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Área de Conhecimento: Matemática Componente curricular – Matemática

Área de Conhecimento: Matemática e Arquivos... · 2019-01-02 · violência e da indisciplina, ... direitos mais essenciais, de modo que todos, indis- ... constitui a nossa ideação

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rea de Conhecimento:Matemtica

Componente curricular Matemtica

VITRIA2018

GOVERNADORPaulo Hartung

VICE- GOVERNADORCsar Roberto Colnago

SECRETRIO DE EDUCAOHaroldo Corra Rocha

Subsecretria de Estado de Educao Bsica e ProfissionalTnia Amlia Guimares de Assis

Subsecretria de Estado de Planejamento e AvaliaoAndressa Buss Rocha

Subsecretrio de Estado de Administrao e FinanasMarcus Monte Mor Rangel

Subsecretrio de Estado de Suporte EducaoCarlos Eduardo Zucoloto Xavier

SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAOAvenida Csar Hilal, N.0 1111, Santa Lcia Vitria-ES CEP: 29.056-85

DIRETORIA EXECUTIVA DA UNDIME-ES

PRESIDENTEVilmar Lugo de Britto

VICE-PRESIDENTE Andr Luiz Ferreira

SECRETRIO DE COORDENAO TCNICA

TITULAR: Mrcio Vitor Zano

SECRETRIA DE FINANAS

TITULAR: Rosa Maria Caser Venturim

COORDENADORES REGIONAIS

Arlete Ramlow de SouzaAlice Helena Barroso SarcinelliDenilson Paizante da Silva Janete Carminote Falco MalavaziCarlos Jos Nicolac ZanonMarcos Antonio WolkarttJos Roberto Martins AguiarCristina Lens Bastos de VargasVanderson Pires Vieira

SECRETRIA EXECUTIVAElania Valria Monteiro Sardinha de Souza

No decorrer dos ltimos anos, diversos atores envolvidos com a causa educacional vm ana-lisando e debatendo a educao com comprometimento e dedicao.

Diante dessas anlises e debates, construiu-se a Base Nacional Comum Curricular (BNCC), documento de carter normativo que define o conjunto de aprendizagens essenciais que os estudantes do pas precisam desenvolver ao longo das etapas e modalidades da Educao Bsica.

Nesse contexto, o estado do Esprito Santo, por meio da Secretaria de Estado da Educao (SEDU), e em regime de colaborao com os municpios, por meio da Unio Nacional dos Diri-gentes Municipais de Educao (UNDIME), mobilizou recursos e meios para elaborar um novo Currculo Estadual, pautado nos princpios e premissas da BNCC, mas mantendo o olhar atento para as caractersticas, as necessidades e as potencialidades dos nossos educandos.

O trabalho colaborativo realizado pelos educadores das redes estadual e municipais foi de suma importncia para se atingir o propsito de construir um Currculo contemporneo, capaz de responder aos desafios da sociedade atual e promover uma educao mais justa, democrtica, inclusiva e com equidade.

Diante disso, desejamos que a articulao entre SEDU e UNDIME tenha continuidade, pois este um dos caminhos para superar as diferenas culturais e os grandes desafios da educao brasileira.

Assim, convidamos a todos os educadores capixabas que se empenhem cada vez mais na construo de uma educao diferenciada e inovadora, atuando como protagonistas para a promoo de uma educao de qualidade com a garantia do direito de aprender de todos os estudantes, por meio da implementao do Currculo do Esprito Santo.

Haroldo Corra RochaSecretrio de Estado da Educao

O Currculo do Esprito Santo representa a fora da Educao como politica pblica em nosso territrio, no qual Estado e Municpios assumiram juntos o desafio da elaborao do documen-to, mobilizando suas redes para que contribussem e fizessem parte efetivamente de todo o processo.

O que nos une o desejo de proporcionar maior e melhor aprendizagem de nossos alunos, garantindo a continuidade de sua formao na Educao Bsica, atendendo a uma expectativa histrica de uma educao voltada para o territrio.

A UNDIME-ES reconhece e agradece o importante e valoroso trabalho realizado por toda equipe de educadores do territrio capixaba que fazem parte da equipe ProBNCC, permitindo que hoje o Currculo do Esprito Santo chegue at suas mos.

Ressaltamos, por fim, que todo trabalho realizado ser efetivamente coroado em cada sala de aula das escolas capixabas.

O desafio no terminou com a construo deste documento. Passamos para o prximo nvel: a sua implementao fazendo a diferena na aprendizagem de nossos alunos.

Sucesso, professor nesta jornada. A EDUCAO Capixaba acredita e conta com voc.

Um grande abrao.

Vilmar Lugo de BrittoPresidente UNDIME-ES

SUMRIO

TEXTO INTRODUTRIO

1. A ELABORAO DO CURRCULO EM REGIME DE COLABORAO

2. EDUCAO BSICA E SUAS BASES LEGAIS

3. CONCEPES DO CURRCULO DO ESPRITO SANTO

4. EDUCAO E AS DIVERSIDADES 4.1 Educao Especial 4.2 Educao de Jovens e Adultos 4.3 Educao do Campo 4.4 Educao Escolar Indgena 4.5 Educao Escolar Quilombola 4.6 Educao Escolar para Estudantes em Situao de Itinerncia

5. MATRIZ DE SABERES 5.1 Aprender a conhecer 5.2 Aprender a fazer 5.3 Aprender a Conviver 5.4 Aprender a Ser

6. TEMAS INTEGRADORES 6.1 Os temas integradores no Currculo do Esprito Santo

7. A DINMICA EDUCATIVA

8. CONCEPO DE AVALIAO

9. SOBRE A MELODIA QUE EST EM NS

10. REFERNCIAS

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ESTRUTURA CURRICULARENSINO FUNDAMENTAL - MATEMTICA

11. INTRODUO

12. COMPETNCIAS ESPECFICAS DA MATEMTICA

13. TEMAS INTEGRADORES

14. SISTEMATIZAO DAS APRENDIZAGENS ESSENCIAIS

15. REFERNCIAS

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APRESENTAO

CURRCULO DO ESPRITO SANTO

A educao o ponto em que decidimos se amamos o mundo o bastante para assumirmos a responsabilidade por ele e, com tal gesto, salv-lo da runa que seria inevitvel no fosse a renova-o e a vinda dos novos e dos jovens. A educao , tambm, onde decidimos se amamos nossas crianas o bastante para no expuls-las de nosso mundo e abandon-las aos seus prprios recursos, e tampouco arrancar de suas mos a oportunidade de empreender alguma coisa nova e imprevista para ns, preparando-as, em vez disso, para a tarefa de renovar um mundo comum.

Hanna Arendt

A Secretaria do Estado de Educao inaugura este documento com linhas transcritas de um texto emble-mtico e, sobretudo, atemporal, tal como a Educao. As palavras de Hanna Arendt, proferidas no ltimo sculo, ilustram os interesses precpuos da educao da contemporaneidade, que devem se difundir ao redor do globo: no expulsar as crianas de nosso mundo, no releg-las aos seus prprios recursos e ofertar-lhes condies para renovarem o mundo comum. Essas indispensabilidades se traduzem na concepo de que o mundo uma responsabilidade integral de seus sujeitos, e que, deste modo, cabe Educao a assuno de seus papis fundamentais, sobretudo no campo da formao integral humana.

Nesta perspectiva, o Currculo do Esprito Santo apresenta um extenso arcabouo organizacional, construdo democrtica e dialogicamente com toda a sociedade capixaba, auscultando seus interesses, suas inquietudes e, primordialmente, suas necessidades. A composio deste documento considerou o trabalho pregresso realizado no Estado pelos profissionais da educao, com resgate, reviso e aprimoramento de saberes e prticas que tm logrado xito nos ltimos anos. Para tanto, lanou-se mo, ainda, dos documentos oficiais e das leis que regem a educao brasileira. O objetivo subsidiar a prxis educacional da sociedade capixaba e suas comunidades escolares.

Esta educao, pela qual almejamos veementemente, a que seja capaz de contribuir para enfrentar os

desafios do sculo XXI, em observncia aos Direitos Humanos e Constituio Federal Brasileira (1988). Desta forma, urge a ns a mitigao da pobreza, da violncia e da indisciplina, mazelas que inviabilizam a formao humana integral e obstaculizam o progresso cientfico e educacional.

Outrossim, o Currculo do Esprito Santo alinha-se Base Nacional Comum Curricular, documento de fundamental importncia que define as aprendizagens essenciais, visando assegurar o direito de desenvol-vimento e aprendizagem de todos os estudantes da educao bsica no pas e garantir a professores, pedagogos, diretores escolares e estudantes de todo o territrio nacional o acesso a uma base curricular sistematizada, democraticamente contemplativa de especificidades locais, quando somada s proposies de estados, municpios e Distrito Federal por meio de seus documentos curriculares.

A Base Nacional Comum Curricular, ao definir as aprendizagens essenciais, assegura similitude en-tre os programas curriculares que se desenvolvem no Brasil, resguardando os sujeitos envolvidos no processo educacional de possveis discrepncias de ensino-aprendizagem, sobretudo aqueles que, por razes diversas, migram pelo pas. Assim, o Esprito Santo promove um currculo estruturado com iden-tidade prpria, mas legalmente embasado, a fim de oportunizar educao de qualidade a todos, por meio do desenvolvimento de habilidades e competncias que

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promovam carter tico, autnomo, crtico-reflexivo e emancipado, condies imprescindveis atuao em contextos educativos, no mundo do trabalho e na vida em sociedade.

O Esprito Santo esfora-se para superar contrastes sociais, vislumbrado na escola territrio propcio ao desenvolvimento da cidadania e promoo da dignidade humana. Ao mesmo tempo, preocupa-se em articular o corpo discente do Estado s neces-sidades formativas que tm se acentuado desde as Revolues Industrial e Tecnolgica, inserindo o ser humano em permanentes contextos de atuao efetiva e de ampla concorrncia, nas quais se faz imperante a formao de qualidade. Infere-se, portanto, que uma prxis educacional deve reconhecer, analisar e atender s demandas de seu tempo, minorando progressivamente fenmenos de excluso escolar e social, implausveis neste recorte histrico-temporal.

