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Apostila Provao Portugues Ens- Medio

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ÍNDICE

Conteúdo Págs.

01 Linguagem Literária....................................................................................... 0302 Figuras de Linguagem.................................................................................... 0303 Gêneros Literários.......................................................................................... 0404 Formas Literárias............................................................................................ 0505 Literatura........................................................................................................ 0606 Estilo............................................................................................................... 0607 Romantismo no Brasil.................................................................................... 0708 Antonio Gonçalves Dias................................................................................. 0809 José de Alencar............................................................................................... 0910 O Realismo no Brasil..................................................................................... 0911 Machado de Assis........................................................................................... 1012 O Naturalismo................................................................................................ 1013 Aluízio de Azevedo........................................................................................ 1014 Pré-Modernismo............................................................................................. 1115 Monteiro Lobato............................................................................................. 1116 O Modernismo................................................................................................ 1217 Manoel Bandeira............................................................................................ 1418 Mário de Andrade........................................................................................... 1519 Carlos Drummond de Andrade....................................................................... 1620 Cecília Meireles.............................................................................................. 1721 Jorge Amado................................................................................................... 1922 José Lins do Rêgo........................................................................................... 2023 Graciliano Ramos........................................................................................... 1924 Érico Veríssimo.............................................................................................. 2025 Clarice Lispector............................................................................................ 2426 João Cabral de Melo Neto.............................................................................. 2427 Tendências Contemporâneas.......................................................................... 2628 Lista de Obras para Leitura............................................................................ 2929 Textos para Interpretação............................................................................... 3030 Produção de Texto – Dissertação................................................................... 3831 Gramática – Verbos Irregulares – Exercícios ................................................ 4332 Concordância Verbal...................................................................................... 4833 Concordância Nominal................................................................................... 5034 Regência Verbal............................................................................................. 5235 Palavras e Expressões que Apresentam Dificuldades.................................... 5536 Quadro de Resposta dos Exercícios............................................................... 6037 Bibliografia..................................................................................................... 63

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A linguagem literária tem várias funções ou finalidades, de acordo com as intenções do emissor (autor do texto ou da fala).

Uma mesma palavra pode ter vários sentidos, num texto ou numa fala, conforme o contexto em que se encontra. Observe:

Levei uma fruta doce para o meu doce amor.

Denotação Conotação

1.1- Figuras de Linguagem (resumo)

Metáfora - A vida é um combate. (Machado de Assis)Comparação - A vida é como combate.Metonímia - Ganhar o pão com o suor do rosto. (suor em vez de trabalho)Sinestesia - Aqueles dias de luz tão mansa. (Mário Quintana).Antítese - Desculpe-me por ter sido longo porque não tive tempo de ser breve. (Vieira)Prosopopéia ou Personificação - As estrelinhas cantam como grilos... (Mário Quintana)Onomatopéia - Sino de Belém, bem-bem-bem/ Sino da Paixão, bate bão-bão-bão. (Manoel Bandeira).Aliteração - Vozes veladas veludosas vozes. (Cruz e Sousa). /z/, /v/.Assonância - Minha terra tem palmeiras/ Onde canta o sabiá. (Gonçalves Dias) /a/.Hipérbole - Você me faz morrer de rir.Ironia - Eis o grande esforço que fizeste: tiraste nota dois na prova.Eufemismo - Pedro passou desta para melhor. (Morreu)Perífrase - conheci a Cidade Maravilhosa. (Rio de Janeiro)Catacrese - O velho apoiou-se no braço da cadeira. (braço = parte do objeto)Pleonasmo - Com meus olhos curiosos, vi seu corpo pela primeira vez.Elipse - A mãe vestia uma roupa azul; a filha, uma roupa verde. (foi omitido o verbo "vestia" na segunda opção).

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Temos denotação quando a palavra é empregada no seu sentido real, comum, literal. É usada na linguagem científica, informativa, sem preocupação literária.

Temos conotação quando a palavra assume um sentido fora do real, um sentido figurado, poético. A conotação é muito usada na linguagem poética.

1 - LINGUAGEM LITERÁRIA

Há uma grande quantidade de figuras de linguagem, um uso da língua que é literário exatamente porque foge às normas e torna mais rica a expressividade. Há figuras de palavras, de construção e de pensamento. Não levaremos em conta esta divisão. Destacaremos as mais decorrentes nos textos literários.

1.1 - Diga em que sentido foi empregada a palavra assinalada (denotativo ou conotativo).a) Ele é o cabeça da revolução.b) Doía-lhe a cabeça e nem o médico descobria a causa.c) A margem esquerda do rio era coberta por densa floresta.d) Vivia à margem da sociedade, fugindo de todos.e) Madame entregou as jóias. f) Ela é uma jóia de menina.

1.2 - Identifique as figuras de linguagem dos períodos seguintes:a) O amor é como um raio. (Djavan)b) O amor é fogo que arde sem se ver. (Camões)c) Não tinha teto para se abrigar.d) O luar amacia o mato sonolento.e) Estou esperando há um século, meu amor!f) O marceneiro consertou o pé da mesa.g) Ela é uma mulher da vida.h) O vento afagava carinhosamente os seus longos cabelos.i) Seu coração era um gelo.j) Foram servidos mais de trinta pratos.k) Pegou o carro e saiu voando estrada afora.l) O rei do futebol já não é mais ministro.m) Quem muito quer, nada tem.n) O sol beijava seu corpo na areia da praia.

Gêneros são as diversas modalidades de expressão literária.Conforme as características predominantes dos conteúdos das obras literárias, elas podem

ser classificadas em três gêneros: lírico, épico (narrativo) e dramático.

2.1 Gênero Lírico

O gênero é lírico quando predominam, na obra literária, os sentimentos e as emoções. O escritor revela o seu mundo interior, o seu modo próprio de pensar, de sentir e de interpretar o mundo, as pessoas, as coisas. Por esse motivo, o gênero lírico é subjetivo.

O gênero lírico aborda, geralmente, estes temas: Deus, o amor, o ódio, a natureza, admiração, alegria, tristeza.

A palavra lírico deriva de lira, instrumento musical usado pelos antigos gregos.Nessa época, dava-se o nome de lírica à canção entoada ao som da lira.

2.2 Gênero Épico ou Narrativo

Damos o nome de épico ou narrativo ao texto em que alguém (o narrador) conta uma história na qual há personagens que executam suas ações num determinado espaço físico durante certo tempo. O encadeamento dos fatos forma o enredo da narrativa. O texto narrativo pode ser escrito em verso ou em prosa.

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E X E R C Í C I O Nº 1

2 - GÊNEROS LITERÁRIOS

2.3 Gênero Dramático

O gênero dramático é um gênero representativo, isto é, atores representam (encenam) um texto. Para dar vida e movimento ao texto, o gênero dramático recorre a luzes, sons, cores, cenários, vestimentas apropriadas, coreografias etc. As representações teatrais apresentam cenas trágicas (tragédia) ou cômicas (comédia), geralmente com intenção de criticar certos costumes da sociedade ou a vida política.

Somente para você diferenciar as formas literárias.

3.1 Prosa

Como caracterizar a prosa?

Prosa é a forma de linguagem usada normalmente ao conversarmos, ao escrevermos uma carta, ao fazermos uma redação. Em prosa são escritos os trabalhos científicos, as reportagens de jornal e revistas, os romances, as novelas, as histórias em quadrinhos, as mensagens dos anúncios. Em prosa, ainda, contamos piada, damos recados e fazemos convites.

A característica mais notória de um texto escrito em prosa é sua divisão em parágrafos.Parágrafos são partes do texto compostas de período, orações ou frases que desenvolvem

uma única idéia.Num texto, a cada idéia diferente, acrescentada à anterior para fazer o assunto progredir,

deve também corresponder um parágrafo diferente. Um novo parágrafo deve sempre indicar um pensamento a mais.Por isso, na prosa, é essencial o uso correto da pontuação e paragrafação para obtermos um texto que transmita nossas idéias de modo correto, claro, coerente e agradável de ler.A pontuação e a paragrafação vão tornar mais compreensíveis para o leitor os diálogos entre as personagens, as descrições, as narrativas e as exposições de idéias em torno de determinado tema. (Ver texto Uma Vela para Dario, pág. 38)

3.2 Verso

Como são os textos em verso?A simples apresentação dos textos em verso, ou poemas, permite sua imediata identificação.

Cada linha de um poema é um verso e cada bloco de versos forma uma estrofe. (Ver texto Poema de Sete Faces, pág. 36)

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Observação Dificilmente uma obra se enquadra em apenas um gênero literário. Os romances, por exemplo, apesar de narrativos (épicos, portanto), estão cheios de lirismo.

3 - FORMAS LITERÁRIAS

A palavra literatura surgiu do latim littera (letra) e significa, hoje, a arte que se expressa através da escrita, explorando todas as suas potencialidades, todas as possibilidades dos signos lingüísticos, dando-lhes um valor singular e combinando-os criativamente.

Antigamente, no entanto, denominava-se "literatura" tudo que se referisse à escrita, tanto que esse termo chegou a ser considerado sinônimo de gramática. Só a partir do século XVIII, esses conceitos se separam, tornando-se a gramática "o ensino da língua" e a literatura "a arte de se expressar livremente através da palavra, usando a imaginação".

Em textos literários procuramos diferenciar estilo individual ou estilo de época.

4.1 Estilo individualÉ o modo próprio e pessoal de cada um se expressar, de acordo com as possibilidades

fornecidas pela linguagem que utiliza. No caso da literatura, a escolha da qual resulta o estilo individual é feita entre as possibilidades fornecidas pelo vocabulário, pela sintaxe, pela sonoridade, pelo ritmo da língua.

4.2 Estilo de épocaÉ o conjunto de características semelhantes empregadas por vários indivíduos numa

determinada época. O estilo de um época pode ser observado no comportamento, na maneira de vestir, nos costumes e, principalmente, na arte dessa época. 4.3 Estilos de época no Brasil

1500 1601 1768 1836 1881 1893 1902 1922

Literatura deinformação

Barroco Arcadismo RomantismoRealismo/

Naturalismo/Parnasianismo

SimbolismoPré-

ModernismoModernismo

I - A literatura brasileira ao longo do período colonial 1. A literatura do descobrimento e dos primeiros tempos da colonização. Século XVI.2. Manifestações da literatura barroca. Século XVII, desde 1601, com a publicação de

Prosopopéia, de Bento Teixeira, na primeira metade do século XVIII.3. A literatura arcádica. Manifestações pré-românticas. Segunda metade do Século XVIII, a partir

de 1768, com a publicação de Obras Poéticas, de Cláudio Manoel da Costa (alterações profundas na situação brasileira e, conseqüentemente, na literatura ocorrem com a chegada da família real, em 1808: tem início o período em que já aconteceram manifestações pré-românticas).

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4 - LITERATURA

Literatura é ficção, é invenção ou recriação de uma realidade, através de palavras.

II - A literatura brasileira após a independência

1. O Romantismo (a partir da publicação de Suspiros Poéticos e Saudades, de Gonçalves de Magalhães, em 1836).

2. O Realismo e as tendências paralelas (a partir da publicação de O Mulato, de Aluísio Azevedo, em 1881, e Memórias Póstumas de Brás Cubas, de Machado de Assis).

3. O Simbolismo (a partir da publicação de Broquéis e Missal, de Cruz e Souza, em 1893).

4. O Pré-Modernismo (a partir do início do século, com a movimentação literária que divergia do parnasianismo de das tendências de gostos dominantes na época).

5. O Modernismo (desde a realização da Semana da Arte Moderna, em 1922).

6. A nova literatura moderna da "década de 30" (desde a publicação, em 1928, de A Bagaceira, de José Américo de Almeida)

7. O Pós-Modernismo (desde o surgimento da "geração de 45" até o presente)

Começa o Romantismo no Brasil em 1836, com a publicação de Suspiros Poéticos e Saudades, de Gonçalves Magalhães. Aparece também nessa época a revista Niterói, com idéias românticas de Gonçalves Magalhães, Porto Alegre e Torres Homem.

O Romantismo no Brasil abrange o período que vai de 1836 a 1881.Durante esse período de quase meio século dominaram as letras brasileiras o eu, o

sentimentalismo, o nacionalismo, o indianismo e o liberalismo.A literatura romântica no Brasil apresentou várias tendências:

a) o indianismo e o nacionalismo: valorização do índio, de nossa fauna e flora;b) o regionalismo (ou sertanismo), que aborda o nosso homem do interior, caracterizando a

região em que vive, com o seu folclore, seus costumes e tipos característicos;c) O chamado “mal do século” ou byronismo, marcado pela melancolia, tristeza, sentimento de

morte, pessimismo, cansaço da vida;d) A realidade política e social (o abolicionismo, as lutas humanitária, sentimentos liberais, o

poder agrário);e) Os problemas urbanos surgidos com o relacionamento indústria-operário, a corrupção e o

materialismo.

5.1 PoesiaTrês gerações sucederam-se ao longo do Romantismo no Brasil.

a) 1ª GeraçãoObras de temática religiosa e mística; poesia da natureza marcada por forte sentimento

nacionalista. Gonçalves de Magalhães Gonçalves Dias

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Observação: Iniciaremos o estudo das Escolas Literárias a partir do Romantismo

5 - O ROMANTISMO NO BRASIL (1836 - 1881)

b) 2ª GeraçãoObras que revelam acentuado individualismo e subjetivismo. É a poesia da dúvida, da

desilusão, do negativismo diante da vida (mal do século). Os poetas dessa geração também são chamados de byronianos, graças à influência neles

exercida por Lorde Byron, poeta inglês que cultuou a temática do amor e da morte. Álvares de Azevedo Cassimiro de Abreu Junqueira Freire Fagundes Varela

c) 3ª Geração (condoreira)O nome provém de condor, ave que voa a grandes altitudes. A poesia condoreira busca palavras

de sentido vasto e elevado, de grande força expressiva, traduzindo a idéia de imensidão e infinito. Temas de natureza social, como abolicionismo, inspiram seus autores.

Castro Alves

5.2 FicçãoA prosa de ficção romântica foi constituída pelo romance, uma nova forma narrativa que

entre nós apresentou as seguintes variantes:

a) Romance Indianista: a natureza brasileira é o cenário desse tipo de romance que faz dos indígenas as personagens centrais da trama, geralmente fantasiosa e poetizada. José de Alencar

b) Romance Urbano: ambientado na Corte do Rio de Janeiro, constituiu o registro da moral e dos bons costumes da sociedade burguesa do Segundo Império. José de Alencar Joaquim Manoel Macedo Manoel Antônio de Almeida (obra ambientada no Vice-Reinado)

c) Romance Regionalista: surgido nos fins do Romantismo, retrata os costumes, as crenças, a linguagem e a geografia das diversas regiões do país. José de Alencar Bernardo Guimarães Franklin Távora Visconde de Taunay

d) Romance Histórico: encontra seus temas e personagens na sociedade fidalga dos tempos coloniais. Bandeirantes e aventureiros se destacavam na reconstituição imaginosa de nosso passado histórico. José de Alencar

5.3 Para você conhecer

ANTONIO GONÇALVES DIAS (lirismo e indianismo)

Estudou direito em Coimbra, leu os clássicos e os principais autores europeus, foi jornalista, professor do Colégio Dom Pedro Segundo, no Rio de Janeiro, pesquisou os costumes e a língua dos índios e foi um grande poeta romântico.

Acham-se presentes em seus versos: O ambiente e a terra brasileira;

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As tradições, a valentia e a honra dos índios; O amor lírico impulsivo e veemente, a saudade, a tristeza, a solidão, a religiosidade.

Obras:

Primeiros Cantos, Segundos Cantos, Últimos Cantos, Sextilhas do Frei Antão, Os Timbiras, Dicionário da Língua Tupi etc.

JOSÉ DE ALENCAR

Alencar é considerado o maior romancista romântico de nossa literatura. Tem estilo poético, lírico, livre, muito pessoal. Seus romances trazem os aspectos históricos da formação do nosso povo, da nossa gente, com sua linguagem e seus costumes.

O meio ambiente e a paisagem são valorizados e o ser humano aparece integrado neles. Seus romances abordavam vários aspectos, podendo mesmo ser catalogados assim: a) romances indianistas, em que focaliza os primeiros donos do Brasil e seus contatos com a

civilização portuguesa colonizadora;b) romances históricos, em que aparece o nosso passado histórico, com aspectos coloniais e

sentimento nativistac) romances regionalistas, em que aparecem aspectos regionais, como o folclore, os costumes,

tipos tradicionais, as paisagens características;d) romances urbanos, em que se revela o meio social carioca do tempo do Segundo Reinado. Ele

mostra o materialismo, a corrupção da alta sociedade da época.

Obras:1- Romances indianistas: O Guarani, Iracema, Ubirajara.2- Romances históricos: As Minas de Prata, A Guerra dos Mascates, Alfarrábios.3- Romances regionalistas: O Gaúcho, o Sertanejo, o Tronco do Ipê, Til.4- Romances urbanos: Cinco Minutos, A Viuvinha, Diva, Lucíola, Senhora, A Pata da Gazela,

Sonhos d'Ouro, Encarnação.5- Crônica: Ao Correr da Pena.6- Poema: Os Filhos de Tupã.7- Teatro: Demônio Familiar, Verso e Reverso, As Asas de um Anjo, Mãe, O Jesuíta.

O movimento literário chamado Realismo teve início no Brasil a partir da publicação de Memórias Póstumas de Brás Cubas, de Machado de Assis, em 1881. O Realismo brasileiro sofreu a influência do Realismo francês. A nova mentalidade literária é motivada pela últimas conquistas da filosofia e das ciências, cujos representantes eram, então, Augusto Comte (filósofo francês positivista), Charles Darwin (cientista inglês e evolucionista), Spender, Claude Bernard e outros.

O Realismo surgiu como uma reação ao subjetivismo e ao individualismo e eu românticos. Em seu lugar surgem o objetivismo e o impersonalismo do artista. A razão, a pesquisa, a ciência vêm ocupar o lugar do sentimentalismo. Os realistas procuram retratar o homem e a sociedade a partir da observação do ambiente, dos costumes, das atitudes, dos comportamentos, procurando as causas dos fatos e fenômenos que abordam.

MACHADO DE ASSIS

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6 - O REALISMO NO BRASIL (1881 - 1893)

Machado de Assis é considerado o maior romancista brasileiro. A primeira fase da obra machadiana ainda se ressente dos traços do romantismo. Essa primeira fase vai até a publicação de Memórias Póstumas de Brás Cubas, em 1881.

