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APRESENTAÇÃO
Atendendo ao projeto 914BRZ2016 – Elaboração de Estudos em Regulação de Recursos Hídricos e Saneamento, firmado com a UNESCO, para a definição de
diagnóstico de viabilidade e metodologia para implantação de programas de redução no
consumo de água em prédios públicos e de propriedade do Governo do Distrito Federal
(DF), o projeto será coordenado pela Agência Reguladora de Águas, Energia e Saneamento
do Distrito Federal (Adasa). A primeira entrega do produto trata-se do Levantamento do
Estado da Arte de Programas Nacionais de Sucesso na Redução do Consumo de Água em
Prédios Públicos. Desta forma, contempla em seu bojo, a contextualização histórica de
implantação de programas na esfera de atuação municipal, estadual ou nacional e seus
respectivos resultados.
Este produto foi elaborado por meio de pesquisas acadêmicas, relatórios de órgãos
públicos e privados; trabalhos publicados em eventos especializados no tema; revistas
técnicas; jornais e sites governamentais nacionais e internacionais. Assim como, foi
considerada a experiência e vivência prática do consultor no desenvolvimento e
implementação do Programa de Uso Racional da Água (Pura) no Estado de São Paulo.
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Fig. 1 – Sistema de Telemedição ......................................................................................... 22
Fig. 2 e 3 – Vistas internas do Laboratório Móvel de Uso Racional da Água ....................... 23
Fig. 4 – Laboratório Móvel de Uso Racional da Água .......................................................... 24
Fig. 5 – “Educa Água” – Educação para uso consciente da água ........................................ 25
Fig. 6 – Imagens do Programa ............................................................................................. 26
Fig. 7 – Cartilha de Uso Racional da Água no Comércio ..................................................... 30
Fig. 8 – Programa Água na Escola ...................................................................................... 32
LISTA DE TABELAS
Tab. 1 – Disponibilidade hídrica × população e por região ..................................................... 1
Tab. 2– Vazões Máximas Permitidas a partir de 01.01.1994 ................................................. 6
Tab. 3 – Dados comparativos entre o Brasil, Estado de SP e RMSP ................................... 15
Tab. 4 – Resultados do Programa - SANASA ...................................................................... 24
Tab. 5 – Resultados do Programa - Indaiatuba .................................................................... 26
LISTA DE ABREVIATURAS
ABERC - Associação Brasileira das Empresas de Refeições Coletivas
ABNT - Associação Brasileira de Normas Técnicas
ABV - Alto da Boa Vista
ADASA - Agência Reguladora de Águas, Energia e Saneamento do DF
ANA - Agência Nacional de Águas
ANAMACO - Associação Nacional dos Comerciantes de Material de Construção
ASFAMAS - Associação Brasileira dos Fabricantes de Materiais para Saneamento
BH PCJ - Bacia Hidrográfica dos Rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí
BIRD - Banco Internacional para Reconstrução e Desenvolvimento
CAESB - Companhia de Saneamento Ambiental do Distrito Federal
CBHs - Comitês de Bacias Hidrográficas
CDHU - Companhia de Desenvolvimento de Habitação e Urbanismo
CEAGESP - Companhia de Entrepostos, Armazéns Gerais de São Paulo
CENP - coordenadoria de Ensino de Normas Pedagógicas
CETESB - Companhia Ambiental Do Estado De São Paulo
CNI - Confederação Nacional da Indústria
CORA - Conselho de Orientação do Programa Estadual de Uso Racional da Água Potável
DAE - Departamento de Água e Esgoto
DTAS - Documentos Técnicos de Apoio
EAD - Curso de Ensino à Distância
ETES - Estações de Tratamento de Esgoto
FECOMERCIO - Federação do Comércio do Estado de São Paulo
FEHIDRO - Fundo Estadual de Recursos Hídricos
FIESP - Federação das Indústrias do Estado de São Paulo
IAMSPE - Hospital Servidor do Estado de São Paulo
IBAM - Instituto Brasileiro de Administração Municipal
IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
IC - Indicador de Consumo
IDH - Índice de Desenvolvimento Humano
IPT - Instituto de Pesquisas Tecnológicas
LIPURA - Laboratório Institucional do Programa de Uso Racional da Água
MDCI - Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços
MPO - Ministério do Planejamento e Orçamento
OMS - Organização Mundial da Saúde
ONGS – Agências do Governo
ONU - Organização das Nações Unidas
PAAT - Programa de Avaliação e Adequação de Tecnologias
PBQP –H - Programa Brasileiro da Qualidade e Produtividade no Habitat
PDOT - Plano Diretor de Ordenamento Territorial do Distrito Federal PDOT
PGQ – Programa de Garantia de Qualidade
PIB - Produto Interno Bruto
PMA - Programa Metropolitano de Água
PMSS - Programa de Modernização do Setor Saneamento
PNDCA - Programa Nacional de Combate ao Desperdício de Água
PNUD - Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento
PSA - Pagamento por Serviços Ambientais
PSQ - Programas Setorial da Qualidade
PSQS - Programas Setoriais da Qualidade
PURA - Programa de Uso Racional de Água
PURAE - o programa de conservação e uso racional da água nas edificações
REÁGUA - Programa Estadual de Apoio à Recuperação das Águas
RMSP - Região Metropolitana de São Paulo
SAAE - Serviço Autônomo de Água e Esgoto
SABESP - Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo
SAEB - Secretaria da Administração do Estado da Bahia
SANASA - Companhia de Saneamento de Campinas
SECOVI - Sindicato da Habitação SP
SENAC - Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial
SEPURB - Secretaria de Política Urbana
SESC - Serviço Social do Comércio
SINGREH - Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos
SNSA - Secretaria Nacional de Saneamento Ambiental do Ministério das Cidades
SRHSO - Secretaria de Recursos Hídricos, Saneamento e Obras
SSRH - Secretaria de Saneamento e Recursos Hídricos
TRP - Programa de Descontos para Vasos Sanitários
UFBA - Universidade Federal da Bahia
UFSC - Universidade Federal de Santa Catarina
UGRHIs - Unidades de Gerenciamento de Recursos Hídricos
USGS - United States Geological Survey
USP - Universidade de São Paulo
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO .................................................................................................................. 1
2. CONFLITOS PELO USO DA ÁGUA ................................................................................. 3
3. PROGRAMAS DE REDUÇÃO DE CONSUMO DE ÁGUA ............................................... 5
3.1. Experiências Internacionais ..................................................................................... 5
3.1.1. Estados Unidos ................................................................................................... 5
3.1.2. México ................................................................................................................. 9
3.1.3. Holanda ............................................................................................................... 9
3.2. Experiências Nacionais .......................................................................................... 11
3.2.1. Experiências Estaduais ..................................................................................... 14
3.2.2. Experiências Municipais .................................................................................... 21
3.2.3. Experiências de Outros Setores ........................................................................ 28
4. CONCLUSÃO ................................................................................................................. 35
5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................................... 36
6. ANEXOS ......................................................................................................................... 38
ANEXO 1 – CONTEXTUALIZAÇÃO HISTÓRICA DE IMPLEMENTAÇÃO DO PROGRAMA DE USO RACIONAL DA ÁGUA – PURA NO ESTADO DE SÃO PAULO ................................
ANEXO 1A – METODOLOGIA PARA A IMPLANTAÇÃO.METODOLOGIA PARA A IMPLANTAÇÃO DE PROGRAMA DE REDUÇÃO DO CONSUMO DE ÁGUA. ..............
ANEXO 1B – CARACTERIZAÇÃO DA DEMANDA .........................................................
ANEXO 2 – LEGISLAÇÃO .......................................................................................................
1
1. INTRODUÇÃO
O Brasil é considerado privilegiado em termos de disponibilidade de hídrica, com 12%
de toda a água doce disponível para consumo no planeta, pois possui o maior rio do mundo
em termos de vazão (Rio Amazonas) e o importante Aquífero Guarani.
Entretanto, há de se considerar a distribuição geográfica dos recursos hídricos, ou
seja, há uma disponibilidade insuficiente quando comparamos regionalmente, como por
exemplo a Região Sudeste, onde se concentra 42,1% da população total do país e a
disponibilidade hídrica é de 6%.
A criticidade da distribuição dos recursos hídricos no Brasil fica mais evidente quando
comparada a disponibilidade hídrica × população de cada região, segundo Tab. 11.
Tab. 1 – Disponibilidade hídrica × população e por região
Grandes Regiões e Unidades da Federação
Disponibilidade hídrica por
região1
Censo 2010 – IBGE2
População (hab.) %
Região Norte 68% 15.864.454 8,3%
Região Nordeste 3% 53.081.950 27,8%
Região Sudeste 6% 80.364.410 42,1%
Região Sul 7% 27.386.891 14,4%
Região Centro-Oeste 16% 14.058.094 7,4% OBS: Censo 2010 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). População Total do Brasil = 190.755.799 hab.2.
Se observarmos os dados de disponibilidade hídrica per capita para cada uma das
unidades federativas, podemos visualizar melhor como esse recurso encontra-se mal
distribuído. A seguir, temos o ordenamento dos estados, conforme a disponibilidade hídrica,
em função da média per capita:
• Riquíssima (mais de 20.000m³/hab./ano):
Acre, Amazonas, Amapá, Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Pará, Rio
Grande do Sul, Rondônia, Roraima e Tocantins.
• Muito rica (mais de 10.000m³/hab./ano):
Maranhão, Minas Gerais, Santa Catarina e Paraná.
• Rica (mais de 5.000m³/hab./ano):
Espírito Santo e Piauí
• Adequada (mais de 2.500m³/hab./ano):
1 Fonte: PENA, Rodolfo F. Alves - "Distribuição da água no Brasil"; Brasil Escola. Disponível em:
<http://brasilescola.uol.com.br/geografia/distribuicao-Água-no-brasil.htm> 2 Fonte: <http://www.censo2010.ibge.gov.br>
2
Bahia e São Paulo.
• Pobre (menos de 2.500m³/hab./ano):
Alagoas, Ceará, Distrito Federal, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte e Sergipe.
• Crítica (menos de 1.500m³/hab./ano):
Paraíba e Pernambuco.
Entretanto, apesar da disponibilidade hídrica favorável do país, crises de escassez de
água localizadas têm ocorrido nos últimos cinco anos.
Em 2014, a crise hídrica que atingiu o Sudeste do Brasil, principalmente São Paulo, e
serviu de alerta para as demais regiões do país.
Em 2016, os indícios de uma crise de abastecimento se tornaram concretos na Capital
Federal. Os níveis dos reservatórios caíram de forma preocupante: Santa Maria, que
abastece o Plano-Piloto e outras regiões administrativas, chegou a 41,1% em janeiro 2017 e
a Barragem do Rio Descoberto, que fornece água para 65% da população do Distrito
Federal, atingiu em janeiro de 2017 o menor nível registrado nos últimos 30 anos, com
18,94%, abaixo do limite recomendado pela Agência Reguladora de Águas, Energia e
Saneamento (Adasa).
Segundo o diretor da Adasa, “o uso racional da água pelo cidadão é importante em
todo momento, quando está chovendo, na época seca, na época que antecede a seca. O
uso racional hoje deve estar incorporado na nossa vida”3.
3 Fonte: <http://agenciabrasil.ebc.com.br>
3
2. CONFLITOS PELO USO DA ÁGUA
A escassez e a disputa pela água cada vez mais vêm se acirrando no mundo, devido
ao aumento da demanda pelos diversos tipos de usuários de diferentes setores, assim como
pelos usos múltiplos não-sustentáveis, gerando e intensificando conflitos entre nações,
estados e municípios. Além da disponibilidade hídrica ficar cada vez mais rara, a produção
de água para consumo humano vem se tornando mais cara em face da necessidade de
emprego de tratamento sofisticado para atingir os padrões de qualidade requeridos, fato que
poderá num futuro próximo colocar em risco o acesso a universalização de um bem vital.
Segundo os pesquisadores da Organização das Nações Unidas (ONU), a partir de
2015 48 países não terão água suficiente para as suas populações. Isso atingirá quase três
bilhões de pessoas, incluindo o Brasil, Egito, Etiópia, Irã, Líbia, Marrocos, Omã, Síria e
África do Sul. E, até 2030, a demanda por água doce no planeta deverá ser 40% maior do
que a oferta.
Os países que enfrentaram cenário de escassez e conflitos buscaram alternativas e
soluções inovadoras, com foco na conservação da água: formulação de legislações
específicas e, em casos extremos aplicaram leis e decretos punitivos; programas de uso
racional e reuso de água; programas de educação ambiental e sanitária para escolas,
incluindo campanhas educativas de sensibilização massivas para o público quanto ao uso
eficiente da água.
De um modo geral, os programas de conservação da água atuam basicamente em
três níveis, qual seja a conservação da água: na Bacia Hidrográfica, nos Sistemas Públicos
de Abastecimento de Água e Esgotamento Sanitário e nos Sistemas Prediais.
Um Programa de Conservação da Água deve ser composto por um conjunto de ações
específicas de racionalização do uso da água, que devem ser estabelecidas a partir da
realização de uma análise de demanda e oferta, em função dos usuários e atividades
consumidoras.
Para garantir a conservação de água de boa qualidade, com vistas ao aumento da
disponibilidade para o abastecimento público, são três os aspectos a serem considerados:
a. Bacia Hidrográfica:
• Regulamentar e fiscalizar o uso e ocupação do solo, com vista a evitar e impedir
possíveis impactos ambientais na Bacia Hidrográfica, que deve ser considerada
a principal unidade de planejamento.
b. Investimentos nos Sistema Públicos:
• Água: macro e micromedição, setorização das redes de distribuição e
manutenção do sistema de abastecimento de água;
4
• Esgoto: cobertura, afastamento e tratamento de esgoto e incremento na
disponibilização de água de reuso produzida pelas Estações de Tratamento de
Esgoto (ETEs).
c. Sistema Predial:
• Setorização da medição – detecta imediatamente os vazamentos e gerencia o
consumo de água;
• Consolidação de um sistema de manutenção adequado de forma a evitar que os
vazamentos ocorram – manutenção preventiva e corretiva;
• Instalações de equipamentos hidrossanitários economizadores de água;
• Campanhas educativas e de sensibilização.
5
3. PROGRAMAS DE REDUÇÃO DE CONSUMO DE ÁGUA
As pesquisas apresentadas neste relatório serviram de base para ações
desenvolvidas no âmbito nacional, referentes à gestão de recursos hídricos e programas de
preservação da água.
A legislação específica (decretos, resoluções, portarias e outros), bem com as normas
técnicas, será abordada no Anexo 2.
3.1. Experiências Internacionais
3.1.1. Estados Unidos
O consumo de água nos Estados Unidos foi reduzido nas últimas décadas, segundo a
USGS (United States Geological Survey), graças a campanhas educativas sobre o uso
racional da água e a adoção de tarifas mais altas pelo fornecimento do serviço.
“Até os anos 1980, o consumo aumentava velozmente ano após ano, mas
conseguimos reverter essa tendência, apesar do aumento populacional registrado no
período”, disse supervisor da USGS em Atlanta, Geórgia. Ele explicou que, apesar de não
ter conseguido reduzir o consumo em todas as regiões, manter o consumo estável já era um
fator positivo.
O volume gasto por pessoa, 215m³ por ano, é equivalente a um per capita médio de
589L/hab./dia.
Atualmente, os estados e as grandes cidades norte-americanas têm investido em
regulação, políticas de restrição de uso e um trabalho de conscientização para uso da água.
A crise hídrica na Costa Leste dos Estados Unidos – que atingiu principalmente São
Francisco – foi um fator que contribuiu para que o país começasse a se preocupar
coletivamente. A cidade enfrentou uma grave estiagem entre as décadas de 1980 e 1990 e,
por isso, passou por racionamentos e mudou seu modelo de gestão de água. Em São
Francisco, o lema é poupar água, e isso pode ser feito de muitas maneiras. A população de
São Francisco, cidade mais afetada pela seca, foi incentivada a trocar equipamentos
domésticos e eletrodomésticos, como máquinas de lavar e chuveiros, por modelos mais
eficientes com descontos para a aquisição de novos aparelhos e substituição de vasos
sanitários.
O governo investiu massivamente em campanhas publicitárias sobre o uso consciente,
com vídeos e reportagens publicados na Internet e disponibilizou um portal institucional só
para tratar de água. A mudança também surtiu efeito no pensamento das pessoas e na
cultura sobre o uso da água4.
4 Fonte: <https://ga.water.usgs.gov>
6
Em 24 de outubro de 1992 foi promulgada a Lei Federal 102-486 – Energy Policy Act,
onde foram estabelecidas que, a partir de 1.º de janeiro de 1994 não poderiam ser vendidos
nos Estados Unidos equipamentos que não atendesse aos limites de consumo permitidos,
demonstrados na Tab. 2.
Tab. 2– Vazões Máximas Permitidas a partir de 01.01.1994
Os fabricantes de equipamentos hidrossanitários atenderam à legislação, quanto às
vazões máximas estabelecidas na Tab. 2, e os consumidores passaram adotar os novos
equipamentos disponíveis no mercado. Desta forma houve uma redução de 30% no
consumo de água para o abastecimento5.
3.1.1.a. Nova York
Na década de 1990, Nova York enfrentou uma grave crise no abastecimento. A cidade
enfrentou quatro secas em uma década. Gastando mais do que o nível considerado seguro,
Nova York corria o risco de racionar água.
Os fatores que levaram a grande ameaçada à vida de Nova York na década de 1990
foi por conta da deterioração dos mananciais que abasteciam a cidade, impulsionada pelo
crescimento desenfreado da população e da economia que demandava cada vez mais
água. Nova York estava enfrentando várias secas e os reservatórios estavam com menos
de 30% de sua capacidade6.
Na época, Albert Appleton, responsável pelo Departamento de Proteção Ambiental,
tinha como missão conseguir uma solução que agradasse a todos. Uma das lições que
aprendeu rapidamente foi a importância de envolver a comunidade. Em outras palavras, era
muito importante que as lideranças mostrassem que estavam fazendo a sua parte, para que
5 Fonte: <http://www.jstor.org> - artigo publicado no Journal da American Water Works Association, Vol. 85, No. 8, Conservation (august, 1993), pp. 56-62 6 Fonte: <www.saneamentobasico.com.br/portal>
7
as pessoas atuassem em conjunto com o governo, aderindo às orientações para mudança
de postura.
A partir disso, ele envolveu diversos setores da sociedade – agências do governo,
ONGs, proprietários de terra com nascentes dos rios – para que, juntos, chegassem a uma
solução. A resposta veio e parecia simples: investir na conservação do meio ambiente.
Porém, o diferencial estava em como isso seria feito: redução do desperdício e educação da
população; preservação dos ambientes naturais dos mananciais que fornecem água e
valorização dos pequenos proprietários que participassem do projeto. O incentivo aos
proprietários seria financeiro: eles iriam receber uma premiação em dinheiro por conservar
as áreas naturais responsáveis pelo fornecimento do serviço ambiental de produção de
água. Esse foi um dos primeiros casos de sucesso do que atualmente se chama Pagamento
por Serviços Ambientais (PSA)7.
A cidade precisava agir rápido e na época, Albert Appleton, tinha duas opções: a
primeira era buscar água mais longe, no alto do Rio Hudson, construir uma nova rede de
tubulações e também usinas para tratar mais esgoto. A segunda opção era reduzir o
desperdício, consertando os vazamentos e campanhas de sensibilização da população para
gastar menos água. Correndo risco de racionamento, Appleton, avaliou financeiramente
duas alternativas para solução imediata: Buscar água no alto do Rio Hudson, distante da
cidade, construindo uma nova rede de tubulações e novas usinas de tratamento de esgoto;
a segunda alternativa era executar a reparação das tubulações existentes do sistema de
abastecimento, reduzindo o desperdício por perdas físicas e com a implantação de um
programa de campanhas educativas para sensibilização da população para diminuição do
consumo de água. Avaliando a relação custo-benefício, optou pela segunda alternativa,
sendo esta a mais viável e com retorno em curto prazo.
Ações adotadas pelo programa Escolas públicas:
• Substituição de bacias sanitárias, resultando na economia de 70% do volume
consumido em relação aos modelos de bacias antigas;
• Distribuição de materiais educativos, promovendo concursos abordando o tema
de preservação.
Prédios residenciais:
• O órgão público Departamento de Proteção Ambiental, incentivou a instalação de
bacias sanitárias econômicas pela população oferecendo um cheque de US$125
7 Fonte: <http://www.fundacaogrupoboticario.org.br>
8
por residência, estimulando a continuidade do programa e atingindo um milhão e
meio de famílias.
Hotéis:
• Para os grandes hotéis, foi sugerido reduzir o consumo em 5%.
Appleton também recomendou o conserto da rede de tubulação, que gerou uma
redução das perdas de água em cerca de 10%8. Dando continuidade ao programa implantado em 1990, o Departamento de Proteção
Ambiental aplicou, em 1994, com algumas alterações, a extensão do programa anterior:
Programa de Descontos para Vasos Sanitários (TRP). O TRP é uma iniciativa de
conservação de água orientada para o consumidor, com a intenção de economizar dinheiro
de proprietários e moradores, ao mesmo tempo em que ajuda a cidade a incrementar seu
orçamento dedicado à construção. Para participar, o cliente deve estar inscrito no programa
para receber cheques de desconto concedidos para compra de bacias sanitárias
econômicas em prédios multifamiliares no valor de US$240 e US$150 para unidades
comerciais, incluindo a instalação de arejadores e regulador de chuveiros.
Por meio do TRP foram instaladas mais de um milhão de unidades, reduzindo a
utilização de água na cidade em aproximadamente 60 milhões de galões por dia (MGD), ou
227.100m3 diários.
