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Araceli S. Mello - Testemunhos Históricos das Profecias de Daniel

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Neste livro cada pormenor das profecias de Daniel foi esclarecido à luz dos fatos verídicos que os cumpriram em cheio. Em nenhum caso usou o autor de subterfúgios e mistificações para evadir-se à realidade do verdadeiro significado da Revelação. Sôbre impérios e indivíduos alvos das profecias de Deus que no passado existiram e que, portanto, já cumpriram o seu papel no palco da História e da profecia, foi o autor desta obra claro e imparcial. Sôbre os poderes civis e eclesiásticos que atualmente desempenha de igual modo o seu papel histórico-profético no palco da hodierna civilização, foi êle também imparcial, sem rodeios, sem paixão e sem sacrificar a verdade em suas considerações. Desta forma o autor Araceli S. Mello traz à nós um verdadeiro compêndio da história da civilização acompanhado de seu significado profético a luz das profecias do livro de Daniel, livro este de significado muito especial na Bíblia Sagrada.

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TESTEMUNHOS HISTRICOS DAS PROFECIAS DE DANIEL

Reservam-se todos os direitos de propriedade do autor

ARACELI S. MELLO ____

TESTEMUNHOS HISTRICOSDAS

PROFECIAS DE DANIEL

RIO DE JANEIRO 1968

PALAVRA DO AUTOR

Em 1959 veio luz o meu primeiro exaustivo trabalho: A Verdade Sobre as Profecias do Apocalipse. Como, porm, h certa afinidade entre as profecias do Apocalipse e as de Daniel, meu anlo foi escrever uma segunda obra A Verdade Sobre as Profecias de Daniel. Tanto as profecias de Daniel como as do Apocalipse constituem uma sntese proftica antecipada de acontecimentos internacionais civis e eclesisticos pelo que ambos os dois livros s podero ser satisfatoriamente explanados por uma ampla documentao histrica evidente. grave delito contra o divino Revelador fazer uma diminuta exposio de suas grandes e solenes profecias, deixando assim o leitor e investigador sem o devido esclarecimento. Ningum acatar e aceitar como vinda de Deus uma mensagem mal esclarecida, mal documentada e portanto mal interpretada. A verdade celestial deve ser apresentada com inconfundvel clareza. Quem crer numa simples eptome sobre os to importantes livros de Daniel e do Apocalipse? J o rabujento preconceito dos declarados incrdulos e dos infiis cristos exige que se d a estes livros uma explanao coerente, ampla e convincente, em vez duma apreciao ridcula para ser recusada com manifesto desinteresse. Foi para salvaguardar a sua responsabilidade diante de Deus de no pr nas mos do pblico uma obra desonesta, mesquinha e ambgua, que desinteressasse em vez de interessar o leitor ou pesquizador da verdade, deixando-o por isso mesmo longe de Deus como antes, que o autor em sua exposio das profecias de Daniel deu amplitude de explanao fazendo com que a luz das profecias brilhasse com intensidade e o esclarecesse arrebatando-o das trevas da incerteza para o meridiano sol da Revelao de Deus e o abenoasse ricamente. Cada pormenor das profecias de Daniel foi esclarecido luz dos fatos verdicos que os cumpriram em cheio. Em nenhum caso usou o autor de subterfgios e mistificaes para evadir-se realidade do verdadeiro significado da Revelao. Sbre imprios e indivduos

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alvos das profecias de Deus que no passado existiram e que, portanto, j cumpriram o seu papel no palco da Histria e da profecia, foi o autor desta obra claro e imparcial. Sbre os poderes civis e eclesisticos que atualmente desempenha de igual modo o seu papel histrico-proftico no palco da hodierna civilizao, foi le tambm imparcial, sem rodeios, sem paixo e sem sacrificar a verdade em suas consideraes. Certamente haver aqueles que se oporo a determinadas explanaes dadas pelo autor sbre as profecias de Daniel. A stes dizemos que tm todo o direito de o fazer. Porm, antes de tomarem uma medida drstica, ser prudente examinar bem o ponto de oposio que formularem para estarem seguros ou no do passo que pretendem dar; que sejam ponderados e coerentes; que reflitam somente para poderem apreciar maduramente aquilo que parea chocar-lhes as velhas idias prprias e met-los num imaginrio cos, em face duma interpretao desconhecida e aparentemente controvertida; que no fiquem desrazoavelmente desorientados e a trovejar sbre o autor, mas que sejam indulgentes para com le que, como les, tem tambm o direito de pensar. Nada melhor e mais acertado do que examinar aquilo que se desconhece. A luz nasce do acurado exame. ste o meu anlo a todos quantos entrarem em contato com este livro. Confrontem les detidamente a profecia e a sua explanao dada luz do comprovante histrico justaposto; se algo estiver comprovadamente incorreto, serei bastante humilde para dar a mo palmatria e receber a inexorvel condenao como justa. Urge, todavia, uma investigao com percia, desapaixonada e desacompanhada de fatais preconceitos injustos e prejudiciais. Na interpretao das profecias de Daniel como nas do Apocalipse, no empreguei mtodos humanos preconcebidos e destitudos de crdito e de senso que se denotam em tantas obras congneres. A ningum consultei sbre como devia ou no interpretar as profecias do grande livro. To pouco segui a linha de interpretao de quaisquer intrpretes antigos ou modernos. Nem mesmo levei em conta meus prprios conceitos ao dar o cunho interpretativo que dei. Se em to magna obra seguisse qualquer orientao humana, mesmo minha, teria sido desleal Revelao e ao Revelador; teria ofendido a santa verdade e sido por demais imprudente ao tratar com to grande mensagem inspirada. Tive mdo de violar a Palavra de Deus que declara: Sabendo primeiramente, isto: que nenhuma profecia da Escritura de particular 8

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interpretao.1 Portanto, creio ter seguido o rumo de interpretao orientado pela lgica e pelas Sagradas Escrituras, que aquela dada pela prpria Histria, dos fatos que sucederam e cumpriram com irrecusvel exatido as profecias. Sim, somente a Histria que cumpre as profecias o seu verdadeiro, nico e legtimo intrprete. Creio, assim, no ter sido desleal acertada lgica de interpretao proftica que a unio evidente da profecia e dos fatos histricos seus intrpretes, pois no me arrisquei ao infalvel desagrado do Revelador do to maravilhoso livro de Daniel. Findando, imploro ao Creador, o Grande Autor da Revelao, que derrame suas copiosas bnos a todos quantos lerem e estudarem ste livro; que os ilumine ao considerarem as suas grandes profecias, para que eles possam fruir o mximo para a vida vitoriosa do presente; nle encontrar a senda real que conduz a um futuro glorioso e a uma eternidade feliz. Que os prprios ateus e crticos mais acrrimos possam ser amplamente abenoados ao examinarem este livro.

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II S. Pedro 1:20.

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PREFCIO

com a mais viva emoo que abrimos ao estudo a grande obra sacra inspirada o livro de Daniel. verdadeiramente um privilgio todo especial estudar o grande livro e conhecer profundamente o seu maravilhoso contedo histrico e proftico. Comparamos a notvel obra sarsa ardente do deserto do Sinai na experincia de Moiss. Um santo fogo abrazador envolvia a memravel sarsa sem consumla. A Moiss, que dela se aproximava curioso pelo indito espetculo e para observ-lo de perto, foi incontinentemente ordenado a deter-se e solenemente advertido: Moiss, Moiss... no te chegues para c; tira os sapatos de teus ps, porque o lugar em que t ests terra santa.1 Que rigorosa e impressionante advertncia! A presena da Majestade celestial em meio sarsa em chamas emprestava ao local tda a solenidade e santidade, pelo que o experiente pastor de Midi devia descalar-se e demonstrar a mais santa reverncia antes de avanar mais um s passo. Assim o livro de Daniel uma sarsa ardente, abrazadora, em meio a qual faz-Se presente o Todo-poderoso do universo. Seja quem fr, pois, que deste livro lance mo quer para estud-lo ou preg-lo deve descalar-se de todo o preconceito, de tda a suspeita, de todo o escrpulo, e manifestar o mais profundo sentimento de respeito e reverncia, j pela presena do Revelador no livro, j pela mensagem por le revelada. inadmissvel que um convicto cristo se aproxime dste to santo livro com indiferena ou sem o manifesto esprito de respeito e submisso Aquele que a pessoa central de sua revelao e sem a firme deciso de acatar e viver a sua poderosa mensagem inspirada. As profecias de Daniel requerem especial ateno, pois destinam-se especialmente ao tempo em que vivemos. Gabriel, o anjo assistente do profeta, declarou enfaticamente que o livro de Daniel estaria selado at o fim do tempo que a nossa atual gerao1

xodo 3:1-5.

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quando ento seria aberto considerao. Os sbios entendero declarou o Santo anjo.1 Assim as profecias de Daniel demandam hoje absoluta ateno e diligente estudo por parte de todos os cristos. Isto fortific-los- e elev-los- a uma inaprecivel experincia nova com relao f e a verdade revelada de Deus. Tdas as profecias de Daniel ligadas ao nosso tempo findam com o estabelecimento do reino de Deus e a volta de nosso Senhor Jesus Cristo, pelo que devem ser examinadas com todo o intersse e respeito, vividas para sermos capacitados categoria de verdadeiros cristos nste derradeiro tempo do fim, e estarmos prontos para recebermos do supremo Rei as boas vindas ao eterno reino que le vir inaugurar. * * * Quando falamos em profecias, um dos principais fatores de importncia que surge a pessoa do profeta. Mas, um profeta no profeta porque desejou s-lo ou porque fez-se profeta por si mesmo. O profeta o indivduo a quem Deus chama e o investe no encargo de profeta, para exercer o ofcio de profeta. Em nenhum caso um profeta de Deus investira-se nste honroso encargo por sua conta prpria. No qualquer homem que est categorizado a ser um profeta de Deus. Qualquer um deles no escolhera Deus para to alta funo de profeta. O homem d preferncia de Deus para ser Seu honrado profeta, deve ser distinto, possuir qualidades que o habilitem a ste to sagrado ministrio. Ser um servo leal de Deus fiel em todos os sentidos aos reclamos de Sua divina vontade como exarada em sua santa lei; um homem humilde, despretencioso, zeloso da honra de Deus, de Sua causa e de Seu povo; um fervoroso porta-voz de Deus desembaraado deste mundo, de absoluta confiana, de fervente f e de muita orao. Enfim, um homem que consinta em que Deus o dirija na obra para a qual chamado e empossado. Assim foram os profetas de Israel na antiguidade homens de absoluta honradez e elevada consagrao. Assim foi de modo particular e glorioso o profeta cujo importante livro estamos considerando Daniel, o honrado de Deus. Outrossim, o profeta no prev coisa alguma. Tudo o que le propala oralmente ou por escrito, em virtude de sua investidura como profeta lhe antecipadamente mostrado ou revelado por Deus. Como profeta le to somente um porta-voz de Deus. um mensageiro de Deus portador de uma mensagem de poder de1

Daniel 12:4-10.

