28
APOSTILA DE BOAS PRÁTICAS EM MANIPULAÇÃO E BENEFICIAMENTO ARTESANAL DO PESCADO

Apostila de Beneficiamento

Embed Size (px)

DESCRIPTION

Beneficiamento de Pescados

Citation preview

  • APOSTILA DE BOAS PRTICAS EM

    MANIPULAO E BENEFICIAMENTO

    ARTESANAL DO PESCADO

  • FELIPE PEIXOTO

    SECRETRIO DE ESTADO DE DESENVOLVIMENTO REGIONAL, ABASTECIMENTO E PESCA

    JOSE BONIFCIO FERREIRA NOVELLINO

    DIRETOR-PRESIDENTE DA FIPERJ

    AUGUSTO DA COSTA PEREIRA DIRETOR DE PESQUISA E PRODUO

    VALMIR MACHADO DIRETOR DE ADMINISTRAO E FINANAS

    AUTORES

    EXTENSIONISTAS DIEGO DOS SANTOS RIBEIRO IVE MUZITANO JULIANA DE LIMA BRANDO GUIMARES MARIA DALVA SILVA RIBAS PINTO MARIA DE FTIMA MORAES VALENTIM

    PESQUISADOR FLAVIA ALINE ANDRADE CALIXTO

    ILUSTRAES FILIPI PEREIRA SOARES

  • 2

    APRESENTAO

    A Fiperj atua na rea de pesquisa, produo e extenso, tanto pesqueira

    quanto aqucola fluminense. No que se refere extenso pesqueira e aqucola, a

    instituio realiza diferentes aes, dentre elas, a de ministrar cursos de

    capacitao, especialmente em beneficiamento do pescado, que consiste em

    transformar a carne de peixes e crustceos, em produtos mais elaborados, como

    fil, fishburguer, nuggets, almndega, linguia e quibe.

    A Fundao Instituto de Pesca do Estado do Rio de Janeiro Fiperj,

    instituio do Governo do Estado, vinculada Secretaria de Estado de

    Desenvolvimento Regional, Abastecimento e Pesca - Sedrap, tem como misso

    promover o desenvolvimento sustentvel da pesca e aquicultura, gerando e

    difundindo informaes e tecnologias, articulando e consolidando polticas pblicas

    para o setor, em benefcio da sociedade.

    Sabe-se que as adoes de boas prticas de manipulao do pescado e as

    tcnicas de aproveitamento de produtos de baixo valor comercial so de grande

    importncia para evitar perdas, alm de agregar valor ao produto. Nesse contexto, a

    apostila tem como objetivo apresentar informaes bsicas sobre as boas prticas

    em manipulao e beneficiamento artesanal de pescado.

  • 3

    INTRODUO

    O pescado representa uma das mais importantes fontes de protenas e

    minerais na alimentao humana. Alm das protenas e minerais, o pescado

    tambm uma excelente fonte de cidos graxos poliinsaturados, que contribuem na

    preveno de doenas cardiovasculares.

    No entanto, apesar de se estimar que entre 50-60% sejam destinados ao

    consumo humano direto, dados de 2010 colocam o Brasil como um fraco

    consumidor de pescado, consumindo 9,75kg percapita, enquanto a mdia mundial

    de 15kg percapita.

    Certo que o consumo de pescado no Brasil muito baixo em relao ao

    consumo de outras carnes, o que pode ser justificado no s por problemas na

    distribuio e comercializao do pescado, mas tambm pela falta do hbito de

    consumo, gerado em parte pela ausncia de praticidade no preparo.

    Neste sentido, imprescindvel a busca de novas alternativas para a utilizao

    desta matria-prima, com o fim de transform-la em produtos aceitveis pela

    populao, como produtos prontos ou semiprontos.

    Os estabelecimentos que trabalham com alimentos e todos os envolvidos nos

    procedimentos, desde o proprietrio at o manipulador e o pessoal de apoio, tem

    responsabilidade na produo de alimentos seguros, do ponto de vista da

    inocuidade, alm de saborosos e bonitos. A inocuidade significa que o alimento ou

    matria-prima utilizada no apresentam substncias qumicas ou biolgicas capazes

    de produzir efeitos prejudiciais sade humana.

  • 4

    OBJETIVOS DO BENEFICIAMENTO DO PESCADO

    - Aproveitar produtos de baixo valor comercial;

    - Conservar os produtos para consumi-los na entressafra;

    - Melhorar a renda atravs da elaborao de produtos;

    - Fornecer novos produtos ao mercado consumidor.

    CADEIA PRODUTIVA DO PESCADO

    A cadeia produtiva de pescado tem trs segmentos principais: captura ou despesca,

    beneficiamento e comercializao.

    PORQUE O PESCADO SE DECOMPE OU SE CONTAMINA?

    Por dois motivos: pela contaminao por uma srie de microrganismos que se nutrem do

    produto ou pelo processo natural de deteriorao da matria-prima.

    As boas prticas de manipulao devem estar presentes em todas as etapas, desde a captura at a mesa do consumidor.

  • 5

    FATORES QUE ACELERAM A DECOMPOSIO OU FACILITAM A CONTAMINAO DO PESCADO:

    Presena da luz, umidade alta e temperatura elevada;

    Contato com outros alimentos, com ar, utenslios e equipamentos;

    Falta de hbitos de higiene do manipulador;

    Contaminao do ambiente onde foi capturado.

    O QUE CONTAMINAO? a presena de qualquer objeto,

    substncia ou organismo estranho e indesejvel nos alimentos.

    O pescado deve ser mantido em baixas temperaturas, no superior a 4,4 C. Quanto menor a temperatura maior o tempo de conservao.

    TIPOS DE CONTAMINAO:

    FSICA: causada por metais, pedaos de madeira e pedras, cabelo, areia, cacos de vidro, plsticos, espinhas, e outros produtos que possam cair nos alimentos.