Este programa, em conjunto com outros, reduziram o consumo de água em 150
milhões de galões (567.750m3) por dia. Essas ações evitaram a busca de novas fontes de
água mais distantes do centro urbano, assim como a construção de novas estações de
tratamento de água e esgoto9.
Atualmente, o novo grande desafio de Nova York é manter a pureza da água que
captou tão longe, satisfazendo aos restritivos padrões exigidos pela legislação federal norte-
americana.
Indiscutivelmente, Nova York é um exemplo emblemático de como fazer uma gestão
sustentável dos recursos hídricos e, em especial, nos grandes centros urbanos. Fica a
mensagem de que, para garantir água de boa qualidade deve se manter um bom meio
ambiente e isso significa usar de forma inteligente os recursos que ele oferece, valorizando
os atores que são essenciais nesse processo10.
8 Fonte: VIII Edição do Congresso Brasileiro de Unidades de Conservação (VIII CBUC), – promovida pela
Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza. (Curitiba, setembro de 2015) 9 Fonte: New York City Toilet Rebate Program – NY City Department of Environmental Protection – 20 de abril de
1995 10 Fonte: <http://www.iea.usp.br>
9
3.1.2. México
Os problemas de qualidade da água e limitações na sua oferta na Área Metropolitana
do México estão relacionados, principalmente, ao crescimento da população, bem como às
tendências macroeconômicas e da economia regional, questões que estão além da
competência dos funcionários responsáveis pela gestão de planejamento. O ordenamento
do território também desempenha um papel importante no crescimento da região.
Atualmente, a preocupação é ampliar esforços para proteger as áreas de recarga do
aquífero, evitando novas invasões. No entanto, os esforços para controlar o crescimento na
periferia urbana continuam a enfrentar dificuldades.
Foi criada, em janeiro de 1990, e entrou em vigor em março do mesmo ano, legislação
prevendo o uso dos equipamentos hidráulicos e sanitários de baixo consumo, como também
campanhas com participação consciente da população para cumprir o programa e
realizadas por meio de vários meios de comunicação com difusão dos resultados. Ainda
foram adotadas medidas punitivas para lavagem de carros como também para de regas de
áreas verdes etc.
Na tentativa de aumentar a disponibilidade de água para consumo na Cidade do
México, em 1998 foram substituídas gratuitamente 3.500.000 bacias sanitárias
convencionais pelas de baixo consumo (6,0L/descarga), possibilitando com isso, o
abastecimento de mais de 250.000 pessoas11.
3.1.3. Holanda
Trata-se de um país que luta contra escassez de água por já ter sofrido com
momentos severos de seca. Os períodos de estiagem mais recentes aconteceram no verão
de 2003 e na primavera de 2005, anos em que houve pouca chuva e temperaturas
elevadas. Mas também aprendeu com essa contradição. Hoje, os excedentes de água da
chuva são guardados em lagos artificiais, valas e ribeiras para, evidentemente, serem
gerenciados na hora da necessidade. A Holanda é um dos países que servem de referência
para toda a Europa porque adotou um método capaz de concluir todo o ciclo da água.
Possui um sistema integrado de gestão de água, que inclui um esquema sólido de
defesa contra as cheias, um método eficiente de captação da água para o abastecimento e
a manutenção da qualidade das águas de superfície, além do tratamento de esgoto.
Atualmente, a imensa maioria (99%) das casas holandesas tem acesso a saneamento e
água sem cloro nas torneiras. Este país também se destaca internacionalmente por possuir
um inovador sistema de tratamento de águas e esgotos. Os métodos são tão sofisticados
11 Fonte: Gerenciamento da Demanda de Água – Conselho Nacional de Pesquisa/1995-Cidade do México
Abastecimento de Água: Melhorar as perspectivas de sustentabilidade. Washington, DC
10
que até água reciclada pode ser usada na indústria de alimentos e bebidas. Os sistemas de
purificação natural (processos biológicos) têm sido utilizados para melhorar a qualidade das
águas que são depositadas nos rios. Os produtos químicos residuais do esgoto, como o
fósforo e o nitrogênio são retirados quase em sua totalidade. O ferro e o magnésio dos
resíduos também são usados na agricultura, na horticultura, na produção de cosméticos e
na indústria de alimentos, além de estarem em componentes de concretos e materiais da
construção. Outras substâncias, como o carbonato de cálcio (principal componente de
rochas) e o ferro, também são recicladas.
O país investe pesadamente em pesquisas, tanto o setor privado quanto o público.
Atualmente, o centro de pesquisas TNO, uma organização independente que contribui para
a competitividade das empresas e organizações para o desenvolvimento da sociedade, está
desenvolvendo um sistema de dessalinização que usa o calor residual de indústrias, como
usinas de energia, ou mesmo do Sol (operação sustentável e de baixo custo), para a
destilação da água do mar. Essa tecnologia vai transformar água do mar em água de
altíssima qualidade. Por esse método, podem ser produzidos entre dois e dez litros de água
por hora, dependendo da temperatura empregada, produzindo água que pode servir para
aplicações industriais e consumo humano.
No setor de produção de jeans, esta tecnologia está sendo testada na redução de
custos da produção e de consumo de água. Hoje, para confeccionar uma única calça jeans,
são necessários 7m³ de água. Com a criação do Laboratório Azul (Blue Lab) e da Escola
Internacional do Jeans, será dado foco em três pilares: economia de água e de produtos
químicos e, consequentemente, menor geração de resíduos. A intenção é alcançar uma
economia de 600L de água por calça. A meta é de, nos próximos anos, diminuir o consumo
de água para 2m³ em cada peça confeccionada – uma economia de 5m³. Hoje, uma calça
jeans custa entre €75 e €100, mas, se o projeto de redução de água der resultado positivo, o
custo final de cada peça também deverá ficar menor para o consumidor. Vale saber que a
indústria de jeans move €5 milhões por ano na Holanda12.
12 Fonte: http://anprotec.org.br NOTA: Na Holanda, os padrões de qualidade da água distribuída pelas diversas companhias de abastecimento são aqueles definidos pela comunidade europeia. A Diretiva 98/83/EC, publicada em 3 de novembro de 1998, estabelece os parâmetros e seus respectivos valores máximos permissíveis. Em 2014, os valores dessa diretiva foram revisados e a comunidade europeia publicou o instrumento S.I. nº 122, de 2014, referida como “European Union (drinking water) Regulation 2014” (EUR, 2014), que agrupa todas as exigências e regulações para qualidade da água para consumo. Na Holanda, não se permite a desinfecção das águas com cloro, por causa da possível formação de trihalometanos, em presença de matéria orgânica, portanto, o parâmetro cloro residual não se aplica na região. No Brasil, adota-se a Portaria n.º 2.914/2011 do Ministério da Saúde, que dispõe sobre os procedimentos de controle e de vigilância da qualidade da água para consumo humano e seu padrão de potabilidade. Em função das incertezas em relação às condições operacionais dos constituintes do sistema de distribuição de água, determina-se um cloro residual livre de, no mínimo, 0,2mg/L, com o objetivo de garantir proteção contra a contaminação ao longo da distribuição.
11
3.2. Experiências Nacionais
No Brasil, o crescimento desordenado das grandes cidades e aglomerados urbanos
tem impactado diretamente os recursos hídricos, tanto no aspecto quantitativo, devido ao
uso múltiplo nem sempre sustentável, como no aspecto qualitativo, por conta da
contaminação das águas pelo lançamento de efluentes industriais, residenciais e cargas
difusas.
O desperdício de água nos grandes centros urbanos é outro fator que gera sérios
impactos contribuindo para aumentar o risco de escassez de água para abastecimento da
população. Algumas bacias hidrográficas responsáveis pelo abastecimento de grandes
centros urbanos não têm condições de, sozinhas, garantir o abastecimento das grandes
cidades.
A preocupação com a redução das demandas de água tem promovido Programas de
Redução de Consumo de Água por meio do desenvolvimento de novas tecnologias, de
produtos mais eficientes como também de educação socioambiental, com foco na
diminuição do consumo per capita. As campanhas massivas de sensibilização para uma
maior conscientização dos consumidores para mudanças de hábitos, com dicas de boas
práticas e modos corretos do uso da água nas atividades diárias, têm evitado o desperdício.
Os principais benefícios de Programas de redução de consumo da água são:
• Prolongar a vida útil dos mananciais existentes, promovendo a conservação dos
recursos hídricos;
• Postergar investimentos em novas captações de água, em mananciais cada vez
mais distantes dos centros urbanos;
• Diminuir o volume de esgotos a serem coletados e tratados;
• Diminuir o consumo de energia elétrica e outros insumos;
• Aumentar a disponibilidade de água para atendimento das demandas e garantir o
fornecimento;
• Diminuir a probabilidade de racionamento;
• Reduzir os custos para os consumidores da conta água/esgoto/energia.
Entretanto, na pesquisa realizada para verificação de implantação de programas de
conservação e uso racional da água em nível nacional, estadual e municipal, verificou-se
que nos estados de maior evidência: Rio de Janeiro, Minas Gerais, Paraná, Pernambuco,
Ceará, Rio Grande do Sul e o Distrito Federal, Sede da Presidência da República, não foi
identificado nenhum programa estruturado que estivesse legitimado nas Políticas Públicas
do governo, como o Programa de Uso Racional de Água (Pura) do Estado de São Paulo.
12
Observou-se que as ações se limitaram à criação de leis referentes ao assunto,
campanhas educativas e de sensibilização para população, desenvolvimento de pesquisas
acadêmicas pontuais em diversas universidades de vários Estados ou de Municípios. Foram
implantados projetos-piloto estruturados em algumas instituições com objetivo de atender
demandas específicas de algumas localidades, como é o caso da Bahia. Os projetos-piloto
identificados atuavam sobre a gestão da demanda reprimida e tinham como meta os
benefícios causados pela redução do volume gasto por essas instituições, que se reflete na
redução na conta de água, esgoto e energia.
A intenção dessas pesquisas era a incorporação dos projetos nas políticas públicas
dos governos, evidenciando a necessidade de uma grande articulação que envolva líderes
demonstrando a importância de um programa de uso consciente da água.
A nível nacional, houve a tentativa de implementação de um programa de combate ao
desperdício da água em 1997, sendo instituído pelo Governo Federal o Programa Nacional
de Combate ao Desperdício de Água (PNCDA), vinculado atualmente à Secretaria Nacional
de Saneamento Ambiental do Ministério das Cidades (SNSA) do Ministério das Cidades,
que tem por objetivo geral ações com interface junto aos recursos hídricos, no âmbito da
bacia hidrográfica, passando pelo sistema público de abastecimento de água, desde a
produção, distribuição, até as instalações prediais, propiciando a melhor produtividade dos
ativos existentes e a postergação de parte dos investimentos para a ampliação dos
sistemas.
O PNCDA tem por objetivos específicos definir e implementar um conjunto de ações e
instrumentos tecnológicos, normativos, econômicos e institucionais, concorrentes para uma
efetiva economia dos volumes de água demandados para consumo nas áreas urbanas,
consolidados em publicações técnicas e cursos de capacitação.
Dentre as publicações, o Programa possui a série Documentos Técnicos de Apoio
(DTAs), com produção original realizada em 1999 e revisões de alguns dos documentos em
2003.
Dando sequência à sua vertente de elaboração de estudos, em parceria com o
Programa de Modernização do Setor Saneamento (PMSS), o PNCDA lançou uma nova
linha de DTAs, sob forma de “Guias Práticos”, que visam ao atendimento a uma forte
demanda, por parte das equipes operacionais dos prestadores de serviços de saneamento,
por documentos de fácil entendimento, aplicativos e práticos, de modo a serem úteis quando
da realização de serviços de campo. Assim, os Guias abordam temas relacionados às
questões cotidianas vivenciadas por equipes responsáveis pela operação e manutenção de
sistemas de abastecimento de água no país, usando uma linguagem acessível, recursos
gráficos, fotos, desenhos e croquis, adotando, enfim, uma mensagem visual para o
adequado entendimento dos procedimentos descritos.
13
O Programa desenvolveu ainda, com o apoio do PMSS e em parceria com o Instituto
Brasileiro de Administração Municipal (Ibam), um Curso de Ensino à Distância (EAD),
especificamente voltado para a capacitação de profissionais do setor saneamento no tema
da gestão das perdas de água e do uso de energia elétrica.
Durante o governo de 1995/1997, foi realizado um acordo entre Ministério do Interior,
Ministério do Planejamento e Orçamento (MPO) e Secretaria de Política Urbana (Sepurb),
prevendo algumas medidas referentes aos equipamentos economizadores de água prediais,
inseridas nas Metas Mobilizadoras Nacionais – Cesta Básica e o Programa Setorial da
Qualidade para Sistemas Prediais.
Em 1997, o Ministério do Interior, por meio do Programa Brasileiro da Qualidade e
Produtividade no Habitat (PBQP-H), estabeleceu em norma, novos limites máximos de
utilização de água para a limpeza de bacias sanitárias; as alterações dos volumes
consumidos na descarga foram definidas em etapas até o ano de 2002, segundo a
determinação do governo:
• Etapa 1 – até 1999, as bacias sanitárias utilizadas no Brasil poderiam consumir
até 12L de água por descarga;
• Etapa 2 – até 2000, o limite máximo de utilização de água por bacias sanitárias
seria de 9L/descarga;
• Etapa 3 – a partir de 2002, esse limite passaria para 6L/descarga.
Já no Programa Setorial da Qualidade para Sistemas Prediais, foram realizados
acompanhamentos e elaborados diagnósticos dos materiais e equipamentos, a fim garantir
a sua conformidade com as Normas Brasileiras, por meio do Programa Setorial da
Qualidade registrado no PBQP-H, coordenado pela Secretaria de Política Urbana Especial
de Desenvolvimento Urbano da Presidência da República, dentre eles:
• Louças sanitárias;
• Metais sanitários e aparelhos economizadores de água;
• Reservatórios e válvulas-boia;
• Sistemas prediais.
Os dois programas PSQ, se baseiam nas normas da ABNT em vigor. O programa
certifica a conformidade com as normas para os produtos que fazem parte do escopo. A
conformidade é aferida pelo programa, um critério obrigatório nos programas financiados
pelo governo e na maioria dos casos são exigidos também pelas construtoras14.
Atualmente, o PNCDA encontra-se inserido na Secretaria Nacional de Saneamento
Ambiental, e se tornou um recurso de consultas técnicas. Apenas o Programa Brasileiro da
14
Qualidade e Produtividade do Habitat - PBQP-H e os Programas Setoriais da Qualidade
(PSQs), sistema de qualificação de empresas de materiais, componentes e sistemas
construtivos de acordo com a avaliação da conformidade de produto, ou seja, a Capacitação
e Certificação que se tornaram públicos13.
O site <http://pbqp-h.cidades.gov.br/projetos_simac_psqs.php> fornece mais
informações sobre o assunto.
3.2.1. Experiências Estaduais
3.2.1.a. São Paulo
O Estado de São Paulo é o mais cosmopolita da América do Sul e possui 645
municípios. Seu território abrange três das principais unidades do relevo brasileiro: a oeste
encontram-se os planaltos e chapadas da Bacia do Paraná; a leste, os planaltos e serras do
Atlântico leste-sudeste, e, entre eles, a depressão periférica da borda leste da bacia do
Paraná. Há também, na região próxima ao mar, uma planície litorânea, que é limitada pela
Serra do Mar.
São Paulo é o estado mais rico do Brasil, apresentando o maior Produto Interno Bruto
(PIB). Possui uma economia diversificada, com desenvolvimento em todos os setores da
economia. O PIB paulista corresponde a 32,2% de todo o PIB nacional (dado do IBGE,
referente a 2014) e é composto por uma intensa atividade industrial (46%), pela ampla
atuação do setor de comércio e serviços (47%) e por uma atividade agropecuária (7%)
altamente tecnológica e com uma relativa relevância comercial.
Possui também uma excelente infraestrutura, com destaques para as rodovias, portos,
ferrovias, usinas hidrelétricas e aeroportos.
Na Região Metropolitana de São Paulo (RMSP) se concentram 39 municípios que
constituem o maior polo de riqueza nacional. Criada em 1973, foi reorganizada em 2011.
Seu PIB corresponde a cerca de 18,62% do total brasileiro e a mais da metade do PIB
paulista (56,24%). Vivem nesse território quase 50% da população estadual, chegando a 22
milhões de habitantes, segundo estimativa do IBGE para 2015 (21.242.939 habitantes,
segundo o Censo de 2010). A metrópole centraliza importantes complexos industriais (São
Paulo, ABC, Guarulhos e Osasco), comerciais e, principalmente, financeiros (Bolsa de
Valores), que controlam as atividades econômicas no país.
A RMSP abriga a principal metrópole nacional, São Paulo – cidade global. É o centro
de decisões políticas do Estado. Além disso, concentra serviços diversificados e
especializados, com destaque para as áreas de telecomunicações, cultura, educação,
13 Fonte: <http://www.cidades.gov.br>
15
saúde, transportes e gastronomia. Polo de turismo de negócios da América Latina é, ainda,
centro gerencial e administrativo, abrigando sedes de empresas transnacionais14.
A Tab. 3 apresenta dados comparativos entre Brasil, Estado de São Paulo (ESP) e
Região Metropolitana de São Paulo (RMSP).
Tab. 3 – Dados comparativos entre o Brasil, Estado de SP e RMSP
Km2 Estado Brasil Hab. Estado BrasilRMSP 8.051 3,24% 0,09% 21.242.939 51,48% 11,14% 701.848,59 56,24% 18,62%ESP 248.209 100% 2,92% 41.262.199 100% 21,63% 1.248.000,00 100,00% 33,10%BRASIL 8.514.876 100% 190.755.799 100% 3.770.084,87 33,10% 100%
Estado BrasilLOCALÁREA POPULAÇÃO PIB
(MilhõesR$)
Fonte: <http://brasilemsintese.ibge.gov.br>
O abastecimento de água da RMSP é de responsabilidade da Diretoria Metropolitana
(M) da Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp). A distribuição
é realizada por meio do Sistema Integrado Metropolitano (SIM), atendendo a 30 dos 38
municípios existentes na RMSP, que também fornece água por atacado a cinco municípios
operados pelas municipalidades (Diadema, Guarulhos, Mogi das Cruzes, Santo André e São
Caetano do Sul), também chamados de municípios permissionários.
Características da Rmsp:
• Regiões de Estrutura Formal;
• Infraestrutura consolidada;
• Menor crescimento populacional;
• Renda per capita maior;
• Consumo de água per capita elevado.
Regiões Periféricas
• Infraestrutura deficiente;
• Dificuldades na instalação de redes de água e de esgotos e coletores de fundo de
vale;
• Maior crescimento populacional;
• Consumo médio per capita menor;
• Ocupação de áreas de mananciais.
O abastecimento de água na RMSP é extremamente complexo, principalmente, devido
ao fato de ter sido consolidada na área da Bacia Hidrográfica do Alto Tietê, onde a
14 Fonte: <www.emplasa.sp.gov.br>
16
disponibilidade hídrica é de 130,68m3/hab./ano, considerada crítica, ou seja, menor que
1.500m³/hab./ano.
Somado a isso, as dificuldades são agravadas pela crescente ocupação da periferia
da RMSP.
PROBLEMAS E DESAFIOS:
Crescimento da Periferia
• Dificuldade de conexão;
• Baixa adesão;
• Custos crescentes;
• Receitas decrescentes;
• Violência (áreas de risco = difícil acesso).
Áreas Irregulares
• Impedimento legal para regularizar infraestruturas de saneamento: elevadas
perdas aparentes e reais.
A Sabesp, desde a década de 1990, vem buscando várias alternativas para aumentar
a oferta de água e atuando fortemente na gestão da demanda.
Soluções
• Programa de Redução de Perdas;
• Atuação na Demanda (Pura);
• Água de Reuso.
Entretanto, atenta às questões relacionadas à criticidade de disponibilidade hídrica na
RMSP e à urgência em se buscar ações estruturais e não-estruturais que tinham por
objetivo atuar na demanda, a Sabesp decidiu adotar um programa de redução de consumo
de água de usos domésticos e não-domésticos com foco inicial na RMSP, localizada na
Bacia Hidrográfica do Alto Tietê, conhecidamente a mais crítica do Estado, em termos de
disponibilidade hídrica.
A crise hídrica de 2014/2015 reforçou a importância das iniciativas adotadas pela
Sabesp referentes às ações do Programa de Uso Racional da Água (Pura),
institucionalizado em 1996 e detalhado, conforme Anexo 1. O Pura promove readequações
estruturais em prédios públicos para que reduzam as perdas em suas instalações prediais e
reforça a necessidade do consumo consciente.
Nos edifícios públicos são instaladas válvulas redutoras de descarga antivandalismo,
bacias sanitárias com caixa acoplada de 6L/descarga, bacias de volume de descarga
17
reduzida, arejadores, torneiras com acionamento automático, reguladores de vazão, bem
como promove a doação de reservatórios para coleta e aproveitamento de água de chuva.
Paralelamente, são realizadas campanhas educativas com orientação de boas práticas para
economia de água para os diversos públicos.
3.2.1.b. Distrito Federal
O Distrito Federal (DF) não é um Estado e nem possui municípios. É um território
autônomo composto por 30 Regiões Administrativas (cidades-satélites); exceto Brasília,
Capital Federal e sede do governo do DF.
A construção da capital federal no Centro-Oeste brasileiro objetivou a ocupação do
oeste do território nacional, pois, garantiria a ocupação de terras quase despovoadas e
proporcionaria novas possibilidades de desenvolvimento econômico na região, além de ser
menos vulnerável a ataques externos. O Distrito Federal está localizado numa porção de
área que pertencia ao Estado de Goiás.
