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ÁREA DO CONHECIMENTO DE CIÊNCIAS SOCIAIS CURSO DE COMUNICAÇÃO SOCIAL HABILITAÇÃO EM RELAÇÕES PÚBLICAS GABRIELA PEDÓ BORTOLOSSO O PROFISSIONAL DE RELAÇÕES PÚBLICAS COMO UM FACILITADOR DE RELACIONAMENTOS ENTRE OS DIGITAIS INFLUENCERS E AS MARCAS CAXIAS DO SUL 2017

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ÁREA DO CONHECIMENTO DE CIÊNCIAS SOCIAIS CURSO DE COMUNICAÇÃO SOCIAL

HABILITAÇÃO EM RELAÇÕES PÚBLICAS

GABRIELA PEDÓ BORTOLOSSO

O PROFISSIONAL DE RELAÇÕES PÚBLICAS COMO UM FACILITADOR DE RELACIONAMENTOS ENTRE OS DIGITAIS INFLUENCERS E AS

MARCAS

CAXIAS DO SUL 2017

GABRIELA PEDÓ BORTOLOSSO

O PROFISSIONAL DE RELAÇÕES PÚBLICAS COMO UM FACILITADOR DE RELACIONAMENTOS ENTRE OS DIGITAIS INFLUENCERS E AS

MARCAS

Monografia do Curso de Comunicação Social, Habilitação em Relações Públicas da Universidade de Caxias do Sul, apresentada como requisito parcial para a obtenção do título de bacharel.

Orientadora: Prof. Ma. Jussânia de Fátima Albé

CAXIAS DO SUL 2017

GABRIELA PEDÓ BORTOLOSSO

O PROFISSIONAL DE RELAÇÕES PÚBLICAS COMO UM FACILITADOR DE RELACIONAMENTOS ENTRE OS DIGITAIS INFLUENCERS E AS

MARCAS

Monografia do Curso de Comunicação Social, Habilitação em Relações Públicas da Universidade de Caxias do Sul, apresentada como requisito parcial para a obtenção do título de bacharel. Orientadora: Prof. Jussânia de Fátima Albé

Aprovada em: ____/___/ 2017.

Banca Examinadora ______________________________________ Profª Ma. Jussânia De Fátima Albé Universidade de Caxias do Sul ______________________________________ Profª Ma. Anaize Spada Universidade de Caxias do Sul ______________________________________ Profª Ma. Silvana Padilha Flores Universidade de Caxias do Sul

AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente aos meus pais que me oportunizaram o estudo, e

que torcem e me apóiam diariamente para a realização dos meus sonhos.

Ao corpo docente do Centro de Ciências Sociais desta Universidade, pelas

aulas, que foram essenciais para a realização deste trabalho e desta formação, em

especial a minha orientadora que me apoiou e motivou do início ao fim, Prof Ma.

Jussânia Albé a qual foi primordial para a construção deste trabalho.

Agradeço também a todos os meus amigos, ao meu irmão João Carlos Pedó

Bortolosso por todos os conselhos durante a realização deste estudo, e ao meu

namorado Felipe Perini por toda ajuda e apoio.

Sem esquecer os agradecimentos aos entrevistados desta pesquisa Sr.

Cassio Prates e Sr Paulo Antônio Pedó Filho que possibilitarem a realização deste

trabalho junto à Grendene S/A., com o qual muito aprendi. A Sra. Natana De Leon

que tanto no âmbito acadêmico quanto no âmbito profissional contribuiu muito para o

meu crescimento.

“Não dá para sair perguntando às pessoas qual é a próxima grande

coisa que elas querem. Henry Ford disse que, se tivesse questionado

seus clientes sobre o que queriam, a resposta seria um cavalo mais

rápido.”

Steve Jobs

RESUMO

A ascensão da internet e das redes sociais fez com que as organizações percebessem a necessidade de criar estratégias inovadoras voltadas ao bom relacionamento com seus públicos. Através dessa necessidade, os influenciadores digitais surgiram e começaram a ganhar força nesse meio digital. Assim sendo, a presente pesquisa apresenta um estudo sobre o papel do profissional de relações públicas como um facilitador de relacionamentos entre os digitais influencers e as marcas. O que se busca é compreender que importância assume o Relações Públicas em uma estratégia de relacionamento entre as marcas e os digitais influencers? Com o intuito de identificar os principais desafios da atividade de relações públicas na intermediação de relacionamentos entre os digitais influencers e as marcas. Como objetivos específicos pretende, -entender em que contexto surgiram os influenciadores digitais e como eles facilitam a comunicação na rede, - compreender de que forma o digital influencer pode contribuir para o fortalecimento da marca junto a seus públicos de interesse, - avaliar como acontece o relacionamento entre as marcas e os digitais influencers, e por fim - entender o papel do profissional de relações públicas como facilitador do relacionamento entre as marcas e os influenciadores digitais. Através de um caso de estudo e da aplicação de uma proposta focada em digitais influencers em uma loja de sapatos e acessórios femininos, foi possível identificar que os influenciadores digitais são realmente uma realidade de mercado e uma estratégia assertiva para as marcas, e que os mesmos detém o poder de ampliar o alcance da comunicação, possibilitando assim relacionamentos mais próximos e duradouros, principalmente quando associados a estratégias desenvolvidas por um profissional de relações públicas.

Palavras-chave: Espaço Scarpe. Influenciadores Digitais. Melissa. Relacionamento. Relações Públicas.

ABSTRACT The rise of the internet and social networks made organizations realize the need to create innovative strategies, in order to increase the good relationship with their public. Because of that, digital influencers emerged, and began to gain momentum in this digital era. This research presents a study about the role of the public relations professional, as a facilitator of relationships between digital influencers and brands. What is sought is to understand the importance of public relations in a relationship strategy between brands and digital influencers? In order to identify the main challenges of public relations activity in the intermediation of relationships between digital influencers and brands. Its specific objectives are: - to understand the context in which digital influencers have emerged and how they facilitate communication on the network; - to understand how digital influencer can contribute to the strengthening of the brand with its stakeholders; relationship between brands and digital influencers, and finally - to understand the role of the public relations professional as a facilitator of the relationship between brands and digital influencers. Through a case study and the application of a proposal focused on digital influencers in a women's shoes and accessories store, it was possible to identify that digital influencers are a market reality and an assertive strategy for brands, and that they have the power to broaden the reach of communication, thus enabling closer and lasting relationships, especially when associated with strategies developed by a public relations professional. Keywords: Espaço Scarpe. Digitais Infleuncers. Melissa. Relationship. Public Relations.

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Evolução dos consumidores ativos .......................................................... 18

Figura 2 – Conexões através das redes sociais ........................................................ 25

Figura 3 – A evolução da comunicação organizacional ............................................ 28

Figura 4 – Composto da comunicação organizacional integrada .............................. 32

Figura 5 – Composto de comunicação integrada digital ............................................ 33

Figura 6 – A evolução do campo das Relações Públicas .......................................... 42

Figura 7 – Principal objetivo de atuação das empresas nas redes sociais ............... 46

Figura 8 – O valor da atenção em tempos de internet móvel .................................... 52

Figura 9 – Graus de separação de todas as pessoas conectadas pelo Facebook ... 57

Figura 10 – Instagram Helena Bordon ...................................................................... 59

Figura 11 – Instagram da Gabriela Pugliesi .............................................................. 60

Figura 12 – Site Dr Drauzio Varella ........................................................................... 61

Figura 13 – Instagram Hugo Gloss ............................................................................ 61

Figura 14 – Interação nas redes sociais .................................................................... 62

Figura 15 – Influenciadores e plataformas ................................................................ 63

Figura 16 – Tem que dar MATCH! ............................................................................ 64

Figura 17 – Análise dos públcos com os influenciadores no Instagram .................... 65

Figura 18 – Relações duradouras com os influenciadores ........................................ 66

Figura 19 – Mirar nos influenciadores de acordo com seus objetivos ....................... 67

Figura 20 – Post no Instagram da Kéfera .................................................................. 69

Figura 21 – Ação Post It, Galeria Melissa (São Paulo) ............................................. 74

Figura 22 – Melissa Aranha ....................................................................................... 75

Figura 23 – Influenciadores Meio-Fio ........................................................................ 77

Figura 24 – Instagram Meio-Fio e apresentação da rotina de Mel Duarte ................ 80

Figura 25 – Perfil no Instagram Mel Duarte ............................................................... 80

Figura 26 – Instagram Meio-Fio ................................................................................ 82

Figura 27 – Loja Espaço Scarpe ............................................................................... 89

Figura 28 – Instagram Natana De Leon .................................................................... 94

Figura 29 – Post feito pela influencer Suélen Biazoli no Instagram ........................... 95

Figura 30 – Post Jornal Mesa de Centro ................................................................... 96

Figura 31 – Coluna Social Jornal Informante ............................................................ 97

Figura 32 – Sunset Scarpe ........................................................................................ 98

Figura 33 – Post Natana De Leon, evento Sunset Scarpe ....................................... 99

Figura 34 – Post Natana de Leon, evento Sunset Scarpe ...................................... 100

Figura 35 – Ganhadores do evento Schutz Vip Party ............................................. 101

LISTA DE QUADROS

Quadro 1 – Caracterização dos Entrevistados .......................................................... 72

Quadro 2 – Resumo do Perfil dos Participantes do Projeto Meio-Fio 2017 .............. 77

LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS

APPS Applications Available for Electronic Devices

ARPANET Advanced Research Projects Agency Network

CECOM Centro de Estudos da Comunicação

FAQs Frequently Asked Questions

TICs Tecnologias da Informação e Comunicação

WS Web Semântica

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO .................................................................................................... 13

2 A COMUNICAÇÃO NA ERA DIGITAL ................................................................ 15

2.1 ASCENSÃO DA INTERNET ............................................................................. 15

2.2 A SOCIEDADE EM REDE ................................................................................ 18

2.3 O PODER DAS PLATAFORMAS ONLINE: MÍDIAS SOCIAIS E REDES

SOCIAIS .................................................................................................................... 22

2.4 A COMUNICAÇÃO ORGANIZACIONAL NO AMBIENTE DIGITAL .................. 26

2.5 COMUNICAÇÃO INTEGRADA X COMUNICAÇÃO INTEGRADA DIGITAL .... 30

3 PERSPECTIVAS PARA O PROFISSIONAL DE COMUNICAÇÃO: O

RELAÇÕES PÚBLICAS NA INTERNET .................................................................. 35

3.1 NOVOS APORTES PARA A ÁREA DE RELAÇÕES PÚBLICAS ..................... 35

3.2 A EVOLUÇÃO DA WEB E DO PROFISSIONAL DE RELAÇÕES PÚBLICAS

EM QUATRO FASES ................................................................................................ 38

3.3 O RELAÇÕES PÚBLICAS 4.0 .......................................................................... 43

3.4 PÚBLICOS NA ERA DIGITAL .......................................................................... 48

3.4.1 Usuário mídia ............................................................................................... 49

3.4.2 A atenção em tempos de internet............................................................... 51

4 O IMPACTO DOS INFLUENCIADORES DIGITAIS NA CONSTRUÇÃO DE

RELACIONAMENTOS ENTRE AS MARCAS E SEUS PÚBLICOS ........................ 55

4.1 A ERA DAS CONEXÕES ................................................................................. 55

4.2 O SURGIMENTO DOS INFLUENCIADORES DIGITAIS .................................. 57

4.2.1 Os influenciadores digitais e a relação de engajamento entre os os

públicos e as marcas .............................................................................................. 62

5 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS ............................................................ 71

5.1 CASO 1 – MELISSA ......................................................................................... 73

5.1.1 Projeto Meio-Fio ........................................................................................... 76

5.2 ANÁLISE GERAL ............................................................................................. 87

5.3 CASO 2 – ESPAÇO SCARPE .......................................................................... 88

5.3.1 Sunset Scarpe .............................................................................................. 90

5.3.2 Análise geral .............................................................................................. 101

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS .............................................................................. 103

REFERÊNCIAS ....................................................................................................... 107

APÊNDICE A – ROTEIRO DE ENTREVISTAS ...................................................... 114

APÊNDICE B – AUTORIZAÇÃO CÁSSIO ............................................................ 115

APÊNDICE C – AUTORIZAÇÃO PAULO .............................................................. 116

APÊNDICE D – AUTORIZAÇÃO NATANA ............................................................ 117

APÊNDICE E – MONOGRAFIA I ............................................................................ 118

1 INTRODUÇÃO .................................................................................................. 121

2 TEMA ................................................................................................................. 123

2.1 DELIMITAÇÃO DO TEMA .............................................................................. 123

3 JUSTIFICATIVA ................................................................................................ 124

4 QUESTÃO NORTEADORA .............................................................................. 126

5 OBJETIVOS ...................................................................................................... 127

5.1 OBJETIVO GERAL ......................................................................................... 127

5.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ........................................................................... 127

6 METODOLOGIA ................................................................................................ 128

7 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ............................................................................. 132

7.1 UMA NOVA PERSPECTIVA PARA O PROFISSIONAL DE COMUNICAÇÃO: O

RELAÇÕES PÚBLICAS NA INTERNET ................................................................ 132

7.2 O PAPEL DO PROFISSIONAL DE RELAÇÕES PÚBLICAS .......................... 132

7.2.1 O relações públicas na contemporaneidade ........................................... 136

7.2.2 Relações públicas na gestão de relacionamentos no ambiente digital ........ 138

8 ROTEIRO DOS CAPÍTULOS ............................................................................ 142

9 CRONOGRAMA ................................................................................................ 143

REFERÊNCIAS ....................................................................................................... 144

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1 INTRODUÇÃO

A internet se tornou um dos meios de comunicação mais utilizados no

mundo. Junto a ela ascenderam as mídias digitais, conectando e interligando

milhares de pessoas. Saber lidar com a internet e com a inovação é primordial para

as organizações, afinal as plataformas digitais estão cada vez mais presentes no dia

a dia de todos nós.

A escolha do tema se deu pela novidade, pela curiosidade de entender mais

sobre um assunto relevante para a comunicação, especialmente para a área de

relações públicas na atualidade. As formas de se comunicar mudaram muito depois

da internet e das redes sociais, e o desafio hoje está no entendimento desta

mudança e na adaptação ao novo mercado. Nesse novo contexto, as marcas

passam a contar com novas possibilidades na busca de uma comunicação mais

próxima e efetiva junto ao seu público. Assim surgem os digitais influencers, que

como o próprio nome diz, são pessoas que influenciam outras pessoas na internet.

Eles estão no topo da lista das grandes marcas e empresas quando procuram

veículos para divulgar os seus produtos e trazer relacionamentos mais próximos com

seus consumidores.

Como mediador de relacionamentos, o Relações Públicas exerce um

importante papel na aproximação junto aos públicos. A atividade deste profissional

visa a interação e a comunicação eficaz entre as marcas e seus públicos. É neste

sentido que se insere esta pesquisa, que busca compreender como o Relações

Públicas pode contribuir com esse processo, sendo percebido como um facilitador

no desenvolvimento de relações mais efetivas entre as marcas e os digitais

influencers.

O tema escolhido trata de uma nova área para o profissional de

comunicação, que enfatiza o desafio de aproximar os influenciadores digitais das

marcas, fortalecendo laços e estreitando relacionamentos junto aos públicos de

interesse. Dessa forma, parte-se para o questionamento: Que importância assume o

Relações Públicas em uma estratégia de relacionamento entre as marcas e os

digitais influencers? Pretende-se responder a essa pergunta explorando também

alguns outros tópicos, tais como: qual o impacto dos influenciadores digitais na

imagem de uma marca?, e ainda: quais os principais desafios para o profissional de

relações públicas enquanto intermediador dos processos de relacionamento entre as

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marcas e os influenciadores digitais?

A presente pesquisa pretende responder a esses questionamentos, através

de alguns passos. Entre eles, baseia-se no objetivo geral, que é identificar os

principais desafios da atividade de relações públicas na intermediação de

relacionamentos entre os digitais influencers e as marcas. Como objetivos

específicos pretende, -entender em que contexto surgiram os influenciadores digitais

e como eles facilitam a comunicação na rede, - compreender de que forma o digital

influencer pode contribuir para o fortalecimento da marca junto a seus públicos de

interesse, - avaliar como acontece o relacionamento entre as marcas e os digitais

influencers, e por fim - entender o papel do profissional de relações públicas como

facilitador do relacionamento entre as marcas e os influenciadores digitais.

A respeito dos métodos utilizados, com o objetivo de responder as questões

aqui apresentadas, o presente trabalho inicia-se com a pesquisa bibliográfica e

prossegue através da utilização de cases de estudo e entrevistas. Vale ressaltar que

primeiramente a proposta era apresentar e analisar apenas um case, todavia, ao

conhecer um pouco mais sobre a área, surgiu a inspiração e curiosidade de testar

enquanto estudante de relações públicas, a eficácia do influenciador digital dentro do

meu ambiente profissional.

Para um melhor entendimento do trabalho, o mesmo foi dividido da seguinte

forma, o segundo capítulo aborda uma breve contextualização da sociedade atual

frente a um cenário tecnológico advindo da sociedade em rede, defendida por

Castells (2005), onde se inclui a globalização e o excesso informacional presentes

no dia a dia de todos nós. Apresenta também o surgimento das mídias e redes

sociais e seus impactos no nosso cotidiano e relacionamentos.

O terceiro capítulo faz referência ao Relações Públicas na atualidade,

apontando novas perspectivas para este profissional. Trata dos desafios enfrentados

pelo profissional em tempos onde os públicos ganham voz e assumem papéis

importantes dentro das organizações. O quarto capítulo aborda o surgimento dos

digitais influencers e o impacto dos mesmos na construção de relacionamentos entre

as marcas e seus públicos.

Espera-se a partir dessa pesquisa entender o papél do profissional de

Relações Públicas atuando junto aos influenciadores digitais em estratégias de

relacionamentos mais próximos das marcas e seus públicos.

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2 A COMUNICAÇÃO NA ERA DIGITAL

Não há dúvidas de que a comunicação assumiu novas pespectivas com o

surgimento da internet, afinal ela revolucionou a sociedade, a cultura e a economia,

facilitando os relacionamentos e trazendo novos desafios e oportunidades para as

organizações. O presente capítulo apresenta uma breve contextualização da

sociedade atual, e tem o objetivo de apontar as principais mudanças advindas de um

cenário conduzido pela era tecnológica. Aborda o princípio da sociedade em rede

proposto por Castells (2005), que alicerçado pelo meio digital, vincula-se cada vez

mais ao cotidiano e às interações das pessoas e o mundo. Por fim, mostra a força

que a comunicação organizacional assume no cenário digital, levando a refletir sobre

esse ambiente e as novas formas de atuação nesse universo.

2.1 ASCENSÃO DA INTERNET

O ambiente digital revolucionou a forma de se perceber o mundo. Hoje é

impossível imaginar a vida dos indivíduos sem internet, afinal a globalização e a

instantaneidade da informação são partes do nosso dia a dia. Em um ambiente

híbrido, onde o online1 e o offline2 se misturam, presencia-se o desenvolvimento dos

processos de comunicação e a construção de relacionamentos em tempo real. A

verdade é que a internet mudou não somente a forma de comunicar, mas também o

cotidiano de todos nós.

Em uma visão retrospectiva, Dreyer (2017) descreve que a internet surgiu

em 1969, difundindo-se rapidamente como uma nova mídia. A autora explica que a

primeira rede de computadores se chamou Arpanet, depois de um tempo com o

avanço de pesquisas passou a se chamar Arpa-Internet, e logo depois apenas

internet.

1 Segundo Martinelli (2016) é considerado online o ambiente em que se busca ou produz

informações, também aquele que promove o relacionanento através da plataforma internet. Cita como principais características deste ambiente a conectividade e aproximação constituídas a partir do ambiente digital (IDEA DE MARKETING, 2016). 2 Martinelli (2016) descreve que o ambiente offline oportuniza os contatos, os laços, as conversas e

parcerias que não são mediadas através da internet. Para ele, estamos seguindo para uma junção do ambinetes, onde o online e o offline se tornarão cada vez mais relacionados. O autor cita uma pesquisa realizada em 2015 pela Google, que aponta que 74% dos consumidores pesquisam na internet antes de comprar um produto, mas que acabam decidindo por comprar na loja física, usando a internet apenas como fonte de informação (IDEA DE MARKETING, 2016).

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Para Dreyer (2017), o avanço da internet oportunizou a chegada da World

Wide Web3 (www), o que permitiu que muitas pessoas pudessem ter acesso a essa

tecnologia e ampliassem o consumo, tornando a rede um meio cada vez mais

popular.

A partir de 1990 a internet teve sua privatização, ganhou fama e ampliou a

conecção entre as pessoas. Castells (2005) relembra que em 1994 foi fundado o

primeiro navegador confiável da internet, o Netscape Navigator, fundado por

Andreessen e sua equipe em parceria com o grande empresário do Vale do Silício,

Jim Clarck. Logo depois surgiram novos navegadores, e o mundo inteiro passou a

conhecer e utilizar a internet, tornando-a uma verdadeira teia mundial.

A internet trouxe diversas mudanças, mas pode-se dizer que uma das mais

relevantes foi o empoderamento do usuário. Se antes o emissor tinha total poder do

que comunicava, hoje o público pode interagir, opinar e exercer influências sobre

essa comunicação. Neste sentido, Gabriel (2010) destaca a não linearidade e

complexidade da comunicação em tempos de internet, uma vez que o usuário tem

liberdade para influir no conteúdo publicado.

Lattimore et al. (2012), consideram a internet um meio rico por garantir

características da comunicação interpessoal, promovidas por meio da interação

entre as pessoas. Nesse ambiente, as chamadas mídias ricas4 conseguem transmitir

mensagens tão específicas e pessoais, que muitas vezes a sensação é de se estar

conversando presencialmente com alguém.

A mudança de cenário presenciada nos dias atuais com a ascensão da era

online, traz diversos questionamentos a respeito de quem são esses usuários da

plataforma internet, e quais os principais desafios trazidos para as marcas.

Juliana Sawaia, Diretora de Learning & Insights do IBOPE Media, foi

responsável por uma pesquisa de análise de consumo da internet5, realizada pelo

Comitê Gestor da Internet no Brasil. Segundo a pesquisadora, a presença do público

mais novo nas plataformas digitais cresceu 50% de 2003 para 2013, saltando de

34% para 85%. Além disso, os dados apontaram que a internet deve ser

3 Teia mundial que organiza o teor do sítios da internet por informação, facilitando para os usuários

que conseguem pesquisar rapidamente as informações desejadas (CASTELLS, 2005). 4 Meio online que obtém qualidades interativas, características da comunicação interpessoal

(LATTIMORE, et al., 2012). 5 A pesquisa foi analisada a partir das informações do estudo Target Group Index e é resultado do

projeto youPIX Tank, que nasceu da união entre o IBOPE Media, Conecta – unidade de negócios on-line do IBOPE Inteligência – e youPix, plataforma que aponta as principais tendências da internet. (KANTAR IBOPE MEDIA, 2014).

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reconhecida como uma plataforma estratégica de interação e engajamento com os

outros meios presentes no cotidiano das pessoas.

A pesquisa revelou ainda três fatores principais que demonstram a

identidade desse jovem digital, que se mostra focado na busca pelo consumo,

realização e relacionamento..

Mais recentemente, em 2015, foi realizda a 11ª edição da pesquisa TIC

Domicílios6, que apontou que 58% da população brasileira usa a internet, mais

precisamente 102 milhões de internautas. Vale ressaltar que a proporção é 5%

superior a registrada no levantamento de 2014.

Outro mercado que vem crescendo de forma significativa na internet são as

lojas virtuais, também conhecidas por e-ccomerces. Segundo estudos da

Webshoppers 367, divulgados no mês de agosto de 2017, o e-commerce faturou

R$21 bilhões no primeiro semestre de 2017, o que é um crescimento nominal de

7,5% se comparado ao mesmo período do ano passado (2016). O número de

pedidos aumentou 3,9%, ou seja, de 48,5 milhões para 50,3 milhões. Segundo o

estudo, os preços mais baixos obtidos através da internet, bem como a difusão do

3g e 4g8, contribuiram para o aumento de consumidores ativos nas plataformas

online. Se comparado ao mesmo período do ano passado, o volume de

consumidores que realizaram pelo menos uma compra no primeiro semestre de

2017 atingiu um crescimento de 10,3%, conforme mostra a Figura 1.

6 A pesquisa mediu a posse, o uso, o acesso e os hábitos da população brasileira em relação as

técnologias de informação e de comunicão (GOVERNO DO BRASIL, 2016). 7 A Webshoppers é a maior referência para os profissionais do segmento de e-ccomerce. Foi

responsável pelo estudo de maior credibilidade realizado pela Ebit desde 2001 (WEBSHOPPERS, 2017). 8 Segundo Brookshear (2013) as redes 4g e 3g são responsáveis por revolucionar a telefonia móvel já

que é possível navegar em tempo real na internet, permitindo chamadas móveis de vídeos ente outras coisas que consomem bastante internet. O 4g opera ainda de forma mais moderna através de uma rede de troca de pacotes completa usando o protocolo IP, que fornece as gerações de smartphones capacidades que atualmente só são possíveis nos computadores com acesso a banda larga.

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Figura 1 – Evolução dos consumidores ativos

Fonte: Webshoppers (2017).

Tais pesquisas levam a perceber o incremento da internet e mostram que

este meio rico e aberto tende a crescer cada vez mais, influenciando os

relacionamentos, as formas de entretenimento e de consumo.

Seguindo esse raciocínio que visa compreender esse novo mercado,

destaca-se uma importante fala de Torres (2009), que enfatiza ser de extrema

importância incluir a internet como parte do planejamento de comunicação das

organizações. O autor explica que, independente da empresa estar de acordo ou

não, a internet é um meio aberto que influencia os negócios, uma vez que todos os

públicos têm voz para falar o que quiserem, por isso a necessidade de se fazer

presente, ouvir os públicos e planejar a comunicação online.

2.2 A SOCIEDADE EM REDE

Com a globalização e a proximidade que a internet trouxe para as relações

entre os indivíduos, a comunicação assumiu diferentes características e

perspectivas, fazendo do espaço digital um meio que, além de informar, é capaz de

criar ligações e aproximar pessoas.

No livro Os Meios de Comunicação como Extensões do Homem, McLuhan

(1964) incorpora o termo aldeia global em suas teorias comunicacionais. Já naquela

época o autor defendia que a partir do advento dos meios de comunicação como a

TV, o rádio e o telefone, o mundo se interligaria, aproximando diferentes culturas e

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povos como em uma grande aldeia, de alguma forma interligada. A verdade é que o

termo aldeia global de McLuhan está cada vez mais presente, e faz todo sentido em

tempos de internet sem fio e informações em tempo real.

Para Castells (2005), vivemos hoje a era da informação, estabelecida a partir

do surgimento da sociedade em rede. A expressão surgiu no século XX, mais

especificamente nos anos 70, quando o sociólogo espanhol escreveu sobre o

impacto que as tecnologias, então emergentes, tinham na economia e na sociedade.

É rede porque, nas novas condições históricas, a produtividade é gerada, e a concorrência é feita em uma rede global de interação entre redes empresarias. Essa nova econômia surgiu no ultimo quarto do século XX porque a revolução da técnologia da informação forneceu a base material indispensável para a sua criação. É a conexão histórica entre a base de informações/conhecimentos da economia, seu alcance global, sua forma de organização em rede e a revolução da tecnologia da informação que cria um novo sistema econômico distinto […] (CASTELLS, 2005, p. 119).

Importante destacar as corretas previsões do autor, que há muito tempo

atrás afirmava que as relações humanas passariam a ser cada vez mais

estabelecidas em ambientes multimídia, e que a relevância social de cada um

dependeria da sua presença digital. Para Castells (2005), a principal característica

da nova era é a tecnologia, pois é através desse meio que se dá a aplicação de

conhecimentos e informações gerados por dispositivos de processamento em um

ciclo de realimentação acumulativo entre a inovação e seu uso.

