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Direito Civil – Fatos Jurídicos Fatos Jurídicos Fatos jurídicos é conceito basilar, causa fundamental para a ocorrência de relações jurídicas. Todos os fenômenos jurídicos se produzem, direta ou indiretamente, por uma causa, os fatos jurídicos. Denominam-se por fatos jurídicos todos aqueles acontecimentos, natural ou humano, que implicam em aquisição, modificação, extinção ou defesa de direitos e deveres. Se não for um fato jurídico, a relação jurídica estará comprometida já que o Direito não vai regular o determinado incidente ocorrido. Os Atos jurídicos seriam ações humanas que produzem efeitos jurídicos com a vontade de quem o pratica (casamento). Momentos de formação No processo de formação dos atos teremos 4 momentos cronológicos, no qual os dois primeiros primariam pela existência do ato, desse modo: a. Definição pela norma da hipótese fática b. Concretização da hipótese no mundo fático c. Validade d. Eficácia A definição pela norma da hipótese fática nada mais é do que a previsibilidade da norma; é o foco de todo o direito objetivo. O segundo momento seria a concretização da hipótese no mundo fático, ou seja, a judicialização, a incidência da norma no caso em concreto. Esses dois momentos iniciais implicam a existência da norma, sem eles não há que se falar em fato jurídico. O terceiro momento seria o de Validade, ou seja, o perfeito encaixe da norma e da concretização; é a entrada no mundo jurídico; uma conformidade do fato com a norma (capacidade do agente, objeto lícito...); aqui se encaixa o nulo e o anulável. Por fim, a Eficácia, que nada mais é d que se não a própria produção de efeitos. Entretanto, esses são critérios idealizados, uma vez que, em certas circunstâncias, a validade não se adequa a fatos que Existê

Apostila de Direito Civil - Fatos Jurídicos

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Direito Civil Fatos JurdicosFatos JurdicosFatos jurdicos conceito basilar, causa fundamental para a ocorrncia de relaes jurdicas. Todos os fenmenos jurdicos se produzem, direta ou indiretamente, por uma causa, os fatos jurdicos.Denominam-se por fatos jurdicos todos aqueles acontecimentos, natural ou humano, que implicam em aquisio, modificao, extino ou defesa de direitos e deveres. Se no for um fato jurdico, a relao jurdica estar comprometida j que o Direito no vai regular o determinado incidente ocorrido.Os Atos jurdicos seriam aes humanas que produzem efeitos jurdicos com a vontade de quem o pratica (casamento).Momentos de formao No processo de formao dos atos teremos 4 momentos cronolgicos, no qual os dois primeiros primariam pela existncia do ato, desse modo:a. Definio pela norma da hiptese fticaExistncia

b. Concretizao da hiptese no mundo fticoc. Validaded. Eficcia A definio pela norma da hiptese ftica nada mais do que a previsibilidade da norma; o foco de todo o direito objetivo. O segundo momento seria a concretizao da hiptese no mundo ftico, ou seja, a judicializao, a incidncia da norma no caso em concreto. Esses dois momentos iniciais implicam a existncia da norma, sem eles no h que se falar em fato jurdico. O terceiro momento seria o de Validade, ou seja, o perfeito encaixe da norma e da concretizao; a entrada no mundo jurdico; uma conformidade do fato com a norma (capacidade do agente, objeto lcito...); aqui se encaixa o nulo e o anulvel. Por fim, a Eficcia, que nada mais d que se no a prpria produo de efeitos.Entretanto, esses so critrios idealizados, uma vez que, em certas circunstncias, a validade no se adequa a fatos que no seja humanos. Desse modo, no podemos dize que um raio que caia em uma casa e venha a lhe quebrar o telhado seja invlido; no, ele sempre vlido.Efeitos Assim como a prpria definio j enuncia, os fatos jurdicos possuem cunho para: aquisio, modificao, extino ou defesa de direitos e deveres. Aquisio A aquisio a adjuno com seu titular. Essa aquisio pode ser