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ARGAMASSA INDUSTRIAL PARA A REABILITAÇÃO DE REBOCOS ANTIGOS Andreia Catarina Gameiro Rodrigues Dissertação para obtenção de Grau de Mestre em Construção e Reabilitação Orientadoras: Professora Doutora Inês dos Santos Flores Barbosa Colen Professora Doutora Maria Paulina Santos Forte de Faria Rodrigues Júri Presidente: Prof. Pedro Manuel Gameiro Henriques Orientador: Profª Maria Paulina Santos Forte de Faria Rodrigues Vogal: Prof. Vasco Nunes da Ponte Moreira Rato Julho 2016

ARGAMASSA INDUSTRIAL PARA A REABILITAÇÃO DE … · CL- Cal Aérea, produzida pela empresa Lusical, classificada como H100 Mk – Metacaulino Metacem produzido pela Micron. T- resíduos

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ARGAMASSA INDUSTRIAL PARA A REABILITAÇÃO DE REBOCOS

ANTIGOS

Andreia Catarina Gameiro Rodrigues

Dissertação para obtenção de Grau de Mestre em

Construção e Reabilitação

Orientadoras: Professora Doutora Inês dos Santos Flores Barbosa Colen

Professora Doutora Maria Paulina Santos Forte de Faria Rodrigues

Júri

Presidente: Prof. Pedro Manuel Gameiro Henriques

Orientador: Profª Maria Paulina Santos Forte de Faria Rodrigues

Vogal: Prof. Vasco Nunes da Ponte Moreira Rato

Julho 2016

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I

“A menos que modifiquemos a nossa maneira de pensar, não

seremos capazes de resolver os problemas causados pela forma

como nos acostumamos a ver o mundo”. (Albert Einstein)

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II

AGRADECIMENTOS

Ao finalizar mais esta etapa no meu percurso académico gostaria de começar por referir, que todo este

trabalho de investigação contou com valioso e imprescindível contributo de inúmeras pessoas. As minhas

palavras de profundo e sentido agradecimento são direcionadas a todas elas, que de alguma forma

contribuíram para a concretização desta dissertação.

Às Professoras Doutoras Inês Flores Colen e Paulina Faria pela total disponibilidade, orientação, auxílio e

partilha de conhecimentos, que foram demostrados durante todo o período em que decorreu a dissertação.

À Topeca, empresa onde trabalho, por toda a disponibilidade de recursos materiais e humanos, para a

realização de todo o trabalho experimental. Ao Sr. Francisco pela partilha de conhecimentos que foram

extremamente importantes para a execução e análise de todo o trabalho experimental.

Aos vários fornecedores de matérias - primas, que me cederam amavelmente amostras para a realização da

campanha experimental, nomeadamente a empresa Secil, pelo fornecimento de cal hidráulica natural NHL5 e

NHL3,5.

À minha família, em especial ao Paulo, à Francisca e ao bebé Guilherme pela paciência, carinho, compreensão

de todas as ausências e ajuda, decorrentes durante estes dois anos.

Aos meus pais, irmãos e amigas/amigos pela motivação constante.

Ao Padre Amador Carreira pela revisão deste documento.

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III

RESUMO

A última metade do século XX ficou marcada por uma enorme mudança no setor da construção. Surgiram

novos produtos e, aliados a estes, novas técnicas, novos sistemas construtivos e ritmos de trabalho mais

exigentes, nomeadamente prazos para execução das obras mais reduzidos, o que alterou por completo a forma

de construir. Em Portugal verificou-se uma mudança de mentalidades: tornou-se consensual a necessidade em

reabilitar o património edificado, que se degradara devido a décadas de abandono e à inexistência de

operações de manutenção e reabilitação.

A Indústria das argamassas tem demostrado alguma preocupação em desenvolver e apresentar soluções para a

reabilitação. Todavia é essencial continuar a aprofundar e sedimentar conhecimentos nesta área, mais

concretamente no estudo do comportamento de materiais sustentáveis, de forma a poder oferecer ao

mercado produtos adequados, compatíveis com os edifícios em questão e economicamente viáveis. Neste

sentido, este trabalho de investigação estudou várias formulações industriais baseadas em cal aérea e em cal

hidráulica natural (NHL5 ou NHL3.5), num traço volumétrico 1:3 e 1:4 (ligante: agregado). Partindo de

argamassas só de um desses ligantes (aéreo ou hidráulico), procedeu-se numa primeira fase a substituições

parciais da NHL por outro ligante (no caso a cal aérea cálcica CL), em teores de 25%, 50% e 75%, nas condições

de cura preconizadas na norma NP EN 998-1:2013 (IPQ,2013). Era expectável, nesta fase, que a cais hidráulicas

naturais permitissem que as argamassas adquirissem valores de resistências mecânicas mais elevados aos 28

dias, comparativamente às argamassas de cal aérea, de forma a adequar as características das argamassas aos

prazos atuais de obra. Porém, esta expetativa não foi verificada, o que levou ao desenvolvimento de uma

segunda série experimental, onde foram efetuadas substituições de NHL3,5 por MK e adicionado um

adjuvante, com o intuito de obter formulações que pudessem ser utilizadas como argamassas de cariz

industrial.

Todas as formulações foram caracterizadas em termos de resistências mecânicas a diferentes idades (28, 90 e

180 dias), aderência, massa volúmica, capilaridade, permeabilidade e resistência aos sais, tendo-se verificado

que, em termos de comportamento mecânico, todas apresentaram valores relativamente satisfatórios. O

mesmo se observa em termos de valores de aderência, comparativamente aos requisitos definidos na

bibliografia e na norma NP EN 998-1:2013 (IPQ,2013).

Relativamente ao seu comportamento face à água observa-se que todas as formulações apresentam baixos

valores de coeficiente de capilaridade e bons resultados de permeabilidade ao vapor de água, o que demostra

um bom desempenho, cumprindo plenamente os requisitos impostos. Considera-se, assim, que este tipo de

argamassas, a otimizar industrialmente, pode ser adequada para o tipo de aplicação em questão – argamassa

de reboco para substituição de revestimentos antigos com problemas correntes.

Palavras chave: Argamassa industrial; Cal Aérea; Cal Hidráulica Natural; Metacaulino; Reabilitação; Construção;

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IV

ABSTRACT

The second half of the 20th century was marked by a huge change in the building sector. New products

emerged and in alliance with these, new techniques, new construction processes, higher and more stringent

working paces, namely reduced deadlines in job executions, which completely altered the way of

construction(building). In Portugal, at the end of the 1980’s, a change in mentalities became noticeable, and

the necessity to restore the built heritage that had become degraded due to decades of abandonment and the

lack of maintenance and rehabilitation programmes.

The building mortar industry has demonstrated some concern in developing and presenting solutions for the

restoration of these buildings, however it is essential to continue increasing ones knowledge in this area, but

more concisely the study of the sustainable material’s behaviour and in this way being able to offer adequate

materials which are compatible and economically viable to the buildings in question. To that effect, this

investigative study studied many industrial formulas based on aerated lime and natural hydraulic lime (NHL 5

or NHL 3.5) volumetric calibre 1:3 and 1:4 (binder : aggregate). Originating from the mortars, only one of these

binders (lime or hydraulic), in the first phase, the NHL was partially substituted by another binder CL in

amounts of 25%, 50% and 75% under the recommended drying conditions in the standards NP EN 998-1:2013

(IPQ2013). It was expected that in this phase the natural hydraulic lime would allow the mortars to initially (in

the first 28 days) develop higher mechanical resistance levels in comparison to the aerated lime mortars, in

that way, adapting their characteristics to the actual job deadlines. However, this expectation was never

verified, which lead to a second series of experimentations, in which NHL 3.5 was substituted by MK and a

dispersible polymer powders, with the intent of obtaining products that could be used as mortars of an

industrial nature.

All the formulas were characterised in terms of their mechanical resistance (28, 90, 180 days) adherence,

density, capillarity, permeability and their salt resistance levels, having verified that their mechanical behaviour

was relatively satisfactory. The same can be observed in their adherence values, in comparison to the defined

requirements in the bibliography and standards NP EN 998-1:2013 (IPQ 2013).

In relation to the mortar’s behaviour towards water, it was observed that all the formulas showed a low

capillary coefficient and water vapour permeability, which demonstrates good performance, thereby fulfilling

all the necessary requirements. It is therefore assumed that these types of mortars if industrially optimised are

adequate for all types of applications – plaster mortars used to substitute old wall coverings.

Key terms: Industrial Mortars, Lime, Natural Hydraulic Lime, Metakaolin, Restoration, Construction

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V

SIMBOLOGIA

Materiais

S 30/40 – Areia de granulometria fina.

AS 32 – Areia de granulometria grossa

NHL3,5 – Cal hidráulica natural 3,5 produzida pela Secil Martingança.

NHL5 – Cal hidráulica natural 5 produzida pela Secil Martingança

CL- Cal Aérea, produzida pela empresa Lusical, classificada como H100

Mk – Metacaulino Metacem produzido pela Micron.

T- resíduos de tijolo cerâmico (T)

S- Sepiolite

V- Vermiculite

Tipos de Cura

H – Cura húmida, em ambiente controlado de humidade relativa 95% e temperatura 21ºC.

St – Cura de standard, em ambiente controlado de humidade relativa 65% e temperatura 20°C.

Ensaios e parâmetros

CC – Coeficiente de absorção de água por capilaridade

CS – Coeficiente de secagem

Esp – Consistência por espalhamento

DP – Desvio padrão

HR – Humidade relativa

IS – Índice de secagem

MVP – Massa volúmica produto endurecido

Edin – Módulo de elasticidade

Pab – Porosidade aberta

Rc – Resistência à compressão

Rt – Resistência à tração por flexão

RM – Resistências mecânicas

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VI

ÍNDICE

AGRADECIMENTOS ............................................................................................................................................. II

RESUMO............................................................................................................................................................. III

SIMBOLOGIA ....................................................................................................................................................... V

ÍNDICE ................................................................................................................................................................ VI

ÍNDICE DE FIGURAS ............................................................................................................................................ IX

ÍNDICE DE QUADROS ......................................................................................................................................... XII

1 . INTRODUÇÃO .............................................................................................................................................. 1

1.1 ENQUADRAMENTO E JUSTIFICAÇÃO DO TEMA ................................................................................................... 1

1.2 OBJETIVOS E METODOLOGIA ......................................................................................................................... 4

1.3 ORGANIZAÇÃO DO TEXTO ............................................................................................................................. 4

2 . ARGAMASSAS DE REBOCO DE EDIFÍCIOS ANTIGOS ...................................................................................... 7

2.1 CONSIDERAÇÕES GERAIS .............................................................................................................................. 7

2.2 SUPORTES EXISTENTES EM EDIFÍCIOS ANTIGOS .................................................................................................. 7

2.3 ARGAMASSAS ANTIGAS VERSUS ARGAMASSAS DE SUBSTITUIÇÃO .......................................................................... 8

2.4 DEFINIÇÃO DE ARGAMASSA INDUSTRIAL .......................................................................................................... 9

2.5 CONSTITUIÇÃO DE UMA ARGAMASSA ANTIGA OU DE REABILITAÇÃO....................................................................... 9

2.6 LIGANTES ................................................................................................................................................ 11

2.7 LIGANTES HIDRÁULICOS – CAIS COM PROPRIEDADES HIDRÁULICAS ...................................................................... 11

2.8 LIGANTES AÉREOS – CAL AÉREA ................................................................................................................... 12

2.9 AGREGADOS - AREIAS ................................................................................................................................ 14

2.10 ADIÇÕES ................................................................................................................................................. 16

2.10.1 Pozolanas .................................................................................................................................... 16

2.10.2 Metacaulino ................................................................................................................................ 17

2.10.3 Pigmentos ................................................................................................................................... 17

2.11 FIBRAS.................................................................................................................................................... 18

2.12 ADJUVANTES ........................................................................................................................................... 19

2.13 REQUISITOS PARA ARGAMASSAS DE REABILITAÇÃO DE EDIFÍCIOS ANTIGOS ............................................................ 21

2.14 TÉCNICAS DE APLICAÇÃO DE REBOCOS ANTIGOS .............................................................................................. 23

2.15 SÍNTESE DO CAPÍTULO ................................................................................................................................ 24

3 . ANÁLISE CRÍTICA AOS ESTUDOS REALIZADOS NO ÂMBITO DE ARGAMASSAS DE SUBSTITUIÇÃO

COMPATÍVEIS COM EDIFÍCIOS ANTIGOS. ....................................................................................................... 25

3.1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS ............................................................................................................................ 25

3.2 ENQUADRAMENTO ................................................................................................................................... 25

3.3 ARGAMASSAS DE CAL HIDRÁULICA NATURAL NHL 3,5 E EVENTUAIS ADIÇÕES POZOLÂNICAS ..................................... 26

3.4 ARGAMASSAS DE CAL HIDRÁULICA NATURAL NHL 5 E EVENTUAIS ADIÇÕES POZOLÂNICAS ........................................ 31

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VII

3.5 ARGAMASSAS DE CAL AÉREA. ...................................................................................................................... 36

3.5.1 Argamassas de cal aérea e metacaulino ......................................................................................... 36

3.5.2 Argamassas de cal aérea com resíduos........................................................................................... 41

3.5.3 Argamassas de cal (aérea e/ou hidráulica natural) com adjuvantes .............................................. 44

3.6 ARGAMASSAS DE CAL REFORÇADAS COM FIBRAS ............................................................................................. 44

3.7 SÍNTESE DO CAPÍTULO ................................................................................................................................ 45

4 . ANÁLISE DO MERCADO .............................................................................................................................. 47

4.1 CONSIDERAÇÕES GERAIS ............................................................................................................................ 47

4.2 ARGAMASSAS COMERCIALIZADAS PARA SUBSTITUIÇÃO DE REBOCOS DE EDIFÍCIOS ANTIGO ....................................... 47

4.3 SÍNTESE DO CAPÍTULO. ............................................................................................................................... 55

5 . CAMPANHA EXPERIMENTAL ...................................................................................................................... 57

5.1 CONSIDERAÇÕES GERAIS ............................................................................................................................ 57

5.2 CONSTITUINTES DA ARGAMASSA .................................................................................................................. 57

5.2.1 Cais hidráulicas naturais ................................................................................................................. 57

5.2.2 Cal aérea hidratada ......................................................................................................................... 58

5.2.3 Metacaulino .................................................................................................................................... 58

5.2.4 Agregados ....................................................................................................................................... 59

5.2.5 Adjuvantes ....................................................................................................................................... 59

5.3 CONSTITUIÇÃO DAS ARGAMASSAS (1ª E 2ª SÉRIE) ........................................................................................... 60

5.3.1 Primeira série .................................................................................................................................. 60

5.3.2 Segunda série .................................................................................................................................. 61

5.4 AMASSADURA E PREPARAÇÃO PROVETES ....................................................................................................... 61

5.5 CARACTERIZAÇÃO DA ARGAMASSA NO ESTADO FRESCO - AVALIAÇÃO DA CONSISTÊNCIA POR ESPALHAMENTO .............. 62

5.6 PREPARAÇÃO DOS PROVETES ....................................................................................................................... 63

5.6.1 Provetes prismáticos ....................................................................................................................... 63

5.6.2 Provetes em tijolo furado ................................................................................................................ 65

5.6.3 Provetes circulares .......................................................................................................................... 65

5.7 CONDIÇÕES DE CURA ................................................................................................................................. 66

5.7.1 Cura Standard – St ........................................................................................................................... 66

5.7.2 Cura Húmida- H ............................................................................................................................... 67

5.8 PLANEAMENTO E ORGANIZAÇÃO DOS ENSAIOS ................................................................................................ 67

5.9 ENSAIOS DE CARACTERIZAÇÃO DAS ARGAMASSAS NO ESTADO ENDURECIDO .......................................................... 68

5.9.1 Ensaio de resistências mecânicas (Rt e Rc) ...................................................................................... 68

5.9.2 Ensaio de absorção de água por capilaridade ................................................................................. 70

5.9.3 Ensaio de secagem .......................................................................................................................... 71

5.9.4 Ensaio de permeabilidade vapor água ............................................................................................ 73

5.9.5 Ensaio de massa volúmica do produto endurecido ......................................................................... 75

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VIII

5.9.6 Ensaio de aderência ........................................................................................................................ 76

5.9.7 Ensaio de resistência aos sulfatos ................................................................................................... 77

5.9.8 Síntese do capítulo .......................................................................................................................... 78

6 . EXPOSIÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS .................................................................................................. 79

6.1 CONSIDERAÇÕES GERAIS ............................................................................................................................ 79

6.2 RESULTADOS DA CARACTERIZAÇÃO DAS ARGAMASSAS NO ESTADO FRESCO ........................................................... 80

6.3 RESULTADOS DA CARACTERIZAÇÃO DAS ARGAMASSAS ENDURECIDAS ................................................................... 82

6.3.1 Massa volúmica ............................................................................................................................... 82

6.3.2 Resistências mecânicas ................................................................................................................... 84

6.3.2.1 Resistência à tração por flexão ................................................................................................................85

6.3.2.2 Resistência à compressão ........................................................................................................................86

6.3.3 Aderência ........................................................................................................................................ 94

6.3.4 Capilaridade .................................................................................................................................... 96

6.3.5 Permeabilidade ao vapor de água. ................................................................................................. 99

6.3.6 Secagem ........................................................................................................................................ 102

6.3.7 Resistência aos sulfatos ................................................................................................................. 104

6.4 DISCUSSÃO GLOBAL DOS RESULTADOS ......................................................................................................... 111

6.4.1 Características argamassas no estado fresco. .............................................................................. 111

6.4.2 Características mecânicas e físicas das argamassas ..................................................................... 111

6.5 SÍNTESE DO CAPÍTULO .............................................................................................................................. 118

7 .CONCLUSÕES ............................................................................................................................................ 119

7.1 CONCLUSÕES FINAIS................................................................................................................................ 119

7.2 TRABALHOS FUTUROS .............................................................................................................................. 125

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..................................................................................................................... 127

8 ANEXO I ..................................................................................................................................................... 137

9 ANEXO II .................................................................................................................................................... 138

10ANEXO III ................................................................................................................................ . 139

11ANEXOIV .................................................................................................................................................. 141

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IX

ÍNDICE DE FIGURAS

FIGURA 2.1- ESQUEMA DO PROCESSO PRODUTIVO DA CAL HIDRÁULICA NATURAL (FONTE: SEQUEIRA, 2015) .............................. 12

FIGURA 2.2-CLASSIFICAÇÃO DAS CAIS DE CONSTRUÇÃO, DE ACORDO COM A NORMALIZAÇÃO EUROPEIA NP EN 459-1:2011 (IPQ,

2011) ..................................................................................................................................................................... 13

FIGURA 2.3-EFEITO DA QUANTIDADE E DO TAMANHO DOS AGREGADOS NA EFICIÊNCIA DA ARRUMAÇÃO DO SEIO DA ARGAMASSA

(FONTE: MATSUDA, 2000) .......................................................................................................................................... 15

FIGURA 2.4-EXTRAÇÃO DE AGREGADOS NATURAIS (FONTE: SIFUCEL 2014) .......................................................................... 16

FIGURA 2.5-PIGMENTOS INORGÂNICOS (FONTE: TOPECA, 2014) ....................................................................................... 18

FIGURA 2.6 - FIBRAS SINTÉTICAS (FONTE: DAECHONG4) E DE CELULOSE (FONTE: JRS) ............................................................. 18

FIGURA 2.7-REPRESENTAÇÃO ESQUEMÁTICA DO MECANISMO DE FUNCIONAMENTO DOS ADJUVANTES INCORPORADORES DE AR (A) –

AGLUTINAÇÃO DAS EXTREMIDADES APOLARES DO TENSIOATIVO, FORMAÇÃO DA BOLHA DE AR. (B) – FORMAÇÃO DO EFEITO PONTE

(FONTE: ALVES ET AL., 2002) ....................................................................................................................................... 20

FIGURA 2.8-MOLÉCULA DE UM ÉTER DE CELULOSE UTILIZÁVEL COMO ADJUVANTE RETENTOR DE ÁGUA (FONTE: TYLOSE, SHIN ETSU.,

2012) ..................................................................................................................................................................... 21

FIGURA 3.1- COMPORTAMENTO MECÂNICO DAS ARGAMASSAS, ESTUDADAS POR DIVERSOS AUTORES, EM FORMULAÇÕES À BASE DE

CAL HIDRÁULICA NATURAL NHL3,5, AOS 90 DIAS ............................................................................................................. 26

FIGURA 3.2-COMPORTAMENTO MECÂNICO DAS ARGAMASSAS, ESTUDADAS POR DIVERSOS AUTORES, EM FORMULAÇÕES À BASE DE CAL

HIDRÁULICA NATURAL NHL3,5, AOS 90 DIAS (CONTINUAÇÃO) ........................................................................................... 27

FIGURA 3.3-COMPORTAMENTO DAS ARGAMASSAS FACE À ÁGUA, ESTUDADAS POR VÁRIOS AUTORES, EM FORMULAÇÕES À BASE DE CAL

HIDRÁULICA NATURAL NHL3,5, AOS 90 DIAS .................................................................................................................. 28

FIGURA 3.4-COMPORTAMENTO DAS ARGAMASSAS FACE À ÁGUA, ESTUDADAS PELOS AUTORES, EM FORMULAÇÕES À BASE DE CAL

HIDRÁULICA NATURAL NHL3,5, AOS 90 DIAS (CONTINUAÇÃO) ........................................................................................... 28

FIGURA 3.5 – COMPORTAMENTO MECÂNICO DAS ARGAMASSAS, ESTUDADAS POR DIVERSOS AUTORES, EM FORMULAÇÕES À BASE DE

CAL HIDRÁULICA NATURAL NHL 5 .................................................................................................................................. 32

FIGURA 3.6 - COMPORTAMENTO MECÂNICO DAS ARGAMASSAS, ESTUDADAS POR DIVERSOS AUTORES, EM FORMULAÇÕES À BASE DE

CAL HIDRÁULICA NATURAL NHL 5 (CONTINUAÇÃO) ........................................................................................................... 33

FIGURA 3.7- COMPORTAMENTO DAS ARGAMASSAS FACE À AÇÃO DA ÁGUA, ESTUDADAS POR DIVERSOS AUTORES, EM FORMULAÇÕES À

BASE DE CAL HIDRÁULICA NATURAL NHL 5 ...................................................................................................................... 34

FIGURA 3.8– COMPORTAMENTO MECÂNICO DAS ARGAMASSAS, ESTUDADAS POR DIVERSOS AUTORES, EM FORMULAÇÕES À BASE EM

CAL AÉREA E METACAULINO .......................................................................................................................................... 37

FIGURA 3.9- COMPORTAMENTO À ÁGUA DAS ARGAMASSAS ESTUDADAS POR DIVERSOS AUTORES, EM FORMULAÇÕES À BASE EM CAL

AÉREA E METACAULINO (CONTINUAÇÃO)......................................................................................................................... 38

FIGURA 3.10-COMPORTAMENTO À AÇÃO DA ÁGUA DAS ARGAMASSAS ESTUDADAS POR DIVERSOS AUTORES, EM FORMULAÇÕES À BASE

DE CAL AÉREA E METACAULINO ...................................................................................................................................... 40

FIGURA 3.11– RESULTADOS EXPERIMENTAIS RELATIVAMENTE AO COMPORTAMENTO MECÂNICO DAS ARGAMASSAS ESTUDADAS POR

DIVERSOS AUTORES, EM FORMULAÇÕES À BASE DE CAL AÉREA E RESÍDUOS (MATIAS ET AL., 2012; VEIGA & VELOSA,2003; ALMEIDA

ET AL., 2007; VELOSA & VEIGA, 2003) ......................................................................................................................... 42

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X

FIGURA 3.12 - RESULTADOS EXPERIMENTAIS RELATIVAMENTE AO COMPORTAMENTO À ÁGUA DE ARGAMASSAS ESTUDADAS POR

DIVERSOS AUTORES, EM FORMULAÇÕES À BASE EM CAL AÉREA E RESÍDUOS (MATIAS ET AL., 2012; VEIGA.&.VELOSA, 2003; ALMEIDA

ET AL., 2007; VELOSA & VEIGA, 2003) ......................................................................................................................... 43

FIGURA 5.1 - AMOSTRAS DE CAIS NHL5, NHL3,5 E CAL AÉREA CL E DE METACAULINO (MK) .................................................. 58

FIGURA 5.2- CURVA GRANULOMÉTRICA DAS REFERÊNCIAS DE AREIAS UTILIZADA .................................................................... 59

FIGURA 5.3- AMOSTRAS DE VÁRIOS ADJUVANTES UTILIZADOS NAS DUAS CAMPANHAS EXPERIMENTAIS, AGENTE HIDROFÓBICO,

RETENTOR DE ÁGUA, PÓ REDISPERSÁVEL, AGENTE ESPESSANTE, INTRODUTORES AR .................................................................. 60

FIGURA 5.4-SEQUÊNCIA DA MISTURA DAS ARGAMASSAS ................................................................................................... 62

FIGURA 5.5-SEQUÊNCIA DE ENSAIO NA MESA DE ESPALHAMENTO, DETERMINAÇÃO DA CONSISTÊNCIA DAS ARGAMASSAS ............... 63

FIGURA 5.6-MOLDAGEM, COMPACTAÇÃO E NIVELAMENTO DOS PROVETES PRISMÁTICOS ........................................................ 64

FIGURA 5.7-EXEMPLO DE IDENTIFICAÇÃO DOS PROVETES ................................................................................................... 64

FIGURA 5.8-MOLDAGEM E NIVELAMENTO DOS PROVETES EM SUPORTE TIJOLO ...................................................................... 65

FIGURA 5.9-MOLDAGEM, COMPACTAÇÃO E NIVELAMENTO DOS PROVETES CIRCULARES .......................................................... 66

FIGURA 5.10-CONDIÇÕES DA CURA STANDARD, PROVETES SUBMETIDOS ÀS CONDIÇÕES CURA DEFINIDOS PELA CÂMARA CLIMÁTICA,

T=23±2℃ E HR=65±5% .......................................................................................................................................... 67

FIGURA 5.11-CONDIÇÕES DA CURA HÚMIDA, T=23±2°C E HR=95±5% ............................................................................. 67

FIGURA 5.12-ENSAIO DE DETERMINAÇÃO DA RESISTÊNCIA À FLEXÃO POR TRAÇÃO (RT) ........................................................... 69

FIGURA 5.13-ENSAIO DE DETERMINAÇÃO DA RESISTÊNCIA À COMPRESSÃO (RC) .................................................................... 69

FIGURA 5.14- ENSAIO DE DETERMINAÇÃO DO COEFICIENTE CAPILARIDADE ............................................................................ 70

FIGURA 5.15 -ENSAIO DE DETERMINAÇÃO DA PERMEABILIDADE AO VAPOR DE ÁGUA .............................................................. 73

FIGURA 5.16-ENSAIO DE DETERMINAÇÃO DA DENSIDADE DO PRODUTO ENDURECIDO ............................................................. 75

FIGURA 5.17-ENSAIO DE DETERMINAÇÃO DA ADERÊNCIA .................................................................................................. 76

FIGURA 5.18– ENSAIO DE RESISTÊNCIA AOS SAIS DE SULFATO ............................................................................................. 77

FIGURA 6.1- EVOLUÇÃO COMPARATIVA DAS MASSAS VOLÚMICAS DO PRODUTO ENDURECIDO, DAS FORMULAÇÕES DESENVOLVIDAS,

EM IDADES DE 28 DIAS E 90 DIAS, SUBMETIDAS A CURAS DISTINTAS ..................................................................................... 84

FIGURA 6.2 - EVOLUÇÃO COMPARATIVA DO COMPORTAMENTO MECÂNICO (RESISTÊNCIAS À TRAÇÃO POR FLEXÃO; RESISTÊNCIAS À

COMPRESSÃO) DE TODAS AS FORMULAÇÕES DESENVOLVIDAS AOS 28 DIAS ............................................................................ 87

FIGURA 6.3 - EVOLUÇÃO COMPARATIVA DO COMPORTAMENTO MECÂNICO (RESISTÊNCIAS À TRAÇÃO POR FLEXÃO; RESISTÊNCIAS À

COMPRESSÃO) DE TODAS AS FORMULAÇÕES DESENVOLVIDAS, EM IDADES: A) 90; B) 180 DIAS .................................................. 88

FIGURA 6.4 - TENSÃO DE ADERÊNCIA, AOS 28 DIAS .......................................................................................................... 95

FIGURA 6.5 -COEFICIENTE DE CAPILARIDADE DAS ARGAMASSAS, NAS IDADES DE 28 DIAS E 90 DIAS ........................................... 97

FIGURA 6.6-COMPORTAMENTO DOS AGENTES HIDROFUGANTES, AO LONGO DO TEMPO. A) HIDROFUGANTE NÃO REATIVO; B)

HIDROFUGANTE REATIVO (FONTE: FACI) ......................................................................................................................... 98

FIGURA 6.7 - COEFICIENTE DE PERMEABILIDADE AO VAPOR DE ÁGUA, AOS 28 E 90 DIAS ........................................................ 101

FIGURA 6.8-COEFICIENTES DE PERMEABILIDADE VAPOR ÁGUA E DE CAPILARIDADE AOS 28 E AOS 90 DIAS ................................. 101

FIGURA 6.9-CURVAS DE SECAGEM DE CADA UMA DAS ARGAMASSAS DA 2ª SÉRIE (90 DIAS) .................................................... 103

FIGURA 6.10-ÍNDICE E TAXA DE SECAGEM DAS ARGAMASSAS C, DESENVOLVIDAS NA SÉRIE II AOS 90 DIAS ................................ 103

FIGURA 6.11-COEFICIENTE DE PERMEABILIDADE AO VAPOR ÁGUA E ÍNDICE DE SECAGEM DAS ARGAMASSAS, 90 DIAS .................. 104

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XI

FIGURA 6.12 - RETENÇÃO INICIAL DE SULFATOS VERSUS COEFICIENTE DE CAPILARIDADE DAS ARGAMASSAS ESTUDADAS, AOS 28 DIAS

............................................................................................................................................................................ 104

FIGURA 6.13- VARIAÇÃO DE MASSA MÉDIA POR AÇÃO DE SULFATOS DAS ARGAMASSAS DA 1ª SÉRIE, AOS 28 DIAS ...................... 105

FIGURA 6.14-ESTADO DE ALGUNS PROVETES DA 1ª SÉRIE EXPERIMENTAL, APÓS O ÚLTIMO CICLO DE ENSAIO DE RESISTÊNCIA AOS SAIS

DE SULFATO ............................................................................................................................................................ 106

FIGURA 6.15--VARIAÇÃO DE MASSA MÉDIA POR AÇÃO DE SULFATOS DAS ARGAMASSAS DA 2ª SÉRIE, AOS 28 DIAS ..................... 106

FIGURA 6.16-ESTADO DE ALGUNS PROVETES DA II SÉRIE EXPERIMENTAL, APÓS O ÚLTIMO CICLO DE ENSAIO DE RESISTÊNCIA AOS SAIS DE

SULFATO ................................................................................................................................................................. 108

FIGURA 6.17-RESISTÊNCIAS MECÂNICAS VERSUS PERDA DE MASSA AO FIM DE 15 CICLOS DE SULFATOS, AOS 28 DIAS .................. 109

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XII

ÍNDICE DE QUADROS

QUADRO 1.1- NÚMERO DE EDIFÍCIOS POR ESTADO DE CONSERVAÇÃO (INE, CENSOS 2001 E 2011) ........................................... 2

QUADRO 2.1-REQUISITOS DEFINIDOS PARA CARACTERÍSTICAS MECÂNICAS DAS ARGAMASSAS DE REABILITAÇÃO (ADAPTADO DE VEIGA,

2003 E SANTOS ET AL., 2012) ..................................................................................................................................... 22

QUADRO 2.2- REQUISITOS ESTABELECIDOS PARA AS CARACTERÍSTICAS DE COMPORTAMENTO FACE À ÁGUA E ÀS CONDIÇÕES

CLIMÁTICAS, PARA AS ARGAMASSAS DE SUBSTITUIÇÃO, (ADAPTADO VEIGA, 2003 E SANTOS & VEIGA, 2012) ............................. 22

QUADRO 2.3-REQUISITOS PARA ARGAMASSAS DE REABILITAÇÃO DEFINIDAS PELA NP EN 998-1:2013 (IPQ, 2013) .................. 23

QUADRO 4.1 - ARGAMASSAS DE REVESTIMENTO PARA EDIFÍCIOS ANTIGOS, DISPONÍVEIS NO MERCADO PORTUGUÊS ...................... 48

QUADRO 5.1-DESIGNAÇÃO DAS DIFERENTES FORMULAÇÕES DE ARGAMASSAS (I, II SÉRIE FORMULAÇÕES), TAXA DE SUBSTITUIÇÃO DE

NHL POR CL OU NHL POR MK, QUANTIDADES MÁSSICAS PARA UMA MISTURA 1506,1G E QUANTIDADE DE ÁGUA....................... 61

QUADRO 5.2- LISTA DE ENSAIOS REALIZADOS ÀS ARGAMASSAS EM ESTUDO .......................................................................... 68

QUADRO 6.1-RAZÃO ÁGUA/LIGANTE, MASSA VOLÚMICA DA ARGAMASSA FRESCA E ESPALHAMENTO DAS ARGAMASSAS ................ 80

QUADRO 6.2- MASSA VOLÚMICA ENDURECIDA DAS ARGAMASSAS, SUBMETIDAS A DIFERENTES IDADES E TIPOS DE CURA................ 83

QUADRO 6.3-VALORES MÉDIOS DA RESISTÊNCIA À TRAÇÃO POR FLEXÃO, AOS 28, 90 E 180 DIAS, SUBMETIDOS ÀS CURAS STANDARDS

E HÚMIDA ................................................................................................................................................................. 85

QUADRO 6.4-VALORES MÉDIOS E RESPETIVOS DESVIOS PADRÃO REFERENTES ÀS RESISTÊNCIAS À COMPRESSÃO AOS 28, 90 E 180 DIAS,

SUBMETIDOS À CURA STANDARD E HÚMIDA ..................................................................................................................... 86

QUADRO 6.5- RESULTADOS COMPARATIVOS DE RESISTÊNCIAS MECÂNICAS À FLEXÃO E À COMPRESSÃO DAS FORMULAÇÕES C5-C7 . 92

QUADRO 6.6-VALORES MÉDIOS, RESPETIVOS DESVIOS PADRÃO REFERENTES AO ENSAIO DE ADERÊNCIA E TIPO DE ROTURA OBSERVADO

.............................................................................................................................................................................. 94

QUADRO 6.7- VALORES MÉDIOS DE COEFICIENTE DE CAPILARIDADE, DETERMINADOS AOS 28 E 90 DIAS E SUBMETIDOS ÀS CURAS

STANDARD (ST) E HÚMIDA (H) ...................................................................................................................................... 96

QUADRO 6.8-VALORES MÉDIOS DO COEFICIENTE DE PERMEABILIDADE AO VAPOR DE ÁGUA E RESPETIVOS DESVIOS PADRÃO,

REGISTADOS PARA AS IDADES DE 28 E 90 DIAS ............................................................................................................... 100

QUADRO 6.9- MÉDIA DOS VALORES DE ÍNDICE DE SECAGEM, DAS ARGAMASSAS DA 2ª SÉRIE (90 DIAS) .................................... 102

QUADRO 6.10 - SÍNTESE DOS RESULTADOS OBTIDOS PARA AS ARGAMASSAS NO ESTADO FRESCO ............................................. 111

QUADRO 6.11-SÍNTESE DE RESULTADOS E RESPETIVOS DESVIOS PADRÃO, PARA AS ARGAMASSAS DESENVOLVIDAS NAS DUAS

CAMPANHAS EXPERIMENTAIS ...................................................................................................................................... 114

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1

1 . INTRODUÇÃO

A presente dissertação pretende otimizar uma formulação de argamassa industrial, estudando a influência de

alguns dos constituintes (ligantes, agregados e adjuvantes) de no seu desempenho final, de forma a obter uma

formulação de argamassa de cariz industrial, que possa vir a ser comercializada especificamente para a

reabilitação de rebocos aplicados em edifícios antigos. Este estudo terá em consideração os requisitos

impostos pelas normas de especificações de argamassas, os processos industriais utilizados na produção de

argamassas e com a sustentabilidade de todo o sistema construtivo.

1.1 Enquadramento e justificação do tema

A última metade do século XX ficou marcada por uma enorme mudança no setor da construção; surgiram

novos produtos e, aliados a estes, novas técnicas, novos sistemas construtivos e ritmos de trabalho mais

exigentes, nomeadamente prazos para execução das obras mais reduzidos. Estes fatores vieram alterar por

completo a forma de construir. Este ritmo efémero conduziu ao uso generalizado de argamassas cimentícias,

colocando em desuso a utilização de argamassas de cal, o que deu origem ao esquecimento de técnicas e

conhecimentos até então utilizados. Por outro lado e paralelamente, privilegiou-se a construção nova e

despromoveu-se a reabilitação e conservação dos edifícios existentes.

Todavia, a partir da década de 80, em Portugal, começou-se a verificar, muito lentamente, uma mudança de

mentalidades: tornou-se consensual a necessidade socioeconómica em reabilitar o património urbano com

elevado valor, que se vinha a degradar devido a décadas de abandono. Até essa data, existia uma preocupação

em conservar/restaurar apenas monumentos e edifícios históricos, não sendo uma prática comum a

reabilitação do património urbano. Em 1985, surge o primeiro programa de Reabilitação Urbana (PRU),

surgindo muitos outros posteriormente (PRAUD, RECRIA, entre outros), e várias foram as cidades do país

(Porto- Zona Ribeirinha, Gaia – Margem Sul, Guimarães, Viseu, Guarda, Mértola, entre outras) onde foram

realizados trabalhos e desenvolvidos projetos relacionados com a reabilitação e conservação de edifícios,

nomeadamente nas suas zonas históricas. Contudo, o panorama da reabilitação e conservação do património

urbano, em Portugal, teve sempre um desenvolvimento que demonstrou um crescente interesse, mas com

uma concretização demasiado (Aguiar et al. , 2005; Martins, 2008).

Os últimos dados fornecidos pelo INE, no Censos 2011 (INE, 2011) (Quadro 1.1) demonstram uma diminuição

de -19,5% nos edifícios com necessidades de reparação, o que de alguma forma evidencia o trabalho

desenvolvido na reabilitação de edifícios. Segundo os dados apresentados na Estatística da Construção e

Habitação 2011 (INE, 2011), a reabilitação dos edifícios é uma aposta crescente no sector da construção.

Apesar da grande predominância da construção nova de edifícios (75,1% do total de construções), denota-se

que a reabilitação na edificação é uma aposta crescente no sector, com as alterações, ampliações e

reconstruções a ganharem importância relativa, face aos anos anteriores. Em 2011 (INE, 2011), cerca de 24,9%

dos edifícios concluídos dizem respeito a reabilitações (alterações, ampliações e reconstruções), o que

representa um crescimento de 1,4 p.p. face a 2010 (23,5%).

Nesta última década, a proporção da reabilitação face à construção nova registou um crescimento médio anual

de 5%. Pinto (2010) refere que o “mercado da reabilitação em Portugal vale cerca de duzentos mil milhões de

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2

euros, parece um número astronómico, superior à riqueza produzida no País, mas, a pecar por defeito”. “In

jornal Público on-line 12/01/2010”.

Quadro 1.1- Número de edifícios por estado de conservação (INE, Censos 2001 e 2011)

Estado de conservação

Edifícios clássicos

2001 2011 Variação

N.º Edifícios %

Sem necessidade de reparação 1. 868.342,00 2.519.452,00 34,8

Com necessidade de reparação 1. 199.336,00 965.782,00 -19,5

Pequenas reparações 706.716,00 624.322,00 -11,7

Reparações médias 329.605,00 244.303,00 -25,9

Grandes reparações 163.015,00 97.157,00 -40,4

Muito degradado 92.365,00 59.155,00 -36,0

Total 3.160.043,00 3.544.389,00 12,2

Mediante a situação económica que o país atravessa, mais concretamente a paralisação do mercado da

construção nova, surge a necessidade urgente de investir no desenvolvimento do mercado da reabilitação.

Segundo dados divulgados pelo INE, no início de 2014, o sector da construção continua a registar uma taxa de

crescimento negativa, persistindo o cenário de crise. A Federação Portuguesa da Indústria da Construção

(Fedicop, 2014) afirmou que o ano de 2013 foi o décimo segundo ano consecutivo com redução de atividade

das empresas do setor da Construção, com a procura dirigida ao setor a atingir novos mínimos históricos. As

estimativas apontaram para uma queda global da produção do setor da Construção de 15% em 2013, em

resultado de uma queda na produção de 18% nos edifícios residenciais, de 13,8% nos edifícios não residenciais

e de 14% nas obras públicas. Ao nível do licenciamento habitacional verificou-se, até novembro de 2013, uma

redução, em termos homólogos, de 30% nas licenças emitidas para construção nova e de 22% nas licenças para

reabilitação. Relativamente ao licenciamento de edifícios não residenciais, a informação disponibilizada pelo

INE, até outubro, revela uma contração de 6,6% na área total licenciada, o que se traduz numa redução de

118.000 m2, face ao período homólogo (Fedicop, 2014).

Todo este cenário de crise implementado no sector da construção, associado ao baixo rendimento das famílias

e às dificuldades de acesso ao crédito, estão a provocar alterações de fundo, levando a que cada vez mais se

opte pelo arrendamento e não pela aquisição de casa própria.

Estas mudanças tornam cada vez mais viável a reabilitação do edificado existente, sendo, portanto,

imprescindível recuperar metodologias que permitam a sistematização de conhecimentos ao nível dos

produtos e das técnicas de aplicação adequadas à reabilitação. De modo a combater o elevado estado de

degradação de muitos dos edifícios que constituem o parque edificado do país, tornando estes aptos a novas

utilizações, mas através de intervenções eficientes, que efetivamente garantam a conservação do edificado

existente.

Na última década assistiu-se a uma progressiva preocupação em reabilitar as zonas históricas das cidades, com

o objetivo de tentar devolver novamente vida a estas zonas. Realça-se alguns projetos de reabilitação em

centros históricos de algumas cidades, nomeadamente: Coimbra, Seixal, Lisboa, Valença, onde foram

implementadas intervenções de reabilitação nos seus edifícios (Martins, 2008; Sutil et al., 2012).

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A grande maioria destes edifícios das zonas históricas é constituída por alvenaria de pedra argamassada

(designação corrente, alvenaria ordinária) com percentagem elevadas de argamassa de cal aérea para

assentamento dos elementos da alvenaria, sendo também revestida por rebocos à base de cal área,

confecionados nos próprios locais com materiais existentes na região. Durante anos, estes revestimentos

desempenharam as suas funções de proteção e revestimento dos paramentos; contudo, sofrem degradação

devido à ação dos vários agentes climáticos, biológicos, químicos e/ou mecânicos, necessitando de operações

de manutenção e/ou reparação, ou mesmo de substituição.

Muitas das intervenções executadas desde há algumas décadas sobre estes revestimentos passaram pela

substituição parcial ou integral dos revestimentos à base de cal por rebocos de cimento ou bastardos (de pouca

cal e muito cimento), julgando-se ser a solução mais adequada, dado que potenciava boas aderências aos

suportes e permitia realizar trabalhos com maior rapidez. Porém, passados poucos anos, tornou-se evidente

que estas intervenções não foram bem-sucedidas, surgindo anomalias originadas pelos próprios rebocos de

substituição (La Spina, 2012; Martins, 2008; Subtil et al., 2012). E esta situação não é confinada apenas a

Portugal, ocorrendo em muito outros países.

O aparecimento do cimento e o crescimento abrupto da construção potenciou o desenvolvimento de

argamassas, generalizando-se o uso de argamassas à base de cimento, relegando para segundo plano a

utilização das argamassas de cal e, consequentemente, o abandono das técnicas e processos construtivos

relacionados com os materiais tradicionais. Todavia, ao contrário do previsto inicialmente, rapidamente se

constatou que as argamassas de cimento eram incompatíveis com a generalidade das construções antigas,

porque apresentam problemas de incompatibilidade mecânica, física e química. As argamassas à base de

cimento contêm sais solúveis, que são introduzidos nas alvenarias, apresentam baixas permeabilidades ao

vapor de água, o que dificulta a secagem da humidade que ascende às paredes e que pode potenciar

problemas pela ação de sais; apresentam elevadas resistências mecânicas, muitas vezes incomportáveis pelas

próprias alvenarias, e elevados módulos de elasticidade, o que as torna incapazes de acomodar as deformações

normais das alvenarias antigas (Coelho et al., 2009; Veiga, 2009; Santos & Veiga, 2012).

Atualmente, ainda existem várias lacunas nas intervenções de reabilitação em edifícios antigos,

nomeadamente: a falta de conhecimento dos intervenientes no processo, a ausência de mão-de-obra

especializada para aplicação de produtos adequados, a definição de prazos de execução para as intervenções

de reabilitação desajustados face às necessidades das argamassas à base de cal, a falta de especificações

normativas adaptadas aos produtos de reabilitação.

A autora da presente dissertação trabalha na indústria das argamassas há cerca 13 anos, e sente que é urgente

colmatar as lacunas existentes entre a indústria e o mercado da reabilitação. Assim, é importante que a

indústria aprofunde e sedimente conhecimentos nesta área, concretamente no estudo do comportamento dos

materiais, de forma a poder oferecer ao mercado produtos adequados e compatíveis com os edifícios em

questão, de forma a evitar anomalias degenerativas. Será também imprescindível recuperar e sintetizar

metodologias e técnicas tradicionais de aplicação de rebocos à base de cal, a aplicar em obras de reabilitação

de edifícios antigos.

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1.2 Objetivos e metodologia

Em Portugal tal como noutros países, o enfoque do setor da construção terá de mudar drasticamente da

construção nova para a reabilitação do edificado, assim, o objetivo desta dissertação restringe-se “ao

desenvolvimento de uma argamassa industrial eficiente, para poder ser aplicada em edifícios não classificados

de alvenaria atinga, que permita colmatar algumas das lacunas existentes no mercado, acessível do ponto de

vista económico e tecnicamente viável para reabilitação deste tipo de edifícios”.

A presente dissertação seguirá a seguinte metodologia:

• Elaborar uma análise crítica aos conhecimentos adquiridos, através do estudo de trabalhos realizados no

âmbito das argamassas de susbtituição compatíveis com edificios antigos, em particular sobre as

composições de argamassas para renovação de revestimentos antigos existentes em Portugal, de forma

a percecionar quais os tipos de ligantes mais adequados, para o desenvolvimento de uma argamassa de

cariz industrial a aplicar como revestimento de edifícios antigos;

• Proceder a uma análise crítica aos produtos (argamassas industriais) que atualmente se encontram

disponíveis no mercado Português, para a reabilitação de revestimentos antigos, afim de compreender

quais as tipologias de produtos existentes, bem como algumas lacunas reais percecionadas;

• Desenvolver um trabalho experimental, com o intuito de obter uma argamassa ou um conjunto de

formulações passíveis de serem integradas na produção de argamassas;

• Analisar o conjunto de formulações de adaptação associadas a uma argamassa industrial, a

comercializar para a reabilitação de edifícios não classificados de alvenaria antiga, tendo em

consideração as exigências funcionais exigidas pela norma NP EN 998-1 : 2013 (IPQ,2013) e os requisitos

adicionais definidos por Santos & Veiga (2012), para uma argamassa de renovação, bem como o custo

real das mesmas.

Tendo em consideração o objetivo principal desta dissertação, a campanha experimental irá avaliar a influência

de vários constituintes da formulação, em particular:

• influência do tipo de ligante e de diferentes proporções (incluindo cal aérea, cal hidráulica natural) no

comportamento mecânico da argamassa e na sua durabilidade; a adição de uma pozolana

(metacaulino, Mk) como contributo para o desenvolvimento do comportamento mecânico; a adição

de adjuvantes hidrófugos, como contributo para o cumprimento dos requisitos relacionados com a

absorção de água e a secagem da argamassa; a adição de pó redispersável, como agente promotor de

aderência;

• influência do tipo de cura e da idade de maturação dos provetes.

1.3 Organização do texto

A dissertação foi organizada em sete capítulos. Os dois primeiros capítulos apresentam uma análise

bibliográfica genérica relativamente a argamassas antigas, tipos de suporte, constituintes destas argamassas e

requisitos impostos. Segue-se um levantamento exaustivo de trabalhos científicos realizados no âmbito de

argamassas antigas, realizados na última década, e um estudo de mercado que cataloga os tipos de argamassas

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que a indústria apresenta como soluções para a reabilitação de revestimentos antigos. Os capítulos seguintes

contemplam todo o desenvolvimento experimental efetuado e análise dos resultados.

Capítulo 1 – É feito o enquadramento e justificação do tema, assim como os objetivos que se pretendem

atingir, bem como a organização do texto da dissertação;

Capítulo 2 – Aborda o tema das argamassas de reboco antigas, começando por catalogar o tipo de suportes

existentes em Portugal, algumas considerações sobre argamassas de reparação e substituição de rebocos e

respetiva constituição; por fim são apresentados os requisitos impostos a estas argamassas no que refere às

exigências funcionais.

Capítulo 3 – Expõe uma compilação dos estudos realizados nesta última década, relativamente a argamassas

de substituição para revestimentos de edifícios antigos, destacando as argamassas constituídas por ligantes

hidráulicos, nomeadamente cais hidráulicas naturais e cal aérea com adição de pozolanas.

Capítulo 4 – Apresenta uma compilação e análise às várias tipologias de argamassas industriais (tipos de

argamassas, campo de aplicação, características técnicas e preços) atualmente existentes no mercado

português, para a reabilitação de rebocos antigos.

Capítulo 5 - Contempla a descrição do desenvolvimento experimental efetuado, nomeadamente a descrição e

caracterização das matérias-primas utilizadas nas duas campanha experimentais realizadas, apresentando-se

ainda os procedimentos de preparação das argamassas, de execução e cura de provetes e respetivos

procedimento de ensaios de caracterização.

Capítulo 6 - São apresentados e analisados os resultados obtidos com as argamassas com as composições

estudadas. É efetuada uma análise global às argamassas estudadas nas duas campanhas experimentais,

comparando os resultados obtidos com os requisitos normativos, definidos pela bibliografia e com as

argamassas industriais existentes no mercado. É também apresentado um estudo em termos de viabilidade

económica e alguns parâmetros de sustentabilidade.

Capítulo 7 – Resumo das principais conclusões obtidas a partir do estudo realizado, averiguando a

correspondência destas com os objetivos inicialmente propostos; por fim são apresentados algumas propostas

para trabalhos futuros.

De seguida apresentam-se as referências bibliográficas e os anexos.

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2 . ARGAMASSAS DE REBOCO DE EDIFÍCIOS ANTIGOS

2.1 Considerações Gerais

Neste capítulo apresenta-se o estado do conhecimento relativo aos edifícios antigos, no que concerne aos tipos

de suporte, argamassas de reboco para revestimento, constituintes das argamassas e exigências funcionais das

argamassas de substituição e respetivas técnicas de aplicação.

2.2 Suportes existentes em edifícios antigos

Pinho (2000) refere que os edifícios antigos são uma referência histórica importante para o país, pois são

elementos valiosos para o entendimento da própria evolução da sociedade, tanto ao nível social como técnico.

Este autor começou por fazer uma análise geral às características dos edifícios antigos, e em particular às

paredes que os constituem, estudando a sua constituição entre o período após o grande terramoto de Lisboa

(1755) e o primeiro quartel do século XX. Concluiu que os edifícios antigos existentes no período inicial teriam

sido pensados e construídos com os materiais existentes nas próprias regiões; exemplo disso são as

construções de paredes de terra, pedra, madeira ou mistas.

Appleton (2011) refere que ao longo dos últimos séculos, as paredes principais ou mestras que constituem os

edifícios antigos apresentaram poucas variações, no que se refere ao processo construtivo. A principal

evolução destes elementos ocorreu em meados do século XX, onde se assistiu a uma sistemática redução da

espessura das paredes, fruto do progresso técnico e científico, nomeadamente na melhoria no domínio das

ciências dos materiais e da sua resistência.

Pinho (2000) aferiu que a seleção do sistema construtivo das paredes (resistentes e de compartimentação) dos

edifícios antigos dependia de alguns fatores, tais como: custo previsto para a obra, tempo de execução,

materiais e natureza dos recursos disponíveis no local de implementação da obra, natureza dos materiais de

ligação existentes, requisitos do edifício, técnicas construtivas conhecidas pelos mestres, qualidade da mão-de-

obra e meios de transporte disponibilizados. De um modo geral, constata-se que o tipo de paredes existentes

nos edifícios antigos é fortemente influenciada pelo tipo de material existente no local de implementação do

edifício, observando-se a seguinte distribuição geográfica do país (Pinho, 2000):

• Zona Norte do País, nomeadamente a zona de Trás-os-Montes, Beira Alta e Douro Litoral -

predominam as paredes em pedra, nomeadamente paredes em granito;

• Douro e Beira Baixa - os edifícios são constituídos por paredes em pedra, sendo estas de xisto;

exemplos típicos desta tipologia de paredes são as aldeias de Xisto, na zona da Lousã;

• Região Centro, Lisboa e Alentejo - abundam os calcários, sendo as construções destas regiões

executadas com este tipo de pedra.