[…] os contextos culturais/institucionais e a ação social intencional interagem de forma decisiva com o novo sistema tecnologico, mas esse sistema tem sua própria lógica embutida, caracterizada pela capacidade de transformar todas as informações em um sistema comum de informação, processando-as em alta velocidade e capacidade cada vez maiores e com custo cada vez mais reduzido em uma rede de recuperação e distruibuição potencialmente ubíqua (CASTELLS, 2005, p. 69).

Para Vergili (2014), esse novo sistema tecnológico facilita a troca de

informações e a comunicação entre as pessoas, porém o autor reforça que a

tecnologia continua a ser produzida pelo homem, que é quem cria o conteúdo de

fato para a nova era de comunicação em rede.

Castells (2005) destaca que o surgimento da comunicação distribuida em

rede se dá através de serviços da web, e que neste sentido: “a lógica do

funcionamento de redes, […] tornou-se aplicável a todos os tipos de atividades, a

20

todos os contextos e a todo os locais que pudessem ser conectados

eletronicamente” (CASTELLS, 2005, p. 89). Nesse sentido, para o autor, contribuiu

para um movimento de globalização, interligando diversos países maximizando

benefícios e expandindo lucros, caracterizando assim a atual sociedade capitalizada,

que busca interesses comuns, e que faz da tecnologia uma facilidade para o sistema

econômico atual.

O autor enfatiza que essa economia em rede pode ser caracterizada como

informacional e global. Informacional uma vez que a produtividade e a

competitividade dependem da capacidade de obter e aplicar de forma coesa a

informação baseada no conhecimento. E global porque as principais atividades

produtivas estão mediadas através de uma escala universal, de uma rede de

conexões entre agentes econômicos.

Werthein (2000) também destaca a atual sociedade informacional e

capitalizada, afirma que passou a ter esse nome nos últimos anos do século XXI,

para substituir o termo sociedade pós industrial.

sta sociedade pós-industrial ou “informacional”, como prefere astells, está ligada à expansão e reestruturação do capitalismo desde a década de 80 do século que termina. s novas tecnologias e a nfase na flexibilidade – idéia central das transformaç es organi acionais – t m permitido reali ar com rapide e efici ncia os processos de desregulamentação, privati ação e ruptura do modelo de contrato social entre capital e trabalho caracter sticos do capitalismo industrial (WERTHEIN, 2000, p. 72).

Em uma abordagem mais recente Dreyer (2017) reforça a visão de Castells,

ao explicar que as relações obtidas na rede não são fruto da internet de fato, mas

que só são possíveis graças a ela. Para a autora, a infraestrutura tecnonógica e o

meio permitem diversas relações sociais que podem não se originar na rede, mas

que só acontecem e se fortificam graças a ela.

Martinuzzo (2014) enfatiza que ao pensar na sociedade em rede e na

revolução da tecnologia e da informação, os processos comunicacionais assumem

novos desafios, isso porque existe a presença de novas mídias e o uso de mais de

uma delas ao mesmo tempo. Sobre esse aspecto o autor apresenta o conceito da

segunda tela, referindo que é um nome dado ao comportamento de adicionar um

dispositivo para interagir com outro sobre um meio de comunicação principal. É o

21

caso, por exemplo, de um programa de TV que coloca uma hashtag9 no ar para que

o público interaja sobre o conteúdo por meio das redes sociais.

Essa segunda tela é a janela que permite aos internautas-telespectadores obter informações complementares acerca da programação da telona, interagir com outros espectadores por meio de aplicativos próprios das emissoras, que inclusive viabilizam oferta/venda de produtos customizados, ou ainda por intermédio de redes sociais da web (MARTINUZZO, 2014, p. 26).

Bueno (2010) destaca que desde sempre vivencia-se a formação de rede,

todavia, ao utilizar a internet como plataforma, percebe-se a participação efetiva dos

usuários, responsáveis por construir e divulgar conteúdos. Isso porque, as redes

permitem o diálogo com desconhecidos e obter informações cada vez mais rápidas,

praticamente em tempo real. A internet propicia a interação, logo, diversas pessoas

tornaram-se conhecidas por suas ideias e pensamentos, assim sendo, ficou

inevitável para as organizações o uso da internet e, principalmente, das mídias.

Para Bueno (2010),

O número de redes aumenta, assim como o número de adeptos a estas e seu poder frente a estas ferramentas. A mídia passa a integrar e valorizar o conteúdo discutido nestes sites e a presença das organizações nelas torna-se inevitável. Comunidades, blogs e fóruns de discussão tornam-se o ponto de encontro de atores que querem colocar em evidência um produto ou uma marca, seja para compartilhar sua satisfação como consumidor, seja para expor seu desagrado e frustrações (BUENO, 2010, p. 208).

Martinuzzo (2014) expõe que a superestrutura midiatizada em rede oferece

diversos desafios para as organizações atuais. Destaca, dentro de todas as

mudanças, a dificuldade de produzir comunicação efetiva para os públicos de

interesse, uma vez que esses estão expostos a uma realidade de “inflação

informacional” e impulsos diversos (MARTINUZZO, 2014, p. 45). Ressalta que para

a comunicação organizacional ser eficaz de fato, precisa atrair a atenção e a

conquista dos públicos, e diz que, para isso ocorrer, é preciso incrementar

estratégias, já que trata-se de um espaço comunicacional amplo, aberto e cada vez

mais disputado nas redes sociais. O autor disserta a respeito da eficácia da

comunicação estratégica nesse espaço, ao propor que ao agir estratégicamente é

possível potencializar os pontos fortes e as oportunidades, e transformar as

9 Segundo Recuero (2012) é representada pelo sinal # e representa/ aponta um contexto específico

nas redes sociais que permitem a busca e recuperação de algo citado.

22

fraquezas e ameaças, tornando mais fácil atingir os objetivos previstos.

Martinuzzo (2014) destaca ainda que existir na contemporaneidade é o

mesmo que perceber e ser percebido na rede midiática, que é hoje a base da visão

de realidade responsável pela estruturação das conexões. O autor explica que a alta

dependência dos meios de comunicação para o estabelecimento de relações na

sociedade, é ameaçada pela quantidade excessiva de informações e opções de

consumo. Cita que “sem tempo para testemunhar presencialmente tudo o que

importa no cotidiano, e com uma rede ubíqua e onipresente10 de mídias acolhedoras

e participativas, a experiência comunicacional está se tornando a base da existência

na atualidade” (MARTINUZZO, 2014, p.31).

Ainda com enfoque nos relacionamentos atuais obtidos pelas redes,

Recuero (2009) fala sobre a complexidade de relações advindas através dos

computadores. Para a autora:

Na verdade, a abordagem de rede fornece ferramentas únicas para o estudo dos aspectos sociais do ciberespaço: permite estudar, por exemplo, a criação das estruturas sociais; suas dinâmicas, tais como a criação de capital social e sua manutenção, a emergência da cooperação e da competição; as funções das estruturas e, mesmo, as diferenças entre os variados grupos e seu impacto nos indivíduos (RECUERO, 2009, p. 21).

A fala dos autores deixa claro que a internet modificou a economia, a

sociedade e os processos relacionais, assim sendo, vivencia-se hoje uma realidade

imersa na ascenção das mídias, da informação quase em tempo real e de

relacionamentos advindos de redes sociais digitais. Presencia-se uma época de

revolução da comunicação que desafia as organizações todos os dias, afinal, se por

um lado a internet trouxe novas oportunidades de mercado, por outro ela reconfigura

todo o processo comunicacional tradicional existente. Com base nessa realidade,

entende-se que a comunicação precisa ser cada vez mais pensada, compreendida e

planejada.

2.3 O PODER DAS PLATAFORMAS ONLINE: MÍDIAS SOCIAIS E REDES

SOCIAIS

A internet tounou-se um espaço importante, que ao longo do tempo foi se

10

Segundo o dicionário online de português o termo refere-se ao que está ou pode ser encontrado em todos os lugares (DICIO, 2017).

23

fortalecendo e ampliando. Foi a partir dela que foram criadas as redes e as mídias

sociais digitais. Embora o conceito de rede e de mídias sejam muitas vezes

entendidos de forma semelhante, cada um deles apresenta especificidades que os

tornam únicos.

Recuero (2009) define as redes sociais como laços sociais, interação criada

a partir de uma rede,

Rede social é gente, é interação, é troca social. um grupo de pessoas, compreendido através de uma metáfora de estrutura, a estrutura de rede. Os nós da rede representam cada indiv duo e suas conex es, os laços sociais que compoem os grupos. sses laços são ampliados, complexificados e modificados a cada nova pessoa que conhecemos e interagimos (RECUERO, 2009, p. 29).

A autora enfatiza que no espaço offline uma notícia ou fato só se propaga na

rede através das conversas existentes entre as pessoas, já nas redes sociais online

é possível perceber o aumento do alcance de cada mensagem de uma maneira tão

profunda, que ultrapassa limites jamais conhecidos pela comunicação tradicional. A

internet formou uma teia de conexões, e o surgimento das redes sociais online

aumentou ainda mais esses laços. autora cita que “são, assim, essas teias de

conex es que espalham informaç es, dão vo às pessoas, constróem valores

diferentes e dão acesso a esse tipo de valor” (RECUERO, 2009, p. 25).

As mídias sociais online, segundo Torres (2009), também surgidas através

da internet, são sites que permitem o desenvolvimento e compartilhamento de

conteúdos pelas pessoas e para as pessoas. São mídias uma vez que são meios de

transmissão de informações, e são sociais porque são livres e abertas, ou seja,

representam todos os tipos e formas de mídias colaborativas.

Podemos melhor perceber essa diferença a partir da seguinte citação de

Gabriel (2010),

Se, por um lado, redes sociais relacionam-se a pessoas conectadas em função de um interesse em comum, mídias sociais, em sua essência associam-se a conteúdos (texto, imagem, vídeo, etc.) gerados e compartilhados pelas pessoas nas redes sociais (GABRIEL, 2010, p. 202).

Com base na inserção de novos recursos comunicacionais, Recuero (2009)

afirma que a comunicação mediada pelo computador está revolucionando a

identidade, a conversação e até mesmo a mobilização social. A autora cita que

24

através da rede foi possível acompanhar de perto fenômenos tradicionais e

importantes, tais como a difusão de informações na campanha de Barack Obama11 a

presidência dos Estados Unidos e o uso das redes com intuito de mobilizar, como na

catástrofe de Santa Catarina12.

Percebe-se assim que as redes não conectam computadores, e sim

pessoas. Vergili (2014) diz que as redes sociais tem suas origens ligadas ao

ambiente acadêmico, explica que mesmo antes do surgimento da web foram

estruturadas em universidades americanas as primeiras redes sociais.

A rede, segundo o autor, surgiu de uma junção de diversos fatores e

caracteríticas existentes em sites da namoro, comunidades e mensagens

instanâneas. Foram criadas por volta de 1997, mas não obtiveram grande adesão,

por isso foram fechadas três anos depois. Em 2001 foi criada a Ryze.com13, que

mesmo sem grande adesão contribuiu para o sucesso do LinkedIn14, surgido em

2003. Neste período, grandes redes começaram a obter sucesso pelo mundo, mais

precisamente em 2004 foi que elas atingiram seu auge, através do Orkut 15 ,

Facebook16 e Flickr17.

11

Recuero (2009) afirma que pela primeira vez, em 2008, as pessoas acompanharam uma eleição de perto, comentando e compartilhando conteúdos através da internet e das redes sociais sobre a campanha presidencial de Barack Obama. A autora relembra o video mashup (Yes, we can), desenvolvido por William do Black Eyed Peas e proferido pelo candidado Obama durante a New Hampshire, explicando que rapidamente tornou-se um hit conhecido por todos no Youtube. Vale ressaltar que a campanha contou com um dos maíores indices de comparecimento de todos os tempos nas eleições americanas (lembrando que nos Estados Unidos, diferentemente do Brasil o voto não é obrigatório). 12

Segundo Recuero (2009), foi uma das maiores tragédias naturais já vistas causadas pelo excesso de chuvas em novembro de 2008. A autora relembra que o estado de Santa Catarina viveu o caos, uma vez que rios transbordaram inundando grandes áreas e isolando cidades inteiras, sem esquecer dos deslizamentos que soterraram as estradas, casas e até mesmo pessoas. Neste período as redes sociais online foram de extrema importância para informar e, principalmente, mobilizar o resto do país. 13

Segundo Elisângela Puhl (2011) a ryze era uma rede focada em negócios onde os perfis dos usuários ilustravam suas realizações profissionais, formavando uma rede com os colegas e contatos de negócio. 14

Considera-se a maior rede profissional do mundo tendo em vista que conta com mais de quinhentos milhões de usuários em mais de duzentos países. Apresenta como missão conectar os profissionais de todo o mundo, tornando-os mais produtivos e bem sucedidos (LINKEDIN, 2017). 15

Segundo a própria página o Orkut foi extinto em 2014. Focada em criar conexões entre pessoas conhecidas, em seu auge a rede contou com uma comunidade com mais de 300 milhões de pessoas. (ORKUT, 2017). 16

O Facebook é considerado uma plataforma utilizável para ver como nossos amigos nos inspiram, apoiam e ajudam a descobrir o mundo quando estamos conectados a própria rede (FACEBOOK, 2017). 17

O Flickr é um aplicativo online de gerenciamento e compartilhamento que busca ajudar as pessoas a disponibilizar suas fotos para quem ela julga ser importante., A plataforma permite novas maneiras de organizar fotos e vídeos (FLICKR, 2017).

25

Em 2005 surgiram o Youtube18, o Twitter19 em 2006, e mais recentemente,

em 2010, o Instagram20. Vale ressaltar que hoje existem diversas redes sociais

conectando pessoas do mundo inteiro e, na visão de Dreyer (2017), a tendência é

que existam cada vez mais.

A Figura 2, a seguir, representa a realidade vivida pela existência de

diversas redes de relacionamento, e a capacidade de conexão que as mesmas

viabilizam.

Figura 2 – Conexões através das redes sociais

Fonte: Marketing Potente (2017).

Através da figura é possível perceber a popularização das mídias e das

redes sociais online, e o impacto das mesmas no relacionamento entre as pessoas.

Hoje, elas atuam não somente como plataformas de entretenimento e consumo de

informação, mas também como facilitadoras de relacionamentos e/ou como

ferramentas de aproximação entre as pessoas.

18

O Youtube tem a missão de dar a todos uma voz e revelar o mundo. A plataforma busca a liberdade de expressão e acredita em um mundo melhor quando é possível ouvir, compartilhar e se unir por meio de histórias (YOUTUBE, 2017). 19

Plataforma que dá ao usuário o poder de mostrar o que está acontecendo, ou seja, fornece a todos o poder de criar e compartilhar ideias e informações de forma instântanea e sem barreiras (TWITTER, 2017). 20

O Instagram é uma comunidade com mais de mais de 600 milhões de usuários que compartilham e capturam momentos. Tem como CEO e co-fundador Kevin Systrom (INSTAGRAM, 2017).

26

2.4 A COMUNICAÇÃO ORGANIZACIONAL NO AMBIENTE DIGITAL

A sociedade midiatizada trouxe novos desafios para a comunicação

organizacional. Kunsch (2003) afirma que as organizações existem desde o início da

humanidade, mas apenas atualmente percebe-se um aumento significativo de novas

empresas que surgem com o próposito de atender as crescentes demandas sociais

e mercadológicas. A autora conceitua organização através de um agrupamento

planejado de pessoas que desempenham determinadas funções e trabalham em

conjunto para atingir objetivos comuns, com o propósito de satisfazer alguma

necessidade da sociedade.

A comunicação organizacional surgiu em meados de 1940, nos Estados

Unidos, e é caracterízada por Kunsch (2003) como um fenômeno comunicacional

dentro das organi aç es no âmbito da sociedade global, “ela analisa o sistema, o

funcionamento e o processo de comunicação entre a organização e seus diversos

públicos” (KUNS H, 2003, p. 150).

Segundo Dreyer (2017), a ideia inicial da comunicação organizacional era

que a mesma instruísse o discurso corporativo. Por volta dos anos de 1960 e 1980,

o foco da comunicação passou a ser administrativo e na visão instrumental21, só que

em um formato levemente mais abrangente do que em períodos anteriores. Depois

da descoberta de estudos a respeito do surgimento da comunicação interna e dos

princípios da comunicação humana, a atenção voltou-se para o receptor, por volta

dos anos de 1970, onde as empresas passaram a se preocupar com a comunicação

de forma pontual. Pode-se afirmar que foi nesse periodo que se iniciou de fato a

implantação de uma cultura comunicacional dentro das maiores empresas.

Já na década de 1980, Dreyer (2017) destaca que começou a ocorrer o

planejamento da comunicação de acordo com o público de cada segmento, ainda

que de forma restrita. Nessa época, também, ficaram conhecidas as agências de

comunicação, vale ressaltar que para atingir os públicos de interesse a comunicação

contava com uma série de instrumentos e ferramentas a serviço dos objetivos

específicos das organizações.

Para a autora, foi a partir dos anos de 1990 que o papel da comunicação nas

organizações mudou de forma drástica, foi quando ela passou a desempenhar de

21

Segundo Dreyer (2017) estudavam-se canais formais e informais entre subordinados e seus superiores através de técnicas e instrumentos.

27

fato uma função estratégica dentro das organizações. Começou-se a pensar em

formas eficazes de se relacionar com os públicos chave, e a reputação22 e a imagem

organizacional começaram a ser mais cobradas dos profissionais de comunicação.

Kunsch (2003) destaca que foi nesse período que a revista norte-americana

Business Week apresentou a organização horizontal, advinda das transformações

econômicas e tecnológicas. Essa organização começava a atuar em rede, organizar-

se em torno de um processo, promover o trabalho em equipe, mensurar os

resultados pela satisfação do público e informar os empregados em todos os níveis.

A autora enfatiza que essa tendência buscava a participação de todos os

colaboradores e não um enxugamento de estruturas.

Com a globalização e a chegada das tecnologias da informação e da

comunicação (TICs)23, entre as décadas de 1980 e 1990, houve um reconhecimento

maior do profissional da comunicação, uma vez que as organizações passaram a

perceber a importância de atingir seus públicos de interesse de forma eficaz. Dreyer

(2017) enfatiza a chegada dos anos 2000 e as mudanças que esse período trouxe,

segundo a autora, foi quando os estudos voltaram-se para as teorias da

comunicação, fugindo um pouco do foco organizacional existente até então.

O que se pode perceber é que de lá para cá a tecnologia promoveu diversas

mudanças, entre elas o surgimento de um mercado global digital preocupado em

atrair os públicos, a presença da mobilidade da comunicação, a ascensão das

mídias sociais digitais e, ainda, o empodaramento dos públicos.

No livro Relações Públicas na Contemporâneidade, Dreyer (2017) apresenta

a evolução da comunicação organizacional ao longo dos anos, que representa parte

do que foi apresentado aqui. A figura 3 demonstra de forma resumida a evolução da

comunicação organizacional no período retratado.

22

Vergili (2014) define como reputação algo duradouro, que é construído ao longo do tempo. É o que a sociedade e os públicos de uma organização percebem sobre ela. A reputação vai além da imagem corporativa, por isso exige esforço de relacionamento contínuo. 23

Castells (2005) exibe em seu livro A Sociedade em Rede, um capítulo destinado a Revolução da Tecnologia da Informação. Ele acredita que o processo atual de transformação tecnológica expande-se de forma muito rápida, isso porque apresenta a capacidade de criar interface entre campos técnológicos através de uma linguagem digital comum, na qual a informação é gerada, armazenada, recuperada, transformada e transmitida. Para o autor a caracterização da revolução técnológica não é a centralidade de conhecimentos e informação, mas sim a aplicação desses para a geração de dispositivos de processamento/comunicação da informação, em um ciclo de realimentação cumulativo entre a inovação e seu uso.

28

Figura 3 – A evolução da comunicação organizacional

Fonte: adpatado de Dreyer (2017, p. 41).

Analisando a figura, é possível perceber alguns aspectos da evolução da

comunicação organizacional que mais chamam a atenção. Conclui-se que ao longo

do tempo ela passou por diversas mudanças, principalmente em meados dos anos

de 1980 e 1990, onde a globalização e as TICs se mostraram cada vez mais

presentes. Já após os anos 2000, surgiram tendências comunicacionais de

mobilidade, multiplicidade, redes, marketing viral e tecnologias que desafiaram os

29

profissionais e a sobrevivência das organizações.

Vergili (2014) afirma que se vivencia na atualidade um período de

mobilidade comunicacional, isso porque os disposítivos móveis são cada vez mais

úteis para a difusão da informação. Segundo o autor, esse fator impõe um grande

desafio para as organizações, uma vez que elas tiveram que mudar e se adaptar ao

novo contexto tecnológico. Afirma que todas as organizações precisam estar

presentes no meio online, e que não participar da web ou participar de maneira

equivocada pode gerar graves danos à imagem corporativa.

Terra (2011) também disserta a respeito da importância das organizações

estarem presentes em todas as plataformas. A autora, assim como Vergili (2014),

considera que a internet evidência a trajetória e a reputação da empresa, e que é

preciso cada vez mais zelo pela imagem corporativa. Enfatiza que no meio online é

possível verificar através das ferramentas de busca, o que as pessoas dizem sobre a

empresa e o que a empresa quer de fato apresentar.

A organização não pode nem consegue mais ficar restrita ao que se publica sobre ela nos meios de comunicação clássicos, uma vez que se tem atualmente uma multiplicidade de canais disponíveis, incluindo-se aí as redes sociais (on e off-line) e a diversidade de públicos, não necessariamente- ou apenas clients e funcionários. Também não basta que a própria organização diga sobre si mesma. A reputação é cada vez mais terceirizada nas percepções que os públicos têm e expressam por meio de diversas ferramentas, tanto on-line quanto off-line (TERRA, 2011, p. 16).

Bueno (2010) também afirma que atualmente as organizações precisam

estar conectadas, uma vez que as redes são uma oportunidade de mercado, ou

seja, facilitam os processos relacionais entre empresa e públicos de interesse.

Todavia, a autora alerta que ao falar de comunicação organizacional em rede,

levantamos dois tópicos fundamentais: reputação e percepção. Explica os mesmos

através da capacidade de influ ncias múltiplas obtidas na rede: “as mídias sociais

permitem que o usuário se expresse frente a outros usuários, podendo, assim,

influenciar diretamente sua opinião” (BU NO, 2010, p. 210).

Lattimore et al. (2012) reforçam a necessidade das organizações de

utilizarem a internet de forma eficaz, mais especificamente as mídias digitais. Os

autores destacam que as relações nas mídias são fundamentais, uma vez que

abrem oportunidades de comunicação direta entre as organizações e seus

30

stakeholders24. Nessa linha de pensamento, Vergili (2014) reforça a importância dos

meios digitais, porém alerta que mesmo nesses meios de fácil e rápido acesso, o

profissional deve zelar pela qualidade de seu trabalho.

Percebe-se assim que, embora as mídias digitais sejam um espaço aberto,

de fácil acesso e de grandes oportunidades, é preciso que o articulador seja uma

pessoa preparada e que, acima de tudo, trabalhe com planejamento de ações, para

que essas sejam assertivas e eficazes. Para Terra (2011) é muito importante

planejar a comunicação sempre, tornando-a integrada, para assim obter êxito nas

ações comunicativas.

Considerando as facilidades de acesso das mídias e o amplo espaço aberto

para todos, Bueno (2010) afirma que as mídias sociais digitais permitem a produção

de conteúdo de qualquer usuário, ou seja, os usuários podem se expressar frente a

outros usuários, assim sendo, conseguem muitas vezes influenciar a opinião do

outro. Nesse sentido, podem agregar muito às organizações.

Em geral, as redes sociais online provam ser uma importante oportunidade para as organizações se aproximarem ainda mais de seus públicos e ainda um meio de comunicação de mão-dupla, afinal, por meio delas você pode "falar", mas também "ouve" tudo o que falam sobre você e sua marca (BUENO, 2010, p. 219).

Como é possível avaliar, ao longo do tempo, a comunicação organizacional

evoluiu muito com o incremento da internet. Em tempos de redes sociais digitais o

desafio da comunicação organizacional eficaz é ainda maior, uma vez que

atualmente as organizações são percebidas através dos públicos, da sociedade, e

da participação e engajamento no ambiente online. Tal fato implica diretamente na

imagem e credibilidade da empresa, itens essencias para a sobrevivência da mesma

no atual mercado competitivo.

2.5 COMUNICAÇÃO INTEGRADA X COMUNICAÇÃO INTEGRADA DIGITAL

Tendo em vista os desafios comunicacionais advindos das plataformas de

relacionamento online e a necessidade de adaptação das organizações a esse novo

cenário, é que se percebe a necessidade do uso da comunicação integrada em

24

Públicos que influenciam uma organização e ainda são influenciados por ela, públicos de interesse. (VERGILI, 2014).

31

todos os ambientes, mas em especial no digital.

Kunsch (2003) afirma que a comunicação integrada 25 é a junção da

comunicação institucional, da comunicação mercadológica, da comunicação interna

e da comunicação administrativa. Para a autora, elas formam o mix ou composto da

comunicação organizacional.

Este deve construir uma unidade harmoniosa, apesar das diferenças e das peculiaridades de cada área e das respectivas subareas. A convergência de todas as atividades, com base numa política global, claramente definida, nos objetivos gerais da organização possibilitará ações estratégicas e táticas de comunicação mais pensadas e trabalhadas com vistas na eficácia (KUNSCH, 2003, p. 150).

A autora afirma que são essas comunicações (institucional, mercadológica,

interna e administrativa), que permitem que a organização se relacione com o

público e até mesmo com a sociedade em geral, por isso não se deve isolar tais

modalidades, e sim promover ações conjugadas das atividades que formam o

composto da comunicação.

O conceito de composto de comunicação organizacional integrada foi

porposto por Kunsch com o objetivo de constituir uma unidade harmoniosa, ou seja,

na atuação conjugada de todos os profissionais de comunicação, por isso ela

assumiu nos últimos anos um caráter muito mais estratégico. Um dos principais

objetivos da comunicação intergrada é estabelecer relações cada vez mais

benéficas com os públicos. A seguir o modelo proposto por Kunsch (2003):

25

Segundo Kunsch (2003) a comunicação integrada é composta pela comunicação institucional, mercadológica, interna e administrativa. A institucional é a responsável direta por construir e formar uma imagem e identidade corporativa forte e positiva de uma organização. Já a mercadológica é incumbida de atingir os objetivos mercadológicos, ou seja, visa a divulgação publicitária da empresa por exemplo, estando vinculada ao marketing de negócios. A comunicação interna é caracterizada por um setor planejado, com objetivos definidos, que busca a interação entre organização e empregados. Utiliza-se de instrumentos da comunicação institucional e mercadológica. Por fim, a comunicação administrativa é a que viabiliza todo o sistema organizacional através de uma convergência de fluxos e redes.

32

Figura 4 – Composto da comunicação organizacional integrada

Fonte: Kunsch (2003, p. 151).

Na mesma perspectiva de Kunsch (2003), Terra (2011) relaciona o

composto de comunicação organizacional integrada, porém voltado ao ambiente

digital. Para Terra é justamente no cenário digital que a comunicação opera de forma

estratégica e integrada.

A comunicação digital e seus conteúdos, que ocorrem exclusivamente no ambiente tecnológico e utilizam ferramentas colaborativas, promovem trocas, interações e relações da sociedade dentro de um contexto social existente, e, algumas vezes, determinantes (TERRA, 2011, p. 19).

A autora explica que por romper com duas barreiras clássicas, o tempo e o

espaço, a comunicação digital exige muita cautela. Isso porque na comunicação

digital o público ganha voz através dos recursos de interatividade próprios desse

ambiente, podendo assim influir diretamente nas estratégias comunicacionais.

A seguir, apresenta-se o composto da comunicação integrada digital

apresentando por Corrêa (2009). A autora propõe que a mesma seja construída

através de uma avaliação de cada ação comunicacional prevista para as vertentes

da comunicação integrada e de seu equiparamento para o público ao qual se dirige.

33

Segundo ela, a linguagem, o tratamento visual e o arquitetônico do material também

devem ser sempre adequados.

Figura 5 – Composto de comunicação integrada digital

Fonte: Corrêa (2009, p. 322).

