Apostila Teologia Propriamente Dita_Prof Vlademir_Atualização 16-07-15

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Texto aborda a doutrina de Deus. Em quatro capítulos são tratados os temas: 1) O ser de Deus e sua existência; 2) Os nomes de Deus; 3) Os atributos de Deus e 4) A doutrina da trindade.

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  • 2015

    SETEBAN RO/AC

    TEOLOGIA CRIST

    CURSO MODULAR

    TEOLOGIA Propriamente dita

    Por Vlademir Fernandes

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    SUMRIO

    INTRODUO..................................................................................................... 3

    CAPTULO I: O ser de Deus e sua existncia.................................................... 5

    1.1- A existncia de Deus......................................................................... 5

    1.2- Argumentos em favor da existncia de Deus................................... 7

    1.3- A negao da existncia de Deus...................................................... 11

    1.4- O ser de Deus..................................................................................... 15

    1.4.1- Deus Esprito Pessoal......................................................... 17

    1.4.2- Deus Perfeitamente Bom.................................................... 18

    1.4.3- Deus Cria, Sustenta e Governa Tudo.................................. 18

    1.4.4- A Motivao de Deus Santo Amor...................................... 19

    CAPTULO II: Os nomes de Deus....................................................................... 20

    2.1- Os nomes de Deus no Antigo Testamento......................................... 20

    2.2- Os nomes de Deus no Novo Testamento........................................... 21

    CAPTULO III: Os atributos de Deus................................................................. 23

    3.1- Os atributos incomunicveis de Deus............................................... 23

    3.2- Os atributos comunicveis de Deus................................................... 25

    CAPTULO IV: A doutrina da Trindade............................................................. 29

    4.1- A Trindade provada pela razo....................................................... 30

    4.2- A Trindade demonstrada no Antigo Testamento.............................. 31

    4.3- A Trindade demonstrada no Novo Testamento................................ 32

    4.4- Trindade e espiritualidade, uma aplicao....................................... 33

    CONSIDERAES FINAIS................................................................................ 35

    REFERNCIAS.................................................................................................... 36

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    INTRODUO

    Teologia Propriamente Dita, Teologia Prpria ou Teontologia deveria ser o

    incio lgico para o estudo teolgico, visto que trata de conhecer propriamente e

    exclusivamente a Deus ( parte de suas obras). oportuno iniciar assim, pois Ele

    o princpio de todas as coisas e o ponto de partida para compreenso de toda a

    realidade. Cheung (2006) afirma que (...) a doutrina de Deus o fundamento metafsico do qual outras doutrinas bblicas dependem. Portanto, o cristo deve

    lutar para alcanar um correto entendimento de Deus. Com esta postura nos identificamos com as dogmticas tradicionais que mantm este posicionamento.

    Por falar em posicionamento tradicional precisamos ainda, a priori, deixar

    claro alguns pressupostos que adotaremos para nosso estudo sobre Deus, que so

    considerados hoje como uma postura tradicional ou como preferimos ortodoxa.

    Um deles e bsico a Existncia de Deus. A pesar de mencionarmos mais frente

    nesta obra alguma discusso sobre este tema alm de opinies atestas, no

    temos o propsito de tentar especulativamente demonstrar a existncia de Deus.

    Partimos j desta convico. Pensamos que a existncia de Deus algo

    axiomtico, ou seja, auto evidente e incabvel de prova. O outro pressuposto que

    A Bblia a Palavra de Deus. Mantemos a inspirao e autoridade divina das

    Escrituras e a consideramos como fonte infalvel do conhecimento de Deus. Se nos

    propomos a conhecer a Deus fundamental saber ou eleger qual a fonte de tal

    conhecimento. Pelo carter do ser de Deus e da criao pensamos que a nica

    maneira de conhec-lo est baseada numa prpria iniciativa do Criador em

    revelar-se criatura. No endossamos a busca pelo conhecimento de Deus

    baseada em posturas racionalistas, prprias de nossa poca, ou seja, seguindo

    fundamentalmente o mtodo cientfico como influenciado por Schleiermacher que

    produziu consequncias que consideramos graves ao conhecimento de Deus como

    explicado por Berkhof (2012, p. 19). A conscincia religiosa do homem substituiu a Palavra de Deus como a

    fonte da teologia. A f na Escritura como autorizada revelao de Deus

    foi desacreditada, e a compreenso humana, baseada na apreenso

    emocional ou racional do homem, tornou-se o padro do pensamento

    religioso. A religio gradativamente tomou o lugar de Deus como objeto

    da teologia. O homem deixou de ser ou de reconhecer o conhecimento de

    Deus como algo que lhe foi dado na Escritura e comeou a orgulhar-se de

    ter a Deus como seu objeto de pesquisa. (...) Deus vinha no final de um

    silogismo, ou como o ltimo elo de uma corrente de raciocnio, ou como a

    cumeeira de uma estrutura de pensamento humano.

    O verdadeiro conhecimento de Deus no meramente uma concluso

    lgica, mas uma iluminao sobrenatural da mente tendo como matria a

    revelao e como agente o Esprito Santo. Tal posicionamento pode no estar

    plenamente de acordo com nossos anseios cientficos ps-modernos, contudo,

    mantemos justamente que (...) a palavra da cruz loucura para os que se perdem, mas para ns, que somos salvos, poder de Deus. (1 Co 1.18). Assim, a Bblia nossa fonte essencial de validao a qualquer opinio acerca de Deus.

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    Procuraremos ser objetivos neste texto, visto que o tema bastante amplo.

    Nossa meta apresentarmos um texto apropriado para o seminarista que est

    iniciando seus estudos de teologia. Para outros que j tem algum conhecimento

    teolgico este material poder servir como reviso e para os experts aceitamos

    dicas e sugestes para melhoria do material.

    Em nosso contedo no podemos deixar de comentar sobre O Ser de Deus e sua existncia tecendo as caractersticas principais deste Ser nico e incomparvel e sua indubitvel existncia e ao. Falaremos tambm sobre a

    Cognoscibilidade de Deus, ou seja, a possibilidade de termos alguma compreenso acerca do Senhor. Os atributos de Deus sero vistos e aqueles mais evidentes recebero comentrios. O conhecimento tambm ser ampliado a

    partir do estudo dos Nomes de Deus e, por fim, dentre outras coisas, ainda veremos a complicada, mas insofismvel, Doutrina da Trindade.

    Desejamos, portanto, que Deus nos conduza neste material, tanto na

    escrita como no estudo, para que, na melhor das hipteses, ele seja apenas um

    ntido reflexo sinttico das ricas proposies sobre o tema contidas na Palavra de

    Deus.

    Deus nos abenoe.

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    CAPTULO I

    O SER DE DEUS E SUA EXISTNCIA

    1.1 A existncia de Deus

    A existncia de Deus, como dissemos na introduo, um pressuposto que

    assumimos. A Bblia no se preocupa em demonstrar a existncia de Deus, pelo

    contrrio ela j a assume: No princpio criou Deus os cus e a terra (Gn 1.1). Mas, nossa pressuposio no a da existncia de um Deus qualquer. Assumimos

    que at mesmo um conhecimento inato conduz a uma identificao de Deus como

    um ser pessoal, auto existente, Todo-Poderoso, que criou todas as coisas e

    superior e transcendente a elas e, alm disso, ainda se comunica e est presente

    nelas pela sua imanncia.

    Este tipo de afirmao sobre Deus no demonstrvel como numa

    experincia cientfica. No temos e nem mesmo nos recomendado alcanar

    mtodos para provar a Deus. Em outros termos, Deus no se reduz ao mtodo cientfico. Caso encontrssemos um mtodo para provar a Deus e defini-lo exaustivamente, este mtodo que seria um Deus! Conseguiramos explicar o

    infinito e decodificar o eterno! Endeusaramos ainda mais nossa capacidade

    cientfica e nossa razo.

    A pesar de no ser aconselhvel buscar uma prova da existncia de Deus, tal fato no uma iluso ou um conto de fadas. A existncia de Deus est

    baseada em fatos que so coerentes com a razo. No so ilgicos. A f no um

    mero pulo no escuro. Ela um firme fundamento, ou seja, ela se baseia em informao confivel. Mas, que informaes so estas?

    A Bblia nos mostra que os cus proclamam a glria de Deus, e o firmamento anuncia as obras das suas mos (Sl 19.1). A primeira fonte de informao, portanto, seria a prpria criao. Ela evidencia a existncia de um

    criador. A teoria do design inteligente - TDI trabalha justamente neste ponto.

    Argumentando que o universo foi obra de um criador inteligente, pois h marcas

    de inteligncia e propsito em praticamente tudo o que observados. O caso no

    poderia pensar to adequadamente nos propsitos encontrados na criatura. Logo, um ser inteligente pensou o universo e o trouxe a existncia. Um exemplo

    dessa complexidade na criao foi apresentado por Hodge (2001, p. 164) em sua

    teologia conforme segue. Nenhuma obra da arte humana pode comparar-se com a exatido e

    completitude dos rgos separados de corpos organizados para o

    propsito ao qual so designados. No olho, por exemplo, existe o mais

    perfeito instrumento tico construdo em harmonia com as leis secretas

    da luz. Encontramos ali o nico nervo do corpo suscetvel s impresses

    da luz e das cores. Esse nervo se abre na retina. A luz recebida atravs

    de um orifcio no globo, o qual, passando pelo mais delicado complexo de

    msculos, ampliado ou contrado, segundo o grau de luz que se projeta

    na retina, cuja ampliao ou contrao no depende da vontade, mas dos

    estmulos da luz propriamente dita. A luz, contudo, meramente

    atravessando um orifcio, no provoca a imagem do objeto do qual foi

    refletida. Portanto, ela se faz passar atravs de lentes perfeitas na forma,

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    tanto para refratar os raios como para conduzi-los a uma correta

    focalizao na retina. Se a cmara interior do olho fosse branca, ento

    refletiria os raios entrando na pupila em todos os ngulos, tornando a

    viso impossvel. Essa cmara, e somente essa, alinhada com um

    pigmento preto. Por meio de um arranjo muscular delicado, o olho

    capacitado a adaptar-se distncia de objetos externos para que a

    correta focalizao possa ser preservada. Essa uma pequena parte das

    maravilhas exibidas por esse rgo singular do corpo.

    Assim, bvio que este fato no prova a existncia de Deus, entretanto, uma anlise minimamente lgica nos leva a refutar que o universo, e toda sua

    complexidade, surgiu por meios meramente naturais e casuais. (...) Carl Sagan, Francis Crick e L. M. Muchin calcularam a possibilidade

    do homem ter evoludo. O resultado foi de 1 em . Ou seja, a possibilidade de uma entre um nmero com dois bilhes de zeros

    direita. Emile Borel demonstrou que eventos com probabilidade de 1

    entre simplesmente no ocorrem. (LOURENO, 2007, p. 33)

    Logo, a opo que nos conveniente, apenas pela observao dos cus que proclamam a glria de Deus que h um Criador de todas as coisas. E como h muita imensido envolvida e muita inteligncia abrangida, logo esse Criador

    deve ser Todo Poderoso e Onisciente. Identificamos esse Criador como nosso

    Deus, Deus Pai, Filho e Esprito Santo.

