Apostila do SAMU de Minas Gerais

Embed Size (px)

Citation preview

  • 8/14/2019 Apostila do SAMU de Minas Gerais

    1/368

    Rede de Ateno s Urgncias e EmergnciasCoordenao Estadual de Urgncia e Emergncia

    Curso CapacitaoSAMU 192 - Macrorregional

    GOVERNO DE MINAS GERAISSECRETARIA DE ESTADO DE SADE

  • 8/14/2019 Apostila do SAMU de Minas Gerais

    2/368

    II

    Antnio Augusto Junho AnastasiaGovernador do Estado de Minas Gerais

    Alberto Pinto CoelhoVice Governador do Estado de Minas Gerais

    Antnio Jorge de Souza MarquesSecretrio de Estado de Sade de Minas Gerais

    Breno Henrique Avelar de Pinho SimesSecretrio-Adjunto

    Maurcio Rodrigues BotelhoSubsecretrio de Polticas e Aes de Sade

    Maria Letcia Duarte CamposSubsecretria de Regulao em Sade

    Carlos Alberto Pereira GomesSubsecretrio de Vigilncia e Proteo em Sade

    Jorge Luiz VieiraSubsecretrio de Inovao e Logstica em Sade

    Gilberto Jos Rezende dos SantosSubsecretrio de Gesto Regional

    Marclio Dias Magalhes Superintendente de Redes de Ateno Sade

    Rita Ana da Silva LimaDiretora de Rede Assistencial

    Rasvel dos Reis Santos JuniorCoordenador de Urgncia e Emergncia

    Hellen Fernanda SouzaGerente de Projeto da Urgncia e Emergncia

  • 8/14/2019 Apostila do SAMU de Minas Gerais

    3/368

    III

    ORGANIZAAO DA PRIMEIRA EDIO

    Cesar Augusto Soares NitschkeWelfane Cordeiro Jnior

    Nara Lcia Carvalho da SilvaRasvel dos Reis Santos Jnior

    Leonardo Lima de CarvalhoCludia Maria Vasconcellos de Magalhes

    Rosa Aparecida Garcia

    Fernando Ferreira de MelloJahir Richard de OliveiraStefnia Mereciana Gomes Ferreira

    REVISO E ATUALIZAO DA SEGUNDA EDIO

    Csar Augusto Soares NitschkeRasvel dos Reis Santos Jnior

    Hellen Fernanda SouzaYamara Colares

    Giselle Coutinho dos Santos

    AGRADECIMENTO

    Agradecemos a todos os que, de uma forma direta ou indireta, ao longo destes v-rios anos, vm auxiliando na implantao do SAMU em Minas Gerais e em especialao Dr. Miguel Martinez-Almoyna, do SAMU de Paris, mestre de todos os profissio-

    nais que se dedicaram implantao do SAMU no Brasil.

  • 8/14/2019 Apostila do SAMU de Minas Gerais

    4/368

    IV

    NDICE

    Introduo ................................................................................................................. 1 Welfane Cordeiro Jnior

    1 Definies Conceituais Iniciais ........................................................................... 3

    Cesar Augusto Soares Nitschke

    1.1 Urgncia e Emergncia ...................................................................................... 3

    1.2 Sistema .............................................................................................................. 4

    1.3 Rede .................................................................................................................. 5

    1.4 Regulao .......................................................................................................... 5

    1.5 Regulao Mdica.............................................................................................. 6

    1.6 Regulao Mdica das Urgncias ...................................................................... 7

    1.7 Complexo regulador da assistncia .................................................................... 9

    1.8 Centrais de regulao .......................................................................................11

    2 Sistema nico de Sade .................................................................................... 13

    Maria de Ftima Souza Rovaris

    Cesar Augusto Soares Nitschke

    1 Introduo ............................................................................................................13

    2 Histrico ...............................................................................................................13

    3 Conceito ...............................................................................................................15

    4 Objetivos ..............................................................................................................16

    5 Por que o Sistema nico de Sade? ....................................................................17 5.1 Quem faz parte do SUS ........................................................................................... 17

    5.2 Princpios Doutrinrios SUS ..................................................................................... 17

    5.3 Regionalizao e Hierarquizao ............................................................................ 19

    5.4 Resolubilidade .......................................................................................................... 20

    5.5 Descentralizao ...................................................................................................... 20

    5.6 Participao dos cidados: O Controle Social ......................................................... 20

    5.7 Complementaridade do Setor Privado ..................................................................... 21

    6 Principais Leis ......................................................................................................22

    6.1 Constituio Federal de 1988 .................................................................................. 22 6.2 Lei Orgnica da Sade (LOS), Lei n.8.080/1990 ................................................... 22

  • 8/14/2019 Apostila do SAMU de Minas Gerais

    5/368

    V

    6.3 Lei n. 8.142/1990 .................................................................................................... 25

    6.4 Normas Operacionais Bsicas (NOBs) .................................................................... 26

    6.5 Normas Operacionais de Assistncia Sade ( NOAS) ......................................... 28

    7 Complexo Regulador............................................................................................30

    8 Central de Regulao de Internao Hospitalar ...................................................33 8.1 Objetivos ................................................................................................................... 33

    8.2 Funes .................................................................................................................... 35

    9 Pacto pela Sade .................................................................................................36 Stefnia Mereciana Gomes Ferreira

    9.1 Os Consrcios e o Sistema nico de Sade ........................................................... 38

    9.2 Canal de comunicao em sade ............................................................................ 40

    3 A Ateno s urgncias no cenrio atual ........................................................ 41

    Cesar Augusto Soares Nitschke

    4 Legislao Nacional e Mineira de Ateno s Urgncias ............................... 46

    Cesar Augusto Soares Nitschke

    Rasvel dos Reis Santos Jnior

    1 O regulamento tcnico das urgncias: Portaria GM/MS 2048/02 .........................47 2 A Poltica Nacional de Ateno s Urgncias: Portaria GM/MS 1863/03: ............48

    3 O Componente Pr-Hospitalar Mvel da Poltica Nacional de Ateno sUrgncias SAMU 192: Portaria GM/MS 1864/03: ............................................................50

    4 Diretrizes Tcnicas e Financeiras De Fomento Regionalizao Da RedeNacional SAMU 192: Portaria GM/MS 2.970/08: ................................................................59

    5 Organizao do Componente Hospitalar da Rede de Ateno s Urgncias nombito do Sistema nico de Sade (SUS): Portaria GM/MS 2.395/11: ..............................66

    6 Normas Gerais para Implantao das Redes Regionais de Urgncia e Emergnciano Estado de Minas Gerais: Resoluo SES N 2.607/10 (Na ntegra): .............................84

    5 A Rede de Ateno s Urgncias e Emergncias em Minas Gerais .............. 97

    Welfane Cordeiro Jnior

    Adriana de Azevedo Mafra

    1 Introduo ............................................................................................................97

    2 O Acolhimento com Classificao de Risco .........................................................99 2.1 Histrico .................................................................................................................. 100

  • 8/14/2019 Apostila do SAMU de Minas Gerais

    6/368

    VI

    2.2 Comparao entre os modelos .............................................................................. 100

    6 Mudana na gesto das urgncias a partir da Classificao de Risco ....... 102

    Welfane Cordeiro Jnior

    Adriana de Azevedo Mafra

    1 As Redes de Ateno no Estado de Minas Gerais ............................................. 104

    2 Os Pontos de Ateno ....................................................................................... 106

    7 Sistema Estadual de Regulao Assistencial ................................................ 123

    Maria do Carmo Raush

    1 Objetivos ............................................................................................................ 125

    2 Etapas da implantao ....................................................................................... 125

    3 Sistema Operacional Informatizado das Centrais de Regulao ........................ 129

    4 Consideraes ................................................................................................... 140

    8 Atendimento Pr-Hospitalar e Transporte Inter-Hospitalar .......................... 144

    Cesar Augusto Soares Nitschke

    1 Histrico dos Atendimentos Mveis de Urgncia e da Regulao Mdica deUrgncia ........................................................................................................................... 144

    1.1 No mundo ............................................................................................................... 144

    1.2 No Brasil ................................................................................................................. 146

    1.3 Modelos ................................................................................................................. 149

    9 SAMU em Minas Gerais.................................................................................... 154

    Welfane Cordeiro Jnior

    Cesar Augusto Soares Nitschke

    1 Objetivos ............................................................................................................ 155 1.1 Central de Regulao Mdica de Urgncia ........................................................... 157

    2 Acesso a cada central e fluxos para o atendimento ........................................... 159 2.1 Acesso a cada central ............................................................................................ 159

    2.2 Portas de entrada das solicitaes ........................................................................ 160

    2.3 Definio do fluxo ................................................................................................... 161

    2.4 Estabelecimento de protocolos operacionais e clnicos inter-institucionais ......... 162 2.5 Transporte inter-hospitalares de pacientes graves ................................................ 162

  • 8/14/2019 Apostila do SAMU de Minas Gerais

    7/368

    VII

    2.6 Unidades Mveis .................................................................................................... 163

    2.7 Ambulncia de Suporte Bsico de Vida - SAMU ................................................... 170

    2.8 Ambulncia de Suporte Avanado de Vida (USA ou UTI Mvel) - SAMU ............ 172

    10 Comits Gestores Estadual e Regionais de Ateno s Urgncias .......... 183

    Welfane Cordeiro Jnior

    Cesar Augusto Soares Nitschke

    1. Objetivos dos Comits Gestores Estadual e Regionais ..................................... 185

    2. Das atribuies do Comit Gestor ..................................................................... 186

    11 Regulao Mdica de Urgncia ..................................................................... 188 1 Bases ticas ...................................................................................................... 195

    Sandra Caponi

    2 A Classificao de Risco na Regulao Mdica e nos Atendimentos Pr-Hospitalares ..................................................................................................................... 204

    Cesar Augusto Soares Nitschke

    Welfane Cordeiro Jnior

    Nara Lcia Carvalho da Silva

    Rasvel dos Reis Santos Jnior

    3 Papel, tarefas e fluxo de tarefas do Mdico Regulador ...................................... 207 Cesar Augusto Soares Nitschke

    4 As vias de entrada dos pedidos de atendimento de urgncia ............................. 211 Miguel Martinez-Almoyna

    Cesar Augusto Soares Nitschke

    5 Papel do Tcnico Auxiliar de Regulao Mdica (TARM) no primeiro minuto de umchamado .......................................................................................................................... 214

