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APOSTILA ÉTICA E LEGISLAÇÃO [2 UNIDADE] 1

Apostila Ética e Legislação

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Etica e Legislação

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Page 1: Apostila Ética e Legislação

APOSTILAÉTICA

ELEGISLAÇÃO

[2 UNIDADE]

Acadêmico(a): ___________________________________________________

Professora: Esp. Jhéssica Luara Alves de Lima

Mossoró/RN, 2014.2

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RESPONSABILIDADE MORAL E CIVIL

Conceitos iniciais

Etimologicamente, a palavra responsabilidade vem do latim respondere e significa ser capaz de comprometer-se.

A responsabilidade moral é, por sua vez, uma capacidade, e ao mesmo tempo uma obrigação moral, de assumirmos os nossos atos. É reconhecermos nossos atos, compreender que são eles que nos constroem e nos moldam como pessoas. A responsabilidade implica que sejamos responsáveis antes do ato (ao escolhermos e decidirmos racionalmente, conhecendo os motivos da nossa ação e ao tentar prever as consequências desta), durante o ato (na forma como atuamos) e depois do ato (no assumir das consequências que advêm dos atos praticados).

A responsabilidade, junto com a liberdade, são parâmetros essenciais na construção de um indivíduo como pessoa, visto que é através da liberdade e da responsabilidade que um sujeito é capaz de se tornar efetivamente autônomo.1

Responsabilidade Moral

A ideia de responsabilidade moral aparece com a convicção de que a ação de um indivíduo tem sempre lugar com uma finalidade. Diz-se que uma pessoa que faz valer os valores morais da sua sociedade pode estar a contribuir para um destino melhor.2

A responsabilidade moral é diferente da responsabilidade civil, pois na responsabilidade moral não há punição legal.

Exemplo de responsabilidade moral: Pagar dívida de jogo. Pagar dívida contraída com agiota.

Responsabilidade Civil

A responsabilidade civil está prevista no Código Civil e tem punição de acordo com a lei.

Código Civil Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo.

Código Civil

1 Disponível em: <http://www.notapositiva.com/resumos/filosofia/liberdresp.htm>2 Disponível em: <http://conceito.de/moral>

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Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito.

Código Civil Art. 187. Também comete ato ilícito o titular de um direito que, ao exercê-lo, excede manifestamente os limites impostos pelo seu fim econômico ou social, pela boa-fé ou pelos bons costumes.

Só não será punido, aquele que agiu ou deixou de agir quando deveria, se esta pessoa o fez quando estava inconsciente (seja por doença mental, desequilíbrio psicológico, sob os efeitos de algum estupefaciente, etc.).

Código Civil Art. 3o São absolutamente incapazes de exercer pessoalmente os atos da vida civil:I - os menores de dezesseis anos;II - os que, por enfermidade ou deficiência mental, não tiverem o necessário discernimento para a prática desses atos;III - os que, mesmo por causa transitória, não puderem exprimir sua vontade. Código Civil Art. 4o São incapazes, relativamente a certos atos, ou à maneira de os exercer:I - os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos;II - os ébrios habituais, os viciados em tóxicos, e os que, por deficiência mental, tenham o discernimento reduzido;III - os excepcionais, sem desenvolvimento mental completo;IV - os pródigos.

Para que alguém seja responsabilizado civilmente, é preciso que haja o preenchimento de quatro requisitos:

Ação ou Omissão Nexo de Causalidade Culpa ou Dolo Dano

Exemplo: Seu João do interior, que não possui cartão de crédito, um dia vai à Cidade fazer um empréstimo. Ao chegar ao banco é impedida porque seu nome está no SPC e SERASA por conta de uma suposta dívida que possui com o Cartão de Crédito Visa. Ora, Seu João não possui cartão de crédito! Como pode? Temos aqui uma situação de responsabilidade civil por que:

A ação de a Visa colocar o nome de Seu João no SPC e SERASA, o que o fez ou porque quis (com dolo) ou sem querer (com culpa), possui relação (nexo de causalidade) com o prejuízo (Dano) que Seu João está passando, pois Seu João

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ficou constrangido por ter seu nome sujo na praça e perdeu de fazer o empréstimo. Assim, Seu João tem direito, pela lei, a receber uma indenização.