    A outra fonte de informao confivel a Bblia Sagrada. No precisamos

    entrar em detalhes prprios da bibliologia, contudo, temos novamente boas

    razes para crer na veracidade das Escrituras. A Bblia claramente afirma que:

    (...) necessrio que aquele que se aproxima de Deus creia que ele existe e que se torna galardoador dos que o buscam (Hb 11.6, grifo nosso). Conforme Berkhof (2012, p. 21): V-se Deus em quase todas as pginas da Escritura Sagrada em que ele se revela em palavras e atos. Esta revelao de Deus constitui a base da

    nossa f na existncia de Deus, e a torna uma f inteiramente razovel.. Um fato importante que a Bblia apresenta informaes sobre Deus numa categoria

    diferente daquela apresentada pela criao em geral. Nas Escrituras temos uma

    informao mais objetiva. Temos os dados apresentados de forma proposicional1

    e, assim, mais objetivo ao entendimento e razo. A linguagem da natureza no

    proposicional. Olhamos para o sol e ele no conseguir nos falar com a objetividade que as Escrituras o fazem quando dizem claramente: creia que ele existe (Hb 11.6). Um cometa ou estrela no pronunciar claramente a informao de que Deus amou ao mundo (Jo 3.16). Essa caracterstica prpria das Escrituras proposicionais. Desta forma, temos a vantagem nas Escrituras de

    termos uma gama muito maior de informaes sobre Deus tais como atributos

    exclusivos dele, episdios de seu relacionamento direto com o homem, seus

    orculos e sua clara vontade para nossas vidas.

    1 Proposio uma sentena verbal fechada possvel de entendimento e julgamento como verdadeiro ou falso.

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    1.2 Argumentos em favor da existncia de Deus

    O que mostraremos com os argumentos que sero apresentados no uma

    tentativa de provar ou demonstrar a existncia de Deus. O intuito mais

    argumentar sobre esta possibilidade lgica a partir de argumentos que se

    tornaram clssicos na histria da Igreja. Estes argumentos so chamados de

    testas, tradicionais ou clssicos. Claro que vamos adiantar que tais argumentos

    j foram analisados pelos cticos e refutados um a um, portanto, caso o estudante veja por a alguma dessas refutaes, no pense de maneira nenhuma

    que a existncia de Deus foi destruda, mas sim que algumas argumentaes filosficas em favor dela no foram aceitas.

    O argumento ontolgico. Foi reconhecido que este argumento foi proposto

    originalmente por Anselmo (1033-1109) Arcebispo de Canterbury em 1093.

    Berkhof apresenta de forma sinttica este argumento. Este argumento foi apresentado em vrias formas por Anselmo,

    Descartes, Samuel Clark e outros. Foi apresentado em sua mais perfeita

    forma por Anselmo. Este argumenta que o homem tem a ideia de um ser

    absolutamente perfeito; que a existncia atributo de perfeio; e que,

    portanto, um ser absolutamente perfeito tem de existir. (2012, p. 25)

    Cheung tambm contribui afirmando que: O argumento ontolgico advoga a ideia de Deus pela necessidade de sua

    existncia. Ele , por definio, o ser alm de que nada maior pode ser

    concebido, e visto que o ser alm de que nada maior pode ser concebido

    no pode deixar de ter a prpria propriedade de ser, a existncia de Deus

    forosamente necessria. (2006, p. 26).

    Quando tratamos de ontologia estamos na rea da cincia que estuda as

    caractersticas do ser, da existncia real, uma teoria da realidade. Parece ser

    um assunto complicado, contudo, quando compreendido apresenta

    verdadeiramente um lgica coerente. A pesar de, como dito antes, ser refutado

    pelos cticos (eles vo discordar de tudo mesmo), o argumento ainda potente

    para indicar (no provar) a viabilidade lgica da existncia de Deus.

    O argumento cosmolgico. O argumento raciocina baseado na ideia de

    causa e efeito. Todo efeito (tudo que comea) deve ter uma causa adequada para

    sua existncia. A existncia do universo deve-se, portanto, a uma causa. Uma

    regresso infinita de causas impossvel (visto que nada existiria assim); logo,

    deve haver uma causa no causada, ou seja, uma causa primeira necessria e

    eterna. Esta causa no causada, evocamos ser Deus.

    O argumento toca num ponto de muito debate na histria da humanidade,

    ou seja, a origem do universo. Diversas teorias foram propostas para tal fato e

    muitas delas numa perspectiva atesta. Os antigos filsofos j assumiam que o

    universo era eterno, talvez j para se fugir da complicao de mostrar seu incio.

    A cincia atual parte do princpio de que matria e energia sempre existiram

    tambm, mas que nem sempre estiveram na forma como as conhecemos

    atualmente. O fato de a cincia atribuir eternidade a um elemento estranho.

    Como se pode provar cientificamente isso? Logo, esta premissa fere o prprio

    mtodo cientfico. Assim, vemos a necessidade de um comeo para o universo.

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    Precisamos de uma causa. Mas, uma causa deve ter algumas caractersticas

    especiais. (1) Uma causa algo. Possui uma existncia real. No meramente um

    nome para determinada relao. uma entidade real, uma substncia.

    Isso evidente porque uma coisa inexistente no pode agir. Se o que no

    existe pode ser uma causa, ento nada pode produzir algo, o que uma

    contradio. (2) Uma causa deve ser no s algo real, mas deve ter poder

    e eficincia. Deve haver algo em sua natureza que responde pelo efeito

    que ela produz. (3) Tal eficincia deve ser adequada; ou seja, suficiente e

    apropriada para o efeito. evidente que essa uma viso genuna da

    natureza de uma causa. (HOGDE, 2001, p.157).

    Assumindo as caractersticas anteriores para a causa, e o axioma Ex nihilo,

    nihil fit (do nada, nada pode surgir), admitimos certamente uma causa para o

    universo e esta se identifica com um ser (existente) de imenso poder (visto a

    imensido do universo) e imensa sabedoria (visto a adequao da causa para

    estabelecer o efeito tambm adequado e milimetricamente ajustado).

    Agora, pensemos. Por que invivel retrocedermos infinitamente em

    causas sem chegar a uma causa primeira no causada? Cheung explica

    magistralmente esta impossibilidade. Ainda que uma progresso infinita de causas seja possvel, uma

    regresso infinita no o . Uma progresso infinita pode ocorrer desde

    que a causa possa continuar a levar a novos efeitos, e logicamente

    possvel que tal processo jamais terminar. Entretanto, se temos de

    pressupor uma regresso infinita de causas, ento impossvel a ns

    alcanarmos o presente, visto que no possvel viajar atravs de um

    infinito real.

    Assim como impossvel alcanar o fim de uma progresso infinita, nosso

    presente um fim quando visto do passado. Qualquer momento em particular um fim ou ponto de parada quando visto do passado, de modo que se o passado infinito, nunca teramos alcanado o presente;

    de outro modo, o passado no seria infinito, mas finito. (2006, p. 29).

    O argumento teleolgico. Pode ser afirmado da seguinte forma:

    Em toda parte o mundo revela inteligncia, ordem, harmonia e propsito, e assim implica a existncia de um ser inteligente e com propsito, apropriado

    para a produo de um mundo como este (BERKHOF, 2012, p. 25). A potencialidade dessa argumentao to grande que se tornou num

    ramo prprio de investigao e conhecimento identificado como Design Inteligente

    - D.I. Um dos defensores mais proeminentes do D.I. no Brasil, Marcos Eberlin2,

    faz o seguinte posicionamento: As descobertas cientficas mais recentes, em Qumica, Fsica e

    Bioqumica, e Matemtica, em quase todas as reas das Cincia,

    mostram cada vez mais uma Vida e um Universo de extrema

    complexidade e alto nvel de informao funcional aperidica e ajuste

    extremamente fino e interdependente. Uma Vida baseada em

    nanomquinas moleculares automatizadas, verdadeiros robs

    moleculares, usinas de energia, filtros high tech, e tudo isto funcionando

    2Ps-doutor em Qumica pela Universidade Americana de Purdue. Professor titular da UNICAMP. Presidente da

    Sociedade Internacional de Espectrometria de Massas (IMSF) (2009). Seu grupo de pesquisa um dos mais produtivos do Brasil tendo mais de 550 artigos publicados (2011) com quase 8.000 citaes.

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    de uma forma inter-conectada, e com sistemas inter-dependentes -uma

    Vida irredutivelmente complexa em seu todo e individualmente em seus

    componentes- e de uma engenharia perfeita e estonteante, inimaginvel,

    e tudo planejado com antevidncia genial, e com uma riqueza absurda de

    informao codificada e em uma linguagem Qumica da mais alta

    inteligncia e sofisticao, que em muito transcende a ao de processos

    naturais no guiados. E pior, para tudo isto a Cincia no encontra

    formas de como explicar- e a cada descoberta fica mais difcil a tarefa- via

    matria, energia e foras e parece no conhecer ento outra fonte seno a

    que emana de um agente inteligente, consciente e racional.

    Complexidade irredutvel, informao funcional, antevidncia genial,

    nano-engenharia, robotizao, automao, especificao, linguagem

    aperidica e codificao com mxima perfeio e economia. Estes so os

    fatos, o resto boato. (EBERLIN, s/d).

    Como foi apresentado, fica difcil para a cincia atual explicar com base no

    acaso, ou em foras cegas, como pode haver tanta inteligncia e planejamento no

    universo. Em termos de probabilidade j vimos anteriormente num comentrio do

    Dr. Adouto Loureno que tal seria impossvel! Nossa explicao bastante vivel

    que existe um Ser, Todo Poderoso, Criador e Planejador de todas as coisas em

    seus mnimos detalhes.

    O argumento antropolgico ou moral. Este argumento pode ser analisado a

    partir de trs aspectos segundo Strong (2003, p. 131). 1) Pensando na perspectiva

    mais antropolgica, podemos afirmar que o homem, ser inteligente e moral, veio a

    ter um comeo neste planeta. A matria em si no pode agregar tais

    caractersticas morais no ser como conscincia, razo e volio, logo podemos

    dizer que h uma causa possuidora de natureza autoconsciente e moral. 2)

    Pensemos agora numa perspectiva mais vinculada moral. fato que temos um

    senso de moralidade absoluta. Por exemplo, um brbaro assassinato

    recriminado em qualquer parte do planeta por qualquer ser humano lcido.

    Tambm temos que nem todas as nossas expectativas de justia so

    concretizadas, isso indica que tal moralidade no auto-imposta nem auto-

    executada, ou seja, so imposies, portanto, externas. Temos a convico de que

    tais objetivos morais e de justia, impostos, so violados. Essa convico emerge

    do status do mal que vislumbramos bem como do temor do julgamento que vir.

