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ÍNDICE INTRODUÇÃO: CAPÍTULO I: procura por Líderes ......................................................... ....... 01 CAPÍTULO II: A Necessidade para Plantação de Igrejas.................................. 09 CAPÍTULO III: A Visão da Grande Comissão ................................................... 24 CAPÍTULO IV: Cada Membro um Discípulo de Cristo ..................................... 28 CAPÍTULO V: Plantando Igrejas ......................................................... ............ 35

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ÍNDICE

INTRODUÇÃO:

CAPÍTULO I: Há procura por Líderes ................................................................ 01

CAPÍTULO II: A Necessidade para Plantação de Igrejas.................................. 09

CAPÍTULO III: A Visão da Grande Comissão ................................................... 24

CAPÍTULO IV: Cada Membro um Discípulo de Cristo ..................................... 28

CAPÍTULO V: Plantando Igrejas ..................................................................... 35

CAPÍTULO VI: A Pessoa do Plantador de Igrejas .......................................... 41

CAPÍTULO VII: A Qualificação do Plantador de Igrejas ................................ 48

CAPÍTULO VIII: Aspectos Importantes na Plantação de Igrejas ................... 53

CAPÍTULO IX: Planejando a Plantação de Igrejas ....................................... 61

CAPÍTULO X: O Perfil do Plantador de Igrejas ............................................ 64

CAPÍTULO XI: Grupos Familiares na Plantação de Igrejas ........................ 64

CAPÍTULO XII: Recursos para Plantação de Igrejas .................................. 78

ANEXO I – Fazendo a Pesquisa do Bairro ................................................. 84

ANEXO II – Conhecendo a Vizinhança ..................................................... 87

ANEXO III – Projeto: Um Passeio pela Vizinhança .................................. 88

ANEXO IV – Triagem do Plantador de Igrejas ......................................... 89

BIBLIOGRAFIA ........................................................................................ 91

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CAPÍTULO I

HÁ PROCURA POR LÍDERES

Introdução:

Aubrey Malphurs afirma que o fato de 80% a 85% das igrejas norte americanas

não estarem crescendo, é em decorrência da falta de liderança1. John Gardner

afirmava que, quando os Estados Unidos da América foi formado, havia 3 milhões de

pessoas no país e cerca de 6 líderes. Hoje a população do mundo cresceu

barbaramente e temos dificuldades de encontrar líderes. Não há nada que estamos

precisando mais ultimamente que líderes capazes e piedosos.

Definição de Líder Cristão:

“O líder cristão é piedoso (caráter), sabe para onde vai (visão) e tem seguidores

(influência)”.

A. Caráter – Ser piedoso é o fundamento para qualquer liderança. É a qualidade

essencial que qualifica o líder para a sua função. Para ser líder, a pessoa deve

primeiro ganhar o respeito e confiança dos seus liderados. A sanidade e

santidade de caráter é a base sábia do relacionamento estável. Aubrey

Malphurs oferece algumas características de um líder de caráter, conforme

estabelecidos pelo apóstolo Paulo em I Ts 2:2-6.

1. O líder é motivado para pregar o evangelho (v 1 –2).

O verdadeiro líder cristão prega o evangelho consistentemente, a despeito de

todas as dificuldades que terá que enfrentar. O líder que não estiver disposto a

sofrer e a sacrificar-se em favor dos seus liderados não é líder e não pode

ocupar tal posição. Liderar é essencialmente servir e se dar pelos outros. João

1 Aubrey Malphurs. Plantining Growing Churches. Baker Books, 1998, p. 131

1

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Batista interpretou corretamente o papel do líder quando disse: “É necessário

que ele cresça e que eu diminua” (Jo. 3:30). O líder cristão, nunca perde a visão

do seu ministério. Ele evangeliza continuamente e demonstra o seu

compromisso na evangelização dos perdidos, seja qual for o seu dom espiritual,

podendo afirmar como Paulo: “Ai de mim se não pregar o evangelho” (I Co 9:16).

O líder cristão tem paixão pelas almas perdidas e desempenha o seu dom

espiritual em cooperação com demais membros do corpo, sempre com esse

propósito: ganhar almas. Pregar o evangelho, sem ter o propósito de levar almas

aos pés de Cristo, não é pregação e sim “enrolação”. É com muita tristeza que

afirmamos haver, hoje em dia, mais oradores e pessoas fazendo discursos nos

púlpitos que pregadores do evangelho.

2. O líder cristão é movido para agradar a Deus (v 3-4)

Somos chamados por Deus para agradar a Deus e não aos homens. É

diante de Deus que teremos que prestar contas da nossa liderança no último

dia. Somos chamados por Deus para servi-lo e é diante dEle que temos que

prestar contas um dia.

Se formos fiéis nesse nosso ministério de serviço, poderemos ouvir, no dia

da prestação de contas, as palavras: “Servo bom e fiel” (Mt 26.23). Jesus, como

líder, teve de enfrentar o mesmo dilema que enfrentamos hoje: servir aos

homens e a Deus. Ele decidiu que não poderia servir a dois senhores. Então fez

a seguinte declaração: “Ninguém pode servir a dois senhores; porque ou há de

odiar a um e amar a outro, ou se dedicará a um e desprezará o outro. Não

podeis servir a Deus e a Mamom” (Mt 6.24). Em João 5:41, 44, Jesus disse que

não estava interessado em receber honra dos homens a qualquer preço.

Conforme Jesus, quem procura a honra dos homens não tem como ser servo

de Deus: “E não recebo glória dos homens; como podeis vós crer, recebendo

honra uns dos outros, e não buscando a honra que vem de Deus?” Mais tarde,

Pedro e João seguiram o pensamento do mestre tomando a mesma decisão:

“Respondendo, porém, Pedro e João, lhes disseram: Julgai vós se é justo, diante

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de Deus, ouvir-vos antes a vós do que a Deus?” (At 4:19). O líder lidera sob o

comando do supremo líder que é Jesus.

3. O líder cristão diz às pessoas o que elas precisam ouvir (v 5-6)

Às vezes, quando uma igreja convida um pastor para pastoreá-la, faz isso,

baseado no que ela quer ouvir do mesmo. Se o pastor que está sendo

convidado tiver uma proposta diferente da expectativa do conselho ou igreja,

será fatalmente rejeitado. Então o pastor convidado diz o que o conselho ou

igreja quer ouvir e ganha o emprego. O servo de Deus, o líder deve dizer o que

o povo precisa ouvir e não o que ele quer ouvir. Nesse texto, o apóstolo Paulo

estabelece o princípio que norteava o seu ministério: “... assim falamos, não

como para agradar aos homens, mas a Deus, que prova os nossos corações” (1

Ts. 2:4b). Quem não tiver coragem, não pode liderar. A coragem do líder é o

resultado da sua vida de oração e intimidade com Deus.

No livro de Atos dos apóstolos, está registrado que um certo Simão veio aos

apóstolos pedindo-lhes que impusessem as mãos sobre ele para que ficasse

cheio do Espírito Santo, para que pudesse fazer o mesmo que os apóstolos.

Para isso, chegou até mesmo a lhes oferecer dinheiro. A resposta dos apóstolos

ao seu pedido e oferta foi categórica: “o teu dinheiro seja contigo para a

perdição, pois cuidaste que o dom de Deus se alcança por dinheiro” (Atos 8:20) .

4. A prioridade do líder cristão é servir a Deus (v.1)

Ninguém deve ser líder na igreja para defender os seus próprios interesses.

Não podemos querer o ministério buscando promoção ou lucro material. Um

grande amigo me contou que, uma vez, chamou um pastor para falar para os

estudantes do seminário que ele dirigia. O pastor veio e fez a seguinte

afirmação: “Vocês escolheram bem a profissão. Eu não conheço outra que, no fim do

curso, dê o titulo de reverendo e, no fim do primeiro ano, condições para comprar carro,

apartamento, etc”. A meu ver, não conheço outra afirmação mais infeliz que esta.

O apóstolo Paulo diz que há obreiros, entre os obreiros de Cristo, com

motivos fraudulentos: “Verdade é que também alguns pregam a Cristo por inveja

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e porfia, mas outros de boa mente; uns por amor, sabendo que foi posto por

defesa do evangelho. Mas, outros na verdade, anunciam a Cristo por contenção,

não puramente, julgando acrescentar aflições as minhas prisões” (Fl 1:15–17). O

próprio Jesus profetizou dizendo: “Porque surgirão falsos cristãos e falsos

profetas, e farão tão grandes sinais e prodígios que, se possível fora,

enganariam até os escolhidos” (Mt 24:24).

5. O líder cristão é motivado a evangelizar, por causa da graça de Deus . (v. 6)

Liderança cristã não busca o louvor e o reconhecimento pessoal. O louvor e

os elogios estimulam o nosso ego, nos iludindo e nos levando ao orgulho. Todo

líder está exposto a esse grande mal devastador. Satanás sabe muito bem

disso, porque conhece a nossa natureza pecaminosa. Satanás não quer apenas

nos tentar nessa área. É certo que ele vai nos tentar usando todos os métodos e

artifícios. Jesus não escapou dessa artimanha. É só observar o relato de Mt 4:1-

11 e você poderá chegar a conclusão óbvia. No verso desse texto, satanás diz:

“Tudo isto te darei se prostrado me adorares”. Quando o líder descobre a graça

de Deus como a única motivação para ele viver e servir; então encontrará força

e segurança para lutar contra as ciladas do diabo. O apóstolo Pedro perguntou a

Jesus: “Eis que deixamos tudo e te seguimos; que recebemos?” (Mt.19:27b). A

resposta de Jesus nos versos seguintes, revela que Deus é louvado e glorificado

quando o líder serve sem esperar recompensas materiais. O líder serve por

gratidão e grandes bençãos já recebidas. Deus que é misericordioso além da

imaginação humana, nos cobre de bençãos e grandes recompensas. Veja o que

Jesus afirma: “Em verdade vos digo que quando, na regeneração, o Filho do

homem se assentar no trono de sua glória, também vos assentareis sobre doze

tronos, para julgar as doze tribos de Israel”. Mais adiante Ele completa dizendo:

“... receberá cem vezes tanto, e herdará a vida eterna” ( Mt 19:28-29).

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B. Os vários aspectos do caráter

Em resumo, o apóstolo Paulo em I Ts 2:2-8; revela ainda, algumas qualidades

do caráter do líder e plantador de igrejas, que são:

1. Coragem (v.2)

Haverá momentos quando o líder e plantador de igrejas será atacado

fortemente. Se ele não tiver coragem para aceitar os riscos, tomando

decisões de fé, não poderá ser líder. O líder cristão deve procurar ler sobre a

história de grandes servos de Deus, tal como vemos registrados em Hebreus

capítulo 11. O apóstolo Paulo como plantador de igrejas, teve momentos

muito difíceis em seu ministério. Contudo, ele é exemplo para nós, hoje, pela

sua resistência e perseverança dizendo: “Nós não somos daqueles que

retrocedem”. Não devemos esperar querer servir a Deus, só quando as

coisas nos forem favoráveis. Temos que servir com alvos e propósitos.

2. Perseverança (v.2)

Há momentos tão difíceis, que o líder pensará em resignar a posição que

exerce. Moisés, o grande líder de Israel, passou por isso (Nm.11:11-15). O

líder cristão deve perseverar fazendo a vontade de Deus, confiar na palavra

de Deus, a exemplo de Abraão (Rm 4:3). Elias é classificado por Jesus, ao

lado de Moisés, como grande profeta. No entanto, Elias que se mostrou tão

forte perante Acabe, revelou fragilidade perante Gezebel, fugindo para o

deserto e entrando em depressão após tão grande demonstração do poder

de Deus e confirmação de seu Ministério. Paulo, ao contrário, servia a Jesus

não esperando reconhecimento por parte dos homens. Ele estava sempre

pronto para o pior. Como ele mesmo afirmou em Gal. 2:20

3. Integridade (v.3)

Integridade inclui também ser verdadeiro, ter motivos puros e ser

honesto.

Estas três qualidades formam o caráter de uma pessoa. O apóstolo Paulo

desenvolvia essas qualidades ao ponto de poder dizer em Atos 4:16, quando

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fazia a sua defesa perante Felix, declarou outra vez ele para os seus

discípulos: “Sede pois, meus imitadores, assim como eu sou de Cristo”.

Devemos exercer nossa liderança, tomando Cristo como nosso modelo. A

maioria das pessoas estão se nivelando por baixo pelos maus exemplos, ou

por aqueles que servem com parcialidade. A precarização não é de Deus e

sim de Satanás. O apóstolo Paulo em Ef. 4:13 estabelece o nosso modelo e

alvo.

4. Amoroso

O líder precisa exercer a sua liderança com amor. As pessoas estão

sofridas por causa de seus pecados e conseqüências dos mesmos. O

pecador está faminto por amor. Por outro lado, não há força maior que o

poder do amor. O amor destrói fortalezas. Paulo em Rm.12:20-21 escreve:

”Portanto, se teu inimigo tiver fome, dá-lhe de comer; se tiver sede, dá-lhe de

beber; porque, fazendo isto amontoarás brasas de fogo sobre sua cabeça.

Não te deixes vencer do mal, mas vence o mal com o bem.” Esse princípio, o

apóstolo Paulo aprendeu com Jesus (Mt 5:43-48). É incrível descobrir o que

as pessoas podem fazer quando são amadas. Em Mateus 9.36 lemos sobre

esse grande amor de Jesus pelo povo de modo geral dizendo: “Vendo ele as

multidões, compadeceu-se delas, porque andavam desgarradas e errantes,

como ovelhas que não têm pastor”. Sabem porque pessoas até hoje morrem

por Jesus? Porque Jesus morreu por nós. Um liderado nunca vai morrer pelo

líder, enquanto ele não estiver certo da disposição do líder em morrer por ele.

C. Como desenvolver um caráter piedoso

1. Oração

Se um plantador de igrejas não estiver disposto a desenvolver um caráter

cristão piedoso, deve considerar igualmente desqualificado como líder de igreja

e cristão. Em seu livro Too Busy not to Pray, Bill Hybels conta como Deus o

ajudou a crescer em sua vida cristã2: Ele diz que em suas devocionais, primeiro

2 Bill Hybels. Too Busy not to Pray,

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adorava a Deus agradecendo–o por tudo em sua vida. Em seguida, ele era

movido a dedicar a sua vida ao serviço de Deus. Sem um momento específico

em nossa agenda, para a leitura da Bíblia seguida de oração, não estaremos

colocando Deus em primeiro lugar em nossas vidas, como Ele deseja e de fato

merece. Jesus como líder, deu mais tempo a oração em seu ministério, que

qualquer outra atividade.

O apóstolo Paulo em 1Tm 4:7-8 mostra como a piedade é importante.

Algumas palavras como “abstinência”, “silêncio”, “sacrifício”, “confissão”,

“submissão”, etc, são ressaltadas no texto, como algo que o líder deve carregar

em sua vida ministerial.

2. Disciplina

Outro ingrediente importante para desenvolvermos em nosso caráter é a

disciplina. O urgente sempre irá surgir para deixarmos de fazer o importante.

Satanás é astuto. Se ele não conseguir nos convencer que não precisamos orar,

usará outros métodos para nos afastar desse propósito ou objetivo. Em I Tm

4.16 o apóstolo Paulo exorta: “Tem cuidado de ti mesmo e da doutrina;

persevera nestas coisas; porque, fazendo isto, te salvarás, tanto a ti mesmo

como aos que te ouvem”.

D. Visão

A visão é a qualidade do líder em saber aonde quer chegar e como chegar lá.

Se o próprio líder não souber aonde ele quer ir, como irá motivar pessoas a

seguí-lo. O grande problema de muitos líderes é exatamente esse. Eles não têm

visão, por isso mesmo, não estão chegando a lugar nenhum. Ter visão não é

tudo, mas é um grande passo. Junto com a visão a pessoa precisa estabelecer

uma estratégia para atingí-la. Muitos não atingem o alvo desejado, por falta de

estratégia. Quase sempre uma boa estratégia inclui planejamento e sacrifício. É

justamente aí o fracasso da maioria dos líderes. Não querem ter trabalho, são

desorganizados e indisciplinados. Um bom planejamento evita dor de cabeça

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com desperdício de tempo e dinheiro. Além do mais, um bom planejamento

facilita o avanço dos objetivos.

E. Influência

Uma terceira característica de liderança é influência. Alguém perguntou a um

velho e bem sucedido líder sua definição de liderança. Com poucas palavras ele

respondeu: “Líder é aquele que tem seguidores”. O líder exerce grande influência nas

pessoas. Eles são magnéticos, no sentido de estar sempre atraindo pessoas para

junto de si. Os que afirmam ser líderes, mas que não tem seguidores, estão

enganando a si mesmos. No dizer de Jesus, os seus discípulos devem ser como o

sal, luz e fermento, influenciando positivamente o seu meio. Pergunte a você

mesmo: Quem são os seus seguidores? Tem alguém seguindo você? Caso

contrário é bom avaliar a sua liderança, se de fato, você tem esse chamado.

Há líderes que influenciam para o mal. Esses lideram segundo o conceito e

padrão do mundo. Infelizmente, há pessoas que quando não têm um líder piedoso

para seguir, seguem aqueles que têm vida e princípios seculares. As autoridades

religiosas podiam identificar Pedro e João, pelas palavras e autoridade no falar

como seguidores de Jesus. Eles imitavam tanto a Jesus, que quando falavam, era

como se Jesus mesmo estivesse falando (At.4:13).

É triste saber que em muitos lares não têm líderes. É triste saber que existem

filhos que detestam os seus pais e procura fora do lar, alguém para imitar e seguir.

Quantos pastores e líderes têm seguidores?

Questionário:

1. Como Aubrey Malphurs define o líder cristão?

2. Qual é a grande motivação do líder cristão?

Explique:

3. Cite alguns aspectos do caráter do líder?

4. Como o líder pode desenvolver o seu caráter?

5. Cite dois aspectos do caráter de um líder, que revelam a sua liderança?

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CAPÍTULO II

A NECESSIDADE PARA PLANTAÇÃO DE IGREJAS

A. O DECLÍNIO DAS IGREJAS TRADICIONAIS

A maioria dos estudantes de Teologia, quando concluem os seus cursos

teológicos, desejam ser ordenados pastores e pastorear uma igreja que lhes dê uma

certa segurança financeira, após os quatro ou cinco anos de penúrias como

estudantes, seja na condição de solteiro ou casado.

A idéia de sair do seminário para iniciar uma igreja estaca zero e com poucos

recursos, parece algo incerto, assustador e inviável. Por essa razão a Igreja

Presbiteriana do Brasil tem cerca de 1.000 pastores amontoados nos presbitérios,

dizendo que não tem “campo de trabalho”. Quem sabe outros pastores preferem

ganhar pouco, colaborando com outros pastores e completar a receita com algum

trabalho secular. Infelizmente quase 50% dos concluintes de seminários, nunca

chegam a exercer o pastorado em seu sentido integral e exclusivo. Por outro lado,

quantas esposas de pastores estão dispostas a pagar o preço juntamente com os

seus maridos, na plantação de novas igrejas?

1. Declínio das Igrejas Existentes

As igrejas da Europa estão quase todas mortas. Muitas igrejas na Inglaterra e

Escócia têm se convertido em boates, restaurantes, casas de show e museus. Nos

Estados Unidos, as igrejas de modo quase que geral estão perdendo membros. Uma

pesquisa feita nos Estados Unidos, cita que a igreja após a II Guerra Mundial plantou

milhares de novas igrejas. Hoje das 350.000 igrejas existentes nos Estados Unidos,

quatro entre cinco, pararam de crescer ou estão em declínio. Em outras palavras, 80

a 85% das igrejas tendo parado de crescer, estão morrendo. Os 15% das igrejas que

estão crescendo, são frutos de transferência de membros das igrejas que estão

morrendo.

Conforme o relatório de Win Arm, em 1965 a Igreja Metodista Unida tinha 11

milhões de membros. Em 1996 ela caiu para apenas 8,5 milhões. A Igreja

Presbiteriana dos Estados Unidos em 1965 tinha 4 milhões de membros. Em 1996

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caiu para 3 milhões. Ela vem perdendo cerca de 45.000 membros nesses últimos

anos. Em 2007 perdeu 94.000 membros. A igreja dos Discípulos de Cristo tinha 2

milhões de membros em 1965. Em 1996 eles caíram 50%, para apenas 1 milhão. A

Igreja Episcopal em 1965 tinha 3,4 milhões de membros. Em 1996 caiu para 2,5

milhões. Conforme Win Arm, 3.500 a 4.000 igrejas morrem todo dia nos Estados

Unidos. Outra pesquisa diz que das 350.000 igrejas, 100.000 haverão de fechar as

suas portas em poucos anos3.

Enquanto as igrejas estão perdendo seus membros, o número de pessoas sem

filiação a igrejas, está aumentando a cada dia. George Gallup concluiu em 1978 que

41% dos adultos de 18 anos para cima não possui filiação com igrejas. Em 1988 ele

fez uma nova pesquisa e constatou que o número dos sem filiação com igrejas havia

crescido para 44% 4.

Aubrey Malphurs, afirma que temos que parar e reavaliar os nossos métodos,

formas e princípios usados na igreja de hoje. Caso contrário, seremos igualmente

culpados pelo encerramento das nossas igrejas e culpados pelo sangue daqueles

que deixaram de ouvir a mensagem da salvação. Para o apóstolo Paulo, deixar de

evangelizar e cumprir a Grande Comissão de Jesus, é cometer o pecado da

desobediência e indiferença para com os perdidos. Paulo afirma: “Se anuncio o

Evangelho não tenho de que me gloriar, pois me é imposta esta obrigação; e ai de

mim, se não anunciar o Evangelho” (I Co. 9:16).

