Apostila Filosofia e Sociologia

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  • 7/25/2019 Apostila Filosofia e Sociologia

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    FILOSOFI

    DO

    IREITO

    E

    SOCIOLOGI

    FILOSOFI

    DO

    DIREITO

    E

    SOCIOLOGI

    JURDICA

    @

    FILOSOFI

    DODIREITO

    D

    DIREITO

    E

    JUSTIA

    @

    SOCIOLOGI GERAL

    E

    JURDIC

    PODER,

    EST DO

    E

    SOCIED DE

    UGUSTE COMTE- OMTODO PARAOPOSITIVISMO COMTI NO

    MILE

    DURKHEIM MTODO SOCIOLGICO

    M RXISMO

    E A

    CRISE

    DE

    LEGITIMID DE

    DO

    PODER

    ESTATAL

    MAXWEBER-O

    EST DO

    E ADOMINAO LEGTIMA

    M CHAEL

    FOUC ULT

    O

    DIREITO

    E AS

    INSTITUIES DISCIPLIN RES

    BOA

    VENTUR

    DE

    SOUZ S NTOS

    - INTRODUO

    SOCIOLOGI

    DA

    ADMINISTRAO

    DA JUSTIA

    M URO CAPELETTI- O

    ACESSO

    JUSTIA

    SOCIOLOGI

    DOBRASIL

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    Filosofia

    do

    ireito

    e

    Socio o gia"Jurdca

    F I L OS OF I D O

    DIREITO

    E

    JSQGjOLpGj lURplC

    A Filosofia do Direito e aSociologia Jurdica s o

    matriasrecorrentes nos concursosparaas

    principais

    carreiras

    jurdicas,

    especialmente para a

    Defensor ia

    Pblica. No IConcursodeProvase Ttulosparaocar-

    go deDefenso r Pbl icodo Estadodo Paran, adisci-

    plina

    de Filosofia foi cobrada de modo bem aprofun-

    d a d o .

    O edi ta l do

    atual

    concurso

    traz

    um rol muito exten-

    so

    sobre os temas. Traz, tambm, uma lista de livros

    indicados para o estudo.

    Apresentamos a seguir um resumo de filosofia do

    direitoe sociologia jurdica. Tal resumo est colocado

    de f o r m a

    didtica,

    de acordo com a experincia do s

    escritores nos certames para defensoria.Assim, embo-

    ra no siga exatamente a o r d e m do edi ta l e, embora

    alguns temas

    estejam

    sob denomi na o diferente da

    t razida no edi ta l , o materia l pretende apon tar uma se-

    quncia lgicad eestudos, deformaafacil i tar oapren-

    dizado

    de

    temas

    to

    complexos.

    Sabemos que impossvel ocandidato aocargode

    Defensor

    Pblico do Paran estudar com a profundi-

    dade

    necessria

    todos os

    temas

    do editalemtodasas

    disciplinas em um espao de tempo to curto (entre

    a publicao doeditale a

    prova).Assim,sero raros

    os

    candidatos que iro conseguir ler a totalidade das

    obras indicadas parafilosofia e sociologia.

    Neste

    contexto, dentro

    da

    sequncia didticaapre-

    sentada, que serve paraoleitorter uma viso geralda

    Filosofia do Direito e da Sociologia Jurdica, trarem os

    muitosconceitos e citaes retirado s das obras indica-

    das. Acreditamos, assim, que o presente material ser

    de grande val ia aos candidatos.

    Se definir qualquer objeto

    tarefa

    bastante com-

    plexa, mais complicado ainda definir a disciplina de

    Filosofia doDireito. Isto porque Filosofia eDireito no

    so entendidos domesmo mod o pelos estudiosos,

    A princpio, apa lavrafilosofia significaa m i z a d eou

    amor pela sabedoria .

    AFilosofia

    reflete

    no

    mais alto

    grauessa paixo da verdade, o am or pela verdade que

    se quer conhecida sempre com maior perfeio, tendo-

    -se em mira os pressupostos l t imos daqui lo que se

    sabe (Miguel

    reale).

    Em verdade, po de-se operar o direi to razoavelmen-

    te sem conhecer filosofia do direi to . Porm, no haver

    maisum'grande 'ope rador d o direi to que no conhea

    lgica, filosofia

    e filosofia do

    direito,

    uma vez que

    impossvel

    versar questes importantes

    do

    direito

    co m

    oemprego

    apenas da

    tcnicalegal.

    Nesse sentido, ensinaJuanM anuelTern que no

    possveljustificar

    a

    filosofia

    do

    direito

    do

    ponto

    de

    vis-

    ta prt ico.N o p o d ea filosofia do direito justificar-se

    comodisciplina

    que

    preparepara

    a

    tcnica profissional

    de jurista.Nem.se pode pretender que tenhautilidida-

    dedirigidaaaumentaros conhecimentos dosramosdo

    direito positivo. Deste ngulo sequalifica, comrazo

    de inadequada eintil para asnecessidades davida

    jur dica.

    Ajustificaod e ta l

    estudo consiste

    em que a

    Jurisprudncia tcnica insuficiente para dar

    unida-

    de de

    viso

    ao s

    prprios estudos

    do

    direi topositivo .

    A

    Filosofia,

    co m efeito, procura sempre resposta

    a perguntas sucessivas, objetivando atingir, po r vias

    diversas,

    certas

    verda des gerais, que pem a necessi-

    dade de outras: da o impulso inevitvel e nunca ple-

    namente satisfeito

    de

    penetrar,

    de

    c a m a d a

    e m

    camada,

    na

    orbi ta

    d a

    real idade, num a busca incessante

    de tota-

    lidade de sentido, naqualse situem o homem e ocos-

    mos. Ora, quando atingimos

    um a

    verdade

    que nos d

    a razo de ser de todo um sistema particular de

    conhe-

    cimento, everi f icamosaimpossibi l idade dereduzir ta l

    verdade

    a

    outras

    verdades maissimplese subordinan-

    tes, segundo certa perspectiva,

    dizemos que

    at ingimos

    um princpio ou umpressuposto (Reale).

    Esclarea-se, imediatamente, que a Filosofia do

    Direito

    no disciplinajurdica,m as

    a prpria

    Filosofia

    voltada para a ordem jurdica. Sua

    misso

    consiste

    em

    criticar

    a

    experincia jurdica,

    nosentido de

    iden-

    t ificar

    e determinar suas condies transcendentais.

    Para

    Giorgio

    Del Vecchio, a filosofia do direito

    compreende trplice indagao (lgica, fenomenolgi-

    ca e deontolgica), definindo -se com o adisciplina qu e

    define

    o direi to na sua

    universalidade

    lgica,

    procura

    as

    origens

    e os

    caracteres gerais

    do seu

    desenvolvi-

    mento histrico e o valorasegundo oideal da justia

    traado pela razo pura .

    Por

    f im,

    destacamos mais

    uma vez as

    lies

    de

    Miguel Reale, para quem

    o

    termo Fi losofia

    d o

    Direito

    pode ser empregado ern acepo lata, abrangente de

    todas as form as de indagao sobre o valor e a funo

    das norma s que governam a vida socia l nosentido do

    justo,ou emacepoestrita, paraindicaroestudome-

    tdico

    do s

    pressupostos

    ou

    condies

    da

    experincia

    jurdica considerada em suaunidade sistemtica. (...)

    Concebida a Filosofia do Direito com o uma discipli-

    na autnoma, que pode ter ou no

    como

    um de seus

    temas o do Direito Natural, dvidas surgiram sobre

    sua situao no

    contexto

    d a

    Filosofia Geral, falando-

    -se, por exemplo, em

    Filosofia

    particular, ou especial,

    chegando-se a negar a sua viabilidade, dada a na -

    tureza universal da problemt ica filosfica... Trata-

    se, a meu

    ver,

    de um

    pseudoproblema, porquanto

    a

    Filosofia do Direito a Filosofia mesma quando seu

    objeto

    a experincia do Direito, por sua valid ade uni-

    versal, como se d, tambm, com a

    Filosofia

    da Arte,

    da

    Linguagem etc. (...)

    Os

    ternas

    ou assuntos

    funda-

    mentais da Filosofiado Direito referem-se aoconceito

    de

    Direito,

    ideia

    de

    Justia

    e

    respectiva integrao

    no

    plano histrico .

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    DP E /P R

    Desta

    forma,

    pode-se

    falar

    emtrsconcepes de

    filosofia:

    a

    metafsica,

    a

    positiva

    e a

    crtica.

    A

    concep-

    ometafsica/ a

    mais

    antiga/ tem naFilosofiao nico

    saber possvel, sendo que as demais cinciassoparte

    dela.D ominou naAntiguidadee Idade Mdia. Sua ca-

    racterstica

    principal

    a

    negao

    de

    existir investiga-

    o

    autnoma vlida fora da

    Filosofia,

    mas apenas um

    saber

    imperfeito, provisrio, sendo

    o conhecimento

    filosficoonico.

    Para concepo posi t ivista,

    ao

    inverso,

    o

    conheci-

    mento cabe

    s

    cincias,

    e Filosofia

    cabe coordenar

    e

    unificarseus

    resultados.

    Bacon

    atribui

    Filosofia

    o

    pa-

    pel de cincia universal e m e das outras cincias, ten-

    doo iluminismoparticipadodo

    conceito

    de

    Filosofia

    comoconhecimento cientfico.

    Por

    fim,

    a

    concepo

    crtica,

    modernamente cunha-

    da, ente nde a Filosofia como um juzo sobre a cincia

    e no conhecimento de objetos: sua

    tarefa

    verificar

    a

    validade

    do

    saber,

    determinando

    seus

    limites, condi-

    es

    epossibilidades

    efetivas.

    Como leciona

    Reale,

    uma Filosofia que no seja

    crtica

    , a noss o ver, inautntica: sem pre perquiri o

    de razes ouindagaodepressupostos,s empart i rd e

    pressupostosparticulares,mas de

    evidncias univer-

    salmente vlidas .

    O

    edital divide o estudo da

    Filosofia

    do Direito em

    HistriadosDireitos e

    Direito

    eJustia .

    Grave-se,

    porm,que os

    temas trazidos dentro desses dois gran-

    des

    blocos esto relacionados entre

    s i.

    Assim, passamos a

    apresentar,

    como dito anterior-

    mente,

    um

    estudo mais didtico, voltado

    melhor

    compreenso do

    candidato,

    deixando de lado a se-

    quncia

    do edital.

    CONCEITO DE D IREITO

    Definir

    o direito de m aneira nica e absoluta urna

    tarefaimposs vel,pois um de termopolssemico,que

    comportadiferentes

    definies, ou ainda

    referncias

    a

    facetas

    determinadas do fenmeno jurdico. Podemos,

    desse modo, utilizar

    a

    palavra direito

    no

    sentido

    de

    cincia:

    cincia

    do direito. Ou ainda, util iz-la como

    sinnimo

    de

    justia;

    ou se

    refer indo

    ao

    ordenamento

    jurdico

    (direitoobjetivo).

    Em

    que

    pese

    essa

    diversidade

    desentidos,pode-se

    apontarcertas caractersticas es senciais qu epe rmi tea

    traar

    um

    conceito

    dedireito.