originria ou derivada conforme for a natureza do direito adquirido. A aquisio originria se d quando o direito surge pela primeira vez; j a derivada h um relacionamento desse direito com o titular antecedente deste, ou seja, um direito preexistente. O usucapio um exemplo de aquisio originria e um exemplo de derivada a compra.A importncia de tal distino reside na importncia de sucessor e sucedido nas aquisies derivadas. Para tanto, e importante saber que s repassado aquele direito que se recebe, no podendo a ele acrescer; ou seja, uma posse injusta permanecer como tal quando transmitida outrem.Expectativa de direito: a mera possibilidade de aquisio, no amparada na legislao geral por ainda no se incorporar ao patrimnio jurdico do sujeito. , por exemplo, um herdeiro de testamento que aguarda a abertura da sucesso.Direito eventual: aquele em que o interesse do titular ainda no se encontra completa por no estarem todos aqueles requisitos exigidos completamente satisfeitos. , por exemplo, um filho, sucessor legtimo que apenas se tornar herdeiro quando a morte de seus ascendentes, seja pai e/ou me.Direito condicional: aquele que apenas se perfaz com o acontecimento de futuro e incerto fato. A diferena ao direito anterior que a condio aqui exterior ao ato, uma condio para que possa ser exercido. , por exemplo, uma condio para a sucesso que no seja necessria ao direito, ou seja, o fato de ser filho capacita o sujeito como sucessor legtimo, porm, os pais colocam uma clusula para que esse filho possa realmente ter esse direito, pode ser que o filho tenha que se casar (condio).Assim, de acordo com os exemplos dados, esse sucessor ter:Por ser filhoPelos pais terem falecidoAo se casar

Direito EventualExpectativa de DireitoDireito condicional

ModificaoPode se dar tanto no contedo ou objeto das relaes jurdicas (objetiva), quanto no que tange ao titular (subjetiva).Segundo ao contedo ou objeto pode ser uma mudana em qualidade ou quantidade. J, em relao ao titular, pode se dar pela prpria substituio do titular quanto pela adio de titulares.Ressalva-se, entretanto, que os direitos personalssimos, que no comporta essa modificao subjetiva; por exemplo, em relao a paternidade.Extino a perda do direito, seja por: Perecimento, renncia, alienao, abandono, prescrio, abolio da instituio jurdica (lei urea), confuso (fuso entre direitos), condio resolutiva (extingue obrigao), escoamento do prazo, direito incompatvel com o atual...Os Planos de Existncia, Validade e EficciaEsses trs momentos no pressupem uma ordem cronolgica, exigindo, no entanto, que se perfaa inicialmente o plano de existncia. Isso porque, considerando satisfeito o plano da existncia, podemos ter uma norma vlida e ineficaz; ou eficaz, mas invlida.A existncia de um fato jurdico rene em si os dois primeiros momentos de formao de todo fato jurdico: momento de previsibilidade normativa (disciplina) e a ilustrao dessa hiptese na norma.A validade do ato pode ser absoluta, ou relativa. Da se deduz: nulo, para atos de invalidade absoluta, r anulvel, para atos de invalidade relativa.E a eficcia, que a produo de efeitos desses fatos jurdicos.Classificao dos Fatos JurdicosFato jurdicoGneroEspcies

Sentido amploFatos jurdicosStricto sensuOrdinrio

Extraordinrio

Ato-Fato jurdico

Atos jurdicosLcitoLcitos propriamente ditos

Negocio Jurdico

Ilcito

