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APRESENTAÇÃO O mandato legislativo e executivo que se inicia em 2001 vai exigir dos prefeitos e vereadores mais do que o entusiasmo natural de quem assume funções relevantes na administração pública. Vai exigir que eles estejam atentos e preparados para enfrentar a nova realidade dos municípios – uma realidade marcada pelo excesso de endividamento, pela escassez de alternativas para geração de receitas e pelo rigor da Lei de Responsabilidade Fiscal, instituída para frear os desequilíbrios de contas e garantir aplicação mais rigorosa dos recursos públicos. Os desafios que os prefeitos e vereadores terão pela frente – para viabilizarem os projetos e programas que sustentarão o desenvolvimento de seus municípios nos próximos quatro anos – demandam não apenas o equacionamento dos problemas financeiros, mas também uma fina sintonia entre os poderes Executivo e Legislativo e uma interação efetiva com a sociedade civil, na elaboração das políticas públicas e nas tarefas de planejamento, fiscalização e acompanhamento da execução orçamentária. Tais preocupações fazem parte de um projeto que a Assembléia Legislativa de Minas Gerais está desenvolvendo junto a prefeitos e vereadores de 18 cidades-pólo do Estado, com vistas discutir seus problemas e subsidiar suas ações. Entre os temas abordados em debates e exposições, destacam-se a delimitação de responsabilidades, os trâmites legais para concretização de projetos, as dificuldades políticas e financeiras dos Estados e municípios e os caminhos para obtenção de recursos. Este manual, que integra o referido projeto, diz respeito especificamente às câmaras municipais, abordando os diversos aspectos de sua atuação, como competências, limites, processo legislativo e relações com o Executivo e com a sociedade civil. Estamos certos de que ele constitui valioso subsídio para a missão que cabe aos nossos vereadores. Deputado Anderson Adauto Presidente da Assembléia Legislativa do Estado de Minas Gerais Sumário 1 – O MUNICÍPIO: ORIGEM E EVOLUÇÃO NO DIREITO CONSTITUCIONAL BRASILEIRO 2 – POSIÇÃO DO MUNICÍPIO NA FEDERAÇÃO BRASILEIRA 3 – INSTRUMENTOS DE ATUAÇÃO DO MUNICÍPIO 4 – O PODER LEGISLATIVO MUNICIPAL 4.1 – Função legislativa 4.1.1 – Processo legislativo 4.1.2 – Conceito e fases do processo legislativo 4.1.2.1 – Emenda à Lei Orgânica 4.1.2.2 – Lei Complementar 4.1.2.3 – Lei ordinária 4.1.2.4 – Lei Delegada 4.1.2.5 – Decreto Legislativo e Resolução 4.1.2.6 – Emenda 4.1.2.7 – Redação final

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APRESENTAÇÃO

O mandato legislativo e executivo que se inicia em 2001 vai exigir dosprefeitos e vereadores mais do que o entusiasmo natural de quem assume funçõesrelevantes na administração pública. Vai exigir que eles estejam atentos epreparados para enfrentar a nova realidade dos municípios – uma realidade marcadapelo excesso de endividamento, pela escassez de alternativas para geração dereceitas e pelo rigor da Lei de Responsabilidade Fiscal, instituída para frear osdesequilíbrios de contas e garantir aplicação mais rigorosa dos recursos públicos.Os desafios que os prefeitos e vereadores terão pela frente – para viabilizarem osprojetos e programas que sustentarão o desenvolvimento de seus municípios nospróximos quatro anos – demandam não apenas o equacionamento dos problemasfinanceiros, mas também uma fina sintonia entre os poderes Executivo e Legislativoe uma interação efetiva com a sociedade civil, na elaboração das políticaspúblicas e nas tarefas de planejamento, fiscalização e acompanhamento da execuçãoorçamentária.Tais preocupações fazem parte de um projeto que a Assembléia Legislativa de MinasGerais está desenvolvendo junto a prefeitos e vereadores de 18 cidades-pólo doEstado, com vistas discutir seus problemas e subsidiar suas ações. Entre os temasabordados em debates e exposições, destacam-se a delimitação de responsabilidades,os trâmites legais para concretização de projetos, as dificuldades políticas efinanceiras dos Estados e municípios e os caminhos para obtenção de recursos.Este manual, que integra o referido projeto, diz respeito especificamente àscâmaras municipais, abordando os diversos aspectos de sua atuação, comocompetências, limites, processo legislativo e relações com o Executivo e com asociedade civil. Estamos certos de que ele constitui valioso subsídio para amissão que cabe aos nossos vereadores.

Deputado Anderson AdautoPresidente da Assembléia Legislativa do Estado de Minas Gerais

Sumário

1 – O MUNICÍPIO: ORIGEM E EVOLUÇÃO NO DIREITO CONSTITUCIONAL BRASILEIRO 2 – POSIÇÃO DO MUNICÍPIO NA FEDERAÇÃO BRASILEIRA 3 – INSTRUMENTOS DE ATUAÇÃO DO MUNICÍPIO 4 – O PODER LEGISLATIVO MUNICIPAL

4.1 – Função legislativa4.1.1 – Processo legislativo4.1.2 – Conceito e fases do processo legislativo4.1.2.1 – Emenda à Lei Orgânica 4.1.2.2 – Lei Complementar4.1.2.3 – Lei ordinária 4.1.2.4 – Lei Delegada4.1.2.5 – Decreto Legislativo e Resolução4.1.2.6 – Emenda4.1.2.7 – Redação final

4.1.2.8 – Indicação, representação, moção e autorização 4.1.3 – Plenário e Comissões4.1.4 – Turnos processuais4.1.5 – Quorum4.1.6 – Participação popular direta4.2 – Função deliberativa4.3 – Função fiscalizadora 4.3.1 – Comissão Parlamentar de Inquérito4.3.2 – Fiscalização financeira4.4 – Função julgadora4.4.1 – Crime de responsabilidade e outras infrações4.5 – Função político-parlamentar4.5.1 – Conflitos sociais

5 – PRERROGATIVAS E LIMITES DE ATUAÇÃO DOS VEREADORES 6 – NOÇÕES DE TÉCNICA LEGISLATIVA

6.1 – Conceito de Técnica Legislativa6.2 – Princípios a serem observados na elaboração do texto legal6.3 – Elementos constitutivos de um projeto de lei6.3.1 – Cabeçalho ou preâmbulo 6.3.2 – Fórmula de promulgação6.3.3 – Contexto6.3.4 – Cláusula de vigência6.3.5 – Cláusula revogatória6.3.6 – Fecho6.3.7 – Justificação6.4 – Emenda6.5 – Requerimento6.6 – Parecer

7 – BIBLIOGRAFIA8 – MODELOS DE PROPOSIÇÕES DO PROCESSO LEGISLATIVO MUNICIPAL9 – OUTROS MODELOS DE PROPOSIÇÕES DO PROCESSO MUNICIPAL LEGISLATIVO10 – LEGISLAÇÃO PERTINENTENOTAS SOBRE OS AUTORES

1 – O MUNICÍPIO: ORIGEM E EVOLUÇÃO NO DIREITO CONSTITUCIONAL BRASILEIRONa tentativa de formular, inicialmente, uma teoria do Município, busca-se a

palavra abalizada de ATALIBA NOGUEIRA, para quem o “direito consuetudinário e odimanado das câmaras municipais constituem o ponto de partida de toda a evolução dodireito brasileiro”.

Acrescenta ele: “Eis aí o marco inicial da história dos vários ramos dodireito pátrio. Não nasceram com o município apenas a sua ordenação jurídica, opoder municipal, o governo local, mas também a disciplina da democracia, o direitoadministrativo brasileiro, o penal, o processual, o trabalhista, o tributário e atéo ‘nosso’ direito internacional, sem esquecer várias disposições do direito civil e

comercial” (in Teoria do Município, Revista de direito público, São Paulo: Ed.Revista dos Tribunais, outubro/dezembro, 1968, vol. 6, p. 10).

Na opinião de PINTO FERREIRA, “os municípios formam a grande escola daliberdade, pois onde eles florescem cria-se um grande espírito cívico e desenvolve-se, com intensidade, o culto da liberdade, da legalidade e do acatamento à ordemconstitucional” (in “A autonomia política dos municípios”, Revista de direitopúblico, São Paulo: Ed. Revista dos Tribunais, janeiro/março, 1967, vol. 7, p.157).

Assinala o Prof. JOSÉ ALFREDO DE OLIVEIRA BARACHO: “A existência na Federaçãobrasileira de três esferas de governo, que são a federal, a estadual e a municipal,gera a distribuição de encargos e serviços, nas três áreas de competência, masgera, também, particularidades no que toca à definição institucional econstitucional dos entes destacados” (in Teoria geral do federalismo. Rio deJaneiro: Forense, 1986, p. 96).

Observa, ainda, que a Teoria do Município vem suscitando especulações acercada posição política e jurídica dessa entidade no quadro do federalismo brasileiro evem passando por diversas modificações que levam a indagações como a daparticipação do município no processo decisório federal.

Colhe-se da lição de PINTO FERREIRA que o regime municipal, adotado no Brasildesde a colônia, remonta a 1549, à época do Governo-Geral, quando as CâmarasMunicipais, com os seus Senados, administravam o município, arrecadavam os impostose tinham influência política, cuidando, ainda, de administrar a justiça. Tão grandeera o seu prestígio político, que representavam contra capitães-mores egovernadores, e até mesmo os afastavam d e suas funções.

Não se deve esquecer que nas Câmaras se originaram grandes movimentosliberais, dentre eles o grito da República, de BERNARDO VIEIRA DE MELO, na Câmarade Olinda, em 1710, e o dia do Fico, de 9 de janeiro de 1822, resultado da ação dasCâmaras de São Paulo, Vila Rica e Rio de Janeiro.

A Constituição brasileira de 1824 referia-se, em seu art.167, ao “governoeconômico e municipal das cidades e vilas”, cuja organização se daria nos termos daLei de 1º de outubro de 1828. As Câmaras não tinham autonomia financeira, pois nãovotavam seus impostos, e suas resoluções poderiam ser invalidadas e tornadas semefeito pela Assembléia Legislativa Provincial.

A autonomia municipal foi assegurada, embora de forma sintética, pelo art. 68da Constituição de 1891, sendo os preceitos desta complementados pelasConstituições estaduais e pelas Leis Orgânicas Municipais. Todavia, os Estados-membros da época outorgaram à Assembléia Legislativa a competência para elaborar aLei Orgânica dos Municípios, excetuados os Estados de Goiás e Rio Grande do Sul,que atribuíram a cada município a competência para a elaboração da lei que o iriareger.

O problema da organização municipal foi minuciosamente tratado pelaConstituição de 1934, que, nos diversos preceitos relativos à matéria, utilizou aexperiência tradicional da República, elaborando um modelo que se aperfeiçoaria nasConstituições democráticas posteriores.

O municipalismo sofreu um retrocesso com o advento da Carta de 1937, quenegou a autonomia municipal, ao estabelecer a nomeação dos chefes dos municípios ouprefeitos por meio do interventor ou do executivo estadual.

A Constituição brasileira de 1946 fortaleceu consideravelmente o regimemunicipal, tanto no aspecto político-administrativo, quanto no econômico-financeiro, erigindo o município em entidade estatal de terceiro grau, necessáriaao nosso sistema federativo.

Restabeleceu os princípios básicos da autonomia, ao assegurar a eletividadedos prefeitos e das Câmaras Municipais, e a administração própria do município, noque concerne ao seu peculiar interesse e, especialmente, à decretação e arrecadaçãodos tributos de sua competência, à aplicação das suas rendas e à organização dosserviços públicos locais.

Poderiam ser nomeados os prefeitos das capitais dos Estados e estânciashidrominerais; seriam nomeados os prefeitos de bases e portos militares.

A respeito do tratamento dado ao Município pela Constituição Federal de 1967,registra o Prof. Raul Machado Horta: ”A Constituição de 1967 afastou-se daConstituição de 1946 em duas inovações que acrescentou à concepção do Município. Aprimeira, de natureza formal, criando a competência dos Municípios na Constituição

Federal, em seu Capítulo II. A inovação foi puramente formal, pois não só deixouintocada a composição da Federação sem a presença do Município (art.1º), comotambém não concebeu a introdução do Município na distribuição de competências dosníveis de Governo. A Constituição não extraiu as conseqüências materiais de suainovação formal. A outra inovação desencadeou conseqüências mais profundas.” Oconstitucionalista mineiro acrescenta que a mesma Constituição “deu início aomovimento de alargamento da matéria de interesse municipal no plano originário danorma constitucional federal com reflexos negativos no campo da autonomiaconstitucional do Estado-Membro, que passa a sofrer nova amputação de competência”.( In Estudos de direito constitucional . Belo Horizonte: Del Rey, 1995, p. 630.)

A Constituição de 1967, com a redação dada pela Emenda Constitucional nº 1,de 17 de outubro de 1969, manteve a autonomia dos municípios, revelada pelo poderde eleição do prefeito, do vice-prefeito e dos vereadores, por parte dos munícipes;pela competência do município para a auto-administração, especialmente quanto àorganização dos serviços públicos locais.

Todavia, caberia ao governador nomear:a) com prévia aprovação da Assembléia Legislativa, os prefeitos das capitais

dos Estados e dos municípios considerados estâncias hidrominerais em lei estadual;b) com prévia aprovação do presidente da República, os prefeitos de

municípios declarados de interesse da segurança nacional, por lei de iniciativa doPoder Executivo.

A Emenda Constitucional nº 1, de 1969, referindo-se a remuneração, e não maisa subsídio, deu à matéria relativa à remuneração dos vereadores tratamento diversodo previsto na Constituição de 1946.

Importante transformação ocorreu, também, no tocante ao processo da criaçãodos municípios, devendo-se registrar que, anteriormente, havia uma notóriatendência à criação de novas comunas por parte dos Estados-membros, a fim de queaquelas usufruíssem dos benefícios do imposto de renda.

O texto constitucional de 1969 atribuiu à União, e não ao Estado-membro,competência para estabelecer, por lei complementar, as condições e requisitosmínimos de população do território em que se pretendesse criar o município: omínimo de renda pública e a forma prévia de consulta às populações locais.

O desenvolvimento da vida municipal e a atribuição de importantes fontes derenda ao município tornaram necessária maior fiscalização financeira e orçamentáriadaquele. Com vistas a essa função moralizadora, o texto constitucional de 1969dedicou especial atenção à matéria, da qual tratou o art.16. (FERREIRA, Pinto.Princípios gerais do direito constitucional moderno. 5. ed. t. 2. São Paulo:Revista dos Tribunais, 1971, p. 372-374.)

A Constituição Federal de 1988 fortaleceu sobremaneira os municípios,modificando substancialmente sua posição na Federação Brasileira. Com efeito, porduas vezes o texto constitucional da República oferece os fundamentos da nova facereconhecida ao município.

No art.1º, proclama que “a República Federativa do Brasil, formada pela uniãoindissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em EstadoDemocrático de Direito...”.

No art. 18, estabelece:“Art.18 – A organização político-administrativa da República Federativa

do Brasil compreende a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios,todos autônomos, nos termos desta Constituição”.A esse respeito, assinala HELY LOPES MEIRELLES: “O Município brasileiro é

entidade estatal integrante da Federação. Essa integração é uma peculiaridadenossa, pois em nenhum outro Estado Soberano se encontra o Município como peça doregime federativo, constitucionalmente reconhecida. Dessa posição singular do nossoMunicípio é que resulta a sua autonomia político-administrativa, diversamente doque ocorre nas demais Federações, em que os municípios são circunscriçõesterritoriais meramente administrativas” (in Direito administrativo brasileiro. 16.ed., São Paulo: Ed. Revista dos Tribunais, 1991, p. 663).

O Município, já considerado pelo Código Civil (art.14) pessoa jurídica dedireito público interno, somente agora, com atraso de mais de meio século, temreconhecida essa situação.

2 – POSIÇÃO DO MUNICÍPIO NA FEDERAÇÃO BRASILEIRA

Pode-se indagar, ante as ponderações de renomados constitucionalistas, se osMunicípios se transformaram realmente em unidades federadas, uma vez que aConstituição da República, ao se referir aos Estados e ao Distrito Federal, usa, emonze dispositivos, as expressões unidade federada e unidade da Federação, nosingular ou no plural, e não o faz em relação aos Municípios.

É induvidoso, porém, que a Lei Maior assegura a autonomia municipal, nosarts.18 e 29, garantindo-a contra os Estados no art.34, VII, “c”, ao estabelecer,como uma das exceções à regra da não-intervenção da União nos Estados ou noDistrito Federal, a necessidade de assegurar a observância de determinadosprincípios constitucionais, dentre eles a autonomia municipal.

Ensina o constitucionalista JOSÉ AFONSO DA SILVA: “Autonomia significacapacidade ou poder de gerir os próprios negócios, dentro de um círculo prefixadopor entidade superior. E é a Constituição Federal que se apresenta como poderdistribuidor de competências exclusivas entre as três esferas de Governo (...). AsConstituições até agora outorgavam aos Municípios só governo próprio e a competência exclusiva, que correspondem ao mínimo para que uma entidade territorialtenha autonomia constitucional.

Agora, foi-lhes reconhecido o poder de auto-organização, ao lado do governopróprio e de competências exclusivas , e ainda com ampliação destas, de sorte que aConstituição criou verdadeiramente uma nova instituição municipal no Brasil. Poroutro lado, não há mais qualquer hipótese de prefeitos nomeados. Tornou-se plena,pois, a capacidade de autogoverno municipal entre nós” (in Curso de direitoconstitucional positivo. 13. ed., São Paulo:Malheiros, 1997, p. 590).

Ressalta o mesmo autor que o Município tem, agora, a autonomia política(capacidade de auto-organização e de autogoverno), a autonomia normativa(capacidade de fazer leis próprias sobre matéria de sua competência), a autonomiaadministrativa (administração própria e organização dos serviços locais) e aautonomia financeira (capacidade de decretação de seus tributos e aplicação de suasrendas, que é uma característica da auto-administração). (Op. cit., p. 591.)

Demonstração inequívoca de que ao Município se assegura hoje um novo status éo disposto no art. 29 da Constituição da República:

“Art.29 – O Município reger-se-á por lei orgânica, votada em doisturnos, com o interstício mínimo de dez dias, e aprovada por dois terços dosmembros da Câmara Municipal, que a promulgará, atendidos os princípiosestabelecidos nesta Constituição, na Constituição do respectivo Estado e osseguintes preceitos:

....................................................................................................................................”.Oportuna é a lição do emérito professor e ex-deputado CÍCERO DUMONT: “Pode-se

dizer que a Lei Orgânica Municipal é a peça-chave do Município Modelo-88; é oinstrumento legal que vai permitir-lhe a efetiva realização da autonomia municipal,no seu mais alto grau, assegurando à própria comunidade municipal identificar assuas peculiaridades e singularidades e oferecer-lhes soluções adequadas.

A Lei Orgânica Municipal pode ser denominada de Lei das PeculiaridadesMunicipais. Estas compõem o sistema nervoso do município, a sua pedra de toque. Éaí que está o seu traço principal e diferencial. As peculiaridades municipais sãosempre diferentes por mais parecidos que possam ser os problemas locais. Dessadiversidade, insuperável, decorre a impossibilidade de serem feitas leis orgânicasmunicipais iguais” (in Lei orgânica municipal – Roteiro para a sua elaboração. BeloHorizonte: Imprensa Oficial, 1989, p. 15-16).

Não obstante constitucionalmente denominado lei orgânica, o diplomaorganizativo do Município não se caracteriza como lei no sentido formal, poisindepende da sanção do Executivo, que, dessa forma, não participa de suaelaboração.

Sua natureza jurídica tem sido objeto de controvérsias, ora se preferindo aexpressão constante no próprio texto constitucional – Lei Orgânica –, ora asexpressões Constituição Municipal, Carta Municipal ou Carta Orgânica Municipal, semse mencionarem outras.

Alguns juristas, dentre eles o Prof. CÍCERO DUMONT, consideram a Lei OrgânicaMunicipal como uma Constituição, por ser produto do exercício, pela Câmara, de modoexclusivo, do poder constituinte derivado do Município, poder semelhante ao poderconstituinte derivado do Estado, responsável pela Constituição Estadual (op. cit.,p. 17).

