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TEHA11-P1 © Porto Editora A educação no centro das Luzes Situação-problema Apresentar uma comunicação subordinada ao tema: «As Luzes no feminino – ensino e mulheres ilustradas» doc A Quatro opiniões sobre a educação feminina 1. Daniel Defoe: Tenho pensado muitas vezes que é um dos mais bárbaros costumes do mundo […] o negarmos as van- tagens do conhecimento às mulheres […]. A alma é colocada no corpo como um diamante em bruto, que deve ser polida ou nunca brilhará […] Então, por que negar à mulher os benefícios da instrução? Se o conhecimento e a capacidade de aprender não tivessem utilidade para o sexo feminino, Deus Todo-Poderoso nunca lhe teria dado essa capacidade, visto que nunca cria nada inútil. Além disso, pergunto-me o que pode alguém ver na ignorância que possa considerar-se um atributo necessário a uma mulher. doc B Saberes a mobilizar Saber Saber-fazer – Identificar as ideias-chave do pensamento iluminista – Relacionar o Iluminismo com a construção da modernidade europeia – Analisar documentos escritos e iconográficos – Comparar informação – Elaborar e comunicar, com correção linguística e de forma criativa, sínteses dos assuntos estudados Documentação Obras sobre educação, publicadas em França (cronologia sumária) 1674 Poulain de La Barre, Sobre a Educação das Damas 1685 Abade Fleury, Tratado Sobre as Escolhas e o Método dos Estudos 1687 Fénelon, Tratado da Educação das Raparigas 1730 Abade de Saint-Pierre, Projeto Para Aperfeiçoar a Educação das Raparigas 1715-1759 Publicam-se 51 obras sobre educação 1760-1790 Publicam-se 161 obras sobre educação 1762 Rousseau, Emílio ou Sobre a Educação 1768 Primeiro número do Jornal da Educação 1779-1789 Mme de Miremont, Tratado da Educação das Mulheres 1791 Condorcet, Cinco Memórias sobre a Instrução Pública Dados recolhidos em Georges Duby e Michelle Perrot (dir.), 1994 – História das Mulheres no Ocidente, Porto, Ed. Afrontamento 5 Resolução de situações-problema

Apresentar uma comunicação subordinada ao tema: «As Luzes ... · doc A Quatro opiniões ... Em particular música e dança […]. Mas além disto, ... Os dois sexos não partilham

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A educação no centro das Luzes

Situação-problemaApresentar uma comunicação subordinada ao tema: «As Luzes no feminino – ensino e mulheresilustradas»

doc

A

Quatro opiniões sobre a educação feminina

1. Daniel Defoe:Tenho pensado muitas vezes que é um dos mais bárbaros costumes do mundo […] o negarmos as van-

tagens do conhecimento às mulheres […].A alma é colocada no corpo como um diamante em bruto, que deve ser polida ou nunca brilhará […]

Então, por que negar à mulher os benefícios da instrução? Se o conhecimento e a capacidade de aprendernão tivessem utilidade para o sexo feminino, Deus Todo-Poderoso nunca lhe teria dado essa capacidade,visto que nunca cria nada inútil. Além disso, pergunto-me o que pode alguém ver na ignorância que possaconsiderar-se um atributo necessário a uma mulher.

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B

Saberes a mobilizar

Saber Saber-fazer

– Identificar as ideias-chave do pensamento iluminista

– Relacionar o Iluminismo com a construção da modernidade

europeia

– Analisar documentos escritos e iconográficos

– Comparar informação

– Elaborar e comunicar, com correção linguística e de forma

criativa, sínteses dos assuntos estudados

Documentação

Obras sobre educação, publicadas em França (cronologia sumária)

1674 Poulain de La Barre, Sobre a Educação das Damas

1685 Abade Fleury, Tratado Sobre as Escolhas e o Método dos Estudos

1687 Fénelon, Tratado da Educação das Raparigas

1730 Abade de Saint-Pierre, Projeto Para Aperfeiçoar a Educação das Raparigas

1715-1759 Publicam-se 51 obras sobre educação

1760-1790 Publicam-se 161 obras sobre educação

1762 Rousseau, Emílio ou Sobre a Educação

1768 Primeiro número do Jornal da Educação

1779-1789 Mme de Miremont, Tratado da Educação das Mulheres

1791 Condorcet, Cinco Memórias sobre a Instrução Pública

Dados recolhidos em Georges Duby e Michelle Perrot (dir.), 1994 – História das Mulheres no Ocidente, Porto, Ed. Afrontamento

