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1 UNIVERSIDADE DO VALE DO RIO DOS SINOS – UNISINOS Leitura e Produção de Textos de Comunicação da Ciência 2015/2 Professora Alexandra F. Müller [email protected] 1 CONCEITOS BÁSICOS SOBRE LÍNGUA, TEXTO E COMUNICAÇÃO 1 Noções básicas sobre texto e gêneros textuais Para conseguirmos compreender qualquer tipo de manifestação de linguagem, precisamos das competências léxica e textual: entender o significado da palavra e da mensagem como um todo, ou seja, do texto. O que é um texto? a) Um texto não é um “aglomerado” de frases. As frases/parágrafos devem estar articulados entre si, compondo um todo significativo. b) Todo texto é produzido por um sujeito em um determinado tempo, em um determinado espaço, com uma determinada finalidade. c) Todo texto é escrito para um interlocutor ou um grupo de interlocutores, o que implica a escolha da estrutura e da linguagem adequada. 1 Síntese da apresentação projetada e discutida na aula 2.. Fo nt e: ht tp: // w w w. iva nc ab ral .c o m/

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Page 1: apostila Produção de Textos Acadêmicos

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UNIVERSIDADE DO VALE DO RIO DOS SINOS – UNISINOS Leitura e Produção de Textos de Comunicação da Ciência

2015/2 Professora Alexandra F. Müller

[email protected]

1 CONCEITOS BÁSICOS SOBRE LÍNGUA, TEXTO E COMUNICAÇÃO1

Noções básicas sobre texto e gêneros textuais

Para conseguirmos compreender qualquer tipo de manifestação de linguagem, precisamos das competências léxica e textual: entender o significado da palavra e da mensagem como um todo, ou seja, do texto.

O que é um texto?

a) Um texto não é um “aglomerado” de frases. As frases/parágrafos devem estar articulados entre si, compondo um todo significativo.

b) Todo texto é produzido por um sujeito em um determinado tempo, em um determinado espaço, com uma determinada finalidade.

c) Todo texto é escrito para um interlocutor ou um grupo de interlocutores, o que implica a escolha da estrutura e da linguagem adequada.

                                                                                                                         1 Síntese da apresentação projetada e discutida na aula 2..

Fonte:  http://www.ivancabral.com/

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Todo texto realiza-se em um gênero textual.

O que é gênero textual?

Os gêneros textuais “correspondem a certos padrões de composição do texto determinados pelo contexto em que são produzidos, pelo público a que eles se destinam, por sua finalidade, por seu contexto de circulação.” (ABAURRE; ABAURRE, 2007).

Alguns exemplos de gêneros textuais no dia a dia: charge, notícia, receita, e-mail, romance, telefonema, crônica, artigo de opinião, etc.

Os gêneros textuais no contexto acadêmico

As ações de linguagem dos indivíduos que se comunicam no contexto acadêmico também se concretizam por meio de gêneros textuais.

“A comunicação encontra-se no coração da ciência, sendo ela tão vital quanto a própria pesquisa. Todo o esforço do cientista é desperdiçado se não forem divulgados os resultados das pesquisas [...]”. (GIERING et al, 2010, p. 7).

Na esfera acadêmica, a comunicação se dá por meio de gêneros como: artigos científicos, resumos, resenhas, conferências, relatórios, congressos, teses, dissertações etc.

Fonte:  Marcuschi  (2008,  p.  194).

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  Redigir nem sempre é fácil, mas pode-se aumentar a competência redacional pela prática, pelo reconhecimento da organização dos textos e pelo domínio da terminologia da área.  

 

A comunicação no contexto acadêmico

“ [...] comunicar-se no contexto acadêmico-científico exige atenção às convenções, regras e normas que regem esse domínio de comunicação, isto é, é preciso conhecer o contrato de comunicação que rege as trocas de linguagem neste contexto.” (GIERING et al., 2010, p. 7).

Quem fala/escreve?  

A quem se dirige?

Onde a produção circulará?

Que objetivos busca alcançar?

O contexto acadêmico: os textos argumentativos

Os textos que circulam na esfera acadêmica possuem um caráter essencialmente argumentativo.

O que é argumentar?

ü Chamamos argumento a todo recurso lógico e linguístico que visa a persuadir, a fazer o interlocutor aceitar o que lhe foi comunicado, a levá-lo a crer no que foi dito e a posicionar-se.

ü Um argumento não é, necessariamente, uma prova de verdade. Argumenta-se não só com aquilo que é certo, mas também com o que é possível, provável, plausível.

A elaboração do texto acadêmico

O que é preciso levar em conta quando da escrita do texto?

¢ De que lugar eu escrevo?

¢ Para quem eu escrevo?

¢ Com que finalidade?

¢ Onde meu texto irá circular?

¢ O que devo e preciso dizer?

¢ Como dizer?

Efetividade da comunicação

ü É preciso conhecer a língua e os mecanismos de seu funcionamento para poder adequar a forma de comunicação ao objetivo que temos ao produzir nosso texto.

Produtor e leitor/ouvinte estão inseridos na comunidade acadêmica.

O produtor trata de temas reconhecidos pela comunidade acadêmica como pertinentes; seus objetivos devem ser também reconhecidos pelos seus parceiros de comunicação.

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Refletindo sobre a LÍNGUA

Que língua falamos? Que imagem fazemos de nossa língua?

ü Sob o nome de português, por exemplo, há muitas variedades linguísticas agrupadas, cada qual resultando das peculiaridades das experiências vividas por cada grupo;

ü isso porque a língua varia em função de aspectos temporais, espaciais, sociais e contextuais;

ü toda variedade possui organização, regras, ou seja, uma gramática; assim, não há variedade melhor ou pior;

ü a diferença na valoração das variedades linguísticas é criada socialmente.

A variedade padrão da língua

ü Diante da diversidade e multiplicidade de falares, há a necessidade de uma relativa padronização linguística;

ü a variedade padrão deve ser entendida como sendo uma em meio às outras variedades;

ü essa variedade deve funcionar como um meio de integração social e não de discriminação e exclusão;

ü a familiarização com a língua padrão se dá basicamente através de textos escritos; a atividade de leitura nos faz absorver essa variedade.

Fonte:    Revista  Língua  Portuguesa  .  Disponível  em:  http://revistalingua.uol.com.br/textos/72/o-­‐valor-­‐do-­‐idioma-­‐249210-­‐1.asp.  Acesso  em:  10  jul.  2013

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Sugestões de Gramáticas:

CUNHA, Celso; CINTRA, Lindley. Nova gramática do português contemporâneo. 3.ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2001.

LEDUR, Paulo Flávio. Português prático. 13.ed. Porto Alegre: AGE, 2012.

 

A língua e seu funcionamento

“[...] os falantes de uma língua têm a capacidade de construir e entender um número ilimitado de sentenças. Estas são construídas com base numa série de princípios, isto é, com base em uma gramática.” (FARACO; MANDRY, 2008, p. 252).

A palavra gramática pode designar duas coisas diferentes:

a) os princípios básicos da organização da língua;

b) o livro em que se tenta registrar alguns desses princípios básicos da língua.

Dúvidas?

Sugestões de dicionários na internet:

http://www.ortografa.com.br/

http://www.auletedigital.com.br/

http://www.priberam.pt/dlpo/

http://www.academia.org.br (VOLP)

REFERÊNCIAS

ABAURRE, Maria Luiza M.; ABAURRE, Maria Bernadete M. Produção de texto: interlocução e gêneros. São Paulo: Moderna, 2007.

FARACO, Carlos Alberto; MANDRYK, David. Prática de Redação para Estudantes Universitários. Petrópolis, RJ: Vozes, 2008. 12.ed.

GIERING, Maria Eduarda et al. Leitura e produção de artigo acadêmico-científico. Coleção EAD Unisinos. São Leopoldo: Unisinos, 2010.

SAVIOLI, Francisco Platão; FIORIN, José Luiz. Lições de texto: leitura e redação.5.ed. São Paulo: Ática, 2006.

MARCUSCHI, Luiz Antônio. Produção textual, análise de gêneros e compreensão. São Paulo: Parábola Editorial, 2008.

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A Língua Portuguesa

!

• A  língua  portuguesa  é  a  quinta  mais  falada  no  mundo  e  a  terceira  do  mundo  ocidental,  superada  pelo  inglês   e   pelo   castelhano.   Atualmente,   aproximadamente   250  milhões   de   pessoas   no   mundo   falam  português   e  o   Brasil   responde   por   cerca   de   80%   desse   total.    Diante   disso,  a   língua   portuguesa   é  instituída   como   oficial   em   Portugal,   Ilha   da  Madeira,   Arquipélago   dos   Açores,   Brasil,  Moçambique,  Angola,   Guiné-­‐Bissau,   Cabo   Verde   e   São   Tomé   e   Príncipe.   Diante   da   grandiosidade   da   língua,   em  países   do  MERCOSUL   é   obrigatório   o   ensino   do   português   como   disciplina   escolar.    Existem   ainda  lugares  que  utilizam  a  língua  de  forma  não  oficial,  assim  o  idioma  é  falado  por  uma  restrita  parcela  da  população,   são   eles:   Macau,   Goa   (um   estado   da   Índia)   e   Timor   Leste   na   Oceania.    A   dispersão   da  língua   em   distintos   continentes   deve-­‐se   principalmente   à   política   de   expansão   de   Portugal,  especialmente   nos   séculos   XV   e   XVI,   quando   ocorreu   a   exploração   de   uma   grande   quantidade   de  colônias.  Sendo  assim,  a  língua  da  metrópole  foi  introduzida  e  logo  se  juntou  com  as  culturas  locais,  formando  uma  diversidade  de  dialetos.  Essa  nova  forma  de  falar  o  português  fora  da  pátria  mãe  era  denominada   de   criolo.    O   português   é   oriundo   do   latim   vulgar   (essa   variação   era   apenas   falada),  língua  que  os  romanos  inseriram  em  uma  região  ao  norte  da  Península  Ibérica,  chamada  de  Lusitânia.  A  partir  da  invasão  dos  romanos  na  região,  praticamente  todos  os  povos  começaram  a  usar  o  latim,  salvo  o  povo  basco.  Nesse  processo  teve  início  a  constituição  do  espanhol,  português  e  o  galego.    Em  sua   essência   é   uma   língua   românica,   ou   seja,   ibérico-­‐românico,   que   deu   origem   também   ao  castelhano,   catalão,   italiano,   francês,   romeno   e   outros.    O   português   se   diferencia   por   meio   da  variedade   de   dialetos   e   subdialetos   e   no   âmbito   internacional,   pois   a   língua   é   classificada   em  português  brasileiro  e  europeu.  

                        Por   Eduardo   De  Freitas           http://www.mundoeducacao.com.br/geografia/paises-­‐que-­‐falam-­‐portugues.htm  Acesso:  fev.  2012.  

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   01.  02.  03.  04.  05.  06.  07.  08.  09.  10.  11.  12.  13.  14.  15.  16.  17.  18.  19.  20.  21.  22.  23.  24.  25.      

A arte de escrever   Há, portanto [...], uma arte de escrever – que é a redação. Não é uma prerrogativa dos literatos, senão uma atividade social indispensável, para a qual falta, não obstante, muitas vezes, uma preparação preliminar.   A   arte  de   falar,   necessária   à   exposição  oral,   é  mais   fácil   na  medida  em  que   se  beneficia  da  prática  da  fala  cotidiana,  de  cujos  elementos  parte  em  princípio.       O   que   há   de   comum,   antes   de   tudo,   entre   a   exposição   oral   e   a   escrita   é   a  necessidade  da  boa  composição,   isto  é,  uma  distribuição  metódica  e  compreensível  de  ideias.  Impõe-­‐se  igualmente  a  visualização  de  um  objetivo  definido.  Ninguém  é  capaz  de  escrever  bem,  se  não  sabe  bem  o  que  vai  escrever.     Justamente   por   causa   disso,   as   condições   para   a   redação   no   exercício   da   vida  profissional   ou   no   intercâmbio   amplo   dentro   da   sociedade   são  muito   diversas   das   da  redação   escolar.   A   convicção   do   que   vamos   dizer,   a   importância   que   há   em  dizê-­‐lo,   o  domínio   de  um  assunto  da  nossa   especialidade   tiram  à   redação  o   caráter   negativo  de  mero  exercício  formal,  como  tem  na  escola.     Qualquer  um  de  nós   senhor  de  um  assunto  é,   em  princípio,   capaz  de  escrever  sobre   ele.   Não   há   um   jeito   especial   para   a   redação,   ao   contrário   do   que  muita   gente  pensa.  Há  apenas  uma  falta  de  preparação  inicial,  que  o  esforço  e  a  prática  vencem.     Por   outro   lado,   a   arte   de   escrever,   na  medida   em   que   consubstancia   a   nossa  capacidade  de  expressão  do  pensar  e  do   sentir,   tem  de   firmar   raízes  na  nossa  própria  personalidade   e   decorre,   em   grande   parte,   de   um   trabalho   nosso   para   desenvolver   a  personalidade  por  este  ângulo.  [...]     A  arte  de  escrever  precisa  assentar  numa  atividade  preliminar   já   radicada,  que  parte  do  ensino  escolar  e  de  um  hábito  de  leitura  inteligentemente  conduzido;  depende  muito,  portanto,  de  nós  mesmos,  de  uma  disciplina  mental  adquirida  pela  autocrítica  e  pela  observação  cuidadosa  do  que  outros  com  bom  resultado  escreveram.    Joaquim  Mattoso  Camara  Jr.    

In:  CAMARA  Jr.,  Joaquim  Mattoso.  Manual  de  expressão  oral  e  escrita.  8.ed.  Petrópolis,  RJ:  Vozes,  1985.  

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2 O MÉTODO CIENTÍFICO2

Você é dessas pessoas curiosas que: a) observa o mundo com atenção e procura realmente compreendê-lo? b) leva sempre em conta o que já se conhece sobre determinado assunto antes

de tirar suas conclusões? Em caso afirmativo, seu procedimento segue alguns dos princípios do método

empregado pelos cientistas para fazer ciência. Em alguma medida, podemos e devemos agir “cientificamente” em nossa vida

cotidiana, recorrendo a certos procedimentos lógicos para descobrir como as coisas funcionam ou por que elas acontecem. Agimos cientificamente quando, a partir da observação de determinado acontecimento, temos um “palpite” de por que ele está ocorrendo; esse “palpite” é o que os cientistas chamam de hipótese.

O que é ciência? Ainda que a ciência ocasionalmente envolva aprendizado com base em

manuais e aulas, sua principal atividade é a descoberta. A descoberta é um processo ativo, presente, não algo para ser realizado apenas por estudiosos isolados do mundo. Ela é tanto uma busca por informação quanto um esforço por explicar como essa informação se combina de maneira significativa.

Quase sempre a ciência procura respostas para questões muito práticas: como a atividade humana afeta o aquecimento global? Por que as populações de abelhas estão subitamente se reduzindo na América do Norte? O que permite aos pássaros migrar por distâncias tão longas? Como os textos se organizam? Como se formam os buracos negros? Se a agricultura mundial produz comida suficiente para alimentar a humanidade, por que muitas pessoas ainda passam fome? Como uma criança adquire a linguagem?

A ciência baseia-se na observação. Os cientistas empregam todos os seus sentidos para recolher informações sobre o mundo que os cerca. Ocasionalmente, eles as recolhem de maneira direta, sem a intervenção de ferramentas ou aparatos. Em outras ocasiões, empregam equipamentos como telescópios ou microscópios, a fim de recolher informações de maneira indireta. De qualquer maneira, os cientistas registrarão aquilo que veem, ouvem e sentem. Essas observações registradas são conhecidas como dados.

A ciência pode ser considerada como uma forma de pensar, mas também como uma forma de se trabalhar – um processo que requer que os cientistas façam perguntas, formulem hipóteses e as testem por meio de experiências. Esse processo tornou-se conhecido como método científico e seus princípios básicos estão em uso por pesquisadores de todas as disciplinas, em todas as partes do mundo.

                                                                                                                         2   Adaptado de HARRIS, William. HowStuffWorks - Como funciona o Método Científico. Disponível em: <http://ciencia.hsw.uol.com.br/metodos-cientificos3.htm>.

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As etapas do Método Científico Em termos fundamentais, o método científico apresenta as seguintes etapas: Etapa 1: Observação Quase todas as investigações científicas começam por uma observação que

desperta a curiosidade ou suscita uma questão. Por exemplo, quando Charles Darwin (1809-1882) visitou as Ilhas Galápagos (localizadas no Oceano Pacífico, a 950 km a oeste do Equador), ele observou diversas espécies de tentilhões, cada qual adaptado de maneira única a um habitat específico. Os bicos dos tentilhões, em especial, apresentavam largas variações e pareciam desempenhar papel importante na maneira pela qual o animal obtinha alimento. Os pássaros cativaram Darwin. Ele queria compreender as forças que permitiam que tantas variedades diferentes coexistissem com sucesso em uma área geográfica pequena. Suas observações o levaram a formular uma pergunta que poderia ser submetida a teste.

Etapa 2: Formulação da pergunta O propósito da pergunta é estreitar o foco da investigação e identificar o

problema em termos específicos. A pergunta que Darwin poderia ter feito, depois de ver tantos tentilhões diferentes, talvez fosse expressa assim: o que causou a diversificação dos tentilhões das ilhas Galápagos?

Encontrar perguntas científicas não é difícil e não requer treinamento científico. Se você já se sentiu curioso sobre algo, se já quis saber o que causou algum acontecimento, então provavelmente já formulou uma pergunta que poderia servir de base a uma investigação científica.