Ademais, a tendncia promoo de uma educao cada vez mais democrtica nos faz apreciar a incluso daqueles que historicamente foram subtrados dos direitos mais essenciais, de modo que todos, indis-tintamente, so mais do que bem-vindos s escolas capixabas: so essenciais. A pluralizao, soma de singularidades, constitui a nossa ideao principal: uma educao que potencialize as capacidades hu-manas, equnime no seu acesso e, enfaticamente, no favorecimento da permanncia na escola, erradicando a evaso escolar. Tambm vislumbramos o retorno

escola: preciso abraar os que regressam tardia-mente experincia educacional.

Para isso, o Esprito Santo, por meio de formaes con-tinuadas, esforos planejados, permanentes dilogos com a academia e com toda a comunidade capixaba, endossa uma educao humanizada, dinmica, aberta s renovaes cientficas, culturais e geracionais, estabelecendo como prioridade a leitura e a escrita proficientes ao longo de toda a vida escolar. Todos os contedos, habilidades e competncias que constituem este currculo devem ser parte integrante da proposta poltico-pedaggica de cada instituio de ensino, a partir do qual o currculo poder ser efetivado, com vistas a fomentar em professores e discentes a busca contnua pelo aperfeioamento pessoal, cidado e, consequentemente, profissional.

A Secretaria do Estado de Educao e a Unio Nacional dos Dirigentes Municipais de Educao/ES apresentam este currculo sociedade capixaba enfatizando o seu compromisso com o desenvolvimento humano e social, por meio daquilo que nos mais caro: a educao. Que este documento represente concretamente a esperana de dias melhores para todos.

Boa leitura!

Bom trabalho!

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CURRCULO DO ESPRITO SANTO

INTRODUO

O sentimento de pertencimento est presente em cada palavra deste texto, escolhida com orgulho de gente capixaba, desejosa de que cada habitante sob o cu azul e rosa de seu crepsculo se aproprie deste documento.

A proposta despertar memrias, trazer esperanas e escrever um documento curricular que possa ser (re) elaborado e praticado em cada canto dessa estreita faixa de terra, entre o mar e as montanhas. Territrio de cheiros e sabores prprios, onde se bate tambor e se come moqueca na panela de barro. Onde o quebra-louas anuncia a sorte para o novo casal pomerano, o agnoline e o vinho aquecem as noites frias dos descendentes de imigrantes italianos, o beiju enobrecido pelas mos do povo quilombola, a arte em sementes do povo indgena, as danas alems, os povos poloneses, suos, austracos, tiroleses, bel-gas, neerlandeses, luxemburgueses, libaneses, cada povo trazendo seu fazer e seu viver na construo da identidade do povo do ES. Identidades diversas, como o clima, a vegetao e as pessoas.

Esto nestas pginas marcas de experincias, en-contros de vidas. Documento construdo no processo de escuta e de descoberta de que ser capixaba pertencer a um grande mosaico, onde as sensaes mudam rapidamente, lcus de amplitudes trmicas e bruscas mudanas na presso atmosfrica.

Capixaba, em Tupi, significa roado de milho, terra limpa para a plantao. Os ndios que habitavam a ilha de Vitria e seus arredores chamavam de capixaba suas roas de milho e mandioca.

Ilha pulsante, terras de batuques e reco-recos de cabea esculpida. Os olhares para as singularida-des so fundamentais para que o documento seja dinmico, trazendo os ventos alsios do Sudeste, carregados das energias de se estar entre o Equador e o Capricrnio.

Retalhos do diverso, constitudo por uma regio serrana, cho de amores impossveis, encontro de sonhos e etnias, terra de Ruschi com seus colibris e orqudeas; e um extremo norte que nos leva a terra do Contestado, em que nascem flores de mandacaru, onde as areias mudam de lugar levadas pelo ritmo dos ventos, num eterno namoro, e onde desguam o Cricar e o Doce, que embala o nascer do sol e adormece com um dos mais belos pores do sol. Ao sul, somos transportados ao topo do mundo, entre bandeiras e picos, entre pedras e meninas.

terra de encantos, de ndios apaixonados e conde-nados a se olharem sem se tocarem, transformados em montanhas e libertos em noite de festejo por seu pssaro de fogo. O frade enamorado olha a freira eternamente; o lagarto teima em subir a pedra azulada e o macaco deitado, aos ps da Penha e do Rosrio, toma sol nos contornos do Moreno.

De norte ao sul, capixaba sai de casa namorando a lua, contemplando a natureza nessa terra boa para chamegar. Onde o calor humano transcende as altas temperaturas de Colatina e Cachoeiro do Itapemirim. Quando bota pimenta na moqueca, percorre de Li-nhares a Iriri, deixa razes em Maratazes, Conceio da Barra e Guarapari e, em terras de canela verde, atravessa-se o Jucu segurando nas cordas da Ma-dalena (CORREA, 1997).

Da roa ao litoral, somos maratimbas, pescadores de sonhos grandes, tradies e histrias de Gris ao som de fogueira. Quando pode, capixaba desce as ondas, mergulha no mar ou em areias monazticas e assiste ao nascer ou pr-do-sol do Monte Agh, olhando os caminhos que receberam os poemas de Anchieta. Terras de alegrias, cho sagrado de templos, terrei-ros, sinagogas e mosteiros. Lugar de caf, de cana, de muitas frutas, onde cozinha-se em fogo lenha e canta-se ao p do mastro at o santo escutar, pintam-se os bois e dana-se na folia com os reis.

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Fragmentos do diverso, um caldeiro de ideias, quando unidos, faz nascer povo em movimento. Gente que puxa rede, faz torta na sexta e roda sua saia ao som de tambores e casacas.

Nesse contexto, a educao acontece no conhecer, entender e respeitar encontros tnicos e identida-des nicas e hbridas. As referncias curriculares para o Esprito Santo so atravessadas por marcas identitrias, vestgios e rastros de comportamentos histricos, sociais e culturais.

Currculo, torna-se vivo quando praticado, ferramenta intencional de transformao da vida, na medida em que se percebem desejos e se consideram as emoes e sensibilidades dos sujeitos envolvidos na prtica.

fundamental que este texto encontre novas possi-bilidades de ensino em cada parte do Esprito Santo: no campo, nos quilombos, nas aldeias, nas realidades dos estudantes com deficincia e com necessidades especiais, nas classes hospitalares, nos espaos de privao de liberdade, nas vilas de pescadores e nas mos de desfiadeiras; nas cachoeiras de guas frias e coraes quentes do interior das comunidades pomeranas, italianas e alems, e de tantas outras especificidades que tornam esse mosaico de cores e sabores, entre mangues, restingas, Mata Atlntica e montanhas, lugar de sobreviventes e de muitas histrias dos povos e comunidades tradicionais e da itinerncia, nesse pedacinho do sudeste brasileiro.

Pertencemos a um mundo totalmente interligado pela tecnologia e internet, em que as transformaes so constantes. Crianas, jovens e adultos precisam de uma educao integral, em uma escola na qual os aspectos cognitivos sejam vividos por meio de ferramentas pedaggicas capazes de potencializar a construo de projetos de vida e de articular os novos conhecimentos no mundo ao seu redor e produzindo novos saberes.

Ser capixaba no sculo XXI estar entre a tradio, a descoberta, a tecnologia e o futuro. Nos proces-sos de ensino, intencionalmente, os estudantes, protagonistas, devem desenvolver a capacidade de aplicar em situaes novas o que aprenderam. dessa forma, na concretude do cotidiano escolar, que este documento contribui para que os estudan-tes desenvolvam as competncias e as habilidades necessrias neste sculo.

Em novos tempos, o documento pretendido considera aprendizado, criatividade, memria e pensamento crtico. Tambm, evidencia a importncia do desen-volvimento de capacidades para lidar com emoes. So conhecimentos vivenciados em cada roda de conversa no ptio, no porto da escola ou na mesa do refeitrio, no abrao do colega ou no olhar atento fala do professor na sala ou no corredor durante o intervalo.

Sendo assim, quais caminhos vamos percorrer ou quais trajetrias so possveis para tornar as com-petncias e habilidades possveis e exequveis e no apenas conceitos idealizados e no praticados? Considerando que os currculos so caminhos onde se fortalecem diferentes identidades e culturas, essencial uma educao pluricultural e pluritnica que valorize, respeite e integre o caldeiro de culturas e etnias que formam o povo capixaba.

Elaborar o esse documento tem sido tema recorrente nas discusses sobre a educao no Esprito Santo, no que concerne s polticas educacionais, s aes governamentais ou mesmo s prticas e discursos pedaggicos.

Essa recorrncia tem relao direta com o contexto socioeducacional vivido no Brasil e em especial com a Base Nacional Curricular Comum (BNCC), aprovada pelo Conselho Nacional de Educao e homologada

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pelo Ministrio da Educao em dezembro de 2017. Este currculo serve como eixo-norteador para orientar diferentes prticas educativas, nos mais variados contextos dos territrios.

Estado e municpios trabalham juntos para a cons-truo e reconstruo dos currculos. Em regime de colaborao, previsto pela Constituio Federal Brasileira (1988) e pela Lei de Diretrizes e Bases da Educao (Lei N.0 9394/96), em todo o Brasil, professores e pedagogos tornam-se redatores e colaboradores, trazendo suas experincias para esse documento curricular.

O desafio elaborar, de maneira coletiva, um do-cumento que considere a BNCC e dialogue com as especificidades do Esprito Santo. O currculo compreendido como trajetria, viagem, percurso, documento de identidade, potencializador das rela-es entre a nossa vida e a do outro. So vidas em encontro num documento que prope o acolhimento e o respeito s identidades para as infncias, adoles-cncias, juventudes e adultos capixabas com objetivo de garantir o direito educao integral.

Quando diversos sujeitos com o mesmo propsito se unem, surgem muitas ideias, intencionalidades diferentes, provocando o exerccio do dilogo cons-trutivo e estabelecendo novas relaes. O objetivo fazer com que o currculo seja apropriado e analisado criticamente pela comunidade escolar, resultando em contribuies e prticas pedaggicas que revelem as potencialidades daqueles que vivem a educao cotidianamente, dando vida ao documento.