Os juristas que manifestam preferência pela terminologia utilizada no textoda Constituição da República, desaconselham o emprego dos termos Constituição ouCarta, justificando a restrição ao primeiro pela inexistência de poder constituintenas Câmaras de Vereadores, e, ao segundo, por se caracterizar a Carta como “atounilateral ou limitativo da sua própria autoridade soberana”, conforme a lição deAMILCAR PINTO FALCÃO e JOSÉ DE AGUIAR DIAS (in Constituição anotada, Ed. JoséKonfino, 1956, v. 1, p. 51).

Importa assinalar, porém, que a lei orgânica municipal é, em verdade, uma leiqualificada por seu objeto. O fato de ser votada e promulgada pela CâmaraMunicipal, prescindindo da sanção do Prefeito, não a desnatura. Deve-se lembrar queinexiste sanção do Chefe do Executivo também na hipótese da promulgação, peloLegislativo, de lei resultante de proposição de lei vetada, quando rejeitado oveto.

O Ato das Disposições Transitórias da Constituição Federal vigenteestabelece, no parágrafo único do art. 11:

“Art. 11– ................................................................

Parágrafo único. Promulgada a Constituição do Estado, caberá à CâmaraMunicipal, no prazo de seis meses, votar a Lei Orgânica respectiva, em doisturnos de discussão e votação, respeitado o disposto na Constituição Federale na Constituição Estadual”.

No art.2º, § 2º, do Ato das Disposições Transitórias da Constituição doEstado de Minas Gerais, está consignada a seguinte norma:

“Art.2º-...................................................................

§ 2º- O Município, até que promulgue sua Lei Orgânica, continuarásubmetido à Lei Complementar nº 3, de 28 de dezembro de 1972, do Estado deMinas Gerais, com suas posteriores modificações, respeitado o disposto naConstituição da República e na Constituição do Estado”.A propósito da possibilidade de dilação do prazo previsto na norma

transitória da Constituição Federal, supratranscrita, observa JOSÉ NILO DE CASTRO:“É verdade que, quando o constituinte fixou o prazo de seis meses para a edição daLei Orgânica, após a promulgação da Constituição do respectivo Estado, não afastoua possibilidade de se votar a Lei Orgânica além desse espaço temporal, desde quemotivos de ordem pública e de interesse público local assim o propiciassem, assim ojustificassem, à saciedade” (in Direito Municipal positivo. 3.ed.Belo Horizonte:Del Rey: 1996,p.65).

3 – INSTRUMENTOS DE ATUAÇÃO DO MUNICÍPIO

Os instrumentos de que dispõe o Município para a efetiva realização de suaautonomia, bem como os limites impostos à sua atuação, decorrem dos princípios edos preceitos de que trata o art.29 da Constituição da República: os princípiosdesta e da Constituição do Estado e os preceitos enumerados nos incisos do mesmoartigo.

Lei complementar federal determinará o período em que se farão, por leiestadual, a criação, a incorporação, a fusão e o desmembramento de Municípios,segundo os requisitos estabelecidos em lei complementar estadual. É o queprescrevem, respectivamente, o art. 18, § 4º, da Constituição Federal e o art. 167da Constituição do Estado de Minas Gerais:

“Art.18– ................................................................

§ 4º – A criação, a incorporação, a fusão e o desmembramento deMunicípios far-se-ão por lei estadual, dentro do período determinado por leicomplementar federal, e dependerão de consulta prévia, mediante plebiscito,

às populações dos Municípios envolvidos, após divulgação dos Estudos deViabilidade Municipal, apresentados e publicados na forma da lei”.

.......................................................................................................................................

“Art.167 – Lei complementar estabelecerá os requisitos para a criação,incorporação, fusão e desmembramento de Municípios, observado o disposto noart.18, § 4º, da Constituição da República”.No âmbito do Estado de Minas Gerais, os requisitos para criação,

incorporação, fusão e desmembramento de Municípios são fixados pela LeiComplementar nº 37, de 18/01/95, alterada pelas Leis Complementares de nºs 39, de23/06/95, e 47, de 27/12/96.

O Município é dotado dos Poderes Legislativo e Executivo; não existe PoderJudiciário municipal. Nas comarcas, que se constituem de 1 (um) ou mais Municípios,tendo por sede a do Município que lhe dá o nome, atuam membros da Justiça Estaduale, em alguns casos, também da Justiça Federal, quando a comarca é também sede devara do juízo federal.

4 – O PODER LEGISLATIVO MUNICIPAL

À Câmara Municipal – o órgão do Poder Legislativo do Município – compete oexercício de relevantes funções, que se desdobram em: função legislativa; funçãomeramente deliberativa; função fiscalizadora; função julgadora; e função político-parlamentar.

Falaremos, a seguir, de cada uma dessas funções separadamente.

4.1 – Função legislativa

No exercício da função legislativa, a Câmara legisla, com a sanção doPrefeito, sobre as matérias da competência do Município, com o que se estabelecemas leis municipais, e se cumpre, no âmbito local, o princípio da legalidade, a queestá sujeita a Administração.

A Lei Orgânica do Município estabelece as matérias de competência legislativada Câmara, bem como as normas referentes ao processo legislativo, sendo estasúltimas detalhadas no Regimento Interno.

Foi significativamente ampliado o elenco das competências municipais, quecompreendem a competência exclusiva (arts.30 da Constituição da República e 171 daConstituição do Estado); a competência comum, ou seja, a exercida em comum com aUnião, os Estados e o Distrito Federal (art.23 da Constituição da República);e acompetência suplementar (art.30, inciso II, da Constituição da República).

O art.30 da Constituição Federal relaciona as matérias de competênciaexclusiva do Município e, embora de forma incipiente e mais genérica do que seriadesejável, representa um grande passo em prol do fortalecimento das comunas.

Eis o texto do mencionado dispositivo:“Art.30 – Compete aos Municípios: I – legislar sobre assuntos de interesse local;II – suplementar a legislação federal e a estadual no que couber;III – instituir e arrecadar os tributos de sua competência, bem como

aplicar suas rendas, sem prejuízo da obrigatoriedade de prestar contas epublicar balancetes nos prazos fixados em lei;

IV – criar, organizar e suprimir distritos, observada a legislaçãoestadual;

V – organizar e prestar, diretamente ou sob regime de concessão oupermissão, os serviços públicos de interesse local, incluído o de transportecoletivo, que tem caráter essencial;

VI – manter, com a cooperação técnica e financeira da União e doEstado, programas de educação pré-escolar e de ensino fundamental;

VII – prestar, com a cooperação técnica e financeira da União e doEstado, serviços de atendimento à saúde da população;

VIII – promover, no que couber, adequado ordenamento territorial,mediante planejamento e controle do uso, do parcelamento e da ocupação dosolo urbano;

IX – promover a proteção do patrimônio histórico-cultural local,observada a legislação e a ação fiscalizadora federal e estadual”.

A competência tributária dos Municípios é estabelecida nos arts.145 e156 da Constituição da República.

O primeiro faculta à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aosMunicípios instituir tributos (impostos, taxas e contribuições de melhoria);o segundo dá competência aos Municípios para instituir impostos sobre:

a) propriedade predial e territorial urbana;b) transmissão inter vivos, a qualquer título, por ato oneroso, de bens

imóveis, por natureza ou acessão física, e de direitos reais sobre imóveis,exceto os de garantia, bem como cessão de direitos a sua aquisição;

c) serviços de qualquer natureza – não compreendidos os de transporteinterestadual e intermunicipal e de comunicação – definidos em leicomplementar.

É inovação da Constituição Federal vigente a atribuição ao Município dacompetência para instituir e arrecadar o imposto sobre transmissão onerosainter vivos.

No art.23 da Constituição da República estão previstas, com o caráterde regras ou recomendações de conduta, principiológicas e de amplaabrangência, competências comuns da União, dos Estados, do Distrito Federal edos Municípios. A título de exemplo, algumas devem ser destacadas: a) zelarpela guarda da Constituição, das leis e das instituições democráticas econservar o patrimônio público; b) cuidar da saúde e assistência pública, daproteção e garantia das pessoas portadoras de deficiência; c) proteger osdocumentos, as obras e outros bens de valor histórico, artístico e cultural,os monumentos, as paisagens naturais notáveis e os sítios arqueológicos; d)proteger o meio ambiente e combater a poluição em qualquer de suas formas; e)fomentar a produção agropecuária e organizar o abastecimento alimentar; f)combater as causas da pobreza e os fatores de marginalização, promovendo aintegração social dos setores desfavorecidos.

O parágrafo único do mesmo artigo prevê normas, a serem fixadas em leicomplementar, para a cooperação entre os vários entes da Federação, tendo emvista o equilíbrio do desenvolvimento e do bem-estar em âmbito nacional.

A competência suplementar do Município é assegurada no inciso II doart.30 da Constituição da República: “suplementar a legislação federal e aestadual no que couber”.Segundo entendimento doutrinário, essa competência do Município equivale, na

verdade, à competência concorrente, embora esta seja atribuída pela Constituição daRepública apenas à União aos Estados e ao Distrito Federal.

Deve-se observar, no entanto, que o município exercerá essa competência “noque couber”.

4.1.1 – Processo legislativo

A Constituição de 1967, com a redação dada pela Emenda Constitucional nº 1,de 17 de outubro de 1969, incluía o processo legislativo entre outros princípiosnela estabelecidos, a cuja observância se obrigavam os Estados federados na suaauto-organização, nos termos do art. 13, III. As Constituições dos Estados poderiamadotar o regime de leis delegadas, proibidos os decretos-leis, conforme preceituavao parágrafo único do art.200 do texto constitucional federal.

A Constituição Federal de 1988 estabelece, no art.25:“Art.25 – Os Estados organizam-se e regem-se pelas Constituições e leis

que adotarem, observados os princípios desta Constituição”.Como se vê, a Constituição em vigor, diversamente do texto constitucional

precedente, não submete à observância dos Estados as normas nela estabelecidas arespeito do processo legislativo. Isso não quer dizer, entretanto, que inexistamnormas específicas de preordenação destinadas ao Estado federado e ao Município, ou

que inexistam princípios implícitos, quanto ao tratamento da matéria, naConstituição da República, impostos à observância daqueles.

Ressalta, dentre esses princípios, o da impossibilidade de se converter emlei matéria que não tenha sido objeto de discussão e votação do Legislativo.Assinala o Prof. RAUL MACHADO HORTA: “O processo legislativo não existeautonomamente, como valor em si, pois é técnica a serviço de concepções políticas,realizando fins do poder. Daí sua mutabilidade no tempo e sua compreensão variada,refletindo a organização social, as formas de Governo e de Estado, a estruturapartidária e o sistema político” (in O processo legislativo nas constituiçõesfederais brasileiras. Cadernos do Simpósio.n.2. Belo Horizonte: AssembléiaLegislativa do Estado de Minas Gerais, 1989, p. 5).

JOSÉ NILO DE CASTRO observa: “Os princípios norteadores do processolegislativo, de que cogitam os artigos 59 e seguintes, até 69, da ConstituiçãoFederal, aplicam-se aos Estados e aos Municípios, como o ciclo e o procedimento dasfeituras das leis, a saber: a iniciativa, a tramitação no Legislativo, adeliberação, o quorum, a sanção (expressa ou tácita), o veto, e a promulgação. Amoldura paradigmária está na Constituição Federal” (op. cit.,p.5).

O mesmo autor registra a posição do Supremo Tribunal Federal a respeito damatéria, citando ementa do acórdão proferido na Ação Direta deInconstitucionalidade nº 276 – 7 – AL (DJ 17/8/96, p. 7869-7871), da qual setranscreve: “O Supremo Tribunal Federal ainda não definiu, sob o regime da vigenteordem constitucional, se os princípios que informam o processo legislativo impõem-se aos Estados-Membros como padrões jurídicos de compulsória observância. O tema daautonomia das unidades federadas, suscitado na perspectiva da nova concepção defederalismo consagrado pela vigente Carta Política, foi, no entanto, considerado deextremo relevo jurídico pelo STF (ADIn 216-PB)”(op. cit., p. 128).

O processo legislativo autoritário cedeu lugar ao processo legislativodemocrático, cujos aspectos essenciais podem ser assim sintetizados:

a) substituição da figura da aprovação automática, ou por decurso de prazo,pela do esgotamento da deliberação legislativa, uma vez escoado o prazoconstitucionalmente previsto, nos seguintes casos: 1) projeto de autoria doExecutivo com solicitação de urgência; 2) veto;

b) atribuição de competência às comissões para discussão e votação de projetode lei que dispensar, na forma do Regimento Interno, a competência do Plenário,salvo se houver recurso de um décimo dos membros da Casa Legislativa;

c) ampla e efetiva participação da sociedade civil, assegurada: 1) pelainiciativa popular de projeto de lei; 2) pela apresentação de petição, reclamação,representação ou queixa contra ato ou omissão de autoridade ou entidade públicas;3) pela realização de audiências públicas com entidades da sociedade civil;

d) incidência de veto parcial tão-somente em texto integral de artigo, deparágrafo, de inciso ou de alínea, sendo abolida, portanto, a prática condenável doveto incidente sobre palavra ou grupo de palavras;

e) previsão do quorum de maioria absoluta para rejeição de veto.

4.1.2 – Conceito e fases do processo legislativo

Processo legislativo é o conjunto concatenado de atos preordenados(iniciativa, emenda, votação, sanção, promulgação e publicação), realizados pelosórgãos legislativos com vistas à formação das leis em sentido amplo. Seu objeto é,pois, a elaboração dos atos normativos previstos na Constituição ou na LeiOrgânica.

Distinguem-se três fases no processo de elaboração das leis:a) fase introdutória: a iniciativa, que é a faculdade de propor um projeto de

lei, atribuída a pessoas ou órgãos, de forma geral ou especial. É o ato quedesencadeia o processo legislativo.

b) fase constitutiva: a deliberação e a sanção.É a fase de estudo edeliberação sobre o projeto proposto; compreende os turnos regimentais de discussãoe votação, seguidos da redação final da matéria aprovada.

Essa fase se completa com a apreciação, pelo Executivo, do texto aprovadopelo Legislativo. É a intervenção do Executivo no aperfeiçoamento da lei. Talapreciação pode resultar no assentimento (a sanção) ou na recusa (o veto). A sançãotransforma em lei o projeto aprovado pelo Legislativo. Pode ocorrer expressa ou

tacitamente. A sanção é expressa quando o Executivo dá sua concordância, de modoformal, no prazo de 15 dias contados do recebimento da proposição de lei,resultante de projeto aprovado pela Casa Legislativa. A sanção é tácita, quando oExecutivo deixa passar esse prazo sem manifestação de discordância.

Pode o Executivo recusar sanção à proposição de lei, impedindo, dessa forma,sua transformação em lei. Tal recusa se manifesta pelo veto, que pode ser total ouparcial, conforme atinja toda a proposição ou apenas parte da mesma.

Segundo dispõe o § 2º do art.66 da Constituição da República, ao qualcorresponde o § 4º do art.70 da Constituição do Estado, “o veto parcial somenteabrangerá texto integral de artigo, de parágrafo, de inciso ou de alínea”.

O veto pode ter por fundamento a inconstitucionalidade da proposição de leiou a sua inconveniência. No primeiro caso, há um motivo estritamente jurídico: aincompatibilidade com a Lei Maior. No segundo caso, há um motivo estritamentepolítico, que envolve uma apreciação de vantagens e desvantagens: se o Executivojulgar a proposição contrária ao interesse público, opor-lhe-á veto;

c) fase complementar ou de aquisição de eficácia, que compreende apromulgação e a publicação da lei.

A promulgação é o ato que declara e atesta a existência da lei, indicando queesta é válida e executável. Cabe ao Chefe do Executivo promulgar a lei. Se ele, noscasos de sanção tácita e de rejeição do veto, não o faz no prazo de 48 horas, deveo Presidente da Casa Legislativa fazê-lo. Depois da promulgação, vem a publicação,que, em nosso sistema, é o meio de tornar a norma conhecida, vigente e eficaz.

As matérias em tramitação nas Casas Legislativas recebem comumente adenominação genérica de proposições. O Regimento Interno da Assembléia Legislativado Estado de Minas Gerais (Resolução nº 5.176, de 6/11/97) estabelece, no art. 170:“Proposição é o instrumento regimental de formalização de matéria sujeita àapreciação da Assembléia Legislativa”.

A proposição destinada a alterar o texto da Lei Orgânica do Município recebea denominação técnica de Proposta de Emenda à Lei Orgânica.

No caso dos projetos de lei, uma vez aprovados em redação final, passam adenominar-se proposições de lei, e é sob essa forma que são encaminhados à sanção.

Por extensão do conceito de proposição, a emenda, o requerimento, o parecer eoutros instrumentos regimentais a eles assemelhados costumam ser incluídos noprocesso legislativo.

Os Regimentos Internos de algumas Casas Legislativas inserem, ainda, no roldas proposições do processo legislativo a indicação, a representação, a moção e aautorização. É o caso do Regimento Interno da Câmara Municipal de Belo Horizonte(Resolução nº 1.480, de 7/12/90).

As proposições do processo legislativo municipal dão origem às espéciesnormativas previstas na Lei Orgânica do Município, que são, em geral, as enumeradasa seguir:

a) emendas à Lei Orgânica Municipal;b) leis complementares;c) leis ordinárias;d) leis delegadas;e) resoluções;f) decretos legislativos.O tratamento da matéria pode variar nas diversas Leis Orgânicas, algumas das

quais incluem, por exemplo, as medidas provisórias no elenco das matériascompreendidas no processo legislativo municipal.

A respeito dessa inclusão, é oportuna a ponderação de JOSÉ NILO DE CASTRO: “Amedida provisória, embora não vedada sua inserção no processo legislativo estaduale municipal, pela sua característica e singularidade, não se nos afigura afeiçoadaao nível municipal. O que lhes justifica a existência?” (op.cit., p.127).

Passamos, a seguir, a tecer algumas considerações acerca dos atos do processolegislativo municipal.

4.1.2.1 – Emenda à Lei Orgânica

Em razão do poder organizativo municipal, a Lei Orgânica própria estabeleceregras para ser emendada, com o que ela se reveste de certa rigidez: sendo aprovadapelo voto de dois terços dos membros da Câmara, somente com igual quorum poderá seralterada.

As leis locais que a contrariarem serão ilegítimas e inválidas, desde queassim as declare o Judiciário.

4.1.2.2 – Lei Complementar

A lei complementar, aprovada por maioria absoluta, é expressa eespecificamente prevista em determinadas disposições da Constituição e destina-se acomplementá-las, relativamente à matéria de que tratam. Tem, pois, naturezaparaconstitucional, situando-se, na hierarquia dos atos normativos, entre a leiordinária e a Constituição (e suas emendas).

No âmbito do Município, a Lei Orgânica prevê as matérias que constituemobjeto de lei complementar municipal.

A esse respeito, ensina JOSÉ NILO DE CASTRO: “Diferem as leis complementaresdas leis ordinárias de duas maneiras. Pelo conteúdo ou em razão da matéria, isto é,nos termos da Lei Orgânica Municipal, constituem matéria de lei complementar todasas codificações, as leis (...) do plano diretor, da organização administrativa(...) etc. Pelo aspecto formal, pois somente a maioria absoluta dos membros daCâmara Municipal é que validamente as aprovará. A qualificação do quorum se impõepara se votar a lei complementar em consideração da importância da ordenaçãojurídica contida nela” (in Direito municipal positivo. 3. ed. Belo Horizonte: DelRey, 1996, p. 126).

4.1.2.3 – Lei ordinária

A lei ordinária, que, na prática, é chamada simplesmente lei, é o atolegislativo típico, que, em regra, edita normas gerais e abstratas.

É disciplinada em lei ordinária a matéria não reservada à lei complementar,ou seja, a maioria das matérias da competência do Município.

Vários dispositivos da Lei Orgânica dependem de regulamentação por leiordinária.

4.1.2.4 – Lei Delegada

A lei delegada é um ato normativo elaborado e editado pelo Chefe doExecutivo, em razão de autorização do Poder Legislativo e nos limites por esteestabelecidos.