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aprovao, de repreenso, de conselho ou de previso do futuro bom ou mau. Uma importante pergunta: Como transmitida ao profeta a revelao de Deus? Sbre isto veja-se: 2. Parte, ttulo: Uma Viso num Sonho Noturno. Portanto, as profecias das Sagradas Escrituras, procedentes da pena dos profetas de Deus, as nicas inspiradas e verdadeiras, no podem ser interpretadas segundo o molde do pensamento humano. Exclusivamente os eventos histricos delas comprobatrios so os seus legtimos interpretes. A profecia disse Arturo T. Pierson, representa uma fechadura, para a qual s uma histria subsequente pde proporcionar a chave. Ser uma preterio muito absurda do indivduo, seja quem ele possa ser, arrogar-se intrprete da revelao proftica de Deus. O autor desta dissertao sbre o livro de Daniel, no interpretou em absoluto nenhuma de suas providenciais profecias. O que le fez foi to somente reunir os seus legtimos intrpretes os testemunhos histricos evidentes, colocando-os lado a lado com elas. Disto resultou ste livro que, injustamente, trs o nome de quem o escreveu quando o seu legtimo autor a Histria que cumpriu rigorosa e gloriosamente todas as profecias de Daniel mesmo em seus mnimos e impressionantes detalhes. O nico mrito que o escritor desta obra requereu para si e que recompensou mais que tudo, seu hercleo esforo, foi o prazer de v-la sair do prelo para as mos de milhares de leitores e sinceros pesquizadores da verdade proftica de Deus. A profecia nada mais , segundo a palavra de So Pedro, do que uma luz que alumia em lugar escuro.1 Todo o futuro do mundo tem sido iluminado ao povo de Deus pela palavra da profecia. Seu povo que tem marchado atravs dos sculos em demanda de Seu reino de paz e perfeio, no tem andado s cgas. Todo o futuro lhe tem sido claro, e isto lhe revelou Deus pelas profecias infalveis, para que se precavesse em face de seus inimigos de emboscadas ao longo do caminho. Todos os movimentos dos grandes imprios e das naes da terra foram e so controlados por Deus e revelados a seu escolhido povo que em meio s to variadas mutaes da Histria prossegue para o supremo alvo o glorioso reino do Senhor. Tudo, porm, no que respeita aos marcos principais da Histria foi traado por Deus e comunicado aos profetas Seus servos, principalmente a Daniel e So Joo. Os dois grandes livros, Daniel e Apocalipse, so os que1

II S. Pedro 1:19.

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enfeixam as principais profecias inspiradas, cujo cumprimento histrico tem sido incontestvel e irrefutvel. Resumindo, dizemos: luz da palavra proftica marcha a Histria e com ela marcha o Povo de Deus. * * * H nas Sagradas Escrituras dois livros de suma importncia; o de Daniel no Velho Testamento e o do Apocalipse no Novo Testamento. No queremos dizer que os outros livros dos dois Testamentos no so importantes. O que dizemos que stes dois livros salientam-se mais que todos pelas mensagens profticas que contm e pelo tempo em que foram reveladas. Posto que o Apocalipse encerre uma mensagem proftica que enche tda a era crist de primeiro ao segundo advento de Cristo a mensagem do livro de Daniel enche duas eras antes de Cristo desde Babilnia e depois de Cristo at ao Seu segundo advento. Todavia, a importncia do livro de Daniel jaz no fato de ser sua revelao especialmente para a atual gerao pois foi selada at ao presente tempo.1 Acham-se sbre ns os perigos dos derradeiros dias, e cumpre-nos vigiar e orar, estudar e dar ouvidos s lies que nos so dadas nos livros de Daniel e do Apocalipse.2 Que gloriosa luz deu-nos Deus para este final da histria humana! Anda na escurido apenas aquele que o quer! H necessidade urgente e premente de uma acurada investigao das profecias de Daniel e do Apocalipse, afim de saberse com preciso o que Deus requer dos homens, mrmente dos cristos, que esperam ser sditos do futuro reino de Cristo. Os dois livros podem ser considerados um s. Ambos se interpretam mutuamente. Os detalhes que possam ser obscuros no livro de Daniel so muitas vzes esclarecidos por comparao no livro do Apocalipse. O livro de Daniel tem seu lugar evidente no livro do Apocalipse e neste aparece le claramente aberto e descerrada a sua mensagem outrora selada. As profecias do Apocalipse so o complemento das profecias de Daniel. Ambos os livros se autentificam. Se as vises de Daniel houvessem sido estudadas com interesse o povo entenderia melhor as de S. Joo. Ambos os livros Daniel e Apocalipse dizem o que a verdade que o mundo tanto carece no presente sculo. Os perigos dstes finais dias requerem um1 2

Daniel 12:4. Testemunhos Seletos, ed. mundial, E. G. White, Vol. II pgina 410.

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eficaz exame de ambos os livros e uma aceitao sincera da mensagem una que encerra. No h outro meio de escapar aos rigores da iminente crise que se aproxima inexorvel. Aqueles que neste solene tempo estudarem as profecias dstes dois profetas, recebero grande luz de Deus. A cristalina verdade lhes brilhar claramente como o sol de meio dia. Quando os livros de Daniel e Apocalipse forem bem compreendidos, os crentes tero uma experincia religiosa inteiramente diferente. Ser-lhes-o dados tais vislumbres das portas abertas do Cu que o corao e mente se impressionaro com o carter que todos devem desenvolver afim de alcanar a bemaventurana que deve ser a recompensa dos puros de corao.1 Porm, por culpa dos mestres religiosos em declarar que os livros de Daniel e Apocalipse so livros fechados, obscuros e incompreensveis mistrios, o povo tem com grande perda espiritual se afastado deles. sses falsos lderes de religio esto mais capacitados a receber e abraar com entusiasmo as suposies dos gelogos ateus modernos que contrariem abertamente o primeiro captulo do Gnesis, do que as cristalinas verdades profticas de Daniel e Apocalipse e de outras pores das Sagradas Escrituras. Grandes tem sido os preconceitos dos lderes do cristianismo nominal contra os maravilhosos livros de Daniel e do Apocalipse. A verdadeira razo de tais preconceitos no fato de a mensagem dos aludidos livros no se prestar ambiciosa poltica religiosa dsses pretensos guias espirituais. J os judeus de ontem e de hoje por seus malsos preconceitos, recusaram o livro de Daniel porque as suas profecias apontavam to insofismvel para o tempo de vinda do Messias, e to diretamente lhes predizia Sua morte, que eles descorooavam o estudo dessa profecia, e finalmente os rabs pronunciaram a maldio sbre todos os que tentassem uma contagem do tempo. Em sua cegueira e impenitncia, o povo de Israel tem permanecido, por mil e novecentos anos, indiferente ao misericordioso oferecimento da salvao, desprecupado das bnos do evangelho, como solene e terrvel advertncia do perigo de rejeitar a luz do Cu. Deus confiou estas profecias aos dirigentes judeus; estariam sem desculpas si no soubessem nem declarassem ao povo que a vinda do Messias estava s portas. Sua ignorncia era o resultado da pecaminosa negligncia. Absortos em suas ambiciosas lutas para conseguir posio e poderio entre os homens, perderam de

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Testemunhos para Ministros E. G. White, pg. 114.

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vista as honras divinas que lhes eram oferecidas pelo Rei do cu. 1 E, sse cristianismo que por a vai, despido da justia de Cristo e da alma da religio crist, est fadado, por sua absoluta culpabilidade em negligenciar e relegar as profecias de Daniel e do Apocalipse, a receber com aqueles o prmio que o cu tem reservado aos que menosprezam a inspirao de Deus para o bem e salvao da humanidade. * * * O TEMA DO LIVRO DE DANIEL um privilgio quasi sobrenatural estudar o grande livro, suas famosas profecias tratam dum conflito multi-secular entre a vontade de Deus e a vontade do homem; entre a verdade do cu revelada e o tradicionalismo doentio dos apstatas; entre o supremo Governador do universo e os frgeis governadores do mundo. No centro dste conflito, segundo as profecias de Daniel, est o povo de Deus alvo de hostilidades das foras do mal; civis e eclesisticas. Durante o domnio dos quatro grandes imprios e a diviso de Roma at ao presente, a igreja de Deus, de acordo s profecias de Daniel e os fatos comprobatrios, foi visada pelos opressores tanto no que respeita ao velho como ao novo Israel. Os referidos poderes a oprimiram e a dizimaram; encarceraram seus componentes e os quebraram. Por conseguinte, o tema do livro de Daniel no visou nem visa simplesmente indicar o levantamento e queda de poderosos reinos e naes, mas demonstrar como Deus encerra o orgulho do homem e joga a glria no p como Deus lana abaixo o poderoso e desptico governador e estabelece outro em seu lugar; como le controla os poderes polticos e eclesisticos da terra de modo a facilitar a marcha ascendente vitoriosa de Seu povo a despeito de srios obstculos, oposies e incontveis perseguies. dentro dste tremendo conflito que devemos estudar o livro de Daniel. Se todos os maus crticos o estudassem e o considerassem dentro dste escopo, seguramente abjurariam suas oposies e teriam uma nova viso da grande revelao de Deus aos homens atravs de Seu grande e honrado profeta Daniel. Dste modo o tema geral do livro de Daniel, em outras palavras, demonstrar aos poderosos da terra que les so meros nadas e que Deus o verdadeiro Soberano que os pe no governo do1

O Conflito dos Sculos, E. G. White, pg. 378, 312.

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mundo e das naes e dle os depe, afim de que seu escolhido povo possa cumprir livre e desembaraadamente a sua misso enquanto marcha vitorioso em demanda do reino eterno. * * * A mensagem bsica, fundamental do livro de Daniel a interveno de Deus no domnio do homem no mundo. O clmax da mensagem do livro o estabelecimento do reino de Deus na terra. As profecias dos captulos dois, sete e oito que historiam o domnio do homem, culminam com a futura vinda do glorioso reino. A segunda vinda de Cristo para ajuste com os poderes constitudos o desfecho anunciado sbre a m administrao do homem nos negcios da terra, que se opem aos planos e intentos de Deus. A histria do mundo revela uma contnua anarquia resultante da dominao do homem e seu desqualificado despotismo arrogante e destruidor. A interveno de Deus, clara nas profecias de Daniel, por um dramtico fim ao abuso e exterminar totalmente um domnio que se tem demonstrado falho e prejudicial civilizao humana. Fogo, rezam as profecias, ser o remdio de Deus para estirpar o mal crnico da arrogncia e da desmedida opresso. O dono do mundo vir governar aqui, pois s le sabe governar. O homem insiste em governar sem saber governar. E, at agora, le prprio tem provado por seu govrno na terra, que na verdade no sabe dirigir os destinos da civilizao. Seu govrno findar para dar lugar ao govrno de Deus. * * * O Livro de Daniel contm uma mensagem especial para o tempo do profeta. A vida pessoal de Daniel como primeiro ministro dum imprio mundial j constitua uma mensagem de Deus para o seu tempo, mormente para Nabucodonosor, rei de Babilnia, e sua crte. Os quatro primeiros captulos de seu livro encerraram uma poderosa mensagem sob vrios aspectos dirigida ao rei Nabucodonosor e seu reino. Cada um dstes captulos contm uma especial mensagem de Deus a Babilnia e seu soberano. No primeiro capitulo vemos quo estupendo fra que o prprio monarca tenha proclamado a altas vozes a superioridade intelectual de Daniel e seus trs companheiros servos do Deus de Israel no exame final da universidade da crte. Foi uma fenomenal mensagem apelativa ao soberano relativa supremacia do Deus do cu, o Deus de Israel. 17

