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Projeto Cuidar de Gente e do Meio Ambiente: Universidade Federal de São João del-Rei (UFSJ) Como um projeto social está reduzindo a exclusão social e contribuindo para a destinação dos resíduos sólidos de uma cidade. Apresentação Empresa e universidade Cenário Projeto Inclusão Social do Catador de material Reciclável de São João del-Rei Metodologia Ações Resultados Aprendizagens Desafios de sustentabilidade Passos e dicas Expediente Inclusão Social do Catador de Material Reciclável de São João del-Rei

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Projeto Cuidar de Gente e do Meio Ambiente:

Universidade Federal de São João del-Rei (UFSJ)

Como um projeto social está reduzindo a exclusão social e contribuindopara a destinação dos resíduos sólidos de uma cidade.

Apresentação

Empresa e universidade

Cenário

Projeto Inclusão Social do Catador de material

Reciclável de São João del-Rei

Metodologia

Ações

Resultados

Aprendizagens

Desafios de sustentabilidade

Passos e dicas

Expediente

Inclusão Social do Catador de Material Reciclável de São João del-Rei

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Inclusão Social do Catador de Material Reciclável de São João del-Rei

Dar certo, fazendo a coisa certa, do jeito certo. Inspirado nesse mote, o BANCO REAL tem posto em prática, em compasso crescente, sua maneira

de entender sustentabilidade: um modelo de negócio em que todos ganham – a empresa, o indivíduo, a sociedade e o meio ambiente.

Princípio de uma sociedade que mantém as características necessárias para um sistema social justo, ambientalmente equilibrado e economicamente próspero, a sustentabilidade orienta as ações do Banco em suas diversas áreas.

No campo do investimento social, o BANCO REAL busca contribuir para que o Brasil prospere em direção ao desenvolvimento sustentável, favorecendo uma cultura de participação e co-responsabilidade, em favor das comunidades e de causas relevantes para o país.

A Diretoria de Desenvolvimento Sustentável do Banco também responde pela gestão do investimento social, e sua atuação é fundamentada na crença de que os indivíduos são agentes de seu próprio desenvolvimento, na necessária sintonia com os interesses legítimos da sociedade e na certeza de que alianças e parcerias potencializam o alcance de resultados. A sistematização do projeto desenvolvido com a Universidade Federal de São João del-Rei (UFSJ/MG) materializa bem esses valores.

Chamado de Inclusão Social do Catador de Material Reciclável de São João del-Rei, o projeto da UFSJ foi uma das iniciativas vencedoras da 10ª edição do Concurso Banco Real Universidade Solidária. O concurso é uma ação realizada em parceria do BANCO REAL com a Associação Civil Universidade Solidária (UniSol) e visa contribuir para a formação cidadã do futuro profi ssional, colocar os conhecimentos adquiridos na universidade a serviço das comunidades pobres e apoiar a extensão universitária.

O projeto Inclusão Social do Catador de Material Reciclável de São João del-Rei buscou promover a emancipação social e econômica dos trabalhadores que formam a Associação dos Catadores de Materiais Recicláveis de São João del-Rei. O trabalho foi submetido a um processo de avaliação qualitativa pelo método de estudo de caso e se distinguiu em critérios como maturidade de resultados e da gestão, foco de atuação, região geográfi ca e potencial de disseminação.

O principal objetivo desta publicação é justamente contribuir para o desenvolvimento socioeconômico por meio da sistematização e disseminação de práticas bem-sucedidas. Também é intenção do BANCO REAL induzir refl exão e aprendizado para o aprimoramento dos projetos e da gestão de investimento social do Banco.

Apresentação

INÍCIO

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Inclusão Social do Catador de Material Reciclável de São João del-Rei

A 10ª edição do Concurso Banco Real Universidade Solidária foi realizada em 2005 e selecionou dez projetos para serem apoiados. Um deles era proposto

pela Universidade Federal de São João del-Rei (UFSJ), em Minas Gerais, e se chamou Inclusão Social do Catador de Material Reciclável de São João del-Rei.

O projeto foi executado com recursos do concurso no período de 2005 a 2007 e esteve sob a coordenação do curso de Psicologia da universidade, envolvendo também alunos e professores dos cursos de Administração, Ciências Biológicas, Ciências Contábeis, Ciências Econômicas, Filosofi a e Pedagogia.

A iniciativa selecionada em São João del-Rei era um desdobramento das atividades de extensão universitária e pesquisa que a UFSJ vinha desenvolvendo desde 2002 com os catadores de resíduos sólidos do município.

Os desafi os iniciais do trabalho – traçados a partir de um diagnóstico realizado pela universidade naquele mesmo ano, e de discussões subseqüentes com os catadores – eram organizá-los em uma associação ou cooperativa, planejar e avaliar uma prática de trabalho coletivo e, mais tarde, capacitar os catadores para a administração do empreendimento.

Estratégias foram traçadas a partir de diagnóstico e de discussões entre professores, alunos e catadores.

Empresa e universidadeResponsabilidade social em dose dupla

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Inclusão Social do Catador de Material Reciclável de São João del-Rei

Organização do trabalho dos catadores em torno de uma associação ou cooperativa estava entre os pontos-chave.

Tais medidas visavam auxiliar os catadores a superarem sua situação de trabalhadores informais, mal remunerados, socialmente discriminados e excluídos e cuja atividade envolvia, muitas vezes, condições insalubres. A implementação transcorreu num curso de dois anos, gerando resultados substanciais:

• A criação da Associação dos Catadores de Materiais Recicláveis de São João del-Rei, a Ascas, como associação civil sem fi ns lucrativos em novembro de 2003.

• O início da implementação, no fi m de 2004, de um projeto-piloto de coleta seletiva no Conjunto Habitacional Presidente Tancredo de Almeida Neves (Inocoop), inaugurando essa prática na cidade.

• O estabelecimento de parcerias, em meados de 2005, para a aquisição de equipamentos e uniformes e para a instalação de um galpão alugado pela prefeitura no bairro Matozinhos, destinado às atividades de triagem, prensagem e enfardamento dos materiais.

Graças ao volume crescente e à regularidade da oferta de materiais recicláveis de qualidade no mercado local e regional, a atividade da Ascas começou a apresentar resultados positivos em relação à renda mensal dos seus associados.

A consolidação da iniciativa, no entanto, ainda dependia de muitas questões, e duas, em particular, ganharam relevo perante o olhar técnico dos professores e alunos da UFSJ: a necessidade de inserir os catadores na política municipal de coleta seletiva de resíduos sólidos, tornando-os social e economicamente

reconhecidos pela sociedade, e de fortalecer a associação, visando a sua sustentabilidade. Foram esses aspectos que orientaram a proposição do projeto apresentado ao Concurso Banco Real Universidade Solidária.

Por meio da seleção na edição 2005 do concurso, o projeto Inclusão Social do Catador de Material Reciclável de São João del-Rei recebeu apoio de R$ 20 mil do BANCO REAL, para ser implementado em um período de nove meses.

Com o objetivo de contribuir para o sucesso e garantir a sustentabilidade dos projetos desenvolvidos em 2005 no âmbito da parceria BANCO REAL-UniSol, os idealizadores do concurso decidiram não realizar nova edição em 2006. Com base nos resultados alcançados no ano anterior, renovaram o apoio ao projeto de São João del-Rei, com um aporte adicional de R$ 20 mil para 2007. O objetivo do projeto, então, foi dar seguimento ao trabalho iniciado em 2005.

Projeto criado em 2001, como atividade de extensãouniversitária da UFSJ.

