13
Departamento de Administração APRENDIZADO DE CONSUMIDORES DE BAIXA RENDA A RECLAMAR Aluno: Brenda Pravato Orientador: Marcus Hemais Introdução Antes da criação do Código de Defesa do Consumidor (CDC), em 1991, no Brasil, o Código Civil e o Código Penal já tratavam de questões relacionadas ao consumo, embora sem mencionar essa palavra (ZÜLZKE, 1991). Não se considerava, até então, que o consumo merecesse um tipo de lei específica que justificasse a criação de um código. Assim, para se estabelecer no País, a defesa do consumidor enfrentou diversas barreiras durante sua história. Um dos impeditivos foi a morosidade dos processos judiciais, formalismos, custos e, como fator de desestímulo, a irrelevância dos ressarcimentos e multas a consumidores (ZÜLZKE, 1991). Além disso, os dispositivos das Leis em poucos momentos eram aplicados pelos órgãos fiscalizadores, o que facilitava a negligência por parte de empresas. Outro fator relevante era a cultura organizacional, que enrijecia políticas de lucratividade com base na enganação. A falta de uma visão voltada para atender o consumidor, em favor de uma que valorizava a produção, criava resistências a mudanças internas, levando consumidores a “preferir” não reclamar a empresas quando tinham problemas de consumo, pois acreditavam que de nada adiantaria (CHAUVEL, 2000). Esse quadro mudou, entretanto, no final dos anos 1980 e início dos anos 1990. A Constituição Brasileira, de 1988, estabeleceu que o Estado promoveria a defesa do consumidor, especificamente na forma de um CDC. O Código reconheceu e detalhou os direitos básicos do consumidor, criou normas específicas para a responsabilidade civil do fornecedor, inverteu o ônus da prova, dispôs sobre a publicidade, estabeleceu mecanismos para o controle das condições gerais dos contratos e dos contratos de adesão, instituiu instrumentos para serem utilizados pelos consumidores para sua autodefesa e dispôs sobre o aparato repressivo administrativo e penal (ZÜLZKE, 1991). Dessa forma, a Constituição e o CDC passaram a representar uma poderosa força para a sociedade civil, abrindo-lhe oportunidade para desempenhar um papel mais ativo, o que, para consumidores, significou ter mais poder para reclamar com empresas (ZÜLZKE, 1991). Dados do Sistema Nacional de Informações de Defesa do Consumidor (SINDEC) mostram que foram realizados 2,64 milhões de atendimentos em 2015 nos Procons do Brasil, o que representa um aumento de 6,3% em relação ao ano anterior, com média mensal de 220.000 consumidores atendidos. A maior parte das pessoas procurou o órgão para fazer algum tipo de reclamação (65%). O restante foi atrás de consulta ou orientação. (AMARANTE, 2016). Em parte, o que explica esse aumento no número de reclamações a órgãos de defesa do consumidor no Brasil é a maior participação de consumidores de baixa renda no consumo. Após o advento do Plano Real, em 1994, o poder de compra desses indivíduos cresceu, tornando-se um mercado consumidor atrativo para empresas. Somente a classe C, por exemplo, movimentou 1,35 trilhão de reais em 2015 (ZIRONDI, 2015). Esse aumento do poder de compra e seus efeitos no consumo no Brasil também fizeram com que consumidores de baixa renda passassem a buscar seus direitos quando

APRENDIZADO DE CONSUMIDORES DE BAIXA RENDA A … · ... tornando-se um mercado consumidor atrativo ... consumo. Por conta do seu aumento de poder de ... As diferenças do comportamento

  • Upload
    ngothuy

  • View
    214

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

Departamento de Administração

APRENDIZADO DE CONSUMIDORES DE BAIXA RENDA A

RECLAMAR

Aluno: Brenda Pravato

Orientador: Marcus Hemais

Introdução

Antes da criação do Código de Defesa do Consumidor (CDC), em 1991, no

Brasil, o Código Civil e o Código Penal já tratavam de questões relacionadas ao

consumo, embora sem mencionar essa palavra (ZÜLZKE, 1991). Não se considerava,

até então, que o consumo merecesse um tipo de lei específica que justificasse a criação

de um código. Assim, para se estabelecer no País, a defesa do consumidor enfrentou

diversas barreiras durante sua história. Um dos impeditivos foi a morosidade dos

processos judiciais, formalismos, custos e, como fator de desestímulo, a irrelevância dos

ressarcimentos e multas a consumidores (ZÜLZKE, 1991). Além disso, os dispositivos

das Leis em poucos momentos eram aplicados pelos órgãos fiscalizadores, o que

facilitava a negligência por parte de empresas. Outro fator relevante era a cultura

organizacional, que enrijecia políticas de lucratividade com base na enganação. A falta

de uma visão voltada para atender o consumidor, em favor de uma que valorizava a

produção, criava resistências a mudanças internas, levando consumidores a “preferir”

não reclamar a empresas quando tinham problemas de consumo, pois acreditavam que

de nada adiantaria (CHAUVEL, 2000).

