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Centro Espírita Léon Denis Tema: “Nosso Lar” A DESENCARNAÇÃO 10 de abril de 2016 1 o Encontro Espírita André Luiz As Obras de sobre

Apostila 1º Encontro Espírita sobre As Obras de André Luiz

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Centro Espírita Léon Denis

Tema:

“Nosso Lar” A DESENCARNAÇÃO

10 de abril de 2016

1o Encontro Espírita

André Luiz As Obras de

sobre

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Coordenador Geral: Saulo Monteiro Arte da Capa: Marcelo Domingues Finalização: Setor Editorial do CELD

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Sumário

Objetivo Geral: ................................... ........................................................... 6

Tema 1: A Desencarnação ........................... ................................................. 6

Objetivos do Tema 1: ...................................................................................... 6

Introdução ao Tema 1 ..................................................................................... 6

Mortes ............................................................................................................. 7

Morte para o Espírita ...................................................................................... 7

A Hora do Desligamento ................................................................................. 8

Vejamos o Caso de André Luiz ....................................................................... 9

Consequências Perispirituais ........................................................................ 10

Caso Francisco ............................................................................................. 11

Caso dona Laura .......................................................................................... 12

Tema 2: Repercussões do outro Lado ................ ...................................... 13

Objetivos do Tema 2: .................................................................................... 13

Introdução do Tema 2 ................................................................................... 13

O Problema do Lugar .................................................................................... 13

A Vida no Plano Espiritual ............................................................................. 14

Interesses Predominantes ............................................................................ 15

Estudando o Caso de André Luiz .................................................................. 16

Estudando o Caso Neuza ............................................................................. 18

Intervenções do Amor ................................................................................... 19

Tema 3: Precauções do Encarnado ................... ........................................ 20

Objetivos do Tema 3: .................................................................................... 20

Introdução do Tema 3 ................................................................................... 20

Treino para a Morte ....................................................................................... 20

Conclusão ..................................................................................................... 24

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“Biobibliografia” de André Luiz

A biografia de André Luiz é antes uma “espiritografia”, já que o que conhecemos da vida do encarnado é muito pouco e, via de regra, especulativo. Sabe-se que André Luiz foi, na última encarnação, um médico carioca, que muito semelhantemente à média da humanidade (e nós estamos, mais ou menos, incluídos nesse perfil psicológico) soube sem praticar; agiu sem sentir. Permanecendo durante a encarnação na esfera dos que dormem para a vida real, preferindo os baixos prazeres, sempre tão fugidios, André desencarna vítima da sífilis e de outros pequenos abusos. Falaremos portanto aqui, de uma biografia que é bibliográfica, pois a Obra de André Luiz diz sozinha de sua história! Por tudo isso, chega à Vida Maior sem consciência de si, permanecendo por longos oito anos numa esfera vibratória que caracterizava perfeitamente seu estado mental: estava perdido, atormentado, aflito, angustiado. Como sabemos já, a descrição em “Nosso Lar” não é de um inferno exterior, mas do tônus mental de André, tão parecido com alguns momentos nossos, em que deixamos inquietação e revolta se apossarem de nós. Conforme vai despertando, acalmando-se, abre os olhos da alma, ora e recebe, como todo filho arrependido, a visita do Alto, que pelas mãos de Clarêncio o recolhe. Mais tarde ainda, na posição extrema do curioso que chega ao país desconhecido, André recupera-se reaprendendo a trabalhar. Compreendendo agora as relações pessoais de um outro prisma, entende a fraternidade e se propõe a servir. Esse processo é lento, mas efetivo, pois a transformação vai se revelando ao longo dos livros da chamada série “A Vida no Mundo Espiritual”, em que percebemos claramente como a transformação vai se dando: de um André deslocado em Nosso Lar, achamos um André “quase Guia” em Sexo e Destino, onde está já com autonomia para diversas tarefas. Foram muitos mestres, muito esforço, paciência e sobretudo boa vontade. O que a mim sempre impressiona na narrativa de André é a simplicidade com que coloca as questões. Ora ele, ora Hilário (um amigo seu, de muitos momentos), representam nossa incipiência no saber e nossa condição mediana no amar. Arrisco-me a afirmar que essa talvez tenha sido a característica que o fez, na Casa de Léon Denis, por exemplo, tomar para si o trabalho com a juventude, uma vez que o jovem traz, por natureza, essa curiosidade quase impulsiva em si.

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Ler André Luiz é impossível! Ele precisa ser estudado, debatido, contextualizado, de forma a aproveitarmos cada ângulo de sua obra, que a meu ver é a grande aplicação prática de tudo quanto a Codificação kardequiana nos ensina. Se aprendemos que Kardec ensina e Denis convence pelo raciocínio, diríamos que André aplica! Apliquemos a nós esse modelo apresentado por André em sua biografia espiritual e, certamente, venceremos antecipadamente! Ao jovem, estudar André Luiz será sempre uma oportunidade renovada de saber; e quem sabe, faz a hora, não espera acontecer...

