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PROF. JOSEVAL MARTINS VIANA
INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA NO CÓDIGO DE
DEFESA DO CONSUMIDOR
Curso de Pós-Graduação em Direito do
Consumidor – Módulo II (Contratos em
Espécie) – Aula n. 55 e 56
Art. 6º do CDC - São direitos básicos do consumidor:
VIII - a facilitação da defesa de seus direitos, inclusive
com a inversão do ônus da prova, a seu favor, no processo
civil, quando, a critério do juiz, for verossímil a alegação ou
quando for ele hipossuficiente, segundo as regras ordinárias
de experiências.
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O primeiro aspecto a analisar é a origem da palavra
“ônus” vem do latim onus que é sinônima de encargo,
obrigação.
PROF. JOSEVAL MARTINS VIANA
1. “Prova” vem do latim probatio que significa aquilo que
atesta a veracidade ou a autenticidade de algo. A
expressão originária do latim é o onus probandi,
querendo assim significar que aquele que tem o ônus de
provar .
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Inverter o ônus da prova no processo significa
transferir o ônus da realização da prova para aquele que
tem melhores condições de produzi-la.
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Art. 373 do Código de Processo Civil
O ônus da prova incumbe:
I - ao autor, quanto ao fato constitutivo de seu direito;
II - ao réu, quanto à existência de fato impeditivo,
modificativo ou extintivo do direito do autor.
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O fato constitutivo do direito do autor diz respeito ao
acontecimento que, por si só, é suficiente para ratificar a
procedência das alegações constantes da inicial.
Ex.: o autor provou por meio de perícia a existência de erro
do médico.
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Fato impeditivo alegado pelo réu: fato impeditivo é um
acontecimento de natureza negativa, a saber, a falta de
uma das circunstâncias que devem concorrer com os fatos
constitutivos, a fim de que estes produzam os efeitos que
lhes são peculiares e normais.
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Fatos modificativos são os que, sem excluir ou impedir a relação jurídica, à
qual são posteriores, têm a eficácia de modificá-la. Assim, determinada
parte no processo (autor) traz certo fato e busca a tutela em face da outra
parte (réu). Este, por sua vez, em sede de defesa, alega e prova que o fato
trazido não ocorreu nos moldes do referido pelo autor, mas com
características e efeitos diversos, o que reflete na tutela pretendida, assim
reconhece parcialmente a situação, requerendo que a decisão considere a
modificação demonstrada.
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Art. 14 do CDC: O fornecedor de serviços responde, independentemente
da existência de culpa, pela reparação dos danos causados aos
consumidores por defeitos relativos à prestação dos serviços, bem como
por informações insuficientes ou inadequadas sobre sua fruição e riscos.
§ 3° O fornecedor de serviços só não será responsabilizado
quando provar:
I - que, tendo prestado o serviço, o defeito inexiste.
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APELAÇÃO CÍVEL. RESPONSABILIDADE CIVIL. ERRO MÉDICO. AÇÃO
DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS. IMPROCEDÊNCIA MANTIDA.
[...]. O Hospital demandado apenas desonera-se do dever de indenizar
caso comprove a ausência de nexo causal, ou seja, prove a culpa
exclusiva da vítima, fato exclusivo de terceiro, caso fortuito, ou força maior.
(TJ-RS, Relator: Jorge Luiz Lopes do Canto, Data de Julgamento:
25/03/2014, Quinta Câmara Cível)
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Os fatos extintivos são os que têm a eficácia de fazer
cessar a relação jurídica.
Ex.: extinção do contrato de seguro de vida
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Prestação de Serviços – Ação declaratória de inexigibilidade de débito c.c. pedido de indenização por
danos morais – Sentença de procedência – Apelo da ré e da autora, esta última postulando a majoração
do valor fixado a título de indenização por danos morais – Demanda que deve ser analisada à luz do
Código de Defesa do Consumidor – A alegação da autora de que não contratou com a requerida não
afasta sua condição de consumidora. De fato, ex vi do que dispõe o art. 17, do CDC. Com efeito, o art.
17, do CDC, prevê a figura do consumidor por equiparação, sujeitando à proteção do CDC aqueles que,
embora não tenham participado diretamente da relação de consumo, sejam vítimas do evento danoso
decorrente dessa relação – Invertido o ônus da prova, a empresa ré logrou se desincumbir de seu ônus.
