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  • 8/6/2019 apostila_erosao

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    Universidade de So Paulo

    Escola Superior de Agricultura "Luiz de Queiroz"

    Departamento de Cincia do Solo

    LSO-0310 Fsica do Solo

    Eroso do Solo

    Autor: Prof. Miguel Cooper

    Piracicaba

    Maio de 2008

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    1 Introduo

    Nenhum fenmeno atuando sobre o solo mais destrutivo que a eroso

    causada pela gua e o vento. Desde os tempos pr-histricos, as pessoas, tem sofrido

    com a maldio da eroso do solo, sofrendo empobrecimento e fome. Civilizaes

    passadas tem se desintegrado a medida que os seus solos, uma vez profundos e

    produtivos, foram erodidos deixando coberturas finas e infrteis relquias das rochas

    do passado. Observando as colinas improdutivas na India central, ou em partes da

    Grcia, Lbano e Sria, difcil de imaginar que comunidades agrcolas uma vez foram

    promissoras nestes lugares.

    A ameaa atual da eroso do solo mais alarmante que em qualquer outro

    perodo da histria. Na nossa gerao, os agricultores tiveram que dobrar a produo

    para alimentar uma populao mundial que no para de crescer. Nos pases em

    desenvolvimento, a proporo de pessoas para terra disponvel para plantar j muito

    grande e continua crescendo rapidamente. Enquanto que o cultivo intensivo de terras

    ferteis e planas tem ajudado a produzir muitas das necessidades alimentares, muitas

    naes tiveram que expandir as terras cultivveis para encostas florestadas atravs da

    queima, e para terras de pastos naturais. Presses populacionais tem levado ao

    sobrepastoreio de pradarias e sobre-explotao de recursos madereiros. Todas esta

    atividades degradam e removem a cobertura vegetal natural, causando que o solo

    subjacente se torne mais susceptvel ao destrutiva da eroso. O resultado um

    ciclo vicioso de deteriorao - a degradao da terra leva a cultivos pobres, pobreza

    humana, e reduo da proteo vegetativa do solo, que ao mesmo tempo, acelera a

    eroso e leva a mais pessoas desesperadas a abrir, cultivar e degradar mais terras.

    A produtividade degradada das fazendas, florestas e pradarias contam s uma

    parte da triste histria da eroso. Partculas de solo carregadas, j seja pela gua ou

    vento, so subseqentemente depositadas em outros lugares, nos sops de encostas,

    nos crregos e rios, ou em barragens, lagos ou enseadas. Os estragos ambientais eeconmicos sofridos por stios nos quais os materiais erodidos foram depositados

    podem ser da mesma grandeza ou maiores que aqueles sofridos nos stios onde o

    solo foi removido. O solo deslocado (sedimento) levam a problemas importantes de

    poluio da gua e do ar, trazendo custos econmicos e sociais enormes para a

    sociedade.

    A eroso do solo um problema de todos. Afortunadamente, as ltimas

    dcadas viram um progresso muito grande na compreenso dos mecanismos da

    eroso e no desenvolvimento de tcnicas que controlam efectivamente eeconmicamente as perdas de solo pela eroso.

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    2 O significado da eroso do solo e a degradao das terras

    2.1 Degradao das terras

    Durante o ltimo meio sculo, o uso da terra pelo homem e atividades

    associadas tem degradado ao redor de 5 bilhes de hectares (ao redor de 43% das

    terras vegetadas do planeta Terra). Esta degradao das terras resulta numa

    reduo do potencial produtivo e uma diminuio da capacidade de prover benefcios

    humanidade. Grande parte desta degradao (ao redor de 3,6 bilhes de ha)

    devida desertificao, o espalhamento das condies de deserto que afetam

    ecossistemas semi-ridos e ridos (incluindo agro-ecossistemas). A maior causadora

    da desertificao o sobrepastoreio pelo gado, ovelhas e cabras, um fator que pode

    contabilizar um tero de toda a degradao das terras. Da mesma forma, a derrubada

    indiscriminada de florestas tropicais j degradou 0,5 bilhes de ha nos trpicos

    midos. Somado a isto, prticas agrcolas no apropriadas continuam a degradar

    terras em todas as regies climticas.

    2.2 Interdependncia Solo-Vegetao

    Terras degradadas podem sofrer da destruio das coberturas vegetativas

    naturais, reduo de produtividades agrcolas, diminuio na produo de animais, e

    da simplificao de ecosistemas naturais com ou sem o acompanhamento da

    degradao do recurso solo. Em 2 bilhes dos 5 bilhes de ha de terras degradadas

    no mundo, a degradao do solo um componente maior do problema (Figura 1). Em

    alguns casos a degradao de solos acontece principalmente devido deteriorao de

    propriedades fsicas pela compactao ou pelo encrostamento superficial, ou pela

    deteriorao das propriedades qumicas pela acidificao ou acumulao de sal. Mas,

    a maior parte (85%) da degradao do solo ocorre pela eroso - a ao destrutiva da

    gua e do vento.

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    Figura 1: Degradao do solo como parte da degradao de terras golbal provocadaspelo sobrepastoreio, desmatamento, prticas agrcolas incorretas,sobrexplotao de madeiras para combustvel, e outras atividades humanas.

