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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO-USP ESCOLA DE ENGENHARIA DE LORENA-EEL DEPARTAMENTO DE MATERIAIS-DEMAR Guia de Estudos com Textos Extraídos de Artigos, Livros e Internet para a Disciplina: Introdução a Polímeros Prof. Dr. Clodoaldo Saron

Apostila_ Materiais Poliméricos

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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO-USP ESCOLA DE ENGENHARIA DE LORENA-EEL

DEPARTAMENTO DE MATERIAIS-DEMAR

Guia de Estudos com Textos Extraídos de Artigos, Livros e Internet para a

Disciplina:

Introdução a Polímeros

Prof. Dr. Clodoaldo Saron

Histórico e Definições

Quando o tema polímeros é abordado, normalmente a primeira dúvida

que surge é a respeito da própria definição de polímeros. É freqüente utilizar o

termo plástico como sinônimo de polímero, o que facilita a compreensão em

muitos casos. A denominação de plástico se deve a alta plasticidade verificada

em muitos polímeros. Embora os polímeros sejam os materiais que

apresentam a maior capacidade de exibir plasticidade, esta propriedade não é

expressa em todos os polímeros, sendo que inúmeros tipos de polímeros com

uma vasta diversidade de propriedades podem ser encontrados no mercado

atual.

Por definição a palavra polímeros tem origem nas letras gregas poli e

meros, o que significa a união de várias (poli) unidades (monômeros ou meros)

para formar uma estrutura química com elevada massa molar. De fato, este é o

princípio utilizado para a síntese da maioria dos polímeros. Porém, em algumas

situações, a estrutura polimérica se torna tão complexa que apenas a

representação de uma unidade repetitiva não é suficiente para descrever a

arquitetura polimérica.

A primeira exigência para que a estrutura polimérica seqüencial seja

formada é a existência de ligações químicas covalentes estáveis entre os

átomos da cadeia polimérica. O carbono é o principal elemento não metálico

capaz de formar ligações seqüenciais estáveis entre si ou alternadas com

átomos de oxigênio, enxofre, nitrogênio, fósforo. Por este motivo a grande

maioria dos polímeros constitui-se em compostos orgânicos. Algumas outras

raras ligações seqüenciais estáveis sem a presença de átomos de carbono

também são verificadas, como no caso do silício ligado alternadamente com o

oxigênio (Si-O) ou fósforo com o oxigênio (P-O).

Relata-se que a utilização de polímeros como material tenha sido feita

em períodos antes de cristo, embora apenas polímeros de origem vegetal ou

animal tenham sido utilizados. Os polímeros sintetizados artificialmente

somente apareceram em meados do século XX. A tabela abaixo descreve o

histórico de descobertas e uso dos polímeros.

A evolução dos materiais poliméricos (http://www.gorni.eng.br/hist_pol.html)

1000 A.C.

Os chineses descobrem o verniz extraído de uma árvore (Rhus vernicflua), aplicado na forma de revestimentos impermeáveis e duráveis. Ele seria usado em móveis domésticos até a década de 1950.

79 A.C.

Descoberta do âmbar, uma resina termoplástica proveniente de árvores fossilizadas. Ele é encontrado principalmente na costa do Mar Báltico. Ele permite a fabricação de pequenas peças através de moldagem por compressão. Plínio, o Velho (23-79 A.C.) cita esse material em sua obra História Natural.

0 A.C.

Descoberta do chifre como material conformável. Ele se comporta como uma chapa de material termoplástico, podendo ser cortado e moldado após ter sido aquecido em água quente. Lâminas desse material podem ser sobrepostas de forma a se produzir peças com maior espessura. Antigamente botões de roupa e outros produtos eram feitos com chifre moído aglomerado com um ligante (como, por exemplo, sangue) através de moldagem por compressão.

800 Surgimento da gutta-percha, uma resina natural presente na casca de árvores da Malaia.

1550 Primeira menção à borracha natural feita por Valdes após uma expedição à Central América. Os nativos usavam esse material como artigos esportivos e impermeáveis há milhares de anos.

1596 John Huyglen von Linschoeten relata usos da goma laca após uma visita à Índia.

1835 Regnault relata a produção, até então inédita, de cloreto de vinila, monômero do P.V.C.

1839

Charles Goodyear (E.U.A.) descobre a vulcanização, processo que consiste na adição de enxôfre à borracha natural, tornando-a mais forte e resiliente. Isso viabilizou seu uso como importante material de engenharia

Descoberta, em laboratório, do poliestireno. Contudo não havia condições plenas para sua fabricação na época.

1840 Alexander Parkes (Inglaterra) desenvolve a Parkesina, um resina moldável a base de nitrato de celulose, material extremamente inflamável.

1845 Robert William Thompson inventa o pneu de borracha.

1851

Nelson Goodyear patenteia e comercializa a ebonite, material produzido pela vulcanização da borracha usando excesso de enxôfre. É uma resina dura, escura e brilhante usada por mais de 100 anos na fabricação de bolas de boliche e placas para uso dentário, neste caso com cor rosada. O surgimento deste material é um marco fundamental na história dos polímeros, pois foi o primeiro material termofixo usado comercialmente e também envolveu a modificação de um polímero natural.

1865 Descoberta do acetato de celulose.

1876 Sementes de seringueiras do Brasil são contrabandeadas por Sir Henry Wickham e mandadas posteriormente à Ásia, onde constituíram a base da indústria mundial de borracha.

1880 Uma gravadora berlinense começou a usar goma-laca para a fabricação de discos fonográficos, devido à capacidade desse material em reproduzir detalhes finos de formato. De fato, a goma-laca foi usada até 1952 na fabricação de discos fonográficos, quando foi substituído pelo P.V.C.

1884 Bernigaud produz fibras a partir da celulose, que posteriormente receberiam o nome de rayon.

1892 Primeira síntese do celofane, um filme transparente produzido a partir da regeneração da viscose, ou seja, celulose dissolvida. Contudo, somente na década de 1910 esse material atingiria maturidade comercial

1900 Descoberta do silicone por Frederic Stanley Kipping.

1909 Leo Baekeland, dos E.U.A., patenteia a Baquelite, a primeira resina termofixa a substituir materiais tradicionais como madeira, marfim e ebonite. Baquelite se tornou sinônimo deste material.

Hermann Staudinger inicia o desenvolvimento da borracha sintética (isopreno)

Hugh Moore funda a Dixie Cup Co., fabricante de copos descartáveis, especialmente para atender a uma lei promulgada no estado de Kansas (E.U.A.), a qual proibia o uso de xícaras comunitárias em trens. Seu objetivo era restringir a disseminação de doenças como a tuberculose.

1910 Iniciada a produção de meias femininas na Alemanha. Construída a primeira fábrica de rayon nos E.U.A.

1912

Ostromislensky, na Rússia, patenteia um processo de polimerização do cloreto de vinila, obtendo-se PVC. Contudo, a decomposição do polímero durante o processo inviabiliza seu desenvolvimento comercial. Fritz Klatte patenteia um método para a produção de seu monômero, cloreto de vinila; ele logra polimerizá-lo em PVC, mas essa resina ainda teria de esperar até a década de 1930 para ser produzida em escala comercial

1914 Início do uso de soluções de acetato de clulose como verniz para aviões e de madeira compensada para fuselagens.

1918 Hans John prepara resinas através da reação de uréia com formaldeído.

1920 A década de 1920 marca o início de uma "era de ouro" nas descobertas sobre síntese de polímeros. É quando Hermann Staudinger, da Alemanha, se envolve na pesquisa fundamental sobre os mecanismos de polimerização de moléculas orgânicas.

1922 Hermann Staudinger, da Alemanha, sintetiza a borracha.

1927

- A descoberta de plastificantes adequados para o acetato de celulose viabiliza esse material como alternativa para o celulóide, que é bem mais inflamável. - Aparece o PVC - Otto Rohm, na Alemanha, desenvolve o poli(metilmetacrilato) e inicia sua produção, em escala limitada, em Darmstadt.

1928 Ziegler inicia seus trabalhos sobre química organometálica e lança os fundamentos para a catálise na polimerização do polietileno e polipropileno

1929 A Dunlop Rubber Co., da Inglaterra, produz, pela primeira vez, a espuma de borracha.

Surge a borracha sintética de polisulfeto (Thyokol) e resinas a base de uréia-formaldeído.

1930 A BASF/I.G. Farben (Alemanha) desenvolve o poliestireno.

1931

J.A.Hansbeke desenvolve o neoprene.

A Imperial Chemical Industries - I.C.I. (Inglaterra) desenvolve o polietileno, quase por acidente, quando E.W. Fawcett e R.O. Gibson observam uma pequena quantidade de uma cera produzida após experimentos com etileno.

A empresa Formica patenteia o material homônimo (núcleo de papel fenólico revestido superficialmente de uréia-formaldeído), iniciando um negócio de enorme sucesso

1932 Desenvolvimento da Buna N (acrilonitrila-butadieno) e Buna S (estireno-butadieno) na Alemanha

1933

Descoberta do processo de polimerização do processo de polimerização sob alta pressão do polietileno

Pesquisadores da I.C.I. (R. Hill e J.W.C. Crawford) iniciam o desenvolvimento do poli(metil metacrilato) - PMMA, que seria mais tarde comercializado com os normes comerciais de lucite, plexiglas, acrílico, etc.

Produção dos primeiros artigos de poliestireno moldados por injeção.

1935 Carothers e Du Pont patenteiam o nylon.

A Henkel patenteia a produção de resinas baseadas em melamina.

1940 Resinas de acrílico (PMMA) começam a ser largamente usadas em janelas de aviões.

1941

A I.G. Farben (Alemanha) começa a produção de poliuretanos.

A Kinetic Chemical Ltd patenteia o teflon.

J.R. Whinfield e J.T. Dickson (Calico Printers Association) conseguem produzir fibras de PET - poli(tereftalato de etileno), sendo lançado com o nome comercial de Terylene.

1942

Alemanha: desenvolvimento de silicones e resinas a base de fluorcarbono

E.U.A.: borrachas de estireno-butadieno (SBR).

Início da produção industrial de silicone

1943

Construída a primeira planta em escala piloto para a fabricação de teflon (PTFE). A produção comercial só teria início em 1950.

Começam os estudos sobre o uso de fibras de vidro como agentes de reforço para resinas plásticas.

1947 Surgimento das resinas epóxi

O.D. Black & D. Mackey, da R.C.A., criam o primeiro circuito impresso.

1948 Surgimento dos polímeros ABS e fibras de acrílico.

1949 Brasil: Fundada a primeira fábrica de poliestireno, a Bakol S.A., em São Paulo.

1951

Desenvolvimento do processo para produção de espuma de poliestireno, material mais conhecido pelo nome comercial de isopor. L. Meyer & A. Hwell requerem a primeira patente para o processo de pultrusãoWilliam H. Willert, dos E.U.A., inventou a injetora com plastificação através de rosca; a patente foi requerida em 1956 mas a indústria só a aceitou a partir de 1962, deflagrando uma revolução na moldagem por injeção.

1952

Iniciada a produção de discos LP (long-play) e compactos feitos de PVC, substituindo as resinas fenólicas e a base de goma laca que eram usadas até então

A Du Pont inicia a comercialização de filmes de PET orientados.

1953

Iniciada a produção do PEAD - polietileno de alta densidade, sob a marca comercial Polithene, da Du Pont. Karl Ziegler (Alemanha) desenvolve catalisadores de íons metálicos para promover a polimierização regular do polietileno. Giulio Natta (Itália) desenvolve catalisadores de íons metálicos para a produção de polímeros isotáticos, tais como o polipropileno. Ambos receberam um Prêmio Nobel em 1963 pelo feito. Hermann Staudinger recebe o Prêmio Nobel de Química pelo seu estudo sobre os polímeros. Desenvolvimento do policarbonato por Hermann Schnell. A G.M., em associação com a Morrison Molded Fiberglass Products Co., produz experimentalmente 300 automóveis Corvette com carroceria totalmente feita em poliéster termofixo reforçado com fibra de vidro.

1955

Produção comercial de PEAD através dos processos Phillips (catalisadores de óxido de metal) e Ziegler (catalisadores de alquila de alumina)

Consegue-se a polimerização do poliisopreno, a porção sintética da borracha natural, pelo processo de Ziegler-Natta; a primeira aplicação comercial surgiu em 1959

Brasil: entra em operação a Eletrocloro (atual Solvay), em Rio Grande da Serra SP, produzindo PVC.

1956 Surgimento dos poliacetais (polioximetileno)

Iniciada a aplicação em larga escala de resina epóxi reforçada com fibra de vidro na fabricação de circuitos impressos.

1958

Brasil: Entra em operação a Union Carbide, em Cubatão SP, produzindo polietileno de baixa densidade

Surgimento da primeira embalagem comercial de PEAD moldada por sopro nos E.U.A.

1959 Iniciada a produção de acetais (POM) pela Du Pont (E.U.A.), sob a marca comercial Delrin

Início da produção de fibras de carbono pela Union Carbide.

1960 Surgimento da borracha de etileno-propileno e das fibras spandex.

1961 Construído o primeiro vagão-tanque ferroviário com plástico reforçado nos E.U.A.

1962

As poliimidas são introduzidas comercialmente pela Du Pont (E.U.A.)

A Phillips lança o copolímero em bloco de estireno-butadieno

A Du Pont lança a poliimida , resina termoplástica que suporta até 400°C

A Pennwalt Co. lança o polivinilideno

A Shell Chemical lança um amplo programa promovendo o uso de PEAD na fabricação de garrafas para acondicionamento de leite.

1963

Ziegler e Natta recebem o Prêmio Nobel de Química pelos seus estudos sobre catalisadores para a síntese de polímeros.

F.H. Lambert desenvolve um processo para a moldagem de poliestireno expandido, material mais conhecido pela marca comercial Isopor (R).

1964

A G.E. lança o poli(óxido de fenileno)

Os projetistas britânicos Gibbs & Cox iniciam um estudo de viabilidade de um navio caça-minas com 92 metros de comprimento, o qual se tornou realidade posteriormente

Entrada em operação comercial da primeira máquina para a produção de garrafas sopradas de PEAD para acondicionamento de leite.

1965

A Du Pont (E.U.A.) inicia a produção comercial das polissulfonas.

A General Electric (E.U.A.) e a Aku (Holanda) introduzem o P.P.O.

Surgem os poliésteres aromáticos e os ionômeros.

Surgem os copolímeros em bloco de estireno-butadieno, dando origem aos elastômeros termoplásticos.

Desenvolvimento do Kevlar , fibra de alta resistência, por Stephanie Kwolek

A Owens-Corning Fiberglass inicia a construção de tanques subterrâneos de gasolina feitos de plástico reforçado.

1966

A Shell Chemical lança o Kraton , um elastômero termoplástico estirênico usado em adesivos sensíveis à pressão e componentes de sapatos

Introdução de fibras óticas feitas de polímero.

1967 Criada, no Brasil, a Petroquisa, subsidiária da Petrobrás dedicada à petroquímica.

1968

A Union Carbide desenvolve seu processo de polimerização sob baixa pressão denominado Unipol, tornando possível a síntese de polímeros otimizados, tais como o polietileno linear de baixa densidade - PELBD.

Lançada a primeira garrafa de PVC para bebidas alcoólicas nos E.U.A. Contudo, ela é logo removida do mercado por não ter sido aprovada pelo governo. Isso não ocorreu na Europa, onde o PVC foi muito popular na fabricação de garrafas para água e vinho

1960-1970

Outros desenvolvimentos no período: adesivos de cianoacrilato, copolímeros de etileno-acetato de vinil, ionômeros, polibenzididazolas, tanques de combustível feitos de PEAD.

1970

A Coca-Cola inicia testes de mercado usando garrafas de plástico transparentes. Tratava-se da primeira garrafa plástica do mundo para acondicionar bebidas carbonatadas, feita de metacrilonitrila/estireno - AN . Este, sem dúvida, é um marco histórico dos mais importantes na história do plástico, quando se considera o enorme impacto que a garrafa de plástico teve no mercado de refrigerantes, substituindo totalmente as garrafas de vidro no final da década de 1970 nos E.U.A. e no final da década de 1990 no Brasil. A garrafa de AN, infelizmente, foi proibida em 1977 pela Food and Drug Administration para uso em bebidas carbonatadas. Foi a oportunidade para que o projeto de garrafa da Du Pont, que usava o PET como resina, ganhasse o mercado. Um aspecto vital para a viabilização dessa aplicação do plástico foi o desenvolvimento do processo de sopro de garrafas com estiramento biaxial, processo que a Du Pont desenvolveu neste ano e patenteou em 1973.

A Hoechst lança o poli(tereftalato de butileno) - PBT na Alemanha

As primeiras garrafas plásticas para óleos comestíveis nos E.U.A. são feitas de PVC

1972

Começa a funcionar, em Mauá (SP), a Petroquímica União, que viabilizou a produção de resinas plásticas em grande escala no Brasil, com a criação da Poliolefinas (atual OPP, produtora de PEBD), Polibrasil (PP), Porquigel (PS), Trikem (PVC), etc.

A I.C.I. lança a poli(étersulfona) na Inglaterra

A Toyo Seikan, no Japão, desenvolve uma garrafa multicamada feita de polipropileno e poli(álcool etilenovinil) para aplicações envolvendo produtos alimentícios

1973 A produção mundial de plásticos supera a de aço, tomando como base o volume de material fabricado.

1974

Ocorre o primeiro grande choque do petróleo após conflitos no Oriente Médio, afetando profundamente a indústria dos plásticos. O óleo cru sobe 300%, forçando um aumento de 200% no preço do etileno, o principal insumo da indústria petroquímica, e uma elevação de 50 a 100% no preço de polímeros sintetizados por via petroquímica. Cresce o interesse pela reciclagem de plásticos. Até então a reciclagem era paga pelos proprietários da sucata plástica! Depois de 1974 esse insumo passa a ser comprado pelos interessados.

1975 A Union Carbide começa a produção comercial de polietileno linear de baixa densidade - PELBD nos E.U.A. usando seu processo Unipol

1976

A Du Pont lança o Zytel ST (PA 6,6).

As patentes sobre os catalisadores de Ziegler-Natta para a produção de PP, que eram propriedades da Montesidon, estão para vencer, motivando a construção de inúmeras plantas na Europa para a produção dessa resina. Tal massificação fará com que o PP seja apelidado de "o novo aço doce" nos anos seguintes...

São lançados no mercado utensílios de plástico para uso em fornos de micro-ondas

As primeiras garrafas de PET para refrigerantes são produzidas em escala comercial pela Amoco para a Pepsi-Cola

1977 A I.C.I. sintetiza, pela primeira vez, o PEEK.

1978 Atuando de forma independente, a Union Carbide e a Dow Chemical conseguem grandes reduções no custo do PEBDL, viabilizando economicamente o filme feito com essa resina.

1979

O início de atividades do Polo Petroquímico de Camaçari (BA) e a implantação de sua Central de Matérias Primas (COPENE) viabilizou o surgimento de outros fabricantes brasileiros de plásticos: Politeno (PEBD e EVA), Polialden (PEAD), Trikem (PVC), EDN (PS), Polipropileno (atual Polibrasil, fabricante de PP), Policarbonatos (PC), CPB (ABS/SAN) e outras.

1970-1980

Outros desenvolvimentos no período: polibuteno isotático, poli(tereftalato de butila), elastômeros termoplásticos baseados em copoliésteres, poli(sulfeto de fenileno), borracha de polinorborneno, poliarilatos, polifosfazenos, lentes de contato flexíveis, moldagem por injeção reativa (RIM), garrafas para bebidas feitas de PET, espumas estruturais, poliétersulfona, polimerização em fase gasosa (Unipol), poliarilatos, sacos de supermercado feitos de PEAD.

1980

Lançamento comercial do polietileno linear de baixa densidade (PEBDL).

Neste ano foram produzidas 2,5 bilhões de garrafas para refrigerante em PET; que eram virtualmente inexistentes em 1976.

Inicia-se o uso intensivo de esterilização através de radioatividade, abrindo um novo mercado para o uso dos plásticos na medicina

1981 A Monsanto introduz o Santoprene, que foi o primeiro elastômero olefínico com vulcanização dinâmica a ser introduzidono mercado.

1982

A G.E. introduz a poli(éterimida).