O sistema construtivo adotado dependia também da disponibilidade ou não de materiais para a execução da

argamassa de ligação. Assim, as paredes de alvenaria de pedra talhada eram assentes a seco ou recorrendo ao

uso de argamassa, confecionada com cal aérea, areia e terra argilosa. A composição real das argamassas de

alvenaria não é perfeitamente conhecida. Sabe-se que existem algumas dezenas de receitas; contudo, não

existem registos fidedignos que constituam uma base de dados segura (Appleton, 2011).

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Apesar da ausência de regras ou regulamentos relacionados com este tema, constata-se que existiam algumas

regras, mesmo que empíricas, baseadas na experiência, as quais definiam que:

• As paredes de pedra de cantaria eram uma solução restrita, normalmente associada à construção de

edifícios importantes, como monumentos, sendo esta uma solução construtiva muito dispendiosa,

dado o elevado preço da pedra;

• As paredes de pedra argamassada (ordinária) e de tijolo maciços seriam a solução utilizada com maior

regularidade, principalmente nos locais onde abundava este tipo de materiais;

• As paredes em adobe ou taipa surgem principalmente nas zonas rurais, associadas a construções mais

pobres ou em edifícios de “pequena importância”. Existem predominantemente em locais ricos em

argila (Pinho, 2000) e onde não abunda a pedra. No entanto, existem muitas vilas em Portugal nas

quais todos os edifícios antigos correntes têm paredes de terra (por exemplo no Alentejo – é o caso de

Avis, entre outros) e mesmo cidades, como é o caso de Aveiro, que tem um número muito significativo

de edifícios dos anos XX com paredes de alvenaria de adobe (Faria, 2007). O adobe é dos poucos

materiais utilizados em suportes antigos caracterizado em termos de comportamento mecânico.

Assim, segundo Almeida (2011) estes elementos construtivos apresentam um coeficiente de Poisson

de 0,3 e um módulo de elasticidade de 1600 MPa. Filipe (2012), Martins (2009) e Varum et al., (2008)

apresentam valores relativamente às resistências à compressão para os blocos de adobe que variam

entre 0.5 -2,0 MPa.

Constata-se que, atualmente em Portugal, ainda não existe uma catalogação específica, em termos de tipologia

e caracterização dos materiais que constituem os suportes dos edifícios antigos. Existem apenas alguns estudos

com informação dispersa. Todavia, a ausência desta informação, nomeadamente as características físicas e

químicas dos elementos que constituem os suportes antigos, dificultam a especificação dos requisitos a impor

às argamassas de revestimento.

2.3 Argamassas antigas versus argamassas de substituição

Independentemente do tipo de solução construtiva adotada constata-se que na grande maioria dos edifícios

antigos foram aplicados originalmente materiais de revestimento e acabamento adequados. Vários são os

autores (Appleton, 2011; Veiga, 2001; Pinho, 2000) que defendem que o revestimento das paredes exteriores

constitui uma camada que garante a proteção dos elementos das paredes, face às agressões exteriores de

natureza química ou mecânica. Os revestimentos normalmente eram confecionados com a mesma tipologia de

materiais empregues na construção das respetivas paredes. Empiricamente era aplicado o princípio da

compatibilidade de materiais. Estes materiais eram denominados de rebocos de argamassas, constituídos

essencialmente por cal aérea, areia e, em determinadas regiões, areias com argila. Atualmente verifica-se que

estas argamassas apresentam elevadas taxas de degradação, sendo necessário proceder à sua substituição

parcial ou integral.

A indústria tem concentrado esforços no sentido de fornecer ao mercado argamassas integralmente

caraterizadas, surgindo assim um novo conceito de argamassas industriais, que também se enquadra no

âmbito das argamassas de substituição de revestimentos antigos.

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2.4 Definição de argamassa industrial

A norma NP EN 998-1:2013 (IPQ, 2013) define argamassa industrial, tendo em consideração o seu processo

produtivo. A argamassa industrial é definida como: “Argamassa doseada e misturada em fábrica, que poderá

ser fornecida como argamassa “seca”, mistura pronta a aplicar, que apenas necessita da adição de água”. O

mesmo documento classifica também as argamassas segundo as suas propriedades de utilização, sendo que as

classificações que melhor se adaptam às argamassas de reabilitação de edifícios antigos são as argamassas de

renovação (R) - “Argamassa de desempenho para rebocos interiores e exteriores utilizadas em paredes de

alvenaria com humidade contendo sais solúveis em água, que possui elevada porosidade e permeabilidade ao

vapor de água”, ou as argamassas de uso geral (GP) - “Argamassa de uso corrente para rebocos exteriores e

interiores. Estas são adaptadas para aplicações em rebocos de exterior e interior e caracterizam-se por não

apresentarem qualquer tipo de característica especial”. Segundo a norma, esta tipologia de argamassa poderá

ser uma argamassa de formulação ou de desempenho.

2.5 Constituição de uma argamassa antiga ou de reabilitação

Segundo Kanan (2008), “as argamassas, rebocos e acabamentos antigos à base de cal exercem importantes

funções na estrutura das alvenarias tradicionais, contribuindo para a aparência e conservação eficaz do edifício,

pois impedem a deterioração do esqueleto, ao absorverem a agressão dos agentes atmosféricos e

possibilitarem a manutenção periódica. Esse sistema de argamassas à base de cal funciona como uma estrutura

articulada de juntas de dilatação e deformação capaz de absorver tensões e humidade e atuar como elemento

de sacrifício do edifício; da mesma forma, os revestimentos formam uma membrana capaz de absorver

agressões atmosféricas e proteger a estrutura interior, que é feita, muitas vezes, com alvenaria excessivamente

porosa e irregular”.

Veiga (2006) refere que, regra geral, os revestimentos que constituem as paredes antigas seriam constituídos

essencialmente por cal aérea e areia, acabados com barramentos ou pinturas de cal. A cal aérea é um dos

ligantes mais antigos e, provavelmente, um dos primeiros a serem utilizados para revestimentos exteriores.

Existem registos da utilização de cal na construção, nomeadamente em revestimentos, utilizados desde a

civilização grega, passando pela romana e árabe.

Santiago (2000) e Kanan (2008) afirmam que as argamassas são materiais constituídos basicamente por duas

famílias de componentes: os aglomerantes/ligantes e os agregados. Ocasionalmente, também se empregavam

aditivos, principalmente quando se requeria alguma caraterística especial. Os antepassados utilizavam

diferentes tipos de agregados (areias) e adições. A areia podia ser natural de rio, de areeiro, ou mesmo de

conchas, tijolos, pedras (mármores, dolomites) e outras fontes. Nas argamassas de cal, o tipo e a granulometria

da areia tem influência em diversas características, tais como: cor, textura, resistência, porosidade,

permeabilidade, entre outras.

As adições orgânicas podiam estar presentes, tanto nas argamassas de cal, como nas tintas à base de cal.

Normalmente eram utilizados compostos orgânicos, como: polissacarídeos (mucilagem vegetal), proteínas

(caseína do leite, clara de ovo), óleos (gorduras de peixe e de animais (sebo), de vegetais (linhaça)) e fibras

vegetais (palha) ou animais (crina, estrume), as quais contribuíam para melhorar as propriedades das

argamassas. Estas adições influenciavam principalmente a trabalhabilidade e consistência, o controlo da

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retração, a absorção e difusão da humidade e, por fim, na durabilidade e resistência final das argamassas às

intempéries. Sempre que eram requeridas características hidrófugas procedia-se à mistura de gorduras, como

azeite, óleos vegetais, gorduras de animais. Os aditivos hidráulicos, e os materiais pozolânicos, eram também

usados com frequência, com o objetivo de melhorar as resistências mecânicas, reduzir a presa e a cura,

permitindo realizar trabalhos com maior rapidez.

Ao longo de todos estes séculos de história, vários investigadores que se têm interrogado sobre a forma como

estas argamassas têm conseguido resistir até à atualidade. É unânime entre o meio científico, que estas

argamassas continham na sua composição adições pozolânicas, naturais ou artificiais, que lhes conferiam

características hidráulicas de resistência e durabilidade (Veiga, 2006 citando Davidovits, 1993; Ruas, 1998;

Velosa & Veiga 2001; Moroupoulou et al., 2003; Silva et al., 2005; Velosa, 2006; Faria et al., 2012).

Segundo Sabbioni et al., (2002) citados por Veiga (2006), os revestimentos antigos continham na sua

constituição pozolanas naturais, oriundas dos seus locais de origem. Na europa era comum usarem-se rochas

piroclásticas vulcânicas ou terras diatomáceas. Álvares (2007) refere Vitrúvio tecendo elogios à sua obra

(Tratado de Arquitetura), onde são referenciadas as argamassas confecionadas e executadas pelos gregos,

citando a seguinte expressão: “nem a água as dissolvia, nem as ondas as quebravam”. Em zonas que não

dispunham deste tipo de matérias-primas, recorria-se ao uso do pó de cerâmica, também conhecido entre os

romanos por opus signinum. Utilizavam esta matéria-prima na confeção de argamassas a aplicar em estruturas

destinadas a conter água, paredes enterradas, aquedutos e revestimentos para paredes exteriores.

Também Margalha (2008) cita Vitrúvio, referenciando a este propósito que com “a utilização de cerâmica

cozida em fornos, moída e passada em crivos, conseguir-se-á uma mistura de argamassa com melhor

aplicação”. As argamassas utilizadas pelos romanos utilizavam pozolanas artificiais, não estando dependentes

da disponibilidade das pozolanas naturais; em geral consideravam com certeza que todas as pozolanas

conferiam às argamassas resistência e durabilidade. Obras como o Coliseu, o Panteão ou o aqueduto Pont du

Gard são exemplos que mostram bem a durabilidade das argamassas de cal e pozolanas.

Veiga (2006) cita vários investigadores (Davitovits, 1993; Cavaco & Veiga, 2003) que consideram que a

durabilidade das argamassas antigas se deve muito à boa qualidade da cal, à correta seleção dos agregados

(curva granulométrica e proporção), à utilização de quantidades de água estritamente necessários, aos tempos

de mistura adequados e técnicas de aplicação apropriadas ao tipo de revestimento, nomeadamente o aperto

da argamassa após a aplicação, aplicação em várias camadas finas, e à aplicação de corretas condições de cura.

As argamassas de cal aérea foram o revestimento utilizado durante séculos, desde os Gregos e os Romanos até

início da Idade Moderna, mais especificamente até à descoberta dos ligantes hidráulicos, nomeadamente a cal

hidráulica e o cimento Portland. A cal hidráulica apareceu no século XVI, sendo o seu uso generalizado nos

séculos XVII – XIX. Apesar de a cal aérea ter perdido popularidade, a sua utilização nunca foi colocada de parte.

Em Portugal existem edifícios estudados por vários investigadores que apresentam revestimentos de cal, com

datas até à primeira metade do século XX (Tavares & Veiga, 2006; Veiga et al., 2007). Após esta data,

generalizou-se o uso de argamassas de cimento Portland, dadas as indiscutíveis vantagens, rapidez na

execução dos trabalhos, aquisição de elevadas resistências mecânicas, baixo coeficiente de absorção de água

por capilaridade.

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O mercado da reabilitação carece que a indústria desenvolva e produza argamassas de substituição adequadas

e apropriadas, com as matérias-primas atuais e sustentáveis, para a reabilitação de edifícios antigos. Assim, as

argamassas de reabilitação terão de ser constituídas por ligantes com características similares às dos

revestimentos existentes (cal aérea, cal hidráulica), pozolanas, agregados, adjuvantes (éteres de celulose,

éteres de amido, hidrofugantes) e fibras (Veiga, 2001).

2.6 Ligantes

Coutinho (1998) define ligante como um pó muito fino, com propriedades aglomerantes, que ao ser misturado

com água origina uma pasta que endurece pela ocorrência da reação química entre esse pó, a água e o ar. O

ligante assume a função de aglutinador entre os vários constituintes da argamassa concedendo às argamassas

coesão e resistência. Os ligantes são classificados por hidráulicos ou aéreos. Os primeiros possuem a

propriedade de endurecer e ganhar resistências, tanto em contacto com o ar como debaixo de água. Exemplos

destes ligantes são: os cimentos e as cais hidráulicas. Os ligantes aéreos endurecem e adquirem resistências

apenas em contacto com o ar, sendo a cal aérea o exemplo típico.

As argamassas utilizadas na construção podem ser formuladas utilizando os ligantes individualmente ou

combinados, desde que sejam compatíveis, permitindo retirar partido das propriedades de cada um. Estas

argamassas são geralmente conhecidas como bastardas.

2.7 Ligantes hidráulicos – Cais com propriedades hidráulicas

A cal hidráulica natural (NHL segundo a NP EN 459-1:2011 (IPQ, 2011)) é um ligante hidráulico constituído

essencialmente por hidróxido, silicatos e aluminatos de cálcio obtidos a partir do cozimento de rochas

calcárias, com determinada percentagem de impurezas de argila. Alguns autores como Coutinho (1998)

indicam que esta concentração pode variar entre 5-20%, enquanto outros como Coelho et al. (2009) defendem

tratar-se de um intervalo entre 8-20%. Esta mistura de argila e calcário é designada por marga.

O processo térmico ocorre a temperaturas entre 800-1200°C (Sequeira et al., (2007). Durante este processo de

cozimento, ocorre a calcinação do CaCO3, originando o dióxido de carbono (CO2) e o óxido de cálcio CaO. O

processo térmico a que as substâncias calcárias e argilosas são submetidas (em proporções definidas até à

ustulação) origina uma estrutura compacta designada por pedra cozida, que é constituída pelos compostos da

reação da equação 2.1, em especial compostos de silicatos (SiO2 2CaO) e aluminatos de cálcio (Al2O3 CaO)

hidratados e a cal livre (Sequeira et al.,2007).

CaCO3 + SiO2 + Al2O3+ Kcal→ CaO (livre) + Al2 O3 .3CaO+ SiO2.2CaO+ CO2 (Eq. 2.1)

Os produtos formados por estes silicatos e aluminatos denominam-se de cais hidráulicas naturais, que ao

hidratarem ganham presa, tanto na presença de água como de ar; daí as suas características hidráulicas (Lanas

et al., 2004 e Faria, 2004).

O processo de cozedura é seguido por um processo de hidratação para eliminar a cal viva e para provocar a

pulverização de toda a cal hidráulica natural, sob a forma de grão de silicatos e aluminatos.

A operação unitária seguinte é a moagem, onde os grãos maiores são separados, moídos e posteriormente

adicionados à cal. A moagem destes grãos leva ao aumento da superfície específica e, consequentemente, a

um aumento de hidraulicidade, seguindo as operações de embalamento e expedição, como mostra a figura 2.1.

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ExpediçãoEmbalamentoMoagemHidrataçãoCozeduraBritagem

Assim, a cal hidráulica natural resulta da conjugação do pó de moagem com o pó de silicatos e aluminatos de

cálcio e hidróxido de cálcio (Coutinho, 1988; Faria, 2004; Sequeira, 2015).

Segundo Sequeira et al., (2007), o processo de presa da cal hidráulica natural ocorre em duas fases distintas:

1ª Fase ocorre logo após a mistura da cal hidráulica com água. É designada por presa hidráulica e inicia-se com

a reação de hidratação dos aluminatos e silicatos. Esta etapa acontece com alguma rapidez.

A 2 ª Fase é designada por presa aérea ou reação de carbonatação. Ocorre durante o período de vida útil da

argamassa e corresponde à reação entre o hidróxido de cálcio e o dióxido de carbono atmosférico, que origina

carbonato de cálcio. Esta reação é lenta e prolongada no tempo.

Alvarez et al., (2005) refere que o processo de carbonatação origina uma alteração na microestrutura das

argamassas, diminuindo a porosidade e promovendo alterações nas propriedades relacionadas com a

microestrutura, tais como a permeabilidade, a difusão de gases e a capilaridade.

A cal hidráulica natural apresenta diferentes graus de hidraulicidade, dependendo da percentagem das argilas

presentes na rocha. Quanto maiores as percentagens de argila, mais elevado é o seu grau de hidraulicidade.

Portanto, a hidraulicidade das cais depende da quantidade de sílica e alumina presente na rocha que lhe dá

origem. Outro tipo de cal com propriedades hidráulicas é a cal hidráulica, HL, segundo a NP EN 459-1:2011

(IPQ, 2011). De um modo geral, a cal hidráulica pode ser comparada com o cimento artificial, do tipo Portland,

porém mais permeável. As argamassas de cal hidráulica têm uma natureza mais complexa e, por isso, são de

difícil caracterização; em geral, são mais resistentes que as argamassas de cal aérea (Kanan, 2008).

As cais são classificadas segundo a norma europeia “NP EN 459-1:2011 - Cal de construção. Parte 1: Definições,

especificações e critérios de conformidade ”, que distingue as cais em dois grupos, classificando-as como cal

aérea ou cal com propriedades hidráulicas. Esta classe, por sua vez, ainda se subdivide em: cal hidráulica

natural (NHL), cal de formulação (FL) ou cal hidráulica (HL). A cal hidráulica natural, segundo a nova versão da

norma, não admite qualquer tipo de adição. A Figura 2.2 transcreve as classificações mencionadas na referida

norma.

2.8 Ligantes aéreos – Cal aérea

A norma NP EN 459-1:2011 (IPQ, 2011) apresenta a cal aérea como sendo um ligante constituído

fundamentalmente por óxidos ou hidróxidos de cálcio que, depois de misturados com água, endurecem

lentamente ao ar, por reação com o dióxido de carbono da atmosfera. Não apresenta qualquer propriedade

hidráulica e não desenvolve presa debaixo de água.

A cal aérea, quimicamente designada por hidróxido de cálcio, provém das rochas calcárias (carbonato de cálcio)

ou dolomíticas (quando a rocha calcária contém mais de 20% de teor de magnésio) e é obtida por calcinação, a

temperaturas que rondam os 900°C.

Figura 2.1- Esquema do processo produtivo da cal hidráulica natural (fonte: Sequeira, 2015)

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Figura 2.2-Classificação das cais de construção, de acordo com a normalização europeia NP EN 459-1:2011 (IPQ, 2011)

A cal aérea é utilizada como ligante em argamassa de revestimento. A indústria utiliza a cal na sua forma

hidratada Ca(OH)2, que posteriormente reagirá com o dióxido de carbono atmosférico, dando origem ao

carbonato de cálcio. Esta reação é designada por reação de carbonatação e promove a presa e o

endurecimento à argamassa. O processo de endurecimento das argamassas à base de cal aérea está

dependente da disponibilidade do contacto com dióxido de carbono (Coelho et al., 2009).

Os revestimentos à base de cal aérea são recomendados para edifícios antigos porque mantêm as suas

características originais, não alteram o seu comportamento, esteticamente encontram-se em harmonia com as

alvenarias tradicionais. Estes materiais apresentam elevada deformabilidade, o que favorece o seu uso em

obras de reabilitação, além de serem primordiais na conservação e manutenção periódica das alvenarias

tradicionais. Os revestimentos à base de cal permitem obter uma irregularidade de reflexos conseguidos a

partir das partículas da cal quando trabalhada manualmente, o que confere um efeito único no acabamento de

rebocos e pinturas à base de cal. De acordo com Kanan (2008), além destas características, a cal promove

outras vantagens aos revestimentos, tais como: envelhecer sem provocar danos, confere porosidade e

permeabilidade, resistência mecânica, inércia térmica e durabilidade, quando bem executados e mantidos.

Devido ao elevado volume de poros existentes nestas argamassas, estas secam rapidamente, não retêm a

humidade deixando secar as paredes, o que impede a condensação da humidade no interior dos edifícios, bem

como a desagregação das alvenarias pela cristalização dos sais no interior da parede (ocorrerá na superfície,

onde poderão ser retirados a seco). De todas estas propriedades físicas dos materiais à base de cal, a estrutura

dos poros é uma das mais importantes, uma vez que exerce um papel preponderante na conservação das

estruturas antigas, pois incide no seu comportamento higroscópico (movimento de água do estado líquido para

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o gasoso) e no eventual mecanismo de degradação. Os sais solúveis são um dos principais agentes responsáveis

pela degradação destes revestimentos.

Também Coelho et al., (2009) tem uma opinião concordante com a autora anterior relativamente às vantagens

conferidas pela adição de cal hidratada em argamassas, enumerando mais algumas, nomeadamente: o seu

poder aglomerante, capaz de promover a união entre os agregados da argamassa, capacidade lubrificante,

reduzindo o atrito entre as partículas de areia, promovendo a deformabilidade da argamassa e

consequentemente, melhora a trabalhabilidade, aumenta a produtividade e reduz os custos de mão-de-obra.

Por ser um produto fortemente alcalino funciona como agente bactericida e fungicida.

A porosidade da argamassa é responsável por controlar o teor de água, a penetração do ar que entra na

estrutura da argamassa e, portanto, a velocidade de carbonatação do hidróxido de cálcio; por conseguinte, as

resistências mecânicas e a durabilidade das argamassas. A durabilidade das argamassas, por sua vez, depende

das condições do meio ambiente e das medidas de manutenção preventivas periódicas realizadas no edifício.

As argamassas à base de cal atuam como material de sacrifício e, por isso, protegem a estrutura.

A cal aérea é considerada um material conservador, ecológico e sustentável, não tóxico nem poluente. O seu

processo produtivo utiliza temperaturas de cozedura substancialmente baixas, quando comparadas com as

utilizadas na produção de cimentos. Além de registar temperaturas mais baixas de produção, também não

necessita de passar pelo processo de moagem, reduzindo o consumo de combustíveis fósseis (Kanan, 2008).

Contudo, as argamassas confecionadas com esta matéria-prima também apresentam algumas limitações.

Coelho et al., (2009) referem a necessidade da disponibilidade de CO2 para que ocorra o processo de

carbonatação da argamassa; dado que este ligante não endurece debaixo de água, este processo é

normalmente muito lento. Durante o endurecimento das argamassas de cal aérea é frequente a ocorrência de

fissuração por retração originada pela reação fortemente exotérmica.

Também Faria et al., (2010) consideram as argamassas de cal produtos sustentáveis, dada a sua

compatibilidade com os suportes antigos, permitindo executar com maior eficácia a função da proteção das

paredes e contribuir também para a sua própria durabilidade. A sustentabilidade é vista em termos da

contribuição efetiva para essa proteção, no sentido de prolongamento do tempo de vida do revestimento e,

sucessivamente, do edifício. Uma argamassa com um período de vida útil longo constitui uma argamassa mais

sustentável, contribuindo com menos impactos ambientais.

2.9 Agregados - Areias

A NP EN 13139:2005 (IPQ, 2005), “Agregados para argamassas” define agregado como material granular a

utilizar na construção, classificando estes como naturais, artificiais ou reciclados. Segundo este documento, o

agregado natural define-se como “agregado mineral que foi sujeito apenas a processamento mecânico“,

agregado artificial o “agregado mineral resultante do processo industrial, envolvendo tratamento térmico ou

outros” e, por último, o agregado reciclado como o “agregado resultante do processamento de materiais

inorgânicos anteriormente utilizados na construção”.

Veiga (2001) referiu que os agregados utilizados com maior frequência em argamassas tradicionais seriam as

areias naturais extraídas dos areeiros ou leitos de rios, de natureza siliciosa, calcária ou argilosa. A curva

granulométrica deverá ser estudada, por forma a obter uma curva perfeitamente otimizada, de modo a que a

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distribuição dos grãos garanta o total preenchimento dos vazios. Outros investigadores (Melo & Carneiro,

2010; Rato, 2006) verificaram nos seus trabalhos que uma correta distribuição granulométrica do agregado

permitirá obter uma estrutura porosa mais coesa, permitindo formular argamassas com menores

concentrações de ligante e, consequentemente, menores necessidades de água, o que reduz a probabilidade

de ocorrência de fissuração e retração.

Em Portugal, os agregados utilizados em maior escala para a produção de argamassas são as areias naturais

com composição mineralógica de origem siliciosa, maioritariamente constituídas por quartzo.

Em argamassas de reabilitação é importante utilizar agregados de natureza similar às argamassas originais

devendo, portanto, efetuar-se uma correta seleção do agregado, de modo a garantir um correto arranjo das

partículas. Têm influencia direta na trabalhabilidade, na compacidade e porosidade (microestrutura física), nas

resistências mecânicas das argamassas e, por conseguinte, na aparência do edifício, textura, e ainda na

qualidade e a durabilidade da intervenção (Rato, 2006).

Topçu (2004) citado por Pedrozo (2008), bem como os autores anteriormente citados, referem que a

granulometria dos agregados é uma das propriedades com grande influência no desempenho final da

argamassa. Tal situação deve-se ao facto de interferir com a quantidade de água que é necessário adicionar à

argamassa para obter a trabalhabilidade adequada e, consequentemente, poder originar alterações na

estrutura interna, resistências mecânicas e permeabilidade.

Braga (2010) citando Silva et al., (2006), relata a importância da perfeita arrumação das partículas

(concentração de agregados e curva granulométrica) no seio da argamassa, tanto no estado fresco como

endurecido, sendo que desta depende a quantidade de vazios que se poderão vir a formar na argamassa. O

ideal seria que os vazios maiores fossem preenchidos por partículas de menores dimensões sucessivamente até

formar uma estrutura coesa, como mostra a Figura 2.3.

Figura 2.3-Efeito da quantidade e do tamanho dos agregados na eficiência da arrumação do seio da argamassa

(fonte: Matsuda, 2000)

Braga (2010) cita também Cavaco (2005), que tem uma opinião concordante com o autor anterior, referindo a

forma e a dimensão do agregado, bem como a sua curva granulométrica são condicionantes fortes para o seu

comportamento; quanto menor o teor de vazios/ar incluído, menor será a quantidade de ligante e água

necessários, por conseguinte menores as retrações.

A trabalhabilidade da argamassa está relacionada com a sua plasticidade, e esta por sua vez relaciona-se com o

teor de finos, ou seja, com a curva granulométrica. Segundo Selmo (1989), a plasticidade das argamassas é

função do teor de finos (inclusive ligantes) com dimensão inferior a 0,075 mm. Tal justifica-se porque as

partículas finas melhoram a coesão interna da mistura, permitindo que a argamassa mantenha as deformações

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impostas pela aplicação, uma vez que os grãos menores apresentam maior força de tensão superficial, porque

apresentam maiores superfícies específicas.

Contudo, a taxa de incorporação de agregados finos, mais especificamente os finos com granulometrias abaixo

de 75 μm, tem de ser corretamente determinada, dado que um excesso de finos poderá originar problemas no

desempenho da argamassa, nomeadamente fissuração e diminuição de aderência (Miranda et al., 2006).

De acordo com Kanan (2008), as areias com grãos de forma rugosa, angulosa, são as mais recomendadas,

porque aumentam o contacto do aglomerante com o agregado, enquanto as areias de forma arredondada ou

mesmo a mistura dos dois tipos de grãos são recomendadas essencialmente porque diminuem os problemas

de retração. A areia deve ser limpa, isenta de matéria orgânica e não deve ter finos em excesso; o teor máximo

de finos, com grãos menores do que 0,150, mm deve ser no máximo 10%. Argamassas produzidas com excesso

de grãos finos diminuem o potencial da cal como aglomerante, pois dificultam a aderência da cal à areia.

A figura 2.4 apresenta uma das possíveis formas de extração de agregados naturais, provenientes de leitos de

rios.

Figura 2.4-Extração de agregados naturais (fonte: Sifucel 2014)

2.10 Adições

2.10.1 Pozolanas

Coutinho (1998), Kanan (2008) e Said–Mansour et al., (2011) definem pozolana como um material que contém

sílica (SiO2) e alumina (Al2O3) reativas, que na presença de água reagem ou se combinam quimicamente com o

hidróxido de cálcio da cal, à temperatura ambiente, formando compostos aglutinantes (silicatos de cálcio

hidratados).

Velosa (2006) apresenta a definição de pozolanas segundo a ASTM C593-95 “como materiais siliciosos ou

silicoaluminosos que possuem poucas ou nenhumas propriedades cimentícias, mas que finamente divididos e

na presença de humidade reagirão quimicamente com álcalis e hidróxidos alcalinoterrosos a temperaturas

vulgares, formando ou ajudando à formação de compostos com propriedades cimentícias”.

As pozolanas podem apresentar diversos graus de reatividade, que dependem da quantidade de sílica reativa,

da finura da pozolana e da pureza da cal.

As argamassas formuladas com cal aérea e pozolanas normalmente apresentam uma presa mais rápida,

melhores resistências mecânicas e melhor comportamento à ação da água comparativamente a argamassas só

de cal aérea.

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Os materiais pozolânicos podem ser classificados, segundo a sua natureza como pozolanas naturais ou

artificiais. As primeiras são lavas vulcânicas meteorizadas (materiais que são sujeitos a temperaturas muito

elevadas, seguidas de um arrefecimento brusco); daí serem encontradas em zonas onde ocorrem ou ocorreram

fenómenos vulcânicos. As segundas são obtidas industrialmente por tratamento térmico, transformando os

materiais siliciosos (aluminosos ou silico-aluminosos) em sílica amorfa (alumina ou sílica e alumina amorfas).

Este processo é parametrizado com tratamentos térmicos e temperaturas específicas para cada pozolana. A

especificação destas temperaturas e de todo o ciclo térmico é fundamental para que a reação de formação da

sílica amorfa ocorra corretamente, uma vez que temperaturas superiores às da reação de formação da sílica

amorfa promovem a formação de estruturas cristalinas quimicamente inertes.

Das pozolanas artificiais destaca-se o metacaulino, que, segundo Pontes (2011), citado em Faria (2012) e

Gameiro et al., (2012), é um dos tipos de pozolanas com maior grau de pozolanicidade, logo mais reativo.

2.10.2 Metacaulino

O metacaulino é um alumino-silicato proveniente da calcinação da argila caulinítica. Apresenta-se como um pó

ultrafino de tom claro, ligeiramente salmão.

O metacaulino pode ser obtido através de reservas de caulinos ou, entre outros, proveniente das lamas

resultantes da lavagem de areias cauliníticas. Em Portugal existem pelo menos estas duas fontes de matérias-

primas para a obtenção de metacaulino. O processo de calcinação ocorre normalmente a temperaturas entre

os 600-850ºC, obtendo-se um material amorfo. Este processo de ativação térmica, ou desidroxilação, leva ao

colapso da estrutura cristalina, formando uma fase amorfa, que é altamente pozolânica. A curva de

temperaturas, a temperatura máxima, a duração da exposição a essa temperatura e o tipo de arrefecimento

têm de ser exatamente definidos, uma vez que pequenas alterações no processo poderão originar metacaulino

com distintas reatividades (Velosa et al., 2009).

O rigoroso controlo do processo é extremamente importante, uma vez que a uma exposição contínua a

temperaturas acima da temperatura de desidroxilação promove a recristalização, formando mullite, que

provoca perda da atividade pozolânica (Said-Mansour et al., 2011).

A utilização de metacaulino em argamassas permite obter melhorias na trabalhabilidade e nas resistências

mecânicas. Verifica-se uma redução do tempo de endurecimento, assim como uma redução da

permeabilidade.

A substituição parcial do ligante por metacaulino em argamassas apoia a sustentabilidade, dado que promove

o consumo de produtos mais ecológicos (produtos com menores consumos energéticos gastos nos seus

processos de produção) e a eventual valorização de subprodutos industriais (resíduos de lavagem das areias

cauliníticas), reduzindo os volumes de resíduos a depositar em aterros (Faria et al., 2012).

2.10.3 Pigmentos

Os pigmentos são compostos inorgânicos, como óxidos de ferro, crómio ou cobalto, que são adicionados às

argamassas para conferir-lhes cor. Esta família de produtos apresenta boa resistência aos álcalis e aos raios

ultravioletas.

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Na antiguidade, as argamassas eram coloridas através da adição de terras corantes adequadas para estas

aplicações. Apenas as terras que continham quantidades de ferro suficiente e uma composição mineralógica

adequada eram selecionadas e adicionadas às argamassas para lhes conferir cor (Veiga, et al., 2008). Contudo,

muitas vezes, para obter determinadas cores, é necessário adicionar também pigmentos orgânicos, como é o

caso dos azuis (ftalocianinas), amarelos (monolazos), ou dos vermelhos (naftôles, piróles).

Os pigmentos são muito utilizados em argamassas “monomassas”, rebocos coloridos ou argamassas para

juntas de cerâmica. No caso de rebocos para reabilitação, normalmente estes aditivos são utilizados nas

argamassas de acabamento. A Figura 2.5 exemplifica alguns tipos de pigmentos utilizados com frequência no

fabrico de argamassas.

Figura 2.5-Pigmentos inorgânicos (fonte: Topeca, 2014)

2.11 Fibras

As fibras são adicionadas às argamassas com a finalidade de conferir menor suscetibilidade à retração e

eventual melhoria da resistência à tração. Funcionam como reforço da estrutura da argamassa. As fibras

normalmente utilizadas são fibras sintéticas de polipropileno, nylon ou fibras acrílicas (Veiga, 2001).

Teoricamente, o uso de fibras nas argamassas beneficia o comportamento pós – fissuração, uma vez que

funcionam como ponte de transferência de tensões. As fibras, quando adicionadas às argamassas, contribuem

para o aumento da capacidade resistente, da capacidade de deformação e da tenacidade das argamassas. As

fibras acrílicas, em especial, formam uma rede coesiva tridimensional, melhorando as propriedades mecânicas

e durabilidade do revestimento. Também é comum a utilização de fibras de celulose em alguns tipos de

argamassas. Estas são adicionadas com o objetivo de regular a saída de água da argamassa e,

consequentemente, melhorar o seu processo de hidratação. Estas fibras modificam a reologia das argamassas

frescas (tixotropia e consistência) (Veiga, 2001). A Figura 2.6 mostra dois exemplos de fibras: sintéticas e de

celulose.

Figura 2.6 - Fibras sintéticas (fonte: daechong4) e de celulose (fonte: JRS)

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Mais recentemente surgem também fibras resultantes de resíduos industriais como é o caso de fibras vegetais

(Faria et al., 2014) ou têxteis (Gonilho-Pereira et al., 2013).

2.12 Adjuvantes

Segundo a EMODICO (consultado 2013), os adjuvantes são materiais orgânicos ou inorgânicos adicionados às

argamassas em pequenas dosagens, com o objetivo de modificar as suas propriedades no estado fresco e

endurecido, nomeadamente a trabalhabilidade, hidrofugação, aderência, alteração dos tempos de presa e

endurecimento, entre outras.

Coutinho (1998) define adjuvante como as substâncias que são adicionadas às argamassas ou betões em

percentagens inferiores a 5%, relativamente ao peso do ligante.

As argamassas industriais contêm na sua formulação vários tipos de adjuvantes, destacando-se os seguintes:

i) Hidrófugos - São partículas finas insolúveis que atuam na argamassa colmatando os capilares;

consequentemente impedem a circulação da água no interior da estrutura da argamassa, por redução da

tensão capilar no interior destas. Em geral são utilizados sais metálicos de ácidos orgânicos, tais como sais de

estiratos (cálcio, zinco ou magnésio) e sabões ou gorduras (oleatos de sódio), ou produtos à base de silanos.

Estes adjuvantes conferem valores baixos de coeficiente de capilaridade e melhoram a capacidade de

impermeabilização (Veiga, 2001; Coutinho, 1998).

ii) Introdutores de ar – São adjuvantes incorporadores de ar, normalmente compostos orgânicos

(linhossulfonados, hidrocarbonetos sulfonados, ácidos gordos) ou sais alcalinos solúveis em água (sais de

sódio). Atuam reduzindo a tensão superficial da água adicionada às argamassas, facilitando a dispersão desta

no seio da argamassa, o que permite reduzir os teores de água da mistura, com a vantagem de minorar a

tendência para fissurar (Veiga 2001; Coutinho, 1998).

Segundo Alves et al., (2002), os introdutores de ar pertencem à família dos tensioativos aniónicos, que são

materiais com comportamento fortemente adsorvente, ocorrendo essa adsorção na interface ar/líquido ou

sólido/líquido. Estes compostos são simultaneamente hidrofílicos e hidrófobos. A sua dupla natureza deve-se

ao facto de estas moléculas serem constituídas por uma parte polar (afinidade com água) e/ou apolar (não tem

afinidade com a água). Este tipo de adjuvantes reage com as partículas do ligante da argamassa, adsorvendo

estas através da sua parte polar (cabeça), ficando a parte apolar (cauda) ligada à água, conferindo um

comportamento superficial hidrofóbico. A formação das bolhas de ar é originada pelas substâncias de

tensioativo não adsorvidas. A agitação que ocorre durante a mistura da argamassa com a água promove a

formação destas bolhas de ar estáveis. Porém, as partículas de tensioativo ligam-se ao ligante, através de efeito

ponte às bolhas de ar entretanto formadas, conforme mostra a Figura 2.7.

Durante a mistura da argamassa com a água formam-se pequenas bolhas de ar estáveis de forma

aproximadamente esférica, distribuídas uniformemente pela argamassa e que se mantêm no estado

endurecido. Estas funcionam como um corte de capilaridade, melhorando a capacidade de impermeabilização,

resistência ao gelo-degelo e a resistência aos sais. Contribuem também para melhorar a plasticidade e

trabalhabilidade da argamassa.

Como introduzem ar nas argamassas, reduzem a tendência para que ocorram fenómenos de retração e

minimizam o comportamento à fendilhação (Coutinho, 1998; Veiga, 2001).

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Figura 2.7-Representação esquemática do mecanismo de funcionamento dos adjuvantes incorporadores de ar

(a) – Aglutinação das extremidades apolares do tensioativo, formação da bolha de ar. (b) – Formação do efeito

ponte (fonte: Alves et al., 2002)

iii) Retentores de água -São derivados de celulose, modificados ou não, ou seja polímeros semi-sintéticos

solúveis em água. Fazem parte desta família de substâncias as metil celuloses, hidroxietil celuloses, metil

hidroxipropil celuloses, como ilustra a Figura 2.8.

Estes adjuvantes atuam modificando a viscosidade da argamassa, devido à sua natureza hidrofílica, ocorrendo

uma ligação química entre os seus grupos OH- e as moléculas da água. Este efeito origina a formação de um gel

que aumenta a capacidade de retenção de água, juntamente com o aumento da viscosidade. Porém, é este

comportamento que permite controlar a evacuação da água, limitar o risco de evaporação prematura da água

por sucção do suporte ou para o meio ambiente e favorecer a completa hidratação do cimento, tornando as

argamassas menos sensíveis às condições climatéricas e aos suportes muito absorventes.

É consensual entre a comunidade científica (Veiga, 2001; Alves, et al., 2002) e a indústria que o efeito da adição

de éteres de celulose às argamassas proporciona melhorias nas suas propriedades, em particular no estado

fresco, uma vez que facilita a mistura da argamassa com a água, promovendo um efeito lubrificante entre as

partículas dos vários constituintes da argamassa, resultando uma mistura mais macia e homogénea. Em suma,

melhora a trabalhabilidade, a aplicação do produto e contribui para um aumento da produtividade durante a

aplicação.

O tipo e composição do éter de celulose a adicionar às argamassas está diretamente relacionado com o tipo de

argamassa e com as propriedades que se pretendem conferir ao produto final; no entanto, as principais

características a ter em consideração para a seleção do tipo de retentor de água são a viscosidade e o seu grau

de modificação. As argamassas de reboco normalmente requerem um éter de celulose com alguma

modificação e com uma viscosidade que poderá encontrar-se entre os 18.000 e os 30.000 cps. A Figura 2.8

mostra um tipo de molécula de éter de celulose que pode ser adicionado às argamassas de reboco.

iv) Retardadores e aceleradores de presa - Adjuvantes solúveis em água que atuam quimicamente no seio da

argamassa, alterando a solubilidade e a velocidade de dissolução dos componentes anidros do ligante Esta

reação modifica os tempos de presa das argamassas. Os iões que diminuem a solubilidade dos aluminatos,

impedindo a sua hidratação e que precipitam os iões cálcio, são designados de retardadores. As substâncias

que normalmente se utilizam como retardadores de presa são fosfatos, ácido cítrico e seus sais, açúcares e os

boratos de sódio (Coutinho, 1988).

a) b)

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Figura 2.8-Molécula de um éter de celulose utilizável como adjuvante retentor de água (fonte: Tylose, Shin

Etsu., 2012)

Os aceleradores dão origem a hidróxidos mais solúveis do que os iões de cálcio, ou seja, promovem a presa da

argamassa. As substâncias químicas mais utilizadas para esta função são sais carbonatos de lítio e sódio,

formiatos de cálcio, entre outros. Os aceleradores e retardadores de presa são adicionados às argamassas

sempre que é necessário ajustar os tempos de aplicação destas aos ritmos de trabalho, muitas vezes impostos

pelas condições climatéricas.

2.13 Requisitos para argamassas de reabilitação de edifícios antigos

Vários autores (Faria et al., 2011; Sequeira et al., 2012; Veiga et al., 2012) defendem que uma argamassa de

reabilitação deve ser desenvolvida tendo em consideração a compatibilidade química, física e mecânica com os

materiais e elementos construtivos do local onde será aplicada, e ter em especial atenção o objeto que será

alvo de reabilitação. Em teoria, o ideal seria as argamassas de substituição serem adaptadas ao tipo de edifício,

às condições de suporte, ao clima e às condições ambientais a que está sujeito o edifício. Foi assim necessário

definir exigências de compatibilidade gerais para argamassas de substituição. A definição destes valores teve

por base a experiência obtida através das investigações realizadas com argamassas antigas e estudos realizados

com argamassas de cal, preparadas em laboratório para essa finalidade.

O Quadro 2.1 compila as exigências definidas por vários investigadores, para as argamassas de reabilitação

válidas para a maioria das paredes de alvenaria argamassada nacionais (Veiga, 2003; Veiga, 2006; Menezes et

al., 2012; Santos et al., 2012).

Os requisitos apresentados no Quadro 2.1 foram definidos como sendo os que vão de encontro aos princípios

básicos para as argamassas de substituição. Segundo (Veiga, 2003; 2005) as argamassas de substituição devem

apresentar as seguintes especificações:

• as resistências mecânicas da argamassa de substituição terão de ser semelhantes às das argamassas

originais e menores que as dos suportes;

• a aderência nunca deve ter rotura coesiva pelo suporte;

• a tensão por retração restringida deve ser inferior à resistência à tração do suporte;

• os valores de capilaridade e a permeabilidade ao vapor de água e a facilidade de secagem terão de

ser semelhantes às argamassas originais;

• devem promover uma durabilidade semelhante às argamassas originais;

• não podem provocar alterações de cor nos revestimentos adjacentes.

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Quadro 2.1-Requisitos definidos para características mecânicas das argamassas de reabilitação (adaptado de Veiga, 2003 e Santos et al., 2012)

Argamassa Característica Mecânicas (MPa)

Aderência (MPa)

Comportamento à retração restringida

Rt Rc E Frmáx (N) G (N.mm) CSAF CREF

(mm)

Reboco exterior 0,20- 0,70 0,40- 2,50 2000-5000

0,1 - 0,3 rot. coesiva reboco

<70 >40 >1,5 >0,7 Reboco interior

Rt- Resistência à tração por flexão; Rc – Resistência à compressão; E – Módulo de Elasticidade dinâmico por frequência de ressonância; Fr máx- Força máxima induzida por retração restringida; G- Energia de rotura à tração; CSAF – Rt/Frmax: coeficiente de segurança à abertura da 1ªfenda; CREF- G/Fr max: Coeficiente de resistência à evolução da fendilhação.

Todas estas especificações foram traduzidas em valores apresentados no Quadros 2.1 e 2.2 como sendo as

características mecânicas e físicas adequadas para as argamassas de substituição (Veiga, 2005).

Quadro 2.2- Requisitos estabelecidos para as características de comportamento face à água e às condições climáticas, para as argamassas de substituição, (adaptado Veiga, 2003 e Santos & Veiga, 2012)

Argamassa Ensaios Clássicos Ensaio com Humidimetro Envelhecimento artificial

acelerado Sd (m) C (kg/m2.min

½) M (h) S (h) H(mv.h)

Reboco exterior <0,08 1-1,5 >0,1 <120

<16000 Médio: degradação moderada nos ciclos de água /gelo Reboco interior <0,1 - - -

Sd - Espessura da camada de ar de difusão equivalente; C - Coeficiente de capilaridade; M - Atraso na molhagem, definido como o período de tempo decorrente desde o momento da aplicação da água sobre o provete até a água atingir as sondas, considerando-se que tal acontece quando se verifica uma quebra de tensão elétrica de 5%; S - Período de humedecimento, definido como o período de tempo durante o qual o suporte permanece humedecido, considerando-se que tal acontece enquanto a tensão elétrica se mantém abaixo de 95% do seu valor inicial; H - Intensidade de molhagem, definida como a quantidade de molhagem sofrida durante o ensaio, ou seja a área situada entre a linha que define a variação da tensão elétrica com o tempo e a linha correspondente ao valor da tensão no estado considerado seco, ou seja, de 95% do valor inicial.

O objetivo da indústria das argamassas tem sido tentar reproduzir argamassas que correspondam aos

requisitos definidos pelas normas harmonizadas, nomeadamente a NP EN 998-1:2013 (IPQ,2013), não

descurando os vários trabalhos desenvolvidos pelos investigadores desta aérea. Assim, a grande motivação da

indústria é desenvolver e apresentar soluções adequadas à diversidade de aplicações, conjugando estas às

vantagens das argamassas produzidas industrialmente (homogeneidade do produto final, garantia de

qualidade, reprodutibilidade, diminuição do erro humano e utilização de matérias-primas adequadas, que

conferem características específicas).

A execução destas argamassas terá de passar imperativamente pela indústria e respetivos departamentos

técnicos, uma vez que a formulação desta tipologia de argamassas exige um estudo completo e aprofundado,

de forma a conseguir garantir o cumprimento de todos os requisitos impostos. Muitas destas características só

são conseguidas com a adição de determinados adjuvantes adicionados em concentrações muito reduzidas.

Atualmente existe uma enorme diversidade de adjuvantes, que teoricamente conferem determinadas

propriedades a uma argamassa de reabilitação. No entanto, necessitam sempre de ser previamente testados,

para avaliar todas as potencialidades e vantagens que advém da sua introdução nas argamassas,

nomeadamente verificar a sua compatibilidade com os restantes constituintes da argamassa e verificar a

viabilidade económica, uma vez que este tipo de adjuvante normalmente origina um elevado acréscimo no

preço final do produto (Sequeira et al., 2012).

O Quadro 2.3 resume as características exigidas pela norma harmonizada NP EN 998-1:2013 (IPQ, 2013), a qual

terá de ser obrigatoriamente cumprida; caso contrário, poderá pôr em causa a colocação do produto no

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mercado. Todavia, é pertinente que estes requisitos sejam conjugados com os critérios definidos nos Quadros

2.1 e 2.2, critérios adicionais, de forma a reproduzir uma argamassa de reabilitação mais compatível com os

suportes existentes.

Quadro 2.3-Requisitos para argamassas de reabilitação definidas pela NP EN 998-1:2013 (IPQ, 2013)

PROPRIEDADES

Class. M.V RC (categorias) Ader.(N/mm2) CC

(categorias)

Penetração água após absorção

(mm)

Coef. Permeab. ao vapor água

(μ)

Reação Fogo Durab.

Norma EN 1015-10 EN 1015-11 EN 1015-12 EN 1015-18 EN 1015-18 EN 1015-19 EN 13501-1

R Valor médio declarado

CSII Valor declarado

padrão rutura-FP ≥ 0,3kg/m2,

após 24 horas ≤5mm ≤ 15 Valor decl.

Valor decl.

GP Valor médio declarado

CSI-CSIV Valor declarado

padrão rutura- FP W0-W2 - - Valor decl.

Valor decl.

2.14 Técnicas de aplicação de rebocos antigos

Este subcapítulo descreve algumas das técnicas de aplicação de rebocos antigos que foram desaparecendo com

o passar dos anos.

Veiga (2003) desenvolveu um estudo no âmbito das argamassas na conservação de edifícios antigos, focando a

sua investigação na realização de ensaios de caracterização de várias formulações de argamassas distintas, com

diferentes ligantes. A sua investigação focou também a determinação de técnicas de aplicação preponderantes

para o bom desempenho, garantindo a maior durabilidade do revestimento de substituição. Coelho et al.,

(2009) cita vários autores (Teutónico et al., 1994; Margalha, 2007; Cavaco, 2005), que referem a importância da

aplicação das corretas formas de mistura e aplicação das argamassas de substituição, fazendo referencia às

seguintes técnicas:

• efetuar a limpeza prévia do suporte removendo impurezas e sujidade;

• realizar encasque e enchimentos, em locais onde existam depressões;

• utilizar a quantidade de água adequada, de forma a obter a argamassa com consistência ajustada para

aplicação pretendida;

• a mistura da argamassa com água deve ser realizada inicialmente recorrendo ao uso de betoneira;

contudo, a parte final da amassadura deverá ser efetuada de forma manual, de modo a promover uma

mistura perfeita;

• projetar a argamassa com força contra o suporte, de forma a promover a ligação da argamassa ao

suporte. Aplicar a argamassa em várias camadas;

• efetuar o aperto da argamassa contra o suporte, após aplicação da argamassa; esta técnica permitirá

uma maior compacidade e, consequentemente, menor tendência para o aparecimento de fissuras;

• proporcionar condições de cura ajustadas à constituição da argamassa em causa. Nomeadamente

proteger os revestimentos da forte exposição solar, de forma a evitar uma secagem demasiado rápida.

No caso especifico das argamassas de cal proteger da ação da água evitando assim, a inibição da

carbonatação. Para as argamassas com adições pozolânicas será recomendável manter os

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revestimentos húmidos durantes os primeiros dias, de forma a potenciar o desenvolvimento da

reação pozolânica (Coelho et al.,2009, citando Veiga 2006).

Veiga (2003) observou que uma maior exposição solar promove o endurecimento mais rápido; porém, poderá

dar origem ao aparecimento de fissuras. Todavia, a fraca exposição solar contribuiu para atrasos na

carbonatação, podendo colocar em causa o comportamento da argamassa durante a sua vida útil.

A investigadora concluiu que as técnicas utilizadas durante a execução dos trabalhos de reabilitação podem ter

uma influência tão importante, como a composição da própria argamassa, no desempenho final do

revestimento.

2.15 Síntese do capítulo

A conservação e reabilitação de revestimentos de parede antigos é uma temática atual e cada vez mais

relevante tanto no contexto da reabilitação de edifícios como no contexto socioeconómico. Os edifícios antigos

contemplam um vasto conjunto de tipologias de edifícios (património monumental, edifícios classificados e

edifícios correntes), estes por sua vez são constituídos por diversos tipos de suporte, materiais e tecnologias de

aplicação que lhes conferiram desempenhos distintos.

Apesar da sua grande diversidade técnica e formal, os revestimentos que protegeram as paredes ao longo do

tempo são essencialmente constituídos por argamassas de rebocos com funções bem definidas de

regularização e proteção e que presentemente ainda continuam a conferir grande relevância na conservação

dos edifícios antigos. Estas argamassas eram maioritariamente confecionadas com as matérias-primas

disponíveis nos locais.

Atualmente a indústria pretende desenvolver soluções de argamassas industriais para a reabilitação

(constituídas por matérias primas que contam com décadas de história, como a cal aérea, cal hidráulica

conjugadas com produtos de nova geração, como alguns adjuvantes e adições) que cumpram com as

exigências funcionais das paredes antigas, preocupando-se com a compatibilidade mecânica, química e física

entre estes elementos e os suportes. A indústria procura também reatar materiais e técnicas que

desapareceram com o passar dos anos.

O capítulo seguinte apresenta uma análise crítica aos estudos efetuados em Portugal nesta última década, no

âmbito de argamassas de substituição compatíveis com edifícios antigos.

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25

3 . ANÁLISE CRÍTICA AOS ESTUDOS REALIZADOS NO ÂMBITO DE ARGAMASSAS DE SUBSTITUIÇÃO

COMPATÍVEIS COM EDIFÍCIOS ANTIGOS.

3.1 Considerações iniciais

Após ter sido abordado no capítulo anterior os principais componentes que constituem uma argamassa de

revestimento para edifícios antigos, entendeu-se ser fundamental fazer uma compilação e análise aos diversos

trabalhos realizados no âmbito das “argamassas para revestimentos antigos”, realizados nesta última década.