Esse quadro mudou, entretanto, no final dos anos 1980 e início dos anos 1990. A

Constituição Brasileira, de 1988, estabeleceu que o Estado promoveria a defesa do

consumidor, especificamente na forma de um CDC. O Código reconheceu e detalhou os

direitos básicos do consumidor, criou normas específicas para a responsabilidade civil

do fornecedor, inverteu o ônus da prova, dispôs sobre a publicidade, estabeleceu

mecanismos para o controle das condições gerais dos contratos e dos contratos de

adesão, instituiu instrumentos para serem utilizados pelos consumidores para sua

autodefesa e dispôs sobre o aparato repressivo administrativo e penal (ZÜLZKE, 1991).

Dessa forma, a Constituição e o CDC passaram a representar uma poderosa força para a

sociedade civil, abrindo-lhe oportunidade para desempenhar um papel mais ativo, o que,

para consumidores, significou ter mais poder para reclamar com empresas (ZÜLZKE,

1991).

Dados do Sistema Nacional de Informações de Defesa do Consumidor (SINDEC)

mostram que foram realizados 2,64 milhões de atendimentos em 2015 nos Procons do

Brasil, o que representa um aumento de 6,3% em relação ao ano anterior, com média

mensal de 220.000 consumidores atendidos. A maior parte das pessoas procurou o

órgão para fazer algum tipo de reclamação (65%). O restante foi atrás de consulta ou

orientação. (AMARANTE, 2016).

Em parte, o que explica esse aumento no número de reclamações a órgãos de

defesa do consumidor no Brasil é a maior participação de consumidores de baixa renda

no consumo. Após o advento do Plano Real, em 1994, o poder de compra desses

indivíduos cresceu, tornando-se um mercado consumidor atrativo para empresas.

Somente a classe C, por exemplo, movimentou 1,35 trilhão de reais em 2015

(ZIRONDI, 2015).

Esse aumento do poder de compra e seus efeitos no consumo no Brasil também

fizeram com que consumidores de baixa renda passassem a buscar seus direitos quando

Departamento de Administração

se encontravam em situações de insatisfação de consumo, mesmo entendendo que existe

uma hierarquização entre eles e empresas (CHAUVEL; SUAREZ, 2009). Diferentes

pesquisas em marketing mostram como esses consumidores se dirigem a órgãos de

defesa do consumidor quando não conseguem resolver seus problemas com empresas

(HEMAIS; CASOTTI, 2015; CHAUVEL; SUAREZ, 2009). Esses indivíduos acreditam

que, ao fazê-lo, estão exercendo seu direito e garantindo que empresas sofram as

consequências por desrespeitá-los.

Embora reclamações a empresas e a órgãos de defesa do consumidor sejam uma

realidade para consumidores de baixa renda, pouco se sabe sobre como esses indivíduos

aprenderam sobre seus direitos para reclamar. Assim, o presente projeto pretende buscar

entender como consumidores de baixa renda aprendem a reclamar a empresas ou órgãos

de defesa do consumidor quando em situações de insatisfação.

Referencial Teórico

O item a seguir discute as bases teóricas do estudo. Divide-se, então, em dois

subitens. O primeiro discute o comportamento de reclamações de consumidores de

baixa renda. O segundo versa sobre o processo de aprendizagem de consumidores.

Reclamações de consumidores de baixa renda

As atitudes de consumidores de baixa renda quanto ao ato de reclamar se

modificaram com o passar do tempo. Enquanto que, no final dos anos 1990, o

comportamento dominante era mais passivo em relação à reclamação, no início dos

anos 2010 houve uma mudança, sendo mais comum que esses consumidores vissem na

reclamação um ato mais aceitável. Cabe, nesse instante, discutir cada um desses

momentos.

Final dos anos 1990

Chauvel e Suarez (2009) realizaram um estudo no final dos anos 1990, que

discute o comportamento de consumidores de baixa renda insatisfeitos, especialmente

no que diz respeito às suas reclamações a empresas. Segundo as autoras, esses

indivíduos eram passivos quanto ao ato de reclamar.

A passividade de consumidores de baixa renda em reclamar acontecia por

diversos motivos. Um aspecto relevante observado na pesquisa foi o receio de ir à

empresa reclamar. Os consumidores sentiam medo, pois sabiam que o ato de reclamar

geraria conflito, algo que preferiam evitar. Havia uma percepção entre esses indivíduos

de que não possuíam força para ganhar tal “disputa”; sua condição social os levava a

pensar que eram inferiores, sem poderes para enfrentar empresas, claramente mais

fortes. Além disso, consumidores de baixa renda acreditavam que sua condição social

era um motivo de discriminação. Empresas não davam valor para esses clientes e nem a

devida importância. Por conta disso, suas reclamações não seriam levadas a sério.

