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CURSO PEDRO GOMES GEOGRAFIA DO BRASIL APOSTILA ESPECIAL PARA ESA Professor Juanil José Barros ESA 2013 CURSO PEDRO GOMES PROF. JUANIL BARROS 1 1 LOCALIZAÇÃO: Características Gerais: O Brasil está situado na parte centro-oriental da América do Sul Possui uma superfície de 8.547.403,5 Km², conforme o Instituto de Geografia e Estatística (IBGE). O Equador e o Trópico Capricórnio são os dois paralelos que atravessam o Brasil, o Trópico de Capricórnio atravessa: o o sul de São Paulo, o o norte do Paraná o sul de Mato Grosso do Sul. Estes Estados pertencem às regiões (Sudeste, Sul, e Centro-Oeste). O Equador passa exatamente em Macapá (AP); o Equador faz com que o Brasil se localize nos dois hemisférios: o sul (maior parte 93%,). o norte (menor parte 7%). O Brasil em relação aos demais países do globo é o quinto em extensão, apenas superado pela: o Rússia, o o Canadá, o a China o os Estados Unidos (terras descontínuas). Em terras contínuas, o Brasil é o quarto do mundo, superando os Estados Unidos em Razão do Alasca e Havaí, estados descontínuos dos E.U. A. O Brasil é o maior país da América do Sul, o terceiro do Continente Americano e o 5º do mundo. Compõe-se de 27 unidades políticas, sendo 26 estados e o Distrito Federal, onde se localiza Brasília, a capital do país. MAIORES PAÍSES DO MUNDO EM EXTENSÃO TERRITORIAL 2 - LIMITES O Brasil se se limita: o AO NORTE com a Venezuela, Guiana, Suriname e Guiana Francesa, o AO SUL com o Uruguai, o A NOROESTE com a Colômbia, o A OESTE com o Peru e a Bolívia, o A SUDOESTE com a Argentina e Paraguai, o A NORDESTE, A LESTE E A SUDESTE com o Oceano Atlântico. o CHILE E EQUADOR são os dois únicos países da América do Sul que não fazem fronteira com o Brasil. o Os dois países de menor fronteira são Suriname (593Km) e a Guiana Francesa (655 Km). o Os dois países de maior fronteira com nosso país são Bolívia (3.126 Km) e Peru (2.995 Km). O Brasil é um país marítimo, pois é banhado a leste pelo importante Oceano Atlântico (7.367 Km de litoral), possuindo extensa Plataforma Continental. FRONTEIRAS BRASILEIRAS

Apostila Completa de Geografia Do Brasil

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CURSO PEDRO GOMES

GEOGRAFIA DO BRASIL

APOSTILA ESPECIAL PARA ESA Professor Juanil José Barros

ESA 2013 CURSO PEDRO GOMES PROF. JUANIL BARROS 1

1 – LOCALIZAÇÃO:

Características Gerais:

O Brasil está situado na parte centro-oriental da América

do Sul Possui uma superfície de 8.547.403,5 Km², conforme o

Instituto de Geografia e Estatística (IBGE). O Equador e o

Trópico Capricórnio são os dois paralelos que atravessam o Brasil,

o Trópico de Capricórnio atravessa:

o o sul de São Paulo,

o o norte do Paraná

o sul de Mato Grosso do Sul.

Estes Estados pertencem às regiões (Sudeste, Sul, e

Centro-Oeste).

O Equador passa exatamente em Macapá (AP); o Equador

faz com que o Brasil se localize nos dois hemisférios:

o sul (maior parte 93%,).

o norte (menor parte 7%).

O Brasil em relação aos demais países do globo é o quinto

em extensão, apenas superado pela:

o Rússia,

o o Canadá,

o a China

o os Estados Unidos (terras descontínuas).

Em terras contínuas, o Brasil é o quarto do mundo,

superando os Estados Unidos em Razão do Alasca e Havaí,

estados descontínuos dos E.U. A.

O Brasil é o maior país da América do Sul, o terceiro do

Continente Americano e o 5º do mundo.

Compõe-se de 27 unidades políticas, sendo 26 estados e o

Distrito Federal, onde se localiza Brasília, a capital do país.

MAIORES PAÍSES DO MUNDO EM EXTENSÃO TERRITORIAL

2 - LIMITES

O Brasil se se limita:

o AO NORTE com a Venezuela, Guiana, Suriname e

Guiana Francesa,

o AO SUL com o Uruguai,

o A NOROESTE com a Colômbia,

o A OESTE com o Peru e a Bolívia,

o A SUDOESTE com a Argentina e Paraguai,

o A NORDESTE, A LESTE E A SUDESTE com o

Oceano Atlântico.

o CHILE E EQUADOR são os dois únicos países da

América do Sul que não fazem fronteira com o

Brasil.

o Os dois países de menor fronteira são Suriname

(593Km) e a Guiana Francesa (655 Km).

o Os dois países de maior fronteira com nosso país

são Bolívia (3.126 Km) e Peru (2.995 Km).

O Brasil é um país marítimo, pois é banhado a leste

pelo importante Oceano Atlântico (7.367 Km de litoral),

possuindo extensa Plataforma Continental.

FRONTEIRAS BRASILEIRAS

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3 – PONTOS EXTREMOS

AO NORTE – nascente do rio Ailã, na Serra do

Caburaí (RR).

AO SUL – arroio Chuí (RS)

A LESTE – Ponta Seixas, no Cabo Branco (PB).

A OESTE – Serra da Contamana ou Divisor (AC)

4 – FUSOS HORÁRIOS

Pela sua extensão territorial no sentido leste-oeste

(4.320 Km), nosso país é cortado por três fusos horários,

havendo três horários diferentes:

FUSO 1 – compreende as Ilhas de Fernando de

Noronha, Trindade e Martim Vaz, e os penedos de São

Pedro e São Paulo.

FUSO 2 – abrange todos os Estados litorâneos, os

Estados do Amapá, Tocantins, Minas Gerais e Goiás, o

Distrito Federal e o Estado do Pará.

FUSO 3 – inclui os Estados de Roraima, Rondônia, Mato

Grosso do Sul, Mato Grosso, Amazonas e o Acre.

O Brasil tem sua hora diminuída de duas a quatro horas

em relação à hora de Londres, pois se encontra a oeste de

Greenwich (meridiano inicial ). O mais importante fuso horário

do Brasil é o 3 pois abrange todas as capitais litorâneas.

ATUAL FUSO HORÁRIO BRASILEIRO

5 - RELEVO BRASILEIRO

O relevo brasileiro está dividido em dois grandes

sistemas:

Planalto das Guianas (Parima), junto à fronteira Norte.

Planalto Brasileiro, ao sul da Planície Amazônica.

Ambos estão separados pela Planície Amazônica e

são constituídos por terrenos antigos (Era Primária),

desgastados pela erosão e formados principalmente de

granitos e gnaisses, que constituem o Complexo Cristalino

Brasileiro. O vasto Planalto Brasileiro compreende quatro

divisões:

o Planalto Nordestino ou da Borborema.

o Planalto Atlântico ou Oriental.

o Planalto Central.

o Planalto Meridional.

As Planícies são:

o Amazônica

o Litorânea ou Costeira

o Paraguaia ou Pantanal

o Gaúcha ou Pampa

O Planalto das Guianas está dividido em:

o serras orientais (menores altitudes)

o serras ocidentais (maiores altitudes)

Observação importante: As serras orientais e ocidentais do

planalto das Guianas são separadas pela “Depressão do Pirara.”

Apresenta uma das partes mais elevadas e escarpadas

do relevo, onde existem várias serras: Tumucumaque, Imeri,

Acaraí, Pacaraima, Parima e Navio.

Neste Planalto encontramos importantes elevações do

relevo brasileiro:

o Pico da Neblina,

o Pico 31 de Março

o Monte Roraima.

O Pico da Neblina, localizado no norte do Amazonas, na

Serra do Imeri, é o ponto mais alto do Brasil com 2993,78 metros

de altitude (medição revista por satélite/GPS pelo IBGE em

20041).

Dá nome ao Parque Nacional do Pico da Neblina, onde

está situado. Localiza-se no município de Santa Isabel do Rio

Negro, mas a cidade mais próxima é São Gabriel da Cachoeira.

O segundo ponto mais alto situa-se a meros 687 metros da

fronteira com a Venezuela no Pico 31 de Março (altitude de

2972,66 m), conforme determinado por uma comissão

demarcadora de fronteiras em 1962.2

O Pico da Neblina está localizado na Serra do Imeri. O

Monte Roraima, com 2.875 metros no Estado do mesmo nome, é

o quarto ponto mais alto do Brasil.

Os pontos culminantes do Brasil, em ordem decrescente,

são:

o 1º – Pico da Neblina (2993,7 metros)

o 2º – Pico 31 de Março (2.972,66 metros)

o 3º – Pico da Bandeira (2.891,98 metros)

o 4º – Monte Roraima (2.875 metros)

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O Planalto Nordestino divide-se

em Arcos Maranhenses (Penitente, Tiracambu, Alpercatas) e

Chapadas Nordestinas.

A forma característica do relevo sã as Chapadas:

o Apodi (RN),

o Baturité e Araripe (CE),

o Ibiapaba (PI),

o Borborema (RN, PB, PE, AL),

o Mangabeiras (MA).

O Pico Alto 1.115metros, na Chapada do Baturité, é o

ponto culminante do Planalto Nordestino.

A semiaridez do sertão nordestino está relacionada à

presença do Planalto da Borborema, que impede a penetração de

massas úmidas do litoral em direção ao interior, provocando

somente chuvas próximo ao litoral.

O Planalto do Maciço Atlântico é formado, dentre outras,

por importantes serras como a da Mantiqueira e a do Mar.

A Serra do Espinhaço está localizada Quadrilátero

Central.

A Serra do Mar aparece junto à orla litorânea e se

alonga do Estado do Rio de Janeiro ao Rio Grande do

Sul.

A Serra do Mar está separada da Serra da Mantiqueira

pelo vale do Rio Paraíba do Sul.

PLANALTO CENTRAL

O Planalto Central é constituído por rochas sedimentares e

cristalinas. (do Pré-Cambriano) que alternam com terrenos

sedimentares do Paleozoico e do Mesozoico. Apresenta uma

topografia regular e domina a Região Centro-Oeste do Brasil. A

forma característica do relevo são imensos “tabuleiros” ou

chapadões com altitude entre 500/900 metros.

Exemplos:

Chapadas dos Parecis (divisor de águas da bacia

Amazônica e Platina)

Chapada dos Guimarães,

Serra dos Pacaás Novos,

Chapada dos Veadeiros

Espigão Mestre (divisor de águas dos rios São Francisco

e Tocantins).

O Espigão Mestre (divisa Goiás Bahia) é uma importante

elevação do Planalto Central, que tem como ponto culminante o

Morro Alto (1.678 metros), na Chapada dos Veadeiros (em

Goiás).

PLANALTO MERIDIONAL

(PLANALTO ARENITO-BASALTO)

O planalto Meridional recobre a maior parte do território

da região Sul, alternando extensões de arenito com outras

extensões de basalto. O basalto é uma rocha de origem vulcânica

responsável pela formação de solos de terra roxa, que são bastante

férteis.

Na região Sul, excluindo-se o norte e oeste do Paraná, são

poucas as áreas que possuem tais solos, pois muitas vezes as

rochas basálticas são recobertas por arenitos.

O Planalto Meridional é constituído por:

terrenos cristalinos, que correspondem ao 1º degrau

(Serra do Mar).

terrenos sedimentares que correspondem ao 2º

degrau (“cuestas”).

terrenos basálticos que correspondem ao 3º degrau

(“trapp”).

O derrame de lençóis e sua decomposição em clima

tropical deu origem a um solo rico:

a terra roxa.

O ponto culminante do Planalto Meridional é o

Morro da Igreja (1.870 metros), na Serra Geral, em Santa

Catarina.

“Coxilhas” são as pequenas ondulações da Serra

Geral, que aparecem no final do Planalto Meridional (no

território gaúcho): Santana, Haedo, São Martinho e Grande.

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PLANALTOS PLANÍCIES DEPRESSÕES

01 Planalto da Amazônia Oriental 12 Depressão da Amazônia Ocidental 23 Planície do Rio Amazonas

02 Planaltos e Chapadas da Bacia do Parnaiba 13 Depressão Marginal Norte-Amazônica 24 Planície do Rio Araguaia

03 Planaltos e Chapadas da Bacia do Paraná 14 Depressão Marginal Sul-Amazônica 25 Planície e Pantanal do Rio

04 Planalto e Chapada dos Parecis 15 Depressão do Araguaia 26 Planície e Pantanal Mato-grossense

05 Planaltos Residuais Norte-Amazônicos 16 Depressão Cuiabana 27 Planície da Lagoa dos Patos e Mirim

06 Planaltos Residuais Sul-Amazônicos 17 Depressão do Alto Paraguai-Guaporé 28 Planícies e Tabuleiros Litorâneos

07 Planaltos e Serras do Atlântico-Leste-Sudeste 18 Depressão do Miranda

08 Planaltos e Serras de Goiás-Minas 19 Depressão Sertaneja e do São Francisco

09 Serras Residuais do Alto Paraguai 20 Depressão do Tocantins

10 Planalto da Borborema 21 Depressão Perif. da Borda Leste da Bacia do Paraná

11 Planalto Sul-Rio-grandense 22 Depressão Periférica Sul-Rio- grandense

6- CLIMA BRASILEIRO

O clima é o comportamento normal ou a sucessão

habitual do tempo (meteorológico) durante o ano.

Tipos de clima:

Quanto à temperatura: quente, temperado e frio.

Quanto à umidade: superúmido, úmido, subsumido,

semiárido, árido (seco).

6.1 - TROPICAL

Tropical: duas estações bem definidas uma chuvosa

e quente (no verão) e outra seca com temperatura

mais amena (inverno) Temperatura média anual

entre 20ºC e 25ºC. Maior ocorrência no Brasil

central.

Tropical Atlântico: com chuvas no inverno, na zona

litorânea. Ocorrência, litoral do Rio Grande do Norte até

o Rio Grande do Sul. Sua vegetação é a Mata Atlântica.

Tropical de Altitude: Temperatura amena, chuvas bem

distribuídas. Ocorrência, Minas Gerais, Espírito Santo,

Rio de Janeiro, São Paulo e Paraná

6.2 - CLIMA EQUATORIAL

Apresenta as seguintes características:

temperaturas elevadas;

chuvas abundantes durante todo o ano, com 3.000 mm

de chuvas:

reduzida amplitude térmica anual (diferença entre o mês

mais quente e o mês mais frio).

A vegetação corresponde a Floresta Equatorial.

O fenômeno da “friagem” se faz sentir na Planície

Amazônica: é uma queda brusca da temperatura, quando a

região é atingida por massa fria do polo sul.

6.3 - SEMIÁRIDO

Temperaturas elevadas, seca, chuvas irregularmente

distribuídas ( com longos períodos de estiagem). A vegetação

correspondente é a caatinga. Ocorrência no Sertão Nordestino,

vale médio do Rio São Francisco e norte de Minas Gerais

(Polígonos das Secas).

6.4- SUBTROPICAL

As quatro estações do ano são bem definidas, temperatura

amena, chuvas bem distribuídas, alcançando no inverno as

temperaturas mínimas do país. Sua vegetação correspondente é a

Floresta Subtropical (dos Pinhais) ou Mata Araucária.

Ocorrência: Planalto Meridional, (região Sul),

abrangendo os Estados do Paraná, Santa Catarina e Rio

Grande do Sul.

O Brasil é um país de clima quente, portanto, um país

tropical. As médias térmicas anuais, em nosso país, variam de

13ºC no Sul a 35ºC no Nordeste. Os extremos de temperatura já

registrados são:

máxima de 44ºC, em Paratinga, na Bahia,

a mínima de 14ºC abaixo de zero, em São Francisco de

Paula,

Os extremos de pluviosidade são:

Serra do Mar, SP (Itapanhaú), com mais de 4.500

mm,

Sertão da Paraíba, (Cabaceiras) “polígono das secas”

onde chove menos de 280 mm por ano.

6.5 - VENTOS:

Noroeste vento quente procedente da Amazônia e

que atinge o estado de São Paulo, no final do

inverno (agosto-setembro) quando provoca chuvas

fortes.

Minuano ou pampeiro vento frio que vem da

Argentina e do Uruguai, ou seja, massa polar atlântica,

nos meses de inverno, provocando períodos de chuva.

O homem é responsável por muitas mudanças que estão

ocorrendo. Já estamos convivendo com chuva ácida, com o efeito

estufa ou aquecimento global, com buraco na camada de ozônio,

com desertificação, com desmatamentos e poluição de toda

ordem. Até mesmo o EL Niño, fenômeno outrora moderado

e limitado aos litorais do Peru e do Equador, se agiganta e

desequilibra a atmosfera brasileira prolongando e intensificando as

chuvas e as secas.

O EL Niño já é conhecido há mais de dois séculos.

Ocorria quase todos os anos no Pacífico, nas costas do Peru e do

Equador, onde as águas são frias e com grandes cardumes. O

fenômeno EL Niño é a chegada de águas quentes (correntes

marinhas) que afugentam os cardumes e prejudicam a pesca que é

muito importante na região.

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O fenômeno EL Niño ocorre

por causa dos desequilíbrios de pressão atmosférica existentes no

Pacífico, no norte da Austrália e na Indonésia (anticiclone) e no

litoral sul-americano (ciclone), nos litorais do Peru e do Equador.

O EL Niño desequilibra a atmosfera e a regularidade

dos ventos alísios e das correntes marinhas. Nestas últimas

décadas ele se tornou mais frequente e mais intenso e já é

responsabilizado pelos longos períodos de chuvas em São Paulo e

de secas no Nordeste.

7- VEGETAÇÃO BRASILEIRA

AS FORMAÇÕES FLORESTAIS OU ARBÓREAS

7.1 - A FLORESTA AMAZÔNICA

Também conhecida como floresta latifoliada equatorial

ou Hileia, ocupa cerca de 40% do território brasileiro,

estendendo-se pela quase totalidade da região Norte, porção

setentrional de Mato Grosso e porção ocidental do Maranhão.

Característica de clima quente e superúmido, essa

floresta é extremamente heterogênea e densa e apresenta-se

dividida em três estratos:

igapó: corresponde à porção da floresta que se assenta

sobre o nível mais inferior da topografia - a

verdadeira planície, ou planície de inundação, onde

o solo está permanentemente inundado. Sua

principal área de ocorrência é o baixo curso do rio

Amazonas;

várzea: ocupa a porção do relevo denominada teso ou

terraço fluvial, onde as inundações são periódicas;

terra firme: corresponde ao trecho da floresta

localizado na porção mais elevada do relevo - os baixos

planaltos ou baixos platôs -, sendo por isso mais

desenvolvida e exuberante.

7.2 - O APROVEITAMENTO ECONÔMICO DA

FLORESTA

O aproveitamento econômico da floresta dá-se sobretudo

através do extrativismo vegetal, geralmente de produtos

tradicionais. Destacam-se a extração de látex para produção de

borracha, principalmente no Acre, Amazonas e Rondônia;

de castanha-do-pará, no Pará e Amazonas;

de guaraná, no Amazonas e Acre.

Nenhuma dessas atividades interfere negativamente no

equilíbrio ecológico da floresta. O que devasta, na verdade, é a

grande extração madeireira que se pratica na região, sem nenhuma

preocupação com a preservação ambiental, sem reflorestamento e

utilizando como equipamento de trabalho as motosserras e os

tratores com seus correntões. Outro problema ambiental grave é a

prática de criminosas queimadas realizadas com o objetivo de

limpar o terreno para a implantação de enormes fazendas de gado.

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7.3 - MATA ATLÂNTICA

Formação exuberante, que se assemelha bastante à floresta

equatorial, a Mata Atlântica é heterogênea, densa e aparece em

diferentes pontos do pais, onde há temperaturas elevadas e alto

teor de umidade. Também é chamada de floresta latifoliada

tropical úmida da encosta.

Estendia-se do Rio Grande do Norte ao Rio Grande do

Sul, porém foi intensamente devastada pela cultura canavieira

desde o período colonial, sobretudo na região Nordeste.

No litoral sudeste e sul, a presença da serra do Mar

dificultou a ocupação humana e a exploração florestal. Mas hoje,

mesmo nessa área, a extração de madeiras, a abertura de estradas e

a poluição industrial têm devastado a Mata Atlântica.

As madeiras de lei, como jacarandá, jatobá, jequitibá,

cedro, imbuia, etc., sempre atraíram as atenções dos empresários

da madeira, para os quais "árvore tem é que dar dinheiro".

No interior do Sudeste, a floresta tropical aparecia em

quase toda a área drenada pelo rio Paraná e seus afluentes, sendo

por isso denominada de mata da bacia do Paraná, e também já foi

quase toda devastada com o avanço da cultura cafeeira em São

Paulo e Minas Gerais, no final do século passado e inicio deste.

Hoje, seus vestígios correspondem às estreitas faixas de

árvores que margeiam os rios da região, sendo, por isso,

denominadas matas galerias ou ciliares.

7.4 - MATA DE ARAUCÁRIAS

Floresta aciculifoliada é uma formação típica do clima

subtropical, menos quente e úmido que o equatorial e o tropical.

Por isso, suas folhas são finas e alongadas (em forma de agulha), a

fim de evitar a excessiva perda de umidade. Estendia-se

originalmente do sul de Minas Gerais ao norte do Rio Grande do

Sul.

Relativamente homogênea, apresenta poucas variedades e

sua espécie dominante é a Araucária angustifólia, ou pinbeiro-do-

paraná. E uma formação aberta, fato que facilitou sua exploração

intensa e não racional.

A concentração de pinheiros favoreceu o extrativismo

vegetal de tal forma que essa floresta se tornou a principal fonte

produtora de madeira do pais, com inúmeras aplicações

econômicas, na indústria de móveis, na construção civil ou na

indústria de papel e celulose.

Também na Mata de Araucárias a preocupação com a

preservação foi nula, pois quase não há áreas de reflorestamento

e, mesmo quando há, restringe-se ao plantio de eucalipto ou pinus,

que fornecem madeiras de qualidade inferior, mas podem ser

exploradas em tempo bem mais curto que a araucária.

7.5 - MATA DOS COCAIS

Formação de transição típica do Meio-Norte composta

pelos estados do Maranhão e do Piau ladeada por climas opostos,

o equatorial superúmido oeste e o semiárido a leste.

No Maranhão, norte de Tocantins e oeste do Piauí, área

um pouco mais úmida, é comum a ocorrência do babaçu, palmeira

de 15 a 20 m de altura com cachos de coquilhos em cujo interior

encontram-se as amêndoas. Dessas, extrai-se o óleo, que é

comercializado com indústrias alimentares e de cosméticos,

enquanto o coco é aproveitado como biomassa, na produção de

energia;

Na área menos úmida, leste do Piauí, litoral do Ceará e do

Rio Grande do Norte, encontramos a carnaúba, palmácea de até 20

m de altura. A carnaúba é conhecida na região como “a árvore da

providência” porque dela tudo se utiliza. As raízes para infusões

medicinais, o tronco para fazer paredes, as folhas para recobrir o

teto, o fruto para ser consumido como alimento, as sementes

torradas e moídas para substituir o café e a folha para produzir

cera, seu produto de maior aproveitamento econômico.

O extrativismo do babaçu e da carnaúba não implica

devastação, pois aproveitam-se apenas os cocos e as folhas,

continuamente reproduzidas pelas palmeiras. No entanto, a

expansão pecuarista na região tem provocado grande destruição da

vegetação com a criação de áreas de pasto. Isso tem levado ao

agravamento das condições de vida de milhões de pessoas, que

dependem do extrativismo.

7.6 - AS FORMAÇÕES COMPLEXAS CERRADO

Ocupando originariamente quase 25% do território

brasileiro, é a segunda formação vegetal mais extensa do país; no

entanto, vem tendo sua participação diminuída gradativamente.

Típico de áreas de clima tropical com duas estações bem

marcadas verão chuvoso e inverno seco, o cerrado ocorre em

quase todo o Brasil Central, a região Centro-Oeste e arredores,

como o sul do Pará e do Maranhão, o interior de Tocantins, o

oeste da Bahia e de Minas Gerais e o norte de São Paulo.

Caracterizado pelo domínio de pequenas árvores e

arbustos bastante retorcidos, com casca grossa (cortiça),

geralmente caducifólios e com raízes profundas, sua origem é

ainda desconhecida. Para alguns, ele é produto do clima com

alternância entre as estações úmida e seca durante o ano. Para

outros, sua origem está ligada ao solo extremamente ácido e

pobre.

Além disso, certos tipos de cerrado resultam da própria

ação humana, através de sucessivas queimadas realizadas em um

mesmo local. É provável que o cerrado, também denominado

savana-do-Brasil, seja na verdade resultado da ação de todos esses

fatores ao mesmo tempo.

O aproveitamento econômico do domínio do cerrado faz

se através da pecuária e da agricultura comercial mecanizada

(cultivo de soja), que vem destruindo a vegetação natural.

7.7 - A CAATINGA

A caatinga é uma formação típica do clima semiárido do

Sertão nordestino e ocupa cerca de 11% do território brasileiro.

Composta por plantas xerófilas, como as cactáceas, com suas

folhas em espinhos, as caducifólias, que jogam fora suas folhas,

para não perderem água, ou como a própria carnaúba, que produz

uma cera que recobre os poros da folha, evitando a transpiração.

O principal uso econômico do domínio da caatinga é a

agropecuária, que apresenta baixos rendimentos e afeta

negativamente o equilíbrio ecológico.

Caso não sejam adotadas técnicas mais racionais de uso do

solo e não se expanda a construção de açudes e de canais de

irrigação, é provável que a médio ou longo prazo desenvolva-se

um processo de desertificação do já muito seco Sertão nordestino.

7.8 - O COMPLEXO DO PANTANAL

Pantanal corresponde a uma grande depressão localizada

no interior de Mato Grosso e de Mato Grosso do Sul, ocupando

uma área de aproximadamente 100 mil km2. Sua altitude média é

de 100 m acima do nível do mar, sendo a maior planície inundável

do mundo.

O Pantanal é, na verdade, um mosaico de paisagens

naturais. Há áreas que são alagadas todo ano com as cheias dos

rios provocadas pelas fortes chuvas de verão. Há áreas um pouco

mais elevadas, que eventualmente são alagadas, e também áreas

bem mais elevadas, livres de inundação.

Na porção inundável, a vegetação desenvolve-se apenas

nas estiagens de inverno. Caracteriza-se como formação rasteira,

própria à prática da pecuária. Na porção de alagamento eventual,

aparecem arbustos misturados à vegetação rasteira. Nas áreas

altas, chamadas "cordilheiras", encontramos espécies dos

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cerrados, que, em alguns pontos mais

úmidos, misturam-se às espécies arbóreas da floresta tropical.

A economia tradicional do Pantanal sempre foi a pecuária,

realizada em harmonia com o ambiente, sem destruí-lo. No

entanto, mais recentemente, o investimento de grandes capitais na

região tem sido causa de sérios desequilíbrios ecológicos.

A implantação de agricultura comercial, a utilização de

agrotóxicos e a construção de estradas, com a barragem das águas

realizadas pelas pontes, são alguns dos problemas ligados à

ocupação recente do Pantanal. Além desses, destacam-se a caça

ilegal de jacarés e a pesca predatória, especialmente na piracema

(época de acasalamento dos peixes).

7.9 - AS FORMAÇÕES HERBÁCEAS

As formações herbáceas, de características bastante

diversificadas, geralmente aparecem em forma de manchas de

pequena extensão, distribuídas de maneira descontínua pelo

interior do país, em função de vários fatores como a topografia

suave ou climas mais frios e secos. Se aparecem exclusivamente

gramíneas, denominam-se campos limpos e se as gramíneas estão

misturadas a pequenos arbustos, denominam-se campos sujos.

Entre as diversas áreas de formação campestre, merecem

destaque:

campos meridionais: como a Campanha Gaúcha, no Rio

Grande do Sul, e os Campos de Vacaria. A pecuária é a

atividade econômica mais comum nessas regiões.

campos da Hileia: são formações rasteiras encontradas nas

áreas inundáveis da Amazônia oriental, como o litoral do

Amapá, a ilha de Marajó e o golfão Maranhense;

campos de altitude: são formações herbáceas encontradas

em grande altitude. Aparecem no Sudeste, na serra da

Mantiqueira, e também na Amazônia, na região serrana de

Roraima.