Empresa e universidade

INÍCIO

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Inclusão Social do Catador de Material Reciclável de São João del-Rei

Empresa e universidade

INÍCIO

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Conheça o Concurso Banco Real Universidade SolidáriaO Concurso Banco Real Universidade Solidária é uma ação realizada em parceria

do BANCO REAL com a Associação Civil Universidade Solidária (UniSol). A UniSol é uma organização sem fi ns lucrativos de interesse público (Oscip), cuja missão é promover o intercâmbio de conhecimentos entre universidade e comunidade, contribuindo para a formação cidadã de estudantes universitários e para o desenvolvimento social do Brasil.

Criado em 1996 com o nome original de Prêmio Real Universidade Solidária, o concurso oferece aos melhores projetos de extensão universitária de Instituições de Ensino Superior (IES) recursos para a sua implementação. Seus principais objetivos são:

• Contribuir para a formação cidadã do futuro profi ssional, proporcionando ao estudante, pela prática na comunidade, o ensejo de rever e trabalhar sistematicamente os conhecimentos adquiridos na universidade;

• Colocar conhecimento das IES à disposição das comunidades pobres, de forma a contribuir para a melhoria de suas condições de vida;

• Apoiar a extensão universitária, estimulando a troca de conhecimentos e a inserção na comunidade.

O concurso elege as melhores propostas de intervenção de universidades em seus contextos geográfi cos de infl uência, que promovam alternativas de geração de renda e desenvolvimento sustentável. Tais propostas são formuladas por professores efetivos e executadas com a participação de estudantes, organizações comunitárias e parceiros locais.

A participação das organizações comunitárias na execução do projeto constitui um dos pilares do concurso. Ela visa garantir que os benefícios do relacionamento com a universidade sejam plenamente apropriados e que contribuam, de fato, para o fortalecimento e a sustentabilidade dos empreendimentos desenvolvidos no âmbito do projeto.

A perspectiva da sustentabilidade também se expressa na condição de identifi cação e envolvimento de parcerias locais do concurso. Mais do que apontar a necessidade de mobilização de recursos da comunidade – fi nanceiros, materiais, técnicos, institucionais, ou de qualquer outra natureza –, tal requisito estimula o comprometimento do setor público e da sociedade civil com o desenvolvimento local e sustentável.

Concurso elege as melhores propostas de intervenção das universidades em suas comunidades, que promovam alternativas de

geração de renda e desenvolvimento sustentável.

Até 2005, o Concurso Banco Real Universidade Solidária constava do aporte de R$ 20 mil aos dez melhores projetos apresentados por IES, para a implementação em um prazo entre seis e nove meses. Tais recursos eram consumidos dentro de proporções e rubricas específi cas, a exemplo de compra de materiais de consumo, contratação de serviços de terceiros, aquisição de maquinário destinado à execução

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Inclusão Social do Catador de Material Reciclável de São João del-Rei

Empresa e universidade

INÍCIO

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Conheça o Concurso Banco Real Universidade Solidáriado projeto e ajudas de custo para a equipe executora (incluindo-se aí bolsas para os estudantes envolvidos).

Em 2006, os projetos selecionados passaram a ter a possibilidade de renovação, com novo aporte de recursos fi nanceiros para a continuidade das ações.

Esse processo tem permitido envolver mais profundamente a UniSol, o BANCO REAL, as universidades, as comunidades e as equipes, reforçando os laços de cooperação entre os parceiros e potencializando o impacto das ações.

A edição 2007 do concurso previu a cessão de R$ 40 mil para o apoio de cada um dos dez melhores projetos apresentados, que tiveram o prazo de implementação ampliado para doze meses. O edital do concurso também institucionalizou a

possibilidade de as iniciativas bem-sucedidas pleitearem renovação de apoio por mais doze meses.

A opção por promover projetos de médio prazo e com mais recursos revela a preocupação do BANCO REAL e da UniSol em potencializar o impacto das iniciativas apoiadas, em direção à busca de maior autonomia e empoderamento das comunidades.

Extensão universitáriaProcesso educativo, cultural e científi co que articula o ensino e a pesquisa de forma

indissociável e viabiliza a relação transformadora entre universidade e sociedade. A defi nição adotada pelo Concurso Banco Real Universidade Solidária é do fórum Pró-reitores das IES públicas – Plano Nacional de Extensão 1997.

Geração de rendaO Concurso Banco Real Universidade Solidária apóia projetos que buscam melhores

condições de renda e trabalho para as comunidades, ao mesmo tempo em que consideram os resultados e impactos sociais e ambientais gerados pelas ações dos próprios projetos. Ou seja, não se trata de gerar renda a qualquer custo, mas de considerar aspectos como o protagonismo dos envolvidos, a autonomia da comunidade, o cuidado com as questões ambientais, e que tipo de condições são criadas para que os resultados do projeto tenham impacto no longo prazo.

Desenvolvimento sustentávelAdotada pelo Concurso Banco Real Universidade Solidária, a defi nição mais conhecida

de desenvolvimento sustentável vem do relatório da Comissão Brundtland, em 1987: “Garantir o atendimento às necessidades do presente, sem comprometer a capacidade das futuras gerações de atender a suas próprias necessidades”. Ela foi concebida como um conjunto de ações voltadas à solução, ou no mínimo redução, de grandes problemas de ordem econômica, ambiental e social, tais como o esgotamento de recursos naturais, a desigualdade social ascendente e o crescimento econômico ilimitado. O desenvolvimento sustentável propõe integrar de forma equilibrada os aspectos ambientais, sociais e econômicos, em nossas decisões diárias.

O Concurso Banco Real Universidade Solidáriaé uma ação de parceria entre

o BANCO REAL e a UniSol.

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Inclusão Social do Catador de Material Reciclável de São João del-Rei

A cidade de São João del-Rei fi ca a 185 quilômetros de Belo Horizonte (MG) e sua população totaliza 81.918 habitantes, segundo contagem do Instituto

Brasileiro de Geografi a e Estatística (IBGE) em 2007. As principais atividades econômicas do município são a indústria têxtil, a produção de objetos em estanho, a fabricação de móveis e o turismo.

Cidade histórica fundada em 1838, São João del-Rei teve sua origem ligada à exploração do ouro no século XVIII e preserva, até hoje, sua aura colonial. O município possui importante patrimônio cultural e arquitetônico e foi “capital nacional da cultura” em 2007.

De acordo com levantamento realizado pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud), Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e Fundação João Pinheiro, a cidade apresenta Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDH-M) de 0,816. Com variação de 0 (mínimo) a 1 (máximo), o indicador combina informações sobre renda, longevidade e educação e foi calculado com base no Censo 2000. São João del-Rei aparece bem situada no ranking nacional do IDHM, ocupando a posição 283.

A realidade dos catadores de materiais recicláveis, todavia, destoa do quadro e remete à crise do mercado de trabalho formal que acometeu o Brasil nos últimos anos. Em 2002, uma pesquisa diagnóstica realizada no âmbito das atividades de extensão universitária da UFSJ detectou a presença de cerca de 200 catadores ativos em São João del-Rei. Destes, 30 coletavam o material reciclável diretamente no lixão, sem nenhuma estrutura para o trabalho, e eram totalmente dependentes de atravessadores. De modo geral, como os catadores não tinham onde armazenar o material, então o dispunham em suas casas, com os vários produtos amontoando-se

até o teto, misturando-se com roupas e alimentos, tapando as janelas e colocando em risco a vida de suas famílias.