2. Crescimento das Seitas

Como conseqüência do declínio das igrejas, cresceu o número de pessoas que

não tem filiação com as igrejas. Junto a esses dois problemas, surgem ainda um

terceiro: o crescimento das seitas. A igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos

Dias (os mórmons), está em fraco crescimento. Em 1965 os mórmons tinham

1.789.17 membros. Em 1996 eles ultrapassaram à 4.613.000. Hoje eles são mais

3 Aubrey Malphurs, Planting Growing Churches. Baker Books, Michigan, 1998 pág.41.

4 Ibden pág 35

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numerosos que os presbiterianos e episcopais juntos. A previsão era que eles

alcançariam a 10 milhões de membros em 20005. Como esse recenseamento se

encontra devassado, tal número já deve ter ultrapassado.

Diante desses fatos, se nada for feito, podemos prever um futuro negro para a

igreja cristã, nos levando ao desencorajamento. Contudo, temos que ajudar-nos uns

aos outros, reavaliar o nosso ministério e buscar em Deus a sabedoria e força para

lutarmos contra a estagnação da igreja.

3. Ajuda vem das Escrituras

Temos a promessa por parte do Senhor Jesus, conforme registrada por

Mateus que diz: “Eu edificarei a minha igreja e as portas do inferno não prevalecerão

contra ela” (Mt. 16:18). Nessa passagem podemos aprender duas lições importantes:

1) Jesus é o verdadeiro plantador de igrejas. Nós somos chamados por Ele e

capacitados pelo Espírito Santo, para trabalhar para Ele, plantando igrejas.

2) Satanás jamais irá prevalecer contra Jesus, fechando as portas da igreja.

Ele até pode ganhar uma batalha aqui e outra acolá, mas Jesus sempre

terá os seus servos como suas testemunhas à frente da Sua igreja, até o

dia que a mesma haverá de ser arrebatada.

Algumas denominações já estão sendo despertadas para retomar o

crescimento da igreja. A Igreja Batista do Sul dos Estados Unidos tem estabelecido

campanhas para plantar mais igrejas. A Igreja Assembléia de Deus nos Estados

Unidos tem crescido e tem estabelecido alvos bastante altruístas. A igreja de Forest

Hill em Charlotte, tem estabelecido um alvo para plantar 50 novas igrejas na

República Dominicana e em outros países. O Dr. David Nicholas da Spanish River

Church na Flórida, vem liderando um movimento do qual eu tenho tido o privilégio de

fazer parte, para treinar plantadores e apoiá-los financeiramente durante três a quatro

anos para plantar igrejas. O interesse para plantar igrejas hoje é bem mais do que era

após a II Guerra Mundial. A Drª. Lídice Gramacho, grande líder batista e professora

de missões da Amespe, me informou que os batistas reunidos em São Luís do

5 Ibden pág.39

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Maranhão em 2008, estabeleceram um alvo bastante importante para plantar 4.000

novas igrejas nesses próximos anos.

B. A IGREJA CONTRA ATACA

1. Despertamento para Plantação de Igrejas

Estudiosos como Peter Wagner, Aubrey Malphurs, George Barne e tantos

outros, têm apresentado estatísticas da situação do declínio da igreja, resultado do

liberalismo e mornidão que tem atacado as igrejas tradicionais, procurando com isso,

despertá-las para retomar o crescimento, plantando igrejas.

Em Mt.16:18 o Senhor Jesus faz importante declaração: “edificarei a minha

igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela”. Nessa declaração,

podemos observar pelo menos três importantes pontos: Primeiro – Jesus Cristo é de

fato o plantador de igrejas. Ele disse: “Eu edificarei a minha igreja”; Segundo –

Satanás envidará todo esforço para se contrapor à obra do Senhor Jesus de plantar

igrejas dizendo: “... as portas do inferno...”; Terceiro – A igreja será vitoriosa em seu

propósito: “... não prevalecerão contra ela”.

Tem havido certo despertamento por parte de algumas denominações para

contra-atacar a mornidão e o declínio da igreja. Aubrey Malphurs cita George Barne

quando este afirma: “Muitas denominações têm chamado essa presente década 1990–

2000, como sendo a década da plantação de igrejas”6. Em outras palavras, algumas

denominações têm colocado plantação de igrejas no topo de suas prioridades.

Aubrey Marphurs afirma que a Assembléia de Deus nos Estados Unidos

estabeleceu o seguinte alvo para a década de 1990–2000: plantar 5.000 igrejas,

recrutar 20.000 pastores, levar 5 milhões de pessoas a orar por esses alvos7. A Igreja

Batista do Sul dos Estados Unidos tem estabelecido alvos semelhantes aos da

Assembléia de Deus. A Igreja Batista no Brasil tem estabelecido alvo semelhante.

Cerca de 10 anos a Igreja Presbiteriana do Brasil estabeleceu o Plano

Missionário Cooperativo (PMC), um departamento da igreja para atuar com dedicação

66. Aubrey Malphurs, Planting Growing Churches Baker Books, Grand Rapids, Michigan, 1998, pg 4177. Aubrey Malphurs, ibdem., pg 41

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exclusiva para plantar igrejas no Brasil. Este projeto aliado a Junta de Missões

Nacionais (JMN) tem plantado inúmeras igrejas. Foi com esse propósito que nasceu a

Academia Memorial de Ensino Superior de Pernambuco, a AMESPE. Ela é um

seminário teológico que se propõe a preparar obreiros com o preparo, a visão e o

poder para cumprir a grande comissão de Jesus quando disse: “Ide, portanto, fazei

discípulos...” (Mt. 28:19). Jesus ainda nos pediu para que rogássemos ao Pai por

mais obreiros dizendo: “ Na verdade, a seara é grande, mas os trabalhadores são

poucos. Rogai, pois ao Senhor da seara que mande trabalhadores para a sua seara”.

( Mt. 9: 37-38).

Em Recife temos observado entre os evangélicos o aparecimento de vários

focos com o propósito de plantar igrejas. A Igreja Presbiteriana Memorial estabeleceu

que, entre as suas prioridades, plantar igrejas seria a número um. De 1992 até hoje,

ela já plantou sete igrejas, e está plantando outras três, além de quatro outros

ministérios. Como já dissemos, a AMESPE, se propõe em preparar obreiros para

deflagrar um movimento de plantação de igrejas. As Igrejas Presbiterianas de Casa

Caiada, a Igreja Presbiteriana das Graças e a 1 Igreja Presbiteriana do Recife, têm

estabelecido acordos para treinarem obreiros e plantar igrejas nos interiores dos

estados da Paraíba, Pernambuco, Rio Grande do Norte e Alagoas. A Igreja

Presbiteriana de Areias tem se organizado para plantar igrejas no interior de

Pernambuco. O irmão Josenildo Virgulino de Lima fundou a Missão AMAI, igualmente

com esse propósito. Por conseguinte, temos observado o mover do Espírito Santo,

despertando aqui e acolá, pastores e igrejas para retomar o crescimento da igreja

através da evangelização e plantação de novas igrejas. No Rio Grande do Norte, o

Rev. Marcos Severo já plantou mais de 20 novas Igrejas nesses últimos anos. O

Pastor Arivaldo da Igreja Batista da COHAB – Cabo de Santo Agostinho tem plantado

várias igrejas no sertão de Pernambuco.

2. Por que plantar novas igrejas ao invés de revitalizar as já existentes?

Do mesmo jeito que é mais fácil gerar um filho que ressuscitar um defunto; é

igualmente mais fácil plantar uma nova igreja, que ressuscitar uma igreja que está

morrendo ou já morreu. Não estou dizendo que não devemos envidar esforços para

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revitalizar as igrejas que alcançaram um platô, que estão doentes ou que já estão

agonizando e morrendo. Qual é a igreja antiga com princípios e métodos antigos, com

pessoas que há anos vem fazendo as mesmas coisas que gostaria de tomar a

decisão radical para mudar no sentido de se revitalizar, para retomar o crescimento?

Aubrey Malphurs apresenta algumas razões para plantar novas igrejas, ao

invés de revitalizar aquelas que estão morrendo:

a) Igrejas novas crescem mais rapidamente que as já estabelecidas;

b) Igrejas novas evangelizam melhor que as já estabelecidas;

c) Os líderes de igrejas novas ganham credibilidade mais rápido que os

das já estabelecidas;

d) As pessoas são mais abertas para mudanças em igrejas novas, que

nas igrejas já estabelecidas8.

Em Mt. 9:16-17 Jesus destaca o princípio que “... não se pode colocar

remendo novo em pano velho e vinho novo em odres velhos...” Com isso, Jesus está

dizendo que é quase impossível quebrar tradições muito bem estabelecidas. Jesus

não está querendo dizer que se essas igrejas são boas ou más. Apenas, que não é

fácil romper tradições e costumes com o objetivo de fazer mudanças para atender os

problemas e necessidades do contexto atual. Ora, se concordamos com o Senhor

Jesus nesse pensamento, devemos então colocar remendo novo em pano novo e

vinho novo em odre novo e igreja nova, com uma visão nova e contextualizada.

Não queremos dizer com isso, que uma igreja já estabelecida e em decadência

não possa ser revitalizada. Poderá sim, mas isso só acontecerá por meio de um

processo longo, que exigirá muita paciência, oração e determinação. Quem constrói

sabe que é melhor iniciar uma construção, do que tentar consertar uma outra que se

encontra toda comprometida em sua base. Será que a quantidade enorme de

pastores que foram ordenados ao sagrado ministério e se encontram sem campo de

trabalho, não estão nessa situação por falta de visão ministerial, de fé no poder de 8 Ibdem pág.41

14

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Deus, de disposição para trabalhar e consagração para o sacrifício? Esses pastores

que não querem plantar igrejas estão nessa situação, porque podem de fato, não ter

o chamado. O apóstolo Paulo adverte que existe essa possibilidade dentro do

ministério quando disse: “verdade é que também alguns pregam a Cristo por inveja e

porfia, mas outros de boa mente, uns por amor, sabendo que foi posto para defesa do

Evangelho. Mas outros na verdade, não puramente, julgando acrescentar aflição as

minhas prisões” (Fl. 1:15-17).

As tradições e a super estrutura das denominações tradicionais, os excessos

de legalismo, travam o crescimento da igreja. No sistema presbiteriano, um diretor de

seminário pouco pode fazer para inovar, dinamizar, contextualizar o ensino com as

necessidades da igreja de hoje. Ele está sujeito às decisões de uma congregação, de

uma Junta Regional de Educação Teológica (JURET), da Junta de Educação

Teológica (JET) e do Supremo Concílio da igreja. Em cada uma dessas instâncias,

tem que ser observado tempo para as reuniões, enfrentam as limitações de seus

membros quanto à visão sobre o estudo teológico, política eclesiástica que no fim,

travam as mudanças que buscam a modernização de uma educação teológica mais

objetiva, mais contextualizada, para atingir o propósito da igreja nesse século.

C. A GRANDE COMISSÃO

Nada é tão claro nas Escrituras Sagradas quanto a ordem para evangelizar e

plantar igrejas. É só ler Mt. 28:19-20; Mc.16:15; Lc.24:46-47 e At.1:8. Jesus deu uma

demonstração de como devemos ir atrás do perdido, ao invés de esperar que eles

venham atrás de nós. Jesus foi atrás de Zaqueu, Mateus e tantos outros, chamando-

os para a salvação. Conforme Jesus, é nosso papel irmos atrás dos perdidos. Na

parábola das bodas, Jesus disse: “Ide, pois às saídas dos caminhos, e convidai para

as bodas a todos os que encontrardes” (Mt. 22:9). Quando a igreja perde a visão

evangelística, perde o seu propósito de existir. A edificação do corpo de Cristo só

ocorrerá, se evangelizarmos primeiro.

1. Jesus: o plantador de igrejas por excelência .

15

Page 17: Apostila Pr Abner Atualizada 29set OK

Já falamos que Jesus é o idealizador, a razão, o fundador, o cabeça, o líder e

protetor da igreja. No dizer de Paulo: “Porque ninguém pode lançar outro fundamento,

além do que já está posto, o qual é Jesus Cristo” (I Co. 3:11). Jesus referindo-se a si

mesmo como base da igreja disse: “Nunca lestes nas Escrituras: “A pedra que os

edificadores rejeitaram, essa foi posta como pedra angular; pelo Senhor foi feito isso,

e é maravilhoso aos nossos olhos?” (Mt. 21:42). Ninguém jamais trabalhava e nem

poderia trabalhar pela igreja como Jesus. O apóstolo Paulo afirma que Jesus amou a

igreja ao extremo, “se entregando ao (sacrifício) por ela” (Ef. 5:25). Jesus aproveitava

todos os segundos, minutos e horas para pregar o evangelho. Certa vez Ele disse:

“Convém que eu faça as obras daquele que me enviou, enquanto é dia: a noite vem

quando ninguém pode trabalhar” (Jo. 9:4). Com um coração inflamado pelas almas

perdidas, Ele clamava por mais obreiros e pregadores do evangelho dizendo: “A

seara é realmente grande, mas poucos os ceifeiros. Rogai, pois ao Senhor da seara

que mande ceifeiros para a sua seara” (Mt. 9:37-38). Assim sendo, Jesus: a)

idealizou a igreja (Mt. 16:18), b) amou a igreja (Jo. 3:16), c) treinou líderes para a

igreja (Mt. 10), d) morreu pela igreja (Mt. 16:21; Ef. 5:25) e voltará a segunda vez

para buscar a igreja (At. 1:11; I Ts. 4:13-18).

Jesus é o único plantador de igrejas, porque “sem Ele nada poderemos fazer”

(Jo. 15:5). Em outras palavras, Ele é o verdadeiro plantador de igrejas e nós somos

chamados e contratados por Ele, para trabalharmos na sua vinha ou seara, conforme

Ele mesmo tem ensinado em Mt. 20:1-16; 21:33-46.

A Grande Comissão de Jesus para trabalharmos por Ele registrada em

Mt.28:18-20, deve ser entendida da seguinte forma: Primeiro, Ele chama e está

chamando todos os crentes sem exceção, para a evangelização dos povos. Os

crentes e membros da igreja não podem se limitar a entregar os seus dízimos e

ofertas, contratar um pastor para evangelizar, e em seguida cruzar os braços, se

limitando a cobrar do pastor que evangelize os perdidos, inclusive os seus próprios

filhos, acreditando que se eles deixarem a igreja; a culpa será só do pastor. Se a

igreja não crescer, a solução será mudar o técnico ou pastor. Esse modelo de igreja

que estamos falando, não é a igreja que Jesus idealizou. Essa é a igreja estabelecida

pelos homens.

16

Page 18: Apostila Pr Abner Atualizada 29set OK

A igreja de Jesus é aquela que todos têm recebido talentos (Mt. 25: 14-30),

dons espirituais (I Co. 12: 7-11; Rm. 12:6-8; Ef. 4:11-16) para usarem no cumprimento

da Grande Comissão.

2. Jesus treinou discípulos

Ninguém, jamais, pode fazer melhor que Jesus. Ele é Deus e o Mestre por

excelência. Jesus era diferente dos mestres do seu tempo, como os seus próprios

ouvintes declararam certa vez dizendo: “E aconteceu que, concluindo Jesus este

discurso, a multidão se admirou de sua doutrina; porquanto os ensinava como tendo

autoridade; e não como os escribas” (Mt. 7: 28-29). Em outra ocasião, após Jesus ter

pregado, o povo maravilhado com o seu ensino dizia: “Donde veio a este a sabedoria,

e estas maravilhas” (Mt. 13: 54). Os servos dos sacerdotes (soldados), não puderam

executar a missão de prender Jesus após ouvir os seus ensinos. Voltaram e quando

perguntados pela razão de o não ter trazido preso, disseram: “Nunca homem algum

falou assim como esse homem” (Jo. 7: 46).

Jesus, o Mestre dos mestres em sua sabedoria perfeita e eterna, estabeleceu

um plano estratégico para evangelizar o mundo. Que plano era esse? O discipulado.

Essa era a estratégia de Jesus. Ele chamou doze homens que são: Simão, chamado

Pedro, André, Tiago, João, Felipe, Bartolomeu, Tomé, Mateus, Tiago, Tadeu, Simão e

Judas. Jesus investiu a maior parte do seu ministério treinando ou discipulando

esses homens. O seu treinamento era perfeito. O seu método era: Ouvindo, vendo e

fazendo. Eles ouviam os seus ensinamentos, viam como ele desempenhava o seu

ministério e lhes dava trabalhos práticos debaixo de sua supervisão. O ensino

teológico trancado em uma sala, professores que ensinam muito bem, mas que não

conhecem os seus alunos e que não praticam o que sabem; destoa radicalmente do

ensino de Jesus.

Jesus começou treinando doze discípulos, mas não parou ai. Esse número foi

multiplicando, pois, vemos que mais tarde Ele enviou outros setenta. No dia que

Jesus retornou para o seu lugar junto ao Pai, havia cerca de quinhentos irmãos (I Co.

15:6). Em Mateus 20:1-16 Jesus contou a parábola dos trabalhadores que foram

contratados em diferentes horas do dia. Acredito sinceramente que Jesus estava

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Page 19: Apostila Pr Abner Atualizada 29set OK

seguindo a sua estratégia de fazer discípulos, mostrando a sua filosofia e método

para alcançar as pessoas para a salvação. Podemos dizer que, tão importante quanto

levar uma pessoa a Cristo, é levá-la, em seguida, a ser discípula e ganhadora de

almas. Não dá para compreender uma pessoa salva, se limitando simplesmente em

assistir cultos e freqüentar igrejas.

3. Discípulos devem fazer discípulos.

A Grande Comissão deve ser entendida como um chamado para os pastores e

líderes treinarem discípulos, e estes treinarem outros e outros, indefinitivamente, até

a volta do Senhor Jesus. No momento que os pais falharem, deixando de discipular

os seus filhos para servir a Jesus, e que as igrejas falharem em discipular os seus

membros para tomar parte na Grande Comissão; tanto os pais quanto as igrejas

estarão fracassando em seus propósitos. Na linguagem de Jesus tanto os pais

quanto a igreja servirá apenas para ser “pisada pelos homens”, pois terá, como o sal,

perdido o seu sabor e razão de ser.

4. O exemplo de Paulo em fazer discípulos.

O apóstolo Paulo compreendeu como poucos, a importância do discipulado

ensinado por Jesus, se dedicou em treinar discípulos. Ele disse repetidamente

àqueles que ele discipulou dizendo: “Sede, pois meus imitadores como eu sou de

Cristo”. Paulo sabia que o seu exemplo era a forma mais eficiente para discipular

pessoas. Ele disse que devemos ser “padrão dos fiéis”. Padrão aqui tem o mesmo

significado que Matriz, donde se tira novas cópias (I Tm.4:12) . Imitar a fé e exemplo

do líder é o mínimo e a forma mais eficiente de ensinar. Quem não tem autoridade

para ensinar e insistir em fazê-lo deve ser considerado como usurpador, hipócrita,

farisaismo, falso profeta e falso mestre. Nesse sentido, Tiago diz: “Meus irmãos,

muitos de vós não sejam mestres, sabendo que receberam mais duro juízo” (Tg.

3:11). Jesus diferenciava dos publicanos e fariseus, porque ensinava com autoridade.

Exercício: Fazer uma lista dos discípulos e discípulas de Paulo conforme relacionada

em Romanos 16.

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Page 20: Apostila Pr Abner Atualizada 29set OK

5. Jesus e a oração na plantação da igreja.

a) Jesus iniciou o seu ministério orando e jejuando (Mt. 7:1-11).

Logo depois do seu batismo, a primeira coisa que Jesus fez foi orar. Daí

devemos aprender, que todo grande ministério deve ter como fundamento e alicerce

a oração. A oração é a primeira e mais importante lição que o plantador deve

aprender. O trabalho não é nosso, é de Deus. O poder para realizá-lo não é nosso, é

de Deus. Sem a direção e benção de Deus “nada podemos fazer” (Jo.15:15). Eis o

grande mistério! Jesus apesar de ser Deus, ter todo poder, orou como ninguém

jamais orou. A Bíblia está repleta de referências da vida intensa de oração de Jesus.

b) Jesus orou para selecionar seus discípulos na plantação de igrejas.

Em Lc.6:12-16 lemos: “E aconteceu que naqueles dias subiu ao monte a orar a

Deus. E, quando já era dia, chamou os seus discípulos, e escolheu doze deles, a

quem também deu o nome de apóstolos”. Mesmo Ele sendo Deus, ter orado para

escolher os seus discípulos, um deles (Judas), foi problema. Ele roubava dinheiro da

tesouraria (Jo.12:6), e finalmente traiu Jesus, vendendo-o por 30 moedas (Mt. 26:47-

50). Podemos dizer que Jesus não errou quando escolheu Judas. Pelo contrário, a

inclusão dele entre os discípulos fazia parte dos desígnios de Deus. E é assim

também conosco. Nossas orações aparentemente podem estar totalmente

respaldadas na Palavra de Deus, contudo, devemos nos lembrar que Deus é

soberano e pode ter um plano específico para cada caso.

c) Devemos fazer da oração o nosso plano de ação número 1.

Nós não temos nada mais importante para fazer que cuidarmos da nossa

comunhão e intimidade com Deus. Antes de fazer qualquer outra coisa, glorificar a

Deus, cultuar a Deus, ter intimidade com Deus é sempre o nosso primeiro dever. Nas

palavras de Jesus, Ele resume os Dez Mandamentos dizendo: “Amarás ao Senhor

teu Deus de todo o teu coração, e de toda a tua alma e de todo o teu pensamento.

Este é o primeiro e grande mandamento (Mt. 22: 37-38)”.

Conta, que Lutero era exemplo de um homem que dependia de Deus no

desempenho do seu ministério. Quanto mais ocupado estivesse, mais orava. Jamais

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diria que estava com tantas coisas para fazer que não tivesse tempo para se dedicar

a oração. Ele compreendia que Deus era capaz de sozinho, resolver os seus

problemas, se assim o deixasse. Temos que aprender a não sermos como

papagaios, que conhece as doutrinas de cor e salteadas, mas que não se lembra

delas, no dia a dia, quando temos que praticá-las.