Segundo o parâmetro constitucional, a Lei Orgânica do Município pode prever adelegação ao Prefeito, a ser efetuada sob a forma de resolução ou decretolegislativo da Câmara Municipal, que especificará seu conteúdo e os termos de seuexercício e poderá determinar a apreciação, pela Câmara, do projeto de leidelegada, caso em que este será submetido a votação única, vedada qualquer emenda.

São excluídos do âmbito da delegabilidade os atos de competência exclusiva daCâmara, a matéria reservada à lei complementar e a legislação sobre planosplurianuais, diretrizes orçamentárias e orçamentos.

4.1.2.5 – Decreto Legislativo e Resolução

O decreto legislativo e a resolução, promulgados pelo Presidente da Câmara,destinam-se a regular matérias da competência exclusiva do Legislativo e as decaráter político, processual, legislativo ou administrativo, excluídas do âmbito dalei.

Como esclarece JOSÉ NILO DE CASTRO, ambos os atos têm o mesmo conceito, masdiferem quanto aos efeitos, os quais são externos e internos, no caso do decretolegislativo, e apenas internos, no caso da resolução.

Observa o mesmo autor: “Não há necessidade, entretanto, de se reproduzirem,nas Leis Orgânicas, integrando o processo legislativo municipal, esses dois atosnormativos (decretos legislativos e resoluções). Admitem-se comumente apenas asresoluções” (op. cit., p. 127).

4.1.2.6 – Emenda

A emenda é proposição apresentada como acessória de outra e, conforme suafinalidade, pode ser aditiva, modificativa, substitutiva ou supressiva.

É aditiva a emenda que se acrescenta a outra proposição; modificativa, a quealtera dispositivo sem modificá-lo substancialmente; substitutiva, a apresentadacomo sucedânea de dispositivo ou sucedânea integral de proposição, caso em quepassa a denominar-se substitutivo; supressiva, a destinada a excluir dispositivo.

Chama-se subemenda a emenda apresentada a outra.A emenda é admitida quando pertinente ao assunto versado na proposição

principal e quando incidente sobre um só dispositivo, salvo matéria correlata.Por ser proposição acessória, a emenda não se confunde com Emenda à Lei

Orgânica, o principal dos atos do processo legislativo municipal.

4.1.2.7 – Redação final

Dá-se redação final aos projetos em geral e às Propostas de Emenda à LeiOrgânica, após sua aprovação nos turnos regimentais.

O parecer de redação final, emitido pela Comissão de Redação da Câmara, dáforma à matéria aprovada, segundo a técnica legislativa, corrigindo eventual víciode linguagem, defeito ou erro material. Para a mesma finalidade, é admitida emendaà redação final, durante a discussão do parecer.

Aprovada a redação final, a matéria é enviada à sanção ou à promulgação,conforme o caso.

4.1.2.8 – Indicação, representação, moção e autorização

São proposições cujo conceito pode ser enunciado de conformidade com oprevisto nos seguintes dispositivos do Regimento Interno da Câmara Municipal deBelo Horizonte:

“Art.130 – Indicação é a proposição por meio da qual se sugere:I – realização de medida de interesse público;II – ao prefeito a declaração de utilidade pública, observados os

requisitos da lei, de sociedades civis, associações e fundações.Art.131 – Representação é a proposição por meio da qual se sugere a

realização de medida de interesse público ou a manifestação sobre qualquerassunto a autoridades federais ou estaduais.

Art.132 – Moção é a proposição por meio da qual se manifesta regozijo,congratulação, pesar, protesto ou sentimento similar.

Art.133 – Autorização é a proposição por meio da qual o prefeitosolicita permissão para se ausentar do Município por mais de 10 dias, o vice-prefeito para se ausentar do Estado pelo mesmo prazo ou ambos, do País, porqualquer prazo.”

4.1.3 – Plenário e Comissões

O Poder Legislativo tem no Plenário seu órgão deliberativo por excelência.Paralelamente a ele, figuram as comissões técnicas, como órgãos de composição maisreduzida, porém de fundamental importância, uma vez que é nelas que os assuntostrazidos à consideração da Casa devem ser examinados com maior cuidado e o maisdetalhadamente possível.

Numa câmara municipal que funcione observando a técnica parlamentar maisadequada, os assuntos em exame são encaminhados a comissões de Vereadores,constituídas de acordo com o Regimento, antes de serem levados a Plenário paradeliberação conclusiva.

Uma vez na comissão, a matéria deve ser distribuída, por seu presidente, a umdos membros. Este é o chamado relator, o qual, depois de examinar o assunto, propõeaos demais membros as conclusões que, no seu entendimento, devem constituir oparecer da comissão sobre a matéria. A opinião do relator, então, se aceita pelamaioria dos membros da comissão, passa a constituir a peça por meio da qual acomissão orienta o Plenário para que este decida sobre a questão.

Desse modo, há impropriedade técnica no texto regimental que estabelece avotação de projeto de lei nas comissões, tanto quanto no Plenário, pois é somenteno Plenário que as proposições devem ser objeto de deliberação. Nas comissões, oque se deve votar é apenas o parecer formulado pelo relator sobre o projeto, oqual, uma vez aprovado, passa a constituir-se em pronunciamento de toda a comissãoe não apenas num voto do relator sobre a matéria. Depois, sim, é que o projeto serávotado, mas pelo Plenário, mediante a orientação do parecer da comissão.

Deve ficar claro, ainda, que o parecer da comissão, exatamente por ser umapeça meramente opinativa, não obriga o Plenário a decidir no mesmo sentido de suaconclusão. A comissão pode opinar, por exemplo, pela aprovação do projeto, e oPlenário poderá rejeitá-lo.

Sem contrariar o que já foi dito, esclareça-se que, em razão do permissivoconstitucional constante do art.60, § 2º, inciso I, da Carta Mineira, é possívelque os textos regimentais estabeleçam a deliberação conclusiva de comissões sobredeterminadas matérias.

O Regimento Interno da Assembléia de Minas, por seus arts.103, 104 e 105,estabelece:

“Art.103 – Compete às comissões permanentes apreciar,conclusivamente, em turno único, as seguintes proposições, ressalvado odisposto no art.104:

I – projetos de lei que versem sobre:a) declaração de utilidade pública;b) denominação de próprios públicos;II – projetos de resolução que tratem de subvenções;III – requerimentos escritos que solicitarem:a) providência a órgão da administração pública;b) manifestação de pesar por falecimento de membro do poder público;c) manifestação de apoio, aplauso, regozijo ou congratulações;d) manifestação de repúdio ou protesto.Parágrafo único – Os requerimentos a que se refere o inciso III

prescindem de parecer.Art.104 – Ao Plenário será devolvido o exame, global ou parcial, do

mérito de proposição apreciada conclusivamente pelas comissões, se, no prazode 48 (quarenta e oito) horas contadas da publicação da decisão no órgãooficial dos Poderes do Estado, houver requerimento de 1/10 (um décimo) dosmembros da Assembléia Legislativa.

§ 1º – Na ocorrência do disposto neste artigo, as emendas apresentadasao projeto ou requerimento poderão receber parecer oral de relator designadoem Plenário.

§ 2º – Concluída a votação, o projeto será encaminhado à Comissão deRedação.

Art.105 – Na tramitação das proposições submetidas à deliberaçãoconclusiva das comissões, serão observadas, no que couber, as disposiçõesregimentais aplicáveis às matérias sujeitas à deliberação do Plenário.”Como se vê, o legislador excepcionou expressamente, no art.103, aqueles casos

que considerou assuntos de análise mais simples e que, por esta razão, poderiamesgotar sua tramitação normalmente nas comissões, sem a necessidade de virem asobrecarregar as pautas de Plenário, ficando este por conta de apreciar matériasmais complexas. E, em seguida, no art.104, abriu a possibilidade de “devolver-se”ao Plenário o exame de tais proposições, na forma ali prevista. Isto é umaindicação clara de que, mesmo nesses casos, o poder de deliberação conclusiva ainda

é do Plenário, que, por meio de um dispositivo regimental, transfere talcompetência às comissões.

Esse tratamento é também dado às comissões parlamentares de inquérito, pelosarts.112 a 114 do mesmo Regimento. Daí se verifica que o fato de a matéria serobjeto de deliberação conclusiva de comissões não significa necessariamente tratar-se de assunto de fácil exame e, muito menos, matéria de menor importância.

De qualquer modo, o que é preciso ficar claro é que somente por disposiçãoexpressa se pode admitir esse tipo de exceção regimental; a regra, repetimos, é adecisão pelo Plenário.

Finalmente, não se pode deixar de mencionar a exceção prevista no art.191 doRegimento Interno da Assembléia Mineira, em que se prevê a rejeição de projeto delei que receba parecer contrário, quanto ao mérito, de todas as comissões a quetenha sido distribuído.

Também neste caso, a proposição é arquivada sem que o Plenário a aprecie. Talcomo nos outros casos, por força de norma regimental expressa. Esta norma, aliás,constitui disposição que se vem repetindo em sucessivos diplomas regimentais daAssembléia Legislativa de Minas e que encontra fórmulas equivalentes em outrosdiplomas internos hoje em vigor. A título de exemplo, cite-se o disposto no art.133do Regimento Interno da Câmara dos Deputados.

4.1.4 – Turnos processuaisA maioria dos diplomas regimentais, tanto nos Estados como nos Municípios,

segue o princípio, consagrado em ambas as Casas do Congresso, da forma deprocedimento complexa para o exame das proposições. Por esse sistema, estabelecem-se duas ou três fases processuais, nas quais o assunto é analisado pelas comissõese votado pelo Plenário.

Tais fases intitulam-se geralmente turnos, como se vê nos Regimentos Internosdo Senado Federal, da Câmara dos Deputados e da Assembléia mineira e em numerososoutros textos, tanto estaduais como municipais. Embora o tratamento deste aspectodos procedimentos legislativos não seja uniforme nesses diplomas, verifica-se que aorigem de tal fórmula repetitiva está na preocupação com a retificação de enganos,o preenchimento de lacunas, o aperfeiçoamento e, até mesmo, a adequação a possíveisfatos supervenientes.

Os dois ou três turnos, portanto, não devem ser uma repetição pura e simplesde procedimentos, mas sim fases processuais sucessivas, nas quais o exame damatéria caminhe para a frente, no sentido de seu objetivo final.

Por esta razão, o Regimento Interno da Assembléia Legislativa de Minasestabelece tratamento diferenciado para o exame das proposições nos dois diferentesturnos, reduzindo a apenas uma a comissão que emite parecer no segundo turno, bemcomo limitando, neste, as possibilidades de apresentação de emendas. Essasdiferenças têm o objetivo de fazer com que o reexame constitua apenas umaoportunidade de aperfeiçoamento, o que não impede que uma proposição aprovada emprimeiro turno seja rejeitada no segundo.

A este propósito, veja-se o que dispõe o art.189 do Regimento:“Art.189 – Aprovado em 1º turno, o projeto será despachado à comissão

competente, a fim de receber parecer para o 2º turno.§ 1º – Quando houver emendas aprovadas, o parecer conterá a redação do

vencido.§ 2º – No 2º turno, o projeto sujeita-se aos prazos e às formalidades

do 1º turno, não se admitindo emenda que contenha matéria prejudicada ourejeitada.

§ 3º – A emenda contendo matéria nova só será admitida, no 2º turno,por acordo de Lideranças e desde que pertinente à proposição.

§ 4º – A emenda, no 2º turno, é votada independentemente de parecer decomissão, podendo ser despachada pelo Presidente à comissão competente, deofício ou a requerimento do Colégio de Líderes, ou ainda a requerimento deDeputado, aprovado pelo Plenário, ressalvado o disposto no inciso III do art.297.

§ 5º – Concluída a votação, o projeto é remetido à Comissão deRedação.”

É necessário ainda esclarecer o significado da expressão redação do vencido,que encontramos no § 1º do artigo transcrito. E isto porque não são poucas asdúvidas que a expressão tem provocado, daí decorrendo inclusive confusão com oconceito de voto vencido, que tem sentido quase que oposto ao daquela.

Por vencido entende-se o texto de proposição resultante de votação peloPlenário, em que se verifique a aprovação de emendas. Então, sempre que a redaçãooriginal de uma proposição dá lugar a uma outra, em virtude de modificaçõesintroduzidas por via da aprovação de emendas, esta nova redação, este novo texto,constitui o vencido.

Já voto vencido é o pronunciamento de caráter opinativo que não consegueaprovação, quando do exame de determinada matéria nas comissões.

Se uma comissão se reúne para decidir sobre o parecer proposto pelo relatordesignado, e esse parecer é rejeitado, aí temos um caso de voto vencido (art.139,parágrafo único, do Regimento Interno da Assembléia de Minas).

4.1.5 – Quorum

Em virtude das dúvidas que a questão do quorum tem provocado, não apenasentre Vereadores que procuram as assessorias da Assembléia, mas até mesmo entreDeputados e assessores, entendemos ser interessante fazermos alguns esclarecimentossobre o tema. Vamos começar pelos conceitos de maioria simples e maioria absoluta.

O art.47 da Constituição Federal, que corresponde ao art.55 da Constituiçãodo Estado, estabelece que as deliberações das Casas do Congresso serão tomadas pormaioria de votos, devendo estar presente a maioria de seus membros, exceto noscasos expressamente previstos na Constituição.

Aí está o princípio a ser observado pelos Estados, em relação às AssembléiasLegislativas, e pelos Municípios, no tocante às Câmaras Municipais. É o princípioda deliberação por maioria simples,ou seja, se estiver presente mais da metade dosmembros da Casa, o maior número de votos dados, num sentido ou noutro, define oresultado da votação.

E o que vem a ser então o quorum de maioria absoluta? É o de mais da metadede todos os membros da Casa Legislativa e não apenas dos presentes.

Para eliminar dúvidas que porventura persistam quanto ao cálculo do númerocorrespondente à expressão maioria, seja absoluta ou simples, transcrevemos o que,a propósito, estabelece o art.251 do Regimento Interno desta Assembléia:

“Art.251 – A determinação de quorum será feita do seguinte modo:I – o quorum da maioria absoluta, em composição ímpar da Assembléia,

obter-se-á acrescentando-se uma unidade ao número de Deputados e dividindo-seo resultado por dois;

II – o quorum de um terço obter-se-á:a) dividindo-se por três, acrescido de uma ou duas unidades, o número

de Deputados, se este não for múltiplo de três;III – o quorum de dois terços obter-se-á multiplicando-se por dois o

resultado obtido segundo os critérios estabelecidos no inciso anterior;IV – o quorum de três quintos obter-se-á: dividindo-se por cinco o

número de Deputados, se este for múltiplo de cinco, e multiplicando-se oquociente obtido por três; dividindo-se por cinco, acrescido das unidadesnecessárias, o número de Deputados, se este não for múltiplo de cinco, emultiplicando-se o quociente obtido por três”.Assim sendo, enquanto, numa Câmara de nove membros, as votações, em regra,

podem decidir-se por apenas três votos (o que corresponde a mais da metade dospresentes, estando presente mais da metade dos membros todos), aquelas outrasvotações, nas quais seja obrigatória a maioria absoluta para a aprovação damatéria, somente poderão resultar em aprovação se, pelo menos, cinco Vereadoresvotarem a favor da proposição. Se quatro Vereadores votarem a favor e um, contra,estará rejeitada a proposição.

Fica claro, portanto, que o conceito de quorum se aplica tanto ao número depresentes quanto ao número de votantes ou de votos, neste ou naquele sentido, nãose podendo falar, obviamente, em maioria simples, quando a questão se referir aonúmero de presenças. Maioria simples é um conceito que somente se aplica avotações.

Também quanto ao processo de votação a ser utilizado nas deliberações porquorum qualificado, importa fazer algumas considerações.

O Regimento Interno da Assembléia de Minas prevê, por seu art.258, serem trêsos processos de votação: o simbólico, o nominal e o processo por escrutíniosecreto. Eis o texto do citado dispositivo:

“Art.258 – São 3 (três) os processos de votação:I – simbólico;II – nominal;III – por escrutínio secreto”.

Pelo fato de as Câmaras Municipais nem sempre seguirem esse sistema (e, atítulo de exemplo, citamos o Regimento Interno da Câmara Municipal de Poços deCaldas, que, no seu art.201, somente prevê os processos simbólico e nominal), éindispensável fazer com que a Lei Interna disponha de, pelo menos, um processo quepermita a verificação, sem deixar dúvidas, do atendimento da condição mínima, que éo quorum qualificado. E isto porque, principalmente nas Câmaras de composiçãonumerosa, a votação pelo processo simbólico (que, via de regra, aponta a decisãoapenas pela atitude dos votantes) pode fazer com que seja impossível registrar emata a observância da condição.

Assim, esta observação se aplica não apenas à deliberação sobre propostas deemenda à Lei Orgânica, mas também à votação de qualquer outra proposição queimplique quorum qualificado.

Nunca é demais lembrar que o mesmo processo observado na deliberação sobre aproposição principal vale também para as acessórias, inclusive os chamadosincidentes processuais. É o caso das emendas e dos requerimentos que, porventura,incidam sobre a apreciação da matéria principal, tais como pedidos de adiamento devotação, votação por partes, votação por determinado processo, etc.

Para facilitar a solução do problema acima exposto (a elaboração de normasregimentais que disciplinem os processos de votação, de tal maneira que oatendimento do quorum qualificado fique comprovado na ata dos trabalhos),relacionamos, a seguir, os casos hoje existentes de matérias que exigem o quorumqualificado:

Casos Quorum exigido Fonte legal1 – Elaboração da Lei Orgânica 2/3 CR/88, art. 29, caput2 – Alteração da Lei Orgânica 2/3 CR/88, art. 29, caput3 – Rejeição do veto oposto peloPrefeito

Maioria absoluta CR/88, art. 66, § 4º

4 – Aprovação da Lei Complementar Maria absoluta CR/88, art. 695 – Parecer prévio 2/3 CR/88, art. 31, § 2º

No que se refere ao quorum qualificado para a votação da proposta de emenda àLei Orgânica, o qual decorre do disposto no art. 29 da Constituição da República,é bom frisar que a condição fundamental a ser observada pelo legislador municipalé a de que só com o voto favorável de, no mínimo, dois terços dos membros da Câmaraestará a proposta aprovada. O que equivale a dizer que , numa Câmara de 9 (nove)Vereadores, por exemplo, se uma proposição desta natureza for votada por 6 (seis)Vereadores (2/3 dos membros da Câmara) e obtiver o voto favorável à sua aprovaçãode, apenas, 5(cinco), com 1 (um) Vereador votando contra, a proposta deverá serdeclarada REJEITADA. E isto porque, tendo sido de 2/3 dos membros da Câmara onúmero de votantes, a votação terá sido válida, porque realizada com a observânciado quorum qualificado, e a proposição não terá sido aprovada, por não ter obtido onúmero mínimo, exigido pela Constituição, de votos a seu favor.

4.1.6 – Participação Popular Direta

O Constituinte Federal de 1988 implantou, no texto da Carta Magna, formas departicipação popular direta, que atribuem ao regime político vigente o caráter de

democracia semidireta. Aliás, é norma expressa da própria Constituição Federal:“Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos oudiretamente, nos termos desta Constituição” (art.1º, parágrafo único).

A participação direta ocorre pela iniciativa popular de proposições denatureza variada: projetos de lei e petições diversas, além da presença do povo notrabalho das comissões técnicas.

No que diz respeito aos projetos de lei, a iniciativa popular se dá, noâmbito municipal, quando o projeto apresentado à Câmara é assinado por cinco porcento, no mínimo, do eleitorado municipal, devendo o texto ficar restrito a matériade interesse específico do Município, da cidade ou de bairros (art.29, inciso XIII,da Constituição Federal).

Esta é, sem dúvida, a modalidade mais eloqüente na caracterização daparticipação popular direta, mas é inquestionável a importância que, por suaspossibilidades futuras, apresenta também a participação do Município nas audiênciaspúblicas regionais das comissões permanentes da Assembléia, cuja finalidade ésubsidiar o processo legislativo.

Previstas no inciso III do § 2º do art.60 da Constituição Mineira, asaudiências foram tratadas no inciso VI do art.100 e no Capítulo III do Título VIIIdo Regimento Interno da Assembléia; na Resolução nº 5.117, de 13 de julho de 1992,que contém normas regimentais complementares sobre a matéria; na Deliberação daMesa nº 856/93, que regulamenta a citada resolução.

