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ARQUITETURA E ACESSIBILIDADE
GUARULHOS2016
RESUMO
Este estudo versará apresentar sobre a compreensão das diferenças e das
possibilidades de adequação do espaço arquitetônico. Ressaltando o estudo da
acessibilidade dos espaços para as pessoas necessitadas ou com dificuldades
físicas, mentais, etc. Refletindo sobre o conhecimento e aplicação das normas do
Desenho Universal nos projetos de arquitetura e urbanismo. A metodologia utilizada
será bibliográfica e revisão da literatura.
PALAVRAS CHAVES: Acessibilidade, Desenho Universal, Espaço arquitetônico,
SUMÁRIOINTRODUÇÃO..........................................................................................................................1
1. ACESSIBILIDADE................................................................................................................21.1. Princípios e conceitos........................................................................................................21.2. Mobilidade reduzida...........................................................................................................41.3. Desenho universal.............................................................................................................51.4. Inclusão social...................................................................................................................61.5. Exclusão social..................................................................................................................71.6. Deficiência ao longo da historia.........................................................................................81.7. A Inclusão Social na identificação e reconhecimento dos espaços arquitetônicos.........101.8. Análise das edificações e espaços livres: barreiras arquitetônicas.................................121.8.1.Calçadas........................................................................................................................141.8.2.Travessia de pedestres.................................................................................................151.8.3.Estacionamento.............................................................................................................161.8.4.Mobiliário e equipamentos urbanos...............................................................................171.8.5.Circulação horizontal e vertical......................................................................................181.8.6.Sinalização tátil de piso.................................................................................................191.9. Leis e Normas..................................................................................................................21
REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS.......................................................................................26
1
INTRODUÇÃO
Conforme o Decreto nº 5.296 de 2 de dezembro de 2004, acessibilidade está
ligada em prover qualidade na utilização dos espaços públicos e privados, com
segurança e autonomia, total ou assistida, seja nas edificações, nos serviços de
transporte em sistemas e meios de comunicação e informação, por pessoa
portadora de deficiência ou com mobilidade reduzida.
Este documento, são definidas quaisquer barreiras ou qualquer limitação e
impedimento que limitam ou impeçam o acesso, ou seja, tudo o que restringe a
liberdade de movimento, a circulação com segurança e a probabilidade das pessoas
se comunicarem ou terem acesso à informação.
Na arquitetura e no urbanismo, a acessibilidade tem sido uma preocupação
constante nas últimas décadas. Atualmente estão em andamento obras e serviços
de adequação do espaço urbano e dos edifícios às necessidades de inclusão de
toda população.
Imagine como seria a vida de pessoas com deficiência se não tivéssemos
departamentos responsáveis pela acessibilidade na arquitetura e do urbanismo de
nossa cidade, pois em locais onde há escada também deve haver rampa de acesso,
o posicionamento de postes, árvores e telefones públicos, deve ser bem pensado
para que não causem danos a pessoas com deficiência visual.
2
1. ACESSIBILIDADE
1.1.Princípios e conceitos
Atualmente a definição de acessibilidade é a condição do que é acessível, ou
seja, é aquilo que é alcançável, que tem livre acesso. Na arquitetura e urbanismo a
acessibilidade é uma constante preocupação, nas últimas décadas está inteiramente
ligada ao provimento de qualidades às pessoas portadoras de deficiência ou com
mobilidade reduzida, para o uso com segurança e autonomia, total ou assistida, dos
espaços públicos ou coletivos.
A concepção do termo e o seu conceito tiveram suas origens na Declaração
dos Direitos das Pessoas Deficientes (ONU, 1975), a qual estabeleceu que
“qualquer pessoa incapaz de assegurar por si mesma, total ou parcialmente, as
necessidades de uma vida individual ou social normal, em decorrência de uma
deficiência congênita ou não, em suas capacidades físicas, sensoriais ou mentais”
seria uma “pessoa deficiente”.
De acordo com Costa et al. (2015) acessibilidade não significa apenas ter
acesso a um local desejado, mas também que este local permita que a pessoa
consiga se situar em relação aos ambientes e as atividades que nele ocorrem sem
precisar solicitar qualquer tipo de orientação. A acessibilidade é o direito que todos
têm de estar ou transitar por determinado espaço público e privado com total
segurança.
A acessibilidade oferecida aos deficientes e regida por lei. A Presidência da
República através do Decreto nº 5.296 de 02 de dezembro de 2004, regulamenta a
lei nº 10.048, de 08 de novembro de 2000, que dá prioridade ao atendimento às
pessoas portadoras de deficiência e idosos, com idade igual ou superior a 60 anos,
as lactentes e às pessoas acompanhadas por crianças de colo, e a lei 10.098 de 19
de dezembro de 2000, que estabelece normas gerais e critérios básicos para a
promoção da acessibilidade das pessoas portadoras de deficiência ou com
mobilidade reduzida (COSTA, et al. 2015).
De acordo com a Lei 10.098 a acessibilidade está sendo conceituada como a
possibilidade e condições e abrangência para a utilização dos espaços públicos e
3
privados por pessoa portadora de deficiência ou com mobilidade reduzida, refere-se
a dois aspectos, que embora tenham características distintas, estão sujeitos a
problemas semelhantes, no que diz respeito à existência de barreiras que são
interpostas às pessoas com necessidades especiais: o espaço físico e o espaço
digital.
Segundo Costa et al (2015) historicamente, a origem do termo acessibilidade
foi utilizada para designar as condições de acesso das pessoas com deficiência, o
que vem aparecimento nos serviços de reabilitação física e profissional, desde o
final da década de 40.
Em 1950, com a prática da reintegração de adultos reabilitados, sucedida na
própria família, no mercado de trabalho e na comunidade em geral, profissionais de
reabilitação verificavam que essa reintegração de reabilitados era impedida e até
atalhada pela existência de barreiras arquitetônicas nos espaços urbanos, e nos
meios de transporte coletivo, urge neste período a fase da integração, que duraria
cerca de 40 anos até ser substituída gradativamente pela fase da inclusão.
Já na década de 60, algumas universidades americanas iniciaram as
primeiras experiências de eliminação de barreiras arquitetônicas existentes em seus
recintos: áreas externas, estacionamentos, salas de aula, laboratórios, bibliotecas,
lanchonetes etc.
Graças ao surgimento do primeiro centro, de vida independente do mundo
(que aconteceu na cidade de Berkeley, Califórnia, EUA), na década de 70
aumentaram a preocupação e os debates sobre a eliminação de barreiras
arquitetônicas, bem como a operacionalização das soluções idealizadas.