    Desse

    modo,

    hduas

    explicaes para

    aorigemda

    palavra

    direito.

    A

    primeira

    afirma que o

    termo des-

    cendeda palavra lat ina directum,

    part ic pio

    do verbo

    dirige, que

    significa

    dirigir.Assim,

    directum pode

    ser

    traduzido pordirigido.Aquise tem a

    ideia

    do direito

    como uma ordem que dir ige o funcionamen to da so-

    ciedadeemdireo adeterminadosfins/ queregulao

    tipo

    de

    compor tamento

    qu e

    deve

    s er

    proibido

    ou

    per-

    mitido.

    A

    segunda explicao

    diz

    que a verdad eira raiz do

    termo direitoseriaapalavra derectum,que a

    jun-

    o do

    termo

    De

    (totalidade, perfeio)

    com o

    termo

    Rectum

    (reto), podendo

    ser

    traduzido

    por

    totalmen-

    te re to. Tal ide ia remete a um dos s mpolos

    tradicio-

    nais

    do

    direito:

    a

    balana,

    e por

    conseguinte

    ide ia

    de

    igualdade,pois,quando

    o fiel da

    balana

    esttotal-

    mente reto,o sdois ladostmpesos iguais.

    Com

    essaanliseetiolgica, pode-se

    chegar

    a al-

    gumas concluses. O d ire i to :

    Ordem necessria:

    o

    Direito

    uma

    exigncia

    da

    vida em comunidade, isto , necessrio para

    que a vida em sociedade possa se desenvolver.

    Celebre a

    expresso ~ Ubi

    societas,ibi

    ius

    - ondeh

    sociedade/

    hdire i to .

    partir

    do mo-

    mento

    em que o

    homempassa

    a conviver com

    seus semelhantes, necessrio o direito. Disse

    Aristte les que o homem um animal soc ial.

    Regra de conduta: o direito uma norma, que

    se encontra no plano dodever ser ou plano

    normativo .A

    norma prescreve

    um

    comporta-

    mento desejado, um com portamento ideal . No

    h

    certeza

    de que

    aquilo

    que a

    norm a prescreve

    acontecer

    daquele modo, ou

    seja,

    o plano do

    dever

    ser funciona de

    fo rma

    distintado

    plano

    do ser .

    Giorgio Del Vecchio concei tua o direito como a

    coordenao

    objetiva

    da s aoes possveis entre vrios

    sujeitos,

    deacordocom um

    princpio

    tico que as de-

    termina, retirando-lhes todo impedimento,

    Miguel Reale, com esteio na estrutura tridimensio-

    nal do

    direito

    e

    relacionand o

    com a

    bilateralidadeatri-

    butiva,

    definiu

    o direito como a realizao orden ada

    e

    garantida

    do bem

    comum

    numa estrutura

    tridimen-

    sional

    bilateral

    atributiva ,ou de umaformaanaltica:

    Direito aordenao heternorna, coercvelebilate-

    ra l atributibva das relaes de convivncia, segundo

    um a

    integrao

    normativa de

    fatos

    e

    valores

    (Lies

    Preliminares de Direito, 1990).

    ConceitosFundamentais;

    Noo

    de

    Direito

    Positivo:

    Para

    Miguel

    Reale,

    aordenao

    heternoma

    dasrelaes sociaisba-

    seada

    numa integrao normativa de fatos e va-

    lores .

    Direito Objetivo:

    Segundo Maria Helena

    Diniz,

    ocomplexo de normas

    jurdic s

    que regem o com-

    portamento humano, prescrevendo

    um a

    sano

    no

    caso

    de sua

    violao .

    4

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    Filosofia

    doDireito eSociologia Jur d ica

    DireitoSubjetiva: ParaG of f redoTel Ies

    Jr.,

    a

    per-

    misso, dada po r

    meio

    da

    norma

    jurdica

    vlida,

    para fazer ou no fazer .alguma

    coisa, para

    ter ou

    . no

    te r

    algo,

    ou

    ainda,-a autor izao

    para

    exigir,

    por

    meio

    do s rgos

    competentes

    d o pode r p-

    blico

    ou

    po rrneio

    de

    processos

    legais, em

    caso

    de

    prejuzo causado por

    violao

    ,da 'norma, ocum .

    primento

    da

    norma infringida

    ou

    a'reparao

    do

    .mal

    sofrido .

    C O R R E N T E S

    D O

    PENSAMENTO JURDICO

    A

    jurisprudncia romana:

    O Direito Romano aprincipal base do ordena-

    mento jurdicodaEuropa continentale demuitos pa-

    ses de colonizao europeia, comoo Brasil. Existiram

    3fasesdoDireito Romano:oDireitoarcaico oPerodo

    clssico

    e o

    Direito tardio.

    N a fase arcaica, as normas eram embasadas nos

    costumes

    e as

    autoridades judiciais eram

    os

    pontfi-

    ces .

    No perodo clssico,por sua vez, oscostumes, as

    leise asnormas criadas pelos pretores eram abase do

    sistema,que tinha ospretores, osjuizese os rbitros

    comoautoridades judiciais.

    Fo inesse perodo queapareceramasprimeirasno-

    es de jurisprudncia. Por fim,n o Direito tardio, as

    leis eram editadas pelos imperadores,

    mas

    tambm

    havia

    a

    jurisprudncia.Nessa poca,

    os

    delegados

    do

    imperador

    e os

    juristas eram

    as

    autoridades.

    Os

    glosadores:

    A Escolados Glosadores possui grande destaque

    na histria do Direito. Nesta o Direito assume uma

    posio autnoma

    no

    conhecimento, pois

    se

    volta

    ao

    estudo especfico.

    Fo i

    por influncia dos glosadores que surgiram

    as primeiras universidades no Ocidente, como a

    Universidade de Bolonha (aprimeira

    que serviu

    como modelodeensino paraas demais instituies).

    Ojusnaturalismoouescolado

    direito natural

    mo-

    derno:

    AdoutrinadoDireito Natu ralapareceunofinalda

    IdadeMdia emoposioao Direito Divino aplicado

    no

    perodo medieval.

    O Direito natural oDireitodacondio

    humana

    que sai dos homens e se

    traduz

    emleis

    formais

    ou

    no,

    mas deixa de

    lado

    odivino

    como

    parmetro para jul-

    gar e puniraquina Terra.

    (...)

    ODireitoNatural,

    histo-

    ricamente,

    coloca-se

    entre o Direito Divino e o Direito

    Positivo

    (Jos

    Manuel de

    Sacadura Rocha).

    Em

    suma,so

    duas

    as vertentes doJusnaturalis-

    - Direito Natural Inato,que advm daprpria

    condiohumana (Hugo Grcio).

    -

    Direito Natural

    emprico-social,

    baseado

    na

    experincia social (autores contratualistas do

    sculoXVIII-Hobbes, LockeeRousseau).

    Hugo Grcio

    considerado

    o f u n da do r do

    justa-

    turalismo moderno. Thomas

    Hobbes,

    John. Locke,

    Samuel Pufendorf

    e Leibniztambm

    foramnomes

    de

    destaquedesse perodo.

    Ateoriado

    direito

    que foielaboradanosculo XVII

    e

    XVIII

    , sob onome dedireito natural,

    deitou

    suas

    razes no desenvolvimento capitalista do

    mercado,

    fim

    da

    cristandade, conquista

    da

    Amrica

    e

    afirmao

    do

    direito natural.

    Ressalta-se que aescoladodireito natural moder-

    no difere da

    tradio

    clssica, aristotlica-tomista.

    Estamosno incio daidade moderna,em que se rea-

    f irma aideia do

    sujeito

    enquanto homem e da razo

    individual.

    Paraessa escola,odireito

    sinnimo

    de

    justia,

    en-

    tendida como a conformidade com anatureza. C om

    efeito osdireitos naturaisso

    aquilo

    queestdeacor-

    do com anatureza humana. Desse modo,odireito po-

    sitivo somente ser vlidoserespeitar essesdireitos

    naturais inatosdoshomens.Odireito natural,por seu

    turno,

    imutvel, sempre justo

    e

    universalmente

    v-

    lido.

    NoJusnaturalismo

    abstratoa explicao de

    tudo

    encontrada

    no prprio homem, na prpria razo hu-

    mana,nada de objetivo levado em considerao, a

    realidade social,ahistriae arazo humana se

    tomam

    umadivindade absoluta.

    Locke

    e Rousseau s o expoentes desse perodo.

    Para Lockea leinatural umaregra eterna para

    todos,

    sendo evidente einteligvel para todasascriaturas ra-

    cionais.A leinaturaligual lei darazo. Paraele o

    homem deveriasercapazdeelaborarapartirdosprin-

    cpiosdarazoumcorpodedoutrina moral queseria

    seguramente

    a lei

    natural

    e ensinaria

    todos

    os deveres

    da

    vida,

    ou

    ainda formular

    o

    enunciado integral

    da lei

    da natureza.

    Para Rousseau,

    a aventuramodernaera

    um erro radical eprocuraum remdio para issono

    retornoaopensamento antigo,ao seu estado natural.

    AEscola

    histrica

    do

    Direito:

    Esta

    concepo

    se desenvolounosculoXIX

    como

    umaformade

    reao

    ao jusnaturalismo do

    sculo

    ante-

    rior.Foi a escola quenegoua existncia de umDireito

    Naturalpermanente

    e

    imutvel,isto

    , que se

    preocu

    pou em

    negar

    o

    jusnaturalismo.

    Entendia que a base

    do conhecimento jurdico

    seria

    alcanada atravs do

    estudo

    de como o

    Direito

    se

    formava

    nassociedades,e

  • 7/25/2019 Apostila Filosofia e Sociologia

    6/26

    P E P R

    no

    atravs dasimplesindagao do que seria ou no

    oDireito.Assim,

    o

    Direito

    era

    encarado como

    um

    pro-

    dutohistrico decorrente

    da

    conscincia coletiva

    dos

    povos (atravs dos costumes e da vivncia diria), e

    no do Direito Natural ou da razo.

    A

    escola

    histriado direito representada,princi-

    palmente, pelos

    jurisfilsoros

    GustavHugo,Friedrich

    Cari Von

    Savigny

    e

    Georg Friedrich Puchta.

    Savigny o autor mais importante desta

    Escola.

    Diz que afonte

    mais importante

    do

    direito

    a

    cultura

    da

    comunidade,

    que ele chama de esprito do povo .

    O

    direito

    no 'uma

    criao racional,

    mas sim uma

    criao

    da tradio, dos costumes, da cultura, da pol-

    tica,

    das

    prticas seculares (histria).

    Para

    Maria Helena Diniz,

    a

    ideia fundamental

    da

    doutrina histrico-juridica deSavinyera a oposio

    codificao

    do

    direito,

    por

    consider-lo como manifes-

    taocaractersticadalivre conscinciadopovoou do

    espritopopular,sob aformado costume,e nocomo

    um produto racional do legislador, visto que surge na

    histria

    como

    decorrncia dos usos e costumes da tra-

    dio, O

    legislador

    no

    cria

    o

    direito, apenas traduz

    em

    normas escritas o direito vivo,latente no esprito

    popular, que seformaatravsdahistria desse povo,

    comoresultado de suas aspiraes e necessidades. O

    direito, longedeser criao arbitrria da vontade estai,

    era produto da conscincia popular, em determinadas

    condiesde tempo elugar,da qual o costume a ma-

    nifestao

    autntica, livre

    e

    direta (Compndio

    de

    Introduo

    Cincia

    do

    Direito.