Proporcionais à extensão do litoral brasileiro, as

formações litorâneas apresentam grande variedade. As principais

são:

• vegetação de praias: são comuns as espécies halófilas, que

habitam lugares ricos em sal, como a salsa-de-praia e o

jundu, vegetação arbóreo-arbustiva do litoral paulista;

• vegetação de dunas: vegetais rasteiros, com raízes profundas

e grande extensão horizontal, criando verdadeiros cordões

vegetais;

• restingas: misturam espécies herbáceas, arbustivas e

arbóreas, como a aroeira-de-praia e o cajueiro, favorecendo a

formação de dunas sobre as restingas;

• mangues: vegetais que se adaptaram à intensa salinidade e à

falta de oxigenação do solo, em áreas alagadas

periodicamente pelas águas do mar. Compõem-se de arbustos

misturados às espécies arbóreas, quase sempre de tronco

muito fino e raízes aéreas. E no mangue que se realiza, como

atividade econômica, a extração de caranguejos e, em menor

escala, de ostras.

8- HIDROGRAFIA BRASILEIRA

O Brasil possui uma das maiores redes hidrográficas do

mundo, destacando-se seus rios quer pela extensão (tamanho),

quer pelo volume de água.

Os rios brasileiros estão agrupados em seis bacias

hidrográficas isoladas e três conjuntos de bacias agrupadas. As

bacias isoladas, controladas por um único eixo fluvial (o rio

principal), ocupam cerca de 80% do território nacional. Já as

bacias agrupadas são menores e apresentam vários eixos que se

deslocam todos para uma só direção. Ocupam uma área bem

menor, apenas 20% da superfície total do país.

As bacias hidrográficas do Brasil estão divididas em

bacias principais e bacias secundárias.

Bacias principais:

• São Francisco

• Tocantins-Araguaia

• Amazônica

• Platina (Paraguai, Paraná e Uruguai)

Bacias secundárias:

• Nordeste

• Leste

• Sudeste

• Vertente do Amapá

8.1- BACIA AMAZÔNICA

É a maior bacia hidrográfica do globo terrestre,

estendendo-se por terras da Bolívia, Peru, Colômbia, Venezuela,

Guiana, Suriname, Guiana Francesa e Brasil. Ocupa uma área de 6

892 475 km2, sendo 3 984 467 km2 no Brasil (46,8% do território

nacional). Localiza-se nos dois hemisférios, daí a “interferência”

que possibilita duas cheias anuais.

A Bacia Amazônica recebe ação direta do clima

equatorial, cujas precipitações são elevadas todos os meses,

gerando um total anual de chuvas da ordem de 2 000 a 2 500 mm.

Isso faz com que o rio Amazonas tenha o maior débito do mundo,

descarregando no Atlântico cerca de 100 000 m3/s de água, o que

significa cerca de 20% da água que todos os rios do mundo

despejam em conjunto nos oceanos.

O rio Amazonas (7 100 km) é o maior do mundo em

extensão e suas nascentes estão localizadas na cordilheira dos

Andes. Entra em nosso território na altura de Tabatinga

(Amazonas) e passa a se denominar Solimões até receber as águas

do rio Negro, próximo a Manaus, quando finalmente recebe o

nome de Amazonas. Sua foz é no Oceano Atlântico, em forma

mista (estuário-deltaica) Sua largura máxima é de 300 Km na foz -

junto à cidade de Óbidos (PA) apresenta sua menor largura 1,5

Km.

De toda a enorme extensão que o rio Amazonas percorre

da nascente à foz, cerca de 45% corresponde a trecho brasileiro,

com 3.165 Km. Nesse trecho, seu desnível total é de 82 m de

altura.

O rio Amazonas, junto com o baixo curso de seus

afluentes, forma um complexo hidroviário de 25 450 km de

percurso navegável, que é, às vezes, a única opção real de

transporte no interior da Amazônia.

Outra característica importante da bacia Amazônica é a

infinidade de pequenos cursos d'água e canais fluviais criados pela

ação dos rios no seu processo de cheia e vazante.

São eles:

• igarapés: braços de rios ou canais fluviais que partem, de

forma perpendicular, do rio em direção à floresta.

• paraná-mirins: braços de rios que contornam pequenas ilhas

em “meia-lua”, também chamadas “falsas-ilhas”, por serem

pequenas elevações do terreno que, em momentos de cheias,

são ilhadas por esses canais;

• furos: canais marginais que interligam os vários cursos

d´água existentes.

8.2 - BACIA DO TOCANTINS-ARAGUAIA

Ocupa uma área de 803 250 km2 (9,5% da área total do

país). Desse espaço, metade pertence ao rio Tocantins e a outra

metade ao rio Araguaia, daí a denominação da bacia.

O rio Tocantins nasce a cerca de 250 km de Brasília,

sendo formado pela junção dos rios Alma e Maranhão, cujas

cabeceiras estão no Brasil Central, em Goiás. A partir daí, o rio

percorre 2 640 km até chegar ao golfão Amazônico.

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Seu principal afluente é o

Araguaia. Esse rio nasce em Mato Grosso, na fronteira com Goiás,

e une-se ao Tocantins no extremo norte do estado de Tocantins,

definindo aí o contorno da região denominada Bico do Papagaio.

Antes disso, porém, o Araguaia circunda uma área que é a maior

ilha fluvial do mundo a ilha do Bananal, com cerca de 20 000 km2

de superfície.

A bacia apresenta um grande potencial hidrelétrico, mas

apenas uma área de produção efetiva de energia elétrica, que é a

usina de Tucuruí, no sul do Pará. Quanto ao percurso navegável, é

também pouco extenso, cerca de 935 Km aproveitáveis,

distribuídos por trechos descontínuos.

Lançam suas água no estuário de Marajó (portanto só se

encontra com o Amazonas na foz)

8.3 - BACIA DO SÃO FRANCISCO

Ocupa uma área de 631.133 Km2 (7,4%da superfície do

país), drenando terras de cinco estados: Minas Gerais, Bahia,

Pernambuco, Alagoas e Sergipe. Faz, portanto, a ligação entre o

Sudeste e o Nordeste do Brasil.

O São Francisco nasce na serra da Canastra, em Minas

Gerais, região de clima tropical chuvoso, e toma a direção norte,

atravessando o Sertão nordestino, área de clima semiárido, indo

desembocar no litoral oriental do Nordeste, sob clima tropical

úmido.

Logo após a descida da serra da Canastra, temos a usina de

Três Marias. No interior do Sertão nordestino, é o rio que marca

os limites entre os estados da Bahia e de Pernambuco, onde se

instalou a represa de Sobradinho, que tem a função de regularizar

o nível do rio. Em seguida, o São Francisco se desvia para leste,

até a fronteira da Bahia com Alagoas, onde estão montadas as

quatro usinas do complexo hidrelétrico de Paulo Afonso. A partir

desse ponto, o rio inicia a descida do planalto, onde foi construída

a usina de Xingó, e vai desaguar no Atlântico, na divisa entre

Alagoas e Sergipe.

O São Francisco é um rio de planalto, possui 1.300 km de

extensão navegável, em um trecho que se estende de Pirapora

(Minas Gerais) a Juazeiro (Bahia) e Petrolina (Pernambuco), e de

Marechal Floriano (AL) à foz. É a única grande bacia

genuinamente brasileira. Possui 3.161 Km de extensão e recebe

diversas denominações:

• Nilo Brasileiro

• Rio da Integração e Unidade Nacional

• Rio dos Currais

8.4- BACIA PLATINA (Bacia do Paraná, Paraguai e Uruguai)

8.4.1 - BACIA DO PARANÁ

A bacia do Paraná ocupa uma área de cerca de l,4 milhão

de km2. A bacia do Paraná drena a porção centro-meridional do

país, abrangendo terras dos estados de Goiás, Mato Grosso do Sul,

Minas Gerais, São Paulo, Paraná e Santa Catarina. Tem como eixo

principal o rio Paraná.

O rio Paraná é o décimo sétimo do mundo em extensão,

com seus 2 940 km. Nasce na confluência de dois outros rios

importantes: o rio Paranaíba, que separa Minas Gerais de Goiás, e

o rio Grande, que separa Minas Gerais de São Paulo, definindo-se

aí a região conhecida como Triângulo Mineiro.

A partir daí, o rio Paraná toma a direção sul e separa São

Paulo de Mato Grosso do Sul. Adiante, serve de limite entre o

Paraná e Mato Grosso do Sul e, mais à frente, faz a fronteira do

Brasil com o Paraguai. Daí em diante, penetra em território

argentino e vai desembocar no rio da Prata.

O rio Paraná tem como principais afluentes os rios Verde,

Pardo e Ivinheima, na margem direita, e os rios Tietê,

Paranapanema e lguaçu, na margem esquerda.

Tanto o rio Paraná como os seus afluentes da margem

esquerda estão descendo planaltos através de inúmeras quedas

d'água, o que dá à bacia um alto potencial hidrelétrico disponível

para aproveitamento. Sua localização, próxima ao grande parque

industrial do Sudeste, garante-lhe o primeiro lugar em produção

hidrelétrica efetiva no país.

A navegabilidade dessa bacia é muito pequena devido à

topografia. Mesmo assim, o percurso navegável é de 3 370 km,

utilizando-se de trechos planos entre as quedas. É o que ocorre

num trecho de 500 km de extensão no rio Paraná entre as quedas

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de Urubupungá e Itaipu. Nos locais

onde foram instaladas eclusas, como em Barra Bonita, no rio

Tietê, a navegação também é possível.

A eclusa

Uma eclusa fluviaI é composta basicamente de uma

câmara com dois muros laterais, limitados nas duas extremidades

por duas comportas e, no fundo, um piso ou soleira.

Quando se quer que uma embarcação atinja um nível mais

baixo, faz-se com que ela entre nessa câmara cheia, que depois é

esvaziada. A embarcação desce com a água e atinge o nível mais

baixo. Para que uma embarcação suba de nível, realiza-se o

processo inverso.

8.4.2 - BACIA DO PARAGUAI

Sua área é de 345 701 km2 (4% do território nacional). O

rio Paraguai nasce em terras do Centro-Oeste, na serra do Araporé,

em Mato Grosso, a cerca de 100 km de Cuiabá. A partir daí, toma

a direção sul, atravessando a enorme planície do Pantanal, no

sudoeste de Mato Grosso e oeste de Mato Grosso do Sul.

Ao atravessar a planície do Pantanal, o rio Paraguai recebe

muitos afluentes, como o Pilcomayo e o Bermejo, na margem

direita, e o São Lourenço, o Taquari, o Miranda e o Apa, na

margem esquerda.

Essa grande rede hidrográfica, devido ao mínimo desnível

que a planície apresenta, tem um grave problema de escoamento

durante as chuvas de verão. Nessa estação, toda a região sofre um

intenso processo de inundação, daí a denominação Pantanal (ou,

de acordo com os índios guaranis, o grande mar de Xaraiés).

Após atravessar a planície do Pantanal, o rio entra em

território paraguaio, cortando de nordeste para sudoeste a grande

depressão do Chaco. Finalmente, deságua no rio Paraná, já em

território argentino, próximo à cidade de Corrientes.

Percorrendo 2 078 km (1 400 km em território brasileiro),

o rio Paraguai tem na navegação o seu maior destaque econômico,

seu trecho navegável é de Cárceres (MT) até Assunção. Corumbá,

Porto Esperança e Porto Murtinho são os principais portos fluviais

do Rio Paraguai.

A bacia como um todo possui 2 345 km navegáveis, por

onde circulam muitas das mercadorias da região, com especial

ênfase aos minérios de ferro e manganês, extraídos do maciço de

Urucum e embarcados pelos portos de Corumbá e Porto Murtinho,

ambos no rio Paraguai.

8.4.3 - BACIA DO URUGUAI

Ocupa uma área de 1 78 235 km2 (2,1% do território

nacional). O rio Uruguai, eixo da bacia, é formado pela junção do

rio Canoas, que vem de Santa Catarina, com o rio Pelotas, que

vem do Rio Grande do Sul. Quando atinge a fronteira com a

Argentina, após ter feito a divisa dos estados de Santa Catarina e

Rio Grande do Sul, sofre um desvio para o sul e separa as terras

do Brasil e da Argentina. Posteriormente, faz a divisa entre a

Argentina e o Uruguai, e daí segue até a foz, próximo a Buenos

Aires, onde desemboca no rio da Prata, após ter percorrido uma

extensão de 1 500 km.

É muito pouco aproveitado, seja para a geração de energia,

seja para o transporte fluvial. O percurso navegável dessa bacia é

de apenas 625 km. A maior parte dessa extensão localiza-se entre

os portos de São Borja e Uruguaiana, no próprio rio Uruguai.

Apresenta apenas três importantes afluentes, todos na sua

margem esquerda, em território sul-rio-grandense: o Ijuí, o Ibicuí

e o Quaraí.

8.4.4 - BACIAS AGRUPADAS

O Brasil possui três conjuntos de bacias agrupadas: bacias

do Nordeste, do Leste e do Sudeste.

As bacias do Nordeste ocupam uma área de 884 835 km2

(10,3% da superfície do país) e apresentam uma extensão

navegável de 4.498 km. Esse conjunto de bacias abrange uma

extensa porção do Nordeste, que vai do Maranhão até Alagoas.

Caracteriza-se por dois tipos diferentes de rios:

• rios perenes: apresentam-se com água o ano todo e

predominam no trecho ocidental da região. Destacam-se o rio

Parnaíba, nasce na Serra de Tabatinga e separa o Maranhão

do Piauí, onde foi instalada a usina hidrelétrica Castelo

Branco. Entre os outros rios perenes, temos o Mearim, o

Pindaré, o Grajaú e o ltapecuru;

• rios temporários: ficam parcial ou totalmente sem água

durante os longos períodos de estiagem. Predominam na

porção mais interior da região, além do litoral do Ceará e do

Rio Grande do Norte. Nessa área encontramos inúmeras

obras

• os açudes - que visam reter a água do período chuvoso para

amenizar o efeito do longo período de estiagem. Destaque-se

ai o famoso açude de Orós, no rio Jaguaribe, no Sertão

cearense. Como exemplo de outros rios temporários, temos o

Acaraú, o Apodi e o Piranhas.

As bacias do Leste estendem-se desde Sergipe até o litoral

paulista, ocupando uma área de 569 310 km2 (6,7% do território

nacional). Compõem-se de inúmeros rios que descem diretamente

dos planaltos e serras para o oceano, apresentando, por isso,

inúmeras corredeiras e quedas-d'água, o que dificulta muito a

navegação. A extensão do percurso navegável dessa bacia é de 2

253 km. Os principais rios são:

• o Paraguaçu, que tem sua foz em Salvador;

• o Jequitinhonha, que atravessa o nordeste de Minas Gerais,

de clima semiárido, e desemboca no sul da Bahia;

• o Doce, que nasce na Serra da Mantiqueira, após atravessar a

rica região ferrífera de Minas Gerais, deságua no litoral do

Espírito Santo, ao norte de Vitória, no seu vale se concentram

importantes usinas siderúrgicas. Possui 980 Km de extensão.

• o Paraíba do Sul, que nasce na serra da Bocaina (SP), bem

próximo da capital paulista é formado pela junção dos rios

Paraibuna e Paraitinga, corre entre as serras do Mar e da

Mantiqueira em direção ao norte do Rio de janeiro, onde

desemboca no Atlântico, através de um delta de 60 km de

largura. Possui 1.019 Km de extensão

As bacias do Sudeste ocupam uma área de 223 688 km2

(2,8% do território nacional), estendendo-se do litoral sul de São

Paulo até o Rio Grande do Sul. Compõem-se predominantemente

de rios planálticos e, portanto, com poucas possibilidades para a

navegação. A extensão do percurso navegável é de 1186km.

Destacam-se nessa bacia os seguintes rios:

• Ribeira de Iguape, no litoral sul de São Paulo;

• Itajaí, no leste catarinense;

• Tubarão, na região carbonífera do sudeste de Santa Catarina,

• Jacuí, que vem do norte do Rio Grande do Sul e sofre um

desvio para leste, indo até a capital Porto Alegre, quando

muda o nome para Guaíba e desemboca na lagoa dos Patos.

São os rios de vertente do Amapá:

• Oiapoque (Brasil-Guiana Francesa),

• rio Amapá

• rio Araguari.

Os rios da “Mesopotâmia Maranhense” são:

• Pindaré,

• Mearim,

• Grajaú e

• Itapecuru.

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9-0 - O LITORAL BRASILEIRO

O litoral brasileiro inicia-se no extremo norte da costa do

Amapá, ponto marcado pela foz do rio Oiapoque, que, após fazer a

divisa entre Brasil e Guiana Francesa, desemboca no oceano

Atlântico, na altura do cabo Orange, e termina no extremo sul do

país, onde está situado o arroio Chuí, pequeno riacho que faz a

divisa entre Brasil e Uruguai.

Apresenta uma longa extensão, que, em linha reta,

corresponde a 7.367 km e que aumenta para 9.198 km se

considerarmos todas as suas saliências e reentrâncias. É por ser

assim tão grande que esse litoral costuma ser estudado a partir de

uma divisão em três partes: setentrional, oriental e meridional.

9.1 - O LITORAL SETENTRIONAL

Esse trecho do litoral brasileiro vai do cabo Orange, no

Amapá, até o cabo de São Roque, no Rio Grande do Norte,

estendendo-se por 2 465 km.

Caracteriza-se por apresentar um relevo muito raso,

devido à extensa plataforma continental, o que o torna facilmente

inundável, daí o domínio dos manguezais, particularmente nos

litorais do Amapá e do Pará. A partir daí, nos litorais do

Maranhão, Piauí e Ceará, encontramos a predominância das praias

e das dunas.

No litoral do Rio Grande do Norte e do Ceará, o destaque

fica com a presença das salinas.

Como principais acidentes geográficos, temos o golfão

Amazônico (onde está a foz do rio Amazonas), que abriga, entre

outras, a ilha de Marajó (a maior do Brasil). No Maranhão, temos

o golfão Maranhense, onde se localizam a baía de São Marcos e a

ilha de São Luís, que abriga a capital do estado, a cidade de São

Luís.

Nesse litoral, destacam-se ainda os portos de Santana, no

Amapá, Belém, no Pará, Ponta da Madeira, no Maranhão, e Areia

Branca, no Rio Grande do Norte. A principal atividade pesqueira

desenvolvida nessa porção do litoral é a pesca de camarão, a maior

do Brasil, particularmente no litoral amapaense.

9.2 - O LITORAL ORIENTAL

Começa no cabo de São Roque, no Rio Grande do Norte, e

vai até o cabo de São Tomé, no Rio de Janeiro, estendendo-se por

2 640 km.

Caracteriza-se pelo domínio das barreiras e dos recifes,

particularmente no litoral pernambucano. Há ainda uma série de

praias intercaladas entre as barreiras, algumas até com dunas, além

de alguns recifes de corais, como o atol das Rocas, no Rio Grande

do Norte, e o atol de Abrolhos, na Bahia.

Os principais acidentes geográficos são a ponta do Seixas

(Paraíba), as ilhas de Itamaracá (Pernambuco) e de Itaparica

(Bahia), o Recôncavo Baiano e as baías de Todos os Santos,

Ilhéus e Cabrália, todos na Bahia, além do arquipélago de

Fernando de Noronha (Pernambuco) e das ilhas oceânicas de

Trindade e Martin Vaz, a 1.000 km do litoral do Espírito Santo.

Destacam-se também os portos de Recife, em

Pernambuco, Salvador e Ilhéus, na Bahia, e Vitória Tubarão, no

Espírito Santo, Cabedelo e Malhado.

Na pesca, o destaque é a captura da lagosta em toda a

costa nordestina. A produção petrolífera é a maior do país,

concentrada na bacia de Campos (Rio de Janeiro).

9.3 - O LITORAL MERIDIONAL

Essa parte do litoral brasileiro tem 2 262 km de extensão,

começando no cabo de São Tomé, no Rio de Janeiro, indo até o

arroio Chuí, no Rio Grande do Sul.

Caracteriza-se pela diversidade, onde se misturam praias,

restingas formadoras de lagoas como Araruama e Maricá (Rio de

Janeiro), Patos e Mirim (Rio Grande do Sul), intercaladas com

paredões abruptos - as falésias - quando a serra do Mar chega até o

oceano. São típicas do litoral entre Ubatuba (São Paulo) e Parati

(Rio de Janeiro) e do litoral de Torres (Rio Grande do Sul).

Os acidentes geográficos mais importantes são as ilhas

Grande (Rio de Janeiro), de São Vicente, Guarujá e São Sebastião

(São Paulo), Santa Catarina (onde está Florianópolis) e as baías da

Guanabara (Rio de Janeiro) e de Guaratuba (Paraná). Merece

destaque ainda Cabo Frio (Rio de Janeiro), importante área

salineira.

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Os principais portos do Brasil estão nesse litoral, tais

como Rio de Janeiro, Santos, São Sebastião, Paranaguá e Rio

Grande.

Na pesca, sobressaem o camarão e a sardinha,

principalmente nos litorais gaúcho e catarinense.

As ilhas oceânicas brasileiras são: Trindade, Arquipélago

de Fernando de Noronha, Atol das Rocas, rochedos (penedos) São

Pedro e São Paulo, ilha Martim Vaz (é o ponto mais afastado do

litoral, a 1.155 Km da costa, na direção do Espírito Santo).

Duas correntes marinhas afluem para o litoral brasileiro:

Corrente Sul-Equatorial (quente) e Corrente das Falklands ou

Malvinas (fria). A corrente das Guianas, que é um braço da

Corrente Sul-Equatorial, percorre parte do litoral Norte.

Corrente do Brasil( a mais importante para nós), banha o

litoral oriental (todo o NE e SE).

A Corrente das Falklands atinge o litoral sul e sudeste do

Brasil, terminando em Cabo Frio (RJ).

Mar territorial é a faixa de mar que pertence a um país. O

mar territorial brasileiro atualmente abrange a faixa de 200 milhas,

cobrindo a Plataforma Continental, de importância fundamental

para a pesca, exploração de petróleo e comércio.

9.4 - TRANSPOSIÇÃO DAS ÁGUAS DO SÃO FRANCISCO

O projeto de transposição do rio São Francisco, iniciado

em 2007, prevê a construção de 720 quilômetros de canais que

irão transferir de 1% a 3% das águas do Velho Chico para

pequenos rios e açudes que atualmente secam durante a estiagem

do semiárido nordestino. O governo acredita que a obra

beneficiará 12 milhões de pessoas e estimulará a agricultura nas

áreas atingidas. Os estados doadores das águas – Minas Gerais,

Bahia, Pernambuco, Alagoas e Sergipe – devem ganhar

compensações em obras de revitalização da bacia do rio.

10 - AGRICULTURA E EXTRATIVISMO VEGETAL NO

BRASIL

FATORES NATURAIS, HUMANOS E ECONÔMICOS

Diversos elementos do quadro natural podem contribuir,

positiva ou negativamente, para o desenvolvimento da agricultura.

Entre esses elementos, destacam-se o clima e o solo.

O clima é, sem dúvida, o elemento natural que mais

influencia a produção agrícola. Caracteriza-se pela ação da

temperatura, umidade, chuvas e, em menor escala, ventos.

O solo é um importante elemento do quadro natural para o

desenvolvimento agrícola, pois suporta e sustenta o vegetal.

A análise do fator humano na agricultura envolve aspectos

relacionados à mão-de-obra (número de trabalhadores e sua

especialização) e as relações de trabalho.

Em regiões mais atrasadas, o número de trabalhadores

agrícolas é bastante alto em relação à extensão da área de cultivo,

significando que não há grande utilização de equipamentos

mecânicos e indicando uma reduzida produtividade dessa lavoura,

característica de uma agricultura pobre.

Já nas regiões mais desenvolvidas, observa-se o contrário,

com uma intensa mecanização da agricultura, resultando em pouca

mão-de-obra para uma alta produtividade.

É possível distinguir dois grandes objetivos do trabalho

agrícola:

• abastecer o próprio grupo que trabalha a terra e gerar

um pequeno excedente de troca, correspondendo à

chamada lavoura de subsistência ou de pequeno

mercado;

• produzir exclusivamente para o grande mercado,

interno ou externo, correspondendo à chamada

lavoura comercial.

A remuneração do trabalho na agricultura também é

realizada de duas formas mais comuns:

• primitiva, em que o trabalhador recebe como

pagamento o direito de morar e plantar na terra de

terceiros, ou o direito de ficar com uma parte da

colheita, dando o restante ao dono da terra;

• moderna, que corresponde ao trabalho assalariado,

que pode ser permanente ou temporário, dependendo

das condições econômicas, sociais e políticas de cada

região.

Os fatores econômicos determinam claramente a diferença

entre agricultura moderna e primitiva.

10.1 - OS SISTEMAS AGRÍCOLAS

A análise de um sistema agrícola considera três fatores

dominantes: a terra, o trabalho e o capital.

O fator terra predomina nas regiões subdesenvolvidas do

globo, onde a produção está diretamente relacionada com a

extensão da área cultivada, pois não conta com investimentos de

capital e tecnologia.

Esse sistema, definido como de uso extensivo da terra,

aparece sob diversas formas, destacando-se a agricultura itinerante

ou roça tropical, na qual o agricultor ocupa áreas florestadas,

realizando o desmatamento e a queimada. Com isso, o solo se

esgota precocemente, as terras são abandonadas e o agricultor se

muda para nova área, onde repetirá o processo.

O fator trabalho predomina também em regiões

subdesenvolvidas, onde há grande utilização de mão-de-obra.

Esse tipo de agricultura que considera o fator trabalho é

característico de região de grande densidade demográfica, comum

no Sudeste Asiático e Extremo Oriente, onde recebe o nome de

agricultura de jardinagem.

O capital é um fator que predomina na agricultura dos

países desenvolvidos e de algumas regiões de países

subdesenvolvidos.

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A agricultura moderna ou

comercial é desenvolvida em pequenas, médias ou grandes

propriedades, com larga aplicação de recursos técnicos e capital

10.2 - A AGRICULTURA NO BRASIL

A agricultura sempre foi uma atividade econômica muito

importante para o pais. Embora atualmente a maior parte da

produção econômica nacional tenha sua origem na atividade

industrial, a agricultura ainda ocupa um lugar de destaque,

empregando mais de 20% da mão-de-obra ativa e produzindo

cerca de 25% da renda das exportações nacionais.

10.3 - A AGRICULTURA BRASILEIRA E O QUADRO

NATURAL

A agricultura brasileira sofre basicamente a influência de

dois grandes fatores naturais: o solo e o clima.

No Brasil, há pelo menos dois tipos de solo considerados

extremamente férteis. Um é a terra roxa, solo de origem vulcânica,

que aparece na área drenada pela bacia do Paraná. Outro é o

massapé, solo muito profundo e argiloso, que aparece na Zona da

Mata nordestina.

Por outro lado, enfrentamos inúmeros problemas no uso

do solo, tais como o plantio em declives, que acelera a erosão, e a

prática de queimadas, que empobrece o solo.

Entre os aspectos climáticos que favorecem a atividade

agrícola no pais, destaca-se a tropicalidade. O predomínio de altas

temperaturas e de alta pluviosidade na maior parte do território,

durante o ano todo, permite um desenvolvimento da produção

vegetal ininterrupto.

O outro aspecto favorável é a diversidade climática,

permitindo que se desenvolvam os mais diferentes tipos de

vegetais.

Os aspectos desfavoráveis da ação do clima na agricultura

estão ligados aos extremos climáticos, tais como as áreas

excessivamente chuvosas (Amazônia Ocidental) ou com escassez

de pluviosidade (Sertão nordestino).

Esses extremos também ocorrem devido à diversidade

climática. No Sul e em parte do Sudeste, o rigor das temperaturas

dificulta certas produções, principalmente em áreas sujeitas à

ocorrência de geadas e, eventualmente, de neve.

10.4- AS RELAÇÕES TRABALHISTAS NA

AGRICULTURA BRASILEIRA

Existem diversas formas de trabalho no meio rural

brasileiro, sendo comum os trabalhadores rurais atuarem em pelo

menos duas delas ao mesmo tempo.

O total de trabalhadores rurais no país é atualmente de

17,8 milhões de pessoas o que corresponde a 21,1% da população

economicamente ativa do país.