Impulsionado pela pressão do ano internacional das pessoas deficientes
(1981), o segmento de pessoas com deficiência desenvolveu verdadeiras
campanhas em âmbito mundial para alertar a sociedade a respeito das barreiras
arquitetônicas e exigir não apenas a eliminação delas (desenho adaptável) como
também a não-inserção de barreiras já nos projetos arquitetônicos (desenho
acessível). Pelo desenho adaptável, a preocupação é no sentido de adaptar os
ambientes obstrutivos.
4
Na segunda metade da década de 80, surgiu o conceito de inclusão
contrapondo-se ao de integração. Na década de 90, começou a ficar cada vez mais
claro que a acessibilidade deveria seguir o paradigma do desenho universal,
segundo o qual os ambientes, os meios de transporte e os utensílios fossem
projetados para todos e, portanto, não apenas para pessoas com deficiência. E, com
o advento da fase da inclusão, hoje entendemos que a acessibilidade não é apenas
arquitetônica, pois existem barreiras de vários tipos também em outros contextos
que não o do ambiente arquitetônico.
Atualmente por meio do desenho arquitetônico acessível, a preocupação está
em exigir que os arquitetos, engenheiros, urbanistas e desenhistas industriais não
incorporem elementos obstrutivos nos projetos de construção de ambientes e
utensílios. Tanto no desenho adaptável como no acessível, o beneficiado específico
é a pessoa com deficiência (COSTA et al. ,2015).
Os autores afirmam que a acessibilidade surge como tributo imprescindível na
sociedade permitindo que todos possam desfrutar das mesmas oportunidades, a
saber: educação, trabalho, habitação, lazer, cultura e as novas tecnologias da
informação e comunicação.
1.2.Mobilidade reduzida
Pessoas com mobilidade reduzida não são apenas aquelas que possuem
algum tipo de deficiência, mas também idosos, obesos, gestantes ou que, de forma
temporária ou permanente, têm dificuldades de movimentar-se, comprometendo a
flexibilidade, a coordenação motora e a percepção.
Alves (2008) ressalta que a mobilidade é a característica de ser móvel – de
andar de um lado para o outro. Pode ser um objeto de estudo e planeamento. Pode
ser objeto de gestão. É um consumo que pode ter boas e más características,
dependendo das externalidades associadas a esse consumo – o movimento de um
automóvel numa área histórica tem muitas externalidades negativas, uma criança ir
a pé para a escola tem externalidades positivas. Mas a mobilidade geralmente não é
um bem em si próprio, porque poucos se movem com o objetivo único de se mover –
podemos fazer aqui uma ressalva aos passeios de domingo por exemplo.
5
A mobilidade não é intrinsecamente negativa. É a verve da vida. Feita de uma
forma racional, espiritual e equilibrada tem externalidades positivas essenciais ao
ser humano – bem-estar mental e físico, encontro com a natureza e com o “outro”, a
descoberta de novas realidades. Tudo particulariza extremamente importante e
essencial para que haja uma sociedade com qualidade de vida, justa, solidária e
democrática (ALVES,2008).
1.3.Desenho universal
Para atingir a acessibilidade plena e chegar a uma sociedade inclusiva, é
imprescindível que qualquer objeto ou espaço desenvolvido contenha o conceito de
desenho universal. Originalmente, este conceito emergiu como consequência das
reivindicações de dois segmentos sociais diversos: dos movimentos de pessoas com
deficiência, que sentiam suas necessidades colocadas à margem por profissionais
das áreas de construção e arquitetura, e da iniciativa de alguns arquitetos,
urbanistas e designers, que pretendiam uma maior democratização dos valores e
uma visão mais ampla na concepção dos projetos.
Segundo a definição de Carletto, Cambiaghi (2007) o Desenho Universal é
um tema bastante recente no Brasil e ainda muito pouco aplicado, tanto no meio
acadêmico quanto nas práticas profissionais relacionadas a projetos e à construção
civil. Por desconhecimento, frequentemente é confundido com acessibilidade para
pessoas com deficiência, o que resulta no cumprimento automático das normas
vigentes, sem considerar uma reflexão sobre sua importância e benefícios para os
usuários.
As autoras ressaltam que a elaboração de diretrizes para a aplicação do
Desenho Universal exigiu uma rigorosa metodologia de trabalho que implicou, entre
outros fatores, conhecer em profundidade o público-alvo e os espaços físicos nos
quais ele está inserido. A seguir são apresentados os resultados dessa etapa do
trabalho, que mapeou o perfil e dificuldades dos usuários, bem como as soluções de
projetos adequadas para os espaços privativos, comuns e públicos.
Segundo Cambruzzi et al (2011) o desenho universal tem como objetivo
definir produtos e ambientes acessíveis para todas as pessoas, independente das
6
características pessoais (tamanho do corpo, sua postura e mobilidade), idade ou
habilidades, na sua máxima extensão possível, sem a necessidade de fazer
adaptações ou projetar para pessoas com deficiência. É projetado para todos e que
possa ser utilizado por todos com segurança e autonomia tanto os espaços
construídos e ou os objetos a que se destina a acessibilidade.
Para Moschetta; Beloto (2007) o Desenho Universal e a Arquitetura Inclusiva
vão além do atendimento às normas. A arquitetura e o design inclusivos partem do
pressuposto dos dados antropométricos e buscam compreender as medidas do
corpo humano para o dimensionamento do ambiente, essência do desenho universal
está no propósito de estabelecer acessibilidade integrada a todos, sejam ou não
pessoas com deficiências. O conceito de desenho universal traz a idéia de produtos,
espaços, mobiliários e equipamentos concebidos para uma maior gama de usuários
1.4. Inclusão social
Aranha (2001) esclarece que a palavra “inclusão” invadiu o discurso nacional
nos últimos anos passou a ser usada amplamente, em diferentes contextos e
mesmo com diferentes significados. Este fato, ao invés de favorecer a compreensão
sobre o processo a que a palavra se refere, tem feito dela um simples modismo, uso
muitas vezes superficial de um rótulo, vazio de significação social.
No entanto, a autora afirma que não se pode ignorar o longo e importante
processo histórico que a produziu, configurado numa luta constante de diferentes
minorias, na busca de defesa e garantia de seus direitos enquanto seres humanos e
cidadãos. Ignorar tal processo implica na perda de compreensão de seu sentido e
significado.