    18 ed.

    2006).

    Positivismo sociolgico:

    O termo positivismo no unvoco,pois designa

    tanto

    o

    positivismo sociolgico

    ou,

    ainda, sociologis-

    mo ecltico,isto , a

    doutrina

    de Agusto Comte, e as

    que se dizemrespeitoao estrito positivismo jurdico.

    O

    positivismo sociolgico surgiu corn a teoria de

    Augusto

    Comte.

    Seu objetivo era

    realizar

    por

    meio

    da

    cincia

    urna reforma social,

    jque a

    nica cincia capaz

    dereformara

    sociedade

    a Fsica

    Social

    ou

    Sociologia,

    a

    cinciapositiva

    dos

    fatos.

    Afirmava

    esse autor

    que a

    sociologia

    era a

    nica

    cincia

    social, a cincia

    geral

    dasociedade,por isso a

    cincia

    jurdica seria

    um

    setor

    da

    sociologia. Procurou

    eliminar da

    metodologia

    a

    busca

    apriorsticade

    princ-

    pios estabelecidos por via dedutiva; negando a metaf-

    sica,

    supervalorizou

    oempirismo,

    afastando

    qualquer

    conhecimento

    que no

    tenha partido

    da

    observao

    (Maria Helena Diniz. Compndio

    de

    Introduo

    Cincia

    do

    Direito.

    18 ed.

    2006).

    Positivismo jurdico:

    O positivismo

    jurdico,

    ao

    arredar

    odireito

    natu-

    ral, procurou reconhecer apenas

    o

    direito

    positivo,,

    isto

    , aquele vigente eeficaz em determinada sociedade.

    Limitou o

    conhecimento jurdico

    ao

    estudo

    das

    legis-

    laes positivas, entendidas como

    fenmeno

    localiza-

    do

    em um

    dado espao (ordenamento jurdico

    de um

    Estado)etemporal(emdeterminada poca).

    A

    doutrina

    juspositivista

    das fontes baseada no

    princpio

    da

    prevalncia

    de uma

    determinada

    fonte

    do

    direito

    (a

    lei) sobre todas

    as

    outras. Para

    que tal

    situao sejapossvel

    so

    necessrias duas

    condies:

    quenum dado ordenamento jurdico existam vrias

    fontes

    e que

    essas fontes

    no

    estejam

    no

    mesmo pla-

    no (BOBEIO,Norberto.OPositivismo Jurdico,So

    Paulo: cone, 1995, p. 162).

    Segundo Norberto

    Bobbio, a

    primeira condio

    en-

    seja

    que oordenamento jurdicoem questo seja um

    ordenamento complexo,

    pois

    existem vrias fontes,

    Mas, alm

    de

    complexo,

    o

    ordenamento jurdico deve

    ser

    hierarquicamente estruturado, desta

    formaas

    nor-

    mas esuasfontes,mesmo estruturadasem umsistema

    jurdico,

    no se encontram no mesmo plano hierrqui-

    co.

    Para

    essa escola,

    o

    direito

    entendido como sinni-

    mo dalei. Apenasa lei

    positiva,isto

    , alegislao edi-

    tada

    peloestado, que pode ser chamada de direito.

    Odireito,ento, no o

    justo,

    no anaturezae no

    o

    esprito

    do

    povo, mas,

    sim o

    resultado

    do

    poder

    estatal.

    Um dos maiores exponentes dessa escola, foiHans

    Kelsen. Com a

    obra Teoria Pura

    do

    Direito,

    o

    autor

    buscou

    reduzir todo

    o

    fenmeno jurdico

    dimenso

    normativa

    ( anorma jurdica o nico objetodo di-

    reito),

    motivo pelo qual muitos

    o

    chamam

    de

    norma-

    tivista.

    Quando desfraldou

    a

    bandeira

    da

    Teoria Pura

    do

    Direito, a

    cincia jurdica

    era

    disputada pela psicolo-

    gia, sociologia, economia,

    filosofia.

    Cada qual

    busca

    incluir o

    direito

    em

    seus domnios.

    Foi

    nesse contexto

    que

    Kelsen buscou 'purificar'

    o

    direito. Kelsen chamou suadoutrina de

    Teoria

    Pura

    porque buscava livraraCinciaJurdica deelemen-

    tos metajurdicos, excluindo problemas pertinentes a

    Psicologia,Moral,

    Economia, Sociologia,

    Histria

    do

    campo

    jurdico.

    As

    ideias do autor so embasadas nos conceitos

    matemticos, fsicos, etc., que tomavam conta dos

    estudos da poca. E o auge do positivismo. Cincia

    tem ligao estrita com a certeza . No hespao

    paraconcepesm etafsicas, ou seja, concepes que

    vo almdarealidade natural,darealidadem aterial.

    Assim, ideiasevalores estoforadopensamentocien

    tfico.

    AJustia, como umjuzo devalor,uma ideia,

    deve ser

    recusada pela cincia

    do

    direito.

    O filsofo

    afirmava

    que o

    conceito

    de

    justia

    de-

    veria ser

    afastado

    da

    concepo cientfica

    do

    direito.

    Justia no possui carter cientfico.O direito como

    cinciapura deve ignorar

    a

    justia

    e

    deve

    se

    ater

    apli-

    caoda norma (dever ser) no caso concreto (ser).

  • 7/25/2019 Apostila Filosofia e Sociologia

    7/26

    Filosofia do

    Direito

    e Socio logia Jurdica

    O

    objeto

    da cincia do direito paraKelsenseria, en-

    to,a norma jurdica. Assim, a cincia do direito seria

    normativa porque tem afuno deconheceredescre-

    ver normas.

    Estas

    seriam criadas por um ato de vonta-

    de,

    apoiadoem uma disposio legal.

    Para

    Kelsen existe

    uma

    hierarquia normativa, onde

    uma norma para ser vlida deve

    estar

    de acordo com

    um a

    norma superior,

    e

    assim sucessivamente,

    forman-

    do um

    efeito

    cascata denormas, achamada pirmide

    kelseniana.No topo do ordenamento existe uma nor-

    ma fundamental, que nodeve prescrever contedo

    normativo, mas sim autorizar a criaodo direito e

    servircomo elemento de interpretaoobjetivadosis-

    tema a ela subordinado.

    Amaior crtica

    qu e

    sepode f azeraono r ma -

    tivismo ke lseniano ta lvez

    se ja o

    fato de apregoar

    um

    ordenamentojur d ico

    autossuf iciente em que

    avalidadede uma leise d pela observncia de al-

    gu m

    dispositivoanterior, independente

    d e

    contex-

    tua l i zaohistrica,

    determinaes sociopol t icas

    ou deoutra

    natureza

    que no seja a no rma

    c o mo .

    incioe f im em si

    rnesma Dogmt ica Jur d ica.

    Obviamente que se uma norma vlida s porque

    est relacionada aoutra anterioraela,e nonecessa-

    riamente imediatamente anterior, ento qualquer

    governo e oEstado, em qualquer situao de anor-

    malidade constitucional

    e

    jurdica, pode elaborar leis

    que Lhefavoreamoarbtrioe atruculncia dopoder,

    bastando para isso que seescrevam normas a partir

    deoutras,desconsiderando

    os

    avanos legais,

    e se

    ins-

    taure

    a

    Ilegitimidade

    sem

    ferir

    a

    legalidade

    -

    este

    foi

    o

    caso

    dos

    Atos Institucionais instaurados pela ditadura

    militarrecente

    no

    Brasil (Sacadura

    Rocha).

    Positivismo feliz:

    Ao criticar o racionalisrno, enquanto doutrina

    que que afasta o

    sujeito

    do fundamento da filosofia,

    Foucault enunciou o seu positivismo feliz. Em suas

    palavras se substituir a busca das totalidades pela

    anlise da raridade, o tema do fundamento trans-

    cendental

    pela descrio

    das

    relaes

    de

    exteriorida-

    de, a

    busca

    da

    origem pela

    anlisedos

    acmulos,

    ser

    positivista, pois

    bern,

    eu sou um positivista

    feliz

    ,

    concordo

    facilmente .

    Habermase a

    razo

    comunicativa:

    Jurgen Habermas, ern sua tica da Razo

    Comunicativa, parte do pressuposto que aspreten-

    ses

    da

    validade

    das

    normas

    tem um

    sentido cogniti-

    voe podem ser tratad as como pretenses de verdade.

    Outro pressuposto remeteaofato de que afundamen-

    tao

    de

    normas

    e ordens

    exige

    a

    realizao

    de um

    dis-

    curso efetivo,

    ou

    seja,

    s

    efetiva

    quando produzida

    por uma interaoentreossujeitos.

    A ticada Razo Comunicativasebaseiaem trs

    regras bsicas:

    1. Regra da Incluso: todo e qualqu er sujeito ca-

    paz de agir e

    falar

    pode participar de discursos.

    2. Regra da Par t ic ipao: todo e qualquer

    participante de um discurso pode problemati-

    za r qualquer afirmao, introduzir novas afir-

    maes, exprimir suas necessidades, desejos e

    convices.

    3.

    Regra

    d a

    Comunicao Livre

    de

    Violncia

    e

    Coao:nenhum interlocutorpode

    ser

    impedi-

    do, por foras

    internas

    ou

    externas

    ao

    discurso,

    de fazeruso pleno deseusdireitos, assegurados

    nasduas regras anteriores.

    Personalismo Jurdico:

    Anoo modernadepersonalismo, enquanto de -

    nominaode ummovimento, teriasurgidonaFrana,

    por volta de

    1930,

    emtornode uma revista denomi-

    nada

    Esprit coordenada

    por

    Emmanuel

    Mounier,

    tendo como base: o cristianismo, o existencialismo e

    o

    socialismo.

    N o se firmou como um sistema, mas enquanto

    uma filosofia que parte da concepo de pessoa no

    como

    um objeto,massim, comoum ser queeste que

    se

    afirma

    no

    mundo,

    comunicando, aderindo e apre-

    endendo ideias,

    enfimum ser que

    conhece

    a si

    mesmo

    em um constante processo de autocriao realizado

    em

    sociedade.

    Para Mounier, ahistria da noo pessoa cont-

    gua a do

    personalismo, podendo-se identificar aspec-

    tos personalistas em diversos estgios histricos da

    civilizao ocidental.

    Da

    pode-se dizer

    que

    embrio

    da

    ideia

    de

    pessoa como centro

    das

    preocupaes

    do

    Direitopode serverif icada desde tempos imemoriais

    (Oliveira-2002).Grave-se que o movimento em estudo

    estintimamente ligadocom a noo de dignidade

    da

    pessoa humana .

    Concei toFundamental;

    Cultural ismo Jurdico:O cu l tu ra l smojurdico con-

    cebe

    o.direito corno objeto cultural, isto

    cr iado

    peio homem

    e

    dotado

    de um

    sentido

    valorativo.

