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1 Centro Educacional Sesc Cidadania Ensino Médio APOSTILA DE VOLEIBOL Fundamentos do voleibol Definem-se fundamentos como sendo as partes que, quando somadas compõem o jogo como um todo. Os fundamentos técnicos do jogo são: o saque, a recepção, o levantamento, o ataque, o bloqueio e a defesa (RIBEIRO, 2004). De acordo com a sua dependência ou não do adversário, podem ser classificados como princípios ofensivos, que são os que podem resultar em ponto (saque, levantamento, ataque); e princípios defensivos, que não resultam em ponto direto (recepção, defesa) (RIBEIRO, 2004). O bloqueio, por suas particularidades pode ser considerado um princípio tanto ofensivo, quanto defensivo. Além dos fundamentos, nós temos os chamados elementos, que são recursos técnicos utilizados para a execução dos fundamentos. Nesta categoria temos as posturas básicas ou posições de expectativa, deslocamentos, toque e manchete, além de outros menos utilizados. Os fundamentos e elementos caracterizam o voleibol. Quanto melhor for a técnica de execução de ambos, maior será o nível de proficiência na modalidade do praticante. Descrição dos fundamentos: 1. Saque Uma das principais características do saque é o fato de ser a única ação do jogo que depende somente do executor. O saque é a primeira ação do rally. Portanto, o executor pode planejar com antecedência todo o movimento, diferentemente das demais situações de jogo. Desta forma, O saque é a única habilidade motora fechada do voleibol (ZACARON e KREBS, 2006). Professor (a): Maura de Souza Disciplina: Educação Física Aluno (a):__________________________________________________________________________________ Série: ______Turma: ______ No. ______ Data: 04 /03 /2019

APOSTILA DE VOLEIBOL · 2019-03-07 · 1 Centro Educacional Sesc Cidadania Ensino Médio APOSTILA DE VOLEIBOL Fundamentos do voleibol Definem-se fundamentos como sendo as partes que,

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Centro Educacional Sesc Cidadania

Ensino Médio

APOSTILA DE VOLEIBOL

Fundamentos do voleibol

Definem-se fundamentos como sendo as partes que, quando somadas compõem o jogo como

um todo. Os fundamentos técnicos do jogo são: o saque, a recepção, o levantamento, o ataque, o

bloqueio e a defesa (RIBEIRO, 2004).

De acordo com a sua dependência ou não do adversário, podem ser classificados como

princípios ofensivos, que são os que podem resultar em ponto (saque, levantamento, ataque); e

princípios defensivos, que não resultam em ponto direto (recepção, defesa) (RIBEIRO, 2004). O

bloqueio, por suas particularidades pode ser considerado um princípio tanto ofensivo, quanto defensivo.

Além dos fundamentos, nós temos os chamados elementos, que são recursos técnicos utilizados

para a execução dos fundamentos. Nesta categoria temos as posturas básicas ou posições de

expectativa, deslocamentos, toque e manchete, além de outros menos utilizados.

Os fundamentos e elementos caracterizam o voleibol. Quanto melhor for a técnica de execução

de ambos, maior será o nível de proficiência na modalidade do praticante.

Descrição dos fundamentos:

1. Saque

Uma das principais características do saque é o fato de ser a única ação do jogo que depende

somente do executor. O saque é a primeira ação do rally. Portanto, o executor pode planejar com

antecedência todo o movimento, diferentemente das demais situações de jogo. Desta forma, O saque é

a única habilidade motora fechada do voleibol (ZACARON e KREBS, 2006).

Professor (a): Maura de Souza Disciplina: Educação Física

Aluno (a):__________________________________________________________________________________

Série: ______Turma: ______ No. ______ Data: 04 /03 /2019

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Quando o voleibol foi criado, o objetivo do saque era eminentemente colocar a bola em jogo.

Com a evolução do desporto, passou a ser uma forma de dificultar as ações do adversário e, até

mesmo, um meio de conseguir o ponto em disputa diretamente (RIBEIRO, 2004).

Um bom saque se caracteriza pela sua precisão, potência, irregularidade da trajetória da bola,

emprego estratégico e nível de dificuldade imposto ao adversário. É interessante que o atleta de

voleibol domine mais de um tipo de saque (MACHADO, 2006).