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O captulo dois enfeicha talvez a mais poderosa mensagem de Deus diretamente concedida ao rei Nabucodonosor em um sonho inspirado. A grandeza de seu reino e sua queda ficaram claras na interpretao de Daniel. Foi revelado aquele monarca que Deus quem empossa e depe os governantes das naes estabelece e remove os reinos. Exemplo frizante disso temos nas numerosas naes e povos que desapareceram para sempre na histria, e isto por determinao do Conselho de Deus segundo profecias muito evidentes de Isaas, Jeremias, Ezequiel e outros profetas de Deus. O captulo trs compreende uma viso do prprio Filho de Deus, em pleno forno de fogo na libertao dos trs hebreus injustamente sentenciados. Sua apario visou convencer o rei Nabucodonosor de Seu poder e certific-lo da inutilidade em batalhar contra a causa do cu esposada e propagada na vida e obras de Seus representantes em sua corte real. O captulo quatro relata a mais direta ao de Deus contra Nabucodonosor, visando convert-lo de uma vez para sempre. O soberano reconheceu afinal a mo de Deus sobre si, sua misericrdia em procurar salv-lo ainda que dum modo dramtico e tremendo. O capitulo cinco refere a mensagem do cu ao ltimo rei de Babilnia Belshazzar. Foi uma mensagem de juzo e condenao. Na interpretao de Daniel ficou assentado que Deus deu o imprio de Babilnia aos medos e persas, fato que mais uma vez demonstra que Deus exerce o controle das naes. Assim os cinco primeiros captulos do livro de Daniel encerram a mensagem especial de Deus para o seu tempo no que respeita a Babilnia e seus monarcas. O captulo seis contm a mensagem de Deus no que concerne Medo-Prsia de Dario, o Medo. Uma mensagem de poder que revelou ao monarca e seus corteses o pso do carter dum homem que representa a Deus na terra. O livramento de Daniel na cova dos lees, como antes o dos trs jovens hebreus na fornalha de Nabucodonozor, foi a mais poderosa mensagem de Deus a Dario, sua corte e seu inteiro reino que foi notificado do espetacular livramento. O captulo dez contm a mensagem de Deus a Ciro, relativa luta renhida que se travou na Judia ao tempo da reconstruo do templo pelos cativos judeus libertos. Ciro pde ver a mo auxiliadora de Deus na proteo de Seu povo, e nada mais teve a resolver seno ceder diante da influncia do Excelso Deus. Assim os seis primeiros captulos e mais o dcimo, enfeixam a mensagem do livro de Daniel para o seu tempo que revelou a 18

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supremacia de Deus sbre todos os poderes e inclinou os reis a reconhecerem-nO como o Supremo Monarca do universo. * * * O livro de Daniel contm mensagens especiais para os ltimos dias. Sete profecias h no referido livro relativas ao povo de Deus do derradeiro final da histria do mundo. A primeira a abertura do livro de Daniel, o estudo de suas profecias, principalmente a do versculo quatorze do captulo oitavo, que resultaria, como resultou, no grande movimento religioso do sculo dezenove tal como anunciado por So Joo no dcimo captulo do Apocalipse.1 A segunda a restaurao do evangelho desde o ano de 1844 ou desde o final das duas mil e trezentas tardes e manhs, segundo o captulo oito versculo quatorze. Uma gigantesca obra de restaurao final do evangelho da graa pela apostasia; um derradeiro convite evanglico da graa antes do fechamento da sua porta; um extraordinrio movimento missionrio mundial do povo de Deus apontado tambm nas profecias do Apocalipse, captulo dez, onze, doze, quatorze e dezoito. A terceira a purificao do santurio celestial ou o juzo de investigao, desde o ano de 1844 ao trmino da obra da graa, que envolveria apenas o povo de Deus como o envolve, e cujo objetivo, perdo-lo, remover seus pecados do santurio e conceder-lhe sentena favorvel pelo Supremo Juiz em face da obra meditria de Cristo.2 A quarta a proteo do Senhor e Seus escolhidos no tempo da cruel angstia que se seguir ao encerrar-se a graa redentora e a intercesso de Cristo por les diante de Seu Pai, o Juiz Supremo.3 Os santos estaro garantidos na tempestade. A quinta o segundo advento de Cristo para libertar Seu povo e lev-lo para o glorioso reino, acontecimento futuro tambm anunciado pelos profetas, por Cristo mesmo pessoalmente e pelos apstolos, mormente por So Joo nas profecias do Apocalipse.4 A sexta so duas ressurreies simultneas especiais dos que morreram na f da terceira mensagem anglica e dos que1 2

Daniel 12:4. Daniel 8:14; 7:9-10; 13-14, 22. 3 Daniel 12:1. 4 Daniel 12:1.

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crucificaram Jesus, aquela para a vida eterna e esta para vergonha e desprso eterno.1 A stima a ressurreio dos santos de todos os sculos para o novo e eterno reino, incluso Daniel, que com les estar na sua crte no fim dos dias.2 Depois dstes setuplos acontecimentos, a terra estar no seu glorioso perodo de paz imperturbvel e passando ela a ser a morada perptua da divindade onde a comunho com o Pai celeste e o maravilhoso Salvador ser gozada pelos remidos atravs dos infindveis sculos da eternidade. * * * O livro de Daniel pode ser chamado um manual de histria e profecia. A profecia predita uma prvia histria e a histria a profecia predita passando em revista. As quatro linhas de profecias do livro de Daniel captulo dois, sete, oito e dez so um breve esboo da histria do mundo desde Babilnia ao fim do tempo. Cada uma destas linhas alcanar o seu clmax quando o Deus do cu estabelecer o Seu reino que jamais ser destrudo. As profecias de Daniel constituem uma divina ponte construda sbre o abismo dos sculos at s iluminadas praias da eternidade. Uma ponte pela qual, aqueles que como Daniel propem em seus coraes amar e servir a Deus, possam transp-la pela f da incerteza e aflio da vida presente paz e segurana da vida futura. As maiores mensagens do livro de Daniel so o primeiro e o segundo adventos de Cristo e o estabelecimento do reino de Deus. interessante notarmos o emprego no livro de Daniel, pela Revelao, para representar imprio, naes e indivduos, de smbolos como metais vrios, animais diversos, chifres, rvore e um Homem vestido de linho. Foram tambm assentados quatro perodos profticos: Um tempo, dois tempos e metade de um tempo; duas mil e trezentas tardes e manhs; mil duzentos e noventa dias e mil trezentos e trinta e cinco dias. Inmeros indivduos tiveram o seu papel marcado pela Revelao do livro de Daniel sem que fssem simbolizados ou nominalmente citados.

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Daniel 12:2. Daniel 7:27; 12:13.

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* * * O livro de Daniel compreende duas distintas sees: A histrica, captulos um a seis, e proftica, captulos sete a doze. A seo histrica, que a primeira do livro, pode ser considerada como um prefcio da sesso proftica. Com exceo do sexto captulo, os cinco primeiros referem a dois exclusivos monarcas babilnios: Nabucodonosor e Belshazzar. Os quatro primeiros captulos tratam direta e exclusivamente ao rei Nabucodonosor em suas relaes com o Deus de Israel atravs de Daniel e seus trs companheiros. O quinto historia o trgico fim do imprio de Babilnia e de seu ltimo soberano sob o juzo divino. O sexto captulo menciona um s rei Dario, o Medo, em suas relaes com o Deus de Israel atravs de Daniel. Cada captulo desta seo histrica encerra uma lio bsica do cu dirigida ao monarca do reino mundial dominante no tempo de sua mensagem, bem como aos governantes das naes de todos os tempos de que a supremacia pertence a Deus e no ao homem. Revela esta seo ainda, principalmente trs dramticos espetculos em que estiveram em perigo de vida os servos de Deus Seus representantes na crte do mundo de ento. O cu, porm, estava a postos e interviu nos momentos precisos para livr-los de perecerem. Entretanto, os reis que correspondem a esta seo foram ricamente abenoados pela presena dos embaixadores de Deus em suas cortes, e os prprios negcios de seus reinos prosperaram pela sabedoria com que cumpriram a misso de que foram incumbidos por Deus. A seo proftica do livro salienta-se por trplice resumo: 1) Despotismo poltico opressivo; 2) despotismo eclesistico apstata; 3) religio verdadeira triunfante. As profecias desta seo subordinamse a trs vises de Daniel (caps. 7, 8, 10), e tratam de poderosos imprios, de grandes e influentes naes, dum arrogante poder religioso intolerante e do propsito de Deus com Seu povo. O desfecho da crise da histria assinalado pela interveno de Cristo no mundo como soluo nica para os incontveis e insolveis problemas da terra que afligem e desesperam as naes e os povos. O quadro geral desta seo verdadeiramente sensacional no que respeita a seu simbolismo. No que se relaciona aos grandes imprios, dum lado so representados por terrveis feras insaciveis de sangue, enquanto por outro lado por animais pacficos atuando como indomveis e bravios. O poder religioso apstata, representado 21

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num chifre pequeno com olhos e bca, o que mais chama a ateno por suas palavras altivas e seu aberto levante e audcia contra, o cu, enquanto reduz a nada o poder dos soberanos da terra sobre os quais se impe inexorvel. Todavia, em meio ao dantesco espetculo das foras do mal em ao, deparamos as profecias que tratam do plano de Deus de restaurao de tudo e da marcha vitoriosa de Seu povo por entre os sculos em meio a um dilvio de oposies e um inferno de perseguies. V-se claramente a mo do Onipotente no leme da nau do mundo conduzindo Seus planos a bons termos e guiando Seu povo ao porto seguro e glorioso da eternidade, a despeito dos tantos recifes do caminho. Damos a seguir um esboo rpido das duas sees do livro de Daniel, em que aparecem os ttulos chaves de cada capitulo, tais como expostos em tda a dissertao. No afirmamos que estes ttulos correspondam inteira matria de cada captulo; porm, como o fizemos, julgamos ter escolhido os que mais se aproximam da essncia do mais importante contedo histrico ou proftico de cada captulo: Capitulo primeiro: Embaixadores de Deus na corte de Babilnia. Capitulo segundo: O impressionante sonho dos imprios. Captulo terceiro: Uma poderosa lio de liberdade de conscincia. Captulo quarto: O seguro resultado na procrastinao. Captulo quinto: O banquete fatal de Babilnia. Captulo sexto: Vitria na cova dos lees. Captulo stimo: O drama das opresses polticas e religiosas. Captulo oitavo: O santurio celestial e o Augusto Tribunal de Deus. Captulo nono: O tempo proftico do advento do Messias. Captulo dcimo: A interveno de Cristo na crte persa. Captulo undcimo: Luta de morte pela supremacia poltica. Captulo duodcimo: O desenlace da crise da Histria. * * * importante considerarmos em rpidas pinceladas o mundo nos dias de Daniel. interessante atentarmos em primeiro lugar que, 22

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ao atingir Daniel a idade de doze anos (612 a.C.) o imprio assrio, outrra poderoso no mundo, cara nas mos de Nabopolasar, seu forte vassalo governador de Babilnia. O Egito, que antes da Assria era a potncia suprema na frica e na sia, vira na queda desta potncia que o vassalara uma nova chance de reabilitar-se sua primitiva supremacia. Mas no teve mais foras para erguer-se e todo o seu empenho nste sentido foi em vo diante do nvo poder de Babilnia sob os caldeus que se levantava para dominar a terra inteira. A ste tempo trs novos poderes cresciam e esperavam na fila da Histria a sua vez de dominao mundial Medo-Persa, Grcia e Roma. Porm, o que mais importante se nos apresenta quanto poca de Daniel, o imprio de Babilnia, no qual le viveu durante 70 anos, em cuja crte foi primeiro ministro enquanto embaixador do Rei do universo. de importncia apreciarmos a origem do imprio de Babilnia, no Captulo II, titulo: A Origem do Imprio de Babilnia. Veja-se tambm, no mesmo Captulo, o ttulo: Nabucodonosor Rei do Mundo. Estava, pois, o mundo sob um s poderoso soberano e uma s vontade o rei Nabucodonosor. Uma absoluta vaidade caracterisou o reinado mundial dste potentado. O povo de Deus jazia fora de sua terra, em cativeiro no Oriente. Dois homens foram especialmente tomados por Deus naquela solene poca histrica enquanto o povo do Senhor jazia em cativeiro: Nabucodonosor e Daniel. O primeiro para assegurar a paz na terra e o segundo para influenciar no primeiro toda a simpatia, benevolncia e proteo ao cativo povo de Deus. Assim era o mundo nos dias de Daniel e da revelao da extraordinria mensagem de seu livro. * * * Lamentvelmente h vrias adies apcrifas no livro de Daniel. H em tda a Bblia sete livros essencialmente apcrifos. Foram introduzidos pela primeira vez na Verso dos Setenta. So les; Tobias, Judite, Sabedoria, Eclesistico, Profecia de Baruque, I Macabeus, II Macabeus e adies no livro de Ester. Passaram depois a figurar em outras verses incluso a Vulgata ou Catlica donde a verso brasileira do Padre Matos Soares. stes livros apresentam-se sem o respectivo autor, pelo que atestam sua origem, apcrifa, o que no sucederia se fssem inspirados do cu. Alm de tudo, falta nles o elemento proftico. Josefo sustm (Ap. 1,8) que o ensino exato, fiel e preciso dos profetas foi interrompido depois do fcho do Velho 23