Pesquisadores da Bayer, em conjunto com os desenvolvedores da tecnologia de compact discs, desenvolvem novos graus de policarbonato de alta transparência mais adequados para este tipo específico de aplicação.

1983

A I.C.I. e a Bayer lançam o PEED, PES e PPS como novos termoplásticos de engenharia.

A FCC, agência federal americana, exige que carcaças de plástico que alojam circuitos eletrônicos em eletrodomésticos apresentem bloqueio eletromagnético.

A crescente popularização dos fornos de micro-ondas promove o desenvolvimento das primeiras embalagens próprias para cozimento neste tipo de forno.

1984 Pela primeira vez é usado um tanque de combustível feito de plástico num automóvel americano, usando PEAD sulfonado para aumentar as propriedades de barreira da resina. Esse tipo de tanque já era usado na Europa e em veículos militares americanos.

1985

Entrada em operação do Polo Petroquímico de Triunfo (RS) que, com sua Central de Matérias-Primas (COPESUL), viabilizou novas empresas produtoras de plásticos: Poliolefinas (atual OPP, produtora de PEBD e EVA), PPH (atual OPP, produtora de PP), Ipiranga Petroquímica (PEAD) e Petroquímica Triunfo (PEBD).

1987 A 3D Systems (E.U.A.) introduz a estereolitografia.

1980-1990

Outros desenvolvimentos no período: polissilanos, polímeros de cristal líquido , fíbras com alto módulo, poli(éter-éter-cetona), polímeros condutores, poli(metilpenteno), conformação por pultrusão, substituição dos agentes de expansão a base de fluorocarbono.

1990

Começa a era dos plásticos biodegradáveis: a Warner Lambert desenvolve o Novon, resina a base de amido; a I.C.I. lança do Biopol.

A Eastman Chemical Co. e a Goddyear conseguem reciclar com sucesso garrafas de PET pós-consumo, transformando o polímero em monômero puro.

1995 Lançados as primeiras resinas polimerizadas usando-se os catalisadores de metaloceno

Ocorre, no Brasil, a privatização do setor petroquímico.

2000 Novas tendências no desenvolvimento de polímeros. O desenvolvimento de resinas a partir do

zero se torna bem mais raro. A ênfase atual está na formulação de polímeros já existentes de forma a se obter materiais com propriedades otimizadas.

A preocupação com a reciclagem dos polímeros torna-se assunto de máxima importância, uma vez que seu desenvolvimento e uso serão inviáveis caso esse problema não seja adequadamente resolvido. Começa a reciclagem em larga escala de garrafas de poliéster e PEAD.

Síntese dos Polímeros

A principal fonte de compostos orgânicos para a indústria química é o

petróleo. Deste modo, o petróleo é consequentemente a matéria-prima básica

para a produção dos monômeros que darão origem aos polímeros sintéticos.

CH2CH2

CO, O2

CHCH2 CO

OHÁcido acrílico

Cl2

CCH3 OH

O

O2

CH2CH2

Cl Cl

HCl CHCH2

ClCloreto de vinila

CH2 CH3

HCl

CH2 CH3

Estireno

Acetato de vinila

CH2CH2

OÓxido de Etileno

CH2 CH2 On

Polietilenoglicol

H2O

CH2CH2

OH OHEtilenoglicol

HCNCH2CH2

OH CN

OHCH3

Ácido acrílico

CHCH2C O

OH

H2OCHCH2

CNAcrilonitrila

CH2CH2

OC O

CH3

CHCH2

C OCH3OMetil acrilato

CHCH2 CH3

Cl OH

O2, NH3

CHCH2 CO

OHÁcido acrílico

CCH3 CH3

O

CO, O2, H3COH

HCl

OH

HCNH2O

CCH2

C OCH3O

CH3

Propileno

AcrilonitrilaCHCH2

CN

O2

HOCl

CHCH2

CH3

CHCH2 CH3

O Óxido de propileno

Cl2 CHCH2 CH2

Cl

HOClCHCH2 CH2

Cl OH Cl

HCl CHCH2 CH2

O ClEpicloridrina

O2 CHCH2 C

O

HCHCH2 CH2

OH

CHCH2 CH2

OHOHOHGlicerol

Metil metacrilato

CHCH3 CH3

OH

H2CCH3 CH3

OH

CN

CCH3 CH3

OH

COH

H2O

CCH3 CH3

HO2

CCH3 CH3

O

HO C OH

CH3

CH3

Bisfenol A

Esquemas de síntese dos monômeros a partir do petróleo......

É possível classificar os polímeros em dois grandes grupos que se

distinguem fundamentalmente pela capacidade de conformação térmica após a

síntese. Embora a diferença entre estes grupos pareça sutil, estabelece

propriedades do material e características de processamento que definem a

aplicação.

Os polímeros classificados como termoplásticos são passíveis de

conformação sob a ação de temperatura, pressão ou cisalhamento, sendo

utilizados em grande escala pela indústria em aplicações que incluem desde

embalagens e tecidos até em eletrodomésticos e construção civil.

Os polímeros termofixos ou termorrígidos após a síntese formam uma

estrutura química na forma de uma rede tridimensional que assume o formato

do molde onde é produzida, sendo incapaz de assumir outra conformação com

a simples ação do calor. As dificuldades para a produção, conformação e

reciclagem dos polímeros termofixos direcionam cada vez mais estes materiais

para aplicações específicas ou mais nobres, com valor agregado maior.

Classificados também como termofixos encontram-se a maioria dos

elastômeros . Porém, por sempre materiais com características distintas dos

outros polímeros termofixos, são enquadrados por muitos autores com uma

outra classe de polímeros.

Polímeros Termoplásticos

Os polímeros termoplásticos são formados por longas cadeias

poliméricas que podem apresentar ramificações laterais e encontram-se unidas

umas as outras apenas por interações químicas como dipolo-dipolo, Van der

Waals, ligações de hidrogênio, etc. O aquecimento dos polímeros enfraquece

estas interações, permitindo o escoamento das cadeias poliméricas e a

conformação do material. É possível classificar as estruturas dos polímeros

termoplásticos como sendo de adição ou condensação. Os polímeros de

adição apresentam na cadeia principal apenas seqüência de ligações químicas

carbono-carbono, enquanto os polímeros de condensação possuem

heteroátomos como o oxigênio, nitrogênio e enxofre na cadeia principal. Os

polímeros de condensação, geralmente são mais higroscópicos e necessitam

de cuidados especiais para a secagem antes do processamento.

Dos inúmeros polímeros termoplásticos utilizados na indústria brasileira,

apenas cinco polímeros, o polietileno (PE), o polipropileno (PP), o policloreto de

vinila (PVC), o polietilenotereftalato (PET) e o Poliestireno (PS) representam

90% do consumo total. Por este motivo, os objetos fabricados com estes

materiais devem conter um símbolo que indicam qual foi o polímero utilizado na

fabricação. A simbologia definida pela Associação Brasileira de Normas

Técnicas (ABNT) serve para orientar o consumidor quanto às limitações de uso

do produto e auxiliar no processo de reciclagem do material.

Simbologia utilizada para identificação de embalagens poliméricas, Norma NBR 13.230 da ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas)

Uma descrição mais detalhada a respeito das propriedades e aplicações

dos principais polímeros termoplásticos é feita nas seções abaixo:

Polietileno (PE)

Polímeros: Ciência e Tecnologia, vol. 13, nº 1, p. 1-13, 2003

Fernanda M. B. Coutinho, Ivana L. Mello, Luiz C. de Santa Maria Instituto de Química, UERJ

O polietileno sempre mereceu atenção especial devido as suas

propriedades como fácil processabilidade, resistência química, boas

propriedades mecânicas e principalmente por ser obtido a partir do monômero

com estrutura química mais simples (etileno) e também mais barato. Os

diversos processos de síntese desenvolvidos para o polietileno resultaram na

disponibilidade de produtos distintos, classificados de acordo com a densidade

do material, os quais são descritos nos itens abaixo.

- Polietileno de baixa densidade (PEBD ou LDPE)

Aplicações do PEBD

O processo de produção de PEBD utiliza pressões entre 1000 e 3000

atmosferas e temperaturas entre 100 e 300 °C. Tempe raturas acima de 300 ºC

geralmente não são utilizadas, pois o polímero tende a se degradar. Vários

iniciadores (peróxidos orgânicos) têm sido usados, porém o oxigênio é o

principal.

A reação é altamente exotérmica e assim uma das principais

dificuldades do processo é a remoção do excesso de calor do meio reacional.

Essa natureza altamente exotérmica da reação a altas pressões conduz a uma

grande quantidade de ramificações de cadeia, as quais têm uma importante

relação com as propriedades do polímero. Até recentemente, nenhum outro

meio comercial para sintetizar PE altamente ramificado era eficaz. Contudo,

hoje existem algumas evidências de que ramificações longas podem ser

produzidas por catalisadores metalocênicos.

Polietileno de baixa densidade é um polímero parcialmente cristalino

(50 – 60%), cuja temperatura de fusão (Tm) está na região de 110 a 115 °C. A

espectroscopia na região do infravermelho revelou que o polietileno de baixa

densidade contém cadeias ramificadas. Essas ramificações são de dois tipos

distintos:

- Ramificações devido à transferência de cadeia intermolecular, que

surgem de reações do tipo:

Essas ramificações são, na maioria das vezes, tão longas quanto à

cadeia principal do polímero. Em geral, contêm algumas dezenas ou centenas

de átomos de carbono. Esse tipo de ramificação tem um efeito acentuado

sobre a viscosidade do polímero em solução. Pode ser identificada pela

comparação entre a viscosidade de um polietileno ramificado e a de um

polímero linear de mesma massa molar. Além disso, a presença dessas

ramificações determina o grau de cristalização, as temperaturas de transição e

afeta parâmetros cristalográficos tais como tamanho dos cristalitos.

- O segundo mecanismo proposto para a formação de ramificações

curtas no polietileno de baixa densidade (produzido via radicais livres) é a

transferência de cadeia intramolecular.

Essas ramificações curtas são principalmente n-butila, porém grupos

etila e n-hexila, em menores proporções, também são formados pela

transferência de cadeia intramolecular.

Em relação à estrutura cristalina, o PEBD, quando comparado ao

polietileno linear, apresenta cristalitos menores, menor cristalinidade e maior

desordem cristalina, já que as ramificações longas não podem ser bem

acomodadas na rede cristalina. A Figura 1 mostra uma representação da

estrutura de PEBD, onde se pode observar a presença das ramificações

ligadas à cadeia principal.

Propriedades

O PEBD tem uma combinação única de propriedades: tenacidade, alta

resistência ao impacto, alta flexibilidade, boa processabilidade, estabilidade e

propriedades elétricas notáveis. As propriedades físicas do PEBD são

apresentadas na Tabela 1. Os valores aparecem em intervalos devido à

dependência da temperatura e da densidade.

Figura 1: Estrutura química do PEBD Tabela 1: Propriedades do PEBD

Apesar de ser altamente resistente à água e a algumas soluções

aquosas, inclusive a altas temperaturas, o PEBD é atacado lentamente por

agentes oxidantes.

Além disso, solventes alifáticos, aromáticos e clorados, causam

inchamento a temperatura ambiente.

O PEBD é pouco solúvel em solventes polares como álcoois, ésteres e

cetonas.

A permeabilidade à água do PEBD é baixa quando comparada a de

outros polímeros. A permeabilidade a compostos orgânicos polares como

álcool ou éster é muito mais baixa do que aos compostos orgânicos apolares

como heptano ou éter dietílico.

Aplicações

O PEBD pode ser processado por extrusão, moldagem por sopro e

moldagem por injeção. Assim sendo, é aplicado como filmes para embalagens

industriais e agrícolas, filmes destinados a embalagens de alimentos líquidos e

sólidos, filmes laminados e plastificados para alimentos, embalagens para

produtos farmacêuticos e hospitalares, brinquedos e utilidades domésticas,

revestimento de fios e cabos, tubos e mangueiras.

- Polietileno de alta densidade (PEAD ou HDPE)

Aplicações do PEAD

A principal diferença entre o processo de polimerização de etileno sob

baixa pressão e o processo sob alta pressão está no tipo de sistema de

catalisador usado. Os catalisadores utilizados para polimerizar sob pressões

próximas à atmosférica foram descobertos por Ziegler e Natta, graças aos seus

estudos sobre compostos organo-metálicos, particularmente organo- lumínio. O

primeiro sistema catalítico, que forneceu resultados satisfatórios foi uma

combinação de trietil-alumínio e tetracloreto de titânio. Há processos que

empregam outros catalisadores, tais como: o processo Phillips, que utiliza

catalisador à base de óxido de cromo suportado em sílica ou alumina e o

processo da Standard Oil of Indiana, que utiliza óxido de níquel suportado em

carvão.

Sob a ação de catalisadores Ziegler-Natta, a polimerização se efetua

sob pressões de etileno na faixa de 10 a 15 atm e temperaturas na faixa de 20

a 80 ºC em meio de hidrocarbonetos parafínicos em presença de um composto

alquil-alumínio e um sal de Ni, Co, Zr ou Ti. Esses sistemas catalíticos são

ativos o suficiente para permitir que a reação ocorra, inclusive, à pressão

atmosférica e temperaturas inferiores a 100 °C. Nos processos industriais de

produção, a massa molar do polímero é controlada na faixa de 50.000 a

100.000 (Mn) por processo de transferência de cadeia, geralmente com

hidrogênio. O primeiro polietileno obtido à baixa pressão foi preparado por Max

Fischer em 1934 pela ação de Al e TiCl4.

No processo Phillips, a polimerização se realiza a baixas pressões, em

torno de 50 atm, e temperaturas brandas (inferiores a 100 °C). Nesse processo,

é empregado um catalisador suportado em alumina constituído de óxido de

cromo, ativado por uma base.

Comparado com o polietileno obtido com catalisadores Ziegler-Natta, o

produto é menos ramificado e tem por isso maior densidade devido à mais alta

cristalinidade.

O polietileno linear é altamente cristalino (acima de 90%), pois apresenta

um baixo teor de ramificações.

Esse polímero contém menos que uma cadeia lateral por 200 átomos de

carbono da cadeia principal (Figura 2), sua temperatura de fusão é

aproximadamente 132 °C e sua densidade está entre 0 ,95 e 0,97 g/cm³. A

massa molar numérica média fica na faixa de 50.000 a 250.000.

Estudos comparativos entre a estrutura cristalina lamelar dos polietilenos

de alta e baixa densidades confirmam que as cadeias do PEAD são dobradas e

os segmentos entre as dobras contêm cerca de 100 átomos de carbono,

enquanto que no PEBD, as cadeias são estendidas, com segmentos de cerca

de 73 átomos de carbono na zona cristalina, ligados às zonas amorfas, as

quais contêm dobras longas e terminais de cadeia.

Propriedades

A linearidade das cadeias e conseqüentemente maior densidade do

PEAD fazem com que a orientação, o alinhamento e o empacotamento das

cadeias sejam mais eficientes; as forças intermoleculares (Van der Waals)

possam agir mais intensamente, e, como conseqüência, a cristalinidade seja

maior que no caso do PEBD. Sendo maior a cristalinidade, a fusão poderá

ocorrer em temperatura mais alta.

Devido à cristalinidade e à diferença de índice de refração entre as fases

amorfa e cristalina, filmes de PEAD (obtido via catalisadores Ziegler-Natta ou

Phillips) finos são translúcidos, menos transparentes do que o PEBD (obtido via

radicais livres), que é menos cristalino.

As características mecânicas e elétricas do polietileno de alta densidade

são apresentadas na Tabela 2. Enquanto as propriedades elétricas são pouco

afetadas pela densidade e massa molar do polímero, as propriedades

mecânicas sofrem uma forte influência da massa molar, do teor de

ramificações, da estrutura morfológica e da orientação.

A massa molar tem influência sobre as propriedades do PEAD,

principalmente devido ao seu efeito na cinética de cristalização, cristalinidade

final e ao caráter morfológico da amostra. O efeito da massa molar depende de

sua extensão. O PEAD de baixa massa molar é frágil e quebra sob baixas

deformações, sem desenvolver “pescoço” (neck) no ensaio de tração. Na faixa

de massa molar entre 80.000 e 1.200.000 g/mol, típica para PEAD comercial,

sempre ocorre formação de “pescoço”. Além disso, a massa molar também

exerce influência sobre a resistência ao impacto. Amostras com baixa massa

molar são frágeis, porém com o aumento da massa molar, a resistência ao

impacto aumenta e é bastante alta para o PEAD com massa molar na faixa de

5 x 105 a 106 g/mol.

Um aumento no teor de ramificações reduz a cristalinidade e é

acompanhado por variação significativa das características mecânicas, uma

vez que causa um aumento no alongamento na ruptura e uma redução da

resistência à tração.

Os efeitos combinados da massa molar e das ramificações sobre as

características mecânicas são mostrados na Tabela 3 para PEAD altamente

linear obtido com catalisadores suportados, PEAD obtido por catalisador de

Ziegler-Natta e um PEBD típico.

Essas características originam-se das diferenças no teor e na natureza

das ramificações.

A orientação das cadeias poliméricas exerce um forte efeito sobre as

propriedades mecânicas do polímero. Materiais fabricados com PEAD

altamente orientado são aproximadamente dez vezes mais resistentes do que

os fabricados a partir do polímero não orientado, pois a orientação aumenta o

empacotamento das cadeias e conseqüentemente aumenta a rigidez do

polímero. Em geral, o PEAD, exibe baixa reatividade química.

As regiões mais reativas das moléculas de PEAD são as duplas ligações

finais e as ligações CH terciárias em ramificações. PEAD é estável em

soluções alcalinas de qualquer concentração e em soluções salinas,

independente do pH, incluindo agentes oxidantes como KMnO4 e K2Cr2O7; não

reage com ácidos orgânicos, HCl ou HF. Soluções concentradas de H2SO4 (>

70%) sob elevadas temperaturas reagem vagarosamente com PEAD,

produzindo sulfoderivados.

À temperatura ambiente, PEAD não é solúvel em nenhum solvente

conhecido, apesar de muitos solventes, como xileno, por exemplo, causarem

um efeito de inchamento. Sob altas temperaturas, PEAD se dissolve em alguns

hidrocarbonetos alifáticos e aromáticos.

O PEAD é relativamente resistente ao calor. Processos químicos sob

alta temperatura, em meio inerte ou no vácuo, resultam em ruptura e formação

de ligações cruzadas nas cadeias poliméricas. Sob elevadas temperaturas, o

oxigênio ataca a macromolécula, reduzindo a sua massa molar. Sob baixas

temperaturas, pode ocorrer degradação foto-oxidativa (especialmente com luz

de λ �< 400 nm). O PEAD é ligeiramente permeável a compostos orgânicos,

tanto em fase líquida como gasosa. A permeabilidade à água e gases

inorgânicos é baixa. É menos permeável a gases (CO2, O2, N2) do que o

PEBD.

Aplicações

O PEAD é utilizado em diferentes segmentos da indústria de

transformação de plásticos, abrangendo os processamentos de moldagem por

sopro, extrusão e moldagem por injeção.

Pelo processo de injeção, o PEAD é utilizado para a confecção de

baldes e bacias, bandejas para pintura, banheiras infantis, brinquedos, conta-

gotas para bebidas, jarros d’água, potes para alimentos, assentos sanitários,

bandejas, tampas para garrafas e potes, engradados, bóias para raias de

piscina, caixas d’água, entre outros. Enquanto que pelo processo de sopro,

destaca-se a utilização na confecção de bombonas, tanques e tambores de 60

a 250 litros, onde são exigidas principalmente resistência à queda, ao

empilhamento e a produtos químicos, frascos e bombonas de 1 a 60 litros,

onde são embalados produtos que requeiram alta resistência ao fissuramento

sob tensão. Também é utilizado na confecção de frascos que requeiram

resistência ao fendilhamento por tensão ambiental, como: embalagens para

detergentes, cosméticos e defensivos agrícolas, tanques para fluido de freio e

outros utilizados em veículos e na confecção de peças onde é exigido um

produto atóxico, como brinquedos. Por extrusão, é aplicado em isolamento de

fios telefônicos, sacos para congelados, revestimento de tubulações metálicas,

polidutos, tubos para redes de saneamento e de distribuição de gás, emissários

de efluentes sanitários e químicos, dutos para mineração e dragagem,

barbantes de costura, redes para embalagem de frutas, fitas decorativas, sacos

para lixo e sacolas de supermercados.