Os tipos de saque mais utilizado são:

• Saque por baixo – É um tipo de saque que

atualmente só é utilizado por crianças no início da

aprendizagem, praticantes com pouca habilidade ou que

não tem condições físicas de realizar um saque mais

potente. Possui um índice de precisão satisfatório, sendo

essa sua principal virtude. Deve ser incentivado o seu

uso em treinamento de iniciantes, pois a sua baixa

potência permite a continuidade do jogo por mais vezes

(ROCHA, 2004).

• Saque por cima (tipo tênis) – Em virtude da velocidade

do braço e do ângulo de contato com a bola, o saque por

cima é bem mais potente do que o por baixo. Exige um maior

controle motor do executante. É o tipo de saque mais

utilizado por praticantes de nível intermediário, além de ser

utilizado no alto nível. É um saque mais agressivo do que o

por baixo, porém mais conservador do que os tipos que

veremos adiante (ROCHA, 2005).

• Saque flutuante com salto: É uma evolução do saque por cima. O aluno deve manter os

procedimentos técnicos do saque anterior e acrescentar um salto antes de sua execução, devendo

buscar o contato com a bola no ponto de máximo alcance possível. O golpe na bola deve ser com a

palma da mão rígida, buscando imprimir uma trajetória irregular e sem giros no seu percurso

(BIZZOCHI, 2004).

• Saque viagem ao fundo do mar: É o saque mais forte que se conhece. Consequentemente é o mais

utilizado no alto nível atualmente. Para a sua execução o atleta deve lançar a bola para o alto e fazer

um gesto semelhante ao da cortada, golpeando a bola no ponto mais alto e imprimindo uma rotação da

bola de cima para baixo, através de uma violenta flexão do punho (RIBEIRO, 2004).

Os jogadores iniciantes devem se preocupar prioritariamente em acertar a técnica para a

execução do saque. Na medida em que o nível técnico vai aumentando e o aluno tem um maior controle

sobre o saque, deve ser incentivado que o aluno busque alvos específicos, direcionando o saque para

estes (MACHADO, 2006).

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2. Recepção

Como visto anteriormente, a construção de uma jogada é realizada, normalmente, através dos

três toques que a equipe tem direito. Quando a bola é originária de um saque do adversário, a ação de

jogo é denominada recepção (RIBEIRO, 2004).

Portanto, a recepção atua diretamente contra o saque do adversário. É um fundamento que tem

importância essencial na finalização da jogada ofensiva da equipe. Quanto mais precisa for, maior

possibilidade de êxito terá levantamento e, consequentemente, o ataque.

É realizada normalmente através do toque ou da manchete. Sua ineficácia pode proporcionar um

ponto direto para o adversário ou uma maior possibilidade disto acontecer. É importante em situações

de jogo delimitar a área de responsabilidade de cada aluno, dividindo as responsabilidades

(MACHADO, 2006).

O estado de prontidão, que permite ao atleta reagir o mais rapidamente possível quando da

detecção de uma ação do oponente e a capacidade de antecipação são pré-requisitos fundamentais

para a obtenção de uma recepção de qualidade.

3. Levantamento

É a ação preparatória para a finalização da jogada ofensiva da equipe, sendo normalmente o

segundo toque dos três que a equipe tem direito. É uma habilidade que requer extrema precisão, sendo

considerada uma habilidade motora fina. Assim, o toque é o recurso que mais é utilizado para a sua

realização (BOJIKIAN, 2003). Com a evolução do voleibol, o levantamento deixou de ser apenas a ação

de erguer a bola para o alto para ter um aspecto tático/estratégico vital para a finalização das jogadas.

O levantamento é um fundamento primordial para o sucesso da jogada ofensiva da equipe. O

atleta que desempenha esta função deve ter uma visão apurada do jogo, conseguindo ter uma boa

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leitura das características de seus adversários, para explorar suas possíveis falhas, além de perceber

as virtudes e o momento psicológico de seus atacantes. Por tantas atribuições complexas, o levantador

é considerado a alma da equipe (RIBEIRO, 2004).

Diversas formas de toque podem ser efetuadas para sua realização. O mais fácil e comum é o

toque para frente. Porém, levantadores habilidosos utilizam-se dos toques laterais, para trás e em

suspensão (toque com salto) para a sua realização. Em casos de recepção inadequada, recursos como

à manchete e o levantamento com apenas uma das mãos devem ser utilizados (RIBEIRO, 2004).

O levantador pode optar pela execução do levantamento obedecendo a diferentes empregos

estratégicos no contexto do jogo, condicionados a sua habilidade e a dos seus atacantes. Sendo assim,

temos as alternativas de ataque denominadas de ataque de ponta, com bolas altas ou rápidas; ataque

de meio (rápidas); jogadas combinadas; ataques de fundo da quadra; entre outras.

