL

29/10/2013

Profª Sónia Colaço

Objetivos

Prevenção de cárie dentária e periodontides

Desenvolvimento e alinhamento corretos dos ossos da face, maxilares e dentes

Prevenção de traumatismos da boca e dentes

CÁRIE DENTÁRIA

Doença infeciosa, transmissível e prevenível, provocada por bactérias (por exemplo streptococcus mutans ou

streptococcus sobrinus) que foram a placa dentária na superfície dos dentes

Doença crónica mais comum nas crianças – 40% das crianças tem cárie dentária à entrada para o jardim de

infância. É responsável por algum absentismo escolar

Nota: as bactérias interagem com os açucares dos alimentos e bebidas, transformando-os em ácidos que

dissolvem o esmalte dentário e provocam a cárie.

SAÚDE ORAL: MEDIDAS PREVENTIVAS

Higiene oral

Dieta e práticas alimentares

Flúor

Visitas ao dentista (cheque dentista)

INSTRUMENTOS DE AVALIAÇÃO DO RISCO DE CÁRIE DENTÁRIA

Baixo Risco Alto Risco

Evidência clínica de doença

Sem lesões de cárie.

Nenhum dente perdido devido a cárie.

Poucas ou nenhumas obturações

Lesões ativas de cárie.

Extrações devido a cárie.

Duas ou mais obturações.

Aparelho fixo de ortodontia

Análise dos hábitos alimentares

Ingestão pouco frequente de alimentos açucarados Ingestão frequente de alimentos açucarados, em

particular entre as refeições

Utilização de fluoretos

Uso regular de dentífrico fluoretado Não utilização regular de qualquer dentífrico

fluoretado

Controlo da placa bacteriana

Escovagem dos dentes duas ou mais vezes por dia Não escova os dentes ou faz uma escovagem pouco

eficaz

Nível socioeconómico da família

Médio ou alto

Baixo

História clínica da criança

Sem problema de saúde

Ausência de medicação crónica

Portador de deficiência física ou mental

Ingestão prolongada de medicamento cariogénicos

Doenças crónicas

Xerostomia

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MEDIDAS PROTETORAS EM CRIANÇAS DE ALTO RISCO

Aplicação de selantes de fissura

Suplemento de fluoretos: um comprimido diário de 0,25mg, dissolvido lentamente na boca, à noite antes de

deitar

Verniz de fluor ou de clorohexidina

FREQUÊNCIA DA ESCOVAGEM DOS DENTES

Duas vezes por dia: a partir da erupção do 1º dente, uma obrigatoriamente antes de deitar

MATERIAL UTILIZADO NA ESCOVAGEM DOS DENTES

0-3 Anos

Gaze; Dedeira; Escova macia de tamanho pequeno

Executada pelos pais

1000-15000 ppm de dentrífico fluretado: quantidade idêntica ao tamanho da unha do 5º dedo da criança

3-6 Anos

Escova macia de tamanhão adequado à boca da criança

Executada pelos pais e/ou criança: a partir do momento em que a criança adquire destreza manual, faz a

escovagem sobre supervisão

1000-15000 ppm de dentrífico fluretado: quantidade idêntica ao tamanho da unha do 5º dedo da criança

Mais de 6 Anos

Escova macia ou em alternativa, média de tamanho adequando à boca da criança e jovem

Executada pelos pais e/ou criança: se a criança não tiver adquirido destreza manual, a escovagem tem que ter

a intervenção ativa dos pais

1000-15000 ppm de dentrífico fluretado: quantidade aproximada de 1 cm

SUPLEMENTO SISTÉMICO DE FLUORETOS

0-3 Anos

Não recomendado

3-6 Anos + Mais de 6 Anos

Não recomendado: Excepcionalmente as crianças de alto risco podem fazer um (1) comprimido diário de

fluoreto de sódio a 0,25mg

BIBLIOGRAFIA

DGS. (2005). Programa Nacional de Promoção da Saúde Oral. circular normativa nº01/2005 . Lisboa.

DGS. (2013). Programa Nacional de Saúde Infantil e Juvenil. Circular normativa nº 10/2013 . Lisboa.

Guerra, A., Rêgo, C., Silva, D., Ferreira, G. C., Mansilha, H., & Ferreira, H. A. (2012). Alimentação e Nutrição do

Lactente. (C. d. SPP, Ed.) Acta Pediatrica Portuguesa , 43(2), S17-S40.

Hagan JF, S. J. (2008). Bright Futures: Guidelines for Health Supervision of Infants, Children and Adolsecents. Elk

Grove Village: American Academy of Pediatrics.

Hockenberry, & Wilson. (2011). Wong's Nursing Care of Infants and Children. Missoury: Mosby Elsevier.

Silva, A. I., & Aguiar, H. G. (2011). Diversificação Alimentar no Primeiro ano de Vida. Acta Médica Portuguesa ,

1035-1040.

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112

LEITURAS OBIGATÓRIAS

DGS. (2005). Programa Nacional de Promoção da Saúde Oral. circular normativa nº01/2005 . Lisboa.

Hockenberry, & Wilson. (2011). Wong's Nursing Care of Infants and Children. Missoury: Mosby Elsevier.

Capítulos (8;12;14;15;17;19):

Health Promotion of the Newborn and Family, pp. 261-305

Health Promotion of the Infant and Family, pp. 525-561

Health Promotion of the Toddler and Family, pp. 618-641

 Health Promotion of the Preschooler and Family, pp. 650-661

Health Promotion of the School-Age Child and Family, pp. 727-750

Health Promotion of the Adolescent and Family, pp. 828-846

LEITURAS COMPLEMENTARES

Guerra, A., Rêgo, C., Silva, D., Ferreira, G. C., Mansilha, H., & Ferreira, H. A. (2012). Alimentação e Nutrição do

Lactente. (C. d. SPP, Ed.) Acta Pediatrica Portuguesa , 43(2), S17-S40.

Hagan JF, S. J. (2008). Bright Futures: Guidelines for Health Supervision of Infants, Children and Adolsecents. Elk

Grove Village: American Academy of Pediatrics.

Capítulos:

Promoting Healthy Nutrition (p 121-144)

Promoting Oral Health (p 155-166)

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Aula 17 e 18 (TP) – PLANEAMENTO DE UMA CONSULTA DE ENFERMAGEM PARA A PROMOÇÃO E

VIGILÂNCIA DA SAÚDE DA CRIANÇA E JOVEM (BRIGHT FUTURES)

30/10/2013 E 31/10/2013

Profª Sónia Colaço

ORIENTAÇÕES PARA O TRABALHO A DESENVOLVER

OBJETIVO:

Trabalhar os focos de atenção com que a enfermagem se preocupa na promoção e vigilância da saúde da

criança e do jovem.

SUMÁRIO

1. Apresentação da atividade pelo professor com a identificação dos conteúdos a mobilizar. Revisão dos

conteúdos relativos à estrutura da consulta de Enfermagem - 30 min.

2. Identificação/caracterização dos aspetos de promoção e vigilância da saúde de cada grupo etário pelos

estudantes.

3. Planeamento da consulta de Enfermagem de acordo com a estrutura proposta pelo modelo Bright Futures

e exploração dos conteúdos de orientação antecipatória identificados como foco de atenção.

4. Entrega ao professor e discussão do trabalho realizado, 10 min. cada grupo– Sessão TP dia 5 de

Novembro.

5. Cada grupo de estudantes pesquisa e desenvolve um tema proposto:

Recém-nascido: Conduta face a sinais e sintomas comuns (choro, obstrução nasal, diarreia, obstipação,

febre), Segurança (Posição de deitar, transporte).

Lactente: Alimentação e diversificação alimentar.

Toddler: Controlo/Disciplina (lidar com o negativismo e colocar limites, estratégias mais adequadas à

faixa etária); Prevenção de Acidentes (acidentes mais comuns nesta faixa étária).

Pré-escolar: Saúde Oral (Dentição, escovagem, desmame da chupeta).

Escolar – Relação emocional/comportamentos (Sintomas de instabilidade psicomotora, competitividade,

prazer em jogos de regras); Higiene e Puberdade.

Adolescente – Educação para a sexualidade (autodeterminação sexual, género, relações intimas,

comportamentos sexuais, contracepção); Segurança.

ESTRATÉGIA FORMATIVA

Planeamento de uma consulta de enfermagem para a promoção e vigilância da saúde da criança e do

jovem, suportada nas orientações do “Programa Nacional de Saúde da criança e do Jovem 2013” e na

estrutura de consulta proposta pelo modelo Brigth Futures.

Materiais

Consulta e leitura dos documentos de leitura obrigatória relativos à aula Teórica de 24 de Setembro, 24 de

Outubro e 29 de Outubro.

Consulta e leitura dos Capítulos relativos à Promoção da Saúde da Criança no livro: Hockenberry, M.;

Wilson, D. (2011) Wong’s Nursing Care of Infants and Children, 9th Edition. Missoury:Mosby Elsevier.

Outras Referencias identificadas sobre o tema.

Método

Identificação e caracterização das diferentes etapas da estrutura da consulta de acordo com o modelo

proposto.

Planeamento da consulta (construção das questões a fazer á criança e aos pais, parâmetros a avaliar e

cuidados antecipatórios relacionados com o tema) – em grupo.

Pesquisa dos conteúdos enunciados e apresentação ao grupo.

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Estruturação dos conteúdos integrando-os na organização da consulta.

Preparação da síntese escrita do trabalho realizado e da discussão em sala de aula.

Estímulos de Partida:

Recém-nascido: O Daniel é um recém-nascido que tem uma semana de vida, é o primeiro filho dos pais,

que estão casados há cerca de três anos.

Lactente – A Leonor é uma menina de 6 meses, 2ª filha de um casal divorciado. A Leonor vive com a mãe

e com o irmão de 4 anos.

Toddler: O Manuel é um menino com dois anos, que vive apenas com a sua mãe.

Pré-escolar: A Inês tem cinco anos e vive com os seus pais.

Escolar: O Marco é um menino de 8 anos e vive com os seus dois irmão o seu pai e a sua madrasta.

Adolescente: A Mariana é uma jovem de 13 anos que vive com os pais e com a avó materna.

PRÉ-ESCOLAR: A Inês tem 5 anos e vive com os pais.

A. CONTEXTO

A Inês pertence a uma família nuclear tradicional, que consiste num casal de conjugues e seus filhos

biológicos. As crianças nesse tipo de família vivem com os pais biológicos e, se houver irmãos, apenas irmãos

e irmãs de sangue. Não há outras pessoas no lar (Wong, p. 35)

- nas famílias pequenas mais ênfase é dada ao desenvolvimento individual das crianças, o cuidado dos pais é

mais intenso em vez de extenso e existe uma pressão constante para estar a altura da expectactiva da família

(por parte das crianças).

- nas famílias pequenas existe uma participação mais democrática das crianças, em comparação às mais

alargadas (remetendo-nos para a disciplina a que a criança pode estar sujeita)

ESTÁDIOS DE DESENVOLVIMENTO:

Cognitivo: Pré-operatório (2-7A) – pensamento intuitivo.

Caracterizado por justificações tautológicas, fenomenismo, percepção dos dados sensoriais e irreversibilidade.

Psicossexual: Lactente (5-9A).

Psicossocial: Iniciativa Vs sentimento de culpa (3-6A).

- núcleo das relações significativas é a família.

- comportamentos: fazer, reproduzir, fazer de conta e brincar.

- criança com iniciativa porque vê e exibe.

- maior exploração de explorar, com aquisição de maior desenvolvimento intelectual.

Tarefas:

Desenvolvimento da linguagem, pensamento, socialização.

A criança mostra-se mais apta para o desempenho de desafios mais complexos já que é esperado que

domine as tarefas primárias de socialização (vestir-se, controlar os esfíncteres...)

Busca de autonomia.