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As capacidades da mulher são consideradas maiores e os seus sentidos mais rápidos que os doshomens […]. O que nos cobre de injustiça e faz parecer que negamos às mulheres as vantagens da educa-ção por medo de que rivalizem com os homens […].

Deve ser-lhes ministrado todo o tipo de ensinamentos que convenham quer às suas aptidões quer àsua natureza. Em particular música e dança […]. Mas além disto, devem também aprender línguas, prin-cipalmente Francês e Italiano. […] Deve também, como estudo especializado, ensinar-se-lhes os artifíciosdo discurso e todas as subtilezas da conversação; o que é tão raro na nossa educação corrente que nempreciso de o referir. Devem ser induzidas a ler livros, sobretudo História; e também ler o que as ajude acompreender o mundo, de forma a que conheçam e possam julgar as coisas, quando ouvirem falar delas.

Àquelas cujo espírito é mais sagaz, não negaria qualquer tipo de conhecimento; mas o mais impor-tante é aumentar o entendimento do sexo feminino, de forma a que se torne capaz de manter todo o tipode conversas; para que, aumentados o seu talento e capacidade de opinião, possa a sua companhia ser tãoproveitosa quanto é agradável. […]

O grande fosso que separa os homens das mulheres reside na educação. […] Não se pense, no entanto,que sou apologista das mulheres no poder. Mas já que os homens tomam as mulheres por companheiras,há que prepará-las para essa função.

Daniel Defoe, escritor e político inglês (1661-1731), Sobre a Educação das Mulheres, 1719

2. Francisco Xavier de Oliveira:A nossa última prática me conduz naturalmente a falar da educação que se dá hoje às mulheres,

quero dizer ao belíssimo género feminino. Parece-me que a dita educação necessita de se emendar emdiversas circunstâncias. […]

Não me dilatarei, nem me cansarei em provar o que tenho por sem dúvida, crendo que o sexo femininoé da mesma forma que o nosso, dotado de uma alma capaz de se aperfeiçoar, e de se ornar. Não é permi-tido consequentemente que os Pais se descuidem do ensino das filhas. […] A primavera da sua idade quese devia passar em instruí-las, se perde inteiramente em lisonjeá-las, e em diverti-las. Que admiração, ouque milagres se segue, se em todo o tempo da sua vida se inclinam tanto aos louvores, às modas, e aospassatempos? […]

Não é o meu intento que instruídas as Filhas nas línguas, e nas ciências, encham o seu entendimentode um cento de cousas que lhe seriam inúteis. O que eu quisera é que elas entendessem ao menos bastan-temente a sua língua materna para a falar com pureza, para a ler com facilidade, e para a escrever comperfeição. Devia ornar-se o seu espírito de um conhecimento geral de todas as matérias, e de todas asciências que lhes competem, estudando essas mesmas ciências pelos livros escritos com clareza, e comfacilidade. Seria mui conveniente dedicar algumas horas todos os dias a estas importantes ocupações. […]

Todos estes meus pareceres respeitam particularmente às Filhas que nascem entre a nobreza, e aabundância, às quais depois do exercício de semelhantes ocupações, é certo que ficaria sempre tempo bas-tante para se recriarem, aprendendo a manear a agulha, a cantar, a dançar, a riscar, e a bordar. […]

Que gostosa, e engraçada revolução se observaria no sexo feminino, se se desse lugar a este método![…] Uma conversação mais polida em matérias proveitosas e interessantes exterminaria o mexerico, amentira, o embuste, e outros defeitos desta espécie, que sendo como males contagiosos se têm pegado àponta da língua de quase todas as Formosas do nosso século. […]

Por muito formosa que seja uma mulher, que possui todas as prendas que constituem a glória doGénero Feminino, se não tem o entendimento cultivado, e se se acha com ele cheio de extravagâncias, éimpossível que possa conservar por muito tempo império algum no coração do homem.

