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Araújo Castro (Série O Livro Na Rua)

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SIG Quadra 8 Lote 2356, Brasília – DF – 70610-480 – Tel: (61) 3344-3738

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Editores: Jeronimo Moscardo e Victor Alegria

Os direitos autorais da presente obra estão liberados para sua difusão desde que sem

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© Thesaurus Editora – 2008

Vamireh Chacon é Professor Emérito daUniversidade de Brasília. Estudou e lecionouem universidades no Brasil, Alemanha eEstados Unidos. É autor dos livros, entre

outros, História do Legislativo Brasileiro (Edições Técnicas do Senado Federal, Brasília), A Grande Ibéria  (Unesp, São Paulo) e oprefácio da biografia O Conde de Linhares, deautoria do Marquês do Funchal (Thesaurus,Brasília).

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NOTA BIOGRÁFICA

O diplomata brasileiro JOÃO AU-

GUSTO DE ARAÚJO CASTRO, co-nhecido como Araújo Castro, nasceu noRio de Janeiro em 27 de agosto de 1919e faleceu em Washington/DC em 9 de de-zembro de 1975.

Graduou-se pela Faculdade de Direitode Niterói em 1941, porém um ano antes já havia ingressado por concurso públicono Ministério das Relações Exteriores,

conforme então permitia a legislação.

Em 1942 foi designado para partici-par da comissão brasileira junto à MissãoCooke, grupo de técnicos enviados pelo

Governo dos Estados Unidos. Araújo

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lar, interrompida pela renúncia do pre-sidente Jânio Quadros, retorno e possede Goulart como seu sucessor. Este o no-

meou secretário-geral do Itamaraty em1963, logo em seguida ministro interinodas Relações Exteriores, tendo chefiadoa delegação do Brasil na XVIII Sessãoda Assembléia Geral da ONU em Nova

York, defendendo a descolonização, en-tão se acelerando, bem como o desenvol-vimento dos países recém-independentes juntamente com os vizinhos.

Em 1968, quando a intervenção mi-litar no Brasil começava a reconhecer anecessidade de retomar a linha de políticaexterna independente iniciada por Afon-so Arinos de Melo Franco e San Thiago

Dantas em 1962 na presidência Quadros,Araújo Castro retornou ao centro dosacontecimentos como embaixador doBrasil na ONU, assumindo a embaixadabrasileira nos Estados Unidos em 1971,

nela vindo a falecer em 1975.

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Retorno da PolíticaExterna Independente

Araújo Castro viveu uma das épo-cas mais complexas da História brasi-leira e mundial. No auge da guerra fria,entre Estados Unidos e União Soviéti-ca, cada bloco exigia alinhamento au-

tomático dos seus membros e tentavarecrutar sempre mais, em crescentesexpansionismos.

A primeira resistência organizada in-

ternacional veio em 1955 na Conferênciade Bandung na Indonésia, onde se reu-niram este país e outros, principalmen-te da África e Ásia, sob sua liderança eas da Índia e então Iugoslávia. O Brasil

não compareceu oficialmente, porém,na presidência Quadros, 1962, AfonsoArinos de Melo Franco seu ministro dasRelações Exteriores, depois San TiagoDantas no mesmo cargo na presidência

Quadros, iniciaram um caminho de auto-

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nomização, denominado política externaindependente.

A intervenção de 1964 na fase inicial

se ligou mais de perto aos Estados Unidose seu bloco. Contudo, as concretas desvan-tagens da unilateralidade logo se fizeramsentir. Foram sendo percebidas as vanta-gens práticas da diversificação dos circui-

tos econômicos internacionais e AraújoCastro foi o elo da retomada do caminho.

Araújo Castro ia além dos aconteci-mentos da época, via muito adiante: “oBrasil é um país condenado a um gran-

de desenvolvimento nas coisas do nossomundo e nas coisas do nosso tempo”,pela enorme extensão do território, cres-cente população e muitas riquezas natu-rais a descobrir e explorar. Em meio à

competição internacional, “Nada será fá-cil, porque o que se abre diante de nós éo áspero caminho da História.”

Ele explica: “O nacionalismo [bra-

sileiro] é uma atitude defensiva psico-

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lógica de defesa, uma postura de naçõesque sentem necessidade de proteger a simesmas do poder e influência de nações

maiores”. Portanto nada tem de ofensi-vo, diversamente das grandes potênciasao longo da História: “O nacionalismonão é, para nós, uma atitude de isolamen-to de prevenção ou de hostilidade. É um

esforço para colocar o Brasil no mundo,mediante a utilização de todos os meiose com o concurso de todos os países quequeiram colaborar conosco no equacio-namento e solução dos problemas mun-

diais”. O realismo dos meios estava as-sim em Araújo de Castro a serviço doidealismo dos objetivos.