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Objetivo Geral:

• Refletir acerca da responsabilidade individual no processo da desencarnação.

Tema 1: A Desencarnação

Objetivos do Tema 1:

• Conceituar a morte na visão espírita. • Perceber os impactos da vida material na desencarnação.

Introdução ao Tema 1 Duas grandes respostas podem circular na mente humana, terrena, quando se pergunta o que é a morte? Ou é fim do que chamamos de vida ou é a sua continuação em outras formas. A partir dessas duas respostas, surge um mundo de filosofias, que tem, como pano de fundo, o monismo – que vê a matéria como única soberana, ou o dualismo – que adiciona o princípio espiritual para dividir o reinado com a matéria. Na Codificação, veremos esses dois grandes conceitos intencional, clara e constantemente colocados um em oposição ao outro: o materialismo e o espiritualismo1. (Emmanuel. Nosso Lar. Prefácio) “André Luiz vem contar a você, leitor amigo, que a maior surpresa da morte carnal é a de nos colocarmos face a face com própria consciência(...)” (André Luiz. Nosso Lar. Apresentação) "Uma existência é um ato. Um corpo – uma veste. Um século – um dia. Um serviço – uma experiência. Um triunfo – uma aquisição. Uma morte – um sopro renovador.

1 O Livro dos Espíritos. Introdução.

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Quantas existências, quantos corpos, quantos séculos, quantos serviços, quantos triunfos, quantas mortes necessitamos ainda? E o letrado em filosofia religiosa fala de deliberações finais e posições definitivas! Ai! por toda parte, os cultos em doutrina e os analfabetos do Espírito!

Mortes Três ideias nascerão das duas respostas possíveis sobre o que é a morte. Elas serão assim intituladas: 1. A morte como fim; 2. a morte como juízo final; 3. e a morte como juízos intermediários. (Questão 628. O Livro dos Espíritos) “(...) nenhum sistema filosófico antigo, nenhuma tradição, nenhuma religião há que se deva negligenciar, pois em tudo há germes de grandes verdades que, embora pareçam contraditórias entre si, esparsas que estão em meio de acessórios sem fundamento, são muito fáceis de coordenar, graças à chave que o Espiritismo vos dá de uma imensidade de coisas que, até agora, puderam vos parecer sem razão e cuja realidade, hoje vos é demonstrada de maneira irrecusável. Não deixeis, portanto, de haurir, nesses materiais, temas de estudo; eles são ricos e podem contribuir, eficazmente, para vossa instrução.”

Morte para o Espírita A morte que nos parece mais justa não é a que não responsabiliza o ser nem a que o responsabiliza pela eternidade, mas sim a que o permite voltar para reparar o mal realizado . Dar oportunidade de reparação é retornar à carne a fim de dar continuidade ao aperfeiçoamento individual.

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(O Livro dos Espíritos. Introdução VI) “Há no homem três coisas: 1o) O corpo ou ser material, análogo aos animais e animado pelo mesmo princípio vital; 2 o) a alma ou ser imaterial, espírito encarnado no corpo; 3 o) o elo que une a alma e o corpo, princípio intermediário entre a matéria e o espírito. O homem tem, assim, duas naturezas: por seu corpo, ele participa da natureza dos animais dos quais possui os instintos; pela sua alma, ele participa da natureza dos espíritos. O elo ou perispírito que une o corpo e o espírito é uma espécie de envoltório semimaterial. A morte é a destruição do envoltório mais grosseiro, o espírito conserva o segundo envoltório que constitui para ele um corpo etéreo, invisível para nós no estado normal (...)”

A Hora do Desligamento O momento da morte não é o fim, marca apenas a separação do corpo material da alma, que somos nós – espíritos – quando encarnados. André Luiz nos mostra com exemplos dos mais variados de sua experiência e de outros espíritos o processo da desencarnação. (O Livro dos Espíritos. Questão 155a – Comentário) “A observação prova que, no instante da morte, o desprendimento do perispírito não se completa subitamente; ele só gradualmente se opera e com uma lentidão muito variável, conforme os indivíduos; em uns ele é bastante rápido e pode-se dizer que o momento da morte é também o da libertação, diferindo em algumas horas; porém, em outros, sobretudo naqueles cuja vida foi toda material e sensual, o desprendimento é muito menos rápido e dura, algumas vezes, dias, semanas e até meses, o que não implica existir no corpo a menor vitalidade, nem a possibilidade de um retorno à vida, mas, uma simples afinidade entre o corpo e o espírito, afinidade que está sempre em razão da preponderância que, durante a vida, o espírito deu à matéria.” Que fator prevalece no momento da separação da alma e do corpo? Mas como se dá este processo? Como a Doutrina Espírita nos explica o mecanismo de separação da alma e do corpo ao cerrar dos olhos, e em que momento se dá o despertar do espírito? É o que tentaremos trazer para

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vocês de forma a auxiliar no entendimento desse mecanismo, apresentando as variações do desligamento do espírito de acordo com o planejamento e o viver de cada um. (O Livro dos Espíritos) 165. O conhecimento do Espiritismo exerce uma influência sobre a duração, mais ou menos longa, da perturbação? "Uma influência muito grande, visto que o Espírito compreendia, antecipadamente, a sua situação; porém, a prática do bem e a consciência pura são o que tem maior influência." (Comentário de Kardec): "A duração da perturbação que se segue à morte é muito variável; pode ser de algumas horas, como de vários meses e, até, de vários anos. É menos longa naqueles que, enquanto vivos, identificaram-se com o seu estado futuro, porque, então, compreendem, imediatamente, sua posição."

