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COLÉGIO CENECISTA ELIAS MOREIRAProf. Alencar – Literatura
Período Literário (ou Época Literária) é o segmento determinado de uma época em que predominou um estilo na literatura. Didaticamente, a divisão da literatura brasileira em períodos seria representada assim:
PERÍODO ÉPOCA CARACTERÍSTICAS
Lit. Informativa Séc. XVI Visão documental e paradisíaca da nova terra
Barroco Séc. XVII · Expressão ideológica da Contra-Reforma· Conflito entre corpo e alma· Temática do desengano· Linguagem conflituosa e ornamentada
Arcadismo Séc. XVIII · Ligação com o Iluminismo· Celebração do racionalismo· Razão = verdade = simplicidade· Imitação dos clássicos· Imitação da natureza (campestre)· Canto da vida pastoril
Romantismo (prosa e poesia)
Primeira metade do séc. XIX · Individualismo e subjetivismo · Sentimentalismo· Culto da natureza· Imaginação e fantasia· Liberdade de expressão· Valorização do passado
Realismo (prosa)
Segunda metade do século XIX
· Objetividade· Verossimilhança· Racionalismo (análise psicológica e social)· Predomínio do urbano· Busca da perfeição formal
Naturalismo(prosa)
Segunda metade do século XIX
Todas as características do Realismo mais:· Cientificismo (adoção de "leis científicas" que determinam os personagens)
Parnasianismo(poesia)
Duas últimas décadas do século XIX
· Objetividade e impassibilidade· Teoria da Arte pela Arte (Verdade = Beleza = Forma) · Perfeição formal: métrica e rima· Temática (descrição de objetos e Antigüidade greco-romana)
Simbolismo(poesia)
Última década do século XIX · Subjetivismo· Nova linguagem poética (sugestão, musicalidade, vaguidade)· Utilização de símbolos e metáforas· Culto do mistério· Religiosidade mística
Pré-Modernismo(prosa e poesia)
Duas primeiras décadas do século XX
· Mescla de estilos e temas· Preocupação social
Modernismo(prosa e poesia)
1922 - ? · Liberdade absoluta de expressão· Valorização do cotidiano · Linguagem coloquial· Paródia e verso livre· Ausência de fronteira entre os gêneros· Nacionalismo crítico e irônico
É bom citar que, a prova do ENEM, no que diz respeito à Literatura Brasileira, costuma enfatizar questões que tratam do Romantismo até os dias atuais (Literatura Contemporânea).
Atividades
Romantismo
01) O trecho a seguir é parte do poema “Mocidade e morte”, do poeta romântico Castro Alves:
Oh! eu quero viver, beber perfumesNa flor silvestre, que embalsama os ares;Ver minh'alma adejar pelo infinito,Qual branca vela n'amplidão dos mares.No seio da mulher há tanto aroma...Nos seus beijos de fogo há tanta vida...–– Árabe errante, vou dormir à tardeÀ sombra fresca da palmeira erguida.Mas uma voz responde-me sombria:Terás o sono sob a lájea fria.(ALVES, Castro. Os melhores poemas de Castro Alves. Seleção de Lêdo Ivo. São Paulo: Global, 1983.)
Esse poema, como o próprio título sugere, aborda o inconformismo do poeta com a antevisão da morte prematura, ainda na juventude. A imagem da morte aparece na palavra:
a) embalsama.b) infinito.c) amplidão.d) dormir.e) sono.
Romantismo – Realismo
02) No trecho abaixo, o narrador, ao descrever a personagem, critica sutilmente um outro estilo de época: o Romantismo.
“Naquele tempo contava apenas uns quinze ou dezesseis anos; era talvez a mais atrevida criatura da nossa raça, e, com certeza, a mais voluntariosa. Não digo que já lhe coubesse a primazia da beleza, entre as mocinhas do tempo, porque isto não é romance, em que o autor sobredoura a realidade e fecha os olhos às sardas e espinhas; mas também não digo que lhe maculasse o rosto nenhuma sarda ou espinha, não. Era bonita, fresca, saía das mãos da natureza, cheia daquele feitiço, precário e eterno, que o indivíduo passa a outro indivíduo, para os fins secretos da criação.”(ASSIS, Machado de. Memórias Póstumas de Brás Cubas. Rio de Janeiro: Jackson,1957.)
A frase do texto em que se percebe a crítica do narrador ao Romantismo está transcrita na alternativa:
a) ... o autor sobredoura a realidade e fecha os olhos às sardas e espinhas ...b) ... era talvez a mais atrevida criatura da nossa raça ...c) Era bonita, fresca, saía das mãos da natureza, cheia daquele feitiço, precário e eterno, ...d) Naquele tempo contava apenas uns quinze ou dezesseis anos ...e) ... o indivíduo passa a outro indivíduo, para os fins secretos da criação.