A idade dos catadores variava, segundo o diagnóstico, entre 19 e 72 anos. A grande maioria apresentava grau de escolaridade muito baixo e, com pouca qualifi cação para o mercado de trabalho, jamais tinha tido um emprego formal. A renda mensal auferida com a venda dos produtos coletados oscilava entre meio e quatro salários mínimos.

O lado sombrio desse cenário era agravado pelo fato de que os catadores eram vistos pela população e também pela administração municipal de maneira estigmatizada, como pessoas que sujavam a cidade, dadas a remexer o lixo e a espalhá-lo pelas calçadas. O projeto Inclusão Social do Catador de Material Reciclável de São João del-Rei nasceu para mudar esse quadro.

CenárioRiquezas e contradições

INÍCIOCidade histórica com boa posiçãono ranking do IDH-M.

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Inclusão Social do Catador de Material Reciclável de São João del-Rei

O projeto selecionado pelo Concurso Banco Real Universidade Solidária em 2005 trazia, como objetivo, promover a emancipação social e econômica

dos catadores de materiais recicláveis do município de São João del-Rei de forma sustentável. As referências teóricas e conceituais que nortearam a ação ancoravamse fortemente na natureza da atividade de extensão universitária e nos princípios da economia solidária.

Para atingir o objetivo traçado, o projeto supunha a ampliação do quadro de associados (onze membros, inicialmente) e dos níveis de produção, a mobilização da comunidade para a implantação da coleta seletiva no entorno da Ascas e a melhoria nas condições gerais de trabalho dos catadores. Este último ponto passava, também, por uma mudança de percepção da população em relação aos catadores, que não apenas eram vistos como problema social mas também problema do meio ambiente urbano da cidade.

Outros aspectos entendidos pelo projeto como necessários para viabilizar a sustentabilidade da Ascas eram a sensibilização e o estabelecimento de parcerias com instituições de interesse estratégico – da sociedade civil e do setor público –, capazes de aportar conhecimento à experiência ou de contribuir para o pleno funcionamento da associação. Subjacente a dessa diretriz havia também a idéia de que a situação de exclusão social dos catadores e a gestão dos resíduos sólidos do município eram questões que afetavam toda a comunidade e deveriam, portanto, mobilizar diferentes agentes.

Por se tratar de um projeto de extensão universitária, a proposta encaminhada ao Concurso Banco Real Universidade Solidária contemplava, por fi m, a sistematização e difusão dos conhecimentos adquiridos na experiência.

O segundo ciclo de apoio do Concurso Banco Real Universidade Solidária ao projeto iniciou-se em 2007 e abraçou, como meta principal, a consolidação das ações realizadas no primeiro ciclo.

Projeto Inclusão Social do Catador de Material Reciclável de São João del-ReiEmpreendedorismo e solidariedade

INÍCIOProjeto pretendia ampliar quadro de associados, aumentar a produção, mobilizar a comunidade para a coleta seletiva e

melhorar as condições de trabalho do catador.

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Inclusão Social do Catador de Material Reciclável de São João del-Rei

Projeto Inclusão Social do Catador de Material Reciclável de São João del-Rei

INÍCIO

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Objetivo do projetoPromover a emancipação social e econômica dos catadores de materiais

recicláveis do município de São João del-Rei de forma sustentável.

O que é economia solidária?A economia solidária surge como alternativa à lógica da mercantilização, competição e acumulação

que rege a economia de mercado. Ela se fundamenta em alguns princípios básicos que valorizam as relações de interdependência entre os diferentes agentes econômicos (produtores, consumidores, fi nanciadores, etc.); o conhecimento empírico e os recursos disponíveis pelos setores populares; as dinâmicas de troca e de compartilhamento de vivências, conhecimentos, recursos e decisões; o interesse coletivo sobre o interesse individual; o trabalho como meio de desenvolvimento pessoal (e não apenas como ocupação); a preservação da diversidade cultural e ambiental como fontes de riqueza social.

Tais princípios se traduzem na constituição de empreendimentos econômicos coletivos e autogestionados – os grupos informais de trabalho, as associações econômicas e as cooperativas.

“(Os catadores) não estavam acostumados com o trabalho coletivo. (Então o cuidado foi de) não cair no assistencialismo.”

Estudante da UFSJ

Referências teóricas e conceituais ancoradas no sentido do extensão universitária e nos princípios da

economia solidária.

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Inclusão Social do Catador de Material Reciclável de São João del-Rei

UniversidadeA implementação do projeto Inclusão Social do Catador de Material Reciclável

de São João del-Rei foi realizada por uma equipe interdisciplinar da UFSJ composta por professores dos cursos de Psicologia (que coordenou a ação), Ciências Biológicas, Ciências Contábeis, Ciências Econômicas, Pedagogia e Administração. No campo do alunado, participaram graduandos de todas essas carreiras, além de um estudante de Filosofi a e uma pósgraduanda em Administração.

O envolvimento de profi ssionais de diversas áreas de conhecimento – inclusive representantes de outras três unidades acadêmicas da UFSJ, a saber o Laboratório de Pesquisa e Intervenção Psicossocial (Lapip), o Laboratório de Estudos do Meio Ambiente (Lema) e a Incubadora Tecnológica de Cooperativas Populares (ITCP) – teve o propósito de enriquecer o trabalho, de modo que cada participante pudesse contribuir com suas especialidades.

Em média, o tempo de dedicação ao projeto para as funções de coordenação foi de oito horas semanais, enquanto os professores colaboradores destinaram, juntos, quatro horas semanais e os estudantes, vinte horas semanais.

A metodologia adotada no projeto apoiou-se em cinco eixos claramente defi nidos:

• Participação ativa dos catadores em todas as etapas, como condição para promover a construção e apropriação do saber relacionado à nova forma de organização do seu trabalho e ao desenvolvimento de uma identidade coletiva emancipada e emancipadora. Atenção especial foi dada aos aspectos psicossociais

do grupo de catadores, no sentido de prepará-los, em encontros semanais, para as novas exigências da prática de trabalho conjunto.

• Foco nos princípios e nas regras de funcionamento de um empreendimento solidário.

• Educação continuada do grupo de acadêmicos e dos catadores, a partir de atividades periódicas de capacitação e de reuniões para avaliação e refl exão da prática.

• Sensibilização da sociedade civil para a coleta seletiva, por meio de difusão de informações, promoção de eventos festivos, distribuição de recipientes para a disposição de resíduos sólidos e úmidos e da elaboração de um plano de coleta.

• Educação ambiental de crianças e adolescentes matriculadas em escolas municipais e estaduais, a partir da qualifi cação de professores, da realização de semanas de proteção ao meio ambiente e de campanhas sobre o tema.

“Antes, eu era carroceiro e deixava restos do lixo revirados. (Depois da associação) Vi que tinha feito muita coisa errada. O que estava feito não tinha como mudar. Mas dava pra fazer diferente dali pra frente.”

Associado da Ascas

MetodologiaProjeto Inclusão Social do Catador de Material Reciclável de São João del-Rei

INÍCIOCatadores participam de reuniões e cursos,além de receberem assessoria dos alunos.

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Inclusão Social do Catador de Material Reciclável de São João del-Rei

A metodologia incluiu a organização de duas reuniões semanais: uma de planejamento, avaliação e supervisão acadêmica para a equipe de alunos e professores da UFSJ, e outra, realizada no galpão da Ascas, envolvendo os catadores e a equipe da UFSJ para planejamento, avaliação e capacitação dos catadores.