A relação da sociedade com a pessoa com deficiência, a partir de certos
períodos na história passou a se diversificar, caracterizando-se por iniciativas de
Institucionalização Total, de tratamento médico e de busca de estratégias de ensino
(ARANHA, 2001).
Aranha (2001) ainda ressalta que em função do incômodo representado pela
institucionalização em diferentes setores da sociedade e à luz das concepções de
“desvio” e de “normalidade” é que foi se configurando, gradativamente, um novo
7
paradigma de relação entre a sociedade e a parcela da população representada
pelas pessoas com deficiência: o Paradigma de Serviços.
[...] fundamentou-se, então, na ideologia da normalização, que representava a necessidade de introduzir a pessoa com deficiência na sociedade, ajudando-a a adquirir as condições e os padrões da vida cotidiana o mais próximo do normal, quanto possível (ARANHA, 2001, pg 14).
A autora constata, que embora se tenha passado a assumir a importância do
envolvimento maior e mais próximo da comunidade no trato da integração de seus
membros com deficiência, o objeto principal da mudança centrava-se, ainda,
essencialmente, no próprio sujeito.
1.5.Exclusão social
Para Marins Junior (2008) a exclusão social incide como o não-
reconhecimento do outro, que pode se dar em três acepções. A primeira resulta da
discriminação ou rejeição social, pois, em tais grupos, não são excluídos
formalmente de seus direitos, porém não são aceitas as suas diferenças (negros,
religiosos, homossexuais). A segunda resulta, além da discriminação, da exclusão
de direitos, gerada por uma não inserção social que repercute mais no âmbito do
trabalho (mendigos, biscateiros, trabalhadores informais). E, por fim, a terceira que
resulta não da negação de tais direitos, mas, sim, da negação ao espaço de
obtenção destes direitos, a recusa a estes grupos do direito de ter direitos
(moradores de rua, índios e modernômades), tais processos correspondem a
gradações do mesmo fenômeno de ocultamento do outro.
Segundo Sposati (1996) dentro do contexto da exclusão social, existem
diferentes graus e formas de exclusão, que, assim se apresentam:
• Exclusão estrutural: resultado do processo seletivo do mercado, que não garante
emprego para todos, gerando contínua desigualdade;
• Exclusão absoluta: originada da condição de pobreza absoluta de um crescente
segmento social;
8
• Exclusão relativa: sentida por aqueles que possuem os níveis mais baixos de
acesso e apropriação da riqueza social e das oportunidades historicamente
acessíveis do ser humano;
• Exclusão da possibilidade de diferenciação: resultado do grau de normalização e
enquadramento que as regras de convívio estabelecem entre os grupos de uma
sociedade, não efetivando os direitos das minorias. No caso, o padrão de
intolerância inclui ou não, as heterogeneidades de gênero, etnia, religião, opção
sexual, necessidades especiais, etc.;
• Exclusão da representação: grau pelo qual a democracia de uma sociedade
possibilita tornar presentes e públicas, as necessidades, interesses e opiniões dos
vários segmentos, especialmente na relação Estado-Sociedade;
• Exclusão integrativa: onde a exclusão é perversamente a forma de um segmento
da população permanecer precariamente presente na lógica da acumulação,
enquanto outro usufrui do desenvolvimento, da riqueza, da cidadania (SPOSATI,
1996, p. 13).
1.6.Deficiência ao longo da historia
Historicamente o indivíduo com deficiência é caracterizado por preconceitos
onde a imagem de muitos deficientes era tida como deformação do corpo e da
mente, denunciando a imperfeição humana, se sobrevivessem as crianças eram
abandonadas em cestos ou em locais sagrados e exploradas como atrações de
circos ou empregados de menor valor (GUGEL, 2007).
A autora ressalta que dentro da histórica nota-se que as crianças que
nasciam com deformidades ou algum tipo de deficiência era tido como castigo de
DEUS ou eram vistos como feiticeiros, como bruxos ou seres diabólicos os quais
deveriam ser castigados a fim de serem purificados, contudo a Igreja Católica foi
uma grande aliada para os deficientes pois os acolhia, levando ao surgimento em
1726 das Rodas de Expostos
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Ainda Gugel (2007) afirma que teve-se como doutrina a caridade e o amor
para com os indivíduos. Dessa maneira, a Igreja combateu, dentre outras práticas, a
eliminação dos filhos nascidos com deficiência.
[...] a própria religião, ao colocar o homem como “imagem e semelhança de Deus”, portanto, ser perfeito, acrescia a ideia da condição humana, incluindo-se aí a perfeição física e mental. E, não sendo “parecidos com Deus”, os portadores de deficiências (ou imperfeições) eram postos à margem da condição humana, e tidas como culpadas de sua própria deficiência (MAZZOTTA, 2005, p.16).
Mazzotta (2005) indica que a partir da Revolução Industrial iniciada no século
XVIII e caracterizada pela passagem da manufatura à indústria mecânica, a questão
da habilitação e da reabilitação da pessoa com deficiência para o trabalho ganhou
força. O trabalho, muitas vezes em condições precárias, começou a ocasionar
acidentes mutiladores e também doenças profissionais. Assim, tornou-se necessário
a criação do Direito de Trabalho e de um sistema de seguridade social mais
eficiente. No século XIX finalmente percebe-se uma grande mudança para os
indivíduos com deficiência. Surge uma atenção especializada e não só institucional
como os hospitais e abrigos. Começam os estudos para os problemas de cada
deficiência.
O autor ainda alude que no Brasil a pessoa com deficiência existe desde os
nossos primitivos índios brasileiros. Nessa época, a criança que nascia com alguma
deformidade física era atirada nas montanhas, pois se acreditava que a criança com
deformidade não poderia ter uma vida como uma criança dita normal.
Honesko e Borges (2011) esclarecem que se encarou o pensamento de que
estes heróis de guerra não mereciam apenas a garantia das necessidades ligadas à
deficiência, tais como tratamentos médicos ou aposentadoria, mas sim a inclusão
social. Visto que “sobreviver sempre é muito pouco, o homem necessita interagir,
participar, dar sentido à própria vida, e dessa forma associar-se, criar núcleos”. As
guerras mundiais deram visibilidade as pessoas que viviam com deficiência:
[...] as duas guerras mundiais fizeram aumentar, o número de pessoas com deficiência de locomoção, de audição e de visão, fazendo com que esse drama ficasse exposto de forma mais incisiva, exigindo do Estado uma posição de agente protetor (HONESKO e BORGES, 2011, p. 13).