    QUMICA: causada por excesso de agrotxicos na lavoura, derramamento de substncias qumicas em rios e mares, antibiticos, etc.

    BIOLGICA: pode ser visvel a olho nu ou no (insetos, parasitas, roedores, vrus, fungos, bactrias).

    PERIGOS FSICOS, BIOLGICOS E QUMICOS

  • 6

    O QUE PODE ACONTECER COM PESSOAS QUE CONSOMEM ALIMENTO CONTAMINADO, SEJA POR PROCESSO FSICO,

    QUMICO OU BIOLGICO? PODEM APRESENTAR DESDE UM SIMPLES MAL-ESTAR, AT UMA INTOXICAO OU INFECO

    GRAVE, OU AT MESMO O RISCO DE MORRER.

    Para qualquer estabelecimento, seja restaurante, bar, lanchonete, hotel ou pousada, o

    risco de ter sua imagem associada a uma intoxicao alimentar envolve grandes perdas, muitas

    vezes de difcil recuperao.

    Os perigos podem chegar aos alimentos especialmente por falta de cuidados higinicos na

    manipulao, como a utilizao de utenslios e bancadas sujas.

    HIGIENE

    Fundamental para o sucesso da fabricao, o descuido na higiene provoca deteriorao dos

    produtos, acarretando prejuzos e/ou constituindo srio risco sade do consumidor.

    O objetivo desse procedimento diminuir a contaminao e o desenvolvimento de

    microrganismos responsveis pela deteriorao dos produtos e por doenas de origem alimentar.

    Esses microrganismos esto presentes no ar, no solo, na gua, nos equipamentos e na superfcie

    do corpo humano e dos animais. Nem todos, porm, so patognicos (podem causar danos a

    sade do consumidor), sendo, contudo, deterioradores de alimentos.

    Visando evitar a contaminao, o local de trabalho deve ser limpo e provido de sistema de

    abastecimento de gua abundante e potvel. O piso e as paredes devem ser revestidos de

    material lavvel, de cor clara, de preferncia, branca. Os trabalhadores devem usar avental,

    cabelos presos ou cobertos com gorro ou bon apropriado, manter rigorosa higiene pessoal,

    especialmente das mos, que devem ser lavadas com frequncia. As unhas devem estar sempre

    aparadas e sem qualquer resqucio de sujeira.

    Alm disso, o manipulador deve estar sempre saudvel, por isso, o trabalho deve ser

    acompanhado continuamente pelo supervisor ou gerente da empresa, pois algumas afeces

    oferecem riscos, tais como: feridas infeccionadas, especialmente nas mos; infeco nos olhos, na

    garganta; diarria, infeco intestinal; resfriado e gripe.

    QUEM O MANIPULADOR DE ALIMENTOS? Qualquer pessoa que entre, direta ou indiretamente, em

    contato com as substncias alimentcias.

    HIGIENE DO MANIPULADOR

    Para quem deseja trabalhar com alimentos, deve estar consciente de que precisar adotar

    hbitos de higiene pessoal rgido e comportamento cuidadoso no ambiente de trabalho. Tudo que

    o manipulador realiza, desde o momento que entra no ambiente de trabalho at sua sada, deve

    ser feito com muito cuidado.

  • 7

    CERTO ERRADO

    Medidas a serem tomadas:

    Nunca colocar o dedo, ou outras partes do corpo, para experimentar os alimentos;

    Manter os cabelos presos e limpos, com uso de touca;

    As unhas bem cortadas, lixadas e sem esmaltes;

    No fumar, comer ou beber durante o trabalho;

    No se coar. Se encostar qualquer parte do corpo ou colocar o dedo no nariz, ouvido ou

    cabelos, lavar bem as mos antes de voltar a manipular os alimentos;

    Manter avental e gorro, sempre limpos e us-los apenas no ambiente de trabalho;

    Lavar as mos antes e depois das refeies, sempre que for ao sanitrio e antes de

    manusear ou preparar alimentos (as mos so os maiores condutores de microrganismos);

    No usar joias, bijuterias e outros objetos quando estiver manipulando o alimento;

    No falar, cantar, assobiar, tossir e espirrar sobre os alimentos;

    No mascar chicletes, palito de fsforo ou similares, ou chupar balas;

    Proteger ferimentos nas mos, provocados por corte ou arranhes;

    Usar roupas limpas, preferencialmente uniformes de cor clara e conservadas.

    PREPARO DO SANITIZANTE PARA A HIGIENIZAO DAS MOS

    LCOOL A 70 GL

    INGREDIENTES:

    1 LITRO DE LCOOL 92 GL

    230 ML DE GUA

    MODO DE FAZER:

    - MISTURAR 1 LITRO DE LCOOL 92 GL COM 230 ML DE GUA.

    USO:

    - PULVERIZAR APS LAVAR AS MOS E ANTEBRAOS.

  • 8

  • 9

    HIGIENE DO LOCAL DE TRABALHO

    A rea de trabalho no deve permitir o cruzamento do fluxo de produtos de reas sujas

    (recepo e pr-preparo) com os de reas limpas (preparo e finalizao). Desta forma possvel

    prevenir os riscos de contaminao cruzada, que ocorre quando um mesmo utenslio utilizado

    em alimentos crus e depois em alimentos prontos.

    A gua utilizada para a limpeza do ambiente, equipamentos, utenslios e alimentos deve

    ser potvel. Se for procedente de poo ou nascente, essa deve receber tratamento. necessrio

    MUITO CUIDADO COM O LIXO. O LIXO JOGADO DE QUALQUER JEITO UMA

    AMEAA SADE E ATRAI INSETOS

    QUE TRANSMITEM DOENAS.

    NO GUARDAR ROUPAS E PERTENCES PESSOAIS, ALM DE FERRAMENTAS E EMBALAGENS NAS REAS DE

    MANIPULAO.