Dreyer (2017), assim como Terra (2011), também reforça a importância da

comunicação integrada e afirma que a comunicação integrada digital deve estar

presente em todas as empresas. Explica que nesse ambiente, deve ser pensada em

uma proposta estratégica que deve incluir características dos processos digitais,

como:

[...] a facilidade no acesso à busca de dados e a aplicação às especificidades dos preceitos da arquitetura da informação, da usabilidade, da hipermídia, e do design, além do aumento das possibilidades de mensurar e avaliar o retorno da comunicação (DREYER, 2017 p. 97).

Vergili (2014) também disserta a respeito da busca constante da

comunicação integrada por parte das organizações, e conclui que as empresas

precisam participar tanto do ambiente digital como dos eventos mais tradicionais.

Para o autor, os dois ambientes são complementares e devem levar sempre à

34

interação entre as pessoas.

Percebe-se, assim, a necessidade das organizações de estarem presentes

no meio online e de disporem da comunicação integrada digital com ações

assertivas e conteúdos interessantes para seus públicos de interesse. Bueno (2010)

ressalta que as mídias sociais estão presentes no dia a dia de todos, e que elas

servem para mostrar que o profissional de comunicação pode e deve estabelecer

laços cada vez mais profundos entre as organizações e seus públicos de interesse.

Levando em conta o que foi apresentado, fica clara a importância das

organizações de estarem presentes nos ambientes online, e ainda de ter

profissionais capacitados atuando nesses meios, uma vez que auxiliam na

construção e consolidação da reputação e da boa imagem organizacional. A

comunicação integrada é fundamental para a eficácia da comunicação das

empresas e a comunicação integrada digital é, com certeza, uma das grandes

tendências assertivas da sociedade contemporânea.

35

3 PERSPECTIVAS PARA O PROFISSIONAL DE COMUNICAÇÃO: O

RELAÇÕES PÚBLICAS NA INTERNET

A emergência da internet revoluciou o mundo da comunicação e as formas

de consumo, trazendo novos desafios para os profissionais que atuam nesta área.

Propiciou, sobretudo, um novo mercado de trabalho, em especial para o profissional

de relações públicas, que tem como função estabelecer bons relacionamentos entre

organizações e públicos. O incremento das plataformas digitais trouxe novos

desafios e oportunidades, isso porque os públicos passaram a ter voz e a intervir

diretamente nos processos decisórios das organizações atuais. Dessa forma, pensar

o papel dos profissionais nesse cenário torna-se cada vez mais relevante.

O presente capítulo traz apontamentos sobre a area de relações públicas e

sua importância para a gestão comunicacional. Apresenta o desenvolvimento da

atividade em uma perspectiva baseada na evolução das tecnologias da

comunicação e da informação, e propõe uma análise sobre o papel desse

profissional no ambiente digital. Em um segundo momento exibe os desafios

advindos dos relacionamentos online e as oportunidades de mercado trazidas pelas

mídias sociais digitais.

3.1 NOVOS APORTES PARA A ÁREA DE RELAÇÕES PÚBLICAS

Conceituar relações públicas não é uma tarefa simples, afinal, tanto a

profissão quanto o profissional sugerem diversas definições. Apesar de sua longa

trajetória, essa importante área da Comunicação possui inúmeras interpretações,

dadas tanto pelas associações profissionais quanto por pesquisadores. Diversos

autores dissertam sobre a dificuldade de encontrar um signficado único para a

profissão, como Andrade (2001, p.30), que reforça essa tese ao afirmar que “a

realidade é que o termo relações públicas tem diferentes significados para diferentes

pessoas, estando ainda longe de se encontrar uma significação pacífica para a

expressão”.

Embora o termo relações públicas sugira múltiplos entendimentos, não há

dúvidas de que desde os primórdios a atividade está relacionada à arte de cuidar

dos relacionamentos. Furtado (2015) afirma que as relações públicas nasceram com

a humanidade, já que ao surgirem as cidades, a política e o comércio, houve a

36

necessidade de relacionamento. Para a autora, a principal função do profissional se

baseia em traçar estratégias para se relacionar com os diferentes públicos.

Nessa linha teórica, Kunsch (2003) traz a visão do relações públicas com

foco nas estratégias que envolvem a proposição e a administração dos

relacionamentos e o gerenciamento de conflitos. A autora afirma que

“essencialmente o grande desafio para a área é conseguir gerenciar a comunicação

entre as duas partes, mormente na complexidade da sociedade contemporânea”

(KUNSCH, 2003, p. 90).

Grunig, Ferrari e França (2011) reiteram que a reciprocidade é lei no

relacionamento já que os mesmos são constituídos a partir das relações sociais

entre indivíduos e organizações. Os autores enfatizam que a relação só atinge

legitimidade e importância ao falar de públicos, afinal, são eles que se relacionam e

influenciam de alguma forma as organizações.

Visto a necessidade e o zelo que as organizações precisam ter nos

processos relacionais, Kunsch (2003) aborda a importância do relações públicas

como uma função mediadora. Para a autora, uma organização só terá êxito na sua

comunicação se utilizar estratégias comunicacionais e diferentes meios, dirigidos de

forma específica para cada público. Isso porque a comunicação precisa de

reciprocidade e diálogo; mais do que isso, as organizações precisam construir ideias

junto a seus públicos de interesse.

Percebe-se, assim, a importância da função de gerenciamento dos

relacionamentos para o profissional de relações públicas, abordada por diversos

autores e enfatizada por Kunsch (2003), ao afirmar que as organizações precisam

de uma comunicação eficaz, com investimentos em canais que sejam do interesse

dos públicos a ela vinculados.

Grunig, Ferrari e França (2011) reforçam o papel do relações públicas nas

organizações considerando a atividade essencial para manter relações

fundamentais no mercado, seja com os públicos de interesse, com os colaboradores

ou com o governo. Para os autores, uma estratégia importante está associada a

comunicação eficaz da empresa com seus públicos de interesse, uma vez que eles

ajudam a fortalecer e consolidar a boa imagem.

Tendo em vista esse contexto atual do papél do profissional de relações

públicas ao zelar pelo bom relacionamento com os diversos tipos de públicos,

Lattimore et al. (2012) destacam a capacidade de persuasão e influência que o

37

profissional detém. Destacam sobretudo que,

O trabalho de relações públicas está muito relacionado ao desenvolvimento de relações eficazes entre organizações e grupos que são importantes a elas, incluindo a mídia, os clinetes, funcionários, investidores, líderes e membros da comunidade, grupos ativistas e órgãos de governo. Essas relações devem beneficiar ambar as partes (LATTIMORE, et alt. 2012, p. 24).

Carvalho (2007) também reforça a ideia do relações públicas atuando no

gerenciamento do relacionamento entre a organização e seus diferentes públicos.

De acordo com a autora,

[…] a atividade de Relaç es Públicas surgiu para promover a integração das organizações com a sociedade e a humanização das relações entre empregadores e empregados, atuando muitas vezes na mediação de conflitos inerentes ao relacionamento que se estabelece entre a organização e seus diversos públicos (CARVALHO, 2007, p.68).

Apesar de existirem diversas atividades atreladas ao profissional de relações

públicas, Kunsch (2003) atribui três principais papéis: identificar os públicos e suas

características de acordo com a demanda e o ambiente organizacional,

supervisionar e coordenar programas de comunicação com os públicos e, por fim,

gerenciar e prever crises. Entende-se, assim, a diversidade de funções do

profissional e o foco no relacionamento, seja no âmbito institucional, social ou

organizacional.

Cabrero e Cabrero (2001) vão um pouco além desta análise e identificam o

papel das relações públicas dentro de uma organização através de objetivos como:

observar tendências e estar junto a direção para aconselhar, e propor ações que

interessem e beneficiem tanto a instituição como seus públicos. De acordo com os

autores, os aspectos abordados colaboram para a construção da boa imagem

organizacional.

Com base no que foi apresentado, percebe-se que a profissão de relações

públicas carrega diversos significados, assim como o papel do profissional que

precisa exercer diversas funções nas áreas comunicacionais. Para além disso,

constata-se, sobretudo, a importância do relações públicas como gestor de

relacionamentos e a necessidade deste de exercer laços harmoniosos entre

empresas e públicos de interesse.

38

3.2 A EVOLUÇÃO DA WEB E DO PROFISSIONAL DE RELAÇÕES PÚBLICAS

EM QUATRO FASES

Em uma abordagem explicativa, Dreyer (2017) destaca a evolução do

profissional de Relações Públicas comparando-a com a evolução da web,

explicando que ambas vivenciaram diferentes fases ao longo do tempo. Em seu

livro, a autora destaca caracterísiticas específicas de cada fase, sinalizando as

principais mudanças ocorridas em cada uma delas, desde o cenário, a evolução

tecnologica e a forma de atuação e adaptação do profissional nos diferentes

momentos.

Destaca que a Web 1.0 surgiu juntamente com a World Wide Web em 1990,

caracaterizada por uma série de fatores, entre eles a forma de participação do

usuário, que ocorria através de fóruns, bate papos, FAQs, enquetes e fale conosco,

enquanto os instrumentos eram normalmente websites, jornais e revistas online,

emails e newsletters. Dreyer (2017) explica que nessa fase os conteúdos não

podiam ser alterados pelos usuários, ocorrendo uma forma simples de

relacionamento entre a empresa e seu público, mas não de interrelação de fato.

Esclarece que na web 2.0 a interação é o grande marco, pois é quando o

usuário torna-se produtor de conteúdo. Surgida em 2004, a segunda fase da web é

marcada pelo público participativo das redes, ou seja, as organizações precisaram

de fato pensar sua comunicação dirigida ao ambiente online. Mais do que isso, a

autora destaca que essa fase significa um compartilhamento do poder da

informação. Enquanto no cenário 1.0 as empresas dominam a informação, no 2.0

são os usuários que o fazem, provocando assim uma necessidade das organizações

de entreterem seus públicos de interesse (stakeholder) e se fazerem presentes no

ambiente online.

Nesta mesma linha teórica, Chamusca (2010) destaca que o período da

Web 2.0 trouxe para a realidade uma série de atividades realizadas na internet. Para

o autor,

As conexões em banda larga trouxeram à tona possibilidades verdadeiras de aplicações complexas de interfaces com bancos de dados e o estabelecimento de diálogos multimídia - com texto, imagem e som, em tempo real, entre pessoas e organizações de várias partes do mundo, através da rede (CHAMUSCA, 2010, p. 69).

39

A web 3.0 foi reconhecida e anunciada por diversos autores como uma

grande revolução. Dreyer (2017) destaca que:

1. A web refinará os dados de pesquisa para o usuário. O motor de busca estreirará a pesqusia até o ponto de entregar exatamente o que o usuário quer, filtrando e interpretando os resultados para produzir respostas conretas. A internet sera um mundo de dados que descrevem dados. Em consequência o usuário será afastado das pesquisas por palavras-chave. 2. As páginas poderão ser lidas não só por pessoas, mas também por maquinas, em decorrência do item anterior. 3. O uso de gráficos animados, audios e videos de alta definição, 3D, entre outros, será feito dentro do browser. Enfim, grande parte dos websites vai se tornar webservices (DREYER, 2017, p. 62).

Percebe-se, assim, as diversas mudanças advindas das fases da web. A

Web 3.0, ou Web Semântica (WS) como também é conhecida, apresenta muitas

características específicas, todavia, a autora destaca que a WS é ainda a própria

web dentro de outra configuração, na qual os computadores são melhores

programados, as pessoas trabalham em colaboração e a informação tem um

significado melhor.

Assim como as fases anteriores, a Web 4.0 também demonstra algumas

especificidades, entre elas, a mobilidade e a ubiquidade. De acordo com o blog

Internet Innovation26, a Web 4.0 funciona como um grande sistema operacional

dinâmico e inteligente, um processo completo de inteligência artificial, que interpreta

informações e dados para a tomada de decisões. O blog destaca que apesar dos

benefícios existe o temor pela invasão da privacidade, a dependência do sistema e a

discussão sobre o controle.

Dreyer (2017) expõe que juntamente com a web, emergiu a atividade de

relações públicas. Ao mencionar que a fase 1.0 é marcada por características de

comunicação tradicional, como o controle dos relacionamentos, dos instrumentos de

comunicação e do conteúdo concentrado nas organizações, a autora destaca que os

profissionais de relações públicas atuavam em um cenário muito mais offline,

através de impressos, meios de comunicação de massa e contato presencial.

Explica que com o advento da Web 1.0 surgiu o relações públicas 1.0,

atuante em canais eletrônicos e digitais, com estratégias de comunicação

desenhadas para que as organizações obtivessem o poder dos meios, ou seja, um

26

Disponível em: <https://www.internetinnovation.com.br/blog/como-sera-a-web-4-0-2/>. Acesso em: 18 set. 2017.

40

espaço comunicacional onde os públicos ainda não tinham voz e as organizações

não se preocupavam, de fato, com a opinião e interação do público. Vale ressaltar

que, por mais que a comunicação fosse tradicional, foi através da Web 1.0 que o

relações públicas ganhou força e reconhecimento de mercado, visto que suas

práticas evoluíram muito com a chegada do ambiente digital e com as grandes

perspectivas comunicacionais que ela oferece.

Na visão de Dreyer (2017), a web 2.0 foi um grande marco para a história da

comunicação. As organizações passaram a perder o controle da informação e os

públicos ganharam cada vez mais força, nesse sentido a autora reforça a eficácia do

relações públicas 2.0, uma vez que o profissional tem na sua essência o

relacionamento eficaz e o diálogo, características essenciais para a reputação e

sobrevivência das empresas no ambiente online, principalmente nas mídias digitais

que prezam pela interação.

A autora destaca que:

[...] pensando na diversidade de públicos a melhor estratégia é aquela que

mescla o tradicional e o contemporâneo em relações públicas. Assim como a internet revolucionou a vida das pessoas, dos negócios e da política, ela também influenciou uma profissão que tem a comunicação como principal intrumento de trabalho. A essência da atividade de relações públicas – o relacionamento entre organizações e públicos – continua a mesma. O que muda é a forma como o profissional vai investir nesses relacionamentos (DREYER, 2017, p. 69).

Terra (2010), também acredita que a essência da função do profissional é a

mesma, porém, a era é online e as estratégias precisam ser cada vez mais eficazes

e de acordo com os públicos de interesse. Para a autora:

Entendemos que as Relações Públicas 2.0 se caracterizam pela atividade de mediação e/ou interação por parte de organizações com seus públicos na rede mundial de computadores, especialmente, no que diz respeito às expressões e manifestações desses nas mídias sociais (TERRA, 2010, p. 101).

Em tempos de Web 2.0, em que a interação é a grande busca, se reforça a

ideia de que as empresas precisam ir além de produzir conteúdo interessante para

seus públicos, fazendo com que eles participem e interajam com a organização. A

Web 2.0 oportunizou o empoderamento do público, tornando-o mais participativo,

assim como o relações públicas 2.0, que nessa fase ganhou mais espaço de

mercado.

41

Dreyer (2017) afirma que a atividade de relações públicas apresenta muitas

características da Web 2.0, todavia, foi preciso que suas estratégias fossem

repensadas com base nos diferentes meios de comunicação digital que surgiram

nessa fase. As mídias sociais digitais, por exemplo, proporcionaram um ambiente

que necessita de ações estratégicas dos relações públicas, afim de criar práticas

colaborativas, participativas e interativas com os públicos de interesse.

A autora relata que as relações públicas 3.0 e 4.0 são caracterizadas por

uma série de fatores, e que o período vivenciado pela web envolve semântica,

algoritmos, apps 27 , computação em nuvem, mobilidade contínua e computação

ubíqua (multirredes de acesso sem fio). Trata-se da internet de todas as coisas, a

era da conexão onipresente. Fase essa marcada pelo engajamento, direcionamento

e investimento para que a mensagem alcance um número significativo de pessoas.

Nesse contexto, ao pensar em ações para o profissional, se percebe que o relações

públicas 3.0 e 4.0 já estão inseridos na sociedade.

Nessa mesma linha de pensamento, que aproxima o relações públicas das

tecnologias, Chamusca (2010) destaca o fenômeno contemporâneo da comunicação

móvel digital. O autor, assim como Dreyer (2017), reforça que a forma das

organizações se relacionarem com seus públicos de interesse mudou, uma vez que

esse relacionamento acontece em um espaço híbrido, onde o físico e o virtual se

misturam e se complementam cada vez mais.

Chamusca (2010) disserta a respeito da comunicação móvel digital dizendo

que é ainda um desafio para as organizações atuais e, principalmente, para o

profissional de relações públicas, uma vez que as organizações precisam pensar em

diversas estratégias para atrair seus públicos de interesse e, acima de tudo, agir de

forma pró ativa, ou seja, se antecipando aos assuntos e informações que seus

públicos desejam.

[…] na atualidade, as atividades de relaç es públicas devem levar em conta que as experiências vividas pelos usuários em movimento pela cidade, se traduzem em diálogos digitais com as mídias locativas, que podem possibilitar uma ressignificação dos espaços para esses indivíduos e também influenciar direta ou indiretamente na sua percepção em relação as marcas, produtos e serviços oferecidos pelas organizações. Decorrente disso também pode interferir de forma significativamente na qualidade das relações que as organizações estabelecem com os seus públicos de interesse (CHAMUSCA, 2010, p. 87).

27

Aplicativos disponíveis para dispositivos eletrônicos (VALLETTA, 2015).

42

Para melhor compreensão àcerca da evolução do profissional de relações

públicas de acordo com as fases da web propostas por Dreyer (2017), apresenta-se

a seguir um quadro resumo que retrata a evolução do profissional, onde se

destacam as principais características e ferramentas associadas a cada período.

Figura 6 – A evolução do campo das Relações Públicas

Fonte: Adaptado de Dreyer (2017, p. 84).

A figura apresentada mostra que a web progrediu muito desde sua criação

em 1990. Características chamam a atenção, principalmente as recém presenciadas

e futuras tendências, tais como a mobilidade, a ubiquidade e a convergência. De

modo geral o que se nota é que a web trouxe novas perspectivas para o campo

comunicacional.

Em se tratando dos profissionais de comunicação, é possível concluir que

principalmente no período da Web 2.0, onde a interação e a produção de conteúdos

43

ocorrem de formas quase instântaneas e o público ganha cada vez mais voz, há

exigência de uma melhor preparação, capaz de sustentar os desafios

organizacionais. Conclui-se, assim, que o relações públicas precisa demonstrar

dinamismo e boa vontade para mudanças, visto a constante necessidade de

adaptação a cada novo cenário. A boa notícia é que no cenário digital a profissão

cresce e se consolida, uma vez que os meios trazem novas oportunidades de

mercado.

3.3 O RELAÇÕES PÚBLICAS 4.0

Não há dúvidas de que a comunicação assumiu novas perspectivas com o

surgimento da internet. Grunig, Ferrari e França (2011) acreditam que, atualmente,

as pessoas começaram a perceber que é possível controlar a forma como utilizam a

mídia muito mais do que a mídia consegue controlar o comportamento em geral do

público.

Percebe-se uma ascensão das plataformas digitais na busca de informação

e o mercado da comunicação de massa com um pouco menos de credibilidade. Por

isso, conseguir formar uma imagem positiva no ambiente virtual pode exigir muitas

estratégias. Lattimore et al. (2012) reforçam a função gerencial do relações públicas

ao enfatizar a necessidade das organizações de promover uma comunicação eficaz

através da sua equipe de comunicação, em busca do fortalecimento de estratégias

para lidar com o mercado online.

É fato que as relações públicas estão presenciando novos desafios depois

da ascensão da internet e da web, uma vez que a forma de comunicar mudou. As

notícias passaram a ser instantâneas e de fácil acesso, com isso tanto o mercado

em geral como o profissional de relaç es públicas precisaram se adaptar, “a

tecnologia tem influenciado o tipo de mídia com que os profissionais devem

trabalhar, exigindo que as organizações tenham um leque mais amplo de

alternativas de ação oferecidas por suas equipes de relaç es públicas”

(LATTIMORE et al., 2012, p. 138).

Ao falar do relações públicas no ambiente organizacional e tendo em vista o

novo cenário proporcionado pelas tecnologias, percebe-se a necessidade das

organizações de estarem presentes nos meios online e, ainda, de utilizarem a

internet e a web de forma eficaz. Sobre esse aspecto, Vergili (2014) ressalva

44

algumas funções do relações públicas depois do incremento das plataformas

digitais.

O autor acredita que o profissional deve, sobretudo, ajudar a elaborar os

conteúdos publicados nas redes sociais, criar estratégias para estimular a

participação do usuário e buscar formas de mensurar os resultados obtidos na web.

Precisa ainda avaliar e destacar as necessidades de cada departamento da

empresa e assessorar e identificar o grau de importância e engajamento das

informações antes de divulgá-las, além de cuidar do relacionamento, do

mapeamento e da priorização de públicos.

Terra (2011, p. 78) também acredita na importância de produzir conteúdos

interessantes nas mídias sociais. A autora elencou 12 dicas de planejamento de

comunicação voltadas ao profissional que atua nesse meio:

a) tenha objetivos claros a atingir com as mídias sociais;

b) trace um diagnóstico: um posicionamento da organização e da

concorrência nas mídias sociais;

c) mapeie quem são os hubs (concentradores de tráfego de conteúdo de de

informações) e o que dizem;

d) ouça seus clientes e o que as pessoas estão comentando sobre sua

marca. Quais as percepções?

e) conheça seu cliente, saiba seu perfil, quem são os influenciadores.

f) seja transparente, fale a verdade, admita erros, dê explicações e busque

soluções;

g) compartilhe informação relevante para o público, torne seu conteúdo fácil

de compartilhar, use ferramentas que promovam o conteúdo;

h) adicione valor à conversa. Pense como um colaborador, alguém que

quer contrubuir; considere o que é relevante para a comunidade. Não

promova seu produto a cada mensagem; as pessoas replicam o

conteúdo se este for interessante. Encoraje a discussão e a participação;

i) seja pessoal: personifique sua marca, responda, reconheça e agradeça.

Intereja;

j) elabora um plano de ações para que possa:

participar das conversas;

saber quais as mídias sociais escolher;

escolher quem atualiza, responde, interage;

45

desenvoler políticas de conduta;

k) Estabeleça métricas: como avalio meus objetivos? Que parâmetros são

interessantes para o meu negócio?

l) Pense na implementação: treinamentos para equipes internas,

cronograma de execução, monitoria constante, seeding (disseminar

conteúdos para formadores de opinião online, ou para audiências que

possam ter interesse naquela informação. O resultado esperado é o

alastramento da mensagem inicial).

Através dos itens citados, que enfatizam sobretudo a importância do

planejamento estratégico exigido do articulador dessas mídias, percebe-se que

embora as redes sejam um espaço de fácil acesso, é preciso que os profissionais

atuantes zelem pela qualidade do conteúdo, bem como se preocupem com o público

para o qual desejam transmitir as mensagens e informações. Vergili (2014),

complementa esse pensamento enfati ando que: “[...] é preciso ressaltar que

mesmo para atuar como ordenador das ações nas redes sociais é preciso que o

relações-públicas adquira conhecimento para dialogar com eficiência com diferentes

profissionais e públicos” (V RGILI, 2014, p.116).

Com o advento da internet, a função do profissional de relações públicas

passou por algumas mudanças, principalmente pelo fato de que o relacionamento

acontece hoje de diversas maneiras, seja pelos meios online ou pela comunicação

móvel e instantânea. Atualmente, é possível comunicar-se com qualquer pessoa em

qualquer lugar e a todo instante e, o mais importante, é possível que todos os

indivíduos produzam conteúdo, podendo estes ser acessados em questão de

segundos.

Dreyer (2017) afirma que a cultura participativa é algo existente na

sociedade atual, ou seja, todos podem produzir conteúdo e se tornar atuantes

através das redes, fato este que não acontecia antigamente e que traz novos

desafios para o profissional de relações públicas, uma vez que mais do que nunca

precisa-se exercer bons relacionamentos para manter a boa imagem e reputação

das organizações. Nesse sentido, Vergili (2014) explica que com o crescente uso

das redes sociais pelo mundo, muitas empresas estão tentando profissionalizar sua

utilização, a fim de conseguir vantagens competitivas.

Para entender melhor essa realidade, o autor aplicou algumas pesquisas

para traçar características dos profissionais que articulam as redes de empresas de

46

grande porte e, ainda, para descobrir como capacitar o relações públicas para este

novo cenário. Para tanto, selecionou as mil Melhores e Maiores Empresas do Brasil,

segundo a revista Exame do ano de 2013 e aplicou 128 entrevistas com

profissionais articuladores das redes sociais das maiores empresas do Brasil.

Os resultados da pesquisa apontaram que 50,7% dos colaboradores

responsáveis pelas redes trabalham na empresa, e que 49,3% são terceirizados.

Esse é um dado interessante, uma vez que deixa claro o distanciamento do

profissional com a empresa. Vergili ressalta a imporância do profissional articulador

de estar por dentro de todos os pensamentos, objetivos, e da realidade vivida pela

empresa, o que em sua opinião oferece maiores ganhos.

Dentre os objetivos pesquisados o autor identifica, conforme gráfico abaixo,

que o relacionamento é o principal objetivo de atuação das empresas nas redes

sociais.

Figura 7 – Principal objetivo de atuação das empresas nas redes sociais

Fonte: Vergili (2014, p. 73).

A esse respeito o autor destaca que, apesar do relacionamento ser o grande

objetivo das organizações nas redes sociais, e este ser especialidade do relações

públicas, ainda é baixa a inserção do profissional nesse mercado. Relata que na

maioria das vezes não existe nenhum formando ou graduando de relações públicas

articulando as redes. A pesquisa mostrou que em 25,7% das áreas responsáveis

pelas mídias existe a presença de somente um relações públicas, e que a presença

de dois profissionais habilitados acontece em apenas 3,9% dos casos. Esses dados

47

demonstram que há um mercado potencial na internet voltado a essa área da

comunicação, basta que seja conquistado.

Assim sendo, conclui-se que existe espaço para o profissional de relações

públicas no ambiente digital, mas que a inserção do mesmo ainda é pequena.

Através da pesquisa é possível perceber que o relacionamento é uma preocupação

constante das organizações na atualidade, e que investir na comunicação e

proximidade com os públicos de interesse pode agregar muito valor aos negócios.

Dreyer (2017) também acredita que a internet contribui para o fortalecimento

da profissão de relações públicas. Segundo a autora, no ambiente online é que se

encontra a diversidade de públicos, logo, a interação e o diálogo são quase naturais.

A autora alerta para a necessidade do profissional se adaptar a essa mudança de

cenário, e diz que as plataformas digitais contribuíram para a perpetuação da

profissão no mercado de trabalho. Para ela, a função do relações públicas continua

a mesma, promover o relacionamento benéfico entre públicos e organizações, o que

muda é a maneira e os recursos utilizados.

Entre os diversos desafios trazidos pela web, a capacidade de avaliação de

resultados (mensuração) é uma das grandes oportunidades para o profissional de

relações públicas. Segundo Vergili (2014), através da internet o profissional dispõe

de recursos muito importantes, uma vez que as organizações têm o poder de

distruibuir mensagens para os públicos de interesse e, através de softwares,

conseguem saber exatamente quantos clicks e visualizações esta mensagem

obteve. É possível também descobrir os melhores horários para postagem,

monitorar as palavras-chaves e expressões mencionadas em redes para ter melhor

alcance, além de alertas para tendência de críticas mais acentuadas. Dessa forma o

profissional consegue identificar as tendências de mercado e ter acesso ao feedback

imediato dos públicos de interesse, tornando assim suas ações mais eficazes.

Terra (2010) também reforça a ideia de mensuração nas redes, enfatizando

que uma das formas de se medir resultados é através dos influenciadores digitais,

uma vez que eles trazem relevância, repercursão e popularidade para a marca.

Afirma também que é possível mensurar através do cruzamento de duas métricas:

“[…] a repercursão da ação nas redes (incluindo a soma de tweets e posts

relacionadas a ela) com o aumento ou a queda no volume de vendas” (TERRA

2010, p. 81).