- Ajudam os pais a perceber o que é esperado da criança, contextualizando

B. PRIORIDADES PARA A VISITA

- Questionar os pais acerca do que é que a Inês já é capaz de fazer, a alimentação, a nível da actividade física e

a nível cognitivo (se é atenta, que reage aos estímulos, que tenta entrar nas conversas dos outros ou que, por

sua vez, isola-se... se tem muitos amigos no JI). Aqui é também o momento para os pais, em contra-partida,

colocarem dúvidas acerca daquilo que ela faz.

- E perguntar, claramente, se há alguma coisa que os tem vindo a preocupar.

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- Aplicação da escala de competências de desenvolvimento infantil, já que a Inês tem 60 meses e é o último

estadio de desenvolvimento para aplicação da escala. Perceber, face aos resultados anteriores, se a Inês

progrediu ou mantêm uma idade cronológica em congruência à idade de desenvolvimento.

- perguntar se tem algum tem algum dente a abanar, se já lhe caiu algum e se usa ainda chucha (pode nunca

ter usado).

C. VIGILÂNCIA DE SAÚDE

De acordo com o PNSIJ (2013) apontam-se como parâmetros gerais a avaliar aos 5 anos:

1. Peso

2. Altura

3. IMC

4. Exame físico

5. Visão

6. Audição

7. Desenvolvimento

8. Vacinação

9. Relação emocional / comportamento (perturbações)

10. Risco de maus tratos

11. Dentição

12. Linguagem/ dificuldades de aprendizagem

13. TA

14. Postura

15. Segurança do ambiente

C1- HISTÓRIA

Dar continuidade à história.

Perceber o que aconteceu desde a última consulta e a actual.

Perceber se tem alguma doença prévia (dados objectivos de saúde que caracterizam os desvios).

C2 – INTERAÇÃO PAIS-CRIANÇA

Na interacção entre os pais e a criança existem alguns indicadores a avaliar para a verificação da existência de

uma vinculação segura entre ambos, nomeadamente:

1. Comportamentos da criança face ao cuidador de cuidados:

- reage positivamente à sua aproximação

- procura a proximidade e mentém o contacto com ele

- envolve-se em interacções à distância

- acalma-se na sua presença

- sossega facilmente após encontro com ele

- usa-o como uma base segura para exploração

- prefere a sua companhia à de um estranho

2. Comportamento do cuidador:

- responde às necessidades da criança de modo caloroso, sensível e fiável

- reage de forma contingente às manifestações da criança

- está disponível física e emocionalmente

- tem prazer na interacção com o bebé

(Promoção da Saúde Mental na Gravidez e Primeira Infância)

C3 – VIGILÂNCIA DO DESENVOLVIMENTO

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Para avaliação do desenvolvimento, recorre-se à escala de avaliação das competência de

desenvolvimento de Mary Sheridan

- Postura e motricidade global

Fica num pé 3 a 5 segundos, com os braços dobrados sobre o tórax

Salta alternadamente num pé

- Visão e motricidade fina

Constrói 4 degraus com 10 cubos

Copia o quadrado e o triângulo

Conta cinco dedos de uma mão e nomeia 4 cores

- Audição e linguagem

Sabe o nome completo, idade, morada e habitualmente a data de nascimento

Tem vocabulário fluente e articulação geralmente correcta (pode haver confusão nalguns sons)

- Comportamento e adaptação social

Veste-se sozinho(a)

Lava as mãos e a cara e limpa-se sozinho(a)

Escolhe o(a)s amigo(a)s

Compreende as regras do jogo

- Sinais de Alarme – 5 anos:

É hiperactivo(a), distraído(a) e tem dificuldade de concentração

Apresenta linguagem incompreensível, substituições fonéticas, gaguez

Tem estrabismo ou suspeita de défice visual

Apresenta perturbação do comportamento

Parâmetros a avaliar na faixa etária 5-6 A, segundo Mary Sheridan (PNSIJ, 2013)

Material: Painel de Cores

- Comportamento e adaptação social

Veste-se sozinho(a)

Lava as mãos e a cara e limpa-se sozinho(a).

Escolhe o(a)s amigo(a)s.

Compreende as regras do jogo.

- Visão e motricidade fina

Constrói 4 degraus com 10 cubos após demonstração.

Copia o quadrado e o triângulo (não deve ser desenhada na frente da criança).

Conta 5 dedos de uma mão.

Nomeia 4 ou mais cores e combina até 10 cores.

Desenha a figura humana (cabeça com alguns pormenores, tronco, pernas e braços).

- Postura e motricidade global

Fica num pé 8 a 10 segundos com os braços cruzados.

Salta alternadamente num pé (numa distância de 2 a 3 metros).

- Audição e linguagem

Sabe o nome completo, a idade, morada e habitualmente a data de nascimento.

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Vocabulário fluente e articulação geralmente correta:

- Pode haver redução de grupos consonânticos (por ex. todos os grupos que contenham Cr ou Cl).

C4 – EXAME FÍSICO

Geralmente, a abordagem a um paciente é recomendada no sentido céfalo-caudal na medida em que esta

conduta sistemática e organizada fornece uma orientação geral para a avaliação de cada área do corpo com o

objectivo de evitar a omissão de determinadas partes do exame. No entanto, no caso das crianças, existem

excepções a esta sequência que se devem, de facto, à idade cronológica e às características do

desenvolvimento da criança que pretendemos abordar (excepções estas que abrangem apenas a observação;

nunca os registos, que têm de ser feitos sempre e em qualquer circunstância respeitando a ordem

padronizada, céfalo-caudal).

De facto, o principal critério para a avaliação dos sistemas corporais na criança abrange as suas necessidades,

características pessoais e o seu estádio de desenvolvimento, pelo que esta alteração na sequência do exame

acarreta vários benefícios, nomeadamente: a minimização do stress e da ansiedade associados à avaliação de

várias partes do corpo; a promoção de uma relação de confiança entre enfermeiro-criança-pais; a

possibilidade de preparação da criança; a preservação da segurança essencial da relação pais-criança

(principalmente no caso de crianças pequenas) e a maximização da precisão e da fiabilidade dos resultados da

avaliação.

C5 – RASTREIOS

Aplicar a escala de avaliação das competências de desenvolvimento, como rastreio do desenvolvimento, onde

se inclui a avaliação do desenvolvimento cognitivo

C6 – VACINAS

5ª dose da DTPa (difteria, tétano, tosse convulsa)

4ª dose da VIP (poliomielite)

VASPR (2ª dose) – (sarampo, parotidite epidémica, rubéola)

C7 – OUTRAS INTERVENÇÕES

Orientação antecipada – janelas de abertura que se fazem em determinadas fases do desenvolvimento da

criança de modo a preparar os pais para esse desenvolvimento.

D. ORIENTAÇÃO ANTECIPADA

(Preocupações dos pais, janelas de aberturas que se fazem em certos pontos de vida das crianças, pq os pais

também se adaptam aos padrões de desenvolvimento das crianças. Para ter um impacto positivo. Quanto mais

conhecimento têm sobre as crianças, melhor se adaptam e permitem um melhor desenvolvimento)

Orientações gerais para esta idade (Cuidados antecipatórios PNSIJ, 2013)

1. Restrição de alimentos açucarados, fritos, sumos, gorduras. Reforçar necessidade de pequeno-almoço e

lanche a meio da manhã – ver BSIJ ou eBoletim.

2. Ler com os pais as indicações no BSIJ/emails do eBoletim.

3. Conversar sobre o infantário ou a escola (adaptação e socialização), valorizar opinião de outros técnicos –

ligação à Saúde Escolar.

4. Estimular a perceção da lateralidade.

5. Estimular criatividade e hábitos de leitura, racionalizar hábitos de televisão/computador/vídeo jogos.

6. Ter atenção a sintomas de instabilidade psicomotora nos diferentes contextos de vida.

7. Enurese noturna e encoprese – um grande grupo de crianças ainda não tem controlo noturno de

esfíncteres.

8. Preparação da entrada para a escola, adaptação ao meio escolar e promoção do sucesso escolar, postura

correta.

9. Competitividade, prazer em jogos de regras.

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10. Caminho para a escola, transporte escolar, quedas, intoxicações, afogamentos e queimaduras.

11. Horas de sono adequadas à idade, valorizar dificuldades em adormecer e pesadelos frequentes e

recorrentes como sinais de alerta.

12. Aos 7 A a criança receberá, na escola (ensino público e Instituições Particulares de Solidariedade Social

(IPSS), um cheque-dentista ou um documento de referenciação para a consulta de HO (ver Texto de apoio

2 – Programa Nacional de Promoção da Saúde Oral – aplicação em saúde infantil e juvenil).

13. Introduzir a utilização do fio dentário.

14. Verificar a utilização do cheque-dentista ou documento de referenciação para HO dos 7A e a existência de

registos no BSIJ ou eBoletim.

SAÚDE ORAL (concretizar e enfatizar o tema proposto)

- Importância da promoção de doenças dentárias (ex: cáries), da saúde peridontal; doenças da mucosa oral e

trauma ou dano na mucosa oral e dentes.

- Caracterizar o tipo de família, exame global (rastreios – visual, auditivo, avaliação do desenvolvimento... o

que é suposto ter para estar preparado para ir para a escola... mais detalhado do ponto de vista do

desenvolvimento).

SAÚDE ORAL E IDADE DA INÊS

QUESTÕES AOS PAIS:

- quantas vezes a criança lava aos dentes?

- se faz flúor?

- se é a criança que realizar a higiene oral sozinha ou se são os pais?

SENSIBILIZAÇÃO JUNTO DOS PAIS: (Crenças, conhecimentos e atitudes de crianças pré-escolares acerca da

saúde oral – Rita Ferreira, Lisboa, 2012)

Explicar aos pais:

- que a criança tem, ainda, um conceito de saúde dicotomizado, onde saudável é o oposto de estar doente.

- que a criança pode ter conhecimento das boas práticas mas não as colocar em prática.

- p.e. a criança pode saber que é necessário lavar os dentes, mas só o fazer esporadicamente ou não o fazer

por considerar que só quem tem dentes doentes é que deve lavá-los.

- que a criança deverá associar tipos de comida e saúde oral, saúde dos dentes.

- que a criança aprende por imitação e que os comportamentos dos pais têm grande influência.

- que a criança precisa de manipular os materiais e que a presença dos pais é fundamental nesse processo,

promovendo um ambiente mais lúdico/educativo

RECOMENDAÇÕES:

Tem 5 anos

Progressiva

autonomia da

criança

Aprendizagem por

imitação

Exemplo dos pais

com maior

relevância

Deve-se fomentar

o início da

lavagem dos

dentes

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- recomendar os pais a marcar uma consulta na higienista oral infantil, em que há a transição da queda dos

dentes e uma nova erupção dentária (permanente).

- a idade em que a Inês está é uma das idades mais importantes e decisivas na aquisição de comportamentos

saudáveis na área da saúde oral (por imitação, pode imitar os pares, o que nem sempre pode significar boas

práticas de saúde oral).

Estratégias de prevenção de saúde oral na criança (CARLA RODRIGUES, TESE DE LISBOA, 2008)

Dieta

- orientação quanto ao consumo racional de açúcares;

- informar aos pais que os alimentos do tipo “pegajosos” tendem a aumentar o risco de cáries, uma vez que

estes alimentos contactam persistentemente com os dentes.

- esforço para minimizar a adição de açúcar (para além do estado natural dos alimentos) e impor limites à

ingestão de líquidos açúcarados;

- os snacks entre refeições aumenta o risco associado para a degradação dos dentes nas crianças.

Factores de risco

- avaliação do risco de cárie começa numa baixa idade e deve ser repetida periodicamente;

- os riscos para o desenvolvimento de cáries incluem: factores físicos, biológicos, ambientais,

comportamentais e relacionadas com o estilo de vida. Exemplos: exposição a um elevado nível de bactérias

capazes de provocar cáries, fluxo salivar inadequado, insuficiente exposição ao flúor, deficiente higiene oral,

métodos apropriados de alimentação da criança.