Timothhy J. Keller e J. Aller Thompson em seu Manual do Plantador de Igreja

escrevem: “A oração focalizada no reino de Deus não é um mero instinto, mas sim uma

capacitação pelo Espírito; não é centrada no homem, mas centrada em Deus; não para servir

a si mesmo, mas para servir ao reino; não é sentimental, mas baseada nas Escrituras; não é

solitária ou individualizada, mas em conjunto; não é tímida, mas sim ousada; não é feita com

resignação passiva, mas sim com cooperação pro-ativa. A oração focalizada no reino de

Deus é o clamor reverente dos filhos e filhas adotivos de Deus que, capacitados pelo Espírito

Santo, buscam a glória do seu Pai, reivindicando as nações sua herança prometida”.

Conforme podemos observar, para Timothhy J. Keller e J. Aller Thompson, a oração

deve ter três objetivos:

1- Focalizar a promessa de Deus e seu reino;

2- Ser ousada e específica;

3- Ser prevalecente e corporativa9

A oração é a chave para abrir as portas da impossibilidade. R. Bruce Carlton,

em seu livro Atos 29, recomenda que um grupo de pessoas deve ser arregimentado

para orar antes que qualquer outra coisa. Esse grupo para a oração deve ocupar a

“linha de frente” do plantador de igrejas. Alguém disse: “Oração sem ação é

tentação”. O inverso também é verdadeiro: “Ação sem oração é tentação”. Os

israelitas receberam ordem de Moisés para que não tentassem agir sem a benção de

Deus. Eles teimaram e foram derrotados (Nm.14:42-45; Js. 7:2-4). Em primeiro lugar

devemos orar pedindo a graça de Deus sobre nós e nosso projeto. Em segundo lugar

devemos orar pela conversão dos perdidos. Em terceiro lugar, devemos orar por

milagres e manifestações de Deus no cumprimento de nossa missão10.

9 Timothhy J. Keller e J. Aller Thompson. Manual do Plantador de Igreja. 2002, p. 16210 R. Bruce Carlton. Atos 29. EBD Editora. 2006, p. 91

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Textos como: (Ex.33; At.4:24-31, Lc.8:1-8) devem alcançar o nosso ministério de

oração. Para R. Bruce Carlton, devemos estabelecer alguns alvos de oração tais

como:

1) Criar dentro de 12 meses uma rede de oração composta de pelo menos 500

intercessores, em favor do projeto;

2) Desenvolver um calendário anual de oração pelas pessoas que queremos

alcançar;

3) Estabelecer depois de um ano o maior número de células de oração para

estudar a Bíblia e orar;

4) Recrutar intercessores e treiná-los nesse ministério continuamente11.

Como colocar em prática a “Grande Comissão”?

Para colocar em prática a “Grande Comissão” de Jesus, precisamos plantar

igrejas. Estudando o livro de Atos dos Apóstolos, facilmente iremos verificar que eles

plantaram igreja. A igreja de Jerusalém se organizou tendo os apóstolos responsáveis

pela pregação da Palavra e os diáconos pela assistência social aos carentes. Em

At.2:46 lemos: “E, perseveraram unânimes todos os dias no templo, e partindo o pão

em casa, comiam juntos com alegria e singeleza de coração”. O verso seguinte diz:

“... e todos os dias acrescentava o Senhor à igreja”. Logo no início a igreja tinha 3.000

membros (Atos 2:41). Pouco depois o número subiu para 5.000 (Atos 4:4). O apóstolo

Paulo plantava estrategicamente igrejas nas grandes cidades e capitais, tais como

Derbe, Listra, Icônio, Antioquia, Filipos, Tessalônica, Beréia, Corinto, Éfeso e Roma.

Ele não só fazia isso, mas treinava e estabelecia líderes visionários sobre cada igreja

como Tito, Timóteo e outros.

D. TREINANDO DISCÍPULOS

1. Jesus selecionou líderes

Jesus foi o idealizador da igreja, fez da oração o ponto mais alto para

exercer o Seu ministério, selecionou discípulos e líderes para que eles dessem

continuidade ao Seu ministério. Desta forma, tanto os discípulos no passado, como

11 Ibdem. p. 91

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nós, no presente, estamos sendo instrumentos nas mãos do Senhor Jesus na

pregação do evangelho. Lendo Mateus 10, podemos nos apropriar dos princípios

preciosos do Senhor como seus discípulos. Em Mateus 16:25-28, temos outros

princípios inexoráveis para o nosso discipulado. Jesus ocupou a maior parte do Seu

ministério treinando doze homens. Ele fez do discipulado a sua estratégia para

alcançar os perdidos. Conta que alguém perguntou a Jesus: O Senhor vai confiar

essa grande tarefa aos homens? E se eles falharem? Nesse caso, o Senhor tem

outro plano? Teria dito: Não tenho outro plano. A Bíblia diz que os anjos desejavam

pregar o evangelho (I Pd.1:12). Deus entregou esse grande projeto em nossas mãos.

Disse Jesus: “Vinde após mim e eu vos farei pescadores de homens” (Mt. 4:19).

2. Jesus lhes deu trabalhos supervisionados

Jesus não somente treinou os discípulos, mas lhes deu trabalhos práticos,

enviando-os de dois a dois para pregar. Eles tinham acompanhado o Mestre ouvindo

os seus ensinos, e visto os seus milagres. Agora chegou a hora em que eles devem ir

e praticar sozinhos, os ensinos aprendidos. Eles precisavam desse trabalho prático

supervisionado pelo Mestre. Chegaria a hora em que eles teriam que fazer isso, sem

a presença corporal do Mestre. Quando chegaram da missão, Jesus os chamou para

prestar relatório. Como podemos observar, o ensino do Mestre era completo. Jesus

lhes perguntou: “Quando vos mandei sem bolsa, alforje, e alpacas, faltaram-lhes

alguma coisa? Eles responderam: NADA”. (Lc.22:35). Em outra passagem os setenta

prestaram o seguinte relatório: “E voltaram os setenta com alegria, dizendo: “Senhor,

pelo Teu nome, até os demônios se nos sujeitaram” (Lc. 10:17). Jesus aproveitou

para os corrigir dizendo que esse não deveria ser o motivo maior da alegria deles; e

sim, porque o nome deles estava escrito nos céus (Lc.10:20). Com isso devemos

aprender que não é o que nós fazemos para Deus e sim, o que Deus tem feito por

nós, que realmente conta. Devemos agradecer por poder serví-lo. Esse é o nosso

galardão. O que fazemos para o Mestre, não chega nem perto, do que Ele fez por

nós.

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CAPÍTULO III

A VISÃO DA GRANDE COMISSÃO

Há três princípios fundamentais para o plantador de igrejas. Eles vão descrever

que tipo de igreja você vai implantar e como ela será. O primeiro princípio enfoca a

visão da grande comissão.

1. O plantador de igrejas deve ter uma única e clara visão

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É de suma importância para o sucesso do plantador de igreja que ele

tenha uma única e clara visão. A igreja precisa saber para onde ela está sendo

levada pelo líder. Sem uma visão clara, os liderados não terão motivação e a

igreja facilmente alcançará um platô e logo começará a funcionar apenas para

se manter. A fase de manutenção logo chegará a um ponto, que dará início ao

declínio e fechamento das suas portas.

Infelizmente, a maioria das igrejas tem pouca ou nenhuma visão do seu

futuro. Se você visitar uma dessas igrejas que se encontra em um platô e

perguntar a um membro da igreja, qual é o projeto da mesma para os próximos

5 anos, não saberão responder. Podemos, deste modo, perceber, que a maioria

das igrejas não sabe para onde está indo. A troca de pastores em média 2 ou 3

anos de pastorado, até parece com o que acontece nos times de futebol. Se o

time perder 3 ou 4 vezes seguidas, manda o técnico embora. Onde está o

problema? Será que resolvemos o problema trocando apenas o técnico? Será

que não temos problemas com os conselhos e jogadores? Será que não é a

ausência de planejamento por parte de seus líderes, que leva a esse problema?

Algumas igrejas têm muitos planos ou visões. Elas pensam em ter escola,

seu próprio acampamento, alcançar as comunidades para Cristo, etc. Muitas

visões geram muitos problemas e provavelmente muitas tristezas. Algumas

igrejas possuem uma única visão, porém, o problema é que elas podem estar

com a visão errada. Quando uma igreja prioriza o louvor, ou a pregação, ou o

aconselhamento, ou a família etc.; cria outro problema. Devem os crentes

procurar em uma igreja, que é especialista em um desses ministérios ou devem

os crentes terem várias igrejas para suprir cada uma das suas necessidades?

Não precisamos estar em um lugar onde todos os dons espirituais são

exercitados para satisfazer todas as nossas necessidades? A igreja pequena

tem perdido sua membresia para as igrejas maiores, onde as suas necessidades

poderão ser supridas com mais facilidades.

2. A visão da Grande Comissão

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É importante que o plantador de igrejas periodicamente, faça a pergunta: o

que a igreja cristã está fazendo e quem são os que ela pretende alcançar?

Fazendo essas perguntas, forçosamente temos que voltar para o básico. A

igreja deve estar ocupada com os perdidos, os quais devem ser alcançados pelo

evangelho que salva o pecador. Muitos plantadores de igrejas têm a tendência

de logo que a sua igreja cresce, ficam ocupados com a pregação, o ensino e

aconselhamento, etc., e se esquecem da visão básica que é a evangelização

dos perdidos. A grande comissão tem três componentes:

a) Salvar os perdidos

Encontramos esta ordem em Mateus 28:19 e em Marcos 16:15. A idéia

assemelha-se a uma nação que invade outra para tomá-la de assalto. Os

servos de Cristo, como seus soldados, devem tomar as nações para Cristo

pela pregação do evangelho.

Em Lucas 19:1-10, podemos descobrir por quem o coração de Jesus batia.

O verso 10 resume todo o seu amor pelo perdido. Se agarrarmos a essa

passagem, estaremos agarrando com todas as forças a missão de Jesus,

nosso Salvador e Senhor. Zacarias estava “procurando” ver Jesus. Zaqueu

estava “procurando” ver Jesus. Jesus estava “procurando” “salvar” o pecador.

Em Lucas 15:1-10 Jesus estava comendo com pecadores. Porque Jesus

estava no meio deles? Ele estava se relacionando com eles para quebrar as

barreiras, com a clara finalidade de apresentá-los a mensagem de salvação.

Jesus conta na parábola da moeda perdida, que o perdido tinha muito valor

para Ele e que valia a pena fazer qualquer sacrifício para salvá-lo.

Quem devem ser as pessoas mais importantes nos cultos e em nossas

reuniões? Certamente que são os visitantes e os não salvos. A igreja que não

estiver preparada para receber os visitantes que ainda estão perdidos, não

estará cumprindo o seu propósito. O pecador é a missão da igreja. Se os

professores da Escola Bíblica Dominical, os cultos da igreja e as

programações dos seus departamentos não estiverem direcionados para os

perdidos, é porque esta igreja perdeu a missão e objetivos que devia ter. A

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igreja não pode se tornar em um clube. Nesse caso, logo fechará suas portas.

Cada crente deve ser preparado para ser um discípulo de Jesus e arauto do

evangelho que salva.

b) O segundo componente da grande comissão é o evangelizar as

pessoas perdidas.

O evangelismo deve ocupar lugar bem alto nos programas da igreja.

Observe bem o que diz Marcos 16:15. Cada crente deve, a semelhança de

Jesus, não apenas “procurar”, mas “alcançar” os perdidos com as Boas Novas

da salvação. Há dois modos eficientes no evangelismo: relacional e

confrontacional. Devemos encorajar os membros das nossas igrejas a

construir uma ponte de amizade com os descrentes, antes de apresentá-los as

Boas Novas do Evangelho ou de confrontá-las com o mesmo. A idéia é que, é

mais fácil apresentar o evangelho para um amigo que para um estranho.

Podemos também de forma amorosa, confrontá-los no momento certo.

Às vezes, as pessoas são levadas ao evangelho por um motivo errado. Por

exemplo: evangelizar por um sentimento de culpa. Devemos evangelizar por

um sentimento de obediência, gratidão e paixão pelos que estão perdidos.

Nenhum membro da igreja deve esperar ter um chamado para pregar o

evangelho. Isso é um dever e ordem para cada um de nós. Só temos duas

alternativas diante da ordem de pregar: obedecer ou desobedecer. O apóstolo

Paulo entendeu bem o ensino e princípio de Jesus quando disse: “eu sou

devedor, tanto a gregos como a bárbaros, tanto a sábios como a ignorantes. E

assim, quanto está em mim, estarei pronto para vos anunciar o evangelho, a

vós que estais em Roma” (Rm. 1:14-15) “Porque se anuncio o evangelho, não

tenho do que me gloriar, pois me é imposta essa obrigação; e ai de mim, se

não anunciar o evangelho” (I Co. 9:16). Há muitas formas para se pregar o

evangelho. Cada pessoa que desejar profundamente obedecer a Jesus Cristo,

certamente encontrará uma forma ideal para obedecer a ordem de Jesus.

Há igrejas cristãs que estão distantes da sua missão de evangelizar, que

não fazem apelos e se uma pessoa se converter em seus cultos, será tido

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como obra da graça de Deus. E nesse caso, o pastor e rebanho tomarão um

susto, por não estarem pregando e esperando por isso.

c) O terceiro componente da grande comissão é a edificação.

Quando uma pessoa se converte e se torna membro da igreja, não

podemos abandoná-la. Levá-la a ser membro não é tudo. Elas precisam ser

discipuladas, doutrinadas e equipadas para poder se reproduzirem. Elas agora

que são salvas, precisam dar frutos. Paulo em Ef. 4:11-16 fala sobre o

processo nos estágios de vida cristã que vai do nascimento até sermos a

imagem e estatura de Jesus Cristo. O nosso modelo de cristão não deve ser o

crente mais fraco da igreja, mas, o próprio Jesus.

O caminho para a maturidade cristã vem pelo conhecimento da Bíblia.

Uma igreja viva e reprodutiva leva os seus membros a estarem bem próximos

de Deus. Quanto mais próximos estiverem de Deus, mais espirituais e

maduros serão. Quanto mais conhecedores da Bíblia, mais praticantes

deverão ser (Tg.1:22; Hb.5:14). Os crentes novos convertidos têm que ser

levados do estado de crianças a adultos na fé.

Perguntas para reflexão:

1. Enquanto você está considerando plantar igrejas, responda: Você tem uma única e clara visão ministerial? Qual é a sua visão?

2. Caso você tenha esta visão, responda: Você pode explicar a sua visão de forma convincente verbalmente e por escrito?

3. Se você tem a visão da “Grande Comissão”, qual é o seu projeto para evangelizar e discipular os novos convertidos?

CAPÍTULO IV

CADA MEMBRO UM DISCÍPULO DE CRISTO

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O apóstolo Paulo em I Co. 12 estabeleceu de uma forma bem clara, qual era a

natureza, o propósito e a forma como a igreja deveria funcionar. O princípio

estabelecido por Paulo, coloca a pessoa certa no lugar certo, pela razão certa, para

que cada membro seja um ministro de Deus.

I. O plano para a mobilização do leigo

É desejo do Deus–Pai, Deus–Filho e Deus–Espírito Santo que cada crente

esteja funcionando perfeitamente no corpo de Cristo.

1. Somos criados de forma muito especial por Deus. Não há duas pessoas

totalmente iguais na face da terra. Da forma como Deus nos criou, temos

temperamentos, percepção, talentos e habilidades diferentes etc.

2. Todos nós quando fomos salvos pela operação da graça de Deus em nossas

vidas, recebemos o Espírito Santo. Ele veio habitar em nós e agora como filhos

e filhas d’Ele, nos dá condições para cooperar com Ele, no grande projeto da

salvação dos homens.

É, portanto, grande heresia afirmar que alguém seja salvo, batizado com

água no corpo de Cristo, e não ter o batismo do Espírito Santo. Cada crente

precisa ter certeza absoluta dessa extraordinária verdade. Em I Co 12:7 o

apóstolo fala de forma clara:

“Mas a manifestação do Espírito é dada a cada um, para o que for útil”.

Em Romanos 8:9 o apóstolo Paulo enfatiza:

“... se alguém não tem o Espírito de Cristo, esse tal não é d’Ele”.

3. Temos recebido pelo Espírito Santo, dons espirituais para nos capacitar como

filhos de Deus na obra da redenção. Antes da salvação, as nossas obras eram

mortas. Depois da salvação, Deus nos deu dons espirituais, para cooperarmos

com Ele na redenção dos homens (Gl 2:10). Outros textos bíblicos poderão

auxiliar em nossa compreensão (Ef 4:7–11, I Co 12:14, Rm 12: 3–8). Podemos

entender claramente, que cada filho ou filha de Deus tem pelo menos um dom.

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Deus não faz acepção de pessoas como bem está ensinado na parábola dos

talentos.

4. Cada crente é um discípulo e sacerdote de Jesus. Cremos no sacerdócio de

cada crente. Deus quer nos usar igualmente em áreas e necessidades

diferentes do corpo de Cristo.

Em I Pe 2: 5-9, o apóstolo Pedro diz claramente que nenhum membro do

corpo de Cristo, pode reclamar ou dizer que não tem dons e funções na igreja.

Somos sacerdotes. Qual era o papel de sacerdote no Antigo Testamento?

Liderar o povo para servir a Deus, ministrar os sacramentos, interceder pelo

povo junto a Deus, etc. Quando Pedro diz que somos sacerdotes, ele está

querendo dizer que podemos e devemos interceder pelo povo e desempenhar

vários outros dons que irão cooperar para a edificação e crescimento da igreja.

É triste observar dentro das igrejas, pessoas salvas de braços cruzados. Elas,

além de não estarem cooperando com os irmãos, são amarguradas, críticas,

preguiçosas, desobedientes, irreverentes, contenciosas e instrumento de

escândalo. É preciso tomarmos a iniciativa de combater enfaticamente esse mal

no seio das nossas igrejas. Crente que não está alheio ao Espírito Santo e não

trabalha, dá trabalho.

5. Deus tem nos colocado em lugares diferentes, para que todas as necessidades

do corpo sejam supridas. Em I Co 12:18, o apóstolo afirma que “... Deus colocou

os membros no corpo, cada um deles como quis”. Deus é soberano, e, portanto

sabe melhor que nós, onde devemos atuar e servir.

II. O problema para a mobilização do leigo

A grande tragédia que temos observado em nossas igrejas é que a maioria de

seus membros, não está desenvolvendo os seus dons espirituais, e, portanto não são

atuantes como membros. John Maxwell observou que existe o princípio 20-80. O que

29

Page 31: Apostila Pr Abner Atualizada 29set OK

quer isto dizer? Quer dizer que 20% dos membros fazem o trabalho de 80%, e 80%

dos membros da igreja não estão usando os seus dons espirituais. O relato de John

Maxwell é bastante otimista. Para ele, 20% dos membros estão trabalhando pelos 80%

que não fazem nada12. Podemos imaginar que dessa grande maioria inativa, uma boa

parte não quer nada mesmo, a outra parte gostaria de passar para o lado de ativos;

mas não estão sendo desafiados e treinados para o ministério. Bem que a igreja hoje

pode mesmo ser comparada com um jogo de futebol: são 22 jogadores precisando

desesperadamente de descanso e 40.000 espectadores que necessitam

desesperadamente de exercício. A pergunta é: Porque tantas pessoas não estão

envolvidas na igreja, no desempenho dos seus dons espirituais? Aubrey Malphurs dá

algumas razões:

1. Falta Recrutamento.

A Igreja tem se profissionalizado de tal forma, que os conselhos ou diretorias,

têm contratado pastores para fazer todo o trabalho que cada membro deveria

estar fazendo. Quantos presbíteros, diáconos e professores das Escolas

Dominicais nas igrejas tradicionais estão ganhando almas? Quantos pastores

estão desafiando as suas igrejas para ganhar almas? Quantas pessoas estão

sendo despertadas e treinadas para cooperar como líderes? O pastor é líder,

deve ser essencialmente um caçador de líderes. O pastor inteligente trabalha

recrutando pessoas e treinando-as para desempenhar tarefas importantes na

igreja, na prática de seus dons espirituais.

O apóstolo Paulo era um desses líderes, que sempre estava despertando e

treinando novos líderes. Em II Tm. 2:2 ele dá o seguinte conselho a Timóteo: “E

o que de mim, entre muitas testemunhas, ouvistes, confia-o a homens fiéis, que

sejam idôneos para também ensinarem aos outros”. Jesus foi o grande

recrutador de líderes com o seu convite incisivo: “Vinde após mim, e eu vos farei

pescadores de homens” (Mt. 4:19).

O pastor que redescobrir a filosofia ministerial de Jesus em fazer discípulos,

certamente alcançará sucesso em seu ministério, mais do que aqueles que

12 Aubrey Malphurs. Planting Gowing Churches. Baker Books. 2000, p. 153

30

Page 32: Apostila Pr Abner Atualizada 29set OK

trabalham na igreja como se tudo dependesse deles, mas que não estão

fazendo discípulos.

2. Falta de conhecimento e sabedoria para recrutar leigos.

Os seminários não ensinam absolutamente nada a esse respeito. Muitas

vezes os pastores não ensinam o que a Bíblia está ensinando sobre os dons

espirituais. Eles até possuem uma boa doutrina a esse respeito. O que eles não

sabem, é como aplicar tal doutrina na vida dos seus membros e discípulos. Bill

Hybells conta que um de seus amigos, com a finalidade de despertar membros

da sua igreja para usar os seus dons espirituais e engrossar a porcentagem dos

que estão trabalhando, pregou uma série de sermões sobre os mártires da fé

cristã sob o titulo: Servir ou Morrer. Ser sempre positivo na maneira de tratar o

assunto, dá sempre resultados.

