Apostila Bioquimica Usp

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  • 7/31/2019 Apostila Bioquimica Usp

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    UNIVERSIDADE DE SO PAULOINSTITUTO DE QUMICA

    BIOQUMICA QBQ 0215FARMCIA NOTURNO

    Professores

    Nadja C. de S. P. Lardner ([email protected]) coordenadoraFabio L Forti ([email protected])

    Ricardo J. Giordano ([email protected])

    Mrio Jos Politi ([email protected])Monitor

    Reginaldo Almeida da Trindade

    2009

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    Apresentao QBQ 0215

    Curso de Bioqumica para estudantes do curso noturno da Faculdade de CinciasFarmacuticas.Perodo: Segundo semestre de 2009.

    Horrio: 19:00 s 23:00 s quartas- e quintas-feiras; 8:00 s 12:00 aos sbados

    Local: Salas 9 e 10 do B6 Trreo IQUSP

    Neste curso as atividades estaro distribudas em: I-aulas expositivas conforme os

    temas constantes no cronograma; II-estudos dirigidos em sala de aula, com superviso dos

    professores e monitores (PE); e III- resoluo de exerccios para consolidao dos temas

    apresentados, em Grupos de Discusso (GD) que sero realizados aos sbados.

    As quartas e quintas-feiras sero apresentadas aulas expositivas, seguidas de

    perodos de estudo e exerccios para fixao das matrias. Destes exerccios um ser

    selecionado no dia para entrega individual pelos alunos. Este exerccio constar paraavaliao de participao. Desta maneira, o esquema geral para as quartas- e quintas-

    feiras ser:

    19:00 s 20:30 aula expositiva

    20:30 s 20:45 intervalo

    20:45 s 22:00 perodo de estudos e exerccios

    22:00 s 23:00 discusso e Exerccio do Dia

    Aos sbados sero apresentadas aulas expositivas de integrao, seguidas de GDs.Os grupos de discusso consistem de exerccios monitorados para o aprofundamento do

    conhecimento pelos estudantes. Os temas da semana sero, ento, avaliados atravs de

    Prova tipo GD para ser realizada por grupos de 5-6 alunos; a mdia aritmtica de todas as

    Provas GD (GD) compor a nota final, como descrito abaixo. O cronograma para os

    sbados ser:

    8:00 s 9:45 Aula de Integrao

    9:45 s 10:00 intervalo

    10:00 s 12:00 Prova GD

    Alm das atividades descritas acima, teremos a preparao e apresentao de um

    seminrio por grupo, como distribudo no programa. Os temas de seminrio sero

    apresentados e distribudos no incio do curso, com um perodo de cerca de dois meses

    para a preparao das apresentaes. As apresentaes sero aos sbados, comforme o

    cronograma, e devem ser de 25-30 min; sugerimos que os grupos abordem seus temas

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    como propostas de projetos de pesquisa. Os semirios sero avaliados e comporo a nota

    final, como descrito abaixo.

    Avaliao

    O critrio de avaliao ser feito de acordo com a Frmula,

    MF = [P1 + P2 + P3 + P4 + (GD + S)/2]/5

    Onde:

    MF = mdia final

    P1-4 = provas 1 a 4

    GD = mdia de provas GD

    S = nota de seminrio

    A mdia mnima para aprovao Cinco.

    Para os alunos que perderem alguma prova teremos uma Prova Substitutiva ao final

    do curso. Nesta Prova constar toda a matria do semestre.

    Bibliografia

    Portugus:Bioqumica Bsica - A. Marzzoco & B.B. Torres - Ed. Guanabara Koogan 2a ed. - 1999.

    Princpios de Bioqumica - A.L. Lehninger, D.L. Nelson & M.M. Cox - Ed. Sarvier - 1995.

    Bioqumica - J. M. Berg, J.L. Tymoczko & L. Stryer - W.H.Freeman and Company 5th ed. -

    2002.

    Fundamentos de Bioqumica D. Voet, J. G. Voet & C. W. Pratt Artmed Editora- 2000.

    Ingls:

    Lehninger Principles of Biochemistry - D.L. Nelson & M.M. Cox - Worth Publishers - 3rd

    ed. -2000.

    Biochemistry - J. M. Berg, J.L. Tymoczko & L. Stryer - W.H.Freeman and Co. - 5 th ed. -

    2002.

    Biochemistry - D. Voet & J.G. Voet - John Wiley & Sons - 2004.

    Biochemistry - C. K. Mathews & K.E. van Holde - The Benjamin/Cummings Publishing Co.

    - 1996.

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    Principles of Biochemistry - H.R. Horton, L.A. Moran, R.S. Ochs, J.D. Rawn & K.G

    Scrimgeour Prentice Hall - 1993.

    Principles of Biochemistry - G.L. Zubay, W.W. Parson & D.E. Vance - WCB Publishers -

    1995.

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    PROFESSORES:

    Prof. Dr. Nadja Cristhina de Souza P. Lardner (coordenador) Bloco 10 Sup., Sala 1065

    Fone: 3091-3810 r 242

    Prof. Dr. Fabio Luis Forti Bloco 9 Inf., Sala 908

    Fone: 3091-3810 r 216

    Prof. Dr. Ricardo Giordano Bloco 10 Inf., Sala 1011

    Fone: 3091-3810 r 233

    Prof. Dr. Mrio Jos Politi Bloco 12 Sup., Sala 1258

    Fone: 3091-3877

    MONITORES:

    Reginaldo Almeida da Trindade e-mail:[email protected]

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    Cronograma

    2O SEMESTRE FARMCIA 2008QBQ 215

    Agosto dias Mdulos19/08 P quarta Apresentao / gua, tampes, pH do sangue20/08 P quinta Aminocidos: Funes e Propriedades22/08 P sbado Aula integrao & GD 126/08 P quarta Estrutura e funo de Protenas I27/08 P quinta Estrutura e funo de Protenas II29/08 P sbado Aula integrao & GD 2Setembro -02/09 P quarta Enzimas - conceitos gerais03/09 P quinta Cintica enzimtica05/09 R sbado Aula integrao & GD 3

    09/09 P quarta cidos Nuclicos e Estruturas10/09 P quinta Acares e Polissacardeos12/09 P sbado Aula integrao & GD 416/09 P quarta Prova 117/09 P quinta Lipdeos e membranas19/09 P sbado Aula integrao & GD 523/09 P quarta Colesterol, partculas carreadoras e sais biliares24/09 P quinta Bioenergtica e ATP26/09 P sbado Aula integrao & GD 630/09 P quarta GlicliseOutubro -01/10 P quinta Ciclo de Krebs03/10 P sbado Aula integrao & GD 707/10 P quarta Fosforilao Oxidativa08/10 P quinta Prova 210/10 P sbado GD 8 e Seminrios (2)14/10 - quarta Semana da Farmcia (no haver aula)15/10 - quinta Semana da Farmcia (no haver aula)17/10 - sbado Semana da Farmcia (no haver aula)21/10 F quarta Ciclo das Pentoses22/10 F quinta Neoglicognese24/10 F sabado GD 9 e Seminrios (2)28/10 - quarta Dia do funcionrio pblico (no haver aula)

    29/10 F quinta Metabolismo de Glicognio31/10 F sabado GD 10 e Seminrios (2)Novembro -04/11 F quarta cidos Graxos - Degradao05/11 F quinta cidos Graxos - Sntese07/11 F sbado GD 11 e Seminrios (2)11/11 R quarta Metabolismo de Amino cidos12/11 R quinta Prova 314/11 P sabado GD 12 e Seminrios (2)

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    18/11 R quarta Ciclo da Uria19/11 R quinta Metabolismo de Purinas e Pirimidinas21/11 R sbado GD 13 e Seminrios (2)25/11 R quarta Fotossntese26/11 N quinta Integrao do Metabolismo28/11 R sbado GD 14 e Seminrios (2)Dezembro -

    02/12 N quarta Fluxos de materiais em Humanos,Transporte em Membranas03/12 N quinta Diabetes e Hormnios05/12 N sbado GD 15 e Seminrios (2)09/12 N quarta Metabolismo Muscular10/12 N quinta Transduo de Sinais12/12 N sbado Prova 416/12 N quarta Aula de integrao e GD 1617/12 N quinta Prova substitutiva

    P = Politi

    F = Fabio

    R= Ricardo

    N = Nadja

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    Temas para os Seminrios:

    1. As reaes qumicas e a origem da vida

    2. Importncia da estrutura das protenas para as propriedades fsicas de materiaisbiolgicos

    3. Enzimas como alvos farmacuticos

    4. Alcoolismo

    5. Obsidade e desnutrio

    6. Sndrome Metablica e diabetes

    7. Osteoporose e Hipercalcemia

    8. O metabolismo e a pirmide alimentar

    9. Doenas do metabolismo de purina/pirimidinas

    10. Ictercias

    11. Hiperlipidemia e Doenas Cardiovasculares

    12. O nitrognio e a vida

    13. Fotossntese e o impacto biolgico do ciclo de carbono

    14. Cancer e estratgias anti-neoplasicas

    15. Membranas como alvos farmacuticos

    16. Doenas mitocondriais

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    H2O e Sistemas TAMPO

    1. A molcula de gua, H2O, apresenta um ngulo de 104,5 graus entre as duas ligaes O-H,

    dando-lhe um carter altamente polar. Alm disso, o tomo de O possui 2 pares de eltrons

    livres, permitindo a formao de ligaes (ou pontes) de H entre molculas vizinhas. Esta

    estrutura d gua propriedades fsicas e qumicas de enorme importncia biolgica.

    2. A gua se ioniza atravs de uma reao cido-base:

    H2O + H2O H3O++ OH-

    A reao cido-base se caracteriza pela troca de prtons entre pares conjugados de cidos e

    bases. A gua pode se comportar como cido e como base:

    AH + H2O H3O+ + A-

    B + H2O BH + OH-

    Estas so reaes de equilbrio, s quais correspondem constantes de equilbrio definidas.

    Por exemplo: K = [H3O+] [A-]

    [AH] [H2O]

    K mede a afinidade relativa das bases, de cada par cido-base conjugados (AH/ A - e H3O+/

    H2O), por prtons. Fala-se comumente em constante de dissociao de um cido (Ka),

    significando: Ka = K [H2O] = [H+] [A-], onde [H2O] essencialmente constante (55 M).

    [AH]

    3. [H+] a concentrao hidrogeninica e os valores de [H+] para a maioria das solues so

    muito baixos e difceis de serem comparados. Um valor mais prtico conhecido como pH:

    pH = - log [H+].

    como 1/[H+] = 1/K x [A-]/[AH]pode-se obter pH = - logK + log [A-]/[AH]

    por analogia - log K = pK

    e pH = pK + log [A-]/[AH]

    Conclui-se que pK numericamente igual a pH da soluo na qual as concentraes

    molares do cido e sua base conjugada so iguais (ie log [A-]/[AH] = 0).

    A igualdade pH = pK + log [A-]/[AH] conhecida como Equao de Henderson-

    Hasselbach.

    4. cidos so classificados de acordo com sua fora relativa, ou seja, de acordo com sua

    capacidade de transferir um prton para a gua. cidos com constantes de dissociao

    menores do que aquela de H3O+ (que, por definio, igual a 1 em solues aquosas (v se

    consegue confirmar porqu!)) so s parcialmente ionizados em solues aquosas e so

    conhecidos como cidos fracos (K < 1). J os cidos fortes tm constantes de dissociao

    maiores que a de H3O+, sendo quase completamente ionizados em solues aquosas (K>1).