Controlo da placa bacteriana

Este controlo passa pela escovagem regular dos dentes e a utilização de fio dentário, em que ambos têm

efeitos positivos e melhores meios para a remoção da placa bacteriana.

O flúor

- visto como o componente mais importante para reduzir o risco de cáries e a exposição de cáries ao longo da

vida;

Uso de dentrífico fluoretado

Deve ser realizada ou supervisionada pelos pais, dependendo da destreza

manual da criança

Pelo menos 2 vezes ao dia, sendo uma delas,

obrigatoriamente, antes de deitar

Não se recomenda qualquer tipo de suplemento

sistémico com fluoretos (apenas em crianças de alto

risco à cárie dentária)

Desaconselhado o consumo de guloseimas e

refrigerantes, sobretudo fora das refeições.

Dieta Factores de risco Controlo da placa

bacteriana O flúor

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- considera-se que a sua acção preventira e terapêutica é tópica e pós-eruptiva e que, para obter este efeito

tópico, o dentrífico fluoretado constitui uma opção consensual.

- a presença, ainda que pequena, de flúor mostra ter efeitos positivos no equilíbrio entre os factores

associados com a desmineralização e remineralização da estrutura do dente.

- em situação de elevado risco – é imprescindível a utilização de produtos fluorestados de alta concentração.

PAIS:

- supervisionar a quantidade de pasta com flúor colocada na escova;

- necessidade de incentivar as crianças a cuspir em vez de engolir.

Nota:

A criança desenvolve-se por tapas e por padrões, com necessidades específicas. Os pais devem ter a

capacidade de responder às necessidades da criança. Surge uma janela de oportunidade prévia, a considerar

antes destas etapas de transição/ crises.

Apresentação – perguntar se está tudo bem desde a última consulta para reduzir a ansiedade

Na componente “história” o que queremos saber é o que aconteceu entre uma história e outra

Fazer a ponte para aquilo que é esperado para a fase de desenvolvimento em que a criança se encontra

Nota 2: Falta a TP sobre Vacinação

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Aula 19 – TRANSIÇÕES NA FAMÍLIA: O CASAL DE MEIDA IDADE E SAÍDA DOS FILHOS DE CASA (5ª

ETAPA); A ULTIMA ETAPA DO CICLO DE VIDA FAMILIAR (6ª ETAPA)

13/11/2013

Profª Emília Brito

SUMÁRIO ALARGADO

1. AS TRANSIÇÕES NA FAMÍLIA: O casal de meia-idade e a saída dos filhos de casa (5ª etapa):

Aceitar Múltiplas saídas e entradas no sistema familiar;

Renegociação do sistema conjugal como díade;

Desenvolvimento de relacionamentos adulto-adulto entre filhos e pais;

Realinhamento das relações para incluir parentes e netos;

Lidar com incapacidades e morte dos pais (avós)

2. AS TRANSIÇÕES NA FAMÍLIA: A última etapa do ciclo de vida da família (6ª etapa):

Aceitar a mudança de papéis das gerações;

Manutenção do funcionamento e interesses do casal em face do declínio fisiológico;

Exploração das novas opções de papéis familiares e sociais;

Valorizar o papel da geração de meia-idade;

Dar espaço à sabedoria e à experiência dos idosos, apoiando a geração mais velha;

Lidar com as perdas (cônjuge, irmãos e outros companheiros);

Preparar-se para a própria morte;

Revisão de vida e integração.

OBJETIVOS

Acabar

CONTEÚDOS A ABORDAR

Processo de transição

Múltiplas saídas e entradas no sistema familiar

Mudanças de 2ª ordem

Renegociação do sistema conjugal como díade

Desenvolvimento de relacionamentos adulto-adulto entre filhos e pais

Realinhamento das relações para incluir parentes e netos

Lidar com incapacidades e morte dos pais (avós)

FAMÍLIA

Eu; Tu - Nós Nós + Filhos Eu; Tu Eu; Tu + Outro/a

”Grupo com as características específicas: Grupo de seres humanos vistos como uma unidade social

ou um todo coletivo, composto por membros ligados através da consanguinidade, afinidade

emocional ou parentesco legal, incluindo pessoas que são importantes para o cliente. A unidade

social constituída pela família como um todo é vista como algo para além dos indivíduos e da sua

relação sanguínea, de parentesco, relação emocional ou de legal, incluindo pessoas que são

importantes para o cliente, que constituem as partes do grupo.”

CIPE (2006: 171)

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1.1. MULTIPLAS SAÍDAS E ENTRADAS NO SISTEMA FAMILIAR

Blended family (“família reconstituída) – filhos biológicos+ enteados + filhos

(Carter e McGoldric, 1989)

ACCEPPTING A MULTIPLE OF EXISTS FROM AND ENTRIES INTO THE FAMILY SYSTEM

Crianças e pais dos membros do casal existentes e os que resultam da segunda uniao e outros familiares

resultantes da união

Emergem como pessoas….

Família nuclear (M+H+F

Biológicos

Companheiro do filho

Netos

Companheiro do pai ou mãe

Filhos da 2º união do pai

ou mãe

Pais do 2º companheiro do pai ou mãe

Filhos adotados

Outros que assumem

significado na vivência

Divórcio com saída do H ou

M

Elevado numero de divórcios nos EUA

Dissolução do casamento e novo casamento

Avaliar como este fenómeno se repercute nas fases do ciclo de vida familiar

Antes do divórcio

Depois do divórcio

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Extensão/ parentalidade isolada; divórcio; pai e mae solteiro; viúvo(a); adoção monoparental

1.1.1. Impacto dos movimentos no ciclo de vida familiar

Estrutura

Agregação

Separação

Incorporação

Funcionalidade

Assunção de papéis

Redefinição de papéis

Dividir responsabilidades

Tomada de decisão

Gestão de recursos

(Carter e McGoldrick, 1989)

1.2. RENEGOCIAÇÃO DO SISTEMA CONJUGAL COMO DÍADE

Dispõem pela primeira vez de recursos económicos para gastar apenas consigo

Possibilidade de empreender novas atividades e concretizar projetos

Síndrome do “ninho vazio”

Segundo Erickson, o casal entre 20/50 passa pela etapa da estagnação

1.3. DESENVOLVIMENTO DE RELACIONAMENTOS ADULTO-ADULTO ENTRE FILHOS E PAIS

Filhos independentes

Síndrome do ninho vazio

Pais questionam a capacidade de independência dos filhos – financeira e emocional

Assumem suporte financeiro dos filhos (terminar formação em c urso)

Filhos regressam a casa dos pais

Pais dependentes no autocuidados

Filhos assumem o papel de cuidador familiar

Filhos dependem economicamente dos pais – vivência em conjunto reduz gastos

Pais e filhos

1º os filhos

2º o casal

Pais

1º o casal

2º os filhos

Mais tempo para os 2

•Possibilidade de confronto e/

ou conflito

•Aprenderem a viver só os 2

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124

Em suma: compromisso | negociação | conforto

------

1.4. LIDAR COM A INCAPACIDADE E MORTE DOS PAIS (AVÓS)

1.4.1.Limitação no exercício do autocuidado

Alimentar-se, auto elevar-se, cuidar da higiene, divertir-se, var-se, transferir-se, virar-se (CIPE)

2. FAMÍLIAS NO FIM DE VIDA

2.1. ACEITAR A MUDANÇA DE PAPEIS DAS GERAÇÕES (PROCESSO DE TRANSIÇÃO)

Manutenção do funcionamento e interesses do casal em face do declínio fisiológico

Exploração das novas opções de papeis familiares e sociais

Valorizar o papel da geração de meia-idade

Dar espaço à sabedoria e à experiência dos idosos, apoiando a geração mais velha

Lidar com as perdas (cônjuge, irmaos e outros companheiros); preparar para própria morte;

Revisão de vida e integração

Eventos

Cônjuges idosos

Reforma

Doença incapacitante

Rutura com a família através da morte

Necessidade de mudar e resiliência

Tarefas de desenvolvimento da família idosa

Habitação

Ajuste do rendimento

Rotinas confortáveis

Proteger a saúde

Manter a relação de afeto

Manter contacto com a família e rede social

Partilha

passiva/ ativa

Construção

interativa

Aprendizagem

colaborativa

Suporte

partilhado

Estratégias co-

construídas

Transição de desenvolvimento – envelhecimento

Transição situacional – reforma

Transição saúde/ doença – isolada ou múltiplas –

diabetes, IC, HTA

Vivencia de situação de doença crónica

Vivencia de agudização de doença crónica

Compromisso funcional

Dependência no autocuidado

Assunção do papel de cuidador familiar

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Manter-se ativo

Encontrar sentido para a vida

2.2. MANUTENÇÃO DO FUNCIONAMENTO E INTERESSE DO CASAL FACE AO DECLÍNIO FISIOLÓGICO (8ª

etapa de Erickson – fase integrativa)

Relacionamento conjugal

Preparação e aceitação do envelhecimento

Diminuição progressiva da autonomia

Maior suscetibilidade à doença

Diminuição da atividade física e mental

2.3. EXPLORAÇÃO DAS NOVAS OPÇÕES DE PAPÉIS FAMILIARES E SOCIAIS

Avós sogros

Mudança de status dos membros idosos da família

Independência/ dependência

2.4. VALORIZAR O PAPEL DA GERAÇÃO DE MEIA-IDADE (que se encontra na 5ª etapa, segundo o modelo

de McGoldrick e Carter)

Trabalhadores no ativo

Cuidadores dos filhos

Cuidadores dos pais

2.5. DAR ESPAÇO À SABEDORIA E À EXPERIÊNCIA DOS IDOSOS, APOIANDO A GERAÇÃO MAIS VELHA

Avós participam na educação dos netos

Transmissão da história (época em que viveram) e das estórias familiares

Transmissão da cultura

Novas formas de comunicação

Apoiar a geração mais velha

2.6. LIDAR COM A PERDA DO CÔNJUGE, IRMÃOS E OUTROS COMPANHEIROS

2.7. PREPARAR-SE PARA A PRÓPRIA MORTE

2.8. REVISÃO DE VIDA E INTEGRAÇÃO

A PERDA NA FAMÍLIA

Luto – “emoção: sentimentos de pena associados a perda ou morte significativa, antecipatória ou real; choque

e descrença (fase de choque); exaustão, cansaço extremo e letargia, angústia mental, reações de perda e

pranto, chorar ou soluçar, alrme, descrença, raiva, negação (fase da reação); ajuste, aceitação, reorientação,

expressão de sentimentos de perda, aceitação da realidade da perda, ausência de stress somático, expressão

de expetativas positivas sobre o futuro (fase de aceitação)”. (CIPE, 2011: 61)

Luto familiar – “Processo de luto: experienciado pela família após a perda de um ente querido ou de algum

bem material ou imaterial, com manifestação de sofrimento acompanhado por sintomas físicos e emocionais

em mais do que um membro da família, ambiente familiar de luto e sofrimento, tristeza partilhada e

desorganização temporária das rotinas familiares”. (CIPE, 2011: 61)

Processo de luto – “Resposta psicológica: processo de resolver o luto, reaçao emocional para ajudar a

ultrapassar uma grande perda pessoal, sentimentos de pena ou de perda extrema, que se processam através

do pranto e do nojo, trabalho consciente com reações e emoções de sofrimento”. (CIPE, 2011)

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Sentimentos comuns no processo de luto

Tristeza

Raiva

Culpa e autocensura

Ansiedade

Solidão

Fadiga

Desamparo

Choque

Anseio

Emancipação

Alívio

Torpor

Comportamento após a perda

Distúrbios do sono

Distúrbios do apetite

Comportamentos de distração (“andar aéreo”)

Isolamento social

Sonhos com a pessoa falecida

Evitar lembranças da pessoa falecida

Procurar e chamar pelo ente querido

Suspirar

Hiperatividade

Chorar

Visitar sítios ou transportar consigo objetos que lembrem a pessoa perdida

Guardar objetos que pertenciam à pessoa falecida

(Worden, 1991)

Quatro tarefas do processo de luto

1. Aceitar a realidade da perda

2. Trabalhar a dor da perda

3. Ajustar-se a um ambiente em que o falecido está ausente

4. Transferir emocionalmente o falecido e prosseguir com a vida

(Worden, 1991)

FAMÍLIAS NO FIM DE VIDA

…..

