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ARGUMENTAÇÃO JURÍDICA LUCRÉCIO SÁ

ArgumentaçãO JuríDica LucréCio Sá

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Argumentação juridica - Lucrecio Sá

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Page 1: ArgumentaçãO JuríDica   LucréCio Sá

ARGUMENTAÇÃO JURÍDICALUCRÉCIO SÁ

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A LINGUAGEM

A linguagem em geral (exceto a coloquial, que serve àcomunicação diária), assume, sempre, duas formas: aartística e a técnica. Na artística, predomina a emoção – logo,o regramento é menos rígido. A linguagem técnica, a seuturno, visa informar ou convencer, donde derivarem, dela, alinguagem informativa e a lógica

A linguagem técnica informativa é a utilizada nos livrosdidáticos e no meio acadêmico. A linguagem lógica é a que seutiliza nos meios forenses, e na oratória (inclusive na política).

O raciocínio jurídico, em regra, desenvolve-se por meio de umsilogismo: a sentença é a conclusão que decorre da lei(premissa maior) aplicada ao fato concreto (premissa menor).

A redação jurídica tem por finalidade persuadir. E, para fazê-lo, deve-se expor os fatos de forma clara (até porque, emtese, iuri novit curia), demonstrando que a conclusão doraciocínio silogístico é a sentença que se espera.

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ORDEM DA ARGUMENTAÇÃO.

É sempre recomendável esboçar a argumentação,

antes de passar à redação. Com isso, evita-se o

risco da incoerência, sobretudo quando são várias,

as teses a sustentar (princípio da eventualidade).

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OS PONTOS PRINCIPAIS:

- o fatos que necessitam ser narrados;

- a ordem em que as tese preliminares serão

expostas;

- os argumentos que serão utilizados (doutrina,

jurisprudência, analogia, etc.);

- a comprovação dos fatos;

- as teses principais;

- os argumentos a serem utilizados em cada uma

dessas teses;

- as conclusões;

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ARGUMENTAÇÃO

Os argumentos são elementos lingüísticos que

visam à persuasão. Argumentos não são

verdadeiros ou falsos, mas fortes ou

fracos, conforme o seu poder de convencimento.

Segundo Chaïm Perelman, no Direito não

prevalece a lógica formal, mas a lógica

argumentativa, aquela em que não existe

propriamente uma verdade universal, não existe

uma tese aceita por todos em qualquer

circunstância, como na Física.

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A VERDADE FORMAL

A verdade formal, sobretudo no processo

civil, sobrepõe-se à verdade real: o que não está

nos autos, não está no mundo.

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ALGUMAS REGRAS PARA A ARGUMENTAÇÃO:

1. Procure distinguir as premissas das conclusões. É preciso saber, antes de começar, aonde você quer chegar.

2. Apresente suas idéias em uma ordem natural. Se o caso for simples, deixe suas conclusões para o final. Se for complexo, antecipe-as, resumindo o caso já na introdução.

3. Seja concreto e conciso.

4. Evite linguagem agressiva. Não tente melhorar a sua argumentação distorcendo, menosprezando ou ridicularizando o argumento da parte contrária.

5. Use termos consistentes. Devem haver conexões claras entre as premissas e a conclusão Por isso, é vital que se utilize apenas um conjunto de termos para cada idéia.

6. Evite termos equívocos. Fixe um significado para cada termo que utilizar.

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ORDEM NARRATIVA.

Uma vez selecionados os fatos a narrar, deve-se buscar a linha temporal narrativa. Normalmente, mais aconselhável é a linearidade: partir-se dos eventos mais antigos para os mais recentes.

Para situar a narrativa, devem ser apostos alguns marcos temporais, indicativos do momento em que estes ou aqueles fatos tiveram lugar, em relação aos demais: verbos, advérbios e locuções adverbiais.

Além disso, o texto deve ser lido e relido, verificando se nada ficou fora de ordem.

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TEXTO MAL REVISADO:

1) Falta de elementos indispensáveis para a compreensão dos fatos. Às vezes, são fatos tão simples, e tão naturais, que esquecemos de registrá-los. Por exemplo: citar que dois litisconsortes são casados, indicar que o autor é proprietário do bem danificado, etc.;

2) Falta de identificação das partes ou dos demais personagens da ação narrada.

