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ARENZ, Karl e SILVA, Diogo. “Levar a luz de nossa santa fé aos sertões de muita gentilidade”: Fundação e consolidação da missão jesuítica na Amazônia Portuguesa (século XVII). Apresenta a atuação da ordem jesuítica na Amazonia portuguesa no século XVII através dos textos/registros dos três principais lideras da ordem: Luis Figueira, Antonio Vieira e Luís Felipe Bettendorf. A projeção por Luis Figueira: Projeção da ordem jesuítica na Amazônia por meio dos esforços do padre Luis Figueira que dotou a evangelização dos índios de um caráter institucional jurídico aprovado pela metrópole. Escreveu: Memorial sobre as terras e gentes do Maranhão Grão Pará Rio das Amazonas, levando a Coroa a confiar a evangelização dos indios à Companhia de Jesus. A expansão sob Antonio Vieira: Vieira considerava que as competências concedidas aos jesuítas pelo rei, em 1652, eram insuficientes para poderem agir em favor dos índios, dessa forma, dirigiu-se a D. João IV propondo: afastamento dos capitães de assuntos indigenistas, presença obrigatória de um religioso em todas as expedições para o “sertão”, introdução do cargo de procurador dos índios, trabalho e concentração dos índios em um aldeamento sob administração exclusiva dos padres da Companhia de Jesus, tais propostas foram fixadas em 6 de abril de 1654 e promulgadas num alvará régio em 9 de abril de 1655. A maior expansão dos aldeamentos jesuíticos aconteceu no superiorato de Vieira, entre 1653-1661, as aldeias constituíam antes de tudo um modo para regar a servidão indígena. Vieira escreveu o Modo como se há de governar o gentio que há nas Aldeias do Maranhão e Pará – Modo (complemento da lei de 1655) Regulamento das Visitas – Visita. Conjunto de recomendações que lidam com o tratamento a ser dado aos indígenas e sobre o fortalecimento e coesão entre os missionários dispersos pelo

ARENZ, Karl. SILVA, Diogo. Fundação e Consolidação Da Missão Jesuítica Na Amazônia Portuguesa

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ARENZ, Karl. SILVA, Diogo. Fundação e Consolidação Da Missão Jesuítica Na Amazônia Portuguesa

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ARENZ, Karl e SILVA, Diogo. Levar a luz de nossa santa f aos sertes de muita gentilidade: Fundao e consolidao da misso jesutica na Amaznia Portuguesa (sculo XVII).Apresenta a atuao da ordem jesutica na Amazonia portuguesa no sculo XVII atravs dos textos/registros dos trs principais lideras da ordem: Luis Figueira, Antonio Vieira e Lus Felipe Bettendorf.A projeo por Luis Figueira:Projeo da ordem jesutica na Amaznia por meio dos esforos do padre Luis Figueira que dotou a evangelizao dos ndios de um carter institucional jurdico aprovado pela metrpole. Escreveu: Memorial sobre as terras e gentes do Maranho Gro Par Rio das Amazonas, levando a Coroa a confiar a evangelizao dos indios Companhia de Jesus.A expanso sob Antonio Vieira:Vieira considerava que as competncias concedidas aos jesutas pelo rei, em 1652, eram insuficientes para poderem agir em favor dos ndios, dessa forma, dirigiu-se a D. Joo IV propondo: afastamento dos capites de assuntos indigenistas, presena obrigatria de um religioso em todas as expedies para o serto, introduo do cargo de procurador dos ndios, trabalho e concentrao dos ndios em um aldeamento sob administrao exclusiva dos padres da Companhia de Jesus, tais propostas foram fixadas em 6 de abril de 1654 e promulgadas num alvar rgio em 9 de abril de 1655.A maior expanso dos aldeamentos jesuticos aconteceu no superiorato de Vieira, entre 1653-1661, as aldeias constituam antes de tudo um modo para regar a servido indgena. Vieira escreveu o Modo como se h de governar o gentio que h nas Aldeias do Maranho e Par Modo (complemento da lei de 1655)Regulamento das Visitas Visita. Conjunto de recomendaes que lidam com o tratamento a ser dado aos indgenas e sobre o fortalecimento e coeso entre os missionrios dispersos pelo serto A misso do maranho se consolidou, no decorrer do sculo XVII, devido a uma constante readaptao da Visita de Vieira. A VISITA foi um regulamento pragmtico interno que reconciliou a disciplina religiosa dos missionrios com a administrao dos ndios aldeados. Consolidao sob Joo Felipe Bettendorff. A revolta de Beckman: os colonos viram o seu acesso mo de obra nativa restrito pela lei de 1680, pois havia menos reparties; os escravos estavam fora de seu alcance devido o alto preo e o intercambio com a metrpole foi sufocada em virtude do carter monopolista da companhia de comercio. Bettendorff foi expulso de So Lus, foi para Recife e de la para Lisboa para tratar com o rei sobre as querelas entre missionrios e colonos. Em 1686 foi promulgado o Regimento das Misses que conjugou, segundo Mathias Kiemen, em linguagem jurdico-tcnica, os objetivos da salvao das almas dos ndios com o regime de confinamento e trabalho obrigatrios. Constitui um modus vivendi vivel que contemplou os interesses de todas as partes envolvidas e concernidas. Luis Figueira foi o primeiro jesuta a apontar o grande potencial da regio amaznica para o apostolado missionrio, sobretudo por causa do grande contingente de povos indgenas. O seu Memorial sobre as terras e das gentes, escrito em 1637, o revela de forma clara e concisa. O padre tentou dar um enquadramento concreto ao seu plano por meio da fundao oficial da Misso em 1639. Contudo, sua morte trgica implicou uma longa interrupo das atividades inancianas. Antonio Vieira retomou o projeto e instaurou, a partir de 1653, a tutela exclusiva do Companhia de Jesus sobre os ndios. Este monoplio permitiu uma poltica expansionista. Em pouco tempo, a rede de aldeamentos se estendeu pelo vale Amaznia at mais de mil quilmetros rio acima. O Regulamento das Misses ou Visita, escrito por Vieira no fim dos anos de 1650, definiu, com base na dupla administrao, as reles entre missionrios e indios no interior dos aldeamentos. O texto serviu fundamentalmente para garantir a coeso dos poucos inancianos num ambiente me que a solido e a disperso tenderam a minar a motivao apostlica.A excluso dos colonos na redefinio das relaes tnico-sociais e econmicas, promovida por Vieira, est na origem do levante de 1661 que forou o famoso padre ao exlio e aboliu o monoplio da Companhia de Jesus sobre os indgenas. Joo Felipe Bettendorff tornou-se personagem central das quatro ultima dcadas do sculo XVII. Ele mesmo caracterizou este perodo de agonia, fazendo repetidamente, aluso aos graves problemas econmicos, incertezas jurdicas e dissenses internas entre os missionrios. Um segundo levante dos colnos em 1684 de fato, uma resposta s reformas scio-economicas impsotas pela metrpole -, fez relanar as negociaes acerca das relaes entre os principais agentes sociais da colnia. Bettendorff influenciou, de maneira decisiva, a formulao do Regimento das Misses, promulgado em 1686. Esta lei constitui basicamente um modus vivendi que parte de uma expressiva autonomia dos aldeamentos. Com efeito, uma argumentao de cunho tcnico-jurdico, adaptada a uma conjuntura modificada, substituiu o discurso anterior o de Vieira -, ainda caracterizado pelas ideias da filosofia e teologia neo-clssica. (p.70=71).