    5. Tampes so sistemas aquosos que tendem a resistir a variaes no seu pH quando

    pequenas quantidades de cido (H+) ou base (OH-) so adicionadas. Um sistema tampo

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    consiste de um cido fraco (o doador de prtons) e sua base conjugada (o aceptor de

    prtons). comum encontarr os seguintes smbolos para representar um cido (AH ou BH+)

    e sua base conjugada (A-

    ou B:)

    6. A adio de cido forte (H+) ou base forte (OH-) a uma soluo aquosa de um cido fraco,

    por exemplo, cido actico (pKa = 4,76), causa pequenas variaes de pH, se a soluo

    estiver a um pH prximo do pK do cido. Este comportamento define um tampo cido-base.7. O pH do sangue mantido atravs de um sistema de reaes envolvendo a Hemoglobina e

    o CO2, ie o on HCO3-.

    Exerccios 1

    1) Defina cidos e bases no conceito de Brnsted, mostrando exemplos.

    2) a) Qual o pH das solues 0,1 M dos cidos fortes HCl e HNO3?b) Usar a equao Henderson-

    Hasselbach para calcular o grau de dissociao dos cidos fracos i) H2S (Ka=1x10-7

    ) e ii) cidoactico (Ka=2x10

    -5) em solues 0,1 M. Qual o respectivo pH dessas solues?

    3) Esquematize a curva de titulao de 1 L de uma soluo de 0,1 M H3PO4 com uma soluo de 10

    M NaOH, colocando pH (eixo y) em funo de volume de base adicional (eixo x). Indicar os

    pontos na titulao (volumes de NaOH) em que o pH equivale cada um dos pK as do cido.

    4) Indique como se pode preparar 1 L de um tampo a pH=7,0, capaz de manter o pH estvel com

    adio de 10 mL de HCl 0,1M, dispondo-se das solues:

    a) 1M H3PO4

    b) 1M cido actico

    c) 1M NaOH

    5) Desenhe a estrutura do gelo, mostrando pontes de hidrognio entre molculas de gua. O que

    acontece quando o gelo derrete? Porque a gua lquida 4oC mais densa do que o gelo 0oC?

    6)Discuta as propriedades de gua em comparao a outros solventes e a molculas isoeletrnicas.

    7) Desenhe a estrutura do NaCl no estado slido e tambm no estado aquoso, neste ltimo,

    destaque suas interaes com gua.

    8) Discuta como o sistema tampo do sangue mantm o pH estvel em condies de

    acidose e de alcalose.

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    AMINOCIDOS

    1. Aminocidos, bases purnicas e pirimidnicas, nucleosdeos e nucleotdeos, hexoses (como

    glicose), so componentes monomricos dos principais polmeros biolgicos, ou seja,

    protenas, cidos nuclicos (DNA e RNA) e polissacardeos (glicognio, amido e celulose).

    Aminocidos, bases, nucleosdeos e nucleotdeos so em geral muito solveis em gua epossuem grupos funcionais que participam em reaes cido-base. Glicose tambm

    altamente solvel em gua, mas no participa em reaes cido-base.

    i. H 20 aminocidos que compem protenas (Tabela 1), todos mostrando a frmula geral:

    R+H3N C COO

    - on dipolar ou zwitterion encontrado emgua pH 7

    H

    2. Aminocidos podem ser agrupados em classes com base nas propriedades dos seus grupos

    radicais (R), em particular sua polaridade ou tendncia de interagir com gua em pH

    biolgico ( 7,0).

    3. Todos os aminocidos livres comportam como cidos poliprticos. Quando um aminocido

    cristalino dissolvido em gua, ele pode agir como um cido ou como uma base. O grupo

    carboxlico mostra um pK em torno de 2,0, enquanto o grupo amino tem um pK entre 9,0 e

    10,0. Portanto, no pH fisiolgico (pH 7,0), a maioria das molculas de todos os aminocidos

    est na forma de ons dipolares (zwitterions). Chama-se pI de um aminocido o pH da

    soluo na qual suas molculas possuem carga lquida nula. Na cadeia lateral (-R) os

    aminocidos apresentam grupos funcionais, entre os quais existem grupos cido-base.

    4. O carbono dos aminocidos, excetuando-se a glicina, assimtrico, fazendo com queestas substncias tenham atividade ptica e, portanto, apresentem pares de ismeros

    pticos.

    Exerccios 2

    1) Quais dos aminocidos tm dois carbonos quirais e qual deles no possui isomeria ptica?

    2) Mostre porque a seguinte forma no-inica de um aminocido no pode ser encontrada em

    soluo aquosa.

    R

    H2N C COOH

    H

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    3) O etanol no tem carter cido em gua, enquanto fenol e cido actico se dissociam em soluo

    aquosa, sendo o cido actico (pK=4,8) mais forte que o fenol (pK=10). Como se pode explicar o

    comportamento destes trs compostos em gua a partir de suas estruturas moleculares?

    4) Esquematize a curva de titulao da glicina com NaOH a partir de pH=1 e do cido asprtico com

    HCl a partir de pH=11. Coloque o pH na ordenada e, na abscissa, a quantidade de equivalentesde cido ou base forte.

    5) a) Quais os pontos isoeltricos de: glicina (pKs=2,5 e 9,5), cido asprtico (pKs=2,5; 4,0 e 9,5),

    lisina (pKs=2,5; 9,5 e 10) e histidina (pKs=2,5; 6,0 e 9,5)? b) Calcular as cargas lquidas

    (aproximadas) do cido asprtico, lisina ou histidina nos seguintes pHs: pH 1, pH 8, pH 11.

    6) Tentar classificar os aminocidos em termos da natureza qumica dos seus grupos radicais: a)

    ionizveis ou no ionizveis, b) cidos ou bsicos, c) polares ou no polares, d) hidroflicos ou

    hidrofbicos, e) alifticos ou aromticos, f) lineares ou ramificados e g) pequenos e grandes.

    7) Na Tabela 1 indicar: a) O cdigo de letra nica para cada aminocido e b) os pKR dos

    aminocidos com grupos radicais ionizveis.

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    Tabela 1: Estrutura dos 20 aminocidos encontrados em protenas

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    ESTRUTURA PRIMRIA DE PROTENAS

    1. A descrio da estrutura das protenas dividida em quatro nveis de organizao: estrutura

    primria, secundria, terciria e quartenria.2. A estrutura primria se refere seqncia de aminocidos que compem a protena. Trata-

    se, portanto, da estrutura de ligaes covalentes. A principal ligao covalente entre

    aminocios a ligao peptdica. Os aminocidos podem formar polmeros atravs da

    ligao do grupo carboxila de um aminocido com o grupo amino de outro. Esta ligao

    carbono-nitrognio chamada ligao peptdica, obtida por excluso de uma molcula de

    gua. Quimicamente, a formao da ligao peptdica pode ser representada pela seguinte

    equao:

    Esta reao, como esta escrita, jamais ocorre nos seres vivos. A unio dos aminocidos por

    ligao peptdica no feita por reao direta entre eles, mas atravs de um complexo

    aparato de sntese protica, que inclui ribossomos, cidos ribonuclicos, vrias protenas e

    enzimas num processo chamado traduo. A equao mostra apenas o resultado liquido do

    processo.3. As propriedades da ligao peptdica impem restries ao dobramento do polmero formado. A

    ligao peptdica, apesar de ser representada por um nico trao de ligao, tem caractersticas

    intermediarias entre uma ligao simples e uma dupla ligao, devido s interaes entre duas

    formas de ressonncia.

    4.

    A conseqncia desse carter parcial de dupla ligao que no h possibilidade de rotao

    em torno da ligao peptdica. Assim sendo, os quatro tomos dos grupamentos que

    participam da ligao peptdica ficam dispostos em um plano rgido, constituindo o que se

    costuma chamar de grupo peptdico ou unidade peptdica (vide retngulos) Notar tambm

    que os dois carbonos alpha (C) vizinhos de cada ligao peptdica tambm se encontram o

    plano.

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    Marzzocco & Torres, Bioqumica Bsica.

    O polmero formado pode, portanto, ser visualizado como uma cadeia constituda por

    unidades planares (unidades peptdicas), unidas entre si com uma articulao flexvel: o

    carbono . Esta cadeia chama-se cadeia polipeptdica. As protenas podem ser formadas por

    uma ou mais cadeias polipeptdicas.4. Todavia, existem pontos de dobramento entre as unidades peptdicas rgidas, graas a

    possibilidade de rotao em torno das ligaes com o carbono alfa (N-C e C-C), que so

    ligaes efetivamente simples (vide figura acima). Estas ligaes so chamadas phi () e psi

    () respectivamente.

    5. A cadeia polipeptdica pode ser dividida entre a cadeia principal e as cadeias laterais

    (grupos R) ligados aos carbonos alfa.

    Exerccios 3

    1) Defina estrutura primria, secundria, terciria e quaternria de uma protena, dando exemplos.

    2) Esquematize a estrutura de uma ligao peptdica.

    3) a) Desenhar o tripeptdeo Ala-Asp-His. b) Calcular o seu pI. c) Calcular sua carga lquida em pH

    1, pH 6 e pH 12.

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    4) Com os dados abaixo, defina a seqncia do peptdeo analisado: a) hidrlise cida total resultou

    em: Arg, Tyr, Leu, Ala, Glu Lys, Ser e Pro; b) dansilao e hidrlise produziram: dansil-Leu; c) dois

    ciclos consecutivos de degradao de Edman liberaram, respectivamente Leu e Tyr; d) tripsina

    liberou 2 peptdeos cujas composies, aps hidrlise cida total, foram, respectivamente (Tyr, Leu,

    Arg) e (Ser, Glu, Pro, Ala Lys); e) carboxipeptidase A no liberou nada, mas carboxipeptidase Cliberou Ser; f) endopeptidase V8 liberou o tripeptdeo Lys-Pro-Ser e um pentapeptdeo que, tratado

    com carboxipeptidase C, liberou Glu.

    5) Mostre a reao de xido-reduo da cistena que importante na estrutura de

    peptdeos.

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    ESTRUTURA SECUNDRIA E TERCIRIA DE PROTENAS

    1. A estrutura secundria definida pela conformao local do esqueleto de ligaes peptdicas

    que compe o eixo da protena. Esta conformao local pode ser explicitamente expressa

    atravs dos ngulos phi () e psi (). Em geral, certas combinaes de ngulos phi () e psi

    () so permitidas enquanto outras no so permitidas devido a impedimentos estricosentre tomos de grupos vizinhos. Este princpio pode ser resumido num diagrama de

    Ramachandran (Figura 1).

    Figura 1: Diagramas de Ramachandran. Esquerda: Estruturas secundrias correpondentes s

    combinaes estericamente permitidas para angulos phi e psi. Direta: ngulos observados para

    todas as ligaes em 12 protenas com estruturas de alta resoluo determinadas por

    cristalografia.

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    Figura 2: -hlice. Figura 3: Folha pregueada.

    2. H duas estruturas secundrias principais: -hlice (Figura 2) e folha pregueada (Figura 3),

    que so estruturas organizacionais regulares e repetitivas. Estas duas estruturas podem ser

    caracterizadas por combinaes de angulos phi e psi (Figura 1) adotadas pela cadeia principal.

    Alm de -hlice e folha , as protenas globulares mostram tambm alas de formas definidas,

    mas irregulares e no repetitivas.