A dinâmica indicada para essas reuniões semanais é a de que a equipe da UFSJ acompanhe e avalie, junto com os catadores, a adequação das regras de funcionamento propostas e refl ita com eles sobre o sentido que atribuem ao trabalho e sobre as aspirações, crenças e atitudes geradas nesse processo. A intenção desse acompanhamento é propiciar tanto a compreensão por parte dos catadores do fenômeno psicossocial em que estão inseridos quanto uma qualifi cação técnica, para assumirem de forma autônoma o empreendimento solidário a que se propõem.

Os alunos participam, ainda, de um grupo de estudo sobre temas comuns atodas as áreas de conhecimento envolvidas e sobre tópicos que emergem no cotidiano do trabalho. Os estudantes novatos são capacitados no projeto tanto pelos alunos mais antigos quanto pela coordenação e pelos catadores sobre o funcionamento da Ascas.

Por fi m, os estudantes acompanham o trabalho dos catadores por meio de assessoramento no galpão e dão palestras de educação ambiental e, especialmente, coleta seletiva, em escolas municipais e estaduais de educação infantil, ensino fundamental e ensino médio em São João del-Rei. Ao longo do projeto, os catadores foram capacitados para essa função e também já atuam como palestrantes.

Cursos específi cos de curta duração – contabilidade, computação, entre outros – são organizados para os catadores de acordo com suas necessidades e possibilidades de horário, contando com instrutores habilitados e utilizando metodologia adequada.

A UFSJ ministra aos catadores, ainda, ofi cinas nas áreas de leitura, escrita e matemática.

Concurso Banco Real Universidade SolidáriaO acompanhamento realizado pelas equipes técnicas do Concurso Banco

Real Universidade Solidária ao projeto Inclusão Social do Catador de Material Reciclável de São João del-Rei se consumou a partir da análise de relatórios, da realização de visitas de campo e de quatro encontros.

Tais encontros reuniram, em São Paulo (SP), técnicos do BANCO REAL e da UniSol e representantes dos estudantes, universidades e das comunidades ligadas ao projeto da UFSJ e a outros projetos apoiados no âmbito do concurso.

Metodologia

INÍCIOCatadores participam de reuniões e cursos,além de receberem assessoria dos alunos.

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“Aprendi a trabalhar em grupo, tomar decisões coletivas. É uma luta diária. Todo dia tem reclamação, não só de catador, mas de aluno também. Por que tudo isso? Porque é assim com grupos.”

Estudante da UFSJ

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Inclusão Social do Catador de Material Reciclável de São João del-Rei

As estratégias escolhidas para a implementação do projeto selecionado pelo Concurso Banco Real Universidade Solidária em 2005 incluíram a aquisição

de equipamentos para a coleta e o processamento dos materiais, o aperfeiçoamento do processo produtivo e da gestão da Ascas, a expansão de mercados, a capacitação continuada e o desenvolvimento pessoal dos catadores.

Englobaram, ainda, o fortalecimento da presença da Ascas no Fórum Lixo e Cidadania, instância de participação social criada em 2003 para estreitar as relações entre os atores envolvidos com a gestão de resíduos sólidos na cidade.

A implementação do projeto teve início em outubro de 2005, pouco depois da inauguração do galpão da Ascas em Matozinhos, quando a associação começou efetivamente a operar. A UFSJ fez a escolha dos estudantes que iriam compor a equipe executora, que passou a realizar reuniões semanais, e formou o grupo de estudo com os alunos sobre temas como economia solidária, empreendedorismo social, gestão cooperativa e educação ambiental.

Paralelamente, a UFSJ retomou os contatos com a Ascas, com vistas a capacitar os catadores para assumirem o empreendimento coletivo de forma autônoma e sustentável. As reuniões semanais realizadas com os catadores abordavam aspectos psicossociais e temas relacionados à organização e à gestão da associação; à administração e gerenciamento comercial; à educação ambiental e à gestão de resíduos sólidos; aos direitos humanos e à cidadania; e a capacitação para a coleta e o processamento do material reciclável.

A formação dos catadores também abrangeu o assessoramento a seus processos cotidianos. Desde os primeiros momentos, os estudantes revezaram-se diariamente para acompanhar e orientar os associados na organização e na gestão do trabalho, bem como na administração e no gerenciamento comercial. Em clima de amizade e cumplicidade, o projeto foi progredindo.

AçõesTransformando hábitos e identidades

INÍCIOProximidade dos estudantes colaborou paraa agilidade nas tomadas de decisão.

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Inclusão Social do Catador de Material Reciclável de São João del-Rei

Disposição e agilidadeA presença dos estudantes permitiu um bom nível de funcionamento

do empreendimento, assim como a implantação de instrumentos de apoio administrativo e de gerenciamento comercial, tais como o livro de controle diário da produção, o registro dos pagamentos efetuados (vales, sobras e outros itens, com os lançamentos datados e individualizados por catador), das vendas realizadas (por comprador e tipo de material) e o controle dos fardos estocados (tipo de produto e peso).

Todos esses instrumentos também foram disponibilizados no computador e, após dois meses de testes, no início de 2006, passaram a ser rotineiramente atualizados. A fi m de facilitar essa operação, um dos alunos envolvidos no projeto buscou especialistas e desenvolveu um software simplifi cado, de uso mais amigável e sob medida para os catadores, considerando sua baixa escolaridade. Denominada “Cata Fácil”, a ferramenta substituiu os registros manuais e já chama a atenção de outras associações de catadores que desejam adotá-la.

A contribuição dos estudantes na associação possibilitou a oportuna identifi cação

de problemas e a rápida decisão sobre o encaminhamento de soluções. Muitos destes problemas se relacionavam com a integração do grupo e a distribuição das tarefas, mais notadamente a triagem, a prensagem e o enfardamento dos materiais e a limpeza e a organização do espaço interno do galpão. Para este efeito, os associados construíram uma tabela com o escalonamento dos “mutirões” – termo utilizado por eles para designar essas rotinas – e foram demarcados com pintura no piso os boxes individuais para o deposição provisória do material coletado. Quanto ao pagamento, decidiu-se que seria proporcional ao peso do material que cada catador trouxesse para a Ascas.

Outras decisões relacionadas com a gestão do empreendimento também puderam ser rapidamente tomadas, como a que se referiu à retenção temporária de parte do rendimento das vendas para a composição de um fundo para capital de giro e o custeio das despesas de manutenção.

Conforme enfatizam os estudantes, sua interação com os catadores era guiada pelo respeito e pela intenção de lhes mostrar formas de potencializar sua prática profi ssional, sem eximi-los da responsabilidade de fazer as escolhas. No plano das relações pessoais, o projeto evoluiu, em alguns casos, para aconselhamentos informais sobre questões como gastos domésticos dos catadores e a necessidadede eles planejarem melhor o futuro. A idéia de fazer poupança prosperou entre alguns catadores, que puderam realizar sonhos antigos, como levar a família para ver o mar.

Ações

INÍCIOCatadores ganham status deagentes ambientais.

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“A experiência do projeto é um antecedente positivo e uma referência para a Prefeitura, (que nutre) a expectativa de receber apoio da universidade na educação ambiental junto à comunidade para a expansão da coleta seletiva e para a organização dos catadores, seja na Ascas ou em outras organizações.”