    Assim, pela existncia dessa lei moral (externa ao homem) e pela exigncia que

    ela carrega de ser cumprida (e no pode ser cumprida pelo homem), admitimos a

    existncia de um Ser que imps a lei moral e que tem poder punitivo e executar

    as ameaas dessa lei. Acrescentamos ainda uma opinio do argumento numa

    outra formulao. Para que as leis morais objetivas tenham sentido deve haver justia.

    Visto que observamos que a justia com frequncia no realizada nesta

    vida, deve haver uma vida alm onde a justia exata feita. Alm disso,

    para haver justia deve haver um Juiz que far tal justia. Mas para esse

    Juiz julgar retamente, ele deve ser onisciente, conhecendo todo o

    pensamento e ao, e suas vrias relaes. E para execut-la, deve haver

    poder ilimitado disposio dele. (CHEUNG, 2006, p. 32).

    3) Por fim, uma perspectiva emotiva do argumento. A natureza emotiva do ser

    humano e sua carncia emocional, afetiva, de progresso e significado so quase

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    insaciveis em termos meramente materialistas. No se encontra um elemento

    capaz de suprir plenamente as necessidades do homem exceto quando admitimos

    a existncia de um Ser Todo Pleno que seja um objeto satisfatrio para tais

    carncias. Esse Ser Deus. S um ser que possui poder, sabedoria, santidade e bondade e tudo isto infinitamente maior do que conhecemos na terra pode

    atender a demanda da alma humana. (Strong, 2003, p. 135). Este argumento

    recebeu um desenvolvimento considervel tambm. Hoje temos a proposta at

    mesmo de uma chamada teologia da alegria que identifica nosso maior objetivo

    como sendo encontrar gozo, alegria e satisfao em Deus. Um de seus grandes

    proponentes o telogo americano John Piper. Segundo ele: Ns fomos criados para maximizar nosso prazer em Deus. Mas espere um pouco, algum diz, e a glria de Deus? Deus no nos criou para a Sua glria? Mas voc est dizendo que Ele nos criou para buscarmos o

    nosso prazer!. Para qual dos dois propsitos fomos criados? Para a Sua glria ou para nosso prazer?

    Oh, quo ardentemente eu concordo que Deus nos criou para a Sua

    glria! Sim! Sim! Deus a pessoa mais centrada em Deus no universo.

    Esta minha bandeira em tudo o que prego e escrevo. A busca pelo

    prazer cristo foi justamente planejado para preservar esta realidade!

    [...] Este o firme alicerce da busca pelo prazer cristo: Deus mais

    glorificado em ns quando estamos mais satisfeitos nEle. Esta a melhor

    notcia do mundo. A paixo de Deus por ser glorificado e minha paixo

    por ser satisfeito no esto em conflito. (PIPER, 2009, p. 21; 25).

    O argumento histrico ou etnolgico. um forte argumento tambm e

    parte do fato de que em todos os povos e culturas j vistos sempre houve a

    manifestao de um culto religioso, de uma adorao a uma determinada

    divindade. Visto que este fato universal deve pertencer prpria natureza do

    homem. E se a natureza do homem o leva a um culto isso s pode indicar que o

    Ser que o criou plantou este sentimento nele.

    Finalizaremos esta parte da existncia de Deus com um comentrio

    oportuno Cheung quando afirma que a existncia em si no um problema, visto

    que temos vrios tipos de existncia. Zeus, por exemplo, existe! Mesmo que seja

    apenas na mitologia. Fadas, duendes e unicrnios existem, mesmo que num

    mundo encantado. Assim, ser conveniente ter em mente a seguinte

    considerao: Alguns telogos e filsofos sugerem que, talvez, no devssemos estar

    perguntando: Deus existe? Antes, uma questo mais inteligvel : O que Deus? Mesmo Zeus existe, mas apenas na mitologia. O Deus cristo no um objeto fsico, porm, tambm no semelhante a sonhos,

    equaes, ou Zeus. Antes, ele o criador e o regente do universo, que

    decreta nossa histria e decide nosso destino, e que merece e exige nosso

    culto. No um problema dizer que Deus existe conquanto que isso

    represente uma afirmao de tudo o que a Bblia diz sobre ele, e no que

    ele seja um objeto fsico ou de carter mitolgico. (2006, p. 28).

    Assim, rematamos que Deus existe, contudo, nos falta investigar melhor

    sobre quem este Deus? O que faremos mais frente.

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    1.3- A negao da existncia de Deus

    Dentre as teorias que negam a existncia de Deus talvez o atesmo seja a

    mais conhecida. O atesmo pode ser classificado em dois grandes grupos: 1) o

    atesmo terico e 2) o atesmo prtico. Comecemos com o atesmo prtico. Este

    talvez seja o mais praticado ou aceito. aquele tipo de postura que mesmo no

    negando publicamente a existncia de Deus e nem mesmo refutando

    decididamente qualquer religiosidade, nega na prtica qualquer influncia de

    Deus, ou seja, vive-se como se Ele no existisse. Come-se, bebe-se, casa-se e vive-

    se, mas onde est Deus? No faz parte da vida e da realidade dos adeptos

    conscientes ou inconscientes desse tipo de negao da divindade. O curioso que

    at mesmo cristos podem ser ateus prticos! Pois , isso existe. Atesmo cristo a negao do Deus cristo revelado na Bblia por algum que, ao mesmo tempo, tenta redefini-lo usando

    linguagem e termos evanglicos. Algum que, na prtica, vive como se ele

    no existisse (NICODEMUS, 2011, p. 78).

    Quando no oramos, no nos relacionamos com Deus nos momentos bons e

    ruins, agimos exatamente como um ateu. No h diferena prtica. Talvez essa

    postura distante de Deus seja fruto de uma descrena de que Ele possa realmente intervir em nossas vidas.

    Alguns telogos do sculo XVIII na tentativa de harmonizar as novas

    teorias cientficas e os princpios do Iluminismo com as Escrituras propuseram

    que Deus existe, contudo no tem mais nenhuma relao com a criatura. Ele

    criou todas as coisas e deixou-as por si s para que continuassem sua trajetria

    naturalmente. Essa teoria chamada de desmo. Na prtica uma forma de

    negao de Deus, um atesmo prtico. Outra teoria que segue esta mesma linha

    o chamado tesmo aberto. As palavras de Nicodemus so suficientes para nos dar

    ideia do que se trata. De acordo com essa teologia (se que podemos chama-lo assim), Deus

    existe, mas no onipotente nem onisciente. Ele no sabe o que vai

    acontecer no futuro, ele se arrepende de suas decises, especialmente

    daquelas que no deram certo como ter criado o homem , e no pode impedir as catstrofes naturais do mundo que um dia criou. O futuro,

    portanto, est aberto e formado pelas decises livres dos seres

    humanos, as quais Deus respeita e s quais ele se adapta. Deus no

    interfere no curso da Histria, mas, num gesto de amor, deixa aos

    homens as decises que afetaro seu futuro.

    A concluso lgica desta concepo de Deus exatamente a mesma do

    desmo ingls: deveramos viver como se Deus no existisse, pois, mesmo

    que ele exista, na prtica, isso no faria diferena alguma. No

    deveramos esperar que ele interferisse para nos acudir ou salvar, ou que

    ele misteriosamente conduzisse todas as coisas segundo um propsito

    predefinido. (2011, p. 80-81)

    O incrvel que uma teologia como esta recebe uma aceitao incrvel. Uma boa parte da cristandade encontrou nela uma resposta adequada para suas dvidas. Ora, por que existe tanto mal no mundo ainda? A resposta seria:

    por que primeiro Deus no sabia do que ocorreria e nem mesmo teria condies de

    intervir na realidade para livrar a humanidade.

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    Existem outras formas de atesmo prtico, com certeza, contudo nos

    limitaremos, a ttulo de ilustrao apenas, a estes mencionados. Agora, falta-nos

    falar do atesmo terico.

    O atesmo terico mais intelectual, digamos assim. Este tenta se basear

    em argumentao filosfico-cientfica a fim de mostrar que a crena em Deus

    (especialmente nos termos bblicos) uma grande iluso. Ora Deus redefinido

    completamente ora Ele simplesmente desconsiderado ou tido como uma mera

    fantasia humana. Quanto s teorias procuram redefinir a Deus temos, por

    exemplos, o caso do humanismo, em que Deus apenas o esprito da humanidade, sentimento de integralidade ou meta racial, conforme Berkhof (2012, p. 22). J o pantesmo, ainda conforme as palavras de Berkhof: funde o natural e o sobrenatural, o finito com o infinito numa s substncia. (...)

    ousadamente declara que Deus tudo. (2012, p. 22-23). O pantesmo afirma que

    Deus tudo e tudo Deus, ou seja, a natureza, o universo e tudo que podemos ver

    em conjunto formam o que pensamos ser a divindade. Ainda afirmam que a

    natureza como se fosse o corpo ou expresso de Deus. Desse maneira, uma rvore seria um constituinte de Deus. A humanidade seria extenso desse Deus.

    O tesmo sempre acreditou num Deus que transcendente e imanente. O

    desmo retirou Deus do mundo, e deu nfase a sua transcendncia, em

    detrimento da sua imanncia. Sob a influncia do pantesmo, porm, o

    pndulo pendeu noutra direo. Identificou Deus com o mundo e no

    reconheceu um ser divino distinto da sua criao e infinitamente

    exaltado acima dela. (BERKHOF 2012, p. 23)

    Enfim, no pantesmo, Deus dissolvido na natureza e no tem nenhum

    carter pessoal. Em outros termos, no existe o Deus das Escrituras.

    Podemos citar ainda outras teorias que negam a existncia de Deus.

    Contudo, falaremos agora um pouco sobre aquelas que mantm um entendimento

    equivocado sobre sua Pessoa. Em relao a estas terias passaremos a comentar

    melhor.

    Desmo. Deus pode at existir, mas no h nenhuma possibilidade dEle se

    relacionar com a criao! Esta a tese central do pensamento desta. Este tipo de

    racionalismo apesar de parecer distante, coisa do passado, tem representantes

    bem atuais. Alguns acreditam e disseminam o pensamento de que a vida

    simplesmente uma vida natural. Nascemos, crescemos, envelhecemos, morremos

    e todos os efeitos em nossa existncia aqui e agora so exclusivamente de causas

    naturais. Deus no teria lugar na vida prtica, cotidiana. No mximo Ele seria

    reverenciado distncia como numa memria pstuma. O desmo nos deixa

    muito pensativos e parece se estabelecer quando fazemos uma sincera reflexo

    sobre nosso relacionamento com Deus. Em alguns momentos difceis de nossa

    vida Deus realmente esteva l? Algumas decises foram visivelmente

    orquestradas por Deus ou foram fruto das circunstncias naturais? Aqueles

    milagres de que tanto se fala foram obras sobrenaturais realmente ou

    manufatura da medicina moderna? Aquele carro foi Deus quem deu ou a agncia

    financiadora proporcionou parcelas suaves para que voc conseguisse pagar?