Etapa 3: Formulação da hipótese Perguntas anseiam por respostas e o próximo passo no método científico é

sugerir uma possível resposta em forma de hipótese. A hipótese nada mais é do que uma possível explicação para o problema. Segundo explicam Cervo e Bervian (1974, p. 29), “a hipótese é a suposição de uma causa ou de uma lei destinada a explicar provisoriamente um fenômeno até que os fatos a venham contradizer ou afirmar.”

Por exemplo, se você desejasse estudar o problema relacionado à resistência do ar, poderia já ter a sensação intuitiva de que um carro em forma de pássaro poderia enfrentar menos resistência do ar do que um carro em forma de caixa. Essa intuição pode ser usada para ajudar a formular uma hipótese.

Em termos gerais, uma hipótese é expressa na forma de uma declaração "se... então". Perceba que existem duas qualidades importantes quanto a uma hipótese expressa em formato "se... então". A primeira é que ela é passível de teste e é possível organizar uma experiência que teste a validade dessa declaração. A segunda é que ela pode ser contestada, ou seja, seria possível desenvolver uma experiência que revele que tal ideia não procede. Caso essas duas qualificações não sejam atendidas, a questão não poderá ser tratada por meio do método científico.

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Etapa 4: Experiência controlada Muitas pessoas pensam em uma experiência como algo que acontece em um

laboratório. Mas as experiências não necessariamente envolvem as bancadas de um laboratório ou tubos de ensaio. No entanto, elas precisam ser montadas de forma a testar uma hipótese específica e precisam ser controladas.

Controlar uma experiência também significa montá-la de forma que haja um grupo de controle e um grupo experimental. O grupo de controle permite que o responsável pela experiência estabeleça um parâmetro de comparação, com números em que ele possa confiar e que não resultem das mudanças geradas pela experiência.

Etapa 5: Análise dos dados e conclusão Durante uma experiência, os cientistas reúnem dados quantitativos e

qualitativos. Em meio a essas informações, se eles tiverem sorte, estão indícios que podem ajudar a sustentar ou a rejeitar uma hipótese. Uma hipótese confirmada nas experimentações passa a ser denominada lei científica; um conjunto de leis que explicam um determinado fenômeno (ou grupo deles) é designado teoria. As teorias científicas têm validade até que sejam incapazes de explicar determinados fatos ou fenômenos, ou até que algum descobrimento novo comprovado se oponha a elas. A partir de então, os cientistas começam a elaborar outra teoria que possa explicar esses novos descobrimentos.

Em síntese, as etapas do método científico são: ü Observação: análise crítica dos fatos. ü Questionamento: elaboração de uma pergunta ou identificação de um problema a ser resolvido. ü Formulação de hipótese: possível resposta a uma pergunta ou solução de um problema. ü Realização de dedução: previsão possível baseada na hipótese. ü Experimentação: teste da dedução ou novas observações para testar a dedução. Ao se realizar o experimento deve-se trabalhar com grupo de controle. ü Conclusão: Etapa em que se aceita ou se rejeita uma hipótese.

Publicação Científica Se a hipótese do pesquisador for confirmada, inicia-se o processo para a

publicação dos resultados em revistas científicas (periódicos). Ele submete o artigo a um periódico, que avalia a relevância da descoberta na área de pesquisa. Após essa avaliação pelos pares, o artigo é aprovado e publicado.

Para a redação científica, o pesquisador deve seguir normas ditadas pela comunidade científica das diferentes áreas de conhecimento.

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2.1  Questões  sobre  o  método:  

-­‐  Enumere  as  etapas  do  método  científico  e  defina-­‐as  com  as  suas  palavras:  

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3 ARTIGO DE DIVULGAÇÃO CIENTÍFICA

3.1 Terminologia: ____________________________________________________

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QUANDO SE TEM DOUTORADO

O dissacarídeo de fórmula C12H22O11, obtido através da fervura e da evaporação de H2O do líquido

resultante da prensagem do caule da gramínea Saccharus officinarum, (Linneu, 1758) isento de

qualquer outro tipo de processamento suplementar que elimine suas impurezas, quando apresentado

sob a forma geométrica de sólidos de reduzidas dimensões e restas retilíneas, configurando pirâmides

truncadas de base oblonga e pequena altura, uma vez submetido a um toque no órgão do paladar de

quem se disponha a um teste organoléptico, impressiona favoravelmente as papilas gustativas,

sugerindo impressão sensorial equivalente provocada pelo mesmo dissacarídeo em estado bruto, que

ocorre no líquido nutritivo da alta viscosidade, produzindo nos órgãos especiais existentes na Apis

mellifera (Linneu, 1758). No entanto, é possível comprovar experimentalmente que esse dissacarídeo,

no estado físico-químico descrito e apresentado sob aquela forma geométrica, apresenta considerável

resistência a modificar apreciavelmente suas dimensões quando submetido a tensões mecânicas de

compressão ao longo do seu eixo em consequência da pequena capacidade de deformação que lhe é

peculiar.

QUANDO SE TEM MESTRADO

A sacarose extraída da cana de açúcar, que ainda não tenha passado pelo processo de purificação e

refino, apresentando-se sob a forma de pequenos sólidos tronco-piramidais de base retangular,

impressiona agradavelmente o paladar, lembrando a sensação provocada pela mesma sacarose

produzida pelas abelhas em um peculiar líquido espesso e nutritivo. Entretanto, não altera suas

dimensões lineares ou suas proporções quando submetida a uma tensão axial em conseqüência da

aplicação de compressões equivalentes e opostas.

QUANDO SE TEM GRADUAÇÃO

Page 13: apostila Produção de Textos Acadêmicos

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O açúcar, quando ainda não submetido à refinação e, apresentando-se em blocos sólidos de pequenas

dimensões e forma tronco-piramidal, tem sabor deleitável da secreção alimentar das abelhas; todavia

não muda suas proporções quando sujeito à compressão.

QUANDO SE TEM ENSINO MÉDIO

Açúcar não refinado, sob a forma de pequenos blocos, tem o sabor agradável do mel, porém não muda

de forma quando pressionado.

QUANDO SE TEM ENSINO FUNDAMENTAL

Açúcar mascavo em tijolinhos tem o sabor adocicado, mas não é macio ou flexível.

QUANDO NÃO SE TEM ESTUDO

Rapadura é doce, mas não é mole não!!!!!

OBS:______________________________________________________________________________

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3.2  A  partir  da  leitura  do  texto  abaixo,  caracterize:  

a)  linguagem:  

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b)  autor:  

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c)  leitor:  

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d)  estrutura  do  texto:  

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20 | CIÊNCIAHOJE | VOL. 50 | 297

ESTAMOS MUDANDO?

>>>> >>>>

 

 

 

 

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G E N É T I C A E E V O L U Ç Ã O

297 | OUTUBRO 2012 | CIÊNCIAHOJE | 21

ma etapa decisiva para a nossa visão de mundo ocorreu em 1859. Nesse ano, o naturalista inglês Charles Darwin (1809-1882) pu-

blicou A origem das espécies. Anteriormente, acreditava-se que o mundo teria sido criado por uma entidade divina em uma versão es-tática e, portanto, as condições atuais seriam iguais às existentes no início. Essa criação teria acontecido em apenas sete dias e em época relativamente recente. Opiniões divergentes eram consideradas heresia, e poderiam levar seu autor à prisão, ao julgamento pelos tri-

bunais da Inquisição e, em muitos casos, à morte, queimado em uma fogueira diante de uma multidão de fi éis.

Isso mudou com a publicação de A origem das espécies. Desde então, as ideias de Darwin foram submetidas a cuidadoso exame e, com o surgimento de novas técni-cas de análise do material genético, revistas e ampliadas. Apesar das revisões, o eixo principal da teoria darwiniana permanece intacto: o fator principal que determina a evolução orgânica é a seleção natural. Nesse processo, a variação natural dos indivíduos, devido a erros aleatórios na duplicação do material genético (o ácido desoxirribonucleico, ou DNA) durante a repro-dução, está sujeita a uma seleção, porque as alterações infl uem na viabilidade ou na fertilidade de cada indivíduo e isso favorece (ou não) a transmissão de seus genes para a próxima geração.

A publicação de A origem das espécies, em que Charles Darwin propôs a teoria da evolução dos seres vivos, mudou a ideia de que o ser humano seria o ápice da evolução. Darwin mostrou que somos uma espécie como as outras, e que a diferença principal entre nossa espécie e as demais é a cultura. Supôs-se, por muito tempo, que a capacidade de adquirir e transmitir cultura era infl uenciada por fatores biológicos, mas hoje acredita-se que exista uma interação entre biologia e cultura. De que modo, porém, a cultura estaria associada à evolução de aspectos biológicos? Este artigo apresenta três exemplos, em populações bra-sileiras e latino-americanas, em que essa evolução conjunta teria acontecido.

FRANCISCO M. SALZANODepartamento de Genética, Universidade Federal do Rio Grande do Sul

BIOLOGIA, CULTURA E EVOLUÇÃO

>>>

ILUSTRAÇÃO LUCIANA ARAUJO LUMYX

 

 

 

 

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te diferentes. O rit-mo da evolução cul-tural é muito mais acelerado. Dois fa- tores explicam isso: a transmissão de uma novidade bioló-gica (mutação) só po-de ser feita por seu portador a descen-dentes diretos, en-quanto a novidade cultural pode se es-palhar rapidamente por informação en-tre pessoas não rela-cionadas, por apren-dizagem professor- -aluno e pela imitação de pessoas célebres, além da difu- são por imprensa, rádio, televisão e internet. Para dar uma ideia da rapidez da evolução cultural, basta lem- brar que apenas 12 mil anos separam a tecnologia do arco e flecha da que produziu as estações espaciais!

Hoje, grande número de pesquisadores investiga de que maneira esses dois fatores (biologia e cultura) po- dem influenciar um ao outro. Há toda uma área de estu- dos relacionada a modelos matemáticos de coevolução gene-cultura, envolvendo, por exemplo, a cooperação dentro de e entre comunidades, os tabus de incesto, bem como o comportamento sexual e crenças de paternida- de. Apresentamos a seguir três outros enfoques, basea- dos em estudos de nosso grupo de pesquisa.

Lactase em adultos_Na maioria das populações humanas, a capacidade de digerir a lactose (principal açúcar do leite) diminui rapidamente após o desmame, devido à redução dos níveis da enzima lactase no intestino. Nessas pessoas, a ingestão de leite na vida adulta, mes- mo em pequena quantidade, causa dor abdominal, fla- tulência, cãibras e diarreia. O fenômeno, porém, não é universal. A persistência de lactase na vida adulta exis- te em especial em populações europeias e em algumas africanas, e estudos mostraram forte associação entre essa característica e a prática do pastoralismo, que implica a ingestão de leite fresco como parte da dieta diária.

Foi lançada, então, a hipótese de que a persistência de lactase na vida adulta teria sido geneticamente selecio-nada devido às vantagens que proporciona: o valor nutri- tivo do leite, seu conteúdo de água e a maior absorção de cálcio. Seria, portanto, um claro exemplo de coevolu- ção gene-cultura: domesticar animais leiteiros teria dado uma vantagem adaptativa aos portadores da(s) muta- ção(ões) que permite(m) a produção de lactase por adul- tos, favorecendo a transmissão desta aos filhos. Como essa domesticação é relativamente recente na história evolutiva humana, acreditava-se que a taxa de mutação

Charles Darwin

O casamento feliz entre a evolução e a genética (cha-mado de ‘síntese moderna’) ocorreu a partir da década de 1930, por meio do trabalho de cientistas de grande importância. Entre eles, pode-se destacar, por sua rela- ção com o Brasil, onde viveu por muitos anos, o geneticista russo, naturalizado norte-americano, Theodosius Dobz-hansky (1900-1975). A ‘síntese moderna’ e outros avan- ços mais recentes – entre eles a elucidação da estrutu- ra do material genético, as técnicas de manipulação do DNA e os desenvolvimentos da bioinformática e da na- notecnologia – podem ser caracterizados como verdadei- ras revoluções científicas.

Apenas mais uma espécie?_A linhagem evoluti- va que originou o Homo sapiens começou a se diferenciar, há 7 milhões de anos, de outra que agora é representada por chimpanzés e gorilas. O que nos diferencia de nosso parente mais próximo, o chimpanzé? Embora os genomas dessas duas espécies sejam cerca de 98% idênticos, nin-guém confunde um humano com um chimpanzé, e talvez as diferenças mais marcantes sejam: (a) o tamanho e a es-trutura do cérebro, com capacidades médias cranianas de 1.350 cm3 e 450 cm3, respectivamente; (b) o bipedalismo, muito mais desenvolvido – e permanente – em humanos; (c) a linguagem, ou seja, a combinação de sons básicos (fo-nemas) para formar palavras e de palavras para formar sentenças, o que não ocorre em qualquer sistema de comu-nicação de chimpanzés; e (d) a cultura, ou seja, a elabora-ção de artefatos materiais e conceitos abstratos, quase exclusiva do H. sapiens.

Então, podemos ser distinguidos de outras espécies por meio da cultura. Mas o que é cultura? Dizem que há tantas definições de cultura quanto antropólogos, cada um salientando aspectos específicos do processo (ver ‘Chimpanzés têm cultura?’, em CH 290). Pode-se, em todo o caso, caracterizá-la como o complexo de crenças, valores, comportamentos e tradições associado a uma po-pulação – para tornar o conceito mais acessível a compa-rações, inclusive entre espécies, pode-se expressá-lo co- mo a informação capaz de afetar o comportamento indi- vidual adquirido por meio do ensino, da imitação e de ou-tras formas de aprendizagem social. O termo informação inclui conhecimento, crenças, valores e habilidades, que se expressam tanto no comportamento quanto em artefatos.

As interpretações sobre as relações entre biologia e cultura têm sofrido uma evolução curiosa ao longo dos tempos. De início, supunha-se que fatores biológicos de-terminariam de maneira estrita a capacidade de adquirir e transmitir traços culturais. Mais tarde, em especial de-vido aos trabalhos do antropólogo alemão, naturalizado norte-americano, Franz Boas (1858-1942), passou-se a questionar se a biologia teria qualquer influência nesse processo. Hoje, acredita-se em uma interação entre biolo-gia e cultura, com influências mútuas.

O que ninguém questiona é que as taxas de mudança nos processos biológicos e nos culturais são marcadamen-

FOTO WIKIMEDIA COMMONS

 

 

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Nicho, milho e colesterol_Um conceito muito usado em estudos evolutivos é o de nicho ecológico, ou seja, a posição ocupada por uma planta ou animal em sua comunidade, tanto em relação ao ambiente quanto às suas associações com outros organismos. A teoria da construção de nicho, por sua vez, salienta a capacidade dos organismos de alterar a pressão da seleção natural em seu ambiente e, assim, agir como ‘codiretores’ da própria evolução – e da evolução de outras espécies diretamente relacionadas.

Na espécie humana, a domesticação de animais lei-teiros, como citado acima, revelou ser um fator poten-cialmente capaz de gerar esse fenômeno. Nosso grupo de pesquisa identifi cou outro exemplo semelhante: a relação entre um determinado alelo (forma alternativa do mesmo gene, com sequência interna diferente) e o processo de domesticação do milho na América Central.

Que alelo é esse? Ele decorre de uma mutação que al-tera uma proteína transportadora de colesterol e outras substâncias (ABCA1, na sigla em inglês). Até agora, esse alelo foi encontrado apenas em ameríndios e populações parcialmente derivadas destes. Ele foi batizado como ABCA1*230Cys, porque induz a troca do aminoácido argi-nina por cisteína (Cys) em um local específi co (a posição 230) na proteína – os aminoácidos são os constituintes primários das proteínas. Essa alteração provoca a redu-

A prática milenar da criação de gado (na imagem, no antigo Egito) provavelmente levou à seleção, na população do Velho Mundo, do gene que determina a tolerância à lactose

teria de ser excepcionalmente alta. No entanto, simula-ções estatístico-matemáticas demonstraram que as altas frequências hoje registradas para essa mutação poderiam ter sido atingidas em cerca de 300 gerações, o que é com-patível com a data estimada do início da domesticação.

Os poucos estudos existentes sobre a persistência da lactase em ameríndios levou nosso grupo a investigar essa característica entre duas populações guaranis, uma cain-gangue e uma xavante. O estudo, com 316 indivíduos, en-volveu o gene da lactase (LCT) e a região adjacente do genoma responsável pela ativação desse gene. As altera-ções responsáveis pela persistência da lactase ocorrem nessa região.

Os resultados confi rmaram, nas populações amostra-das, a quase inexistência de variações na região ativadora. A mutação relacionada à lactase mais comum em euro-peus (denominada -13910*T) só foi registrada no estudo em baixas frequências, de 0,5% a 7,6%, que podem ser ex plicadas por uniões entre ameríndios e europeus. Em contraste, foi observada ampla variabilidade no gene LCT, com a presença de 15 haplótipos (diferentes variações na sequência de bases de um gene) e uma distribuição he-terogênea dessas variações entre as quatro populações ame -ríndias. Portanto, diferentes fatores evolucionários po dem ocorrer mesmo em porções de DNA bastante próximas.

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ção dos níveis de lipoproteína de alta densidade (colesterol HDL) em circulação, já que prejudica a capa-cidade de transporte dessa subs-tância pela ABCA1.

Sem ser transportado, o coles-terol permanece dentro das cé-lulas, o que signifi ca mais tecido adiposo e, portanto, maior esto-que de energia. A formação de tecido adiposo favoreceria vá-rias funções biológicas, entre elas a capacidade de responder a variações no fornecimento de energia (em períodos de fome, característicos de tempos pré--históricos), a regulação da função repro-dutiva e a atuação do sistema imune. Essa variante teria sido favorecida pela seleção natural em épocas passadas, mas atual-mente, com a abundância de alimentos, se tornou desfavorável. Ela ainda existe por-que sua eliminação por seleção exige um tempo muito mais longo. Essa mutação na proteína ABCA1 é, portan-to, mais um exemplo de gene ‘frugal’ – gene que teria sido selecionado no passado porque, então, era vantajo-so, mas no mundo moderno se tornou prejudicial, devido ao excesso de alimentos e aos hábitos sedentários.