3) Falta de elementos de identificação temporal. Às vezes, esquecemos de mencionar uma data (de notificação, por exemplo), e a narrativa toda perde sentido.

4) Narração não-linear. Não há obrigação em narrar-se os fatos em ordem cronológica crescente, mas isso auxilia a compreensão do texto.

5) Emprego errado de verbos, de advérbios ou de expressões adverbiais.

6) Confusão entre o sujeito de uma oração e o de outra. Erros de concordância verbal e nominal.

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NARRAÇÃO DOS FATOS.

Não há regra específica, nem obrigação. Mas na maioria das vezes, nas principais peças de cada processo, os advogados tendem a iniciar a sua exposição pela narrativa fática para, depois, passar à abordagem jurídica.

De qualquer modo, é impossível que um texto seja exclusivamente narrativo ou exclusivamente argumentativo -o que há é certa prevalência da narração sobre a argumentação, ou vice-versa.

Por isso, quando se faz a narração dos fatos, não há mal em mesclar, a eles, certa dose de persusão. O que é ilícito, porque posterga o princípio da lealdade processual, é a distorção dos fatos.

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Narrar significa mostrar, no texto, a ação de um

personagem, que opera uma transformação em

seu meio. Aquele que escreve o texto deve

definir, dentre os fatos que vai narrar, (1) os que

são juridicamente relevantes; (2) os que

contribuem para a compreensão dos fatos

juridicamente relevantes; (3) os que dão ênfase

aos outros fatos, mais importantes e (4) os que

satisfazem a curiosidade do leitor ou despertam

interesse na leitura.

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Os fatos juridicamente relevantes são aqueles que

importam diretamente para a aplicação da norma

jurídica: um acidente de automóvel, por exemplo.

As denúncias penais, normalmente, vão pouco

além dos fatos juridicamente relevantes.

Os fatos secundários, que contribuem para a

compreensão dos fatos principais, são os que dão

o contexto em que se desenrolaram. São

elementos fáticos que não impõem,

necessariamente, uma conseqüência jurídica, por

eles mesmos. Exemplo: o motorista guardava

distância do veículo que vinha à sua frente.

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ENTRE OS FATOS RELEVANTES E OS SECUNDÁRIOS

O quê - o fato, a ação. Exemplo: o acidente.

Quem - os personagens. Exemplo: dois motoristas; autor e réu.Como - o modo como se desenrolou o fato. Exemplo: de onde vinham, para onde iam, mecânica da acidente.

Quando - o momento ou a época em que se deu o fato. Exemplo: na noite do dia 15 de maio de 2003.

Onde - o local onde se deu o fato. Exemplo: na avenida 23 de Maio.Por quê - as razões desencadeadoras do fato. Exemplo: pista molhada, velocidade excessiva.Por isso - a conseqüência dos fatos. Exemplo: danos causados ao veículo.

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Os fatos que dão ênfase aos demais devem ser bem sopesados, antes de sereminseridos no texto: podem tornar a narrativa longa e desinteressante. O ideal dotexto narrativo é criar uma expectativa no leitor, fazer progredir o conflito de modoa prender a atenção de quem lê. Para esse fim alguns fatos que não estão nocerne da narrativa podem auxiliar: “o automóvel, um potente Audi A4, turbinado,feito para as autobahns alemãs, antes de colidir com o automóvel do autor, vinhaziguezagueando na avenida, até que…”

Os fatos que satisfazem a curiosidade do leitor têm que ser ainda maiscriteriosamente escolhidos: a idade dos motoristas, o que faziam antes doacidente, etc..

A narrativa, enfim, não é só um encadeado objetivo de fatos. O advogado maisatento aproveita-se dela para, sem escapar à verdade, iniciar a exposição do seuponto de vista, e começar a persuadir o leitor.