Pela observação dos aspectos analisados, fica claro que a internet

48

contribuiu para que o profissional de relações públicas ganhe mais espaço no

mercado de trabalho, já que o relacionamento é um dos grandes nomes para o

sucesso das organizações. As redes sociais online geram uma busca de

profissionais capacitados para essa articulação, uma vez que o profissional

oportuniza a aproximação comos públicos de interesse.

3.4 PÚBLICOS NA ERA DIGITAL

A emergência tecnologica requer novas formas de pensar os

relacionamentos, isso porque os públicos passaram a ter voz e capacidade de

influenciar a todos nos ambientes digitais. Terra (2011) afirma que a tecnologia da

informação invadiu de forma brusca o espaço da comunicação, mudando a relação

existente entre comunicadores e públicos.

Vergili (2014) acredita que públicos na perspectiva de relações públicas,

deve ser sempre empregado no plural, uma vez que eles exercem influências

diversas sobre uma empresa. Os públicos são de grande importância para a área, já

que visa estabelecer relacionamentos benéficos entre eles e as organizações.

Para França (2004):

[...] relações públicas são uma atividade cujo objetivo primordial é [estabelecer relacionamentos planejados estrategicamente com os públicos, essa atividade se torna mais compreensível e recebe um foco diferente daquele que lhe é conferido pelas inúmeras definições descritivas que apenas indicam suas funções e propriedades. Nesse contexto poderá ser definida por meio de um conceito preciso de relacionamentos com públicos específicos para atingir seus objetivos institucionais e mercadológicos (FRANÇA, 2004, p. 30).

O autor considera que estabelecer relacionamentos estratégicos através do

conhecimento dos públicos de interesse das organizações deve ser um desafio

constante para os profissionais.

Nessa linha teórica, Vergili (2014) destaca a função do relações públicas

dentro da visão estratégica de públicos, enfatizando que a identificação e a

priorização dos mesmos permite construir melhores relacionamentos. O autor

destaca, sobretudo, que os profissionais de relações públicas dentro organizações,

têm como propósito promover informações verdadeiras e buscar manter o diálogo

com os públicos de interesse, para assim estabelecer relacionamentos contínuos

49

com os mesmos. Além de deixar a empresa com boa reputação, essas ações

podem trazer resultados financeiros benéficos.

[...] a sinergia entre colaboradores de uma empresa e seus públicos de interesse é fundamental, já que são estes que, muitas vezes, definem estratégias realizadas pelas organizações e sofre o impacto de suas ações. E é exatamente nesse ponto que o relações-públicas ganha importância, uma vez que tem o papel de estreitar relacionamentos e aumentar a credibilidade entre as partes envolvidas, equilibrando os interesses (VERGILI, 2014, p. 56).

Grunig, Ferrari e França (2011) destacam a inserção de todos os públicos no

ambiente online. Segundo os autores, são eles o objeto das redes de

relacionamentos corporativos de qualquer organização, e por isso devem ser foco de

estudo. Na contemporaneidade o maior desafio das organizações é engajar seus

públicos de interesse e criar laços para a construção de relacionamentos benéficos.

Ao perceber a dificuldade de construir bons relacionamentos na web, Torres

(2009, p. 35) destaca que antes de planejar qualquer ação online é preciso lembrar

que “são pessoas por trás das telas”, por isso, para ter xito a comunicação precisa

atingir a mente e o coração de cada consumidor, ser mais humana de fato.

Compreende-se aqui a inserção do relações públicas nesse meio, como mediador

de relacionamentos que busca por relações benéficas para ambas as partes.

Ao falar dos públicos na atual sociedade midiatizada, precisa-se pensar no

mesmo como produtor e consumidor de informação. Neste sentido, Dreyer (2017)

destaca a importância de nominar os públicos nas redes sociais para melhor

identificar as características deste individuo e, assim, criar estratégias mais

assertivas.

3.4.1 Usuário mídia

Com a ascensão da internet os públicos começaram a ganhar voz, ou seja

começaram a participar e influir nas decisões, fazendo com que as organizações

precisem zelar ainda mais pela sua imagem, já que passaram a fazer parte de sua

rotina diária.

Terra (2011) reforça a necessidade de conhecer esse público, explicando

que existem casos em que as organizações criam perfis nas redes sociais para

entender o que acontece nesse meio e, ainda, para mostrar que fazem parte do dia

50

a dia dos usuários, se mostrando sempre presentes.

Na web os conteúdos são gerados a todo instante, e os públicos tem poder

e autonomia para agir da forma que acharem melhor. É nesse contexto que a autora

aborda um novo conceito relacionado ao público online, o usuário-mídia.

Estamos na era da midiatização dos indivíduos, da possibilidade de usarmos mídias digitais como instrumentos de divulgação, exposição e expressão pessoais; daí o termo usuário-mídia. Cada um de nós pode ser um canal dessa mídia: um produto, criador, compositor, montador, apresentador, remixador ou apenas um difusor dos próprios conteúdos (TERRA, 2011, p. 67).

O usuário-mídia é um termo surgido na era digital que assume grande

importância para as organizações. Segundo Terra (2011), o usuário-mídia é alguém

que usa muito a internet e as plataformas de relacionamento online, que consome

conteúdo, dissemina informações e, algumas vezes, participa com comentários na

web e produz conteúdo. É o usuário que busca mais do que a comunicação

tradicional para se informar, analisa opiniões de diferentes pessoas em diversos

meios online e tem expectativas sobre esse meio, além disso, tem o poder de

influenciar outras pessoas na internet. Para a autora, o usuário-mídia interfere na

comunicação e nas estratégias das organizações.

Terra (2011) ressalta que muitas vezes o conteúdo da internet não é de

fontes confiáveis, mas que mesmo assim as organizações precisam estar presentes

para atender e interagir com o público. Para ela, vivenciamos uma era em que o

usuário tem poder para produzir o conteúdo que quiser, com isso as organizações

acabam por perder o controle total da informação, dividindo-a com outros

internautas28.

Martinuzzo (2014) reitera que a capacidade de produção de conteúdo de

interesse para os públicos baseia-se em conhecê-lo bem e em entregar de forma

assertiva uma mensagem feita “sob medida” para este destinatário, “[…] é preciso

oferecer condições e meios para viabilizar e obter o retorno, as contribuições e a

participação desses públicos, o que não se faz sem considerer o necessário

investimento em mídias tailor-made.” (MARTINUZZO, 2014 p. 47).

28

Quando a internet faz parte do seu cotidiano, não causa estranheza (BASSALO, 2012).

51

3.4.2 A atenção em tempos de internet

Tendo em vista a atual sociedade técnológica, o excesso de informações

produzidas a todo instante e a dificuldade de cativar a atenção dos públicos em um

meio que conta com um número exagerado de interações diversas, Silva e Lima

(2016), abordaram no artigo O poder do coletivo na

, uma pesquisa realizada pelo

Statistic Brain Research Institute29, que garante que o tempo médio de atenção de

um adulto é de 8.25 segundos, tempo este que é muito baixo e que gera desafios

constantes para a comunicação eficaz.

Os autores afirmam que existe uma busca incansável pelo novo, mas

quando esse novo satura, fica difícil para o público escolher em qual conteúdo

investir sua atenção. itam ainda que: “ informação foi dispersada, porém,

questiona-se em qual informação priori ar e direcionar, ao menos, 8.25 segundos da

atenção” (SILVA; LIMA, 2016, p. 2).

No atual contexto presenciado, que se percebe a dificuldade da conquista da

atenção na sociedade, Martinuzzo (2014) destaca que a capacidade de atrair e

administrar a atenção dos públicos de interesse é de extrema importância, assim

como Dreyer (2017), que afirma que o profissional de comunicação deve se

preocupar mais em obter a atenção dos seus públicos do que com o poder da

comunicação de fato, uma vez que com o advento da internet a informação passou a

ser compartilhada entre a organização e seus públicos.

Martinuzzo destaca a atenção como objetivo fundamental de qualquer

organização, uma vez que vivencia-se um período de informações praticamente

ilimitadas, onde a atenção é considerada mercadoria escassa. Nesse sentido, ele

recomenda a comunicação feita sob medida, com base no conhecimento dos

públicos de interesse, suas ideias, interesses, hábitos e protocolos comunicacionais.

Silva e Lima (2016) também reiteram a busca incansável das grandes

empresas e organizações pela atenção dos públicos. Acreditam que por mais que a

sociedade saiba de certa forma filtrar seus interesses, as organizações continuam a

bombardeá-las com informações personalizadas.

Mais explicativo, o estudo a seguir aponta uma crítica a sociedade atual e ao

29

SBRI é um instituto educacional que pesquisa e analisa diversas áreas de interesse atuais, com o intuito de compilar estatísticas e republicar informações e fatos (STATISTIC BRAIN, 2017).

52

comportamento das organizações na cultura informacional vivida. A figura traduz a

sociedade atual, que obtém informações a todo instante, bem como opções

ilimitadas em multiplataformas online. Fica claro, assim, a dificuldade de obter a

atenção dos públicos e a necessidade do uso de ferramentas personificadas.

Figura 8 – O valor da atenção em tempos de internet móvel

Fonte: Pilar (2012).

Pilar (2012) crítica a atual sociedade e o excesso de informações

provocados pelas organizações que buscam propagar seus produtos nas mais

diversas mídias sociais digitais, tornando a atenção um bem cada vez mais escasso

na sociedade atual.

Na obra Os Públicos Justificam os Meios, Martinuzzo (2014, p. 46) se baseia

na visão de Davenport e Beck (2011) e cita alguns pontos necessários para atingir e

manter a atenção dos púbicos:

a) promover comunicação dinâmica, com novidades constantes; b) contar histórias cativantes, que toquem de alguma forma os públicos de

interesse e sejam verídicas, trazendo personagens da vida real para as narrativas;

c) estruturar narrativas em partes e de forma lógica, incluindo interrupções,

53

mas não descontinuidades na oferta de conteúdos; d) oferecer possibilidades de acesso não linear aos conteúdos, garantindo

uma “navegação” personali ada; e) promover a interação e a participação dos públicos na construção dos

diálogos, de forma dialógica e multimídia; f) localizar as narrativas em processos que tenham objetivos maiores,

como ampliar conhecimento, obter qualidade de vida etc; g) investir no desejo interrupto por mais “doses” ou páginas do seu

conteúdo.

Os itens acima demonstram os desafios trazidos pela economia da

atenção30, bem como uma oportunidade de mercado para as organizações que

buscam conquistar seus públicos. Entre os pontos levantados, chama a atenção o

uso do lado emocional para tocar os públicos, bem como a necessidade de

interação, o uso do conteúdo personalizado e a necessidade atual de despertar o

desejo.

Fica claro, assim, a necessidade de cativar a atenção dos públicos, sendo

esta cada vez mais disputada. A atenção necessita de diversos recursos criativos e

personalizados para ser atraída, e as empresas precisam investir em meios

diferentes, customizados, além de buscar promover a interação, para assim gerar a

conquista dos públicos.

Atualmente existe a necessidade de uma conexão cada vez maior entre

conteúdos institucionais e conteúdos de interesse diversos dos públicos, o que

sugere uma relação que vai além da mensagem que a organização quer passar.

Martinuzzo (2014) afirma que:

Dessa forma, consideramos que, na sociedade midiatizada marcada pela escassez da atenção, a comunicação organizacional estratégica em rede deve utilizar, no rol de suas iniciativas, um conjunto de mídias customizadas, fundamentadas em dois pontos-chave: públicos-alvo e conteúdos de seu interese (MARTINUZZO, 2014, p. 46).

Martinuzzo (2014) defende que em tempos de internet sem fio acessível, em

multiplataformas, a comunicação é mais do que nunca um desafio, isso porque a

competição da busca da atenção dos seus públicos é cada vez mais acirrada. Tendo

em vista essa realidade, acredita no uso das mídias customizadas para atrair a

atenção dos públicos. Ele define-as como mídias ajustadas, adaptadas para o

público alvo de determinada organização. Para Martinuzzo (2014), a comunicação

30

Martinuzzo (2014) define o momento atual como economia da atenção uma vez que estamos expostos a todas as plataformas de relacionamento online e a conquista da atenção é um bem cada vez mais escasso na sociedade midiatizada.

54

feita sob medida, através do conhecimento dos públicos de interesse, é umas das

estratégias organizacionais mais eficazes.

Parece estranho ou até brincadeira dizer que em tempos de internet sem fio acessível em multiplataformas, para não falar das outras mídias, a comunicação seja um problema. Se não um problema, ela é efetivamente um desafio, fundado na competição acirrada por atenção, que pode ser enfrentado pelo uso de mídias customizadas (MARTINUZZO, 2014, p. 51).

Já Dreyer (2017) cita Han (2012) ao falar em cativar a atenção dos públicos.

Para esse autor é por meio da exposição que cativamos a atenção dos públicos,

uma vez que esta gera visibilidade para a empresa, todavia, é a interação que fará a

empresa perdurar no ambiente digital. A autora (2017) destaca que, com o advento

e progresso da web, o profissional responsável pela comunicação vivencia novas

situações que requerem a criação de estratégias cada vez mais criativas para o bom

relacionamento com os públicos, uma vez que este está cada vez mais empoderado,

e é capaz de produzir conteúdos e exercer influências.

Não restam dúvidas de que a tecnologia contribuiu para que os profissionais

de comunicação conseguissem ampliar, redefinir e segmentar as formas de se

relacionar e contatar com o usuário mídia.

55

4 O IMPACTO DOS INFLUENCIADORES DIGITAIS NA CONSTRUÇÃO DE

RELACIONAMENTOS ENTRE AS MARCAS E SEUS PÚBLICOS

Conforme apresentado nos capítulos anteriores, percebe-se ao longo do

tempo a ascensão de uma sociedade totalmente globalizada e tecnológica,

responsável por romper barreiras comuns à comunicação tradicional: o tempo e o

espaço. Hoje vivemos um período caracterizado pela instantaneidade dos

relacionamentos, onde a rápida difusão das informações se dá principalmente pelo

alcance oportunizado pelas redes sociais. Nesse sentido, a necessidade das

organizações de se adaptarem ao novo cenário é cada vez mais necessária, afinal,

a internet revolucionou não somente a forma de nos comunicarmos, mas também

reiventou a forma como nos relacionamos uns com os outros.

Este capítulo tem como propósito abordar a conectividade como um recurso

facilitador para a construção de relacionamentos entre as marcas e seus públicos.

Apresenta os influenciadores digitais como um elo estratégico para a aproximação

com os públicos e a efetividade da comunicação.

4.1 A ERA DAS CONEXÕES

Considerando a possibilidade de aproximação que a internet trouxe para o

relacionamento entre os indivíduos, pretende-se iniciar este tópico trazendo uma

referência aos estudos da teoria dos seis graus de separação. Ressalta-se que trata-

se de uma teoria popular, mas mesmo assim considera-se importante aproximá-la

do contexto do estudo. De acordo com a reportagem escrita por Capelas31 em 2016,

no site do jornal O Estado de S. Paulo (Estadão), a teoria dos seis graus de

separação foi cunhada pelo escritor húngaro Frigyes Karinthy, e diz que estamos a

seis graus de separação de qualquer outra pessoa, ou seja, através de seis pessoas

podemos nos conectar com quem quisermos.

Na matéria É verdade que estamos a 6 graus de separação de qualquer

outra pessoa do mundo, apresentada em 2016 pela revista Super Interessante,

Burgos explica que a teoria surgiu ainda na década de 1960, quando o psicólogo

31

Reporter no Estadão, matéria disponível em: <http://link.estadao.com.br/noticias/cultura-digital,facebook-derruba-teoria-dos-seis-graus-de-separacao,10000048171>. Acesso em: 20 set. 2017.

56

americano Stanley Milgram mandou cartas para diversas pessoas pedindo que elas

chegassem a uma determinada pessoa de outra cidade com uma única regra: as

pessoas escolhidas só poderiam mandar as cartas para alguém que estava no seu

circulo de convivência. Percebeu-se, então, que a carta passava por mais ou menos

cinco pessoas antes de chegar ao seu alvo, formando assim os tais seis graus de

separação. Importante salientar que na época a pesquisa foi contestada porque

obteve um pequeno percentual de sucesso, apenas 3%.

Mais tarde, em 2003, Ducan Watts repetiu o experimento só que agora com

emails. Segundo a matéria, desta vez foi um sucesso:

Ele pediu que 18 mil voluntários contatassem 18 pessoas por eles desconhecidas. Novamente, a média bateu nos 6 graus. A coisa dá tão certo que alunos de ciência da computação da Universidade da Virgínia, nos EUA, montaram um programa que mostra que mais de 80% dos 900 mil atores que constam do Imdb, a mais ampla base de dados sobre cinema na internet, estariam no máximo a 6 graus do americano Kevin Bacon. Menos até: a maioria dos artistas passa em média por apenas 3 atores até se conectar a Bacon (CAPELAS, 2016).

Tendo em vista a realidade da média de apenas 3 pessoas do circulo de

convivência de cada indivíduo, o Facebook lançou no seu aniversário de 10 anos, no

dia 04/02/2016, um novo estudo32, o gráfico do amigo que confirma estarmos a

apenas 3,57 graus de distância de qualquer outra pessoa no mundo. Segundo a

rede:

Cada pessoa no mundo (pelo menos entre os 1,59 bilhões de pessoas ativas no Facebook) está conectada a todas as outras pessoas por uma média de três pessoas e meia. A distância média que observamos é de 4,57, correspondendo a 3,57 intermediários ou graus de separação (BHAGATH et al., 2016)

Ainda segundo a rede, os graus de separação diminuíram nos últimos anos,

uma vez que em 2011 pesquisas demonstraram que o Facebook obtinha 721

milhões de usuários e, atualmente, conta com o dobro de pessoas que utilizam a

plataforma.

A Figura 9, demonstra o gráfico criado pelo Facebook, que enfatiza a

afirmação sobre a separação por uma média de 3,57 pessoas.

32

Disponivel em: <https://research.fb.com/three-and-a-half-degrees-of-separation/>. Acesso em: 20 set. 2017.

57

Figura 9 – Graus de separação de todas as pessoas conectadas pelo Facebook

Fonte: Bhagath et al. (2016).

Percebe-se que a distância entre as pessoas vem diminuindo cada vez

mais, depois do incremento das redes de relacionamento online, isso porque elas

quebram barreiras de tempo e espaço, trazendo a tona novas possibilidades e

oportunidades de mercado.

4.2 O SURGIMENTO DOS INFLUENCIADORES DIGITAIS

Nesta nova era em que a tecnologia e as redes sociais online atuam como

facilitadoras de relacionamentos, e que a internet é uma realidade e desafio de

mercado para as organizações que buscam aproximação com seus públicos, é que

ocorre o surgimento e ascensão do mercado de influenciadores digitais. O termo

influenciador digital originou-se do ingles digital influencers. Na presente pesquisa

optou-se por utilizar ambas as nomenclaturas, já que se tratam de sinônimos.

O artigo Influenciadores Digitais: conceitos e práticas em discussão,

Karhawi 33 destaca que, se por um lado presenciamos uma era com maior

participação dos públicos, maior engajamento e preocupação das organizações com

os consumidores, por outro vivenciamos uma sociedade onde a imagem pessoal é

cada vez mais valorizada, isso porque a inserção das redes sociais online trouxe a

33

Issaaf Karhawi, Doutoranda em Ciências da Comunicação pela Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo. O artigo foi publicado na revista Communicare no ano de 2017, na edição especial de 70 anos da Faculdade Cásper Líbero.

58

possibilidade de ver e ser visto em espaço e tempos diferentes.

É com base nessa realidade que se insere a figura dos influenciadores,

definidos pela autora como àqueles,

[...] que t m algum poder no processo de decisão de compra de um sujeito; poder de colocar discuss es em circulação; poder de influenciar em decis es em relação ao estilo de vida, gostos e bens culturais daqueles que estão em sua rede (KARHAWI, 2017, p. 48).

De acordo com Dreyer (2017), no artigo Relações Públicas e Influenciadores

Digitais: abordagens para a gestão do relacionamento na contemporaneidade34, o

termo influenciador digital surgiu no ano de 2015, e se relaciona as pessoas que se

utilizam dos blogs, do youtube, do instagram e outras redes para influenciar

consumidores.

Karhawi (2017) exemplifica Dreyer ao citar que:

[...] desde 2006, a blogueira amila outinho mantém seu blog , que já foi considerado o sétimo blog de moda mais influente do mundo pela Signature. Apenas em 2014 no entanto a blogueira postou seu primeiro v deo no ouTube. esse modo, o termo blogueira parece limitar a sua atuação nas redes sociais digitais. m 2015, por exemplo, o Snapchat – lançado em 2011 – alcançou números importantes de uso entre os internautas brasileiros, o que levou os blogueiros e vlogueiros a participarem também dessa plataforma afim de alcançar cada ve mais públicos diferentes e, também, acompanhar seus leitores em múltiplas plataformas (KARHAWI, 2017, p. 53).

Outro exemplo da ascensão da palavra digital influencer é abordado no site

da revista GPS35, que menciona o caso da it-girl36 Helena Bordon, que se intitulou

em suas redes sociais como digital influencer, ao invés de blogueira. O blog cita

ainda Alice Ferraz37, que garante que os influenciadores são os responsáveis por

ditar novos comportamentos e tendências, sendo considerados os atuais formadores

de opinião.

34

Publicado na revista Communicare no ano de 2017, na edição especial de 70 anos da Faculdade Cásper Líbero. 35

Revista fundada por Guilherme Siqueira,(diretor de relacionamento), Paula Santana (diretora de conteúdo) e Rafael Badra (diretor executivo), com o intuíto de entreter os leitores com diversos conteúdos (GPS MODA, 2015). 36

Evangelista e Polivanov (2016) afirmam que o termo surgiu ainda em 1927, através do filme It, protagonizado por Clara Bow, para definir mulheres jovens capazes de ditar tendências de moda e que se diferenciariam das demais. Por algum tempo o termo era designado para exemplificar celebridades da indústria cultural, todavia a partir da web 2.0ele passou a fazer referência a blogueiras, instagramers e vloggers. 37

Fundadora da F*hits, primeira plataforma de blogs de moda e lifestyle no mundo. Disponível em: <http://gpsbrasilia.com.br/news/p:0/idp:33614/nm:Influencer>. Acesso em: 20 set. 2017.

59

Como é possível perceber, os formadores de opinião da era digital existem

em muitos segmentos, e carregam como característica influenciar outras pessoas

através de diferentes plataformas. Para melhor exemplificar o que foi aqui citado,

segue a rede social Instagram da Helena Bordon:

Figura 10 – Instagram Helena Bordon

Fonte: Helena Bordon (2017).

Conhecida por ser uma das influenciadoras de moda mais populares na

plataforma Instagram, Helena Bordon conta hoje com mais de um milhão de

seguidores.

É fato que os influenciadores digitais estão ganhando cada vez mais espaço

no mercado. Tendo em vista essa realidade, a revista Negócios da Comunicação38

em parceria com o Centro de Estudos da Comunicação (CECOM) criou o prêmio

Influenciadores Digitais 201739, uma vez que percebeu que eles tornaram-se peças

fundamentais para as marcas que desejam obter melhor engajamento com seus

públicos.

38

Referência na área da comunicação, visto que está em circulação há 14 anos. Garante ser mais do que uma revista, se define como um Centro de Estudos da Comunicação, responsável por trazer eventos, pesquisas, concursos, publicações impressas e digitais (REVISTA NEGÓCIOS DA COMUNICAÇÃO, 2017). 39

A metodologia da pesquisa, promovida pela agência A2ad garante combinar informações das principais ferramentas digitais disponíveis no mercado, associadas à análise de uma equipe de Business Intelligence, com expertise em transformar dados em estratégias e insights criativos.

60

Abaixo apresentam-se os perfis no Instagram de alguns dos ganhadores do

prêmio.

Figura 11 – Instagram da Gabriela Pugliesi

Fonte: Gabriela Pugliesi (2017).

Como é possível ver na figura acima, a influencer de hábitos saudáveis,

Gabriela Pugliesi conta com mais de 3 milhões de seguidores no seu Instagram,

atraindo e motivando grande parte do público que a segue, uma vez que suas fotos

geram diversos comentários e interações. Vale ressaltar que ela também conta com

um canal no Youtube, cujo nome é Vendi Meu Sofá, que tem como foco vídeos de

dicas de treinos, entrevistas com personalidades, curiosidades e entretenimento.

Outro fenômeno no âmbito de influências nas redes sociais, e um dos

ganhadores do prêmio na categora saúde, é o Dr Drauzio Varella. O próprio site

Drauzio Varella é hoje o maior portal brasileiro de saúde, atraindo grandes públicos,

mais espeficamente ele conta com 3 milhões de acessos mensais, mais de 3

milhões de seguidores no Facebook, 390 mil inscritos no YouTube e mais de 200 mil

seguidores no Instagram.

61

Figura 12 – Site Dr Drauzio Varella

Fonte: Dráuzio Varella (2017).

Outro ganhador de renome do prêmio é o influenciador Hugo Gloss,

personagem criado pelo jornalista Bruno Rocha. Conta com mais de quatro milhões

de seguidores no Facebook e mais de 9 milhões no Instagram e busca o

entretenimento dos seus seguidores. Abaixo a plataforma Instagram Hugo Gloss:

Figura 13 – Instagram Hugo Gloss

Fonte: Hugo Gloss (2017).

62

O que podemos perceber é que os influenciadores digitais vêm contribuindo

muito para o surgimento e o fortalecimento de uma nova profissão. Eles não têm

uma área ou plataforma específica para atuar, muito menos idade ou biotipo de

sucesso, seus objetivos se voltam para que o público se identifique e invista sua

atenção nos conteúdos por eles postados.

4.2.1 Os influenciadores digitais e a relação de engajamento entre os os

públicos e as marcas

Os influenciadores digitais têm um papel muito importante associado as

marcas na atualidade. Uma recente pesquisa brasileira 40 sobre esse mercado,

apontou que apenas 2% dos influenciadores digitais gera 54% de interação nas

redes, conforme mostra a figura abaixo:

Figura 14 – Interação nas redes sociais

Fonte: Youpix (2016).

Outro dado presente na pesquisa é que os influenciadores com mais de

meio milhão de seguidores produzem duas vezes mais conteúdo que os demais.

Além disso, concluiu-se que as plataformas mais utilizadas pelos influenciadores

são: Instagram, Facebook, Twitter e Youtube.

40

Elaborada pela YOUpix (hub de conhecimentos e conexões comunicacionais, bem como ferramenta de busca de entretenimento digital) em parceria com a GFK (é conhecida como uma empresa de inteligência e pesquisa de mercado), Airinfluencers (plataforma de busca e gestão de influenciadores), e o Meio & Mensagem (veículo que disponibiliza os melhores conteúdos sobre marketing, mídia e comunicação no Brasil) (YOUPIX, 2016).

63

Figura 15 – Influenciadores e plataformas

Fonte: Youpix (2016).

Pela pesquisa, percebe-se curiosamente que ainda existem mais

influenciadores homens do que mulheres, porém a diferença registrada é pequena,

trazendo a tona uma igualdade de oportunidades, ao menos no mercado online. É

possível notar também que a rede de relacionamentos online mais utilizada pelos

influenciadores é o Instagram, e a menos popular o Youtube.

A pesquisa reitera que o principal objetivo dos influenciadores em relação as

marcas é oportunizar relevância, proximidade, alcance e linguagem especializada

para esses canais, um estímulo ao consumo dos públicos. Já para as marcas, o que

mais esperam de retorno ao contratar um influenciador é a visibilidade.

Pelo que foi visto até aqui podemos perceber que o que as marcas da

atualidade precisam compreender é que o papel dos influenciadores é cada vez

mais necessário aos negócios. Por isso devem investir em profissionais que

busquem disseminar seus conteúdos de maneira espontânea, que sejam

considerrados “beta”, conforme mostra a figura a seguir:

64

Figura 16 – Tem que dar MATCH!

Fonte: Youpix (2016).

Outro dado mencionado na pesquisa é que as celebridades não são mais

tão eficazes quanto os influenciadores, visto que o público nem sempre se identifica

com as mesmas, percebendo-as por vezes muito longe da sua realidade evitam o

elemento proximidade.