Fato Jurdico em sentido EstritoSe caracteriza por ser desnecessria a ao do homem, ou seja, o homem pode aparecer, mas possuir um carter subsidirio. So fenmenos naturais por excelncia; o ciclo natural das coisas. Todo fato natural, quando passa a ser alado pelo direito, torna-se fato jurdico em sentido estrito. Assim, uma tempestade em alto mar, que no causa nenhum efeito jurdico, totalmente estranho ao direito; j uma chuva que destri o telhado de uma casa, gerando, por exemplo, uma obrigao de reparo por um seguro da casa, passa a ser importante ao direito.Uma contagem de prazos , inicialmente, indiferente ao direito, mas no momento em que culmina em prescrio e decadncia acaba gerando efeitos no mundo jurdico, sendo, portanto, observada pelo direito.OrdinriosOs fatos ordinrios so aqueles previsveis, cotidianos: quer seja nascer, morrer, paragem de tempo.ExtraordinriosOs fatos extraordinrios so aqueles imprevisveis, inesperados: que seja um maremoto, uma enchente, o caso fortuito e a foa maior.A saber, o caso fortuito pode ser decorrente de um ato humano (acidente de carro), o que faz extrapolar os limites do fato jurdico no sentido estrito.Atos-Fatos jurdicosSo fatos jurdicos em que a participao humana admitida, mas a sua vontade/conscincia irrelevante. Aqui, se ressalta, na verdade, a consequncia do ato, sem que seja relevante a vontade ou no de realiza-lo.Por exemplo, uma criana que compra balas em uma padaria celebra um contrato de compra e venda que aceito como ato-fato jurdico devido a incapacidade da criana. Ou um louco que pinta um quadro, independente de ter tido ou no vontade em faz-lo, mesmo que seja apenas pelo prazer, adquirem a propriedade de ato-fato jurdico.Ato jurdicoSo aqueles que necessitam de uma participao humana, dividindo-se em lcitos e ilcitos. Lcitos Ato jurdico propriamente dito um simples comportamento humano deflagrador de efeitos previamente estabelecidos por lei; a concretizao ftica da norma. Por exemplo, a fixao do domiclio civil, que no precisa ter uma declarao de vontade para torna-la oficialmente seu domiclio civil. Aqui, o agente no tem liberdade na escolha dos efeitos daquele ato, algo que foge de sua alada. Assim se d o reconhecimento de paternidade, na qual no se pode eximir, existindo direitos e deveres (herana, direito/dever alimentcio).Lcitos - Negcio jurdicoSo aqueles que se perfazem pela vontade dos agente e que seus efeitos so de controle deles mesmo, ou seja, alm de dizer o que quer ainda pode colocar clusulas. Aqui se apresenta uma autonomia da vontade.Vale diferenciar: num contrato de compra e venda, por exemplo, vendedor e comprador celebram-no, formando seu contedo, determinando o objeto, o preo e, muitas vezes, estabelecem clusulas que afastam princpios e dispositivos da lei. A vontade das partes tem o papel predominante da produo dos efeitos jurdicos desse contrato, que far entre ele uma nova lei vlida eles, por vontade deles. O mesmo no ocorre com algum que, numa pescaria, torna-se proprietrio do peixe fisgado graas ao instituto da ocupao.A diferena entre o negcio jurdico e o ato jurdico propriamente dito encontra-se, tambm, no processo de formao, na qual o negcio possui um procedimento mais compexo (cognitivo e deliberativo).Negcio JurdicoA categoria dos Negcios jurdicos desenvolveu-se graas ao labor da doutrina germnica, em perodo relativamente recente. Foram os alemes os primeiros a pensar no tamanho do valor que se pode dar vontade. Desse modo, entenderam a importncia: do Liberalismo jurdico, ou seja, menos interveno do Estado e a valorizao da autonomia da vontade; do Individualismo, de um pensamento acumulativo e patrimonial; e da Vontade Pena, absoluta e autnoma, ou seja, uma vontade absolutamente perfeita e em p de igualdade som as demais vontades.Na dcada de 30 h uma relativizao dos contratos com a primazia de princpios como a dignidade da pessoa humana. A moderna teoria geral do direito civil se edifica sobre uma base constitucional na qual a autonomia da vontade deveria observar os princpios do direto e a moral pautada no solidarismo social.Teorias Toda vontade humana tem dois elementos: uma vontade ntima e uma vontade externa, ou seja, presentes os elementos psquico/interno e o elemento externo.Segundo aqueles que primam pelo elemento psquico, a vontade interna, nasce a Teoria subjetivista/voluntarista, no entanto, essa teoria apresenta grande defeito, que o da insegurana jurdica. Eis que, em contraposio, surge aqueles que primam pelo elemento externo, ou seja, o importante