Com efeito, a requerida apresentou, quando da contestação, ordem de serviço, na qual consta a
instalação de equipamentos de TV a cabo em nome e no endereço da autora, que corresponde ao
mesmo indicado na inicial. Ademais, a ré inseriu no bojo da defesa, informações de seu sistema interno,
dando conta de débitos em aberto. Conquanto as telas de sistema, isoladamente, não tenham o condão
de validar débito, fato é que a autora em réplica não só não impugnou especificamente as alegações
constantes da contestação, como também não impugnou o documento a ela acostado, restando, por
conseguinte, incontroversa a relação jurídica e o débito questionado – Sentença reformada – Recurso
da ré provido – Recurso adesivo da autora prejudicado. TJSP; Apelação 1059029-70.2014.8.26.0002;
Relator (a): Neto Barbosa Ferreira; Órgão Julgador: 29ª Câmara de Direito Privado; Foro Regional II -
Santo Amaro - 4ª Vara Cível; Data do Julgamento: 17/09/2018; Data de Registro: 17/09/2018)
Prestação de Serviços – Ação declaratória de inexigibilidade de débito c.c. pedido de indenização por
danos morais – Sentença de procedência – Apelo da ré – Demanda que deve ser analisada à luz do
Código de Defesa do Consumidor – O fato do autor não ter contratado com a requerida não afasta sua
condição de consumidor. Autor que se enquadra no conceito de consumidor equiparado, nos termos do
art. 17, do CDC. Com efeito, o art. 17, do CDC, prevê a figura do consumidor por equiparação,
sujeitando à proteção do CDC aqueles que, embora não tenham participado diretamente da relação de
consumo, sejam vítimas do evento danoso decorrente dessa relação – Invertido o ônus da prova, a
empresa ré não logrou demonstrar séria e concludentemente a efetiva contratação dos serviços que
culminaram na cobrança referida na inicial. Destarte, de rigor a declaração de inexistência do débito e
exclusão do nome do autor de cadastros de devedores – Danos morais – Pré-existência de
apontamento negativo em nome do autor e ausência de prova de discussão judicial a respeito – Abalo
de crédito não configurado pelo apontamento lançado pela requerida – Aplicabilidade da Súmula 385 do
C. STJ – Recurso parcialmente provido, para afastar a condenação imposta a título de danos morais.
(TJSP; Apelação 1013614-55.2014.8.26.0005; Relator (a): Neto Barbosa Ferreira; Órgão Julgador: 29ª
Câmara de Direito Privado; Foro Regional V - São Miguel Paulista - 1ª Vara Cível; Data do Julgamento:
17/09/2018; Data de Registro: 17/09/2018)
A inversão do ônus da prova ocorre com objetivo de facilitar a
defesa dos direitos do consumidor e, por via reflexa, garantir a
efetividade dos direitos do indivíduo e da coletividade na forma dos
artigos 5º, inciso XXXII e 170, inciso V, ambos da CF/88.
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• O Estado promoverá, na forma da lei, a defesa do
consumidor.
• A ordem econômica, fundada na valorização do
trabalho humano e na livre iniciativa, tem por fim
assegurar a todos existência digna, conforme os ditames
da justiça social, observados os seguintes princípios:
V - defesa do consumidor.
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Art. 371 do CPC
O juiz apreciará a prova constante dos autos,
independentemente do sujeito que a tiver promovido, e
indicará na decisão as razões da formação de seu
convencimento.
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Requisitos para decretação da inversão do ônus da prova
• A critério do juiz de direito
• Verossimilhança
• Hipossuficiência
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MOMENTO DA INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA
a) Ao despachar a petição inicial.
b) Na audiência preliminar (conciliação ou mediação).
c) No despacho saneador.
d) Na sentença
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A inversão do ônus da prova não tem aplicação
automática, sendo imprescindível a verossimilhança das
alegações do consumidor ou sua hipossuficiência. É
necessário o requerimento do autor na inicial.
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Compete ao autor demonstrar a ocorrência de erro
médico, uma vez que se trata de responsabilidade subjetiva
do profissional liberal, com fulcro no artigo 14, § 4º, do
Código de Defesa do Consumidor, pois a ação indenizatória
é dirigida ao médico que realizou os procedimentos
cirúrgicos.
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Ainda que se cuide de hipótese de culpa subjetiva, há a inversão ope
legis (arts. 12, § 3º, e art. 14, § 3º, do CDC) do ônus da prova, pois a
Segunda Seção do STJ, no julgamento do Resp 802.832/MG, Rel.
Paulo de Tarso Sanseverino, DJ de 21/09.2011, pacificou a
jurisprudência no sentido de que em demanda que trata da
responsabilidade pelo fato do produto ou do serviço (arts. 12 e 14 do
CDC), a inversão do ônus da prova decorre da lei (AgRg no Resp
402.107/RJ, Rel. Ministro SIDNEI BENETI, TERCEIRA TURMA,
julgado em 26/11/2013, DJe 09/12/2013).
PROF. JOSEVAL MARTINS VIANA
Art. 95 do Código de Processo Civil
Cada parte adiantará a remuneração do assistente técnico que houver
indicado, sendo a do perito adiantada pela parte que houver requerido a
perícia ou rateada quando a perícia for determinada de ofício ou
requerida por ambas as partes.
PROF. JOSEVAL MARTINS VIANA
Art. 95 do CPC
§ 1o O juiz poderá determinar que a parte responsável pelo
pagamento dos honorários do perito deposite em juízo o
valor correspondente.