Algumas indústrias brasileiras já estão explorando um novo nicho do

mercado, um tipo (grade) específico de polietileno de alta densidade para

moldagem por sopro de tanques de combustível e outro para “containeres” de

mil litros.

O PEAD e o PEBD têm muitas aplicações em comum, mas em geral, o

PEAD é mais duro e resistente e o PEBD é mais flexível e transparente. Um

exemplo da relação de dureza e flexibilidade está no fato de que o PEAD é

utilizado na fabricação de tampas com rosca (rígidas) e o PEBD na de tampas

sem rosca (flexíveis). A Tabela 4 faz uma comparação entre as principais

características do PEAD e do PEBD.

- Polietileno Linear de baixa densidade (PELBD ou L LDPE)

Aplicações do PELBD

Resinas de PELBD contendo diferentes α-olefinas, como 1-buteno, 1-

hexeno ou 1-octeno, incorporadas na cadeia polimérica têm sido produzidas

tanto em nível acadêmico como comercial. Uma variedade de catalisadores de

metal de transição tem sido usada sob pressão de 145 MPa (21.000 psi) e

temperatura de até 200 °C, com solvente do tipo hid rocarboneto em reatores

de diferentes tipos. Nas polimerizações catalisadas por metais de transição a

baixas pressões e temperaturas, a polimerização ocorre pelo mecanismo de

coordenação aniônica. A propagação se dá por coordenação e inserção do

monômero na ligação metal de transição-carbono. Essas ligações podem ser

geradas por alquilação de um composto de metal de transição usando um

alquil-alumínio. A redução do catalisador CrO3/SiO2 por uma olefina pode

também fornecer sítios para polimerização.

Compostos de metal de transição, mesmo os de baixo número de

oxidação, ou seja, TiCl2, são capazes de atuar como catalisadores.

A massa molar pode ser controlada pela temperatura da reação e pela

concentração de agente de transferência de cadeia. Hidrogênio tem sido o

mais empregado por ser um agente de transferência de cadeia altamente

efetivo com uma grande variedade de catalisadores. O tipo de catalisador

empregado na polimerização tem um efeito significativo sobre a distribuição

das ramificações de cadeias curtas. Essa distribuição é função da estrutura e

dos centros ativos do catalisador, além das condições de polimerização.

Toda molécula de monômero que é inserida na cadeia polimérica sofre a

influência do catalisador. Geralmente, catalisadores metalocênicos fornecem

uma distribuição de ramificações curtas mais homogênea do que os

catalisadores de Ziegler –Natta.

Polietileno linear de baixa densidade (PELBD) é um copolímero de

etileno com uma α-olefina (propeno, 1-buteno, 1-hexeno ou 1-octeno). O

PELDB apresenta estrutura molecular de cadeias lineares com ramificações

curtas (Figura 3) e distribuição de massa molar estreita quando comparada

com a do polietileno de baixa densidade (PEBD).

A microestrutura da cadeia dos copolímeros de etileno/α-olefinas

depende do tipo e da distribuição do comonômero usado, do teor de

ramificações e da massa molar dos polímeros. Esses parâmetros influenciam

as propriedades físicas do produto final, pois atuam diretamente na

cristalinidade e na morfologia semicristalina .

A Tabela 5 apresenta três tipos de polietilenos e mostra como as

ramificações têm um papel importante na determinação das propriedades.

Propriedades

As ramificações de cadeia curta têm influência, tanto no PELBD como no

PEBD, sobre a morfologia e algumas propriedades físicas tais como, rigidez,

densidade, dureza e resistência à tração. Isso ocorre porque a estrutura

ramificada de algumas regiões das moléculas impede um arranjo perfeitamente

ordenado das cadeias. Já as ramificações de cadeia longa presentes no PEBD

apresentam um efeito mais pronunciado sobre a reologia do fundido devido à

redução do tamanho molecular e ao aumento dos entrelaçamentos.

Comparando-se o polietileno linear de baixa densidade com o polietileno

de baixa densidade verifica-se que como uma conseqüência do baixo teor de

ramificações curtas e da ausência de ramificações longas, o PELBD é mais

cristalino.

Todo et al. estudaram as diferenças nas probabilidades de inclusão das

ramificações nos cristais lamelares para vários PELBD. Os resultados

indicaram que a probabilidade de inclusão de ramificações etila no cristal é

duas vezes maior do que a de n-butila e, por isso, os graus de perfeição dos

cristais são diferentes.

Por essa razão, as ramificações de cadeias curtas controlam

efetivamente a cristalinidade dos polímeros e a morfologia dos cristais. Com

cadeias lineares de baixo grau de ramificações curtas, o PELBD cristaliza em

lamelas mais ordenadas e mais espessas do que o PEBD. Conseqüentemente,

o PELBD apresenta melhores propriedades mecânicas e maior temperatura de

fusão.

A maior resistência ao cisalhamento e a maior susceptibilidade à fratura

do fundido fazem com que o processamento do PELBD seja mais difícil em

comparação com o do PEBD. No entanto, as ótimas propriedades mecânicas

de filmes de PELBD (Tabela 6), aliadas às suas boas características ópticas,

mostram que vale a pena tentar vencer as dificuldades encontradas no

processamento desse polímero.

As propriedades de filmes de PELBD são atribuídas a sua linearidade e

cristalinidade. A estrutura molecular do PELBD é essencialmente linear devido

ao tipo de catalisador usado. Sua cristalinidade, embora muito menor que a do

PEAD, é maior do que a do PEBD. Essa maior cristalinidade em adição à

linearidade das cadeias poliméricas, afeta positivamente as propriedades

mecânicas dos filmes sem causar decréscimo em suas características ópticas.

Comparado ao PEAD, o PELBD apresenta resistência à tração e dureza

mais baixas, conforme aumenta o teor de ramificações, e exibe maior

resistência ao impacto e ao rasgamento (filmes).

Aplicações

O PELBD é um termoplástico com elevada capacidade de selagem a

quente, sendo muito utilizado em embalagens de gêneros de primeira

necessidade, substituindo o PEBD em várias aplicações.

É utilizado em filmes para uso industrial, fraldas descartáveis e

absorventes, lonas em geral, brinquedos, artigos farmacêuticos e hospitalares,

revestimento de fios e cabos.

A extrusão de filmes tubulares fornece materiais para embalagem de

aves e de pão. Em misturas com PEAD ou com PEBD, o PELBD é utilizado em

sacaria industrial, embalagem para ração animal e filme agrícola. A extrusão de

filmes planos fornece produtos para serem utilizados em plástico bolha[16].

A Politeno produz um PELBD pelo processo em solução, para

moldagem por injeção, que apresenta fluidez e flexibilidade boas. É utilizado

para injeção de tampas para utilidades domésticas, recipientes, artigos flexíveis

e peças de uso geral.

- Polietileno de ultra alta massa molar (PEUAPM ou UHMWPE)

Aplicações do PELBD

O processo de polimerização do PEUAPM emprega um catalisador

Ziegler-Natta similar ao utilizado para o PEAD convencional. O processo pode

ser em batelada ou contínuo. A maioria dos PEUAPM é produzida pelo

processo em lama, porém tanto a polimerização em solução quanto em massa

são aplicáveis.

O polímero é obtido como um pó fino que pode ser extrusado ou

moldado por compressão. A polimerização é efetuada em uma ou mais etapas,

utilizando-se um solvente inerte tipo hidrocarboneto, como isobutano, pentano

ou hexano. A pressão utilizada fica entre a pressão atmosférica e 30 kgf/cm² e

a temperatura de polimerização não ultrapassa 200 °C.

O sistema catalítico empregado é um catalisador sólido, constituído por

um composto de magnésio e um composto de titânio e utiliza como co-

catalisador um trialquilalumínio.

Em relação à estrutura química, o PEUAPM e o PEAD são muito

parecidos, sendo ambos polímeros de cadeia essencialmente linear. A massa

molar do PEAD raramente ultrapassa 500.000, enquanto que, o PEUAPM

atinge valores de massa molar viscosimétrica médio em torno de 3x106 (ASTM

D 4020).

Propriedades

O PEUAPM é um polietileno de alta densidade (0,93-0,94 g/cm³), branco

e opaco, com uma temperatura de transição vítrea (Tg) que varia entre –100 °C

e –125 °C e uma temperatura de fusão (Tm) de 135 °C , com cristalinidade em

torno de 45%.

Estudos constataram que um aumento na massa molar produz

melhorias nas propriedades físicas do polímero. A longa cadeia molecular, a

alta densidade e a ausência de ramificações em sua estrutura conferem ao

PEUAPM propriedades, tais como: resistência à abrasão maior que a dos

outros termoplásticos, boa resistência à corrosão, alta resistência à fadiga

cíclica, alta resistência à fratura por impacto, alta resistência ao

tensofissuramento, alta resistência química, alta dureza e baixo coeficiente de

atrito. A Tabela 7 apresenta uma comparação entre as propriedades do

PEUAPM e dos outros polietilenos. O PEUAPM é muito resistente a uma ampla

gama de produtos químicos (ácidos, álcalis, solventes, combustíveis,

detergentes e oxidantes). Esse material polimérico é quase totalmente inerte, o

que faz com que seja indicado para uso em praticamente todos os tipos de

ambientes agressivos ou corrosivos sob temperaturas moderadas. Mesmo em

temperaturas elevadas, só é atacado por solventes aromáticos ou halogenados

e por oxidantes fortes, como ácido nítrico. Assim como a maioria dos polímeros

sintéticos, é sujeito a reações de degradação induzida por radiação ultravioleta

e oxigênio. O material degradado mostra alterações no aspecto visual,

aumento de densidade, e redução da resistência à abrasão, da resistência ao

impacto e das propriedades de tração.

Aplicações

A massa molar extremamente elevada do PEUAPM proporciona a esse

polímero uma viscosidade no estado fundido tão alta que seu índice de fluidez,

medido a 190 °C com uma carga de 21,6 kg, se aproxi ma de zero. Assim, não

é possível processá-lo por métodos convencionais de injeção, sopro ou

extrusão. O método empregado é o de moldagem por compressão ou

variações dele como prensagem e extrusão por pistão. Nos dois casos são

obtidos produtos semi-acabados em forma de chapas ou tarugos para

acabamento posterior por usinagem.

O PEUAPM pode ser empregado em uma ampla gama de aplicações

industriais quando a temperatura de trabalho não excede 80 °C. As

características de resistência à abrasão, ao impacto e a produtos químicos,

autolubrificação, baixo coeficiente de atrito, absorção de ruídos e outras já

mencionadas, tornam o PEAUPM particularmente adequado para uso em

aplicações diversificadas:

• Mineração: revestimentos, misturadores, raspadores, mancais e tubos.

• Indústria Química: tubos, bombas, válvulas, filtros, gaxetas,

misturadores, revestimentos de tanques metálicos e de concreto.

• Indústria Alimentícia e Bebidas: guias para linhas de embalagem,

transportadores, roletes, bicos de enchimento, bombas e cepos de corte.

• Papel e Celulose: tampas de caixa de sucção, réguas e perfis.

• Indústria Têxtil: tacos, guias, mancais e redutores de ruído.

• Outras aplicações: galvanoplastia, transportadores industriais, artigos

esportivos, ortopédicos e cirúrgicos.

- Polietileno de ultra baixa densidade (PEUBD ou UL DPE)

Desde o início das pesquisas sobre a síntese de polietilenos com

catalisadores Ziegler-Natta, existe o desejo de se criar progressivamente

materiais, com densidades mais baixas, por copolimerização. Entre o final de

1993 e início de 1994, foram lançados no mercado mundial diferentes tipos de

resinas poliolefínicas sintetizadas com catalisadores metalocênicos. Dentre

esses tipos, os copolímeros de etileno e 1-octeno, com teores acima de 20%

em massa de comonômero, apresentam propriedades que os distingüem dos

materiais elastoméricos convencionais devido à presença de ramificações

longas e ao alto teor de 1-octeno incorporado. Tais características tornam a

densidade do material muito baixa e, em conseqüência, melhoram a reologia

do fundido, elevam as propriedades físicas, reduzem o módulo, aumentam a

resistência ao impacto, aumentam a transparência e facilitam o processamento.

O PEUBD é o mais novo membro da família do polietileno. O tipo de

comonômero, ou seja, o comprimento das ramificações e o teor de

comonômero determinam as propriedades do produto. É um polietileno com

densidade aproximadamente igual a 0,865 g/cm³ e oferece maior resistência,

mais flexibilidade e melhores propriedades ópticas em relação ao PELBD. Os

catalisadores metalocênicos apresentam alta capacidade de incorporação de

comonômeros α-olefínicos na cadeia polimérica, quando empregados em

copolimerização. Devido a esse comportamento, os metalocenos dão origem a

homopolímeros de etileno contendo ramificações longas, geradas a partir da

incorporação de cadeias polietilênicas já terminadas.

A presença dessas ramificações tem sido considerada a razão da boa

processabilidade dos copolímeros de etileno-1-octeno produzido pela Dow

Chemical.

A Figura 4 mostra a influência do teor de comonômero dos polímeros

Affinity, produzidos pela Dow Chemical, sobre as suas propriedades

mecânicas.

Kim et al. caracterizaram duas séries de PEUBD e constataram que a

distribuição de massa molar do mesmo é mais estreita quando comparada a do

PEAD (comercial) e o calor de fusão para o PEUBD é menor que o do PEBD

(comercial).

Aplicações

O principal uso do PEUBD é como resina modificadora, principalmente

para polietileno de alta (PEAD) e baixa (PEBD) densidades e polipropileno

(PP). A adição de PEUBD aos polietilenos e ao PP melhora a resistência ao

impacto, a flexibilidade e a resistência ao rasgamento desses polímeros.

A Dow Chemical produz resinas de polietileno de ultra baixa densidade

(ATTANE) que oferecem maior resistência e flexibilidade a baixa temperatura.

Estas resinas são ideais para produzir filmes para embalagens de líquidos, pois

além de evitar infiltrações e derramamentos, a embalagem apresenta alta

resistência ao rasgo. O processamento de filmes planos é feito por sopro ou

extrusão.

Catalisadores utilizados nas polimerizações de etil eno

A diversidade de polietilenos, em grande parte, se deve à utilização de

diferentes sistemas catalíticos (Figura 5). Assim, é válido ressaltar algumas

diferenças e algumas características desses catalisadores. No início, o único

polietileno produzido comercialmente era um polímero altamente ramificado,

produzido via radicais livres e cujo processo necessitava de altas pressões.

Essas pressões elevadas produziam um polímero caro, e por isso,

pouco disponível comercialmente.

Com o advento dos catalisadores Ziegler-Natta, o polímero foi produzido

sob menores pressões e se apresentou bem menos ramificado. Em função

disso, esse polietileno apresentou maior ponto de fusão do que o produzido

sob altas pressões e isso o tornou mais usado comercialmente. Apesar de os

sistemas Ziegler-Natta serem utilizados com grande sucesso para produção de

poliolefinas em escala comercial, alguns problemas e questões fundamentais

não foram ainda solucionados.

Como os catalisadores são heterogêneos, poucas são as formas de se

analisar detalhadamente os comportamentos químico e físico do sistema. Além

disso, os catalisadores possuem sítios ativos diferentes, com diferentes

estruturas e reatividades, que não são completamente caracterizados.

Recentemente, têm sido desenvolvidos sistemas homogêneos que,

apesar de não possuírem estruturas mais simples ou melhor caracterizadas do

que os sistemas heterogêneos, oferecem a grande vantagem de atuar em

solução. Os metalocenos são considerados o mais importante desenvolvimento

em tecnologia de catalisadores desde a descoberta dos sistemas Ziegler-

Natta. A principal razão para a intensa atividade nessa área é que, comparada

à tecnologia Ziegler-Natta convencional, os metalocenos oferecem algumas

vantagens significativas de processo: são mais econômicos e mais eficientes,

ou seja, são mais ativos e mais específicos, produzindo assim polímeros com

propriedades especiais.

A superioridade dos catalisadores à base de metalocenos está

associada à sua capacidade de atuar no controle da microestrutura do polímero

obtido, em especial com relação à distribuição da massa molar, ao tamanho

das ramificações e à incorporação de comonômero (teor e distribuição

composicional) para a produção de copolímeros.

Na verdade, esses sistemas solúveis são considerados catalisadores de

sítio único, ou seja, os sítios ativos são equivalentes em reatividade. Essas

características permitem o maior controle das propriedades físicas do produto

final. Uma distribuição de peso molecular (MWD) mais larga propicia um

aumento na tenacidade e um aumento na resistência ao impacto.

Polipropileno (PP) Empresa Polibrasil (CD de informações)

O polipropileno é um polímero sintetizado a partir do gás propeno e

pertence à classe das poliolefinas que inclui os polietilenos. É um polímero

semicristalino (com 50 a 60% de cristalinidade) e de cadeias essencialmente

lineares. Comparado aos polietilenos, o polipropileno possui densidade mais

baixa, maior rigidez e dureza, melhor resistência à deformação, assim como

mantém sua estabilidade dimensional a temperaturas mais elevadas.

Como todas as resinas termoplásticas, o polipropileno possui

características especiais. Essas características não só determinam as

propriedades finais do polipropileno, como também suas ótimas condições de

processamento. A tabela 1 resume as principais propriedades do polipropileno

Tabela 1: Propriedades diversas

Propriedade Unidade Método Valor

Densidade a 23ºC

Densidade a 175ºC g/cm3 ASTM D-1505

0,905

0,760

Densidade aparente g/cm3 ASTM D-1505 0,5

Contração na moldagem * % ASTM D-955 1-2

Absorção de água

(24 horas/ 3,175mm de

espessura)

% ASTM D-270 0,01-0,03

Faixa de fusão ºC ASTM D-3418 160-175

Calor específico (23ºC) kJ/kgºC - 1,77

Condutividade térmica a

25ºC W/mºC ASTM C-177 0,12-0,25

de 0 a 60ºC

de 60 a100ºC

Coeficiente linear de expansão térmica de 100 a 140º

(ºC)-1 ASTM D-696

100 x 10-6

150 x 10-6

210 x 10-6

Constante dielétrica

de 20 a 80ºC

de 102 a 106Hz

- ASTM D-150 2,2

Resistência dielétrica de 20

a 80ºC

(3,175mm de espessura)

kV/mm ASTM D-149

> 20 (curta

duração)

18 (cíclica)

Resistividade volumétrica,

23ºC Ohm.cm ASTM D-257 > 1016

Fator de dissipação (tan )

de 102 a 106Hz - ASTM D-150 < 0,2 X 10-3

* Nota: a contração na moldagem é normalmente de 1,5 a 1,8%, mas esses valores são

influenciados pela espessura da peça, pelo desenho do molde, por condições de

processamento, pelo índice de fluidez do polímero, pelos pigmentos utilizados, pelo

tempo de resfriamento e pela temperatura do molde.

- Densidade

O polipropileno é a resina de menor densidade (0,9g/cm³) entre os

termoplásticos mais comuns. Portanto, uma peça moldada em polipropileno

será mais leve, de forma que um maior número de peças pode ser produzido

com uma mesma massa de matéria-prima.

- Resistência química

O Polipropileno é altamente resistente a solventes e produtos químicos.

Com poucas exceções, produtos químicos inorgânicos produzem pouco ou

nenhum efeito sobre ele durante um período de 6 meses, sob temperaturas de

até 121ºC. Para maiores informações, devem ser consultados dados de

compatibilidade e resistência química a solvente.

- Resistência à fissura ambiental (stress-cracking)

O Polipropileno tem uma excelente resistência à fissura ambiental. A

fragilização que ocorre em outros plásticos na presença de óleos, detergentes

e outros agentes de stress-cracking, não ocorre com essa resina. De forma

geral, podemos dizer que somente agentes altamente oxidantes produzem

stress-cracking no Polipropileno.

- Resistência à temperatura

A temperatura de fusão cristalina de Polipropileno homopolímero é

relativamente alta (167ºC), o que permite seu uso contínuo em temperaturas de

até 100ºC.

