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PUC Minas – ICBS – Curso de Educação Física Disciplina: Atletismo Prof. José Mauro Silva Vidigal 2 / 2012 1 INTRODUÇÃO AO ATLETISMO O Atletismo possui como característica fundamental o fato de ser a sua prática a extensão de movimentos básicos humanos: caminhar, correr, saltar e lançar (ORO, 1983). O Atletismo moderno é a codificação destas ações naturais, sendo o resultado de movimentos culturalmente construídos, apresentando-se através de técnicas racionais bem definidas (GARCIA, 1993). A IAAF (International Association of Atlhetics Federations), sigla em inglês da Associação Internacional das Federações de Atletismo, com sede em Monte Carlo (Mônaco), é o órgão internacional que normatiza os procedimentos para competições de Atletismo. A CBAt (Confederação Brasileira de Atletismo), com sede em Manaus, é o órgão nacional que “traduz” e aplica as normas da IAAF no Brasil. O Atletismo compreende uma grande variedade de eventos (provas) e requer diferentes capacidades e habilidades atléticas de seus praticantes. Esta modalidade divide-se em dois grandes grupos de competições: provas de pista e provas de campo. Os eventos de pista abrangem a marcha atlética e as corridas, e os eventos de campo incluem o grupo das provas de saltos e o das provas de lançamentos. ATLETISMO Pista Campo Marcha Atlética Corridas Saltos Lançamentos • Velocidade • Meio-fundo • Fundo • Rasas • Com barreiras • Com obstáculos • Revezamento • Salto em distância • Salto triplo • Salto em altura • Salto com vara Horizontais Verticais Arremesso do peso Lançamento da pelota Lançamento do dardo Lançamento do disco Lançamento do martelo

Apostila 1 Atletismofiles.efd321.webnode.com.br/200000214-bb4f5bc4b9/Apostila 1... · de movimentos básicos humanos: caminhar, correr, saltar e lançar (ORO, 1983). O Atletismo moderno

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INTRODUÇÃO AO ATLETISMO O Atletismo possui como característica fundamental o fato de ser a sua prática a extensão de movimentos básicos humanos: caminhar, correr, saltar e lançar (ORO, 1983). O Atletismo moderno é a codificação destas ações naturais, sendo o resultado de movimentos culturalmente construídos, apresentando-se através de técnicas racionais bem definidas (GARCIA, 1993). A IAAF (International Association of Atlhetics Federations), sigla em inglês da Associação Internacional das Federações de Atletismo, com sede em Monte Carlo (Mônaco), é o órgão internacional que normatiza os procedimentos para competições de Atletismo. A CBAt (Confederação Brasileira de Atletismo), com sede em Manaus, é o órgão nacional que “traduz” e aplica as normas da IAAF no Brasil. O Atletismo compreende uma grande variedade de eventos (provas) e requer diferentes capacidades e habilidades atléticas de seus praticantes. Esta modalidade divide-se em dois grandes grupos de competições: provas de pista e provas de campo. Os eventos de pista abrangem a marcha atlética e as corridas, e os eventos de campo incluem o grupo das provas de saltos e o das provas de lançamentos.

ATLETISMO

Pista Campo

Marcha Atlética

Corridas

Saltos

Lançamentos

• Velocidade • Meio-fundo • Fundo

• Rasas • Com barreiras • Com obstáculos • Revezamento

• Salto em distância • Salto triplo

• Salto em altura • Salto com vara

Horizontais

Verticais

Arremesso do peso

Lançamento da pelota Lançamento do dardo

Lançamento do disco

Lançamento do martelo

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DA ANTIGUIDADE ATÉ A ERA MODERNA (VIEIRA e FREITAS, 2007:18) Os Jogos Olímpicos da Antiguidade começaram a ser realizados no ano de 776 a.C. e foram promovidos até 393 d.C., quando o imperador romano Teodósio baixou uma proibição radical e suspendeu as competições. Ele era cristão ortodoxo a combatia a ferro e fogo toda e qualquer prática que pudesse motivar cultos não-cristãos, como os torneios olímpicos. Diante de uma política desse gênero, o templo dedicado a Zeus em Olímpia acabou sendo fechado e os Jogos Olímpicos pararam de ser realizados de uma hora para outra, depois de mais de mil anos de tradição, por serem atividades para pagãos. Muito tempo depois, o Barão de Coubertin tratou de resgatar os antigos ideais do esporte e, por sua iniciativa, em 1896 foi realizada a primeira edição dos Jogos Olímpicos da Era Moderna, que teve sede em Atenas. Nessa ocasião, as provas de pista eram apenas cinco – todas vencidas por corredores dos Estados Unidos. Houve disputa nos 110m com barreiras, nos 100m e 400m e também nos 800m e 1.500m. O conjunto de provas de rua incluía apenas a maratona, vencida pelo grego Spiridon Louis. Na edição seguinte dos Jogos, em Paris 1900, um maior número de corridas de pista foi disputado. Somaram-se às cinco anteriores os 60m (logo suspenso), os 200m e os 400m com barreiras, com total hegemonia dos norte-americanos nos pódios de premiação. No grupo das provas de rua, a maratona foi mantida e a vitória coube a um jovem francês de origem simples, Michel Théato, jardineiro, que conhecia como ninguém o trajeto da prova, cuja partida se deu no bosque de Boulogne. O interesse em torno do atletismo era crescente, e nos Jogos de Saint Louis 1904 mais de cem atletas estavam inscritos nas corridas. A maioria absoluta era dos Estados Unidos e,

como era de esperar, foram ele que ficaram com a maior parte das medalhas.

PISTA DE ATLETISMO As provas de marcha atlética e corridas do Atletismo são realizadas na pista oficial, que

possui 400 m de extensão na raia de número “1”. A pista é dividida em oito raias, numeradas de dentro pra fora, ou seja, a raia mais interna é a número “1” e a mais externa, normalmente, é a número “8”. Uma pista oficial de Atletismo possui um mínimo de oito raias na reta e na curva. A pista consiste de duas retas paralelas que medem aproximadamente 90m, e duas curvas com raias iguais, com aproximadamente 110m.

O sentido de corrida na pista na realização das provas é sempre “anti-horário”. A linha de chegada para todas as provas de pista é única. A mesma se encontra no final da “reta principal” ou “reta de chegada”. Esta, por sua vez, é identificada, normalmente, por existir na pista um prolongamento que possibilita realizar as provas de 100m rasos e 100 e 110m com barreiras integralmente em linha reta. A reta contrária a reta principal, é denominada “reta oposta”. A curva que se inicia na linha de chegada é chamada de 1ª. curva (ou curva sul) e a outra é chamada de 2ª. curva (ou curva norte).

Em todas as corridas até e inclusive 400m, cada competidor deve ter uma raia separada com uma largura de 1,22m a 1,25m, marcadas por linhas de 5cm de largura. Todas as raias deverão ter a mesma largura. Para as provas acima dos 100m rasos ou 110 com barreiras, ou seja, para aquelas que possuem um trecho de corrida na curva, é necessário o escalonamento das linhas de partida para compensar as diferenças de extensão das respectivas curvas.

As provas de velocidade são realizadas integralmente nas raiais. As provas de maior distância não são raiadas, ou seja, imediatamente após a partida, os participantes da prova podem dirigir-se às raias mais internas. Contudo, algumas provas (800m e revezamento 4 x 400m) são parcialmente raiadas. Neste caso, o momento inicial das provas é realizado raiado e a parte seguinte é não raiado.

Como apresentado anteriormente, uma pista oficial de Atletismo possui 400m de extensão na raia 1. O aumento da extensão de uma raia em relação à raia imediatamente anterior é de

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aproximadamente 7,20m. Portanto, a raia 2 possui aproximadamente 107,20m, a raia 3 possui algo próximo a 114,40m, e assim por diante. Em função desta diferença nos comprimentos da raias é preciso fazer as devidas compensações no local de saída das provas que possuem percurso na curva, isto por que a chegada de todas as provas se dá no mesmo loca da pista.

No gramado interno são disputadas as provas de saltos e lançamentos. Informações técnicas completas sobre a construção de pistas de Atletismo, sua disposição

e marcações, estão contidas no Manual da IAAF sobre instalações de Atletismo. Este Manual apresenta os princípios básicos que devem ser respeitados.

Reta de chegada ou reta principal.

Reta oposta.

1ª. curva. 2ª. curva.

Linha de chegada de todas as Saída das provas realizadas

somente na reta (ex.: 100 m) – competidores em uma única linha.

Saída das provas com parte do percurso na curva (ex.: 200 e 400 m) – escalonamento para a compensação da(s) curva(s).

Sentido de corrida na pista: anti-horário.

No campo de Atletismo são realizadas as provas de saltos (em distância, triplo, altura e com vara), e lançamentos (do dardo, disco e martelo, e arremesso do peso).