    Os dois componentes principais da degradao das terras, o dano flora e a

    deteriorao do solo, no so interdependentes. Mas por outro lado, eles interagem

    causando uma espiral descendente de deteriorao acelerada (Figura 2). Devido ao

    sobrepastoreio, desmatamento, ou prticas agrcolas inadequadas, a vegetao se

    torna menos densa e vigorosa e fornece ao solo uma menor proteo contra a eroso.

    Ao mesmo tempo, o solo degradado por processos como a eroso e o esgotamento

    de nutrientes, e torna-se menos apto para manter uma cobertura vegetal protetora. A

    degradao do solo enfraquece a vegetao pelos efeitos sobre a enxurrada e a

    infiltrao da gua da chuva. Com uma perda de at 50 a 60% da chuva na forma deenxurrada, a escassez de gua em solo erodidos pode provocar um srio impedimento

    para o crescimento das plantas. Melhorias no manejo do solo e da vegetao devem

    andar juntos para presevar o potencial produtivo da terra, ou inclusive ser restaurado

    se quisermos subir em lugar de descer na espiral.

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    Figura 2: Espiral descendente da degradao de terras resultado da retroalimentaoentre a degradao da vegetao e do solo.

    2.3 Eroso geolgica vs. eroso acelerada

    Eroso Geolgica. Eroso um processo que transforma solo em sedimento.

    A eroso do solo que ocorre naturalmente, sem a influncia das atividades antrpicas,

    chamada eroso geolgica. um processo natural de aplainamento.

    Inexoravelmente desgasta colinas e montanhas, e atravs de processos subsequentes

    de deposio dos sedimentos erodidos, enche fundos de vales, lagos e baas. Grande

    parte das feies da paisagem que observamos -canions, morros arredondados, vales

    fluviais, deltas, plancies, e pedimentos- so resultantes da eroso e deposio

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    geolgica. Os vastos depsitos que aparecem como rochas sedimentares foram

    originados desta forma.

    Na maioria das situaes, a eroso geolgica desgasta a terra a uma

    velocidade muito reduzida permitindo que a formao de solo novo a partir do material

    de origem ou regolito seja mais rpido que a perda do solo velho na superfcie. A

    existncia de perfis de solo testemunha a acumulao do solo e a eficincia da

    vegetao no perturbada na proteo da superfcie da terra contra a eroso.

    A taxa de eroso geolgica varia com a chuva e o tipo de material incluindo o

    regolito. A eroso geolgica pela gua tende a ser maior nas regies semi-ridas onde

    a chuva suficiente para provocar danos, mas no o suficiente para suportar uma

    vegetao densa e protetora (Figura 3).

    Figura 3: Relao geral entre a precipitao anual (annual rainfall) e a perda de solo

    pela eroso geolgica pela gua (average annual sediment yield). Desert:

    deserto; Semiarid scrub: vegetao do semi-rido; Soil under naturalvegetation: solo sob vegetao natural; Subhumid grasslands: pastos de

    regies subtropicais e temperadas; Forested lands: florestas; If soil were bare:

    se o solo tivesse descoberto.

    Cargas sedimentares. Chuva, geologia e outros fatores (incluindo as

    atividades humanas) influenciam as cargas sedimentares dos grandes rios mundiais.

    Apesar de que rios como o Mississippi e o Yangtze j eram barrentos antes que o

    homem perturbou as suas bacias, as cargas sedimentares atuais so muito maiores

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    que antes. Para ter uma perspectiva da quantidade de solo transportado para o mar

    por estes rios, considere a carga sedimentar do rio Amazonas. Se os 363 milhes Mg

    de sedimento fossem carregados para o mar por caminhes, seriam necessrios,

    durante o perodo de um ano, uma caravana contnua de 80000 caminhes grandes, o

    que significa uma coluna de 3200km, despejando a carga de 20 Mg a cada meio

    segundo no mar.

    Eroso acelerada. Eroso acelerada ocorre quando as atividades antrpicas

    perturbam o solo ou a vegetao natural pelo pastoreio dos animais, desmatamento,

    arao de encostas ou a abertura de terras para a construo de estradas e prdios. A

    eroso acelerada e freqentemente 10 a 10000 vezes mais destrutivo que a eroso

    geolgica, especialmente em terrenos declivosos em regies de alta pluviosidade.

    Taxas de eroso pelo vento e gua em terras agrcolas na frica, sia e Amrica do

    Sul encontram-se entre 30 a 40 Mg/ha anuais. Nos Estados Unidos a taxa mdia de

    eroso encontra-se na faixa dos 12 Mg/ha. Algumas terras agrcolas esto se erodindo

    a 10 vezes estas taxas mdias. Em comparao, eroso em pastagens naturais de

    regies midas e florestas ocorrem a taxas abaixo de 0,1 Mg/ha.

    Sob a influncia da eroso acelerada, o solo normalmente removido a uma

    velocidade maior que a velocidade de formao deste por intemperismo ou deposio.

    Como resultado, a profundidade do solo necessrio para as razes das plantas

    reduzido. Em casos graves, as encostas que uma vez eram cobertas por mata podem

    perder toda a sua cobertura pedolgica restando s a rocha exposta.