Consumidores de baixa renda também tinham receios de serem julgados em

relação à veracidade de suas reclamações. Eles tinham medo de que a empresa

associasse o defeito do produto a algum erro causado por eles. Em alguns casos, os

próprios consumidores acreditavam que o erro poderia ter sido causado por eles (mesmo

quando era uma clara falha do produto) e, devido a isso, preferiam não arriscar a

reclamar.

Outra questão levantada por Chauvel e Suarez (2009) sobre a passividade da

reclamação de consumidores de baixa renda é a visão entre esses indivíduos de que

empresas querem apenas vender e lucrar, sem se preocupar em fomentar

Departamento de Administração

relacionamentos de longo prazo com seus clientes. Por conta disso, tais instituições não

se interessariam em resolver problemas após o produto já ter sido comprado, visto que

seu objetivo (de vender) já fora cumprido. Esse ceticismo faz com que esses

consumidores achassem que era inútil qualquer esforço para tentar resolver problemas

de insatisfação pós-compra.

Para evitar esses problemas, consumidores de baixa renda preferiam comprar

produtos de marcas bem estabelecidas no mercado, pois, mesmo sendo mais caras,

provavelmente não causariam problemas com tanta facilidade, evitando perda de

dinheiro caso o produto viesse quebrado e a tensão de uma situação de reclamação.

Esses consumidores acreditavam que a empresa “de marca” lhes daria um suporte

maior, pois teria mais consciência de que, por seus produtos serem mais caros, qualquer

pessoa que os comprasse merecia ser tratado igualmente, independentemente da classe

social.

Início dos anos 2010

Mais de dez anos depois do estudo de Chauvel e Suarez (2009), essa percepção

passiva de consumidores de baixa renda quanto a reclamar com empresas mudou.

Hemais e Casotti (2014), a partir de uma pesquisa realizada no início dos anos 2010,

mostram que houve uma mudança nesse comportamento. Segundo os autores, esses

consumidores demonstram duas atitudes em relação à insatisfação pós-compra. A

primeira mostra um consumidor passivo à reclamação, assim como aquele descrito por

Chauvel e Suarez (2009), e a segunda apresenta um consumidor mais ativo, que reage

quando em situação de insatisfação.

O segundo grupo de consumidores de baixa renda descrito por Hemais e Casotti

(2014) demonstra consciência de que pode reclamar quando vivencia um problema de

consumo. Por conta do seu aumento de poder de compra, esses consumidores passaram

a exigir melhores condições de consumo e atendimento. Esse fato fez com que esses

indivíduos passassem a sentir mais autonomia para realizar reclamações, pois sentiam

que tinha esse direito quando se encontravam com problemas de consumo. Em parte,

essa maior autoconfiança para reclamar ocorre devido à influência adquirida por esse

público com consumidores das classes A e B. Por se colocarem no mesmo nível de

poder de reclamação que estes, os consumidores de classes mais baixas passam a

assumir uma postura mais ativa.

Tais influências e sentimento de empoderamento fizeram com que esses

consumidores passassem a mais bem conhecer seus direitos e as possibilidades legais

para apoiar suas insatisfações. A uma maior facilidade de acesso a informação, além do

aumento do número de consumidores que expõem publicamente suas insatisfações por

meio de redes sociais e/ou em sites de reclamação, tais como o Reclame Aqui e o

Denuncio, também auxiliou nesse processo (CAFARDO, 2014).

Esses consumidores mais reclamadores passaram a se apegar não apenas aos

sites de reclamação, mas também às ferramentas legais, oferecidas pelo sistema jurídico,

tais como os órgãos de defesa do consumidor, entre eles o Procon e o Núcleo de Defesa

do Consumidor (Nudecon) da Defensoria Pública (HEMAIS; CASOTTI, 2015). Essa

possibilidade transformou a visão de consumidores de baixa renda quanto às condições

para reclamarem, aumentando suas chances de resolução de problemas com empresas.

Estes indivíduos, agora, não se sentem inferiores quando buscam seus direitos por meio

da lei, pois sabem que uma instituição com poder para controlar a ação de empresas está

ao seu lado.

Diferenças de comportamento

Departamento de Administração

As diferenças do comportamento de reclamação de consumidores de baixa renda

nos dois momentos apresentados anteriormente são ilustrados no Quadro 1, a seguir:

Final dos anos 1990 Início dos anos 2010

Assimetria das relações entre empresas e

consumidores de baixa renda

Consciência de seus direitos por parte dos

consumidores de baixa renda

Medo dos consumidores de baixa renda em serem

considerados “espertos”

Crescente número de consumidores com acesso à

internet, que a utilizam para expor suas insatisfações

Consumidores são discriminados pela empresa por

conta de sua classe social

Maior importância dada por empresas a

consumidores de baixa renda.

