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APRIMORAMENTO DE SISTEMA DE CARACTERIZAC ¸ ˜ AO DE FITAS SUPERCONDUTORAS Luiz Felipe Corrˆ ea de S´a Santos Ribeiro Projeto de Gradua¸ c˜ao apresentado ao Corpo Docente do Departamento de Engenharia El´ etrica da Escola Polit´ ecnica da Universidade Federal do Rio de Janeiro, como parte dos requisitos necess´ arios`aobten¸c˜ ao do t´ ıtulo de Engenheiro Eletricista. Orientadores: Rubens de Andrade Jr. Fl´ avio Goulart dos Reis Martins Rio de Janeiro Fevereiro de 2017

Aprimoramento de Sistema de Caracterização de Fitas ...monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10022460.pdf · Resumo do Projeto de Gradua˘c~ao apresentado a Escola Polit

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APRIMORAMENTO DE SISTEMA DE CARACTERIZACAO DE FITAS

SUPERCONDUTORAS

Luiz Felipe Correa de Sa Santos Ribeiro

Projeto de Graduacao apresentado ao Corpo

Docente do Departamento de Engenharia

Eletrica da Escola Politecnica da Universidade

Federal do Rio de Janeiro, como parte dos

requisitos necessarios a obtencao do tıtulo de

Engenheiro Eletricista.

Orientadores: Rubens de Andrade Jr.

Flavio Goulart dos Reis Martins

Rio de Janeiro

Fevereiro de 2017

APRIMORAMENTO DE SISTEMA DE CARACTERIZACAO DE FITAS

SUPERCONDUTORAS

Luiz Felipe Correa de Sa Santos Ribeiro

PROJETO DE GRADUACAO SUBMETIDO AO CORPO DOCENTE

DO DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA ELETRICA DA ESCOLA

POLITECNICA DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO

COMO PARTE DOS REQUISITOS NECESSARIOS PARA A OBTENCAO DO

GRAU DE ENGENHEIRO ELETRICISTA.

Examinado por:

Prof. Rubens de Andrade Jr., D.Sc

Flavio Goulart dos Reis Martins, M.Sc

Eng. Alexander Polasek, D.Sc

Prof. Felipe Sass, D.Sc

RIO DE JANEIRO, RJ – BRASIL

FEVEREIRO DE 2017

Ribeiro, Luiz Felipe Correa de Sa Santos

Aprimoramento de Sistema de Caracterizacao de Fitas

Supercondutoras / Luiz Felipe Correa de Sa Santos

Ribeiro. – Rio de Janeiro: UFRJ/Escola Politecnica, 2017.

XIII, 50 p.: il.; 29, 7cm.

Orientadores: Rubens de Andrade Jr.

Flavio Goulart dos Reis Martins

Projeto de Graduacao – UFRJ/Escola Politecnica/

Departamento de Engenharia Eletrica, 2017.

Referencias Bibliograficas: p. 44 – 45.

1. supercondutor. 2. Caracterizacao. 3. Sistema

de medidas. 4. fitas 2G. I. de Andrade Jr., Rubens

et al. II. Universidade Federal do Rio de Janeiro, Escola

Politecnica, Departamento de Engenharia Eletrica. III.

Aprimoramento de Sistema de Caracterizacao de Fitas

Supercondutoras.

iii

Agradecimentos

Agraco em primeiro lugar a Deus, pois sem ele nada seria. E Dele que tiro minhas

forcas e por Ele sou motivado a fazer o bem. Obrigado por criar oportunidades

mesmo quando eu nao faco por onde.

A meus pais, Luiz e Margarida, que moldaram meu carater e minha educacao,

que pensaram no meu futuro quando nem eu pensava. Voces que me introduziram

a engenharia e foram minha inspiracao durante todo o trajeto.

A meu irmao, Luiz Henrique, por ser o companheiro em quem posso sempre

confiar, mesmo quando brigamos. A minha vo, Laura, que sempre tenta animar o

ambiente em qualquer cenario, obrigado pelo carinho.

A meus tios, tias, primos e primas, que sao muitos para serem nomeados,

agradeco por manterem nossa famılia una. Por mais distantes que sejam suas casas,

sempre estarao comigo.

A meu amigo, Filipe, que me ensinou o significado de amizade e que esteve

ao meu lado nao importa o que acontecesse. E a todos meus amigos, da rua, da

faculdade, da igreja, do colegio e do mundo, a quem devo otimos momentos.

Agradeco tambem a meus mestres, que me apontaram na direcao certa toda vez,

desde o ensino fundamental. A todos que saciaram e aumentaram minha curiosidade,

de forma a fazer procurar o conhecimento.

Agradeco tambem ao LASUP e seus membros por me fornecer momentos de

aprendizados e amizade. Pela oportunidade me dada e os votos de confianca. Gos-

taria de enfatizar meu agradecimento a meus mentores, professor Rubens e Flavio

que me guiaram e guiam ao longo de minha caminhada.

iv

Ao CEPEL e o Laboratorio de Supercondutividade tambem agradeco pelas opor-

tunidades e pelo companherismo, a toda sua equipe, em especial a Polasek, por me

instruir e me guiar, e a Pedro, por dividir comigo as alegrias e frustracoes do traba-

lho.

”The joy is in the jorney rather

than the destination.”

- Stephen King

v

Resumo do Projeto de Graduacao apresentado a Escola Politecnica/UFRJ como

parte dos requisitos necessarios para a obtencao do grau de Engenheiro Eletricista

APRIMORAMENTO DE SISTEMA DE CARACTERIZACAO DE FITAS

SUPERCONDUTORAS

Luiz Felipe Correa de Sa Santos Ribeiro

Fevereiro/2017

Orientadores: Rubens de Andrade Jr.

Flavio Goulart dos Reis Martins

Departamento: Engenharia Eletrica

Esse trabalho tem a finalidade de desenvolver um programa de gerenciamento de

equipamentos visando a melhora do sistema de aquisicao existente no Laboratorio

de Supercondutividade do CEPEL. A motivacao vem da necessidade de se adqui-

rir medidas mais rapidas em fitas supercondutoras para minimizar a influencia de

efeito termico nos resultados, permitindo alcancar nıveis mais altos de corrente sem

degradar a amostra. O programa foi desenvolvido utilizando o software LabView

para fazer a comunicacao, atraves de GPIB, entre um computador, uma fonte de

corrente e um nanovoltımetro. Com esse programa foram realizados ensaios de va-

lidacao e caracterizacao de supercondutores em que e possıvel mostrar que o objetivo

do trabalho foi alcancado.

vi

Abstract of Graduation Project presented to POLI/UFRJ as a partial fulfillment of

the requirements for the degree of Electrical Engineer

IMPROVEMENT OF CHARACTERIZATION SYSTEM OF 2G

SUPERCONDUCTOR TAPES

Luiz Felipe Correa de Sa Santos Ribeiro

February/2017

Advisors: Rubens de Andrade Jr.

Flavio Goulart dos Reis Martins

Department: Electrical Engineering

This project consists in the development of a equipment management program to

improve the acquisition system present in CEPEL’s Superconductivity Laboratory.