4. Ataque

É o fundamento do jogo que desperta o maior interesse

na maioria dos praticantes. Constitui-se de uma combinação de

movimentos que culmina com um golpe na bola no ponto mais

alto possível, que na maioria das vezes encerra um rally.

O ataque é um fundamento que normalmente motiva o

aprendiz e é praticado espontaneamente pelos alunos nos

momentos de intervalo de treinamento e mesmo nos momentos

em que não está treinando. Atualmente temos ciência de um

grande número de brincadeiras que envolvem o ataque. Tal

situação favorece o aparecimento de alguns erros técnicos

(BIZZOCHI, 2004).

É uma habilidade motora de execução bastante complexa. Sua preparação para a realização

varia em consequência da recepção e da trajetória do levantamento. Um bom atacante deve dominar

golpes variados para sua execução, já que o tempo que ele tem para decidir no momento da jogada é

pequeno (MACHADO, 2006).

O alcance do jogador no momento de golpear a bola e o entendimento da dinâmica do jogo e

das várias situações a ela inerentes são outros importantes requisitos, que podem ajudar na formação

de um atacante de qualidade. De acordo com as regras atuais do jogo (sistema de pontos por rally), o

ataque assumiu um papel ainda mais importante para o resultado final da partida.

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5. Bloqueio

É o fundamento que busca interceptar ou diminuir a velocidade do ataque do adversário próximo

a rede. Tem como particularidade o fato de poder ter um caráter tanto ofensivo quanto defensivo, de

acordo com seu emprego estratégico no jogo.

O bloqueio é um fundamento considerado de fácil aprendizado, porém de difícil aplicabilidade no

jogo. Este fato é decorrente dos poucos elementos inerentes à dinâmica da sua execução, que

contrasta com o reduzido tempo para o sucesso de sua ação, ou seja, conseguir parar o ataque

adversário (BIZZOCHI, 2004).

A dificuldade da sua aplicação em situações concretas de jogo está relacionada ao seu

confronto direto contra o ataque. Como a bola está de posse de seu adversário, este é quem decide

qual a natureza do ataque a ser realizado, com o bloqueador só tomando ciência após a efetivação do

levantamento. Sendo assim, toda movimentação necessária para sua realização tem que ser feita em

um tempo mínimo.

Talvez seja o fundamento que maior desgaste ocasiona em seu treinamento e, ao contrário do

ataque, não é dos mais estimulantes para o aluno, provavelmente pelos poucos sucessos conseguidos

em sua execução (RIBEIRO, 2004).

6. Defesa

É a ação que visa impedir o ataque adversário, quando este passa pelo bloqueio. É o

fundamento que mais recursos são utilizados para a sua execução, com o próprio corpo servindo como

uma espécie de escudo para defender a bola. A coragem é um pré-requisito indispensável para a

formação de um bom defensor (BIZZOCHI, 2004).

A importância da defesa na dinâmica do jogo pode ser entendida a partir da constatação que

cada vez que se executa uma defesa com sucesso, o adversário deixa de pontuar e a equipe que

defendeu tem condições de executar um contra-ataque, passando a ter uma maior possibilidade de

vencer o rally em disputa (RIBEIRO, 2004).

O ângulo descrito pelo ataque e a velocidade do mesmo são fatores que contribuem para a

dificuldade em obter sucesso nas ações defensivas. O jogador de defesa deve atuar em conjunto com

seu colega de bloqueio, procurando minimizar os espaços vulneráveis na quadra, já que o tempo não é

suficiente para realização de deslocamentos.

O entendimento do jogo faz com que o jogador tenha uma melhor leitura das ações do seu

oponente, podendo se antecipar à ação deste, diminuindo sua desvantagem. Aspectos importantes a

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serem analisados pelo defensor são a velocidade da bola, a proximidade da bola com a rede, as

características individuais dos atacantes, entre outras (BOJIKIAN, 2003).

Referência bibliográfica:

https://www.portaleducacao.com.br/conteudo/artigos/educacao-fisica/fundamentos-do-voleibol/40913

Cooperação e Compreensão no Esporte

O conceito de Ética

Penso que seja necessário, em primeiro lugar, porque isto me

parece fortemente cunhado no pensamento profissionalizante, refletir

sobre o que não é ética. Ética não é reserva de mercado. Ética não é

pretexto para esconder mazelas profissionais e irresponsabilidades de

pares. Ética também não é o simples filosofar e induzir a dúvidas. "Ética,

enfatize-se, desserve apenas para adornar a retórica; é algo que pode e

deve pautar a conduta de um ser consciente" (ALONSO, 2002: 83).