- Resistência à luz

Assim como outros polímeros olefínicos, o polipropileno, em seu estado

natural (não aditivado com estabilizantes às radiações ultravioleta - UV),

também possui resistência limitada à degradação pela luz solar direta, quando

exposto continuamente à intempérie. A adição de estabilizantes contra a

radiação ultravioleta reduz os efeitos de degradação do polímero. A

degradação leva a uma perda significativa das propriedades mecânicas como

resistência à tração, alongamento e resistência ao impacto.

A degradação do polímero tem início com a ação energética da radiação

UV. Para aumentar a resistência do polipropileno a esse tipo de radiação,

podem ser incorporados aditivos estabilizantes ou pigmentos. O aumento da

resistência à radiação UV vai depender da concentração e do tipo de

estabilizante utilizado.

- Inflamabilidade

O polipropileno, como a maioria dos materiais orgânicos, é combustível

em contato com o fogo e se queima sustentando uma chama de baixa

luminosidade. Se a fonte de ignição for retirada, continua a se queimar com a

fusão do material, formando gotas incandescentes. Entretanto, pode tornar-se

auto-extinguível com a incorporação de aditivos especiais. Tanto o tipo de

aditivo quanto a técnica de ativação devem ser selecionados com cuidado,

levando-se em consideração o desempenho necessário do produto final.

No estado natural, o polipropileno tem sua temperatura de auto-ignição

(ASTM 1929-91) ao redor de 380ºC, e a temperatura de ignição em contato

com uma fonte é de 350ºC. Entretanto, sua velocidade de queima horizontal é

baixa: 18 a 25mm/min (chapas de 3mm de espessura), de acordo com a ASTM

D-635. A classificação UL 94 do PP Polibrasil® é de HB.

O Polipropileno é um termoplástico amplamente utilizado devido às suas

características de versatilidade e compatibilidade com as diversas técnicas de

processamento. Este Guia de Referência Rápida tem o objetivo de fornecer

informações básicas dos produtos fornecidos pela Suzano Petroquímica.

A Suzano Petroquímica possui três unidades produtoras,

estrategicamente localizadas, com capacidade de produção de 685 mil t/ano, e

fornece mais de 60 tipos de produto com diferentes propriedades, tornando-os

úteis para as aplicações em filmes, embalagens rígidas, fibras, peças injetadas,

sacos de ráfia, termoformados, etc. A Unidade Spheripol de Mauá - SP é a

maior e mais moderna linha de produção de Polipropileno do mundo. Devido às

suas características próprias, produz homopolímeros, copolímeros randômicos

e copolímeros heterofásicos de alto desempenho, tanto em processamento

quanto em propriedades finais.

Como outros termoplásticos, o Polipropileno tem características próprias

que não só afetam as propriedades do produto final como determinam as

condições ótimas de processamento.

Escolha do tipo de polipropileno

Para selecionar o tipo de Polipropileno mais adequado para uma

determinada aplicação, é necessário considerar os seguintes requisitos:

• Processamento • Características estéticas • Desempenho final • Aditivação

Os vários tipos de Polipropileno oferecem diferentes combinações entre

rigidez, transparência e resistência ao impacto, viabilizando seu uso em

inúmeras aplicações no mercado. A tabela a seguir resume as principais

características dos tipos de Polipropileno.

Características Homopolímero Copolímero Randômico

Copolímero heterofásico

Transparência Média Sim Não

Resistência ao Impacto Não Média Sim

Resistência Alta Temperatura Sim Não Média

Para a maioria das aplicações, a escolha por uma dessas características

pode determinar o tipo de Polipropileno a ser utilizado. Uma vez definido, as

demais características da aplicação, devem ser usadas para determinar o tipo

mais adequado para a aplicação. Uma característica de suma importância para

os três tipos de produto é o índice de fluidez, que determina a processabilidade

e as propriedades finais. No caso específico de injeção, um tipo de alto índice

de fluidez poderá permitir ciclo menor de processamento, porém com possível

comprometimento da resistência mecânica na peça projetada.

Filmes Não-orientados

Aplicações do PP não orientado

Os filmes não-orientados destinam-se principalmente à fabricação de

embalagens flexíveis que necessitam de boa resistência ao impacto, barreira

aos gases (principalmente vapor de água) e resistência térmica, sendo

utilizados também para a produção de filmes laminados.

Os filmes não-orientados são produzidos por extrusão segundo dois

processos principais - tubular e plano . Ambos não apresentam quaisquer

dificuldades quando são utilizados equipamentos apropriados para

polipropileno. Após a extrusão, o filme é submetido a um choque térmico

(banho de água fria ou contato direto com cilindros resfriados), objetivando,

com isso, cristalizar rapidamente o polipropileno e conferir transparência e

brilho elevados ao filme.

Polipropileno Orientado

Aplicações do PP Orientado

Filmes Biorientados (BOPP)

Os filmes biorientados (BOPP) têm alcançado uma penetração bastante

significativa nos mercados do mundo inteiro, principalmente por substituírem

com vantagens os filmes de celulose (celofane) como material de embalagem.

Eles diferem dos filmes não-orientados porque sofrem uma orientação adicional

das moléculas em ambos os sentidos (longitudinal e transversal) durante o

processamento.

O desenvolvimento contínuo dos processos de biorientação e o de

novos tipos de resina para filmes colaboram decisivamente para aumentar a

variedade de produtos, inclusive a produção de filmes laminados e metalizados

para fitas adesivas e usos elétricos.

A produção dos filmes biorientados de PP Polibrasil®, assim como a de

não-orientados, realiza-se por dois processos básicos: o processo plano e o

processo tubular . Ambos podem dar origem a filmes de uma só camada ou a

filmes coextrudados. Cada um tem características técnicas específicas; porém,

de forma geral, em ambos os casos, o processo de fabricação se desenvolve

de acordo com as seguintes etapas:

a) extrusão e resfriamento - a estrutura cristalina do polímero no filme é determinada pela velocidade de resfriamento e influencia as propriedades gerais do filme após a orientação;

b) orientação ou estiramento - é a fase principal do processo, durante a qual o tubo, ou a chapa, é estirado nas direções longitudinal e transversal, conferindo ao produto excelentes características ópticas, mecânicas e de barreira;

c) relaxamento ou normalização - ocorre normalmente dentro da estufa horizontal em que passa o filme, que é reaquecido a uma determinada temperatura, produzindo, de forma controlada, uma ligeira contração e a estabilização do material. Nessa etapa, ocorre o relaxamento de tensões internas decorrentes da orientação;

d) tratamento superficial - o filme atravessa uma região submetida a descarga elétrica (tratamento Corona) ou chama, de modo a tornar sua superfície receptiva a tintas de impressão ou adesivos;

e) embobinamento - é a etapa final do processo e se realiza sob tensão controlada. A bobina resultante poderá ser armazenada para sofrer relaxamento e estabilização posteriores, antes de sofrer operações subseqüentes.

- Processo plano ( tenter )

Nesse processo, o filme é extrudado através de uma matriz plana, sendo

logo depois resfriado em condições controladas para obter a estrutura cristalina

necessária à orientação.

No processo plano convencional , o filme é orientado em duas etapas:

na primeira, o filme é reaquecido em contato com um grupo de cilindros, nos

quais a película sofre um estiramento longitudinal de aproximadamente cinco

vezes o comprimento inicial, que ocorre devido à diferença de velocidade entre

uma unidade e outra. A etapa seguinte é a passagem do filme em estufa com

ar quente circulante, fechada hermeticamente, na qual duas linhas divergentes

de garras prendem as bordas laterais do filme que se afastam lateralmente ao

avançarem, estirando a película no seu sentido transversal, aumentando sua

largura em cerca de oito a dez vezes a medida inicial (Animação do quadro 14)

No processo plano de estiramento simultâneo , o filme é estirado nos

dois sentidos em um único estágio. Isso ocorre dentro de uma estufa com ar

circulante, na qual garras prendem as bordas do filme que se deslocam

lateralmente e se aceleram longitudinalmente até atingir a velocidade final,

provocando o estiramento simultâneo. Devido à grande flexibilidade nas

relações de estiramento que esse processo permite, podem-se obter filmes

com características distintas daquelas obtidas pelo processo convencional de

duas etapas, inclusive filmes com resistência mecânica balanceada nos dois

sentidos, próxima à dos filmes biorientados pelo processo tubular (double

bubble).

Em ambos os processos, no final do percurso e ainda dentro da estufa, a

tensão de estiramento é aliviada ligeiramente, permitindo ao filme uma

pequena contração, reduzindo as tensões residuais. Na saída da estufa, um

conjunto de facas refila a borda do filme, retirando a faixa que estava presa

pelas garras, portanto não sofreu estiramento e será reciclada posteriormente.

- Processo tubular ( double bubble )

Nesse processo, o filme é extrudado através de uma matriz circular,

dando origem a um tubo calibrado. Após ser submetido a um resfriamento com

água gelada, para obter a cristalização da resina, esse tubo é novamente

aquecido por insuflação de ar quente e, então, levado à estufa para receber a

orientação transversal. A orientação longitudinal é alcançada na passagem dos

rolos puxadores primários para os rolos secundários, que giram em

velocidades diferentes.

A etapa final do processo é a passagem do filme, novamente em estufa

com temperatura em torno de 160ºC, para eliminar as tensões residuais e fixar

a orientação.

Aplicações de PP em filmes para alimentos

Aplicações do PP na indústria têxtil

Antes do surgimento das fibras químicas, os produtos têxteis somente

podiam ser obtidos a partir dos diferentes tipos de fibras oferecidos pela

natureza.

Atualmente, as fibras químicas são utilizadas em todos os tipos de

produtos têxteis, ampliando o número de opções disponíveis e, sobretudo,

atendendo à demanda de propriedades não oferecidas pelo emprego exclusivo

das fibras naturais.

Quanto à origem, as fibras têxteis podem ser classificadas segundo

mostra o abaixo:

Fibras têxteis

Fibras naturais Fibras químicas

vegetais algodão linho juta rami sisal

animais

lã seda

minerais amianto

artificiais viscose acetato

sintéticas

polipropileno poliamida poliéster acrílico

A obtenção de resinas de polipropileno, com características de alta

fluidez, distribuição de peso molecular controlada e elevada cristalinidade, bem

como o aperfeiçoamento das técnicas de produção de fibras sintéticas criaram

novas oportunidades de aplicação em fios e fibras de polipropileno, ampliando

seu potencial de consumo.

No Brasil, a fibra de polipropileno já conquistou importante participação

no mercado de tapetes, carpetes, cordas, tecidos de revestimentos e não-

tecidos. Todavia, ainda apresenta um importante potencial a ser explorado.

Quanto às aplicações, os multifilamentos de PP Polibrasil® podem ser

subdivididos em fibras cortadas, utilizadas em nãotecidos e fios fiados, e em

filamentos contínuos lisos (CF) e texturizados (BCF), usados em tecelagem e

malharia, aplicações industriais e não-tecidos.

Principais aplicações das fibras cortadas

Nãotecidos agulhados Carpetes agulhados

Cobertores Filtros industriais

Geotêxteis

Fios fiados Tapetes e carpetes tipo tufting

Toalhas de mesa Artigos esportivos

Principais aplicações dos filamentos contínuos

lisos (CF) ou texturizados (BCF)

Malharia e tecelagem Tapetes e carpetes tipo tufting

Tecidos de decoração Estofamentos

Toalhas de mesa Artigos esportivos

Meias

Aplicações industriais Cordas trançadas e torcidas Cordões para decorações

Fios de costura Cintos de segurança

Redes de pesca

Principais aplicações dos nãotecidos consolidados termicamente

Descartáveis higiênicos, como fraldas e absorventes femininos Filtros industriais

Artigos hospitalares Revestimento de colchões

Ráfia

Ráfia de PP e suas aplicações

No campo das fibras químicas, convencionou-se chamar de ráfia a fitas

planas e estiradas, obtidas a partir da extrusão de um polímero, que são

utilizadas na fabricação de uma ampla gama de produtos têxteis e industriais.

A princípio, a ráfia de polipropileno foi adotada pela indústria de

cordoaria, em substituição às fibras naturais, como juta, sisal e similares. Logo

em seguida, porém, sua utilização foi estendida para confecções de sacos,

bases de tapetes, lonas etc.

Os produtos finais da utilização da ráfia de polipropileno se dividem em

dois grandes grupos a partir do tipo de transformação intermediária escolhida:

• tecido (convencional de tecelagem e malharia, estabilizado

dimensionalmente, laminado, fibrilado);

• corda ou cabo (torcido, trançado).

Aplicações principais da ráfia de polipropileno

Produto intermediário

Produto final Utilização

Sacaria Grãos (milho, arroz) Vegetais (batata, cebola) Farinha de trigo Congelados (carne, pescado) Sal Açúcar

Fardo Fibras têxteis

Container (acima de 1.000kg) Grãos

Tecido convencional

Tela Telas de aviários Estufas Coberturas agrícolas

Sacaria Fertilizantes Rações Produtos químicos

Lona Coberturas Tecido

laminado Container (acima de 1.000kg) Fertilizantes

Produtos químicos Cimento

Base de tapete Tapetes e carpetes fabricados pelo processo "tufting"

Tecido estabilizado

Geotêxteis Suportes de aterros Suportes de estradas Controle de erosão Drenagem

Lona Coberturas

Geotêxteis Mistura com concreto

Container (acima de 1.000kg) Diversos

Estofamentos Móveis de praia e campo

Grama sintética Campos esportivos Quadras de tênis

Tecido fibrilado

Confecção Bolsas e sacolas Tênis

Corda torcida

Barbantes Fios de costura Cabos navais

Diversos

Corda trançada

Cordéis Cordas de amarração

Diversos

Polietilenotereftalato (PET) (informações obtidas da internet)

Aplicações do PET Introdução

• Plástico da família do poliéster.

• Mero: ácido tereftálico ou tereftalato de dimetila e glicol etilênico .

• Principais propriedades:

o Boa resistência mecânica térmica e química ;

o Boas propriedades de barreira : absorção de oxigênio é de 10 a

20 vezes menor que nos plásticos “commodities”;

o Fácil reciclabilidade .

• Produção brasileira em 1998: 143.000 t.

• Trata-se de um polímero de engenharia que, graças ao contínuo

aperfeiçoamento de seu processo de fabricação e à enorme aceitação

na fabricação de garrafas de refrigerante, acabou mudando de status:

passou de plástico de engenharia para commodity.

• Aplicações:

o Como garrafas para bebidas carbonatadas, óleos vegetais,

produtos de limpeza, etc.;

o Na forma de fibras , sob marcas Tergal ® (ICI) ou Dracon ® (Du

Pont), apresentam excelente resistência mecânica e ao

amassamento, bem como lavagem e secagem rápida;

o Na forma de películas transparentes e altamente resistentes ,

sob marca Mylar ®, mas algo caras. São usadas em aplicações

nobres: isolamento de capacitores, películas cinematográficas,

fitas magnéticas, filmes e placas para radiografia;

o Resina para moldagem com reforço de 30% de fibra de vidro,

sob marca Rynite ® (Du Pont), usada na fabricação de carcaças

de bombas, carburadores, componentes elétricos de carros, etc.

- CARACTERÍSTICAS

As macromoléculas de PET puro (o chamado homopolímero)

constituem-se de repetições da molécula mais simples (mero) de tereftalato de

etileno . Nos polímeros comerciais, 130 a 155 repetições desse mero

constituem a macromolécula típica de PET.

O PET homopolímero cristaliza-se com facilidade, prejudicando a

transparência do polímero. Para se evitar esse problema as condições de

processamento têm de ser muito precisas, o que atrapalha a vida do

transformador. Por isso, o PET homopolímero não é muito usado. Prefere-se

usar copolímeros de PET , os quais se cristalizam mais lentamente, facilitando

as condições de transformação para se obter um produto com boa

transparência.

As macromoléculas dos copolímeros de PET contém outros meros além

do tereftalato de etileno. Ou seja: no homopolímero a macromolécula é

constituída pela repetição de um só mero (molécula simples), como se fosse

um trem constituído de vagões idênticos. Já no copolímero a macromolécula é

constituída pela repetição de mais de um mero, como se fosse um trem

constituído por mais de um tipo de vagão.

Alguns copolímeros de PET apresentam macromoléculas formadas pela

repetição de dois meros:

• ciclohexanodimetanol e ácido tereftálico;

• etilenoglicol e ácido isoftálico.

Eles estão distribuídos aleatóriamente ao longo da macromolécula,

dificultando a cristalização do polímero e favorecendo sua transparência. Este

tipo de copolímero é especialmente adequado para moldagem por injeção sob

curtos tempos de ciclo, como peças em geral, pré-formas, garrafas com

paredes espessas.

Outro copolímero, PETG, inclui um glicol modificado em suas

macromoléculas. Ele é amorfo (não-cristalino), quimicamente resistente e

altamente transparente. Seu processamento é fácil. Normalmente ele é

produzido na forma de chapas ou filmes extrudados, podendo ser

termoformados, serrados, furados e estampados. A moldagem por injeção e

extrusão mais sopro também são viáveis.

Produção de garrafas e frascos por extrusão de parison mai sopro

necessitam de resinas de PET com maior resistência mecânica do fundido

(maior tempo de escoamento, ou seja, maior melt flow index).

A produção de filmes e fitas de PET se faz através de extrusão

utilizando-se matrizes com fendas; o extrudado passa então por rolos que lhe

confere o formato final. Já a produção de fibras é feita através da extrusão do

polímero fundido, sendo obtidos filamentos muito finos através de sua

passagem por matrizes especiais (spinnerets). Esses filamentos são estirados,

torcidos, enredados e plissados para se formar a fibra.

Algumas designações para o PET:

• OPET: PET orientado, ou seja, que foi estirado antes do sopro da

garrafa. O estiramento promove maior grau de cristalização do polímero,

aumentando sua resistência mecânica e propriedades de barreira.

• APET: PET amorfo, ou seja, sem orientação e de baixa cristalinidade. É

menos resistente mecanicamente e apresenta propriedades de barreira

um pouco inferiores aos do OPET, muito embora sejam satisfatórias

para muitas aplicações. Por sua vez, apresenta alto brilho e

transparência. Uma vez que pode ser selado a quente, muitas vezes é

usado para a produção de bandejas termoformadas para alimentos.

• CPET: PET cristalino, que contém aditivos como iniciadores e

nucleadores de cristalitos. Como o nome já diz, apresenta alto grau de

cristalinidade; é opaco. Serve para a produção de bandejas para

alimentos termicamente estáveis, inertes, leves e reaquecíveis. Pode ir

do freezer ao forno sem sofrer perda de propriedades.

- EQUIPAMENTOS:

O PET é higroscópico , ou seja, absorve umidade: 0,03%. Normalmente

a resina tem de ser seca antes de ser transformada, devendo conter não mais

do que 0,01% de água. Logo, secadoras devem ser um equipamento de

grande demanda nos transformadores de PET.

Há diversos fabricantes de sopradoras para garrafas e outras peças

vazadas: Aoki, Sidel do Brasil, Krupp Korpoplast, Krones, Bekum e Nissei ABS,

entre outras.

As sopradoras podem ser de dois tipos:

• Um estágio (ciclo quente): a mesma máquina injeta a pré-forma, que é

soprada em seguida.

• Dois estágios (ciclo frio): a pré-forma é produzida numa injetora e soprada em outra máquina (sopradora). Destaque : algumas máquinas da Aoki dispensam a desumidificação

prévia da resina antes da moldagem da pré-forma por injeção, pois um sistema

de degasagem acoplado ao canhão da injetora extrai todos os gases da resina

fundida. Segundo a Aoki, este sistema permite ainda a adição de PET reciclado

à resina virgem.

Embora a rota clássica para produção de garrafas seja através do sopro

de pré-formas injetadas, elas também podem ser produzidas a partir da

extrusão de parison seguido de sopro posterior . Diversos tipos de

autopeças são feitos através da moldagem por injeção de PET. Neste caso, ele

é usado como plástico de engenharia, em função de suas propriedades

mecânicas excepcionais. Geralmente eles contém agentes de reforço (por

exemplo, fibras de vidro).

Filmes de PET também são produzidos por extrusão, usando-se matriz

com formato de fenda. Mas, certamente, o número de transformadores que

fazem esses produtos deve ser significativamente menor que os produtores de

garrafas.

As injetoras e extrusoras para PET devem ter sistemas de aquecimento

suficientemente potentes para fundir a resina (250-260oC). O formato da rosca

deve ser apropriado para a resina, em termos da evolução de seu diâmetro e

do passo da rosca ao longo do seu comprimento.