    5. A estrutura terciria descreve o arranjo tridimensional da cadeia principal da protena, incluindo a

    disposio espacial das cadeias laterais dos aminocidos. H muitas possibilidades de arranjostridimensionais para a estrutura terciria das protenas.

    a. As propriedades bioqumicas e biolgicas de uma protena so determinadas pelo arranjo

    tridimensional de sua cadeia, isto , pela sua estrutura terciria. Logo, nas condies

    fisiolgicas a protena adquire uma estrutura terciria bem definida e necessria sua

    funo, que conhecida como estrutura nativa. O desarranjo da estrutura terciria leva

    perda de funo da protena, processo que genericamente chamado de desnaturao.

    b. Em protenas pequenas da estrutura primria define a estrutura terciria nativa da protena.

    Nestes casos os processos de desnaturao e renaturao da estrutura da protena so

    reversveis. A estrutura nativa a conformao da protena de menor nvel de energia livre

    (G) e alcanada espontaneamente (processo exergnico). O exemplo clssico desse

    comportamento dado pela protena Rnase A, uma enzima que no seu estado nativo

    catalisa a hidrlise de RNA. Para protenas grandes o processo de desnaturao

    irreversvel e o fenmeno de alcance da conformao nativa complexo e ainda mal

    entendido.

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    6. A Hb e a Mb so protenas com funes parecidas. Ambas apresentam afinidade pelo O2

    molecular. A HB o carreador do O2 pelo sistema arterial e capilares enquanto a Mb

    seqestra o O2 em nvel do tecido muscular. Servindo como depsito para a contrao

    do msculo em aerobiose. A curva de interao Hb/O2 tem carter sigmoidal (alostrica)

    emquanto a da Mb hiperblica. Esta diferena permite um controle fino da troca de O2

    entre artrias e msculo. Em paralelo a curva de afinidade O2/Hb entre a me e o feto

    apresenta maior afinidade pela Hb fetal permitindo a troca eficiente de O2 para o feto.

    7. Efeito Bohr.

    Exerccios 4

    1) Distinga estrutura secundria e terciria de uma protena. D exemplos.

    2) Descreva -hlice e folha pregueada. Aponte as diferenas essenciais entre estas formas de

    estrutura secundria encontradas em peptdeos.

    3) Discuta os dois diagramas de Ramachandran apresentados na Figura 1 e relacione-os com as

    estruturas apresentadas nas Figuras 2 e 3.

    4) Descreva a experincia clssica de Anfinsen com a enzima ribonuclease A, indicando sua

    concluso principal. Qual o papel das pontes de dissulfeto na manuteno da estrutura nativa

    (terciria) da ribonuclease? Conceitue estrutura nativa e desnaturao de protenas, mostrando

    o que isso tem a ver com a atividade enzimtica da ribonuclase A. Que funo termodinmicapromove espontaneamente a transio da ribonuclease de desnaturada para nativa?

    5) Duas protenas, apesar de terem diferenas quanto a alguns de seus aminocidos, so capazes

    de desempenhar a mesma funo. Explique como isto possvel.

    6) Pesquisar informaes sobre a estrutura de hemoglobina. Descrever a sua estrutura terciria e

    quartenria. Descrever as mudanas na estrutura quartenria que acontecem devido ligao de

    oxignio.

    7) O que efeito hidrofbico e qual o seu papel na manuteno da estrutura terciria das protenas?

    Qual o fator preponderante no efeito hidrofbico: o entlpico ou o entrpico? Explique

    qualitativamente sua resposta.

    8) Discuta porque uria e cloreto de guanidina desorganizam a -hlice.

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    CINTICA ENZIMTICA

    1. Enzimas so catalisadores biolgicos cuja natureza qumica proteica. A natureza proteica das

    enzimas lhes proporciona alto grau de especificidade.

    2. A grande maioria das reaes biolgicas no ocorre, ou ocorrem a velocidades baixssimas nascondies fisiolgicas de pH e temperatura. Logo, as reaes biolgicas, em geral, necessitam

    de catlise para ocorrer, isto , necessitam de enzimas. Para cada reao h uma enzima

    especfica.

    3. Na reao genrica A B a direo espontnea da reao dada pela variao de energia

    livre, .G0, conforme esquematizado no grfico da Figura 5.

    Figura 6. Variao de energia livre (G) na reao genrica A B.

    G0 uma constante que se relaciona com a constante de equilbrio da reao pela expresso -

    G0=2.3 RTlogK. Por outro lado, as velocidades das reaes AB e BA ou, respectivamente,

    as constantes de velocidade k1 e k-1 no dependem do G0 da reao, mas dos, respectivos,

    G10 e G-1

    0, que por sua vez s dependem da energia livre (G) do estado de transio

    (energias de ativao). A enzima (catalisador) no muda o G0 da reao, pois

    catalisadores no interferem com os estados inicial e final das reaes, mas mudam o

    caminho da reao e, por conseqncia diminuem a energia do Estado de Transio.

    4. Uria uma substncia muito estvel em gua, mas que pode ser rapidamente decompostas

    por hidrlise se a reao for catalisada pela enzima urease:

    EnergiaLivre (G)

    Coordenada de Reao

    Estado Inicial(S)

    Estado Final(P)

    Estado de transio dareao no catalisada

    G0

    G10#

    G0#-1

    Estado de transio dareao catalisada

    G0#-1catG0#1cat

    *

    *

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    H2N UREASE

    C=O + H2O CO2 + 2 NH3

    H2N

    Trata-se de reao de primeira ordem, onde v=k1[uria], apesar da equao estequiomtrica

    indicar a existncia de 2 reagentes. Esta reao pode ser acompanhada em tubo de ensaio nolaboratrio. As Tabelas 3 e 4 mostram resultados obtidos na prtica.

    Tabela 3. Cintica da enzima urease.

    Tubo no Tempo (minuto) NH3(moles)

    1 0 0

    2 2 0.084

    3 4 0.168

    4 6 0.252

    5 8 0.336

    6 10 0.420

    Concentrao da uria: 5 mM; Concentrao da urease: 0,1 g/mL;

    Volume de reao: 1 mL; Temperatura: 30o

    C.

    Os dados da Tabela 3 mostram que a velocidade da reao constante ao longo do tempo

    estudado. J os dados da Tabela 4 mostram variaes relativamente complexas da velocidade

    de reao em funo da concentrao da uria para um perodo de 10 minutos de reao.

    Os dados da Tabela 4 permitem medir experimentalmente duas constantes importantes das

    reaes enzimticas Vmax (velocidade mxima) e Km (constante de Michaelis) atravs da

    equao v = Vmax[S] / (Km + [S]).

    Tabela 4. Cintica da enzima urease.

    Tubo n Uria (mM) Urease (g) NH3 (moles)

    1 2,5 0,1 0,21

    2 5,0 0,1 0,42

    3 10 0,1 0,59

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    4 15 0,1 0,67

    5 25 0,1 0,73

    6 50 0,1 0,78

    7 100 0,1 0,79

    8 200 0,1 0,78

    9 200 - 0,00

    Os significados de Vmax e Km so definidos no modelo de cintica enzimtica proposto por

    Michaelis e Menten no incio do sculo passado onde ES um complexo enzima substrato

    formado antes de converso do substrato em produtos.

    A derivao da equao Michaelis Menten:

    v = Vmax[S] / (Km + [S]) = kcat[Et][S] / (Km + [S])

    apresentada na prxima pgina.

    E + S ES E + Pkcatk1

    k-1

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    Frao de Etot na forma de ES =[S]/(Kdiss + [S])

    Velocidadenaquela [S]

    Velocidade mximaConcentraodo substrato

    Kdiss aparente do

    Complexo enzima-substrato

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    5. Substncias que reduzem a atividade de uma enzima so chamadas inibidores. Em termos

    gerais, inibidores podem atuar em vrias maneiras. Aqui vamos focalizar em inibidores que

    ligam reversivelmente com a enzima com constantes de dissociao KI. Estes tipos de

    inibidores podem atuar em duas maneiras diferentes: a) Eles podem competir com o substrato

    para o mesmo stio de ligao na superfcie da enzima livre. Neste caso so chamados

    inibidores competitivos ou b) Eles podem ligar em outro stio na enzima livre (E) e/ou nocomplexo enzima-substrato (ES). Estes inibidores so chamados inibidores mistos/no-

    competitivos se podem ligar a E e ES e so chamados acompetitivos se ligam somente ao

    complexo ES.

    6. A presena de um inibidor competitivo se manifesta em uma mudana no valor do Km:

    Km obs = Km(1+[I]/KI) = Km onde (1+[I]/KI)

    7. A presena de um inibidor misto/no-competitivo se manifesta em uma mudana nos valores do

    Km e no valor do Vmax:

    Km obs = Km(1+[I]/KI)/(1+[I]/KI) = Km

    Vmax obs = Vmax /8. A presena de um inibidor acompetitivo se manifesta em uma mudana nos valores do Km e no

    valor do Vmax:

    Km obs = Km / (1+[I]/KI) = Km

    Vmaxobs = Vmax /

    Exerccios 5

    1) As velocidades de uma reao enzimtica foram determinadas para diversas concentraes de

    substrato, conforme a tabela abaixo:

    [S] (M) V (mol/L.min)

    5 22

    10 39

    20 65

    50 102

    100 120

    200 135

    Os grficos de, respectivamente, V em funo de [S] e 1/V em funo de 1/[S] podem servir para

    determinar Km e Vmax? Como?

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    2) Numa reao enzimtica, o valor de Vmax, mas no o de Km diretamente proporcional

    concentrao da enzima? Justifique.

    3) A velocidade inicial de uma reao enzimtica em funo da concentrao do substrato S, na

    ausncia e na presena dos inibidores A e B segue os dados da tabela abaixo:

    VELOCIDADE (MOL/L X MIN)[S] (M)

    SEM I Com Inibidor A Com Inibidor B

    1,25 1,72 0,98 1,01

    1,67 2,04 1,17 1,26

    2,5 2,63 1,47 1,72

    5,0 3,33 1,96 2,56

    10,0 4,17 2,38 3,49

    a) Qual a classe dos inibidores A e B?

    b) Determine Vmax e Km na ausncia e presena dos inibidores.

    4) Utilizando-se dos valores de Km e Vmax determinados nas questes 1 e 3, esquematize num

    mesmo grfico, para as duas reaes, V em funo da concentrao de substrato, expressa em

    mltiplos de Km. No eixo dos Y ajuste arbitrariamente as escalas para cada reao fazendo

    coincidir os pontos de V = Vmax. Como so as curvas para duas reaes? Justifique o resultado.

    5) O que so enzimas alostricas? Defina utilizando-se de grficos esquemticos de V em

    funo de [S], compare uma enzima michaeliana (da questo 4) com uma enzima

    alostrica positiva e com uma enzima alostrica negativa.

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    MECANISMOS DE CATLISE ENZIMTICA

    1. Catlise cido/base catlise por transferncia de protons. A catlise cida um

    processo no qual a transferncia parcial de prtons de um cido para o estado de transio

    diminui a energia livre do estado de transio de uma reao. A reao pode ser tambmestimulada por uma catlise bsica se a taxa de reao aumentar com a abstrao de um

    prton por uma base. Algumas reaes podem ser sujeitas simultaneamente a ambos os

    processos, caracterizando uma catlise cido-base. Em reaes catalisadas por enzimas os

    cidos e bases catalisadores so grupos especficos ionizveis da enzima localizados no seu

    stio ativo/stio cataltico. A mutarrotao da glicose (Figura 6) e a catlise da ribonuclease

    pancretica bovina A (RNase A) (Figura 7) so exemplos de catlise cido-base.