Superintendente da Secretaria Municipal de Meio Ambiente

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Inclusão Social do Catador de Material Reciclável de São João del-Rei

De vilão a super-heróiA fi m de obter melhores condições de trabalho na rua e no galpão e, ao mesmo

tempo, apoiar a consolidação da coleta seletiva iniciada no conjunto habitacional Inocoop, parte dos recursos do Concurso Banco Real Universidade Solidária foi empregada na compra de carrinhos para o transporte dos resíduos e de recipientes para a separação de materiais. Isso facilitou o trabalho dos catadores tanto na etapa de coleta quanto na pós-coleta. Previamente, a Ascas já havia adquirido, com o apoio da Companhia Industrial Fluminense e da Fundação Banco do Brasil, uniformes, itens de segurança individuais e equipamentos para seu parque industrial – prensas, balanças, picotadeiras, empilhadeira etc. – que agregaram valor ao processo produtivo.

Os recursos do concurso fi nanciaram, ainda, o fechamento com telas de arame dos boxes para deposição provisória dos materiais coletados pelos catadores. Noutra vertente, bancaram a confecção de folhetos de divulgação da coleta seletiva, a realização de eventos de mobilização da sociedade para apoiar a reciclagem, a confecção de banners e de uma publicação utilizados em palestras nas escolas públicas.

Entre 2005 e junho de 2008, o projeto promoveu encontros de educação ambiental em sete escolas públicas de São João del-Rei, levando informações sobre coleta seletiva e reciclagem a 1.700 alunos da educação infantil, ensino fundamental e médio. A publicação direcionada às crianças trazia, como protagonista, o catador da Ascas na posição de super-herói. Munido de capa

esvoaçante, botas, luvas e óculos de proteção, ele estava pronto para ajudar a meninada a colocar em prática a política dos 3 Rs: Reduzir a quantidade de lixo produzido; Reutilizar ao máximo garrafas plásticas, latas, papéis, vidros etc.; e Reciclar papel, vidro, alumínio e plástico. Desde 2007, as palestras nas escolas deixaram de ter os estudantes como protagonistas e passaram a ser desenvolvidas pelos catadores, com os graduandos na retaguarda. Uniformizados e de importância agora reconhecida na comunidade, os membros da Ascas vão assumindo seu status de agentes ambientais.

A experiência-piloto de coleta seletiva – prevista no projeto com o duplo propósito de dar visibilidade ao empreendimento e garantir o fl uxo regular de materiais provenientes de geradores domésticos – implicou a realização de várias reuniões com o condomínio do conjunto habitacional Inocoop, além de uma pesquisa com os moradores e a distribuição de folhetos informativos, visando conquistar sua adesão. Em 2007, a coleta de materiais recicláveis para a Ascas foi ampliada para outras dez quadras do bairro Matozinhos, a partir de um trabalho de sensibilização porta a porta capitaneado pelos alunos da UFSJ e por agentes da Secretaria Municipal de Saúde.

Convergência de interessesOs esforços feitos no sentido de garantir a entrega de grandes volumes de

materiais e regularizar seu fl uxo também implicaram a busca de grandes doadores a partir de contatos com a Prefeitura Municipal, a Associação Comercial e Industrial, empresas industriais e comerciais e instituições públicas na cidade. A argumentação básica adotada é que a coleta seletiva e a reciclagem interessam à comunidade como um todo.

Ações

INÍCIOCom mais coleta seletiva e melhores processos,os catadores ganham mais.

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Aliados incluem Prefeitura, empresas,escolas e comunidade.

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Inclusão Social do Catador de Material Reciclável de São João del-Rei

Como fruto desse processo intencional de aproximação, organizações como o BANCO REAL, a Companhia Industrial Fluminense, a Unimed, a Cemig, a Laticínios Del Rei e a Fundação Bradesco têm doado material reciclável à Ascas. O aumento da disponibilidade de materiais resultou em maiores volumes para comercialização, abrindo a possibilidade de os catadores venderem direto às empresas consumidoras, sem o intermédio do atravessador. Como o valor abocanhado pelo atravessador pode superar 40% do total da venda, negociar produtos sem passar por ele signifi cou um aumento substancial na renda dos catadores.

A Prefeitura Municipal, por sua vez, mantém seu apoio ao projeto pagando o aluguel do galpão. A instituição também dá suporte à coleta seletiva e à educação ambiental nas escolas através do envolvimento das Secretarias de Meio Ambiente e Educação. Na relação com as escolas, vale destacar que alguns professores têm organizado passeios com os alunos até a Ascas, para conhecer e acompanhar o trabalho dos catadores.

Ao longo de todo o período de implementação do projeto, e como parte das atividades de extensão universitária, três dos professores envolvidos e seis

alunos dedicaram tempo à elaboração e à difusão de trabalhos acadêmicos, abordando temas relacionados à experiência (economia solidária e laço social, o funcionamento de redes de pequenos negócios de base artesanal e educação ambiental).

A base associativa da Ascas tem enfrentado oscilações desde o início doprojeto, mas mantém a tendência de crescimento. A organização foi fundada por onze membros e, em julho de 2008, possuía quinze associados.

No segundo ciclo do projeto, foram desenvolvidas diversas intervenções psicossociais – especialmente dinâmicas de grupo – para que os catadores trabalhassem sua identidade, de modo que se reconhessem como sujeitos de direitos e agentes de transformação de suas próprias realidades sociais e trabalhistas.

Ações

INÍCIO

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“No condomínio tem ainda muita coisa pra fazer. Por exemplo, separar o lixo em todos os apartamentos. Mas muitos moradores já percebem que, mesmo pequena, a participação de cada um é que faz a diferença. No futuro a gente vai ter que mudar isso também, isto é, o consumo.”

Liderança comunitária residente no Inocoop

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Inclusão Social do Catador de Material Reciclável de São João del-Rei

Também foram enfatizados os esforços para que refl etissem sobre fenômenos grupais como vínculo, cooperação, senso de pertencimento e afi liação.

A presença diária dos estudantes no galpão cessou em 2007, mas seguem em andamento as reuniões semanais e um calendário de visitas de interesse dirigido.

Até julho de 2008, a estratégia de conquistar uma sede própria, estabelecida como meta do segundo ciclo do projeto, ainda não fora concluída. A UFSJ encaminhou solicitação de apoio ao Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e iniciou negociações com possíveis parceiros para a construção do galpão.

Ações

INÍCIO

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“Ocupar um cargo (na diretoria da Ascas) é uma oportunidade para aumentar conhecimento. A gente tem que aprender a conhecer o companheiro e a decidir o que tem que ser feito.”

Associado da Ascas

Quantidade de materiais recicláveis processados pela Ascas

Total Média Mensal

2005 Não apurado Não apurada

2006 150 toneladas 12,5 toneladas

2007 220 toneladas 18,3 toneladas

2008(*) 129 toneladas 18,4 toneladas

(*) Até Julho /2008Fonte: UFSJ.

(*) Até Julho /2008Fonte: UFSJ.

Evolução da renda média dos catadores

R$ 50,00

R$ 700,00

R$ 1.200,00

2005

2006

2008*

2006Capacitação de estudantes e de catadores, educação ambiental em escolas e organização do processo produtivo da Ascas.

2007Segundo ciclo de apoio do Concurso Banco Real Universidade Solidária, com vistas a consolidar as ações empreendidas no primeiro ciclo; extensão da coleta seletiva a dez quadras no entorno da associação.

2004Início da implementação de coleta seletiva-piloto no Conjunto Habitacional Presidente Tancredo de Almeida Neves (Inocoop).

2003Constituição legal da Ascas; criação do Fórum Lixo e Cidadania

2002Realização de pesquisa diagnóstica pela UFSJ para levantar a situação dos catadores de resíduos sólidos recicláveis.

2005Estabelecimento de parcerias e obtenção dos primeiros apoios para a compra de equipamentos e uniformes; seleção no 10º Concurso Banco Real Universidade Solidária; inauguração da sede em galpão alugado pela prefeitura, para início efetivo do trabalho.