Com a promulgação da Emenda à Constituição nº 12, de 1º de setembro de 1994,foram acrescentados ao art. 157 da Constituição do Estado os §§ 5º, 6º e 7º , nostermos dos quais a realização de audiências públicas regionais foi disciplinadapela Lei nº 11.745, de 16 de janeiro de 1995, alterada pela Lei nº 12.997, de 30 dejulho de 1998.

O citado § 5º do art.157 da Constituição do Estado passou a vigorar com aredação dada pela Emenda à Constituição nº 25, de 7 de julho de 1997, a qual veio aser alterada pela Emenda à Constituição nº 36, de 29 de dezembro de 1998, que, alémdisso, alterou o § 6º e suprimiu o § 7º do mesmo art.157.

Entre as inovações trazidas à matéria pela recente legislação, devem-sedestacar:

a) a prioridade atribuída, em audiência pública regional, realizadabienalmente, para subsidiar a elaboração do Plano Mineiro de DesenvolvimentoIntegrado, do Plano Plurianual de Ação Governamental e da proposta orçamentáriaanual, às propostas resultantes de audiências públicas municipais realizadas pelospoderes públicos locais, nos termos de regulamentação;

b) a participação do Tribunal de Contas e dos Poderes Judiciário e Executivona audiência pública supra-referida, com vistas à prestação de informações e àcoleta de subsídios para as ações pertinentes a seus respectivos âmbitos decompetência.

Por força da citada Emenda à Constituição nº 36, outros dispositivosconstitucionais passaram a assegurar aos programas e projetos priorizados emaudiências públicas regionais tratamento privilegiado, sob vários aspectos,incluídos os referentes à fiscalização e aos controles, bem assim à previsão e àexecução orçamentárias.

Nos termos do § 2º do art.3º da Resolução nº 5.117/92, “o apoio à realizaçãoda audiência pública regional poderá ser encargo das municipalidades componentesda macrorregião, mediante convênio firmado com a Assembléia Legislativa”,estabelecendo o § 3º do mesmo artigo que “as audiências públicas regionais serãorealizadas, preferencialmente, na Câmara Municipal”.

Além de assegurar ampla e efetiva participação da sociedade civil ematividades ligadas à elaboração legislativa, a audiência pública regional é valiosoinstrumento de unificação e fortalecimento dos Poderes do Estado e do Município.

Já quanto às petições populares, o art.60 da Carta Mineira, pelo inciso V deseu § 2º, faz incluir, no rol das atribuições das comissões da Assembléia, orecebimento de pedidos subscritos por qualquer pessoa – e não apenas porrepresentantes das municipalidades ou de entidades outras – podendo tratar, entreoutras questões, de reclamação, representação ou queixa contra ato ou omissão deautoridade ou entidade públicas estaduais.

Verifica-se, portanto, que, já a partir da Constituição da República, oordenamento jurídico vigente se orienta no sentido de fortalecer o Poder

Legislativo em todos os seus níveis, não apenas pela devolução de atribuições aoCongresso, às Assembléias e às Câmaras, como também pela previsão de formas deatuação integrada dessas entidades e, como se viu, da participação popular direta.

4.2 – Função deliberativa

No exercício da função meramente deliberativa, a Câmara trata de matérias desua competência exclusiva, previstas na Lei Orgânica própria, expedindo atos deaprovação, de autorização, de fixação de situações ou de julgamento técnico,consubstanciados em decreto legislativo ou em resolução, que independem de sançãodo Prefeito. Em geral, como já se assinalou, as resoluções dispõem sobre matériasde interesse interno da Câmara, e os decretos legislativos, sobre as matérias desua competência exclusiva que produzam efeitos externos ou internos.

4.3 – Função fiscalizadoraA função fiscalizadora da Câmara é exercida mediante mecanismos diversos,

como, por exemplo:a) pedido de informações ao Prefeito;b) convocação de auxiliares diretos deste;c) investigação mediante comissão parlamentar de inquérito;d) tomada e julgamento das contas do Prefeito, só podendo ser rejeitado o

parecer prévio do Tribunal de Contas competente pelo voto de dois terços dosmembros da Câmara;

e) acolhimento de petição, reclamação, representação ou queixa de qualquerpessoa contra ato ou omissão de autoridade ou entidade públicas e de outras formasde manifestação da sociedade civil;

f) exercício, no âmbito de sua competência, da fiscalização e do controle dosatos do Executivo, incluídos os da Administração Indireta.

4.3.1 – Comissão Parlamentar de Inquérito

Ensina o Prof. JOSÉ ALFREDO DE OLIVEIRA BARACHO: “... a missão do PoderLegislativo, por força das disposições constitucionais e da Teoria do EstadoDemocrático, está ligada à sua responsabilidade política de vigilância sobre osfatores que contribuem para que a máquina do estado não seja objeto de negligência,desonestidade, incompetência, desmandos e prepotência. O Poder Legislativo dispõede instrumentos hábeis para o saneamento das atividades administrativas: asComissões Parlamentares de Inquérito e os Tribunais de Contas” (in Teoria geral dascomissões parlamentares – comissões parlamentares de inquérito. Rio de Janeiro:Forense, 1988, p. 1).

A Comissão Parlamentar de Inquérito – CPI –, também chamada ComissãoLegislativa de Inquérito ou Comissão Especial de Inquérito, é comissão temporária,criada para a apuração de fato determinado e por prazo certo.

Encontrando sua fonte primária no § 3º do art.58 da Constituição Federal, asComissões Parlamentares de Inquérito têm poderes de investigação próprios dasautoridades judiciais, além de outros previstos no Regimento Interno (ou na LeiOrgânica do Município), e são criadas mediante requerimento de um terço dos membrosda Casa Legislativa, para a apuração de fato determinado e por prazo certo, sendosuas conclusões, se for o caso, encaminhadas ao Ministério Público, ou a outraautoridade competente, para que se promova a responsabilidade civil, criminal ouadministrativa do infrator.

O Regimento Interno da Assembléia Mineira, no seu art. 112, § 1º, conceituafato determinado:

“Art.112– ....................................................................

§ 1º – Considera-se fato determinado o acontecimento de relevanteinteresse para a vida pública e para a ordem constitucional, legal, econômica

e social do Estado, que demande investigação, elucidação e fiscalização eesteja devidamente caracterizado no requerimento que deu origem à comissão”.No desenvolvimento dos trabalhos da CPI, tem de ser observada, no que couber,

a legislação específica. No que se refere ao procedimento, a Lei Federal nº 1.579,de 18 de março de 1952, e as normas contidas no Código de Processo Penal sãoaplicadas subsidiariamente.

A criação da CPI é automática, conforme se depreende dos dispositivosconstitucionais referentes ao assunto: solicitada por, no mínimo, um terço dosVereadores e atendidos os demais requisitos constitucionais e regimentais, caberáao Presidente da Câmara receber o requerimento, despachá-lo a publicação e,mediante indicação das Lideranças, observada, tanto quanto possível, arepresentação proporcional dos partidos, constituir a Comissão, indicando o fatodeterminado a ser objeto de apuração e fixando prazo certo para a conclusão dostrabalhos.

JOSÉ NILO DE CASTRO afirma que a criação da CPI “é, na verdade, o exercíciode uma franquia democrática, assegurada à minoria nos parlamentos” e observa:“Seria desastroso, para a democracia, subordinar a criação de CPI à deliberação damaioria, pois, o mais das vezes, tal fato tornaria impraticável a instituição desseinstrumento de controle eficientíssimo. Subordiná-la ao voto da maioria é o mesmoque negá-la, como prerrogativa da minoria” (in A CPI municipal. Belo Horizonte: DelRey, 1993, p. 120-121).

Ademais, dispõe o já citado art.55 da Constituição do Estado, reproduzindo anorma do art.47 da Constituição Federal:

“Art.55 – Salvo disposição constitucional em contrário, as deliberaçõesda Assembléia Legislativa e de suas comissões serão tomadas por maioria devotos, presente a maioria de seus membros”.Se, por exemplo, constar do Regimento Interno, ou da Lei Orgânica, a

exigência de o requerimento de criação de CPI ser submetido à deliberação doPlenário e depender do voto favorável da maioria absoluta, estará sendo adotadoquorum não previsto em disposição constitucional, o que significa descumprir aConstituição.

A respeito das conclusões da CPI municipal, esclarece JOSÉ NILO DE CASTRO:“... não têm a natureza de sentença, não punem, nem podem indicar ou sugerir,considerar estes ou aqueles fatos como crimes comuns, de responsabilidade ouinfrações político-administrativas, capitulando-os. Seus trabalhos são formal emeramente investigatórios” (op. cit., p. 108).

4.3.2 – Fiscalização financeiraA fiscalização contábil, financeira e orçamentária do Município será exercida

pela Câmara nos termos do art.31 da Constituição da República e do art.180 daConstituição mineira.

Eis o texto dos dispositivos mencionados:“Art.31 – A fiscalização do Município será exercida pelo Poder

Legislativo Municipal, mediante controle externo, e pelos sistemas decontrole interno do Poder Executivo Municipal, na forma da lei.

§ 1º – O controle externo da Câmara Municipal será exercido com oauxílio dos Tribunais de Contas dos Estados ou do Município ou dos Conselhosou Tribunais de Contas dos Municípios, onde houver.

§ 2º – O parecer prévio, emitido pelo órgão competente sobre as contasque o Prefeito deve anualmente prestar, só deixará de prevalecer por decisãode dois terços dos membros da Câmara Municipal.

§ 3º – As contas dos Municípios ficarão, durante sessenta dias,anualmente, à disposição de qualquer contribuinte, para exame e apreciação, oqual poderá questionar-lhes a legitimidade, nos termos da lei.

§ 4º – É vedada a criação de Tribunais, Conselhos ou órgãos de ContasMunicipais.”.

...........................................................................................................

“Art.180 – A Câmara Municipal julgará as contas do Prefeito, medianteparecer prévio do Tribunal de Contas, que terá trezentos e sessenta dias deprazo, contados de seu recebimento, para emiti-lo, na forma da lei.

§ 1º – Como procedimento fiscalizador e orientador, o Tribunal deContas realizará habitualmente inspeções locais nas Prefeituras, CâmarasMunicipais e demais órgãos e entidades da administração direta e da indiretados Municípios.

§ 2º – As decisões do Tribunal de Contas de que resulte imputação dedébito ou multa terão eficácia de título executivo.

§ 3º – No primeiro e no último ano de mandato do Prefeito Municipal, oMunicípio enviará ao Tribunal de Contas inventário de todos os seus bensmóveis e imóveis.

§ 4º – O Tribunal de Contas exercerá, em relação ao Município e àsentidades de sua administração indireta, as atribuições previstas no art.76desta Constituição, observado o disposto no art.31 da Constituição daRepública.”.Entre as atribuições estabelecidas para o Tribunal de Contas pelo art.76 da

Constituição do Estado, encontra-se a de “realizar, por iniciativa própria, ou apedido da Assembléia Legislativa ou de comissão sua, inspeção e auditoria denatureza contábil, financeira, orçamentária, operacional e patrimonial em órgão dequalquer dos Poderes e em entidade da administração indireta”.

Deve-se mencionar, ainda, o § 2º do art.77 da Constituição do Estado, o qualprevê uma câmara composta de três Conselheiros, renovável anualmente, para oexercício exclusivo da fiscalização financeira e orçamentária dos Municípios.

4.4 – Função julgadora

No desempenho da função julgadora, quando exerce um juízo político, compete àCâmara Municipal:

a) julgar o Prefeito, o Vice-Prefeito e os Vereadores, nas infraçõespolítico-administrativas previstas em lei federal;

b) decretar a perda do mandato do Prefeito e dos Vereadores, nos casosindicados na Constituição Federal, na Lei Orgânica e na legislação federalaplicável;

c) proceder à tomada de contas do Prefeito quando não apresentadas à Câmaradentro de 60 (sessenta) dias após a abertura da sessão legislativa;

d) julgar as contas do Prefeito e também as da Mesa da Câmara.A rejeição das contas pode ensejar a responsabilização político-

administrativa do Prefeito, do Vice-Prefeito e dos Vereadores, do que poderáresultar cassação de mandato, além da responsabilidade penal ou civil, se for ocaso.

4.4.1 – Crime de responsabilidade e outras infrações

Nos termos do art.29, X, da Constituição da República, o julgamento doPrefeito se faz perante o Tribunal de Justiça. É o que se chama de foroprivilegiado por prerrogativa de função, estabelecido não em consideração à pessoa,mas em razão do cargo ou das funções que exerce.

Estabelece o art.178 da Constituição do Estado de Minas Gerais:“Art.178 – O Prefeito é processado e julgado originariamente pelo

Tribunal de Justiça, nos crimes comuns e nos de responsabilidade.Parágrafo único – Na forma da Lei Orgânica, compete à Câmara Municipal

o julgamento do Prefeito por infração político-administrativa, observada aregra do § 4º do art. 175”.

O art.175, § 4º, por sua vez, diz o seguinte:“Art.175

– .................................................................§ 4º – Ao Vereador será assegurada ampla defesa em processo no qual

seja acusado, observados, entre outros requisitos de validade, ocontraditório, a publicidade e o despacho ou decisão motivados.”.O Tribunal de Justiça julga o Prefeito por crimes de responsabilidade

(Decreto-Lei nº 201, de 27 de fevereiro de 1967, art.1º), crimes comuns (definidos

no Código Penal), contravenções penais (previstas na Lei de Contravenções Penais) eabuso de autoridade (Lei nº 4.898, de 9 de dezembro de 1965).

Esse julgamento não se confunde com o dos atos do Prefeito, atacáveis, porexemplo, por Mandado de Segurança ou Ação Popular, pois a competência para julgá-los, originariamente, é do Juiz de Direito da Comarca.

Como já se verificou, competente para o julgamento das infrações político-administrativas do Prefeito é a própria Câmara Municipal. Segundo a lição de JOSÉNILO DE CASTRO, essas infrações “provêm de violação de deveres éticos, funcionais egovernamentais locais, cujo objetivo é a perda do mandato eletivo, que se pode darpela cassação e extinção” (in Direito municipal positivo.3.ed. Belo Horizonte: DelRey, 1996, p. 346).

Os crimes de responsabilidade previstos no Decreto-Lei nº 201/67 são crimespróprios do Chefe do Executivo Municipal. Entretanto, os Vereadores podem ser co-autores desses crimes, caso em que se sujeitarão a competente processo ejulgamento.

Pela prática de crimes comuns, contravenções penais e crimes eleitorais,previstos, respectivamente, no Código Penal, na Lei de Contravenções Penais e noCódigo Eleitoral, os Vereadores serão submetidos a processo e julgamento pelo PoderJudiciário. No que se refere aos crimes funcionais, ou seja, aos cometidos noexercício de suas funções, os Vereadores são equiparados aos funcionários públicos,conforme definição do art.327 do Código Penal:

“Art.327 – Considera-se funcionário público, para os efeitos penais,quem, embora transitoriamente ou sem remuneração, exerce cargo, emprego oufunção pública”.A prática de infração político-administrativa, de que trata o art.7º do

Decreto-Lei nº 201/67, pode resultar na cassação de mandato de Vereador. Os casosde extinção de mandato estão previstos no art.8º desse mesmo decreto-lei.

Deve-se atentar para a diferença entre cassação e extinção de mandato: aprimeira é ato constitutivo, de competência do Plenário da Câmara; a segunda é atodeclaratório, de competência da Mesa da Câmara.

Num e noutro caso, o julgamento compete exclusivamente à Câmara Municipal. OPoder Judiciário só agirá quando provocado e o seu papel é somente o de apreciar aregularidade do procedimento, sem entrar no mérito da punição.

4.5 – Função político-parlamentar

O mandato político representativo constitui o elemento básico da democraciaindireta ou representativa, ou seja, aquela em que o poder, cujo titular é o povo,é exercido, em seu nome, por seus representantes periodicamente eleitos. Em razãodisso, os Vereadores, à semelhança dos parlamentares estaduais e federais, exercema representação popular.

Segundo lembra JOSÉ AFONSO DA SILVA, a evolução do processo político, pelaincorporação de outros elementos à democracia representativa, vem promovendo umarelação mais estreita entre os mandatários e o povo, por meio dos “instrumentos decoordenação e expressão da vontade popular: partidos políticos, sindicatos,associações políticas, comunidades de base, imprensa livre, de tal sorte que aopinião pública – expressão da cidadania – acaba exercendo um papel muitoimportante no sentido de que os eleitos prestem mais atenção às reivindicações dopovo, mormente às de suas bases eleitorais” (in Curso de direito constitucionalpositivo. 13.ed.São Paulo: Malheiros, 1997, p.140).

Além desses instrumentos, podem-se apontar, como recursos institucionaisdisponíveis para o exercício da função político-parlamentar: a tribuna da Câmara,os acordos de Lideranças, as audiências públicas com entidades da sociedade civil,as comissões destinadas à representação da Câmara em atos públicos, aproporcionalidade da participação, na constituição da Mesa e na de cada comissão,dos partidos políticos ou dos blocos parlamentares representados na Câmara.

4.5.1 – Conflitos sociais

Nos dias atuais, a função político-parlamentar vem-se destacando nasatividades das Casas Legislativas das três esferas de poder, principalmente por umaspecto. É que, especialmente no exercício desta função, os parlamentos têm-seconstituído, cada vez mais, no local adequado para a solução dos conflitos quesurgem entre os diversos segmentos da sociedade.

Um povo que consegue erigir instituições por via das quais se resolvam taisconflitos, de maneira civilizada e pacífica, protege-se, sem dúvida, do perigo deresvalar para formas traumáticas de solução que a ninguém podem mais interessar,pois a História já nos mostra, e com grande clareza, que, antes de se constituíremem solução, estas formas se caracterizam, muito mais, como novos problemas que sesuperpõem àqueles que se pretende resolver. É o caso da luta armada entre classessociais ou entre nações, como se vê hoje em diversas regiões de continentes tãodiversos quanto Europa, África, Ásia e América.

5 – PRERROGATIVAS E LIMITES DE ATUAÇÃO DOS VEREADORES

Como garantia da independência da Instituição Parlamentar, são asseguradasprerrogativas aos membros do Poder Legislativo. No que concerne aos Vereadores, éexpressamente estabelecida, na Constituição da República, a inviolabilidade poropiniões, palavras e votos no exercício do mandato e na circunscrição do Município,o que significa imunidade material: o fato típico deixa de constituir crime, porquea norma constitucional afasta, no caso, a incidência da norma penal. Ainviolabilidade do Vereador exclui tão-somente o chamado crime de opinião, acasopraticado por ele, na circunscrição do Município. Não se aplica ao Vereador, porém,a imunidade formal, que é prerrogativa processual, reconhecida apenas aos membrosdo Congresso Nacional e aos das Assembléias Legislativas.

A respeito dos limites à atuação do Legislativo Municipal, ensina HELY LOPESMEIRELLES que “não podem os municípios criar direitos, nem conceder poderes, nemrestringir prerrogativas contra o texto das Constituições Federal e Estadual, poisas Cartas Próprias visam apenas discriminar e regulamentar as funções municipais”(apud DUMONT, Cícero. Lei orgânica municipal – Roteiro para a sua elaboração. BeloHorizonte: Imprensa Oficial, 1989, p. 19).

O legislador municipal deve observar os princípios constitucionais, federaise estaduais, podendo, em determinados casos, desdobrá-los e complementá-los.

O Município há de exercer sua competência sem invasão das áreas reservadasaos demais entes da Federação. Assim, o Vereador deve estar atento às matérias decompetência exclusiva da União (art.21 da Constituição da República); às matériasde competência privativa da União (art.22); às matérias de competência concorrenteda União, dos Estados e do Distrito Federal (art.24).

Ademais, constitui orientação para atuação da Câmara Municipal a atribuição,ao Prefeito, da iniciativa exclusiva de determinadas matérias.

No âmbito do Legislativo Municipal, existem limites à ação do Vereador, noque se refere à apresentação de proposições de caráter político, processual,legislativo ou administrativo cuja iniciativa seja atribuída exclusivamente à Mesada Câmara.