Ética deriva do grego e significa em sua grafia original

"costumes". Estamos falando, portanto, do comportamento humano,

vinculado a um determinado grupo, ambiente ou cultura.

Ética no esporte

Não nos faltam discussões a respeito da ética no esporte, pelo menos no mundo das torcidas e da

mídia. Podemos acompanhar diariamente, nos comentários pelas ruas ou pelos jornais, escritos, falados e

televisionados assuntos pertinentes à moral e à ética nos esportes. Poderíamos arrolar centenas de fatos

que suscitariam polêmicas discussões a respeito. Vou lembrar algumas delas:

As supostas falcatruas da Confederação Brasileira de Futebol, os chamados "gatos" do esporte, que

falsificam carteiras de identidade para tirar proveito de uma idade menor;

Rubinho ter que deixar Schumacher passar à frente para somar mais pontos no Mundial de fórmula 1

em 2003;

Um determinado árbitro que, no campeonato brasileiro de 2005, foi preso por manipular resultados

de jogos;

A descoberta constante do uso de anabolizantes por parte de atletas de alto nível.

A distribuição das cotas de televisão na Série A 2018, com bolo de R$ 1,3 bilhão

A mídia prega a todo instante chavão moral e

de fair play, quando ela mesma, na prática profissional

de seus agentes, usa de meios inescrupulosos para

manter seus níveis de audiência. O canibalismo da

disputa pelos direitos de transmissão do futebol, por

exemplo, não condiz com os princípios do fair play,

enquanto que "na disputa pelas quotas de vendas e

Medalhista olímpico, Ryan Lochte é pego

no doping por causa de foto.

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audiências fogem do plano do fair play como o diabo da cruz e não parecem nada incomodados com isso.

Resta-nos avaliar alguns pontos contraditórios para delinear novas perspectivas para uma ética no

esporte.

Temos um esporte que se profissionaliza cada dia mais e se submete às regras do mercado do

trabalho economicamente produtivo e que, se por um lado se distancia da puritana ética protestante do

trabalho, por outro, e pelos mesmos motivos, cerceia as liberdades individuais, o livre arbítrio e a

possibilidade do ser humano se reconhecer no produto de seu próprio trabalho, cedendo lugar aos

interesses do rendimento individualista, das vantagens econômicas e da perversidade da desestruturação

trabalhista. Quais são as preocupações éticas com o fim da carreira esportiva? Os segmentos sociais que

cuidam do esporte estão preocupados em como será a vida dos cidadãos, que lutaram vários anos para

melhorar e manter altos índices de performance, estiveram no foco da mídia e, de repente, vivem no

anonimato e muitas vezes na miséria?

Não quero me referir apenas ao âmbito do alto rendimento, que é sem dúvida o desaguadouro de

inúmeras mazelas éticas, mas também à iniciação esportiva e à descoberta de talentos.

Cito, como exemplos, dois temas importantes: Um que diz respeito ao papel dos pais. Até que ponto

pode se considerar ética a participação dos pais no desenvolvimento esportivo de seus filhos. Os pais

estão conscientes e conversam com seus filhos a respeito das consequências positivas e negativas da

prática esportiva? Os pais permitem a livre escolha da prática esportiva de seus filhos? As crescentes

expectativas de trabalho no esporte, criadas por pais e filhos, que levam ao sonho da riqueza e do

sucesso, são compatíveis com a realidade do mundo esportivo?

O outro tema é o das assim denominadas "peneiras", que frequentemente mandam de volta para

casa centenas de jovens decepcionados e frustrados por não terem conseguido um "lugar ao sol", como a

que vimos recentemente na televisão, no caso específico do futebol, inclusive com a participação de

renomados técnicos nacionais.

O esporte que inicialmente era apenas competição, usado para demonstrações de superioridade,

agora é tratado como “esporte para todos’, o que abriu margem para grandes campanhas de valorização

das práticas esportivas, reforçando muito o aumento da abrangência do renovado conceito esporte. A

razão social do esporte, anteriormente atrofiada pelas próprias limitações do esporte de competição,

cresceu muito em relevância, com isso passou a ser utilizado pelos canais de mídia (canais de televisão,

jornais, revistas, rádio, internet) como meio de divulgação e comércio dos mais variados produtos.