    Alain Rozemberg

    Miguel Martinez-Almoyna Cesar Augusto Soares Nitschke

    6 A distribuio de tarefas entre o mdico regulador e o TARM ........................... 220 Miguel Martinez-Almoyna

    Cesar Augusto Soares Nitschke

    7 Passos da Regulao Mdica das Urgncias .................................................... 224

    8 Regulao Mdica das Urgncias e Regulao de Leitos. ................................. 245

    12 As transferncias inter-hospitalares............................................................. 248

  • 8/14/2019 Apostila do SAMU de Minas Gerais

    8/368

    VIII

    13 Articulao com outros servios que atuam no pr-hospitalar ................. 258

    1 Protocolos de ativao entre as centrais 190, 193 e 192 ................................... 258

    14 Capacitao Inicial e Educao Permanente ............................................... 261

    Nara Lcia Carvalho da Silva

    Cesar Augusto Soares Nitschke

    15 Diretrizes operacionais das centrais de regulao mdica ........................ 264

    16 Noes de Regulao Mdica em Situaes de Ateno a Mltiplas Vtimas............................................................................................................................... 273

    1 Conceitos: .......................................................................................................... 273

    2 Regulao Das Transferncias Simultneas De Mltiplas Vtimas ..................... 283

    17 Protocolos de interveno ............................................................................. 285

    1 Avaliao e procedimentos iniciais nos Casos Traumticos ............................... 285 Andr Ricardo Moreira

    Jacymir Santos de Oliveira

    2 Parada crdio-respiratria e Reanimao Crdiopulmonar (RCP) ..................... 309 Evandro Luz Maier

    3 Asfixia - Manobra de Heimlich ............................................................................ 328

    18 Rotinas bsicas do servio ........................................................................... 332

    Rotina de servio nmero 01:................................................................................ 332

    Rotina de servio nmero 02:................................................................................ 334

    Rotina de servio nmero 03:................................................................................ 336

    Rotina de servio nmero 04:................................................................................ 338

    Rotina de servio nmero 05:................................................................................ 340 Welfane Cordeiro Jnior

    Maria do Carmo Raush

    Cesar Augusto Soares Nitschke

    Rotina de servio nmero 06:................................................................................ 343

  • 8/14/2019 Apostila do SAMU de Minas Gerais

    9/368

    IX

    Aldinia Walckof

    Anexos .................................................................................................................. 346

    Anexo 1 ................................................................................................................. 346

    Anexo 2 ................................................................................................................. 349

    Anexo 3 ................................................................................................................. 351

    Referncias Bibliogrficas................................................................................... 356

  • 8/14/2019 Apostila do SAMU de Minas Gerais

    10/368

    AUTORES

    Adriana de Azevedo Mafra

    Alain Rozemberg

    Aldinia Walckof

    Andr Ricardo Moreira

    Cesar Augusto Soares Nitschke

    Evandro Luz Maier

    Jacymir Santos de Oliveira

    Maria de Ftima Souza Rovaris

    Miguel Martinez-AlmoynaNara Lcia Carvalho da Silva

    Rasvel dos Reis Santos Jnior

    Sandra Caponi

    Welfane Cordeiro Jnior

  • 8/14/2019 Apostila do SAMU de Minas Gerais

    11/368

    1

    INTRODUO

    Welfane Cordeiro Jnior

    A ateno aos casos de urgncia e emergncia se tornou um dos principaisproblemas a serem enfrentados pelos sistemas de sade no mundo, sejam eles denatureza pblica ou privada. H um aumento progressivo na procura dos pontos deateno s urgncias e, apesar de todas as estratgias adotadas na tentativa dereduo do problema, permanece aumentando exponencialmente. O Estado de Mi-nas Gerais vem tentando trabalhar com a concepo da Organizao Mundial deSade (2003) que divide as doenas em condies crnicas e condies agudas natentativa de uma melhor organizao da resposta do sistema. Sabemos que devidoao envelhecimento progressivo da populao do mundo h hoje um grande predo-mnio das condies crnicas, o que dificulta o controle e resposta em sistemas desade fragmentados ou focados na resposta das condies agudas. A maior parteda procura pelas portas de urgncia se manifesta em situaes de baixa complexi-dade e agudizaes de condies crnicas o que nos obriga a estruturarmos siste-mas integrados de servios de sade, ou redes de ateno sade se quisermosmelhorar este cenrio. Tambm na resposta moderna a determinadas situaesagudas(ex: trauma maior) a organizao de redes regionais fator de reduo demortalidade.

    O fato que a poltica de implantao do SAMU no pas, como incio de umapoltica nacional de urgncias e sendo este um poderoso instrumento de logstica

    numa rede nos tem obrigado a algumas reflexes:1) O investimento isolado numa vertente, seja ela um ponto de aten-

    o(hospital) ou logstico(SAMU) no garante resultados de melhoria na resposta scondies agudas. H necessidade de investirmos em solues mais complexas(redes).

    2) H necessidade de coordenao nica nesta rede complexa. Isto nos obri-ga a uma reflexo profunda a respeito das centrais operativas e de regulao que

    so o que poderamos chamar de sistema nervoso central desta rede.

  • 8/14/2019 Apostila do SAMU de Minas Gerais

    12/368

    2

    3) H necessidade de falarmos uma lngua comum nos vrios pontos destarede para que as decises sejam compreendidas por todos.

    4) Por fim a conexo de pontos de resposta em locais diferentes e com com-

    plexidades diferentes nos obriga a regionalizar a assistncia e consequentemente alogstica.

    Por isso o Estado de Minas Gerais tem-se proposto a implantar um projeto deestruturao de redes macrorregionais de resposta s urgncias, com reestrutura-o do papel de diversos hospitais e pontos de ateno (a incluindo a ateno pri-mria), implantao do sistema de classificao de risco de Manchester e investi-

    mento para regionalizarmos o SAMU com expanso da funo das centrais de regu-lao. Estes so os pontos fundamentais deste projeto que tem sido um novo marcona poltica de ateno sade do Estado.

  • 8/14/2019 Apostila do SAMU de Minas Gerais

    13/368

  • 8/14/2019 Apostila do SAMU de Minas Gerais

    14/368

    4

    Conceito ampliado:Segundo o professor Le Coutour, "o conceito de urgncia difere em funo

    de quem a percebe ou sente.

    Para os usurios e seus familiares, pode estar associada a uma ruptura deordem do curso da vida. do imprevisto que tende a surgir a urgncia: eu no pos-so esperar.

    Para o mdico, a noo de urgncia repousa no sobre a ruptura, mas sobreo tempo, com prognstico vital em certo intervalo: ele no pode esperar. -

    Para as instituies, a urgncia corresponde a uma perturbao de sua orga-nizao, o que no pode ser previsto.

    Assim, em Minas Gerais e em Santa Catarina, adotamos para fins organizaci-onais o abaixo exposto:

    EMERGNCIAS: so situaes que provocam alterao do estado de sade,com risco iminente vida, ou seja, risco iminente de morte. O tempo para resoluo extremamente curto, normalmente quantificado em minutos.

    URGNCIAS: so situaes que provocam alterao do estado de sade, po-rm sem risco iminente vida, que por sua gravidade, desconforto ou dor, requerematendimento mdico com a maior brevidade possvel.

    Em Minas Gerais, no pr-hospitalar, adotaremos que as urgncias so aque-las situaes que devam ser resolvidas, ou pelo menos atendidas, em um prazo m-ximo de 4(quatro) horas.

    1.2 Sistema

    o conjunto de partes integradas com uma finalidade comum.O conceito de sistema traz as relaes entre as partes e o todo, permitindo a

    compreenso de toda e qualquer atividade complexa, sendo os sistemas constitu-dos de conjuntos de componentes que se interagem, se inter-relacionam, se trans-formam e atuam entre si na execuo de um objetivo global. Estes conjuntos pode-

  • 8/14/2019 Apostila do SAMU de Minas Gerais

    15/368

  • 8/14/2019 Apostila do SAMU de Minas Gerais

    16/368

    6

    mdicas na rea de urgncia na dcada de 60 na Frana e vem sendo trabalhadona rea da sade pblica brasileira principalmente a partir de 1990.

    Regulao = racionalizao = racionamento

    REGULAO: Do verbo Regular, significa: que ou que age segundo asregras, as leis, dirigir, acertar, ajustar, regularizar, guiar, orientar (Segundo dicion-rio Michaelis)

    REGULADOR: que regula, pea que ajusta o movimento de uma mquina.No Estado de Minas Gerais conceituou-se Regulao como: O Conjunto de

    aes e instrumentos para organizar a oferta conforme a necessidade, estabelecen-do competncias, fluxos e responsabilidades, visando o acesso a todos os nveis de

    ateno sade. (Portaria n. 277/SES de 09/04/2002).A regulao da assistncia, como vem sendo denominada o tipo de regulaoque tem como prioridade o atendimento s necessidades de sade da populao,alicera-se no conhecimento dos recursos disponveis, uma triagem e classificaode necessidades e uma tomada de deciso para racionalizar os recursos existentese, atendendo de forma diferenciada e individualizada a cada demanda, de acordocom a necessidade, conferindo equidade ao SUS.

    1.5 Regulao Mdica

    O termo Regulao Mdica teve origem na reorganizao da ateno s ur-gncias na Frana, atravs dos SAMU franceses, que comearam pela detecodas urgncias necessitando de cuidados intensivos fora do hospital e que necessita-

    vam, num primeiro momento, uma triagem para avaliar a real necessidade das solici-taes feitas. Alm disto, quando um atendimento era prestado no domiclio ou navia pblica e havia necessidade de remoo para um hospital, no havia, at o ad-vento da regulao mdica de urgncia, quem decidisse para onde encaminhar enem quem preparasse a recepo do paciente ou vtima na unidade receptora. Aregulao mdica de urgncia comeou a realizar esta tarefa, auxiliando as equipesde atendimento externo devido necessidade de organizar os fluxos de encami-nhamentos e equilibr-los dentro da rede de sade. Fazia uma prvia constataodos recursos disponveis, diariamente e, atravs de uma grade de especialidades,

  • 8/14/2019 Apostila do SAMU de Minas Gerais

    17/368

    7

    hospitais, unidades de sade, mdicos generalistas, etc., auxiliava na tomada dedeciso de encaminhamento que atendesse de forma mais adequada e adaptada snecessidades do paciente.

    Como resposta positiva a esse processo, a populao francesa veio a assu-mir a conduta de telefonar previamente para um nmero de acesso pblico, buscan-do orientao e ajuda antes de se dirigir a um servio de urgncia.

    Dentro dos princpios do Sistema nico de Sade e de maneira a estruturar eoperacionalizar os sistemas de urgncia, a Regulao Mdica uma expressocriada para designar uma forma organizada de responder a toda situao de urgn-cia que necessite de cuidados mdicos, de forma harmnica, proporcional, equni-

    me, de acordo com as diretrizes do SUS, evitando o uso inadequado de recursos".