3. Esperando por um convite especial.

As pessoas, muitas vezes, estão pensando que não devem se oferecer,

ou não devem fazer algo para o qual não foram chamadas. Um chamado de

recrutamento feito publicamente pode ter resultados inesperados. As pessoas

querem saber mais sobre aquela função, que treinamento e apoio terão por

parte do líder e se terão certa liberdade para criar e desempenhar tal função.

Um convite e conversa de forma pessoal e em particular, pode mudar tudo,

dando melhores resultados.

4. O pastor tem falhado em reconhecer publicamente o valor da força leiga da

igreja.

Em alguns casos, pastores assumem que todo ministério da igreja é de

responsabilidade deles. Eles foram treinados para a função. Por que então,

designar pessoas inexperientes e sem conhecimento para ministérios da igreja?

Alguém disse que os membros de uma igreja estão tão dependentes do pastor,

quanto o pastor dos membros. Alguns pastores sentem que são importantes,

31

Page 33: Apostila Pr Abner Atualizada 29set OK

quando os membros necessitam deles. Quando alguém pede ajuda, eles

respondem parcialmente porque irão se sentir bem se a pessoa retornar

futuramente. Seria uma atitude sábia do pastor, desfazer essa inter-dependência

dos seus membros, liberando-os para servir a igreja, através de treinamentos e

estímulos.

5. Pessoas estão convencidas que os ministérios da igreja são funções do

pastor.

As pessoas acham, sinceramente, que os pastores foram treinados para

exercitar os ministérios da igreja. É função dos pastores resolverem todos os

problemas da mesma, afinal de contas, são pagos para isso. Eles gostam

quando um leigo os visita em casa ou no hospital. Mas, não é a mesma coisa

quando o pastor faz tal visita.

Aubrey Malphurs cita Robert Mcgee que diz: “A necessidade básica de cada

pessoa é se sentir significante. O sentimento de significância é de suma importância para as

pessoas tanto emocional, espiritual e social. Se entendermos esta necessidade básica de cada

pessoa, estaremos abrindo as portas para nossas ações e atividades”13 .

As pessoas têm dois sensos: valor e significância. O senso de valor está

relacionado com o que somos. O senso de significância está relacionado com o que

fazemos. As pessoas que não estão envolvidas nos ministérios da igreja podem estar

sentindo que são significantes fora da igreja, no trabalho, no esporte ou em outro tipo

de lazer que praticam. Ora, se elas estão sentindo significantes fora da igreja, por que

não motivá-las para ter tal significação no serviço do Mestre? Esse é o nosso desafio.

III. A tarefa para mobilizar leigos.

A primeira tarefa para a mobilização de leigos na igreja é mobilizar e equipá-los

para o ministério. Efésios estabelece o princípio de mobilização. “E ele mesmo deu uns

para apóstolos, e outros para profetas, e outros para evangelistas, e outros para

13 Ibdem pág.155

32

Page 34: Apostila Pr Abner Atualizada 29set OK

pastores e doutores, querendo o aperfeiçoamento dos santos, para a obra do

ministério, para a edificação do corpo de Cristo” (Ef. 4:11-12). A igreja local deve ser

um lugar onde as pessoas são salvas, discipuladas e mobilizadas para o ministério,

conforme capacitadas pelo Espírito Santo. O objetivo de “cada membro da igreja é ser

um ministro de Jesus”. Esse é o lema da Igreja Memorial: “Cada membro um discípulo

de Cristo”. Aubrey Malphurs dá algumas razões para que cada membro seja um

discípulo(a) de Cristo:

1. O cristão, seja ele profissional ou leigo, estará alegre e sadio na fé se

estiver engajado em um ministério da igreja. Deus não chamou ninguém

para se limitar a freqüentar uma igreja, assistir culto e simplesmente

esquentar banco de igrejas. Temos alguns passos a cumprir como salvos

que são: nascer, crescer, frutificar e servir. Cada cristão precisa frutificar e

caso contrário, e quem sabe, por que não nascer de novo. Jesus disse que

toda árvore que não der fruto deve ser cortada e lançada no fogo (Mt. 7:16-

20).

2. O plano de Deus para nós não é para sermos simplesmente salvos. Ele

deseja que sejamos salvos para servir. O salvo precisa estar engajado em

algum ministério para cumprir a missão que temos recebido de sermos luz,

sal, fermento, testemunhas, embaixadores de Deus no mundo em favor dos

que estão perdidos. Cada crente foi salvo, foi equipado pelo Espírito Santo

com dons espirituais em favor dos salvos e dos perdidos, servindo a Deus.

IV. A solução para a mobilização do leigo.

Uma boa forma para mobilizar líderes é através do Centro de Capacitação. Tais

instituições ajudam o indivíduo a descobrir os seus dons e qual a área de atuação.

1.Desenvolva uma filosofia de ministério.

Uma filosofia de ministério normalmente tem dois aspectos:

a) Podemos criar uma estrutura e mobilizar as pessoas que temos para

trabalhar em torno dessa estrutura;

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Page 35: Apostila Pr Abner Atualizada 29set OK

b) A outra opção é começarmos com as pessoas que Deus tem nos dado,

e construirmos um ministério em torno deles, com os dons que Deus

tem lhes concedido. Cremos que as pessoas têm que ser respeitadas a

ponto de elas poderem se sentir valorizadas e valorizar os seus dons

espirituais, temperamentos, talentos, etc.

Provavelmente, em se tratando de plantação de igrejas, a resposta esteja entre

essas duas opções. A pessoa começaria contribuindo com determinada organização

que ela gosta da filosofia e também, lhe ofereça certa flexibilidade para usar o seu

dom, talento e personalidade.

Reflexão:

1. É possível alguém ser salvo em Jesus e não estar batizado com o Espírito Santo?

CAPÍTULO V

PLANTANDO IGREJAS

Definição: “Plantar igrejas é laborioso, mas é uma excitante aventura de fé que envolve

planejamento no processo da plantação e no crescimento de uma nova igreja.

Aubrey Malphurs

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Page 36: Apostila Pr Abner Atualizada 29set OK

nascenasce

cresce

cresce

mor

morrere

I. Plantação de igrejas é um trabalho exaustivo .

Plantar igreja não é fácil. É um trabalho duro. Contudo, devemos nos

conscientizar que nenhum trabalho importante é feito sem sacrifício e determinação.

Quem não estiver disposto a trabalhar duro, não será bem sucedido nessa

empreitada. Podemos aplicar o ensino de Paulo nesse caso, quando ele disse: “O que

semeia pouco, pouco também ceifará; e o que semeia com abundância, em

abundância também ceifará”. (II Co. 9:6). Há várias razões para afirmamos que plantar

igrejas não é fácil.

1. É iniciar e não manter o que já existe.

Como o ser humano, igrejas nascem, crescem e morrem. As igrejas

tradicionais da Europa e Estadas Unidos da América do Norte, estão agonizando e

morrendo. Se não é fácil plantar igrejas, mais difícil ainda é ressuscitar as que estão

morrendo. Alguns pastores podem ser apenas mantedores de igrejas. Eles observam

em seus gabinetes, a agonia e finalmente a morte da igreja, sem ter uma atitude para

plantar novas igrejas e ministérios. A igreja que nasce, cresce, mas que não reproduz,

tende a morrer.

2. É um trabalho duro.

Com isso, não queremos dizer que plantar

igreja é um trabalho duro e ser pastor de uma igreja já estabelecida, é um trabalho

fácil. Contudo, os dois ministérios são bastante diferentes. Plantar igrejas significa que

o pastor terá que investir a maior parte do seu tempo no seu campo de trabalho e não

em um gabinete. Há um ditado popular que diz: “Cobra que não anda, não engole

sapo”. O plantador de igreja tem que andar muito. Ele não pode ficar parado,

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Page 37: Apostila Pr Abner Atualizada 29set OK

esperando que as pessoas venham até ele. O plantador de igreja deve levar ao pé da

letra o que Jesus disse: “Ide” (Mat. 28:19) “Ide, pois às saídas do caminho...” (Mat

22:9).

Há pessoas que herdaram privilégios. Há pessoas que desperdiçam privilégios.

Há pessoas que nasceram sem privilégios e vão morrer sem eles. Há pessoas que

não herdaram privilégios, mas conquistaram eles.

Segundo, os plantadores de novas igrejas são mais criticados que os pastores

de igrejas já estabelecidas. Estes dizem: “O que funcionou no passado funcionará

igualmente no futuro”. Para os tradicionais, tudo que é novo e contemporâneo, é visto

com bastante desconfiança. A crítica pode ser muito difícil para os que estão tentando

ser criativo, inovador e contextualizado.

3. Plantação de igrejas é excitante.

Se por um lado plantar igreja é trabalho árduo, por outro, é excitante. Enquanto

em uma igreja que esta sendo plantada, cada domingo tem algo novo; uma nova

pessoa ou família; em uma igreja idosa, é a mesma coisa cada domingo. Tudo é

previsível e rotineiro.

Um outro fator positivo na plantação de igrejas é a expectativa. Cremos que

Deus pode fazer um milagre e que no momento certo, Ele o fará, se continuarmos

trabalhando no seu serviço. O plantador de igreja está sempre dando um passo de fé.

Isso cria uma atmosfera positiva de ministério. Quando Deus opera e o milagre ocorre,

encoraja e estimula o plantador para trabalhar ainda mais, como exemplo temos o

apóstolo Paulo. Quanto mais ele plantava, quanto mais queria plantar. Ele causava

rebuliço aonde ia.

4. Requer fé.

O plantador de igreja inevitavelmente terá que abrir mão do conforto, da

segurança, do fácil e dar o passo de fé para realizar algo significante, mas que do

ponto de vista humano é incerto e obscuro. É como Abraão que recebeu a ordem para

deixar o seu lugar seguro e ir para uma terra desconhecida, por caminhos que nunca

trilhou. Esse passo de fé agrada a Deus, é tido por Ele como ato de justiça (Gen 15:6).

36

Page 38: Apostila Pr Abner Atualizada 29set OK

Deus sempre abençoa os que tomam tais decisões. O escritor de Hebreus escreveu:

“Sem fé e impossível agradar a Deus...”. (Hb. 11.6).

O plantador de igreja precisa acreditar em Deus. Quando acreditamos em Deus,

podemos realizar coisas incríveis. (Hb. 11:7; Mt. 6:25-34). O plantador de igrejas é

alguém que obedece a Deus, não se importando com as dificuldades que poderão

surgir. (Mt. 8:5-13; 15:21-28). O plantador de igreja tem uma fé enorme e autêntica em

Deus. A fé é fruto da certeza do chamado para o trabalho que pretendemos realizar.

5. Plantar igreja é um processo.

Em I Co.12 o apóstolo Paulo compara a igreja como sendo um corpo. Em

alguns sentidos dar à luz a uma igreja, é o mesmo que dar a luz a uma criança.

Podemos dizer que dar a luz ou gerar uma igreja, obedece a um processo de

desenvolvimento tal como: concepção, desenvolvimento, nascimento,

crescimento, maturidade e reprodução. Para ter sucesso na plantação de igreja,

significa conduzir a igreja através desse processo.

Concepção

VALORES

DA MESMA IGREJA RAIZ

VISÃO

MISSÃO

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Page 39: Apostila Pr Abner Atualizada 29set OK

Uma vez que a igreja foi plantada, o processo continua com os seus passos

seguintes. Ela não pode ficar satisfeita de ter sido iniciada e interromper o processo,

procurando apenas manter a sua existência. Cada igreja deve saber a sua origem de

de como foi estabelecida, pois deve a sua existência a visão de alguém de outra

igreja. Cada nova igreja plantada deve continuar com a mesma visão para plantar

outras igrejas. O processo nunca termina, prossegue até a segunda vinda do Senhor

Jesus.

6. Plantar igreja requer um plano.

Um problema para muitos plantadores é querer dar início a uma igreja sem

muita oração e planejamento. Em outras palavras não podemos iniciar a plantação de

uma igreja porque achamos interessante ou simplesmente pela emoção. Temos que

investir muito tempo em oração e preparação, planejando detalhadamente tudo. Em

Lucas 14:25-35, temos a instrução de Jesus sobre a importância do planejamento.

Jesus antes de escolher os seus discípulos, passou a noite orando a Deus, antes de

fazer a escolha dos mesmos (Lc. 6:12-13).

Hoje temos muitos livros sendo escritos sobre plantação de igreja. Temos

cursos sendo dado nessa área em muitos seminários. Temos que pesquisar e

entrevistar outros colegas com mais experiências em plantar igrejas. Não devemos

lançar as nossas redes sem antes conhecer o mar e algumas técnicas de pescaria.

7. Plantar igreja requer conhecer os princípios bíblicos sobre a igreja.

Há pessoas que desejam plantar igrejas pensando em números: “Eu estou

construindo uma grande igreja”. Elas só pensam em números. Outros só pensam em

qualidade e esquecem do crescimento em números. A igreja não está crescendo e

elas estão bem satisfeitas. Tanto o pragmatismo como o comodismo, são perigosos na

plantação de igrejas. Precisamos enfatizar tanto o lado bíblico e espiritual quanto o

pragmático.

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Page 40: Apostila Pr Abner Atualizada 29set OK

8. Os princípios de crescimento da igreja

Primeiro: A visão da “Grande Comissão” que envolve evangelismo e discipulado

dos convertidos (Mt. 28:19-20)

Segundo: Um forte líder – servo (At; I Co.11:3) Alguns lideres têm provado que

não estão preparados para liderar.

Terceiro: Uma equipe leiga bem equipada e motivada. (I Co.12-14; Ef.4).

Quarto: Pessoas preparadas para realizar um ministério relevante (I Cr.12:32;

I Co.9).

Quinto: Um ministério holístico e autentico culto de adoração (Rm. 12:1).

Sexto: Um evangelismo bíblico e culturalmente relevante, que focaliza os vários

princípios bíblicos.

Sétimo: Um forte desenvolvimento de grupos familiares (At. 2: 46; 5:42; 20:20).

9. Plantar igrejas está apoiado nas promessas de Jesus

Na realidade, ninguém planta igrejas. Como já temos dito, Jesus é o verdadeiro

plantador de igrejas. Ele disse: “Eu edificarei a minha casa e as portas do inferno não

prevalecerão contra ela” (Mat.16:18). Jesus é o fundamento e construtor da igreja (I

Co.3:11). Nós devemos plantar sobre o fundamento estabelecido por Jesus. Quando

as igrejas tradicionais param de crescer, crescem as seitas. Nos Estados Unidos

40.000 Igrejas Presbiterianas fecham suas portas anualmente. Por outro lado o

Mormonismo, os Testemunhas de Jeová, a Nova Era, o Islamismo e as seitas orientais

estão crescendo.

A igreja está vivendo dias de trevas. Além de estar em declínio, não está

consciente do abismo logo em frente. Felizmente, há uns poucos líderes que já

abriram os seus olhos para o problema e estão procurando despertar a igreja para

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Page 41: Apostila Pr Abner Atualizada 29set OK

plantar novas igrejas simultaneamente. Bill Hybels, Rick Warem, David Nicholas,

David Chadwick, são exemplos de líderes que estão alertas quanto ao futuro da igreja

e têm se movimentado para cumprir a Grande Comissão.

Conforme o próprio Jesus profetizou, os últimos dias serão difíceis. A fé de

muitos arrefecerá e se multiplicará os falsos profetas e seitas (Mt. 24:4-5; 11-13).

Precisamos refletir sobre a história da igreja e tomar uma decisão. Precisamos nos

envolver com o movimento de plantação de igrejas. Como alguém disse: “É mais fácil

ter um bebê que ressuscitar um defunto”. Nós podemos mudar a história da igreja ou pelo

menos a história da nossa igreja, acreditando nas grandes promessas de Deus e

dependendo dEle para viver como seus servos e servas. Em I Co. 2:9 encontramos

uma grande promessa: “Mas como está escrito: As coisas que o olho não viu, e o

ouvido não ouviu, e não subiram ao coração do homem, são as que Deus preparou

para os que o amam” (I Co 2:9).

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Page 42: Apostila Pr Abner Atualizada 29set OK

CAPÍTULO VI

A PESSOA DO PLANTADOR DE IGREJAS

1. Compreendendo o seu papel

Já encontrei muitos colegas frustrados porque tentaram plantar uma igreja e não

tiveram sucesso. Para alguns, a pessoa do plantador de igrejas está mais relacionada

com o dom do apostolado. Outros acham que este dom não existe mais. De qualquer

maneira, sabemos que plantar igreja não é para todo mundo. Uns tem o dom de

evangelista, outros de pastores, outros de doutores e mestres, conforme podemos

observar em (Rm. 12:6-8; I Co. 12:4-11; 13:1-8; Ef. 4:7-11).

Apesar de nem todos terem este dom, podemos assegurar que todos podem

contribuir para plantação de igrejas, cooperando com o plantador no exercício do seu

dom espiritual. O rei Davi desejava construir um templo para o culto a Deus, mas, isto

não lhe foi permitido pelo próprio Deus. Deus escolheu então Salomão, seu filho, para

esta tarefa. Contudo, Davi, apesar de não ter sido designado para esta tarefa;

cooperou com Salomão arrecadando fundos para tal construção. Um plantador de

igrejas, certamente irá precisar de pessoas que ensinem as crianças, a juventude,

discipuladores de novos convertidos, pessoas para tocar os instrumentos e dirigir os

louvores, etc.

Preocupados para não investir os poucos recursos na pessoa que não possui

este perfil, igrejas e organizações tem estabelecido centros para avaliar e treinar

pessoas para esse grande ministério. Aqui no Brasil, a IPB não está oferecendo

suporte financeiro para o plantador que não passa pelo seu centro de treinamento em

Patrocínio, Minas Gerais. Eu acredito que quase todas as igrejas e organizações nos

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Page 43: Apostila Pr Abner Atualizada 29set OK

Estados Unidos, já vêm fazendo isso há algum tempo. Com isso, não queremos dizer

que essas igrejas e organizações, não têm investido em pessoas erradas, ou melhor,

em pessoas que não tem o perfil de um plantador de igrejas. Contudo, devemos

reconhecer também, que essas organizações têm pelo menos minimizado a

porcentagem de erro. Os centros de avaliação e treinamento, ajudam tanto a pessoa

que deseja plantar igreja a descobrir se de fato esse é mesmo o seu dom, quanto à

organização, para não cometer o erro de investir mal os poucos recursos em pessoas

que não tem tal perfil.

2. Descobrindo o seu perfil

a) O primeiro benefício de ser avaliado por um desses centros vocacionais, é

que a pessoa pode descobrir o seu perfil e dom. Enquanto a pessoa não souber quem

ela é e qual é o seu dom, estará correndo o risco de sofrer e causar sofrimento por não

lograr sucesso em seu intento. Do mesmo jeito que algumas pessoas resistem em

procurar um médico e este descobrir algum problema sério com a sua saúde, pessoas

que desejam plantar igreja; resistem ser avaliadas quanto o seu perfil ou vocação, com

medo de ser reprovadas. O objetivo da avaliação vocacional é evitar problemas tanto

para as pessoas que desejam plantar igreja, quanto para as igrejas e organizações que

estão hávidas para dar o suporte financeiro para o plantador.

As instituições teológicas têm falhado muito no treinamento dos seus alunos ao

sagrado ministério, porque oferecem uma orientação teológica massificante como se

todos os seus alunos tivessem os mesmos dons espirituais. Em nossa denominação,

os seminaristas após concluírem os seus cursos, vão para os seus presbitérios no final

do ano, são examinados e ordenados. Em janeiro já são reverendos. Será que diante

de uma diversidade de dons concedidos pelo Espírito Santo, todas as pessoas que vão

para os seminários são apenas pastores? Será que nenhum deles tem o dom de

mestre, de profeta, de evangelistas e plantadores de igrejas? Cada aluno deveria no

início do seu último ano de estudo ser avaliado quanto a sua vocação, para escrever

um projeto de conclusão do curso, conforme o dom que tem recebido do Espírito

Santo, para ser praticado em seu futuro ministério.

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Page 44: Apostila Pr Abner Atualizada 29set OK

b) O segundo benefício é o plantador que o aluno ao descobrir o seu dom

espiritual, poderá desenvolvê-lo, se tornando muito mais útil no desempenho do seu

ministério, como parte do corpo de Cristo.

c) O terceiro benefício em ser encaminhado pelo centro de avaliação

vocacional, é descobrir o seu dom ou perfil, e poder estar ajustado dentro da vontade

de Deus. Isso resultará em alegria, satisfação e maior produtividade no serviço do

Mestre. Vamos pensar, por exemplo, numa pessoa que tem o dom de mestre. Ele

gosta de ler, prepara as suas aulas com carinho e ensina com sucesso. Por outro lado,

ela não gosta de dar aconselhamento através de gabinete, não se sente muito a

vontade para fazer visitas, não é um bom administrador e é criticado pelos membros da

igreja por não ter esses dons do ministério. Isso, dia a dia, gera descontentamento,

frustração e amarguras. A questão seria simples de resolver, se ele entendesse que

está funcionando como pastor, quando deveria estar funcionando como mestre. Um

desses centros de avaliação vocacional poderia ajudá-lo a focalizar no seu dom, com o

objetivo de alcançar o prazer em servir a Deus e as pessoas.

3. Áreas a serem avaliadas

Eu acredito que a pessoa deve ser avaliada quanto a sua vocação e perfil nas

seguintes áreas: dons espirituais, paixão pelas almas, temperamento, liderança e vida

pessoal com Deus.

A. Dom Espiritual

Conforme lemos em I Co. 12: 7: “Mas a manifestação do Espírito Santo é dada a

cada um, para o que for útil”. Como podemos observar em primeiro lugar, o Espírito

Santo é o único responsável para distribuir os dons. Segundo, o Espírito Santo distribui

dons para todos os membros do corpo de Cristo, indistintamente. Não há exceção. Isto

é, cada crente recebe pelo menos um dom espiritual para usá-lo a serviço de Deus.