EXERCÍCIO 1:

1. Marque corretamente, colocando V para Verdadeiro e F para Falso:

a) A palavra responsabilidade vem do latim respondere e significa ser capaz de comprometer-se. ( )b) Responsabilidade Moral é o mesmo que Responsabilidade Civil ( )c) Para configurar a Responsabilidade Civil é preciso o preenchimento de quatro requisitos: Ação ou omissão, nexo de causalidade, culpa ou dolo, e dano. ( )d) As pessoas absolutamente incapazes respondem por seus atos. ( )e) Aquele que, por ato ilícito causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo. ( )f) A responsabilidade moral está prevista na lei. ( )

2. Diga se estão presentes os elementos da responsabilidade civil no caso prático abaixo. Explique:

Marilúcia foi convidada para ser madrinha do casamento de Ana e Pedro, recebendo um lindo convite com data marcada para 10 de setembro de 2014. Marilúcia se sentiu na obrigação moral de comprar um bom presente. Juntou todas as suas economias e comprou um guarda-roupas para o casal nas Lojas Insinuante, a qual se comprometeu a entregar o presente um dia antes do casamento. Acontece que, chegou o dia do casamento, e a Loja ainda não tinha entregue o presente. Marilúcia ligou para a Loja e foi informada que estavam sem esse produto no estoque e que chegaria daqui a 30 dias. Marilúcia ficou com tanta vergonha de chegar sem presente, que foi até as Casas Bahia e comprou outro guarda-roupas em 12x sem juros.

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FORMAÇÃO PROFISSIONAL

Origem/Histórico

Antigamente, o trabalho era considerado como sendo a atividade exercida por aqueles que haviam perdido a liberdade, ou seja, confundia-se com o sofrimento ou infortúnio (KURZ, 1997). Assim, a palavra trabalho significou, durante muito tempo, uma experiência dolorosa, padecimento, cativeiro, castigo (BUENO, 1988, p.25). O trabalho seria equiparado a condição social do indivíduo, vinculado a ideia de escravidão.

No século XVIII, com a ascensão da burguesia e a mudança social de mentalidade, que enfatizou o desenvolvimento das fontes produtivas e a transformação da natureza através da evolução da técnica e da ciência, passou-se a condenar o ócio, sacralizando o trabalho e a produtividade (KURZ, 1997, p.3). Assim, as sociedades passaram a compreender o trabalho como parte da própria existência humana, pois o ser humano retira seu sustento e de sua família dele.

De forma objetiva, Marinho (2005, p. 27) afirma que “o trabalho passou a ser o ‘sentido da vida’, possibilidade de enriquecimento futuro, e, para além do problema da sobrevivência, ainda que heterônomo, é proclamado como virtude”.

Ocorre que o trabalho se precarizou. Entende-se por precarização das relações de trabalho a substituição dos empregos formais, que se expressam em registros na carteira de trabalho e previdência social (CTPS) por relações informais de compra e venda de serviços, que vêm se constituindo pelas formas de contratação por tempo limitado, assalariamento sem registro, trabalho a domicílio, dentre outras formas. (SINGER, 1995, p.2) A precariedade refere-se, pois, ao trabalho mal remunerado e pouco reconhecido.

Atualmente, o mercado exige qualificação.

Para a configuração do vínculo empregatício, existem quatro elementos que devem ser preenchidos. São elas a subordinação, a habitualidade, a onerosidade e a pessoalidade.

A subordinação é a sujeição do empregado às normas previamente estabelecidas pelo empregador. Ou seja, o empregado aceita as condições, modos e normas que o empregador impõe para a execução do trabalho. (LEITE, 2000, p. 72)

A habitualidade está na prestação contínua dos serviços ao empregador com animus de definitividade (CARRION, 2008, p. 35). É o trabalho diário que objetiva a continuidade do vínculo com o empregador.

A onerosidade é a contraprestação do trabalho exercido. No caso, o trabalhador executa suas tarefas em favor do empregador e este o recompensa com uma remuneração. (JORGE NETO; CAVALCANTE, 2008, p. 279)

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A pessoalidade, por fim, é o reconhecimento do vínculo empregatício àquele trabalhador que presta seus serviços em caráter pessoal em favor do empregador, atividade que não pode delegar para outrem. (LEITE, 2000, p. 71)

Portanto, presentes esses quatro requisitos, configurada estará a relação jurídica empregatícia.

Já o vínculo com um ente público se dá por meio de concurso público. Outra forma seria considerada ilegal, nos termos da Constituição Federal:

Constituição Federal Art. 37 - A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e, também, ao seguinte:(...)II - a investidura em cargo ou emprego público depende de aprovação prévia em concurso público de provas ou de provas e títulos, de acordo com a natureza e a complexidade do cargo ou emprego, na forma prevista em lei, ressalvadas as nomeações para cargo em comissão declarado em lei de livre nomeação e exoneração;

Se não for por concurso público, o contrato é nulo. O contrato nulo gera direito

ao saldo de salário e pagamento do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço

(FGTS), conforme Súmula nº 363 do Tribunal Superior do Trabalho (TST).