PROF. JOSEVAL MARTINS VIANA
“Obrigação de fazer. Prova pericial. Adiantamento dos honorários do
perito. Conquanto viável a inversão do ônus da prova nas relações de
consumo, tal prerrogativa não se confunde com o encargo financeiro do
processo. Aplicação do artigo 33 [atual 95] do Estatuto Processual.
Prova que deve ser custeada pela autora, porquanto sua produção fora
determinada de ofício pelo juiz. Agravo provido.” (AI n. 2066358-
88.2015.8.26.0000, rel. Des. Natan Zelinschi de Arruda, j. 28.5.2015).
PROF. JOSEVAL MARTINS VIANA
ATENÇÃO
Provas são os meios utilizados para formar o
convencimento do juiz a respeito de fatos controvertidos
que tenham relevância para o processo.
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CLASSIFICAÇÃO DAS PROVAS
Quanto ao objeto:
a) Diretas – Exemplo: prontuário médico
b) Indiretas – Não aplicada no direito da saúde (exemplo: testemunha
para dizer que determinado funcionário não estava no hospital
naquele momento, por isso não poderia ser ele autor da conduta
lesiva.
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.
Quanto ao sujeito a prova pode ser:
a) Prova pessoal: oitiva de testemunha
b) Prova real: exame de determinada coisa. Exemplo:
perícia
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Quanto à forma:
a) Oral
b) Escrita
Não se esqueça de que o objeto da prova são os
fatos controvertidos relevantes para o julgamento
do processo.
PROF. JOSEVAL MARTINS VIANA
O que foi confessado pela parte contrária não
precisa de prova. Prestar atenção na contestação.
PROF. JOSEVAL MARTINS VIANA
A prova é destinada a convencer o juiz de direito a
respeito dos fatos controvertidos.
PROF. JOSEVAL MARTINS VIANA
Artigo 370, parágrafo único, do Código de Processo Civil:
Caberá ao juiz, de ofício ou a requerimento da parte, determinar as
provas necessárias ao julgamento do mérito.
Parágrafo único: O juiz indeferirá, em decisão fundamentada, as
diligências inúteis ou meramente protelatórias.
PROF. JOSEVAL MARTINS VIANA
As partes não são obrigadas a produzir provas a
respeito do que alegarem. Elas terão o ônus de fazê-lo.
O ônus distingue-se da obrigação, porque esta é a
atividade que uma pessoa faz em benefício da outra.
Ônus é a atividade que a pessoa desempenha em favor
de si mesma, e não da parte contrária.
PROF. JOSEVAL MARTINS VIANA
Distribuição Diversa do Ônus da Prova
Trata-se da modificação da regra natural de distribuição do ônus
probante
A inversão pode ser:
a) convencional;
b) legal;
c) judicial.
PROF. JOSEVAL MARTINS VIANA
1. Inversão convencional
Se o processo versar sobre interesse disponível, no qual as
partes podem renunciar aos seus direitos, pode haver
convenção sobre a modificação do ônus da prova.
PROF. JOSEVAL MARTINS VIANA
Artigo 373, § 3º, do CPC
A distribuição diversa do ônus da prova também
pode ocorrer por convenção das partes, salvo quando:
I – recair sobre direito indisponível da parte;
II – tornar excessivamente difícil a uma parte o exercício
do direito.
PROF. JOSEVAL MARTINS VIANA
O Código de Defesa do Consumidor veda
expressamente a inversão do ônus da prova em
detrimento do consumidor (Art. 51, VI).
PROF. JOSEVAL MARTINS VIANA
2. Inversão legal
Estabelecida a inversão pela lei.
Exemplos: Artigo 37, § 6º, da Constituição Federal
Artigo 14, § 4º, do Código de Defesa do Consumidor
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A vítima de danos deve o ônus de provar a culpa do réu.
Artigo 337, I, do CPC.
Observação: a inversão judicial distingue-se da presunção
legal, em que a lei preestabelece os requisitos, não dando
ao juiz nenhuma margem de avaliação; na judicial, a lei
condiciona a inversão a que, a critério do juiz, estejam
presentes determinadas circunstâncias.
PROF. JOSEVAL MARTINS VIANA
A inversão judicial do ônus da prova depende da decisão
do juiz.
A corrente majoritária entende que caberá ao juiz
na decisão de saneamento e organização do processo
definir a sua distribuição, na forma do artigo 373, § 1º, do
CPC:
PROF. JOSEVAL MARTINS VIANA
Nos casos previstos em lei ou diante de peculiaridades da causa
relacionadas à impossibilidade ou à excessiva dificuldade de cumprir o
encargo nos termos do caput ou à maior facilidade de obtenção da prova
do fato contrário, poderá o juiz atribuir o ônus da prova de modo diverso,
desde que o faça por decisão fundamentada, caso em que deverá dar à
parte a oportunidade de se desincumbir do ônus que lhe foi atribuído.
PROF. JOSEVAL MARTINS VIANA