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Testamento. Desde Malaquias (crca de 400 a.C.) at Joo Batista, nenhum profeta foi levantado por Deus. O prprio primeiro livro dos Macabeus fala na ausncia de profetas.1 Tambm a leitura de tais livros j indica no terem sido inspirados, havendo at pores que contradizem as mensagens dos livros autnticos e inspirados. digno de meno que nenhum dos profetas verdadeiros fez qualquer aluso dos livros apcrifos. Cristo jamais se referiu a les, e mesmo os apstolos e a igreja apostlica jamais importaram-se com les. O canon hebreu que a coletnia dos livros inspirados atravs os profetas de Israel, no contm os apcrifos citados. Justino, o mrtir, Origenes, Jernimo e S. Agostinho aprovaram o cnon judico sem os apcrifos. Wiclife afirmou no terem autoridade de credo e Lutero declarou: no serem iguais s Escrituras. A Assemblia de Telogos de Westminster em 1643, excluiu os livros apcrifos. Em 1643, o Dr. Lightfoot na Cmara dos Comuns, referiuse aos desprezveis apcrifos, como remendos de inveno humana. Para termos uma idia da falsidade destes apcrifos: Tobias 6:6-8, autoriza o charlatanismo; II Macabeus 12:44-45, recomenda ofertas e oraes pelos pecados dos mortos; Judite 9:9-10, especialmente, propugna e justifica o engano; Sabedoria 8:19-20, ensina a reencarnao. E h outras contraditrias declaraes. O valor dos apcrifos, portanto, como fonte de verdade e edificao espiritual, nulo, e devem ser eles rejeitados como nocivos f e aos costumes do so cristianismo. O livro de Daniel foi tambm alvo da injuriosa bagagem de edies apcrifas. Segundo a Bblia Catlica do Padre Matos Soares traduo da Vulgata Latina o captulo trs contm duas adies apcrifas: A orao de Azarias, na fornalha ardente, e o cntico dos trs jovens, tambm na fornalha ardente. O captulo treze encerra a histria de Suzana e dois velhos por ela apaixonados, bastante vergonhosa para que Daniel a inserisse em seu glorioso livro. E o capitulo quatorze e ltimo contm duas ridculas histrias; A de Bel e a do Drago, em que o impdico desconhecido autorapcrifo envolveu a Daniel, aquele santo e puro carter, como tambm envolvido na histria de Suzana pelo mesmo impdico autor ignorado que a inventou. Estas adies apcrifas ao livro de Daniel constituem franca contradio da narrativa total e original do livro do profeta. Daniel seria muito insensato para introduzir em sua belssima obra inspirada1

I Livro dos Macabeus cap. 4 verso 46.

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tamanhas aberraes e tolices. Nelas bem patente o dedo do inimigo de tda a justia que com facilidade extrema serviu-se de apstatas declarados para macular um santo livro como o de Daniel, do mesmo modo como o fz com outros das Sagradas Escrituras. A eterna verdade de Cristo foi assim maculada com a presena destes esprios escritos; foram vituperados os servos de Deus que falam em Seu nome; e foi ofendido o Esprito Santo o Agente da inspirao de procedncia celestial. Os verdadeiros cristos rejeitaro os apcrifos e daro preferncia s Bblias que so isentas deles como prejudiciais f crist. Guerra, pois, aos injuriosos apcrifos de origem meramente humana, faltos da inspirao divina e ofensivos a Deus e sua justia. * * * Seria um milagre se um livro como o de Daniel, cujas profecias so to exatas e to evidentemente comprovadas por irrecusveis testemunhos histricos fsse isento dos ataques de Satans. Deveras nenhum outro livro tem sido to atacado como ste grande livro inspirado. O inimigo do direito tem estado a postos atravs dos sculos para opr-se autenticidade e inspirao dos livros das Escrituras Sagradas, principalmente o livro de Daniel. Durante dezesseis sculos homens mpios filsofos pagos e incrdulos tm procurado derribar a sua autenticidade. Mas le se tem demonstrado como uma bigorna sbre a qual os martelos dos crticos se tm despedaado. Os lderes do judasmo, os prprios compatriotas de Daniel, foram os primeiros a olhar com olhos vesgos ao profeta como profeta e a seu livro como matria inspirada de crdito. Deram ao referido livro um lugar inferior no Canon. No o inscreveram na srie dos grandes profetas Isaas, Jeremias e Ezequiel e nem mesmo entre os chamados profetas menores, mas o colocaram entre os Escritos (Kethubins ou Hagigrafos) ao par com livros poticos e histricos. Esta atitude equivaleu ao no reconhecimento legal em absoluto de Daniel como um profeta de importncia e a seus escritos como de valor real. Outrossim, o colocaram entre os sbios homens que, embora senhores do Dom de Profecia, no so chamados profetas nos livros que trazem os seus nomes. Assim repudiaram os rabinos a Daniel e seu livro dando-lhe apenas um lugar secundrio no cnon. Uma das razes do infeliz repdio judaico ao profeta e conseqentemente ao teu livro, consiste na alegao de que le, embora exercesse o dom proftico, no exerceu o ofcio proftico de mediador entre Deus e sua nao, como os demais profetas. Outra 25

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razo do injusto repdio o alegado fato de Daniel ter vivido em palcio como primeiro ministro dum reino opressor de seu povo em cativeiro e no entre os seus compatriotas opressos. Esqueceram-se, porm, que, no fra Daniel ali naquela corte estar como embaixador de Deus, no teriam tido seus antepassados cativos o ameno cativeiro que tiveram e muito menos um regresso seguro, em paz e com alegria, findo os 70 anos de exlio, para reconstrurem o seu lar nacional na Judia. , pois, injusta a atitude do judasmo contra Daniel e seu livro, e aqui fica o protesto contra esta descabida injria que o cu um dia vingar. * * * Uma outra oposio ao livro de Daniel, mais audaz e inspiradora de maior descrdito ao seu autor e sua mensagem, a que originou-se no terceiro sculo com o sofista srio e filsofo pago neo-platnico Porfrio (233-304 A.D ). Os impertinentes ataques de Porfrio e dos que aplaudiram suas objees temos a seguir: At o tempo comparativamente recente, com algumas poucas excesses, a genuinidade e autenticidade do livro de Daniel tem sido consideradas como estabelecidas, e sua autoridade cannica foi to pouco duvidada como a de qualquer outra poro da Bblia. Os antigos hebreus jamais duvidaram de sua autenticidade embora lhe dessem um lugar inferior no cnon pelo menos o equipararam aos livros histricos e poticos. O primeiro aberto e confesso adversrio da genuinidade e autenticidade do livro de Daniel, foi Porfrio, um ferrenho adversrio da f crist no terceiro sculo. Escreveu le (aos quarenta anos de idade) quinze livros contra o cristianismo (obra intitulada Contra os Cristos), dos quais todos se perderam, exceto alguns fragmentos preservados por Eusbio, Jernimo e outros. Suas objees contra Daniel foram feitas em seu dcimo-segundo livro, e tudo o que temos de tais objees foi preservado por Jernimo em seu comentrio sbre o livro de Daniel. Uma inteira informao, suas objees contra os cristos e os livros sagrados do Velho e Nvo Testamentos, tanto quanto agora se conhece, pode ser encontrado em Lardner Testemunhos Judaicos e Pagos, Vol. VII, pginas 390, 470, de suas obras, edio de Londres, 1829. De acordo a Jernimo, portanto, Porfrio insinuou que o livro de Daniel no foi escrito por aquele cujo nome o livro trs, mas por 26

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outro que viveu na Judia no tempo de Antoco Epifanes no segundo sculo a.C.; e que o livro de Daniel no prediz coisas futuras, mas relatos daquilo que j havia sucedido. Numa palavra, seja o que fr que ele contenha do tempo de Antoco histria verdadeira; se h alguma coisa relatada para tempos futuros falsidade; porquanto o escritor no podia ver coisas futuras, se no que quando muito somente podia fazer algumas conjecturas sbre elas. A le diversos de nossos autores tm dado respostas de grande trabalho e diligncia, em particular Eusbio, bispo de Cesaria, em trs volumes. Apolinarius, tambm, em um vasto livro, que o 26., e antes deles, em parte, Methodius. Como no meu objetivo, disse Jernimo, refutar as objees do adversrio, que podia requerer uma longa exposio, mas apenas explanar o profeta a nosso prprio povo, isto os cristos, observarei que nenhum dos profetas falou to claramente de Cristo como Daniel, porque le no somente predisse Sua vinda, como igualmente outros fizeram, mas tambm anunciou o tempo quando le apareceria, e menciona em sua ordem os prncipes do espao intermedirio, o nmero de anos e os sinais de seu aparecimento. E em virtude de Porfirio vr que todas estas coisas se cumpriram, e no podia negar que todas elas em seu tempo j tinham passado, foi le compelido a dizer, como disse; e devido a similitude de algumas circunstncias, afirmou que as coisas preditas para serem cumpridas pelo Anticristo no fim do mundo, cumpriram-se no tempo de Antoco Epifanes. Tal espcie de oposio um testemunho da verdade; porque tal o plano de interpretao das palavras, que aos homens incrdulos o profeta parece no predizer coisas futuras, mas descrever coisas j passadas.1 Porfrio fundou-se em certos extraviados autores gregos pagos para suster a sua inglria oposio. Suas opinies, porm, exerceram pouca influncia nos sculos subsequentes no Oriente e nenhuma no Ocidente, e o primitivo ponto de vista correto sbre Daniel e seu livro dominou tda a Idade Mdia. Cristos e judeus, catlicos e protestantes, estiveram geralmente unnimes que o livro de Daniel foi escrito durante o exlio do autor em Babilnia no sexto sculo a.C. * * * A teoria de Porfrio jazeu dormindo a maior parte do tempo at depois da Reforma, quando foi trazida de sua obscuridade por Hugh1

Source Book for Bible Studentes, ed. 1927, pg. 127.