As principais formas de trabalho são:

• posseiros: lavradores que se instalam em terras que não lhes

pertencem legalmente, ou seja, terras devolutas (do governo)

ou de terceiros;

• parceiros: lavradores que trabalham na terra de outra pessoa,

com a qual dividem a produção obtida. Quando a divisão é de

50%, o trabalhador é chamado meeiro;

• pequenos proprietários: trabalhadores que cultivam sua

própria terra, tanto para atender às necessidades de suas

famílias, quanto para destinar a produção ao mercado local;

• arrendatários: agricultores que alugam a terra de alguém e

pagam seu uso em dinheiro. Em geral, dispõem de um certo

capital e de equipamentos;

• assalariados permanentes: trabalhadores que moram nas

propriedades em que trabalham, mantendo vínculo

empregatício com registro profissional e todos os direitos

legais;

• assalariados temporários: agricultores que trabalham

contratados por dia, tarefa ou empreitada, sem direito a

morarem na terra. Geralmente habitam a periferia das cidades

e se deslocam diariamente para o trabalho no campo;

• não-remunerados: corresponde ao grupo familiar do

trabalhador composto pelos seus dependentes, mulher e

filhos, que o ajudam no trabalho rural sem serem

remunerados pela atividade.

• Grileiro: é um termo que designa quem falsifica documentos

para, de forma ilegal, tornar-se dono por direito de terras

devolutas ou de terceiros ou ainda quem está na posse ilegal

de prédios ou prédios indivisos, por meio de documentos

falsificados.

10.5 - O EXTRATIVISMO VEGETAL

A atividade extrativista corresponde à retirada de bens

fornecidos pela natureza, nos remos mineral, vegetal e animal.

O extrativismo é realizado de forma primitiva, sem

aplicação de recursos técnicos e de capital, objetivando

apenas a subsistência do grupo familiar e um pequeno

excedente de troca. Quando a retirada se faz em moldes

modernos, com o uso de recursos de capital e tecnologia,

mão-de-obra assalariada, pessoal especializado, máquinas, etc.,

passa a ser considerada atividade industrial. Essa tendência é

crescente em quase todo o planeta.

Há uma classificação do aproveitamento vegetal

considerando três grandes sistemas, conforme as técnicas

utilizadas e a intensidade da destruição da cobertura vegetal. São

eles:

sistema primitivo: característico das regiões mais

atrasadas, onde a população utiliza os produtos

coletados para sua própria subsistência ou para

abastecer um incipiente mercado local. A destruição

da vegetação é muito pequena, recuperando-se

facilmente;

sistema colonial: característico de regiões

subdesenvolvidas, onde o grande capital, nacional ou

estrangeiro, visa explorar os recursos vegetais em

grande escala para exportação. E um sistema altamente

predatório, sem nenhuma preocupação com a

conservação ou recuperação da área vegetal destruída;

sistema moderno: corresponde à silvicultura,

realizada por empresas que investem muito capital e

tecnologia, obtendo um grande aproveitamento dos

recursos vegetais. E uma forma de exploração racional,

pois substitui a floresta nativa pela cultivada. Esse

sistema de aproveitamento vegetal é característico

das regiões mais desenvolvidas.

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10.6 - EXTRATIVISMO VEGETAL

NO BRASIL

O extrativismo vegetal no Brasil, embora seja uma

atividade bastante pobre e de pequena participação na

economia nacional, tem grande importância socioeconômica

nas regiões em que ocorre, principalmente na Amazônia e no

Nordeste. Nessas regiões, as necessidades econômicas da

população rural acabaram levando milhares de pessoas a se

envolverem com a coleta vegetal.

A grande diversidade climato-botânica do Brasil

favoreceu uma atividade extrativista diversificada. Os

principais produtos obtidos pelo extrativismo vegetal no Brasil

são látex, óleos e ceras.

A mais importante espécie produtora de látex é a

seringueira (Hevea brasiliensis). A borracha também pode

ser obtida de outras espécies, como o caucho, a maniçoba e o

mucujê. A resina desse último é utilizada na fabricação de

chicletes.

Uma das mais importantes espécies produtoras de

óleo é a palmeira de babaçu denominada uauaçu pelos índios.

Produz cocos que contêm um óleo na industrialização do

sabão, margarina, produtos químicos, entre outros. O bagaço do

babaçu, depois de extraído o óleo, é utilizado na indústria de

ração para animais

A mamona, planta muito comum no Brasil, é

produtora de óleo de rícino. Seu bagaço é utilizado como

biomassa ou como adubo orgânico.

A castanha-do-pará, uma grande e bela árvore

amazônica, produz um ouriço cujas sementes são utilizadas

na indústria de óleos comestíveis e produtos cosméticos.

A oiticica, árvore de copa baixa, típica de áreas

secas, também tem sementes oleaginosas, utilizadas na

indústria de tintas e vernizes.

O destaque na produção de cera fica com a

carnaúba, denominada "árvore da providência", pois dela

tudo se aproveita - tronco, galho, folhas, raízes, frutos e

sementes. Porém, a cera que recobre as folhas é seu maior

produto econômico, sendo utilizada nas indústrias de graxas,

ceras domésticas, acetato para discos, pilhas, lâmpadas

incandescentes, papel-carbono, sabonete e batom.

11 - A MINERAÇÃO NO BRASIL

Num país de dimensões continentais como o Brasil, é

natural que haja abundância e grande variedade de minérios. No

entanto, alguns ocorrem em quantidade surpreendente, mas outros

são escassos. Veja o quadro a seguir.

CLASSIFICAÇÃO DAS RESERVAS MINERAIS

SUFICIENTE DEFICIENTE CARENTE

alumínio chumbo enxofre

calcário cobre iodo

diamante estanho mercúrio

ferro ouro nitrato

manganês Petróleo* platina

urânio prata potássio

Entre os principais minérios e minerais extraídos no país,

destacam-se:

o ferro;

o manganês;

bauxita.

Ferro é o mais importante recurso mineral explorado

no Brasil. Os minerais de ferro surgem em terrenos

proterozóicos, podendo ser classificada como minério a rocha

que apresentar teor metálico superior a 40%. No Brasil, o mais

explorado e exportado é a hematita, que apresenta entre 55%

e 65% de teor metálico.

As principais áreas de ocorrência de minério de

ferro no Brasil são:

• Quadrilátero Central ou Ferrífero, em Minas

Gerais;

• maciço de Urucum, no pantanal Mato-

grossense;

• serra dos Carajás, no Pará.

Manganês é o segundo recurso mineral mais

exportado pelo Brasil. Sua importância econômica está

relacionada com sua utilização indispensável no setor

siderúrgico. Embora encontrado em vários estados, como:

• Pará (Carajás)

• Mato Grosso do Sul (Urucum)

• Minas Gerais (Quadrilátero Central)

a maior produção ocorre no Amapá (cerca de 60% do total

produzido no país), mas as reservas localizadas na serra do Navio,

nesse estado, estão praticamente esgotadas.

As principais áreas de ocorrência de bauxita no Brasil

estão localizadas no:

• Pará (Carajás e Oriximiná)

• Minas Gerais (Poços de Caldas e Ouro Preto)

• Nas proximidades do rio Trombetas, em

Oriximiná, localiza-se uma das maiores reservas

mundiais desse minério.

Sal é explorado sobretudo no Nordeste, sendo o Rio

Grande do Norte responsável por mais de dois terços da produção

nacional.

Calcário é de grande importância como material de

construção civil cimento e cal - e para a agricultura, onde

é utilizado como corretivo do solo. Ocorre em quase todo o

Brasil.

Nióbio: O Brasil detém 98% das reservas mundiais

exploráveis de nióbio no mundo, e mais de 90% do total do

minério presente no planeta Terra. As jazidas estão presentes em 3

cidades brasileiras: 61% proveniente de Araxá (MG), 21% das

reservas em Catalão (GO) e outros 12% em São Gabriel da

Cachoeira (AM)

12 - OS RECURSOS ENERGÉTICOS

Entre os principais recursos energéticos utilizados pelo

homem, destacam-se os combustíveis fósseis, assim denominados

devido à sua origem, relacionada à deposição de restos de seres

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vivos em eras geológicas passadas. Os

mais importantes combustíveis fósseis são o petróleo e o carvão

mineral.

Com o passar dos anos essa continua superposição de

camadas na crosta terrestre fez aumentar a pressão e o calor sobre

os depósitos orgânicos, provocando neles reações químicas que

resultaram em gás natural e petróleo.

O petróleo é fluido, sendo encontrado em regiões

sedimentares, nos poros das rochas armazenadoras como o arenito,

dominante no Brasil.

O petróleo é o produto mineral mais importante do século

XX, pois, além de ser utilizado em larga escala como fonte de

energia, através de derivados como o óleo diesel, o querosene, a

gasolina e o gás liquefeito, também possibilita a fabricação de

solventes, borracha sintética, fertilizantes, plastificantes, fibras de

náilon e outros produtos indispensáveis à economia moderna.

12.1 - O PETRÓLEO NO BRASIL

Em 1932, foi instalada em Uruguaiana, no Rio Grande do

Sul, a Destilaria Sul-rio-grandense. Em 1936, duas refinarias de

petróleo foram inauguradas: a Matarazzo, em São Caetano do Sul

(São Paulo), e a Ipiranga, em Rio Grande (Rio Grande do Sul).

Em 1938, foi criado o Conselho Nacional do Petróleo

(CNP), que visava regular e controlar as atividades ligadas a esse

recurso. Em 1939, na localidade de Lobato, no Recôncavo Baiano,

finalmente jorrou petróleo em condições comerciais pela

primeira vez no país.

Por fim, em 1 953, durante o governo de Getúlio Vargas,

foi assinada a Lei n.º 2004 criando a Petróleo Brasileiro S.A.

(Petrobrás). A Petrobrás deteve, durante 42 anos, o monopólio nas

seguintes atividades:

e pesquisa e lavra das jazidas de petróleo e outros

hidrocarbonetos, fluidos e gases raros em território

nacional;

refino do petróleo nacional e estrangeiro;

transporte marítimo de cabotagem, isto é, costeiro, e

transporte terrestre por oleodutos de petróleo e

derivados;

importação e exportação de petróleo e derivados.

A exploração de petróleo no Brasil é realizada nas bacias

sedimentares, que totalizam 3,2 milhões de km2 na parte terrestre

e quase 1 milhão de km2 na plataforma continental.

Entre as principais bacias produtoras, destacam-se:

bacia de Campos, principal área produtora do país, na

plataforma continental, onde se destacam ainda trechos

do litoral da Bahia, Sergipe e Alagoas;

bacia do Recôncavo Baiano, importante área produtora

de petróleo no continente;

bacia do Nordeste, entre Sergipe e Alagoas, que produz

cerca de 15 % do petróleo brasileiro.

VALOR DA PRODUÇÃO DE PETRÓLEO/DIA - 2010

1 Arábia Saudita (OPEP) 10,521

2 Rússia 10,146

3 Estados Unidos 9,688

4 República Popular da China 4,273

5 Irã (OPEP) 4,252

6 Canadá 3,483

7 México 2,983

8 Emirados Árabes Unidos (OPEP) 2,813

9 Brasil 2,719

10 Nigéria (OPEP) 2,458

11 Kuwait (OPEP) 2,450

12 Iraque (OPEP) 2,408

13 Venezuela (OPEP) 2,375

14 Noruega 2,134

15 Angola (OPEP) 1,988

12.2 - O CARVÃO MINERAL

O carvão mineral é um combustível fóssil cuja origem está

relacionada ao soterramento de antigas florestas.

O carvão mineral foi a principal fonte energética do

planeta até fins do século XIX. No século XX, sua importância

declinou graças ao crescimento da produção e das possibilidades

econômicas do petróleo. No entanto, o carvão continua sendo uma

das mais importantes fontes energéticas, bem como matéria-prima

indispensável à indústria, uma vez que é produto básico na

fabricação do aço.

No Brasil, a produção é pequena, não atendendo sequer ao

consumo interno. Entre as causas da pequena produção nacional

de carvão, destacam-se:

• país não dispõe de grandes reservas;

• carvão nacional é de baixa qualidade;

• as técnicas de extração e o sistema de escoamento são

precários, determinando um preço mais elevado que o

do carvão importado.

As principais áreas produtoras no país localizam-se nos

terrenos permo-carboníferos da região Sul, particularmente nos

estados de Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Santa Catarina é

responsável por mais de dois terços da produção nacional, uma

vez que possui as únicas reservas conhecidas aproveitáveis na

siderurgia, ou seja, produção de carvão-coque.

Suas principais áreas carboníferas situam-se na bacia do

rio Tubarão, onde se destacam os centros de Criciúma e

Siderópolis.

No Rio Grande do Sul, o destaque fica com o carvão

vapor, utilizado em ferrovias e termelétricas. As principais jazidas

são encontradas no vale do rio Jacuí.

12.3 - O GÁS NATURAL NO BRASIL

A utilização do Gás Natural no Brasil começou

modestamente por volta de 1940, com as descobertas de óleo e gás

na Bahia, atendendo a indústrias localizadas no Recôncavo

Baiano. Depois de alguns anos, as bacias do Recôncavo, Sergipe e

Alagoas eram destinadas quase em sua totalidade para a

fabricação de insumos industriais e combustíveis para a refinaria

Landulfo Alves e o Polo Petroquímico de Camaçari.

Reservas Brasileiras de Gás Natural.

As reservas de Gás Natural brasileiras são,

comprovadamente, de aproximadamente 313 bilhões de m3,

suficientes para suprir o consumo atual por 20 anos.

Mais de 50% de nossas reservas estão localizadas na Bacia

de Campos e o restante (49,8%) distribuídas nas demais unidades

operativas da Petrobras (Santos, Solimões e Amazonas).

A maior parte está localizada no offshore, onde se

concentram 252,6 bilhões de m3. Grande parte das reservas está

localizada em lâmina d'água superior a 1.000 m.

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Incentivos tributários

concedidos na maioria dos Estados e a perspectiva do

barateamento no custo do insumo, com a renegociação do gás

importado da Bolívia, somados à exploração das novas reservas

descobertas pela Petrobrás, são os responsáveis pelo incremento

do uso do Gás Natural em todo o Brasil.

Tudo isso é o motor propulsor para o aumento cada vez

maior do número de conversões de veículos.

GASODUTO BRASIL-BOLÍVIA

O Gasoduto Bolívia-Brasil, também conhecido como

Gasbol, é uma via de transporte de gás natural entre a Bolívia e o

Brasil com 3.150 quilômetros de extensão, sendo 2.593 em

território brasileiro (trecho administrado pela TBG) e 557 em

território boliviano (trecho administrado pela GTB).

A construção, funcionamento e comércio do gás é regido

pelo acordo Tratado de La Paz redigido em 1996. E começou a ser

construído em 1997, iniciando sua operação em 1999. Mas esteve

plenamente operativo somente em 2010, com o objetivo de que o

gás natural chegue a 15% de todo o consumo energético brasileiro.

O então presidente Fernando Henrique Cardoso teve grande

empenho para a realização do projeto e inaugurou as primeiras

etapas.

REFINÁRIAS DA PETROBRÁS

Além das refinarias brasileiras, a Petrobras também possui

duas outras na Bolívia, adquiridas em 1999:

o Refinarias Guilhermo Elder Bell

o Gualberto Villarroel

As unidades industriais da Petrobras se completam com

duas fábricas de fertilizantes nitrogenados:

o FAFEN, localizadas em Laranjeiras, Sergipe, e em

Camaçari, Bahia.

Operam ainda no Brasil duas refinarias que pertencem a

grupos privados:

o Refinarias Ipiranga, no Rio Grande do Sul

o Refinaria de Manguinhos, no Rio de Janeiro

Em suas instalações de refino, a Petrobras tem capacidade

para produzir cerca de 1 milhão 800 mil barris de derivados por

dia, atendendo à demanda interna e gerando excedentes que são

exportados. A participação do petróleo produzido no Brasil na

carga das refinarias é de cerca de 70%; o restante representa

petróleo importado para complementar o consumo brasileiro de

derivados, que é de cerca de 1,69 milhão de barris por dia.

Entre os principais fornecedores de petróleo ao Brasil estão a

Nigéria, a Arábia Saudita, a Argentina e a Venezuela.

REFINARIAS DA PETROBRAS

SIGLA NOME CIDADE UF

RLAM Refinaria Landulpho Alves Mataripe, BA

RPBC Refinaria Presidente Bernardes Cubatão SP

REDUC Refinaria Duque de Caxias Campos Elíseos RJ

REGAP Refinaria Gabriel Passos Betim MG

REFAP Refinaria Alberto Pasqualini Canoas RS

REPLAN Refinaria de Paulínia Paulinia SP

REMAN Refinaria de Manaus Manaus AM

RECAP Refinaria de Capuava Capuava SP

REPAR Refinaria Presidente Getúlio Vargas Araucária PR

REVAP Refinaria Henrique Lage São. José dos Campos SP

ASFOR Fábrica de Asfalto de Fortaleza Fortaleza CE

13 - A PECUÁRIA

Pecuária é a atividade relacionada à criação de gado, ou

seja, à criação de determinados rebanhos com fins econômicos.

Tem como principais objetivos a produção de alimentos e de

matérias-primas, além da criação de animais de tração e

transporte.

OS SISTEMAS DE CRIAÇÃO

Definem-se dois grandes sistemas de criação:

o extensivo

o intensivo

Lembrando que existem alguns outros intermediários que

misturam características dos dois primeiros.

sistema extensivo: No sistema de pecuária extensiva, a

criação é considerada de pior qualidade, pois a pecuária

é realizada com o gado solto no pasto sem grandes

cuidados com sua saúde e higiene. E um sistema que

exige espaço, porém requer pequena quantidade de

mão-de-obra. O sistema extensivo, portanto, é de baixa

produtividade, sendo característico de regiões

subdesenvolvidas.

sistema intensivo: O sistema de pecuária intensiva

possui características opostas, pois é considerado de

alta qualidade. O gado é criado em estábulos, recebendo

cuidados com alimentação, saúde e higiene. Pode ser

realizado em pequenas propriedades, porém exigindo

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grande investimento, tanto em pessoal

qualificado quanto em equipamentos.

A ZOOTECNIA

Zootecnia é a ciência que tem como objetivo estudar

técnicas de pecuária para criar o melhor animal, no menor tempo e

pelo menor custo a fim de se obter o maior lucro possível. Utiliza

os seguintes recursos:

aclimatação: técnica que visa adaptar um animal

oriundo de área climática diferente;

cruzamento: baseia-se no acasalamento de animais da

mesma espécie, de raças diferentes, porém puros.

seleção: técnica de cruzamento que escolhe as melhores

cabeças da mesma raça, tendo como objetivo acentuar

suas qualidades no rebanho;

hidratação: processo que cruza elementos de espécies

diferentes. O produto desse cruzamento é o animal

híbrido, quase sempre estéril;

Inseminação: técnica de reprodução sem que se realize

o acasalamento, ou seja, o sêmen é extraído de

reprodutores selecionados e é imediatamente congelado

e armazenado.

A PECUÁRIA NO BRASIL

A pecuária no Brasil é realizada fundamentalmente de

forma extensiva, caracterizando-se, portanto, por um pequeno

nível de investimento de capital e tecnologia.

Bovinos:

O rebanho bovino brasileiro, com aproximadamente 1 70

milhões de cabeças, é um dos cinco maiores do mundo,

representando cerca de 10% de todo o gado bovino do globo.

A história da pecuária bovina no Brasil data dos

primórdios do século XVI, com a introdução das primeiras

cabeças na capitania de São Vicente.

Os maiores rebanhos do Brasil estão nos Estados de:

Mato Grosso(13,8%)

Minas Gerais(11,2%)

Goiás(10,2%)

Mato Grosso do Sul(10,1%)

Os maiores rebanhos bovinos por municípios são:

São Félix do Xingu (Pará)

Corumbá (MS)

Ribas do Rio Pardo (MS).

Suínos: O rebanho brasileiro, superior a 35 milhões de cabeças, é

um dos maiores do mundo, representando 5% do total mundial.

O IBGE mostra ainda que o maior efetivo de suínos

encontrava-se no Sul do país, totalizando 48,6%. Os Estados de

maiores rebanhos são:

Santa Catarina ostenta 20,3%

Rio Grande do Sul, representando 14,4%

Paraná, com 13,9%.

Do total nacional.

Os municípios de maiores rebanhos são:

Uberlândia (MG),

Rio Verde (GO),

Toledo (PR)

Concórdia (SC),

Tal fato deve-se ser atribuído a instalação de grandes frigoríficos

nesses locais. A pecuária suína destina-se basicamente à produção

de carne e de banha.

Ovinos: O rebanho brasileiro de ovinos - ovelhas e carneiros - é de

aproximadamente 17,3 milhões de cabeças, correspondendo a

apenas 1,5% do total mundial. O aproveitamento econômico desse

rebanho está na produção de lã, leite e carne.

A região Nordeste detém o maior número de cabeças

ovinas, totalizando 9,85 milhões de cabeças. A região Sul

apresentou o segundo maior rebanho, 4,88 milhões de cabeças. A

região Centro-Oeste apresentou o terceiro maior rebanho, 1,26

milhões de cabeças.

Os Estados de maiores rebanhos são:

o Rio Grande do Sul se manteve na liderança e

totalizou 3,97 milhões de cabeças.

A Bahia manteve o segundo lugar no ranking, com um

efetivo de 3,12 milhões de cabeça.

A terceira posição foi ocupada pelo Ceará, com 2,09

milhões de cabeças

Caprinos

O rebanho brasileiro de caprinos é pouco superior a 9,31

milhões de cabeças (2,5% do total mundial). Seu aproveitamento

econômico é muito grande, pois, além de produzir carne, leite e

derivados, também se aproveita a pele.

A região Nordeste detém o maior número de cabeças

caprinas, totalizando 8,45 milhões de cabeças. A região Sul

apresentou o segundo maior rebanho, com 343.325 cabeças. A

região Sudeste apresentou o terceiro maior rebanho, 233.407

cabeças.

Os principais rebanhos encontram-se nos Estados:

1º lugar - Bahia;

2º lugar- Pernambuco

3º lugar - Piauí,

Equinos:

Os equinos foram introduzidos no Brasil no início da

colonização. Totalizam atualmente 5,5 milhões de animais, 9% do

efetivo mundial.

A criação de cavalos no Brasil apresenta diversos

objetivos. Assim, temos criação para sela e montaria, como os

estrangeiros quarto de milha, árabe e persa, ou como os nacionais

manga-larga e campolina, e criação para tração, com destaque

para a raça Shire (inglesa) que atinge um grande porte. Muares

As maiores concentração encontram-se:

no Sudeste (24,4%)

no Nordeste (24,3%).

Os Estados que lideram o ranking são:

Minas Gerais era o estado líder com 14,3% das

cabeças,

Bahia, com 10,1%

Rio Grande do Sul, com 8,6%.

O rebanho de muares burros e mulas - alcança 974,5

milhões de cabeças no Brasil (13% do total mundial). A origem

desse rebanho está no cruzamento de duas outras espécies, o

asinino macho (jegue) com o equino fêmea (égua). Por serem

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animais híbridos, tanto o burro quanto a

mula são estéreis, ou seja, não se reproduzem. A principal

utilidade dos muares está no transporte de carga e, em segundo

plano, na montaria.

A maior parte deste rebanho está concentrada no Nordeste

do país, nos Estados:

Bahia, com 26,1%

Ceará com 19,8%

Piauí, com 12,2%.

Asininos:

O rebanho brasileiro de asininos - asnos, jumentos, jegues

ou jericos -, da ordem de 1,5 milhão de cabeças, corresponde a 4%

do total mundial. Entre as principais qualidades desse rebanho,

está sua grande capacidade de sobreviver em condições ambientais

hostis. Assim como os muares, os asininos são importantes para

montaria ou transporte de carga.

Bufalinos:

O efetivo de búfalos criados no Brasil é de

aproximadamente 1,5 milhão de cabeças, apenas 1% do total

mundial. O aproveitamento do búfalo é muito diversificado, pois o

animal é um grande fornecedor de carne, já que cerca de 50% do

seu peso (que chega a 900 kg) pode ser utilizado para esse fim. E

também grande produtor de leite, com até 10 litros diários; tem

seu couro industrializado e, pela sua grande capacidade de

deslocamento de carga - possui a força de dois bois juntos, é ainda

utilizado como animal de tração.

14 - A INDÚSTRIA

TIPOS DE INDÚSTRIA

A indústria é uma atividade transformadora, ou seja,

utilizando-se de mão-de-obra, máquinas e energia, transforma a

matéria-prima em bens destinados ao consumo. A indústria de

transformação pode ser dividida em dois grandes grupos: o de

bens de produção e o de bens de consumo.

INDÚSTRIAS DE BENS DE PRODUÇÃO

Fazem parte desse importante grupo as indústrias que

transformam matérias-primas brutas (oriundas da natureza) ou que

visam abastecer as outras indústrias com máquinas, equipamentos,

insumos e matérias-primas beneficiadas. Como exemplo, temos as

siderúrgicas, a mineração, a química e a petroquímica.

As indústrias de bens de produção também são

denominadas indústrias de base por fornecer o alicerce do

desenvolvimento industrial e indústrias pesadas pelo seu porte e

por trabalhar com grandes quantidades de matérias-primas.

INDÚSTRIAS DE BENS DE CONSUMO

Classificam-se nesse grupo as indústrias que têm como

objetivo atender às necessidades do grande mercado. Utilizam

matérias-primas produzidas na natureza ou bens provenientes das

indústrias de base.

As indústrias de bens de consumo costumam ser divididas

em dois subgrupos:

bens duráveis: produzem bens de consumo que não são

perecíveis, cujo uso não implica sua extinção. Como

exemplos, temos a indústria automobilística e a de

eletrodomésticos;

bens nâo-duráveis: produzem bens de consumo perecíveis.

Como exemplos, temos a indústria alimentícia, a de vestuário

e a farmacêutica.

OS FATORES DA LOCALIZAÇÃO INDUSTRIAL

A implantação e o desenvolvimento industrial estão

relacionados a uma série de influências que podem favorecer ou

acelerar o desenvolvimento de uma região.

A indústria depende, então, de vários fatores:

capital: toda implantação industrial exige um grande

investimento anterior, com aquisição de terreno, construção

do edifício, compra de máquinas e matérias-primas,

energia: todo e qualquer processo industrial só se faz com

grande disponibilidade energética.

mão-de-obra: a transformação industrial tem como principal

finalidade a obtenção de lucro. Um dos elementos básicos

para se atingir tal objetivo é a existência de um excedente de

mão-de-obra que permita ao empresariado adotar uma

política salarial fundamentada em baixa remuneração.

Assim, a implantação industrial tem maiores chances de se

viabilizar junto aos grandes centros urbanos, onde a mão-de-

obra é mais numerosa e mais bem qualificada;

matéria-prima: o elemento mais importante no processo

industrial é a matéria-prima a ser transformada. Quanto mais

próxima ela estiver, menor o custo do transporte e, portanto,

menor o custo de produção e maior o lucro da indústria;

mercado consumidor: a exemplo da matéria-prima, quanto

mais próxima a indústria estiver do seu mercado, menor o

custo do transporte e maior a sua margem de lucro;

meios de transporte: a presença desse item em condições

satisfatórias vai favorecer o deslocamento das matérias-

primas para a indústria, dos produtos para o mercado e dos

trabalhadores para as fábricas.

15 – TRANSPORTES

OS TIPOS DE TRANSPORTE

Cinco grandes tipos de transporte são utilizados

comercialmente em grande escala: dois são terrestres (ferroviário e

rodoviário), dois são aquáticos (navegação fluvial e marítima) e

um é aéreo.

Rodovias: as principais vantagens das rodovias são a

versatilidade e a facilidade de ligação origem-destino.

Por outro lado, sua manutenção, bem como a dos

veículos que nelas circulam, é de custo elevado (reparos,

combustíveis, etc.).

Ferrovias: entre as principais vantagens do transporte

ferroviário estão a capacidade de carga, baixo consumo

de energia e a segurança no tráfego. Entre os problemas,

destacam-se o alto custo de implantação e o trajeto

limitado.

Transporte aéreo: O desenvolvimento do transporte

aéreo é ainda recente. A evolução tecnológica,

aumentando a velocidade e a segurança dos voos, tem

gerado progressos no transporte aéreo mundialmente.

Navegação marítima: A navegação marítima vem

evoluindo junto com a humanidade. No início

utilizavam-se o remo – força humana - e o vento, depois

o carvão e o petróleo e, hoje, os navios mais modernos

são movidos a energia nuclear.

Navegação fluvial: A navegação fluvial tem cumprido

um importante papel o caminho natural de penetração,

onde as adversidades do relevo ou o desinteresse

econômico tenham impedido a implantação de rodovias

e ferrovias.