O estudo incluiu 1.905 ameríndios, distribuídos pelas Américas Central e do Sul e revelou, em uma subamos-tra da América Central (691 indivíduos), uma relação direta entre as frequências do alelo (sua ocorrência per-centual na população) e as idades de grãos de pólen de milho antigos, encontrados em sítios arqueológicos da mesma região (ver ‘O pólen e o alelo’).

Como interpretar esses achados? O milho, a planta nutritiva mais importante das Américas, foi domestica-do entre 6,3 mil e 10 mil anos atrás, a partir do teosinto (Zea mays parviglumis). O cultivo do milho mudou a vida das populações, que aos poucos substituíram hábitos de caça e coleta pela agricultura, criando um novo nicho eco-lógico. A mudança, porém, deixou tais povos mais vulne-ráveis a perdas de safras decorrentes de fatores ambien-

O milho, importante na dieta dos povos antigos da América

Central, tinha uma deusa própria (na imagem, a deusa Xilonen,

dos astecas)

tais ou pragas e, portanto, a pe-ríodos de fome. Nessas circuns-

tâncias, o alelo ABCA1*230Cys teria sido favorecido, por dar a seus portadores maior resistên-cia a situações desse tipo.

A América do Sul tem maior diversidade de ambientes, pes-soas ou culturas que a América Central. É possível que, nessa

região, os fatores responsáveis pela alta ocorrência desse alelo se-

jam outros. Uma hipótese pode estar ligada ao importante papel do colesterol em processos infecciosos, como na entra-

da e replicação do vírus da dengue do tipo 2 e de infecções por fl avivírus. Sabe-se ainda que a deleção do gene ABCA1 con-fere resistência total contra a malária ce-rebral em camundongos.

A aparência dos xavantes_Nosso grupo estuda há 50 anos os xavantes do Brasil Central, especifi camen-te a aldeia de Etéñitépa, na Terra Indígena Pimentel Bar-bosa, em Mato Grosso. Desde o início verifi cou-se que os indígenas apresentavam traços morfológicos – circunfe-rência maior da cabeça, face maior e mais estreita e nariz mais largo – que os distinguiam de outros ameríndios, mas só recentemente os fatores responsáveis por essas di-ferenças de aparência física foram analisados em detalhe.

Esse estudo envolveu medidas da cabeça e da face de 1.203 indivíduos de seis tribos brasileiras (xavantes, ba-nivas, caiapós, caingangues, ticunas e ianomâmis), além dos otomis, do México, para comparação externa. A aná-lise envolveu oito medidas diferentes e considerou a posição geográfi ca das populações e o clima da região, bem como aspectos genéticos independentes (do DNA mitocondrial, herdado apenas da mãe), práticas cultu-rais, organização política, sistemas de casamentos e ou-tras características socioculturais. Esse conjunto de da-dos foi analisado com sofi sticados programas computa-cionais (matemático-estatísticos).

Os zapotecas vivem na região em que fi ca Guilá Naquitz, sítio arqueológico no México, onde foi encontrado pólen de milho de 9,2 mil anos, e o alelo mutante ocorre em 24% dessa população. Já na região do lago de Cote, na Costa Rica, onde o pólen é bem mais recente (3,1 mil anos), o alelo aparece em apenas 10% da população atual, de etnia cabécar. Outras populações estudadas, que habitam áreas próximas a sítios arqueológicos em que houve datação de pólen de milho, foram: maias, na região de San Andrés, em El Salvador (pólen de 7,1 mil anos e frequência do alelo de 20%); nauátles, em Zohapilco, no México (pólen de 5,8 mil anos e frequência do alelo de 17%); cachiquel-quiches, em Zipacate, na Guatemala (pólen de 5,3 mil anos e frequência do alelo de 15%); totonacos em Laguna Pompal, no México (polén de 4,8 mil anos e frequência do alelo de 13%); e guaimis, em lago Gatún, no Panamá (pólen de 4,4 mil anos e frequência do alelo de 15%). A correlação entre as duas variáveis (idade do pólen e percentual do alelo) é de 94%.

O PÓLEN E O ALELO

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tem sido através dos tempos/ e em qualquer era/ o impre-visto sempre acontece/ quando menos se espera!”. O escritor de ficção científica britânico Herbert George Wells (1866-1946) imaginava, no início do século passado, que a humanidade teria, no futuro, cabeças muito maio- res que as atuais, para arquivar no cérebro toda a infor- mação gerada por nosso desenvolvimento sociocultural. Ele não podia prever que tal aumento não seria necessário de-vido ao surgimento de computadores de alto desempenho.

É difícil prever a taxa de mudança da evolução cultural, mas a internacionalização proporcionada pelos modernos meios de transporte e comunicação sugere que a diver- sidade morfológica humana tenderá a diminuir, levando a maior uniformidade da população mundial, diferente-mente do que ocorreu com os xavantes.

Sugestões para leitura

COIMBRA Jr., C. E. A.; FLOWERS, N. M.; SALZANO, F. M. e SANTOS, R. V. The Xavánte in transition. Health, ecology, and bioanthropology in Central Brazil. Ann Arbor, University of Michigan Press, 2002.HÜNEMEIER, T. e outros. ‘Cultural diversification promotes rapid phenotypic evolution in Xavánte Indians’, em Proceedings of the National Academy of Sciences, v. 109 (1), p. 73, 2012.SALZANO, F. M. DNA, e eu com isso? São Paulo, Oficina de Textos, 2005.SALZANO, F. M. Genômica e evolução. Moléculas, organismos e sociedades. São Paulo, Oficina de Textos, 2012.

Qual o principal resultado? Verificou-se que a taxa de mudança morfológica (variação das medidas de crânio e face em relação à época estimada de separação entre esses diferentes grupos indígenas) dos xavantes era 3,8 vezes maior do que a taxa média, que inclui, além dos outros grupos brasileiros, os otomis, geográfica e linguistica- mente muito diferentes dos demais. As diferenças entre xavantes e não xavantes também eram acentuadas no caso de características socioculturais, não sendo influen-ciadas por fatores geográficos ou climáticos.

A estrutura populacional dessas tribos (determinada por sucessivas fissões e fusões de grupos de diferentes tamanhos, em geral associadas a linhas de parentesco) e o padrão de seleção sexual (escolha de parceiros para uniões reprodutivas) podem ter determinado esse fluxo evolucionário rápido. Comparações anteriores sobre esco-lha de parceiros(as) com base em características morfoló-gicas já haviam constatado diferenças dos xavantes em relação a outros ameríndios e a populações não ameríndias.

Rumo à uniformidade?_O que foi apresentado neste artigo torna claro que a resposta à pergunta do título é afirmativa. Estamos mudando, e essas mudanças estão sendo fortemente influenciadas por padrões culturais. Já foi dito que os humanos podem ser vistos como ciborgues, tal a influência da cultura sobre nossa biologia.

Mas o que vai acontecer daqui para a frente? O escri- tor gaúcho Luiz Fernando Veríssimo, em um pequeno verso, nos aconselha a ter cuidado com previsões: “Assim

Os xavantes têm características socioculturais singulares entre os ameríndios, e estudos comparativos com outras tribos do Brasil mostraram que também apresentam aparência física (em algumas medidas da cabeça e da face) que os diferenciam das demais populações indígenas

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  21  

4  Elementos  de  constituição  do  texto:  organização  da  frase  

Cuidado com os sete pecados textuais

1. Frases longas repletas de vírgulas ou não; (frase ocupa mais de 3

linhas, revise-a e tente dividi-la em sentenças menores, mediante o emprego de conectores adequados)

2. Parágrafos longos; (tente usar frases de abertura e encerramento, indicando o propósito do parágrafo)

3. Erros ortográficos; www.ortografa.com.br

4. Tempos verbais consistentes; As chances de absolvição aumentariam se o advogado revisse o processo.

5. Erros gramaticais: paralelismo, concordância, conjugação, crase;

6. Imagens/tabelas ilegíveis; e

7. Cópia literal – sem citação (duas páginas de jurisprudência).

 

Aspirar"""VTD,"quando"significar"sorver,"absorver.""Como#é#bom#aspirar#a#brisa#da#tarde."VTI,"com"a"prep."a,"quando"significar"almejar,"objeHvar..""Aspiramos#à#vaga#de#juiz#na#cidade#de#Porto#Alegre.."&

AssisAr""VTI,"com"a"prep."a,"quando"significar"ver"ou"ter"direito.""Gosto#de#assis4r#aos#jogos#do#Santos.#Assiste#ao#trabalhador/à#empregada#domés4ca#o#descanso#semanal#remunerado.#&

Visar"VTD"—"no"senHdo"de"pôr#o#visto#ou"mirar,"não"admite"preposição:""Já#visei#o"cheque.#Visei#o"alvo#e#acertei."VTI"—"no"senHdo"de"almejar,"exige"a"preposição"A:""Todos#os#par4dos#polí4cos#visam#ao"poder."

Alguns&cuidados&para&redigir&bem:"

 

Page 22: apostila Produção de Textos Acadêmicos

  22  

Verbos&estáAcos&(situar,&morar)&devem&ser&usados&com&preposição&EM:&"Moro"na"rua"Tabajara."O"Fórum"situaJse&na&avenida"Flores"da"Cunha.""Os&adjeAvos&“residente”,&“sito”&e&“domiciliado”,&derivados&de&verbos&estáAcos,&devem&também&ser&usados&com&a&preposição&EM:&&#Joaquim"Gonçalves,"residente"e"domiciliado"na&Rua&das&Flores,"..."As"obras"do"Condomínio"Bandeirantes,"sito"(situado)"na&Av.&Tiradentes,"ainda"não"foram"concluídas.""

Alguns&cuidados&para&redigir&bem:"

 

•  Léxico:"o"domínio"das"palavras"e"suas"relações"na"frase/texto"

"Manutenção do uso da linguagem!

Alguns&cuidados&para&redigir&bem:"

 

A"palavra"e"suas"múlHplas"faces"•  Componente"central"das"línguas;""•  Ponto"de"cruzamento"dos"estudos"linguísHcos"e"de"outras"áreas"do"saber"O"termos."

•  Estrutura"formal,"morfológica;"•  Papel"na"construção"do"discurso;"•  Elemento"de"interligação"do"ser"com"o"mundo"exterior."

"

Alguns&cuidados&para&redigir&bem:"

 

Page 23: apostila Produção de Textos Acadêmicos

  23  

Alguns&cuidados&para&redigir&bem:"

""""As"sentenças"da"língua"portuguesa"quase"sempre"são"

consHtuídas"por"um"sujeito"e"por"um"predicado,"isto"

é," os" enunciados" expressam" algo" (predicado)" sobre"

alguém&ou"sobre"alguma&coisa&(sujeito)."

•  Estrutura"frasal"básica:"" ""

" " "S+V+C+IC"

A"parte"impetrante"apresentou"aditamento"à"peHção"inicial"nos"autos.""""

" " """

Alguns&cuidados&para&redigir&bem:"

 

 

 

•  Observe"o"seguinte"enunciado" �Um composto desenvolvido por pesquisadores da

Universidade Federal do Rio Grande do Sul poderá tratar a

aterosclerose no futuro�. ROCHA,"Alexandre"Caroli."Big"Bang"e"inovação"tecnológica."Revista&Com&Ciência.""

Disponível"em"hip://www.comciencia.br/comciencia/?secHon=8&edicao=58&Hpo=resenha."Adaptação.""

•  Sobre"o"que"se"expressa"algo"(sujeito)?"

•  O"que"se"expressa"sobre"algo"(predicado)?"

13

Alguns&cuidados&para&redigir&bem:"

 

Page 24: apostila Produção de Textos Acadêmicos

  24  

�Um& composto& desenvolvido& por& pesquisadores& da&

Universidade&Federal&do&Rio&Grande&do&Sul&poderá

tratar a aterosclerose no futuro�.

."

14

sujeito& predicado&

A&origem&do&universo"corresponde""

ao"assunto"da"sentença."

A&presença&da&origem&do&universo&na&mitologia&das&civilizações,&na&religião&

e&na&metaVsica"corresponde""à"informação"fornecida"sobre"o"

assunto"da"sentença."  

 

Há uma série de informações que podem ser

acrescentadas ao núcleo da sentença: as

circunstâncias. Elas não possuem vida própria

porque apenas acrescentam informações à

ideia central; por isso, não são estruturalmente

necessárias no enunciado.

15

Alguns&cuidados&para&redigir&bem:"

 

16

&

sujeito"+""

verbo"+"complemento"do"verbo"+"elemento"circunstancial"

" " " " " �Um& composto& desenvolvido& por& pesquisadores& da&

Universidade& Federal& do&Rio&Grande&do& Sul& poderá& tratar"a&

aterosclerose&no&futuro�."

"

Alguns&cuidados&para&redigir&bem:"

 

Page 25: apostila Produção de Textos Acadêmicos

  25  

"Os"elementos"circunstanciais"podem"expressar,"por"exemplo,"""•  lugar:"aqui,"aí,"ali,"à"direita"etc."•  tempo:"hoje,"brevemente,"sempre"etc."•  modo:"bem,"amorosamente,"facilmente,"às"claras"etc."•  intensidade:&bastante,"muito,"pouco,"bem"etc.&•  afirmação:"sim,"certamente"etc."•  negação:"não,"absolutamente,"tampouco,"de"modo"algum"etc.""•  dúvida:"talvez,"acaso,"porventura,"decerto,"provavelmente"etc."

17

Alguns&cuidados&para&redigir&bem:"

 

Regra geral: pontuação&

Os&elementos&essenciais&de&uma&sentença&–&sujeito,&verbo&e&

complemento&verbal&–&jamais&são&separados&por&vírgula.&

&

Alguns&cuidados&para&redigir&bem:"

 &Uma&boa&pontuação&é&fundamental&&

à&clareza&de&um&texto.&&&" Observe" como" a" pontuação" inadequada"dificulta"a"compreensão"do"senHdo"pelo"leitor."

19

Alguns&cuidados&para&redigir&bem:"

 

Page 26: apostila Produção de Textos Acadêmicos

  26  

De"acordo"com"a"Infraero"essa"resolução"determinava"em"2014"que"“os"procedimentos"de"embarque"e"desembarque"eram"de"responsabilidade"das"empresas"aéreas"podendo"a"Infraero"oferecer"suporte"de"infraestrutura"quando"necessário”."

Alguns&cuidados&para&redigir&bem:" De"acordo"com"a"Infraero,"essa"resolução"determinava,"em"2014,"que"“os"procedimentos"de"embarque"e"desembarque"eram"de"responsabilidade"das"empresas"aéreas,"podendo"a"Infraero"oferecer"suporte"de"infraestrutura"quando"necessário”."  

4.1  Organização  da  frase:  exercícios  

 

UNIVERSIDADE DO VALE DO RIO DOS SINOS - UNISINOS

GRAMÁTICA: RETOMANDO CONCEITOS BÁSICOS

A ESTRUTURA DA ORAÇÃO: INTRODUÇÃO AO ESTUDO DA PONTUAÇÃO

Parte 1 – Ideia central e ideia secundária

Parte 2 – Os componentes da oração

“A origem do Universo estava presente na mitologia das civilizações, na religião e na metafísica”.

“Muito antes de se tornar tema de investigação científica, a origem do Universo estava presente na mitologia das civilizações, na religião e na metafísica”.

Parte 3 – A estrutura da oração: padrão oracional

“Instrutores costumam aconselhar os frequentadores de academias de ginástica a levantar o máximo de peso por sessão pois essa seria a melhor maneira de ganhar músculo um novo estudo sugere que a estratégia do ‘devagar e sempre’ com pesos leves pode dar resultado mais rápido”.

!

“Pesquisadores italianos conseguiram conforme publicação deste ano na New England Journal of

Medicine restabelecer a visão de 112 pessoas usando células-tronco do próprio olho. Outros experimentos como os realizados no Instituto Butantan em São Paulo ajudaram a reduzir lesões nos olhos de animais de laboratório e a criar uma fundamentação científica que permite o uso experimental dessa abordagem em seres humanos”.

!

“Um composto desenvolvido por pesquisadores da Universidade Federal do Rio Grande do Sul poderá tratar a aterosclerose no futuro”.

!

“Atualmente, as principais formas de tratamento da aterosclerose são a ingestão de antioxidantes, a utilização de bloqueadores de cálcio e a implantação de balões e de malhas metálicas por meio de um cateter no local da lesão”.

!  

Page 27: apostila Produção de Textos Acadêmicos

  27  

Regra geral 5

“Nos termos mais simples, os robôs são máquinas construídas para operar num paradigma ‘sinta-pense-aja’. Ou seja, eles têm sensores que recolhem informações sobre o mundo”.

!

“Para mover as cadeiras elétricas, por exemplo, os comandos eram os seguintes: duas aspirações levavam à frente, duas exalações transportavam para trás, uma fungada para dentro e outra para fora carregavam para a direita”.

“Somos o fruto do corporativismo que nos mantém como clientes, ou apenas não verbalizamos vontades e desejos com contexto”.

“A discussão acerca das novas técnicas de manipulação genética é altamente complexa, porque pode resvalar em execráveis postulações de controle da ‘pureza’ da espécie humana”.

!

“Um interessante caso mais recente e de outra ordem é o da teoria do Big Bang, confundida por muitos cientistas ocidentais cristãos como o próprio momento da Criação, no sentido bíblico do termo;

trata-se, portanto, da influência da matriz cultural dos cientistas na interpretação da teoria, não na sua formulação propriamente dita”.

“A vegetação funciona como um filtro, que ajuda a reduzir a poluição. A pouca densidade dessa vegetação não soluciona o problema, porém pode amenizá-lo”.