Do total da água distribuída pela Companhia de Saneamento Ambiental do Distrito
Federal (Caesb), 80% destinam-se ao uso residencial, fato que justificou medidas mais
drásticas para redução do consumo.
Cada habitante do DF consome, em média, 184L diários, segundo a Caesb. O
morador do DF precisaria reduzir o consumo médio de água para atingir um patamar de uso
sustentável. A Organização Mundial da Saúde (OMS) estabelece uma média diária de 110L
por habitante para assegurar as necessidades básicas e minimizar os problemas de saúde.
A atual preocupação das autoridades é encontrar alternativas para aumentar a
captação de água no DF, contudo a redução das perdas no sistema e as campanhas de
educação ambiental e sanitária junto à população também estão entre as prioridades.
“Ninguém escuta uma campanha de conscientização enquanto houver água na
torneira. Parece que temos de chegar no nível crítico para a população começar a prestar
atenção e economizar”, ponderou o diretor-presidente da Adasa.
Com a crise de abastecimento de água no DF no biênio 2016/2017, foram adotadas as
seguintes medidas:
a. Governo do Distrito Federal (GDF)
• 20 de setembro de 2016 – Decreto n.º 37.644 institui a política de redução de
consumo de água pelos órgãos e entidades da Administração Pública direta e
indireta do DF e dá outras providências.
• Setembro de 2016: é decretada situação crítica de escassez hídrica nos
reservatórios do Descoberto e de Santa Maria. Atividades como lavagem de
18
veículos, garagens e calçadas, irrigação paisagística e manutenção de piscinas
ficam proibidas de usar água tratada.
b. Companhia Estadual de Saneamento do Distrito Federal (Caesb15)
• Fevereiro de 2017: começa o racionamento nas cidades abastecidas pelo
Sistema Santa Maria/Torto. Esplanada e setores hospitalares ficam de fora do
rodízio;
• Janeiro de 2017: começam o racionamento nas cidades abastecidas pelo Rio
Descoberto e a redução de pressão nas abastecidas pelo Santa Maria/Torto.
• Dezembro de 2016: começa a redução de pressão nas redes abastecidas pelo
Rio Descoberto;
• Outubro de 2016: implantada a tarifa de contingência em 40% no valor sobre o
consumo de água é autorizado para quem ultrapassar uso de 10 mil litros
mensais de líquido;
• Campanha "Consciência 10": Dicas Adicionais para o Uso Racional da Água,
material disponibilizado pela Caesb como folhetos, cartilhas e manuais com
finalidades educativas, que poderão ser utilizados para atividades escolares ou
por qualquer interessado. Este material ensina como ajudar na preservação do
meio ambiente.
c. Agência Reguladora de Águas, Energia e Saneamento do DF (Adasa16)
• Resolução n.º 13 de 15 de agosto de 2016 – Estabelece os volumes de
referência e ações de contenção em situações críticas de escassez hídrica nos
Reservatórios do Descoberto e de Santa Maria, visando assegurar os usos
prioritários dos recursos hídricos17;
• Resolução n.º 17 de 7 de outubro de 2016 – Estabelece a Tarifa de Contingência
para os serviços públicos de abastecimento de água do Distrito Federal,
prestados pela Companhia de Saneamento Ambiental do Distrito Federal
(Caesb), em virtude de situação crítica de escassez hídrica e dá outras
providências;
• Resolução n.º 2007 de novembro de 2016 – Declara o estado de restrição de
uso dos recursos hídricos, estabelece o regime de racionamento do serviço de
abastecimento de água nas localidades atendidas pelos Reservatórios do
Descoberto e Santa Maria e dá outras providências;
15 Fonte: <https://www.caesb.df.gov.br> 16 Fonte: <https://www.adasa.df.gov.br>
19
• Resolução n.º 01, de 15 de fevereiro de 2017 – Limitar a 3,5m³/s a vazão média
mensal captada pela Caesb no Reservatório do Descoberto;
• Demais resoluções serão acrescentadas Anexo 2 Legislação Federal, Estadual
e Municipal.
3.2.1.c. Bahia
Em 2004, a Universidade Federal da Bahia (UFBA) desenvolveu um Programa de Uso
Racional da Água denominado Água Pura, metodologia baseada em conceitos de Produção
Limpa que consideram atividades de diminuição de perdas e desperdícios, instalação de
equipamentos economizadores, manutenção e gestão da redução obtida e implantação de
tecnologias limpas. A Universidade se norteou na metodologia desenvolvida pelo Programa
de Uso Racional da Água (Pura), da Sabesp, apresentado no projeto de Oliveira (1999) que
participou, na ocasião, pela Escola Politécnica da USP-SP da implantação do Programa
como um estudo de caso no Complexo do Hospital das Clínicas em São Paulo. A
Universidade desenvolveu ainda o sistema Vianet que passou a ser utilizado por dezenas de
usuários para acompanhar o consumo de água que possibilitou, durante a sua fase de teste,
a redução de consumo per capita de 30 para 18L/dia em suas instalações.
O sistema permite que seus usuários possam acompanhar o seu consumo de água
diariamente em suas edificações e identificar rapidamente os eventos que provocam
desperdícios e perdas, permitindo economias significativas.
Em 2008, Governo do Estado da Bahia estabeleceu parceria com a UFBA para
implantação do sistema Água Pura Vianet nas instalações hidráulicas dos prédios públicos
com o objetivo de promover a redução dos custos por meio da implementação do Programa
de Racionalização do Consumo de Água e Energia do governo, promovido pela Secretaria
da Administração do Estado da Bahia (Saeb).
O Programa tem como eixo central a capacitação de servidores Ecotimes (três
servidores por edifício) das unidades para monitorar diariamente o consumo, lançando-os no
sistema, interpretando os dados e tomando atitudes com vistas a solucionar problemas,
adotando medidas sobre uso racional de água e energia. O programa está dividido em
etapas de implementação, sendo elas:
• Pesquisa de perfil de usuário para identificar as características gerais dos
consumidores quanto ao uso da água e energia;
• Realização de varreduras, vistorias técnicas, medições de vazão de torneiras,
bacias sanitárias, regulagem e temporização de equipamentos;
• Levantamento de todos os pontos de consumo dos prédios e dos equipamentos e
materiais necessários para a correção das irregularidades.
20
Durante a fase inicial do Programa nos prédios públicos, os Ecotimes, servidores
responsáveis pela coleta de dados para utilização do Sistema Água Pura Vianet e do
Sistema de Manutenção Predial, contaram com o acompanhamento diário da equipe
técnica de manutenção da UFBA para realização das ações em suas unidades.
Segundo a coordenação do programa, são realizadas vistorias constantes pela Saeb
nos prédios onde os Ecotimes atuam. Os objetivos das vistorias são: identificar e corrigir
vazamentos; executar a regulagem de torneiras e bacias sanitárias; promover a instalação
de equipamentos economizadores; adequar os horários de irrigação dos jardins e a forma
de lavagem dos veículos; promover a instalação de mictórios, além de outras ações
responsáveis pela redução de gastos.
O programa foi instalado em algumas escolas da rede estadual da Bahia onde, além
do monitoramento do consumo os professores, também passaram a conscientizar os alunos
para evitar o desperdício. Com as medidas corretivas nas escolas, foi possível atingir uma
faixa de 35% a 40% na redução do consumo.
Nos órgãos oficiais beneficiados pelo Programa, desde o seu lançamento em 2008, foi
registrada uma economia de cerca R$ 20,4 milhões até 201517. Para regulamentação do
Programa, o Governo do Estado assinou o Decreto n.º 12.544 de 10 de janeiro de 2011. O
programa também é usado para controlar o consumo doméstico: 170 condomínios e
residências de Salvador já estão cadastrados e não pagam pelo serviço. O controle é feito
pela Internet e o programa pode ser baixado gratuitamente18.
Posteriormente à implantação de algumas ações nos edifícios públicos da Bahia, foi
criado em 10 de janeiro de 2011 um decreto instituindo o Programa de Racionalização do
Consumo de Água e Energia nos Prédios Públicos, no âmbito da Administração Pública do
Poder Executivo Estadual.
Foi observado que este Decreto foi baseado no do Governo do Estado de São Paulo
de 2001, referente ao Programa do Uso Racional da Água e na Resolução SRHSO de
31.05.2001 da Secretaria de Recursos Hídricos, Saneamento e Obras.
O Programa do Estado da Bahia é bem semelhante ao de São Paulo, o Pura,
diferenciando nas linhas dos recursos, modelo de contrato/convênio, de capacitação dos
responsáveis em face da tipologia, na tarifa para entidades públicas e na tecnologia de
monitoramento. É natural que, sendo um programa consolidado, legitimado e de sucesso,
outros estados possam adotar igual ou semelhante, de acordo com as peculiaridades da
região e localidades.
17 Fonte: <http://www.teclim.ufba.br/site/material_online/publicacoes/pub_art84.pdf> 18 Fonte: <http://teclim.ufba.br/web/ag uapura/>
21
3.2.2. Experiências Municipais
3.2.2.a. Município de Campinas
É um município do interior do Estado de São Paulo, distante 99km a noroeste da
capital de São Paulo, com uma população de 1.173.370 habitantes, com 98% estabelecidos
na área urbana.
Décima cidade mais rica do Brasil, hoje é responsável por pelo menos 15% de toda a
produção científica nacional, sendo o terceiro maior polo de pesquisa e desenvolvimento
brasileiro19.
Quanto à hidrografia, Campinas está localizada integralmente na Bacia Hidrográfica
dos Rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí (BH PCJ). Na sua parte Norte, é atravessada pelos
Rios Jáguari e Atibaia, formadores do Rio Piracicaba, a partir das suas confluências no
Município de Americana.
A rede de drenagem interna do município, composta por córregos e ribeirões, é
bastante densa, toda convergente para as três grandes sub-bacias citadas (Atibaia/Jáguari,
Quilombo e Capivari), e responsável pelo esgotamento e transporte das águas pluviais e
servidas. A Companhia de Saneamento de Campinas (Sanasa) é associada ao comitê da
bacia do PCJ20.
A Sanasa implementou todas as medidas de redução de consumo nas escolas
estaduais e municipais, desde o diagnóstico das instalações hidráulicas incluindo
reservatórios, consertos e reparos de vazamentos, instalação de novos equipamentos de
baixo consumo, sistema de telemedição, análises e controle da qualidade da água,
campanhas educativas para professores, alunos, funcionários, incluindo o pessoal de
cozinha. A realização destas ações foi devido ao fato de terem sido habilitado de acordo
com as diretrizes e normativos do Programa Reágua (vide item 3.2.3.e), que foi criado para
as Unidades de Gerenciamento de Recursos Hídricos (UGRHIs) mais críticas em
disponibilidade de água e posteriormente contrato firmado com a SSRH.
Outras Ações implementadas:
Monitoramento por meio do Sistema de Medição Remota (Telemetria)
O sistema pode ser do tipo M-BUS ou com Saída Pulsada e com transmissão de
dados para central de monitoramento via celular.
É uma ferramenta que permite o monitoramento permanente (online) do consumo pela
prestadora de serviços de saneamento e também pelo cliente, por meio de curso específico.
19 Fonte: <https://pt.wikipedia.org/wiki/Campinas> - Diretoria de Pesquisas, Coordenação de População e
Indicadores Sociais do IBGE 20 Fonte: <http://www.sanasa.com.br/portal_transparencia/not_con3.asp?par_nrod=154>
22
O sistema identifica qualquer tipo de anomalia nas instalações hidrossanitárias tais como:
consumos anormais registrados no período noturno ou diurno e eventos que podem ser
vazamentos ou uso inadequado dos equipamentos. A identificação das ocorrências
monitorados permite correção imediata da anomalia pelos gestores, prestadora de serviços
de saneamento local ou pela Prefeitura, contribuindo para a sustentabilidade do programa.
Em Campinas, na telemedição foi adotado o sistema com Saída Pulsada e
transmissão de dados para central de monitoramento em 200 unidades escolares
abrangidas pelo Reágua.
Fig. 1 – Sistema de Telemedição
Campanha de Educação Ambiental (EA)
As ações adotadas foram pautadas em metodologia participativa, que promove a
participação dos diferentes atores envolvidos no processo, considerados protagonistas na
adequação e construção coletiva de práticas e atividades cotidianas das comunidades
envolvidas, considerando a realidade em cada segmento da comunidade escolar,
promovendo discussões, trocas de experiências e reflexão sobre o uso racional da água e
também para possibilitar a compreensão da interdependência entre aspectos naturais,
sociais, econômicos, políticos e culturais que compõem o meio ambiente .São realizados
cursos para a formação de Agentes Multiplicadores para o Uso Racional da Água no âmbito
da comunidade escolar.
A coletânea de atividades pertinentes ao referido projeto resultará em material
pedagógico para ser utilizado em sala de aula e manual orientador para outros segmentos
das comunidades, possibilitando diagnosticar, valorizar e promover ações articuladas entre
23
os setores ligados à SME e à Sanasa, trazendo a EA para deflagrar a adequação e
construção das práticas de uso racional da água no âmbito da comunidade escolar.
Ciclo da Água no Saneamento
Essa atividade consiste de uma prática de educação ambiental continuada, na qual
são utilizados dois furgões, um de Uso Consciente da Água e outro de Lançamento
Consciente de Esgoto.
As instalações permitem abordagem temática sobre o sistema de abastecimento de
água; esgotamento sanitário e saneamento, e discorrem sobre uso cotidiano da água desde
o recebimento da água tratada na edificação e interfaces até o lançamento do esgoto na
rede coletora. No diálogo são contempladas situações de possíveis impactos no sistema de
abastecimento e esgotamento sanitário, qualidade da água, além de situações que afetam a
saúde pública.
Laboratório de Uso Racional da Água
Trata-se de um veículo tipo furgão, denominado Laboratório Móvel de Uso Racional da Água (ver Fig. 2, 3 e 4), utilizado como ferramenta nas ações de Educação Ambiental
para o Uso Consciente da Água. Utilizado também como um URA itinerante para atingir o
público mais distante.
O veículo é equipado com bancadas funcionais para demonstração e treinamento
sobre o funcionamento de variados modelos de torneiras, duchas de banho, válvulas de
descarga e dois vasos sanitários (6L/descarga), sendo um com válvula de descarga e outro
com caixa acoplada.
As instalações permitem a medição do volume de água consumido por equipamento e
a comparação de consumo entre modelos que possuem dispositivos com fabricação e
princípios de funcionamento voltados para redução de consumo.
Fig. 2 e 3 – Vistas internas do Laboratório Móvel de Uso Racional da Água
24
Fig. 4 – Laboratório Móvel de Uso Racional da Água
Após a implantação do Programa de Uso Racional da Água em 200 escolas estaduais
e municipais de Campinas, a Sanasa obteve uma redução de 50% do volume mensal
consumido e um per capita de aproximadamente 9,98L/aluno/dia (ver Tab. 4).
Tab. 4 – Resultados do Programa - SANASA
antes depois
SANASA 38.428,33 18.625,50 52,00 62.200,00 9,98
Vol. Consumido (m³/mês)Município Redução
(%) Nºalunos Per capta l/aluno/dia
3.2.2.b. Município de Indaiatuba É um município no interior de São Paulo, localizado a noroeste da capital do estado.
Sua população estimada é de 235.367 habitantes (estimativa do IBGE) em 2016 que a
colocava na 33.ª posição entre os municípios mais populosos do estado de São Paulo21. O Serviço Autônomo de Água e Esgoto (SAAE) implementou todas as medidas de
redução de consumo, nas escolas estaduais e municipais, desde o diagnóstico das
instalações hidráulicas incluindo reservatórios, consertos e reparos de vazamentos,
instalação de novos equipamentos de baixo consumo, análises e controle da qualidade da
água, campanhas educativas para os professores, alunos, funcionários incluindo o pessoal
de cozinha. A realização destas ações foi devido ao fato de terem sido habilitados de acordo
com as diretrizes e normativos do Programa Reágua (vide item 3.2.3.e) que foi criado para
as Unidades de Gerenciamento de Recursos Hídricos (UGRHIs) mais críticas em
21 Fonte: Portal de Pesquisas Temáticas e Educacionais Fonte: www.saneamento.sp.gov.br / www.programareÁgua.com.br
25
disponibilidade de água e, posteriormente, contrato firmado com a Secretaria de
Saneamento e Recursos Hídricos (SSRH).
Campanha Educacional no Município
Anualmente, a Fundação Toyota, em parceria com a Secretaria de Educação
Municipal, realiza em um grande evento vários tipos de campanhas ambientais,
contemplando toda rede de ensino escolar como a população em geral. Na ocasião o SAAE
lançou o programa URA Educa Água em março de 2014.
Campanha Educacional do SAAE
Fig. 5 – “Educa Água” – Educação para uso consciente da água
Atividades de Educação Ambiental
O programa de educação ambiental voltado à promoção do uso racional da água no
âmbito da comunidade escolar comtempla atividades de teatrais para alunos sobre o uso
consciente da água; distribuição de cartilha educativa e de camisetas; palestras aos
funcionários das escolas e para as merendeiras que trabalham na rede municipal,
mostrando maneiras em que se pode economizar água na cozinha e na limpeza da escola.
Museu da Água
O SAAE, no decorrer da implantação do Programa do Uso Racional da Água do
Reágua e em parceria com a Prefeitura Municipal, construiu o Museu da Água inaugurado
em 30 de abril de 2016, com a proposta de ser uma referência em educação ambiental,
voltada à gestão de recursos hídricos. Um espaço associando ciência, tecnologia e acervo
para contar a história da água em Indaiatuba e sua importância em uma perspectiva
universal e como opção de lazer para as famílias do município quanto de cidades vizinhas e
26
outras. O Museu está localizado em um marco histórico da cidade, na Represa de Captação
do Cupini, a primeira captação de água do município, que abastece a cidade desde 1937.
Seus dois pavimentos abrigam atividades virtuais interativas, com importantes
informações sobre a água em seus diversos estágios, passadas por meio de vídeos e jogos
que estimulam a participação de todos.
As visitas são acompanhadas por monitores que vão discorrendo sobre toda a história
da água, iniciando no auditório com a projeção do vídeo de boas-vindas e explanação sobre
o tema água com efeitos visuais, concluindo com passeio pela trilha mostrando a
importância da preservação da mata ciliar. A floresta é uma das poucas com remanescentes
de Mata Atlântica e cerrado no estado22.
Fig. 6 – Imagens do Programa
Após a implantação do Programa de Uso Racional da Água em 25 escolas,
municipais, o SAAE de Indaiatuba alcançou redução da ordem de 26% no volume
consumido obtendo um per capita de 11,60L/aluno/dia.
Tab. 5 – Resultados do Programa - Indaiatuba
antes depois
INDAIATUBA 5.654,50 4.146,34 26,00 11.916,00 11,60
Vol. Consumido (m³/mês)Município Redução
(%) Nºalunos Per capta l/aluno/dia
22 Fonte: <www.saae.sp.gov.br>, consulta 12.02.2017
27
3.2.2.c. Município de São Caetano do Sul
São Caetano do Sul está localizado no Estado de São Paulo, na mesorregião
Metropolitana de São Paulo e microrregião de São Paulo, possui uma população
aproximada de (Censo 2010) 149.263 habitantes e apresenta o melhor Índice de
Desenvolvimento Humano (IDH) do Brasil, segundo o Programa das Nações Unidas para o
Desenvolvimento (PNUD) 2010.
O município é permissionário da Sabesp e possui uma autarquia municipal, o
Departamento de Água e Esgoto (DAE). O trabalho do DAE levou São Caetano, em 1988, a
uma posição de destaque no cenário brasileiro: tem 100% de infraestrutura de saneamento
básico e, em 2009, foi o primeiro município da Grande São Paulo a conseguir 100% de
coleta e tratamento de esgoto bem como cumprir sua meta no Projeto Tietê, que visa
despoluir o Rio Tietê e seus afluentes.
Em 2014, por conta da crise hídrica, foi implementado o Projeto denominado “Patrulha
DAE – Pela Proteção da Água” ou “Patrulha da Água”, realizado em parceria com a
Prefeitura, que tem como referência uma ação norte-americana de Los Angeles chamada
Polícia da Água. O objetivo do projeto é sensibilizar a população com relação ao uso
racional água, somado a ações operacionais e campanhas de conscientização com foco na
redução do consumo de água em mais de 16%, conforme meta estipulada pela Sabesp.
O projeto consiste na criação de uma Patrulha composta por três agentes do DAE, em
dois veículos caracterizados, que rondam a cidade para sensibilizar os moradores e orientá-
los quanto ao gasto desnecessário de água. Também são distribuídos materiais educativos
assim como os agentes geram relatórios das ocorrências identificadas. “A partir dos
registros, o DAE monitora por seis meses o consumo do cliente com vistas a verificar se a
ação de orientação foi positiva. Se constatado resultado negativo, os agentes retornam ao
imóvel para entender o motivo da não-redução do consumo e verificar a possibilidade de
ajudar o cliente a obter resultados positivos. É importante destacar que os agentes não
possuem atuação de caráter punitivo e sim de conscientizar a população para que ela
realmente diminua o consumo da água, evitando a possibilidade de desabastecimento. A
população também pode colaborar com o projeto por meio de denúncias pelo Disque
Combate Desperdício 24 horas: 2181-1888 ou pelo email <[email protected]>.
Como resultado em 2015, o consumo do município que era uma vazão de 610 litros
por segundo, reduziu para 510. Foram economizados cerca de 100 litros por segundo,
diminuindo em 259 milhões de litros por mês. É como se todas as torneiras da cidade
28
fossem fechadas por seis dias, segundo informações divulgadas pelo DAE. A meta era
alcançar 20% de redução do consumo23.
3.2.2.d. Município de São Bernardo do Campo
Situado na RMSP, possuía um serviço autônomo até 2007, quando a Sabesp passou
a operar o sistema de abastecimento de água coleta e tratamento de esgoto do município.