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MARATONA A maratona é a prova oficial mais longa do Atletismo, com um percurso de 42.195 m. Não se sabe, com certeza, se o fato mais comumente apresentado em relação à sua origem é verdade ou lenda. Contudo, segundo o que é verificado em diversas referências bibliográficas, a maratona foi inspirada no trágico episódio de Philípides (ou Pheidípides) em 490 a.C., que teria percorrido aproximadamente 40 km para levar a notícia da vitória de Atenas sobre a Pérsia na Batalha da Planície de Maratona. Ao chegar a Atenas, ele teria dito apenas uma palavra – “vencemos” – caindo morto de esgotamento em seguida. Não existe prova deste fato, mas a história era boa e inspirou a competição que foi realizada pela primeira vez na Olimpíada de 1896 em Atenas. Nesta primeira edição, a maratona foi vencida por Spiridon Louis com o tempo de 2h58min50s. A partir daí, a prova foi disputada em outros Jogos Olímpicos com a distância próxima dos 40 km. Em 24 de julho de 1908, nos Jogos Olímpicos de Londres, o percurso da Maratona sofreu uma alteração. Para que a família real britânica pudesse assistir ao início da prova do jardim do Castelo de Windsor, o comitê organizador aferiu a distância total em 42.195 m, distância esta mantida até hoje. Nos Jogos Olímpicos, há registros de histórias bizarras e curiosas envolvendo a maratona. Encontra-se um pouco de tudo: atletas que correram descalços, que pagaram carona de carro para pode cumprir o percurso e foram desclassificados, que caíram no caminho e até mesmo que foram “agredidos” enquanto cumpriam o percurso. Esse último fato é recente e envolveu o brasileiro Vanderlei Cordeiro de Lima, medalha de bronze em Atenas 2004 que obteve o melhor resultado do país até o momento. (VIEIRA e FREITAS, 2007) A maratona é uma prova clássica dos Jogos Olímpicos que tem conseguido popularidade nas grandes cidades, levando centenas de pessoas às ruas. Atualmente, os recordes são: - mundial: - brasileiro: Tal qual a maratona, tornou-se popular, também, a meia-maratona, com 21.097,5 m. Estas duas denominações referem-se a corridas de rua (ou de pista e rua) com distância fixa. As demais possuem distâncias variáveis e chamam-se corridas rústicas.

2:03.59 Haile Gebrselassie KEN Berlim/GER

2:15.25 Paula Radeliffe GBR London/GBR

2:06.05 Ronaldo da Costa Berlim/GER

2:27:41 Carmem Furtado Boston/USA

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As Olimpíadas de Atenas realizadas em 2004 tiveram como um de seus aspectos de destaque, o fato de, após 108 anos, as Olimpíadas modernas ter voltado ao seu berço. A maratona especificamente foi realizada em seu trajeto original: a largada aconteceu na cidade de Marathon e teve sua chegada no Estádio Panatenaico em Atenas, local onde foram realizados os primeiros Jogos da Era Moderna em 1896. A maratona é o evento que convencionalmente encerra cada um dos Jogos Olímpicos.

MARCHA ATLÉTICA e CORRIDAS

1. Considerações Gerais

A marcha e a corrida são as formas mais comuns de deslocamento do ser humano.

São considerados movimentos naturais e fazem parte das ações técnicas realizadas na maioria dos esportes. Atividades fáceis de serem praticadas, não necessitam de equipamentos especiais, não exigem dos praticantes muitas medidas complementares e são acessíveis a quase todas as pessoas.

As corridas, por serem atividades utilitárias por excelência, de rápido emprego, de fácil realização e de grandes e profundos efeitos gerais sobre o organismo, são sempre recomendáveis em se tratando de atividade física de lazer, para a saúde ou como treinamento. A corrida realizada de forma regular e sistemática é uma das formas de exercício físico que melhor satisfaz, no geral, as necessidades do organismo. A sua prática melhora as condições de funcionamento dos sistemas respiratório, cardíaco e circulatório, exercitando um grande número de músculos.

No contexto do Atletismo, a marcha e a corrida são entendidas como práticas esportivas específicas, apresentando algumas normatizações e técnicas. 2. Diferenças entre o andar e o correr

Andar: não há interrupção do contato do corpo com o chão – um dos pés está sempre

realizando este contato, havendo, inclusive, um momento de duplo apoio com a superfície. Correr: nesta ação somente um dos pés estará em contato com o solo, sendo que,

em função da intensidade do impulso, aparece a fase aérea (momento em que os dois pés não têm contato com o solo).

Portanto, a diferença essencial entre a marcha e a corrida é a ausência de um período de duplo apoio e a presença de um período de vôo no qual nenhum dos pés está em contato com o solo. Por essa razão, a corrida pode ser descrita como uma sucessão de saltos nos quais o corpo se apóia alternadamente. Contudo, para se obter uma maior velocidade característica da corrida deve-se exercer uma força muito maior na direção horizontal. A força vertical também aumenta, mas não numa proporção tão grande. (RASCH e BURKE, 1987)

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3. Passo e Passada Os termos passo e passada têm sido usados por diferentes profissionais para dizer a mesma coisa. Contudo, a passada deve ser entendida como o ciclo do contato do pé até o contato do mesmo pé, ou seja, intervalo entre os sucessivos contatos do mesmo pé. O passo, por sua vez, é a unidade que consiste de dois contatos consecutivos de pés diferentes, sendo, portanto, a metade de uma passada. 4. Padrão de Caminhada O ciclo de caminhada (ciclo da marcha) é a distância percorrida por dois “toques” do calcanhar do mesmo pé (passada) e consiste de duas fases básicas: fase de balanço (oscilante) e fase de apoio. De modo geral, quando uma perna está na fase de balanço, a outra está na fase de apoio. A fase de balanço inicia-se quando o pé ou os artelhos de uma perna deixam a superfície de apoio e termina quando o calcanhar ou o pé da mesma perna volta a entrar em contato com o solo. Nesta fase, a perna se desloca no ar com um movimento similar ao do pêndulo. A fase de apoio começa quando o calcanhar, primeiramente, entra em contato com o solo e termina quando os dedos do pé elevam-se da superfície.

Além das fases de balanço e de apoio, em curto período de tempo, no ciclo da caminhada, ambos os pés estão em contato com o solo. Isso é chamado de período de apoio duplo e constitui uma das principais características que diferencia a caminhada da corrida. 5. Marcha Atlética Prova do Atletismo na qual a progressão é executada de tal modo que o marchador mantenha sempre um dos pés no solo, não podendo ocorrer a perda do contato com o mesmo. A perna que avança deve estar reta, isto é, não flexionada no joelho, do primeiro contato com o solo até a posição vertical. Esta prova é considerada por muitos como a prova mais estressante do Atletismo devido aos movimentos executados ininterruptamente e às distâncias percorridas. As provas de marcha atlética consideradas oficiais são 10 km feminino e 20 e 50 km masculino. De acordo com a CBAT/IAAF (2002/2003), a marcha atlética é uma progressão de passos executados de tal modo que o marchador deverá manter um contato contínuo com o solo, não podendo ocorrer, pelo menos aos olhos humanos, a perda do contato com o mesmo. A perna que avança deve estar reta, isto é, não flexionada no joelho, desde o primeiro contato com o solo, até a posição ereta vertical.

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Fonte – BALLESTEROS (1992:50) – Manual de Entrenamiento Basico – IAAF.

Curiosidade Recordes da marcha atlética: Recorde mundial masculino:

20km Marcha (rua) 1h17:16 Vladimir Kanaykin 29/09/2007

50km Marcha (rua) 3h34:14 Denis Nizhegorodov 11/05/2008

Recorde mundial feminino:

20km Marcha (rua) 1h25:08 Vera Sokolava 26/02/2011

Recorde brasileiro masculino:

20km Marcha (rua) 1h19:56 Sérgio Vieira Galdino 14/05/1995

Recorde brasileiro feminino:

20km Marcha (Rua) 1h33.23 Tânia Regina Spindler 11/05/2008

Os recordes apresentados acima possibilitam concluir que são alcançadas

velocidades médias próximas a 14 km/h. 6. Corrida A corrida pode ser considerada como um prolongamento natural da caminhada. Esta forma de locomoção humana caracteriza-se pela alternância de uma fase de apoio e