Machado de Assis sobressaiu no romance e no conto, gêneros em que teve um desempenho magistral. Em sua obra, principalmente na segunda fase, revela o gosto pela análise psicológica dos personagens e a idealização das causas mais profundas que motivam o comportamento humano. Transparece um tom de humorismo, ironia e pessimismo em relação à natureza humana, que se deixa levar pelo egoísmo, falsidade, jogo de interesses, segundas intenções.

Suas obras da primeira fase são:a) Romances: Ressurreição, A Mão e a Luva, Helena, Iaiá Garcia.b) Contos: Contos Fluminenses, Histórias da Meia-Noite.c) Poesias: Crisálidas, Falenas, Americanas.d) Teatro: Os Deuses da Casaca, O Protocolo, Queda que as Mulheres têm pelos Tolos, Quase

Ministro, Caminho da Porta.

São obras da segunda fase, na qual o autor chega à maturidade literária e entra de fato no Realismo:

a) Romances: Memórias Póstumas de Brás Cubas, Quincas Borba, Dom Casmurro, Esaú e Jacó, Memorial de Aires.

b) Contos: Papéis Avulsos, Histórias sem Data, Relíquias de Casa Velha, Páginas Recolhidas, Várias Histórias.

c) Crônica: A Semana.d) Poesia: Ocidentais.e) Crítica: crítica literária, crítica teatral.

6.1 O Naturalismo

Os ideais do Realismo levados às últimas conseqüências originaram o que chamamos de Naturalismo, que considera o ser humano um produto biológico, profundamente marcado pelo meio ambiente, pela educação, pelas pressões sociais e pela hereditariedade. Todos esses fatores determinam a sua condição, o seu comportamento. O escritor naturalista observa, estuda, segue o seu personagem de perto, para entender as causas do seu comportamento e chegar ao conhecimento objetivo dos fatos e situações. O Mulato, de Aluísio de Azevedo, publicado em 1881, foi o primeiro grande romance naturalista brasileiro.

Os escritores brasileiros obedecem aos cânones dessa estética. Aluísio Azevedo, Adolfo Caminha, Inglês de Souza, Júlio Ribeiro juntaram os procedimentos realistas às convicções científicas. Abordando os aspectos da realidade com os olhos da razão e da ciência, negavam qualquer gratuidade dos eventos. Interessava entender as leis que regem o mundo, a natureza (e não transcendências, incapazes de explicá-los, tampouco a teologia ou abstrações de qualquer espécie).

6.2 Para você conhecer

ALUÍSIO DE AZEVEDO

Aluísio foi dos fundadores da Academia Brasileira de Letras. Escreveu muito, por necessidade econômica. Sua linguagem simples (usa muito a ordem direta da frase) torna-o comunicativo. Seus temas são os conflitos humanos, vistos à luz dos princípios do naturalismo (o ser humano é produto do meio, da educação, dos joguetes do destino).Suas obras principais são:

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O Mulato, O Cortiço, Casa de Pensão (consideradas suas obras-primas), O Homem, O Coruja, Uma Lágrima de Mulher, A Condessa Vésper, O Livro de uma Sogra, A Mortalha de Alzira.

O Cortiço foi levado às telas do cinema, sob a direção de Francisco Ramalho Jr., com a atriz Betty Faria, representando a personagem Rita Baiana.

O Pré-Modernismo é o período cultural que abrange as duas primeiras décadas do século XX (República Velha). Nele, vamos encontrar ainda escritores românticos, parnasianos, realistas e simbolistas. Contudo, alguns poucos, desligados de escolas literárias, passaram a expor em suas obras uma visão crítica dos problemas brasileiros. Entre esses escritores, podemos apontar:

1. Euclides da Cunha, em sua obra Os Sertões, expõe os problemas do homem do sertão, a existência de vários “Brasis” que ainda não foram descobertos.

2. Graça Aranha, na obra Canaã, aborda os problemas dos imigrantes europeus, especialmente os alemães.

3. Lima Barreto, numa linguagem simples, enfoca os problemas dos operários do Rio de Janeiro, dos moradores dos subúrbios e das favelas. Escreveu: Triste Fim de Policarpo Quaresma e Recordações do Escrivão Isaías Caminha.

4. Monteiro Lobato, preocupado com o progresso do Brasil, faz-nos refletir sobre os problemas brasileiros, como a saudade, a instrução, a situação do caboclo etc. Escreveu, entre outras obras, Cidades Mortas, Urupês, O Escândalo do Petróleo.

Podemos ainda apontar alguns autores de destaque nesse período:

Raul de Leoni, Augusto dos Anjos, Coelho Neto, Afrânio Peixoto, João Simões Lopes Neto, Alcides Maia, Afonso Arinos, Valdomiro Silveira, Hugo de Carvalho Ramos, Alberto Torres, Oliveira Viana, Farias Brito, Carlos Leat, Jackson de Figueiredo e Nestor Vitor.

7.1 Para você conhecer

MONTEIRO LOBATO (1882 - 1948)

Após ter sido fazendeiro por alguns anos, vende a fazenda, vem para São Paulo e entrega-se às atividades literárias. Como editor, fez campanhas nacionalistas, sobretudo a favor do petróleo, do ferro, da educação e da saúde. Monteiro Lobato é considerado o nosso maior escritor de literatura infanto-juvenil.

Obras:Urupês, Problemas Vitais, Cidades Mortas, Idéias de Jeca Tatu, Negrinha, A Onda Verde, O

Macaco que se Fez Homem, Mundo da Lua, O Choque das Raças ou O Presidente Negro, Ferro, América, O Escândalo do Petróleo, Reinações de Narizinho, Emília no País da Gramática, Geografia de Dona Benta, O Saci, O Marquês de Rabicó, Caçadas de Pedrinho, Histórias de Tia Nastácia, Fábulas etc.

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7 - PRÉ-MODERNISMO (1902 -1920)

8 - MODERNISMO

8.1 A Semana

No dia 29 de janeiro de 1922, O Estado de S. Paulo noticiava o seguinte:

Nos dias 13, 15 e 17 de fevereiro de 1922, no Teatro Municipal de São Paulo, realizou-se a histórica Semana, com recitais, conferências, musicais e exposições.

Vejamos como Manoel Bandeira reportou os acontecimentos importantes da Semana e seus desdobramentos:

O Romantismo (1836 - 1881), no século XIX; e O Modernismo (1922 - 1945), no século XX.

Esse momento já havia sido preparado pelo Pré-Modernismo. A sucessão intempestiva das vanguardas européias difundiu pelo mundo seus manifestos e suas pretensões.

A Semana de Arte Moderna foi o evento que assinalou oficialmente o início do Modernismo brasileiro. No campo da literatura, surgiam Oswald e Mário de Andrade; na pintura, Anita Malfatti, Tarsila do Amaral e Di Cavalcante; na música, Villa-Lobos; na escultura, Victor Brecheret; e na arquitetura, Antônio Moya.

Antes dessa data, houve tentativas de inovação no plano formal, mas não com tanta força. O Modernismo apresentou uma ruptura radical com os movimentos anteriores, desconhecendo desta vez Portugal, pura e simplesmente. O tema da nacionalidade voltou a ocupar o primeiro plano nas manifestações artísticas. A transplantação e a importação cultural deveriam urgentemente ser revistas. Para tanto, o evento de 22 seria decisivo.

8.2 Características

Dada a natureza complexa e contraditória do Modernismo, não se podem apontar as características que, somadas, dêem um quadro geral que defina esse movimento.

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Por iniciativa do festejado escritor Sr. Graça Aranha, da Academia Brasileira de Letras, haverá em São Paulo uma "Semana de Arte Moderna", em que tomarão parte os artistas que, em nosso meio, representam as mais modernas correntes artísticas".

"Enchera-se à cunha o Teatro Municipal, os poetas deram ruidosos vaiados, mas sua ação continuou depois da Semana, nas páginas da revista Klaxon e outras que se foram sucedendo. Culminou a ousadia, degenerando em tumulto, quando no próprio seio da Academia Brasileira e com grande escândalo de seus confrades acadêmicos, Graça Aranha proferiu em 1924 um discurso inflamado, proclamando que a fundação da Academia fora um 'equívoco e um erro'. Mas já que existia, acrescentava, 'que viva e se transforme', admitisse nela as coisas desta terra informe, paradoxal, violenta, todas as forças ocultas do nosso caos" (...).

É possível, porém, relacionar certos traços que, com diferentes combinações, podem caracterizar este ou aquele texto modernista:

Atitude irreverente em relação aos padrões estabelecidos; Reação contra o passado, clássico e estático; Temática mais particular, individual e não tanto universal e genérica; Preferência pelo dinamismo e velocidade vitais; Busca o imprevisível e do insólito; Abstenção de sentimento fácil e falso; Comunicação direta das idéias: linguagem cotidiana; Esforço de originalidade e autenticidade; Interesse pela vida humana interior (estados de alma, de espírito, fenômenos psíquicos,

subconscientes e inconscientes); Aparente hermetismo, expressão indireta, sugestão e associação verbal em vez da absoluta

clareza; Valorização do prosaico e do bom humor; Liberdade formal: verso livre (verselibrismo), ritmo livre, sem rima, sem estrofação

preestabelecida.

Observe:

De natureza complexa e contraditória, o Modernismo apresenta traços, que com diferentes combinações podem caracterizar os textos modernistas.

Considerando o texto acima, é incorreto afirmar-se com respeito ao Modernismo no Brasil que:A. o tema da nacionalidade deixou de ocupar o primeiro plano nas manifestações artísticas;B. teve seu início oficialmente marcado pela Semana de Arte Moderna;C. cultua a liberdade formal – verso livre, sem rima, sem estrofação preestabelecida e ritmo livre;D. representou uma ruptura radical com os movimentos anteriores.

(Suplência 1998)

8.3 Modernismo (1ª Fase)

O período de 1922 a 1930 é o mais radical do movimento modernista, justamente em conseqüência da necessidade de definições e do rompimento de todas as estruturas do passado. Daí o caráter anárquico dessa primeira fase modernista e seu forte sentido destruidor, assim definido por Mário de Andrade:

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"... se alastrou pelo Brasil o espírito destruidor do movimento. Isto é o seu sentido verdadeiramente específico. Porque, embora lançando inúmeros processos de idéias novas, o movimento modernista foi essencialmente destruidor. (...)

Mas esta destruição não apenas continha todos os germes da atualidade, como era uma convulsão profundíssima da realidade brasileira. O que caracteriza esta realidade que o modernismo impôs é, a meu ver, a fusão de três princípios fundamentais: o direito permanente à pesquisa estética; a atualização da inteligência artística brasileira e a estabilização de uma consciência criadora nacional."

Ao mesmo tempo em que se procura o moderno, o original e o polêmico, o nacionalismo se manifesta em suas múltiplas facetas: uma volta às origens, a pesquisa das fontes quinhentistas, a procura de uma "língua brasileira" (a língua falada pelo povo nas ruas), as paródias, numa tentativa de repensar a história e a literatura brasileira, e a valorização do índio verdadeiramente brasileiro. É o tempo dos manifestos nacionalistas do Pau-Brasil e da Antropofagia, dentro da linha comandada por Oswald de Andrade, e dos manifestos do Verde-Amarelismo e do grupo da Anta, que já trazem as sementes do nacionalismo fascista comandado por Plínio Salgado.

Como se percebe já ao final da década de 20, a postura nacionalista apresenta duas vertentes distintas: de um lado, um nacionalismo crítico, consciente de denúncia da realidade brasileira, identificado politicamente com as esquerdas; de outro, um nacionalismo ufanista, utópico, exagerado, identificado com as correntes políticas de extrema direita.

Entre os principais nomes dessa primeira fase do Modernismo e que continuaram a produzir nas décadas seguintes destacaram-se Mário de Andrade, Oswald de Andrade, Manoel Bandeira, Antônio de Alcântara Machado, além de Menotti del Picchia, Cassiano Ricardo, Guilherme de Almeida e Plínio Salgado.

8.4 Para você conhecer

MANUEL BANDEIRA

Manuel Carneiro de Souza Bandeira Filho nasceu no Recife, em 1886. Buscou na própria vida inspiração para seus grandes temas: de um lado, a família, a morte, a infância no Recife, o rio Capibaribe; de outro, a constante observação da rua por onde transitam os mendigos, as prostitutas, os pobres meninos carvoeiros, as Irenes pretas, os carregadores da feira-livre, todos falando o português gostoso do Brasil. E, em tudo, o humor, certo ceticismo, uma ironia por vezes amarga, a tristeza e a alegria dos homens, a idealização de um mundo melhor - enfim, um canto de solidariedade ao povo.

A trajetória poética da Bandeira revela a busca constante de novas formas de expressão. Para ter idéia desse dinamismo do escritor, leia dois fragmentos que tratam do mesmo assunto. Observe a data de publicação de cada um deles:

De A Cinza das Horas (1917)

É noite. A lua, ardente e terna.Verte na solidão sombriaA sua imensa, a sua eterna melancolia...

De Estrelas da Tarde (1963)

A Lua baçaPairaMuito cosmograficamenteSatélite

Desmetaforizada, DesmitificadaDespojada do velho segredo de melancolia,Não é agora o golfão de cismas,O astro dos loucos e dos enamorados.Mas tão-somenteSatélite.

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MÁRIO DE ANDRADE

Mário Raul de Morais Andrade nasceu em São Paulo, em 1893, e morreu em 1945.Além da participação ativa na Semana de Arte Moderna, dedicou-se a várias atividades

culturais, tendo sido inclusive diretor do Departamento de Cultura do Município de São Paulo.O volume de estréia de Mário de Andrade - Há uma Gota de Sangue em Cada Poema -,

publicado em 1917, retrata a Primeira Guerra Mundial e mostra-nos o autor ainda influenciado pelas escolas literárias anteriores à Semana, com poesias que obedecem às normas estéticas, como a metrificação e a rima, de nítida influência parnasiana. Sua poesia manifesta-se modernista a partir do livro Paulicéia Desvairada, rompendo com todas as estruturas ligadas ao passado. O livro tem como musa inspiradora, ou melhor, como objeto de análise e constatação, a cidade de São Paulo e seu provincianismo, o rio Tietê, o largo do Arouche, o Anhangabaú, a burguesia, a aristocracia, o proletariado; uma cidade multifacetada, uma colcha de retalhos, uma roupa de arlequim - uma cidade "arlequinal".

8.5 - Modernismo (2ª Fase)

Recebendo como herança todas ao conquistas da geração de 1922, a segunda fase do Modernismo brasileiro se estende de 1930 a 1945.

Período extremamente rico tanto quanto à produção poética como à prosa, reflete um conturbado momento histórico: no plano internacional, vive-se a depressão econômica, o avanço do nazi-facismo e a Segunda Guerra Mundial; no plano interno, dá-se a ascensão de Getúlio Vargas e a consolidação de seu poder com a ditadura do Estado Novo. Assim é que, a par das pesquisas estéticas, o universo temático se amplia e o artista apresenta-se preocupado com o destino dos homens, o "estar-no-mundo".

Em 1945, com o fim da guerra, as explosões atômicas, a criação da ONU e, no plano nacional, a derrubada de Getúlio Vargas, abre-se um novo período na história literária do Brasil.

Poesia

A poesia dessa segunda fase do Modernismo representa um amadurecimento e aprofundamento das conquistas e da geração de 1922, percebendo-se, inclusive, a influência exercida por Mário e Oswald de Andrade sobre os jovens que iniciaram suas produções poéticas após a realização da Semana de Arte Moderna. Lembramos, a propósito, que Carlos Drummond de Andrade dedica seu livro de estréia, Alguma Poesia (1930), a Mário de Andrade; Murilo Mendes, com seu livro Histórias do Brasil, segue a trilha aberta por Oswald, representando a nossa história com muito humor e ironia:

Festa Familiar

"Em outubro de 1930 Nos fizemos - que animação! -

Um pic-nic com carabinas"

Formalmente, os novos poetas continuam a pesquisa estética iniciada na década anterior, cultivando o verso livre, a poesia sintética:

Cota zero

"Stop A vida parou ou foi o automóvel!?"

(Carlos Drummond de Andrade)

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Destacaram-se, entre outros, nesta fase:

Carlos Drummond de Andrade Cassiano Ricardo Cecília Meireles Augusto Frederico Schmidt Jorge de Lima Manuel Bandeira Vinícius de Moraes

8.6 - Para você conhecer melhor

CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE

Carlos Drummond de Andrade nasceu em 1902, em Itabira, Minas Gerais, região rica em ferro.

"Alguns anos vivi em Itabira.Principalmente nasci em Itabira.Por isso sou triste, orgulhoso: de ferro.Noventa por cento de ferro nas calçadas.Oitenta por cento de ferro nas almas".

(Confidência do Itabirano)

Fez seus primeiros estudos em Minas Gerais. Em 1918, estuda como interno no Colégio Anchieta, da Companhia de Jesus, em Friburgo, sendo expulso no ano seguinte, após um incidente com seu professor de Português. Forma-se em Farmácia, mas vive de lecionar Português e Geografia em Itabira. Em 1934, transfere-se para o Rio de Janeiro, assumindo um cargo público no Ministério da Educação.

A partir da década de 1950, Drummond dedica-se integralmente à produção literária. Além de novos livros de poesia, contos e algumas traduções, intensifica o seu trabalho de cronista. Morre no Rio de Janeiro, em 1987.

Carlos Drummond de Andrade é, sem dúvida, o maior nome da poesia contemporânea brasileira. Sua obra poética acompanha a evolução dos acontecimentos, registrando todas as "coisas" (síntese de um universo fechado, despersonificado) que o rodeiam e que existem na realidade do dia-a-dia. São poesias que refletem os problemas do mundo, do ser humano brasileiro e universal diante dos regimes totalitários, da Segunda Guerra Mundial, da Guerra Fria.

Entretanto, é na temática que se percebe uma nova postura do artista, que passa a questionar com maior vigor a realidade e – fato extremamente importante – passa a se questionar tanto como um indivíduo em sua "tentativa de exploração e de interpretação do "estar no mundo" como em seu papel da artista. O resultado é uma literatura mais construtiva e mais politizada, que não quer e não pode se afastar das profundas transformações ocorridas nesse período; daí também o surgimento de um corrente mais voltada para o espiritualismo e o intimismo, como fruto dessa inquietação: é o caso de Cecília Meireles, de uma fase de Murilo Mendes, Jorge de Lima e Vinícius de Morais.