Nota-se, também, que nem sempre o número de seguidores define a

quantidade de engajamento do influenciador com os públicos, isso porque a

quantidade de seguidores ou visualizações do canal não determina a cumplicidade

dos públicos, e é essa fidelidade que gera engajamento.

Pensar em uma atuação própria e forte das marcas nas redes sociais,

requer planejamento e uma equipe especializada, para assim conseguir efeitos

positivos nesse ambiente. Neste sentido, a pesquisa revelou que o horário de posts

com mais visualizações varia de acordo com o foco da postagem, embora a média

esteja próxima das 17h e das 18h.

65

Figura 17 – Análise dos públcos com os influenciadores no Instagram

Fonte: Youpix (2016).

A pesquisa aponta que para obter melhores relacionamentos e engajamento

com os públicos nas plataformas online, o uso de influenciadores é altamente

efetivo.

Nesta linha de análise, trazemos também o estudo publicado por Gomes41,

que acredita que para a marca ter visibilidade e sucesso é preciso investir em

relacionamentos duradouros com os influenciadores, uma vez que estes ligam o

influenciador à marca, trazendo proximidade junto ao público.

41

Estudo apresentado no site IInterativa (unidade digital da Infobase, uma das maiores integradoras de tecnologia da informação do Brasil) e intitulado de 6 desáfios do relações públicas na era digital, postado no ano de 2016 (GOMES, 2016).

66

Figura 18 – Relações duradouras com os influenciadores

Fonte: Gomes (2016).

Gomes (2016) enfatiza que as celebridades não trazem confiança para o

público, mas ressalta serem eficientes para a venda de produtos. Podemos perceber

tal afirmação através da Figura 19.

67

Figura 19 – Mirar nos influenciadores de acordo com seus objetivos

Fonte: Gomes (2016).

Ao relacionarmos a pesquisa apontada neste capítulo com o estudo

publicado por Gomes, é possível perceber que existem muitos dados em comum.

Em ambos os casos fica claro que os influenciadores digitais auxiliam diretamente

na visibilidade da marca, contribuindo para sua valorização no mercado. Constata-se

ainda que os influenciadores afetam mais os processos relacionais entre as marcas

e seus públicos do que as celebridades. Esse fato pode ser explicado através da

proximidade que os digitais influencers propiciam, diferentemente das celebridades

que acabam vivendo realidades distintas de seus fãs.

Para melhor exemplificar o que foi exposto até aqui podemos citar o caso da

Adidas42, que deixou de investir em publicidade tradicional (televisão), para investir

nos influenciadores digitais. Segundo a reportagem, Kasper Rorsted (chefe-

executivo da Adidas), anunciou a aposta em influenciadores no Brasil como uma das

táticas para aumentar a busca pelo e-commerce da marca e quadruplicar as receitas

desse canal de vendas de um bilhão de euros (2016), para quatro bilhões até 2020.

A marca utilizou como influenciadores a cantora brasileira Anitta, a youtuber

42

Abordado no site da Meio e Mensagem no ano de 2017. A Adidas é uma marca esportiva fundada na Alemanha. Vale ressaltar que atualmente emprega mais de sessenta mil pessoas, e está disponível em mais de cento e sessenta países (MEIO E MENSAGEM, 2017).

68

Kéfera, o portal SneakersBR (responsável por divulgar a cultura Sneaker) e o

Mahumadra Brasil (página dedicada aos adeptos de ginástica). Como ação, usou a

estratégia de criar uma página para cada influenciador, onde eles escolhem e

exibem os itens de sua preferência. Vale ressaltar que esses sites customizados não

tem prazo para sair do ar, mas contam com atualizações.

O diretor de conteúdo da Adidas Brasil, Paulo Ziliotto, afirma que o novo

plano engloba a co-criação 43 , utilizada desde 2014 quando a marca optou em

investir em moda paralelamente ao esporte, convidando alguns artistas de renome

para colaborar com as suas linhas. Mais recentemente, em 2017, a Adidas mirou no

mundo digital e escolheu nomes que fizessem conexão e abordassem a

personalidade de diversos grupos de consumidores, com enfoque em diferentes

produtos. Como exemplo cita a página Mahumadra, que será voltada a produtos de

performance, já a SneakersBR, fará referência aos tênis da Adidas Originals.

Como propósito, o diretor diz que a Adidas busca estabelecer conexões com

as pessoas escolhidas (digitais influencers) e verificar se os valores deles são

equivalentes ao da marca. Atualmente a empresa conta com apenas quatro sites

customizados, pois acredita na necessidade de estabelecer relacionamentos

duradouros com essas personalidades. Zilotto afirma ainda que uma ideia para o

futuro é pensar em uma linha de produtos desenvolvidos pela marca, com o auxílio

desses influenciadores.

As plataformas estão sendo divulgadas em redes sociais como Facebook e

Twitter, mas a campanha também conta com publicações dos próprios

influenciadores em suas mídias (patrocinadas pela Adidas). No vídeo tutorial da

coreografia Sua Cara, que Anitta canta com Plablo Vittar, a artista usou um conjunto

Adidas. Os resultados supreendem, segundo dados da marca, os posts dos quatro

perfis nas redes sociais já alcançaram audiência de 35 milhões de pessoas.

A Figura 20 ilustra post da youtuber Kéfera no seu Instagram, como

estratégia da marca.

43

De acordo com Kristensson, Matthing e Johansson (2008) o termo co-criação caracteriza-se pelo alto nível de participação do consumidor na personalização e/ou customização de um serviço ou produto. Segundo eles o diálogo e o aprendizado do consumidor estão diretamente envolvidos na co-criação.

69

Figura 20 – Post no Instagram da Kéfera

Fonte: Kefera (2017).

No post do Instagram, a Youtuber conquistou mais de cem mil curtidas.

Interagiu com seus seguidores questionando-os sobre sua cor preferida de Adidas, o

que oportunizou uma ação de aproximação espontânea da artista com seu público,

servindo como uma estratégia de divulgação da marca.

reportagem termina com Paulo Ziliotto afirmando que “a mudança de

70

cenário e comportamento da marca para o digital, foi reflexo do comportamento dos

consumidores, que se encontram muito mais no meio digital”.

Segundo a marca as redes são o melhor meio para conversar e receber

feedbacks dos consumidores. Os resultados já começaram a aparecer, de acordo

com a Adidas no segundo trimestre desse ano, o e-commerce já apresentou um

cresimento de 66% se comparado ao mesmo período do ano passado.

Essa ação demonstra toda a relevância dos influenciadores digitais para as

organizações na atualidade. De fato, o que é necessário pensar é que para que

essas estratégias possam ser cada vez mais efetivas, o ideal seria contar com o

apoio de um profissional da comunicação para estruturá-las, afinal se trata de gerar

relacionamento e aproximação com os públicos. Sem dúvida, isso contribuiria para

resultados ainda mais efetivos.

Dreyer (2017) destaca a importância de um profissional capacitado que

consiga identificar quem são os melhores influenciadores para a marca, de forma a

estabelecer a relação que apresentam com o négocio e conseguir planejar ações

comunicacionais eficazes com eles.

A autora destaca que a tarefa de inclusão desse público (influenciadores) no

planejamento da empresa, é responsabilidade do profissional de relações públicas,

uma vez que este é especializado em gerir relacionamentos estratégicos com os

públicos de interesse. Além disso, é o profissional que consegue identificar de fato

esse público, isso porque é responsável por estabelecer relações benéficas entre os

influencers e a organização, assim sendo, contribui de forma significativa para o

alcance dos resultados.

Percebe-se a importância de um profissional responsável por gerir os

relacionamentos de forma estratégica na atualidade, como um diferencial para os

negócios. Em meio a um ambiente permeado por multiplataformas e pela

comunicação não linear, é imprescindível que as organizações mantenham bons

relacionamentos com seus públicos, desta forma estará preservando sua imagem

dentro e fora das redes e fortalecendo a marca. Por fim, Dreyer (2017) relata que os

influenciadores digitais são hoje uma realidade de mercado e que ao contar com

uma equipe com ações estratégicas, eles sem dúvida geram aproximação e

engajamento com os públicos de interesse.

71

5 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

Segundo Marconi e Lakatos (2011, p.46), método refere-se ao “[…] conjunto

das atividades sistemáticas e racionais que, com maior segurança e econômia,

permite alcaçar o objetivo – conhecimentos válidos e verdadeiros – traçando o

caminho a ser seguido […]”. e forma geral, é poss vel compreender método como

um guia que serve para nortear a pesquisa e conduzir para o alcance dos

resultados.

A metodologia define-se a partir de procedimentos e técnicas que devem ser

observados para a construção de conhecimento, com o objetivo de comprovar ou

não sua validade e utilidade para a sociedade (PRODANOV; FREITAS, 2013). Desta

forma, pode-se afirmar que metodologia se refere a explicação detalhada sobre o

caminho a ser desenvolvido no trabalho de pesquisa.

Esse trabalho se caracteriza como uma pesquisa qualitativa de caráter

exploratório. Para Minayo (2001), a pesquisa qualitativa trabalha com o universo de

significados, motivos, aspirações, crenças, valores e atitudes, o que corresponde ao

espaço mais profundo das relações, dos processos e dos fenômenos que não

podem ser reduzidos à operacionalização de variáveis.

Como metodologia a ser utilizada no trabalho, optou-se por apresentar dois

casos de estudo. Segundo Yin (2001) o estudo de caso também nomeado caso de

estudo ajuda a compreender fenômenos sociais complexos. Para o autor:

O estudo de caso permite uma investigação para se preservar as características holísticas e significativas dos eventos da vida real – tais como ciclos de vida individuais, processos organizacionais e administrativos, mudanças ocorridas em regiões urbanas, relações internacionais e a maturação de alguns setores (YIN, 2001, p.21).

O primeiro trata do projeto de influenciadores Meio-Fio, desenvolvido pela

Melissa, já o segundo aborda o evento Sunset Scarpe, realizado pela loja Espaço

Scarpe de Farroupilha. Espera-se, a partir dos mesmos, realizar uma análise

aprofundada sobre o tema de estudo, de forma a aproximar a teoria estudada à

realidade vivenciada pelas marcas contemporâneas que acreditam no poder dos

relacionamentos criados pelos influenciadores digitais.

Também será utilizada a técnica da entrevista, um dos instrumentos mais

comuns para a coleta de dados. Marconi e Lakatos (2011) afirmam que o objetivo

das entrevistas é a obtenção de informações importantes, que auxiliarão na

72

compreensão das perspectivas e experiências das pessoas entrevistadas. De

acordo com os autores, a entrevista se caracteriza como uma conversação que

explora temas complexos e extrai informações de qualidade para os estudos. Pela

sua classificação, a entrevista abordada no presente trabalho segundo os autores,

se caracteriza como aberta e flexível, pois permite ao entrevistador aprofundar as

questões ou mudá-las, de acordo com as respostas do entrevistado.

O principal objetivo das entrevistas desse estudo se relaciona a

compreender melhor a eficácia dos projetos escolhidos, bem como o papel dos

influenciadores para as marcas, também entender e conhecer a equipe responsável

por essas estratégias e ações.

Para responder ao questionário, buscou-se profissionais atuantes na área de

criação dos projetos com digitais influencers, e um influenciador que atuou

diretamente em um dos cases. As entrevistas ocorreram entre os dias 01 e 15 de

outubro e foram realizadas de forma presencial e por e-mail.

Para melhor apresentar os entrevistados foi elaborado o Quadro 1, que

demonstra de forma objetiva a caracterização dos mesmos.

Quadro 1 – Caracterização dos Entrevistados

Profissional Entrevistado Sigla Cargo Empresa

Cassio Prates CP Analista de moda e

Pesquisa de tendências Melissa

Natana De Leon NL Influenciadora Digital Autônoma

Paulo Antônio Pedó Filho PF Diretor Executivo Melissa

Fonte: Elaborado pela autora (2017).

Os entrevistados serão referenciados ao longo dessa pesquisa apenas pela

sigla apresentada. As entrevistas realizadas com CP e PF foram feitas de forma

presencial, gravadas e transcritas, já a entrevistada NL respondeu por email, devido

a distância geográfica.

As perguntas para CP e PF foram baseadas em um importante projeto

desenvolvido pela marca Melissa junto a influenciadores digitais, e tiveram como

foco compreender a construção do mesmo. Já as questões da entrevistada NL

objetivaram entender um pouco mais sobre a rotina e os desafios do dia a dia de um

influenciador digital (as perguntas propostas em cada entrevista podem ser

acessadas no Apêndice A deste trabalho).

73

A seguir a apresentação dos resultados.

5.1 CASO 1 – MELISSA

Fundada em 1971, com o objetivo de produzir telas para garrafões de vinho,

a Grendene é atualmente uma das maiores produtoras mundiais de calçados e líder

em diversos segmentos no mercado brasileiro. A organização conta com mais de 20

mil funcionários e detém em seu portfólio produtos das marcas Melissa, Rider,

Grendha, Ipanema, Zaxy, Cartago, Zizou e Grendene Kids.

Em conversa com o entrevistado, PF esclarece que a Melissa possui uma

unidade de negócios própria (independente da Grendene), que conta com um setor

de Marketing e uma área Comercial específica para atender o mercado interno e

externo. O mesmo vale para a área de Gestão de Portfólio de Produto, que foca na

distribuição seletiva para as lojas que precisam apresentar obrigatoriamente o

padrão mínimo requerido pela marca. O Diretor Executivo da marca comenta que os

estados brasileiros de maior força são São Paulo e Rio de Janeiro, e os principais

clientes as lojas franqueadas (Clube Melissa) e as boutiques multimarcas.

A marca tem 38 anos e é a primeira de renome da Grendene, sendo

considerada um ícone no Brasil e no mundo. Em um retrospecto, PF enfatiza que

em 1998 a Melissa iniciou um processo importante de reposicionamento de

mercado, quando passou do mercado popular para o mercado de luxo, o que exigiu

um esforço maior da marca em termos de inovação e comunicação.

A comunicação é um ponto forte da marca, segundo PF, na atualidade é

realizada principalmente através da internet e das mídias sociais digitais. Explica

que o público é a parte mais importante do negócio, por isso muita atenção é voltada

às necessidades e conhecimento sobre os mesmos. O relato do entrevistado indica

o esforço da marca na criação de proximidade com os consumidores, o que

certamente contribui para a realização de ações assertivas de relacionamento e

fidelização. Esse cuidado da Melissa com os públicos vai ao encontro das falas de

Martinuzzo (2014) e Terra (2011), que reforçam a necessidade das organizações de

engajar os públicos da melhor forma possível, já que em tempos de redes sociais a

atenção é um bem cada vez mais raro. A esse respeito, Silva e Lima (2016)

destacam a necessidade de um planejamento cada vez maior por parte das

organizações para conseguir atrair e conquistar seus alvos.

74

Ao conhecer um pouco mais a marca, fica claro que a Melissa é sinônimo de

inovação em todos os sentidos: como marca, como lançadora de tendências, como

ícone mundial em calçados, como gestão (totalmente desvinculada da Grendene),

como comunicação, pela perpetuação da marca através do cheiro, pelo

gerenciamento eficaz das redes e pela conquista dos públicos de forma única. Para

PF, um dos grandes sucessos do negócio é a forma colaborativa de administração

marca, que é voltada à inovação.

Presente nas principais estratégias, a inovação é uma constante nas ações

de comunicação da marca. Exemplo disso é a Galeria Melissa, loja exclusiva situada

em uma das melhores regiões de São Paulo, na rua Oscar Freire. O espaço tem sua

fachada modificada frequentemente, tornando-se única a cada visita do consumidor,

com destaques impressionantes que buscam encantar o público que por ali passa. A

ação abaixo (Figura 21), contou com mais de 300 mil post-its e foi considerada uma

das mais impressionantes e criativas já realizadas no mundo. Os post-its, segundo a

marca44, não formaram só desenhos, mas sim contaram a história de quem passou

pela galeria, isso porque as pessoas deixavam mensagens em cada um deles.

Figura 21 – Ação Post It, Galeria Melissa (São Paulo)

44

Fonte: <https://www.melissa.com.br/galeria/galeria-sao-paulo-post-it>. Acesso em: 1 nov. 2017.

75

Fonte: Melissa (2017a).

Atualmente a Melissa conta com mais duas galerias modelo, uma em

Londres e outra em Nova York, que seguem o mesmo conceito inovador e de

encantamento do cliente.

No livro da Melissa45, produzido em 2009, Erika Palomino, diretora criativa,

conta que a marca vai muito além de uma sandália, é um ícone de moda, design e

comportamento. Segundo ela, a Melissa transforma o plástico em objeto de desejo,

injeta cor, alegria e sonho na vida das suas consumidoras e fãs. A diretora garante

que desde 1979, com o surgimento da Melissa Aranha, a marca já produziu mais de

500 milh es de pares. xplica que o “cheirinho de Melissa” é um dos responsáveis

pelo sucesso da marca, por fazer parte da memória afeitiva e olfativa de várias

gerações.

Figura 22 – Melissa Aranha

Fonte: Melissa (2017c).

PF conta que a marca lança pelo menos duas grandes coleções por ano,

com grande diversidade de produtos. Investe e procura diversas parcerias com

personalidades mundiais de vários setores, principalmente da moda e da arte, como

Gaetano Pesce (arquiteto, designer e artista), Zaha Hadid (arquiteta), Vivienne

Westwood (designer) e Alexandre Herchcovitch (designer). Atualmente engloba

45

Brand Book – edição de colecionador.

76

também projetos focados em influenciadores digitais, para criar autenticidade e

relacionamento com a marca.

Sempre à frente em seu mercado, a aposta de comunicação da marca no

ano de 2017 foi em influenciadores digitais que sejam “beta” e “ alfa” ao mesmo

tempo (termo utilizado na fala de PF). Esse foi um fato que chamou a atenção na

entrevista, visto que o entrevistado usa a mesma expressão caracterizada pela

pesquisa YOUpix, apresentada anteriormente, que evidência que as marcas

precisam investir em influenciadores beta, reconhecidos por disseminar conteúdo de

forma espontânea. Percebe-se o caráter inovador da Melissa, já que aposta em

influenciadores alfa também, ou seja, pessoas com potêncial de lançar a tendência e

não somente disseminá-la de forma espontânea. As nomenclaturas incluem em sua

conceituação digitais influencers que transmitem cumplicidade com a sua audiência,

mas que não necessariamente apresentam muitos seguidores ou visualizações.

5.1.1 Projeto Meio-Fio

O Meio-Fio é um projeto de influenciadores realizado pela Melissa, cuja

responsabilidade do planejamento e execução estão sob a regência do entrevistado

CP e da consultora criativa, e editora de moda Erika Palomino. Teve início no ano de

2016 e apresenta em sua essência as experiências do cotidiano dos participantes

(influenciadores), que tem o compromisso de promover transformações positivas no

lugar em que vivem (São Paulo), contribuindo para o bem da sociedade e o mundo

em geral.

Em conversa com os estrevistados PF e CP, percebeu-se que o projeto

utiliza-se de influenciadores ativos nas redes sociais, com diferentes backgrounds,

desde artistas, designers, escritores, até estilistas, fotógrafos e criadores. CP

esclarece que o Meio-Fio se constroi a partir do compartilhamento das experiências

dessas pessoas, e pode ser acessado tanto pelos posts dos influencers escolhidos

quanto pelas publicações do perfil oficial da Melissa e do próprio perfil do projeto.

CP detalhou o funcionamento do projeto, que inicia através da escolha dos

influenciadores. Nessa fase, a partir de uma seleção prévia é avaliado o perfil de

cada indicado, onde se leva em conta sua personalidade, preocupação social e

vontade de mudança, que sob o olhar da marca são características extremamente

importantes para se criar laços. O entrevistado diz que o objetivo aqui é selecionar

77

influenciadores que de alguma forma intervem no meio onde vivem, já que terão o

papel de mapear o potencial criativo da cidade.

Segundo o site da empresa 46 , em 2017 a marca investiu em 18

influenciadores digitais (Figura 23), para abordar questões importantes para a

sociedade de forma espontânea e sincera.

Figura 23 – Influenciadores Meio-Fio

Fonte: Melissa (2017b).

O Quadro 2 traz um pequeno resumo do perfil de cada um dos participantes:

Quadro 2 – Resumo do Perfil dos Participantes do Projeto Meio-Fio 2017 (continua)

Ana Arietti @anaarietti

Consultora de arte e galerista, dirige o conteúdo da Fort Magazine e mantém projeto pessoal de coleção de discos, o Mine Records.

Anna Mascarenhas @annapmm

Escritora, jornalista e fotógrafa, discute a questão feminina em sua produção, questionando os lugares impostos às mulheres nas sociedades.

Ariana Milliorini @acaptcha

Multiartista do interior de Minas Gerais, descobriu-se na arte experimental e hoje navega entre o universo das artes visuais e da música, trabalhando com fotografia, desenho, pintura e produção musical.

Ariel Nobre @arielnobret

Artista visual, escritor e performer, o ativismo de Ariel Nobre está contido em seu próprio corpo. Depois de passar por um processo de transição de gênero e iniciar seu projeto art stico “Preciso i er Que Te mo”, define-se como

46

Disponível em:<https://www.melissa.com.br/foto/nova-edicao-do-melissa-meio-fio>. Acesso em: 19 out. 2017.

78

transvivo.

Camila de Alexandre

@showerofvibes

Beauty-artist, em seu trabalho visa fazer de cada rosto um espaço de expressão artística. Gosta de desconstruir padrões de beleza e ressaltar as (im)perfeições.

Caroline Ricca Lee

@rycca.lee

Artista visual e ativista do feminismo, pesquisa e atua também sobre a expressão e representação da mulher asiática. Apaixonada por moda, encontrou na costura uma forma de experimentação.

Flavia Madeira @flaviamadeira

Designer de joias, busca utilizar elementos rústicos na criação de peças elaboradas. Gosta de inovar nas formas e fazer da criação artística um processo experimental.

Igi Ayedun @igiayedun

Diretora de conteúdo da revista digital U+Mag e produtora da banda Marrakesh, atua como curadora, editora de moda freelancer e artista visual.

Ivana Wonder @ivanawonder

Designer durante o dia, à noite atua como cantora e performer em festas de música eletrônica do underground paulistano em São Paulo, onde é personagem icônico.

Lidia Thays @lovemisslillyb

Diretora criativa por trás do Mooc - Coletivo conglomerado de Artes Visuais, Moda & Design, e Comportamento, um dos núcleos de produção mais interessantes da cidade.

Marcelo Moraes @1993agosto

Cresceu em uma comunidade do Rio de Janeiro e descobriu-se fotógrafo na infância, com uma câmera antiga da mãe. Mudou-se para SP há poucos meses, assumiu a fotografia, e em seu instagram quebra as fronteiras entre as mídias enquanto chacoalha o status quo da comunidade hip hop que frequenta.

Mel Duarte @melduartepoesia

Poeta, Mel Duarte é também uma das precursoras do movimento Slam em São Paulo: o cotidiano e os conflitos na cidade, a desigualdade entre gêneros e a força feminina ganham voz e poesia em batalhas de rima nas ruas da cidade.

Anne Oliveira e Iris Ingrid

@originalfavela

O projeto do brechó Original Favela surgiu há um ano e meio, quando as duas amigas, Anne e Iris, resolveram se unir para começar a vender peças que garimpavam nas quebradas de SP. Juntas, decidiram que não produziriam editoriais com modelos já consagrados, mas com pessoas reais.

Rafaela Badsista @bad.sista

Produtora musical, faz parte do coletivo Tormenta, que visa propagar a cultura do funk e romper com estruturas de machismo e preconceito em relação às mulheres.

Renatta Prado @renattaprado

Pedagoga e educadora social, dançarina, performer, é produtora e MC da BATEKOO, criativa e animada festa do cenário underground da cidade. É a partir da crença de que a resistência pode começar pela pista de dança que utiliza o ambiente de diversão também para levantar questões políticas e sociais.

Renato Custódio @renatocustodio

Artista visual e skatista, encontrou o equilíbrio entre os dois universos a partir da criação de esculturas e instalações

79

skatáveis. Utiliza a cidade como espaço expositivo para suas criações, que servem de base para manobras de skate.

Solenn Robic @solenn_rbc

Designer gráfica, procura trabalhar com tipografias e criações experimentais.

Fonte: Elaborado pela autora (2017).

Após a definição dos influencers, inicia-se o processo de e de residência

artística, sobre este assunto CP aponta que nesse ano a responsabilidade de

curadoria ficou por conta de Maurício Ianês, stylist, performer e artista representado

pela Galeria Vermelho47. Maurício conduz o grupo ao longo do projeto por meio de

um programa desenvolvido sob o conceito de Gramática Urbana, em que as

relações entre cidadãos e o coletivo constroem a sociedade. Para tanto, os

integrantes irão participar de residências artísticas para a discussão e criação de

projetos acerca de assuntos como moda, contexto e mensagem; tradução cultural

radical; novas poéticas e estéticas. A partir daí criam-se quatro workshops para que

os influenciadores desenvolvam seus projetos em grupo, a partir deles é formado um

grande projeto final.

Ao longo do tempo irão apresentar suas visões, formar conexões e

desenvolver suas trajetórias junto a um time de profissionais, curadores importantes

da arte brasileira e artistas.

PF complementa que o Meio Fio funciona através de um propósito maior,

que desafia os influenciadores a utilizarem a cidade e seus contrastes para a criação

de novos projetos voltados a melhorias para a sociedade. Segundo ele “A

busca sobretudo relacionamentos mais próximos com os consumidores através de

u ”. A figura a seguir apresenta um post do perfil do projeto no

Instagram, trazendo o cotidiano da Mel Duarte, uma das influencers escolhidas para

representar a marca no projeto.

47

Projeto concebido por Eliana Finkelstein e Eduardo Brandão, a galeria foi inaugurada em 2002 na cidade de São Paulo. É conhecida e especializada em arte contemporânea, representando diversos artistas, é uma alternativa à rigidez dos espaços comerciais dedicados à arte, além de buscar incentivar novas ideias e discursos desenvolvidos por artistas emergentes e já renomados (GALERIA VERMELHO, 2017).

80

Figura 24 – Instagram Meio-Fio e apresentação da rotina de Mel Duarte

Fonte: Melissa (2017d).

A próxima figura demonstra o perfil da digital influencer no Instagram, que

apresenta mais de 19 mil seguidores. Como se percebe, através da sua relação com

a cultura, a educação e a poesia, tornou-se uma influenciadora conhecida, alvo

perfeito para o projeto.

Figura 25 – Perfil no Instagram Mel Duarte

Fonte: Mel Duarte Poesia (2017).

81

É possível notar através das figuras apresentadas, a preocupação da marca

com causas que não abordam somente a moda ou o consumo, isso porque os

influenciadores escolhidos se apresentam como pessoas envolvidas em causas

nobres para a atualidade, e é neste sentido, através dessas pessoas, que a Melissa

busca promover mudanças positivas, em prol de uma sociedade e um mundo

melhor.

Merece destaque os esforços da marca voltados à internet, que refletem

uma realidade há muito retratada, especialmente por Castells (2005), quando

menciona uma reconfiguração da sociedade contemporânea através da rede. Por

meio das pessoas o ambiente virtual se torna um meio rico para a criação de

relacionamentos e é nesse contexto que surge o projeto Meio-Fio da Melissa, que

exibe características, inovações e tendências da sociedade em tempos de

relacionamentos online.

O projeto se diferencia de qualquer ação já pensada por englobar a

diferença, as redes sociais e o relacionamento. Por meio dos influenciadores

constrói conexão com mais de 11 milhões48 de habitantes em pról de um futuro

melhor, através de uma rede comunicacional online, as redes sociais.

Recuero (2009) defende que através das redes sociais online é possível

obter de forma intensa e rápida um aumento de alcance da mensagem, jamais

percebido ou imaginado pela comunicação pré internet. Segundo a autora, a internet

se responsabilizou por formar uma teia de conexões e as redes aumentam ainda

mais esses laços, oportunizando o compartilhamento de informação em tempo real e

o empoderamento dos indíviduos, modificando assim as principais formas de

distribuição de informação. Podemos relacionar a visão da autora com o case aqui

mencionado, através do perfil do projeto Meio Fio no Instagram (Figura 26), que

conta com mais de três mil seguidores. Esses números reforçam as ideias de

Recuero, visto que em pouco mais de um ano o projeto atingiu índices importantes

de conexões com o público.