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uma fase de vôo ou aérea em cada passo, na qual o corpo fica sem contato com a superfície de apoio. Esta fase de vôo é o que distingue mais prontamente a caminhada da corrida. Cada passo da corrida consiste de três fases: apoio (contato), impulso e vôo (recuperação). 6.1 Mecânica da corrida Embora pareça um ato simples, pois todos correm desde pequenos sem que se tenha a preocupação com o “como” está correndo, a corrida tem princípios mecânicos básicos que, quando observados, contribuem para um melhor desempenho. O padrão bem desenvolvido da corrida é fundamental para a participação bem sucedida em muitas atividades esportivas. A fim de facilitar a análise da mecânica da corrida, serão apresentados alguns de seus movimentos por partes, ressaltando, porém, que a corrida é uma ação sincronizada de todo o corpo. 6.1.1 Apoio Acontece ao se realizar o contato com o solo, em função do movimento descendente da perna. O pé dianteiro desce para apoiar-se no solo (sendo o contato do pé feito segundo a velocidade desenvolvida pelo atleta), ao tempo que se flexiona o joelho ligeiramente (“amortecimento”) preparando o impulso; enquanto que o joelho oposto avança flexionando-se consideravelmente (também em função da rapidez da ação da corrida), para ultrapassar a perna de apoio e continuando o movimento para frente durante este período em que a perna de apoio passa a ter a tarefa do impulso. Em uma corrida de curta distância, na qual a velocidade é intensa, o contato dos pés com o solo é realizado com a parte anterior do pé por um período de tempo muito curto, enquanto que, em uma corrida de longa distância, onde a velocidade é muito menor, o contato é feito com um ligeiro predomínio inicial do calcanhar e, sendo assim, com uma maior duração do contato. A ação dos braços também modifica seu sentido depois de um momento de máximo relaxamento em que ambos coincidem nos lados do corpo, enquanto que a cabeça deverá acompanhar a linha do tronco com o olhar dirigido para frente e ligeiramente para baixo. 6.1.2 Impulso A fase de impulso ocorre, obviamente, durante o apoio do pé na superfície, sendo esta organização das fases para fins de análise. Durante o apoio, a perna absorve o impacto do golpe do pé, sustenta o corpo e mantém a movimentação adiante enquanto acelera o CG, quando a perna proporciona o impulso para projetar o corpo à frente. A fase de impulso se caracteriza pela extensão das articulações do tornozelo, joelho e quadril, resultando num período de aplicação de força contra o solo, para frente e para cima. Ao tempo que a outra perna atua flexionada adiante e acima, provocando um acréscimo de forças. A máxima extensão da perna de impulso irá coincidir com a maior elevação da coxa e joelho da perna livre. Os braços se movem compensando o movimento das pernas e inversamente às mesmas, ou seja, o braço correspondente à perna que avança vai para trás e vice-versa. Coincidindo o máximo de sua ação com o momento final da impulsão, de forma que quando o cotovelo se encontra mais atrás, o joelho correspondente alcança maior elevação. Em sua oscilação (ligeiramente convergente para o peito – linha média do corpo), forma um ângulo aproximado de 90º entre o braço e o antebraço. A intensidade do movimento das pernas e braços, assim como a sua amplitude, é diretamente proporcional à velocidade da corrida.

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6.1.3 Vôo A projeção para frente provocada pelo impulso se manifesta na parábola descrita pelo CG uma vez terminado o contato com o solo, sendo esta fase de perda de velocidade. Na fase de vôo, verifica-se o início da recuperação da perna que executou o impulso. O pé de impulso se eleva para trás, enquanto a outra perna se estende à frente, começando sua descida com uma tração ativa sobre o solo, à medida que a perna atrasada se flexiona cada vez mais e os braços iniciam seu balanceio em direção contrária. Todo este ciclo pode ser considerado como de relaxamento durante o vôo e constitui o maior deslocamento. 6.2 Ação dos braços na corrida Os braços na corrida visam, sobretudo, a manutenção do equilíbrio do corpo. Eles são mantidos durante toda a sua trajetória, flexionados na articulação do cotovelo em um ângulo próximo a 90º. A movimentação dos braços é feita lateralmente ao tronco, cruzando ligeiramente o plano frontal, sem ultrapassar consideravelmente o nível dos ombros quando vai à frente, sendo importante manter as mãos e os punhos sempre descontraídos. Em relação aos movimentos das pernas, os braços são movimentados alternadamente, isto é, quando a perna direita vai à frente, o braço esquerdo também vai e vice-versa. Portanto, os braços são usados em oposição às pernas. Em corridas de fundo não há necessidade de um movimento vigoroso dos braços como nas de velocidade. 7. Corrida de Competição A corrida de competição requer por parte do atleta o domínio de gestos técnicos apurados com a finalidade de proporcionar um ótimo desempenho em relação aos aspectos mecânicos e energéticos. 7.1 Fatores básicos

A velocidade desenvolvida pelo corredor será considerada tendo como referência a velocidade média (Vm) e esta dependerá do tempo utilizado para percorrer a distância estabelecida para a prova. Outra forma de mensurar a Vm é através da freqüência e da amplitude dos passos. Pesquisas demonstraram que as pessoas aumentam a Vm da corrida em função do aumento do comprimento do passo (cp) e do aumento da freqüência dos passos (fp). Contudo, verifica-se que o cp apresenta uma tendência em alcançar um platô em altas

DISTÂNCIA TEMPO

VELOCIDADE MÉDIA

COMPRIMENTO DO PASSO FREQUÊNCIA DO PASSO

IMPULSO VÔO CONTATO TEMPO NO SOLO TEMPO NO AR

v = d / t v = cp x fp

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velocidades. A fp, conseqüentemente, tende a apresentar uma maior contribuição em altas velocidades. Portanto, em relação a esta análise, pode-se observar que a freqüência é, também, um fator determinante do desempenho do corredor de velocidade. 7.2 Considerações para a corrida em velocidade elevada (com esforço máximo) Durante o impulso deve ocorrer uma potente contração dos músculos extensores do quadril, joelho e tornozelo (flexão plantar), e no seu limite possível, ficando, portanto, totalmente estendida, isto visando obter um comprimento ótimo do passo. Já na fase de vôo ou recuperação, o corredor flexiona o joelho para que o calcanhar da perna em recuperação chegue muito próximo da nádega. A seguir, o joelho é projetado para frente até que a coxa fique praticamente paralela com a superfície da corrida. Essa posição alta da perna livre é alcançada normalmente no momento em que o pé de apoio está deixando a superfície. Enquanto o corpo está no ar, o joelho da perna da frente é estendido, permitindo ao pé descer na direção da superfície da corrida. O corredor não coloca o pé muito adiante de seu CG a ponto de produzir um efeito de frenagem. Em relação a este último aspecto, no instante em que o pé tocar o solo, o CG do corredor deverá estar posicionado acima deste, permitindo que o mesmo execute a ação de empurrar o solo para trás e não puxar o solo para trás, o que diminuiria o movimento eficiente do CG para frente (CARNAVAL, 2000). Os braços trabalham com os cotovelos flexionados em 90º e desenvolvem uma vigorosa ação de “bombeamento” no sentido ântero-posterior do corpo, sendo ligeiramente direcionados para a linha média, porém, sem atravessá-la, favorecendo o momento (momentum) para frente. Na movimentação anterior, ou seja, na flexão do ombro, a mão atingirá a altura dos ombros, podendo ultrapassá-lo um pouco, alcançando a altura da boca. Na movimentação posterior, extensão do ombro, ao estar na posição mais atrasada, a mão atingirá a altura do quadril. Carnaval (2000) cita que no início de uma prova de velocidade, o atleta inclina seu tronco muito à frente devido à reação do solo às forças imprimidas por ele no bloco de partida. À medida que a corrida avança, o atleta não tem mais condições de imprimir grandes forças no solo, como no momento da largada e, por isso, diminui a inclinação do tronco à frente.

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7.3 Quadro sinóptico das características técnicas básicas das corridas

Corridas com

Velocidade Elevada Corridas com

Velocidade Média Corridas com

Velocidade Moderada Posicionamento da cabeça

Estável – fixa – no prolongamento do tronco – olhar direcionado à frente e um pouco para baixo.

Posição no tronco Inclinado à frente no trecho inicial. Na vertical. Na vertical.

Movimentação dos braços – plano frontal

Os braços cruzam muito pouco o corpo no plano frontal – braços paralelos.

Reduzido cruzamento dos braços no plano frontal.

Cruzamento considerável dos braços no plano frontal.

Movimentação dos braços no plano sagital (movimentos laterais em relação ao tronco)

Grande amplitude. Média amplitude. Pequena amplitude.

Ângulo entre o antebraço e braço 90º. Ângulo pouco menor

que 90º. Menor angulação dos braços.

Contato dos pés no solo (direcionados p/frente) Contato pela ponta do pé. Contato pela parte

medial e ponta do pé.

Apoio passando pelo calcanhar, planta e ponta do pé.

Movimentação do calcanhar (perna livre)

Alto – próximo ao glúteo – movimento circular.

Movimento intermediário.

Menor elevação – movimento pendular.

Elevação da perna livre à frente do corpo (elevação dos joelhos)

Próximo à horizontal (aproximadamente 80º).

Aproximadamente 70º. Elevação superior às corridas de fundo.

Menor elevação.

Impulsão (intensidade da força de impulso)

Muito forte (com máxima intensidade). Forte. Média.

Distância percorrida durante a fase de suspensão (comprimento dos passos)

Masc.: ≅ 2,40m. Fem.: ≅ 2,0m. Grande comprimento.

Masc.: ≅ 1,70m. Fem.: ≅ 1,50m. Médio comprimento.

Masc.: ≅ 1,30m. Fem.: ≅ 1,10m. Pequeno comprimento.

Freqüência dos passos Muito alta. Alta. Média. Figura: As figuras ilustram alguns elementos referentes à técnica usada em diferentes velocidades de corridas. 7.4 Respiração durante a corrida A respiração durante a corrida deverá acontecer naturalmente. Não é necessária qualquer preocupação adicional com a quantidade de ar a ser inspirado, visto que o nosso organismo possui mecanismos que controlam a maior ou a menor necessidade de captação de oxigênio.