…..

ENFERMAGEM E FAMILIAS NO FIM DE VIDA – o enfermeiro trabalha com:

REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS

§Carter, B. & McGoldrick, M. (1995). As Mudanças no Ciclo de Vida Familiar: Uma estrutura para a terapia

familiar. 2ª ed. Porto Alegre: Artmed.

§Hanson, S. M. H. (2005). Enfermagem de Cuidados de Saúde à Família: Teoria, Prática e

Investigação. Loures: Lusodidacta.

§Figueiredo, M. H. (2012). Modelo dinâmico de avaliação e intervenção familiar: Uma Abordagem Colaborativa

em Enfermagem de Família. Loures: Lusociência.

Manter o bom

funcionamento

Ajudar as famílias a

proporcionar os

cuidados

Restaurar a saúde Evitar ou reduzir o

efeito da doença

Apontamentos IEFPT | CLE 2011-2015 | Inês da Conceição Correia, 4313

127

§Wright, L. M. & Leahey, M. (2012). Enfermeiras e Famílias: Um Guia Para Avaliação e Intervenção na Família.

Lisboa: Editora Roca.

§Honoré, B. (2004). Cuidar. Persistir em conjunto na existência. Loures: Lusociência.

§ICN. (2011). CIPE, Classificação Internacional para a Prática de Enfermagem, Versão 2. (H. Marin, Trad.) Lisboa:

Versão portuguesa - Ordem dos enfermeiros.

§Lopes, D., & Duarte, H. (2010). Tempos e marcadores de vida e capital social. In M. Pais, & V.

Ferreira, Tempos e transições de vida. Lisboa: ICS Imprensa de Ciências Sociais.

§Meleis, A., Sawyer, L., Im, E., Messias, D., & Schumacher, K. (2000). Experiencing Transitions: An Emerging

Middle-Range Theory. Advanced Nurse Science (23(1):12-28).

§Organization, W. H. (2007). Active ageing: a framework for age-friendly cities. In W. H. Organization, Global

Age-friendly Cities: A Guide. WHO Library Cataloguing-in-Publication Data.

Apontamentos IEFPT | CLE 2011-2015 | Inês da Conceição Correia, 4313

128

Aula 20 – CUIDAR DA FAMÍLIA EM DIFERENTES CONTEXTOS ASSITENCIAIS: EM SITUAÇÃO DE

INTERNAMENTO DE UM MEMBRO

14/11/2013

Profª Anabela Mendes

SUMÁRIO ALARGADO

Cuidar da família em diferentes contextos assistenciais: Em situações de internamento de um membro.

OBJETIVOS

Acabar

FOCOS DE ABORDAGEM

Família

O internamento de um dos seus membros

O INTERNAMENTO

Admissão – compreende o internamento de uma pessoa por um período nunca inferior a 24 horas (INE, 2002)

Pessoa doente | Família

PESSOA DOENTE | FAMÍLIA

Pessoa doente – experiência de transição saúde-doença

Família – experiência de transição situacional

INTERNAMENTO DE UM MEMBRO – importa diagnosticar

PRIMEIRO INTERNAMENTO? EXPERIÊNCIAS ANTERIORES?

Considerar:

contexto de

internamento

motivo de

internamento

primeiro

internamento?

experiências

anteriores?

quem é o

membro da

família que está

internado no

contexto família

qual é o papel

deste membro na

dinâmica familiar

- o que daqui

ocorre

Desconhecimento

• Do contexto de

internamento

• Das normas e rotinas

Experiências anteriores

negativas

• Pela perceção dos

cuidados; pelo

resultado alcançado

Experiencias anteriores

positivas

• Satisfação com os

cuidados; resposta

institucional às

necessidades; resolução

ou encaminhamento da

situação de doença

Apontamentos IEFPT | CLE 2011-2015 | Inês da Conceição Correia, 4313

129

INTERNAMENTO

1. Unidades de convalescença

2. Unidades de média duração e reabilitação

3. Unidades de longa duração e manutenção

4. Unidades de cuidados paliativos

1. Unidades de convalescença

Fonte:http://www.rncci.minsaude.pt/rncci/constituicao/internamento/Paginas/UnidadesdeConvalescenca.aspx

Definição - “Unidade de internamento, independente, integrada num hospital de agudos ou noutra

instituição se articulada com um hospital de agudos, para prestar tratamento e supervisão clínica, continuada

e intensiva, e para cuidados clínicos de reabilitação, na sequência de internamento hospitalar originado por

situação clínica aguda, recorrência ou descompensação de processo crónico.” (art. 13.º do D.-Lei n.º 101/2006,

de 6 de Junho)

Finalidade - a estabilização clínica e funcional, a avaliação e reabilitação integral da pessoa com perda

transitória de autonomia potencialmente recuperável e que não necessita de cuidados hospitalares de agudos.

Objetivos - responder a necessidades transitórias, visando maximizar os ganhos em saúde:

Promover a reabilitação e a independência dos utentes;

Contribuir para a gestão das altas dos hospitais de agudos;

Evitar a permanência desnecessária nos serviços dos hospitais de agudos;

Optimizar a utilização de unidades de internamento de média e longa duração.

Caracterização - Destina-se ao tratamento de situações pós-agudas, com necessidade de recuperação

intensiva, nomeadamente no âmbito da reabilitação da pessoa, na sequência de internamento hospitalar ou

agudização de doença crónica cujo tratamento não exija recursos de um hospital de agudos. Destina-se a

internamentos com previsibilidade até 30 dias consecutivos. Pode coexistir com a unidade de internamento de

média duração e reabilitação.

Destinatários - maioritariamente doentes dependentes, a necessitar de componente de reabilitação intensiva.

São, na sua grande maioria, doentes oriundos de serviços de Medicina Interna, de Oncologia, de Cirurgia, de

Ortopedia/Traumatologia, de Neurologia.

Serviços - A unidade de convalescença assegura:

Cuidados médicos permanentes;

Cuidados de enfermagem permanentes, pelos quais se entende presença de enfermeiro 24 horas/dia;

Meios complementares de diagnóstico (laboratoriais e radiológicos);

Cuidados de fisioterapia, pelos quais se entende permanência de fisioterapeuta em horário completo e

avaliação por médico fisiatra, pelo menos semanal;

Apoio psicossocial, pelo que se entende permanência de técnico de intervenção social em horário

completo;

Higiene, conforto e alimentação, pelos quais se entende a prestação de serviços hoteleiros com apoio de

dietista, em tempo parcial;

Convívio e lazer, pelo que se entende a criação de ambiente motivador da participação social dos utentes,

cuidadores e voluntários organizados.

Tipo de cuidados - As necessidades de cuidados de convalescença não obrigam à utilização da alta

tecnologia de um hospital de agudos.

Apontamentos IEFPT | CLE 2011-2015 | Inês da Conceição Correia, 4313

130

Os cuidados a prestar decorrem, sobretudo, da prestação de cuidados de saúde iniciada em internamento

hospitalar e/ou da agudização ou intercorrência de episódio de doença crónica. Destinam-se,

fundamentalmente, à reabilitação e à rápida reintegração dos seus utentes no seu meio de vida e em

condições da maior autonomia possível.

Consideram-se como requisitos mínimos para a prestação de cuidados:

Disponibilidade de cuidados médicos permanente;

Observação médica diária, com revisão do plano terapêutico e funcional;

Disponibilidade de cuidados de enfermagem permanentes;

Disponibilidade de cuidados de reabilitação, com fisiatra, fisioterapeuta e terapeuta ocupacional;

Apoio na execução das actividades de vida diária assegurado por pessoal auxiliar com formação

específica;

Protocolo de articulação com o hospital de referência, nas especialidades necessárias à adequada

prestação de cuidados.

Equipa - equipa multidisciplinar das áreas de saúde e da ação social, determinada pela natureza dos cuidados

a prestar, tendo em conta que se destinam, particularmente, à reabilitação e rápida reintegração dos utentes

no seu meio de vida em condições da maior autonomia possível. A multidisciplinaridade e

multiprofissionalidade do pessoal da equipa, bem como a correcta dotação de pessoal, contribuem para

garantir uma prestação de cuidados articulada e global, com um elevado padrão de qualidade. A equipa

multiprofissional para uma Unidade de Convalescença com 30 camas, deve, no mínimo, integrar os seguintes

de profissionais de saúde:

Enfermeiros (sendo preferencialmente, um especialista em Reabilitação)

Médicos (sendo um fisiatra)

Fisioterapeuta

Dietista

Auxiliares de ação médica

A equipa multidisciplinar deve, no mínimo integrar, os seguintes profissionais de ação social:

Técnico de serviço social

Assistentes administrativos

Estrutura Orgânica - Conjunto de espaços, articulados entre si, necessários à realização de funções

específicas, de forma a possibilitar um funcionamento de qualidade.

São áreas funcionais da Unidade de Convalescença:

Acolhimento/recepção;

Área de internamento;

Outras áreas de prestação de cuidados: tratamentos, reabilitação, etc;

Áreas de apoio às áreas técnicas e de convívio.

Serviços de direcção e serviços técnicos;

Áreas de apoio geral: cozinha, lavandaria/ rouparia, esterilização, armazém, resíduos, etc;

Instalações para o pessoal: vestiários, instalações sanitárias, salas de pausa, etc.

Organização - organiza-se de modo a garantir aos seus utentes cuidados individualizados e humanizados.

A Unidade de Convalescença pode organizar-se como:

Serviço autónomo, em espaço próprio;

Serviço integrado numa estrutura existente, desde que esta garanta as condições necessárias ao

desenvolvimento desta tipologia de resposta.

Para cada utente admitido deve ser constituído um Processo do Utente que integre os componentes

administrativos, sociais e clínicos:

Componentes administrativos:

Identificação e residência do próprio;

Apontamentos IEFPT | CLE 2011-2015 | Inês da Conceição Correia, 4313

131

Identificação, residência e telefone de familiar ou outra pessoa a contactar em caso de necessidade;

Identificação da entidade referenciadora;

Identificação do médico assistente e respectivo contacto;

Data de início e final do episódio de internamento.

Componentes sociais e clínicos:

Diagnóstico das necessidades de saúde e sociais;

Plano Individual de Cuidados, expressando as actividades a desenvolver de acordo com os objectivos a

atingir;

Consentimento informado do utente;

Registo sistemático dos cuidados prestados por cada elemento da equipa, datado e rubricado, em suporte

único de registo;

Actualização periódica, no mínimo semanal, do Plano Individual de Cuidados;

Nota de Alta, contendo a avaliação multidisciplinar.

Funcionamento - processa-se de acordo com regras definidas em Regulamento Interno. Do Regulamento

Interno deve constar:

Critérios de admissão e de alta dos utentes;

Definição das competências e funções de cada um dos profissionais da equipa e/ou outros prestadores;

Horários de funcionamento;

Comparticipações dos utilizadores, de acordo com critérios fixados;

Outros.

O Regulamento Interno deve estar acessível aos profissionais, utentes e seus familiares.

Implementação - deverão constituir-se em equipamento independente dos Hospitais de Agudos, na sua

proximidade. Para optimização de recursos, poderão situar-se, nas suas instalações ou na dos Centros de

Saúde com unidades de internamento, considerando a reconversão e adaptação das instalações já existentes.