OS TRANSPORTES NO BRASIL

Brasil é um país de dimensões continentais, com

topografia dominantemente plana, grandes distâncias entre as

áreas de matérias-primas e as áreas industriais e enorme

capacidade hidrelétrica, que pode compensar a insuficiência em

petróleo, de onde derivam a gasolina e o diesel.

Todas essas características, em conjunto, justificariam

como opção preferencial de transporte a ferrovia, e não a rodovia.

No entanto, a realidade é outra.

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AS RODOVIAS

O Brasil possui uma extensão rodoviária total de 1 663

987 km, dos quais somente 136 647 km, ou 8,2% do total, são

totalmente pavimentados. As rodovias sob controle direto do

governo federal dividem-se em quatro grupos ( todos indicados

pelo prefixo BR):

rodovias radiais: partem de Brasília e têm sua

numeração variando de 001 a 100. O número aumenta

no sentido horário de acordo com o ângulo formado com

o norte. Exemplos: BR-010 Rodovia Bernardo Sayon

(Belém-Brasília); BR-040 Rodovia Brasília- Rio de

Janeiro;

rodovias longitudinais: seguem no sentido norte-sul. A

numeração aumenta de leste para oeste e varia de 10 l a

200. Exemplos: BR-101 Rodovia Litorânea; BR-116 -

Rodovia Fortaleza-Jaguarão;

rodovias transversais: seguem no sentido leste-oeste.

A numeração aumenta de norte para sul, variando de

201 a 300. Do norte até Brasília vai de 201 a 250, e de

Brasília até o sul vai de 251 a 300. Exemplos: BR-210 -

Rodovia Perimetral Norte; BR 230 Rodovia

Transamazônica;

rodovias diagonais: cortam as anteriores em diagonal

(nordeste-sudoeste ou noroeste-sudeste). Variam de 301

a 400 e a numeração aumenta para o sul. As de números

pares são as de direção noroeste-sudeste e, as ímpares,

nordeste-sudoeste. Exemplos: BR 319 - Rodovia

Manaus-Porto Velho; BR 364 - Rodovia Cuiabá-Porto

Velho.

Rodovia de ligação: é a denominação recebida pelas

rodovias federais brasileiras que unem duas rodovias

federais entre si, ou uma rodovia a alguma localidade

próxima, ou às fronteiras internacionais, ou, ainda, que

não possam ser classificadas em nenhum dos outros

tipos. Sua numeração de 401 a 499.

O símbolo do rodoviarismo brasileiro foi a construção da

rodovia Transamazônica (BR 230), inaugurada em 1 974 com

apenas alguns trechos construídos e logo a seguir abandonada.

Sobre ela dizia-se que era o elo de ligação entre o "nada" e o

"coisa alguma".

AS FERROVIAS

A extensão ferroviária total no Brasil é de 29 833 km,

distribuídos da seguinte forma:

Rede Ferroviária Federal S.A. (RFFSA): controla 74% de

toda a extensão de vias férreas do país, ou seja, 22 067 km,

englobando inúmeras estradas de ferro, tais como:

o Estrada de Ferro Central do Brasil, criada em 1855

como E.F. Dom Pedro 1, é a segunda do país em

volume de carga transportada;

o Estrada de Ferro Noroeste do Brasil, de 1905, vai

de Bauru (São Paulo) até Corumbá (Mato Grosso

do Sul) e daí segue com o nome de E.F Brasil-

Bolívia até Santa Cruz de La Sierra, no interior

boliviano;

o Estrada de Ferro Santos-Jundiaí, criada em 1868,

tem apenas 139 km de extensão.

PRINCIPAIS FERROVIAS DE CARGA DO BRASIL – 2008

Controladora Ferrovia Km Produtos CVRD

EFVM – Estrada de Ferro Vitória à Minas 905 Minério de ferro, carvão mineral, soja, produtos siderúrgicos e celulose

EFC – Estrada de Ferro Carajás 892 Minério de ferro, ferro gusa, manganês, cobre e combustíveis derivados do petróleo e da soja

FCA – Ferrovia Centro-Atlântica S/A 8.066 Soja e farelo, calcário siderúrgico, minério de ferro, fosfato, açúcar, milho e fertilizantes

FNS – Ferrovia Norte-Sul 420 Soja e farelo, areia, fosfato e cloreto de potássio

CVRD, CSN, USIMINAS, GERDAU

MRS – MRS Logística S/A

1.674

Minério de ferro, carvão mineral, produtos siderúrgicos, ferro gusa, cimento e soja

ALL

ALL – América Latina Logística Malha Sul S/A 7.304 Soja e farelo, açúcar, derivados de petróleo e álcool, milho e cimento

ALL – América Latina Logística Malha Paulista S/A

1.989 Açúcar, cloreto de potássio, adubo, calcário e derivados de petróleo e álcool

ALL – América Latina Logística Malha Oeste S/A

1.945 Minério de ferro, soja e farelo, açúcar, manganês, derivados de petróleo e álcool

ALL – América Latina Logística Malha Norte S/A 500 Soja e farelo, milho, óleo vegetal, adubo e combustível

CSN Transnordestina Logística S/A 4.207 Cimento, derivados de petróleo, alumínio, calcário e coque

Gov. PR Ferroeste 248 Soja e farelo, milho, contêiner e trigo

FTC FTC – Ferrovia Tereza Cristina S/A 164 Carvão mineral

Ferrovias Paulistas S.A. (FEPASA): controla 1 6,5% das

vias férreas, ou seja, 4 899 km, englobando vários ramais,

como a E.F. Sorocabana (1875) e a Companhia Mogiana

(1871), que alcança o Triângulo Mineiro;

Ferrovias isoladas: correspondem aos 2 867 km restantes,

englobando a E.F. Carajás, pertencente à Companhia Vale do

Rio Doce, a E.F. Vitória-Minas, a primeira do país em

volume de carga e que também pertence à Companhia Vale

do Rio Doce, e a E.F. do Amapá, que escoa o minério de

manganês da serra do Navio.

A Rede Ferroviária Federal (RFFSA) está passando por

um processo de privatização. A fim de facilitar a venda, o governo

dividiu toda a rede em seis partes:

Malha Oeste,

Malha Centro Oeste,

Malha Sudeste, Malha Sul,

Malha Nordeste

Malha Teresa Cristina.

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GEOGRAFIA DO BRASIL

APOSTILA ESPECIAL PARA ESA Professor Juanil José Barros

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16 - A POPULAÇÃO BRASILEIRA

Já sabemos que a população humana é o número ou a

quantidade de pessoas que habitam um determinado espaço

geográfico. Dependendo do conjunto ou segmento a que se refere

a população pode ser:

absoluta e relativa, quanto ao espaço territorial ocupado.

local, regional, continental e global, quanto a extensão do

espaço geográfico; municipal, estadual e nacional, quanto a

extensão do espaço territorial da unidade pública.

rural e urbana, quanto a distribuição geográfica, no campo e

na cidade; economicamente ativa e não economicamente

ativa quanto a sua distribuição e participação nas atividades

econômicas de produção e de trabalho.

jovem, adulta e velha (ou senil), quanto a idade; masculina e

feminina, quanto ao sexo, na sua estrutura.

branca, negra, amarela e mestiça, quanto as diferentes

tipologias étnicas das pessoas.

dos vários segmentos culturais, religiosos, sociais etc.,

sejam eles maiorias ou minorias.

POPULAÇÃO ABSOLUTA

População absoluta é o número total de habitantes de um

espaço geográfico ou territorial. Em função da dimensão ou

extensão do espaço geográfico ou territorial, a população

absoluta, também chamada de efetivo demográfico ou efetivo

humano pode ser: local, regional, continental e global,

respectivamente. municipal, estadual e nacional,

politicamente.

O calculo da população absoluta é feito através de censos

(ou recenseamentos) demográficos E de estimativas ou projeções

populacionais.

PAÍSES MAIS POPULOSOS DO MUNDO- 2010

1° China 1.345.750.973

2° Índia 1.198.003.272

3º Estados Unidos 314.658.780

4° Indonésia 229.964.723

5º Brasil 190.755.799

6° Paquistão 180.808.096

7° Bangladesh 162.220.762

8º Nigéria. 154.728.892

9° Rússia: 140.873.647

11° Japão 127.156.225

POPULAÇÃO RELATIVA ou DENSIDADE

DEMOGRÁFICA

A densidade demográfica ou população relativa é o

número de habitantes por quilometro quadrado n.º hab./Km2 .

Para se obter esse numero dividimos o valor da população

absoluta pelo valor da área do espaço geográfico ou territorial

ocupado por essa população.

PAÍSES MAIS POVOADOS DO MUNDO

Nº PAÍS POPULAÇÃO

1° Mônaco 16.620 Habitantes/Km²

2° Singapura 6.389 Habitantes/Km²

3° Vaticano 2.093 Habitantes/Km²

4° Malta 1261 Habitantes/Km²

5° Maldivas 1163 Habitantes/ Km²

17 - ESTRUTURA ÉTNICA DA POPULAÇÃO.

Um dos traços mais característicos da estrutura étnica da

população brasileira é a enorme variedade de tipos, resultantes da

intensa mistura de raças. Esse processo vem ocorrendo desde o

início de nossa história.

Três grupos étnicos básicos deram origem a população

brasileira: o branco, o negro e o índio. O contato entre esses

grupos começou a ocorrer nos primeiros anos da colonização,

quando os brancos (portugueses) aqui se instalaram, aproximando-

se dos indígenas (nativos) e trouxeram os escravos negros

(africanos).

A miscigenação ocorreu de forma relativamente rápida já

nesse período, dando origem aos inúmeros tipos de mestiços que

atualmente compõem a população brasileira. Segundo os dois

últimos recenseamentos, a distribuição é a seguinte:

GRUPOS ÉTNICOS NA POPULAÇÃO TOTAL

As regiões Sul e Sudeste são as que apresentam as maiores

proporções de brancos no conjunto de suas populações.

As regiões Nordeste e Sudeste são as que apresentaram a

maior concentração de negros, por serem arcas onde a mão-de-

obra escrava era muito utilizada.

As regiões do Nordeste e Sudeste, apresentam também

grande concentração de mulatos em sua população, devido a forte

presença dos negros.

As regiões Norte e Centro-Oeste abrigam os poucos

indígenas que restaram no Brasil, embora eles possam ser

encontrados em números extremamente reduzidos em todas as

outras regiões brasileira. Nas regiões interioranas do pais

encontramos os caboclos (mestiços de brancos e índios) e nas

regiões da Amazônia, Centro- Oeste e no Nordeste

particularmente no Maranhão, encontramos os cafuzos.

A população amarela está representada pelos imigrantes

asiáticos (japoneses em especial) e indígenas.

A mistura racial entre os elementos formadores do povo

brasileiro resultou em três tipos: mulato, caboclo e cafuzo.

o branco + negro = mulato

o branco + índio = caboclo ou mameluco

o negro + índio = cafuzo, caboré ou curiboca

18 - POPULAÇÃO RURAL E POPULAÇÃO URBANA

Essa forma de distribuição da população é o melhor

indicador do grau da intensidade de ocupação e de povoamento do

espaço geográfico.

No Brasil, a população rural foi mais numerosa e

predominou até 1960. No Censo de 1970 já se constatou o

predomínio numérico da população urbana, com 56% do total

nacional.

Em consequência do surto urbano-industrial que ocorreu

em nosso país, nestas últimas décadas, a distribuição rural-urbana

da população brasileira se apresentava, em 2010, com:

84% de população urbana e 16% de população rural;

predomínio da população urbana em todas as grandes

regiões, especialmente no Sudeste e Centro Oeste;

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Foram relativamente moderados, abaixo de 2% ao ano, entre

1872 e 1940, quando as taxas de natalidade e de mortalidade

eram elevadas, acima de 40 % e 20 %, respectivamente;

Se elevaram, progressivamente, nesse período (1872- 1940),

pois as reduções foram bem acentuadas nas taxas de

mortalidade e quase que imperceptíveis nas de natalidade;

Foram elevados, superiores a 2% ao ano, a partir de 1940 e

até 1980, com quase 3% ao ano nas décadas de 50 e 60,

novamente porque as reduções nas taxas de natalidade não

foram tão acentuadas quanto nas de mortalidade;

Declinaram nas últimas décadas do século XX, apesar das

quedas acentuadas nas taxas de mortalidade mas, agora sim,

devido a queda mais acentuada nas taxas de natalidade e de

fecundidade;

Já são inferiores a 2% ao ano, de apenas 1,93% em 1991, e

vão baixar ainda mais, o que significa que estamos na

segunda parte da transição demográfica que já aconteceu,

muito anteriormente, nos países hoje desenvolvidos e ricos.

19 - A IMIGRAÇÃO NO BRASIL

Em todo o período colonial, que foi pouco superior a 300

anos, no qual o Brasil esteve sob o domínio de Portugal, era

proibida a entrada de "estrangeiros" no nosso espaço territorial.

Por essa razão, não se pode falar em imigrantes nesse

período, pois não existia essa condição ou qualificação.

Ao longo desses três séculos, as muitas dezenas de

milhares de pessoas que aqui chegaram e permaneceram, ainda

que por pouco tempo, não eram imigrantes.

Mesmo assim, muitos aqui chegaram e se estabeleceram,

especialmente os:

• portugueses, que eram os colonizadores, em missões

oficiais e nas condições de bandidos (degredados)

expulsos de Portugal e, também, os cristãos novos

(judeus portugueses);

• franceses e holandeses como invasores;

• negros de origem africana que, vergonhosamente

foram negociados, traficados e trazidos para o nosso

país na condição de escravos;

• aventureiros de várias nacionalidades, marinheiros

desertores e náufragos.

Somente em 1808, quando o Brasil foi elevado à condição

de Vice Reino e se tornou a sede da monarquia portuguesa, com a

chegada da Família Real, e D. João VI promulgou a lei

autorizando a posse de terras por estrangeiros, é que a imigração

no pais foi incentivada e praticada oficialmente. Recorreu-se

então, à imigração naquela época para:

• ocupar e povoar a região Sul do país garantindo o

domínio sobre esse espaço territorial que já era alvo

da cobiça de castelhanos;

• “branquear” ou “clarear” a pele da população

brasileira que naquele tempo era majoritariamente

negra.

Os primeiros imigrantes brasileiros foram os suíços

alemães que aqui chegaram em 1.818, se estabeleceram no espaço

territorial do que é o atual estado do Rio de janeiro e fundaram o

núcleo colonial que deu origem à cidade de Nova Friburgo.

O crescimento do mercado de trabalho rural causado pela

expansão da nossa lavoura cafeeira, nas últimas décadas do século

XIX, determinou a necessidade de se recorrer à mão-de-obra do

imigrante em substituição à mão-de-obra dos escravos.

A imigração no Brasil começou muitas décadas antes das

leis abolicionistas. Mas foi a abolição da escravatura propriamente

dita, com a Lei Áurea (1.888) que lhe deu, de fato, o grande

impulso tornando-a numericamente significativa no crescimento

da nossa população.

Durante mais de 160 anos recebemos imigrantes de

diversas origens. Dentre os povos que aqui se estabeleceram

destacaram-se, em correntes migratórias, os:

• Suíços-alemães, que em 1.818 se instalaram na

região serrana do Rio de Janeiro, fundando o núcleo

colonial que deu origem a cidade de Nova Friburgo;

• Alemães, que a partir de 1824 se instalaram no Rio

Grande do Sul, nos vales dos rios Caí e dos Sinos,

fundando a cidade de São Leopoldo e,

principalmente, entre 1.850 e 1.870, em Santa

Catarina, no litoral e no Vale do Itajaí, fundando as

cidades de Blumenau e Joinville, ocupando-se da

policultura de produtos alimentares em pequenas

propriedades e de atividades industriais têxteis, de

cerâmica e de couros;

• Italianos, que a partir de 1.871 se instalaram,

inicialmente na região serrana do Rio Grande do Sul

fundando as cidades de Caxias do Sul e Bento

Gonçalves e dedicaram-se á vinicultura e,

posteriormente, de 1.887 a 1.914, no interior de São

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Paulo, onde dedicaram-se ao trabalho

nas lavouras de café;

• Eslavos de origem russa, polonesa, ucraniana e

iugoslava que entre 1.875 e 1.890 se instalaram no

Paraná, inicialmente nas proximidades de Curitiba e

de Ponta Grossa e, mais tarde, no vale do rio Ivai,

dedicando-se às plantações de batata e as atividades

da indústria madeireira;

• Japoneses que, a partir de 1.908, se instalaram em

São Paulo, ocupando-se de diversas atividades na

agricultura, nas granjas e cooperativas; mais

recentemente nas indústrias e no setor de prestação de

serviços nas cidades. Instalaram-se, também, na

Amazônia, onde implantaram o cultivo de pimenta-

do-reino no Pará, na região de Tomé-Açu, e de juta,

no vale médio do rio Amazonas.

Vieram muitos outros imigrantes, especialmente os

espanhóis e os portugueses, ao longo desses tempos de imigração

mas sem caracterizarem, propriamente, um período de maior

fluxo. Mais recentemente vieram, em números significativos, os

coreanos, que se dedicam ao comércio, principalmente nas cidades

de São Paulo e Rio de Janeiro.

Os árabes, especialmente os sírios e libaneses, na maioria,

chegaram ao Brasil, como migrantes, entre 1.860 e 1.890. Esses

imigrantes se estabeleceram, inicialmente, na região da Amazônia,

onde se dedicaram ao comércio da borracha. Mais tarde, na região

do Centro-Sul do país, especialmente nos estados de São Paulo,

Rio de Janeiro e Minas Gerais, eles se dedicaram ao comércio de

miudezas, roupas e tecidos.

20 - A EMIGRAÇÃO NO BRASIL

O Brasil foi historicamente um país de imigração. A

emigração, que é a saída de pessoas do país, nunca foi

significativa em termos numéricos. No entanto, desde a ultima

década essa situação tem se modificado.

A emigração de brasileiros é hoje um fenômeno muito

marcante, seja pelo inusitado, seja pelas dimensões que tomou. De

1.985 até agora, estima-se que o Brasil tenha perdido cerca de 3

milhões de habitantes, sendo 1,7 milhão na emigração legal e mais

1,2 milhão de saídas clandestinas. Esse numero corresponde a 2%

da população do país.

A distribuição dos brasileiros pelos diversos países do

mundo mostra uma tendência de concentração em apenas alguns

deles. Observe o quadro:

.

País de destino

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21 - MIGRAÇÕES INTERNAS

Uma das características da população brasileira sempre foi

a sua intensa mobilidade. Grandes fluxos migratórios ocorreram

de uma região para outra ao longo da nossa história.

Todos esses fluxos migratórios sempre se deram por

razões econômicas. O desenvolvimento e a expansão de novas

atividades econômicas num espaço geográfico tornam essa região

um polo de atração populacional (mão-de-obra) para o qual se

dirigem milhares de pessoas, de diversas origens, em busca de

melhores condições de trabalho e de vida.

A região de maior dispersão de migrantes internos, no

Brasil, é o Nordeste. Os grandes fluxos migratórios de nordestinos

ocorreram:

• No século XVII, partindo da Zona da Mata do Nordeste,

devido a decadência da economia canavieira, com destino ao

Sertão do Nordeste e Vale Médio do São Francisco, onde se

expandia a criação de gado;

• No século XVIII, juntamente com paulistas, com destino á

região das Minas Gerais, onde se desenvolvia a mineração;

• De 1.870 a 1.910, com destino à Amazônia, onde se

desenvolvia a extração de látex (borracha), período em que

conquistamos o espaço territorial do nosso atual estado do

Acre que, anteriormente, pertencia à Bolívia;

• De 1880 a 1930, juntamente com mineiros, com destino às

zonas de terra roxa de São Paulo e do Paraná, onde se

desenvolvia a cultura cafeeira;

• Na década de 1930, juntamente com mineiros, com destino

ao interior de São Paulo, onde se desenvolveu o surto

algodoeiro;

• Após a Segunda Guerra Mundial, juntamente com mineiros,

com destino aos polos industriais que se desenvolveram nas

regiões metropolitanas da Grande São Paulo e da Grande Rio

de Janeiro. Mais recentemente, nestas últimas décadas,

ocorreram dois grandes fluxos de migrantes internos:

• O de nordestinos com destino à Amazônia, especialmente

aos garimpos de Serra Pelada (PA), em busca de ouro, e para

o Sudeste, para o mercado de mão-de-obra da construção

civil que cresceu com o grande surto de urbanização;

• O de sulistas com destino a Amazônia e ao Centro-Oeste,

com a expansão da nossa fronteira agrícola.

A TRANSUMÂNCIA

A transumância é o movimento horizontal ou transladativo

da população que se caracteriza pelo vaivém, ou seja, a retirada ou

saída e o retorno ou volta, em determinadas épocas ou estações do

ano.

No Brasil, o movimento de transumância é próprio do

Nordeste. Ele ocorre com os pequenos proprietários de terras do

Sertão que, na época das secas, depois de 19 de março (dia de São

José), se movimentam em grandes contingentes para a Zona da

Mata, para trabalhar como empregados nas grandes plantações,

especialmente nas de cana-de-açúcar.

O retorno dos sertanejos só ocorre com o reinicio da

estação chuvosa, depois de 13 de dezembro (dia de Santa Luzia),

na época de fazer o novo plantio das suas lavouras.

ÊXODO RURAL

Dentre os movimentos migratórios internos destacam-se as

migrações rural-urbanas, que ocorrem da zona rural ou campo

para as zonas urbanas ou cidades. As principais causas do

deslocamento da população são:

• estrutura fundiária

• relações trabalhistas

• estatuto do trabalhador rural

• mecanização agrícola

• industrialização

As principais consequências deste deslocamento são:

• aumento do desemprego

• aumento do subemprego

• expansão da habitação precária

• marginalização crescente

MOVIMENTO PENDULAR

Nas grandes cidades, especialmente nos centros

comerciais e industriais onde estão concentrados os mercados de

trabalho, ocorrem fluxos de milhares e milhares de pessoas em

determinadas direções e em dados momentos. São trabalhadores

que moram nos bairros da periferia e nas cidades ( dormitórios)

vizinhas que, diariamente, se deslocam:

• dos bairros periféricos e das cidades dormitórios onde

moram, para os centros onde trabalham, pela manhã;

• dos centros onde trabalham, para os bairros e cidades

onde moram, a tarde ou a noite.

Esse vaivém diário do movimento pendular, exige via de

regra, uma infraestrutura de transportes coletivos urbanos e

interurbanos, muito bem aparelhada e adequada as necessidades

dos espaços geográficos onde ocorrem tais movimentos, pois eles

irão determinar, pela manhã e pela tarde a hora ou o momento do

"rush".

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ESTRUTURA DA POPULAÇÃO

HUMANA

A população humana é formada por pessoas que se

diferenciam umas das outras pelas suas identidades naturais,

físicas ou biológicas, que são o sexo e a idade.

Dessa forma, a população e constituída ou composta de:

• homens e mulheres, quanto ao sexo;

• jovens, adultos e idosos ou velhos. quanto à idade.

DIVISÃO ETÁRIA DA POPULAÇÃO

POPULAÇÃO FAIXA ETÁRIA

JOVEM 0 a 19 anos

ADULTA 20 a 59 anos

IDOSA OU SENIL 60 anos em diante

TIPOS HUMANOS

A paisagem brasileira é um vasto painel de costumes,

terras, climas e tipos humanos. Ela se estende dos pampas do Sul

aos alagados do Pantanal; da caatinga do Nordeste as montanhas

do interior. Os tipos humanos mais característicos são:

• seringueiro e regatão na Amazônia

• jangadeiro no litoral nordestino

• vaqueiro sertanejo no interior ou sertão nordestino

• gaúcho no sul do país

• peões nas fazendas de gado do RS

• boias frias na região Sudeste na época de safras

(trabalhadores rurais)

22 - SETORES DA ECONOMIA

• O setor primário, praticado essencialmente no

espaço rural (campo), formado pelas atividades

agrícolas, criatórias (pecuária) e de extração (vegetal

e animal);

• O setor secundário, praticado muito intensamente

nos espaços urbanos (cidades), formado pelas

indústrias de construção e de transformação1

incluindo, também, as atividades de extração mineral;

• O setor terciário, praticado muito intensamente nas

cidades, formado pelas atividades de comércio e de

prestação de serviços tais como: bancos, cartórios,

escritórios (de advocacia e contabilidade), casas de

diversões e de espetáculos públicos, consultórios

médicos e de odontologia, clínicas médicas,

odontológicas e hospitais, emissoras de rádio e de

televisão, escolas, oficinas de consertos e de

assistência técnica, hotéis e restaurantes, seguradoras,

serviços públicos da administração, da coleta de lixo,

da limpeza, dos transportes etc.

A população economicamente ativa brasileira e da ordem

de mais ou menos de 77 milhões de pessoas ou seja, 47,5% da

população total do pais. Isso significa que os 52,5% restantes, são

sustentados direta ou indiretamente pela parcela da população que

esta envolvida no mercado de trabalho.

23 - URBANIZAÇÃO

As cidades: Cidade é um aglomerado humano concentrado, que se

apresenta com uma determinada organização especial. As cidades

tem sua economia não-dependente da agropecuária, voltando-se

principalmente para o setor terciário, embora podendo abranger

atividades mindustriais.

É possível fazer uma classificação das cidades tomando

como referencial a origem e a função urbana. De acordo com sua

origem, consideram-se dois grupos de cidades:

• naturais ou espontâneas - surgiram, cresceram e se

expandiram sem nenhum plano prévio de urbanização. Ex.:

Rio de Janeiro e São Paulo.

• artificiais ou planejadas - surgiram através de um plano,

percebendo-se uma ordenação interna e uma racional

distribuição das atividades por setores. Ex. Teresina, Aracaju,

Belo Horizonte, Goiânia, Brasília e Palmas.

De acordo com a função urbana, que é a atividade típica

da cidade, encontramos:

• industrial- Cubatão, Volta Redonda, São Bernardo do

Campo

• comercial- Feira de Santana, Caruaru e Manaus.

• portuária- Santos , Paranaguá e Cabedelo.

• turística- Guarujá, Camboriú e Araxá.

• religiosa- Aparecida e Bom Jesus da Lapa.

• histórica- Ouro Preto e Parati.

HIERARQUIA URBANA

As cidades não se distinguem apenas pela sua população,

mas principalmente pela quantidade e qualidade de serviços que

oferecem. Em função dos serviços que oferece, a cidade poderá

alcançar uma posição de destaque, exercendo sua influência em

todos os níveis, econômico, político e cultural, polarizando toda a

rede urbana local, regional ou até mesmo nacional.

A nova hierarquia urbana está assim representada,

segundo o IBGE:

• Metrópoles globais: suas áreas de influencia ultrapassam as

fronteiras de seus estados, região ou mesmo do país. As

metrópoles globais são São Paulo, Rio de Janeiro, Porto

Alegre e Curitiba.

• Metrópoles nacionais: encontram-se no primeiro nível da

gestão territorial, constituindo foco para centros localizados

em todos os pontos do país. São metrópoles nacionais

Brasília, Rio de Janeiro e São Paulo.

• Metrópoles regionais: constituem o segundo nível da gestão

territorial, e exercem influência na macrorregião onde se

encontram. São metrópoles regionais Belém, Belo Horizonte,

Curitiba, Fortaleza, Goiânia, Manaus, Porto Alegre, Recife e

Salvador.

• Capitais regionais: constituem o terceiro nível da gestão

territorial, e exercem influência no estado e em estados

próximos. Dividem-se em três níveis:

o Capitais regionais A: Aracaju, Campinas, Campo

Grande, Cuiabá, Florianópolis, João Pessoa, Maceió,

Natal, São Luís, Teresina e Vitória.

o Capitais regionais B: Blumenau, Campina Grande,

Cascavel, Caxias do Sul, Chapecó, Feira de Santana,

Ilhéus/Itabuna, Joinville, Juiz de Fora, Jundiaí,

Londrina, Maringá, Ribeirão Preto, São José do Rio

Preto, Uberlândia,Uberaba,Montes Claros, Palmas,

Passo Fundo, Porto Velho, Santa Maria e Vitória da

Conquista.

o Capitais regionais C: Araçatuba, Araguaína,

Arapiraca, Araraquara, Barreiras, Bauru, Boa Vista,

Cachoeiro de Itapemirim, Campos dos Goytacazes,

Caruaru, Criciúma, Divinópolis, Dourados,

Governador Valadares, Ijuí, Imperatriz,

Ipatinga/Coronel Fabriciano/Timóteo, Juazeiro do

Norte/Crato/Barbalha, Macapá, Marabá, Marília,

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Mossoró, Patos, Novo Hamburgo/São

Leopoldo, Pelotas/Rio Grande, Petrolina/Juazeiro,

Piracicaba, Ponta Grossa, Passos, Poços de Caldas,

Presidente Prudente, Rio Branco, Santarém, Santos,

São José dos Campos, Sobral, Sorocaba, Teófilo

Otoni e Volta Redonda/Barra Mansa.