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“Com um exercício mais intenso, o aumento no volume corrente começa a alcançar um platô com cerca de 60% da capacidade vital; a ventilação minuto aumenta ainda mais através de aumentos na freqüência respiratória. Essas ajustagens se processam inconscientemente. Cada pessoa desenvolve um ”estilo” de respiração no qual a freqüência respiratória e volume corrente se combinam para proporcionar uma ventilação alveolar eficiente. Qualquer tentativa consciente de modificar a respiração durante as atividades físicas em geral, como correr, não é benéfica em termos de desempenho. A manipulação consciente da respiração costuma ser prejudicial para os ajustes fisiológicos regulados magistralmente e induzidos pelo exercício. Em repouso e durante o exercício, a pessoa sadia deve respirar da maneira que parece mais natural.” (MAcARDLE, KATCH & KATCH, 1998). 8. Corridas Oficiais do Atletismo • 100 m rasos • 200 m rasos • 400 m rasos • 800 m rasos • 1.000 m rasos • 1.500 m rasos • 1 milha (1.609 m) • 2.000 m rasos • 3.000 m rasos

• 5.000 m rasos • 10.000 m rasos • 100 m com barreiras (fem) • 110 m com barreiras (masc) • 400 m com barreiras • 3.000 m com obstáculos • Revezamento 4x100 m • Revezamento 4x400 m • Maratona (42.195 m)

9. Classificações das Corridas

As corridas classificam-se quanto ao local de realização, à participação na prova, à

característica principal, ao balizamento e ao esforço fisiológico (extensão do percurso/velocidade na prova). 9.1 Característica principal – “Natureza” da prova

• Provas rasas – realizadas em pista de Atletismo sem obstáculos. • Provas com barreiras – realizadas em pista de Atletismo, em raias marcadas, com

10 barreiras colocadas em cada raia. • Provas com obstáculos – realizadas em pista de Atletismo com 5 obstáculos

artificiais comuns aos corredores. • Provas de revezamento – realizadas normalmente em grupos de 4 atletas por

equipe, todos percorrendo trechos iguais e sendo realizada a passagem de um bastão entre os integrantes. Contudo, existem outras formas de revezamento como, por exemplo, o revezamento medley, onde os atletas correm distâncias diferentes: 1º.: 100m; 2º.: 200m; 3º.: 300m; e o 4º.: 400m. Esta prova de revezamento é, atualmente, oficial para a categoria de 16 e 17 anos (menores).

9.2 Local de realização

• Corrida de pista – Ex: 100m rasos, 110m c/barreiras e 1.500m rasos. • Corrida de rua ou campo – Corridas realizadas em estradas e terrenos variados –

corridas de rua, cross country (prova realizada através de bosques, campos, trilhas, parques, gramados); o percurso destas provas também são variados: subidas, declives, areia, poças d’água, etc.

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• Corrida “mista” (pista e rua) – Ex: maratona olímpica. 9.3 Participação na prova

• Corrida individual – Ex.: 200m rasos, 400m c/barreiras e 5.000m rasos. • Corrida coletiva – Ex.: revezamentos 4x100m e 4x400m.

9.4 Balizamento

• Corrida raiada – Todo o percurso é feito no interior da mesma raia – Ex: 100m rasos e 110m c/barreiras (provas até os 400m).

• Corrida parcialmente raiada – Somente parte do percurso é realizado no interior de uma mesma raia – Ex: 800 m rasos e revezamento 4x400m.

• Corrida não raiada – Corrida com raia livre – Ex.: 1.500m e 5.000m (provas de 1.500m em diante).

9.5 Esforço fisiológico – Extensão do percurso/Velocidade na prova – Intensidade da prova Fontes energéticas A execução dos diversos e complexos movimentos da corrida é possível devido a ação dos músculos sobre o sistema locomotor passivo (os ossos). Para que os músculos contraiam é necessário o envio de estímulos nervosos e a liberação de energia química. A energia utilizada no mecanismo de contração muscular é proveniente da composição da molécula de ATP (trifosfato de adenosina). A degradação do ATP libera a energia necessária à contração muscular.

A produção de ATP e, sendo assim, da energia para a atividade muscular, é gerada através da interação de três sistemas metabólicos: (1) ATP-CP – sistema dos fosfagênios armazenados ou anaeróbio alático; (2) glicólise anaeróbia ou anaeróbio lático; e (3) metabolismo oxidativo ou aeróbio.

Observações sobre as vias: - anaeróbias – quando não há oxigênio suficiente à disposição da célula e as

reações químicas ocorrem sem sua participação; e - aeróbias – quando as reações químicas ocorrem com a participação do oxigênio.

Sistema ATP-CP - Sistema anaeróbio alático Da utilização da molécula de ATP para o fornecimento de energia para a contração muscular resultam os componentes ADP (difosfato de adenosina) e P. A ressíntese do ATP irá ocorrer a partir da energia liberada na quebra da fosfocreatina (CP), composto de alta energia que funciona como reserva imediata para a recomposição da molécula de ATP. Contudo, a CP é esgotada rapidamente, sendo suficiente somente para poucos segundos de exercício intenso (vigoroso).

Figura: O ATP pode ser ressintentizado através da ligação fosfato inorgânico (Pi) à adenosina difosfato (ADP) com a energia derivada da creatina-fosfato.

Creatina

quinase

Creatina fosfato

Creatina

Pi

Energia

ADP

Pi

ATP

ATP ↔ ADP + P + Energia

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A reação apresentada na Fig. acima ocorre em presença de enzimas e tão rapidamente quanto a depleção do ATP na contração muscular, sendo interrompida pelo esgotamento da reserva de PC, que existe em menor quantidade que o ATP no organismo. A ressíntese da CP necessita de energia liberada na quebra de moléculas de ATP que serão produzidas nas vias químicas metabólicas (vias aeróbias). Somente após o término do exercício é que a reserva de CP será reconstituída, pois o ATP produzido durante o exercício físico será utilizado nas contrações musculares. As vias químicas metabólicas de produção de ATP se diferenciam do sistema anaeróbio alático pelo fato de utilizarem moléculas de gordura, carboidratos e ou proteínas para produzir ATP. A metabolização destes nutrientes acontecerá no interior da célula muscular através de duas vias distintas: via anaeróbia ou glicólise e via aeróbia. Sistema da glicólise anaeróbia – Sistema anaeróbio lático Esta via utiliza a glicose ou o glicogênio (forma em que a glicose se encontra armazenada no fígado e no músculo) para a produção de ATP. Moléculas de glicose e glicogênio serão depledadas através de uma série de reações químicas catalisadas por enzimas. Ocorrendo este metabolismo com O2 insuficiente, a degradação será incompleta, resultando em 4 ATPs e lactado. O lactado, quando acumulado em grandes quantidades no organismo, pode causar fadiga muscular (acidose metabólica) e diminuição da capacidade de desenvolver força. Em outras palavras, este fato poderá acarretar a diminuição da intensidade do exercício ou a sua interrupção. Sistema aeróbio Caracteriza-se pela utilização do O2 nas reações químicas de desdobramento das moléculas de glicose ou de glicogênio e de ácidos graxos livres até CO2 e H2O, produzindo ATP. Na oxidação da glicose ou do glicogênio ocorre as mesmas reações que na via anaeróbia lática, até a formação do ácido pirúvico, o precursor do ácido lático. Esse em presença de oxigênio suficiente nas células irá passar para o interior da mitocôndria e através de um complexo processo (ciclo de Krebs) irá ter como produto final: ATP, CO2 e H2O. Integração das vias energéticas Em atividades de reduzida intensidade como, por exemplo, caminhar, o ATP necessário às contrações musculares é produzido aerobiamente, pois, o sistema de transporte de oxigênio supre as necessidades das células. Em atividades de intensidade máxima e curtíssima duração, como corridas de 100 e 200m, a via predominante é a anaeróbia alática. Sendo a intensidade elevada e a duração um pouco mais prolongada, como nas corridas de 400 e 800m, a via anaeróbia lática irá predominar. Já em atividades onde a duração oscila entre aproximadamente 2 e 4 minutos, como nas provas de 1000 e 1500m, haverá a contribuição significativa da via anaeróbia como da aeróbia. Após o término do exercício o consumo de oxigênio permanece relativamente alto e vai reduzindo até voltar ao nível de repouso.

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Gráfico: utilização das vias energéticas em provas do Atletismo. O ANEXO 1 apresenta dois quadros contendo possibilidades de classificação das

corridas no Atletismo. Após a apresentação desta classificação das provas atléticas associadas à duração

do esforço e sistema energético predominante durante sua realização, se tem uma melhor visualização das fontes de energia que sustentam o atleta. 10. Saídas

• Tipos de saídas: - de pé – alta; - agachada – baixa – com bloco – em 5 apoios (estas denominações referem-se a

único tipo de saída). • Saída em 5 apoios: utilizada nas provas rápidas. Nas corridas de 100m, 200m,

400m, 110m c/barreiras, 400m c/barreiras e para os revezamentos 4x100m e 4x400m, são realizadas partidas com a utilização dos blocos (obrigatoriamente).