Os redatores exercitaram o olhar ampliado para as diversas maneiras de perceber a vida, a escola e o estudante. As linhas tnues que separavam e deixavam no isolamento os contedos e disciplinas, espalham-se, atravessam fronteiras e se estabelecem, diante de uma educao integral, potencializadora da equidade e autonomia do sujeito, por meio de um processo dialgico.

No momento em que se elabora o currculo, a in-tencionalidade se reconfigura quando o documento colocado em prtica. O caminho percorrido pela equipe curricular pautado no trabalho coletivo, nas escolhas, discusses, reflexes e respeito pelas espe-cificidades. Documento elaborado por muitas mos com objetivo comum: contribuir para a educao

do Esprito Santo, em tempos de transformaes e mudanas significativas, principalmente, no que se refere a respeitar o outro e conhecer o eu, dando visibilidade s narrativas dos sujeitos cotidianos e apontando um caminho de superao da excluso social e da valorizao das diferentes identidades culturais. O foco na tendncia humanizadora se faz presente utilizando recursos como a (re) contextu-alizao de discursos e usos da memria coletiva, individual e cultural, valorizando as histrias orais e relatos de vida em processo interativo com a comu-nidade escolar e famlias.

Nos processos educacionais, a valorizao cultural e identitria so alcanadas a partir das compreenses e reflexes, vivenciadas em diferentes grupos, que levam emancipao social e cultural dos sujeitos. O desejo dialogar com um currculo vivo, dinmico, vivido nas salas de aulas, corredores, ptios, refeit-rios, quadras, mesas de jantar ou em qualquer grupo de amigos no banco da praa. vivncia em cada unidade escolar como experincia para a vida dos sujeitos escolares, para alm do que se pensa - de forma quase exclusiva na escola. Um desafio aos profissionais da educao: ao, reflexo e ao.

O professor, como sujeito do processo educativo, intelectual, pesquisador, reflexivo e mediador, tem o desafio de construir novas alternativas pedaggicas para a sua prtica docente, articulando-as com as expectativas educativas prprias da escola e de seus estudantes em seus mais variados contextos.

As competncias so um conjunto de qualificaes, desenvolvidas ou adquiridas em decorrncia do de-senvolvimento das habilidades, permitindo aos sujeitos interpretar, refletir e buscar solues para os desafios que lhes so apresentados. Elas so perceptveis concretamente nos processos de aprendizagem e possveis de serem avaliadas. As competncias representam a capacidade de articular e mobilizar conhecimentos, evidenciados por meio de compor-tamentos, gestos, posturas, prticas e valores diante da vida cotidiana, do pleno exerccio da cidadania e do mundo do trabalho. As competncias e as habilidades se materializam nos processos de conhecimento frente realidade concreta por meio de trocas estabelecidas entre os sujeitos em aprendizagem.

Este documento representa a esperana de cada mo participante na sua escrita. So mos sonha-

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doras, sustentadas por outras tantas, presentes em cada escola do nosso territrio. Fronteiras foram atravessadas e tornaram-se simblicas para a ela-borao deste documento. Tomemos posse da ideia de sociedade educadora que, por meio do sentimento de pertencimento e flexibilidade no pensamento, abre caminhos para a busca do bem viver. Consi-deremos a ao educadora elemento indispensvel s identidades do nosso povo e maximizadora do potencial do Estado como espao socializador de cultura e produo de conhecimento para o pas e o mundo, com o jeito reservado e acolhedor prprio do Esprito Santo.

1. A ELABORAO DO CURRCULO EM REGIME DE COLABORAO

A construo do Currculo do Esprito Santo se d num momento histrico da educao brasileira. Em 17 de dezembro de 2017 foi homologada pelo Conse-lho Nacional de Educao a Base Nacional Comum Curricular, para a Educao Infantil e o Ensino Funda-mental, que estabelece as aprendizagens essenciais e indispensveis a todos os estudantes da educao bsica nessas etapas1. A definio de uma base comum curricular para todo o pas atende a uma prerrogati-va da Constituio Federal Brasileira de 1988, da Lei de Diretrizes e Bases da Educao Nacional (Lei N.0

9394/96) e do Plano Nacional de Educao de 2014 e nos coloca no rumo dos principais sistemas educa-cionais do mundo. Ao mesmo tempo, nos desafia a ter um novo olhar sobre os currculos j construdos e vividos nas redes estaduais e municipais de ensino, pois passa a ser uma referncia nacional obrigatria para elaborao ou reviso curricular.

Nesse contexto, o Ministrio da Educao instituiu, na Portaria N.0 331, de 5 de abril de 2018, o Programa de Apoio Implementao da Base Nacional Comum Curricular ProBNCC, cuja adeso pela Secretaria de Estado da Educao do Esprito Santo - SEDU e Unio Nacional dos Dirigentes Municipais de Educa-o, seccional Esprito Santo - UNDIME/ES, revela o compromisso das duas instituies em construir um

currculo, em regime de colaborao entre estado e municpios, para proporcionar uma dinmica de continuidade na formao do estudante de todo o territrio capixaba e desenvolver uma viso integrada para o desenvolvimento das aes necessrias para implementao e gesto curricular.

Para o desenvolvimento de um trabalho de tal magni-tude, foi instituda, pela Portaria N.0 037-R/2018, uma estrutura de governana, visando dar assento, em igualdade, a instncias representativas do estado e municpios, bem como a instituies que representam os profissionais da educao e as que so responsveis por sua formao. Na mesma portaria foi instituda a equipe de elaborao curricular, composta por duas coordenaes estaduais (CONSED e UNDIME), trs coordenaes estaduais de etapa (Educao Infantil e Ensino Fundamental - Anos Iniciais e Anos Finais), um analista de gesto, um articulador de regime de colaborao e 19 redatores dos componentes curri-culares elencados na BNCC, alm dos articuladores do Conselho Estadual de Educao - CEE e da Unio dos Conselhos Municipais de Educao - UNCME. Importante mencionar que a equipe de redatores foi composta por professores das redes estadual e municipal, que convidaram outros professores cola-boradores de diferentes redes para contribuir com a elaborao desse documento.

Alm do estudo profundo da Base Nacional Comum Curricular, a equipe de currculo realizou estudos dos documentos normativos e legais da educao nacional (Constituio Federal de 1988, LDB 9394/96, Diretrizes Nacionais da Educao Bsica: Diversidade e Incluso de 2013), de currculos nacionais e internacionais, e, principalmente, dos currculos j construdos e vividos na rede estadual, no caso o Currculo Bsico Escola Estadual - CBEE (ES, 2009), e nas redes municipais do Esprito Santo2. No seu processo de elaborao, o documento passou por duas consultas pblicas online, a primeira direcionada aos profissionais de educao e a segunda tambm aberta para a sociedade; bem como por leitura crtica de profissionais e instituies representativas que desenvolvem estudos e pesquisas, uma vez que influenciam na construo de polticas pblicas e formao profissional de professores nas

1 Quando homologadas as aprendizagens essenciais do Ensino Mdio, elas sero incorporadas a esse documento.2 Foram considerados os documentos curriculares enviados pelos municpios que compartilharam seus documentos a ttulo de contribuio para construo do Currculo do Esprito Santo, sendo: Aracruz, Boa Esperana, Cachoeiro do Itapemirim, Cariacica, Castelo, Colatina, Conceio da Barra, Domingos Martins, Fundo, Iconha, Joo Neiva, Pancas, Pinheiros, Santa Maria, Santa Teresa e Vila Velha.

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diversas reas e etapas que so abrangidas pelo currculo. H que se destacar ainda o papel impres-cindvel dos articuladores municipais, indicados por suas secretarias, das SREs e professores referncia, na mobilizao dos professores e demais profissio-nais da educao de suas redes para que fossem protagonistas da construo coletiva e colaborativa deste documento curricular, que no total recebeu 10.649 contribuies de profissionais da educao e da sociedade civil.

O Currculo do Esprito Santo, construdo por muitos sujeitos, resultado do trabalho em conjunto entre as instituies parceiras e a equipe de currculo e da colaborao de diversos profissionais da educao dos mais diferentes lugares de nosso estado, o que permitiu o avano das propostas inicialmente apre-sentadas e uma viso mais integrada do percurso formativo dos estudantes da educao bsica de nosso territrio, que direcionar outras polticas e aes necessrias para a sua implementao nas secretarias e escolas estaduais e municipais, incluindo orientaes didtico-metodolgicas, materiais did-ticos e formao docente.

Importante destacar que o Currculo do Esprito Santo contempla os componentes curriculares abordados pela Base Nacional Comum Curricular, que define as aprendizagens essenciais dos componentes obri-gatrios em todos os currculos, e os contextualiza, aprofunda e complementa nas questes relativas educao do nosso Estado. Cabe a cada rede, envolvida com este documento, elaborar outros componentes que sejam exigidos por normas especficas ao seu contexto.