• Centros sub-regionais: exercem influência apenas em

cidades próximas, povoados e zona rural. Dividem-se em

dois níveis:

o Centros sub-regionais A: Alfenas, Anápolis,

Apucarana, Bacabal, Bagé, Barbacena, Barra do

Garças, Barretos, Bento Gonçalves, Botucatu, Cabo

Frio, Caçador, Cáceres, Caicó, Cajazeiras, Picos,

Pinheiro, Ponte Nova,Pouso Alegre, Quixadá,

Redenção, Rio Claro, Rio do Sul, Rio Verde,

Rondonópolis, Santa Cruz do Sul, Santa Inês, Santa

Rosa, Santo Ângelo, Santo Antônio de Jesus,São

Carlos, São João da Boa Vista, São Mateus, Serra

Talhada, Sinop, Sousa, Teixeira de Freitas, Toledo,

Tubarão, Ubá, Umuarama e Uruguaiana, etc.

o Centros sub-regionais B: Abaetetuba, Assu,

Afogados da Ingazeira, Alagoinhas, Altamira,

Andradina, Angra dos Reis, Araranguá, Araras,

Araripina, Arcoverde, Ariquemes, Assis, Avaré,

Balneário Camboriú, Balsas, Bom Jesus da Lapa, etc.

• Centros de zona: apresentam atuação restrita a imediações,

exercendo funções elementares de gestão. Também dividem-

se em doís níveis:

o Centros de zona A: Acaraú • Açailândia •

Adamantina • Além Paraíba • Almeirim • Almenara •

Alta Floresta • Amparo • Aquidauana • Aracati •

Aracruz • Araçuaí • Arapongas • Araxá • Assis

Chateubriand • Barra do Corda • Olímpia • Osório •

Ouricuri

o Centros de zona B: Abaeté • Abelardo Luz • Abre-

Campo • Afonso Cláudio • Água Boa • Água Branca •

Águas Formosas • Aimorés • Alegrete • Alexandria •

Alto Araguaia • Alto Longá • Alto Parnaíba •

Amambai • Amarante • Amargosa • Andirá •

Andradas • Anicuns • Anísio de Abreu • Aparecida •

Apiaí • Apodi • Araguaçu • Araguari Nova Londrina •

Nova Mutum, etc

24 - A DIVISÃO REGIONAL

Segundo a Constituição de 1988, o Brasil compõe-se de 27

unidades políticas, sendo 26 estados e o Distrito Federal, onde se

localiza Brasília, a capital do país.

Desde 8 de maio de 1969, vigora a divisão regional do

país elaborada pelo IBGE: cinco grandes regiões ou

macrorregiões. Os critérios utilizados para distribuir as unidades

da federação pelas regiões foram: análise estrutural da população,

forma de ocupação do solo, estrutura hierárquica da urbanização,

hábitos e tradições de produção e consumo, nível cultural médio

dos grupos sociais e estágio de desenvolvimento.

A divisão de 1969, efetivamente implantada a partir de lº

de janeiro de 1970, sofreu algumas modificações:

o 1.977 o estado de Mato Grosso foi dividido em dois,

tendo a porção setentrional mantido o nome original,

enquanto a porção meridional recebeu o nome de

Mato Grosso do Sul;

o 1.982 o território de Rondônia foi promovido à

condição de estado;

o 1.988 os territórios de Roraima e Amapá foram

promovidos à condição de estado, o território de

Fernando de Noronha retornou à condição de

município do estado de Pernambuco e o estado de

Goiás foi dividido em dois: a porção meridional

manteve o nome original e continuou na região

Centro-Oeste, enquanto a porção setentrional recebeu

o nome de Tocantins e passou a fazer parte da região

Norte.

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GEOGRAFIA DO BRASIL

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OS COMPLEXOS REGIONAIS

Outra divisão regional do Brasil, que objetiva retratar as

disparidades socioeconômicas das diferentes regiões, reconhece

três grandes porções bastante diferenciadas entre si: o complexo

regional da Amazônia, o complexo regional do Nordeste e o

complexo regional do Centro-Sul.

Uma das principais diferenças entre essa forma de

regionalização e a do IBGE é que os limites que separam um

complexo regional do outro não precisam coincidir

necessariamente com os limites estaduais, pois considera-se que

os fenômenos sociais e econômicos - critérios fundamentais nessa

forma de organização regional - são extremamente dinâmicos e,

por isso, têm uma delimitação espacial que se modifica com o

tempo.

É importante lembrar que, como os complexos regionais

são muito extensos, eles abrigam áreas menores diferentes umas

das outras. Apesar disso, as suas características comuns permitem

o reconhecimento de um único complexo regional.

COMPLEXO REGIONAL DA AMAZÔNIA _

Abrange quase 60% do território nacional, mas apenas

cerca de 7% da população. É, portanto, o menos povoado do país.

Além de ser um imenso vazio demográfico, historicamente esteve

quase sempre isolado do restante do país. A Amazônia tornou-se

mais conhecida por sua natureza do que pelas características de

sua população ou economia.

Nas últimas décadas, no entanto, o complexo regional da

Amazônia tem-se mostrado mais dinâmico. O processo de

ocupação recente é calcado na implantação de vultosos projetos

agropecuários e minerais, vinculados ao grande capital nacional

ou transnacional. COMPLEXO REGIONAL DO NORDESTE

Ocupando pouco mais de 15% do território e abrigando

25% de nossa população, o complexo regional do Nordeste é uma

área povoada.

A grande questão desse complexo regional não reside no

seu número de habitantes, na sua extensão territorial ou mesmo no

seu quadro natural, que é bastante diversificado. Seu principal

elemento caracterizador, que lhe confere homogeneidade, é o

quadro socioeconômico.

O Nordeste é sem dúvida a porção do pais onde mais se

caracteriza uma economia tradicional, em que os fatores

impeditivos de modernização são muito fortes. Tal situação fica

evidente quando se analisa os indicadores sociais deste complexo

regional.

COMPLEXO REGIONAL DO CENTRO-SUL

O Centro-Sul abrange menos de 25% da área do país, mas

concentra cerca de 68% da população brasileira, sendo o

complexo regional mais populoso e povoado. É também a porção

mais dinâmica da economia nacional em praticamente todos os

setores de atividade. Nele concentram-se os investimentos na

produção agrária, produção industrial, desenvolvimento

tecnológico, pesquisa científica, infraestrutura de transportes e

energia. É aí, também, que se adensam os serviços, as atividades

financeiras e as sedes das grandes empresas, tanto as de capital

nacional quanto as de capital estrangeiro.

Por tudo isso, é a região brasileira que oferece, em média,

as melhores condições de vida a seus habitantes. Como o Centro-

Sul concentra a renda nacional, reforça o quadro de grande

disparidade entre os complexos regionais.

25 - REGIÃO NORTE

DIVISÃO POLÍTICA

A região Norte é a maior das cinco macrorregiões

brasileiras. Com uma área total de 3 851 557 km2 (45,3% do

território nacional), é composta de sete estados: Acre, Amapá,

Amazonas, Pará, Rondônia, Roraima e Tocantins. É importante

ressaltar a diferença entre região Norte, que é uma região político-

administrativa, e Amazônia, que é um complexo regional.

O elemento que confere homogeneidade à Amazônia é a

paisagem equatorial, independente dos limites estaduais. Por isso,

sua extensão territorial é bem maior, com cerca de 5 milhões de

km2 (quase 60% do território nacional), envolvendo todos os

estados da região Norte (com exceção do extremo sudeste de

Tocantins), a quase totalidade do estado do Mato Grosso, na

região Centro-Oeste e mais a metade ocidental do estado do

Maranhão, na região Nordeste.

O RELEVO E A HIDROGRAFIA

O relevo da região Norte é caracterizado pelo domínio das

terras baixas, como planícies, depressões e planaltos pouco

elevados. As planícies ocupam estreitas faixas de terra ao longo

dos rios, como a planície do rio Amazonas, do rio Araguaia e do

rio Guaporé. O restante das terras baixas corresponde às

depressões ou aos planaltos sedimentares de baixa altitude.

Toda essa área de formação sedimentar está encaixada

entre planaltos de formação mais antiga, onde encontramos as

maiores altitudes da região e do país, como os picos da Neblina

(2993,78 m) e 31 de Março (2972,66 m), localizados na serra do

Imeri, que faz parte dos planaltos residuais Norte-amazônicos.

A hidrografia é caracterizada pela presença do maior

sistema fluvial do mundo, a bacia Amazônica, cujo eixo é o rio

Amazonas, com 7 100 km de extensão, dos quais 3 200 km estão

no Brasil. Com mais de 7 mil afluentes, essa bacia estende-se por

terras da Bolívia, Peru, Equador, Colômbia, Venezuela, Guiana,

Suriname e Guiana Francesa.

Seu desnível no trecho brasileiro é de apenas 82 m, o que

favorece a navegação. O transporte fluvial é muito utilizado pela

população regional, já que o rio Amazonas, junto com o baixo

curso de seus afluentes, forma um complexo hidroviário de 25 000

km de percurso navegável.

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O CLIMA E A VEGETAÇÃO

O clima dominante é o equatorial úmido, que se estende

por toda a região Norte, com exceção do estado de Tocantins e de

trechos do Pará e Roraima.

Sob a influência constante da massa de ar equatorial

continental, quente e úmida (mEc), a região apresenta médias

térmicas elevadas o ano todo (de 25º a 27ºC), e amplitude térmica

muito pequena, em torno de 20ºC. Também a pluviosidade é

elevada, variando de 2.000 mm a 2.500 mm anuais, bem

distribuídos ao longo do ano.

As exceções estão no Sudeste do Pará e estado de

Tocantins, onde se observa o domínio absoluto do clima tropical,

com temperaturas elevadas o ano todo e chuvas concentradas no

verão, e no Noroeste do Pará e porção oriental de Roraima, onde

encontramos o clima classificado de equatorial semiúmido, com

temperaturas também muito altas o ano todo, mas com médias

pluviométricas menos elevadas e apresentando uma curta estação

seca.

Refletindo esse clima quente e úmido, a paisagem vegetal

dominante se caracteriza pela presença da mais exuberante

formação florestal do planeta: a floresta latifoliada equatorial ou

Floresta Amazônica.

Extremamente heterogênea e composta de espécies

latifoliadas (de folhas largas) e perenifólias (as árvores mantêm

suas folhas o ano inteiro), a floresta é, em função da diversidade, a

formação vegetal mais densa e compacta da superfície terrestre.

Estendendo-se por quase metade do território brasileiro, ocupa

cerca de 90% da região Norte. Entre as outras formações vegetais

que aparecem na região Norte, destacam-se as matas galerias ou

ciliares, no estado de Tocantins, acompanhando as águas do vale

do rio Araguaia; manchas de cerrado nas áreas periféricas da

Floresta Amazônica, em trechos dos estados de Tocantins, Pará,

Rondônia, Roraima e Amapá; e algumas pequenas manchas de

campos, dispersas pelo interior da área florestada. No litoral

amapaense, em especial, destaca-se a presença dos mangues,

graças ao pequeno desnível altimétrico de suas costas que causa

constantes invasões marinhas no litoral.

A OCUPAÇÃO REGIONAL

A ocupação da região se deu historicamente por

intermédio das atividades ligadas ao extrativismo vegetal e

mineral. O primeiro grande surto migratório ocorreu no período da

borracha, entre 1870 e 1910, quando milhares de nordestinos

foram atraídos pelo trabalho nos seringais, povoando a chamada

Amazônia Ocidental. Esse período somente foi encerrado quando,

nos primeiros anos deste século, a produção britânica de borracha

obtida no Sudeste Asiático praticamente arrasou com a economia

extrativista brasileira.

A descoberta de jazidas minerais nas décadas de 70 e 80

estimulou mais ainda o processo migratório, já que a produção

mineral chamou a atenção de empresas que passaram a exigir

numerosa mão-de-obra. Além disso, a expansão do garimpo foi

outro fator de atração populacional.

A AGRICULTURA

A agricultura regional é extremamente pobre, tanto no

nível do investimento quanto no rendimento e na qualidade da

produção. O domínio de solos fracos, ácidos e arenosos,

associados a um clima de chuvas frequentes e intensas, favorece

um forte processo erosivo, especialmente nas áreas onde a

produção agrícola ocasionou a devastação da mata natural.

Um dos principais produtos da agricultura regional é a

pimenta-do-reino, introduzida e cultivada por imigrantes

japoneses e seus descendentes na Zona Bragantina na, próxima a

Belém.

A juta introduzida pelos imigrantes japoneses, hoje é

cultivada pelos diversos grupos que se distribuem pelo vale médio

e inferior do rio Amazonas. A juta é uma planta fibrosa de uso

têxtil cultivada em várzeas, daí sua concentração às margens do

Amazonas, o produto é utilizado basicamente na indústria de

embalagens (sacaria), com uma produção média de 80 milhões de

sacos por ano.

A malva , planta que fornece fibra para fabricação de

sacos de aniagem, é cultivada em Guajarina, Capitão Poço e

Salgado, no Estado do Pará, que é o maior produtor nacional.

A PECUÁRIA

A criação de gado na região Norte é caracterizada por um

baixo rendimento, com ocupação média de 0,5 boi por hectare.

Outro aspecto negativo da pecuária regional é sua

lucratividade, se considerarmos a atividade a médio e longo

prazos. É comum afirmar-se que a criação de gado é menos

lucrativa que o extrativismo, pois os produtos deste se repõem na

natureza, enquanto o pasto, com 10 ou 12 anos de uso, rende

apenas 50% do seu período inicial.

A região Norte abriga algumas das maiores propriedades

rurais do planeta; entre elas, destaca-se a Fazenda Jari, a maior do

mundo, com 3 milhões de hectares, o que equivale a 30 mil

quilômetros quadrados (área superior à do estado de Alagoas).

Está localizada nos estados do Pará e do Amapá, tendo como uma

das laterais as margens do rio Amazonas.

As principais áreas de criação estão dispersas pelo interior

da região, principalmente ao sul do rio Amazonas, no estado do

Pará. Destacam-se também os campos de criação de Roraima e a

pecuária de búfalos, característica da ilha de Marajó na foz do rio

Amazonas.

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O EXTRATIVISMO VEGETAL

O extrativismo vegetal na região Norte é sem dúvida a

mais tradicional atividade econômica a que se dedica grande parte

da população, e entre os seus principais produtos estão a borracha,

a castanha-do-pará e as madeiras.

A borracha, produto derivado do látex encontrado em

várias espécies da Floresta Amazônica, em particular na

seringueira (Hevea brasiliensis), é comum na mata de várzea dos

estados do Acre e do Amazonas.

O castanheiro, do qual se extrai a castanha-do-pará, é uma

das espécies mais altas da Floresta Amazônica, atingindo de 50 a

60 m, e concentra-se na mata de terra firme dos estados do

Amazonas e do Pará. As principais áreas de produção e comércio

situam-se em torno das cidades de Humaitá (Amazonas) e Marabá

(Pará).

Grande parte da produção é destinada à exportação, sob a

forma de fruto seco ou óleo para diversas indústrias, em especial a

de cosméticos. O porto de exportação é o de Belém, no Pará, de

onde deriva o nome castanha-do-pará.

A produção de madeiras da região corresponde a cerca de

25% de toda a produção nacional. A grande diversidade de

espécies da floresta estimula o extrativismo, mas, por outro lado,

representa um grande obstáculo para a exploração, em função da

densidade vegetal e da dificuldade de transporte. Algumas das

madeiras exploradas: mogno, pau rosa, andiroba, angelim, cedro,

pau-ferro, boiúna, cumaru etc.

Aparece em Rondônia (RO) Poaia ou ipecacuanha.

Guaraná, em Maués (AM)

PESCA

A pesca é a atividade desenvolvida nos rios da bacia

Amazônica. Destaca-se a pesca do pirarucu ( o bacalhau da

Amazônia), peixe-boi (baleia de água doce) e de tartarugas, de

carne saborosa.

A MINERAÇÃO

A mineração apresenta grandes possibilidades de

desenvolvimento na região Norte. A atividade tem sofrido um

forte incremento com a implantação, em vários pontos da região,

de empresas mineradoras de grande porte. Entre as principais

áreas, têm-se a serra dos Carajás, a serra do Navio e Oriximiná.

A serra dos Carajás está localizada entre os rios Tocantins

e Xingu, no sudeste paraense. Abriga uma das maiores províncias

mineralógicas do planeta, com enormes jazidas de minério de

ferro (a primeira do mundo), manganês, cobre, bauxita, ouro,

níquel, estanho, etc.

A descoberta de minérios na serra dos Carajás se deu de

forma acidental, em 1 967, por um geólogo da Companhia

Meridional de Mineração, empresa pertencente ao grupo

americano United States Steel.

O projeto de maior importância foi o Grande Carajás,

visando à extração, transporte e exportação dos minérios de ferro e

manganês. Os investimentos superaram a casa dos 5 bilhões de

dólares, com a instalação da usina hidrelétrica de Tucuruí, no rio

Tocantins, que deveria atender todas as necessidades energéticas

do projeto; com a construção da Estrada de Ferro Carajás, que

deveria escoar rapidamente a produção; e com a implantação do

moderno porto Ponta da Madeira, em São Luís (Maranhão), capaz

de receber os maiores navios cargueiros do mundo com o intuito

de levar o minério para o exterior.

OCORRÊNCIAS MINERAIS EM CARAJÁS Minério Reserva estimada (em milhões de toneladas

Ferro 18000

Cobre 1000

Níquel 125 Manganês 60

Bauxita 50

Essas despesas foram todas assumidas pelo Estado, pois

quem iria dirigir a exploração mineral na época seria a Companhia

Vale do Rio Doce (CVRD), empresa até então de controle estatal.

Atualmente é a maior empresa exportadora de minério de ferro do

mundo.

A serra do Navio, localizada no Amapá, é rica em

manganês, minério utilizado na indústria siderúrgica para

aumentar a elasticidade do aço e na indústria química para a

fabricação de pilhas, além de diversas outras aplicações. A

produção é realizada pela Indústria e Comércio de Minérios

(Icomi), empresa privada criada com caráter multinacional).

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Oriximiná localiza-se no Norte

do Pará, na foz do rio Trombetas. A produção anual de bauxita

(minério de alumínio) é da ordem de 4 milhões de toneladas,

sendo realizada pela empresa Mineração Rio do Norte, consórcio

formado pela Companhia Vale do Rio Doce e algumas empresas

nacionais e transnacionais

A maior parte da produção é exportada como matéria-

prima bruta, destinando-se a outra parte para a fabricação do

alumínio no país, o que é realizado pelas empresas Albrás e

Alunorte, no Pará, e pela Alumar; no Maranhão. Posteriormente

esse alumínio é exportado como produto semimanufaturado por

um preço maior para os grandes mercados do mundo.

A intensa exploração mineral que vem sendo realizada na

região Norte, apesar de sua importância econômica para o país,

deixa uma herança extremamente negativa para o meio ambiente:

a devastação florestal e a poluição das águas fluviais.

Em Rondônia é explorado Cassiterita (minério de

estanho). Ferro, explorado nas jazidas da Serra dos Carajás, no

Tocantins, próxima a Marabá, considerado como as maiores do

Brasil. O escoamento do minério é feito pelos portos de Itaqui e

Ponta da Madeira, em São Luís (Maranhão), através da Estrada

de Ferro Carajás.

Podemos citar ainda o carvão mineral (PA), calcário e

ouro (Itaituba), cobre, níquel, salgema (Aveiro), urânio.

A INDÚSTRIA

As possibilidades industriais da região Norte são bastante

fortes, contando com dois importantes fatores: a ocorrência de

enormes jazidas minerais e a capacidade energética, já que o

potencial hidrelétrico disponível é o maior do país.

A despeito dessas condições positivas, a atividade

industrial é pequena e não apresenta grande peso na economia

regional. Limita-se às indústrias mineradoras, à Zona Franca de

Manaus e, mais recentemente, à metalurgia do alumínio.

A Zona Franca, instalada em Manaus em 1967, provocou

uma industrialização fundada no grande capital privado nacional e

principalmente no capital transnacional. As empresas implantaram

unidades de montagem, especialmente do setor eletroeletrônico,

que se beneficiam de isenções fiscais e livre importação de

componentes.

A metalurgia do alumínio concentra-se nas proximidades

de Belém. Destaca-se o projeto Albrás/ Alunorte, com a

participação de capital brasileiro e japonês.

A produção industrial do alumínio se beneficia das

reservas de bauxita de Oriximiná e Carajás e da energia da Usina

Hidrelétrica de Tucuruí.

A Companhia de Petróleo da Amazônia (COPAM),

atualmente (REMAN) em Manaus, é a única refinaria da Região

Norte.

A ELETRONORTE (Centrais Elétrica do Norte do

Brasil),é a subsidiária da ELETROBRÁS que controla as usinas

hidrelétricas da Amazônia Legal. Dentre as hidrelétricas

destacam-se:

Tucuruí, no rio Tocantins (PA),

Coaracy-Nunes ou Paredão, no rio Araguari (Amapá),

Curuá-Una, em Santarém, no rio Tapajós(PA),

Samuel, em Rondônia, Ituxi, no Acre e

Balbina, no rio Uatumâ (AM).

NOVAS HIDRELÉTRICAS NA AMAZÔNIA

Nº NOME UF RIO GERAÇÃO STATUS

01 Belo Monte PA Xingu 11233 MW Construção

02 São Luiz do Tapajós PA Tapajós 8 381 MW Projetada

03 Santo Antônio RO Madeira 3665 MW Construção

04 Jirau RO Madeira 3300 MW Construção

05 Jatobá PA Tapajós 2 338 MW Projetada

Órgãos governamentais e privados que atuam na região:

SUDAM (Superintendência de Desenvolvimento da

Amazônia). Criada em 1.966, visa a planejar e

coordenar o desenvolvimento da Amazônia Legal.

SUFRAMA (Superintendência da Zona Franca de

Manaus). Tem como objetivos: incrementar o livre

comércio de mercadorias nacionais e estrangeiras,

implantar um distrito industrial e agropecuário e

desenvolver o comércio e o turismo.

PROTERRA ( Programa de Redistribuição de Terras e

de Estímulos à Agroindústria do Norte e Nordeste). Tem

como objetivos: apoiar o pequeno produtor, criar

melhores condições de emprego e mão-de-obra,

favorecer a agroindústria no Norte e Nordeste, realizar a

redistribuição de terra (Reforma Agrária).

BASA ( Banco da Amazônia S/A). Promove o

desenvolvimento econômico da Amazônia Legal,

financiando campos cultivados, florestas de seringueiras

e castanheiras, lavouras de pimenta-do-reino, fazendas

de criação de gado etc.

REMAN ( Refinaria de Manaus)) Constitui-se na única

refinaria da Região Norte do país.

26 - REGIÃO CENTRO-OESTE

Características gerais:

A região é formada pelos estados de Goiás, Mato Grosso,

Mato Grosso do Sul e pelo Distrito Federal.

O relevo da área, localizada no extenso Planalto Central,

caracteriza-se por terrenos antigos e aplainados pela erosão, que

originaram chapadões.

A oeste do estado de Mato Grosso do Sul e a sudoeste de

Mato Grosso encontra-se a depressão do Pantanal Mato-

Grossense, cortada pelo rio Paraguai e sujeita a cheias durante

parte do ano.

O clima da região é tropical semiúmido e úmido, com

chuvas de verão. A vegetação é de cerrado nos planaltos.

No Pantanal, os campos cerrados dividem o espaço com a

floresta, que se torna mais fechada e úmida na região norte de

Mato Grosso.

DIVISÃO POLÍTICA

O Centro-Oeste é a segunda macrorregião brasileira em

área territorial, possuindo 1 604 850 km2 (18,9% da área do país).

É formada por três estados: Goiás, Mato Grosso e Mato

Grosso do Sul além do Distrito Federal, onde se localiza Brasília,

a capital do país.

POPULAÇÃO POR ESTADOS NO CENTRO-OESTE

UF Capital Pop. Absoluta Pop. Relativa

Goiás Goiânia 6.154.996 18,1 hab./km2

Mato Grosso Cuiabá 3.115.336 3,4 hab./km2

Mato Grosso do Sul Campo Grande 2.505.088 7 hab./km2

Distrito Federal Brasília 2.648.532 458,2 hab./km2

A região Centro-Oeste foi a que sofreu maior alteração na sua

divisão interna nas últimas décadas. Até meados da década de 50 esse espaço correspondia a

apenas dois estados brasileiros, Goiás e Mato Grosso, que juntos ocupavam uma área de quase 1,9 milhão de km2.

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As mudanças começaram a ocorrer em 1956, quando o Governo Federal ocupou 5 794 km2 do estado de Goiás a fim de implantar o Distrito Federal e construir a nova capital do país, Brasília.

Em 1977, o estado de Mato Grosso foi repartido em dois, originando Mato Grosso do Sul.

Finalmente em 1988, foi a vez de o estado de Goiás ser dividido para se criar Tocantins, o que significou a perda de 277 mil km2 de área do Centro-Oeste para a região Norte, na qual o novo estado foi agrupado.

Em relação ao aspecto geoeconômico da região, o que se observa é uma grande desigualdade entre as porções norte e sul, de tal forma que encontramos áreas do Centro-Oeste fazendo parte de dois complexos regionais.

A maior parte do território do estado de Mato Grosso compreende o complexo regional da Amazônia. Isso se deve tanto a elementos do quadro natural, como o clima e a vegetação, quanto às suas características demográficas e econômicas, que constituem cena das mais precárias: a população rarefeita se dedica a atividades tradicionais, como o extrativismo vegetal, a agricultura itinerante e a pecuária extensiva.

O restante do Centro-Oeste, que inclui a porção mais meridional do estado de Mato Grosso e a totalidade dos estados de Goiás e Mato Grosso do Sul, além do Distrito Federal, faz parte do complexo regional do Centro-Sul, a porção mais dinâmica do território brasileiro, onde as condições socioeconômicas são em geral melhores.

O RELEVO E A HIDROGRAFIA

Predominam as formas tabulares, também denominadas

chapadas, que funcionam como grandes divisoras de água entre as

principais bacias hidrográficas brasileiras.

É possível analisar o relevo regional dividindo-o em

quatro grandes grupos:

planaltos antigos: formados por rochas cristalinas do

Pré-cambriano, recobertas em sua maior parte por

sucessivas camadas de rochas sedimentares, que

originaram formas tabulares de relevo, ou seja, as

chapadas cristalinas.

planaltos recentes: onde se encontram os solos de terra

roxa, bastante férteis. Ocupam o Sul de Goiás e a porção

oriental do Mato Grosso do Sul.

depressões: correspondem à forma de relevo com o

maior número de unidades no Centro-Oeste.

Distribuem-se por toda a região, sobretudo nas áreas

banhadas por

grandes rios;

planícies: a mais típica planície brasileira é a do pantanal

Mato-grossense, situada no Sudoeste da região, ocupando

uma área de 150 mil km2. No verão, o pantanal é inundado

pelas águas do rio Paraguai, mas no inverno, quando as águas

recuam, a planície se cobre de vegetação rasteira.

Na divisa entre Goiás e Tocantins, no alto Araguaia, há

um pequeno trecho de planície, que se estende por todo o vale,

inclusive pela região Norte.

A região Centro-Oeste, em função de sua posição

geográfica central e de seu relevo de serras e chapadas,

transformou-se na principal área formadora e divisora de nossas

bacias hidrográficas: Amazônica, do Tocantins- Araguaia e

Platina.

As nascentes de alguns dos mais importantes afluentes da

margem direita do rio Amazonas estão localizadas no Centro-

Oeste, como o Guaporé, que forma o Madeira, o Juruena e o

São Manuel, que formam o Tapajós, e o Xingu, que nasce em

Mato Grosso e após percorrer quase 3 000 km desemboca no rio

Amazonas.

A bacia do Tocantins-Araguaia tem sua origem no

interior do Centro-Oeste, pois os dois rios nascem em Goiás. O rio

Araguaia nasce na serra dos Caiapós, no Sudoeste do estado, e o

rio Tocantins nasce na serra Dourada, no Sudeste goiano. O

encontro dos dois rios se dá somente na divisa entre os estados de

Tocantins e do Pará, na região Norte.

