41
 Exemplo: Considere o fluxo laminar, permanente, unidirecional, de fluido incompres- sível e Newtoniano, no espaço anular compreendido entre dois cilindros (de seção reta circular) concêntricos, o externo estático e o interno em movimento de rotação, Figura 25. Figura 25: Esquema básico do viscosímetro de cilindro rotativo. O perfil de velocidades proposto se baseia na condição de não deslizamento. Obser- ve-se que atrito deve ser transmitido da parede do cilindro interno até a parede do ci- lindro externo; da face inferior do cilindro interno até o fundo do copo constituído pelo cilindro externo. Deste modo cortes perpendiculares ao eixo longitudinal do sistema iriam revelar dife- rentes perfis de velocidade, isto é haveria um efeito de extremidade importante. Tal efeito pode ser desprezado se o sistema for longo o suficiente. Assumindo ser este o caso, escolhendo um sistema de coordenadas cilíndrico de eixo oz coincidente com o eixo de simetria (longitudinal) dos cilindros, Figura 26, se pode calcular o torque ne- cessário para manter o sistema em regime permanente. Em geral v θ  = v θ  (t,r,z,θ) mas neste caso podem ser feitas algumas simplificações: 1 - regime permanente, v θ (r,z,θ); 2- simetria do fluxo em relação ao eixo oz, isto é v θ  não se altera com θ, 0 V r , z , t  = θ  θ ; 3 - desprezíveis os efeitos da extremidade, isto é, leva- se em conta apenas regiões longe do fundo do aparelho e, portanto v θ = v θ (r). Analisando termo a termo a equação de conservação de Q.M., componente θ, equação E; Tabela II,  0 t V = ρ  θ ; regime permanente. 0 r V v r  =  θ ; v r  é nulo, fluxo unidirecional. 0 V r V = θ  θ θ ; condição de simetria. 0 r V V r =  θ ; v r  é nulo, fluxo unidirecional.  Corte longitudinal Corte transversal ω R 2 ω Cilindro em rota ão Estático Fluido Cilindro estático Fluido R 1  V θ  

Apostila Parte 2

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temodinâmica

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  • Exemplo: Considere o fluxo laminar, permanente, unidirecional, de fluido incompres-svel e Newtoniano, no espao anular compreendido entre dois cilindros (de seo reta circular) concntricos, o externo esttico e o interno em movimento de rotao, Figura 25.

    Figura 25: Esquema bsico do viscosmetro de cilindro rotativo.

    O perfil de velocidades proposto se baseia na condio de no deslizamento. Obser-ve-se que atrito deve ser transmitido da parede do cilindro interno at a parede do ci-lindro externo; da face inferior do cilindro interno at o fundo do copo constitudo pelo cilindro externo.

    Deste modo cortes perpendiculares ao eixo longitudinal do sistema iriam revelar dife-rentes perfis de velocidade, isto haveria um efeito de extremidade importante. Tal efeito pode ser desprezado se o sistema for longo o suficiente. Assumindo ser este o caso, escolhendo um sistema de coordenadas cilndrico de eixo oz coincidente com o eixo de simetria (longitudinal) dos cilindros, Figura 26, se pode calcular o torque ne-cessrio para manter o sistema em regime permanente.

    Em geral v = v (t,r,z,) mas neste caso podem ser feitas algumas simplificaes: 1 - regime permanente, v(r,z,); 2- simetria do fluxo em relao ao eixo oz, isto v no se altera com , 0V r,z,t =

    ; 3 - desprezveis os efeitos da extremidade, isto , leva-

    se em conta apenas regies longe do fundo do aparelho e, portanto v = v (r).

    Analisando termo a termo a equao de conservao de Q.M., componente , equao E; Tabela II,

    0t

    V=

    ; regime permanente.

    0r

    Vv r =

    ; vr nulo, fluxo unidirecional.

    0Vr

    V=

    ; condio de simetria.

    0r

    VVr=

    ; vr nulo, fluxo unidirecional.

    Corte longitudinal

    Corte transversal

    R2

    Cilindro em rotao

    Esttico

    Fluido

    Cilindro esttico

    Fluido

    R1

    V

  • 33

    0=

    z

    vvz

    ; vz nulo, fluxo unidirecional.

    0z

    V=

    ; efeitos das extremidades so negligenciveis.

    0pr

    1=

    ; condio de simetria.

    ( )

    rV

    rr

    1r

    , termo que contem a informao requerida, como a velocidade varia

    ao longo do raio.

    0V

    r

    12

    2=

    ; condio de simetria.

    0Vr

    2 r2 =

    ; vr nulo.

    0z

    V2

    2=

    ; efeitos de extremidade so desprezveis.

    0= g ; orientao do campo gravitacional em relao ao sistema.

    resulta ( ) 0rVrr

    1r

    =

    , a qual representa a equao diferencial que descreve o fluxo.

    Figura 26: orientao realtiva do sitema fsico e sistema de coordenadas.

    As condies de contorno pertinentes seriam: r = R1 (cilindro interno) v = [radianos/s]. R1[m] r = R2 (cilindro externo) v = 0. de modo que, integrando sucessivamente se encontra

    ( ) 212

    1 21

    CCr

    rVeCrVrr

    +==

  • 34

    As constantes podem ser encontradas aplicando-se as condies de contorno, de modo que:

    ( ) ( )22212

    112

    22

    1

    21

    22

    222

    2 RRRCe

    RRRRC

    =

    =

    Por outro lado a tenso de cisalhamento que age em casca cilndrica de raio r vale:

    222322 Cr

    Cr

    rr

    Vr

    rr

    =

    =

    =

    de modo que a fora e o torque fora x brao da alavanca -- atuando sobre a mesma superfcie valem:

    r

    CLrL

    r

    CLrF r 222 4222 pipipi ===

    ( )212222

    212 44

    RRRRLr

    r

    CLT

    ==

    pipi

    Isto , o torque independe do valor de r, condio de equilbrio mecnico para que o regime se mantenha permanente.

    Um viscosmetro pode ser construdo, baseado nas dedues precedentes. Entretan-to, do ponto de vista prtico, o mesmo no pode ser feito longo o suficiente para que os efeitos de extremidade sejam de fato desprezveis. Assume-se a validade de uma equao do tipo

    ( )212222

    214

    RRRRLT

    =

    pi

    onde representa uma constante de calibrao do aparelho. Como se nota a constan-te de calibrao pode ser determinada para uma dada geometria, se houver a disponi-bilidade de um lquido de viscosidade conhecida e algum mtodo de medio do tor-que. Idealmente a constante deve ser independente da velocidade de rotao.

    Lei de Stokes: considera-se o movimento relativo entre um fluido, incompressvel e Newtoniano, em regime permanente e laminar, macroscopicamente unidirecional, e uma esfera, tal como indica a Figura 27. Um sistema de coordenadas esfricas, centrado na esfera pode ser utilizada para descrever o movimento do fluido. Pode-se mostrar que, para condio em que:

    =

    VR2Re 1

    (onde representam: Re , o adimensional de Reynolds; R , o raio da esfera; , a massa especfica do fluido; , a viscosidade do fluido; V , a velocidade relativa entre a esfera e o fluido), se desenvolve um campo de presses dado por:

    cos23 2

    0

    =

    r

    RRVgzPP

    e um campo de velocidades especfico, ao qual est associado o tensor:

    sen23 4

    =

    r

    RRv

    r

  • 35

    Figura 27: Sistema de coordenada esfrico, definido para o fluxo de um fluido em torno de uma esfera.

    Considerando a rea de atuao de cada um destes esforos, a condio de simetria, e integrando sobre a superfcie da esfera, r = R; resulta uma fora de interao entre o fluido e esfera, devida unicamente ao movimento relativo:

    F = 6piRV Re 1 ; Lei de Stokes.

    Exemplo: Determine o tempo de repouso, necessrio para que uma incluso esfrica de alumina ( Al2O3 = 3000 kg/m3, R = 25m) flutue at o topo de um banho de ao lquido (1600 0C, ao = 7000 kg/m3, = 7x10-3 Pa . s), de profundidade igual a 2m, Figura 28. Esta condio representa uma condio limite de flotao, para a qual no se consideram os efeitos benficos oriundos do choques entre as incluses, seguidos

  • 36

    de coalescimento das mesmas. Justamente por isto instrutivo por ressaltar o efeito do tamanho da incluso sobre a velocidade de ascenso. Neste caso o balano de foras relativo ao movimento da esfera se escreve

    = foras Resultante ou

    ++= impuxoesoOAl FEpzR..

    3.

    34

    32pi

    .

    33..

    3 634

    34

    34

    3232zRgRgRzR aoOAlOAl pipipipi +=

    onde Fi representa a fora de interao entre incluso e o ao esta pode ser estimada pela Lei de Stokes, mas uma hiptese a verificar. Neste caso se escreve equao que pode ser facilmente integrada com as condies iniciais que expressam a situao mais desfavorvel limpeza interna do ao; em t=0 a incluso se encontra no fundo da panela e esttica, portanto : 0z;0z

    .