a declarao dada da vontade; aqui surge, ento a Teoria objetiva, ou teoria da vontade declarada, que, no entanto, deixa de lado um sentimento de justia.Mas se o negcio jurdico fruto de um processo cognitivo que se inicia com a solicitao do mundo exterior, passando pelas fases de deliberao e formao da vontade, culminando com a declarao da vontade, no se pode negar que tanto a vontade interna quanto a declarada so faces da mesma moeda. Por esse entendimento, o Cdigo Civil 2002 abarca as duas teorias. Art. 112. Nas declaraes de vontade se atender mais inteno nelas consubstanciada do que ao sentido literal da linguagem.Por serem faces da mesma moeda que podemos afirmar que essas teorias primam pelos diferentes elementos do negocio jurdico de acordo com o momento desse negcio. Desse modo, o elemento interno est presente no plano de existncia, ao posto que a interpretao negocial apresenta o elemento externo.Art. 110. A manifestao de vontade subsiste ainda que o seu autor haja feito a reserva mental de no querer o que manifestou, salvo se dela o destinatrio tinha conhecimento.Neste caso, por exemplo, a teoria objetiva est em alta, no entanto, se houver alguma conscincia da reserva mental, a teoria subjetiva se faz presente para assegurar o direito daquele que, em situao diversa, talvez no contemplasse o contrato.Posto isso, Negcio jurdico a declarao de vontade emitida em obedincia aos seus pressupostos de existncia, validade e eficcia, com o proposito de produzir efeitos admitidos pelo ordenamento jurdico pretendido pelos agentes.Quanto s partes envolvidas, os negcios jurdicos so unilaterais (uma vontade. Ex: testamento) ou bilaterais (mais de uma vontade. Ex: contrato de compra e venda).Quanto forma, os negcios jurdicos so solenes (ou formais), em que s se tm validade quando obedecida a forma legal (Ex: compra e venda de imvel, art. 108 Cdigo Civil), a exceo; ou no solenes (ou informais), em que quando no tem modelo, a sua forma livremente pactuada (Ex: doao de bem mvel), a regra geral.Vontade NegocialA vontade negocial em si aquela dirigida produo de um efeito prtico, na inteno de que sejam tutelados pelo direito e vinculante; no so necessariamente econmicos, mas em grande maioria sim. No exame do plano da existncia de todo Negcio Jurdico, importa, consequentemente, em analisar a existncia de sua vontade, mais propriamente dito, da sua declarao de vontade. Muito antes de ser unicamente um elemento, o prprio pressuposto. Portanto, no se admite um negcio jurdico com mera aparncia de vontade, uma vez que de tamanha importncia que interfere na existncia e na prpria validade. Enquanto no existir pelo menos aparncia de uma declarao de vontade (escrita ou no), no se pode se quer falar em Negcio Jurdico. necessrio diferenciar: Vontade, que o elemento interno/subjetivo; Declarao/Manifestao de vontade, que o elemento objetivo, ou seja, exterioriza quele elemento subjetivo; Condies de validade da declarao, que a amoldamento da vontade externalizada segundo o direito, que garante sua influncia no mundo jurdico.A Declarao da vontade pode se dar pelo vis tcito ou expresso. A segunda pode ser aquela falada ou assinada, escrita. J a Tcita o silncio, a omisso. Em regra, tcito a anuncia, podendo ser a renncia se assim acordado pelos particulares. Art. 111. O silncio importa anuncia, quando as circunstncias ou os usos o autorizarem, e no for necessria a declarao de vontade expressa.Para que haja um negcio jurdico perfeito necessrio que a vontade esteja em sintonia com o que diz a declarao de vontade. necessrio que a manifestao da vontade possua o intuito negocial.Cdigo de Defesa do Consumidor, Art. 39. vedado ao fornecedor de produtos ou servios, dentre outras prticas abusivas:III - enviar ou entregar ao consumidor, sem solicitao prvia, qualquer produto, ou fornecer qualquer servio;Pargrafo nico. Os servios prestados e os produtos remetidos ou entregues ao consumidor, na hiptese