    A eroso acelerada freqentemente torna os solo na paisagem mais

    heterogneos. Um exemplo do incremento da heterogeneidade ocorre em pastagens

    semi-ridas sobre-pastoreadas que so degradas a capoeiras. Durante esta

    degradao, ilhas de fertilidade formam-se embaixo das moitas, enquanto que o solo

    entre as moitas torna-se gradualmente menos espesso e infrtil. Um outro exemplo

    pode ser observada nas diferenas das cores superficiais do solo. Estas sedesenvolvem a medida que os solo fica truncado devido eroso expondo material

    dos horizontes B e C na superfcie, enquanto que os solos nas posies mais baixas

    do relevo so enterrados por sedimentos ricos em matria orgnica.

    2.4 Bases hidrolgicas da eroso

    Os processos de eroso hdrica esto intimamente relacionados com os

    caminhos que a gua segue em seu curso atravs da cobertura vegetal e seu

    movimento sobre a superfcie do solo. Seu fundamento radica, portanto, no ciclohidrolgico. Durante uma chuva, parte da gua cai diretamente sobre o solo, por no

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    haver vegetao, ou ento porque passa pelas aberturas deixadas pela cobertura

    vegetal. Esta frao da chuva chamada precipitao direta. Parte da chuva

    interceptada pela cobertura vegetal, de onde volta para a atmosfera por evaporao,

    ou chega ao solo pelo gotejo das folhas (componente denominada drenagem foliar),

    ou flui pelo caule. A precipitao direta e a drenagem foliar so responsveis pela

    eroso por salpicadura. A chuva que chega ao solo pode ser armazenada em

    pequenas depresses da superfcie ou pode infiltar-se contribuindo com o contedo de

    gua no solo ou, por percolao, recarregar os aqferos. Quando o solo incapaz de

    armazenar mais gua, o excesso se desloca lateralmente pelo interior do solo no

    sentido da inclinao, como fluxo subsuperficial ou fluxo interno, ou contribui para o

    deflvio superficial provocando eroso como fluxo laminar ou em sulcos e voorocas.

    A velocidade com que a gua passa para o interior do solo conhecida como

    velocidade de infiltrao e esta exerce o controle mais importante sobre a formao do

    deflvio superficial. A gua se move no interior do solo pela ao da gravidade e

    retida por foras capilares formando uma delgada pelcula em torno das partculas do

    solo. Durante uma chuva, os espaos entre as partculas do solo so cheios de gua e

    as foras capilares diminuem de maneira que a velocidade de infiltrao comea alta

    no incio da chuva, e diminui at o valor representado pela mxima velocidade estvel

    que a gua pode atingir atravs do solo (Figura 4). Este valor, capacidade de

    infiltrao ou velocidade de infiltrao final, corresponde teoricamente condutividade

    hidrulica do solo saturado. Na prtica, no entanto, a capacidade de infiltrao

    frequentemente menor que a condutividade hidrulica do solo saturado, devido ao ar

    que fica aprisionado nos poros do solo ao avanar a frente de molhamento em seu

    movimento descendente.

    Diferentes trabalhos tm sido realizados para descrever matematicamente a

    variao da velocidade de infiltrao com o tempo. Uma das equaes mais utilizada

    a modificada de Green & Ampt (1991), proposta por Mein & Larson (1973):

    t

    BAi +=

    em que i a velocidade instantnea de infiltrao, A a condutividade hidrulica do

    solo saturado ou velocidade de transmisso constante, B a sortividade, definida por

    Talsma (1969) como a inclinao da curva na representao da funo i(t), e t o

    tempo transcorrido desde o incio da chuva. Tem sido comprovado que esta equao

    descreve bem o comportamento da infiltrao nos solos do sul da Espanha (Scoging &Thornes, 1979) e Arizona (Scoging, Parsons & Abrahams, 1992). Porm, Bork &

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    Rohdenburg (1981), tambm no sul da Espanha obtiveram melhores resultados com a

    equao proposta por Philip (1957):

    21t

    B

    Ai+=

    no entanto, Gifford (1976) no encontrou nenhuma equao satisfatria para os solos

    florestais semi-ridos do norte da Austrlia e Utah.

    Tempo (h)

    Figura 4: Velocidades de infiltrao em diferentes tipos de solo (segundo Withers &

    Vipond, 1974)

    A velocidade de infiltrao depende, sobretudo, das caractersticas do solo.

    Geralmente, os solos de textura grossa, como os arenosos e franco-arenosos, tm

    velocidades de infiltrao mais elevadas que os solos argilosos, devido ao maior

    tamanho dos espaos entre as partculas do solo. A capacidade de infiltrao pode

    variar entre mais de 200 mm/h para os arenosos e menos de 5 mm/h para os argilososcompactados (Fig. 4). Alm da funo atribuda ao espao interpartculas ou

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    microporos, as fendas de maior tamanho ou macroporos exercem uma influncia

    importante na infiltrao. Estes podem deixar passar importantes quantidades de gua

    e, por esta razo, as argilas com estrutura estvel podem apresentar velocidades de

    infiltrao maiores que o esperado de sua textura. O comportamento da infiltrao

    bastante complexo em muitos solos sujo perfil est constitudo por duas ou mais

    camadas com diferentes condutividades hidrulicas; a maior parte dos solos agrcolas,

    por exemplo, tem uma camada superficial alterada pelo preparo e um subsolo no

    alterado. As variaes locais nas velocidades de infiltrao podem ser bastante altas

    devido diferenas na estrutura, compactao, contedo de gua inicial e forma do

    perfil do solo e densidade de vegetao. As medidas no campo da capacidade de

    infiltrao mdia usando infiltrmetros podem apresentar coeficientes de variao de

    70 a 75%. Eyles (1967) mediu a capacidade de infiltrao em solos da srie Melaka,

    prximo de Temerloh, Malsia, e obteve valores variando entre 15 e 420 mm/h, com

    mdia de 147 mm/h.