Os mecanismos postos à disposição do Legislativo Municipal, permitindo-lheexercer, ativa e eficazmente, as novas atribuições que lhe são conferidas pelasConstituições da República e do Estado e pela Lei Orgânica do Município,contribuirão, sem dúvida, para a efetiva retomada de suas prerrogativas e para aconsecução dos seus fins institucionais.

6 – NOÇÕES DE TÉCNICA LEGISLATIVA

Para orientação às Câmaras no processo de elaboração das leis municipais,reproduzimos as normas adotadas na Assembléia Legislativa do Estado para a redaçãode projetos de lei e outras proposições e apresentamos modelos de alguns deles.

A adoção dessas normas no âmbito municipal possibilitará a uniformização daredação legislativa e, como conseqüência, facilitará o trabalho do intérprete.

Quanto às fórmulas contidas nos modelos apresentados no ítem 8, devem seradaptadas, no que couber, ao disposto na Lei Orgânica do Município e no RegimentoInterno da Câmara Municipal, observada sempre a competência do Município em relaçãoàs matérias a serem objeto das diversas proposições.

6.1 Conceito de Técnica Legislativa

Em sentido amplo, a técnica legislativa abrange todo o processo evolutivo deelaboração das leis, compreendendo as fases de iniciativa, elaboração, discussão,votação, sanção, promulgação, publicação e período de vacatio (o compreendido entrea data da publicação da lei e a do início da sua vigência, quando as duas datas nãocoincidem).

A técnica legislativa no sentido estrito é a arte de montagem do texto legal.

6.2 – Princípios a serem observados na elaboração do texto legalA técnica legislativa stricto sensu pressupõe o conhecimento das qualidades

essenciais de estilo, especialmente a correção, a clareza, a concisão e a harmonia,podendo-se acrescentar a originalidade, que, no caso, se restringe à justificaçãoda proposição.

Dentre os princípios que presidem à elaboração do texto legal, podemosdestacar os seguintes:

1 – A redação do texto deve ser clara e precisa, obedecendo à ordem lógica.2 – Deve haver ementa enunciativa do objeto em destaque, à direita do papel,

logo abaixo do título e data.3 – O contexto desdobra-se em artigos, cada um dos quais deve tratar de um

único assunto.4 – Na numeração dos artigos e dos parágrafos, usam-se algarismos arábicos,

sendo numerais ordinais até o nono artigo (art.1º, art.9.º) e, a partir daí,numerais cardinais (art.10., art.11. etc.).

5 – O artigo conterá, exclusivamente, a norma geral, o princípio, reservando-se aos parágrafos as medidas complementares e as exceções.

6 – A palavra artigo deve ser abreviada, quando seguida do respectivo número,usando-se art. para o singular e arts. para o plural, escrevendo-se, nos demaiscasos, por extenso.

7 – Deve-se abreviar a palavra parágrafo com o sinal”§” para o singular, ou“§§” para o plural, sempre que seguida do respectivo número, usando-se a expressão“parágrafo único”, por extenso, se o artigo contiver um só parágrafo; o parágrafopertence sempre a artigo, jamais a inciso ou alínea.

8 – Não serão usadas abreviaturas nem siglas nas referências às pessoasjurídicas, salvo quando consagradas pelo direito ou conhecidas e generalizadas portodo o território nacional, mas, ainda em tais casos, deve-se escrever por extensoa primeira referência ao nome e, a seguir, a sigla, entre parênteses.

9 – Quando o assunto comportar discriminações, o enunciado constará doartigo, e os elementos de discriminação serão apresentados sob a forma de incisos.

10 – Quando os artigos se sucederem, tratando de assuntos heterogêneos, deve-se manter, tanto quanto possível, a uniformidade inicial dos verbos.

11 – O texto legal não comporta expressões esclarecedoras, tais como: ouseja, isto é, por exemplo, v.g. e outras equivalentes.

12 – Devem-se empregar termos que tenham o mesmo sentido e significado nomaior espaço territorial possível, evitando-se as expressões locais e regionais, anão ser que o ato legislativo tenha caráter restrito e não haja possibilidade deposterior ampliação do seu campo de incidência.

13 – As expressões devem ser usadas em seu sentido comum, exceto quando setratar de assunto técnico, ressalvada, em qualquer circunstância, a observância doestilo jurídico.

14 – As frases devem reduzir-se ao mínimo possível, sem prejuízo da idéiafinalística.

15 – Quando se tratar de um ato extenso, aos primeiros artigos devem serreservadas a definição do objetivo deste e a limitação do seu campo de aplicação.

16 – Nos diversos artigos de um mesmo texto legal, deve-se exprimir a mesmaidéia por palavras idênticas, evitando-se a sinonímia.

17 – O legislador deve evitar o emprego de expressões com sentido radical,como, por exemplo, “dispõe definitivamente”, “aplica-se a todos os casos” ou“somente se aplica a tais pessoas”, etc.

18 – Antes de redigido o artigo, devem ser cuidadosamente examinadas eselecionadas as matérias a serem tratadas no ato legislativo.

19 – Deve-se escrever por extenso, entre parênteses, a expressãocorrespondente à indicação de importância em dinheiro ou de percentagem, constantedo contexto.

20 – Deve-se dar preferência à forma positiva, ao singular, à terceirapessoa, à determinação do sujeito.

6.3 – Elementos constitutivos de um Projeto de Lei6.3.1 – Cabeçalho ou preâmbulo

Pode-se entender por cabeçalho ou preâmbulo a parte inicial de uma lei, nãoincluída no texto, mas destinada a identificar o ato na ordem legislativa, atravésdo tempo e do espaço.

Subdivide-se em:

6.3.1.1 – EpígrafeIndicação da espécie da proposição, do número de ordem e do ano de

apresentação.

6.3.1.2 – EmentaResumo claro, fiel e conciso do conteúdo do projeto, devendo, no caso de

alteração de dispositivo de lei, fazer referência a ele, transcrevendo a ementa dalei modificada.

6.3.2 – Fórmula de promulgaçãoDá-se o nome de fórmula de promulgação ao órgão legiferante, que, no uso de

atribuição ou competência constitucional, baixa determinado ato, e à ordem deexecução, que se expressa por uma forma verbal, como “decreta”, “sanciona”,“aprova”, “promulga”, conforme o tipo ou a fase de tramitação da proposição.

6.3.3 – ContextoCompreende a matéria de que trata a proposição, dividindo-se em artigos e

podendo subdividir-se em parágrafos, incisos, alíneas e itens.No art.160 da Constituição do Estado, abaixo transcrito, encontram-se as

diversas espécies de dispositivos em que pode subdividir-se um artigo:“Art.160 – Os projetos de lei relativos a plano plurianual, às

diretrizes orçamentárias, ao orçamento anual e a crédito adicional serãoapreciados pela Assembléia Legislativa, observado o seguinte:

I – caberá à Comissão Permanente de Fiscalização Financeira eOrçamentária da Assembléia Legislativa:

a) examinar e emitir parecer sobre os projetos de que trata este artigoe sobre as contas apresentadas anualmente pelo Governador do Estado;

b) examinar e emitir parecer sobre os planos e programas estaduais,regionais e setoriais previstos nesta Constituição, e exercer oacompanhamento e a fiscalização orçamentários, sem prejuízo da atuação dasdemais comissões da Assembléia Legislativa;

II – as emendas serão apresentadas na Comissão indicada no inciso I, aqual sobre elas emitirá parecer, e apreciadas, na forma regimental, peloPlenário da Assembléia Legislativa;

III – as emendas ao projeto da lei do orçamento anual ou a projeto quea modifique somente podem ser aprovadas caso:

a) sejam compatíveis com o plano plurianual e com a Lei de DiretrizesOrçamentárias;

b) indiquem os recursos necessários, admitidos apenas os provenientesde anulação de despesa, excluídas as que incidam sobre:

1) dotação para pessoal e seus encargos;2) serviço da dívida;3) transferência tributária constitucional para Município; ouc) sejam relacionadas:1) com a correção de erro ou omissão; ou2) com as disposições do projeto de lei.§ 1.º – O Governador do Estado poderá enviar mensagem à Assembléia

Legislativa, para propor modificação nos projetos a que se refere esteartigo, enquanto não iniciada, na Comissão a que se refere o inciso I, avotação da parte cuja alteração for proposta.

§ 2.º – Os projetos de lei do plano plurianual, das diretrizesorçamentárias e do orçamento anual serão enviados pelo Governador do Estado àAssembléia Legislativa, nos termos da lei complementar a que se refere o art.159.

§ 3.º – Os recursos que, em decorrência de veto, emenda ou rejeição doprojeto de lei orçamentária anual, ficarem sem despesas correspondentespoderão ser utilizados, conforme o caso, mediante créditos especiais ousuplementares, com prévia e específica autorização legislativa.”

6.3.3.1 – ArtigoÉ a unidade básica do contexto, à qual se subordinam parágrafos, incisos,

alíneas e itens.

6.3.3.2 – ParágrafoConstitui a imediata divisão de um artigo, sendo complemento aditivo ou

restritivo do caput deste.

6.3.3.3 – IncisoÉ o desdobramento do artigo ou do parágrafo, geralmente destinado a

enumerações.Na numeração dos incisos, usam-se algarismos romanos, seguidos de travessão,empregando-se dois-pontos ( : ) para encerrar a frase do artigo ou do parágrafoprecedente e antes das alíneas em que se desdobre o inciso.

6.3.3.4 – Alínea (ou Letra)Adota-se a alínea (ou letra) para a subdivisão do parágrafo ou do inciso.Trata-se de discriminação feita com as letras do alfabeto, seguidas de

parêntese.6.3.3.5 – Item

Empregado para desdobramento da alínea (ou letra), é indicado por algarismoarábico seguido de parêntese.

6.3.3.6 – Agrupamento dos artigosSendo a unidade do texto de qualquer ato da ordem legislativa, o artigo é o

ponto de partida para a subdivisão ou o agrupamento dos assuntos.Analisada a subdivisão, passemos a tratar do agrupamento, que se faz

necessário quando o grande número de artigos de um ato legislativo exige a

sistematização da matéria, segundo idéias que se correlacionam, dependente enormativamente, como no caso dos códigos.

Adota-se, desse modo, o seguinte critério para o agrupamento das idéias emartigos: a SEÇÃO constitui-se de um conjunto de ARTIGOS; o CAPÍTULO, de um conjuntode SEÇÕES; o TÍTULO, de um conjunto de CAPÍTULOS; o LIVRO, de um conjunto deTÍTULOS.

Sendo necessário o agrupamento dos LIVROS, adotam-se as PARTES denominadasPARTE GERAL e PARTE ESPECIAL ou, excepcionalmente, PARTE PRIMEIRA, PARTE SEGUNDA,etc.

Numeram-se as SEÇÕES, os CAPÍTULOS, os TÍTULOS e os LIVROS com algarismosromanos.

6.3.3.7 -- Disposições complementares e suplementares6.3.3.7.1 -- Disposições Preliminares ou Lei de Introdução

As Disposições Preliminares representam esclarecimentos prévios que localizama lei no tempo e no espaço, apontando seus objetivos, definindo os termos por elaadotados e enunciando os princípios jurídicos e os de aplicação que ela encerra.

Essa parte pode ou não integrar o texto legal. Recebe, além da denominaçãoindicada acima, a de Lei de Introdução, quando não integra o texto.

Seu articulado pode ter numeração própria, quando se tratar de Lei deIntrodução, pois, sendo parte independente do texto legal, sua promulgação podedar-se em separado.

6.3.3.7.2 – Disposições Gerais e Disposições FinaisAs Disposições Gerais representam uma continuação do texto da lei,

englobando, no final desta, os artigos que contenham assuntos de caráter geral,diretamente dependentes ou intimamente relacionados com todo o texto, ou, ainda,seguindo ou precedendo cada um dos diversos grupos de assuntos que justifiquem ouexijam um apêndice contendo medidas de caráter geral, até mesmo de conteúdoregulamentador.

A numeração desses preceitos faz-se em continuação à dos artigos do textolegal.

Sob o rótulo de DISPOSIÇÕES FINAIS, reúnem-se, no final do ato e emcontinuação numérica ao seu articulado, as medidas restantes, de caráter geral ereferentes a todo o texto da lei, visto em seu conjunto.

6.3.3.7.3 – Disposições TransitóriasSão as que tratam de situações que, por seu caráter especial e temporário,

exigem imediata disciplina.

6.3.4 – Cláusula de VigênciaDetermina a data em que a lei entra em vigor.É após a publicação da lei no órgão oficial e o transcurso do prazo

estabelecido para a sua efetiva entrada em vigor que o seu cumprimento se impõe atodos.

6.3.5 – Cláusula RevogatóriaÉ a declaração de que a lei revoga as disposições em contrário.Quando a lei nova revoga integralmente lei anterior, deve fazer menção

expressa e específica à mesma.

6.3.6 – FechoÉ o encerramento da proposição e abrange:a) local (Sala das Reuniões, Sala das Comissões) e data de apresentação; b) nome do autor.

6.3.7 – JustificaçãoConstitui-se dos argumentos expendidos pelo autor da proposição, para

demonstrar a necessidade ou oportunidade desta.

A fundamentação dos projetos de iniciativa do Poder Executivo contém-se naprópria mensagem que os encaminha ao Legislativo.

O Manual de Redação da Presidência da República assim define mensagem: “É oinstrumento de comunicação oficial entre os Chefes dos Poderes Públicos,notadamente as mensagens enviadas pelo Chefe do Poder Executivo ao PoderLegislativo para informar sobre fato da Administração Pública; expor o plano degoverno por ocasião da abertura de sessão legislativa; submeter ao CongressoNacional matérias que dependem de deliberação de suas Casas; apresentar veto;enfim, fazer e agradecer comunicações de tudo quanto seja de interesse dos poderespúblicos e da Nação.”

As diretrizes atualmente adotadas pela Assembléia Legislativa do Estado, noque se refere à técnica legislativa, serão observadas até que lei estadual disponhasobre “a elaboração, redação, alteração e consolidação das leis”, segundo o modelooferecido pela Lei Complementar n.º 95, de 26 de fevereiro de 1998, que regulamentao parágrafo único do art.59 da Constituição da República.

6.4 – EmendaA emenda, proposição acessória já definida e classificada no item 4.1.2.6,

não possui ementa e compõe-se de:a) epígrafe, em que à expressão EMENDA N.º .... se segue a indicação da

espécie e do número da proposição a que ela se refere.b) fórmula pela qual se determina a alteração a ser feita: “Suprima-se ...”,

“Onde se lê ...”, “Leia-se ...”, “Acrescente-se ...”, “Dê-se ao art.... a seguinteredação”.

c) contexto, em que se procede à supressão ou substituição de determinadaexpressão, ou se enuncia o dispositivo a ser acrescentado, ou se dá nova redação adeterminado dispositivo.

d) fecho, que compreende o local (Sala das Reuniões, Sala das Comissões), adata de apresentação e o nome do autor.

e) justificação, em que o autor da emenda expõe as razões da alteraçãoproposta.

6.5 – RequerimentoRequerimento é todo pedido feito por Deputado ou comissão a respeito de

matéria prevista no Regimento Interno.Quanto ao aspecto formal, os requerimentos podem ser escritos ou orais.O requerimento escrito compõe-se de:a) epígrafe, que consiste na palavra REQUERIMENTO, seguida de número nos

casos em que a proposição é sujeita a parecer.b) vocativo, que indica a autoridade a quem é dirigido (Presidente da

Assembléia ou Presidente de Comissão).c) contexto, em que o signatário formula sua solicitação, após as palavras de

praxe: “O Deputado que este subscreve requer a V. Ex.ª, na forma regimental, ...”d) fecho, que compreende o local (Sala das Reuniões, Sala das Comissões), a

data de apresentação e o nome do autor.e) justificação, constituída dos argumentos que demonstram a necessidade ou

oportunidade da medida solicitada. Os requerimentos são geralmente acompanhados defundamentação, mesmo quando não haja exigência regimental nesse sentido.

6.6 – ParecerÉ o pronunciamento de comissão, de caráter opinativo, sobre matéria sujeita a

seu exame, devendo ser escrito em termos explícitos e concluir pela aprovação oupela rejeição da matéria, salvo o da Comissão de Constituição e Justiça, que serestringe ao exame preliminar de constitucionalidade, legalidade e juridicidade.

O parecer escrito compõe-se, em geral, de três partes: relatório,fundamentação e conclusão.

Na redação do parecer, deve-se atentar para o seguinte:a) A epígrafe conterá a palavra PARECER, seguida da indicação da fase ou

turno de discussão, quando for o caso, e da espécie de proposição sobre a qual seráemitido o parecer.

b) Mencionar-se-á a comissão incumbida de examinar a matéria.c) O contexto compreenderá:• RELATÓRIO: exposição da matéria.• FUNDAMENTAÇÃO: parte em que se tecem considerações acerca da matéria em

estudo, demonstrando sua constitucionalidade, legalidade e juridicidade ou aconveniência de sua aprovação ou rejeição, total ou parcial, e, se for o caso, anecessidade de se lhe oferecer substitutivo ou emenda.

• CONCLUSÃO: indicação do sentido do parecer: se é pela constitucionalidade,legalidade e juridicidade ou pela inconstitucionalidade, ilegalidade eantijuridicidade da proposição, no caso de exame preliminar; ou pela aprovação ourejeição, total ou parcial, da matéria, formalizada, se for o caso, em substitutivoou emenda.

d) O fecho compreende o local (Sala das Comissões, Sala das Reuniões daMesa), a data e as assinaturas do Presidente, do Relator e dos demais membros daComissão ou da Mesa.

7 – BIBLIOGRAFIA– BARACHO, José Alfredo de Oliveira. Teoria geral das comissões parlamentares –

comissões parlamentares de inquérito. Rio de Janeiro: Forense, 1988. Teoria geral do federalismo. Rio de Janeiro: Forense, 1986.– Belo Horizonte. Regimento Interno da Câmara Municipal. Belo Horizonte: Câmara

Municipal, 1990 (reorganizado pela Resolução nº 2.013, de 23/07/96).– BRASIL. Congresso. Câmara dos Deputados. Assessoria Legislativa. Normas de

elaboração dos trabalhos da Assessoria Legislativa da Câmara dos Deputados.Brasília: Câmara dos Deputados, Coordenação de Publicações, 1984. 50 p.

– BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil promulgada em 5 de outubrode 1988. 21.ed. atual. e ampl. – São Paulo: Saraiva, 1999.

– BRASIL. Presidência da República. Manual de redação da Presidência da República;Gilmar Ferreira Mendes [et al.]. Brasília: Presidência da República, 1991.

– CASTRO, José Nilo de. A CPI Municipal. Belo Horizonte: Del Rey, 1993.___________________ Direito municipal positivo. 3. ed. Belo Horizonte: Del Rey,

1996.– DUMONT, Cícero. Lei orgânica Municipal-Roteiro para sua elaboração. Belo

Horizonte: Imprensa Oficial, 1989.– FALCÃO, Amilcar Pinto e DIAS, José de Aguiar. Constituição anotada. Ed.José

Konfino, 1956, v.1.– FERREIRA, Pinto. A autonomia política dos municípios. Revista de direito público.

São Paulo: Ed. Revista dos Tribunais, janeiro/março, 1967, v.7._________________Princípios gerais do direito constitucional moderno. 5.ed., São

Paulo: Revista dos Tribunais,1971,t.2.– FREIRE, Natália de Miranda. Noções de técnica legislativa. Cadernos do Simpósio A

Nova Constituição Estadual e o Processo de Elaboração das Leis OrgânicasMunicipais. Belo Horizonte: Assembléia Legislativa do Estado de MinasGerais.n.4,out. 1989.

– HORTA, Raul Machado. Estudos de direito constitucional. Belo Horizonte: DelRey,1995.

____________________ O processo legislativo nas constituições federais brasileiras.Cadernos do Simpósio n.2.Belo Horizonte: Assembléia Legislativa do Estado deMinas Gerais, 1989.

– MEIRELLES, Hely Lopes. Direito administrativo brasileiro. 16.ed. São Paulo: Ed.Revista dos Tribunais, 1991.

– Minas Gerais. Assembléia Legislativa do Estado de Minas Gerais. Manual deInformações Básicas. Belo Horizonte: 1990 (reeditado em 1993 e 1999).