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Observe:

E agora, José?A festa acabou,a luz apagouo povo sumiu,.............................

se você morresse...Mas você não morre,Você é duro, José!...............................

você marcha, José!José, para onde?

Os trechos acima pertencem ao poema José, de Carlos Drummond de Andrade. Baseando-se nos fragmentos, pode-se reconhecer o traço característico da obra, que é:

A. o passado que ressurge na poesia;B. figuras familiares que povoam as lembranças do autor;C. indagação filosófica sobre o sentido da vida;D. a acusação de acontecimentos banais da vida. (Suplência - 1998)

CECÍLIA MEIRELES

Cecília Meireles inicia-se na literatura participando da chamada corrente espiritualista, sob a influência dos poetas que formariam o grupo da revista Festa, de inspiração neo-simbolista. Posteriormente, afasta-se desses artistas, sem, contudo, perder as características intimistas, introspectivas, numa permanente viagem interior. Em vista desses fatores, sua obra reflete uma atmosfera de sonho, de fantasia e, ao mesmo tempo, de solidão e padecimento.

Um dos aspectos fundamentais da poética de Cecília Meireles é sua consciência de transitoriedade das coisas. Por isso mesmo, o tempo é personagem central em sua obra: o tempo passa, é fugidio.

Ao lado de uma linguagem que valoriza os símbolos, de imagens sugestivas com constantes apelos sensoriais, uma das marcas do lirismo de Cecília Meireles é a musicalidade de seus versos.

Motivo

Eu canto porque o instante existeE a minha vida está completaNão sou alegre nem sou triste:sou poeta.

Irmão das coisa fugidias, não sinto gozo nem tormentoAtravesso noites e dias no vento.

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E X E R C Í C I O Nº 2

Se desmorono ou se edifico.Se permaneço ou me desfaço.– não sei, não sei. Não sei se ficoou passo.

Sei que canto. E a canção é tudo.Tem sangue eterno a asa ritmada.E um dia sei que estarei mudo:– mais nada.

Nessa espécie de programa literário, a autora antecipa duas características fundamentais de sua obra:

1) a musicalidade "Sei que canto. E a canção é tudo.Tem sangue eterno a asa ritmada."

2) preocupação com a fugacidade do tempo e a precariedade dos seres e das coisas"Irmão das coisas fugidias". Atravesso noites e diasno vento"

Da consciência dessa fragilidade de tudo decorre o tom melancólico de muitos de seus poemas.

És precária e veloz. Felicidade.Custas a vir, e, quando vens, não te demoras.

O descritivismo de muitos de seus textos resulta do aproveitamento literário da natureza. Não se trata, contudo, de um descritivismo exterior; na realidade, o mundo exterior é apenas o motivo que desperta as emoções, sentimentos e reflexões do poeta.

Retrato

Eu não tinha este rosto de hoje, assim calmo, assim triste, assim magronem estes olhos tão vazios, nem o lábio amargo.

Eu não tinha estas mãos sem força, tão paradas e frias e mortas;eu não tinha este coraçãoque nem se mostra.

Eu não dei por esta mudança, tão simples, tão certa, tão fácil: Em que espelho ficou perdidaa minha face?

(Meireles, Cecília. In: Flor de Poemas. 6ª ed. Rio de Janeiro,Nova Fronteira. 1984. p.63)

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Os dois textos de Cecília Meireles são marcados por uma preocupação constante em sua obra: a fugacidade do tempo. Repare nos versos "Irmão da coisas fugidas", "Atravesso noites e dias no vento" "- em que espelho ficou perdida a minha face?

Pesquise e resolva:

Em boa parte da obra de Cecília Meireles, a realidade exterior transportada para o poema reduz-se quase exclusivamente a elementos móveis, etéreos, instáveis, efêmeros.Esses elementos são metáforas para a falta de duração de tudo e, conseqüentemente, a falta de sentido da própria existência.

Quando abandona esse recorte do mundo natural acima citado, e volta-se para nosso passado histórico, Cecília Meireles produz a obra considerada por muitos o melhor livro da escritora. Essa obra é: a) Espectrosb) Retrato Naturalc) Escolha o seu Sonhod) O Romanceiro da Inconfidência

Prosa

Período de construção, com idéias literárias inovadoras e coerentes. Abrem esta fase construtiva Mário de Andrade, com a obra Macunaíma, e José de Almeida, com A Bagaceira. São autores de relevo desta segunda etapa:

Na ficção regional: Érico Veríssimo, Jorge Amado, Graciliano Ramos, José Lins Faria, José Geraldo Vieira, Cornélio Pena.

8.7 - Para você conhecer melhor

JORGE AMADO

Jorge Amado introduziu mudanças na ótica do regionalismo. É evidente, em sua obra, a proximidade afetiva entre o narrador e a matéria narrada. À medida que vai tendo curso o seu caminho literário, a observação realista deixa a contemplação apaixonada - e será essa uma das chaves da empatia que se estabelece ente o leitor e o texto desse escritor tão popularizado. Os aspectos terríveis descritos em Seara Vermelha, em Jubiabá, em Capitães da Areia (trata-se ainda de literatura da região) tornam-se paulatinamente um espaço mágico, em que tudo é possível, e em que se misturam o sagrado e o profano, o homem e o mito, a realidade e o sonho (veja-se A Morte e a Morte de Quincas Berro D'água) e dão contorno de lenda a uma gente e a uma geografia.

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E X E R C Í C I O N º 3

JOSÉ LINS DO REGO

O autor apela constantemente para as recordações de sua infância e adolescência para compor seu ciclo da cana-de-açúcar (Menino de Engenho, Doidinho, Bangüê, Usina), série de romances de caráter memorialista que retratam a zona da mata nordestina num período crítico de transição: a decadência dos engenhos esmagados pelas poderosas usinas. Em todo o ciclo, o cenário é o engenho Santa Rosa, do velho Coronel Zé Paulino, avô de Carlos de Melo (o narrador de Menino de Engenho, que, em muitas passagens, é o próprio José Lins do Rego). Além deles, povoam o Santa Rosa do tio Juca, os moleques – filhos dos empregados – que vivem soltos pelos engenhos e brincam com os meninos – filhos dos proprietários – na ingênua igualdade da infância, apesar dos preconceitos dos adultos.

Esses títulos foram lançados entre 1932 e 1936. Entretanto, em 1943, José Lins publicaria um romance que é considerado a síntese de todo o ciclo: Fogo Morto.

Além do ciclo da cana, José Lins abordou outros aspectos típicos da vida nordestina, como o misticismo e o cangaço, presentes em Pedra Bonita e Cangaceiros. A provável fonte temática, bem como a oralidade da narrativa, nesses casos, teria sido a literatura de cordel, como afirma o próprio autor:

Água-mãe e Euridice são os únicos romances de José Lins ambientados fora do Nordeste.

GRACILIANO RAMOS

Graciliano Ramos nasceu em Quebrângulo, Alagoas, em 1882. Estréia em livro em 1933, com o romance Caetés; nessa época trabalha em Maceió, dirigindo a Imprensa Oficial e a Instituição Pública, trava conhecimento com José Lins do Rego, Raquel de Queirós e Jorge Amado. Em 1936 é preso por atividades consideradas subversivas, sem, contudo, ter sido acusado formalmente; após sofrer humilhações de toda sorte e percorrer vários presídios, é libertado em janeiro do ano seguinte. Essas experiências pessoais são retratadas no livro Memórias do Cárcere. Em 1952, viaja para os países socialistas do Leste Europeu, experiências descritas em Viagem. Falece no Rio de Janeiro, em 1953. Graciliano Ramos é considerado hoje por grande parte da crítica nosso melhor romancista moderno. E mais, é tido como o autor que levou ao limite o clima de tensão presente nas relações homem/meio social, tensão essa geradora de um relacionamento violento, capaz de moldar personalidades e transfigurar o que os homens têm de bom. Nesse contexto violento, a morte é final trágico e irreversível, decorrente de um relacionamento impraticável; encontramos suicídios em Caetés e São Bernardo, assassinato em Angústia, e a morte de Papagaio e da cadela Baleia em Vidas Secas.

A luta pela sobrevivência, portanto, parece ser o grande ponto de contato entre todos os personagens; a lei maior é a da selva. Em conseqüência, uma palavra se repete em toda obra do escritor: bicho, ou, como no início de Vidas Secas, viventes, ou seja, aqueles que só têm uma coisa a defender - a vida.

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"Os cegos cantadores, amados e ouvidos pelo povo, porque tinham o que dizer, tinham o que contar. Dizia-lhes então: imagino meus romances, tomo sempre como modo de orientação o dizer das coisas como elas surgem na memória, com o jeito e as maneiras simples dos cegos poetas."

ÉRICO VERÍSSIMO

Érico Veríssimo é o representante gaúcho dentro do regionalismo modernista. Parte de seus romances, que engloba desde Clarissa até Saga, passando por Música ao Longe, Caminhos Cruzados e Olhai os Lírios do Campo, retrata a vida urbana da provinciana Porto Alegre, a crise da sociedade moderna, onde a nota marcante é a falta de solidariedade, o cotidiano caótico. Seus personagens, com destaque para Clarissa e Vasco, reaparecem em várias situações e em vários momentos, o que levou o crítico Wilson Martins a reconhecer um "Ciclo de Clarissa". Como seu eixo se repete ao longo de vários romances, o autor tem sido acusado de redundante, o que vai tornar evidente o seu maior defeito: a superficialidade tanto na abordagem psicológica como social. Entretanto, esses primeiros romances são responsáveis pela popularidade alcançada pelo autor, igualando-se, em termos de aceitação pública, a Jorge Amado.

A classificação de sua obra por temas compreende ainda a trilogia épica de O Tempo e o Vento, voltada para a formação do Rio Grande do Sul, remontando ao passado histórico desde o século XVIII, à disputa da terra e do poder, e às famílias Amaral, Terra e Cambará. Desse painel saltam alguns personagens heróicos como Ana Terra e o Capitão Rodrigo. O Tempo e o Vento aparece dividido em O Continente, que cobre o período histórico do século XVIII até 1895, com as lutas do início da República; O Retrato, que enfoca as primeiras décadas do século XX; e O Arquipélago, narrativa mais contemporânea, chegando até o governo Vargas.

Poderíamos reconhecer, ainda, uma terceira fase da produção de Veríssimo, mais empenhada com temas de momento, como é o caso de O Senhor Embaixador, O Prisioneiro e Incidente em Antares.

Observe:

- Eu podia mandar lhe prender.- Podia, coronel. Podia também mandar me enforcar. Mas não manda nem uma coisa nem outra..............................................................................................................................................Ricardo hesitou por um instante, acariciou nervosamente o cabo da faca, e disse: - Vosmecê não tem o nosso jeito. Sou um homem...

Os fragmentos, retirados da obra de Érico Veríssimo O Tempo e o Vento, apresentam:a) as famílias Amaral, Terra e Cambará disputam o poder político;b) o escritor explora o absurdo e o fantástico, tendo como pano de fundo a história mais recente

do Brasil;c) a ação sucede na região de Ilhéus e prende-se à luta pela conquista de terras para o cultivo

do cacau;d) o típico herói quixotesco, Capitão Vitorino, que, conduzido pela sede de justiça, apanha da

política e dos coronéis. Porém, mantém sua dignidade altiva quando enfrenta os poderosos.

(Suplência, 1998)

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E X E R C Í C I O Nº 4

Em Terra do Sem Fim, considerado o melhor romance de Jorge Amado, pode-se afirmar que nele:

a) As famílias Amaral e Cambará disputam o poder político;b) O escritor explora o absurdo e o fantástico, tendo como pano de fundo a história mais recente do

Brasil;c) A ação sucede na região de Ilhéus e prende-se à luta pela conquista de terras pelo cultivo do

cacau. Dessa contenda surge a rivalidade entre o Coronel Horácio da Silveira e Juca Badaró, chefe de uma família de plantadores de cacau;

d) O típico herói quixotesco, Capitão Vitoriano, que conduzido pela sede de justiça, apanha da política e dos coronéis. Porém mantém sua dignidade altiva quando enfrenta os poderosos.

8.7 Modernismo (3ª Fase)

A partir de 1945, alguns autores rompem com o esquema romantesco de 30 e partem para um super-regionalismo, na denominação de Antonio Cândido. É o caso de João Guimarães Rosa e Clarice Lispector. Embora haja muitas diferenças entre a obra de cada um, eles partiram para uma pesquisa do instrumento de expressão: a linguagem. Ambos universalizam o romance nacional, dando a seus personagens uma dimensão mais psicológica e mais profunda. Guimarães Rosa mantém o enredo e subverte o código lingüístico, com a criação freqüente de neologismos, com o aproveitamento de recursos poéticos, como aliterações, onomatopéias, rimas internas, elipses, deslocamento de sintaxe e associações etimológicas esquecidas pelo uso.

Clarice Lispector, por seu lado, ainda que mantivesse o código mais tradicional, abandonou a trama romantesca e mergulhou em profundidade para dentro dos personagens, isolados e problemáticos.

Mas o maior representante dessa nova tendência ficcionalista brasileira foi, sem dúvida, Guimarães Rosa, com Sagarana (1946), e depois com Grande Sertão: Veredas (1956). Com essas e outras obras, o genial mineiro procurou valorizar a paisagem novamente, criar personagens típicas, reaproveitar as falas do sertanejo e atualizar o folclore.

Muitos historiadores preferem reservar o nome Modernismo para as duas primeiras fases do movimento (1922-30; 1930-45), denominando Pós-Modernismo ao período de 45 até os nossos dias.

Preferimos chamar de terceira fase o período compreendido entre 45 e 60 e reservar o nome de tendência contemporânea para o período compreendido de 60/70 até a atualidade. As duas designações são aceitas e correntes na história de nossa literatura.

A produção da terceira fase pode ser assim resumida, numa visão esquemática:

ProsaEnriquecida por grande número de contos, crônicas e romances, a prosa do período dá

seqüência às três tendências básicas já observadas no segundo momento modernista, mas com considerável renovação formal.

a) Prosa urbana:

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E X E R C Í C I O Nº 5

Tratando do conflito entre o indivíduo e o meio social, aparece sobretudo nos contos. Dalton Trevisan é o nome mais importante surgido na terceira fase. Destacam-se ainda as crônicas de Rubem Braga e os romances e contos de Lygia Fagundes Telles.

b) Prosa intimista:Também chamada de prosa de sondagem psicológica, concentra-se na análise do mundo

interior das personagens. Esboçada na segunda fase, a tendência intimista amadurece, gerando textos cada vez mais complexos e penetrantes. Clarice Lispector é a melhor representante dessa prosa. Destacam-se ainda Lygia Fagundes Telles e Antonio Olavo Pereira.

c) Prosa regionalista:Uma das tendências mais duradouras de nossa literatura, a prosa regionalista - que surgira no

século XX com Bernardo Guimarães - vai ser retomada, porém, com grandes inovações temáticas e lingüísticas. Destacam-se Humberto Sales, Mário Palmério, Bernardo Éllis, José Cândido de Carvalho e Adonias Filho. Mas nenhum deles produziu prosa regionalista tão inovadora e ousada como Guimarães Rosa, o grande renovador de nosso regionalismo.

É preciso não esquecer que grande parte dos escritores da fase anterior continuava em plena produção artística

Poesia

Além da permanência de poetas das fases anteriores, muitos deles renovando-se continuamente, a grande novidade do período foi um grupo de escritores que se autodenominaram "Geração de 45".

No ano de 1944, publicou-se o livro Testamento de Uma Geração, em que 40 personalidades de nossa vida cultural faziam um balanço de sua situação pessoal na cultura brasileira. Um dos assuntos mais comentados por cada um dos entrevistados foi a Semana de 22, da qual se fazia agora um retrospecto: a impressão geral de todos era de que o movimento pertencia ao passado.

A nova geração rompia com o movimento de 22, mas, ao mesmo tempo, reconhecia herdar dele não só defeitos, mas qualidades.

Em 1948, realizou-se em São Paulo o I Congresso Paulista de Poesia. Nele, um poeta, analisando a produção recente da poesia, defendia que 1945 fora o ano em que se pôde considerar implantado um novo regime da poesia brasileira (...) o modernismo foi ultrapassado. Cabe, portanto, aos poetas novos prosseguir o rumo que se anuncia, sem transigência com o passadismo e sem compromisso com a Semana da Arte Moderna. Esse mesmo crítico empregaria pela primeira vez a expressão "Geração 45". A literatura produzida por esses poetas revela as seguintes tendências:1) Com reação ao que considerava "excessos" de 22, propunham a precisão de linguagem, o

equilíbrio de forma, o abandono do prosaísmo (falta de poesia no verso). Isso tudo implicava, de certa forma, o abandono do verso livre e a retomada da metrificação.

2) O universalismo em oposição ao regionalismo dos poetas da primeira fase.3) A poesia foi considerada agora um artefato, resultante da precisão formal e da correção de

linguagem. Repeliam-se, conseqüentemente, o poema-piada e as infrações à norma culta, que eles consideravam um "falso" abrasileiramento da linguagem.

Muitos críticos viam nessas propostas um retorno ao Parnasianismo; por isso, a geração não define com exatidão o grupo dos poetas do período, a heterogeneidade de posturas e tendências. Deve ser entendido apenas como um marco cronológico para agrupar os que estrearam por volta daqueles anos. As publicações que divulgaram os novos poetas foram a Revista Brasileira de Poesia, em São Paulo, e a Revista Orfeu, no Rio de Janeiro. Entre muitos outros, surgiram nesse momento Bueno de Rivera, Péricles Eugênio da Silva Ramos, Alphonsus de Guimaraens Filho, Ledo Ivo, Paulo Bonfim, Geir Campos, Thiago de Mello. Além desses, três poetas desse período sobressaíram: Ferreira Gullar, José Paulo Paes e o mais importante dos poetas dessa "geração", João Cabral de Melo Neto.

Balanço

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8.8 Para você conhecer

CLARICE LISPECTOR

Obra:Romances: Perto do Coração Selvagem (1949); O Lustre (1946), A Cidade Sitiada (1949);

A Maçã e o Escudo (1961); A Paixão Segundo G. H. (1964); Uma Aprendizagem ou Livro dos Prazeres (1969); A Hora da Estrela (1977).

Contos e crônicas: Laços de Família (1960); A Legião Estrangeira (1964); Felicidade Clandestina (1971); Imitação da Rosa (1973); A Via Crucis do Corpo (1974); A Bela e a Fera (1979). Escreveu ainda literatura infantil.