Vejamos o Caso de André Luiz (André Luiz. Nosso Lar. Capítulo 2.) “(...) Eu havia deixado o corpo físico a contragosto. Recordava meu porfiado duelo com a morte. Ainda julgava ouvir os últimos pareceres médicos, enunciados na Casa de Saúde; lembrava a assistência desvelada que tivera, os curativos dolorosos que experimentara nos dias longos que se seguiram à delicada operação dos intestinos. Sentia, no curso dessas reminiscências, o contato do termômetro, o pique desagradável da agulha de injeção e, por fim, a última cena que precedera o grande sono: minha esposa ainda jovem e os três filhos contemplando-me, no terror da eterna separação. Depois... o despertar na paisagem úmida e escura, e a grande caminhada que parecia sem-fim”. Ele estava fluidicamente preso ao corpo ou são impressões morais? Até onde vai o problema do desligamento da alma e onde começa o problema da materialidade excessiva? (Obras Póstumas. 1a parte. Cap.10.) “Pode-se dizer que o corpo recebe a impressão, o perispírito a transmite, e o espírito, que é o ser sensível e inteligente, a recebe.”

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Em outras palavras: se houve desligamento dos laços, houve desencarnação tecnicamente. Mas... (O Livro dos Espíritos. Questão 257.) “(...)após a morte do corpo físico a alma se encontra tal qual vive intrinsecamente.”

Consequências Perispirituais André Luiz relata, quando acusado de ter sido suicida por ter provocado em seu organismo desequilíbrios que culminaram na sua desencarnação. (Nosso Lar. Capítulo 2.) “– Que buscas, infeliz! Aonde vais, suicida? Tais objurgatórias, incessantemente repetidas, perturbavam-me o coração. Infeliz sim; mas suicida? Nunca! Essas encrespações, a meu ver, não eram procedentes. Eu havia deixado o corpo físico a contragosto (...) (...) – Já observou, meu amigo, que seu fígado foi maltratado pela sua própria ação; que os rins foram esquecidos, com terrível menosprezo as dádivas sagradas? (...) – Todo aparelho gástrico foi destruído a custa de excessos de alimentação e bebidas alcoólicas, aparentemente sem importância. Devorou-lhe a sífilis, energias, essências. Como vê, o suicídio é incontestável.”

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(ZIMMERMANN. Perispírito. Capítulo 13.) “Sabemos que todo desequilíbrio provocado em nosso pensamento ou atitudes afeta o corpo físico devido à conduta inadequada, seja ela mental (irritabilidade, cólera, tristeza) ou de maus hábitos como os vícios (gula, drogas, cigarro, alcoolismo, etc.), isso tudo provocará desarmonia em nosso perispírito, pois este funciona como uma espécie de esponja, absorvendo a lesão orgânica. Portanto, as enfermidades provocadas ou agravadas pelo vício permanecerão em nosso corpo espiritual (perispírito), por algum período após a morte, requerendo tratamento no plano espiritual. Essas marcas no perispírito só serão sanadas em algumas encarnações, por um processo inverso, onde o perispírito lesado plasmará, no novo corpo, uma falha, uma fragilidade, vez que o perispírito é o molde do corpo físico.” (André Luiz – Apresentação. Nosso Lar.) “Se, tecnicamente, do ponto de vista do fluido vital, desencarnar é separar a alma do corpo, o que é genérico, percebemos que a desencarnação varia quase que na medida dos indivíduos... Sabemos que a morte do corpo apenas transforma sem destruir. Os laços da alma prosseguem, através do Infinito.”

Caso Francisco (Narcisa. Nosso Lar. Capítulo 29.) “O pobrezinho era excessivamente apegado ao corpo físico e veio para a esfera espiritual após um desastre, oriundo de pura imprudência. Esteve, durante muitos dias, ao lado dos despojos, em pleno sepulcro, sem se conformar com situação diversa. Queria firmemente levantar o corpo hirto, tal o império da ilusão em que vivera e, nesse triste esforço, gastou muito tempo. Amedrontava-se com a ideia de enfrentar o desconhecido e não conseguia acumular nem mesmo alguns átomos de desapego às sensações físicas. Não valeram socorros das esferas mais altas, porque fechava a zona mental a todo pensamento relativo à vida eterna. Por fim, os vermes fizeram-lhe experimentar tamanhos padecimentos que o pobre se afastou do túmulo, tomado de horror. Começou, então, a peregrinar nas zonas inferiores do Umbral;”

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Tópicos do Caso Francisco: • apego demasiado; • imprudência no trato com o corpo; • manteve-se ao lado do corpo sem "acreditar” que ele havia morrido; • absoluto medo do que estava por vir (medo do desconhecido – zero

conhecimento de vida espiritual); • cego para o socorro; • expulso do cemitério graças à decomposição.