    1.6 Regulao Mdica das Urgncias

    Regulao Mdica das Urgncias, baseada na implantao de suas Centraisde Regulao, o elemento ordenador e orientador dos Sistemas Estaduais de Ur-

    gncia e Emergncia. As Centrais, estruturadas nos nveis estadual, regional e/oumunicipal, organizam a relao entre os vrios servios, qualificando o fluxo de pa-cientes no Sistema e geram porta de comunicao aberta ao pblico em geral, atra-vs da qual os pedidos de atendimento de urgncia so recebidos, avaliados e hie-rarquizados. (Portaria 2048/GM)

    Regular constitui-se, operacionalmente, no estabelecimento, pelo mdico re-

    gulador, de uma estimativa inicial do grau de urgncia de cada caso, desencadean-do a resposta mais adequada e equnime a cada solicitao, monitorando continu-amente a estimativa inicial do grau de urgncia at a finalizao do caso e assegu-rando a disponibilidade dos meios necessrios para a efetivao da resposta defini-tiva, de acordo com grades de servios previamente pactuadas, pautadas nos pre-ceitos de regionalizao e hierarquizao do sistema.

    Conforme resoluo do CFM 1529/98 e Portaria MS n2048/2002, o sistemade atendimento pr-hospitalar trata-se de um servio mdico, sendo assim, sua co-

  • 8/14/2019 Apostila do SAMU de Minas Gerais

    18/368

    8

    ordenao, regulao, superviso direta e a distncia deve ser efetuada por mdico.O ato de Regular , fica reconhecido enquanto um ato mdico, que consiste emajustar, sujeitando a regras, de forma organizada, todas as respostas s situaes

    de urgncia e emergncia e gerir o fluxo dos pacientes conforme oferta de cuida-dos disponveis em um municpio ou regio.

    Cabe ento a este mdico regulador, ouvir, qualificar, classificar a demandae designar o recurso mais adaptado as suas necessidades, incluindo endere-la aoservio mais adequado, no momento para a continuidade do tratamento, de forma arespeitar as capacidades operacionais de cada servio e garantir a distribuio raci-

    onal dos casos nos servios hospitalares disponveis.A esta tarefa chama-se Regulao Mdica que, portanto, apresenta duas di-menses: Uma dimenso tcnica que diz respeito a deciso quanto ao tipo de recur-so a ser enviado e a realizao dos procedimentos de suporte bsico e avanado devida no local da ocorrncia e durante transporte, na ateno pr-hospitalar.

    Uma outra dimenso, denominada gestora, refere-se ao uso racional do Sis-tema de sade hierarquizado, estabelecendo qual tipo de servio em determinadomomento est mais bem preparado e em melhores condies de receber determi-nado paciente para que ele possa ser mais bem atendido e dar resolubilidade ao seuproblema.

    Este conceito foi considerado importante na estruturao de Sistemas Brasi-leiros de ateno s urgncias, por vrias razes, entre elas, porque refora o papelda sade enquanto responsvel pela ateno integral sade do cidado, numalgica eqitativa, utilizando-se das categorias profissionais existentes para tal fim:mdicos, enfermeiros, tcnicos e auxiliares de enfermagem. Segundo, porque semostra um mecanismo eficiente no sentido de organizar sistemas, reordenar fluxos,e pelo fato de constituir-se numa importante ferramenta de gesto, tornando-se umpotencial observatrio da sade, cotidianamente avaliando e reavaliando fluxos esituaes, orientando planejadores para suas aes.

    Estes conceitos, aplicados inicialmente nos SAMU(s), materializam-se atravsdos seguintes objetivos:

  • 8/14/2019 Apostila do SAMU de Minas Gerais

    19/368

    9

    Garantir uma escuta mdica permanente a toda demanda de atendimento deurgncia;

    Classificar e priorizar as urgncias;

    Determinar e desencadear a resposta mais adequada a cada caso, evitandointervenes inteis, hospitalizaes desnecessrias;

    Assegurar a disponibilidade dos meios de assistncia pblica ou privadaadequada ao estado do paciente, levando em conta o respeito de livre escolha, agrade de regionalizao e hierarquizao do Sistema;

    Gerar o acesso aos servios de urgncia de uma maneira eficiente e equ-nime;

    Primar pelo interesse pblico (do cidado);Qualificar e ordenar fluxos oferecendo respostas individualizadas, por neces-sidade, complexidade disponvel e proximidade segundo critrios de regionalizao;

    Se entendermos as necessidades imediatas da populao, ou necessidadesagudas ou de urgncia, como pontos de presso por respostas rpidas e tendo emvista seu potencial desorganizador sobre o funcionamento geral do sistema, dandovisibilidade aos seus sucessos ou fracassos, poderemos equacionar uma oferta re-solutiva para as urgncias que determine a progressiva normalizao da oferta pro-gramvel.

    Ento, as portas de urgncia do sistema, sua real porta de entrada, passariama acolher a clientela, prestando-lhe atendimento e direcionando-a aos locais ade-quados continuidade do tratamento, transformando estas portas que hoje funcio-nam como verdadeiros para raios do sistema em placas distribuidoras do mesmo.

    1.7 Complexo regulador da assistncia

    A Regulao do SUS bastante ampla e complexa. Ela pressupe a aplica-o de instrumentos e regras, aes de controle e avaliao do uso dos diferentesservios (protocolares), que vo do controle financeiro at a avaliao de seu de-sempenho. Dentre todas as diferentes modalidades de regulao, algumas se des-tacam por serem imprescindveis viabilizao do acesso do cidado ao servio de

  • 8/14/2019 Apostila do SAMU de Minas Gerais

    20/368

    10

    sade. Este acesso deve ser ordenado de modo a garantir a eficcia do tratamentoa ser dispensado, usando como base, entre outros fatores, a gravidade do quadroclnico, bem como a necessidade de ateno urgente ou no. Deste acesso inicial,

    surge outro aspecto de fundamental importncia, que o contrato financeiro comsuas variveis (pactuao de assistncia, tetos fsico-financeiros, alta complexidadee outros).

    O Complexo Regulador o instrumento ordenador dos fluxos gerais das de-mandas dos usurios do SUS e garante uma multiplicidade de respostas que atendasuas necessidades, sendo constitudo de diferentes centrais de regulao, que or-denaro os fluxos de necessidades e respostas nas urgncias, nas demandas eleti-

    vas de ateno primria, na ateno especializada e nas internaes (central de lei-tos), entre outras. As centrais de regulao devem ser polivalentes no uso dos seusrecursos, prevendo no seu interior as divises de unidades de trabalho especializa-das (oncologia, obstetrcia, recursos de alta complexidade etc.). Como exemplo,uma gestante em trabalho de parto necessita um acolhimento integrado entre os flu-xos de urgncia, acesso a leitos, exames, ateno primria sade, ou seja, deveser acolhida por diversas centrais de regulao capazes de dar a melhor resposta,integrada e econmica ao sistema.

    Em Minas Gerais, tem-se que o Complexo Regulador o Conjunto de estra-tgias e aes definidas pelos agentes responsveis pela formulao das polticas epela produo dos servios de sade necessrios ao atendimento integral ao indiv-duo. O complexo regulador tem por pressupostos fundamentais a Universalizaodo atendimento, a Descentralizao, a Regionalizao e a Hierarquizao (Sinoel,2000, mimeografado).

    Essas estratgias e aes so definidas em um plano de regulao assisten-cial, para todos os nveis do sistema, visando a organizao efetiva de uma redepblica articulada hierarquicamente, com nveis tecnolgicos crescentes de resolu-o, a partir de bases macrorregionais de gesto do sistema.

    O complexo regulador de competncia do Estado com uma lgica macror-regional e congrega um conjunto de centrais de regulao.

    De modo geral, compreendem-se quatro preceitos bsicos no aspecto do

    acesso do paciente ao servio:

  • 8/14/2019 Apostila do SAMU de Minas Gerais

    21/368

    11

    Identificao da demanda (existncia do paciente, com uma queixa inicial);Diagnstico mdico (gravidade presumida, em casos de regulao mdica de

    urgncia) o mais precoce possvel, a fim de indicar o tratamento necessrio;

    Mecanismo de acesso do paciente ao servio mdico (inclui o transporte domesmo, se necessrio); e

    Respeitar a complexidade do servio necessrio, a partir dos dados at en-to obtidos, viabilizando a continuidade do tratamento.

    Tem como resultado de sua operao funcionar como um observatrio privi-legiado dos servios de sade, ao trazer a informao da assistncia sade pela

    tica da necessidade do usurio, ao produzir dados que visem a resolubilidade real,com informaes importantes para subsidiar o planejamento e possibilitar mudanasna prestao dos servios assistenciais. Os dados que o Complexo Regulador pro-duz esto relacionados com a resolubilidade real e no burocrtica do Sistema. Es-tas informaes so vitais para o planejamento e para a transformao da assistn-cia (Sinoel Batista, 2000).

    Em linhas gerais, as funes bsicas de macro regulao do Sistema de Sa-de podem ser resumidas nos seguintes aspectos (citados apenas os mais relevan-tes):

    Viabilizao de acesso: acesso aos servios de urgncia, acesso aos leitospara internao, transferncia de pacientes entre servios mdicos diferentes, aces-so assistncia ambulatorial especializada, exames complementares, etc.;

    Controle financeiro: anlise e interpretao dos processos de pactuao deateno, processamento de contas (pagamentos) hospitalares e ambulatoriais, etc.;

    Auditoria, controle e avaliao: nos aspectos mdicos da assistncia, bemcomo financeiros;

    Gesto de servios: prprios ou contratados, com mecanismos de anlise deseu desempenho geral perante o sistema.

    1.8 Centrais de regulao

  • 8/14/2019 Apostila do SAMU de Minas Gerais

    22/368

  • 8/14/2019 Apostila do SAMU de Minas Gerais

    23/368

    13

    2 SISTEMANICO DESADE

    Maria de Ftima Souza Rovaris

    Cesar Augusto Soares Nitschke

    1 Introduo

    Os processos de descentralizao, democratizao, regionalizao e hierar-

    quizao dos servios de sade demandam aes de uma ampla rede de parceriasconstituda de usurios, gestores, profissionais de sade, instituies, organizaesno-governamentais; conselheiros de sade e todos aqueles que podem intervir naformulao e fiscalizao do Sistema nico de Sade (SUS).

    A participao ativa, informada e propositiva, tem encontrado obstculos; asinformaes acumuladas no SUS no so democratizadas; falta transparncia nasaes governamentais; h desconhecimento pelos usurios da legislao do SUS e,

    consequentemente dos prprios direitos.

    2 Histrico

    Entre as diretrizes polticas consolidadas pela Constituio Federal no cenrioNacional esto os fundamentos de uma radical transformao do Sistema de Sade

    Brasileiro. O SUS o resultado de uma luta que teve incio nos anos 70 e foi cha-mada de movimento pela reforma sanitria brasileira.

    A Reforma Sanitria se caracteriza como um movimento que comeou duran-te a ditadura militar, sendo liderado por vrios segmentos da sociedade, como uni-versitrios, profissionais da sade, centrais sindicais, movimentos populares e, al-guns parlamentares. A Reforma Sanitria Brasileira ocorre no mesmo perodo emque o pas encaminha o processo de democratizao poltica e social.