Assim, será efetuada uma análise comparativa dos resultados obtidos pelos diversos autores. Para tal,

começou-se por agrupar os trabalhos por tipologia de ligantes, seguindo a ordem cronológica inversa de 2014

até 2003, confrontado estes com a gama de valores referenciados por Veiga (2003) e Santos & Veiga (2012)

(ver Quadros 2.1 e 2.2).

Para facilitar esta análise foram construídos gráficos que incluem os resultados obtidos nos vários trabalhos,

passíveis de serem comparados. Tendo como objetivo verificar a existência de tendências e semelhança de

comportamentos; oriunda da submissão das argamassas a vários tipos de cura, e da substituição de

percentagens de ligantes por adições e /ou adjuvantes.

Definiu-se uma terminologia para a designação das várias argamassas, de forma a tornar a análise aos gráficos

mais expedita. Assim, todas as argamassas são designadas pela seguinte nomenclatura de identificação: tipo de

ligante (representada pelo símbolo do ligante), taxa de substituição do ligante por adição/resíduos

(identificação da taxa de substituição e respetivo símbolo, sempre que aplicável), tipo de agregado (esta

informação aparece apenas quando há variação do tipo ou percentagem de agregado, na formulação), tipo de

cura.

3.2 Enquadramento

De acordo com Faria et al., (2012) e Sequeira et al., (2012), Portugal é um dos poucos países no mundo a

produzir cal hidráulica natural (NHL), começando já a ser utilizada com alguma frequência na formulação de

argamassas de substituição em edifícios antigos. Em 2012 entrou em vigor pleno uma nova versão da norma

que regula e classifica as cais, NP EN 450-1:2011 (IPQ, 2011). Esta atualização da norma originou alterações ao

nível da classificação das cais com propriedades hidráulicas, o que provocou alterações nas formulações destes

ligantes, tornando a composição das cais hidráulicas naturais mais rigorosa. Havendo abundância destes

ligantes em Portugal e sendo este um recurso bastante mais sustentável, comparativamente com o cimento,

por necessitar de menores consumos energéticos e ser potencialmente mais adequado para aplicação em

suportes antigos, faz todo o sentido estudar a sua aplicação em argamassas para reabilitação de edifícios

antigos. O que justifica a existência de diversos trabalhos de investigação desenvolvidos neste âmbito,

argamassas de cal hidráulica com ou sem adição de pozolanas artificiais. Outra família de argamassas, que

também tem sido amplamente estudada são as argamassas de cal aérea aditivadas ou não com pozolanas, pelo

facto de continuarem a dar provas de se tratar de produtos perfeitamente compatíveis com os suportes

existentes nos edifícios antigos. As pozolanas artificiais têm sido outro conjunto de materiais alvo de diversos

estudos, uma vez que se tem verificado que promovem melhorias técnicas, económicas e ambientais (Faria et

al., 2012).

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Apoiada em toda esta informação e na necessidade de verificar os âmbitos já estudados decidiu-se realizar um

levantamento do estado do conhecimento adquirido até à data, referentes a argamassas para edifícios antigos,

baseados nos ligantes cais hidráulicas naturais NHL 3,5 e NHL5, classificadas segundo a nova norma, NP EN 450-

1:2011 (IPQ,2011), e cal aérea (CL). Esta compilação de resultados pretende também verificar se existem

ligantes ou misturas de ligantes com adições, tipos de cura, agregados e adjuvantes adequados/apropriados

para a aplicação em questão, possibilitando, desta forma, fundamentar a tomada de decisões relativamente às

formulações a desenvolver no trabalho experimental.

3.3 Argamassas de cal hidráulica natural NHL 3,5 e eventuais adições pozolânicas

As Figuras 3.1 e 3.2 apresentam os resultados experimentais referentes ao comportamento mecânico

(resistência à tração por flexão Rt, à compressão Rc e módulo de elasticidade dinâmico Edin), enquanto as

Figuras 3.3 e 3.4 apresentam os valores obtidos para os ensaios de absorção de água por capilaridade e à

porosidade, obtidos por argamassas de cal NHL 3,5 e eventuais adições pozolânicas, aos 90 dias de idade.

Assim, os gráficos compilam os trabalhos realizados por vários investigadores (Grilo et al., 2014; Valério, 2013;

Faria & Santos, 2012; Fontes et al., 2012; Ferraz et al., 2012; Guerreiro et al., 2007). Nestas Figuras 3.1 e 3.2

estão representadas também as linhas que balizam os intervalos referenciados por Santos & Veiga (2012),

identificadas com L inferior RM e L superior RM, que apresentam respetivamente o valor mínimo e máximo de

resistências mecânicas, mais especificamente valor de resistência à compressão (MPa). O mesmo para L. INF ED

e L. SUP. ED referentes aos valores mínimos e máximos do módulo de elasticidade.

Figura 3.1- Comportamento mecânico das argamassas, estudadas por diversos autores, em formulações à base

de cal hidráulica natural NHL3,5, aos 90 dias

0

1000

2000

3000

4000

5000

6000

7000

8000

9000

10000

11000

12000

0,00

1,00

2,00

3,00

4,00

5,00

6,00

7,00

8,00

NH

L3,5

_M

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00

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Grilo, et al.2014 Valerio,2013 Faria & Silva.2013

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Nota - Designação das Argamassas :Autor ; Tipo de ligante _ % e tipo de sustituição parcial_(tipo de agregado)_ tipo de curaEX: ( NHL_10 MK_M) - Grilo et al ., 2014, NHL 3,5_ 10% de Metacaulino_ Cura Maritima

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27

Figura 3.2-Comportamento mecânico das argamassas, estudadas por diversos autores, em formulações à base

de cal hidráulica natural NHL3,5, aos 90 dias (continuação)

Os estudos abordados nestes gráficos comparativos, Figuras 3.1 e 3.2 (Grilo et al., 2014; Valério, 2013; Faria &

Silva, 2013; Fontes et al., 2012; Ferraz et al., 2012; Guerreiro et al., 2007), têm em comum o desenvolvimento

de formulações de argamassas para revestimentos de edifícios antigos, cujo ligante principal utilizado foi a cal

hidráulica natural NHL 3,5. Com exceção de Guerreiro et al., (2007), que utilizou uma cal medianamente

hidráulica designada correntemente por Cal Lafarge, todos os outros investigadores utilizaram a nova cal

hidráulica natural NHL 3,5 classificada segundo a nova norma NP EN 450-1:2011 (IPQ,2011).

Os trabalhos desenvolvidos por estes investigadores utilizaram traços volumétricos de 1:3 (ligante: agregado),

sendo o ligante principal, geralmente a cal NHL 3,5 (identificada nos gráficos como NHL 3,5), utilizado na

totalidade ou com substituições parciais de massa de ligante por uma adição, tais como o metacaulino (Mk),

resíduos de tijolo cerâmico (T) e vermiculite (V). Quanto aos agregados utilizados, praticamente todas as

investigações utilizaram uma mistura de agregados (a maioria, uma mistura de areias silicosas lavadas e

calibradas).

Grilo et al., (2014), Valério (2013) e Fontes et al., (2012) desenvolveram os seus trabalhos experimentais

submetendo os provetes a diferentes condições de cura (húmida (H), ambiente marítimo (M), standard (S),

aspersão de água (SP) respetivamente), verificando-se que os provetes das argamassas submetidos a condições

de curas com elevados teores de humidade (cura húmida, cura com aspersão diária de água nos primeiros dias

e cura em ambiente marinho), de um modo geral originam argamassas com maiores valores de resistências

mecânicas, nomeadamente resistências à compressão, justificada pelo facto de os elevados teores de

humidade serem propiciadores das reações de hidratação.

0

1000

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3000

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Nota - Designação das Argamassas :Autor ; Tipo de ligante _ % e tipo de sustituição parcial_ tipo de curaEX: ( NHL_5T_S) - Fontes et al ., 2012, NHL 3,5_ 5% de Pó Tijolo_ Cura Standard

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28

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Grilo, et al.2014 Valerio,2013 Faria & Silva.2013

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Nota - Designação das Argamassas :

Autor ; Tipo de ligante _ % e tipo de sustituição parcial_(tipo de agregado)_ tipo de curaEX: ( NHL_10 MK_M) - Grilo et al ., 2014, NHL 3,5_ 10% de Metacaulino_ Cura Maritima

Figura 3.3-Comportamento das argamassas face à água, estudadas por vários autores, em formulações à base

de cal hidráulica natural NHL3,5, aos 90 dias

Alguns destes autores realizaram ensaios mineralógicos que demostraram estar em consonância, no sentido

que o aumento das resistências mecânicas se deve à evolução das reações de hidratação proporcionadas pela

presença de compostos hidratados (monocarboaluminato, etringite e hidrocalumite), à hidratação da belite e

aluminatos de cálcio. Estes ensaios corroboraram os resultados apresentados por Borges et al., (2012).

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L. INF. CC L.SUP. C.C

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Nota - Designação das Argamassas :Autor ; Tipo de ligante _ % e tipo de sustituição parcial_ tipo de CuraEX: ( NHL_5T_Sd) - Fontes , et al ., 2012, NHL 3,5_ 5% de Pó Tijolo_ Cura Standard )

Figura 3.4-Comportamento das argamassas face à água, estudadas pelos autores, em formulações à base de cal hidráulica natural NHL3,5, aos 90 dias (continuação)

Page 42: ARGAMASSA INDUSTRIAL PARA A REABILITAÇÃO DE … · CL- Cal Aérea, produzida pela empresa Lusical, classificada como H100 Mk – Metacaulino Metacem produzido pela Micron. T- resíduos

29

Faria & Silva (2013), na investigação que desenvolveram, onde estudaram a influência dos agregados em

argamassas de cal hidráulica NHL 3,5, e cujos provetes foram submetidos a duas condições de cura distinta

(cura standard e cura com aspersão diária de água, do 2º até ao 5º dia) concluíram não existirem grandes

diferenças em termos de comportamento mecânico entre as argamassa submetidas a estas duas condições de

cura, contrariando em parte os resultados obtidos pelos autores referenciados anteriormente. Todavia, estes

investigadores verificaram através da realização do ensaio da porosimetria por intrusão de mercúrio, que a

mudança de agregado ou da sua proporção evidenciam claramente diferenças na microestrutura das

argamassas, explicando em parte as ligeiras diferenças em termos de comportamento mecânico e físico.

De acordo com o estudo mineralógico realizado por Grilo et al., (2014) e Cardoso (2013), a semelhança

observada entre a composição mineralógica das argamassas obtidas através da cura M (ambiente marítimo) e

cura H (húmida) deve-se à existência de compostos cristalinos predominantes, a calcite e a portlandite, que

confirmam o desenvolvimento da reação de carbonatação. Estes investigadores observaram também que as

argamassas submetidas à cura standard revelaram valores de resistências mecânicas baixos; segundo eles

justificados pela predominância da reação de carbonatação sobre a reação de hidratação, constatada através

da realização de ensaios de XRD (difração de raio X) e análise termogravimétrica (TG- DTA). Estes ensaios

permitiram verificar que o composto belite (2 Ca.SiO2) sofreu, neste tipo de cura, uma hidratação mais lenta

comparativamente aos outros tipos de curas, o que explica os menores valores de resistências mecânicas

obtidos.

Grilo et al., (2014); Valério (2013); Fontes et al., (2012); Ferraz et al., (2012) estudaram a substituição parcial de

cal hidráulica natural NHL 3,5 por metacaulino (Argical M 1200S produzido pela IMERYS) ou metacaulino e

resíduos, tendo verificado que esta substituição parcial de NHL 3,5 por metacaulino veio incrementar os

valores de resistências mecânicas (à compressão e módulo de elasticidade), ao ponto de algumas das

percentagens de substituição (10% e 20 % de Mk) registarem valores superiores aos critérios referenciados

como os adequados para revestimentos de edifícios antigos. Este incremento nos valores de resistências

mecânicas deve-se essencialmente ao desenvolvimento da reação pozolânica ocorrida entre o hidróxido de

cálcio da cal hidráulica (NHL 3,5) e o metacaulino (Mk). Em termos de composição mineralógica estas

argamassas quase não evidenciam a presença de portlandite, o que demonstra o desenvolvimento amplo da

reação pozolânica, consumindo todo o hidróxido de cálcio livre; por outro lado, os autores detetaram a

presença de uma maior proporção de vaterite (CaCo3), que, segundo eles, se deve a um fenómeno de

dissolução/ cristalização favorecido pela existência de elevados teores de água presente neste tipo de cura.

Observando as Figuras 3.1 e 3.2, constata-se que, no que respeita ao comportamento mecânico, a grande

maioria das argamassas estudadas (Grilo et al., 2014; Fontes et al., 2012) obtém um comportamento mecânico

demasiado rígido, indiciando uma maior probabilidade para a fissuração, para a aplicação a que se destinam,

ultrapassando significativamente os intervalos balizados por Veiga (2003) e Santos & Veiga (2012) e pela

categoria definida pela NP EN 998-1:2013 (IPQ, 2013), GP-CSII. Todavia, as argamassas que demonstram o

comportamento mecânico que melhor se adapta aos suportes antigos, foram as argamassas estudadas por

Valério (2013), que continham teores de substituição de cal hidráulica natural por metacaulino mais baixos (5%

e 10% de Mk), e algumas formulações investigadas por Fontes (2012), nomeadamente as argamassas com

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30

substituição de NHL 3,5 por 5% e 10% de resíduo cerâmico e 5% e 10 % de metacaulino, submetidas a cura

standard ou cura inicial com aspersão de água. Todas estas formulações obtiveram valores de resistências

mecânicas e módulos de elasticidade que cumpriam com os critérios apresentados como os ideais para a

reabilitação de edifícios com suportes antigos.

Também Richard et al., (2011), para este tipo de aplicação, valorizam as argamassas com módulos de

elasticidade e resistências mecânicas baixos (2000-5000 GPa e 0,4-2,5 MPa, respetivamente), por ostentarem

menores probabilidades de fendilhar e elevados valores de permeabilidades. As argamassas que apresentam

estas propriedades demostram grande afinidade com os suportes existentes nos edifícios antigos.

Relativamente ao comportamento destas argamassas face à presença de água, os investigadores avaliaram

este comportamento através da determinação do coeficiente de capilaridade (CC), do índice de secagem (IS), e

alguns determinaram também a absorção capilar. A Figura 3.3 compila estes resultados, acoplando no mesmo

gráfico também os valores da porosidade determinados em alguns destes trabalhos.

Grilo (2013) e Fontes et al., (2012) referem que esta tipologia de argamassas deve registar baixos teores de

absorção de água (VA), que essa absorção capilar ocorra de forma lenta e, em oposição, inicie o processo de

secagem rápido e continuamente (IS). Veiga (2003) e Santos & Veiga (2012) definiram gamas de valores para o

coeficiente de capilaridade entre 1 e 1.5 Kg/m2.min

0.5. Observando as Figuras 3.3 e 3.4 verifica-se que

praticamente todas as argamassas estudadas pelos autores mencionados neste gráfico registam valores de

coeficiente de capilaridade muito superiores aos definidos na bibliografia; foram exceção as argamassas

NHL3,5_20Mk_H (Grilo, 2013), NHL3,5_20Mk_S, NHL3,5_20MK_5V_S (Ferraz et al., 2007). Esta situação pode

dever-se a diferenças nos procedimentos de ensaios, nomeadamente ao modo de impermeabilização das faces

dos provetes ao longo dos ensaios de absorção capilar ou à forma de contacto dos provetes com a água, prévia

à pesagem.

Fazendo uma análise ao coeficiente de capilaridade, tendo por base a norma NP EN 998-1:2013 (IPQ,2013),

nomeadamente a classificação destas argamassas como argamassa de uso geral (GP) da classe resistência CSII

W1, que define que o CC <0.4 Kg/m2.min

0.5, constata-se que nenhuma das argamassas estudadas por estes

autores consegue cumprir com estes requisitos. O mesmo se verifica, se tivermos em consideração o intervalo

definido por Veiga (2003) e Santos & Veiga (2012).

Fontes et al., (2012) mencionaram que as argamassas que apresentam elevados valores de coeficiente de

capilaridade ficam rapidamente saturadas de água, o que é prejudicial para as referidas argamassas, bem como

para os suportes, nas quais estas se encontram implementadas.

Valério (2013) e Fontes et al., (2012) constataram que as argamassas submetidas à cura húmida evidenciaram

menores valores de coeficiente de capilaridade (CC) comparativamente com as argamassas submetidas à cura

standard, o que significa que o acondicionamento das argamassas com maiores teores de humidade permitiu o

desenvolvimento de uma microestrutura interna que possibilitou que a absorção de água ocorresse de uma

forma mais lenta. A microestrutura interna das argamassas foi avaliada tendo por base o ensaio da porosidade

aberta (PA). Através da análise ás Figuras 3.3 e 3.4 pode constatar-se que esta situação é unânime para todas

as argamassas estudadas pelos investigadores mencionados neste gráfico.

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31

De acordo com Valério (2013), a generalidade das argamassas com NHL3,5 e metacaulino apresentaram uma

tendência de ligeiro aumento do coeficiente de capilaridade, contrariando os resultados obtidos por Fontes et

al., (2012), que observou a tendência de decréscimo do CC com o aumentou do teor de substituição de NHL3,5

por metacaulino.

Na investigação realizada por Valério (2013), a água absorvida por capilaridade (VA) não assinalou variações

entre as diferentes composições de argamassas estudadas, em oposição aos dados registados por Grilo (2013),

que verificou que o aumento dos teores de metacaulino proporcionou uma evolução crescente de valores de

absorção de água (VA), índice de secagem (IS) e de porosidade aberta (PA). Este investigador concluiu que

menores valores de porosidade aberta proporcionam menores valores de absorção de água e maiores

capacidades de secagem, o que é benéfico para as argamassas.

Por análise aos dados do índice de secagem das diversas argamassas comparadas nas Figuras 3.3 e 3.4,

observa-se que os autores que avaliaram este parâmetro obtiveram valores variando entre 0,27 e 0,49; para o

ensaio da porosidade aberta, os resultados registados nos diversos trabalhos variaram entre 20% e 31%.

Porém, a tendência referenciada por Grilo (2013) não é manifestamente observada por todos os autores

estudados; exemplo disso é a argamassa avaliada por Fontes (2012), NHL3,5 _10T_10Mk_SP, que registou o

maior valor de porosidade aberta (31%), não sendo a que obteve o pior índice de secagem.

Face à análise comparativa efetuada aos vários trabalhos realizados com cal hidráulica natural NHL 3,5, conclui-

se, de um modo geral, que a utilização deste ligante em argamassas de substituição/ reabilitação (a maioria das

argamassas estudadas, cerca de 65% destas) é benéfica, do ponto de vista técnico e de sustentabilidade. Uma

vez que este é fabricado em Portugal, através de um processo de fabrico conservador, do ponto de vista das

necessidades, tais como: menor consumo energético empregue tanto na sua produção como no seu

transporte.

A substituição parcial deste ligante por metacaulino em certas proporções ou até por resíduos cerâmicos

melhoram as performances das referidas argamassas, nomeadamente no que respeita ao comportamento

mecânico. Relativamente ao comportamento face à presença de água verificou-se que nenhuma das

argamassas reuniu os requisitos definidos na bibliografia. Esta situação apresenta potencial para ser melhorada

através da utilização de adjuvantes hidrófugos.

3.4 Argamassas de cal hidráulica natural NHL 5 e eventuais adições pozolânicas

O presente subcapítulo expõe os resultados experimentais obtidos em diversos trabalhos de investigação com

argamassas constituídas essencialmente pelo ligante cal hidráulica natural NHL 5.

As Figuras 3.5, 3.6 e 3.7 apresentam os resultados experimentais referentes ao comportamento mecânico

(resistência à tração por flexão Rt, à compressão Rc e módulo de elasticidade dinâmico Edin), e físico (à

absorção de água por capilaridade e à porosidade), obtidos aos 90 dias de idade para argamassas estudadas

em trabalhos realizados por diversos investigadores, no âmbito da caracterização de argamassas de cal

hidráulica natural NHL 5 e eventuais adições pozolânicas. Encontrando-se também representadas as linhas que

balizam os intervalos referenciados por Santos & Veiga (2012).

Os estudos apresentados nestes gráficos comparativos, as Figuras 3.5 e 3.6 (Antunes, 2013; Carneiro, 2012;

Sequeira et al., 2012; Silva et al., 2012 Faria et al., 2012), têm em comum o desenvolvimento de formulações

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de argamassas para revestimentos de edifícios antigos, cujo ligante principal utilizado foi a cal hidráulica

natural NHL 5.

Mais uma vez foi utilizado o traço volumétrico de 1:3 (ligante: agregado), sendo o ligante principal utilizado a

cal hidráulica natural NHL 5 (identificada nos gráficos como NHL5) utilizada na íntegra ou em substituições

parciais de massa de ligante por uma adição pozolânica, o metacaulino (Mk) produzido pela empresa IMERYS,

com a denominação de Argical M 1200S. À exceção das formulações desenvolvidas por Faria et al., (2012)

(idade 28 dias), todas as outras argamassas estudadas no âmbito destes trabalhos permaneceram nos

respetivos ambientes de cura durante 90 dias antes de serem ensaiadas.

0

1000

2000

3000

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Antunes,2013 Carneiro,2012

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RF ( N/mm2) Rc ( N/mm2) L. Inferior RM

L. Superior RM MOD. Elasticidadde (GPa) L. SUP ED

L. INF ED

Nota - Designação das Argamassas :

Autor ; Tipo de ligante _ % e tipo de sustituição parcial_ tipo de curaEX: ( NHL5_10 MK_M) - Antunes , 2013, NHL 5_ 10% de Metacaulino_ Cura Maritima

Figura 3.5 – Comportamento mecânico das argamassas, estudadas por diversos autores, em formulações à base de cal hidráulica natural NHL 5

As Figuras 3.5 e 3.6 apresentam os resultados obtidos nos trabalhos desenvolvidos por Antunes (2013),

Carneiro (2012), Sequeira (2012), Silva et al., (2012), Faria et al., (2012). Estes investigadores estudaram o

comportamento mecânico e o comportamento face à água de argamassas cujo ligante principal utilizado foi a

cal hidráulica natural NHL 5. De salientar que a versão da nova norma em vigor foi alterada em 2011 mas, tal

como referido anteriormente, só entrou em vigor pleno em Julho de 2012; até essa data a NHL5 não era

obrigada a cumprir ainda todos os requisitos atuais. Todos estes investigadores referem que se trata de uma

cal hidráulica natural classificada segundo a nova norma NP EN 450-1:2011 (IPQ, 2011).Porém, dado a data de

realização destes estudos é provável que algumas das cais utilizadas nestes trabalhos de investigação

corresponderam a formulações de transição.

No que respeita ao comportamento mecânico (resistências mecânicas e módulos de elasticidade),

praticamente todas as argamassas desenvolvidas pelos diversos autores registam valores que se encontram

balizados dentro dos intervalos definidos por Veiga (2003) e Santos &Veiga (2012). Foram exceção a esta

tendência apenas três formulações de argamassas, nomeadamente: NHL5_S estudada por Antunes (2013);

NHL5_H (cal hidráulica natural NHL 5) desenvolvida por Silva et al. (2012) e a NHL5_10 Mk_H investigada por

Faria et al. (2012).

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As duas últimas argamassas referenciadas anteriormente evidenciam valores de resistências mecânicas

superiores aos limites apresentados na bibliografia, e excessivos para a aplicação em causa: argamassas de

reboco para edifícios antigos. A argamassa NHL5_10 Mk_H, de acordo com os autores que realizaram este

estudo (Faria et al., 2012), permitiu concluir que a substituição de 10% de cal NHL 5 por metacaulino,

submetida a cura húmida, corresponderia à otimização de substituição de cal hidráulica por metacaulino.

Todavia, para a aplicação em rebocos de substituição para edifícios antigos, a argamassa NHL5_10 Mk_H

demonstra valores de resistências mecânicas e módulo de elasticidade superiores aos requeridos, e o mesmo

se verifica para a argamassa NHL5_H estudada por Silva et al., (2012).

0

2000

4000

6000

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L. Inferior RM L. Superior RM

MOD. Elasticidadde (GPa) L. SUP ED

L. INF ED

Nota - Designação das Argamassas :Autor ; Tipo de ligante _ % e tipo de sustituição parcial_ tipo de curaEX: ( NHL5_10 MK_H) - Faria et al ., 2012, NHL 5_ 10% de Metacaulino_ Cura Húmida

Figura 3.6 - Comportamento mecânico das argamassas, estudadas por diversos autores, em formulações à base de cal hidráulica natural NHL 5 (continuação)

Por análise dos gráficos representados nas Figuras 3.5 e 3.6 verifica-se existir a mesma tendência entre os

vários estudos (Antunes, 2013; Carneiro, 2012; Faria et al., 2012), onde formulações idênticas submetidas a

condições de cura distintas evidenciam valores distintos, sendo unânime entre os vários autores que a cura

húmida/marítima é benéfica, comparativamente à cura standard. Uma vez que as reações presentes neste tipo

de argamassas são maioritariamente reações de hidratação (comparativamente às argamassas com NHL3,5),

cujas condições ideais para o desenvolvimento dos seus compostos são favorecidas pela presença de água. A

mesma tendência foi verificada nas argamassas de cal hidráulica NHL 3,5 analisadas nas Figuras 3.1 e 3.2,

embora nestas a parcela de carbonatação existente possa ser mais significativa.

De acordo com os autores Antunes (2013), Carneiro (2012) e Faria et al., (2012), as argamassas com

substituição de cal hidráulica natural NHL 5 por metacaulino (Mk), em diversas proporções (5%, 10%, 20%),

acondicionadas em condições de cura distintas e com períodos de cura diferenciados (de referir que as

argamassas desenvolvidas por Faria et al., (2012) foram sujeitas a um período de maturação apenas de 28 dias

contrariamente às restantes que curaram durante 90 dias), registam um aumento de resistências mecânicas e

módulo de elasticidade, o que poderá ser vantajoso em termos de comportamento mecânico. Todavia, não se

verificou existir um padrão de evolução das resistências mecânicas em função do teor de metacaulino. Foi

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unânime em todos estes estudos, que a taxa de substituição de 10 % de NHL5 por metacaulino (Mk) registou o

valor máximo de resistências mecânicas e módulo de elasticidade.

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Antunes,2013 Carneiro,2012 Sequeira ,et al. 2012Silva, et al.2012 Faria, et al.2012

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Nota - Designação das Argamassas :Autor ; Tipo de ligante _ % e tipo de sustituição parcial_ tipo de curaEX: ( NHL5_10 MK_M) - Antunes , 2013, NHL 5_ 10% de Metacaulino_ Cura Maritima

Figura 3.7- Comportamento das argamassas face à ação da água, estudadas por diversos autores, em formulações à base de cal hidráulica natural NHL 5

Estes estudos estão também em concordância, relativamente à taxa de substituição (20%) de NHL 5 por

metacaulino de Mk, concluindo ser desajustada (excessiva), uma vez que regista decréscimos nas resistências

mecânicas comparativamente às argamassas com teores de substituição de 10 % de Mk. Porém, estes valores

são sempre superiores aos obtidos pelas argamassas de referência (0% substituição).

De acordo com o trabalho desenvolvido por Sequeira et al., (2012), onde foi analisada a influência de

diferentes ligantes em formulações de argamassas industriais de reabilitação (nesta compilação apenas foi

incluída a argamassa com NHL5 para facilitar a comparação entre estudos), os autores concluíram que, entre

cal aérea, cal hidráulica natural NHL 5 e o cimento, o ligante tradicional que evidenciou o comportamento mais

adequado, para aplicações de rebocos em edifícios antigos foi a formulação com NHL 5. Segundo estes autores,

a argamassa com cal hidráulica NHL 5 reúne características intermédias entre a cal aérea e o cimento, como

esta é constituída por uma parte hidráulica e outra aérea, confere às argamassas os benefícios dos dois tipos

de ligantes. A componente hidráulica é responsável pelo incremento das resistências mecânicas, enquanto a

cal aérea confere propriedades como a porosidade e a permeabilidade ao vapor de água. Estes resultados

contrariam os valores obtidos num estudo similar desenvolvido por Botas (2009) e Botas et al., (2011), que

avaliaram o desempenho de argamassas constituídas por três tipos de ligantes distintos: cal aérea, cal

hidráulica (à data classificada como NHL5, mas que atualmente seria uma HL5 e que, por este motivo, não foi

incluída nesta compilação) e cal aérea +cimento, submetidas a uma cura standard, onde foi estudado a

influência da quantidade de água de amassadura no comportamento aos ciclos de gelo/degelo. Os trabalhos

desenvolvidos por Botas (2009) e Botas et al., (2011) demonstraram que as argamassas de cal hidráulica HL5

exibiram valores de resistências mecânicas inferiores às argamassas de cal aérea, com exceção das argamassas

constituídas por HL5 e agregado AGS12, contrariando as expetativas do próprio autor. Segundo ele, estas

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35

diferenças são explicadas pela utilização de um traço volumétrico mais rico utilizado para formular as

argamassas de cal aérea (1:2), face ao traço (1:3) utilizado nas argamassas de cal hidráulica HL5. Relativamente

às argamassas bastardas, constituídas por uma mistura de cal aérea e cimento Portland II 32.5 N constata-se

que exibem um comportamento mecânico demasiado resistente e rígido face à aplicação a que se destinam; a

mesma tendência foi observada por Sequeira et al. (2012). Foi feita esta abordagem às argamassas bastardas,

mesmo não constando nos gráficos das Figuras 3.5 e 3.6, apenas para realçar o não enquadramento destas

argamassas no âmbito deste estudo.

A determinação do coeficiente de capilaridade indica a velocidade com que a água é absorvida pelas

argamassas; assim, quanto menor a velocidade de absorção de água (CC) e a quantidade de água absorvida,

melhor será o seu comportamento face à presença de água (Faria et al., 2012).

No que diz respeito ao comportamento destas argamassas face à presença de água, os investigadores

avaliaram este comportamento através da determinação do coeficiente de capilaridade (CC), do índice de

secagem (IS), e alguns determinaram ainda a absorção capilar total. A Figura 3.7 compila estes resultados,

acoplando no mesmo gráfico também os valores da porosidade determinados em alguns destes trabalhos.

Os estudos realizados por Antunes (2013) e Carneiro (2012) demonstraram existir uma tendência decrescente

no coeficiente de capilaridade (CC), com o aumento da concentração de metacaulino (Mk) nas referidas

argamassas. A única exceção foi a argamassa NHL5_20Mk, que registou um valor de CC superior à NHL5_10Mk.

Tal como se observou para o comportamento mecânico, também no comportamento face à ação da água se

verifica que a argamassa que reúne os melhores desempenhos no que se refere ao CC foi a argamassa cujo

grau de substituição de NHL 5 por Mk foi de 10 %, ou seja, a argamassa NHL5_10 Mk. No extremo oposto está a

formulação sem Mk, que exibe os piores resultados de CC. Todavia, apenas algumas das argamassas estudadas

cumprem com o requisito imposto para esta característica, CC <1,5kg/m2.min

0.5.

Quanto à influência do tipo de cura, constata-se mais uma vez, que as curas com teores de humidade

superiores, as curas marítima e húmida, desenvolveram um comportamento face à presença de água mais

benéfico.

Sequeira et al., (2012) submeteu as suas formulações aos ensaios preconizados pela norma NP EN 998-1:2013

(IPQ,2013), para argamassas classificadas como R. Assim, realizaram os ensaios de absorção de água durante

24 horas, o qual não pode ser comparado com o coeficiente de capilaridade (CC) dado que os procedimentos

de ensaio são distintos. Além da caracterização relativa à absorção água, os provetes foram também

submetidos à determinação da penetração de água após o ensaio de capilaridade. Após estas determinações,

os autores concluíram que a única formulação que reúne todos os requisitos da classe R, de acordo com a NP

EN 998-1:2013 (IPQ,2013), foi a argamassa ARG5, sendo a única que registou altura de penetração inferior a

5mm e um valor do coeficiente de permeabilidade ao vapor de água de 3,8 (menor que 15). Todavia, esta

argamassa não apresenta valores de CC nem de porosidade, por não serem ensaios no âmbito desta tipologia

de argamassas; logo estes valores não constarem os mesmos no gráfico da Figura 3.7.

Os trabalhos de Botas (2009) e Botas et al., (2011) demonstraram que as argamassas constituídas unicamente

por cal hidráulica (NHL5) foram as que evidenciaram a cinética de absorção mais linear, exibindo os maiores

valores de absorção de água. Estes autores aferiram, ainda, existir uma tendência evidente de maiores

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absorções de água por capilaridade para as argamassas constituídas por agregados de granulometria mais fina.

No decorrer do trabalho de investigação desenvolvido por Botas et al., 2011, onde estudaram a influência da

quantidade de água de amassadura no comportamento aos ciclos gelo/degelo, foi observada uma tendência

crescente nos valores de coeficiente de absorção capilar com o aumento da quantidade de água e uma

diminuição deste, com a introdução do adjuvante introdutor de ar. Relativamente à porosidade aberta das

argamassas estudadas, os autores verificaram existir uma tendência crescente da porosidade com a diminuição

da granulometria dos agregados, e um aumento muito ténue com o aumento da quantidade de água. A

utilização do introdutor de ar, tal como seria de esperar, originou um aumento ligeiro da porosidade.

Face à análise comparativa realizada aos vários trabalhos realizados com cal hidráulica natural NHL 5, conclui -

-se, de um modo geral, que a utilização deste ligante em argamassas de substituição/ reabilitação é benéfica do

ponto de vista do comportamento mecânico e de sustentabilidade, e que a substituição parcial deste ligante

por metacaulino em certas proporções ou até 10% de substituição melhoram a performance das referidas

argamassas. Relativamente ao comportamento face à presença de água, verificou-se mais uma vez que

nenhuma das argamassas reuniu os requisitos impostos na bibliografia.

3.5 Argamassas de cal aérea.

As argamassas de cal aérea contam já com séculos de história, persistindo até à atualidade com bastante

integridade. Todavia, as argamassas constituídas unicamente por cal aérea evidenciam comportamentos

mecânicos por vezes demasiado fracos e apresentam tempos de trabalho associados ao período de secagem

incompatíveis com as exigências atuais, relativamente aos prazos de execução das obras. Assim,

principalmente nesta última década, tem sido estudada a influência da adição de diversos materiais (adições de

pozolanas naturais ou artificiais) às argamassas de cal aérea, funcionando como substitutos parciais deste

ligante, sempre com o objetivo de incrementar resistências mecânicas e reduzir tempos de trabalho.

3.5.1 Argamassas de cal aérea e metacaulino

Vários têm sido os autores que tem demonstrado uma preocupação crescente em desenvolver investigações

na formulação de argamassas de cal aérea e material pozolânico, nomeadamente no aprofundamento dos

conhecimentos em matéria de composição química e estrutural dos vários componentes que compõe a

formulação, bem como nos compostos resultantes da reação pozolânica ocorrida entre a cal aérea e a

pozolana. O metacaulino, por ser considerado uma pozolana altamente reativa, fundamentado pela

quantidade de material amorfo, indutor de maior reatividade e pela sua elevada superfície específica, tem sido

frequentemente estudado entre o meio técnico (Gameiro et al., 2012a; 2012c e Velosa, 2006).

As Figuras 3.8 e 3.9 apresentam os resultados obtidos pelos trabalhos de investigação desenvolvidos por vários

autores (Gameiro et al., 2014; Cardoso et al, 2014; Vargas, 2013; Andrejkovicová et al., 2012; Faria & Martins,

2011; Aggelak.et al., 2011; Coelho et al., (2010); Velosa et al., 2009; Tavares, 2008) têm em comum o

desenvolvimento de formulações de argamassas para revestimentos de edifícios antigos, baseadas em cal

aérea e metacaulino.

O principal objetivo de adicionar metacaulino às argamassas de cal aérea prende-se com o facto de tentar

melhorar algumas das propriedades das argamassas tradicionais de cal, conferindo-lhes propriedades

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hidráulicas, contribuindo para a melhoria de resistências mecânicas, durabilidade, redução de tempos de

endurecimento, tornando estas argamassas idóneas para a utilização em trabalhos de reabilitação e

conservação (Gameiro et al., 2012b; Felgueiras, 2011; Velosa et al.,2009; Varela et al., 2007). Todavia, Tavares

(2008) chegou a conclusões distintas. No trabalho que realizou aferiu que, em termos de pozolanicidade, a

diatomite utilizada apresentava maior reatividade que o metacaulino experimentado como pozolana. Este

autor constatou que estas diferenças devem-se essencialmente à composição química das pozolanas, sendo

fundamental para o sucesso da reação pozolânica conhecer a quantidade de aluminatos e silicatos ativos, isto

é, a concentração de SiO2 e Al2O3 em estado amorfo, com capacidade para reagir com a Ca(OH)2 na presença

de água. A maior superfície específica implica maior área de contacto, consequentemente, maior reatividade.

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al.2012

Faria & Martins,2011

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Nota - Designação das Argamassas :Autor ; Tipo de ligante _ % e tipo de sustituição parcial_ tipo de curaEX: ( Cl90_30MK_H) - Gameiro et al ., 2012, Cl90_ 10% de Metacaulino_ Cura Húmida

Figura 3.8– Comportamento mecânico das argamassas, estudadas por diversos autores, em formulações à base em cal aérea e metacaulino

Os trabalhos desenvolvidos pela maioria destes investigadores utilizaram o traço volumétrico de 1:3 (ligante:

agregado), por se entender ser este o traço mais representativo das composições frequentemente utilizadas

em revestimentos de paredes de edifícios antigos. O ligante principal foi a cal aérea, utilizada como único

ligante ou com substituições parciais por metacaulino, submetidos a diversos ambientes de cura.

Analisando o gráfico ilustrado pelas Figuras 3.8 e 3.9 deparou-se existir alguma disparidade de resultados,

nomeadamente em termos de resistências mecânicas (Rt e RC) e módulo de elasticidade. Apesar de as

expectativas existentes entre o meio técnico referirem que a adição de metacaulino seria benéfica em termos

de melhoria no comportamento mecânico, nem sempre essa expectativa foi verificada.

Os trabalhos realizados por Cardoso et al., (2014), Andrejkovicová et al., (2012), Faria & Martins (2011) e

Velosa et al., (2009) observaram este paradoxo. Em todos eles foi notória a tendência de diminuição das

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38

resistências mecânicas com a substituição de cal aérea por metacaulino, mesmo em ambientes de cura húmida

(humidades relativas de 95±5% e 23±3ºC de temperatura). Andrejkovicová et al., (2012) observaram mesmo

que as argamassas só de cal, sem adição de metacaulino, apresentaram maiores resistências mecânicas,

comparativamente com as argamassas com adição de metacaulino, ao contrário do que era inicialmente

previsto

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Nota - Designação das Argamassas :Autor ; Tipo de ligante _ % e tipo de sustituição parcial_ tipo de curaEX: ( Cl90_50MK_S) - Coelho et al ., 2010, CL90_ 50% de Metacaulino_ Cura Standard

Figura 3.9- Comportamento à água das argamassas estudadas por diversos autores, em formulações à base em cal aérea e metacaulino (continuação)

No trabalho desenvolvido por Velosa et al., (2009) essa observação foi registada apenas na argamassa que

utilizou o metacaulino designado MK1, enquanto Faria & Martins (2011) verificaram esta tendência apenas

para as argamassas submetidas à cura standard. Velosa et al., (2009) explicam esta diferenciação de resultados

relativamente aos restantes metacaulinos estudados (MK2 e MK3) pela diferença em termos de composição

química do respetivo metacaulino. Segundo o mesmo estudo, o metacaulino MK1 apresenta uma composição

química rica em quartzo, ou seja com baixa reatividade pozolânica, face aos metacaulino ricos em caulino e

óxidos de alumínio (Al2O3), dando origem a argamassas com valores de resistências mecânicas mais baixos.

Os trabalhos desenvolvidos por Gameiro et al., (2014), (2012a), (2012c), (2011), que estudaram a evolução das

reações de endurecimento ocorridas em argamassas de cal aérea e metacaulino, bem como as respetivas

propriedades físicas e químicas, contribuíram com uma explicação mais detalhada das reações envolvidas, bem

como os respetivos componentes desenvolvidos durante o processo de endurecimentos. Assim, os

investigadores constataram também que as argamassas estudadas registaram uma diminuição de resistências

mecânicas com o aumento do seu período de cura. Segundo eles este decréscimo é explicado pelo

desaparecimento das fases de aluminatos hidratados e por uma provável ocorrência de microfissuração e

retração das argamassas ocorridas durante a cura. Os estudos revelaram, através dos ensaios mineralógicos

realizados, que os compostos hidráulicos cristalinos obtidos em maiores quantidades durante as reações

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39

pozolânicas ocorridas entre a cal aérea e o metacaulino, são a stratlingite (Ca2Al2Sio7.8H2O- C2ASH8), o

aluminato de cálcio hidratado (Ca2Al(OH)7.6.5H2O-C2ASH6.5) e o monocarboaluminato (Ca4Al2O6CO3.11H2O-

C4ACH11), a portlandite e a calcite. Os dois aluminatos hidratados, especificamente o tetraaluminato hidratado

(C4AH13) presentes nas argamassas com incorporação de metacaulino apresentam um comportamento

instável, com tendência a aumentar com a idade; os autores citam Silva & Glasser (1993) que atribuem este

comportamento à redução da concentração dos iões Ca2+

e OH- em solução. A stratlingite é o componente

normalmente responsável por promover as resistências às argamassas de cal e metacaulino, que aumenta com

a idade e com o teor de metacaulino. O contraste de instabilidade dos componentes aluminatos hidratados e a

estabilidade da stratlingite é o que explica a redução dos valores de resistências mecânicas (resistências à

tração por flexão e compressão) dos 28 para os 90 dias.

Os trabalhos desenvolvidos por Gameiro et al., (2014), Vargas (2013), Tavares (2008), Miguel (2008) e Varela et

al., (2007) verificaram a premissa teoricamente prevista, tendo estes demonstrado que a substituição parcial

de cal aérea por metacaulino promoveu melhorias nas propriedades mecânicas das argamassas face às

argamassas de cal. Esta substituição pode contribuir para reduzir tempos de trabalho e revelou baixos teores

de alcalis, ficando assim demonstrado, que estas argamassas são perfeitamente indicadas para a reabilitação

de revestimentos antigos de paredes. Contudo, as taxas de substituição de cal aérea por metacaulino diferiram

entre estes estudos, tal como pode ser observado nos gráficos das Figuras 3.8 e 3.9.

Relativamente às condições de cura, vários investigadores (Gameiro et al., 2014; 2012c; Veiga et al., 2009b;

Charola et al., 2005) atestaram que os ambientes com teores de humidade mais elevados favorecem o

desenvolvimento das resistências mecânicas em argamassas de cal aérea e metacaulino. As reações

pozolânicas (que necessitam da presença da água) devem ocorrer de preferência em idades jovens (28 dias) e

durante um período inicial prolongado, de modo a possibilitar também o desenvolvimento das reações de

carbonatação, que domina o período de cura até aos 90 dias. O trabalho de Vargas (2013) contradiz as

afirmações supracitadas, tendo este autor averiguado que a cura húmida influencia negativamente o

comportamento mecânico destas argamassas, principalmente na fase inicial, evidenciando apenas um

comportamento positivo em termos de comportamento face à ação da água.

Após análise a toda esta bibliografia, constatou-se que as consequências da adição de metacaulino em

argamassa de cal não são lineares. É extremamente importante aferir o grau de reatividade do metacaulino

utilizado para substituição da cal aérea, bem como determinar criteriosamente a percentagem de substituição,

de modo a garantir a correta estequiometria dos compostos intervenientes na reação pozolânica e

providenciar a formação de compostos hidráulicos. Só assim se poderá dar cumprimento aos objetivos

traçados, de melhorar as propriedades mecânicas das argamassas de cal aérea.

A Figura 3.10 apresenta os resultados obtidos relativamente ao comportamento à água pelas argamassas

estudadas nos trabalhos de investigação desenvolvidos por vários autores (Gameiro et al., 2014; Cardoso et al,

2014; Vargas, 2013; Andrejkovicová et al., 2012; Faria & Martins, 2011; Aggelak.et al., 2011; Coelho et al.,

(2010); Velosa et al., 2009; Tavares, 2008).

Do ponto de vista de comportamento das argamassas face à ação da água, ilustrado pela Figura 3.10, e de

acordo com Faria & Martins, (2011), as argamassas constituídas unicamente por cal aérea foram as que

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40

apresentaram os menores valores de absorção capilar. Consequentemente registaram uma absorção de água

mais lenta e em menores quantidades, comparativamente às argamassas aditivadas com metacaulino.

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Gameiro et al 2014 Cardoso, et al. 2014 Vargas,2013 Andrejkovicova, et al.2012Faria & Martins,2011Aggelak.et al.2011Coelho, et al.2010Velosa , et al. 2009 Tavares, 2008

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Nota - Designação das Argamassas :Autor ; Tipo de ligante _ % e tipo de sustituição parcial_ tipo de curaEX: ( Cl90_30MK_H) - Gameiro et al ., 2012, Cl90_ 10% de Metacaulino_ Cura Húmida

Figura 3.10-Comportamento à ação da água das argamassas estudadas por diversos autores, em formulações à

base de cal aérea e metacaulino

A substituição parcial de cal aérea por metacaulino incrementa o coeficiente de absorção capilar (Coelho et al.,

2010), sendo exceção as argamassas de cal aérea e metacaulino submetidas à cura húmida, a argamassa

(CL:5MK_H) estudada por Faria et al., (2011), cujos valores de coeficiente de capilaridade se enquadram

praticamente dentro dos limites referenciados por Veiga, (2003) e Veiga e Santos, (2012). Os resultados

obtidos por Miguel, (2008) também atestam a mesma tendência. A adição de metacaulino verificou ser

vantajosa em termos de melhoria do comportamento destas argamassas face à ação da água. Todavia, Velosa

(2006), no seu trabalho de investigação também faz referência à influência da adição de metacaulino, no

comportamento das argamassas de cal face à ação da água, aferindo existir uma tendência crescente de

aumento no coeficiente de capilaridade das argamassas com maiores teores de metacaulino, ou seja, segundo

esta autora a adição de metacaulino não é benéfica em termos de comportamento destas argamassas face à

ação da água. Os resultados obtidos para as argamassas de cal e metacaulino relevaram valores de coeficiente

de capilaridade bastante superiores aos intervalos estabelecidos na bibliografia. Porém, estas argamassas

assinalam valores de absorção de água às 24 horas inferiores às argamassas só de cal.

Estes autores constataram também que as argamassas constituídas apenas por cal aérea apresentam uma

porosidade aberta inferior às restantes argamassas. Andrejkovicová et al., (2012) chegaram a conclusões

diferentes dos autores atrás referenciados, tendo verificado que a absorção de água se procedeu de uma

forma mais lenta na argamassa com incorporação de metacaulino e sepiolite, contrariamente às argamassas só

de cal, cuja absorção de água registou velocidade muito rápida. Concluíram, portanto, que a argamassa com

metacaulino e sepiolite apresenta uma microestrutura otimizada, o que dificulta a absorção de água para o

interior da matriz da argamassa.

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41

3.5.2 Argamassas de cal aérea com resíduos

A sustentabilidade é um tema que continua na ordem do dia, sendo uma preocupação constante entre o meio

técnico. Matias et al., (2012a) cita o relatório desenvolvido pela Comissão de Coordenação e Desenvolvimento

Regional do Centro de 2003, que refere que a indústria da cerâmica (fabrico de telhas, tijolos e ladrilhos) é

responsável por produzir cerca de 96% dos resíduos colocados em aterro. Tendo em consideração estes dados

e a constante preocupação com o meio ambiente, os autores mencionados nas Figuras 3.11 e 3.12 estudaram a

incorporação de resíduos provenientes da indústria cerâmica (nomeadamente da produção de tijolos, telhas,

vasos e ladrilhos) e do arroz (especificamente a cinza da casca do arroz) em argamassas de cal aérea, por forma

a avaliar a sua adequabilidade em argamassas de revestimento de reboco para edifícios antigos.

Os autores Matias et al., (2012a), (2012b) e Velosa & Veiga (2003) estudaram a incorporação de resíduos da

indústria da cerâmica nas argamassas de cal aérea, com o intuito de determinar a eficiência das argamassas.

Matias et al., (2012 a), (2012 b) utilizaram vários tipos de resíduos oriundos da indústria cerâmica,

nomeadamente resíduos de tijolo, telhas, vasos e ladrilhos previamente moídos até obter as granulometrias

pretendidas; integraram-nos diretamente nas argamassas por substituição parcial do volume de agregado.

Velosa & Veiga (2003) estudaram a incorporação de resíduos de tijolo cozidos a várias temperaturas, de modo

a avaliar a influência da temperatura de cozedura do resíduo no comportamento final da argamassa.

Almeida et al., (2007) utilizaram cinzas de casca de arroz proveniente da indústria do descasque do arroz,

atuando como componente pozolânico. Desta forma, os autores previam a ocorrência da reação pozolânica

entre as cinzas de casca de arroz e o hidróxido de cálcio existente na cal aérea, originando compostos de

silicatos e aluminatos de cálcio hidratados, responsáveis pelo desenvolvimento de compostos hidratados.

Por análise à Figura 3.11, observa-se que em todos os trabalhos mencionados, as substituições utilizadas

(substituição parcial de agregado por resíduo ou incorporação de componente com características pozolânicas)

são favoráveis em termos de comportamento mecânico, dado que as argamassas desenvolvidas obtém sempre

resultados superiores aos valores registados pelas argamassas de referência, proporcionando um melhor

desempenho destas, face às argamassas constituídas unicamente por cal aérea (Matias et al., 2012 a; 2012b;

Velosa & Veiga, 2003; Almeida et al., 2007).

Estes investigadores, mesmo desenvolvendo campanhas experimentais distintas, obtêm conclusões similares.

Assim, Matias et al., (2012a) aferiu que a incorporação de resíduos da indústria cerâmica (em pó, substituindo

parcialmente o ligante, ou incluindo a forma granular substituindo parcialmente o agregado) demonstrou um

assinalável incremento das resistências à compressão, com tendência a aumentar com a idade. Todavia, as

argamassas com maior percentagem de resíduo (contendo as frações finas e grossa) demonstraram um

aumento mais expressivo que as restantes. Os autores admitem que este aumento se deva à utilização de

resíduo com fração fina, e que provavelmente estes apresentam reatividade pozolânica, contribuindo

beneficamente para o comportamento mecânico. Almeida et al., (2007) referem que a incorporação de cinzas

de casca de arroz em argamassas, obtidas mediante processos de calcinação e moagem controlados,

introduzem melhorias significativas em termos de comportamento mecânico, tornando-as aptas para serem

utilizadas como argamassas de revestimento em edifícios antigos.

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42

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Nota - Designação das Argamassas :Autor ; Tipo de ligante _ % e tipo de sustituição parcial_ tipo de cura_ desig. autorEX: ( CL90_0,5Cca_S) - Almeida et al,200 7, CL90_ 0,5% de Cinza Casca Arroz_ Curastandard

Figura 3.11– Resultados experimentais relativamente ao comportamento mecânico das argamassas estudadas por diversos autores, em formulações à base de cal aérea e resíduos (Matias et al., 2012; Veiga & Velosa,

Almeida et al., 2007; Velosa & Veiga, 2003)

Já Velosa & Veiga (2003) estudaram a influência da temperatura de cozedura de tijolos, tendo em mente a

possibilidade destes componentes, quando levados a um processo de calcinação à temperatura adequada,

apresentarem características pozolânicas. Foi com este objetivo que desenvolveram a sua campanha

experimental baseada na formulação de argamassas de cal aérea com pó de tijolo cozido a várias temperaturas

(750, 950 e 1100ºC). A análise dos seus resultados permitiu-lhes concluir que a temperatura de calcinação do

pó de tijolo tem uma influência indiscutível nas características finais das argamassas. Constatando que a

utilização de pó de tijolo cozido a temperaturas inferiores (750°C), em argamassas dá origem a argamassas de

maiores resistências mecânicas e menores valores de módulo de elasticidade, tornando estas particularmente

interessantes para a aplicação em obras de reabilitação e conservação.

Relativamente ao comportamento físico, e por análise da Figura 3.12, é notória a tendência destas argamassas

em apresentar valores de coeficientes de capilaridade sempre superiores aos limites definidos por Veiga et al.,

(2010), referenciados em Matias et al., (2012a).

De acordo com Matias et al., (2012 a, b) a incorporação de resíduos de cerâmica não teve impacto negativo em

termos de permeabilidade ao vapor de água nem de secagem. Quanto aos valores de porosidade aberta, as

autoras aferiram que o aumento de resíduo tende a aumentar a porosidade, tendência que é mais significativa

em argamassas com idades mais avançadas.