Esta resina, na sua versão amorfa (APET) ou de alta cristalinidade

(CPET), é muito utilizada na fabricação de bandejas termoformadas para

alimentos. Espumas de PET também podem ser consideradas para esta

aplicação, em função de seu baixo peso e alta resistência térmica.

A produção de fibras deve ser restrita a poucos fabricantes, em função

da complexidade do equipamento.

- ADITIVOS:

O PET normalmente não necessita de adições de plastificantes ou

outros aditivos para seu processamento. Mesmo nos casos onde ocorre o uso

de aditivos, a formulação é feita pelo próprio produtor da resina e não pelo

transformador, que já compra o produto pronto.

Contudo, há diversas versões com propriedades especiais que podem

conter:

• reforço com fibra de vidro ;

• idem, mais modificadores de impacto para tornar a resina

mais tenaz;

• idem, mais aditivos anti-chama ;

• idem, mais mica ;

• idem, mais resina reciclada ;

• reforço com fibras longas de vidro ;

• aditivos condutores de eletricidade (para que a resina

barre radiações eletromagnéticas) mais fibras de carbono para reforço;

Outros agentes de reforço normalmente usados nas resinas de PET são

fibras de aramida , esferas de vidro , carbonato de cálcio (por ex., em fitas

magnéticas de PET, pois melhora o coeficiente de fricção da fita), asbestos e

wollastonita .

Os graus com agentes de reforço (fibras de vidro e carbono , mica )

normalmente são direcionados para peças moldadas por injeção de alto

desempenho. Note-se que estas cargas afetam negativamente a transparência

do plástico.

Componentes de PET para uso externo devem conter aditivos anti-

raios ultravioleta . Por exemplo, absorvedores de ultravioleta do tipo

benzotriazola, pois afetam muito pouco a cor do plástico, que passa a ter

grande estabilidade.

A versão de alto grau de cristalinidade (CPET) contém aditivos para

promover a formação de cristalitos na resina (iniciadores, agentes

nucleantes).

O PET também pode ser usado na forma expandida, requerendo neste

caso a adição de agentes de expansão .

Obviamente, corantes e pigmentos são utilizados para colorir as

resinas. No caso de filmes, podem ser usados aditivos para controlar a

rugosidade superficial e, conseqüentemente, o coeficiente de atrito da

superfície do filme. Outros aditivos podem ser usados para controlar o grau de

transparência e de reflexão superficial.

Policloreto de vinila (PVC) (www.instituto dopvc .org)

::Calhas; ::eletrodutos; ::Esquadrias, portas e janelas; ::Recobrimentos de fios, cabos elétricos; ::Forros e divisórias; ::Galpões infláveis e estruturados; ::Mantas de impermeabilização; ::Persianas e venezianas; ::Pisos; ::Revestimento de piscinas; ::Redes de distribuição de água potável domiciliar e pública; ::Redes de saneamento básico domiciliar e público; ::Revestimento de paredes (siding e papel de parede).

Aplicações do PVC O PVC faz parte de nosso cotidiano

O PVC ocupa lugar de destaque entre os materiais plásticos presentes

no nosso cotidiano. Ele tem papel importante na indústria e na sociedade pois

está nas mais diversas aplicações, desde produtos médico-hospitalares e

embalagens para alimentos até peças de alta tecnologia, como as usadas em

equipamentos espaciais, passando por produtos aplicados à habitação e

saneamento básico, dentre diversos outros setores. A cada instante, onde

encontramos conforto e modernidade, encontramos o PVC. Sua presença

tornou-se tão familiar que nem mais a notamos.

O PVC é atóxico, leve, sólido, resistente, impermeável, estável e não

propaga chamas. Tem qualidades que o tornam adaptável a múltiplos usos, da

garrafa ao painel do carro, sendo o único plástico utilizado para a fabricação de

bolsas de sangue. Sem dúvida, ele é parte integrante do nosso dia-a-dia.

E onde está o PVC?

O PVC pode ser rígido ou flexível, opaco ou transparente, brilhante ou

fosco, colorido ou não. Estas características são obtidas com a utilização de

plastificantes, estabilizantes térmicos, pigmentos, entre outros aditivos, usados

na formulação do PVC. Após formulado, obtém-se os compostos de PVC que

são utilizados na fabricação de uma série de produtos, tais como:

::Produtos médico-hospitalares: embalagens para medicamentos, bolsas de

sangue (sendo o material que melhor conserva o sangue), tubos para

transfusão e hemodiálise, artigos cirúrgicos, além de pisos de salas onde é

indispensável o alto índice de higiene;

::Janelas: oferecem excelente resistência às mudanças de clima e à

passagem dos anos, mesmo em ambientes corrosivos (por exemplo, beira-

mar), em áreas rurais ou urbanas;

::Pisos e revestimentos de paredes: peças decorativas, resistentes e

facilmente laváveis;

::Brinquedos e artigos infláveis: bolas, bóias, colchões e barcos, etc.;

::Artigos escolares: facilmente moldados, têm grade variedade de aspectos

(cor, brilho, transparência) e baixo custo;

::Embalagens: usadas para acondicionar alimentos, protegendo-os contra

umidade e bactérias. Estas embalagens são impermeáveis ao oxigênio e ao

vapor, dispensando, assim, o uso de conservantes, preservando o aroma;

::Tecidos espalmados decorativos e técnicos: usados principalmente para

móveis, vestuários, malas e bolsas;

::Garrafas para água mineral: leves e transparentes;

::Estruturas de computadores: assim como peças técnicas destinadas à

indústria eletrônica;

::Automóveis: aplicado a revestimento de interiores devido à sua facilidade de

moldagem e de manutenção;

::Tubos e conexões: utilizados na canalização de água (potável ou não) e

esgotos, pois são resistentes e facilmente transportados e manipulados graças

ao seu baixo peso. No caso da água potável evita contaminações externas e

previne perdas por vazamento, devido à fácil e eficiente soldagem entre os

tubos e as conexões. Também são muito utilizados em sistemas de irrigação,

de redes subterrâneas e de superfícies a tubulações e filtros para poços

profundos e minas, além de redes de drenagem agrícolas e de estradas;

::Mangueiras: são flexíveis, transparentes e coloridas;

::Laminados: utilizados para embelezar e melhorar painéis de madeira e

metal. Resistem bem ao tempo, aos raios ultravioletas, à corrosão e à abrasão;

::Laminados impermeáveis: utilizados em piscinas, túneis, tetos, etc e

também para a impermeabilização de aterros sanitários, protegendo o solo e

lençóis freáticos;

::Frascos para acondicionar cosméticos e produtos dom ésticos: por sua

impermeabilidade e resistência a produtos químicos e ótima relação custo

benefícios na hora da troca de moldes, além de facilitar o design;

::Móveis de jardim: têm grande resistência às variações climáticas e são de

fácil manutenção.

O PVC é atóxico, leve, sólido, resistente, impermeável, estável e não

propaga chamas. Tem qualidades que o tornam adaptável a múltiplos usos, da

garrafa ao painel do carro, sendo o único plástico utilizado para a fabricação de

bolsas de sangue. Sem dúvida, ele é parte integrante do nosso dia-a-dia.

O PVC na construção civil e arquitetura

Esses são segmentos que são responsáveis pelo consumo de mais de

60% do mercado brasileiro do PVC. No mundo o percentual se mantém similar.

Versatilidade, facilidade de design, durabilidade, baixa manutenção, são

algumas das características que fazem com que o PVC conquiste cada vez

mais espaço em edificações e obras públicas. Veja abaixo onde ele é

utilizado:

::Calhas;

::eletrodutos;

::Esquadrias, portas e janelas;

::Recobrimentos de fios, cabos elétricos;

::Forros e divisórias;

::Galpões infláveis e estruturados;

::Mantas de impermeabilização;

::Persianas e venezianas;

::Pisos;

::Revestimento de piscinas;

::Redes de distribuição de água potável domiciliar e pública;

::Redes de saneamento básico domiciliar e público;

::Revestimento de paredes (siding e papel de parede).

O que faz o PVC ser tão importante?

São suas propriedades, características, relação custo/beneficio.

Combinados, esses aspectos revelam suas potencialidades de aplicação.

O PVC é largamente utilizado tanto na área médica e alimentícia quanto na

construção civil, embalagens, calçados, brinquedos, fios e cabos,

revestimentos, indústria automobilística, etc., onde sua presença tem se

mostrado tão necessária quanto indispensável.

Isto tudo pelo fato do PVC ser um plástico versátil, resistente,

impermeável, durável, inócuo e 100% reciclável; não se corrói, é isolante

térmico e acústico e não propaga fogo, podendo ser produzido em qualquer

cor, desde transparente até opaco e de rígido a flexível. O seu maior uso é na

construção civil, segmento que necessita de produtos competitivos,

econômicos energeticamente e de longa vida útil.

O ciclo de vida útil dos produtos de PVC varia de 15 a 100 anos, sendo a

média superior a 60 anos.

Na área médica, onde é utilizado há várias décadas, não existe produto

melhor e mais seguro para ser usado em bolsas de sangue e soro, tubos

endotraqueais, catéteres cardiovasculares, entre várias outras aplicações.

Essas são algumas das razões pelas quais o PVC terá um futuro

duradouro, pois dadas as suas mais variadas aplicações e onipresença no

cotidiano das pessoas, tornou-se um produto indispensável à vida

contemporânea.

As principais características do PVC

:: Leve (1,4 g/cm3), o que facilita seu manuseio e aplicação;

:: Resistente à ação de fungos, bactérias, insetos e roedores;

:: Resistente à maioria dos reagentes químicos;

:: Bom isolante térmico, elétrico e acústico;

:: Sólido e resistente a choques;

:: Impermeável a gases e líquidos;

:: Resistente às intempéries (sol, chuva, vento e maresia);

:: Durável: sua vida útil em construções é superior a 50 anos;

:: Não propaga chamas: é auto-extinguível;

:: Versátil e ambientalmente correto;

:: Reciclável e reciclado;

:: Fabricado com baixo consumo de energia.

A vida útil dos produtos de PVC

A maioria dos produtos de PVC (perfis de janelas, tubos de distribuição

de água e de saneamento, revestimento de cabos entre outros) tem uma vida

útil muito longa. Por outro lado, as embalagens de PVC têm curto tempo de

utilização, por serem descartáveis. No entanto, a proporção dos plásticos nos

aterros sanitários é baixa (em média, 6% do peso total), sendo que o PVC, que

é reciclável, representa apenas, em média, 0,8% desse total.O ciclo de vida útil

dos produtos à base de PVC é:

:: De 15 a 100 anos em 64% dos produtos;

:: De 2 a 15 anos em 24%;

:: Até 2 anos em 12% dos produtos.

Após o uso dos produtos fabricados à base de PVC, os processos de

reciclagem mecânica e a energética são duas maneiras eficientes de

reaproveitá-lo. Leia mais a respeito do reaproveitamento e reciclagem do PVC

na seção 'meio ambiente', no menu principal.

A fabricação do PVC

O PVC não é um material como os outros. É o único material plástico

que não é 100% originário do petróleo. O PVC contém, em peso, 57% de cloro

(derivado do cloreto de sódio - sal de cozinha) e 43% de eteno (derivado do

petróleo).

A partir do sal marinho, pelo processo de eletrólise, obtém-se o cloro,

soda cáustica e hidrogênio. A eletrólise é a reação química resultante da

passagem de uma corrente elétrica por água salgada (salmoura). Assim se dá

a obtenção do cloro, que representa 57% da resina de PVC produzida.

O petróleo, que representa apenas 43% desta resina, passa por um

caminho um pouco mais longo. O primeiro passo é uma destilação do óleo cru,

obtendo-se aí a nafta leve. Esta passa, então, pelo processo de craqueamento

catalítico (quebra de moléculas grandes em moléculas menores com a ação de

catalisadores para aceleração do processo), gerando-se o eteno. Tanto o cloro

como o eteno estão na fase gasosa e eles reagem produzindo o DCE (dicloro

etano).

A partir do DCE, obtém-se o MVC (mono cloreto de vinila, unidade

básica do polímero. O polímero é formado pela repetição da estrutura

monomérica). As moléculas de MVC são submetidas ao processo de

polimerização, ou seja, elas vão se ligando formando uma molécula muito

maior, conhecida como PVC (policloreto de vinila), que é um pó muito fino, de

cor branca, e totalmente inerte.

A principal matéria-prima do PVC é o sal marinho, um recurso natural

renovável. Veja abaixo o fluxograma de fabricação do PVC e sua fórmula

química:

Poliestireno (PS)

ASPECTOS GERAIS DO POLIESTIRENO Ricardo Sá Peixoto Montenegro

Moysés Elias Serfaty* http://www.bndes.gov.br/conhecimento/bnset/set1606. pdf

Aplicações do Poliestireno

Introdução

O poliestireno (PS) pertence ao grupo das resinas termoplásticas, que

inclui, entre outros, os polietilenos (de alta densidade; baixa densidade; e baixa

densidade linear), o polipropileno (PP), o cloreto de polivinila (PVC) e o

polietileno tereftalato (PET).

O PS é o pioneiro entre os termoplásticos. A primeira planta industrial a

operar comercialmente com sucesso foi a IG Farbenindustrie, na Alemanha,

em 1930. Nos Estados Unidos, o poliestireno foi produzido em escala

comercial, pela primeira vez, em 1938, pela Dow Chemical Company.

Devido às suas propriedades especiais, o PS pode ser utilizado numa

vasta gama de aplicações, e comercialmente é vendido em três formas ou

tipos, a saber:

· Cristal ou Standard – Possui como características principais a

transparência, o alto brilho e a fácil coloração (pela adição de agentes

corantes). As denominações de poliestireno normal e de estireno

homopolímero são também utilizadas. Entre suas aplicações principais estão

embalagens para a indústria alimentícia, copos descartáveis e caixas para CDs

e fitas cassete.

· Poliestireno Expandido (EPS) – É uma espuma rígida obtida por meio

da expansão da resina PS durante a sua polimerização. Esta expansão é

realizada injetando-se um agente químico na fase de reação da polimerização.

Os agentes de expansão mais utilizados são os hidrocarbonetos criogênicos

(Ex.: gás carbônico). O EPS mais conhecido no Brasil é o da marca comercial

da Basf-Isopor®.

As principais aplicações do EPS são na proteção de embalagens e no

isolamento térmico.

· Poliestireno de Alto Impacto (HIPS) – É um poliestireno modificado

com elastômeros de polibutadieno. Esta resina é obtida pela polimerização de

uma solução de estireno-butadieno. Forma-se um sistema de duas fases

devido à imiscibilidade do poliestireno e do polibutadieno. O poliestireno forma

a fase contínua e o polibutadieno, a fase dispersa.

As partículas globulares de borracha (polibutadieno) contêm pequenas

inclusões de poliestireno. A diferença significativa entre as resinas PS e HIPS é

a resistência ao impacto e, por essa razão, alguns tipos de HIPS competem

com plásticos de engenharia como, por exemplo, o ABS (Acrilonitrila-

Butadieno-Estireno). Alguns grades desta resina podem competir com os

plásticos de engenharia, como o citado ABS, seja na fabricação de gabinetes

de videocassetes ou em computadores e eletrodomésticos (linhas branca e

marrom). Há, também, o PS sindiotático (sPS), ainda em fase de

desenvolvimento tecnológico. O PS é obtido com a utilização de catalisadores

metalocenos. Atualmente, uma joint venture formada pela Dow e a Idemitsu

aperfeiçoa o processo em uma planta-piloto instalada no Japão. A Idemitsu já

possui uma unidade semi-industrial (5.000 t/ano), e a Dow deverá implantar

nos Estados Unidos uma unidade fabril para produzir o sPS sob a marca

Questra®.

Aspectos Técnicos

O poliestireno é obtido através da polimerização do estireno (vinil

benzeno). O estireno utilizado para a polimerização deve ter um grau de pureza

maior que 99,6%, porque os contaminantes oriundos do seu processo de

produção (sendo os principais: etilbenzeno, cumeno e xilenos) afetam o peso

molecular do poliestireno.

A polimerização industrial do estireno, para obtenção de PS e HIPS, é

realizada por um mecanismo de reação via radicais livres. Os processos mais

utilizados são os de polimerização em massa ( bulk), que é o mais moderno, e

os de polimerização em suspensão.

O processo de polimerização contínua em massa é o mais utilizado

pelos grandes fabricantes de PS, fornecendo altas vazões, produto com alto

grau de pureza e baixa carga de efluentes. O rendimento deste processo não

difere muito entre os líderes desse setor.

Os processos em suspensão, embora mais antigos, ainda são utilizados,

especialmente em pequena escala e para a produção do poliestireno

expandido (EPS), por ser de domínio público.

O estireno (insumo básico do PS) é obtido através do etilbenzeno, que

por sua vez é derivado do benzeno e do eteno. Essa é a rota normalmente

utilizada, mas existe uma outra para a obtenção de estireno que está

começando a ficar em evidência: é o processo PO/SM para a produção do

óxido de propeno (PO), do qual o estireno é subproduto, resultando em menor

custo em relação ao outro processo. Nessa rota, já em utilização pela Arco,

Shell e Repsol, obtêm-se 2,5 t de estireno para cada 1 t de óxido de propeno.

Menos de 10% da oferta mundial de estireno é oriunda desse processo, que

depende essencialmente da conjuntura de mercado do óxido de propeno.

Aspectos Ambientais

No tocante aos efluentes líquidos e emissões atmosféricas, até o início

dos anos 1990, o EPS apresentava problemas na questão ambiental quando

se usava o CFC-11 como agente de expansão, conhecido como freon. Desde

que ficou comprovado que os hidrocarbonetos fluorados causavam danos à

camada de ozônio da atmosfera, os produtores passaram a usar agentes de

expansão alternativos. Atualmente, mais de 90% dos produtores utilizam o gás

carbônico (dióxido de carbono) como agente de expansão. Também houve

muitas discussões sobre o impacto, no meio ambiente, das embalagens e dos

descartáveis de PS, tanto na sua produção quanto no seu descarte. A Tabela 1

compara o ônus ambiental do PS com o seu maior concorrente em

descartáveis: o papel.

Embora o papel apresente uma grande qualidade, que é a

biodegradabilidade, há diversos itens positivos do lado do PS. Convém

mencionar que a reciclagem do PS representa, no momento, uma

potencialidade, pois atualmente é desprezível a participação do PS reciclado

em relação ao seu consumo, inclusive nos países desenvolvidos.

Com referência à toxicidade das embalagens de poliestireno, estudos

recentes mostram que as embalagens dessa resina, utilizadas para armazenar

alimentos há mais de 50 anos, são seguras, e que, durante esse tempo,

nenhum relato de evento adverso à saúde foi comprovado nos estudos

científicos.

A suposição de que essa substância (PS) possa migrar da embalagem e

apresentar ação semelhante ao hormônio estrógeno no organismo humano não

foi comprovada. Pelo contrário, o poliestireno foi submetido às mais severas

condições de testes em animais de experimentação (ratos), e os resultados

indicaram que o material é seguro para a sua utilização em embalagens de

alimentos e nos copos descartáveis. Além disso, a FDA (Food and Drug

Administration), entidade norte-americana reconhecida mundialmente, autoriza

o uso do PS em embalagens de alimentos para consumo humano.

Importante mencionar que as conclusões aqui apresentadas baseiam-se

em pesquisas norte-americanas e japonesas, realizadas no período 1998/2001.

Tabela 1

Cenário Mundial

Levando-se em conta esse cenário, não se pode deixar de mencionar o

grupo dos estirênicos, composto basicamente das borrachas sintéticas e

resinas termoplásticas. Convém destacar que, dentro desse grupo, a

participação mais relevante é a do poliestireno (termoplástico).

O PS depende, para sua produção, do monômero de estireno, e no

mercado internacional há dois processos de fabricação deste: via etilbenzeno

ou óxido de propeno. O primeiro é o mais utilizado, participando com 80% entre

os fabricantes.

O mercado de estireno na Europa Ocidental, em 2001, teve a seguinte

distribuição mais relevante por produto: PS cristal ou standard – 40%; PS alto

impacto – 17%; e o expandido – 16%. O ABS, que é um plástico de

engenharia, participou somente com 7%.