O número das Unidade de Convalescença a contratualizar será estimado em função das características sócio-

demográficas, bem como do panorama de equipamentos edificados do Serviço Nacional de Saúde (SNS), da

região de implementação. Genericamente, para cada área de influência regional, a resposta em Convalescença

não deverá ultrapassar as 24 camas por cada 100.000 habitantes.

O local para implementação das Unidade de Convalescença deve obedecer aos seguintes requisitos:

Ter boas acessibilidades;

Ser implantado em zona com boa salubridade, longe de estruturas ou infra-estruturas que provoquem

ruído, vibrações, cheiros, fumos ou outros poluentes considerados perigosos para a saúde pública e que

perturbem, ou interfiram negativamente, no quotidiano dos utentes.

Avaliação – resulta de:

De um processo interno de análise sistemática, devidamente documentado;

De um processo externo de avaliação periódica, qualitativa, segundo critérios previamente definidos.

2. Unidades de média duração e reabilitação

3. Unidades de longa duração e manutenção

4. Unidades de cuidados paliativos

NO CONTEXTO DE INTERNAMENTO O ENFERMEIRO DEVERÁ TER PRESENTE

Cada família tema sua própria dinâmica

“Forma particular …

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132

FAMÍLIA DESEJA

Enfermeiros devem responder às necessidades da família

AJUDAR A FAMILIA IMPLICA

(Guerreiro, 2004)

AJUDAR A FAMÍLIA IMPLICA

Permanecer sempre que possível junto do seu familiar (flexibilidade e extensão do horário)

Constatar que é garantido o alivio do sofrimento do seu familiar

Obter informação sobre o seu familiar

Ser acolhida pela equipa de cuidados

Encontrar suporte interno e externo

Conhecer as suas potencialidades

Encontrar em parceria o modo de a capacitar

Identificar as suas necessidades

Promoção de mecanismos de adaptaçao Às mudanças encontradas

CONHECER O PROCESSO

DE TRANSIÇÃO: DOENÇA

CRÓNICA OU AGUDA

Aceitação de

uma nova

identidade Barreiras ao

autocuidado

Associação

de outras

doenças

crónicas

Desenvolver

novas

competências

Alterações

profundas

nas suas

vidas

Perda de

papeis:

emprego,

vida conjugal;

vida familiar

Torna a

pessoa

vulnerável

Apropriação

de papeis e

comportame

ntos

Envolvem um

período de

tempo

Apontamentos IEFPT | CLE 2011-2015 | Inês da Conceição Correia, 4313

133

Ter em conta também:

Limitações físicas

Falta de conhecimento

Constrangimento financeiro

Necessidade de suporte social e emocional

Suporte familiar pobre

Comunicação pobre com os PS

IMPORTA INTERVIR EM DIFERENTES SITUAÇÕES E CIRCUNSTÂNCIAS

Situações de doença com impacto significativo no domínio família

Situação de doença de um membro que tende a despoletar o desenvolvimento de sintomas de doença

num outro membro

Incapacidade de fazer uma transição equilibrada do processo de doença

Incapacidade para garantir o seu exercício de autocuidado – importa que a situação de doença do seu

familiar não condiciona a capacidade de cuidar de si

(Guerreiro, 2004)

AOS ENFERMEIROS SOLICITA-SE

Atitude centrada na pessoa doente e família

Contemplar na sua intervenção os membros sãos e doentes da família

Considerar a relação existente entre osdiferentes membros da família

Respeitar a realidade e crenças das pessoas com quem interage

Identificar a relação existente entre a saúde da pessoa e a saude da família

Identificar as necessidades imediatas e continuadas da família

Elencar com a família as questões de saúde e respostas em cuidados prioritárias

Agir de acordo com o dever de competência profissional – carater da pessoa enfermeiro e dever ético que

deve ser assumido

(ICN 2002, OE; Guerreiro 2004; Mendes et al. 2012)

REVISÕES MELEIS – consultar artigo: 17

UM VALOR NO EXAME

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134

1. NATUREZA DA TRANSIÇÃO

Tipos

Desenvolvimento

Situacional

Saúde/ doença

Organizacional

Modelo

Singular

Múltiplas

Sequenciasis

Simultâneas

Relacionadas

Não relacionadas

Propriedades

Conhecimento – o conhecimento que a pessoa

tem´

Ajustamento – adaptar-se à situação

Alterações e diferenças

Período de experiência – tempo de experiência

Situações críticas e eventos

2. CONDIÇÕES DE TRANSIÇÃO FACILITADORAS/ INIBIDORAS

Pessoais

Significados

Crenças culturais e atitudes

Nível socioeconómico

Preparação e conhecimento

Comunitárias

Sociais

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135

3. MODELOS DE RESPOSTA

Indicadores processuais

Sentir-se conectado

Interação – se a pessoa procura intervir com os profissionais de saúde

Estar localizado e situado

Desenvolvimento de confiança e coping

Indicadores de resultado

Mestria – não reporta meramente à capacidade de fazer mas de articular informaçao e procurar como

fazer/ o que fazer

Identidade flexível e integrada

INTERVENÇÕES TERAPÊUTICAS DE ENFERMAGEM

Acabar

CONDIÇÕES DE TRANSIÇÃO FACILITADORAS/ IBIDORAS

Intervenções terapêuticas de enfermagem

Conteúdo – otimismo; boa disposição; simpatia alegraia

Forma – promover; possibilitar; gerir; ensinar

SUBDIMENSÕES DOS CINCO PROCESSOS DE CUIDAR

CONHECER Evitar ideias pré-concebidas

Centra-se no cliente

Apreciar cuidadosamente

Procura sinais

Envolver ambos

ESTAR COM Estar presente

Transmitir habilidades

Partilhar sentimentos

Não sobrecarregar

FAZER POR Confortar

Antecipar

Desempenhar competências

Proteger

Preservar a dignidade

POSSIBILITAR Informar/ explicar

Suportar

Focar

Pensar nisso/ gerar alternativas

Validar/ dar feedback

MANTER A CRENÇA Acreditar em/ focar na estima

Manter uma atitude de esperança

Oferecer otimismo realista

“Going the distance”

(Swanson K., 1991, pag. 163)

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136

NO CUIDADO À FAMÍLIA EM DIFERENTES CONTEXTOS ASSISTENCIAIS

Pretende-se e caminha-se para uma…

Enfermagem baseada em evidências – “modo de fornecer atendimento de enfermagem guiado pela

integração do melhor conhecimento cientifica disponível com competência em Enfermagem. esta abordagem

exige que enfermeiros avaliem criticamente os dados científicos relevantes ou evidências de pesquisa e, que

implementem intervenções de alta qualidade para a prática de enfermagem”.

http://decs.bvs.br

REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICA

—Ordem dos enfermeiros. 2003. Competências do enfermeiro de cuidados gerais. Lisboa : Ordem dos

Enfermeiros,

—Guerreiro, T. 2004. Relação enfermeiro-família. [book auth.] Neves M and Pacheco S. Para uma ética de

enfermagem. Coimbra : Gráfica de Coimbra.

—Hesbeen, W. 2000. Cuidar no Hospital. Enquadrar os cuidados de enfermagem numa perspetiva do

Cuidar. [trans.] M Ferreira. Lisboa : Lusociência, 2000. Título original 1997 - Prendre soin à l'holital: inscrire le

soin infirmier dans une perspective soignante. 972-8383-11-8.

—ICN. 2011. CIPE, Classificação Internacional para a Prática de Enfermagem, Versão 2. [trans.] Heimar Marin.

Lisboa : Versão portuguesa - Ordem dos enfermeiros. 978-92-95094-35-2.

—INE. Portal do INE. http://www.ine.pt

—Meleis, A, et al. 2000. Experiencing Transitions: An Emerging Middle-Range Theory. Advanced Nurse

Science. 2000, 23(1):12-28.

—Mendes, A., Bastos, F. and Paiva, A. 2010. A pessoa com Insuficiência Cardíaca. Fatores que

facilitam/dificultam a transição saúde/doença. Revista de Enfermagem Referência. 2010, III Série(2):7-16.

—Villaverde Cabral, M., Silva, P. and Mendes, H. 2002. Saúde e doença em Portugal. Lisboa : Imprensa de

ciências sociais, 2002.

—Wall, k. 2005. Famílias em Portugal. Lisboa : ICS. Imprensa da ciências sociais, 2005. 972-671-161-4.

O cuidado de enfermagem do conhecimento da transição e das consequências na vida da pessoa em todas as componentes que o envolvem. (Zagonel, 19xx)

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Aula 21 – CUIDAR DA FAMÍLIA EM DIFERENTES CONTEXTOS ASSITENCIAIS: EM SITUAÇÕES DE

CONSULTA DE VIGILÂNCIA DE SAÚDE FAMILIAR E DE VISITA DOMICILIÁRIA; O AMBIENTE E

SEGURANÇA NA CASA (CONTINUAÇÃO)

19/11/2013

Profª Emília Brito

SUMÁRIO ALARGADO

Cuidar da família em diferentes contextos assistenciais: em situações de internamento de um membro, de

consulta de vigilância de saúde e de visita domiciliária (continuação).

Avaliação do ambiente familiar e dos cuidados na família; avaliação de fatores de risco doméstico.

Segurança do espaço físico da casa, prevenção de lesões de acordo com as idades dos habitantes da casa,

identificação e eliminação de barreiras arquitectónicas.

Avaliação das condições físicas e sanitárias da casa.

Identificação das necessidades da família; identificação do(s) cuidador(es); promoção do nível máximo de

saúde da família e da sua independência, promoção do equilíbrio familiar de acordo com a situação e

ciclo de vida familiar.

OBJETIVOS

Acabar

CONSULTA DE VIGILÂNCIA

- As USF são unidades organizadas por profissionais de saúde e administrativos, com uma organização

própria, onde cada médico e sua equipa tem um número restrito de utentes

- Os profissionais que não se inseriram nestas unidades, inserem-se na UCPS

- Unidade de Cuidados na Comunidade – a partir da UCC forma-se a equipa de cuidados continuados

integrados. Mas esta não intervém apenas em cuidados continuados. Abrange áreas de saúde escolar,

preparação para a parentalidade, entre outros

- Em todos estes contextos estão presentes os 3 níveis de intervenção:

Primária – prevenção de HIV; promoção de estilos de vida saudáveis; informação sobre a medicação e sua

gestão

Secundária – deteção precoce, nomeadamente, de doenças crónicas; consulta da menopausa

Terciária – gestão da medicação

REDE NACIONAL DE CUIDADOS CONTINUADOS INTEGRADOS – EQUIPAS DOMICILIÁRIAS

Unidades de Saúde familiar (USF) Unidades de Cuidados de Saúde

Personalizados (UCSP)

Unidades de Cuidados na

Comunidade (UCC)

Equipas de Cuidados Continuados Integrados

Equipa multidisciplinar da responsabilidade dos cuidados

de saúde primários e das entidades de apoio social, que

presta serviços domiciliários, a pessoas em situação de

dependência funcional, doença terminal ou em processo

de convalescença, cuja situação não requer

internamento, mas que não podem deslocar-se do

domicílio (n.º 1 do Art. 27.º do Decreto-Lei n.º 101/2006,

de 6 de Junho).

Equipas Comunitárias de Suporte em Cuidados

Paliativos

Equipa multidisciplinar que presta apoio e

aconselhamento diferenciado em cuidados paliativos (n.º

2 do Art. 29.º do Decreto-Lei n.º 101/2006, de 6 de

Junho).