Its motivation lies in the necessity of acquiring faster measurements in supercon-

ductors tapes in order to minimize the influence of thermal effects in its results,

allowing to reach higher currents levels without degradation in the sample. The

program was developed using LabView software to communicate, through GPIB,

between the computer, a current source and a nanovoltmeter. Tests were done us-

ing this program in order to check its operation and applicability in characterization

of superconductor samples.

vii

Sumario

Lista de Figuras x

Lista de Tabelas xiii

1 Introducao 1

1.1 Objetivos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1

1.2 Motivacao . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2

1.3 Organizacao . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2

2 Supercondutividade 4

2.1 Historico da Supercondutividade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4

2.2 Tipos de Supercondutores . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7

2.3 Fitas Supercondutoras . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 8

3 Equipamentos e Metodologia 10

3.1 Equipamentos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10

3.1.1 Fonte de Corrente . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10

3.1.2 Nanovoltımetro . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10

3.1.3 Porta Amostra . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11

3.1.4 Fita Caracterizada . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14

3.1.5 Interface entre os equipamentos . . . . . . . . . . . . . . . . . 15

3.2 Metodologia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16

3.2.1 Antigo Programa . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16

3.2.2 Novo Programa . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 20

viii

4 Resultados 36

4.1 Levantamento do pulso gerado . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 36

4.2 Ensaio de precisao da medida de corrente . . . . . . . . . . . . . . . . 37

4.3 Ensaios de Validacao . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 38

4.4 Caracterizacao da fita supercondutora . . . . . . . . . . . . . . . . . 40

5 Conclusoes e Trabalhos Futuros 42

Referencias Bibliograficas 44

A Datasheet do Kapton 46

ix

Lista de Figuras

2.1 Regiao crıtica de um supercondutor, retirada de [2] . . . . . . . . . . 5

2.2 Diferencas entre os comportamentos dos supercondutores dos Tipos

I e II . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 8

2.3 Rede de Abrikosov em um superconduto Tipo II[2] . . . . . . . . . . 8

2.4 Diagrama das camadas da fita SCS4050 da SuperPower . . . . . . . . 9

3.1 Foto da fonte de corrente contınua KDC30-500 . . . . . . . . . . . . . 10

3.2 Foto do nanovoltımetro Keithley 2182A . . . . . . . . . . . . . . . . . 11

3.3 Vista explodida da base e contatos do porta amostra, retirada de [15] 12

3.4 Vista explodida do porta amostra anterior, retirada de [15] . . . . . . 12

3.5 Esquema dos contatos de tensao do porta amostra anterior, retirada

de [15] . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13

3.6 Vista explodida do porta amostra utilizado . . . . . . . . . . . . . . . 14

3.7 Foto do porta amostra utilizado . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14

3.8 Foto do carretel e da fita utilizada. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15

3.9 Foto do Adaptador USB/GPIB . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15

3.10 Esquema da montagem dos equipamentos. . . . . . . . . . . . . . . . 16

3.11 Aba Set Up do programa antigo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17

3.12 Tabela de configuracao de parametros do programa antigo . . . . . . 18

3.13 Aba Ensaio do programa antigo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19

3.14 Tabela preenchida com resultado de um resistor no programa antigo . 19

3.15 Exemplo de graficos com resultado de ensaio de um resistor no pro-

grama antigo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 20

x

3.16 Aba de configuracao do programa novo . . . . . . . . . . . . . . . . . 21

3.17 Aba de programacao de corrente do programa novo . . . . . . . . . . 22

3.18 Opcoes da programacao direta de corrente . . . . . . . . . . . . . . . 22

3.19 Exemplo de requerimento de preenchimento automatico da tabela . . 23

3.20 Exemplo de requerimento de preenchimento automatico da tabela . . 24

3.21 Tabela resultante a cada passo do preenchimento automatico da ta-

bela, da esquerda para direita, passo 1, 2 e 3 . . . . . . . . . . . . . . 24

3.22 Recurso de preenchimento da tabela por importacao por CSV . . . . 25

3.23 Aba de ensaio do programa novo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25

3.24 Realce do canto esquerdo superior da aba de ensaio . . . . . . . . . . 26

3.25 Zoom do centro da aba de ensaio . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 26

3.26 Realce do canto direito da aba de ensaio . . . . . . . . . . . . . . . . 27

3.27 Realce da parte inferior da aba de ensaio . . . . . . . . . . . . . . . . 27

3.28 Aba de ensaio apos a realizacao de um teste . . . . . . . . . . . . . . 28

3.29 Janela navegacao para escolha do path do arquivo de texto . . . . . . 29

3.30 Cabecalho criado pela sub-rotina de criacao de arquivo texto . . . . . 29

3.31 Icone da sub-rotina de criacao de arquivo texto com suas entrardas e

saida . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29

3.32 Icone da sub-rotina de inicializacao dos equipamentos . . . . . . . . . 30

3.33 Icone da sub-rotina de geracao e aquisicao de pulsos com suas entrar-

das e saıdas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 31

3.34 Fluxograma da rotina de geracao e aquisicao de pulsos . . . . . . . . 32

3.35 Icone da sub-rotina de preenchimento do arquivo texto com suas en-

trardas e saıda . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 33

3.36 Exemplo de arquivo texto criado pelo programa . . . . . . . . . . . . 33

3.37 Icone do bloco de desconto de offset com suas entrada e saıda . . . . 33

3.38 Fluxograma da funcao Round Trip . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 34

3.39 Fluxograma da rotina de ensaio do programa novo . . . . . . . . . . . 35

4.1 Fulso medido no osciloscopio . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 37

xi

4.2 Foto do resistor de precisao utilizado no ensaios de validacao . . . . . 38

4.3 Foto do resistor de precisao utilizado no ensaios de validacao . . . . . 39

4.4 Resultado do ensaio com todo o espectro da fonte de corrente . . . . 39

4.5 Resultado obtido com o programa novo . . . . . . . . . . . . . . . . . 40

4.6 Resultado da caracterizacao com o programa novo . . . . . . . . . . . 41

xii

Lista de Tabelas

3.1 Lista dos parametros de configuracao do programa novo . . . . . . . . 21

3.2 Lista dos comandos utilizados para a configuracao do nanovoltımetro 30

3.3 Lista dos comandos utilizados para a configuracao da fonte KDC . . . 30

3.4 Lista dos comandos utilizados para a configuracao da fonte KDC na

sub-rotina de pulso . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 31

xiii

Capıtulo 1

Introducao

1.1 Objetivos

Este trabalho tem como objetivo melhorar o sistema de caracterizacao de amos-

tras supercondutoras do CEPEL atraves do uso mais completo das funcionalidades

que os equipamentos, fonte de corrente e nanovoltımetro, oferecem, criando uma

interface mais simples para o usuario e utilizando programacao em modulos.

Este trabalho faz parte da cooperacao entre o Laboratorio de Supercondutivi-

dade do Centro de Pesqueisa em Engenharia Eletrica(CEPEL) e o Laboratorio de

Aplicacoes de Supercondutores da UFRJ (LASUP) que visa uma forma melhorada

de caracterizar os supercondutores para seu estudo em projetos de aplicacoes em

cada laboratorio. Tambem sera feita uma comparacao entre esse programa e o

anterior do CEPEL. Esta comparacao visa mostrar uma melhora significativa na

simplicidade de uso, no tempo de pulso e na abertura para adaptacoes e possıveis

alteracoes.

Foi feito um estudo de sincronismo a fim de minimizar o tempo ocioso ou de

calculo computacional durante a parte ativa do pulso. Apos seu ajuste, foram feitos

ensaios em um resistor de precisao para validacao do programa e em fita 2G de

YBCO para comprovar o funcionamento em amostras supercondutoras.