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As autoras ainda ressaltam que visando melhor qualidade de vida das
pessoas com deficiência, os Estados Unidos e os países da Europa, desde a
segunda metade do século passado, investem em programas governamentais,
adaptação de prédios de uso público e contratação da mão-de-obra de tais pessoas.
Enfim, perceberam que, embora com suas especificidades, é possível garantir a este
segmento o direito de uma vida plena e feliz.
Honesko e Borges (2011) indicam que os organismos internacionais em geral
auxiliam de forma grandiosa a defesa e proteção das pessoas com deficiência,
através da instituição de vários documentos internacionais com vistas à sua tutela.
Por exemplo:
Em junho de 1955, a OIT (Organização Internacional do Trabalho) baixou a
Resolução nº. 99, que trata da Adaptação e Readaptação profissional das pessoas
com deficiência e, em junho de 1983, consagrou a Convenção nº 159, sobre a
Readaptação Profissional destas pessoas, textos estes complementados pela
Resolução nº. 168 do mesmo organismo internacional.
Em dezembro de 1975, a ONU (Organização das Nações Unidas) proclamou
a Declaração dos Direitos das Pessoas com Deficiência (Resolução nº. 3.447), que,
em seu art. 1º, conceituou como pessoa com deficiência, qualquer pessoa incapaz
de, por si mesma, completamente ou em parte, assegurar-se das necessidades de
um indivíduo normal e/ou de vida social, em consequência de deficiência, congênita
ou não, em sua capacidade física ou mental e que, em seu art. 8º, recomendou que
as necessidades especiais deste grupo sejam levadas em consideração nas
atividades de planejamento econômico e social do país.
Algum tempo depois, a ONU declarou ser 1981 o ano internacional da pessoa
com deficiência (Resolução nº 31/123, de 16/12/1976), complementada pelo
Programa de Ação Mundial sobre as pessoas com deficiência (Resolução nº 37/52,
3/12/1982).
Também por parte da OEA (Organização dos Estados Americanos), houve
preocupação no que se tange à pessoa com deficiência, como no Protocolo de San
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Salvador à Convenção Americana sobre Direitos Humanos, que traz o compromisso
para a adoção de medidas garantidoras da facilitação dos direitos ao trabalho (art.
6º), à educação (art. 13), entre outros (art. 18) (HONESKO e BORGES, 2011).
1.7.A Inclusão Social na identificação e reconhecimento dos espaços arquitetônicos.
Segundo Moschetta; Beloto (2007) a produção arquitetônica traz como
referenciais o chamado “homem padrão”, pouco considerando a diversidade de
usuários. Esse fato tem gerado projetos homogêneos, sem uma reflexão crítica a
respeito das experiências espaciais das pessoas portadoras de alguma deficiência.
A autoras ressaltam ainda que a mera normatização do projeto arquitetônico,
sem a preocupação quanto à inclusão, acaba determinando rotas e ambientes
separados, pois se preocupa apenas em promover o acesso ao edifício. Além disso,
muitos estudos se baseiam em propostas de readequação de edifícios para pessoas
deficientes e apontam a construção de rampas, de vagas especiais nos
estacionamentos e de banheiros adaptados às pessoas deficientes como suficientes
para dizer que o projeto é inclusivo.
Segundo Nonato (2011) a acessibilidade arquitetônica é um direito básico das
pessoas com deficiência. Ela possibilita àquelas pessoas condições reais de
movimentação corporal e o deslocamento espacial. Seu objetivo é permitir um ganho
de autonomia e de mobilidade a um número cada vez maior de pessoas, uma vez
que ela contribui para melhorar, transformar e criar uma realidade social mais
receptiva às pessoas com deficiência, mas também, em grande medida, para toda a
sociedade.
O autor nota que no Brasil existe um número considerável de normas que
asseguram as condições de acessibilidade às pessoas com deficiência. Desse
modo, a Constituição Federal de 1988, leis infraconstitucionais, decretos, leis
orgânicas e planos diretores da maioria dos municípios, bem como declarações,
pactos, programas e convenções internacionais garantem a essas pessoas àqueles
direitos.
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E afirma que a despeito de todo esse arcabouço de normas jurídicas, bem
como considerando as contribuições doutrinárias e jurisprudenciais, as condições de
acessibilidade arquitetônica não são devidamente efetivadas. Na verdade, há um
descumprimento das normas regulamentadoras atinentes a esses direitos
(NONATO, 2011).
As condições acessibilidade arquitetônica funcionam como pressupostos essenciais ou plataformas para que as pessoas com deficiência ganhem autonomia nos mais diversos escalões no mundo social e econômico. Eles permitem que essas pessoas planifiquem suas existências, garantam seus ideais de vida. Educação, saúde, trabalho, lazer etc, são direitos essenciais de todo e qualquer cidadão, mas no caso específico das pessoas com deficiência, o exercício pleno desses direitos depende necessariamente da efetividade dos direitos humanos de acessibilidade (NONATO, 2011, pg 143).
Nonato (2011) ainda afirma que dignidade, igualdade, liberdade de locomoção
e inclusão social não podem ser meras palavras principiológicas elencadas em
Constituições, leis infraconstitucionais, decretos nacionais e em declarações, pactos,
convenções e programas internacionais, mas condições indispensáveis para que
toda pessoa possa se desenvolver em sociedade, tendo a possibilidade de alcançar
o máximo de suas potencialidades, contribuindo não só com seu próprio
desenvolvimento, mas com desenvolvimento da sociedade como um todo.
1.8.Análise das edificações e espaços livres: barreiras arquitetônicas.
Cecilia (2007) afirma que em toda a história da arquitetura, os espaços livres
mantêm papel fundamental como articuladores das funções urbanas e dos domínios
público e privado. A paisagem das cidades é formada não apenas pela imagem dos
edifícios que as compõem, mas, principalmente, pelas relações que estes edifícios
estabelecem entre si e entre os espaços livres2 que os circundam. Algumas
arquiteturas, mais que simplesmente ocupar fisicamente um lugar no espaço,
complementam e redefinem seu entorno imediato, tornando-se parte indissociável
dele.
O autor afirma ainda que as arquiteturas exemplares nos ensinam a
impossibilidade de se pensar o edifício isolado de seu contexto imediato. E é através
dessas arquiteturas precedentes que pretendo exemplificar algumas idéias que
considero importantes para a formação de nossa cultura espacial.