Linha do tempo

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Inclusão Social do Catador de Material Reciclável de São João del-Rei

A implementação do projeto Inclusão Social do Catador de Material Reciclável de São João del-Rei a partir do apoio obtido por meio do Concurso Banco

Real Universidade Solidária, gerou impacto em várias frentes. Conheça os principais resultados.

Catadores associados• O estigma de serem percebidos como aqueles que andavam pela cidade

revirando as latas de lixo, sujando as ruas e vivendo daquilo que outros mais afortunados jogavam fora não existe mais para os catadores da Ascas. Organizados em uma associação, eles desenvolveram vínculos entre si e se sentem parte de um segmento profi ssional cuja meta não é mais a mera sobrevivência, mas a consolidação do catador de materiais como um elo na cadeia produtiva da reciclagem e um agente de preservação ambiental.

• Os conhecimentos adquiridos pelos catadores no processo de capacitação continuada abrangem desde noções amplas sobre ecologia e meio ambiente até os procedimentos específi cos para lidar com os materiais e comercializá-los. Incluem ainda as aprendizagens que acumularam com a convivência em grupo, com os estuantes, nos contatos com doadores e clientes e na operação dos equipamentos.

Mais bem preparados, os catadores viram a produção aumentar, bem como a qualidade dos materiais recicláveis por eles comercializados.

• Aos poucos, os catadores adquirem um comportamento empreendedor e autônomo na gestão do seu negócio. Bom exemplo disso está no Estatuto Socialda Ascas e em seu Regimento Interno, que, formulados com a participação detodo o grupo, instituem a estrutura para gerir a entidade. Além da assembléiageral, que constitui a instância máxima de decisões, a gestão cotidiana é conduzida por uma comissão coordenadora composta por representantes de comissões em áreas específi cas (Finanças, Operacional, Infra-estrutura, Saúde e Meio Ambientee Educação, entre outras). O Regimento Interno, por sua vez, explicita a rotinade funcionamento da associação, estabelecendo o fl uxo a ser observado nacoleta e entrada do material, a periodicidade dos pagamentos e os deveresdos associados em relação às atividades de caráter coletivo. A existência e a composição das comissões possibilitam que progressivamente os associados se apropriem da racionalidade de um empreendimento coletivo, dos procedimentose das rotinas que regem seu cotidiano, tornando-se capazes de tomar decisõesde forma autônoma.

ResultadosO ganha-ganha do projeto Inclusão Social do Catador de Material Reciclável de São João del-Rei

INÍCIO

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Auto-estima, identidade pessoal eprofissional e papel na sociedade

Aquisição do conhecimento e das habilidadesrequeridas na ocupação

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Inclusão Social do Catador de Material Reciclável de São João del-Rei

• Aumento de renda e melhores condições de trabalho são dois resultados rapidamente apontados pelos associados. Entre dezembro de 2005 e junho de 2008, a renda mensal dos catadores registrou aumentos progressivos, subindo de R$ 50,00 para R$ 1.200,00. Além disso, comparativamente aos catadores avulsos, aqueles que se fi liaram à associação coletam maior volume de materiais recicláveis em menor tempo, têm local apropriado para armazenar os resíduos coletados (não precisando mais amontoálos em suas casas), contam com infra-estrutura adequada para o processamento, trabalham uniformizados e são reconhecidos pela sociedade

graças ao papel que desempenham.• Se as atividades de capacitação representaram uma mudança signifi cativa na

lida com os materiais coletados pelos associados, a implantação da coleta seletiva e a colaboração de alguns grandes geradores institucionais e privados signifi caram a regularização dos volumes disponíveis na associação, bem como o aumento da qualidade do material coletado. Isso viabilizou a venda direta às empresas consumidoras, a determinação de condições comerciais mais vantajosas por parte dos catadores e o aumento da renda.

• Além dos contatos de natureza comercial ou que se relacionam com a coleta de materiais, a Ascas colabora com outras organizações locais, tais como o Centro de Tecnologia para a Produção Artesanal (CTPA), para o qual destina os potes de vidro recolhidos, que retornam ao mercado envasando geléias e doces. Novos laços de solidariedade com a comunidade também são formados, a partir da participação dos catadores num programa de Educação de Jovens e Adultos (EJA) desenvolvido pela UFSJ.

Sociedade• Ainda que a quantidade de resíduos sólidos coletada pela Ascas seja pequena

em relação à geração total de lixo em um município do porte de São João del-Rei, o fato de esses materiais serem direcionados à reciclagem – e não ao lixão – representa um ganho para a comunidade. É preciso lembrar que foi o projeto que introduziu a coleta seletiva na cidade.

• Consolidação da coleta seletiva no conjunto habitacional Inocoop, que possui 375 apartamentos, e implementação em outras dez quadras no bairro Matozinhos.

• Mais de 90% das residências do conjunto habitacional Inocoop e cerca de 60% das situadas nas dez quadras em que foi implementada a coleta seletiva em Matozinhos aderiram à proposta.

Resultados

INÍCIO

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Gerenciamento do empreendimento e capacidadede tomar decisões de forma autônoma

Incremento de renda e melhoria nas condiçõesde trabalho dos associados

Oportunidade da coleta seletiva chegaa mais habitantes

Ampliação da rede de relacionamentos

Menos resíduos sólidos no lixão

Melhorias na produção e comercialização e concretizaçãode novas oportunidades de negócios

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Inclusão Social do Catador de Material Reciclável de São João del-Rei

Alguns poucos moradores já demonstram preocupação com a necessidade de reduzir a geração de resíduos por meio de mudanças nos hábitos de consumo. A distribuição de folhetos explicativos e recipientes para a deposição do material reciclável, a fi xação de cartazes orientativos e a pontualidade no recolhimento revelaram-se fatores fundamentais para criar o hábito da separação do lixo entre os moradores.

• As palestras nas escolas da rede pública, realizadas antes pelos estudantes e agora prioritariamente pelos catadores, representam uma estratégia efi caz para incutir valores e conceitos sobre educação ambiental nas crianças e adolescentes, com a vantagem de que as noções ali aprendidas são irradiadas para as famílias. E, conforme observado pelos executores do projeto, quanto menor a faixa etária dos ouvintes, maior o interesse demonstrado.

Universidade• A realização do projeto impulsionou o desenvolvimento da área de extensão

universitária na UFSJ, que operava de forma incipiente. O projeto ganhou notoriedade no ambiente acadêmico e infl uencia a articulação e o surgimento de outras iniciativas de extensão e pesquisa. Tanto assim que a Pró-Reitoria decidiu iniciar o cadastramento de todas as iniciativas de extensão já realizadas ou em andamento na universidade.

• A experiência com os catadores da Ascas permitiu estruturar uma metodologia de extensão que vem sendo registrada em artigos acadêmicos e aplicada para a organização de outros empreendimentos populares, como o CTPA. As aprendizagens acumuladas também poderão ser replicadas na constituição de outras associações de catadores de materiais recicláveis, na sensibilização da população para a coleta coletiva e na educação ambiental de professores e alunos da rede de ensino municipal como um todo, atendendo a um interesse já manifestado pela prefeitura.

• O potencial e os bons resultados do projeto também têm sido reconhecidos por outras instituições do meio acadêmico, a exemplo do Conselho Nacional de Pesquisa (CNPq), que passou a oferecer bolsas de iniciação científi ca para estudantes do projeto.