!

......no sentido bíblico do termo portanto

trata-se da influência da matriz cultural dos cientistas.........!

 

Page 28: apostila Produção de Textos Acadêmicos

  28  

PONTUAÇÃO: REGRAS DE USO DA VÍRGULA

Regra geral 1

Regra geral 2

Regra geral 3

Regra geral 4

“Pesquisadores da State University of New York criaram um controle remoto magnético que altera a função celular”.

!

“O manual (Tacuinum Sanitatis) propunha seis elementos necessários para a manutenção quotidiana da saúde: a comida e a bebida, o ar e o ambiente, o movimento e o repouso, o sonho e a vigília, as secreções e as excreções dos humores e os movimentos ou os efeitos da disposição (a alegria, a ira, a vergonha...)”.

!

“A história da Tecnologia é tão grande, tão grande que não cabe nesse espacinho. Explore a máquina acima e descubra coisas incríveis sobre Informática, Meios de Comunicação, Meios de Transporte e Grandes Invenções!”

!

“Em 2000, os biólogos Rodrigo da Silveira e Felipe Mendes, então estudantes de mestrado da Universidade de São Paulo, promoveram, no Congresso Brasileiro de Genética, um exercício aos jovens da cidade de Águas de Lindoia, que sediava o evento”.

“O poder de controlar seres vivos e objetos a distância é um talento sobrenatural popular na ficção científica e na fantasia: bruxas usando magia para arremessar seus inimigos e heróis que conseguem jogar cadeiras e mesas com a telecinese. Entretanto, quando se trata de controlar remotamente os organismos biológicos, a ciência tem alguns truques”.

!

“Ramo da matemática que estuda a interação entre estratégias, a Teoria dos Jogos foi desenvolvida inicialmente como ferramenta para descrever e prever o comportamento econômico”.

 

Page 29: apostila Produção de Textos Acadêmicos

  29  

EXERCÍCIOS

Em relação ao enunciado “O coordenador brasileiro das negociações da conferência Rio+20, Luiz Alberto

Figueiredo Machado, advertiu os demais negociadores que o documento final deve refletir um ‘equilíbrio de

descontentamentos’"1, responda:

(1) O que justifica o emprego das vírgulas presentes no enunciado?

(2) Reescreva o enunciado eliminando a expressão “Luiz Alberto Figueiredo Machado”.

Responda às questões 3, 4 e 5 a partir do enunciado “Durante a cerimônia, o vice-governador do Rio Grande

do Sul e coordenador do projeto, Beto Grill salientou a importância do aumento no efetivo da Brigada Militar nas

estradas, o que se conseguirá após o concurso público já previsto”2.

(3) Por que se emprega a primeira vírgula?

(4) Que alterações haveria se a expressão “durante a cerimônia” fosse inserida entre o verbo “salientou” e

o complemento “a importância do aumento no efetivo da Brigada Militar nas estradas”?

(5) Falta uma vírgula no enunciado. Em que local?

Examine o enunciado “Uma destas novidades, por exemplo, será a possibilidade de realizar ligações

FaceTime pela rede de celular (3G ou 4G), que estará disponível apenas no iPhone 4S e no novo iPad”3 mediante as

seguintes questões:

(6) Reescreva o enunciado eliminando a expressão “por exemplo”.

(7) O que justifica a terceira vírgula do enunciado?

!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!1 Disponível em http://www1.folha.uol.com.br/ambiente/1106400-texto-da-rio20-sera-equilibrio-de-descontentamentos-diz-negociador.shtml. 2 Disponível em http://zerohora.clicrbs.com.br/rs/geral/noticia/2012/06/rs-lanca-plano-estadual-de-seguranca-no-transito-3794334.html. 3 Disponível em http://blogdoiphone.com/page/4/.!

“As células-tronco retiradas da medula óssea e implantadas no coração não se transformaram em células musculares nem ajudaram a restaurar a capacidade de bombeamento do coração”.

“Os camundongos ‘peso leve’ podem proporcionar um novo vislumbre no mecanismo de ação do álcool, e estudos desse gene em humanos podem levar a um melhor entendimento do alcoolismo e seu tratamento”.

!

 

 

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  30  

 

5  Elementos  de  constituição  do  texto:  organização  do  parágrafo  

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  31  

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  32  

Atividade 1:

Atividade 2:

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Atividade 3:

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Atividade 4:

__________________________________________________________________________________

__________________________________________________________________________________  

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__________________________________________________________________________________  

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  37  

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  39  

Atividade 5:

__________________________________________________________________________________

__________________________________________________________________________________  

__________________________________________________________________________________

__________________________________________________________________________________  

__________________________________________________________________________________

__________________________________________________________________________________  

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  40  

Atividade 6:

 

 

 

 

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  41  

 

 

6  Articulação  das  ideias  no  texto  (coesão  e  coerência)  

 

(MARCUSCHI,!2008,!p.!96)!(MARCUSCHI, 2008, p.96)  

Page 42: apostila Produção de Textos Acadêmicos

  42  

•  Halliday e Hasan (1976) falam da metáfora do laço, ou seja, em um texto, não há pontas soltas, ou pedaços que não se juntam a nenhum outro.

•  Unidade temática e de sentido: �É preciso, antes de tudo, saber estabelecer relações, fazer ligações entre as diferentes unidades – indo e voltando�.

Texto => textum => tessitura => tecido

 

A COESÃO = propriedade pela qual é criada e sinalizada toda

espécie de ligação que dá ao texto unidade de sentido ou unidade temática (ANTUNES, 2005, p. 47).

resulta de uma rede de relações instituídas no texto, que podem ser de dois tipos: referenciais e sequenciais.

 

Page 43: apostila Produção de Textos Acadêmicos

  43  

Esses são alguns exemplos de articuladores e os

possíveis sentidos que podem construir no texto.

Relações lógico-semânticas

e discursivo-argumentativas

COESÃO SEQUENCIAL

 

Coesão referencial

É aquela que cria, no interior do texto, sistemas de relações de sentido que permitem que o leitor identifique os referentes sobre os quais se fala no texto.

 

Page 44: apostila Produção de Textos Acadêmicos

  44  

ATO DE ESCREVER = •  consiste em utilizar a linguagem para evocar entidades/

referentes (objetos, pessoas, propriedades, processos, acontecimentos) que pertencem a universos reais ou fictícios, exteriores e interiores.

•  Na fábula a seguir, observe como as expressões “veado” e “moita” são retomadas.

 

O"veado"e"a"moita"" " " " " " " " " "Perseguido"pelos"caçadores,"um"pobre"veado"

escondeu7se"bem"quietinho"dentro"da"cerrada"moita."""O"abrigo"era"tão"seguro"que"nem"os"cães"o"viram."E"o"veado" salvou7se." Mas," [o" veado]" ingrato" e"imprudente," passado" o" perigo," [ele]! esqueceu" o"benefício"e"pastou"a"benfeitora.""[ele]"Comeu"toda"a"folhagem.""[ele]"Fez"e"[ele]"pagou.""Dias"depois,"voltaram"os"caçadores."O"veado"correu"à"procura" da" moita," mas" a" pobre" moita," sem" folhas,"não" pôde" mais" escondê7lo," e" o" triste" animalzinho"acabou" estraçalhado" pelos" dentes" dos" cães"impiedosos."

"(Em:!KLEIMAN,!Ângela.!Texto&e& leitor:&aspectos&cognitivos&da& leitura.!Campinas,!SP:!Pontes,! 1989,!p.!51.)!

 

Page 45: apostila Produção de Textos Acadêmicos

  45  

A COESÃO NO TEXTO ! Observar que temas já existentes podem ser, a qualquer

momento, modificados ou expandidos.

! Durante o processo de compreensão, vai-se criando na memória do leitor ou do ouvinte uma representação extremamente complexa.

!  Isso se dá pelo acréscimo sucessivo de novas

categorizações e/ou avaliações acerca do tema (KOCH; ELIAS, 2006, p. 126). !

 

 

Page 46: apostila Produção de Textos Acadêmicos

  46  

6.1 OS MECANISMOS DE CONEXÃO (USO DOS ARTICULADORES TEXTUAIS/conjunções)

Quando escrevemos um texto, é importante guiar o leitor para que ele possa entender as diferentes relações que queremos estabelecer entre as ideias. Essas relações entre as ideias são dadas por palavras que “organizam” o que está sendo dito: são os articuladores textuais (conjunções). A função dos articuladores é estabelecer relações de sentido entre as ideias, não só internamente às frases, mas também entre as frases e entre os parágrafos.

CONJUNÇÕES E LOCUÇÕES COORDENATIVAS

CLASSIFICAÇÃO CONJUNÇÕES LOCUÇÕES

Copulativas (indicam adição, sequencialização

temporal)

e, que (=e)

nem (=e não)

nem… nem

não só... mas também,

não só... como (também),

tanto... como, bem como

Adversativas (indicam contraste, oposição)

mas, porém, todavia, contudo,

entretanto, que (= mas)

no entanto, não obstante, apesar disso,

ainda assim, mesmo assim, de outra sorte,

ao passo que

Disjuntivas (indicam distinção ou alternativa)

ou

ora...ora, ou...ou, quer...quer,

seja...seja, já...já

seja...ou

Conclusivas1

(exprimem conclusão, condição,

consequência)

portanto, logo, assim, pois, e

por conseguinte

por consequência

pelo que; por isso

CONJUNÇÕES E LOCUÇÕES SUBORDINATIVAS

CLASSIFICAÇÃO CONJUNÇÕES LOCUÇÕES

Temporais (indicam tempo)

quando, enquanto2, apenas, mal, como, que (=desde que)

agora que, antes que, depois que, logo que, assim que, desde que, até que, primeiro que, sempre que, todas as vezes que, cada vez que, tanto que, à medida que, ao passo que, antes de (+ inf.), depois de (+ inf)

Causais (indicam a causa ou o motivo)

porque, pois, porquanto, que (= porque), como (= porque), visto (+ inf.), dado (+ inf)

visto que, já que, pois que, uma vez que, dado que, por isso que3

Finais (designam o fim, a finalidade)

que (=para que) a fim de que, para que, de modo a que, de maneira a que, por que, a fim de (+ inf.)

Condicionais (exprimem uma condição)

se caso

a não ser que, desde que, no caso que, contanto que, na condição de, salvo se, se não, sem que, dado que, a menos que, excepto se

Comparativas (estabelecem uma comparação)

que como segundo conforme qual (antecedida de tal) quanto (antecedida de tanto)

como...assim, assim como...assim, assim como... assim também, bem como, que nem, segundo...assim, consoante...assim, conforme...assim, tão/tanto...como, como se, do que (depois de mais /menos/ maior/ menor/ melhor/ pior)

Consecutivas (exprimem consequência, resultado, efeito)

que

que (precedido de tal, tanto, tão, tamanho – indicadores de intensidade) de modo que, de maneira que, de sorte que, de maneira que

Concessivas (apresentam facto contrário à acção principal, mas incapaz de impedi-la)

embora conquanto que (= ainda que) malgrado (+ inf.)

ainda que, posto que, mesmo que, mesmo se, (se) bem que, por mais que, por menos que, apesar de que, nem que, não obstante (+ inf.)

Completivas (ou integrantes) (que integram ou completam)

que, se

Page 47: apostila Produção de Textos Acadêmicos

  47  

6.2 MODALIZAÇÃO

O que é modalização? Giering, Alves e Mello (2010) explicam:

• “A modalização é um procedimento discursivo que se caracteriza pela inscrição da visão de mundo do locutor [...] no texto.” • “A atitude do enunciador em relação a seu enunciado pode estar implícita no discurso ou ser explicitada por meio de expressões linguísticas que manifestam seu entendimento ou julgamento de valor sobre o assunto ou ainda em relação a si mesmo ou ao interlocutor.” • “Tais marcas de língua [...] nada mais são do que alguns elementos da frase que mostram, com maior evidência, qual é a posição do locutor em relação ao conteúdo de sua proposição.”

Quais as marcas da modalização, isto é, como quem escreve mostra seu ponto de vista no texto?

Quando explícita, a modalização é indicada na língua por um conjunto variado de classes gramaticais, tais como:

• Locuções adverbiais: sem dúvida, com certeza, etc. • Adjetivos: participação efetiva, é provável que..., etc. • Verbos: o autor sugere que..., etc. • Verbos auxiliares modais: poder, dever, querer, precisar, etc. • Advérbios: felizmente, possivelmente, certamente, quase, pouco, etc. • Substantivos: certeza, necessidade, etc.

Ao fazer uso de determinadas expressões, Koch (2004) salienta que o locutor (aquele que escreve/fala) pode situar seu discurso:

no campo da certeza no campo da possibilidade

Manifesta um saber (eu sei, portanto é verdade) em tom de autoridade e, assim, acaba forçando o leitor a aderir a seu discurso para aceitá-lo como verdadeiro.

Manifesta um saber (eu creio, portanto é possível, é provável, é permitido) em tom de probabilidade, e assim não impõe a sua posição ao leitor (ou finge não impor). O leitor tem a possibilidade de aceitar ou não as posições defendidas.

Esses recursos linguísticos utilizados para a escrita de textos podem ser evidenciados no texto (resenha) lido. Identifique alguns desses recursos na resenha lida:

a) Uso de expressões que atenuam as opiniões, como: _________________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________________

b) Uso de alguns tempos verbais que também têm função de atenuar o que está sendo dito, como:

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  48  

Verbos de elocução (de dizer)

 Aconselhar   Concluir   examinar   questionar  

 Acrescentar   Concordar   exemplificar   raciocinar  

 Afirmar   Confirmar   explicar   ratificar  

 Alertar   Confrontar   exprimir   recomendar  

 Analisar   Considerar   finalizar   reconhecer  

 Anuir   Constatar   indagar   recusar  

 Anunciar   Contestar   indicar   refutar  

 Argumentar   Continuar   interrogar   reiterar  

 Articular   Contrapor   investigar   repetir  

 Assegurar   Criticar   justificar   replicar  

 Assentir   Debater   lembrar   repudiar  

 Assinalar   Declarar   limitar   resgatar  

 Avaliar   Defender   negar   responder  

 Citar   Delimitar   objetar   ressaltar  

 Comentar   Demarcar   ordenar   resumir  

 Compreender   Demonstrar   parafrasear   retratar-­‐se  

 Comprovar   Determinar   perguntar   retrucar  

 Propor   Elucidar   ponderar   revelar  

 Verificar   Esclarecer   pontuar   sintetizar  

 Evidenciar   Especificar   postular   sugerir  

 Sustentar   Estabelecer   pressupor   supor  

 

 

 

 

 

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  49  

7  Paráfrase  e  citação:  inserção  do  discurso  alheio  

7.1    Paráfrase    

Segundo Othon Garcia (2007), a paráfrase consiste no desenvolvimento explicativo ou interpretativo de um texto. É um tipo de exercício que corresponde a uma espécie de tradução dentro da própria língua, em que se expressa, de maneira clara, num texto B, o que consta num texto A, sem comentários pessoais, sem nada acrescentar e sem nada omitir do que seja pertinente. A nova versão deve evidenciar o pleno entendimento do texto-base.

Wander Emediato (2004) apresenta dois tipos de paráfrase:

a) paráfrase lexical: consiste num exercício de substituição de palavras de um texto por palavras e expressões de mesmo valor semântico. O sentido do texto deve permanecer o mesmo, mas o vocabulário será significativamente diferente.

b) paráfrase explicativa: não se limita à substituição de palavras, mas explica o que o emissor entendeu do que leu, buscando esclarecer o que pode estar mais ou menos obscuro, isto é, explicitar, com estruturas frasais próprias, o teor do texto original. Não se trata, porém, de um comentário, mas de uma espécie de esclarecimento, de uma “tradução” do texto, procurando deixa-lo compreensível.

Emediato comenta que a paráfrase é

um exercício excelente para o aprimoramento do vocabulário, já que o aluno terá de reescrever um texto, conservando tudo o que o texto original tem de essencial, sem repetir as mesmas expressões e palavras utilizadas no primeiro texto. (EMEDIATO, 2004, p. 126).

Exemplos:

Texto original:

A Era de Ouro do Inter chegou ao fim em 2012, quando o clube foi eliminado ainda cedo da Libertadores e, assim, encerrava um ciclo de seis temporadas seguidas com títulos internacionais. O ano passado terminaria mal para os colorados, com uma grave crise de vestiário, com o Beira-Rio em ruínas pelas obras da Copa, sem a vaga à Libertadores e com Bolívar sendo mandado embora.

Fonte: <http://zerohora.clicrbs.com.br/rs/esportes/inter/noticia/2013/09/sem-beira-rio-e-futebol-solido-os-problemas-do-inter-na-temporada-4268269.html >. Acesso em: 14 set. 2013

Paráfrase:

O ano de 2012 marcou o término da Era Dourada do Internacional. Sem estádio em função das reformas para a Copa do Mundo e eliminado precocemente da Copa Libertadores, o clube enfrentou uma forte crise interna à equipe e dispensou o jogador Bolívar, encerrando as seis temporadas de títulos internacionais conquistados.

Texto original:

A Engenharia é um fator determinante para o desenvolvimento econômico das nações. Cada vez mais a criação e a produção de bens de grande valor agregado fazem a diferença na balança comercial do mundo globalizado. A capacidade de inovação depende de vários fatores, entre eles a existência, quantidade e qualidade de profissionais de Engenharia. Com a rápida evolução da tecnologia e a consequente obsolescência das existentes, a formação do engenheiro deve privilegiar os conteúdos essenciais, ensinando-o a se adaptar rapidamente aos novos conhecimentos e técnicas.