1

1.2 Motivacao

Supercondutores sao materiais que, em baixas temperaturas, apresentam um

estado da materia em que sua resistividade eletrica e nula. Este fenomeno torna sua

aplicabilidade alvo de diversos estudos dentro de sistemas eletricos. Como resultado

destes estudos, a forma e qualidade de producao dos materiais supercondutores

foram aperfeicoadas, tornando mais barato e mais viavel dirigir estudos com estes

materiais.

Os laboratorios que proporcionaram a viabilidade deste trabalho apresentam

diversas frentes de estudo sobre a aplicabilidade dos supercondutores, podendo res-

saltar os estudos de mobilidade urbana por meio de levitacao magnetica do LASUP,

condensados no trem, ja em operacao, MagLev Cobra[1][2], que visa um trans-

porte urbano de alto rendimento energetico com impacto ambiental mınimo e sem

emissao de gases poluentes. Alem disto, o Laboratorio de Supercondutividade do

CEPEL apresenta uma linha de estudo voltada para rede eletrica, principalmente

sobre limitador de correntes de curto circuito supercondutores(SCFCL, do ingles

SuperConductor Fault Current Limiter) realizados no CEPEL. Neste tema pode-se

destacar alguns trabalhos sobre simulacoes de transientes SCFCL [3] e estudos de

isolamentos entre espiras de bobinas supercondutoras[4].

Para qualquer aplicacao supracitada, e necessario que haja um conhecimento

sobre o material que sera utilizado, tornando necessario descobrir os valores dos

parametros que delimitam o uso do supercondutor. Com isto em mente, este traba-

lho visa garantir uma melhora nestas medidas para que o material possa ser estudado

em condicoes mais extremas, possibilitando a obtencao de suas caracterısticas em

tais condicoes.

1.3 Organizacao

Neste capıtulo foram apresentados os objetivos e a motivacao deste projeto. O

capıtulo 2 descreve o fenomeno da supercondutividade de forma cronologica com

2

um foco, ao final, dos aspectos relacionados a este trabalho. O capıtulo 3 apresenta

primeiramente os equipamentos utilizados seguidos pela metologia empregada para

realizacao do trabalho. No capıtulo 4, sao apresentados ensaios com o intuito de

validar o programa desenvolvido. O capıtulo 5 contem as conclusoes do trabalho

retiradas dos resultados obtidos e possibilidades de melhora para o sistema para o

futuro. As referencias bibliograficas podem ser encontras no final deste documento,

apos o anexo.

3

Capıtulo 2

Supercondutividade

2.1 Historico da Supercondutividade

A descoberta da supercondutividade data do ano de 1911, quando o fısico ho-

landes Heike Kamerlingh Onnes, utilizando seu conhecimento na liquefacao de Helio

lıquido [5], que ocorre a 4,2 K, estudava resistencia em metais a baixas tempera-

turas. Ao resfriar Mercurio, Onnes esperava que hovesse resistencia residual ate

mesmo em 0 K por ser impuro[6], porem uma queda repentina ocorreu em sua re-

sistencia levando-a para o valor zero, em 4,15 K[7, 8], Onnes batizou esse fenomeno

de supercondutividade. Na continuacao de seus estudos, Onnes tambem encontrou

este princıpio no Chumbo, a uma temperatura ainda mais elevada, 7,2 K. Com este

conhecimento, ele definiu a temperatura crıtica Tc como a temperatura de transicao

do estado normal para supercondutor em um material.

Em 1914 Onnes descobriu que se um supercontudor e submetido a campos

magneticos muito fortes, mesmo que esteja com sua temperatura abaixo de sua tem-

peratura crıtica, este transita para seu estado normal. O mesmo ocorreu quando, em

seu estado supercondutor, o material tem uma grande densidade de corrente apli-

cada em si. Destes estudos foram definidas mais duas limitantes para um material

supercondutor: sua intensidade de campo magnetico crıtica Hc e sua densidade de

corrente crıtica Jc. Esta trindade de grandezas delimita a chamada regiao crıtica,

ilustrada pela figura 2.1. Para que esteja em seu estado supercondutor, o material

4

deve estar dentro da regiao delimitada, logo nenhum dos valores de densidade de

corrente, campo magnetico ou temperatura pode superar seu ponto crıtico.

Figura 2.1: Regiao crıtica de um supercondutor, retirada de [2]

Houve, entao, uma busca por materiais supercondutores com temperaturas

crıticas cada vez mais elevadas, visto o alto custo e a difıcil producao do Helio

liquido. Ate este ponto, os supercondutores podiam ser considerados condutores

perfeitos, porem, em 1933, os cientistas Meissner e Ochsenfeld observaram que esses

materiais tambem se comportavam como diamagneticos perfeitos, ou seja, expul-

sam totalmente o fluxo magnetico de seu interior[9]. O fenomeno levou o nome de

ambos, Efeito Meissner-Ochsenfeld( embora na literatura ocasionalmente apareca

apenas como Efeito Meissner) e a supercondutividade passou a ser considerada um

novo estado da materia.

Dois anos apos a descoberta do diamagnetismo perfeito, os irmaos, Fritz e Heinz

London, sugerem que um campo externo aplicado a um supercondutor faz com que

surjam correntes em sua superficie que resultariam em campos de igual magnitude,

porem no sentido contrario, de forma a anular o campo em seu interior[10]. Mais

5

tarde, Fritz apresenta uma teoria em que existem eletrons e supereletrons no super-

condutor, esses conseguem se locomover pelo material com gasto nulo, ou quase, de

energia.

Em 1950, a dupla Ginzburg e Landau [13] apresentou uma teoria fenomenologica

para explicar a maioria dos fenomenos supercondutores conhecidos no momento. A

teoria, baseada na minimizacao da energia de superficie, alem de cumprir o desejado,

levantou a possibilidade, como apontado pelo fısico teorico Alexei Abrikosov, de uma

divisao entre os tipos de supercondutores conforme as propriedades do material

variassem. Esta divisao sera explicada melhor na secao 2.2.

Em 1957, tres cientistas americanos: John Bardeen, Leon Cooper e Robert Sch-

reiffer, desenvolveram um modelo que explicasse a fısica por detras da supercondu-

tividade, conhecido como Teoria BCS [14]. Essa propos que eletrons se organizavam

em pares, depois denominados Pares de Cooper, para se locomover na superficie dos

supercondutores gerando perdas nulas, corroborando a ideia dos irmaos London.

Mesmo sendo a teoria mais completa sobre o comportamento supercondutor, esta

falha em representar supercondutores de altas temperaturas crıticas, ou seja, Tc >

30 K.

A area de supercondutividade ganhou maior notoriedade apos as pesquisas de

Bednorz e Muller, que em 1986 encontraram supercondutores que tinham sua Tc

elevada, 35K, esses foram denominados High Temperature Supercondutors (HTS).

Em 1987, Paul Chu conseguiu o primeiro supercondutor com Tc acima de 77K, o

oxido de Itrio-bario-cobre, possibilitando a troca do agente resfriante de Helio para

Nitrogenio lıquido. Isso fez com que os gastos nessas pesquisas caıssem, gerando

incentivo para investimentos na area. Desde entao a maior parte das pesquisas em

supercondutores utilizam ceramicas supercondutoras. A liga Y Ba2Cu3O7−δ, recebe

destaque dentre essas ceramicas.