Durante a implementação do Pura, em função dos resultados obtidos, os técnicos da
Prefeitura de São Bernardo do Campo solicitaram à Sabesp subsídios sobre o tema, a fim
de definir uma legislação com esse mesmo enfoque para aquele município.
Em 1997/1998, iniciaram um programa de combate a perdas nas instalações
hidráulicas prediais, executando serviços de consertos e troca de reparos em 45 escolas
municipais e 26 estaduais, totalizando uma recuperação em torno de 50.000m³/ano
refletindo 4.160m³/mês.
3.2.3. Experiências de Outros Setores
3.2.3.a. Industrial
Distrito Federal
Redução de Consumo no Setor Industrial O objetivo do trabalho é construir uma agenda positiva que contribua para reduzir os
problemas enfrentados pela sociedade e pelo setor industrial decorrentes da escassez
hídrica, aprimorar o gerenciamento de recursos hídricos no Brasil e incentivar o uso eficiente
da água no setor industrial. Esse é o objetivo do acordo de cooperação assinado na quarta-
feira (21) pela Agência Nacional de Águas (ANA), Confederação Nacional da Indústria (CNI)
e o Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (MDIC). A parceria terá vigência de
dois anos a partir da assinatura, prorrogável por igual período.
O acordo consolida a disposição das três instituições em construir uma agenda
positiva que contribua para reduzir os problemas enfrentados pela sociedade e pelo setor
industrial decorrentes da escassez hídrica. As frentes de atuação envolvem as demandas
hídricas, o uso racional e o reuso da água, a cobrança pelo uso de recursos hídricos e a
capacitação do setor industrial.
A cooperação técnica também prevê o compartilhamento de dados e informações, a
elaboração de estudos, além da capacitação e do treinamento de pessoal que atua no setor
industrial. Além disso, a parceria poderá contribuir para o avanço da implementação
articulada da Política Nacional de Recursos Hídricos, aproximando os entes que atuam no 23 Fonte: <http://www.saocaetanodosul.sp.gov.br/noticias/inspirada-em-exemplo-americano-sao-caetano-cria-
patrulha-para-combater-desperdicio-de-Água.html>
29
Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos (SINGREH) de um dos principais
setores usuários de água: a indústria24.
Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp)
O Prêmio Fiesp/CIESP de Conservação e Reuso de Água objetiva conhecer, difundir e
homenagear, anualmente, empresas que utilizam boas práticas na promoção do uso
eficiente de água, com medidas efetivas na redução do consumo e do desperdício, gerando
benefícios ambientais, econômicos e sociais e aumentando a competitividade do setor, bem
como dar ampla publicidade às ações realizadas pela indústria paulista na construção do
desenvolvimento sustentável.
“O prêmio é um incentivo. E a indústria cumpre o seu papel de uma forma brilhante, ou
seja, está sempre na frente de qualquer situação porque ela sabe muito bem as suas
necessidades (fonte: Solange Sólon Borges, Agência Indusnet Fiesp).
Neste evento anual apresentaram, ao longo de dez anos, 162 projetos por mais de
100 empresas de diversos segmentos e portes. Juntos, esses projetos geraram uma
economia superior a 95 milhões de metros cúbicos de água por ano, com investimentos
superiores a R$490 milhões. Até 2014, os 69 finalistas pouparam uma média de 15 milhões
de metros cúbicos de água por ano, o equivalente a 4,5 mil piscinas olímpicas.
• Categoria Médio e Grande Porte;
• Categoria Micro e Pequeno Porte;
• Menções Honrosas25.
3.2.3.b. Comercial
Cooperação Fecomercio X Sabesp-SP
Em 2009, a Sabesp e a Federação do Comércio do Estado de São Paulo
(Fecomercio) lançaram uma cartilha sobre economia de água para comércio e empresas. A
cartilha aborda desde os programas de Soluções Ambientais da Sabesp até dicas sobre uso
racional da água, incentivando o consumo consciente por meio de ações tecnológicas e
mudanças culturais em empresas associadas e na população. Também apresenta dados
orientativos que ajudam o cidadão a entender a sua conta de água e calcular seu consumo,
o que pode gerar economia de 10% a 40%26.
24 Fonte:<www.fiesp.com.br/indices-pesquisas-e-publicacoes/11o-premio-de-conservacao-e-reúso-de-Água-
mencoes-honrosas/> 25 Fonte: <http://www.fiesp.com.br/noticias/conheca-as-empresas-vencedoras-do-10o-premio-fiesp-conservacao-
e-reúso-de-Água-2015/> 26 Fonte: <http://www.saopaulo.sp.gov.br/spnoticias/ultimas-noticias/sabesp-lanca-cartilha-para-ensinar-
empresas-a-economizar-Água/>
30
Fig. 7 – Cartilha de Uso Racional da Água no Comércio
Oportunamente, foi assinado entre as instituições um termo de cooperação que
estabelece o desenvolvimento e a implementação de análises, estudos e campanhas em
prol da sustentabilidade.
A cartilha é distribuída gratuitamente pela Sabesp e pela Fecomercio aos sindicatos do
setor e a empresas filiadas à instituição pelo email <[email protected]>.
O Papel da Fecomercio
A Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo é a
principal entidade sindical paulista dos setores de comércio e serviços. Responsável por
administrar, no Estado, o Serviço Social do Comércio (Sesc) e o Serviço Nacional de
Aprendizagem Comercial (Senac), representa um segmento da economia que mobiliza mais
de 1,8 milhão de atividades empresariais de todos os portes e congrega 157 sindicatos
patronais que respondem por 11% do PIB paulista – cerca de 4% do PIB brasileiro –
gerando em torno de 5 milhões de empregos.
3.2.3.c. Construção Civil
Sindicato da Habitação SP (Secovi-SP) - Economia de água em condomínios
Uma das parcerias na ocasião com a Sabesp, em função do Programa de Uso
Racional da Água, o Secovi-SP promoveu duas turmas do curso “Uso Racional de Água”,
com duração de quatro horas e ministrado por técnicos da Sabesp na Universidade Secovi
que contou com a participação de cerca de 150 funcionários de condomínios contemplando
o seguinte conteúdo programático: uso racional da água e sensibilização para uma
conscientização de consumo; panorama atual de abastecimento; técnicas simples e
31
objetivas sobre detecção de vazamentos em instalações hidráulicas e equipamentos
economizadores. Após o evento, editou o Manual do Uso Racional da Água, que traz dicas
que abrangem hábitos domésticos, recomendações gerais para o condomínio com dicas de
economia de água e noções práticas para a detecção e reparo de vazamentos.
Também orienta para a instalação equipamentos economizadores de água como:
arejador para torneira, registro regulador de vazão, entre outros. A publicação está à venda
na Biblioteca do Sindicato. Informações: (11) 5591-1237 ou <[email protected]>.
Folhetos
O Secovi-SP tem promovido várias ações com o objetivo de conscientizar síndicos e
profissionais que atuam na gestão condominial acerca da importância do uso racional da
água.
Além disso, o Secovi-SP distribui folhetos e cartazes para os condomínios com
orientações sobre economia de água e ações contra o desperdício, entre eles, o Jornal
Mural para ser afixado nos elevadores, hall de entrada e outros locais de grande circulação.
Associação Nacional dos Comerciantes de Material de Construção – (Anamaco)
O papel desta associação é desenvolver ações junto ao poder público apresentando
sugestões e projetos que têm por objetivo aumentar as vendas de material de construção,
promovendo o desenvolvimento do setor e do país como um todo. A Anamaco também
promove discussões em torno de assuntos que podem interferir diretamente na cadeia
produtiva da Construção, como questões ligadas à tributação, projetos de lei, etc. Foi realizado o projeto em Vinhedo, cidade do interior de São Paulo, em prédios
públicos, um programa de troca de louças e metais sanitários de baixo consumo. Na Escola
Municipal Integração de Vinhedo, a troca de louças e metais comprovou uma economia de
97% no consumo de água. O consumo antes era de 129m³ / mês após da obra concluída, a
escola passou a gastar, em média, 3,8L/mês, e o retorno do investimento se pagou em três
meses. O mesmo foi feito na Escola Municipal Integração de Vinhedo, maior colégio da rede
pública da cidade, com 1.114 alunos. O consumo era de 853m³/mês e, após a implantação
do projeto, a escola passou a consumir, em média, 355 mil litros/mês, uma redução de
58,4% do volume total.
Segundo depoimento da Anamaco, "O resultado constatado na economia de água de
todos os edifícios públicos surpreendeu todos, demonstrando que é possível adotar políticas
de primeiro mundo e melhorar a utilização de nossos recursos hídricos". É importante unir
32
esforços da indústria, do varejo e dos órgãos governamentais. "Um bom começo seria trocar
as bacias sanitárias nas escolas de propriedade dos governos, notadamente os estaduais27.
3.2.3.d. Terceiro Setor
ONG Água e Cidade – Programa Água na Escola – Joinville/Paraná
Fig. 8 – Programa Água na Escola
O projeto foi criado em 1997 e contou com a parceria de diversas empresas dentre
elas, a Docol Metais Sanitários. Segundo o diretor do projeto, mais de 800 escolas, em 43
cidades, de 11 estados brasileiros implantaram a “Água na Escola”, onde cerca de 2.500
professores foram capacitados para desenvolver conteúdos sobre consumo da água com os
alunos do 6.º ano, durante o período letivo. Foram distribuídos como material de apoio aos
profissionais capacitados seis unidades de revistas sobre o tema para trabalhar com os
alunos.
As instituições que aderiram ao programa também desenvolveram um projeto sobre
água envolvendo todos os estudantes como: gincanas, oficinas, teatros e outras ideias
apresentadas pelas escolas com suporte e acompanhamento da ONG. O objetivo era
estimular alunos e professores a se tornarem voluntários da água. O principal objetivo da
“Água na Escola” era a diminuição do consumo, pois os alunos levam este conhecimento
para casa e cobram dos pais uma mudança de comportamento com relação ao uso da
água. O Programa constatou que houve uma mudança significativa nas atitudes das
crianças nos hábitos triviais, como fechar a torneira ao escovar os dentes, e também em
questões mais profundas sobre o uso correto das redes coletoras de esgoto. Ações como
essa, quando reproduzidas em larga escala, ajudaram a reduzir o consumo de água em
cidades como São Paulo (SP).
Segundo o site da entidade, até 2012, 200 mil jovens haviam sido beneficiados com o
Programa Água na Escola, que alcançou cerca de 600 instituições no Brasil e 21 na Costa
Rica. 27 Fonte: <http://acomac-rjn.anamaco.com.br/boletim_anamaco.php?cod=2209>
33
De acordo com o balanço da ONG Água e Cidade, o programa envolveu mais de
2.400 profissionais e nos últimos anos, mais de 200 mil crianças de 23 estados brasileiros
receberam material didático do programa, além da orientação específica dos professores
para sensibilizar e repensar as questões da água.
Conforme os responsáveis pelo programa, seu grande diferencial é a preocupação
com os ambientes urbanos, onde vivem os estudantes e está a maioria dos problemas28.
3.2.3.e. REÁGUA
O Governo do Estado de São Paulo, por meio da Secretaria de Saneamento e
Recursos Hídricos, criou o Programa Estadual de Apoio à Recuperação das Águas
(Reágua) com o objetivo de apoiar ações de saneamento básico que contribuam para
ampliação da disponibilidade hídrica nas Unidades de Gerenciamento de Recurso Hídricos
(UGRHIs) do estado com maior escassez hídrica, a saber; UGRHI-5
(Piracicaba/Capivari/Jundiaí), UGRHI-6 (Alto Tietê), UGRHI-8 (Sapucaí Mirim/Grande),
UGRHI-9 (Mogi-Guaçu) e UGRHI-10 (Tietê/Sorocaba).
Os recursos para o programa são provenientes de acordo de empréstimo entre o
Banco Internacional para Reconstrução e Desenvolvimento (Bird)/ Banco Mundial e o
Governo do Estado de São Paulo, perfazendo um total de US$107,5 milhões, sendo
US$64,5 milhões financiados pelo Banco Mundial/Bird e US$43 milhões de contrapartida do
tesouro do estado, assinado em 27.09.2010 e com prazo até 30.11.2015. A gestão do
acordo está a cargo da Secretaria de Saneamento e Recursos Hídricos (SSRH).
O Reágua cria mecanismos para incentivar a preservação e a recuperação de
recursos hídricos. Para tanto, o programa está estruturado em duas grandes linhas mestras.
Na vertente da conservação de quantidades, o Programa articula-se em diferentes
escalas, desdobradas em ações para otimização das disponibilidades de água bruta:
controle e redução de perdas em sistemas de abastecimento, incentivos ao reuso e uso
racional da água.
Na linha de recuperação da qualidade, inclui ações, diretas e indiretas, de controle da
poluição, a exemplo da implantação e melhorias operacionais da infraestrutura sanitária
para o tratamento de efluentes.
O Reágua é um estímulo financeiro à recuperação da qualidade e à conservação de
recursos hídricos baseados em resultados, com desembolsos efetuados mediante a
verificação do cumprimento de metas previstas de ações de saneamento para implantação
ou melhorias de:
28 Fonte: <www.Águaecidade.org.br> e <www.esgotoevida.org.br>
34
• Controle e redução de perdas;
• Uso racional da água;
• Reuso de efluentes tratados;
• Sistemas de esgotos sanitários.
No âmbito do Reágua, em 2013 foram celebrados contratos entre a SSRH e os
prestadores de serviço de saneamento, ou seja, Companhia de Saneamento de Campinas
(Sanasa), Serviço Autônomo de Água e Esgoto de Indaiatuba (SAAE) com a interveniência
respectivamente, dos municípios de Campinas e Indaiatuba, com objetivo de promover o
uso racional da água em 200 unidades escolares municipais de Campinas e 25 unidades de
Indaiatuba, conforme os normativos estabelecidos pelo Reágua29.
29 Fonte: <http://www.saneamento.sp.gov.br/>
Fonte: www.saneamento.sp.gov.br / www.programareÁgua.com.br
35
4. CONCLUSÃO
Considerado por muito tempo como um recurso inesgotável, a água doce para
consumo humano tornou-se um motivo de preocupação em vários países que sofreram e
sofrem com a sua falta nos rios, lagos e reservatórios.
A água é um tema que vem sendo discutido, continuamente, pela ONU e pelos líderes
mundiais como uma questão central dos encontros internacionais como no Fórum Mundial
da Água.
Na busca das melhores práticas, a troca de experiência e conhecimento entre países,
entidades acadêmicas e de pesquisa, faz-se cada vez mais necessária.
É importante ressaltar que, em todo e qualquer estudo de caso de gestão de consumo,
as peculiaridades regionais deverão sempre ser consideradas, com especial atenção aos
hábitos e costumes da população a ser beneficiada, assim como a forma de operação com
que as empresas públicas ou privadas administram seus sistemas de abastecimento de
água, pois aí costuma estar o cerne da questão – o desperdício de água.
Normalmente, em situações de crise hídrica, é habitual os governos estaduais e
municipais, assim como a prestadora de serviços de abastecimento de água, pedirem à
população sua cota de sacrifício. Entretanto, nem sempre o exemplo é dado pelos
gestores públicos, principalmente no controle das perdas físicas, que habitualmente são
enormes nos grandes centros urbanos, assim como no consumo público que costuma ser
perdulário.
Por fim, quando da elaboração de um Programa de Uso Racional da Água, o objetivo
a ser alcançado deve ser claramente definido, assim como os resultados esperados, caso a
caso, visando recuperação das águas perdidas, seja por perdas físicas, por desperdício,
mau uso ou descaso dos consumidores, sempre buscando um resultado com
sustentabilidade para preservação e conservação dos recursos hídricos, na perspectiva de
ter água boa para todos e para as gerações futuras.
36
5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
VIII Edição Congresso Brasileiro de Unidades de Conservação (VIII CBUC), – promovido pela Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza. (Curitiba, setembro de 2015)
Gerenciamento da Demanda de Água - Conselho Nacional de Pesquisa/1995-Cidade do México Abastecimento de Água: Melhorar as perspectivas de sustentabilidade. Washington, DC
NAKAGAWA, Alessandra Keiko; KIPERSTOK, Asher; ESQUERRE, Karla Patricia Oliveira. ÁGUAPURA - PROGRAMA DE USO RACIONAL DA ÁGUA DA UFBA: METODOLOGIA E RESULTADOS. Disponível em: <http://www.teclim.ufba.br/site/material_online/publicacoes/pub_art84.pdf>. Acesso em: 16 mar. 2017.
New York City Toilet Rebate Program – NY City Department of Environmental Protection – 20 de abril de 1995
Pena, Rodolfo F. Alves. - "Distribuição Da Água No Brasil"; Brasil Escola. Disponível Em: Http://Brasilescola.Uol.Com.Br/Geografia/Distribuicao-Água-No-Brasil.Htm
<http://acomac-rjn.anamaco.com.br/boletim_anamaco.php?cod=2209>
<http://agenciabrasil.ebc.com.br>
<www.Águaecidade.org.br e www.esgotoevida.org.br>
<www.emplasa.sp.gov.br>
<http://www.cidades.gov.br>
<http://anprotec.org.br>
<http://brasileiros.com.br/2015/01/Águas-da-holanda/>
<http://www.censo2010.ibge.gov.br>
<http://www.fiesp.com.br/noticias/conheca-as-empresas-vencedoras-do-10o-premio-fiesp-conservacao-e-reúso-de-Água-2015/>
<http://www.fundacaogrupoboticario.org.br>
<https://ga.water.usgs.gov>
<http://www.iea.usp.br>
<www.fiesp.com.br/indices-pesquisas-e-publicacoes/11o-premio-de-conservacao-e-reúso-de-Água-mencoes-honrosas/>
<http://www.jstor.org> – artigo publicado no Journal da American Water Works Association, Vol. 85, No. 8, Conservation (august 1993), pp. 56-62
<https://pt.wikipedia.org/wiki/Campinas> - Diretoria de Pesquisas, Coordenação de População e Indicadores Sociais do IBGE
Portal de Pesquisas Temáticas e Educacionais
37
<http://old.secovi.com.br/condominios/noticias/economia-de-Água-em-condominios/8790>
<http://www.sanasa.com.br/portal_transparencia/not_con3.asp?par_nrod=154>
<http://www.saocaetanodosul.sp.gov.br/noticias/inspirada-em-exemplo-americano-sao-caetano-cria-patrulha-para-combater-desperdicio-de-Água.html>
<http://www.saopaulo.sp.gov.br/spnoticias/ultimas-noticias/sabesp-lanca-cartilha-para-ensinar-empresas-a-economizar-Água/>
<http://www.saneamento.sp.gov.br/>
<www.saneamentobasico.com.br/portal>
38
ANEXOS
ANEXO 1 – CONTEXTUALIZAÇÃO HISTÓRICA DE IMPLEMENTAÇÃO DO PROGRAMA DE USO RACIONAL DA ÁGUA – PURA NO ESTADO
DE SÃO PAULO
1 INTRODUÇÃO
Este anexo tem por objetivo, dar um melhor detalhamento sobre o programa de
redução de consumo de água nos prédios públicos e privados da Região Metropolitana de
São Paulo – RMSP, desenvolvido e implantado pela Sabesp
Este capitulo pretende resgatar os aspectos históricos, motivacionais e técnicos da
Criação do Programa de Uso Racional da Água em Edifícios - PURA.
1.1 Histórico
A Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo, atualmente opera 362
municípios no Estado de São Paulo. A diretoria responsável pelo atendimento da Região
Metropolitana de São Paulo – RMSP, opera os sistemas de abastecimento de água e coleta
de esgotos de 38 municípios sendo que 30 deles estão na Grande São Paulo e 8 na região
de Bragança Paulista. A empresa também comercializa água por atacado a 5 cidades da
RMSP que são operados pelos serviços municipais. A Região Metropolitana de São Paulo é
abastecida por oito sistemas produtores de água: Cantareira, Alto Cotia, Baixo Cotia,
Guarapiranga, Rio Grande, Rio Claro, Alto Tietê e Ribeirão da Estiva, juntos e em situação
de normalidade climática, eles têm a capacidade nominal de produzir mais de 75 mil litros de
água por segundo. As interligações são feitas por adutoras que transportam água tratada
aos mais de 190 reservatórios setoriais para distribuir o produto aos 20 milhões de
moradores em 4,7 milhões de pontos de consumo30.
Durante as décadas de 70 e 90, em função de diversos fatores, a RMSP passou por
um processo acelerado de ocupação e adensamento da região, registrando um aumento
populacional de cerca de 90% no período , o que obrigou a Sabesp à aumentar sua
capacidade de produção e distribuição de água para solucionar os problemas de
abastecimento da população, que sofria com o racionamento e rodizio de água. Na época a região metropolitana de São Paulo demandava 61 m³/s, entretanto a
produção era de 58 m³/s, ocasionando um déficit na produção de água 3 m³/s.
Implantado em meados da década de 90, o Programa Metropolitano de Água – PMA
que equacionou uma situação de rodízio (revezamento de 36 horas com água e 24 horas
sem) vivenciada por mais de 5 milhões de habitantes da região sul e leste da Grande São
Paulo.
Nessa mesma década, a empresa inaugurou a última grande planta de tratamento de
água, a ETA Taiaçupeba, localizada em Mogi das Cruzes.
30 Fonte: Sabesp
Os anos seguintes serviram para a execução de obras complementares, até que em 1998,
posteriormente anunciaram o fim dos rodízios e racionamentos de água que a região
metropolitana de São Paulo vinha sofrendo por falta de investimento para buscar águas em
outras localidades.