    Reala

    qu e o

    direito

    uma cincia cultural. Duas

    so

    as principais

    concepes cu l tura i is tas:

    c o n -

    ;

    cepotridimensional

    dadireito de Miguei Rea le

    e o egologismo existncia de

    Car los Cssio.

    TridimensionalismoJurdico:

    ATeoria Tridimensional

    do

    Direito

    fo i

    criada

    por

    MiguelReale. E,talvez,foi am aior contribuiodada

    filosofia

    dodireito pelo doutrina brasileira.Apartir

    dessarealidad e ocorreum acorrelao entre

    fato,

    valor

    e

    norma

    isto , h um

    elemento ftco,

    um

    elemento

    axiolgicoe umelemento normativo.

    Segundo

    Reale

    o que denominamostridirnensio-

    nalismo especfico assinala um momento ulterior no

    desenvolvimento

    dos

    estudos, pelo superamento

    das

    7

  • 7/25/2019 Apostila Filosofia e Sociologia

    8/26

    P E P R

    anlises

    emseparado do fato, do valore da norma,

    como

    se se

    tratasse

    degomosou

    fatias

    de uma reali-

    dade decomponvel; pelo reconhecimento, emsuma,

    de que logicamente inadmissvel qualquer pesquisa

    sobreoDireitoquenoimplique aconsiderao con-

    comitantedaqueles trs fatores .

    Emsntese{LiesPreliminaresde

    Direito, 1990):

    Onde

    quer que haja um fenmeno

    jurdico,

    h,

    sempre

    e

    necessariamente,

    um

    fato subjacente fato

    econmico,geogrfico, demogrfico,d eordem tcnica

    etc.);um

    valor

    queconfere determinadasignificao a

    esse fato, inclinando oudeterminando a ao dos ho-

    mens

    no

    sentido

    de

    atingir

    ou

    preservar certa

    finali-

    dade

    ou

    objetivo; e,

    finalmente, uma

    regra

    ou

    norma,

    querepresenta arelao ou medida queintegra um

    daqueles elementos

    ao

    outro,

    ofa to ao

    valor;

    Tas

    elementos oufatores fato,valorenorma)no

    existem separadamente

    um dos

    outros,

    mas

    coexistem

    numa unidade concreta;

    Mais

    ainda,

    esses elementos

    ou

    fatores

    na s se

    exigem reciprocamente, mas

    atuam como elos

    de um

    processo

    j

    vimos

    que o

    direito

    uma

    realidadehist-

    rico-cultural)

    de tal

    modo

    que a

    vida

    do

    direito resulta

    da interao dinmica edaltica do s trs elementos

    que a

    integram.

    Teoria

    E golgica doDireito

    Segundo Maria

    Helena

    Diniz,aCincia Jurdica,na

    concepodeCarlosCssio,

    deve

    estudar odireito,

    que um

    objeto

    cultural

    egolgico por ter por

    substra-

    to a

    conduta humana compartida sobre

    a

    qual incidem

    valores, mediante

    o

    mtodo

    emprico-dialtico, que

    passadamaterialidadedo

    substrato

    vivnciadosen-

    tidoe vive-versa, at alcanar um

    exato

    conhecimtno

    dodireito.

    Oatognoseologicocom oqualseconstituital m-

    todo o dacompreenso. Ojuristano tem a

    funo

    de estimar positivao unegativamente aconduta com-

    partida,mas a derelacion-laavalores positivose no

    ideais.

    A

    teoria egolgica entrev nacincia jurdica trs

    perspectivas:dogmtica

    jurdica,

    lgica

    prtica

    e

    esti-

    mativajurdica (Compndio deIntroduo Cincia

    do Direito.18 ed. 2006).

    C O N S T I T U C I O N A L I Z A A O ESISTEMA

    JURDICO

    N AMODERNIDADE

    O

    tema apresentado

    nesse

    tpico

    j foi

    elencado

    no Direito Constitucional.

    Aqui,

    apenas traremosos

    pontos

    principais.

    O

    constitucionalismo gira

    em

    tor-

    no de trs ideias bsicas: separao dospoderes;ga-

    rant ia

    dos

    direitos;

    e,

    princpio

    do

    governo limitado.

    Const i tucional ismonocombinacom aideiadepoder

    absoluto.

    Fases do constitucionalismo:

    1. Constitucionalismo Antigo:

    ocorreu

    noperodo

    entre a antiguidade e o final dosculo XVIII. Nesse

    perodo existiram quatro experincias consideradas

    importantes,

    com a

    inteno

    de

    limitar

    o

    poder

    de al-

    guma forma.

    A

    primeira experincia

    foi a dos

    hebreus;

    aseguir apareceuaexperincia grega,emseguidaa de

    Roma; e, por fim, a experincia inglesa ruleolaw).

    2. Constitucionalismo Clssico

    {ou

    Liberal): sur-

    giu nasltimasdcadas dosculoXV III,com asrevo-

    lues

    liberais. Neste perodosedestacaram trs teri-

    cos:

    Locke,

    Montesqueu

    e

    Rousseau,

    A t este perodo no existiam constituies

    escritas. Aparecem ento:a Constituio Ame-

    ricana 1787)e aConstituiodaFranade 1791;

    O

    Constitucionalismo Clssico difere

    do An-

    tigo po rtrsideias: a)supremacia daConstitui-

    o;

    b)constituies

    escritas;

    e, c)constituies

    rgidas;

    no

    Constitucionalismo Clssico

    que

    surge

    aprimeira dimenso dos

    direitos

    fundamentais

    direitosd eliberdade). Estes direitosdeprimei-

    ra

    gerao so oschamados direitos civise po-

    lticos.

    A

    proteolegal/constitucional,

    ento,

    recaia

    sobre aliberdadee apropriedade;

    Estados Unidos:foi nodireitodesse pas que

    surgiu aideia desupremacia da Constituio.

    Ta lideia surge

    a

    partir

    do

    momento

    em que se

    detecta

    que

    como

    a

    Constituio estabelece

    as

    regras dojogo poltico eladeveestar acima do

    mesmo.

    Ao

    lado

    de

    supremacia

    da

    Constituio

    aparece a garantia jurisdicional da suprema-

    ciada Constituio.Nos

    Estados Unidos

    aesta

    garantia estava acargo do Poder Judicirio.A

    maior neutralidade poltica do Judicirio fe z

    comque os

    americanos

    entendessem que

    este

    seria

    o

    Poder adequado para garantir

    a

    supre-

    maciaconstitucional;

    Frana:aexperincia francesado constitucio-

    nalismo contribui basicamentecomduas

    ideias:

    a separaodospoderes;

    e,

    a garantiados di-

    reitos. As

    duas

    ideias do

    constitucionalismo

    francs

    esto presentes noart.16 daDeclarao

    UniversaldosDireitosdoHomeme doCidado

    de1789.

    Houve influncia recproca entre o sistema

    francs e o

    sistema americano.

    3.Constitucionalismo Moderno ouSocial):

    surge

    co m

    o fim daprimeira Guerra Mundial,emrazodo

    esgotamentoftico

    do Es tado

    Liberal

    o

    Estado absten-

    cionista serevelou inadequado para atender ascrises

    sociais).

    Nesse momento o Estado se

    t r ans forma

    em

    umprestadordeservios.

  • 7/25/2019 Apostila Filosofia e Sociologia

    9/26

    Fi losof ia doDireito e Socio logia Jurd ica

    Surge

    a

    segunda dimenso

    dos

    direitos fun-

    damentais o direito a igualdade). Destaca-se

    que no se

    trata

    de igualdade

    formal,

    mas sim

    de igualdade material. Esta igualdade material

    perseguida atravsdoaparecimentodo sdirei-

    tos

    sociais,

    econmicos

    e

    culturais;

    SurgeoEstado Social.

    4. Constitucionalismo Contemporneo:comea a

    surgircom o fim daSegunda Guerra Mundial

    Aparecem

    os

    direitos

    de terceira

    dimenso

    (ligados afraternidade). Para Paulo Bonavides

    tais

    direitos seriam:

    o

    direito

    a

    paz;

    ao

    meio

    am -

    biente,

    autodeterminaodospovos, desenvol-

    vimento (progresso);

    Surgemtambm osdireitosde quarta dimen-

    s o(pluralidade,paraNove lino). Soosdireitos

    a:

    democracia; informao;

    e,

    pluralismo;

    Tanto os direitos da

    terceira

    quanto os da

    quarta gerao sotransindividuais

    (difusos).

    Neoconstitucionalismo:

    E

    umateoriadaConstituio. Diferedeps-positi-

    vismo,

    que uma teoriadafilosofiajurdica.

    Caractersticas:

    I ~ Normatividade daConstituio;

    IISuperioridade daConstituio (escritae r-

    gida);

    II I

    - Centralidade da Constituio. A constitui-

    o est no centro doordenamento jurdico,E

    a

    ordpresena da Constituio (ubiqidade).

    Chama-se esse fenmenode Constitucionaliza-

    o doDireito, quereleva a eficcia horizontal

    dosdireitos fundamentais, emrelaoaos

    par-

    ticulares.

    No Constitucionalismo Clssicoe no

    Moderno, os direitos fundamentais no eram

    oponveis aos particulares, sendo possvel so-

    menteaplic-los entreoparticulare oEstado.

    Outro aspectoda constitucionalizao do

    direito

    o

    princpio

    da

    interpretao conforme

    a

    Constituio.

    Naaplicaodetodaleidevese robservadaa constitu-

    cionaidade damesma, edepois aplic-la conforme os

    ditamesdaCarta . a filtragemconstitucionald aLei;

    IV - Remateralizao. Existeatendnciadas

    Constituies atuais

    tornarem-se

    cadavezmais

    prolixas.

    Isto

    s edevea ofato deelencarnosseus

    textos quatro

    dimenses

    de

    direitos

    e outras

    previses;

    V -

    Maior abertura

    da

    interpretao constitucio-

    nal. Enquantoa sregrassoaplicadas atravsda

    subsuno,

    osprincpios soaplicados atravs

    da ponderao. Alm disso, aparecem outros

    mtodos especficos de interpretao constitu-

    cional,

    o queabre imensa margem paraatuao

    do magistrado;

    V I~

    Fortalecimento

    do

    Poder Judicirio. Agora

    este oPoderdemaior destaquenosistema,em

    substituio

    ao

    Legislativo. Ocorre

    a Judicializa-

    odapolticae dasrelaes sociais.

    5.Constitucionalismo doFuturo:

    Fruto das discusses ocorridas em um congres-

    sosobre o futuro do constitucionalismo na Amrica

    Latina,oargentino

    Jos

    Roberto Dromi elaborou uma

    teoria

    que

    descreve

    o

    constitucionalismo

    do

    futuro

    como

    abusca doequilbrio entre asconquistas econ-

    cepes

    dominantesdoconstitucionalismo modernoe

    os

    excessos

    do constitucionalismo contemporneo.

    JUSTIA

    Concepo

    platnica

    de

    Justia:

    Basicamente, Plato traz duas ideias de justia:

    uma relacionada com a virtude (daspessoas e dos

    Estados), eoufra qu eencara ajustia como retribui-

    o .