Ceticismo de consumidores de baixa renda em

relação a empresas

Influência do comportamento que os consumidores

das classes A e B exercem sobre como os

consumidores de classe baixa percebem seus

direitos

Quadro 1 - Diferença de comportamento de reclamação de consumidores de classe

baixa em dois momentos

Processo de aprendizagem de consumidores

Há diversas formas como consumidores incorrem em um processo de

aprendizado. A aprendizagem é uma mudança relativamente permanente no

comportamento, causada pelo acúmulo de experiências. Duas principais linhas teóricas

explicam como ocorre o processo de aprendizagem, a teoria behaviorista e a teoria

cognitivista. (SOLOMON, 2011).

Teoria behaviorista de aprendizagem

A teoria behaviorista mostra que o aprendizado ocorre como resultado de

respostas a eventos externos ao ser humano. Há duas principais abordagens desse

processo de aprendizagem: o condicionamento clássico e o condicionamento

instrumental.

Segundo Solomon (2011, p.121), “o condicionamento clássico ocorre quando um

estímulo que acarreta uma resposta é igualado a um outro estímulo que inicialmente não

provoca uma resposta própria. As respostas são involuntárias e muito simples. Ele

envolve a combinação próxima de dois estímulos”. A Figura 1, a seguir, ilustra essa

teoria:

Figura 1: Processo de condicionamento clássico

Departamento de Administração

Fonte: Solomon (2011)

Solomon (2011) explica que os efeitos do condicionamento têm mais chances de

darem certo se ocorrerem após os estímulos condicionados e não condicionados terem

sido combinados diversas vezes. Exposições repetidas aumentam a eficácia das

associações estímulo-resposta e impedem o desaparecimento dessas associações da

memória. A repetição deve ser feita com uma combinação de exposições espaçadas que

se alternem, sendo de certa forma envolventes.

A tendência que estímulos semelhantes a um estímulo condicionado tem de

provocar respostas condicionadas semelhantes é conhecida como generalização de

estímulo. Tal resposta é importante para as decisões relativas a marcas e embalagens, na

tentativa de fazer os consumidores formarem uma associação positiva com o nome da

empresa (SOLOMON, 2011).

Quando um estímulo semelhante a um estímulo condicionado não é seguido de

um estímulo não condicionado, há um enfraquecimento das reações do indivíduo, que

logo podem desaparecer. O processo de aprendizagem envolve a produção de uma

resposta a alguns estímulos, mas não a estímulos que sejam semelhantes. Esse processo

é conhecido como discriminação de estímulos (SOLOMON, 2011).

O condicionamento instrumental, por sua vez, ocorre quando o consumidor é

recompensado ou punido por ter agido de determinada forma. Quando ele incorre em

uma experiência positiva em um processo de compra, por exemplo, é ensinado por

empresas a repetir determinado comportamento, ganhando benefícios, tais como futuros

descontos, em suas próximas compras (SOLOMON, 2011). Por outro lado, quando a

experiência de consumo é negativa, o consumidor não recebe os estímulos positivos da

empresa, de forma que precisa voltar a agir da “outra” forma para recebê-lo novamente

(SCHIFFMAN; KANUK, 2009).

Teoria cognitiva de aprendizagem

A teoria cognitiva de aprendizagem enfatiza a importância dos processos

mentais internos do consumidor. Essa perspectiva descreve as pessoas como passíveis

de solucionar problemas utilizando-se de informações acumuladas por experiências

passadas (SOLOMON, 2011).

Enquanto a teoria behaviorista enfatiza a natureza rotineira e automática do

condicionamento, a cognitiva argumenta que o condicionamento está baseado em

fatores cognitivos, a partir dos quais a aprendizagem acontece por meio de um

complexo processamento mental de informação. O condicionamento ocorre porque os

indivíduos criam hipóteses conscientes, de acordo com expectativas de que um estímulo

será seguido de uma resposta e, a partir disso, agem sobre essa hipótese.

Solomon (2011) mostra que uma forma de aprendizado cognitivo é por meio da

observação, que ocorre quando as pessoas aprendem como resultado da experiência de

outros, e não de suas próprias experiências. Nesse caso, observam-se os reforços que as

outras pessoas recebem, distinguindo-se aqueles positivos dos negativos, imitando as

ações, a fim de receber os mesmos tipos de reforços.

A forma como a aprendizagem ocorre cognitivamente é por meio do

processamento de informação através da memória, que envolve a captação de uma

informação, sua codificação (que ocorre quando um dado é associado a outros, já

previamente memorizados), e, por fim, a recuperação (que ocorre quando a informação

armazenada é encontrada, após ter sido estimulada para tal). A figura 2 ilustra e resume

o processo da memória:

Departamento de Administração

Figura 2 – Processo de memorização de informações

Fonte: Solomon (2011)

A forma como uma informação é codificada pelo cérebro ajuda a determinar

como será representada na memória. Os dados associados a informações que já existem

na memória têm mais chances de serem retidos.