6

2.2 Tipos de Supercondutores

Como foi mencionado, o material em seu estado supercondutor expulsa todo o

campo magnetico que o permeia. Porem, dependendo das propriedades do material,

a energia de superfıcie por area, apos aplicacao de um campo, da interface entre os

meios supercondutor e normal pode ser negativa ou positiva, ou seja, a minimizacao

da energia de superfıcie total pode significar a maximizacao ou minimizacao desta

interface.

Desta forma, foram denominados os supercondutores Tipo I ou supercondutores

moles, os que tendem sempre a expulsar todo o campo de seu interior, ou seja, todo

o material transita para o estado supercondutor, de forma a minimizar a interface

entre os meios supercondutor e normal. A grande maioria dos supercondutores

descobertos no inicio das pesquisas desta area sao caracterizados como Tipo I.

Ja os chamados Tipo II ou supercondutores duros sao os que tendem a maximizar

a interface entre os meios supercondutor e normal apos certo valor de campo e por

isto existem dois valores crıticos de campo para esse tipo de supercondutor: Hc1 e

Hc2. Abaixo de Hc1, o material expulsa todo o campo magnetico de seu interior,

comportanto-se como um Tipo I, enquanto acima de Hc2 o material deixa seu estado

supercondutor. Quando submetidos a campos de intesidades entre Hc1 e Hc2, eles

apresentam o intitulado Estado Misto em que regioes do material nao transitam para

criar “tubos”, chamados vortices ou fluxoides, em que o campo magnetico fluira,

aumentando a interface de transicao. Dos Tipo II, se destacam os ReBCO, oxido

de (terras raras)-bario-cobre, e BSCCO, oxido de bismuto-estroncio-calcio-cobre,

que estao presentes na maior parte dos trabalhos relacionados a HTS no momento.

Os compostos NbTi e Nb3Sn se destacam nessa categoria por serem ligas metalicas,

LTS, ambos com Tc menor do que 20 K. O comportamento dos diferentes tipos de

supercondutores na presenca de campo podem ser vistos na figura 2.2.

O trabalho de classificacao dos supercondutores de Abrikosov, alem de prever

os fluxoides, tambem apresentou o padrao de disposicao deles no supercondutor. O

fısico descobriu que a rede de distribuicao dos vortices, que posteriormente levou o

7

Figura 2.2: Diferencas entre os comportamentos dos supercondutores dos Tipos I eII (figura retirada de [2])

nome de Rede de Abrikosov e esta representada na figura 2.3, seguiria um padrao

hexagonal pelo material e que o fluxo no interior de cada um desses seria quantizada

e de valor φ0 = 2.07 × 10−15 Wb, em que φ0 e um quantum de fluxo magnetico .

Figura 2.3: Rede de Abrikosov em um superconduto Tipo II[2]

2.3 Fitas Supercondutoras

Fitas supercondutoras apresentam duas geracoes sendo: 1G filamentada e 2G

compostas por camadas de diversos materiais, incluindo supercondutor. Desta

forma, ele aparenta ser um fio chato flexıvel, porem, quando levado a temperaturas

8

abaixo de uma Tc, apresenta caracterısticas supercondutoras.

As fitas HTS de primeira geracao (1G) utilizam principalmente BSCCO e prata

em sua producao, isso torna o custo muito alto, pois a prata representa cerca de 70%

da composicao total da fita. Com o surgimento das fitas de segunda geracao (2G),

os fabricantes migraram para producao dela, ja que apresentam mais flexibilidade,

maior capacidade de conducao eletrica sob o efeito de campo com maior potencial

de reducao de custo, a partir da especializacao da producao.

A estrutra da fita supercondutora 2G SCS4050 da SuperPower esta representada

na figura 2.4. Podemos ver que o supercondutor compoe 1% da fita, enquanto o

substrato, que tem o papel de dar sutentacao mecanica pra fita, representa metade

do total. Podemos ver que essa fita tambem depende de prata, mas sua porcao e

de 2% apenas, o cobre nas extremidades serve para adicionar estabilidade termica e

resistencia mecanica a fita.

Figura 2.4: Diagrama das camadas da fita SCS4050 da SuperPower

Junto com os benefıcios das fitas 2G, vieram problemas associados a diminuicao

da resistencia a degradacao mecanica e termica das fitas 1G. A primeira geracao

apresenta uma maior de resistencia a degradacao quando submetida a correntes

elevadas. Por sua vez, as de segunda geracao, quando submetidas a correntes alem

do ponto transicao, se degradam com mais facilidade. Por isso, para estudar essa

regiao e necessario cautela e confiabilidade no sistema de medicao, para que medidas

possam ser feitas de forma precisa e rapida.

9

Capıtulo 3

Equipamentos e Metodologia

3.1 Equipamentos

3.1.1 Fonte de Corrente

Para aplicar correntes no supercondutor, foi utilizada a fonte de corrente contınua

da Argantix modelo KDC30-500, figura 3.1, que e utilizada neste trabalho para

aplicar pulsos de curta duracao com amplitude de ate 500 A e 30 V. Os valores de

correntes aplicadas durante os ensaios sao retirados de um amperımetro interno da

fonte.

Figura 3.1: Foto da fonte de corrente contınua KDC30-500

3.1.2 Nanovoltımetro

Os valores de tensao na amostra supercondutora, para serem confiaveis, preci-

sam ter alta precisao, pois a tensao durante a transicao, na maioria dos casos, nao

10

excede 10−4 V requisitando uma precisao ainda maior para os valores no estado

supercondutor. Por isso, a aquisicao e feita por um Nanovoltimetro da Keithley

modelo 2182A, mostrado na figura 3.2, capaz de medir numa escala de 10nV em um

perıodo de um ciclo da linha, aproximadamente 16,7 ms em 60 Hz.

Figura 3.2: Foto do nanovoltımetro Keithley 2182A

3.1.3 Porta Amostra

Versao anterior

O porta amostra anterior[15] era formado por uma barra de cobre coberta por

isolante eletrico Kapton, cujas caracterısticas podem ser vistas no Anexo, com di-

mensoes de 300×20×15 mm, que serve como sustentacao do suporte. Nela, a fita

supercondutora e presa por pressao por dois contatos de corrente, tendo a superfıcie

de contato com a fita coberta por uma folha de Indio. A figura 3.3 mostra a vista

explodida dessa porcao do porta amostra.

Outra barra de cobre isolada, com 150×20×15 mm, e fixada de forma a sandui-

char a fita para fornecer estabilidade termica. Os contatos de tensao sao fixados

em parafusos de inox alocados em furos na ancora termica que pressionam a fita

mediados por uma pequena folha de Indio, esses furos sao preenchidos por EPoX

para isolar os contatos da barra, isso permite contatos sempre equidistantes sem a

necessidade de soldar em cada amostra. A figura 3.4 representa a vista explodida

do porta amostra enquanto a figura 3.5 mostra mais detalhadamente o contato de

tensao.