    Nesse ponto, o professor Tercio Sampaio Ferraz

    Jnior enuncia que ajustiapassa,emPlato, aser,

    portanto,

    o

    princpio

    reguladorda

    vida

    individual, da

    vida social

    e de todo o universo.

    No lhe

    cabe,

    em

    absoluto, como sucedia

    aos so-

    fistas, afuno especficae limitada de

    regular

    uma

    esfera

    estrita deaplicao asociedade,n o casoda so-

    fstica) nem encerr-la naoperaodeharmonizar as

    aes

    individuais (comoospitagricose sua'recipro-

    cidade'), mas sim afuno

    total

    e

    sistemtica

    de

    reger

    e

    equilibrar

    as

    vrias partes

    num

    todo

    orgnico.

    Ajustia toma-se,

    efetivamente, avirtudeuniver-

    sal .

    Ateno:

    Kelsen

    X

    Plato:Ke lsen critica

    o

    conceito

    de Jus -

    rica

    de Plato

    dizendo

    que uma c on c e p o au -

    toritria

    antidemocrtica pois

    leva

    a um

    Es tado

    qu evisa

    regular

    tudo se m

    respeitar

    vontade

    da s

    pessoas.

    ARISTTELES

    Talvezseja

    ateoria sobrea

    justia

    mais

    festejada

    en-

    tre osestudiosos. Eadotadap ormuitos at ostempos

    atuais.

    Justia como

    virtude

    moral:

    Aristteles

    diz que a justia umavirtude interpes-

    soal,

    ou seja, urna

    virtude

    que fundamental para a

  • 7/25/2019 Apostila Filosofia e Sociologia

    10/26

    DPE/PR

    sociedade.No sevivee msoc iedadesem avirtude da

    justia.

    Como

    toda virtude a justia busca evitar o s extre-

    m os

    (busca sempre

    o

    meio termo).

    Ser

    virtuoso

    estar

    entre

    dois extremos: o excesso e afalta.

    A ideia desenvolvida no livro tica a Nicm aco .

    Justia

    universale just ia par t icular :

    H

    dois

    sentidosparaa

    justia:

    1) Justia universal (ou justia em sentido am-

    plo): justia cumprir a lei.

    Aobedincia sleis o que garante o bemcomum

    dosindivduos.

    O

    justo universal,

    emsuma,

    medida

    qu e

    cor-

    responde lei, parece

    significar

    o que concorde

    co m

    aprpria

    atividade

    jrisdicionalque no outra

    coisa seno juzo arbitrai eequitativo, sendo ajusti-

    a um a atual idade (u m hbito que

    info rma

    o agir)e

    no umadisposio(faculdade) da alma. (...) Quando

    Aristteles,,

    pois, fala

    no justo universal comoo

    con-

    forme

    lei,deve-se entender

    no s a

    atividade jur is-

    dicional,

    mas tambm a que versa sobre as questes

    referentes s relaes polticas (n o sentido exposto,

    isto s relaes entre os cidad os) (Tercio Samp aio).

    2 )

    Justia particular

    (ou em

    sentido estrito):

    distribuir

    d e

    rnodo

    justo.

    a

    justia

    tpicadasrelaes

    pblicas.

    E na

    justia

    distributiva que temos a mxim a (princpio da isono-

    mia) Tratar igualm ente osiguaisedesigualmente os

    desiguais,namedidada sua desigualdade .

    A equidade:

    Aideia de justia de A ristteles s se comple ta com

    outro

    elemento:a

    equidade.

    A equidade, emsuma,

    uma

    flexibilizao

    da

    regra

    jurdica.

    Para

    o

    filsofo existe d iferen a entre justia

    e

    equi-

    dade, emborasejam conceitos que pertencem ao mes-

    mognero. H um g nero que o justo, do qual a lei

    ea equidade so espcies.

    Ora, quanto

    ao

    gnero,

    a

    just ia conforme

    lei

    e

    a equidade so iguais e boas do mesmo modo.

    M as quanto

    espcie,

    a

    equidade

    melhor (Tercio

    Sampaio).

    Isto porque

    a

    equidade representa

    o

    justo

    independente

    da existnciadalei.

    Explica-se

    a o

    fato

    de se

    dizer

    que

    quando

    ojuiz

    preenche as lacunas legais ele age com equidade, pois

    a

    equidade

    uma das

    formas

    de

    completar

    as

    lacunas

    existentes

    no ordenamento jurdico.

    /Ateno:

    Ke lsen

    X Ar i s t te les : ern

    re lao

    ac o n c e p o de

    Justia clssica de

    Ar istteles

    dara

    cada

    um o

    que seu

    Kelsen

    diz que^

    urna

    'definio

    vazia/-

    s e m conte do pois

    n o

    r es p ond e aq u il o

    q u e

    essencia l aqui lo que dev i do a cadaurn.Af i rma

    qu e

    essa

    concepo

    muito relativa,

    varia d e p o -

    c para poca de povo para povo o que afasta a

    Justia da cincia. Critica tambm o concei to de

    virtude

    d e

    Ar is t te les af i rman do

    q u e

    t a m b m

    u m adef in io fraca tempor r ia q u e sp r es s u -

    p e

    vcios

    de

    v i r tude

    da

    pocadele,

    n o

    r es p on-

    dendoasques tes atravsdostempos.

    ESTOICISMO

    Estoicismo aescola filosficaquesurgiuno scu-

    lo IIIa.C.(n o perodo deno minad o helenismo ) er n

    Atenas .Se u fun da do rfo i Zeno de Cicio.

    Os esticos consideravamas pessoas como parte

    de

    umamesma

    razouniversal

    e isto

    levou

    ideia

    de

    um direito universalmente vlido, inclusive para os es-

    cravos.Eram monistas (neg avamaoposio entree s-

    prito

    e

    matria)

    e

    cosmopolitas. Interessavam -se pela

    convivncia

    em sociedade, por poltica e acreditavam

    que os processos naturais (morte, por exemplo)eram

    regidos pelas leis da na tureza e por isso o hom em de-

    veriaaceitar deu destino.

    A teoria reconhecida pela

    grande

    influncia na

    construo do Direito Romano, especia lmente nos

    conceitos deDireito Natural e doprincpio daboa-f,

    como

    tambm, pela contr ibuiofilosfica na forma-

    o dos dire itos humanos, o que aproxima

    ta l

    dou-

    trina do atual momento, onde a dignidade da pessoa

    humana ocupa pape l

    central.no

    pensamento jurdico

    mundial .

    JUSTIA CRIST

    No

    Imprio Romano o que garantia a unio jur-

    dica era a

    Lei.

    Com o fim

    desse Imprio,

    o

    territrio

    europeu ficou extremamente fragmentado. Nessa

    la -

    cuna de

    unificao

    a

    IgrejaCatlica aparece

    com seu

    Direito

    Divino .

    Nesseaspecto, a Idad e Md ia no se mos tra prop-

    ci a

    aodesenvolvimentodenovas concepes. Durante

    esse longo per odo, predominam um pensamento

    submetido

    ideia

    de

    Deus. Ser necessrio esperar

    o

    Renascimentoe aIdade Clssica paraque osseresh u-

    manos

    cessem prog ressivamente de pensar a ordem da

    sociedade comrefernciaa um principio

    divino trans-

    cedente a

    eles. Dessa ruptu ra

    v o

    nascer

    as

    pr ime i r a s

    teorias

    docontrato social, enfo quesq ue

    formalizam

    a

    constituio dasoc iedadecornom ero produtod aao

    dos humanos (LALLEMENT, Michel. Historia das

    Ideias Sociolgicas.Petrpolis

    RJ: Vozes, 2012,

    p.

    15).

    A Igreja Catlica elabora seu prprio Cdigo -

    Direito Cannico

    - que

    existe a t hoje , porque

    o

    Vaticano

    um Estado

    autnomo.

    O Direito Divino,

  • 7/25/2019 Apostila Filosofia e Sociologia

    11/26

    Filosofia

    do

    Direito

    e Socio logia

    Jurdica

    no entanto, surge como alternativa quando oCdigo

    Romano

    seperdeu; passoua ser combasenele (Direito

    Divino),que se fez aunificao poltica efilosfica da

    Idade Mdia. (...)Noentanto,aIgreja precisava deteo-

    rias

    explicativas

    (teologia) e

    prticas (liturgia)

    que lhe

    dessem

    uma

    estrutura capaz

    de

    sustentar

    a

    unificao

    religiosa

    e

    poltica

    do

    medievo,

    e que

    levassem

    aos fi-

    is uma mensagem sistematizada ecoerente sobreo

    papel doCristianismo e dainstituio Igreja.Edentro

    dessas necessidades

    que na

    Idade Mdia aparecem

    os

    pensadores catlicos,

    com

    destaque para dois telogos

    cujasobrasvoinspirar todaateologiaeliturgia crista,

    desde

    esse perodoat

    hoje:

    Santo Agostinho eSanto

    TomsdeAquino (Sacadura

    Rocha ) .

    SANTO AGOSTINHO

    SantoAgostinhoera obispo deHipona (frica do

    Norte). Sua principal obra foi a Cidade de Deus .

    Muitos dout r inadores enunciam queAgostinho foi o

    ltimo pensador

    da

    Antiguidade, outros

    afirmam

    que

    o

    primeiro

    do

    Perodo Medieval.

    Foi elequem desenvolveu opensamento conheci-

    do como Patrstica , que o instrumento pelo qual

    a IgrejaCatlica constri um a liturgia voltada parao

    encontrodoshomenscomDeus.

    Para

    o pensador o livre-arbtrio torna o homem

    semelhante ao seu criador (Deus).Eatravs dolivre-

    -arbtrio

    que o

    indivduo escolhe entre

    o bem e o

    mal,

    entre

    seaproximarou se

    afastar

    deDeus.

    O ponto crucial dessa discusso

    agostiniana

    aquela ideia

    de que

    possvel obrigar qualquer

    ho-

    mem a fazer (o u omitir) qualquer cousa, mas no se

    pode

    obrigar ninguma

    querer-.

    (...) Deus criaohomem

    comoserlivreaodot-lodelivre-arbtrio. Liberdade

    o p o

    enisto estabaseda responsabilidade tica.O

    homempecaporque

    quer

    livremente (Ferraz Jnior).

    A

    doutrina

    de

    Santo Agostinho coloca

    a Lei

    Divina

    acima das leis humanas ou naturais. Utiliza-se da

    Cidade deDeus e a Cidade dos

    Homens

    parade-

    monstrar arelao existente dentre oDireitodeDeus

    eas

    leis

    terrenas.

    Pode-se concluir que af e otemor so abase do

    pensamento PatrsticoAgostiniano.Assim,

    o

    catolicis-

    mo

    medieval consegue poder absoluto sobre todas

    as

    classes sociais medievais, influenciando

    no

    s

    a

    vida

    das

    pessoas,

    comotambm colocandoa

    Igreja

    Catlica

    dentro das decisesde Estado, das decisesdos go-

    vernos medievais.No h mais distino entre Igreja

    e Estado.