    Figura 6. Mutarrotao da glicose.

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    Figura 7. Catlise da ribonuclease pancretica bovina A (RNase A).

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    2. Catlise covalente envolve a acelerao da taxa de reao atravs da formao transiente

    de uma ligao covalente substrato-catalisador. A descarboxilao do acetoacetato um

    exemplo deste processo:

    No primeiro estgio desta reao, a amina faz um ataque nucleoflico ao grupo carbonila do

    acetoacetato formando uma base de Schiff (ligao imina).

    O tomo de nitrognio protonado do intermedirio covalente atua como um receptor de eltrons

    reduzindo assim o carter de alta energia do enolato. A catalise covalente possui estgios

    nucleoflicos e eletroflicos. A catlise covalente pode ser dividida conceitualmente em trs

    estgios:

    1) A reao nucleoflica entre o catalisador e o substrato formando uma ligao

    covalente.

    2) A perda de eltrons do centro da reao pelo catalisador agora eletroflico.

    3) A eliminao do catalisador que uma reao essencial para retornar ao estgio 1.

    Exerccios 6

    1) Examine a reao de hidrlise de RNA catalisada pela RNase A para verificar que se trata de um

    mecanismo de catlise cido-base.

    2) Faa o grfico da velocidade de uma reao enzimtica em funo do pH para uma enzima

    estvel entre pHs 3 e 12, considerando que o substrato no possui grupos ionizveis e a

    OH-

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    atividade enzimtica exige no centro ativo uma carboxila (pKa = 5) desprotonada e um grupo

    amino (pKa = 9) protonado.

    3) Definir catlise eletrosttica. Procure um exemplo de uma enzima que utiliza esta estratgia.

    4) Descrever o mecanismo empregado pelas serina proteases (tripsina, quimiotripsina, elastase, etc)para hidrolisar ligaes peptdicas. Descrever todas as etapas da reao. Quais tipos de catlise

    so empregados em cada uma das etapas?

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    CIDOS NUCLEICOS

    Tendo em vista que no curso do prximo semestre, dedicado Biologia Molecular, neste modulo

    daremos nfase nicamente aos aspectos estruturais de RNA e DNAs. Conforme j bem

    estabelecido estes polmeros (polieletrlitos) so constitudos por um corrimo que consiste de

    riboses e deoxiriboses grupo fosfato, e pendente `a estes encontram-se as bases pricas epirimidnicas. Nos RNAs estas bases so C, T, A e U j nos DNAs as bases so C, T, A e G.

    1) A estrutura do DNA de dupla fita e do RNA fita simples.

    2) Nucleosdeos so denominados os monmeros compostos de purinas ou pirimidinas aos

    acares ribose e deoxiribose (deoxinucleosdeo).

    3) Nucleotdeos (deoxinucleotdeos) so ster de fosfato de nucleosdeos (deoxinucleosdeos).

    4) A fita de DNA em -hlice apresenta as denominadas cavernas (grooves) maior e menor. Stios

    estes de ligao de molculas.

    5) as bases constituem espcies de degraus, sendo as interaes entre T-A estabilizada por 2

    pontes de H e C-G por trs pontes.

    6) O teor de CG e AT determina a temperatura de fuso das cadeias ie a temperatura de separao

    das cadeias. Esta temperatura acorre abruptamente.

    7) O DNA encontra-se altamente enovelado no ncleo da clula.

    8) O fenmeno de hipercromismoajuda detectar a temperatura de melting das cadeias e permite

    fazer a hibridizao de cadeias.

    9) Molculas de DNA so extremamente longas e frgeis. A simples sonicao leva fragmentao

    em vrias sub-partculas.

    Exerccios 7

    1) Esboce as estruturas do DNA e do RNA.

    2) Por que o DNA chamado cido DESOXIribonucleico e o RNA chamado somente ribonucleico?

    3) Como deve ser a viscosidade de solues de DNA enovelado e aps a fuso?

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    4) Qual deve ser o efeito de sais na questo 3?

    5) Considerando seja um DNA linear ou circular como possvel enovelar o DNA em tal

    dimenses?

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    ACARES E POLISSACARDEOS: ESTRUTURA E FUNO

    1. Os carboidratos so compostos que apresentam a frmula emprica (CH2O)n (n> ou = 3),

    sendo funcionalmente poliidroxialdedos ou poliidroxicetonas. Os carboidratos mais simples

    so os monossacardeos, que se apresentam na formas de aldoses ou cetoses, conforme ogrupo funcional carbonlico que possuem, isto , respectivamente, aldedo ou cetona. H

    duas trioses: o gliceraldedo, uma aldotriose, e a diidroxiacetona, uma cetotriose (Figura 8).

    O gliceraldedo apresenta um carbono (C2) assimtrico, dando origem a dois ismeros

    opticos, as formas D e L (Figura 9). J a diidroxiacetona no possui C assimtrico e, por isso,

    no mostra esse tipo de isomeria. Os outros monossacardeos podem ser derivados pelo

    crescimento da cadeia destas duas trioses. A Figura 10 mostra a famlia D derivada do D-

    gliceraldeido, cujas frmulas estruturais planares obedecem as regras de Fisher.

    Figura 8. Gliceraldedo e diidroxiacetona. Figura 9: Carbono quiral ou

    carbono assimtrico.

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    Figura 10. Famlia D derivada do D-gliceraldedo.

    Figura 11. Ciclizao da D-glicose.

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    O aumento da cadeia do monossacardeo leva ao aparecimento de novos Cs assimtricos e,

    portanto mais ismeros estruturais, tambm chamados estereoismeros. O nmero de

    ismeros dado pela expresso 2n onde n o nmero de carbonos assimtricos. Por

    exemplo, em aldoexoses h 4 Cs assimtricos, logo o nmero de ismeros 24 =16, sendo 8

    da forma D e 8 da forma L. Mas, as estruturas lineares como representadas na Figura 10

    tanto para pentoses como para hexoses so poucos estveis em soluo, formando

    estruturas cclicas segundo a reao mostrada na Figura 11. Esta uma reao bem

    conhecida da qumica orgnica, pela qual um lcool (OH) faz uma adio nucleoflica a

    carbonila de um aldedo, formando um composto de condensao conhecido como

    semiacetal. No caso do exemplo da Figura 11 a hexose a D-glicose e, como a figura

    mostra, a ciclizao leva ao aparecimento de outra isomeria estrutural devido s duas

    posies possveis do OH do C1 em relao ao plano do anel, gerando os ismeros e .

    importante enfatizar que o OH do C1 no quimicamente equivalente aos demais OHs que

    so alcolicos, sendo por isso chamado de OH glicosdico. A existncia do OH glicosdicopermite que todos os monossardeos sejam oxidados em condies brandas pelo reagente

    de Fehling, uma reao de oxido-reao na qual os OHs alcolicos no participam.

    Figura 12. Nomenclatura para estereoismeros.

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    2. Conforme exemplificado na Figura 12 h uma nomenclatura especificamente designada para

    distinguir pares de estereoismeros. Enantimeros possuem estruturas isomricas que so

    uma imagem especular da outra, por exemplo, cada membro da famlia D de hexoses

    mostrada na Figura 10 tem um, e, somente um, enantimero na famlia L. So epmeros

    pares de estereoismeros que diferem apenas pela configurao de um C assimtrico. So

    anmeros os dois ismeros resultantes da posio do OH glicosdico do C1 na estruturacclica da hexose. E, finalmente, so denominados diastereoismeros pares de ismeros que

    no caem em nenhuma das categorias anteriores.

    3. Ligao glicosdica: os monossacardeos podem se apresentar na forma de oligo ou

    polissacardeos, onde os monmeros so ligados atravs de ligaes glicosdicas.

    Oligossacardeos so formados por um pequeno nmero de monossacardeos, resultantes

    da condensao de um OH glicosdico com um OH alcolico, como exemplificado abaixo

    pela dimerizao de duas molculas de -glicose por ligao 1-4, originando o dissacardeo

    maltose:

    Caso a ligao glicosdica envolva a condensao dos dois OHs glicosdicos como o caso

    da trealose, uma 1-1-diglicose, o dissacardeo no pode ser oxidado pelo reagente deFehling (dissacardeo no redutor). J a maltose, que possue um OH glicosdico livre um

    dissacardeo redutor, sendo oxidado pelo reagente de Fehling.

    4. Polissacardeos so polmeros constitudos de centenas ou milhares de resduos de

    monossacardeos, geralmente glicose, formando cadeias lineares, como a celulose (1-4-

    poliglicose), ou cadeias ramificadas, como o glicognio e o amido.

    O glicognio altamente ramificado, as suas cadeias lineares so formadas por ligaes 1-

    4-glicosdicas e suas ramificaes decorrem de ligaes 1-6-glicosdicas (Figura 13). O

    glicognio apresenta uma nica extremidade redutora livre (C1 no resduo final na ltima

    molcula de glicose da cadeia) e inmeras extremidades no redutoras. A partir das

    extremidades no redutoras h acrscimo ou retirada de resduos do polmero. Portanto, as

    molculas de glicognio no tm tamanhos definidos.

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    Figura 13. Glicognio Poli (1-4) (1-6) glicose.

    5. Ciclodextrinas so compostos derivados da unio de molculas de glicose por ligao 1-4,

    gerando sistemas cclicos denominados em funo do nmero de unidades de glicose de , e CDs macrociclos estes que tem, 6, 7 e 8 unidades glicosdecas. Estes compostos so

    produzidos por enzimas extra-celulares. Estes ciclos tem a cavidade interna relativamente

    hidrofbicas e permitem a incluso de vrios compostos, na ordem estes so benzeno,

    naftaleno e antraceno. Estes compostos tem grande aplicao em Farmcia e na indstria de

    alimentos.

    Exerccios 8

    1) Desenhe o conjunto dos ismeros de D-aldoses de 6 C, atravs das frmulas de projeo de

    Fisher. Quantos epmeros possue uma hexoaldose. Identifique todos os epmeros de D-glicose.

    Existem pares enantiomricos na famlia D de monossacardeos. Explique.

    2) Descreva o fenmeno da mutarrotao de D-glicose, incluindo as reaes qumicas pertinentes

    com as respectivas frmulas estruturais dos reagentes. O que este fenmeno tem a ver com os

    conceitos de C anomrico e anmeros.

    3) Compare os dissacardeos maltose e sacarose, identificando a ligao glicosdica em cada caso.

    Por que maltose redutora e sacarose no .

    4) Analise a estrutura do glicognio. Procure destacar as vantagens e desvantagens da funo

    deste polmero como composto de reserva energtica.

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    5) Verifique as principais caractersticas dos polissacardeos estruturais, comparando celulose,

    quitina e glicosaminoglicanos (estes tambm chamados mucopolissacardeos).

    6) A poro de natureza sacardica de algumas glicoprotenas pode servir como stio de

    reconhecimento celular. Para desempenhar esta funo, os oligossacardeos ou glicoprotenas

    devem ter a capacidade de formar um grande nmero de diferentes estruturas. Qual dos doispode produzir uma maior variedade de estruturas: oligopeptdeos compostos de cinco resduos

    de diferentes aminocidos ou oligossacardeos compostos de cinco resduos de diferentes

    monossacardeos? Explique.

    7) Frutose, o principal acar do mel, comumente usada como adoante de alimento. Este acar

    na forma -D-piranose provavelmente a substncia mais doce conhecida. A forma -D-

    furanose muito menos doce.

    a) Quais so as estruturas da -D-frutopiranose e -D-frutofuranose?

    b) A doura do mel diminui ao deix-lo em repouso e ao mesmo tempo aumentando a temperatura.