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Broughton (1549-1612) da Inglaterra. Desde ento tem sido ela ventilada especialmente por Johann S. Semler (1791), Wilhelm A. Corrodi (1793), Leonhard Bertholdt (1806-1808) e outros que nada fizeram seno repetir as declaraes de Porfrio, o assaltante nmero um do cristianismo no terceiro sculo. Os que propagam esta deletria teoria de Porfrio, o fazem sem conhecimento real de sua origem e de seu verdadeiro objetivo, que era simplesmente depreciar o cristianismo. Ningum, pretendem os maus crticos, exceto um compatriota de Antoco IV Epifanes, rei da Sria, no segundo sculo, seria capaz de referir com tal exatido os eventos daquele tempo. Portanto, o escritor do livro de Daniel, afirmam les como Porfrio deve evidentemente ter sido um erudito, ou um personagem cujo corao encheu-se com o santo desejo por comunicar fra e valor a seu povo naquele preciso tempo de guerra e perseguio do perodo Macabeu. le deve, afirmam, ter sido uma figura saliente que tomou o nome de Daniel como seu pseudnimo, para dar maior pso s suas exortaes e predies. Mas, bastante estranho que o incgnito autor, assim chamado, escrevesse o livro de Daniel como exortao aos hericos Macabeus perseguidos e em armas contra a Sria e nada se referi-se a essa guerra, ao esforo de seu povo em aflio e jamais referisse no livro o nome Macabeu! Para fortalecer o seu ponto de vista, os crticos lanaram mo do fato de no ser Daniel mencionado entre os profetas, no Cnon judeu, e nem na importante lista de homens do livro de Eclesisticus (Sirach), escrito cerca de 190-170 a.C. A concluso a que chegaram que o livro de Daniel deve ter sido escrito numa data posterior, provvelmente cerca de 165 a.C. Hoje grande nmero de expositores aceitam a posterior ridcula data da redao do livro de Daniel. Alis, no aceitam o sexto sculo como tempo em que o autor do livro o escreveu em Babilnia, mas sim o segundo sculo, ao tempo de Antoco Epifanes. * * * Dois pontos essenciais h levantados pelos discpulos de Porfrio em trno de sua teoria sbre o livro de Daniel: 1. Desde que certas profecias apontam Antoco IV Epifanes da Sria (175-164), e desde que, de acrdo s suas concepes, a maioria das profecias pelo menos as que demonstraram um acurado cumprimento foram escritas depois dos eventos descritos terem ocorrido, assim as profecias de Daniel, conforme estas suas 28

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preteries, devem ser datadas do tempo seguinte ao reinado de Antoco Epifanes e no de antes de seu tempo. 2. Desde que, a seo histrica de Daniel lembra certos eventos que discordam dos fatos histricos conhecidos nas fontes em vigor, estas discordncias asseveram os crticos podem ser justificadas simplesmente pelo fato de o autor do livro de Daniel ter estado distante dos eventos, tanto pelo espao como pelo tempo, e tambm pelo limitado conhecimento que possua do que sucedera nos stimo e oitavo sculos a.C., 400 anos antes. Replicamos: O primeiro argumento opositor, destitudo de valor para aqule que cr que o inspirado profeta fz acuradas e importantes predies concernentes ao curso da Histria, desde Babilnia aos fins dos tempos. O segundo argumento verdico no que afirma que Daniel descreveu alguns eventos que mesmo hoje no pedem ser verificados por meio das antigas fontes de material disponvel. Um de tais eventos a enfermidade de Nabucodonosor, que no mencionada em qualquer antigo relato existente e que os crticos tm-na como objeo ao livro de Daniel. A ausncia de relatrios seculares para uma temporria incapacidade do maior rei do imprio neo-babilnico no um fenmeno estranho em um tempo quando os relatrios do trno continham somente narrativas louvveis. Tambm enigmtico Dario, o Medo, cujo lugar na Histria no tem sido estabelecido por fatores de confiana no bblica. Veja-se Captulo IV, ttulo: E Dario, o Medo, ocupou o reino. Outras chamadas dificuldades histricas mencionadas no livro de Daniel foram j solvidas pelo incremento do conhecimento provido pela arqueologia moderna, como damos a seguir: 1. A suposta discrepncia cronolgica entre Daniel 1:1 e Jeremias 25:1, o primeiro texto dando conta que Nabucodonosor, como rei de Babilnia, tomou Jerusalm no terceiro ano de Joaquim; e o segundo definindo que o primeiro ano de Nabucodonosor como rei de Babilnia era o quarto ano de Joaquim. Porm, os conhecimentos e as descobertas arqueolgicas vieram comprovar em soluo a ste problema, 1) que Nabucodonosor era co-regente com seu pai Nabopolasar, tendo o ttulo de rei sem reinar como soberano oficial nico no trono; 2) que de acordo cronologia do trono de Babilnia, no era tomada em conta no cmputo do reinado o ano da asceno oficial de seus monarcas. Da o ano da asceno 29

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de Nabucodonosor, que foi o terceiro ano de Joaquim da Judia, no ter sido computado nos anos de seu reinado oficial como sucessor de seu pai Nabopolasar, sendo o seu primeiro ano, conforme a cronologia do trono e o relato do profeta Jeremias, em verdade o quarto ano de Joaquim. 2. Nabucodonosor apresentado em Daniel como o grande edificador de Babilnia,1, ao passo que esta honra havia sido dada pelos clssicos gregos rainha Semrames. Mas a arqueologia nestes ltimos 100 anos tem mudado inteiramente o quadro pintado pelos clssicos escritores e tem corroborado com o relato do livro de Daniel que credita a Nabucodonosor a honra de edificador e embelezador da grande cidade da Caldia. Semrames, chamada Sammu-ramat em inscries cuneiformes, foi agora descoberta como uma rainha me da Assria, regente de seu filho menor Adad-nirari III, e no como uma soberana de Babilnia como pretendem as fontes clssicas. As inscries demonstraram que ela jamais estve ligada com alguma atividade de edificao em Babilnia. De outro lado, numerosas inscries de Nabucodonosor provam que le tornou-se o criador de uma nova Babilnia pela reedificao de palcios, templos e de novos edifcios e fortificaes. Veja-se a exposio do versculo trinta do quarto captulo, ttulo: Nabucodonosor Enche a Medida. Tal informao de crdito a Nabucodonosor, inserida no livro de Daniel, ningum seno um escritor do sculo neo-babilnico podia ter fornecido. A presena de uma tal informao no livro de Daniel confunde completamente os maus crticos que no crm que seu livro tenha sido escrito no sexto sculo, mas antes no segundo sculo a.C. Um tpico exemplo do dilema que os envolve, a seguinte confisso de R. H. Pfeiffer, da universidade de Harvard:Ns presumivelmente jamais saberemos como o nosso autor tomou conhecimento, que a Nova Babilnia foi a criao de Nabucodonosor..., como as escavaes tm provado.2 BC, 748. 3. Belshazzar, rei de Babilnia, constituiu outra fortaleza dos crticos contra o livro de Daniel. At no faz muito tempo, Belshazzar era olhado atravs do livro de Daniel, onde unicamente era referido, como uma figura legendria, em virtude de a histria secular no o ter mencionado na lista cronolgica dos reis de Babilnia. O silncio que fizeram sobre Belshazzar os antigos historiadores, levou o mau criticismo a erguer-se contra a historicidade do livro de Daniel e a1 2

Daniel 4:30. Seventh-Day Adventist Bible Commentary, Vol. IV, pg. 748.

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duvidar mesmo da existncia deste rei. A dificuldade era acentuada pelo fato que diversas antigas fontes davam listas dos reis de Babilnia at ao fim da histria desta nao, as quais mencionavam Nabonidos, em diferentes perodos, como ltimo rei antes de Ciro, que foi o conquistador de Babilnia. Mas o livro de Daniel coloca os eventos imediatamente precedentes queda de Babilnia no reinado de Belshazzar. Porm, a alta crtica (ou baixa), inventou numerosas interpretaes para esplanar a aparente discrepncia ante os relatos bblicos e as fontes profanas. De acrdo a Raymond P. Dougherty, em Nabonidos e Belshazzar, pginas 13, 14; Belshazzar era (1) um outro nome do filho de Nabucodonosor conhecido como EvilMerodach, (2) um irmo de Evil-Merodach, (3) um filho de EvilMerodach, conseqentemente neto de Nabucodonosor, (4) um outro nome de Nergal-shar-usur, genro de Nabucodonosor, (5) um outro nome de Labashi-Merduch, filho de Nergal-shar-usur, (6) um outro nome dado a Nabonidus, (7) o filho de Nabonidus e uma filha de Nabucodonosor.1 Uma outra inveno dos crticos refere o nome de Belshazzar como uma inveno do escritor do livro de Daniel que viveu no tempo dos Macabeus no segundo sculo. Porm, nestes tempos modernos, a p e a picareta da arqueologia reduziram a frangalhos as pretenses e ataques da chamada alta crtica revelando a veracidade do registro de Daniel quanto a Belshazzar como personagem no imaginria ou legendria, no como filho dste ou daquele, mas como filho de Nabonidos e coregente com ste. Dentre os muitos achados arqueolgicos que revelam a existncia real de Belshazzar, citaremos uma insuspeita orao de Nabonidos, que julgamos o suficiente para confirmar os relatos de Daniel sbre Belshazzar. Ei-la abaixo; Quanto a mim, Nabunaid rei de Babilnia, livra-me de pecar contra tua grande natureza divina e concede-me longos dias de vida. E concernente a Belshazzar meu primognito, o rebento de meu corpo, seu corao encha t tambm com respeito de tua grande divindade, para que le jamais possa condescender no pecado. Permita-lhe satisfazer-se na abundncia de dias.2 Isto escreveu Nabonidus dirigindo-se a Sin, deus da Lua. Esta prpria declarao dste rei atestando Belshazzar como seu filho1 2

Seventh-Day Adventist Bible Commentary, Vol. IV, pg. 806. A Dictionary of the Bible, John D. Davis, art. Belshazar.

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primognito, que por direito seria o herdeiro do trno, suficiente para crermos na veracidade da pessoa histrica, dste soberano. Verdadeiramente ficam, pelas modernas descobertas da arqueologia, pulverizadas as oposies da alta crtica quanto historicidade do livro de Daniel, e mais que nunca este profeta de Deus e seu livro so reivindicados e exaltados como autnticos. * * * Segundo a teoria do pago Porfrio, o quarto reino dos captulos dois e sete de Daniel aplicado no perodo helenista: Babilnia contada como o primeiro imprio, Mdia como o segundo, Prsia como o terceiro, e Alexandre e seus sucessores como o quarto. Todavia a Mdia e a Prsia jamais formaram dois imprios mundiais separadas uma da outra ou uma seguindo outra ou um conquistado pelo outro. Tanto pela profecia como pela Histria secular constatamos que os dois poderes uniram-se num s para submeterem Babilnia, o primeiro imprio, e formarem assim o segundo imprio mundial, da profecia e da Histria. Mas a teoria de Porfrio do quarto reino helenista, define o chifre pequeno dos captulos sete e oito de Daniel, como aplicvel a Antoco IV Epifane rei da Sria. Porm, no captulo sete, o chifre pequeno, o mesmo do captulo oito, surge da cabea do quarto animal, que representa o quarto reino da terra ou Roma, e Antoco Epifanes, em seu tempo, representou o poder srio e no o poder romano.1 O chifre pequeno surgiu entre os 10 chifres do quarto animal, romano que representam os brbaros que dividiram Roma Ocidental e formaram a Europa moderna,2 e Antoco Epifanes no se levantou como rei em meio aos 10 reinos europeus e to pouco destruiu trs deles para sempre Hrulos, Vndalos e Ostrogodos como reza profecia que faria o chifre pequeno. Vr adiante, o ttulo: Estorvos no Caminho do Papado. Antoco reinou 11 anos e o chifre pequeno reinaria, como reinou, 1260 anos segundo a profecia. O reino que seguiu o imprio de Alexandre, no foi o reino de Deus, que, segundo a profecia, seguiria o quarto reino dividido em dez mas Roma-Pag foi que o seguiu. O chifre pequeno estenderia suas conquistas ao Oriente e ao Sul; mas Antoco Epifanes foi detido no Sul, no Egito, pela palavra de um mero oficial romano, Caio Pomplio Lena, veja pgina 339 e na Palestina foi derrotado, por fim na guerra dos Macabeus. E1 2

Daniel 7:23. Daniel 7:24.