    == .

    Figura 28: Foras atuantes sobre uma incluso imersa em ao lquido.

    Algumas possveis solues so esquematizadas na Figura 29. VT representa a velocidade terminal de ascenso da partcula, velocidade mxima possvel de ser atingida durante a ascenso; portanto aquela que corresponde acelerao nula:

    TaoOAl RVgRgR pipipi 634

    340 33

    32+=

  • 37

    )(92

    32

    2OAlAoT gRV

    =

    O perodo de tempo necessrio para se alcanar tal velocidade pode ser excessivamente longo, impraticvel para as condies industriais, caso em que a trajetria da incluso poderia ser -- facilmente descrita aps integrao da equao diferencial

    Figura 29: Velocidade da incluso ao longo da altura.

    precedente. Entretanto, no caso da soluo (c) se realizar, se pode aproximar o movimento a um movimento no acelerado, com valor de velocidade:

    ( )32

    2

    92

    OAlaoT gRv =

    desde que a poro da trajetria onde ocorre a maior parte da acelerao seja pequena em relao altura total de lquido. Ento ( ) ( ) s/m00077,0300070008,91025

    10792

    v26

    3T ==

    que corresponde a um tempo de flutuao igual a [ ][ ] [ ]ssmm

    v

    Lt

    T

    2571/00077,0

    2===

    Esta resposta permanece vlida se o nmero de Reynolds for inferior a 1: caso contrrio outra expresso para a fora de interao precisa ser considerada.

    10385,0107

    00077,07000)1025(223

    6

  • 38

    superfcie de contato e probabilidade de choque das incluses contra esta ltima (isto , concentrao de incluses no ao), se pode escrever ento:

    CAKV dtdC

    =

    expresso que prev um decaimento exponencial do contedo de incluses. A se fiar nesta anlise a agitao seria extremamente prejudicial no que toca ao grau de limpeza interna dos aos; entretanto prtica corriqueira agitar o ao para facilitar a separao das incluses.

    Esta aparente contradio se explica. A agitao promove o choque e o coalescimento das incluses (coalescimento de incluses lquidas; formao de cachos ou clusters de incluses slidas), o que implica em maior tamanho mdio das mesmas e melhor separao.

    Modelos podem ser construdos, para situaes especficas, de modo a contabilizar o coalescimento e flotao de incluses. Por exemplo, de acordo com a teoria de SAFFMAN&TURNER o numero de choques entre incluses de duas classes, por e-xemplo i e i+n , seria proporcional s concentraes de incluses em cada classe,

    WnixNixN )()( + , onde W representa uma constante de proporcionalidade depen-dente do mecanismo de choque atuante. Como sugere a Figura 30 o choque entre partculas de classe i com partculas de classe i+n d ensejo ao nascimento de part-culas da classe k.

    Figura 30 Esquemtico de distribuio de tamanho de incluses.

    Quando os choques so devidos unicamente turbulncia devida agitao, a cons-tante de proporcionalidade citada seria dada por

    0,5

    .

    3n)]xR(i[xR(i){1,31W

    ++=

    onde [m2/s3] e [m2/s] representam, respectivamente, a taxa de dissipao de ener-gia e a viscosidade cinemtica do ao. Outros mecanismos podem estar ativos, por exemplo movimento browniano de incluses pequenas; choques devidos diferena

  • 39

    de velocidade de ascenso propiciada pelo empuxo que age sobre partculas de dife-rentes dimetros (contribuio de Stokes). Prope-se, para este ltimo mecanismo.

    xR(i)n)xR(i3n)}xR(i{xR(i)9

    g2

    2W +++=

    Onde, representa a diferena entre as massas especficas do ao e incluso, g a acelerao da gravidade e a viscosidade dinmica do ao. Ento, W = Wi

    A anlise seguinte diz respeito aplicao deste modelo ao caso do desgaseificador RH. Neste reator, aps o perodo de desgaseificao e de queima de carbono, o qual se d por meio de oxignio soprado por lana na cmara de vcuo, adiciona-se alum-nio para desoxidao. O resultado um elevado contedo de incluses que precisam ser removidas; promove-se ento a circulao do ao entre panela e cmara de v-cuo, durante cerca de 10 minutos, para obter a separao desejada.

    De modo a contabilizar a separao das incluses na interface metal/escria admite-se que a panela pode ser sub-dividida em dois reatores, Figura 31; 1- o reator inferior, de mistura perfeita, onde ocorre o choque e coalescimento de incluses de acordo com o modelo j descrito; 2- um reator superior, de volume restrito proximidade da interface metal-escria, que perde todas as incluses nele contido num dado intervalo de tempo de processamento.

    Como primeira aproximao se admite eficincia completa de captura de incluses na interface. Alm do mais, o volume deste reator virtual, e logo a quantidade de inclu-ses efluentes, depende do tamanho de incluso a ser considerado. Por exemplo in-cluses maiores flotam mais rpido o que implica em reator mais profundo.

    Figura 31 Diviso esquemtica da panela em reator de coalescimento e de flotao.

    No reator de flotao as velocidades so significativamente menores, caracterizando um fluxo laminar, o que permite estimar a velocidade de flotao a partir da equao de Stokes.

    O reator em questo compreende uma panela de 315 toneladas de capacidade e a taxa de circulao da ordem de 180 ton/min; a quantidade inicial de oxignio (no instante de adio de alumnio) era de cerca de 600 ppm. Para este aparelho se obteve

  • 40

    D0,0066S0,0162100Q

    0,006960,008714]/s[m 32 +=

    onde Q a taxa de circulao(ton / min), S o dimetro da perna de subida (m) e D o dimetro da perna de descida(m).

    Uma comparao entre resultados industriais e modelo de choque-coalescimento de incluses mostrada na Figura 31. Se a circulao (que responde pela agitao do contedo da panela no se atingiria o grau de limpeza almejado).

    Figure 31 Evoluo do contedo mdio de oxignio; modelo vs industria.

    Entretanto, agitao excessiva pode promover turbulncia junto interface metal-escria, o que pode resultar em aumento do nmero de incluses, Figura 32. Se, para as vrias operaes retratadas, os tempos mdios de tratamento forem da mesma ordem de grandeza, ento a varivel no eixo das abcissas, . t [kJ/tonelada ] poder ser tomada como uma medida direta do Aporte especfico de Energia, [watts/tonelada], i.e. da intensidade de agitao. A figura sugere que, inicialmente, para valores pequenos e crescentes de intensidade de agitao o grau de limpeza interno do ao aumenta. Isto se deveria s correntes de conveco geradas pela injeo do gs, que arrastariam as incluses na direo da camada de escria de cobertura, onde seriam absorvidas. Adicionalmente, das colises entre incluses de pequeno porte, tambm ensejada pela turbulncia devida injeo de gs, resultariam incluses de maior tamanho capazes de ascender no lquido maior velocidade. Entretanto, excesso de agitao poderia provocar turbulncia em demasia na interface metal/escria de cobertura. No evento desta ltima no ser capaz de resistir aos esforos cisalhantes o efeito prtico do excesso de agitao seria a emulsificao da escria. Deste modo o ao seria contaminado por incluses advindas da escria.

    Exemplo: Uma das ltimas possibilidades de flotao de incluses em ao se encontra no distribuidor do lingotamento contnuo, Figura 33. Normalmente se emprega uma camada de escria de proteo por sobre o ao. As propriedades desta escria devem ser tais que atendam a uma srie de objetivos: reduo de perdas trmicas por conduo e radiao; isolamento qumico contra a atmosfera circundantes, de modo a reduzir o pick-up de nitrognio e oxignio, isto , reoxidao e consequente formao de novas incluses; capacidade de absoro de incluses.

  • 41

    a

    ao

    P

    LgRTn

    += 1ln

    *

    ; *

    n (mols/s), vazo do gs; R (J/K.mol) constante dos gases; T

    (K) temperatura absoluta; ao (kg/m3) massa especfica do ao; g (m/s2) acelerao da gra-vidade; L (m) profundidade de injeo; aP (Pa) presso ambiente ; t (s) tempo de agitao. Figura 32: Influncia da energia de agitao sobre o nvel de limpeza interno.

    Para atender este ltimo objetivo, que se traduz em maior nvel de limpeza interna do ao, a composio da escria precisa ser escolhida de modo que a mesma apresente algumas caractersticas, por vezes conflitantes: a emulsificao da camada de escria deve ser evitada, o que requer altos valores de tenso interfacial e altos valores de viscosidade; entretanto altos valores de viscosidade dificultam o misturamento entre a escria e as incluses porventura capturadas. A escria deve ser lquida e de massa especfica bastante diferente da massa especfica do ao, para que se mantenha a sepao entre os dois lquidos. A escria deve apresentar afinidade qumica pela incluso, o que indica, mais simplesmente, que a escria no pode ser saturada nos componentes da incluso, caso em que no haveria fora motriz termodinmica para a dissoluo da mesma. A temperatura influencia todas as variveis citadas mas, modo geral, alterar a temperatura de processo de modo a control-la no representa uma opo vivel.