Fonte: <   http://www.estadao.com.br/noticias/vidae,artigo-para-que-devem-ser-formados-os-novos-engenheiros,838027,0.htm>. Acesso em: 28 fev. 2014

Paráfrase:

Com a crescente evolução tecnológica do mundo globalizado, os engenheiros têm ocupado papel de destaque, uma vez que a criação de produtos inovadores está, de certa forma, atrelada a esses profissionais, os quais contribuem significativamente para o progresso da economia. Como as tecnologias rapidamente se tornam ultrapassadas, os cursos de Engenharia devem dar prioridade para o ensino de princípios fundamentais da área, pois, assim, possibilitam ao futuro engenheiro o desenvolvimento da capacidade de adaptação aos novos contextos.  

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  50  

paráfrase deve dizer de forma mais clara (na medida do possível, com vocabulário e estrutura de frase novos) o que está dito no texto original.

O texto abaixo se refere às questões 1, 2, 3 e 4.

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32 33 34 35 36 37

Força e simplicidade

Pesquisadores descobrem que fios de nylon enrolados como uma mola se comportam como supermúsculos capazes de aguentar 100 vezes mais peso que a musculatura humana.

Sofia Moutinho

Revista Ciência Hoje

Uma ideia simples. Tão simples que é até difícil de acreditar que ninguém tenha pensado nela antes. Apenas enrolando fios comuns de nylon, cientistas conseguiram criar uma espécie de “músculo artificial” que pode ter diversas aplicações de engenharia, desde o uso em próteses mecânicas até em tecidos inteligentes.

O fio de nylon é um material resistente que, em temperatura ambiente, não sofre muitas alterações em sua estrutura. Esticado, ele é muito útil como linha de pesca ou base para bijuterias. Já ao ser enrolado como um fio de telefone, uma equipe internacional de pesquisadores, com a participação de um brasileiro, descobriu que esse material se transforma no que os cientistas chamam de um “atuador”, isto é, um elemento capaz de produzir movimento.

O engenheiro Marcio Dias, doutorando na Universidade do Texas em Dallas (Estados Unidos), explica que o simples ato de torcer um fio de nylon com um torno faz com que ele passe a ter uma capacidade enorme de contração quando aquecido. “Sob calor, o nylon se expande radialmente (na largura) e se contrai ao longo do comprimento da fibra”, explica. “Ao enrolarmos as fibras como uma mola, essa capacidade de contração térmica aumenta em 10 vezes, o que nos permite usar esse material para gerar movimento.” O fio de nylon espiralado se contrai tanto sob o calor que pode chegar a ter metade de seu comprimento sem perder seu formato, ao passo que os músculos humanos só conseguem contrair 20% de seu tamanho. Assim, o material funciona como uma supermola que pode ser controlada por alterações em sua temperatura.

Uma das possíveis aplicações do fio seria na construção de janelas ou persianas inteligentes, que se abririam quando estivesse quente e se fechariam quando estivesse frio, somente pelo estímulo da temperatura do ar. Outra ideia seria usar o nylon enrolado para fabricar tecidos inteligentes capazes de ficar mais ou menos permeáveis de acordo com o calor. “Conforme a direção do ‘enrolamento’, as fibras de nylon podem se expandir ou contrair com a temperatura”, explica Dias. “Quando trançadas junto com fibras naturais, como o algodão, elas poderiam ser usadas para mudar a abertura dos poros do tecido.”

Ainda segundo o pesquisador, o fio de nylon enrolado poderia ser usado basicamente em qualquer situação em que fossem necessárias força e alta potência mecânica. “Esse material, mesmo tão pequeno, produz a mesma potência mecânica que um motor a jato moderno”, frisa. “Por isso, tem muitas aplicações industriais, por exemplo, substituindo atuadores hidráulicos e elétricos em máquinas e dispositivos onde peso é um fator crítico. Em veículos, isso levaria a uma redução significativa do peso, permitindo maior economia de combustível.”

Para aplicações que não dependem da temperatura ambiente, como no caso de automóveis e próteses mecânicas, o fio de nylon poderia ser enrolado junto com algum

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metal condutor, como a prata. Assim, seria capaz de receber uma corrente elétrica que o aqueceria quando a compressão fosse necessária. “As aplicações são muito vastas”, resume o líder do estudo, o físico Ray Baughman, da Universidade do Texas. “Hoje, os robôs e as próteses mais avançados estão limitados por motores e sistemas hidráulicos grandes e pesados que restringem seu desempenho. As fibras de nylon enroladas podem mudar isso.”

A pesquisa será publicada na Science desta semana. No ano passado, a mesma equipe já havia publicado no mesmo periódico um artigo semelhante ao descobrir que fibras de nanotubos de carbono também apresentam extrema contração quando enroladas e aquecidas. O nanotubo de carbono, no entanto, é um material muito mais caro e complexo de trabalhar que o simples fio de nylon. “O que conseguimos com o nylon é um material barato (cerca de cinco dólares o quilo) com uma força incrível que excede em todos os aspectos o desempenho de um músculo humano”, conclui Baughman.

QUESTÕES

1) Analise o texto “Força e simplicidade” e identifique nele duas citações diretas e duas indiretas (indique as linhas). Indique quais os verbos e os conectores de conformidade que ligam as citações ao seu autor (indique a linha e escreva qual o verbo/conector).

__________________________________________________________________________________

__________________________________________________________________________________  

__________________________________________________________________________________

__________________________________________________________________________________  

2) Construa um parágrafo e insira os trechos abaixo como citações indiretas. Faça as devidas alterações, construindo paráfrases.

2.1) linhas 13 a 15;

2.2) linhas 28 a 31;

__________________________________________________________________________________

__________________________________________________________________________________  

____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

3) Elabore uma paráfrase lexical do trecho presente entre as linhas 1 e 4.

__________________________________________________________________________________

__________________________________________________________________________________  

____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

4) Elabore uma paráfrase explicativa do trecho presente entre as linhas 26 e 28.

__________________________________________________________________________________

__________________________________________________________________________________  

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  52  

____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

5) Leia os segmentos abaixo e faça o que se pede.

Texto-base: “As técnicas mirabolantes da geoengenharia para conter o aquecimento global”

Jaqueline Sordi, Zero Hora, 16/01/2015

A) Texto-base David Keith, físico da Universidade de Harvard, afirma que a geoengenharia pode ser uma ferramenta extremamente poderosa para amenizar os efeitos do aquecimento global. Mas suas opiniões não são unanimidade no meio acadêmico. Durante muito tempo consideradas meras especulações, essas opções hoje avançam dentro e fora de laboratórios e dividem pesquisadores. Enquanto alguns condenam os riscos de interferir na natureza desta forma, outros afirmam que, se as concentrações de carbono na atmosfera alcançarem um estágio crítico, a geoengenharia será a única forma de controlar nosso clima.

B) Texto reproduzido Enquanto alguns condenam os riscos de interferir na natureza, outros afirmam que, se as concentrações de carbono na atmosfera alcançarem um estágio crítico, a geoengenharia será a única forma de controlar nosso clima. É o que defende também David Keith, físico da Universidade de Harvard. Ele afirma que a geoengenharia pode ser uma ferramenta extremamente poderosa para amenizar os efeitos do aquecimento global. Mas essas opiniões não são unanimidade entre os pesquisadores e dividem os posicionamentos dentro e fora dos laboratórios, é o que explica a matéria publicada por Sordi no Jornal Zero Hora em 16 de janeiro de 2015.

5.1) O texto B é paráfrase ou plágio do texto A? Por quê? Apresente trechos de A e B que comprovem/ilustrem/justifiquem sua resposta. __________________________________________________________________________________

__________________________________________________________________________________  

____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

C) Texto-base Para o astrofísico Luiz Gylvan Meira Filho, ex-vice-presidente do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC) e pesquisador do Instituto de Estudos Avançados da Universidade de São Paulo, somente reduzir as emissões de gases de efeito estufa já não é mais suficiente para reverter o aquecimento global. “Um pouco de geoengenharia será necessário inevitavelmente. Acredito que essas técnicas podem ajudar. Há que proceder com cautela, para evitar a criação de problemas ainda maiores”, pondera.

D) Texto reproduzido Na matéria “As técnicas mirabolantes da geoengenharia para conter o aquecimento global”, publicada no Jornal Zero Hora em 16 de janeiro de 2015, a jornalista Jaqueline Sordi apresenta um depoimento do astrofísico Luiz Gylvan Meira Filho – que é ex-vice-presidente do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC) e também pesquisador do Instituto de Estudos Avançados da Universidade de São Paulo – que alega que será preciso recorrer às técnicas da geoengenharia para que seja possível modificar o quadro de aquecimento global. Isso porque apenas diminuir a emissão de gases de efeito estufa não dará conta dessa reversão. Além disso, o pesquisador alerta que se deve agir com precaução, a fim de não gerar

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  53  

outros problemas, de proporções maiores.

5.2) O texto D é paráfrase ou plágio do texto C? Por quê? Apresente trechos de C e D que comprovem/ilustrem/justifiquem sua resposta. __________________________________________________________________________________

__________________________________________________________________________________  

__________________________________________________________________________________

__________________________________________________________________________________  

 

7.2  citação:  inserção  do  discurso  alheio  

Observe  os  textos  abaixo:  

Plástico produzido por humanos vai virar camada geológica, diz estudo Rachel Nuwer

Do New York Times para Folha de S. Paulo - 05/08/2014 Ninguém sabe o que acontecerá com os 5,5 bilhões de toneladas métricas de plástico

fabricados desde meados do século 20, grande parte dos quais viraram lixo. Agora, pesquisadores descobriram que resíduos de plástico podem se transformar em um novo mineral.

"Plastiglomerado" é uma fusão de materiais naturais e artificiais. O plástico derretido funde-se com areia, conchas, seixos, basalto, coral e madeira, ou penetra nas cavidades das rochas, formando um híbrido de pedra e plástico. Conforme os pesquisadores relatam no periódico "GSA Today", os materiais provavelmente serão bem mais duradouros e poderão se tornar marcadores geológicos.

"O plástico mais convencional é relativamente fino e se fragmenta rapidamente", disse Richard Thompson, da Universidade Plymouth na Inglaterra, que não participou da pesquisa. "Mas aqui está descrito algo que será ainda mais resistente ao processo de envelhecimento."

O plastiglomerado foi descoberto em 2006 pelo oceanógrafo Charles Moore, do Instituto de Pesquisa Marinha Algalita em Long Beach, Califórnia. Ele estava pesquisando plástico encontrado na praia de Kamilo, que fica na maior ilha do Havaí. [...]

Disponível em: <http://www1.folha.uol.com.br/ciencia/2014/08/1495261-plastico-produzido-por-humanos-vai-virar-camada-geologica-diz-estudo.shtml>. Acesso em: 05 ago. 2014

 

Vozes  implícitas  no  texto  

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Vozes implícitas no texto

Folha de S. Paulo, 16 de junho de 2014.  

Vozes  explícitas  

Vozes explícitas no texto

ANEEL prevê reajuste maior de energia

Folha de S.Paulo, 05/08/2014 Documento interno da Aneel indica que o aumento da conta de energia provocado pelos

empréstimos às distribuidoras será maior do que a agência reguladora tem afirmado publicamente. Segundo o documento, de 2013, assinado pelo então diretor Edvaldo Santana, a cada R$ 1 bilhão devido pelo setor, as tarifas de energia crescem 0,8 ponto percentual. Como os empréstimos totalizam R$ 17,7 bilhões, o impacto na tarifa será de exatos 14,16%.

A lógica foi confirmada pela área técnica da Aneel. "Entretanto, vale lembrar que o repasse se dá durante dois ciclos tarifários, que ocorrem a partir de 2015", afirmou a agência, em nota. Na terça-feira da semana passada (29), o diretor-geral da Aneel, Romeu Rufino, afirmou que o impacto na tarifa seria de apenas 8%, divididos em dois anos. "O reajuste [das tarifas] nunca é exclusivamente ligado ao valor do empréstimo", disse.

 

Vozes  explícitas  no  texto  acadêmico  Vozes explícitas no texto acadêmico A PERSPECTIVA ADMINISTRATIVA NA ATUAÇÃO DO ENGENHEIRO DE PRODUÇÃO:

ESTUDO DE CASO EM UMA PEQUENA EMPRESA METALÚRGICA José Henrique de Andrade (EESC/USP, SP, Brasil)

Juliana Veiga Mendes (UFSCar, SP, Brasil) Edmundo Escrivão Filho (EESC/USP, SP, Brasil)

[...] Considerando o profissional da engenharia de produção, sua formação é voltada para

adquirir competências em duas áreas: a tecnológica e a administrativa. Tais competências, quando articuladas, visam a garantir a compreensão sobre os sistemas de produção e seus recursos constituintes (pessoas, equipamentos, materiais, informações e energia), possibilitando o exercício de sua função organizando esses recursos para a produção de bens e serviços, de maneira econômica, respeitando os preceitos éticos, culturais e ambientais (FLEURY, 2008).

A competência tecnológica é obtida por uma base de conhecimentos tecnológicos adquiridos em disciplinas com conteúdo teórico e prático, desenvolvidos em sala de aula e em laboratórios específicos, permitindo a atuação profissional competente em diferentes setores de atividade. Já a competência administrativa é obtida por meio de um conjunto de disciplinas no exame de princípios e técnicas da área de Administração.

Para poder formar administradores competentes é fundamental saber sobre o trabalho do administrador (ESCRIVÃO FILHO; MENDES, 2010). O que faz o administrador? Essa é uma pergunta ainda não bem respondida, como confirma os estudos de Mintzberg (2010, p.15) sobre o tema: “Hoje, somos inundados com histórias sobre sucessos grandiosos e fracassos ainda mais grandiosos dos grandes líderes, mas ainda não conseguimos compreender de verdade os simples fatos sobre um gerente normal”. [...]

 

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  55  

Manual&da&biblioteca&da&UNISINOS&

Conforme a ABNT (2002, p. 1), citação é a “Menção de uma informação extraída de outra fonte”.

A citação é usada para conferir credibilidade ao trabalho científico, fornecer informações a respeito dos trabalhos desenvolvidos na área da pesquisa e apresentar pontos de vista semelhantes ou divergentes sobre o assunto de sua pesquisa (UNISINOS, 2014, p. 77, grifos nossos).

Citações: inserção do discurso alheio

 Manual&da&biblioteca&da&UNISINOS&

Formas de inserção do discurso alheio:

1. Citação direta 2. Citação indireta 3. Citação de citação Sistemáticas: autor-data e nota de rodapé.

Exemplos do Manual da Biblioteca (UNISINOS, 2014).

Citações: inserção do discurso alheio

 

Manual&da&biblioteca&da&UNISINOS&

Formas de inserção do discurso alheio: 1. Citação direta “É a transcrição fiel do texto de trechos da obra do autor consultado; a redação, a ortografia e a pontuação devem ser rigorosamente respeitadas e seguidas.” (UNISINOS, 2014, p. 77)

Vozes explícitas: citação direta

 

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Vozes explícitas: citação direta

(UNISINOS, 2014)&  

Vozes explícitas: citação direta

- autor inserido no parágrafo: Conforme afirma Campello (2000, p. 55),

A pesquisa científica é um processo complexo, e durante sua execução o pesquisador assume diversas funções: a de líder de equipe, a de captador de recursos, a de comunicador, dentre outras. A função de comunicador é de fundamental importância nesse processo, pois o pesquisador precisa estar constantemente atualizado em relação aos avanços de sua área, inteirando-se do que outros cientistas estão fazendo e, por outro lado, mostrando o que ele próprio está realizando, como forma de ter seu trabalho avaliado pelos seus pares e de garantir a prioridade de suas descobertas.

(UNISINOS, 2014)&

 

Vozes explícitas: citação direta

- autor não faz parte do parágrafo:

A pesquisa científica é um processo complexo, e durante sua execução o pesquisador assume diversas funções: a de líder de equipe, a de captador de recursos, a de comunicador, dentre outras. A função de comunicador é de fundamental importância nesse processo, pois o pesquisador precisa estar constantemente atualizado em relação aos avanços de sua área, inteirando-se do que outros cientistas estão fazendo e, por outro lado, mostrando o que ele próprio está realizando, como forma de ter seu trabalho avaliado pelos seus pares e de garantir a prioridade de suas descobertas. (CAMPELLO, 2000, p. 55).

(UNISINOS, 2014)&

 

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Vozes explícitas: citação indireta

(UNISINOS, 2014)&

 Vozes explícitas: citação indireta

Formas de inserção do discurso alheio: 1. Citação indireta “Citação livre, indireta ou paráfrase é quando o autor do trabalho, através de síntese pessoal redigida com suas palavras, reproduz fielmente as ideias de outro autor, sempre indicando a fonte da qual foram extraídas .” (UNISINOS, 2014, p.80).

 

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Manual&da&biblioteca&da&UNISINOS&

Formas de inserção do discurso alheio:

1. Citação de citação “É utilizada quando o autor não pode consultar o documento original, fazendo a reprodução da informação já citada por outro autor. É importante que o autor procure consultar a fonte original do documento.” (UNISINOS, 2014, 83)

Vozes explícitas: citação de citação

 Manual&da&biblioteca&da&UNISINOS&Vozes explícitas: citação de citação

(UNISINOS, 2014)&  

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Manual&da&biblioteca&da&UNISINOS&Vozes explícitas: citação de citação

(UNISINOS, 2014)&  

Manual&da&biblioteca&da&UNISINOS&Expressões latinas

(UNISINOS, 2014)&

 

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EXERCÍCIOS – CITAÇÕES

 Engenheiros criam site que oferece descontos em troca de atenção3

João Pedro Pereira

Parece um site de vendas online, mas aquilo que ele vende é publicidade. Quantos mais anúncios os usuários virem, mais dinheiro a plataforma faz. A ideia é de quatro engenheiros da informática do Instituto Superior Técnico, em Lisboa. Concluído o curso, em 2009, dois seguiram para a vida profissional, os outros dois para um doutorado. Mas mantiveram o contato e a ideia de criar um negócio.