As duas argamassas estudadas por Velosa & Veiga, uma exclusivamente de cal aérea e outra cal aérea e RAE -

resíduo de argila expandida - revelaram cumprir com a maioria dos requisitos estabelecidos; todavia a

incorporação de RAE verificou-se prejudicar o coeficiente de capilaridade, obtendo um valor relativamente

elevado, contrariamente ao valor de absorção de água às 24 horas, que se averiguou ser baixo. Apesar dos

elevados valores de coeficiente de capilaridade observados, as autoras concluíram existir uma tendência

descendente deste coeficiente em função da idade. Quanto ao comportamento destas argamassas

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43

relativamente à molhagem/secagem, foi verificado uma intensidade de molhagem relativamente elevada.

Todavia, o tempo de molhagem é lento e o período de humedecimento é suficientemente rápido, permitindo a

saída de água para o exterior.

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Nota - Designação das Argamassas :Autor ; Tipo de ligante _ % e tipo de sustituição parcial_ tipo de cura_ desig. autorEX: ( CL90_0,5Cca_S) - Almeida et al,200 7, CL90_ 0,5% de Cinza Casca Arroz_ Curastandard

Figura 3.12 - Resultados experimentais relativamente ao comportamento à água de argamassas estudadas por diversos autores, em formulações à base em cal aérea e resíduos (Matias et al., 2012; Veiga.&.Velosa; Almeida

et al., 2007; Velosa & Veiga, 2003)

Velosa & Veiga (2003) verificaram uma propensão similar, constatando que a adição de pó de tijolo cozido a

diferentes temperaturas também confere valores de coeficiente de capilaridade elevados; no entanto, de todas

as argamassas estudadas, e apesar de todas terem registado valores relativamente elevados, a que evidenciou

menor valor de coeficiente de capilaridade foi a argamassa constituída por pó de tijolo cozido à temperatura

mais baixa (750°C).

Almeida et al., (2007) avaliaram o comportamento das argamassas estudadas face à ação da água. Tendo

concluído que as argamassas com adição de cinzas de casca de arroz submetidas à cura normal revelaram

melhor comportamento que as argamassas sujeitas a cura húmida, uma vez que absorvem menores

quantidades de água, a velocidades mais lentas, e apresentam melhores valores de permeabilidades ao vapor

de água. Os autores tentaram perceber se existia uma relação direta entre o comportamento das argamassas

face à ação da água e a microestrutura interna das argamassas, constatando ser possível estabelecer essa

correspondência.

Observa-se, de um modo geral, que todos estes investigadores (Matias et al., 2012 a , b); Velosa & Veiga, 2003;

Almeida et al., 2007) chegaram a conclusões análogas, constatando, que a adição de resíduos oriundos de

distintas indústrias, como a cerâmica, cinzas de casca de arroz ou a argila expandida, proporcionaram uma

melhoria generalizada das argamassas de cal aérea, em termos de comportamento mecânico e físico,

comparativamente às argamassas padrão, ou seja, argamassas constituídas unicamente por cal aérea. Deste

modo concluíram ser perfeitamente passível o uso destas argamassas no âmbito da conservação de edifícios.

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3.5.3 Argamassas de cal (aérea e/ou hidráulica natural) com adjuvantes

O desenvolvimento da indústria química e a crescente necessidade da indústria das argamassas em melhorar o

comportamento dos seus produtos, nomeadamente no desenvolvimento de produtos com grande facilidade

de aplicação (manual ou mecanicamente), com elevadas taxas de produtividade tem originado uma procura

incisiva em produtos que potenciem estas propriedades. O comportamento de uma argamassa no estado

fresco tem demonstrado ter uma enorme influência das suas propriedades no estado endurecido e,

consequentemente, na sua durabilidade. Como resposta, a indústria química tem desenvolvido adjuvantes que

permitem melhorar o comportamento reológico das argamassas, facilitar a projeção, espalhamento,

nivelamento, níveis de aperto e acabamento.

Seabra et al., (2007a) estudaram o efeito da adição de três adjuvantes (um retentor de água, um plastificante e

um introdutor de ar) no comportamento reológico de argamassas de cal aérea, tendo concluído que a adição

destes adjuvantes modifica o comportamento reológico destas argamassas. Influência análoga foi também

verificada no trabalho de investigação desenvolvido por Seabra et al., (2007b). Ambos os trabalhos utilizaram

os mesmos tipos de adjuvantes com a diferença de o trabalho de Seabra et al., (2007b) ter utilizado como

ligante a cal hidráulica em vez da cal aérea. Todavia, as conclusões retiradas com o desenvolvimento destes

dois trabalhos são similares. A introdução de um agente retentor de água (éter de celulose) promove

inicialmente um efeito espessante que, com o aumento do tempo de agitação, passa a efeito fluidificante. De

acordo com estes autores, o espessamento verificado logo após a mistura da argamassa com água deve-se à

fixação das moléculas de água às cadeias poliméricas do polímero retentor de água. O efeito fluidificante

observado é explicado pelos autores como uma provável introdução de ar e uma ação lubrificante na mistura.

Relativamente à incorporação de aditivos plastificantes na argamassa, verificaram que a utilização deste tipo

de adjuvante permite reduzir a quantidade de água de amassadura (1 a 2%, dependendo da natureza do

plastificante), mantendo a trabalhabilidade. Efeito contrário é verificado quando se adiciona um agente

introdutor de ar à argamassa de cal; porém, este efeito depende muito da quantidade de adjuvante utilizada.

As quantidades recomendadas e aferidas para o agente introdutor de ar encontram-se dentro do intervalo

0,05-0,1%. Os investigadores verificaram que a introdução de pequenas quantidades (<0,05%) ou quantidades

superiores a 0,1% não conferem alterações significativas às argamassas. Todavia, a utilização deste tipo de

adjuvantes poderá originar uma eventual diminuição das resistências mecânicas; assim, os autores

consideraram ser extremamente importante continuar a investigação, de modo a compreender

detalhadamente todos os efeitos associados à utilização destes adjuvantes em argamassas de cal aérea, mais

especificamente a sua influência em termos de comportamento mecânico e físico (Seabra et al., 2007).

3.6 Argamassas de cal reforçadas com fibras

Às argamassas à base de cal estão normalmente associados problemas de baixas resistências mecânicas e

elevada tendência em apresentarem problemas de retração de secagem. Este tipo de comportamento tem

levado alguns investigadores a desenvolver as suas investigações neste âmbito, com o objetivo de tentar

melhorar estas duas características. Lucolano et al., (2013) e Izaguirre et al., (2011) estudaram a influência da

adição de fibras (polipropileno, vidro e basalto) no comportamento de argamassas de cal hidráulica natural

NHL 3,5 e cal aérea.

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Lucolano et al., (2013) desenvolveu o seu trabalho de investigação incorporando fibras de vidro e de basalto

em argamassas de cal hidráulica natural. Estes autores perspetivaram que a adição destas fibras permitisse

reduzir a retração e promover melhorias em algumas propriedades, nomeadamente melhorias nas resistências

à flexão, ductibilidade e durabilidade, em particular aos ciclos de gelo e degelo. De facto, as fibras limitam a

abertura da primeira fissura e distribuem as tensões por toda a matriz da argamassa, prevenindo a acumulação

pontual de tensões e, por conseguinte, reduzindo a formação de microfissuras que se poderão desenvolver e

propagar-se em macrofissuras. O trabalho experimental levado a cabo por estes autores permitiu aferir

algumas das expetativas inicialmente previstas; assim, concluíram que a incorporação de fibras de vidro numa

percentagem de 2% (face à massa) mostrou ser benéfica, uma vez que permitiu obter melhorias significativas

em termos de resistências mecânicas, exibindo valores de resistências cerca de 15% superiores à argamassa de

referência (sem adição de fibras). Em simultâneo, constataram que as fibras de vidro e de basalto promovem

um efeito ponte entre a matriz e o agregado, reduzindo o efeito de propagação da fissuração. Assim, as

argamassas com adição destas fibras exibiram um comportamento mais dúctil comparativamente à argamassa

de referência, sendo que as argamassas com fibra de vidro foram as que ostentaram os melhores resultados.

O ensaio de microscopia ótica por varrimento (SEM) permitiu observar a forte ligação existente entre a matriz

da argamassa e as fibras, tal como era inicialmente previsto, sendo evidente que a fratura no provete de

argamassa apenas ocorre por arrancamento e não por quebra das fibras. Também neste ensaio as argamassas

que evidenciaram a ligação mais forte foram as argamassas com maior teor de fibras (2%).

Os investigadores Izaguirre et al., (2011) também atestaram os benefícios da adição de fibras, neste caso fibras

de polipropileno em argamassa de cal aérea. Estes desenvolveram o seu estudo utilizando duas percentagens

distintas de fibras de polipropileno 0,06% e 0,5% (percentagem face à massa total da formulação), tendo

concluído que a adição de percentagem de 0,06% promove um melhor comportamento à argamassa,

comparativamente à incorporação de 0,5% de fibras. Assim, a argamassa com menor percentagem de fibras

demonstrou ser, comparativamente com a argamassa padrão, menos permeável ao vapor de água, mais

resistente, desenvolveu menos fissuras durante a etapa de endurecimento e ostentou um melhor

comportamento aos ciclos de gelo – degelo, aumentando claramente a durabilidade da argamassa. De acordo

com esta investigação, a adição de fibras de polipropileno em argamassas de cal aérea mostrou ser adequada;

contudo, existe um limite de dosagem que deve ser respeitado, não devendo atingir 0,5%, uma vez que a

incorporação de fibras nesta percentagem demonstrou ser prejudicial.

3.7 Síntese do capítulo

A constituição das argamassas para revestimento de paredes de edifícios antigos tem sido amplamente

estudada, nesta última década. Constatando-se que as argamassas à base de cal hidráulica natural, com e sem

substituições parciais de Mk ou resíduos apresentam-se como soluções perfeitamente enquadráveis no âmbito

das argamassas de substituição para edifícios antigos.

As argamassas de cal aérea registam séculos de história, porém, constata-se que atualmente estas não se

enquadram com as exigências definidas pelas obras, nomeadamente em termos de ritmos de trabalho e

comportamento mecânico.

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Após a realização do estudo relacionado com o estado do conhecimento enquadrado no âmbito das

composições de argamassas para revestimento de paredes antigas, o capítulo seguinte faz uma análise de

mercado relativamente às argamassas industriais, para revestimento de paredes de edifícios antigos.

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4 . ANÁLISE DO MERCADO

4.1 Considerações gerais

Neste capítulo apresenta-se uma compilação e análise às argamassas atualmente existentes no mercado

português, para a reabilitação de rebocos antigos.

Tem por objetivo perceber quais as atuais ofertas da indústria, no que respeita a argamassas para reabilitação

de edifícios antigos, bem como as suas principais diferenças e semelhanças, em termos técnicos e económicos,

a fim de tentar identificar lacunas e/ou oportunidades de melhorias que possam servir de base à definição da

campanha experimental que se pretende desenvolver.

4.2 Argamassas comercializadas para substituição de rebocos de edifícios antigo

A indústria das argamassas, bem como a comunidade cientifica, têm evidenciado uma preocupação constante

em desenvolver produtos para a substituição de revestimentos existentes em edifícios antigos, cuja integridade

já se encontre debilitada. Produtos que sejam compatíveis com os revestimentos existentes, sem causarem

qualquer tipo de anomalia aos suportes existentes. Além de todos estes requisitos, a indústria está também em

consonância com toda a comunidade científica, no que se refere à sustentabilidade. Assim, mesmo sem

conhecer especificamente as formulações de cada uma das argamassas desenvolvidas pela indústria, é

percetível, através da análise da documentação técnica associada aos produtos, que alguns fabricantes de

argamassas industriais já indiciam ter preocupação em dar prioridade à utilização de matérias-primas mais

adequadas ao desenvolvimento de argamassas sustentáveis e amigas do meio ambiente.

O Quadro 4.1 apresenta uma compilação de argamassas industriais existentes no mercado português que,

segundo os respetivos fabricantes, são produtos preconizados especificamente para a reabilitação de edifícios

antigos. Analisando esse quadro, facilmente se depreende que a indústria tem procurado dar resposta às

necessidades do mercado, relativamente ao desenvolvimento de produtos que vão de encontro às exigências/

requisitos exigidos pelas paredes antigas, não desprezando as exigências definidas pela norma NP EN 998-

1:2013 (IPQ,2013).

Ao observar o Quadro 4.1 constata-se que a maioria dos fabricantes de argamassas a operar em Portugal tem

na sua gama de produtos um ou mais produtos destinados à reabilitação e/ou conservação de revestimentos

antigos, cuja composição base, nomeadamente o tipo de ligante/ ligantes utilizados, é distinta de marca para

marca. Assim, com base nos dados disponibilizados nas fichas técnicas, foi possível verificar que os tipos de

ligantes utilizados com maior frequência variam entre: cal aérea, cal hidráulica natural, “ligantes hidráulicos”

(descrição geral; poderá ser cimento ou cais hidráulicas) e pozolanas. A aplicação para que estão preconizados

é sempre a de “argamassa concebida para a conservação / reabilitação de revestimentos em edifícios antigos”.

Foi também possível observar que a classificação atribuída a este tipo de argamassas não é unânime no seio da

indústria, variando de fabricante para fabricante, ou seja, argamassas que aparentemente são similares em

termos de utilização prevista poderão ser classificadas em classes diferenciadas, o que lhes confere

propriedades e custos distintos. Portanto, à luz da norma NP EN 998-1:2013 (IPQ,2013), é possível enquadrar

esta tipologia de argamassas na classe GP (argamassa de uso geral) ou R (argamassa de renovação), cujas

exigências em termos de requisitos são completamente distintas.

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Quadro 4.1 - Argamassas de revestimento para edifícios antigos, disponíveis no mercado português

Fabricante

Designação/ (€) Composição Campo de Aplicação / Suportes Classificação Características técnicas Prod. Ass

WEBER

WEBER. REV 158 Preço Embalagem: 7.65€/ (25Kg)

À base de cal hidráulica

Reboco mineral de regularização de paredes antigas Suportes: Alvenaria de pedra, adobe, taipa, suportes antigos à base de argamassas de cal

Argamassa industrial de Reabilitação do tipo (R) para rebocos exteriores e interiores

Massa volúmica produto pasta 1,80 kg/m3

Weber Rev. Kal – Argamassa para acabamento areado fino ou alisado colorida

Massa volúmica endurecida 1,50 kg/m3

Resistência à flexão 0,50 N/mm2

Resistência à compressão 1.0 N/mm2

Retração <1,5mm/m

Capilaridade >0,75 kg/(m2.min1/2)

Permeabilidade ao vapor de água (μ) 10

Módulo de elasticidade dinâmico <5000N/mm2

Aderência sobre tijolo >0,1 N/mm2 (rot. coesiva)

Comportamento ao fogo: Classe A1

WEBER.REV TRADITION Preço Embalagem: 16.55€/(30 Kg)

Cal aérea, ligante hidráulico, cargas, fibras sintéticas e adjuvantes específicos

Regularização e proteção de paredes em construções antigas, sobre suportes de constituição coesa e não sujeito a forte humidade ascendente Suportes: Alvenaria antiga de pedra ordinária ou aparelhada, tabique, tijolo, bloco de betão

Argamassa industrial de Reabilitação do tipo (R) para rebocos exteriores e interiores

Massa volúmica do produto pasta 1,35 kg/m3

Weber Rev. Kal – Argamassa para acabamento areado fino ou alisado colorida.

Massa volúmica endurecida 1,18 kg/m3

Resistência à flexão 0,50 N/mm2

Resistência à compressão 1,25 N/mm2

Retração 1,4mm/m

Capilaridade 0,5 a 0,75 kg/(m2.min1/2)

Permeabilidade ao vapor de água (μ) 10

Módulo de elasticidade dinâmico <5000N/mm2

Aderência sobre tijolo >0,1 N/mm2 (rot. coesiva)

Comportamento ao fogo: Classe A1

WEBER. DRY. SANE Preço Embalagem: 23.10 €/(30 Kg)

Com ligantes hidráulicos, areias siliciosas, cargas calcárias e ligeiras, adjuvantes específicos e pigmentos

Reboco de saneamento para tratamento de paredes com problemas de humidade por ascensão capilar e salitres Suportes: Alvenaria tijolo, blocos ou pedra, suportes mistos, Betão.

Argamassa industrial de Reabilitação do tipo (GP) para rebocos exteriores e interiores

Massa volúmic produto endurecido 1400-1500 kg/m3

Pode ficar a nu, não necessita de ser revestido

Resistência à flexão ≤ 2.5 N/mm2

Resistência à compressão ≤4.0 N/mm2

Retração ≤1,2mm/m

Capilaridade W2

Permeabilidade ao vapor de água (μ) ≤ 15

Módulo de elasticidade dinâmico <8000N/mm2

Aderência sobre tijolo >0,25 N/mm2 (rot. coesiva) Comportamento ao fogo: Classe A1

Condutibilidade térmica (v. tabelado) Λ=0.61 W/mK (P= 50%)

PUMA MORCERAM CAL BASE

De cal hidráulica natural NHL 3,5 Não contém cimento.

Argamassa de revestimento para a reabilitação pela sua alta compatibilidade com sistemas tradicionais. Composição natural, altamente transpirável.Suportes: convencionais à base de ligantes hidráulicos e construção em tijolo.

Argamassa industrial de Reabilitação do tipo CR CSII W0, para rebocos exteriores e interiores.

Massa volúmica do produto 1,99 ± 0,2 g/cm³

Morcem Cal Acabado

Permeabilidade ao vapor de água ≤µ6

Rendimento 16 kg/m² por cm

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Quadro 4.1 - Argamassas de revestimento para edifícios antigos, disponíveis no mercado português (continuação)

Fabricante Designação / (€) Composição Campo de Aplicação Suportes

Classificação Características técnicas P. Acabamento

FASSA BARTOLO

REBOCO POZOLÂNICO 738

À base cal hidráulica natural NHL 3,5, pozolanas e areias calcárias

Bio-reboco para aplicar à mão ou à máquina sobre paredes em tijolo e/ou pedra, velhas ou novas.

Argamassa industrial de Reabilitação do tipo (GP- CS III-W0) para rebocos exteriores e interiores.

Massa volúmica do produto em Endurecido 1.550 Kg/m³

Acabamento 750 ou Acabamento Hidrofugado 756.

Resistência à flexão 1,0N/mm2

Resistência à compressão 2,5 N/mm2

Permeabilidade ao vapor de água ≤µ8

Coeficiente de absorção de água por capilaridade

W0

Condutibilidade térmica (valor tabelado) Λ=0,47 W/m °K

K 1710 Preço Embalagem:12.19 €/(30 Kg)

À base de nano-cal hidratada (aérea) pura, nano-cargas de efeito pozolânico, fibras inorgânicas e areias selecionadas de rochas calcárias

Para reabilitação de obras antigas e novas, em pedra, tijolo. Aplicação em suportes pouco resistentes. Suportes: construções em saibro, pedra (“adobe”), e/ou tijolo (trabalhos de restauro em geral).

Argamassa industrial de Reabilitação do tipo GP CSII W0, para rebocos exteriores e interiores

Massa volúmica endurecida 1450 Kg/m³

Acabamento no próprio reboco. Acabamento raspado ou areado. Operação de acabamento o realizada após 1.5- 4 horas depois aplicação.

Resistência à flexão 1,0N/mm2

Resistência à compressão 2,5 N/mm2

Módulo elasticidade 2800

Permeabilidade ao vapor de água ≤µ7

Coeficiente de absorção de água por capilaridade

W0

Condutibilidade térmica (valor tabelado) Λ=0,50 W/m °K

KX 14 Preço Embalagem:3.99 €/(30 Kg)

De cal hidratada, pequenas quantidades de ligante hidráulico, material hidrófugo e areias classificadas

Reboco sobre alvenaria em tijolos, blocos, betão, etc. Para infra-estruturas especiais.

Argamassa industrial de Reabilitação do tipo GP CSII W0, para rebocos exteriores e interiores

Massa volúmica endurecida 1600 Kg/m³ Acabamento no próprio reboco. Acabamento raspado ou areado. Operação de acabamento o realizada após 1.5- 4 horas depois aplicação.

Resistência à flexão 0.8 N/mm2

Resistência à compressão 1,5 N/mm2

Módulo Elasticidade 2000

Permeabilidade ao vapor de água ≤µ8

Coeficiente de absorção de água por capilaridade

W0

Condutibilidade térmica (valor tabelado) Λ=0.49W/m°K

KB13 Preço Embalagem:3.99 €/(30 Kg)

De cal e areias classificadas e aditivos

Reboco para reabilitação de obras antigas, para melhorar a trabalhabilidade e aderência. Promove efeito rústico. Suportes: Alvenaria em tijolos, blocos, betão.

Argamassa industrial de Reabilitação do tipo GP CSII W0, para rebocos exteriores e interiores.

Massa volúmica endurecida 1450 Kg/m³

Acabamento no próprio reboco. Acabamento raspado ou areado. Operação de acabamento o realizada após 1.5- 4 horas depois aplicação.

Resistência à flexão 1.0 N/mm2

Resistência à compressão 2,5 N/mm2

Módulo elasticidade 3000 N/mm2

Permeabilidade ao vapor de água ≤µ8

Coeficiente de absorção de água por capilaridade

W0

Condutibilidade térmica (valor tabelado) Λ=0.49W/mK

S 612

Branca à base ligantes hidráulicos de efeito pozolânico, areias classificadas, hidrófugo e aditivos específicos.

Argamassa de reboco de aplicação manual para saneamento de paredes húmidas (resistente a sulfatos). Suportes: Paredes húmidas com espessuras de pelo menos 30 mm

Argamassa industrial de Reabilitação do tipo R – CSII para rebocos exteriores e interiores.

Massa volúmica endurecida 1500 Kg/m³

Resistência à flexão 1.5N/mm2

Resistência à compressão 3,5 N/mm2

Módulo elasticidade 6000 N/mm2

Factor Resistência à difusão vapor ≤12 µ

Coeficiente de absorção água capilaridade ≤0.3 Kg/ m 2

Altura de penetração água ≤ 0.5mm

Condutibilidade térmica (valor tabelado) Λ=0,49W/mK

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Quadro 4.1 - Argamassas de revestimento para edifícios antigos, disponíveis no mercado português (continuação)

Fabricante Designação/ (€) Composição Campo de Aplicação / Suportes Classificação Características técnicas P.Acabamento

FASSA BARTOLO

REBOCO MACROPOROS 717

Hidrófugada, à base de cal hidráulica natural NHL 3.5, areias classificadas e pó de mármore.

Reboco de base para aplicação manual ou à máquina para reabilitação de paredes húmidas, resistente aos sulfatos.Suportes:Paredes húmidas com espessuras de pelo menos 3.0-4.0 cm.

Argamassa industrial de Reabilitação do tipo R – CS II para rebocos exteriores e interiores.

Densidade da Massa Endurecida 1500 Kg/m³

Acabamento 750 ou Acabamento hidrofugado 756. Acabamento rústico

Resistência à flexão 1.0N/mm2

Resistência à compressão 2.5 N/mm2

Módulo Elasticidade 3.000 N/mm2

Factor Resistência à difusão vapor ≤ 8 µ

Coeficiente de absorção água capilaridade ≤0.3 Kg/ m 2

Altura de penetração água ≤5 mm

Condutibilidade térmica (v. tabelado) Λ=0,45 W/mK

REBOCO MACROPOROSO POZOLÂNICO 740

Macroporoso, à base de cal hidráulica natural NHL 3.5 e pozolana e areias calcárias classificadas.

Bio-reboco de base para aplicação manual ou à máquina para reabilitação de paredes húmidas. Suportes: Paredes húmidas com espessuras de pelo menos 3.0-4.0 cm.

Argamassa industrial de Reabilitação do tipo R – CS II para rebocos exteriores e interiores.

Densidade da Massa Endurecida 1350 Kg/m³

Acabamento 750 ou Acabamento hidrofugado 756. Acabamento mais rústico

Resistência à flexão 1.0N/mm2

Resistência à compressão 2.5 N/mm2

Módulo Elasticidade 4.000 N/mm2

Factor Resistência à difusão vapor ≤ 8 µ

Coeficiente de absorção água capilaridade ≤0.3 Kg/ m 2

Altura de penetração água ≤5 mm

Condutibilidade térmica (v. tabelado) Λ=0,45 W/mK

CIMPOR

ACH Preço Embalagem: 2.47€/(30 Kg)

De Cal Hidráulica Natural, ACH, cinzenta, agregados e aditivos, doseados e misturados em fábrica.

Argamassa Seca particularmente apropriada para efetuar trabalhos de renovação e restauro. Suportes: Paredes antigas de pedra e tijolo.Pode também ser utilizada para rebocar paredes feitas como saibro ou taipa.

Argamassa industrial de Reabilitação do tipo GP CSII W1, para rebocos exteriores e interiores.

Consistência 160 mm

ACHF – Argamassa de cal hidráulica, acabamento fino.

Densidade Fresca 1650 Kg/m³

Densidade da Massa Endurecida 1500 Kg/m³

Resistência à compressão 1,5 N/mm2

Permeabilidade ao vapor de água (µ) <15

Coeficiente de absorção de água por capilaridade

0,4 Kg/m2.min 0.5

AE Preço Embalagem: 2.10 €/(30 Kg)

De cal hidráulica, cimento, agregados calcários e adjuvantes químicos doseados em fábrica.

Argamassa bastarda cujo ligante predominante é a cal hidráulica, particularmente apropriada para efetuar enchimento de paredes antigas, em trabalhos de renovação e restauro. Suportes: Pedra, tijolo, saibro ou taipa.

Argamassa industrial de Reabilitação do tipo GP CSIV W1, para rebocos exteriores e interiores.

Consistência 160 mm

Caso pretenda areado grosso a própria argamassa promove este tipo de acabamento.

Densidade Fresca 1850 Kg/m³

Densidade da Massa Endurecida 1500 Kg/m³

Resistência à compressão 10 N/mm2

Permeabilidade ao vapor de água (µ) <15

Coeficiente de absorção de água por capilaridade

0,4 Kg/m2.min 0.5

SECIL

REABILITA CAL REBOCO Preço Embalagem: 4.45 €/(30 Kg)

Com fibras naturais, à base de Cal Hidráulica Natural, agregados siliciosos e calcários selecionados e adições.

Argamassa concebida para a a conservação e reabilitação do edificado. Adequada para enchimento e regularização em sistemas de reabilitação de alvenarias antigas. Suportes: Betão e alvenarias de Tijolo cerâmico, blocos.

Argamassa industrial de Reabilitação do tipo R-CSII W0, para rebocos exteriores e interiores

Massa volúmica do produto em pasta 1600-1800 kg/m3

Reabilita Cal Acabamento .

Massa volúmica do produto endurecido 1400-1600 kg/m3

Resistência à compressão CSII

Módulo de elasticidade dinâmico 2000-4000 N/mm2 Altura penetração de água < 5.0 mm

Capilaridade (24 H) ≥ 0,30kg/m2

Permeabilidade ao vapor de água (μ) <5 µ

Aderência sobre tijolo >0.2 /B N/mm2

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Quadro 4.1 - Argamassas de revestimento para edifícios antigos, disponíveis no mercado português (continuação)

Fabricante Designação /(€) Composição Campo de Aplicação / Suportes Classificação Características técnicas P. Acabamento

REABILITA RA 05 Preço Emb: 14.45 € (30 Kg)

À base de ligantes Hidráulicos, agregados calcários, e siliciosos e adições.

Argamassas macro porosa de elevada permeabilidade ao vapor de água para o tratamento de paredes e sais higroscópicos. Suportes:Alvenaria de pedra antiga, tijolos cerâmicos, bloco de cimento e betão.

Argamassa industrial de Reabilitação do tipo GP- CSIV - W2, para rebocos exteriores e interiores.

Massa volúmica do produto endurecido 1500±100 kg/m3

Reabilita Cal Acabamento ou Reabilita RR 20

Resistência à compressão CSIV

Módulo de elasticidade dinâmico 9000-12000 N/mm2

Capilaridade Classe W2

Permeabilidade ao vapor de água (μ) 5 µ

Aderência sobre tijolo >0.2 / A e B N/mm2 (rot. coesiva) Condutibilidade Térmica 0.47 (P=50%)

Comportamento ao fogo: Classe A1

MAPEI

MAPE-ANTIQUE INTONACO NHL

De cal hidráulica natural (NHL 3,5 e NHL 5) e eco-pozolana, areias naturais, aditivos especiais e microfibras.

Reboco de base transpirante à base de cal hidráulica natural e eco-pozolana, para aplicação em alvenaria existente em prédios históricos ou construção nova. Indicada para reconstrução de rebocos velhos à base de cal sem problemas de humidade. Suportes: Alvenaria pedra, tijolo, tufo, tijolo, tijolo face à vista.

Argamassa industrial de Reabilitação do tipo GP CSII W0, para rebocos exteriores e interiores

Massa volúmica do produto fresco 1750Kg/m³

Mape – Antique FC Ultrafine, Mape – Antique FC Civile ou Mape – Antique FC Grosso.

Porosidade aberta 20%

Resistência à compressão CSII

Aderência ≥ 0.3

Permeabilidade ao vapor de água (µ) ≤12

Coeficiente de absorção de água por capilaridade

W0

Condutibilidade térmica (valor tabelado) Λ=0.57W/mºK

Reação Fogo A1

MAPE-ANTIQUE CC

Isenta de cimento, composto por ligantes hidráulicos especiais de reatividade pozolânica, areias naturais, aditivos especiais e fibras sintéticas.

Indicada para a conservação de edifícios, mesmo de interesse histórico, deteriorados pela humidade por ascensão capilar. Suportes: Pedra, tijolos ou tufos com argamassas originárias de baixa prestação mecânica fraca.

Densidade da Massa Fresca 1600-1800 Kg/m³

Mape – Antique FC Civile

Porosidade aberta 20-24%

Resistência à compressão 4-6 MPa

Módulo Elasticidade 4.000-6.000 (MPa)

Factor Resistência ao Vapor (µ) 10-15

MAPE- ANTIQUE MC MACCHINA

Isenta de cimento, composta por cal eco - pozolanas, areias naturais, aditivos especiais e fibras sintéticas, de baixíssima emissão de compostos orgânicos voláteis.

Argamassa desumidificante macroporosa indicada para a realização de rebocos sobre alvenarias existentes afetadas por humidade por ascensão capilar degradadas. Suportes: Alvenaria de pedra, tijolos, tufos ou mistas, rebocos à base de cal.

Argamassa industrial de Reabilitação do tipo R CSII, para rebocos exteriores e interiores.

Densidade da Massa Fresca 1700 Kg/m³

Porosidade aberta >20%

Resistência à compressão CSII

Aderência ≥0.4 (FP =B)

Factor Resistência ao Vapor (µ) ≤10

Absorção água capilaridade (após 24 H) 3.5 kg /m2

Condutibilidade térmica (valor tabelado) Λ=0.60W/mK

Reação Fogo A1

KERAKOLL SANABUILD® ECO

À base de silicatos específicos para o restauro.

O Sanabuild® Eco é um reboco eco compatível transpirável específico para paredes húmidas e salinas em presença de ascensão capilar de água, paredes históricas em presença de salinidade .degradação generalizada

Argamassa industrial de Reabilitação do tipo R CSII, para rebocos exteriores e interiores.

Massa volúmica do produto em pasta 1.24 kg/dm3

Sanabuild Eco Finitura

Massa volúmica do produto endurecido 1.12 kg/dm3

Resistência à compressão CSII

Aderência (Tijolo) >0.2 N/mm2 - FP:B

Absorção hídrica capilar (24 H) ≥ 0,30kg/m2

Altura penetração de água <5.0 mm

Permeabilidade ao vapor de água (μ) <7 µ

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Quadro 4.1 - Argamassas de revestimento para edifícios antigos, disponíveis no mercado português (continuação)

Fabricante Designação / (€) Composição Campo de Aplicação / Suportes Classificação Características técnicas P. Acabamento

KERAKOLL SANABUILD® ECO Sanabuild® Eco é um reboco eco compatível

Condutibilidade Térmica 0.30 W/mK

Resistência Sulfatos <1.5%

TOPECA

REBETOP KAL Preço Embalagem: 12.18€/(30 Kg)

Isenta de cimento constituída por hidróxido de cálcio, pozolanas, agregados de granulometria selecionados, adjuvantes específicos e fibras.

Reboco à base de a regularização e proteção de suportes antigos, sem fortes problemas de humidade por ascensão capilar. Ideal para renovação de edifícios antigos tais como: moradias, igrejas, monumentos históricos, solares, etc. Suportes: Pedra ordinária, taipa, adobe, alvenaria antiga, tijolo, blocos de betão e tabique.

Argamassa industrial de Reabilitação do tipo R CSII, para rebocos exteriores e interiores

Massa volúmica fresca 1500 kg/m3

REBETOP KALCOLOR (Liso ou Areado)

Massa volúmica do produto endurecido 1300 kg/m3

Resistência flexão >0.5 N/mm2

Resistência à compressão >1.5 N/mm2

Aderência (Tijolo) >0.10 N/mm2 - FP:B

Absorção hídrica capilar (24 H) ≥ 0,30kg/m2

Altura penetração de água <5.0 mm

Permeabilidade ao vapor de água (μ) <15 µ

Condutibilidade Térmica 0.40 W/mK

Reação Fogo F

TOPECA SANE Preço Embalagem: 17.53 €/(25 Kg)

Ligantes hidráulicos, compostos de sílica, cargas aligeiradas e adjuvantes específicos.

Reboco específico para o tratamento de paredes com problemas de humidade por ascensão capilar e salitre. Indicado para a renovação de superfícies contaminadas com sais, estruturas de pedra ou alvenaria com eflorescências salinas, suportes frágeis, enchimento de juntas entre pedra, tijolos de alvenaria, tijolos face à vista. Suportes: Alvenaria de tijolo, pedra, blocos de betão.

Argamassa industrial de Reabilitação do tipo R CSII, para rebocos exteriores e interiores.

Massa volúmica fresca 1700 kg/m3

Acabamento com barramento fino não é obrigatório. Pinturas de silicatos.

Massa volúmica do produto endurecido 1500 kg/m3

Resistência flexão >1.0N/mm2

Resistência à compressão >4.0N/mm2

Aderência (Tijolo) >0.10 N/mm2 - FP:B

Absorção hídrica capilar (24 H) ≥ 0,30kg/m2

Altura penetração de água <5.0 mm

Permeabilidade ao vapor de água (μ) <15 µ

Condutibilidade Térmica 0.54 W/mK

Reação Fogo F

DDL/CIN

LACOSE TDM 80 Preço Embalagem: 16.20 €/(25 Kg) LACOSE TDM 800 Preço Embalagem: 17.00 €/(25 Kg)

À base de cal hidratada enriquecida com aditivos e caracterizada por uma elevada elasticidade e permeabilidade. Produtos isentos de ligantes hidráulicos, não contém sais solúveis e higroscópicos.

Argamassa concebidas especialmente para a reabilitação de edifícios antigos e passiveis de serem utilizadas em construção contemporânea. Suportes: Rebocos antigos de cal, alvenaria de pedra (granítica, calcária e xisto) alvenaria de tijolo, taipa, adobe e tabique.

Argamassa industrial de Reabilitação do tipo GP, para rebocos exteriores e interiores.

Aderência (Tijolo) >0.10 N/mm2 - FP:B

Revestimentos com pinturas à base de cal , do tipo Rialto Época 800, Rialto Antiqua 1 e 2.

Coeficiente Capilaridade W0

Coeficiente de difusão ao vapor água ≤ 20

Condutibilidade Térmica 0.40W/mK (P=50%)

Reação Fogo A1

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Os custos destas argamassas são também completamente diferenciados, podendo variar de 2,10-

4,45€/embalagem, argamassa classificada com GP, até 12,18-23,10 €/embalagem para uma argamassa

classificada como R. Julga-se que esta diferenciação em termos de variabilidade de produtos, com

características e preços distintos, aliada às dificuldades em fazer um levantamento exaustivo ao estado de

suporte existente, por variabilidade destes, falta de meios e conhecimentos, suscite muitas dúvidas a

prescritores, técnicos e donos de obra, na hora de selecionar o produto mais adequado à utilização prevista.

No que respeita a suportes antigos, existe alguma variabilidade quanto aos elementos que os constituem,

podendo estes ser: adobe, taipa, tabique, alvenaria de pedra argamassada, alvenaria de pedra aparelhada,

alvenaria de tijolo maciço, ou perfurado, entre outros, cada um com características mecânicas e físicas

distintas. Existe também variabilidade na tipologia de edifícios antigos, podendo estes ser históricos ou não,

com maior ou menor valor patrimonial, o que, em termos de reabilitação/ conservação apresenta exigências

completamente diferenciadas. Além de toda esta heterogeneidade, é recorrente coexistirem também nestas

paredes problemas de humidade e presença de sais. Assim, julga-se ser extremamente importante que todos

os intervenientes neste processo, comités técnicos das normas, fabricantes de argamassas, prescritores e

utilizadores dos produtos, compreendam as exatas necessidades dos suportes e a verdadeira função que as

argamassas de reboco terão de desempenhar, quando incorporadas nestes suportes, o que nem sempre

parece evidente e claro.

Como referido anteriormente, no âmbito do desenvolvimento das argamassas, a indústria constata existirem

dúvidas relativamente à abordagem e conteúdo da norma NP EN 998-1:2013 (IPQ,2013), nomeadamente na

classificação e especificação dos requisitos/propriedades a atribuir aos rebocos para revestimentos antigos. A

norma NP EN 998-1:2013 (IPQ,2013) especifica a tipologia “renovation mortars”, que teoricamente aparenta

ser a classificação mais adequada para esta tipologia de argamassas. Porém, ao analisar-se a definição

“renovation mortars”, surgem algumas dúvidas relativamente a essa adequabilidade. Uma vez que este

documento define “renovation mortars” como argamassas de reboco destinado à aplicação em paredes

húmidas e contaminadas com sais solúveis, especificando ainda que estas terão de evidenciar elevada

porosidade e permeabilidade ao vapor de água e uma reduzida ação capilar. O mesmo documento apresenta

para cada tipologia de argamassas intervalos de valores para as características. Esta tipologia, em particular,

define valores muito restritos de absorção capilar e altura de penetração de água, o que obriga em termos de

composição a adicionar vários adjuvantes hidrofugantes de custo extremamente elevado, para poder dar

resposta aos requisitos impostos, podendo originar outros tipos de problemas ao suporte. As características

especificadas por esta tipologia de argamassas são coerentes com os requisitos definidos por Veiga & Santos

(2012), em especial as características mecânicas e de permeabilidade. Contudo, nem todos os suportes antigos

apresentam indícios de humidade ou contaminações com sais, podendo não ser necessário a aplicação de uma

argamassa desta classe, uma vez que, normalmente, estas evidenciam custos e níveis de hidrofugação

elevados.

A alternativa passa por classificar estas argamassas como argamassas de uso geral, GP, o que também não

parece ser o melhor enquadramento. Por definição, as argamassas GP são argamassas sem características

especiais, não definindo exigências em termos de compatibilidade mecânica ou física. Esta tipologia admite

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todas as subclasses de resistência mecânica, nomeadamente a CS IV, cujos valores de resistências mecânicas

são muito superiores aos valores definidos por Veiga & Santos (2012).

Fazendo uma análise mais detalhada ao Quadro 4.1, em termos de comportamento mecânico depreende-se

que a maioria dos fabricantes desenvolveu as suas argamassas preocupando-se com a compatibilidade

mecânica. Daí apresentarem argamassas maioritariamente da classe de resistência CS II (resistências à

compressão 1,5-5,0 N/mm2), independentemente de ser da tipologia GP ou R. No entanto, ao comparar este

intervalo com o definido por Veiga & Santos (2012) [Rc de 0.4-2.5 N/mm2] rapidamente se reconhece que o

intervalo permitido pela norma é demasiado abrangente, podendo mesmo ser extremamente exagerado para

alguns suportes antigos.

As propriedades físicas relacionadas com o comportamento do reboco face à presença de água é outra gama

de características frequentemente avaliadas durante o desenvolvimento das argamassas para edifícios antigos,

nomeadamente o coeficiente de capilaridade e a permeabilidade ao vapor de água. Em termos de

permeabilidade ao vapor de água, constatou-se existir um consenso entre os fabricantes. Praticamente todos

exibem estes resultados na informação técnica que disponibilizam. Verificando-se que a maioria das

argamassas existentes no mercado português apresenta valores de coeficiente de permeabilidade inferior a 15

que, de acordo com a norma NP EN 998-1:2013 (IPQ, 2013) são consideradas argamassas permeáveis ao vapor

de água. Quanto ao coeficiente de capilaridade não se observa unanimidade de resultados, uma vez que

existem no mercado argamassas com as três classificações possíveis definidas na norma W0 (CC- sem

especificações); W1 (CC≤ 0,4 kg /m2. min

0.5); W2 (CC≤ 0,2 kg /m

2. min

0.5). Esta diferenciação de gamas é

resultado de interpretações distintas das necessidades dos edifícios, o que levou ao desenvolvimento de

formulações diferenciadas, particularmente em termos de adição de adjuvantes hidrófugos. Assim, as

argamassas que exibam valores de coeficiente de capilaridade inferiores a 0,4 kg /m2.min

0.5 normalmente

incorporam agentes hidrófobos. Esta característica é importante sobretudo em argamassas para aplicação no

exterior, uma vez que a capilaridade traduz a capacidade de o material se deixar impregnar de água por ação

de forças de sucção. Durante os períodos de chuva, os revestimentos tendem a absorver água por capilaridade,

que deverão perder por evaporação durante os períodos de secagem. Do ponto de vista de resistência ao meio

exterior, nomeadamente à água da chuva, é importante que as argamassas apresentem alguma capacidade

impermeabilizante, de forma a absorver baixas quantidades de água e simultaneamente permitam que esta

seja evaporada rapidamente (Faria-Rodrigues, 2004).

Para paredes com problemas de humidade e sais solúveis há autores (Gonçalves et al., 2010) que defendem

não ser benéfica a utilização de argamassas com incorporação de agentes hidrofugantes, uma vez que poderão

condicionar a sução capilar, podendo mesmo torná-las capilarmente inativas, comprometendo o normal trajeto

da evacuação da água. Através do Quadro 4.1 depreende-se existir uma oferta variada de argamassas, com

comportamentos face à ação água distintos, logo com classificações variadas em termos de coeficiente de

capilaridade ou absorção capilar, o que exige uma correta interpretação destes valores, de forma a entender-se

se estas são ou não adequadas à utilização prevista.

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Com base em toda esta análise e no feedback que chega diariamente à indústria, por parte dos vários

intervenientes no processo de reabilitação, pode afirmar-se que continuam a existir muitas dúvidas

relativamente à seleção da argamassa mais adequada para a reabilitação de edifícios antigos.

A indústria considera que ainda existem várias omissões na norma de especificação das argamassas NP EN

998:2013 (IPQ,2013) relativamente à classificação de argamassas para revestimento de edifícios antigos, o que

poderá originar lacunas de informação nos respetivos documentos técnicos dos produtos, face às reais

necessidades do mercado. Das várias falhas encontradas, enumeram-se as seguintes:

� ausência de exigências quanto à determinação do teor de sais solúveis das argamassas;

� falta de exigências no que concerne à deformabilidade das argamassas, ou seja, nada é referido

relativamente ao ensaio de módulo de elasticidade ou outro;

� inexistência de determinação de índice de secagem, taxa de secagem e tempos de secagem;

� dificuldade na determinação do ensaio de aderência, nomeadamente na adaptação deste ensaio ao

tipo de suporte nos edifícios antigos;

� não consideração do tipo de suporte, no desenvolvimento das argamassas;

� falta de uma classificação específica para argamassas de reabilitação de rebocos antigos, com

intervalos adaptados às necessidades reais deste tipo de edifícios.

Gonçalves et al., (2010) menciona no seu trabalho que os rebocos não deveriam ser desenvolvidos apenas com

base nas suas características, dado que existem muitos outros fatores externos, tais como: condições

climatéricas, materiais que constituem os suportes, que condicionam o comportamento destes rebocos.

Ao longo da realização deste trabalho essa lacuna também foi constatada principalmente no que se refere à

ausência de caracterização dos suportes existentes nos edifícios antigos, o que dificulta muitas vezes a correta

definição de requisitos a impor às argamassas de substituição a aplicar.

4.3 Síntese do capítulo.

Concluiu-se existirem algumas divergências entre os vários fabricantes de argamassas, quanto ao tipo de

produtos preconizados para a aplicação de rebocos de substituição (classe e custos) como revestimento de

edifícios antigos. Assim, avaliando toda a informação disponibilizada, percebe-se ser importante poder oferecer

ao mercado argamassas que sejam compatíveis, em termos mecânicos e físicos, com os suportes encontrados

nos edifícios antigos. No que respeita ao custo final do produto, é igualmente importante apresentar produtos

com valores suportáveis pelas diversas faixas económicas, e vão de encontro às necessidades existentes.

Depreende-se com esta recolha e compilação de dados, não ser extremamente indispensável a oferta de

argamassas para renovação /reabilitação de revestimentos existentes degradados, que sejam classificadas

como argamassas de renovação, ou seja da tipologia R, de acordo com a NP EN 998-1:2013 (IPQ, 2013). Pode

optar-se por argamassas da tipologia GP, argamassas de uso geral, ou seja, argamassa mais genérica; todavia é

fundamental que esta seja perfeitamente compatível com os suportes existentes nos edifícios antigos.

Do ponto de vista de sustentabilidade verificou-se existirem materiais, nomeadamente as cais hidráulicas

naturais (NHL 5 e NHL 3,5) fabricadas em Portugal passíveis de serem utilizadas como ligantes, nestas

argamassas. Estas matérias-primas são de origem nacional, os processos de fabrico apresentam menores taxas

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de consumos energéticos, a fábrica é localizada relativamente perto das fábricas de argamassas, o que permite

registar menores consumos energéticos em termos de transporte, tornando o processo e, consequentemente,

o produto final mais sustentável e amigo do ambiente.

A utilização destas novas cais hidráulicas naturais parece ser uma boa alternativa tanto em termos técnicos

como de sustentabilidade, existindo já alguns fabricantes a incorporar este ligante nas suas argamassas de

reabilitação.

Este levantamento bibliográfico permitiu aferir que já existem vários estudos ao nível académico e da indústria,

que utilizam este tipo de ligante nas suas formulações, havendo já evidências claras de resultados favoráveis

obtidos com estas matérias-primas utilizadas como único ligante ou combinadas com aditivos pozolânicos e

outros. Todavia, constata-se não existirem estudos/trabalhos desenvolvidos com argamassas industriais cujos

ligantes utilizados sejam a combinação destas novas cais hidráulicas naturais e cal hidratada, ou de ambas com

adições de pozolanas. O capítulo seguinte descreve a campanha experimental desenvolvida no âmbito deste

estudo.

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5 . CAMPANHA EXPERIMENTAL

5.1 Considerações Gerais

A campanha experimental desenvolvida no âmbito deste trabalho de investigação teve como principal objetivo,

formular uma argamassa de cariz industrial preconizada para aplicação em revestimentos de edifícios não

classificados de alvenaria antiga, tendo em consideração as exigências definidas para uma argamassa do tipo

GP, segundo a norma NP EN 998-1:2013 (IPQ,2013), e pelos requisitos preconizados por Veiga & Santos (2012);

e que simultaneamente seja uma solução economicamente viável, comparativamente com as outras soluções

de argamassas classificadas como GP atualmente existentes no mercado Português.

Após análise bibliográfica e avaliação das argamassas existentes no mercado, concluiu-se existir uma lacuna no

que respeita a estudos realizados com argamassas constituídas por ligantes cal hidráulica natural e cal aérea.

Assim, definiu-se iniciar este desenvolvimento experimental formulando argamassas com base nestes dois

ligantes, as cais hidráulicas naturais NHL5 e NHL3,5 e a cal hidratada CL, classificadas segundo a NP EN 459-

1:2011 (IPQ,2011).

O desenvolvimento experimental dividiu-se em duas séries. A primeira teve por base formulações constituídas

por cal hidráulica natural (designadas por NHL) e cal hidratada (designada por CL) num traço volumétrico de

1:3. A massa de ligante correspondente ao traço volumétrico inicialmente previsto foi mantida, procedendo-se

a substituições parciais mássicas de 25, 50 e 75% de cal hidráulica natural por cal hidratada. Após avaliação dos

resultados obtidos na primeira série, e sendo estes inferiores ao inicialmente previsto, decidiu-se continuar

com o desenvolvimento experimental com a incorporação de uma pozolana (um metacaulino – Mk), e uma

resina (na forma de pó redispersável), substituindo parcialmente o ligante, nas composições das argamassas

com cal hidráulica natural NHL 3,5 e cal aérea CL, num traço de 1:2,5.

5.2 Constituintes da argamassa

Nesta secção serão expostas as principais matérias-primas utilizadas na formulação das argamassas, que

constituíram as duas séries experimentais desenvolvidas. Assim, na primeira série de ensaios foram utilizados

diversos constituintes, nomeadamente duas cais hidráulicas naturais (NHL5 e NHL3,5), cal hidratada (CL), areias

siliciosas e adjuvantes (agente introdutor de ar, retentores de água e hidrofugantes). A segunda série utilizou

apenas uma cal hidráulica natural (NHL3,5), cal hidratada (CL), um metacaulino (Mk), areias siliciosas e

adjuvantes específicos (agentes hidrofóbicos, retentores de água e um pó redispersável).

5.2.1 Cais hidráulicas naturais

Como já referido no ponto 5.1, na primeira série experimental foram utilizadas duas cais hidráulicas naturais

produzidas pelo único fabricante português, a empresa SECIL Martingança, na fábrica da Maceira. Ambas as

cais utilizadas são designadas segundo a norma de produto, NP EN 459-1:2011 (IPQ,2011), por NHL 5 e NHL3,5

(doravante designada por NHL5 ou NHL 3,5), tal como mostra a Figura 5.1. Os lotes de cais utilizados foram

disponibilizados pelo produtor à empresa Topeca, Lda, onde decorreram os desenvolvimentos experimentais.

Estes ligantes foram utilizados para a concretização deste trabalho, logo após o fornecimento das amostras.

Durante a preparação das misturas e realização das amassaduras foram sempre levados a cabo os

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procedimentos de manuseamento descritos nas respetivas fichas técnicas, nomeadamente: o de manter o saco

da amostra bem fechado; livre de contaminações com outros materiais; evitando-se sempre o contacto com a

humidade envolvente. A cal hidráulica natural caracteriza-se por ser um pó acinzentado constituído por

silicatos e aluminatos de cálcio e hidratos de cálcio, a composição química deste ligante encontra-se

devidamente exibida na ficha técnica do fabricante, como consta em anexo I.

Figura 5.1 - Amostras de cais NHL5, NHL3,5 e cal aérea CL e de metacaulino (Mk)

5.2.2 Cal aérea hidratada

A cal aérea hidratada utilizada caracteriza-se por ser um material em pó branco fornecido pela empresa Lusical,

SA, com a designação H100 (doravante designada por CL). A Topeca, Lda recebe este material a granel, com

uma regularidade frequente, sendo que o lote de cal utilizado foi retirado diretamente do silo de

armazenamento, para ser utilizado na preparação das respetivas formulações; o lote foi rastreado através da

identificação que consta na respetiva documentação que acompanha o produto.

A composição química deste ligante encontra-se devidamente exibida na ficha técnica do fabricante, como

consta em anexo I. Segundo o produtor, trata-se de uma cal hidratada classificada como CL, segundo a norma

NP EN 459-1:2011 (IPQ,2011).

Durante a preparação das misturas e realização das amassaduras foram sempre levados a cabo os

procedimentos de manuseamento descritos nas respetivas fichas técnicas, nomeadamente: o de manter o

recipiente com a amostra bem fechado; livre de contaminações com outros materiais; evitando-se sempre o

contacto com a humidade envolvente.

5.2.3 Metacaulino

Na segunda série de ensaios utilizou-se uma pozolana artificial, um metacaulino substituindo parcialmente a

quantidade mássica de cal hidráulica natural (NHL 3,5) por esta pozolana, na produção dos provetes.

O metacaulino utilizado é comercializado por um distribuidor português; porém a sua origem advém da India. A

utilização de uma matéria-prima não portuguesa deve-se ao facto de, à data do início do desenvolvimento

experimental, não se ter conhecimento da existência de uma alternativa produzida em Portugal. O lote de

metacaulino utilizado correspondia ao último lote de material recebido pela empresa, dias antes da sua

utilização, como ilustra a Figura 5.1. Também para a utilização desta matéria-prima foram consideradas todas

as recomendações de manipulação definidas pelo fornecedor, nomeadamente: manter sempre o saco de

metacaulino bem fechado, protegido de qualquer humidade da envolvente e da contaminação com outros

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materiais. Caracteriza-se por ser um pó de cor salmão, cuja composição química encontra-se devidamente

exibida na ficha técnica do fabricante, como consta em anexo I.