O processamento de informações pode ser feito por meio de três sistemas

distintos de memória. Primeiramente, há a memória sensorial, por meio da qual as

informações que recebemos de nossos sentidos são armazenadas e transmitidas para o

cérebro, que, por sua vez, sincroniza essas informações. Além dessa, existe a memória

de curto prazo, que também armazena informações por um período de tempo limitado,

mas sua capacidade é restrita. Caso a informação no depósito de curto prazo seja

repetida, ela é transferida para a memória de longo prazo. A memória de longo prazo é o

sistema que permite reter informações por um longo período de tempo (SOLOMON,

2011; SCHIFFMAN; KANUK, 2009).

A retenção da informação se dá com a organização e reorganização das

informações contidas na memória de longo prazo. Consequentemente, existe um

processo de ativação que consiste na expansão das redes de relação e a busca de

informação adicional. Quando um sistema é ativado, temos um esquema, que ocorre

quando um pacote completo de associações é trazido à mente (SCHIFFMAN; KANUK,

2009).

A recuperação ocorre quando informações armazenadas na memória de longo

prazo voltam à consciência do indivíduo. Segundo Solomon (2011), esse processo

depende do estado do consumidor. As pessoas têm maior capacidade de se recordar de

determinada informação se seu estado interno no momento da recordação for igual ao

do momento em que a informação foi aprendida.

Metodologia do estudo

A fim de se alcançar o objetivo proposto, foi conduzida uma pesquisa

exploratória, com o objetivo de mais bem compreender as dimensões do problema e

ajudar em sua análise (ZIKMUND, 2006). Os fatores que motivaram a escolha por esse

tipo de pesquisa foi o seu caráter flexível e sua capacidade de obter um grande número

de informações. Em linha com pesquisas exploratórias, foi decidido que o presente

estudo seria de natureza qualitativa, pois se espera entender como esse fenômeno se

estabelece em um contexto particular, assim como a visão dos indivíduos que

participam desse contexto (ZIKMUND, 2006).

Ao todo, foram realizadas 15 entrevistas com consumidores de baixa renda que

fizeram reclamações a empresas de serviços financeiros, telecomunicações e saúde. O

perfil de cada um dos entrevistados é exibido no Quadro 2, a seguir:

Departamento de Administração

Entrevistado Idade (em anos) Bairro onde

reside

Nível de

instrução

Renda familiar

mensal

1 47 Campo Grande Ensino Médio D

2 38 Campo Grande Ensino Médio D

3 54 Campo Grande Fundamental D

4 50 Centro Fundamental D

5 28 Campo Grande Superior D

6 48 Jacarezinho Fundamental D

7 49 Campo Grande Fundamental C

8 42 Centro Ensino Médio C

9 59 Centro Ensino Médio D

10 57 Pavuna Ensino Médio E

11 42 Rio Comprido Ensino Médio D

12 56 Centro Ensino Médio D

13 48 Santa Cruz Ensino Médio D

14 38 Guaratiba Fundamental E

15 47 Santa Cruz Ensino Médio E

Quadro 2- Perfil dos entrevistados

A coleta de dados se deu por meio de entrevistas em profundidade com os

participantes da pesquisa. Com o objetivo de garantir que todas as informações

necessárias fossem coletadas durante a entrevista, foi elaborado um roteiro (disponível

no Apêndice 1). Todas as entrevistas foram gravadas com a autorização dos

entrevistados, de forma que pudessem ser transcritas, posteriormente.

A análise dos dados foi feita em duas etapas. Primeiro, os dados foram

organizados, de forma a agrupar todas as respostas de cada uma das perguntas feitas aos

entrevistados. Em seguida, os relatos foram comparados entre si e com a revisão de

literatura, a fim de encontrar semelhanças e diferenças entre eles. Assim, foi possível

criar as categorias de análise da pesquisa.

Análise dos dados

O presente item apresenta a análise dos dados. Está dividido em três subitens, a

saber: insatisfação de consumo e reclamação a empresas, conhecimentos sobre direitos

para reclamar, e, por fim, ajuda para reclamar.

Insatisfação de consumo e reclamação a empresas

Em todas as entrevistas, foram relatados casos de insatisfação de consumo, nos

quais os entrevistados se viram obrigados a reclamar a empresas. Na maioria dos

relatos, os entrevistados acreditavam que sua insatisfação havia ocorrido por conta de

algum erro ou enganação das empresas, na forma de pagamentos indevidos, altas

cobranças, aumentos gradativos sem consulta do cliente, entre outros problemas.

