3
ARTIGO ÁREAS INSTITUCIONAIS EM LOTEAMENTOS URBANOS Mariana Moreira Advogada Cepam abril de 2010 Em nosso trabalho cotidiano, temos observado que há muitas dúvidas dos órgãos municipais incumbidos da aprovação de projetos de loteamentos acerca das áreas institucionais destinadas à instalação de equipamentos públicos e comunitários que devam servir aos novos núcleos habitacionais implantados. Trata-se da exigência legal voltada ao loteador de entregar ao Município parte da gleba a ser parcelada para que sejam instalados equipamentos públicos e comunitários, como praças, área de lazer, áreas verdes e áreas institucionais para a construção de escolas, unidades de saúde, repartições públicas, dentre outras. Na redação anterior da Lei Federal nº 6.766/79, o volume total dessas áreas deveria somar, no mínimo, 35% calculado sobre a área total da gleba a ser parcelada. Cabe ao Município por meio de lei discriminar as finalidades, isto é, o Município deve definir por meio de lei o percentual que será utilizado para cada uma das finalidades. Dessa forma, encontramos nas leis locais a fixação de percentuais que somam os 35% distribuídos em percentuais menores e destinados a vias, praças e outros. Com a modificação da redação da mencionada Lei nº 6.766/79 por meio da Lei nº 9.785/99, o art. 4º, inciso I, passou a determinar que essas áreas, destinadas a sistemas de circulação, a implantação de equipamento urbano e comunitário e espaços livres de uso público, serão proporcionais à densidade de ocupação prevista pelo plano diretor ou aprovada por lei municipal para zona em que se situem. Além disso, a Lei nº 9.785/99 fez desaparecer a exigência de percentual mínimo de 35% da gleba, vez que modificou a redação do § 1º do art. 4º da Lei nº 6.766/79. Dessa forma, a atual lei geral de parcelamento do solo não exige mais a entrega de, no mínimo, 35% de área da gleba. Requer-se, atualmente, a entrega de

Areas Institucionais Em Loteamentos Urbanos

Embed Size (px)