Realismo (Machado de Assis)
03) O texto abaixo foi extraído de uma crônica de Machado de Assis e refere-se ao trabalho de um escravo.
“Um dia começou a guerra do Paraguai e durou cinco anos, João repicava e dobrava, dobrava e repicava pelos mortos e pelas vitórias. Quando se decretou o ventre livre dos escravos, João é que repicou. Quando se fez a abolição completa, quem repicou foi João. Um dia proclamou-se a República. João repicou por ela, repicaria pelo Império, se o Império retornasse.”(MACHADO, Assis de. Crônica sobre a morte do escravo João , 1897)
A leitura do texto permite afirmar que o sineiro João:
a) por ser escravo tocava os sinos, às escondidas, quando ocorriam fatos ligados à Abolição.b) não poderia tocar os sinos pelo retorno do Império, visto que era escravo.c) tocou os sinos pela República, proclamada pelos abolicionistas que vieram libertá-lo.d) tocava os sinos quando ocorriam fatos marcantes porque era costume fazê-lo.e) tocou os sinos pelo retorno do Império, comemorando a volta da Princesa Isabel.
Realismo (Naturalismo)
Texto para questão 04.
Viam-se de cima as casas acavaladas umas pelas outras, formando ruas, contornando praças. As chaminés principiavam a fumar; deslizavam as carrocinhas multicores dos padeiros; as vacas de leite caminhavam com o seu passo vagaroso, parando à porta dos fregueses, tilintando o chocalho; os quiosques vendiam café a homens de jaqueta e chapéu desabado; cruzavam- se na rua os libertinos retardios com os operários que se levantavam para a obrigação; ouvia-se o ruído estalado dos carros de água, o rodar monótono dos bondes.(AZEVEDO, Aluísio de. Casa de Pensão. São Paulo: Martins, 1973)
04) O trecho, retirado de romance escrito em 1884, descreve o cotidiano de uma cidade, no seguinte contexto:
a) a convivência entre elementos de uma economia agrária e os de uma economia industrial indicam o início da industrialização no Brasil, no século XIX.b) desde o século XVIII, a principal atividade da economia brasileira era industrial, como se observa no cotidiano descrito.c) apesar de a industrialização ter-se iniciado no século XIX, ela continuou a ser uma atividade pouco desenvolvida no Brasil.d) apesar da industrialização, muitos operários levantavam cedo, porque iam diariamente para o campo desenvolver atividades rurais.e) a vida urbana, caracterizada pelo cotidiano apresentado no texto, ignora a industrialização existente na época.
Modernismo – 1ª Fase (Manuel Bandeira)
Texto para questão 05.
Poética
Estou farto do lirismo comedidoDo lirismo bem comportadoDo lirismo funcionário público com livro de ponto expediente protocolo e[manifestações de apreço ao Sr. diretor.Estou farto do lirismo que pára e vai averiguar no dicionário o[cunho vernáculo de um vocábuloAbaixo os puristas............................................................................................Quero antes o lirismo dos loucosO lirismo dos bêbedosO lirismo difícil e pungente dos bêbedosO lirismo dos clowns de Shakespeare— Não quero mais saber do lirismo que não é libertação.(BANDEIRA, Manuel. Poesia Completa e Prosa. Rio de Janeiro. Aguilar, 1974)
05) Com base na leitura do poema, podemos afirmar corretamente que o poeta:
a) critica o lirismo louco do movimento modernista.b) critica todo e qualquer lirismo na literatura.c) propõe o retorno ao lirismo do movimento clássico.d) propõe o retorno ao lirismo do movimento romântico.e) propõe a criação de um novo lirismo.
Modernismo – 2ª Fase – Poesia (Vinícius de Moares)
06) Oxímoro (ou paradoxo) é uma construção textual que agrupa significados que se excluem mutuamente. Nas alternativas abaixo, estão transcritos versos retirados do poema “O operário em construção”. Pode-se afirmar que ocorre um oxímoro em:
a) "Era ele que erguia casasOnde antes só havia chão."
b) "... a casa que ele faziaSendo a sua liberdadeEra a sua escravidão."
c) "Naquela casa vaziaQue ele mesmo levantaraUm mundo novo nasciaDe que sequer suspeitava."
d) "... o operário faz a coisaE a coisa faz o operário."
e) "Ele, um humilde operárioUm operário que sabiaExercer a profissão."
(MORAES, Vinícius de. Antologia Poética. São Paulo: Companhia das Letras, 1992.)
Modernismo – 2ª Fase – Poesia (Carlos Drummond de Andrade)
A questão 07 refere-se ao poema.