2. EDUCAO BSICA E SUAS BASES LEGAIS

A elaborao do Currculo do Esprito Santo funda-menta-se em documentos legais que legitimam as polticas pblicas educacionais, como:

w Declarao Universal dos Direitos Humanos, pu-blicada 1948, cujo documento o Brasil signatrio, assumindo o compromisso internacional pela educao, em seu artigo 26 estabelece que:

A instruo ser orientada no sentido do pleno desenvolvimento da personalidade

humana e do fortalecimento do respeito pelos direitos do ser humano e pelas liber-dades fundamentais. A instruo promover a compreenso, a tolerncia e a amizade entre todas as naes e grupos raciais ou religiosos e coadjuvar as atividades das Naes Unidas em prol da manuteno da paz (UNESCO, 1948).

w Constituio Federal de 1988, em seu Artigo 205, determina:

A educao, direito de todos e dever do Esta-do e da famlia, ser promovida e incentivada com a colaborao da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exerccio da cidadania e sua qualificao para o trabalho (BRASIL, 1988).

w Estatuto da Criana e do Adolescente (Lei 8.069/1990), que dispe sobre a proteo inte-gral criana e ao adolescente, definidos como pessoas em desenvolvimento fsico, mental, moral, espiritual e social, que tm prioridade nas aes de proteo, de promoo e de defesa dos seus direitos, sem distino de raa, cor ou classe social, e acrescenta em seu Artigo 4.0

dever da famlia, da comunidade, da socie-dade em geral e do poder pblico assegurar, com absoluta prioridade, a efetivao dos direitos referentes vida, sade, alimen-tao, educao, ao esporte, ao lazer, profissionalizao, cultura, dignidade, ao respeito, liberdade e convivncia familiar e comunitria (BRASIL, 1990).

w Estatuto da Juventude (Lei 12.852/2013), que dispe sobre os direitos dos jovens de 15 a 29 anos e declara, em seu Artigo 7.0, a necessidade de ga-rantia de educao bsica, obrigatria e gratuita inclusive para os que a ela no tiveram acesso na idade adequada e complementa:

2.0 dever do Estado oferecer aos jovens que no concluram a educao bsica programas na modalidade da educao de jovens e adultos, adaptados s necessidades e especificidades da juventude, inclusive no perodo noturno, ressalvada a legislao educacional especfica (BRASIL, 2013).

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w Lei de Diretrizes e Bases da Educao Nacional (Lei 9394/96), em seu inciso IV, Art. 9.0, afirma que cabe Unio:

estabelecer, em colaborao com os Es-tados, o Distrito Federal e os Municpios, competncias e diretrizes para a Educao Infantil, o Ensino Fundamental e o Ensino Mdio, que nortearo os currculos e seus contedos mnimos, de modo a assegurar formao bsica comum (BRASIL, 1996).

w Parmetros Curriculares Nacionais, publicados em 1997, especificam que:

[...] na medida em que o princpio da equida-de reconhece a diferena e a necessidade de haver condies diferenciadas para o processo educacional, tendo em vista a garantia de uma formao de qualidade para todos, o que se apresenta a necessidade de um referencial comum para a formao escolar no Brasil, capaz de indicar aquilo que deve ser garantido a todos, numa realidade com caractersticas to diferenciadas, sem promover uma uniformizao que descarac-terize e desvalorize peculiaridades culturais e regionais (MEC/SEF, 1997, p.28).

w Diretrizes Curriculares Nacionais Gerais da Edu-cao Bsica, Resoluo CNE/CEB N.0 4/2010, que estabelecem em seu Artigo 13, 3.0:

A organizao do percurso formativo, aberto e contextualizado, deve ser construda em funo das peculiaridades do meio e das caractersticas, interesses e necessidades dos estudantes, incluindo no s os com-ponentes curriculares centrais obrigatrios, previstos na legislao e nas normas edu-cacionais, mas outros, tambm, de movo flexvel e varivel, conforme cada projeto escolar [...] (BRASIL, 2010).

w Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educao Infantil, Resoluo CNE/CEB N.0 5/2009, que em seu Artigo 3.0 conceituam o currculo como:

[...] conjunto de prticas que buscam articu-lar as experincias e os saberes das crianas com os conhecimentos que fazem parte

do patrimnio cultural, artstico, ambiental, cientfico e tecnolgico, de modo a promover o desenvolvimento integral de crianas de 0 a 5 anos de idade (BRASIL, 2009).

w Diretrizes Curriculares Nacionais da Educao B-sica para as modalidades da Educao do Campo (Resoluo CNE/CEB N.0 2/2008), da Educao Especial (Resoluo CNE/CEB N.0 4/2009), da Edu-cao de Jovens e Adultos em contexto escolar (Resoluo CNE/CEB N.0 3/2010) e em privao de liberdade (Resoluo CNE/CEB N.0 2/2010), da Educao Escolar Indgena (Resoluo CNE/CEB N.0 5/2012), dos estudantes em situao de itinerncia (Resoluo CNE/CEB N.0 3/2012), da Educao Escolar Quilombola (Resoluo CNE/CEB N.0 8/2012), que estabelecem as especificidades a serem atendidas em cada modalidade da educao bsica nacional.

w Resoluo CEE/ES 3777/2014, em seu Art. 71, reco-nhece que:

O currculo, por ser uma construo social relacionada ideologia, cultura e pro-duo de identidades, tem ao direta na formao e no desenvolvimento dos estu-dantes, devendo, a sua elaborao privilegiar as seguintes relaes: I cultura, sociedade e homem/mundo; II conhecimento, produo de saberes e aprendizagem; e III teoria e prtica.

w Plano Nacional de Educao, promulgado pela Lei n.0 13.005/2014, reitera a necessidade de estabelecer e implantar, mediante pactuao interfederativa (Unio, Estados, Distrito Federal e Municpios), di-retrizes pedaggicas para a educao bsica e a base nacional comum dos currculos, com direitos e objetivos de aprendizagem e desenvolvimento dos(as) alunos(as) para cada ano do Ensino Fun-damental e Mdio, respeitadas as diversidades regional, estadual e local (BRASIL, 2014).

w A Base Nacional Comum Curricular (BNCC), ho-mologada pela Resoluo CNE/CP N.0 2, de 22 de dezembro de 2017 (*) Institui e orienta a im-plantao da Base Nacional Comum Curricular, a ser respeitada obrigatoriamente ao longo das etapas e respectivas modalidades no mbito da

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Educao Bsica. A BNCC trata das aprendizagens essenciais que todos os alunos devem desenvolver ao longo das etapas e modalidades da Educao Bsica, de modo a que tenham assegurados seus direitos de aprendizagem e desenvolvimento, em conformidade com o que preceitua o Plano Nacional de Educao (PNE). Este documento normativo aplica-se exclusivamente educao escolar, tal como a define o 1.0 do Artigo 1.0 da Lei de Diretrizes e Bases da Educao Nacional (LDB, Lei n.0 9.394/1996), e est orientado pelos princpios ticos, polticos e estticos que visam formao humana integral e construo de uma sociedade justa, democrtica e inclusiva, como fundamentado nas Diretrizes Curriculares Nacionais da Educao Bsica (DCN).

w Lei complementar N.0 799, de 12 de junho de 2015, que cria o Programa de Escolas Estaduais de Ensino Mdio em Turno nico, com o objetivo de planejar, executar e avaliar um conjunto de aes inovadoras em contedo, mtodo e gesto, direcionadas melhoria da oferta e da qualidade do ensino mdio na rede pblica do Estado, assegurando a criao e a implementao de uma rede de Escolas de Ensino Mdio em Turno nico.

w Pacto de Aprendizagem do Esprito Santo, Lei N.0 10.631, de 28 de maro de 2017, que tem por objetivo viabilizar e fomentar o regime de colaborao entre a rede estadual e as redes municipais de ensino, a partir do dilogo permanente e aes conjuntas voltadas ao fortalecimento da aprendizagem e melhoria dos indicadores educacionais dos alunos, das unidades de ensino e das referidas redes da educao bsica no Esprito Santo, envolvendo domnio de competncias de leitura, escrita e clculo, adequados a cada idade e escolarizao nas duas primeiras etapas de ensino da educao bsica.

Os documentos supracitados respaldam a elaborao do Currculo do Esprito Santo, que tem como princpios o pleno desenvolvimento da pessoa, o exerccio da cidadania, a qualificao para o trabalho, a equidade e a valorizao das diferenas, a partir dos diversos contextos em que se configura a educao do nosso Estado.

A partir das aprendizagens essenciais definidas na BNCC, as habilidades foram contextualizadas, apro-

fundadas e complementadas considerando os sujeitos que esto implicados na educao do territrio do Esprito Santo. Para sua concretizao, foi essencial o regime de colaborao entre Estado e municpios, e demais parceiros. Isso equivale a compreender o currculo como construo histrica e social.

3. CONCEPES DO CURRCULO DO ESPRITO SANTO

O Currculo do Esprito Santo uma proposta que se fundamenta na concepo de que o currculo uma construo situada num tempo e espao permeado de valores, sujeitos e contextos, que se consolida numa proposta que continuar sendo construda em seu caminhar. Portanto, no algo esttico, pronto e acabado. Enquanto documento, trata-se de uma proposta que estabelece as aprendizagens escolares mnimas e oferece diretrizes que buscam assegur-las como direitos a todos os estudantes do nosso territrio, dialogando com os seus interesses e suas necessidades, bem como comprometendo-se para que se desenvolvam plenamente e tenham condies de enfrentarem as demandas atuais e futuras, num cenrio de incertezas. Ao mesmo tempo, entende-se que o currculo se faz na prtica e nas dinmicas prprias do fazer e pensar o cotidiano escolar, onde perpassam desafios e decises das mais diversas ordens, onde adquire forma e significado educativo (GIMENO SACRISTN, 2000). Por ser composto pelo movimento entre a inteno e a realidade, precisa ser flexvel e estar aberto a revises e atualizaes, de modo que atenda s demandas escolares cotidianas e s novas necessidades da sociedade em que vivemos, e acompanhe as contnuas discusses e estudos que sustentam as aes educacionais.

Este documento prope um caminho a ser percorrido pelos estudantes do estado do Esprito Santo, por meio do apontamento das aprendizagens essenciais a que todos tm direito de acesso e desenvolvimento durante sua trajetria na educao bsica. Por isso, trata-se de um referencial a ser usado como ponto de partida para a elaborao dos documentos orien-tadores institucionais, construindo de forma coletiva e colaborativa, com os sujeitos e em cada contexto escolar, o detalhamento e os modos de viabilizar prticas alinhadas as suas concepes, indicaes de avaliao e perspectivas metodolgicas que prope.

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O Currculo do Esprito Santo orientado por princpios pautados na Educao Integral, que devem subsidiar a poltica educacional do territrio. Por meio de sua proposta visa promover a educao integral, entendida como aquela que possibilita o desenvolvimento do su-jeito em suas dimenses intelectual, social, emocional, fsica, cultural e poltica, por isso, compreendendo-o em sua integralidade. Nesse sentido, a escola, de tempo parcial ou integral, deve estar comprometida com o desenvolvimento do sujeito em suas diferentes dimenses, promovendo situaes de aprendizagem que articulem conhecimentos, habilidades e atitudes que possibilitem o desenvolvimento dos estudantes, o exerccio de sua autonomia e, ao mesmo tempo, o estabelecimento do compromisso com a construo e melhoria do mundo em que vivem.