    Segundo Norton (1945), se a intensidade da chuva menor que a capacidade

    de infiltrao do solo, no h deflvio superficial e a velocidade de infiltrao igual

    intensidade da chuva. Se esta superior capacidade de infiltrao, a velocidade de

    infiltrao se iguala capacidade de infiltrao e o excedente forma deflvio

    superficial. Como mecanismo gerador de deflvio, no entanto, esta relao entre a

    intensidade de chuva e a capacidade de infiltrao nem sempre mantida. Trabalhos

    de Morgan, Martin & Nobel (1986) em Bedfordshire, Inglaterra, sobre solos arenosos,

    mostram que a capacidade de infiltrao maior que 400 mm/h e que a intensidade

    da chuva raramente excede os 40 mm/h. Por isso, no se poderia esperar deflvio

    superficial mas, de fato, o deflvio superficial mdio anual de 55 mm com uma chuva

    mdia anual de 550 mm.

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    3 Mecnica da eroso pela gua

    A eroso pela gua fundamentalmente um processo de trs etapas (Figura

    5):

    1. Desprendimento das partculas da massa do solo

    2. Transporte das partculas separadas morro abaixo por flutuao, rolamento e

    salpicamento.

    3. Deposio das partculas transportadas em algum local mais baixo do

    relevo.

    Em superfcies planas, o impacto das gotas de gua causam a maior parte da

    desprendimento das partculas. Onde a gua encontra-se concentrada em sulcos, a

    ao cortante do fluxo turbulento da gua separa as partculas do solo.

    Figura 5: O processo de trs etapas da eroso do solo pela gua. (a) Gota de gua

    acelerando em direo ao solo, (b) Salpicamento resultante do impacto da

    gota contra um solo descoberto e mido, e (c) A gota de gua afeta odesprendimento de partculas de solo, que so transportadas e

    eventualmente depositadas em locais a jusante.

    3.1 Influncia das gotas da chuva

    Uma gota de chuva acelera at atingir a sua velocidade terminal a velocidade

    na qual a frico entre a gota e o ar equilibra a fora de gravidade. Gotas maiores

    caem mais rpido, alcanando uma velocidade terminal de aproximadamente 30km/h,ou 2 ou 3 vezes mais rpido do que uma pessoa pode correr. Quando as gotas de

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    chuva colidem contra o solo com uma fora explosiva, elas transferem a sua energia

    cintica s partculas do solo (Figura ).

    O impacto das gotas de chuva provoca trs efeitos importantes: (1) desprende

    as partculas do solo; (2) destroe a granulao; e (3) o salpicamento, em algumas

    condies, causam um transporte importante de solo. To grande a fora exercida

    pelo impacto das gotas de chuva que eles no s soltam os agregados dos solos, mas

    tambm podem quebrar os agregados. A medida que o material dispersado seca

    desenvolve-se uma crosta dura, que provocar o impedimento da emergncia das

    plntulas e favorecer a formao de enxurrada a partir de precipitaes

    subseqentes.

    3.2 Transporte do soloEfeitos do salpicamento. Quando as gotas de chuva colidem com uma

    superfcie mida de solo, elas separam as partculas e as enviam voando em todas as

    direes (Figura). Num solo solto que apresenta maior facilidade para a separao das

    partculas, uma chuva forte pode salpicar at 225Mg/ha de solo, algumas das

    partculas salpicando at uma altura de 0,70m e uma distncia de 2m na horizontal. Se

    o terreno ondulado ou se o vento esta soprando o salpicamento pode ser maior

    numa direo, levando a um movimento neto de solo considervel.

    Papel da gua em movimento. A enxurrada um dos fatores principais noprocesso de transporte de partculas do solo. Se a chuva excede a capacidade de

    infiltrao do solo, a gua comea a acumular em superfcie e a se movimentar morro

    abaixo. As partculas de solo desprendidas pelo impacto da gota de chuva vo cair

    dentro da gua fluindo na superfcie, que as carregar morro abaixo. Enquanto a gua

    flui como uma lmina fina (fluxo laminar), ela tem pouca fora para separar o solo. No

    obstante, na maioria dos casos a gua rapidamente canalizada pelas irregularidades

    do terreno e aumenta tanto em velocidade como em turbulncia. O fluxo em sulcos

    no s carrega partculas de solo salpicadas pelas gotas da chuva, mas comea a

    separar partculas a medida que corta dentro da massa do solo. Isto um processo

    contnuo, j que a medida que o sulco se aprofunda, ele preenchido por volumes

    maiores de gua. To familiar a fora da enxurrada de cortar e carregar solo que o

    pblico atribui a este processo toda a culpa dos danos provocados por uma chuva

    forte.