Caso dona Laura (Laura. Nosso Lar. Capítulo 21.) “Minhas lutas na viuvez haviam sido intensas. Muito moça ainda, com os filhos tenros, tive de enfrentar serviços rudes. A custa de testemunhos difíceis, proporcionei aos rebentos de nossa união os valores educativos, de que eu podia dispor, habituando-os, porém, muito cedo, aos trabalhos árduos. Compreendi, depois, que a existência laboriosa me livrara das indecisões e angústias do Umbral, por colocar-me a coberto de muitas e perigosas tentações. O suor do corpo ou a preocupação justa, nos campos de atividade honesta, constituem valiosos recursos para a elevação e defesa da alma. Reencontrar Ricardo, tecer novo ninho de afetos, representava o céu para mim. Durante anos consecutivos, vivemos a vida de perene ventura, trabalhando por nossa evolução, unindo-nos cada vez mais, e cooperando no progresso efetivo dos que nos são afins. Com o correr do tempo, Lísias, Iolanda e Judite reuniram-se a nós, aumentando nossa felicidade.”

Tópicos do Caso de dona Laura:

• cultura do valor ao trabalho (para si e para os seus);2 • consequente “falta de tempo” para diversas tentações; • ter preocupações justas na vida;

2 O último capítulo do Depois da Morte ilustra muito bem a questão do valor do trabalho (vontade ativa, trabalho persistente e merecimento justo).

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Tema 2: Repercussões do outro Lado

Objetivos do Tema 2:

• Compreender como se dá a vida no Mundo Espiritual • Entender a adesão mental como condição básica para a percepção e

aproveitamento do auxílio

Introdução do Tema 2 Há uma pertinência e uma urgência neste segundo tema! A pertinência está na percepção de que ter uma visão de vida futura concorre para que o homem dirija seus pensamentos para aquilo que está por vir, já que é certo para nós que há outra vida por vir, a real, no mundo dos espíritos. A urgência está no fato de que nem sempre (ou quase nunca) nos dizemos preparados para esta partida. Estudaremos aqui as reações comuns quando da desencarnação e as saídas que temos para, desde já, antecipar no que for possível as referências de vida futura em nós, em nossa vida prática. (Emmanuel. Nosso Lar. Prefácio.) “André Luiz vem contar a você, leitor amigo, que a maior surpresa da morte carnal é a de nos colocarmos face a face com a própria consciência, onde edificamos o céu, estacionamos no purgatório ou nos precipitamos no abismo infernal; vem lembrar que a Terra é oficina sagrada, e que ninguém a menosprezará, sem conhecer o preço do terrível engano a que submeteu o próprio coração. Guarde a experiência dele no livro d’alma. Ela diz bem alto que não basta à criatura apegar-se à existência humana, mas precisa saber aproveitá-la dignamente; que os passos do cristão, em qualquer escola religiosa, devem dirigir-se verdadeiramente ao Cristo, e que, em nosso campo doutrinário, precisamos, em verdade, do ESPIRITISMO e do ESPIRITUALISMO, mas, muito mais, de ESPIRITUALIDADE .

O Problema do Lugar Desencarnei, e agora? Inferno, umbral, Nosso Lar, dormir, descansar em paz, férias, seja o que Deus quiser, vou para o CELD...

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Durante séculos e séculos, influenciados por outros bancos religiosos e filosóficos, idealizamos uma eternidade de penas ou alegrias sempre correspondentes àquilo que as legislações humanas nos apresentam como símbolo de justiça. Castigo, pecado, pudor, culpa, são valores ainda arraigados em nós e dos quais hoje, como espíritas, lutamos para nos desprender. L.E.:1.012. Existe um lugar circunscrito no Universo destinado às penas e gozos dos Espíritos, de acordo com seus méritos?

“Já respondemos a esta pergunta. As penas e gozos são inerentes ao grau de perfeição dos Espíritos; cada um haure em si mesmo o princípio de sua própria felicidade ou infelicidade; e como eles estão por toda a parte, nenhum lugar circunscrito ou fechado está destinado, especialmente, a uma ou outra coisa.” (Kardec. O Céu e o Inferno. 1a Parte, cap. 4, item 6.) “Ela (a alma) carrega em si mesma seu castigo, e isso em todo lugar em que se encontre; por esse motivo não há necessidade de um lugar circunscrito. O inferno, portanto, está em todo lugar onde existem almas sofredoras, como o céu está em todo lugar onde existem almas felizes, o que não impedem que umas e outras se agrupem, por analogia de posição, em volta de certos meios. (...) Se podemos conceber um inferno localizado, será no mundo de expia-ções, porque é em torno desses mundos que pululam igualmente espíritos imperfeitos desencarnados, esperando uma nova existência que, permitindo-lhes reparar o mal que fizeram, ajudará no seu adiantamento.”