48

IBGE (2016).

82

Figura 26 – Instagram Meio-Fio

Fonte: Meio Fio (2017).

CP conta que no ano passado a marca chegou a investir em um site para

atingir seus consumidores com o projeto, mas percebeu que a plataforma que o

mesmo não trazia resultados significativos como o Instagram. Esse dado vai ao

encontro do que retrata a pesquisa YOUpix em parceria com a GFK, Airinfluencers e

o Meio & Mensagem, que afirma que a rede de relacionamento online mais utilizada

e de maior acesso é o Instagram.

Ainda de acordo com CP, em 2017 a marca aprimorou o projeto não só

através da plataforma de relacionamento escolhida, mas também pela forma de

planejamento e elaboração.

Em 2016, o Meio-Fio envolvia votações sobre os trabalhos elaborados pelos influenciadores, alguns eram escolhidos pelo público e por pessoas renomadas na arte, já nesse ano a marca busca o relacionamento, a união de todos em pról de um único projeto que leve a essência e personalidade de cada um dos participantes. A ideia é buscar pessoas que verdadeiramente causam um impacto social nas mídias e no dia a dia, neste sentido que a marca se envolve no mapeamento da cidade e escolha dos participantes (CP, 2017).

A respeito da concepção do projeto, percebe-se que um dos termos mais

citados pelos entrevistados P e PF foi “contra o tradicional”, o que demonstra a

intencionalidade do Meio-Fio voltada à inovação, já que vai na contramão das atuais

práticas de mercado que costumam utilizar os influenciadores digitais apenas para a

83

promoção de um produto ou serviço, de forma rápida e rasa, sem um planejamento

para a construção de um envolvimento maior entre as partes.

Sobre esse aspecto pode-se afirmar que a prática atual de mercado com

influenciadores é composta em sua maioria pela busca por aqueles que apresentam

maior número de seguidores. Com base nos capítulos apresentados anteriormente

pode-se analisar que normalmente as marcas apostam em influenciadores que

apresentam grande número de seguidores, sem se preocupar se eles são de fato

envolvidos com a causa e com a marca, e é neste sentido que a Melissa busca

inovar.

O projeto da Melissa conta com influenciadores que acreditam na proposta e

que realmente entendam sobre alguma questão que esteja em voga na

contemporaneidade, como favelização do centro, empoderamento negro, movimento

transgenero, entre outros. CP esclarece que é com base nesse entendimento que os

influenciadores podem trazer relevância, tanto para a marca quanto para a cidade.

Ele explica que o projeto oferece benefícios mútos e destaca a oportunidade

que é oferecida as diferentes pessoas.

Na nossa ideia, hoje, existe o macro e o micro influenciador. Hoje o macro influenciador tem muita audiência e pouca relevância, pois um dia ele está de Melissa, outro dia de Arezzo, outro dia de Channel. Por essa realidade, as pessoas entendem que esse tipo de influenciadore se tornou muito mais um trabalho do que um serviço, e que é realmente uma nova mídia e que essa é paga. O Meio-Fio surgiu justamente para tentar quebrar essas regras, para quebrar esses paradigmas de comunicação, e a gente começou a trabalhar com pessoas que são relevantes no cenário criativo de São Paulo, no caso, para trazer uma transformação para a cidade. Investimos em pessoas que estão fazendo coisas que são super relevantes, que fale de questões contamporaneas e relativas para a cidade, e que estão movimentando São Paulo e ainda não foram incorporadas por um sistema (CP, 2017).

O micro influenciador49, aposta da Melissa, e um dos termos mais utilizados

pelos entrevistados, é hoje uma das grandes tendências de mercado por gerar maior

visibilidade, engajamento e autenticidade com o público de interesse. A esse

respeito, destaca-se a pesquisa apresentada anteriormente, que traduz muito essa

realidade quando aponta que as celebridades não agregam mais confiabilidade e

relacionamentos próximos com os públicos de interesse, por viverem realidades

totalmente opostas dos seus seguidores e por terem se tornado pessoas

49

Segundo Cassio Prates, um dos responsáveis pelo projeto Meio-Fio, o micro influenciador define-se a partir de uma pessoa que influencia de forma regional as pessoas em suas redes sociais. Ou seja, não apresenta um número grande de seguidores, mas que influencia o meio em que vive.

84

“comerciais”.

Outro item que aproxima dados levantados pela pesquisa à realidade do

projeto, é que o Meio-Fio acredita que cada cidade apresenta influenciadores

próprios, que carragam consigo a verdade de cada um dos lugares em que

transitam. Pela ótica de CP isso é muito importante, pois assim os influenciadores

conseguem atingir seus seguidores e as pessoas ao seu redor de forma verdadeira.

É com essa visão que a Melissa aposta nos micro influenciadores ou influenciadores locais, sempre que uma nova estratégia para o Meio-Fio é criada a empresa se encarrega de mapear os públicos e os lugares ao buscar personalidades autênticas e bem posicionadas, que se localizam em uma das partes da grande São Paulo, atingindo assim a cidade como um todo (CP, 2017).

Tendo em vista a força e influência dos públicos frente as organizações,

Terra (2010) reitera a importância da comunicação digital integrada em todas as

ações realizadas pelas empresas, já que necessita-se cada vez mais de estratégias

específicas para esse público, que ganha voz através de recursos de interatividade

própria do ambiente online, ou seja, é preciso contar com ações cada vez mais

inovadoras e criativas.

O entrevistado PF, enquanto diretor executivo da marca, concorda que

através das redes sociais assistimos ao empoderamento dos públicos e, por isso,

acredita na importância da Melissa estar conectada com os mesmos, já que este é

cada vez mais influente. Para ele, é nesse contexto inovador que opera o projeto

Meio-Fio, indo ao encontro de uma grande necessidade da marca, a busca

constante por estar concectada com um público formador de opinião, que lança

tendências de forma natural e autêntica, trazendo notoreidade tanto no campo

comunicacional quanto na forma da marca se relacionar com os consumidores. É

assim que a Melissa patrocina e oportuniza a diversidade, através do

relacionamento, inclusão e inovação, aspectos que são considerados a “cara” da

marca.

Para PF “Não existe nada mais satisfatório do que oportunizar e lançar

pessoas com potêncial, mas que nunca tiveram a oportunidade (PF, 2017)”.

CP também enfatiza que a marca Melissa patrocina pessoas que nunca

tiveram chances nesse meio, pessoas que são incríveis no que fazem e que geram

uma relação de influência nas redes, tornando a marca muito mais próxima de seus

85

seguidores. Segundo ele, “[...] estas pessoas tem um nível de seguidores de

qualidade, uma vez que o que é dito por elas em suas redes sociais é relevante,

fazendo com que o seu público confie no que é exposto (CP, 2017)”.

As redes sociais geraram excesso de informação e ampliaram a disputa de

mercado, por isso, mais do que nunca é a hora das marcas inovarem. Ciente disso,

a Melissa tem focado esforços nesse sentido, busca constantamente

relacionamentos mais próximos e formas criativas e atuais para se conectar com

seus públicos. A ótica de Vergili (2014) complementa essa realidade ao afirmar que

o principal objetivo de atuação das empresas nas redes sociais é justamente o

relacionamento.

Quando questionados sobre a equipe responsável pelo Meio-Fio, os

entrevistados CP e PF explicam que duas pessoas são envolvidas, o diretor de

marketing e uma editora de moda renomada. Relatam que não contam com

nenhuma equipe de comunicação interna, esse trabalho é terceirizado por uma

agência.

Neste sentido, analisa-se a oportunidade para o profissional de relações

públicas, já que apresenta como foco de seu trabalho o relacionamento eficaz com

os públicos de interesse. Kunsch (2003) evidencia o profissional de relações

públicas através da administração de relacionamentos e foco nos conflitos, e essa

afirmação se caracteriza como uma oportunidade contemporânea, visto o zelo e

valor do relacionamento estratégico das organizações com os públicos de interesse.

Com o surgimento das mídias sociais digitais proporcionou-se um ambiente

onde todos tem voz, e é nesse sentido que existe ainda mais a necessidade por

parte das organizações, de um profissional responsável pela criação de práticas

colaborativas, participativas e interativas com os públicos no ambiente online.

De acordo com a fala dos entrevistados, a marca acredita de fato influenciar

o meio onde estão inseridos seus influencers, já que ao mapear as áreas de

influência de São Paulo foram escolhidas pessoas totalmente diferentes que

carregam como característica comum a determinação em pról do assunto que

defendem. Esse dado vai ao encontro do estudo apresentado no capítulo 4, que

aponta que estamos a apenas 3,57 graus de distância de qualquer outra pessoa do

mundo, assim sendo, percebe-se que a Melissa acredita atingir muitas pessoas

através das 18 pessoas escolhidas e, mais do que isso, a marca se desafia a trazer

mudanças para a vida desses influenciadores e também para a sociedade como um

86

todo.

Tendo em vista a sociedade contemporânea, Grunig, Ferrari e França (2011)

reforçam a dificuldade dos relacionamentos na atualidade e a importância de

estratégias voltadas para o meio digital, enquanto Torres (2009) acredita na força

das conexões através da percepção de que as pessoas que utilizam os meios

digitais são pessoas que lidam com emoções e sentimentos, por isso a busca por

relacionamentos de benefícios mútuos para ambas as partes (marca e consumidor).

Tanto o entrevistado CP quanto PF concordam com essa harmonia

proposta pelos autores, e enfatizam que além da marca trabalhar com

influenciadores no projeto Meio-Fio, ela aparece por trás de questões que são

importantes no mercado e na contemporâneidade, criando uma rede de

relacionamentos com seus públicos através dessas conexões.

Nota-se que o projeto Meio-Fio se relaciona com os consumidores através

da emoção e da conscientização sobre assuntos relevantes para a atualidade,

inserindo e cativando a atenção. Dessa forma, a marca procura inverter a lógica de

influenciador, desconstruindo a pirâmide e trabalhando muito mais em rede do que

em ciclos, uma tendência da atualidade. Em outras palavras, a Melissa busca ligar e

conectar diversas pessoas independentemente da sua classe social, com o intuito

de promover mudanças positivas através de causas que chamam a atenção das

pessoas. A marca patrocina um projeto que apresenta como foco relacionamentos

de benefícios mútuos, não só para a marca, não só para os influenciadores

escolhidos, mas sim para a cidade como um todo.

Ambos os entrevistados destacaram ainda que a Melissa, enquanto DNA de

marca, é muito inclusiva. O entrevistado CP explica que diferentemente do que as

marcas vêm fazendo (de dizer o que elas são), a Melissa pega o discurso real de

alguém que tenha conhecimento profundo sobre assuntos importantes na

contemporêneidade e amplia o discurso dessa pessoa, e não o da marca. Afinal,

hoje, as pessoas confiam pouco nas marcas, por isso para ele é mais vantajoso a

marca ficar como suporte, oportunizando espaço para alguém que não foi

incorporado pelo sistema e que realmente acredita na sua força. Nesse sentido é

possível associar aqui a ação lançada pela Adidas, apresentada no capítulo anterior,

que mesmo contando com influenciadores populares, acredita que cada um tem que

deixar sua essência na linha, logo, a marca oportuniza que cada influenciador opere

como achar melhor nos seus sites customizados.

87

Martinuzzo (2014) disserta sobre a difuculdade de conquistar e fidelizar os

públicos na atualidade, e recomenda a prática da comunicação feita sob medida,

que reconhece as personalidades, essências e hábitos. É justamente nesse cenário

que a Melissa opera, buscando através dos influenciadores digitais surpreender e

atender seus consumidores.

Ambos os entrevistados garantem que o projeto apresenta muito mais do

que moda, afinal, projeta um futuro melhor. Tanto CP quanto PF acreditam que o

relacionamento é a chave de sucesso para as marcas na atualidade, logo o que a

Melissa busca é benefícios não só para a marca, mas para a sociedade como um

todo, abordando assuntos que são relevantes e que trazem conscientização, afim de

harmonizar a realidade de quem vive a diferença.

5.2 ANÁLISE GERAL

O caso de estudo focado no projeto Meio-Fio da Melissa aborda diversos

aspectos importantes, principalmente por romper com o tradicional e por buscar

melhorias para a cidade e também para a sociedade como um todo. A marca

sempre foi um case de sucesso pela forma como atua, por sua história e pela forma

que se relaciona com seus consumidores, com esse projeto reforça uma imagem

positiva baseada na inovação.

O projeto apresentado se relaciona com diversos assuntos abordados nesse

trabalho, tais como a busca pelo relacionamento eficaz com os públicos, as

estratégias de inovação através dos influenciadores digitais e a percepção do valor

das mídias digitais.

Embora o foco do Meio-Fio seja o relacionamento, ressalta-se a importância

de contar com uma equipe interna com profissionais de comunicação aptos a

fortalecer os laços entre a marca e seu público. Essa possibilidade pode garantir

melhores resultados tendo em vista que fazer parte do processo e estar diretamente

ligado a marca, contribui para um melhor entendimento do negócio, ações mais

assertivas e melhores resultados.

A edição 2017 do projeto Meio-Fio está chegando ao fim no mês de

dezembro e já foi considerada satisfatória, uma vez que os influenciadores

conseguiram transmitir sua essência e mobilizar muitos brasileiros em torno de

mudanças positivas para a sociedade. Além disso, a Melissa aparece por trás de

88

personalidades que realmente são relevantes para a sociedade, envolvendo as

pessoas e fotalecendo a marca no mercado. Segundo os entrevistados, o projeto

garante ser on going, ou seja, continuar por vários anos e a cada edição promover

melhorias ainda maiores.

O caso de estudo da Melissa foi muito significativo para esse trabalho,

servindo inlusive como inspiração para a construção de um planejamento estratégico

com influenciadores digitais para a loja Espaço Scarpe. O mesmo será apresentado

e analisado a seguir.

5.3 CASO 2 – ESPAÇO SCARPE

O Espaço Scarpe é uma loja de artigos femininos que comercializa sapatos

e bolsas de couro multimarcas, e trabalha com os principais nomes do mercado, tais

como Anacapri50, Arezzo51, Fiever52, Luiza Barcelos53, Luz da Lua54, Santa Lolla55 e

Schutz 56 , além da marca própria. A loja está situada no centro da cidade de

Farroupilha, no Rio Grande do Sul.

50

Nascida em 2008, a Anacapri utiliza a proposta de descomplica o dia a dia, aliando qualidade, preço, personalidade e conforto em todas as coleções. A marca só trabalha com sapatos sem salto, além de bolsas (ANA CAPRI, 2017). 51

Fundada em 1972, pelos irmão Anderson e Jefferson Birman, a Arezzo é hoje a maior marca de varejo de calçados femininos fashion da América Latina. Recebeu diversas premiações, entre elas foi eleita sete vezes a Melhor Franquia do Brasil no Segmento Vestuário, Calçados e Acessórios (Revista Pequenas Empresas & Grandes Negócios), recebeu o Prêmio Alshop Visa, entre outras premiações. Vale ressaltar que está no ranking das Marcas Mais Valiosas do Brasil (Isto é Dinheiro). Conta com uma rede de franquias de mais de 356 lojas distribuídas em 180 munícipios e está presente em todos os estados brasileiros (AREZZO, 2017). 52

Marca jovem, urbana e criativa de sapatos masculinos e femininos. Garante estar em constante construção. Aposta no conceito de evolução diária, e garante buscar inspirações na experimentação e na colaboração (FIEVER, 2017). 53

É uma marca de sapatos e bolsas femininas. O empreendimento começou em 1986 através da D. Dorinha e atualmente é comandada por seus quatro filhos: Rosa, Lúcia, Luiza e Luiz Raul, por um de seus genros, Ronaldo e por um time de 375 colaboradores. Hoje conta com 800 pontos de venda em todo Brasil (LUIZA BARCELLOS, 2017). 54

Conhecida por trabalhar com couros especiais, texturas e cores exclusivas, além de toques hand made, metais personalizados e atenção aos detalhes. Os calçados e bolsas Luz da Lua traduzem a mulher moderna, conectadas às novidades do mercado fashion (LUZ DA LUA, 2017). 55

Surgida em 2002 através dos irmãos Rubens, Vanessa e Fábio Martinez, hoje a marca de calçados e acessórios femininos está presente em mais de mil pontos de venda no Brasil. A Santa Lolla é reconhecida como uma das principais referências de moda no Brasil, antecipando e criando tendências com um time que cria cerca de cinco coleções por ano, sete mil itens e novos produtos que abastecem constantemente as lojas, para atender o público cada vez mais informado e louco por novidades (SANTA LOLLA, 2017). 56

Segundo informações fornecidas por Heloisa Scholles (2017), uma das responsáveis pelo marketing da marca, a Schutz iniciou suas atividades em agosto de 1995. Foi fundada por Alexandre Birman, atual CEO da Arezzo&Co. É uma marca de sapatos, bolsas e acessórios que traduzem um olhar muito próprio da moda, já que procura investir em produtos que sejam especiais e traduzam a personaliudade de cada uma das consumidoras.

89

O empreendedorismo começou há vinte anos atrás quando a proprietária

Claudia Pedó, saiu do ramo da economia (era gerente do banco Meridional,

atualmente conhecido por Santander), para apostar em um negócio próprio. A ideia

surgiu depois que os filhos nasceram, para passar mais tempo com eles investiu em

conhecimentos sobre moda e administração e abriu a loja.

No ano de 2011 o Espaço Scarpe mudou-se para um ambiente maior,

também localizado no centro da cidade. Hoje, a equipe é composta pela proprietária

e mais três funcionárias que desempenham diferentes funções. Todas recebem

treinamento especializado em marketing, vendas e têm na sua rotina tempo

dedicado à pesquisa, ou seja, toda vez que estão sem atividades na loja pesquisam

páginas de inspiração de moda, assim, além de estarem sempre atentas aos

desfiles da semana de moda de Milão e de São Paulo, estão conectadas às

novidades do mercado. A gerente está na loja a maior parte do tempo e preza

principalmente pela qualificação das suas funcionárias, afinal o atendimento merece

sempre atenção especial. A Figura 27 ilustra como a loja está atualmente.

Figura 27 – Loja Espaço Scarpe

Fonte: Fornecido pela loja (2017).

A loja trabalha fortemente na área de moda, trazendo sempre tendências

antecipadas para suas clientes. Dentre os principais investimentos na comunicação

da marca estão as redes sociais e os fashion shows, que ajudam a tornar a loja

90

conhecida na região, aproximando-a de seus públicos.

Os Fashion Shows são eventos que acontecem para apresentar novas

coleções, ou seja, são encontros de moda, normalmente desfiles que mostram as

principais tendências da estação para as clientes da loja. O Espaço Scarpe investe

muito nesses eventos, utiliza a maior verba de marketing para os mesmos,

buscando trazer inovações e surpresas que façam com que as clientes fiquem de

fato surpreendidas e encantadas. Usualmente participam dos desfiles modelos

profissionais e clientes da loja, além disso, contrata-se uma produtora de moda e dj

convidada.

Identifica-se que a principal estratégia usada pela proprietária é o diferencial,

seja de produto, atendimento ou até mesmo na inovação.

5.3.1 Sunset Scarpe

Como já citado, o caso de estudo aqui apresentado é fruto de uma ideia da

autora deste trabalho (filha da proprietária), e da empresária dona do negócio. A

ideia surgiu a partir do conhecimento do projeto de influenciadores da Melissa, que

serviu como referência para o desenvovimento da ação, só que dessa vez de forma

mais comercial. O que se busca é compreender, de forma mais efetiva, se os

influenciadores podem de fato trazer melhores resultados para a marca, e de que

forma a área da comunicação pode agregar valor a essa estratégia. Como estudante

de relações públicas, vislumbrar esta proposta foi totalmente relevante para o

estudo, já que permitiu avaliar de perto todos os processos envolvidos na pesquisa.

Dreyer (2017) e Karhawi (2017) afirmam que os influenciadores digitais

surgiram no ano de 2015 e que são pessoas que influenciam outras pessoas na

internet, através de diversas plataformas de relacionamento online. Ambas as

autoras destacam que esses profissionais utulizam diversas plataformas digitais, por

isso definem-se como influenciadores ao invés de blogueiros, youtubers, entre

outras nomenclaturas. Em conversa com a influenciadora NL percebe-se essa

realidade, já que ela afirma ser uma digital influencer ao invés de blogueira, sendo

que apresenta um blog de moda.

Ela enfatiza a importância de se manter o foco para obter sucesso, afinal

depois de ganhar muitos seguidores, os influencers tendem a perder um pouco da

sua essência e, segundo ela, é justamente isso que gera fidelidade e engajamento

91

com o público de interesse. O estudo publicado por Gomes (2016), exemplifica essa

realidade ao mostrar que as marcas precisam identificar o influenciador que tem

mais a ver com produto e/ou serviço, e não apenas contratar alguém porque

simplesmente está em ascensão na atualidade. NL também destacou que por medo

de perder seu mercado para influenciadores regionais, só aceita trabalhos que

tenham a ver com ela, ou seja, representa marcas que exemplifiquem sua

personalidade, que traduzam seu estilo de vida.

A pesquisa YOUpix demonstra que o influenciador atua por meio da emoção

e da espontaneidade e que se conecta através da interação com seus

consumidores. Em conversa com a NL, pôde-se perceber que o foco do seu trabalho

está justamente na interação com suas seguidoras. Segundo a influencer, ela

procura responder os contatos de forma rápida e preza muito pelo relacionamento e

interação. Além disso, a atual influenciadora gaúcha, que conta com mais 200 mil

seguidores no Instagram, afirma que começou a carreira de forma espontânea, por

as pessoas gostarem muito das suas fotos e começarem a pedir para ela

representar suas marcas. Segundo ela:

Quando atingi um número maior de seguidores, algumas marcas começaram a olhar para mim e querer fazer parcerias, foi a partir desse momento que eu vi uma possibilidade de trabalho e comecei a levar a sério essa brincadeira de instagram (NATANA DE LEON, 2017).

Tendo em vista a importância do gerenciamento dos relacionamentos na

atualide, Kusnsh (2003) defende que as organizações precisam investir em canais

que sejam do interesse dos públicos a eles vinculados. Por isso, a proposta do

evento realizado pelo Espaço Scarpe foi baseada na ideia de se utilizar

influenciadores como uma importante ponte à criação de relacionamentos e para o

fortalecimento da marca. Nesse sentido, pensou-se como estratégia, na criação de

um evento próprio para o Espaço Scarpe, que foi realizado no segundo semestre de

2017. Aproveitando a comemoração dos 20 anos da loja, buscou-se algo que fosse

totalmente diferente dos Fashion Shows já realizados, mundando inclusive o nome e

conceito do evento.

Com o propósito de testar a eficácia de uma influenciadora da área de

moda, já que a loja trabalha nesse segmento, iniciou-se o desenvolvimento de um

planejamento para o evento, com a busca por uma pessoa que tivesse a “cara da

92

marca”. Quando se pensou em contratar uma influenciadora, existia a ci ncia de que

não seria um investimento barato, mas o Espaço Scarpe queria além de encantar,

trazer relacionamentos mais próximos junto aos públicos, visto que conforme as

pesquisas deste trabalho indicaram, relacionamento é um dos grandes fatores de

sucesso para as organizações.

Para buscar fortalecimento para a ação, a loja contou com o importante

apoio da Schutz. A marca costuma realizar anualmente, no mês de agosto, um

evento de moda, neste ano foi chamado de Schutz Vip Party 57 . Assim, foram

englobadas as duas ideias e lançado o Sunset Scarpe. Definidos os pontos básicos

para a realização da ação, partiu-se para a definição da influenciadora que marcaria

presença no evento, a escolhida foi a influencer gaúcha Natana De Leon. Vale

ressaltar que ela foi também uma das influenciadoras escolhidas pela Schutz para o

lançamento oficial da marca na Schutz Oscar Freire, no ano de 2017.

O Espaço Scarpe combinou com a digital influencer um contrato que incluiu

a sua presença no dia do evento por duas horas, fotos com os presentes, dois posts

no Instagram, um no dia do evento e outro quando ela achasse mais conveniente,

além de cobertura completa no recurso stories58 , antes e no dia da Sunset. O

transporte ficou por conta da loja e o valor total pago foi de R$ 3.700,00.

Apesar do valor cobrado ter sido elevado para os padrões gerais da loja,

entendeu-se que os posts da influenciadora poderiam trazer resultados positivos,

entre eles, um vies diferente da loja perante seu público nas redes. Como visto

nessa pesquisa é imprescindível que as organizações ocupem espaço nas redes

sociais online, conceito esse enfatizado por Bueno (2010) e Vergili (2014). Além

disso, é necessário elaborar um planejamento estratégico nas redes de

relacionamento online, já que são os meios de informação e comunicação mais

rápidos da atualidade.

Sobre esse assunto Torres (2009) complementa que a internet é um meio

57

Evento exclusivo de lançamento da coleção de verão que procura gerar experiência na loja multimarca com o objetivo de surpreender as consumidoras. Conta com um kit de três cangas exclusivas para dar para as digitais influencers da cidade, sacolas de pano para as clientes que comparecerem ao evento, balões de gás hélio, convites impressos, capinhas para iphone, copos e taças personalizados, além da #iamschutzvip para que a Schutz consiga acompanhar o evento. Fonte: Manual em pdf disponibilizado pela marca. 58

Sua principal característica é possibilitar os usuários do Instagram a criarem videos curtos que desaparecem depois de 24h. As pessoas podem ainda deixar o espaço mais divertido utilizando desenhos, stickers e emojis, o objetivo do Instagram Stories é que os usuários compartilhem posts informais sobre as suas atividades diárias (POSTCRON, 2017).

93

aberto e rico, que influência todos os negócios já que os públicos ganham voz para

falarem o que quiserem e influenciarem as pessoas, é neste sentido que necessita-

se de planejamento no meio online. Recuero (2009) também afirma que a

comunicação mediada pelo computador vem revolucionando a comunicação atual, a

autora exemplifica a afirmação através de diversas mobilzações de grandes

alcances obtidas através das redes, entre elas o caso de Santa Catarina como

citado no capítulo 1. Vergili (2014) também disserta a respeito da necessidade do

planejamento nas mídias já que com o incremento das redes, e o grande alcance

dos dispositivos móveis a informação se difunde de forma ainda mais rápida. Por

tanto, além das organizações sentirem a necessidade de estar presente nas mídias,

precisa-se conjuntamente de um planejamento para assim obter melhores

resultados.

Tendo em vista a necessidade de planejamento e ocupação das redes pelas

organizações, Terra (2011) enfatiza a necessidade de obter um articulador

capacitado por trás das redes sociais, já que elas implicam hoje a imagem da

empresa. Logo, a loja ao propor a ação tentou conectar todos esses pontos.

A seguir apresenta-se a figura da influenciadora escolhida para a ação:

94

Figura 28 – Instagram Natana De Leon

Fonte: Natana de Leon (2017).

Ao pensar no fortalecimento da ação Sunset Scarpe e no foco dessa

pesquisa, optou-se por aproximar ainda mais os influenciadoras da proposta. Assim,

foram escolhidas três influenciadoras locais para ganharem uma canga

personalizada da marca com suas iniciais. Conforme apontado na pesquisa

elaborada pela YOUpix em parceria com a GFK e o Meio & Mensagem, tanto a

personificação quanto os influenciadores são tendências de mercado, pois geram

visibilidade e garantem relacionamentos mais próximos. A esse respeito enfatiza-se

aqui o estudo de Gomes (2016), que demonstrou que para a marca ter visibilidade é

preciso investir em relacionamentos duradouros, já que estes ligam o inlfuenciador a

marca.