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no Oriente, foi le derrotado em sua ltima expedio que resultou em sua morte. Vemos assim, uma vez, que a teoria de Porfrio, ainda hoje esposada pelos modernistas e encontrada na maioria dos comentrios crticos de que o livro de Daniel foi fabricado por um desconhecido no perodo Macabeu depois de ocorridos os fatos por le descritos, e no no sexto sculo por seu legitimo autor tem-se demonstrado ridcula e destituda de fundamento. Nenhuma profecia de Daniel a ela se ajusta, principalmente quanto sua pretenso do quarto reino helenista e muito menos de Antoco IV Epifanes como representante do chifre pequeno. Inmeros outros indestrutveis argumentos poderiam ser aduzidos como evidncias da nulidade da teoria de Porfrio ainda hoje aceita pelos declarados inimigos de Deus e da s verdade revelada do Cu. Veja-se pgina 419 titulo: Uma concepo errnea do Chifre Pequeno. * * * H no livro de Daniel duas linguagens distintas. Foi escrito parcialmente em hebrico e parcialmente em aramaico. Do capitulo um versculo um ao captulo dois versculo trs e do captulo oito versculo um at ao fim do capitulo doze, foi escrito em hebrico, e, do captulo dois versculo quatro at ao fim do captulo sete, foi escrito em aramaico. Isto tem levado os crticos a numerosas conjeturas. Suas pretenes de que o livro de posterior origem e no do sexto sculo, so baseadas, em parte, nos idiomas empregados no livro. Afirmaram que a seo aramaica corresponde ao aramaico usado no segundo e terceiro sculos a.C., e no ao aramaico usado no sexto sculo a.C. Entretanto, dizemos que a mera forma de linguagem no em si mesma suficiente para estabelecer a data de escritos da antigidade, porque os copistas daquele tempo eram acostumados a modernizar o estilo da ortografia ou fraseado, embora o pensamento original permanecesse. Dizemos de nossos dias, que a ltima reviso ortogrfica da Bblia Almeida em portugus pela Sociedade Bblica do Brasil, no pode ser tomada como prova de que a Bblia Almeida foi originalmente escrita ou traduzida no sculo XX. Assim com o livro de Daniel. Nada prova que o aramaico do livro, semelhante ao do segundo sculo, seja a ltima palavra para atestar que o profeta escreveu seu livro no segundo sculo. Aqueles que datam, a origem do livro de Daniel do segundo sculo a. C., tm tambm o problema da explanao: Por que um autor hebreu do perodo dos Macabeus escreveria parte do livro em 33

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aramaico e no todo le em hebraico? Alm disso, tm tambm de explicar a razo do autor introduzir 15 palavras persas e 3 gregas em seu livro, justamente no aludido perodo Macabeu, em que teve em vista encorajar, como afirmam, os seus compatriotas judeus afligidos por Antoco IV Epifanes. Outro ponto que deixa perplexos e sem sada os opositores de Daniel e seu livro, o notvel fato que, a parte aramaica do livro justamente a que trata de Babilnia como dominadora suprema no mundo. A profecia do captulo oito, onde o autor retoma a escrever em hebraico, revelada exatamente no ltimo ano de Babilnia como Imprio do orbe, j no trata mais dsse poder. Daniel seguramente escreveu em aramaico, a lngua da diplomacia mundial de ento, a parte proftica de seu livro que mais poderia interessar aos caldeus e para chamar-lhes a ateno para a derrocada que infalivelmente viria a seu imprio mundial. Nestes ltimos dias o livro de Daniel foi completamente reivindicado. Seus infiis opositores foram declarados ignorantes e considerados obstinados inimigos gratuitos da Bblia. A arqueologia vem de dar um golpe de estremecer o ceticismo dos crticos, mormente pela descoberta, em 1947, numa caverna prximo ao Mar Morto, de parte de dois rolos do livro de Daniel contendo os nomes de Daniel, Cedrach, Mesach e Abednego, e incluindo o ponto onde a poro aramaica do livro comea.1 * * * Outro fato interessante do livro de Daniel que o autor aparece em duas pessoas distintas. Nos primeiros sete captulos Daniel fala de si na terceira pessoa; e nos captulos Daniel fala de si na terceira pessoa; e nos captulos subsequentes apresenta-se na primeira pessoa. E a razo simples: As circunstncias da poca da histria referida nos seis primeiros captulos e da revelao contida no stimo capitulo eram desfavorveis a si em face de seus no poucos gratuitos adversrios, pelo que teve a prudncia de no dar um autotestemunho de sua pessoa como suprema em face de todos les, preferindo escrever sua vitoriosa histria e sua primeira grande revelao como se outrem as escrevesse, para no aparecer como superior em talento e carter diante dos esbirros que o odiavam e assim exasper-los ainda mais contra si. Assim sendo e ainda por ser considerado um cativo embora um grande homem do reino, preferiu1

The Prophetic Faith of Our Fathers, Vol. II, pg. 58.

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Daniel falar de si na terceira pessoa como se no fsse o autor da parte em questo do livro, provavelmente escrita at sua libertao de perecer na cova dos lees. Porm, estava Daniel agora prticamente livre de inimigos e do cativeiro que expirava, preferindo ento escrever suas ltimas vises desde o capitulo oito ao fim de seu livro aparecendo figurado como autor na primeira pessoa. Foi a prudncia, para seu bem e de seu povo e como porta-voz de Deus em duas cortes de Babilnia e da Medo-Persa que ditou-lhe dever agir assim com referncia sua pessoa como autor de seu livro. Porm, a atitude de Daniel em preferir aparecer figurado em duas pessoas, como vimos, levou os crticos a descarregarem sbre le e seu livro mais uma poro de bombas, e negarem que o livro fsse escrito por le no sexto sculo a.C., mas insistindo que fra escrito na primeira metade do segundo sculo a.C., ao tempo da guerra dos Macabeus contra Antoco Epifanes. Todavia suas bombas eram e ainda so apenas de fumaa, no tendo o poder de destruir o famoso livro que permanece intacto e mais indestrutvel do que jamais, como uma fortaleza inespugnvel da Revelao em testemunho da verdade. * * * Agora algumas palavras sbre os crticos modernos que em nosso presente sculo persistem em defender a insustentvel teoria arcica de Porfrio, e que o fazem por devotado e injustificvel dio contra o cristianismo e a doutrina crist. Infelizmente no fazem les diferena entre o so cristianismo e o cristianismo esprio e barato do tempo atual. ste foi o grave rro de Porfrio que redundou numa inglria guerra de sua parte mesmo contra o Filho de Deus pois ningum pode guerrear o cristianismo legtimo sem guerrear o seu Autor. Quanto ao livro de Daniel, recusam-se estes maus crticos a depor o orgulho que lhes prprio ante s acumulativas provas de sua inspirao e sua composio no sexto sculo a.C., e o fazem simplesmente por teimosia e falta de humildade e sinceridade em reconhecer o direito e a verdade que o livro encerra. A vesga sempre repetida declarao porfrica, nestes modernos tempos, de que o livro de Daniel uma farsa de autor fantico do segundo sculo a.C., s poderia proceder, realmente, duma mente pag como a de seu originador, aceita e propagada por crebros enuviados como o seu a servio do inimigo da justia Satans. Recusar a voz da Histria por j vinte e cinco sculos exaltando as profecias de Daniel 35

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num testemunho eloquente e indestrutvel, deixando em tudo desbaratada a infeliz teoria de Porfrio e desmascarando totalmente a seus modernos propagadores, significa falta de senso e honradez. Quando crebros que se julgam lcidos, deixam de reconhecer o cumprimento exato e altamente comprovado daquilo que combatem sem trguas, de duvidar da lucidez de tais crebros. Um aps outro imprio, reinos e naes anunciados no grande livro de Daniel surgiram e caram segundo os ditames de suas profecias. Cada pormenor encontrou irrecusvel cumprimento nos fatos internacionais ocorridos. As predies que dizem respeito ao povo de Deus e ao Messias foram to exatamente comprovadas pelos acontecimentos, mesmo em suas datas fixas preditas, que no podem deixar de causar, admirao. As que apontam os inimigos de Deus e de Seu povo tambm foram em todo o sentido perfeitamente cumpridas. Assim o unssono testemunho da Histria em cumprir todas as profecias de Daniel atesta a sua divina inspirao. Recusar as profecias de Daniel como autnticas significa recusar e insurgir-se contra a prpria Histria que as cumpriu do modo mais eloqente e incontestvel. Os fiis cristos, que prezam a Revelao de Deus, exarada no livro de Daniel e nos demais das Sagradas Escrituras, no sero afetados pelos deletrios ensinos forjados por seus opositores; por homens que luz chamam trevas e as trevas chamam luz; que consideram o erro como verdade e a verdade como erro; por indivduos, enfim, que se erguem ousadamente para enfrentar o TodoPoderoso numa guerra atestica desajuizada. Um dia sero les responsabilizados perante o tribunal do Excelso por seus deboches e seus despreziveis ataques de mentira Revelao do cu. Tarde demais reconhecero o ultrage e o sacrilgio que cometeram com toda a arrogncia e insolente irreverncia. * * * O livro de Daniel uma cronologia to perfeita, desde Babilnia aos nossos dias, que seria impossvel um plgio do segundo sculo a.C., ou de qualquer outro. Todos os grandes acontecimentos da Histria so to perfeitamente exarados em suas profecias e to evidentemente cumpridos desde vinte e cinco sculos atrs at ao presente, que em verdade impossvel que o nome do autor do livro aluda apenas a um simples pseudnimo para encobrir uma obra espria, em vez de aludir ao nome de um legtimo, grande e inspirado profeta como autor. 36

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A parte histrica do livro de Daniel, que trata de acontecimentos internacionais ligados ao incio e ao trmino do imprio de Babilnia, est em perfeita harmonia com escritos de outros profetas dos stimo e sexto sculos a.C., e com os de Herdoto e Xenofonte, clssicos do quinto e quarto sculos a.C. respectivamente, e portanto antes de Antoco IV Epifanes, ou do segundo sculo a.C. no podendo, portanto, ter sido forjada em primeira mo por um autor annimo ou um pseudo Daniel da poca de Macabeus. Cai assim por terra mais uma vez a expria e malfadada teoria de que o livro de Daniel obra inventada no segundo sculo em vez de original e legtima do sexto sculo. * * * A data bblica do livro de Daniel est em primeiro lugar ligada prpria pessoa do escritor como indivduo histrico e real do sexto sculo a.C. em Babilnia. O primeiro grande e incontestvel testemunho nste respeito o de Ezequiel que foi tambm um dos cativos judeus no cativeiro babilnico, bem como um profeta de Deus entre os seus compatriotas no exlio. Como indiscutvel prova de que Ezequiel foi um profeta do perodo do cativeiro, le prprio relata quatorze revelaes que recebera de Deus, datando cada uma delas com um dos anos do cativeiro, sendo que em dois daqueles anos recebera trs vises em cada um dles. As datas das referidas vises, conforme relatadas em seu livro, so os anos 601, 600, 599, 597, 596, 595, 594, 581, 579, 576. Datando uma dessas vises, a do ano 581, o profeta comea enfaticamente assim: No ano vinte e cinco do nosso cativeiro1. Estas datas de suas vises comprovam que le foi profeta no perodo do cativeiro pelo menos durante 25 anos, alis, de 601 a 576 a.C. Repetindo, frisamos: Ficou provado e documentado pelo prprio profeta Ezequiel que le foi um dos profetas do perodo do cativeiro, e, portanto, um compatriota-contemporneo de Daniel. O inolvidvel testemunho inspirado de Ezequiel sobre Daniel, seu contemporneo, que portanto o prprio testemunho de Deus mesmo, aqui o temos em suas palavras: Eis que mais sbio s que Daniel...2 O profeta estava fazendo uma ilustrao da sabedoria de Lucifer na pessoa do rei de Tiro.1 2

Ezequiel 1:2-3; 8:1; 20:1-2; 24:1; 29:1; 26:1; 30:20; 31:1; 32:1-17; 33:21-22; 40:1; 29:17; 1:1. Ezequiel 28:3.