5.2.4 Agregados

O agregado usado na preparação das argamassas da primeira série de ensaios foi um agregado do tipo areia

siliciosa lavada, seca, com granulometria selecionada. Esta tipologia de areia é uma matéria-prima utilizada

frequentemente pela empresa Topeca, Lda sendo fornecida pela empresa José Aldeia Lagoa, SA, com a

designação de Areia AS 32, oriunda de areeiros da zona de Pombal, classificada segundo a norma NP EN 933-

1:2000 (IPQ,2000).

Na segunda série de ensaios foi efetuada uma correção à curva granulométrica da areia AS32, adicionando uma

fração de uma areia mais fina, Areia S30/40, fornecida pela empresa Sifucel, SA, oriunda de areeiros de Rio

Maior. Esta última referência é também uma areia de granulometria selecionada, lavada e seca, classificada

segundo a norma dos agregados NP EN 933-1:2000 (IPQ, 2000). A Figura 5.2 apresenta a curva granulométrica

da areia AS 32 utilizada na formulação das argamassas estudadas.

Figura 5.2- Curva granulométrica das referências de areias utilizada

5.2.5 Adjuvantes

Os adjuvantes utilizados correspondem a matérias-primas utilizadas com alguma frequência na indústria das

argamassas, tendo já demonstrado, em outras tipologias de argamassas, serem responsáveis por conferir

determinadas características específicas às argamassas, nomeadamente espessamento e melhorias na

trabalhabilidade e aplicabilidade das argamassas, hidrofugação, aderência, controlo de retração e fissuração. A

Figura 5.3 exemplifica os vários adjuvantes utilizados na confeção das argamassas estudadas. A maioria destes

adjuvantes é distribuída por empresas portuguesas; porém a sua origem advém de vários países da União

Europeia, Ásia e América.

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Figura 5.3- Amostras de vários adjuvantes utilizados nas duas campanhas experimentais, agente hidrofóbico, retentor de água, pó redispersável, agente espessante, introdutores ar

5.3 Constituição das argamassas (1ª e 2ª Série)

5.3.1 Primeira série

A definição inicial das formulações a desenvolver nesta primeira série de ensaios teve como base a análise

bibliográfica descrita no capítulo 3, e o levantamento de produtos oferecidos pela indústria ao mercado

Português registada no capítulo 4 e, por fim, a preocupação eminente em oferecer produtos ao mercado mais

sustentáveis e compatíveis com os suportes existentes nos edifícios antigos.

Por todas as razões mencionadas anteriormente, optou-se por selecionar ligantes teoricamente compatíveis

com os suportes existentes nos edifícios de alvenaria antiga, produzidos em Portugal através de processos de

fabrico sustentáveis; daí a seleção das cais hidráulicas naturais, NHL (5 e 3,5), provenientes da Secil

Martingança, e da cal hidratada H100 (designada por CL), proveniente da empresa Lusical, SA. Inicialmente

foram desenvolvidas duas baterias de formulações A e B, onde apenas diferia o tipo de cal hidráulica natural

utilizada. Assim, a primeira série experimental é constituída por formulações designadas por A e usou a cal

NHL5, enquanto a B foi formulada empregando a cal NHL3,5. A opção de utilizar também a cal hidratada (CL)

justifica-se por este ser um ligante tipicamente utilizado em argamassas antigas, com séculos de história, com

excelente comportamento em termos de durabilidade e, por fim, ser um ligante que tem a capacidade de

segregar/consumir o dióxido de carbono existente no meio ambiente, promovendo desta forma também a

sustentabilidade da argamassa desenvolvida (Faria et al., 2012).

As composições de referência destas argamassas tiveram como único ligante a cal aérea hidratada ou a cal

hidráulica natural (A- NHL5; B-NHL3,5) num traço volumétrico de 1:3 (ligante: agregado), para as argamassas A

e B e 1:2.5 para as argamassas C. Procedendo-se a substituições parciais mássicas de um ligante pelo outro, em

teores de 25%, 50% e 75%, optou-se por fazer substituições de cal hidráulica natural por cal hidratada, uma vez

que não são conhecidas argamassas desenvolvidas com estas combinações, existindo algumas lacunas em

termos de conhecimentos relacionados com as reações produzidas pela interação destes ligantes.

Além da utilização de ligantes e agregados, foram também utilizados adjuvantes, com vista à melhoria de

algumas propriedades das argamassas, nomeadamente agentes retentores de água (0.01-0.05%), agentes

hidrofóbicos (0.1-0.5%) e adjuvantes introdutores de ar (0.01-0.05%), agentes espessantes (0.01-0.05%).

A designação A e B menciona o tipo de cal hidráulica utilizada (A_ NHL 5, B_NHL3,5) a numeração (1-5) indica a

percentagem de massa de cal hidráulica natural substituída por massa de cal aérea hidratada (1 – 0%, 2 – 25%,

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3 – 50%, 4 – 75% e 5 – 100%); quanto aos adjuvantes utilizados, foram mantidos constantes tanto o tipo de

adjuvantes, como a concentração utilizada.

5.3.2 Segunda série

A definição das argamassas encontra-se definida no Quadro 5.1, para a 1ª e 2ª série de formulações. Na 2ª

série de formulações apenas foi utilizada a cal hidráulica natural NHL 3,5; daí existir apenas a letra C. Para

definir estas formulações, a numeração de (1-7) distinguem o grau de substituição de cal hidráulica natural

(NHL 3,5) por cal hidratada (CL 90) e por metacaulino (Mk), encontrando-se registadas as respetivas

percentagens de substituições mássicas de ligantes utilizados, no Quadro 5.1. A título de exemplo explicativo a

argamassas C3 é constituída em termos de ligantes por 86.5 % NHL3,5;9%CL; 4.5%MK a que corresponde a

designação apresentada no Quadro 5.1, (coluna- % substituição mássica (9_4.5)) que significa que 13.5% da

massa de NHL3,5 foi substituídos por CL e MK, nas percentagens de 9% CL e 4.5 %MK.

Nestas argamassas da 2ª série o tipo e a concentração de adjuvantes variaram entre as formulações 1-4 e as 5-

7. As segundas diferem das primeiras pela adição de um pó redispersável, cujo objetivo foi o de estudar a

influência deste adjuvante nas propriedades finais das argamassas; todavia, prevê-se que esta adição contribua

para melhorar a flexibilidade e a aderência destas argamassas ao substrato. Os restantes adjuvantes das

formulações permaneceram constantes, tanto em tipo, como concentração. No Quadro 5.1 registam-se as

composições, taxa de substituição mássicas dos ligantes, agregados, adjuvantes e quantidade de água.

Quadro 5.1-Designação das diferentes formulações de argamassas (I, II série formulações), taxa de substituição

de NHL por CL ou NHL por MK, quantidades mássicas para uma mistura 1506,1g e quantidade de água

Série Argamassa %

Substituição (NHL por CL)

Massas (g)

Constituintes Formulação NHL CL Mk AS 32

S 30/40

Adju H2O

I

A1 (100%NHL5) 0 250 0

0 1250 0 6.1

192,0

A2 (75%NHL5_25%CL) 25 187,5 62,5 212,0

A3 (50%NHL5_50%CL) 50 125 125 220,0

A4 (25%NHL5_75%CL) 75 62,5 187,5 240,0

A5 (100%CL) 100 0 250 238,0

B1 (100%NHL3.5) 0 250 0 200,0

B2 (75%NHL3.5_25%CL) 25 187,5 62,5 202,0

B3 (50%NHL3.5_50%CL) 50 125 125 212,5

B4 (25%NHL3.5_75%CL) 75 62,5 187,5 215,0

Argamassa %

Substituição (NHL por CL e

Mk)

Massas (g)

Constituintes Formulação NHL CL Mk AS 32

S 30/40

Adju H2O

II

C1 (100%NHL3.5) 0_0 275 0 0

1025 200

6.2

173,3

C2 (90%NHL 3.5_10%CL) 10_0 250 25 0 165,0

C3(86.5%NHL3.5_9%CL_4.5%Mk) 9_4.5 237,5 25 12.5 181,5

C4 (82%NHL3.5_9%CL_9%Mk) 9_9 225 25 25 187,0

C5 (90%NHL 3.5_10%CL) 10 250 25 0 21.2

184,3

C6 (86.5%NHL3.5_9%CL_4.5%Mk) 9_4.5 237,5 25 12.5 181,5

C7 (82%NHL3.5_9%CL_9%Mk) 9_9 225 25 25 184,3

5.4 Amassadura e preparação provetes

Começou-se por pesar cada componente da formulação numa balança com precisão de 0,001g; procedeu-se de

seguida à homogeneização de todos os componentes secos; posteriormente foram introduzidos no recipiente

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da misturadora, onde já se encontrava pesada a quantidade de água adequada, para a mistura com a referida

argamassa (Figura 5.4). O recipiente com a argamassa foi colocado na misturadora, e deu-se início à mistura da

argamassa, de acordo com o procedimento definido na norma EN 1015-2:1998/A1:2006 (CEN,2006), mais

especificamente:

• Ligou-se a misturadora mecânica na velocidade lenta durante 1 minuto, de forma a homogeneizar a

argamassa seca com a água;

• Parou-se a misturadora e raspou-se com a pá os bordos e fundo da cuba, procurando envolver todo o

material;

• colocou-se a misturadora novamente em funcionamento durante mais 30 segundos; após este

período deu-se por finalizado o processo de amassadura (Figura 5.4).

Figura 5.4-Sequência da mistura das argamassas

5.5 Caracterização da argamassa no estado fresco - avaliação da consistência por espalhamento

Após ter terminado a fase de preparação e amassadura das respetivas argamassas no estado fresco, procurou-

se avaliar a influência da água na sua trabalhabilidade. Porém, esta avaliação foi efetuada de formas distintas

nas duas séries de desenvolvimentos. Na primeira série não foi realizado nenhum ensaio específico, uma vez

que a empresa no momento da preparação destes ensaios ainda não possuía nenhuma mesa de espalhamento.

Desta forma, a quantidade de água adicionada foi efetuada até obter uma argamassa com a trabalhabilidade

adequada (avaliação feita com base na experiência dos preparadores, técnico de laboratório e seu superior

hierárquico, técnicos que já desenvolvem argamassas industriais há mais de dez anos).

Aquando da preparação da segunda série de formulações, a empresa já detinha o equipamento para avaliação

da consistência das argamassas por mesa de espalhamento; portanto, a quantidade de água adicionada em

cada argamassa foi mais uma vez determinada, indo de encontro à experiência dos preparadores, ou seja, foi

adicionada a quantidade de água adequada para obter uma argamassa com a trabalhabilidade apropriada, de

acordo com a experiência dos técnicos, e de seguida comprovada a trabalhabilidade, através da realização do

ensaio de consistência por espalhamento das argamassas, segundo a norma EN 1015-3:1999 (CEN,1999),

atualizada aos seus aditamentos (A1:2004/A2:2006) (CEN, 1999/2004/2006).

A trabalhabilidade das argamassas é definida como o valor da consistência por espalhamento, que corresponde

a uma quantificação da fluidez das argamassas frescas, facultando informação sobre a deformabilidade dessas

argamassas, quando submetidas a determinado tipo de tensão (Faria, 2004).

Felgueiras (2011) considerou a trabalhabilidade como uma importante propriedade das argamassas no estado

fresco, uma vez que relaciona a quantidade de água a adicionar à argamassa, para que esta obtenha uma

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trabalhabilidade e aplicabilidade adequada às condições reais existentes em obra. Todavia, este ajuste na

quantidade de água a adicionar à argamassa é fundamental, porque dele dependem outras propriedades,

como surgimento de fenómenos de retração, que poderão dar origem ao aparecimento de fendas.

Grilo (2013) cita o projeto FCT METACAL, onde foi definido que uma argamassa é considerada trabalhável se

apresentar valores de espalhamento na ordem dos 150±10mm; contudo, esta gama de valores refere-se a

argamassas tradicionais, ou seja, sem adição de adjuvantes, e não a argamassas industriais. Todavia, os valores

de espalhamento obtidos para cada uma das formulações desenvolvidas na 2ª série foram confrontados com

estes valores de referência e os valores referidos na norma EN 1015-6:1998 (IPQ 1998), que define um

espalhamento entre 140-200 mm para argamassas plásticas.

O ensaio para avaliar a consistência das argamassas / espalhamento foi efetuado de acordo com seguinte

procedimento experimental, conforme ilustra a Figura 5.5:

• Humedeceram-se os utensílios;

• Preencheu-se o cone de espalhamento com a argamassa. Esta operação foi realizada em duas

camadas; compactou-se individualmente cada uma delas, recorrendo ao uso de uma vara, com um

mínimo de quinze pancadas;

• Rasou-se a superfície e retirou-se o excesso de argamassa do cone; de seguida removeu-se o cone;

• Ligou-se a mesa de espalhamento, a qual imprime quinze pancadas em quinze segundos, dando

origem ao espalhamento da argamassa na mesa;

• Mediu-se o diâmetro formado pela argamassa, com auxílio de um paquímetro, no mínimo em dois

eixos perpendiculares; determinou-se posteriormente o espalhamento através do cálculo da média

dos dois valores medidos, em mm.

Figura 5.5-Sequência de ensaio na mesa de espalhamento, determinação da consistência das argamassas

5.6 Preparação dos provetes

5.6.1 Provetes prismáticos

Depois de terminar o processo de amassadura das argamassas e determinado o valor da consistência, seguiu-

- se a moldagem dos provetes prismáticos de dimensões 40x40x160 (mm) em moldes metálicos, previamente

montados e oleados com óleo descofrante em todas as faces, de forma a facilitar a sua desmoldagem

posterior. Cada molde deu origem a três provetes.

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As etapas de produção dos provetes seguiram o seguinte procedimento experimental, realizado de acordo com

a EN 1015-11: 1999 (CEN,1999).

• Os moldes prismáticos foram preenchidos com uma primeira camada de argamassa, até mais ou

menos meia altura do molde, e colocados sobre o compactador mecânico (Figura 5.6). Ligou-se o

quadro do compactador, dando início à compactação, com 60 pancadas. Seguiu-se novo

preenchimento do molde com argamassa, de forma a completar o enchimento do mesmo,

acompanhado de uma nova operação de compactação, com mais 60 pancadas.

• Retirou-se o molde do compactador mecânico, passando com uma espátula metálica de forma a

nivelar a superfície livre dos provetes (Figura 5.6). Os provetes foram colocados dentro de sacos de

polietileno durante sete dias. Ao fim dos primeiros dois dias, os provetes foram desmoldados e

mantidos dentro dos sacos de polietileno, em ambiente de laboratório à temperatura de 23±2℃. O

ambiente no interior do saco representa uma humidade relativa de 95±5%. Findo este período, os

provetes foram removidos dos sacos de polietileno, identificados e colocados nas condições de cura

definida inicialmente.

Figura 5.6-Moldagem, compactação e nivelamento dos provetes prismáticos

Os provetes moldados de cada argamassa foram devidamente identificados, utilizando a nomenclatura

definida no Quadro 4.1, tal como mostra a Figura 5.7. Assim, em cada provete foi registado a designação da

argamassa o tipo de ensaio e data de preparação dos provetes, com o objetivo de facilitar a monitorização dos

mesmos, permitindo assim realizar os respetivos ensaios logo que se atingiu a idade estipulada de 28, 90 e 180

dias.

Figura 5.7-Exemplo de identificação dos provetes

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5.6.2 Provetes em tijolo furado

Para determinar o valor de aderência sobre tijolo furado, foi necessário executar um provete de cada uma das

argamassas provenientes do processo de amassadura, sendo esta aplicada sobre uma das faces maiores de

tijolos furados convencionais de dimensões 30x20x3,5 cm. Apesar de este suporte não ser o tipo de suporte

existente nos edifícios antigos, optou-se por este, dada a dificuldade em reproduzir fielmente um suporte

antigo, devido à existência de uma enorme diversidade e heterogeneidade dos elementos que o constituem. A

opção por este tipo de elementos fundamentou-se na facilidade em adquiri-los em armazém de produtos de

construção e por estes serem produtos de baixo custo e fácil manuseamento.

O procedimento experimental adotado para execução destes provetes foi o seguinte:

• Identificou-se o provete escrevendo a designação de cada argamassa diretamente no tijolo;

• Começou-se por humedecer o tijolo de alvenaria através da aspersão de toda a superfície com água,

deixando esta desaparecer. Esta etapa teve por objetivo limitar a absorção de água, por parte do

suporte;

• Colocou-se o molde retangular amovível, com dimensões em planta aproximadamente iguais às

dimensões do tijolo utilizado, que serviu para definir a espessura do provete com cerca de 1,5 cm. O

conjunto foi colocado na posição vertical;

• A aplicação da argamassa foi executada recorrendo ao uso de uma espátula metálica, projetando a

argamassa sempre da mesma distância, diretamente ao tijolo. Esta operação pretende reproduzir a

projeção do material em obra (Figura 5.8). De seguida, procedeu-se à regularização e alisamento da

superfície, utilizando uma talocha metálica para o efeito;

• Após alguns minutos, o molde foi extraído com precaução, para não afetar a argamassa em contacto

com o tijolo. Todos os provetes foram introduzidos em sacos de polietileno durante sete dias. Findo

esse período, um provete de cada mistura é colocado na cura designada.

Figura 5.8-Moldagem e nivelamento dos provetes em suporte tijolo

5.6.3 Provetes circulares

Para determinar a permeabilidade ao vapor de água foi necessário preparar previamente moldes de argamassa

circulares, que serão posteriormente colocados e fixos sobre copo de ensaio redondo de dimensões similares.

Os provetes foram preparados com as seguintes dimensões: espessura de 1,5 cm e um raio de 15 cm (Figura

5.9)

Os moldes são constituídos por um arco metálico com altura de 15 mm e uma base em pvc.

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O procedimento experimental adotado para execução destes provetes foi o seguinte:

• Começou-se por montar os moldes metálicos, que consistiu em fechar o arco e introduzir a base de

pvc nos mesmos, lubrificar os moldes aplicando óleo descofrante sobre toda a superfície dos moldes;

• Preencheu-se o molde com a respetiva argamassa, utilizando para tal uma espátula metálica e

compactou-se o mesmo até ao preenchimento completo do molde;

• De seguida, alisou-se a superfície, recorrendo ao uso de uma talocha metálica;

• Todos os moldes foram colocados dentro de sacos de polietileno, ficando sujeitos às mesmas

condições de cura que os outros provetes (prismáticos e tijolos – Figura 5.9). O tempo de

desmoldagem foi igual ao dos provetes prismáticos.

Figura 5.9-Moldagem, compactação e nivelamento dos provetes circulares

5.7 Condições de cura

Terminado o processo de preparação dos provetes, estes foram submetidos a dois tipos de cura, com o

objetivo de aferir a influência da humidade relativa no desenvolvimento da estrutura interna das argamassas,

bem como perceber quais os efeitos no comportamento das argamassas.

5.7.1 Cura Standard – St

Todos os provetes da 1ª série foram submetidos apenas à cura standard, por ser o tipo de cura preconizado

pela norma EN 1015-2:1998/A1:2006, (CEN, 1998/2006), cura padronizada, utilizada universalmente pela

indústria no desenvolvimento de argamassas industriais. Estas condições de cura são consideradas entre o

meio técnico como as condições de referência; assim, os provetes foram dispostos numa câmara climática da

marca ARALAB, modelo Fitoclima-ClimaPlus IV (Figura 5.10), onde foram expostos a condições de temperatura

e humidade relativa controladas, isto é, T=23±2℃ e HR=65±5%.

Findo o período dos sete dias mantidos dentro do saco de polietileno, os provetes foram retirados e colocados

numa câmara climática, onde estavam garantidas as condições de cura (temperatura e humidade) controlada

(Figura 5.10). Todos os provetes de cada composição foram mantidos nestas condições desde o sétimo dia até

à idade de ensaio (28, 90 ou 180 dias de idade – I série de ensaios) e (28 e 90 dias para os provetes de II série

de ensaios).

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Figura 5.10-Condições da cura standard, provetes submetidos às condições cura definidos pela câmara climática, T=23±2℃ e HR=65±5%

5.7.2 Cura Húmida- H

As formulações desenvolvidas na 2ª série de ensaios foram submetidas simultaneamente à cura standard e

cura húmida, sendo objetivo desta diferenciação de ambientes avaliar o efeito das condições de humidade

elevada no desenvolvimento das reações internas da argamassa e, consequentemente, nas características

mecânicas das referidas argamassas.

A cura designada de húmida, H ilustrada pela Figura 5.11, foi numa câmara conseguida colocando os provetes

de cura húmida, que consiste numa caixa transparente cheia de água, na qual foram colocados os provetes

sobre uma grelha. Essa caixa foi fechada com a respetiva tampa. As condições no interior da caixa foram

mantidas e monitorizadas a 95±5% de humidade relativa (HR) e temperatura (T) de 23±2°C, permanecendo

nestas condições até atingiremos 28 e 90 dias.

Figura 5.11-Condições da cura húmida, T=23±2°C e HR=95±5%

5.8 Planeamento e organização dos ensaios

Todos os provetes foram submetidos a ensaios de caracterização das argamassas endurecidas, os quais

decorreram após 28, 90 e 180 dias, (1ª série) e 28, 90 dias, (2ª série), os quais foram realizados no laboratório

da Topeca, Lda. Assim, os ensaios realizados foram os mencionados no Quadro 5.2, seguindo os procedimentos

definidos pelas respetivas normas de ensaio.

Os primeiros ensaios a realizar em cada uma das idades foram os ensaios de determinação das resistências

mecânicas, mais especificamente a determinação da resistência à tração por flexão, do qual resultam duas

metades de cada provete, sendo posteriormente submetidos à determinação da resistência à compressão.

O terceiro conjunto de três provetes serviu para proceder à determinação da massa volúmica do produto

endurecido, e o quarto para determinação da resistência aos sais de sulfatos.

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O quinto conjunto de provetes foi partido ao meio, e cada uma das partes deste serviu para a realização do

ensaio de coeficiente de capilaridade. A outra metade de cada provete usou-se para determinação do índice e

taxa de secagem. Por fim os provetes circulares e os colocados sobre o tijolo foram utilizados para a

determinação da permeabilidade ao vapor de água e aderência da argamassa ao suporte, respetivamente.

Quadro 5.2- Lista de ensaios realizados às argamassas em estudo

Ensaio Norma de ensaio

Consistência por espalhamento EN 1015-3:1999 aditamentos (A1:2004/A2:2006) (CEN, 1999/2004/2006).

Massa Volúmica produto endurecido EN 1015-10:1999 (CEN,1999)

Resistência à tração por flexão EN 1015-11:1999/A1:2006 (CEN, 2006)

Resistência à compressão EN 1015-11:1999/A1:2006 (CEN, 2006)

Absorção de água por capilaridade EN 1015-18:2002 (CEN, 2002)

Permeabilidade ao vapor de água EN 1015-19:2008 (CEN, 2008)

Aderência EN 1015-12:2000 (CEN, 2000)

Índice de secagem Test No. II.5 “Evaporation curve” da RILEM (RILEM, 1980a) definido em

Brito et al. (2011)

Taxa de secagem De acordo com Grilo et al. (2014)

Resistência aos sulfatos NP EN 12370:2001 (IPQ, 2001)

5.9 Ensaios de caracterização das argamassas no estado endurecido

5.9.1 Ensaio de resistências mecânicas (Rt e Rc)

Os ensaios de resistências mecânicas foram realizados segundo a norma EN 1015-11:1999/A1:2006 (CEN,

2006), sendo a resistência tração imposta por flexão determinada em três pontos do provete, e a compressão

sobre as metades dos provetes resultante do ensaio de flexão.

O ensaio foi executado numa máquina universal de forças ”Proeti”. A determinação da resistência à tração por

flexão foi efetuada utilizando uma célula de carga de 10 kN e uma velocidade de aplicação da carga de 0,2

mm/min, segundo ficha previamente definida no programa Hoywin. Este ensaio compreende a aplicação de

uma carga pontual a meio do comprimento do provete, o qual se encontra apoiado em dois pontos

distanciados de 100mm. A carga é aplicada na face lisa do provete que contacta com a célula de carga, a uma

velocidade constante até à rotura do provete. O início do ensaio foi acionado através do software, que de

imediato traça o gráfico da força, em função do tempo decorrido. Através deste gráfico pode observar-se a

força máxima aplicada e o instante antes de se dar a rotura.

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Figura 5.12-Ensaio de determinação da resistência à flexão por tração (Rt)

A rotura do provete indica o fim do ensaio. O programa da máquina regista a força máxima de tração

correspondente a esse ponto, Ft.. Com estes valores de Ft procede-se ao cálculo da respetiva resistência,

segundo a equação seguinte:

�t = 1.5 �.�.� 10

� (Eq. 5.1)

Onde:

Rt- resistência à tração por flexão, em MPa.

Ft- carga de rotura de tração por flexão, em kN.

l - distância entre pontos de apoio, em mm.

b, d - dimensão do lado da secção do provete, em mm.

O ensaio de resistência à compressão foi realizado em seguida, com as metades dos provetes provenientes dos

ensaios de flexão. A resistência à compressão foi também determinada utilizando o mesmo equipamento,

máquina universal utilizando uma célula de carga de 10 kN e uma velocidade de aplicação da carga de 0,7

mm/min, segundo a ficha de ensaio definida no software da máquina universal,“ Proeti”.

Para a realização do ensaio de resistência à compressão, colocou-se o meio provete num respetivo acessório

metálico, de forma a garantir o contacto total do meio provete com a célula de carga Figura 5.13; o contacto do

provete com a máquina efetua-se numa das faces lisas do provete. Acionou-se o software da máquina

universal, dando início ao ensaio e a célula de carga comprime o provete até à rotura. O fim do ensaio ocorre,

quando o provete atinge a rotura, Figura 5.13, registando-se nesse momento a força máxima de compressão a

que o provete foi sujeito, Fc (em N). O valor da resistência à compressão (Rc, em MPa) é obtido, dividindo a

força máxima pela área de aplicação da carga (1600 mm2).

Figura 5.13-Ensaio de determinação da resistência à compressão (Rc)

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5.9.2 Ensaio de absorção de água por capilaridade

• O ensaio de absorção de água por capilaridade foi realizado de acordo com EN 1015-18:2002 (CEN,

2002), em ambiente de laboratório, sob condições de temperatura e humidade controladas,

prospectivamente 23 ± 2ºC e 65 ± 5%.

• A determinação do coeficiente de absorção de água por capilaridade (CC) é um ensaio de

caracterização de argamassas, frequentemente realizado nos processos de conceção e

desenvolvimento de argamassas, uma vez que exprime a velocidade de absorção de água nos

instantes iniciais; permitindo avaliar o comportamento das argamassas, face à ação da água, e

consequente sensibilidade aos ciclos gelo-degelo, a que as argamassas exteriores poderão estar

expostas. Assim, procura-se desenvolver argamassas com baixos valores de CC, traduzindo em baixa

tendência para absorção de água:

• O ensaio foi realizado segundo o seguinte procedimento experimental:

• Este ensaio utilizou um conjunto de 3 provetes prismáticos. A determinação do coeficiente de

capilaridade (CC) iniciou-se com a quebra dos provetes ao meio, resultando em duas metades que

são identificadas como A e B. Esta operação foi realizada manualmente, utilizando o acessório da

máquina universal para a determinação da resistência à flexão por tração. Posteriormente, os

meios provetes foram colocados na estufa a 60°C, até atingirem uma massa constante

(correspondente a uma variação de 0,1% de massa num intervalo de 24 horas);

• Seguiu-se um período de arrefecimento, para que estes atingissem a temperatura ambiente. Após

o arrefecimento dos provetes, foi aplicada uma resina impermeável à água e ao vapor (estireno

butadieno), de forma a promover a impermeabilização das quatro faces laterais dos meios

provetes;

• Pesou-se cada um dos meios provetes, a que corresponde a massa no instante inicial (t=0 min);

• Introduziram-se os meios provetes, num tabuleiro com uma lâmina de água, 5 mm, com a face

partida imersa na lâmina de água, havendo sempre o cuidado de manter esta lâmina de água.

Voltou-se a realizar a pesagem no instante t=10 e t=90 min.

Todas as pesagens foram efetuadas retirando-se o provete da caixa, removendo o excesso de água com papel

absorvente, colocando-o sobre o prato da balança de precisão 0,001g, e registando a sua massa no instante ti,

colocando novamente o provete no tabuleiro, até perfazer os 90 minutos. (Figura 5.14)

Figura 5.14- Ensaio de determinação do coeficiente capilaridade

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O coeficiente de absorção de água é definido pelo declive da reta representado pelos pontos, correspondentes

às massas dos provetes medidos nos instantes 10 e 90 minutos. O coeficiente de absorção de água por

capilaridade foi determinado segundo a equação 5.2

� = 0.1(�� −��) (Eq. 5.2)

Onde:

C - Coeficiente de absorção de água, Kg/m2.min

0,5

M2 - Massa do provete no instante t=90 min.

M1- Massa do provete no instante t=10 min.

5.9.3 Ensaio de secagem

O ensaio de determinação do índice de secagem foi realizado de acordo com o Test No. II.5 “Evaporation

curve” da RILEM (RILEM, 1980a) e em Brito (Brito et al., 2011). A determinação desta característica é relevante

para o estudo do comportamento das argamassas face à ação da água, uma vez que permite conhecer o

processo de secagem das argamassas, nomeadamente o tempo que demora a perder a água absorvida.

Este ensaio reflete também a capacidade da argamassa libertar água absorvida através da estrutura interna da

argamassa, para o meio ambiente. É fundamental conhecer este parâmetro, para melhor compreender o

comportamento das argamassas após os períodos de chuva ou entradas fortuitas de água.

Contudo, este parâmetro não depende exclusivamente da formulação do material ou estrutura interna

(configuração dos poros), sendo, também, influenciado pelas condições ambientais e higroscopicidade.

O ensaio de secagem utilizou o mesmo conjunto de provetes da capilaridade; porém, como o ensaio do

coeficiente de capilaridade foi realizado seguindo um procedimento distinto, ou seja, com base no

procedimento definido pela EN 1015-18:2002 (CEN,2002), foi necessário, para a determinação do índice de

secagem, efetuar previamente a saturação dos provetes, segundo a norma EN 15801:2009 (CEN, 2009), para

depois poder dar início ao ensaio de determinação do índice de secagem. Assim, começou-se por realizar o

ensaio da saturação, de acordo com o seguinte procedimento experimental:

• Começou-se por introduzir os provetes num tabuleiro, com uma lâmina de água de 5mm dentro de

uma caixa estanque, de modo a produzir condições de um ambiente saturado;

• Pesou-se cada provete no instante t0 e, de seguida, estes foram de novo introduzidos dentro do

tabuleiro, com a base em contacto com água;

• Seguiram-se várias pesagens: ao fim de 5min, 10min, 15min, 30min, e a cada hora durante as

primeiras 9 horas de ensaio, e depois uma vez por dia;

• O ensaio terminou quando se registou uma diferença de massa inferior a 1% no intervalo de 24 horas.

Entre cada pesagem houve a preocupação de manter a lâmina de água de 5mm no tabuleiro, bem

como o fecho da tampa da caixa, preservando assim o ambiente saturado.

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Após concluir a saturação dos provetes, iniciou-se o ensaio de secagem. O último valor obtido na saturação

correspondeu ao primeiro valor do ensaio de secagem. Este ensaio realizou-se de acordo com procedimento

experimental descrito abaixo:

• Os provetes foram colocados dentro de um tabuleiro de alumínio totalmente impermeável e com base

lisa, nas condições de cura do laboratório, ou seja, condições standard (temperatura e humidade

relativa de 23±2°C e 65±5%). Com estas condições de cura, era desejado que a secagem dos provetes

ocorresse apenas pela zona superior do provete, dado que a base do tabuleiro impedia a secagem

pela base, e a resina colocada sobre as faces formou uma barreira ao vapor de água impedindo que a

secagem ocorresse por estas;

• Na primeira fase do ensaio, os provetes foram pesados de hora a hora, até registarem uma massa

estabilizada, considerando-se a massa estabilizada, quando estes apresentavam uma variação entre

valores consecutivos inferior ou igual a 0,2%;

• Na segunda fase do ensaio, os provetes foram pesados sensivelmente de 24 horas em 24 horas, até se

atingirem, no mínimo, as 480 horas de secagem;

• Determinou-se o teor em água absorvida (Wt) segundo a equação 5.3:

�� = ������� x100(Eq. 5.3)

Onde:

• Wt- teor em água absorvida, em %;

• m0 - massa do provete seco, em g;

• mi- massa do provete no instante ti, em g.

Conhecendo os valores dos teores de água absorvida, foi possível traçar a curva de secagem, definindo o teor

de água absorvida em função do tempo, em horas. Foi também determinada a taxa e o índice de secagem, de

acordo com a EN 16322:2013 (CEN,2013).

A taxa de secagem, TS, corresponde à massa do provete por unidade de volume e hora; no gráfico a TS

determinou- se com base no declive do troço reto inicial da curva de secagem, que varia em função do tempo.

O índice de secagem foi determinado, de acordo com o método simplificado de integração numérica, a regra

do trapézio definido por Brito et al., 2011 e Grilo et al., 2014, traduzido pela Equação 5.4

� = ∑ "#$�$%&)'#()$%&*()$

)+,-.$-/

01á3'4 Eq. 5.4)

Onde,

ti : tempo no instante i, em horas;

Wt,i: teor em água no instante i, em percentagem;

Qt,máx: teor em água máximo (inicial), em percentagem;

tf: tempo total do ensaio, em horas.

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5.9.4 Ensaio de permeabilidade vapor água

Para a determinação da permeabilidade ao vapor de água das argamassas estudadas foram utilizados os

provetes circulares preparados para o efeito. O ensaio foi realizado tendo por base a norma NP EN 1015-

19:2008 (IPQ,2008).

A determinação do coeficiente de permeabilidade avalia a capacidade da argamassa permitir a passagem de

vapor de água. Assim, uma argamassa é considerada permeável se apresentar um valor de coeficiente de

permeabilidade ao vapor de água (µ) inferior a 15, de acordo com a NP EN 998-1: 2013 (IPQ, 2013).

O procedimento experimental que permitiu determinar os parâmetros necessários para calcular a

permeabilidade foi o seguinte:

• Seguiu-se a colocação dos provetes circulares sobre a abertura de cada recipiente teste, onde foi colocada

água na quantidade adequada de forma a proporcionar a existência de uma câmara de ar com cerca de 1 cm. A

junta entre o molde e o recipiente foi selado com cera de abelha de forma a isolar o sistema, garantindo assim

a estanquicidade do mesmo e a criação de um ambiente húmido, a temperatura e humidade constante. Os

recipientes teste foram colocados na câmara climática à temperatura de 23±2°C e humidade relativa de 60±5%,

(Figura 5.15).

Determinação da massa do recipiente teste: Todos os dias, sensivelmente à mesma hora, os recipientes teste

foram pesados, para determinar a quantidade de água evaporada por permeabilidade da argamassa, e

colocados novamente na câmara climática sujeitos às mesmas condições, tal como ilustra a Figura 5.15.

Figura 5.15 -Ensaio de determinação da permeabilidade ao vapor de água

Este procedimento realizou-se durante pelo menos 15 dias úteis ou até alcançar uma perda de água constante.

Durante os fins de semana os provetes foram mantidos na câmara climática.

Para determinar o coeficiente de permeabilidade, segundo a NP EN 998-1:2013 (IPQ, 2013), foi necessário

calcular previamente algumas variáveis, das quais depende o coeficiente de permeabilidade, tais como: fluxo

de vapor, permeância, permeabilidade e, por fim, o coeficiente de permeabilidade. Assim, o fluxo do vapor de

água foi determinado com base na equação 5.5.

565 = 78x� (Eq. 5.5)

Onde:

ΔG/Δt – Fluxo do Vapor de água, em (kg/s).

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Δm – Variação de massa, em kg.

t – tempo, em s ( 24 horas do dia).

Conhecendo o valor do fluxo do vapor de água (ΔG/Δt) e a diferença de pressão (Δp) existente entre os dois

meios, foi possível determinar a Permeância (Λ). Esta variável foi determinada de acordo com a equação 5.6.

9 = �:;<;=;)

�>: (Eq. 5.6)

Onde:

Λ – corresponde ao fluxo de vapor de água que atravessa a argamassa, por unidade de área sob condições de

equilíbrio e por unidade de diferença na pressão de vapor de água, existente entre os dois lados da argamassa,

em kg/m2.s.Pa. Para este cálculo, foram consideradas as condições de ensaio, temperatura de 23℃ e a uma

humidade relativa de 60%, em (ng/m2.s.Pa).

Δp – diferença de pressão de vapor de água entre o ar ambiente e o interior do recipiente teste, em Pa.

ΔG/Δt – fluxo do vapor de água, em (kg/s).

RA- resistência do vapor de água correspondente à folga de ar entre o provete e a água (0.048.109 Pa.m2.s/kg

por 10 mm de folga de ar).

Com o valor da permeância determinou-se a permeabilidade ao vapor de água, segundo a equação 5.7.

? = 9x@ (Eq. 5.7)

Sendo:

Permeabilidade ao vapor de água (P) – corresponde à permeância, multiplicada pela espessura do provete

prova, em (kg/m.s.Pa).

(Λ) – Permeância, em kg/m2.s.Pa.

e - espessura do provete prova, em m.

Por fim, a norma NP EN 998-1:2013 (IPQ, 2013) recomenda a determinação do coeficiente de permeabilidade

ao vapor de água, baseado no método da NP EN 1015-19:2008 (IPQ,2008), ou seja, na determinação da

permeância. Assim, o coeficiente de permeabilidade ao vapor de água foi determinado de acordo com a

equação 5.8.

μ = �.BC.��%&/

D (Eq. 5.8)

Onde:

µ - Coeficiente de permeabilidade ao vapor de água.

1,94.10-10

- Corresponde ao fator de permeabilidade do ar equivalente, à temperatura de 20°C e pressão

atmosférica de 101325 Pa.

Λ - Permeância, em kg/m2.s.Pa.

O coeficiente de permeabilidade ao vapor de água obtido corresponde à média dos valores individuais obtidos

para cada provete.

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5.9.5 Ensaio de massa volúmica do produto endurecido

Para a realização deste ensaio foi utilizado um conjunto de 3 provetes de cada uma das argamassas em estudo,

preparados de acordo com o ponto 5.4.2.1. A determinação da massa volúmica do produto endurecido

decorreu num laboratório da Topeca, segundo um procedimento baseado na norma EN 1015-10:1999 (CEN,

1999), que estabelece os métodos de ensaio para determinação da densidade de argamassas endurecidas.

Assim, o ensaio foi realizado segundo o seguinte procedimento experimental:

• Para determinar a massa seca: Começou-se por colocar os provetes na estufa à temperatura de 60°C,

até estes adquirirem massa constante (variação de massa inferior a 0,2% durante 24horas). Registou-

se o valor da massa seca, ms,dry em kg.

• Para determinação do volume: Colocaram-se os provetes imersos em água à T= 20±2°C, num

tabuleiro, até ocorrer o aumento de massa aparente. Este aumento é atingido, quando se registam

dois pesos consecutivos que não difiram mais de 0.2% em massa, após 15 minutos de imersão dos

provetes. Removeram-se os provetes da água, limpou-se o excesso de água com um pano e registou-

se o peso, que corresponde à massa saturada, ms, sat em kg.

De seguida procedeu-se à pesagem hidrostática, (Figura 5.16), para isso colocaram-se os provetes no suporte

que constitui a balança, imergiu-se completamente o provete no recipiente com água, deixou-se estabilizar o

peso, registando-se a massa ms,i em kg.

Figura 5.16-Ensaio de determinação da densidade do produto endurecido

Com estes valores calculou-se o volume (Vs) e a massa volúmica do produto endurecido (DPE) através das

equações 5.9 e 5.10

EF = �GHI)��G$J(

(Eq. 5.9)

�EK@ = �GLMNOH

(Eq. 5.10)

Onde:

Vs – Volume do provete, m3

ms,sat – Massa do provete saturado, em kg.

m s,i - Massa hidrostática do provete, em kg.

ρw - Massa volúmica da água.

ms,dry – Massa do provete seco, em kg.

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MVpe – Massa volúmica do produto endurecido, kg/m3

5.9.6 Ensaio de aderência

O ensaio de aderência foi executado de acordo com a norma europeia EN 1015-12:2000 (CEN,2000). Os

provetes em tijolo furado foram preparados de acordo com o ponto 5.4.2.2.

O ensaio de aderência determina a força de tração necessária, para que ocorra a rotura entre a argamassa e o

suporte.

Foram utilizados tijolos 30x20x3,5 cm, por serem os que apresentavam as medidas mais compatíveis com o

prato da máquina universal, onde se realizaram os ensaios de arrancamentos da argamassa; por ser o tipo de

suporte frequentemente utilizado para a caracterização de argamassas, tanto na indústria como no meio

académico. Todavia, reconhece-se que este não será o suporte ideal para o estudo das aderências de

argamassas de revestimento para edifícios antigos, dado que o tijolo apresenta uma superfície praticamente

lisa e pouco permeável, comparativamente com os elementos frequentemente utilizados nos suportes antigos,

tais como tabique, pedra ordinária, terra, adobe, etc.

O ensaio foi realizado segundo o seguinte procedimento experimental; porém este sofreu algumas adaptações

face ao descrito na norma, nomeadamente no equipamento de determinação da força de tração:

• Terminado o período de cura dos provetes, os mesmos foram cortados com máquina de corte adaptada

para o efeito, de forma a definir a área de ensaio 50x50 mm, sendo definidas 10 áreas de ensaio.

Removeu-se todo o pó existente em cada área de corte, com o auxílio a ar comprimido;

• De seguida, procedeu-se à colagem das peças metálicas à argamassa, utilizando cola epoxy. Estas peças

metálicas serviram como ponto de ligação entre o provete e a máquina de ensaio, mais especificamente

a célula de carga;

• No dia seguinte determinou-se a força de tração, utilizando a máquina universal. Para isso, selecionou-

-se a ficha de ensaio para determinação de aderência, no software Hoywin da respetiva máquina e a

célula de carga de 10 kN, definiu-se a área do provete (50x50 mm) e deu-se início ao ensaio. O ensaio

consistiu na aplicação de uma força perpendicular ao provete, ligado através da peça metálica, como

mostra a Figura 5.17, sendo aplicado um acréscimo de tensão entre 0,003 e 0,100 N/ (mm2. s), de forma

que a rotura ocorra entre 20 e 60s, após o início do carregamento. A norma preconiza três tipos de

rotura: na interface argamassa/suporte (rotura adesiva); no interior da argamassa ou do suporte (rotura

coesiva, pela argamassa ou pelo suporte) e pela interface peça metálica/argamassa. Caso ocorra este

último tipo de rotura, o ensaio é considerado nulo.

Figura 5.17-Ensaio de determinação da aderência

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A aderência ou força aderente é obtida pelo quociente entre a força de tração registada no momento da rotura

e a área do provete, segundo a equação 5.11.

PQ = �RS (Eq. 5.11)

Onde: fu – Aderência da argamassa ao suporte, em N/mm

2

Fu - Força de tração no momento da rotura, em N;

A- Área do provete, em mm2

5.9.7 Ensaio de resistência aos sulfatos

O ensaio de resistência aos sulfatos foi realizado com base no procedimento descrito na norma NP EN

12370:2001, (IPQ,2001), a qual define o procedimento de ensaio de resistência à cristalização de sais em

pedras naturais e especificado por Faria (Faria, 2009); porém, na ausência de outros documentos que definam

um procedimento de ensaio específico para argamassas, e dada a importância de conhecer o comportamento

destas argamassas face à ação dos sais de sulfato, decidiu-se realizar o ensaio de acordo com estas

especificações, seguindo o procedimento experimental apresentado abaixo:

• Foram utilizados dois meios provetes, preparados segundo o 5.4.2.1 para o efeito. Iniciou-se o ensaio com

a colocação dos respetivos provetes na estufa a 105°C, onde permaneceram durante 24 horas, de modo a

remover a água existente nos mesmos, até atingirem massa constante;

• Preparou-se uma solução não saturada de sulfato de sódio anidro a 6,10%, obtida através da adição de

62,10 g de sulfato de sódio (Na2SO4) a um litro de água a 20-25 °C, solução essa que foi a mesma utilizada

ao longo de todos os ciclos de ensaio;

• Os ciclos iniciam-se com o arrefecimento dos provetes, sucedendo a pesagem dos provetes numa balança

de precisão 0,001g (Figura 5.18) e o registo das respetivas massas;

• Concluída esta fase, os provetes foram introduzidos na caixa preparada com a solução de sulfato de sódio

(Na2SO4), durante um período de 2 horas, deixando um espaçamento mínimo de 2 cm aos bordos da

caixa e de 1 cm à superfície superior da água. Terminado este período, os provetes são removidos do

banho e colocados num tabuleiro, de modo a deixar escorrer o excedente, seguindo-se a colocação dos

mesmos na estufa, de novo a 105°C (Figura 5.18) durante 21±2horas;

• Este procedimento (ciclo de imersão, secagem e pesagem) repetiu-se durante 15 ciclos, ou até que o

provete apresentasse degradação muito significativa. Os ciclos repetiram-se diariamente, exceto aos fins

de semana, períodos nos quais os provetes permaneceram na estufa à temperatura de 105°C.

Figura 5.18– Ensaio de resistência aos sais de sulfato

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5.9.8 Síntese do capítulo

Este capítulo fez uma breve descrição das campanhas experimentais preparadas, bem como dos respetivos

procedimentos de ensaio. Foram preparadas no total 16 formulações distintas submetidas a condições e idades

de maturação distintas (argamassas A e B foram sujeitas apenas à cura standard, durante 28,90 e 180 dias,

enquanto que as formulações designadas por C foram submetidas a duas curas distintas a standard e húmida,

durante 28 e 90 dias).

Para todas as argamassas forma preparados provetes para realização dos respetivos ensaios de caracterização

mecânica, física e química, tendo sido executados provetes para dez ensaios distintos (consistência por

espalhamento, massa volúmica produto endurecido, resistências mecânicas (resistência à tração por flexão e

compressão), absorção de água por capilaridade, permeabilidade ao vapor, aderência, índice de secagem, taxa

de secagem, resistência aos sais de sulfato).

O capítulo seguinte aborda todos os resultados obtidos para cada um do grupo de argamassas, salientado a

respetiva análise crítica global aos resultados obtidos.

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6 . EXPOSIÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS

6.1 Considerações gerais

O presente capítulo tem como objetivo principal, numa primeira fase, apresentar e analisar os resultados

obtidos individualmente por tipo de ensaio, e numa segunda fase realizar uma análise global ao desempenho

das argamassas desenvolvidas nas duas campanhas experimentais (1ª e 2ª séries).

Tal como referido no capítulo anterior, a primeira série teve como base formulações constituídas por cal

hidráulica natural (NHL 5 e NHL 3,5) e cal hidratada (CL) num traço volumétrico de 1:3. O objetivo principal

seria desenvolver conhecimentos no âmbito das reações ocorridas entre estes dois tipos de cais, aferindo a

possibilidade de desenvolver argamassas industriais para rebocos, a aplicar em edifícios de alvenaria antiga.

Porém, após análise pormenorizada dos resultados obtidos com as formulações da primeira série de ensaios

(descrita nos pontos seguintes), verificou-se que nem todos os objetivos inicialmente previstos foram

alcançados. Dessa forma decidiu-se continuar o trabalho experimental, desenvolvendo uma nova série de

ensaios, designada de 2ª série.

A 2ª série experimental foi desenvolvida tendo por base a formulação B1, constituídas por cal hidráulica

natural NHL 3,5, tendo em conta que esta foi a que apresentou o melhor desempenho, no que respeita à

trabalhabilidade, aplicação e comportamento mecânico. Todavia, mesmo a formulação B1 apresenta algumas

fragilidades que se achou ser oportuno melhorar, em particular as resistências mecânicas e aderências. Assim,

para responder a estas solicitações decidiu-se realizar as seguintes alterações relativamente à formulação

inicial, B1:

• aumentar a concentração de ligante, cal hidráulica natural NHL 3,5, adicionar uma pozolana -

metacaulino, trabalhando assim com um traço volumétrico (1:2,5) e traço ponderal mais baixos, logo

formulações mais ricas em teor de ligante;

• substituir parte do agregado utilizado por outro de granulometria mais fina, de modo a obter uma

curva granulométrica mais compacta, de forma a diminuir o teor de vazios da argamassa;

• remover da formulação o introdutor de ar, uma vez que este contribui negativamente para o

comportamento mecânico, por introduzir ar no seio da argamassa tornando-a menos resistente e

coesa;

• substituir parte do éter de celulose utilizado como adjuvante por um espessante que não retém água;

esta alteração visa obter a consistência e viscosidade adequada, sem fragilizar a estrutura interna da

argamassa;

• adicionar um pó redispersável à formulação (0-2% face ao total de massa da formulação), com o

intuito de avaliar o contributo desta matéria prima, nomeadamente em termos de coesão e

aderência;

• submeter todas argamassas desta nova série não só a uma cura standard, mas também à cura

húmida, de forma a avaliar a influência do tipo de cura no desenvolvimento da argamassa, e

consequentemente no comportamento mecânico, físico e químico.

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Assim, primeiro serão expostos os resultados referentes aos ensaios de caracterização das argamassas no

estado fresco, surgindo de seguida os resultados de caracterização das argamassas endurecidas.

6.2 Resultados da caracterização das argamassas no estado fresco

Tal como referido no capítulo anterior, o estudo da consistência das argamassas apenas foi executado na 2ª

série experimental, uma vez que, no momento do desenvolvimento da 1ª série, a empresa onde decorreu toda

a campanha experimental ainda não dispunha do equipamento para a determinação do mesmo. Assim, a

quantidade de água adicionada às argamassas foi ajustada até obter uma argamassa perfeitamente

trabalhável, (registada no Quadro 6.1) sendo, por conseguinte, esta avaliação feita com base na experiência

dos formuladores (técnica de laboratório, autora da tese e seu superior hierárquico).

Para a 2ª série foi determinada a trabalhabilidade, recorrendo à avaliação do espalhamento da argamassa

através da sua medição na mesa de espalhamento, segundo a norma EN 1015-3:1999 (CEN,1999). No entanto,

também para estas argamassas, a adição de água foi ajustada de forma a obter uma argamassa trabalhável,

segundo a avaliação dos técnicos. De seguida, foi realizado o ensaio de espalhamento para confirmação desta

avaliação e monitorização desta propriedade.

Após a determinação da trabalhabilidade, foi realizado o ensaio de determinação da massa volúmica da

argamassa no estado fresco. No Quadro 6.1 são apresentados: a percentagem de substituição de ligantes,

traços utilizados, a razão de água/ligante, as massas volúmicas argamassa fresca e os valores de espalhamentos

das argamassas produzidas.

Quadro 6.1-Razão água/ligante, massa volúmica da argamassa fresca e espalhamento das argamassas

Série

Argamassa

% substituição (NHL por CL)

Traço

Tipos Adjuvantes

Rel.a/l[-] MVP [kg/m3]

ESP (mm) Constituintes Formulação Vol. Ponderal

I

A1 (100%NHL5) 0

1:3

1:5

Éter Celulose Airante

Éter Amido Hidrofugante

0,77 1729,8

A2 (75%NHL5_25%CL) 25 1:0.3:6.6 0,85 1883,2

A3 (50%NHL5_50%CL) 50 1:1:10 0,88 1871,1

A4 (25%NHL5_75%CL) 75 1:2.7:18 0,96 1844,7

A5 (100%CL) 100 1:5 0,95 1856,0

B1 (100%NHL3.5) 0 1:5 0,80 1794,1

B2 (75%NHL3.5_25%CL) 25 1:0.3:6.6 0,81 1831,6

B3 (50%NHL3.5_50%CL) 50 1:1:10 0,85 1950,7

B4 (25%NHL3.5_75%CL) 75 1:2.7:18 0,86 1913,8

Argamassa % Substituição (NHL por CL

e Mk)

Traço Tipos

Adjuvantes Rel.a/l[-]

MVP [kg/m3]

ESP (mm) Constituintes Formulação Vol. Ponderal

II

C1 (100%NHL3.5) 0

1:2,5

1:3,5 Éter Celulose Airante

Éter Amido Hidrofugante

0.63 1900,0 151,7±0.22

C2 (90%NHL 3.5_10%CL) 10 1:0,1:4,1 0.60 1950,0 143,7±4.68

C3(86.5%NHL3.5_9%CL_4.5%Mk) 9_4.5 1:0,1:0,05:4,3 0.66 1881,0 155,7±0.47

C4 (82%NHL3.5_9%CL_9%Mk) 9_9 1:0,11:0,11:4,5 0.68 1915,9 147,1±1.35

C5 (90%NHL 3.5_10%CL) 10 1:0,1:4,1 Éter Celulose Airante

Éter Amido Hidrofugante

Pó Redispersável

0.67 1824,0 147,2±0.14

C6 (86.5%NHL3.5_9%CL_4.5%Mk) 9_4.5 1:0,1:0,05:4,3 0.66 1723,1 141,6±1.70

C7 (82%NHL3.5_9%CL_9%Mk) 9_9 1:0,11:0,11:4,5 0.67 1818,5 143,4±2.79

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A todas as argamassas foi adicionada uma quantidade de água (relação água/ligante), que permitiu obter uma

argamassa com a trabalhabilidade considerada adequada, para aplicação em contexto real de obra. Para a 2ª

série de desenvolvimentos, foi determinado em simultâneo o valor do espalhamento (mm), permitindo aferir a

trabalhabilidade das argamassas. Esta propriedade é definida como o valor da consistência por espalhamento,

que corresponde a uma quantificação da fluidez das argamassas frescas, facultando informação sobre a

deformabilidade dessas argamassas, quando submetidas a determinado tipo de tensão (Faria, 2004).