A intensidade e a duração do exercício determinarão a via energética predominante para a produção de ATP.

Exercício muito intenso de curta duração

Energia deriva das reservas de ATP-CP intramusculares – CP é utilizado para ressintetizar o ATP. Sistema imediato de produção de energia.

Exercício intenso de maior duração

Exercício de longa duração

Energia deriva das reações anaeróbicas da glicólise. Sistema de produção de energia a curto prazo.

Energia deriva das reações aeróbicas. Sistema de produção de energia a longo prazo.

0%

20%

40%

60%

80%

100%

Sistema Aeróbico

Sistema Anaeróbico Lático

Sistema Anaeróbico Alático

100m 400m 1500m 10000m

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• O uso de bloco de partida é obrigatório em competições oficiais nas provas até 400m, incluindo as provas de revezamento 4x100 e 4x400m.

• Nas corridas de 800m em diante é empregada a saída alta. • Blocos de partida – segue-se algumas considerações sobre os blocos de partida:

- construídos de madeira ou metal; - utilizados pelo atleta na partida das corridas de velocidade intensa e prolongada; - finalidade de fazer com que o atleta alcance maior velocidade num menor

intervalo de tempo ou espaço percorrido – aceleração mais rápida do corpo; - são fixados na pista e regulados pelo próprio atleta; - os locais de apoio dos pés possuem uma inclinação – melhor apoio para os pés

– apoio dianteiro com menor inclinação que o traseiro. • Fases específicas da partida alta – comandos do Juiz de Partida:

� “Às suas marcas”; � tiro (sinal de partida).

• Fases específicas da partida com emprego do bloco – comandos do Juiz de Partida: - fase preparatória: colocação e ajustagem do bloco. - fase de execução:

� “Às suas marcas”; � “Prontos”; � (sinal de partida), tiro.

• Posicionamento do corpo no bloco: - pé dianteiro – perna de impulsão; - pé traseiro – perna de apoio; - para determinar a distância do apoio dianteiro em relação à linha de partida, usa-

se medir a distância entre os ombros e os quadris; e a distância do apoio traseiro será tal que o pé de apoio esteja posicionado próximo à extremidade do pé de impulso;

- ao adotar a posição em 4 apoios (adotado a partir do comando “prontos”), o joelho da perna de impulso deverá estar com um ângulo próximo a 90º e o joelho da perna de apoio com um ângulo próximo a 120º;

- após a execução da regulagem inicial do bloco, realiza-se uma série de saídas com a finalidade de determinar qual a posição em que o corredor melhor se adapta e obtém as saídas mais rápidas (as distâncias finais devem ser registradas – através de uma trena, em pés, dedos, etc.);

- após o comando de “Às suas marcas!”, o atleta se posicionará no bloco e ficará apoiado em 5 partes, a saber: as duas mãos (dedos indicadores e polegares próximo à linha de partida), as pontas dos dois pés e o joelho da perna de apoio (de trás). Nessa posição o dorso deverá ficar reto, os braços estendidos, com afastamento um pouco maior que a largura dos ombros, a cabeça no prolongamento do tronco;

- após o comando de “Prontos”, o corredor levanta-se ligeiramente sobre as pernas, o joelho da perna de apoio deixa o solo, os quadris são movimentados para cima e para frente, ficando ligeiramente mais altos que os ombros. O CG é deslocado para frente e o equilíbrio é mantido com o auxílio dos braços bem estendidos.

• Considerações sobre o momento da partida com uso do bloco: - no “Prontos”, o atleta deve estar concentrado no movimento a ser executado.

Concentrado no “tiro” haverá sempre frações de segundo de atraso até que a resposta do cérebro atue sobre os membros para iniciar a corrida;

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- no “tiro”, o atleta estende as pernas bruscamente. A perna da frente (impulsão) por sua extensão, aumenta a velocidade da queda para frente, determinada pelo abandono do apoio das mãos e pela projeção do CG para frente. A perna de trás (apoio) que só participou do impulso durante um tempo muito curto é levada rapidamente à frente.

• Em síntese, a partida é constituída pelas seguintes fases: - na posição “às suas marcas” o atleta tem de se colocar nos blocos de partida e

adotar a posição inicial em 5 apoios; - na posição “prontos” o atleta move-se colocando-se na posição de 4 apoios –

posição ideal para a partida; - na fase de partida propriamente dita o atleta deixa os blocos e dá o primeiro

passo da corrida; e - na fase de aceleração o atleta aumenta a velocidade e faz a transição para a

corrida de velocidade máxima. 11. Chegada

Esta corresponde à última fase das corridas. Sendo que para as corridas de velocidade, é tão importante quando as anteriores. Item regulamentar: “Os competidores devem ser classificados na ordem em que qualquer parte de seu tronco (ficando excluídos: cabeça, pescoço, braços, pernas, mão ou pés) atinjam o plano vertical que passa pela borda anterior da linha de chegada”. Existem algumas técnicas de chegada: chegada normal, chegada com projeção do ombro para frente e a mais utilizada, chegada com projeção do tronco para frente. Procedimentos importantes:

• passar correndo com a máxima velocidade pela linha de chegada – deve-se imaginar que o final da corrida se dá alguns metros adiante do local real – assim o corredor transpõe a linha de chegada sem diminuir a velocidade;

• na chegada com projeção do tronco para frente, ao se aproximar da linha de chegada, o corredor inclina o tronco, de modo que esta parte do corpo atinja antes o objetivo final.

12. Corridas de Velocidade

As corridas de velocidade têm como principais características o trabalho em

distâncias e tempos relativamente reduzidos e, sendo assim, visando esforços altíssimos. O objetivo visado em todas as provas de corridas é o de maximizar a velocidade durante o percurso da mesma. Especificamente nas corridas de velocidade, o corredor deve se concentrar em conseguir alcançar e manter a velocidade desenvolvida com esforço máximo.

As corridas de velocidade são provas que exigem ao mesmo tempo velocidade “pura” (tempo de reação, velocidade de ação, velocidade de aceleração e velocidade freqüencial) e resistência de velocidade. A resistência de velocidade permite que se mantenha a velocidade (máxima ou próxima da máxima) durante um tempo mais prolongado. Em síntese, pode-se colocar que as corridas de velocidade são constituídas pelas seguintes fases: partida – aceleração (visando o alcance da velocidade máxima) – manutenção da velocidade máxima – desaceleração (em esforços máximos ou muito próximo do máximo, esta fase acaba por acontecer, porém, visa-se ter a menor perda possível) – chegada.

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São consideradas provas de velocidade: 100, 200, 400 e 800m rasos, 100m com barreiras (fem.), 110m com barreiras (masc.) e 400m com barreiras (fem. e masc.), e os revezamentos 4x100 e 4x400m.

Em relação às provas e velocidade prolongada (400 e 800m), tem-se que na maioria dos casos, um bom corredor nos 800m rasos também o é nos 400m, mas nem sempre é um verdadeiro corredor de 1500m. Isto porque um corredor que tenha um tempo de 1min50s nos 800m, pode fazer os 400m próximo de 50s sem uma preparação especial para isto; da mesma forma que um bom corredor de 400m rasos também consegue boa marca para os 800m, logo nas primeiras tentativas. Portanto, além da grande capacidade de resistência anaeróbica, também é preciso ser veloz para se poder almejar conquistas neste t ipo de prova. Outro aspecto importante a ser considerado é o tático; no caso desta prova (800m), os últimos 300-200m são decisivos; portanto, torna-se necessário dosar bem as energias até o final da prova, mas tendo o cuidado de não deixar que o adversário se coloque muito à frente nos primeiros 500-600m da prova. Desta forma, além da resistência utilizada no decorrer da prova, é preciso que essa mesma resistência também seja suficiente para que o corredor possa servir-se dela a fim de desenvolver toda a sua velocidade no final. Ainda em relação à prova de 800m, é importante ressaltar que a mesma pode ser classificada como de meio-fundo “curto” ao se fazer uma análise com a prova de 1.500m e 3.000m.

As provas com barreiras e as de revezamento serão enfatizadas neste item. 12.1 As corridas com barreiras

• Provas: 100m fem. – 110m masc. – 400m fem. e masc. • Alturas e distâncias para colocação das barreiras na pista

estão estipuladas nas regras do Atletismo. • Considerações sobre a barreira:

- a barreira deve ser feita de tal forma que para derruba-la seja necessário uma força equivalente a aproximadamente 4kg aplicada no centro da borda de cima da barra superior. Neste sentido, a barreira dispõe de contrapesos. A barreira deve ser ajustável quanto à altura exigida para cada prova.

• Para fins didáticos a corrida com barreiras pode ser dividida em 6 fases: - partida; - abordagem (ataque) da barreira; - passagem sobre a barreira; - apoio após a passagem; - corrida entre as barreiras; e - corrida final para a chegada.