Nesse sentido, o documento assume uma viso plural, singular e integral da criana, do adolescente, do jovem e do adulto, considerando-os como sujeitos de aprendizagem, possuidores de direitos e deveres, e que por meio do conhecimento, da autonomia e de suas potencialidades sejam capazes de se realizar em todas as suas dimenses. Isso significa que mesmo que em cada etapa os estudantes possuam caractersticas em comum, h que se reconhecer a pluralidade de infncias e juventudes que se sobressalta mediante as construes histricas, culturais, socioeconmicas, lingusticas, tnicas, polticas, religiosas, entre outras que compem seu modo de viver e estar no mundo de modo singular, criando novas formas de existir.

Nos estudos atuais, defendemos a ideia da criana sujeito que se produz dentro de realidades, por isso, afeta e afetada pelo contexto no qual interage. Em contrapartida, negamos a infncia universal e padronizante. Concebemos a diversidade no campo da infncia como espao de construes e interaes relacionadas cultura e ao lugar no qual a identidade das crianas se constitui e se encontra em permanente devir. Con-clamamos uma infncia inter/multicultural nas dimenses poltica, econmica, cultural, geogrfica e social (GONALVES, 2017, p.24).

Esses contextos diversos foram, e continuam sendo, fonte de muita desigualdade educacional no que diz respeito ao acesso, permanncia e qualidade. Para superar essa viso, faz-se necessrio conhecer os estudantes, reconhecer as diferenas que trazem

consigo, orientar o trabalho pedaggico para o seu acolhimento e, ainda mais, oferecer oportunidades que possibilitem o desenvolvimento pleno dos estu-dantes na medida das necessidades, possibilidades e interesses que apresentam, de modo a promover a equidade para superao da excluso histrica que atravessa a escolarizao bsica dos sujeitos em sua diversidade e singularidade.

A educao integral leva em conta que a educao um direito de todos, e que, no reconhecimento da pluralidade e da singularidade dos sujeitos, as condies devem ser ajustadas para a promoo da equidade educacional. Trata-se de comprometer-se com uma educao inclusiva, em que todos tenham assegurados seus direitos de acesso, permanncia e aprendizagem. Essa uma mudana da cultura da excluso para a incluso, na qual a diversidade no amedronta, mas constitui o modo de ser e funcionar das escolas em processos educativos que considerem as necessidades mpares de cada um. Trata-se de uma mudana que inclui uma reviso de espaos, investimento na formao docente, melhoria nas condies de infraestrutura e adaptaes curricu-lares que promovam a incluso. So necessrias, ainda, adequaes didtico-metodolgicas a serem produzidas em documentos posteriores, durante as formaes docentes e contextualizaes nos projetos das escolas, de modo a registrar prticas orientadoras que considerem atividades e estratgias diversificadas para o acesso ao conhecimento e o desenvolvimento das competncias.

Por outro lado, preciso fortalecer polticas que visem garantir que todos os estudantes das redes atendidas por esse documento tenham seus direitos assegura-dos a partir da viabilidade de condies adequadas a sua aprendizagem, considerando as diferentes necessidades que apresentam e que influenciam o processo de aprendizagem, como: sade, nutrio, diversos tipos de violncia, fatores psicossociais, mobilidade, conflitos familiares, abandono, falta de perspectiva sobre o futuro, entre outros. Portanto, equidade e incluso no so compromissos apenas da escola, o que refora a importncia do avano de aes intersetoriais e a elaborao de polticas pblicas que as consolidem e deem sustentao sua continuidade, de modo que estejam articuladas para o enfrentamento necessrio e urgente das vul-nerabilidades s quais nossas crianas e adolescentes esto submetidos e para sua proteo, de modo que

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nenhuma negligncia possa comprometer o direito ao seu pleno desenvolvimento.

O acolhimento da pluralidade e da singularidade dos estudantes revela a necessidade de reconhecer as crianas, adolescentes, jovens e adultos em suas diferentes dimenses. Isso supera uma concepo que valoriza quase que exclusivamente a dimenso cognitiva e nos desafia para o desenvolvimento da integralidade dos sujeitos da aprendizagem, num contexto em constante mudana, saturado de in-formaes, cheio de incertezas e num mundo cada vez mais diverso.

Mediante os novos desafios colocados pela sociedade do sculo XXI, especialmente ligados s mudanas econmicas, polticas e sociais provocadas pela era do conhecimento e da informao, permeada pelo uso de tecnologias digitais, nascem novas necessidades de aprendizagem e desenvolvimento, de modo que, os sujeitos que a constituem, possam se apropriar de suas exigncias para ter condies de atuar em seu contexto de forma crtica e, ao mesmo tempo, de estar apto para propor novos rumos, vislumbrando uma sociedade mais igualitria, solidria, participativa, responsvel e inclusiva.

O Currculo do Esprito Santo vislumbra uma educao comprometida com o desenvolvimento de competn-cias, que incluem o domnio do conhecimento, mas vo para alm dele, pois pressupe tambm o domnio de habilidades e atitudes necessrias para viver, atuar e intervir no mundo. Importante mencionar tambm que no se trata do desenvolvimento de habilidades a serem adquiridas de forma mecanicista, justaposta e fragmentada, que ao fim se chega numa atuao compartimentada, repetitiva, superficial e externa a quem a executa.

[...] as competncias so sistemas comple-xos, pessoais, de compreenso e de atuao, ou seja, combinaes pessoais de conhe-cimentos, habilidades, emoes, atitudes e valores que orientam a interpretao, a tomada de decises e a atuao dos indivduos humanos em suas interaes com o cenrio em que habitam, tanto na vida pessoal e social como na profissional (PREZ GMEZ, 2015, p.74).

Nesse documento compactuamos com PREZ GMEZ

(2015), que compreende as competncias de forma global, sistmica, flexvel, reflexiva e contextualizada, o que pressupe que, mediante situaes complexas, o sujeito seja capaz de diagnosticar, analisar, propor solues, atuar de forma criativa e adaptativa, avaliar o processo e resultados, bem como propor novas melhorias de modo pessoal, portanto, a partir de seus conhecimentos e da sua capacidade de identificar necessidades e intervir na realidade, de modo crtico e criativo. Acrescentamos ainda a importncia do dilogo e da colaborao, visando o desenvolvimento de uma educao com o outro, de modo que suas ideias e propostas sejam discutidas, pensadas cole-tivamente e para o coletivo, elaboradas em conjunto e voltadas para o atendimento ao bem comum e a vida democrtica.

O Currculo do Esprito Santo reitera seu compromisso em valorizar a aprendizagem e suas diferentes formas de desenvolvimento, de respeitar o estudante em sua singularidade, integralidade e diversidade, de ampliar a leitura de mundo a partir do conhecimento cient-fico trabalhado de modo significativo, de promover a contextualizao e a problematizao dos saberes, de fortalecer a relao professor-aluno num processo de mediao e dilogo, e de direcionar os esforos para a melhoria da qualidade em educao como um direito fundamental.

Entende-se, ainda, que para alm dos conhecimen-tos e habilidades, tornou-se fundamental rever e pensar sobre atitudes e valores para a convivncia respeitosa, num mundo em que a heterogeneidade se sobressai e nos desafia na relao com os ou-tros, seus costumes, ideias, opes e convices. Colocar-se no lugar do outro, conhecer e respeitar o diverso, trabalhar de forma colaborativa, atuar tendo em vista o benefcio da coletividade, de acordo com os princpios democrticos, podem nos ajudar a encontrar formas mais harmnicas de convivermos pessoal e coletivamente com a diferena. Esse um desafio que se coloca no cotidiano das escolas e foi reconhecido pelos professores das redes estaduais e municipais como ponto sensvel, cujas atitudes j so trabalhadas com os estudantes, mas que precisam de maior sistematizao e intencionalidade educativa, s quais se prope esse documento.

O que nos leva a uma opo pela educao integral, comprometida com o desenvolvimento de competn-cias, reconhec-la como o caminho necessrio para

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a formao de sujeitos capazes de fazer escolhas e tomar decises sobre si, com autonomia, numa relao que compreende tambm sua responsabilidade tica, histrica, poltica e social com o outro e com o mundo. Afinal, minha presena no mundo no a de quem apenas se adapta, mas a de quem nele se insere. a posio de quem luta para no ser apenas objeto, mas sujeito tambm da Histria (FREIRE, 2002, p. 60). necessrio formar cidados crticos e pensantes, capazes de questionar sem medo, de buscar conhe-cimentos que os faam crescer em sociedade, de abrir novos horizontes para assim contribuirmos para o desenvolvimento de uma sociedade democrtica onde a liberdade e o direito de expresso estejam garantidos e sejam usados para o bem comum.

Para viver de forma autnoma, torna-se imprescindvel reconhecer que fazemos parte de um coletivo e que a partir de nossas vivncias e experincias podemos assumir o nosso papel social. Estimular prticas pedaggicas na educao que contribuam para a autonomia dos estudantes possibilitar caminhos a quem aprende, na expectativa de termos um cida-do consciente de seus deveres e direitos, capaz de elaborar uma reflexo crtica diante da realidade e do contedo trabalhado, adquirindo liberdade inte-lectual e possibilitando novas conexes para alm das paredes da sala de aula.

A formao do sujeito autnomo tambm requer o autoconhecimento, a autorregulao e a auto-determinao como elementos essenciais para a construo da prpria vida (PREZ GMEZ, 2015) e do mundo. Portanto, conhecer a si mesmo, identifi-car seus interesses, talentos e motivaes, rever ou revisitar posicionamentos, apreciar-se, estar aberto a aprendizagem contnua, reconhecer seus limites e possibilidades, fazer escolhas, assumir responsa-bilidades, reconhecer-se como sujeito de direitos e deveres, so essenciais no exerccio de construo da vida, com o outro e com o mundo, num sentido de reflexo e interveno sobre o que querem, como avaliam a si mesmos e suas perspectivas futuras, num compromisso tico com a construo de uma sociedade democrtica.