Terceiro, o Espírito Santo distribui os dons como lhe apraz ou segundo o seu plano

soberano. Ele sabe o que é melhor para nós. Não há isso que alguns pregam que

todos devem falar em línguas, como sinal de batismo do Espírito Santo.Quarto, os

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Page 45: Apostila Pr Abner Atualizada 29set OK

dons espirituais nos são dados, para usarmos no que for útil. Não estamos no corpo de

Cristo para dividí-lo ou enfraquecê-lo. O objetivo é sempre positivo “... para o que for

útil”. A pessoa em seu estado de pecado, não tem como agradar a Deus. O apóstolo

Paulo em Ef.2:1-3, descreve a triste condição do ser humano como escravo do pecado.

Quando nascemos para Deus através do poder do Espírito Santo, Deus nos dá dons,

capacidades, talentos para fazermos diferença em um mundo tão necessitado.

B. Paixão

Ninguém consegue bons resultados no que faz, se não gostar do que faz. A melhor

palavra nesse sentido, vem do próprio Jesus. Ele disse: “Porque onde estiver o vosso

tesouro, ai estará também o vosso coração” (Mt. 6:21). Não podemos e nem

conseguimos realizar nenhuma tarefa com excelência, se não colocamos o nosso

coração naquilo que fazemos. Um funcionário de uma empresa se difere do outro,

dependendo da motivação. Um trabalha porque precisa (por causa do dinheiro), o outro

porque gosta de trabalhar e do que faz (paixão). Há um ditado popular que diz: “O que

engorda o boi é o olho do seu dono”.

O estudante de Teologia deve concluir o seu curso no seminário com uma

ansiedade, com uma paixão e o poder de um foguete que empurra uma nave espacial

para o espaço, para levar a semente das Boas Novas que transformará o pecador. O

ardor, o fervor e a paixão pelas almas perdidas são tão grandes, que ele nem está

preocupado com o salário, conforto e realização própria. O que ele ou ela quer é

responder o apelo de Jesus que orou: “E disse aos seus discípulos: A seara é

realmente grande, mas poucos os ceifeiros. Rogai, pois ao Senhor da seara que

mande ceifeiros para a sua seara” (Mt. 9: 37-38). O servo de Deus não pode ter outro

desejo e outra motivação diferente do seu mestre Jesus. No mesmo texto acima citado,

Mateus relata a paixão de Jesus pelas almas perdidas dizendo: “E, vindo a multidão,

teve grande compaixão deles, porque andavam desgarradas e errantes como ovelhas

que não tem pastor” (Mt. 9:36).

44

Page 46: Apostila Pr Abner Atualizada 29set OK

Aubrey Malphurs define a palavra paixão da seguinte forma: “Paixão é uma

capacidade dada por Deus para ferventemente nos auxiliar, durante um período de

tempo para suprir uma necessidade”14. Uma pessoa que não desempenha o seu

trabalho com amor e paixão, não poderá de igual modo esconder através do seu falar,

semblante e atos, tal atitude dos seus ouvintes e seguidores. O resultado inevitável é

que pouco a pouco, um a um debandarão deixando ele só. Pessoas se disporão a

seguir uma pessoa com motivos errados, mas, que tiver paixão ao ponto de contagiar

outros. Por outro lado, deixarão de seguir uma pessoa que tem os motivos corretos,

mas, que não tem poder e paixão na comunicação da tarefa que pretende realizar.

Uma vez ouvi um conto interessante, que acho necessário repassar: Diz que um

circo chegou em uma certa cidade e se estabeleceu próximo de uma igreja evangélica.

O pastor observou o entusiasmo das pessoas para ir ao circo. Filas e mais filas se

formaram pelo lado de fora esperando a oportunidade para assistir o espetáculo. O

pastor observou, ainda, que ao contrário, poucas pessoas procuravam os seus cultos.

Então teve uma idéia. Chamou um presbítero e disse-lhe: Vá até ao circo e diga ao

dono do mesmo que eu gostaria de falar com ele. Quando o dono do circo chegou à

igreja, o pastor lhe perguntou: Diga-me amigo, porque você só diz bobagens e o seu

circo está cheio, enquanto, eu digo a verdade e ninguém quer me ouvir. O dono do

circo então, respondeu categoricamente sem hesitar. É simples: antes das

apresentações eu vim assistir o seu culto e me sentei lá atrás. Observei que você

prega a verdade, sem nenhum entusiasmo, como se não acreditasse nela. Eu, pelo

contrário, prego as minhas bobagens, como se fossem verdades. De fato, jamais

conseguiremos êxito em nosso projeto, se não fizermos isso com entusiasmo, com

amor e paixão, com muita oração e unção do Espírito Santo. Isso os seminários não

ensinam. Cada obreiro terá que ser responsável por si mesmo, cultivando a sua

comunhão com Deus.

Paixão é o combustível e poder que gera entusiasmo, que empurra o indivíduo para

a frente, que mantém os seus objetivos no projeto ou missão, e derrota todos os

obstáculos.

14 Ibdem pág.87

45

Page 47: Apostila Pr Abner Atualizada 29set OK

Uma pessoa sem entusiasmo e negativista é uma praga na sociedade. John Knox

conquistou a Escócia para Cristo porque orava com paixão dizendo: “Senhor, dá-me a

Escócia ou morro”.

C. Temperamento

Uma outra área da pessoa que deseja ser um plantador de igrejas que deve ser

avaliada, é o seu temperamento. Se ele ou ela não conhece o seu temperamento,

virtudes, estilo e fraquezas perderá grande chance de explorar melhor o seu

temperamento, obra da graça de Deus. Como seria a vida se todos pensassem e

agissem exatamente iguais? A vida não seria chata, sem colorido e sabor? A beleza e

o equilíbrio da sociedade está justamente nessas diferenças. A questão é: Como

reagimos diante das diferenças? Pensemos por exemplo: O que seria se todos

tivessem o temperamento extrovertido? Ou o que seria se todos fossem coléricos?

Como podemos ver, não há nada de errado nesse ou naquele temperamento. Deus em

sua infinita sabedoria fez tudo perfeito. Errado é querer que os outros pensem e vivam

como se fossemos nós.

Conforme Tim La Haje, Deus nos fez com pelo menos quatro tipos de

temperamentos que são: colérico, sanguíneo, fleumático e melancólico. Pedro tinha um

temperamento bastante diferente de João. O primeiro, indica ser sanguíneo. O

segundo, indica ser melancólico. Ser avaliado em seu temperamento pode ter muitos

benefícios, tais como: Descobrir as suas tendências e formas de pensar, analisar e

julgar os outros. Podemos compreender melhor como as pessoas são e como devemos

nos relacionar com elas. Devemos procurar nos conhecer melhor para poder servir

melhor os outros.

D. Liderança

Uma outra área da pessoa que deseja plantar igreja que deve ser avaliada é a sua

capacidade para liderar. Se o plantador não for líder, como motivará e liderará alguém

em torno de um alvo ou realização de um projeto? Qual é o seu estilo de liderança?

Como você pode enfatizar as suas áreas fortes e desenvolver aquelas onde você é

mais fraco?

46

Page 48: Apostila Pr Abner Atualizada 29set OK

Tim Keller e Allen Thompson, em seu Manual do Plantador de Igrejas, diz que

Roberto Murray M’Cheyne teria dito o seguinte para alguns pastores: “O que o seu povo

mais precisa de você é a sua santidade pessoal” Diz Tim e Allen, que o próprio M’Cheyne

escreveu para o seu pastor um dia após a sua conversão dizendo: “Espero que você

perdoe um estranho por lhe escrever algumas linhas. Eu o ouvi pregando no último sábado, e

seu sermão me levou a Cristo. Não foi nada que você disse em especial, mas o que você foi

enquanto pregava. Pois vi em você uma beleza da santidade que jamais havia visto antes. Era

a glória do nosso Deus sobre o Salvador, e via a glória do Salvador sobre você. Foi isto que me

trouxe a Cristo. Com isso, podemos concluir que o líder lidera a partir do seu caráter” 15.

Os dons e habilidades do líder são importantes, mas não mais, que o seu caráter.

Para o apóstolo Paulo, devemos ser como uma carta aberta que é lida por todos. “Vós

sois a nossa carta, escrita em nossos corações, conhecida e lida por todos os homens”

(II Co.3:2). Em I Co.13:1-6 o apóstolo Paulo mostra, como o Amor e a caridade está

acima de qualquer outra virtude e dom. Para o apóstolo Paulo, a falta desse caráter

bondoso, generoso e dócil, anula as virtudes e dons que a pessoa possa ter. Uma

pessoa colérica, nervosa, grosseira e vingativa está eliminada de qualquer parte do

ministério de serviço a Deus. E por essa razão que Jesus disse: “Se o grão de trigo

primeiro não morrer, fica seu fruto”.

Talvez você não seja um grande orador, não tenha um porte físico atraente e nem

tenha uma cultura refinada. Contudo, há algo mais que as pessoas buscam ver em

uma pessoa: sinceridade, discrição, intimidade, fidelidade, responsabilidade, simpatia,

compaixão, zelo, compromisso em seus deveres. Deus pode fazer sozinho se desejar,

mas tem prazer em usar alguém que deseja glorificar o seu Santo nome. Uma pessoa

comprometida com Deus atrai pessoas. O seu rosto e atos vão brilhar e as pessoas

glorificaram a Deus.

O apóstolo Pedro admoestando os líderes da igreja escreve: “Apascentai o rebanho

de Deus, que está entre vós, tendo cuidado dele, não por força, mas voluntariamente,

nem por torpe ganância, mas de ânimo pronto; nem como tendo domínio sobre a

herança de Deus, mas servindo de exemplo ao rebanho “(I Pedro 5:2-3). Como

podemos observar, o apóstolo revela: primeiro: qual deve ser a nossa motivação de

15 Thimoty J. Keller e J. Allen Thompson, Manual do Plantador de Igrejas. NEW,NY p. 67

47

Page 49: Apostila Pr Abner Atualizada 29set OK

ministério; segundo: como deve ser o nosso estilo de liderança, a de servo. Se assim

fizermos e procedermos, teremos grande recompensa no dia da prestação de contas:

“alcançareis a incorruptível coroa de glória” (I Pedro 5:4).

CAPÍTULO VII

A QUALIFICAÇÃO DO PLANTADOR DE IGREJAS

O pastor plantador de igreja é diferente do pastor de igreja. Os dois ministérios

são importantes e desafiadores. Uma pessoa pode ser um grande pastor de igreja e

ter um desempenho fraco na hora de plantar uma igreja. O apóstolo Paulo era um

plantador de igrejas. Ele viajara de cidade em cidade pregando e plantando igrejas e

em seguida estabelecia presbíteros ou pastores para pastoreá-las. Paulo estabeleceu

Timóteo como pastor da igreja de Éfesos, com o propósito de edificar a igreja

doutrinariamente (I Tm.1:3). Na epístola de Paulo a Tito, ele afirma que o deixou em

Creta para estabelecer pastores em cada cidade da ilha (Tito 1:5). O dom de

evangelista é diferente do dom de pastor e plantador de igreja (Ef. 4:11).

I. O caráter do plantador de igrejas

Qualquer que seja o seu dom - o de pastor de igreja ou o de plantador de

igrejas, uma coisa deve ser comum dos dois: a integridade. Para Tim Keller, o líder

lidera a partir do seu caráter. Examinando I Tm. 3:1-13, fica claro que o líder deve

possuir caráter irrepreensível. O verso 7 do mesmo capítulo resume o caráter do líder

cristão dizendo: “convém também que tenha bom testemunho dos que estão de fora,

para que não caia em afronta, e no laço do diabo”.

Tim Keller e J. Allen Thompson cita Robert Murray M`Cheyne, quando este em

uma reunião de líderes teria dito: “O que o seu povo mais precisa de você é a sua

48

Page 50: Apostila Pr Abner Atualizada 29set OK

santidade pessoal”16. É verdade. O que somos é mais importante do que pregamos. De

palavras as pessoas estão cheias e cansadas. Eles querem ver vida, exemplo. Jesus

se distinguia dos fariseus e publicanos pela autoridade da sua vida. Infelizmente, os

seminários por aí a fora, tem se preocupado em encher a cabeça dos seus estudantes

com Teologia, conhecimentos e teorias; deixado de lado a pessoa do estudante, e

cooperar para a formação do caráter daqueles que irão liderar amanhã. Por

conseguinte, não devemos estranhar o grande número de escândalos dos líderes hoje

em dia desencorajando os seus liderados e fechando a porta da igreja para os

incrédulos.

Em seu “Manual de Plantador de Igrejas”, Tim Keller e J. Allen Thompson cita

ainda que antes da sua morte, Robert M`Cheyne pregou um sermão baseado em

Isaías 60:1 “Levante-se e refulja! Porque chegou a sua luz, e a glória do Senhor raia sobre

você”. Após a sua morte, quase que logo em seguida, acharam uma carta de um

convertido quando ele pregou esse sermão, que dizia: “Eu o ouvi pregando no último

sábado, e seu sermão me levou a Cristo. Não foi nada que você disse, mas, o que você foi

enquanto pregava. Pois vi em você uma beleza de santidade que jamais havia antes. Era a

glória do nosso Deus sobre o Salvador e a glória do Salvador sobre você”17.

O caráter do pregador é mais importante que as suas habilidades e dons. A

igreja de Corinto era rica pelos dons espirituais de seus membros (I Co. 1:7). Contudo,

o caráter dos crentes era baixíssimo. Pregadores e líderes talentosos, mas sem

caráter, são mais perigosos do que se possa imaginar. Devemos procurar ver o

caráter das pessoas, mais que a sua parte externa, talentos e dons. O dom do amor,

da gentileza, da meiguice e bondade é superior a qualquer outro (I Co. 7:1-7). À igreja

de Corinto Paulo afirma: “ E eu, irmãos, não vos pude falar como a espirituais, mas

como a carnais, como a meninos em Cristo. Com leite vos criei, e não com manjar,

porque ainda não podeis suportar...” (I Co. 3:1-2). Os dons espirituais são jóias

importantes que recebemos de Deus para nossa edificação e edificação dos outros no

serviço do Mestre.

16 Tim Keller e J. Allen Thompson. Ibden. p. 6717

Tim Keller e J. Allen Thompson. Manual do Plantador de Igrejas. p. 67

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Page 51: Apostila Pr Abner Atualizada 29set OK

Satanás é muito astuto e tem se infiltrado e continuará se infiltrando na igreja e

entre aqueles que estão sendo chamados por Deus para a pregação do Evangelho. O

seu objetivo é claro. Ele deseja criar escândalos para fechar a porta da igreja para

muitos. Jesus profetizou sobre falsos profetas e apóstolos (Mt. 7:21-23; 24:4-5; I Tm.

4:1-3).

II. O chamado para o plantador de igrejas

Mateus 28:18-20 registra o chamado e convocação de Jesus para sermos seus

discípulos. O chamado é o mesmo, para todos, mais as tarefas são diferentes. Uns

são chamados para serem pastores, outros, plantadores de igrejas, outros ainda

evangelistas, e mestres etc.

Quando uma pessoa é chamada para realizar uma tarefa ou ministério é

igualmente capacitado por Deus para realizá-la. Em Lucas lemos: “... ficai em

Jerusalém até que do alto sejais revestidos de poder” (Lc. 24:49). Em Atos 1:8 lemos:

“Mas recebereis a virtude do Espírito Santo, que há de vir sobre vós; e ser-me-eis

testemunhas, tanto em Jerusalém como em toda a Judéia, e Samaria e até aos

confins da terra”. Jesus quando chama alguém para servi-lo, capacita-os para a

realização da tarefa. Ele mesmo disse: “Eis que eu estou convosco todos os dias até a

consumação dos séculos (Mt. 28:20).

Conforme Timothy Keller e J. Allen Thompson, o chamado de Timóteo tem

cinco elementos importantes que podem ser aplicados ainda hoje:

1) O chamado de uma pessoa deve ser considerado dentro de um contexto de

maturidade (I Tm. 3:6).

2) A pessoa chamada tem uma convicção crescente de Deus para a realização

da tarefa.

3) A pessoa chamada é dotada de capacidades especiais para a realização da

tarefa, quais sejam: intelectual: disciplina, habilidade de comunicação, e dom

de discernimento.

50

Page 52: Apostila Pr Abner Atualizada 29set OK

4) A pessoa chamada demonstra autodisciplina, auto-sacrifício, auto-doação e

autocontrole.

5) O chamado é único, levando tempo para se desenvolver plenamente18.

III. Avaliação do plantador

Faça uma avaliação cuidadosa e honesta sobre o seu nível em termos de

caráter, pontuando de 1-5. A bíblia diz: “Porque se nós nos julgássemos a nós

mesmos, não seríamos julgados. Mas quando somos julgados, somos repreendidos

pelo Senhor, para não sermos condenados com o mundo” (I Co. 11:31-32)

1) Disciplina espiritual:

1.1 Leio a Bíblia e oro diariamente 1 2 3 4 5

1.2 Lido bem com a tentação 1 2 3 4 5

1.3 Não guardo mágoas em meu coração 1 2 3 4 5

1.4 Tenho Facilidade em perdoar e esquecer 1 2 3 4 5

1.5 Sou dizimista fiel de tudo que ganho 1 2 3 4 5

1.6 Participo ativamente da igreja, no desempenho dos meus dons

Espirituais.

1 2 3 4 5

2) Disciplina do evangelho:

2.1 Sou agradável e cordial 1 2 3 4 5

2.2 Tenho facilidade para pedir perdão quando erro 1 2 3 4 5

2.3 Agradeço a Deus em tempos de crises 1 2 3 4 5

2.4 Sou sempre aberto para aprender 1 2 3 4 5

2.5 Não tenho dificuldades para compartilhar a minha fé em Deus 1 2 3 4 5

18 Tim Keller e J. Allen Thompson. Ibden. p. 72

51

Page 53: Apostila Pr Abner Atualizada 29set OK

3) Disciplina interpessoais:

3.1 Sou sensível às necessidades dos outros 1 2 3 4 5

3.2 Não deixo o sucesso subir para a minha cabeça 1 2 3 4 5

3.3 Sou flexível 1 2 3 4 5

3.4 Não sou controlador do próximo 1 2 3 4 5

4) Disciplina de auto-administração:

4.1 Sou pontual nos meus compromissos 1 2 3 4 5

4.2 Sou bom administrador do tempo 1 2 3 4 5

4.3 Sou bom administrador do meu dinheiro, mantendo em dia os

meus compromissos financeiros.

1 2 3 4 5

4.4 Sou honesto e irrepreensível 1 2 3 4 5

52

Page 54: Apostila Pr Abner Atualizada 29set OK

CAPÍTULO VIII

ASPECTOS IMPORTANTES NA PLANTAÇÃO DE IGREJAS

O livro Atos dos Apóstolos, bem que poderia ter sido “Atos do Espírito Santo”,

uma vez que foi a terceira pessoa da trindade que vocacionou, capacitou e dirigiu os

apóstolos para plantar a igreja em Jerusalém e até aos confins do mundo. Atos 1:8 é

um versículo chave para a plantação de igrejas: “Mas recebereis a virtude do Espírito

Santo, que há de vir sobre vós; e ser-me-eis testemunhas, tanto em Jerusalém como

em toda a Judéia e Samaria, e até aos confins da terra”.

Podemos deste modo, dizer com segurança que Jesus plantou a igreja,

conforme Ele mesmo afirmou: “Pois também eu te digo que tu és Pedro, e sobre está

pedra edificarei a minha igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela”

(Mt.16:18). O Espírito Santo por outro lado, deu continuidade ao trabalho do Senhor

Jesus, capacitando os seus servos e presidindo a disseminação da mensagem do

Evangelho em cada canto do mundo.

Os movimentos de plantação de igrejas que tem surgido em várias partes do

mundo, têm apresentado algumas características peculiares que são:

1. É fruto de muita oração.

Quando o povo de Deus começa a orar, Deus age em respostas as orações.

Atos 1:14 afirma que os doze juntamente com Maria, mãe de Jesus, e seus irmãos

estavam orando com outros irmãos, cerca de 120 ao todo no templo, aguardando a

promessa feita por Jesus conforme registrada em Lc. 24:49. Em Atos 2 vemos

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Page 55: Apostila Pr Abner Atualizada 29set OK

como foi que se cumpriu a referida promessa. Como podemos observar, a oração

era a programação chave da igreja primitiva. Desta forma, podemos concluir que

não há como uma pessoa ou igreja crescer e realizar grandes feitos, se não estiver

alicerçado na oração. A oração é a chave para a plantação e crescimento da igreja.

Um texto bíblico que ilustra bem o papel relevante da oração na plantação de

igrejas é o de Atos 13:2-3 que diz; “E, servindo eles ao Senhor, e jejuando disse o

Espírito Santo: apartai-me a Barnabé e a Saulo para a obra que os tenho chamado.

Então, jejuando e orando, e pondo sobre eles as mãos, os despediram”. Como

podemos observar a oração acompanhada do jejum, foi de fundamental

importância para a atuação do Espírito Santo, que de forma clara e inequívoca,

presidia a expansão da igreja, separando Paulo e Barnabé para o trabalho de

plantação de igreja. Daí, podemos concluir, que a plantação de igrejas é precedida

de muita oração e jejum, marca registrada dos movimentos de plantação de

igrejas.

Em Atos 4:31 nos lemos que em decorrência direta das orações da igreja, Deus

se manifestou poderosamente aprovando as muitas orações com sinais visíveis

tais como:

1. Terremoto, manifestação da natureza;

2. Todos ficaram cheios do Espírito Santo, isto é: aprovação de Deus;

3. Pregavam com entusiasmo e destemor, sinal da autoridade concedida pelo

Espírito aos que estão sob o seu controle e dependência.