A par da narrativa dos fatos - que terá lugar, no mais das vezes, apenas nasiniciais e nas contestações e defesas - o advogado não pode, nunca, deixar deenfrentar fatos narrados pela parte contrária. Pode tentar tirar-lhes a relevância,mas deve enfrentá-los, não só para que não fiquem incontroversos, masespecialmente para demonstrar a força dos seus próprios argumentos.

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NÚMERO DOS AUTOS E NOME DAS PARTES.

Antes de começar o texto, deve ser lançado o

número do processo (ou dos autos). Entre o

endereçamento e o número dos autos, deve haver

um espaço de pelo menos oito cm, necessário para

a aposição do carimbo do protocolo e para que o

juiz lance o seu despacho, se for o caso.

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PROCESSO Nº 999/99

Há advogados que, para facilitar o controle e o manuseio dos autos, indicam uma referência em cada petição

(Contestação)

Esse recurso, embora possa ser útil, não é indispensável.

Nome das partes e tipo da ação.

Feito o encaminhamento e a identificação dos autos, deve-se identificar as partes (inclusive o pólo que ocupam), o tipo da ação e do procedimento e, se for o caso, que peça, exatamente, é aquela (contestação, exceção de incompetência, réplica, embargos, impugnação, etc.).

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O PARÁGRAFO INICIAL,

em regra, deve começar pela identificação do patrocinado pelo advogado que firma a petição. Será ele o sujeito de toda a narrativa da peça:

JOAQUIM SILVEIRA, por seu advogado, nos autos da ação declaratória que, pelo rito ordinário, move em face de MANUEL SIQUEIRA, vem, respeitosamente, à presença de Vossa Excelência, para expor e requerer o que segue.

ou:

MANUEL SIQUEIRA, por seu advogado, nos autos da ação declaratória que, pelo rito ordinário, move-lhe JOAQUIM SILVEIRA, vem, respeitosamente, à presença de Vossa Excelência, para apresentar a sua CONTESTAÇÃO, o que faz com base nos artigos 297 e seguintes do Código de Processo Civil, passando a expor e requerer o que segue.

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NOTE-SE QUE:

- é importante destacar (em maiúsculas, em

negrito, em itálico ou sublinhado) o nome das

partes e o tipo da ação e do procedimento. Esses

dados, caso tenha havido algum lapso no

endereçamento ou no número do processo,

facilitarão o encaminhamento da peça. Evite,

contudo, a poluição visual, como acúmulo de

destaques (maiúsculas e negrito e sublinhado, por

exemplo);

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NAS AÇÕES PENAIS,

movidas pelo Ministério Público, costuma-se

denominar a parte autora como “Justiça Pública”. É

hábito arraigado, embora alguns o condenem, por

se tratar de fórmula antiquada;

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- NAS PETIÇÕES INICIAIS

(inclusive de embargos à execução), as partes não devem serapenas nominadas: devem ser qualificadas, conforme exige oartigo 282, II, do Código de Processo Civil, indicando-se, alémdo nome completo (em abreviações), o estado civil, aprofissão, o domicílio ou a residência e, pelo menos, um númerode identificação pública (RG ou CPF). Assim:

XIS COMERCIAL Ltda., com sede na Avenida Augusta nº 1, nacidade de Santo André, São Paulo, inscrita no CNPJ/MF sob o n°00.000.000/0001-00, por seus advogados, vem, com o devidoacatamento, à presença de Vossa Excelência, com fundamentonos artigos 580, 585, incisos I e II e 586 do Código de ProcessoCivil, propor a presente ação de execução por quantia certacontra devedores solventes, em face de MANUELSIQUEIRA, brasileiro, empresário, inscrito no CPF/MF sob o n°000.000.000-00 e de sua esposa, MARIASIQUEIRA, brasileira, economista, inscrita no CPF/MF sob o n°000.000.000-00, ambos residentes e domiciliados na RuaComendador Maracajá n° 2, Belo Horizonte (MG), pelas razõesque passa a expor.

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- NAS DEFESAS

quando a qualificação feita pela autora for

incompleta ou incorreta, deve o réu completá-la ou

corrigi-la.

Feito o preâmbulo da petição, cada peça terá seu

próprio texto, que é impossível padronizar.