Por todas perspectivas adotadas nesse documen-to, o Currculo do Esprito Santo corrobora a BNCC ao reconhecer a importncia das 10 competncias bsicas a serem desenvolvidas pelos estudantes da Educao Bsica, que dizem respeito s seguintes

dimenses: conhecimento; pensamento cientfico, crtico e criativo; repertrio cultural; comunicao; cultura digital; trabalho e projeto de vida; argumen-tao; autoconhecimento e autocuidado; empatia e cooperao; e, por fim, responsabilidade e cidadania. Isso significa assumir tambm que se entende que os processos educativos devem colocar no centro da discusso a aprendizagem dos estudantes e seu desenvolvimento mais amplo, considerando conhe-cimentos mobilizados por processos cognitivos mais complexos e que corroborem com sua atuao e interveno crtica no mundo.

Cabe mencionar que, em 2009, a Secretaria de Estado da Educao do Esprito Santo elaborou Currculo B-sico da Escola Estadual por competncias, de acordo com os documentos normativos do Ministrio da Educao, sendo usado posteriormente como refe-rncia para novas construes em outras secretarias. Desde ento, entende-se a necessidade de uma nova organizao do trabalho pedaggico, de modo que os profissionais da educao se atentem em seu planejamento de que no se trata de definir o que o professor ir ensinar ao aluno e sim o que o aluno vai aprender (ES, 2009, p.29-30).

Nesse sentido, um currculo para Educao Integral comprometido com a construo intencional de processos educativos que visam o desenvolvimento humano em sua integralidade, superando uma viso disciplinar, e que para isso promovam a interligao dos saberes, o estmulo a sua aplicao na vida real, a importncia do contexto para dar sentido ao que se aprende e o protagonismo do estudante em sua aprendizagem e na construo do seu projeto de vida e de sua atuao cidad. Pressupe ainda a articulao da escola com pais, comunidade e demais instituies e a melhoria qualitativa do tempo na escola para o atendimento formao integral do sujeito. Neste sentido, esse documento um referencial para a construo dos projetos pedaggicos das unidades escolares, de modo que possam elaborar em seus contextos propostas que dizem respeito s especi-ficidades de sua realidade.

O Currculo do Esprito Santo assume, ainda, a necessi-dade de proposio de polticas pblicas que busquem viabilizar e desenvolver uma educao de qualidade em seus diferentes mbitos, especialmente polticas de formao de professores, de melhoria das condies materiais e de infraestrutura das escolas, de criao

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e diversificao de materiais didticos, de valorizao docente, de outras formas de organizar o tempo e espao escolares, e a elaborao de estratgias mais amplas e articuladas para que sejam enfrentados os desafios atuais colocados nos diferentes contextos do territrio para implementao dessa proposta.

4. EDUCAO E AS DIVERSIDADES

Guiando-se pelas concepes que regem o Currculo do Esprito Santo, especialmente Educao Inclusiva e Equidade, faz-se necessrio tambm abordar as diversas modalidades de ensino que tambm so contempladas nesse documento. Trata-se de um olhar para o diverso, no excludente e nem puramente isolado. No dia a dia das nossas escolas, sejam elas de atendimento regular, especializado ou misto das modalidades, esto postas as diferentes realidades de nossos estudantes, que se entrecruzam e nos desafiam a ressignificar prticas educativas visando garantir o direito de todos educao, como preconiza a Constituio Federal Brasileira de 1988.

Quando a escola regular, indgena ou quilombola tem em seu pblico estudantes da educao especial, quando a EJA recebe tambm o jovem em privao de liberdade na escola, quando crianas e jovens do campo, indgenas e quilombolas so atendidos em escolas fora de suas comunidades, entre tantas outras possibilidades de entrecruzamentos, os desafios do fazer escolar se ampliam e reforam ainda mais a necessidade de uma postura acolhedora e inclusiva, de formao continuada docente e de polticas pblicas que deem sustentao melhoria das condies de atendimento escolar.

Ao mesmo tempo, h que se considerar a luta poltica pelo reconhecimento e fortalecimento das modalida-des especficas da Educao Bsica, historicamente relegadas a segundo plano, haja vista o posiciona-mento recente na histria da educao brasileira para a definio de suas diretrizes. Educao Especial, Educao de Jovens e Adultos na educao escolar e em estabelecimentos prisionais, Educao do Campo, Educao Escolar Indgena, Educao Escolar Quilom-bola e educao escolar para estudantes em situao de itinerncia so hoje conquistas que precisam ser preservadas e receber aportes para avanarem em quantidade e qualidade de atendimento. Nesse

sentido, o Currculo do Esprito Santo aponta para uma proposta que atenda a essa universalidade, mas que reconhece, respeita e valoriza as diversidades e singularidades que so prprias de cada moda-lidade, visando contribuir para a garantia do direito fundamental educao de qualidade para todos os estudantes de nosso territrio, indo ao encontro das perspectivas trazidas pelas Diretrizes Nacionais para a Educao Bsica: diversidade e incluso (BRASIL, 2013).

[...] torna-se inadivel trazer para o debate os princpios e as prticas de um processo de incluso social, que garanta o aces-so educao e considere a diversidade humana, social, cultural, econmica dos grupos historicamente excludos. Trata-se das questes de classe, gnero, raa, etnia, gerao, constitudas por categorias que se entrelaam na vida social, mulheres, afro-descendentes, indgenas, pessoas com defi-cincia, populaes do campo, de diferentes orientaes sexuais, sujeitos albergados, em situao de rua, em privao de liberdade, de todos que compem a diversidade que a sociedade brasileira e que comeam a ser contemplados pelas polticas pblicas (BRASIL, 2013, p.7).

Desenvolver um trabalho educacional na perspectiva da incluso social implica assumir um currculo que proporcione o fazer e o pensar prticas pedaggicas comprometidas com a valorizao e o respeito diversidade, com o desenvolvimento integral dos estu-dantes e com os princpios constitucionais de respeito liberdade e dignidade humana. Destacamos a seguir algumas das especificidades, especialmente pedaggicas e de contextualizao, referentes s diferentes modalidades da educao bsica no pas a serem consideradas e aprofundadas em seus projetos pedaggicos, bem como nas polticas de formao docente para o atendimento adequado aos estudantes as quais se destinam.

4.1 EDUCAO ESPECIAL

A Educao Especial, como modalidade transversal a todos os nveis, etapas e modalidades de ensino, parte integrante da educao regular, devendo ser prevista na proposta poltico-pedaggica da unidade escolar. Assim, os objetivos da educao especial so os mesmos da educao em geral. O que difere,

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entretanto, o atendimento, que passa a ser de acordo com as diferenas individuais do aluno. Ela se desenvolve em torno da igualdade de oportunidades, atendendo s diferenas individuais de cada criana atravs de uma adaptao do sistema educativo. Dessa forma, todos os educandos podem ter acesso a uma educao capaz de responder s suas necessidades.

A Educao Especial foi definida como modalidade da educao bsica na LDB n.0 9394/96, que tambm asse-gurou o atendimento a educandos com deficincia em escolas pblicas e gratuitas regulares. Essa definio corrobora a perspectiva inclusiva da escola na busca de superar atitudes discriminatrias, que promovem a excluso, para o desenvolvimento de atitudes acolhe-doras que promovam uma sociedade inclusiva.

A matrcula um passo importante, entretanto, so necessrias de outras garantias para que se pro-mova de fato a incluso. Nesse sentido, as Diretri-zes Nacionais para Educao Especial na Educao Bsica, institudas pela Resoluo CNE/CEB N.0 2 de 2001, apontam para a necessidade de flexibilizao e adaptao do currculo, por meio de metodologias, recursos didticos e processos de avaliao adequa-dos s caractersticas, habilidades e necessidades de aprendizagem, que so nicas em cada educando da Educao Especial.

De acordo com o Decreto N.0 7.611/2011 (BRASIL, 2011), so considerados pblico-alvo da educao especial as pessoas com deficincia3, com transtornos globais do desenvolvimento e com altas habilidades ou super-dotao, que, matriculados na escola regular, possuem o direito ao atendimento educacional especializado compreendido como o conjunto de atividades, re-cursos de acessibilidade e pedaggicos organizados institucional e continuamente (Art.2.0, 1.0) de forma a complementar ou suplementar as necessidades dos estudantes dessa modalidade, devendo ser realizado, de acordo com a Resoluo CNE/CEB N.0 4/2009, em seu Artigo 5.0, prioritariamente em sala de recursos multifuncionais, no turno inverso da escolarizao (BRASIL, 2009). No caso dos estudantes surdos e com deficincia auditiva, tambm devem ser observadas as diretrizes e princpios do Decreto N.0 5.626/2005, garantindo seu direito educao.

Destaca-se, ainda, a necessidade de formao continu-ada para os professores sobre o processo de incluso, sobre as necessidades educacionais especiais e sobre como se d o desenvolvimento cognitivo das pessoas em seu processo de aquisio de conhecimentos e, ainda, a importncia do apoio de especialistas. Para que alcancemos uma educao democrtica que atenda cada aluno na sua singularidade, deve-se incluir os professores, a comunidade escolar e, tambm, os pais e a sociedade nessa discusso mais ampla e na definio de aes que tenham como fim proporcionar a todo e qualquer aluno um ensino adequado s suas necessidades especficas.

Importante mencionar que para alm dos desafios pedaggicos colocados para professores de salas regulares e de recursos multifuncionais, para os quais necessrio prover formao continuada, visando ampliar, aprofundar e disseminar estudos e prticas da educao especial, ainda h que se ter aes pla-nejadas pela gesto das redes de ensino que deem suporte s melhorias materiais, de infraestrutura e de pessoal das unidades escolares, de modo a prover condies adequadas para o atendimento a esses es-tudantes e atender as prerrogativas de acessibilidade, barreiras, comunicao, mobilirio, profissional de apoio escolar, etc., mencionadas no Estatuto da Pessoa com Deficincia Lei N.0 13.146/2015, para que, alm de assegurar essas matrculas, assegurem tambm a permanncia destes alunos, sem perder de vista a intencionalidade pedaggica e a qualidade do ensino.