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138

1. Equipa de cuidados continuados integrados

Competências - Esta equipa apoia-se nos recursos locais disponíveis, no âmbito de cada centro de saúde,

conjugados com os serviços comunitários, nomeadamente as autarquias locais, assegurando os seguintes

serviços:

a) Cuidados domiciliários de enfermagem e médicos de natureza preventiva, curativa, reabilitadora e acções

paliativas, devendo as visitas dos clínicos ser programadas e regulares e ter por base as necessidades clínicas

detectadas pela equipa;

b) Cuidados de fisioterapia;

c) Apoio psicossocial e ocupacional envolvendo os familiares e outros prestadores de cuidados;

d) Educação para a saúde aos doentes, familiares e cuidadores;

e) Apoio na satisfação das necessidades básicas;

f) Apoio no desempenho das actividades da vida diária;

g) Apoio nas atividades instrumentais da vida diária;

h) Coordenação e gestão de casos com outros recursos de saúde e sociais.

Composição - equipa multidisciplinar da responsabilidade dos cuidados de saúde primários e das entidades

de apoio social para a prestação de serviços domiciliários, decorrentes da avaliação integral, de cuidados

médicos, de enfermagem, de reabilitação e de apoio social, ou outros, a pessoas em situação de dependência

funcional, doença terminal ou em processo de convalescença, com rede de suporte social, cuja situação não

requer internamento mas que não podem deslocar-se de forma autónoma.

Fonte: http://www.arsalgarve.min-saude.pt/portal/?q=node/3660#sthash.c1KjMyw1.dpuf

2. Equipas comunitárias de suporte em cuidados paliativos

a) A formação em cuidados paliativos dirigida às equipas de saúde familiar do centro de saúde e aos

profissionais que prestam cuidados continuados domiciliários

A CASA COMO CONTEXTO DE CUIDADOS DE ENFERMAGEM

“Os cuidados de saúde domiciliários são a componente de um cuidado continuado de saúde global em que

os serviços de saúde são prestados aos indivíduos e famílias nos seus locais de residência com a finalidade de

promover, manter ou recuperar a saúde, ou de maximizar o nível de independência enquanto minimiza os

efeitos da deficiência e doença incluindo a doença terminal

(Stanhope e Lancaster, 1999: 182)

Cuidados no domicilio

Cuidado holístico prestado ao cliente no se próprio ambiente, par5a diversos problemas de saúde; utilizando

uma abordagem multidisciplinar que envolve o doente, a família e os prestadores de cuidados, transferindo

aptidões para maximizar. (CIPE, 2011: 139)

FASES DA VISITA DOMICILIÁRIA (vd)

Iniciação

Clarificar a fonte de encaminhamento da VD; clarificar o seu objetivo

Pré visita

Iniciar o contactos com a família; validar com a família o objetivo da VD; marcar a VD; rever fontes de

informaçao sobre a família

Domicilio

…..

…..

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139

PARTE 2 DA AULA

CONTEÚDO

AVALIAÇÃO DO AMBIENTE FAMILIAR E DOS CUIDADOS NA FAMILIA; AVALIAÇÃO DE FATORES DE

RISCO DOMÉSTICO

O ambiente familiar envolve as dimensões emocionais, sociais, económicas e meio físico

Prestar cuidados à família em casa permite fazer uma avaliação mais exata do ambiente familiar

Colheita de dados

Observação da dinâmica familiar

Intervenções mais realistas

Instrumentos de avaliação familiar

..

Avaliação familiar em VD

Áreas a avaliar Estado atual

(item não aplicável = 0) Pobre Excelente 1 3 5

1. Independência física

2. Capacidade terapêutica

3. Conhecimento da situação de saúde

4. Aplicação dos princípios de higiene

5. Atitude face aos cuidados de saúde

6. Capacidade emocional

7. Padrões de vida familiar

8. Meio físico e ambiente envolvente

9. Utilização dos recursos comunitários

10. Observações

Atividades básicas de vida diária – índice de Barthel

Atividades instrumentais de vida diária – índice de Lawton e Brody

Escala de avaliação mental – mini mental…

Escala de depressão geriátrica

Escala de prevenção de quedas – escala de morse

Mini nutritional assessment

Avaliação da integridade cutânea – escala de Braden

Escala de sobrecarga do cuidador – escala de Zaril

Destinada a avaliar a sobrecarga dos cuidadores familiares de doentes paliativos em contexto domiciliário

Avaliação do stress familiar (último ano) escala de holme e rabe

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140

SEGURANÇA DO ESPAÇO FISICO DA CASA, PREVENÇÃO DE LESÕES DE ACORDO COM AS IDADES DOS

HABITANTES DA CASA

Conceito de segurança – estar seguro, livre de perigo, risco ou lesão

Risco de quedas

Associadas ao processo de envelhecimento: alterações da visão, postura, entre outros

Avaliação do ambiente da casa

Aspetos gerais da casa

Cozinha casa de banho

Quarto

Cidade amiga do idoso

Espaços exteriores e edifícios

Transportes

Habitação

Participação social

Respeito e inclusão social

Participação cívica e emprego

Comunicação e informação

Apoio comunitário e serviços de saúde

Violência

Comportamento agressivo: demonstração energética de ações ou do uso desleal de força ou poder com a

finalidade de ferir, causar dano, maus tratos ou atacar: açoes violentas, prejudiciais, ilegais ou culturalmente

proibidas para com os outros; estado de luta ou conflito pelo poder

Violência domestica

Violência que ocorre dentro da família ou conjunto de pessoas que vivem na mesma casa (CIPE, 2011: 80)

- fícia, sexual, psicológica, emocional, financial

- a violência ocorre ao longo do ciclo de vida, afetando toda a gente

Avaliação dos fatores de risco

Categorias comportamentais de alto risco

Diagnóstico do foro psiquiátrico

Padroes de consumo de drogas

Perda e dor após a morte de uma pessoa significativa

Isolamento

Falta de apoio

Desalojamento

História anterior de comportamento agressivo ou suicídio

Desemprego crónico

Existência ou uso de armas, prisões anteriores

Histórias de fugas

Auto acidente

Queixas psicossomáticas

(Stanhope e Lancaster, 1999)

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141

Avaliação das condições físicas e sanitárias da casa (arejamento, luminosidade, abastecimento de

águas, sistema de esgotos, limpeza, recolha de livros).

..

,,

Condições sanitárias das casas

Pontos essenciais para assegurar a higiene da casa

1. Ar puro

2. Água pura

3. Rede de esgotos eficiente

4. Limpeza

5. Iluminação

(Nightingale, 2005)

Links between …

Considerações na habitação

Pavimentos - é a zona de maior desgaste da habitação, devendo o pavimento ser resistente e antiderrapante

Escadas – quando

Identificação das necessidades das famílias

Regime terapêutico – medicamentosos; alimentação; exercício físico

Suporte no autocuidado – totalmente compensatório; parcialmente compensatório; apoio e edecação

Gestão de recursos – no contexto família; na comunidade em que se insere

Outros

Considerar

Foco de atenção: pessoa doente; família

Etapa do ciclo de vida familiar

Tipo de transição experienciada: saude-doença; desenvolvimento; situacional

IDENTIFICAÇÃO DOS CUIDADORES

Membro da familia

REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS

•ICN. (2011). CIPE, Classificação Internacional para a Prática de Enfermagem, Versão 2. (H.Marin, Trad.) Lisboa:

Versão portuguesa - Ordem dos enfermeiros.

•Instituto da Habitação e da Reabilitação Urbana, I.P. 2010. Guia Prático da Habitação (edição revista e

aumentada). 2010.

•Jacobs, D. 2011. Environmental health disparities in housing. American Journal of Public Health.2011,

1(1):115-122.

Comunicação Ajudar a família a gerir o stress

Orientação para estruturas comunitárias Trabalhar com o prestador de cuidados

Intervenção de enfermagem

Apontamentos IEFPT | CLE 2011-2015 | Inês da Conceição Correia, 4313

142

•Kellerhals, J., Ferreira, C. and Perrenoud, D. Linguagens do parentesco: lógicas de construção

identitária. Análise social. 2002, XXXVII(163): 545-567.

•Meleis, A., Sawyer, L., Im, E., Messias, D., & Schumacher, K.

(2000). Experiencing Transitions:An Emerging Middle-Range Theory. Advanced Nurse Science (23(1):12-28).

•Nightingale, F. (2005). Notas sobre enfermagem. Loures: Lusociência

•OMS (2009). Guia Global das Cidades Amigas das Pessoas Idosas. Portugal: Fundação Calouste Gulbenkian.

•Pereira, I., & Silva, A. (2012). Ser Cuidador Familiar: A Perceção do Exercício do Papel. Pensar enfermagem,

pp. 16(1):42-54.

•Rebelo, T. (2012). O regresso do doente a casa: saberes e práticas dos enfermeiros no processo de alta. In M.

Basto, Cuidar em enfermagem. Saberes da prática. Coimbra: Formasau.

•Sequeira, C. (2010). Cuidar de Idosos com dependência física e mental. Lisboa: Lidel.

•Stanhope, M. & Lancaster,

J. (1999). Enfermagem Comunitária: Promoção da saúde de grupos,famílias e indivíduos. Loures: Lusociência.

•Stanhope, M. & Lancaster, J. (1999). Breves referências sobre enfermagem comunitária.Suplemento do livro

Enfermagem Comunitária, Loures: Lusociência.

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143

Aula 22 – O PROCESSO DE ENFERMAGEM DIRIGIDO AO CLIENTE FAMÍLIA

21/11/2013

Profª Fátima Moreira

SUMÁRIO

Parte 1 - Cuidados dirigidos ao cliente família

1. O enfermeiro no processo de cuidar a família

Processo de enfermagem dirigido à família

Modelos orientadores para a etapa apreciação da família: REUTER, TAPIA , PRATICE;

Fridman Family Assessement Model (FFAM), Modelo Dinâmico e o Modelo de Avaliação da Família de Calgary

(MAFC)

Parte 2 - Instrumentos para avaliar diferentes dimensões da família

2. Instrumentos de representação da família no momento da recolha de informação.

Genograma, Linha de vida de Medalie, Avaliação da Rede social pelo Ecomapa e pelo Mapa de Rede Social

(MRS) Diagrama de Vínculos ou Psicofigura de Mitchell, Círculo Familiar de Thrower,

3. Instrumentos de avaliação familiar

Apgar Familiar de Smilkstein – Avalia a funcionalidade da familia

Índice de Graffar – Carateriza o nível socio económico da família

Escala FACES – (Family Adaptability and Cohesion Evalution Scale ) Avalia a coesão e a adaptação familiar

Escala Holmes & Rahe - Avalia as situações de stress familiar vividas no último ano

Escala de Zarit - Avaliara sobrecarga dos cuidadores familiares

Escala de Satisfação familiar.

Outros instrumentos

Nota: Mobilizar os instrumentos de avaliação familiar lecionados nas aulas do 1º ano na UC de Fundamentos

- Terminamos as fases de transição familiar e agora iniciamos uma nova etapa.

OBJETIVOS PEDAGÓGICOS

Descrever metodologias de orientação no processo de cuidar das famílias

…..

O ENFERMEIRO NO PROCESSO DE CUIDAR A FAMÍLIA

…..

Apontamentos IEFPT | CLE 2011-2015 | Inês da Conceição Correia, 4313

144

ETAPAS PARA O PROCESSO DE ENFERMAGEM APLICADO À FAMÍLIA

- Nas famílias temos 3 tipos de focos de diagnóstico: dirigidos à família; centrada em sistemas (problemas

relacionados com a relação entre conjuges; relativos à questão da parentalidade); ou dirigidos a componentes

individuais da família)

- As teorias de reabilitação familiar, foram surgindo algumas teorias e modelos de enfermagem centradas

sobre a família, de que é exemplo o modelo TAPIA.

- Este modelo considera o modelo de desenvolvimento da família, muito próximo das fases de

desenvolvimento das famílias (?)