Tais ações empresariais geraram sentimentos de indignação entre os

entrevistados. Essa indignação os levou a contarem seus problemas com empresas para

amigos e familiares, seja porque sentiam que precisavam desabafar a alguém, seja para

ter algum conselho sobre como agir.

No que diz respeito ao processo de reclamação, alguns consumidores viram

dificuldade em reclamar. Outros, por sua vez, não viram essa dificuldade. A maioria,

entretanto, não conseguiu solucionar seu problema de consumo, pois a empresa não deu

uma resposta ao seu pedido, ou deu alguma solução que não resolvia de fato o problema

do cliente, como relatado por uma das entrevistadas que teve problema com um banco:

Departamento de Administração

“cada gerente me dava uma solução diferente. E a solução que eles me davam era

absurda”. A entrevistada em questão estava devendo ao banco e tentou negociar a

dívida. O banco parcelou sua dívida, porém, em uma segunda tentativa de acordo, o

mesmo quis esquecer tudo o que a cliente já havia pagado e fazer um novo acordo, o

que aumentava o montante da dívida consideravelmente. Cada vez que a consumidora

tentava fazer um novo acordo, o que era proposto pelo banco era inviável e aumentava o

valor da dívida exponencialmente.

Os relatos dos entrevistados indicam que as reações de funcionários de empresas

ao receberem as reclamações desses consumidores foram diversas. Em um caso, um

entrevistado contou que o atendente o xingou quando relatou sua situação e acusou a

empresa de estar errada. Outros relatos, por outro lado, contam uma situação mais

amena, na qual funcionários foram solícitos com os clientes, porém não ofereceram

solução para o problema.

Diante deste quadro, pode-se observar um comportamento mais ativo por parte

dos consumidores em reclamar. Como mencionado anteriormente, esse comportamento

começou a ser visto mais frequentemente no início dos anos 2010 (HEMAIS;

CASOTTI, 2015). Entretanto, alguns consumidores ainda se sentem passivos à

reclamação, às vezes preferindo ter prejuízo ao invés de reclamar com a empresa. Uma

entrevistada, que teve problema com uma empresa de telecomunicações, conta que

contratou um serviço de TV a cabo, porém sem nunca ter recebido o decodificador de

sinal, apesar de ser cobrada todo mês pelo serviço. Dado o problema, a consumidora

tentou cancelar várias vezes o serviço e não conseguiu. Quando finalmente conseguiu, o

dinheiro que tinha pago todos os seis meses sem o usufruto do serviço não foi

devolvido, mas ela preferiu não colocar a empresa na justiça. Segundo a entrevistada,

sua decisão foi “para evitar dor e cabeça”.

Ajuda para reclamar a empresas

Apesar da mudança de comportamento dos entrevistados, que deixaram de ser

passivos, adotando uma postura mais ativa em relação à reclamação, esses

consumidores não sabem ainda ao certo como fazer reclamações, pois não possuem

certeza sobre quais são seus direitos ou quais são os primeiros passos para reclamar

sobre um problema de consumo.

Diversos entrevistados disseram que, quando reclamaram, não fizeram isso a

partir de instruções formais sobre como reclamar; reclamaram porque achavam que

estavam sendo injustiçados. Porém, deve-se considerar que um comportamento passivo

quanto à reclamação não muda para um ativo sem que haja alguma forma de

aprendizagem. O acúmulo de experiências em relação à reclamação, seja ela do próprio

consumidor ou de outros com os quais possui contato, pode ter sido o que fez com que o

comportamento dessas pessoas mudasse (SOLOMON, 2011).

Programas de televisão, experiências de parentes e amigos, e a internet foram as

principais fontes que ajudaram os entrevistados a saberem que poderiam reclamar sobre

problemas de consumo. Diversos deles relataram que já viram algum programa de

televisão que comentava sobre reclamação de consumidores e que já presenciaram

experiências de outras pessoas em relação à reclamação. Pode-se considerar que tais

fatos ficaram guardados no subconsciente da memória, pois essas pessoas utilizaram

informações acumuladas por experiências passadas (suas ou de outros consumidores)

para resolver seus problemas (SOLOMON, 2011).

Consumidores aprendem a reclamar, também, por meio de observação, sem

necessariamente ter consciência disso. Essa forma de aprendizado ocorre quando se

observa o comportamento dos outros (SCHIFFMAN; KANUK, 2009). Uma

Departamento de Administração

entrevistada, que passou por um problema com uma empresa de telecomunicações,

relatou que o pastor de sua igreja comentou com ela sobre uma experiência que havia

passado, na qual precisou reclamar com a empresa para resolver seu problema. Isso,

aparentemente, inspirou a consumidora a reclamar quando enfrentou problemas com a

empresa em questão.