Felgueiras (2011) considerou a trabalhabilidade como uma importante propriedade das argamassas no estado

fresco, uma vez que relaciona a quantidade de água a adicionar à argamassa com a consistência, de forma a

obter uma argamassa perfeitamente aplicável e adequada às condições reais de obra. Todavia, este ajuste na

quantidade de água a adicionar à argamassa é fundamental, porque dele dependem outras propriedades, tais

como o surgimento de fenómenos de retração, que poderão dar origem ao aparecimento de fendas.

Botas et al.,( 2011) refere também que o aumento da quantidade de água de amassadura prejudica o

desempenho final das argamassas de cal ( aérea ou hidráulica).

Grilo (2013) cita o projeto FCT METACAL, onde foi definido que uma argamassa é considerada trabalhável, se

apresentar valores de espalhamento na ordem dos 150±10mm; porém, esta gama de valores refere-se a

argamassas tradicionais, e não a argamassas industriais. As argamassas tradicionais conseguem estes valores

de espalhamento com relações água/ligante superiores aos registados pelas argamassas indústrias. Pelo que

esta diferença se deve essencialmente à adição de adjuvantes, nomeadamente: espessantes, retentores de

água, entre outros. Ao confrontar os valores de espalhamento obtidos para cada uma das formulações

desenvolvidas, com este valor de referência, 150 ± 10mm, constata-se que a gama de valores obtidos para o

espalhamento das argamassas estudadas se encontra dentro deste intervalo [140-160 mm], mesmo com

menores relações a/L. Os valores obtidos registam intervalos similares aos apresentados por outros autores,

como Grilo et al., (2014), Grilo (2013), Valério (2013), Cardoso (2013), Faria el al., (2012). Estes resultados vêm

atestar que as quantidades de água adicionada a cada formulação, ajustada de forma empírica, baseadas na

experiência dos formuladores, são as adequadas e que vão de encontro ao valor referenciado. Assim,

considera-se que a avaliação do espalhamento da argamassa é importante, uma vez que permite aferir a

trabalhabilidade e a dosagem de água adicionada às argamassas estudadas.

Observando o Quadro 6.1, nomeadamente o parâmetro relação de água/ligante, verifica-se que a 1ª série

(constituída essencialmente por cal hidráulica natural (NHL 5 e NHL 3,5) e cal aérea regista maiores relações

água/ligante, comparativamente com a 2ª série, passando de valores de 0,80-0,90 (1ª série) para valores de

0,60-0,68 (2ª série). As formulações desenvolvidas na 1ª série, as constituídas por NHL 5 (designadas por A)

apresentam maiores necessidades de água, comparativamente com as formulações desenvolvidas com a

NHL3,5 (designadas por B). A substituição de cal hidráulica natural por cal hidratada CL, independentemente da

classe de cal hidráulica natural utilizada, NHL5 ou NHL3,5, foi sempre acompanhada por um aumento da

quantidade de água, que é traduzido no aumento da relação água/ligante. Por análise ao Quadro 6.1 observa-

-se que as argamassas mais ricas em cal aérea CL, A5 (100% CL), A4 (25% NHL 5_75%CL) e a B4 (25%

NHL3,5_75%CL) apresentam as maiores relações a/L, a mesma tendência foi registada por Faria et al. (2012a).

Este aumento na necessidade de água já era esperado, uma vez que a cal hidratada CL evidencia menor

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baridade (0,5 kg/cm3,

valor retirado da ficha técnica), que se traduz numa maior superfície específica,

comparativamente à cal hidráulica natural (com baridades de 0,65 e 0,60 kg/cm3, valores retirados das

respetivas fichas técnicas) respetivamente para a NHL5 e NHL3,5), originando maiores necessidades de água

para envolver todas as partículas de argamassa e promover a trabalhabilidade adequada para a aplicação do

produto em contexto real.

De referir que todas as argamassas pertencentes à mesma série são constituídas exatamente pelos mesmos

tipos e quantidades de adjuvantes; logo, a variação nas quantidades de água devem-se essencialmente à

variação nos teores de substituição de ligantes. Apenas foram exceção as argamassas C5 a C7, que além dos

adjuvantes utilizados contemplam também a adição de um pó redispersável. Contudo, constatou-se que esta

adição praticamente não modificou a relação água/ligante, registando valores dentro da mesma ordem de

grandeza (água/ligante de 0,67).

Em seguida, foi determinada a massa volúmica do produto em estado fresco, tendo obtido valores entre

1729,70 e 1950,74 kg/m3. Verificou-se que as argamassas que apresentam os menores valores de massa

volúmica foram as argamassas constituídas exclusivamente por cal hidráulica natural (A1 com NHL5 e B1 com

NHL3,5) e a argamassa C6 (86.5%NHL3,5_9%CL_4.5%Mk). De acordo com Sequeira et al.,. (2012), as

argamassas com baixos valores de massa volúmica promovem uma aplicação mais facilitada, permitindo

aplicações em espessuras mais elevadas. Todavia, os valores obtidos para as argamassas estudadas não

diferem muito uns dos outros, registando a mesma ordem de grandeza, não permitindo selecionar qualquer

uma das argamassas, tendo em consideração apenas esta propriedade.

6.3 Resultados da caracterização das argamassas endurecidas

A caracterização das argamassas no estado endurecido possibilitou estudar as alterações nas reações ocorridas

durante o endurecimento e consequente variação nas propriedades das argamassas de cal hidráulica natural

(NHL) com a adição de cal hidratada (CL) e/ou metacaulino (Mk), a sua evolução ao longo do tempo e a

influência dos diferentes tipos de curas. Os valores apresentados para cada argamassa resultam da média dos

valores dos provetes correspondentes em cada ensaio, tendo-se utilizado três provetes da mesma

argamassa/cura (e um mínimo de três determinações) para cada um dos ensaios.

6.3.1 Massa volúmica

A média dos valores de massa volúmica dos provetes encontram-se registados no Quadro 6.2 e na Figura 6.1,

através dos quais é possível acompanhar a evolução das argamassas, com as idades de 28 e 90 dias, e

condições de cura (caso da 2ª Série). Estas massas volúmicas foram determinadas segundo o procedimento

definido em 5.7.5.

A análise à Figura 6.1 permite observar que, para as argamassas da 1ª série (A e B), apenas foi realizada a

determinação da massa volúmica a provetes com idade de 28 dias e submetidos à cura standard, enquanto,

para a 2ª série de formulações, os provetes foram submetidos a dois tipos de cura (standard e a húmida) e foi

realizada uma avaliação no que respeita à sua evolução com a idade de 28 e 90 dias.

Por observação aos dados refletidos no gráfico da Figura 6.1, constata-se que as argamassas designadas por A

(constituídas por NHL5 e CL) não demonstram qualquer tipo de tendência, relativamente à massa volúmica do

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produto endurecido, apresentando valores, entre eles, dentro da mesma ordem de grandeza. A substituição da

NHL5 por CL não provoca grandes alterações nesta propriedade. Já as argamassas definidas como B

(constituídas por NHL 3,5 e CL) exibem uma tendência crescente de massa volúmica, com o aumento da

percentagem de substituição de NHL 3,5 por CL.

Relativamente à 2ª série de desenvolvimentos, pode observar-se no Quadro 6.2 e Figura 6.1 que de um modo

geral a massa volúmica do produto endurecido aumenta com a evolução da idade de cura (28 para os 90 dias).

Verifica-se ainda que o tipo de cura também origina alterações, em termos de massa volúmica do produto

endurecido; assim, constata-se que os provetes submetidos à cura húmida exibem valores de massa volúmica

sempre superiores aos seus homólogos sujeitos às condições de cura standard, em qualquer uma das idades

(28 ou 90 dias). Tendências similares foram também observadas na investigação desenvolvida por Grilo (2013).

Quadro 6.2- Massa volúmica endurecida das argamassas, submetidas a diferentes idades e tipos de cura

Série Argamassa Massa Volúmica Endurecida [kg/m3]

Constituintes Formulação 28 dias 90 dias

St H St H

I

A1 (100%NHL5) 1561,9±76,4

A2 (75%NHL5_25%CL) 1534,7±34,0

A3 (50%NHL5_50%CL) 1611,8±1,1

A4 (25%NHL5_75%CL) 1572,4±4,1

A5 (100%CL) 1542,5±2,3

B1 (100%NHL3.5) 1584,4±29,3

B2 (75%NHL3.5_25%CL) 1587,2±27,5

B3 (50%NHL3.5_50%CL) 1668,0±4,3

B4 (25%NHL3.5_75%CL) 1734,4±28,8

II

C1 (100%NHL3.5) 1610,0±9,7 1626,6±11,2 1684,6±6,8 1692,5±7,8

C2 (90%NHL 3.5_10%CL) 1598,1±10,2 1614,4±14,0 1629,4±1,9 1711,6±31,3

C3(86.5%NHL3.5_9%CL_4.5%Mk) 1625,2±14,2 1662,1±16,3 1674,1±11,7 1715,4±6,2

C4 (82%NHL3.5_9%CL_9%Mk) 1610,8±12,1 1637,8±12,8 1701,2±13,0 1695,0±11,6

C5 (90%NHL 3.5_10%CL) 1549,3±10,3 1564,8±29,6 1581,3±30,6 1614,5±24,9

C6 (86.5%NHL3.5_9%CL_4.5%Mk) 1595,4±15,9 1617,2±25,9 1554,5±39,5 1653,5±11,6

C7 (82%NHL3.5_9%CL_9%Mk) 1555,3±11,2 1574,8±1,4 1580,0±53,7 1647,6±13,9

As duas principais alterações efetuadas em termos de formulação, entre as fórmulas B1 e C1, foram o aumento

da concentração de ligante (NHL 3,5) e a substituição parcial do agregado por um agregado mais fino. A

restante formulação é perfeitamente comparável; assim, através da Figura 6.1 pode-se atestar que estas

modificações foram responsáveis pelo aumento na compacidade da estrutura interna da argamassa, dando

origem a um ligeiro aumento em termos de massa volúmica do produto endurecido.

A substituição parcial de NHL 3,5 por CL e Mk, por análise das formulações designadas por C1-C4, não provocou

particamente alterações em termos de massa volúmica, sendo os valores obtidos muito similares entre si,

comparando provetes submetidos às mesmas condições de cura e idades.

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A adição de pó redispersável efetuada nas formulações C5-C7 provocou um decréscimo acentuado nas massas

volúmicas do produto endurecido, comparativamente às formulações base de origem; ou seja, a argamassa C5

apenas difere da C2 pela adição de pó redispersável. A C6 é igual à C3, adicionada do pó redispersável, e o

mesmo para a C7. Resumindo: C5=C2 + Pó redispersável; C6=C3+ Pó redispersável; C7= C4+ Pó redispersável.

Mais uma vez esta tendência é verificada em todos os tipos de cura (standard e húmida) e idades (28 e 90

dias).

A justificação para esta alteração de massa volúmica deve-se essencialmente à adição do pó redispersável que

promove uma melhoria em termos de coesão entre as partículas, permitindo obter uma argamassa mais coesa,

restruturando o volume da argamassa o que provocou uma diminuição de sua massa volúmica.

Figura 6.1- Evolução comparativa das massas volúmicas do produto endurecido, das formulações

desenvolvidas, em idades de 28 dias e 90 dias, submetidas a curas distintas

6.3.2 Resistências mecânicas

As resistências mecânicas foram outra das propriedades estudadas no decorrer da realização duas campanhas

experimentais.

Existe unanimidade entre a comunidade técnica (Gameiro et al., 2014; Grilo et al., 2014; Valério, 2013; Cardoso

et al., 2013; Grist et al., 2013; Faria et al., 2012a; Fontes et al., 2012; Gulota et al., 2013) relativamente à

influência das condições de cura no comportamento das argamassas no seu estado endurecido, concluindo que

as condições de cura húmida são benéficas para o desenvolvimento estrutural das argamassas de cal hidráulica

e de cal e pozolanas destinadas à aplicação em revestimentos de edifícios antigos. A 1ª série deste estudo foi

desenvolvida considerando apenas a cura standard (65%HR e 23ºC), por ser o tipo de condições de cura

preconizadas pela norma das argamassas de reboco NP EN 998-1:2013 (IPQ,2013), e por se considerar que as

condições de cura húmida nem sempre são fácies de reproduzir integralmente em contexto real de obra.

A 1ª série experimental estudou o comportamento mecânico das argamassas de cal hidráulica natural (NHL 3,5

e NHL 5) e cal aérea (CL) em três idades distintas (28, 90 e 180 dias), com o intuito de verificar a influência da

idade no desenvolvimento do seu comportamento mecânico.

1400

1450

1500

1550

1600

1650

1700

1750

A1 A2 A3 A4 A5 B1 B2 B3 B4 C1 C2 C3 C4 C5 C6 C7

Mas

sa V

olú

mic

a p

rod

uto

En

du

reci

do

[kg

/m3 ]

MVPE 28 dias St MVPE 28 dias H MVPE 90 dias St MVPE 90 dias H

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Numa etapa posterior, definiu-se prosseguir com o trabalho experimental, delineando uma 2ª fase de

desenvolvimentos experimentais (2ª série), com o propósito de obter uma argamassa que cumprisse com os

objetivos inicialmente definidos, ou seja, uma argamassa de reboco para edifícios correntes de alvenaria

antiga, que apresentasse valores de resistências não muito elevados, de forma a prevenir o desenvolvimento

de tensões que pudessem colocar em causa o sistema, massa de revestimento (reboco + suporte). Assim,

definiu-se como gama de valores adequados de resistência à tração por flexão o intervalo de 0,2-0,7 MPa; para

a resistência à compressão o intervalo entre 0,4 – 2,5 MPa, o que corresponde à classe CSI (0,4 - 2,5 MPa), e

um coeficiente de capilaridade inferior a 0,4 Kg/m2.min

0.5, valores apresentados na norma NP EN 998-1:2013

(IPQ, 2013). Portanto, para esta 2ª série foram desenvolvidas 7 formulações distintas (C1-C7), tendo como

objetivo estudar a evolução do comportamento mecânico destas argamassas, em duas idades diferentes (28 e

90 dias) e averiguar a real influência das condições de cura no desenvolvimento estrutural das argamassas.

6.3.2.1 Resistência à tração por flexão

O Quadro 6.3 resume os valores médios e respetivos desvios padrão obtidos para três provetes de cada

argamassa submetida às condições de cura (standard e húmida) nas idades (28, 90 e 180 dias). A representação

gráfica de todos estes valores encontra-se registada na Figura 6.4, a qual compila os valores das resistências à

tração por flexão e à compressão, o que permite a realização de uma análise global ao comportamento

mecânico das argamassas.

Quadro 6.3-Valores médios da resistência à tração por flexão, aos 28, 90 e 180 dias, submetidos às curas standards e húmida

Série

Argamassa Resistência Tração [MPa]

Constituintes Formulação 28 dias 90 dias 180 dias

St H St H St H

I

A1 (100%NHL5) 0,30±0,00

0,14±0,07

0,28±0,071

A2 (75%NHL5_25%CL 0,18±0,05 0,15±0,053 0,19±0,06

A3 (50%NHL5_50%CL) 0,16±0,06 0,13±0,013 0,19±0,015

A4 (25%NHL5_75C90L) 0,11±0,00 0,13±0,021 0,25±0,026

A5 (100%CL) 0,22±0,003 0,11±0,022 0,27±0,00

B1 (100%NHL3.5) 0,21±0,019 0,21±0,044 0,35±0,044

B2 (75%NHL3.5_25%CL) 0,19±0,034 0,15±0,006 0,20±0,038

B3 (50%NHL3.5_50%CL) - 0,16±0,013 0,24±0,019

B4 (25%NHL3.5_75%CL) - 0,14±0,005 0,20±0,065

Série

Argamassa Resistência Tração [MPa]

Constituintes Formulação 28 dias 90 dias 180 dias

St H St H St H

II

C1 (100%NHL3.5) 0,48±0,029 0,37±0,006 0,26±0,053 0,47±0,099

C2 (90%NHL 3.5_10%CL) 0,31±0,034 0,49±0,057 0,29±0,034 0,53±0,266

C3(86.5%NHL3.5_9%CL_4.5%Mk) 0,36±0,076 0,27±0,016 0,23±0,001 0,44±0,092

C4 (82%NHL3.5_9%CL_9%Mk) 0,27±0,003 0,31±0,014 0,41±0,21

C5 (90%NHL 3.5_10%CL) 0,55±0,026 0,45±0,056 0,46±0,037 0,53±0,082

C6 (86.5%NHL3.5_9%CL_4.5%Mk) 0,68±0,034 0,75±0,172 0,81±0,089 0,50±0,057

C7 (82%NHL3.5_9%CL_9%Mk) 1,15±0,261 0,84±0,041 0,94±0,043

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6.3.2.2 Resistência à compressão

O Quadro 6.4 regista os valores médios e desvios padrão referentes às resistências à compressão, de cada uma

das argamassas desenvolvidas sujeitas às respetivas condição de cura e idades: 28, 90 e 180 dias. A Figura 6.4

permite avaliar a evolução do comportamento mecânico das formulações desenvolvidas, para as duas séries de

desenvolvimentos realizados, em todas as curas e idades.

Ao observar os Quadros 6.3 e 6.4 e as Figuras 6.2 e 6.3 importa analisar em detalhe os desempenhos

mecânicos das argamassas em estudo. Assim, observa-se que as argamassas desenvolvidas na 1ª série

experimental, em particular as formulações baseadas em NHL3,5 apresentam valores de resistências à

tração por flexão e compressão ligeiramente superiores aos registados pelas argamassas formuladas com

NHL 5.

A argamassa constituída exclusivamente por NHL3,5 (traço volumétrico 1:3, 1ª Série) regista os melhores

valores de resistências mecânicas (Rt e Rc) em todas as idades (28, 90 e 180 dias); o mesmo

comportamento foi observado por Faria et al., (2012a).

Quadro 6.4-Valores médios e respetivos desvios padrão referentes às resistências à compressão aos 28, 90 e

180 dias, submetidos à cura standard e húmida

Série

Argamassa Resistência Compressão [MPa]

Constituintes Formulação 28 dias 90 dias 180 dias

Rc_ St RC_ H Rc_St Rc_H St

I

A1 (100%NHL5) 0,40±0,13

0,45±0,13

0,48±0,16

A2 (75%NHL5_25%CL) 0,43±0,11 0,48±0,08 0,40±0,10

A3 (50%NHL5_50%CL) 0,37±0,03 0,32±0,03 0,45±0,09

A4 (25%NHL5_75%CL) 0,30±0,00 0,30±0,0 0,43±0,03

A5 (100%CL) 0,40±0,03 0,40±0,05 0,73±0,03

B1 (100%NHL3,5) 0,63±0,18 0,53±0,12 0,73±0,21

B2 (75%NHL3,5_25%CL) 0,50±0,05 0,38±0,08 0,52±0,03

B3 (50%NHL3,5_50%CL)

0,40±0,0 0,48±0,23

B4 (25%NHL3,5_75%CL) 0,28±0,03 0,32±0,03

II

C1 (100%NHL3,5) 1,35±0,05 1,52±0,03 1,05±0,05 2,48±0,18

C2 (90%NHL3,5_10%CL) 1,12±0,15 1,55±0,05 1,00±0,00 1,75±0,05

C3 (86.5%NHL3,5_9%CL_4.5%Mk) 2,33±0,15

2,37±0,06 1,77±0,06 2,03±0,08

C4 (82%NHL3,5_9%CL_9%Mk) 1,27±0,06 2,55±0,09 3,07±0,16 2,60±0,17

C5 (90%NHL3,5_10%CL) 1,65±0,05 1,57±0,13 1,37±0,03 2,00±0,05

C6 (86.5%NHL3,5_9%CL_4.5%Mk) 2,50±0,50 3,33±0,50 2,58±0,16 2,90±0,87

C7 (82%NHL3,5_9%CL_9%Mk) 3,63±0,11 3,65±0,25 3,25±0,46 1,97±0,32

A argamassa constituída exclusivamente por NHL3,5 (traço volumétrico 1:3, 1ª Série) regista os melhores

valores de resistências mecânicas (Rt e Rc) em todas as idades (28, 90 e 180 dias); o mesmo

comportamento foi observado por Faria et al., (2012a).

As substituições de NHL 5 ou NHL3,5 por CL conduziram a uma ligeira diminuição dos valores de resistências à

tração por flexão e compressão; o acréscimo da substituição dos teores NHL por CL (de 25 até 75% em massa)

dá origem a uma tendência decrescente no comportamento mecânico destas argamassas. Este decréscimo foi

mais acentuado nas formulações cuja percentagem de substituição de massa de NHL por CL foi de 75%-25% em

massa (argamassas A4 e B4), ou seja, nas formulações constituídas por 25% de NHL e 75% de CL, em todas as

idades (Rodrigues et al., 2014). Este comportamento é justificado pela diminuição da concentração de

componentes hidráulicos provenientes do decréscimo de cal NHL5 ou NHL3,5 levando à formação de menores

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quantidades de compostos hidratados (CSH), responsáveis por contribuir para o incremento das resistências

mecânicas (Gulotta et al., 2013 e Grist et al., 2013).

0

0,5

1

1,5

2

2,5

3

3,5

4

A1 A2 A3 A4 A5 B1 B2 B3 B4 C1 C2 C3 C4 C5 C6 C7

(Rt,

Rc

(N/m

m2

)_2

8 D

ias)

Rt(28D_St) Rc (28D_ St) Rt(28D_H) Rc( 28D_ H) L INF L SUP

Figura 6.2 - Evolução comparativa do comportamento mecânico (resistências à tração por flexão; resistências à

compressão) de todas as formulações desenvolvidas aos 28 dias

0

0,5

1

1,5

2

2,5

3

3,5

4

A1 A2 A3 A4 A5 B1 B2 B3 B4 C1 C2 C3 C4 C5 C6 C7

Rt,

Rc

( N/m

m2

) _9

0 D

ias

Rt(90D_St) Rc (90D_ St) Rt(90D_H) Rc( 90D_ H) L INF L SUP

Figura 6.3 - Evolução comparativa do comportamento mecânico (resistências à tração por flexão; resistências à

compressão) de todas as formulações desenvolvidas, em idades: a) 90

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0

0,5

1

1,5

2

2,5

A1 A2 A3 A4 A5 B1 B2 B3 B4

I

Rt,

Rc

( N

/ m

m2 )

_18

0 D

ias

Rt (180 D_ St) Rc (180 D_St) L INF L SUP

Figura 6.4 - Evolução comparativa do comportamento mecânico (resistências à tração por flexão; resistências à

compressão) de todas as formulações desenvolvidas, em idades; b) 180 dias

De acordo com Grist et al., (2013) o desenvolvimento das resistências mecânicas em argamassas constituídas

por sistemas binários ou ternários, de cal e pozolanas são resultado de quatro reações químicas:

1) Reação pozolânica ocorrida entre os silicatos de alumina e a cal livre (hidróxido de cálcio);

2) Hidratação dos silicatos de cálcio (nomeadamente belite) e dos aluminatos de cálcio oriundos da cal

hidráulica dando origem a hidróxido de cálcio;

3) Reação pozolânica resultado da interação dos silicatos de alumina e hidróxido de cálcio produzido;

4) Carbonatação do hidróxido de cálcio restante.

Estes resultados de resistências mecânicas foram também inferiores aos resultados evidenciados pela

argamassa composta exclusivamente por CL, na qual não existem quaisquer compostos hidratados. O défice de

resistências mecânicas (Rt e Rc) demonstrado por estas argamassas (A4 e B4) foi também evidente durante a

manipulação dos provetes, levando a considerar que estas não serão adequadas para a aplicação pretendida,

por apresentarem fraca coesão.

No que respeita à evolução do comportamento mecânico das argamassas da 1ª Série (Rt e Rc) com a idade de

cura, entre os 28, 90 e 180 dias, pode observar-se através das Figuras 6.2 e 6.3 a) e b) que a maioria das

argamassas evolui positivamente com o aumento do período de cura; ou seja, demonstram valores de Rt e Rc

aos 180 dias superiores aos obtidos aos 28 dias; porém, esta evolução não é linear para todas as argamassas.

As argamassas A3 e B3 registam valores Rt e Rc aos 90 dias inferiores aos registados aos 28 dias, voltando a

subir aos 180 dias (Rodrigues et al.,2014).

A argamassa A5, constituída exclusivamente por CL aos 28 dias, apresenta um valor de Rc de 0,40 MPa, valor

ligeiramente inferior às argamassas com NHL 3,5; contudo, esta argamassa regista posteriormente uma

evolução bastante positiva, obtendo aos 180 dias valores de Rc de 0,73 MPa, iguais à B1 (argamassa só de

NHL3,5) e superiores à B2 com 25% de CL (0,54 MPa). Segundo Gameiro et al., (2014), Grist et al., (2013) e

b)

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Gameiro et al., (2012c) este comportamento é justificado pela evolução da reação de carbonatação. Estes

autores referem que as argamassas de cal aérea apresentaram picos de calcite (C) e portlandite (CH); a calcite

provém da reação de carbonatação da portlandite que aumenta com o evoluir a idade, dos 28 para os 90 dias,

justificando assim a evolução positiva observada nas argamassas com 180 dias de cura.

O trabalho desenvolvido por Andrejkovicicá et al., (2012) revelou comportamentos semelhantes; as

argamassas constituídas unicamente por cal aérea demonstraram melhores comportamentos mecânicos (Rt,

Rc) comparativamente às argamassas de cal, metacaulino e sepiolite, havendo uma evolução gradual entre os

28 e 180 dias.

A avaliação do comportamento mecânico das argamassas da 2ª série experimental contempla uma análise

mais detalhada, uma vez que este ciclo de ensaios introduziu várias variáveis. Assim, é objetivo desta análise

avaliar a influência das variáveis introduzidas neste estudo, nomeadamente: o aumento da concentração de

ligante; a incorporação de um agregado de granulometria mais fina; a introdução de uma pozolana, no caso um

metacaulino; da adição de um pó redispersável; o tipo de cura e a maturação dos provetes ao longo do período

de cura (28 e 90 dias).

i. Influência do aumento da concentração de ligante e da incorporação de agregado de granulometria mais

fina

Pode observar-se, através da análise à Figura 6.3 a) e b), que o aumento da concentração da NHL 3,5, traduzido

numa diminuição do traço volumétrico de 1:3 para 1:2,5 e ponderal, mostrou ser benéfico relativamente ao

comportamento mecânico das argamassas, tendo em conta que originou um incremento claro nas resistências

mecânicas (Rt, Rc). Assim, ao comparar os valores obtidos para a argamassa C1 com os registados por B1,

considerando as mesmas idades e a mesma condição de cura (St), verifica-se que o aumento da concentração

da NHL 3,5 efetuado na formulação da argamassa C1 e a substituição parcial do agregado por um de

granulometria mais fina foram promissores no desenvolvimento das resistências mecânicas, em especial nos

provetes com 28 dias: B1 (Rt=0,21 MPa; Rc=0,63 MPa), enquanto C1 (Rt=0,48 MPa; Rc=1,35 MPa). Tal como o

inicialmente previsto, o aumento do teor de NHL 3,5 promoveu uma melhoria no desempenho mecânico das

argamassas, uma vez que conduziu ao desenvolvimento das quatro reações fundamentadas por Grist et al.

(2013). Assim, o aumento da concentração de compostos hidráulicos resulta num acréscimo de compostos

hidratados (CSH), que segundo Gameiro et al., (2014), são responsáveis pelo aumento das resistências

mecânicas; são eles os silicatos de cálcio hidratados e a stralingite.

A influência do traço de ligante também pode ser observada ao comparar os resultados obtidos para as

formulações das argamassas C1 e C2. Na argamassa designada por C2, parte da NHL 3,5 foi substituída por CL,

baixando a concentração do ligante hidráulico, comparativamente à formulação C1. Ao examinar os valores de

resistências mecânicas exibidos por estas duas argamassas, C1 (Rt=0,48 MPa; Rc=1,35 MPa); C2 (Rt=0,32 MPa;

Rc=1,12 MPa) constata-se mais vez, que a diminuição do ligante hidráulico é responsável por um decréscimo

nas resistências mecânicas finais.

Um dos objetivos deste estudo era verificar se a substituição parcial de cal NHL por CL seria promissora do

desenvolvimento de compostos hidratados responsáveis pela incrementação das resistências mecânicas ao

ponto de obter argamassas com comportamento mecânico adequado à aplicação em questão; todavia, isso

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não foi verificado em nenhuma das idades, nem curas estudadas (28 e 90 dias; cura St ou H), dando origem a

uma argamassa C2 menos resistente (Rt, Rc) comparativamente com a argamassa C1.

A substituição parcial do agregado inicialmente utilizado por um de granulometria mais fina contribuiu para

uma diminuição do teor de vazios e para um melhor rearranjo da microestrutura interna da argamassa,

cooperando para o incremento do desempenho mecânico (Rt, Rc) da argamassa C1. Estes resultados atestam

os valores obtidos por Botas et al., (2011), uma vez que estes autores concluíram que, de um modo geral, as

resistências mecânicas das argamassas de cal aumentam com a diminuição do tamanho de partícula dos

agregados.

ii. Influência da incorporação de um metacaulino

A substituição parcial de NHL3,5 por metacaulino teve como objetivo verificar a ocorrência de reação

pozolânica e atestar o contributo desta matéria-prima para o incremento das resistências mecânicas.

As formulações C3 a C7 introduziram uma pozolana, um metacaulino (Mk), na sua constituição, fazendo parte

da substituição parcial da NHL3,5. A concentração de cal aérea foi mantida constante. Assim, estas argamassas

foram desenvolvidas incluindo a NHL3,5 e o Mk, que sofreram variações na percentagem de substituição

mássica, enquanto a concentração de cal aérea ficou inalterada. A adição de CL, mesmo em concentrações

mais baixas, foi necessária para garantir a existência de hidróxido de cálcio (Ca(OH)2) disponível em solução,

para reagir com o Mk e com alguns dos componentes hidráulicos, nomeadamente os silicatos de alumina, de

modo a promover o desenvolvimento das reações pozolânicas, e também para promover a trabalhabilidade da

argamassa.

É possível observar através dos Quadros 6.3 e 6.4 e da Figura 6.4 a) e b) que a substituição parcial de

NHL3,5 por metacaulino é promissora do incremento das resistências mecânicas, atestando as conclusões

referenciadas por diversos investigadores (Grilo et al., 2014a; Grist et al., 2013; Valério, 2013; Fontes et

al., 2012; Faria & Martins, 2011).

Este comportamento é evidente nas formulações C3 (86.5%NHL3,5_9%CL_4.5%Mk) e C4 (82%NHL3.5_9%CL_9%Mk),

nas quais parte da cal NHL3,5 foi substituída por metacaulino. Ao comparar os resultados obtidos por estas

formulações com os valores exibidos por as argamassas C1 (100%NHL3.5) e C2 (90%NHL 3.5_10%CL), as quais não

incorporam Mk, confirma-se que a substituição parcial de NHL 3,5 por Mk conduziu a um acréscimo de

resistências mecânicas, em especial de resistências à compressão, em ambas as idades e condições de cura, o

que demostra o desenvolvimento da reação pozolânica ocorrida entre os três ligantes, conforme cita Grilo et

al., (2014a).

Existe uma exceção, a argamassa C1 (100% NHL3,5) submetida à cura húmida e com 90 dias de idade, que exibe

valores de resistência à compressão superiores à C3 (86.5%NHL3,5_9%CL_4.5%Mk), o que revela a ocorrência de

uma reação de hidratação mais intensa na argamassa C1. Provavelmente na formulação da argamassa C3 a cal

livre existente em solução foi consumida nas reações pozolânicas, ocorridas entre NHL3,5 e CL e Mk e CL, não

existindo concentração suficiente para a promover a reação de carbonatação ao longo do tempo.

Importa também analisar o contributo do aumento da percentagem de substituição de NHL por Mk. Para tal

começou-se por comparar entre si as formulações C3 (86.5%NHL3,5_9%CL_4.5%Mk) e C4

(82%NHL3.5_9%CL_9%Mk), tendo-se verificado que os provetes submetidos à cura húmida e com 28 dias

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evidenciam desempenhos muito similares, indo de encontro às citações sustentadas pelos investigadores

Gameiro et al.,( 2014); Cardoso et al., (2013); Gameiro et al., (2012c); Veiga et al., (2009b); Charola et al.,

(2005), que referem que a reação pozolânica é favorecida pela cura húmida e ocorre geralmente ao fim de

curtos períodos de maturação, ou seja, em idades jovens (28 dias). Em oposição, o desenvolvimento das

reações de carbonatação prolongam-se no tempo, sendo por isso evidente o seu contributo na idade dos 90

dias.

As argamassas com maior taxa de incorporação de Mk (9%), nomeadamente a argamassa C4, exibiram

comportamento mecânico com crescimento gradual ao longo do tempo, quando submetidos à cura standard.

A mais fraca disponibilidade de água, potenciada por esta condição de cura, indicia que a reação pozolânica

não estaria completa aos 28 dias (Rc=1.27MPa), o que terá dificultado o normal desenvolvimento da reação

pozolânica, até esta idade. No entanto ficou evidente, através dos valores de resistências mecânicas registados

(Rc=3,07 MPa), que esta evoluiu até 90 dias. O mesmo comportamento foi aferido no estudo realizado por

Grist et al., (2013).

Os resultados exibidos pela mesma argamassa quando submetida à cura húmida ostentam valores de

resistências à compressão aos 28 dias (Rc=2.55 MPa) muitos similares aos registados aos 90 dias (2,60 MPa), o

que revela, mais uma vez, que os elevados teores de humidade favorecem a reação pozolânica permitindo que

esta se desenvolva em menor período de tempo, 28 dias. Estes resultados vêm confirmar as tendências

ostentadas por outros investigadores, que têm estudado argamassas de NHL e Mk, nomeadamente Grilo et al.,

(2014ª), Valerio (2013), Fontes et al., (2012), Ferraz et al., (2012).

Grilo et al., (2014 a) justifica este comportamento referindo que as argamassas com menores traços ligante:

agregado, em especial aquelas que ostentam teores elevados de Mk, caracterizam-se por deterem reações

pozolânicas que se prolongam no tempo, uma vez que existe um défice de cal livre (portlandite) em solução

para reagir como os compostos hidráulicos, conduzindo por consequência a uma baixa taxa das reações de

carbonatação.

A composição C3 regista um decréscimo no valor das resistências à compressão entre as idades de 28 e 90 dias,

tendência também verificada por Grilo et al., (2014a). Estes investigadores justificam este facto, pela

instabilidade dos silicatos de cálcio hidratados, causada pelo défice de portlandite em solução, originados pela

reação pozolânica.

Os comportamentos relatados para as argamassas C3 e C4 não são verificados pelas suas congéneres C6 e C7, o

que evidencia que a presença do pó redispersável influência de alguma forma o comportamento mecânico

destas.

Apesar deste trabalho experimental se basear numa formulação de argamassa industrial, que difere das

argamassas tradicionais estudadas pelos autores acima referenciados, por incluir na sua formulação, além dos

ligantes e agregados, vários tipos de adjuvantes e aditivos, verifica-se que, no que respeita ao comportamento

mecânico, estas registam tendências similares. Conclui-se, portanto, que a incorporação de adjuvantes e

aditivos em argamassas industriais poderá contribuir para a melhoria de outras características da argamassa

(capilaridade, trabalhabilidade, aderência, entre outras); no entanto, é necessário que estes não

comprometam o comportamento mecânico das argamassas. Assim, este estudo permitiu verificar que os

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resultados ostentados pelas argamassas estudadas revelam tendências semelhantes aos estudos desenvolvidos

pelos investigadores mencionados, o que permite afirmar que os adjuvantes utilizados, nas dosagens aplicadas,

não prejudicam o comportamento mecânico das argamassas industriais.

iii. Influência da adição de pó redispersável.

O intuito de aditivar algumas das formulações desenvolvidas (C4-C7) com pó redispersável foi motivado pela

necessidade reconhecida de melhorar os valores de aderência das argamassas ao suporte. Porém, também

esta adição carece de uma análise detalhada quanto à sua influência nas propriedades mecânicas. Assim, para

facilitar a análise comparativa do comportamento destas argamassas, construiu-se o Quadro 6.5, onde se

encontram registadas as alterações realizadas a estas argamassas, bem como os respetivos resultados de

resistências mecânicas (Rt, Rc).

Quadro 6.5- Resultados comparativos de resistências mecânicas à flexão e à compressão das formulações C5-C7

Arg Arg. Base / Alteração Executada

Resultados Rt, Rc)

Argamassa Base Argamassa Alterada

For

28 dias 90 dias For.

28 dias 90 dias

St H St H St H St H

C5 C2+[0.5-1.5%] resina

C2 0,31;1,12 0,49;1,55 0,29;1,0 0,55;1,75 C5 0,55;1,65 0,45;1,57 0,46;1,37 0,53;1,20

C6 C3+[0.5-1.5%] +resina

C3 0,36;2,33 0,27;2,37 0,23;1,77 0,44;2,03 C6 0,68;2,50 0,75;3,33 0,81;2,58 0,50;2,90

C7 C4+[0.5-1.5%] +resina

C4 0,27;1,27 0,31;2,55 0,41;3,07 - ; 2,60 C7 1,15;3,63 0,84;3,65 0,94;3,25 0,75;3,33

Tendo em conta os valores apresentados no Quadro 6.5, observa-se que a adição do pó redispersável contribui

para um acréscimo nas resistências mecânicas (Rt, Rc), sendo esta propensão verificada em ambas as

condições de cura (St, H) e em todas as idades (28 e 90 dias), a única exeção foi a argamassa C5, submetida à

cura húmida. Este acréscimo nas resistências é mais acentuado nas formulações C6 e C7, ultrapassando mesmo

os limites de resistência à compressão admitidos para esta classe de argamassas.

Dada a natureza do aditivo, pó redispersável também denominado de resina /polímero (copolímero de acetato

vinilo/ versatato e etileno), seria expectável que este permitisse melhorar as resistências à flexão por tração,

sem alterar as resistências à compressão. Porém, isso não se verificou, dado que as argamassas com

incorporação do pó redispersável demonstram um acréscimo nas resistências à compressão comparativamente

com as formulações de origem. Conclui-se, assim, que o pó redispersável incorporado (0,5-1,5 % em massa,

face ao total da formulação) cooperou para melhorar a coesão entre as partículas, o que contribuiu para

fortalecer as ligações internas da estrutura da argamassa, dando origem a argamassas mais resistentes.

Relativamente ao comportamento mecânico (Rt, Rc) destas argamassas com a evolução da idade de cura (dos

28 para os 90 dias), observa-se não existir grandes alterações de valores, o que já era esperado, uma vez que as

resinas tem um período de cura que varia entre os 7 e os 28 dias. Logo, a evolução dos 28 para os 90 dias, em

princípio não depende da ação do pó redispersável.

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iv. Influência do tipo de cura e idade de maturação dos provetes

A variável tipo de cura apenas foi incluída na 2ª série experimental. Depois de analisada a bibliografia

relacionada com este tema, detetou-se que vários investigadores Grilo et al., (2014ª); Gameiro et al., (2014);

Cardoso et al., (2013); Grist et al., (2013); Faria et al., (2012ª); Gameiro et al., (2012ª); Faria & Martins,(2011);

Veiga et al., (2009 b) aferiram que as condições ideais para estas argamassas seriam as especificadas pela cura

húmida, que potencia elevados teores de humidade. Estas condições são fundamentais para garantir a

continuidade das reações pozolânicas, de hidratação e o transporte de dióxido de carbono, que favorece a

reação de carbonatação; reações que dão originem aos compostos responsáveis pelo desenvolvimento do

desempenho mecânico.

Faria et al., (2012a) cita El- Turki et al., (2007), que analisou a evolução do comportamento de pastas de cal

hidráulica, tendo concluído que as condições de cura de 65% e 97% de HR interferem diretamente na

velocidade das reações de hidratação, comparativamente com as reações de carbonatação, verificando que

estas são fortemente condicionadas pela temperatura e humidade. Nos últimos anos, vários outros autores

(Grilo et al., 2014a; Gameiro et al., 2014; Cardoso et al., 2013; Grist et al., 2013; Valério, 2013; Faria & Silva,

2013; Bandeira, 2012; Faria et al., 2012a) também desenvolveram trabalhos de investigação neste âmbito,

submetendo as argamassas sempre a diferentes condições de cura (standard, húmida e alguns também à cura

em ambiente marítimo).

Grilo et al., (2014a) demonstraram que as argamassas com NHL 3,5 submetidas à cura standard (St) ostentaram

uma evolução no seu comportamento mecânico muito ligeiro, justificando que o desenvolvimento das reações

de carbonatação e hidratação ocorrem quase na sua totalidade nos primeiros 28 dias.

Grilo et al., (2014 a), Gameiro et al., (2014), Faria & Silva (2013) concluíram que as condições de cura que

promovem melhores comportamentos mecânicos são as condições de cura com maiores teores de humidade

(cura húmida e marítima), considerando que valores de HR mais elevados favorecem as reações de hidratação

nas primeiras idades (28 dias), enquanto em idades mais longas (180 dias) o incremento das resistências

mecânicas é associado à evolução das reações de hidratação e carbonatação, que tem maior expressão em

condições que permitem o acesso à humidade, ou seja, na presença de cura húmida.

Assim, e tendo como referência os resultados obtidos nestas duas séries experimentais (1ª e 2ª), conclui-se que

também nestes desenvolvimentos experimentais as condições de cura tiveram uma forte interferência no

desenvolvimento estrutural das argamassas e, consequentemente, nas propriedades finais das mesmas.

No caso da 1ª série experimental, cujas argamassas apenas foram submetidas à cura standard (T= 23℃ e

HR=65%), verificou-se que a presença de baixos teores de humidade originou os baixos valores de resistências

mecânicas obtidos, em todas as idades. De acordo com Grist et al., (2013) a fraca disponibilidade de água no

sistema dificulta o desenvolvimento das reações de hidratação e a pozolânica.

Logo, tendo por base os valores obtidos na 1ª série e os resultados evidenciados por outros investigadores,

decidiu-se submeter os provetes das argamassas da 2ª série experimental a dois tipos de cura (standard e

húmida) e avaliar a evolução de desempenhos apenas em duas idades (28 e 90 dias). Excluem-se os 180 dias

desta análise, dada a exigência no cumprimento dos prazos estabelecidos para a entrega do trabalho final.

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Uma análise à Figura 6.4 e aos Quadros 6.3 e 6.4 permitiu apurar que as condições de cura com teores

elevados de humidade favoreceram os desempenhos mecânicos das argamassas, sendo visível esta

melhoria em todas as formulações (C1-C7) e idades (28 e 90 dias) desenvolvidas nesta 2ª série de ensaios.

Este desenvolvimento experimental também permitiu aferir que a cura húmida favorece a evolução das

reações: pozolânica, hidratação e carbonatação, o que torna este tipo de cura ideal, também para as

argamassas industriais, corroborando os resultados aferidos pelos autores aqui referenciados, desde que

possa ser implementada em obra. Desta forma, julga-se que seria importante promover o interesse em

implementar curas mais húmidas junto dos aplicadores e, admitindo conseguir-se, avaliar as condições de cura

preconizadas pela norma NP EN 998-1:2013 (IPQ,2013), refletindo sobre a possibilidade de incluir este tipo de

cura mais húmida nas condições de maturação dos provetes. Salienta-se que a indústria, para caracterizar os

seus produtos, tem obrigatoriamente de cingir-se à realização de ensaios seguindo os procedimentos definidos

em normas.

6.3.3 Aderência

Este ensaio permite avaliar a tensão de aderência da argamassa ao suporte, bem como o respetivo tipo de

rotura ocorrido aquando do arrancamento. O Quadro 6.6 mostra os valores médios e os desvios padrão das

aderências, após 28 dias de cura. A Figura 6.5 permite avaliar o comportamento das diferentes argamassas.

Ao observar o Quadro 6.6 e Figura 6.5, verificou-se que apenas foi possível determinar valores de tensão de

aderências em 9 argamassas; as restantes descolaram durante o processo de corte, não permitindo a

realização do ensaio de arrancamento. Ao analisar os resultados obtidos, constata-se que na 1ª série de

ensaios apenas as argamassas constituídas unicamente por NHL5 e NHL 3,5 registaram valores aceitáveis, entre

todas as argamassas desenvolvidas. Porém, mesmo estes valores encontram-se ligeiramente abaixo dos

requisitos apresentados na bibliografia, que refere como mínimo os 0,1 MPa, com rotura coesiva. Observando

o gráfico da Figura 6.5, percebe-se que o aumento da percentagem de substituição de NHL 5 e NHL 3,5 por CL

(0-75%) conduziu a um decréscimo nos valores de tensão de aderência. Esta constatação é justificada pela

diminuição da concentração de compostos hidráulicos, os quais são responsáveis pela ligação mecânica da

argamassa ao suporte (alvenaria de tijolo poroso).

O tipo de rotura registada em todas as argamassas da 1ª série foi a rotura adesiva ocorrida entre a argamassa e

o suporte, que é um forte indício da falta ou da fraca ligação entre a argamassa e este tipo de suporte.

Quadro 6.6-Valores médios, respetivos desvios padrão referentes ao ensaio de aderência e tipo de rotura

observado

Série Argamassa Aderência [MPa] Tipo Rotura

Constituintes Formulação

I

A1 (100%NHL5) 0,095±0,041 A (Adesiva)

A2 (75%NHL5_25%CL) 0,032±0,020 A (Adesiva)

A3 (50%NHL5_50%CL) - -

A4 (25%NHL5_75%CL) 0,022±0,017 A (Adesiva)

A5 (100%CL) - -

B1 (100%NHL3.5) 0,062±0,031 A (Adesiva)

B2 (75%NHL3.5_25%CL) 0,023±0,00 A (Adesiva)

B3 (50%NHL3.5_50%CL) 0,020±0,009 A (Adesiva)

B4 (25%NHL3.5_75%CL) - -

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Série Argamassa Aderência [MPa] Tipo Rotura

Constituintes Formulação

II

C1 (100%NHL3.5) - 1:4 - -

C2 (90%NHL 3.5_10%CL) - -

C3(86.5%NHL3.5_9%CL_4.5%Mk) 0,002±0,00 A (Adesiva)

C4 (82%NHL3.5_9%CL_9%Mk) - -

C5 (90%NHL3.5_10%CL) 0,107±0,014 B (Coesiva)

C6 (86.5%NHL3.5_9%CL_4.5%Mk) 0,099±0,028 B (Coesiva)

C7 (82%NHL3.5_9%CL_9%Mk) - -

Na 2ª série de ensaios, mais especificamente as argamassas (C5-C7) contemplaram a adição de um pó

redispersável. Verifica-se que a adição do pó redispersável contribuiu para melhorar os valores de aderência

das argamassas ao suporte. Por análise aos valores apresentados no Quadro 6.6 e Figura 6.5 pode verificar-se

essa concretização, averiguando que a adição da referida resina cooperou significativamente para a melhoria

desta propriedade. As argamassas C5 (0,107- B), C6 (0,099- B) exibem valores de tensão de aderência, que

satisfazem os requisitos definidos como adequados, para a aplicação prevista. Estas argamassas apresentam

valores de aderência muito superiores às restantes formulações desenvolvidas nas duas séries experimentais.

Concluiu-se assim, que todas as outras argamassas apresentam uma fraca prestação, em termos de aderência

sobre alvenaria de tijolo, não sendo possível retirar conclusões efetiva relativamente à aderência destas

argamassas sobre os suportes existentes em edifícios antigos. Conclusões similares foram observadas no

estudo de Veiga et al., (2009b) com argamassas tradicionais de distintos ligantes aplicadas em painéis, cuja

tensão de aderência foi determinada após 14 semanas de cura, revelando também baixos valores de tensão de

aderência.

0

0,02

0,04

0,06

0,08

0,1

0,12

A1 A2 A3 A4 A5 B1 B2 B3 B4 C1 C2 C3 C4 C5 C6 C7

Tens

ão A

derê

ncia

(MPa

)

Aderência…

Figura 6.5 - Tensão de aderência, aos 28 dias

Relativamente ao tipo de rotura reconhece-se que a adição de resina ocasionou alteração na tipologia de

rotura, dando origem a arrancamentos com rotura coesiva, os quais segundo a norma EN 1015-12: 2000

(CEN,2000) representam verdadeiramente a resistência à tração da argamassa. Assim, pode-se afirmar que a

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coesão da argamassa é superior à aderência desta ao suporte, sendo esta a tipologia mais apropriada para

demonstrar o correto valor de aderência da argamassa ao suporte.

6.3.4 Capilaridade

O Quadro 6.7 regista os valores médios obtidos com os três provetes da mesma argamassa e condição de cura,

ensaiados a cada idade (aos 28 e 90 dias) referentes ao coeficiente de capilaridade CC, de acordo com a norma

de ensaio EN 1015-18:2002 (CEN, 2002). Através da Figura 6.5 é possível acompanhar a evolução do CC das

argamassas nas diferentes idades e condições de cura; nesta são também representados os limites inferior e

superior definidos por Veiga (2003) e Veiga & Santos (2012).

Por análise ao Quadro 6.7 e à Figura 6.4 averigua-se que as argamassas desenvolvidas na 1ª série experimental

cumprem, no que respeita ao coeficiente de capilaridade, perfeitamente com os requisitos impostos pela

bibliografia (Santos & Veiga, 2012) e NP EN 998-1:2013 (IPQ,2013). O mesmo não é válido para algumas

argamassas preparadas na 2ª série experimental (C5, C6). Estas duas formulações exibem valores de CC

superiores ao limite definido pela norma NP EN 998-1:2013 (IPQ,2013), CC <0.4 kg/m2.min

0.5.

Para argamassas a aplicar no exterior são valorizados baixos valores de CC, velocidade de absorção de água

lenta e um processo de secagem que se inicie rapidamente após os períodos de molhagem (chuva).

Quadro 6.7- Valores médios de coeficiente de capilaridade, determinados aos 28 e 90 dias e submetidos às

curas standard (St) e húmida (H)

Série Argamassa Coeficiente de Capilaridade [Kg/m2.min0.5]

Constituintes Formulação 28 dias 90 dias

CC _St CC_H CC_St CC_H

I

A1 (100%NHL5) 0,087±0,021

0,067±0,0087

A2 (75%NHL5_25%CL) 0,051±0,025 0,048±0,017

A3 (50%NHL5_50%CL) 0,102±0,049 0,006±0,005

A4 (25%NHL5_75%CL) 0,586±0,046 0,103±0,023

A5 (100%CL) 0,181±0,058 0,012±0,0008

B1 (100%NHL3.5) 0,048±0,014 0,113±0,011

B2 (75%NHL3.5_25%CL) 0,069±0,012 0,073±0,023

B3 (50%NHL3.5_50%CL) 0,227±0,18 0,057±0,021

B4 (25%NHL3.5_75%CL) 0,108±0,097 0,19±0,055

II

C1 (100%NHL3.5)- 1:4 0,124±0,008 0,12±0,004 0,036±0,008 0,31±0,012

C2 (90%NHL 3.5_10%CL) 0,130±0,060 0,08±0,018 0,057±0,021 0,252±0,086

C3(86.5%NHL3.5_9%CL_4.5%Mk) 0,195±0,012 0,22±0,012 0,066±0,006 0,207±0,026

C4 (82%NHL3.5_9%CL_9%Mk) 0,076±0,004 0,258±0,065 0,122±0,037 0,204±0,029

C5 (90%NHL 3.5_10%CL) 0,765±0,040 0,971±0,056 0,522±0,138 0,503±0,035

C6 (86.5%NHL3.5_9%CL_4.5%Mk) 0,981±0,039 0,344±0,112 0,717±0,309 0,349±0,030

C7 (82%NHL3.5_9%CL_9%Mk) 0,612±0,119 0,244±0,024 0,138±0,009 0,249±0,031

Na análise dos valores de CC registados no Quadro 6.7 constata-se que todas as argamassas da 1ª série, com

exceção da A4 (aos 28 dias), obtêm valores de CC inferiores a 0.4 kg/m2.min

0.5, evidenciando que a absorção

de água ocorre de uma forma lenta, que é exatamente o que é pretendido para esta tipologia de argamassas. O

segundo ciclo de formulações, onde foi realizada a substituição de NHL 3,5 por Mk (C1-C4) e introdução de um

pó redispersável nas formulações (C5-C7), provocou na generalidade destas argamassas uma tendência

crescente do CC, comparativamente com os valores registados pelas formulações desenvolvidas no primeiro

ciclo de desenvolvimentos. Porém, apenas as formulações com incorporação do pó de resina (C5-C6) exibem

valores de CC superiores ao limite preconizado pela norma de especificações de argamassas. A justificação para

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97

este incremento no CC estará relacionada com o aumento da coesão interna da argamassa, promovida pela

adição da resina, que possivelmente melhorou a compactação da argamassa, permitindo que ocorra uma

maior sução de água através dos seus interstícios.