O objetivo da escritora é atingir as regiões mais profundas da mente das personagens para ir sondar complexos mecanismos psicológicos. É essa procura que determina características específicas de seu estilo.1) O enredo tem importância secundária. As ações - quando ocorrem - destinam-se a ilustrar

características psicológicas das personagens. São comuns em Clarice Lispector histórias sem começo, meio ou fim. Por isso, ela se dizia, mais que uma escritora, "sentidora" porque registrava em palavras aquilo que sentia. Mais que histórias, seus livros apresentam impressões.

2) Predomina, em suas obras, o tempo psicológico, visto que o narrador segue o fluxo do pensamento das personagens. Logo, o enredo pode fragmentar-se.

3) Os espaço exterior também tem importância secundária uma vez que a narrativa concentra-se no espaço mental das personagens.

4) As características físicas das personagens ficam em segundo plano. Muitas personagens apresentam sequer nome.

5) As personagens criadas por Clarice Lispector descobrem-se num mundo absurdo; esta descoberta dá-se normalmente diante de um fato inusitado - pelo menos inusitado para a personagem. Esse fato provoca um desequilíbrio interior que mudará a vida da personagem para sempre.

Para Clarice:

JOÃO CABRAL DE MELO NETO (1920 - 1999)

Obras:Pedra de Sono (1942), O Engenheiro (1945), Psicologia da Composição (1947), O Cão Sem

Plumas (1950), O Rio (1954), Morte e Vida Severina (1956), Paisagem Com Figuras (1956), Uma Faca só Lâmina (1956), A Educação pela Pedra (1966), Museu de Tudo (1975), Auto do Frade (1984), Agrestes (1985), Crime na Calle Relator (1987), Sevilha Andando (1990).

Em 1994, a editora Nova Aguilar publicou, em volume único, a obra completa do escritor.João Cabral de Melo Neto inaugurou um novo modo de fazer poesia em nossa literatura. A

essência de sua atividade poética mostra a tentativa de desvendar os elementos concretos da

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Na prosa da terceira fase, sobressaem Clarice Lispector e Guimarães Rosa; na poesia, João Cabral de Melo Neto.

"Não é fácil escrever. É duro quebrar rochas. Mas voam faíscas e lascas como aços espelhados".

"Mas já que se há de escrever, que ao menos não se esmaguem com as palavras as entrelinhas".

realidade, que se apresentam como um desafio para a inteligência do poeta. Sempre guiado pela lógica, pelo raciocínio, seus poemas evitam a análise e exposição do eu e voltam-se para o universo dos objetos, das paisagens, dos fatos sociais, jamais apelando para o sentimentalismo. Por isso, o prazer estético que sua poesia pode provocar deriva, sobretudo, de uma literatura racional, analítica, não do envelhecimento emocional com o texto.

Essas características levaram a crítica a ver na obra de João Cabral uma "ruptura com o lirismo" ou a considerar sua expressão poética "antilírica". Não devemos, entretanto, supor que essa relação do poeta com o mundo concreto, objetivo, produza apenas textos descritivos. Na verdade, suas descrições ora acabam adquirindo valor simbólico ora acabam denunciando a crítica social que o poeta pretende levar a efeito.

Apresentamos uma visão esquemática - portanto, simplificada - de sua trajetória poética, através de comentários de algumas obras.1) Pedra do Sono, o seu primeiro livro, apresenta elementos do surrealismo, a começar pelo título

(sono). Leia um fragmento desse livro:

Segundo o próprio poeta, o que se prendeu nesse livro foi "compor um buquê de imagens em cada poema; as imagens revelam matéria surrealista no sentido de oníricas, subconscientes...".

O sono e o sonho são temas freqüentes e importantes nessas obras.O próprio autor considera sua primeira obra "um livro falso", cujo rendimento artístico não o

satisfez.

2) O Engenheiro, embora inclua ainda poemas de caráter surrealista, traz já as bases de sua nova concepção de poesia, segundo a qual o poema deve resultar de uma atitude racionalista, objetiva, diante da realidade concreta. Uma atitude de quem controla racionalmente as emoções.

O Engenheiro

A luz, o sol o ar livreEnvolvem o sonho do engenheiroO engenheiro sonha coisas claras:Superfícies, tênis, um copo de água.O lápis, o esquadro, o papel;O desenho, o projeto, o número:O engenheiro pensa o mundo justo,Mundo que nenhum véu encobre.

(Em certas tardes nós subíamos ao edifício. A cidade diária, como um jornal que todos liam,ganhava um pulmão de cimento e vidro).

A água, o vento, a claridade, De um lado o rio, no alto as nuvens,Situavam na natureza o edifício

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Mulheres vão e vêm nadando Em rios invisíveis.Automóveis como peixes cegosCompõem minhas visões mecânicas.

Crescendo de suas forças simples.

9.1 Prosa política

A ação da censura sobre os meios de comunicação de massa - em especial a televisão e o jornal - favoreceu o surgimento dessa tendência da literatura contemporânea no Brasil. Como a informação jornalística era controlada, a literatura foi o veículo escolhido "para dizer o que a censura impedia o jornal de dizer" (Flora Süssekind). Tudo ocorria como se o romance estivesse suprindo um dos objetivos do jornal: registrar o dia-a-dia da história.

Surgem daí as duas modalidades da prosa política:

a) Romance-reportagemSão obras que empregam a linguagem jornalística, criando enredos baseados em fatos

fictícios ou reais, em que se denuncia a violência social e política a que o país ficou submetido durante longo período. Em meio ao relato de torturas, personagens e temas servem como veículo para o protesto contra a opressão. Tudo num estilo direto, seco e objetivo.

Destacam-se Ignácio de Loyola Brandão (Zero, Não Verás País Nenhum), Antônio Calado (Quarup, Reflexos do Baile); Roberto Drumont (Sangue de Coca-Cola); José Louzeiro (Lúcio Flávio, o Passageiro da Agonia); Márcio Souza (Galvez, o Imperador do Acre), entre muitos outros. Essa literatura é também conhecida como literatura-verdade.

Muitas vezes há obras escritas num estilo que carrega propositalmente e ao exagero os traços narrativos, descritivos, numa linha hiper-realista. E o caso de alguns contos de Rubem Fonseca, um dos mais importantes prosadores da atualidade.

b) Realismo fantástico.Outros escritores preferem empregar uma técnica diferente para denunciar o mesmo estado

de coisas. Suas obras apresentam situações irreais, absurdas, que funcionam como metáfora para a situação do país.

O pioneiro dessa tendência é Murilo Rubião (O Ex-Mágico, O Pirotécnico Zacarias). Destacam-se ainda José J. Veiga (Sobra dos Reis Barbudos, A Hora dos Ruminantes) e Moacir Scliar (A Balada do Falso Messias, Carnaval dos Animais), entre outros.

9.2 Prosa urbana

Trata dos grandes centros urbanos, com seus problemas específicos: progresso, violência, solidão, marginalização. Destacam-se Luiz Vilela, Ricardo Ramos e, principalmente, Dalton Trevisan e Rubem Fonseca.

Dalton Trevisan (1925)

Paranaense, de Curitiba, formou-se advogado, mas dedica-se ao comércio.Tem a tortura da língua: escreve e critica, e reescreve e torna a criticar, numa procura

constante de um despojamento total de todo termo desnecessário.Fundou e dirigiu a revista Joaquim (1946 - 1948), vanguarda da época.

Obras:

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9 - TENDÊNCIAS CONTEMPORÂNEAS

Novelas Nada Exemplares (1959), A Morte na Praça (1964), Cemitério de Elefantes (1964), O Vampiro de Curitiba (1968), Desastres do Amor (1968), A Guerra Conjugal (1969), O Rei da Terra (1972), O Pássaro de Cinco Asas (1974), A Faca no Coração (1975), Abismo de Rosas (1976), A Trombeta do Anjo Vingador (1977), Crimes da Paixão (1978), Virgem Louca, Loucos Beijos (1979), Lincha Tarado (1980), Contos Eróticos (1984).9.3 Prosa intimista

Na mesma linha de sondagem psicológica de Clarice Lispector, esse tipo de narrativa apresenta personagens angustiadas, cujo interior o autor vasculha.

Enquadraram-se nessa tendência Lygia Fagundes Telles, Autran Dourado, Osman Lins, Lya Luft.

Observação:Lygia Fagundes Telles, em grande parte de sua obra, apresenta personagens mergulhadas em

si mesmas, através das quais vasculha o interior do ser humano.

9.4 O conto e a crônica

A crônica, que geralmente se prende ao registro do cotidiano, tornou-se um dos gêneros mais cultivados contemporaneamente, com lugar reservado nos grandes jornais do país. O mesmo acontece com o conto. Destacam-se na crônica Fernando Sabino, Rubem Braga, Carlos Heitor Cony, Luís Fernando Veríssimo, entre muitos outros.

9.5 Desdobramentos da poesia da "Geração de 45"

A "Geração de 45" deixou marcas profundas na poesia, herança que iria direcionar sua trajetória posterior de que se ensaia, aqui, classificação provisória.

O legado dessa geração é um texto em que o eu lírico é partícipe consciente da realidade histórica, o que determina o aparecimento da poesia empenhada.

Exemplificam essa direção os poemas candentes de Jomar Moreis Souto, Thiago de Mello, Jamil Almansur Haddad e Carlos de Queirós Telles.

A poesia de Ferreira Gullar (Romances de Cordel, 1962/1967; Poema Sujo, 1976; Na Vertigem do Dia, 1980) abriga textos em que idéia e sangue estão empenhados. São poemas claros, que recusam a descontinuidade de pensamento e expressão e ganham força estética no ritmo, que abre as portas às idéias que se vão pondo. O poeta traz, intenso, o gosto de estar vivo ("a vida sopra dentro de mim/pânica (...) e pode/subitamente/cessar."); é o sopro tão prezado de vida que dilata a sedução pelas criaturas e o desejo de conquistar uma condição que não foi corrompida pelas forças sociais que o capital enfureceu.

9.6 A poesia concreta

Na obra de Ferreira Gullar e do poeta Mário Faustino (Poetas, 1966), encontram-se procedimentos afins à poesia concreta ("Somos concretistas", dissera Oswald de Andrade no Manifesto Antropófago). Surgindo em São Paulo, em 1956, o concretismo foi instaurado e teorizado por Augusto de Campos, Haroldo de Campos e Décio Pignatari. Segundo seus autores, essa tendência dá por encerrado o "ciclo do verso como unidade rítmico-formal" e entende o espaço gráfico do poema como um de seus agentes estruturais. A relação entre poema e o leitor far-se-á por meio de comunicação mais visual que verbal, ou não-verbal.

O poema poderia ser considerado um "objeto útil", isto é, o visual deveria fazer parte do poema.

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Coca-cola

Beba coca colaBabe Beba coca Babe cola cacoCacoCola Cloaca

Décio Pignatari

O concretismo apresenta como características principais:

O poema como resultado de investigação verbal. A incorporação do espaço geográfico (a página) como elemento estrutural do poema. Ampliação do poema pela comunicação não-verbal. Máxima valorização da palavra em si mesma, contra o verso como unidade rítmica

convencional. Combate ao excesso lógico-discursivo. Rejeição do lirismo e do tema. Valorização do som, da forma visual e da carga semântica da palavra e suas funções-

relações no poema. Decomposição e montagem de palavras. Ampla utilização de recursos tipográficos. Possibilidade de múltiplas leituras, pela abolição do verso tradicional: leitura vertical,

horizontal, diagonal etc. Utilização do ideograma (sinal de notação das escritas analíticas, como o hieróglifo egípcio

e os símbolos da escrita chinesa, por exemplo) como modelo de composição.

A vanguarda tende a atribuir ao significante o papel de significado. Na poesia concreta - e em quase todos os movimentos de vanguarda (concretismo, 1956; neoconcretismo, 1958; poesia praxis, 1962; poesia processo, 1967; poesia progressiva) - o modo de dizer não se limita a valer tão-somente como conjuntos de elementos codificados; a forma deixa de fazer apenas alusão, de ser mera portadora de significados. As vanguardas tendem a transformar o próprio texto em realidade, que o leitor deve experimentar e conhecer. De tal maneira, a leitura vai deixando de ser a tradicional forma de conhecimento da realidade para apresentar-se como sistema fechado que é essa própria realidade: a obra torna-se fenômeno a que se refere.

Paralelamente, caminha a produção sempre agilizada de poetas como Carlos Drummond de Andrade, cuja origem literária, como se viu, remonta à década de 30, e ocorre o empenho de renovação de um poeta de 22 – Cassimiro Ricardo –, que incorpora procedimentos da poesia práxis. A tendência atual parece ser – depois de um período de resistência que a metáfora tornou possível iniciando em 1964, e que se criou em 1968 - momento que vulnerabilizou a poesia contida nos versos da canção popular (vejam-se letras de música de Chico Buarque de Holanda, de Geraldo Vandré, de Caetano Veloso, de Milton Nascimento, de Ivan Lins...) – a tendência atual parece ser, então, a de um certo desaforo, sentindo já a partir do fim da década de 70, conquistando a duras penas, que provavelmente indicará a poeta, prosadores e letristas de músicas caminhos menos tensos e estreitos do que aqueles aqui a resistência diuturna obrigava.

9.7 TEATRO E CINEMA

O golpe militar de março de 1964 praticamente não molestou a produção cultural até 1969. A esquerda continuou exercendo uma grande hegemonia cultural, mas o governo Castello Branco tomou cuidado para que essa cultura não atingisse as massas. O teatro teve seu ponto alto com espetáculos, como o Opinião, que denunciava a ditadura e a penúria das camadas populares.

O cinema estourava com o Cinema Novo. A música atraía grandes massas de estudantes aos palcos para acompanhar os festivais promovidos pela televisão.

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Para se compreender melhor, o moderno teatro brasileiro, é necessário retroceder até 1943, quando é encenando o texto Vestido de Noiva, de Nelson Rodrigues, com a competente direção do polonês Zienbinki. A montagem é considerada um marco da encenação moderna em palcos brasileiros. Em 1948, surge em São Paulo o Teatro Brasileiro de Comédia (TCB), responsável pela formação de um sem-número de artistas quase sempre trabalhando com técnica e texto importados. O teatro moderno, no entanto, assume sua função social, voltando-se para o questionamento da realidade brasileira: em 1958, o grupo do Teatro de Arena encena Eles Não Usam Black-Tie, de Gianfrancesco Guarnieri. A década de 60 assiste a uma proliferação de grupos teatrais espalhados por todo o Brasil que intensificam sua atividades após o movimento de 1964. Entre os mais importantes estão, além do Teatro de Arena, o grupo de teatro Oficina, que teria seu grande momento com a encenação, revolucionária sob todos os aspectos, do texto de Oswald de Andrade O Rei da Vela, sob direção de José Martinez Corrêa, e o Grupo Opinião, do Rio de Janeiro, que em 1965 apresenta Liberdade, Liberdade, montagem baseada em textos de Flávio Rangel e Millôr Fernandes, entremeados com canções de protestos. Com o AI-5 e os ataques de grupos de extrema-direita, desmantela-se o teatro de resistência; os nomes importantes, como Augusto Boal e José Celso, vão para o exílio. Apesar de tudo, como Gianfrancesco Guarnieri, Dias Gomes, Chico Buarque de Holanda, Rui Guerra, Ferreira Gullar, Paulo Pontes e Plínio Marcos continuam a produzir textos.

José de

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10 - LISTA DE OBRAS PARA LEITURA

José de Alencar Senhora e/ou Iracema

Machado de AssisDom Casmurro

Dalton TrevisanVampiro de Curitiba

Graciliano RamosVidas Secas

João Cabral de Melo NetoMorte e Vida Severina

Textos para interpretação e estudos lingüísticos

Texto nº 1

O ASSALTO

Quando a empregada entrou no elevador, o garoto entrou atrás. Devia ter uns dezesseis anos, dezessete anos. Desceram no mesmo andar. A empregada com o coração batendo. O corredor estava escuro e a empregada sentiu que o garoto a seguia. Botou a chave na fechadura da porta de serviço, já em pânico. Com a porta aberta virou-se de repente e gritou para o garoto:

– Não me bate!– Senhora? – Faça o que quiser, mas não me bate!– Não senhora, eu...A dona da casa veio ver o que estava havendo. Viu o garoto na porta e o rosto apavorado da

empregada e recuou, até pressionar as costas na geladeira.– Você está armado?– Eu? Não.A empregada, que ainda não largara o pacote de compras, aconselhou a patroa sem tirar os

olhos do garoto:– É melhor não fazer nada, madame. O melhor é não gritar.– Eu não vou fazer nada, juro! - disse a patroa, quase aos prantos - Você pode entrar. Pode

fazer o que quiser. Não precisa usar de violência.O garoto olhou de uma mulher para a outra. Apalermado. Perguntou:– Aqui é o 712?– O que você quiser. Entre. Ninguém vai reagir. O garoto hesitou, depois deu um passo para dentro da cozinha. A empregada e a patroa recuaram

ainda mais. A patroa esgueirou-se pela parede até chegar à porta que dava para a saleta de almoço. Disse:– Eu não tenho dinheiro, mas meu marido deve ter. Ele está em casa. Vou chamá-lo. Ele lhe

dará tudo. O garoto também estava com os olhos arregalados. Perguntou de novo:– Este é o 712? Me disseram que era para pegar umas garrafas no 712.A mulher chamou com voz trêmula:– Henrique! O marido apareceu na porta do gabinete. Viu o rosto da mulher, o rosto da empregada e o

garoto e entendeu tudo. Chegou a hora, pensou. Sempre me indaguei como me comportaria no caso de um assalto. Chegou a hora de tirar a prova.

– O que você quer? - perguntou, dando-se conta em seguida do ridículo da pergunta. Mas sua voz estava firme.

– Eu disse que você tinha dinheiro - falou a mulher.– Faço um trato com você - disse o marido ao garoto - dou tudo de valor que tenho em casa,

contanto que você não toque em ninguém.

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11 - APÊNDICE

E se as crianças chegarem de repente? pensou a mulher. Meu Deus, o que esse bandido vai fazer com as minhas crianças? O garoto gaguejou:

– Eu... eu... é aqui que tem umas garrafas para pegar?– Tenho um pouco de dinheiro. Minha mulher tem jóias. Não temos cofre em casa, acredite

em mim. Não temos muita coisa Você quer o carro? Eu dou a chave. Errei, pensou o marido. Se sair com o carro ele vai querer ter certeza de que ninguém

chamará a polícia. Vai levar um de nós com ele. Ou vai nos deixar todos amarrados. Ou coisa pior...– Vou pegar o dinheiro, está bem - disse o marido.O garoto só piscava. – Não tenho arma em casa. É isso que você está pensando? Você pode vir comigo. O garoto olhou para a dona de casa e para a empregada.– Você está pensando que elas vão aproveitar para fugir, é isso? - continuou o marido. - Elas

podem vir junto conosco. Ninguém vai fazer nada. Só não queremos violência. Vamos todos para o gabinete.