    Enfim, muitos destes questionamentos parecem apoiar o desmo, mas um

    lembrete aqui vlido: o fato de no nos relacionarmos corretamente com Deus e

    nem mesmo termos percepo espiritual no significa que Ele no possa intervir

  • 13

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    em nossas vidas. Hodge (2001) apresenta quatro argumentos para atestar a

    falcia dessa teoria no que diz respeito a relao de Deus com a criao.

    1) (...) contradiz o testemunho de nossa natureza moral. A relao que

    mantemos com Deus, como se revela em nossa conscincia, implica que estamos

    constantemente na presena de um Deus que toma conhecimento de nossos atos,

    ordena nossas circunstncias e interfere constantemente para nossa correo ou

    proteo. Ele no um Deus distante de ns, com quem no temos nenhuma

    relao imediata; mas um Deus que no est longe, em quem vivemos, nos

    movemos e existimos, que conta os cabelos de nossa cabea e sem cuja permisso

    um pardal no cai ao cho.

    2) A prpria razo ensina que a concepo de Deus como governante do

    mundo, tendo suas criaturas nas mos, capaz de control-las como lhe apraz e

    manter comunho com elas, est longe de ser uma concepo nobre e mais

    consistente com a ideia de perfeio infinita, superior quela em que o sistema

    racionalista se fundamenta.

    3) A conscincia comum dos homens se ope a essa doutrina, como fica

    evidente luz do fato de que todas as naes, as mais desenvolvidas e as mais

    brbaras, tm sido foradas a conceber Deus como um Ser capaz de tomar

    conhecimento das atividades humanas e revelar-se a suas criaturas.

    4) O argumento da Escritura, ainda que no admitido pelos racionalistas,

    conclusivo para os cristos. A Bblia revela um Deus que est constantemente e

    em toda parte presente com suas obras, e age sobre elas, no s mediatamente,

    mas imediatamente, quando, onde e como julga conveniente.3

    Evolucionismo. Certamente j ouvimos falar do Evolucionismo. Uns at

    podem ter refletido ou utilizado um pouco mais a hiptese, outros podem ter

    menos familiaridade e apreo por ela, mas uma coisa certa: ela h muito

    permeia o pensamento da humanidade, pois desde os primrdios o homem tem

    especulado sobre a origem e o desenvolvimento do universo e esta hiptese deu

    vida, de certa forma, a grandes expectativas.

    O Evolucionismo, em linhas gerais, afirma que:

    a) A matria eterna (sempre existiu).

    b) O cosmos desenvolveu-se desde o material bruto e homogneo at o seu

    estado presente heterogneo.

    c) A matria viva (vida) surgiu da matria no viva. (abiognese)

    d) Toda forma de vida evoluiu de uma nica fonte.

    e) A Seleo Natural definiu as variaes das espcies.

    f) Todo o processo ocorreu por acaso.

    Apesar de a hiptese ser bela ela falha em dois sentidos. Primeiro com o

    mtodo cientfico, depois com a verdade.

    Se observarmos criteriosamente o mtodo cientfico podemos dizer que as

    afirmaes bsicas do Evolucionismo, vistas anteriormente, no passam de

    conjecturas. Faremos um comentrio a respeito de cada uma:

    a) Afirmar que a matria eterna uma fuga do fato de no ter sido

    encontrado explicao para sua origem.

    3 Texto adaptado da publicao do autor em http://teologiacritica.blogspot.com.br/2012/03/falacia-do-

    racionalismo-deista.html.

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    b) Dizer que o cosmos se desenvolveu de um estado catico para um estado

    organizado simplesmente ilgico. esperar que a imploso de um

    velho edifcio produzisse um belo arranha-cu.

    c) Conceber que a matria viva surgiu da matria no viva seria descartar

    o valor dos fatos para comprovao da veracidade. No existe nenhum

    fato provado que apoie esta afirmao.

    d) Toda forma de vida evoluiu de uma nica fonte? E como explicar a

    gigantesca diferena entre as vrias formas de vida: os homens, animais

    e vegetais? H lgica em afirmar que o ser humano com toda sua

    complexidade fsica e mental evoluiu de um aminocido?

    e) A Seleo Natural teve a capacidade de criar novas espcies? Pela lgica

    temos que uma parte sempre ser subproduto do todo e no um novo

    produto a partir do todo. A Seleo Natural conseguiu algo como pegar

    feijo do feijo e transform-lo em arroz!

    f) Por fim, acreditar que o acaso foi o mentor de todo o processo ter uma

    crena cega! A matria, que no tem inteligncia, e no capaz de uma

    co por si mesma, pelo acaso, resolve mover-se e dar origem a um

    propsito? Ser que o acaso criou o propsito?

    Contudo, estas no so as nicas falhas da hiptese. Como vimos antes, ela

    ainda falha com a verdade. Por que a hiptese da evoluo bane qualquer ideia de

    existncia de um Criador? Enquanto a hiptese no consegue provar seus

    argumentos, encontramos muitas provas testemunhais e histricas apoiando a

    existncia de um Criador. Ento, alm de ser mais lgico considerar esta figura

    tambm seria mais cientfico. Entretanto, no queremos ser mais cientficos, mas sim, verdadeiros!

    A verdade sobre a origem, apesar de no estar plenamente acessvel, no

    pode ser omitida e ela reside no fato de que No princpio criou Deus os cus e a terra (Gn 1.1) e Pela f entendemos que os mundos foram criados pela palavra de Deus, de modo que o visvel no foi feito daquilo que se v (Hb 11.3), bem como: Criou Deus o homem a sua imagem, imagem de Deus o criou; homem e mulher os criou (Gn 1.27).

    Os mtodos utilizados por Deus no foram detalhados, mas Ele o agente

    central na criao. Se quisermos ter compreenso significativa e verdadeira sobre

    as origens no podemos negligenciar que o cosmos fruto da existncia, ao e

    sustentao de Deus.

    Agnosticismo. A etimologia da palavra indica um no conhecer.

    Agnosticismo, portanto a filosofia que afirma a impossibilidade de ter algum

    conhecimento objetivo sobre a existncia de Deus. Normalmente o agnstico no

    gosta de ser chamado de ateu, porque teoricamente ele no nega a existncia de

    Deus, nega, sim, a possibilidade de conhec-lo ou ter informaes objetivas sobre

    ele.

    Materialismo. a doutrina que exige definir e explicar todos os fatos da

    experincia unicamente a partir de categorias da realidade, fsicas e materiais. O

    materialismo teve vrias formulaes, c ontudo em essncia advoga que todas as

    espcies de vida mental so meros produtos do organismo e que o universo

    totalmente resolvvel em termos fsicos e materiais. Assim, esta postura elimina

    qualquer possibilidade de existncia espiritual. Aceitar este pensamento

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    eliminar, portanto, a existncia da alma (ou esprito) humana, de Deus, anjos e

    quaisquer outros seres espirituais. O mundo espiritual seria apenas uma iluso e

    todo fenmeno que ora aparentasse ser sobrenatural poderia ser explicado em

    termos de fenomenologia, ou seja, em termos de algum fenmeno da matria.

    Politesmo. a crena na existncia de mais de um Deus. A explicao de

    Hodge Archibald bastante instrutiva. O politesmo (polys e theos) distribui as perfeies e funes do Deus

    infinito, entre muitos deuses limitados. Teve origem no culto da

    natureza, representado nos mais antigos Vedas dos hindus e que, em to

    pouco tempo e radicalmente, substituiu o monotesmo primitivo. No

    princpio, enquanto se conservava na Caldia e na Arbia, consistia em

    culto dos elementos, especialmente das estrelas e do fogo. Depois tomou

    formas especiais, segundo as tradies, o gnio e a civilizao relativa dos

    diversos povos. Entre os selvagens mais grosseiros degenerou-se at o

    fetichismo, como na frica Central e Ocidental. Entre os gregos, tornou-

    se o veculo para a expresso do seu humanitarismo mais apurado na

    apoteose de homens heroicos, antes que na revelao dos deuses

    encarnados. Na ndia, sendo a filho de uma filosofia pantesta, tem-se

    desenvolvido ao extremo o mais extravagante, tanto a respeito do nmero

    quanto ao do carter de seus deuses. Sempre que o politesmo esteve

    ligado a especulaes, apareceu como a contra-parte exotrica do

    pantesmo. (2001, p. 57).

    Pantesmo. Afirma que tudo Deus e Deus tudo o que existe. Ele mistura

    a imanncia4 e transcendncia5 de Deus. Confunde Deus com a natureza. Criador

    com criatura. Faz tambm uma mescla do esprito com a matria. Nos vedas ensinado que todo o universo o Criador, procede do Criador, e retorna a ele. Semelhantemente, da mesma fonte limos: Tu es Brama, tu s Vishnu, tu s Kodra etc.; tu s ar, tu s Andri, tu s a

    luz, tu s substncia, tu s Djam; tu s a terra, tu s o mundo! O Senhor

    do mundo a ti humilde adorao! Alma do mundo, tu que

    superintendes as aes do mundo, que destris o mundo, que crias os

    prazeres do mundo! vida do mundo, os mundos visveis e invisveis so

    o brinquedo do teu poder; tu s o soberano, a Alma Universal; a ti

    humilde adorao!. (CHAFER 2003, p. 201)

    1.4- O ser de Deus

    As Escrituras afirmam que Deus criou o homem de uma forma diferente:

    E disse Deus: Faamos o homem nossa imagem, conforme a nossa semelhana... Criou, pois, Deus o homem sua imagem; imagem de Deus o

    criou; homem e mulher os criou (Gn 1.26,27). Por conta dessa imagem e semelhana podemos afirmar que h certa semelhana entre o Deus e o homem.

    Claro que descartamos que esta semelhana seja a nvel fsico ou material, visto

    que Deus Esprito (Jo 4.24). Contudo, algumas categorias espirituais carregam

    semelhanas. Por exemplo, Deus um ser pessoal, assim como nos permitiu ser

    tambm. Algumas estruturas de pensamento e da mente tambm carregam tais

    similaridades. Desta forma, alcanamos alguma informao a respeito de Deus

    4 Modo de existncia em que Deus est dentro da criao.

    5 Modo de existncia em que Deus est fora da criao.

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    baseado no conhecimento do prprio homem. Evidente que tais caractersticas em

    semelhana so em Deus infinitas, plenas e perfeitas. Enquanto no homem so

    sombras da realidade que h em Deus. Neste sentido, compreendemos os antropomorfismos bblicos como um

    ensino com base na comparao. Precisamos estabelecer que os antropomorfismos

    so figuras de linguagem, e devem ser entendidos como tal. No pensamos que

    Deus tenha braos, olhos, mo, ouvidos, etc. O Deus eterno a tua habitao, e por baixo esto os braos eternos (Dt 33.27); Meu Pai, que mas deu, maior do que todos; e ningum pode arrebata-las da mo de meu Pai (Jo 10.29); Assim diz o Senhor: O cu o meu trono, e a terra o escabelo dos meus ps (Is 66.1); Porque, quanto ao Senhor, seus olhos passam por toda a terra, para mostrar-se forte a favor daqueles cujo corao perfeito para com ele (2 Cr 16.9); Eis que a mo do Senhor no est encolhida, para que no possa salvar; nem surdo o seu

    ouvido, para que no possa ouvir (Is 59.1); Porque a boca do Senhor o disse (Is 58.14).