Assim sendo, o Espaço Scarpe optou por três clientes da loja que

apresentassem um estilo completamente diferente uma da outra e que ainda assim

mantivessem uma relação fiel com o estabelecimento, a fim de gerar autenticidade

com o evento. Não foi levado em conta o número de seguidores que elas tinham, já

que como frisado na pesquisa apresentada no capítulo anterior, o que gera

engajamento com os públicos não é o número de seguidores mas sim a fidelidade

95

do público. Vale ressaltar que as três clientes escolhidas podem ser consideradas

também como usuário mídia, termo apresentado por Terra (2010), cujo conceito

pode ser definido de forma geral através de pessoas que usam muito a internet e

são capazes de produzir conteúdos interesantes, influenciando os demais no

ambiente digital.

Na ação realizada com as influencers locais, juntamente com a canga foram

enviados convites e uma carta escrita a mão, para demonstrar o quão especial eram

são para a marca, para isso pensou-se em trabalhar a ação com foco na

personalização. A loja tentou atingir a atenção de suas consumidoras de uma forma

diferente e que as fizesse sentir especial.

A Figura 29 ilustra a postagem de uma das influencers na rede social

Instagram, quando do recebimento dos mimos.

Figura 29 – Post feito pela influencer Suélen Biazoli no Instagram

Fonte: Su Biazoli (2017).

Essa ação foi considerada muito importante, pois rendeu entre tantos

benefícios uma visibilidade muito maior que as outras ações já realizadas pelo

96

Espaço Scarpe. Podemos perceber, conforme apresentado nas pesquisas do

capítulo 4, que visibilidade é justamente o que as marcas mais esperam ao contratar

um influenciador digital. Para exemplificar esse fato, podemos citar alguns

resultados advindos até mesmo antes do evento, quando o jornal online Mesa De

Centro59 entrou em contato com a loja logo depois da postagem da digital influencer

Natana para divulgar nas suas redes sociais o evento. Depois do evento, a marca foi

destaque por duas outras vezes em jornais da cidade, de forma espontânea.

Figura 30 – Post Jornal Mesa de Centro

Fonte: Mesa de Centro (2017b).

59

Trata-se de um guia que disponibiliza informações sobre os melhores lugares e serviços da serra, de forma rápida e fácil. Tem como objetivo divulgar a Serra Gaúcha para todo o Brasil (MESA DE CENTRO, 2017a).

97

Figura 31 – Coluna Social Jornal Informante

Fonte: Jornal Informante (2017).

O Sunset Scarpe aconteceu no dia 24/08/2017, (quinta-feira), no final da

tarde, e contou com DJ, mesa de drinks, petiscos, além de uma estrutura de som e

luz, afinal o clima era de festa e comemoração pelos 20 anos de loja. Para dar força

a ação e conectar ainda mais com o convite em formato de picolé e o clima de

verão, foi contratado um carrinho de sorvetes vermelho (por englobar a cor

dominante no convite, painéis e posts nas redes) que foi adesivado com o logo da

loja. A Figura 32 apresenta a visão geral do evento.

98

Figura 32 – Sunset Scarpe

Fonte: Espaço Scarpe (2017).

Ao mensurar os resultados, a loja obteve muitas surpresas positivas.

Conforme Vergili (2014) as redes possibilitaram ao profissional de comunicação uma

grande oportunidade de mercado, já que se consegue saber exatamente quantos

clicks, visualizações e alcance a postagem teve, assim sendo o profissional acaba

conseguindo ter um feedback imediato e saber exatamente o quanto de

engajamento e interação determinado post obteve. Nesse sentido Terra (2010)

acredita na eficácia dos influenciadores digitais por trazerem notoreidade e

resultados rápidos para as marcas. Uma das primeiras avaliações da ação proposta

pelo Espaço Scarpe, pode ser percebida através de diversos posts espontâneos

relacionados, principalmente por parte das clientes da loja, que se engajaram na

divulgação das influencers locais, e depois acabaram se inteirando com a ação e

atribuindo diversos posts, tanto dos convites impressos quanto no dia do evento com

as hashtags propostas (#sunsetscarpe #iamschutzvip).

Percebeu-se, também, publicações da influenciadora Natana,

primeiramente através de alguns videos rápidos no recurso (stories) do Instagram,

convidando as pessoas e apresentando um pouco da loja e as surpresas do evento.

No dia do evento a influenciadora fez várias publicações, conforme exemplificado

99

nas Figuras 33 e 34, abaixo:

Figura 33 – Post Natana De Leon, evento Sunset Scarpe

Fonte: Natana de Leon (2017).

100

Figura 34 – Post Natana de Leon, evento Sunset Scarpe

Fonte: Natana de Leon (2017).

O evento foi um sucesso, foram recebidos muitos feedbacks positivos, além

da presença de clientes não só de Farroupilha mas de toda a região. A equipe

Scarpe garante que a ação foi muito além do esperado e os próprios números de

vendas mostraram isso.

Dentre tantos resultados positivos, pode-se perceber que entre as setenta

multimarcas que realizaram o evento em todo o Brasil, o Espaço Scarpe ganhou

como uma das três melhores, sendo que as outras duas lojas ganhadoras são da

cidade de São Paulo. A loja garante que a contratação da influenciadora de moda

teve peso nesse prêmio, comprovando assim que os influenciadores são sim

eficazes para melhores relacionamentos e resultados para as organizações, desde

que se tenha um planejamento estratégico por trás. Importante citar que como

benefício a Schutz se propôs a ajudar com os custos, no valor de oito mil reais, para

a realização do próximo evento, a ser realizado em 2018.

A Figura 35 ilustra o comunicado enviado a loja, como ganhadora do evento.

101

Figura 35 – Ganhadores do evento Schutz Vip Party

Fonte: Disponibilizado pela marca em 24/10/2017.

5.3.2 Análise geral

O evento realizado pelo Espaço Scarpe foi um sucesso, trouxe somente

resultados positivos, principalmente por aproximar o relacionamento da loja com as

consumidoras, bem como encantá-las e surpreênde-las ao trazer uma influenciadora

digital renomada no âmbito da moda. Além disso, a loja se tornou mais conhecida na

cidade e na região.

O que se pode perceber é que ao ter um profissional de comunicação

atuando diretamente em um projeto estratégico de relacionamento através de

102

influenciadores faz com que a ação se torne ainda mais assertiva, principalmente na

conquista e aproximação dos públicos, já que esse já lida com isso. Conforme

defendido por Dreyer (2017) e percebido com a ação aqui mencionada, o

influenciador digital é sim uma tendência e já realidade de mercado, mas este

precisa de um planejamento por trás, para assim englobá-lo e ligá-lo da melhor

forma possível com a marca.

103

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O presente estudo teve como propósito trazer um novo olhar às

oportunidades de mercado para o relações públicas, aproximando o profissional das

estratégias de relacionamento entre as marcas e os digitais influencers, na

construção de relacionamentos mais próximos junto aos públicos. Para a realização

dessa análise, algumas estratégias foram traçadas, dentre elas a definição de um

objetivo geral, que foi compreender o desafio da atividade de relações públicas na

intermediação de relacionamentos efetivos entre os digitais influencers e as marcas.

O estudo permitiu identificar que os relacionamentos ganham força em

tempos de redes sociais, isso porque surgem oportunidades de comunicação com

qualquer pessoa, em qualquer lugar e a qualquer tempo. Pôde-se perceber a

complexidade dos relacionamentos em tempos de internet, e que é nesse meio que

o profissional de relações públicas ganha novas oportunidades. Todavia, entendeu-

se pela pesquisa que torna-se cada vez mais difícil conquistar a atenção dos

públicos, já que a internet trouxe um excesso informacional e consequentes disputas

de mercado na conquista dos stakeholders.

Nessa realidade é que se inserem os influenciadores digitais que, como

mostra a pesquisa, estão ganhando cada vez mais espaço sendo percebidos pelas

marcas como potencializadores de negócio. Os dados apresentados no trabalho

apontam que eles são uma realidade de mercado, e que diversas marcas de renome

estão apostando nessa estratégia para melhor se identificar com os públicos.

No presente estudo foram estabelecidos alguns objetivos específicos, o

primeiro era entender em que contexto surgiram os influenciadores digitais e como

eles facilitam a comunicação na rede. O aprofundamento do tema permitiu constatar

que o surgimento se deu através das redes sociais e do momento digital vivenciado

na atualidade. Quanto ao seu papel, verificou-se que podem agregar muito aos

relacionamentos entre as marcas e seu público, contribuindo para a construção de

relacionamentos.

O segundo objetivo foi compreender de que forma o digital influencer pode

contribuir para o fortalecimento da marca junto a seus públicos de interesse. Como

resultado, identificou-se que as marcas apostam nos digitais influencers visando

relevância e visibilidade, além disso foi constatado que os influenciadores constroem

identificação com os públicos, servindo como inspiração e referência para os

104

mesmos.

O terceiro objetivo foi avaliar como acontece o relacionamento entre as

marcas e os digitais influencers. O estudo mostrou a ausência de um profissional

estratégico na construção desse relacionamento, o que muitas vezes acaba

tornando as ações menos efetivas. Nota-se em alguns casos a falta de planejamento

nas estratégias das marcas junto aos influenciadores, e por isso considera-se a

importância de agregar a esse meio o relações públicas e seu foco voltado a

aproximação e à criação de laços.

Por fim, procurou-se entender o papel do profissional de relações públicas

como facilitador do relacionamento entre marcas e influenciadores digitais.

Concluimos com o estudo que esse profissional possui características únicas, que

tornam suas ações estratégicas e assertivas, primando pelo zelo nos

relacionamentos e benefícios mútuos entre marcas e públicos. Logo, entedemos que

em ações com influenciadores digitais, o papel do relações públicas ganha força e

se torna essencial.

Com a ajuda dos cases de estudo, que serviram para apresentar melhor o

universo dos influenciadores digitais e o papel do profissional de relações públicas

neste segmento, foi possível identificar que o foco está na construção de

relacionamentos mais próximos. Através do projeto Meio-Fio foi possível entender

que aliar questões importantes para a sociedade com os públicos de interesse pode

ser considerado uma boa estratégia.

O case mostrou que através da diversidade a Melissa procura estar por trás de

assuntos relevantes, construindo assim uma imagem cada vez mais forte e

inovadora no mercado. Todavia, a marca nesse projeto terceiriza todo o serviço de

comunicação, fato esse que gera dúvidas, já que o foco da ação é justamente o

relacionamento. A crítica se constrói principalmente pelas ações realizadas pela

marca, que se contasse com o apoio direto de um profissional como o relações

públicas para auxiliar nos workshops e projeto final, provavelmente garantiria um

engajamento maior entre um influenciador e outro, bem como entre a marca e os

influenciadores, e principalmente com os públicos.

Percebeu-se, também, através desse case que de fato existe espaço para o

profissional de relações públicas, devido a forma como a ação com os

influenciadores se constroe e ao objetivo da mesma, que se baseia nas relações.

Todavia, pôde-se analisar através dos estudos realizados, que esse profissional

105

ainda não ocupa esse espaço como deveria.

Já o estudo e aplicação de estratégias com digitais influencers do Sunset

Scarpe, serviu para comprovar que os influenciadores trazem realmente melhores

resultados para a marca, sinalizando que a área da comunicação consegue agregar

valor a essa estratégia.

Considera-se o objetivo geral atingido e a questão norteadora respondida,

principalmente por compreender que os influenciadores digitais são sim uma

estratégia assertiva para as marcas, e que o profissional de relações públicas pode

contribuir com as estratégias que envolvem relacionamento. O estudo mostrou que o

relações públicas ganha notoreidade na intermediação de relacionamentos efetivos

entre os influenciadores digitais e as marcas, isso porque o profissional desde seus

primoridios zela pelo bom relacionamento entre marcas e públicos, assim sendo ele

garante melhor engajamento. Todavia, percebe-se desafios ligados a essa área, já

que o espaço digital requer maior cautela, isso porque a informação acontece em

tempo real e a conquista dos públicos solicita estratégias cada vez mais inovadoras,

por isso escolher o digital influencer mais adequado e o tipo de ação utilizada

necessita de muita criativade e originalidade, para assim cativar e encantar os

públicos.

Identificou-se que para uma ação ser relevante e estratégica para as marcas,

o relações públicas pode auxliar por exemplo na escolha do influencer mais

adequado, trabalhando para que vá ao encontro dos propósitos da marca, além da

responsabilidade de manter o vínculo entre influenciador e marca e, ainda, fortificar

esses laços para assim atingir ainda mais os seus públicos.

Vale ressaltar que no universo digital tudo muda a todo momento, enquanto

que há dois anos atrás ascendia o grupo de blogueiras, youtubers, entre outras

nomenclaturas, hoje é a vez do influenciador digital, que abrange todos os campos

em diversas plataformas digitais. As organizações precisam estar atentas a essas

mudanças e avaliar a presença a todo e qualquer tipo de novidade, porque como

visto neste estudo, os stakeholders hoje acompanham tudo a todo instante.

A necessidade de um profissional estratégico dentro das organizações se faz

cada vez mais necessária, tendo em vista a quantidade de inovações tecnologicas

comunicacionais e a força do relacionamento na sociedade contemporânea. Essa

pesquisa comprovou sobretudo um fato: os influenciadores digitais influem

diretamente no relacionamento próximo com os públicos de interesse, desde que

106

obtenham um vies de participação de articuladores estratégicos.

Espera-se que essa pesquisa tenha contribuído para a área das Relações

Públicas e que sirva de inspiração para novos projetos. Com certeza representou

muito para minha formação pessoal e profissional, mostrou a importância que o

profissional tem nos diferentes âmbitos de atuação e confirmou todo nosso

potêncial.

107

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114

APÊNDICE A – ROTEIRO DE ENTREVISTAS

PERGUNTAS NATANA DE LEON

1- Qual o seu nome/ idade?

2- Como você se tornou uma influenciadora digital?

3- Quais são as principais caracteristicas de um digital influencer de sucesso, na

sua opinião?

4- O que é preciso para se tornar um influenciador digital?

5- Quais os maiores desafios de um digital influencer?

6- Quais são as principais caracteristicas de um digital influencer de sucesso?

7- Como você enxerga hoje a relação entre as marcas e influenciadores?

8- Que tipo de valor você acha que agrega as marcas que fazem parceria com

você?

PERGUNTAS CASSIO PRATES

1- Como surgiu o projeto Meio-Fio?

2- Como acontece a escolha dessas influenciadoras?

3- Como é formada a equipe responsável?

4- Como vocês acreditam contribuir com a cidade?

5- Por não ser um projeto comercial, vocês acreditam que ele consiga impactar

e envolver as pessoas?

6- Qual o maior legado que você acredita que o projeto tenha proporcionado?

PERGUNTAS PAULO ANTONIO PEDÓ FILHO

1- Enquanto diretor executivo da marca o que você acha que o projeto Meio-Fio

agrega para a Melissa?

2- Como o projeto é elaborado?

3- Qual a finalidade do projeto?

4- Qual a relevância que o projeto traz para a Melissa?

115

APÊNDICE B – AUTORIZAÇÃO CÁSSIO

116

APÊNDICE C – AUTORIZAÇÃO PAULO

117

APÊNDICE D – AUTORIZAÇÃO NATANA

118

APÊNDICE E – MONOGRAFIA I

UNIVERSIDADE DE CAXIAS DO SUL

GABRIELA PEDÓ BORTOLOSSO

O RELAÇÕES PÚBLICAS COMO UM FACILITADOR DE RELACIONAMENTOS ENTRE OS DIGITAIS INFLUENCERS E AS MARCAS

CAXIAS DO SUL 2017

119

UNIVERSIDADE DE CAXIAS DO SUL CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS

CURSO DE COMUNICAÇÃO SOCIAL HABILITAÇÃO EM RELAÇÕES PÚBLICAS

GABRIELA PEDÓ BORTOLOSSO

O RELAÇÕES PÚBLICAS COMO UM FACILITADOR DE RELACIONAMENTOS ENTRE OS DIGITAIS INFLUENCERS E AS MARCAS

Projeto de Trabalho de Conclusão de Curso apresentado como requisito para aprovação na disciplina de Monografia I. Orientador(a): Jussânia Albé

CAXIAS DO SUL 2017

120

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO .............................................................................................. 121

2 TEMA ............................................................................................................ 123

2.1 DELIMITAÇÃO DO TEMA ............................................................................. 123

3 JUSTIFICATIVA ............................................................................................ 124

4 QUESTÃO NORTEADORA .......................................................................... 126

5 OBJETIVOS .................................................................................................. 127

5.1 OBJETIVO GERAL ........................................................................................ 127

5.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ......................................................................... 127

6 METODOLOGIA ........................................................................................... 128

7 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ......................................................................... 132

7.1 UMA NOVA PERSPECTIVA PARA O PROFISSIONAL DE COMUNICAÇÃO:

O RELAÇÕES PÚBLICAS NA INTERNET ................................................... 132

7.2 O PAPEL DO PROFISSIONAL DE RELAÇÕES PÚBLICAS ........................ 132

7.2.1 O relações públicas na contemporaneidade ......................................... 136

7.2.2 Relações públicas na gestão de relacionamentos no ambiente digital ....

................................................................................................................... 138

8 ROTEIRO DOS CAPÍTULOS ........................................................................ 142

9 CRONOGRAMA ............................................................................................ 143

REFERÊNCIAS ....................................................................................................... 144

121

1 INTRODUÇÃO

O mundo está em constante evolução e mudança, fato este que permeia

cada vez mais a comunicação atual, tendo em vista este contexto, surgiu o tema do

presente trabalho, que fala a respeito da área de relações públicas e dos digitais

influencers. Traz o profissional como um facilitador de relacionamentos entre os

influenciadores e as marcas. Percebe-se o incremento das plataformas digitais no

dia a dia das pessoas, e a necessidade do relacionamento eficaz das marcas com

os seus públicos de interesse e os novos desafios da comunicação na era online.

A escolha do objeto de estudo se deu principalmente pela novidade. A

internet trouxe novos desafios, e novas oportunidades para o profissional de

comunicação, em especial para o relações públicas, uma vez que este aborda o

relacionamento, e o relacionamento mudou muito. Podemos falar com pessoas de

diferentes lugares a qualquer hora, comprar o que quisermos sem sair de casa, e,

frente a concorrência ganha a organização que tiver as melhores estratégias

comunicacionais e de relacionamento, que entender e se adaptar melhor a esta

nova era digital.

O relações públicas como mediador de relacionamentos assume um

importante papel junto aos públicos de interesse, desde seus primórdios o

profissional foi reconhecido por trazer uma comunicação eficaz para as

organizações com seus públicos. Como afirma Grunig, Ferrari e França (2011)

todas as organi aç es precisam manter relaç es com sua “fam lia de

colaboradores”, bem como com os públicos que elas envolvem e são eles quem

ajudam a determinar até mesmo as missões e objetivos destas organizações.

Atualmente, diante deste mundo globalizado, envolver e aproximar os públicos são

desafios cada vez maiores para as marcas, percebe-se a busca constante por

reputação, visibilidade, e ainda diferenciais. Neste sentido que se insere a presente

pesquisa, que pretende abordar o relações públicas como um facilitador de

relacionamento entre os digitais influencers e as marcas, com o objetivo de estreitar

laços e buscar aproximação com os públicos.

Devido a forma como o estudo será traçado, a pesquisa será de abordagem

qualitativa e de cunho exploratório. Serão utilizados, para nortear o trabalho os

métodos científicos de estudo de caso, entrevista e diário de campo.

122

O primeiro capítulo aborda o papel do relações públicas na atualidade, bem

como uma nova perspectiva para este profissional. Apresenta uma abordagem do

profissional inserido e trabalhando com as plataformas digitais, bem como os novos

desafios dessa área. Além disso, traz os conceitos e apontamentos de web 2.0 e do

relações públicas 2.0, e ainda do papel do profissional como um facilitador de

relacionamentos.

Em um segundo momento será abordado o surgimento dos digitais

influencers, e o impacto dos mesmos na construção de relacionamentos entre as

marcas e seus públicos. Será disposto um breve apontamento sobre os conceitos de

marcas e públicos, bem como a ascensão da internet e redes sociais e a importância

da reputação e visibilidade das marcas no mercado online.

123

2 TEMA

O tema deste trabalho envolve a área de relações públicas e os

influenciadores digitais. A relevância do assunto se dá na medida em que se

percebe cada vez mais o incremento das plataformas digitais no dia a dia das

pessoas. A internet sem dúvida mudou a forma de comunicar, facilitando o contato e

a aproximação entre as pessoas. No âmbito organizacional percebe-se a mudança e

o desafio de se adaptar a ela, surgindo assim novas estratégias de comunicação, de

aproximação junto aos públicos de interesse e ainda de fortalecimento da marca no

mercado.

Além disso, o trabalho busca analisar o papel do relações públicas na

atualidade como um facilitador de relacionamentos entre os influenciadores digitais e

as marcas, um desafio que busca contribuir para a promoção de uma comunicação

mais efetiva junto a seu público alvo.

Traz ainda uma reflexão sobre a adaptação do relações públicas às novas

plataformas comunicacionais, aqui delimitadas pela rede, que através das mídias

digitais agrega novos espaços de atuação a este profissional.

2.1 DELIMITAÇÃO DO TEMA

O relações públicas como um facilitador de relacionamento entre os digitais

influencers e as marcas.

124

3 JUSTIFICATIVA

Não há dúvidas de que a internet é um dos meios de comunicação mais

utilizados no mundo inteiro. Junto a ela ascenderam as mídias digitais, conectando e

interligando milhares de pessoas no mundo todo. Saber lidar com a internet e com a

inovação é primordial para as empresas, afinal as plataformas digitais estão cada

vez mais presentes no dia a dia de todos nós.

Ao escolher o tema, pensei em algo que fosse novo e relevante para a

comunicação, especialmente para a área de relações públicas. As formas de se

comunicar mudaram muito depois da internet, e o desafio hoje está no entendimento

desta mudança e na adaptação ao novo mercado. Neste novo contexto, as

organizações passam a contar com novas possibilidades na busca de uma

comunicação mais próxima e efetiva junto ao seu público. Assim, surgem os digitais

influencers, que como o próprio nome diz, são pessoas que influenciam outras

pessoas na internet. Eles estão no topo da lista das grandes marcas e empresas

quando procuram veículos para divulgar os seus produtos, por isso também são

identificados como formadores de opinião.

Pesquisando sobre o assunto, percebi o quanto as marcas vêm apostando

nesta estratégia para aumentar sua visibilidade, reputação e vendas e, buscando se

estabilizar no mercado, o que chama a atenção, uma vez que é uma forma nova de

uma marca se aproximar de seu público alvo.

Como mediador de relacionamentos, o relações públicas exerce um

importante papel na aproximação junto aos públicos. A atividade deste profissional

visa a interação e a comunicação eficaz entre as marcas e seus públicos. É neste

sentido que se insere esta pesquisa, que busca compreender como o relações

públicas pode contribuir com este processo, sendo percebido como um facilitador no

desenvolvimento de relações mais efetivas entre as marcas e os digitais influencers.

O tema escolhido trata de uma nova área para o profissional de

comunicação, que enfatiza o desafio de aproximar o digital influencer das marcas,

fortalecendo laços e estreitando relacionamentos junto aos públicos de interesse.

Entende-se a relevância acadêmica da pesquisa na medida em que

apresenta um novo olhar para a atividade de relações públicas, buscando inserir

novas estratégias junto a um público mais recente, os digitais influencers.

Diversas organizações têm acreditado e apostado nos influenciadores

125

digitais, visto que o investimento traz resultados rápidos e eficazes. Apesar disso,

algumas delas ainda encontram dificuldades na construção de relacionamento com

estes formadores de opinião, dai a importância de se compreender o papel do

relações públicas como intermediador deste processo.

126

4 QUESTÃO NORTEADORA

Que importância assume o relações públicas em uma estratégia de

relacionamento entre as marcas e os digitais influencers?

Pretendo responder a esta pergunta explorando também alguns outros

tópicos, tais como: Qual o impacto dos influenciadores digitais na imagem e

reputação de uma marca? Quais os principais desafios para o profissional de

relações públicas enquanto intermediador dos processos de relacionamento entre as

marcas e os formadores de opinião online? E, por fim qual a melhor forma de lidar

com eles?

127

5 OBJETIVOS

5.1 OBJETIVO GERAL

Compreender o desafio da atividade de relações públicas na intermediação

de relacionamentos entre os digitais influencers e as marcas.

5.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

a) entender em que contexto surgiram os influenciadores de opinião e como

eles facilitam a comunicação na rede;

b) compreender de que forma o digital influencer pode contribuir para o

fortalecimento da marca junto a seus -públicos de interesse;

c) avaliar como acontece o relacionamento entre as marcas e os digitais

influencers;

d) entender o papel do profissional de relações públicas como facilitador do

relacionamento entre as marcas e os influenciadores digitais;

e) verificar como as ações do digital influencer podem contribuir com a

imagem e reputação da marca.

128

6 METODOLOGIA

Após a definição do tema, do problema e delimitação dos objetivos traçados

para o presente trabalho, percebe-se a necessidade da escolha de um método para

se trabalhar. Segundo Markoni e Lakatos, método refere-se ao “[…] conjunto das

atividades sistemáticas e racionais que, com maior segurança e econômia, permite

alcaçar o objetivo – conhecimentos válidos e verdadeiros – traçando o caminho a ser

seguido […]”. e forma geral, é poss vel compreender método como um guia que

serve para nortear a pesquisa e conduzir para o alcance dos resultados.

Devido a forma como este estudo será traçado, define-se a pesquisa como

qualitativa, de cunho exploratório. Como metodologia a ser utilizada, apresenta-se o

estudo de caso, as entrevistas e o diário de campo. Espera-se, a partir dos métodos

científicos propostos, obter respostas para a questão que norteia o estudo e o

alcance dos objetivos anteriormente indicados.

A escolha pelo estudo de caso se dá especialmente por se tratar de uma

metodologia utilizada usualmente em abordagens qualitativas. Marconi e Lakatos

(2011) enfatizam que o estudo de caso auxilia na obtenção de dados com

profundidade de um caso ou grupo humano. “No studo de aso qualitativo não há

um esquema estrutural aprioristicamente; assim, não se organiza um esquema de

problemas, hipóteses e variáveis com antecipação”. (M R ONI, L K TOS p. 276).

Percebe-se, através da visão dos autores, que o estudo de caso serve

principalmente para descrever uma determinada situação, um fato na sua forma

mais complexa e detalhada.

Nesta mesma linha teórica, Yin (2001) destaca que o estudo de caso ajuda a

compreender fenômenos sociais complexos. Para o autor

O estudo de caso permite uma investigação para se preservar as características holísticas e significativas dos eventos da vida real – tais como ciclos de vida individuais, processos organizacionais e administrativos, mudanças ocorridas em regiões urbanas, relações internacionais e a maturação de alguns setores (YIN, 2001, p.21).

Percebe-se ainda a necessidade do estudo de caso na presente pesquisa

pelas considerações de Yin (2001), quando afirma que o método oportuniza uma

investigação empírica que estuda fatos contemporâneos dentro de seu contexto de

vida real, mesmo que os limites entre esse fato e o contexto não estejam

129

completamente definidos. O método aqui citado fala de uma situação única mas que

apresentará muitas variáveis, e beneficia-se do desenvolvimento prévio de algumas

teorias para conduzir a coleta e análise de dados.

Alguns passos são fundamentais para que o estudo de caso seja um método

eficaz. Yin (2001) ressalta a importância da criação deste instrumento para assim

tornar a pesquisa mais confiável. De acordo com o autor, o protocolo precisa ter uma

visão geral do projeto do estudo de caso, procedimentos de campo, questões do

estudo e um guia para o relatório deste estudo de caso. Depois dessa abordagem, é

necessário coletar as evidências, ou seja, mais de uma fonte que evidenciem o dado

coletado, um banco de dados para o estudo e, ainda, um encadeamento destas

evidências, assim é possível garantir qualidade a pesquisa realizada.

Yin (2001) destaca que após a coleta de evidências, o pesquisador precisa

analisar as evidências encontradas, isso significa que é preciso examinar, classificar,

e rever as evidências, tendo em vista as suposições iniciais do estudo. O

pesquisador precisa começar seu trabalho com uma técnica analítica geral, ou seja,

deve estabelecer previamente quais os dados a serem analisados primeiro e ter

claros os motivos desta escolha.