    S OTOMSDEAQUINO

    Foi Qprincipal representante da Escolstica, dou-

    trina qu ebuscava conci l ia r a filosofia aristotlicacom

    osdogmas da Igreja medieval. Sua principal obra fo i

    a Suma Teologia ,onde descreveabase da sua filo-

    sofia.

    A

    escolstica, aindaque no se sobreponha pa-

    trstica

    agostiniana,

    serve para

    que os homenspeloes-

    tudo possam reconhecera sua fragilidade, finitude e

    mortalidade,

    apartir daqual devem procurar, de um

    lado serresponsveis pelos seus

    atos

    e, de outro, se-

    guir os mandamentos cristos.No rnaistanto o ter-

    ror do

    inferno,

    mas a

    certeza

    de um

    julgamento justo

    a

    partir

    dasescolhas humanas quecada

    urn

    fez em sua

    vidaterrena.(...)

    N o

    fundo,

    o

    que a

    IgrejaCatlica

    vi u

    em TomsdeAquino,considerado

    primeiramente

    um

    herege

    equase queimado dasfogueirasdaInquisio,

    depois canonizado como santo,

    foi a

    possibilidade

    de

    no desperdiar fiis rumo

    ao

    protestantismo, muito

    mais ameno

    e

    mais complacente

    com as atividades

    prprias

    da

    revoluo

    cultural,

    cientfica

    e

    burguesa

    (comrcioe

    ofcios)

    que j sedesenha comoum novo

    patamar histrico da existncia humana, que foi a

    Renascena, ao fim daIdade Mdia (SacaduraRocha ) .

    SoToms fundamentou seus estudos

    nos

    Escritos

    Sagradose,atravs da fcrist discorreu sobre diver-

    so stemas, comopo r exemplo,odireitoe ajustia.

    Justia,

    para ele, o bemhabitual,aatribuio para

    cadaum do que seu pormerecimento.Oautor elenca

    as trs espcies de Justia:legal, comutativa e

    distri-

    butiva. Alegal se

    refere

    ao convcio social pacfico; a

    comutativarege asrelaes entreosparticulares; j a

    distributiva remete aideiacentral, de dar acadaum o

    que merecido.

    K A N T

    Kantnasceu

    emKonigsberg(Prssia).

    Suas princi-

    pais obras

    foram

    a

    Crtica

    da

    Razo

    Pura

    e Crtica

    daRazo Prtica .A primeira critica a

    pura

    raciona-

    lidade.Asegunda,o

    empirismo

    puro.Noentanto,o

    au tornonegaaimportncia da experincia material

    edo uso darazo.Abaseda sua filosofiaestnacrtica

    aocontratualismoe ao

    ceticismo.

    A

    revoluo

    cope rn icana de

    Kant

    consistiuem

    colocar no

    centro

    a

    prpria razo

    em

    v ez

    decolo-:

    ca r

    l a realidade

    objetiva

    ou osob jetos

    do

    conhe

    cimento

    dizendo que soracionais e que podem

    ser conhec idos

    tais como

    so em si

    mesmos.

    O sistema jurdico, para Kant, uma sntese do

    processo

    civilizatrio.

    Talsistema confereaoEstadoa

    capac idade

    de

    pacificar

    os

    homens,

    derealizar avida

    em

    sociedade atravsdamoralidade, decnciaetica.

    A

    busca dos homens pelos objetivos materiais

    chamada pelo autorde Imperativo Hipottico Sobre

    este imperativo recaem suas

    crticas.

    Para Kant,

    as

    pessoas

    e o

    Estado valorizam

    o

    Imperativo Hipottico e se esquecem de que a felicida-

    de interior dohomem estnoresgate datica.Nesse

    contexto, opapel da

    Justia

    fundamental, uma vez

    que

    essa

    recriaria os

    meios

    para ser tico. Oidealde

    Justia seriaofornecimentodemecanismos paraores-

    gate

    da

    tica

    e,

    consequentemente,

    o

    alcance

    da

    felici-

    11

  • 7/25/2019 Apostila Filosofia e Sociologia

    12/26

    PE PR

    dade peloshomens,a ocontrrio/ muitas

    vezes,

    do or-

    denamento jurdico m oderno,

    em que a

    racionalidade

    doprojetoliberalburgusleva impossibilidadede

    o ser huma no conquistar sua essncia: ser tico (isso

    quando noforaa no

    s-lo) (SacaduraRocha).

    H E G E L

    Nasceu

    em

    Stuttgart,

    em

    1770.

    Sua

    obra

    essencial-

    menteracionalsta.Pare ele o que raciona l real e o

    que

    real

    racional .

    Preconizava

    que o

    costume nascia

    de uma

    relao

    dialtica

    entreodireitoe amoral e,que arealiza oda

    Justiaestava no

    respeito

    s pessoas, ouseja,pregava

    a tica

    no conv vio social.

    Nesse aspecto, o Estado a realidade efetiva da

    ideiade tica, o Esprito

    tico,

    enquanto vontade subs-

    tancial,revelada, autoev idente, que se pensa e se

    sabe,

    que executa o que sabe e na medid a em que o sabe.

    Te m sua existncia imediata no s costumes, sua

    existnciametiatizadana conscincia de si mesmo, no

    saber e na

    atividade

    do

    indivduo,

    da mesma forma

    que por sua convico, o indivd uo possui sua liberda-

    de substancial nele (o Estado) que sua essncia, sua

    metae o produto de suaatividade.

    M A R X

    Para Marx a

    justia

    s e

    efetivaria

    com a

    anulao

    to-

    tal

    do

    direito, pois

    ele e a

    justia esto relacionados

    de

    talforma,que se houver um ooutronopoder

    rnais

    existir,

    A

    T E O RI ADAJUSTIA DE

    R A W L S

    Tambmcon hecid a como liberalismo igualitrio ,

    a teoria

    da

    justia

    de

    Jonh

    Rawls considerada uma

    doutrina contratualista.

    Tal

    concepo

    dejustia

    surge

    como uma

    forte cr-

    tica ao utilitarismo. Nesse sentido, Rawls afirma qu e

    as instituies bsicas da sociedade no devern se dis-

    tinguirapenasporserem organizadas eeficientes (uti-

    litarismo).

    Elas

    devem ser, sobretudo, justas.E se no

    forem

    justas devero ser reform adas ou abolidas.

    Em suma, para Rawls, o melhor caminho a ser

    seguido

    no

    aquele

    que

    produz

    os resultados

    mais

    teismaioriadapopulao,mas simaquelequetraz,

    em sua essncia, o ideal de justia. Isto porque, entre

    outras crticas,Rawlsaponta que outilitarismoper-

    feitamente com patvel com a

    p rodu o

    da

    violaes

    de

    direitos da sminorias emn omedo bem estar geral,o

    que

    no

    aceitvel.

    Grave-se,

    porm,

    que o autor reconhece

    forte

    ten-

    dncia natural das pessoas em o ptar pela primeira op-

    o,

    ou seja, pelo utilitarismo.

    C O NT R AT U ALISMO R AW LSIANO

    O

    contratualismoocupa

    um

    lugarmuito significa-

    tivo na

    teoria

    da justia de Rawls, assim com o ocupa

    um

    lugar muito importante

    na

    tradiofilosfica

    e po-

    ltica

    liberal (uma tradio que considera primord ial

    nesse tipo

    de

    anlise

    a

    autonomia

    da

    pessoa). (...)

    N a

    teoria da justia, mencona-se um contrato mu ito pe-

    culiar, urn

    contrato hipottico. Raw ls refere-se, ento ,

    portanto,

    a um

    acordo

    que

    fi rmaramos

    so b

    c ertas con-

    diesideais, e no qua l respeitad o nosso carter de

    seres livres e iguais. (...) O contrato em questo, em

    suma, serve para m oldarmosaideiade quenenhuma

    pessoa est, de

    modo inerente, subordinada

    s

    de -

    mais (Roberto Gargarella).

    Justia

    procedimenta lpura:

    Rawls

    afirma

    que o objetivo primrio dajust ia

    a estrutura bsica da sociedade ou, m ais exatamente,

    o modo como as instituies sociais mais importan-

    tes

    distribuem

    os

    direitos

    e

    deveres fundamentais,

    e

    determinam

    adivisoda svantagensprovenientesda

    cooperao social .

    Para R awls no h um critrio indepen dente que

    indique o que justo

    fazer,

    embo ra existam procedi-

    mentos qu e ajudema chegar ao sresultados equitati-

    vos.T al

    fato

    configura um a situao dejustia proce-

    dimental pura.

    JUSTIAEL I B E R D A D E INDIVIDUAL- NOZICK

    A teoria de Rawls era considerada liberal e igua-

    litria. Entre os tericos que criticaram a sua teoria

    da

    justia

    destacam-se

    dois grandes grupos:

    um, de

    liberais conservadores, que consideravam os seus pos-

    tulados insuficientemente liberais; e, por outro lado,

    os que consideravam sua doutrina insuficientemente

    igualitria. Uma da sprincipais crticas liberais partiu

    de Rob ert Nozick.

    A

    teoria de Nozick - perante outras, como a de

    Rawls,

    vai

    querer

    um

    Estado

    b em

    menos ambicioso

    quanto a suas pretenses: um Estado mnimo

    (como

    ele denom ina) dedicado exclusivamente a proteger as

    pessoas contra o roubo, af raude e o uso ilegtimo da

    fora,

    e a

    amparar

    o

    cumpr imento

    d os

    contratos

    ce -

    lebrados entre esses indivduos. (...) Segundo Nozick,

    quando parte

    do

    esforo

    de

    alguns

    destinada

    a me-

    lhorar o destino de outros, deturpa-se o princpio da

    autopropriedade, a tal ponto que ganha sentido falar

    de umanovaforma deescravido defend ida

    ern

    n o m e

    dajustia (Gargarella).

    Assim, podem os considerar que o autor defendea

    existncia

    de um

    Estadomnimo,

    mas no

    considera

    a

    inexistncia

    do

    Estado (anarquismo).

    Nota-se, tambm, qu e Nozick no contrrio

    ideia de igualdade, o que ele combate que existam

    normas pa ra impor a igualdade.

    12

  • 7/25/2019 Apostila Filosofia e Sociologia

    13/26

    ilosofia do ireito e

    Socio log ia

    Jurdica

    JUSTIAEDEMANDAS IGUALITRIAS -

    D W O R K I N ,

    SEN ETERICOSDOFEMINISMO

    As crticas tecidas porDworkin,Sen e pelos teri-

    co sfeministas teoria da justiade Rawls esto rela-

    cionadas com o fatodela ser,n aopiniodeles,incapaz

    de

    sa t isfazer

    plenamente a sua promessa igualitria.

    Dworkin aponta

    que a

    teoria

    de

    Rawls falha

    por

    tornar os indivduos responsveisem situaes pelas

    quais

    no so

    responsveis

    e, ao

    mesmo tempo,

    n o

    tornaros indivduosresponsveispor situaes que

    so

    responsveis.

    Amartya Sen diz que a igualdade de bens prim-

    rios, extremamente imperfeitaao seconcentrarem

    certos bens objetvos edescuidar domodo

    diferente

    como os mesmos bens podem produzir impacto em

    diferentes indivduos, que

    vivem

    em

    contextos

    tam-

    bm muito distintos Gargarella).