Com relação ao mercado norte-americano, para o exercício de 2001, em

termos de principais segmentos, o PS como um todo participou com 56% do

consumo de estireno, sendo que o ABS e a borracha SBR (estireno-butadieno)

participaram com 7% e 4% respectivamente.

O Gráfico 1 mostra a distribuição do consumo de estireno por produto,

em 2001, para a América Latina.

Em termos do produto final PS, o balanço mundial de oferta/demanda

encontra-se superofertado, tendo-se registrado, em 2001, uma capacidade de

produção em torno de 12,2 milhões de toneladas, e sua demanda, cerca de

10,5 milhões de toneladas. A utilização da capacidade instalada atingiu cerca

de 86%.

O mercado da Europa Ocidental de poliestireno, no ano de 2001, teve a

seguinte distribuição setorial de consumo mais importante (por tipo de produto):

PS Expandido Embalagens – 67%

Construção Civil – 30%

PS Alto Impacto/Cristal ou Standard Embalagens – 46%

Linha Industrial – 12%

(eletrodoméstico/eletrônico)

Construção Civil – 6%

No tocante ao consumo de PS na Europa Ocidental, o alto

impacto/cristal ou standard foi o responsável por uma fatia de 74,5%, e o

expandido, de 25,5%.

Já o mercado norte-americano teve, em 2001, a seguinte performance

de distribuição setorial do consumo de PS como um todo para os principais

itens:

· Embalagens/Descartáveis – 39%;

· Eletrodoméstico/Eletrônico – 11%;

· Brinquedos – 6%; e

· Construção Civil – 4%.

O Gráfico 2 mostra a distribuição setorial do consumo de PS para

América Latina no exercício de 2001. A demanda mundial de poliestireno, em

2001, teve a seguinte distribuição geográfica, por região:

· Ásia e Oceania: 40% (só o Japão, individualmente, participou com

10%);

· EUA/Canadá: 26%;

· Europa: 28%; e

· América Latina: 6%.

Em termos de quantidade de produtores mundiais de PS, a situação

mundial se viu aumentada de forma significativa, como se pode observar na

Tabela 2.

Com relação à oferta de PS, a Dow é a maior produtora mundial, com

17% do market share, seguida da Basf, da Nova (Canadá) e da Chi Mei

(Taiwan). À exceção da Basf, todos os grandes produtores são integrados, pois

possuem produção cativade estireno – principal matéria-prima para a

fabricação do PS.

Tabela 2:

Enquanto economias mais maduras como EUA, Europa Ocidental e

Japão, têm, respectivamente, 78%, 90% e 76% de suas capacidades

produtivas de PS integradas com a produção de estireno, o mesmo não ocorre

com Taiwan, onde somente 10% da produção é integrada. A integração vertical

de Taiwan é, basicamente, da Chi Mei.

Realizaram-se estimativas dos preços médios de estireno e poliestireno,

na Europa Ocidental e nos EUA, no período que vai do 1º trimestre de 1991 ao

3º trimestre de 2000, bem como a margem média bruta, conforme a Tabela 3.

Os Gráficos 3 e 4 mostram a evolução dos preços de estireno e

poliestireno da Europa e EUA, via contratos internacionais, para o período do

1º trimestre/91 ao 3º trimestre/2000.

Em termos projetivos mundiais, estima-se, para a oferta, uma taxa de

crescimento médio anual de 1,6% para o período2002/2005. Entretanto, para o

lado da demanda, levando-se em consideração o mesmo período, a estimativa

de crescimento médio anual está em torno de 4,7%.

Tabela 3:

A demanda mundial de PS, em 2001, atingiu em torno de 10,5 milhões

de toneladas e a demanda da América do Sul, em torno de 450 mil toneladas

(excluindo-se o PS expandido). Embora a América do Sul tenha tido uma

participação pequena, em nível mundial, essa região apresentou uma taxa de

crescimento significativa de 5,2% a.a., no período 1993/1998, sendo uma das

regiões mais dinâmicas do mundo nesse segmento. Cabe salientar que, a Dow

projeta um crescimento de 5,2% a.a. para o período 2002/2005 na América do

Sul.

Pelo Gráfico 5, constata-se que o mercado brasileiro representa mais da

metade do mercado sul-americano de poliestireno.

Portanto, no cenário mundial podem-se verificar as seguintes tendências

no que tange ao poliestireno:

· o custo da matéria-prima (estireno) do poliestireno continuará a

impactar o seu preço;

· a oferta/demanda tanto do estireno quanto do poliestireno continuarão

firmes em nível regional e global; e

· a tecnologia deverá ser a chave do crescimento desse segmento.

Cenário Brasil

Levando-se em consideração o consumo aparente nacional das

principais resinas termoplásticas, em 2001, observa-se que o poliestireno é o

de menor dimensão no mercado brasileiro, ou seja, é ultrapassado pelos

polietilenos (PEAD, PEBD e PEBDL) com uma participação de 42%;

polipropileno com 22%; PVC, 17%; PET, 10%; encerrando-se com poliestireno

ao nível de 9%.

A Tabela 4 mostra a evolução do consumo aparente do poliestireno para

o período 1997/2001.

Com referência ao processo de produção, o poliestireno teve a seguinte

distribuição de consumo em 2001: termoformagem (62,4%); fibra (18,5%);

injeção (9,2%); filmes (2,1%) e outros (7,8%).

Em termos de segmentação de mercado, o PS teve o seguinte

desempenho, em 2001:

• PS/Cristal/Alto Impacto

– Embalagens – 40,7%;

– Descartáveis – 23,8%;

– Componentes Técnicos – 18,5%;

– Calçados – 5,1%;

– Utilidades Domésticas – 2,7%; e

– Outros – 9,2%.

• PS Expandido

– Construção Civil – 46,0%;

– Embalagens – 42,0%;

– Utilidades Domésticas – 10,0%; e

– Outros (2,0%).

Tabela 4

Sendo o segmento de embalagens o mais relevante, o OS destinou-se,

em 2001, basicamente para alimentos (95%), e o restante para o setor de

bebidas e fumo.

Entre as resinas com saldo deficitário na balança comercial, sempre

predominaram o PET e o PS, sendo que nos últimos quatro anos destacou-se,

também, o PVC.

Observa-se que, no ano de 2001, as importações de OS tiveram uma

redução significativa, sendo o motivo a entrada em operação, nesse ano, da

Innova, do então grupo argentino Perez Companc, localizada no Pólo

Petroquímico de Triunfo (RS). Convém mencionar que, em julho de 2002, a

Petrobras comprou o controle acionário do grupo Perez Companc (cerca de

58%), incluindo a Innova entre outras empresas.

A partir de 2002, a situação da balança comercial para o PS deverá

inverter-se. O País, de importador, deverá passar a exportador, comprando do

comércio exterior somente quantidades de produto com especificações

especiais. O motivo da mudança de patamar foi o início das atividades

industriais da Videolar, em Manaus (AM), em março de 2002. Como

conseqüência, deverá surgir um novo padrão de concorrência, beneficiando o

mercado consumidor nacional e, ao mesmo tempo, possibilitando as

exportações.

A Tabela 5 mostra a estrutura produtiva brasileira do poliestireno, no ano

de 2002.

A Dow e a Innova possuem unidades integradas, ou seja, fabricam as

matérias-primas (etilbenzeno e estireno) para uso próprio. A primeira, com

planta em Camaçari (BA), produz 172.500 t/ano de etilbenzeno e 160.000 t/ano

de estireno. A segunda fabrica 190.000 t/ano de etilbenzeno e 250.000 t/ano de

estireno.

Tabela 5:

A Basf e a Videolar só produzem o poliestireno, sendo que a primeira

consome estireno da CBE (Cia. Brasileira de Estireno); esta, situada em

Cubatão (SP), possui capacidade de produção de etilbenzeno (123.500 t/ano) e

de estireno (120.000 t/ano). A segunda importa integralmente para suas

necessidades o estireno.

Há uma perspectiva, no mercado nacional, da formação de uma parceria

entre Dow e Basf, com o objetivo de instalar uma unidade em escala mundial

de etilbenzeno e estireno, com capacidade global para produzir de 450 mil a

550 mil toneladas anuais. A sua localização ainda não foi definida.

O mercado de poliestireno, no Brasil, apresentou, em 2001, a seguinte

participação nas vendas: Dow (36%); Basf (34%); Innova (16%) e importações

(14%).

O BNDES, com base na evolução histórica do consumo de poliestireno

dos últimos 15 anos, e levando em consideração a demanda potencial no

Brasil, no período 2002/2005, seja por novos grades de produtos e/ou melhor

atendimento nos segmentos relevantes, utilizou uma estimativa de taxa de

crescimento médio anual em torno de 5%, conforme a Tabela 6.

Tabela 6:

Polímeros Termofixos

Os polímeros termofixos são comercializados, na maioria dos casos, na

forma de resinas líquidas viscosas que são na realidade pré-polímeros, ou seja,

segmentos de cadeia polimérica que tiveram o processo de polimerização

interrompido antes de atingir massas molares elevadas. Nesta condição a rede

tridimensional termofixa ainda não foi formada e o polímero pode ser

conformado. Nesta seção não serão incluídos os elastômeros, os quais serão

discutidos em seção posterior.

As resinas termofixas são aplicadas principalmente em adesivos ou na

confecção de compósitos para as mais variadas finalidades. A descrição das

resinas mais importantes comercialmente é feita nas seções abaixo.

Resinas Epóxi (informaçõescolidas da internet) Silaex

Aplicações da Resina Epóxi em Compósitos

A palavra epóxi vem do grego "EP"(sobre ou entre) e do inglês

"OXI"(oxigênio), literalmente o termo significa oxigênio entre carbonos. Em um

sentido geral , o termo refere-se a um grupo constituído por um átomo de

oxigênio ligado a dois átomos de carbono. O Grupo epóxi mais simples é

aquele formado por um anel de 03 elementos, o qual o termo α-epóxi ou 1,2-

epóxi pode ser aplicado. O óxido de etileno é um exemplo desse tipo. Os

termos 1,3 e 1,4-epóxi são aplicados ao óxido de trimetileno e tetrahidrofurano.

Neste estudo vamos nos concentrar somente em resinas contendo anéis

de três elementos. Não existe nenhum acordo universal sobre a nomenclatura

do anel epoxídico. Existem mesmo, uma divisão no próprio termo epóxi, os

europeus geralmente preferem o termo "EPOXIDE", o qual é sem menor

dúvida o mais correto que "EPOXY" utilizado pelos americanos. Os epóxis

podem ser designados óxidos, como no caso do óxido de etileno (epoxietano)

ou óxido de ciclohexano (1,2-epóxi ou 1,2-óxido de ciclohexano). O termo

oxirano, é um nome trivial para o óxido de etileno, e também usado em

referência ao grupo epóxi, muitos dos mais comuns monoepóxi possuem

nomes triviais como epicloridrina, ácido glicídico, glicidol e grupo glicidil.

O grupo glicidil é usado como referência do grupo epóxi terminal, sendo

o no me completado por éster, éter, amina, etc..., de acordo com a natureza do

grupo ligado ao terceiro carbono. Seguiremos a nomenclatura geralmente

aceita nos EUA.

A primeira resina comercial foi o produto da reação de EPICLORIDRINA

e BISFENOL A dando assim a resina mais comum conhecida como

DIGLICIDIL ÉTER DE BISFENOL A (DGEBA).

A molécula acima é a resina epóxi antes de ser catalisado podendo,

dependo do valor de n, ser líquida a até sólida sendo que a viscosidade

aumenta conforme vai aumentando o n. Com n< ou = 1 teremos resinas

líquidas e n > 1 começará as resinas semi-sólidas e sólidas. Podem ser

classificadas através do EEW (equivalent epoxy weight) ou seu peso

equivalente em epóxi. A grosso modo as líquidas ficam até 229, as semi-

sólidas de 230 a 459 e as sólidas acima de 460 podendo chegar a até 5000. O

EEW é utilizado para cálculo estequiométrico de proporção entre resina e

endurecedor. A resina básica líquida é a de EEW = 190. O cálculo do EEW é

simplesmente o peso molecular da resina dividido pelo n° de anéis epoxídicos.

EEW = peso molecular da resina / nº de anéis epoxídicos

As resinas epóxi são preparadas comercialmente por 03 métodos

principais:

1. Pela dehidrohalogenação da cloridrina obtida pela reação da

epicloridrina com adequado Di ou Polihidroxi ou qualquer outra molécula

contendo hidrogênios ativos.

2. Pela reação de olefinas com compostos contendo oxigênio, tais

como peróxidos e perácidos.

3. Pela dehidrohalogenação de cloridrinas obtidas por outros mecanismos diferentes do primeiro.

Em 1927, Mr Schade cita, nos Estados Unidos, a primeira tentativa

comercial de preparação de resinas epóxi através da epicloridrina. Entretanto

o mérito dos materiais primeiramente designados como resinas epóxi, aqueles

derivados de Epicloridrina e Bisfenol A, é dividido entre o Dr. Pierre Castan da

Suíça e o Dr. S.O. Greenlee dos EUA.

Em 1936, o Dr. Castan da suíça produziu uma resina de baixo ponto de

amolecimento, com cor âmbar, a qual foi reagida com anidrido ftálico para

produzir um composto termofixo. Dr. Castan trabalhando para "De Trey

Freres"da suíça, previu o uso das resinas líquidas para a fabricação de

dentaduras e artigos moldados. Os seus desenvolvimentos foram

subseqüentemente patenteados pela Ciba-Geigy. Conta a história que o Dr.

Castan pediu um percentual da venda de toda a resina que fosse para uso

odontológico. O que mais tarde se mostrou muito mais versátil.

Em 1939, o Dr. Greenlee, nos EUA, trabalhando para "Devoé-Raynolds"

pesquisou a síntese entre o Bisfenol A e Epicloridrina para a produção de

resinas para "casting", as quais não continham ligações éster sensíveis à soda

caustica.

Algumas outras referências devem ser feitas para:

1. Mcintosh e Wolford, os quais em 1920, fizeram plásticos para aplicação

em tintas, pó para moldagem e materiais impregnantes à prova d'água,

pela reação de fenol ou cresol com epicloridrina na presença de

catalisadores.

2. Bluner, o qual em 1930 descobriu a composição para a fabricação de

tintas baseadas em compostos fenol aldeído reagidos com epicloridrina.

3. Fon Robert e Lemmer, os quais em 1930 reportaram a esterificação de

hidroxilas fenólicas por dicloridrinas em meio caustico.

4. Eisleb, o qual verificou a reação da epicloridrina com aminas

secundárias subseqüentemente dehidrohalogenação com soda caustica

em 1926, e Stallman, o qual reportou a produção de diglicidil aminas de

amônia e epicloridrina em 1933.

5. Schank, em 1933 descreveu um glicidil éter de baixo peso molecular

produzido de um mol de Bisfenol A e 10 moles de Epicloridrina, reagida

em meio caustico.

6. Groll e Hearns, em 1934 obtiveram uma série de diepóxi de álcoois

cloridrados por dehidrohalogenação.

7. Van Peski e Heeffeiman, em 1935 produziram dióxido de butadieno por

dehidrohalogenação.

8. Block e Fishbein, levou a pesquisa de Schack de alguma maneira

adiante mas trabalhou a maior parte com diepóxi de baixo peso

molecular, tais como diglicidil éter de dióxido de butadieno.

Existem atualmete quatro tipos principais de resinas epóxi

comercializados, são:

Resinas epóxi à base de Bisfenol A: são as mais utilizadas, pois são

versáteis e de menor csto, proveniente da reação de Epicloridrina e Bisfenol A,

podem ser líquidas, semi-sólidas ou sólidas dependo do peso molecular como

descrito acima;

Resinas epóxi à base de Bisfenol F e/ou Novolac: a troca do Bisfenol A

pelo Bisfenol F propiciam as resinas epóxi maior cross-link e melhor

desempenho mecânico, químico e térmico, principalmente quando curado com

aminas aromáticas ou anidridos;

Resinas epóxi Bromadas: são resinas à base de Epicloridrina, Bisfenol A

e Tetrabromobisfenol A, com essas quatro moléculas adicionais de bromo,

confere às resinas a característica de auto-extinguível;

Resinas epóxi flexíveis: são resinas que possuem longas cadeias

lineares substituindo os bisfenóis por poliglicóis pouco ramificados, são resinas

de baixa reatividade que normalmente são utilizados como flexibilizantes

reativos em outras resinas melhorando a resistência a impacto com acréscimo

da flexibilidade;

- Eletroeletrônica

As resinas epóxi são utilizadas em várias aplicações na indústria elétrica

e eletrônica. Como isoladores, encapsulantes, adesivos Elas possuem alta

rigidez dielétrica, alta dureza, excelente aderência, alta resistência química e

podem ser aplicado á temperatura ambiente ou curado em estufa. São

extremamente versáteis. Após aplicados e curados as resinas são

extremamente resistentes e impermeáveis , ficando os componentes

encapsulados totalmente invioláveis, pois qualquer método mecânico, químico

ou térmico para remover a resina com certeza ira destruir os componentes

encapsulados antes.

- Manutenção industrial e Construção civil

As resinas epóxi são utilizadas em manutenção industrial e como

adesivo, calafetante, solda a frio, primer anti-corrosivo, revestimento com

resistência química, etc. Na construção civil elas são utilizadas para

reconstituição de concreto, adesão de concreto novo com velho, remendo de

trincas e fissuras, junta de dilatação e rejunte, piso industrial monolítico.

Apesar de termos vários produtos de linha, em alguns casos é

necessário formular para uma aplicação especifica, por isso diversas vezes

fazemos resinas especialmente formuladas para cada usuário.

- Adesivos Industriais

Além de uso como adesivos nas industrias eletrônicas e na construção

civil, as resinas epóxi também são utilizadas como adesivos de metais e

madeiras para colagem automotivas, naval, lazer (ex.: skateboard), moveis,

aeronaves, estruturas, aeromodelismo e onde houver necessidade de um

adesivo termofixo de grande poder aderente, com boa resistência química,

térmica e mecânica.

- Laminados com fibras

As resinas epóxi líquida são muito utilizadas em laminados de fibra

sintéticas como o de vidro, carbono e kevlar e também com naturais como juta,

sisal, algodão, etc. Devido a sua alta resistência mecânica e química, ela é

utilizada em laminados especiais onde as resinas convencionais de laminação,

como os poliésteres insaturados, não atendem o necessário. São muito

utilizados em tubulações, tanques, aeronaves, embarcações, veículos de alta

performance, artigos esportivos, revestimentos especiais, etc.

- Confecção de moldes e matrizes

Devido a suas características de alta resistência mecânica e estabilidade

dimensional, elas são usadas para confeccionar protótipos, modelos e moldes

com muita rapidez, com um custo muito inferior a moldes metálicos. Possuem

boa resistência a abrasão, impactos e podem ser moldados a frio sem

necessidade de calor.

- Bijuterias e Brindes

As Resinas epóxi são muito utilizados em bijuterias em sistemas de

colagem de pedras, metais e plásticos e por possuir brilho e transparência com

sistemas de cura a temperatura ambiente ou em leves aquecimentos ( 40o C)

proporcionando uma superfície lisa e brilhante podendo ser pigmentado ou

não, são utilizados também como recobrimentos, películas rígidas ou flexíveis,

preenchimentos de vãos, imitação de pedras, etc..

Resinas Fenólicas

Quem nunca ouviu falar de uma mesa de fórmica? Quase todos nós já

tivemos uma ou conhecemos alguém que a possua. Só que, na verdade, o

nome verdadeiro do revestimento da dita mesa é "Resina Fenólica". Este tipo

de resina é obtida pela reação de condensação (reação esta que condensa

dois compostos para dar lugar a um terceiro) e polimerização entre um fenol e

um aldeído. Normalmente, utiliza-se o aldeído fórmico (também chamado de

"Formol") e o hidroxibenzeno (ou "Fenol comum").

Foram as primeiras resinas sintéticas, produzidas pela primeira vez em

1912. Por suas características, se desenvolveram rapidamente, alcançando

grande escala de utilização. Estas resinas foram estudadas, meticulosamente,

pela por Beakland, derivando daí o nome baquelite para o primeiro tipo

comercial.