13
Segundo Carvalho; Avelar (2010) indicam que as barreiras arquitetônicas são
encontradas em diferentes locais e podem estar relacionadas à falta de
planejamento de projetos. Essas barreiras ambientais ou naturais acarretam
dificuldades de acessibilidade dos usuários nas estruturas instaladas. Sendo assim,
o mais vigente seria evitar estas barreiras, obedecendo aos critérios ou exigências
mínimas das leis e normas referentes à estrutura física dos ambientes
As autoras ressaltam que essas barreiras podem ser arquitetônicas
urbanísticas, que estão presentes nas vias públicas e nos espaços de uso público;
arquitetônicas de edificação, que permanecem nas instalações internas dos edifícios
públicos e privados; e arquitetônicas nos transportes e nas comunicações que
dificultem a realização das respectivas atividades, é de responsabilidade de cada
área técnica, o desenvolvimento do projeto executivo, sendo que os projetos que
forem submetidos à análise das vigilâncias sanitárias municipais ou estaduais, terão
que ser elaborados por técnicos ou firmas, legalmente habilitados pelo Conselho
Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia (CREA) local. Os autores do
projeto têm que assinar todas as peças gráficas do projeto e o responsável técnico
do projeto tem que assinar o relatório técnico, juntamente com os seus respectivos
autores, identificando o número do CREA e providenciando sempre a Anotação de
Responsabilidade Técnica (ART).
O desenvolvimento técnico contribuiu para a construção de edifícios e espaços com barreiras arquitetônicas que prejudica tanto as pessoas com deficiência física ou com outras necessidades especiais, quanto às outras pessoas que não possuem deficiências. As normas regulamentadoras que devem ser implantadas são elaboradas para as pessoas consideradas normais esquecendo-se das que possuem deficiência permanente ou que estão com alguma dificuldade temporária (CARVALHO; AVELAR, 2010, pg 471).
De acordo com RDC n. 50, de 21 de fevereiro de 2002, que dispõe sobre o
Regulamento Técnico para planejamento, programação, elaboração e avaliação de
projetos físicos de estabelecimentos assistenciais de saúde, ressalta com relação ao
projeto executivo da edificação, que: a aprovação do projeto não eximirá seus
autores das responsabilidades estabelecidas pelas normas, regulamentos e
legislação pertinentes às atividades profissionais. O projeto deverá ser encaminhado
para aprovação formal nos diversos órgãos de fiscalização e controle, como
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Prefeitura Municipal, Corpo de Bombeiros e entidades de proteção sanitária e do
meio ambiente, assim como, será de responsabilidade do autor ou autores do
projeto a introdução das modificações necessárias à sua aprovação.
Segundo Semmer et al (2004) a via pública, espaço que compreende passeio,
pista, acostamento, ilha e canteiro, é destinada à circulação de pessoas e veículos,
sejam eles de transporte individual (automóveis, motos e bicicletas) ou coletivo
(ônibus e vans), de carga (caminhões e utilitários) ou passeio. Os diversos usuários
da via devem conviver harmonicamente, sem que um seja mais ou menos valorizado
que o outro.
Os autores indicam que para isso, as vias devem oferecer boas condições de
trafegabilidade, tanto de pedestres como de veículos, manutenção e qualidade
urbana. Os projetos para estes espaços devem ser compatíveis com o uso do
entorno e com o desejo de seus habitantes, incentivando a utilização dos espaços
públicos e promovendo o convívio social.
De acordo com a norma ABNT 9050/04, as partes que compões a via de pedestre
são definidas como:
Calçada: Parte da via, normalmente segregada e em nível diferente, não destinada
à circulação de veículos, reservada ao trânsito de pedestres e, quando possível, à
implantação de mobiliário, sinalização, vegetação e outros fins (Código de Trânsito
Brasileiro).
Calçada rebaixada: Rampa construída ou implantada na calçada ou passeio
destinada a promover a concordância de nível entre estes e o leito carroçável.
Passeio: Parte da calçada ou da pista de rolamento, neste último caso separada por
pintura ou elemento físico, livre de interferências, destinada à circulação exclusiva
de pedestres e, excepcionalmente, de ciclistas - Código de Trânsito Brasileiro.
1.8.1. Calçadas
Semmer et al (2004) indica que as calçadas permitem a integração entre as
edificações, os equipamentos e mobiliários urbanos, o comércio e os espaços
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públicos em geral, devendo compor rotas acessíveis facilmente identificadas,
contínuas e com dimensões adequadas, permitindo o deslocamento fácil e seguro.
A acessibilidade em calçadas deve ser garantida através das seguintes
características:
Os pisos das calçadas, passeios ou vias exclusivas de pedestres os pisos devem ter superfície regular, firme, estável e antiderrapante, evitando trepidações para pessoas com cadeira de rodas;
A inclinação transversal máxima deve ser de 2% para pisos internos e 3% para pisos externos, nas faixas destinadas a circulação de pessoas (inclinações superiores provocam insegurança no deslocamento);
A inclinação longitudinal máxima deve ser de 8,33% para que se componha uma rota acessível;
Grelhas ou juntas de dilatação no piso, os vãos no sentido transversal ao movimento devem ter dimensão máxima de 15 mm;
Calçadas, passeios e vias exclusivas de pedestres devem incorporar faixa livre com largura mínima recomendável de 1,50m, sendo a mínimo admissível de 1,20 m e altura livre mínima de 2,10 m.
Os autores ressaltam que a faixa de circulação livre é obrigatória e deverá
seguir os critérios de dimensionamento previstos da norma ABNT NBR 9050/04. A
implantação das outras faixas depende dos seguintes aspectos:
Para passeios com largura mínima de 1,20 m deve-se analisar a possibilidade de sua ampliação. Se isso não for possível, a calçada deve oferecer plena acessibilidade ao menos em um dos lados da via, garantindo a circulação das pessoas com deficiência ou mobilidade reduzida;
Para passeios com larguras de até 1,90 m, sugere-se a implantação da faixa livre, mínima de 1,20 m, e da faixa de serviço, mínima de 0,70 m;
Já nos passeios com largura superior a 2,30 m podem ser implanta das as três faixas: faixa de serviços, faixa de circulação livre e faixa de acesso (SEMMER et al, 2004).
1.8.2. Travessia de pedestres
Segundo Semmer et al (2004) as faixas de travessias de pedestres devem ser
aplicadas nas pistas de rolamento, no prolongamento das calçadas e passeios onde
16
houver demanda de travessia, posicionando-as de modo a não desviar o pedestre
de seu caminho e atendendo o Código de Trânsito Brasileiro.