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    3.3 Tipos de eroso do solo

    Trs tipos de eroso do solo so geralmente reconhecidos: (1) laminar, (2)

    sulcos, e (3) voorocas (Figura 6). Na eroso laminar o solo removido mais ou

    menos uniformemente, com exceo de pequenas colunas que podem ficar se o solo

    pedregoso. No obstante, a medida que o fluxo laminar se concentra em pequeno

    canais a eroso em sulcos se torna dominante. Sulcos so dominantes em terrenos

    nus recentemente plantados ou em pousio. Sulcos so canais de pequeno tamanho

    que podem ser fechados pelas prticas culturais normais, mas o dano j esta feito o

    solo esta perdido. Quando a eroso laminar ocorre no espao entre os sulcos chama-

    se eroso entressulcos.

    Figura 6: Os trs principais tipos de eroso do solo.

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    Onde o volume de enxurrada mais concentrado, o fluxo de gua corta mais

    profundamente dentro do solo, aprofundando e coalescendo os sulcos em canais

    maiores chamados de voorocas. Voorocas em terrenos cultivados so obstculos

    para tratores e no podem ser removidos por prticas normais de cultivo. Os trs tipos

    de eroso so importantes, mas a eroso laminar e em sulcos, apesar de menos

    aparente que as voorocas, so responsveis pela maior parte do solo movimentado.

    3.4 Deposio do material erodido

    A eroso pode transportar as partculas de solo a vrios quilmetros de

    distncia do local de origem, das montanhas para os vales, e pelos rios para o mar.

    Por outro lado, o solo erodido pode se deslocar um ou dois metros e se depositar

    numa pequena depresso do terreno ou no sop de uma encosta. A quantidade de

    material erodido que entra num curso de gua (rio, crrego, etc.) dividida pela

    quantidade total de solo erodido chamada de taxa de fornecimento de sedimento.

    Em algumas bacias hidrogrficas onde as pendentes so pronunciadas, quantidades

    de at 60% de solo erodido podem chegar a um crrego. Em contrapartida, menos de

    1% do material erodido chegam aos cursos de gua em bacias que apresentam

    relevos planos a suave-ondulados. Geralmente, a taxa de fornecimento de sedimentos

    maior para microbacias hidrogrficas que para grandes bacias, devido a que nas

    grandes bacias ocorrem maiores possibilidades para a deposio dos sedimentos em

    depresses no terreno ou no sop de encostas, antes de chegar aos cursos de gua.

    Estima-se que 5 a 10% de todo o material erodido chega ao mar. O restante

    depositado em represas, leitos de rios, plancies fluviais, ou em terrenos mais planos

    em posies topogrficas mais elevadas que os cursos de gua.

    3.5 Erodibilidade

    A erodibilidade define a resistncia do solo aos processos de desprendimento

    e transporte. Embora a resistncia de um solo eroso dependa, em parte, de sua

    posio geogrfica, inclinao e grau de alterao, como por exemplo, mediante o

    preparo, as propriedades do solo so os determinantes mais importantes. A

    erodibilidade varia com a textura do solo, a estabilidade dos agregados, a resistncia

    ao esforo cortante, a capacidade de infiltrao e os contedos minerais e orgnicos.

    Quanto textura do solo, se sabe que as partculas de maior tamanho so

    resistentes ao transporte devido maior fora necessria para arrast-las e que as

    partculas finas so resistentes ao desprendimento por sua coeso. As partculas

    menos resistentes so o silte e as areias finas. Por tanto, solos com um alto contedode silte so muito susceptveis eroso. Richter & Negendank (1977) demonstraram

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    que os solos com um contedo de 40 a 60% de silte so mais sujeitos eroso. Evans

    (1980) prefere considerar a erodibilidade em funo do contedo de argila, indicando

    que solos com um baixo teor de argila, entre 9 e 30%, so os mais susceptveis

    eroso.

    Utilizar o contedo de argila como indicador da erodibilidade mais correto

    teoricamente, porque as partculas de argila se combinam com as de matria orgnica

    para formar agregados ou torres e a resistncia do solo determinada pela

    estabilidade dos mesmos. Solos com um alto contedo de bases minerais so

    geralmente mais estveis, j que estas contribuem para a unio qumica dos

    agregados. Ao umedecer-se o solo, os agregados se tornam frgeis em funo da

    diminuio de sua coeso, da reduo da eficincia dos agentes cimentantes, alm do

    umedecimento provocar o inchamento quando da adsoro de gua pelas partculas

    de argila. O umedecimento rpido pode, tambm, produzir a ruptura de agregados por

    hidratao. O resultado do umedecimento de solos, inicialmente secos, de maior

    ruptura dos agregados que j estiveram midos porque, neste ltimo caso, h menos

    ar aprisionado em seu interior (Truman, Bradford & Ferris, 1990). A estabilidade dos

    agregados tambm depende do tipo de material argiloso presente. A ilita e esmectita

    formam agregados mais rapidamente, mas sua estrutura cristalina mais aberta e as

    maiores dilataes e contraes que so produzidas com o umedecimento e

    secamento, fazem seus agregados menos estveis que os formados com caulinita.