_____________________________________________________________________________________

A visão de esporte imposta pela mídia

Atualmente, principalmente em países subdesenvolvidos, as pessoas não dispõem de grandes

oportunidades para melhoria da qualidade de vida. Nesse ponto, o principal papel da mídia é mostrar para

a sociedade o esporte como uma forma rápida, sem muito esforço e/ou prazerosa da tão sonhada

oportunidade de melhoria sócio-econômica.

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À medida que a mídia vai promovendo mais e mais a repetição deste pensamento, a sociedade vai

aceitando e encarando-o como verdadeiro. “Para tanto, a indústria midiática contribui decisivamente, pela

força do apelo imagético e por seu efeito multiplicador, para que estas interpretações se tornem ‘familiares’

e sejam incorporadas à cultura esportiva” (PIRES, 2005, p. 115).

Por sua vez, o Capitalismo impõe que as pessoas estejam sempre buscando a melhoria de sua

situação financeira. Sendo assim, o papel da mídia é mostrar e idolatrar alguns pouquíssimos atletas que

conseguem obter sucesso através do esporte e fazer com que estes passem a servir como modelos para

outros milhões de pessoas que tentarão em vão este mesmo sucesso.

Analisando a afirmativa de Kenski (1995), a autora diz que “o atleta super star é valorizado

comercialmente como espaço publicitário por onde podem ser veiculadas as mensagem dos

patrocinadores. Divulga-se o campeão e, junto com ele uma imagem símbolo, valorizada socialmente, de

saúde, força, poder, [dinheiro, fama], vitória e prestígio”.

Assim, a mídia, como aliada do Capitalismo, utiliza este atleta campeão como parâmetro de sucesso

para a sociedade. As empresas o utilizam para fazer propaganda de seus produtos e aumentar suas

vendas. Por sua vez, a população acaba procurando e comprando os produtos anunciados pelo atleta

campeão. Não significa que isto não possa ou não deva de forma alguma ser feito, significa que o esporte

não pode ser resumido a isso e utilizado apenas pra esse fim, apenas com interesses econômicos.

Podemos perceber que atualmente na mídia há uma predominância quase total do “Esporte

Rendimento’’ (ou “Esporte Espetáculo”) em detrimento do “Esporte Saúde e/ou Social’’. Pouco se vê

reportagens falando sobre os benefícios de determinado esporte para a saúde, ou, raramente se vê

alguma reportagem falando sobre algum projeto social esportivo e mostrando os benefícios sociais do

esporte, como inclusão, integração, socialização, fuga do mundo da criminalidade...

Quando algo parecido com isso aparece nos programas esportivos, é alguém que veio de origem

humilde e que conseguiu se tornar um bom atleta, um campeão. Assim, fala-se de sua vida sofrida, dos

obstáculos vencidos e de como obteve sucesso... Apenas do conto de fadas!

Nesse caso, a mídia afirma que qualquer pessoa pode ter sucesso através do esporte, inclusive as

de origem mais humilde. Isso, sem dúvida, é pura ilusão. Um ou outro conseguem, no universo de milhões.

As pessoas não têm chances iguais, principalmente as menos favorecidas economicamente. No entanto,

outros inúmeros milhões de pessoas, principalmente estas de origem mais humilde, cultivarão e correrão

atrás deste mesmo sonho irrealizável para ver se conseguem deixar a pobreza.

O espetáculo esportivo, que antes acontecia apenas para o deleite das arquibancadas, foi

globalizado. A televisão multiplicou a plateia de milhares para criar a audiência e o mercado de milhões

(...). A indústria do esporte cresceu e com ela a qualidade dos eventos e dos equipamentos esportivos. Os

espetáculos esportivos estão cada vez mais elaborados, cada vez mais espetaculares e, ao mesmo tempo,

mais ajustados ao formato exigido pela mídia. O esporte foi metamorfoseado definitivamente pelo dinheiro.

Modificou-se tudo que foi necessário para seu novo formato, desde o ideal até as regras. Uma nova

equação foi produzida: espetáculo esportivo mais mídia é igual a lucros milionários (PILATTI; VLASTUIN,

2004).

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Referências

ALONSO, F.R. Requisitando os fundamentos da ética. In: J.A.A. COIMBRA (Org.). Fronteiras da

Ética. São Paulo: Senac, 2002. p. 75-119).

https://efdeportes.com/efd76/etica.htm

www.efdeportes.com/efd123/ilusao-em-massa-o-papel-da-midia-no-esporte.htm