Os autores ressaltam que o rebaixamento das calçadas para pedestres é um
recurso que permite às pessoas com deficiência ou mobilidade reduzida atravessar
a via com conforto e segurança. Além disto, facilita também a vida dos demais
pedestres, pois atende aos preceitos do Desenho Universal. O rebaixamento deve
se situar em ambas as extremidades da faixa de travessia de pedestres, de forma a
garantir a continuidade do percurso das pessoas que utilizam cadeira de rodas. Nas
esquinas, não pode interferir no raio de giro dos veículos e nem O ponto mais baixo
da rampa deve ficar com uma saliência de 1,5cm junto ao meio-fio em relação à
sarjeta ou piso do estacionamento, para orientação das pessoas com deficiência
visual. Nos passeios públicos, o piso tátil de alerta deve ser instalado em posição
perpendicular ao deslocamento.
Ainda os autores indicam que a escolha do tipo de rebaixamento deve ser
determinada em função da largura remanescente do passeio, obedecendo aos
seguintes critérios:
1. Deve ser preservada uma largura remanescente do passeio (Lr) maior ou igual a
0,80 m, medida entre a rampa principal e o alinhamento do imóvel, para permitir o
acesso de pedestres e pessoas que se deslocam com o uso de cadeira de rodas.
2. Possibilidade de construir o rebaixamento ao longo de todo o passeio, quando
inexiste largura remanescente de passeio, não sendo possível a execução do tipo
anterior, ou seja, quando o passeio apresentar largura igual ou menor a 1,50 m.
permitir a travessia em diagonal.
Nos rebaixamentos de calçada e de canteiros para pedestres, deverá ser
instalada sinalização tátil de alerta no piso, com largura recomendada de 0,40 m e
distantes a 0,50 m do limite da guia, posicionado para cada caso conforme as
figuras. Devem ser implantadas faixas de sinalização tátil direcional no piso, de
maneira transversal à calçada, marcando faixas de travessia. Quando houver foco
semafórico acionável por pedestre controlando a travessia, a faixa de sinalização
17
tátil direcional transversal deve estar na direção do foco semafórico (SEMMER, et al
2004).
1.8.3. Estacionamento
Segundo Semmer et al (2004) nas vias públicas devem ser previstas vagas
reservadas de estacionamento para veículos que conduzam ou sejam conduzidos
por pessoas com deficiência ou mobilidade reduzida. A disponibilidade de vagas
deve seguir a legislação vigente, instalando-as próximo a centros comerciais,
hospitais, escolas, centros de lazer, parques e demais pólos de atração. Estas vagas
devem atender as seguintes especificações:
Possuir sinalização vertical e horizontal conforme a norma ABNT NBR 9050/2004;
Estar sinalizadas com o Símbolo Internacional de Acesso – SAI;
Ter dimensões de no mínimo 5,00m de comprimento por 2,50m de largura;
Quando afastadas da faixa de travessia de pedestres devem possuir um espaço
adicional de 1,20 m e rampa de acesso ao passeio para as pessoas com deficiência
ou mobilidade reduzida.
Situar-se junto às rotas acessíveis e conectadas aos pólos de atração;
Sua localização deve evitar a circulação entre veículos;
Respeitar o código de trânsito.
Os autores ressaltam que o rebaixamento de calçada e guia junto às vagas
de estacionamento destinadas às pessoas com deficiência apresenta características
diferentes do rebaixamento de calçadas e guias situadas junto às travessias de
pedestres. Esta possibilita o acesso da pessoa da via ao passeio e deve possuir as
mesmas características geométricas, inclinação e posicionamento, mas não deve
ser sinalizada com o piso tátil de alerta, pois pode confundir as pessoas com
deficiência visual.
1.8.4. Mobiliário e equipamentos urbanos
Mobiliários urbanos – floreiras, bancas de revistas, telefones públicos, caixas de
correios, entre outros, quando posicionados nas esquinas ou próximos dela,
prejudicam a intervisibilidade entre pedestres e veículos e comprometem o
18
deslocamento das pessoas, em especial aquelas com deficiência ou mobilidade
reduzida (SEMMER, et al 2004).
Sendo assim, as esquinas devem estar livres de interferências visuais e
físicas até a distância de 5,0m do bordo do alinhamento da via transversal. Todos os
equipamentos devem estar situados nos limites das faixas de serviço, respeitando
sempre a faixa livre de circulação.
Objetos suspensos com altura entre 60 a 210 cm, não detectáveis com a
bengala, devem possuir, em seu entorno, piso tátil de alerta distando 60 cm do limite
de sua projeção.
Os equipamentos com volume superior maior que a base também deve estar
sinalizada com o piso tátil de alerta distando 60 cm do limite de sua projeção. A
sinalização vertical e a iluminação pública devem ser implantadas na faixa de
serviço ou de acesso, sem interferir nos rebaixamentos de passeios e guias para
travessias de pedestres e nos acessos de veículos.
Em plataformas de plataformas de embarque e desembarque, a borda deve
estar sinalizada a 50 cm da guia em toda sua extensão, com o piso tátil de alerta em
uma faixa de 25 a 60 cm de largura, exceto para plataforma em via pública, quando
a largura deverá variar entre 40 e 60 cm (SEMMER, et al 2004).
1.8.5. Circulação horizontal e vertical
Segundo Semmer et al (2004) para que as circulações horizontais internas
das edificações proporcionem a livre movimentação das pessoas, de forma
autônoma e independente, estas devem atender às seguintes recomendações:
Seu trajeto deve estar livre de obstáculos ou objetos inesperados que possam
provocar esbarros e choques involuntários;
Para o deslocamento de pessoas com deficiência ou mobilidade reduzida, é
necessário prever áreas de rotação e de aproximação, com dimensões que
possibilitem giro de 1,50m de raio;
19
Para a transposição de obstáculos isolados com extensão máxima de 40cm,
admite-se largura mínima de 0,80m, por exemplo, para passagem de portas;
As larguras mínimas recomendáveis para corredores devem atender aos
seguintes critérios, devendo ser ampliadas de acordo com o fluxo de pessoas.
Na circulação vertical, deve-se garantir que qualquer pessoa possa se movimentar e
acessar todos os níveis da edificação com autonomia e independência. Quando
superiores a 15 mm devem atender aos requisitos de rampas e degraus, conforme
norma ABNT NBR9050/04.