No Brasil, a bacia Platina é subdividida em três bacias

menores: a do rio Paraná, a do rio Paraguai, localizadas em sua

maior parte no Centro-Oeste, e a do rio Uruguai.

O rio Paraguai, cujas nascentes ficam na serra do

Araporé, no estado de Mato Grosso, recebe águas de diversos

afluentes, entre eles os rios Cuiabá, Taquari e Miranda. Esse rio é

responsável pela drenagem de toda a planície do pantanal Mato-

grossense.

O rio Paraná separa o estado de Mato Grosso do Sul dos

estados de São Paulo e Paraná. Um dos seus formadores, o rio

Paranaíba, faz a divisa entre os estados de Goiás e Minas Gerais.

O CLIMA E A VEGETAÇÃO

O clima dominante e do tipo tropical, com duas estações

bem definidas: verão chuvoso e inverno seco. As temperaturas

são elevadas o ano todo. E importante ressaltar que a diferença

entre essas duas estações é muito bem marcada, pois durante o

verão verifica-se a ocorrência de chuvas frequentes e intensas, mas

concentradas em um curto período do ano. O inverno, por sua vez,

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é extremamente seco, com a umidade

relativa do ar atingindo valores tão baixos que chegam até a causar

sérios problemas de saúde à população.

Na porção setentrional da região, principalmente no Norte

e Noroeste do estado de Mato Grosso, aparece o clima equatorial

úmido, com temperaturas elevadas e chuvas intensas o ano todo, e

na porção meridional, no Sul do estado de Mato Grosso do Sul, na

área cortada pelo trópico de Capricórnio, verificamos a ocorrência

do clima tropical de altitude, com temperaturas mais baixas no

inverno e chuvas concentradas no verão.

A vegetação dominante na região Centro-Oeste é o

cerrado, característico do clima tropical. Trata-se de uma

formação arbustiva, ou seja, vegetação de pequeno porte, que se

apresenta com o tronco e os galhos bastante retorcidos e

recobertos durante o verão verifica-se a ocorrência de chuvas

frequentes e intensas, mas concentradas em um curto período do

ano. O inverno, por sua vez, é extremamente seco, com a umidade

relativa do ar atingindo valores tão baixos que chegam até a causar

sérios problemas de saúde à população.

Na porção setentrional da região, principalmente no Norte

e Noroeste do estado de Mato Grosso, aparece o clima equatorial

úmido, com temperaturas elevadas e chuvas intensas o ano todo, e

na porção meridional, no Sul do estado de Mato Grosso do Sul, na

área cortada pelo trópico de Capricórnio, verificamos a ocorrência

do clima tropical de altitude, com temperaturas mais baixas no

inverno e chuvas concentradas no verão.

A vegetação dominante na região Centro-Oeste é o

cerrado, característico do clima tropical. Trata-se de uma

formação arbustiva, ou seja, vegetação de pequeno porte, que se

apresenta com o tronco e os galhos bastante retorcidos e

recobertos por uma grossa camada de cortiça. Espalha-se por uma

extensa área no interior do Centro-Oeste, inclusive alcançando

terras de outras regiões brasileiras.

Além dessa formação arbustiva dominante, ainda

encontramos áreas de floresta equatorial ao norte, matas galerias

acompanhando alguns rios na porção oriental da região e

formações de campos no extremo sul de Mato Grosso do Sul.

Merece um destaque especial a vegetação da planície do

pantanal Mato-grossense. Nessa planície, em função de suas

condições naturais muito particulares, aparecem associadas

espécies vegetais dos mais diversos tipos, ou seja, florestais,

arbustivas e herbáceas, caracterizando a formação vegetal

denominada complexo do Pantanal.

O QUADRO HUMANO

Com uma população absoluta de 14.423.952 habitantes, o

Centro-Oeste é a região menos populosa do país, tendo tomado o

lugar da região Norte na década de 80.

Sendo a segunda região brasileira em área territorial e a

quinta em população absoluta, o Centro-Oeste é pouco povoado,

com uma densidade demográfica de apenas 8,97 hab./km²

habitantes por quilômetro quadrado. O Centro-Oeste constitui um

vazio demográfico.

Sua população, porém, encontra-se irregularmente

distribuída. Há áreas cuja densidade demográfica ultrapassa 1 00

hab./km2, como a porção meridional do Mato Grosso e de Goiás e

a porção oriental do Mato Grosso do Sul, mas há também

imensidões vazias, onde as densidades são inferiores a 1 hab./km2,

como o Norte e o Noroeste de Mato Grosso, Norte de Goiás ou em

trechos do pantanal Mato Grossense.

A criação de Brasília, em 1.960 trouxe importantes

alterações no Planalto Central entre elas:

Aumento da população regional

Surgimento de um importante sistema de comunicações

Surgimento de um importante mercado consumidor

Criação de um centro tecnológico e científico (Universidade

de Brasília)

Algumas rodovias:

As novas vias de circulação (estradas) têm trazido efeitos

benéficos no povoamento e nas atividades econômicas. Junto às

rodovias Belém-Brasília, Cuiabá-Santarém, e Cuiabá- Porto Velho

surgiram diversos núcleos de população (frentes pioneiras).

Principais cidade:

Brasília (DF) capital federal, situada no Planalto Central

Goiânia e Anápolis (GO)

Campo Grande e Corumbá (MS)

Cuiabá (MT)

A AGROPECUÁRIA

A região Centro-Oeste tem sua história de ocupação

econômica fortemente relacionada à agropecuária, pois os

primeiros contingentes populacionais que para lá se dirigiram, no

século XVIII, instalaram fazendas de gado e de produção agrícola.

Mesmo com as transformações que foram ocorrendo na

economia nacional, com a agro exportação cafeeira e a

industrialização, a região Centro-Oeste manteve a sua atividade de

produtora agropecuarista sempre voltada para o mercado interno,

para o abastecimento das áreas mais dinâmicas do país. Nas

últimas décadas no entanto, sua economia agropecuarista passou a

se voltar também para os grandes mercados mundiais. Hoje o

Centro-Oeste é um grande fornecedor de produtos agropecuários,

como grãos (soja e arroz) e carne, para as indústrias alimentícias

do Centro-Sul e, especialmente de soja, para o mercado externo.

A agricultura do Centro-Oeste vem aumentando

rapidamente sua participação no total da produção brasileira em

função de diversos fatores. O aumento da produtividade das áreas

tradicionais que se modernizam com investimentos em máquinas,

equipamentos e recursos técnicos de fertilização e correção de

solos é um deles. Outro fator é a incorporação de novos espaços

que até bem pouco tempo ou eram dedicados a uma lavoura

rudimentar de subsistência, ou eram áreas não aproveitadas

economicamente, mas que agora, com as chegadas das frentes

pioneiras, vão sendo integrados a uma economia mais dinâmica.

Entre as principais áreas agrícolas, destacam-se Campo

Grande e Dourados (Mato Grosso do Sul), centros produtores de

soja e trigo. Em Goiás, sobressai a região denominada “mato

grosso de Goiás”, ao sul de Goiânia, com a produção de soja,

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algodão e feijão, e o vale do Paranaíba,

no Sudeste goiano, onde se tem algodão e arroz.

Com relação à pecuária, com quase 72 milhões de cabeças

de gado, o rebanho bovino do Centro-Oeste é o maior do país.

Essa participação tende a aumentar, graças a uma série de fatores

favoráveis, tanto de ordem natural, como o relevo de topografia

plana e a vegetação aberta do cerrado, como de ordem político-

econômica abertura de estradas, formação de pastos e melhoria

genética dos rebanhos.

O sistema de criação que predomina é o extensivo, tendo

em vista que a região dispõe de grandes espaços e é, ao mesmo

tempo, um enorme vazio demográfico. O objetivo mais importante

é a produção de carne para as indústrias frigorificas do Centro-

Sul. A principal área de criação está no pantanal Mato-grossense,

onde, além dos bovinos, também são criados bufalinos, com os

mesmos objetivos econômicos e sob as mesmas condições de

criação.

MINERAÇÃO E INDÚSTRIA

A produção de minérios, é ainda pouco significativa

quando comparada à de outras regiões brasileiras, como o Norte e

o Sudeste.

Entre as ocorrências registradas, merecem destaque as

produções de ferro e manganês encontrados no maciço de

Urucum, no interior do pantanal Mato-grossense.

A extração é feita pela Companhia Vale do Rio Doce, com

a maior parte da produção direcionada para o mercado externo,

representado pelos vizinhos Paraguai, Argentina e Uruguai. O

escoamento para esses países se faz pelo porto de Corumbá, em

Mato Grosso do Sul, e pela navegação fluvial no rio Paraguai, que

é navegável em toda a sua extensão.

Entre as outras reservas minerais da região, destaca-se a de

níquel, importante recurso para a indústria do aço, que tem sua

maior ocorrência na cidade de Niquelândia, ao Norte de Goiás.

Essa reserva é responsável por 80% da produção brasileira

do minério:

Em Cristalina e Pium (GO) extrai-se cristal-de-rocha

(quartzo).

EXTRATIVISMO VEGETAL

No extrativismo vegetal, sobressaem a extração de látex

(borracha) e de madeiras poaia, babaçu, castanha-do-pará em

geral, na porção setentrional da região, e de erva-mate (Porto

Murtinho), quebracho e angico e madeiras, na porção meridional.

O setor industrial é muito precário e se restringe às

atividades ligadas à produção agroextrativa, como as indústrias de

beneficiamento de arroz, pequenos frigoríficos, indústrias de

couro, além de algumas metalúrgicas e madeireiras, que, no

conjunto, absorvem um pequeno contingente de mão-de-obra e se

utilizam de equipamentos e recursos técnicos pouco avançados.

Nessas condições, é pouco significativa a participação da

produção industrial regional:

TRANSPORTES - Principais rodovias: Bernardo

Sayão (Belém-Brasília), Cuiabá-Santarém e

Transpantaneira (Corumbá-Poconé). O Transporte

fluvial na bacia do rio Uruguai assume grande

importância no Centro-Oeste brasileiro.

ÓRGÃOS QUE ATUAM NO CENTRO-OESTE.

SUDECO (Superintendência de Desenvolvimento do

Centro-Oeste). Apóia os Estado de Goiás (GO), Mato

Grosso (MT), e Mato Grosso do Sul (MS) e o Distrito

Federal.

PRODOESTE (Programa de Desenvolvimento do

Centro-Oeste) Visa dotar a região de estradas, armazéns

(silos) , usinas de beneficiamento e frigoríficos, bem

como desenvolver a agroindústria. Seu objetivo

principal é construir uma rede rodoviária básica para

fortalecer a economia regional.

POLOCENTRO (Programa de Desenvolvimento do

Cerrado). Visa a desenvolver a agricultura e pecuária do

Centro- Oeste brasileiro e região do Triângulo Mineiro.

POLONOROESTE (Programa que atua nos Estados de

Rondônia e Mato Grosso).

PRODEPAN (Programa de Desenvolvimento do

Pantanal Mato-grossense).

SUDAM (Superintendência do Desenvolvimento da

Amazônia). Apoia a Região Norte e parte setentrional

do Mato Grosso.

27 - REGIÃO NORDESTE

DIVISÃO POLÍTICA

A região Nordeste possui 1 552 614 km2 (18,2% do

território nacional), sendo a terceira macrorregião mais extensa do

país. E a mais subdividida politicamente, possuindo nove estados:

Alagoas, Bahia, Ceará, Maranhão, Paraíba, Pernambuco, Piauí,

Rio Grande do Norte e Sergipe.

A economia nordestina vem apresentando crescimento.

Com a guerra fiscal (concessão de benefícios fiscais pelos

governos estaduais com o objetivo de atrair empresas), muitas

indústrias se instalaram nos estados nordestinos para fugir da

carga tributária e fiscal mais pesada no Sul e no Sudeste. Foi

assim com a Ford, que se estabeleceu na Bahia, e com empresas

têxteis que foram para o Ceará. A Região Nordeste é a segunda

produtora de petróleo do país e a maior na extração de petróleo em

terra, que sai principalmente do Rio Grande do Norte. É nela

também que funciona um dos polos petroquímicos mais

importantes: o de Camaçari (BA).

A agricultura e a pecuária sofrem com os longos períodos

de seca. A boa adaptação das cabras ao clima local faz com que o

Nordeste tenha o maior rebanho do país, com mais de 8,5 milhões

de cabeças em 2011, concentradas, sobretudo, na Bahia, em

Pernambuco e no Piauí. Por requerer pouca água, a produção de

mel começa a ganhar força, principalmente nos municípios de

Araripina, em Pernambuco, Limoeiro do Norte, no Ceará, e Picos,

no Piauí, que estão entre os maiores produtores do país em 2011.

As condições climáticas também permitem que o Nordeste tenha

significativa produção comercial de peixe. A região concentra

79% da produção nacional de pescados marinhos em 2010.

A cana-de-açúcar é o produto agrícola que se destaca, mas

as lavouras irrigadas de frutas tropicais vêm crescendo em

importância na produção nacional. Na última década, a plantação

de frutas triplica e substitui as tradicionais, como a do feijão.

Juazeiro (BA) e Petrolina (PE) são líderes na produção nordestina.

A Bahia é a segunda maior produtora e exportadora

nacional de frutas frescas e ainda segunda no ranking de produção

de bananas no Brasil. Grande parte da uva de mesa produzida no

país é originária desse polo (a região do Vale do São Francisco), e

há iniciativas de plantio de variedades para a produção de vinhos.

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O Nordeste é o maior produtor de

manga. Destacam-se, também, acerola, melão e goiaba. O melão é

importante ainda no Rio Grande do Norte e no Ceará. UF CAPITAL POP.ABSOLUTA POP. RELATIVA

Alagoas Maceió 3.165.472 114 hab./km2

Bahia Salvador 14.175.341 25,1 hab./km2

Ceará Fortaleza 8.606.005 57,8 hab./km2

Maranhão São Luís 6.714.314 20,2 hab./km2

Paraíba João Pessoa 3.815.171 67,6 hab./km2

Pernambuco Recife 8.931.028 91 hab./km2

Piauí Teresina 3.160.748 12,6 hab./km2

Rio Grande do Norte Natal 3.228.198 61,1 hab./km2

Sergipe Aracaju 2.110.867 96,3 hab./km2

A presença de um grande número de unidades políticas na

região se deve muito mais aos aspectos históricos do que às

diferenças na paisagem natural ou mesmo às dimensões dessas

unidades. O Nordeste foi a primeira região do Brasil a ser ocupada

pelos portugueses, que com a chegada de Pedro Alvares Cabra em

1 500 trouxeram os primeiros colonizadores.

O RELEVO E A HIDROGRAFIA

O relevo nordestino subdivide-se em sete unidades, sendo

quatro planaltos, duas depressões e uma planície, porém apenas

três delas apresentam uma extensão territorial significativa.

Entre as formações planálticas, destacam-se os terrenos

sedimentares dos planaltos e chapadas da bacia do Parnaíba, que

ocupam grande parte da porção ocidental do Nordeste,

especialmente na faixa que compreende os estados do Maranhão e

do Piauí, onde encontramos a chapada do Ibiapaba. A seguir,

destacam-se os terrenos pré-cambrianos dos planaltos e serras do

Atlântico-leste-sudeste ocupando o Centro-Sul da Bahia com a

presença marcante da chapada Diamantina. Em menores

proporções, surgem os terrenos pré-cambrianos dos planaltos e

serras de Goiás-Minas no Oeste baiano.

O planalto da Borborema está localizado na porção

oriental do Nordeste, particularmente no estado de Pernambuco.

Suas altitudes superam os 1 000 m.

Entre as duas depressões, a de maior realce é a depressão

Sertaneja e do São Francisco, que ocupa uma grande área na

porção Centro-Leste da região, acompanhando todo o vale médio

do rio, onde também encontramos as chapadas do Araripe

(Pernambuco e Ceará) e do Apodi (Rio Grande do Norte). Existe

uma estreita faixa de terras da depressão do Tocantins, na fronteira

ocidental do Nordeste.

Finalmente, temos a alongada mas estreita faixa de terras

que compreendem as planícies e tabuleiros litorâneos, que se

estendem por toda a costa nordestina, desde o Maranhão até o Sul

da Bahia, onde encontramos as principais cidades do Nordeste.

A hidrografia nordestina é composta por uma grande rede

de rios que se agrupam na:

bacia do São Francisco

bacias do Nordeste e do Leste.

A bacia de maior destaque, sem dúvida, é a do rio São

Francisco. Esse rio tem uma extensão que supera a marca dos

3000 km e atravessa terras de quatro estados nordestinos:

Bahia

Pernambuco

Alagoas

Sergipe.

Apresentando um percurso com inúmeras quedas d'água,

passou a ser um dos rios mais aproveitados para a geração de

energia, através de usinas hidrelétricas instaladas em represas

como:

Três Marias

Sobradinho

Itaparica

Paulo Afonso

Xingó.

Há ainda um longo trecho navegável, cerca de 1 000 km,

desde a cidade de Pirapora (Minas Gerais) até Juazeiro (Bahia) e

Petrolina (Pernambuco).

As bacias do Nordeste ocupam a faixa mais setentrional da

região, estendendo-se do Maranhão até Alagoas.

Encontramos no seu interior rios perenes (com água o ano

todo) como o:

o Parnaíba;

o Mearim;

o Itapecuru.

E rios temporários (parte do ano ficam secos) como:

o o Jaguaribe,

o o Apodi

o o Piranhas.

Nessa área é que se localizam os açudes, represas que

visam reter a água para amenizar o efeito dos longos períodos de

seca, cujo maior exemplo é o:

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o açude de Orós no rio Jaguaribe no Ceará.

As bacias do Leste abrange os litorais de Sergipe e Bahia

e é formada por pequenos rios que descem as serras do planalto

em direção ao Atlântico. Destacam-se os rios:

o Paraguaçu, cuja foz está em Salvador, na Bahia

o Jequitinhonha, cuja foz se localiza no Sul da

Bahia.

O CLIMA E A VEGETAÇÃO

A região Nordeste está em sua totalidade localizada em

baixas latitudes, na faixa intertropical do país, por isso seu clima

está sob o domínio de temperaturas elevadas o ano todo, porém

com grandes disparidades na quantidade e distribuição das chuvas.

Nessas condições, é possível distinguir-se três climas no

interior do Nordeste: o tropical, o semiárido e o equatorial úmido.

O clima tropical, com temperaturas elevadas o ano todo e

chuvas concentradas no verão, é o que predomina no território

nordestino, estendendo-se desde a faixa central do Maranhão até o

Sul da Bahia, além de atingir todo o litoral.

O clima semiárido, com temperaturas elevadas o ano todo,

mas com chuvas escassas e irregulares, aparece em uma grande

área do interior nordestino, conhecida como "polígono das secas",

que acompanha o vale médio e inferior do rio São Francisco.

O clima equatorial úmido, com temperaturas elevadas

e chuvas intensas o ano todo, aparece no Oeste do Maranhão,

razão pela qual essa área faz parte do complexo regional da

Amazônia.

A vegetação, quase sempre, é um reflexo do clima, e no

caso da região Nordeste, essa relação é facilmente percebida, pois

a distribuição das principais formações vegetais reflete a

diversidade climática regional.

No Oeste do Maranhão, área do clima equatorial úmido,

aparece a floresta latifoliada equatorial; no Leste do Maranhão e

no Piauí, onde se observa uma transição climática do úmido para o

seco, aparece a mata dos Cocais; na faixa atlântica, que recebe

toda a umidade oceânica, tivemos a presença da Mata Atlântica

(hoje muito devastada). O interior semiárido é dominado pela

caatinga, formação característica de áreas secas; nos trechos do

interior onde predomina o clima tropical, a formação típica é o

cerrado, enquanto, no litoral, encontramos formações de mangues

e dunas.

A paisagem climatobotânica do Nordeste vêm sofrendo

uma rápida degradação, justificando até que se fale hoje em

processo de desertificação.

EXTRATIVISMO VEGETAL

A Mata do Cocais é a principal área do extrativismo

vegetal do Nordeste. A carnaúba e o babaçu são as duas

principais espécies. Ceará e Piauí lideram na produção de

carnaúba. Maranhão lidera a produção de coco de babaçu (Vale do

Itapecuru). Outros produtos: mamona (BA), oiticica (CE), sisal

(BA/PE), coco (BA). Etc.

EXTRATIVISMO MINERAL

Diversos produtos são encontrados na região nordestina:

petróleo, sal, xilita, urânio, potássio, cobre etc.

Petróleo: É o principal recurso mineral da região, extraído

em diversos estados, na Plataforma Continental e no

continente. Salvador (BA) destaca-se como porto exportador.

Sal: é extraído na orla litorânea do Rio Grande do Norte

(Mossoró, Macau e Areia Branca) e Ceará (Aracatí, Fortaleza

e Camocim). O Rio Grande do Norte é o maior produtor

nacional. O sal é transportado pela estrada de ferro Mossoró e

exportado pelos portos de Macau e Areia Branca.

Xilita: (tungstênio) é um mineral radioativo, cujas maiores

jazidas localizam-se no Rio Grande do Norte, primeiro

produtor do país.

Urânio: As maiores jazidas deste mineral atômico foram

descobertas em Itatira (CE)

Cobre: O Estado da Bahia possui grandes reservas

(Jaguarari).

Outros recursos: salgema (Alagoas), potásio (Sergipe), ouro

e diamante (Bahia)etc.

O QUADRO HUMANO

O Nordeste é a segunda região mais populosa do país,

sendo superada apenas pelo Sudeste. Em virtude de ser também de

grande extensão, apresenta uma densidade demográfica de 28,96

habitantes por quilômetro quadrado, índice inferior apenas ao

Sudeste e ao sul.

Observamos outros indicadores, tais como o número de

analfabetos e a taxa de mortalidade infantil. O Nordeste abriga

50,4% dos analfabetos do país, com um contingente de 9,7

milhões de pessoas que não sabem ler nem escrever.

A taxa de mortalidade infantil (morte de crianças com

menos de um ano de idade), que no Brasil já é considerada alta

(46%), atinge na região Nordeste, em média, 60%, sendo que em

Alagoas esse valor alcança a absurda marca de 113%.

Destaque-se, no entanto, que esses valores estão

diminuindo nos últimos anos, significando que está ocorrendo

uma pequena melhora nas condições sociais da população

nordestina.

AS MIGRAÇÕES

Uma característica marcante da população nordestina é o

seu intenso movimento migratório, tanto intra regional quanto

extra regional.

No primeiro caso, a migração ocorre em função da seca,

fenômeno climático extremamente comum nas áreas interioranas

que formam o chamado Sertão nordestino. Parte da população

afetada pela estiagem, principalmente pequenos proprietários

rurais e posseiros que não têm acesso aos açudes e nem têm

dinheiro para "comprar água" dos grandes fazendeiros, tem de

migrar do Sertão árido para o litoral úmido. Essas pessoas se

empregam em trabalhos sazonais, esperando retornar às suas terras

no interior tão logo a seca termine.

Esse tipo de migração, temporária e reversível, denomina-

se transumância, e o trabalhador que a realiza é conhecido

regionalmente como Corumbá. Frequentemente o migrante decide

não mais voltar ao Sertão, uma vez que as condições permanecem

precárias mesmo com a volta das chuvas, e fixa-se nas cidades da

região. Acaba sobrevivendo de trabalhos esporádicos no

subemprego, inchando o contingente da população periférica e

caracterizando o produto desse intenso êxodo rural.

Quanto ao movimento extra regional, notamos que o

Nordeste transformou-se em uma área repulsora de população nas

últimas década. De 1940 até 1995, a região perdeu mais de 15

milhões de habitantes, principalmente para áreas do Sudeste, que

se industrializaram nesse período, e para áreas da Amazônia,

formando as frentes pioneiras.

Essa saída em massa de nordestinos está dominantemente

relacionada às precárias condições de vida de grande parte da

população regional e ao agravamento das disparidades

socioeconômicas entre as regiões brasileiras. Os aspectos

políticos, econômicos e sociais são muito mais determinantes do

que os aspectos climáticos nessa forte migração para outras partes

do país. Mas, atualmente dados do IBGE têm indicado períodos de

aumento da imigração de retorno, principalmente vinda do

Sudeste.

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A AGROPECUÁRIA

A agropecuária é a principal atividade econômica do

Nordeste, tanto pelo valor da produção como pela quantidade de

mão-de-obra empregada. A região possui 48,2% dos

estabelecimentos rurais e ocupa 20,5% de toda a área rural

brasileira, absorvendo um contingente de mão-de-obra equivalente

a 44,6% do total dos trabalhadores brasileiros do campo.

O mau uso do solo na região Nordeste é um dos fatores

responsáveis pelos mais sérios problemas que afetam a população

regional, pois somente cerca de 15% de seu espaço rural pode ser

considerado área produtiva.

No entanto, sua agricultura é bastante diversificada, tendo

em vista as enormes diferenças naturais, sociais e econômicas. De

acordo com essas diferenças, é possível distinguirmos no Nordeste

quatro sub-regiões:

Zona da Mata, a mais desenvolvida de todas;

Agreste, uma estreita faixa de terras vizinha à Zona da

Mata;

Sertão, a de maior extensão e também a de maiores

problemas;

Meio-Norte, a menos ocupada populacional e

economicamente.

SUBREGIÕES DO NORDESTE

Zona da Mata

Corresponde à faixa oriental do Nordeste, estendendo-se

desde as proximidades de Natal, no Rio Grande do Norte, até a

extremidade sul da Bahia.

Os fatores naturais sempre foram bastante favoráveis à

atividade agrícola, pois a presença do massapé, solo muito fértil e

profundo, rico em argilas e matéria orgânica, aliada à ocorrência

do clima tropical, que sofre grande influência da umidade

oceânica, contribuiu para a implantação e o desenvolvimento da

cultura canavieira desde o século XVI.

A estrutura agrária se caracteriza pelo domínio das

grandes propriedades, quase sempre voltadas para a monocultura

comercial, com escassa mecanização, tanto para a exportação

quanto para o abastecimento do mercado interno.

Os principais produtos cultivados são:

a cana-de-açúcar; que teve seu apogeu no período colonial

mas que agora, com o Proálcool, sofreu uma forte reativação;

o tabaco, produto cultivado durante longo tempo na área do

Recôncavo Baiano, já foi um importante item de exportação,

mas hoje está em decadência;

o cacau, cuja produção - quase toda para exportação esteve

dominantemente concentrada na região de Ilhéus e Itabuna,

porém atualmente apresenta sérios problemas no seu

desenvolvimento.

Agreste

Corresponde a uma estreita faixa de terras que se localiza

entre a Zona da Mata, área muito úmida, e o Sertão, região de

clima seco, estendendo-se do Rio Grande do Norte até a Bahia

paralelamente à Zona da Mata. Suas condições naturais

caracterizam-na como uma área de transição, pois apresenta um

clima semiúmido na passagem entre o úmido do litoral e o seco do

interior, e uma vegetação pouco definida, mudança entre a mata

exuberante do litoral e a caatinga do Sertão.

Sua estrutura agrária é caracterizada pelo domínio das

pequenas propriedades que utilizam o trabalho familiar, dedicadas

à policultura de pequeno mercado, ou, nos casos dos minifúndios

que aí aparecem, à subsistência. Merece destaque também a

existência de uma importante lavoura comercial de algodão para

abastecimento das indústrias têxteis nordestinas e, em alguns

pontos, a presença de lavoura comercial de alimentos para

abastecimento das populações das grandes cidades litorâneas.

Sisal ou agave, planta que fornece fibra de uso industrial. É

cultivado principalmente na região do Agreste (Paraíba).

Sertão

Corresponde à maior das divisões internas da região,

abrangendo cerca de 3/4 do Nordeste. Ocupa uma larga faixa de

terras no interior, estendendo-se desde o litoral do Ceará e Rio

Grande do Norte até o Sul e o Oeste baianos, atravessando as

fronteiras regionais e ocupando, o Norte e o Nordeste de Minas

Gerais.

Caracteriza-se pelas condições desfavoráveis à agricultura,

já que ocorre o predomínio do clima semiárido, com temperaturas

elevadas e chuvas escassas e irregulares, solos arenosos e rasos e

uma rede hidrográfica de rios intermitentes.