A dança e a alma
A DANÇA? Não é movimento,súbito gesto musical.É concentração, num momento,da humana graça natural.No solo não, no éter pairamos,nele amaríamos ficar.A dança – não vento nos ramos:seiva, força, perene estar.Um estar entre céu e chão,novo domínio conquistado,onde busque nossa paixãolibertar-se por todo lado...Onde a alma possa descreversuas mais divinas parábolassem fugir à forma do ser,por sobre o mistério das fábulas.(Carlos Drummond de Andrade. Obra completa. Rio de Janeiro: Aguilar, 1964. p. 366.)
07) A definição de dança, em linguagem de dicionário, que mais se aproxima do que está expresso no poema é:
a) a mais antiga das artes, servindo como elemento de comunicação e afirmação do homem em todos os momentos de sua existência.b) a forma de expressão corporal que ultrapassa os limites físicos, possibilitando ao homem a liberação de seu espírito.c) a manifestação do ser humano, formada por uma seqüência de gestos, passos e movimentos desconcertados.d) o conjunto organizado de movimentos do corpo, com ritmo determinado por instrumentos musicais, ruídos, cantos, emoções etc.e) o movimento diretamente ligado ao psiquismo do indivíduo e, por conseqüência, ao seu desenvolvimento intelectual e à sua cultura.
Modernismo – 3ª Fase (Geração de 45)
08) Leia o que disse João Cabral de Melo Neto, poeta pernambucano, sobre a função de seus textos:
“Falo somente com o que falo: a linguagem enxuta, contato denso; falo somente do que falo: a vida seca, áspera e clara do sertão; falo somente por quem falo: o homem sertanejo sobrevivendo na adversidade e na míngua. Falo somente para quem falo: para os que precisam ser alertados para a situação da miséria no Nordeste.”
Para João Cabral de Melo Neto, no texto literário,
a) a linguagem do texto deve refletir o tema, e a fala do autor deve denunciar o fato social para determinados leitores.b) a linguagem do texto não deve ter relação com o tema, e o autor deve ser imparcial para que seu texto seja lido.c) o escritor deve saber separar a linguagem do tema e a perspectiva pessoal da perspectiva do leitor.d) a linguagem pode ser separada do tema, e o escritor deve ser o delator do fato social para todos os leitores.e) linguagem está além do tema, e o fato social deve ser a proposta do escritor para convencer o leitor.
Literatura Contemporânea (Ferreira Gullar)09) Ferreira Gullar, um dos grandes poetas brasileiros da atualidade, é autor de “Bicho urbano”, poema sobre a sua relação com as pequenas e grandes cidades.
Bicho urbanoSe disser que prefiro morar em Pirapemasou em outra qualquer pequena cidade do paísestou mentindoainda que lá se possa de manhãlavar o rosto no orvalhoe o pão preserve aquele brancosabor de alvorada......................................................................A natureza me assusta.Com seus matos sombrios suas águassuas aves que são como apariçõesme assusta quase tanto quantoesse abismode gases e de estrelasaberto sob minha cabeça.(GULLAR, Ferreira. Toda poesia. Rio de Janeiro: José Olympio Editora, 1991)
Embora não opte por viver numa pequena cidade, o poeta reconhece elementos de valor no cotidiano das pequenas comunidades. Para expressar a relação do homem com alguns desses elementos, ele recorre à sinestesia, construção de linguagem em que se mesclam impressões sensoriais diversas. Assinale a opção em que se observa esse recurso.
a) "e o pão preserve aquele branco / sabor de alvorada."b) "ainda que lá se possa de manhã / lavar o rosto no orvalho"c) "A natureza me assusta. / Com seus matos sombrios suas águas"d) "suas aves que são como aparições / me assusta quase tanto quanto"e) "me assusta quase tanto quanto / esse abismo / de gases e de estrelas"
Drummond – Chico Buarque – Adélia Prado
10) Quem não passou pela experiência de estar lendo um texto e defrontar-se com passagens já lidas em outros? Os textos conversam entre si em um diálogo constante. Esse fenômeno tem a denominação de intertextualidade. Leia os seguintes textos:
I. Quando nasci, um anjo tortoDesses que vivem na sombraDisse: Vai Carlos! Ser “gauche” na vida(ANDRADE, Carlos Drummond de. Alguma poesia. Rio de Janeiro: Aguilar, 1964)
II. Quando nasci veio um anjo safadoO chato dum querubimE decretou que eu tava predestinadoA ser errado assimJá de saída a minha estrada entortouMas vou até o fim.(BUARQUE, Chico. Letra e Música. São Paulo: Cia das Letras, 1989)
III. Quando nasci um anjo esbeltoDesses que tocam trombeta, anunciou:Vai carregar bandeira.Carga muito pesada pra mulherEsta espécie ainda envergonhada.(PRADO, Adélia. Bagagem. Rio de Janeiro: Guanabara, 1986)
Adélia Prado e Chico Buarque estabelecem intertextualidade, em relação a Carlos Drummond de Andrade, por:
a) reiteração de imagens.b) oposição de idéias.c) falta de criatividade.d) negação dos versos.e) ausência de recursos.