– Minas Gerais. Assembléia Legislativa. Regimento Interno da AssembléiaLegislativa. Belo Horizonte: Assembléia Legislativa do Estado de MinasGerais, 1998. 224 p.

– Minas Gerais. Constituição do Estado de Minas Gerais, de 21.9.1989. 5ªreimpressão. – Belo Horizonte: Assembléia Legislativa, 1998. 271 p.

– Minas Gerais. Decreto nº 12.602, de 29 de abril de 1970.– NOGUEIRA, Ataliba. Teoria do Município . Revista de direito público.- São Paulo:

Ed. Revista dos Tribunais, outubro/dezembro, 1968, v.6.

– PINHEIRO, Hesio Kleber Fernandes. Técnica legislativa; constituições e atosconstitucionais do Brasil . 2. ed. Rio de Janeiro: Freitas Bastos, 1962. 550p.

– SILVA, José Afonso da. Curso de direito constitucional positivo.13. ed. SãoPaulo: Malheiros, 1997

8 – MODELOS DE PROPOSIÇÕES DO PROCESSO LEGISLATIVO MUNICIPALOs modelos a seguir apresentados foram gentilmente cedidos pela Diretoria

Legislativa da Câmara Municipal de Belo Horizonte, tendo sido adaptados parapublicação pela Assembléia Legislativa, por intermédio da Escola do Legislativo.

MODELO DE PROPOSTA DE EMENDA À LEI ORGÂNICAEpígrafe PROPOSTA DE EMENDA À LEI ORGÂNICAEmenta Acrescenta parágrafo ao art. 74 da Lei Orgânica do MunicípioFórmula dePromulgação

A Câmara Municipal de Belo Horizonte decreta:

Contexto Art. 1 º – Fica acrescentado ao art. 74 da Lei Orgânica doMunicípio o seguinte § 3º:

“Art. 74 – ...................§ 3º – Quando da apreciação de recurso ao Plenário, contra adecisão de inconstitucionalidade da proposição, emitido pelaComissão competente, a deliberação da Câmara é tomada por doisterços de seus membros.”

Art. 2º – Esta emenda à Lei Orgânica entra em vigor na data de suapublicação.

Fecho Belo Horizonte, _______de_________________de ________Vereador............

Justificação:Em todas as casas legislativas do país, a Comissão de Legislação e Justiça ou

comissão especial que analisa o aspecto jurídico das proposições tem poder paraarquivar matéria com parecer de inconstitucionalidade. O recurso a esta decisão é,obviamente, garantido ao autor da proposição, mas seu acatamento obedece a normasvariadas, ou seja, por decisão de maioria simples dos presentes em plenário, como éo caso da CMBH, ou exigência de quorum qualificado.

A presente proposta busca o aperfeiçoamento do processo legislativo nesta Casa,com o entendimento de que ele passa pela valorização do trabalho da Comissão deLegislação e Justiça, cuja tarefa regimental primordial é apreciar o “aspectoconstitucional, legal e regimental dos projetos”. É tarefa dos vereadores, comolegítimos representantes do povo garantidos pela Constituição, legislar sobreassuntos de interesse local ou suplementar a Legislação Federal e Estadual no quecouber. Portanto, é essencial que as proposições de lei obedeçam aos princípios elimites constitucionais e aos da Lei Orgânica do Município.

Sabemos, entretanto, que matérias jurídicas podem admitir interpretações eleituras diferenciadas, bem como as proposições de lei podem se originar denecessidades sociais e políticas emergentes ditadas por interesses da coletividadeque merecem ser avaliados além do aspecto jurídico-formal. Com efeito, para secontrapor a um parecer técnico de inconstitucionalidade, é preciso fazê-lo àaltura, devidamente fundamentado e sob o respaldo de um quorum qualificado. Tenho aconvicção de que, adotando quorum qualificado para decidir sobre recurso contrainconstitucionalidade de proposições, estaremos contribuindo para a maioragilidade, respeitabilidade e eficácia dos trabalhos legislativos do conjunto dosvereadores.

PREÂMBULO

Título........: IV – DA ORGANIZAÇÃO DOS PODERESCapítulo.....: I – DO PODER LEGISLATIVOSeção.........: II – Da Câmara MunicipalSubseção....:Artigo.........: 74

TEXTO DO ARTIGOArt. 74 – A Câmara e suas comissões funcionam com a presença, no mínimo, da

maioria de seus membros, e as deliberações são tomadas por maioria de votos dospresentes, salvo os casos previstos nesta Lei Orgânica.

§ 1º – Quando se tratar de matéria relativa a empréstimos ou a concessão deisenções, incentivos e benefícios fiscais e gratuidades nos serviços públicos decompetência do Município, além de outras referidas nesta Lei, as deliberações daCâmara são tomadas por dois terços de seus membros.

(§ 1º com a redação determinada pela Emenda à Lei Orgânica n.º 7, de 26/01/95– art.1º)

§ 2º – Quando estiverem sendo apreciadas proposições, o Presidente somentevotará em caso de escrutínio secreto ou se ocorrer empate nas demais modalidades devotação.

(§ 2º com a redação determinada pela Emenda à Lei Orgânica n.º 8, de 08/03/95– art.2º)

PREÂMBULO

Título......: VII – DO PROCESSO LEGISLATIVOCapítulo...: III – DA VOTAÇÃOSeção.......: I – Disposições GeraisSubseção..:Artigo.......: 144

TEXTO DO ARTIGOArt. 144 – Salvo disposição em contrário da Lei Orgânica, as deliberações doPlenário são tomadas por maioria de votos, presente a maioria dos membros daCâmara.

MODELO DE PROJETO DE RESOLUÇÃO

Epígrafe PROJETO DE RESOLUÇÃO NºEmenta Altera redação do parágrafo único do art. 53 da Resolução nº 1.480,

de 7 de dezembro de 1990, que contém o Regimento Interno da CâmaraMunicipal de Belo Horizonte.

Fórmula dePromulgação

A Câmara Municipal de Belo Horizonte decreta:

Contexto Art. 1 º – Fica alterada a redação do parágrafo único do art. 53 daResolução nº 1.480, de 7 de dezembro de 1990:

“Art. 53 – ...................Parágrafo único – No caso dos incisos I a III caberá recursofundamentado, subscrito por 1/3 ( um terço) dos membros daCâmara ao Plenário, solicitando que o projeto tenha tramitaçãonormal, desde que interposto nos cincos dias úteis seguintes àdistrubição dos avulsos do parcer.”.”

Art. 2º – Esta emenda à Lei Orgânica entra em vigor na data de suapublicação.

Fecho Belo Horizonte, _______de_________________de ________Vereador............

PREÂMBULOTítulo......: V- DAS COMISSÕESCapítulo...: II – DAS COMISSÕES PERMANENTESSeção.......: II – Da Denominação e da CompetênciaSubseção..: Artigo.......: 053

TEXTO DO ARTIGOArt. 53 – Serão considerados conclusivos os pareceres que:I – incidirem sobre projetos que denominem próprios públicos;II – opinarem pela inconstitucionalidade da proposição, quando emitidos pela

Comissão de Legislação e Justiça ou pela comissão especial que apreciar proposta deemenda à Lei Orgânica;

III – opinarem pela rejeição da proposição, desde que assim decidam todas ascomissões permanentes de mérito a que for distribuída ou a comissão especial queapreciar proposta de emenda à Lei Orgânica;

IV – opinarem pela inconstitucionalidade ou pela rejeição da proposição,quando emitidos pela Mesa Diretora.

Parágrafo único – No caso dos incisos I a III caberá recurso ao Plenáriocontra a decisão da comissão, desde que interposto nos cinco dias úteis seguintesà distribuição dos avulsos do parecer.

MODELO DE EMENDA SUPRESSIVA

Epígrafe EMENDA Nº 01 AO PROJETO DE LEI Nº 1114/99Fórmula dePromulgação

Suprima-se o artigo 3º do Projeto de Lei nº 1114/99.

Fecho Belo Horizonte, _______de_________________de ________Vereador............

MODELO DE MENDA ADITIVA

Epígrafe EMENDA Nº 01 AO PROJETO DE LEI Nº 1256/99

Fórmula dePromulgação

Acrescente-se onde couber:

Contexto “ Art. .... A lei de diretrizes orçamentárias de cada ano conteráos planos e programas a serem implementados no ano a que se referirpara melhoria da qualidade na prestação do serviço de saúde e paragarantir o atendimento ao usuário do mesmo serviço nos termosdefinidos por esta Lei.§ 1º – O orçamento de cada no conterá os recursos necessários paragarantir a implementação integral dos planos e programas referidosna caput, bem como anexo demonstrativo do cumprimento da regradeste parágrafo.§ 2º – Os recursos de que trata o parágrafo anterior não poderãoser reduzidos por meio de emenda, durante a fase de tramitação doprojeto de lei orçamentária, ou por meio de decreto de abertura decrédito adicional em favor de outra dotação orçamentária, durante afase de execuçaõ da lei orçamentária.”

Fecho Belo Horizonte, _______de_________________de ________Vereador............

MODELO DE EMENDA SUBSTITUTIVA

Epígrafe EMENDA Nº 01 AO PROJETO DE LEI Nº 1044/99Fórmula dePromulgação

O caput do art. 3º do Projeto de Lei nº 1044/99 passa a ter aseguinte redação:

Contexto “ Art. 3º – Nas áreas em cuja posse provisória o Município de BeloHorizonte foi imitido – declaradas de interesse social, para finsde implantação de programas de moradia popular – descritas no AnexoII desta Lei, e situadas nos Bairros Goiânia, Milionários(Araguaia), Vila Ipiranga, Urucuaia, Dom Silvério e Havaí, deverãoser realizadas as obras de construção das unidades habitacionais,com recursos do FMHP, de acordo com os programas aprovados peloCMH, devendo, para tanto, a URBEL realizar convênios, assinarcontratos, bem como providenciar os demais instrumentos jurídicosnecesários à consecução dos programas.”

Fecho Belo Horizonte, _______de_________________de ________Vereador............

MODELO DE SUBSTITUTIVO

SUBSTITUTIVO Nº 01 AO PROJETO DE LEI Nº 1038/99.

COMISSÃO DE LEGISLAÇÃO E JUSTIÇA

Dispõe sobre propriedade, importação, adoção, comercialização, criação emanutenção de cães das raças que menciona e dá outras providências.

A Câmara Municipal de Belo Horizonte decreta:

Art. 1º – Ficam proibidas, a partir da vigência desta Lei, no Município deBelo Horizonte, a propriedade, a importação, a adoção, a comercialização, a criaçãoe a manutenção de cães das seguintes raças:

I – Pitbull;II – Rottweiler;III – Produto de cruzamento das raças mencionadas nos incisos anteriores.Art. 2º Os atuais proprietários de cães das raças referidas no artigo

anterior ficam obrigados, no prazo de 30 (trinta) dias, contados da data depublicação do Decreto de sua regulamentação, aos seguintes procedimentos:

I – atualizar as vacinas e esterilizar o animal;II – equipar o animal de coleira e mordaça, ao conduzi-lo em lugares

públicos;III – registrar o animal no órgão estadual competente, com atuação no

Município;IV – entregar a sua condução em vias e logradouros públicos, quando for o

caso, a pessoas maiores de dezoito 18 (dezoito) anos.Art. 3º Decorrido o prazo de que trata o artigo anterior, as infrações ao

disposto nesta Lei serão punidas:I – com a perda da propriedade do animal, no caso de infração ao disposto no

inciso I do artigo anterior e no seu art. 1º;II – com a aplicação de multas nos casos dos demais incisos do artigo

anterior.Art. 4º O Regulamento desta Lei definirá:I – o valor das multas de que trata o inciso II do artigo anterior;II – o total de multas a serem aplicadas;III – os prazos que intermediarão a aplicação dessas multas;IV – circunstâncias que definirão a prática reiterada das infrações punidas

com aplicações de multas;V – providência a ser adotada, quando da prática reiterada de que trata o

inciso anterior.Art. 5º – O Executivo regulamentará esta Lei no prazo de 60 (sessenta) dias,

contados da data de sua publicação.Art. 6º- Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.Belo Horizonte, ____ de _______________ de ______.Vereador:.....Relator:.....

MODELO DE PARECER DE REDAÇÃO FINALComissão de Legislação e Justiça

Parecer de redação final sobre o Projeto de Lei n.º 1.025/99

Relatório:O Projeto de Lei n.º 1.025/99, que obriga a afixação de tabuleta informando sobremedicamentos falsificados, de autoria do Vereador César Masci, após ter sidoaprovado conclusivamente nesta Comissão, a ela retorna para elaboração da redaçãofinal.

Fundamentação:Para adequar o texto do Projeto aos requisitos da técnica legislativa, forampromovidas correções de linguagem e forma, sem que isso implicasse prejuízo aoconteúdo, nos termos do art. 156 do Regimento Interno.

Conclusão:Feitas essas considerações, submeto à apreciação da Comissão de Legislação e

Justiça o parecer de redação final do Projeto de Lei n.º 1.025/99.

PROJETO DE LEI N.º 1.025/99

Obriga a afixação de tabuleta informando sobre medicamentos falsificados.

A Câmara Municipal de Belo Horizonte decreta:Art. 1º – Ficam as farmácias, drogarias e demais estabelecimentos que

comercializam medicamentos no Município obrigados a afixar, em local de fácilvisualização pelos clientes, no interior de suas dependências, tabuleta contendo arelação dos medicamentos falsificados e os seus respectivos lotes de fabricação.

Art. 2º – O descumprimento do disposto nesta Lei implica as seguintespenalidades:

I – na primeira ocorrência: notificação para regularização no prazo de 15(quinze) dias;

II – na segunda ocorrência, passados 15 (quinze) dias da notificação:interdição do estabelecimento até a colocação da tabuleta.

Art. 3º – Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.Belo Horizonte, ____ de ______________ de _____.

RELATOR

MODELO DE PARECER DE PRIMEIRO TURNOPARECER EM PRIMEIRO TURNO SOBRE O

PROJETO DE LEI N.º 867/98COMISSÃO DE LEGISLAÇÃO E JUSTIÇA

VOTO DO RELATORRELATÓRIO

Vem à Comissão de Legislação e Justiça em análise preliminar deadmissibilidade o Projeto de Lei n.º 867/98, de autoria do nobre vereador JoãoPaulo, que dispõe sobre a descentralização do terminal rodoviário da Capital einstalação do Shopping Popular no prédio da atual estação rodoviária.

Designado Relator para a matéria, propus fosse o indigitado projeto de leibaixado em diligência à Prefeitura Municipal de Belo Horizonte, nos termos doRequerimento de folhas 8 (oito) destes autos.

Cumprida a diligência, passo a emitir parecer e voto, nos termos regimentais.

FUNDAMENTAÇÃORespostas à diligência requerida em nada surpreendem a este Relator, fazem-no

assentar em definitivo convicção a respeito da proposição, já devidamenteassentada, antes mesmo de ser a diligência levada a termo. É de se indagar então:qual a razão da propositura da diligência? A de tão – somente delongar a tramitaçãoda referida proposição? A tamanha mesquinhez servira se fora tal o intento, se foraapenas essa a motivação do expediente. Dele me servi e me servirei sempre quejulgar oportuno, judicioso e prudente inscrever nos autos de cada processo aposição oficial, a respeito da matéria de que tratem, de órgãos da AdministraçãoPública do Município. Eis por que o fiz: eis por que o adotei. A convicção pessoalassentada e as respostas à diligência requerida convergem para a plena e cabalexplicitação dos termos da conclusão deste parecer cujos fundamentos passamos aexpor e a comentar.

Terminais rodoviários servem à administração, ao controle, à fiscalização, àefetiva implantação e ao gerenciamento do transporte coletivo que tenha caráterintermunicipal ou interestadual. Vinculados a esse tipo de transporte, queextrapola o interesse local de que trata o inciso primeiro do art. 30 daConstituição Federal, não podem e não devem estar insertos nos domínios dasadministrações municipais ou sujeitos aos comandos da legislação editada pelos

Municípios, ainda que localizados em áreas inscritas na extensão territorialdestes. Dos terminais rodoviários não pode dispor a Administração Municipal, comose, de direito, lhes pertencesse e como se, de fato, sobre eles se estendesse oâmbito de seu alvedrio e da sua faculdade discricionária. O transporte rodoviárioestadual de passageiros é explorado, diretamente ou mediante concessão, peloEstado, a teor do que dispõe o inciso IX do art. 10 da Constituição do Estado deMinas Gerais, e os terminais rodoviários a este transporte vinculados, na esteirado dispositivo citado, são explorados também, pelo Estado. E outro entendimento épossível, dada a finalidade para a qual existem e à qual servem? Em assim sendo, adescentralização do terminal rodoviário da Capital e a instalação do ShoppingPopular no prédio da atual estação rodoviária submetem-se a decisão daAdministração Pública do Estado de Minas Gerais, incorrendo a proposição sob exame,em conseqüência, em manifesto atentado contra a ordem constitucional einstitucional. Vamos admitir, no entanto e ainda que por instantes, estivesse oterminal rodoviário da Capital inscrito nos domínios da Administração PúblicaMunicipal. Admitidas a hipótese e a plausibilidade do argumento, ainda assimesbarraria a proposição em óbices de outra ordem e de outra natureza, não menossérios e graves, no entanto.

Estaria, no caso, a insurgir-se contra mandamentos insculpidos no art. 31 daLei Orgânica do Município, no art. 1º da Lei n.º 6.856/95 e no inciso V do art. 19da Lei n.º 7.165/96. Impõe-se, novamente, uma convicção: uma proposta de legislaçãonão pode e não deve ser fruto do arrebatamento e do idealismo incontido, ainda queplenamente justificáveis tais arrebatamentos e idealismo em determinados momentos eem determinadas circunstâncias da vida dos cidadãos. São pressupostos basilares doprocesso de elaboração das leis: inserção válida da proposta no universo jurídico,exeqüibilidade, praticidade, oportunidade, caráter inovador e vinculaçãoobrigatória ao relevante interesse público. Não atendidos tais pressupostos, hão asproposições, necessariamente, de medrar inconstitucionalidade, na ilegalidade e naantijuridicidade.

Vamos à conclusão deste parecer cujos termos damos por devidamenteassentados.

CONCLUSÃO

Diante do exposto, somos pela inconstitucionalidade, pela ilegalidade e pelaantijuridicidade do Projeto de Lei n.º 867/98.

Belo Horizonte, ____ de ________________ de ______

VEREADOR OSMAN MIRANDARELATOR

9 – OUTROS MODELOS DE PROPOSIÇÕES DO PROCESSO LEGISLATIVO MUNICIPAL

MOÇÃO N.º /

Senhor Presidente,

Apresento a V. Exa., nos termos do art.______ do Regimento Interno, apresente Moção de _____________, a ser encaminhada a (ao) ______________, por_______________.

Belo Horizonte, ____ de_________de____.

VereadorINDICAÇÃO N.º /

Senhor Presidente,

Apresento a V. Exa., nos termos do art.__________ doRegimento Interno, a presente Indicação, sugerindo ao Senhor Prefeito o(a)__________________ (medida de interesse público pretendida) .

Belo Horizonte, _____ de ___________ de ______.

Vereador

INDICAÇÃO N.º /

Senhor Presidente,

Apresento a V. Exa., nos termos do art.________do Regimento Interno, apresente Indicação, a ser encaminhada ao Senhor Prefeito, sugerindo que a_____________________ (nome da entidade) seja declarada de utilidade pública.

Belo Horizonte, _____ de _____________ de ______.

Vereador

REPRESENTAÇÃO N.º /

Senhor Presidente,

Apresento a V. Exa., nos termos do art.__________ do Regimento Interno, a presenteRepresentação, a ser encaminhada a (ao) _______________(autoridade), sugerindo_________________________.

Belo Horizonte, ______de ______________de ______.

Vereador

REQUERIMENTO DE PRORROGAÇÃO DE PRAZO PARA EMISSÃO DE PARECERExcelentíssimo Senhor Presidente. Ref.: PROPOSIÇÃO(ÕES) _______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

O Presidente da Comissão de _____________________

requer a V.Exa., nos termos do art. ____ do Regimento Interno, a prorrogação por_______ dias úteis do prazo para emissão do PARECER sobre a (s) proposição(ões)epigrafada(s), que___________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

Plenário das Comissões, aos ........../............../.........