MODELO DE TAPIA – DESENVOLVIMENTO DA FAMÍLIA

Níveis de funcionamento da

família

Características Função da enfermagem

I Família caótica no estado de

desenvolvimento infantil

Desenvolver uma relação de

confiança

II Família intermédias comparada

com a criança em idade escolar

Ajudar a família a definir os seus

problemas

III Família normal comparada com a

adolescência

Prestar cuidados de enfermagem

complexos

IV Família normal comparada com a

adolescência

Prestar cuidados de enfermagem

complexos

IV Família com soluções para os seus

problemas, comparada ao estado

adulto

Prevenção

V Família independente em pleno

amadurecimento

Não necessita da intervenção de

enfermagem

Apontamentos IEFPT | CLE 2011-2015 | Inês da Conceição Correia, 4313

145

ROTEIRO DE APRECIAÇÃO FAMILAIR – P.R.A.C.T.I.C.E.

8 aspetos a avaliar na orientação do PRACTICE

- Não é tanto um modelo mas um roteiro de apreciação

Presenting problem (problema apresentado)

Roles and structure (papeis e estrutura familia)

Affect (expresses do afeto)

Communication (comunicação na família)

Time of life cycle (etapa do ciclo de vida)

Illness in family (doença na família)

Coping with stress (modo de enfrentar o stress)

Ecology (meio ambiente, rede de apoio da família)

- O modelo de Betty Newman situa as famílias, grupos ou comunidades em 5 dimensões.

- O modelo da Meleys – teoria da transição. As pessoas e famílias passam por diferentes tipos de transição

que podem ser de desenvolvimento, saúde-doença

- O modelo de G-Mens, uma autora espanhola, diz que as famílias, tal como qualquer ser vivo, nascem, vivem

e morrem, tendo 3 grandes fases de transição: a fase de formação, consolidação/ crescimento/ abertura e

extinção.

- A Duvall, no seu modelo de desenvolvimento, apresenta 8 estádios de desenvolvimento da família, iniciados

pelo nascimento do primeiro filho

- Temos também os 6 estádios e tarefas de Monica McGoldrick e Carter, lecionados nas primeiras aulas.

Segundo esta autora os estádios de desenvolvimento inciam-se com a formação do casal.

MODELO DINÂMICO DE AVALIAÇÃO DA FAMÍLIA SEGUNDO FIGUEIREDO – ÁREAS DE ATENÇÃO

FAMILIAR POR DIMENSÕES (adotado pela OE)

MODELO DE AVALIAÇÃO DA FAMÍLIA SEGUNDO CALGARY

ASPETOS COMUNS AOS VÁRIOS MODELOS DE APRECIAÇÃO

- Independente do modelo, há aspetos comuns aos vários modelos de apreciação/ proveligiados pelos

enfermeiros

Estrutura familiar ou identificação e caracterização da família

Funções familiares

Estádio de desenvolvimento ou etapa do ciclo de vida familiar

Comunicação da família ou funcionamento expressivo

Perceção da doença na família

Adaptação às AVD

Coping ou modo de enfrentar o stress

Dimensão espiritual/ espiritualidade

Meio ambiente

- Assim, constata-se que a enfermagem da família abrange vários modelos. Aqui, decidimos estudar mais

aprofundadamente o modelo de Calgary.

- Assim, a primeira etapa da aula fica falada: o processo de enfermagem na família e modelos de avaliação

família (?)

- Sobre os instrumentos de apreciação familiar, podemos referirmo-nos a instrumentos de representação e

instrumentos de apreciação familiar. O ecomapa e genograma são instrumentos de representação, que não

nos dizem se a família evolui. Se eu utilizar instrumentos que medem família, estou a avaliar. Como exemplo,

temos o índice de Graffar

Apontamentos IEFPT | CLE 2011-2015 | Inês da Conceição Correia, 4313

146

PARTE II – INSTRUMENTOS PARA REPRESENTAÇÃO FAMILIAR

Genograma

Ecomapa

Linha de vida de Medalie

Exemplo de linha de vida de Medalie

O FOTOGRAMA

Por vezes em famílias de transições rígidas pode serutil mobilizar uma técnica que os ajude a sintonizar com a

marcha do tempo, que estava parado.

Neste caso a técnica do fotograma consiste em que a família selecione fotos de diferentes momentos da sua

vida. A família comenta de modo a ser orientada para a perceção do tempo que transformou as pessoas e

coisas

Mudanças como as crianças

Apoio social diferente de rede social

Apoio social e rede social são conceitos interligados porém diferentes

A rede social refere-se à dimensão estrutural ou institucional ligada a individuo

Rede social é uma teia de relacçoes quenliga os diversos indivíduos que possuem vínculos sociais,

propiciando que os recursos de apoio fluam através desses vínculos. Exemplo: a vizinhança, as

organizações religiosas, o sistema de saúde e o escolar.

O apoio social encontra-se na dimensão pessoal, sendo constituído por membros dessa rede social,

efetivamente importantes para as famílias.

Mapa de rede social (MRS)

A organização do mapa permite que o reconhecimento e definição de características sajam quase

imediatos aquando da visualização do mesmo

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147

Este mapa corresponde a um momento estático da vida do individuo …

Quanto mais se afasta do centro, mais afastado é o nível de relação

O ecomapa

É a representação visual da rede social de suporte da ..

Diagrama de vínculos ou psicofigura de Mitchell

Circulo familiar de Thrower

Instrumento que facilita a comunicação e aumentam o conhecimento da funcionalidade familiar, mas não

é diagnóstico

Escalas de avaliação familiar

Apgar familiar de Smilkstein

Classificação social internacional de Graffard

BIBLIOGRAFIA DE SUPORTE À AULA

Referencias obrigatórias assinaladas com **

**HANSON, S.M.H. (2005). Enfermagem de Cuidados de Saúde à Família. Lisboa: Lusociência.

**WRIGHT, Lorraine & LEAHEY, Maureen (2002). Enfermeiros e Famílias. 3ª edição. S. Paulo: Editora Roca.

Outras sugestões bibliográficas para completar a aprendizagem

FIGUEIREDO, M. Henriqueta (2012). Modelo Dinâmico de Avaliação e Intervenção Familiar (MDAIF). Loures

Lusociencia.

FIGUEIREDO, M. C. Barbieri (2011). Enfermería familiar y comunitaria en el ámbito internacional.

Enfermería de Familia en Portugal: un caminho en desarrollo. Revista Iberoamericana de Enfermería

Comunitaria Vol. 4 - nº 2 , p. 45-48

FRIEDMAM, Marilyn M. (1986). Family Nursing-Theory and Assessment. (2.ª Ed). Norwalk Connecticut:

Appleton-Centory-Crofts.

No livro de STANHOPE, M. & LANCASTER, J. (2011). Enfermagem de Saúde Pública. Loures: Lusociencia tem

2 capítulos sobre a enfermagem de família:

Capitulo 24 - Desenvolvimento da família: Apreciação de enfermagem da família, p. 574- 604

Capitulo 25 - Riscos de saúde familiar, p. 602-630.

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148

Aula 23 – A ENFERMAGEM E AS FAMÍLIA; O MODELO DE CALGARY COMO SUPORTE DE CUIDADOS

27/11/2013

Profª Fátima Moreira

SUMÁRIO DO DIA 27 - PARTE I - MODELO DE AVALIAÇÃO FAMILIAR CALGARY (MAFC)

Avaliação da família, quanto à:

Estrutura: interna externa e contexto

Desenvolvimento: estádio, tarefas e vínculos

Funcionalidade: instrumental e expressiva

Instrumentos de avaliação familiar para apreciar a estrutura, o desenvolvimento e o funcionamento da

família

Objetivo geral

Mobilizar os modelos de avaliação e intervenção familiar de Calgary para a prática de cuidados ao cliente

família

Objetivos específicos

Conhecer as 3 dimensões da avaliação familiar quanto à estrutura, desenvolvimento e funcionamento familiar

…..

O MODELO DE CALGARY DE AVALIAÇÃO DA FAMÍLIA (MAFC)

Permite-nos avaliar a organização familiar considerando:

O subsistema individual

O subsistema familiar

O suprassistema familiar – com a sociedade em geral

Baseado numa perspetiva multidimensional da família que integra dimensões

Estrutura

Desenvolvimento

Funcionamento

Cada uma delas dividida em categoria e subcategorias

- A psicofigura de Mitchel permite o desenho da família e de linhas/ conjuntos de linhas que nos dão

indicação sobre os dados relacionais entre membros da família.

SÍNTESE DO MODELO DE AVALAIÇÃO DA FAMÍLIA SEGUNDO CALGARY

1) ESTRUTURA (conhecido por core segundo Betty Neuman)

a) INTERNA b) EXTERNA c) CONTEXTO

Composição familiar

Género

Orientação sexual

Ordem de nascimentos

Subsistemas (conjugal; parental)

Limites

Família extensa (alargada)

Sistemas mais amplos

Etnia

Raça

Classe social

Religião e espiritualidade

Ambiente

- O subsistema parental (maternal e paternal) pode ter uma assimetria de forças, isto é, a relação maternal

poderá ser mais forte do que a paternal e vice-versa.

- Sistemas mais amplos/ Subsistemas que integram a sociedade: família, educação, religioso, culturais, de lazer

e recreação, segurança…

- A influência dos sistemas mais amplos pode ser uma indicador salutogénico ou patogénico

Apontamentos IEFPT | CLE 2011-2015 | Inês da Conceição Correia, 4313

149

- Sobre a componente externa, a raça relaciona-se com fatores genéticos. A etnia relaciona-se com a

dimensão cultural.

- Para avaliar as classes sociais podemos recorrer ao Índice de Graffar

2) DESENVOLVIMENTO

a) ESTÁDIOS b) TAREFAS c) VÍNCULOS

- Para avaliar os estádios: lonha de vida de Medalie

3) FUNCIONAMENTO

a) INSTRUMENTAL b) EXPRESSIVA

Atividades de vida diária Comunicação (verbal, não verbal, emocional, linear

e circular)

Solução de problemas e coping

Influência e poder

Crenças, valores Alianças, uniões

WRIGHT & LEAHEY (2002, p.66)

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150

Aula 24 – A ENFERMAGEM E AS FAMÍLIA; O MODELO DE CALGARY COMO SUPORTE DE CUIDADOS

28/11/2013

Profª Fátima Moreira

SUMÁRIO - Parte II - Modelo de Intervenção Familiar de Calgary (MIFC)

Fases do processo de intervenção familiar: envolvimento ou comprometimento; avaliação / apreciação;

intervenção e términus

Competências a desenvolver pelo enfermeiro. 3 tipos de competências a desenvolver na enfermagem de

família: percetuais, conceptuais, executivas.

Entrevistar famílias

Preparar o setting da entrevista (consulta enf, domicilio familiar, etc.)

Elaborar questões lineares e circulares

Formular hipóteses

Manter a neutralidade na interação

Modos de intervenção em diferentes domínios da família: cognitivo, afetivo e comportamental.

A abordagem focada no problema

Caraterizar o tipo e níveis de envolvência do problema da família

Evolução do problema

Interação do enfermeiro na resolução do problema

Análise de exemplos de formulação do diagnóstico em diferentes dimensões da família e de Planeamento

de intervenções em diferentes domínios.