Em algumas áreas mais úmidas, como nos sopés das

chapadas, a existência de climas úmidos permite a prática de uma

pequena policultura de subsistência ou de mercado local. Ao

longo do vale médio do São Francisco, único rio perene do

Sertão, observa-se a presença de agricultura irrigada para

produção de mamão, melão, melancia, manga, tomate e, com

excepcional sucesso, uva para fabricação de vinho.

A pecuária, por sua vez, é a grande atividade econômica

sertaneja, realizada em enormes latifúndios de forma extensiva,

com péssima qualidade e baixo rendimento. Os animais criados

são bovinos (produção de carne), caprinos (leite) e asininos

(montaria).

Meio-Norte

Corresponde à porção mais ocidental do Nordeste,

abrangendo o estado do Maranhão e parte do Piauí. É também

uma área de transição climática, entre a Amazônia equatorial (o

Oeste do Maranhão) e o Sertão semiárido (o Leste do Piauí).

Suas condições naturais refletem essa transição, com uma

variação muito marcante no índice de chuvas, que diminuem de

oeste para leste, e com a presença de uma vegetação muito

especial, as palmeiras de babaçu e os coqueiros de carnaúba, que

compõem a chamada mata dos Cocais.

A agricultura dessa porção do Nordeste é pobre,

destacando-se apenas a produção de arroz nos vales dos rios

perenes Mearim, Pindaré e Parnaíba, no Maranhão. Ao sul,

especialmente nas terras do Piauí, desenvolve-se a pecuária de

bovinos na área do cerrado. A atividade econômica mais

característica, entretanto, é o extrativismo vegetal baseado na

coleta do babaçu e da carnaúba, que envolve hoje mais de 3

milhões de pessoas.

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OUTROS PRODUTOS:

Feijão: em Irecê na Bahia a maior área produtora de

cereais do Nordeste.

Fumo: no Recôncavo Baiano e baixo vale do rio

Paraguaçu.

Mandioca: produção difundida em todo o Nordeste,

principalmente na Bahia.

A INDÚSTRIA

Entre as bases da industrialização regional, destaca-se a

riqueza em matérias-primas:

de ordem agrícola: cana-de-açúcar para a produção de

açúcar e álcool, algodão para a indústria têxtil, frutas

para a indústria de sucos, cacau para a indústria

alimentícia e tabaco para a indústria de charutos, hoje

em franca decadência,

de ordem extrativa vegetal: cera de carnaúba, óleos de

babaçu e de oiticica e fibras vegetais, como o caroá, a

piaçava e o sisal;

de ordem extrativa mineral: cobre e chumbo (Bahia),

tungstênio (Rio Grande do Norte) e sal (Rio Grande do

Norte e Ceará). Destaque-se que a produção salineira

nordestina corresponde a cerca de 80% do total

nacional, o que se deve, em grande parte, às condições

naturais de clima quente e seco e um litoral raso, que

favorecem extremamente a elevada salinidade das águas

e a extração do sal.

O potencial hidrelétrico do São Francisco é de grande

importância para o desenvolvimento regional. As principais usinas

são Sobradinho, Itaparica atualmente chamada de (Usina

Hidrelétrica Luiz Gonzaga) , Complexo de Paulo Afonso e Xingó.

No rio Parnaíba, destaca-se a usina Castello Branco.

Outros recursos energéticos importantes são petróleo e o gás

natural, explorados sobretudo nos litorais do Rio Grande do Norte

e Sergipe-Alagoas e no Recôncavo Baiano. Juntos, são

responsáveis por quase 35% da produção nacional desses

combustíveis.

O desenvolvimento industrial da região se deu a partir da

criação da Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste

(Sudene) em 1959. Esse órgão criou uma política de incentivos

fiscais, que atraiu capitais e empresas do Centro-Sul e do exterior

pala a região, tendo implantado até hoje mais de 1 000 projetos

industriais.

Os principais centros industriais localizam-se nas regiões

metropolitanas, sendo as indústrias mais tradicionais as

alimentícias e têxteis, seguidas das metalúrgicas, químicas e de

produtos eletroeletrônicos.

A região metropolitana de Recife é sem dúvida a mais

influente área de concentração industrial de todo o Nordeste, onde

se destacam três centros industriais Cabo, Jaboatão e Paulista,

voltados principalmente às indústrias têxteis e alimentícias.

A região metropolitana de Salvador é a segunda área em

importância industrial do Nordeste, mas é a que tem apresentado o

maior crescimento industrial nos últimos anos. Entre os fatores

que contribuem para esse crescimento, estão a exploração de

petróleo no Recôncavo e a implantação do polo petroquímico de

Camaçari, além da presença da mais antiga refinaria da Petrobrás,

a Refinaria Landulfo Alves, em Mataripe. Igualmente influente é o

Centro Industrial de Aratu, nas proximidades de Salvador(BA),

abrigando, desde fábricas de cimento até metalúrgicas.

A região metropolitana menos desenvolvida

industrialmente é a de Fortaleza, que apresenta como ramos de

maior expressão o têxtil, o alimentício e o químico.

ÓRGÃOS QUE ATUAM NO NORDESTE:

SUDENE (Superintendência de Desenvolvimento do

Nordeste). Com sede em Recife (PE). Apoia o

desenvolvimento regional, incentivando principalmente

o setor industrial.

POLONORDESTE (Programa de Desenvolvimento de

Áreas Integradas do Nordeste). Criado em 1.974,

objetiva transformar as condições de produção do meio

rural do Nordeste, mediante a modernização de

atividades agrícolas e pecuárias em áreas selecionadas.

CODEVASF (Companhia de Desenvolvimento do Vale

do São Francisco).Trata da irrigação e desenvolvimento

da região semiárida do São Francisco

CODEVALE (Companhia de Desenvolvimento do Vale

do Jequitinhonha).

PROTERRA ( Programa de Redistribuição de Terras e

de Estímulos à Agroindústria do Norte e Nordeste)

CHESF ( Companhia Hidrelétrica do São Francisco).

Promove o aproveitamento energético deste rio: usinas

de Paulo Afonso, Sobradinho, Moxotó, Itaparica ou

Usina Hidrelétrica Luiz Gonzaga e Xingó.

DNOCS (Departamento Nacional de Obras Contra as

Secas). Através de uma política de irrigação, de

açudagem, procura atacar o problema maior da região: a

seca.

COHEBE ( Companhia Hidrelétrica da Boa Esperança).

Promove o aproveitamento hidrelétrico do rio Parnaíba

(MA/PI), através da Usina Presidente Castelo Branco.

COPENE (Companhia Petroquímica do Nordeste).

Sede em Camaçari (BA) FINOR (Fundo de

Investimento do Nordeste).

28 - REGIÃO SUL

DIVISÃO POLÍTICA

O Sul é a menor das cinco macrorregiões brasileiras, com

575315 km2, o que equivale apenas a 6,8% do território nacional.

Sua população absoluta, porém, é a terceira maior do país, inferior

à do Sudeste e à do Nordeste. É também a região menos

subdividida em unidades, pois é composta por três estados:

Paraná, Rio Grande do Sul e Santa Catarina.

A região Sul, sob o enfoque da divisão do país em cinco

macrorregiões pelo IBGE, apresenta uma série de elementos

comuns no seu interior, como o clima subtropical e a vegetação de

araucárias, as influências históricas e demográficas da imigração

europeia e uma economia moderna, mas ainda bastante vinculada

ao campo.

DISTRIBUIÇÃO DA POPULAÇÃO- REGIÃO SUL(2013)

ESTADO CAPITAL POP. ABSOLUTA POP. RELATIVA

Santa Catarina Florianópolis 6.383.286 hab. 66,7 hab./km²

Paraná Curitiba 10.577.755 hab. 53,1 hab./km²

Rio Grande do Sul Porto Alegre 10.770.603. hab. 38,2 hab./km2

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GEOGRAFIA DO BRASIL

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Tais elementos fornecem uma

certa homogeneidade a esse conjunto de três estados e justificam a

existência dessa divisão regional.

Ao analisarmos, no entanto, a divisão do país segundo os

grandes complexos regionais, não há a menor dúvida em

classificar esses três estados meridionais, em sua totalidade, como

parte importante do complexo regional do Centro-Sul, que

congrega as áreas mais desenvolvidas social e economicamente de

todo o território nacional.

A economia industrial desses três estados, assim como a

agropecuária, se desenvolve com a utilização de tecnologias

avançadas e aplicação de grande volume de capital, refletindo em

um padrão social mais elevado e tornando o Sul uma das regiões

mais desenvolvidas do país.

O RELEVO E A HIDROGRAFIA

O relevo da região Sul apresenta-se subdividido em seis

unidades, sendo três planaltos, duas depressões e uma planície,

com o domínio das médias e baixas altitudes- variando em torno

de 600 a 800 m- com exceção da faixa atlântica, que atinge marcas

superiores aos 1 000 m.

A maior parte da região é caracterizada pelo relevo dos

planaltos e chapadas da bacia do Paraná, formação tipicamente

sedimentar com terrenos das eras Paleozoica e Mesozoica.

A planície da lagoa dos Patos e Mirim tem como

características sua localização em quase todo o litoral do Rio

Grande do Sul e sua origem marinha e lacustre.

A hidrografia da região Sul é marcada pela presença de

três grandes bacias: a do Paraná, a do Uruguai e a do Sudeste,

sendo que as duas primeiras fazem parte da bacia hidrográfica

Platina:

O grande destaque da hidrografia regional é a bacia do

Paraná, que no Brasil ocupa uma área da ordem de 1,4 milhão de

km2 (25% desse espaço está na região Sul) e apresenta uma

enorme capacidade de geração de energia hidrelétrica. No rio

Paraná, que é o principal rio dessa bacia, no trecho localizado na

fronteira entre o Brasil e o Paraguai, foi instalada a Usina de

Itaipu, atualmente a maior do mundo. Ela abastece o Brasil e o

Paraguai. Entre os seus afluentes na região há também grande

aproveitamento hidrelétrico, especialmente nos rios Paranapanema

e Iguaçu.

A bacia do rio Uruguai ocupa uma pequena área no país,

cerca de 180 mil km2, mas está totalmente na região Sul. O rio

Uruguai nasce na confluência dos rios Canoas e Pelotas, na divisa

entre os estados de Santa Catarina e Rio Grande do Sul. No seu

trajeto ainda marca as fronteiras entre os dois estados, depois

separa o Brasil da Argentina e a Argentina do Uruguai. E, no

entanto, uma bacia pouco aproveitada tanto para a geração de

energia quanto para a navegação. Seu uso mais importante se dá

na agricultura, irrigando largas áreas de cultivo regional,

especialmente as de lavoura de arroz.

Os rios das bacias do Sudeste estão localizados na porção

oriental da região Sul e deságuam no oceano Atlântico. Destacam-

se o rio Itajaí, no Leste de Santa Catarina, que é hoje uma

importante área industrial do estado; o rio Tubarão, no Sudeste

catarinense, área conhecida pela presença das minas de carvão; e o

rio Jacuí, no Rio Grande do Sul.

O CLIMA E A VEGETAÇÃO

O clima da região Sul é o mais diferenciado do restante

dos climas brasileiros, o que se deve principalmente à sua posição

geográfica, já que a quase totalidade da região se localiza abaixo

do trópico de Capricórnio.,

Na região Sul, observamos o predomínio do clima

subtropical, que apresenta as médias térmicas mais baixas do país,

chuvas bem distribuídas ao longo do ano, porém com pouca

intensidade, e as quatro estações bem definidas.

Na porção centro-leste, na faixa entre Curitiba e Porto

Alegre, o inverno é rigoroso e a ocorrência de neve se verifica de

forma mais frequente. Nas porções centro-oeste e sul, o clima é o

subtropical típico, com verão quente, inverno frio, primavera e

outono com temperaturas médias. E nessa parte do pais que

encontramos as maiores amplitudes térmicas anuaís.

No Norte paranaense, na área atravessada pelo trópico de

Capricórnio, em torno das cidades de Maringá e Londrina,

encontramos o clima tropical de altitude, com médias térmicas

mais elevadas que as outras porções da região Sul e com as chuvas

concentradas no verão. Disso resultam apenas duas estações: a das

chuvas e a das secas.

A história da ocupação regional, que caracteriza a segunda

metade do século passado e a primeira deste como o período da

grande imigração para a região Sul, trouxe como consequência um

forte processo de devastação vegetal. A destruição da vegetação

ocorreu, no inicio, para a fixação dos colonos na área; depois, para

a utilização como energia a fim de implantar espaços

agropecuaristas; e mais recentemente, para atender às

necessidades das grandes madeireiras e indústrias de papel e

celulose. Assim, a paisagem botânica original já foi quase

totalmente extinta.

A formação mais típica que existia na e a mata de

Araucárias, que se estendia por todo o planalto da bacia do Paraná,

na porção centro-ocidental da região, do Paraná ao Rio Grande do

Sul. A exploração do pinho e as queimadas para expansão da

agropecuária destruíram quase que completamente as reservas

naturais de pinheiros. Destaque-se, no entanto, que essa é a única

formação vegetal no Brasil em que é comum a prática do

reflorestamento, porém quase sempre com espécies estrangeiras,

como o eucalipto e o pinus, que não repõem todos os elementos do

ambiente nativo destruído.

EXTRATIVISMO VEGETAL

Podemos destaca como extrativismo vegetal o “pinheiro

de Paraná”, associado à imbuia ao cedro e à erva mate, a

exportação é feita pelos portos de São Francisco do Sul

(SC) e Paranaguá (PR).

EXTRATIVISMO MINERAL

Os recursos minerais do Sul são:

o Carvão (SC/RS),

o xisto betuminoso (PR),

o cobre (RS),

o chumbo (PR).

O carvão é extraído em Santa Catarina (primeiro produtor

nacional) e Rio Grande do Sul.

O QUADRO HUMANO

A região Sul possui uma população absoluta de 27 384

815 habitantes (IBGE 2010), o que a coloca em 3º lugar no pais,

superada pelas regiões Sudeste e Nordeste. O Rio Grande do Sul é

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o seu estado mais populoso (9,5

milhões de habitantes), seguido do Paraná (8,7 milhões de

habitantes).

AS MIGRAÇÕES E A URBANIZAÇÃO

A composição étnica da população regional é

predominantemente branca, com pequena participação dos outros

elementos da nossa etnia, ou seja, os negros, os índios e a

população miscigenada. Tal fato se dá em virtude de o

povoamento da região ter se caracterizado pelas correntes

imigratórias vindas da Europa, a partir da segunda metade do

século, XIX.

Grande parte do Sul do país foi povoada por meio da

implantação de colônias agrícolas de imigrantes, que se

instalavam em pequenas propriedades e dedicavam-se à atividade

agrícola, sobretudo à policultora. Os principais grupos de

imigrantes foram os alemães, os italianos e os eslavos (poloneses,

ucranianos, etc.). A imigração japonesa se deu posteriormente, em

meados do século XX, restringindo-se ao Norte do Paraná.

As principais colônias deram origem a importantes

cidades, como Blumenau, Itajaí, São Leopoldo e Novo Hamburgo,

fundadas por alemães, e Criciúma, Garibaldi, Bento Gonçalves e

Caxias do Sul, de colonização italiana.

Entre 1950 e 1970, a urbanização do Sul foi muito lenta.

Isso deveu-se ao fato de a estrutura agrária regional, influenciada

pelo imigrante europeu, basear-se na pequena propriedade

policultora de base familiar. Essa situação favorecia a fixação dos

habitantes no meio rural, retardando o processo de urbanização.

A partir da década de 70, no entanto, houve uma profunda

mudança nessa estrutura tradicional, com a expansão das lavouras

comerciais de exportação. Destacou-se o plantio da soja em

grandes propriedades e com forte mecanização agrícola.

O desenvolvimento da lavoura agroexportadora significou

uma considerável valorização do solo na região, estimulando

pequenos proprietários a vender suas terras e adquirir outras

propriedades maiores nas frentes pioneiras no Norte e Centro-

Oeste.

Com a mecanização, milhares de trabalhadores rurais

perderam emprego. Viram-se obrigados a migrar para as cidades

da região - êxodo rural -, especialmente na direção das regiões

metropolitanas de Curitiba e Porto Alegre, o que explica o fato de

a região Sul ter hoje 74,1% de sua população vivendo em cidades.

A AGROPECUÁRIA

A economia da região Sul sempre dependeu da

agropecuária, seja para abastecer a população regional de

alimentos, seja para a geração de divisas com a exportação, seja

para atender às necessidades da importante indústria que lá se

implantou. Predomina a grande propriedade de criação de gado,

chamada de estância.

Os trabalhadores empregados nas estâncias os “peões”,

são pouco numerosos, como acontece nas áreas de pecuária de

corte em que o gado é criado solto nos campos.

Na região Sul do Brasil, a criação de gado encontrou clima

ameno, vegetação rasteira com bons pastos (campos limpos),

relevo suave (coxilhas- Campanha Gaúcha) e a preocupação com

a seleção de raças.

A principais áreas pastoris são:

Campanha Gaúcha, (pecuária de corte – gado

selecionado), com criação semi intensiva.

Campos de Vacaria, (Planalto Gaúcho/ RS e Lages/

SC), pecuária de corte.

Segundo Planalto Paranaense (Guarapuava e Palmas).

Os principais centros pastoris da Campanha Gaúcha são:

Uruguaiana, Santana do Livramento e Bagé.

Estâncias: estabelecimentos típicos de criação de gado

da Campanha Gaúcha.

AS PRINCIPAIS ÁREAS AGRÍCOLAS

As principais áreas agrícolas da região Sul coincidem com

as de fixação dos imigrantes europeus. Cada família imigrante

recebeu um pequeno lote de terra em áreas florestadas, onde

desenvolveu a policultura, inicialmente para subsistência e

posteriormente com fins comerciais. Tal influência histórica

marcou fortemente a estrutura agrária do Sul, que apresenta até

hoje o predomínio de pequenas propriedades policultoras, muito

embora em algumas dessas áreas essa estrutura foi sendo

transformada para a produção moderna e mecanizada em grandes

propriedades.

No Norte do Paraná, a presença dos solos de terra roxa e

do clima tropical de altitude favoreceram o desenvolvimento das

culturas do café e do algodão, que hoje estão sendo substituídas,

respectivamente, pela soja e pela cana-de-açúcar. Ao mesmo

tempo vem a transformação do trabalho manual em produção

mecanizada.

Na porção central do estado, na área da depressão

Periférica, destacam-se a cultura da batata em pequenas

propriedades e a pecuária bovina de corte, criada de forma

extensiva. A oeste, predomina a cultura da soja, seguida da do

trigo, que em alguns casos são plantados em rotação no mesmo

espaço. Isso constitui uma forma tradicional do uso do solo trazida

ao Brasil pelos imigrantes.

As principais regiões agrícolas de Santa Catarina são o

vale do Itajaí e o vale do rio do Peixe. No vale do Itajaí, localizado

no Leste e Nordeste do estado, se produz principalmente o arroz e

o fumo, este último voltado para o abastecimento das indústrias de

cigarros instaladas na região. Já no vale do rio do Peixe, no centro-

oeste catarinense, é importante a produção de milho associada à

criação de suínos. Essa é a principal atividade econômica do vale,

ligada à implantação de diversos frigoríficos, sobretudo na região

de Chapecó. A estrutura de produção dominante no estado, sob

forte influência imigratória, é baseada na pequena propriedade

policultora com mão-de-obra familiar.

O Noroeste do Rio Grande do Sul, que engloba os

municípios de Passo Fundo, Erexim e Santa Rosa, é importante

área produtora de soja e trigo, fundamentada na exploração de

grandes propriedades intensamente mecanizadas. Na encosta rio-

grandense, área de colonização italiana com pequenas

propriedades, destaca-se a cultura de uvas.

O fumo é plantado principalmente nas regiões de Santa

Cruz e do Alto Uruguai, e sua produção está voltada para o

abastecimento das indústrias de cigarros instaladas na região.

Na Campanha gaúcha, região de topografia plana e

vegetação rasteira, o destaque é a pecuária extensiva de bovinos,

especialmente com gado de origem europeia, e de ovinos, em que

o Rio Grande do Sul é o primeiro produtor nacional. Nos dois

casos a criação se faz em grandes propriedades, as chamadas

"estâncias".

Apesar do domínio da pecuária, a produção de arroz vem

ganhando importância econômica muito rapidamente na porção

ocidental da Campanha, nos vales dos rios Ijuí, Ibicuí e Quaraí.

Hoje a agricultura regional é uma das mais modernas do

país e é também bastante diversificada, sendo responsável por

grandes produções de soja, trigo, milho, aveia, cevada, centeio,

uva e fumo, (liderança nacional).

Outros produtos que têm peso e destaque na economia da

região: café, arroz, batata, cana-de-açúcar, algodão, amendoim,

feijão e sorgo entre outros.

Soja: cultivada nos estados sulinos, com destaque para o

Paraná e Rio Grande do Sul (Santa Rosa, Cruz Alta e região

das Missões)

Trigo: Rio Grande do Sul (Erechim e Campanha Gaúcha) é o

primeiro produtor nacional, seguido do Paraná e Santa

Catarina.

Uva: Rio Grande do Sul ( Bento Gonçalves, Garibaldi e

Caxias do Sul). Arroz: Rio Grande do Sul (Vale do Jacuí) um

dos maiores produtores do país.

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Milho: amplamente cultivado

nos três estados.

Fumo: (tabaco)Rio Grande do Sul (Santa Cruz do Sul),

maior produtor nacional.

Algodão: cultivado nos três estados, fornece fibras para a

indústria têxtil local.

Feijão: (PR).

Aveia, centeio, cevada, alfafa, linho, cebola (RS),

mandioca e cana-de-açúcar (RS/SC)

Os produtos mais exportados pela região : soja e café.

A INDÚSTRIA

A região Sul é a segunda mais industrializada do país,

participando com 18,2% de toda a produção nacional, sendo

superada apenas pelo Sudeste, que participa com 68,7%. Entre os

principais fatores de seu desenvolvimento industrial, estão as

matérias- primas de origem agropecuária, produzidas na própria

região, a mão-de-obra qualificada do imigrante europeu e a

presença de recursos energéticos, como o potencial hidráulico e as

minas de carvão mineral.

O carvão mineral, que é um combustível fóssil, é utilizado

como fonte de energia em usinas termelétricas e como matéria-

prima na siderurgia para a fabricação do coque metalúrgico. Além

disso, serve para a produção de ácidos na indústria química.

A produção de energia elétrica no Sul é proveniente

sobretudo de usinas hidrelétricas, com destaque para a de Itaipu,

no rio Paraná, e a de Salto Santiago, no rio Iguaçu; ocorre

igualmente a produção termelétrica em usinas como a de Tubarão

(Santa Catarina) e as de Butiá e Candiota (Rio Grande do Sul).

O desenvolvimento industrial da região sempre dependeu

das matérias-primas provenientes da agropecuária, tanto que

muitas das suas principais indústrias são alimentícias, de

frigoríficos, de óleos vegetais, têxtil, madeireira, de calçados e

vestuário. Só mais recentemente é que a região Sul vem

diversificando seu parque industrial, com setores ligados à

metalurgia, automobilística, eletrodomésticos e eletroeletrônicos

que independem das matérias-primas regionais.

A região metropolitana de Porto Alegre é á mais

importante concentração industrial do Sul, possuindo um parque

dos mais diversificados, onde se destacam o refino de petróleo e a

indústria petroquímica em Canoas, a indústria metalúrgica em

Porto Alegre e a tradicional indústria de couro e calçados em São

Leopoldo e Novo Hamburgo. Na região metropolitana de Curitiba, segunda área em

importância industrial no Sul do país, merecem destaque o refino

de petróleo em Araucária, as fábricas de cerâmica em Campo

Largo e São José dos Pinhais, além de indústrias alimentícias,

madeireiras e do setor automobilístico.

Entre os demais centros industriais têm-se, em Santa

Catarina, as cidades de colonização alemã como Blumenau com a

indústria têxtil e Joinville com a de eletrodomésticos, e, no Rio

Grande do Sul, as cidades de Garibaldi, Bento Gonçalves e Caxias

do Sul, de colonização italiana, onde se concentra a indústria

vinícola.

PRINCIPAIS INDÚSTRIAS

Petroquímica: Refinaria Alberto Pasqualini, em Canoas

(RS).

Construção Naval: Estaleiro Soh, em Porto Alegre, o

Rio Grande do Sul está em segundo lugar no setor de

construção naval do Brasil.

Textil: Blumenau e Joinville (SC), áreas de colonização

alemã.

Calçados e artefatos de couro: Novo Hamburgo e São

Leopoldo (RS), Vale dos Sinos.

Madeireira: Indústria de móveis, no Paraná (Ponta

Grossa).

Pesqueira: Nos Estados de Santa Catarina e Rio Grande

do Sul.

Frigorífica: Na Campanha Gaúcha (RS) e no Vale do

Itajaí (SC).

Lanígena: No Estado do Rio Grande do Sul.

Caminhões: Fábrica Volvo, em Curitiba (PR),

fabricação de carroceiras em Caxias do Sul (RS).

Vinícola: Nas áreas de colonização italiana (Caxias do

Sul, Bento Gonçalves, Garibaldi) (RS).

Siderúrgica: Siderúrgica Rio-grandense (Aços Finos

Piratini), localizada em Porto Alegre (RS).

Agroindústria: Setor muito importante no Sul do país,

aproveitando as matérias primas locais como a soja,

milho, algodão, linho, uva, frutas, etc.

Celulose: (papel) Paraná e Rio Grande do Sul.

PORTOS

Os principais portos da Região Sul são: Rio Grande (RS) e

Paranaguá (PR), ambos ligados ao Programa Nacional de

Corredores de Exportação.

Produtos exportados pelo porto de Rio Grande: soja,

trigo e carne

Produtos exportados pelo porto Paranaguá: soja,

café, trigo e madeira.

O porto de São Francisco do Sul escoa a produção

madeireira de Santa Catarina.

ÓRGÃOS QUE ATUAM

SUDESUL (Superintendência do Desenvolvimento do

Sul). Foi criado para apoiar os três Estados do Sul.

COPESUL (polo Petroquímico do Sul), está localizado

em Triunfo (RS).

FECOTRIGO (Federação das Cooperativas do Trigo)

(RS).

IRGA (Instituto Rio-grandense de Arroz) (RS).

ELETROSUL (Centrais Elétricas da Região Sul).

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29 - REGIÃO SUDESTE

DIVISÃO POLÍTICA

A região Sudeste é a quarta do país em extensão, com 924

265 km2 (10,8% do território nacional). Entretanto é a mais

importante macrorregião brasileira, concentrando uma população

de 81,5 milhões de habitantes em 2012, 42% do total brasileiro e

participando com mais de 75% da renda nacional.

E composta por quatro estados: Espírito Santo, Minas

Gerais, Rio de Janeiro e São Paulo.

DISTRIBUIÇÃO DA POPULAÇÃO – REGIÃO SUDESTE-2012 ESTADO CAPITAL POP. ABSOLUTA POP. RELATIVA

Espirito Santo Vitória 3.578.067 hab. 77,6 hab./km2

Minas Gerais Belo Horizonte 19.855.332 hab. 33,9 hab./km2

São Paulo São Paulo 41.901.219 hab. 168,8 hab./km2

Rio de Janeiro Rio de Janeiro 16.231.365 hab. 370,7 hab./km2

Os estados que formam a região Sudeste apresentam

grandes diferenças internas, tanto no quadro natural quanto no

socioeconômico.

Áreas de clima extremamente úmido, como no litoral do

Espírito Santo, ao lado de outras de clima seco, como no Norte de

Minas Gerais; áreas de grande desenvolvimento industrial, como

nas regiões metropolitanas de São Paulo, Rio de Janeiro e Belo

Horizonte, ao lado de outras com produção econômica precária,

como no vale do Ribeira paulista; áreas com qualidade de vida

mais elevada, como na região de Ribeirão Preto - a Califórnia

brasileira - ao lado de outras com graves deficiências sociais,

como no vale do Jequitinhonha, em Minas Gerais.

Tal situação torna realmente muito difícil pensar nesses

quatro estados compondo uma região homogênea, porém é

evidente que, se analisarmos o quadro econômico regional como

um todo, essa é a região mais desenvolvida do país.

A melhor forma de se analisar esse espaço, no entanto, é

considerando principalmente a divisão do país nos grandes

complexos regionais, porque assim estaremos avaliando a relativa

homogeneidade dentro de um território mais amplo,

independentemente das fronteiras estaduais. Nesse caso, a quase

totalidade desses quatro estados está enquadrada no complexo

regional do Centro-Sul, compondo a porção mais desenvolvida do

país.