Francisco Xavier de Oliveira (Cavaleiro de Oliveira), escritor e diplomata português (1702-1783),Carta a Madame Klembark, 1737

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3. Rousseau:Visto que se encontra provado que o homem e a mulher não têm nem devem ter o mesmo carácter e

temperamento, segue-se que não devem ter a mesma educação. […]Os dois sexos não partilham de forma igual as faculdades que possuem em comum. […] Cultivar nas

mulheres as qualidades do homem e negligenciar as que lhe são próprias, é obviamente trabalhar em seuprejuízo. […]

Quer isto dizer que a mulher deve ser criada na ignorância de todas as coisas, remetida unicamentepara as funções do lar? Fará o homem uma serva da sua companheira? […] Fará dela um verdadeiroautómato? Não, sem dúvida. Não o dita assim a Natureza, que dá às mulheres um espírito agradável eperspicaz. Pelo contrário, (a Natureza) quer que elas pensem, que avaliem, que amem, que conheçam, quecultivem o seu espírito tal como cultivam a sua figura. […] Devem aprender muitas coisas, mas somenteas que lhes convém saber. […]

A pesquisa de verdades abstratas e especulativas, de princípios e axiomas científicos, tudo o que tendaa generalizar ideias, não é do domínio das mulheres; os seus estudos devem ser todos orientados para aprática. […] (A mulher) deve estudar o espírito do homem, não abstratamente o espírito do homem emgeral, mas o espírito dos homens que a rodeiam, o espírito dos homens aos quais está submetida, querpela força da lei, quer do costume. É preciso que ela aprenda a penetrar nos seus sentimentos, pelas suaspalavras, pelas suas ações, pelos seus olhares, pelos seus gestos. É preciso que […] saiba transmitir-lhesos sentimentos adequados, sem que eles disso se apercebam. Eles, filosofarão melhor do que ela sobre ocoração humano; mas ela lerá melhor do que eles o coração dos homens. Compete às mulheres, por assimdizer, encontrar a moral experimental; a nós, transformá-la num sistema. […] A mulher observa, ohomem raciocina.

J.-J. Rousseau, filósofo iluminista francês (1712-1778), Emílio ou Sobre a Educação, 1762

4. Condorcet:É necessário que as mulheres partilhem a instrução dada aos homens:1.° Para que possam orientar a educação dos seus filhos. […]2.° Porque a falta de instrução das mulheres introduziria nas famílias uma desigualdade contrária à

sua felicidade.[…]3.° Porque é um meio de fazer conservar aos homens os conhecimentos que adquiriram na sua juven-

tude(1).[…]4.° Porque as mulheres têm o mesmo direito que os homens à instrução pública.

Enfim, as mulheres têm os mesmos direitos que os homens; têm pois o direito aos mesmos meios paraadquirir as luzes, sem as quais não podem exercer, realmente, esses direitos, com igual independência eextensão.

A instrução deve ser ministrada em comum e confiada a um mesmo mestre que pode ser escolhido,indiferentemente, em qualquer dos sexos. As mulheres desempenharam já esses cargos na Itália, comsucesso. Várias mulheres ocuparam cátedras nas mais célebres universidades de Itália e cumpriram comêxito as funções de professoras nos mais elevados ramos da ciência, sem que daí resultasse nem o mínimoinconveniente, nem a mínima reclamação […].

A separação dos dois sexos tem como principal causa a avareza e o orgulho. Não nos enganemos: não éapenas à severidade da moral religiosa […] que deve ser atribuída essa ideia de uma rigorosa separação.O orgulho e a avareza pesam pelo menos outro tanto e foi a esses vícios que a hipocrisia dos moralistasrendeu a sua interesseira homenagem. […] Nas instituições de uma nação livre, tudo deve convergir paraa igualdade […]. Uma constituição que estabelece a igualdade política jamais será duradoura e pacífica sea misturarmos com instituições que mantêm preconceitos favoráveis à desigualdade.