A patroa, a empregada e o Henrique entraram no gabinete e depois de alguns segundos o garoto foi atrás. Enquanto abria a gaveta chaveada de sua mesa, o marido falava:

– Não é para agradar, mas eu compreendo você. Você é uma vítima do sistema. Deve estar pensando: "Esse burguês cheio da nota está querendo me conversar", mas não é isso não. Sempre me senti culpado por viver bem no meio de tanta miséria. Pode perguntar para minha mulher. Eu não vivo dizendo que tenho casa. Não somos ricos. Somos, com alguma boa vontade, da classe média alta. Você tem razão, qualquer dia também começamos a assaltar para poder comer.

Tem que mudar o sistema. Tome.O garoto pegou o dinheiro meio sem jeito.– Olhe, eu só vim pegar as garrafas...– Sônia, busque as suas jóias. Ou melhor, vamos todos buscar as jóias.Os quatros foram para a suíte do casal. O garoto atrás. No caminho ele sussurrou para a

empregada:– Aqui é o 712?– Por favor, não! - disse a empregada, encolhendo-se.Deram todas as jóias para o garoto, que estava cada vez mais embaraçado.O marido falou:– Não precisa nos trancar no banheiro. Olhe o que eu vou fazer.Arrancou o fio do telefone da parede.– Você pode trancar o apartamento por fora e deixar as chaves lá embaixo. Terá tempo de

fugir. Não faremos nada. Só não queremos violência.– Aqui não é o 712? Me disseram para pegar umas garrafas... – Nós não temos mais nada, confie em mim. Também somos vítimas do sistema. Estamos

do seu lado. Por favor, vá embora!A empregada espalhou a notícia do assalto por todo o prédio. Madame teve uma crise

nervosa que durou dias. O marido comentou que não dava mais para viver nessa cidade. Mas achava que tinha se saído bem. Não entrara em pânico. Ganhara um pouco da simpatia do bandido. Protegera o seu lar da violência. E não revelara a existência do cofre com grosso dinheiro, inclusive os dólares e marcos, atrás do quadro da odalisca.

(Veríssmo, Luiz Fernando. O Analista de Bagé. 14. Ed. Porto Alegre: L & M, 1984)

EXPLORANDO O TEXTO 1

1) Luiz Fernando Veríssimo consegue com o tema relativamente comum, como é o caso de um assalto, construir uma história bastante original ao centrá-la num "mal-entendido". Qual foi esse "mal-entendido"?

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2) Pouco a pouco o "mal-entendido" vai envolvendo a empregada, a patroa, o marido da patroa. Como e por que se dá essa "reação em cadeia"?

3) As ações dos personagens e suas emoções vão crescendo em intensidade. Tudo começa por um susto inicial. O que acontece na seqüência?

4) Ao longo de toda a narrativa há um contraste entre a atitude do suposto assaltante e dos supostos assaltados. Que atitudes são essas?

5) O texto faz supor que a incidência de fatos de violência seja tão grande que o medo de ser assaltado persiga a todo instante o personagem da narrativa. Comprove essa idéia com frase do texto.

6) Depois de afirmar pertencer à classe média alta, o dono da casa diz: "Qualquer dia também começamos a assaltar para poder comer". O que o dono da casa objetivou com tal frase?

7) O texto acaba por retratar uma situação ridícula. Algumas frases situam esse ridículo.

Observe o exemplo:"A empregada, que ainda não largara o pacote de compras, aconselhou a patroa..."Retire do texto pelo menos mais duas frases semelhantes.

Refletindo sobre o texto 01

No texto, o marido agiu como um indivíduo precipitado, entregando as jóias e o dinheiro a quem não tinha a menor intenção de assaltar e, no final da narrativa, considera-se um herói de grande esperteza por impedir que o "assaltante" levasse seus dólares e marcos que estavam guardados no cofre. O que você acha dessa atitude do marido?

Texto nº 02

POEMA DE SETE FACES

Quando nasci, um anjo tortodesses que vivem na sombradisse: Vai, Carlos! Ser gauche na vida.

As casas espiam os homensque correm atrás de mulheres.A tarde talvez fosse azul,não houvesse tantos desejos.

O bonde passa cheio de pernas:pernas brancas pretas amarelas.Para que tanta perna, meu Deus, pergunta meu coração.Porém meus olhosnão perguntam nada.

O homem atrás do bigodeé sério, simples e forte.Quase não conversa.Tem poucos, raros amigos o homem atrás dos óculos e do bigode.

Meu Deus, por que me abandonastese sabias que eu não era Deusse sabias que eu era fraco.

Mundo, mundo vasto mundo, se eu me chamasse Raimundo seria uma rima, não seria uma solução.

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Mundo mundo vasto mundo,mais vasto é o meu coração.

Eu não devia te dizer mas essa lua mas esse conhaquebotam a gente comovido como diabo.

(Carlos Drummond de Andrade)(Prova - Exames Supletivos, 1997)

Explorando o texto 02

1) Sabe-se que cada linha é chamada de verso e o conjunto de versos forma estrofes.O "Poema de Sete Faces" apresenta (marque a alternativa correta):

A. Sete estrofes, equivalentes a "sete faces" a que se refere o título.B. Vinte e nove versos que narram um fato ocorrido na vida do poetaC. Sete estrofes que narram a vida de Carlos e Raimundo.D. Vinte e nove versos, equivalentes às sete partes de uma única face do poeta.

2) No poema, Drummond se diz impotente diante do mundo. O verso em que ele faz essa afirmação é :

A. "Vai, Carlos! ser gauche na vida".B. "se sabias que eu era fraco".C. "Porém meu olhos não perguntam nada".D. "Tem poucos, raros amigos".

3) Observe:" Não, meu coração não é maior que o mundoÉ muito menorNele não cabem nem as minhas dores".

(Drummond). Ao comparar os versos dessa questão com versos extraídos do "Poema de Sete Faces", verifica-se a existência de sentimentos contrários em:

A. "A tarde talvez fosse azulNão houvesse tantos desejos".

B. "O bonde passa cheio de pernaspernas brancas pretas amarelas".

C. "Tem poucos, raros amigos.O homem atrás dos óculos e do bigode".

D. "Mundo mundo vasto mundo, mais vasto é o meu coração".

4) É comum os escritores citarem, em suas obras, passagens de outros livros. No "Poema de Sete Faces", Drummond vale-se de uma passagem bíblica em:

A. "Se sabias que eu não era Deus".B. "Botam a gente comovido como o diabo".C. "Meu Deus, por que me abandonaste".D. "Quando nasci, um anjo torto".

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5) Observe:"A tarde talvez fosse azul...". Nesse verso, o poeta passa a idéia de:

A. aspiração e desejoB. monotonia e tradiçãoC. tranqüilidade e belezaD. agitação e correria

Texto nº 03

UMA VELA PARA DARIO

Dario vinha apressado, de guarda-chuva no braço esquerdo e assim dobrou a esquina, diminuiu o passo até parar, encostando-se à parede de uma casa. Foi escorregando por ela, de costa, sentou-se na calçada ainda úmida da chuva de descansou no chão o cachimbo.

Dois ou três passantes rodearam-no, indagando se não estava se sentindo bem. Dario abriu a boca, moveu os lábios, mas não se ouviu a resposta. Um senhor gordo, de branco, sugeriu que ele devia sofrer de ataque.

Estendeu-se mais um pouco, deitado agora na calçada, o cachimbo ao seu lado tinha apagado. Um rapaz de bigode pediu ao grupo que se afastasse, deixando-o respirar. E abriu-lhe o paletó, o colarinho, a gravata e a cinta. Quando lhe tiraram os sapatos, Dario roncou pela garganta e um fio de espuma saiu do canto da boca.

Cada pessoa que chegava se punha na ponta dos pés, embora não pudesse ver. Os moradores da rua conversavam de uma porta a outra, as crianças foram acordadas e vieram de pijamas à janela. O senhor gordo repetia que Dario sentara-se na calçada, soprando ainda fumaça do cachimbo e encostando o guarda-chuva na parede. Mas não se via guarda-chuva ou cachimbo ao lado dele.

Uma velhinha de cabeça grisalha gritou que Dario estava morrendo. Um grupo transportou-o na direção do táxi estacionado na esquina. Já tinham introduzido no carro a metade do corpo, quando o motorista protestou: e se ele morresse na viagem? A turma concordou em chamar a ambulância. Dario foi conduzido de volta e encostado na parede. Não tinha mais os sapatos e o alfinete de pérola na gravata.

Alguém informou que na outra rua havia uma farmácia. Carregaram Dario até a esquina; a farmácia era no fim do quarteirão e, além do mais, ele estava muito pesado. Foi largado ali na porta de uma peixaria. Imediatamente, um enxame de moscas lhe cobriu o rosto, sem que fizessem o menor gesto para espantá-las. Dario ficara torto como o deixaram, no degrau da peixaria, sem o relógio de pulso. Um terceiro sugeriu que lhe examinassem os documentos. Vários objetos foram retirados de seus bolsos e alinhados sobre a camisa branca. Ficaram sabendo seu nome, idade, cor dos olhos, sinais de nascença, o endereço na carteira era de outra cidade.

Registrou-se tumulto na multidão de mais de duzentos curiosos que a essa hora ocupava toda a rua e as calçadas: era a polícia. O caro negro investiu contra o povo e várias pessoas tropeçaram no corpo de Dario, que foi pisoteado dezessete vezes.

O guarda aproximou-se do cadáver e não pôde identificá-lo – os bolsos vazios. Restava apenas a aliança de ouro na mão esquerda que ele - quando vivo - não podia retirar do dedo se não umedecendo-o com sabonete.

Ficou decidido que o caso era com o rabecão. A última boca repetiu: - "Ele morreu, ele morreu", e então a gente começou a se dispersar.

Dario havia levado quase duas horas para morrer e ninguém sequer acreditava que estivesse no fim. Agora, os que podiam olhá-lo viam que ele tinha todo ar de um defunto.

Um senhor, por piedade, despiu o paletó de Dario para sustentar-lhe a cabeça. Cruzou suas mãos no peito. Não lhe pôde fechar os olhos nem a boca, onde as bolhas de espuma haviam desaparecido. Era apenas um homem morto e a multidão se espalhou rapidamente, as mesas de café voltaram a ficar vazias.

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Um menino de cor e descalço veio com uma vela, que acendeu ao lado do cadáver. Parecia morto há muito anos, quase um retrato de um morto desbotado pela chuva. Fecharam-se uma a uma as janelas e, três horas depois, lá estava Dario esperando o rabecão. A cabeça agora na pedra, sem o paletó, e o dedo sem a aliança. A vela tinha queimado até a metade e apagando-se às primeiras gotas de chuva, que voltara a cair.

(Dalton Trevisan)

Explorando o texto nº 03

As cinco questões são de interpretação. Leia o texto, com atenção, antes de respondê-las.

1) Assinale a alternativa que contém o tema abordado por Dalton Trevisan.A. Participação coletiva total nos pequenos dramas do dia-a-dia.B. Solidariedade instintiva ao sofrimento alheio.C. Insensibilidade e alheamento das pessoas diante dos dramas que não lhe tocam.D. Compaixão da humanidade pela dor alheia.

2) A multidão concordou com a ponderação do motorista de táxi, porque:A. Dario já estava morto.B. A morte de Dario no táxi poderia causar-lhe dor de cabeça.C. A polícia ainda não havia chegado e o corpo não podia ser removido.D. Seria melhor esperar uma ambulância.

3) Na situação em que se encontrava Dario, o exame de seus documentos foi:A. Inútil, pois o endereço era de outra pessoa.B. Produtivo, pois dizia quais os sinais de nascença.C. Bastante útil, pois a polícia concluiu que a sua morte fora acidental.D. Proveitoso, pois todos ficaram conhecendo a sua doença.

4) A escolha do título justifica-se, pois:A. Em todos os velórios costuma-se acender-se velas.B. O povo mandou acender uma vela para Dario.C. Um menino, num gesto piedoso, acendeu uma vela ao lado do cadáver.D. O rabecão costuma acender velas quando alguém morre na rua.

5) "A cabeça agora na pedra, sem o paletó, o dedo sem aliança". (último parágrafo)Lendo o texto com atenção e analisando o período acima chegamos à conclusão de que:

A. Dario era solteiro, pois não usava aliança.B. Antes de morrer, Dario deixara cair a aliança e o paletó.C. O povo, de forma impiedosa, praticou fria e macabra rapinagem contra o inerte Dario.D. O povo, num gesto de solidariedade humana, retirou a aliança e o paletó para entregá-

los à família.

Texto nº 04 (Suplência 1998)

VOLTA ÀS AULAS

As empresas nunca investiram tanto na escolaridade de seus empregados

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(Daniel Nunes Gonçalves)

A concorrência estrangeira tem lá seus defeitos, mas ao menos já implantou algumas maravilhas globalizadas na indústria nacional. Nunca as empresas foram tão informatizadas, confeccionaram produtos tão bons e operaram a custos tão baixos. Outra novidade ocorre no campo da educação. Cresce, a olhos vistos, o número de empresas que decidiram investir mais detidamente na escolaridade de seus empregados. A Sadia investe 8 milhões de reais por ano para, até o ano 2000, ter todos os seus funcionários com o 1º grau completo. Calcula-se que 40.000 trabalhadores estejam de volta aos bancos escolares incentivados pelas empresas em que trabalham.

Diante do estrago gigantesco a ser consertado, são números mínimos. Entre trabalhadores com carteira assinada, 43% são analfabetos ou possuem o 1º grau incompleto. O trabalhador no Brasil permanece na escola por um período muito curto, inferior a quatro anos - menos que na Argentina, com nove, ou na Coréia, com 10 anos. Não é à toa que as empresas nacionais acabam levando um banho de eficiência dos concorrentes. O programa de educação nas fábricas envolve não só as empresas, mas também fundações e mais de 1.000 ONGs (Organizações não governamentais), além de alguns governos estaduais e o federal, que entram com o dinheiro.

Investir em mão-de-obra é compensador por vários motivos. Na Nestlé o numero de acidente de trabalho diminuiu porque os operários passaram a entender melhor o funcionamento das máquinas. Também caiu o índice de faltas, porque o empregado passou a ter um motivo a mais para comparecer ao trabalho. "Um funcionário com mais estudo entende melhor os processos de trabalho e resolve problemas inesperados com mais facilidade", resume Carlos Augusto Costa e Silva, superior de educação da Volkswagen. Programas assim produzem resultados objetivos como os que descreve o supervisor, mas também melhoram a auto-estima do empregado - o que é muito bom. O mecânico de manutenção da Volkswagen Mário Antonio de Moraes, de 45 anos, voltou aos estudos depois de 26 anos e concluirá o 2º grau em dois meses. "Agora, trabalho melhor e vivo melhor. Compro jornal todos os domingos”, afirma.

Explorando o texto nº 04

1) Observe:"Esse time percebeu que firma de primeira não pode ter funcionários de segunda".

De acordo com o texto:A. Somente a firma de segunda deve investir na escolarização de seus funcionários.B. Toda firma deve despedir os funcionários que não possuem escolarização.C. Toda firma deve investir na escolarização de seus funcionários.D. Nenhuma firma necessita de funcionários escolarizados.

2) Observe:"as empresas nacionais acabam levando um banho de eficiência dos concorrentes."De acordo com o texto, este fato ocorre porque o trabalhador brasileiro:

A. É muito preguiçoso e não possui o 1º grau completo.B. Permanece na escola por um período inferior a quatro anos.C. É analfabeto e mal remunerado.D. Não é bem orientado para desempenhar suas funções.

3) Segundo o texto "Volta às Aulas", a ocorrência da diminuição dos acidentes de trabalho e o menor índice da faltas entre os empregados devem-se ao fato:

A. De as empresas investirem na mão-de-obra e o trabalhador motivar-se para o trabalho.B. Do aumento do salário que as firmas proporcionam aos empregados.C. Do melhor funcionamento das máquinas modernas.

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D. De 57% dos trabalhadores serem alfabetizados.

4) Algumas frases do texto foram modificadas. Entre elas, a que se apresenta gramaticalmente incorreta é:

A. São, diante do estrago gigantesco a ser consertado, números mínimos.B. Agora, trabalho e vivo melhor.C. Nunca as empresas foram tão informatizadas, confeccionaram produtos tão bons,

operaram a custos tão baixos..D. O trabalhador no Brasil permanece na escola por um período curtíssimo.

5) Para evitar repetições de palavras, parte das frases extraídas do texto foi substituída por pronomes. Entre as alternativas abaixo, a que se apresenta incorreta é:

A. Um funcionário com mais estudo entende-os melhor...B. ... duas dezenas de colégios nas imediações da fábrica para atendê-los.C. O compro todos os domingos.D. ... convênios com duas dezenas de colégios nas suas imediações...

Texto nº 05 (Suplência de 1998)

TEXTO PUBLICITÁRIO

Eles chegaram aqui no início do século. Uma gente brava, com a bagagem cheia de esperança.

Em pouco tempo, os imigrantes descobririam um país receptivo à experiência e à cultura que eles traziam no sangue.

Mas também descobriram um grande desafio.E não perderam tempo. Dotados de um vontade férrea, trabalharam duro. E além de

sobrenome, legaram a seus descendentes a crença do ideal de progredir e vencer.Estrangeiros que descobriam que para ser brasileiros bastava gostar do Brasil. Que

escreveram a história contemporânea deste país. Na indústria. Nos campos. Nas cidades.Joaquins, Giovannis, Toshiros, Peters, Ganthers, Samires e Juans. Todos. Sem exceção.A Shell veio para o Brasil mais ou menos nessa época. E, 75 anos depois, pode avaliar a

trajetória daqueles que se dispuseram a atravessar o mundo em busca de um futuro melhor.E faz questão de homenagear as todos. Que vieram e ficaram.