Porém, se considerar os limites definidos por Veiga &Santos (2012), verifica-se que todas as argamassas (ambas

as séries) cumprem perfeitamente com estes.

Os resultados evidenciados pela 2ª série experimental, nomeadamente as formulações com incorporação de

Mk, apresentam tendência idêntica à observada por Valério (2013), Coelho et al., (2010) e Velosa (2006). Estes

investigadores atestaram que a generalidade das suas argamassas, de cal hidráulica natural e metacaulino ou

cal aérea e metacaulino, apresentavam fortes indícios de aumento do coeficiente de capilaridade, face às

argamassas de referência, referindo mesmo, que a adição de metacaulino não se verificou benéfica quanto ao

comportamento destas argamassas face à ação da água. Estes resultados são contraditórios comparativamente

com os valores demostrados por Grilo et al., (2014b), os quais registam uma diminuição do coeficiente de

capilaridade para as argamassas com incorporação de metacaulino, justificando esta tendência com a estrutura

de poros (poros de menores dimensões) da argamassa, resultando em menores teores de absorção de água.

0

0,2

0,4

0,6

0,8

1

1,2

1,4

1,6

A1 A2 A3 A4 A5 B1 B2 B3 B4 C1 C2 C3 C4 C5 C6 C7

Co

ef.

de

Ca

pp

ila

rid

ad

e (

Kg

/m2.m

in0

,5)

_ 2

8 e

90

dia

s

CC (28D_St) CC (28D_H) CC (90D_St) CC (90D_H)

L INF. CC (Bibliog.) L SUP. CC (Bibliog.) L SUP. CC (998-1)

Figura 6.6 -Coeficiente de capilaridade das argamassas, nas idades de 28 dias e 90 dias

Comparando os resultados de CC obtidos nesta investigação com resultados obtidos por outros autores (Grilo

et al., 2014b; Grilo et al., 2012; Fontes et al., 2012; Ferraz et al., 2012), constata-se que as argamassas

industriais desenvolvidas neste trabalho registaram valores de coeficiente de capilaridade sempre inferiores a

estes. A justificação para estes resultados advém da incorporação de agentes hidrófobos nas formulações

estudadas, o que demostrou ser uma melhoria no desempenho final destas argamassas.

De notar que a concentração e o tipo de adjuvantes hidrófobos é o mesmo em ambas as séries experimentais.

Assim, conclui-se que os piores desempenhos, no que respeita ao coeficiente de capilaridade, exibidos pelas

formulações designadas por C, serão explicados pela microestrutura interna destas argamassas, provenientes

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98

das alterações efetuadas em termos de formulação. Nomeadamente a substituição do agregado utilizado na 1ª

série, por um outro de menor tamanho de partícula, que de acordo com Botas et al., (2011) altera a

microestrutura da argamassa, contribuindo para piorar o CC. A substituição parcial NHL por Mk, de acordo com

Grilo et al., (2014b) favorece as reações de hidratação e pozolânica, que são fundamentais na influência no

desenvolvimento da microestrutura interna. Esta substituição de ligantes contribui para a redução do tamanho

dos poros intersticiais, logo maior compactação da argamassa, que beneficia a sução de água, agravando o

coeficiente de capilaridade.

No que respeita à evolução do comportamento destas argamassas face à ação da água (CC), com a idade (28

para os 90 dias), pode observar-se que a maioria das argamassas evolui positivamente, registando uma

tendência decrescente de valores de CC, com o aumento do período de cura. Comportamento semelhante foi

exibido pelas argamassas estudadas por Grilo et al., (2014b). Para 1ª série experimental as únicas exceções

foram argamassas B1, B4 e C4. Este progresso decrescente de CC é explicado pelo desenvolvimento da

microestrutura da argamassa, que evolui com a idade de maturação das argamassas, bem como o

funcionamento de um dos adjuvantes hidrófobos, cuja ação é prolongada no tempo.

Todas as formulações desenvolvidas têm na sua constituição dois tipos de agentes hidrófobos: um reativo e

outro não reativo, cujos comportamentos de absorções de água são distintos. A conjugação destes dois

adjuvantes foi efetuada de forma a conseguir obter a máxima eficácia em termos de hidrofugação. Assim, o

efeito dos hidrofugantes não reativos é conseguido através do revestimento do interior de todos os capilares

existentes na argamassa, promovendo o efeito hidrofugante imediato, tal como se observa no gráfico da Figura

6.6 a). O efeito hidrofugante dos agentes designados por reativos é alcançado através da reação sucedida entre

este adjuvante e o cálcio existe na argamassa. Normalmente, este tipo de hidrofugantes promove um efeito

não tão imediato mas prolongado no tempo, tal como representa o gráfico da Figura 6.7 b).

Figura 6.7-Comportamento dos agentes hidrofugantes, ao longo do tempo. a) Hidrofugante não reativo; b)

Hidrofugante reativo (Fonte: Faci)

Tal como referido anteriormente, o coeficiente de capilaridade é fundamental para as argamassas de reboco

aplicadas no exterior, uma vez que permite prevenir que ocorram absorções de água elevadas e evita que a

água exerça ações maléficas sobre a argamassa, associadas aos ciclos de gelo-degelo e à solubilização de sais

solúveis, de forma a prolongar a sua durabilidade ao longo do tempo.

Relativamente à influência do tipo de cura no comportamento das argamassas face à ação da água, mais

especificamente no coeficiente de capilaridade, os resultados demostrados no gráfico da Figura 6.5 não

evidenciam qualquer tipo de tendência, sendo que, para alguns dos provetes (C1, C2, C6, C7 com idade de 28

a) b)

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99

dias) a cura húmida demostrou ser a que reúne as condições mais favoráveis para a propensão em desenvolver

argamassas com baixos valores de CC. A mesma tendência não foi observada para os restantes provetes (C3,

C4, C5 com idades de 28 dias), e para a maioria dos provetes com idade de maturação de 90 dias. Denota-se

que a cura húmida, com a evolução da idade dos 28 para 90 dias, origina um aumento de CC significante,

praticamente em todas as argamassas da 2ª série. Estes valores poderão ser explicados pelo comportamento

do hidrofugante não reativo, como mostra o gráfico da Figura 6.6 a); este adjuvante apresenta um efeito

decrescente, no que respeita à absorção de água, até um determinado período; invertendo posteriormente o

seu comportamento, expondo então um comportamento crescente, em termos de absorção de água, que

continua ao longo do tempo. A concentração de agente reativo, provavelmente não foi a adequada para

conseguir equilibrar este aumento, resultando num acréscimo de coeficiente de capilaridade. Com base nestes

resultados de CC, verifica-se que o ideal seria submeter as argamassas a uma cura húmida, nas primeiras

idades e posteriormente progredir para uma cura em condições standard (T= 23℃; HR=65%), estudando a

correta relação entre os hidrofugantes reativos e não reativos.

6.3.5 Permeabilidade ao vapor de água.

O Quadro 6.8 exibe os valores médios do coeficiente de permeabilidade ao vapor de água das argamassas

estudadas, em função da condição de cura, aos 28, 90 dias, de acordo com a norma de ensaio EN 1015-18-2002

(CEN,2002). Através da Figura 6.7 é possível acompanhar a evolução das argamassas nas diferentes idades e

condições de cura.

Para o coeficiente de permeabilidade ao vapor de água, a norma NP EN 998-1:2013 (IPQ,2013) apresenta o

valor de µ=15 como requisito a cumprir para as argamassas da tipologia R (argamassas de renovação para

paredes com problemas de humidade), ou seja, indiretamente considera que as argamassas são permeáveis ao

vapor de água se apresentarem coeficientes de permeabilidades inferiores a 15, valorizando os baixos valores

de permeabilidade. Para as argamassas classificadas como GP (uso geral), a norma apenas refere que o

fabricante terá que apresentar o valor obtido para o coeficiente de permeabilidade, não mencionado qualquer

valor ou gama de valores. Contudo, tendo em conta a constituição das paredes de alvenaria antigas julga-se

pertinente desenvolver argamassas com baixos valores de µ, ou seja, argamassas permeáveis, tomado como

referência o valor µ=15.

Ao analisar o Quadro 6.8 e a Figura 6.7 constata-se que todas as argamassas estudadas, com exceção da C4

submetida à cura standard (St), registaram valores de coeficiente de permeabilidade inferiores a 15, o que

demonstra que as argamassas estudadas são permeáveis e adequadas para aplicação em edifícios antigos, não

comprometendo o normal funcionamento da parede, relativamente à difusão ao vapor de água.

Ao comparar o desempenho das argamassas desenvolvidas na 1ª série (A e B), com as da 2ª série experimental,

em termos de coeficiente de permeabilidade, constata-se que as argamassas C (2ª série) evidenciam valores de

µ superiores, ou seja, surgem como produtos menos permeáveis. Para as argamassas desenvolvidas no

primeiro ciclo experimental verificou-se que coeficiente de permeabilidade diminuiu com o aumento da

percentagem de substituição de cal hidráulica natural por cal aérea; sendo este comportamento, similar ao

observado na investigação levada a cabo por Miguel (2008).

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100

Esta alteração no coeficiente de permeabilidade é explicada pela reestruturação da formulação efetuada nas

argamassas C. Tal como já foi referido nos pontos anteriores, estas formulações foram sujeitas a várias

alterações ao nível dos seus constituintes, que com certeza modificaram por completo a sua estrutura interna,

dando origem a alterações nesta propriedade.

As alterações que de alguma forma influenciaram os valores de coeficiente de permeabilidade terão sido as

seguintes:

• remoção do introdutor de ar, que contribuiu para baixar o número de espaços vazios no seio das

argamassas;

• substituição de parte do agregado por outro de granulometria mais fina, que originou a diminuição do

volume de vazios, o que contribuiu para aumentar a compactação da argamassa;

• adição do metacaulino, componente pozolânico que promoveu a formação de compostos hidráulicos,

tornado a estrutura mais resistente e coesa. De acordo com o estudo elaborado por Grilo et al.,

(2014b) a adição de metacaulino às argamassas de NHL promove uma redução significativa no

tamanho dos poros destas argamassas, o que contribui para a obtenção de uma estrutura de

argamassa mais compacta e fechada, dando origem a argamassas menos permeáveis. Esta tendência é

observada ao comparar os valores dos coeficientes de permeabilidade ao vapor de água obtidos pelas

argamassas aos 90 dias idade, C1 (m=6,20) ou C2 (m=8,49) com C3 (m=13,82) e C4 (m=13,54); é

notório que a adição de metacaulino nas argamassas C34 e C4 originou o aumento do coeficiente de

permeabilidade;

• incorporação da uma resina em pó redispersável em algumas das formulações, que formou um filme

de polímero entre os compostos inorgânicos, melhorando a ligação e coesão entre as compostos

formados.

Quadro 6.8-Valores médios do coeficiente de permeabilidade ao vapor de água e respetivos desvios padrão,

registados para as idades de 28 e 90 dias

Série Argamassa Coef. Permeabilidade Vapor água µ [-]

Constituintes Formulação 28 dias 90 dias

I

A1 (100%NHL5) 3,18±0,20

A2 (75%NHL5_25%CL) 6,64±0,21

A3 (50%NHL5_50%CL) 5,98±0,39

A4 (25%NHL5_75%CL) 4,24±0,74

A5 (100%CL)

B1 (100%NHL3.5)

B2 (75%NHL3.5_25%CL) 6,64±1,77

B3 (50%NHL3.5_50%CL) 5,26±0,58

B4 (25%NHL3.5_75%CL) 4,89±1,82

II

C1 (100%NHL3.5)- 1:4 11,03±2,75 6,20±1,54

C2 (90%NHL 3.5_10%CL) 11,08±0,45 8,49±2,55

C3 (86.5%NHL3.5_9%CL_4.5%Mk)

13,82±8,09

C4 (82%NHL3.5_9%CL_9%Mk) 20,66±2,99 13,54±3,14

C5 (90%NHL 3.5_10%CL)

13,27±0,00

C6 (86.5%NHL3.5_9%CL_4.5%Mk)

6,15±3,47

C7 (82%NHL3.5_9%CL_9%Mk) 10,08±3,33 4,45±0,35

Ao avaliar o comportamento das argamassas relativamente à evolução do coeficiente de permeabilidade com a

idade, dos 28 para 90 dias, análise efetuada apenas para as argamassa C, uma vez que para o primeiro ciclo

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101

experimental apenas foram preparados provetes com idades de 28 dias. Observa-se um claro movimento

descendente dos valores de µ, o que indica que aos 28 dias de idade a microestrutura das argamassas não

estaria completamente definida. Estes provetes apenas foram submetidos à cura standard, ou seja, a um

ambiente com mais fraca disponibilidade de água, o que dificultou o correto desenvolvimento da reação

pozolânica, acabando esta por se desenvolver com o evoluir do período de maturação, em paralelo com a

reação de carbonatação; o que justifica a redução do coeficiente de permeabilidade, e consequentemente a

melhoria em termos de permeabilidade ao vapor de água.

A Figura 6.8 demonstra a representação gráfica do comportamento das argamassas relativamente ao seu

coeficiente de permeabilidade ao vapor de água e coeficiente de capilaridade. O intuito deste cruzamento de

dados teve por objetivo avaliar a existência de uma relação entre estas duas propriedades; permeabilidade e a

capilaridade.

Através desta é possível verificar não existir uma relação intrínseca entre estas duas propriedades.

0

5

10

15

20

A1 A2 A3 A4 A5 B1 B2 B3 B4 C1 C2 C3 C4 C5 C6 C7

Coef

icie

nte

de P

erm

eabi

lidad

e V

apor

)

Permeabilidade Vapor Água ( 28 D) Permeabilidade Vapor Água ( 90 D)

Figura 6.8 - Coeficiente de permeabilidade ao vapor de água, aos 28 e 90 dias

0

0,2

0,4

0,6

0,8

1

1,2

0

5

10

15

20

25

A1 A2 A3 A4 A5 B1 B2 B3 B4 C1 C2 C3 C4 C5 C6 C7

Coef

icie

nte

Ca

pila

rid

ad

e (

Kg

/m2.m

in 0

,5)

Pe

rme

abil

idad

e V

apo

r (µ

)

Permeabilidade Vapor (µ) 28 dias Permeabilidade Vapor (µ) 90 dias

CC 28 dias CC 90 dias

Figura 6.9-Coeficientes de permeabilidade vapor água e de Capilaridade aos 28 e aos 90 dias

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102

6.3.6 Secagem

O índice de secagem foi determinado, apesar de não ser uma propriedade definida pela norma NP EN 998-

1:2013 (IPQ,2013), como um dos requisitos necessários para a caracterização das argamassas da tipologia GP.

Porém, através da monitorização deste ensaio foi possível avaliar as condições de secagem das argamassas

desenvolvidas.

O índice de secagem foi calculado como base na equação (5.4) apresentada no capítulo anterior, e traduz a

aproximação ao integral da curva de secagem de cada um dos provetes constituintes das argamassas em

estudo. Considerou-se como teor de água inicial, a última massa registada no processo de molhagem, sendo

que, o processo de secagem decorreu durante o tempo definido no ponto 5.5.3 descrito no capítulo 5.

Os provetes das argamassas desenvolvidas foram submetidos ao processo de secagem ao ar, pesando-se as

respetivas massas em intervalos definidos; com base nestes valores de diferença de massa foram construídas

as curvas de secagem em função do tempo, a partir das quais se determinou o índice de secagem (IS) e a taxa

de secagem (TS). O índice de secagem corresponde à evolução da secagem das argamassas ao longo do tempo,

enquanto a taxa de secagem revela a velocidade inicial de secagem, traduzindo a rapidez inicial com que as

argamassas perdem a água que adquiriam.

O Quadro 6.9 e as Figuras 6.9 e 6.10 apresentam os valores de índice e curvas de secagem referentes a cada

um das argamassas estudadas nesta segunda série de desenvolvimentos.

Relativamente à taxa de secagem das argamassas constata-se que esta propriedade está fortemente

dependente das condições ambientais de secagem, nomeadamente da existência de vento e temperaturas que

facilitem o processo de secagem e baixos teores de humidade.

Para a tipologia de argamassas que se pretende desenvolver no âmbito deste trabalho, argamassa de

reabilitação de revestimentos antigos, é desejado que estas exibam baixos índices de secagem e elevadas taxas

de secagem.

As Figuras 6.9 e 6.10 revelam que as argamassas que registaram o índice de secagem e as curvas com menores

absorções de água foram as argamassas C1, C2 e C3, ou seja, as argamassas sem incorporação de pó

redispersável, indiciando os melhores comportamentos em termos de secagem. Se a esta análise juntar o

coeficiente de permeabilidade ao vapor, por observação da Figura 6.11 é possível verificar que os menores

valores de µ, correspondem às argamassas mais permeáveis, sendo estas também as que registam os menores

índices de secagem.

Quadro 6.9- Média dos valores de índice de secagem, das argamassas da 2ª série (90 dias)

Argamassas IS (-) Taxa Secagem (kg/m2.h)

C1 0,10 0,36

C2 0,09 0,36

C3 0,09 0,46

C4 0,11 0,67

C5 0,11 0,73

C6 0,13 0,94

C7 0,13 0,71

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103

No extremo oposto encontram-se as formulações com adição de metacaulino, podendo constatar-se que o

incremento na taxa de substituição de NHL 3,5 por Mk promoveu um acréscimo no índice de secagem e no

coeficiente de permeabilidade, tornando estas menos permeáveis, consequentemente com processo de

secagem mais lento. Novamente, a justificação mais plausível para esta alteração de comportamento deve-se

essencialmente à modificação ao nível da microestrutura, nomeadamente na distribuição e tamanho dos

poros.

A diminuição do tamanho de poros relatada por Grilo et al., (2014b) justifica mais uma vez estas constatações.

0,00%

0,50%

1,00%

1,50%

2,00%

2,50%

3,00%

3,50%

4,00%

4,50%

5,00%

5,50%

6,00%

6,50%

7,00%

0 1 2 3 4 28 76 100 124 172 196 244 292 316 340 364 388 436 508

Wt

(%)

Tempo (h)C1 C2 C3 C4 C5 C6 C7

Figura 6.10-Curvas de secagem de cada uma das argamassas da 2ª série (90 dias)

0,00

0,10

0,20

0,30

0,40

0,50

0,60

0,70

0,80

0,90

1,00

0,00

0,02

0,04

0,06

0,08

0,10

0,12

0,14

C1 C2 C3 C4 C5 C6 C7

Taxa

Se

cag

em

( K

g/m

2. h

)

Índ

ice

Se

cag

em

(-)

IS (-) Taxa Secagem (kg/m2.h)

Figura 6.11-Índice e Taxa de Secagem das argamassas C, desenvolvidas na série II aos 90 dias

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104

0,00

0,02

0,04

0,06

0,08

0,10

0,12

0,14

0

2

4

6

8

10

12

14

16

C1 C2 C3 C4 C5 C6 C7

Índ

ice

Seca

gem

(IS

)

Per

mea

bil

idad

e ao

Vap

or

Águ

a (µ

)

µ IS

Figura 6.12-Coeficiente de permeabilidade ao vapor água e índice de secagem das argamassas, 90 dias

6.3.7 Resistência aos sulfatos

O comportamento das argamassas face à ação dos sais, e nomeadamente de sulfatos, é outra das

características não referenciadas na norma de especificações de argamassa de reboco, NP EN 998-1:2013

(IPQ,2013). Porém, dado o tipo de utilização prevista e as condições existentes nas construções antigas, julgou-

se pertinente estudar a resistência destas argamassas face à ação destes sais. Assim, foi realizado o ensaio com

provetes com 28 dias de idade de maturação, submetidos a uma cura standard. A Figura 6.12 regista os valores

de retenção inicial de sulfato versus coeficiente de capilaridade de todas as formulações estudadas.

Figura 6.13 - Retenção inicial de sulfatos versus coeficiente de capilaridade das argamassas estudadas, aos 28 dias

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105

Pode observar-se que não existe uma relação definida quanto à retenção inicial de sais de sulfatos, coeficiente

de capilaridade e tipos de ligantes constituintes das formulações estudadas. No entanto, fazendo uma análise

por famílias de argamassas (A;B e C) constata-se que as argamassas constituídas por cal hidráulica natural NHL

5 expõem valores de retenção inicial de sais inferior às outras constituídas por cal hidráulica natural NHL3,5 (B

e C). Pode também observar-se que não existe uma relação direta entre o coeficiente de capilaridade e a

retenção inicial de sais, uma vez que existem argamassas como A4 que exibem baixos teores de absorção de

sais (0,02%) e simultaneamente valores relativamente elevados de CC (0,586 Kg/m2.min

0.5), ou argamassas

como B1 e C2 que demostram baixos níveis de capilaridade e valores relativamente altos de retenção inicial de

sais de sulfato.

O ensaio de determinação da resistência das argamassas à ação de sulfatos foi realizado com o intuito de

averiguar o comportamento das argamassas quando sujeitas à presença deste tipo de contaminante, que

existem com bastante frequência na maioria dos edifícios antigos e, consequentemente comprometem a sua

durabilidade. O ensaio consistiu em monitorizar a variação de massa das argamassas, após cada ciclo de

imersão numa solução com sulfatos e subsequente secagem. A evolução do ensaio de resistência aos sulfatos

para cada argamassa aos 28 dias é apresentada nas Figuras 6.13 e 6.15.

As Figuras 6.14 e 6.16 ilustram o estado dos provetes no ciclo final do ensaio. A Figura 6.17 relaciona o

comportamento mecânico das argamassas (resistências à flexão por tração e à compressão) com sua

resistência face à agressão dos sais de sulfatos, avaliada através do número de ciclos durante os quais as

argamassas conseguiram exibir integridade.

Figura 6.14- Variação de massa média por ação de sulfatos das argamassas da 1ª série, aos 28 dias

Através da análise aos gráficos das Figuras 6.13 e 6.15 é possível observar a evolução do ensaio de resistência

aos sais de sulfato das argamassas desenvolvidas nas duas campanhas experimentais; constatando que a

maioria das argamassas da 1ª série conseguiu atingir os 20 ciclos de imersão e secagem, com alguma

integridade. O mesmo já não foi observado, para as argamassas que constituíram a segunda série de ensaios,

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que registaram integridade durante um número máximo de ciclos 15. De notar que apenas alcançaram este

patamar as argamassas C5 e C6; todas as outras que constituíram esta campanha experimental assinalaram o

fim do ensaio em ciclos anteriores.

Figura 6.15-Estado de alguns provetes da 1ª série experimental, após o último ciclo de ensaio de resistência aos sais de sulfato

Os gráficos das Figuras 6.13 e 6.15 permitem avaliar o comportamento das argamassas face ao ataque dos sais,

mostrando que os piores desempenhos, no que respeita às maiores perdas de massa (em valor absoluto) foram

registados pelas argamassas da 1ª série, mais especificamente pelas argamassas A1 (-16,43%), B1 (-13,01%) e

B2 (-11,63%). Estas taxas de perda de massa referem-se a valores obtidos no penúltimo ciclo. Conclui-se,

portanto, que a constituição das argamassas tem um papel preponderante na sua resistência ao ataque por

sais de sulfato, nomeadamente a concentração de ligante.

Os resultados obtidos permitiram aferir que as argamassas mais ricas em ligante (A1-100% NHL 5; B1-

100%NHL3,5 e B2 – 75% NHL3,5:25%CL) foram as que registaram a maior degradação comparativamente com

as restantes estudadas nesta primeira campanha. Este ensaio permitiu avaliar a diferença de comportamento,

em termos de desempenho face à exposição dos sais, existente entre as duas cais hidráulicas naturais

estudadas (NHL5 e NHL3,5). Fica demonstrado que a argamassa A1 constituída por NHL 5, apesar de registar

uma maior perda de massa, ao fim de 20 ciclos, (-16,43%) comparativamente com a B1, formulada com NHL3,5

(-13,01%) manteve a sua coesão até final do ensaio, enquanto a B1 registou indícios de destruição logo ao 11º

ciclo, destruindo-se por completo ao 12º ciclo.

Figura 6.16--Variação de massa média por ação de sulfatos das argamassas da 2ª série, aos 28 dias

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As restantes argamassas da primeira campanha experimental (A2, A3, A4, A5, B3 e B4) evidenciaram um

comportamento muito linear, relativamente à sua resistência aos sais de sulfato, assinalando variações de

massa praticamente insignificativas e mantendo a sua coesão durante praticamente todo o ensaio, 20 ciclos.

De salientar que Vargas (2013) também assinalou desempenhos semelhantes nas suas argamassas constituídas

exclusivamente por cal aérea, afirmando que as mesmas permaneceram intactas, sem perdas de massa

significativas ao longo de 25 ciclos. Excluindo as argamassas A3 e A4, todas as outras mantiveram-se íntegras

até ao final do ensaio (ciclo 20), observando-se apenas algum desgaste superficial, como ilustra a Figura 6.13.

As argamassas A5, B3 e B4 registaram uma quebra significativa de massa, no ciclo 9 seguida de uma

recuperação, demostrada pela retoma do comportamento linear. Este comportamento não foi verificado em

mais nenhuma das argamassas estudadas no âmbito deste trabalho, nem mesmo noutros estudos analisados

aquando da análise do estado do conhecimento. Especula-se que justificação para esta observação se deva à

ocorrência do início de degradação de um dos compostos de reação que existe nestas argamassas, não

identificado visivelmente. De referir que a argamassas A5 é constituída exclusivamente por CL, logo

constituídas por Ca(OH)2 e, após carbonatação, por CaCO3, CL, enquanto as argamassas B3 (50%

NHL3,5:50%CL) e B4 (25% NHL3,5:75%CL) já possuem compostos hidratados. De acordo com o estudo

mineralógico realizado por Grilo et al., (2014a) a NHL 3,5 é constituída essencialmente por portlandite

(CA(OH)2) e calcite (CaCO3), ou seja exibe concentrações de Ca(OH)2 significativas. Tal facto leva a suspeitar que

neste ponto (ciclo 9) ocorra a deterioração de um dos compostos de reação oriundos da hidratação deste

composto. Contudo, verificou-se que esta perda de massa rapidamente foi restabelecida, não comprometendo

a continuação do ensaio.

Relativamente às argamassas A (compostas por NHL5 e CL) e B (compostas por NHL3,5 e CL) observa-se através

da Figura 6.13 que as formulações que têm na sua constituição a cal NHL 5 apresentam uma evolução linear,

com variações de massa muito restritas, atingindo todas, à exceção da argamassa A3, os 20 ciclos de imersão e

secagem. A combinação da cal NHL5 com cal aérea CL mostrou ser benéfica, em termos de resistência aos sais

de sulfato; esta afirmação pode ser observada ao comparar o comportamento da argamassa A1 (100 % de

NHL5) com a A2 (75% NHL5+25%CL), dado que a A2 evolui ao longo de todo o ensaio, com variações de massa

praticamente insignificantes (0,70%), chegando ao fim do ensaio quase intacta. Esta situação ocorre em

oposição à argamassa A1 que começa a registar perdas de massa logo a partir do 10º ciclo, terminado o ensaio

no 19ºciclo, com uma perda de massa na ordem dos 16%, expondo uma coesão muito mais fragilizada. Fica,

assim, demostrado que a adição de cal aérea (CL) promoveu uma melhoria no desempenho das argamassas em

termos de resistência aos sais de sulfato. Tendências semelhantes foram também observadas pelos autores

Antunes (2013) e Bandeira (2012), que mencionam nos seus trabalhos que as suas argamassas de referência

(constituídas exclusivamente por NHL 5) apresentam indícios de degradação logo nos primeiros ciclos de

ensaio, mais especificamente no ciclo 6 (Antunes, 2013) e 11ºciclo (Bandeira,2012).

No extremo oposto, relativamente à composição da argamassa, tem-se a argamassa constituída

exclusivamente por cal aérea CL, A5, que regista um comportamento menos estável; porém, consegue também

atingir o patamar dos 20 ciclos de exposição à solução de sais de sulfato, chegando ao fim do ensaio

evidenciado alguma coesão.

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Quanto às argamassas constituídas por NHL3,5 constatou-se através da análise aos gráficos da Figura 6.13 que

as argamassas com maior concentração de NHL3,5 (B1 e B2) e, consequentemente, mais resistentes

mecanicamente, evidenciam um comportamento pior relativamente ao seu comportamento face à ação dos

sulfatos, quando comparadas com as argamassas mais ricas em cal aérea (B3 e B4). Com efeito as argamassas

B1 e B2 demostraram maiores perdas de massa e, consequentemente terminaram o ensaio mais cedo, logo ao

11º ciclo, comparativamente com as suas congéneres B3 e B4. Tendência similar foi também observada

comparando a A1 com a A2.

A informação contida no gráfico da Figura 6.13 que expõe os valores de resistências mecânicas versus

resistência aos sais de sulfato, traduzida pelo número de ciclos a que cada argamassa resistiu ao ataque destes

sais sem deterioração, ajudou a compreender as observações acima mencionadas. Assim, ao avaliar os dados

ostentados pela Figura 6.17 ficou claro que as argamassas que revelam os menores valores de resistências

mecânicas (maioria das argamassas A - A1,A2, A4, A5 - e algumas B - B3 e B4) foram as que registam os

melhores desempenhos, relativamente à sua capacidade de resistir a meios agressivos constituídos por este

tipo de contaminantes.

Ficou também evidente, por análise ao gráfico da Figura 6.16, que as argamassas da segunda campanha

experimental registam perdas de massa muito inferiores, em valor absoluto, em particular as argamassas C1,

C2, C4 e C7. Contudo, estas resistiram a um menor número de ciclos, comparativamente às argamassas A e B

da primeira série experimental; apresentaram indícios de desintegração logo a partir dos ciclos 8, 10 e 9,

respetivamente.

As argamassas da 2ª série de ensaios (argamassas C) registaram uma evolução positiva na variação de massa,

durante praticamente todos os ciclos a que foram sujeitas à ação dos sais de sulfato, conservando a sua

integridade durante a maior parte do ensaio. No entanto, após o início da perda de massa, esta foi

acompanhado por uma degradação repentina dos provetes, provocada pela abertura de pequenas fendas na

superfície dos provetes, que se agravaram rapidamente nos ciclos seguintes. Deram origem ao fim do ensaio,

simbolizado pela total desintegração dos provetes, tal como pode ser observado nas fotos representadas nas

Figuras 6.14 e 6.16.

Figura 6.17-Estado de alguns provetes da II série experimental, após o último ciclo de ensaio de resistência aos

sais de sulfato

A Figura 6.16 regista a evolução do comportamento das argamassas da segunda série, face aos ciclos de

imersão e secagem das argamassas na solução de sulfatos. Por análise à Figura 6.16 observa-se que as

pequenas modificações ao nível da composição das argamassas refletiram-se em comportamentos distintos e,

C4 C6

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consequentemente, em diferentes durabilidades. Assim, fazendo a comparação entre as formulações

constituídas com o mesmo tipo de NHL3,5, desenvolvidas nestas duas séries experimentais, observam-se

algumas disposições, que importa salientar:

O aumento da concentração de NHL3,5 provocou uma diminuição em termos de durabilidade das argamassas

face à presença de sais de sulfato; esta tendência pode ser observada entre as formulações C1 (traço mássico

em NHL3,5 e agregado (1:4)) que permaneceu com integridade apenas durante 8 ciclos, enquanto B1 (traço

mássico em NHL3,5 e agregado (1:5)) resistiu a 12 ciclos. Comportamentos similares foram aferidos por outros

autores, corroborando os valores obtidos neste trabalho experimental. Valério (2013) registou inícios de

degradação na sua argamassa com NHL3,5 (com traço mássico 1:5 em condições standard) a partir do 11º ciclo;

já Grilo (2013) conseguiu obter a sua argamassa com constituição similar integra até ao 15º ciclo. Estas

pequenas variações no número de ciclos, entre as argamassas estudadas pelos autores referenciados e do

presente estudo são explicadas pelas diferenças existentes na constituição das argamassas.

Figura 6.18-Resistências mecânicas versus perda de massa ao fim de 15 ciclos de sulfatos, aos 28 dias

Observando as fotos destas duas argamassas, ilustradas nas Figuras 6.14 e 6.16 constata-se que o efeito da

degradação é ligeiramente distinto, sendo que, a argamassa C1 fissurou na parte final do ensaio do ciclo 7

terminado de imediato o ensaio, ou seja, ciclo 8. Enquanto, a argamassa B1 evidenciou um desgaste superficial

gradual, acabando por se degradar completamente ao fim de 12ºciclos. O tipo de rotura exibido por C1 foi

originado pela reação expansiva registada pelo sal de etringite.

A diminuição da concentração de NHL 3,5 e sua substituição parcial por CL e / ou por Mk, nas argamassas C1

(100% de NHL3,5), C2 (90% de NHL3,5_10 %CL) e C3 (90% de NHL3,5_9% %CL, 4,5 % Mk), promoveu um

aumento da resistência destas argamassa à ação dos sais de sulfato, garantindo a integridade dos provetes

durante um maior número de ciclos. Assim, C1 resistiu apenas a 8 ciclos de imersão e secagem, enquanto C2

apresentou integridade durante 10 ciclos e C3 exibiu o maior número ciclo deste conjunto, 13 ciclos. Todavia, o

aumento da percentagem de substituição de NHL3,5 por Mk origina melhorias em termos de durabilidade

apenas até determinadas percentagens de substituição. Fazendo uma comparação direta entre às formulações

das argamassas C3 (90%NHL3,5_9%CL; 4,5 % Mk) e C4 (82,5%NHL3,5_9%CL_9%Mk), cuja única diferença é o

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aumento da taxa de substituição de NHL3,5 por Mk, ficou evidente que esta alteração não foi vantajosa, no que

se refere à resistência ao ataque por sais de sulfatos, alterando o número de ciclos de 13 ciclos para 10

registados pela argamassa C4. Resultados similares foram também verificados por Grilo (2013); este

investigador também constatou que o aumento da taxa de incorporação de metacaulino foi promissora da

diminuição da resistência das argamassas face ao ensaio de agressão por sais de sulfato. De acordo com este

autor, este comportamento menos favorável das argamassas com incorporação de metacaulino é justificado

pelo desenvolvimento do composto etringite, um sulfo-aluminato de cálcio hidratado, que é um composto

expansivo, que provoca aumento de volume acabando por originar tensões internas nos provetes, levando

mesmo à ocorrência de fissuras ou fendas.

Relativamente à adição de pó redispersável às formulações das argamassas C5 e C6 aferiu-se que esta adição

mostrou ser vantajosa, uma vez que promoveu um incremento na sua durabilidade. Comparando o

desempenho das formulações com incorporação de resina face às não aditivadas C5 (formulação base C2 + pó

redispersável), C6 (formulação base C3 + pó redispersável) verifica-se, por análise à Figura 6.17 que estas

argamassas demostram ter maior resistência quando colocadas sobre suportes contaminados por sais de

sulfato, comparativamente com as argamassas que lhe serviram de base; aqui representado por o ensaio de

resistência aos sais de sulfato. A argamassa C7 (formulação base C4 + pó redispersável) exibiu um

comportamento distinto das argamassas C5 e C6, mostrando menor resistência à presença de sais de sulfato.

Verifica-se que as argamassas C7 e C4 resistiram sensivelmente ao mesmo período de exposição à solução de

sais de sulfato, tendo mantido a sua integridade apenas durante 9 e 10 ciclos. Concluindo que a adição de

resina na argamassa C7 não teve nenhum contributo em termos de melhoria face à presença de sais de sulfato.

Em suma, pode afirmar-se com base na análise dos vários trabalhos desenvolvidos nestes últimos anos (Fontes,

2012; Bandeira, 2012; Antunes, 2013; Grilo, 2013) e neste desenvolvimento experimental, que os estudos

desenvolvidos no âmbito da resistência aos sais de sulfato revelaram que as argamassas constituídas apenas

por NHL (independentemente da sua classe, 5 ou 3,5) conferem maiores resistências aos sais de sulfato

(registando menores perdas de massa e prosseguindo o ensaio durante o maior número de ciclos), quando

comparadas com argamassas com incorporação de metacaulino. Fica também claro que argamassas que

revelem comportamentos mecânicos mais rígidos (com maiores valores de resistências mecânicas) são

promitentes de menores durabilidades, no que se refere à sua resistência ao ataque por sais de sulfato.

Todavia, a durabilidade das argamassas não depende exclusivamente do comportamento mecânico, avaliado

através do ensaio de resistências mecânicas. Segundo Costa (2013), que cita vários outros autores como Yu

(2010), Ste (2005a), Ste (2005b), o tamanho e distribuição dos poros tem um papel fundamental na absorção

de sais e, consequente, na degradação e durabilidade das argamassas. Assinala-se, desta forma, esta lacuna, no

que se refere à ausência de requisitos relacionados com a determinação da durabilidade deste tipo de

argamassas, definidos pela norma NP EN 998-1:2013 (IPQ,2013).

Este trabalho experimental permitiu ainda, aferir que a substituição parcial de NHL por CL foi benéfica

relativamente ao comportamento das argamassas face à presença de sais, e o mesmo também se verificou

com a adição de pó redispersável. No entanto, autores como Costa (2013) fazem referência à necessidade de

garantir que as argamassas de substituição, além de apresentarem um bom comportamento quando expostas

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à ação de sais terão também elas próprias de não contribuir com a introdução de sais nos suportes. Este autor

apresenta, ainda, no seu trabalho, os limites de concentrações de sais (cloretos, sulfatos e nitratos) que as

argamassas de substituição poderão evidenciar, de acordo com categorias de risco e segundo a norma

austríaca ONORM B3355-1: Desumidificação de Alvenarias: diagnóstico e planeamento de edifícios.

6.4 Discussão global dos resultados

Nos subcapítulos anteriores fez-se uma abordagem aos resultados obtidos individuais, por tipologia de ensaio,

os subcapítulos seguintes apresentam uma análise e discussão global dos resultados obtidos para as

argamassas relativamente aos ensaios de caracterização preconizados. Assim, o presente capítulo apresentar

os valores globais obtidos para cada uma das argamassas estudadas, com o objetivo de realizar um cruzamento

de dados, e relacionar os resultados obtidos em diferentes ensaios, procurando justificar características e

comportamentos exibidos pelas argamassas, tentando correlacionar os resultados obtidos com a constituição

das formulações desenvolvidas.

Além, desta comparação de comportamentos em entre as argamassas desenvolvidas, interessa também

monitorizar as suas características individuais. Avaliar o cumprimento das exigências normativas e

bibliográficas (da gama de valores apresentados por Veiga & Santos (2012) e definir melhorias passíveis de

serem implementadas. É pretendido tornar possível o avanço para produções em escala industrial.

6.4.1 Características argamassas no estado fresco.

No Quadro 6.10 encontram-se registados os valores médios referentes à caracterização das argamassas no

estado fresco, desenvolvidos no âmbito das duas campanhas experimentais realizadas.

Quadro 6.10 - Síntese dos resultados obtidos para as argamassas no estado fresco

Série Argamassa % Subst. (NHL por AL)

Rel.a/l[-] MVP [kg/m3] ESP (mm)

Constituintes Formulação

I

A1 (100%NHL5) 0 0,77 1729,8

A2 (75%NHL5_25%CL) 25 0,85 1883,2

A3 (50%NHL5_50%CL) 50 0,88 1871,1

A4 (25%NHL5_75%CL) 75 0,96 1844,7

A5 (100%CL) 100 0,95 1856,0

B1 (100%NHL3.5) 0 0,80 1794,1

B2 (75%NHL3.5_25%CL) 25 0,81 1831,5

B3 (50%NHL3.5_50%CL) 50 0,85 1950,7

B4 (25%NHL3.5_75%CL) 75 0,86 1913,8

II

C1 (100%NHL3.5)- 1:4 0 0.63 1900,0 151,7±0.2

C2 (90%NHL 3.5_10%CL) 10 0.60 1950,0 143,7±4.6

C3(86.5%NHL3.5_9%CL_4.5%Mk) 9_4.5 0.66 1881,0 155,7±0.4

C4 (82%NHL3.5_9%CL_9%Mk) 9_9 0.68 1915,9 147,1±1.3

C5 (90%NHL 3.5_10%CL) 10 0.67 1824,0 147,2±0.1

C6 (86.5%NHL3.5_9%CL_4.5%Mk) 9_4.5 0.66 1723,1 141,6±1.7

C7 (82%NHL3.5_9%CL_9%Mk) 9_9 0.67 1818,4 143,4±2.7

6.4.2 Características mecânicas e físicas das argamassas

O Quadro 6.11 regista a compilação de todos os resultados obtidos ao longo dos dois desenvolvimentos

experimentais, de forma a permitir realizar uma análise global ao desempenho final das argamassas.

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Contudo, para realizar uma avaliação global do desempenho destas argamassas julgou-se ser fundamental

construir também o Quadro 6.12, que cruza alguns destes valores com os requisitos impostos pela

documentação em vigor. A avaliação do desempenho global das argamassas, quanto à sua aplicabilidade como

revestimento de edifícios correntes em alvenaria antiga foi realizada tendo em consideração os resultados

facultados por este dois quadros.

Relembra-se que o âmbito deste trabalho experimental se centrou no estudo e desenvolvimento de uma

argamassa industrial, para a substituição de revestimentos antigos em edifícios de alvenaria corrente, cuja

integridade já se demonstre debilitada. Verificou-se ser pertinente fazer uma análise global ao nível do

desempenho de cada uma das formulações desenvolvidas (A, B e C), cruzando os resultados obtidos para cada

uma das argamassas com os requisitos definidos pela norma NP EN 998-1:2013 (IPQ,2013) e com os requisitos

definidos por Veiga & Santos (2012), de forma a verificar se alguma destas formulações reúne as características

necessárias para poder ser industrializada e, consequentemente, comercializada. É de referir que atualmente a

comercialização de argamassas obriga à classificação prévia da mesma, tendo em consideração os critérios

estabelecido pela norma NP EN 998-1 (IPQ,2013).

A seleção pela tipologia GP (argamassas de uso geral) face à R (argamassas de renovação) teve como base os

seguintes pressupostos.

Alguns dos requisitos impostos às argamassas da tipologia R, nomeadamente as propriedades como altura de

penetração de água e a absorção de água poderão ser demasiado rígidas, tornando-as desajustadas à classe de

edifícios em questão, principalmente edifícios antigos que não evidenciem problemas de humidade ou

presença de sais solúveis.

A altura de penetração de água, inferiores a 5 mm e baixos valores de absorção de água definidos pela norma,

consideram-se demasiado exigentes, no que respeita aos componentes da formulação de argamassa, levando à

necessidade de aditivar a argamassa com adjuvantes hidrófugos. Estes adjuvantes, além de promoverem estas

propriedades, poderão interferir noutras, como a permeabilidade ao vapor de água e a secagem, podendo

comprometer o comportamento global da argamassa em questão. Por outro lado, no que respeita ao custo

final do produto, as argamassas do tipo R terão obrigatoriamente que ter um custo mais dispendioso, uma vez

que estes adjuvantes ostentam custos extremamente elevados, os quais provocam um incremento significativo

no custo final da argamassa. Assim, o custo da argamassa foi também um critério ponderado aquando da

seleção da tipologia de argamassa a desenvolver, uma vez que em Portugal existe uma vasta gama de edifícios,

mais especificamente edifícios habitacionais, de baixo valor patrimonial, sem fortes indícios de problemas de

humidades, cujas argamassas de reboco carecem de reparação / substituição urgente. Todavia, o baixo

rendimento dos proprietários leva a que muitas vezes estes optem por soluções de reabilitação menos

onerosas, acabando por selecionar argamassas cimentícias, por estas apresentarem menores custos. Assim,

considerou-se importante desenvolver uma argamassa adequada a esta realidade que simultaneamente

apresente custos ajustados à realidade económica dos utilizadores, não comprometendo a opção de reabilitar

os revestimentos do edifício.

Tendo em consideração toda esta reflexão, bem como as razões apresentadas em capítulos anteriores, optou-

se por selecionar a tipologia GP CSI W2, sendo que, ao nível mecânico, a escolha recaiu pela menor classe de

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resistências mecânicas, valorizando a compatibilidade entre a argamassa e suporte, indo ao encontro da gama

de valores apresentado por Veiga & Santos (2012). A seleção das formulações basear-se-á naquelas que

apresentem baixos valores de resistências à tração e à compressão, privilegiando as mais deformáveis e, por

conseguinte as que introduzam menos tensões no suporte. Serão também beneficiadas as argamassas que

evidenciem valores de aderências ao suporte razoáveis, de modo, a garantir a integridade do sistema.

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Quadro 6.11-Síntese de resultados e respetivos desvios padrão, para as argamassas desenvolvidas nas duas campanhas experimentais

Ensaio

Idad

e (

dia

s)

Valor

Argamassas

A1 A2 A3 A4 A5 B1 B2 B3 B4 C1 C2 C3 C4 C5 C6 C7

St St St St St St St St St St H St H St H St H St H St H St H

Massa Volúmica Endurecida (kg /m3)

28 Méd. 1562 1535 1612 1572,3 1543 1584 1587 1668 1734 1610 1627 1598 1614 1625 1662 1610,8 1637,9 1549 1565 1595,4 1617,3 1555,3 1574,8

D.P 76,45 34,04 1,1 4,08 2,31 29,3 27,46 4,28 28,79 9,69 11,17 10,19 14,02 14,23 16,35 12,11 12,81 10,29 29,6 15,98 25,97 11,21 1,41

90 Méd - - - - - - - - 1685 1693 1629 1712 1674 1715 1701,2 1695 1581 1615 1554,6 1653,6 1580,1 1647,6

D.P - - - - - - - - 6,85 7,87 1,93 31,34 11,77 6,23 13,07 11,64 30,62 24,95 39,54 11,66 53,75 13,92

Rt ( N/mm2)

28 Méd. 0,30 0,18 0,16 0,11 0,22 0,21 0,19 - - 0,48 0,37 0,31 0,49 0,36 0,27 0,27 0,31 0,55 0,45 0,68 0,75 1,15 0,84

D.P 0,00 0,05 0,006 0 0 0,02 0,034 - - 0,029 0,006 0,034 0,057 0,076 0,016 0,003 0,014 0,026 0,056 0,034 0,172 0,261 0,041

90 Méd - - - - - - - - 0,26 0,47 0,29 0,53 0,23 0,44 0,41 - 0,46 0,53 0,81 0,5 0,94 -

D.P - - - - - - - - 0,053 0,099 0,034 0,266 0,001 0,092 0,21 - 0,037 0,082 0,089 0,057 0,043 -

180 Méd 0,28 0,19 0,19 0,25 0,27 0,35 0,2 0,24 0,2 - - - - - - - - - - - - - -

D.P 0,07 0,06 0,015 0,026 0 0,04 0,038 0,019 0,065 - - - - - - - - - - - - - -

Rc ( N/mm2)

28 Méd 0,40 0,43 0,37 0,30 0,40 0,63 0,50 - - 1,35 1,52 1,12 1,55 2,33 2,37 1,27 2,55 1,65 1,57 2,50 3,33 3,63 3,65

D.P 0,13 0,11 0,03 0,00 0,03 0,18 0,05 - - 0,05 0,03 0,15 0,05 0,15 0,06 0,06 0,09 0,05 0,13 0,50 0,50 0,11 0,25

90 Méd 0,45 0,48 0,32 0,30 0,40 0,53 0,38 0,40 0,28 1,05 2,48 1,00 1,75 1,77 2,03 3,07 2,60 1,37 2,00 2,58 2,90 3,25 1,97

D.P 0,13 0,08 0,03 0,00 0,05 0,12 0,08 0,00 0,03 0,05 0,18 0,00 0,05 0,06 0,08 0,16 0,17 0,03 0,05 0,16 0,87 0,46 0,32

180 Méd 0,48 0,40 0,45 0,43 - 0,73 0,52 0,48 0,32 - - - - - - - - - - - - - -

D.P 0,16 0,10 0,09 0,03 - 0,03 0,03 0,23 0,03 - - - - - - - - - - - - - -

Aderências (N/mm2)

28 Méd 0,095 0,032 - 0,022 0,023 0,020 - - - - - 0,002 - - - 0,107 - 0,099 - - -

D.P 0,041 0,020 - 0,017 - 0,031 0,000 0,009 - - - - - 0,000 - - - 0,014 - 0,028 - - -

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Quadro 6.11-Síntese de resultados e respetivos desvios padrão, para as argamassas desenvolvidas nas duas campanhas experimentais (continuação)

Ensaio

Idad

e (

dia

s)

Valor

Argamassas

A1 A2 A3 A4 A5 B1 B2 B3 B4 C1 C2 C3 C4 C5 C6 C7

St St St St St St St St St St H St H St H St H St H St H St H

Coeficiente Capilaridade (Kg/m2.min0,5)

28 Média 0,087 0,051 0,102 0,586 0,18 0,05 0,069 0,227 0,108 0,124 0,12 0,13 0,08 0,195 0,22 0,076 0,258 0,765 0,971 0,981 0,344 0,612 0,244

D.P 0,021 0,025 0,049 0,046 0,06 0,01 0,012 0,18 0,097 0,008 0,004 0,06 0,018 0,012 0,012 0,004 0,065 0,04 0,056 0,039 0,112 0,119 0,024

90 Média 0,067 0,048 0,006 0,103 0,012 0,113 0,073 0,057 0,190 0,036 0,310 0,057 0,252 0,066 0,207 0,122 0,204 0,522 0,503 0,717 0,349 0,138 0,249

D.P 0,009 0,017 0,005 0,023 0,001 0,011 0,023 0,021 0,055 0,008 0,012 0,021 0,086 0,006 0,026 0,037 0,029 0,138 0,035 0,309 0,03 0,009 0,031

Permeabilidade ao Vapor Água

(m)

28 Média 3,18 6,64 5,98 4,24 - - 6,64 5,26 4,89 11,03 - 11,08 - 13,82 - 13,54 - - - - - 10,08 -

D.P 0,20 0,21 0,39 0,74 - - 1,77 0,58 1,82 2,75 - 0,45 - 8,09 - 3,14 - - - - - 3,33 -

90 Média - - - - - - - - - 6,20 - 8,49 - - - 20,66 - 13,27 - 6,15 - 4,45 -

D.P - - - - - - - - - 1,54 - 2,55 - - - 2,99 - 0,00 - 3,47 - 0,35 -

Índice Secagem (-)

28 Média - - - - - - - - - 0,16 - 0,13 - 0,34 - 0,49 - 0,37 - 0,45 - 0,42 -

D.P - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - -

Taxa secagem

28 Média - - - - - - - - - 0,123 - 0,128 - 0,157 - 0,229 - 0,349 - 0,444 - 0,236 -

D.P - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - -

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116

Quanto ao comportamento face à ação da água será dado realce às argamassas que exibam valores de

coeficientes de capilaridade abaixo dos 0.4 kg/m2.min

0.5 permitindo ostentar a classificação de W2, garantindo

assim que a argamassa oferece alguma resistência à entrada da água oriunda do meio ambiente, e a que por

ventura penetrar através da dela evapore o mais rapidamente possível. Este último parâmetro será avaliado

com base nos valores de coeficiente de capilaridade, coeficiente de permeabilidade e índice de secagem.

Apesar do índice de secagem não ser um ensaio preconizado em nenhum dos documentos normativos, para a

classificação das argamassas optou-se por o incluir neste conjunto de características por se considerar uma

propriedade relevante para o comportamento da argamassa, ao longo do seu período de vida útil.

O Quadro 6.12 regista a compilação de todas as classificações das argamassas estudadas, à luz das exigências

definidas pela norma NP EN 998-1:2013 (IPQ,2013) e dos requisitos apresentados por Veiga & Santos (2012).

Os resultados apresentados referem-se a valores obtidos para cada uma das argamassas estudadas. Os campos

preenchidos a verde indicam que os valores apresentados cumprem com os requisitos acima referenciados,

enquanto os preenchidos a vermelho assinalam a não verificação destas características.