    Deste modo resta ainda modificar a geometria interna do distribuidor (posicionar obstculos direcionadores de fluxo) de modo a alterar a trajetria do ao (e logo das incluses) tal que curtos circuitos sejam evitados. Pode-se estimar a eficiencia de flotao num distribuidor a partir de um balano de conservao de incluses, considerando o movimento composto da incluso, Figura 34,

  • 42

    Figura 33: Esquema de um sistema de lingotamento contnuo.

    Figura 34: Composio de movimentos, na separao de incluses.

    onde se admite, no sentido longitudinal que a velocidade de incluso seja igual velocidode mdia do ao, e na vertical igual velocidade de ascenso em meio esttico (Lei de Stokes, por exemplo). No se considera choque das incluses, seguido de aglomerao; no se considera a formao de novas incluses bem como o crescimento devido reao de reoxidao; de modo anlogo no se leva em conta a interao entre incluses e paredes refratrias. Ento, Figura 35, um balano de

  • 43

    incluses contempla o fato que as mesmas atravessam uma rea de seo reta igual a Hw em funo do arraste pelo ao e que, eventualmente, uma frao destas

    Figura 35: Volume de controle para balano de incluses.

    ascendam at a rea de interface z.w, com velocidade Vasc. Matemticamente o balano se escreve:

    Cwzvm

    CmwHs

    mVm

    CmwHs

    mVm

    CmwHzdtd

    asc

    zzaozao

    ...

    ][.][.].[.. 323233

    +

    =

    +

    onde C representa a concentrao de incluses. Note-se que este tratamento admite que existe mistura perfeita no interior de cada volume infinitesimal de controle; neste a concentrao uniforme desde o fundo do distribuidor at a interface com a escria. Em regime permanente:

    CwzvCwHVCwHV asczzaozao .........0 = +

    a qual corresponde equao diferencial C.vdzdC

    .H.V ascao =

    Integradando com as condies de contorno (z = 0 ;C = C0) e (z = L ;C = CS) resulta L

    VHV

    CC

    ao

    ascS =.

    ln0

    De acordo com esta expresso a separao de iincluses ser tanto mais efetiva quanto: 1- maior a velocidade de ascenso, basicamente controlada pelo seu tamanho

  • 44

    desde que as outras variveis esto usualmente fora de controle; 2 maior o comprimento do distribuidor; 3- menor a distncia a ser vencida at a camada de escria; 4- menor a velocidade de lingotamento, isto maior o tempo de residncia.

    Exemplo: em um tratamento muito comum, o distribuidor considerado uma combi-nao de Mistura Perfeita, de fluxo Piston e zona Morta, com caractersticas parciais destas. Um reator de Mistura Perfeita aquele no interior do qual a intensidade de misturamento to pronunciada que inexistem gradientes da varivel de interesse, Figura 36. Esta restrio no implica em ausncia de variao ao longo do tempo.

    Quando uma quantidade finita e limitada de uma espcie qumica, alcunhada de tra-ador, adicionada na entrada do reator, esta se espalha instantaneamente no volu-me do reator e se reporta diluda da na sada do reator. Portanto, to logo adiciona-do, comea a sair do sistema.

    Figura 36: esquemtico de reator de mistura perfeita.

    Um traador, no contexto desta discusso, no altera o campo de velocidades pr-existente no reator. Idealmente, o mesmo material que constitui a alimentao, com algum gene modificado. Por exemplo, um istopo radioativo. Mais comumente em modelagem a frio, envolvendo gua como fluido de trabalho, solues salinas ou ci-das; em aciaria, um metal de baixo ponto de fuso e solvel, como: cobre. Ou uma incluso pode ser considerada como traador.

    Outro reator idealizado o de fluxo em Piston. Geralmente, representado na forma tubular, com um piston a controlar o fluxo, figura 37,

    Figura 37: esquemtico do reator de fluxo piston.

    para ressaltar a ausncia de misturamento no sentido radial e longitudinal. Portanto, um traador adicionado na entrada do reator s aparece, e se reporta de uma s vez na sada, aps o intervalo de tempo requerido para o piston atravesse todo o compri-

  • 45

    mento do reator. Ento, aps QVRT = , onde T representa o tempo nominal de resi-

    dncia.

    A zona morta corresponde a uma parte do volume til do reator que pouco interage do ponto de vista fsico-qumico com as demais. Geralmente, associada a zonas de circu-lao.

    Tcnicas de modelagem fsica sugerem metodologias para a diviso do reator em fra-o de Fluxo em Piston, Mistura Perfeita e Zona Morta, por exemplo Figuras 38 e 39.

    Figura 38: Diviso do distribuidor em volumes caractersticos.

    Pelas prprias caractersticas de operao, zonas Mortas e de Mistura Perfeita so inevitveis; em geral, procura-se determinar a configurao geomtrica do distribuidor (barreiras, diques e inibidores de turbulncia) capazes garantir fluxo pistonado. Fluxo pistonado a caracterstica que se procura para evitar mistura entre diferentes tipos de ao, para se maximizar a separao (flotao de incluses).

    Figura 39: os vrios reatores em um distribuidor

    Exemplo: Um distribuidor de capacidade nominal de 30 toneladas tem a forma apro-ximada de um paraleleppedo, tal que o nvel de ao seja H =1,2 m; a largura W = 0,8 m e o comprimento L = 4,5 m; lingota com velocidade igual a 3 toneladas/minuto. Des-te modo, o tempo nominal de residncia seria dado por

    minutos10oton./minut3

    toneladas30T ==

    Este seria o tempo que uma incluso teria disponvel para se separar do ao e ser absorvida pela camada de escria se o distribuidor fosse um reator de Fluxo em Pis-ton. Entretanto, modelagem fsica deste distribuidor, tendo sugerido que apenas 25%

  • 46

    do mesmo se comporta como fluxo em Piston indica que o tempo crtico para a flota-o no seria to elevado. Aps um perodo de tempo de cerca de 5,2T0,25 = mi-nutos, incluses no removidas por flotao seriam remetidas ao molde. Incluses de alumina, de cerca de 50 m de dimetro seriam separadas? Para responder a esta questo, vamos admitir validade da lei de Stokes, para o clculo da velocidade terminal de ascenso da incluso no ao:

    ( )inclusoao2

    T 9gR2

    V

    =

    Adotando = 6x 310 Pa.s; ao = 7000 kg/m3; incluso = 3000 kg/m3, e desde que g = 9,81 m/s2 e R = 25 x 610 m, se observa que TV = 9,08 x

    410 m/s. Como o trajeto a ser percorrido de 1,2 m, o tempo necessrio para separao completa seria

    ==

    Tflotao V

    Ht 22 minutos >> 2,5 minutos.

    Nestas condies parte das incluses seria arrastada ao molde. A poro de ao isen-ta de incluses, pela ao da flotao, figura 40, pode ser estimada igualando-se os tempos de trajeto nas direes vertical e horizontal, isto ,

    =

    T

    f

    VH

    150 s (2,5 minutos) ou =fH 0,136 m.

    Figura 40: diviso esquemtica do distribuidor.

    Segundo este raciocnio o tamanho crtico de incluso seria

    ( ) 2inclusoaoT R1

    g2H9

    v

    HT0,25

    == ou 2

    3-

    R1

    4000x9,81x2106x1,2x9

    150 =

    Ento, incluses maiores que R ~ 75 m ( TV ~ 8x 310 m/s;Re = 1,38) teriam a opor-tunidade de serem completamente absorvidas pela camada de escria de cobertura.

    Este resultado se encontra ligeiramente acima do que se considera aceitvel para a validade da lei de Stokes, Re

  • 47

    Exemplo: Considere-se que as dimenses de um distribuidor sejam 1,5 (profundida-de) x 0,8 (largura) x 4,5 (comprimento) m3 , e que o mesmo lingota a 5 ton/minuto. A primeira tera parte do distribuidor se comporta como um reator no qual existe mistura perfeita no sentido vertical, mas inexiste mistura no sentido longitudinal; o restante do mesmo como um reator no qual no existe mistura nas direes longitudinal e vertical. Qual a frao de incluses de 45 m de dimetro que arrastada ao molde? A inclu-so de slica, para a qual 2SiO = 2,32 g/cm3; considere para o ao = 7 x 10-3 Pa.s. Na primeira poro do distribuidor(mistura perfeita) pode-se estimar a frao de inclu-ses retiradas como:

    HVt vasof

    e-1r

    =

    onde ft representa o tempo de residncia do ao nesta parte.