    O LOCAL DE PROCESSAMENTO E OS EQUIPAMENTOS DEVEM SER UTILIZADOS

    EXCLUSIVAMENTE PARA ESTA ATIVIDADE.

    AS INSTALAES DEVEM SER DE FCIL HIGIENIZAO, ILUMINADAS E AREJADAS. DEVEM SER HIGIENIZADAS ANTES E APS O BENEFICIAMENTO DOS ALIMENTOS E

    QUANDO O ACUMULO DE SUJIDADES FOR

    GRANDE OU QUANDO OCORRER ACIDENTES. A REA DE PROCESSAMENTO DEVE SER BEM DISPOSTA PARA EVITAR

    CONTAMINAO CRUZADA (QUE UM PRODUTO CONTAMINE OUTRO).

    NUNCA LEVE UM UTENSLIO BOCA PARA EXPERIMENTAR O ALIMENTO.

    MANTER TAMPADOS OS RECIPIENTES ONDE SO

    PREPARADOS OS ALIMENTOS.

    NO FAZER USO DE UTENSLIOS OU EQUIPAMENTOS SUJOS.

  • 10

    fazer periodicamente o controle microbiolgico da gua. Os reservatrios de armazenamento

    devem ser limpos a cada seis meses, permanecer protegidos e em bom estado de conservao.

    Para maior segurana, todos os equipamentos e utenslios, bancadas e superfcies de trabalho

    devem ser limpas, lavadas e desinfetadas. Veja como proceder:

    Iniciar com a remoo de restos de alimentos com auxlio de esponjas, escovas e esptulas;

    Proceder lavagem com gua e sabo detergente para melhorar a remoo de resduos;

    nesta etapa a utilizao de gua morna aumenta a eficcia da limpeza;

    Enxaguar a superfcie com gua corrente at a remoo completa do produto de limpeza;

    Fazer a desinfeco (sanitizao): utenslios e equipamentos devem ser submersos em

    soluo base de cloro, assim como bancadas; aguardar de 10 a 15 minutos para que

    tenha efeito;

    Aps o tempo de espera, enxaguar a superfcie.

    PREPARO DO SANITIZANTE PARA A HIGIENIZAO DOS EQUIPAMENTOS E UTENSLIOS

    GUA CLORADA

    INGREDIENTES:

    - 10 LITROS DE GUA

    - 100 ML DE GUA SANITRIA

    MODO DE FAZER:

    - COLOCAR A GUA NO RECIPIENTE E MISTURAR A GUA SANITRIA.

    USO:

    -BANHAR OU DEIXAR DE MOLHO OS EQUIPAMENTOS E UTENSLIOS.

    MANTER O RECIPIENTE UTILIZADO PARA ARMAZENAR A GUA CLORADA BEM FECHADO,

    POIS O CLORO EVAPORA FACILMENTE.

    PANOS DE COZINHA PODEM TRANSFORMAR-SE EM POTENTES AGENTES DE CONTAMINAO. ESTES DEVEM ESTAR

    SEMPRE LIMPOS E SEU USO DEVE SER RESTRITO AO APOIO, COMO PEGAR EM ALAS DE PANELAS QUENTES, RETIRAR

    TABULEIROS DO FORNO, ENTRE OUTROS.

    LIXO: Deve ser acondicionado em sacos e mantidos em recipiente fechado, com tampa acionada

    por pedal. Deve ser removido sempre que necessrio e aguardar a coleta em local separado e

    distante do preparo de alimentos.

  • 11

    O LOCAL DE BENEFICIAMENTO deve dotar-se de:

    Pisos, paredes e tetos de material liso, impermevel e lavvel. Deve tambm ser

    antiderrapante, de material resistente a peso e permitir um fcil escoamento da gua de

    lavagem;

    Portas e janelas devem permitir boa iluminao e ventilao;

    Os banheiros devem ser em local separado da rea de beneficiamento;

    As pias devem ser providas de sabo lquido antissptico ou bactericida, dispor tambm de

    papel toalha ou ar quente para secar as mos.

    MATRIA-PRIMA: Deve ser de qualidade. Verificar se foi conservada dentro das devidas normas,

    assim como sua data de validade.

    QUADRO 1 CARACTERSTICAS DO PESCADO FRESCO E EM DECOMPOSIO

    ITENS PEIXE FRESCO PEIXE EM DECOMPOSIO

    CHEIRO ODOR SUAVE, DE ALGAS MARINHAS FORTE, DESAGRADVEL, CIDO. AMONIACAL OU

    PTRIDO

    APARNCIA

    GERAL LUZENTE, METLICA COM REFLEXO E SUPERFCIE

    LISA FOSCO, SEM BRILHO E SEM REFLEXO

    CORPO RGIDO E ARQUEADO MOLE

    CONSISTNCIA FIRME E ELSTICA, PRESSO DOS DEDOS, NO

    DEIXA MARCAS MOLE, PRESSO DOS DEDOS DEIXA MARCAS

    SECREO NO H PRESENTE E VISCOSA

    ESCAMAS BEM ADERIDAS PELE E BRILHANTE SOLTANDO-SE FACILMENTE

    OLHO CLARO, BRILHANTE, TRANSPARENTE, SEM MANCHA

    NA RIS E OCUPANDO COMPLETAMENTE AS RBITAS VIDROSO, OPACO E COM MANCHAS NAS RIS

    BRNQUIAS RSEAS OU VERMELHAS, MIDA E BRILHANTE, COM

    ODOR SUAVE COLORAO AMARRONZADA E PODENDO APRESENTAR

    COLEO DE MUCO

    BARRIGA FIRME E ELSTICA MOLE OU DEFORMADO, S VEZES INCHADA

    NUS FECHADO E SEM SECREES ABERTO E QUASE SEMPRE PROEMINENTE

    CONSERVAO DE PESCADO: Fundamental para manter o produto com qualidade e maior validade

    comercial. A deteriorao do pescado pode ser detectada por alteraes nas caractersticas

    sensoriais como cor, aroma sabor e textura.