Há, contudo, uma estrutura geral que, embora não

seja obrigatória, incorporou-se ao meio jurídico

e, sempre que possível, deve ser resguardada. Até

por questão de lógica, começa-se, em regra, pela

narração dos fatos.

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ENDEREÇAMENTO

O endereçamento (ou encaminhamento) da petição é fundamental para que ela atinja o seu destino, especialmente hoje em dia, com as facilidades do protocolo integrado. Deve vir, sempre, no início da primeira página, desta forma:

Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz de Direito da 1ª Vara Cível do Foro Central da Capital.

ou:

Excelentíssimo Senhor Doutor Desembargador Presidente do Egrégio Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo.

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HÁ ALGUMAS NOTAS A SEREM OBSERVADAS:

- abreviações exageradas, por perderem clareza, não são aconselháveis;

- não há mal em usar-se o número da vara (1a, 2a, etc.) ao invés do extenso correspondente (primeira, segunda, etc.). Pelo contrário, o número facilita a leitura pelo responsável pelo protocolo e agiliza a distribuição das petições;

- cuidado com o uso de modelos pré-digitados, no computador. Não é raro que se aproveite o texto e se esqueça de alterar o encaminhamento. Com isso, a petição vai para a vara errada e há risco de perder-se o prazo para a manifestação;

- quando se conhece o destinatário da petição, pode-se invocá-lo nominalmente. É até recomendável que se o faça, em segunda instância, para facilitar o encaminhamento das petições ao juiz ou desembargador que tiver sido nomeado relator do recurso.

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ASSIM TEMOS:

Excelentíssimo Senhor Doutor Desembargador

Quaglia Barbosa, Digníssimo Relator da Apelação

Cível nº 999/99, do Egrégio Tribunal de Justiça do

Estado de São Paulo.

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- NAS PEÇAS INICIAIS,

quando ainda não houve distribuição do feito, nem se pretende distribuição por conexão, deve-se deixar em branco a indicação da vara:

Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz de Direito da ___ª Vara Cível do Foro Regional de Santana, Comarca da Capital (SP).

Há tribunais que solicitam que se aponha, na petição, o número da sala onde está o processo, ou outra informação específica. Essa espécie de solicitação, sempre que possível, deve ser atendida, porque facilita o encaminhamento da petição e agiliza o caminhar do processo.

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A PETIÇÃO.

A petição é o principal dos meios através dos quais

os advogados transmitem ao Poder Judiciário as

aspirações de seus clientes. Cada petição, em

cada momento processual, e cada advogado, tem

o seu próprio estilo e forma. Não há regra geral.

Existem, contudo, características

genéricas, comuns às principais peças processuais

(iniciais, contestações, exceções, etc).

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LATIM.

Em regra, o Latim só deve ser utilizado em peças forenses,que têm por destinatários outros profissionais jurídicos. Noscontratos, deve ser evitado, porque os contratos servirão paratratar as relações entre leigos que não estão afeitos àsexpressões latinas.

As expressões e brocardos latinos, ao mesmo tempo que servem à precisão técnica da linguagem e demonstram uma certa erudição de quem os utiliza, exercem função argumentativa (encerram um argumento de senso comum).

Por isso, na maior parte das vezes, é de bom-tom o seu uso. Mas não se pode ir a exageros, como este (bastante comum, aliás): “requer o impetrante, neste mandamus, seja concedida a ordem inaudita altera parte, eis que presentes o fummusboni iuris e o periculum in mora.”As citações latinas (ou em qualquer outro idioma) devem estar sempre em destaque: em itálico, em negrito ou sublinhadas. Também é possível usá-las entre aspas.

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ABREVIATURAS.

Não devem ser utilizadas indiscriminadamente –

aliás, o artigo 169, § único, do Código de Processo

Civil, veda o seu uso. Denotam preguiça de quem

escreve e desprezo com o termo a que se refere –

uma “r. sentença” é sempre menos respeitável que

uma “respeitável sentença”. Se vier a ser utilizada,

não pode prejudicar a clareza do texto.