2. Obediência ao “Ide”.

A obediência na pregação do evangelho é o resultado de muita oração. A

oração é como o combustível que move a máquina. Sem a oração não temos

disposição, não temos poder e ousadia - um passo sequer para obedecermos à

ordem do Senhor Jesus na pregação do Evangelho. A desobediência a Jesus é

fruto direto da falta de oração. A negligência a oração é o grande pecado das

igrejas e crentes. Nenhuma programação por melhor que seja, substitui a

necessidade da oração. Trabalhar sem orar é ativismo, é carnalidade, pois, é a

54

Page 56: Apostila Pr Abner Atualizada 29set OK

tentativa de fazer o trabalho de Deus com a força e sabedoria humana, portanto, é

pecado. Deus é a nossa suficiência em nossas fraquezas. Jesus deixou claro

quando disse: “sem mim nada podeis fazer” (Jo.15:5).

Ninguém deve esperar receber um chamado especial para pregar o Evangelho.

Cada servo e serva de Deus recebeu não um chamado, mas, uma ordem para

pregar o Evangelho. O que precisamos agora não é esperar pelo chamado, mas

obedecer à ordem recebida: “Vos sois minhas testemunhas”; “Vós sois a luz do

mundo. Assim brilhe a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas

boas obras e glorifiquem o vosso Pai que está nos céus”; “Ide por todo o mundo e

pregai o Evangelho”. O escritor de Provérbios disse: “O que ganha almas sábio é”.

As igrejas podem e devem ser plantadas em casas, vilarejos e cidades. Não

podemos ficar escravos de prédios, para termos uma igreja. Essa dependência

exagerada de prédios e muitos recursos financeiros cria um embaraço enorme

para a expansão da igreja. O mais difícil é tomar decisão. Mas, quando uma igreja

toma a decisão para plantar uma outra igreja e semear o Evangelho

abundantemente, o resultado será que a colheita será igualmente abundante. As

igrejas da Macedônia cresceram em decorrência da semeadura abundante que

fizeram, ao ponto do apóstolo Paulo ter resumido a ação da igreja dizendo: “E digo

isto: que o que semeia pouco, pouco também ceifará; e o que semeia em

abundância, em abundância também ceifará”( 2 Co.9:6).

3. Plantação de igrejas é sempre fruto de uma decisão.

Se o líder e conselho de uma igreja decidirem plantar igreja, igrejas serão

plantadas. Se não houver tal decisão, muito provavelmente, nenhuma igreja será

plantada. No Rio Grande do Norte, um pastor Marcos Severo resolveu que iria

plantar igrejas e já tem plantado umas vinte. O que teria acontecido se ele não

tivesse decidido plantar igrejas? Nada. Alguém já disse: tomar decisão é 50%. Os

outros 50% ocorrerão naturalmente. O mais difícil é tomar decisão, uma vez

tomada a decisão, desencadeará o processo que culminará no alcance do objetivo.

55

Page 57: Apostila Pr Abner Atualizada 29set OK

A igreja que resolver plantar igreja estará obedecendo ao Senhor Jesus e como

resultado colherá muitos benefícios dessa sua decisão tais como:

1) Estará obedecendo ao ide de Jesus;

2) A igreja estará glorificando a Deus ( 2Co.9:13);

3) Deus abençoará essa igreja, com muitos sinais e prodígios;

4) Os seus membros serão alegres;

5) A igreja terá muita paz e progresso.

4. Mobilização dos leigos.

Uma igreja não pode plantar outras igrejas como é o propósito do Senhor

Jesus, se a liderança não mobilizar a mesma para a evangelização. Todos em uma

igreja devem tomar parte nesse ministério. Eu gosto do lema: “Cada membro um

discípulo de Cristo”. Quando os membros de uma igreja são mobilizados para orar

e participar da evangelização, grandes milagres podem ocorrer. Um deles e o

surgimento de pessoas vocacionadas para o ministério integral da pregação da

Palavra de Deus. Quando elas estão servindo, são despertadas para esse

ministério, são aprovadas por seus companheiros de trabalho e confirmado pela

paz e conforto do Espírito Santo.

Eu me recordo que quando alistei cerca de 50 jovens para trabalhar comigo nas

primeiras equipes da Organização Palavra da Vida Nordeste, fizemos muitas

vigílias e orações para o treinamento da equipe. Esses jovens trabalharam como

gigantes e Deus lhes abençoou poderosamente. Muitos desses jovens foram

chamados e hoje vários deles são pastores. Quando os pastores não mobilizam os

seus membros para a evangelização, não terão ninguém para cooperar com eles,

casados e frustrados acabarão sozinhos.

Se a igreja não for mobilizada para a evangelização, seus membros não terão

como utilizar os seus dons espirituais e o resultado da não utilização será a perda

dos mesmos. Aquilo que não usamos, perdemos. Jesus deixou esse ponto claro

quando contou a Parábola dos Talentos. Ao que tinha apenas um e não usou-o

disse: “Tirai-lhe pois o talento, e dai-o ao que tem os dez talentos. Porque a

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Page 58: Apostila Pr Abner Atualizada 29set OK

qualquer que tiver será dado, e terá em abundância, mas ao que não tiver até o

que tem ser-lhe-á tirado. Lançai pois o servo inútil nas trevas exteriores; ali haverá

pranto e ranger de dentes”( Mat.25:28-30).

Uma pessoa quase sempre descobre o seu dom espiritual, quando estiver

fazendo alguma coisa importante no corpo de Cristo. Para os que afirmam não

saber seus dons espirituais podemos dizer: “Se você gosta de fazer alguma coisa,

faça isso para Deus. Se você vir uma coisa que precisa ser feito, não dê esse

privilégio para outros. Fazendo assim, logo você descobrirá o seu dom”. A igreja

sempre será muito abençoada quando estiver obedecendo ao “ide” de Jesus.

5. Igrejas quase sempre começam em reuniões de estudo e orações nas casas.

Lembro-me muito bem quando era ainda muito pequeno, que os meus pais

gostavam de realizar cultos evangelísticos em nossa casa. Eles convidavam os

vizinhos e o pastor vinha para pregar. Às vezes quando faltava pregador, ele

mesmo pregava, muito embora tivesse muito pouca leitura. A Igreja

Presbiteriana de Nova Esperança-PR, teve início em nossa casa. Posso desta

forma dizer que os meus pais eram plantadores de igrejas e que eu hoje devo

muito a eles. Minha mãe não cansava de orar, pedindo que o bom Pai Celestial

tomasse pelo menos um dos seus filhos para o sagrado ministério. Eu era um

jovem agricultor, muito rude e quase sem estudos. Mas, Deus conhece os

corações, gosta de fazer milagres e de nos surpreender, me separou para o

ministério da palavra. E como o apostolo Paulo disse:

“Porque, vede, irmãos, a vossa vocação, que não são muitos os nobres que

são chamados. Mas Deus escolheu as coisas loucas deste mundo para confundir

as sábias; e Deus escolheu as coisas fracas deste mundo para confundir as fortes.

E Deus escolheu as coisas vis deste mundo, e as desprezíveis, e as que não são,

para aniquilar as que são; Para que nenhuma carne se glorie perante Ele” (I

Co.1:26-29).

As igrejas que usam o método de grupos familiares estão crescendo. Isso,

porque, já era um método eficiente no início da igreja primitiva e agora, deveria ser

57

Page 59: Apostila Pr Abner Atualizada 29set OK

muito mais, com o surgimento das grandes cidades com muitos edifícios, com

porteiros eletrônicos e vigilantes para impedir a entrada de estranhos. Por que a

igreja nos lares, ou grupos familiares como queiram chamar, são eficientes? Qual é

o segredo? Simples:

a) Os membros da igreja são mobilizados para o envolvimento nesse

ministério;

b) Uma vez que eles começam se reunir em grupos pequenos, estreita o

relacionamento entre eles.

c) Os mais fortes começam a dar suporte para os mais fracos e novos na fé;

d) Líderes começam a exercer suas lideranças e outros líderes são

despertados;

e) Os descrentes se sentem melhor se reunindo para estudar a Bíblia em uma

casa, convidado por um amigo ou vizinho, que para se deslocarem para

uma igreja de estranhos.

f) Quando os amigos descrentes começam a tomar decisões ao lado de

Cristo, os membros dos grupos ficam entusiasmados para o ministério.

g) Os grupos familiares estimulam os crentes a participarem da evangelização,

a usarem os seus dons espirituais; a saírem das quatro paredes e a

colocarem a sua fé em prática.

Eu estou convencido da eficiência dos grupos familiares e acredito que através

deles poderemos abrir muitas outras igrejas, sem muito custo operacional com

construções de templos. As pessoas leigas, sem muito preparo teológico, se sentiram

mais seguras ministrando em pequenos grupos. Acredito também, que os pastores

deveriam investir mais no treinamento dos seus líderes, capacitando-os para os

ministérios que o Espírito Santo lhes tem concedido.

6. Paz e alegria.

Uma outra característica do movimento de plantação de igrejas, é a paz e

alegria das igrejas que praticam esse ministério. A igreja que mobiliza os seus

membros para o evangelismo em grande quantidade e a plantação de igrejas, como

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Page 60: Apostila Pr Abner Atualizada 29set OK

resultado da concentração nesse ministério, não terá muito tempo sobrando para se

ocuparem, dons resultados obtidos em seus ministérios, tem paz pela consciência de

que estão obedecendo à vontade de Deus e por isso são alegres.

Os crentes que não deixam a teoria da fé cristã para a pratica da mesma

conforme advertido pelo apóstolo Tiago quando disse: “E sede cumpridores da

palavra, e não somente ouvintes, enganando – vos com falsos discursos. Porque, se

alguém é ouvinte da palavra, e não cumpridor, é semelhante ao varão que contempla

ao espelho o seu rosto natural” (Tg. 1: 22-23). Por outro lado, a desobediência da

igreja ao “Ide” de Jesus, resulta em:

1. Perda do entusiasmo pela vida cristã;

2. Crescimento do farisaísmo dentro da igreja;

3. Falta de paz e alegria pela ausência de nascimento de novos membros;

4. Falta de crescimento da igreja.

Do mesmo jeito que há alegria quando nasce um novo membro na família, assim

também haverá muita alegria na igreja e no céu quando uma pessoa se arrepende.

Jesus fala dessa alegria dizendo: “Assim vos digo que há alegria diante dos anjos de

Deus por um pecador que se arrepende” (Luc. 15:10).

Um crente que não usa os seus dons espirituais, não dá um bom testemunho de

Cristo, não pode ter paz e ser feliz. Como poderia ter tais benções de Deus se não

está controlando e andando no Espírito Santo. Alem do mais, uma pessoa que não

utiliza os seus dons espirituais, pode perdê-la. A palavra de Jesus é bem dura nesse

sentido: “Tirai-lhe, pois o talento, e daí-o ao quem tem os dez talentos. Porque a

qualquer que tiver será dado, e terá em abundância; mas ao que não tiver até o que

tem ser-lhe-á tirado. Lançai, pois o servo inútil nas trevas exteriores; ali haverá pranto

e ranger de dentes” (Mat. 25: 28-30).

7. Líderes são discipulados para o ministério

Parece que os lideres e pastores atuais, esqueceram quase que por completo o

método de Jesus em fazer discípulos. Jesus queria estabelecer a sua igreja e

estabeleceu uma estratégia: treinar discípulos. Com isso, Jesus estabeleceu base

59

Page 61: Apostila Pr Abner Atualizada 29set OK

sólida para o seu ministério. O apóstolo Paulo menciona que os apóstolos foram

considerados como “as colunas” (Gal. 2: 9).

Em minha denominação, a profissionalização no ministério tem sido de tal

modo, que os leigos e a figura do evangelista estão em baixa. Igreja como a

Assembléia de Deus tem valorizado a força leiga e o resultado é que tem crescido

mais do que as chamadas igrejas tradicionais. Nos movimentos de plantação de

igrejas, a força leiga tem desempenhado papel relevante. A AMESPE (Academia

Memorial de Ensino Superior de Pernambuco) tem procurado restaurar a figura do

evangelista e treinar líderes para cooperar com seus pastores nos diferentes

ministérios da igreja. Eu acredito que assim como os pastores precisam ser treinados

para exercer seus ministérios, os demais líderes precisam igualmente ser

discipulados, para desempenharem bem os seus ministérios. Como podemos ter uma

igreja forte com líderes fracos, pela falta de treinamento.

Os pastores precisam redescobrir a estratégia de Jesus, em treinar discípulos.

Quantos pastores estão treinando discípulos? Se os pastores não têm pessoas

competentes para auxiliá–los em seus ministérios, se estão fazendo tudo sozinhos,

estão frustrados e cansados; não seria por culpa deles mesmos em não treinar

discípulos? Precisamos rever os nossos conceitos de ministério visando o crescimento

das nossas igrejas. Caso contrário, poderemos estar enterrando os nossos talentos,

além de não glorificamos ao nosso Salvador e Senhor Jesus.

60

Page 62: Apostila Pr Abner Atualizada 29set OK

CAPÍTULO IX

PLANEJANDO A PLANTAÇÃO DE IGREJAS

I. Definição de planejamento:

Conforme Timothy J. Keller e J. Allen Thompson, planejamento é:

1) Ter uma mentalidade voltada para o amanhã.

2) Lançar uma rede sobre o amanhã e fazer acontecer aquilo que tens decidido.

3) Pré–determinar o curso de ação.

4) Tentar compreender a vontade de Deus e reagir a tal compreensão com as

nossas ações19.

O planejamento “encurta o caminho” em busca do alvo. Quem não planeja, corre

o risco de percorrer caminhos tortuosos e distantes. Dias a trás, eu tinha que viajar e

perguntei a uma pessoa que conhecia toda a região: Qual é o melhor caminho para

chegar a tal cidade? Ele me aconselhou e eu economizei tempo, dinheiro e energia.

Uma pessoa indisciplinada tem dificuldade de planejar, sofre mais, desperdiça recursos

e tem dificuldade para atingir seus objetivos. O planejamento requer estudo da Bíblia e

muita oração. Só o Espírito Santo que é Deus, sabe qual o caminho, melhor método e

estratégia para fazermos a vontade d’Ele mesmo. Ele nos foi dado para nos “guiar” em

todas as verdades. Para sermos guiados pelo Espírito Santo, precisamos da leitura da

Bíblia e muita oração. A nossa caminhada diária e metódica com Deus é que nos

revela a forma correta de viver e servir. Só pelo fato de termos lido a Bíblia e ter crido,

não podemos sair como loucos fazendo isto e aquilo. Precisamos ter paciência e

aguardar a confirmação do Espírito Santo. Ele usa pessoas, nos dá suporte, poder e

19

61

Page 63: Apostila Pr Abner Atualizada 29set OK

certeza daquilo que temos pedido. Temos que ter a paciência e sabedoria para “andar”

no Espírito (Gal. 5:16)

II. Vantagens do Planejamento.

Já falamos um pouco sobre as vantagens de se planejar, antes de tentar fazer

as coisas. Contudo, aqui vão mais algumas vantagens:

1. Remove uma porção de dificuldades, reduzindo o impacto das surpresas.

Ter um planejamento não quer dizer que acontecerá tudo exatamente

como temos planejado. Quase sempre planejar requer avaliar os resultados e re-

planejar para corrigir os possíveis erros, para poder atingir o alvo estabelecido.

Temos que ter essa flexibilidade e coragem de poder mudar para poder atingir o

alvo.

2. O planejamento encurta os caminhos .

Uma pessoa sem planejamento anda em ziguezague. O planejamento

pode ser comparado com uma flecha que é lançada rumo a um alvo

estabelecido. Gostaria de aproveitar o exemplo do que temos planejado. Logo

que decidimos nos dedicar ao ministério de plantações de igrejas, topamos com

um grande obstáculo: a falta de plantadores. Encontramos uma porção de

“aventureiros” que consomem recursos, mas que não plantam igrejas. Então

decidimos iniciar um Treinamento para Plantadores de Igrejas. O plantador de

igrejas é o elemento mais rico e mais importante para se plantar igrejas. Por

impossível que pareça, os recursos financeiros que para alguns é o elemento

mais difícil. Para mim, é o mais fácil. Quando há plantadores há recursos. O

dono dos recursos é Deus e a fonte dos seus recursos é indispensável. Pedi e

dar-se–vos-á, buscai, e encontrareis; batei, e abrir-se-vos-á. Porque aquele que

62

Page 64: Apostila Pr Abner Atualizada 29set OK

pede recebe; e o que busca, encontra: e, ao que bate se abre. Se, vós, pois,

sendo maus, sabeis dar boas dádivas aos vossos filhos, quanto mais vosso Pai,

que está nos céus, dará boas coisas aos que pedirem? (Mat. 7-8,11).

3. Ajuda a avaliar

Sem planejamento, fica difícil avaliar os resultados. Como saber se

erramos ou acertamos, se não temos um planejamento que nos serve de

parâmetro para a avaliação? O planejamento é um processo com suas etapas

ou passos. Para atingirmos o alvo, estabelecemos uma estratégia: Primeira

etapa, segunda etapa, terceira, quarta e etc... Exemplo: Se quisermos ver nossa

igreja crescer, devemos estabelecer a nossa estratégia, para que isso venha

acontecer. O planejamento facilita, economiza e dinamiza as pessoas.

4. Comunica as nossas intenções e objetivos.

Ninguém de juízo quer seguir um líder que não sabe aonde quer chegar.

O planejamento tem a capacidade de inspirar, dinamizar as pessoas a ponto de

sacrifício. Ninguém com dinheiro, quer investir em uma pessoa ou ministério que

não acredita. Se você tem credibilidade e se o seu projeto é bom, Deus será

tocado e Ele se encarrega de todo o resto.

Certa vez, Hudson Taylor disse que o trabalho de Deus feito do modo de

Deus tem a provisão de Deus.

Trabalho Prático

1. Ore por um projeto que você gostaria de desenvolver em algum lugar,

ainda que não seja na igreja.

2. Faça um projeto viável para ser colocado em prática.

3. Estabeleça a estratégia para colocá-lo em pratica, estabelecendo as

etapas do inicio até a conclusão do mesmo.

63

Page 65: Apostila Pr Abner Atualizada 29set OK

CAPÍTULO X

O PERFIL DO PLANTADOR DE IGREJAS

Timothy Keller e J. Allen Thompson formaram um Centro de Treinamento para

Plantadores de Igrejas e estabeleceram algumas qualidades que devem fazer parte do

plantador de Igrejas que são:

I – Características de um Plantador de Igrejas20

1. Oração – A oração deve ser mais que uma prática devocional para o

plantador de igrejas. É o próprio ministério.

2. Vitalidade Espiritual – É percebida por todos que o cercam, tal

vitalidade espiritual, resultado do seu compromisso com Cristo.

3. Integridade – Demonstra na vida diária princípios morais, honra seus

compromissos, tem boa reputação dos familiares e estranhos; é compromissado com o

trabalho de Deus.

4. Vida Familiar – Marido e esposa possuem a mesma visão ministerial e

cada um tem papel definido na realização do ministério.

5. Chamado de Deus – Tem convicção do chamado de Deus. Os seus

atos demonstram tal chamado como ganhador de almas.

6. Liderança – Lidera com alegria a simpatia. Está rodeado de pessoas

que acreditam na sua liderança, estando dispostas inclusive para lhes oferecer o

suporte espiritual e financeiro de que precisam.

7. Evangelismo – É evidente que o evangelismo ocupa papel relevante

não perdendo tempo e recursos no cumprimento da Grande Comissão.

20 Tim Keller e J. Allen Thompson. Ibden. p. 67

64

Page 66: Apostila Pr Abner Atualizada 29set OK

8. Administração – Planeja e organiza as tarefas do ministério. Avalia e

revisa o planejamento, para poder alcançar o alvo. Tem a capacidade de mobilizar os

leigos, estabelecendo-os no ministério mais adequado conforme seus dons.

9, Pregação – Proclama o evangelho com clareza, simpatia, entusiasmo,

autoridade e eficiência.

10. Discipulado – Entende que treinar líderes é fundamental para a nossa

Igreja. Sabe que estabelecer líderes sem o discipulado para exercer a função, é correr

sério risco com problemas futuros. Uma igreja sábia é fruto de uma liderança sábia e

bem treinada. A liderança forte é que segura a igreja na adversidade.

II – Características da Esposa do Plantador de Igrejas 21

1. Vida familiar - Marido e esposa partilham da mesma visão e

responsabilidade no exercício ministerial. Cada um funciona com seu

papel e dom espiritual.

2. Integridade – Demonstra através da maneira de ser, forte princípio moral,

é honrada e tem grande senso de responsabilidade.

3. Chamado de Deus – Tem prazer em compartilhar o evangelho, apóia o

marido desempenhando tarefas importantes em seu ministério. Já ouvi

um pastor dizer: “Eu fui contratado pela Igreja, e não ela”. De fato, a esposa

do pastor não é pastora auxiliar. Contudo ela é salva e deve também ser

serva e exemplo para todas as mulheres da igreja. Eu acredito que

quando Deus chama alguém para ser pastor, chama igualmente uma

companheira que possa lhe apoiar em todos os sentidos. Não existe um

bom pastor, sem uma boa esposa e companheira.

4. Oração – A esposa do plantador de igrejas deve ser mulher de oração.

Sem isso, não vai ficar de pé para poder auxiliar o seu marido quando ele

precisar dela. A oração é vital para todos que querem servir a Deus.

5. Ministério – Ela deve ter bom equilíbrio entre a missão de esposa, mãe e

serva de Deus.

21 Tim Keller e J. Allen Thompson. Ibden. p. 68

65

Page 67: Apostila Pr Abner Atualizada 29set OK

6. Emoção – Não dá vazão as suas emoções, e nem por isso deixa de ser

sensível às necessidades de seu esposo, família e próximo. Mantém tudo

em equilíbrio e moderação.

Podemos evocar aqui, o ensino do escritor de Provérbios 31, as

qualidades para a esposa do plantador de igrejas.

CAPÍTULO XI

GRUPOS FAMILIARES NA PLANTAÇÃO DE IGREJAS

I) Introdução

O estudo em questão apresenta um projeto para implantar um ministério na

Igreja Memorial de Piedade.