  • 12

    O QUE OS MICRORGANISMOS PRECISAM PARA SE DESENVOLVER? ALIMENTO: Como todos os seres vivos, eles precisam de nutrientes, que so encontrados nos

    alimentos, em resduos que permanecem em utenslios e equipamentos mal higienizados, por isso

    devemos fazer uma higienizao cuidadosa de tudo que entra em contato com os alimentos.

    TEMPERATURA: Os microrganismos podem se desenvolver em diversas temperaturas, inclusive

    abaixo de 0C. Alguns conseguem se multiplicar em altas temperaturas, a maioria multiplica-se

    entre 20 e 45C. Dessa forma, devemos evitar que os alimentos permaneam expostos a essas

    temperaturas por muito tempo. Para evitar a multiplicao dos microrganismos, devemos manter

    os alimentos fora da Zona de Temperatura Perigosa (4 a 60C).

    GUA: Os microrganismos precisam de gua para se desenvolver. As bactrias precisam de

    ambientes ricos em gua, j os bolores e leveduras pode se desenvolver em ambientes com pouca

    gua. Quanto maior a quantidade de gua de um alimento, mais ele ser perecvel. Alimentos

    como pescado so ambientes propcios para o crescimento de bactrias patognicas.

    OXIGNIO: A maioria dos microrganismos precisa de oxignio para se multiplicar, porm algumas

    espcies de bactrias se multiplicam em ambientes sem oxignio. Nesse caso, alimentos a vcuo e

    enlatados oferecem riscos potenciais.

    ACIDEZ: A maioria dos microrganismos no se desenvolve em ambientes muito cidos, como picles,

    molho de tomate, sucos, entre outros; exceto alguns fungos que conseguem se desenvolver. Os

    alimentos pouco cidos como peixes so timos ambientes especialmente para as bactrias.

    O pescado pode ser conservado por mtodos que inibem o desenvolvimento de microrganismos,

    entre eles:

    Substncias que matam ou dificultam a multiplicao dos microrganismos: cidas, sal,

    acar e fumaa (defumao);

    Altas temperaturas que levam a mortalidade de microrganismos: esterilizao de

    conservas;

    Baixas temperaturas, atravs de refrigerao e congelamento;

    Secagem dos alimentos, o que diminui a gua do produto dificultando o crescimento de

    microrganismos. Podem ser natural (calor do sol) ou artificial (uso de estufa ou forno);

    MTODOS DE CONSERVAO

    FRIO: O mtodo mais comum de conservao do pescado pelo frio. O uso do gelo mantm o

    frescor do peixe por alguns dias dependendo dos mtodos de captura e da qualidade da gua

    utilizada para confeco do gelo. O mtodo de conservao por congelamento conserva o produto

  • 13

    por mais tempo devido s baixas temperaturas utilizadas. Produtos muito manipulados como os

    demonstrados neste curso devem ser conservados congelados.

    CALOR: O uso de altas temperaturas tambm serve para conservar o pescado. A maioria dos

    microorganismos patognicos no so resistentes a temperaturas superiores 65.

    SALGA: Age como inibidor dos microrganismos, a maioria sensvel presena de grande

    quantidade de sal, alm de diminuir a gua disponvel no alimento para o crescimento dos

    microrganismos. Quanto maior a concentrao de sal, mais difcil vai ser o crescimento

    microbiano. Pode ser usado em qualquer tipo de peixe, diferenciando o processamento de acordo

    com o teor de gordura (salga seca para peixes magros e salga mida para peixes gordos). A

    salga mida, por ser realizada com o pescado imerso em salmoura (mistura de gua e sal), no

    permite o contato do produto com o oxignio, evitando assim a rancificao. A rancificao uma

    alterao qumica que modifica o sabor da gordura. A eficincia da salga e qualidade do produto

    salgado depende de alguns fatores, tais como: pele do peixe, grossura do fil (mximo 2 cm de

    espessura), concentrao de sal, granulometria e pureza do sal.

    CIDOS: Alguns cidos, como ctrico (suco de limo) e o actico (vinagre) agem como inibidores de

    microrganismos. Conservas cidas (associam o uso de cido e calor) normalmente possuem

    validade comercial relativamente grande. Usado em pescado marinado.

    FUMAA (Defumao): um dos mais antigos mtodos de conservao de alimentos, inibe o

    crescimento microbiano e ideal para peixes gordurosos, possuindo a propriedade de conferir

    aroma, cor e dificultar a rancificao das gorduras, aumentando a durabilidade do produto.

    Algumas espcies de peixe apresentam melhor possibilidade para a defumao, tais como:

    do mar: abrtea, albacora, bagre, bonito, bicudo, cao, cavala, cavalinha, congro, corvina,

    dourado, manjuba, merluza, moria, namorado, olhete, olho-de-boi, pescada, pescadinha,

    sardinha, xaru, xixarro e tainha;

    de gua doce: aruan, bagre, carpa, curimat, dourado, mandi, mapara, matrinch, pacu, pintado,

    tilpia e truta.

    CONDIMENTOS:

    So constitudos de substncias naturais, com ou sem valor nutritivo. So fabricados com

    leos de essncias e especiarias. Podemos fazer nosso prprio condimento, atendendo ao nosso

    gosto ou ao de nossos clientes. Condimentos, como pimenta, cominho, alho, pprica, noz-

    moscada, erva-doce, etc., so fundamentais nas caractersticas sensoriais (aroma, cor, sabor e

    textura), tpicas de cada produto. Podem ser adquiridos modos ou inteiros, devem ser de boa

    qualidade, e armazenados em recipientes bem fechados e opacos luz para evitar deteriorao.

  • 14

    ENVOLTRIOS PARA FABRICAO DE EMBUTIDOS:

    Os envoltrios naturais (tripas e vesculas) utilizados na fabricao de embutidos so as de porco, boi ou carneiro, e os envoltrios artificiais podem ser base de colgeno, celulose e outro polmero industrial.