Condorcet, filósofo iluminista francês (1743-1794), Cinco Memórias Sobre a Instrução Pública, 1791

(1) Partilhando as mesmas leituras, por exemplo.

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Newton para as damas

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Em cima: Frontispício da obra doConde Francesco Algarotti,O Newtonianismo Para as Damas,publicada em 1737 (obra revistapela marquesa de Châtelet).

Ao lado: Retrato de M. Le Fer-rand, por Maurice Quentin de LaTour, 1753.

As lições

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1. Jean-Baptiste Chardin, A Mestra, 1736. 2. Pietro Longhi, A Lição de Geografia, 1752.

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Luzes filtradas para as mulheres

No século XVIII, com a erosão da prática religiosa e a elevação de tom dos filósofos, a educação torna--se um tema de reflexão em moda. Fala-se e escreve-se, como nunca, sobre este assunto, sobretudo nasegunda metade do século. As Luzes acreditam na pedagogia. É-lhe conferido o poder de moldar um sersocial novo, despojado dos preconceitos antigos e revestido dos novos princípios. Esta evolução parece noentanto comprometida enquanto as mulheres receberem uma educação tão aleatória. Mães dos homensnovos elas serão também as suas primeiras educadoras e deterão por isso o segredo de uma regeneraçãoduradoura. Os reformatórios católicos não pensam de maneira diferente. Num século de otimismo peda-gógico, as raparigas, tal como os surdos-mudos ou as gentes do campo, prestam-se às conjeturas dos auto-res de planos de educação.

[…]Uma vez admitida a necessidade de reformar – ou mesmo de formar simplesmente – a instrução femi-

nina, o debate das Luzes centra-se na questão do seu lugar, casa paterna ou instituição, e subsidiaria-mente na da escolha dos professores e dos conhecimentos a transmitir. A reflexão desenvolve-se em tornoda crítica do convento, lugar onde as raparigas, privadas de ar puro, nada aprendem, estiolam – sem falardo absurdo de confiar a religiosas, estranhas à experiência conjugal, o cuidado de formar futuras esposase mães. O século XVIII inclina-se para a educação familiar, mas como esta só nos meios privilegiadospode ser assegurada com bons resultados, é necessário que um sistema de educação pública supra as defi-ciências dos pais.

[…]Do outro lado da Mancha, já no século anterior John Locke se tinha pronunciado a favor de uma edu-

cação que permitisse às mães serem as primeiras professoras dos seus filhos. Depois dele,no século XVIII, Daniel Defoe e Jonathan Swift pensam que uma mulher instruída é a melhor compa-nhia para o marido. As inglesas iluminadas veem com desgosto a necessidade de instruir as raparigasafirmar-se não para benefício das principais interessadas, mas para o das suas famílias.

Autobiografias do século XVIII dão testemunho – com os desvios eventuais inerentes a este géneroliterário – de educações domésticas resultantes de uma escolha deliberada da família, quando seria possí-vel o recurso às instituições especializadas. Pais de meios privilegiados mantêm as filhas em casa, pro-pondo-lhes formações cuidadosamente elaboradas. Quando têm competência, disponibilidade e gosto paratal, são eles próprios que dão as lições, de outro modo recorrem a profissionais que vêm dar provas da suaarte a domicílio. Para as meninas que, deste modo, não deixam a casa paterna, ter um ou vários irmãosigualmente instruídos em casa parece ser uma vantagem. As irmãs aproveitam sempre um pouco daslições dadas aos rapazes, quer apenas respinguem as sobras, quer sejam promovidas ao título de alunas.

[…]No final da Idade Moderna, as fileiras da população feminina escolarizada aumentaram, mas as estu-

dantes continuam a saber muito pouco. Qualquer que seja a escola que se frequente, ninguém se arrisca asair de lá sábia. Tanto o convento como a escola elementar oferecem apenas uma experiência limitada dosaber, quer pelo tempo que lhe é consagrado quer pelo escasso leque de conhecimentos proposto. Só a edu-cação familiar bem orientada é suscetível de produzir mulheres de cultura comparável à que o colégio dis-pensa aos rapazes. A bagagem da «comum das mortais» não se prende com curiosidades académicas estácheia de verdades piedosas e de trabalhos de agulha.