Apesar dos investimentos realizados, a empresa percebeu a necessidade de atuar em
ações não estruturais, programas de uso consciente da água e campanhas educacionais
focadas na sensibilização da população.
Como solução complementar ao programa de investimentos de infraestrutura a
SABESP decidiu desenvolver um programa de redução de consumo de água para usos
domésticos e não domésticos com foco inicial na RMSP, localizada na Bacia Hidrográfica do
Alto Tietê, reconhecidamente a região mais crítica do Estado, em termos de disponibilidade
hídrica.
A Sabesp começou a idealizar o programa em 1995, inspirado em experiências de
outros países, trazidas pelo Simpósio Internacional sobre a Economia de Água de
Abastecimento Público, promovido pelo IPT31, em São Paulo. Entre outras contribuições
relevantes do evento, os técnicos demonstraram que a quantidade de água consumida no
País poderia ser reduzida de forma expressiva com a adoção de componentes de baixo
consumo de água, reparos em instalações hidráulicas e incentivo à mudança de hábitos de
consumo da população.
Neste mesmo período, a Sabesp realizou diversas pesquisas nacionais e
internacionais na busca de tecnologias, equipamentos economizadores e metodologias para
redução de consumo de água por meio de parcerias junto à instituição de pesquisa,
universidades e fabricantes de equipamentos economizadores de água.
Na época, a Vice - Presidência Metropolitana de Distribuição através da
Superintendência de Planejamento e Apoio da Distribuição, atual Diretoria Metropolitana,
realizou um convênio com o Departamento de Engenharia de Construção Civil da Escola
Politécnica da USP e Instituto de Pesquisa tecnológica - IPT, iniciando a elaboração da
estrutura, em 1996, do programa denominado Programa de Uso Racional da Água - PURA.
O Programa foi planejado para atuar na demanda e no combate ao desperdício
devido a processo cumulativo de uso predatório, como:
• Intensificação de usos individuais e excessivo e mau uso da água;
• Desperdício nos sistemas públicos e prediais (Perdas no sistema hidráulico);
Outros objetivos do programa:
31Simpósio Internacional sobre Economia de Água de Abastecimento Público São Paulo, 1986. Anais...São Paulo. IPT, 1987. 324p
• Minimização da escassez de água a curto e médio prazo;
• Atuação com ações tecnológicas, normativos e legais
• Implementação de campanhas educativas e de sensibilização para
conscientização da população.
Para o desenvolvimento do programa foram elaboradas linhas de ações estruturadas,
em três pilares: tecnológico, educacional, leis e normas, como ilustrado na Figura 1.
Figura 1 Estrutura do Programado Uso Racional da Água
Linhas do Programa:
Planejamento e Tecnologia;
• Levantamento de material documental e de produtos e processos economizadores
de água (caixas e válvulas de descarga, chuveiros, torneiras, dispositivos
específicos, reservatórios e controles de níveis, etc.);
• Processos de detecção e reparos de vazamentos em instalações prediais
internas, abrangendo as tecnologias e produtos disponíveis no Brasil e exterior;
• Desenvolvimento de tecnologias de adequação ou inovação de produtos e
processos;
• Caracterização da demanda de água e do impacto da ação de economia,
incluindo o estudo piloto que permita a obtenção de dados de consumo,
comparando a situação existente X situação modificada, para diferentes tipologias
de edifícios, e simulações econômicas-financeiras relativas as várias situações de
consumo;
Articulação com a indústria nacional de sistemas e equipamentos;
estabelecimento das políticas de incentivos às industrias, na produção de
equipamentos eficientes;
Desenvolvimento da documentação e material de apoio para a elaboração ou
alteração de leis, regulamentos, códigos e normas técnicas, ligadas à questão,
abrangendo o engajamento oficial dos órgãos públicos, entidades e empresas
privadas e associações de consumidores na questão da economia da água;
Desenvolvimento de programas de garantia da qualidade envolvendo cadeias
produtivas, baseadas em normalização técnicas e documentos funcionais;
Desenvolvimento de campanhas educacionais, para uso doméstico e não
doméstico (comerciais, industriais e institucionais);
Levantamento de entidades de fomento e financiamento de programas de uso
racional da água;
Implantação de medição em pontos de consumo (chuveiros, torneiras, bacias
sanitárias com válvula ou caixa acoplada, visando estudar a definição de
metodologia e instrumentação;
Realização de alguns estudos de caso de programa de uso racional da água,
envolvendo edifícios públicos como; escritórios, cozinhas, escolas e hospitais.
Consolidação de metodologia de implementação, de Programa de Redução de
Consumo de Água – Anexo 1A.
Tendo como referência pesquisas desenvolvidas no âmbito internacional e
considerando algumas pesquisas pertinentes que envolveram uma série de ações, desde
levantamentos de documentos técnicos até o desenvolvimento de estudos de casos
específicos, para cada pilar estruturante do Programa, concomitante a fase de
levantamentos e estudos de caso, foram estruturados 6 macroprojetos do Programa de
Uso Racional de Água em Edifícios, conforme descrito a seguir:
Projeto 1: Banco de dados de tecnologias, documentação técnica e estudos de
casos;
Projeto 2: Laboratório Institucional do Programa de Uso Racional da Água -
LIPURA;
Projeto 3: Programa de Avaliação e Adequação de Tecnologias - PAAT;
Projeto 4: Caracterização da demanda e impacto das ações de economia no setor
habitacional; cujo detalhamento encontra-se no Anexo 1B.
Projeto 5: Documentação relacionada a leis, regulamentos e programas setoriais
da qualidade;
• Projeto 6: Programas específicos de economia de água em diferentes tipos de
edifícios (não habitacionais).
O projeto 5, teve como desdobramento os Programas Setoriais da Qualidade- PSQ,
tendo como atividade principal a elaboração de documentação base para a implementação
de programas setoriais de garantia da qualidade, envolvendo cadeias produtivas desde a
matéria prima até os consumidores, e assim, aumentando a confiabilidade de que os
produtos, sistemas e componentes economizadores de água fossem eficientes. O PSQ
contempla sete tipos diferentes, conforme descrito a seguir32:
• PGQ 4 CH: módulo: Comandos Hidráulicos e Aparelhos Economizadores de Água
• PGQ 4 RDA: módulo: Reservatório Poliolefínicos para Água Potável e Torneira de
Boia
• PGQ 4 LS: módulo: Louças Sanitárias
• PGQ 4 LP: módulo: Ligações Prediais
• PGQ 4 CD: módulo: Caixa de Descarga
• PD 4 BS: Programa de Desenvolvimento para a Definição do Volume Reduzido
de Descarga de Bacias Sanitárias.
• PD 4 AS: Programa de Desenvolvimento para a Integração dos Componentes em
Ambientes Sanitários.
• No PSQ as indústrias de equipamentos de metais e louças sanitárias, através da
Associação Brasileira dos Fabricantes de Materiais para Saneamento –
ASFAMAS, participaram e investiram fortemente no processo, com foco no
desenvolvimento tecnológico de equipamentos hidros sanitários de baixo
consumo.
• Após a estruturação dos projetos e programas descritos, em 1996 a SABESP
promoveu um evento com a participação de todos os atores envolvidos, inclusive
os stakeholders, institucionalizando o Programa de Uso Racional da Água em
Edifícios - PURA,
• Durante o período do desenvolvimento da estrutura do programa PURA (projetos
e programas) a área responsável de Uso Racional da Água, juntamente com os
demais técnicos da SABESP, iniciaram os projetos pilotos. Os equipamentos com
medidores hidráulicos sanitários de baixo consumo foram fornecidos pelos
fabricantes, obtendo como resultados a avaliação e adequação dos mesmos e
desenvolvimento de metodologia por tipologia de edifícios.
32 Fonte: Sabesp
• Os primeiros pilotos foram iniciados pela área da cozinha e paralelamente pelo
prédio administrativo - Sede da Companhia, no período de novembro de 1995 até
meados de junho de 1996, com o objetivo de observar o comportamento dos
funcionários (hábitos e desperdícios) quanto ao uso da água em suas atividades.
2. PRIMEIRA FASE – Projetos Piloto
2.1-Primeiro piloto: Cozinha Industrial da Sabesp
Objetivo
Um dos principais objetivos deste estudo, foi desenvolver metodologia de uso racional
da água específica para cozinhas industriais, seja para órgãos públicos ou privados, e
sensibilizar nutricionistas para adoção de boas práticas de uso racional da água.
Posteriormente, foi articulada parceria com a Associação Brasileira das Empresas de
Refeições Coletivas-ABERC, para introdução de medidas tecnológicas e educacionais para
a redução do consumo nas atividades de preparação de alimentos no Manual publicado pela
associação.
O estudo foi iniciado pela avaliação da distribuição do consumo de água na
preparação de alimentos e de outras atividades diárias, como também o gasto por cada
refeição (L/refeição/ dia),além do comportamento dos funcionários na utilização da água .
Metodologia adotada:
− Inicialmente foram levantadas as quantidades e identificado os pontos de uso da
água de modo que tornasse possível o monitoramento4
− Foram medido o tempo de uso das torneiras e forma de abertura (1/4 de volta,
1/2 volta, 3/4 de volta e 1 volta), vazão em face da pressão por tipo de torneira.
− Identificado os tipos de atividade da cozinha em cada ponto de uso.
− Modos operantes dos funcionários - hábitos de usos de acordo com as
atividades em relação ao consumo de água
− Avaliação do tipo do cardápio em relação ao consumo de água.
− Instalação do medidor para fazer o monitoramento setorizado.
− Identificação dos tipos de torneiras convencionais existentes
− Identificação e percentual de perdas por vazamentos nos pontos de usos
− Número de refeições e lanches (400 refeições/dia 200 lanches/dia)
Medidas adotadas:
− Troca de dispositivos econômicos, torneiras com arejadores tipo jato spray,
torneira especial com acionamento com pé, consertos de vazamentos;
− Campanhas de sensibilização específica para os funcionários contemplando
vídeos, folhetos, cartazes, dicas de procedimentos higiênicos sanitários nas
atividades de limpeza ambiental, preparação de alimento, desinfecção de
folhosos e leguminosas com economia de água;
− Sugestão para desenvolver cardápios mais econômicos.
Os resultados destes estudos apontaram que de toda a água utilizada nas cozinhas, o
maior gasto referia-se à atividade de higienização de utensílios de médio e grande porte
(panelões e caldeirões) e limpeza de ambiente, seguido da higienização de folhosos e
leguminosos, como ilustrado no gráfico 1.
Gráfico n°1 - Divisão do consumo de água das atividades relativas à limpeza de ambientes e utensílios na cozinha industrial da sede da Sabesp33.
Após as intervenções com instalações de dispositivos economizadores, correções de
vazamentos, adequação nos procedimentos de manipulação dos alimentos, higienização
dos utensílios de médios e grandes com uso eficiente da água o resultado foi expressivo,
conforme demonstrado na tabela 1.
33 Fonte: USO RACIONAL DA ÁGUA PROGRAMA DE ECONOMIA DE ÁGUA EM EDIFÍCIOS 19° Congresso da Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambienta - ABES
Tabela 1- resultado do consumo cozinha industrial sede da Sabesp
Mês / Ano
Consumom³
ContaR$ Ações
mar/96 320 1.405.70
set/97 113 933,30
detecção e conserto de vazamentos; instalação de equipamentos economizadores (1 torneira de acionamento com o pé, 5 arejadores tipo econômico, 2 chuveirinhos dispersantes) e campanha educacional.
• Valor do investimento: R$ 500,00
• Impacto da Redução: 64,69%
• Pay Back: imediato (16 dias)
• População Fixa: 21 funcionários
• Número de refeições diárias: 400
Avaliação dos equipamentos instalados – tecnologia ( feed back)
Após avaliação dos equipamentos instalados foi sugerido aos fabricantes
desenvolverem dispositivos como redutores de vazão mais econômicos, arejadores com
jato dispersantes para aumentar a área de contato na higienização dos folhosos e
leguminosos, torneiras com temporizador, equipamentos mais econômicos para
higienização dos utensílios de pequeno porte, hidrômetros volumétricos para avaliação mais
apurada, registrando o mínimo de volume utilizado.
A metodologia desenvolvida na implementação do projeto Piloto da Cozinha foi
instalado em edifícios públicos e privados, como o Palácio dos Bandeirantes, Complexo
Hospital das Clínicas – SP, Hospital Servidor do Estado - IAMSPE e na indústria
automobilística Ford, e os resultados foram semelhantes aos estudos de caso da Sabesp,
que serão demonstrado sequencialmente no relatório.
2.2 - Estudo de caso nos Edifícios Públicos Administrativos da Companhia da SABESP- Prédio da Presidência – Costa Carvalho - 1996
Para o desenvolvimento dos estudos de casos em prédio administrativo, foi escolhido
a Sede da Companhia onde se concentravam grande parte dos stakeholders, as áreas de
decisões do setor de tecnologias, planejamento, meio ambiente, controladoria, financeiro e
Resultado do Consumo: Antes: 33 litros/refeição/dia Depois:16 litros/refeição/dia
jurídico, com o objetivo de avaliar os resultados e sua replicabilidade em edifícios
semelhantes, inclusive em outros órgãos públicos.
Metodologia adotada
Foram realizados levantamentos do número de funcionários fixos e terceirizados,
população flutuantes, quantidades e tipos de equipamentos hidráulicos sanitários
existentes, e comportamento quanto ao uso da água.
Por ser um local de funcionários de alto nível gerencial, surgiram algumas
interferências administrativas e físicas como; dificuldade em instalar os equipamentos em
alguns ambientes, retirada dos dispositivos das torneiras por funcionários da copa, por
considerem um limitante de vazão, limitação de horário para a realização do teste, entre
outros, resistência dos funcionários quanto a mudanças dos equipamentos e vazão.
Foram adotadas medidas semelhantes ao primeiro projeto piloto, conserto de
vazamentos, trocas e instalação de equipamentos e dispositivos de baixo consumo,
campanha com cartazes distribuídos nos pontos de consumo : banheiros, copas, vestiários
etc.
Os resultados obtidos estão demonstrados na Tabela 2
Tabela 2 Resultados do piloto do edifício sede da Sabesp
Mês/Ano 1997 Consumo m³ Conta R$ Ações
Mai/96 1.330 11.753,88 Equipamentos Instalados: 34 torneiras de sensores;
30 torneiras de fechamento automático; 15 bacias sanitárias 6 litros/descarga;
7 arejadores; Conserto de vazamentos Campanhas educativas.
Jun/97 512 4.389,00
Custo do investimento: R$ 15.811,14
Redução 62%
Pay Back: 8 meses
População Fixa e Flutuante: 531
Per Capta antes 83 litros/fun/dia
Per Capta depois 32 litros/fun/dia
2.3-Estudo de caso em Prédio Administrativo da Sabesp – Rua Sumidouro - 1997
O levantamento de dados e as medidas adotadas foram semelhantes aos dois
primeiros estudos de casos, mencionados anteriormente. Os resultados estão demonstrados
no tabela 3. Durante a implementação deste projeto foram identificadas resistências, porém,
apesar da desconfiança quanto aos equipamentos, os funcionários já demonstraram mais
aceitação. Tabela 3 - Resultados área Sumidouro
Mês/Ano 1997
Consumo m³/mês
Conta (R$) Ações desenvolvidas
Fevereiro 2709 24.162,12 Conserto de vazamentos;
Março 2505 22.326,12 Instalados: 40 torneiras de fechamentos automático.
Abril 2660 23.721,12 Maio 2212 19.689,12 Junho 2257 20.094,12 Julho 1003 8.808,12
Agosto 472 4.029,12
Custo do Investimento= 4.147,00
Redução 83%
Pay Back 6 dias
Referencia: tarifa 05/06/97
Nº de funcionários :223
Per Capta antes = 405 L/pessoas/dia;
Per Capta depois=70 L/pessoa/dia
2.4 -Estudo de caso Unidade de Negócio Sul
Após a identificação de consumo elevado na Unidade de Negócio no ano de 1997, os
administradores solicitaram o apoio da Coordenaria do Uso Racional da Água para
implementação das medidas de redução de consumo no prédio onde fica situado uma
Estação de Tratamento de Água, na Zona Sul de São Paulo .
O levantamento de dados e as medidas adotadas foram semelhantes aos primeiros
estudos de casos, mencionados anteriormente. Os resultados estão demonstrados na tabela
4.
Tabela 4 - Alto da Boa Vista (ABV) - Unidade de Negócio Sul
Mês m³ Conta em R$ Equipamentos Instalados
10 torneiras, de sensor, 5 válvulas hidromecânica; 1 torneira de sensor; Conserto de vazamentos.
Abril 484,8 4.144,32 Maio 349,5 2.926,62
Junho 306,9 2.543,22 Julho 224,7 1.803,42
Agosto 138,0 1.023,12
Custo Investimento: R$ 2.500,00
Redução 75%
Pay Back: 24 dias
Dados: Nº de funcionários 105
Per Capta antes: 153.90 L/funcionário/dia
Per Capta depois: 55,05 L/funcionário/dia
Nos estudos de casos (ABV e Sumidouro) foram detectados um volume expressivo de
vazamento nas instalações nos pontos de consumo.
Em função dos resultados obtidos nos primeiros pilotos outras áreas da Sabesp
mostraram interesse na implantação do PURA.
2.5 -Estudo de caso no setor privado - Cozinha Industrial – Ford Ipiranga Por meio da Universidade de São Paulo - USP e em parceira com a Sabesp, foi
desenvolvido o projeto piloto na Ford com o objetivo de avaliar a metodologia em uma área
com mais infraestrutura e com maior capacidade de produção de alimentos, cerca de 2.000
refeições diárias.
Tabela 5 - Cozinha Industrial – Ford Ipiranga
Média Mensal/Anual
Consumo m3/mês Conta (R$) Ações desenvolvidas
1996 2.374 24.406,26
detecção e conserto de vazamentos visíveis e não visíveis nas instalações hidráulicas prediais, substituição de equipamentos convencionais por equipamentos economizadores de água e campanha educacional.
1998 1.245 12.732,40
Economia Média Mensal: 1.245 m³/mês R$ 24.406,26
Custo do Investimento= R$ 6.935,57
Redução 52,44%
Pay Back : imediato (16 dias)
Nº de funcionários :59
N° de refeição diária: 2.000
Consumo antes = 42 litro/pessoas/dia;
Consumo depois=20 litros/pessoa/dia
2.6 PURA PALÁCIO DO GOVERNO DO ESTADO DE S.PAULO –1994/95
O primeiro órgão público a implantar o PURA após negociação com a atual Diretoria
Metropolitana foi o Palácio do Governo, devido a sua importância politica, financeira e
legislativa . Na época, o governador do Estado autorizou que fosse implementada as
medidas de redução de consumo nas dependências da residência oficial do governador,
como incentivo a outros departamentos do Palácio e outros edifícios públicos.
FASE I
No ano 1994/1995, a equipe do PURA da SABESP implantou inicialmente um piloto
em algumas áreas do edifício, com o objetivo de demonstrar os ganhos com relação ao
consumo de água. Neste caso não houve ônus para o Palácio, devido a parceria com os
fabricantes de metais e louças sanitárias,
Ações desenvolvidas: foram instalados alguns equipamentos economizadores,
conserto de vazamentos e palestras educativas sobre economia de água, junto aos
funcionários com apoio da área de comunicação da Sabesp
Custo de investimento: R$ 8.619,00 Redução obtida 28%, Pay Back: 23 dias
FASE 2
Na fase 2, o foco foi minimizar gastos, reduzir consumo de água e energia e servir de
modelo para os demais órgãos públicos.
No ano 2001/2002 após o primeiro estudo de caso, o representante do Palácio do
Governo do Estado de São Paulo, contratou a Sabesp, juntamente com uma empresa
qualificada para executar as ações do PURA em todos os ambientes do Palácio
Metodologia adotada:
• Diagnóstico de todo sistema de instalações hidráulicas prediais;
• Análise da disposição dos ambiente – Projeto Arquitetônico;
• Instalação de equipamentos economizadores;
• Análise da qualidade da água (físico-químico e bacteriológico);
• Sistema de monitoramento por telemetria e Suporte operacional;
• Campanhas e manutenção;
• Gestão do sistema
• Resultado
• Em 2011 o consumo médio mensal era de 4292 m³/mês, valor da conta R$
50.014,41
• Em 2002 o consumo médio mensal era 2883/m³/mês, valor da conta
R$ 33.514,80
• Resultado/economia de 1409m³/mês, valor da conta a conta R$ 16500,00
• Redução = 39% e na cozinha 23%, o valor do investimento R$ 164.000,00
• Per capita antes: 85L/funcionário/dia e o per capita depois:54,7
l/funcionário/dia
O retorno do investimento em 6,3 meses ( pay-back) com o bônus de 25% na tarifa,
previsto no Contrato de Tarifação Pública.
2.7 ARTICULAÇÕES INTRA- INSTITUCIONAL E INTER-INSTITRUCIONAL
2.7.1 Articulação intra-institucional
Visando uma maior adesão da força do trabalho, a Sabesp atuou fortemente na
divulgação do PURA, por meio de um amplo processo de articulação interno envolvendo a
área de comunicação e marketing, setor de hidrometria, área de licitação, planejamento,
jurídica e operacional no sentido de apoiar todas as ações do PURA com intuito de
minimizar a inadimplência e diminuir os desperdícios nos órgãos públicos. Todo o processo
foi articulado como ilustrado no fluxograma a seguir:
2.7.2 Articulação de parcerias, universidade, instituto de pesquisa.
fabricantes
Após o convênio firmado, o Programa do PURA estruturado, foi realizado inicialmente
com a área financeira dos grandes consumidores e a Diretoria Metropolitana da Sabesp
acordos com órgãos públicos estaduais para implantação do Programa com objetivo de
diminuir o valor das contas, o desperdício e amortizar a inadimplência. O primeiro projeto
definido, foi o Complexo Hospitalar das Clinicas de São Paulo. O mesmo serviu de exemplo
para desenvolvimento de metodologias, após identificar as patologias e outras ocorrências,
com proposta de soluções e melhorias em face dos resultados do diagnóstico.