    Comercializados secos ou salgados, geralmente, os envoltrios naturais devem ser bem

    lavados para serem hidratados, e depois devem ficar de molho em gua clorada, na proporo de

    1 colher de sopa de gua sanitria para 1 litro de gua, durante 10 minutos, aps este perodo

    deixar imersa numa soluo de gua e emulsificante ( componente que ajuda a uniformizar a

    mistura).

    BOAS PRTICAS NO ARMAZENAMENTO E CONSERVAO DE MATRIAS-PRIMAS, CONDIMENTOS, ENVOLTRIOS E ADITIVOS.

    As Boas Prticas so um conjunto de procedimentos higinico-sanitrios institudos pela

    Agncia de Vigilncia Sanitria do Ministrio da sade, que o rgo fiscalizador e regulador das

    atividades realizadas nos estabelecimentos comerciais. Estas precisam ser implantadas em todas

    as fases do processo de produo de alimentos.

    A adoo das Boas Prticas obrigatria para todos os estabelecimentos que produzem e

    manipulam alimentos, determinada em Portaria da Vigilncia Sanitria.

    ADITIVOS E CONDIMENTOS: Devem ser adicionados em recipientes apropriados, rotulados (nome, lote

    e validade) e guardados em armrio prprio, isolados do local onde so guardados os produtos de

    limpeza.

    TRIPAS E ENVOLTRIOS: Devem ser conservados em geladeira, devidamente embalados e

    identificados. Envoltrios artificiais devem ser conservados em suas embalagens. Quando salgadas

    devem ser conservadas em locais secos em recipientes fechados.

    CMARAS FRIGORFICAS E GELADEIRAS: Devem ser mantidas em funcionamento por perodo integral.

    Devem ser desligadas somente para limpeza e manuteno, quando, ento, devero ser

    esvaziadas.

    OBS 1: Todas as recomendaes apresentadas nesta apostila tm como referncia a Resoluo RDC n216, de 15/09/2004 ANVISA. Para que os produtos possam ser beneficiados e comercializados, o estabelecimento deve estar devidamente legalizado junto aos rgos competentes. OBS 2: Mesmo tomadas todas as precaues aprendidas neste curso, para que os produtos possam ser comercializados, o seu estabelecimento deve estar devidamente legalizado junto aos rgos fiscalizadores competentes.

    ETAPAS NA FABRICAO DE PRODUTOS DE PESCADO

    SELEO: O pescado que no apresentar condies satisfatrias em relao ao aspecto geral (aparncia, cor, odor) deve ser rejeitado.

  • 15

    CONSERVAO: O pescado deve ser processado logo aps a captura. Caso no seja possvel, deve ser mantido em baixas temperaturas. Ser conservado em caixas de isopor ou trmicas e distribuir corretamente o gelo.

    LAVAGEM: Os peixes devem ser lavados para remoo das sujidades superficiais.

    O GELO DEVE COBRIR TODO O PESCADO: POR CIMA, POR BAIXO E NAS LATERAIS.

  • 16

    DESCAMAO E RETIRADA DAS NADADEIRAS. RETIRADAS DAS VSCERAS: A retirada das vsceras necessria, pois uma parte com alta concentrao de microrganismos no pescado.

    Depois de retiradas as vsceras os peixes devem ser novamente lavados para eliminao dos resduos e cogulos sanguneos.

    EVISCERAO E LAVAGEM AUXILIAM NA CONSERVAO

    DO PESCADO

  • 17

    FILETAGEM: A retirada da pele e dos fils feita aps a abertura dos peixes.

    LAVAGEM DEPOIS DA FILETAGEM: Depois de retirados os fils, estes devem ser novamente lavados para a retirada dos resduos provenientes das operaes anteriores.

    MATERIAIS PARA ELABORAO DE PRODUTOS DE FORMA ARTESANAL

    MATERIAIS

    BALANA DE COZINHA (5kg)

    FACAS PARA FILETAGEM

    MOEDOR DE CARNE

    EMBUTIDOR

    DEFUMADOR

  • 18

    INGREDIENTES LINGUIA ALMNDEGA,

    FISHBURGUER E EMPANADO

    DEFUMADO QUIBE

    PEIXE (FIL) OU CMS X X X X

    TEMPERO COMPLETO X X X

    SOPA DE CEBOLA

    X X

    PIMENTA DO REINO

    COENTRO X

    POLVILHO DOCE X X

    LEO DE SOJA (PARA FRITAR) X X

    PIMENTA CALABRESA X

    CURRY X

    PIMENTA DO REINO X

    FARINHA DE QUIBE X

    HORTEL OU ERVA DOCE

    CHEIRO VERDE X

    FARINHA DE QUIBE

    GUA POTVEL X

    FARINHA DE TRIGO X

    GELATINA EM P INCOLOR SEM SABOR

    X

    FARINHA DE ROSCA X

    SERRAGEM x

    CARVO X

    ELABORAO DOS PRODUTOS DE FORMA ARTESANAL

    1- LINGUIA CALABRESA

    INGREDIENTES 1 kg 10 kg

    PEIXE 1 kg 10 kg

    TEMPERO COMPLETO 25 g 250 g

    PIMENTA CALABRESA 3 g 30 g

    CURRY 3 g 30 g

    POLVILHO DOCE 30 g 300 g

    LEO DE SOJA (PARA FRITAR) 30 mL 300 mL

  • 19

    PROCESSAMENTO:

    Moer em discos finos os fils de peixe; Pesar os ingredientes e adicionar ao peixe modo; Misturar os ingredientes at que atinja a consistncia homognea (massa por igual); Retirar todas as espinhas; A massa deve descansar por 12 horas sob refrigerao; Embutir em envoltrio natural (tripa fina ou grossa) ou artificial com o comprimento de 25 cm.