prevista no inciso III, equiparam-se s amostras grtis, inexistindo obrigao de pagamento.Por se tratar de relao de consumo, o silencio no pode ser admitido como forma de aceitao. Portanto, considerada prtica abusiva encaminhar produtos ou servios ao consumidor sem a sua expressa anuncia ou requisio.Interpretao Interpretar: Inter = entre, dentro; Pretare = dizer, revelar.Diferente de interpretar lei, o negcio jurdico particular, portanto no possui um enunciado geral, mas dirigido declarante e ao declaratrio de vontade. Em outras palavras, interpretar um Negcio jurdico determinar o contedo da vontade e nele aplicar o direito, no havendo outro interesse na interpretao que no a busca a melhor aplicao da norma. necessrio que a declarao de vontade caminhe junto com a vontade interna. Essa interpretao de conformidade cabe ao juiz, via de regra. Nessa atividade mental, o juiz no pode se descurar de que a palavra externada a garantia das partes; no entanto, ao se prender apenas letra fria do requisito externo essa situao pode levar a situao de inequidade e por isso que o juiz se atm, conjuntamente, ao requisito interno. Portanto, deve o juiz evitar o apego excessivo a uma s das posies.Para Paulo Nader o intrprete no pode se ater somente lei, preciso que investigue o suporte ftico e os fatos sociais.Alm disto, ainda devem ser observados os princpio da boa f e da interpretao estritiva (estritamente o que as partes disseram, nem pra mais nem pra menos).Art. 112. Nas declaraes de vontade se atender mais inteno nelas consubstanciada do que ao sentido literal da linguagem.Art. 113. Os negcios jurdicos devem ser interpretados conforme a boa-f e os usos do lugar de sua celebrao.Art. 114. Os negcios jurdicos benficos e a renncia interpretam-se estritamente.Art. 422. Os contratantes so obrigados a guardar, assim na concluso do contrato, como em sua execuo, os princpios de probidade e boa-f.Princpios de InterpretaoSo eles:a. Boa fb. Conduta posterior das partes: c. Conservao do negocio jurdico: tentativa de salvar o negcio, segurana jurdica.Planos de exame dos negcios jurdicosExistnciaTraduz-se em Vontade. Como expresso anteriormente, a vontade mola propulsora do Negcio Jurdico.ValidadeAqui o negcio jurdico passa por requisitos bsico para ser reconhecido no mundo jurdico.Eficcia a produo de efeitos propriamente ditos dos Negcios jurdicos, Sabendo que aqui os efeitos so desejados (diferente dos atos jurdicos propriamente ditos).Elementos de ValidadeArt. 104. A validade do negcio jurdico requer:I - agente capaz;II - objeto lcito, possvel, determinado ou determinvel;III - forma prescrita ou no defesa em lei.Apesar dos expressos legalmente, a vontade se adequa perfeitamente como um quarto inciso de tal artigo. Lembrando que a vontade nos Negcios Jurdicos so to importantes que elas participam tanto da existncia quanto da validade.CapacidadeQuanto capacidade de gozo, sabemos todas as pessoas naturais a possuem e que as pessoas jurdicas esto condicionadas ao regulamento de sua constituio. Quanto capacidade exerccio, sabemos que as pessoas naturais esto limitadas s suas prprias qualidades, quer seja pela idade, sade fsica/mental...Quanto capacidade negocial, o agente precisa estar capacitado para fazer aquela declarao de vontade. Os detentores de algum defeito na capacidade de exerccio s podero praticar os atos civis mediante a representao (absolutamente incapaz) ou assistncia (relativamente capaz).A capacidade exigida na hora do cometimento do ato.Art. 105.A incapacidade relativa de uma das partes no pode ser invocada pela outra em benefcio prprio, nem aproveita aos cointeressados capazes, salvo se, neste caso, for indivisvel o objeto do direito ou da obrigao comum.Legitimao (competncia/capacidade especfica)Diferencia-se a legitimao da capacidade devido ao fato de a primeira se referir a competncia de poder realizar atos jurdicos, enquanto a segunda s qualidades intrnsecas a