Com autocrítica, pois, “não somos

obstinados nacionalistas, mas sim obsti-nados brasileiros”. “Em toda a nossa His-tória nunca recusamos grandes desafiosde mudança. Na realidade, os acolhemos,pois confiamos que tais mudanças acele-

rarão nosso destino na direção de metas

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preestabelecidas e predeterminadas, me-tas de segurança e desenvolvimento.”

O Brasil deve posicionar-se contrao congelamento do poder mundial: “Nocenário das Nações Unidas, perante aAssembléia Geral e perante o ConselhoEconômico e Social, o Brasil tem procu-

rado caracterizar o que agora se delineiaclaramente como firme e indisfarçadatendência no sentido do congelamento

do poder mundial. E quando falamos depode, não falamos apenas de poder mili-

tar, mas também do poder político, podereconômico, poder científico e tecnológi-co”. A visão de Araújo Castro combina-va grande objetividade impregnada porprofundo humanismo. Ele percebia, por

longa experiência pessoal internacional,a inseparabilidade dos componentes dasociedade brasileira e mundial. Não ti-nha ilusões, porém tinha muita esperançaativa pela direta ação política, para o qual

o Brasil estava cada vez mais habilitado.

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A teia de acontecimentos econômi-cos e políticos, e instituições montadasatravés dos séculos, sob a égide dos mais

poderosos, continuava se projetando nopresente, ao estabelecer distintas cate-gorias de nações: países fortes, portanto,“adultos e responsáveis”, e países fracos,portanto, “não-adultos e não-responsá-

veis”. “Institucionaliza a desigualdadeentre as nações e parece aceitar a pre-missa de que os países fracos se tornarãocada vez mais fracos”.

O Brasil deve, portanto, ajudar aconstruir a interdependência mundial:“Ninguém põe em dúvida que o mundotenderá a tornar-se cada vez mais inter-dependente. Ninguém põe em dúvida de

que qualquer progresso sensível no cam-po internacional terá de ser motivadopor concessões recíprocas de soberania.Tudo isso é verdade. O que, entretanto,sustentamos é que a interdependência

pressupõe a independência, a emancipa-

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ção econômica e a igualdade soberanados Estados como condição prévia e in-dispensável”.

Araújo Castro reconhecia, portanto,ser “essencial, mas não bastante, reafir-mar este princípio de ‘igualdade sobe-rana dos Estados’. [...]. A proclamação

da soberania não é suficiente se não foracompanhada pelo advento de condiçõesque ocasionam o exercício completo da-quela soberania plausível e possível. Umanação politicamente independente, mas

economicamente desamparada tem real-mente pouco mais que o direito soberanoà pobreza. Nosso propósito é ilustrar ofato de que o progresso nos campos po-líticos e jurídicos pode ser insignificante

e frustrante se não acompanhado e com-plementado por um progresso social eeconômico. O direito à soberania pres-supõe o direito de exercício completodesta soberania em um contexto real,

não legal”.

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Ele era um idealista quanto aos ob- jetivos, porém muito criticamente umrealista quanto aos meios, ao reconhecer

que “O Poder Nacional de um Estado édeterminado, de maneira preponderantee talvez de maneira decisiva, pela suacapacidade industrial. Já passou o tem-po em que Spencer podia impunemente

estabelecer distinções entre Potênciasmilitares Potências industriais”. Tam-bém “Para o Brasil o caminho mais rá-pido, mais direto para o fortalecimentode seu Poder Nacional é o próprio cami-

nho de seu desenvolvimento econômicoe expansão industrial. Não podemos des-prezar outros fatores, de ordem política,militar ou psicossocial, mas seria, dequalquer maneira, irrealista e temerário

desconhecer a preeminência desse fatoreconômico”.

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Solidariedade Continentale Universalismo

Araújo Castro voltava sempre aoponto de partida, que era também o dechegada, numa espiral ascendente da po-lítica externa brasileira: o idealismo éti-co de respeito à democracia, aos direitos

humanos e defesa do meio-ambiente, nocontexto de solidariedade continentalaos vizinhos sul-americanos do Brasil,extensivo a todos os povos, naquela épo-ca em início de conscientização mundial,

mas já presente em anteriores e seguintesdeclarações oficiais do Brasil nos váriosforos internacionais, com se vê nas suaspalavras conclusivas: “Agiremos sempresem dogmas e sem idéias preconcebidas,

e estamos dispostos a incorporar ao nos-so esforço os esforços de outros povos ebeneficiar nossa experiência com a expe-riência de todos os que queiram trabalharconosco. Porque o desenvolvimento bra-

sileiro não é apenas uma experiência na-

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cional, mas uma grande experiência hu-mana, que se integra no esforço de toda ahumanidade, de que o Brasil não deseja

dissociar-se”.A contribuição inspiradora de Araújo

Castro incorporou-se ao patrimônio dapolítica externa independente do Brasil,com seus predecessores e sucessores.

Fontes: os vários pronunciamentos completos estãoem Araújo Castro, Editora Universidade de Brasília,1982.

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