Presidente da Comissão

PROPOSTA DE DILIGÊNCIA

Senhor Presidente da Comissão de ____________________________ ____________________________

Para instrução do Projeto de __________________________ n.º / , proponho apresente diligência para:

________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

Requeiro, na oportunidade, a suspensão, por _____ dias, do prazo para emissãodo parecer, nos termos do art. ____ do Regimento Interno.

Belo Horizonte, ______ de ______________ de _______.

VereadorSenhor Presidente,

Cumprindo a determinação do art._______ do Regimento Interno, encaminho a V.Exa. , vencido o prazo regimental, o(a) ___________ __________________ (tipo e n.ºda proposição), considerando _____________

____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________Atenciosamente,

Vereador _____________________________________Presidente da Comissão de _______________________

Exmo. Sr.

VereadorDD. Presidente da Câmara Municipal de

Nos termos do art._____ do Regimento Interno, indico, na condição de Líder daBancada do _____________________, o Vereador_____________________________________para atuar como substituto do Vereador ______________________________ na Comissão______________________________ em reunião _____________, a ser realizada em______________, para apreciação do Projeto(s) ______

________________________________________________________________________________________________________________________

Belo Horizonte, ____ de __________ de ____.

Líder da Bancada do ___________________________

Senhor Presidente,

Na qualidade de Presidente da Comissão de ______________,informo-lhe, nos termos do art. ____ do Regimento Interno, que os Vereadores

______________________________________________________________________________________________________________se encontram reunidos para os trabalhos desta Comissão.

Sala das Comissões, ____ de ____________ de ____.Presidente da Comissão

Exmo. Sr.VereadorDD. Presidente da Câmara Municipal de REQUERIMENTO N.º /

Senhor Presidente,

Requeiro a V. Exa., nos termos do art.______ do Regimento Interno, sejaprorrogado o prazo para emissão do parecer ao __________________(tipo e nº daproposição).

Belo Horizonte, ____ de _____________ de ___.

Vereador REQUERIMENTO N.º /

Senhor Presidente,

Requeremos a V. Exa., nos termos do art._____ do Regimento Interno, sejasuspensa esta reunião, pelo prazo de ________________.

Belo Horizonte, ______ de ______________ de _____.

VereadorREQUERIMENTO N.º /

Senhor Presidente,Requeiro a V. Exa., nos termos do art.______ do Regimento Interno, seja prorrogadopor mais _______ dias o prazo para a minha posse no mandato de vereador.

Belo Horizonte, _____ de ________________de ____.

Vereador

REQUERIMENTO N.º /

Senhor Presidente,Requeiro ao Plenário, nos termos do art.______ do Regimento Interno, seja votado(a) pelo processo nominal o (a)__________ ____________________(tipo e n.º daproposição) .

Belo Horizonte, _____de _______________de _____.

VereadorREQUERIMENTO N.º /

Senhor Presidente,

Requeiro a V. Exa., nos termos do art.______ do Regimento Interno, seja votado (a),por partes, o (a) ________________ ___________(tipo e n.º da proposição).As partes a serem votadas separadamente são as seguintes: _______________________.Belo Horizonte, _____de ________________ de ____.

Vereador

REQUERIMENTO N.º /

Senhor Presidente,

Requeiro a V. Exa., nos termos do art._______ do Regimento Interno, seja dadapreferência na discussão e votação à (ao) _____________ (tipo e nº da proposição).

Belo Horizonte, _____ de _______________ de _____.

Vereador

REQUERIMENTO N.º /

Senhor Presidente,

Requeremos ao Plenário, nos termos do art.______ da Lei Orgânica e do art.______ doRegimento Interno, seja convocado (a) o (a) ____________ (autoridade) para prestarinformações pessoalmente sobre __________________ (assunto) no dia ____, às _____horas, no ___ (Plenário ________).Belo Horizonte, _____de _____________ de ______.

Vereador

REQUERIMENTO N.º /

Senhor Presidente,

Requeremos ao Plenário, nos termos do art. _____ do Regimento Interno, sejaconstituída comissão especial para promover estudos relativos a_________________________________ (assunto). Belo Horizonte, ______ de _____________ de ______.

Vereador

REQUERIMENTO N.º /

Senhor Presidente,Requeiro (Requeremos) a V. Exa., nos termos do art.____ do Regimento Interno, sejadesignado membro para a Comissão ________________________(nome da comissão) porocorrência de vaga.

Belo Horizonte, _____ de _______________ de _____.

Vereador

REQUERIMENTO N.º /

Senhor Presidente,

Requeiro (Requeremos) a V. Exa., nos termos do art. _____ do Regimento Interno,seja invertida a ordem dos trabalhos desta reunião.Belo Horizonte, ______ de _______________de ______.

Vereador

REQUERIMENTO N.º /

Senhor Presidente,Requeremos ao Plenário, nos termos do art._______ do Regimento Interno, sejareduzido o prazo para comparecimento do (a) Senhor (a) _________________________(autoridade) a esta Casa para _______________________________ (finalidade).

Belo Horizonte, _____ de ________________ de ____.

Vereador

REQUERIMENTO N.º /

Senhor Presidente,

Requeiro ao Plenário, nos termos do art._______ da Lei Orgânica e do art. _______do Regimento Interno, seja encaminhado a(ao) ________________________ pedido deinformações sobre ________________________________.

Belo Horizonte, ______ de ______________ de _____.

Vereador

REQUERIMENTO N.º

Senhor Presidente,

Requeiro (Requeremos) a V. Exa., nos termos do art.____ do Regimento Interno, sejao(a) _________________ (tipo e n.º da proposição) submetido (a) à apreciação de__________________ (nome da comissão ou órgão da Câmara).

Belo Horizonte, ______ de ______________ de _____.

Vereador

REQUERIMENTO N.º

Senhor Presidente,Requeiro a V. Exa., nos termos do art._____ do Regimento Interno, seja alterada adistribuição do Projeto de Lei n.º ___________, da seguinte forma:______________________ (nome das comissões a que se deseja distribuí-lo).

Belo Horizonte, _____ de ________________ de ____.

Vereador

REQUERIMENTO N.º /

Senhor Presidente,

Requeiro (Requeremos) a V. Exa., nos termos do art._____ do Regimento Interno, sejasuspensa (ou reiniciada) a tramitação do (a) _____________________________ (tipo en.º da proposição). Belo Horizonte, _____ de _______________ de _____.

Vereador

REQUERIMENTO N.º /

Senhor Presidente,Requeiro a V. Exa., nos termos do art.______ do Regimento Interno, seja votado (a)destacadamente o (a) (dispositivo ou emenda) do (a) _______________________ (tipoe n.º da proposição).Belo Horizonte, ______ de _______________ de ____.

Vereador

REQUERIMENTO N.º /

Senhor Presidente,

Requeiro a V. Exa., nos termos do art. _____ do Regimento Interno, que sejamvotadas em bloco as emendas nºs _________________ incidentes sobre o (a)_______________ (tipo e n.º da proposição).

Belo Horizonte, _____ de _______________ de _____.

Vereador

REQUERIMENTO N.º /

Senhor Presidente,

Requeiro a V. Exa., nos termos do art. ______ do Regimento Interno, que seja votadoo parecer da Comissão de __________________ relativamente à (ao) _________________(tipo e n.º da proposição). Belo Horizonte, _____ de _______________ de _____.

Vereador

REQUERIMENTO N.º /

Senhor Presidente,

Requeiro (requeremos) a V. Exa., nos termos do art._____ do Regimento Interno, sejaretirado (a) de tramitação o (a) _______________ (tipo e n.º da proposição) , deminha (nossa) autoria.Belo Horizonte, _____ de _______________ de _____.

10 – LEGISLAÇÃO PERTINENTE

*LEI COMPLEMENTAR Nº 95, DE 26 DE FEVEREIRO DE 1998

Dispõe sobre a elaboração, a redação, a alteração e a consolidação dasleis, conforme determina o parágrafo único do art.59 da Constituição Federal,estabelece normas para a consolidação dos atos normativos que menciona.

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA

Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte LeiComplementar:

CAPÍTULO IDISPOSIÇÕES PRELIMINARES

Art.1º A elaboração, a redação, a alteração e a consolidação das leisobedecerão ao disposto nesta Lei Complementar.

Parágrafo único. As disposições desta Lei Complementar aplicam-se, ainda, àsmedidas provisórias e demais atos normativos referidos no art. 59 da ConstituiçãoFederal, bem como, no que couber, aos decretos e aos demais atos de regulamentaçãoexpedidos por órgãos do Poder Executivo.

Art. 2º (VETADO)§ 1º (VETADO)§ 2º Na enumeração das leis serão observados, ainda, os seguintes critérios:I – as emendas à Constituição Federal terão sua numeração iniciada a partir

da promulgação da Constituição;II – as leis complementares, as leis ordinárias e as leis delegadas terão

numeração seqüencial em continuidade às séries iniciadas em 1946.

CAPÍTULO IIDAS TÉCNICAS DE ELABORAÇÃO, REDAÇÃO E ALTERAÇÃO DAS LEIS

Seção 1Da Estruturação das Leis

Art.3º A lei será estruturada em três partes básicas:I – parte preliminar, compreendendo a epígrafe, a ementa, o preâmbulo, o

enunciado do objeto e a indicação do âmbito de aplicação das disposiçõesnormativas;

II – parte normativa, compreendendo o texto das normas de conteúdosubstantivo relacionadas com a matéria regulada;

III – parte final, compreendendo as disposições pertinentes às medidasnecessárias à implementação das normas de conteúdo substantivo, às disposiçõestransitórias, se for o caso, a cláusula de vigência e a cláusula de revogação,quando couber.

Art.4º A epígrafe, grafada em caracteres maiúsculos, propiciará identificaçãonumérica singular à lei e será formada pelo título designativo da espécienormativa, pelo número respectivo e pelo ano de promulgação.

Art.5º A ementa será grafada por meio de caracteres que a realcem eexplicitará, de modo conciso e sob a forma de título, o objeto da lei.

Art.6º O preâmbulo indicará o órgão ou instituição competente para a práticado ato e sua base legal.

Art.7º O primeiro artigo do texto indicará o objeto da lei e o respectivoâmbito de aplicação, observados os seguintes princípios:

I – excetuadas as codificações, cada lei tratará de um único objeto;II – a lei não conterá matéria estranha a seu objeto ou a este não vinculada

por afinidade, pertinência ou conexão;III – o âmbito de aplicação da lei será estabelecido de forma tão específica

quanto o possibilite o conhecimento técnico ou científico da área respectiva;IV – o mesmo assunto não poderá ser disciplinado por mais de uma lei, exceto

quando a subseqüente se destine a complementar lei considerada básica, vinculando-se a esta por remissão expressa.

Art.8º A vigência da lei será indicada de forma expressa e de modo acontemplar prazo razoável para que dela se tenha amplo conhecimento, reservada acláusula “entra em vigor na data de sua publicação” para as leis de pequenarepercussão.

Art.9º Quando necessária a cláusula de revogação, esta deverá indicarexpressamente as leis ou disposições legais revogadas.

Seção IIDa Articulação e da Redação das Leis

Art.10 Os textos legais serão articulados com observância dos seguintesprincípios:

I – a unidade básica de articulação será o artigo, indicado pela abreviatura“Art.”, seguida de numeração ordinal até o nono e cardinal a partir deste;

II – os artigos desdobrar-se-ão em parágrafos ou em incisos; os parágrafos emincisos, os incisos em alíneas e as alíneas em itens;

III – os parágrafos serão representados pelo sinal gráfico “§“, seguido denumeração ordinal até o nono e cardinal a partir deste, utilizando-se, quandoexistente apenas um, a expressão “parágrafo único” por extenso;

IV – os incisos serão representados por algarismos romanos, as alíneas porletras minúsculas e os itens por algarismos arábicos;

V – o agrupamento de artigos poderá constituir Subseções; o de Subseções, aSeção; o de Seções, o Capítulo; o de Capítulos, o Título; o de Títulos, o Livro e ode Livros, a Parte;

VI – os Capítulos, Títulos, Livros e Partes serão grafados em letrasmaiúsculas e identificados por algarismos romanos, podendo estas últimas desdobrar-se em Parte Geral e Parte Especial ou ser subdivididas em partes expressas emnumeral ordinal, por extenso;

VII – as Subseções e Seções serão identificadas em algarismos romanos,grafadas em letras minúsculas e postas em negrito ou caracteres que as coloquem emrealce;

VIII – a composição prevista no inciso V poderá também compreenderagrupamentos em Disposições Preliminares, Gerais, Finais ou Transitórias, conformenecessário.

Art.11. As disposições normativas serão redigidas com clareza, precisão eordem lógica, observadas, para esse propósito, as seguintes normas:

I – para a obtenção de clareza:a) usar as palavras e as expressões em seu sentido comum, salvo quando a

norma versar sobre assunto técnico, hipótese em que se empregará a nomenclaturaprópria da área em que se esteja legislando;

b) usar frases curtas e concisas;c) construir as orações na ordem direta, evitando preciosismo, neologismo e

adjetivações dispensáveis;d) buscar a uniformidade do tempo verbal em todo o texto das normas legais,

dando preferência ao tempo presente ou ao futuro simples do presente;e) usar os recursos de pontuação de forma judiciosa, evitando os abusos de

caráter estilístico;II – para a obtenção de precisão:a) articular a linguagem, técnica ou comum, de modo a ensejar perfeita

compreensão do objetivo da lei e a permitir que seu texto evidencie com clareza oconteúdo e o alcance que o legislador pretende dar à norma;

b) expressar a idéia, quando repetida no texto, por meio das mesmas palavras,evitando o emprego de sinonímia com propósito meramente estilístico;

c) evitar o emprego de expressão ou palavra que confira duplo sentido aotexto;

d) escolher termos que tenham o mesmo sentido e significado na maior parte doterritório nacional, evitando o uso de expressões locais ou regionais;

e) usar apenas siglas consagradas pelo uso, observado o princípio de que aprimeira referência no texto seja acompanhada de explicitação de seu significado;

f) grafar por extenso quaisquer referências feitas, no texto, a números epercentuais;

III – para a obtenção de ordem lógica:a) reunir sob as categorias de agregação – subseção, seção, capítulo, título

e livro – apenas as disposições relacionadas com o objeto da lei;

b) restringir o conteúdo de cada artigo da lei a um único assunto ouprincípio;

c) expressar por meio dos parágrafos os aspectos complementares à normaenunciada no caput do artigo e as exceções à regra por este estabelecida;

d) promover as discriminações e enumerações por meio dos incisos, alíneas eitens.

Seção IIIDa Alteração das Leis

Art.12. A alteração da lei será feita:I – mediante reprodução integral em novo texto, quando se tratar de alteração

considerável;II – na hipótese de revogação;III – nos demais casos, por meio de substituição, no próprio texto, do

dispositivo alterado, ou acréscimo de dispositivo novo, observadas as seguintesregras:

a) não poderá ser modificada a numeração dos dispositivos alterados;b) no acréscimo de dispositivos novos entre preceitos legais em vigor, é

vedada, mesmo quando recomendável, qualquer renumeração, devendo ser utilizado omesmo número do dispositivo imediatamente anterior, seguido de letras maiúsculas,em ordem alfabética, tantas quantas forem suficientes para identificar osacréscimos;

c) é vedado o aproveitamento do número de dispositivo revogado, devendo alei alterada manter essa indicação, seguida da expressão “revogado”;

d) o dispositivo que sofrer modificação de redação deverá ser identificado,ao seu final, com as letras NR maiúsculas, entre parênteses.

CAPÍTULO IIIDA CONSOLIDAÇÃO DAS LEIS E OUTROS ATOS NORMATIVOS

Seção IDa Consolidação das Leis

Art.13. As leis federais serão reunidas em codificações e em coletâneasintegradas por volumes contendo matérias conexas ou afins, constituindo em seutodo, juntamente com a Constituição Federal, a Consolidação das Leis FederaisBrasileiras.

Art.14. Ressalvada a legislação codificada e já consolidada, todas as leis edecretos-leis de conteúdo normativo e de alcance geral em vigor serão reunidos emcoletâneas organizadas na forma do artigo anterior, observados os prazos eprocedimentos a seguir:

I – os órgãos diretamente subordinados à Presidência da República e osMinistérios, no prazo de cento e oitenta dias, contado da vigência desta LeiComplementar, procederão ao exame, triagem e seleção das leis complementares,delegadas, ordinárias e decretos-leis relacionados com as respectivas áreas decompetência, agrupando e consolidando os textos que tratem da mesma matéria ou deassuntos vinculados por afinidade, pertinência ou conexão, com indicação precisados diplomas legais ou preceitos expressa ou implicitamente revogados;

II – no prazo de noventa dias, contado da vigência desta Lei Complementar, asentidades da administração indireta adotarão, quanto aos diplomas legaisrelacionados com a sua competência, as mesmas providências determinadas no incisoanterior, remetendo os respectivos textos ao Ministério a que estão vinculadas, queos revisará e remeterá, juntamente com os seus, à Presidência da República, paraencaminhamento ao Congresso Nacional nos sessenta dias subseqüentes ao encerramentodo prazo estabelecido no inciso I;

III – a Mesa do Congresso Nacional adotará todas as medidas necessárias para,no prazo máximo de cento e oitenta dias a contar do recebimento dos textos de que

tratam os incisos I e II, ser efetuada a primeira publicação da Consolidação dasLeis Federais Brasileiras.

Art.15. Na primeira sessão legislativa de cada legislatura, a Mesa doCongresso Nacional promoverá a atualização da Consolidação das Leis FederaisBrasileiras, incorporando às coletâneas que a integram as emendas constitucionais,leis, decretos legislativos e resoluções promulgadas durante a legislaturaimediatamente anterior, ordenados e indexados sistematicamente.

Seção IIDa Consolidação de Outros Atos Normativos

Art.16. Os órgãos diretamente subordinados à Presidência da República e osMinistérios, assim como as entidades da administração indireta, adotarão, em prazoestabelecido em decreto, as providências necessárias para, observado, no quecouber, o procedimento a que se refere o art. 14, ser efetuada a triagem, o exame ea consolidação dos decretos de conteúdo normativo e geral e demais atos normativosinferiores em vigor, vinculados às respectivas áreas de competência, remetendo ostextos consolidados à Presidência da República, que os examinará e reunirá emcoletâneas, para posterior publicação.

Art.17. O Poder Executivo, até cento e oitenta dias do início do primeiro anodo mandato presidencial, promoverá a atualização das coletâneas a que se refere oartigo anterior, incorporando aos textos que as integram os decretos e atos deconteúdo normativo e geral editados no último quadriênio.

CAPÍTULO IVDISPOSIÇÕES FINAIS

Art.18. Eventual inexatidão formal de norma elaborada mediante processolegislativo regular não constitui escusa válida para o seu descumprimento.

Art.19. Esta Lei Complementar entra em vigor no prazo de noventa dias, apartir da data de sua publicação.

Brasília, 26 de fevereiro de 1998; 177º da Independência e 110º da República.

FERNANDO HENRIQUE CARDOSOIris Rezende

*( A Lei Complementar supratranscrita foi regulamentada pelo Decreto nº2.954, de 29/1/99, republicado no “Diário Oficial da União” de 24/2/99, por tersaído com incorreção no “DOU” de 1º/2/99, Seção 1.)

Lei Nº 1.579, de 18 de março de 1952

Dispõe sobre as Comissões Parlamentares de Inquérito.

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA:

Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:Art.1º As Comissões Parlamentares de Inquérito, criadas na forma do Artigo 53

da Constituição Federal, terão ampla ação nas pesquisas destinadas a apurar osfatos determinados que deram origem à sua formação.

Parágrafo único. A criação de Comissão Parlamentar de Inquérito dependerá dedeliberação plenária, se não for determinada pelo terço da totalidade dos membrosda Câmara dos Deputados ou do Senado.

Art.2º No exercício de suas atribuições, poderão as Comissões Parlamentaresde Inquérito determinar as diligências que reputarem necessárias e requerer aconvocação de ministros de Estado, tomar o depoimento de quaisquer autoridades

federais, estaduais ou municipais, ouvir os indiciados, inquirir testemunhas sobcompromisso, requisitar de repartições públicas e autárquicas informações edocumentos, e transportar-se aos lugares onde se fizer mister a sua presença.