TST Enunciado nº 363Contratação de Servidor Público sem Concurso - Efeitos e DireitosA contratação de servidor público, após a CF/1988, sem prévia aprovação em concurso público, encontra óbice no respectivo art. 37, II e § 2º, somente lhe conferindo direito ao pagamento da contraprestação pactuada, em relação ao número de horas trabalhadas, respeitado o valor da hora do salário mínimo, e dos valores referentes aos depósitos do FGTS.

Assim, é de se refletir que mesmo sendo o vínculo formado considerado

ilegal, e tendo este que ser anulado, o Município pode ser responsabilizado.3

EXERCÍCIO 2:3 LIMA, Jhéssica Luara Alves de. Relação jurídica empregatícia decorrente da responsabilidade socioambiental em associação de catadores de materiais recicláveis. [Enviado para publicação]

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1. Quais os elementos que configuram o vínculo empregatício? Explique cada um.

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REGULAMENTAÇÃO DO EXERCÍCIO PROFISSIONAL

Cada profissão tem uma legislação que o regulamenta. Cada profissão devidamente regulamentada tem um conselho profissional atuante na defesa de seus membros.

Exemplos de profissões regulamentadas/regulamentando-se:

LEI Nº 5.194, DE 24 DE DEZEMBRO DE 1966. - Regula o exercício das profissões de Engenheiro, Arquiteto e Engenheiro-Agrônomo, e dá outras providências.LINK.: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L5194.htm

LEI Nº 5.550, DE 4 DE DEZEMBRO DE 1968. Lei Dispõe sobre o exercício da profissão Zootecnista.Link.: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/1950-1969/L5550.htm

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PROJETO DE LEI DA CÂMARA Nº 105, DE 2013 – Dispõe sobre a regulamentação do exercício da profissão de Ecólogo. (Ainda em tramitação no Senado Federal)Link.: http://www.senado.leg.br/atividade/materia/getPDF.asp?t=139876&tp=1

A importância dos conselhos profissionais para a sociedade atual

A existência dos Conselhos de Fiscalização das Atividades Profissionais está intrinsecamente ligada à proteção da coletividade contra os leigos inabilitados como também dos habilitados sem ética, o que é feito pela fiscalização técnica, em conformidade com os regulamentos determinados por Lei.

Para atender a esse interesse da sociedade, os conselhos cobram de seus profissionais um tributo, também conhecido por anuidade profissional.

Diferentemente de qualquer outro sistema brasileiro, quem define as regras de cada profissão são os próprios profissionais, não havendo qualquer ingerência governamental nesse aspecto. Afinal, ninguém melhor do que os próprios profissionais para saber de sua profissão. A Lei prevê regras democráticas para a escolha desses profissionais, já que os conselheiros são eleitos pela própria classe.

Mas, se os conselhos desempenham papel fundamental para a sociedade, por que é corriqueiro ver um profissional falando mal do seu conselho? Creio que isso ocorra devido, principalmente, à desinformação dos próprios profissionais do que seja um conselho de fiscalização.

É que muito antes de lutar pela sua própria categoria, os conselhos foram criados para defender a sociedade.

Por saber que o Estado vela por aquele profissional é que o cidadão pode contratar, por exemplo, um administrador ou um médico, porque sabe que o Estado está exercendo, por meio de um conselho, a fiscalização sobre aquele profissional.

Se os conselhos não existissem, casos como os de pacientes que morreram nas mãos de um médico sem especialização para realizar cirurgia plástica, ou de pessoas que morreram ou ficaram sem seus imóveis, devido ao desabamento do prédio em que moravam, porque o engenheiro utilizou areia de praia, ou, ainda, de empresas que foram à bancarrota por causa da má gestão de administradores, fariam parte do nosso cotidiano e não seriam exceções.

Os conselhos devem se aproximar dos profissionais, das escolas de formação profissional, da própria administração pública, promovendo debates, cursos, palestras, congressos, etc, buscando melhorias para a profissão e a classe.

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É preciso que os profissionais tomem consciência da importância dos conselhos para a sociedade atual, porque, contando com a participação de todos os seus registrados, o controle desses órgãos será feito de forma ainda mais democrática.4

EXERCÍCIO 3:

Qual a legislação que regulamenta a sua futura profissão? E qual é a importância dos Conselhos de Fiscalização das Atividades Profissionais?

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Bons estudos!

4 Disponível em: <http://www.craes.org.br/interna/noticiaCompleta.php?a=230>9