A Vida no Plano Espiritual O mundo espiritual, no olhar dos seres moradores da Terra, coincide com o intervalo das encarnações planetárias ou erraticidade. Vemos com Kardec que a posição dos espíritos após a vida material, a condição de vida no mundo espiritual está estritamente ligada ao estilo de vida que se levou por aqui. (O Livro dos Espíritos. Questão 257.) “Interrogamos, aos milhares, espíritos que pertenceram a todas as classes da sociedade, a todas as posições sociais; nós os estudamos em todos os períodos de sua vida espiritual, desde o instante em que deixaram seus corpos; nós os seguimos, passo a passo, nessa vida de além-túmulo (...)

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Ora, sempre vimos que os sofrimentos estão relacionados com a conduta cujas consequências eles experimentam, e que essa nova existência é a fonte de uma felicidade inefável para aqueles que seguiram o bom caminho; donde se conclui que aqueles que sofrem, assim o quiseram (...)"

Interesses Predominantes Léon Denis, o filósofo da Doutrina Espírita, nos apresenta, em O Grande Enigma, a ideia de realidade. Diz ele que só tem existência real o que pode existir para sempre, ou seja, aquilo que nenhuma destruição alcança. E conclui o autor pela certeza de que somente Deus e nós estamos nessa condição. Mas por que mesmo sabendo disso, muitas vezes nossa vida ainda se concentra nos interesses e referências terrenos em detrimento daquilo que nos eleva espiritualmente? (ANDRÉ LUIZ. Evolução em Dois Mundos. Capítulo 7.) "No Plano Espiritual imediato a experiência física, as sociedades humanas desencarnadas, em quase dois terços, permanecem naturalmente jungidas3, de alguma sorte, aos interesses terrenos.” Veja bem, nada em termos de Umbral passa por castigo, por determinismo divino para o pecador. No dia em que nós, moradores da Terra, vibrarmos em nível de maior elevação moral, essa região deixa de fazer sentido. Portanto, o Umbral é transitório e não uma região destinada ao sofrimento irremediável. Não se trata disso, mas de uma oportunidade que Deus oferece àqueles que precisam ainda se encontrar, conforme ocorre no caso de André, que veremos no capítulo a seguir. (ANDRÉ LUIZ. Nosso Lar. Cap. 12.) O Umbral começa na crosta terrestre (...) Zona obscura de quantos no mundo não se resolveram atravessar as portas dos deveres sagrados (...) Região destinada a esgotamento de resíduos mentais, uma espécie de zona purgatorial (...)

3 Jungido: 1. circunscrito; limitado.

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A Providência Divina agiu sabiamente, permitindo se criasse tal departamento em torno do planeta... Lá vivem, agrupam-se os revoltados de toda a espécie (...) pela concentração das tendências e desejos gerais (...) Cada espírito lá permanece o tempo que se faça necessário (...) E é nessa zona que se estendem os fios invisíveis que ligam as mentes humanas entre si. O plano está repleto de desencarnados e formas-pensamentos dos encarnados (...) E é pelo pensamento que os homens encontram no Umbral os companheiros que afinam com as tendências de cada um (...)

Estudando o Caso de André Luiz Para a leitura que se seguirá, vamos nos fazer as seguintes perguntas:

1. Como foi o processo de separação da Alma e do Corpo? 2. A fase de perturbação já havia terminado? 3. De que natureza eram as sensações do Espírito? 4. Como eram as suas percepções do ambiente e das pessoas ao seu

redor? 5. Este espírito sofria?

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(ANDRÉ LUIZ. Nosso Lar. Capítulo 1.) “Eu guardava a impressão de haver perdido a ideia de tempo. A noção de espaço esvaíra-se-me de há muito. Estava convicto de não mais pertencer ao número dos encarnados no mundo e, no entanto, meus pulmões respiravam a longos haustos. (...) (...) A paisagem, quando não totalmente escura, parecia banhada de luz alvacenta, como que amortalhada em neblina espessa, que os raios de Sol aquecessem de muito longe. (...) (...) Perdera toda a noção de rumo. O receio do ignoto e o pavor da treva absorviam-me todas as faculdades de raciocínio, logo que me desprendera dos últimos laços físicos, em pleno sepulcro! Atormentava-me a consciência: preferiria a ausência total da razão, o não-ser.(...) (...) Reconhecia, agora, a esfera diferente a erguer-se da poalha do mundo e, todavia, era tarde. Pensamentos angustiosos atritavam-me o cérebro. (...)Torturava-me a fome, a sede me escaldava. Comezinhos fenômenos da experiência material patenteavam-se-me aos olhos. Crescera-me a barba, a roupa começava a romper-se com os esforços da resistência, na região desconhecida. A circunstância mais dolorosa, no entanto, não é o terrível abandono a que me sentia votado, mas o assédio incessante de forças perversas que me assomavam nos caminhos ermos e obscuros. Irritavam-me, aniquilavam-me a possibilidade de concatenar ideias. Desejava ponderar maduramente a situação, esquadrinhar razões e estabelecer novas diretrizes ao pensamento, mas aquelas vozes, aqueles lamentos misturados de acusações nominais, desnorteavam-me irremediavelmente. (...) Perguntando a mim mesmo se não enlouquecera, encontrava a consciência vigilante, esclarecendo-me que continuava a ser eu mesmo, com o sentimento e a cultura colhidos na experiência material. Persistiam as necessidades fisiológicas, sem modificação. Castigava-me a fome todas as fibras, e, nada obstante, o abatimento progressivo não me fazia cair definitivamente em absoluta exaustão. (...)”