A Poltica Nacional de Educao Especial na Perspec-tiva da Educao Inclusiva (BRASIL, 2008) orienta para a necessidade de um direcionamento das prticas escolares que promovam a superao da perspectiva excludente por meio do desenvolvimento de aes acolhedoras das diversidades, respeitando o que prprio de cada estudante. Inclui um novo olhar sobre o pedaggico, mas tambm o compromisso com a me-lhoria das condies de atendimento, ambos desafios ainda a serem superados na maior parte das redes de ensino. No Currculo do Esprito Santo destacamos, ainda, a necessidade de articulao intersetorial, es-pecialmente com a sade, para garantir estratgias de identificao e interveno adequadas situao de cada estudante dessa modalidade.

3 De acordo com a Lei N.0 13.146/2015, em seu Art.2.0, considera-se pessoa com deficincia aquela que tem impedimento de longo prazo de natureza fsica, mental, intelectual ou sensorial, o qual, em interao com uma ou mais barreiras, pode obstruir sua participao plena e efetiva na sociedade em igualdade de condies com as demais pessoas (BRASIL, 2015).

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Do ponto de vista curricular, cabe s redes e escolas a definio em seus projetos pedaggicos de obje-tivos, princpios e metas a serem perseguidos pela comunidade escolar em suas aes de atendimento a estudantes da educao especial, resguardando seus direitos, dentre eles o direito de aprendizagem para o desenvolvimento da autonomia e para o exerccio pleno da cidadania.

4.2 EDUCAO DE JOVENS E ADULTOS

De acordo com a LDB N.0 9394/96 (BRASIL, 1996), em seu Art. 37, a educao de jovens e adultos ser destinada queles que no tiveram acesso ou continuidade de estudos nos ensinos fundamental e mdio na idade prpria e constituir instrumento para a educao e a aprendizagem ao longo da vida. Por tratar-se de um currculo voltado para a educao bsica, o documento considera como pblico a ser atendido por ele, os jovens e adultos que no puderam efetuar os ensinos fundamental e mdio na idade regular.

A meta 9 do Plano Nacional de Educao se pro-pe erradicar, at 2024, o analfabetismo absoluto e reduzir em 50% (cinquenta por cento) a taxa de analfabetismo funcional. Isso significa que ainda h muito a ser feito, uma vez que segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domiclios Contnua (IBGE, 2017) o Brasil ainda possui 11,8 milhes de analfabe-tos, o que corresponde a 7,2% da populao com 15 anos ou mais, o que se agrava quando o foco a populao masculina, negra e parda, e com mais de 40 anos. Outro dado alarmante na mesma pesquisa que apenas 51% da populao brasileira possui o ensino fundamental completo at os 25 anos, e 26,3% completou o ensino mdio.

Esses dados nos ajudam a revelar algumas facetas do atendimento ao pblico da educao de jovens e adultos. Trata-se de estudantes que carregam em suas histrias o fracasso e a excluso escolar e, para alm disso, vivncias culturais e sociais que ultrapassam quelas da infncia e adolescncia, incluindo o compromisso com a famlia e o trabalho, este geralmente informal. Ainda h que se considerar os estudantes da Educao Especial, que mediante fracassos repetidos e inadequaes da escola para seu atendimento, tornam-se pblico tambm da EJA. Todo esse quadro de excluso ao qual so submetidos compromete a participao cidad desses estudantes no mundo do trabalho, da cultura e da poltica.

Mediante isso, a educao de jovens e adultos deve propiciar oportunidades educacionais pautadas na incluso e qualidade social e apropriadas s hist-rias de vida de seus estudantes, visando promover a alfabetizao e as demais aprendizagens previstas nesse documento curricular. Em congruncia com o Art.5.0, Pargrafo nico, da Resoluo CNE/CEB N.0 1, de 05 de julho de 2000, que estabelece as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educao de Jovens e Adultos, a EJA se pautar pelos princpios da equidade, diferena e proporcionalidade na apropriao e con-textualizao das diretrizes curriculares nacionais.

Importante mencionar que, para alm do atendimento da Educao de Jovens e Adultos no espao escolar, as Diretrizes Nacionais da Educao Bsica incluem tambm os jovens e adultos em situao de priva-o de liberdade. Tendo como objetivo estabelecer questes de ordem da poltica de educao para o sistema penitencirio, o Conselho Nacional de Edu-cao dispe na Resoluo N.0 2, de 19 de maio de 2010, das diretrizes para esse atendimento em nvel nacional, devendo atender a presos provisrios, con-denados, egressos do sistema prisional e queles que cumprem medidas de segurana (BRASIL, 2010). Traz como uma de suas orientaes o desenvolvimento de polticas de elevao de escolaridade associada qualificao profissional, articulando-as, tambm, de maneira intersetorial, a polticas e programas destinados a jovens e adultos (Art.3.0, inciso VI). Re-alizada em parceria com rgos responsveis pela poltica de execuo penal, a educao de jovens e adultos em situao de privao de liberdade deve ser organizada de modo a atender as peculiaridades de tempo, espao e rotatividade da populao carcerria, com materiais didticos e estratgias pedaggicas adequados, inclusive em programas educativos na modalidade de Educao a Distncia.

As diretrizes da educao de jovens e adultos em estabelecimentos penais estabelecem parmetros que visam garantir o direito de aprender de todas as pessoas encarceradas, proporcionando-lhes acesso educao em seus diferentes nveis e contribuindo para mudar a atual cultura de priso, na busca de convergir as aes de segurana e de educao para alcanar os objetivos da priso, que a recuperao e a ressocializao dos presos.

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4.3 EDUCAO DO CAMPO

A educao do campo uma modalidade educacional que se destina a atender as populaes que produzam suas condies materiais de existncia a partir do trabalho no meio rural, como os agricultores fami-liares, os extrativistas, os pescadores artesanais, os ribeirinhos, os assentados e acampados da reforma agrria, os trabalhadores assalariados rurais, os quilombolas, os caiaras, os povos da floresta, os caboclos, entre outros, de acordo com a Poltica de Educao do Campo estabelecida pelo Decreto N.0 7.352/2010. (BRASIL, 2010). A oferta dessa modalidade deve acontecer em escolas situadas em rea rural ou em escolas urbanas em que atendam predomi-nantemente as populaes do campo.

As escolas do campo possuem identidades muito prprias, vinculadas s questes e temporalidades da terra, da pesca e da floresta que, uma vez vividas e apropriadas pelos seus estudantes, devem ser consideradas na contextualizao do currculo e flexibilizao da organizao escolar, mediante os ciclos de produo prprios da rea rural.

Na produo do seu modo de vida convivem tambm a luta dos movimentos sociais em defesa da terra e de seus trabalhadores, bem como o desenvolvimento tecnolgico que alavanca a produo e, ao mesmo tempo, pe em risco o incentivo agricultura familiar em suas prticas produtivas mais sustentveis, pro-vocando mudanas nos campos poltico, econmico e at geracional das questes voltadas ao campo.

Dessa forma, a ao educativa do campo est vincula-da diretamente ao trabalho e aos saberes produzidos nesse modo de vida, incluindo as mudanas que dele ocorrem com o tempo, o que d abertura a quebra da ideia de uma zona rural idealizada para aquela praticada em que seus aspectos sociais, polticos, ambientais, culturais, de gnero, de etnia, entre ou-tros; que compem tambm sua diversidade, a ser reconhecida e valorizada nas prticas e projetos pedaggicos escolares.

Importante destacar que a adequao de contedos e metodologias para os alunos do campo no deve levar a uma diminuio ou oposio ao que trabalhado nas escolas urbanas, uma vez que as aprendizagens essenciais so comuns a todos os estudantes do nosso territrio. Trata-se de identificar o que prprio de

sua identidade e adequar os projetos pedaggicos de cada escola com a participao da comunidade esco-lar, visando valorizar suas especificidades bem como adequar metodologias e recursos a sua realidade para promover a aprendizagem significativa. Para finalizar, mediante as particularidades do contexto rural e as diversidades que o compem, faz-se necessria uma poltica de formao de professores para atuao nas escolas do campo, que dialogue com a forma de ser e agir de cada comunidade e promova as garantias da educao a que tem direito.

4.4 EDUCAO ESCOLAR INDGENA

As Diretrizes Curriculares Nacionais da Educao Escolar Indgena foram estabelecidas pela Resoluo CNE/CEB N.0 5/2012, e buscam garantir as especifici-dades dos processos educativos indgenas mediante as diretrizes das demais etapas e modalidades da educao bsica, que tambm orientam seu funcio-namento e organizao em termos gerais.

Em suas diretrizes especficas, preconiza a garantia do direito educao escolar diferenciada s comu-nidades indgenas, com qualidade social e pertinncia pedaggica, cultural, lingustica, ambiental e territorial, respeitando as lgicas, saberes e perspectivas dos prprios povos indgenas (Art.2.0, inciso VII), de modo que a escola seja um local de afirmao de identi-dades e pertencimento tnico. Oferecida em institui-es prprias, contemplando todas as modalidades da educao bsica, a educao escolar indgena deve pautar-se nos princpios da igualdade social, da diferena, da especificidade, do bilinguismo e da interculturalidade, valorizando suas lnguas e conhe-cimentos tradicionais, o que corrobora as concepes da diversidade do Currculo do Esprito Santo.

Destaca a proposta poltico-pedaggica como um importante instrumento da autonomia e da identidade escolar, sendo um importante referencial na garantia da educao escolar diferenciada, estabelecendo a relao dos princpios e objetivos especficos da educao indgena com as diretrizes gerais da edu-cao bsica nacional, de modo que contribua para a continuidade sociocultural dos grupos indgenas em seu territrio e viabilizem seus projetos de bem viver.

As Diretrizes para Educao Escolar Indgena reforam ainda a importncia da formao de professores ind-genas pertencentes s suas respectivas comunidades,

26 MATEMTICA

para atuarem como docentes e gestores das unidades escolares de seus territrios, sendo importantes in-terlocutores nos processos de construo do dilogo intercultural, mediando e articulando os interesses de suas comunidades com os da sociedade em geral e com os outros grupos particulares, promovendo a sistematizao e organizao de novos saberes e prticas (Art. 19, 1.0).