    No entanto, as interaes entre o contedo de gua do solo e a composio

    qumica das partculas de argila so bastante complexas. Isto torna difcil predizer o

    comportamento das argilas, sobretudo das que apresentam tendncia expanso. O

    mesmo tratamento para diferentes tipos de argila pode ter efeito totalmente distinto

    (Thornes, 1980). Embora a maior parte das argilas perca resistncia quando so

    umedecidas previamente, devido a que a gua libera ligaes entre partculas,

    algumas argilas midas, embora no saturadas, recuperam sua resistncia com o

    tempo. Este processo, conhecido como comportamento tixotrpico, produzidoporque a hidratao dos minerais argilosos e a adsoro de gua livre promovem

    ligaes de hidrognio (Grissinger & Asmussem, 1963). Podem recuperar sua

    resistncia se ao expandirem for produzida a reordenao das partculas do solo com

    um arranjo paralelo direo da gua erosiva a uma orientao mais ao acaso

    (Grissinger, 1966). A resistncia das esmectitas depende fortemente da razo de

    adsoro de sdio. Quando esta aumenta, por exemplo ao aumentar a substituio de

    ons de clcio e magnsio por ons de sdio, aumenta o volume de gua adsorvida e a

    expanso dos agregados produz sua ruptura. Altas concentraes salinas na gua dosolo, no entanto, podem mitigar parcialmente este efeito e manter a estabilidade dos

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    agregados com altas razes de adsoro de sdio (Arulananda, Loganathan & Krone,

    1975).

    A fora cortante de um solo uma medida de sua coeso e de sua

    resistncia aos esforos cortantes exercidos pela gravidade, movimento de fluidos e

    cargas mecnicas. Sua fora deriva da resistncia frico que as partculas que

    formam o solo apresentam quando so foradas a deslizarem umas sobre as outras

    ou a moverem-se deslocando-se de suas posies internas, da absoro das tenses

    ou esforos pelos contatos slido-slido entre partculas, das foras de coeso

    relacionadas com as ligaes das argilas e das foras de tenso superficial entre as

    pelculas de gua em solos no saturados. Estes fatores da fora cortante s so

    conhecidos qualitativamente e, por isso, na prtica, a fora cortante expressa pela

    equao emprica:

    tgc +=

    em que o esforo cortante requerido para que seja produzida a ruptura, c uma

    medida da coeso, o esforo normal ao plano cortante (todos em unidades de

    fora por unidade de superfcie) e o ngulo de frico interna. Ambos, ce devem

    ser considerados parmetros empricos melhor que propriedades fsicas do solo.

    O esforo cortante diminui ao aumentar o contedo de gua no soloproduzindo, como conseqncia, mudanas em seu comportamento. Com baixos

    contedos de gua, o solo se comporta como um slido e se quebra como resposta a

    um esforo, porm ao aumentar o contedo de gua se torna plstico e se deforma

    sem quebrar-se. O ponto de mudana de comportamento denominado de limite

    plstico. Tornando o solo mais mido se alcanar o limite lquido e o solo comear a

    fluir por seu prprio peso. O comportamento de um solo compresso quando est

    saturado depende da possibilidade de drenar a gua. Se a drenagem no possvel e

    o solo submetido a mais carga, a presso aumentar na gua do solo, as partculasno suportaro a carga de compactao e o solo se deformar comportando-se como

    um material plstico. Se possvel a drenagem o solo suportar mais carga e

    provvel que permanea abaixo do limite plstico e suporte um esforo cortante maior.

    A capacidade de infiltrao ou velocidade mxima estabilizada que o solo

    pode adsorver gua depende do tamanho e estabilidade dos poros e da forma do perfil

    do solo. Os solos com agregados estveis mantm melhor os seus espaos porosos,

    enquanto que os solos com argilas expansivas ou os mineralizados estveis em gua

    tendem a permitir baixas capacidades de infiltrao.

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    Os componentes orgnicos e qumicos do solo so importantes devido sua

    influncia na estabilidade dos agregados. Solos com menos de 2% de carbono

    orgnico, equivalentes a aproximadamente uns 3,5% de matria orgnica, podem ser

    considerados susceptveis eroso (Evans, 1980). A maior parte dos solos contm

    menos de 1,5% de matria orgnica e muitos dos arenosos e franco-arenosos contm

    menos de 2%. Voroney, Van Veen e Paul (1981) sugerem que a erodibilidade do solo

    diminui linearmente ao se aumentar o contedo em matria orgnica entre 0 e 10%,

    enquanto Ekwue (1990) comprovou que o desprendimento do solo pelo impacto de

    gotas de chuva diminui exponencialmente ao se aumentar o contedo de matria

    orgnica entre 0 e 12%.