11

Figura 3.3: Vista explodida da base e contatos do porta amostra, retirada de [15]

Figura 3.4: Vista explodida do porta amostra anterior, retirada de [15]

12

Figura 3.5: Esquema dos contatos de tensao do porta amostra anterior, retirada de[15]

Implementacoes feitas neste trabalho

Foi adicionada uma fita supercondutora na parte de tras do suporte, assim e

possıvel conduzir a corrente de volta para extremidade onde ela foi aplicada. Isso

facilitou o manuseio do porta amostra, uma vez que so um lado precisa ser conectado

aos terminais, diminuindo o espaco utilizado do porta amostra. Os contatos de

correntes foram colocados na mesma extremidade do porta amostra, isolados um do

outro, enquanto a oposta foi curto circuitada, assim a corrente flui do contato, pela

amostra, para a fita na parte de tras, para o contato oposto da fonte.

Os parafusos que faziam os contatos de tensao foram substituidos por parafusos

de latao, que se mostraram muito melhor tanto no contato com a fita quanto na

facilidade de soldar fios em suas cabecas. As imagens 3.6 e 3.7 mostram , respecti-

vamente, a vista explodida e uma foto do porta amostra.

13

Figura 3.6: Vista explodida do porta amostra utilizado

Figura 3.7: Foto do porta amostra utilizado

3.1.4 Fita Caracterizada

O ensaio realizado com supercondutor foi a caracterizacao da fita HCNK04150-

150122-01 da SuNam que tem camada estabilizante de cobre, revestimento de Kap-

ton e corrente crıtica especificada pelo fabricante de 175 A. A figura 3.8 mostra a

fita.

14

Figura 3.8: Foto do carretel e da fita utilizada.

3.1.5 Interface entre os equipamentos

A coordenacao entre os equipamentos e o computador foi feita por um sistema

IEEE-488, ou GPIB (General Purpose Interface Bus), utilizando um adaptador da

National Instruments para USB, mostrado na figura 3.9.

Figura 3.9: Foto do Adaptador USB/GPIB

A montagem dos equipamentos, tanto a parte de comunicacao quanto a parte

eletrica, esta representada na figura 3.10.

15

Figura 3.10: Esquema da montagem dos equipamentos.

3.2 Metodologia

3.2.1 Antigo Programa

O programa de caracterizacao em uso antes deste trabalho era programado

em Visual Basic for Applications(VBA), sendo sua interface uma planilha do

Microsoft® Excel.

Ele e formado por uma aba para ajuste dos parametros do ensaio, uma aba

definicao dos pontos a serem ensaiados e cada ensaio realizado gera uma nova aba

com os resultados.

Primeira Aba - Set Up

Ao abrir o programa a aba chamada Set Up e aberta. A figura 3.11 mostra a

primeira visao, podendo observar que ela e composta por uma tabela, um fluxograma

16

e a representacao de um pulso com algumas observacoes.

Figura 3.11: Aba Set Up do programa antigo

Tabela de Configuracao

A tabela desta aba, ampliada na figura 3.12, serve para que possam ser adicio-

nados os parametros de ensaio. Pode-se notar que o programa foi adaptado de um

outro sistema, pois as celulas B2:C2 e A5 fazem mencao a um equipamento, para

qual o programa foi desenvolvido, o picoamperımetro da Keithley.

Nesta aba, e possıvel configurar o tempo de pulso( celula C6), porem o tempo

configurado nao corresponde ao tempo medido, como sera mostrado no capıtulo 4.

Esse tempo e um dos maiores motivadores deste trabalho, ja que o tempo de pulso,

alem de nao ser o esperado, e muito elevado, impossibilitando medidas com altos

nıveis de correntes.

17

Figura 3.12: Tabela de configuracao de parametros do programa antigo

Segunda Aba - Ensaio

Esta aba consiste de quatro graficos vazios, uma tabela com um botao RUN e

uma tabela com cabecalho, mas dados em branco. A imagem da tela ao ingressar

nessa aba pode ser vista na figura 3.13.

Aba de Resultado

Apos a conclusao de um ensaio, uma aba de resultado, que consiste na aba Ensaio

com os dados inseridos na tabela e nos graficos, e gerada.

Um exempo de tabela e graficos preenchidos apos a realizacao de um ensaio estao

demonstrados nas figuras 3.14 e 3.15, respectivamente.

18

Figura 3.13: Aba Ensaio do programa antigo

Figura 3.14: Tabela preenchida com resultado de um resistor no programa antigo

19

Figura 3.15: Exemplo de graficos com resultado de ensaio de um resistor no pro-grama antigo

3.2.2 Novo Programa

O novo programa foi desenvolvido inteiramente neste trabalho utilizando o soft-

ware LabView da National Instruments, este programa foi escolhido pelas funciona-

lidades de programacao serem voltadas para o controle de equipamentos.

O programa foi feito utilizando subrotinas, que no LabView sao chamados blocos

ou VI( por sua extensao “.vi”), isso o torna facilmente editavel e adaptavel. Os

blocos podem ser alterados ou substituidos por outros, com mesmas entradas e

saıdas, sem que o programa pare de funcionar. A motivacao disso e que o programa

possa ser transferido e adaptado para os equipamentos do LASUP e que, na troca

de um equipamento, o programa nao se torne obsoleto.

Principal

Aqui esta relatada a parte de interface, as rotinas e sub-rotinas do programa

desenvolvido neste trabalho. A interface com o usuario e composta de 3 abas: Con-

figuracoes, Programacao de Corrente e Ensaio. O idioma utilizado no programa e o

ingles, isto foi feito com o intuito de facilitar a leitura do programa para estrangeiros,

ja que o CEPEL os recebe constantemente.

20

Configuracoes

A primeira aba, Configuracoes, existem apenas 5 parametros de configuracao do

pulso. Esses estao dispostos com suas funcoes na tabela 3.1 e mostrados na figura

3.16. A funcionalidade Round Trip presente no item 5 da tabela sera explicada mais

a frente.

Tabela 3.1: Lista dos parametros de configuracao do programa novo

N Nome Descricao

1 Sample Length (mm)Tamanho da amostra parao calculo do campo crıtico

2 Max Electric Field (uV/mm)Criterio de campo eletrico maximo

para o calculo do campo crıtico

3 Pulse Duration (ms) Tempo requisitado de pulso

4 Time Between Pulses (ms) Tempo entre os pulsos

5 Round Trip Stop Voltage (V) Tensao de parada para o Round Trip

Figura 3.16: Aba de configuracao do programa novo

Programacao de Corrente

A segunda aba e responsavel pela determinacao dos valores de correntes a serem

ensaiados, nela estao presentes tres retangulos com opcoes para a configuracao das

correntes e uma tabela, como mostrado na figura 3.17.

21

Figura 3.17: Aba de programacao de corrente do programa novo

Existem duas formas de programar as correntes: programacao direta e preenchi-

mento de tabela. A opcao de Programacao Direta nao preenche a tabela na direita.

Ela e utilizada como meio rapido de ensaio e so usa pontos equidistantes exportados

direto para a aba Ensaio. Nesta opcao selecionamos a corrente inicial, o incremento

de corrente a cada ponto e o numero de pontos a serem ensaiados. Na figura 3.18

pode-se ver as opcoes supracitadas ampliadas.

Figura 3.18: Opcoes da programacao direta de corrente

A tabela oferece tres tipos de preenchimentos: manual, automatico ou importar

de um arquivo CSV. A tabela e editavel linha a linha e qualquer valor pode ser

alterado manualmente pelo usuario.