    O fato de a Bblia atribuir a Deus estes membros e caractersticas

    humanas no quer dizer que Deus os possua. O sentido do texto quer mostrar que

    Deus tem a capacidade de realizar exatamente aquilo que o membro humano

    representa. Aquele que fez o ouvido, no ouvir? Ou aquele que formou o olho, no ver? (Sl 94.9).

    Da mesma forma temos os antropopatismos. Um antropopatismo a

    atribuio de sentimentos humanos Deus. Este argumento mais polmico por

    advogar a impassibilidade de Deus, ou seja, Deus no experimentaria paixes,

    emoes, sentimentos de quaisquer natureza. Assim, ira, medo, tristeza, surpresa

    e nenhuma outra espcie de emoes so realidades para Deus. Os argumentos

    em favor dessa opinio esto baseados primeiramente na realidade e clareza dos

    antropopatismos, se os aceitamos como figuras por que no aceitar tambm os

    antropopatismos? Depois, temos que as emoes, de modo geral, representam

    estados opostos ao que a vontade ou a determinao da pessoa o queria. Assim,

    representam uma certa instabilidade, uma excitao. De fato, alguns dicionrios

    definem emoo como inquietao, excitao. A palavra no sentido original

    significa inquietao da mente. Enfim, todas as caractersticas no podem ser

    atribudas a Deus que perfeito. Como Deus seria alvo de uma inquietao de

    esprito? De uma excitao? Quanto seria possvel para Deus ter algum conflito

    entre suas emoes e sua vontade soberana? Podemos concluir esta seo com a

    citao: Portanto, ao afirmarmos a impassibilidade divina, no estamos roubando

    Deus de quaisquer qualidades de valor. Antes, estamos dizendo que ele

    tem perfeita estabilidade mental e autocontrole; ele no pode ser

    inquietado contra o seu querer. Mas no h realmente razo alguma

    contra afirmar a impassibilidade divina, que a mente dele nunca jamais

    seja perturbada. (CHEUNG, 2006, p. 49)

    Conquanto tenhamos algo de Deus em ns, pois fomos feitos a sua imagem

    e semelhana, esta via de conhecimento de Deus ainda carece de uma fonte

    proposicional mais objetiva e segura, tal fonte chamamos revelao especial.

    quando Deus se d a conhecer (se revela) que podemos ter algum conhecimento

    objetivo dele. Sem a iniciativa de Deus de se aproximar da criao no teramos

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    condies de compreend-lo. Pois, quem pode conhecer os caminhos inescrutveis

    do Senhor? (Rm 11.33). Acaso podes sondar a profundeza de Deus, e atingir os limites de Shaddai? (J 11.7). Desde a antiguidade o homem quis conhecer e retratar a Deus de diversas formas. Sempre foi interesse do homem alcanar o

    conhecimento do divino, contudo seus intentos continuam incompletos. Temos

    que nos convencer de que no a razo humana de conhece a Deus, mas Ele

    que se revela e torna-se possvel a ns.

    Agora, esta possibilidade de conhecer a Deus, ou, para ser um pouco

    tcnico, esta cognoscibilidade, deve ser corretamente compreendida. Mesmo Ele

    se revelando, isso no significa que tenhamos um conhecimento e compreenso

    plena, perfeita e exaustiva de Deus. Tal no seria possvel justamente pela

    caracterstica do Ser de Deus. Ele infinito s para citar um atributo. Como seria

    possvel o finito conter o infinito? Como a mente humana compreenderia

    completamente a mente divina? Com isto, a posio reformada, principalmente,

    postula que Deus um Ser incompreensvel embora possa ser conhecido!

    Incompreensvel exatamente no sentido de que no podemos atingir a plenitude

    de Deus, Ele o totalmente outro, a pesar disso temos um conhecimento (mesmo que parcial) de Deus que suficiente para nossa vida de devoo a Ele.

    Por conseguinte, baseados neste pequeno, mas suficiente conhecimento,

    nos arriscaremos a traar uma definio do nosso Senhor. Definio que no

    pretende de modo algum ser exaustiva e que certamente ser limitada e

    imperfeita, contudo, necessria para nos trazer um pouco mais de compreenso e

    clareza sobre aquilo que estamos estudando. A seguinte definio elenca os

    elementos mais essenciais acerca de Deus, mas que, segundo Langston (1999)

    est baseada naquilo que Jesus Cristo teve por propsito, ou seja, revelar a Deus

    mais em categoria sinttica do que analtica, mais de modo sugestivo do que

    exaustivo. Assim, o autor define: Deus Esprito Pessoal, perfeitamente bom, que, em santo amor, cria, sustenta e dirige tudo. (p. 19). Esta definio traz basicamente quatro caractersticas capitais de Deus: 1) Sua natureza, Deus Esprito Pessoal, 2) Seu carter: Perfeitamente Bom, 3) Sua relao com a criao: Cria, sustenta e dirige tudo e 4) O motivo de suas relaes: Santo amor.

    1.4.1- Deus Esprito Pessoal

    Que Deus Esprito inegvel. Por toda parte nas Escrituras tal

    afirmado: Deus esprito; e importa que os seus adoradores o adorem es esprito e em verdade (Jo 4.24). Agora, saber realmente o que um esprito passa a ser uma misso um pouco mais delicada. Na verdade sabemos mais o que ele no .

    Por exemplo, sabemos que esprito no matria e nem dela procede, portanto,

    no est limitado a espao e tempo. Esprito no tem forma. J, pelo lado

    positivo, podemos dizer que um esprito um ser dotado das faculdades de

    pensar, sentir e querer. Um detalhe que Deus um Esprito Perfeito, assim,

    todo o seu ser perfeito e elevadssimo. No um esprito qualquer. o Esprito

    magnfico do qual tudo se deriva.

    Deus pessoal. Ele um ser individual, com autoconscincia e vontade

    capaz manter um relacionamento com pessoas. Tal fato indicado de vrias

    maneiras nas Escrituras, primeiramente por Ele ter um nome com o qual se

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    identifica para o homem. O nome traz um pouco do carter e personalidade do

    ser. Nos tempos bblicos o nome estava relacionado caracterstica do ser. No

    era apenas um rtulo ou identificao impessoal como no uso atual. O nome

    distinguia a pessoa. Deus se identificou como EU SOU ou EU SEREI (Ex 3.14). Desse modo Ele no se mostrou como um ser impessoal,

    incompreensvel ou mesmo como uma mera fora. Na verdade Ele no quer ser

    tambm tratado dessa maneira. Outra indicao da personalidade de Deus que

    Ele se relaciona com seu povo. Ele tem comunho com eles. Deus conversava com

    Ado e Eva. Falou com seus descendentes, com os patriarcas Abrao, Isaque e

    Jac de muitas maneiras. Alm do mais, no Novo Testamento temos, por fim, a

    viso de que somos uma grande famlia; Deus Pai, e somos seus filhos por

    adoo. Porque Deus uma pessoa, o relacionamento que temos com ele tem uma

    dimenso de carinho e compreenso. Deus no uma mquina ou um

    computador que supre automaticamente as necessidades das pessoas. Ele

    um bom Pai que conhece e ama.

    Alm disso, nosso relacionamento com Deus no uma rua de mo nica.

    Deus , com certeza, um objeto de respeito e reverncia. Mas ele no

    recebe e aceita simplesmente o que oferecemos. Ele um ser vivo,

    recproco. No apenas algum sobre quem ouvimos, mas algum que

    encontramos e conhecemos. Por conseguinte, Deus deve ser tratado como

    um ser, no um objeto ou fora. Ele no algo que deve ser usado ou

    manipulado. (ERICKSON, 1997, p. 110).

    1.4.2- Deus Perfeitamente Bom

    Mais frente veremos o atributo bondade de Deus com maiores detalhes,

    contudo, afirmar que Deus perfeitamente bom indica que estamos referendando

    a excelncia de todo o seu carter. A bondade de Deus no suscetvel de falhas.

    O bom em Deus perfeito. Ele bom para com todos. bom em todas as suas

    relaes e em todas as suas obras. Tudo que Deus faz bom, foram estas as

    palavras na concluso da criao. Assim, podemos descansar num Deus que faz

    tudo da melhora maneira possvel. Sua obra perfeita. Sua vontade sem igual.

    Podemos confiar nEle, crer nEle e saber que Ele perfeito e no se corrompe com

    o mal. s vezes podemos at nos questionar sobre a bondade de Deus, contudo,

    este mais um problema ligado pecaminosidade humana do que com uma falha

    na bondade de Deus.

    1.4.3- Deus Cria, Sustenta e Governa Tudo

    Deus o Criador. Pouca dvida paira sobre este fato para aqueles que so

    crentes. Est escrito que No princpio criou Deus os cus e a terra (Gn 1.1). Tudo o que existe foram obras de Suas mos Todas as coisas foram feitas por ele, e, sem ele, nada do que foi feito se fez. (Jo 1.3). Deus criou segundo basicamente dois mtodos. O primeiro consistia naquele em trazer a existncia aquilo que no

    existia. Assim ocorreu o surgimento da matria: Pela f, entendemos que foi o universo formado pela palavra de Deus, de maneira que o visvel veio a existir

    das coisas que no aparecem (Hb 11.3). O outro modo foi utilizando material pr-existente. E disse: Produza a terra relva, ervas que deem semente e rvores

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    frutferas que deem fruto segundo a sua espcie (Gn 1.11). Neste caso o Senhor j se utilizou da terra, elemento pr-existente, para criar outros elementos. Uma

    advertncia aqui quanto ao evolucionismo. A pesar de Deus ter usado este

    mtodo, tal fato no advoga a teoria darwinista. Outra criao mpar de Deus foi

    o ser humano. Feito como primor da criao e de modo nico.

    Alm de criar Deus sustenta todas as coisas. Todo o universo sustentado

    at o dia de hoje pela ao de Deus. Ele, que o resplendor da glria e a expresso exata do seu Ser, sustentando todas as coisas pela palavra do seu

    poder. (Hb 1.3, grifo nosso). O texto indica que a ao contnua. Ela no parou em determinado momento. Logo, o agir de Deus permanente em todo o

    universo. Mas, claro que se Deus no o sustentasse tudo deixaria de existir!

    Devemos firmar a mxima de que nada pode subsistir parte de Deus. Toda

    existncia deve se curvar e reconhecer-se derivada do Senhor.