Martine Sonnet, Uma filha para educar, em Georges Duby e Michelle Perrot (dir), «ob. cit»

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Mulheres ilustradas

1. Gabrielle Emilie Le Tonnelier de Breteuil, marquesa de Châtelet

Nascida em 17 de dezembro de 1706, no seio de uma família aristocrática e culta, Emilie de Breteuilmostrou, muito cedo, inclinação para os estudos. Aos 12 anos escrevia e falava corretamente o alemão,o latim e o grego e refugiava-se longas horas no seu quarto, a estudar. Mas era também dotada para adança, a música, o canto, o teatro. Quando, aos 16 anos, foi apresentada na corte, Emilie desfrutou inten-samente da vida efervescente e galante que marcou o reinado de Luís XV.

Pouco antes de completar 19 anos, Emilie contraiu matrimónio com o marquês de Châtelet. Teve, doseu marido, três filhos, mas o casal pouco tempo viveu em conjunto. Na nobreza francesa da época, o casa-mento era visto com olhos complacentes e a marquesa de Châtelet desfrutou de toda a liberdade paraviver a vida que desejava.

Pouco depois do casamento, a jovem marquesa toma contacto com a obra de Newton e, ansiosa por acompreender, estuda Matemática e Física com os melhores professores de época, entre os quais Moreaude Maupertuis, membro da Academia das Ciências, com quem mantém uma ligação íntima.

Impedida, por ser mulher, de assistir às sessões da Academia, Emilie não desiste de, pelo menos, fre-quentar o café Gradot, famoso por nele se reunirem filósofos, cientistas e matemáticos. Como a frequênciados cafés estava também vedada às mulheres, resolve vestir-se de homem e, em tal «disfarce», desfrutarda companhia de Maupertuis e do seu círculo de amigos.

Na primavera de 1733, Emilie encontra o homem que mais marcará a sua vida: Voltaire. Convictos deterem encontrado a sua alma gémea, os dois vivem, durante 13 anos, uma paixão intensa e pública, mar-cada por um profundo entendimento intelectual.

Em 1746, Emilie encontra um novo amor, mas mantém indestrutível a amizade com Voltaire. A estese deverá a publicação do seu último trabalho, uma tradução comentada dos Principia Matemática deNewton, terminada alguns dias antes da sua morte, em 10 de setembro de 1749.

Obras:• Instituições(1) de Física, 1740• Análise da Filosofia de Leibniz, 1740• Resposta à Carta de Mairan Sobre a Questão das Forças

Vivas, 1741• Dissertação sobre a Natureza e Propagação do Fogo, 1744• Discurso Sobre a Felicidade, 1779• Dúvidas sobre as Religiões Reveladas (dirigidas a Vol-

taire), 1792• Opúsculos Filosóficos e Literários, 1796• Sobre a Existência de Deus, 1806• Tradução anotada e comentada da obra de Newton,

Princípios Matemáticos da Filosofia Natural, 1766

Traduções:Horácio, Arte Poética; Alexander Pope, Ensaio Sobre a

Crítica; Chateaubriand, De Buonaparte e dos Bourbons…;Lamennais, Ensaio Sobre a Indeferença em Matéria de Reli-gião; outros textos de autores franceses, ingleses, alemães eespanhóis.

(1) Hoje dir-se-ia lições

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Emilie de Breteuil, marquesa de Châtelet, retratadapor Quentin de La Tour.

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2. Leonor de Almeida de Portugal Lorena e Lencastre, marquesa de Alorna

Nascida em Lisboa, a 31 de outubro de 1750, D. Leonor era filhaprimogénita do 2.° marquês de Alorna e neta, pelo lado materno, dosmalogrados marqueses de Távora, justiçados por Pombal. Com apenas8 anos, e na sequência do processo que levou seus avós ao cadafalso,D. Leonor foi enclausurada, juntamente com a mãe e a irmã, no mos-teiro de Chelas. A seu pai, o tribunal reservou as masmorras de Beléme, depois, da Junqueira. Toda a família, com exceção do filho maisnovo, permaneceu encerrada quase 19 anos, só se voltando a juntarapós o afastamento do ministro, em 1777.