    Explique.

    8) Interconverso das formas de D-galactose. Uma soluo recm-preparada da forma de D-

    galactose (1g/ml em um tubo polarimtrico de 1 dm) mostra uma rotao ptica de + 150,7o.

    Quando deixada em repouso por um longo perodo de tempo a rotao decresce gradualmente

    at atingir um valor de equilbrio igual a + 80,2o. Em contraste, uma soluo recm-preparada

    (1g/ml) da forma mostra rotao tica de apenas +52,8o . Quando esta soluo deixada em

    repouso por vrias horas a rotao aumenta at o valor de equilbrio igual a +80,2o

    , valoridntico quele observado para a -D-galactose.

    a) Escreva as frmulas de projeo de Haworth das formas e da D-galactose. Qual

    caracterstica distingue as duas formas?

    b) Por que a rotao de uma soluo recm-preparada da forma decresce gradualmente com o

    tempo? Explique por que solues das formas e (de concentraes iguais) atingem o mesmo

    valor de rotao ptica no equilbrio?

    c) Calcule a composio percentual das duas formas de galactose no equilbrio.

    9) Esquematize as , e CDs indicando o tamanho da cavidade e a forma de cone truncado.

    Como voc acha que o processo de formao de complexos de incluso? Qual a cintica dos

    mesmos?

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    CIDOS GRAXOS, LPIDEOS & MEMBRANAS

    1. Lpides ou lipdeos so substncias biolgicas solveis em solventes orgnicos, como

    clorofrmio e metanol e, praticamente, insolveis em gua. Os lpides compreendem: a) cidos

    graxos, em geral na forma de triacilglicerois; b) glicerofosfolpides; c) esfingolpides; d) colesterol

    e derivados.2. cidos graxos so cidos carboxlicos com longas cadeias hidrocarbonadas, encontrados na

    forma de tri-esteres de glicerol. A maioria possui um nmero par de C, predominando os de 16 C

    (cido palmtico) e os de 18 C (cido olico). Grande parte apresenta dupla ligao (insaturado)

    e muitos so poli-insaturados.

    3. As propriedades fsicas dos cidos graxos dependem do grau de insaturao da cadeia

    hidrocarbonada. As molculas dos cidos graxos saturados so muito flexveis, facilitando a

    atrao e coeso entre si. Duplas ligaes entre C impe rigidez cadeia, tornando-a menos

    flexvel e limitando a coesividade entre as molculas do cido graxo. Em conseqncia disso, a

    temperatura de fuso (transio de fase slido/lquido) diminui com o grau de insaturao dos

    cidos graxos.

    4. Os triacilglicerdeos desempenham um papel de reserva de energia metablica. Algumas de

    suas propriedades fsico-quimicas so ideais para essa funo: a) elevado grau de reduo de

    seus C, maximizando a quantidade de energia livre liberada na oxidao e b) alta

    hidrofobicidade, permitindo estocagem livre de gua (estoques anidros). No por acaso que os

    triglicerdeos compem cerca de 90% da reserva de energia metablica e tambm da dieta

    lipdica dos humanos.

    5. A reserva de triacilglicerdeos do tecido adiposo mobilizada atravs da hidrlise a glicerol ecidos graxos livres, catalisada por lpase especfica. Os cidos graxos livres so carregados

    pela corrente sangunea na forma de complexos com albumina, que representa 50% da protena

    do plasma.

    6. Molculas anfiflicas, como lipdeos com uma nica cauda hidrofbica, cidos graxos livres e

    detergentes, quando em soluo aquosa e acima de um limiar de concentrao (concentrao

    micelar crtica ou cmc) formam agregados globulares chamados micelas.

    7. Por outro lado, lipdeos com duas caudas hidrofbicas, como glicerofosfolipdeos e

    esfingolipdeos, tendem a formar bicamadas lipdicas, que so a base estrutural das membranas

    biolgicas.

    Micela Bicamada

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    8. As membranas biolgicas so compostas por protenas associadas a uma matriz de bicamada

    lipdica. As protenas que compe as membranas pertencem a duas categorias: a) integrais ou

    intrnsecas e b) perifricas ou extrnsecas. Este arranjo estrutural foi originalmente proposto em

    1972 por Singer e Nicholson como o modelo de mosaico fludo para as membranas biolgicas,

    que foi plenamente confirmado por resultados experimentais estruturais e funcionais.

    9. As membranas so barreiras hidrofbicas que oferecem grande resistncia passagem de

    solutos hidroflicos, cuja permeao exige protenas transportadoras especficas, conforme

    Modelo de mosaico fludo para membranas biolgicas

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    esquematizado na figura abaixo. Desta maneira a membrana, atravs de transportadores

    especficos, regula o transporte de metabolitos entre compartimentos celulares.

    10. Um exemplo clssico de transporte a tomada de glicose pela hemcia mediada por um

    transportador especfico, cuja velocidade depende da concentrao externa de glicose e

    obedece a uma curva hiperblica de saturao j bem conhecida da cintica enzimtica,

    sendo Kt anlogo a Km:

    Esta forma de transporte conhecida como transporte passivamente mediado ou difuso

    facilitada. Trata-se de um processo exergnico, pelo qual o soluto, no caso a glicose,

    atravessa espontaneamente a membrana indo do compartimento de maior para o de menor

    concentrao.

    11. Existem 5 transportadores conhecidos que mediam a difuso facilitada de glicose em

    humanos: GLUT1 a 5, cujos Kts so diferentes para atender as necessidades funcionais dos

    tecidos nos quais so expressos. GLUT1 o transportador em hemcias, j GLUT2

    expresso no fgado e clulas beta do pncreas, enquanto GLUT4 aparece no msculo

    esqueltico, tecido adiposo etc.12. Mas, no epitlio do intestino a glicose obtida da dieta transportada para dentro da clula

    contra a gradiente de concentrao, portanto atravs de um processo endergnico que exige

    consumo de energia metablica para ocorrer e referido como transporte ativo. Neste caso o

    transportador chamado simport, pelo qual a glicose transportada junto com Na+ e

    termodinamicamente possvel porque existe um gradiente eletroqumico de Na+ de fora para

    dentro da clula. H mltiplas formas de transporte ativo, das quais este exemplo da glicose

    apenas uma delas. Grande parte da energia metablica consumida pelas clulas se deve

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    manuteno da enorme diversidade de transportadores que promovem a transferncia de

    metabolitos e ons contra gradientes de concentrao.

    Exerccios 9

    1) O que concentrao micelar crtica. Como varia tamanho e forma de micelas formadas por

    anfiflicos de uma nica cauda hidrocarbonada? Explique.

    2) Uma hiptese central na pesquisa de membranas que os lipdeos da membrana devem ser

    fludos (em oposio a "congelados") a fim de que a membrana possa desempenhar suas

    funes. O apoio para esta hiptese fornecido pela observao de que a composio de cido

    graxo das membranas pode ser alterada pelas condies nas quais a bactria cresce. Por

    exemplo, se a bactria est crescendo em temperatura menor que a normal, as quantidades

    observadas de cidos graxos insaturados (relativas ao contedo de cido graxo saturado) estoacima do normal.

    Contrariamente, se a bactria est crescendo em temperatura acima da normal, as quantidades

    observadas de cidos graxos insaturados nos lipdeos da membrana (relativas aos cidos

    graxos saturados) esto abaixo do normal.

    a) Sugira razes para o fato de que o contedo lipdico na membrana bacteriana deve ser fluido

    para que a membrana intacta opere apropriadamente.

    b) Explique como a alterao observada nos nveis dos cidos graxos insaturados relativa aos nveis

    dos cidos graxos saturados, em diferentes temperaturas de crescimento, apia a hiptese da

    fluidez da membrana.

    3) Fornea uma explicao termodinmica para o fato de que molculas de fosfolipdeo difundem

    rapidamente no plano da bicamada, mas muito lentamente mudam de uma face oposta.

    4) Descreva os mecanismos pelos quais detergentes extraem protenas integrais de membrana,

    mantendo-as em soluo.

    5) Explique porque soda funciona bem para desentupir pias entupidas com gordura animal.

    6) Para saber se uma bactria tomava leucina e etileno glicol por transporte mediado ou no

    mediado, foram feitas medidas de velocidade inicial de tomada em funo da concentrao de

    ambas substncias, resultando na tabela fornecida abaixo. O que voc conclui do exame dessa

    tabela? Explique e calcule Kt e Vmax se encontrar evidncias de transporte mediado.

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    Componente Concentrao [M] Velocidade Inicial (unidades arbitrrias)

    Leucina 1 x 10-6 110

    2 x 10-6 220

    5 x 10-6 480

    1 x 10-5 830

    3 x 10-5 17001 x 10-4 2600

    5 x 10-4 3100

    1 x 10-3 3200

    Etileno glicol 1 x 10-3 1

    5 x 10-3 5

    0,01 10

    0,05 50

    0,1 100

    0,5 500

    1,0 1000

    7) Clulas epiteliais de intestino de camundongo isoladas em cultura transportam L-leucina e D-

    leucina mostrando Kt (mM) e Vmax, respectivamente iguais a: 0,24 e 420 para L-leucina e 4,7 e

    310 para D-leucina, ambos em presena de Na+ no meio de cultura. Mas na ausncia de Na+ , L-

    leucina mostra 0,24 e 23 enquanto D-leucina mostra 4,7 e 5 para Kt (mM) e Vmax,

    respectivamente. Classifique esse transportador de leucina quanto ao tipo e mecanismos de

    ao. Que efeitos voc esperaria se nesse meio de cultura fosse colocada valinomicina (ionforo

    de Na+)? E se fosse dissolvida ouabana (inibidor da ATPase Na+/K+) no meio de cultura?

    Explique.

    8) O pH e a absoro de drogas. A droga aspirina, intensamente receitada, um cido fraco com

    um pKa de 3,5. A aspirina absorvida para o sangue atravs das clulas de revestimento do

    estmago e do intestino delgado. Para uma substncia ser absorvida ela deve atravessar

    facilmente a membrana celular. A passagem atravs da membrana celular determinada pela

    polaridade da molcula: molculas inicas (carregadas) e molculas altamente polares passam

    lentamente, enquanto aquelas neutras e hidrofbicas passam rapidamente. Como o pH do sucogstrico cerca de 1 e o pH no intestino delgado, cerca de 6, pergunta-se:

    a) Escreva por frmulas estruturais a ionizao reversvel da aspirina.

    b) Onde a aspirina mais absorvida para a corrente sangunea, no estmago ou no intestino

    delgado? Justifique claramente a sua escolha.

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    COLESTEROL E LIPOPROTENAS

    1. O colesterol do organismo humano pode ser obtido atravs da dieta ou por sntese

    endgena. Os principais rgos responsveis pela produo de colesterol so o fgado e o

    intestino, que produzem em torno de 25 % do colesterol endgeno.

    2. A sntese de colesterol ocorre no citoplasma das clulas, sendo a acetil-CoA a precursora de

    todos os tomos de carbono presentes na molcula e o agente redutor, NADPH. A via

    composta por vrias reaes em que a acetil-CoA forma unidades de cinco carbonos, com

    estrutura similar do isopreno, que se polimerizam em um intermedirio linear que, aps,

    ciclizao, origina o colesterol.