• O projeto alterou as relações desta instituição com a prefeitura, pondo em evidência a questão social e ampliando os espaços de interlocução institucional. O mesmo aconteceu com outros atores sociais, como a Companhia Industrial Fluminense, que já era parceira da UFSJ em outras iniciativas e intensifi cou seu padrão de colaboração a partir do projeto.

Resultados

INÍCIO

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Mudança de hábitos em relação aos resíduos sólidosurbanos e ao consumo

Construção de metodologia compotencial de replicabilidade

Reconhecimento junto aos organismos acadêmicos

Desenvolvimento de competências

Ampliação da consciência ambiental

Consolidação da área de extensão universitária

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Inclusão Social do Catador de Material Reciclável de São João del-Rei

Estudantes• Maior conhecimento em administração de confl itos e na forma de articular

trabalhos de ensino, pesquisa e extensão; desenvolvimento de competências no relacionamento com grupos (aprender a trabalhar em grupo, realizar negociações e gerenciar confl itos).

• O projeto constitui oportunidade importante para os estudantes articularem os conhecimentos adquiridos na graduação a uma realidade social diferente da sua, de modo a aprenderem sobre ela, bem como desenvolverem habilidades profi ssionais e pessoais. Conforme situaram alguns alunos, o contato direto e contínuo com os catadores representou um “laboratório vivo e dinâmico”, “uma oportunidade de transitar entre diferentes condições de vida, outros ambientes e experiências, refl etir sobre estas questões e assumir responsabilidades”.

• Motivados pelas ricas vivências adquiridas no acompanhamento das atividades da Ascas, vários estudantes passaram a se envolver com outros projetos sociais e, após a graduação, alguns direcionaram sua carreira para a área ambiental. Concretamente, dois estudantes foram contratados pela Associação dos Catadores de Papel, Papelão e Material Reciclável (Asmare), uma das mais antigas do ramo no Brasil; três foram aprovados em concursos no Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e no Instituto Nenuca de

Desenvolvimento Sustentável (Insea). Outros alunos foram buscar cursos de pós-graduação em cooperativismo.

Resultados

INÍCIO

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Mudança nas relações com a Prefeiturae outras instituições

Interesse pela área social e colocaçãono mercado de trabalho

Da teoria à prática

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Inclusão Social do Catador de Material Reciclável de São João del-Rei

Muitas são as aprendizagens acumuladas pelos catadores, estudantes, professores e outros atores envolvidos diretamente com a implementação

do projeto.• Mudanças de cultura não acontecem da noite para o dia. Pelo menos até que

os novos hábitos de separação de materiais recicláveis estejam completamente enraizados, a sensibilização da população deve ser permanente, de modo a manter um fl uxo contínuo na coleta seletiva.

• O sucesso das ações de sensibilização da comunidade para a coleta seletiva passa pela adesão de uma instância ou mecanismo ativo de representação dos interesses da população como um todo. Por exemplo, a implantação da coleta seletiva no conjunto habitacional Inocoop e o apoio da Associação Comercial e Industrial à Ascas só foram possíveis porque havia lideranças dessas agremiações participando das discussões no Fórum Lixo e Cidadania.

• A solidez da contribuição dos estudantes ao longo do tempo depende da existência de mecanismos de sistematização e transmissão dos conhecimentos adquiridos no acompanhamento da experiência. Estes mecanismos podem e devem se apoiar em formatos de ação em rede, visando potencializar o acesso ao conhecimento e a interação entre todos.

• O processo de amadurecimento do grupo de catadores agregados em torno de uma associação é lento. Ele exige discernimento dos assessores sobre as necessidades e prioridades de cada momento, o permanente exercício da ética e da responsabilidade e implica muito desprendimento em relação aos resultados. O foco deve ser a construção coletiva de conhecimentos para produzir a autonomia do grupo.

• A implantação do projeto revelou à sociedade que é possível impactar positivamente no meio ambiente e construir uma alternativa de inclusão social por meio de um projeto sério envolvendo a universidade, comunidade e poder público. A experiência abriu as portas para a adesão dos participantes a novos projetos.

AprendizagensDescobertas que ajudaram a crescer

INÍCIO

Sensibilização da população deve ser permanente

Adesão de instâncias que representem osinteresses da coletividade é fundamental

Organização em rede potencializa acesso aoconhecimento e interação

Cada coisa no seu tempo

“Agora já posso até sair com a família para comer uma pizza no final de semana.”

Associado da Ascas

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Inclusão Social do Catador de Material Reciclável de São João del-Rei

Projetos com a característica do desenvolvido pela UFSJ na Ascas demandam longo tempo para amadurecer e para adquirir todas as condições necessárias para sua continuidade sem os apoios que garantiram seus primeiros anos de existência. Em sua fase de incubação, são construídos os conhecimentos direcionados à tão almejada autonomia, que, como observa um estudante envolvido no projeto da Ascas, é adquirida progressivamente.

Apesar dos muitos obstáculos que ainda se apresentam para a sua consolidação, a Ascas evidencia sinais de vitalidade e perspectivas promissoras de sustentabilidade. Entre os desafi os, os principais são os seguintes:

• Consolidação dos vínculos – Consolidação dos vínculos interpessoais e dos catadores com a Ascas, fi rmando os direitos e deveres dos associados e promovendo eventos que possibilitem maior integração dos catadores com a comunidade e sua valorização social;

• Aumento da renda – Aumento e regularização da renda, com a remuneração dos serviços prestados à municipalidade e aos grandes geradores de resíduos recicláveis e com a articulação da associação com redes regionais de comercialização;

• Expansão da base associativa – Ampliação do quadro de associados de forma signifi cativa, como meio de ampliar a coleta e, inclusive, viabilizar a expansão da coleta seletiva a outros bairros;

• Aquisição de habilidades básicas – Embora o projeto tenha ações específi cas nessa direção, o domínio da leitura e da escrita e a aquisição de conhecimentos mínimos em matemática ainda despontam como fatores limitantes

entre os catadores em seu processo de conquista de autonomia na gestão do empreendimento da Ascas.

• Fortalecimento da capacidade de autogestão – Envolvimento dos catadores na formulação de planos de médio e longo prazo para a associação e reforço das capacitações específi cas em contabilidade, controle do movimento físico e fi nanceiro da Ascas, computação e comunicação;

• Capital de giro – Formação de capital de giro, com a venda imediata de todo o material reciclável que ingressa na associação (garrafas pet, plásticos de diferentes tipos, etc.);

• Conquista de benefícios sociais – Garantir que os associados tenham acesso a benefícios como previdência social, alimentação, saúde e segurança do trabalho;

• Conquista de sede própria – A transferência da sede da Ascas para uma sede própria reduziria as vulnerabilidades da associação, que opera em um espaço alugado pela prefeitura e está submetida, portanto, à vontade política dos gestores municipais.

• Articulações e parcerias – Fortalecimento e ampliação das parcerias para entrega de materiais e apoio fi nanceiro para capital de giro e aquisição de sede própria;

• Fórum de representatividade – Fomento às atividades do Fórum Lixo e Cidadania.

Desafios de sustentabilidadeEm busca de soluções para durar

INÍCIO

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Inclusão Social do Catador de Material Reciclável de São João del-Rei

Passos e dicas

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O caminho das pedras do projeto Inclusão Social do Catador de Material Reciclável de São João del-Rei

O Que Fazer Itinerário de São João del-Rei

1: Identificar claramente o interesse dos catadores que integram do público-alvo do projeto.