As rampas devem atender aos seguintes requisitos:
Largura livre recomendada de 1,50 m, sendo admissível a largura mínima de 1,20
m;
Quando não existirem paredes laterais, as rampas devem possuir guias de
balizamento com altura mínima de 5 cm executadas nas projeções dos guarda
corpos;
Patamares no início e final de cada segmento de rampa com comprimento
recomendado de 1,50 m e mínimo admitido de 1,20 m, no sentido do movimento;
Piso tátil de alerta para sinalização, com largura entre 25 e 60 cm, distante no
máximo a 32 cm da mudança de plano e localizado antes do início e após o término
da rampa com inclinação longitudinal maior ou igual a 5%;
Inclinação transversal de no máximo 2% em rampas internas e 3% em rampas
externas;
Deverão existir sempre patamares próximos a portas e bloqueios. As rampas
devem ter inclinação de acordo com os limites estabelecidos na norma ABNT NBR
9050/04.
1.8.6. Sinalização tátil de piso
Semmer et al (2004) indica que a sinalização tátil no piso é um recurso para
prover segurança, orientação e mobilidade a todas as pessoas, principalmente para
20
pessoas com deficiência visual, compreendendo a sinalização de alerta e a
sinalização direcional. A sinalização tátil, quando instalada no piso, tem a função de
guiar o fluxo e orientar os direcionamentos nos percursos de circulação por parte da
pessoa com deficiência.
A sinalização tátil no piso deve atender às seguintes características:
a) ser antiderrapante, em qualquer condição;
b) ter textura contrastante em relação ao piso adjacente, de forma a ser claramente
percebida por pessoas com deficiência visual;
c) ter cor contrastante em relação ao piso adjacente, de forma a ser percebido por
pessoas com baixa visão.
d) atender as características de desenho, relevo e dimensões de acordo com a
norma ABNT NBR 9050/04.
Sinalização tátil de alerta – deve ser utilizado para sinalizar situações que
envolvam risco de segurança permanente ou desníveis, sempre perpendicularmente
ao sentido de deslocamento. Deve ser utilizada na identificação de travessia de pista
de rolamento, início e término de rampas, escadas fixas, escadas rolantes, junto à
porta dos elevadores e desníveis de plataforma, palco ou similares, para indicar
risco de queda.
Apesar da norma ABNT NBR 9050/04 permitir largura mínima de 25 cm para
piso tátil alerta, recomenda-se que estas faixas de alerta possuam de 40 a 60 cm de
largura, para que sejam melhor identificadas (SEMMER et al, 2004).
Segundo Semmer et al (2004) esta faixa também é conhecida como PISO
TÁTIL DE ALERTA e PISO TÁTIL DIRECIONAL. São compostos de faixas feitas a
partir de placas com relevos, que podem ser percebidos pelo toque do bastão ou
bengala e também pelo solado do calçado. Em áreas externas, utilizam-se pisos do
tipo pré-moldado (similar ao ladrilho hidráulico); no entanto, é também comum o uso
de pisos fabricados em PVC em locais de menor agressão, sendo estes últimos
mais recomendados para áreas internas.
As placas de piso tátil podem ser, em princípio, de qualquer cor desde que
proporcionem contraste que as diferencie do restante do piso, de modo a ser
21
facilmente percebido pela pessoa com baixa visão. As cores preta, cinza, vermelha,
amarela e azul são as mais indicadas.
Semmer et al (2004) ressalta importante que:
A cor amarela é a mais indicada para os pisos táteis, por possuir maiores
índices de reflexão da luz, o que proporciona maior visibilidade e percepção por
parte de pessoas com baixa visão; porém, não deve ser utilizada em pisos com
tonalidades similares e que possam resultar em pouco contraste visual. As placas do
piso tátil de alerta possuem relevos na forma de pontos e são utilizadas para as
mudanças de direção e para a identificação de obstáculos suspensos, cuja projeção
superior seja maior que a base. Exemplo: caixas de correio, telefones públicos com
orelhão, lixeiras suspensas etc.
1.9.Leis e Normas
Algumas referências legais demonstram conceitual e historicamente o
amadurecimento no país no que concerne às propostas do Desenho Universal. São
leis que se baseiam na preservação dos direitos humanos e na garantia da
qualidade de vida para pessoas com deficiência, idosos, gestantes, entre outros
segmentos.
Decreto nº 53.485, de 26 de setembro de 2008.
Institui, no âmbito da Administração Centralizada e Descentralizada do Estado de
São Paulo, a política de implantação do conceito de desenho universal na produção
de habitação de interesse social.
Decreta:
Artigo 1º - Fica instituída, no âmbito da Administração Centralizada e
Descentralizada do Estado de São Paulo, a política de implantação do conceito de
desenho universal na produção de habitação de interesse social.
Artigo 2º - Para efeito deste decreto, entende-se por desenho universal o modo de
concepção de espaços e produtos arquitetônicos e urbanísticos visando a sua
utilização pelo mais amplo espectro de usuários, incluindo crianças, idosos e
pessoas com restrições temporárias ou permanentes.
22
Artigo 3º - As unidades habitacionais a que alude o artigo 63 da Lei nº 12.907, de 15
de abril de 2008, destinadas a pessoas portadoras de deficiência ou a famílias que
as possuam em seu seio, serão planejadas contemplando a acessibilidade total,
segundo as normas técnicas da Associação Brasileira de Normas Técnicas - ABNT.
Artigo 4º - O Secretário da Habitação e a Secretária dos Direitos da Pessoa com
Deficiência expedirão resolução conjunta constituindo grupo de trabalho destinado a
apresentar, no prazo de 120 (cento e vinte) dias, contados do início de suas
atividades, proposta de implantação do conceito de desenho universal.
Parágrafo único - A proposta que se refere o “caput” deste artigo, levará em
consideração a viabilidade técnico-financeira que condiciona a produção da
habitação de interesse social e a diversidade da demanda habitacional, em
conformidade com a legislação vigente.
Artigo 5º - O representante da Fazenda do Estado perante empresas em que este
detenha a maioria do capital votante ou junto a fundações instituídas e mantidas
pelo Poder Público, adotará as providências necessárias ao cumprimento do
disposto neste decreto.