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Havia, ento, segundo Ezequiel, no tempo do cativeiro babilnio, um sbio chamado Daniel. E no discutvel a verdade quanto a referir-se le ao Daniel autor do livro que trs o seu nome. Aquele sbio Daniel, na altura deste testemunho, de Deus atravs de Ezequiel, cerca do dcimo ano de cativeiro, 596 a.C., j era proverbialmente conhecido em Babilnia como principal sbio do reino mundial dos caldeus.1 A soluo que Daniel deu aos dois sonhos do rei Nabucodonosor (caps. 2 e 4), e s misteriosas palavras da parede do palcio festal de Belshazzar (cap. 5), o colocaram acima de todos os sbios do mundo de seus dias. A velha rainha, filha do rei Nabucodonosor, declarou ao agoniado rei Belshazzar na ltima noite de sua vida: H no teu reino um homem, que tem o esprito dos deuses santos; e nos dias de teu pai se achou nele luz, e inteligncia, e sabedoria, como a sabedoria dos deuses; e teu pai, o rei Nabucodonosor, sim, teu pai, rei, o constituiu chefe dos magos, dos astrlogos, dos chaldeus, e dos advinhadores. Porquanto se achou neste Daniel um esprito excelente, e cincia e entendimento, interpretando sonhos, e explicando enigmas, e slvendo dvidas, ao qual o rei poz o nome de Belteshazzar; Chame-se pois, agora Daniel, e le dar a interpretao.2 Inquestionavelmente, portanto, o sbio Daniel do testemunho inspirado do profeta Ezequiel, seu contemporneo, era o profeta Daniel, o autor do grande livro que consideramos, e que viveu, diante do testemunho daquele homem de Deus no sexto sculo ou no reinado de Nabucodonosor rei de Babilnia. Outro testemunho sbre Daniel, o Daniel do livro de Daniel como indivduo do sexto sculo, ainda o do prprio Senhor Deus atravs do mesmo Ezequiel, Seu profeta. Seu novo e indubitvel testemunho comprovante de que Daniel em verdade viveu nos dias do profeta Ezequiel, e, portanto, no sexto sculo a.C. Ei-lo: Ainda que estivessem no meio dela stes trs homens, No, Daniel e J... 3. Poder algum duvidar do testemunho de Deus? Se o Daniel do livro de Daniel fsse, como querem os crticos, uma quimera do segundo sculo, Deus no falaria dle no sexto sculo. S h um grande Daniel em tda a histria bblica o Daniel do tempo do profeta Ezequiel e do rei Nabucodonosor, o Daniel do sexto sculo. preciso1 2

Daniel 1:20; 2:48. Daniel 5:11-12. 3 Ezequiel 14:14, 20.

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ser muito ctico e desafiante para rejeitar o testemunho do Todopoderoso. Ainda um outro testemunho de valor eterno o de nosso Senhor Jesus Cristo. Pondo slo de autenticidade no livro de Daniel, confirmou a veracidade de suas profecias e aconselhou atend-las. Aqui esto as Suas palavras; Quando, pois, virdes que a abominao da desolao, de que falou o profeta Daniel, est no lugar santo; quem l, atenda.1 ste testemunho de Cristo eqivale ao do Pai referente ao autor do livro de Daniel como profeta e escritor do sexto sculo. Daria o Senhor Jesus o Seu testemunho em favor de um autor esprio, como acusado o autor do livro de Daniel pelos crticos? Jamais isto faria o Filho de Deus. Assim, a data bblica do livro de Daniel, testemunhada pelo profeta Ezequiel, por Deus e por nosso Senhor Jesus Cristo, o sexto sculo a.C. E nenhum autor poderia escrever um tal livro a no ser que tivesse vivido no sexto sculo. O trplice testemunho aqui dado destri as invenes de m f de Porfrio e seus seguidores. * * * A historicidade do livro de Daniel uma verdade indiscutvel. A parte histrica do livro abre-se com um grande acontecimento; a conquista da Judia por Nabucodonosor, rei de Babilnia, no terceiro ano de Joaquim, rei dos judeus. ste memorvel sucesso, aceito sem qualquer oposio pelos simpatizantes do livro de Daniel, inegvel pelos crticos seus inimigos. O grande acontecimento poltico internacional de conquista mencionado inicialmente no livro, constitue um marco indestrutvel de sua historicidade. Diremos que le o prtico de acesso a uma obra em todo o sentido documentada por evidncias que nenhum esforo poder destruir. Os cinco primeiros captulos do livro de Daniel encerram parte da histria do imprio de Babilnia do ano 606 ao ano 359 a.C., amplamente comprovada pelas Sagradas Escrituras de vrios profetas, pelos antigos historiadores clssicos e pela arqueologia moderna. O quinto captulo demonstra bem evidente a derrocada final do imprio mundial caldeu sob o rei Belshazzar nas mos dos medos e persas unidos, fato sobejamente atestado pela histria secular e os documentos arqueolgicos dstes ltimos tempos. O sexto captulo comea com a presena de Dario o Medo, o nvo rei do mundo, personagem muito discutida, todavia comprovada afinal como1

S. Mateus 24:15.

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Xiaxares II, tio de Ciro o Grande, conquistador de Babilnia. ste o resumo do quadro histrico do livro de Daniel, documentado por fatos histricos ligados ao final do stimo sculo e ao sexto sculo at ao ano 534 a.C. Somente um homem que viveu na poca dstes acontecimentos, que foi testemunha ocular deles e que os acompanhou com interesse, poderia referi-los como os referiu. Dai Daniel, o autor do livro que trs o seu nome ser aquele Daniel que foi profeta de Deus enquanto primeiro ministro de duas cortes mundiais no sexto sculo a.C. a de Babilnia e a da Medo-Persa. Outras irrefragveis provas da historiedade do livro de Daniel so as datas de suas vises que le no esquecera de justapor s mesmas. O sonho do rei Nabucodonosor revelado a Daniel para que o notificasse e interpretasse, foi dado no segundo ano dste soberano 604 a.C.1 A viso do captulo sete est datada do primeiro ano de Belshazzar, 541 a.C.2 A do captulo oito, do terceiro ano dste mesmo monarca 539 a.C.3 A do captulo dez, do terceiro ano de Ciro 534 a.C.4 A festa de Belshazzar, do captulo cinco, foi realizada no noite da queda de Babilnia sob Ciro 539 a.C. ste o testemunho do prprio autor do livro, quanto s datas em que recebera de Deus as revelaes contidas em sua inspirada obra. Podero os crticos dizer que os reis aludidos por le em suas vises no existiram nas referidas datas claramente referidas no seu livro? Podero dizer que ditos monarcas existiram no segundo sculo ou que foram inventados par um autor desconhecido? possvel duvidar do testemunho de um homem em favor de quem Deus, nosso Senhor Jesus Cristo e Ezequiel, o profeta, atestaram ter vivido no sexto sculo? Duvida-se de um homem, o mais sbio de seu tempo, um grande estadista, chanceler de duas poderosas cortes, um homem de carter santo e puro em tdas as suas revelaes com Deus e os seus semelhantes, que provou ter recebido suas vises por direta inspirao de Deus, nos anos em que le mesmo as referiu? O cumprimento histrico das profecias de Daniel revela eloqentemente a historicidade de seu livro. Alm dos poderes mundiais aludidos pelo profeta, alm do poder do Papado; alm da diviso do quarto imprio Roma, poderosos monarcas foram

1 2

Daniel 2:1. Daniel 7:1. 3 Daniel 8:1. 4 Daniel 10:1.

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tambm, referidos pelo profeta em suas vises, ainda que no citados por nome. Alm de Nabucodonosor, Belshazzar, Dario o Medo e Ciro, citados nominalmente, incgnitamente foram referidos especialmente Xerxes, Grande, como o mais rico rei Persa;1 Alexandre, denominado rei valente.2 No captulo onze so apontados os Tolomeus do Egito, os Seleucidas da Sria, seguindo-se em sua ordem Csar, Juba II da Numidia, Csar Augusto e Tibrio. stes poderosos embora no citados por nomes nas profecias, so claramente evidenciados no cumprimento proftico que cada um desempenhou no palco da Histria. Inmeros soberanos do grande conflito dos sculos as conquistas dos imprios, a diviso qudrupla do imprio de Alexandre, a diviso de Roma, a revoluo francesa e outros grandes fatos revelados nas profecias de Daniel, desempenharam o seu papel no grande drama proftico da Histria. A histria do cativeiro de Jud no Oriente e seu regresso para reconstruir a Judia, foi em parte o cumprimento de profecias verdadeiras de Daniel. O ano exato do primeiro advento de Cristo e de Sua morte so as mais fenomenais e impressionantes verdades das profecias de Daniel, que encontraram irrecusvel cumprimento no batismo de Jesus e na Sua crucificao. A exposio do livro de Daniel como dada neste volume, um notvel e evidente testemunho histrico que no pode ser jamais contraditado. Revela a autenticidade histrica do profeta e de seu livro de modo maravilhoso, vendo-se nele, uma poderosa mensagem para esta atual gerao, e, acima de tudo, divisa-se no livro um Deus Supremo que tudo dirige para o bem de Seus filhos, e um supremo e amante Salvador entregando Sua vida no patbulo do Calvrio para redimir a humanidade. A historicidade do livro de Daniel fica aqui, pois, incontestavelmente comprovada pelos testemunhos da Histria e pelas evidncias do plano da salvao traado em suas profecias e nelas cumprido a todo o rigor. O livro de Daniel, do princpio ao fim, encerra uma esmagadora evidncia da verdade contra a putrefata teoria do pago filsofo Porfrio, que fica ridicularizada e aniquilada, bem como desmoralizados todos os seus falsrios propagadores atravs dos sculos.

1 2

Daniel 11:2. Daniel 11:3.