  • 8/14/2019 Apostila do SAMU de Minas Gerais

    24/368

    14

    O movimento se concentrava na busca pela democratizao das polticas desade, com nfase na descentralizao, universalizao e unificao da assistncia sade. Os esforos que mobilizaram segmentos da sociedade no sentido de de-

    mocratizar o acesso aos servios de sade comeam a ganhar corpo em maro de1986, com a realizao da 8 Conferncia Nacional da Sade. Os princpios defen-didos pelo Movimento da Reforma Sanitria comeam, de fato, a serem implemen-tados (MALIK e SCHIESARI, 1998).

    O que levou os constituintes a proporem essa transformao foi o consenso,na sociedade, quanto total inadequao do sistema de sade caracterizado pelosseguintes aspectos, entre outros:

    Um quadro de doenas de todos os tipos, condicionadas pelo desenvolvi-mento social e econmico do Pas e que o sistema de sade no conseguiaenfrentar;Irracionalidade e desintegrao do Sistema de Sade, com sobre-oferta deservios em alguns lugares e ausncia em outros;Excessiva centralizao, levando a decises muitas vezes equivocadas;Recursos financeiros insuficientes em relao s necessidades de atendi-mento e em comparao com outros pases;Desperdcio de recursos alocados para a sade, estimado nacionalmente empelo menos 30%;Baixa cobertura assistencial da populao, com segmentos populacionaisexcludos do atendimento, especialmente os mais pobres e nas regies maiscarentes;Falta de definio clara das competncias entre os rgos e as instnciaspoltico administrativas do sistema;Desempenho descoordenado dos rgos pblicos e privados;Insatisfao dos profissionais da rea da sade, principalmente devido a bai-xos salrios e falta de poltica de recursos humanos justa e coerente;Baixa qualidade dos servios oferecidos em termos de equipamentos e ser-vios profissionais;Ausncia de critrios e de transparncia dos gastos pblicos;Falta de participao da populao na formulao e na gesto das polticas

    de sade;

  • 8/14/2019 Apostila do SAMU de Minas Gerais

    25/368

    15

    Falta de mecanismos de acompanhamento, controle e avaliao dos servi-os;Imensa insatisfao e preocupao da populao com o atendimento sua

    sade.At a dcada de 80 a organizao sanitria brasileira, se caracterizava por

    apresentar heterogeneidade na composio das instituies que prestavam serviosde sade. No nvel municipal e estadual o foco das atividades se concentrava naateno bsica, emergncia e nos programas educacionais e de imunizao. J aesfera federal se encarregava de executar o controle dos processos infecto-parasitrios de maior prevalncia ou gravidade.

    No mbito da Previdncia Social priorizavam-se os atendimentos aos segura-dos no que diz respeito ao atendimento nos nveis secundrio e tercirio (postos deAssistncia Mdica e Hospitais da Previdncia) (CASTELAR et al.,1995, p.38).

    Os Hospitais Universitrios se responsabilizavam pelo tratamento de patolo-gias mais complexas e de hospitalizaes dos clientes no segurados. As ForasArmadas forneciam atendimento aos familiares e membros do seu corpo funcional.

    A iniciativa privada atuava com um perfil de atendimentos semelhante ao sis-tema previdencirio, se configurando em um importante componente do sistema deassistncia sade.

    Castelar et al. (1995) analisa que, na mesma poca, ocorreu a ascenso dochamado setor de medicina supletiva que surge da formao de empresas que viabi-lizam o financiamento de seguros-sade. Cabe ressaltar que o fortalecimento damedicina supletiva impulsionado pelos baixos ndices de resolubilidade apresenta-dos na prestao de servios pelas organizaes pblicas.

    O grande salto na democratizao do acesso sade ocorre em 1988 com apromulgao da Constituio Federal, doutrinariamente definido no artigo nmero196. (BRASIL, 2000).

    3 Conceito

    A sade , acima de tudo, um direito universal e fundamental do ser humano,firmado na Declarao Universal dos Direitos Humanos e assegurado pela Consti-tuio Federal de 1988. A efetivao da sade como direito universal ou seja, de

  • 8/14/2019 Apostila do SAMU de Minas Gerais

    26/368

    16

    todos um desafio que s pode ser alcanado por meio de polticas sociais e eco-nmicas que reduzem as desigualdades sociais e regionais em nosso Pas, assegu-rando a cidadania e o fortalecimento da democracia.

    O artigo 3da lei 8080 preconiza que: a sade tem como fatores determinan-tes e condicionantes, a alimentao, a moradia, o saneamento bsico, o meio ambi-ente, o trabalho, a renda, a educao, o transporte, o lazer e o acesso aos bens eservios essenciais; os nveis de sade da populao expressam a organizao so-cial e econmica do Pas.

    O SUS uma nova formulao poltica e organizacional, que est emprocesso de construo, para o reordenamento dos servios e aes de sade es-

    tabelecida pela Constituio de 1988, que em seu artigo 196, assim determina: Asade direito de todos e dever do Estado, garantido mediante polticas sociais eeconmicas que visem reduo do risco de doena e de outros agravos ao acessouniversal e igualitrio s aes e servios para sua promoo, proteo e recupera-o. E cabe a este sistema de sade a tarefa de promover e proteger a sade doscidados, garantindo ateno qualificada e contnua aos indivduos e s coletivida-des, de forma equitativa .

    4 Objetivos

    O SUS deve ser entendido em seus objetivos finais, ou seja, prestar assistn-cia populao baseada no modelo da promoo e recuperao da sade, para queassim, busquem-se os meios, processos, estruturas e mtodos, capazes de alcanartais objetivos com eficincia e eficcia e, torn-lo efetivo em nosso pas.

    Estes meios, orientados pelos princpios organizativos da descentralizao,regionalizao, hierarquizao, resolubilidade, participao social e complementari-dade do setor privado, devem constituir-se em objetivos estratgicos que dem con-cretude ao modelo de ateno sade desejada para o Sistema nico de Sade.

  • 8/14/2019 Apostila do SAMU de Minas Gerais

    27/368

    17

    5 Por que o Sistema nico de Sade?

    O Sistema nico de Sade (SUS) segue a mesma doutrina e os mesmosprincpios organizativos em todo o territrio nacional, sob a responsabilidade dastrs esferas autnomas de governo: federal, estadual e municipal, com a participa-o da sociedade civil.

    Assim o SUS no um servio ou uma instituio, mas um SISTEMA porque composto por um conjunto de unidades, de servios e aes voltados promoo,proteo e recuperao da sade prestada por rgos e instituies pblicas e pri-vadas contratadas. O SUS NICO porque segue os mesmos princpios e diretrizesem todo o territrio nacional.

    5.1 Quem faz parte do SUS

    O SUS um Sistema Pblico, destinado a toda a populao e financiado comrecursos arrecadados atravs dos impostos que so pagos pela mesma.

    Fazem parte do SUS: Centros e Postos de Sade, Hospitais (incluindo os uni-versitrios), Laboratrios, Hemocentros, Fundaes e Institutos de Pesquisas.

    O setor privado participa de forma complementar atravs de contratos e deconvnios de prestao de servios ao Estado.

    5.2 Princpios Doutrinrios SUS

    Baseado nos preceitos Constitucionais, a construo do SUS se norteia pelosseguintes princpios doutrinrios: Universalidade, Equidade, Integralidade.

    UniversalidadeTodas as pessoas tm direito ao atendimento independente de cor, raa, reli-

    gio, local de moradia, situao de emprego ou renda, etc. A sade direito de ci-dadania e dever dos governos Municipal, Estadual e Federal.

    Equidade

  • 8/14/2019 Apostila do SAMU de Minas Gerais

    28/368

    18

    Todo cidado igual perante o Sistema nico de Sade e ser atendido con-forme as suas necessidades, assegurando aes e servios de todos os nveis, deacordo com a complexidade de cada caso.

    Os servios de sade devem considerar que em cada populao existem gru-pos que vivem de forma diferente, ou seja, cada grupo ou classe social ou regiotem seus problemas especficos, tem diferenas no seu modo de organizao sociale cultural. Os servios de sade devem trabalhar focados na diminuio de desi-gualdades existentes e para atender necessidades da populao.

    Integralidade

    As aes de sade devem ser combinadas e voltadas ao mesmo tempo parapreveno e a cura. Os servios de sade devem funcionar atendendo o indivduocom um todo, indivisvel e integrante de uma comunidade.

    O indivduo um ser humano, social, cidado que biologicamente, psicologi-camente, e socialmente est sujeito riscos de vida. Desta forma o atendimento deveser feito para a sua sade e no somente para as suas doenas. Isto exige que oatendimento deva ser feito tambm para erradicar as causas e diminuir os riscos,alm de tratar os danos.

    As aes de promoo, proteo e de recuperao formam um todo indivis-vel que no podem ser compartimentalizadas. As unidades prestadoras de serviocom seus diversos graus de complexidade formam tambm um todo indivisvel, con-figurando um sistema capaz de prestar assistncia integral.

    Promoo : So aes que buscam eliminar ou controlar as causas das do-enas e agravos, ou seja, o que determina ou condiciona o aparecimento de casos.

    Estas aes esto relacionadas a fatores biolgicos (herana gentica comocncer, hipertenso, etc.), psicolgicos (estado emocional) e sociais (condies devida, como na desnutrio, etc.).

    Preveno : so aes especficas para prevenir riscos e exposies s do-enas, ou seja, para manter o estado de sade. Como por exemplo:

    as aes de tratamento da gua para evitar a clera e outras doenas;

  • 8/14/2019 Apostila do SAMU de Minas Gerais

    29/368

    19

    Preveno de complicao da gravidez, parto e do puerprio;Imunizaes.Preveno de doenas transmitidas pelo sexo - DST e AIDS;

    Preveno da crie dental;Preveno de doenas contradas no trabalho;Preveno de cncer de mama, de prstata, de pulmo;Controle da qualidade do sangue, etc.

    Recuperao : so as aes que evitam as mortes das pessoas doentes e asseqelas; so as aes que j atuam sobre os danos. Por exemplo:

    Atendimento mdico ambulatorial bsico e especializado;Atendimento s urgncias e emergncias;Atendimento odontolgico;Exames diagnsticos;Internaes hospitalares;

    Princpios ou Diretrizes Organizativas do SUS Regionalizao e HierarquizaoResolubilidadeDescentralizaoParticipao dos Cidados: O Controle SocialComplementaridade do Setor Privado

    5.3 Regionalizao e Hierarquizao

    A rede de servios do SUS deve ser organizada de forma regionalizada e hie-rarquizada, permitindo um conhecimento maior dos problemas de sade da popula-o de uma rea delimitada, favorecendo aes de vigilncia epidemiolgica, sanit-ria, controle de vetores, educao em sade, alm das aes de ateno ambulato-rial e hospitalar em todos os nveis de complexidade.