Art.3º Indiciados e testemunhas serão intimados de acordo com as prescriçõesestabelecidas na legislação penal.

Parágrafo único. Em caso de não comparecimento da testemunha sem motivojustificado, a sua intimação será solicitada ao juiz criminal da localidade em queresida ou se encontre, na forma do art.218 do Código de Processo Penal.

Art.4º Constitui crime:I – Impedir, ou tentar impedir, mediante violência, ameaça ou assuadas, o

regular funcionamento de Comissão Parlamentar de Inquérito, ou o livre exercíciodas atribuições de qualquer dos seus membros.

Pena – a do art.329 do Código Penal.II – Fazer afirmação falsa, ou negar ou calar a verdade como testemunha,

perito, tradutor ou intérprete, perante a Comissão Parlamentar de Inquérito.Pena – a do art.342 do Código Penal.Art.5º As Comissões Parlamentares de Inquérito apresentarão relatório de seus

trabalhos à respectiva Câmara, concluindo por projeto de resolução.§ 1º Se forem diversos os fatos, objeto de inquérito, a comissão dirá, em

separado, sobre cada um, podendo fazê-lo antes mesmo de finda a investigação dosdemais.

§ 2º A incumbência da Comissão Parlamentar de Inquérito termina com a sessãolegislativa em que tiver sido outorgada, salvo deliberação da respectiva Câmara,prorrogando-a dentro da legislatura em curso.

Art.6º O processo e a instrução dos inquéritos obedecerão ao que prescreveesta Lei, no que lhes for aplicável, às normas do processo penal.

Art.7º Esta Lei entrará em vigor na data de sua publicação, revogadas asdisposições em contrário.

Rio de Janeiro, 18 de março de 1952; 131º da Independência e 64º daRepública.

GETÚLIO VARGAS

EMENDA À CONSTITUIÇÃO Nº 12, de 1º de setembro de 1994

Acrescenta parágrafos ao art. 157 da Constituição do Estado.

A Mesa da Assembléia Legislativa do Estado de Minas Gerais, nos termos doart.64, § 4º, da Constituição do Estado, promulga a seguinte emenda ao textoconstitucional:

Art.1º – Ficam acrescentados ao art.157 da Constituição do Estado osseguintes §§ 5º, 6º e 7º:

“Art.157 – .................................................................§ 5º – Para a elaboração da lei orçamentária anual, a Assembléia

Legislativa sistematizará e priorizará, em audiência pública regional prevista noinciso III do § 2º do art. 60, as propostas resultantes de audiências públicasmunicipais realizadas pelos poderes públicos locais até o dia 30 de abril de cadaano, nos termos de regulamentação.

6º – O Tribunal de Contas, órgão auxiliar do Poder Legislativo,participará da audiência pública regional referida no parágrafo anterior.

§7º – Os Poderes Executivo e Judiciário do Estado promoverão, nosmunicípios e nas datas designados para a realização das audiências públicasregionais pela Assembléia Legislativa, audiência pública a fim de prestarinformações e colher subsídios para as ações pertinentes a seus respectivosâmbitos de competência.”.

Art.2º – Esta emenda à Constituição entra em vigor na data de sua publicação.

Palácio da Inconfidência, em Belo Horizonte, 1º de setembro de 1994.

O PRESIDENTE – José FerrazO 1º-VICE-PRESIDENTE – Elmiro Nascimento

O 2º-VICE-PRESIDENTE – José MilitãoO 3º-VICE-PRESIDENTE – Rêmolo Aloise

O 1º-SECRETÁRIO – Elmo BrazO 2º-SECRETÁRIO – Roberto Carvalho

O 3º-SECRETÁRIO – Bené GuedesO 4º-SECRETÁRIO – Sebastião HelvécioO 5º-SECRETÁRIO – Amílcar Padovani

EMENDA À CONSTITUIÇÃO Nº 25, de 7 de julho de 1997

Dá nova redação ao § 5º do art.157 da Constituição do Estado.

A Mesa da Assembléia Legislativa do Estado de Minas Gerais, nos termos doart. 64, § 4º, da Constituição do Estado, promulga a seguinte emenda ao textoconstitucional:

Art.1º – O § 5º do art.157 da Constituição do Estado passa a vigorar com aseguinte redação:

“Art.157- ................................................................§ 5º – Para a elaboração do Plano Mineiro de Desenvolvimento Integrado, do

plano plurianual de ação governamental e da proposta orçamentária anual, aAssembléia Legislativa sistematizará e priorizará, em audiência públicaregional prevista no inciso III do § 2º do art. 60, as propostas resultantes deaudiências públicas municipais realizadas pelos poderes públicos locais, nostermos de regulamentação.”.

Art.2º – Esta emenda à Constituição entra em vigor na data de sua publicação.Palácio da Inconfidência, em Belo Horizonte, aos 7 de julho de 1997.

Romeu Queiroz – Presidente da ALMGClêuber Carneiro – 1º-Vice-PresidenteFrancisco Ramalho – 2º-Vice-PresidenteGeraldo Rezende – 3º-Vice-Presidente

Elmo Braz – 1º-SecretárioIvo José – 2º-Secretário

Marcelo Gonçalves – 3º-SecretárioDílzon Melo – 4º-SecretárioMaria Olívia – 5ª-Secretária

EMENDA À CONSTITUIÇÃO Nº 36, de 29 de dezembro de 1998

Altera os arts.73,74,155,157 e 158 da Constituição do Estado e acrescentaartigo ao Ato das Disposições Constitucionais Transitórias.

A Mesa da Assembléia Legislativa do Estado de Minas Gerais, nos termos doart.64, § 4º, da Constituição do Estado, promulga a seguinte emenda ao textoconstitucional:

Art.1º – O inciso IV do § 2º do art.73 e o inciso III do § 1º do art.74 daConstituição do Estado passam a vigorar com a seguinte redação:

“Art.73 – ..................................................................§2º-.........................................................................IV – inexecução ou execução insuficiente ou tardia de plano, programa ou

projeto de governo e de programas e projetos priorizados em audiências públicasregionais; ou

Art.74-. ................................................................

§1º-..........................................................................

III – o cumprimento de programa de trabalho expresso em termosmonetários, a realização de obra, a prestação de serviço e a execuçãoorçamentária de propostas priorizadas em audiências públicas regionais.”.

Art.2º – O art. 155 da Constituição do Estado fica acrescido do seguinte §5º:

“Art.155 – ...............................................................§ 5º – A Lei de Diretrizes Orçamentárias fixará percentual não inferior a

um por cento da receita orçamentária corrente ordinária do Estado, destinadoao atendimento das propostas priorizadas nas audiências públicas regionais, aser incluído na Lei Orçamentária Anual e executado, com o respectivo pagamento,até o final do exercício financeiro correspondente, sob pena deresponsabilidade, nos termos do inciso VI do art. 91.”.

Art.3º – Os §§ 5º e 6º do art. 157 da Constituição do Estado passam a vigorarcom a seguinte redação, ficando suprimido o § 7º do mesmo artigo:

“Art.157 ...............................................................§ 5º – Para subsidiar a elaboração do Plano Mineiro de Desenvolvimento

Integrado, do plano plurianual de ação governamental e da proposta orçamentáriaanual, a Assembléia Legislativa sistematizará e priorizará, em audiênciapública regional, realizada a cada dois anos, as propostas resultantes deaudiências públicas municipais realizadas pelo poderes públicos locais, nostermos de regulamentação.

§ 6º – O Tribunal de Contas, órgão auxiliar do Poder Legislativo, oPoder Judiciário e o Poder Executivo, com a finalidade de prestareminformações e colherem subsídios para as ações pertinentes a seu âmbito decompetência, participarão da audiência pública regional a que se refere o § 5º.”.

Art.4º – O caput do art.158 da Constituição do Estado passa a vigorar coma redação que se segue, ficando acrescido ao artigo o seguinte § 2º, passando oparágrafo único a § 1º:

“Art.158 – A lei orçamentária assegurará investimentos prioritários emprogramas de educação, saúde, habitação, saneamento básico, proteção ao meioambiente, fomento ao ensino, à pesquisa científica e tecnológica, ao esporte e àcultura e ao atendimento das propostas priorizadas nas audiências públicasregionais.

§ 2º – Tomando-se como referência as respectivas dotaçõesorçamentárias, o percentual executado e pago das despesas com publicidade nãoserá superior, em cada trimestre, ao percentual executado e pago das despesasdecorrentes das propostas priorizadas nas audiências públicas regionais,ressalvados os casos de despesas imprevisíveis e urgentes, decorrentes decalamidade pública.”.

Art.5º – O Ato das Disposições Constitucionais Transitórias da Constituiçãodo Estado fica acrescido do seguinte artigo:

“Art.97 – A execução e o pagamento das despesas decorrentes das audiênciaspúblicas realizadas nos anos de 1995 e 1997 obedecerão aos seguintescritérios:

I – até o final do exercício financeiro de 1998, serão executadas epagas as despesas decorrentes dos convênios firmados em função das propostaspriorizadas nas audiências públicas regionais realizadas em 1995;

II – até o final do exercício financeiro de 1998, serão firmados osconvênios resultantes das propostas priorizadas nas audiências públicasrealizadas em 1997 e executadas e pagas as despesas deles decorrentes;

Parágrafo único – Na impossibilidade justificada da execução das despesas aque se refere o inciso II deste artigo, estas serão executadas e pagas no exercíciode 1999.”

Art.6º – Esta emenda à Constituição entra em vigor na data de suapublicação.

Palácio da Inconfidência, em Belo Horizonte, aos 29 de dezembro de1998.

Deputado Romeu Queiroz – Presidente

Deputado Cleuber Carneiro – 1º-Vice-PresidenteDeputado Francisco Ramalho – 2º-Vice-PresidenteDeputado Geraldo Rezende – 3º-Vice-Presidente

Deputado Elmo Braz – 1º-SecretárioDeputado Ivo José – 2º-Secretário

Deputado Marcelo Gonçalves – 3º-SecretárioDeputado Dílzon Melo – 4º-SecretárioDeputada Maria Olívia – 5ª-Secretária

Lei Nº 11.745, de 16 de janeiro de 1995Disciplina a realização de Audiências Públicas Regionais, nos termos do § 5º

e seguintes do art.157 da Constituição do Estado.O Povo do Estado de Minas Gerais, por seus representantes, decretou e eu, em

seu nome, sanciono a seguinte Lei:Art.1º – A realização de audiência pública regional pelos Poderes do Estado,

com a participação do Tribunal de Contas, nos termos do § 5º e seguintes do art.157 da Constituição do Estado, reger-se-à por esta lei e pelo regulamento conjuntofirmado pelos titulares de cada Poder.

Art. 2º – Nas audiências públicas regionais disciplinadas por esta lei, serãosistematizadas e priorizadas as propostas encaminhadas à Assembléia Legislativa até30 de abril de cada ano.

Parágrafo único – as propostas de que trata o artigo resultarão de audiênciaspúblicas municipais realizadas pelos poderes públicos locais.

Art. 3º – Constituem objetivos das audiências públicas regionais:I – subsidiar a elaboração da lei orçamentária e o planejamento

governamental;II – estabelecer contato direto com a sociedade para a prestação de

informações e para a coleta de dados sobre a atuação dos poderes públicosestaduais.

Art. 4º – Garantida a representação igualitária, participarão das audiênciaspúblicas regionais e da priorização a que se refere o art. 2º os representantes decada município, escolhidos nas audiências públicas municipais.

Art. 5º – Compete à Assembléia Legislativa, por meio de sua Mesa:I – definir o cronograma de realização das audiências públicas regionais;II – elaborar o regulamento a que se refere o art. 1º desta Lei, para ser

submetido aos titulares dos demais Poderes do Estado;III – indicar as cidades que sediarão as audiências, observados os seguintes

critérios:a) infra-estrutura necessária;b) representatividade regional;c) alternância.Art. 6º – As prioridades de investimento serão definidas, nas audiências

públicas regionais, conforme o montante de recursos disponíveis para cada região, oqual será fixado pelo Poder Executivo, nos termos de lei própria, segundo critériosproporcionais à população e à renda de cada região.

Art. 7º – Previamente à realização das audiências públicas regionais, osPoderes do Estado procederão à sua divulgação, que deverá alcançar todos osmunicípios do Estado e será feita por meio de dotação orçamentária própria.

Art. 8º – Além dos órgãos indicados pelos Poderes do Estado, terãorepresentação nas audiências públicas regionais as comissões permanentes daAssembléia Legislativa e a Secretaria de Estado do Planejamento e CoordenaçãoGeral.

Art. 9º – Para a realização das audiências públicas regionais, será observadaa disponibilidade orçamentária, nos termos do disposto no art. 60, § 2º, III, daConstituição do Estado.

Art. 10 – Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.Art. 11 – Revogam-se as disposições em contrário.Dada no Palácio da Liberdade, em Belo Horizonte, aos 16 de janeiro de 1995.

Eduardo Azeredo – Governador do Estado

LEI 12.997, de 30 de julho de 1998Altera dispositivos da Lei nº 11.745, de 16 de janeiro de 1995, que

disciplina a realização de audiências públicas regionais, nos termos do § 5º eseguintes do art. 157 da Constituição do Estado.

O Povo do Estado de Minas Gerais, por seus representantes, decretou e eu, emseu nome, sanciono a seguinte Lei:

Art. 1º – O inciso I do art. 3º da Lei nº 11.745, de 16 de janeiro de 1995,passa a vigorar com a seguinte redação:

“Art. 3º– ......................................................................

I – subsidiar elaboração da lei orçamentária e o planejamento governamentalpor meio da indicação, pela sociedade, de parte dos investimentos a seremexecutados nas diversas regiões do Estado”;

Art. 2º – O art. 6º da Lei nº 11.745, de janeiro de 1995, passa a vigorar coma seguinte redação:

“Art. 6º – As prioridades de investimentos serão definidas nas audiênciaspúblicas regionais conforme o montante de recursos fixados pelo Poder Executivopara cada região.

§ 1º – O montante de recursos a que se refere o caput deste artigo, a serdefinido pelo Poder Executivo antes da realização das audiências públicas, seráproporcional à população e à renda de cada região.

§ 2º – As decisões tomadas nas audiências públicas terão caráterdeliberativo, observado o limite de que trata o parágrafo anterior.

Art. 3º – A Lei nº 11.745, de 16 de janeiro de 1995, fica acrescida doseguinte art. 7º, remunerando-se os seguintes:

“Art. 7º – Os Poderes participantes das audiências públicas instituirão, deforma conjunta, uma assessoria encarregada da avaliação do custo das obraspropostas.”

Art. 4º – Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.Art. 5º – Revogam-se as disposições em contrário.Dada no Palácio da Liberdade, em Belo Horizonte, aos 30 de junho de 1998.

Eduardo Azeredo – Governador do Estado

RESOLUÇÃO Nº 5.117, de 13 de julho de 1992Contém normas complementares ao Regimento Interno para a realização de

Audiências Públicas Regionais de Comissão Permanente da Assembléia Legislativa.

Faço saber que a Assembléia Legislativa do Estado de Minas Gerais aprovou eeu promulgo a seguinte resolução:

Art.1º – A realização de audiências públicas regionais de comissãopermanente da Assembléia Legislativa observará o Regimento Interno e as normascomplementares contidas nesta resolução.

Art.2º – Os Presidentes de comissões permanentes se reunirão, no início dasessão legislativa ordinária, para elaborar o cronograma de audiências públicasregionais.

Parágrafo único – A realização da reunião prevista neste artigo dependerá dapresença da maioria dos Presidentes, na primeira convocação, e de um terçodestes, na segunda convocação.

Art.3º – As audiências públicas regionais serão realizadas, pelo menos umavez por ano, em cada uma das macrorregiões de planejamento, e delasparticiparão representantes das microrregiões que as integram.

§ 1º – A cidade que servirá de sede à audiência pública regional seráindicada pelos representantes de que trata este artigo, observados os seguintesrequisitos:

I – infra-estrutura indispensável à realização do evento;II – representatividade preponderante quanto aos objetivos macrorregionais.§ 2º – O apoio à realização da audiência pública regional poderá ser

encargo das municipalidades componentes da macrorregião, mediante convênio firmadocom a Assembléia Legislativa.

§ 3º – As audiências públicas regionais serão realizadas,preferencialmente, na Câmara Municipal.

Art.4º – A Assembléia Legislativa procederá a levantamento prévio deinformações para identificação dos objetivos da macrorregião, por meio daanálise das necessidades preponderantes de cada uma das microrregiões que aintegram.

Parágrafo único – O levantamento de que trata este artigo será baseado noPlano Mineiro de Desenvolvimento Integrado ou no Plano Plurianual de AçãoGovernamental.

Art.5º – Serão representadas nas audiências públicas regionais as comissões acuja competência estiverem afetos os assuntos relacionados com os objetivosidentificados.

§ 1º – A Comissão de Fiscalização Financeira e Orçamentária terá semprerepresentação em audiência pública regional.

§ 2º – A representação prevista neste artigo não excederá a dois Deputadospor comissão.

§ 3º – Aos trabalhos de audiência pública regional será aplicado odisposto no art. 121 do Regimento Interno.

§ 4º – As audiências públicas regionais serão realizadas independentemente doquorum de abertura estabelecido no Regimento Interno.

§ 5º – A presença do Deputado à audiência pública regional será computadapara os efeitos regimentais.

Art.6º – As audiências públicas regionais serão abertas à população emgeral, facultada a apresentação de propostas a representantes microrregionais,devidamente autorizados, incluindo representantes de associações, entidades declasse municipais ou regionais e sindicatos trabalhistas ou patronais.

§ 1º – As propostas apresentadas em audiência pública regional serãoexaminadas pelas comissões a que se refere o caput do artigo 5º desta resolução eencaminhadas, se for o caso, à Comissão de Fiscalização Financeira eOrçamentária, à comissão a que se refere a Lei nº 10.572, de 30 de dezembro de1991, e ao Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social, de que trata o art.231 da Constituição do Estado.

§ 2º – O disposto no parágrafo anterior será aplicado aos resultados dodocumento final de seminário legislativo, previsto na Deliberação da Mesa nº 720,de 18 de dezembro de 1991.

Art.7º – As propostas de relevante interesse público serão discutidas noPalácio da Inconfidência, em reunião conjunta da Comissão de FiscalizaçãoFinanceira e Orçamentária e das comissões de que trata o caput do art. 5º destaresolução, com a participação do Secretário de Estado do Planejamento eCoordenação-Geral, que será convocado, especificamente para esse fim, facultadaa convocação de outras autoridades cuja presença se entender necessária.

Parágrafo único – Será dada ciência da síntese do parecer aprovado pelascomissões aos autores das propostas de que trata este artigo.

Art.8º – Para a realização das audiências públicas regionais, seráobservada a disponibilidade orçamentária, nos termos do disposto no art. 60, § 2º,inciso III, da Constituição do Estado, e nos arts. 80, inciso IV, e 101, inciso VI,do Regimento Interno.

Art.9º – Nos casos omissos, serão aplicados os procedimentos similaresadotados na Câmara dos Deputados e, subsidiariamente, as praxes parlamentares.

Art.10 – Esta resolução entra em vigor na data de sua publicação.Art.11 – Revogam-se as disposições em contrário.

Palácio da Inconfidência, em Belo Horizonte, 13 de julho de 1992.

Romeu Queiroz – Presidente da ALMG

NOTAS SOBRE OS AUTORESA Dra. Natália de Miranda Freire, ex-professora de Direito Constitucional na

Faculdade Mineira de Direito da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais, éfuncionária da Assembléia Legislativa há vinte e cinco anos, tendo exercido o cargode Assessora-Chefe da Assessoria Técnico Consultiva da Casa, além de outras funçõesde assessoramento, e integra, atualmente, o quadro de professores da Escola doLegislativo, ministrando as disciplinas Direito Constitucional e TécnicaLegislativa.

O Dr. Antônio Geraldo Pinto atua há mais de quarenta anos na Assembléia, ondeexerceu diversas funções técnicas e administrativas, tendo ocupado o cargo deDiretor-Geral no período de 1975 a 1980. Atualmente trabalha junto à DiretoriaLegislativa, como Assessor da Mesa, e na Escola do Legislativo, como professor deProcedimentos Regimentais.