(Revista Veja, nº 845. 1989)

Explorando o texto nº 05

1) Em "Eles chegaram aqui no início do século..." O pronome "Eles", que inicia a frase, no texto, refere-se a:

A. Brasileiros.B. Imigrantes.C. Estrangeiros.D. B e C estão corretas

2) Em: "E faz questão de homenagear a todos". O sujeito do verbo fazer, na frase acima, retirada do texto é:

A. BrasilB. Shell

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C. MundoD. Futuro

3) De acordo com o texto, é correto afirmar que:A. a Shell chegou após o período de imigração;B. a Shell chegou ao Brasil 75 anos depois dos imigrantes;C. a Shell e os estrangeiros chegaram ao Brasil depois da imigração;D. a Shell e os estrangeiros chegaram ao Brasil quase juntos.

4) No sexto parágrafo, pelo nome das pessoas, pode-se saber o seu país de origem. Entre eles, pode-se destacar.

A. Inglaterra, Japão, EspanhaB. Rússia, Alemanha, InglaterraC. Itália, França, JapãoD. Alemanha, Grécia, Portugal

5) As frases do texto foram alteradas. Entre elas a que apresenta sinonímia incorreta é:A. ... à experiência e a cultura que eles traziam consigo.B. ... parece querer homenagear a todos.C. ... transmitiriam a seus descendentes a crença...D. ... dotados de uma vontade inflexível.

Dissertação - A Argumentação

Imagine que você queira dissertar o seguinte tema: "O mundo moderno caminha atualmente para sua própria destruição."

Sua primeira providência deve ser copiar este tema em uma folha de rascunho e fazer a pergunta: POR QUÊ?

Ao iniciar sua reflexão sobre o tema proposto e sobre uma possível resposta para a questão, procure recordar-se do que já leu ou ouviu a respeito dele. É quase certo que você tenha ao menos uma noção acerca de qualquer tema que lhe vier a ser apresentado.

O ideal, para que sua dissertação explore suficientemente o assunto, é que você obtenha duas ou três respostas para a questão formulada. Essas respostas chamam-se possibilidade, é pensar que o mundo pode vir a destruir-se por causa dos inúmeros conflitos internacionais que têm ocorrido nos últimos tempos. Assim, já teríamos o primeiro argumento:

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12- PRODUÇÃO DE TEXTO

A palavra texto vem do latim textum, que significa tecido, entrelaçamento. Essa origem aponta a idéia de que texto resulta de um trabalho de tecer, de entrelaçar várias partes menores a fim de se obter um todo inter-relacionado, um todo coeso e coerente.

1. Tem havido inúmeros conflitos internacionais.

Pensando um pouco mais sobre o porquê de estarmos à beira da destruição, podem ocorrer-nos mais dois argumentos: o meio ambiente encontra-se ameaçado por sério desequilíbrio ecológico, e permanece o perigo de uma catástrofe nuclear. Viu como é fácil? Os argumentos selecionados são exaustivamente noticiados por qualquer meio de comunicação.

Dessa maneira, obtemos o seguinte quadro:

Você pode encontrar outros argumentos além desses apresentados acima que justifiquem a afirmação proposta pelo tema. A única exigência é que eles se relacionem com o assunto sobre o qual está escrevendo.

Uma vez estabelecido o tema e três argumentos, você já dispõe do necessário para, agora, na folha definitiva, começar a redigir sua dissertação. Ela deverá constar de três partes fundamentais: introdução, desenvolvimento e conclusão.

Vamos, agora, redigir o primeiro parágrafo, ou seja, a introdução, baseando-nos no quadro da página anterior. Para compô-la, basta que você copie o tema e a ele acrescente os três argumentos, assim como aparecem no quadro. Veja como poderia ser:

39

TEMA: "O mundo moderno caminha atualmente para sua própria destruição."

Por 1. Tem havido inúmeros conflitos internacionais. 2. O meio ambiente encontra-se ameaçado por sério desequilíbrio Quê? ecológico. 3. Permanece o perigo de uma catástrofe nuclear.

Tema

O mundo moderno caminha atualmente para sua própria destruição.

Argumento 1

Pois tem havido inúmeros conflitos internacionais, o meio ambiente encontra-se

Argumento 2

Ameaçado por sério desequilíbrio ecológico e, além dos mais

Argumento 3

Permanece o perigo de uma catástrofe nuclear.

Observe que, na introdução, os argumentos são apenas mencionados. Neste primeiro parágrafo informamos o assunto de que a dissertação vai tratar. Cada argumento será convenientemente desenvolvido nos parágrafos seguintes.

Repare nas palavras “pois” e “além do mais”, colocadas neste texto para ligar as diferentes partes da introdução. São elas que reúnem o tema aos argumentos. Depois de terminado o parágrafo da introdução, você deverá passar para o desenvolvimento, explicando cada um dos argumentos expostos acima.

Assim, no próximo parágrafo, escreva tudo que souber sobre o fato que tem havido inúmeros conflitos internacionais.

Como você pode perceber, convém, vez por outra, lançar mão de certos exemplos para comprovar suas afirmações.

No parágrafo seguinte, desenvolve-se o segundo argumento:

Note a presença de uma expressão "outra ameaça constante...", no início do parágrafo, que estabelece a ligação com o parágrafo anterior. Ela deve ser colocada para evidenciar o fato de que os parágrafos se relacionam entre si.

Falemos agora do terceiro argumento:

Observe a expressão "além disso...", colocada no início desse parágrafo. Ela é o elemento de ligação com o parágrafo anterior do desenvolvimento. Estabelece a conexão entre os argumentos apresentados.

A conclusão

Para que sua dissertação fique completa, basta apenas elaborar um único parágrafo, que se denomina conclusão. Para isso, é preciso que analisemos suas partes constitutivas.

A conclusão pode-se iniciar-se com uma expressão que remeta ao que foi dito nos parágrafos anteriores (expressão inicial). A ela deve seguir-se uma reafirmação do tema proposto no início da redação. No final do parágrafo, é interessante colocar uma observação, fazendo um comentário sobre os fatos mencionados ao longo da dissertação.

Com base nesta orientação, já podemos redigir o parágrafo final, ou seja, a conclusão.

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Nestas últimas décadas, temos assistido, com certa preocupação, aos inúmeros conflitos internacionais que se sucedem. Muitos trazem na memória a triste lembrança das guerras do Vietnã e da Coréia, as quais provocaram grande extermínio. Em nossos dias, testemunhamos conflitos no Oriente Médio que, envolvendo as grandes potências internacionais, poderiam conduzir-nos a um confronto mundial de proporções incalculáveis.

Outra ameaça constante é o desequilíbrio ecológico, provocado pela ambição desmedida de alguns, que promovem desmatamentos desordenados e poluem as águas dos rios. Tais atitudes contribuem para que o meio ambiente, em virtude de tantas agressões, acabe por se transformar em um local inabitável.

Além disso, enfrentaremos sério perigo relativo à utilização de energia atômica. Quer pelos acidentes que já ocorreram e podem acontecer novamente nas usinas nucleares, quer por eventual confronto em uma guerra mundial, dificilmente poderíamos sobreviver diante do poder avassalador desses sofisticados armamentos.

Observação:

Caso você deseje, é possível que a conclusão seja formada apenas pelo comentário final, dispensando o início, constituído pela expressão inicial e reafirmação do tema. Eles atuam apenas como reforço, como ênfase ao problema abordado.

Agora, reunindo todos os parágrafos escritos, temos a dissertação completa acrescida de um título. Veja:

DESTRUIÇÃO: A AMEAÇA CONSTANTE

O mundo moderno caminha atualmente para sua própria destruição, pois tem havido inúmeros conflitos internacionais, o meio ambiente encontra-se ameaçado por sério desequilíbrio ecológico e, além do mais, permanece o perigo de uma catástrofe nuclear.

Nessas últimas décadas, temos assistido, com certa preocupação, aos inúmeros conflitos internacionais que se sucedem. Muitos trazem na memória a triste lembrança das guerras do Vietnã e da Coréia, as quais provocaram grande extermínio. Em nossos dias testemunhamos conflitos no Oriente Médio que, envolvendo as grandes potências internacionais, poderiam conduzir-nos a um confronto mundial de proporções incalculáveis.

Outra ameaça constante é o desequilíbrio ecológico, provocado pela ambição desmedida de alguns, que promovem desmatamentos desordenados e poluem as águas dos rios. Tais atitudes contribuem para que o meio ambiente, em virtude de tantas agressões, acabe por se transformar em um local inabitável.

Além disso, enfrentamos sério perigo relativo à utilização de energia atômica. Quer pelos acidentes que já ocorreram e podem acontecer novamente nas usinas nucleares, quer por eventual confronto em uma guerra mundial, dificilmente poderíamos sobreviver diante do poder avassalador desses sofisticados armamentos.

Em virtude dos fatos mencionados, somos levados a acreditar na possibilidade de estarmos a caminho do nosso próprio extermínio. É desejo de todos nós que algo possa ser feito no sentido de conter essas diversas forças destrutivas, para podermos sobreviver às adversidades e construir um mundo que, por ser pacífico, será mais facilmente habitado pelas gerações vindouras.

Caso você deseje uma dissertação um pouco menor, basta usar dois argumentos ao invés de três.

Observação:

Você pode substituir essa expressão inicial utilizada na sua conclusão por qualquer outra equivalente. Aqui estão algumas sugestões.

- Dessa forma...

41

Em virtude dos fatos mencionados, somos levados a acreditar na possibilidade

Expressão inicial

de estarmos a caminho do nosso próprio extermínio. É desejo de todos nós que algo

Reafirmação do Tema Comentário final

possa ser feito no sentido de conter essas diversas forças destrutivas, para podermos sobreviver às adversidades e construir um mundo que, por ser pacífico, será mais facilmente habitado pelas gerações vindouras

- Sendo assim...- Em vista dos argumentos apresentados...- Em virtude do que foi mencionado...- Assim...- Levando-se em conta o que foi conversado...- Por todas essas idéias apresentadas...- Tendo em vista os aspectos apresentados...- Por tudo isso...- Dado o exposto...

Sugestões para iniciar sua dissertação

1. Para iniciar a sua dissertação- Fala-se muito atualmente sobre...- Provável que...- Acredita-se que...

2. Enumeração da análise do problema- Deve-se analisar primeiramente...- É preciso analisar que...- A primeira observação se refere ...

2.1 Para insistir no problema- Observa-se também que...- Nota-se, por outro lado, que...- Não podemos esquecer que...- É necessário frisar também que...

3. Conclusão- Assim sendo...- Dessa forma...- Concluindo...- Nesse sentido...

Trabalhando o texto

A INVEJA

A inveja é geralmente feita de ilusões superpostas, e não corresponde absolutamente a nada real. Quando admitimos que invejamos alguém, damos um primeiro passo. Podemos ver, então, que na maioria das vezes o que nos incomoda é mais a possibilidade de prazer, de sucesso ou de felicidade de outro, do que o fato de não termos o mesmo benefício. Em seguida, aprofundando, é possível descobrir que geralmente supomos, imaginamos, as vantagens e as delícias que invejamos. Por outro lado, podemos desfrutar prazer em despertar inveja. Supondo que somos invejados – sabemos que não há razão para esse sentimento, por que afinal não somos tão felizes, nem estamos num paraíso – sentimos uma secreta alegria neste papel eleito. Vivendo o papel de invejado, descobrimos que aqueles que invejamos não desfrutam da bem-aventurança que costumamos imaginar.

As pessoas do mesmos meio social e cultural, de idade aproximada, do mesmo sexo, tendem vagamente a concorrer entre si. São competidores em potencial os que dispões de bens semelhantes, atravessam as mesmas experiências ou têm interesses comuns. Nossas atenções estão concentradas

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nos que se assemelham, de alguma forma, a nós mesmos. Por isso, a inveja é mais comum quando temos uma proximidade qualquer com alguém que parece desfrutar do que não possuímos. Entender isso é só começo.

(Lisboa, Luiz Carlos. O Jejum do Coração)

A dissertação obedece à seguinte estrutura: introdução, desenvolvimento e conclusão.Na introdução, apresenta-se o ponto de vista sobre o assunto, a idéia central que será

trabalhada durante todo o texto:

Essa frase resume de maneira clara, breve e objetiva a opinião do autor, e ao mesmo tempo, pressupõe um desenvolvimento, exige uma fundamentação.

O desenvolvimento é a parte em que são apresentados os diferentes aspectos da idéia central; constitui a fundamentação exigida pela primeira parte do texto.

A conclusão retorna à idéia central, agora enriquecida pela fundamentação, sintetizando-a, resumindo-a.

Explorando o texto

1) Você concorda com a idéia expressa na introdução do texto A Inveja? Manifeste sua opinião a respeito?

2) Proposta de redação- Faça um texto dissertativo, subordinado ao tema A Inveja. Observe a sua estrutura. Não se

esqueça de atribuir um título adequado à dissertação que acabou de redigir.

13.1 Verbos Irregulares (consulte uma boa Gramática)

1) Complete as lacunas com os verbos entre parênteses.

Na primeira estrofe *** modo imperativo afirmativo.Na segunda estrofe*** presente do indicativo.

BOM CONSELHO(Chico Buarque de Holanda)

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"A inveja é geralmente feita de ilusões superpostas e não corresponde absolutamente a nada real."

13 - GRAMÁTICA

E X E R C Í C I O S

(1ª estrofe)

____________ um bom conselho (ouvir)Eu lhe dou de graçaInútil dormir que a dor não passa_____________sentado (esperar)Ou você se cansaEstá provado: quem espera nunca alcança____________meu amigo (vir)_____________ esse regaço (deixar)______________com meu jogo (brincar)

(2ª estrofe)

Venha se queimarFaça como eu _____________ (dizer)Faça como eu____________(fazer)Aja duas vezes antes de pensar.____________ atrás do tempo (correr)Vim de não _____________ onde (saber)Devagar é que não se ____________longe (vir)Eu _____________ o vento na minha cidade (semear)_______________ pra rua e bebo a tempestade (ir)

2) Passe para o plural cada uma das frases abaixo:

a) Sempre folheio um livro. Você não folheia nunca?__________________________________________________________________________

__________________________________________________

b) Freio com firmeza antes das curvas. Você não freia?__________________________________________________________________________

______________________________________________________________

c) Nunca lisonjeio ninguém. Você lisonjeia?__________________________________________________________________________

______________________________________________________________

d) Não semeio ventos para não colher tempestades. Você semeia?________________________________________________________________________________________________________________________________________

3) Observe o modo, o tempo, o número e a pessoa das formas verbais da frase modelo. A seguir, complete as frases utilizando formas verbais flexionadas como as do modelo.

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Não copio comportamento de ninguém; por isso, não quero que você copie.

a) Não _________________ meus produtos a prazo; por isso, não quero que

você____________________(negociar).

b) Não ______________ ninguém; por isso, não quero que você

_________(odiar).

c) Não ____________grandes riquezas; por isso, não quero que você

__________(ansiar).

d) Não_____________ tudo o que faço; por isso, não quero você__________(anunciar).

4) Reescreva as frases abaixo, substituindo os asteriscos pelos verbos entre parênteses no tempo verbal adequado:

a) (*) quarenta anos, Aniceto de Castro não (*) dinheiro para casar com Mercedes. (haver, ter).b) "O amor (*) um grande laço." (ser).c) Mercedes (*) passando na rua, quando encontrou Gastão. (estar)d) Carlos Drummond de Andrade (*) um dos poetas de maior destaque. (ser)

5) Faça conforme do modelo:

a) Se nós _______________ os responsáveis pelo acidente, _____________ nossa culpa.(ser) (assumir)

b) Se ele _______________ ajuda, ________________ nosso carro e ____________a viagem. (trazer) (consertar) (continuar)

c) Se as calças ____________, você _______________com elas à festa. (caber) (ir)

d) Se ele nos _________________ um novo prazo, _______________ o trabalho (dar) (terminar)

e) Se todos _________________ à estréia da peça, o teatro _______________ lotado. (ir) (ficar)

6) Na primeira estrofe da música Carinhoso, de Pixinguinha e João de Barro, há alguns verbos irregulares. Observe o tempo e o modo empregados e continue a conjugar os verbos.

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Verbos em IAR = irregulares somente os da Turminha do MARIO

Mediar - Ansiar - Remediar - Incendiar - Odiar

Se eu _______________ condições _______________ aqui por alguns meses. (tiver) (ficar)Se eu tivesse, condições ficaria, aqui por alguns meses.

CARINHOSO

Meu coração

Não sei por quê

Bate feliz

Quando te vê

E os meus olhos ficam sorrindo

E pelas ruas vão te seguindo

Mas mesmo assim

Foges de mim.

a) Eu não sei por quê b) Quando eu te vejo.Tu não ___________ por quê Quando tu________________Ele não ___________por quê Quando ele me____________Nós não __________ por quê Quando nós os ____________

Vós não __________ por quê Quando vós os_____________Eles não __________ por quê Quando eles me ___________

c) E pela rua eu vou te seguindo.E pela rua tu ____________ me seguindo.E pela rua ele ___________ me seguindo.E pela rua nós ___________ te seguindo.E pela rua vós ___________ me seguindo.E pela rua eles ___________ me seguindo.

7) Siga o modelo:

a) Não descreio dessa possibilidade.Não é possível que você _______________

b) Não leio esse tipo de revista.Não é possível que tu __________________

c) Sempre releio os melhores livrosNão é possível que vocês não __________________

d) Nunca perco uma boa oportunidade.Não é possível que você__________________

8) Siga o modelo:

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Não creio em soluções mágicas.

Presente do indicativo.

Não é possível que eles creiam.

Presente do subjuntivo

Quando eu _____________, __________ à Espanha.(poder) (ir)

Quando eu puder, irei à Espanha.

a) Quando você se ____________, ___________ para casa de seus pais.(recompor) (ir)

b) Quando você a ____________ na caixa, ___________ que ela não ____________.(pôr) (perceber) (caber)

c) Quando você se _____________(opor) com veemência, ele ____________. (desistir).

9) Todas as palavras estacadas indicam ação, processo, fenômeno: indique o que for substantivo e o que for verbo:

a) A colheita deste ano foi boa.b) Passe a colher dados a seu respeito.c) Seu sorriso não nos convenceu.d) A mãe sorria satisfeita.e) Choveu muito no sertão.f) A chuva inundou o sertão.

10) Relacione a cada verbo destacado a idéia de ação, estado, mudança de estado, fenômeno natural:a) O patrão botou-os para fora da terrab) O príncipe virou mendigo.c) A desgraça estava a caminho.d) Relampejou durante a noite.