    O acesso da populao rede deve-se dar atravs dos servios de nvel pri-

    mrio de ateno, que devem ser estar qualificados para atender e resolver os prin-cipais problemas que demandam servios de sade. Os que no forem resolvidos

  • 8/14/2019 Apostila do SAMU de Minas Gerais

    30/368

  • 8/14/2019 Apostila do SAMU de Minas Gerais

    31/368

    21

    dever das instituies oferecerem informaes e conhecimentos ne-cessrios para que a populao se posicione sobre as questes que dizem respeito sua sade.

    5.7 Complementaridade do Setor Privado

    O setor privado participa do SUS de forma complementar, por meio decontratos e convnios de prestao de servio ao Estado quando as unidades p-blicas de assistncia sade no so suficientes para garantir o atendimento a todaa populao de uma determinada regio.

    A Constituio define que quando, por insuficincia do setor pblico, for ne-cessria a contratao de servios privados, isto se deve dar sob trs condies:

    A celebrao do contrato conforme as normas de direito pblico;A instituio privada dever estar de acordo com os princpios bsicos enormas tcnicas do SUSA integrao dos servios privados dever se dar na mesma lgica do SUSem termos de posio definida na rede regionalizada e hierarquizada dos ser-vios.

    Dentre os servios privados, devem ter preferncia os servios no lucrativos(hospitais Filantrpicos Santas Casas), conforme determina a Constituio.Assim cada gestor dever planejar primeiro o setor pblico e na seqncia,complementar a rede assistencial com o setor privado no lucrativo, com osmesmos conceitos de regionalizao, hierarquizao e universalizao.

  • 8/14/2019 Apostila do SAMU de Minas Gerais

    32/368

    22

    6 Principais Leis

    6.1 Constituio Federal de 1988Estabelece que a sade direito de todos e dever do Estado, garantido me-

    diante polticas sociais e econmicas que visem reduo do risco de doena e deoutros agravos e ao acesso universal e igualitrio s aes aos servios para suapromoo, proteo e recuperao. Determina ao Poder Pblico sua regulamenta-o, fiscalizao e controle, que as aes e os servios da sade integram umarede regionalizada e hierarquizada e constituem um sistema nico; definem suas

    diretrizes, atribuies, fontes de financiamento e, ainda, como deve se dar a partici-pao da iniciativa privada.

    6.2 Lei Orgnica da Sade (LOS), Lei n.8.080/1990

    Regulamenta, em todo o territrio nacional, as aes do SUS, estabe-lece as diretrizes para seu gerenciamento e descentralizao e detalha as compe-tncias de cada esfera governamental.

    Enfatiza a descentralizao poltico-administrativa, por meio da municipaliza-o dos servios e das aes de sade, com redistribuio de poder, competncia erecursos, em direo aos municpios.

    Determina como competncia do SUS a definio de critrios, valores e qua-lidade dos servios. Trata da gesto financeira; define o Plano Municipal de Sadecomo base das atividades e da programao de cada nvel de direo do SUS e ga-rante a gratuidade das aes e dos servios nos atendimentos pblicos e privadoscontratados e conveniados.

    Municipalizao

    A implementao de espaos regionais de pactuao, envolvendo os gesto-res municipais e estaduais, uma necessidade para o aperfeioamento do SUS. Osespaos regionais devem-se organizar a partir das necessidades e das afinidades

    especficas em sade existentes nas regies.

  • 8/14/2019 Apostila do SAMU de Minas Gerais

    33/368

    23

    A municipalizao da sade, estabelecida na CF (art.30,VII) e na LeiFederal 8.080 (art.7, IX, a), compreende sob dois aspectos: a HABILITAO dosmunicpios para assumirem a responsabilidade total pela gesto do sistema de sa-

    de em seu territrio, e a DESCENTRALIZAO da gerncia das aes e servios desade para os municpios.

    Com a municipalizao da sade, o poder pblico municipal passa a ser oresponsvel imediato, porm no o nico, pelas necessidades de sade de seusmuncipes.

    A municipalizao da sade, todavia, no exime os demais poderes pblicos(Unio, Estados e Distrito Federal) e a sociedade da co-responsabilidade pela sa-

    de.(CF, art.194,caput).A municipalizao determinada:a) Em nvel federal pela CIT Comisso Intergestores Tripartite, que renerepresentantes da Unio (MS Ministrio da Sade), dos Estados (CONASS Conselho de Secretrios Estaduais de Sade) e dos Municpios(CONASEMS Conselho Municipal de Secretrios da Sade);b) Em nvel estadual, pela CIB Comisso Intergestores Bipartite, que renerepresentantes do Estado (SES Secretaria Estadual de Sade) e,c) Em nvel municipal COSEMS Colegiado de Secretrios Municipais deSade.De acordo com a Norma Operacional Bsica do SUS (NOB-SUS 01/96),

    GERNCIA a administrao de um Servio ou rgo de Sade (Posto ou Centrode Sade, unidade Mista, Hospital, Fundao, etc.), enquanto que GESTO admi-nistrao de um Sistema de Sade, atravs das funes de direo ou comando,coordenao, planejamento, controle, avaliao e auditoria.

    De acordo com a Norma Operacional Bsica do SUS (NOB-SUS 01/96),GERNCIA a administrao de um Servio ou rgo de Sade (Posto ou Centrode Sade, unidade Mista, Hospital, Fundao, etc.), enquanto que GESTO admi-nistrao de um Sistema de Sade, atravs das funes de direo ou comando,coordenao, planejamento, controle, avaliao e auditoria.

    Os municpios que no aderirem ao processo de habilitao permanecem,

    como simples prestadores de servios, cabendo ao estado a gesto do sistema de

  • 8/14/2019 Apostila do SAMU de Minas Gerais

    34/368

    24

    sade naquele municpio. Assim, embora possa exercer a gerncia dos serviosprprios ou descentralizados, o municpio no pode exercer a gesto do sistema desade.

    Atuao dos gestores no SUS

    Fonte: SAS/MS, a partir da LOS/90 e NOAS/02.

    LEGENDA:Sem responsabilidade: -Baixa responsabilidade: *Media Responsabilidade: **Alta responsabilidade: ***

    Atuao dos gestores no SUS - RESPONSABILIDADES DOS GESTORES DESADE

    NVEL MUNICIPAL: Programar, executar e avaliar as aes de promoo,proteo e recuperao da sade.

    NVEL ESTADUAL- Coordenar as aes de sade do estado;- Elaborar o Plano Estadual de Sade;- Corrigir distores;- Controle e Avaliao;- Executar aes de apoio aos municpios.NVEL FEDERAL: Formular, coordenar e controlar a poltica nacional de sa-

    de; Orientar o conjunto de aes de promoo, proteo e recuperao da sade;

    Ao MS GestorEstadual

    GestorMunicipal

    Formulao de polticas de sade e planejamento estratgico *** *** ***Planejamento do sistema regionalizado ** *** **Realizao de investimentos e adoo de projetos voltadospara a reduo das desigualdades/ iniqidades

    *** *** ***

    Normatizao e elaborao de instrumentos tcnicos deapoio ao planejamento e gesto

    *** *** */**

    Cooperao tcnica e financeira *** *** - /*

    Gerenciamento e execuo dos servios pblicos de sade * * ***Controle e avaliao do sistema de sade *** *** ***Controle e avaliao dos servios pblicos e privados * ** ***

  • 8/14/2019 Apostila do SAMU de Minas Gerais

    35/368

    25

    6.3 Lei n. 8.142/1990

    Dispe sobre o papel e a participao das comunidades na gesto do SUS,sobre as transferncias de recursos financeiros entre Unio, Estados, Distrito Fede-ral e municpios na rea da sade e d outras providncias. Institui as instncias co-legiadas e os instrumentos de participao social em cada esfera de governo. O re-cebimento de recursos financeiros pelos municpios est condicionado existnciade Conselho Municipal de Sade, em funcionamento de acordo com a lei.

    As Instncias colegiadas so: Conferncia de Sade nas trs esferas de governo so as instncias mxi-

    mas de deliberao, reuni-se a cada 4 anos, possui representao de formaparitria de segmentos sociais, convocada pelo executivo, pela mesma oupelo Conselho de Sade. Possui como finalidade avaliar a situao de sa-de e propor as diretrizes para a formulao da poltica de sade nos nveiscorrespondentes.

    Conselho de Sade: possui carter permanente e deliberativo, compostode forma paritria por representantes do governo, prestadores de servio,

    profissionais da sade e usurios.

    So atribuies do Conselho de Sade. Atuar na elaborao e controle da execuo da poltica de sade, (aspectosfinanceiros e tcnico-administrativos); Estabelecer estratgias e mecanismos de coordenao e gesto do SUS,articulando-se com os Conselhos Municipais, Estaduais e Nacional de Sade;

    Aprovar o Plano Municipal de Sade, participando da sua elaborao; Propor a adoo de critrios que proporcionem maior qualidade e resolubili-dade das aes e servios do SUS. Participar da organizao e do funcionamento do SUS. Examinar denncias, responder a consultas e apreciar recursos a respeitode deliberaes do Conselho.Fiscalizar e acompanhar o desenvolvimento das aes e servios de sade,

    bem como o comportamento dos indicadores de sade.

  • 8/14/2019 Apostila do SAMU de Minas Gerais

    36/368

    26

    Apoiar e participar das Conferncias de Sade Fiscalizar movimentao e destinao de recursos repassados Secretaria,atravs do Fundo de Sade, propondo critrios para a programao e execu-

    o oramentria e financeira. Estimular a participao comunitria no controle da administrao do SUS. Estabelecer critrios quanto localizao e ao tipo de unidades prestadorasde servios de sade pblicos e privados, no mbito do SUS, e participar dasdecises relativas ao seu funcionamento.Estimular, apoiar e promover estudos e pesquisas sobre temas da rea daSade de interesse para o desenvolvimento do SUS. Inteirar-se da legislao

    em vigor sobre o Sistema nico de Sade, especialmente das Leis No. 8.080,de setembro/90, e No. 8.142, de dezembro/90.Participar de capacitaes sobre o SUS e o controle social, passando a atu-ar, posteriormente, como multiplicadores das informaes recebidas. Promover a discusso do tema SUS e controle social nas entidades que re-presentam, repassando-lhes os assuntos discutidos nas reunies do Conse-lho e, sempre que necessrio, consultando-lhe. Propor mecanismos de monitoramento do grau de satisfao dos usuriosdos servios de sade. Estimular a criao de Conselhos Locais de Sade. Contribuir para a democratizao do processo sade/doena, da organiza-o dos servios e da produo social da sade. Fazer com que a sade seja reconhecida como um direito de cidadania.