    A crtica

    do

    movimento

    feminista

    mais global,

    ou

    seja,remete

    a quase

    totalidade

    da

    teoria

    de

    Rawls.

    A

    teoria da justia, segundo essa postura, insuficien-

    t ementeigualitria por no se decidir em pensar nos

    indivduos como fazendo parte de grupos (ogrupo

    dasmulheres,por exemplo); por no dar espao para

    a

    histria (urna histria

    d e

    opresso,

    por

    exemplo)

    na s

    reflexes

    sobre a justia; por se concentrar na ideia de

    escolhas, sem pensar nas qualidadesdessasescolhas

    (assumindo,por exemplo, que asmulheres optampor

    algoquando, na verdade, no tm opes reais); e, em

    suma,por seucarter abstra toeterico demais- por

    representar, assim, uma concepo absolutamente dis-

    tante

    do que ocorre com as pessoas de carne e osso,

    todos

    osdias.

    Ofeminismo, pelo que foidito, apresenta ateoria

    de Rawls como intrisecamente incapaz de pensar na

    igualdade

    de um

    modo apropriado (Gargarella).

    COMUNITARISMO

    O comunitar ismo pode ser caracterizado, em

    princpio, comoumacorrentedepensamentoquesur-

    giu na dcadade1980,e que sedesenvolveu emper-

    manentepolmica

    com o

    liberalismo

    em

    geral

    e com o

    liberalismo igualitrio em geral. (...) Dentro do ncleo

    de autores mais peculiarmente associados ao movi-

    mento comunitarista, encontramos tericos que so

    crticosdoliberalismo,rnasque, no fim das contas, de-

    f endem

    critrios muito prximosdos dareferida pos-

    tura

    -

    como Charles Taylor; outros

    que

    oscilam entre

    a

    defesadeposiessocialistaserepublicanas-como

    MichaelSandel; e ainda outros que assumem posturas

    mais decididamente conservadoras - como no caso de

    AlasdairMaclntyre Gargarella) .

    A principalcrtica feitapelos comunitaristasao li-

    beralismoigualitrio assinada por Sandel.

    O autor contesta o pressuposto de Rawls no qual as

    pessoas escolhem seusfins,seusobjetivos vitais. Esse

    pressuposto,

    segundoo autorcomunitarista,compre-

    ende

    uma

    viso descritivamente pobre

    do ser

    humano.

    A adoo implica deixar de lado uma viso rnais

    adequada

    da

    pessoa,

    que

    reconhece

    a

    importncia

    que

    tem, para cada um o conhecimento dos valores pr-

    prios

    de sua

    comunidade

    -

    valores

    que as

    pessoas

    no

    escolhem,

    mas

    descobrem,

    reconhecem olhando

    para

    trs,pelas prticas prprias

    dos

    grupos

    aos

    quais per-

    tencem

    Gargarella) .

    DIREITO DAS MINORIAS

    Doexposto anteriormente podemos extrair que os

    direitosdas

    chamadas minorias

    so

    melhor preser-

    vados pelas teorias igualitrias.

    Neste

    contextoso

    analisadas

    as

    aes afirmativas,

    como, por exemplo, os sistemas de cotas.

    NoBrasil, as cotas para os negros nas

    universida-

    des

    s o

    o

    exemplo mais

    atual.

    Enfim,

    cabe aquisalientar,maisumavez,queexis-

    te maior aproximao da

    defesa

    dos direitos dasmino-

    rias

    nos

    estudos

    dos

    autores

    que

    defendem

    a

    igualda-

    de, como Dworkin e Sen. E, por outro lado, afastamen-

    to

    do s

    autores

    liberais,

    como Nozick.

    REPUBLICANISMO

    Nos ltimos

    anos,

    a corrente terica republicana

    irrompeu

    no

    cenrio

    da filosofia

    poltica

    e

    participou

    desuas discusses mais importantes.

    Vinculado tanto ao comunitarismo quanto ao li-

    beralismo, o republicanismo serviu de abrigo para

    comunitaristas e liberais crticos. (...) Com razes na

    Antiguidade clssica, o republicanismo represen-

    ta

    uma

    corrente

    de

    pensamento

    que

    comeou

    a re-

    nascer nofinal dosculoX X, apartir dotrabalho de

    um notvel

    grupo

    dehistoriadores- em sua maioria

    norte-americanos -,

    que, desde

    o

    final

    dos

    anos 1970,

    investigaram

    as

    origens tericas

    da

    tradiopoltco-

    -institucionalanglo-americana em fontes at ento no

    consideradas.

    J.

    Pocock,

    po r

    exemplo,

    fe z

    refernciasconexes

    entre atradio mencionada e ohumanismo cvico,

    que se desenvolver na

    Itlia

    renascentista. B.Bailye

    demonstrou

    que as

    principais bases tericas

    dos re-

    volucionrios norte-americanos estavam tanto no

    Iluminismo ou nopuritanismoquantono radicalismo

    ingls (sculosXVII

    e

    XVIII)

    e

    (mais

    notadarnente) no

    pensamento clssico.

    Esserevisionismoda

    histria

    anglo-americana sig-

    nificava

    desaf iar a crena, at ento compartilhada,

    segundo

    a

    qual

    as

    principais inf lunciasintelectuais

    dessa cultura poltica vinculavam-se, quase com ex-

    clusividade, a um pensamento liberal e individualista

    Gargarella).

  • 7/25/2019 Apostila Filosofia e Sociologia

    14/26

    PE PR

    B K " ? '1; ? : '. ;, v : , T - v ^ r - > > . . ? . ' . E ' - ? * ? f

    j

    ' , /&, ' sw ^ , MK-~itrEol

    S

    gl

    O QGJ ^GEMfc M8DL Sl

    Assim

    como ocorreu

    no

    estudo

    da

    Filosofia,

    na

    Sociologia tambm traremos

    um

    apanhado geral da

    disciplina,

    passando pelos

    seus

    principais

    tericos,

    mesmo aqueles

    que no

    esto

    elencadosno

    edital

    da

    Defensoria paranaense. Isto porque, uma viso dos

    fundamentos

    gerais, examinados atravs dos seus

    principais expoentes, de vital importncia para o

    candidato.

    No

    mais,

    os

    autores previstos

    no

    edital aparecero

    nos momentos certos, mesmo que com enfoque

    dife-

    renciado,

    Assim,

    o

    candidato

    a o

    cargo

    de

    defensor ter urna

    boa base

    para todas

    asfasesdo

    certame.

    O direito um tipo decontrole dasociedade, um

    sistema de controle

    social.

    Constata-se, neste ponto,

    que o

    sistema social

    f o r m a d o

    atravs

    da interao

    humana. Assim,osistema jurdico podeseranalisado

    comoum dos

    sistemas

    que compe a sociedade. Ou

    seja,asociedade umsistema global, ondeosistema

    jurdico um dosseus

    subsistemas,

    criado atravsda

    interao

    dos indivduos.

    Nesse aspecto, aSociologia a cincia qu e estuda

    asrelaes entre as pessoas qu e pertencem a uma co-

    munidade

    ou aosdiferentesgrupos qu e formama so-

    ciedade.

    E um a cincia qu e pertence ao grupo da s cincias

    sociais

    e humanas. O

    objeto

    de

    estudo

    dasociologia

    englobaaanlisedosfenmenos deinterao entreos

    indivduos, asfornias internas deestrutura (ascama-

    dassociais,amobilidade social,osvalores,as

    institui-

    es,

    asnormas, as leis), osconflitose as formas de

    cooperaogeradas atravsdas

    relaes

    sociais,

    Asociologia estuda asrelaes formaiseconceitu-

    ais da

    vida

    nassociedades.Ao tratar dos

    fatos

    e das

    realidades, noestabelece normas dosestados sociais

    e

    das

    propriedades

    e

    modos

    de

    conduta humanos,

    poisisto

    compete

    filosofia

    e

    tica

    sociais. O

    termo

    sociologia foiconsagrado por AugusteComte, embora

    oconceitoseja

    fruto

    do pensamento scio-flosfico do

    iluminismo por exemplo:em Montesqueu eHobbes)

    e

    n o

    idealismo

    alemo por exemplo:Hegel),

    Asociologia abrange vrias reas, existindo socio-

    logia comunitria, sociologia econmica, sociologia

    financeira, sociologia

    poltica,

    sociologia

    jurdica, so-

    ciologia dotrabalho, sociologia familiar, etc.

    Atravs daspesquisas sobreosfenmenos que se

    repetemnas interaessociais,ossocilogos observam

    os padres comuns para formularem teorias sobreos

    fatos

    sociais.Osmtodosde estudo da sociologiaen-

    volvem tcnicas

    qualitativas descrio detalhada de

    situaes e comportamentos) e quantitativas anlise

    estatstica).

    Asociologia surgiu no sculo XV como

    discipli-

    na de estudo sobre as consequncias de dois grandes

    acontecimentos, aRevoluo Industrial e a R evoluo

    Francesa, que causaram profundas transformaes

    econmicas,polticas

    culturaisnasociedade daquele

    perodo.O estudosociolgico nasceu com a sociedade

    capitalista

    moderna

    como forma

    de

    entender

    sua

    din-

    mica

    socioeconmica e os problemas advindosdessa

    realidade.

    O termo sociologia f oi utilizado primeiramente

    pelo pensador f ranc s Auguste Comte no seu Curso

    deFilosofia

    Positiva,

    em1838,natentativadeunificar

    os estudos relativos ao Homem, como a Histria, a

    Psicologia e aEconomia.A corrente sociolgica posi-

    tvo-funcionalista, f u n d a d a

    por

    Comte,

    f oi

    mais tarde

    desenvolvida por Emile Durkheim.

    Interessa-noso estudod a sociologia jurdica. Muito

    embora a Sociologia Jurdica

    seja

    frequentementede -

    finida como

    um

    ramo

    da Sociologia que se

    dedica

    especificamente

    ao estudo do direito, esse conceito

    algumas vezes compreendido como um campo de

    pesquisa autnomo. Independente dessa disputa em

    tornode suadefinio umarea claramente ligada

    antropologia,

    cinciapoltica,

    ao

    direito,

    psicologia

    eespecialmente

    sociologia. Desse modo,

    uma

    cin-

    cia rica porempregar conceitos, mtodoseteorias des-

    sesoutros camposdoconhecimento aosquaisse

    filia.

    "NocasoespecficodaSociologia Jurdica,o que in-

    teressa

    aqui

    contribuir

    para

    entendero

    Direito como

    um dos fatos sociais mais pertinentes da atualidade

    histrica,constitudodeelementosforas capazesde

    constituir

    a

    sociedade,

    consolidar

    convivncias huma-

    nas eorganizar otodo social,tarefas de todo cidado.

    Oumelhor,

    se no

    soubermos

    como funciona

    o

    poder

    e

    quem o detm,

    dificilmente

    conseguiremos propor

    mudanas e atuarmos na construo de uma socie-

    dade

    mais

    justa.