A hipótese aqui defendida pode ser apresentada nos termos a seguir: uma

estrutura organizacional que possibilite à Igreja local cumprir com a dimensão da Ação

Social na missão da Igreja, tendo como parâmetro uma fundamentação bíblica

adequada, uma atuação relevante às necessidades sociais contemporâneas e o

equilíbrio entre a ação social, discipulado e o ministério de evangelização e plantação

de igrejas, cabendo os demais ministérios da Igreja a dimensão de apoio. A Igreja

poderá ser organizada da seguinte maneira:

1) Cada crente deve contribuir de modo equilibrado para a dimensão da ação

social na missão da Igreja local;

2) Esta contribuição deve ser feita através de um modelo de Igreja Primitiva,

igrejas nos lares e do exercício dos dons espirituais dados pelo Espírito

Santo a cada crente;

3) A Igreja nos lares, ou Igreja em grupos familiares deverá ter o suporte de

ministérios que agrupam crentes com as seguintes marcas de qualidades:

liderança capacitadora; ministérios orientados pelos dons; espiritualidade

contagiante e estrutura funcional.

66

Page 68: Apostila Pr Abner Atualizada 29set OK

4) O foco principal da Igreja nos lares será uma estrutura básica para a

disseminação dos ministérios de evangelismo com base na necessidade,

ação comunitária, discipulado e a inclusão ação social com a mesma

importância dos demais ministérios.

5) Os ministérios que darão suporte a Igreja nos lares são:

a. Ministério pastoral – Pastor, presbíteros, diaconatos e lideres de grupos

pequenos (dom de pastor);

b. Ministério de liderança e administração – Pastores, presbíteros e

diáconos (dons de pastor, liderança e administração e fé);

c. Ministério de dimensão cultiva - pastores e presbíteros (dom de pastor);

d. Ministério de discipulado e ensino – Mestres, pastores, ensino

(dons de ensino e pastor);

e. Ministério de restauração da alma – Pastor, crentes psicólogos e crentes

com dons de exortação e aconselhamento;

f. Ministério de Intercessão – Pastores, presbíteros, diáconos e ministros

de oração (dons de oração e intercessão);

g. Ministério de louvor e adoração – Crentes músicos, cantores,

instrumentalistas e atores (dons de criatividade artística e musica);

h. Ministério de apoio logístico – Ministros de ajuda, habilidade manual,

hospitalidade, contribuição, serviços.

i. Ministério da Diaconia (diáconos, crentes com dons de ajuda e serviços).

j. Ministério de evangelização e plantação de igreja (pastor, ensino)

6) Os crentes devem ser distribuídos nestes ministérios de acordo com os dons

que Deus lhes deu;

7) Cada um destes ministérios deve contribuir com as dimensões da Igreja de

forma equilibrada.

8) Caberá ao ministério da diaconia propor metas para a ação social da Igreja,

bem como planejar, organizar, orientar e acompanhar os crentes, os

ministérios de apoio e a igreja no que diz respeito ao atendimento das metas

definidas.

67

Page 69: Apostila Pr Abner Atualizada 29set OK

A metodologia utilizou-se de um estudo de caso, que teve como base a

experiência da Igreja Presbiteriana de Candeias, Jaboatão dos Guararapes,

Pernambuco, Brasil. Na implantação de grupos em KOINONIA, onde teve participando

na ministração de treinamento de reciclagem de lideres na formação de grupos

KOINONIA, e em outras ocasiões como ouvinte em seminários, retiros e treinamentos,

inclusive o treinamento dos quatro módulos ministrados, pelo ministério de Igreja em

Células no Brasil, realizado em Recife.

II) Modelos de grupos familiares que atualmente estão influenciando a

liderança evangélica

i) Rede ministerial – “Pessoa certa no lugar certo pelas razões certas”

Bill Hybels.

ii) Igrejas com propósitos (Rich Warren)

III) Igreja que cresce naturalmente

Cristian A. Schwarz nos mostra que existem oito marcas de qualidade, as quais

são principio para um desenvolvimento natural da igreja, são elas: liderança

capacitadora; ministérios orientados pelos dons; espiritualidade contagiante; estruturas

funcionais; culto inspirador; grupos familiares; evangelização; relacionamentos

marcados pelo amor fraternal.

IV) Grupos familiares – Célula

1. Modelo de Ralph Neighbour ( Modelo semelhante ao de P. Y. Choo)

Fazer a transição de uma igreja de programa, onde 20% sustenta os programas

para um modelo onde 20% são treinados para ministrar e liderar os 80% que vão

também servir. Alvo – Cada casa uma igreja, cada membro um ministro. A Ênfase – O

sacerdócio Universal de todos os crentes e a base da igreja são os grupos familiares.

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Page 70: Apostila Pr Abner Atualizada 29set OK

2. Modelo da IPM: Rev. José João (Igreja Presbiteriana de Manaus)

O modelo Base utilizado pela IPM O modelo de Ralph Neighbour, porem realizou

algumas adaptações.

V) O que é uma Igreja com Grupos Familiares?

“Os grupos familiares são a arena básica para refletir a presença redentora de Deus, bem como incorporar relacionamentos divinamente redentores;” “microcosmos da

comunidade da criação de Deus” Bill Donahue e Russ Robinson

“ Grupos familiares é um culto no lar.” Paul Yonggi Choo

“ São Grupos bem simples que se reúnem em casa de seus membros ou em dependências diversas, para colaborar na edificação dos Cristão e na evangelização

da cidade” Caludio Ernani Ebert

VI) O que pensamos ser uma igreja em Grupo familiar e que passamos a

denominar Igreja nos lares

Igreja nos lares não é um grupo com dimensão pedagógica, não é um grupo de dimensão evangelística (evangelizar), não é um grupo para estudar a Bíblia ,não é um grupo onde alguém é escolhido para dar uma palavra (culto), não é um encontro para louvar, não é grupo com dimensão comunitária (um grupo koinonia), não é um grupo que pratica assistência social. Diríamos que é uma igreja que reúne todos estes ministérios e deve ser realizado nas casas. Os encontros devem ser informais, movido pelo Espírito Santo, com ordem mais sem rigidez, priorizando a comunhão, o relacionamento, a evangelização, ação social e discipulado aos mais novos na fé ou os não convertidos. José Valter Rodrigues Lima – Ipc.

VII) Modelo em implantação na Igreja Presbiteriana Memorial

Modelo Igreja nos lares (Modelo hibrido: Igreja de atos; Cristian A. Schwarz; Ralph Neighbour; Bill Hybels; Rich Warren )

i) Missão: Ser uma igreja evangelizadora, que se envolverá na ação social

e no discipulado e que busque a interdependência do Espírito Santo e

seus ministérios orientados pelos dons.

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Page 71: Apostila Pr Abner Atualizada 29set OK

ii) Visão: Ser uma comunidade que viva a interdependência do corpo de

Cristo, possibilitando a seus membros exercerem os dons, para

edificação e testemunho, relacionando-se com outros grupos, e em

parceria na proclamação do evangelho.

iii) Proposta – Fazer a transição de uma igreja de programa, onde 20%

sustenta os programas para um modelo onde 20% são treinados para

ministrar e liderar os 80% que vão também servir.

iv) Alvo – Cada casa uma igreja, cada membro um sacerdote.

v) Ênfase – O sacerdócio Universal de todos os crentes

vi) A base da igreja são as igrejas nos lares

vii) A igreja voa em duas asas: Asa 1 - Crescimento Sadio - “Igreja nos

Lares” e Asa 2 - Asa Apoio Estruturado – “Fazer o que está fazendo”

Escolheu-se como base para definir o modelo de Igreja nos Lares os princípios

utilizados na Igreja de atos; Cristian A. Schwarz; Ralph Neighbour; Bill Hybels; Rich

Warren e David Kornifld e Jose João da IPM, porque é possível implantar a estrutura

de duas asas e manter a essência da doutrina e da Instituição do Governo

Presbiteriano. As alterações realizadas, foram contextualizada a região e cultura do

local, fatos estes que devem ser observados na implantação do Modelo. A Igreja

Memorial de Piedade Iniciará com os grupos de koinonia nos lares com a visão é

estender para o evangelismo, discipulado e ação social, com sendo o tripé de

sustentação da Igreja mãe.

VIII) Por que o modelo de uma igreja nos lares e com duas asas

A igreja que funciona com duas asas funciona uma apoiando a outra. Elas são

interdependentes

i) Asa Crescimento Sadio - “Igreja nos Lares” – Igreja nos lares

serão grupos pequenos que terá como ênfase: espiritualidade

contagiante, o evangelismo por necessidade, o discipulado, liderança

capacitadora e Ação social.

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Page 72: Apostila Pr Abner Atualizada 29set OK

ii) Asa Apoio Estruturado – Esta asa deverá atender os sistemas de

Pedagogia, sistema cúltico (celebração), ministérios orientado pelos

dons (logísticas, administração, comunicação e etc ) - fazer o que já

está fazendo.

IX) Motivos para implantar uma Igreja com uma estrutura de igreja nos

lares

i) Retornar à autentica comunidade espiritual com Cristo e com nossos

semelhantes;

ii) Crescer com harmonia, utilizado a inter-relação das dimensões

evangelização, ação social e discipulado;

iii) Incorporar relacionamentos divinamente redentores;

iv) Buscar a transformação espiritual através dos grupos;

v) Buscar o crescimento espiritual através dos relacionamentos;

vi) Compartilhar os frutos oriundos do crescimento espiritual;

vii) Resgate a visão, estrutura, funcionamento e prática da Igreja primitiva

que era de se reunir nos lares:

viii) A Igreja primitiva nasceu no lar ( At 1:1);

ix) Se reunião periodicamente no pátio do templo e de casa em casa (At:46-

47);

x) Pregavam e ensinavam de casa em casa (At 5:42), (Rm 16:3-5), (Rm

14, 15 e 23);

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Uma igreja com duas asas, a igreja que voa alto. Jose Valter Rodrigues Lima

Page 73: Apostila Pr Abner Atualizada 29set OK

xi) Igreja se reunia na casa de cristão e não cristão como: Cornélio – At 10,

Aquiles e Priscila - Cl 4:15, Nifas - Fp1:2 e Filemon;

xii) As reuniões serem movidas pelo Espírito Santo, evitando cunho social –

Os crentes serão movidos pelo Espírito Santo se ajuntando para

evangelizar e ganhar gente para Jesus.

X) Motivos para implantar uma Igreja com uma estrutura de igreja nos

lares

i) No crescimento – At 2.42-4

Estudando o contexto das passagens do livros de Atos, identificamos logo as

razões pelas quais a igreja primitiva crescia tanto e estes fatores estão resumidos em

Atos 2:42-47 e os fatores mais simples estão no versículos 42 e 46 que diz o

seguinte: “e perseveravam na doutrina dos apóstolos e na comunhão, no partir do pão

e nas orações.” E funcionavam em pequenos grupos pois era uma igreja de todos os

dias, no templo e nas casas

ii) Na administração (organização e descentralização) – Ex.

18.1-25

Jetro vendo a luta de Moises aconselhou o estabelecimento de chefes de mil,

de cem, de cinqüenta e dez pessoas. (Ex 18:25) “E escolheu Moisés homens capazes

dentre todo o Israel, e os pôs por cabeças sobre o povo: chefes de mil, chefes de cem,

chefes de cinqüenta e chefes de dez”.

iii) Nos Relacionamentos - Rm 12.3,8-16.

No relacionamento, a verdade é necessária (v9); devemos nos preocupar uns com os

outros, ou seja, devemos amar e ser amados (V.10); importar-se com o outro é

necessário (V11); percalços acontecerão no grupo e os membros deste grupo deverão

ser pacientes e buscar na oração e na esperança que serão vitoriosos (V12); devemos

abrir as portas de nossas casas (V13); devemos compartilhar nossas alegrias e

72

Page 74: Apostila Pr Abner Atualizada 29set OK

tristezas para que todo o grupo possa se sentir privilegiado e responsável em apoiar o

irmão (V15) por fim devemos ser humilde - servir e ser servido (V16)

XI) Por que e para que trabalhar com Igrejas nos lares?

Usar os dons Espirituais; Despertar vocações ministeriais; Edificar a Igreja, uns

aos outros; Atrair pessoas carentes de amor, carentes de amizade, e solitárias. É um

meio de cura para comunidade; Facilitar o pastoreio, a mobilização da estrutura,

treinamento de lideres, retomar na igreja local a evangelização, ação social e o

discipulado; Utilizar como estratégia para ministério de missões da Igreja;

Implantações de novas igrejas são facilitadas; É parte do plano original de Deus. At

2:41-47; Promover a ação social; Dar mais ênfase ao Sacerdócio Universal.

XII) Quais as vantagens de uma Igreja com estrutura de uma igreja nos

lares.

É flexível, quanto a local, horário e programa; Tem mobilidade, pode ser

realizado em qualquer lugar; É inclusivo, atrai pessoas de qualquer tipo; É Pessoal,

cria relacionamentos; Pode multiplicação por divisão; É uma estratégia para

evangelizações, ação social e discipulado; facilita as descobertas de novos lideres; os

custos operacionais da igreja diminuem, pois utilizaremos pessoas voluntárias; não

fere o regime de governo da instituição; possibilita a abertura de uma nova igreja para

celebração próximas as igrejas nos lares – Pastor próximo a congregação ; plantações

de igrejas/congregações para as celebrações aos domingos dos grupos de uma

mesma região.

XIII) Igreja nos Lares e a Instituição atual, como fica?

Não fere a forma de governo da Igreja; fortalece a relação dos pastores com a

liderança; fortalece a relação dos lideres com os crentes; Sacerdócio Universal é fato;

não destrói a organização da Igreja; estimula mudanças e fortalecimento;

descentraliza a celebração. Novas igrejas serão plantadas com base na estrutura das

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igrejas nos lares, vinculadas a igreja mãe, mantendo as sociedades internas das

mesmas.

XVII) Estrutura de liderança das igrejas nos lares

A estrutura deverá ser menos vertical possível, e mais horizontal.

XVIII) Pastor Efetivo – Atribuições

Líder de todo o projeto; reuniões mensais com todos os lideres; recebimento e

análise de todos os relatórios; pastorear os supervisores; coordenar os treinamentos

dos novos líderes e Organizar eventos.

XIX) Supervisor - mínimo 3 a máximo 5 grupos

A sua região; pastorear os líderes; visitar os grupos da sua região; estar à

disposição dos lideres e apresentar um relatório mensal ao coordenador.

XVIII) Líder de Grupo - mínimo 2 e máximo 4 membros no máximo.

Liderar as reuniões de grupo familiar; pastorear os membros do grupo; encorajar,

ser exemplo; apresentar o relatório mensal ao supervisor; participar de um encontro

mensal com o coordenador e desenvolver novos líderes.

XIX) O que o pastor líder deve fazer antes de implantar a Igreja nos lares;

Para transformar sua Igreja do domingo em uma Igreja que tem comunhão de

domingo a domingo o Pastor deverá ter compromisso firme de plantar relacionamentos

autênticos em cada igreja criada, Ele mesmo deve pregar temas consistindo de:

i) É preciso ter relacionamento transparente, ou seja, conhecer e ser

conhecido pelos membros do grupo.

ii) É preciso importar-se com o outro – amar e ser amado

iii) Ser humilde - Servir e ser servido.

iv) É preciso falar a verdade – Admoestar e ser admoestado;

74

Page 76: Apostila Pr Abner Atualizada 29set OK

XX) O que o pastor não deve fazer

i) Não comece a mudar tudo, explique, façam eles mudarem seus

paradigmas;

ii) Não critique a Igreja, muito pelo contrario elogie; porém mostrando as

necessidades de melhorias;

iii) Mude a passo de tartaruga, mudanças súbitas gera insegurança e medo.

XXI) Tarefa do pastor da Igreja antes de Implantar a igreja nos Lares.

Formar uma boa liderança para Igreja nos lares – a liderança é uma posição

assumida pelo líder e não um cargo.

XXII) Um bom líder precisa ter as seguintes qualificações.

Ser ensinável; ser servo; ser disciplinado no tempo, na estabilidade, na

objetividade, no comedimento e cuidadoso com o corpo; ser perspicaz; corajoso; ter

pleno Espírito; cheio de sabedoria; submisso; paciente; diplomático; bem-humorado;

inspirador e reconhecido.

XXIII) Treinamento dos lideres na área liderança

Liderança ancorada na situação; relacionamentos autênticos; liderança

ECLESIÁSTICA; visita pelo pastor e alguns líderes à Igrejas que já tenha implantado

com sucesso Grupos Familiares; treinamentos sobre Visão e estrutura de ministério

em GRUPOS. O pastor líder deve passar a sua visão aos lideres e estudar com os

seus lideres.

XXIV) O pastor passa sua visão a liderança e a igreja

O pastor líder deve passar a sua visão a Igreja; o pastor titular precisa ler,

estudar, orar para estar convicto sobre o assunto; envolva sua esposa, ouça a voz de

Deus; estudar o assunto com os pastores auxiliares, alguns líderes (os escolhidos

para os grupos protótipos) e suas esposas; compartilhar suas conclusões com os seus

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Page 77: Apostila Pr Abner Atualizada 29set OK

principais líderes; realize seminários com toda liderança da Igreja e membros

voluntários para apresentar o projeto; ouça sugestões e anote implemente-as se for

positiva .

Pregue na Igreja sobre comunhão, oração, evangelismo por amizade,

discipulado, missões, relacionamentos e etc, só não pregue sobre “ Igreja nos Lares”

– Ef 4:11-12 e 1 Pe 4:10.

i) Estude com os líderes da Igreja o curso de reciclagem que

deverá ser aplicado a Igreja local;

ii) Começar com uma Igreja Lares protótipos;

XXV) Faça um retrato da sua Igreja e sua avaliação. Observando Anexos I, II,

III

XXVI) Como fazer a transição

Envolver casais e Jovens nos grupos protótipos; Praticar o grupo protótipo –

intensivo; Exercitar paciência numa possível resistência de alguns lideres: Medo do

novo, perda do reinado, etc. Fazer reuniões com os departamentos ( UPH, SAF, UPA,

EBD, etc ) para evitar fofoca que tudo vai se acabar.

XXVII) Fazer pregações sobre mudanças de valores e quebra de paradigmas

para os membros que tem pensamentos

Racionalistas; Tradicionalismo – nós sempre fizemos assim por que mudar;

Templocentrismo – A Igreja é o templo, o templo é a igreja; Medo de perder o controle,

de errar. Pequenos reinados.

CUIDADO! Mudar a estrutura sem mudar os valores significa É

B-R-O-N-C-A! , É D-E-S -A-S-T-R-E!

XXVIII) O que são valores?

76

Page 78: Apostila Pr Abner Atualizada 29set OK

Valores são prioridades internas que se expressam consistentemente em ações

concretas.

Quais são os seus valores? Está é a pergunta. Não pergunte você tem valores?

XXIX) Situações em que não é recomendado iniciar Igreja nos lares

A igreja está doente; O pastor está pouco tempo na Igreja; A Igreja esta sem

pastor; O pastor esta saindo para fazer um curso por meses; A liderança está dividida–

oficiais (Presbíteros e Diáconos(nisas); Despreparo da liderança; Existência de

indisciplina de lideres; Ausência de comunhão dos lideres entre si e a comunidade; A

rebeldia de lideres.

XXX) Avaliações e prestações de conta

Reuniões – agendar e ser regular; Indicadores – a medição é o termômetro;

processos – sempre melhorando questionários – são insumos para os indicadores;

pesquisas estatísticas – divulgações; relatórios, etc. – prestações de contas

Conclusão

Estamos na pós-modernidade tentado alcançar o homem secularizado com os

mesmos métodos e ferramentas da década de 50. Vivemos um momento histórico e

de mudanças onde precisamos de homens como “os filhos de Issacar, conhecedores

da época, estudiosos de fato ou ainda conhecedores da história e suas implicações,

homens que sabem o que querem e o que vão fazer...” em nosso meio. Homens que

olhem além dos horizontes, que estudem a época e a história ao mesmo tempo em

que se submetem a Deus; que usem com sabedoria ao máximo o raciocínio e

conhecimento acumulado em sua teologia, mas também busquem ao Senhor com

toda a força de sua alma; que viva o século 21 com sua nova tecnologia e

comunicação disponível, mas não abram mão daquele momento em que o Espírito diz

“Este é o caminho andai por ele”.

77

Page 79: Apostila Pr Abner Atualizada 29set OK

CAPÍTULO XII

RECURSOS PARA PLANTAÇÃO DE IGREJAS

Uma das coisas que mais afeta o plantador de igrejas, é o recurso financeiro

que ele precisa para cobrir os custos do seu ministério. Geralmente, existem mais

recursos disponíveis para alguém pastorear uma igreja, que para plantadores de

igreja. Normalmente as igrejas já têm verbas específicas em seus orçamentos para o

pastor. Raramente as igrejas têm incluído verbas em seus orçamentos para plantar

novas igrejas. Podemos conhecer a visão da igreja pelo orçamento que ela faz. Não

seria estranho se a esposa do plantador de igrejas perguntasse ao seu marido: Como

é que vamos nos manter? O dinheiro é importante não só para a manutenção do

plantador de igreja, como para qualquer outra profissão.

Jesus quando enviou os doze discípulos para evangelização, os orientou para

que não levassem “ouro, nem prata, nem cobre em vossos cintos; nem alforjes para o

caminho, nem duas túnicas, nem alparcas, nem bordão; porque digno é o operário do

seu alimento”. (Mat.10:9–10). Então perguntamos: Jesus era contra o planejamento

financeiro do plantador de igrejas? É claro que não. Ele apenas não queria que os

mesmos estivessem mais preocupados com a segurança material, que com o

ministério que deveriam cumprir. Em outras palavras, a preocupação com o sustento

do obreiro deveria ser dEle exclusivamente. Logo em seguida, podemos observar que

Ele disse: Ficai na mesma casa comendo e bebendo do que eles tiverem, pois “digno

é o obreiro do seu salário. Não andeis de casa em casa” (Lc. 10:4-7). Ele prometeu

que iria abrir as portas das casas tanto para hospedar os seus servos, como para

providenciar os recursos para os hospedeiros no sustento dos mesmos. É bom

lembrar as palavras de Hudson Taylor, missionário inglês na China; que disse: “O

trabalho de Deus, feito do modo de Deus, tem a provisão de Deus.

