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ARGUMENTOS CONTRA EUTANÁSIA De acordo com os partidários contra a eutanásia, a vida é um bem inalienável. Pertence não só ao individuo, isoladamente, basta que se pratique um ato contra a pessoa para que se verifique esta verdade. Todos têm o direito de dizer: fulano fez bem, ou fez mal, a censura social, aos nossos atos, é uma prova de que a nossa vida não é um bem isolado. Deus dá o dom à vida e somente Ele pode dar a morte. Além disso, não é licito negar a um paciente a prestação de cuidados vitais, sem os quais seguramente morreria, ainda que sofra de um mal incurável, nem é lícito renunciar a cuidados ou tratamentos proporcionados e disponíveis, quando se sabe que estes são eficazes, mesmo que só parcialmente, como também não se deve negar a doente em coma se existir alguma possibilidade de recuperação. A legalização da eutanásia supõe o primeiro passo de um processo lógico inevitável. Para conseguir sua aceitação , jura-se e perjura-se que somente será aplicada naqueles casos extremos. No entanto, uma vez admitido o principio, forjar-se-á, de forma natural, uma mentalidade que tirará a importância do ato de eutanásia, pois, assim que se extinguir a proibição, o que antes estava vedado se converterá em uma prática comum até o ponto de parecer, aos olhos de todos, algo normal. A legalização da eutanásia afeta sobremaneira o vinculo social. Basta perceber que a prática da medicina se modificará consideravelmente, pois a

Argumentos Contra a Eutoanasia

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ARGUMENTOS CONTRA EUTANÁSIA

De acordo com os partidários contra a eutanásia, a vida é um bem inalienável. Pertence não só ao individuo, isoladamente, basta que se pratique um ato contra a pessoa para que se verifique esta verdade. Todos têm o direito de dizer: fulano fez bem, ou fez mal, a censura social, aos nossos atos, é uma prova de que a nossa vida não é um bem isolado.

Deus dá o dom à vida e somente Ele pode dar a morte. Além disso, não é licito negar a um paciente a prestação de cuidados vitais, sem os quais seguramente morreria, ainda que sofra de um mal incurável, nem é lícito renunciar a cuidados ou tratamentos proporcionados e disponíveis, quando se sabe que estes são eficazes, mesmo que só parcialmente, como também não se deve negar a doente em coma se existir alguma possibilidade de recuperação.

A legalização da eutanásia supõe o primeiro passo de um processo lógico inevitável. Para conseguir sua aceitação , jura-se e perjura-se que somente será aplicada naqueles casos extremos. No entanto, uma vez admitido o principio, forjar-se-á, de forma natural, uma mentalidade que tirará a importância do ato de eutanásia, pois, assim que se extinguir a proibição, o que antes estava vedado se converterá em uma prática comum até o ponto de parecer, aos olhos de todos, algo normal.

A legalização da eutanásia afeta sobremaneira o vinculo social. Basta perceber que a prática da medicina se modificará consideravelmente, pois a partir da legalização, os médicos disporão de um novo poder, ou seja, administrar a morte. Logo, a legalização da eutanásia não é uma questão de ética pessoal, mas depende sem dúvida de uma ética sócio – política. É, portanto perfeitamente plausível a sua proibição com o fim de proteger os interesses públicos legítimos.

Outro risco, é que essa legalização possa induzir os médicos que a praticam uma banalização, o que acarretaria uma quebra da relação de confiança e dialogo existentes entre o médico e paciente. Um enfermo terminal que peça a eutanásia atua de maneira sensata e digna, contrariamente ao que ocorre com o jovem depressivo ou o desempregado angustiado.

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Em suma, dar um passo em prol da eutanásia significa consagrar a idéia de banalização ao valor da vida e a dignidade humana.

Leocir Pessini, ex-capelão do Hospital das Clínicas, em São Paulo, e autor de diversas obras sobre Bioética, representando a Igreja Católica, que tem uma postura radicalmente contra, admite a relevância desse tipo de discussão. Em suas obras, PESSINI (1990) admite haverem argumentos a favor da eutanásia mas sempre com parcimônia para não ferir os preceitos católicos. Defende que o que interessa ao homem não é uma vida truncada, quase-vegetativa, mas sim a qualidade de vida. Por outro lado, expõe o ponto-de-vista da moral católica, como que a eutanásia fere a concepção Cristã da vida, do sofrimento e da morte; expõe a "Declaração sobre a eutanásia do Vaticano" (1980), que é categoricamente contra, afirmando:

Poderíamos dizer que eutanásia é terminar deliberadamente a vida de alguém que sofre demais ou está condenado a uma degeneração progressiva. É a chamada morte piedosa ou suicídio assistido. A Igreja é frontalmente contra essa realidade, porque defende a vida. Na mesma Declaração sobre a Eutanásia é dito: ‘A vida humana é o fundamento de todos os bens, a fonte é a condição necessária de toda a atividade humana e de toda convivência social. Se a maior parte dos homens considera que a vida tem um caráter sagrado e admite que ninguém pode dispor dela a seu bel-prazer, os crentes vêem nela também um dom do amor de Deus, que eles têm a responsabilidade de conservar e fazer frutificar. Nada ou ninguém pode autorizar que se dê a morte a um ser humano inocente, seja ele feto ou embrião, criança ou adulto, velho, doente incurável ou agonizante. A ninguém é permitido requerer este gesto homicida para si ou para outro confiado à sua responsabilidade, nem sequer consenti-lo, explícita ou implicitamente. Trata-se, com efeito, de um crime contra a vida e de um atentado contra a Humanidade.

Em suma, Pessini não se posiciona nem contra nem a favor de tal prática, apenas relata seus prós e contras.

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A posição da Igreja Católica em relação à eutanásia tem sido expressa nas declarações papais e outros documentos, partindo-se da prescrição normativa ínsita nos dez mandamentos "não matarás", não obstante ela expressamente refuta a chamada distanásia e seus excessos exorbitantes.