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INTRODUO

O livro que consideramos constitue uma verdadeira maravilha da Inspirao. Certamente e com muita antecedncia, determinou Deus, em Seu conselho, prover e revelar aos homens a indita matria histrica e proftica nele contida. A grandeza de suas duas sesses de tal natureza que o mundo no poderia ficar privado de to indispensvel revelao que demonstra com clareza a supremacia absoluta de Deus. Um nico pensamento, se queremos refer-lo, domina inteiramente tanto a parte Histrica como a Proftica do livro: O contrle de Deus sbre os poderes da Terra para o cumprimento de Seu eterno propsito. Diante, pois, da magnitude da obra em apreo, exigiu ela um grande autor humano inspirado, um eminente homem de Deus, um porta-voz digno do Todo-poderoso. E, para to empolgante misso do Cu ste homem no foi escolhido revelia. O divino Revelador soube escolher um personagem de carter, de vida santificada, de princpios fundamentais e nobres, que pudesse revelar com firmeza em palavras e obras antiga Babilnia e ao mundo de todo o futuro, a um Deus supremo e nico bem como o Seu grandioso plano de amor para a redeno do gnero humano. Sim, a escolha de Deus recaiu num homem cnscio de seu dever, habilitado a expr o indito plano divino e capacitado a apelar ao corao e conscincia tanto de reis e cortezes de seus dias como dos homens de todos os sculos por vir, afim de tomarem conhecimento da redentora mensagem, de Deus advinda por seu intermdio e a examinarem com interesse. Da qualquer homem no servir para o honrado encargo. Em verdade no era simplesmente questo dum homem para que Deus o pudesse usar para to sublime propsito, mas sim dum carter santo e puro, sbio e humilde, despretensioso e compreensvel, acessvel e moldvel pela Onipotncia. S um tal homem representaria com plena vantagem e real sucesso os desgnios do Excelso e o Seu amor em comunicar aos homens as resolues de Seu eterno conselho. E o homem apontado por Deus para to elevado empreendimento, foi, como no poderia deixar de ser Daniel, o

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prncipe de Jud. Infalvelmente Deus o escolheu dantemo em Seus desgnios para que desempenhasse o importante papel inspirado que desempenhou nas duas cortes citadas, de Babolnia e da Medo-Persa, tal como se depara-nos na primeira parte de seu notvel livro, e legasse humanidade, em Seu nome, a extraordinria cadeia de revelaes que constitue a segunda parte de sua inigualvel obra. A histria de Daniel uma histria notvel. Sua f e seus santos princpios prevaleceram contra tda a oposio e corrupo. A pena da Inspirao o apresenta como um carter brilhante, imaculado e irrepreensvel. A luz do cu dele irradiava em torrentes inexaurveis, e em Babilnia sua f foi compreendida como a virtude que lhe enobrecia a vida c lhe embelezava o carter. Homem ntegro, complexo, inatacvel, teve a seu favor o maior testemunho de seus prprios inimigos; Nunca acharemos ocasio alguma contra ste Daniel...1. Sua vida hoje ainda uma inspirada ilustrao do que constitue um carter santificado. Constituiu Daniel em todo o passado e ainda constitue no presente, um nobre exemplo do que podem tornar-se os homens quando unidos incondicionalmente com Deus. Daniel foi um homem de verdadeira f, de fervente orao, de profunda considerao para com as coisas de Deus. Moral e espiritualmente corajoso e dedicado ao dever. Intelectualmente era um gigante. Foi reconhecida como o maior sbio de seu tempo e at ao presente nenhum indivduo humano o igualou em sabedoria. Moralmente era completo nenhum engano terreno foi capaz de corromp-lo. Embora colocado onde a tentao em todo o sentido era forte; onde a dissipao imperava em todos os lados; onde a glutonaria, intemperana e imoralidade eram a ordem do dia, props no se contaminar mas permanecer firme ao lado da moralidade e da justia. Levado em sua plena juventude como um cativo mais corrompida crte e cidade de seus dias, permaneceu como uma inabalvel coluna em meio tempestade de tda a espcie de pecados e degradao. Tomou o propsito e o cumpriu risca de no adotar os perversos costumes de Babilnia. Daniel possua a graa de genuna mansido. Era verdadeiro, firme e nobre. Procurava viver em paz com todos, ao mesmo tempo que era inflexvel corno o cedro altaneiro, no que quer que envolvesse princpios. Em tudo que no entrasse em coliso com sua fidelidade de Deus, era respeitoso e obediente para com aqueles que sbre le1

Daniel 6:5.

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tinham autoridade; mas tinha to elevada conscincia das exigncias de Deus que as de governadores terrenos se lhes subordinavam. le no seria induzido por nenhuma considerao egoista a desviar-se de seu dever. O carter de Daniel apresentado ao mundo como um admirvel exemplo do que a graa de Deus pode fazer de homens cados por natureza e corrompidos pelo pecado. O registro de sua vida nobre, e abnegado, uma animao para a humanidade em geral. Dela podemos reunir foras para resistir nobremente a tentao, e firmemente na graa da mansido, suster-nos pelo direito sob a mais severa provocao.1 Em Babilnia Daniel, ainda que um profeta de Deus, galgou o posto de maior estadista de todos os tempos no cargo de primeiro ministro ao lado do rei Nabucodonosor, o monarca mundial. Deus o colocou ao lado do trono do mundo como uma gloriosa luz para todos quantos quizessem aprender do Deus vivo e verdadeiro. Em nome de Deus, Daniel revelou ao rei a mensagem celeste de instruo, advertncia e reprovao, e no foi repelido.2 Em Babilnia, Daniel foi psto em funes muito probantes, mas ao passo que desempenhava fielmente os seus deveres de estadista, evitou firmemente participar de qualquer coisa que fsse contrria a Deus. sse procedimento provocava discusses, e o Senhor atraiu, assim, a ateno do rei de Babilnia para a f de Daniel. Deus tinha luz para conceder a Nabucodonosor, e por meio de Daniel foram apresentadas ao rei as coisas preditas nas profecias concernentes a Babilnia e a outros reinos. Por meio da interpretao do sonho de Nabucodonosor, Jeov foi exaltado como sendo mais poderoso que os governantes terrestres. Assim, pela fidelidade de Daniel, Deus foi honrado.3 A Onipotncia, em Sua sabedoria, empregou meios para despertar favoravelmente a ateno do rei Nabucodonosor para Daniel como Seu representante em sua crte. Isto ilustra a maneira como Deus usa os homens para cumprir o Seu propsito sbre a terra. O Senhor pde us-lo porque le era um homem de princpios, um homem de genuno carter, um homem cujo principal objetivo nesta vida era viver unicamente para Deus.1 2

A Santificao, E. G. White, pg. 22. Testemunhos Seletos, E. G. White, ed. mundial, Vol. III, pg. 152. 3 Testemunhos Seletos, E. G. White, ed. mundial, Vol. III, pg. 161.

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Daniel props em seu corao viver em harmonia com tda a vontade revelada do cu. E com isto pde Deus exalt-lo e faz-lo Seu honrado representante naquele reino. Em primeiro lugar despertou Deus a simpatia e o favor dos oficiais de Babilnia para com le. Isto preparou o caminho para o segundo passo, a demonstrao da superioridade fsica de Daniel e seus companheiros. Ento seguiu-se a demonstrao de superioridade intelectual. Assim, em personalidade, fsico e intelecto, Daniel provou ser marcadamente superior aos demais homens de seu tempo, ganhando da a confiana e o respeito do rei de Babilnia. stes eventos prepararam Nabucodonosor para encontrar o Deus de Daniel. Uma srie de dramticas experincias o sonho do captulo dois, o espantoso livramento, da fornalha ardente mencionado no captulo trs e o sonho referido no captulo quatro evidenciaram ao grande rei o conhecimento, o poder e a autoridade do Deus de Daniel. A inferioridade do conhecimento humano atravs dos tidos como maiores sbios de Babilnia e do mundo, comprovada na experincia de seu primeiro sonho, levou Nabucodonosor a admitir a Daniel: Certamente, o vosso Deus Deus dos deuses, o Senhor dos reis, e o Revelador dos segredos.1 O rei reconheceu abertamente que a sabedoria de Deus era superior, no somente quanto ao setor humano, mas tambm quanto suposta sabedoria dos deuses. O incidente da imagem de ouro e a fornalha ardente levaram Nabucodonosor a admitir que o Deus do cu livrou Seus servos.2 Sua resoluo foi que ningum em todo o reino pronunciasse alguma blasfmia contra o Deus dos hebreus, em virtude do fato de que nenhum outro Deus podia livrar como le.3 Nabucodonosor reconheceu ento que o Deus do cu no era unicamente sbio mas poderoso; que le no era unicamente Onisciente mas Onipotente. A terceira experincia os sete anos durante os quais sua prpria jatanciosa sabedoria e seu poder foram temporriamente removidos ensinou ao rei que o Altssimo no s era sbio e poderoso mas que exercia tal sabedoria e poder para governar tambm os negcios dos homens na terra.4 significativo que o primeiro ato de Nabucodonosor depois do retorno de sua ramo foi louvar, exaltar e glorificar ao Rei dos cus e reconhecer que aos que andam na1 2

Daniel 2:47. Daniel 3:28. 3 Daniel 3:29. 4 Daniel 4:32.

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TESTEMUNHOS HISTRICOS DAS PROFECIAS DE DANIEL

soberba como le andava por muitos anos, Deus pode humilhar.1 Tudo isto, porm, foi possvel e demonstrado atravs dum homem extraordinrio usado por Deus; um homem que permaneceu ao lado do direito porque era direito. Da ter sido Daniel amplamente abenoado por Deus para ser a inaprecivel bno que demonstrou ser, ao mundo de seu tempo. Por seu intermdio transmitiu Deus a duas cortes imperiais luz como conduzirem um govrno prspero e honrado no mundo. Isto foi conseguido na segunda metade do reinado de Nabucodonosor. Houvessem os seus sucessores seguido o plano de govrno de que tiveram conhecimento pelo exemplo de Daniel como primeiro ministro, a sorte do reino caldeu teria sido bem diversa. Houvessem os soberanos medo-persas seguido a orientao governativa de Daniel do reinado de Dario o Medo, no teriam sido os brbaros senhores do mundo que foram e consequentemente no teriam as constantes dificuldades que tiveram em repelir inmeras rebelies em todo o vasto reino e o destino do imprio Aquemenide teria sido bem outro. Deixassem hoje os governantes das naes instruir-se por Deus, fariam um govrno brilhante, prspero e coroado de justia, em vez do caos em que tornaram a hodierna civilizao com tantas ideologias polticas malss e ruinosas por les opressa e desesperanada famlia humana. Em Babilnia Daniel no agia a ss. Sua gloriosa obra foi secundada por trs companheiros seus, judeus, de cativeiro. Os quatro formavam um quadrado invulnervel que nem fogo nem lees foram capazes de destruir. Nenhuma fora, nenhum poder, nenhuma influncia, nenhuma circunstncia os afastaram dos princpios da justia que tinham aprendido no limiar da vida mediante o estudo da Revelao e das obras da criao de Deus. A intrepidez e a lealdade de f em Deus por les manifestas nos maiores perigos, encheram os sculos de assombro e admirao. E, na putrefata cidade de Babilnia, em meio ao falso culto idolatra, no mais vil antro de imoralidade ante o orgulho, a soberba e a luxria, permaneceram inclumes. Passaram por todos os testes possveis e permaneceram inexpugnveis ao lado do direito de Deus. A enormssima bno que foram para a grande metrpole e para todo o reino caldeu no se pode avaliar nesta vida. Reuniamse, nas cortes de Babilnia, representantes de todas as terras, homens de talentos os mais seletos, os homens os mais ricamente dotados de1

Daniel 5:37.

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ARACELI S. MELLO

dons naturais, e possuidores da mais elevada cultura que ste mundo podia proporcionar; todavia entre les todos, os cativos hebreus eram inegualveis. Na resistncia fsica e na beleza, no valor mental e nas consecues literrias, no poder espiritual e na viso, eram sem rival.1 Os quatro jovens foram preferidos pelos soberanos de seus dias, Daniel alcanou o segundo psto em dois reinos mundiais, e seus trs companheiros foram feitos conselheiros, Juzes e governadores no meio da terra.2 Deveras a bno que les foram quer no govrno dos homens quer na sociedade humana, no poder ser apreciada pela linguagem da terra. Deus os usou como embaixadores Seus ao mundo de ento porque podia confiar na integridade que caracterizava em sentido geral as suas vidas. Encontraremos, nestes modernos e corrompidos tempos, cristos da tempera de carter como a dles, to fiis defensores da justia que Deus os possa usar com o mesmo xito com que os usou naquela antigidade corrupta?

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Testemunhos Seletos, E. G. White, ed. mundial, Vol. II, pg. 478. Fundamentals of Christia