• Observações: - todas as corridas devem ser disputadas com raias marcadas, devendo os

competidores se manterem em suas raias durante todo o percurso; - a barreira deve ser “passada” e não “saltada”.

Partida

• Distância até a 1a. barreira – número de passos são pré-definidos; são comuns 7 ou 8 passos até a 1ª. barreira.

• Posição dos apoios dos pés no bloco de partida: algumas vezes a posição empregada nas provas rasas não permite que o atleta atinja a 1ª. barreira com a

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perna preferencial de abordagem. Nesse caso, é mais aconselhável que se mude a posição dos pés no bloco ao invés de mudar a perna de abordagem.

• Forma prática de definir o posicionamento dos pés no bloco: se o atleta executa um número ímpar de passos para percorrer a distância do bloco à 1ª. barreira, ele deve colocar a perna de abordagem (ataque) no apoio da frente (perna de impulsão). E, se o atleta executa um número par de passos para alcançar a 1ª. barreira, ele deve colocar a perna de abordagem no apoio de trás (perna de apoio).

Abordagem

• A perna de abordagem (ataque) deve se elevar estendida. • A perna de impulsão só deixará o solo depois de totalmente

estendida. Isso evita que o atleta dê um salto, ocasionando perda de velocidade.

• Na prova de 400m deve-se preparar o atleta para que faça a abordagem com uma e outra perna. Um dos fatores para tal procedimento é que nas curvas o corpo estará inclinado para a esquerda e a perna direita que irá passar flexionada sobre a barreira, irá fazê-lo com maior facilidade (neste caso, abordar a barreira com a perna esquerda). Um outro motivo é a grande distância entre as barreiras e a distância total da prova (400m – velocidade prolongada), o que pode ocasionar uma alteração do número de passos realizados entre as barreiras e, desta forma, obrigar o atleta a abordar a barreira com a perna não preferencial.

Passagem sobre a barreira

• A perna de abordagem, que é a primeira parte do corpo a passar sobre a barreira, deve iniciar o movimento descendente rapidamente (procura do apoio no solo após a passagem).

• A parte inferior da coxa da perna de abordagem deverá passar o mais próximo possível da barreira.

• A “perna de impulsão”, após deixar o solo, deverá ser flexionada, estando com o joelho e o tornozelo num plano paralelo ao solo ao passar sobre a barreira.

• Posição do tronco – deverá estar flexionado para passar sobre a barreira por: - imprimir maior velocidade ao corpo durante a passagem; - facilitar a passagem da perna de impulsão, pois, com o

tronco flexionado a perna se eleva com maior facilidade. A inclinação para frente do tronco é um procedimento usado na transposição de barreiras altas, sendo menos acentuada nas barreiras mais baixas.

• O braço contrário à perna de abordagem deve ser lançado à frente do corpo, visando o equilíbrio do atleta. O outro braço é levado naturalmente para trás.

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Apoio após a passagem • O pé da perna de abordagem deverá tocar o solo próximo à barreira após a sua

ultrapassagem. • O pé da perna de abordagem deverá tocar o solo pela sua parte anterior, com a

“perna” semiflexionada. • Após passar a barreira, a perna de impulsão deverá ser trazida rapidamente para

frente, até o pé tocar o solo. Corrida entre as barreiras

• O número de passos entre as barreiras deve ser constante para assegurar a abordagem das mesmas sempre com a mesma perna.

• Nas corridas de 100 e 110m, deverão ser dadas 3 passos entre as barreiras. Corrida final

• Após ultrapassar a última barreira, o atleta reunirá toda sua “energia” a fim de cruzar a linha de chegada com o máximo de velocidade possível.

12.2 As corridas de revezamento Considerações gerais

• Nos revezamentos, os competidores devem transportar o bastão por todo o percurso. Para tal, deverão passar o bastão em uma zona de 20m e permanecer em suas raias até o final da prova.

• As corridas rasas de 100 e 400m deram origem à regulamentação das provas de revezamento, onde, além do valor individual, aparece o trabalho em equipe, no caso composta por quatro corredores. Essa afirmativa do trabalho em equipe tem maior verdade quando se refere ao revezamento 4x100m, onde a transferência do bastão de um corredor para outro deve ser feita em grande velocidade, exigindo, portanto, uma ótima técnica de entrega-recepção do bastão por parte dos integrantes da dupla.

• A prova de revezamento 4x100m deverá ser corrida inteiramente na raia estabelecida para a equipe. A prova de 4x400m, a primeira volta e parte da segunda (os primeiros 100m) até a linha de raia livre, deverá ser corrida em raia marcada.

• Se um integrante da equipe deixar o bastão cair durante a prova, somente ele poderá pegá-lo, desde que não atrapalhe os outros competidores nem diminua a distância a ser percorrida.

• Existem algumas formas de executar a entrega-recepção do bastão. Essas formas são conhecidas como: - passagens visual e não visual; - passagens descendente, ascendente e horizontal; e - passagens com e sem troca de mãos.

Bastões de revezamento

• O bastão é um tubo circular oco, liso, de metal, madeira ou outro material rígido em uma única peça. Possui de 28 a 30cm de comprimento, circunferência de 12 a 13 cm e com o mínimo de 50gr. É colorido para ser facilmente visível.

• O bastão deve ser carregado na mão por toda a prova. Se deixado cair, ele deverá ser recuperado pelo atleta que o derrubou. Ele pode deixar sua raia para recuperar

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o bastão desde que, fazendo isto, não diminua a distância a ser corrida. Desde que este procedimento seja adotado e que nenhum outro atleta seja prejudicado, a queda do bastão não resultará em desqualificação. Em todas as corridas de revezamento, o bastão tem que ser passado dentro do “setor de passagem”. A passagem do bastão começa quando ele é tocado pela primeira vez pelo atleta que o está recebendo e se considera terminado no momento em que o bastão se encontra unicamente em sua mão.

Provas de revezamento

• 4x100m. • 4x400m. • Medley: 100m – 200m – 300m – 400m (os dois primeiros integrantes da equipe –

corredores dos 100 e dos 200m – realizam a corrida raiada). Setores do revezamento 4x100m

• Pré-setor: 10m. • Setor de passagem do bastão: 20m.

Setor do revezamento 4x400m

No revezamento 4x400m, na primeira passagem do bastão, que é feita com os atletas em suas respectivas raias, não será permitido que o segundo corredor inicie sua corrida fora de seu setor de passagem do bastão. Similarmente, o terceiro e quarto corredores deverão sair de dentro de seus respectivos setores de passagem. Portanto, nesta prova não se tem o pré-setor como na prova de 4x100m. Formas de entrega/recepção do bastão

• Entrega descendente, ascendente e horizontal. • Recepção visual e não visual. • Com ou sem troca de mãos após o recebimento.

Passagem reta ou horizontal – o bastão é entregue com o deslocamento do mesmo

acontecendo quase em linha reta – na horizontal – um pouco abaixo da linha do ombro. Considerado o mais rápido e eficiente dos estilos. A entrega e a pegada acontecem no próprio movimento dos braços. Quem entrega estende um pouco o braço para frente colocando o bastão na mão de quem recebe – o bastão é empurrado de forma horizontal, estando a palma da mão do atleta recebedor direcionada para o atleta que se aproxima (o

Pré-setor Setor de passagem do bastão

Passagem ascendente Passagem descendente

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“v” da mão posicionado para baixo), estando o bastão, portanto, posicionado próximo à vertical.

Fotos ilustrativas: • 4x100m • 4x400m (entrega horizontal em “repouso”) Composição da equipe:

Cada um dos trechos do revezamento requer capacidades específicas dos corredores. Exemplo para o 4x100m:

- 1º. atleta: saída rápida – melhor rendimento em corrida na curva; - 2º. atleta: bom rendimento em corrida na reta e habilidade para receber e passar o

bastão; - 3º. atleta: bom rendimento em corrida na curva – habilidade para receber e passar

o bastão – maior capacidade de recuperação; - 4º. atleta: atleta mais veloz e com grande capacidade para a finalização da

prova/chegada. 13. Corridas de “Meio-Fundo” 13.1 Considerações Gerais

• Grupos de provas realizadas com partida alta e com raias livres (provas não raiadas).

• Estas provas podem ser divididas em 3 momentos: largada, regularidade (ritmo constante) e chegada. Nestas provas, o ritmo das corridas varia de acordo com a distância a percorrer. De preferência, o ritmo dos passos deve ser regular e econômico, de acordo com a resistência do corredor, de modo a poder concluir a prova com uma boa velocidade, se possível.

• A partida – Prevalecendo nestas provas o fator resistência, não há necessidade de utilização da partida baixa (partida com emprego do bloco), pois a partida não tira as possibilidades do corredor vencer ou obter boa classificação na prova. Para a

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partida de pé o corredor toma a seguinte posição: de pé, junto à linha de partida, com o corpo inclinado para frente, uma das pernas e o braço oposto recuados. Ao “tiro”, a perna de trás é levada para frente, juntamente com o braço oposto.