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Estudando o Caso Neuza

(Psicografia de Mário Coelho, no CELD em 26/9/2015.) Fui convidada pelo nosso querido Dr. Hermann a falar na noite de hoje.Vim para cá de surpresa, de repente, sem saber como ser encarnada que aquele sábado seria a última vez que meu corpo entraria nesta casa amada de todos nós. Como encarnada não sabia, mas como espírito depois recordei que já vinha sendo preparada para tal, não há surpresa, o que há é a não lembrança dos avisos e preparos. O que relatarei foi inerente ao meu caso. Quando o coração parou de bater senti como que um baque íntimo, não foi dor, mas uma pressão, uma sensação de que perdia o controle da situação, algo comparável quando se acorda de um sonho que se está caindo, sem muita noção mesmo. E com o conhecimento espírita pensei : "estou desencarnando", e devo confessar a vocês que na hora dá um sentimento de perda, a gente pensa nos que ficam, quem iria cuidar da irmã, do marido, da casa, de tudo, mas aí nessa hora foi como se a consciência me falasse: "Não foi para isso que te preparastes a vida inteira"? Isto me fez serenar, me fez orar e passado algumas horas já estava mais serena e já sentada na sala como quem repousa, como quem cochila. Ouvi toda uma azáfama em torno do quarto que estava meu corpo, familiares chegando, amigos chegando, mas não conseguia muito atinar o que ocorria agora, só uma sensação de leveza, mas de uma certa não reação, como ficamos quando se toma um remédio para dormir e ainda não dormiu e não está acordado. Confesso a vocês que não percebi os guias espirituais de pronto, de imediato, somente com o passar das horas é que adormeci e fui acordada, no mesmo local por um benfeitor querido ao meu coração, dizendo: "Neuza, vamos lá ver as últimas homenagens de seus amigos a você", e me deixei conduzir por ele até onde todos estavam, junto ao meu corpo, próximo do horário do sepultamento. Aí foi que percebi o carinho de muitos amigos e entes queridos, aí que senti na alma as vibrações que emanavam de todos vocês. E quando tudo acabou, pude com mais clareza, perceber os amigos queridos, pude abraçar Altivo, Cidinha, Gildo, Elvira e tantos outros amigos que conviveram comigo nesta Casa que ajudamos e onde fomos ajudados; pude rever os benfeitores que muitas vezes vi pela vidência que me era fácil e aí com todo esse alvo-roço que ocorreu desde o momento que o coração parou de bater, é que

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pude perceber algo que falei para os benfeitores e amigos : "Nem senti que morri”... e sorri para todos como eu sempre gostei de sorrir e pude seguir com eles para a região de refazimento. Trabalhem queridos amigos, pois o trabalho suaviza as agruras da morte e nos torna aptos para vencermos, pelo menos com desapego no Plano Espiritual. Sou sempre a Tia Neuza, a Neuza Trindade.

Intervenções do Amor Religião? Inteligência? Cultura? Que fator prevalece para que, quando chegados ao Mundo Espiritual percebamos a ajuda sem demora? (LÍSIAS. Nosso Lar. Capítulo 7.) “(...) sua mãe o tem ajudado dia e noite, desde a crise que antecipou sua vinda. (…) Ela jamais desanimou. Intercedeu, muitas vezes, em ‘Nosso Lar’, a seu favor. Rogou os bons ofícios de Clarêncio, que começou a visitá-lo frequentemente, até que o médico da Terra, vaidoso, se afastasse um tanto, a fim de surgir o filho dos Céus. Compreendeu? (…) Clarêncio não teve dificuldade em localizá-lo, atendendo aos apelos de sua carinhosa genitora da Terra; você, porém, demorou muito a encontrar Clarêncio. E quando sua mãezinha soube que o filho havia rasgado os véus escuros com o auxílio da oração, chorou de alegria, segundo me contaram...” Precisa da adesão mental ... (Mãe de André. Nosso Lar. Cap. 16.) “(...) Não é possível acender luz em candeia sem óleo e sem pavio... Precisamos da adesão mental de Laerte, para conseguir levantá-lo e abrir-lhe a visão espiritual. No entanto, o pobrezinho permanece inativo em si mesmo, entre a indiferença e a revolta.