Abaixo da programacao direta, ha uma area reservada ao preenchimento au-

tomatico da tabela, mostrado na figura 3.19. Essa parte do programa se comporta

como a Programacao Direta, com a diferenca de preencher a tabela ao lado e com a

opcao de comecar a preencher com um passo diferenciado em um ponto a escolha.

22

Isso permite utilizar incrementos diferentes ao longo dos pontos do ensaio, o que se

e util, ja que a parte do ensaio antes da transicao do supercondutor para o estado

normal nao precisa ser tao refinada como a transicao e a subida de tensao desta

transicao.

Figura 3.19: Exemplo de requerimento de preenchimento automatico da tabela

Apos definir o ponto inicial e a progressao aritmetica com qual preencher a

tabela, o botao com a inscricao Fill deve ser pressionado para que os pontos sejam

adicionados na tabela. Caso o valor do ındice esteja no meio da tabela, os novos

valores de corrente preencherao as lacunas no meio da tabela sem substituir. Existe

tambem um botao para que a tabela seja limpa.

Para exemplificar o funcionamento, a figura 3.20 mostra tres passos de insersao

de dados da tabela por preenchimento automatico enquanto a figura 3.21 mostra as

tabela a cada passo.

23

Figura 3.20: Exemplo de requerimento de preenchimento automatico da tabela

Figura 3.21: Tabela resultante a cada passo do preenchimento automatico da tabela,da esquerda para direita, passo 1, 2 e 3

Como ultimo recurso de preenchimento da tabela de corrente planejada, tem-

se a importacao por CSV, mostrado na figura 3.22. Ao escolher o arquivo a ser

importado, o programa limpa a tabela destino e preenche com os dados da primeira

24

coluna do arquivo.

Figura 3.22: Recurso de preenchimento da tabela por importacao por CSV

Aba de Ensaio

A terceira aba, Ensaio, e responsavel por ordenar o inıcio do ensaio e mostrar

seu progresso. A figura 3.23 mostra a aba e seus itens serao explicados a seguir.

Figura 3.23: Aba de ensaio do programa novo

No canto esquerdo superior existe uma caixa com as duas opcoes de esco-

lha dos pontos para o ensaio, programacao direta e tabela, ao lado de um botao

liga/desliga para a funcionalidade Round Trip e uma caixa numerica com o valor

de seu parametro, essa funcionalidade esta detalhada mais a frente junto com as

rotinas e sub-rotinas do programa. Um realce desta area pode ser visto na figura

3.24.

No centro da aba, estao localizados, de baixo para cima, os botoes para iniciar o

ensaio e o de parada, um grafico para acompanhamento do ensaio, que e atualizado

a cada pulso, um indicador com o valor de Tensao Crıtica da amostra, calculada a

25

Figura 3.24: Realce do canto esquerdo superior da aba de ensaio

partir dos valores da primeira aba, e um indicador que pisca enquanto o ensaio esta

sendo realizado. A figura 3.25 mostra em destaque essa regiao.

Figura 3.25: Zoom do centro da aba de ensaio

Do lado direito desta aba, estao a tabela de Corrente Desejada, a tabela com os

26

dados dos pulsos e um vetor com o ultimo ponto ensaiado. A tabela de corrente e

preenchida antes do ensaio, apos se apertar o botao com inscricao Import no canto

esquerdo superior e serve para se conferir se o ensaio esta correto. A tabela de

resultados e o vetor servem para acompanhar o ensaio durante o mesmo. A figura

3.26 e um destaque dessa area.

Figura 3.26: Realce do canto direito da aba de ensaio

Na parte inferior da tela, ha um array, mostrado na figura 3.27, com o tempo de

inıcio de cada ciclo de pulso( tciclo = tpulso + tintervalo), para que se possa certificar

que o tempo de ciclo esta de acordo com os estabelecidos na configuracao.

Figura 3.27: Realce da parte inferior da aba de ensaio

A figura 3.28 mostra como a aba parece apos a realizacao de um ensaio.

27

Figura 3.28: Aba de ensaio apos a realizacao de um teste

Ensaio

Nesta parte serao apresentadas e explicadas as sub-rotinas, a funcionalidade

Round Trip e a rotina de ensaio, nesta ordem.

Sub-rotina - Criando Arquivo Texto

A sub-rotina de criar arquivo de texto, intitulada CreateTXT, tem como entrada

as configuracoes do ensaio e como saıda a referencia do arquivo criado, esta referencia

e o endereco do arquivo para o LabView, sendo o que possibilita as operacoes no

“.txt”. Quando executada, essa sub-rotina abre uma janela, figura 3.29, pedindo o

path do arquivo de texto que sera criado e, com isto, o gera ja com um cabecalho,

mostrado na figura 3.30. Na figura 3.31 podemos ver o ıcone desta sub-rotina dentro

do LabView.

28

Figura 3.29: Janela navegacao para escolha do path do arquivo de texto

Figura 3.30: Cabecalho criado pela sub-rotina de criacao de arquivo texto

Figura 3.31: Icone da sub-rotina de criacao de arquivo texto com suas entrardas esaida

Sub-rotina - Inicializacao dos Equipamentos

A sub-rotina de inicializacao dos equipamentos, intitulada Init, cujo ıcone esta na

figura 3.32, e responsavel pela configuracao da fonte de corrente e do nanovoltımetro

antes do ensaio e nao apresenta entradas ou saıdas. Os comandos utilizados nesta

sub-rotina estao dispostas nas tabelas 3.2 e 3.3 para nanovoltımetro e fonte, respec-

29

tivamente.

Figura 3.32: Icone da sub-rotina de inicializacao dos equipamentos

Tabela 3.2: Lista dos comandos utilizados para a configuracao do nanovoltımetro

Comando Valor Descricao

*RST - Reseta o voltımetro para as configuracoes de fabrica

TRIG:SOUR BUS Faz com que o voltımetro responda a trigger pelo GPIB

TRIG:DEL 0.200Da um delay de 200 ms entre o trigger

e o comeco da aquisicao

TRAC:CLE - Limpa o buffer do nanovoltımetro

VOLT:NPLC 1Estabelece o tempo de aquisicao para um

ciclo da rede (aprox. 16.67 ms)

VOLT:RANG 0.01 ou 0.1Estabelece a escala do voltımetro em 10 ou 100 mV,

dependendo da amostra

INIT:CONT OFFFaz com que o nanovoltımetro meca

apenas uma vez por trigger

Tabela 3.3: Lista dos comandos utilizados para a configuracao da fonte KDC

Comando Valor Descricao

*RST - Reseta a fonte para as configuracoes de fabrica

CURR 0 Define a corrente de saida para 0 A

OUTP ON Liga o output da fonte

E possivel notar que a quantidade de comandos enviados ao voltımetro e signi-

ficativamente maior do que a da fonte, isso se da pelo fato do nanovoltimetro nao

ter configuracoes que se alteram ao longo do ensaio, enquanto a fonte deve ter os

parametros de tempo e amplitude de pulso estabelecidos a cada pulso.

Sub-rotina - Geracao e Medicao de Pulsos

Esta sub-rotina, intitulada PulseVxI, e a responsavel por cada pulso em um

ensaio, ela tem como entradas o tempo e o valor de corrente no pulso e retorna

30

a corrente medida, a tensao medida e a copia do tempo de pulso desejado, como

ilustrado na figura 3.33 com o ıcone do VI no LabView. A saıda de tempo se da pelo

fato de mesmo que o sistema seja incapaz de medi-lo, no caso de uma mudanca nos

equipamentos ou adaptacao para outro sistema, que possibilite essa medida, nao ha

de modificar todo o programa para utiliza-la.