    6.4 Normas Operacionais Bsicas (NOBs)

    Durante a dcada de 90, o Governo Federal optou pela implementao doSUS atravs das Normas Operacionais Bsicas NOBs, que vem exercendo fortepapel indutor no processo de descentralizao da gesto da Sade, com paradoxalcentralizao decisria em relao ao financiamento do sistema.

    Assim, a primeira NOB, editada em 1991, dentro do Governo de Fernando

    Collor, criou mecanismos de financiamento atravs da transferncia de recursos pa-ra o pagamento de faturas constitudas a partir de uma tabela de procedimentos cri-

  • 8/14/2019 Apostila do SAMU de Minas Gerais

    37/368

  • 8/14/2019 Apostila do SAMU de Minas Gerais

    38/368

    28

    A NOB/96 foi resultado de um intenso debate e negociaes que duraramcerca de dois anos. Suas principais diretrizes so a consolidao do pleno exercciodo poder pblico municipal, a caracterizao das atribuies de cada nvel de ges-

    to, a reorganizao do modelo assistencial com forte incentivo ateno bsica e adiminuio dos repasses por produo, aumentando os repasses fundo a fundo.Passam a existir apenas duas formas de gesto: Plena da ateno bsica e plenado Sistema Municipal. implantado o PAB (Piso da Ateno Bsica) que passa afinanciar a ateno bsica com pagamento per capita e no mais por procedimentos.Vale ainda lembrar que a NOB/96 determina que seja elaborada a ProgramaoPactuada Integrada (PPI), como forma ascendente de planejamento, a partir das

    necessidades assistenciais de cada municpio, a fim de garantir o acesso da popula-o a todos os servios de sade que ela necessita, seja dentro do prprio municpioou por encaminhamento ordenado e pactuado a municpios vizinhos, com a propostade repasse dos respectivos aportes financeiros, sinalizando, assim, com uma lgicade organizao regional e ascendente do SUS.

    A implementao das NOBs gerou um intenso processo de descentralizao,com a adeso de um grande nmero de municpios s diferentes formas de gesto.Ocorre que esta descentralizao se deu de forma muito rpida, sem o repasse fi-nanceiro correspondente e sem a devida valorizao da estruturao regional daassistncia.

    6.5 Normas Operacionais de Assistncia Sade ( NOAS)

    As NOAS- SUS 01/2001 surge com o objetivo de dar uma progresso na mu-nicipalizao do SUS. Esta foi reeditada em janeiro de 2002, com modificaes re-

    sultantes de negociaes na Comisso Intergestores Tripartite, aprovadas pelo Con-selho Nacional de Sade

    A NOAS est estruturada sobre o seguinte trip:Regionalizao e Organizao da Assistncia1. Elaborao do Plano Diretor de Regionalizao;2. Ampliao da Ateno Bsica (PABA);3. Qualificao das Microrregies na Assistncia Sade;

    4. Organizao da Mdia Complexidade (M1, M2, M3);5.Poltica para a Alta Complexidade.

  • 8/14/2019 Apostila do SAMU de Minas Gerais

    39/368

  • 8/14/2019 Apostila do SAMU de Minas Gerais

    40/368

    30

    7 Complexo Regulador

    O desenho operacional do complexo regulador envolve a criao dos instru-mentos para viabilizar o processo de regulao. Cada macrorregio deve identificara sua dinmica de atendimento de sade, buscando diagnosticar a sua realidadepara viabilizar a implantao operacionalizao das centrais de regulao. Assim,cada macrorregio vai organizar o complexo regulador de acordo com a estruturaexistente, mas j apontando as necessidades de investimento a curto, mdio e longo

    prazo, para garantir no s acesso, mas a resolubilidade dos servios.

    Cinco fases/aspectos operacionais fazem parte do complexo regulador:1. Estabelecimento de rede atravs da definio de hierarquias, seguindo

    PDR e realizando PPI2. Operacionalizao da regulao assistencial atravs de centrais de re-

    gulao3. Anlise e avaliao dos dados fornecidos pelas centrais de regulao

    4. Aes de controle e avaliao e auditoria5. Readequao das unidades e repactuao da PPI em funo dos da-dos da regulao assistencial e dos resultados do controle e avaliao

    O complexo regulador deve contemplar a concepo de hierarquia e territrio,tanto para a utilizao de procedimentos / internaes, quanto na alocao de Uni-dades / Centrais de Regulao, assim como aes de avaliao, controle e audito-ria, conformando em cada macrorregio um Complexo Regulador que ser articula-do em rede por todo o Estado.

    Temos como centrais de regulao:Central de Regulao de Consultas, Exames e Servios Ambulatoriais De

    Mdia e Alta ComplexidadeObjetivos

  • 8/14/2019 Apostila do SAMU de Minas Gerais

    41/368

    31

    Garantir o acesso atravs do referenciamento adequado das solicitaes deconsultas e exames especializados de alta e mdia complexidade, de acordo com asnormas pactuadas com o complexo regulador;

    Disponibilizar toda a oferta de consultas e exames especializados pblicos,contratados e conveniados que fazem parte da rede SUS e viabilizar o gerenciamen-to do agendamento.

    Estabelecer mecanismos tcnicos (protocolos, critrios de encaminhamento,etc.) padronizados e pactuados nos comits do complexo regulador das macrorregi-es, visando equidade do atendimento.

    Proposies para o funcionamento da Central de Regulao de Marcao deConsultasEstabelecer e normatizar fluxos que caracterizem as Unidades Bsicas de

    Sade como porta de entrada para o Sistema;Caracterizar os PAMs, policlnicas municipais, ambulatrios de hospitais e

    clnicas ambulatoriais contratadas e conveniadas interligados s Centrais de Regu-lao de Marcao de Consultas, Exames e servios ambulatoriais de alta e mdiacomplexidade como referncias secundrias rede de servios;

    Proceder ao agendamento das consultas especializadas na prpria UnidadeBsica onde o usurio atendido;

    Organizar a marcao de consultas especializadas,de forma a minimizar aperda por desistncias e/ou impedimentos;

    Cadastrar os profissionais que prestam atendimento especializado, disponibi-lizando suas agendas para a rede SUS, atravs do Sistema de Marcao;

    Marcar as consultas definidas para cada municpio de acordo com a pactua-o de mecanismos de marcao, distribuindo as consultas, dentro de cotas defini-das atravs da PPI 2002;

    Acompanhar o municpio quanto ao desempenho esperado e aos desviosfrente ao pactuado pela PPI/2002;

    Disponibilizar as agendas com a relao de pacientes marcados, distribudospor especialidade e profissional aos prestadores;

    Avaliar as solicitaes enviadas pelos profissionais de sade, encaminhadas

    pelas Unidades de Sade atravs dos municpios e proceder ao agendamento em

  • 8/14/2019 Apostila do SAMU de Minas Gerais

    42/368

    32

    carter prioritrio, agilizando acesso para os pacientes portadores de casos clnicosde maior gravidade;

    Gerar relatrios que permitam s unidades, aos Distritos, a Gerncia de As-

    sistncia, aos Gestores do SUS, aos Conselhos de Sade e ao Comit do ComplexoRegulador Macrorregional o acompanhamento das consultas agendadas, realizadase do absentesmo por municpio;

    Monitorar o nmero de profissionais inscritos, com destaque sobre o cumpri-mento das normas para disponibilizao de consultas, bem como a oferta de espe-cialidades, discriminando a necessidade de reviso dessa;

    Monitorar e resolver os problemas do Sistema Informao de Marcao de

    Consultas;Subsidiar e acompanhar os convnios e contratos para disponibilizao deateno especializada em articulao com o controle e avaliao, monitorando aquantidade de consultas e os problemas no referenciamento, buscando resolv-los elevar ao comit do complexo regulador;

    Listar as especialidades mdicas disponibilizadas, o nmero de profissionais,o nmero de consultas existentes e dar conhecimento a todos os municpios compo-nentes das macrorregies;

    Dar conhecimento aos municpios dos mecanismos de acesso do pacienteao profissional / exame diagnstico, de acordo com a pactuao das cotas estabele-cidas pela PPI/2002, garantindo e acompanhando a realizao do mesmo;

    A Central de Regulao de Marcao de Consultas, Exames e Servios Am-bulatoriais de Mdia e Alta Complexidade dever possuir relao atualizada das uni-dades prestadoras prprias e contratadas, conforme o cadastro, que dever estarsempre atualizado;

    Localizar os estrangulamentos referentes as maiores demandas de consultase exames diagnsticos, a partir das solicitaes realizadas, e levar ao Comit doComplexo Regulador para anlise das alternativas viveis;

    Realizar avaliao dos custos de manuteno, a partir dos relatrios emitidose encaminhar ao Comit do Complexo Regulador para anlise.

    Propor capacitao, treinamento dos profissionais da rede de ateno bsicaacerca dos casos mais freqentes.

  • 8/14/2019 Apostila do SAMU de Minas Gerais

    43/368

    33

    Elaborar processo de formao continuada para os funcionrios das centraisde regulao.

    8 Central de Regulao de Internao Hospitalar

    8.1 Objetivos

    Garantir a alternativa assistencial adequada frente s solicitaes de utiliza-o de leitos realizadas pelos municpios pertencentes a uma dada macrorregio.

    Orientar o profissional solicitante sobre as medidas tcnicas a serem efetua-das junto ao paciente, visando minorar o quadro assistencial, enquanto viabiliza-se o

    processo de transferncia municipal e/ou continuidade de internao no prprio mu-nicpio.

    Estabelecer mecanismos pactuados nas macrorregies, que definam critriosde encaminhamentos, protocolos clnicos e outros que se fizerem necessrios, vi-sando equidade no atendimento.

    Viabilizar, utilizando os instrumentos legais necessrios, inclusive controlan-do as AIHs, que todos os leitos componentes da rede SUS sejam acompanhados e

    gerenciados em sua ocupao pela central de regulao de internao.

    Proposies para o funcionamento da Central de Regulao de InternaoEstabelecer fluxos que caracterizem as Unidades Bsicas de Sade, PAMs,

    Policlnicas, Urgncia e Emergncia como porta de entrada para o Sistema;Proceder destinao do paciente no prprio contato com a unidade solici-

    tante;

    Cadastrar os hospitais que prestam atendimento hospitalar, disponibilizandoseus leitos para a rede SUS atravs do sistema de internao;

    Acompanhar o municpio quanto ao desempenho esperado e aos desviosfrente ao pactuado pela PPI/2002, retro-alimentando o processo de planejamento eapresentando os resultados e propostas junto ao Comit do Complexo Regulador;

    Avaliar as solicitaes enviadas pelas Unidades atravs dos municpios eproceder internao em carter prioritrio, agilizando o acesso dos pacientes por-tadores de casos clnicos de maior gravidade;

  • 8/14/2019 Apostila do SAMU de Minas Gerais

    44/368

  • 8/14/2019 Apostila do SAMU de Minas Gerais

    45/368

    35

    Avaliar mensalmente, em conjunto com a ateno bsica, os problemas tc-nicos das solicitaes realizadas e propor ao Comit do Complexo Regulador pro-cessos de atualizao e capacitao dos profissionais dos vrios municpios.