Em outros edifícios como: Instituto de Pesquisa Tecnológica (IPT), Escola de
Engenharia MAUÁ/SP, Companhia de Entrepostos, Armazéns Gerais de São Paulo
(CEAGESP) e a Universidade de São Paulo (USP), a implantação do PURA foi focado na
redução de custos, redução de consumo de água /energia. No caso da USP , foi firmado
contrato de Tarifação para Entidade Pública, onde a mesma passou a receber os benefícios
do bônus de 25% na tarifa.
Neste contexto da metodologia por tipologia foram inseridas duas escolas Estadual e a
Secretaria do Meio Ambiente (CETESB ) mas sem o bônus tarifário (contrato de tarifação
para entidades públicas)
Os resultados obtidas com implementação de todas as medidas do PURA a redução
do consumo de água variaram de 20% até 94%, conforme demonstrado nas tabelas 6 e 7.
As experiências foram satisfatórias e significativas, motivando a continuidade do programa.
Tabela 6 Resultados obtidos nos prédios públicos e privados
Local Economia no Consumo Hospital das Clínicas 25%
Universidade de São Paulo / USP 30% Entreposto CEAGESP 40%
SMA / Cetesb 22% E. E. Fernão Dias Paes 94%
E.E. Toufic Jouliam 78% Palácio dos Bandeirantes 39%
Condomínio Jardim Cidade 28% Faculdade Mauá 42%
Fundap SP 40% Cozinhas Industriais (Sabesp, Ford, Palácio, Incor
20% a 60%
50 escolas estaduais (p, m, g) pop: 53.000 65% Prédio Administrativo – Sede Sabesp 62%
IPT – Instituto de Pesquisa Tecnológica 52%
A Tabela 7 demonstra os indicadores per capita por tipologia dos resultados dos
primeiros edifícios onde foram desenvolvidos os Estudos de Casos relacionados.
Tabela 7 – Indicadores per capita
Natureza Unidade Per/Capita Consumo Escola Litros/aluno/dia 6 a 4
Entreposto Litros/usuário/dia 27 Prédio Administrativo Litros/funcionário/dia 32 a 25
Creche Litros/criança/dia 40 a 30
3. SEGUNDA FASE DO PROGRAMA
Nesta fase, a Sabesp começa cobrar pela prestação de serviços de implementação de
programas de uso racional da água. Em 2000 a Sabesp juntamente com as empresas
prestadoras de serviços, por meio de contrato, implantou o PURA no Hospital do Servidor
Público do Estado - IAMSPE com várias intervenções, replicando a metodologia
desenvolvida nos primeiros pilotos. Esta etapa foi importante por proporcionar a
possibilidade de comparação dos resultados obtidos na distribuição de água entre as
diversas atividades. Os resultados mostraram que o maior consumo foi na lavagem de
utensílios de grande e médio porte, que girou em torno de 64% e higienização dos folhosos
e leguminosos/verduras com cerca 42%,sendo semelhante aos resultados obtidos na
cozinha Piloto da Sabesp. Com relação a limpeza de ambiente e utensílios o consumo de
64% foi alto pelo fato da legislação hospitalar ser criteriosa nesta questão, por conta do
risco de contaminação.
Os resultados são demonstrados nos gráficos 2, 3 e 4.
Gráfico n°2 – Cozinha IAMSPE: Consumo por Área de Preparo de Alimentos
Gráfico n°3 – Cozinha IAMSPE: Consumo por Atividades Relativas ao Preparo de
Alimentos
Gráfico n°4 – Cozinha IAMSPE: Atividades Relativas Limpeza de ambientes
Após as intervenções do PURA nos órgãos mencionados acima, com a realização de
consertos de vazamentos, instalação de componentes e equipamentos economizadores de
água, seguido de campanha específica de sensibilização e de educação ambiental e de
controle higiênico sanitário para os funcionários e nutricionistas, com práticas usando
menos água nas atividades que consumiram mais, o resultando em reduções consideráveis
no consumo de água, como descrito na tabela abaixo:
3.1 RESULTADOS ESPECÍFICO DAS COZINHAS – Indicadores
Comparação de Indicadores de várias pesquisas onde foi implementado programas de
redução de consumo de água em l/refeição /dia.
Tabela 8 – Resultado do Consumo de Cozinha
Órgãos Litro/Refeição/Dia
Antes do PURA Após o PURA
Sabesp 33 16 IAMSPE 63 19
Ford 42 20 Palácio * 23
4. TERCEIRA FASE
Elaboração e implementação de legislação especifica.
Com o programa consolidado, com os resultados alcançados e vantajosos para os
clientes públicos e para a Sabesp, o Governo do Estado sancionou várias Leis
determinando, que os órgãos públicos do estado adotasse o Programa de Uso Racional
da Água – PURA em suas edificações, criando inclusive a figura do Gestor (dirigente),
Controlador (técnico) e Multiplicador ( coordenador pedagógico) em se tratando da rede de
Ensino. A Sabesp avaliou a viabilidade de realizar convênios para dar continuidade do
Processo. As Leis a partir de 2001 será abordado com maiores detalhes no Anexo-III de
Legislação.
4.1 Programa de Incentivos
Nos primeiros prédios públicos que implantaram o PURA alcançando 10 % de redução
do consumo de água, a Sabesp já vinha realizando contrato diferenciado (Contrato de
Tarifação para Entidades Pública), concedendo uma bonificação de 25% na conta. No
entanto, em 2007 com vistas a redução do consumo, a Sabesp ampliou este modelo de
contrato para outras instituições públicas, municipais e estaduais desde que alcance a meta
estabelecida (10%), com vigência de 1 ano, podendo ser renovado desde que seja mantido
o patamar de redução estabelecido.
Este Fluxograma foi atualizado retratando a evolução e definição dos programas e
projetos de número 2,3,5 e 6 citados no inicio deste relatório.
NOTA: Os equipamentos economizadores de água e as instalações devem estar de acordo
com as normas da Associação Brasileira de Normas Técnicas – ABNT
5. QUARTA FASE:
Implementação do PURA em órgãos públicos das pastas dos governos
Após a criação dos decretos, o Governo Estadual e Municipal firmaram convênios com
a Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo – SABESP a partir de 2007
para a implantação do PURA, contemplando as ações tecnológicas e educacional,
ambiental e sanitária nas instituições das secretarias do Estado e do Município incluindo as
escolas, parques, cemitérios, etc. conforme listado na tabela 9, alcançando os resultados
indicados na mesma.
Instituições e resultados
Tabela 9 – Atuação na Demanda - Posição dos Imóveis Contratados
Clientes Contratos Concluídos Adequação
Secretaria Estadual de Educação – SEE FASE I 370 345
Secretaria Estadual de Educação – SEE FASE II 628 243
Secretaria Estadual de Educação – SEE FASE III 388 0
Prefeitura do Município de São Paulo - PMSP 2.284 2.284
Prefeitura do Município de Ferraz de Vasconcelos 2 2 Prefeitura do Município de Franco da Rocha, Caieiras e
Cajamar. 50 50
Penitenciária Feminina de Santana 3 3
Edifícios Cidade I e II - CPOS 5 5
Hospital da Policia Militar – HPM 1 1
CSM_MTEL 1 1
Palácio 1 1
CFAP 1 1
Total 3.734 2.936
Figura 2 - Recuperação de volume em m³/mês
Nota: segundo a Sabesp, de 2010 até 2016, 627 escolas estaduais foram atendidas pelo
PURA, economizando mais de 110 mil/m³/mês, alcançando mais de 700 mil alunos.
5.2- Penitenciária Feminina
Em cumprimento ao Decreto Estadual, a Administração do Sistema Penitenciário de
São Paulo-SAP por meio de convênio, contratou a Sabesp para implantar o Pura na
Penitenciária Feminina de Santana, considerado um caso atípico, portanto seria um case
definido como mais uma metodologia, conforme descrição a seguir4 :
Metodologia Adotada
• Diagnostico Técnico;
• Elaboração do Projeto com Técnicas para Economia de Água/Pay Back
possível;
• Suporte Operacional;
• Execução das Obras e manutenção do sistema;
De setembro de 2008 a agosto de 2006, foram adequados 2.936 imóveis públicos. Resultados em dez/2016 uma economia de 378.539 (m³/mês). Volumes suficiente para atender uma população de 114.708 habitantes considerando um consumo per capita de 110 l/pessoa/dia. ____________________________________
• Programa de educação ambiental;
• Ações Implantada;
• Pesquisa e correção de vazamentos;
• Obras de adequação predial;
• Gestão do consumo de água – telemedição;
• Adequação do sistema de água quentes nos pontos de
chuveiro(recirculação);
• Execução da rede de água para interligação de 3 reservatórios;
• Recuperação eletromecânica e estrutural dos reservatórios;
• Ações Educativas incluindo o curso de controle higiênico-sanitário Especifico
para cozinha.
• Resultado:
• Economia: 420.406 m3 (economia acumulada no período)
• Investimento: R$ 10 milhões
• Pay Back: 2 anos
Ações Implantada do PURA:
• Diagnóstico Técnico;
• Elaboração do Projeto com Técnicas para Economia de Água/Pay Back
possível;
• Suporte Operacional;
• Execução das Obras e manutenção do sistema;
• Programa de educação ambiental;
• Ações Implantadas;
• Pesquisa e correção de vazamentos;
• Obras de adequação predial;
• Gestão do consumo de água – telemedição;
• Adequação do sistema de água quentes nos pontos de chuveiro
(recirculação);
• Execução da rede de água para interligação de 3 reservatórios;
• Recuperação eletromecânica e estrutural dos reservatórios;
• Ações Educativas incluindo o curso de controle higiênico-sanitário Especifico
para cozinha.
Tabela 10 – Resultado da intervenção do PURA na Penitenciária Feminina de Santana34
Ano/Mês Consumo médio mensal (m3/mês) conta(R$)
Agosto 2012 56.424 1.300 milhão
Dezembro 2014 29.040 585 mil Resultados:
• Média de Consumo de Água dos últimos 12 meses anteriores ao início das atividades do Programa (out/2011 a set/2012): 56.424 m³;
• Meta de Consumo estabelecida em agosto/2012: 49.000 m³;
• Redução do volume (m³) de água da ordem de 49%, e desde o início do projeto houve uma economia de 420.406 m³, volume suficiente para abastecer 32.339 famílias, considerando um per capita de 110 L/pessoa/dia (de acordo com a OMS)
• Redução no valor faturado (R$) da ordem de 55%, e desde o início do projeto houve uma redução de despesas de R$ 14.582.739,80 salientando que a aplicação da tarifa Pública com Contrato começou a vigorar a partir do mês de agosto/2012.
Após a implementação do Programa, percebeu-se uma redução representativa do consumo.
5 Fonte: Velloso, Ramon e Silva Nogueira, Sonia - Revista Saneas ano XIII. Edição 56 – Agosto/Novembro de
2015,
Gráfico n°5 e n°6
5.3-Escolas Estaduais Resultados da implantação do PURA Sabesp x Convênio Secretaria da Educação do Estado
É importante destacar que, no caso das duas escolas, após o processo de
implementação, foi constatado resultados diferentes. Na Esperidião Rosas o consumo
aumentou. Um caso atípico, resultado de vandalismo nos equipamentos hidrossanitários. Os
banheiros ficavam trancados, resultando em um problema de higiene e saúde dos alunos.
Neste caso específico, durante a fase de estudos e diagnósticos a escola já apresentava um
consumo abaixo do valor de 25 l/alunos /dia (parâmetro de dimensionamento). Este fato
poderá ocorrer em escolas com situação semelhantes.
Concluído as trocas dos equipamentos e implementação das melhorias previstas pelo
programa, deverá ser monitorado o consumo no mínimo seis meses, para posterior
comparação dos parâmetros considerados normais para a tipologia da edificação. A escola
Carlos de Andrade Rizzini, após a implementação do programa, apresentou uma queda
representativa do consumo de 25litros/aluno/dia para 6 litros.
Meta 10%
Meta 49.000 m³
Média 40.854 m³
Nota: Feedback-durante os 20 anos de implantação do programa de Uso racional da
Água-PURA, os resultados obtidos nas escolas estaduais e municipais alcançaram em
média 14 L/alunos /dia.
Escola Municipal de Ensino Fundamental - EMEF Esperidião Rosas Aumento do Consumo
ESCOLA - EMEF CARLOS DE ANDRADE RIZZINI- Redução de Consumo
Fonte: Sabesp
Consumo per capita de: 5 litros/aluno/dia para: 5,5 litros/aluno/dia
Número de Alunos: 980 Consumo médio antes do PURA: Va=740m³/mês R$ 9.620,00 Consumo médio com a intervenção do PURA: Vd=178m³/mês R$ 2.314,00 Economia Mensal (6 meses 2008 para 2009): 562m³/mês R$ 7.306,00 Impacto da Redução: 76% Valor do investimento: R$ 29.742,33 Pay Back: 4 meses Ações executadas: conserto de vazamentos na rede e nas instalações hidráulicas, troca e reparo de equipamentos de baixo consumo.
Número de Alunos: 1275 Consumo médio antes do PURA: Va=195 m³/mês R$ 2.535,00 Consumo médio com a intervenção do PURA: Vd=211 m³/mês R$ 2.743,00 Economia Mensal (6 meses 2008 para 2009): -16 m³/mês R$ -208,00 Impacto da Redução: -8% Valor do investimento: R$ 31.063,98 Ações executadas: conserto de vazamentos na rede e nas instalações hidráulicas, troca e reparo de equipamentos de baixo consumo. Estudo do caso: o consumo baixo dava-se devido a equipamentos violados/quebrados. Banheiros ficavam trancados, resultando em um problema de higiene e saúde dos alunos.
Consumo per capita
de: 25 litros/aluno/dia
para: 6 litros/aluno/dia
6. MONITORAMENTO DAS MEDIDAS IMPLANTADAS - SISTEMA DE MEDIÇÃO REMOTA-TELEMETRIA.
O sistema do tipo M-BUS ou com Saída Pulsada com transmissão de dados para
Central de monitoramento via celular, é uma ferramenta que permite o monitoramento
permanente (online) do consumo, pela prestadora de serviços de saneamento e também
pelo cliente, por meio de curso específico. O sistema identifica qualquer tipo de anomalia
nas instalações hidros- sanitárias: tais como consumos anormais registrados no período
noturno ou diurno e eventos que podem ser vazamentos, ou uso inadequado dos
equipamentos. A identificação das ocorrências monitoradas permite correção imediata da
anomalia pelos gestores, prestadora de serviços de saneamento local ou pela Prefeitura,
contribuindo para a sustentabilidade do programa.
Em São Paulo foram implantados, até dezembro/2016, 307 unidades de sistema de
telemedição, sendo 279 em escolas estaduais e 28 em escolas municipais e outras
instituições.
Figura 3 – Telemedição
7. PROGRAMAS EDUCACIONAIS DO PURA SABESP
7. 1 Campanhas Publicitárias e Educacionais No desenvolvimento do Programa do Uso Racional da Água, na data de 1997 a
coordenadoria do Uso racional da Água em parceria com a área de Comunicação da
Superintendência da Companhia, investiu e realizou vários contratos para criação de
programas de campanha Educativas e de Sensibilização com veiculação na ”Mass Mídia”
com intuito de esclarecer e fortalecer junto ao público consumidor de água a importância do
Programa PURA, de acordo com a relação abaixo:
Contrato com a Fundação Padre Anchieta/TV Cultura
Foram elaborados pela coordenadoria de Ensino de Normas Pedagógicas
(CENP)/Sabesp, para elaboração de material didático para professores de aluno da
1ª e 8ª série (1998), foi composto de cartazes e dois vídeos com proposta de atingir
na época a Rede Pública: 6,5 milhões de estudantes (distribuição de 15.000 kits)
Projetos da rede de Ensino Escolar - TV Cultura
Projeto Água - TV Cultura - 1998 (Veiculação: TV Cultura, Escolas, Palestras,
Evento Elaboração de vídeos para apoio pedagógico).
Chuá - Chuágua: (1ª a 4ª série) e Água na Boca: (5ª a 8ª série)
Figura 4
Temas abordados nos vídeos
Planeta Azul: utilização e características da água –18’14’’
Estados Físicos e ciclo Poluente-21’12’’
Seres Vivos e a Água –20’40’’
Planeta Azul: utilização e características da água –18’14’’
Para onde vai a água –18’36’’
Temas abordado no Projeto Água na Boca
Tudo que se pode fazer com a água...até quando? (17’)
Terra, planeta Água (16’07’’)
Água nossa de cada dia (16’08’’)
Água e sobrevivência: o combate (16’08’’)
Água e vida humana: fazer as pazes com a natureza(17’)
Água: Desafio do Século XXI (28’) – TV Cultura – 1997
Veiculação: TV Cultura, Escolas, Palestras, Eventos.
Elaboração de vídeos educativos para veiculação em canais televisivos abertos
Figura 5
Os vídeos abordam as diferentes formas de uso da água no planeta; a quantidade
limitada disponível para uso; a água como substância e seu ciclo; o risco de contrair
doenças através de água contaminada; desenvolvimento econômico e desequilíbrio da
natureza; a escassez de água no planeta; a distribuição de água no Brasil; a situação de rios
e bacias próximos aos centros urbanos; o desperdício de água na agricultura, indústria e
evitar o desperdício.
Água : um bem limitado (28’) – TV Cultura – 1997
O Vídeo aborda a quantidade disponível de água no estado de São Paulo; situação
dos rios que cortam a capital; o rio Tietê; a importância do trabalho da Sabesp para a saúde
pública; a questão do rodízio em São Paulo; os sistemas operados pela Sabesp e o
tratamento da água; os programas de redução de perdas e de uso racional da água; reuso
da água para fins industriais; o caminho da poluição das águas; como limpar corretamente
uma caixa d’água; verificação de vazamentos internos; como economizar água no dia-a-dia.
Água Show (28’) – SBT – 1998
Veiculação : SBT, Escolas, Palestras, Eventos.
Figura 6
O apresentador Sergio Groisman recebe funcionários da Sabesp em seu programa.
Eles esclarecem dúvidas da plateia e falam a respeito da importância da água, do uso
racional e do trabalho da Sabesp.
7.2 Outros Tipos de Campanhas
1. Atenção, Dona de Casa (Comunicadores de Rádio) - com recursos do FEHIDRO;
2. Acquamania (Feiras da água em escolas) - Eventos (UD, Exposíndico, Seminários e
Congressos) ,Teatros de Fantoches – “Nave Mãe“
3. Negociação da TV Cultura e Sabesp
O Ministério da Educação e dos Desportos – Através da Secretaria da Educação,
veiculou este projeto na TV Escola e na TV Cultura atingindo cerca de 58 mil cidades do
País (auxílio a distante para professores). Veículo de Comunicação – a Sabesp atuou ativamente junto a diversos públicos:
circos, escola Grajaú, rádios, entrevista com moradores de São Paulo, Jornal, revistas,
distribuição de folhetos e cartazes, atuação nas comunidades, circulação na Rede Vida,
palestras, elaboração de show room do PURA, produção de outdoor, curso de pesquisa de
vazamento, oficina de teatros, visitas as estações de tratamento, curso de capacitação e
sensibilização ambiental destinada a rede pública de ensino e lideranças comunitárias.
7.2.1. Show Room do Pura
Outra Ação do Programa foi a Construção de uma casa numa área localizada na Sede
da Companhia, com vidros transparentes despertando a curiosidade das pessoas induzindo
a visitá-la, denominada “SHOW ROOM PURA” constituída de um conjunto de tubulações, de
colunas de distribuições, ramais e sub-ramais, equipamentos de baixo consumo de todas as
marcas, caixa-d´água transparente para visualização da diminuição do volume em face do
consumo , verificação de problemas com a boia, dispositivos que simulam uma instalação
predial ideal, atendendo os sistemas de abastecimento, esgotamento e geração das águas
residuárias.
Objetivo foi mostrar como funcionava as instalações hidráulicas prediais de água e
esgoto, os pontos vulneráveis de incidências de vazamentos, o mecanismo de boia da
caixa da água/vazamentos/regulagem, descrição do que era o PURA e seus equipamentos
economizadores de água. O local servia também para entrevistas/reportagens filmagens
sobre o PURA, distribuição de folhetos educativos, visitas de alunos, professores, técnicos,
público em geral..
Figura 7
Atualmente o SHOW ROOM está desativado na Sede da SABESP, no entanto foi
montado semelhante de forma descentralizada.
7.2.3 Curso de Pesquisa de Vazamentos /PURA
O objetivo: Nas unidades de negócios essa estrutura é utilizada para realização de
cursos de pesquisas de vazamentos, embora já existisse na Sabesp em algumas Regionais
com equipamentos hidráulicos sanitários convencionais.
O Programa do Uso Racional da Água realizou parcerias com os responsáveis destes
cursos, ampliando a parede hidráulica com as instalações dos equipamentos
economizadores da água, onde os instrutores explicam as várias formas de teste para
detecção de vazamentos e pontos passíveis de vazamentos, expondo as novas tecnologias,
cuidados, vantagens e o porque da necessidade de reduzir o consumo.
Figura 8
7.2.4 Objetivo do Laboratório do PURA
Desde o inicio do PURA a equipe da área de comunicação da Sabesp, com uma
programação definida, visitava os locais como: bairros, comunidades e outros onde era
identificado grandes desperdícios e descaso pela água, apresentando o laboratório como
mostruário dos equipamentos economizadores, realização de testes para identificação de
vazamentos nos equipamentos e instalações hidráulicas. Descrevendo sobre o programa, o
objetivo das mudanças de hábitos com vídeos educativos e distribuição de folhetos com
dicas de economia.