Figura 3.33: Icone da sub-rotina de geracao e aquisicao de pulsos com suas entrardase saıdas

Nessa parte do programa, a fonte e configurada utilizando os comandos da tabela

3.4, onde I e t sao a corrente e o tempo do pulso, respectivamente. O nanovoltımetro

recebe apenas um comando de inicializacao(INIT ), que tem a funcao de preparar o

nanovoltımetro para receber um acionamento (trigger).

Tabela 3.4: Lista dos comandos utilizados para a configuracao da fonte KDC nasub-rotina de pulso

Comando Valor Descricao

CURR:MODE LISTColoca o output da fonte de forma a percorrer

os valores de uma lista

TRIG:SOUR BUS Faz com que a fonte responda a trigger pelo GPIB

LIST:COUN 1Estabelece que a lista de corrente seja percorrida

apenas uma vez

LIST:STEP AUTOFaz com que a corrente mude de valor apos

um tempo determinado

LIST:DWELL 0.1, t, 0.5 Estabelece que valores de corrente persistam por 0.1, t e 0.5 s

LIST:CURR 0, I, 0 Atribui os valores da lista de corrente como 0, I e 0

INIT - Prepara a fonte para receber um trigger

Um comando de acionamento (*TRG) e enviado a cada um dos equipamen-

tos, fazendo com que eles comecem o que foram configurados para fazer. Apos

um tempo de espera (delay), a fonte recebe um comando de medicao de corrente

(FETC:CURR? ). O nanovoltımetro recebe entao um comando de leitura dos dados

em sua memoria (DATA:FRESH? ), que sao resultados do trigger enviado.

31

Para que haja sincronismo entre as aquisicoes e o pulso, foram programados

delays nos equipamentos. O nanovoltımetro foi configurado internamente com o

delay, como visto na tabela 3.2, mas a fonte nao tem essa funcionalidade e o teve

programado no formato de tempo ocioso antes de requisitar a medida. As aquisicoes

do sistema sao feitas por meio de uma media de diversas amostras, tanto na fonte

quanto no voltımetro. Isso torna o ajuste do delay muito sensıvel, uma vez que toda

a medida deve estar na parte estavel do pulso.

O fluxograma presente na figura 3.34, ilustra o bloco discutido.

Figura 3.34: Fluxograma da rotina de geracao e aquisicao de pulsos

Sub-rotina - Insercao de Dados no Arquivo Texto

Esta sub-rotina, intitulada WriteTXT, adiciona os valores de cada pulso a um

arquivo texto, enquanto o ensaio esta rodando. Isso e importante porque caso o

ensaio seja parado, os dados coletados ja foram salvos. As entradas deste bloco sao

tensao medida, corrente desejada, corrente medida, tempo de pulso e a referencia do

arquivo texto. Como saıda, existe apenas a referencia atualizada do mesmo arquivo.

A figura 3.35 apresenta o ıcone do bloco com suas entradas e saıda.

Caso seja a primeira iteracao, essa sub-rotina e tambem responsavel por criar a

legenda da tabela onde serao inseridos os dados. A figura 3.36 mostra um exemplo

32

Figura 3.35: Icone da sub-rotina de preenchimento do arquivo texto com suas en-trardas e saıda

da legenda e dos dados inseridos, logo abaixo do cabecalho criado pela sub-rotina

responsavel por ele.

Figura 3.36: Exemplo de arquivo texto criado pelo programa

Sub-rotina - Desconto do Offset

Essa sub-rotina, intitulada Offset, retira o offset da tensao medida, mede a tensao

logo apos o pulso e retira do valor medido no bloco de aquisicao. Esse bloco se faz

necessario pela precisao do nanovoltımetro, pois a calibracao do mesmo e muito

sensıvel ao ambiente e pode alterar por efeito termico. A entrada e saıda do bloco

sao a tensao antes e depois do ajuste, como mostrada na figura 3.37 junto ao ıcone.

Figura 3.37: Icone do bloco de desconto de offset com suas entrada e saıda

33

Funcionalidade - Round Trip

Esta opcao de ensaio pode ser ligada ou desligada. Quando ligada, apos atingir

o crıterio de parada, o ensaio toma um passo negativo, ajustavel na segunda aba,

ao lado do seu botao liga/desliga( figura 3.24), ate que encontre um novo criterio de

parada, definido na opcao 5 da aba de configuracao(figura 3.16).

Esta funcionalidade, junto com a tabela editavel de programacao de corrente,

faz com que as curvas levantadas das amostras supercondutoras sejam muito bem

definidas num unico ensaio, diminuindo a quantidade de ensaios a serem refeitos

para refinamento.

A figura 3.38 apresenta um fluxograma ilustrando o Round Trip.

Figura 3.38: Fluxograma da funcao Round Trip

Rotina - Ensaio

A rotina de ensaio, iniciada ao apertar o botao verde da aba de Ensaio, esta

ilustrada pelo fluxograma da figura 3.39 onde as sub-rotinas e funcionalidades ja

discutidas aparecem apenas com o nome dado a elas.

Com o programa desenvolvido e equipamentos apresentados ao longo deste

capıtulo, foram realizados diversos ensaios para que pudesse comprovar que o obje-

34

Figura 3.39: Fluxograma da rotina de ensaio do programa novo

tivo deste trabalho foi alcancado. Os resultados desses estao presentes no capıtulo

a seguir.

35

Capıtulo 4

Resultados

Neste capıtulo sao apresentados resultados conseguidos com o programa novo,

de forma a comprovar sua funcionalidade, e resultados do programa antigo, para

que possam ser comparados.

4.1 Levantamento do pulso gerado

Este ensaio foi feito para que pudesse ser conhecido o formato de onda gerado

pela fonte e, com isso, saber se a corrente demandada da fonte corresponde a forma

requisitada, em relacao ao tempo e amplitude do pulso.

A figura 4.1 mostra a forma de onda do pulso gerado medido com um osciloscopio

e uma ponteira de corrente de efeito Hall.

Dessa imagem e possivel ver que o pulso dura em torno de 120 ms, partindo de

0 A, subindo ate 80 A e voltando a 0 A. Porem acima do valor pedido permanece

apenas por menos de 90 ms dos quais 25 fazem parte de um sobressalto de 25%. Com

isso, a parte do pulso que nos interessa representa apenas 65 ms ou 54% do pulso.

Embora o pulso apresente uma grande diferenca em relacao ao semiciclo positivo

uma onda quadrada, o qual se esperava, o programa foi desenvolvido levando em

consideracao esse comportamento, considerando assim, o pulso acima como um pulso

aceitavel de 100 ms, ja que, mesmo com sobressalto, a maior parte do pulso esta no

patamar desejado.

36

Figura 4.1: Fulso medido no osciloscopio

A corrente, a despeito do sobressalto, tambem foi satisfatoria, uma vez que seu

valor apresenta um erro de 1% do valor desejado em seu equilibrio.

4.2 Ensaio de precisao da medida de corrente

A medida de corrente para ensaios, quando seu nıvel e baixo e o tempo de pulso

e de 100 ms, o mınimo alcancavel, mostrou-se pior do que o resto. Por isso, foi

feita uma analise de precisao na fonte com correntes de 10 a 370 A com passo de 10

A. O ensaio foi conduzido pela repeticao da mesma corrente 20 vezes e com esses

resultados foi calculado o desvio padrao de cada valor de corrente, esse resultado

esta disposto na figura 4.2.