    Central de Regulao de Urgncia e Emergncia e Gestao de Alto Risco(Est de acordo com o aprovado no plano diretor de regionalizao do estado deMinas Gerais no ano de 2001)

    8.2 Funes

    1. Escuta telefnica permanente para urgncia e para as transferncias depacientes graves

    Planto permanente durante as 24 horasMdico regulador 24 horas em conexo com a rede hospitalar e ambulatorialConexo com servios auxiliares2. Avaliao de recursos disponveisAvaliao peridica dos recursos prprios disponveisAvaliao peridica de leitos hospitalares disponveis

    3. Avaliao do grau de urgncia e da necessidade de atendimento e/outransporte

    Avaliao do grau de urgncia e suas prioridadesDeciso e organizao da melhor soluoAvaliao da necessidade de transporte UTIMConferncia do leito para recepo4. Envio e controle dos servios mveis e equipes

    Ativar o despacho das unidades ou equipesZelar pela agilidade de sada como de informaes para as equipesControlar a localizao e as disponibilidade das unidades mveisApoiar equipes de atendimentoPreparar recepo5. Operacionalizador e controlador da redeOperacionaliza os protocolos acordados entre os nveis hierrquicos

    6. Detecta e aponta os problemas a serem resolvidos em cada regio de atu-ao

  • 8/14/2019 Apostila do SAMU de Minas Gerais

    46/368

    36

    9 Pacto pela Sade

    Stefnia Mereciana Gomes Ferreira

    O Sistema nico de Sade - SUS uma poltica pblica recente,com apenas 20 anos de existncia. No decorrer de sua histria ocorreram muitosavanos e tambm constantes desafios a serem superados. Uma dificuldade noque concerne a implantao e adequada execuo de normas federais no Brasil sua extenso territorial, que contm regies com realidades sociais e culturaisdistintas. Alm disso, percebeu-se que o processo normativo do SUS encontrava-se com excessivo detalhamento e significativa complexidade.

    Os impasses acima mencionados geraram a necessidade de emitir normasfederais para regulamentao. Isto ocorreu por meio das seguintes portarias:

    - Portaria GM/MS n. 399, publicada em fevereiro de 2006, que definiu asdiretrizes operacionais do Pacto pela Sade,

    - Portaria GM/MS n. 699, publicada em abril de 2006, que regulamenta as

    diretrizes operacionais dos Pactos pela Vida e de Gesto,- Portaria GM/MS n. 698, publicada em abril de 2006, que redefiniu a for-

    ma de transferncia dos recursos federais a Estados e Municpios, destinados aocusteio de aes e servios de sade, integradas em cinco grandes blocos definanciamento:

    * ateno bsica,* mdia e alta complexidade da assistncia,

    * vigilncia em sade,* assistncia farmacutica,* gesto do SUS.

    A elaborao do Pacto pela Sade, estruturado em 2006, foi uma tentativa depromover inovaes nos processos e instrumentos de gesto. Este pacto redefiniuas responsabilidades de cada gestor, visando alcanar maior eficincia e qualidadedos projetos e atividades do SUS, adequando as diferenas estaduais e regionais

    do pas por meio da integrao de aes de promoo sade, de ateno prim-

  • 8/14/2019 Apostila do SAMU de Minas Gerais

    47/368

    37

    ria, de assistncia de mdia e de alta complexidade, de epidemiologia e controle dedoenas, de vigilncia sanitria e ambiental. Estas adequaes reafirmaram a im-portncia das instncias deliberativas das Comisses Intergestoras Bipartites (CIB)

    e das Comisses Intergestoras Tripartites (CIT) visto estas serem as responsveispelas pactuaes, com conseqente fortalecimento do controle social.

    O Pacto pela Sade dever ser revisado com base nos princpios constitu-cionais do SUS enfatizando as necessidades de sade da populao o que impli-car a definio de prioridades articuladas e integradas nos trs componentes doPacto pela Sade:

    - Pacto pela Vida,

    - Pacto em Defesa do SUS,- Pacto de Gesto do SUS.A implantao deste Pacto ocorre por meio da adeso de Municpios, Es-

    tados e Unio ao Termo de Compromisso de Gesto (TCG) que deve ser aprova-do pelos respectivos Conselhos de Sade e revisado anualmente no ms de mar-o. O TCG um documento de fomalizao do Pacto pela Sade, em suas di-menses:

    - Pacto pela Vida, que contm as metas e objetivos das aes de sade,- Pacto de Gesto, que contm as responsabilidades e atribuies de cada

    gestor bem como os indicadores de sade e o novo modelo de habilitao dosmunicpios.

    A reviso do Pacto pela Sade em 2008 acarretou a Portaria n.325/GM, de 2008, que estabeleceu como prioridades do Pacto pela Vida para oano de 2008:

    - ateno sade do idoso,- controle do cncer de colo de tero e de mama,- reduo da mortalidade infantil e materna,- fortalecimento da capacidade de respostas s doenas emergentes e en-

    demias, enfatizando:* a dengue,* a hansenase,* a tuberculose,

    * a malria,

  • 8/14/2019 Apostila do SAMU de Minas Gerais

    48/368

    38

    * a influenza,* a hepatite,* a aids,

    - promoo da sade,- fortalecimento da ateno bsica,- sade do trabalhador,- sade mental,

    - fortalecimento da capacidade de resposta do sistema de sade s pesso-as com deficincia,

    - ateno integral s pessoas em situao ou risco de violncia,

    - sade do homem.A organizao do Pacto pela Sade uma tentativa de responder aos de-safios atuais da gesto e organizao do sistema, dando respostas concretas snecessidades de sade da populao brasileira. Esse processo contnuo de revi-so da pactuao objetiva maior efetividade, eficincia e qualidade na gesto doSUS.

    9.1 Os Consrcios e o Sistema nico de Sade

    A Constituio Federal, de 1988, no artigo 241, cuja redao foi alterada pelaEmenda Constitucional n. 19, autoriza a gesto ass ociada de servios pblicos,bem como a transferncia total ou parcial de encargos, servios, pessoal e bens es-senciais continuidade dos servios transferidos. Este tipo de gesto se realiza pormeio de consrcios pblicos (CP) e convnios de cooperao entre entes federados.

    A Lei n. 8.080, de 1990, no artigo 10 instituiu o direito de os municpios cons-titurem CP para desenvolver em conjunto as aes e os servios de sade que se- jam de comum interesse; e no artigo 18, inciso VII institui a constituio dos consr-cios como competncia da direo municipal do SUS.

    O CP um instrumento que visa a superar as deficincias organizativas deescalas e/ou disponibilidade de recursos, solucionando problemas para alcanar ob- jetivos comuns, ou seja, a consolidao da hierarquizao e regionalizao da assis-

    tncia sade.

  • 8/14/2019 Apostila do SAMU de Minas Gerais

    49/368

    39

    De acordo com a Lei n.11.107, de 2005, os objetiv os dos CP sero determi-nados pelos entes da Federao que se consorciarem, observados os limites consti-tucionais. Assim, a Unio somente poder participar de consrcios em que partici-

    pem todos os Estados, cujos territrios estejam os Municpios consorciados.O CP poder firmar convnios, contratos, acordos de qualquer natureza, re-

    ceber auxlios, contribuies e subvenes sociais ou econmicas de outras entida-des e rgos de governo; ser contratado pela administrao direta ou indireta dosentes da Federao consorciados dispensada a licitao (Lei n. 11.107, de 2005)para que os objetivos dos consorciados sejam atingidos.

    O instrumento de formalizao de um CP o contrato, que a partir de um pro-

    tocolo de intenes - documento inicial do consrcio - publicado na Imprensa Oficial,determina as competncias de cada um dos entes federativos que o subscreve.

    As clusulas do protocolo para implementar um CP devem conter:- a denominao,- a finalidade,- o prazo de durao,- a sede,- identificao dos entes da Federao consorciados,- o representante legal,- o Chefe do Poder Executivo,- a indicao da rea de atuao do consrcio,- a previso de que o CP associao pblica ou pessoa jurdica de direito

    privado sem fins econmicos,- os critrios que autorizem o CP a representar os consorciados perante ou-

    tras esferas do governo,- as normas de convocao e funcionamento da Assembleia Geral, inclusive

    para:* a elaborao,* a aprovao,* a modificao do estatuto do CP

    - a previso de que a Assembleia Geral a instncia mxima do CP,

    - o nmero de votos para as deliberaes da Assembleia Geral,

  • 8/14/2019 Apostila do SAMU de Minas Gerais

    50/368

    40

    - a forma de eleio,- a durao do mandato do representante legal do CP que, obrigatoriamente,

    dever ser o Chefe do Poder Executivo do ente da Federao consorciado,

    - o nmero, as formas de provimento e a remunerao dos empregados p-blicos,

    - os casos de contratao por tempo determinado para atender a necessidadetemporria, excepcional, de interesse pblico,

    - as condies para que o CP celebre contrato de gesto ou termo de parce-ria,

    - a autorizao para a gesto associada de servios pblicos explicitando,

    dentre outras:- as competncias do consrcio pblico,- o direito dos consorciados.O protocolo de intenes ratificado por meio de lei e, aps essa ratificao,

    o protocolo convertido no contrato do CP, cujo estatuto definido em AssembliaGeral, obedecendo s determinaes contratuais.

    9.2 Canal de comunicao em sade

    Mecanismo de participao e comunicao da populao para identificar ne-cessidades e distores na sade. Alternativa de solues para as manifestaesapresentadas, proporcionando maior controle dos servios e aprimorando o gerenci-amento das aes; Possibilidade de identificao e avaliao do grau de satisfaoda populao em relao aos servios de sade prestados; www.datasus.gov.br e

    http://www.saude.mg.gov.br,

  • 8/14/2019 Apostila do SAMU de Minas Gerais

    51/368

    41

    3 A ATENO S URGNCIAS NO CENRIO ATUAL1

    Cesar Augusto Soares Nitschke

    Vrios pontos de estrangulamento da ateno s urgncias so detectados:

    Baixo investimento em Estratgias de Promoo da Qualidade de Vida e Sa-de: As portas de urgncia constituem-se em importante observatrio da condiode sade da populao e da atuao do sistema de sade. nelas onde primeiro se

    mostram os agravos inusitados sade da populao, sendo, portanto, importantefonte de informao em tempo real para as aes de vigilncia em sade. Mas, paraalm destas aes sobre agravos inusitados, temos a observao cotidiana de ve-lhos e repetidos agravos que nos mostram falhas na integralidade da ateno e, emespecial, uma importante falta de aes articuladas de educao para a sade, pro-teo contra riscos e agentes agressores conhecidos, preveno de agravos, recu-perao e reabilitao da sade das pessoas. Assim, podemos observar uma alta

    incidncia de atropelamentos ocorridos numa mesma regio, elevado nmero decasos de trabalho de parto prematuro, pacientes com insuficincia renal crnica,com quadros de diabete melitus descompensada, crises asmticas de repetio,ferimentos em crianas e tantos outros, sem que quaisquer atitudes sejam efetiva-mente tomadas em relao a estes eventos.