    Desde o ponto de vista qumico, o fator mais importante sobre a erodibilidade

    a proporo de argila facilmente dispersa no solo. Como se viu anteriormente, uma alta

    proporo de sdio trocvel pode deteriorar rapidamente a estrutura de um solo ao

    umedecer-se, com a conseqente perda de resistncia, seguida de uma formao de

    uma crosta superficial e diminuio da infiltrao com o preenchimento do espao

    poroso do solo com as partculas de argilas dispersas (Shainberg e Letey, 1984). O

    aporte de sdio com os fertilizantes para manter colheitas, como tabaco, pode s

    vezes levar a pequenos aumentos de sdio trocvel que se traduz em uma

    deteriorao bem marcante da estrutura do solo anteriormente estvel (Miller &

    Summer, 1988). O excesso de carbonato clcico nas fraes argilosa e siltosa do solo

    tambm conduz a uma alta erodibilidade e parece ser o fator mais importante entre os

    que afetam a susceptibilidade dos solos eroso no sudeste da Espanha (Barahona

    et al, 1990) e Marrocos (Merzouk & Blake, 1991).

    Muitos trabalhos tm sido desenvolvidos para estabelecer um ndice simples de

    erodibilidade baseado, seja nas propriedades dos solos determinadas em laboratrio

    ou em campo, ou na resposta dos solos chuva e ao vento (Tabela 1). Revisando os

    ndices relacionados com a eroso hdrica, Bryan (1968) prope a estabilidade dos

    agregados como o ndice mais eficiente. Como indicador da erodibilidade utiliza aproporo de agregados de tamanho maior que 0,5 mm estveis em gua; quanto

    maior for sua proporo, maior ser a resistncia do solo eroso. Um ndice mais

    utilizado o valor K, que representa a perda de solo por unidade de EI30, medida no

    campo sobre solo sem cobertura de uma parcela tipo de 22 m de longitude e 5de

    inclinao. Podem ser feitas estimativas do valor de Kse a granulometria conhecida,

    o contedo de matria orgnica e a estrutura e permeabilidade do solo (Wischmeier

    Johnson & Cross, 1971; Figura 7).

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    Figura 7. Nomograma para determinar o valor de K (unidades mtricas) de

    erodibilidade do solo na equao universal de perda de solo (segundo

    Wischmeier Johnson & Cross, 1971). Dividir os valores por 1,3 para obter o

    valor de Kem unidades originais americanas.

    Percentagem

    desilteeareiam

    uitofinas

    PrimeiraaproximaodeK

    PROCEDIMENTO: Com os dados

    adequados entrar na escala da esquerda e indicar

    os pontos para o contedo do solo em

    percentagem de areia (0,1 a 2 mm), percentagem

    de matria orgnica, estrutura e permeabilidade,

    nesta ordem. Interpolar entre as curvas

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    4 Efeitos intrnsecos e extrnsecos da eroso acelerada

    A eroso provoca danos no local onde ocorre mas tambm provoca efeitos

    extrnsecos (ou seja fora do local de ocorrncia) indesejveis no meio ambiente. Os

    custos dos efeitos extrnsecos se relacionam com os efeitos do excesso de gua,

    sedimento e produto qumicos associados nos sops de encostas e ambientes fluviais.

    Apesar de que estes custos com qualquer um deste tipo de danos no so

    imediatamente aparentes, eles so reais e crescem a medida que avana o tempo.

    Donos de terras e a sociedade devem arcar eventualmente com os prejuzos.

    4.1 Tipos de danos intrnsecos

    O dano mais marcante da eroso a perda de solo. Na realidade o dano

    causado no solo maior do que a quantidade de perda de solo sugeriria, porque omaterial erodido na maior parte das vezes de maior valor do que a parte que ficou.

    No s o problema da perda do horizonte superficial enquanto ficam os horizontes

    sub-superficiais mais pobres que mais degrada o solo, mas tambm a baixa qualidade

    dos horizontes superficiais restantes. A eroso remove seletivamente matria orgnica

    e os materiais finos, deixando para atrs as fraes mais grosseiras menos ativas.

    Experimentos tem mostrado que os teores de matria orgnica e nitrognio nos

    materiais erodidos so cinco vezes superiores aos horizontes superficiais originais.

    Taxas de enriquecimento de duas e trs vezes ocorrem para fsforo e potssio,respectivamente. A quantidade de nutrientes essenciais perdidos pela eroso do solo

    bastante elevada, apesar de que somente uma parte destes nutrientes so perdidos

    de uma forma que estariam disponveis para as plantas no curto prazo. A poro do

    solo que fica geralmente tem menor capacidade de reteno de gua e de reteno de

    ctions, menor atividade biolgica, e uma menor capacidade para suprir nutrientes

    para as plantas.

    Em adio aos fatores de reduo da qualidade de solo recm mencionados, o

    movimento do solo durante a eroso pode espalhar patgenos das plantas do solopara as folhas e de montante para jusante na paisagem. A deteriorao da estrutura

    do solo geralmente deixa uma crosta densa na superfcie do solo, que ao mesmo

    tempo, reduz a infiltrao da gua e incrementa a enxurrada. Sementes e mudas

    recm plantadas podem ser carregadas morro abaixo, arvores podem tombar e

    plantas pequenas ser encobertas por sedimentos.

    Finalmente, voorocas podem escavar a terra j erodida e provocar a

    impossibilidade da utilizao de tratores e maquinaria agrcola, a destruio de

    estradas e construes provocando condies de insegurana e de conserto caro.