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DE QUALQUER MODO, ESTAS SÃO AS PRINCIPAIS

REGRAS:

a) quando se abrevia, deve-se buscar terminar a abreviatura com uma consoante. E quando há um grupo de consoantes, ele deve ser utilizado por inteiro. Exemplos: fil. ou filos. para filosofia; art., para artigo; parágr. para parágrafo;

b) se na abreviatura aparece a sílaba acentuada, o acento permanece: pág., para página.

c) quanto às medidas:

- o símbolo de qualquer unidade de medida deve vir desacompanhado de ponto (.)e de s. Exemplos: 300 m (trezentos metros); 2 kg (dois quilos);- os símbolos das unidades de medida, exceto quando referentes às temperaturas e aos ângulos não devem ser escritos em forma exponencial. Exemplo: 9 h 54 min; 132 cm; 10ºC, 90º;

d) quanto aos plurais:

- faz-se o plural das letras duplicando-as, sem o ponto entre as geminadas, quando representar palavra variável. Exemplos: P.D. (pede deferimento), PP. D. (pedem deferimento); E.R.M. (espera receber mercê), EE.R.M. (esperam receber mercê);- às abreviaturas feitas com um conjunto de letras, acrescenta-se o s. Exemplo: doc., docs.; fl., fls.;

- quando a sigla já tem uso generalizado, passando a ser grafada sem os pontos de abreviatura, pode-se acrescentar o s, no final. Exemplos: ufirs, Incras;- quando a sigla conserva os pontos de abreviatura e letras maiúsculas, ou apenas letras maiúsculas, varia o artigo antecedente. Exemplos: as S.R.F.; as D.P..

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MAIÚSCULAS.

a) No começo do período.

Interrogação e exclamação não equivalem, necessariamente, a ponto final quando não há outra indicação de fim de período: “Oh! que belo!” ou “– Você fez isso? perguntei.”

b) No começo das citações:

Diz Pontes de Miranda: “O credor que protesta...”

c) Nos nomes próprios:

- rua da Glória, rio Negro, mar Vermelho;

- nomes de meses devem ser escritos com letra minúscula;

d) Nos títulos de produções artísticas, artigos, trabalhos,livros, jornais, etc.

- O Estado de São Paulo;

- Curso de Arbitragem.

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EMPREGA-SE INICIAL MAIÚSCULA:

e) Nas designações de sociedades:

- Empresa Brasileira de Pipoca Ltda..

f) Nos nomes comuns, tomados individualmente, com sentido especial:

- a Igreja (referindo-se à entidade católica, não ao lugar);- o Estado (como organização política).

Quando esses termos têm sentido geral, vão com minúscula: “As igrejas do meu estado têm sempre três torres”.

g) Nos nomes abstratos, tomados personificadamente:

- a Ira, o Amor, o Ódio.

h) Nos epítetos (sozinhos ou acompanhados do nome): Pedro, o Grande; Dom Manuel, o Venturoso.

i) Em Deus e palavras sinônimas: o Criador, Ele, o Onipotente;

j) Nos tratamentos de reverência: Vossa Excelência, Vossa Senhoria;

l) Nos nomes das artes ou ciências: Direito, Botânica;

m) No estilo epistolar (e nas petições), para realçar ou indicar deferência.Juiz, Promotor, Advogado etc.

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FORMAS DE TRATAMENTO.

Exige-se, até por lei (art. 15, CPC), que o

advogado atue com urbanidade. Os argumentos,

ainda que duros, devem ser objetivos, com a

menor carga de subjetividade possível.

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ALGUNS CUIDADOS:

1) Sua Excelência decidiu julgar improcedente o pedido (quando se refere a outro Juiz, e não aquele ao qual a petição é endereçada).

Requer digne-se Vossa Excelência .... (quando se refere ao Juiz destinatário do pedido).

2) O verbo deve ser conjugado na terceira pessoa:

Vossa Excelência deve...Vossas Excelências devem .... (e não deveis)

3) Os pronomes possessivos, também serão da terceira pessoa:Vossa Excelência, na sua obra doutrinária, explica ... (e não “na vossa”)

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TERMO TÉCNICO E JARGÃO.