    EMBUTIMENTO:

    DEFUMAO DA LINGUIA:

    Fazer a pr-secagem da linguia no defumador por um perodo de 1 hora a uma temperatura de 60 C sem fumaa. Aps este perodo banhar com corante de urucum.

    Defumar a linguia por um perodo de 3 horas a uma temperatura de 75 C com fumaa.

    2- MASSA BSICA PARA FISHBURGUER, ALMNDEGA E EMPANADO

    INGREDIENTES 1 kg 10 kg

    PEIXE 1 kg 10 kg

    TEMPERO COMPLETO 20 g 200 g

    SOPA DE CEBOLA 20 g 200 g

    PIMENTA DO REINO 3 g 30 g

    COENTRO 3 g 30 g

    POLVILHO DOCE 50 g 150 g

    LEO DE SOJA (PARA FRITAR) 50 mL 500 mL

  • 20

    PROCESSAMENTO:

    Moer em disco fino os fils de peixe; Pesar os ingredientes e adicionar ao peixe modo; Misturar os ingredientes at que atinja a consistncia homognea; Retirar todas as espinhas; A massa deve descansar por 2 horas sob refrigerao; Enformar e levar para o congelado. O que diferencia o fishburguer da almndega apenas o formato.

    LQUIDO DE EMPANAMENTO:

    INGREDIENTES

    GUA POTVEL 700 mL

    FARINHA DE TRIGO 200 g

    GELATINA EM P INCOLOR E SEM SABOR

    12 g

    TEMPERO COMPLETO 15 g

    FARINHA DE ROSCA PARA

    EMPANAR

    Misturar os ingredientes at formar um lquido para empanamento; Passar os produtos nesse lquido e empanar em farinha de rosca.

    3- QUIBE

    INGREDIENTES 1 kg 10 kg

    PEIXE 1 kg 10 kg

    FARINHA DE QUIBE 500 g 5 kg

    TEMPERO COMPLETO 25 g 250 g

    SOPA DE CEBOLA 20 g 200 g

    HORTEL OU ERVA DOCE 3 g 30 g

    CHEIRO VERDE 3 g 30 g

  • 21

    PROCESSAMENTO: Moer em disco fino os fils de peixe; Pesar os ingredientes e adicionar ao peixe modo; Misturar os ingredientes at que atinja uma massa homognea; Retirar todas as espinhas; Moldar os quibes e congelar.

    DEFUMAO

    H muitos anos o mtodo de defumao utilizado como forma de conservao do

    pescado, obtendo boa aceitao pelo mercado consumidor. A fumaa obtida a partir da queima da

    madeira possui vapores e gotculas de gua que conferem ao produto sabor e caractersticas

    prprias de um produto defumado. Uma vez que a fumaa possui propriedades qumicas

    bactericidas (mata as bactrias) e bacteriostticas (inibem o crescimento das bactrias), somadas a

    desidratao provocada pelo sal, esta tcnica alm de conferir um sabor caracterstico tambm

    promove uma maior conservao do pescado.

    O Regulamento de Inspeo Industrial e Sanitria de Produtos de Origem Animal (RISPOA),

    do Ministrio da Agricultura, define como produto defumado aquele que aps o processo de cura

    (salga) submetido a defumao, conferindo-o cheiro e sabor caractersticos e tendo sua vida til

    prolongada, por ser parcialmente desidratado.

    Nesta apostila sero apresentadas as orientaes bsicas aos produtores rurais, piscicultores,

    microempresrios entre outros, que tenham interesse na produo de pescado defumado,

    agregando valor aos produtos, melhorando sua renda e evitando desperdcios. Dessa forma sero

    apresentadas as etapas que compem o processamento, utenslios e equipamentos utilizados,

    alm de orientaes quanto a escolha da matria-prima utilizada.

    A defumao

    Para a obteno do pescado defumado so seguidas etapas de beneficiamento, a saber:

    recepo e seleo, pesagem e lavagem, corte e limpeza do pescado, lavagem, filetagem

    (opcional), salga, lavagem e drenagem, nova pesagem, defumao, esfriamento, embalagem e

    armazenagem/distribuio.

    Para a obteno de um bom produto necessria uma especial ateno com relao

    qualidade da matria-prima que deve ser de preferncia um pescado fresco, mas pescado

    congelado tambm pode ser aproveitado.

    A seleo do pescado deve ser feita de modo a se utilizar matrias-primas disponveis na

    regio. Em nossa regio os principais peixes utilizados so a anchova, sardinha, cavalinha, tainha,

    lula, polvo, alguns mariscos, etc. Devido ao fato de que na gordura que a fumaa agregada as

    caractersticas de cor e sabor, quando se utilizam peixes magros, o aspecto externo no

    satisfatrio, e tambm, dificilmente ocorrem as alteraes de sabor e aroma prprios de um

    produto defumados.

  • 22

    Quanto ao contedo de lipdios dos peixes destinados produo de defumados, deve ser de 7

    a 10% e 10 a 15%, respectivamente, para os mtodos de defumao a frio e a quente.

    Tipos de defumao

    So dois os principais tipos de defumao: a defumao a frio e a defumao a quente. A

    diferena entre as duas esta principalmente na temperatura e no tempo de exposio a fumaa.

    Como na defumao a frio o produto fica mais tempo exposto a fumaa, seu uso tem como

    objetivo maior o ganho na conservao do produto, enquanto que a defumao a quente tem

    como finalidade maior a agregao de cor e sabor caracterstico.

    Defumao a frio

    A defumao a frio um mtodo mais utilizada pelas indstrias, deve ser antecedida por uma boa

    salga seca do produto, a seguir o excesso de sal retirado com uma lavagem com gua doce.