O autor (2011) explica que existem quatro técnicas analíticas dominantes,

que geralmente são seguidas nos estudos de caso: adequação ao padrão,

construção da explanação, análise de séries temporais e modelos lógicos de

programa. Por fim, segundo o autor, é necessário ainda compor o relatório do estudo

de caso, que apresenta as etapas que devem obrigatoriamente serem seguidas:

identificação do público almejado, desenvolver uma estrutura de composição e

aderir a determinados procedimentos. A construção do relatório não precisa ser

obrigatoriamente escrita. (YIN, 2011).

Para este estudo também será fundamental o da entrevista, visto que é um

dos instrumentos mais comuns para a coleta de dados. Markoni e Lakatos (2011)

afirmam que o objetivo das entrevistas é a obtenção de informações importantes,

elas auxiliarão na compreensão das perspectivas e experiências das pessoas

entrevistadas. De acordo com os autores a entrevista se caracteriza como uma

conversação face a face, de maneira metodológica que explora temas complexos e

extrai informações de qualidade para os estudos. Por isso é fundamental que o

pesquisador fale a respeito do tema e da importância do método do trabalho para o

entrevistado.

130

A entrevista abordada no presente trabalho, segundo Markoni e Lakatos

(2011), caracteriza-se como aberta e flexível, onde as perguntas podem se

caracterizar como gerais, quando se baseiam em planejamentos maiores para

chegar ao tema proposto, para exemplificar, são as que se caracterizam por

aprofundar mais o tema, pedindo até mesmo exemplos para o entrevistado. Podem

ser também estruturais que se baseiam em uma lista de itens, ou ainda de contraste

que se baseiam em semelhanças e diferenças sobre os supostos tópicos, pode ser

elencada em categorias.

Riberio (2008) também enfatiza a entrevista como método científico por

trazer especificidades que outros métodos não possuem. Para o autor

A entrevista é a técnica mais pertinente quando o pesquisador quer obter informações a respeito do seu objeto, que permitam conhecer sobre atitudes, sentimentos e valores subjacentes ao comportamento, o que significa que se pode ir além das descrições das ações, incorporando novas fontes para a interpretação dos resultados pelos próprios entrevistadores (RIBEIRO, 2008).

Para o autor (2008) a entrevista apresenta aspectos relevantes quanto a

complexidade, uma vez que ela depende de fatores internos e externos, da

interpretação do entrevistador e até mesmo da forma como o entrevistado se

“desnuda” Ribeiro explica ainda que a validação da entrevista depende da inter-

relação de cordialidade presente entre entrevistado e entrevistador, bem como da

necessidade de estabelecer limites nas perguntas, visto que muitas vezes as

perguntas geram respostas com certo grau de subjetividade.

Nesta pesquisa a entrevista será um instrumento cientifico de extrema

importância, visto que através dela será possível coletar dados fundamentais sobre

impressões pessoais e de experiências das pessoas que trabalham com a temática

principal do presente estudo.

Para complementar a presente pesquisa será utilizando também o método

de diário de campo. Entende-se o mesmo como indispensável para este trabalho, já

que permite ao pesquisado acompanhar de perto vivências e experiências,

possibilitando impressões e conclusões extraídas durante o processo de

descobrimento da problemática em questão. De acordo com Weber (2009), o diário

de campo é um instrumento em que o pesquisador se dedica a produzir ao longo do

tempo em que desenvolve a pesquisa, é considerado uma investigação singular .

131

Brazão (2007) também caracteriza o diário de campo como um instrumento

específico e utilizado em pesquisas empíricas. Para o autor é considerado

sobretudo, um caderno de anotações de campo com observações e informações do

papel do investigador. O autor enfatiza ainda que

No “diário de campo”, as anotaç es do pesquisador etnógrafo são feitas dia a dia, implicando uma observação participante junto dos membros da comunidade, procurando relatar em pormenor aquilo que Malinowski chama “complexo cultural”, ou “todo integral”- o sistema funcional, cultural e político. O registro destes dados e outros, obtidos por outras técnicas de trabalho de campo, permite a posterior teorização científica e análise antropológica da comparação dessas pequenas culturas com as sociedades ocidentais (BRAZÃO, 2007).

Ainda pela ótica do autor (2007), o diário de campo pode ser entendido

como uma prática de abordagem qualitativa que envolve uma certa subjetividade.

Ele destaca que o pesquisador precisa adotar uma perspectiva interpretativa,

desenvolvendo uma imagem pessoal nos relatos ao longo do tempo. A utilização do

diário de campo enquanto unidade de pesquisa, é feita ao longo do estudo, com as

diversas fontes, e permite atingir sentido quando se consegue com o tempo criar

relações com o problema de pesquisa, ou seja proporciona uma reflexão sobre a

problemática em questão.

Percebe-se a necessidade da utilização do diário de campo nesta pesquisa,

para que ao longo desta trajetória seja possível relatar passo a passo as

observações do pesquisador, suas experiências, impressões e até mesmo

conclusões que obteve ao falar com as pessoas interligadas à problemática em

questão, bem como analisar da melhor forma os dados coletados e até mesmo criar

conclusões junto aos outros métodos científicos utilizados.

132

7 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

7.1 UMA NOVA PERSPECTIVA PARA O PROFISSIONAL DE COMUNICAÇÃO: O

RELAÇÕES PÚBLICAS NA INTERNET

7.2 O PAPEL DO PROFISSIONAL DE RELAÇÕES PÚBLICAS

Conceituar relações públicas não é uma tarefa simples, afinal tanto a

profissão quanto o profissional sugerem diversas definições. Apesar de sua longa

trajetória, esta importante área da Comunicação possui inúmeras definições, dadas

tanto pelas associações profissionais quanto por pesquisadores.

Embora o termo relações públicas carregue diversos significados, não há

dúvidas de que desde seus primórdios, tanto a profissão quanto o profissional, foram

reconhecidos pela arte de cuidar dos relacionamentos. Furtado (2015) afirma que as

relações públicas nasceram juntamente com a humanidade, já que ao surgirem as

cidades, a política e o comércio, houve a necessidade de relacionamento. A autora

reitera a ideia de que a principal função do profissional se baseia em traçar

estratégias para se relacionar com diferentes públicos. “O termo é empregado para

denominar tanto as relações que existem entre as empresas e seus públicos quanto

os fatores que venham a influenciar essa relaç es˜ (FURT O, 2015, p. 13).

Nesta mesma linha teórica, Kunsch (2003) traz a visão do relações públicas

com foco nas estratégias que envolvem a proposição e a administração dos

relacionamentos e o gerenciamento de conflitos. A autora afirma ainda que

“essencialmente o grande desafio para a área é conseguir gerenciar a comunicação

entre as duas partes, mormente na complexidade da sociedade contemporânea”.

(KUNSCH, 2003, p. 90).

Grunig et al. (2011) reiteram que a reciprocidade é lei no relacionamento, já

que os mesmos são constituídos a partir das relações sociais entre indivíduos e/ou

organizações. Mas enfatizam que a relação só atinge legitimidade e importância ao

falar de públicos, afinal, são eles que se relacionam e influenciam de alguma forma

as organizações.

Visto a necessidade e o zelo que as organizações precisam ter nos

processos relacionais, Kunsh (2003) aborda a importância do relações públicas

como uma função mediadora. Para a autora, uma organização só terá êxito na sua

133

comunicação se utilizar estratégias comunicacionais e diferentes meios, dirigidos de

forma específica para cada público. Isto porque, a comunicação precisa de

reciprocidade, de diálogo, mais do que isso, as organizações precisam construir

ideias junto a seus públicos de interesse.

Percebe-se, assim, a importância da função de gerenciamento dos

relacionamentos para o profissional de relações públicas, abordada por diversos

autores e enfatizada por Kunsh (2003), ao afirmar que as organizações precisam de

uma comunicação eficaz, com investimento em canais de comunicação que sejam

do interesse dos públicos a ela vinculados. E, ao falar de relacionamento, não há

como deixar de citar o objeto principal do presente estudo, os públicos.

ndrade (2001, p. 171) cita que: “Relaç es Públicas são um método

dinâmico resultante da aplicação sistemática de ciências e técnicas em direção a um

determinado efeito, ou seja, a formação do público e, consequentemente, da opinião

pública como realidade”.

Grunig et al. (2011), também reforçam a importância do papel do relações

públicas dentro das organizações, considerando a atividade essencial para manter

relações fundamentais no mercado, seja com os públicos de interesse, com os

colaboradores ou com o governo.

No ambiente organizacional o relações públicas assume funções essenciais

para o permanecimento das organizações no mercado. Para Grunig et al. (2011),

uma estratégia importante neste sentido está associada a comunicação eficaz da

empresa com seus públicos de interesse, uma vez que eles ajudam a fortalecer e

consolidar a boa imagem organizacional. Fica claro que o relações públicas ajuda a

redefinir melhor esses objetivos prezando pelo bem comum entre organização e

públicos. Os autores falam ainda que “[...] a comunicação e a colaboração geram

benefícios para uma organização ao permitir a venda de seus produtos e serviços a

clientes satisfeitos, garantir investimentos ou expandir seu âmbito de atuação”.

(GRUNIG et al., 2011, p. 33).

Mestieri (2004) enfatiza a importância do profissional de relações públicas

na atualidade, conceituando a profissão dentro do ambiente organizacional,

abordando a importância da harmonização do relacionamento humano e prevendo

desentendimentos e crises. Para o autor,

Relações Públicas são a profissão que se firma a cada dia entre empresas

134

e entidade públicas e privadas que entendem que a administração atualizada não se baseia somente nas quatro colunas tradicionais: financeira, recursos humanos, produção e vendas, mas também no respeito à opinião pública. Opinião pública que deve ser entendida como a soma da opinião de cada um dos segmentos da população. (MESTIERI, 2004, p. 139).

Percebe-se, assim, a importância e a complexidade da opinião pública, e a

necessidade da função do profissional de relações públicas em harmonizar

relacionamentos. Todavia, Lattimore et al. (2012), embora também acreditem na

diversidade e dinamização da função do profissional de relações públicas, destacam

a função do relacionamento com os diversos públicos e a capacidade de persuasão

e influência que o profissional detém. Destacam sobretudo que

O trabalho de relações públicas está muito relacionado ao desenvolvimento de relações eficazes entre organizações e grupos que são importantes a elas, incluindo a mídia, os clientes, funcionários, investidores , líderes e membros da comunidade, grupos ativistas e órgãos do governo. Essas relações devem beneficiar ambas as partes. (LATTIMORE et al., 2012, p. 23).

Apesar de existirem diversas incumbências para o profissional de relações

públicas, Kunsh (2003) atribui três principais papéis: Identificar os públicos e suas

características de acordo com a demanda e ambiente organizacional, supervisionar

e coordenar programas de comunicação com públicos e, por fim, gerenciar e prever

crises. Carvalho (2007) também reforça a ideia do relações públicas atuando no

gerenciamento do relacionamento entre organização e seus diferentes públicos.

Tra a ideia de que “a atividade de Relações Públicas surgiu para promover a

integração das organizações com a sociedade e a humanização das relações entre

empregadores e empregados [...]”. ( RV LHO, 2007, p. 68).

Entende-se, assim, a diversidade de funções do profissional e o foco no

relacionamento, seja no âmbito institucional, social ou organizacional. Conforme

Andrade (2001, p.172),

As Relações Públicas, em seu objetivo primordial da formação de Públicos nas organizações públicas ou privadas, têm em mira conhecer e analisar as mudanças sociais existentes ou em potencial, para que de modo ordenado e permanente se criem condições para o diálogo, que irá orientar a ação conjugada, tenho em vista o equilíbrio entre interesse público e o interesse privado, ambos legítimos, mas que devem reinar na sociedade, em desejável harmonia (ANDRADE, 2001, p.172).

135

Cabrero (2001) analisa o papel das relações públicas dentro de uma

organização através de alguns objetivos, tais como: observar tendências, estar junto

a direção para aconselhar e propor ações que interessem e beneficiem tanto a

instituição como seus públicos. O autor enfatiza ainda a importância da imagem que

a organização possui, que deve estar sempre adequada à qualidade e ao conteúdo

empresarial.

Ainda neste contexto, Lattimore et al. (2012) também reforçam a ideia de

que o relações públicas precisa estar sempre próximo à gestão, perto da alta

administração, para assim poder aconselhá-los da melhor forma possível e ainda

fazer com que o processo de comunicação atinja êxito e consiga induzir os

resultados comportamentais desejados. Andrade (2001, p. 165) concorda com a

ideia do relaç es públicas ligados à direção, e complementa “[...] o melhor trabalho

de Relações Públicas é feito quando o profissional RR.PP tem acesso à alta

administração e quando ele está plenamente consciente da política da empresa e de

seus objetivos, o que lhe dá condiç es para agir a tempo e hora”.

Ao falar do papel e função do relações públicas, percebemos a necessidade

de conceituar os públicos. Andrade (2001) caracteriza público através da discussão,

debates que vem a gerar uma decisão, ou opinião de ambas as partes envolvidas.

Para o autor, é função das empresas dar todo o suporte para o bom debate do

público, “[...] é de responsabilidade direta e imediata do Relações Públicas, na

aplicação das duas liberdades fundamentais do homem no império da opinião

pública: liberdade de informação e liberdade de discussão” ( N R , 2001 p.

15).

Os públicos são de grande importância para o profissional de relações

públicas, uma vez que este visa estabelecer relacionamentos benéficos entre

organizações e públicos, gerenciando estes. Neste contexto, o autor ressalva que

[...] relações públicas são uma atividade cujo objetivo primordial é consolidar

a marca da empresa, promover seu conceito corporativo e estabelecer

relacionamentos planejados estrategicamente com os públicos, essa

atividade se torna mais compreensível e recebe um foco diferente daquele

que lhe é conferido pelas inúmeras definições descritivas que apenas

indicam suas funções e propriedades. Nesse contexto poderá ser definida

por meio de um conceito preciso de relacionamentos com relacionamentos

com públicos específicos para atingir seus objetivos institucionais e

mercadológicos (FRANÇA, 2004, p. 30).

136

França (2004) ressalva ainda os desafios de explicar como estabelecer

relacionamentos estratégicos através do conhecimento dos públicos de interesse

das organizações, determinando os tipos, objetivos e as expectativas deste

relacionamento. Nesta mesma linha teórica, Vergili (2014) também destaca a

função do relações públicas dentro da visão estratégica de públicos, enfatiza que a

identificação e a priorização dos públicos para obter melhores relacionamentos são

funções do profissional de relações públicas.

O autor (2014) destaca, sobretudo, que os profissionais de relações

públicas, dentro organizações, têm como propósito promover informações

verdadeiras e buscar manter o diálogo com os públicos de interesse, para assim

estabelecer relacionamentos contínuos das empresas com os mesmos. Além de

deixar a empresa com boa reputação essas ações podem trazer resultados

financeiros benéficos. Para o autor:

[...] a sinergia entre colaboradores de uma empresa e seus públicos de interesse é fundamental, já que são estes que, muitas vezes, definem estratégias realizadas pelas organizações e sofre o impacto de suas ações. E é exatamente nesse ponto que o relações-públicas ganha importância, uma vez que tem o papel de estreitar relacionamentos e aumentar a credibilidade entre as partes envolvidas, equilibrando os interesses. (VERGILE, 2014, p. 56)

Fica claro assim a função do relações públicas como mediador de

relacionamentos entre os públicos e as organizações, e a busca constante por

relações benéficas para ambas as partes. Neste contexto, França (2004) reforça a

função do profissional através da programação eficaz da organização frente a seus

públicos. É essência do relações saber se relacionar bem, com conhecimento, com

seus públicos, que consiga obter vantagens institucionais e mercadológicas.

Percebe-se, assim, a necessidade de conhecer bem os públicos de interesse,

baseados em critérios seguros de relacionamento.

7.2.1 O relações públicas na contemporaneidade

Não há dúvidas de que a comunicação assumiu novas perspectivas com o

surgimento da internet, da mídia e da web. Grunig, Ferrari e França (2011),

acreditam que atualmente as pessoas começaram a perceber que elas conseguem

controlar a forma como utilizam a mídia, muito mais do que a mídia consegue

137

controlar o comportamento em geral do público.

Percebe-se uma ascensão das plataformas digitais na busca de informação

e o mercado da comunicação de massa com um pouco menos de credibilidade. Por

isso, conseguir formar uma imagem positiva no ambiente virtual pode exigir muitas

estratégias. Assim sendo, os relações públicas estão sendo cada vez mais

reconhecidos pela sua função gerencial. Lattimore et al. (2012), reforçam a função

gerencial do profissional ao enfatizarem a necessidade das organizações de

promover uma comunicação eficaz através da sua equipe de comunicação, e o

relações públicas de ter cada vez mais estratégias para lidar com o mercado online.

É fato que as relações públicas estão lidando com novos desafios depois da

ascensão da internet e da web. A forma de comunicar mudou, as notícias passaram

a ser instantâneas e de fácil acesso, com isso, tanto o mercado em geral como o

profissional de relações públicas precisaram se adaptar. Lattimore et al. (2012, p.

138) enfati am a ideia que: “a tecnologia tem influenciado o tipo de m dia com que

os profissionais devem trabalhar, exigindo que as organizações tenham um leque

mais amplo alternativas de ação oferecidas por suas equipes de relaç es públicas”.

Em meio as novas plataformas de comunicação, surgem disputas cada vez

mais acirradas de mercado, uma delas a atenção. Martinuzzo (2014), acredita que

vivemos um período em que existe muita informação e pouca atenção, sendo assim,

ela é cada ve mais disputada. firma ainda que “os gestores de comunicação t m

de estar conscientes dessa “economia da atenção”, considerando a alta demanda de

um “bem” limitado, para traçar estratégias eficientes com vistas a produzir conexão

ou sintonia entre as organi aç es e públicos chave”. (M RTINUZZO, 2014, p. 29). O

autor reforça ainda a importância das mídias customizadas, por conseguirem levar

conteúdo interessante ao público alvo. Nesta mesma linha teórica, Dreyer (2017)

reforça a preocupação que o profissional de relações públicas precisa ter para

conseguir a atenção de seus públicos. A autora reitera que o poder da comunicação

após o advento das mídias digitais, internet e web passou a ser compartilhado entre

as organizações e seus públicos. Devido a este cenário, cativar a atenção dos

públicos não é uma tarefa simples, a autora acredita que a interação é o fator chave

de sucesso para conquistar os públicos de interesse.

138

7.2.2 Relações públicas na gestão de relacionamentos no ambiente digital

Nessa nova era midiati ada, em que as informaç es acontecem em “rede” e

a todo instante, Grunig et al. (2011) destacam a inserção de todos os públicos no

ambiente online. Segundo os autores, os públicos são o objeto das redes de

relacionamentos corporativos de qualquer organização, e por isso devem ser foco de

estudo. Neste sentindo, percebe-se a necessidade e o desafio do relacionamento

eficaz com os públicos de interesse no ambiente digital. Tendo em vista a dificuldade

de bons relacionamentos na web, Torres (2009) destaca que ao planejar qualquer

ação online é preciso lembrar que são pessoas por trás das telas, por isso para ter

êxito, a comunicação precisa atingir a mente e o coração de cada consumidor, ser

mais humana de fato.

Com a ascensão da internet os públicos começaram a ganhar voz, ou seja,

a comunicação não está somente restrita aos grandes grupos de mídia e sim nas

mãos do público em geral. Com isso, as organizações precisaram zelar ainda mais

pela sua imagem perante seus públicos e também conseguir fazer parte da sua

rotina, gerando conteúdos de acordo com seus interesses. Terra (2011) reforça a

necessidade de conhecer esse público, e fala ainda que existem casos em que as

organizações criam perfis nas redes sociais para entender o que acontece nesse

meio, e ainda para mostrar que fazem parte do dia a dia dos usuários, se mostrando

sempre presentes.

Na web, os conteúdos são gerados a todo instante, e os públicos ganham

voz e autonomia para agirem da forma que acharem mais eficaz. É neste contexto

que a autora aborda um novo conceito relacionado ao público online, o de usuário-

mídia.

Estamos na era da midiatização dos indivíduos, da possibilidade de usarmos mídias digitais como instrumentos de divulgação, exposição e expressão pessoais; daí o termo usuário-mídia. Cada um de nós pode ser um canal dessa mídia: um produtos, criador, compositor, montador, apresentador, remixador ou apenas um difusor dos próprios conteúdos. (TERRA, 2011, p. 67)

O usuário-mídia é um termo surgido na era digital, que assume grande

importância para as organizações. Segundo Terra (2011) o usuário-mídia é alguém

que usa muito a internet e as mídias digitais, que consome conteúdo, dissemina

139

informações e, algumas vezes, participa com comentários na web e produz

conteúdo. É o usuário que busca mais do que a comunicação tradicional para se

informar, analisa opiniões de diferentes pessoas em diversos meios online e tem

expectativas sobre este meio, além disso, tem o poder de influenciar outras pessoas

na internet. Para a autora o usuário-mídia interferir na comunicação e nas

estratégias das organizações.

A autora (2011) ressalta que muitas vezes o conteúdo da internet não é de

fontes confiáveis, mas que mesmo assim as organizações precisam estar presentes

para atender e interagir com o público. Para ela, vivenciamos uma era em que o

usuário tem controle para produzir o conteúdo que quiser, com isso as organizações

acabam por perder o controle total da informação, dividindo-a com outros

internautas.

Em meio a esta necessidade das organizações de utilizarem a internet e a

web de forma eficaz, Vergile (2014) ressalva algumas funções do relações públicas

depois do incremento das plataformas digitais. O autor acredita que o profissional de

relações públicas deve, sobretudo, ajudar a elaborar os conteúdos publicados nas

redes sociais, criar estratégias para estimular a participação do usuário e, ainda,

buscar formas de mensurar os resultados obtidos na web. O profissional precisa

ainda avaliar e destacar as necessidades de cada departamento da empresa e

assessorar e identificar o grau de importância e engajamento das informações antes

de divulga-las, além de cuidar do relacionamento, do mapeamento e priorização de

públicos. O autor afirma ainda que: “[...] é preciso ressaltar que mesmo para atuar

como ordenador das ações nas redes sociais é preciso que o relações-públicas

adquira conhecimento para dialogar com eficiência com diferentes profissionais e

públicos”. (V RGILI , 2014, p. 116).

O autor também destaca a busca constante da comunicação integrada por

parte das organizações, e conclui que as empresas precisam participar tanto do

ambiente digital como dos eventos mais tradicionais. Cita ainda que

Ambos são complementares, sendo preciso ainda procurar a interação com as pessoas combinando o modo de criação da identidade adequado com estratégias de relacionamento institucional direto. O profissional de relações públicas, nessas circunstâncias, contribuiria com a disponibilização de serviços mais adequados para a interação entre empresas e stakeholders. (VERGILE, 2014, p. 111)

140

O ambiente digital, a tecnologia e a web são um caminho cada vez mais

usado pelas pessoas. Dreyer (2017) afirma que além de estarem sendo cada vez

mais utilizados, existe a tendência de que existam cada vez mais novas plataformas

de relacionamento. A autora contempla ainda que a internet surgiu em 1969, e se

difundiu rapidamente. A primeira rede de computadores se chamou Arpanet, depois

de um tempo com o avanço de pesquisas a rede passou a se chamar Arpa-Internet,

e logo depois apenas internet. Com o avanço da internet, surgiu a World Wide Web

(www), que permitiu que muitas pessoas pudessem ter acesso a essa tecnologia. A

partir de 1990 a internet teve sua privatização, tornou-se popular, conectando

diversas pessoas. Nos anos 2000 ocorreu a explosão da comunicação sem fio, que

foi um grade marco para a história da comunicação.

Lattimore et al. (2012), acreditam que o surgimento da internet e das novas

mídias sociais, mudou a forma de consumo de informações. Hoje, as pessoas estão

noticias e fatos das organizações em rede, ao invés das empresas imporem essas

informações. A internet, segundo os autores, é considerada um meio rico por

conseguir fazer com que muitas pessoas interajam, garantindo até mesmo

características de comunicação interpessoal. Fica claro então, que as mídias ricas60

conseguem transmitir mensagens tão específicas e pessoais que muitas vezes

transmitem a sensação de estar conversando presencialmente com alguém.

A mudança de cenário e de se fazer comunicação eficaz é uma tarefa cada

vez mais difícil, principalmente se considerarmos o auto grau de conhecimento dos

usuários e desses “novos consumidores”. om enfoque no ambiente online e na

forma das empresas monitorarem suas marcas, Torres (2009) reconhece os

“consumidores de informação” como um público de classes , B e , sendo que

todos acessam a internet pelo menos uma vez por semana. O autor destaca que

este público busca diversão, relacionamento e informação.

Ainda nesta linha teórica e visando entendimento para esse novo mercado,

trazemos uma importante fala de Torres (2009), que enfatiza ser de extrema

importância incluir a internet como parte do planejamento de marketing das

empresas. O autor explica que, independente da empresa estar de acordo ou não, a

internet é um meio aberto que influencia os negócios, uma vez que todos os públicos

têm voz para falar o que quiserem, por isso a necessidade de estar na internet,

60

Meio online que obtém qualidades interativas, características da comunicação interpessoal.

141

ouvindo os públicos e, ainda, planejar a comunicação e o marketing online. O autor

destaca a humani ação das pessoas por trás das telas di endo que “quando

falamos de marketing digital e internet, estamos falando sobre pessoas, suas

histórias e seus desejos. Estamos falando sobre relacionamentos e necessidades a

serem atendidas” (TORR S, 2009, p. 62).

Terra (2011) explica que a comunicação organizacional integrada envolve a

junção da comunicação institucional, da comunicação mercadológica e da

administrativa. Para a autora, é justamente no cenário digital que a comunicação

opera de forma estratégica e integrada. A autora explica que por romper com duas

barreiras clássicas à comunicação, o tempo e o espaço, a comunicação digital exige

muita cautela. “ comunicação digital e seus conteúdos, que ocorrem

exclusivamente no ambiente tecnológico e utilizam ferramentas colaborativas,

promovem trocas, interações e relações da sociedade dentro de um contexto social

existente, e, algumas ve es, determinantes.” (TERRA, 2011, p. 19). Dreyer (2017)

também reforça a importância da comunicação integrada, e afirma que a

comunicação integrada digital deve ser presente em todas as empresas. A autora

reforça que esta proposta também inclui características dos processos digitais, entre

elas, “...a facilidade no acesso à busca de dados e a aplicação às especificidades

dos preceitos da arquitetura da informação, da usabilidade, da hipermídia, e do

design, além do aumento das possibilidades de mensurar e avaliar o retorno da

comunicação”. ( R R, 2917, p.97).

Diversas são as especificidades da comunicação integrada digital, e ao

comparar as diferenças com a comunicação tradicional, percebemos fatores

presentes no modelo de Correa (2009), como: conteúdos específicos, preocupação

com os públicos estratégicos da empresa, propósitos e intenções das ações de

comunicação digital, o conteúdo personalizado das mensagens.

Percebe-se, assim, a necessidade das organizações de estarem presentes

no meio online, na web e nas redes sociais, e disporem da comunicação integrada

digital, com ações assertivas e conteúdos interessantes para seus públicos de

interesse.

142

8 ROTEIRO DOS CAPÍTULOS

1. INTRODUÇÃO

2. UMA NOVA PERSPECTIVA PARA O PROFISSIONAL DE COMUNICAÇÃO: O

RELAÇÕES PÚBLICAS NA INTERNET

2.1 O papel do profissional de relações públicas

2.2 Relações Públicas na contemporaneidade

2.3 Relações públicas na gestão dos relacionamentos no ambiente digital

3. O IMPACTO DOS INFLUENCIADORES DIGITAIS NA CONSTRUÇÃO DE

RELACIONAMENTOS ENTRE AS MARCAS E SEUS PÚBLICOS

3.1 A ascensão da internet e das mídias digitais

3.2 A importância das plataformas digitais para a imagem e reputação das

organizações

3.3 Digitais influencers

3.4 O Relacionamento nas mídias digitais como fator de sucesso

4. CASE - Melissa

4.1 Procedimentos Metodológicos

5. CONCLUSÃO

143

9 CRONOGRAMA

144

REFERÊNCIAS

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