• Nestas provas, o treinamento (tempos parciais) é cronometrado e anotado. Nelas, a noção de ritmo, ou seja, o conhecimento da freqüência e comprimento dos passos é um aspecto importante. O atleta deve conhecer muito bem as suas possibilidades e seus limites a fim de poder dosar a distribuição de suas energias. É necessário uma distribuição metódica de energia. Com a experiência adquirida e a análise dos dados coletados durante os treinamentos, o atleta terá subsídios em relação ao ritmo (passo e velocidade) a empregar e o esforço a desenvolver para conservar energia a fim de ser utilizada nos momentos finais da prova, assegurando assim, uma posição de acordo com suas aspirações e possibilidades.

• Os atletas pouco experientes costumam imprimir um ritmo muito rápido na primeira parte da corrida (ou no início da prova), enquanto que na segunda parte da prova, o ritmo declina consideravelmente. Porém, o corredor que ao final da corrida imprime um ritmo excessivo, demonstra que não soube distribuir as energias no percurso, resguardando-se em demasia para o final.

13.2 Procedimentos na competição O procedimento nas provas de meio-fundo é mais complexo do que em outras provas de pista. Para competir com êxito, o atleta deve analisar seus adversários, tanto quanto a si mesmo, inteirando-se de sua tática habitual, para orientar seu planejamento da corrida de acordo com suas características e limitações. Por exemplo, se o seu adversário tem grande resistência e pouca velocidade, as maiores probabilidades de vencer serão baseadas em deixá-lo imprimir o ritmo e ultrapassá-lo no “sprint” final. Se, ao contrário, ele possui boa velocidade e pouca resistência, há maiores possibilidades de vencê-lo, marcando um ritmo forte desde a saída, para fatigá-lo. Esse mesmo procedimento será empregado se o adversário estiver correndo a sua segunda prova no mesmo dia. Pode ocorrer, entretanto, ter um corredor de grande velocidade e grande resistência; nesse caso é preciso correr desde o início dando o máximo, isto dentro das possibilidades. 13. 3 A prova de 1500m rasos Esta prova é considerada uma prova tática por excelência, sendo muito importante o conhecimento do ritmo e da estratégia a ser utilizada para executar a corrida (FERNANDES, 1979). Para se ter um bom desempenho nesta prova deve-se definir com clareza o ritmo a ser empregado no quarto inicial da prova. Nos dois quartos seguintes deve-se empregar um ritmo constante, guardando “energia” para ter condições de superar ou “lutar” com algum adversário que venha a tentar surpreender no final da prova. Neste sentido, o corredor visará realizar uma corrida com maior velocidade, próximo ao início da última volta. 13. 4 As corridas com obstáculos

• Prova de pista oriunda das corridas através de campo e caracterizada pela existência de cinco obstáculos a serem ultrapassados, sendo que um deles é completado com um fosso com água.

• Também denominada “steeplechase”. • Distâncias oficiais: 2000 e 3000m. • Obstáculo:

- altura: conforme a categoria da prova; - largura: mínimo de 3,96m; - massa: entre 80 e 100kg;

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• Fosso: - largura e comprimento: 3,66m; - extremidade do obstáculo: 0,70m de profundidade; - fundo com inclinação regular até o nível da pista.

• Distância entre os obstáculos será aproximadamente a 5a. parte do comprimento normal de uma volta.

• Colocação dos obstáculos na pista:

• O competidor deverá passar por cima ou pela água e qualquer um que pisar na

parte lateral do fosso ou passar seu pé ou perna abaixo do plano horizontal da parte superior do obstáculo no instante da passagem, será desqualificado. Desde que siga esta regra, o competidor pode ultrapassar cada obstáculo de qualquer maneira.

• Considerações para a prova: - corrida – realização de uma corrida regular em todo o percurso, mantendo um

desenvolvimento uniforme entre os obstáculos; - passagem dos obstáculos – o corredor deve saber executar a passagem com

“ataque” de perna esquerda e direita. É importante acelerar a corrida antes de cada obstáculo, o que permite não reduzir o ritmo empregado para a distância. O corredor aborda o obstáculo, fazendo uma forte elevação da perna de “ataque”, executando a passagem do mesmo à semelhança da passagem dos 400m sobre barreiras, porém com um pouco mais de altura, como margem de segurança. Após a passagem, a queda se processa com o apoio do pé de “ataque” próximo ao obstáculo e a perna de impulso, a de trás, vem flexionada. Como os obstáculos podem oferecer apoio para a impulsão, em virtude de sua própria construção e por serem pesados, os corredores não especialistas, fazem a passagem tomando esse apoio, o que além de prejudicar a passagem pode quebrar o ritmo de corrida e representa uma perda de tempo na cobertura da distância;

- abordagem e transposição do obstáculo do fosso – quando o corredor se aproxima do fosso, deve acelerar sua corrida e efetuar o impulso no momento da abordagem. Executando o impulso, a perna de “ataque” vai flexionada sobre o obstáculo. O apoio sobre o obstáculo deve ser feito com a planta do pé na borda

Fosso no interior da pista (campo).

Fosso fora da pista.

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do mesmo, fazendo-se a seguir, um rolamento sobre sua parte superior e terminando com a impulsão de saída na outra borda, e com um forte impulso, o corredor procura ultrapassar o fosso e continuar sua corrida. O impulso de saída do obstáculo deve ser alongado proporcionando uma queda o mais distante possível, reduzindo-se assim, uma subida nos passos seguintes e a resistência oferecida à saída dos pés da água;

- trecho final – após a passagem do último obstáculo, há ainda um trecho a ser percorrido, o que deve ser feito com a maior velocidade possível.

14. Corridas de “Fundo” Assim como as corridas de meio-fundo (intermediárias), as corridas de fundo (longas), podem ser divididas nos momentos da largada, regularidade (ritmo constante) e chegada. Uma das diferenças entre estes 2 grupos de corridas está no momento de regularidade, onde o corredor deverá ter uma período maior de ritmo constante, no qual será verificado o “estado estável”, sendo que este, dependendo da distância/duração da prova, será muito maior. Nestas provas, o sistema aeróbio se constituirá como principal meio de produção de energia. 14. 1 Técnica FERNANDES (1979:19) cita que todas as observações técnicas devem ser levadas em consideração, porque elas são resultados da análise e da experiência, tendo como finalidade mostrar a maneira pela qual se economiza energia, afastando a fadiga muscular. É necessário que os movimentos sejam executados com a maior perfeição possível, descontraídos e ritmados. 14. 2 Passos Os passos devem ser “soltos”, regulares e tocando no solo com um breve contato do calcanhar e finalizando com a ponta. Devem também acontecer com reduzida elevação dos joelhos, de tal forma que o calcanhar também não se eleve muito. Os braços são mantidos relaxados, ligeiramente flexionados (inferior a 90º) e sincronizados com os passos. A corrida é feita com o máximo de relaxamento muscular, a fim de não gastar energia desnecessariamente. 14. 3 Tática As táticas das provas de fundo têm menos importância do que as de distâncias inferiores (meio-fundo), visto que, depois de algumas voltas o grupo já estará defasado. Além disso, há maiores possibilidades de corrigir erros durante a corrida. Os atletas que possuem velocidade deverão aguardar o final da corrida para aumentar o seu ritmo – “tiro”; os atletas resistentes e pouco velozes devem imprimir um ritmo mais intenso depois da metade ou no terço final da prova. Nestas provas, o atleta deve recorrer a todas as suas reservas de energia visando obter o melhor resultado.

Leituras Complementares

Princípios da Corrida (MÜLLER e RITZDORF, 2002) As corridas de forma geral são algumas vezes apresentadas como práticas que não apresentam exigências técnicas, principalmente porque correr é uma atividade natural, que parece ser relativamente fácil quando comparada com o salto com vara ou com o lançamento do martelo. Contudo, correr não é tão simples assim. A ênfase relativa á

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velocidade ou à resistência, definida pela distância da prova, a posição de partida nos blocos nas provas de velocidade e de barreiras, a passagem do bastão nas provas de revezamento e a passagem transposição de barreiras ou obstáculos, coloca exigências técnicas a cada atleta, sendo que estas precisam ser treinadas. Objetivos O objetivo principal em todas as corridas é maximizar a velocidade média ao longo da prova. Para alcançar este objetivo nas provas de velocidade, o corredor deve concentrar-se em alcançar e manter a velocidade máxima. Nas provas de barreiras a concentração deve ser a mesma, somando a passagem da barreira. Nas corridas de distâncias mais longas, o principal objetivo é otimizar a distribuição do esforço ao longo da prova. Aspectos Biomecânicos A velocidade de corrida de um atleta é determinada pela freqüência e pela amplitude dos passos. A amplitude ideal do passo é determinada prioritariamente pelas características físicas do atleta e pela força que ele ou ela exerce a cada passo, que é influenciada pela potência e pela mobilidade. A freqüência ideal está dependente dos mecanismos de corrida, da técnica e da coordenação do atleta. A resistência específica e a tática de corrida são, como é óbvio, importantes para a escolha da velocidade média da corrida, apesar da velocidade para as grandes distâncias apresentar menor importância. Estrutura do Movimento Cada passo da corrida engloba a fase de apoio e a fase de vôo. A fase de apoio pode ser dividida em duas fases, apoio à frente e impulsão, enquanto a fase de vôo também pode dividir-se em duas fases, balanço e recuperação. As duas partes em que se divide a fase de apoio são de grande importância. Na fase de apoio à frente há uma desaceleração do movimento contínuo do corpo do corredor. A fase de impulsão é a única em toda a estrutura do passo que acelera o corpo. O objetivo do corredor é exercer a maior quantidade de força no solo, no menor espaço de tempo possível. Esta força é produzida pela contração dos músculos da perna. Para alcançar uma aceleração máxima em cada passo é essencial que haja uma extensão completa do tornozelo, joelho e quadril em combinação com um balanço ativo da perna livre e uma dinâmica e coordenada ação dos braços. A técnica de corrida pode ser automatizada introduzindo as habilidades básicas que são relacionadas com os elementos de todas as provas de velocidade: reação, aceleração, velocidade máxima e manutenção da velocidade. Como não há maneira de treinar todos estes elementos ao mesmo tempo, são utilizados vários exercícios enfatizando aspectos específicos. O Ritmo de Corrida