11) Reescreva as frases, substituindo cada asterisco pelas formas adequadas no verbo indicado entre parênteses:

a) Não havia força que * com ela. (poder)b) Se tivesse dinheiro certamente se * dali. (mudar)c) Eu também fui escravo, mas não quero que meus filhos * escravos. (ser)d) Ela estava parada na porta, olhando o retrato que o pai ainda * na parede. (pendurar)e) Se a seca * , a plantação certamente morreria. (chegar)f) Se a seca * , a plantação certamente morrerá. (chegar)g) Amanhã todos * sobre a cidade para protestar. (marchar)

12) Escreva as frases, substituindo cada símbolo pelo verbo indicado, no imperativo afirmativo:a) Já lhe avisei! # esse objeto com cuidado. (pegar)b) Já te avisei! # esse objeto com cuidado. (pegar)c) Vocês aí! # com mais entusiasmo! (cantar)d) # aquela menina! Você sabe onde ela mora? (olhar)e) # aquela menina! Tu sabes onde ela mora? (olhar)

13) Reescreva as frases, substituindo cada cifrão pela forma verbal adequada. Todos os verbos são irregulares.

a) Talvez ele $ o vizinho. (odiar - pres. Subj)b) Ele se $ mais uma vez. (contradizer - pret. Perf. Ind.)c) Espero que você $ mais atenção a nós. (dar - pres. Subj.)d) Viajem e # bastante. (passear - imperativo afirm.)e) Êpa! Eu não $ nesta cadeirinha. (caber - pres. Ind.)f) Se ela $ muita questão de ser educada, viria até aqui. (fazer - pret. Imperf. Subj)g) Talvez eu também $ um casaco igual aos seus. (querer - pres. Do subj.)

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h) Se nós $ sair poderíamos. (querer – pret. Imperf. Subj.)i) Quando ela $ o namorado com outra, vai ficar uma fera! (ver - fut. Subj.)j) Se ela $ aqui com o namorado, poderá se hospedar em casa. (vir - fut. Subj.)

14) Coloque as frases na voz passiva:a) Tua teimosia separou-nos para sempre.b) O índio fechou a porta.c) A moça remendava a roupa dos pobresd) Um enxame de moscas cobria o rosto.e) O carro quase o derruba.

15) Substitua os asteriscos pelo presente do indicativo ou pelo presente do subjuntivo dos verbos indicados:a) Tu * bom. (ser)b) Você * que ela fique aqui? (querer)c) Talvez você não * que ela fique aqui. (querer)d) Dedica-se à natação, embora * mesmo de futebol. (gostar)e) Receio que todos * a mesma coisa: dormir. (desejar)

16) Reescreva as frases, substituindo cada símbolo pelo futuro do subjuntivo dos verbos indicados:a) Se # agora, talvez cheguemos a tempo. (ir)b) Tudo estará sob controle enquanto # a calma. (manter)c) Quando ela # , dê-lhe a notícia. Mas tenha calma! (vir)d) Assim que ela # as fotografias, entenderá tudo. (ver)e) Só podemos progredir se # oportunidade, ora essa! (ter)f) Nós só te ouviremos quando tu # aqueles objetos no mesmo lugar. (repor)g) Todo aquele que sempre # a verdade será digno de confiança. (dizer)h) Se não # pelo menos cem pessoas nesta sala, teremos que procurar outro lugar para encenar-

mos a peça. (caber)

13.2 - CONCORDÂNCIA VERBAL

Regra 1Eu preciso de auxílio. Nós precisamos de auxílio.Conclusão: o verbo concorda com o sujeito em número e pessoa.

Regra 2O professor e a professora preparam a prova.Conclusão: O verbo vai a 3ª pessoa do plural caso o sujeito seja composto (3ª + 3ª) e anteposto ao verbo.

Regra 3Então falaram o aluno e a aluna.Então falou o aluno e a aluna.Conclusão: Se o sujeito composto é posposto ao verbo, este irá para o plural ou concordará com o substantivo mais próximo.

Regra 4Eu e tu sairemos de manhã.Eu, tu e ele sairemos de manhã.Você e ele sairão de manhã.

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Conclusão: quando o sujeito for composto de pessoas diferentes, o verbo vai para o plural, de acordo com a pessoa mais importante. (a 1ª pessoa é mais importante que a 2ª e a 2ª mais importante que a 3ª.)

Regra 5Há meses que não o vejoHavia anos que este fenômeno não ocorria.Faz horas que o trem partiu.Residia na fazenda fazia anos.Conclusão: o verbo haver, no sentido de existir ou referindo-se a tempo, é impesoal, não admite sujeito. O mesmo sucede com o verbo fazer referindo-se a tempo. Estes verbos ficam na 3ª pessoa do singular.Regra 6Rui ou Mário será o vencedor.Ônibus ou trem passam por lá.Conclusão: Havendo exclusão, o verbo fica no singular. Se o verbo se referir aos dois sujeitos, irá para o plural.

Regra 7A classe levantou-se quando o diretor apareceu.Conclusão: o sujeito coletivo singular pede o verbo no singular.

Regra 8Um bando de papagaios sobrevoou a floresta.(sobrevoou concorda com um bando)Um bando de papagaios sobrevoaram a floresta.(sobrevoaram concorda com papagaios)Conclusão: O verbo ficará no singular ou no plural se o sujeito coletivo for especificado com o substantivo no plural.

Regra 9Médicos, remédios, aplicações de raios, mudanças de clima, nada pôde curá-lo.Conclusão: quando a palavra nada vier no fim de uma enumeração (como que a resumi-la), o verbo fica no singular.O mesmo acontece com as palavras tudo, ninguém etc.

Regra 10Já deram onze horas? - Não, bateram dez horas. Soaram sete horas. O sino do morro badalou seis horas.O relógio bateu três horas.Conclusão: Se aparecem os sujeitos expressos relógio, sino, campainha etc., o verbo concordará com esses sujeitos. Se não aparecem sujeitos, o verbo concordará com a palavra hora ou horas.

Regra 11Sou eu quem pago.Sou eu quem pagaConclusão: O verbo das orações concordará com o sujeito eu (tu, nós ...) ou com o pronome quem na 3ª pessoa (eu – pago; quem - paga).

Regra 12Na infância, tudo são alegrias.

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Conclusão: Quando o sujeito for o pronome tudo, o verbo ser concorda com o predicativo. O mesmo ocorre com os sujeitos isto, isso, aquilo.

Regra 13A comida eram uns pedaços de pão velho.Conclusão: quando o sujeito é um nome de coisa no singular e o predicativo estiver no plural, o verbo ser vai para o plural, concordando com o predicativo.

Nos exercícios a seguir, faça a concordância escolhendo a forma verbal adequada. Se estiver em dúvida, consulte a regra cujo número se encontram nos parênteses.1) _____________, naquele dia, cinco pessoas. (faltou/faltaram) (regra 1)2) _____________, ainda, algumas vagas. (resta/restam) (regra 1)3) _____________ o presidente e o ministro. (discursou/discursaram) (regra 3)4) O presidente, o ministro _____________ . (faltou/faltaram) (regra 2)5) Jogadores, técnicos, ninguém ______________ o regulamento. (leu/leram) (regra 9)6) Ele, tu e eu _________________. (resolvi/resolvemos) (regra 4)7) Tu e teus amigos _______________ à reunião. (comparecestes/compareceram) (regra 4)8) Uma multidão ______________ na frente do teatro. (protestava/protestavam) (regra 8)9) Grande parte dos alunos ______________ à aula. (faltou/faltaram) (regra 8)10) Fui eu quem ______________ o problema. (resolvi/resolveu) (regra 11)11) ___________ quatro horas no relógio da matriz. (bateu/bateram) (regra 10)12) O relógio da praça ____________ doze horas. (deu/deram) (regra 10)13) Isto ____________ intrigas da oposição. (é/são) (regra 12)14) Isto tudo ____________ recordação. (é/são) (regra 12)15) A Pátria ______________ nós. (é/somos) (regra 13)16) Progresso ______________ as exportações. (é/são) (regra 13)17) ________________milhares de torcedores no estádio. (havia/haviam) (regra 5)18) ________________ quatro anos que não viajo. (faz/fazem) (regra 5)19) ________________ faz dez meses que ela não aparece. (vai/vão) (regra 5)20) Paris ou Munique ______________ a sede da próxima assembléia (será/serão) (regra 6).21) A música popular ou a clássica _____________ apreciadas. (é/são) (regra 6)

13.3 - CONCORDÂNCIA NOMINAL

Regra 1" Mar, belo mar selvagemDas nossas praias solitárias"Conclusão: O adjetivo concorda em gênero e número com o substantivo a que se refere.

Regra 2As laranjas e os mamões maduros já foram colhidosOs mamões e as laranjas maduras já foram colhidas.

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E X E R C Í C I O S

Conclusão: O adjetivo posposto a dois ou mais substantivos de gênero e número diferentes ou vai para o masculino plural ou concorda com o substantivo mais próximo.

Regra 3Anotada a regra e as observações, os alunos poderiam retirar-se.Conclusão: Anteposto a dois ou mais substantivos, o adjetivo concorda geralmente com o mais próximo.

Regra 4Admiro as torcidas palmeirense e corintiana.Admiro a torcida palmeirense e a corintiana.Conclusão: Quando dois adjetivos se referem ao mesmo substantivo precedido de artigo, podemos escolher qualquer um dos modelos acima.Regra 5O mar está furioso. Os mares estão furiosos.Conclusão: O predicativo concorda em gênero e número com o sujeito.

Regra 6 A cobra e o jacaré são perigosos.Conclusão: Quando o sujeito é composto de substantivos de gêneros diferentes, o predicativo terá a forma do masculino plural.

Regra 7Vossa Excelência está convidado.Vossa Excelência está convidada.Conclusão: O predicativo concorda com o sexo da pessoa a quem nos dirigimos quando o sujeito for um pronome de tratamento.

Regra 8É necessário prudência.É preciso coragemChá de pariparoba é bom para o fígado.Conclusão: As expressões é preciso, é necessário, é bom permanecem invariáveis quando não houver artigo determinando o sujeito.

Regra 9

51

a) O juiz declarouNosso time vitorioso

Obj. direto predicativo do obj. direto

Os jogadores elegeram José capitão do time

Obj. direto predicativo do obj. direto

Os jogadores elegeram-no capitão do time

Obj. direto predicativo do obj. direto

b) O professor declarou o aluno e a aluna culpados

obj. direto predicativo do objeto

Conclusão: a) O predicativo concorda com o objeto direto em gênero e número.b) O predicativo fica no plural se o objeto direto se constitui de elementos de gênero diferente

Regra 10 A escola é foco de onde a luz irradia, a luz que aclara os tempos e as nações.Conclusão: O artigo concorda com o substantivo em gênero e número.

Regra 11 Abriu a porta e fechou-a de imediatoColheu pêssegos e ameixas, comeu-os, em seguida, por estar com fome.Conclusão: O pronome concorda em gênero e número com o substantivo a que se refere; caso tenhamos dois substantivos de gêneros diferentes, vai para o masculino plural.

1) Nas frases abaixo, faça a concordância, utilizando a palavra entre parênteses:a) Nuvens e ventos _______________ afugentaram a torcida. (ameaçador) (regra 2)b) Há animais e plantas _____________. (desconhecidos) (regra 2)c) ______________ a data e local, o resto será fácil. (determinada) (regra 3)d) ______________ os treinos e a preparação, não será difícil ganhar. (feito) (regra 3)e) Estudo _____________ portuguesa e inglesa. (a língua) (regra 4)f) O rio e a lagoa estão _____________ . (limpo) (regra 6)g) O caderno e a caneta são ______________. (necessário) (regra 6)h) Considero-as ______________ (educado) (regra 9)i) Encontrei João e Maria _____________. (animado) (regra 9)j) Acho o cravo e a rosa ______________. (belíssimo) (regra 9)

2) Empregue os pronomes pessoais do caso oblíquo – o, os, as, a, as –, conforme a regra 11.a) Quando acabar de ler as revistas, devolva ___________ao professor.b) Possuía um carro e uma bicicleta. Vendeu ___________ ao ser transferido.c) Faça o rascunho da redação. Depois passe ___________ no caderno.

3) Empregue os artigos o, a, os, as. (ver regra 10)a) _______ Amazonas recebe muitos afluentes.b) _______ amazonas eram mulheres que cavalgavam.c) _______ Rádio Globo anunciou que o jogo será transferido.d) _______ rádio está quebrado.

4) Escolha a opção correta de acordo com a regra 8:a) É ____________ simpatia para falar com o público. (necessária/necessário)b) Água fria é ___________ para despertar. (bom/boa)

5) De acordo com a norma culta do emprego de palavras e expressões, o correto está em:a) É proibido a entrada de pessoas estranhas.b) Bebida alcoólica é proibidac) Pimenta é boa para tempero.d) É proibido a venda de mercadorias estrangeiras.

(Suplência - 1998)

52

E X E R C Í C I O S

13. 4 - REGÊNCIA VERBAL

Chama-se regência verbal a relação de dependência, ou de subordinação, entre um verbo e os seus complementos.

Exemplos:

1) Maria ama (verbo)

regente

Pedro

Regido

Objeto direto

2) Nós gostamos (verbo)

termo regente

de ordem

termo regido

objeto indireto

Como você observou pelos exemplos acima, há verbos que são completados com objeto direto (exemplo 1) e verbos completados com objeto indireto (exemplo 2).

1) Aspirar - É transitivo direto com sentido de sorver, tragar:Aspirávamos o ar da manhãÉ transitivo indireto com sentido de desejar, pretender:(alguns escritores contemporâneos usam objeto direto com aspirar na acepção de desejar).

2) Assistir - É transitivo indireto com o sentido de presenciar, estar presente:Eu assisti ao jogo, ao filme e à novela.É transitivo direto no sentido de prestar assistência, socorrer:O médico assistiu o doente ate o fim.A mãe assistia o filho doente.

3) Pagar - É transitivo direto e indiretoPagar alguma coisa a alguémPaguei o ingresso ao funcionário

Obj. direto Ob. Indireto

4) Esquecer/lembrar - Estes verbos admitem objeto direto ou indireto, por duas vezes com a elipse do pronome reflexivo ou da preposição de:Esqueci-me do recado.

Elipse do Esqueci o recado. (obj. direto)Pronome Esqueci do recado. (obj. indireto)

5) Obedecer/desobedecer - Geralmente, são empregados com o objeto indireto, mas há escritores modernos (e o povo em geral) que os empregam com objeto direto:Obedecemos aos pais.Obedecem às leis.Desobedecem ao regulamento.

6) Perdoar - Geralmente usa-se com objeto direto de coisa e indireto de pessoa:Perdoamos as dívidas. (coisas = obj. direto)Não lhe perdoaram a culpa. (pessoa = obj. indireto)Perdoamos a vocês. (pessoa = obj. indireto)Perdoei-lhe a malvadeza.( pessoa = ob. direto, coisa = obj. indireto)Ela lhe perdoou.(pessoa = obj. indireto)

53

7) Preferir - É transitivo indireto. Não se constrói com a locução conjuntiva do que e o adverbio mais.Prefiro sorvete a limonada. (Errado: do que a limonada)Preferimos livros a revista . Preferimos o teatro ao cinema.

8) Simpatizar - Não é pronominal. Usa-se com a preposição com:Simpatizo muito com ela.Simpatizei com ela. (Errado: Simpatizei-me com ela)

1) Segundo a norma padrão, as frases a seguir apresentam erros quanto à regência verbal. Reescreva-as, corrigindo:

a) Alguns alunos desobedecem o regulamento._________________________________________________________________

b) O médico foi no cinema para assistir o filme._________________________________________________________________

c) Os amigos custaram a simpatizar-se com as novas idéias._________________________________________________________________

d) Prefiro mais ser punido do que obedecer os preconceitos impostos._________________________________________________________________

e) Não aspiro os títulos e honrarias._________________________________________________________________

f) A esposa não perdoou o marido_________________________________________________________________

2) Assinale a alternativa na qual a regência utilizada obedece ao padrão da norma culta.a) (1) Aspirava o ar fino daquelas altitudes. (2) Aspirava ao ar fino daquelas altitudes b) (1) Prefiro passear a trabalhar.

(2) Prefiro mais passear do que trabalhar.

c) (1) Amanhã iremos assistir o jogo.(2) Amanhã iremos assistir ao jogo.

d) (1) Nós lhe obedecíamos com prazer.(2) Nós o obedecíamos com prazer.

e) (1) Ela o queria muito bem.(2) Ela lhe queria muito bem.

f) (1) Havia poucos alunos na biblioteca.(2) Haviam poucos alunos na biblioteca.

g) (1) Márcia namora com Paulo há dois anos.

54

E X E R C Í C I O S

(2) Márcia namora Paulo há dois anos.

3) Copie as frases, completando os espaços com os pronomes o ou lhe, conforme a regência do verbo.

a) Eu _______amob) Somente os amigos ________ cumprimentaram pela vitória.c) Suas palavras ________ agradaram.d) Agradeci ________ pelo empréstimo.e) Paguei ________ toda a divida.f) Eu devia o ingresso. Paguei _______ antes da apresentação.g) O padrinho queria ________ como seu próprio filho.h) Ela não ________ quis para esposo.i) O médico __________ assistia na hora da morte.j) O ar desta cidade está poluído. Infelizmente, nós _________ aspiramos.k) Não _______convidei para a festa.l) Ensinarei ________ a gramática.

13.5 - PALAVRAS E EXPRESSÕES QUE APRESENTAM DIFICULDADES

1 - Por que/porque/por quê/ porquê

Antes de mais nada, é importante que você saiba que a palavra QUE quando estiver em final de frase é um monossílabo tônico, portanto, deve ser acentuada graficamente.

Você tem sede de quê?Você tem fome de quê?

1) Escreve-se por que* (separado)

a) Quando equivale a pelo qual e suas flexões.Não encontrei o caminho por que passei.

b) Quando depois dele vier escrita ou subtendida a palavra razão **. Se ocorrer no final da frase, deverá ser acentuado.Por que razão você não foi à festa?Por que ela não compareceu à reunião?Não sabemos por que ela faltou.Você não veio por quê?

2) Escreve-se porque (junto e sem acento). Quando de trata de conjunção explicativa ou causal. Nesse caso, geralmente equivale a pois.Faltou à festa porque estava doente.Não houve aula porque o professor faltou.

55

Obs.: Os pronomes (o/a/os/as) correspondem ao objeto direto. O pronome (lhe) corresponde ao objeto indireto.