Resolução Conjunta SH/SEDPcD - 35, de 25-9-2008
Constitui grupo de trabalho para estudo e elaboração de proposta de implantação do
conceito de Desenho Universal na produção de habitação de interesse social; Os
Secretários de Estado da Habitação e dos Direitos da Pessoa com Deficiência, no
uso de suas atribuições legais e, Considerando que é dever do Estado dar proteção
especial às pessoas com deficiência de forma prioritária; Considerando que cabe à
Secretaria da Habitação, a proposição e, por intermédio da Companhia de
Desenvolvimento Habitacional e Urbano do Estado de São Paulo - CDHU, a
execução da Política Estadual de Desenvolvimento Habitacional e Urbano, conforme
artigo 2º, incisos I e IX, do Decreto Estadual nº 34.399/91;
Considerando que a Secretaria de Estado dos Direitos da Pessoa com
Deficiência tem a missão de coordenar a implementação das ações governamentais
dirigidas às pessoas com deficiência e a suas famílias, atuando de maneira
23
harmônica com as demais Secretarias de Estado, órgãos e entidades da
Administração Pública Estadual para a realização de objetivos comuns, inclusive
realizando a articulação com entidades da sociedade civil vinculadas à causa e
fomentando a criação de propostas de parcerias para a execução de metas,
programas e projetos concebidos para melhorar a qualidade de vida desse
segmento da população;
Resolvem:
Art. 1º - Constituir grupo de trabalho para estudo e elaboração de proposta de
implantação do conceito de desenho universal na produção de habitação de
interesse social, no âmbito do Estado de São Paulo, com os seguintes objetivos
básicos:
I - Definir as diretrizes da implantação do conceito de Desenho Universal na
produção de habitação de interesse social;
II - Estabelecer Plano de Trabalho e cronograma das ações propostas;
§ 1º - Entende-se por desenho universal o modo de concepção de espaços e
produtos arquitetônicos e urbanísticos visando a sua utilização pelo mais amplo
espectro de usuários, incluindo crianças, idosos e pessoas com restrições
temporárias ou permanentes;
§ 2º - A proposta a que se refere o “caput” levará em consideração a viabilidade
técnico-financeira que condiciona a produção da habitação de interesse social e a
diversidade da demanda habitacional, em conformidade com a legislação vigente.
Art. 2º - São membros efetivos do grupo de trabalho de que trata o artigo anterior:
PÁG. 92 | 93 I - 1 (um) representante da Secretaria da Habitação, que o coordenará,
e seu respectivo suplente;
II - 2 (dois) representantes da Secretaria dos Direitos da Pessoa com Deficiência e
seus respectivos suplentes;
III - 2 (dois) representantes da Companhia de Desenvolvimento Habitacional e
Urbano do Estado de São Paulo - CDHU, e seus respectivos suplentes;
24
IV - 1 (um) representante do Conselho Estadual para Assuntos da Pessoa com
Deficiência, e seu respectivo suplente, a ser convidado pela coordenação do grupo
de trabalho.
§ 1º - Os representantes de que tratam os incisos I e II serão indicados pelos
respectivos Secretários de Estado, e o mencionado no inciso III, será indicado pelo
Diretor Presidente daquela Companhia.
§ 2º - A critério dos membros efetivos, poderão ser chamados a participar do grupo
de trabalho como convidados, representantes de outros órgãos e entidades do
Governo Estadual, de Conselhos que tratem da matéria, bem como da sociedade
civil.
Art. 3º - O grupo de trabalho terá prazo de 120 (cento e vinte) dias contados a partir
do início de suas atividades para apresentar relatório conclusivo sobre os trabalhos
propostos.
Art. 4º - Esta resolução entra em vigor na data de sua publicação.
LEGISLAÇÃO DA CIDADE DE SÃO PAULO
LEI Nº 10.508, DE 4 DE MAIO DE 1988Dispõe sobre a limpeza nos imóveis, o fechamento de terrenos não edificados e a construção de passeios e de ou traz providências.
LEI Nº 10.832, DE 5 DE JA NEI RO DE 1990Cinema, estádio, circo, teatro, estacionamento, local de com petição, casas de espetáculos e similares devem destinar 3% da capacidade para as pessoas com deficiência física. Determina tratamento prioritário a pessoas portadoras de deficiência física.
LEI Nº 11.065, DE 4 DE SE TEM BRO DE 1991Torna obrigatória a adaptação dos estádios desportivos para facilitar o ingresso, locomoção e acomodação das pessoas com deficiência física, especialmente os paraplégicos.
LEI Nº 11.101, DE 29 DE OU TU BRO DE 1991Dispõe sobre a entrega de livros a pessoas com deficiência física em suas residências, para leitura e pesquisa nas Bibliotecas Municipais. Regulamentada pelo DM 31.285/92.
LEI Nº 11.250, DE 1 DE OU TU BRO DE 1992Dispõe sobre a isenção de tarifa no sistema de transporte coletivo do Município às pessoas com deficiência física e mental, e dá ou traz providências.
25
LEI Nº 11.326, DE 30 DE ZEM BRO DE 1992Dis põe sobre o atendimento aos alunos com necessida des especiais nas escolas municipais.
LEI Nº 11.345, DE 14 DE ABRIL DE 1993Dis põe sobre a adequação das edificações a pessoas com deficiência, e dá ou traz providências. Regulamenta da pelo D.M. 45.122/04
LEI Nº 11.353, DE 22 DE ABRIL DE 1993Obriga a rede hospitalar do Município de São Paulo a fornecer quando necessário próteses e cadeiras de rodas para deficientes físicos.
LEI Nº 11.424, DE 30 DE SE TEM BRO DE 1993Dispõe sobre o acesso de pessoas com deficiência física a cinemas, teatros e casas de espetáculos. Regulamentada pelo D.M. 45.122/04. Nova redação pela L.M. 12.815/99
LEI Nº 11.441, DE 12 DE NO VEM BRO DE 1993Dispõe sobre instalação ou adaptação de boxe com sanitários destinado aos usuários de cadeiras de rodas nos seguintes locais:I – Locais de reuni ão com mais de 100 pessoasII – Qualquer outro uso com mais de 600 pessoas
LEI Nº 11.506, DE 13 DE ABRIL DE 1994Dispõe sobre a criação de vagas especiais para estacionamento de veículos dirigidos ou conduzindo pessoa com deficiência nas vias públicas municipais, e dá ou traz providências.
LEI Nº 11.602, DE 12 DE JULHO DE 1994Autoriza o executivo a adaptar pelo me nos um veículo às necessidades das pessoas com deficiência física em to das a linhas de ônibus da cidade de São Paulo e dá ou traz providências.LEI Nº 11.785, DE 26 DE MAIO DE 1995Altera a redação do art. 1º e do art. 6º da Lei nº 10.205 de 4 de dezembro de 1986 que disciplina a expedição de licença de funcionamento, e dá outras providências.
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