pessoa. Em regra somos todos legtimos, sendo expressa em lei a ilegitimidade. Normalmente a capacidade progressiva, ou seja, salvo as excees, iniciamos a vida civil como absolutamente incapazes, nos tornamos relativamente capazes e, por fim, tornamo-nos absolutamente capazes. J quanto a legitimao, no se pode verificar uma progresso de legitimidade, ou se tem ou no se tem capacidade; ela pode surgir e desaparecer independente da poca certa. uma relao do sujeito com o objeto do negcio.Objeto O objeto do negcio jurdico deve ser idneo, no contrrio lei, moral e aos bons costumes. Desse modo, cabe ao objeto ser lcito, possvel juridicamente, cujo caso contrrio deve ser nulo.Lei de introduo ao direito, Art. 17 - As leis, atos e sentenas de outro pas, bem como quaisquer declaraes de vontade, no tero eficcia no Brasil, quando ofenderem a soberania nacional, a ordem pblica e os bons costumes.CC, Art. 123 -Invalidam os negcios jurdicos que lhes so subordinados:II - as condies ilcitas, ou de fazer coisa ilcita;Art. 137 -Considera-se no escrito o encargo ilcito ou impossvel, salvo se constituir o motivo determinante da liberalidade, caso em que se invalida o negcio jurdico.O Objeto deve ser fisicamente possvel, no sendo reconhecido ao objeto validade se possuir uma prestao naturalmente realizvel. A impossibilidade do objeto s o invalida se for de forma absoluta. Qualquer impossibilidade pode ser fsica ou jurdica. A possibilidade Fsica advm das limitaes humanas (o ciclo da vida ou das coisas), relativa e medida na hora de produo de efeitos do negcio.CC, Art. 106.A impossibilidade inicial do objeto no invalida o negcio jurdico se for relativa, ou se cessar antes de realizada a condio a que ele estiver subordinado.J a impossibilidade jurdica decorre da lei; a proibio, a vedao legal de efeitos erga omines. A proibio jurdica pode ser superveniente, j a possibilidade jurdica no, uma vez que observada na hora do ato. Por fim, deve ser determinado, ou determinvel, de modo que no prejudique sua execuo. Ou seja, deve ter um mnimo de individualizao que permita caracteriz-lo. Forma Em regra, admite-se o princpio da liberdade de formas. Apesar disso, quando for necessria, o negcio ser invlido se for descumprida sua forma. Um negcio informal pode ser formal por vontade das partes, no ocorrendo o mesmo no caso inverso.CC, Art. 107 -A validade da declarao de vontade no depender de forma especial, seno quando a lei expressamente a exigir.Art. 108 - No dispondo a lei em contrrio, a escritura pblica essencial validade dos negcios jurdicos que visem constituio, transferncia, modificao ou renncia de direitos reais sobre imveis de valor superior a trinta vezes o maior salrio mnimo vigente no Pas.Art. 109 -No negcio jurdico celebrado com a clusula de no valer sem instrumento pblico, este da substncia do ato.Art. 1.867 -Ao cego s se permite o testamento pblico, que lhe ser lido, em voz alta, duas vezes, uma pelo tabelio ou por seu substituto legal, e a outra por uma das testemunhas, designada pelo testador, fazendo-se de tudo circunstanciada meno no testamento.RepresentaoGeralmente, o prprio interessado, com a manifestao de sua vontade, que atua em um Negcio jurdico. Todavia, h a possibilidade de outro praticar atos da vida civil no lugar do interessado, de forma que o representante possa conseguir efeitos jurdicos para o representado, do mesmo modo que este poderia faz-lo pessoalmente. Fora dos limites estabelecidos os atos negociais sero ineficazes (ou inexistente ou ineficaz propriamente dito).A regra que o prprio sujeito aja por si mesmo; em regra, se permite a representao, mas h casos em que o ordenamento probe a representao, nos atos personalssimos (Ex. testamento).Estritamente falando, o representante um substituto do representado, porque o substitui no apenas na manifestao externa, ftica do negcio, como tambm na prpria vontade do representado. (Slvio Venosa)A Representao Legal, ou necessria, decorre da lei e se d para certas situaes, como no caso dos incapazes, na tutela, curatela... a prpria lei que estabelece a extenso do mbito da representao, quando necessria, o poder e as situaes em que permite dispor dos direitos do representado. J a Representao Voluntria, ou convencional, decorre de mandato, que expresso em uma procurao. Parte da vontade das partes, mais especificamente, da vontade do representado.CC, Art. 115.Os poderes de representao conferem-se por lei ou pelo interessadoArt. 