    Ele tambm o governante do universo. Muitas teologias tentam

    reinterpretar tal fato e se esquivar dessa realidade, talvez por no compreender

    os planos de Deus ou at mesmo para no se submeter, numa atitude de rebeldia,

    ao seu governo. Contudo, a Bblia afirma que Ele o Senhor da terra e cu. Sua

    vontade prevalece e os reinos e naes esto sob sua direo. Pareceu-me bem fazer conhecidos os sinais e maravilhas que Deus, o Altssimo, tem feito para

    comigo. Quo grandes so os seus sinais, e quo poderosas, as suas maravilhas! O

    seu reino reino sempiterno, e o seu domnio, de gerao em gerao. (Dn 4.2). Todos os moradores da terra so por ele reputados em nada; e, segundo a sua vontade, ele opera com o exrcito do cu e os moradores da terra; no h quem lhe

    possa deter a mo, nem lhe dizer: Que fazes? (Dn 4.35).

    1.4.4- A Motivao de Deus Santo Amor

    O motivo de todas as realizaes de Deus seu santo amor, pelo qual Ele

    criou todas as coisas para sua glria. Porque Deus amou o mundo. (Jo 3.16). Sua motivao amor. No um amor sentimental qualquer, mas o verdadeiro

    amor, o qual envolve uma deciso pela melhor opo possvel considerando todas

    as variantes. A deciso de Deus em criar no foi egosta e no foi por uma

    necessidade interna em Deus. Sua motivao foi sempre a melhor possvel. Ele

    no criou o universo e a humanidade porque estava solitrio na eternidade. Ele

    sempre foi perfeito em si mesmo. Na Trindade santa nunca houve problema de

    solido. Deus sempre foi completo. Tambm Deus no criou por um sentimento

    egosta, tanto que Ele mesmo divide sua glria, glorificando sua criao. Logo, Deus criou e age sobre todas as coisas baseado em seu santo amor.

    Desta forma, temos uma definio bsica que nos traz algum entendimento

    do Ser de Deus na declarao de que Ele esprito pessoal, perfeitamente bom,

    que, em santo amor, cria, sustenta e dirige tudo.

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    CAPTULO II

    OS NOMES DE DEUS

    A Bblia registra vrios nomes para Deus. Poderamos nos perguntar qual

    a necessidade de tantos nomes. A resposta estaria no fato de que o ser de Deus

    to imenso de forma que tais nomes foram necessrios para dar maior clareza

    quanto a quem ele . Os nomes revelam o carter da pessoa, assim acreditavam

    os orientais. Logo, a prpria pessoa de Deus e seus atributos esto sendo

    transmitidos para a compreenso humana por meio dessas identificaes.

    instrutiva a classificao feita a respeito dos nomes de Deus: O Dr. Bavinck baseia a sua diviso dos nomes de Deus nesse amplo

    conceito deles, e distingue entre nomina prpria (nomes prprios),

    nomina essentialia (nomes essenciais ou atributos), e nomina personaliza

    (nomes pessoais; como Pai e Filho e Esprito Santo). (BERKHOF, 2012, p.

    48).

    A pesar de no trabalharmos na perspectiva indicada por Bavinck,

    apresentaremos a relao de alguns nomes revelados por Deus tanto no Antigo

    como no Novo Testamento e teceremos pequenos comentrios a respeito.

    2.1- Os nomes de Deus no Antigo Testamento

    1) El. Alguns acham que sua raiz tem o sentido de O Forte. Seu uso encontrado em escritos babilnicos, fencios, aramaicos, arbicos ou

    mesmo hebraicos. De certa forma, El pertence a todo o mundo semtico.

    s vezes est acompanhado por outro nome para qualific-lo melhor.

    Como El Olan (Deus eterno, Gn 21.33), El Sahddai (Todo Poderoso, Ex

    6.3), El Elyon (Deus Altssimo, Gn 14.18-20). Porm tu, Senhor [Adonay], s um Deus [El] cheio de compaixo, e piedoso, sofredor, e

    grande em benignidade e em verdade. (Sl 86.15).

    2) Elohim. um substantivo plural (no original), alguns encontram aqui

    uma evidncia primria de uma relao Trindade. Mostra Deus como

    Ser forte e poderoso. Elohim plural de Eloah. Este ltimo aparece

    algumas vezes na poesia hebraica. Elohim aparece logo no incio da

    Bblia: No princpio criou Deus [Elohim] o cu a terra. (Gn 1.1).

    3) Elyon. Designa Deus como um Ser alto e exaltado. Deus Altssimo.

    4) Adonai. Deus como governante Todo Poderoso. Soberano. Nos

    primrdios era o nome pelo qual Israel identificava a Deus. Com o

    passar dos tempos foi sendo substitudo por (Yahweh).

    5) Shaddai e El Shaddai. Todo Poderoso. Indica que Deus possui todo o

    poder na terra e no cu. A pesar de apresentar Deus como poderoso e

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    enfatizar a grandiosidade dEle no delineia o Senhor como objeto de

    temor. Deus deve ser temido no sentido de ser respeitado e no no

    sentido de ter medo.

    6) Yahweh. O Auto-Existente. O nome prprio de Deus. Este nome

    superou os anteriores e revela o Deus da graa. Foi tido como o nome

    mais sagrado e impronuncivel. Os judeus temiam pronunci-lo com

    base numa leitura equivocada de Lv 24.16. Aquele que mencionar o nome de Yahweh ser morto. Por isso a pronuncia exata do nome se perdeu, pois no hebraico o nome era composto apenas pelas consoantes

    YHWH. Posteriormente houve a insero, pelos massoretas, das vogais

    da palavra Adonai em YHWH ficando Yahweh, ou seja, Jav em

    portugus. Jav significa Eu sou o que sou ou Eu serei o que serei. (Ex 3.14). Assim sendo, enfatiza a imutabilidade de Deus. No

    simplesmente sua impossibilidade de alterao ou variao prpria,

    mas sua imutabilidade quanto ao relacionamento com o seu povo.

    7) Yahweh Tsebhaoth. O Senhor dos Exrcitos. H uma disputa teolgica

    quanto definio do termo. O que se quer dizer quanto a exrcitos?

    Seriam os exrcitos de Israel, de estrelas ou de anjos? Fica, portanto, a

    questo para pesquisa.

    2.2- Os nomes de Deus no Novo Testamento

    1) Theos. um nome grego que procurou ser equivalente a alguns nomes

    de Deus revelados nos Antigo Testamento. Significa simplesmente

    Deus.

    2) Kyrios. Senhor. Kyrios foi o termo grego empregado na traduo da

    Septuaginta para substituir Adonai (que j era a substituio de

    YHWH). Logo, indiretamente Kyrios a identificao grega de YHWH.

    Contudo, Kyrios no tem a envergadura de significado que o termo

    original compreende. Ele designa Deus mais no mbito de Poderoso

    Senhor, Possuidor, Governador.

    3) Pater. Pai. A paternidade de Deus amplamente revelada no Novo

    Testamento. A paternidade de Deus aplicada em alguns sentidos

    bsicos: A paternidade de Deus em relao a Jesus Cristo. A

    paternidade de Deus em relao criao, sua paternidade em relao

    a Israel e em relao a cada membro da Igreja, visto que pela salvao

    somos filhos de Deus por adorao.

    Outros nomes e combinaes:

    1) Jeov Jireh. Deus prov. (Gn 22.8,14).

    2) Jeov Nissi. Deus nossa bandeira. (Ex 17.15).

    3) Jeov Shalom. Deus a nossa paz. (Jz 6.24).

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    4) Jeov Rapha. Deus cura. (Ex 15.26).

    5) Jeov Tsidkenu. Deus nossa justia. (Jr 23. 5,6).

    6) Jeov Shammah. Deus est presente. (Ez 48.35).

    7) Qedosh Ysrael. Santo de Israel.

    8) Abit. Poderoso.

    9) Gibor. Valente, Poderoso.

    10) Tsadiq. Justo, Reto.

    11) Qoneh. Zeloso.

    12) Abba. Pai.

    13) Ancio de Dias. Juizo, Eternidade.

    14) Altssimo. Transcendente.

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    CAPTULO III

    OS ATRIBUTOS DE DEUS

    Os atributos de Deus no devem ser compreendidos como algo

    acrescentado ao seu Ser. Eles no so acessrios de Deus e nem mesmo Deus

    seria composto por vrias partes ou elementos. Assim, devemos entender Deus

    como um todo e seus atributos como sendo expresso de seu prprio Ser. Alguns

    telogos preferem outra nomenclatura para evitar confuso. Seria prefervel

    falar, ento, das perfeies ou virtudes de Deus. Lembramos que nossa metodologia aplicada na busca de encontrar e

    descrever os atributos de Deus ainda est baseada em nossos pressupostos

    bsicos de que somente a Palavra de Deus completamente capaz de nos revelar

    seguramente informaes acerca de Deus. No nos basearemos em processos

    experimentais e nem mesmo no mero raciocnio humano para conhecer a Deus.

    No tomaremos o caminho dos escolsticos que penderam para uma teologia

    natural construda a partir de inferncias tiradas por meio de observao da

    natureza. Tal teologia falha em seu princpio, pois o conhecimento de Deus jamais

    se dar por meio do intelectualismo, o mrito no dever ser do homem, mas sim,

    e sempre, de Deus. Portanto, at mesmo nosso conhecimento de Deus no

    mrito nosso, mas uma glria do prprio Deus. Tambm no vamos nos

    enveredar pelo caminho da teologia especulativa ou liberal assumindo mtodos

    crticos de anlise.

    comum classificar os atributos de Deus em duas categorias bsicas, elas

    so: os atributos comunicveis e os incomunicveis de Deus. Os atributos

    comunicveis seriam aqueles que teriam alguma expresso e existncia no

    homem tambm. Atributos como bondade, a pesar de no ser aquela bondade

    perfeita encontrada em Deus, um atributo existente tanto nEle como em ns.

    Logo, tal virtude seria compartilhada com a humanidade. Ao contrrio, os atributos tidos como incomunicveis seriam aqueles que pertenceriam somente a

    Deus. Desta forma a auto-existncia, por exemplo, uma propriedade apenas

    encontrada em Deus. Nenhuma criatura possui tal perfeio.

    3.1- Os atributos incomunicveis de Deus.

    Auto Existncia. Deus o auto existente, ou seja, no deve sua vida a

    nenhuma causa. Ele tem vida em si mesmo. Portanto, seria ingnuo perguntar

    como alguns crticos perguntam: Como surgiu Deus?. Uma pergunta que em si carrega grande desconhecimento acerca de Deus e o coloca numa categoria

    semelhante aquela em que a criatura est. Deus o Eterno! Sem princpio e sem

    fim. O nico que tem genuinamente existncia em si mesmo. O termo Jeov

    expressa muito bem esta perfeio. Eu sou o que Sou. Neste sentido, as palavras de Jesus tambm so valiosas: Porque assim como o Pai tem vida em si mesmo, tambm concedeu ao Filho ter vida em si mesmo (Jo 5.26).

    Ele independente. No depende de ningum para existir e no s nesta

    especificidade, mas em tudo Ele independente. Isso nos d certa confiana em

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    saber que Ele no muda e permanecer no relacionamento conosco assim como

    prometeu. Por ser o nico independente, torna toda a criao dependente por

    consequncia. Todos ns dependemos de Deus para existir e para viver. Como

    dito antes, este atributo no pertence ao homem, somente a Deus.