Figuras 9 e 10
Outros Recursos - Objetivo do Expositor dos equipamentos economizadores
Utilizado como mostruário dos novos equipamentos economizadores de água nas
campanhas, palestras educativas e nas realizações dos cursos de capacitação dos
representantes dos órgãos públicos. As empresas associadas das ASFAMAS, colaboraram
com a coordenadoria do Uso Racional da Água fornecendo os expositores para melhor
elucidação ao público.
Figuras 11 e 12
Objetivo dos cursos de capacitação e treinamentos
Em 2007 após os decretos do governo estadual e Leis municipais foram elaborados
os cursos de treinamento e capacitação juntamente com a elaboração de manuais do
Multiplicador, Gestor e Controlador como ferramenta de apoio.
7.2.5 Capacitação e treinamento do curso do PURA
Abordagem comuns aos cursos:
O foco principal dos conteúdos aplicados nos cursos é o tema água, seus diversos
usos, uso social, contaminação, diminuição da disponibilidade, o uso racional e a
conservação dos mananciais, com distribuição de manuais como ferramenta de apoio.
Curso dos Multiplicadores:
Este curso consiste na formação de um profissional que venha a multiplicar a questão
da escassez da água e a importância de seu uso racional para os usuários da escola, no
caso os alunos. Assim entendemos que o multiplicador deva ser um coordenador
pedagógico ou um professor engajado, que possa depois trabalhar estas questões com os
professores de todas as áreas, inserindo estas questões nos conteúdos
programáticos/projetos políticos pedagógicos.
Curso dos controladores:
Consiste na formação de uma pessoa de caráter mais técnico que tem como função
controlar o uso da água nos edifícios públicos como: auditoria da água, noção de ligação
predial/instalação hidráulica, cálculo do consumo per capta e identificação das atividades de
uso de água, plano de intervenção e medidas preventivas e corretivas.
Curso dos Gestores:
Formação e conscientização das pessoas chaves para atuarem na gestão do
planejamento das ações, alcance das metas, acompanhamento, divulgação dos resultados
e atuar ativamente nas campanhas educativas, para sustentabilidade do programa.
Exemplo de Manuais como ferramentas de apoio.
Figura 13
PURA - Projeto Especifico para Cozinhas Industriais
A Sabesp desenvolveu também em face dos
pilotos, recomendações específica para as
cozinhas, tendo mensurado que é uma das
grandes consumidores de água em função das
atividades dependendo dos procedimentos com
relação a limpeza ambiental, pessoal, de
higienização dos folhosos e leguminosos, da
preparação de alimentos e de lavagem de utensílios de médio e grande porte (panelões),
somado à manipulação inadequada, os vazamentos podem contribuir como aumento de
consumo, em face do descaso ou por falta de sensibilização e conscientização dos
funcionários desse setor com relação a manutenção preventiva e corretiva, até porque a
maioria são terceirizadas.
Em 1998 o professor Doutor Microbiologista Eneo Alves da Silva Junior, como
consultor do PURA na área de controle higiênico-sanitário em unidades de alimentação,
específico no projeto de cozinha industrial para redução do consumo de água com a forma
adequada dos usos da água nas atividades de higiene, preparo e cocção de alimentos.
Introduziu no Manual da Associação Brasileira das Empresas de Refeições Coletivas-
ABERC 4ª edição, de Praticas de Elaboração e Serviços de Refeições para Coletividades,
no item VI o capitulo “Uso Racional da Água “ pagina 111.
A Sabesp também elaborou um manual de boas práticas e palestras para este setor.35
35 Fonte: Sabesp
8 . CONSIDERAÇÕES FINAIS
A implantação de um programa desse porte, depende de alguns fatores, tais como:
estabelecimento de linhas de ações em função das necessidades locais; definição dos
agentes envolvidos, assim como o estabelecimento de suas respectivas atribuições e
responsabilidade, e conhecimento dos impactos gerados pela sua implantação. A redução
do consumo usual ou da perda de água acarretará em benefícios sociais, econômicos e
ambientais.
O estabelecimento dessas medidas não visa prejudicar a qualidade de vida do
consumidor. Os estudos utilizados constataram a existência de desperdício de água em
todos os níveis sociais e econômicos da população, e apontou que o uso adequado de água
com higiene não está relacionado com a quantidade e sim com os procedimentos
adequados que define uma higiene eficaz.
Quando da elaboração do Plano de Intervenção o objetivo a ser alcançado tem que
ser claramente definido, assim como os resultados esperados, caso a caso, visando
recuperação das águas perdidas seja por perdas físicas, por desperdício, mal-uso e
descaso dos consumidores.
A participação da sociedade é de suma importância, e deverá ser ampliada através de
campanhas perenes, mantendo e expandindo o nível de sensibilização da população sobre
a importância e cuidado com o uso da água.
Para a implementação de um programa institucional de conservação de água em um
país, onde em algumas regiões existe o risco eminente de escassez de água é premente a
implantação de várias intervenções, entre elas destaca-se as ações que visam a redução do
consumo, que devem ser sistêmicas.
NOTA: programa institucional de conservação de água em um país envolve muito mais do que redução do consumo, tal como foi idealizado e implantado em Nova York.
Preservação de áreas de nascentes;
Políticas Públicas que regulam os usos múltiplos da água;
Controle da qualidade da água dos mananciais;
PSA
Outros
9. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
GONÇALVES, O.M. et al. Programa de economia de água de consumo doméstico - uso racional da água . São Paulo, LSP/EPUSP, novembro,1996. (Relatório final, vol. III - Projeto de Pesquisa Sabesp). YOSHIMOTO, P.M e Silva, NOGUEIRA S.M. e Oliveira, H.L. USO RACIONAL DA ÁGUA PROGRAMA DE ECONOMIA DE ÁGUA EM EDIFÍCIOS 19 Congresso da Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambienta - ABES
ANEXO 1A – METODOLOGIA
METODOLOGIA PARA A IMPLANTAÇÃO DE PROGRAMA DE REDUÇÃO DO CONSUMO DE ÁGUA.
A metodologia apresentada neste anexo é uma síntese da consolidação dos
resultados aferidos nos projetos e estudos de caso em várias tipologias. Os métodos de
aplicação do programa evoluíram e foram adequados de acordo com as peculiaridades dos
sistemas hidráulicos prediais e enfatizam a gestão da demanda em edificações existentes,
estruturadas de acordo com as diretrizes a seguir.
Destacamos que as diretrizes metodológica será apresentada com maiores detalhes
no Produto 2.
Diretrizes de Implantação do Programa de Uso Racional da Água – PURA
• Sistema de medição: hidrômetro e telemedição;
• Auditoria e diagnóstico do uso da água – consumo;
• Definição e execução do plano de intervenção;
• Implementação de um sistema de gestão de água
Passo a passo para a redução do consumo de água
• Levantamento do perfil de consumo;
• Levantamento preliminar das instalações hidráulicas;
• Caracterização de hábitos e vícios de desperdício;
• Pesquisa de vazamentos/ Índice de Perdas;
• Correção dos vazamentos em rede de água, reservatórios e instalação
hidráulica predial;
• Plano de manutenção preventiva e corretiva dos equipamentos hidráulicos;
• Retorno de investimento - custo beneficio;
• Gestão do consumo após a intervenção - Sustentabilidade.
Fluxograma de implementação
Auditoria e diagnóstico do uso da água
Para iniciar a auditoria do consumo de água é necessário, por meio de um planejamento,
realizar as seguintes ações:
• Conhecer as características físicas e funcionais dos equipamentos hidrossanitários,
do sistema hidráulico e das atividades desenvolvidas com o uso da água nas
edificações;
• Reunir informações documentais (projeto de arquitetura e planta hidráulica);
• Realizar levantamento e cadastro atualizado de todo sistema hidráulico existente;
• Realizar cadastro ou croqui/planta esquemática das instalações hidráulicas - na
ausência de plantas hidráulicas;
• Levantar e cadastrar os sistemas hidráulicos especiais (ar condicionado, ar
comprimido, vapor com caldeira, sistema de água quente, entre outros) e suas
características e condições de operação em função do tipo do edifício.
Para garantir uma avaliação mais próxima do real, é importante o levantamento do
Indicador de Consumo (IC), que é a relação entre o volume de água consumido em um
determinado tempo, denominado histórico de consumo (de 6 a 12 meses de consumo), e o
número de agentes consumidores nesse mesmo período.
Campanha Educacional Treinamento e sensibilização
O IC pode variar de acordo com a tipologia do edifício. Para a categoria de consumo
público por tipologia, alguns autores determinam litros/leito/dia, litros/aluno/dia,
litro/servidor/dia, etc. como uma unidade apropriada para o indicador – IC (Per capta).
As informações obtidas e a definição de indicadores contribuem para que se possa analisar
o consumo de água nas instalações, bem como verificar possíveis desperdícios; os
indicadores são referências para a avaliação do impacto de redução do consumo de água
após cada uma das ações implementadas no decorrer do programa.
Diagnóstico
É a síntese organizada das informações obtidas na auditoria do consumo de água. Ele
possibilita a elaboração de um plano de intervenção com ações específicas para cada
tipologia de edifício e a consideração das características próprias de cada sistema.
As informações obtidas nessa etapa contribuem para o entendimento do perfil de
consumo de água. O diagnóstico deve ser realizado por meio das seguintes atividades:
• Detecção e Perdas de vazamentos visíveis e não visíveis;
• Identificação de vazamentos na tubulação embutida nas paredes, pisos etc.;
• Levantamento da qualidade da água – análise físico, química e bacteriológica;
• Levantamento do perfil de consumo (dados que serão fornecidos pela concessionária
de água – conta de consumo de um ano).
Nesta etapa também devem ser realizadas, as seguintes tarefas:
• Levantar a idade da edificação;
• Levantar o histórico da manutenção do sistema hidráulico;
• Cadastrar o tipo do sistema de abastecimento (misto, rede pública, poços e
caminhão pipa) e o número de medidores;
• Localizar e cadastrar a quantidade e a capacidade dos reservatórios;
• Levantamento dos procedimentos dos usuários com relação aos usos da água nas
atividades;
• Verificar as condições de operação da torneira de boia e o local de deságue do
extravasor e da tubulação de limpeza dos reservatórios (barriletes) e caixas d’água.
Ações de intervenções para redução do consumo:
A partir da consolidação do diagnóstico realizado, é elaborado o plano de intervenção,
cujas as ações devem ser iniciadas pelo ponto crítico do sistema refletindo imediatamente
na redução do consumo.
Na execução de um plano de intervenção é indispensável as avaliações das ações
implementadas, que podem ser feitas também após cada uma delas, até o final do plano
total.
• Instalação e adaptação de economizadores de água nos pontos de consumo;
• Correção de vazamentos e redução de perdas;
• Reaproveitamento de água (ex: em Hospitais);
• Campanha de educação ambiental.
Campanha de educação ambiental
Para mudanças de hábitos de desperdício é importante o desenvolvimento de
campanhas de sensibilização para conscientização do público alvo, inclusive do local
onde é implantado o programa com implementação de ações de base educacional
promovendo mudanças comportamentais e consequentemente a redução do consumo de
água.
Ações poderão ser do tipo informativas (cartazes, folders, revistas, adesivos
ilustrativos nos pontos de consumo, etc.), palestras, cursos de treinamentos e elaboração de
manuais de operação e manutenção de equipamentos que possibilitam uma melhor
compreensão sobre o desenvolvimento das atividades e como pode afetar o uso da água
em seu ambiente de trabalho, ou em suas residências.
É importante que essas ações sejam realizadas por profissionais de amplo
conhecimento nas áreas específicas.
As campanhas devem ser um processo permanente que possibilite o aprendizado
individual e coletiva propiciando reflexões, e a construção de valores, saberes, habilidades,
atitudes que possibilitem a relação sustentável da sociedade humana com o ambiente que a
integra.36
36 Fonte: Sabesp
ANEXO 1B – CARACTERIZAÇÃO DA DEMANDA
1 - PESQUISA E LEVANTAMENTO DOS USOS E COSTUMES DO CONSUMO DOMÉSTICO DE ÁGUA
INTRODUÇÂO
Um dos projetos do PURA, é a caracterização da demanda de água residencial e
seus usos finais. As características dos imóveis e as formas de uso da água variam de
família para família considerando os fatores socioeconômicos; as maneiras de uso da água
nas atividades diárias é uma importante ferramenta de gestão e para o estabelecimento de
políticas de controle de demanda, como também definição de ações sobre uso racional da
água nos grandes centros urbanos.
Para elaboração do projeto, os técnicos da Sabesp envolvidos no Programa de Uso
Racional da Água realizaram pesquisas sobre o assunto a nível nacional e internacional
para nortear o trabalhos.
O resultado das pesquisas a nível internacional está relatado a seguir:
Estudo do Perfil do Consumo Residencial e Usos Finais da Água nos Estados Unidos
das Américas- E.U.A.37
A preocupação com a criação de políticas de conservação e de uso racional da água
surgiu nos Estados Unidos, na década 70. Em 1981, foi publicado o relatório “Componentes
de Demanda Domésticas de Água” elaborado pela Comissão de Monopólios e fusão de
empresas e endossado pelo Conselho Nacional de Recursos Hídricos de Londres em 1982.
Este documento foi publicado como Periódico Técnico, com o objetivo de disponibilizar as
informações a um público mais amplo, considerado um dos trabalhos precursores.
A Tabela 1 mostra o resultado das análises dos estudos pela comissão da demanda
doméstica de água – distribuição em função dos usos, por tipos de equipamentos e outros.
Tabela n°1
Suíça Estados Unidos Bacia Sanitária 40% Bacia Sanitária 40%
Banhos 37% Banhos 30% Cozinha 06% Máquina de lavar roupa/louça 15% Bebidas 05% Vazamentos 05%
Lavagem de roupas 04% Restaurante 10% Limpeza de piso 03% Total 100%
Lavagem de automóveis 01% Outros 01% Total 100%
37 Fonte: Componentes de demanda doméstica de água, Periódico Técnico - National Water Council (1982)
Na cidade de Heatherwood (Boulder-Colorado – EUA) considerando média 03
pessoas por economia, os resultados estão demonstrados na Tabela nº 2
Tabela n°2
Ponto de utilização Uso médio diário (litros)
Por economia Per capita
Bacia Sanitária 165 57,4
Chuveiro 110 38,4
Banheira 11 3,8
Lavatório 99 34,5
Lava Prato 21 7,2
Lava roupa 157 54,6
Vazamento 79 27,4
Total 642 223,3
• Resultado do estudo na Colômbia, descrito nas Tabelas 3 e 4:
Tabela N°3 Distribuição do consumo de água na Colômbia
Ducha 30% Sanitário 40%
Lavagem de pratos/mãos 10% Limpeza 15% Cozinha 5%
Gráfico 1 Tabela N°4
Bacia Sanitária 28,7% Chuveiro 17,13% Banheira 1,71% Lavatório 15,42%
Lava Prato 3,27% Lava Roupa 24,45%
Vazamentos 12,31
U.S.A - Nos períodos de 1996 (junho) e 1998 (março), foi realizada pela American
Water Works Association – Research Foundation uma pesquisa em 12 cidades americanas
sobre o perfil do consumo de água, tendo como foco identificar os usos finais da água.
Foram monitoradas 1.188 residências com data-loggers, registrando as vazões a cada 10
segundos.
Resultado da Pesquisa obtido em 12 cidades americanas, Tabela N°5: Tabela N°5
Tipo de Consumo Só uso interno
(%) Banheira 1,7 Chuveiro 16,8
Bacia Sanitária 26,7 Lava-pratos 1,4 Lava-roupas 21,7
Torneiras em geral 15,7 Vazamentos 13,7 Outros Usos 2,2
Fonte DEOREO, Lander e Mayer (1999)
Gráfico 2
Metodologia adotada:
Para realização destes estudos os pesquisadores adotaram várias metodologias, tais
como:
- Utilizaram o método de entrevistas com os moradores quanto a ocupação sobre os
tipos de aparelhos domésticos, de equipamentos hidráulicos sanitários convencionais,
tempo de uso, etc.;
- Distribuíram formulários aos moradores com perguntas relativas aos: números de
pessoas, idade, número de equipamentos, frequência de uso dos equipamentos, etc.;
- Propuseram leitura diária (2 vezes/dia) dos hidrômetros instalados junto a tubulação
de abastecimento de água da residência;
Após avaliação dos resultados das amostras, foi traçado o perfil daqueles
consumidores com maior consumo, conforme ilustração nos gráficos nº 1 e 2
Resultado dos pontos de maior consumo nas residências pesquisadas:
• 1º Bacias sanitárias - Suíça, Estados Unidos, Heatherwood, ,Colômbia, 12
cidades americanas;
• 2º chuveiros, exceto Colômbia e Heatherwood;
• 3º torneiras.
Conclusão
Após todas as experiências realizadas, a avaliação pelos pesquisadores culminaram
na proposta das trocas dos equipamentos hidrossanitários existentes, iniciando por bacias
sanitárias de 6L/descargas; por ser mais representativa no consumo doméstico, depois os
chuveiros ou duchas, em terceiro lugar as torneiras, como outro ponto menos expressivo por
fazerem parte do programa de trocas de equipamentos.
Brasil-São Paulo
Perfil do consumo residencial e uso final da água
O Instituto de Pesquisa Tecnológica de São Paulo-IPT realizou pesquisa semelhante
a Comissão de Estudo dos E.U.A.na década de 90
O objetivo também era o conhecimento da importância do levantamento do perfil do
consumo e uso final, o estágio das pesquisas apenas indicava a necessidade de se
conhecer a distribuição das vazões ao longo do dia, ficando para o futuro a questão de quais
componentes da edificação geravam tais vazões. Estes estudos foram incorporando outras
metodologias como desenvolver equipamentos de medição utilizando data-logger,
tratamento de dados, maiores detalhes descrito na tese de mestrado-
Segundo o Instituto de Pesquisa Tecnológica de São Paulo – IPT (1986), as bacias
sanitárias variavam de 20 litros a 12 litros por descarga. Em função dos resultados das
experiências estrangeiras, o Instituto recomendou a realização de programas de troca de
equipamentos hidrossanitários por economizadores, iniciando-se pelas bacias sanitárias, e
na sequência a adoção de medidas semelhantes para chuveiros e duchas, já que estes
pontos de consumo são os maiores consumidores de água de uma residência.
Entre 1997 e 1998, foi realizada uma nova pesquisa (ROCHA, 1999), direcionada
para a identificação do perfil de consumo doméstico de água, tendo como objeto de
pesquisa um prédio de quatro pavimentos em um conjunto habitacional da Companhia de
Desenvolvimento de Habitação e Urbanismo (CDHU), na zona sul da cidade de São Paulo.
O perfil de consumo doméstico de água obtido apresentou de forma discriminada os
valores dos consumos internos de água, observados nos pontos de utilização da instalação
hidráulica predial da habitação unifamiliar.
Os pontos de utilização foram relativos à água consumida na caixa de descarga, para
limpeza da bacia sanitária, no chuveiro, no lavatório, na pia, no tanque e na lavadora de
roupas. O consumo externo de água não foi incluído na metodologia desenvolvida porque
não havia pontos de utilização de água que configurassem tal tipo de uso, como torneiras de
jardim instaladas em áreas de uso comum dos moradores.
A Tabela 6 mostra o resultado obtido para o perfil de consumo doméstico de água
Tabela N °6 – Quantificação do Consumo doméstico de água
Uso da água Consumo diário por
hab. (L/dia.Habitação)
Consumo (%)
Bacia Sanitária com caixa acoplada (6 litros por descarga- lpd) 24 5
Chuveiro 238 55 Lavadora de roupas 48 11
Lavatório 36 8 Pia 80 18
Tanque 11 3 Consumo Geral 437 100
Fonte Douglas Barreto(1999) Fonte²: Douglas Barreto –Programa de mestrado em Habitação “Perfil do consumo Residencial e Usos Finais da
Água de junho/2008”
Deve-se observar que os dados na tabela representam única e exclusivamente os
valores obtidos em uma residência, em que foram instalados equipamentos especiais tais
como bacia sanitária com caixa acoplada de 6 litros por descarga e chuveiro de “luxo”, entre
outros, o que significa que a medição teve o objetivo de testar a metodologia desenvolvida
para ser reaplicada em outras residências e em nenhuma hipótese representa o perfil do
consumo da Região Metropolitana de São Paulo (RMSP).
Percentual de participação dos pontos de utilização no consumo diário médio,
representado no gráfico n°3
Gráfico 3 – Média de todas as residências (Volume L/dia; Participação %)
Metodologia do monitoramento com Sistema de Medição
Durante o período da pesquisa foram monitorados 7 endereços (residências)
distribuídos em três bairros do setor de distribuição de água. Os endereços monitorados
foram estabelecidos por meio de critério estatístico de amostragem, considerando o
conjunto de variáveis envolvidas (número de ligações, consumo médio mensal, idade e
capacidade de hidrômetros, entre outros) e apenas um setor administrativo do
abastecimento da rede de água.
No gráfico N°4 podem ser visualizados os consumos desagregados por dia de
monitoração, sendo a sexta-feira o dia de maior consumo.
Consumo desagregado por pontos de utilização monitorados
Gráfico 4 – Média de todas as residências – Consumos
No consumo total médio do hidrômetro instalado no cavalete, para as residências
estudadas (7), foi observado que o valor médio foi de aproximadamente 845 L/dia,
perfazendo um consumo mensal estimado de 19,5 m3/mês.