4.5 EDUCAO ESCOLAR QUILOMBOLA

As Diretrizes Curriculares Nacionais para Educao Escolar Quilombola na Educao Bsica foram de-finidas pela Resoluo CNE/CEB N.0 8/2012, que em seu Art. 4.0 define os quilombolas como povos ou comunidades tradicionais, sendo:

I - grupos culturalmente diferenciados e que se reconhecem como tais; II - possuidores de formas prprias de or-ganizao social; III - detentores de conhecimentos, tec-nologias, inovaes e prticas gerados e transmitidos pela tradio; IV - ocupantes e usurios de territrios e recursos naturais como condio para sua reproduo cultural, social, religiosa, ancestral e econmica (BRASIL, 2012).

Mediante suas especificidades reconhecidas, prope que as etapas e nveis da educao bsica para os quilombolas devem ser ofertados em estabelecimen-tos de ensino localizados em suas comunidades ou prximas a elas mas que recebam estudantes oriun-dos desses territrios. Define ainda que a educao quilombola deve garantir aos estudantes o direito de se apropriar dos conhecimentos tradicionais e das suas formas de produo de modo a contribuir para o seu reconhecimento, valorizao e continuidade (Art. 1.0, 1.0, inciso V).

Para isso, entende-se a necessidade de organizao didtico-pedaggica prpria, que atenda as necessida-des dessas comunidades e contextualize as propostas educacionais considerando as especificidades desse povo, valorizando suas memrias coletivas, lnguas remanescentes, marcos civilizatrios, prticas culturais, tecnologias e formas prprias de produo do trabalho, acervos e repertrios orais, patrimnio cultural e sua territorialidade. Preconiza-se, ainda, a necessidade da construo de projetos pedaggicos com o envolvimen-

to e participao da comunidade escolar e pautados nos princpios especficos da modalidade, de modo a valorizar em sua contextualizao curricular os saberes e as prticas gerados e vividos em seus territrios, o fortalecimento de suas identidades, cultura, lingua-gens e prticas religiosas, bem como o conhecimento e promoo da identidade tnico-racial africana e afro-brasileira ressignificada em suas comunidades.

4.6 EDUCAO ESCOLAR PARA ESTUDANTES EM SITUAO DE ITINERNCIA

De acordo com as Diretrizes para o atendimento de educao escolar para as populaes em situao de itinerncia, definidas na Resoluo CNE/CEB N.0 3/2012, os estudantes em situao de itinerncia so aqueles pertencentes a grupos sociais que vi-vem em tal condio por motivos culturais, polticos, econmicos, de sade, tais como ciganos, indgenas, povos nmades, trabalhadores itinerantes, acampados, circenses, artistas e/ou trabalhadores de parques de diverso, de teatro mambembe, dentre outros (BRASIL, 2012). Para ter seus direitos de acesso e permanncia garantidos, as redes de ensino precisam acolher as especificidades desses estudantes, desenvolvendo prticas educativas adequadas a sua realidade e necessidades, bem como ajustando processos de registro desses alunos para que tenham sua vida escolar regularizada e tendo preservado seu direito educao e ao desenvolvimento pleno.

5. MATRIZ DE SABERES

[...] sustento que no h ao humana sem uma emoo que a estabelea como tal e a torne possvel como ato.

Humberto Maturana

Como estabelece a Declarao Universal dos Direitos Humanos e a Constituio Federal de 1988, a educao visa o desenvolvimento pleno do ser humano. Para darmos mais um passo nessa direo, o Currculo do Esprito Santo define uma matriz de saberes com a qual as reas de conhecimento devem se comprometer ao longo de toda Educao Bsica.

Uma educao voltada para a integralidade do sujeito em suas dimenses cognitivas, sociais, emocionais, fsicas, polticas e culturais pressupe assumir uma

27MATEMTICA

matriz de saberes pautada em concepes sobre ser, conhecer, fazer e conviver, conforme Relatrio da Comisso Internacional sobre Educao para o Sculo XXI da Unesco, coordenada por Jacques Delors (DELORS, 2003), que sustentam as relaes entre os objetivos e direitos de aprendizagem, as competn-cias e habilidades, em direo ao desenvolvimento da autonomia, que, reforando a concepo assumida

nesse documento, compreende tambm sua res-ponsabilidade tica, histrica, poltica e social com o outro e com o mundo.

A proposta da matriz de saberes contribuir para formar cidados para uma sociedade mais demo-crtica, inclusiva e sustentvel, e que se traduz na construo abaixo.

A matriz de saberes fortalece os olhares e as prticas metodolgicas, contextualizadas e integradoras, dos profissionais da educao, de modo a dar intencio-nalidade s aes j realizadas nas escolas e enten-didas como necessrias e traduzidas pelas escutas

de professores, estudantes, gestores e pais da rede pblica de ensino do Esprito Santo. Ela direciona o trabalho em todos os componentes curriculares, no apenas naqueles que tem mais proximidade com al-gum elemento da integralidade, permitindo processos

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educativos compromissados com o desenvolvimento pleno em toda a trajetria escolar.

A matriz de saberes contempla, para alm das escutas, as competncias gerais definidas na Base Nacional Comum Curricular, bem com as competncias tecno-lgicas, que se inter-relacionam e se desdobram nas e entre as trs etapas da Educao Bsica (Educao Infantil, Ensino Fundamental e Ensino Mdio).

A matriz de saberes considera os seguintes pilares:

5.1 APRENDER A CONHECER

O aprender a conhecer aborda a aquisio de instru-mentos do conhecimento que possibilitem aos sujeitos de aprendizagem o desejo por compreender, conhecer e descobrir, que inclui o conhecimento cientfico e o estmulo ao desenvolvimento do pensamento investi-gativo, crtico e criativo, a predisposio em aprender e a estabelecer processos de aprendizagem que o acompanhem e continuem em desenvolvimento ao longo da vida.

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O pensamento investigativo, o crtico e o criativo ampliam as possibilidades ou alternativas para tomar decises, propor solues, articular informaes, de-cidir no que acreditar, avaliar se uma argumentao, procedimentos ou resultados so viveis. Identificam hipteses, implcitas ou explcitas na argumentao, e rejeitam concluses e pensamentos tendenciosos, avaliando a credibilidade das fontes de informao. Esses so alguns elementos importantes ao raciocnio.

A flexibilidade cognitiva e a metacognio so impor-tantes para que todos estejam conscientes acerca do processo de aprendizagem, exeram equilbrio sobre ele, de forma a ajust-lo em suas expectativas e ne-

cessidades. Esses so alguns elementos importantes ao aprender a aprender.

A curiosidade e a valorizao das manifestaes artsticas despertam a vontade de conhecer coisas novas, apreciar e dar valor as manifestaes artsticas e culturais do seu e de outros grupos sociais. Esses so alguns elementos importantes ao interesse por aprender.

5.2 APRENDER A FAZER

Aprender a fazer envolve uma srie de conhecimentos ligados capacidade de realizao.

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O interesse pelo dilogo, a escuta ativa e a assertivida-de so importantes para a expresso de sentimentos e crenas de forma transparente, considerando o contexto social, bem como a disponibilidade de ouvir a outra pessoa com ateno e respeito. Envolvem estar atento para tudo que a outra pessoa est transmitindo, tanto verbalmente quanto no verbalmente. Esses so alguns elementos importantes comunicao.

A tomada de deciso, a resoluo de problemas, a liderana, a colaborao, a cooperao e o trabalho em rede so importantes para o empenho mtuo e coordenado de um grupo de participantes a fim de solucionar um problema, tornando-os capazes de identificar vantagens e desvantagens das alternativas encontradas nas resolues de problemas, assumindo as responsabilidades pelas escolhas feitas. Esses

so alguns elementos importantes para o trabalhar em grupo.

O otimismo, o entusiasmo, a proatividade e o locus interno de controle estimulam o alcance e a busca de novas perspectivas de futuro. Est relacionado a envolver-se ativamente com a vida e com outras pessoas com vistas a possveis mudanas em suas trajetrias. Esses so alguns elementos importantes para o protagonismo. 5.3 APRENDER A CONVIVER

Os relacionamentos nos conduzem a reflexo e pos-sibilitam desenvolver: interesse por conviver, solidari-zar-se com pessoas, sentimento de pertencimento e incluso das diferenas e das diversidades.

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Resistir a presses sociais, saber procurar e oferecer ajuda e desenvolver relacionamentos contribuem para o amadurecimento de todas as dimenses humanas, o respeito frente s diferenas e diversidades em suas singularidades e pluralidades, com maior capacidade de enfrentamentos por meio de argumentos de suas convices, de forma resiliente. Esses so alguns elementos importantes para iniciar, desenvolver e manter relacionamentos significativos.

Esprito gregrio, desenvolvimento de pertencimento, identidades com grupos, protagonismo social, empatia, solidariedade, resoluo de conflitos promovem o gos-to de estar e conviver com pessoas, sentindo-se parte de grupos e comunidades. Ter atitudes voltadas para a melhoria da comunidade, mobilizando as pessoas para essa causa, compreendendo os sentimentos, pensamentos e emoes do outro para que esse sinta-se melhor, sendo capaz de resolver os conflitos inevitveis, com base na compreenso mtua, no dilogo e na conscincia da interdependncia entre pessoas e grupos, em busca da cultura pela paz. Esses so alguns elementos importantes para aprender e

desenvolver interesse por conviver, se relacionar e se solidarizar com pessoas.

Respeitar o outro, valorizar a diferena e a abertura ao novo so importantes para celebrar e ter orgulho da diversidade, reconhecendo que o outro existe, diferente e tem tanto direito de existir quanto todos os outros seres do planeta. Possibilitam a oportunidade para o autoconhecimento e para realizar coletivamente o que no pode ser realizado de maneira solitria. Trata-se de uma educao voltada a lutar contra preconceitos e violncias, mediar conflitos e valorizar a cultura da paz e do bem viver. Esses so alguns elementos importantes para entender e apreciar a diversidade e as diferenas.