Na definição de Houaiss, jargão é “linguagem viciada, disparatada, que revela conhecimento imperfeito de uma língua”. É linguagem arcaica, antiga, complicada.

Deve-se escrever, o mais possível, com as palavras que usamos na linguagem comum. Por isso, convém evitar os jargões, arcaísmos, expressões raras e obsoletas. A finalidade dessa regra é garantir a clareza que é uma das principais qualidades de um bom estilo.

O jargão revela a fragilidade de quem o usa – ou a intenção de enganar o interlocutor, com um palavrório pomposo, mas de pouco significado.

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DENOTAÇÃO E CONOTAÇÃO

Toda palavra tem denotação e conotação, ou sentido direto e sentidotranslato. Ela indica ou sinaliza alguma coisa, e ao mesmo tempo podeassociar a essa coisa uma reação do falante, um valor, uma nuancesubjetiva qualquer. “Cachorro”, por exemplo, denota um certoanimal, mas conotativamente, pode designar o carinho que se tem porum animal de estimação ou o desprezo a um ser humano que agecaninamente. As conotações mudam, a denotação permanece.

Além disso, há termos unívocos, equívocos e análogos. É unívoco otermo que expressa um conceito que se refere a uma realidadedeterminada, e só a ela; é equívoco o termo que tem dois significadosdistintos e é análogo o termo que se aplica a duas realidades com umsentido em parte equivalente e em parte distinto.

O termo técnico jurídico deve ser, quanto possível, unívoco. E o criadordo texto jurídico deve utilizá-lo com precisão, para evitar confusões.Perceba-se que nem sempre o sentido corriqueiro da palavra equivale àsua significação jurídica:

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TRANSAÇÃO

Linguagem coloquial: ato ou efeito de transigir; ato

de transar; ajuste em virtude do qual as pessoas

realizam uma negociação ou contrato;

acordo, convenção; negócio, operação ou ato

comercial; operação de compra ou venda.

Linguagem jurídica: convenção em que, mediante

concessões recíprocas, duas ou mais pessoas

ajustam certas cláusulas e condições para que

previnam litígio, que se possa suscitar entre

elas, ou ponham fim a litígio já suscitado.

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NOJO

Linguagem coloquial: sentimento de repulsa que

algo desperta num indivíduo, que o faz evitá-lo, não

querer tocá-lo; repugnância, asco.

Linguagem jurídica: período de sete dias, do

falecimento de uma pessoa, em que não se faz

citação aos parentes (art. 217, do CPC).

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INVENÇÃO (OU DESCOBERTA).

Linguagem coloquial: ato, faculdade, processo ou

efeito de inventar; imaginação produtiva ou

criadora, capacidade criativa; inventividade,

inventiva.

Linguagem jurídica: ato de achar ou descobrir coisa

alheia perdida, com obrigação de devolução.

Page 39: ArgumentaçãO JuríDica   LucréCio Sá

PALAVRAS, TERMOS E TEXTO.

A aquisição de um bom vocabulário – que facilitará

a expressão das idéias – também serve para

exercitar o raciocínio e, com isso, melhorar as

chances de bem redigir e de bem persuadir.

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CONCISÃO NA REDAÇÃO OU COMPLETUDE DO

TEXTO?

O princípio da concentração dos atos (ou da eventualidade) impõe ao advogadoque, na inicial ou na defesa (no âmbito civil, especialmente), exponha todos osfatos, sem exceção.

Ainda assim, a concisão é necessária, dado o conhecimento assoberbamento dasatividades judiciárias.

A petição nem sempre se dirige, apenas, ao Juiz: também deve influir no ânimo doadvogado da parte contrária e, quando possível, ser levada ao prévioconhecimento do patrocinado.

Repetições, no mais das vezes, são desnecessárias. Só devem ser utilizadascomo efeito de retórica.

Quando for necessário alongar-se mais, é sempre recomendável resumir asprincipais alegações, no final do texto. Esse resumo auxilia o julgador e osadvogados, e destaca as questões debatidas, o que é importante, até, paraviabilizar os recursos à Cortes de Brasília.

Citações longas e jurisprudência esparsa, em regra, não devem ser utilizados.