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    4.2 Tipos de danos extrnsecos

    A eroso transporta os sedimentos e nutrientes para fora do local de ocorrncia

    provocando uma ampla poluio da gua de rios e lagos. Os nutrientes provocam um

    impacto na qualidade da gua atravs do processo de eutrofizao causado pelo

    excesso de nitrognio e fsforo. Alm dos nutrientes, sedimentos e a gua da

    enxurrada podem carregar metais txicos e compostos orgnicos, como pesticidas. O

    sedimento um dos maiores poluentes causando um amplo espectro de danos

    ambientais.

    Danos por sedimentos. Sedimentos depositados sobre o solo podem asfixiar

    cultivos e outras plantas pequenas. Podem encher canais de drenagem de estradas e

    provocar condies perigosas de dirigibilidade.

    Sedimentos que entram nos ros e riberes tornam a gua trbida. Turbidez

    elevada da gua provoca a diminuio da penetrao da luz solar que provoca uma

    diminuio da fotosntesis e a sobrevivncia da vegetao aqutica submersa (VAS).

    A morte da VAS degrada o habitat dos peixes e afeta a cadeia alimentar aqutica. A

    gua barrenta tambm provoca o entupimento das brnquias dos peixes. Sedimentos

    depositados no fundo dos ros podem ter um efeito desastroso sobre alguns peixes

    que utilizam os seixos e as rochas para desovar. O depsito de sedimentos no fundo

    do rio pode provocar uma elevao do nvel do rio provocando enchentes mais

    freqentes e mais severas.Um nmero de problemas maiores ocorrem quando as guas do rio chegam

    aos lagos, esturios e represas. Nestes locais as guas perdem velocidade e soltam a

    sua carga de sedimentos. Eventualmente represas, inclusive aqueles formados por

    enormes diques, se convertem em reas completamente assoreadas totalemnte

    preenchidas por sedimentos. Anates de ocorrer isto, a capacidade da represa de

    estocar gua para irrigao e sistemas de guas municipais progressivamente

    reduzida, assim como a capacidade de reteno de enchentes ou para gerao de

    energia hidroeltrica. Foi estimado nos Estados Unidos que 1.5 bilhes de Mg desedimentos depositado todos os anos nas represas desse pais. Da mesma forma,

    portos e canais so assoreados e se tornam impassveis. A perda de funo e os

    custos de dragagem, escavao, filtragem e construo necessrios para remediar

    estas situaes so de bilhes de dlares por ano.

    Eroso elica. A eroso elica tambm tem os seus efeitos extrnsecos. As

    areias carregadas pelo vento podem enterrar estradas e encher canais de drenagem,

    provocando a necessidade de manuteno custosa. As partculas de areia carregadas

    pelo vento podem provocar danos em frutos e folhagem de cultivos em terrenos

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    vizinhos, assim como na pintura de veculos e construes a vrios quilmetros do

    local de ocorrncia.

    Custos estimados da eroso. Apesar de no existir dados precisos, taxas

    mdias de eroso pela gua e vento tem sido utilizados para estimar o custo total da

    eroso. Includos nestes clculos esto os custos intrnsecos de reposio de

    nutrientes e gua perdidos pela eroso acelerada, assim como as redues da

    produtividade das culturas devido reduzida profundidade do solo. Baseado somente

    em suposies sobre o valor das perdas de nutrientes em sedimentos e enxurrada, o

    valor total anual de custos intrnsecos tem sido estimados entre 4 e 27 bilhes de

    dolares.

    Os custos extrnsecos da eroso so ainda maiores, especialmente devido aos

    efeitos sobre a sade de partculas carregadas pelo vento e ao valor reduzido para a

    recreao de guas carregadas de sedimentos (pesca, natao e esttica). O valor

    total destes custos nos Estados Unidos encontram-se entre 9 e 44 bilhes de dlares.

    Estes custos altos so uma triste lembrana da responsabilidade que a sociedade

    suporta como resultado do mal manejo da terra e parece justificar o aumento de

    oramento para a luta contra a eroso.

    Manuteno da produtividade do solo. Apesar de que a eroso pode reduzir

    a produtividade do solo a zero, na maior parte dos casos o seu efeito e muito sutil para

    ser percebido de um ano para o outro. Onde os produtores podem arcar com as

    despesas, eles compensam as perdas de nutrientes incrementando o uso de adubos.

    As perdas de matria orgnica e da capacidade de reteno de gua so muito mais

    difceis de solucionar no curto prazo. No longo prazo, a eroso acelerada excede a

    taxa de formao de solos levando diminuio da produtividade na maioria dos

    solos.

    Finalmente, a taxa de diminuio da produtividade do solo, ou o custo de

    manuteno de nveis constantes de produtividade, determinado por propriedades

    do solo como a profundidade at uma camada restritiva para o crescimento das razese a permeabilidade do subsolo. Como mostrado na Figura 8, um solo profundo, bem

    drenado e bem manejado pode no sofrer diminuio em produtividade apesar de

    sofrer eroso. Em contraste, eroso num solo raso, de baixa permeabilidade pode

    levar a uma rpida perda de produtividade.

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    Figura 8: Efeitos da eroso, no tempo, em relao produtividade de trs solos com

    profundidades e permeabilidades diferentes.