    Imutabilidade. Esta qualidade fala da impossibilidade de mudana em

    Deus. Mudana em seu Ser, Carter e atributos. Deus no pode mudar. Ele o mesmo ontem, hoje e ser para sempre. Esta caracterstica uma consequncia lgica de sua perfeio absoluta. Se Deus perfeito no precisar mudar para

    melhorar em nenhum sentido, consequentemente no pode piorar, pois Ele

    perfeito, logo no h variao nem para melhor nem para pior em Deus.

    Devemos ter o cuidado de no confundir a imutabilidade com a

    imobilidade. Deus ser imutvel no significa que Ele ser imvel, no poder

    exercer relacionamentos e tomar posturas no decorrer do tempo. Por exemplo, a

    encarnao no significa uma mudana na natureza de Deus, pois, ela j estava

    planejada e j era realidade em Deus desde a eternidade, pois o Cordeiro foi morto antes da fundao do mundo. (Ap 13.8).

    Outras dificuldades esto relacionadas a passagens que aparentemente

    declaram que Deus mudou de ideia ou opinio. ento, se arrependeu o Senhor de haver feito o homem na terra, e isso lhe pesou no corao. (Gn 6.6). Temos que enfatizar novamente que Deus no muda (Ml 3.6 e Tg 1.17). Assim, tais

    passagens devem ser compreendidas em termos antropomrficos ou

    antropopticos.

    Infinidade. a caracterstica de Deus no estar limitado de forma alguma.

    Ele no limitado pelo universo, pelo contrrio, excede ao universo e a qualquer

    base de comparao. Temos que ter o cuidado para no pensarmos neste atributo

    como sendo a capacidade de Deus se estender por toda parte como se estivesse se

    espalhando. Lembremos que Deus Esprito e no subsiste, portanto, numa

    disposio espao/temporal, logo no pode espalhar-se. A infinidade de Deus em relao ao tempo pode ser denominada de

    eternidade. Eternidade um conceito alm daquilo que conhecemos como o princpio e o fim, ou uma durao infinitamente prolongada para trs e para frente. Na verdade, Deus est fora do tempo.

    A sua eternidade pode ser definida como a perfeio de Deus pela qual

    Ele elevado, acima de todos os limites temporais e de toda sucesso de

    momentos, e tem a totalidade da sua existncia num nico presente

    indivisvel. (BERKHOF, 2012. p. 60).

    A infinidade de Deus quanto ao espao chamada de imensidade. Esta

    perfeio de Deus pode ser comparada com a onipresena. o atributo que

    garante que Deus est em toda parte com todo o seu Ser. H uma pequena

    diferena entre imensidade e onipresena. A primeira est mais relacionada a

    transcendncia de Deus enquanto a segunda, a imanncia.

    A infinidade de Deus quanto ao conhecimento chamada de oniscincia.

    Deus conhece todas as coisas e este conhecimento est principalmente baseado no

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    fato de que Ele foi quem criou tudo que existe. Logo, se Ele criou tem

    conhecimento para tal.

    A infinidade de Deus em relao ao poder a onipotncia. Deus tem todo o

    poder: Bem sei eu que tudo podes, e que nenhum dos teus propsitos pode ser impedido. (J 42.2). O poder de Deus ilimitado, contudo um poder que est baseado na lgica e condizente com a prpria natureza do ser de Deus. Desta

    forma, Deus no poderia realizar uma obra sem lgica, por exemplo construir um tringulo quadrado ou, a clssica, fazer uma pedra to pesada que Ele mesmo

    no pudesse carregar!

    Unidade. Num sentido (Unitas Singularitatis Unidade Singular) afirma que Deus um s, nico. Salomo afirmou: para que todos os povos da terra saibam que o Senhor Deus e que no h outro (1 Rs 8.60). Em outro sentido (Unitas Simplicitatis Unidade Simples), o termo indica que Ele est livre de diviso em partes ou de composio. Ao contrrio dos homens, Deus existe com

    todos os seus atributos como um uno eterno. Esta posio no pode ser entendida

    como contrria a doutrina da Trindade, pois mesmo na Trindade Deus continua

    sendo um nico. E as pessoas da Trindade no so partes ou composies de

    Deus, mas subsistem como uma nica divindade. Logo, Deus nico e simples (ao

    contrrio de composto) em sua natureza.

    3.2- Os atributos comunicveis de Deus.

    Espiritualidade. Jesus nos ensina que: Deus Esprito (Jo 4.24). No um esprito qualquer, mas Esprito. um ser que subsiste de modo totalmente

    nico. Assim lhe atribumos todas as qualidades de um esprito perfeito. Ento,

    no devemos incorrer no erro de atribuir a Deus aspectos corpreos e materiais.

    Logo, Ele imaterial, invisvel e sem composio ou extenso. o Rei dos reis e Senhor dos senhores; o nico que possui imortalidade, que habita em luz

    inacessvel, a quem homem algum jamais viu, nem capaz de ver. A ele honra e

    poder eterno. Amm (1 Tm 6.15,16).

    Conhecimento. Podemos dizer que o conhecimento de Deus aquela

    capacidade que Ele tem de conhecer-se a si mesmo plenamente bem como toda a

    criao detalhadamente num ato eterno e simples (1 Sm 2.3; J 12.13; Sl 94.4;

    147.4; Is 29.15). Em termos de extenso definimos o conhecimento como

    oniscincia, ou seja, todo o conhecimento. Deus conhece a tudo porque tudo

    proveio dEle. Conhece tambm num sentido de coisas que ainda no so

    concretas ou que s existiro futuramente. Assim, Ele perfeito em conhecimento

    (J 37.16). preciso defender essa doutrina do conhecimento de Deus contra todas

    as tendncias pantestas de apresentar Deus como base inconsciente do

    mundo fenomenolgico, e daqueles que, como Mrcion, Socino e todos

    quantos acreditam num Deus finito, s atribuem a ele um conhecimento

    limitado. (BERKHOF, 2012. p. 66).

    Sabedoria. Precisamos comear comentando que sabedoria uma

    qualidade ligeiramente diferente de inteligncia. A sabedoria teria um aspecto

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    mais intuitivo e prtico, seria a capacidade de usar adequadamente a

    inteligncia. Seria a expresso prtica da inteligncia. A inteligncia poderia estar relacionada a informao ou formao, contudo, uma pessoa sem formao

    poderia ser sbia o que a vida nos mostra. Em Deus a sabedoria perfeita, como

    todos os outros atributos, e responsvel por encaixar os melhores resultados com os melhores meios possveis.

    Veracidade. Em Deus tem o sentido de genuinidade, veracidade e

    fidelidade. Veracidade no sentido de genuinidade entende-se que Deus a

    verdade. Podemos acreditar que a revelao de Deus autntica e verdadeira.

    Alm disso, o que Ele falar ou definir sobre a criao tambm deve ser tido como

    a realidade ltima, pois Deus no mente. Alguns entendem a verdade como sendo

    a realidade das coisas em oposio a um pensamento ou definio equivocada.

    Mostrando a realidade estaremos mostrando a verdade. Neste sentido, Deus o

    nico que pode mostrar a realidade ltima das coisas. Na verdade vivemos num

    mundo de iluses. A Bblia afirma que: nos quais o deus deste sculo cegou os entendimentos dos incrdulos, para que lhes no resplandea a luz do evangelho

    da glria de Cristo, o qual a imagem de Deus (2 Co 4.4). Se os incrdulos esto cegos para o evangelho no esto vendo a realidade da existncia. Talvez no

    creiam em Deus, no considerem seus pecados, no temam o juzo e desdenhem

    cu e inferno! Jesus fazia questo de usar expresses como: Em verdade, em verdade vos digo. E tambm disse que era O Caminho, a Verdade, e a vida. A verdade materializada. Veracidade no sentido de veracidade entende-se que Deus

    fala a verdade. Sua proclamao, sua Palavra a verdade. Um dos argumentos

    em favor da infalibilidade bblica justamente o fato de que tudo o que foi dito foi

    verdade e tudo que foi profetizado se cumpriu (ou se cumprir, no caso das

    profecias ainda futuras). O prprio Jesus falou que a tua palavra a verdade (Jo 17.17). Os apstolos tambm insistiam que no estavam falando de histrias

    engenhosamente inventadas, mas da verdade da qual eram testemunhas fiis.

    Este o discpulo que d testemunho a respeito destas coisas e que as escreveu; e sabemos que o seu testemunho verdadeiro (Jo 21.24). porque no podemos deixar de falar das coisas que vimos e ouvimos (At 4.20). tendo vs recebido a palavra que de ns ouvistes, que de Deus, acolhestes no como palavra de

    homens, e sim como, em verdade , a palavra de Deus, a qual, com efeito, est

    operando eficazmente em vs, os que credes (1 Ts 2.13). Veracidade no sentido de fidelidade est relacionada com a prtica da verdade. Alm de ser a verdade e

    de falar a verdade, Deus pratica e executa a verdade. Deus no homem, para que minta; nem filho de homem, para que se arrependa. Porventura, tendo ele

    prometido, no o far? Ou, tendo falado, no cumprir? (Nm 23.19). A apstolo

    Paulo ainda fala: Fiel o que vos chama, o qual tambm o far (1 Ts 5.24).

    Bondade. A bondade de Deus no deve ser confundida, nem dissipada como

    uma caracterstica genrica daquilo que bom. Ela uma caracterstica

    especfica em Deus: Ningum bom seno um, que Deus (Mc 10.18). Ele bom de uma forma que ningum o . Esta no apenas uma benevolncia, mas

    est relacionada ao prprio ser e existncia e Deus. Ele bom numa perspectiva

    at mesmo metafsica, ontolgica. Isso significa que Deus corresponde

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    plenamente aquilo que a acepo de Deus implica. Como consequncia, Deus

    bom tambm numa relao com a criatura. a fonte de todo bem (fons omnium

    bonorum): Pois em ti est o manancial da vida; na tua luz, vemos a luz (Sl 36.9). o sumo bem (summum bonum) para todas as suas criaturas, em graus

    diferentes e na medida em que atendem ao propsito de sua existncia.

    A bondade de Deus em certo nvel est empregada em toda a criao. O Senhor bom para todos, e as suas ternas misericrdias permeiam todas as suas

    obras... em Ti esperam os olhos de todos, e tu, a seu tempo, lhes d o alimento.

    Abres a tua mo e satisfazes de benevolncia a todo vivente (Sl 145.9, 15, 16). Traamos um paralelo desta manifestao da bondade com o que conhecemos por

    graa comum.

    O amor de Deus, em certo sentido, poderia tambm ser identificado como

    sua bondade quanto aplicada a criaturas morais. Assim, da mesma forma que sua

    bondade se expressa em certo sentido em toda criatura, seu amor tambm, em

    certo sentido, derramado por todo o mundo (Jo 3.16). Contudo, em relao aos

    crentes h um amor expresso de forma especial, visto que Deus os v como filhos

    adotivos pela obra de Jesus Cristo.