    Viscosidade dos fluidos mais comuns em metalurgia

    A viscosidade de um fluido foi originalmente definida a partir da proposio de Newton, para um fluxo laminar e unidirecional

    dxdVy

    yz = ou, Tenso de cisalhamento = Viscosidade x Gradiente de velocidade. Deste modo, em termos de dimenses se encontra, no sistema internacional:

    [ ]

    =

    m

    s

    m

    idadeVism

    s

    mKgcos2

    2

    isto , para unidade de viscosidade [ ] [ ]sPsmKg a11 = . De modo anlogo, para o sistema CGS, [g.cm-1.s-1] = Poise, o que permite estabelecer para fins de transformao, [kg.m-1.s-1] = [1000g . (100.cm)-1 . s-1] = 10[g.cm-1.s-1] isto Pa . s = 10 Poise. A viscosidade da gua a 200C e 1 atm de presso vale 1centi-poise, 1cp, o que permite formar uma base a respeito da viscosidade relativa de gase e de outros fluidos. Um fluido dito ser Newtoniano se a viscosidade do mesmo funo de Estado, ou seja, funo apenas da Temperatura, Presso e da Composio. Muitos fluidos ou misturas de importncia industrial no o so; a Reologia trata dos casos mais comple-xos, o que est fora do contexto destas anotaes.

    Observa-se, experimentalmente, ser pequena a influncia das variaes de presso sobre o valor da viscosidade. Os efeitos mais significativos so devidos composio e temperatura. Independente do fato da verdadeira relao funcional entre viscosidade e temperatura (para uma dada compoiso do fluido) ser ou no do tipo exponencial comum a apresentao de dados na forma de equao de Arrhenius:

    RTE

    e

    = .0 onde representa a viscosidade; 0 um fator pr exponncial; E a energia de ativao do fluxo viscoso; R a constante dos gases; T a temperatura absoluta. Convencionalmente se escolhe o sinal do expoente de modo que a Energia de Ativao resulte positiva.

  • 48

    Viscosidade de gases A literatura apresenta valores experimentais de viscosidade de gases, na forma de Tabela ou Grficos, por exemplo Figura 41. Observe: 1- que a viscosidade dos gases aumenta com o aumento de temperatura; 2- que ordem de grandeza de viscosidade dos gases ( ~ 3x10-2 cP) duas vezes inferior da gua (1 cP)

    Figura 41: Viscosidade de alguns gases em presses ordinrias.

    Embora seja perfeitamente vlido retratar a dependncia experimental entre viscosidade e temperatura por uma equao do tipo de Arrhenius, existem proposies para o clculo da mesma. Por exemplo (Bird, Geiger) a teoria do Par Potencial, de Lennard-Jones, permite estimar a Energia Potencial correspondente aproximao de duas partculas desde a distncia infinita at uma distncia genrica r, vide Figura 42, por meio da equao

    =

    612

    prr

    4E , onde representa o distanciamento entre as partculas para Ep

    igual a zero, representa o valor mnimo de energia ou valor de equilbrio, o qual o-corre para interespaamento igual a .

    Prope-se calcular a viscosidade a partir de

    =

    .

    .1067,2][ 25 TMpoise

    onde representam: M , a massa atmica do gs [g/mol], Tabela VII; T , a temperatura absoluta [K]; , um parmetro de Lennard-Jones [Angstrom], Tabela VII; = integral de coliso, tambm um parmetro advindo da teoria, a ser obtido em funo da tempe-ratura e das caractersticas do gs, estas ltimas expressas atravs do parmetro de

    Lennard- Jones Bk

    , Tabela VII. A Tabela VIII permite estabelecer o relacionamento

    citado acima.

  • 49

    Figura 42 Funo Potencial de Lennard-Jones potential descrevendo a interao de duas molculas no polares.

    TabelaVII Parmetros de Lennard Jones para alguns gases

    Parmetros de Lennard Jones

    Parmetros de Lennard Jones

    Substncia Massa Molecular g/mol

    [0A ] /KB [

    0K]

    Substncia Massa Molecular g/mol

    [0A ] /KB [

    0K] Gases leves Poliatmicos H2 2,016 2,915 38,0 Ar 28,97 3,617 97,0 He 4,003 2,576 10,2 O2 32,00 3,433 113,0 Gases Nobres N2 28,01 3,798 71,4 Ne 20,183 2,789 35,7 CO 28,01 3,590 110,0 Ar 39,944 3,418 124,0 CO2 44,01 3,996 190,0 Kr 83,80 3,498 225,0 SO2 64,07 4,290 252,0 Xe 131,3 4,055 229,0 F2 38,00 3,653 112,0 Cl2 70,91 4,115 357,0 Br2 159,83 4,268 520,0 CH4 16,04 3,822 137,0

    Tabela VIII Valores da Integral de coliso em funo de KB.T/. KB .T/ KB .T/

    0,3 2,785 6,0 0,8963 0,4 2,492 8,0 0,8538 0,5 2,257 10 0,8242 0,6 2,065 20 0,7432 0,7 1,908 40 0,6718 0,8 1,780 60 0,6335 0,9 1,675 80 0,6076 1,0 1,587 100 0,5882 2,0 1,175 200 0,5320 4,0 0,9700 400 0,4811

    Exemplo: Seja estimar a viscosidade do oxignio a 800 k. Da Tabela VII se tem MO2 = 32,00 [g/mol], = 3,433

    0A , e, ainda, sendo

    BK

    = 113, se obtm, para T = 800 K

  • 50

    T/( / kB) 6 0,8963 7,08 0,8734 (valor obtido por interpolao linear) 8 0,8538

    Portanto, T = 800k, 8734,0433,3

    800321067,2]P[ 25

    o2

    =

    ,

    Existem frmulas para o clculo da viscosidade de gases compostos, isto , solues gasosas de dois ou mais constituintes. Uma que funciona razoavelmente bem sugere estimar

    21

    21

    ii

    iiimistura

    MX

    MX

    =

    onde representam : i, o constituinte da fase gasosa ; Xi , a frao molar da espcie i; Mi , a massa atmica de i; i , a viscosidade da espcie i pura.

    Metais lquidos e suas ligas

    A viscosidade de metais (puros) pode se encontrada em diversas fontes de literatura, por exemplo Figura 43 e Tabela IX . Observe que parece bastante razovel caracteri-zar a dependncia versus T na forma:

    RTE

    e RTE

    303,2loglog; 00

    +==

    +

    e que a viscosidade dos metais decresce com o aumento de temperatura.

    Figura 43: Valores experimentais de viscosidade de metais

  • 51

    Na ausncia destes dados prope-se calcular a viscosidade de metais lquidos e puros [Geiger] a partir de Variveis Reduzidas ou Adimensionais seguintes: Viscosidade Reduzida:

    MRTN0

    2*

    =

    Temperatura Reduzida:

    =

    B

    *

    K

    TT

    Volume Reduzido: 3*

    n

    1V

    =

    onde representam: , a viscosidade do metal; , o espaamento interatmico no cris-tal a 0 k, vide Tabela X; N0 , o nmero de Avogadro, 6,02 x 1023;; M , a massa atmica; R, a constante dos gases; T, a temperatura absoluta;

    BK , um parmetro de Len-

    nard-Jones, Tabela X; n, o nmero de tomos por unidade de volume. Sugere-se ain-

    da que existe uma relao, Figura 44, do tipo BK

    = 5,2 x Tfuso [K].

    Figura 44: Relao entre temperatura de fuso de metais e parmetros de Lennard-Jones.

    Existiria ainda uma relao nica, vlida para todos os metais, interligando as vari-veis reduzidas definidas acima, do tipo * (v*)2 vs T* , tal como mostrado na Figura 45. Como indica o exemplo a seguir a aplicao do mtodo no deve apresentar qualquer dificuldade.

  • 52

    3*2**2**

    )(10226,0)(

    10679,015129,0)(TTT

    V +=

    Figura. 45: Curva de correlao para viscosidade de metais lquidos.