O consumo interno médio monitorado resultou em 580 L/dia, o que equivale a 70% do
volume consumido. O volume de 580 litros/dia representa o patamar de monitoramento do
consumo obtido no decorrer da pesquisa, onde foram utilizados seis data-loggers para
pontos de utilização internos das residências.
Esses consumos são derivados de dados obtidos em uma amostra restrita,
considerando apenas 7 dias de monitoramento, o que significa que esses valores podem
resultar maior precisão quanto mais endereços forem monitorados, e as variâncias
determinadas.
No gráfico N°4, podem ser visualizados os consumos desagregados por dia de
monitoramento:
• Identificado a sexta-feira o dia de maior consumo;
• Identificado que os usos destinados à higiene corporal (lavatório, caixa acoplada
e chuveiro) ocorrem todos os dias;
• O consumo na pia de cozinha também é diário;
• O uso da máquina de lavar e tanque ocorrem em dias determinados (terça,
quarta, sexta, sábado e domingo).
Sendo assim podemos concluir que o maior desperdício de água foi na área de outros
usos, seguido do chuveiro e cozinha.
Tipologia prédio de escritórios - Laboratório Eficiência Energética em Edificações/Universidade Federal de Santa Catarina-UFSC38 ³
Uso Racional de Água em Edifícios de Escritórios: Avaliação de Alternativas para a
Redução do Consumo de Água Potável.
O objetivo da pesquisa foi estimar o potencial de economia de água potável por meio
de três alternativas de redução de consumo em 10 edifícios de escritórios localizados em
Florianópolis e estimar a energia embutida nos principais componentes constituintes destas
alternativas.
As alternativas de redução do consumo de água potável consideradas foram:
• Aproveitamento de água pluvial,
• Reuso de águas cinza
• Instalação de aparelhos economizadores de água.
A pesquisa destacou apenas as análises dos resultados obtidos com relação aos
equipamentos economizadores de água para bacias sanitárias e torneiras.
Instalação de bacias sanitárias com volume de descarga reduzida-VDR
Segundo a opinião do autor das pesquisas, a instalação de bacias sanitárias com
dispositivo de descarga dual (3 e 6 litros) representou individualmente a alternativa mais
eficiente para redução do consumo de água potável, resultando numa economia entre
21,6% e 57,4%.
Instalação de torneiras economizadoras
Posteriormente, foram instalados nestes edifícios torneiras economizadoras de água
com o objetivo de avaliar o impacto desta ação e a redução do consumo variou entre 2.7% e
15,4%.
Comparando as instalações de torneiras somada a primeira medida (instalação de
bacias sanitárias), o potencial de economia de água foi superior a 25% em quase todos os
edifícios. Os resultados das instalações de torneiras não foram tão expressivo quanto ao
tipo da bacia com acionamento dual; que variou entre 26,5% e 62,9% do volume total
consumido (representando economias mensais de água entre 27,9m³ e 103,9m³).
Somente em dois edifícios os resultados não foram satisfatórios, havendo aumento do
consumo, pois a média de consumo de água por descarga era menor do que 6 litros.
As pesquisas em tipologia de edificações estudadas demonstraram que as instalações
de bacias sanitárias com descarga dual pode ser a alternativa de
Fonte³;Relatório de Iniciação Científica ” http://www.labeee.ufsc.br/node/177
redução de consumo de água potável mais eficiente e racional, tanto em relação ao
consumo de água, quanto de energia. ”PROENÇA(2007)”
ESTUDO DO PERFIL DO CONSUMO HOSPITALAR E USO FINAL DA ÁGUA
Este estudo enfocou na utilização do uso final da água dentro das edificações com
relação às diversas atividades em função do segmento do setor.
Os parâmetros de referência indicados (per capita - indicador de consumo) por autores
que fizeram pesquisas em hospitais de vários portes e categorias na década de 80 não
condizem com a realidade de hoje, pois atualmente os hospitais estão em expansão em
função de vários tipos de atendimento, serviços e situações simultâneas. O surgimento de
novas tecnologias sem pensar em economia de água e o crescimento econômico
impulsionou o setor, aumentando o volume de serviços e a complexidade de suas
atividades.
Para as pesquisas de outras tipologias, a Sabesp implantou o PURA em várias
instituições, como também em algumas universidades, podendo esses indicadores ser
utilizado como referencial comparativo.
RESULTADOS DE VÁRIOS PILOTOS DE EDIFÍCIOS PÚBLICOS - SP
Hospitais Estudos comparativos dos resultados obtidos nos Piloto, desenvolvidos pela SABESP
em parceria com Escola Politécnica da USP e IPT .
Com o objetivo de aferir dados com maior confiabilidade, a Sabesp buscou referências
internacionais que pudessem servir de parâmetro para suas análises, um dos estudos
utilizados foi a pesquisa realizada no Estado da Carolina do Norte – EUA.
2 .CASE Hospital da Carolina do Norte-EUA
O Departamento de Meio Ambiente e Recursos Naturais, divisão Preservação da
Poluição e Assistência Ambiental e Divisão de Recursos Hídricos elaborou um estudo sobre
a Eficiência da Água, os resultados finais aferidos das pesquisas realizadas resultaram na
elaboração de um Manual. Posteriormente os técnicos responsáveis pela elaboração do
manual analisaram o consumo de água em diversas categorias de uso e por tipologia -
comercial, residencial, industrial, escolas, hotéis/motéis e hospitais. Neste último, após
análise dos 14 maiores hospitais do estado, concluíram que a distribuição de água para
consumo era similar nas edificações. O maior consumo foi registrado nos banheiros - 40%,
conforme o gráfico n°5.
Gráfico N°5 – Uso da água em hospitais
Estudos comparativos dos resultados obtidos nos Piloto, desenvolvidos pela SABESP
em parceria com Escola Politécnica da USP e IPT apontaram semelhanças na distribuição
do consumo, considerando o fato que na Carolina do Norte as amostram analisadas foram
estratificadas com nomenclaturas diferente das amostras colhidas em São Paulo.
2.1 São Paulo.
A pesquisa citada como exemplo é o trabalho de Uso Racional da Água implantado
nas dependências do Instituto da Criança no Hospital das Clínicas - SP, realizado em 1998.
Para a implantação do programa foi desenvolvida uma metodologia que estabeleceu um
grupo de ações a serem implementadas com a intenção de economizar a água consumida
internamente.
Uma das ações foi a caracterização detalhada do consumo interno de água no que se
refere aos consumos específicos devido à natureza das atividades internas de um hospital.
O consumo classificado como de “uso interno” (entradas, cirurgia, ambulatório, triagem,
paciente, acompanhante, funcionários, lactário, laboratório, radiologia, consumo e gás) foi
aquele que apresentou o maior índice de participação, configurando-se em torno de mais de
50% do consumo total, demonstrado no gráfico N°6, onde está estratificado o consumo por
categoria de uso.
Distribuição dos resultados
Gráfico N°6 – Barretos (1998)
Conclusão das Pesquisas:
Todos os estudos ou experimentos realizados pelos pesquisadores acadêmicos do
setor do saneamento e outros, sobre o consumo nas instituições públicas, na área
residencial, industrial e outros setores demonstraram que havia necessidade de investir na
cadeia produtiva dos equipamentos hidráulicos sanitários economizadores, por impactar
positivamente nos usos e, consequentemente no consumo, estimulando assim os
consumidores adotarem novos equipamentos, que traria ao usuário o benefício de redução
nas contas de água.
ANEXO 2 – LEGISLAÇÃO
ARCABOUÇO LEGAL
Conhecer a evolução da legislação brasileira referente à gestão dos recursos hídricos
é de suma importância para o entendimento da evolução dos conceitos e de critérios
empregados na construção, ao longo dos anos, dos Sistemas Nacional e Estaduais de
Recursos Hídricos.
Em 1968, foi regulamentado o Código das Águas, que atendeu exclusivamente os
interesses do setor hidrelétrico, deixando de lado a questão dos usos múltiplos e a
qualidade das águas.
Em 1972, a partir da Conferência de Estocolmo, os Estados passaram a tratar a
questão da água através da legislação ambiental, em nome da proteção à saúde.
No Brasil, a partir de 1976, foi sendo construída a nova tendência de sistema de
gestão, como resultado do acordo realizado entre o governo Federal e o estado de São
Paulo, para desenvolvimento de ações em bacias específicas.
Em 1979, foi instituída a Política Nacional de Irrigação através da Lei Federal
6.662/79. A partir daí deu-se o conflito entre o setor elétrico e agrícola.
Os princípios básicos da legislação brasileira das águas, cabe aqui ressaltar,
constam da Carta de Salvador, aprovada em Assembleia Geral Ordinária realizada em 13
de novembro de 1987, na seção de encerramento, em Salvador, do VII Simpósio Brasileiro
de Recursos Hídricos: Usos múltiplos enfatiza o uso integrado, que implica rateio de custos
e institucionalização de decisões colegiadas. Descentralização visa garantir adequação das
decisões às diversidades e peculiaridades regionais. Sistema de Gerenciamento Nacional Integrado, interligando estados, municípios e sociedade civil.
Na Carta de Foz de Iguaçu, aprovada em Assembleia Geral Ordinária realizada em
30 de novembro de 1989, em Foz de Iguaçu, na seção de encerramento do VIII Simpósio
Brasileiro de Recursos Hídricos, foram acrescentados os seguintes princípios: a importância
do gerenciamento integrado (aspectos quantitativos e qualitativos); a bacia hidrográfica
como unidade básica para o gerenciamento; água é um recurso natural limitado, dotado de
valor econômico; a outorga como instrumento fundamental de gerenciamento para
disciplinar os usos múltiplos.
Em São Paulo, a pressão urbana pela água levou o governo estadual a buscar
soluções. O sistema começou a ser idealizado em 1987, quando o Conselho Estadual de
Recursos Hídricos/CRH foi criado. São Paulo assumiu papel pioneiro no tocante à
implantação do novo modelo de gestão de água através da Lei nº 7.663/91, antecedendo
em seis anos a lei nacional Lei Nº 9.433/97.
I – FEDERAL Leis
Lei nº 12.862/2013 - Altera a Lei no 11.445, de 5 de janeiro de 2007, que estabelece
diretrizes nacionais para o saneamento básico, com o objetivo de incentivar a economia
no consumo de água.
Lei Nº 11.445/2007 - Estabelece diretrizes nacionais para o saneamento básico em
todo o país (artigo 1º) e abarca os serviços de abastecimento de água, esgotamento
sanitário, limpeza urbana, manejo de resíduos sólidos, drenagem e manejo de águas
pluviais urbanas.
Lei Nº 9.433/1997 - Institui a Política Nacional de Recursos Hídricos, cria o Sistema
Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos.
Decreto
DECRETO Nº 7.217/2010 - Regulamenta a Lei nº 11.445, de 5 de janeiro de
2007, que estabelece diretrizes nacionais para o saneamento básico.
II – ESTADUAL Leis
São Paulo Lei Nº 9.034/1994
Dividiu o Estado de São Paulo em 22 Unidades de Gerenciamento de
Recursos Hídricos/UGRHIs, sendo que a do Alto Tietê, por sua complexidade, foi
subdividida em sub bacias. Atualmente existem 21 Comitês de Bacias Hidrográficas
(CBHs), devido ao fato das bacias do Águapeí e do Peixe formarem um único
comitê. Destas 21 bacias, doze são de rios federais: Paraíba do Sul; Pardo; Mogi-
Guaçu; Piracicaba/Capivari/Jundiaí- (PCJ); Sapucaia/Grande; Ribeira de
Iguape/Litoral Sul; Baixo Pardo/Grande; Alto Paranapanema; Turvo/Grande; Médio
Paranapanema; Peixe e Baixo Paranapanema, pois suas águas percorrem outros
Estados. O conceito de bacias, neste caso, é territorial e deve ser considerado que
qualquer ação nos corpos de água dependente do consentimento da União e
envolve também negociação com outros Estados. O espaço para esta negociação é
o Comitê de Bacia Federal, que pode se sobrepor ou ser paralelo ao Comitê
Estadual. Os modelos estão sendo criados caso a caso e os que estão em estágio
mais avançado são o PCJ e o Paraíba do Sul. O Fundo Estadual de Recursos
Hídricos (FEHIDRO) foi constituído e recebeu recursos de compensação por áreas
alagadas e tem servido como suporte à implantação efetiva dos comitês.
Lei nº 7.663/1991
Estabelece normas de orientação à Política Estadual de Recursos Hídricos,
bem como ao Sistema Integrado de Gerenciamento de Recursos Hídrico do estado
de São Paulo. Artigo 7º, V - Racionalização do uso das águas destinadas ao abastecimento
urbano, industrial e à irrigação;
Decretos
Decreto Nº 48.138/2003 –Institui medidas de redução de consumo e
racionalização do uso de água no âmbito do Estado de São Paulo.
Decreto Nº 45.805/01- Institui o Programa Estadual de Uso Racional da Água
Potável. Em seu Artigo 1º, fica instituído o Programa Estadual de Uso Racional
da Água Potável, no âmbito dos órgãos da administração pública direta, das
autarquias, das fundações instituídas ou mantidas pelo Poder Público e das
empresas em cujo capital do Estado tenha participação majoritária, bem como
das demais entidades por ele direta ou indiretamente controladas. Em seu Artigo
2º, § 1º- Os órgãos e entidades referidos no artigo anterior deverão tomar
medidas imediatas para redução de 20% do consumo de água potável de suas
instalações, tendo como referência a média mensal do consumo a ser
homologada pelo Conselho de Orientação do Programa Estadual de Uso
Racional da Água Potável – CORA, § 2º - Os órgãos e entidades referidos no
artigo anterior deverão elaborar Programa Interno de Uso Racional da Água
Potável abrangendo as recomendações a serem baixadas mediante resolução
do Secretário de Recursos Hídricos, Saneamento e Obras, "ad referendum" do
Conselho de Orientação do Programa Estadual de Uso Racional da Água
Potável - CORA; Artigo 5º cria, em cada Secretaria de Estado e autarquia, uma
Comissão Interna de Uso Racional da Água Potável – CIRA.
Espirito Santo
Decreto Nº 3.779/2015 - ESPIRITO SANTO - Dispõe sobre diretrizes para
redução do consumo e uso racional da água pelos órgãos e entidades do Poder
Executivo do Estado do Espírito Santo.
Bahia
Decreto Nº12.544/2011, de 10/01/2011 - Fica instituído o Programa de
Racionalização do Consumo de Água e Energia nos Prédios Públicos, com a
finalidade de orientar e mobilizar os órgãos e entidades da Administração
Pública do Poder Executivo Estadual, através dos usuários internos e flutuantes,
bem como de acompanhar e controlar o consumo dos gastos com água e
energia.
III – MUNICIPAL Leis
São Paulo/SP
Lei Nº 14.018/2005, de 28 de junho de 2005, institui Programa Municipal de
Conservação e Uso Racional da Água e Reuso em Edificações, que tem por
objetivo instituir medidas que induzam à conservação, uso racional e utilização
de fontes alternativas para a captação de água e reuso nas novas edificações,
bem como a conscientização dos usuários sobre a importância da conservação
da água
Lei Nº 13.309/2002, 31 de janeiro de 2002, a prefeitura decide que, o Município
de São Paulo, utilizará água de reuso não potável, proveniente das Estações de
Tratamento de Esgoto, para a lavagem de ruas, praças públicas, passeios
públicos, próprios municipais e outros logradouros, bem como para a irrigação
de jardins, praças, campos esportivos e outros equipamentos, considerando o
custo benefício dessas operações.
Lei Nº 13.276/2002 - Torna obrigatória a execução de reservatório para as
águas coletadas por coberturas e pavimentos nos lotes, edificados ou não, que
tenham área impermeabilizada superior a 500m².
Decretos
Decreto Nº 44.128/03 - São Paulo/SP - Regulamenta a utilização, pela
prefeitura do município de São Paulo, de água de reuso, não potável, a que se
refere a lei Nº 13.309, de 31 de janeiro de 2002.
Decreto Nº 41.814/02 - São Paulo/SP - Regulamenta a Lei Nº 13.276, de 4 de
janeiro de 2002, que torna obrigatória a execução de reservatório para as águas
coletadas por coberturas e pavimentos nos lotes, edificados ou não, que tenham
área impermeabilizada superior a 500,00 m2.
Decreto Nº 44.128/03 - São Paulo/SP - Regulamenta a utilização, pela
prefeitura do município de São Paulo, de água de reuso, não potável, a que se
refere a lei nº 13.309, de 31 de janeiro de 2002.
Palmas/TO
Lei Nº 1.085/2002 - Institui a cartilha da economia da água e da energia elétrica
na rede Municipal de Ensino.
Viçosa/MG
Lei N. º 14401/2001 - Dispõe sobre normas de controle de excesso de consumo
de água distribuída para uso humano.
Maringá/PR
Lei Nº 6339/2003 - Dispõe sobre a instalação de dispositivos hidráulicos
destinados ao controle e à redução do consumo de água.
Lei Nº 6345/2003 - Institui o Programa de Reaproveitamento de Águas de
Maringá, com a finalidade de diminuir a demanda de água no Município e
aumentar a capacidade de atendimento da população.
Curitiba/PR
Lei Nº 10.785/2003 - Cria no município de Curitiba, o programa de conservação
e uso racional da água nas edificações - PURAE.
IV – DISTRITO FEDERAL Leis
LC Nº 803/2009 (Lei Completar) - Aprova o Plano Diretor de Ordenamento
Territorial do Distrito Federal (PDOT).
Lei Nº 3.557/2005 - Individualização de hidrômetro nas edificações verticais
residenciais e nas de uso misto e nos condomínios residenciais do Distrito
Federal.
Lei Nº 2.616/2000 - dispõe sobre a utilização de equipamentos economizadores
de água nas instalações hidráulicas e sanitárias dos edifícios públicos e privados
destinados a uso não residencial no âmbito do Distrito Federal. No Art. 1°, § 1°
fica explicito onde torna-se obrigatório o uso de equipamentos economizadores
de água (I - os edifícios públicos federais; II - os edifícios administrados ou de
propriedade do Governo do Distrito Federal; III - centros comerciais; IV -
shopping centers; V - escolas; VI - hospitais; VII - indústrias; VIII - edifícios de
escritórios; IX - lojas; X - bares; XI – restaurantes).
Lei Nº 442/1993 - Dispõe sobre a Classificação de Tarifas dos serviços de Água
e Esgotos do Distrito Federal.
Distrito Federal
Decretos
Decreto 18.585/77 - Regulamenta o Art. 30 de Lei Complementar nº17, de
28/01/1997, o qual trata de Áreas de Proteção de Mananciais criadas pelo Plano
Diretor de Ordenamento Territorial do DF.
Decreto Nº 5.631/80 - Aprova o novo Regulamento para Instalações Prediais de
Esgotos Sanitários no Distrito Federal.
Decreto Nº 5.555/80 - Aprova o novo Regulamento para Instalações Prediais de
Água Fria no Distrito Federal.
Decreto Nº 20.658/99 - Regulamenta a Lei No. 442, de 10 de maio de 1993, que
dispõe sobre a classificação de Tarifas dos Serviços de Água e Esgotos do
Distrito Federal.
Decreto Nº 22.358/01 - Dispõe sobre a outorga de direito de uso de água
subterrânea no território do Distrito Federal de que trata o inciso II, do artigo 12,
da Lei Nº 2.725 de 13 de junho de 2001
Decreto Nº 22.018/01 - Dispõe sobre a outorga e a cobrança pelo direito de uso
da água subterrânea no território do Distrito Federal de que tratam o artigo 10,
da Lei Nº 512, de 28 de julho de 1993, e o Decreto Nº 21.007, de 18 de fevereiro
de 2000.
Decreto Nº 23.108/02 - Altera dispositivos do Decreto Nº 20.658, de 30 de
setembro de 1999, que regulamenta a Lei n° 442, de 10 de maio de 1993,
dispondo sobre a Classificação de Tarifas dos Serviços de Água e Esgotos do
Distrito Federal
Decreto Nº 5.440/05 - Estabelece definições e procedimentos sobre o controle
de qualidade da água de sistemas de abastecimento e institui mecanismos e
instrumentos para divulgação de informação ao consumidor sobre a qualidade
da água para consumo humano.
Decreto Nº 26.590/06 - Regulamenta a Lei Nº. 442, de 10 de maio de 1993, que
dispõe sobre a classificação de Tarifas dos Serviços de Água e Esgotos do
Distrito Federa.
RESOLUÇÕES DA ADASA
RESOLUÇÃO ADASA Nº 02, DE 17 DE FEVEREIRO DE 2017 – Limitar a 500
L/s a vazão média mensal captada pela CAESB no Reservatório de Santa Maria.
RESOLUÇÃO ADASA Nº 01, DE 15 DE FEVEREIRO DE 2017 - Limitar a 3,5
m³/s a vazão média mensal captada pela CAESB no Reservatório do
Descoberto.
RESOLUÇÃO Nº 23, DE 19 DE DEZEMBRO DE 2016 - Estabelece os níveis
altimétricos da água a serem mantidos no Lago Paranoá, no ano de 2017,
visando assegurar os usos múltiplos dos recursos hídricos.
RESOLUÇÃO Nº 17 DE 07 DE OUTUBRO DE 2016 - Estabelece a Tarifa de
Contingência para os serviços públicos de abastecimento de água do Distrito
Federal, prestados pela Companhia de Saneamento Ambiental do Distrito
Federal – CAESB, em virtude de situação crítica de escassez hídrica.
RESOLUÇÃO Nº 13, DE 15 DE AGOSTO DE 2016 - Estabelece os volumes de
referência e ações de contenção em situações críticas de escassez hídrica nos
reservatórios do Descoberto e de Santa Maria, visando assegurar os usos
prioritários dos recursos hídricos.