    Feito isto, o produto enxugado e colocado para secar ao vento, sendo ento submetido

    defumao. Neste mtodo, a temperatura da fumaa deve ser controlada dentro da faixa de 15 a

    30C. A defumao a frio realizada preferencialmente noite reservando-se o dia para as etapas

    de resfriamento e secagem. Este processo dura 3 a 4 semanas e ao final obtemos um produto com

    baixo teor de umidade (cerca de 40%) e um contedo de sal relativamente elevado ( 7 a 15%)

    tornando a vida til do produto mais elevada.

    Defumao a quente

    A defumao a quente antecedida por uma salga mida, com um tempo de imerso

    relativamente curto, cerca de 20 50 minutos, variando em funo da espessura do produto. A

    defumao a quente muito mais rpida do que a defumao a frio e o teor de sal no produto

    final muito menor (cerca de 3%).

    Para a defumao a quente usamos uma fumaa com temperatura de 50 a 90C por um perodo

    de 3 a 8 horas.

    Ao final do processo obtemos um produto de carne macia e com boa consistncia, embora possa

    apresentar algumas rachaduras, com umidade final variando entre 55 a 65%.

    Etapas do processamento

    Recepo e Seleo

    Nesta etapa damos especial ateno ao aspecto geral do peixe, este deve apresentar: superfcie

    do corpo limpa, luzente e metlica, sem cortes ou ferimentos; olhos transparentes e brilhantes,

    ocupando as rbitas por completo; brnquias rseas ou vermelhas, sem muco e com odor

    agradvel; barriga rolia e firme no deixando marca aps ser pressionada; escamas bem aderidas;

    nus fechado e vsceras ntegras, facilmente diferenciadas.

  • 23

    Os peixes que apresentarem sinais de deteriorao devem ser rejeitados.

    Pesagem e Lavagem

    Nesta etapa pesamos os peixes para uma posterior avaliao do rendimento final. Uma primeira

    lavagem se faz necessria para que as sujidades mais grosseiras sejam retiradas, essa lavagem

    deve ser feita com gua potvel corrente.

    Eviscerao e limpeza do pescado

    A fim de se evitar o contato direto da carne do pescado com os resduos de vsceras e sangue,

    devemos eviscer-lo antes de retirar as escamas. Atravs de um corte longitudinal no ventre do

    peixe devemos cuidadosamente retirar as vsceras tendo sempre o cuidado para no as

    rompermos.

    Depois de eviscerado o peixe deve ser limpo em gua corrente e potvel para que sejam retiradas

    as sujidades e resduos provenientes da eviscerao.

    Logo aps devemos proceder a descamao que consiste na retirada das escamas, geralmente ela

    feita no sentido da cauda para a cabea e nessa etapa tambm podem ser retiradas as

    nadadeiras e a cabea.

    Lavagem e filetagem

    Terminado o processo de descamao, o pescado deve passar por uma nova lavagem.

    Com o auxilio de uma boa faca iniciamos a filetagem com um corte ao longo do peixe, bem

    prximo ao dorso, com profundidade suficiente para atingir a espinha dorsal. Depois um segundo

    corte feito seguindo as espinhas (costelas) at a completa retirada do fil. Feito isso se pode

    fazer ou no a retirada da pele do pescado.

    Salga

    A salga do pescado pode ser realizada pelo mtodo de salga mida ou por salga seca. Neste curso

    vamos proceder com o mtodo de salga mida que consiste na imerso do pescado em uma

    salmoura na concentrao de 20%. Para obtermos uma salmoura a 20% colocamos 200g de sal

    grosso para cada litro de gua potvel.

    Neste processo o pescado arrumado em vasilhames apropriados onde adicionada a salmoura

    em quantidade suficiente para cobrir todo o produto. Nesta etapa o pescado no deve ficar muito

    compactado, para que a salmoura possa ter uma boa circulao ao redor de cada peixe.

    Temperos como pimenta do reino, folhas de louro, alho e temperos prontos, podem ser

    adicionado a salmoura. Tambm comum a adio de cerca de 20g de acar para cada litro de

    gua.

    Aps totalmente cobertos devemos deixar o pescado na salmoura por cerca de trinta minutos.

    H uma grande necessidade em se ajustar a quantidade de sal e o tempo na salmoura em virtude

    de algumas variantes como o tipo de tratamento dado ao pescado (se est filetado, espalmado,

  • 24

    inteiro, em postas), o tamanho dos exemplares, e ao fato de ser um peixe fresco, resfriado ou

    congelado.

    Em carter informativo, a salga seca consiste na impregnao do pescado com sal usando-se uma

    proporo de 30%, ou seja, para cada 100g de pescado, 30g de sal, retirando-se o excesso com

    gua corrente aps trinta minutos.

    Lavagem e Drenagem

    Aps o processo de salga o pescado deve passar por um banho em gua corrente para que o

    excesso de sal e temperos (se houver) seja retirado. Logo aps, procedemos com a pendura do

    pescado por uma hora para que todo o excesso de gua escorra. Esta pendura pode ser feita

    dentro do prprio equipamento de defumao.

    Defumao

    A defumao se inicia pendurando-se os fils no equipamento de defumao. O inicio do

    aquecimento feito com os exaustores abertos para uma melhor propagao do calor por todo o

    equipamento. Caso sejam usadas grelhas ao invs dos ganchos, essas devem passar por uma leve

    aplicao superficial de leo de cozinha, a fim de evitar que os peixes grudem. Alguns produtores

    preferem, antes de se iniciar a defumao, pincelar o pescado com leo vegetal.

    A defumao dividida em trs etapas:

    60C por uma hora, sem fumaa, ou seja, utilizando-se somente carvo;

    100C por cerca de uma hora, utilizando-se carvo e serragem;

    65C por duas horas, somente com fumaa, ou seja, usando-se apenas serragem.