    Tabela IX: Viscosidade de metais; mp viscosidade no ponto de fuso; RTE

    o e

    =

    Metal mp mili Pa.s

    o Mili Pa.s

    E kJ/mol Metal

    mp mili Pa.s

    o mili Pa.s

    E kJ/mol

    Ag 3,88 0,4532 22,2 Nb - AI 1,30 0,1492 16,5 Nd - - As Ni 4,90 0,1663 50,2 Au 5,0 1,132 15,9 Os - - B - P 1,71 - - Ba - - Pb 2,65 0,4636 8,61 Be - - Pd - - - Bi 1,80 0,4458 6,45 Pr 2,80 - - Ca 1,22 0,0651 27,2 Pt - - - Cd 2,28 0,3001 10,9 Pu 6,0 1,089 5,59 Ce 2,88 - Rb 0,67 0,0940 5,15 Co 4,18 0,2550 44,4 Re - - - Cr - - Rh - - - Cs 0,68 0,1022 4,81 Ru - - - Cu 4,0 0,3009 30,5 S ~12 - - Fe 5,5 0,3699 41,4 Sb 1,22 0,0812 22,0 Fr 0,765 - - Se 24,8 - - Ga 2,04 0,4359 4,00 Si 0,94 - - Gd - - Sn 1,85 0,5382 - Ge 0,73 - Sr - - - Hf - Ta - - - Hg 2,10 0,5565 2,51 Te ~2,14 - In 1,89 0,3020 6,65 Th - - - Ir - - Ti 5,2 - - K 0.51 0,1340 5,02 TI 2,64 0,2983 10,5 La 2,45 - U 6,5 0,4848 30,4 Li 0,57 0,1456 5,56 V - - - Mg 1,25 0,0245 30,5 W - - - Mn - - Yb 1,07 - - Mo - Zn 3,85 0,4131 12,7 Na 0,68 0,1525 5,24 Zr 8,0 - -

  • 53

    Tabela X: Valores empiricamente determinados de e /KB

    Metais [] /KB Metais [] /KB Na 3,84 1970 Rb 5,04 1600 K 4,76 1760 Ag 2,88 6400 Li 3,14 2350 Cd 3,04 3300

    Mg 3,20 4300 In 3,14 2500 Al 2,86 4250 Sn 3,16 2650 Ca 4,02 5250 Cs 5,40 1550 Fe 2,52 10900 Au 2,88 6750 Co 2,32 9550 Hg 3,10 1250 Ni 2,50 9750 PB 3,50 2800 Cu 2,56 6600 Pu 3,10 5550 Zn 2,74 4700

    Exemplo: Estime a viscosidade do alumnio a 10000C, sabendo-se que a massa especfica do mesmo da ordem de Al = 2700kg/m3. Da Tabela X, se obtm = 2,86 x 10-10

    m e sendo Al l = 2700 kg/m3 , resulta: 3

    3

    /]/[]/[

    mAldemolsmolkgmkg

    M AlAl

    =

    e

    33

    /]/[]/[]/[

    mtomosmolatomosNmolkgmkg

    M oAlAl

    =

    233 1002,61027

    2700

    =

    n e ( )3102333*

    1086,21002,61027

    27001

    == nV

    A mesma Tabela X, informa 4250=BK

    , isto ,

    42501273

    k

    TT

    B

    *=

    = , de modo que * pode

    ser facilmente obtido da Figura 45, ou da relao

    3*2**2**

    )(10226,0)(

    10679,015129,0)(TTT

    V += e, deste, o valor de viscosidade

    pretendido.

    No existem proposies gerais, semelhantes anterior, vlidas para ligas metlicas, mas possvel encontrar valores experimentais para alguns casos especficos, vide por exemplo na Figura 46 dados do sistema Al - Si. Observe-se, do diagrama de fases, que o rpido aumento de viscosidade, a partir e abaixo de uma certa temperatura crtica, pode ser creditado ao aparecimento de cris-tais provindos da solidificao. Abaixo desta temperatura crtica os dados so para viscosidade de uma mistura mecnica entre fase lquida e cristais dispersos na mes-ma; portanto os valores de viscosidade aparente desta mistura so consideravelmente maiores e crescentes quando cresce a proporo de slidos. Polpas e lamas so ma-teriais comumente transportados em plantas metalrgicas, de modo que situaes como estas so de interesse prtico.

  • 54

    Figura 46: Precipitao de cristais em ligas e a resultante viscosidade aparente.

    Escrias: As escrias mais comuns em metalurgia so aquelas em que a slica toma parte importante. Portanto comum realizar uma anlise da influncia da composio e temperatura tomando como ponto de partida a estrutura da slica. Por exemplo a Figura 47 apresenta representaes bi-dimensionais de um cristal perfeito de slica e de slica lquida. Observa-se que : a unidade estrutural da slica corresponde a um tetraedro onde os vrtices so

    ocupados por tomos de oxignio e o centro ocupado por um tomo de silcio; um tomo de oxignio posicionado em um dado vrtice compartilhado por dois tetraedros, formando uma rede tri-dimensional.

    a estrutura do lquido semelhante do slido, apenas com a introduo de des-

    continuidades (de ligaes) em funo da agitao trmica; quanto maior a tempe-ratura maior o nmero de ligaes entre tetraedros rompidas.

    resulta, em funo da existncia desta rede tridimensional, ainda que imperfeita, que a viscosidade da slica lquida (e por consequncia de escrias silicatadas) alta, com-parativamente a outros lquidos.

  • 55

    A Figura 48 apresenta um esquema relativo introduo de um xido bsico na estru-tura da slica. Um xido bsico seria aquele capaz de se dissociar de acordo com a reao MO = M2+ + O2- , com relativa facilidade. A figura sugere que a adio do xido bsico capaz de romper as ligaes entre tetraedros, reduzindo o grau de polimeri-zao da rede, e, em consequncia diminuir os valores de viscosidade. A Tabela XI apresenta, tambm em forma esquemtica, a sequncia de despolimeri-zao da rede em funo da adio do xido bsico perfeito aquele que se dissocia completamente. Note-se a progressiva desvinculao dos tetraedros, at que para a composio refe-rente ao ortosilicato a escria seja estruturalmente constituda por SiO44- , M2+ . Ainda que, para razo O : Si > 4, seria possvel encontrar O2- livre num banho constitudo por SiO44- , M2+, O2-. Como a atividade de O2- uma medida da basicidade implica, de acordo com este modelo de dissociao, que escrias bsica seriam aquelas nas quais haveria nion oxignio livre, isto , sempre que O:Si > 4; por outro lado escrias cidas seriam a-quelas para as quais O:Si < 4. A composio do ortosilicato representaria a situao limite, 2 MO . SiO2 .

    Figura 47: Representao esquemtica da estrutura da slica.

  • 56

    Figura 48: Representao qualitativa, bidimensional, dos efeitos da introduo de xi-do bsico estrutura da slica. .

    Tabela XI: Relaes estruturais em lquidos do tipo xido-silicato

    tomos oxignio tomos silcio

    Frmula molecular binria

    Estrutura Ion silicato equiva-lent

    2:1 SiO2 todos vrtices do tetraedro comparti-lhados

    rede 3-D Infinita

    5:2 MO.2SiO2 uma ligao rompida, por tetraedro

    (Si6O15)6- ou (Si8O20)8-

    3:1 MO.SiO2 duas ligaes rompi-das, por tetraedro

    (Si3O9)6- ou (Si4O12)8-

    7:2 3MO.2SiO2 trs ligaes rompi-das, por tetraedro

    (Si2O7)6- 4:1 2MO.SiO2

    (ortosilicato) todas ligaes rompi-das

    tetraedros discretos (SiO4)4-

    Na realidade, para uma dada atividade de O2-, coexistem as vrias unidades estrutu-rais, a transformao seria gradativa, sem soluo de continuidade. Por exemplo, de acordo com a teoria de MASSON, as reaes seguintes seriam responsveis pela destruio gradativa do polmero ( de frmula geral )1(2 13 + +nnn OSi ): SiO44- + SiO44- = Si2O76- + O2-

    Si2O76- + SiO44- = Si3O108- + O2- Si3O108- + SiO44- = Si4O1310- + O2-

    indicando a participao(relativa) maior das unidades estruturais mais simples com o aumento da basicidade. O conhecimento da atividade de O2-, isto , da basicidade, bem como das constantes de equilbrio permite calcular as atividades (concentraes) dos anions silicato. Por outro lado no existem xidos bsicos perfeitos, a dissociao sendo sempre par-cial, o que sugere a necessidade de se medir o grau de basicidade-acidez dos mes-

  • 57

    mos. A Tabela XII oferece uma base de classificao de xidos, quanto basicidade, com referncia interao eletrosttica ction - oxignio.

    Tabela XII TIPOS DE LIGAES E FORA DE ATRAO ENTRE CTIONS E O2- Oxido

    ( )2ac RRz

    +

    frao inica nmero de co-ordenao

    Carter do xi-do

    Na2O 0,18 0,65 6 6 to 8 rompedores de redes ou xidos bsicos

    BaO 0,27 0,65 8 8 to 12 || SrO 0,32 0,61 8 || CaO 0,35 0,61 6 || MnO 0,42 0,47 6 6 to 8 || FeO 0,44 0,38 6 6 || ZnO 0,44 0,44 6 || MgO 0,48 0,54 6 || BeO 0,69 0,44 4 || Cr2O3 0,72 0,41 4 Anfteros Fe2O3 0,75 0,36 4 || Al2O3 0,83 0,44 6 4 to 6 || TiO2 0,93 0,41 4 || SiO2 1,22 0,36 4 4 formadores de redes

    ou xidos cidos P2O5 1,66 0,28 4 4 ||

    Esta tabela construda assumindo que a estabilidade estrutural do xido pode ser medida pela fora de atrao eletrosttica entre o ction e o anion comum O2-,

    2ea )rr(

    ZF+

    =+

    . Naturalmente quanto maior o valor de ( )2ea rrz

    + maior a afinidade M-O,

    menor o grau de dissociao, maior o grau de acidez do xido.