Quadro 6.12 - Classificação das argamassas estudadas segundo a norma NP EN 998-1:2013 (IPQ,2013)

PROPRIEDADES

Requisitos MVE RF (MPa) RC(categorias) Aderência (N/mm2)

CC (categorias)

Coef. permeabilidade ao vapor água (μ)

Reação Fogo

Índice Secagem

Nº ciclos Sais

Norma EN 1015-10

EN 1015-11/Veiga & Santos

EN 1015-11/ Veiga & Santos

EN 1015-12/ Veiga & Santos

EN 1015-18/ Veiga & Santos

EN 1015-19 EN 13501-1

Valor médio declarado

V&S [0,20-0,70 MPa]

Norma (CSI-CSIV) V& S (0,40-2,5 MPa)

Norma - Valor declarado, padrão de rutura (FP) V&S [0,1-0,3 MPa; Rotura coesiva]

Norma (W0-W2) V&S ( 1-1,5 Kg/m2.min0,5)

- Valor declarado

A1 1562 0,30 CSI (0,40) 0,095-A W1 (0,087) 3,18 A1 19

A2 1535 0,18 CSI (0,43) 0,032-A W1 (0,051) 6,64 A1 20

A3 1612 0,16 0,37 - W1 (0,102) 5,98 A1 14

A4 1572 0,11 0,30 0,022-A 0,586 - A1 20

A5 1543 0,22 CSI (0,40) - W1 (0,18) - A1 20

B1 1584 0,21 CSI (0,63) W1 (0,05) - A1 12

B2 1587 0,19 CSI (0,50) 0,023-A W1 (0,069) 6,64 A1 11

B3 1668 - 0,020-A W2 (0,227) 5,26 A1 19

B4 1734 - - W1 (0,108) 4,89 A1 19

C1 1610 0,48 CSI (1,35) - W1 (0,124) 11,03 A1 0,16 8

C2 1598 0,37 CSI (1,52) - W1 (0,13) 11,08 A1 0,13 10

C3 1625 0,36 CSI (2,33) 0,002-A W1 (0,195) 13,82 A1 0,34 13

C4 1610,8 0,27 CSI (1,27) - W1 (0,076) 13,54 A1 0,49 10

C5 1549 0,55 CSI (1,65) 0,107-B 0,765 6,15 A1 0,37 15

C6 1595,4 0,68 CSI (2,50) 0,099-B 0,981 4,45 A1 0,45 14

C7 1555,3 0,612 CSII (3,63) - 0,612 10,08 A1 0,42 9

cumpre com os requisitos impostos pela norma de requisitos e bibliografia (Veiga & Santos et al, 2012)

não cumpre com os requisitos impostos pela norma de requisitos e bibliografia (Veiga & Santos et al, 2012)

A análise ao Quadro 6.12 permite verificar que nenhuma das argamassas estudadas nas duas campanhas

experimentais reúne por completo todas as características especificadas pelos documentos normativos e

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bibliográficos. Porém, avaliado o comportamento global das argamassas desenvolvidas constata-se que, do

ponto de vista industrial, as C5 e C6 foram as que reuniram os melhores desempenhos, compilando as

características que melhor se enquadram nas gamas de valores balizados pela documentação de referência.

Excluindo o coeficiente de capilaridade que ostenta valores acima dos 0,4 kg/m2.min

0.5, embora não cumprindo

a classificação W2 permite ser classificado como W0, o que não inviabiliza a sua comercialização, todas as

outras propriedades evidenciam um comportamento benéfico, no que respeita ao desempenho mecânico

(resistências mecânicas e aderências) e físico (coeficiente de permeabilidade, índice de secagem). Comparando

o desempenho destas argamassas com as restantes argamassas desenvolvidas nas duas campanhas

experimentais, constata-se que, relativamente às argamassas desenvolvidas na 1ª série, que concentram a

maioria dos resultados conformes (A1, A5 e B1), as formulações C5 e C6 exibem um desempenho mecânico

(resistências mecânicas e aderência e tipo de rotura) significativamente superior. A mesma tendência é

ostentada se a comparação for executada entre as argamassas preparadas na 2ª campanha experimental,

nomeadamente a argamassa C3, a única que registou resultados para todas as propriedades, dado que as

restantes C1, C2, C4 e C7 não obtiveram valores no ensaio de aderência, por ter ocorrido dano dos provetes a

quando do corte para a preparação do ensaio. Assim, observa-se que relativamente ao coeficiente de

capilaridade e ao índice de secagem esta argamassa demonstra um comportamento mais favorável; contudo,

no que respeita aos valores de aderência a argamassa exibe uma rotura adesiva, com valores de tensões de

aderência muito próximos de zero, o que poderá comprometer a aderência do sistema e, consequentemente a

sua durabilidade.

A classe de reação ao fogo é outra das exigências referenciadas na norma NP EN 998-1:2013 (IPQ,2013); por

observação do Quadro 6.12 verifica-se que todas as argamassas desenvolvidas pertencem à classe de reação ao

fogo A1, de acordo com a norma de especificações EN 13501-1:2007 (CEN 2007), em virtude de apresentarem

constituintes orgânicos inferiores a 1%.

Além do desempenho técnico já avaliado, é importante fazer um estudo em termos de viabilidade económica e

de sustentabilidade.

Qualquer uma destas argamassas (C5 ou C6) poderá ser comercializada em sacos pré-doseados de 30 kg, com

um preço unitário que pode variar entre os 6-7€/embalagem. A principal diferença entre estas duas

composições centra-se na utilização de uma pozolana (metacaulino) na formulação C6, que se traduz em

termos de custo, em mais 2,2%. Este aumento da formulação C6 face à C5 é refletido apenas em termos de

custo de matérias-primas, uma vez que os custos de produção serão semelhantes para ambas as formulações.

Tal como foi referenciado, ao longo de todo este trabalho, a adição da pozolana revelou-se benéfica em termos

técnicos. Porém, os resultados obtidos para a argamassa C5 (sem incorporação metacaulino) mostram ser

perfeitamente satisfatórios, permitindo a sua comercialização com valor ligeiramente mais baixo.

Do ponto de vista de sustentabilidade pode afirmar-se que a argamassa C5 apresenta-se como um produto

com menores valores de energia incorporada, dado que regista menores necessidades de energia empregue no

transporte das matérias – primas que a constituem. Na sua constituição são utilizados ligantes (cal hidráulica

natural NHL3,5 e cal aérea CL90) cujos processos de fabrico são mais conservadores comparativamente com o

cimento e que, pela bibliografia e, no caso da cal aérea, por tradição de uso, apresentam maior

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compatibilidade com os suportes existentes nos edifícios antigos. Assim, pode-se afirmar que esta argamassa

C5 é uma argamassa amiga do ambiente, com pegada de carbono mais reduzida, comparativamente à

argamassa C6.

Cumpre-se, assim, um dos grandes objetivos deste trabalho: contribuir para o desenvolvimento de uma

argamassa industrial para a reabilitação de revestimentos antigos em edifícios correntes, que respeita as

exigências técnicas e funcionais desta tipologia de argamassas, com um preço competitivo.

Assim, comparando a gama de preços apresentada (6-7€/embalagem) com os preços exibidos pela

concorrência, nomeadamente, com os produtos KX 14 (3.99 €/embalagem), KB13 (3.99 €/embalagem) da Fassa

Bartolo e com a ACH (2.47 €/embalagem) da Cimpor, depara-se que a formulação selecionada (C5) apresenta

valores ligeiramente superiores. Especula-se que esta diferença de preço se deve essencialmente à introdução

de pó redispersável na composição C5, que se traduz num comportamento melhorado, em termos de

aderência e permeabilidade.

Quanto aos restantes produtos oferecidos pelas outras empresas concorrentes (ver Quadro 4.1) verifica-se que

este será um produto com forte potencial, dado que, em termos técnicos, apresenta um desempenho

perfeitamente enquadrado com os restantes; com um preço mais competitivo. Cumpre-se, assim, um dos

objetivos deste trabalho: desenvolver uma argamassa para a reabilitação de revestimentos antigos

(nomeadamente edifícios habitacionais), respeitando as exigências técnicas e funcionais desta tipologia de

argamassas, com um preço competitivo.

Assim, este novo produto permitirá à empresa oferecer ao mercado uma solução que vá de encontro às

necessidades atuais, valorizando a sustentabilidade e a sua aptidão para a aplicação em suportes antigos,

revelando um bom binómio qualidade/preço.

6.5 Síntese do capítulo

Este capítulo compilou todos os resultados experimentais referentes às campanhas experimentais

desenvolvidas (1ª e 2ª séries), caracterizando todas as argamassas no estado fresco e endurecido, após o

período de cura (28 e/ou 90 dias) determinado sob condições de cura previamente definidas (cura standard

e/ou húmida).

Numa primeira fase (pontos 6.2 e 6.3) foi feita uma análise dos resultados individuais, tendo em consideração o

tipo de ensaio realizado. Posteriormente (6.4) foi efetuada uma análise e discussão global fazendo uma

abordagem em termos de comportamento e desempenho geral das argamassas face à aplicação pretendida e

custo potencial para colocação do produto no mercado. Assim, este estudo permitiu selecionar a argamassa

com a composição C5, como sendo a argamassa que reúne as características otimizadas, em termos de

desempenho técnico, económico e sustentável.

No capítulo seguinte serão relatadas as principais conclusões atingidas com a realização deste estudo;

apresentam-se também algumas linhas orientativas para possíveis trabalhos futuros.

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119

7 .CONCLUSÕES

7.1 Conclusões Finais

A investigação realizada permitiu refletir sobre o tema das argamassas para a reabilitação de edifícios antigos,

em particular para aplicação em rebocos para revestimentos de parede.

Para dar resposta ao objetivo inicialmente traçado, começou-se por fazer uma análise crítica aos trabalhos

de investigação desenvolvidos neste âmbito, tal como foi discutido no capítulo 3.

A avaliação efetuada aos vários trabalhos de investigação desenvolvidos em Portugal, com cal hidráulica

natural NHL 3,5 e NHL 5, permitiu concluir que, de um modo geral, a utilização destes dois ligantes em

argamassas de substituição/ reabilitação é benéfica, do ponto de vista técnico e de sustentabilidade.

Os vários estudos abordados nesta compilação concluíram que as argamassas de referência (0% de adições em

substituição parcial de constituintes correntes) apresentam características mecânicas que cumprem com os

requisitos definidos pela bibliografia (Santos et al.,2012). Porém, apresentam alguma fragilidade em termos de

comportamento mecânico, ao contrário das argamassas com substituição parcial de NHL 3,5 ou NHL5 por

metacaulino ou até por resíduos cerâmicos, que demonstraram uma melhoria significativa das suas

performances. Contudo, os autores Grilo et al., (2014 a); Valério (2013); Fontes et al., (2012); Antunes (2013);

Carneiro (2012); Faria et al., (2012) concluíram, no que se refere à substituição de NHL (3,5 ou 5) ou cal aérea

por metacaulino, que a adição de metacaulino nem sempre tem um efeito linear, sendo importante aferir

previamente o grau de reatividade do metacaulino utilizado, bem como determinar criteriosamente a

percentagem de substituição, de modo a garantir a correta estequiometria dos compostos intervenientes na

reação pozolânica e a otimizar a formação de compostos hidráulicos. Concluindo que as taxas de substituição

de NHL 3,5 por Mk ou resíduo cerâmico ideias encontram-se entre 5 e 10 %, para argamassas submetidas a

cura standard ou cura inicial com aspersão de água. O mesmo não se verificou com as argamassas formuladas

com a cal NHL 5, conforme discutido ao longo deste trabalho.

Outra das conclusões extraídas refere-se às condições de cura a que as argamassas são sujeitas, salientando-se

que estas têm uma forte influência no seu desempenho final. Assim, verificou-se que a cura húmida é

promissora do desenvolvimento das resistências mecânicas, nomeadamente resistências à compressão,

justificada pelo facto de os elevados teores de humidade serem propiciadores das reações de hidratação.

Relativamente ao comportamento destas argamassas face à presença de água verificou-se que nenhuma das

argamassas abordadas nos estudos reuniu os requisitos definidos na bibliografia (Santos et al., 2012).

Constatou-se que estas características representam um forte potencial de serem melhoradas, recorrendo, por

exemplo, à utilização de adjuvantes hidrófobos.

Quanto às argamassas de cal aérea Matias et al., (2012a, 2012b), Velosa & Veiga, (2003), Almeida et al., (2007)

chegaram a conclusões análogas, constatando que a adição de resíduos oriundos de distintas indústrias, como

a cerâmica de barro vermelho, cinzas de casca de arroz ou argila expandida, proporcionaram uma melhoria

generalizada das argamassas de cal aérea, em termos de comportamento mecânico e físico, comparativamente

às argamassas padrão. Consideram, assim, ser perfeitamente passível o uso destas argamassas no âmbito da

conservação dos revestimentos existentes em edifícios antigos.

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A adição de adjuvantes às argamassas de cal é tema ainda pouco estudado. Os estudos analisados nesta

compilação, nomeadamente os trabalhos desenvolvido por Seabra et al., (2007a;2007b) permitiram concluir

que a adição de adjuvantes modifica o comportamento reológico destas argamassas, como foi apresentado e

analisado no capítulo 3.

Os autores destas investigações Seabra et al., (2007a; 2007b) referem que a adição destes adjuvantes poderá

originar eventuais diminuições nas resistências mecânicas (Rt, Rc), sendo portanto fundamental continuar a

investigação, de modo a compreender com maior detalhe os efeitos associados à sua utilização.

Analisou-se também o que a literatura tem apresentado relativamente à adição de fibras nas argamassas de

reabilitação, tendo os autores (Lucolano et al., 2013; Izaguirre et al., 2011), concluído que adição de fibras

promove um comportamento mais dúctil às argamassas comparativamente à argamassa de referência (sem

fibras).

Posteriormente, à análise dos trabalhos de investigação sobre as argamassas de reabilitação procedeu-se a um

estudo de mercado, com intuito de verificar quais as tipologias de argamassas atualmente comercializadas em

Portugal.

Concluiu-se que existem algumas divergências relativamente ao tipo de produtos preconizados para a

aplicação de rebocos de substituição (classe e custos) para edifícios antigos. Verificou-se também que os

fabricantes produzem e disponibilizam no mercado argamassas de substituição dos tipos GP e R, de acordo

com a NP EN 998-1:2013 (IPQ, 2013), para a renovação/substituição de revestimentos antigos. Não ficam

perfeitamente claras as verdadeiras diferenças entre estas duas classes de argamassas, uma vez que as

argamassas R (de renovação), mais dispendiosas, são específicas para aplicações em suportes com problemas

de humidade, embora esse não seja sempre o caso que ocorre em edifícios antigos.

No que respeita ao custo final do produto, verificou-se existir grandes divergências de preços; existem

produtos preconizados para o mesmo tipo de aplicação, com preços que variam entre 2,10€/embalagem até

23,10€/embalagem, o que origina ambiguidades na hora de selecionar o produto a utilizar.

Este levantamento permitiu aferir, também, que a indústria das argamassas já começa a registar uma

preocupação crescente em disponibilizar argamassas mais sustentáveis. Especificamente com a utilização de

matérias-primas fabricadas de preferência em Portugal, através de processos produtivos mais sustentáveis,

apresentando já algumas soluções de revestimento com argamassas de cais hidráulicas naturais (NHL 5 e NHL

3,5) perfeitamente enquadradas neste âmbito.

Assim, concluiu-se ser fundamental que o mercado ofereça argamassas que sejam compatíveis em termos

mecânicos, físicos e químicos, com os suportes encontrados nos edifícios antigos, mas a preços competitivos,

que possibilitem a sua aplicação mesmo em edifícios correntes. Neste sentido procedeu-se ao

desenvolvimento do trabalho experimental apresentado e discutido nos capítulos 5 e 6.

As duas campanhas experimentais desenvolvidas permitiram retirar as seguintes conclusões:

- As argamassas da 1ª série experimental baseada em NHL3,5 apresentaram melhores desempenhos

comparativamente com as argamassas desenvolvidas com NHL5, nomeadamente no que respeita à

trabalhabilidade, aplicação e comportamento mecânico. Contudo, verificou-se ser necessário melhorar

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algumas características, em particular as resistências mecânicas e aderências, levando ao desenvolvimento da

2ª série experimental, com o objetivo de colmatar estas fragilidades.

- A caracterização das argamassas no estado fresco foi avaliada tendo por base a massa volúmica no estado

fresco e trabalhabilidade das argamassas, obtendo valores de espalhamento entre 140-160 mm, indo de

encontro ao valores apresentados tanto para as argamassas tradicionais, espalhamentos de 150 ±10 mm,

como pela norma EN 1015-3:1999 (CEN,1999), mesmo com menores relações a/L. Esta monitorização permitiu

concluir que as argamassas de cal hidráulica natural (NHL 5 e NHL 3,5) e cal aérea (1ª série) apresentam

maiores relações água/ligante, comparativamente com as da 2ª série, passando de valores de 0,80-0,90 (1ª

série) para valores de 0,60-0,68 (2ª série). A substituição de cal hidráulica natural por cal aérea hidratada CL,

independentemente da classe de cal hidráulica natural utilizada, NHL5 ou NHL3,5, foi acompanhada por um

aumento da quantidade de água, que é traduzido no aumento da relação água/ligante.

- A adição de pó redispersável (resina em pó) e a substituição de NHL 3,5 por Mk praticamente não

modificaram nem a relação água/ligante, nem a massa volúmica no estado fresco, registando valores dentro da

mesma ordem de grandeza (água/ligante de 0,67 e massa volúmica valores entre 1729,70 e 1950,74 kg/m3).

- Nas duas campanhas experimentais foram realizados ensaios de caracterização no estado endurecido, de

acordo com as normas de especificações indicadas, em duas idades de ensaio (28 e 90 dias); os provetes da 1ª

série foram ainda submetidos a 180 dias de maturação sob condições preconizadas para a cura standard;

enquanto a 2ª série foi sujeita a dois tipos de cura: standard (a 65% de HR, após 7 dias iniciais envolto em filme

de polietileno, de acordo com a EN 1015-11) e húmida, a 95 de HR.

Relativamente às condições de cura utilizadas concluiu-se que as condições de cura preconizadas pela

norma EN 1015-11:1999 (cura standard), não são as mais benéficas, uma vez que não conferem condições

essenciais para o desenvolvimento de uma microestrutura coesa e resistente, resultando argamassas com

baixos valores de resistências mecânicas, que apesar de satisfatórias, de acordo os requisitos definidos

pela NP EN 998-1:2013 (IPQ,2013), apresentam fragilidade. A 2ª série experimental aferiu que a cura

húmida é muito mais promissora que a cura standard. Os resultados obtidos para estas argamassas submetidas

à cura húmida permitiram concluir que as condições de cura com teores elevados de humidade favoreceram os

desempenhos mecânicos (Rt e Rc) das argamassas, sendo visível esta melhoria em todas as formulações (C1-

C7) e idades (28 e 90 dias). Destaca-se, mais uma vez, que a cura húmida favorece a evolução das reações

pozolânica, de hidratação e carbonatação, o que torna este tipo de cura ideal também para as argamassas

industriais à base de NHL3,5 e CL.

A substituição parcial de cal hidráulica natural (NHL5 e NHL3,5) por cal aérea hidratada (CL) não mostrou

ser benéfica em termos de comportamento mecânico, em nenhuma das idades estudadas (28, 90 e 180

dias). Destaca-se que o aumento na taxa de substituição mássica de NHL 5 e NHL 3,5 por cal aérea é

acompanhado por uma tendência decrescente de resistências mecânicas, obtendo-se argamassas com

fraco desempenho do ponto de vista mecânico e físico. Pode-se afirmar que desta reação não resultam

compostos hidráulicos significativamente promotores de melhorias no comportamento mecânico nem

físico. Revelando, assim, que o ligante hidráulico é o verdadeiro responsável pelo comportamento

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mecânico das argamassas e em parte pela ligação mecânica da argamassa ao suporte (alvenaria de tijolo

poroso).

Era expectável que as formulações com maiores concentrações de cal aérea (25% cal hidráulica natural:

75 % de cal aérea) registassem uma evolução com tendência crescente de resistências mecânicas, para

idades mais longas. Assim, era esperado que as argamassas A4 (25%NHL5_75%CL) e B4

(25%NHL3,5_75%CL) alcançassem valores de Rc aos 180 dias próximos dos resultados obtidos com a

argamassa A5 (100%CL)), por acreditar que a evolução das reações de carbonatação se desenvolvesse com

a maturação das argamassas. Porém, não foi observado este progresso, constatando que estas registaram

os resultados mais baixos de resistências mecânicas (Rt e Rc), não sendo adequadas para a aplicação em

causa.

Do ponto vista de comportamento mecânico (28, 90 e 90 dias) conclui-se que a generalidade das

composições estudadas na 1ª série (NHL5, NHL3,5 e CL) apresenta valores relativamente baixos, porém

satisfatórios no âmbito dos requisitos definidos pela classe CSI na NP EN 998-1:2013 (IPQ,2013). De um

modo geral, as argamassas constituídas por NHL3,5 (1ª Série, B1 (100%NHL3,5)) registaram melhores

valores de resistências mecânicas (Rt e Rc) em todas as idades (28, 90 e 180 dias). Desta série realça-se o

desempenho das composições A1 (100%NHL 5), A5 (100%CL), B1 (100%NHL3,5) e B2 (75%NHl 3,5_25%CL)

por registarem valores de Rt e Rc que se encontram dentro dos intervalos definidos como adequados para

este tipo de argamassas de substituição. Contudo, dada a fragilidade evidenciada por estas argamassas,

optou-se por continuar o desenvolvimento experimental e não selecionar especificamente nenhuma

destas argamassas.

Na 2ª série experimental ficou claro que o aumento da concentração da NHL3,5 foi vantajoso, tendo em

conta que originou um incremento evidente das resistências mecânicas (Rt, Rc). Assim, ao comparar os

valores obtidos pelas argamassas C1 (100%NHL 3,5) (2ª série) com os registados por B1 (100%NHL3,5)) (1º

série), considerando as mesmas idades e a mesma condição de cura (St), verifica-se, tal como esperado, o

aumento da concentração da NHL3,5 e a substituição parcial do agregado por um de granulometria mais

fina foram promissores no desenvolvimento das resistências mecânicas; com efeito, B1 obteve Rt=0,21

MPa e Rc=0,63 MPa, enquanto C1 registou Rt=0,48 MPa e Rc=1,35 MPa. Conclui-se, portanto, que a

utilização de uma areia mais fina e aumento da concentração de compostos hidráulicos, oriundos da cal

NHL3,5 resulta num acréscimo de compostos hidratados (CSH), silicatos de cálcio hidratados e stralingite

que são os responsáveis pelo aumento das resistências mecânicas. (Gameiro et al., (2014))

A substituição parcial de NHL3,5 por metacaulino revelou ser um potencial de incremento das resistências

mecânicas, em especial as resistências à compressão, em ambas as idades (28 e 90 dias) e condições de

cura, o que se revelou evidente através dos resultados exibidos pelas formulações C1 (100%NHL3.5) e C2

(90%NHL 3,5_10%CL) comparativamente C3 (86.5%NHL3,5_9%CL_4.5%Mk) e C4

(82%NHL3.5_9%CL_9%Mk). Para otimizar as reações entre a cal hidráulica natural e o metacaulino

conclui-se ser fundamental a presença de cal hidratada (CL), necessária para o desenvolvimento da reação

pozolânica.

Relativamente aos resultados de aderência verifica-se que estes são baixos, para todas as argamassas

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estudadas. Todavia, salienta-se que estes resultados poderão não reproduzir fielmente as características

reais das argamassas, uma vez que o método e o tipo de suporte utilizados, para a determinação dos

mesmos poderão não ser os mais adequados.

A adição de um pó redispersável às argamassas da 2ª série de ensaios (C5-C7) contribuiu positivamente

para o crescimento das tensões de aderência e alterou do tipo de rotura, dando origem a arrancamentos

com rotura coesiva, que de acordo EN 1015-12: 2000 (CEN,2000) correspondem à tipologia de rotura

adequada, por representar verdadeiramente a resistência à tração da argamassa. Assim, a incorporação

deste adjuvante revelou ser uma melhoria significativa desta propriedade. Os resultados obtidos para

estas argamassas foram superiores às restantes formulações, registando C5 (0,107 MPa – rotura do tipo

B) e a argamassa C6 (0,099 MPa – também com rotura do tipo B), cumprindo em pleno os requisitos

definidos como adequados para a aplicação prevista.

O conhecimento do comportamento das argamassas face à presença de água é fundamental para

caracterização das argamassas de reboco aplicadas no exterior. Para avaliar esse comportamento

estudaram-se na absorção de água, o parâmetro coeficiente de capilaridade CC, e na secagem, o índice de

secagem IS e a taxa de secagem TS, e ainda o coeficiente de permeabilidade ao vapor de água. De uma

maneira geral conclui-se que todas as composições da 1ª série experimental reúnem valores de CC (28 e

90 dias) e coeficientes de permeabilidade ao vapor que satisfazem perfeitamente as exigências definidas

na bibliografia, evidenciando o seu bom desempenho e, consequentemente, a adequabilidade para

aplicação no exterior. Comportamento contrário foi registado pelas argamassas da 2ª série. Ficou aqui

demonstrado que as alterações de formulações efetuadas na 2ª série experimental, em particular a

substituição parcial de NHL3,5 por Mk, utilização de agregados com granulometria mais fina e a

incorporação do pó de resina redispersável originaram uma tendência crescente de CC; as argamassas C5-

C6 exibem mesmo valores superiores ao limite preconizado pela norma de especificações NP EN 998-

1:2013 (IPQ,2013), porém dentro dos intervalos referenciados por Santos et al., (2012) e inferiores aos

valores exibidos pelas argamassas estudadas nos trabalhos de investigação analisados. A justificação para

estes resultados advém da utilização de agentes hidrófobos, que demonstrou resultar numa melhoria do

desempenho final destas argamassas.

No que respeita à evolução do comportamento destas argamassas face à ação da água (CC), com a idade

(28 para os 90 dias), e tipo de cura observou-se que a maioria das argamassas evolui positivamente,

registando uma tendência decrescente de valores de CC, com o aumento do período de cura.

Relativamente à influência do tipo de cura no coeficiente de capilaridade, os resultados demonstraram

não existir uma tendência linear. Para algumas das argamassas e idade (C1, C2, C6, C7 com idade de 28

dias), a cura húmida revelou ser a que reúne as condições mais favoráveis, enquanto os restantes

argamassas (C3, C4, C5 com idades de 28 dias) não registaram a mesma tendência.

A avaliação do coeficiente de permeabilidade foi também alvo de estudo nas duas séries experimentais,

tendo-se verificado que as argamassas C (2ª série) apresentam valores de µ superiores, ou seja, surgem

como produtos menos permeáveis. Porém, cumprem com os requisitos definidos para as argamassas

antigas (µ<15). O estudo permitiu aferir, ainda, que o coeficiente de permeabilidade diminui com o

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aumento da percentagem de substituição de cal hidráulica natural (NHL5 e NHL3,5) por cal aérea. Quanto

à evolução do coeficiente de permeabilidade com a idade, dos 28 para 90 dias, observa-se um claro

movimento descendente dos valores de µ, com o progredir da idade de maturação, deixando

perfeitamente claro que a microestrutura das argamassas não estaria completamente definida aos 28

dias. Ficou também esclarecido que não existe nenhuma relação intrínseca entre o coeficiente de

permeabilidade ao vapor e o coeficiente de capilaridade.

Outra propriedade estudada no âmbito do comportamento das argamassas face à ação da água foi o

índice de secagem, concluindo-se que as argamassas mais permeáveis são também as que registam as

menores curvas de absorção de água, nomeadamente C1, C2 e C3. Conclui-se também que a adição de

metacaulino e/ou o incremento na taxa de substituição de NHL 3,5 por Mk e adição de resina promovem

um acréscimo no índice de secagem e no coeficiente de permeabilidade, tornando estas menos

permeáveis e com processo de secagem mais lento.

O ensaio de resistência aos sais de sulfato permitiu observar tendências entre argamassas. Assim,

observou-se que a maioria das argamassas da 1ª série alcançou o patamar dos 20 ciclos de imersão e

secagem, com alguma integridade, enquanto a 2ª série registou integridade apenas durante 15 ciclos.

Conclui-se, portanto, que a constituição das argamassas tem um papel fundamental na sua resistência ao

ataque por sais de sulfato, nomeadamente a concentração de ligante. Assim, verificou-se que as

argamassas mais ricas em ligante hidráulico (A1-100% NHL 5; B1-100%NHL3,5 e B2 – 75% NHL3,5:25%CL)

foram as que registaram a maior taxa de degradação comparativamente com as restantes argamassas

estudadas primeira campanha.

Conclui-se existir uma correlação entre o comportamento mecânico das argamassas e sua capacidade em

resistir à presença de sais. Ficando claro que argamassas que revelam comportamentos mecânicos mais rígidos

(com maiores valores de resistências mecânicas) são promitentes de menores durabilidades, no que se refere à

sua resistência ao ataque por sais de sulfato. Neste estudo, as argamassas com os menores valores de

resistências mecânicas (maioria das argamassas A - A1, A2, A4, A5 - e algumas B - B3 e B4) foram também as

que registam os melhores desempenhos, relativamente à sua capacidade de resistir a meios agressivos.

Enquanto as argamassas da 2ª campanha experimental registam perdas de massa muito inferiores, em valor

absoluto, em particular as argamassas C1, C2, C4 e C7, contudo, resistiram a um menor número de ciclos,

comparativamente com as restantes. Conclui-se, portanto, que as pequenas modificações ao nível da

composição das argamassas refletiram-se em comportamentos distintos e, consequentemente, em diferentes

durabilidades.

A análise global aos resultados obtidos permitiu verificar que nenhuma das argamassas estudadas nas duas

campanhas experimentais reúne, por completo, as características especificadas pelos documentos normativos

e bibliográficos. Porém, constatou-se que do ponto de vista industrial, as formulações C5 e C6 foram as que

reuniram os melhores desempenhos, compilando as características que melhor se enquadram nas gamas de

valores balizados pela documentação de referência, indo de encontro aos requisitos inicialmente previstos, GP

CSI W2. A único incumprimento foi o CC que ostenta valores acima dos 0,4 kg/m2.min

0.5; todas as outras

propriedades evidenciam um comportamento perfeitamente satisfatório, no que respeita ao desempenho

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mecânico (resistências mecânicas e aderência) e físico (coeficiente de permeabilidade, índice de secagem). Do

ponto de vista técnico podem selecionar-se as argamassas C5 e C6 como formulações base para o início do

estudo de industrialização.

Além da avaliação ao desempenho técnico das argamassas, foram também estudadas a viabilidade económica

e alguns parâmetros relacionados com sustentabilidade. Concluiu-se que qualquer uma destas argamassas (C5

ou C6) poderá ser comercializada em sacos pré-doseados de 30 kg, com um preço unitário que pode variar

entre os 6-7€/embalagem, preço que se enquadra numa gama de preços perfeitamente aceitável,

representado um excelente binómio qualidade/preço. Os parâmetros de sustentabilidade considerados nesta

análise foram a utilização de matérias-primas obtidas através de processos de produção mais conservadores,

associados a menores custo de transporte. Assim, a principal diferença entre as formulações C5 e C6 foi a

adição da pozolana (Mk) (C6), oriunda da Índia, que se revelou vantajosa em termos técnicos. Porém, os

resultados exibidos pela argamassa C5 (sem incorporação de metacaulino) mostram ser perfeitamente

satisfatórios, obtendo uma formulação com custos ligeiramente inferiores aos exibidos pela argamassa C6, o

que permite a sua comercialização com valor ligeiramente inferior.

Do ponto de vista de sustentabilidade pode afirmar-se, ainda, que a argamassa C5 apresenta-se como um

produto com menores valores de energia incorporada. Assim, pode-se declarar que a formulação da argamassa

C5 é amiga do ambiente, com pegada de carbono mais reduzida, comparativamente à argamassa C6. Cumpre-

-se, assim, um dos grandes objetivos deste trabalho: contribuir para o desenvolvimento de uma argamassa

industrial para a reabilitação de revestimentos antigos em edifícios correntes, que respeita as exigências

técnicas e funcionais desta tipologia de argamassas, com um preço competitivo.

Pretende-se que este novo produto possa vir a oferecer ao mercado uma solução que vá de encontro às

necessidades atuais, valorizando a sustentabilidade e a sua aptidão para a aplicação em suportes antigos,

revelando um excelente binómio qualidade/preço.

7.2 Trabalhos futuros

Em trabalhos futuros seria pertinente estudar alternativas de melhoria a estas formulações, de forma a

conseguir alcançar o requisito de CC ≤ 0,4 kg/m2.min

0.5. Nomeadamente seria interessante estudar a adição de

novas concentrações de adjuvantes hidrófobos, a restruturação da estrutura interna da argamassa com recurso

à utilização de novos agregados com uma curva granulométrica mais favorável.

Seria também interessante estudar a influência da introdução de outra pozolana alternativa ao metacaulino

utilizado, de preferência produzida em Portugal, logo mais económica, igualmente eficiente e, se possível ainda

mais ecológica. Uma hipótese seria estudar a incorporação de uma pozolana proveniente de resíduos

industriais com forte potencial para poder ser comercializada, não esquecendo que para isso terá que estar

perfeitamente caracterizada, com a respetiva implementação da marcação CE e adaptada ao processo

produtivo da indústria das argamassas, em particular ser um produto seco e com granulometrias adaptadas às

argamassas. Algumas hipóteses poderão ser metacaulino produzido a partir de caulino de lavagem de areias ou

pó da indústria cerâmica.

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Seria também importante estudar a influência dos vários tipos de suporte, nomeadamente em termos de

tensão de aderência. Para tal seria fundamental aplicar a argamassa sobre suportes que representem mais

fielmente a realidade dos suportes existentes em Portugal. Neste contexto, elaborar um catálogo, o mais

completo possível, dos vários tipos de suporte existentes em Portugal completado com uma caracterização

exaustiva destes, de forma a facilitar a definição de requisitos a impor às argamassas de substituição.

Finalmente seria muito importante realizar um estudo sobre aplicação de argamassas sobre suportes

contaminados, por exemplo com sais de sulfato, que permitisse definir uma correlação entre o ensaio de

resistência aos sais e o contexto real.

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136

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137

Anexo I

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138

Anexo II

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139

Anexo III

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140

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141

ANEXO IV

Quadro IV.1 - Valores de Massa volúmica Endurecida (I série) _ 28 dias_ Cura Standard

Provete Cura Massa seca,

ms,dry (g)

Massa saturada, ms,sat (g)

Massa saturada,

ms,i (g)

Densidade (kg/m

3)

Média Desvio Padrão

A1 28 D_S

410,86 431,06 174,22 1599,67

1561,95 76,45 367,49 382,15 132,83 1473,97

398,41 411,92 164,8 1612,21

A2 28 D_S

365,38 385,83 145,53 1520,52

1533,75 34,04 378,83 402,45 151,29 1508,32

400,45 422,47 167,8 1572,43

A3 28 D_S

392,83 411,83 167,93 1610,62

1611,81 1,10 385,74 405,7 166,41 1612,02

388,68 404,15 163,15 1612,78

A4 28 D_S

392,59 435,31 185,28 1570,17

1572,38 4,08 391,37 432,59 184,43 1577,09

383,54 427,91 183,6 1569,89

A5 28 D_S

372,55 402,99 161,75 1544,31

1542,55 2,31 356,37 391,83 160,93 1543,40

375,36 409,88 166,13 1539,94

B1 28 D_S

386,21 400,81 152,37 1554,54

1584,40 29,28 403,74 419,61 164,98 1585,59

364,02 377,75 152,08 1613,06

B2 28 D_S

380,94 393 149,68 1565,59

1587,23 27,46 388,34 403,76 157,66 1577,98

411,81 430,58 176,08 1618,11

B3 28 D_S

405,77 414,08 170,36 1664,90

1668,03 4,23 414,97 427,76 178,73 1666,35

405,28 412,05 169,78 1672,84

B4 28 D_S

401,91 420,88 192,34 1758,60

1734,82 28,79 402,87 428,64 192,05 1702,82

402,21 422,19 191,44 1743,06

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142

Quadro IV.2-Valores de massa volúmica endurecida (II série)_ 28, 90 dias cura standard e húmida

Provete Cura Massa seca,

ms,dry (g) Massa saturada,

ms,sat (g) Massa saturada,

ms,i (g) Densidade

(kg/m3)

Média Desvio Padrão

C1 28 D_H

409,69 428,94 177,83 1631,52

1626,67 11,17 414,89 434,56 177,06 1611,22

422,45 441,16 183,14 1637,28

C2 28 D_H

399,61 417,48 167,47 1598,38

1614,40 14,02 408,91 425,18 173,45 1624,40

405,69 419,21 168,85 1620,43

C3 28 D_H

421,38 451,51 199,25 1670,42

1662,10 16,35 419,41 447,98 197,23 1672,62

405,54 432,84 186,05 1643,26

C4 28 D_H

414,7 455,1 202,16 1639,52

1637,86 12,81 403,54 443,19 194,75 1624,30

409,65 450,71 202,4 1649,75

C5 28 D_H

399,82 461,81 202,83 1543,83

1564,83 29,60 399,34 465,22 207,91 1551,98

411,9 477,88 220,23 1598,68

C6 28 D_H

422,6 468,11 211,53 1647,05

1617,10 25,97 405,63 463,37 209,97 1600,75

403,73 458,76 206,98 1603,50

C7 28 D_H

403,41 447,41 191,02 1573,42

1574,84 1,41 411,18 454,04 193,18 1576,25

- - - -

C1 90 D_S

428,14 435,09 180,06 1678,78

1684,67 6,85 435,62 443,85 186,42 1692,19

426,11 432,99 179,81 1683,03

C2 90 D_S

404,07 409,97 161,82 1628,33

1629,21 1,93 395,56 401,51 158,52 1627,89

400,63 405,94 160,37 1631,43

C3 90 D_S

411,63 419,4 172,3 1665,84

1674,16 11,77 417,98 426,41 177,98 1682,49

- - - -

C4 90 D_S

420,62 431,04 184,36 1705,12

1701,19 13,07 431,69 446,77 194,59 1711,83

435,38 449,59 191,45 1686,60

C5 90 D_S

387,32 419,63 179,92 1615,79

1581,25 30,62 389,7 438,9 188,68 1557,43

402,53 448,07 191,77 1570,54

C6 90 D_S

399,43 446,7 192,86 1573,55

1554,57 39,54 414,69 466,95 192,16 1509,12

395,42 444,6 194,5 1581,05

C7 90 D_S

390,89 414,79 163,24 1553,93

1580,06 53,75 387,62 421,99 171 1544,36

422,11 461,57 204,48 1641,88

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143

Quadro IV.2-Valores de massa volúmica endurecida (II série) 28, 90 dias_ cura standard e húmida (continuação)

Provete Cura Massa seca,

ms,dry (g) Massa saturada,

ms,sat (g) Massa saturada,

ms,i (g) Densidade

(kg/m3)

Média Desvio Padrão

C1 90 D_H

415,27 453,42 209,35 1701,44

1692,57 7,87 416,58 451,93 206,01 1693,97

419,35 455,21 205,94 1682,31

C2 90 D_H

417,82 444,38 201,56 1720,70

1711,62 31,34 425,31 455,6 211,82 1744,65

426,96 457,98 202,24 1669,51

C3 90 D_H

435,53 462,38 209,79 1724,26

1715,45 6,23 435,13 458,45 204,19 1711,36

425,72 454,77 205,92 1710,75

C4 90 D_H

414,01 456,58 209,96 1678,74

1695,02 11,64 411,74 452,43 210,97 1705,21

413,51 455,06 211,98 1701,13

C5 90 D_H

409,06 461,31 206,08 1602,71

1614,56 24,95 397,64 444,56 203,46 1649,27

405,79 456,07 201,13 1591,71

C6 90 D_H 420,4 476,96 224,5 1665,21

1653,55 11,66 409,24 458,87 209,62 1641,89

C7 90 D_H

411,63 449,7 197,82 1634,23

1647,67 13,92 425,78 455,57 200,13 1666,85

423,45 460,15 202,25 1641,92

Page 157: ARGAMASSA INDUSTRIAL PARA A REABILITAÇÃO DE … · CL- Cal Aérea, produzida pela empresa Lusical, classificada como H100 Mk – Metacaulino Metacem produzido pela Micron. T- resíduos

144

Quadro IV.3- Valores de Resistência Compressão (I série experimental) 28, 90 dias

Provete Cura Rc (N/mm2) Média Desvio Padrão

A1 28 D_St

0,55

0,40 0,13 0,3

0,35

A2 28 D_St

0,30

0,43 0,12 0,50

0,50

A3 28 D_St

0,40

0,37 0,03 0,35

0,35

A4 28 D_St

0,30

0,30 0,00 0,30

0,30

A5 28 D_St

0,40

0,38 0,03 0,35

0,40

B1 28 D_St

0,65

0,63 0,18 0,45

0,80

B2 28 D_St

0,45

0,50 0,05 0,55

0,50

A1 90 D_St

0,4

0,45 0,13 0,6

0,35

A2 90D_St

0,55

0,48 0,08 0,5

0,4

A3 90 D_St

0,35

0,32 0,03 0,3

0,3

A4 90 D_St

0,3

0,30 0,00 0,3

0,3

A5 90 D_St

0,45

0,40 0,05 0,4

0,35

B1 90D_St

0,4

0,53 0,12 0,6

0,6

B2 90 D_St

0,4

0,38 0,08 0,45

0,3

Page 158: ARGAMASSA INDUSTRIAL PARA A REABILITAÇÃO DE … · CL- Cal Aérea, produzida pela empresa Lusical, classificada como H100 Mk – Metacaulino Metacem produzido pela Micron. T- resíduos

145

Quadro IV.3- Valores de Resistências Compressão (I série experimental) 28, 90 dias (cont.)

Provete Cura Rc (N/mm2) Média Desvio Padrão

B3 90 D_St

0,4

0,40 0,00 0,4

0,4

B4 90 D_St

0,25

0,28 0,03 0,3

0,3

A1 180D_St

0,3

0,48 0,16 0,55

0,6

A2 180D_St

0,4

0,40 0,10 0,3

0,5

A3 180_St

0,5

0,45 0,09 0,5

0,35

A4 180_St

0,45

0,43 0,03 0,4

0,45

A5 180_St

0,75

0,73 0,03 0,75

0,7

B1 180_St

0,8

0,73 0,21 0,9

0,5

B2 180_St

0,6

0,50 0,17 0,6

0,3

B3 180_St

0,5

0,52 0,03 0,5

0,55

B4 180_St

0,35

0,32 0,03 0,3

0,3

C1 28 D_St

1,4

1,35 0,05 1,3

1,35

C2 28 D_St

1,9

2,23 0,31 2,3

2,5

C3 28 D_St

2,2

2,33 0,15 2,5

2,3

Page 159: ARGAMASSA INDUSTRIAL PARA A REABILITAÇÃO DE … · CL- Cal Aérea, produzida pela empresa Lusical, classificada como H100 Mk – Metacaulino Metacem produzido pela Micron. T- resíduos

146

Quadro IV.3- Valores de Resistência Compressão (I série experimental) 28, 90 dias (cont.)

Provete Cura Rc (N/mm2) Média Desvio Padrão

C4 28 D_St

1,3

1,27 0,06 1,2

1,3

C5 28 D_St

1,65

1,65 0,05 1,6

1,7

C6 28 D_St

3

2,50 0,50 2,5

2

C7 28 D_St

3,55

3,63 0,11 3,7

-

C1 28 D_H

1,5

1,52 0,03 1,5

1,55

C2 28 D_H

1,55

1,55 0,05 1,5

1,6

C3 28 D_St

2,4

2,37 0,06 2,4

2,3

C4 28 D_H

2,45

2,55 0,09 2,6

2,6

C5 28 D_H

1,55

1,57 0,13 1,45

1,7

C6 28 D_H

3,15

3,33 0,50 2,95

3,9

C7 28 D_H

3,65

3,65 0,25 3,4

3,9

C1 90 D_St

1,1

1,05 0,05 1,05

1

C2 90 D_St

1

1,00 0,00 1

1

C3 90 D_St

1,7

1,77 0,06 1,8

1,8

Page 160: ARGAMASSA INDUSTRIAL PARA A REABILITAÇÃO DE … · CL- Cal Aérea, produzida pela empresa Lusical, classificada como H100 Mk – Metacaulino Metacem produzido pela Micron. T- resíduos

147

Quadro IV.3- Valores de Resistência Compressão (I série experimental) 28, 90 dias (cont.)

Provete Cura Rc (N/mm2) Média Desvio Padrão

C4 90 D_St

3,25

3,07 0,16 2,95

3

C5 90 D_St

1,4

1,37 0,03 1,35

1,35

C6 90 D_St

2,4

2,58 0,16 2,65

2,7

C7 90 D_St

2,75

3,25 0,46 3,65

3,35

C1 90 D_H

2,5

2,48 0,18 2,65

2,3

C2 90 D_H

1,75

1,75 0,05 1,7

1,8

C3 90 D_H

2,1

2,03 0,08 1,95

2,05

C4 90 D_H

2,4

2,60 0,17 2,7

2,7

C5 90 D_H

2

2,00 0,05 1,95

2,05

C6 90 D_H

3,9

2,90 0,87 2,5

2,3

C7 90 D_H

2,2

1,97 0,32 1,6

2,1

Page 161: ARGAMASSA INDUSTRIAL PARA A REABILITAÇÃO DE … · CL- Cal Aérea, produzida pela empresa Lusical, classificada como H100 Mk – Metacaulino Metacem produzido pela Micron. T- resíduos

148

Quadro IV.4 - Valores de Coeficiente de Capilaridade (I e II série experimental) 28, 90 dias; Curas st, H

Provete Cura m10 (1) -

Massa 10 min (g)

m90 (1) - Massa 90 min (g)

C-Capilaridade (kg/m

2xmin

0,5)

Média Desvio Padrão

A1 28 D_St

368,41 369,24 0,083

0,087 0,022 421,99 423,1 0,111

355,19 355,87 0,068

A2 28 D_St

380,32 381,09 0,077

0,049 0,025 379,73 380,03 0,03

385,16 385,56 0,04

A3 28 D_St

395,29 396,88 0,159

0,103 0,049 390,34 391,03 0,069

322,71 323,51 0,08

A4 28 D_St

402,67 408,27 0,56

0,586 0,047 406,56 412,14 0,558

391,45 397,85 0,64

A5 28 D_St

379,26 380,64 0,138

0,181 0,059 382,62 385,1 0,248

392,81 394,38 0,157

B1 28 D_St

366,65 366,97 0,032

0,048 0,014 384,61 385,14 0,053

369,21 369,79 0,058

B2 28 D_St

394,08 394,83 0,075

0,069 0,012 418,85 419,4 0,055

369,1 369,87 0,077

B3 28 D_St

423,25 427,23 0,398

0,227 0,180 425,71 428,15 0,244

410,58 410,97 0,039

B4 28 D_st

374,12 374,98 0,086

0,108 0,092 394,02 396,11 0,209

397,57 397,86 0,029

A1 90 D_St

413,65 414,28 0,063

0,067 0,009 301,13 301,74 0,061

381,05 381,82 0,077

A2 90D_St

373,54 374 0,046

0,048 0,017 371,84 372,16 0,032

375,28 375,94 0,066

A3 90 D_St

398,72 398,84 0,012

0,007 0,009 394,86 394,82 -0,004

398,86 398,98 0,012

A4 90D_St

405,85 406,8 0,095

0,103 0,023 385,88 387,17 0,129

382,1 382,94 0,084

A5 90 D_St

397,23 397,32 0,009

0,012 0,008 395,7 395,91 0,021

395,37 395,42 0,005

Page 162: ARGAMASSA INDUSTRIAL PARA A REABILITAÇÃO DE … · CL- Cal Aérea, produzida pela empresa Lusical, classificada como H100 Mk – Metacaulino Metacem produzido pela Micron. T- resíduos

149

Quadro IV.4 - Valores de Coeficiente de Capilaridade (I e II série experimental) 28, 90 dias; Curas St, H ( cont.)

Provete Cura m10 (1) - Massa

10 min (g) m90 (1) - Massa

90 min (g) C-Capilaridade (kg/m

2xmin

0,5)

Média Desvio Padrão

B1 90 D_St

384,48 385,5 0,102

0,113 0,011 397,55 398,79 0,124

401,99 403,13 0,114

B2 90 D_St

384,76 385,24 0,048

0,073 0,023 414,89 415,83 0,094

386,12 386,89 0,077

B3 90 D_H

404,19 404,66 0,047

0,058 0,021 403,99 404,43 0,044

434,22 435,04 0,082

B4 90 D_H

407,4 409 0,16

0,190 0,056 410,37 411,92 0,155

377,64 380,18 0,254

C1 28 D_St

403,65 404,79 0,114

0,124 0,009 423,83 425,1 0,127

424,62 425,92 0,13

C2 28 D_St

434,29 436,21 0,192

0,130 0,060 434,72 435,44 0,072

435,81 437,08 0,127

C3 28 D_St

431,72 433,59 0,187

0,195 0,012 438,64 440,68 0,204

- - -

C4 28 D_St

419,66 420,44 0,078

0,076 0,004 422,27 423 0,073

C5 28 D_St

420,46 428,4 0,794

0,765 0,040 414,13 421,5 0,737

- - -

C6 28 D_St

423,56 433,41 0,985

0,981 0,039 405,63 415,04 0,941

434,52 444,7 1,018

C7 28 D_St

406,34 411,62 0,528

0,612 0,119 418,28 425,24 0,696

- - -

C1 28 D_H

424,27 425,43 0,116

0,120 0,004 413,86 415,08 0,122

426,31 427,54 0,123

C2 28 D_H

402,98 403,69 0,071

0,088 0,018 419,68 420,75 0,107

411,94 412,8 0,086

C3 28 D_St

430,08 432,15 0,207

0,220 0,012 432,55 434,86 0,231

441,08 443,29 0,221

Page 163: ARGAMASSA INDUSTRIAL PARA A REABILITAÇÃO DE … · CL- Cal Aérea, produzida pela empresa Lusical, classificada como H100 Mk – Metacaulino Metacem produzido pela Micron. T- resíduos

150

Quadro IV.4 - Valores de Coeficiente de Capilaridade (I e II série experimental) 28, 90 dias; Curas st, H (Cont.)

Provete Cura m10 (1) -

Massa 10 min (g)

m90 (1) - Massa 90 min (g)

C-Capilaridade (kg/m

2xmin

0,5)

Média Desvio Padrão

C4 28 D_H

426,79 429,48 0,269

0,258 0,065 429,04 430,93 0,189

424,45 427,62 0,317

C5 28 D_H

414,51 424,27 0,976

0,971 0,056 430,52 440,76 1,024

424,51 433,64 0,913

C6 28 D_H

418,99 423,65 0,466

0,344 0,112 402,04 405,24 0,32

425,4 427,86 0,246

C7 28 D_H

408,418 410,69 0,2272

0,244 0,024 413,78 416,39 0,261

- - -

C1 90 D_St

419,6 419,9 0,03

0,036 0,008 421,58 422,03 0,045

428,71 429,05 0,034

C2 90 D_St

413,04 413,39 0,035

0,057 0,021 416,11 416,87 0,076

415,71 416,32 0,061

C3 90 D_St

427,34 427,96 0,062

0,066 0,006 429,26 429,96 0,07

- - -

C4 90 D_St

443,32 444,94 0,162

0,122 0,037 444,96 446,12 0,116

431,76 432,65 0,089

C5 90 D_St

402,16 406,07 0,391

0,524 0,138 409,52 414,66 0,514

409 415,66 0,666

C6 90 D_St

411,39 415,3 0,391

0,717 0,309 429,19 439,24 1,005

417,04 424,58 0,754

C7 90 D_St

396,91 398,19 0,128

0,138 0,009 408,5 409,95 0,145

412,49 413,9 0,141

C1 90 D_H

413,1 416,18 0,308

0,310 0,012 424,04 427,03 0,299

434,12 437,34 0,322

C2 90 D_H

425,38 428,89 0,351

0,252 0,086 423,38 425,51 0,213

427,87 429,79 0,192

C3 90 D_H

418,41 420,21 0,18

0,207 0,026 417,67 419,98 0,231

425,66 427,75 0,209

C4 90 D_H

450,91 453,28 0,237

0,204 0,029 442,15 444 0,185

439,45 441,35 0,19

Page 164: ARGAMASSA INDUSTRIAL PARA A REABILITAÇÃO DE … · CL- Cal Aérea, produzida pela empresa Lusical, classificada como H100 Mk – Metacaulino Metacem produzido pela Micron. T- resíduos

151

Quadro IV.4 - Valores de Coeficiente de Capilaridade (I e II série experimental) 28, 90 dias; Curas st, H ( Cont.)

Provete Cura m10 (1) -

Massa 10 min (g)

m90 (1) - Massa 90 min (g)

C-Capilaridade (kg/m

2xmin

0,5)

Média Desvio Padrão

C5 90 D_H

384,58 389,48 0,49

0,501 0,035 387,76 392,48 0,472

387,93 393,33 0,54

C6 90 D_H

398,57 401,84 0,327

0,349 0,030 429,01 432,71 0,37

- - -

C7 90 D_H

421,58 424,1 0,252

0,249 0,031 438,84 441 0,216

420,36 423,14 0,278