DESCRIPTION

a

Citation preview

ARTIGO REAS INSTITUCIONAIS EM LOTEAMENTOS URBANOS Mariana Moreira Advogada Cepam abril de 2010 Em nosso trabalho cotidiano, temos observado que h muitas dvidas dos rgosmunicipaisincumbidosdaaprovaodeprojetosdeloteamentosacercadas reas institucionais destinadas instalao de equipamentos pblicos e comunitrios que devam servir aos novos ncleos habitacionais implantados. Trata-sedaexigncialegalvoltadaaoloteadordeentregaraoMunicpio partedaglebaaserparceladaparaquesejaminstaladosequipamentospblicose comunitrios,comopraas,readelazer,reasverdesereasinstitucionaisparaa construo de escolas, unidades de sade, reparties pblicas, dentre outras. NaredaoanteriordaLeiFederaln6.766/79,ovolumetotaldessas reasdeveriasomar,nomnimo,35%calculadosobreareatotaldaglebaaser parcelada.CabeaoMunicpiopormeiodeleidiscriminarasfinalidades,isto,o Municpiodevedefinirpor meiodeleiopercentualque serutilizadoparacada uma dasfinalidades.Dessaforma,encontramosnasleislocaisafixaodepercentuais que somam os 35% distribudos em percentuais menores e destinados a vias, praas e outros. Com a modificao da redao da mencionada Lei n 6.766/79 por meio da Lei n 9.785/99, o art. 4, inciso I, passou a determinar que essas reas, destinadas a sistemasdecirculao,aimplantaodeequipamentourbanoecomunitrioe espaos livres de uso pblico, sero proporcionais densidade de ocupao prevista pelo plano diretor ou aprovada por lei municipal para zona em que se situem. Almdisso,aLein9.785/99fezdesapareceraexignciadepercentual mnimode35%dagleba,vezquemodificouaredaodo1doart.4daLein 6.766/79. Dessaforma,aatualleigeraldeparcelamentodosolonoexigemaisa entregade,nomnimo,35%dereadagleba.Requer-se,atualmente,aentregade reasemnmerosuficienteparaatenderadensidadedeocupaoprevista,porlei, para a zona em que se situe o loteamento. Ocorre que muitas leis municipais de suplementao lei federal mantm a exigncia anterior de 35% ou mais de reas destinadas ao Municpio. Essas leis no foram revistas e condicionam os Municpios a uma norma legal que resulta, no raro, em aquisio obrigatria de reas destinadas a equipamentos que superam, em muito, as necessidades. Adefinioporleifederaldeumpercentualmnimoequeobrigava indistintamente a tudo e a todos, loteamentos e Municpios, era equivocada, pois no hloteamentosiguais,nemtampoucoMunicpios.Cadaumdeveserconsiderado como uma entidade nica, embora a lei precise fazer exigncias a todos. Andou bem o legisladorfederalquantoreformadaLein6.766/99nesseparticular,postoque passouaconsiderarasnecessidadeslocais,abandonandoasuperadaideiade padres nacionais. Vimos,entretanto,queapsareformadaleifederal,aleismunicipaisse mantiveram ntegras sem dispor sobre novas possibilidades. Sobre tal situao caberia indagar: o que deve prevalecer, a lei federal ou a lei local? Em nosso entender, cabe ao Municpio legislar de forma suplementar sobre amatria(parcelamentodosolourbano),servindoaleilocalparasuprireventuais lacunas da lei federal que permite ao ente municipal a edio de norma de adequao. Seassimfor,devemprevalecerasnormasdaleimunicipal,mesmoporquea aplicao da norma da lei federal depende da existncia de outra norma que de nvel municipal. Emresumo:sehouverleimunicipaldispondoqueopercentualdereas pblicas em loteamentos deve ser de 35%, isso deve ser exigido na conformidade da lei local. precisosalientar,todavia,queamodificaodaleilocaldeveserfeita, pois que os novos termos so muito mais adequados aos Municpios. Orientamos, por isso, aos Municpios inserir em suas leis de zoneamento ou de uso e ocupao do solo ou,ainda,naprprialeidoPlanoDiretor, quaisexignciasdereassero feitasaos loteadores em empreendimentos distribudos pelas zonas urbanas. Isto quer dizer: a lei de zoneamento (diviso da rea urbana em zonas de uso dos imveis e de ocupao dos terrenos) dever prever a necessidade de reas pblicasemempreendimentosfuturos,considerandoonmeroesperadode populaoresidenteeusuriaemcadaumadaszonas.Apenasparailustrar:sero exigidasreaspblicasporzonaenoporempreendimento,resultandoquepoder haverempreendimentoquenoestarobrigadoaentregarreasparaequipamento pblico, salvo, evidentemente, as ruas sem as quais no possvel a implantao de lotes. Outra questo consultada com certa frequncia referente possibilidade de ser antecipada a entrega de reas para equipamento. Explicamos. Osloteadores,antesmesmodeaprovarumprojetodeloteamentona Prefeitura,antecipama entregadereaspblicasexigidasparaolocal.Istosignifica que, no momento em que o loteador pretender aprovar um projeto, as reas pblicas j estariam entregues e incorporadas ao patrimnio do Municpio. Talmedidanoencontraqualquerfundamentojurdico,postoquetais reas so adquiridas pelo Municpio ex lege, isto , a aquisio ocorre por fora de lei edecorrentedoregistrodoparcelamentojuntoaocompetenteRegistrodeImveis. No se trata, pois, de doao de bens do loteador para o Municpio como ocorreria se fossepossvelaantecipao.Almdisso,asreaspblicasdeloteamentoso destinadasaatendernecessidadesdonovoncleohabitacionaldepossuir equipamentos comunitrios e pblicos instalados. Amedidaaindamaisdescabidaquandooloteadoroferecereas localizadas fora da gleba parcelada. Ora, tal medida no pode ser implementada pelas mesmasrazesacimaaduzidas,especialmenteemfunodoquedissemosa respeito da finalidade dessas reas para o novo loteamento. Emconcluso:asreaspblicaslocalizadasnosloteamentosurbanos devemser exigidasem quantidadeproporcionaldensidadeestimada paraoncleo habitacional,nopodendotalmedidaserantecipadapeloloteador,porquantoa necessidadedetaisreassomenteserconcretanomomentodaaprovaode projeto de loteamento.