    Aps estas consideraes se pode argumentar que um grfico qualitativo expressando a dependncia entre viscosidade/basicidade e a composio de um silicato seria do tipo mostrado na Figura 49.

    Figura 49: Variao esquemtica de viscosidade e basicidade de um banho MO:SiO2.

    Valores de viscosidades de escrias esto disponveis na literatura (por exemplo S-LAG ATLAS, segunda edio, 1995; Thermochemistry for Steelmaking, Addison-

  • 58

    Wesley, 1964) na forma grfica, Figura 50. SiO2 um xido cido por excelncia, CaO um xido bsico por excelncia, enquanto o Al2O3 pode ser classificado como anf-tero. Isto significa que, em escrias relativamente bsicas, a alumina se comporta co-mo cido, formador de rede. Nesta situao seria razovel agrupar SiO2 e Al2O3 como cidos e CaO como bsico; deste modo o grau de polimerizao da rede, a viscosida-de do lquido, seria definida pela quantidade relativa de CaO. Note-se, de fato, que as curvas de isoviscosidade se assemelham, grosseiramente, s curvas de iso-composio em CaO.

    Existem tambm relaes analticas entre viscosidade, temperatura e composio da escria. Em geral estas relaes empregam coeficientes que expressam o grau relati-vo de acidez/basicidade de cada componente da escria, obtidos atravs da correla-o entre dados experimentais e composio. Muito comum correlacionar a viscosi-dade a um ndice de basicidade, por exemplo a basicidade binria simples %CaO/%SiO2 , ou algum outro ndice de basicidade de definio diversa. Em geral a faixa de composio em que estas expresses so aplicveis limitada, o que no conspira contra sua utilidade. Mais recentemente se introduziu o conceito de Basici-dade tica de xidos. Nesta escala o xido de referncia o CaO, o qual apresenta basicidade tica unitria De acordo com a proposio original a basicidade tica uma medida direta da facilidade do xido em liberar eltrons,

    Figura 50: Curvas de isoviscosidade Poise -- em sistemas ternrios SiO2 Al2O3 CaO, a 1500 C.

    (Basicidade tica) = capacidade do xido em liberar eltrons capacidade do CaO em liberar eltrons

  • 59

    e pode ser medida pelo desvio de freqncia da banda de absoro associada com a transio 6s-6p na regio UV do espectro eletromagntico. A basicidade tica assim medida independente da temperatura. Nem todo xido se mostra passvel de ter sua basicidade tica medida diretamente; deste modo em alguns casos a basicidade foi estimada por meio da relao que interliga a mesma eletronegatividade de Pauling,

    26,074,0

    =X

    (X representa a eletronegatividade de Pauling) e mesmo atravs de correlaes com dados experimentais. Deste modo existe alguma divergncia, para alguns xidos, sobre qual valor de basicidade aplicar. Uma compilao, retirada do Slag Atlas, apresentada na Tabela XII.

    Tabela XII : valores de basicidade tica de alguns xidos.

    Oxido Eletrone-gatividade de Pauling

    Recomen-dado Oxido

    Eletronega-tividade de Pauling

    Recomen-dado

    Li2O 1,0 1,0 P2O5 0,40 0,40 Na2O 1,15 1,15 As2O3 K2O 1,40 1,4 Sb2O3 Rb2O SO3 0,33 Cs2O 1,7 CrO BeO 0,605 MnO 0,59 1,0 MgO 0,78 0,78 FeO 0,51 1,0 CaO 1,0 1,0 Co 0,475 0,95 SrO 1,10 1,1 NiO 0,475 0,95 BaO 1,15 1,15 CuO 0,43 0,9 B2O3 0,42 0,42 ZnO 0,55 0,9 Al203 0,60 0,605 CdO 0,51 CO2 PbO 0,48 1,15 SiO2 0,48 Cr2O3 0,8 GeO2 Fe2O3 0,48 0,8 TiO2 0,61 CaF2 0,43 ; 0,67 VO2

    No caso de escrias a basicidade tica pode ser calculada como

    ii

    iiiescria Xn

    Xn

    =

    onde representam : Xi , a frao molar do xido i; Ni , o nmero de tomos de oxignio por mol de xido i; i , a basicidade tica de i.

    Argumenta-se que correlaes envolvendo propriedades fsico-qumicas de escrias apresentam faixa de aplicabilidade maior, so mais precisas, se realizadas em termos de basicidade tica, ao invs de outros ndices. Por exemplo, Figura 51,

    1000/)88,277,1exp(

    44,015,01][ln

    1

    TPoise corr

    ++

    =

    A basicidade tica corrigida deve ser estimada recalculando a contribuio dos xidos mais bsicos, considerando a neutralizao do eltron extra do AlO45-, por exemplo Na+ + AlO45- = NaAlO44-, a qual reduz a concentrao efetiva de espcies destruidores de rede. A neutralizao parcial citada acima seria necessria para a formao de espcies do mesmo estado de oxidao que o elemento estrutural de formao de rede SiO44-.

  • 60

    Figura 51: parmetros para calculo de viscosidade

    Exemplo: A Figura 52 representa esquematicamente as possveis espcies silicata-das que podem estar presentes em uma escria a base de Slica. Com base nestas espcies escreva as reaes ( 44SiO e 2O participam das reaes) que expressam a influencia de

    2Oa sobre o processo de polimerizao e justifique os efeitos sobre a viscosidade. Com base no parmetro 2)/( ca RRz + classifique os xidos MnO(0,83) e BaO(0,53) em ordem de basicidade crescente, e justifique esta classificao.

    Exemplo: Determine, para uma escria ternria CaO-Al2O3-SiO2, a 1773 oK, o valor de viscosidade quando a basicidade tica vale 0,6. Identifique, nos binrios di siste-ma CaO-SiO2-Al2O3 as composies referentes a este valor de basicidade tica e trace ento a curva de isoviscosidade. Compare os valores preditos e experimentais. Considere como valores de basicidade tica 1,0 ; 0,605 e 0,48 para o CaO, Al2O3 e SiO2, respectivamente.

    Figura 52: anions em escria silicatada

  • 61

    TURBULNCIA Nos exemplos abordados at aqui foi sempre ressaltada uma caracterstica dos fluxos: o de ser laminar. Parte considervel dos sistemas metalrgicos envolve turbulncia; como ficar claro ao regime turbulento se associam altas taxas de transporte de quan-tidade de movimento, de calor, de massa. Deste modo turbulncia, em alguns casos, desejvel. Portanto seria conveniente verificar se e como o tratamento dispensado aos fluxos laminares pode ser aproveitado para analisar fluxos turbulentos. Reynolds foi um dos pioneiros do estudo de fluxo turbulentos bem com da transio entre os regimes laminar e turbulento. Numa experincia clssica introduziu um filete de tinta junto ao eixo longitudinal de um tubo transparente e de seo reta constante o qual transportava gua. No caso de fluxo laminar observou a ausncia de intermistu-ramento na direo radial; o filete se mantinha ntegro ao longo do tubo; no caso do fluxo turbulento existia disperso radial e longitudinal da tinta, o filete gradualmente se desfazia. A Figura 53 relativa a um experimento no qual um cilindro acelerado no interior de um lquido esttico (partculas suspensas no fluido permitem a visualizao de linhas de fluxo). Quando a velocidade relativa fluido/cilindro pequena instantes iniciais da acelerao o fluxo se mostra patentemente laminar; as linhas se fluxo se acomodam ao redor do cilindro, se partindo ao longo da linha central no ponto de impacto e vol-tando a se encontrar na parte de trs do mesmo. Nesta situao uma srie de partcu-las colocadas num dado ponto perto da parte frontal descreveria sempre a mesma trajetria, ou linha de fluxo. A partir de uma velocidade crtica o fluxo turbulento se ins-taura. O conceito de linha de fluxo deixa de fazer sentido. Partculas colocadas suces-sivamente em um dado ponto perto da parte frontal no descreveriam a mesma traje-tria, embora um caminho mdio pudesse ser definido aps a repetio do experimen-to por um nmero elevado de vezes. Redemoinhos ou vrtices aparecem junto parte posterior do cilindro, e se mostram variveis quanto ao tamanho, posio, intensidade; de fato, modo geral, redemoinhos podem ser criados e destrudos continuamente.

    Figura 53: Visualizao de fluxo turbulento ao redor de um cilindro.

    De modo anlogo a Figura 54 corresponde ao fluxo turbulento de um lquido em um canal. Como antes partculas, dispersas no fluido, permitem a visualizao do fluxo; uma cmera fotogrfica percorre um trajeto ao lado do canal, com velocidade constan-te. Os experimentos permitem identificar a superposio de dois movimentos princi-

  • 62

    pais: um movimento mdio global do fluido ao longo do canal, caracterizado pela va-zo mdia e rea da seo reta; um movimento relativo rotatrio de fluido, caracteri-zado por redemoinhos, tal como se estes fossem transportados por conveco ao lon-go do canal. Os redemoinhos ficam explcitos quando a velocidade de translao da cmera se faz igual velocidade de conveco do mesmo.