Durante a longa estadia no convento, D. Leonor dedica-se intensa-mente aos estudos: lê Condillac, Rousseau, Voltaire, Diderot, Verney;mergulha nas Ciências Naturais através da obra de Buffon; defendeapaixonadamente «Newton e outros hereges», por cujas descobertasnutre uma intensa admiração; aprende várias línguas; distingue-se napintura.

Ao mesmo tempo, dedica-se à poesia. O seu talento atrai a Chelasos melhores poetas portugueses da época (entre os quais Correia Garção e o Padre Francisco Manuel doNascimento) que a batizam com o nome literário de Alcipe.

Em 1779, pouco depois de sair do convento, D. Leonor casa com o conde alemão Carlos Augusto deOeynhausen, com quem parte para Viena. A sua estadia no estrangeiro leva-a também às cortes de Espa-nha e de França, onde integra, tal como em Viena, os círculos mais cultos.

Regressada a Lisboa, acolhe nos seus salões alguns dos mais insignes homens da época, como Bocageou, mais tarde, Herculano.

Viúva aos 43 anos, D. Leonor dedicou-se, durante algum tempo, à educação dos filhos (teve oito, aotodo), mas o seu espírito irrequieto leva-la-á ainda a grandes estadias no estrangeiro, sobretudo em Lon-dres, onde permanece vários anos. Em 1813 regressa definitivamente à pátria, acolhendo-se em casa doneto, o marquês de Fronteira. Falece em 11 de outubro de 1839, sem nunca ter abandonado a produçãoliterária.

Obras• As obras da Marquesa de Alorna estão coligidas em 6 volumes, sob o título Obras Poéticas de Leonor

de Almeida, etc., conhecida entre os poetas portugueses pelo nome de Alcippe, Lisboa, 1844

Traduções• Horário, Arte Poética• Claudiano, O Rapto de Proserpina• Pope, Ensaio Sobre a Crítica• Chateaubriand, De Buonaparte e dos Bourbons…• Lamennais, Ensaio Sobre a Indiferença em Matéria de Religião

A Marquesa de Alorna, segundo retratoexistente no Palácio Fronteira

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1. Justifique, utilizando dados da cronologia, o título dado ao doc. A.

2. Da leitura atenta das fontes que integram o doc. B, conclua:

– o valor atribuído, na época, à educação em geral;

– se os autores são ou não favoráveis à educação das mulheres;

– que finalidades atribuem a essa educação;

– a quem pertence a opinião mais conservadora e a mais ousada. Fundamente.

2.1. Trace o retrato que, implícita ou explicitamente, ressalta dos textos sobre a realidade da educação

feminina.

3. Que elementos lhe fornece o doc. C sobre a ilustração das mulheres?

4. Analise o doc. D:

– Onde decorrem as lições?

– No quadro de Chardin, quem ministra as primeiras letras?

– A que classe social pertencerão as meninas retratadas por P. Longhi?

– Quem as ensina?

– Que tipo de conhecimentos aprendem?

5. De acordo com o texto historiográfico (doc. E), qual dos autores do doc. B se enquadra melhor no pen-

samento dominante da época?

6. Faça uma lista das conclusões que retirou da análise dos docs. A a D e que o texto de Martine Sonnet

confirma. Liste, também, os elementos novos que este texto lhe fornece.

7. Indique as áreas em que se notabilizaram as mulheres biografadas no doc. F.

7.1. Avalie até que ponto os vultos focados se enquadram nos parâmetros educativos que traçou para a

época.

8. Aprofunde o seu conhecimento sobre as mulheres ilustradas do século XVIII. Figuras como Madame

Roland e Madame de Staël, em França, Lady Mary Montagu, em Inglaterra, ou Maria Caetana Agnesi,

em Itália, conferiram uma nova dimensão à mulher europeia.

9. Prepare uma pequena comunicação sobre o tema que lhe foi sugerido. Não descure o contexto histórico

em que o assunto se insere nem a ilustração (em powerpoint, se possível) do seu conteúdo. Se puder,

apresente-a à comunidade escolar no Dia Internacional da Mulher, que se comemora a 8 de março.

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