Embora os entrevistados não tenham relatado que foram influenciados por alguém

a reclamar, dizem que as experiências de outros consumidores os ajudaram a ter mais

consciência sobre o que fazer. Maria, por exemplo, relatou que a experiência da

cunhada com um banco serviu para ela como algo positivo: “a gente acaba aproveitando

alguma coisa daquela experiência do outro. A gente sempre tira um pouquinho pra

gente”.

Alguns dos entrevistados, que eram evangélicos, mencionaram a “ajuda de Deus”

no processo de reclamação. Diversos deles se sentiam inseguros para resolver seu

problema de consumo, seja por falta de conhecimento ou por medo de que as empresas

achassem que eles estavam mentindo, algo também encontrado por Chauvel (2000) em

suas pesquisas. Com isto, essas pessoas relatavam seus casos para a comunidade de suas

igrejas, para que os ajudassem. Alguns relataram que “foi Deus que deu força” para

irem reclamar com empresas.

A insegurança em reclamar a empresas foi percebida em vários relatos. Diversos

entrevistados procuraram ajuda de alguém que consideravam "ter mais conhecimento"

ou mais estudo. Em geral, buscaram ajuda de seus empregadores. Uma entrevistada, por

exemplo, pediu ajuda à dentista para quem trabalhava: “Como eu trabalho em um

consultório dentário, procurei me informar com a dentista, porque ela tem mais

experiência. Eu expliquei a situação e ela disse pra eu buscar os meus direitos e me

indicou um advogado."

Conhecimento sobre direitos para reclamar

A maioria dos entrevistados procurou entender sobre os seus direitos para

reclamar, porque se viram prejudicados por empresas. Esses consumidores não viam

benefício a mais em fazer uma reclamação, a não ser deixar de ter o nome sujo por

culpa da empresa. Uma entrevistada, que teve um problema com uma operadora de

telecomunicações, conta que o valor combinado do plano contratado com a empresa

nunca era cumprido, sempre sendo cobrado a mais. Ela relatou que o benefício em

reclamar era de pagar um valor justo para os serviços contratados, e nada além disso.

Esses consumidores assumem que estavam em seu direito em reclamar, até

mesmo quando de fato não estavam. Um entrevistado, que devia dinheiro a um banco, e

contava com uma dívida que crescia exponencialmente, não entendia o porquê da dívida

estar tão alta e estava indignado por estar sendo cobrado um valor maior do que a dívida

original. Por conta disto, se achava no seu direito de reclamar.

Pode-se observar que os consumidores estão mais reativos às empresas (Hemais

e Casotti, 2014), mantendo um receio em confiar nas informações da mesma. Outra

explicação para tal acontecimento é que, com o processo de aprendizagem, fica

armazenado em sua memória (Solomon, 2011) que qualquer cobrança a mais da

empresa pode ser uma cobrança indevida. Isso influencia uma busca sobre como

reclamar para as empresas. Apesar desse comportamento, os entrevistados alegaram não

conhecer o Código de Defesa do Consumidor a fundo, apenas superficialmente. O

conhecimento adquirido sobre seus direitos é de boca a boca. Essas pessoas buscam

informações através de pessoas confiáveis, e se baseiam nisso para fazer suas

reclamações. O conhecimento é adquirido mais de forma empírica, a partir das

experiências vividas ao longo do tempo, e das pessoas ao redor.

Departamento de Administração

Esse conhecimento empírico poder ser explicado pela teoria cognitiva de

aprendizagem (SOLOMON, 2009), que explica que as pessoas têm capacidade de

resolver problemas utilizando-se de informações acumuladas pela experiência. Isso

ocorre através do processo de memorização, em que as pessoas codificam dados

externos, armazenam e os recuperam quando necessário. Por conta disso, alguns

entrevistados afirmaram que não aprenderam em lugar algum a reclamar, mas

inconscientemente, pelas experiências observadas e vividas, esses indivíduos acabaram

aprendendo.

Conclusão

O presente projeto teve como objetivo estudar como consumidores de baixa renda

aprendem a reclamar a empresas ou órgãos de defesa do consumidor quando em

situações de insatisfação. Para isso, foi conduzida uma pesquisa exploratória com

consumidores de baixa renda do Rio de Janeiro, a fim de compreender como

aprenderam a reclamar. A partir da análise dos dados, foi possível chegar a uma

conclusão do estudo.

Consumidores de baixa renda, quando em situação de insatisfação, se sentem

injustiçados, e por conta disso procuram reclamar, comportamento esse que começou no

início de 2010.

Foi possível observar, através das entrevistas, que são várias as fontes de

aprendizado que influenciam, por vezes inconscientemente, no comportamento dessas

pessoas. Eles aprendem a reclamar por meio de experiências vividas e observadas, por

meio de programas de televisão, jornais e revistas e até mesmo em conversas informais.

Quando em situação de insatisfação, eles procuram saber como agir com pessoas que

consideram mais entendidas. Não há um conhecimento ou aprendizado formal, ele é

adquirido através de repetição de comportamento ou armazenamento de informação.