    Figura 54 : Visualizao de fluxo turbulento em um canal. Como se nota caracteriza-se fisicamente a estrutura do fluxo turbulento em termos da presena de redemoinhos, dinmicos no espao e tempo.

    Valores experimentais de velocidade longitudinal, medida em um ponto fixo, quando um fluido atravessa um tubo, em regime turbulento e macroscopicamente permanente, so apresentados na Figura 55. Como citado anteriormente, fluxos turbulentos so caracterizados pela presena de vrtices, os quais so, por natureza, dinmicos no espao e no tempo; portanto fluxos turbulentos so inerentemente transientes. Neste caso, por fluxo turbulento e macroscopicamente permanente se quer indicar um no qual a vazo mdia no tubo mantida constante. Os dados desta figura foram obtidos

    pra nmero de Reynolds da ordem de 6500VRe_

    =

    =

    D e revelam a aparente

    erraticidade, caocidade da funo vx ao longo do tempo. Note-se como as flutuaes em velocidade podem ser da mesma ordem de grandeza que o valor mdio de veloci-dade. Este comportamento pode ser qualitativamente explicado, Figura 56, admitindo a translao de redemoinhos ao longo do tubo, medida que as medies prosseguem. Do ponto de vista mecnico ao vetor velocidade mdia do fluido se superpe a veloci-dade de rotao relativa ao vrtice. Portanto quando um redemoinho girando no senti-do anti-horrio atinge o sensor este marca um valor de velocidade menor que o mdio; quando um redemoinho girando no sentido horrio atinge o sensor este marca um valor de velocidade maior que o mdio.

    Como se ver os redemoinhos podem ser responsabilizados pelo transporte convectivo {Q.M., Calor, Massa} na direo radial, o que justifica a disperso observada.

    As equaes de Navier Stokes e da continuidade continuam sendo aplicveis a fluxos turbulentos. Entretanto a presena de vrtices (por natureza tridimensionais, dinmicos no espao e tempo) exclui, modo geral, uma soluo analtica. Portanto a soluo via de regra numrica, embora em alguns casos sejam possveis aproximaes que permitem o clculo de valores mdios. Estas aproximaes envolvem o emprego de modelos macroscpicos de turbulencia e no sero tratadas aqui.

  • 63

    Figura 55: variao de velocidade instantnea em ponto fixo de medio, no interior de um fluxo em regime turbulento.

    Movimento macroscpico na direo OX

    Composio de movimentos e Redemoinhos dinmicos

    Figura 56: Superposio de movimentos num fluxo turbulento

  • 64

    Existem outras complicaes. Observa-se, num fluxo turbulento, vrtices de tamanhos variados; em outras palavras uma distribuio de tamanhos ou um Espectro de Vrtices. Considera-se que os redemoinhos deste espectros atuam em conjunto, tal como num conjunto de engrenagens acopladas, Figura 57. Um processo turbulento um processo dissipativo de energia. Portanto se faz necessrio o aporte constante de energia mecnica para sustentar a turbulncia (de outro modo a turbulncia decai, desaparece); eventualmete esta energia transformada em calor.

    Figura 57: Acoplamento de redemoinhos.

    Admite-se ento que a energia mecnica, cedida por alguma fonte externa aos maiores redemoinhos, se transmite at os menores redemonhos, de tamanho microscpico, onde se d dissipao em calor, por efeito viscoso. Neste caso, para se descrever a estrutura do fluxo turbulento, se requer refinar a malha de integrao at que a mesma seja mais fina que o menor redemoinho a ser descrito. Esta tarefa se mostra invivel no caso de sistemas macroscpicos, por exemplo : fluxo no interior de gs e liquido no interior de um Alto Forno, num LD, num conversor de refino de mate de cobre. Por extenso, notadamente invivel quando se procura descrever o movimento do ar atmosfrico, das gotculas dispersas, da nuvens, necessrio para a previso do tempo. Como o mtodo numrico exige, modo geral, esquemas iterativos nos quais os valores das variveis em um dado estgio de simulao sejam armazenados nos ns da malha, a capacidade de computao (memria para armazenamento e velocidade de clculo) exigida seria proibitiva. A turbulncia no um processo catico, probabilstico; a turbulncia um processo determinstico no sentido em que existem e se conhecem as equaes capazes de descrever a estrutura do mesmo. Isto , sendo conhecidas exatamente as condies iniciais e de contorno. A determinao experimental do valor exato de qualquer varivel impossvel; em qualquer processo de medio existem, sempre, erros aletrios e fixos. A equao de conservao de quantidade de movimento do tipo no linear, o que indica que alguns dos coeficentes das variveis envolvidas no so constantes e isto impe dificuldades adicionais. Compare-se, por exemplo o clculo do fluxo de calor undirecional e em regime permanente atravs de uma parede plana simples: condutibilidade trmica constante vs condutividade trmica dependente da temperatura. No caso de fluxos turbulentos as equaes descritivas, no lineares, se mostram extremamente sensveis aos valores impostos de condies iniciais e de contorno. Como sugere a Figura 58 os erros inerentes determinao dos valores de contorno e iniciais se propagam durante o processo de clculo; existem incertezas quanto aos dados de entrada, existem incertezas quanto aos resultados. Na situaes normais a incerteza aceitvel.

  • 65

    Figura 58: Propagao de erros em sistemas comuns de Engenharia

    No caso de sistemas sistemas dinmicos no lineares, turbulncia, a propagao dos erros catastrfica, Figura 59. Portanto seria preciso conhecer quase com exatido os valores de condies de contorno e iniciais, para tornar os erros aceitveis. Como o fluxo turbulento as condies de contorno e iniciais devem ser transientes se se deseja reproduzir a exata natureza do mesmo; tambm esta transincia se transmite, via procedimento de clculo, resposta.

    Figura 59: Propagao de erros no caso de turbulncia.

    Como resultado a Simulao Numrica Direta (SND), que consiste da resoluo numrica das equaes de conservao de quantidade de movimento e da continuidade, para fluxos turbulentos, s vivel em sistemas de pequenas dimenses. Na maior parte dos casos a Engenharia, por consequncia, se contenta em conhecer valores mdios correspondentes ao fluxo, em lugar do valor real, instntaneo.

  • 66

    Exemplo: Como demonstrao da instabilidade de algumas solues matemticas, mesmo as mais simples, considere o problema da populao de peixes em um poo . Pode-se argumentar que quanto maior a populao do ano anterior maior a probabilidade de acasalamento e procriao; por outro lado(de acordo com Malthus) quanto maior a populao maior ser a competio por alimentos e outros insumos, o que representa um freio natural ao crescimento desordenado. Portanto um modelo simples, que permite calcular a populao de um ano, 1ix + a partir da populao do ano anterior, ix , seria tal como )x1(xKx ii1i =+ . Utilize uma planilha para construir grficos que fronecem a populao anual, para valores diferentes de K.

    Este tratamento envolve a aplicao do Operador Mdia sobre todos os termos das equaes que descrevem o fenmeno em estudo. Se A(t) representa uma varivel qualquer, funo de t, ento, por definio, o Operador Mdia aplicado sobre a mesma produz como resultado:

    =

    2

    1

    )(112

    _

    t

    t

    dttAtt

    A

    onde _

    A representa o valor mdio de A(t) no intervalo t1 < t < t2 . A partir deste valor mdio se pode calcular a Flutuao de A(t) em torno da mdia, isto

    Valor real, instntaneo = Valor mdio + Flutuao

    A'A A _

    += Decorre da aplicao do Operador Mdia sobre ambos os membros da equao precedente

    'AAA +=

    ='AA + = 'AA + ou 'A =zero

    que a mdia das Flutuaes igual a zero. Para se atingir este resultado levou-se em considerao duas propriedades do Operador: 1- a propriedade Distributiva, isto , a mdia de uma soma igual soma das

    mdias das parcelas ; 2- a mdia de uma constante igual prpria constante.

    Outras propriedades do Operador mdia seriam: 3- a mdia do produto entre uma constante e uma varivel igual ao produto da

    constante pela mdia da varivel 4- os operadores mdia e derivada so intercambiveis na ordem, ou a mdia da

    derivada de uma funo igual derivada da mdia.