    A

    cidadania

    a

    expresso

    do

    nosso

    compromisso, donosso deverem

    participar

    daorga-

    nizao

    da

    sociedade

    em quevivemos,e o

    direito

    de

    usufruir dosresultadosdaparticipaonasaescole-

    tivas.

    S podemos se rlivres se desatarmos as amarras

    dopoder hegemnico quenegamos,mas para tanto

    preciso

    saber

    qu e

    sociedade

    queremos"

    (SILVA, Enio

    Waldir.

    Sociologia

    Jurdica.

    Iju-RS: E d.

    Unju,2012,

    p.22).

    Desta forma, a sociologia jurdica um ramo da

    sociologia que estuda as relaes sociais presentes na

    organizao

    normativa

    da

    sociedade.

    Seu objeto de

    estudo asrelaesdasociedadecom sua

    atvidade

    normat iva,

    presente n oDireito,

    Quando melhor analisado o estudo da sociologia

    jurdica mltiploepode sersintetizado da

    seguin-

    teforma:oestudo das realidades sociais no entorno

  • 7/25/2019 Apostila Filosofia e Sociologia

    15/26

    ilosofia

    do

    ireito

    e

    Sociologia

    Jur d ica

    da ordem jurdica; das relaes sociais efet ivamente

    registradas/concretizadas na sociedade; das aproxi-

    maes e os distanciamentos entre a regulao e as vi-

    vncias

    sociais;

    o

    lugar

    e o

    papel

    do

    Direito

    na

    socieda-

    de; as

    possveis respostas

    que a sociedadeforneceaos

    sistemas

    regulatrios;

    a cultura jurdica dos agentes

    sociais

    e doscidadosdasociedade civil;asestruturas

    regulatriase as

    aes;

    asforasdas

    regras

    e alegiti-

    midade destas; as estruturas para garantir o acesso ao

    jur dicoe Justia;asrelaes saciais entreo s

    sujeitos

    e os

    aplicadores

    do

    Direito;

    os

    impactos

    sociaisdaao

    dojurdico, etc.

    AugusteComte nasceu emMontpellier,naFrana,

    em

    1798,

    cuja

    famlia

    pertencia

    a

    classe

    dos que ha-

    viam

    lucrado

    com a

    Revoluo

    Francesa de

    1789.

    A

    nfasena questo domtodoe adifusode uma mo-

    ra l

    coletivista constituem

    o

    cerne

    da

    filosofia

    comtiana.

    Os elementos centraisda filosofiacomtanaso a

    nfasena questo do mtodo e a proposta de genera-

    lizao de uma moralcoletivista.Seu

    mtodo

    foi am-

    plamente difundido em sua obra Curso de Filosofia

    Positiva.

    Para Cornte,

    a

    Filosofia

    s

    digna desse nome

    enquantono sediversifica daprpria Cincia,

    mar-

    cando uma viso orgnica de natureza e da sociedade,

    f un da da

    nos resultados de um saber

    consitudo

    ob-

    jetivamente luz dos fatosou dassuas relaes.Tal

    posio e tendncia de Auguste Comte, baseando o

    saber filosfico sobre o alicerce das cincias positivas,

    estavam

    destinadas

    a

    obterrepercusso

    muito grande

    em suapoca, notadamentepor suadeclarada averso

    Metafsicae aquaisquer formas de conhecimentoa

    priori,isto

    , noresultantesdaexperincia

    (REALE,

    Miguel. Filosofia doDireito.S oPaulo: Saraiva, 2009,

    p. 14-15).

    O pensamento

    positivista

    sistematizou a problem-

    tica

    metodolgica.Sua

    principalreferncia

    foi o

    empi-

    rismo dascincias naturais. Emoposioaoconheci-

    mentoespeculativo,opositivismo corntiano considera

    que o domnio dacincia

    corresponde

    ao

    universo

    ma-

    terial,emprico.Todos os

    fenmenos

    seriam regidos

    por

    leis,

    e o

    objetivo

    dos

    estudos sistemticos seria

    a

    formulao de leis

    gerais.

    O mtodo

    constitui

    o

    principio comum oferecido

    pelo sistema filosfico comtianopara disciplinaro de-

    senvolvimento

    do

    conjunto

    das

    cincias, para orientar

    o pensamentopelasdiversasreasde suaatuao.

    A necessidade de dispor os fatos numa ordem

    que

    podemos

    conceber com facilidade (o que o ob-

    jeto prprio

    de

    todas

    as

    teorias

    cientficas} de tal

    maneira inerente

    a nossa

    organizao que,

    se no

    che-

    gssemos a

    satzfaz-la

    com concepespositivas,vol-

    taramos

    inevitavelmente

    s

    explicaes teolgicas 'e

    metafsicas,squais primitivamente deunascimento

    (COMTE,Auguste.

    Curso

    de FilosofiaPositiva.In:Os

    Pensadores:Comte.

    So

    Paulo;

    Abril

    Cultural,197S,

    p.

    23).

    Dessa forma,as conexesentreos

    fenmenos

    se-

    riam limitadas

    econsituiriam

    suas

    leis. Porisso,

    cada

    cincia se ocuparia apenas de um certo numero de fe-

    nmenos.Aunidadedoconhecimentoa seralcanada

    pelo

    conhecimento

    cientfico

    radicariano uso do m-

    todo

    positivo

    qualquer apelaoaoconhecimentodi-

    vino, tradicional

    ou

    costumeiro. Pelo mtodopositivo

    ascincias estariam habilitadas a fornecerem respostas

    aoconjunto dosproblemas humanos.

    07

    EMILE

    DURKHEIM OMTODO

    ^SOCIOLGICO

    Emile Durkheirn nasceu em 1858 em

    pinal,

    Frana.

    O

    contedo

    da sua

    obra

    inseparvel

    de seu

    contexto

    histrico.

    Durkheirn assistiu

    a

    proclamao

    da III

    Repblica

    francesa,

    que

    procurou

    noapenas

    superar suas

    incer-

    tezas polticas- comoaobsesso pela

    unidade

    nacio-

    nal

    bem

    como resolver

    as

    questes sociais pela

    via

    pacficae dodireito.

    Durkheirn

    acredita

    naigualdadedetodos

    perante

    a

    lei,

    bem

    como

    no

    respeito

    aos

    direitos civis

    e a

    liber-

    dade poltica. Aofundara Sociologia, Durkheirn criou

    os

    meios

    cientficos

    mais

    apropriadospara

    se

    estudar

    esolucionar acrise socialde seutempo.

    Nesse aspecto, Durkheim formulou o objetoda ci-

    ncia sociolgica

    de seu

    tempo

    e o

    mtodo sociolgi-

    co.Segundoele,acinciapode

    ajudar

    asolucionaros

    problemas sociaiseencontraro

    rumo

    em que sedeve

    orientarocomportamentohumanoe rnsociedade.

    Durkheim encontra o principio e a fonte da mora-

    lidadena

    solidariedade

    social.Assim

    como

    ele

    expe

    em um

    livro publicado aps

    a sua

    morte (Lies

    de

    Sociologia-Fsica dosCostumese doDireito),podem-

    -sedistinguirduas

    grandes

    formas desolidariedade.

    Os costumes, primeira

    forma,

    remetem aos deveres

    que os seres humanostm uns para com os

    outros,

    pelo fato de pertencerem a um

    grupo

    social.Neste

    registro,Durkheim elenca trs grupos

    importantes:

    a

    famlia,

    a corporaoprofissionale o Estado. Odirei-

    to,

    segundaforma,depende

    de uma

    tica

    maisgeral.

    Estaltima constitui o alicerce do direito vida e do

    direito

    propriedade.

    Mas o

    mais importante aqui

    isto:paracompreender

    a lgica de

    funcionamento

    destas formas de solidariedade (que so simplesmente

    sistemasregidos por regras decomportamento), con-

    vm aceitar que todo

    fato

    moral sejauma regra como

    sano (LALLEMENT,

    Michel. Histria das Ideias

    Sociolgicas.

    PetrpoliRJ:Vozes,2012,p.202-203).

    15

  • 7/25/2019 Apostila Filosofia e Sociologia

    16/26

    PE PR

    Assim sendo/pode-sedefinir a

    Sociologia

    comoa

    cincia dos fatossociais, cujo mtodo traado por

    Durkheim

    pelo princpio de tratar os fatos sociais

    como coisas /ouseja,

    devem

    ser observados adistn-

    cia, deve-se

    afastar

    sistematicamente

    os

    pr-conceitos.

    O

    m todo sociolgico deve

    se r

    livre

    da s

    falsas evidn-

    ciasqu e so proporcionadas pela experincia sensvel.

    Durkheimsintetizaseum todo sociolgicoemtrs

    pon tos bsicos:

    a)

    independe

    de

    toda

    filosofia;b) ob-

    jetivo;c)

    exclusivamente

    sociolgicoe osfatosso-

    ciais

    soantesd e tudo coisas sciais (RODRIGUEZ,

    Jos Alberto.

    A

    sociologia

    de

    Durkheim.

    S o

    Paulo:

    tica,

    1988,p. 27).'

    Por

    fim,

    seguindoo s

    estudos

    da

    biologia mdica

    de

    seu perodo/Durkheimfaz umadistino entreos fa-

    to ssociais considerados no rmais dos patolgicos.

    Osfatossociais normaisseriam aqueles que corres-

    pondem

    a

    mdia, quando

    su a

    produo encontra-se

    na mdias das sociedades em uma

    fase

    determinada

    de seu desenvolvimento.Sitandoo patolgico nas ex-

    tremidades,o que

    dificilmente ocorre

    n as

    sociedades.

    No

    por acaso,apesardechocante,ocrime con-

    siderado pela definio de Durkheim, um

    fato

    social

    normal. No h, com efeito, sociedade onde o crime

    estejaausente.

    O

    crime, portanto/

    normal, pois

    u rn fato

    social

    corriqueiro e atnecessrioatodavidaem sociedade.

    o j

    M R X I S M O E C R I S E D E

    OMarxismo oconjuntode

    ideias

    filosficas, eco-

    nmicas/polticasesociais elaboradas primariamente

    por KarlMarxeFriedrichEngelse desenvolvidas mais

    tarde

    por outros seguidores. Baseado na concepo

    materialista

    e

    dialtica

    da Histria/

    interpreta

    a

    vida

    social

    conformeadinmica dabase produtiva das so-

    ciedades

    e das

    lutas

    de

    classes

    da

    consequentes,

    O marxismo compreende o homem como um ser

    socialhistricoe quepossui acapacidaded e trabalhar

    e

    desenvolver

    a

    produtividade

    do trabalho/ o que di-

    ferencia oshomensdos outros animais e possibilitao

    progressode sua emancipaod a escassez danature-

    za, o que

    proporciona

    o

    desenvolvimento

    das

    poten-

    cialidades

    humanas.

    Marxe Engels desenvolveramuma concepode

    Estado

    qu e foge dalinha dopensamento dominante

    de sua poca e,

    inclusive,

    de

    Hegel,

    grande

    influncia

    dos

    autores. Para Marx

    o

    Estado

    no oidealde mo-

    ral ou de

    razo,

    mas uma

    fora

    externa da

    sociedade

    que