    Madeiras apropriadas para a defumao: recomendam-se raspas e serragem de madeiras como a

    maaranduba, canela, peroba e jatob. Madeiras resinosas (leitosas) como a do Ip-tabaco e N-

    de-Pinus no devem ser usadas, pois contm uma substancia chamada trementina que pode levar

    a um sabor amargo no produto. O compensado tambm no pode ser usado, pois possui cola,

    produto txico, que contamina o peixe.

    Esfriamento e Embalagem

    Aps retirar o pescado do defumador, limpe a superfcie a fim de eliminar a fuligem. Antes que

    seja embalado, necessrio que o produto esfrie at alcanar a temperatura ambiente. Em

    seguida, embale o produto em filme plstico e depois, cuide de sua conservao, mantendo-o

    refrigerado. Se embalado ainda quente, poder ocorrer a formao de bolores, diminuindo a vida

    til do produto. Se resfriado antes de embalado podem ocorrer condensaes dentro da

    embalagem, atrapalhando na aparncia e na conservao do produto.

  • 25

    Armazenamento / Distribuio

    Aps defumado, o produto pode ser destinado ao consumo imediato ou ser refrigerado, por no

    mximo dois meses. No caso dos peixes gordos, a fim de se evitar a rancificao (a rancificao

    decomposio da gordura que modifica o sabor e cor do produto da gordura) devemos congel-lo.

    Como relatado, o produto quando defumado a quente no possui uma vida de prateleira muito

    longa, mas j se encontram prontos para consumo, no necessitando de cozimento, pois durante a

    defumao j passou por esta etapa. Mesmo por um curto perodo de tempo, o produto deve ser

    mantido refrigerado, e na necessidade de um maior perodo de tempo o mesmo deve ser

    congelado.

    Atualmente vivemos um grande desafio no que diz respeito ao

    aproveitamento dos alimentos, em especial o pescado. Em um perodo

    como este vemos uma grande necessidade de diminuir o desperdcio de

    produtos da pesca e aquicultura. Com isso, o beneficiamento da matria-

    prima em produtos derivados de pescado uma tima oportunidade para

    utilizao de produtos de baixo valor. Alm disso, o mercado exige a

    produo de novos alimentos, de forma segura, ofertando ao consumidor

    produtos nutritivos e saudveis, contribuindo para a sade de quem o

    consome e para a renda de quem o produz.

    O brasileiro, comparado a outros povos, tem um fraco consumo de

    pescado, fato que pode ser explicado pela dificuldade no preparo e

    praticidade de pratos com este alimento e tambm pelo fato de muitas

    pessoas evitarem o seu consumo, por exemplo, por causa das espinhas.

    Esta apostila serve de orientao para a produo de alimentos a base de

    pescado, de fcil preparo e sem espinhas, podendo desta forma,

    contribuir para o aumento do consumo, e introduo no hbito

    alimentcio de crianas, e tambm para ofertar uma maior variedade de

    produtos derivados de pescado ao mercado consumidor.

    Felipe Peixoto

    Secretrio de Desenvolvimento Regional,

    Abastecimento e Pesca

  • 26

    REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS

    BRASIL. Resoluo RDC n 216, de 15 de setembro de 2004. Dispe sobre Regulamento Tcnico de Boas Prticas para Servios de Alimentao. Ministrio da Sade. Braslia, DF, 2004.

    GERMANO, Pedro Manuel Leal; GERMANO, Maria Izabel Simes. Higiene e Vigilncia Sanitria de Alimentos. 3 ed. So Paulo: Manole, 2007. JAY, James M. Microbiologia dos alimentos. 6 ed. Porto Alegre: Artmed, 2005. MACLEAN, A.C.; HAZELWOOD, D. Manual de higiene para manipuladores de alimentos. So Paulo: Ed. Varela. SILVA Jr., Eneo Alves da. Manual de Controle Higinico Sanitrio dos Alimentos. 6 ed. So Paulo: Ed. Varela, 2007.

    AONDE NOS ENCONTRAR: FIPERJ - Sede: Praa Fonseca Ramos, s/n, sobreloja Centro - Niteri Terminal Rodovirio Roberto Silveira - CEP: 24030-020 Tel.: (21) 3601-5566 / 3601-5232 | Fax.: (21) 2705-2837 Website: www.fiperj.rj.gov.br | E-mail: [email protected] METROPOLITANO: Praa Fonseca Ramos, s/n, sobreloja Centro - Niteri - Terminal Rodovirio Roberto Silveira - CEP: 24030-020 Tel.: (21) 2705-3003 | 3601-5232 | E-mail: [email protected] NORTE FLUMINENSE: Rua Alberto Torres, 383, salas 209/210 Centro - Campos dos Goytacazes CEP 28060-750 Tel.: (22) 2731-8273 | E-mail: [email protected] NOROESTE FLUMINENSE: Rodovia Prefeito Renato de Alvim Padilha, Km 2 - Nova Divinia - Santo Antnio de Pdua - CEP: 28470-000 Tel.(22) 3853-1404 | E-mail: [email protected]

    MDIO PARABA: Rodovia RJ 145, Km 96, 56.66 - Patronato de Menores - Rio das Flores CEP: 27660-970 Tel.: (24) 2458-6163 | E-mail: [email protected]

    BAIXADAS LITORNEAS: Av. Assuno, s/n, 2 andar Passagem - Terminal Martimo do Transatlntico - Cabo Frio - CEP: 28906-200 Tel.: (22) 2647-2445 | E-mail: [email protected]

    SERRANA: Parque de Exposies Raul Veigas, s/n - Parque de Exposies Centro Cordeiro CEP:28540-000 Tel.: (22) 2551-2358 | E-mail:[email protected] COSTA VERDE: Rua do Comrcio, 10 sobreloja Centro - Angra dos Reis Tel.: (24) 3365-4188 | E-mail: [email protected]

  • Fundao Instituto de Pesca do Estado do Rio de Janeiro

    Praa Fonseca Ramos, s/n, sobreloja - Centro

    www.perj.rj.gov.br

    Tels.: (21) 3601-5566 | 2705-3003