Esse fato mostra que as empresas devem ficar atentas no cuidado com esses

consumidores, visto que são a maior parte da população e estão se impondo e buscando

seus direitos como consumidores. As empresas devem respeitar esses direitos, porque a

tendência é cada vez mais essas pessoas buscarem seus direito quando em situação de

insatisfação.

Departamento de Administração

Referências

1-ZIKMUND, W. Princípios da Pesquisa de Marketing. 2.ed. São Paulo: Thompson, 2006.

2-SOLOMON, Michael R . O Comportamento do Consumidor. 9.ED. Porto Alegre, 2011.

3-SCHIFFMAN, Leon G. Comportamento do Consumidor. 9ed. São Paulo, 2009.

4-HEMAIS, Marcus Wilcox; CASOTTI, Leticia Moreira. INSATISFAÇÕES PROJETADAS

DE CONSUMIDORES DE BAIXA RENDA: DISSATISFACTION PROJECTED OF LOW

INCOME CONSUMER. Pensamento Contemporâneo em Administração, Rio de Janeiro, v., n. 8, p.65-84, 01 dez. 2014. Trimestral. Disponível em:

<http://www.uff.br/pae/index.php/pca/index>.

5-AMARANTE, Luciano. “Telefonia lidera lista de reclamações ao Procon em 2015. ”

Veja.com [Rio de Janeiro, RJ] 1 fevereiro 2016. Disponível em:

<http://veja.abril.com.br/economia/telefonia-lidera-lista-de-reclamacoes-ao-procon-em-2015/>

Departamento de Administração

Apêndice 1 – Roteiro de entrevistas

Bom dia/ tarde. Eu sou aluna de graduação da PUC-Rio e o objetivo dessa entrevista

hoje é nós termos uma conversa sobre suas experiências e insatisfações como

consumidor e seu aprendizado em possíveis reclamações. Não pense que existem

respostas certas ou erradas às perguntas que vou fazer, o importante é o que você pensa.

Em nenhum momento da pesquisa você será identificado. Eu não vou citar o seu

nome na pesquisa; somente vou identificar você por um número. Então, fique a vontade

para falar o que quiser. As informações que você relatar para mim hoje serão usadas

somente para fins acadêmicos.

Para facilitar o meu trabalho, eu vou gravar a nossa conversa. Assim, não preciso

ficar tomando notas e posso lhe dar mais atenção. Eu garanto que essa gravação vai ser

utilizada somente para a análise do que conversamos aqui, hoje, e nada mais. Tudo

bem?

Se você precisar me fazer alguma pergunta durante a entrevista, pode interromper

nossa conversa a qualquer momento.

Considerações sobre insatisfação de consumo

Você já teve alguma experiência negativa com uma empresa de telecomunicações,

serviços financeiros ou planos de saúde? Caso sim, conte como foi, por favor.

Você contou para alguém (familiar ou amigo) sobre o seu problema? Para quantas

pessoas você contou? O que eles falaram?

Você reclamou com a empresa sobre o problema? Como foi essa reclamação? Você

precisou reclamar para muitas pessoas da empresa? Você precisou ir à empresa ou

reclamou pelo telefone?

Qual foi a reação da empresa para a sua reclamação? A empresa ofereceu alguma

solução para o seu problema, quando você fez a reclamação? Houve alguma

dificuldade para você reclamar à empresa?

Considerações sobre aprendizagem para reclamar

Por que você pensou em reclamar com a empresa? Viu algum beneficio que a

reclamação poderia lhe trazer?

Você achava que estava em seu direito reclamar para a empresa? Por quê?

Departamento de Administração

Você chegou a procurar a ajuda de alguém, para saber se poderia reclamar com a

empresa sobre o problema? Caso sim, conte como foi, por favor?

Você conhece o Código de Defesa do Consumidor? Caso sim, como você tomou

conhecimento dele? Em algum momento, você já leu o Código?

Você já assistiu, ouviu ou leu alguma matéria na televisão, na rádio ou no jornal

falando sobre reclamações de consumidores a empresas? Caso sim, o que essa

matéria disse?

Alguém próximo a você (familiar ou amigo) já reclamou sobre algum problema de

consumo com uma empresa de telecomunicações, serviços financeiros ou planos de

saúde? Caso sim, como foi esse caso?

Você aprendeu alguma coisa com a reclamação dessa pessoa? Você acha que ela

serviu de inspiração para você reclamar?

Você voltaria a reclamar de novo com alguma empresa caso se deparasse com um

problema em serviços contratados? Por quê?

Perfil do entrevistado

Qual é a sua idade?

Qual é a sua profissão?

Qual é o seu estado civil?

Qual é o seu nível de instrução?

Qual é a sua renda familiar mensal?

Obrigado por sua participação