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Tema 3: Precauções do Encarnado

Objetivos do Tema 3: • Facilitar o treinamento moral do espírito encarnado para o processo da

desencarnação.

Introdução do Tema 3 Neste caminho final, queremos oferecer a você, leitor amigo, algumas vacinas que enxergamos necessárias para que consigamos “treinar para a morte”, se nos permitem o termo. Não se trata, naturalmente, de uma receita, até porque conforme vimos mais acima, nossas experiências e percepções são intransferíveis – não existem duas iguais. No entanto, os instrutores espirituais nos indicam alguns comportamentos ideais. Produzem também uma vasta descrição do estado espiritual daqueles que chegam ao Mundo Espiritual frágeis, abatidos, por suas dores e procedimentos na Terra. (André Luiz. Nosso Lar. Mensagem de André Luiz.) “A vida não cessa. A vida é fonte eterna e a morte é jogo escuro das ilusões. O grande rio tem seu trajeto, antes do mar imenso. Copiando-lhe a expressão, a alma percorre igualmente caminhos variados e etapas diversas, também recebe afluentes de conhecimentos, aqui e ali, avoluma-se em expressão e purifica-se em qualidade, antes de encontrar o Oceano Eterno da Sabedoria. Cerrar os olhos carnais constitui operação demasiadamente simples. Permutar a roupagem física não decide o problema fundamental da iluminação, como a troca de vestidos nada tem que ver com as soluções profundas do destino e do ser. Oh! caminhos das almas, misteriosos caminhos do coração! É mister percorrer-vos, antes de tentar a suprema equação da Vida Eterna! É indispensável viver o vosso drama, conhecer-vos detalhe a detalhe, no longo processo do aperfeiçoamento Espiritual!…”

Treino para a Morte � Alimentos:

(Irmão X. Cartas e Crônicas. Capítulo 4.) “(...) Preliminarmente, admito deva referir-me aos nossos antigos maus hábitos. A cristalização deles, aqui, é uma praga tiranizante.

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Comece a renovação de seus costumes pelo prato de cada dia. Diminua gradativamente a volúpia de comer a carne dos animais. O cemitério na barriga é um tormento, depois da grande transição. O lombo de porco ou o bife de vitela, temperados com sal e pimenta, não nos situam muito longe dos nossos antepassados, os tamoios e os caiapós, que se devoravam uns aos outros. (...)” (Henrique de Luna. Nosso Lar. Capítulo 4.) “Todo o aparelho gástrico foi destruído à custa de excessos de alimentação e bebidas alcoólicas, aparentemente sem importância.” � Narcóticos e relacionamentos

(Irmão X. Cartas e Crônicas. Capítulo 4.) “Os excitantes largamente ingeridos constituem outra perigosa obsessão. Tenho visto muitas almas de origem aparentemente primorosa, dispostas a trocar o próprio Céu pelo uísque aristocrático ou pela nossa cachaça brasileira. (...) Tanto quanto lhe seja possível, evite os abusos do fumo. Infunde pena a angústia dos desencarnados amantes da nicotina. Não se renda à tentação dos narcóticos. Por mais aflitivas lhe pareçam as crises do estágio no corpo, aguente firme os golpes da luta. As vítimas da cocaína, da morfina e dos barbitúricos demoram-se largo tempo na cela escura da sede e da inércia. (...) (...) E o sexo? Guarde muito cuidado na preservação do seu equilíbrio emotivo. Temos aqui muita gente boa carregando consigo o inferno rotulado de ‘amor’.” (Henrique de Luna. Nosso Lar. Capítulo 4.) “Vejamos a zona intestinal — disse — a oclusão derivava de elementos cancerosos, e estes, por sua vez, de algumas leviandades do meu estimado irmão, no campo da sífilis. A moléstia talvez não assumisse características tão graves, se o seu procedimento mental no planeta estivesse enquadrado nos princípios da fraternidade e da temperança. Entretanto, seu modo especial de conviver, muitas vezes exasperado e sombrio, captava destruidoras vibrações naqueles que o ouviam. Nunca imaginou que a cólera fosse manancial de forças negativas para nós mesmos? A ausência de autodomínio, a inadvertência no trato com os semelhantes, aos quais muitas vezes ofendeu sem refletir, conduziam-no, frequentemente, à esfera dos seres doentes e inferiores. Tal circunstância agravou em muito o seu estado físico.”