Há uma parte do Sudeste, o Norte e o Nordeste de Minas

Gerais, que pelas suas condições sociais e econômicas precárias,

bem como pelo domínio da paisagem semiárida, faz parte do

complexo regional do Nordeste, sendo inclusive área de atuação

da Sudene.

O RELEVO E A HIDROGRAFIA

O relevo regional é dominado por um conjunto de terrenos

elevados, onde metade das terras situa-se acima dos 500 m de

altitude e 10% acima dos 1 000 m, tornando essa área conhecida

como a "região das terras altas". É possível definir uma divisão em

seis unidades de relevo, sendo três planaltos - dois deles

correspondendo às unidades dominantes territorialmente, duas

depressões e uma planície.'

Na porção ocidental estendem-se as rochas sedimentares e

vulcânicas dos planaltos e chapadas da bacia do Paraná, que

ocupam quase metade do território paulista e grande parte do

Oeste mineiro. Nessa área observamos a presença dos solos férteis

de terra roxa, que são um dos fatores do grande desenvolvimento

agropecuário regional.'

Na porção leste encontramos as rochas cristalinas dos

planaltos e serras do Atlântico-leste-sudeste, de formação pré-

cambriana, caracterizado pelo domínio de topografia acidentada

com serras e escarpas.

Surgem a serra do Mar, paralela à costa, a serra da

Mantiqueira, mais para o interior, e a serra do Espinhaço, que

abriga as jazidas minerais do Quadrilátero Ferrífero ou Central

(Minas Gerais). Muito frequentemente esse planalto chega até o

oceano Atlântico, dando origem aos paredões íngremes ou

falésias.

Os planaltos e serras de Goiás-Minas aparecem como uma

estreita faixa de rochas cristalinas oriunda do Centro-Oeste. Essa

faixa atinge o Noroeste de Minas Gerais até a serra da Canastra,

onde estão as nascentes do rio São Francisco.

As depressões são representadas por terrenos de formação

sedimentar e ocupam a faixa central da região. A depressão

Sertaneja e do São Francisco tem seu inicio no alto curso do rio

São Francisco e toma a direção do seu vale, avançando pela região

Nordeste. A depressão periférica da borda leste da bacia do Paraná

está representada pelo domínio do relevo de cuestas nas terras

paulistas, na linha divisória com as terras mais altas do planalto a

oeste.

As planícies e tabuleiros litorâneos representam a menor

das unidades do relevo do Sudeste, ocupando uma fina faixa de

terras entre o oceano e o planalto cristalino do Leste,

particularmente na porção mais setentrional desse litoral.

A região Sudeste é drenada pelas bacias hidrográficas

brasileiras do Paraná, do São Francisco, do Leste e do Sudeste.

A bacia do Paraná é a de maior importância na região, pois,

além de ocupar mais da metade do espaço regional, é a de

maior aproveitamento na produção hidrelétrica do país. O rio

Paraná, juntamente com seus formadores e seus afluentes, ao

descer os desníveis do relevo planáltico da bacia do Paraná,

apresenta inúmeras quedas-d'água. Esses saltos foram

aproveitados em usinas hidrelétricas a fim de atender ao

maior parque industrial do pais, que é o Sudeste.

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GEOGRAFIA DO BRASIL

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A bacia do São Francisco localiza-se, em sua maior parte, no Nordeste. Em terras do

Sudeste, restringe-se ao Centro- Norte de Minas Gerais,

trecho em que o rio percorre cerca de 800 dos seus mais de 3

000 km e onde foi instalada a hidrelétrica de Três Marias.

As bacias do Leste correspondem ao conjunto de rios de

pequeno porte que descem as serras para o litoral. Destacam-

se entre eles o Jequitinhonha, que nasce em Minas Gerais e

desemboca na Bahia, o Doce, que deságua no litoral do

Espírito Santo, e o Paraíba do Sul, com foz em Campos, no

Norte fluminense.

As bacias do Sudeste abrangem apenas um pequeno trecho

do litoral sul paulista, onde encontramos a foz do rio Ribeira

de Iguape, cuja nascente se localiza no Paraná:

O CLIMA E A VEGETAÇÃO

A região Sudeste apresenta uma grande diversidade

climática, em função de fatores como a posição geográfica em

baixas latitudes, a presença de um relevo com altitudes elevadas, a

influência da maritimidade, a ação de diferentes massas de ar, etc.

O clima tropical abrange a maior parte da região Sudeste,

envolvendo o Oeste paulista, parte do Triângulo Mineiro, a porção

centro-norte de Minas Gerais e toda a faixa atlântica.

Caracteriza-se por apresentar duas estações bem marcadas,

com um verão muito chuvoso e um inverno com estiagem, às

vezes muito seco. Porém as temperaturas são sempre elevadas.

Destaque-se que no trecho litorâneo, pela influência da

umidade marítima, as chuvas são bem mais frequentes que no

interior, não se definindo claramente um período seco.

No Norte de Minas Gerais, ao contrário, o clima tropical

apresenta características mais próximas do semiárido do Nordeste,

uma vez que as chuvas são escassas e apresentam uma distribuição

mais irregular.

O clima tropical de altitude abrange as áreas mais elevadas

da região Sudeste, como a região serrana de São Paulo e do Rio de

Janeiro, o Centro-Sul de Minas Gerais e parte do Oeste paulista.

Apresenta também duas estações bem definidas, um verão

chuvoso e um inverno mais seco, porém sua maior característica

está nas temperaturas mais brandas, especialmente no inverno, em

função da maior altitude e da influência das massas de ar mais

frias.

O clima subtropical ocorre na porção mais meridional da

região, ao sul do trópico de Capricórnio, em terras paulistas onde a

latitude maior faz com que as temperaturas diminuam

sensivelmente no inverno, definindo uma elevada amplitude

térmica anual. As chuvas, pouco intensas, se distribuem

regularmente por todos os meses do ano.

A vegetação da região Sudeste reflete clima regional,

sendo por isso bastante diversificada. As principais formações

são:

floresta tropical: é a formação dominante na região. Trata-se

de uma vegetação exuberante, com espécies arbóreas de

grande porte, latifoliadas e perenifólias. Apresenta pequenas

diferenças em sua composição segundo a localização

geográfica. Assim, no litoral, corresponde à Mata Atlântica,

mais densa e compacta, em virtude do elevado teor de

umidade da região, sendo também chamada de floresta

tropical úmida de encosta, por se desenvolver sobre o relevo

íngreme da serra do Mar. No interior, recebe a denominação

de mata da bacia do Paraná, por se distribuir pela área dessa

bacia hidrográfica e, quando se localiza nas margens dos rios,

é chamada de mata galeria ou ciliar;

mata de Araucárias: característica de áreas de temperaturas

mais baixas, possui espécies semi caducifólias e

aciculifoliadas, com o predomínio da Araucária angustifólia

(pinheiro-do-paraná), muito utilizada pelas indústrias

madeireiras. Aparece em áreas de latitudes mais elevadas,

como o Sul e Sudoeste de São Paulo, e em áreas de grande

altitude, a exemplo de trechos da serra da Mantiqueira;

cerrado: formação arbustiva, típica do clima tropical, que se

estende por grande parte de Minas Gerais (Norte, Centro e

Oeste), além de aparecer sob a forma de manchas no interior

de São Paulo;

caatinga: formação xerófila que aparece nas áreas do

Sudeste que têm clima mais seco, próximo do semiárido.

Ocorre principalmente no Norte e Nordeste de Minas Gerais,

nos vales do São Francisco e do Jequitinhonha;

campos: formação herbácea que ocorre nos trechos mais

elevados da região, em função da diminuição das médias

térmicas nesses locais, sendo por isso denominada campos de

altitude;

formações litorâneas: vegetação de mangues nas áreas

alagadas pelo mar ou de dunas, nas áreas de praias. E área de

formação muito pobre em virtude da grande influência do sal

nas condições ambientais.

EXTRATIVISMO MINERAL

A região Sudeste abriga uma das mais significativas

províncias minerais do país, o Quadrilátero Central ou Ferrífero,

no Centro-Sul de Minas Gerais, destacando-se as jazidas de, ferro,

manganês, ouro e bauxita.

A qualidade dos minérios, a facilidade de extração e a

proximidade dos principais centros industriais determinaram que o

Quadrilátero Central se transformasse na principal área produtora

de minérios do país. A Companhia Vale do Rio Doce tornou-se

uma das maiores empresas de mineração do mundo.

Ferro: O Quadrilátero Central ou Ferrífero, no Centro de

Minas Gerais, é a maior região produtora do país, formado

pelos municípios de Belo Horizonte, Sabará, Mariana,

Congonhas do Campo, Nova Lima, Ouro Preto e Santa

Bárbara. É o principal recurso mineral da região Sudeste e

exportado pelo porto de Tubarão (Espírito Santo). É

transportado pela Estrada de Ferro Vitória-Minas.

Manganês: extraído em Minas Gerais, Itabira, Conselheiro

Lafaiete (Morro da Mina e Águas Pretas) e São João Del Rei.

Bauxita: (alumínio) encontrado em Poços de Caldas e Morro

do Cruzeiro (MG).

Petróleo: importantes jazidas na Plataforma Continental do

Estado do Rio de Janeiro, nos municípios de Macaé e

Campos. Os poços produtores são: Garoupa, Pargo, Badejo,

Namorado, Enchova, Cherne, Marlim, Albacora, etc. Em são

Mateus, Espírito Santo, se extrai petróleo na Fazenda Cedro.

O Rio de Janeiro é, atualmente o maior produtor de petróleo

do país.

Ouro: Extraído em Morro Velho, mina mais profunda de

ouro do globo (município de Nova Lima) e na mina da

Passagem (município de Mariana), na região do Quadrilátero

Ferrífero (Minas Gerais).

Sal marinho: as principais salinas do Estado do Rio de

Janeiro estão na Região dos Lagos, Cabo Frio maior

produção, Araruama, São Pedro da Aldeia e Saquarema. O

Rio de Janeiro é o segundo maior produtor do país

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Calcário: aflora em Minas Gerais (Patos de Minas), Rio de

Janeiro (Cantagalo) e São Paulo. O calcário é a matéria prima

para fabricação de cimento.

Areias monazíticas: os minerais radioativos são encontrados

ao longo do litoral capixaba (praia de Guarapari e Anchieta) e

fluminense (São João da Barra).

De menor importância, temos o mármore (RJ/MG), amianto

(MG), cristal de rocha ou quartzo (MG), diamante (MG),

talco (MG/RJ).

Leitura complementar

A descoberta de indícios de petróleo no pré-sal foi

anunciada pela Petrobras em 2006. A existência de petróleo na

camada pré-sal em todo o campo que viria a ser conhecido como

pré-sal foi anunciada pelo ex-diretor da ANP e posteriormente

confirmada pela Petrobras em 2007. Em 2008 a Petrobras

confirmou a descoberta de óleo leve na camada sub-sal e extraiu

pela primeira vez petróleo do pré-sal.

Em setembro de 2008, a Petrobras começou a prospectar

petróleo da camada pré-sal em quantidade reduzida. Esta

exploração inicial ocorre no Campo de Jubarte (Bacia de

Campos), através da plataforma P-34. A Petrobras afirma já

possuir tecnologia suficiente para extrair o óleo da camada. O

objetivo da empresa é desenvolver novas tecnologias que

possibilitem maior rentabilidade, principalmente nas áreas mais

profundas.

O QUADRO HUMANO

A região Sudeste é a mais populosa e povoada do país.

Abriga os estados mais populosos do Brasil, São Paulo e Minas

Gerais, e também o mais povoado, o Rio de Janeiro.

O crescimento da população regional foi muito mais

acelerado que o das demais regiões brasileiras, pois o Sudeste tem

sido, historicamente, uma região de forte atração populacional,

tanto para os migrantes vindos de outros países quanto para os que

vêm de outras regiões do Brasil. Isso é consequência de seu

dinamismo econômico iniciado com a expansão da cafeicultura.

Mais da metade dos imigrantes fixaram-se em São Paulo,

atraídos pela expansão da cultura do café no interior do estado em

fins do século passado. Essa imigração ocupou toda a faixa central

e ocidental de São Paulo e estendeu-se pelo Sul e Oeste de Minas

Gerais.

Dentre os principais grupos imigrantes dessa época,

destacam-se os italianos (São Paulo – sistema de parceria e

Espírito Santo), os suíços (Rio de Janeiro, Nova Friburgo e

Petrópolis), os portugueses, os espanhóis, os alemães e os

japoneses (São Paulo chá e arroz - horticultura no Vale Ribeira do

Iguape). Tiveram um papel fundamental não só no

desenvolvimento agrícola, como também no crescimento do

parque industrial regional e brasileiro. Convém lembrar que parte

dos imigrantes eram originários de cidades e alguns eram ex

operários industriais em seus países, formando aqui uma mão-de-

obra qualificada, fator de extrema relevância para a indústria

nascente do pais.

Após a grande crise de 1930, a economia do Sudeste

entrou em um processo de diversificação, principalmente com a

implantação industrial; a região se transformou em grande polo de

atração das migrações internas, provenientes sobretudo do

Nordeste.

A URBANIZAÇÃO

A região Sudeste é a mais urbanizada do país, com 88% dos

seus habitantes vivendo em cidades.

A concentração da produção industrial no Sudeste está na

raiz da urbanização, pois as principais áreas industriais da região

transformaram-se nos mais dinâmicos polos de atração migratória

num sentido amplo.

As três maiores regiões metropolitanas brasileiras estão

localizadas no Sudeste: a Grande São Paulo, a Grande Rio de

Janeiro e a Grande Belo Horizonte que em conjunto abrigam cerca

de 30 milhões de habitantes, ou seja, 20% da população total do

país.

A Grande São Paulo, por sua vez, é a maior de todas as

regiões metropolitanas do país, compondo um total de 38

municípios conturbados e uma população da ordem de 16 milhões

de habitantes (praticamente metade da população de todo o estado

de São Paulo).

Segundo dados divulgados recentemente pelo IBGE, está

ocorrendo uma modificação na distribuição da população urbana,

que vem gradativamente abandonando as grandes metrópoles e se

deslocando na direção de cidades médias, (mais de 100 mil

habitantes) ou na periferia dos grandes centros, ou mesmo no

interior dos estados, onde as possibilidades de emprego

começaram a aumentar em função da desconcentração industrial

recente.

Tipos de cidades:

Cidades dormitórios: do Grande Rio – Nova Iguaçu, São

Gonçalo, Duque de Caxias, Nilópolis, São João de Meriti.

Cidades históricas: Ouro Preto (ex Vila Rica), Diamantina,

Congonhas do Campo, Mariana, Sabará, São João Del Rei,

Barbacena (MG), Parati e Mangaratiba (RJ).

Cidades religiosas: Aparecida do Norte (SP), Bom Jesus da

Lapa (BA).

Estâncias hidrominerais: São Lourenço, Poços de Caldas,

Caxambu, Cambuquira, Araxá (MG), Águas de Lindóia,

Águas da Prata, Serra Negra (SP). É importante, nesta

cidades, a atividade turística.

A AGROPECUÁRIA

A região Sudeste é a mais importante do país

economicamente, tanto no setor industrial quanto no agropecuário.

E a maior produtora de café, cana-de-açúcar, laranja, além de

possuir o maior e melhor rebanho bovino do país e a maior

produção de leite e derivados.

O domínio de lavouras destinadas a atender a

agroindústria, como a cana-de-açúcar para o álcool e o algodão

para o setor têxtil, e de lavouras de exportação, a exemplo da

laranja e da soja, tem sido alvo de críticas, porque sua expansão se

faz em detrimento das culturas alimentares destinadas ao

abastecimento do mercado interno.

A pecuária bovina é realizada no sistema extensivo, mas

com grandes investimentos de capital e tecnologia, produzindo

alta tonelagem de carne para atender aos frigoríficos regionais. A

atividade ganha maior destaque nas regiões de Barretos,

Andradina, Araçatuba e Presidente Prudente.

O Triângulo Mineiro corresponde à região delimitada

pelos rios Paranaíba (Minas Gerais-Goiás) e Grande (Minas

Gerais-São Paulo). Estando sob o domínio do clima tropical e do

cerrado, o Triângulo possui algumas das melhores áreas de

pecuária extensiva de bovinos do país. A criação se baseia no

rebanho de gado zebu, especialmente o da raça nelore para corte,

com aplicação de muito capital e tecnologia. A área apresenta

também importante produção de cereais, como milho e arroz, nos

vales dos rios Paranaíba e Grande.

No Sul de Minas e na Zona da Mata mineira, há uma

tradicional pecuária leiteira, associada à produção de café. Na

baixada dos Goytacazes (Rio de Janeiro), encontra-se cana e na

baixada ou vale do Ribeira, chá e banana. No vale do Paraíba,

entre São Paulo e Rio de Janeiro, desenvolve-se a melhor pecuária

intensiva leiteira do país, também com grande aplicação de capital

e tecnologia.

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Principais áreas agrícolas do

Sudeste:

Oeste Paulista: abrange as cidades de Presidente Prudente,

Andradina, Araçatuba e Adamantina. Possuem alto índice de

mecanização , consumo de adubo, seleção de mudas e

sementes, cultivos em curvas de nível. Predominam os

cultivos de cereais como o algodão, oleaginosas, café e cana-

de-açúcar.

Triângulo Mineiro: é representado pelas três mais

importantes cidades da região que são Uberlândia, Uberaba e

Araguari, o cultivo do arroz é a atividade mais importante da

região.

Zona da Mata Mineira: Tem como centro a cidade de Juiz

de Fora, com a decadência dos cafezais houve o

desenvolvimento da pecuária e, atualmente, da indústria.

Vale do Paraíba do Sul: teve seu apogeu com a lavoura

cafeeira. Atualmente caracteriza-se pela atividade industrial e

pecuária leiteira. A cana-de-açúcar é cultivada em todo o

Sudeste, que é a região maior produtora do país.

PESCA

É desenvolvida nos Estados de São Paulo, Rio de Janeiro e

Espírito Santo.

FEMAR (Fundação do Estudos do Mar), tem por finalidade

pesquisar e preservar as espécies marinhas.

A INDÚSTRIA

Sudeste é a região mais industrializada do país, sendo

responsável por 71 % do valor de produção industrial nacional,

50% do número de estabelecimentos industriais e 55% do pessoal

empregado no setor.

Como já dissemos, o desenvolvimento industrial é

resultado de fatores histórico-econômicos.

Como exemplo, temos a acumulação de capitais, a

expansão do mercado consumidor e o desenvolvimento da rede de

transportes, sobretudo o ferroviário e o portuário.

E importante também ressaltar a ação das correntes

imigratórias, que trouxeram mão-de-obra qualificada para o

trabalho industrial.

Os recursos naturais da região têm sua parcela de

responsabilidade no desenvolvimento industrial. As jazidas

minerais no interior de Minas Gerais e a potencialidade

hidrelétrica da bacia do Paraná favoreceram em muito o processo

de expansão industrial do Sudeste.

A CONCENTRAÇÃO INDUSTRIAL

A concentração industrial do Sudeste é bastante irregular,

pois só algumas áreas têm um maior adensamento de indústrias.

Entre as principais, estão:

região metropolitana de São Paulo: concentra 40% dos

estabelecimentos industriais do país, sendo uma área

polindustrial, destacando-se os setores ligados à indústria

alimentar, têxtil, química, automobilística e metalúrgica. É

formado pela cidade de São Paulo e municípios periféricos de

Santo André, São Bernardo do Campo, São Caetano do Sul,

Diadema e Guarulhos (ABCDG). É a principal região polo

industrial do país. região metropolitana do Rio de janeiro: foi

favorecida pelo fato de ter sido capital federal e pela sua

intensa atividade portuária. Entre os setores de maior

destaque, estão o alimentício, têxtil e naval. Abrange os

municípios de Duque de Caxias, Nova Iguaçu, Nilópolis, São

João de Meriti, São Gonçalo, Niterói, Itaboraí, Petrópolis etc.

região metropolitana de Belo Horizonte: o

desenvolvimento industrial foi favorecido pelas reservas

minerais no Quadrilátero Central. Os principais setores são o

siderúrgico e o automobilístico. Abrange as cidade de Belo

Horizonte e Piracicaba. Ex: a siderúrgica Mannesmann está

situada em Contagem, cidade industrial de Belo Horizonte, a

refinaria Gabriel Passos e a fábrica de automóveis da FIAT

estão localizadas em Betim, outra cidade industrial desse

complexo.

Vale do Paraíba do Sul: Abrange os Estados do Rio de

Janeiro e São Paulo, possuindo centros industriais de grande

importância como Volta Redonda (RJ), São José dos Campos

e Taubaté (SP).

Outras áreas industriais importantes são:

a Baixada Santista, onde sobressaem os setores

petroquímico (Petrobrás) e siderúrgico (Cosipa),

o vale do Paraíba, onde se projetam centros industriais

como Volta Redonda (Rio de Janeiro) e São José dos

Campos (São Paulo).

A região Sudeste possui ainda a maior concentração de

indústrias de base, em função da disponibilidade de capitais, mão-

de-obra, mercado consumidor, fontes de energia e minérios, rede

rodoferroviária e portos.

PRINCIPAIS INDÚSTRIAS DA REGIÃO SUDESTE

Indústria siderúrgica: No Sudeste estão as maiores usinas

do país – Presidente Vargas, USIMINAS, COSIPA, Belgo

Mineira, AÇOMINAS, ACESITA, COSIGUA ,

Mannesmann, etc.

Usina Presidente Getúlio Vargas, em Volta Redonda,

pertence a Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), foi o

marco inicial da indústria pesada (de base) no Brasil.

Aços Minas Gerais (AÇOMINAS): situada em Ouro Branco

(MG).

Usinas Siderúrgicas de Minas Gerais (USIMINAS),

localizada em Ipatinga (Cel. Fabriciano MG).

Companhia Siderúrgica Paulista (COSIPA), localizada em

Cubatão (Baixada Santista)

Companhia Siderúrgica Belgo Mineira, localizada nos

municípios de Monlevade e Sabará.

Companhia Siderúrgica da Guanabara (COSIGUA), situada

no Distrito Industrial de Santa Cruz (RJ).

Companhia Siderúrgica Mannesmann, situada em Contagem,

distrito industrial de Belo Horizonte.

Companhia Siderúrgica de Tubarão, (ES).

Companhia de Ferro e Aço de Vitória (COFAVI), localizada

em Cariacica (ES).

Usina Siderúrgica Mendes Júnior, localizada em Dias

Tavares (MG).

Importante: no Vale do Rio Doce (MG/ES), existe a maior

concentração de indústria siderúrgica do Brasil.

Indústrias petroquímicas: No Sudeste estão localizadas as

maiores refinarias do país: REPLAN e REDUC.

Refinaria do Planalto Paulista (REPLAN), no município de

Paulínia, é a maior da PETROBRÁS.

Refinaria Duque de Caxias (REDUC), no Estado do Rio de

Janeiro e pertence a PETROBRÁS, é a Segunda maior do

país.

Refinaria Gabriel Passos, em Betim (MG), também pertence

a PETROBRÁS.

Refinaria Artur Bernardes, em Cubatão (Baixada Santista

SP).

Dentre as refinarias particulares, temos: União, em Capuava

(SP), União Matarazzo (SP) e Manguinhos (RJ).

Indústria naval: O Rio de Janeiro é o maior centro de

construção naval do país, estaleiros de Ponta do Caju

(Caneco e Ishtkwajima, Inhaúma), em Niterói (Mauá e Mac

Laren) e em Angra dos Reis (Verolme).

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Indústria aeronáutica: Em

São José do Campos (SP), sede da Emprese Brasileira de

Aeronáutica (EMBRAER), cujo lema é “Brasil país que voa

longe”. Diversos tipos de avião são aí fabricados:

o Brasília,

o Bandeirantes,

o Itapema,

Em Itajubá (MG) localiza-se a HELIBRÁS, responsável

pela fabricação de helicópteros do Brasil.

Indústria automobilística: Fábricas em São Bernardo

do Campo (SP), em Duque de Caxias (RJ) e em Betim

(MG).

Indústria química: Companhia Nacional de Álcalis, em

Arraial do Cabo (RJ), utiliza o sal como matéria-prima

básica para a produção de barrilha, soda cáustica e

similares. Resende (RJ) é um centro de indústrias

químicas.

Usina atômica: (Angra 1) é uma usina nuclear

brasileira que integra a Central Nuclear Almirante

Álvaro Alberto. Situada na Praia de Itaorna, em Angra

dos Reis, foi a primeira usina do programa nuclear

brasileiro, que atualmente conta também com Angra 2

em operação, Angra 3 em construção e mais duas novas

usinas a serem construídas na região Nordeste, conforme

o planejamento da Empresa de Pesquisa Energética -

EPE. - Usina termoelétrica em Santa Cruz (RJ), pertence

ao sistema de Furnas - Centrais Elétricas S/A .

Indústria de calçados: em Franca (SP)

Indústria têxtil: fábricas em São Paulo, Rio de Janeiro

e Minas Gerais. Juiz de Fora (na Zona da Mata),

Petrópolis e Nova Friburgo são cidades tradicionais

nessa atividade.

Indústria de laticínios: Concentrada em Minas Gerais

(Poços de Caldas). Desenvolve-se junto às áreas de

pecuária leiteira.

Indústrias de frigoríficos: em Araçatuba, Barretos,

Andradina (SP) e Governador Valadares (MG).

Turismo (indústria sem chaminés): na cidade do Rio de

Janeiro, nas praias fluminenses (Região do Lagos),

capixabas (Guarapari) e paulistas, na zona serrana (Nova

Friburgo, Petrópolis, Teresópolis, Campos do Jordão),

nas cidades históricas e estâncias hidrominerais.

ENERGIA

O desenvolvimento industrial do Sudeste, apoia-se num

grande sistema de fornecimento de energia elétrica. Destaca-se a

Bacia do Paraná, a de maior potencial hidráulica instalado e

também onde estão as maiores hidrelétricas do país.

O Complexo de Urubupungá, no rio Paraná e formado

pelo sistema Jupiá – Ilha Solteira (SP/MS), pertence à Companhia

Energética de São Paulo (CESP). Usina de Furnas (MG), Estreito

e Jaguará (SP/MG), no Rio Grande (Bacia do Paraná). Usina Três

Maria (MG), no rio São Francisco, pertence à (CHESF)

Companhia Hidrelétrica do São Francisco. Sua construção serviu

para regularizar o regime do rio, desenvolvimento da agricultura e

navegação, bem como o fornecimento de energia.

As Centrais Elétricas do Vale do Paraíba (CHEVAP), tem

melhorado as condições do vale do Rio Paraíba.

TRANSPORTE

A região Sudeste é a melhor servida do país em

transportes aéreo, rodoviário e ferroviário. As principais rodovias

são:

Presidente Dutra (Rio - São Paulo) Em março de 1996 a

operação da rodovia foi concedida e atualmente é

administrada pela empresa NovaDutra S/A, a qual realizou

obras de melhoria e ampliação da pista, como marginais em

São José dos Campos.

Fernão Dias (São Paulo – Belo Horizonte)

Régis Bitencourt (São Paulo – Curitiba)

Castelo Branco (São Paulo – Mato Grosso do Sul)

Washington Luís (Rio – Petrópolis)

Rio – Bahia (Rodovia da Unidade Nacional)

Rodovia dos Imigrantes (São Paulo– Santos)

Rio – Santos (litorânea)

As principais ferrovias são:

E.F. Central do Brasil (RJ/MG/SP)

E.F. Leopoldina

E.F. Noroeste do Brasil (liga o Sudeste ao Centro-Oeste)

E.F. Minas – Vitória (transporta o minério de ferro de Minas

para o porto de Tubarão/ES) E.F. Sorocaba

Ferrovia do Aço (MG/RJ)

ÓRGÃOS QUE ATUAM NO SUDESTE

CVRD ( Companhia Vale do Rio Doce), é a principal

empresa mineradora do país. Trata da exploração de minério

de ferro, que é a maior atividade extrativa do Brasil,

concentrada no Vale do Rio Doce.

CODEVASF (Companhia de Desenvolvimento do Vale do

São Francisco), Trata da irrigação e desenvolvimento da

região semiárida do São Francisco.

SUDEVAP (Superintendência do Desenvolvimento do Vale

do Paraíba)

SUDENE ( Superintendência para o Desenvolvimento do

Nordeste), atua na região semiárida (norte de Minas Gerais).

CODEVALE (Companhia de Desenvolvimento do Vale do

Jequitinhonha)

CEPLAC (Comissão de Plano de Recuperação da Lavoura

Cacaueira).