A distribuição das forças na distância tem grande importância para a economia dos gastos energéticos e para a obtenção de bons resultados. É constatado que a distribuição regular do ritmo na distância é mais racional e energeticamente vantajosa. Isso acontece devido ao gasto econômico de energia graças ao trabalho do organismo em regime do estado estável (“steady state”), quando a velocidade de formação do ATP à custa de fosforilação oxidativa é igual à velocidade de sua dissociação e a energia necessária é produzida como resultado da oxidação dos hidratos de carbono e gorduras. Em outras palavras, o estado estável se mantém até o momento em que se atinge o limiar anaeróbio. Para as pessoas não-treinadas, o limiar anaeróbio é de 40-50% do VO2máx, para as treinadas é de 55-60% do VO2máx e para os esportistas de alto nível, por volta de 70% do VO2máx. Por isso, o esportista que possui o limiar anaeróbio mais alto poderá desenvolver

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e manter a alta velocidade sem acúmulo excessivo dos produtos do metabolismo anaeróbio no organismo (ex.: lactato). Todavia, o ritmo regular na distância nem sempre será possível. Nas competições como cross-country, em virtude do terreno acidentado, surge uma necessidade de aumentar a potência de trabalho devido às exigências encontradas que perturbam o estado estável do organismo, implicando em gastos energéticos complementares e na necessidade de sua compensação no decorrer do trabalho. O organismo do esportista deverá estar pronto para isso. Ao analisar os vários esportes é aparente que os sistemas corporais envolvidos: o SNC, o muscular, o cardiovascular, o hormonal, etc., são solicitados pelas exigências específicas de cada evento esportivo. Alguns sistemas que são importantes em algumas modalidades esportivas têm menor atuação ou são irrelevantes para outras modalidades. Enquanto um corredor de maratona depende quase exclusivamente do metabolismo aeróbio, um velocista depende do metabolismo anaeróbio e um jogador de futebol depende de ambos os metabolismos (BARBANTI, 2000). Orientações pedagógicas a serem consideradas no pro cesso de ensino-aprendizagem de técnicas relativas às provas de cor ridas do Atletismo • Experimentação de movimentos gerais, em seguida direcionados e, por último, os

movimentos específicos. • Para a apresentação de movimentos gerais e direcionados deve-se trabalhar com o

método global de ensino. Para a apresentação de movimentos mais direcionados e específicos deve-se trabalhar com o método analítico de ensino.

• Utilizar de instrução verbal, demonstrativa e tátil-cinestésica. • Proporcionar a experimentação bilateral dos gestos. • Iniciar com movimentos mais conhecidos, indo em direção aos movimentos menos

conhecidos e os desconhecidos. • Iniciar com movimentos mais fáceis, indo em direção aos movimentos mais difíceis. • Iniciar com movimentos mais simples, indo em direção aos movimentos mais

complexos. • Iniciar com movimentos realizados mais lentamente, indo em direção à execução dos

movimentos com maior velocidade. • Acrescentar gradualmente elementos associados à técnica de referência nos

movimentos realizados. • Adequar os itens regulamentares à capacidade física e habilidades dos praticantes. • Utilizar de recursos alternativos visando facilitar o processo, bem como aumentar a

segurança na realização das técnicas. • Apresentar desafios graduais na execução das atividades. • Proporcionar a repetição dos gestos para melhor compreensão e para a automatização

de movimentos básicos.

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14. Bibliografia BALLESTEROS, J.M. Manual de entrenamiento basico . IAAF, 1992. BARBANTI, V.J. Adaptações produzidas pelo treinamento físico. In: AMADIO, A.C. e BARBANTI, V.J. (orgs.) A Biodinâmica do Movimento Humano e suas Relações Interdisciplinares . São Paulo: Estação Liberdade – Escola de Educação Física da USP, 2000. BARROS, N.; DEZEM, R. O atletismo . 2a. ed. São Paulo: Apoio, 1989. CALZADA, A. Iniciacion al Atletismo : manual para la enseñanza. Madrid: Editorial Gymnos, 1999. CARNAVAL, P. Cinesiologia aplicada aos esportes . 2ª. ed. Rio de Janeiro: Sprint, 2000. CBAt. Atletismo regras oficiais 2002 - 2003 . São Paulo: Phorte Editora, 2002. FERNANDES, J.L. Atletismo corridas . 2a. ed. São Paulo: EPU, 1979. GALLAHUE, D.L.; OZMUN, J.C. Compreendendo o desenvolvimento motor : bebês, crianças, adolescentes e adultos. 3ª. ed. São Paulo: Phorte, 2005. GARCIA, R.P. O ensino do Atletismo : as corridas, os saltos e os lançamentos. Oeiras: Câmara Municipal de Oeiras, 1993. GRECO, P.J.; BENDA, R.N. (organizadores) Iniciação Esportiva Universal – 1. Da aprendizagem da motora ao treinamento técnico. Belo Horizonte: Ed. UFMG, 1998. MÜLLER, H.; RITZDORF, W. Guía IAAF do Ensino do Atletismo – Corre! Salta! Lança! Santa Fé: C.R.D., 2002. OLIVEIRA, F.P. Corrida: mecânica e fontes de energia. In: Revista Brasileira de Educação Física e Desportos , abr./set.,1983. ORO, U. Iniciação ao Atletismo no Brasil: problemas e possibilidades didáticas. In: KIRSCH, A.; KOCH, K.; ORO, U. Antologia do Atletismo : metodologia para iniciação em escolas e clubes. Rio de Janeiro: Ao Livro Técnico, 1983. PAYNE, V.G.; ISAACS, L.D. Desenvolvimento motor humano : uma abordagem vitalícia. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2007. RASCH, P.J.; BURKE, R.K. Cinesiologia e anatomia aplicada – a ciência do movimento humano. 5ª. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1987. VIEIRA, S. e FREITAS, A. O que é Atletismo – história, regras, curiosidades. Rio de Janeiro: Casa da Palavra: COB, 2007. WEINECK, J. Anatomia aplicada ao esporte . 3ª. ed. São Paulo: Manole, 1986.

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ANEXO 1 Classificações das Corridas

Classificação 1

Provas Troféu Brasil Classificação Sub Via Energética

Básica Classifcação Predominante

100 m 9.9

Velocidade

Velocidade Intensa Anaeróbia

110 c/bar 13.29 Velocidade Intensa Anaeróbia

200 m 19.89 Velocidade Intensa Anaeróbia

400 m 44.29 Velocidade prolongada Anaeróbia

400 m c/bar 48.04 Velocidade prolongada Anaeróbia

800 m 1:41.77

Meio-Fundo

Meio-fundo curto Anaeróbia / Aeróbia

1500 m 3:33.25 Meio-fundo Anaeróbia / Aeróbia

3000 m c/obst 7:39.70 Meio-fundo longo Anaeróbia / Aeróbia

5000 m 13:19.43

Fundo

Fundo curto Aeróbia

10000 m 27:28.12 Fundo Aeróbia

Maratona 2h06:05 Grande fundo Aeróbia

Classificação 2

Provas Troféu Brasil Classificação Sub Via Energética

Básica Classifcação Predominante

100 m 9.9

Velocidade

Velocidade intensa Anaeróbia

110 c/bar 13.29 Velocidade intensa Anaeróbia

200 m 19.89 Velocidade intensa Anaeróbia

400 m 44.29 Velocidade prolongada curta Anaeróbia

400 m c/bar 48.04 Velocidade prolongada curta Anaeróbia

800 m 1:41.77 Velocidade prolongada longa Anaeróbia / Aeróbia

1500 m 3:33.25 Meio-Fundo

Meio-fundo curto Anaeróbia / Aeróbia

3000 m c/obst 7:39.70 Meio-fundo longo Anaeróbia / Aeróbia

5000 m 13:19.43

Fundo

Fundo curto Aeróbia

10000 m 27:28.12 Fundo Aeróbia

42.195 m 2h06:05 Fundo longo Aeróbia