    Modelo assistencial ainda fortemente centrado na oferta de servios e nonas necessidades dos cidados: Apesar da mudana na constituio, sendo a sadeconsiderada direito de todos e dever do estado, ainda temos a predominncia do

    1 Extrado de Manual de Regulao Mdica de Urgncias. Ministrio da Sade. Em fase depublicao. Outubro de 2005

  • 8/14/2019 Apostila do SAMU de Minas Gerais

    52/368

    42

    modelo tcno-assistencial implementado, em especial, durante a ditadura militar.Assim, ainda hoje a estruturao das redes de ateno sade est fortemente in-fluenciada por interesses de mercado, marcadamente atravs da oferta de servios

    de alta densidade tecnolgica, cujo consumo, foi introjetado pela prpria populao.

    Falta de acolhimento dos casos agudos de menor complexidade na atenobsica: De outra parte, porm a ateno bsica tambm permanece influenciadapelo modelo assistencial da sade pblica, voltada para aes preferencialmentepreventivas e programticas, em detrimento do acolhimento e atendimento de ci-dados acometidos por quadros agudos de baixa complexidade, cuja resoluo po-

    deria perfeitamente se dar neste nvel de ateno, trazendo como consequnciauma baixa vinculao da clientela que acaba recorrendo sistematicamente s unida-des de urgncia, onde recebem tratamento meramente sintomtico, com graves pre- juzos ao acompanhamento de doenas crnicas com alto potencial de morbidade,como hipertenso, diabetes, asma e outras.

    Insuficincia de portas de entrada para os casos agudos de mdia complexi-dade: Tendo a rede de ateno se estruturado basicamente sobre os dois modelosextremos j mencionados, com presso de oferta de alta complexidade por um ladoe aes pouco resolutivas e de baixa complexidade por outro, a mdia complexidadeacaba por representar um grande estrangulamento para a ateno integral sade,afetando tambm a ateno s urgncias. Assim, observando-se o territrio nacio-nal, vemos uma rede de unidades de pronto atendimento que, funcionando nas 24horas, foram montadas apenas para dar vazo demanda reprimida de casos agu-dos de baixa complexidade que no so adequadamente acolhidos pela rede bsi-ca, funcionando sem retaguarda mnima de recursos diagnsticos e teraputicos,essenciais ao acolhimento de casos de maior gravidade/complexidade e estrutura-o de uma cadeia de manuteno da vida.

    M utilizao das portas de entrada da alta complexidade: Por tudo isso, ospacientes acometidos por agravos de urgncia, seja qual for a sua gravida-de/complexidade, acabam buscando socorro nos grandes servios, sobrecarregando

  • 8/14/2019 Apostila do SAMU de Minas Gerais

    53/368

    43

    as portas de entrada de maior complexidade, delineando as j conhecidas filas nosreferidos estabelecimentos.

    Insuficincia de leitos hospitalares qualificados, especialmente de UTI e reta-guarda para as urgncias: Enquanto nos grandes hospitais os pacientes se amonto-am em macas por falta de leitos hospitalares para sua internao ou, ainda pior,ocupam as salas de emergncia onde permanecem intubados e em ventilao me-cnica, por falta de vagas em leitos de terapia intensiva, nos hospitais de pequenoporte temos taxas de ocupao que, na mdia do territrio nacional, no atingem os50%.

    Deficincias estruturais da rede assistencial: reas fsicas, equipamentos epessoal: As urgncias tm ocupado historicamente um lugar de marcada marginali-dade no sistema de sade. Por esta razo, aqui que as deficincias estruturais doSUS se mostram de maneira mais gritante. Assim, os pronto socorros hospitalares eunidades de urgncia no hospitalares tm suas reas fsicas absolutamente inade-quadas e insuficientes, os equipamentos essenciais manuteno da vida ou noexistem ou encontram-se sucateados. Alm disso, vale lembrar que a informalidadena contratao de recursos humanos e a organizao vertical do trabalho criam umaporta de entrada ao mercado de trabalho que atrai profissionais com habilitao ina-dequada para a ateno s urgncias. Assim, nas portas de urgncia se amontoamprofissionais recm formados sem a devida qualificao e experincia para este tipode trabalho, profissionais de idade j avanada que encontram nas portas de urgn-cia uma das poucas opes de complementao salarial ou profissionais super-especializados que utilizam as portas de urgncia como meio transitrio de subsis-tncia, at que consigam se estabelecer em suas reas.

    Inadequao na estrutura curricular dos aparelhos formadores: A inadequa-o profissional mencionada acima est diretamente ligada insuficincia da forma-o destes profissionais, em virtude dos aparelhos formadores obedecerem ainda,majoritariamente, a lgica do mercado, sendo a ateno s urgncias, como j foimencionado acima, uma rea pouco reconhecida em sua importncia e necessida-

    des estruturais, at pelo prprio setor pblico.

  • 8/14/2019 Apostila do SAMU de Minas Gerais

    54/368

    44

    Baixo investimento na qualificao e educao permanente dos profissionaisde sade: Soma-se aos fatos acima mencionados a no implementao do Plano de

    Cargos, Carreiras e salrios do SUS e o baixssimo investimento em recursos hu-manos, que geram descompromisso e desqualificao profissional progressivos,sem projetos estruturados de educao permanente para todos os profissionais dasade.

    Dificuldades na formao das figuras regionais e fragilidade poltica nas pac-tuaes: A estruturao histrica de um sistema marcado pela iniqidade de acesso

    fez com que a oferta de servios se amontoasse nos grandes centros urbanos,atraindo a populao de outros municpios menos distantes e deixando desassisti-das grandes parcelas da populao brasileira. Esse modelo estrutural tem geradodisputa entre os territrios e a formao de barreiras tcnicas, operacionais e admi-nistrativas no sentido de coibir a migrao dos pacientes em busca da ateno suasade. Assim, faz-se necessrio implementar ferramentas que estimulem e viabili-zem a construo de sistemas regionais de ateno integral sade, com financia-mento e demais responsabilidades compartilhadas pelos governos Federal, Estadu-ais e Municipais.

    Incipincia nos mecanismos de referncia e contra-referncia: Esses siste-mas regionais devem ter mecanismos efetivos de encaminhamento dos pacientes(referncia) aos servios indisponveis em seu municpio/regio, como tambm agarantia de que uma vez atendidas estas necessidades, o paciente seja reencami-nhado sua regio de origem (contra-referncia), impedindo, assim, a saturao tocomumente observada nos servios especializados.

    Escassas aes de controle e avaliao das contratualizaes externas e in-ternas: Os mecanismos hoje implantados atravs da NOAS, como a PPI, o PDR e oPDI, teoricamente contemplam, pelo menos em parte, as novas necessidades estru-turais, porm, os mecanismos de avaliao e controle da implementao destasnormas ainda incipiente, o que compromete em muito o seu sucesso.

  • 8/14/2019 Apostila do SAMU de Minas Gerais

    55/368

    45

    Falta de Regulao: Apesar da fragilidade dos mecanismos de avaliao econtrole, aes de represso de demanda e de ajuste linear a limites financeiros his-toricamente estabelecidos so bastante frequentes. Neste cenrio, as aes de re-

    gulao despontam como ferramenta de defesa do cidado, buscando garantiracesso ao meio mais adequado a suas necessidades, embora sejam ainda muitotimidamente desenvolvidas.

  • 8/14/2019 Apostila do SAMU de Minas Gerais

    56/368

    46

    4 LEGISLAONACIONAL EMINEIRA DEATENO SURGNCIAS

    Cesar Augusto Soares Nitschke

    Rasvel dos Reis Santos Jnior

    As Urgncias vm sendo objeto de algumas iniciativas do governo federal,mas que no lograram causar impacto significativo na sua ateno.

    J em junho de 1998, foi publicada a Portaria GM/MS 2923, que determinouinvestimentos nas reas de Assistncia Pr-hospitalar Mvel, Assistncia Hospitalar,

    Centrais de Regulao de Urgncias e Capacitao de Recursos Humanos. Os re-cursos destinados implementao desta proposta no foram devidamente utiliza-dos e nenhuma central de regulao ou servio de atendimento pr-hospitalar mvelfoi criado. Apenas os recursos destinados capacitao de profissionais foi parcial-mente utilizado, na maioria das vezes, para a compra de cursos de grupos privados,com pouca integrao com as necessidades e propostas do SUS e, praticamente,nenhum projeto de continuidade na educao dos trabalhadores das urgncias.

    Em abril de 1999 foi publicada a Portaria GM/MS 479, que criou uma srie depr-requisitos para o cadastramento de hospitais que, depois de habilitados, passa-ram a receber uma valorizao no valor das internaes realizadas dentro de umalista pr-determinada de procedimentos considerados de urgncia. O que se obser-vou e muito se criticou poca foi que os critrios de incluso eram to exigentesque apenas um pequeno nmero de hospitais puderam se beneficiar em todo o pas.

    Ainda neste perodo foram destinados tambm recursos do REFORSUS para

    equipamentos, reforma e modernizao gerencial de hospitais que atendessem surgncias.

    Aps o IV Congresso Internacional da rede Brasileira de Cooperao emEmergncias, realizado em Goinia em abril de 2000, sob a denominao: Basespara uma Poltica Nacional de Ateno s Urgncias, houve uma aproximao en-tre tcnicos que estavam na vanguarda desta discusso e o MS, que resultou numprocesso de avaliao do impacto destes investimentos, quando se concluiu que os

    recursos foram, na maioria das vezes, destinados aquisio de equipamentos pe-las secretarias estaduais de sade, sem o devido planejamento ascendente e parti-

  • 8/14/2019 Apostila do SAMU de Minas Gerais

    57/368

    47

    cipao dos gestores municipais e at mesmo dos servios beneficiados, resultandoem pulverizao e baixo impacto na qualificao da ateno s urgncias.

    Junto a este trabalho de avaliao, foi realizado um ciclo de seminrios de

    discusso e planejamento conjunto de redes regionalizadas de ateno s urgn-cias, envolvendo gestores estaduais e municipais, em vrios estados da federao.Ainda neste perodo que se estendeu de junho de 2000 at meados de 2002, foi fei-ta uma reviso da Portaria GM/MS 824 de junho de 1999, republicada como PortariaGM/MS 814 em junho de 2001 e foram tambm elaboradas diretrizes tcnicas paraas Unidades no Hospitalares de Atendimento s urgncias, Transport