Plano de cuidados (sobretudo, de acordo com o modelo de Henriqueta Figueiredo)

INSTRUMENTOS A MOBILIZAR NA AVALIAÇÃO DA FAMÍLIA SEGUNDO CALGARY

1) ESTRUTURA (conhecido por core segundo Betty Neuman)

a) INTERNA b) EXTERNA c) CONTEXTO

Composição familiar

Género

Orientação sexual

Ordem de nascimentos

Subsistemas (conjugal; parental)

Limites

Instrumento Genograma

Família extensa (alargada)

Sistemas mais amplos

Avaliação de Rede Social pelo

Ecomapa ou Mapa de Rede

Social

Etnia

Raça

Classe social

Religião e espiritualidade

Ambiente

Índice de Graffar (classe social)

2) DESENVOLVIMENTO

a) ESTÁDIOS b) TAREFAS c) VÍNCULOS

Avaliação das tarefas inerentes

ao ciclo de vital; linha de vida

de Medalie

Psicofigura de Mitchell, círculo

familiar de Thrower

3) FUNCIONAMENTO

a) INSTRUMENTAL b) EXPRESSIVA

Atividades de vida diária

Escala de Zarit; Índice de Lowton; Katz

Comunicação (verbal, não verbal, emocional, linear e

circular)

Solução de problemas e coping

Influência e poder (Apgar familiar)

Crenças, valores

Alianças, uniões

FACES III (30 itens) – uma metade avalia a

adaptabilidade e outra a coesão

Apontamentos IEFPT | CLE 2011-2015 | Inês da Conceição Correia, 4313

151

WRIGHT & LEAHEY (2002, p.66)

4 FASES DO PROCESSO DE INTERVENÇÃO FAMILIAR:

1. Envolvimento ou comprometimento, antes de iniciar a colheita de informação;

2. Avaliação / apreciação, que inclui a exploração (a colheita de informação) e a identificação do

problema;

3. Intervenção

4. Términus

- Sobre os vários contextos de prestação de cuidados, durante o internamento, o enfermeiro tende a centrar-

se sobre o problema da família e não, concretamente, sobre o bem-estar da família, dada a necessidade de

dar resposta a esse problema. Esta abordagem não está tanto de acordo com o Modelo de Calgary, mas é

necessária, tal como se referiu em aulas anteriores. A abordagem em consonância com este modelo surge,

sobretudo, no contexto de cuidados de saúde primário.

- Na primeira fase, em contexto de visita domiciliária, é importante que nos apresentemos e possamos

desenvolver uma relação de confiança.

- Na 2ª fase, na maioria das vezes, o mais importante será centrarmo-nos nos principais problemas que a

família apresenta e não no preenchimento dos instrumentos. Nesta fase não nos podemos esquecer que a

família, quando tem um problema, normalmente, tem vários problemas acupulados, o que exige o exercício

do enfermeiro para interpretar qual o problema primário. Por exemplo, numa família com idosos dependentes

que, por isso, mudam para a casa da sua filha. Passamos de uma família nuclear para uma família alargada,

com aumento dos níveis de stress, associada a fadiga, défice de atenção, diminuição do tempo partilhado com

o restante agregado familiar, compromisso do desempenho escolar dos filhos. Qual é o principal problema

desta família? Como causa primária está o agravamento do estado de dependência dos idosos. Neste caso, ou

há uma redistribuição de papeis (o acompanhamento dos filhos na escola e tarefas domesticas poderia passar

para o filho; alguns dos cuidados aos idosos poderiam ser realizados pela filha mais velha, poderia solicitar-se

apoio domiciliário no cuidado aos idosos, entre outras hipóteses), ou os níveis de stress, muito dificilmente,

diminuirão.

- Na 4ª fase o enfermeiro deve ter a preocupação de “fazer o fechamento” da relação, garantindo que a

família não depende do enfermeiro, tendo criado estruturas de autonomia. Nesta fase, será importante aplicar

o modelo TAPIA, para avaliar o grau de autonomia. Há famílias em que isso não é possível. Estas são,

geralmente, famílias multi-problemáticas, incapazes de autogerir-se financeiramente, de mobilizar os recursos

comunitários, entre outros aspetos.

COMPETÊNCIAS/ HABILIDADES A DESENVOLVER PELO ENFERMEIRO.

1. Percetuais

2. Conceptuais

3. Executivas

Para além das competências sugeridas pela autora, pode também enunciar-se: cientificas relacionais e

reflexivas

1. Habilidades Percetuais

Aquelas que se referem à capacidade da enfermeira para afazer observações pertinentes e exatas.

A enfermeira deve ser capaz de observar:

Os membros da família em relação uns com os outros e em relação com ela própria

Os padrões positivos repetitivos das interações entre os membros da família

- Benner refere que os estudantes quando acabam o curso de licenciados, são ainda iniciados na profissão,

sendo que aprendem, sobretudo, por imitação e replicação dos seus tutores. Só depois passam de iniciados a

competentes e, finalmente, a peritos.

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152

- As competências percetuais ajudam o enfermeiro a avaliar a família e a formular juízos de valor.

2. Habilidades Conceptuais

Dizem respeito à interpretação dos dados relacionados com a observação/ perceção da família em interação

A enfermeira deve fazer a ligação entre os dados recolhidos, o que lhe vai permitir identificar e definir o

problema como um problema familiar no sentido em que cada um para ele contribui

3. Habilidades Executivas

Isto é, de execução das intervenções: dizem respeito às intervenções que a enfermeira executa

As autoras referem-se a habilidade executivas como intervenções terapêuticas em que a enfermeira ao

executá-las recebe respostas dos membros da família, as quais vao originar observação/ perceção e

simultaneamente, conceptualização, interpretação e consequentemente execução de novas intervenções,

dando origem a um processo circular entre os vários membros da família e a enfermeira.

ENTREVISTAR FAMÍLIAS

Aspetos relativos à entrevista com a família (não mencionados explicitamente na literatura)

É indispensável observar o todo e não as partes do sistema familiar, pois a soma das partes não reflete o

funcionamento do todo (princípios da teoria de GESTALT, para além da teoria sistémica)

O sintoma da pessoa identificada, traz em si uma mensagem, quase sempre secreta, que precisa de ser

descodificada

A abordagem deve intervir de forma pontual, fazendo com que famílias descritas como “difíceis” adiram

ao tratamento ou à mudança

O ideal seria que estejam presentes todos os membros da família identificados no inicio, o que nem

sempre é possível

A família procura a homeostase. A conotação positiva é um aspeto fundamental, pois estas estão à

procura do equilíbrio

É imprescindível consolidar uma aliança com a família, é preciso ficar claro que o profissional não está ali

para julgar

Os sintomas que formalizam a procura de cuidados, podem não ser o motivo real da procura de

atendimento, mas justificativa da busca para um outro contexto.

- É essencial intervir nos domínios cognitivo, comportamental e afetivo (não relações estabelecidas entre os

memenros)

1. Preparar o setting da entrevista (consulta enf, domicilio familiar, etc.)

2. Elaborar questões lineares e circulares

3. Formular hipóteses

4. Manter a neutralidade na interação

5. Modos/ tipos de intervenção em diferentes domínios da família: cognitivo, afetivo e

comportamental

5.1. Mudar o domínio cognitivo do funcionamento da família

Elogiar as forças da família

Oferecer informações e opiniões dobre áreas que a família necessita: educação e promoção de saúde,

desenvolvimento dos seus membros

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5.2. Mudar o domínio afetivo do funcionamento da família

Validar ou normalizar respostas emocionais

Incentivar narrativas de doenças

Estimular o apoio familiar

- Sobre a validação, importa perceber se o locus de controlo é interno ou externo (por exemplo, quando a

pessoa promete ir até Fátima se o seu familiar melhorar)

5.3. Mudar o domínio comportamento do funcionamento da famílai

Incentivar os membros da família a serem cuidadores

Incentivar o descanso

Planear rituais e ajudar a manter as tarefas habituais

EXEMPLO DE INTERVENÇÕES FAMILIARES

COGNITIVO AFETIVO COMPORTAMENTAL

Se a saúde da sua mãe se

agravar, como é que a família

enfrentará o problema?

Se este tratamento não resultar

com a sua mãe, quem é que mais

sofre

Se a doença da sua mãe se

prolongar, o que acha que a

família vai fazer?

Como entende o facto de o pai

do seu filho não o visitar no

hospital?

Como se sente quando o seu filho

chora com saudades do pai?

O que faz quando o pai do seu

filho não o visita?

Qual a orientação que a ajuda a

lidar melhor com a diabetes do

seu filho?

Quem na família se preocupa mais

com o facto do seu filho ser

diabético

Quem na família se encarrega de

assegurar a medicação e vigilância

da glicémia da criança=

- A abordagem do enfermeiro pode ser centrada num destes domínios, mas a forma como o enfermeiro

questiona poderá ser linear ou circular.

EXEMPLO DE COMUNICAÇÃO CIRCULAR

- Uma mãe que sente inquietação e frustração porque pensa que o seu filho é incapaz e precisa de si. Assim,

surgem como comportamento: super proteção e vigilância. Por sua vez, o filho pensa que a mãe não confia

nele e sente-se inadaptado e inseguro. Por isso, surgem como comportamentos dependência e

subordinação

DUHAMEL; Fabie (1995) – La santé et la familir. Quebec. Editeur Gaetan Morin

A ABORDAGEM FOCADA NO PROBLEMA

Caraterizar o tipo e níveis de envolvência do problema da família

NIVEIS CATEGORIAS NATUREZA

Como entende o facto de o pai

do seu filho não o visitar no

hospital?

Como se sente quando o seu filho

chora com saudades do pai?

O que faz quando o pai do seu

filho não o visita?

Qual a orientação que a ajuda

a lidar melhor com a diabetes

do seu filho?

Quem na família se preocupa mais

com o facto do seu filho ser

diabético

Quem na família se encarrega de

assegurar a medicação e vigilância

da glicémia da criança=

Evolução do problema

Interação do enfermeiro na resolução do problema

Apontamentos IEFPT | CLE 2011-2015 | Inês da Conceição Correia, 4313

154

Análise de exemplos de formulação do diagnóstico em diferentes dimensões da família e de Planeamento de

intervenções em diferentes domínios.

Plano de cuidados (sobretudo, de acordo com o modelo de Henriqueta Figueiredo)

COGNITIVO AFETIVO COMPORTAMENTAL

Planeamento familiar ineficaz Domínio cognitivo

Ensino e orientação sobre métodos

constracetivos

Orientar para a contraceção de

emergência se necessário

….

Se a doença da sua mãe se

prolongar, o que acha que a

família vai fazer?

Foco Rendimento familiar

Juízo Insuficiente

Critérios de diagnóstico Rendimento familiar insuficiente

Dimensões Gestão do rendimento familiar de acordo com as despesas do agregado

Juízo Demonstrado/ não demonstrado

Diagnostico de enfermagem Rendimento familiar insufienciente por desemprego de um dos adultos

Intervenções sugeridas nos

domínios

Cognitivo: conhecer os recursos económicos disponíveis

Comportamental: orientar o sr. …

Afetivo

Bibliografia de suporte ás aulas:

Livros de referencia, assinalados com *:

• *HANSON, S. M. H. (2005). Enfermagem de Cuidados de Saúde à Família: Teoria, Prática e

Investigação. Loures: Lusodidacta. ISBN: 9789728383831

• *WRIGHT. L. M. & LEAHEY, M. (2002). Enfermeiras e Famílias: Um guia para avaliação e intervenção na

família. São Paulo: Roca.

Outras leituras sugeridas:

• FIGUEIREDO, M. Henriqueta (2012). Modelo Dinâmico de Avaliação e Intervenção Familiar (MDAIF).

Loures: Lusociencia.

• FIGUEIREDO, MHJS & MARTINS MMFS. (2010). Avaliação Familiar - Modelo Calgary - Prática de

Enfermagem. Ciência Cuidados de Saude. Jul/Set; 9(3), p.552-559

• ANGELO, M. & BOUSSO, R. S. (sd)- Fundamentos da assistência à família em saúde. Manual de

enfermagem [online]. Disponível em : http:www.idssaude. org.br/enfermagem

• STANHOPE, M. & LANCASTER, J. (2011). Enfermagem de Saúde Pública. Loures: Lusociencia. Ver o

capítulo sobre a enfermagem de família: Capitulo 24 - Desenvolvimento da família: Apreciação de enfermagem

da família, p. 574- 604

Apontamentos IEFPT | CLE 2011-2015 | Inês da Conceição Correia, 4313

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