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� Caso Elisa: (André Luiz. Nosso Lar. Capítulo 40.) “(...) Era Elisa. Aquela mesma Elisa que conheci ainda jovem. Estava diferente por causa do sofrimento, mas não havia qualquer dúvida. Lembrei, perfeitamente, o dia em que ela, humilde, foi à nossa casa com uma antiga amiga de minha mãe, que aceitou suas recomendações e a contratou para o serviço doméstico. No começo, nada de anormal. Depois, intimidade excessiva, de quem abusa da própria autoridade em relação à condição humilde de outra pessoa. Elisa me pareceu muito leviana e, quando estava sozinha comigo, comentava descaradamente certas aventuras da sua mocidade, piorando nossa situação. Lembrei também o dia em que minha mãe me chamou para dar alguns conselhos. Aquela intimidade, não pegava bem – dizia ela. Era justo que tratássemos a empregada com carinho e respeito, mas era melhor manter uma certa distância. Mesmo assim, fui irresponsável e levei muito longe nossa amizade. Muito envergonhada, Elisa saiu de nossa casa, sem coragem de me acusar de nada. O tempo passou, reduzindo o fato a acontecimento passageiro em minha mente. No entanto, o episódio continuava vivo. Na minha frente, Elisa estava agora vencida e humilhada! Por onde será que andou a pobre criatura, levada tão jovem a sofrimentos tão grandes? De onde vinha?” � Dinheiro

(Irmão X. Cartas e Crônicas. Capítulo 4.) “(...) Se você possui algum dinheiro ou detêm alguma posse terrestre, não adia doações, caso esteja realmente inclinado a fazê-las. Grandes homens, que admirávamos no mundo pela habilidade e poder com que concretizavam importantes negócios, aparecem, junto de nós, em muitas ocasiões, à maneira de crianças desesperadas por não mais conseguirem manobrar os talões de cheque. Em família, observe com cautela os testamentos. As doenças fulminatórias chegam de assalto, e, se a sua papelada não estiver em ordem, você padecerá muitas humilhações, através de tribunais e cartórios.” (Paulina. Nosso Lar. Capítulo 30.) “Nem sempre sabemos interpretar o que seja benefício, no capítulo da riqueza transitória. Costumamos amealhar o dinheiro por espírito de vaidade e ambição. Querendo viver acima dos outros, não nos lembramos disso, senão nas expressões externas da vida.

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São raros os que se preocupam em ajuntar conhecimentos nobres, qualidades de tolerância, luzes de humildade, bênçãos de compreensão. Impomos a outrem os nossos caprichos, afastamo-nos dos serviços do Pai, esquecemos a lapidação do nosso espírito. Ninguém nasce no planeta simplesmente para acumular moedas nos cofres ou valores nos bancos.” � Família:

(Irmão X. Cartas e Crônicas. Capítulo 4.) “(...) Sobretudo, não se apegue demasiado aos laços consanguíneos. Ame sua esposa, seus filhos e seus parentes (amor) com moderação, na certeza de que, um dia, você estará ausente deles e de que, por isso mesmo, agirão quase sempre em desacordo com a sua vontade, embora lhe respeitem a memória. Não se esqueça de que, no estado presente da educação terrestre, se alguns afeiçoados lhe registrarem a presença extraterrena, depois dos funerais, na certa intimá-lo-ão a descer aos infernos, receando-lhe a volta inoportuna.” (André Luiz. Nosso Lar. Capítulo 1.) “(...) esposa e filhos que prendera ferozmente nas teias rijas do egoísmo destruidor. Esquecido de estender essa bênção Divina à imensa família humana, surdo a comezinhos deveres de fraternidade.” (André Luiz. Nosso Lar. Capítulo 50.) “(...) Compreendia, finalmente, as necessidades humanas. Não era proprietário de Zélia, mas seu irmão e amigo. Não era dono de meus filhos, e sim companheiros de luta e realização.” � Fé e religião:

(Irmão X. Cartas e Crônicas. Capítulo 4.) “Se você já possui o tesouro de uma fé religiosa, viva de acordo com os preceitos que abraça. É horrível a responsabilidade moral de quem já conhece o caminho, sem equilibrar-se dentro dele. Faça o bem que puder, sem a preocupação de satisfazer a todos. Convença-se de que se você não experimenta simpatia por determinadas criaturas, há muita gente que suporta você com muito esforço. Por essa razão, em qualquer circunstância, conserve o seu nobre sorriso. Trabalhe sempre, trabalhe sem cessar. O serviço é o melhor dissolvente de nossas mágoas. Ajude-se, através do leal cumprimento de seus deveres.

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Quanto ao mais, não se canse nem indague em excesso, porque, com mais tempo ou menos tempo, a morte lhe oferecerá o seu cartão de visita, impondo-lhe ao conhecimento tudo aquilo que, por agora, não lhe posso dizer.”

Conclusão (André Luiz. Nosso Lar. Capítulo 49.) Comecei a ponderar o alcance da recomendação evangélica e refleti com mais serenidade. (…) Preciso era, pois, lutar contra o egoísmo feroz. Jesus conduzira-me a outras fontes. Não podia proceder como homem da Terra. Minha família não era, apenas, uma esposa e três filhos na Terra. Era, sim, constituída de centenas de enfermos nas Câmaras de Retificação e estendia-se, agora, à comunidade universal. Dominado de novos pensamentos, senti que a linfa do verdadeiro amor começava a brotar das feridas benéficas que a realidade me abrira no coração que, por agora, não lhe posso dizer.