Depois de várias discussões, o Pricious “nasceu para resolver dois problemas”, diz Carlos Mendes, 27 anos e um dos cofundadores da empresa. “Normalmente, as pessoas não veem publicidade, porque não têm incentivo. Além disso, o poder de compra das pessoas tem diminuído e queríamos descontos para produtos em que as empresas não os fazem”, explica, em uma entrevista em um escritório, compartilhado com outra empresa, no centro de Lisboa. No Pricious, estão à venda o último modelo do iPhone e o recente PlayStation 4. Mas também um Ford Fiesta, uma Bimby e um cartão de 500 euros em compras de produtos da Apple.

O conceito é simples. “Na página de cada produto é colocado um vídeo publicitário. O usuário vê o anúncio e, no final, é colocada uma pergunta sobre o que acabou de ver, com duas opções de resposta. Se acertar, o preço daquele produto sofre uma redução”, detalhou Mendes. As respostas de todos os usuários vão contribuindo para que o desconto seja cada vez maior – e, a qualquer momento, qualquer usuário pode fazer a compra. Não há um limite para o desconto aplicado, mas o sistema faz com que cada redução seja progressivamente menor à medida que aumenta o número de vezes que é aplicado um desconto. Ou seja, é difícil fazer com que um produto fique muito barato bem depressa.

Para quem anuncia, o Pricious procura resolver o problema da falta de atenção aos anúncios em um mundo já repleto de distrações, particularmente quando se trata da Internet. Um outro site português, chamado AdFamilies, está tentando solucionar a mesma questão, mas de uma forma diferente: os usuários devem dar a sua opinião sobre os anúncios que veem e recebem dinheiro por isso.

No caso do Pricious, explicam os engenheiros fundadores, a cobrança aos anunciantes é feita apenas quando a visualização é acompanhada por uma resposta certa. É na diferença entre o montante conseguido com a publicidade e o custo de fazer os descontos que está o negócio. Entre os clientes que já puseram anúncios na plataforma, ou que o farão em breve, estão alguns nomes de peso: Ford e Unilever, por exemplo.

Desde seu lançamento, em 16 de Janeiro, o site, por ora direcionado apenas para o mercado português, conseguiu perto de quatro mil usuários registrados, de acordo com os fundadores. Os descontos estiveram entre 15% e 23%.

Até aqui, o Pricious não significou um grande investimento. O desenvolvimento da plataforma foi feito pelos quatro fundadores, que investiram com um capital de dez mil euros, montante que está sendo gasto sobretudo em campanhas de publicidade online. Os próximos passos serão direcionados a ações para promover o site. A meta, dizem, é chegar aos 100 mil usuários até ao final do ano e tentar faturar 400 mil euros.

                                                                                                                         3 Texto adaptado e revisado. Portal de Notícias Público (Portugal). Disponível em: <http://p3.publico.pt/actualidade/economia/10892/ pricious-este-site-oferece-descontos-em-troca-de-atencao>. Acesso em: 28 fev. 2014.

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1) Releia o texto “Engenheiros criam site que oferece descontos em troca de atenção” e identifique citações diretas e indiretas.

2) Reelabore o parágrafo abaixo inserindo as falas do engenheiro como citações indiretas.

Depois de várias discussões, o Pricious “nasceu para resolver dois problemas”, diz Carlos Mendes, 27 anos e um dos cofundadores da empresa. “Normalmente, as pessoas não veem publicidade, porque não têm incentivo. Além disso, o poder de compra das pessoas tem diminuído e queríamos descontos para produtos em que as empresas não os fazem”, explica, em uma entrevista em um escritório, compartilhado com outra empresa, no centro de Lisboa.

O conceito é simples. “Na página de cada produto é colocado um vídeo publicitário. O usuário vê o anúncio e, no final, é colocada uma pergunta sobre o que acabou de ver, com duas opções de resposta. Se acertar, o preço daquele produto sofre uma redução”, detalhou Mendes. As respostas de todos os usuários vão contribuindo para que o desconto seja cada vez maior – e, a qualquer momento, qualquer usuário pode fazer a compra.

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3) Reelabore o parágrafo abaixo transformando a citação indireta em direta. Seja criativo: invente uma fala para um dos engenheiros!

No caso do Pricious, explicam os engenheiros fundadores, a cobrança aos anunciantes é feita apenas quando a visualização é acompanhada por uma resposta certa.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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8  Resumo:  processo  de  sumarização  

(ver  item  10  do  polígrafo)  

O QUE É RESUMO?

De modo geral, pode-se depreender que o resumo é a apresentação concisa e seletiva das informações de um texto, isto é, destacam-se os elementos de maior interesse e importância - as ideias principais do autor do texto-base. Caracteriza-se por:

• demonstrar a compreensão global do texto-base, com o objetivo de informar o leitor sobre tal texto; • apresentar as ideias essenciais, conforme a progressão e o encadeamento em que aparecem no texto-base.

No resumo, não se deve incluir julgamentos pessoais, comentários e/ou juízos de valor a respeito do texto-base. Como as ideias apresentadas não são de autoria de quem escreve o

resumo, é imprescindível fazer referência ao autor das ideias veiculadas.

1) O processo de sumarização

O ato de resumir é considerado uma decorrência de uma necessidade natural da mente humana, sendo entendido como um mecanismo mental de síntese/redução. Quando se produz um resumo, seja escrito seja oral, sumariza-se conforme o tipo de interlocutor, de acordo com o que se julga que ele deva conhecer sobre o objeto sumarizado, de acordo com o que se julga ser o objetivo desse interlocutor e, também, conforme o local onde o resumo circulará.

2) O ato de resumir no contexto acadêmico

O ato de resumir é um dos mais importantes nas atividades acadêmicas, pois essa capacidade de síntese é indispensável para a produção dos gêneros acadêmicos, tais como resenhas, artigos, relatórios, projetos de pesquisa, dentre outros.

A prática do resumo, além de exercitar a capacidade de síntese, desenvolve a competência da leitura seletiva e objetiva de informações.

3) Como resumir?

Para uma boa prática do resumo, é importante observar algumas “etapas”:

• identificar o plano geral da obra e seu desenvolvimento (compreensão global: observar o gênero do texto, o meio de circulação, o autor, a data de publicação, o tema);

• identificar a ideia central do texto e o objetivo do autor; • identificar as partes principais do desenvolvimento de texto (argumentos ou dados); • identificar as conclusões apresentadas no texto.

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Utilize o mecanismo de paráfrase para produzir o seu resumo!

Releia os itens 5.3, 5.4 e 5.5 deste material antes de elaborar seu resumo.

Feito isso, há alguns procedimentos que podem ser observados para a produção do resumo, tais como:

• supressão de conteúdos facilmente inferíveis a partir do conhecimento de mundo ou do contexto;

• supressão de sequências de expressões que indicam sinonímia ou explicação; • supressão de exemplos; • supressão das justificativas de uma afirmação; • reformulação das informações, utilizando termos mais genéricos;

Atenção! Tais procedimentos são apenas algumas sugestões para a produção do resumo e variam conforme o texto a ser sumarizado. Por exemplo, manter, no resumo, uma analogia ou um exemplo utilizado pelo autor do texto pode ser de suma

importância para o entendimento da questão abordada.

4) Como iniciar o processo de resumir?

1) Ler o texto tantas vezes quantas for necessário para a apreensão de sua ideia global; 2) voltar ao texto e assinalar as palavras, expressões ou ideias-chave; 3) fazer um esquema das ideias: ideia central (tese a ser defendida/questão a ser discutida) e objetivo do autor; argumentos utilizados para sustentar tal ideia/informações apresentadas para tratar da questão; conclusão; 4) observar a articulação entre essas ideias do texto-base; 5) encadear as ideias, formando uma unidade.

5) Como escrever?

1) Para iniciar o resumo, é interessante construir um parágrafo introdutório, a fim de contextualizar o seu leitor. Indique o texto-base a ser resumido, informando título, autor, data e, se necessário e pertinente, o local de publicação. 2) Situe o tema tratado no texto-base e apresente a questão-chave que é discutida (a tese defendida pelo autor). 3) Articule a essa questão-chave os principais argumentos que lhe dão sustentação. 4) Destaque a conclusão a que chega o autor do texto-base. ¢ Ao produzir o seu resumo, pergunte-se: o meu resumo pode ser compreendido em si mesmo por um leitor que não conhece o texto original? ¢ Lembre-se: no resumo você não deve inserir opiniões ou avaliações suas em relação ao texto-base. Além disso, deve fazer referência ao autor das ideias.

Atenção! Não é recomendável elaborar o resumo à medida que se lê o texto pela primeira vez, pois, como ainda não se apreendeu o sentido global do texto, pode-se correr o risco de apresentar pormenores irrelevantes ou omitir informações importantes.

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EXERCÍCIO - RESUMO

Leia atentamente o texto abaixo e produza um resumo de, no máximo, 15 linhas.

É ruim, mas é bom

Referência: JOHNSON, Steven. Tudo que é ruim é bom para você: como os games e a TV nos tornam mais inteligentes. (tradução: Sérgio Goés). Rio de Janeiro: Zahar, 2012. 188 p. R$ 38,00

Resenhado por: Thiago Camelo

Quando o apocalipse se apresenta, em geral ele vem acompanhado de crianças-zumbis jogando videogame, vendo televisão ou mexendo no computador por horas. A degradação do mundo passa, para muitos, pela substituição de “velhos e bons” hábitos culturais por outros nem tanto: videogame, internet e televisão encabeçariam a lista daquilo que está emburrecendo os jovens e tomando o lugar edificante dos livros.

Só por arejar o senso comum, a leitura de Tudo que é ruim é bom para você já valeria a pena. O livro do teórico da comunicação estadunidense Steven Johnson, lançado nos Estados Unidos em 2005, ganhou nova tradução e edição da editora Zahar. Apesar de quase uma década ter decorrido – exatamente os anos de consolidação da web 2.0 e dos consoles com controle sem fio ou sem controle –, o ensaio é ainda bem atual. E é atual exatamente porque combate a visão preestabelecida, pessimista e ultrapresente de que estamos emburrecendo com as ofertas da cultura de massa. Uma espécie de profecia do fim do mundo que vem acompanhada de um temor pelo futuro intelectual dos adolescentes de hoje.

Johnson, autor de obras com ótima repercussão como Cultura da interface (1997) e De onde vêm as boas ideias (2010) e colaborador de revistas como Wired e Time, é reconhecido como um dos mais influentes pensadores da internet. O autor inicia seu livro como quem apresenta uma carta de intenções: “Este livro é uma obra de persuasão à moda antiga que, em última análise, pretende convencê-lo de uma coisa: na média, a cultura popular ficou mais complexa e intelectualmente estimulante ao longo dos últimos trinta anos”. Johnson defende que a cultura popular estimula o sistema neurológico e cognitivo e desenvolve habilidades que gerações passadas nem sonhariam possuir.

Mesmo se o leitor não concordar inteiramente com os argumentos e os exemplos apresentados por Johnson no decorrer das 188 páginas do livro, dificilmente evitará a reflexão sobre o cenário ao nosso redor. Até porque o autor nos cerca de cultura e referências pop, ícones que dificilmente passam desapercebidos: jogos como PacMane SimCity, desenhos animados como Os Simpsons e Procurando Nemo, seriados como 24 horas e House; um deles, ao menos, o leitor há de ter ouvido falar.

Enquanto a maior parte dos críticos da cultura popular acredita em um emburrecimento da sociedade movida a videogames, internet, televisão e filmes blockbusters, Steven Johnson mostra que há em curso uma cultura de massa cada vez mais sofisticada, que está nos tornando mais inteligentes, capazes e informados. Este é o argumento-chave de Johnson: é necessária uma maior capacidade cognitiva para se apreender a maioria das produções culturais atuais, sejam elas jogos, filmes ou seriados. Os games de hoje, por exemplo, exigem cada vez mais dos jogadores, de um jeito que livro algum poderia almejar. Do mesmo modo, se compararmos atentamente as séries de TV recentes com as do passado, veremos um crescimento impressionante de sofisticação narrativa e de demanda intelectual. Ele não julga as qualidades formais e de conteúdo dos reality shows, por exemplo, mas afirma que, para se compreender e acompanhar algumas tramas “em tempo real” e as mudanças repentinas no enredo, é preciso uma certa sofisticação de raciocínio. Johnson diz com todas as letras: “A cultura popular de hoje pode não estar nos mostrando o caminho da retidão. Mas está nos deixando mais inteligentes”.

Introdução:  contextualização  

Apresenta  o  livro,  o  autor  e  temática  

Informações  sobre  o  autor  

Resumo  da  obra  

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Ele chama a descoberta tardia da complexidade intelectual da cultura de massa de “Curva do Dorminhoco”, em homenagem a um clássico diálogo do filme de Woody Allen – O dorminhoco –, em que cientistas do ano 2173 se espantam com o fato de que frituras não eram, no passado, consideradas saudáveis. Entender a Curva do Dorminhoco, segundo o autor, passa por vivenciar a descoberta de que nem tudo o que é ruim, ou dizem ser ruim, de fato faz mal. Ao menos, não faz mal para o desenvolvimento da nossa cognição.

E aqui se apresenta, talvez, uma certa fraqueza do livro. Johnson, em momento algum, avalia mais profundamente o viés artístico das dezenas de obras que cita. Mesmo quando compara obras do passado com as do presente, é para dizer apenas que o lixo de ontem é menos complexo do que o de hoje. No livro, essa argumentação, repetida à exaustão, parece perder a força na medida em que o autor escolhe não “sujar as mãos” com o julgamento da qualidade das obras.

Há dois anos, um ensaio para a revista Serrote, do Instituto Moreira Salles, propôs uma análise do enredo de Prince of Persia, jogo de videogame recente destinado a diversas plataformas. O autor do texto de mais de 30 páginas, o escritor Daniel Galera, aprofunda-se na crítica à narrativa e ao enredo do jogo, destacando uma nova forma de fruição que o videogame pode apresentar – característica que teria a ver com as diversas maneiras de interação com a história propostas pelo jogo. Galera, sem subterfúgios, coloca Prince of Persia no mesmo nível, ou acima, de grandes obras.

O fato de o livro de Johnson deter-se apenas no aumento da capacidade cognitiva e não encarar de frente seriados de TV, jogos de videogame e reality shows como produtos culturais do nosso tempo dignos de uma crítica de arte tira parte do fôlego, não do mérito, de Tudo que é ruim é bom para você. Provocativo, o livro oferece um panorama otimista do mundo contemporâneo. Amparado em diversos fatos sobre as mídias populares e em disciplinas que vão da neurociência à economia, a obra mostra a sociedade não em declínio, mas indo de forma rápida e estimulante em direções que ainda não entendemos completamente. Texto adaptado e revisado. Revista Ciência Hoje On-line. Disponível em: <http://cienciahoje.uol.com.br/resenhas/2012/05/e-ruim-mas-e-bom>. Acesso em: 28 fev. 2014.

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Opinião  do  resenhista  

Informação  extra:  

comparação  com  outra  

obra  

Opinião  do  resenhista  

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9  Artigo  científico:  leitura  e  interpretação  

O  que  é?  

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9.1  Texto  de  apoio  sobre  o  que  é  o  Artigo  Científico.  

O  ARTIGO  ACADÊMICO-­‐CIENTÍFICO:  COMO  ELABORAR?  

Juliana  Alles  de  Camargo  de  Souza4  

 

Resumo:  Alunos  nos  cursos  de  graduação  e  pós-­‐graduação  demonstram  profundas  dificuldades  para  

escreverem  os   artigos   solicitados  por   seus  professores.  Mesmo  alguns  professores,   em  vista  desse  

tipo  de  problema,  mantêm  uma  certa  distância  da  comunicação  da  ciência  que  produzem.  Por   tais  

razões,  este  estudo  pretende  instrumentalizar,  minimamente,  um  leitor  interessado  em  escrever  um  

artigo   acadêmico-­‐científico,   mediante   uma   caracterização   simples   e   breve   deste   gênero   textual.  

Revisam-­‐se   os   estudos   já   concretizados   por  Motta-­‐Roth   (2009),   Feltrim,   Aluísio   e   Nunes   (2000)   e  

materiais  elaborados  pela  articulista  deste  texto  em  cursos  sobre  escrita  acadêmica.  As  seções  e  os  

procedimentos  básicos  da  escrita  do  gênero  em  foco  são  enumerados  e  caracterizados  brevemente,  

para  resultar  num  roteiro  simples  de  auxílio  à  ação  de  escrever  o  artigo  acadêmico-­‐científico.    

Palavras-­‐chave:  Gênero  textual.  Artigo  acadêmico-­‐científico.  Roteiro  simples  para  a  escrita.  

 

Abstract:  Students   in   undergraduate   and   graduate   courses   show  profound  difficulties   to  write   the  articles   requested   by   their   professors.   Even   some   professors,   given   this   type   of   problem,   keep   a  distance   from   the   communication   of   science   they   produce.   For   these   reasons,   this   study   aims   to  minimally   instrumentalize  a  student  or  professional   interested  in  writing  an  academic  and  scientific  article  through  a  simple  and  brief  characterization  of  this  genre.  Furthermore,  this  article  reviews  the  studies   already   implemented  by  Motta-­‐Roth   (2009),   Feltrim,  Aluísio  e  Nunes   (2000),   and  materials  

                                                                                                                         4  Professora  das  Faculdades  Integradas  de  Taquara  –  Faccat.  Mestrado  em  Linguística  Aplicada  pela  Universidade  do  Vale  do  Rio  dos  Sinos.  [email protected]      

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prepared  by  the  writer  of  this  text  in  courses  on  academic  writing.  The  sections  and  the  basics  of  the  writing  of  the  genre  in  focus  are  listed  and  briefly  characterized  to  result  in  a  simple  guide  to  assist  the  action  of  writing  an  academic  and  scientific  article.  