As resinas fenólicas podem apresentar-se na forma líquida ou sólida, de

acordo com a proporção de cada reagente, tempo de polimerização etc. No

estado líquido são viscosas, com uma viscosidade variando entre 80 a 4000cp

a 25oC, conforme o grau de condensação, e pH variando entre 7,5 e 8,5 (são

básicas, portanto). Sua densidade é de 1,0 a 1,25, e são solúveis em álcool,

éteres, cetonas e, alguns tipos, em água.

As resinas fenólicas do tipo líquido, conhecidas como resole , têm largo

emprego na impregnação de materiais diversos (papéis, tecidos, madeira, etc.),

na fabricação de adesivos, vernizes, podendo ser aplicadas a pincel, por

imersão, borrifo entre outros.

No estado sólido, novolac , geralmente já formuladas com cargas,

plastificantes e outros aditivos, apresentam-se com coloração escura, com

densidade variando entre 1,3 e 1,6. Apresentam um índice de absorção de 0,3

a 1% e, depois de curadas, tornam-se infusíveis, resistindo até 150 ou 250oC,

conforme a carga e os aditivos. Acima destas temperaturas, há carbonização e

decomposição.

Antes da polimerização final, que se dá durante a moldagem, possuem

um ponto de fusão variando entre 55 a 85oC, o que torna extremamente fácil e

econôica sua moldagem. São também solúveis em solventes orgânicos, álcool,

éteres e cetonas. Dois são os processos empregados para a produção de

resina Fenol-formol (baquelite): O primeiro, conhecido como processo de etapa

única, ou americano, é usado para a obtenção das resinas líquidas. Neste

processo, o fenol e um excesso de formaldeído, juntamente com um

catalisador alcalino (em geral NaOH ou amônia) são coocados em um reator de

níquel ou aço inox e aquecidos a 70oC por períodos que variam entre 10

minutos e 3 horas. A reação é exotérmica, liberando 89cal/g. Um maior tempo

de processamento, aliado a temperaturas mais baixas, possibilita maior

contrrole das propriedades da resina; por isso, em certas fases do processo,

resfria-se o reator circulando água fria. Durante a reação, a água se separa,

formando um lençol superior, que é extraído à vácuo; a mistura escurece

levemente e sofre aumento de viscosidade. Tempo de processamento, controle

de pH, temperatura e viscosidade são os fatores principais a serem

observados.

Depois de removida 75% da água, a resina torna-se xaroposa; neste

ponto, enquanto a resina ainda tem afinidade com a água, adiciona-se um

ácido orgânico, como o ácido lático, maleico ou anidridod ftálico, usados para

clarear e neutralizar a resina. Após a acidificação, a adição de glicerina (cerca

de 13% em peso) proporciona resinas translúcidas. A mistura de plastificantes,

pigmentos e outros aditivos é feita no reator; em seguida, processa-se a

desidratação final, sob vácuo, a uma temperatura variando entre 75 e 80oC.

Ainda quente, a resina pode ser vazada em moldes de chumbo pré-aquecidos,

para a produção de blocos. O tempo de cura é de aperoximadamente 3 a 10

dias, a uma temperatura de 85oC.

O processo de fabricação dos resoles é conhecido como "alcalino ou

seco"; por ser mais caro que o ácido, só é usado quando se desejam resinas

translúcidas ou de cores muito claras. O processo úmido, ácido ou alemão

produz as novolacs, empregadas como matéria-prima nos compostos

semelhantes à baquelite; a resina resultante presta-se mais à moldagem por

compressão e transferência.

Na reação do fenol com o formaldeído para a produção de baquelite,

emprega-se um catalisador (substância utilizada para acelerar uma

determinada reação química) ácido, como o ácido sulfúrico, e um excesso de

fenol. Esta mistura é aquecida num reator durante 3 a 6 horas, a uma

temperatura que varia entre 140 e 165oC. Durante a reação de condensação,

há formação de água, a qual é retirada a vácuo; a resina quente , desidratada e

viscosa é vazada em bandejas rasas, onde esfria e endurece. Depois, forma o

aglutinante para compostos fenólicos de moldagem (um ensaio para a

fabricação de baquelite em laboratório é descrita na página de Experiências &

Análises ).

Há uma grande variedade de aplicações, tanto para o tipo resol comum,

quanto para o tipo novolac. Os principais são:

Impregnação - Na forma líquida, as resinas fenol-formaldeído são

usadas na impregnação de tecidos e papéis, na fabricação de adesivos e em

rebolos do tipo resinóide (como aglomerante).

Vernizes - Os vernizes e lacas constituem outra grande aplicação das

resinas líquidas. De baixo peso molecular, são solúveis em óleo e compatíveis

com compostos resinosos, desde que sua polimerização não se tenha

completado e não estejamocupadas duas ou mais valências do fenol.

- Propriedades e obtenção:

São obtidas através da reação de um fenol ou um fenol substituído,

formando grupos metilol (-CH2OH) no anel fenólico, em posições orto e para.

Os grupos metilol reagem entre si, formando pontes de metileno, criando assim

uma macromolécula.

São de rápida secagem, bom aspecto, ótima resistência à agentes

químicos e à umidade, mas amarela muito, por isso é evitada em cores claras.

É uma resina muito pouco utilizada atualmente, pois sua matéria-prima é muito

tóxica.

Possui resistência excelente à água, muito boa à solventes fortes,

detergentes, ácidos, abrasão, e boa ao, calor, álcalis, flexibilidade. Possui uma

dureza muito boa.

Exemplo do processo de reação:

As fenólicas são divididas em:

Resol: termofixa ou de um estágio: É preparada com excesso de

formaldeído em relação ao fenol em condições alcalinas, e não necessitam de

um agende de cura.

Novolaca: termoplástica ou de dois estágios: É preparada com excesso

de fenol em relação ao formaldeído em meio ácido, e requer um agente de

cura.

Fenóis mais utilizados:

Resinas Amínicas

São as resinas obtidas da condensação do formaldeído com um

composto que possui grupos aminos, e que posteriormente são reagidos com

um álcool (R-OH)

Temos como principais representantes desta classe de resinas a uréia-

formaldeído e a melamina-formaldeído. São largamente utilizadas como

agentes de reticulação, sendo muito comumente utilizadas na proporção de

70% de uma resina principal (acrílica, alquídica) e 30% de uréia ou melamina.

Em certos casos, utiliza-se uma proporção de 60/40, mas somente para casos

específicos.

Esta combinação faz com que o filme possua uma qualidade

extremamente superior, se comparado com um filme utilizando apenas a resina

principal, como uma alquídica, por exemplo.

- Resina Melamina-Formaldeído

Resina Melamina-Formaldeído

Esta substância, de formula 2,4,6-triamino-5-triazina, com ponto de

fusão em 354°C, é melamina é largamente utilizada n a indústria graças à sua

melhor estabilidade ao calor, secagem e dureza, comparadas com as uréicas.

Químicamente, a melamina é um trímero da cianamida (N=C-NH2).

Possui seis hidrogênios reativos, sendo hexafuncional com o formaldeído. Isto

resulta uma maior interação da melamina com o formaldeído, pois nas uréicas,

esta funcionalidade é inferior a 4.

A melamina deve ser eterificada com um álcool que seja um bom

plastificante do polímero, diminuindo a polimerização devido ao bloqueio dos

pontos reativos, aumentando a compatibilidade com solventes convencionais e

tornando-a compatível com resinas alquídicas. Como álcoois muito utilizados

temos o n-butanol e o isobutanol.

Utiliza-se, geralmente, a proporção de 1 mol de melamina para 5 ou 6

moles de formaldeído. Deve possuir um peso molecular por volta de 800 a

1500 unidades moleculares e cerca de metade dos grupos metilóis eterificados,

o que resulta em uma resina melamínica de baixa cura (baixa butilação).

Esta butilação pode ser controlada pelo tempo de reação, temperatura,

pH e quantidade de n-butanol presente. Por ser a butilação uma reação de

eterificação e equilíbrio, a rápida remoção da água da reação resulta em uma

resina de baixo peso molecular e alta butilação. Caso contrário, há um aumento

da condensação do polímero, resultando em baixo grau de butilação.

O grau de butilação em uma resina amínica afeta a sua resistência e a

sua temperatura de cura. Uma baixa butilação gera uma baixa tolerância em

aguarrás (cerca de 100%), curando a uma temperatura de 100°C. Média

butilação proporciona uma tolerância de cerca de 350%, e uma cura a 140°C.

Com uma alta butilação se obtém uma tolerância em aguarrás maior que

450%, necessitando de cura em altas temperaturas (maior que 180°C).

- Resina Uréia-Formaldeído

A uréia, conhecida também como carbamida, é uma amida que possui

ponto de fusão de 132°C obtida por aquecimento de a moníaco e gás carbônico

sob pressão.Através da reação da uréia com formaldeído, pode formar uma

mono ou dimetiloluréia. Esta em reação com n-butanol forma a mono ou

dimetiloluréia butilada. O butanol é muito utilizado por ser uma molécula

grande, o que confere ao polímero uma grande plasticidade, aumentando a

compatibilidade deste com solventes convencionais e com resinas alquídicas.

Abaixo, a reação para obtenção da uréia-formaldeído:

As proporções em geral não fogem muito de 1 mol de uréia para 1,2 a 2

moles de formaldeído. Em seguida, a butilação, finalizando o processo:

Geralmente se utiliza 1 mol de uréia para 0,5 a 1 mol de n-butanol.

Quanto maior a proporção de n-butanol, melhor a compatibilidade e

solubilidade, mas perde em reatividade. Um bom balanceamento é necessário,

pois o processo permite a obtenção de resinas com características muito

diversas.

Resinas Poliésteres Insaturadas

Resina poliéster insatura em fibra de vidro

Os poliésteres insaturados podem ser classificados em ortoftálicos,

tereftálicos, isoftálicos ou bisfenólicos. Essa classificação é feita tomando por

base os ingredientes usados para fazer essas resinas. Por exemplo, as resinas

ortoftálicas são feitas com ácido ortoftálico, as isoftálicas com ácido isoftálico e

assim por diante. Essas resinas têm alto peso molecular e normalmente são

sólidas à temperatura ambiente. Depois de sintetizadas elas são diluídas em

um solvente reativo (estireno, como veremos a seguir) e a mistura líquida

resultante (estireno e resina) é embalada e vendida para ser processada por

laminação manual ou a pistola, como veremos neste ABC. Quando dizemos

que a resina poliéster é líquida queremos dizer que a mistura resina e estireno

é liquida. A resina em si, sem o estireno, é sólida à temperatura ambiente.

Como regra geral, as resinas ortoftálicas são usadas em ambientes

secos, sem contato permanente com água ou outros líquidos. As isoftálicas e

as tereftálicas podem ser usadas em ambientes úmidos moderadamente

agressivos. As bisfenólicas, de maior inércia química, são usadas em

ambientes muito agressivos.Todas são diluídas em estireno, são processadas

no estado líquido e podem ser curadas sem pressão e à temperatura ambiente.

A cura a frio acontece quando a resina é ativada por catalisadores e

aceleradores adequados. A cura transforma a resina poliéster insaturada em

plástico termofixo, isto é, um tipo de plástico infusível e insolúvel. A foto mostra

a resina líquida impregnando mantas de fibras de vidro.

Estas resinas ocupam um lugar proeminente na fabricação de plásticos

reforçados, vernizes para madeira, botões, etc. Obtêm-se geralmente pela

condensação de ácidos dibásicos saturados e insaturados com glicóis; pela

sucessiva copolimerização com agentes de reticulação, transformam-se em

produtos duros, não fundíveis e dotados de ótimas características gerais. O

Anidrido Ftálico, graças ao seu baixo custo e às boas características de

processabilidade que confere às resinas, é o ácido saturado mais empregado.

Pode ser ainda utilizado sob a forma de éster etílico como agente de

reticulação em substituição ao estireno, com as seguintes vantagens:

- menor volatilidade;

- maior tempo de conservação das resinas catalisadas e não catalisadas;

- menor contração durante a polimerização das resinas;

As resinas poliésteres insaturadas misturadas com Dialil Ftalato encontram

aplicação na preparação de plásticos reforçados com fibra de vidro.

- Resinas Alquídicas Puras e Modificadas – As resinas alquídicas, também

empregadas na preparação de vernizes são obtidas de condensação do

Anidrido Ftálico com poliálcoois e com ácidos graxos superiores saturados ou

insaturados (soja, rícino, coco, etc.). Estas resinas são solúveis em solventes

comuns e dão filmes resistentes e flexíveis.

Elastômeros

Os elastômeros compreendem a classe de polímeros, bem como entre

os outros materiais, com maior capacidade de deformação e recuperação das

dimensões físicas, sob a ação e retirada de uma determinada tensão. Para que

um polímero possa exibir elasticidade suficiente para ser considerado um

elastômero é necessário apresentar quatro propriedades essenciais:

- apresentar a temperatura de transição vítrea (Tg) abaixo da temperatura de

uso do material (de preferência abaixo de 0ºC).

- ter massa molar elevada.

- ser amorfo ou apresentar baixo grau de cristalinidade.

- possuir pontos de reticulação que empeçam o escoamento das cadeias

poliméricas durante a aplicação da tensão mecânica.

Os pontos de reticulação na estrutura polimérica do elastômeros

geralmente são constituídos por ligações químicas estáveis entre as cadeias

poliméricas, as quais são formadas durante o processo conhecido como

vulcanização. Uma vez vulcanizado, o elastômero assume o formato do molde

onde o processo de vulcanização foi realizado e não pode mais ser remodelado

com a simples ação do calor. Esta propriedade permite que os elastômeros

vulcanizados (reticulados) quimicamente sejam classificados como polímeros

termofixos, apesar de apresentarem propriedades muito diferentes das resinas

termofixas apresentadas nos itens anteriores.

Existem alguns elastômeros que são reticulados por meio de pequenos

cristais, ligações químicas instáveis termicamente, interações iônicas ou

moleculares fortes. Estes pontos de reticulação são desfeitos com a ação do

calor como, permitindo que o elastômero possa ser reprocessado. Os

elastômeros passíveis de conformação térmica são denominados elastômeros

termoplásticos . Para auxiliar na compreensão dos termos envolvidos na área

dos elastômeros algumas definições são apresentadas abaixo.

- DEFINIÇÃO DOS TERMOS POLÍMERO, ELASTÔMERO E BORRA CHA

Os termos polímero, elastômero e borracha são definidos, de acordo

com a “Norma ISO 1382 :1996 - Rubber Vocabulary” e Norma DIN 53501

como:

Polímero - Substância composta por moléculas caracterizadas pela

repetição múltipla de uma ou de várias espécies de átomos ou de grupos de

átomos ligados entre si em quantidade suficiente para conferir um conjunto

de propriedades que não variam de uma forma marcada por adição ou

remoção de uma ou de algumas unidades constitutivas;

Elastômero - Material macromolecular que recupera rapidamente a

sua forma e dimensões iniciais, após cessar a aplicação de uma tensão;

Borracha - Elastômero que já está ou pode ser modificado para um

estado no qual é essencialmente insolúvel, se bem que susceptível de

aumentar de volume num solvente em ebulição, tal como benzeno,

metiletilcetona e etanol-tolueno azeotrópico, e que, no seu estado

modificado, não pode ser reprocessado para uma forma permanente por

aplicação de calor e pressão moderadas.

Vulcanização - a vulcanização é um processo de reticulação pelo

qual a estrutura química da borracha, matéria-prima, é alterada. A mudança

de estado torna o material elástico, restaura a elasticidade possuída no

início pelo material ou alarga o intervalo de temperaturas em que a

elasticidade é observada de princípio ao fim.

Nem todos os polímeros amorfos são elastômeros. Alguns são

termoplásticos, dependendo a classificação da temperatura de transição

vítrea, T g, definida como a temperatura acima da qual um polímero se torna

mole e dúctil e abaixo da qual se torna duro e quebradiço, tipo vidro. Podemos

dizer, como regra geral só aplicável a polímeros amorfos, que um polímero

amorfo que tenha uma Tg inferior à temperatura ambiente será um elastómero,

enquanto que um polímero amorfo que tenha uma Tg superior à temperatura

ambiente será um termoplástico.

A propriedade predominante dos elastômeros é o comportamento

elástico após deformação em compressão ou tração. É possível, por exemplo,

esticar um elastómero até dez vezes o seu comprimento inicial, e após

remoção da tensão aplicada, verificar que ele voltará, sob circunstâncias ideais,

à forma e comprimento originais.

O perfil das propriedades que pode ser obtido depende

fundamentalmente do elastómero escolhido, da formulação do composto

utilizada, do processo de produção e da forma e desenho do produto. As

propriedades que definem um elastômero só podem ser obtidas usando

compostos adequadamente formulados e após vulcanização subsequente].

Elastômeros, ou borrachas, são classes de materiais que, como os

metais, as fibras, as madeiras, os plásticos ou o vidro são imprescindíveis à

tecnologia moderna.

Relativamente ao termo borracha que abrange um grande número de

compostos macromoleculares que podem ser reticuláveis para formar

estruturas tridimensionais, deve referir-se que é usual dizer-se que “A borracha,

matéria-prima, está para os compostos de borracha assim como a farinha está

para o pão”], pretendendo-se assim frisar que, apesar da escolha dos aditivos

utilizados e da quantidade usada de cada um deles num composto poderem

originar variações consideráveis nas propriedades do produto final, a

característica determinante é dada pela borracha utilizada nesse composto.

O termo “borracha” tinha inicialmente por significado, somente borracha

natural e o termo “vulcanização” somente reticulação com enxofre. Face ao

aparecimento de muitas borrachas sintéticas e de novos sistemas de

reticulação, o alcance daqueles termos foi alargado, para que passem a ser

termos genéricos. As borrachas, matéria-prima, podem ser transformadas em

elastómeros pela vulcanização.

- REQUISITOS DAS BORRACHAS

As borrachas, para além da sua capacidade para formar estruturas

reticuladas tridimensionais, têm que satisfazer os seguintes requisitos:

• Possuir preferencialmente longas cadeias moleculares;

• O segmento individual da cadeia deve ser flexível para ter

movimento Browniano, à temperatura ambiente. Assim, as moléculas

assumem alguma conformação estatisticamente ordenada quando são

sujeitas a tensões de tracção. Uma vez essa tensão removida, elas retomam

a sua conformação aleatória (estado de entropia máximo), podendo o

processo de deformação ser descrito termodinamicamente, considerando

que sob condições ideais, a energia interna do sistema não sofre alteração.

Pela primeira lei da termodinâmica temos que dF = dU - Tds, em que dU

é a componente energética e Tds a componente entrópica, e como, pelas

condições ideais da elasticidade da borracha, dU=0, obtemos dF = - Tds,

relação que mostra que o processo de deformação de um material

elastomérico ideal é exclusivamente associado a alterações na entropia de

configuração da cadeia do polímero, ou seja, é uma elasticidade entrópica.

Após remover a tensão que causa a deformação, a configuração aleatória

original é espontaneamente reassumida.

A borracha deve ser predominantemente amorfa à temperatura

ambiente, para que a flexibilidade da cadeia não seja inibida pela cristalização.

Isto conduz aos requisitos adicionais:

• A temperatura de transição vítrea, Tg, deve ser inferior a -50°C;

• Deve haver uma interacção entre cadeias moleculares, para que

não se possam mover de uma forma inteiramente livre e independente. Nas

borrachas vulcanizadas, há uma interacção adicional devida à formação de

pontes intermoleculares (ligação química que reduz a mobilidade das

cadeias), que melhoram a resistência à tracção e a elasticidade [1];

• Devem ter uma distribuição do peso molecular tão larga quanto

possível, para que possam ser processadas utilizando as máquinas

convencionais [1].