    3. A sntese inicia-se com a condensao de duas molculas de acetil-CoA, produzindo

    acetoacetil-CoA; esta condensa-se com outra molcula de acetil-CoA, produzindo 3-hidrxi-

    3-metilglutaril-CoA (HMG-CoA). As enzimas que catalisam estas reaes so,

    respectivamente, tiolasee hidroximetilglutaril-CoAsintase. A HMG-CoA a seguir reduzidaa mevalonato, custa de 2 NADPH, numa reao catalisada pela HMG-CoA redutase, uma

    enzima ligada ao retculo endoplasmtico. Esta a reao limitante da sntese do colesterol,

    sendo controlada por vrios fatores.

    4. O mevalonato sofre duas fosforilaes, que consomem 3 ATP, e uma descarboxilao,

    originando a unidade isoprenide, o isopentenil-pirofosfato

    5. Um total de 6 molculas de isopentenil-pirofosfato so consumidas para formar esqualeno, o

    ltimo intermedirio linear da via. A sntese de esqualeno processa-se atravs de reaes de

    isomerizao, condensao, reduo por NADPH e eliminao de pirofosfato.

    6. A etapa final consiste na ciclizao do esqualeno, incluindo consumo de O2 e NADPH,remoo de grupos metila e migrao de ligaes duplas, que levam, finalmente, produo

    de colesterol.

    7. O colesterol, alm de ser um importante componente das membranas biolgicas, precursor

    dos cidos biliares, hormnios esterides e vitamina D.

    8. As lipoprotenas so responsveis pelo transporte de lipdeos no nosso organismo.

    Consistem de uma poro protica mais externa e uma poro no-protica (nesse caso,

    lipdica) mais interna. O cerne lipdico composto por lipdeos mais apolares (triglicerdeos e

    steres de colesterol) e/ou mais polares (fosfolipdeos e colesterol livre). So classificadas de

    acordo com sua densidade (quanto maior o cerne lipdico, menor a densidade). Em ordem

    crescente de densidade, temos:

    Quilomcrons: realizam o transporte preferencial de triglicerdeos (85 %) do intestino

    para o fgado e tecidos extra-hepticos (tecidos adiposo, cardaco e

    musculoesqueltico).

    VLDL (Lipoprotena de densidade muito baixa): transporta triglicerdeos (50 %)

    endgenos do fgado para tecidos extra-hepticos.

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    IDL (Lipoprotena de densidade intermediria): responsvel pelo transporte de

    colesterol e steres de colesterol para tecidos extra-hepticos, sendo metade captada

    pelo fgado e a outra, convertida em LDL.

    LDL (Lipoprotena de densidade baixa): realiza o transporte de colesterol (8 %) e

    steres de colesterol (37 %) para tecidos perifricos e est envolvida na regulao da

    sntese de colesterol. HDL (Lipoprotena de densidade alta): faz o transporte reverso do colesterol, isto ,

    dos tecidos extra-hepticos para o fgado, e para tecidos que o utilizam como

    precursor biossinttico.

    9. Conforme mencionado, a regulao da sntese do colesterol incide principalmente sobre a

    reao catalisada pela HMG-CoA redutase, atravs de alteraes na atividade e

    concentrao da enzima. Sua atividade controlada por fosforilao/desfosforilao: a forma

    desfosforilada ativa e a fosforilada, inativa. Isto quer dizer que a adrenalina e o glucagon

    inibem a enzima, enquanto a insulina a estimula. A concentrao da HMG-CoA redutase

    regulada por variao da expresso gnica e da velocidade de degradao da enzima. O

    colesterol e o mevalonato inibem a sntese e a traduo do RNAm da HMG-CoA redutase e

    aumentam a velocidade de degradao da enzima.

    10. A sntese de receptores de LDL tambm inibida por nveis elevados de colesterol

    intracelular. As LDL penetram nas clulas por endocitose adsortiva, que se inicia pela ligao

    da lipoprotena ao seu receptor presente na membrana plasmtica. Sendo assim, uma

    diminuio do nmero de receptores de LDL propicia uma reduo no aporte de colesterol

    para as clulas. A conseqncia da menor incorporao celular de LDL-colesterol oaumento da sua concentrao no plasma.

    Exerccios 10

    1. Qual a principal forma de excreo do colesterol? Que importante papel fisiolgico tem a

    excreo do colesterol? Explique quimicamente.

    2. Quais so os principais grupos de hormnios esterides? Onde so sintetizados e quais so

    seus papis fisiolgicos? Esquematize a sntese de tais hormnios a partir do colesterol.

    3. Quais so as conseqncias de uma doena hereditria caracterizada pela ausncia de

    receptores de LDL? Explique.

    4. Por que comum referir-se ao LDL-colesterol e HDL-colesterol como colesterol mau e

    bom, respectivamente?

    5. Por que uma dieta com restrio em colesterol, no suficiente para reduzir seus nveis

    plasmticos?

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    6. Uma das terapias medicamentosas utilizadas para a normalizao do colesterol plasmtico

    o uso de resinas, como a colestiramina. Explique o processo fisiolgico sobre o qual tal

    interveno atua e de que forma essas resinas funcionam.

    7. As estatinas (sinvastatina, lovastatina, pravastatina, atorvastatina, etc.) so medicamentos

    utilizados para reduzir os nveis plasmticos de colesterol. Baseados na estrutura qumica de

    tais compostos, explique seu mecanismo de ao.8. Por que indivduos diabticos possuem maior predisposio para nveis elevados de

    colesterol? Justifique bioquimicamente.

    9. Que so Sais Biliares e quais as funes dos mesmos? Quais os pigmentos que

    conferem a colorao s fezes?

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    BIOENERGTICA, TERMODINMICA e ATP

    1. A variao de energia livre padro diretamente relacionada constante de equilbrio:

    Go = -2.3RT log Keq

    2. A composio de um sistema de reao (uma mistura de reagentes e produtos) tende a umavariao contnua at que o equilbrio alcanado. No equilbrio, as taxas de reao para um

    lado e para outro so exatamente iguais. As concentraes de reagentes e produtos no

    equilbrio definem a constante de equilbrio. Na reao:

    A + B C + D , a constante de equilbrio dada por:

    Keq = [C][D] / [A][B]

    3. Quando um sistema no est em equilbrio, ele tende ao equilbrio, e a magnitude desta

    tendncia pode ser medida como a variao de energia livre da reao, G. A energia livre de

    Gibbs (G), uma propriedade termodinmica, definida pela equao: G = H TS, onde H, T e S

    so respectivamente entalpia, temperatura absoluta e entropia, todas tambm propriedades

    termodinmicas.

    4. Numa transio de estado a temperatura (T) e presso constantes (condies comuns s

    reaes bioqumicas) a variao de G (G) : G = H - TS.

    Se se trata de uma reao bioqumica, H o calor de reao. Quando H positivo a reao

    endotrmica, se H for negativo a reao exotrmica. Nestas condies, a espontaneidade da

    reao definida pelo valor de G: se G negativo, a reao espontnea, sendo

    denominada exergnica. Se, ao contrrio, G for positivo, a reao no ocorre

    espontaneamente e denominada endergnica. Portanto, a reao ocorre no sentido em que aenergia livre total diminui.

    4. No equilbrio, G = 0. Logo, possvel demonstrar a validade das seguintes igualdades:

    G = G + 2,3 RT logB/A B/A = K G = - 2,3 RT logK

    5. Em condies padro, 25C (298K), com concentraes de reagentes e produtos iguais a 1M,

    pH = 0, a variao de energia livre considerada padro, ou G. Entretanto, a maioria das

    reaes bioqumicas ocorrem em pH 7,0, para as quais utiliza-se G.

    6. A Figura 4 mostra esquematicamente como varia G com o desenvolvimento da reao, indicado

    no eixo das abcissas como coordenada de reao

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    Figura 4. Variao de energia livre (G) no decorrer de uma reao genrica.

    Para que a reao ocorra, necessariamente tem-se Gfinal < Ginicial, isto , G negativo. Um ponto

    importante a ser destacado que o valor de G permite prever se a reao pode ocorrer, mas

    no a velocidade com que a reao atinge o equilbrio. A velocidade de reao depende da

    energia livre do Estado de Transio que maior que do que o dos reagentes no Estado Inicial,

    isto , G* positivo. Quanto maior o valor de G*, menor ser a velocidade de reao.

    8. Na reao genrica A B a velocidade (v) proporcional a [A], isto , v1=k1[A]. A velocidade dareao inversa ser, consequentemente, v-1=k-1[B]. k1 e k-1 so constantes de velocidade e

    reaes como AB e BA so ditas de primeira ordem, porque as suas respectivas

    velocidades dependem de concentrao molar de um nico reagente elevado potncia 1. As

    constantes de velocidade k1 e k-1 so diferentes da constante de equilbrio da reao, K=[B]/[A].

    No estado de equilbrio, por definio, v1=v-1 e, portanto, formalmente, K=k1/k-1. As reaes

    representadas pelas equaes seguintes: 2AB e A+BC so de segunda ordem, cujas

    velocidades so, respectivamente, v=kA[A]2 e v=kAB[A][B]. Notar que a ordem da reao no

    coincide necessariamente com a estequiometria da equao qumica.

    9. As quinases formam uma classe muito importante e abundante de enzimas, que se caracterizam

    por catalisar a transferncia de um grupo fosfato de alta energia para uma outra substncia

    receptora.

    10. So chamados compostos de alta energia substncias orgnicas com o grupo fosfato em

    ligaes anidrido ou fosfoenol, cuja hidrlise libera fostato inorgnico (Pi) com um G0 negativo

    e em valor absoluto superior a 8kcal/mol. Outros compostos fosforilados com o fosfato em

    ligaes ester ou tioester tambm mostram um G0 de hidrlise negativo, mas de valor absoluto

    EnergiaLivre(G)

    Coordenada de Reao

    Estado Inicial (S)

    Estado Final (P)

    Estado de Transio

    G'

    G*

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    Tabela 2. Compostos fosforilados.

    R

    C

    CH2

    Fosfoenol

    + H2OOP

    R

    C

    CH3

    O + Pi Go' = - 13.000 cal/mol

    Anidrido fosfrico

    cetona cido

    R

    C O P

    O

    + H2O

    R

    C O + Pi

    cido

    O

    cido

    Go' = - 8.000 cal/mol

    O PR + H2O + Pi

    cido

    Go' = - 3.000 cal/mol

    ster fosfrico

    OR H

    lcool

    R S CoA

    O

    C

    Tioster

    + H2O +

    cido

    Go' = - 3.000 cal/molOHR

    O

    C HS-CoA

    tiolcool

    ATP ADP

    ADP

    AMP

    + H2O + Pi

    cido

    Go' = - 8.000 cal/mol

    cido

    AMP+H

    2O

    + Picido

    Go'= - 8.000 cal/mol

    cido

    A OH+ H2O + Picido

    Go' = - 3.500 cal/mollcool

    Adenosina trifosfato

    Adenosina difosfato

    Adenosina monofosfato(Adenosina)

    Pi = fosfato inorgnico = HPO42-

    = PO32-P

    Na clula:

    [ATP] +[ADP]+ [AMP] = constante(pH=7,4)

    H

    11. No metabolismo muito importante a transferncia de fosfatos de um composto fosforilado de

    alta energia para outro. Uma das reaes chave deste tipo :

    fosfoenolpiruvato + ADP ATP + piruvato

    G0=-5kcal/mol

    Como esta reao no ocorre sem catlise, seu controle pela clula feito atravs de uma

    enzima quinase especfica.