Keywords:  Text  genre.  Academic  and  scientific  article.  Simple  guide  for  writing.  

 

1  Introdução  

Este   artigo   de   revisão   objetiva   mostrar,   de   forma   muito   breve,   os   elementos   que  

caracterizam   o   gênero   textual   artigo   acadêmico-­‐científico,   de   modo   a   constituir   um   roteiro  

simplificado  para  sua  construção.    

Assume-­‐se   a   noção   de   enunciado   que  Marcuschi   (2008,   p.   21)   apresenta,   como   “unidade  

concreta  e  real  da  atividade  comunicativa  entre  os  indivíduos  situados  em  contextos  sociais  sempre  

reais”.   Por   conseguinte,   postula-­‐se   a   noção   de   linguagem   como   uma   atividade   social-­‐interativa;   a  

visão  de  texto  como  “unidade  de  sentido  ou  unidade  de   interação”  (MARCUSCHI,  2008,  p.  21)  e  se  

adota  a  noção  de   compreensão  que   remete  a  uma  atividade  de   construção  de   sentido  emergente  

numa   relação  entre  um  eu  e  um   tu,  bem  como  a   concepção  de  gênero   textual   relacionada  a  uma  

ação  social.  

Nessa  perspectiva,  o  gênero  artigo  acadêmico-­‐científico  pode  definir-­‐se   como  o   texto  mais  

conceituado   na   divulgação   do   saber   especializado   acadêmico   e   científico.   Sua   função   é   ser   uma  

forma  de  comunicação  entre  pesquisadores,  profissionais,  professores  e  alunos  de  graduação  e  pós-­‐

graduação.   Assim,   esses   textos   assim   denominados   “são   trabalhos   técnico-­‐científicos,   escritos   por  

um   ou   mais   autores,   com   a   finalidade   de   divulgar   a   síntese   analítica   de   estudos   e   resultados   de  

pesquisas”  (LEIBRUDER,  2000).  Sua  situação  de  produção  pode  ser  particularizada  como  a  seguir  se  

anota.  

O  artigo  acadêmico-­‐científico  é  um   texto  em  que   se   relata  uma  pesquisa,  um  estudo,  uma  

experiência  científica   (artigo  experimental)  ou  no  qual   se  desenvolve  uma  discussão   teórica   (artigo  

de   revisão).   Os   especialistas,   cientistas,   acadêmicos   ou   estudantes   são   os   produtores   desse   texto  

com  a  finalidade  de  relatar  seus  estudos,  suas  pesquisas  ou  experimentações  e/ou  discutir  estudos  

teóricos  sobre  uma  dada  realidade  ou  tema.  Tal  gênero  é  marcado  por  atingir,   fundamentalmente,  

um  público  mais  especializado  ou  os  pares.  Igualmente,  alcança  leitores  em  formação  na  academia,  

posto   que   circula   em   periódicos   científicos   das   diversas   áreas   de   conhecimento   e   em   sites  

acadêmicos,  nas  versões  online.  

Page 69: apostila Produção de Textos Acadêmicos

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Trabalhos   relevantes   sobre  escrita   acadêmica  em   língua   inglesa,   como  o  de   Swales   (1990),  

preocuparam-­‐se  com  o  exame  dos  movimentos  textuais5  que  particularizam  o  gênero.  Estudos  sobre  

o   tema,  no  Brasil,   como  o  de  Motta-­‐Roth   (2009)   e   Feltrim,  Aluísio   e  Nunes   (2000)   são   importante  

base  deste  breve  artigo  de  revisão.  

Este   trabalho,   dadas   essas   pressuposições   teóricas   iniciais,   objetiva   esclarecer   alguns  

detalhes   sobre   a   escrita   de   um   artigo   acadêmico-­‐científico,   explicitando   o   que   se   convenciona  

chamar   de   movimentos   textuais   pertinentes   ao   gênero   focalizado.   Assim,   o   texto   em   curso   se  

compõe  de  oito  seções  que  explicitam  os  movimentos  (SWALES,  1990)  ou  ações  necessárias  para  que  

o   artigo   cumpra   sua   finalidade   de   compartilhar   as   descobertas   e   as   revisões   comparativas   que   as  

abordagens   acadêmico-­‐científicas   oportunizam.   Justifica-­‐se   e   fundamenta-­‐se   o   trabalho  

empreendido,   singularizam-­‐se  os  movimentos   gerais   e   específicos  de  Resumo,   Introdução,  Revisão  

de  Literatura  ou  Pressupostos  Teóricos,  Materiais,  Métodos  ou  Metodologia,  Resultados  e  Discussão,  

Conclusão  ou  Considerações  Finais.  

 

2  Por  que  o  artigo  acadêmico-­‐científico?  

O   artigo   acadêmico   concretiza   um   impacto   numa   dada   área   de   conhecimento,   quando   os  

estudos   que   relata   ou   a   discussão   que   desenvolve   são   adequados   às   práticas   de   pesquisa   e   de  

argumentação  utilizadas  nessa  área.  Dessa  maneira,  o  produtor  do  artigo  pode  descrever  o  estudo  em  

questão,  expor  e  avaliar  seus  resultados,  concluir  e  argumentar  diante  de  seus  leitores.  

A   fim   de   que   o   produtor   de   um   artigo   acadêmico-­‐científico   atinja   seus   objetivos   (relatar  

pesquisa,   estudos,   experimentações   e   discutir   teorias),   são   fundamentais   as   seguintes   etapas,   as  

quais   contribuem  para  a  estruturação  do  artigo:   a)   seleção  de   referências  bibliográficas   relevantes  

sobre  o  tema  em  questão;  b)  reflexão  sobre  estudos  já  realizados  sobre  tal  tema;  c)  delimitação  de  

um  problema  a  ser  estudado,  que  ainda  revele  lacunas  (ou  novas  direções)  a  serem  investigadas  na  

área  de  conhecimento;  d)  elaboração  de  uma  abordagem  para  exame  do  problema;  e)  delimitação  e  

análise   de   um   corpus   representativo   desse   universo   sobre   o   qual   o   estudioso   quer   se   debruçar;   f)  

apresentação  e  discussão  dos  resultados  obtidos  com  a  análise  e/ou  as  experimentações  desse  corpus  

ou   recorte   experimental;   g)   conexão   com   estudos   prévios   na   área   de   conhecimento   em   foco,   e  

conclusão  que  pode  levar  a  generalizações,  a  partir  dos  resultados,  ou  a  novos  rumos  investigativos,  em  

vista  das  correções  e  descobertas  que  os  resultados  apontarem  (MOTTA-­‐ROTH,  2009).  

                                                                                                                         5  Swales  (1990)  realizou  trabalhos  em  Sociorretórica,  focalizando  a  esquematização  de  gêneros  acadêmicos  em  Língua   Inglesa.  No  modelo  que  cria,  postula  movimentos  de  texto  constituídos  por  passos.  Por  exemplo:  no  Resumo,  que  é  um  movimento  textual  (etapa  de  construção)  do  artigo  acadêmico-­‐científico,  um  dos  passos  anotados  é  a  contextualização  ou  a  apresentação  da  pesquisa  e  outro,  a  exposição  de  um  tópico  principal.  

Page 70: apostila Produção de Textos Acadêmicos

  70  

Esses  passos  ou  etapas  estão  representados  na  Figura  1,  que  se  transcreve  a  seguir:    

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Figura  1  -­‐  Progressão  do  artigo  acadêmico-­‐científico  

Fonte:  Motta-­‐Roth  (2009,  p.  41)    

 

A   Figura   1   mostra,   numa   progressão   que   se   ampara   no   geral,   uma   especificação   da  

abordagem  concretizada  na   Introdução  e  Metodologia  que  se  amplia  novamente,  num  movimento  

de  retorno  aos  aspectos  generalizantes.  Configuram-­‐se,  dessa  forma,  as  quatro  seções  fundamentais  

do   artigo   acadêmico-­‐científico:   Introdução,  Metodologia,   Resultados   e   Discussão.   A   progressão   de  

uma  seção  para  outra  representa  “a  passagem  de  uma  visão  geral  da  disciplina  como  um  campo  de  

conhecimento,  em  direção  a  uma  perspectiva  mais  específica  de  um  problema  ainda  não  resolvido”,  

de  acordo  com  o  que  escreve  Motta-­‐Roth  (2009,  p.  40).    

3  O  resumo  de  um  artigo  acadêmico-­‐científico  

Metodologia:  Descrição  dos  materiais  e  procedimentos  usados  no  trabalho  para  estudar  o  problema.  

+  GERAL  

Introdução:  Apresentação  de  fatos  conhecidos,  resumo  de  estudos  prévios,  generalizações  sobre  conhecimento  compartilhado  e  indicação  da  importância  do  assunto  

para  a  área.  +  GERAL  

 

+  Específico  Identificação  de  um  problema  a  ser  estudado  

Resultados:  Informações  e  dados  obtidos,  comentados  com  o  auxílio  de  exemplos  retirados    do  próprio  trabalho.  

Discussão:  Interpretação  dos  resultados  em  relação  ao  que  se  avançou  no    conhecimento  do  problema.  

+  GERAL  

+  Específico  

 

+  GERAL  

Page 71: apostila Produção de Textos Acadêmicos

  71  

Como   aparece   na   abertura   deste   texto,   o   Resumo   objetiva   trazer   ao   leitor   uma   visão  

sumarizada  do  que  vai  ser  desenvolvido  no  corpo  do  artigo.  Muitos  leitores  consultam  resumos  para  

verificar  do  que  trata  o  artigo  e  para,  de  fato,  confirmar  se  a  leitura  será  válida  ou  não  para  o  fim  que  

têm  em  vista.    

O  Resumo  acadêmico,  por  essa  razão,  deve  apresentar,  sempre  de  forma  direta  (isso  inclui  a  

linguagem),   o(s)   objetivo(s)   (dentro   de   que   se   pode   citar   o   problema   de   pesquisa   focalizado);   a  

metodologia;  os  resultados/discussão  e/ou  as  conclusões  principais  do  estudo  realizado.  Utilizam-­‐se,  

no   final   do   resumo,   palavras-­‐chave,   e,   dependendo   do   periódico   e   das   normas   que   este   possuir,  

deve-­‐se   traduzi-­‐lo   (e   também   as   palavras-­‐chave)   para   uma   língua   estrangeira   especificada   (a  mais  

utilizada   é   a   língua   inglesa).   Outro   cuidado   é   observar   o   número   de   palavras   que   o   resumo   deve  

respeitar,   o   que   é   preconizado   pelas   normas   de   um   dado   evento   ou   periódico.   Por   exemplo,   nas  

Faculdades  Integradas  de  Taquara  (FACCAT),  o  Resumo  não  deve  ultrapassar  250  palavras.  O  Resumo  

é  considerado  o  portão  de  entrada  do  artigo  acadêmico-­‐científico  e,  por  isso,  deve  ser  elaborado  de  

forma  muito  enxuta  linguística  e  textualmente,  o  que  o  uso  da  terceira  pessoa  do  singular,  com  sua  

impessoalidade,   possibilita.   Dessa   forma,   oportuniza-­‐se   atingir   o   fim   a   que   se   destina,   já   que,  

inúmeras  vezes,  o  resumo  de  artigos  é  reproduzido  em  publicações  ou  sites  que  listam  apenas  esta  

parte  inicial  do  artigo,  a  fim  de  que  os  leitores,  por  meio  dessas  sumarizações,  decidam  ler  ou  não  o  

artigo  em  sua  totalidade.  

É   essencial   lembrar-­‐se   de   que,   ao   final   do   Resumo,   colocam-­‐se   as   palavras-­‐chave.   Estas  

sintetizam  os  pilares  sobre  os  quais  o  estudo  se  faz.  Aconselha-­‐se  que  essas  palavras  sejam  escritas  

em  ordem  da  mais  geral  para  a  mais  específica.  

 

4  A  Introdução  no  artigo  acadêmico-­‐científico  

A   Introdução   de   um   artigo   acadêmico-­‐científico   é   uma   espécie   de   enquadramento   que  

orienta   o   leitor   na   imersão   que   realiza   no   texto.   Ela   contextualiza   o   leitor   na   sua   jornada   de  

compreensão   textual.   Mostra,   igualmente,   o   planejamento   global   que   esquematiza   e   organiza   os  

passos  seguintes  do  texto.  É  nessa  etapa  que  se  relata  a  construção  do  problema  e  tema  da  pesquisa  

e  é  aí  que  se  enumeram  os  objetivos  que  o  trabalho  define,  os  quais  lhe  conferem  razão  de  existir.  

Sugere-­‐se  que  a  Introdução  do  artigo  focalize  os  seguintes  aspectos:  a)  generalização  sobre  o  

tema  abordado  (objeto  de  estudo,  ponto  de  vista);  b)   indicação  da  relevância  do  tema  para  a  área  

(justificativas);  c)  identificação  de  lacunas  que  existem  nos  estudos  sobre  o  tema  focalizado;  d)  breve  

explicação  sobre  como  o  artigo  pretende  preencher  essas  lacunas  (método  utilizado);  e)  explicitação  

Page 72: apostila Produção de Textos Acadêmicos

  72  

dos  objetivos  do  artigo;   f)  descrição  da  estruturação  do  artigo  quanto  às  seções  que  elabora  e  seu  

foco  principal.  

Hipóteses  de  estudo  bem  como  uma  alusão  rápida  e  geral  de  resultados  podem  ser  anotadas  

com  extrema  brevidade,  estrategicamente.  

Dadas   essas   pistas   sobre   a   Introdução,   procede-­‐se   à   sucinta   explicação   dos   outros   passos  

importantes  na  elaboração  do  artigo  em  foco.  

 

5  Revisão  de  literatura  ou  pressupostos  teóricos  

A  Revisão  de  Literatura  ou  os  Pressupostos  Teóricos  constituem  o  movimento  ou  etapa  do  

artigo   que   apresenta   as   teorias   assumidas   e   postuladas   para   o   exame   do   corpus   representativo  

selecionado,   ou   para   a   discussão   sobre   uma   experiência   ou   experimentação   realizada,   com   um  

determinado  objetivo  já  explicitado  na  Introdução  do  texto.  Os  procedimentos  de  escrita  conhecidos  

como  citação  (direta  e  indireta)  são  comuns  nesta  etapa,  pois,  ao  apresentar  as  ideias  dos  autores,  é  

necessário   o   uso   de   verbos  dicendi   (dizer,   apontar,   anotar,   indicar,   contrapor,   discutir,   enumerar,  

relatar,   entre  muitos   outros).   A   citação  direta   tem  uma   formatação  própria   e   norma  particular   de  

citação  (quando  longa  envolve  recuo  e  mudança  de  tamanho  de  fonte  e,  quando  curta,  fica  inserida  

no  parágrafo  e  delimitada  por   aspas)   e   seu  uso   serve  para   trazer   a   fala  direta   (cópia)  do  autor  no  

corpo   do   texto   em   construção.   Já   a   citação   indireta   relata   o   que   o   autor   disse,   com   construção  

elaborada   por   quem   está   redigindo   o   texto.   Para   saber   detalhes   formais,   sugere-­‐se   consulta   ao  

manual  de  formatação  da  Faccat.  Realizou-­‐se  esta  pressuposição  e  fundamentação,  neste  texto,  na  

Introdução   e   na   em   que   se   delinearam   alguns   suportes   teóricos   para   a   construção   da   análise   do  

gênero  em  foco.    

 

6  Materiais  e  métodos  ou  metodologia?    

A  pergunta  que  dá  título  a  esta  seção  tem  como  propósito  esclarecer  o  fato  de  que  artigos  da  

área  das   ciências  mais  exatas   têm  uma   rotina  mais   fixa  de  configuração.  Assim,  o  uso  do   título  de  

uma   seção   “Materiais   e  Métodos”   é   bastante   comum   e   de   indiscutível   necessidade,   já   que   ali   se  

apontam  os  materiais  utilizados  em  uma  pesquisa  em  Botânica,  por  exemplo,  e  os  métodos  utilizados  

para  a  coleta,  organização  e   interpretação  de  dados  coletados.  Em  áreas  mais  sociais  ou  humanas,  

costuma-­‐se   também  usar  o   termo  Metodologia   como   título  desta   seção  ou  mesmo  uma   frase  que  

signifique   que   esse  momento   do   texto   explicita   os   percursos  metodológicos   adotados.   Essa   seção  

visa  a  descrever  os  caminhos  percorridos  de  uma  experimentação,  de  um  exame  de  um  corpus  ou  de  

Page 73: apostila Produção de Textos Acadêmicos

  73  

um  estudo  sobre  uma  dada  teoria  ou,  ainda,  sobre  um  conjunto  de  teorias  sobre  um  determinado  

tema  ou  problema,  por  exemplo.  

Muitos  métodos   são   consagrados  nas  diversas  áreas  de   conhecimento;  outros   são  novos  e  

outros  são  conjugados  diante  de  uma  necessidade  de  situação  de  pesquisa.  O  que  se  ressalta  é  que  

todos  precisam  ser  explicados  e  esclarecidos  na  seção  do  artigo  dedicada  à  metodologia.  

No  caso  de  uso  de  materiais  específicos  para  uma  investigação  de  campo,  para  o  exame  de  

um  tema,  ou  de  um  corpus  também  se  exige  enumeração  e  descrição  clara,  específica.  

A  Figura  2,  a  seguir,  pode  ilustrar  o  que  se  diz  acima:  

 

 

 

 

 

 

 

 

Figura  2  -­‐  Artigo  acadêmico-­‐científico  das  áreas  exatas  e  das  áreas  sócio-­‐humanas  

Fonte:  Adaptado  de  Feltrim,  Aluísio  e  Nunes  (2000,  p.  4).  