A UFSJ realiza pesquisas, diagnósticos e atividades de extensão universitária com os catadores de São João del-Rei desde 2002. Dessa forma, é grande o conhecimento acumulado em torno das questões que afligem a categoria, seja em relação ao grupo de catadores que se filiou à associação, seja ao que ainda não aderiu a ela.

2: Conceber coletivamente o projeto.

Os professores da UFSJ tinham clareza de que a participação ativa dos catadores desde a etapa de concepção do projeto era condição essencial para promover a construção e apropriação do saber relacionado à nova forma de organização do trabalho e ao desenvolvimento de uma identidade coletiva emancipada e emancipadora.

3: Envolver equipe interdisciplinar na concepção e implementação do projeto.

O envolvimento de profissionais de diversas áreas de conhecimento da universidade, e de unidades de pesquisa acadêmica, permitiu o melhor enfrentamento das complexidades do projeto. Cada professor e estudante participante puderam dar o melhor de si, contribuindo com especificidades inerentes ao seu campo de saber.

4: Capacitar os diretamente envolvidos – no caso, os catadores – e fortalecer os laços de solidariedade do grupo.

A capacitação em São João del-Rei foi desenhada para subsidiar os catadores com conceitos e informações técnicas, gerenciais e ligadas à educação ambiental. Também deu ênfase a dinâmicas para trabalhar aspectos psicossociais do grupo de catadores, de modo a prepará-los para o trabalho coletivo. Nos encontros de capacitação, a UFSJ adotou metodologias participativas e interativas voltadas tanto para temas ligados à operação de um empreendimento solidário na área da reciclagem quanto para o desenvolvimento da identidade pessoal e profissional, do senso de pertencimento, do espírito de grupo, da co-responsabilidade e do compartilhamento de decisões.

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Inclusão Social do Catador de Material Reciclável de São João del-Rei

Passos e dicas

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5: Dar atenção aos aspectos que envolvem a dinâmica própria do negócio, sem desconsiderar sua natureza de empreendimento solidário.

Os catadores somaram seus conhecimentos na coleta e venda de materiais recicláveis à formação dos estudantes em gestão e operação de negócios e traçaram estratégias que permitiram aumentar a quantidade dos materiais coletados, bem como a qualidade do resíduo a ser ofertado ao mercado. Com isso, foi possível melhorar o preço de venda e a renda, ampliar o leque de clientes e abrir mão da figura do atravessador. No plano da organização interna, foram criados regras e procedimentos que garantiram a justa remuneração ao trabalho dos associados.

6: Estabelecer e estreitar parcerias.

A UFSJ mobilizou apoio de um amplo conjunto de instituições tais como empresas geradoras de resíduos sólidos, a Associação Comercial e Industrial, outras associações de catadores e a Prefeitura. Cada uma destas instituições proporcionou apoio à Ascas na doação de equipamentos e materiais recicláveis, na orientação técnica do trabalho, na viabilização do espaço físico ou no suporte às atividades cotidianas.

7: Envolver a comunidade. O envolvimento da comunidade nas ações de coleta seletiva, as campanhas de sensibilização e as atividades de educação ambiental nas escolas são aspectos fundamentais do projeto para conscientizar a população quanto aos problemas do meio ambiente urbano e para a busca de soluções.

8: Manter contato freqüente com os catadores, fomentando o acúmulo de conhecimento técnico e a autonomia decisória.

Os estudantes organizaram uma escala de visitas de modo a garantir sua presença diária na associação. Sem abdicar de seu papel de orientação e apoio na busca de soluções adequadas, os estudantes enfatizaram a troca de experiências e a construção conjunta de conhecimentos como ponto de partida para promover a autonomia dos catadores.

9: Divulgar o projeto no ambiente acadêmico e regional.

Esta estratégia foi fundamental para dar visibilidade à iniciativa e para estimular o interesse de outras instâncias da UFSJ e de instituições regionais. Os dois fatores contribuíram para consolidar uma imagem positiva de empreendimento de base associativa na região e para difundir as aprendizagens acumuladas.

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Inclusão Social do Catador de Material Reciclável de São João del-Rei

ExpedienteEsta é uma publicação da Diretoria de Desenvolvimento Sustentável do BANCO REAL. Ela foi elaborada a partir da avaliação de resultados do projeto Inclusão Social do Catador de Material Reciclável de São João del-Rei, apoiado pelo Concurso Banco Real Universidade Solidária no período 2005-2008.

BANCO REALDiretoria de Desenvolvimento SustentávelMaria Luiza Pinto e Paiva

Superintendência de Ação SocialLaura Oltramare

Coordenação da área de projetos sociaisAndréa Regina

Coordenação do Concurso Banco RealUniversidade SolidáriaEloisa Martins

Coordenação do processo de avaliação e sistematizaçãoAndréa ReginaFábio SantiagoKarine BuenoMariana Brunini Suchodolski

Apoio técnico em avaliaçãoLúcia Peixoto Calil (Sal da Terra – Consultoria emDesenvolvimento Social Ltda.)Eduardo Marino (Caos Consultoria)

Associação Civil Universidade Solidária (UniSol) Superintendência-executivaWaldenor Barros Moraes Filho

Coordenação de projetosDaniela Lemos

Consultoria voluntáriaLuiz Fernando Coelho de SouzaWaldenor Barros Moraes Filho

Universidade Federal de São João del-Rei (UFSJ/MG) – Projeto Inclusão Social do Catador de Material Reciclável de São João del-Rei

CoordenaçãoValéria Heloísa Kemp

Professores responsáveisAparecida C. P. dos SantosJânio Caetano de AbreuEder Jurandir CarneiroLilian Midori IdeMaria Lúcia GuimarãesReinaldo Aparecida FonsecaPriscila Correia Fernandes

AlunadoAna Paula de FariaÂngela M. Bellotti LopesAparecida B. das Mercês de PaivaAtaualpa Luiz de OliveiraBárbara Souza OliveiraCristiane Raquel do Sacramento SobralDavid Anderson Romeros de AssisFabiano Faria ValadãoFábio Reis NanetiFelipe Guilherme dos SantosGisele Medeiros MendesJuliana Cristina Otoni BorgesLarissa M. de Oliveira PereiraLilian Cristina da SilveiraLívia Silva do Couto

Luís Eduardo CoutoMariana Luiza do SoutoMariane A. EvaristoMayra Consuelo AarãoNádia Kesse Montenegro SantosPetterson Ávila CorrêaRodrigo Maia ResendeRosana Monteiro CoelhoScheiliene Cristine de SouzaTamara Nayara DiasThaís Regina Castro AlvesVanessa Resende

Texto originalLúcia Peixoto Calil (Sal da Terra – Consultoria em Desenvolvimento Social Ltda.)

Edição de textosSandra Mara Costa (Mc&Pop/Mtb 21.399)

Assistente de pesquisaLuciana Lino

RevisãoAlfredo Iamauti

Projeto gráfi co e editoraçãoStudio 113

FotosPaulo Leite

AgradecimentosA todas as pessoas que colaboraram no processo de avaliação do projeto Inclusão Social do Catador de Material Reciclável de São João del-Rei, especialmente catadores, estudantes, professores e parceiros.

Agosto de 2008

Todas as informações que constam neste documento refl etem a experiência de iniciativas sociais apoiadas ou desenvolvidas pelo Banco Real, em sintonia com suas práticas para promoção do desenvolvimento sustentável. Ao replicar esta experiência, alguns resultados podem ser diferentes em razão das muitas variáveis presentes em projetos sociais, bem como das diversas soluções aplicáveis a cada projeto. É sempre recomendável o envolvimento de especialistas na área de desenvolvimento sustentável.

INÍCIO

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