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    12. Alm das quinases que catalisam a transferncia de grupo fosfato do ATP para metablitos,

    existem as quinases que tem transferem grupos fosfato entre protenas. Essas enzimas so

    genericamente referidas como quinases de protena ou, simplesmente, protena-quinases.

    H alguns milhares de protena-quinases diferentes em um organismo, que catalisam a

    transferncia de fosfato de ATP para o grupo OH da cadeia lateral de resduos especficos de

    serina e treonina formando um ster de fosfato. As reaes deste tipo so genericamentechamadas de fosforilaes e so modificaes covalentes que causam mudana de

    conformao das protenas, alterando sua atividade biolgica. Por exemplo, um grande nmero

    de enzimas so fosforiladas para sofrer uma transio do estado inativo ao ativo ou vice-versa.

    Mais raramente as protenas so fosforiladas no grupo enlico de resduos de tirosina.

    Exerccios 11

    1) Defina reaes exotrmicas e endotrmicas. Qual a relao entre estes conceitos e a funo

    termodinmica entalpia?

    2) Defina reaes exergnicas e endergnicas. Qual a relao destes conceitos com G0.

    3) G0 caracterstico de cada reao (desde que a temperatura seja constante) e no varia

    com as concentraes de reagentes e produtos no equilbrio. G, por outro lado, no

    caracterstico da reao, podendo assumir qualquer valor em funo das concentraes

    iniciais de reagentes e produtos (quociente Q na expresso de G). Mostre por que estas

    afirmaes so verdadeiras discutindo a expresso que relaciona G0 e G.

    4) Na reao genrica AB Keq=103. Qual o valor de G0? No ponto de equilbrio as

    concentraes molares de A e B podem variar? Como varia G com as concentraes

    molares iniciais de A e B?

    5) Ainda para a reao AB (questo 4) proponha uma condio na qual a reao inversa seja

    espontnea. Mostre que a sua proposta possvel calculando o respectivo G. Esta questo

    possui mltiplas respostas ou apenas uma resposta nica?

    6) Para a reao AB (questo 4), se a constante de velocidade de primeira ordem, k1 for igual

    a 10, qual deve ser o valor da constante k-1 para a reao inversa? Para um mesmo K,

    constante de equilbrio, pode haver mltiplos valores de k1 e k-1 ? Qual a interpretao

    termodinmica para a sua resposta?

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    7) Considerando a equao G0 = -2,3 RT log K, sendo: R = 1,98 x 10-3 kcal/mol K; T = 298K e

    2,3 RT = 1,36 kcal/mol. Calcule os valores de G0 quando K varia de 105 a 10-5. Faa uma

    tabela.

    8) Porque a hidrlise de ATP necessita catlise enzimtica, sendo este um composto rico em

    energia? Utilize-se do grfico esquemtico de variao de G (energia livre) em funo decoordenada de reao para responder a esta questo, definindo estado de transio e

    energia de ativao.

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    METABOLISMO GERAL ESTRATEGIAS

    1. Os sistemas vivos para se manterem na condio de baixa entropia (alta organizao) e

    ainda fora do equilbrio termodinmico necessitam retirar energia e poder redutor do

    meio ambiente. Lembre-se que as molculas sintetizadas pelo organismo via de regra

    esto no estado reduzido, como acares e lipdios. Lembre-se tambm que os

    organismos autotrficos procedem sntese de Glicose a partir de CO2, H2O e energia na

    forma de Luz (h). Este processo inclui a reduo do C (CO2) (Nox=4) para CH2O (hidrato

    de Carbono) (Nox= 0).

    2. Do ponto de vista metablico dois processos ocorrem. Queima de compostos para

    obteno de energia e poder redutor = Catabolismo. Uso das energias (ATP) e poder

    redutor para Snteses de macromolculas, movimentos, transportes contra gradientes etc.

    Processos estes uphill.3. A manuteno dos processos metablicos e do fluxo de materiais controlada por

    meticuloso sistema enzimtico que permite o controle metablico seja em direo ao

    catabolismo, seja em direo ao anabolismo. Este fino controle exercido em funo da

    condio metablica, no qual vias so bloqueadas e outras so ativadas.

    4. Reaes uphill podem ser tranformadas em downhill pelo acoplamento de reao

    favorvel, em geral pela hidrlise de ATP, seja para ADP e Pi seja para AMP e PPi

    (pirofosfato). Este PPi pode ser ainda hidrolizado duas de Pi e isto auxilia em deslocar o

    equilbrio no sentido de produtos.5. Como os produtos de reaes pouco favorveis so retirados para outras vias, isto pode

    levar a reao complexo.

    6. O ATP considerado a moeda corrente de Energia Livre. O ATP esta sempre sendo

    formado e consumido. O ATP no depsito de energia. Depsitos de energia so

    Lipdios, Glicognio, Creatina-Pi (msculo).

    7. O creatina-Pi reserva de ~Pi no msculo.

    8. NADH e FADH2 so os principais carreadores de eltrons nas oxidaes biolgicas. O

    NADPH a maior fonte de eltrons para as redues biossintticas. Note que o grupo Pi a nica diferena entre o NAD e o NADP, o quem permite o reconhecimento por

    enzimas.

    9. A Coenzima-A o carreador de grupos acila.

    10. Abaixo se encontram figuras do catabolismo e anabolismo

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    Catabolismo

    Anabolismo

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    Estratgia Metablica

    1)Alvos: Produzir ATP, gerar poder Redutor, obter blocos para Snteses.

    2)Funes do ATP : Fonte de Energia para Msculo

    Transporte Ativo

    Amplificao de Sinais (checar AMPc)

    Biossntese

    3)Hidrlise de ATP muda equilbrio acoplado por um fator de 108!!

    4)Sntese de ATP glicose 2 ATP (vantagem a rapidez)

    Ac. Graxos 30/32 ATPs (cido palmtico)

    5)Via das Pentoses NADPH (biossnteses)

    6)Blocos DHP glicerol TAGs

    PEP aas aromticos

    Acetil-CoA unidades de 2CSuccinil-CoA porfirinas

    Pentose Ribose 5 Pi

    7)Degradao Sntese, porm em geral exergnicos graas ao ATP.

    8)Atividade Enzimtica Chave para Sucesso

    9) Controle do Metabolismo em geral no Passo Irreversvel

    Transforma processos de msegundos para Segundos

    10)Modificao Covalente

    11)Nvel de Enzimas (controle da transcrio). Sntese vs. Degradao Hormnios

    12)Compartimentalizao de Processos. Ex. mitocndria, fluxo de metablitos.

    Exerccios 12

    1) Qual o valor do G0 para hidrlise do ATP? E do PPi?

    2) Escreva a forma do ATP e esquematize quais grupos podem ser denominados ~Pi?

    3) Por que o ATP rico em energia livre? Qual as formas do ATP no pH fisiolgico? Por queo ATP em geral esta acompanhado do on Mg2+?

    4) Qual o fator que a hidrlise de ATP desloca equilbrios?

    5) Mostre as estruturas do NAD, do FAD e do NADP oxidados e reduzidos. Saliente quais

    grupos das molculas so oxidados e reduzidos.

    6) Como a estrutura da Co-Enzima A?

    7) Quais as vitaminas presentes no NAD, FAD e CoA.

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    8) O que significa Carga Energtica e Potencial de fosforilao?

    9) Discuta os 12 tens apresentado no tema acima Estratgia Metablica.

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    GLICLISE

    1. A gliclise a principal via catablica da glicose compreendendo as 10 reaes enzimaticamente

    catalisadas que so mostradas na figura abaixo e cuja estequiometria total pode ser observada

    na equao qumica seguinte:

    Glicose + 2 NAD+ + 2 ADP + 2 Pi 2 Piruvato + 2 NADH + 2 ATP + 2 H2O + 2 H+

    A gliclise, como todas as vias catablicas, exergnica e a equao acima corresponde a

    Go = -43,4 kJ/mol. Mas o dado da variao de energia livre mais interessante em termos de

    G, cujo valor exato depende de cada clula especfica, por exemplo, em msculo cardaco

    estima-se que seja igual a 74,0 kJ/mol.

    2. A finalidade da gliclise obteno de energia, como a equao estequiomtrica indica, cada

    molcula de glicose degradada a duas de piruvato e parte da energia livre liberada nesta

    degradao retida nos produtos na forma de 2 NADH e 2 ATP.

    3. A reao que permite a obteno de NADH a nica de oxido-reduo da gliclise, pela qualgliceraldedo-3-P oxidado a glicerato-1,3-bisP, atravs da ao oxidante de NAD+ catalisada

    pela enzima gliceraldedo desidrogenase. A manuteno da capacidade oxidante da gliclise

    exige que NADH seja re-oxidada a NAD+ , uma alternativa para isso apresentada na figura,

    atravs da reao pela qual NADH reduz piruvato a lactato, recuperando NAD+. Esta alternativa

    ocorre no msculo esqueltico com baixos nveis de O2.

    4. J ATP produzido em duas reaes distintas pelas quais um radical fosforil transferido de,

    respectivamente, glicerato-1,3-P e P-enolpiruvato para ADP, em transferncias catalisadas por

    glicerato-1,3-P-quinase e P-enolpiruvato-quinase. Esta maneira de fosforilao de ADP conhecida como fosforilao a nvel do substrato, para distingui-la da fosforilao oxidativa da

    mitocndria que ser vista mais adiante.

    5. Na gliclise, h 3 reaes de fosforilao irreversveis catalisadas, respectivamente, pela

    hexoquinase, fosfofrutoquinase e piruvato-quinase, que funcionam como marca-passos da via,

    cuja regulao se d por um elaborado sistema de controle alostrico das enzimas.

    6. Diversas outras hexoses, como frutose, galactose e manose, tambm so metabolisadas pela via

    glicoltica.

    7. A gliclise em condies anaerbicas tem energtica e funes variadas, conforme o organismo.

    Cabe fazer dois destaques importantes.

    8. Em vertebrados, encontram-se msculos esquelticos muito pobres em mitocndria, que so

    especializados para produzir ATP a partir de gliclise anaerbica, cuja energtica obedece a

    seguinte reao geral: Glicose 2Lactato + 2H+ ; Go = -196kJ/mol. Mas, parte dessa energia

    livre liberada que seria dissipada (61kJ/mol) retida na forma de 2ATP produzidos por mol de

    glicose degradada. Deve-se ainda enfatizar que o lactato no descartado, pois vai ser

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    aproveitado no fgado, aonde reoxidado a piruvato, alternativa metablica importante a ser

    examinada mais frente.

    9. Leveduras mostram um exemplo de gliclise anaerbica na forma da fermentao alcolica,

    segundo a reao geral: Glicose 2Etanol + CO 2; Go = -235kJ/mol. Aqui tambm parte da

    energia livre, +61kJ/mol, mantida com a produo de 2ATP. A parte final da fermentao

    alcolica compreende duas reaes: a primeira envolve a descarboxilao de piruvato eliberao de acetaldedo, catalisada pela enzima piruvato-carboxilase, que no existe em

    animais. Na segunda reao a desidrogenase alcolica catalisa a reduo do acetaldedo por

    NADH.