    Considere-se ento o fluxo turbulento de um fluido Newtoniano e incompressvel, para o qual se deseja determinar os valores mdios de variveis, como P...V,V,V zyx . As equaes de continuidade e Navier Stokes podem ser alteradas pela aplicao do operador mdia. Por exemplo a equao de continuidade pode ser reescrita em termos de Valor Mdio e Flutuaes:

    )( zyx Vz

    Vy

    Vxt

    +

    +

    =

    ( ) ( ) ( ))( ''' zzyyxx VVz

    VVy

    VVxt

    +

    ++

    ++

    =

  • 67

    Aplicando o Operador Mdia sobre ambos os membros da equao, considerando as propriedades j citadas do operador se encontra, por exemplo,

    ( ) xxxx

    xxxxxx Vx

    Vx

    Vx

    Vx

    Vx

    Vx

    Vx

    VVx

    =

    +

    =

    +

    =

    +

    =+

    '

    '

    '''

    o que nos conduz a que a equao da continuidade em termos de valores mdios mantm a mesma forma da equao original,

    zyx Vz

    Vy

    Vx

    +

    +

    =0

    De modo anlogo, equao de Navier-Stokes, em termos de valores instntaneos:

    xxzxyxxxx gVVVz

    VVy

    VVx

    Px

    Vt

    ++

    +

    +

    =

    2

    fornece, por exemplo,

    ( )( )[ ] [ ]''''

    ''''''

    .

    yxxyyxyx

    yxxyyxyxyyxxyx

    VVy

    VVy

    VVy

    VVy

    VVVVVVVVy

    VVVVy

    VVy

    +

    +

    +

    =

    =+++

    =++

    =

    e ento,

    ''''

    ''''

    yxxyyxyx

    yxxyyxyx

    VVy

    VVy

    VVy

    VVy

    VVy

    VVy

    VVy

    VVy

    +

    +

    +

    =

    =

    +

    +

    +

    =

    ou

    ''

    yxyxyx VVyVV

    yVV

    y

    +

    =

    Portanto fcil notar que, quando este procedimento aplicado a todos os termos, os termos em produto de flutuaes no se anulam, de modo que a equao de Navier-Stokes adquire a forma,

    +

    +

    ++

    +

    +

    =

    ''''''

    2

    zxyxxx

    xxzxyxxxx

    VVz

    VVy

    VVx

    gVVVz

    VVy

    VVx

    Px

    Vt

    Termo em Dissipao de Energia

    No fossem estes termos extras em flutuaes a equao em termos de valores mdios seria idntica original, de modo que a mesma metodologia empregada para a descrio de fluxos laminares poderia ser empregada para a determinao de

  • 68

    valores mdios em fluxos turbulentos. Claramente o termo em dissipao no pode ser desprezado pois as flutuaes so a traduo matemtica da turbulncia; algum tipo de formulao deve ser proposta para permitir que seja avaliado. A contribuio turbulenta permite definir os tensores de Reynolds, relativos s flutuaes, por exemplo

    ''

    yxxytturbulento

    xy vv== , etc e da, por definio, um parmetro denominado Viscosidade Turbulenta:

    dyVdVV xturbulentayxtyx .'' ==

    Observe-se que: 1- a viscosidadade laminar, ou molecular, , uma propriedade de estado do fluido,

    funo da Temperatura, Presso, composio e estado fsico 2- a viscosidade turbulenta, turbulenta, no propriedade de estado do fluido,mas

    propriedade do campo de velocidades do fluxo, de modo que seu valor no , em geral, conhecido a priori.

    Apesar desta restrio a considerao de turbulenta permite rescrever a equao de Navier Stokes como:

    xxturbulentaarla

    zxyxxxx

    gV

    VVz

    VVy

    VVx

    px

    Vt

    ++

    +

    +

    +

    =

    2min )(

    onde, tambm por definio se encontra a Viscosidade Efetiva, turbulentaarminlaefetiva += ou tef += .

    Este algebrismo nos permite reencontrar a forma original da equao de Navier Stokes, porm em termos de valores mdios. Tal algebrismo no representa nenhuma soluo pois a viscosidade efetiva, ou a turbulenta, no conhecida.

    Resulta que, de modo a determinar o campo de velocidades em regime turbulento se faz necessrio fornecer um Modelo de Viscosidade Turbulenta, um conjunto de equaes que permita calcular t em termos de valores mdios.

    Por exemplo o modelo k - , onde k representa a energia cintica de turbulncia,

    ++ 2'z

    2'y

    2'x VVV2

    1, e representa a taxa de dissipao de energia fornece

    onde C simboliza uma constante emprica, ajustvel.

    2

    ..

    KCt =

    O modelo k - fornece equaes diferenciais para o clculo destas grandezas, em termos de valores mdios, e portanto o procedimento de clculo, ITERATIVO, se assemelha a:

    1 Definio de um campo inicial de velocidades mdias; este campo pode ser arbitrrio porm deve ser proximo da soluo de modo a apressar a convergncia; 2 Resoluo simultnea das equaes de Continuidade, de Navier-Stokes e do Modelo de viscosidade, para a determinao um novo campo de velocidades mdias; 3 Repetio da etapa 2 at convergncia.

  • 69

    Exemplo: A Figura 60 apresenta o campo de velocidades mdias no interior da panela de contendo ao lquido, o qual se encontra agitado por meio de insuflao de gs inerte. O elemento injetor se encontra posicionado no fundo da panela, no centro ou deslocado do centro a 1/3 do raio. Destacam-se como produtos do modelo de turbulncia, a direo de cada vetor velocidade, seu sentido e magnitude. Poderiam ser fornecidos tambm mapas de K e .

    Figura 60: Campo de velocidades no interior de panela com insuflao de gs inerte, calculado com auxlio do modelo K-.

    Modelos baseados em equaes diferenciais para avaliao da viscosidade turbulenta so geralmente denominados modelos MICROSCPICOS. Podem ser oferecidos modelos MACROSCPICOS de viscosidade turbulenta. Por exemplo SAHAI e GUTHRIE realizaram medies do campo de velocidades no interior de uma panela (modelos de panelas, contendo vrios lquidos gua, metal de WOOD, silicone...) agitados por gs, Figura 61. Os valores de velocidade medidos por sensores colocados em vrios pontos da panela se mostraram funo de parametros como: Geometria da panela: L , a altura de lquido; D, o dimetro da panela. Propriedades do fluido : , a massa especfica do lquido; , a viscosidade do

    lquido. Fluxo de gs de agitao : Q , a vazo do gs.

    Em seguida, para cada combinao de variveis, os autores ajustaram o valor de t tal que as equaes de continuidade e Navier-Stokes (em termos de valores mdios) reproduzissem o campo medido. Anlise dimensional e estatstica deste confronto permitiu sugerir uma frmula de clculo de viscosidade turbulenta em princpio vlida apenas para este tipo de sistema- do tipo:

    31

    3t

    DQg

    L105,5

    =

    onde todas as variveis devem ser cotadas no Sistema Internacional.

  • 70

    Exemplo: Considerando dados tpicos de aciaria como L = 2,8 m; ao = 7000 kg/m3; D = 3,0 m; Q = 1 Nm3/minuto; se encontra t 62 kg m-1 s-1 , valor que pode ser

    comparado propriedade do fluido = 7 x 10-3 kg m-1 s-1 , isto , 410lt

    o que mostra ser, neste caso, a viscosidade turbulenta muito mais significativa que a laminar. Ressaltando portanto que o termo em dissipao no pode ser desprezado.

    Figura 61: Esquema experimental de Sahai e Guthrie.

    Pelos menos nos casos mais simples, como exemplificado acima, se torna possvel mensurar o campo de velocidades, tanto em termos de valores mdios como em ter-mos de flutuaes. Em um certo experimento sensores de velocidade foram imersos em gua, contida em recipiente de forma cilndrica e agitada por injeo de ar. Foram produzidas medidas de velocidade longitudinal, radial e azimutal as quais, aps o tra-tamento matemtico descrito anteriormente, resultaram em valores mdios e flutua-es; estas se mostraram dependentes de variveis como dimetro do cilindro, nvel de lquido, posio do sensor e vazo de gs. Uma amostra dos resultados apresen-tada na Figura 62. Observe-se que embora a velocidade radial mdia seja pequena comparada com a velocidade longitudinal mdia as intensidades das flutuaes nestes sentidos so da mesma ordem de grandeza; isto as energias cinticas de turbuln-cia, quadrado das flutuaes em velocidade, so aproximadamente iguais. De novo ressalta-se a importncia das flutuaes, tpicas de regimes turbulentos

    De modo geral, em fluxos turbulentos se definem Propriedades de transporte tais como:

    t em termos de vx vy ; Mecnica dos Fluidos. kt em termos de vx T ; Transferncia de Calor. Dt em termos de vx C ; Transferncia de Massa.

    e sendo nico o mecanismo de transporte (convectivo via vrtices) responsvel por estas grandezas, se pode argumentar ser a contribuio turbulenta muito mais importante que a laminar, em todos os casos.

  • 71

    Figura 62: Energia cintica mdia vs Energia cintica de turbulncia, em sistema particular.

    Exemplo: viste o site www.TMS.org, pertencente The Minerals and Materials Society. Clique no link da JOM (Journal of Materials) e ento procure por artigos do autor B.J. Thomas. Escolha aquele entitulado Transient Fluid Flow in a Continuous Steel-Slab Casting Mold ; Brian G. Thomas, Quan Yuan, S. Sivaramakrishnan, and S.P. Vanka (http://www.tms.org/pubs/journals/JOM/0201/Thomas/Thomas-0201.html)