Conforme Aubrey Malphurs, o sustento financeiro do plantador de igrejas tem

que ser visto por cinco aspectos:

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I – Primeiro Princípio: Deus é Provedor

Como já dissemos, muitos obreiros evitam plantar igreja pelo medo da falta de

recursos financeiros. O que a Bíblia tem a dizer sobre isso? Jesus em Mt.6:15 –24,

afirma que nós não devemos estar preocupados com o nosso sustento, se estamos

cumprindo suas ordens. Deus não criou o mundo e todas as coisas e as entregou a

própria sorte. Ele é na verdade o Criador e Sustentador de todas as coisas. Jesus

nos dá o exemplo, que cuida das plantas, pássaros e certamente, jamais iria se

esquecer dos seus servos e servas. Na realidade a nossa preocupação por essas

coisas não nos ajudará em nada. Uma coisa temos que aprender: é depender de

Deus para a nosso sustento. A fé, é na verdade, a nossa confiança em Deus. Será

que podemos confiar em Deus? Em Mt 6.33, Jesus fecha a questão dizendo: “Buscai

primeiramente o Reino de Deus e a sua justiça e todas as outras coisas vos serão

acrescentadas”. Devemos tomar posse das promessas de Deus pela fé.

A condição de Deus para os que desejam ser plantadores de igreja é: confiança

e fé naquele que nos tem chamado. É bom salientar que Deus não promete suprir as

nossas vaidades ou desejos, mas sim; as nossas necessidades. Não é verdade que

às vezes temos invertido os papéis, querendo que Deus primeiro supra as nossas

necessidades, para depois, obedecermos ao seu chamado? Pior ainda, é o fato de o

Bondoso Pai Celestial já ter nos abençoado e nem assim, obedecemos a Ele.

O maior recurso do plantador de igrejas não é o seu preparo, diploma ou recursos

adquiridos em um Seminário ou Escola de Profetas. O preparo do obreiro não é

aquele encontrado em uma carteira de Seminário, e sim, na comunhão do mesmo com

Deus, através de sua vida de oração, da leitura da Bíblia e obediência ao mestre

Jesus. Conforme o próprio Jesus, a fé ainda que seja pequena como um grão de

mostarda, pode remover verdadeiras montanhas. Quem achar que Davi matou o

gigante Golias com o auxilio daquelas pedras e funda, está totalmente errado. Deus

matou o gigante, honrando a Davi pela confiança que ele teve nEle. A nossa fé em

Deus é de fato o nosso maior preparo para o desempenho do nosso ministério no

serviço dEle. Quando estamos servindo a Deus, o que sentimos ou pensamos, não é

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o mais importante, é sim, o fazer a vontade dEle. Quando os 70 discípulos voltaram da

missão, estavam alegres pelos resultados obtidos. Não faltou alimento, hospedagem e

até os demônios haviam se submetido à autoridade deles. Jesus, contudo, os advertiu

que a alegria e satisfação deles deviam repousar no fato que “... o nome deles estava

escrito no céu” (Lc.10.20). Eu já vi muitas pessoas que tem afirmado estarem servindo

a Deus, contando vantagens que a sua igreja é maior, que é melhor do que a dos seus

colegas, que possui carro do ano e muitas propriedades. Será que esses, queridos

têm procurado servir a igreja ou será que a igreja é que tem servido a eles? Qual a

razão e propósito do nosso ministério?

II – Segundo Princípio: Quem Deus Deseja Usar?

Do mesmo modo como Deus é o responsável para providenciar os meios para as

nossas necessidades, Ele igualmente deseja que façamos um planejamento para o

uso sábio desses recursos. A fé em Deus de modo nenhum deve invalidar a nossa

responsabilidade em planejar o uso correto dos recursos que recebemos pela graça

do bom Deus. O Senhor Jesus ensinou de forma brilhante a importância do

planejamento em Lucas 14:25 –35. Nesse texto, Jesus começa dizendo que a nossa

decisão de seguí-lo tem sérias conseqüências: A primeira delas, é a renúncia de

outros amores terrenos, para ter Deus como nosso primeiro e mais importante amor.

Essa renúncia é seguida de uma tomada de decisão que nos leva ao sacrifício, ou

seja, “tomar a cruz”. Assim sendo, quem não estiver disposto a renunciar e tomar a

cruz e seguí-lo, não pode ser seu discípulo (v.25–27). Para enfatizar estes três

elementos do nosso comprometimento, Ele ainda nos oferece outros dois exemplos: o

da pessoa que deveria ter calculado melhor a construção da torre e o rei que deveria

se planejar melhor para ir a guerra. Planejar é importante para não passarmos por

tolos ou ter que experimentar uma derrota, desastre e sofrimento. Ao longo desses

anos tenho observado pessoas que têm entrado nos seminários, têm sido aprovados

pelos seus concílios e tem abandonado seus ministérios por falta de vocação. Eles

têm destruído igrejas, têm sofrido e causado sofrimento para muitos.

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Muitas igrejas têm a visão para plantar igrejas. Elas, inclusive, têm colocado no

seu orçamento uma verba para manter os seus plantadores. Eu pessoalmente acho

que ser mantido por uma igreja, é melhor do que ser sustentado por uma

denominação. Uma igreja pode supervisionar e assistir melhor ao obreiro que a

denominação. Quando uma igreja resolve se multiplicar plantando igrejas, ela não só

estará cumprindo a Grande Comissão de Jesus; mas, será ainda grandemente

abençoada por essa sua iniciativa. Os seus membros da igreja ficam sabendo para

onde estão indo os dízimos e ofertas, e contribuirão com muito mais prazer e alegria.

O exemplo das igrejas da Macedônia, tem contagiado muitas igrejas até hoje.

Referindo-se a elas, Paulo diz: “e digo isto: Que o que semeia pouco, pouco também

ceifará, e o que semeia em abundância, em abundância também ceifará”. (II Cor 9:6).

O plantador poderá, ainda, basear a parceria de outras igrejas ou indivíduos para a

composição do seu sustento e outras necessidades da igreja em seu inicio.

III – Terceiro Princípio: Grupo de Pessoas

Têm pessoas que desejam plantar igrejas, mas não querem depender de uma

igreja ou denominação. Eles preferem pedir a parentes, amigos, empresas, grupos

familiares, grupos de oração ou até mesmo fazer a sua tenda para o auto-sustento.

Tudo indica que o apóstolo Paulo não tinha mantenedores pré–estabelecidos para

sustentá-lo. Uma vez ou outra ele recebia ofertas, mas o grosso do seu sustento vinha

através de construção de tendas e pequenos trabalhos que fazia. Por conseguinte,

Paulo se auto-sustentava, como podemos observar em (Atos 18:3; I Cor 9:15).

IV – Quarto Princípio: O que Precisamos Saber?

Um plantador de igreja quando for levantar fundos para o seu projeto ou

ministério, deve fazê-lo com muita sabedoria de Deus. Aubrey Malphurs sugere

alguns princípios no levantamento do sustento:

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1. Doadores não gostam de simplesmente pagar contas.

2. Doadores não gostam de pagar dividas, doar por doar ou de apelos

comoventes.

3. Os doadores querem ver razões óbvias convincentes e razoáveis para

contribuir.

4. Alguns doadores, já elegeram uma área de seu interesse para contribuir. A

Bíblia adverte contra apelos compulsivos que levam o indivíduo a se sentir

miserável e sentimento de culpa. O apelo não pode ser apelativo. Eu,

pessoalmente, tenho a tendência de rejeitar totalmente tais apelos.

5. Os maiores dos doadores são geralmente comovidos por projetos significantes

e de grande visão, que levam a grandes resultados. Deus se alegra quando não

pedimos coisas egoístas e pessoais. Ele se comove quando pedimos para

outros e por grandes obras que poderão resultar em honra e glória para o seu

santo nome. (Mt 28.19 – 20; Sl 3.20; Heb 11.6).

V – Quinto Princípio: Como Deus Pode Prover?

Enquanto que a maioria dos plantadores de igreja não tem problemas com o

sustento financeiro, alguns encontraram dificuldades para levantar tais recursos:

Primeiro, nem todos tem a habilidade de levantá-los.

Segundo, levantar recursos demanda muito tempo e paciência do plantador.

Terceiro, deixa os mesmos estressados e às vezes desencorajados de batalhar

pelo seu próprio sustento. Creio que o melhor é ter uma organização ou igreja se

ocupando dessa parte, liberando o plantador de igreja para cumprir a sua missão.

Desde o início do meu ministério nunca aprovei tal prática.

Quarto, ainda mais perigoso que os primeiros: o plantador de igrejas pode se

ocupar quase que totalmente à levantar recursos querendo mais e mais, chegando

a se ocupar demasiadamente com essa atividade, prejudicando seriamente a sua

visão ministerial. Alguns, não sabendo lidar com muito dinheiro nas mãos, se

corrompem com o vil metal. Conforme Aubrey Malphurs dois grandes problemas

poderão ocorrer desse método: orgulho e medo. No primeiro caso a pessoa que

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levanta o seu próprio sustento poderá desenvolver um sentimento de total

liberdade, ao ponto de não querer prestar contas a nenhum supervisor. A

habilidade do plantador para levantar recursos, pode conduzir o mesmo ao orgulho

e acabar a dependência dele, transferindo–a para os seus doadores. Por outro

lado, a pessoa pode também desenvolver o medo de pedir, de não ter o suficiente

para a manutenção de si mesmo e família, resultando em problemas mais sérios

nas áreas emocionais e espirituais.

VI – Sexto Princípio: A provisão de Deus e para quê?

Quais seriam algumas das despesas que um plantador de igrejas teria que ter?

Salário e ministério. Irá Deus providenciar para estas coisas? É claro que sim.

O apóstolo Paulo diz: “Não sabeis vós que os que administra o que é sagrado,

comem do que é do templo? E que os que de contínuo estão juntos do altar,

participam do altar? Assim ordenou também o Senhor. Aos que anunciam o

evangelho, que vivam do evangelho”. ( I Co. 9:13-14)

O ministério precisa de transporte, equipamentos de som, cadeiras e outros

móveis, necessários para a realização dos mesmos. Precisamos de energia

elétrica, água, moradia, alimentos e férias. Deus sabe que todas essas coisas são

necessárias em nosso dia a dia e ministério. (Mat. 6:32)22. Quando estamos

fazendo o trabalho de Deus, não devemos ter nenhum temor de que nos faltará a

provisão para as nossas necessidades básicas.

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ANEXO I

FAZENDO A PESQUISA DO BAIRRO

1. Definição de pesquisa. Segundo James Angel, “pesquisa é a coleta de informação para o

uso em uma tomada de decisão”. Para plantar igreja com sucesso, temos que colher os

dados da nossa comunidade, para podermos desenvolver um trabalho que venha atender

os seus anseios. Fechar os olhos para as necessidades das pessoas que queremos

evangelizar é cometer o pecado da tolice e fatalmente colher o resultado indesejado que é

o fracasso.

2. Tipos de pesquisa. Há pelo menos 2 tipos de pesquisa: quantitativa e qualificativa. Ambas

as metodologias são formas legítimas de investigação cientifica, mas diferem nos

resultados. Enquanto a primeira se preocupa com os dados relacionados com números

como, por exemplo: Quantas pessoas vivem no bairro? Qual o tamanho das famílias e

quantas vivem no bairro? Quantas escolas? Quantas igrejas? A segunda, a qualitativa, se

preocupa mais com a cultura e condição social das pessoas. Conhecendo a comunidade

profundamente, podemos desenvolver um trabalho no bairro, que poderá levar a uma

mudança espiritual, social e cultural do mesmo. A cidade de Genebra é um belo exemplo

das mudanças da mesma pelo impacto da reforma e ministério de John Calvino. Desta

forma, a pesquisa fornece ao plantador três ferramentas importantes: (1) Visão da

vizinhança; (2) A importância do Evangelho na área; (3). Dá a você a convicção que você

precisa da cidade e ela de você. O plantador de igreja é essencialmente um servo de

Deus, servindo a comunidade, objeto do amor de Deus. O apóstolo Paulo deixou grande

exemplo como plantador de igreja para nós. Leia Atos 17:16-21 e observe:

1. Paulo faz uma análise da cidade de Atenas pelas suas observações. Ele observou

a sua arquitetura, o comportamento do povo e a sua religiosidade. Paulo procurou

ver a cidade segundo os olhos de Deus. Em Atos 17:16 lemos: Enquanto Paulo os

esperava em Atenas, revoltava-se nele o seu espírito, vendo a cidade cheia de

ídolos” Paulo ficou chocado do mesmo modo como Deus, observando a idolatria

do seu povo conforme registrado pelo profeta Isaias quando disse: “Estendi as

minhas mãos o dia todo a um povo rebelde, que anda por um caminho que não é

bom, após os seus próprios pensamentos; povo que de continuo me provoca diante

de minha face, sacrificando em jardins e queimando incenso sobre tijolos”; (Isaias

65: 2-3). O apóstolo Paulo enxergava as coisas do ponto de vista de Deus. O que

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ele achava e como os outros achavam as coisas, pouco importava. Ele tinha um

parâmetro – a Bíblia e a intimidade com Deus, ele era dirigido pelo Espírito Santo.

O contexto ao seu redor era visto e filtrado pelos princípios que recebia de Deus.

2. Como deve ser o nosso comportamento diante das nossas comunidades.

a) A Comunidade deve ser objeto do nosso amor, respeito e sabedoria, uma vez

que desejamos abençoá-las com o Evangelho da graça de Deus. Sermos

orgulhosos, acomodados sob o pressuposto que sabemos mais que todos, é

tolice. Tal atitude refletirá mais cedo ou mais tarde no pouco resultado do

nosso ministério.

b) Devemos conhecer a idolatria do bairro. Tim Keller e J. Allen Thompson relatam

que Mark Twain analisou os ídolos de três importantes cidades dos Estados

Unidos. Em Boston as pessoas lhe perguntam “O que você sabe?” Em Nova

York, elas perguntam: “Quanto você ganha?” e em Filadélfia , “ Qual é a sua

família?”. Conforme Mark Twain cada uma tem o seu ídolo: educação, fortuna,

família. Qual é o ídolo de nosso bairro ou cidade?

c) Não devemos estar preocupados com o levantamento da idolatria do nosso

campo de atuação, pois eles precisam de nós. Em Atos 17:22-31 o apóstolo

apresenta a solução para os atenienses. A idolatria é a promoção das coisas

criadas, dos objetos, é a tentativa de desviar a atenção de Deus em clara

intenção de se rebelar contra Deus, o Criador. A idolatria pode existir na forma

mais simples de ver e fazer uso das coisas. Por exemplo: podemos pelo nosso

orgulho, idolatrarmos a nós mesmos pelo que temos ou somos. Um bom

exemplo disso pode ser a pessoa que acha que sempre tem última a palavra.

Tal atitude reflete o que está no pensamento e coração. O Senhor Jesus diz a

esse respeito dizendo: “O homem bom tira boas coisas do seu bom tesouro, e o

homem mau do mau tesouro tira coisas más (Mat. 12:35).

3. A reação de Paulo diante da idolatria da cidade. Paulo sentiu em Atos 17:16

tanto raiva como tristeza. Se fosse só raiva jogaria o castigo de Deus sobre eles

ou pelo menos, lavaria as suas mãos. Felizmente, ele teve compaixão por eles,

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arregaçando as mangas e indo a luta para instruí-los na verdade (Atos 17:17). A

idolatria ofendia a Deus e lhes causava muitos males. Paulo então os acusa de

ignorância do Deus verdadeiro (Atos 17:29). Paulo diz que a ignorância é possível

de punição (Atos 17:30-31). Felizmente alguns creram (17:34) outros rejeitaram. Os

eleitos ouviram e acolheram a mensagem de Deus.

ANEXOIIPESQUISA

CONHECENDO A VIZINHANÇA

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Pesquisador:

Olá, bom dia! Nós somos da Igreja e estamos realizando uma pesquisa para saber a sua opinião sobre as maiores necessidades do bairro.

Pesquisado

1) Na sua opinião, qual a principal necessidade do bairro? ( ) Saúde ( ) Educação ( ) Lazer ( ) Transporte ( ) Limpeza ( ) Segurança ( ) Outros ______________________________________

2) Que sugestão você daria para melhorar o bairro?____________________________________________________________________________________________________________________________________

3) O que você acha da idéia de um fórum de discussões dos moradores? Você participaria? ________________________________________________________

4) Você poderia nos informar alguns dados pessoais para futuras informações?

*Nome do representante da família: _____________________________________*Marido: ___________________________________________________________*Esposa: ___________________________________________________________ Filho: Nome:___________________________________Idade:_____________ Filho: Nome:___________________________________Idade:_____________ Filho: Nome:___________________________________Idade:_____________ Filho: Nome:___________________________________Idade:_____________ Tempo de residência na área?_______________________________________ Endereço: _______________________________________________________ E-mail: __________________________________________________________

***************************************************************************************************1. Pesquisador: _____________________________________________________2. Grau de receptividade: _____________________________________________3. Dificuldades encontradas: __________________________________________

ANEXO III

PROJETO: UM PASSEIO PELA VIZINHANÇA

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Faça um ligeiro mapa da área, observando os vários tipos de prédios e seus residentes,

terrenos vazios, lojas etc... Então escreva observações sobre a área e sempre que possível,

visite as pessoas da área. Alguns tipos de informações que você deve recolher incluem:

1) Visite um aliado ou dois (crentes), caso existam.

2) Existem banheiros públicos na área?

3) Qual o tamanho dos quintais? Observe se eles são cercados e como são cuidados.

4) Que tipo de decoração as pessoas usam? Existe alguma bandeira ou algum tipo de

patriotismo em evidencia?

5) Que tipo de valorização existe na área? Que tipo de bens parece ser mais importante

para as pessoas, Ex. carros, casas, quintais e etc.

6) Que tipo de carros as pessoas usam? Caros, novos ou velhos?

7) Visite um mercado da vizinhança e compare os custos dos itens alimentares comuns

com os das grandes cadeias de supermercados.

8) Observe que tipos de eventos ou assuntos políticos são promovidos em folhetos,

pôsteres, ou muros grafitados na área.

9) O que você pode aprender sobre igrejas a partir de seus informes e aparência geral

dos prédios?

10) Existe qualquer agencia de serviço social na área ou próxima dela?

11) Que tipos de locais para recreação as crianças tem na área?

12) Existe algum terreno vazio na área? Caso afirmativo, como são usados?

13) O que tende a unir as pessoas?

Após ter feito suas anotações, escreva um informe curto de 5 páginas apresentando os

dados de sua análise e conclusões. Observe se há alguma característica específica que

formam a área. Tais características podem ser forças financeiras, pressões sociais, ações

políticas, e crenças religiosas. Olhe fundo por baixo da superfície das coisas, para ver as

dinâmicas trabalhando na criação e desenvolvimento de um bairro.

ANEXO IV

TRIAGEM DO PLANTADOR DE IGREJAS

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Nome: ____________________________________________Data ____/____/______Endereço: ________________________________________Telefone: ____________

REQUESITOS MÍNIMOS:

1. Você é crente nascido de novo com forte envolvimento em sua igreja local?Sim _______ Não______

2. Qual é o seu mais recente diploma obtido em uma Faculdade Teológica ou Seminário?

_________________________________________________________________

3. Você leu a confissão de fé da sua igreja? __________________. Há algum ponto que você discorda? Caso afirmativo, cite-os. ________________________________________________________________

4. Em qual igreja você é membro? ________________________________________________________________

5. Qual o seu relacionamento com a liderança ou instituição sobre o seu cuidado?

Ótima _________ Boa __________ Razoável ___________ Ruim _____________

6. Você já exerceu liderança em sua igreja ou denominação? Quais?_______________

CARACTERISTICAS MINIMAS:

1. Chamado para plantar igrejas. Escreva a respeito de um líder que você respeita, que o tem encorajado a participar da plantação de igrejas.

2. Vida espiritual. Que palavras você usaria para descrever sua caminhada com Deus?

3. Liderança na plantação de igrejas. Forneça um exemplo de uma igreja ou outro ministério que você formou ou dirigiu. Que evidências você pode fornecer que demonstraria que a igreja ou ministério seguia sua liderança?

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4. Evangelismo. Descreva uma experiência recente na qual você levou uma pessoa a Cristo.

5. Família. Que convicções você e seu conjugue partilham com relação à plantação de igrejas?

6. Pregação . Descreva uma experiência recente de pregação. Que tipo de comentários você recebeu de seus ouvintes?

7. Quais são os pregadores de sua preferência?

BIBLIOGRAFIA

MALPHURS, Aubrey. Planting Growing Churches for the 21st Century. Baker Books. Grand Rapids, MI. 2000.

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Page 92: Apostila Pr Abner Atualizada 29set OK

KELLER, Timothy J. e THOMPSON, J. Allen. Manual do Plantador de Igrejas. Igreja Presbiteriana do Redentor. New York, NY, 2002.

SMITH, William e PORTELA, Solano. Fazendo a Igreja Crescer. Editora Os Puritanos. São Paulo, 1997.

WAGNER, C. Peter. Plantar Igrejas para a Grande Colheita. Ed. Abba. São Paulo, 1993.

Plantando Igrejas no Brasil. Editora Cultura Cristã. São Paulo. 1997.

CARLTON, R. Bruce. Atos 29. Ed. EBD. São Paulo. 2006.

CONCEIÇÃO, Eurípedes da. Ensino Através do Caráter. Editora Cultura cristã. São Paulo. 2004.

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