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Apostila 9 CURSO DE COMUNICAÇÃO SOCIAL - Jornalismo DISCIPLINA: Fundamentos do Jornalismo PROFESSOR: José Romildo de Oliveira Lima SEMESTRE DO CURSO: Primeiro SEMESTRE LETIVO: fevereiro a julho de 2004 Anotações sobre o endividamento da mídia brasileira até o final de 2003 Representantes da indústria de jornais, rádio e televisão estimam que a dívida da mídia brasileira chega a R$ 10 bilhões. A crise chegou ao fundo do poço em 2002, quando a circulação de revistas caiu de 17,1 milhões para 16,2 milhões de exemplares/ano, enquanto a de jornais caiu de 7,9 milhões de exemplares/dia para 7 milhões. De 2000 a 2002, o bolo publicitário - dividido entre todas as empresas de mídia – diminuiu de R$ 9,8 bilhões em 2000 para R$ 9,6 bilhões em 2002. Em 2003, porém, a mídia ensaiou uma recuperação. Pesquisa de investimento em publicidade do projeto Inter- Meios, conforme a Folha de S. Paulo (15-02-2004), a receita - de janeiro a setembro – cresceu 7,9%, em relação ao ano anterior. Origem do problema: A Folha de S. Paulo informa que o presidente da Associação Nacional de Jornais (ANJ) e do Conselho de Administração do grupo O Estado de S. Paulo, Francisco Mesquita Neto, todos os jornais, em graus variados, haviam investido na informatização das redações e na compra de equipamentos gráficos para aumentar a tiragem e ter edições coloridas. Entre US$ 600 milhões e US$ 700 milhões foram gastos na compra de rotativas e no aumento do parque gráfico, a partir de 1995. 1

Apostila 9-Endividamento Da Mídia Brasileira

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Apostila 9

CURSO DE COMUNICAÇÃO SOCIAL - Jornalismo

DISCIPLINA: Fundamentos do JornalismoPROFESSOR: José Romildo de Oliveira LimaSEMESTRE DO CURSO: PrimeiroSEMESTRE LETIVO: fevereiro a julho de 2004

Anotações sobre o endividamento da mídia brasileira até o final de 2003

Representantes da indústria de jornais, rádio e televisão estimam que a dívida da mídia brasileira chega a R$ 10 bilhões. A crise chegou ao fundo do poço em 2002, quando a circulação de revistas caiu de 17,1 milhões para 16,2 milhões de exemplares/ano, enquanto a de jornais caiu de 7,9 milhões de exemplares/dia para 7 milhões. De 2000 a 2002, o bolo publicitário - dividido entre todas as empresas de mídia – diminuiu de R$ 9,8 bilhões em 2000 para R$ 9,6 bilhões em 2002.

Em 2003, porém, a mídia ensaiou uma recuperação. Pesquisa de investimento em publicidade do projeto Inter-Meios, conforme a Folha de S. Paulo (15-02-2004), a receita - de janeiro a setembro – cresceu 7,9%, em relação ao ano anterior.

Origem do problema: A Folha de S. Paulo informa que o presidente da Associação Nacional de Jornais (ANJ) e do Conselho de Administração do grupo O Estado de S. Paulo, Francisco Mesquita Neto, todos os jornais, em graus variados, haviam investido na informatização das redações e na compra de equipamentos gráficos para aumentar a tiragem e ter edições coloridas. Entre US$ 600 milhões e US$ 700 milhões foram gastos na compra de rotativas e no aumento do parque gráfico, a partir de 1995.

A matéria observa que o grosso da dívida acumulada vem de novos negócios: TV por assinatura, telefonia e internet. “O setor imaginava que haveria uma rápida convergência entre a mídia tradicional e as telecomunicações e temia o fim da mídia impressa e a dominação do mercado pelas companhias telefônicas”, acrescenta.

- Sem capital próprio suficiente e sem linhas de crédito de longo prazo no país a juros compatíveis com o retorno dos investimentos, as empresas se endividaram em moeda externa, comenta a Folha.

Os dados indicam que as Organizações Globo respondem por 60% do endividamento total. Só a Globopar tem uma dívida equivalente a US$ 1,9 bilhão (R$ 5,6 bilhões). A Globopar deixou de pagar os credores em outubro de 2002. Os números não incluem as dívidas da Infoglobo – que edita os jornais O Globo, Extra, Diário de S. Paulo e é parceira

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do Grupo Folha no Valor Econômico – e das emissoras de rádio, que estão fora da estrutura da Globopar.

Três fundos de investimentos norte-americanos entraram, em 11 de dezembro de 2003, com ação na Corte de Falências do Distrito Sul de Nova York, pedindo a intervenção da Justiça dos Estados Unidos na renegociação das dívidas da Globopar. A Globo garante que tem condições de conduzir sua reestruturação e de pagar os credores.

A dívida da Globo provém dos investimentos feitos, a partir de 1995, em TV a cabo (Net Serviços), em TV por satélite (o projeto Sky, em parceria com bilionário Rupert Murdoch, nascido na Austrália e naturalizado norte-americano) e na Globosat.

Até 1998, quando houve a privatização da Telebrás, o mercado brasileiro de telecomunicações vivia uma euforia de investimentos, que contaminou a mídia brasileira. O câmbio estável (US$ 1 valia R$ 1), o crédito estrangeiro farto, o crescimento do mercado publicitário e o otimismo com o aumento da circulação de jornais e revistas eram motivos de otimismo.

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