    A graa de Deus tambm pode ser comentada neste contexto. Graa do

    hebraico chanan e do grego charis a aplicao do amor e bondade de Deus a

    seres que no as merecem. Graa favor no merecido. Ela a base de toda

    bno espiritual em nossas vidas, desde a salvao, passando pelos dons, pela

    prpria vida espiritual at chegar eternidade com Deus. Tudo pela graa e no

    por algum mrito prprio do homem. O problema em nossa atualidade que

    tanto da doutrina do pecado como da graa esto sendo esvaziadas de significado. No modernismo teolgico, com sua crena na bondade inerente do homem

    e em sua capacidade de bastar-se a si prprio, a doutrina da salvao

    pela graa tornou-se praticamente um acorde perdido, e mesmo a palavra graa foi esvaziada de toda significao espiritual e desapareceu dos discursos religiosos. S foi conservada no sentido de

    graciosidade, coisa inteiramente externa. Felizmente h algumas evidncias de uma renovada nfase no pecado, e de uma recm-

    despertada conscincia da necessidade da graa divina. (BERKHOF,

    2012. p. 69,70).

    A bondade de Deus se manifesta ainda como misericrdia. Este termo traz

    a ideia de que Deus v o homem em seus pecados e tem terna compaixo por

    causa desse estado. Conforme Berkhof (2012. p. 70) a misericrdia de Deus v o homem como culpado diante de Deus, e,

    portanto, necessitado de perdo, a misericrdia de Deus o v como um ser

    que est suportando as consequncias do pecado, que se acha em

    lastimvel condio, e portanto, necessita do socorro divino

    A bondade inclui adicionalmente a longanimidade. Traz a ideia de Deus ser

    lento para a ira. A longanimidade de Deus vista em textos bblicos no sentido de Deus suportar o pecado e adiar seu julgamento visando ora o arrependimento e salvao do pecador, ora a manifestao de Sua glria. Ou desprezas tu as riquezas da sua benignidade, e pacincia e longanimidade,

    ignorando que a benignidade de Deus te leva ao arrependimento?. (Rm 2.4). E que direis se Deus, querendo mostrar a sua ira, e dar a conhecer o seu poder,

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    suportou com muita pacincia os vasos da ira, preparados para a perdio. (Rm 9.22).

    Santidade. A palavra para santidade em hebraico qadash (em grego

    hagios), que est relacionada primeiramente ao significado de cortar ou separar.

    Neste sentido no h uma relao moral em vista como costumamos supor num

    primeiro momento. Atribuda a Deus a palavra pode mostrar que Ele

    totalmente separado do pecado ou de imperfeies. Est totalmente exaltado

    acima de qualquer ser. Contudo, num outro sentido, a palavra tambm carrega

    uma ideia moral, tal ideia tambm derivada do sentido de separao, mas desta

    vez separao do pecado. Assim, Deus santo porque todas as suas qualidades

    morais so perfeitas. Ele no pode falhar, errar ou pecar. Tal atributo mostra a

    pureza majestosa e sua majestade tica.

    Justia. Est ligada ao cumprimento da lei. Sabemos que h uma lei divina

    qual devemos nos ajustar. A no conformao com a lei exige, portanto, a

    aplicao da justia e das devidas punies nela previstas.

    Em relao ao Senhor a capacidade dEle se manter conforme seus

    padres morais e manter sua santidade diante da criatura com base na lei

    revelada de sua santa vontade. Geralmente se faz distino entre justia absoluta de Deus e a relativa.

    Aquela a retido da natureza divina, em virtude da qual Deus

    infinitamente reto em si mesmo, enquanto esta a perfeio de Deus pela

    qual ele se mantm contra toda violao da sua santidade e mostra, em

    tudo e por tudo, que ele Santo. (BERKHOF, 2012. p. 72).

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    CAPTULO IV

    A DOUTRINA DA TRINDADE

    uma doutrina difcil de ser compreendida. Negada por uns, odiada por

    outros, mas inevitvel, pois a Bblia desenvolve amplamente este princpio tanto

    no Antigo quanto no Novo Testamento.

    Podemos destacar que uma doutrina totalmente definida e aceita pela

    igreja desde o IV sculo. Atualmente no temos claras evolues ou novos e aperfeioados entendimentos. A doutrina basicamente a mesma e se h

    alteraes deve-se exclusivamente a heresias que ora tentam realar

    excessivamente na unidade de Deus, ora extrapolam para uma espcie de diviso

    na deidade pendendo para o politesmo.

    O que a Trindade no : 1) Idolatria, atribuir divindade a qualquer

    homem. No caso, o homem Jesus Cristo provou que era o prprio Deus6

    encarnado. 2) Tritesmo, trs deuses sendo cultuados. A Bblia no ensina isso e a

    doutrina tambm no. Pensar assim estar enganado quanto ao ensino da

    doutrina.

    O que a Trindade : Conforme Strong (2003, p. 508) "(...) Na natureza do

    Deus uno h trs distines eternas que so melhor descritas como pessoas".

    De forma geral podemos pensar nas trs seguintes proposies:

    1) Deus trs pessoas.

    2) Cada pessoa plenamente Deus.

    3) H um s Deus.

    Deus trs pessoas. O termo ruim em sua significao em portugus, pois

    estamos acostumados a pensar que cada pessoa sempre um ser independente,

    contudo, o termo que usamos como pessoa para Deus no carrega esta significao, pois neste caso teramos trs pessoas independentes e, portanto, trs

    deuses. O fato de termos trs pessoas, embora no se constituam em serem

    independentes, no so a mesma coisa. Assim, o Pai no o Filho, e o Filho no

    o Esprito Santo e o Esprito no o Pai. No devemos confundir as pessoas nem

    separar a substncia!

    Cada pessoa plenamente Deus. No h dvida de que o Pai Deus. O

    Filho tambm identificado como Deus (ver Jo 1.1-2; Jo 1.18; Rm 9.5; Tt 2.13; Hb

    1.8; 2 Pd 1.1). O Esprito tambm recebe tal identificao (ver At 5.3,4; 1 Co 3.16;

    6.19; 12.4-6). Alm disso, ao Esprito Santo so conferidos atributos exclusivos de

    Deus, Ele eterno (Hb 9.14); onipresente (Sl 139.7) e onisciente (1 Co 12.11).

    H um s Deus. A doutrina da trindade no afirma que existem trs

    deuses. Sempre se manteve a unidade de Deus. Deus um s Ser. Contudo, este

    Ser plural, digamos assim. H trs pessoas em essncia e natureza. Desta

    forma toda a unicidade de Deus revelada nas Escrituras ainda continua mantida.

    Temos um nico Deus: Deus Pai, Filho e Esprito Santo.

    6 Basta ler as obras: Mais Que um Carpinteiro e Evidncia que exige um veredicto de Josh McDowell para

    compreender melhor o ensino bblico

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    Como formulao positiva da doutrina apresentaremos ainda as concluses

    do Conclio de Nicia e o credo de Atansio sobre o tema, primeiramente o credo

    de Nicia: Cremos em um s Deus, Pai Onipotente, Criador de todas as coisas

    visveis e invisveis; em um s Senhor Jesus Cristo, Filho de Deus, o

    Unignito do Pai, que da substncia do Pai, Deus de Deus, Luz de Luz,

    verdadeiro Deus de verdadeiro Deus, gerado, no feito, de uma

    substncia com o Pai, por meio de quem todas as coisas vieram a existir,

    as coisas que esto no cu e as coisas que esto na terra, que por ns

    homens e por nossa salvao desceu e foi feito carne, e se fez homem,

    sofreu, e ressuscitou ao terceiro dia, subiu aos cus, e vir para julgar os

    vivos e os mortos. Cremos tambm em um s Esprito Santo. (SOARES,

    2013, p. 40, 41).

    O credo de Atansio ainda mais detalhista: (1) Todo que for salvo; antes de todas as coisas necessrio que se apegue

    f universal; (2) Tal f, se no for guardada plena e imaculada, sem

    dvida trar perdio eterna; (3) A f universal esta: que adoremos um

    Deus em trindade, e trindade em unidade; (4) No confundimos as

    Pessoas, nem separamos a substncia. (5) Pois existe uma nica Pessoa

    do Pai, outra do Filho, e outra do Esprito Santo. (6) Mas a deidade do

    Pai, do Filho e do Esprito Santo toda uma s: glria igual e a

    majestade coeterna. (7) Tal como o Pai, tal o Filho e tal o Esprito

    Santo. (8) O Pai incriado, o Filho incriado, e o Esprito Santo incriado.

    (9) O Pai imensurvel, o Filho imensurvel, o Esprito Santo

    imensurvel. (10) O Pai eterno, o Filho eterno, o Esprito Santo

    eterno. (11) E, no entanto, no so trs eternos, mas h apenas um

    eterno. (12) Da mesma forma no h trs incriados, nem trs

    imensurveis, mas um s incriado e um imensurvel. (13) Assim tambm

    o Pai onipotente, o Filho onipotente e o Esprito Santo onipotente.

    (14) No entanto, no h trs onipotentes, mas sim, um onipotente. (15)

    Assim, o Pai Deus, o Filho Deus, e o Esprito Santo Deus. (16) No

    entanto, no h trs Deuses, mas um Deus. (17) Assim o Pai Senhor, o

    Filho Senhor, e o Esprito Santo Senhor. (18) Todavia no h trs

    Senhores, mas um Senhor. (19) Assim como a veracidade crist nos

    obriga a confessar cada Pessoa individualmente como sendo Deus e

    Senhor; (20) Assim tambm ficamos privados de dizer que haja trs

    Deuses ou Senhores. (21) O Pai no foi feito de coisa alguma, nem criado,

    nem gerado; (22) o Filho procede do Pai somente, no foi feito, nem

    criado, mas gerado. (23) O Esprito Santo procede do Pai e do Filho, no

    foi feito, nem criado, nem gerado, mas procedente. (24) H, portanto, um

    Pai, e no trs Pais; um Filho, e no trs Filhos; um Esprito Santo, no

    trs Espritos Santos. (25) E nessa trindade no existe primeiro nem

    ltimo; maior nem menor. (26) Mas as trs Pessoas so coeternas, so

    iguais entre si mesmas; (27) De sorte que por meio de todas, como acima

    foi dito, tanto a unidade na trindade como a trindade na unidade devem

    ser adoradas. (SOARES, 2013, p. 49, 50).

    4. 1. A Trindade "provada" pela razo.

    1- Os atributos divinos so eternos. Deus existe eternamente ento seus

    atributos tambm so eternos. A autossuficincia, imutabilidade, onipresena,

    oniscincia, onipotncia, bondade, amor, santidade e uma disposio de

    comunho so atributos de Deus.

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    2- A atividade eterna dos atributos. Os atributos so ativos eternamente.

    Antes da criao Deus j era um Deus