116.A manifestao de vontade pelo representante, nos limites de seus poderes, produz efeitos em relao ao representado.Art. 120.Os requisitos e os efeitos da representao legal so os estabelecidos nas normas respectivas; os da representao voluntria so os da Parte Especial deste Cdigo. importante que os terceiros tenham cincia da representao, sob pena de inviabilizar o negcio jurdico. O representante responder pela prtica de atos que excederem os poderes.CC, Art. 118.O representante obrigado a provar s pessoas, com quem tratar em nome do representado, a sua qualidade e a extenso de seus poderes, sob pena de, no o fazendo, responder pelos atos que a estes excederem. anulvel o negcio concludo pelo representante em conflito de interesses com o representado, se tal fato era ou devia ser conhecido pelo terceiro com quem contratou. O prazo decadencial de 180 dias para pleito de anulao, a contar da concluso do negcio ou cessao da incapacidade.CC, Art. 119. anulvel o negcio concludo pelo representante em conflito de interesses com o representado, se tal fato era ou devia ser do conhecimento de quem com aquele tratou.Pargrafo nico. de cento e oitenta dias, a contar da concluso do negcio ou da cessao da incapacidade, o prazo de decadncia para pleitear-se a anulao prevista neste artigo.Em tal artigo se observa o aparecimento das duas teorias alems sobre a vontade; caso anulado a teoria subjetiva, caso permanea intacto, a teoria objetiva.Uma vez realizado o negcio jurdico pelo representante, como se o representado houvesse atuado, pois seus efeitos repercutem diretamente sobre o ltimo. No contedo desse poder, deve se examinar se a representao foi corretamente exercida.Mas, se o representante pode tratar com terceiros em nome do representado, poderia, em tese, contratar consigo mesmo, surgindo a figura do autocontrato, ou contrato consigo mesmo, caso em que h a figura de dois contratantes numa s pessoa?At a dcada de 70 o direito brasileiro no via com bons olhos a auto contratao. Nessa mesma dcada o governo criou o Sistema Financeiro da Habitao (SFH), poca em que os depsitos em caderneta de poupana cresceram e os recursos do FGTS se expandiram com o aumento do nvel de emprego. O SFH abriu portas para o financiamento de casas por longo prazo (cerca de 20 anos). Com o passar do tempo as famlias, com o anseio de mudar e por no terem condio de pagar todos os anos que faltavam do financiamento, ao invs de fazer uma venda formal do domiclio faziam cesses de direito aos novos moradores. Vinha atrelado s cesses de direitos vinham as procuraes em causa prpria. Em um certo momento E viria como representante de A, que venderia para si mesmo a casa cedida uso para E.Com essa figura aparecendo, o direito passa a aceitar a procurao em causa prpria, regulando-a pelo artigo abaixo: CC, Art. 117.Salvo se o permitir a lei ou o representado, anulvel o negcio jurdico que o representante, no seu interesse ou por conta de outrem, celebrar consigo mesmo.Pargrafo nico. Para esse efeito, tem-se como celebrado pelo representante o negcio realizado por aquele em quem os poderes houverem sido subestabelecidos.Art. 685.Conferido o mandato com a clusula "em causa prpria", a sua revogao no ter eficcia, nem se extinguir pela morte de qualquer das partes, ficando o mandatrio dispensado de prestar contas, e podendo transferir para si os bens mveis ou imveis objeto do mandato, obedecidas as formalidades legais.