3) Escreve-se porquê (junto com acento) quando se trata de um substantivo. Nesse caso, virá precedido de artigo ou outro determinante. Ninguém entendeu o porquê da briga.Nem o próprio ministro sabe o porquê da inflação

2 - Onde/aonde

Emprega-se aonde com os verbos que dão idéia de movimento. Equivale a para onde.Aonde vai com tanta pressa?Aonde nos leva com tal rapidez?

Evidentemente, com os verbos que não dão idéia de movimento devemos empregar onde.Onde você fica nas férias?Não sei onde você mora.

3 - Mal/mauMau é sempre um adjetivo (seu antônimo é bom). Refere-se, portanto, a um substantivo. O senhor não é um mau aluno.Escolheu um mau momento para sair.

Mal pode ser:a) Advérbio de modo (seu antônimo é bem).

Comportou-se mal na sala de aula.Sua resposta foi mal redigida.

b) Conjunção temporal (equivale a logo que).Mal chegou, saiu.Mal entrou em casa, foi logo sentando.

c) Substantivo (quando procedido de artigo, ou outro determinante).O mal não tem remédio.A ciência ainda não descobriu a cura daquele mal.

4 - Cessão/sessão/secção/seçãoa) Cessão - Significa ato de ceder, ato de dar.

Ele confirmou a cessão dos bens a uma instituição de caridade.A cessão do terreno para a construção do estádio agradou os torcedores.

b) Sessão - É o intervalo de tempo que dura uma reunião, uma assembléia.Assistimos a uma sessão de cinema.A Câmara reuniu-se em sessão extraordinária

c) Seção (ou secção) - Significa parte de um todo, subdivisão, segmento.Lemos a notícia na seção (ou secção) de esportes.

5 - Há/aNa indicação de tempo, empregamos:

a) Há - para indicar tempo passado (equivalendo a faz).Ele não come carne há dois meses.Há um ano não vejo Sandra.

56

b) A - para indicar tempo futuro.Ele retornará daqui a uma semana.Encontrarei Sandra daqui a uma semana.

6 - Demais/de mais

a) Demais - é advérbio de intensidade, equivalente a muito.Eles se amam demais.

- Pode ser também pronome indefinido, significando os outros, os restantes.Levantamo-nos e saímos; os demais continuaram ouvindo o discurso banal.

b) De mais - É locução prepositiva. Tem valor oposto a de menos. É empregada ao lado de substantivos ou pronomes substantivos.

Nunca tive dinheiro de mais.Não haviam feito nada de mais.

5 - Mas/mais/másMas e mais - É um caso muito comum de erro de ortoépia, ou seja, pronuncia errada. O povo

brasileiro em geral pronuncia sempre mais, mesmo quando deve pronunciar mas.Daí surgem dificuldades quando se escreve. Convém lembrar que:

a) Mas - é uma conjunção adversativa, indicando, evidentemente, uma adversidade ou uma contrariedade. Quando falamos "Eu ia ao cinema, mas ...", nem precisamos terminar a idéia, pois a conjunção adversativa já indica que não realizamos ação em conseqüência de uma contrariedade qualquer.

b) Mais - é uma advérbio de intensidade ("Ela é a mais bonita"). Também pode dar idéia de adição ou acréscimo.

c) Más - é feminino de maus.Venci as más tentações.Venci os maus momentos da vida.

6 - Traz/trása) Traz = Verbo trazer.

O cacique traz um sorriso de vitória.

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Regra prática: O MAS pode ser substituído por outra conjunção adversativa, como: porém, contudo, todavia, entretanto etc.

Regra Prática: na dúvida, substitua por menos e veja se a frase continua com sentido (obviamente, inverso). Por exemplo, a uma propaganda de um banco que afirma: "O banco que faz mais por você". É só substituir: "O banco que faz menos por você". Continua com sentido.

b) Atrás = Indica lugar.Ela corria atrás de um namorado.

8 - Talvez/atravésa) Talvez - idéia de dúvida.

Talvez seja o jacaré.b) Através - sinônimo de pelo

Iremos através do campo.

1) Complete os espaços com traz ou atrás.a) A devastação só nos ___________ prejuízob) Aquela área verde, _____________ da indústria, será preservada.c) Corra, Papa Capim! A sucuri está ____________ de vocês.d) Ele sempre me ___________ revistas de histórias em quadrinhos.e) A garota _____________ cartazes para a professora.

2) Complete as frases abaixo empregando onde e aonde.a) Não sei __________ você quer chegar.b) ____________ a bóia-fria trabalha?c) ____________ os trabalhadores vão há uma fazenda _________ todos serão assentados.d) Sabe _________ fica o INCRA?

3) Complete as frases usando eu ou mim.a) Para _________ sair desta fazenda, terão que me pagar todos os meus direitos.b) Para _________, é indiferente a sua opinião.c) Esta tarefa é muito difícil para _________ executar.d) Enviou relatório para __________.e) Vou pedir férias para __________ conseguir estuda neste final de ano.f) Esta tarefa é muito fácil ___________.

4) Complete os espaço com mas, mais e más.a) "Nossos bosques têm __________ vida". (G. Dias)b) Distribuímos muitos boletins, ________ as fábricas continuam cortando árvores.c) Neste ano, derrubaram ________ árvores que o ano passado.d) Infelizmente tivemos _________ informações sobre aquela empresa.e) Será que o desmatamento nos trará ________ conseqüências?f) Conversei com o garoto, _________ ele continuou ferindo a árvore.g) Já não quero _________ nada na vida.

5) Complete os espaços com talvez ou através.a) __________ o homem repense suas agressões à natureza.b) __________ do jornal, conheci novas técnicas de reciclagem de papel.c) Amanhã, ____________ comprarei mais revistinhasd) Se você se inscrever logo, __________ ainda possa participar do passeio.e) Os alimentos chegam às folhas __________ do caule da planta.

6) Substitua os símbolos por porque, por que, porquê, por quê.

58

E X E R C Í C I O

a) Não vejo o # de ministros morarem de graça em belas casas. (Veja).b) Eles me viam em casa cansada, triste, de mau humor, mais não sabiam #.c) # você está com esse ar tão triste, minha filha?d) - Mas você é orgulhosa.

- De certo que eu sou.- Mas # ? (Machado de Assis)

e) Não sei # sinto tanto sono. Devo estar doentef) Explique-nos # não podemos sair agora.g) - # será que o Tostines está sempre fresquinho?

- # vende mais.- # vende mais?- # Tostines está sempre fresquinho.- Mas # tá sempre fresquinho?- # vende mais!- Vende mais #?- # Tostines está sempre fresquinho- Qual será o segredo de Tostines? Hum?

7) Observe: (Suplência - 1998).Olha que coisa ________linda _______ cheia de graça. É ela, a menina... (Vinícius de Moraes).O amor, quando se revela, não se sabe revelar. Sabe bem olhar pra ela, ________ não lhe sabe

falar. (Fernando Pessoa).O preenchimento correto das lacunas acima é:a) Mas - Mas - Masb) Mais - Mais - Mais.c) Mais - Mais - Mas.d) Mas - Mas - Mais.

8) A forma incorreta do emprego do porquê está em: (Suplência 1998)a) Os poetas traduzem o sentido das coisas sem dizer por quê.b) Eis o motivo porque os meus sentidos aprenderam sozinhos: as coisas têm existência.c) As transformações por que têm passado a sociedade parecem condenar o homem à

existência num mundo dominado pela máquina.d) Por que os filósofos pensam que as coisas sejam o que parece ser?

9) Não sei ____________ faltaram, mas sei que __________ não poderão ser atendidos.a) Por quê - Por isso b) Por que - por issoc) Porque - porissod) Porquê - porisso

10) Em que alternativa há erros de grafia?a) catorze - quatorzeb) Cociente - quocientec) Cinqüenta - cincoentad) Secção - sessão

11) Assinale a alternativa em que não haja erro de ortografia:a) Espero que vocês viajem bem. b) A poetiza escreveu belos versos.c) A lage daquela casa não é muito resistente.d) Clementino ficou vinte anos no xadrêz.

12) Assinale a alternativa que completa adequadamente as lacunas dos seguintes períodos:

59

Algumas pessoas não determinam _________ provém sua insatisfação porque não sabem ___________ vão os sentimentos, nem __________ mora a consideração pelo próximo.a) Donde - onde - onde.b) Donde - aonde - ondec) Aonde - onde - aonded) Onde - onde - onde

13) Siga o modelo:

CEDER CESSÃO

a) Conceder ________________b) Agredir __________________c) Progredir ________________d) Imprimir _________________e) Transgredir _______________

Exercício nº 1 - Pág. 4 1.1 a) Conotativo

b) Denotativoc) Denotativod) Conotativoe) Denotativo

f) Conotativo

1.2 a) Comparação b) Metáfora

c) Metonímiad) Prosopopéia

e) Hipérbole f) Catacrese g) Eufemismo h) Prosopopéia i) Metáfora j) Metonímia

k) Hipérbole l) Perífrase m) Antítese

n) Prosopopéia

Exercício nº 2 - Pág. 15 - AExercício nº 3 - Pág. 19 - CExercício nº 4 - Pág. 21 - DExercício nº 5 - Pág. 23 - CExercício nº 6 - Pág. 24 - C

Texto nº 2. Pág. 37 IA - 2B - 3B - 4C - 5ATexto nº 3. Pág. 39 IC - 2B - 3A - 4C - 5CTexto nº 4. Pág. 41 IC - 2B - 3A - 4D - 5CTexto nº 5. Pág. 42 ID - 2B - 3D - 4A - 5B

4) a) há b) éc) estava d) foi

5) a) fôssemos/assumiríamosb) trouxesse/consertaria/continuariac) coubessem/iriad) desse/terminariae) fosse/ficaria

6) a) sabes/sabe/sabemos/sabeis/sabemb) vês/vê/vemos/vedes/vêem

b)vês c) vais/vai/vamos/ides/vão

7) a) descreiab) leias

c) releia d) perca

8) a) recompuser/irá b) puser/perceberá/caberá c) opuser/desistirá

9) a) substantivo b) verbo

c) substantivod) verbo e) verbof) substantivo

10) a) ação b) mudança de estado c) estado d) fenômeno e) ação

60

14 - RESPOSTAS DOS EXERCÍCIOS

Verbos irregulares - Pág. 49

1) Ouça/espere/venha/deixe/brinque/digo/faço/corro/sei/vai/semeio/vou

2) a) folheamos/folheiamb) freamos/freiamc) lisonjeamos/lisongeiod) semeamos/semeiam

3) a)negocio/negocie b)odeio/odeie

c)anseio/anseied)anuncio/anuncie

11) a) Pusesse b) mudaria c) sejam d) pendurava e) chegasse

f) chegar g) marcharão

12) a) pegue b) pega c) cantem d) olhe e) olha

13) a) odeie b) contradisse c) dê

d) passeiem e) caibo f) fizesse g) queira h) quiséssemos i) vir j) vier

14) a) Fomos separados para sempre por sua teimosia b) A porta foi fechada pelo índio c) A roupa dos pobres era remendada

pela moça d) O rosto de Dario estava coberto

por um enxame de moscas e) Ele quase é derrubado pelo carro

15) a) és b) quer c) queira d) goste e) deseja

16) a) fomos b) mantivermos c) vier d) vir e) tivemos f) repuseres g) disser h) couberem i) trouxer

15) somos16) são 17) havia18) faz19) vai20) será21) são

Concordância Nominal - Pág. 58

1) a) ameaçadores b) desconhecidos/desconhecidas

c) determinada d) feitos e) as línguas f) a língua

g) limposh) necessários

i) educados j) animados l) belíssimos

2) a) as b) os c) o

3) a) o b) as c) a d) o

4) a) necessário b) bom c) a

Regência Verbal - Pág. 60

61

Concordância Verbal – Pág. 561) faltaram2) restaram3) discursou/discursam4) faltaram5) reclamou6) resolvemos7) comparecidos8) protestava9) faltou/faltaram10) resolveu11) bateram12) deu13) são14) são

1) a) desobedeceram ao b) foi ao c) a simpatizar d) prefiro ser punido a obedecer aos e) aspiro a títulos e honrarias f) perdoou ao

2) a) a b) a c) b d) a e) b f) a g) b

3) a) a/o b) a/o c) lhe d) lhe e) lhe f) o g) lhe h) o i) o/a j) o k) o

l) lhe

Dificuldades da Língua Portuguesa Pág. 64

1) a) traz b) atrás c) atrás d) traz e) traz

2) a) aonde b) onde c) aonde d) onde

3) a) eu b) mim c) eu d) mim e) eu f) mim

6) a) porquê b) por quê

c) por qued) por quê

e) por quef) por que

g) Por que/Porque/Por que/ Porque/Por que/porque Porquê/porque

7) C

8) B

9) B

10) C

11) A

12) B

13) cessão/agressão/progressão/regressão/ transgressão.

62

4) a) mais b) mas c) mais d) más e) más f) más

5) a) talvez b) através c) talvez d) talvez e) através

63

CADORE, Luiz Agostinho. Curso Prático de Português. São Paulo, Ática, 1994

CEGALLA, Domingos Pascoal. Novíssima Gramática da Língua Portuguesa. 30ª Ed. São Paulo, Nacional, 1988.

CUNHA, Celso. Gramática Moderna, 2ª Ed. Belo Horizonte, Bernardo Alves, 1970.

FARACO, C. Emílio e MOURA, FM. Língua e Literatura 2º Grau. v.3, 3ª Ed. São Paulo, Ática, 1993.

GRANATIC, Branca. Técnicas Básicas de Redação. 8ª Ed. São Paulo, Scipione, 1992

INFANTE, Ulisses. Do Texto ao Texto, Curso Prático de Literatura e Redação, 1ª Ed. São Paulo, Scipone, 1991.

MESQUITA, Roberto Melo. Gramática da Língua Portuguesa, 5ª Ed. São Paulo, Saraiva, 1996.

PLATÃO & FIORIN. Para Entender o Texto: Leitura e Redação. São Paulo, Ática, 1991.

TELECURSO 2000, Língua Portuguesa e Literatura - Fundação Roberto Marinho. São Paulo, Globo, 1995.

TERRA, Ermani & NICOLLA, José de. Gramática & Leitura para o 2º Grau, São Paulo, scipione, 1995.

TUFANO, Douglas. Estudo de Literatura Brasileira, 4ª Ed. São Paulo, Moderna, 1992.

64

15 - BIBLIOGRAFIA

1. Interpretação de texto.

2. Fonética: Classificação dos fonemas, encontro vocálicos, encontros consonantais, dígrafos, vocábulos quanto à sílaba tônica, divisão silábica.

3. Estrutura das palavras: raiz, radical, tema, afixos, desinências, vogal temática e consoantes de ligação.

4. Processo de formação de palavras: composição e derivação

5. Ortografia.

6. Sinais de pontuação: emprego

7. Classes gramaticais:7.1 Substantivo: classificação, flexão, emprego;7.2 Adjetivo: classificação, adjetivo pátrio, locução adjetiva, flexão do

adjetivo;7.3 Artigo: classificação, flexão, emprego (variação quanto ao emprego do

artigo "o" e "a" em alguns substantivos);7.4 Numeral: classificação e flexão;7.5 Pronome: classificação, flexão, emprego e colocação pronominal;7.6 Verbo: classificação, flexão, formas nominais, vozes verbais,

conjugação verbal;7.7 Advérbio: classificação, flexão, emprego, locução adverbial;7.8 Preposição: classificação, combinação, contração;7.9 Conjunção: classificação, emprego adequado;7.10 Interjeição: classificação e locução interjeitiva;

8. Sintaxe:8.1 Período simples: frase, oração e período, termos essenciais da oração

(sujeito e predicado); termos integrantes (objeto direto e indireto, complemento nominal, agente da passiva, predicativo); Termos acessórios (adjunto adnominal, adjunto adverbial, aposto, vocativo);

8.2 Período composto por coordenação;: orações coordenadas sindéticas e assindéticas;

8.3 Período composto por subordinação: orações subordinadas (substantivas, adjetivas e adverbiais).

9. Concordância: 9.1 Nominal: principais casos especiais (mesmo, próprio, só, obrigado, meio

e anexo);9.2 Verbal: casos gerais, casos especiais, concordância com os verbos ser,

fazer, haver;

10. Regência: termo regente, termo regido, regência nominal, regência dos verbos visar, assistir, aspirar etc.

11. Crase (emprego), acentuação (emprego), pontuação (emprego);

12. Semântica: significante, significado, sinonímia, conotação e denotação, polissemia das palavras;

13. Estilística:13.1 Figuras de palavras: matáfora, metonímia, catacrese e comparação;13.2 Figuras de construção: elipse, zeugma, pleonasmo, anacoluto,

polissíndeto, inversão, silépse;13.3 Figuras de pensamento: antítese, prosopopéia, ironia, eufemismo,

hipérbole;

14. Discurso direto e indireto;

15. Literatura: Movimentos literários brasileiros - Barroco, Arcadismo, Romantismo, Realismo, Parnasianismo, Simbolismo, Modernismo (características de estilos, principais autores e obras);

16. Redação: (dissertação de 15 a 35 linhas).

65

DISCIPLINA: LÍNGUA BRASILEIRA E LITERATURA BRASILEIRA - ENSINO MÉDIO

1 - ANDRÉ, Hidelbrando, A. de. Gramática Ilustrada, 4ª Ed. SP. Moderna. 1990

2 - FARACO, Carlos Emílio e MOURA, Francisco Mário de. Literatura Brasileira. 4ª Ed. SP, Ática, 1990.

3 - FARACO, Carlos Emílio e MOURA, Francisco Mário de. Língua e Literatura, 17ª Ed. SP, Ática, 1991.

4 - LUFT, Celso Pedro. Moderna Gramática Brasileira. 9ª Ed. RJ. Globo, 1989.

5 - Língua Portuguesa e Literatura Brasileira. Novo Telecurso de 2º Grau. Fundação Roberto Marinho e Fundação Bradesco. RJ. Rio Gráfica, 1985.

6 - MESQUITA, Roberto Melo e MARTO, Cloder Rivas. Gramática Pedagógica. 16ª Ed. SP, Saraiva, 1989.

7 - NICOLA, José de e INFANTE, Ulisses. Gramática Contemporânea da Língua Portuguesa, 4ª Ed. SP, Scipone, 1990.

8 - NICOLA, José de e INFANTE, Ulisses. Língua Literatura e Redação. 11ª Ed. SP, Scipione, 1991.

7 - TUFANO, Douglas. Estudo da Literatura Brasileira. 4ª Ed. SP, Moderna. 1988.

Obs.: Outras gramáticas e livros poderão ser consultados.

66

BIBLIOGRAFIA A CONSULTAR