E possivel ver que os valores de correntes baixos geram uma dispersao grande na

aquisicao da mesma e que isso nao persiste em valores acima de 50 A, que apresentam

desvio padrao menor do que 0.4. No entanto, como as fitas supercondutoras tem, em

sua maioria, uma corrente crıtica acima de 100 A. Isso se torna pouco significativo

nos ensaios para os quais o programa foi designado.

37

Figura 4.2: Foto do resistor de precisao utilizado no ensaios de validacao

Essa falha na aquisicao se da pela inconsistencia na demora da fonte para gerar os

pulsos de baixas correntes, logo os delays discutidos no capıtulo 3, na parte referente

ao bloco PulseVxI, nao sao precisos para esses valores. Por exemplo, caso a fonte

gere o pulso antes do esperado, a aquisicao levara em conta parte da descida e o

valor final sera menor do que o real.

4.3 Ensaios de Validacao

Para os proximos ensaios, foi utilizado, um resistor de precisao de 60 mV para

1000 A. A figura 4.3 mostra uma foto dele.

O primeiro ensaio de validacao foi realizado com todo o espectro da fonte de

corrente, pedindo correntes de 5 a 500 A com passos de 5 A e 180 ms de duracao

de pulso, de forma a provar que a fonte responde a qualquer corrente dentro do

estabelecido pelo fabricante. A figura 4.4 mostra a curva gerada com este resultado.

Neste resultado, pode-se notar a uma pequena flutuacao no inıcio da curva sobre

o assunto discutido em 4.2. O resultado mostrou ser exatamente o esperado, gerando

uma reta de inclinacao de 59.54 × 10−5Ω.

38

Figura 4.3: Foto do resistor de precisao utilizado no ensaios de validacao

Figura 4.4: Resultado do ensaio com todo o espectro da fonte de corrente

Em seguida, foram feitos ensaios para validar o funcionamento do programa,

primeiramente em 200 ms e depois em 100 ms de largura de pulso, ambos com

Round Trip ligado com decremento de 2 A e crıterio de parada de 1.2 mV( 20 A no

resistor). Esses resultados foram comparados com resultados em que era requisitado

pulsos de 170 e 100 ms com o programa antigo.

Os resultados dos quatro ensaios estao mostrados na figura 4.5. Deve ser aten-

tado que os pulsos requisitados de 170 e 100 ms no programa antigo resultaram em

pulsos de 500 e 300 ms, logo o programa antigo nao e capaz de fornecer uma com-

paracao valida em relacao ao tempo de ensaio, ja que este parametro foi amplamente

superado.

Pode-se reparar pelos ensaios que todos caracterizaram fielmente o resistor,

porem, os de menor duracao de ambos os programas tiveram pontos fora da curva.

39

Figura 4.5: Resultado obtido com o programa novo

O programa antigo apresentou pontos discrepantes do esperado ate o ultimo valor,

de 100 A, enquanto o novo apresenta tal aspecto apenas para algumas correntes

abaixo de 50 A.

As correntes requeridas para os dois programas foram identicas, mas o desen-

volvido neste trabalho apresentou muitos mais pontos ja que o Round Trip estava

ligado, apresentando uma reta muito mais definida.

Para o resultado deste ensaio e possıvel notar que o problema definido na secao

4.2 e de medida e nao no valor de corrente do pulso, pois em ambos os ensaios as

correntes voltaram com passo de -2 ate 19 A. Sendo que, com 100 ms, foi medida

uma corrente 22.96 A e apresentou tensao de 1.129087 mΩ, aproximadamente 18.82

A, ou seja, embora a fonte medisse mais de 22 A, a medida de tensao continuou fiel

ao esperando, mostrando uma corrente bem proxima de 19 A.

4.4 Caracterizacao da fita supercondutora

Com todo o sistema verificado, foi feita uma caracterizacao da fita apresentada

na secao 3.1.4 para os tempos de pulsos de 100, 150 e 200 ms. Esse ensaio tem

40

como finalidade apresentar o comportamento supercondutor de forma a comprovar

que o programa desenvolvido atende ao seu objetivo primario de caracterizar fitas

supercondutoras de forma mais eficaz. O resultado deste esta mostrado no grafico

da figura 4.6.

As correntes definidas nesse ensaio foram de 10 a 130 A com passo de 10 A,

seguidos por passos de 2 A a partir de 132 A ate o fim, onde o Round Trip se

encarrega de decrementar a corrente de 1 em 1 A ate alcancar uma tensao de menos

de 10−6 V.

Figura 4.6: Resultado da caracterizacao com o programa novo

E possivel ver que os tres ensaios apresentam alta repetibilidade nos resultados

ao caracterizar o mesmo ponto de transicao, definindo a mesma curva toda vez. E

valido apontar que os pontos mais espacados no inicio do ensaio torna o ensaio mais

rapido para uma regiao que nao precisa ser refinada, transformando 65 pontos em

13.

Com esses resultados, foi possıvel verificar a funcionalidade do trabalho, apresen-

tando suas limitacoes e as vantagens atraves da discucao dos resultados. Tambem

com eles, serao apresentadas as conclusoes tiradas deste trabalho no capıtulo a se-

guir.

41

Capıtulo 5

Conclusoes e Trabalhos Futuros

Neste trabalho foi desenvolvido um programa para geracao e aquisicao de pulsos,

com a finalidade de viabilizar caracterizacoes melhores, principalmente diminuindo

o tempo de pulso, e facilitar a experiencia do usuario, tornando-a mais intuitiva.

Ensaios foram realizados com esse sistema em um resistor de precisao e esses

comprovaram o funcionamento adequado do sistema para todos os parametros estu-

dados, com a excessao da precisao da medicao de corrente quando seus valores estao

abaixo de 50 A, dada pela falha de constancia do tempo antes da geracao do pulso,

resultando em medidas parcialmente fora da faixa estavel de corrente.

As possibilidades de programacao direta ou por tabela, manualmente, por pre-

enchimento automatico ou por importacao de arquivo CSV, para o requerimento de

corrente faz com que os ensaios possam ser programados de forma rapida, para um

ensaio de rotina, ou customizavel, caso haja necessidade de refinar alguma regiao

do ensaio. O uso do Round Trip faz com o que os ensaios possam ser ainda mais

refinados, abrindo possibilidade para um estudo de degradacao apos ensaios.

Pode-se pensar para o futuro, na melhora dos equipamentos, principalmente

na adicao de algo como uma placa de aquisicao para a leitura de corrente atraves

da tensao um em resistor de precisao, para garantir uma boa acuracia em todas as

faixas de correntes e possibilitar a medida de tempo de pulso. Um equipamento deste

tambem pode ser usado para fornecer uma medida de tempo, que nao e possıvel com

os equipamentos em uso. Tambem e viavel pensar em usar o sistema em modulo do

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programa para adaptar o mesmo para o LASUP, colaborador do projeto. Embora

mais dıficil, uma melhora na geracao do pulso, que gere o pulso com um aspecto

mais quadrado, pode melhor ainda mais o desempenho do sistema.

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Referencias Bibliograficas

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Apendice A

Datasheet do Kapton

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