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    O

    OH

    OH

    OHHO

    ATP

    ADP

    O

    OH

    OH

    OHHO

    ATP

    ADP

    OP -O-CH2 CH2O- P

    OH

    HO

    H2C-O- P

    C=O

    H2C-OH

    HC=O

    HC-OH

    H2C-O- P

    HOCH2

    P -OCH2

    O=C-O- P

    HC-OH

    H2C-O- P

    NAD+

    NADH

    Pi

    O=C-O-

    HC-OH

    H2C-O- P

    COO-

    HC-O- P

    H2C-OH

    H2O

    COO-

    C-O- P

    CH2

    ATP

    ADP

    COO-

    C=O

    CH3

    COO-

    HC-OH

    CH3NAD+ NADH

    OP -O-CH2 CH2OH

    OH

    HO

    HO

    ATP

    ADP

    NAD+

    NADH

    Pi

    ATP

    ADP

    Glicose

    Glicose 6-fosfato

    Frutose 6-fosfato

    ATP

    ADP

    Frutose 1,6 bisfosfato

    Diidroxiacetona

    fosfatoGliceraldedo

    3-fosfato

    1,3 Bisfosfoglicerato

    3-Fosfoglicerato

    2-Fosfoglicerato

    Fosfoenolpiruvato

    PiruvatoLactato

    GLICLISE

    HO

    NAD+ NADH

    ADP

    ATP

    ADP

    ATP

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    Exerccios 13

    1) Classifique as reaes da gliclise, destacando as que so de xido-reduo.

    2) Equacione a reao de oxidao de gliceraldedo-3-fosfato, destacando o oxidante e o redutor.

    3) Na reao do item 2) parte da energia utilizada para produzir ATP. Mostre como isso possvel,

    equacionando as etapas relevantes da reao. Defina fosforilao ao nvel do substrato.

    4) Equacione a reao lquida da transformao de glicose em piruvato. Como regenerada a

    capacidade oxidante do sistema NAD+/NADH necessria atividade glicoltica nos glbulos

    vermelhos humanos (que no tm mitocndria) e na cultura de levedo sem O2 (fermentao).

    5) Examine uma tabela com as 10 reaes da via glicoltica que contenha, respectivamente, o G0

    e o G das reaes. Quais so as reaes irreversveis da gliclise?

    6) Porque os valores de G0 e de G da mesma reao podem ser diferentes? Para decidir se a via

    glicoltica numa determinada clula reversvel ou irreversvel, que valor mais relevante, G0

    ou G?

    7) Uma pessoa incapaz de executar exerccios fsicos intensos e prolongados teve suas enzimas

    analisadas. Todas as enzimas da via glicoltica estavam em concentrao normal, com excesso

    da fosfoglicerato mutase muscular.

    a) Como ser afetada a produo de energia metablica em uma clula que apresenta baixos nveis

    desta enzima?

    b) Como ser afetada a produo de Lactato na ausncia desta enzima? [Referncia: Di Mauro, S.;

    Miranda, A.F.; Kahn, S.e Gitlin, K. - Human muscle phosphoglycerate mutase deficiency Science

    1981, vol. 212, 1277-1279.

    8) Calcular a porcentagem de energia armazenada pela clula ao degradar glicose pela via

    glicoltica. Sabe-se que:

    Glicose 2 lactato Go' = - 47.000 cal/mol

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    CICLO DE KREBS

    1. Em condies aerbicas, o destino do piruvato produzido na gliclise sofrer uma

    descarboxilao oxidativa catalisada pela piruvato desidrogenase, que um complexo

    multienzimtico existente no interior da mitocndria de eucariotos. Portanto, o piruvato precisaentrar na mitocndria para ser degradado por essa via. A reao geral a seguinte:

    Piruvato + CoA + NAD+ Acetil-CoA + NADH + CO2

    2. O acetilCoA resultante da metabolizao do piruvato totalmente oxidado no ciclo do cido

    ctrico, tambm chamado ciclo de Krebs, conforme a seguinte reao geral:

    Acetil-CoA + 3 NAD+ + FAD + GDP + Pi + 2 H2O 2 CO2 + 3 NADH + FADH2 + GTP + CoA + 2 H+

    O ciclo de Krebs, esquematizado na figura, compreende 8 reaes, envolvendo 8 enzimas e 8

    cidos carboxlicos, di e tri-cidos, todos dispersos na matriz da mitocondria. Portanto,

    comeando no piruvato e passando pelo acetilCoA, ocorre oxidao completa desses metabolitos

    liberando 3CO2 sem participao de O2 molecular. Os agentes oxidantes em todas as reaes

    so NAD+ ou FAD e as formas reduzidas destas co-enzimas (NADH + FADH2 ), resultantes do

    processo, s so reoxidadas na cadeia respiratria, uma via especializada que se localiza na

    membrana mitocondrial interna e ser considerada mais adiante.

    3. O ciclo de Krebs, conforme sua reao geral indica, essencialmente catablico, pois promove

    a oxidao do radical acetil a 2CO2 e retm parte da energia livre desta reao na forma de

    coenzimas reduzidos que, posteriormente, serviro produo de ATP atravs da fosforilao

    oxidativa. Para cumprir esta funo basta que os 8 intermedirios do ciclo ocorram em

    concentraes catalticas. Mas, o ciclo possui outra funo, alm da catablica, diversos de seusintermedirios alimentam as vias de sntese de aminocidos, lipdeos e glicose, isto , o ciclo

    tem tambm funo anablica e, portanto, deve ser classificado como anfiblico. Para que o

    ciclo desempenhe concomitantemente ambas as funes, catablica e anablica, as

    concentraes dos intermedirios so mantidas e controladas atravs de um complexo sistema

    de reaes auxiliares, conhecidas como reaes anaplerticas. Um exemplo de reao

    anaplertica a carboxilao de piruvato para obter oxalacetato, catalisada pela enzima piruvato

    carboxilase.

    4. A transformao de piruvato em acetil-CoA, uma reao para a qual convergem diversas vias

    catablicas e anablicas, alm da gliclise. Por esse motivo a piruvato desidrogenase est

    sujeita a um controle altamente elaborado, compreendendo dois nveis de regulao: a) controle

    alostrico atravs da inibio pelo produto, exercido por NADH e acetil-CoA; b) modificao

    covalente reversvel da subunidade E1 da enzima, por fosforilao/desfosforilao.

    5. As enzimas citrato sintase, isocitrato desidrogenase e -cetoglutarato desidrogenase so as

    reguladoras do fluxo metablico atravs do ciclo de Krebs e esto sujeitas a controle alostrico,

    envolvendo NADH como inibidor e Ca+ e ADP como ativadores.

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    4) Equacione a descarboxilao oxidativa de -cetoglutarato a succinato, respeitando a

    estequiometria da reao. Mostre as etapas que compem esta reao com as respectivas

    enzimas e coenzimas.

    5) Quais so as enzimas do ciclo de Krebs sujeitas a regulao? Explique como cada uma delas

    regulada.

    6) Explique porque piruvato estequiometricamente convertido a CO2 na respirao de fatias de

    msculo mantidas em soluo fisiolgica, enquanto oxalacetato e citrato tem efeito cataltico

    neste mesmo processo. Mostre porque a respirao pode ser sustentada pelo consumo

    estequiomtrico de citrato, mas no de acetato, quando o ciclo de Krebs inibido por malonato.

    7) Dispondo das enzimas necessrias, a adio de que compostos far aumentar a concentrao de

    oxaloacetato em um sistema in vitro que contm mitocndrias: acetil-CoA, piruvato, glutamato,

    citrato ou cidos graxos?

    8) Uma suspenso de mitocndrias, suplementada com acetil-CoA marcada com C14, produz CO2

    marcado apenas quando suprida de oxignio. Em condies anaerbias, a adio de azul de

    metileno restaura a produo de CO2 marcado, observando-se tambm a descolorao do corante

    (azul de metileno reduzido incolor). Explique estes dados.

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    CADEIA RESPIRATRIA E FOSFORILAO OXIDATIVA

    1. Fosforilao oxidativa o processo bioqumico pelo qual a oxidao de NADH e FADH2 ,

    produzidos na gliclise e ciclo de Krebs, ocorre acoplada produo de ATP, a partir de ADP +

    Pi. Este processo se d na cadeia respiratria ou cadeia de transporte de eltrons, quecompreende um conjunto ordenado de enzimas e transportadores de eltrons inseridos na

    membrana interna da mitocndria.

    2. A cadeia respiratria contem 4 complexos, I,II, III e IV, ordenados por ordem crescente de

    potencial redox, indo do potencial padro de NAD+/NADH (E0= -0,315V) ao do O2/H2O (E0=

    +0,815V). Os eltrons so transferidos do complexo I ou II para o complexo III pela coenzima

    Q (ou ubiquinona), e do complexo III para o complexo IV pelo citocromo C para chegar ao O2.

    NADH e FADH2 , cedem eltrons, respectivamente, aos complexo I e II. A transferncia

    exergnica de eltrons do nvel redox de NADH para o de O2 (E0= 1,130V) envolve uma

    diferena de energia livre liberada (G0= -218kJ/mol) que em parte retida pelo transporte de H+

    do lado interno para o externo da membrana, criando o gradiente eletroqumico de prtons que

    permitir empurrar o processo endergnico de fosforilao de ADP por Pi para gerar ATP,

    atravs da bomba de prtons que constitui a ATP sintase (tambm conhecida com F1F0-

    ATPase).

    Complexo I Complexo III Complexo IV

    EspaoIntermembranar

    MatrixMitocondrial

    NADH + H+

    2 H+

    NAD+

    Q

    4 H+

    Cit C

    2 H+

    1/2 O2 + 2H+H2O

    Complexo II

    FADH2

    3. A ATP sintase distinta e fisicamente separada da cadeia de transporte de eltrons. A

    transferncia de 2e de NADH at O2 envolve um G0= -218kJ/mol, que gera um incremento no

    gradiente de prtons suficiente para mover a ATP sintase, permitindo a produo de 3 moles de

    ATP (G0= +30,5kJ/mol). Nestas condies, a ATP sintase trabalha com uma eficincia

    termodinmica igual a 42%. , no entanto, necessrio destacar que quando os 2e saem do nvel

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    redox de FADH2 , formam-se apenas 2ATP. Naturalmente, para uma melhor medida da real

    eficincia termodinmica da fosforilao oxidativa seria preciso estimar o G da transferncia de

    eltrons em vez do G0.

    4. A grande quantidade de energia livre que seria dissipada na oxidao completa da glicose a CO2

    e H2O [C6H12O6 + 6 O2 6 CO2 + 6 H2O; G0= -2823 kJ/mol] aproveitada para produo de

    ATP, graas quase exclusivamente ao processo de fosforilao oxidativa, rendendo 38ATP pormol de glicose (incluindo neste total 2ATP da gliclise e 2 do ciclo de Krebs).

    5. Vrios mecanismos da cadeia de transporte de eltrons e de seu acoplamento sntese de ATP

    foram elucidados atravs da utilizao de inibidores e desacopladores, entre os quais esto:

    rotenona, amital, antimicina A, cianeto e DNP.

    Rotenona e amital inibem a reduo dos complexo I e III por NADH.

    Antimicina A inibe o transporte de eltrons no complexo II.

    Cianeto inibe o transporte no complexo IV.

    DNP desacoplador, pois promove o vazamento de H+ ,levando dissipao do gradiente

    de prtons e contnuo transporte de eltrons, desacoplado da sntese de ATP.

    6. A sntese de ATP a partir de ADP e Pi na mitocndria, que catalisada pela ATP sintase,

    dirigida pelo processo de transporte de eltrons. Mas como a ATP sintase fisicamente separada

    das protenas do transporte de eltrons, a energia livre liberada no transporte de eltrons deve

    ser conservada em uma forma que possa ser utilizada pela ATP sintase. A energia livre do

    transporte de eltrons conservada pelo bombeamento de H+ da matriz mitocondrial para o

    es