 

Note-­‐se  que  esta   figura  em  forma  de  carretel  mostra  com  clareza  a  abertura  generalizante  

que  o  artigo  possui  em  seu  início  (Resumo  que  sumariza,  Introdução  que  contextualiza  e  enquadra),  

um  estreitamento  do  foco,  quando  realizada  a  análise  e  a  Pressuposição  Teórica  (especificando-­‐se  o  

estudo   em   questão)   e   uma   nova   ampliação,   que   ocorre   na   Discussão/Conclusão   ou   nas  

Considerações  Finais.  

O  círculo  marca  a  diferença  que  se  pode  verificar  nos  artigos  de  ciências  mais  exatas  como  a  

Física  ou  Biologia,  por  exemplo,  quando  Materiais  e  Métodos  e  Resultados  são   listados  ou   focados  

muito  especificamente  no  corpo  textual.  Já  nas  ciências  de  feição  social  ou  humana,  a  Pressuposição  

Teórica  e  a  análise  de  corpus  de  textos,  por  exemplo,  revelam,  por  vezes,  uma  organização  que  pode  

usar  títulos  bem  específicos  os  quais  delimitam  a(s)  metodologia(s)  empregada(s)  no  estudo.  

Resumo

Introdução

Materiais e métodos

Resultados

Discussão Conclusões

Resumo

Introdução

Pressupostos teóricos

Análises (corpora) Outros títulos

específicos

Considerações finais

Page 74: apostila Produção de Textos Acadêmicos

  74  

7  Resultados  

As   diferenças   entre   as   áreas   aqui   também   influenciam   a   maneira   de   organizar   este  

movimento  do  texto.  Em  textos  de  metodologia  exclusivamente  quantitativa,  as  tabelas  e  os  gráficos  

podem  aparecer   para   demonstrar   os   resultados   obtidos   estatisticamente,   fato   comum  nas   Exatas.  

Nas   áreas   mais   Humanas   ou   Sociais,   embora   o   quantitativo   e   esses   procedimentos   também  

apareçam,   os   resultados   podem   ser   descritos   num   texto   que   compara,   avalia   e   que   faz   uma  

contabilização  mais  qualitativa  do  que  estatística  ou  até  uma  revisão,  tal  como  se  faz  neste  texto.  Por  

isso,  esta  seção,  às  vezes,  se  mescla  às  considerações  finais  ou  às  conclusões  neste  último  caso.  

Neste  texto  em  curso,  obtém-­‐se  um  quadro  em  palavra  e  imagens  (figuras  que  estão  listadas  

sequencialmente,   conforme   a   norma)   sobre   o   que   caracteriza   o   gênero   textual   artigo   acadêmico-­‐

científico.   Isso   implica   registro   de   observações   relevantes   que   um   leitor   interessado   ou   com  

necessidade   de   escrever   um   artigo   possa   utilizar   para   realizar   sua   tarefa   de   comunicar   suas  

descobertas  de  pesquisa.  

 

8  Conclusão  ou  considerações  finais  

A   Conclusão   efetua   um   movimento   inverso   ao   que   se   faz   na   introdução:   “enquanto   a  

introdução  delimita  o   tema  estudado  partindo  de  um  universo  até  chegar  a  um  nicho,  a  conclusão  

amplia  novamente  o  tema  do  nicho  ocupado  até  chegar  ao  universo”  (FUCHS;  SOUZA,  2009).  

Assim,   na   conclusão,   se   realizam:   a)   a   revisão   e   interpretação   dos   principais   resultados  

obtidos;  b)  a  demonstração  de  como  os  resultados  e  suas  interpretações  concordam  ou  contrastam  

com  pesquisas  anteriores,  apresentando  razões  possíveis  para  os  resultados  obtidos;  c)  a   indicação  

da  relevância  dos  resultados  do  estudo  para  a  área  em  que  se  insere  e  até  para  outras  com  as  quais  

tenha   relação;   d)   a   discussão   de   implicações   teóricas   do   trabalho   e   de   possíveis   aplicações   que   o  

trabalho   oportuniza;   e)   as   recomendações   e   sugestões   para   futuros   estudos   de   ampliação   ou  

aprofundamento   de   questões   discutidas   no   trabalho,   com   possível   abertura   de   lacuna   a   ser  

preenchida  por  novas  pesquisas.  

Dessa   maneira,   este   texto   cumpre   o   objetivo   a   que   se   propôs,   em   vista   de   anotar   os  

movimentos  do  texto  do  artigo  acadêmico-­‐científico  e  os  procedimentos  internos  de  cada  uma    

das  etapas  de  configuração  do  gênero.  

Sublinha-­‐se  que  estudos  sobre  a  expressão  linguística  inerente  à  escrita  do  artigo  acadêmico-­‐

científico,   como   o   uso   do   discurso   citado,   da   modalização,   da   paráfrase   e   da   ação   de   resenhar  

Page 75: apostila Produção de Textos Acadêmicos

  75  

constituem   um   trabalho   mais   longo   e   de   cunho   mais   específico.   Tais   procedimentos   ficam   como  

sugestão  para  outros  estudos  sobre  este  gênero  que  acompanha  o  pesquisador  que  todos  devem  ser  

quando  habitam  o  universo  do  saber.  

Conclui-­‐se  com  uma  citação  direta   (que  ainda  não  se  exemplificou  no  corpo  deste  texto),  a  

qual  fecha  com  significativa  importância  tudo  que  se  anotou:  

Escrever   é  parte   inerente   ao  ofício  do  pesquisador   (FEITOSA,   1991).  O   trabalho  do  cientista  não  se  esgota  nas  descobertas  que  faz.  É  de  sua  responsabilidade  comunicar  os  seus  resultados,  suas  descobertas,  suas  criações.  Sendo  assim,  a  escrita  científica  caracteriza-­‐se   como   um   processo   de   comunicação   muito   importante,   pois   uma  descoberta   científica   torna-­‐se   reconhecida   através   das   publicações   de   seus  resultados.  (FELTRIM,  ALUÍSIO;  NUNES,  2000,  p.  1).  

 

Referências  

FEITOSA,  Vera  Cristina.  Redação  de  textos  científicos.  Campinas:  Papirus,  1991.  

FELTRIM,  Valéria  Delisandra;  ALUÍSIO,  Sandra  Maria;  NUNES,  Maria  das  Graças  Volpe.  Uma  revisão  bibliográfica  sobre  a  estruturação  de  textos  científicos  em  português.  São  Carlos:  ICMC-­‐USP,  2000.  

FUCHS,   Juliana   Thiesen;   SOUZA,   Juliana   Alles   de   Camargo.   Como   escrever   (sem   medo)   o   artigo  acadêmico.  Curso  de  Extensão  EaD.  Edição  2009/2.  São  Leopoldo:  UNISINOS,  2009.  

LEIBRUDER,  Ana  Paula.  O  discurso  de  divulgação  científica.  In:  BRANDÃO,  Helena  Nagamine.  Gêneros  do  discurso  na  escola:  mito,  conto,  cordel,  discurso  político,  divulgação  científica.  São  Paulo:  Cortez,  2000.    

MARCUSCHI,   Luiz   Antônio.   Produção   textual,   análise   de   gêneros   e   compreensão.   São   Paulo:  Parábola,  2008.    

MOTTA-­‐ROTH,   Désirée.   Artigo   acadêmico.   In:   MOTTA-­‐ROTH,   Désirée   (Org.).   Redação   acadêmica:  princípios  básicos.  Santa  Maria:  Imprensa  Universitária,  2009.    

SWALES,   John   M.   Genre   analysis:   english   in   academic   and   research   settings.   Madrid:   Cambridge  University  Press,  1990.    

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9.2 Resumo acadêmico-científico

 

 

Resumo  acadêmico-­‐científico  “O   resumo   acadêmico-­‐científico   pode   corresponder   (i)   a   uma   parte   de   uma   publicação  

acadêmico-­‐científica   ou   (ii)   a   uma   publicação   que   integra   resumos   de   um   evento   ou   periódico.”  (GIERING  et  al.,  2010,  p.  29).  

Ao   trabalhar   com   o   resumo   de   um   artigo   acadêmico,   a   referência   é   o   primeiro   tipo   de  resumo  mencionado  por  Giering  et  al.  (2010).  Nesse  sentido,  todo  resumo  acadêmico-­‐científico  tem  a   função   de   apresentar   ao   leitor   as   informações   essenciais   do   artigo.   Para   cumprir   essa   função,   o  texto  deve  ser  composto  pelas  seguintes  partes,  sendo  as  partes  destacadas  em  negrito  elementos  obrigatórios  da  produção  textual:  

a)  Contexto;  b)  Lacuna;  c)  Propósito;  d)  Metodologia;  e)  Resultados;  f)  Conclusão.  

 

 

 

Logo,  o  texto  precisa:  

a)  ser  breve  e  conciso  (enfocar  as  ideias  principais,  deixando  de  lado  as  secundárias);  

b)  ser  claro;  

c)  usar  a  ordem  direta  e  frases  pouco  extensas  (evitar  as  frases-­‐parágrafo);    

d)  empregar  a  terceira  pessoa;  

e)  seguir  uma  ordem  lógica;  

f)  usar  conectores,  quando  necessário;  

g)  usar  o  presente  do  indicativo  (o  pretérito  somente  para  os  resultados);  

h)   usar   marcadores   discursivos   para   indicar   o   tema   de   cada   sentença   (objetivo,   metodologia,  resultados,  conclusão...);    

i)  redigir  o  texto  em  parágrafo  único.    

 

 

 

 

 

 

 

 

Page 77: apostila Produção de Textos Acadêmicos

  77  

Exercício:    

AVALIAÇÃO DA POLUIÇÃO SONORA GERADA PELO TRÁFEGO DE VEÍCULOS NO JARDIM BOTÂNICO BOSQUE RODRIGUES ALVES EM BELÉM – PA

Resumo: O ruído é um fato comum nos grandes centros urbanos, gerado principalmente por tráfego de veículos. Estudos mostram que o ruído de tráfego de 66 dB(A) é considerado como o limiar do dano à saúde e, consequentemente, a medicina preventiva estabelece 65 dB(A) como o nível máximo que um cidadão pode se expor no meio urbano, sem riscos. Em muitas cidades, os níveis sonoros urbanos já alcançaram valores inaceitáveis e mesmo em áreas de refúgio, tais como praças e parques, já não é possível usufruir de um ambiente sossegado. Neste contexto, decidiu-se realizar uma avaliação do nível de ruído, gerado pelo tráfego de veículos, no interior do Jardim Botânico Bosque Rodrigues Alves, na cidade de Belém-PA. Efetuaram-se medições do nível sonoro equivalente em dB(A) em 20 pontos espalhados dentro da área do Bosque, além de entrevistas com os frequentadores do local para conhecer suas percepções em relação ao ruído ambiental. Constatou-se que 45% dos pontos de medição apresentaram níveis sonoros acima de 65 dB(A) e 15% dos pontos avaliados não satisfizeram à Lei Municipal no 7.990 de 2000, que fixa o limite de 70 dB(A) como nível máximo de emissões sonoras em áreas verdes. O resultado do questionário aplicado na forma de entrevistas aos frequentadores do Bosque mostrou que 30% dos entrevistados apontam a poluição sonora e 10% indicam a falta de segurança como fatores de perturbação no local. Palavras-chave: Nível Sonoro, Ruído, Riscos Ambientais, Conforto Ambiental.

A UTILIZAÇÃO DO DESIGN COMO VANTAGEM COMPETITIVA NO SETOR MOVELEIRO DE SANTA MARIA/RS

Resumo: Este artigo expõe a contribuição inovadora e dinamizadora dos profissionais do design no setor moveleiro, enfocando o aumento da competitividade da cadeia produtiva do setor. Desta forma, a questão motivadora do estudo busca determinar: como o design, enquanto estratégia, alinhado a qualidade, pode atuar como diferencial competitivo em micro e pequenas empresas do setor moveleiro? Para concretizar o estudo foram realizadas entrevistas individuais com os gestores de indústrias moveleiras e aplicados questionários aos consumidores de móveis na região de Santa Maria, localizada no centro do Estado do Rio Grande do Sul. A pesquisa mostrou que, a procura por mecanismos, que geram competitividade entre as empresas está cada vez mais intensa, e a busca por métodos inovadores para conseguir a eficiência é de grande importância. O design agrega valor ao produto em termos de estética, ergonomia, conforto e funcionalidade, além de ser um elemento muito importante na racionalização da produção.

Palavras-chave: Indústria moveleira. Design. Qualidade. Competitividade.

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  78  

10 Quadro-resumo sobre os gêneros

A  partir  dos  estudos  realizados  em  aula,  complete  o  quadro  abaixo:  

  Artigo  de  Divulgação  Cie.   Artigo  Acadêmico   Resumo  indicativo  

O  que  é?  

 

 

 

     

Qual  a  função?  

 

 

 

     

Onde  encontramos?  

 

     

Quem  escreve?  

 

     

Quais  são  as  princi-­‐pais  características?    

 

 

 

 

     

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EXERCÍCIOS

Os mecanismos de conexão: o uso de organizadores textuais

Conforme Machado (2010, p. 47), na elaboração de um texto, é fundamental orientar o nosso leitor “para que ele possa entender as diferentes relações que queremos estabelecer entre as ideias”. E de que forma estabelecemos estas relações? Utilizamos palavras que possuem a função de organizar o que está sendo escrito – são os chamados ORGANIZADORES TEXTUAIS. Também chamados de “conectivos”, que são elementos de conexão de frases. Mas esta relação é mais ampla, segundo Machado: estabelecer relação entre as ideias, não apenas em frases, mas também entre parágrafos.

A seguir, analisaremos os ORGANIZADORES TEXTUAIS e verificaremos quais suas funções.

Atividade 1. Classifique os conectivos abaixo no quadro a seguir, segundo suas funções.

 

Não só... mas também entretanto – com efeito – embora – ainda que –

no entanto – de fato – contudo – apesar de – mesmo que - mas

Conectivos que indicam adição de ideias

Conectivos que indicam

contraste entre ideias ou argumentos contrários

Conectivos que indicam explicação / constatação / confirmação

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Atividade 2. Além dos conectivos acima, podemos também encontrar outros que têm valores/funções diferentes. Marque com

- C: os conectivos que introduzem conclusões;

- A: os que introduzem argumentos, causas ou justificativas.

( ) já que ( ) assim ( ) uma vez que ( ) devido a

( ) por isso ( ) como ( ) isso posto ( ) pelo fato de

( ) assim sendo ( ) portanto ( ) porque ( ) pois

Atividade 3. Identifique os conectivos nos trechos abaixo.

Texto 1

Nas últimas décadas, a obra de Vygotsky tem sido intensamente recuperada, pois sua influência sem dúvida é crescente no panorama atual, tanto no tocante à psicologia cognitiva quanto à educação em geral.

Esse é um texto claro e abrangente de psicologia pedagógica, destinado sobretudo à formação docente, cujo destaque é a grande amplitude dos temas abordados [...]

In: VYGOTSKY, L. Psicologia pedagógica. Ed. Comentada. São Paulo: Artmed, 2001. Quarta capa.

Tese do autor Argumentos usados Conectivos que introduzem os argumentos e seu valor

Pois – causa ou justificativa

Atividades propostas com base em:

MACHADO, Anna Rachel (Org.) Resenha. São Paulo: Parábola Editorial, 2004. p. 47-50

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Trabalho:    

Leia  atentamente  o  artigo  acadêmico  “A  produção  científica  sobre  inovação:  análise  da  base  SciELO  no  período  de  2005  a  2012”  e  responda  às  questões  abaixo.    

 

1)  Identifique  quais  são  as  seções  que  integram  o  artigo  acadêmico  em  análise?  

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2)  Resuma  em  uma  frase  a  ideia  central  do  texto  lido.  

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_____________________________________________________________________________________________________  

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3)  Sobre  a  estrutura  do  artigo  lido,  identifique  quais  são  as  seções  e  as  subseções  que  integram:  

a)  introdução  do  texto?    

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b)  desenvolvimento?  

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c)  conclusão?  

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4)  De  acordo   com  a  estrutura  do   texto   artigo  acadêmico  estudada  em  aula,   este   artigo  apresenta   as   seções  essenciais  de  um  artigo  acadêmico?  Justifique  a  sua  resposta,  fazendo  uma  citação  direta  (AUTOR,  ano,  página)  do  texto  “O  Artigo  Acadêmico-­‐Científico:  Como  Elaborar?”  de  Juliana  Alles  de  Camargo  de  Souza.    

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5)  Identifique  e  classifique  (na  ordem  em  que  elas  aparecem  no  texto)  as  citações  bibliográficas  presentes  nos  três  primeiros  parágrafos  da  seção  Introdução.  (Para  facilitar  a  sua  resposta,  coloque  o  autor  e  o  ano  e  ao  lado  o  tipo  de  citação).  

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6)  Ainda  de  acordo  do  a  seção  Introdução,  identifique,  na  ordem  em  que  elas  aparecem  no  texto,  quais  são  os  tipos  de  informações  que  integram  os  dois  últimos  parágrafos  do  texto  de  acordo  com  a  teoria  estudada.  

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7)  A  secção  denominada  de  Metodologia  está  de  acordo  com  os  preceitos  teóricos  vistos  em  aula?  Justifique  a  sua  resposta.  

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8)  Identifique  os  principais  resultados  apresentados  na  seção  Conclusão,  sintetizando-­‐os  em  um  período.  

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9)  Os  autores,  na  página  39  do   texto,  apresentam  uma  citação  direta  de  mais  de   três   linhas.  A  partir  da   sua  leitura,  transforme-­‐a  em  uma  citação  indireta  com  o  autor  inserido  no  parágrafo  (lembre-­‐se  que  há  uma  forma  específica  para  a  realização  desse  tipo  de  citação).    

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