- CLASSIFICAÇÃO DAS BORRACHAS

As borrachas podem ser classificadas em grupos, usando uma

nomenclatura considerada satisfatória, Norma DIN/ISO 1629 , e apresentada

na tabela seguint]. Fornecemos também, na mesma tabela, algumas indicações

de polaridade e grau de saturação:

TABELA DE CLASSIFICAÇÃO DAS BORRACHAS

GRUPO R

cadeia principal de

carbono com unidades

insaturadas

("borracha")

DEFINIÇÃO POLARIDADE GRAU DE

SATURAÇÃO

ABR Borrachas de acrilato butadieno

BR Borrachas de butadieno Não polar Insaturada

CR Borrachas de cloropreno Polar Insaturada

IIR Borrachas de isobutileno-isopreno Não polar Fracamente

saturada

BIIR Borrachas de bromobutilo Não polar Fracamente

saturada

CIIR Borrachas de clorobutilo Não polar Fracamente

saturada

IR Borrachas de isopreno (sintéticas) Não polar Insaturada

NBR Borrachas de acrilonitrilo-butadieno Polar Insaturada

HNBR Borrachas de acrilonitrilo-butadieno

hidrogenado

NCR Borrachas de acrilonitrilo-cloropreno

NIR Borrachas de acrilonitrilo-isopreno

NR Borracha de isopreno (borracha natural) Não polar Insaturada

PBR Borrachas de vinil piridina-butadieno

PSBR Borrachas de vinil piridina butadieno-

estireno

SBR Borrachas de butadieno-estireno Não polar Insaturada

SCR Borrachas de cloropreno-estireno

SIR Borrachas de isopreno-estireno

GRUPO M

cadeia principal de

carbono, somente com

unidades saturadas

(“metileno”)

DEFINIÇÃO POLARIDADE GRAU DE

SATURAÇÃO

ACM Copolímero de acrilato de etil ou outros

acrilatos com uma pequena quantidade

de um monómero que facilita a

vulcanização

Polar saturado

ANM Copolímero de acrilato de etil ou outros

acrilatos e acrilonitrilo

CM Polietileno clorado Polar saturado

CFM Politrifluorocloroetileno (de acordo com

ISO 1043:PCTFE)

CSM Polietileno clorosulfunado Polar saturado

EAM Copolímeros de etileno e acrilato com

uma pequena quantidade de um

monómero que facilita a vulcanização

EPDM Terpolímeros de etileno, propileno e um

dieno com a porção insaturada residual

do dieno na cadeia lateral

Não polar Saturado

EPM Copolímeros de etileno e propileno Não polar Saturado

EVM Copolímeros de etileno e acetato de vinil

FPM Borrachas com flúor, grupos de

fluoralquilo ou fluoralcoxi na cadeia

principal do polímero (também FKM)

Polar Saturado

IM Poliisobuteno, poliisobutileno

GRUPO N

além de carbono

também tem azoto na

cadeia principal

DEFINIÇÃO POLARIDADE GRAU DE

SATURAÇÃO

N Amidas de polieter (polyether amides)

GRUPO O

além de carbono

também tem oxigénio

na cadeia principal

DEFINIÇÃO POLARIDADE GRAU DE

SATURAÇÃO

CO Policlorometil oxirano; borrachas de

epiclorohidrina

Polar Saturado

ECO Copolímeros de óxido de etileno

(oxirano) e clorometil oxirano

(epiclorohidrina)

Polar Saturado

GPO Copolímero de óxido de propileno e éter

de alquilglicidilo

Polar Saturado

GRUPO Q

cadeia principal

siloxano

DEFINIÇÃO POLARIDADE GRAU DE

SATURAÇÃO

FMQ Borracha de silicone com grupos metil e

flúor na cadeia do polímero

Polar Saturado

FVMQ Borracha de silicone com grupos metil,

vinil e flúor na cadeia do polímero

MQ Borracha de silicone só com grupos metil

na cadeia do polímero

Polar Saturado

PMQ Borracha de silicone com grupos metil e

fenil na cadeia do polímero

Polar Saturado

PVMQ Borracha de silicone com grupos metil,

fenil e vinil na cadeia do polímero

Polar Saturado

VMQ Borracha de silicone com grupos metil e

vinil na cadeia do polímero.

NOTA: As borrachas de silicone são

muitas vezes designadas simplesmente

por Q

Polar Saturado

GRUPO T

além de carbono

também tem enxofre

na cadeia principal

DEFINIÇÃO POLARIDADE GRAU DE

SATURAÇÃO

Borrachas de polisulfureto

GRUPO U

além de carbono

também tem N e O na

cadeia principal

DEFINIÇÃO POLARIDADE GRAU DE

SATURAÇÃO

AFMU Terpolímeros de tetrafluoretileno

trifluornitroso-metano e ácido

nitrosoperfluorbutirico

AU Borrachas de poliéster uretano Polar Saturado

EU Borrachas de polieter uretano Polar Saturado

MODIFICAÇÕES

X- Borrachas carboxiladas

S- Borrachas de solução

EM- Borrachas de emulsão

OE- Borrachas extendidas com óleo

B- Borrachas bromadas

C- Borrachas cloradas

Y- Borrachas termoplásticas

Tabela - Resistência a óleo e ao calor / Tipos de borrachas aplicáveis (símbolos) e

Temperatura máxima de utilização

BORRACHAS

APLICÁVEIS

(SÍMBOLOS)

TEMPERATURA

MÁXIMA DE

UTILIZAÇÃO (°C)

NR 80

IR 80

SBR 90

BR 80

IIR 130

EPM 110

Não resistente a óleo

EPDM 120

NBR 115

HNBR 150

AU 80

EU 90

CO 125

Elevada resistência a óleo

ECO 125

CR 100

CSM 125

Moderada resistência a óleo

CM 125

MQ 200

PMQ 200

VMQ 200

Muito elevada resistência ao calor e a

baixa temperatura

FVMQ 200

ACN 160 Elevada resistência ao calor e a óleo a

alta temperatura ANM 160

EAM 160

FPM 230

A escolha da borracha base para a execução de uma formulação é fortemente determinada pelo

comportamento pretendido no que respeita ao amortecimento, à rigidez, à resistência a

temperaturas elevadas ou baixas, à resistência a óleos, à resistência ao ataque químico e por

algumas das características apresentadas após envelhecimento.

De uma forma simples, dividimos as borrachas em grupos em função da sua resistência

a óleo e ao calor.

- BORRACHA NATURAL

O primeiro material conhecido como borracha (“caoutchouc” derivado da

palavra índia “caa-o-chu”) é o poliisopreno recolhido da seiva da árvore Hevea

Brasiliensis, látex , sendo por tal facto conhecido como borracha natural

(NR). A borracha natural pode reagir com o enxofre a temperaturas elevadas

para formar reticulações, ocorrendo a transformação de um estado pegajoso e

fundamentalmente plástico num estado elástico [1].

A borracha natural foi a primeira e única borracha a ser utilizada até

1927, sendo o seu interesse actual não simplesmente histórico, mas sim,

devido ao seu potencial técnico.

A borracha natural é obtida por coagulação do látex. Os graus de

qualidade mais elevados são obtidos através da coagulação por acidificação,

sob condições fabris cuidadosamente controladas.

A borracha natural comercial tem uma pequena quantidade, 4 a 9%, de

outros constituintes. Destes, os mais importantes são os antioxidantes naturais

e activadores de vulcanização representados pelas proteínas e ácidos gordos.

Na tabela I indica-se a composição típica da borracha natural, NR.

Tabela I - Composição típica da borracha natural [3]

CONSTITUINTE PERCENTAGEM

Humidade 0.3 - 1.0

Extracto de acetona 1.5 - 4.5

Proteínas 2.0 - 3.0

Cinzas 0.2 - 0.5

Borracha (hidrocarboneto) 91.0 - 96.0

Quimicamente, a borracha natural é um cis-1,4-poliisopreno ,

apresentando uma longa cadeia polimérica linear com unidades isoprénicas

(C5 H8) repetitivas e com densidade aproximadamente igual a 0,93 a 20 °C [2].

O isopreno é um sinónimo comum do composto químico 2-metil-1,3 butadieno.

Devido à regularidade da sua estrutura, cristaliza a uma temperatura

inferior a -20 °C, variando a velocidade de cristal ização com a temperatura e

com o tipo de borracha. Na estrutura química da borracha natural existe uma

ligação dupla por cada unidade de isopreno; estas ligações duplas e os grupos

metilo em posição alfa, são grupos reactivos para a reacção de vulcanização

com enxofre, sendo as ligações duplas “um pré-requisito para a vulcanização

com enxofre” [1]. Estas ligações duplas podem, no entanto, entrar em reacções

adicionais com o oxigénio ou o ozono para degradar (envelhecer) os

compostos.

Na indústria da borracha , desde que T. Hancock e Charles Goodyear

obtiveram em 1843 e 1844 as primeiras placas de borracha natural, muito se

avançou. Essas placas representam o começo da produção de artigos de

borracha e da formulação de compostos. Na maioria dos casos, os compostos

de borracha baseados em borracha natural ou sintética, necessitam de serem

vulcanizados com enxofre, peróxidos, óxidos metálicos ou combinações dos

mesmos. Outros produtos químicos são também necessários para se obter ou

melhorar propriedades físicas, químicas ou térmicas específicas.

- CLASSIFICAÇÃO DA BORRACHA NATURAL (NR)

Podemos classificar a borracha natural em três grandes grupos: graus

convencionais, borrachas tecnicamente especificadas (TSR) e borrachas

tecnicamente classificadas (TCR) [3].

No primeiro grupo encontramos os denominados “Ribbed Smoke

Sheets” (RSS), “Air-Dried Sheets”, “Pale Crepe”, “Sole Crepes” e os “Brown

and Blanket Crepes”.

Os graus pertencentes ao segundo grande grupo, TSR, foram

introduzidos pela primeira vez no mercado, em 1965, pela Malásia como

“Standard Malaysian Rubber” (SMR). Esta adesão pela Malásia à normalização

foi posteriormente seguida por outros países produtores tais como a Indonésia

com a “Standard Indonesian Rubber” (SIR). Os graus mais comuns dentro dos

TSR são o SMR L de cor muito clara, SMR CV com viscosidade estabilizada,

SMR WF similar a SMR L mas de cor mais escura, SMR GP de uso geral mas

com viscosidade estabilizada e adequada para uso em pneus, TSR 5 feita de

látex usando o mesmo processo de obtenção do SMR L mas sem tratamento

com metabissulfito de sódio e TSR10, TSR 20 e TSR 50.

Quanto ao terceiro grupo, TCR, podemos considerar a Borracha Natural

Extendida com Óleo (OENR) que contém cerca de 20% a 30% de um óleo de

processamento aromático ou nafténico, Borracha Natural Desproteinizada

(DPNR), Borrachas de Superior Processamento (SP), Borracha Natural

Epoxidada (ENR) e Borracha Natural Termoplástica (TPNR)

Para além dos graus de borracha natural provenientes da Malásia e da

Indonésia e classificados de acordo com as especificações do país de origem,

SMR e SIR, respectivamente, encontram-se no mercado outros graus, tais

como, TTR da Tailândia, SSR de Singapura, NSR da Nigéria, CAM dos

Camarões, GHA do Ghana, GAB do Gabão, LIB da Libéria, SPR das Filipinas,

PNG CR da Papua Nova Guiné, SLR do Sri Lanka, SVR do Vietname e CSR

da China.

- PROPRIEDADES E APLICAÇÕES DA BORRACHA NATURAL

Os vulcanizados de borracha natural possuem propriedades com

valores muito interessantes do ponto de vista tecnológico, especialmente boa

resistência à tracção combinada com uma boa elasticidade, boa resistência ao

calor até 80-90 °C, boa flexibilidade a baixas temp eraturas até cerca de -55 °C

e excelentes propriedades dinâmicas exibidas durante solicitações cíclicas.

Apresenta alta permeabilidade ao gás, resistência limitada ao envelhecimento e

ao ozono. Não é resistente a agentes oxidantes como por exemplo o ácido

nítrico, a óleos minerais e a hidrocarbonetos alifáticos e aromáticos. No

entanto, devido à grande proliferação, melhoramento, inovação e

especialização das borrachas sintéticas , a borracha natural tem vindo a ser

gradualmente substituída, especialmente em peças técnicas com necessidade

de resistência ao calor, ao envelhecimento e ao aumento de volume em

contacto com líquidos. Não obstante, ainda satisfaz cerca de um terço da

necessidade mundial de borracha, graças à indústria de pneus .

A borracha natural é bastante usada para a fabricação de apoios de

borracha , sendo as principais razões para este êxito as seguintes:

- Excelente resistência à fadiga e à propagação de fendas;

- Elevada resiliência;

- Reduzida histerese;

- Aderência eficaz aos metais.

- BORRACHA DE ISOPRENO

A borracha de isopreno ou poliisopreno é uma borracha natural

sintética, ou seja, é um cis-1,4-poliisopreno obtido sinteticamente. A

característica técnica do produto sintético depende da percentagem de 1,4 cis,

sendo tanto mais parecida com a borracha natural quanto mais cis contém.

Como a estrutura química é quase similar à da borracha natural (os

espectros infravermelhos são quase iguais), o campo de aplicação da IR é

semelhante ao da borracha natural, embora a borracha sintética IR seja

bastante mais pura. A maior parte da borracha de isopreno é formulada

juntamente com borracha natural (NR) ou borracha de estireno butadieno

(SBR), necessitando todavia de uma quantidade de aceleradores superior à da

borracha natural.

As primeiras tentativas na pesquisa de borrachas sintéticas , tinham

por finalidade obter uma borracha sintética semelhante à borracha natural,

usando o isopreno como material de partida [F. Hofman, 1909]. Em 1954

Goodrich foi bem sucedido na síntese de cis-1,4-poliisopreno (IR), a então

chamada “borracha natural sintética” usando os agentes catalíticos de Ziegler-

Natta (Carlos Ziegler e Júlio Natta), tetracloreto de titânio e trialquil-alumínio.

Pouco depois Firestone descobriu a marcha para a síntese de IR usando lítio

finamente disperso e alquil-lítio como agentes catalíticos, o que já tinha sido

proposto por C.D. Harries em 1917. A produção em grande escala de borracha

de isopreno (IR) utilizando lítio foi inicializada em 1960 pela Shell mas foi

somente comercializada em 1962 pela Goodyear].

- BORRACHA DE BUTADIENO ESTIRENO (SBR)

A borracha de butadieno estireno, SBR , é sem dúvida a borracha

sintética mais difundida no mundo. Foi elaborada primeiro na Alemanha na

década de 1930 com o nome de Buna S e posteriormente estudada nos

Estados Unidos durante a 2ª guerra mundial com a denominação de GRS

(Government Rubber-Styrene), sendo esta denominação posteriormente

substituída por SBR. O produto alemão era, na altura, de difícil processamento].

O butadieno (CH2=CH-CH=CH2) e o estireno (C6H5-CH=CH2) são os

monómeros de base para a produção de SBR, sendo o conteúdo de estireno

de cerca de 23,5% , havendo todavia graus de SBR com teor de estireno de 40

a 85%. À medida que aumenta o teor de estireno, o produto da polimerização

(SBR) assume mais a característica de produto termoplástico, pelo que este

tipo se usa sempre combinado com SBR normal, obtendo-se, assim, maior

facilidade de trabalho].

A maior parte do SBR, cerca de 85 a 90%, é polimerizado por

emulsão , sendo os restantes 10 a 15% polimerizados em solução. Em função

da temperatura de polimerização, a borracha obtida é classificada de “hot

rubber” se a temperatura de polimerização é de cerca de 55 °C e de “ cold

rubber” se a temperatura de polimerização se situa entre 5-10 °C, possuindo

esta última melhores características de laboração. Considerando o tipo de

estabilizadores usados na polimerização, o SBR é classificado de SBR

manchante (staining) e SBR não manchante (non-staining).

Existe também o SBR extendido com óleo (oil extended SBR), sendo o

mais vulgar o que contém 25 a 50 partes em peso de plastificante sobre 100

partes de borracha, sendo este tipo de SBR o de mais fácil processamento. Os

óleos usados podem ser aromático ou nafténico; o óleo parafínico não é

utilizado porque não é suficientemente solúvel no SBR. Os tipos mais

conhecidos de SBR extendido com óleo são o SBR 1712 (escuro) e o SBR

1778 (claro)].

Outras formas populares de SBR modificado são os “Masterbatches”

feitos com óleo, negro e negro e óleo.

- CLASSIFICAÇÃO DAS BORRACHAS DE SBR

O Instituto Internacional dos Produtores de Borracha Sintética (IISRP) elaborou um esquema de classificação que foi genericamente aceite [3]. Os números de série usados para as borrachas de butadieno estireno (SBR) são os seguintes:

1000 - Borrachas não pigmentadas polimerizadas a quente; 1500 - Borrachas não pigmentadas polimerizadas a frio; 1600 - “Masterbatches” de borracha polimerizada a frio, negro de carbono e óleo, contendo até 14 partes de óleo, por cem; 1700 - “Masterbatches” de borracha polimerizada a frio e óleo (oil extended SBR); 1800 - “Masterbatches” de borracha polimerizada a frio, negro de carbono e óleo, contendo mais de 14 partes de óleo por cem; 1900 - “Masterbatches” de diversos polímeros sem óleo.

- PROPRIEDADES

Os vulcanizados obtidos a partir da borracha de butadieno estireno

(SBR) apresentam uma melhor resistência à abrasão do que a borracha natural

(NR), assim como uma melhor resistência a altas temperaturas (100 °C) e ao

envelhecimento, mas uma menor flexibilidade e elasticidade a baixas

temperaturas (até cerca de -50 °C). No caso das tem peraturas elevadas, os

vulcanizados de SBR apresentam um endurecimento e não um amolecimento

como acontece com os vulcanizados de borracha natural. A permeabilidade ao

gás apresentada é elevada mas menor do que a dos vulcanizados de borracha

natural enquanto que a resistência química é semelhante à da borracha

natural].

- BORRACHA DE POLICLOROPRENO (CR)

As borrachas de policloropreno são obtidas pela polimerização do

cloropreno, (2-cloro-1,3 butadieno) e são conhecidas pelo nome popular de

Neoprene, marca registada da empresa DuPont para este tipo de borracha.

Se o cloropreno for polimerizado sem qualquer aditivo de modificação, o

produto obtido é tão duro e insolúvel que é impossível de processar, tendo,

portanto, que se decompor a cadeia do polímero para permitir pontos de

clivagem. Os dois métodos usados para obter a processibilidade são:

- o processo tipo tiurame ou modificado com enxofre

- o processo modificado sem enxofre, modificação por mercaptano.

A cor (light âmbar, branco suave, cinzento prateado), a densidade e a

viscosidade dependem do tipo de policloropreno. A viscosidade (ML, 1+4 a 100

°C) do policloropreno, matéria-prima, pode variar d e cerca de 34 a 130

unidades.

O policloropreno foi originalmente introduzido no mercado pela DuPont

com o nome de Duprene como uma borracha sintética com boa resistência ao

óleo e ao ozono. Posteriormente, a DuPont apresentou novos tipos de CR com

melhores características de laboração e vulcanização, sob o nome de

Neoprene .

Embora a resistência ao óleo das borrachas então existentes tenha sido

melhorada com o aparecimento das borrachas nitrílicas e a resistência ao

ozono com o aparecimento das borrachas EPT (terpolímero de etileno e

propileno), a borracha de policloropreno continuou a ser bastante usada devido

à boa combinação de propriedades e processibilidade apresentada].

A DuPont foi durante várias décadas o primeiro e único produtor da

borracha de policloropreno. Introduziu no mercado uma grande variedade de

diferentes tipos para satisfazer as diferentes necessidades da indústria.

- FAMÍLIAS DE NEOPRENE

A primeira divisão das borrachas de Neoprene foi feita considerando

o grupo destinado ao fabrico de adesivos e o grupo para aplicação geral na

indústria, subdividido este último em três famílias, a família G, a família W e a

família T.

Dentro da família G , os graus mais típicos são o Neoprene GN com

pouca estabilidade enquanto matéria-prima pelo que não aguenta muito tempo

de stock nessa situação, o Neoprene GNA e o Neoprene GT, estes com melhor

resistência à cristalização, embora pequena.

Os Neoprenes da família W possuem melhor estabilidade de

armazenagem e maior resistência à cristalização, fruto da modificação com

mercaptano sofrida durante a sua produção, ou seja, durante a polimerização.

Têm também uma distribuição mais uniforme do peso molecular e necessitam

normalmente de aceleradores orgânicos para que a vulcanização seja

razoavelmente rápida. Os graus mais típicos na família W, são o Neoprene W,

o Neoprene WHV e o Neoprene WK. O Neoprene WRT é o mais resistente à

cristalização.

Na família T , podemos citar o Neoprene TW e o Neoprene TRT, ambos

semelhantes ao Neoprene tipo W e contendo uma fracção de polímero gel para

melhorar o seu comportamento. São resistentes à cristalização e necessitam

de aceleradores orgânicos. Apresentam muito pouco nervo e uma baixa

contração.