Arquitetura Grega e Romana (Parte 1)

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    CAPITULO XVConstrucao romana.Arcos, ab6badas e ciipulas

    Mais interessante que 0desenvolvimento e a decadencia da 231zradicao decorativa helenistica na arquitetura devocional do Im-rerio Romano e 0desenvolvimento simultaneo de novas tecnicasconstrutivas.

    Foram os romanos os primeiros construtores da Europa, tal-vez os primeiros no mundo, a reconhecer completamente as van-ragens do arco, da ab6bada e da cupula. Tanto 0 arco como aabobada cilindnca ja eram utilizados de longa data no Egito e naMesopotamia e, ao menos na Mesopotamia, foram empregadoscom grande arrojo e com um legitimo conhecimento de seus va-iores estruturais e esteticos. A hist6ria primitiva da cupula e maisobscura, porem tudo indica que ja se construissern cupulas de ar-gila desde tempos muito remotos no Oriente Proximo, emboratalvez nao em grande escala. Porern os gregos - embora des decedo em contato com 0 Nilo e nao isolados do Eufrates - apa-rentemente nao tiveram, nem mesmo com as conquistas de Ale-xandre, nenhum interesse marcante por tais metodos estrangei-fOS. E licito presumir que a construcao de estruturas' arqueadasfosse ainda praticada na Mesopotamia no periodo helenistico, damesma forma que 0tijolo cozido' seguramente era utilizado, masos testemunhos diretos parecem insuficientes, A descricao dosJardins Suspensos da Babilonia por Estrabao-, com pilastras, ar-cos e ab6badas, todos de tijolo cozido e argamassa betuminosa,

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    foi relacionada a uma suposta' reconstrucao helenistica, uma hi-p6tese nao comprovada. Menos ainda se po de afirmar que aconstrucao de estruturas arqueadas em uma escala importantefosse praticada em centros ocidentais sirios como Antioquia; aparte as coberturas de alvenaria dos passadicos do templo deApolo Didimeu" e de alguns escassos sepu1cros helenisticos, pou-cos sao os indicios de que na Siria ou na Asia Menor 0uso daab6bada tenha-se difundido antes que os arquitetos romanos im-plantassem-na ali. Nao podemos nos esquecer de nossa profun-da ignorancia acerca da Siria seleucida, mas e dificil acreditar quealgum arquiteto helenistico se ocupasse intensamente com 0de-senvolvimento das estruturas arqueadas. E verdade que 0 arcoconheceu algum progresso na Asia Menor nesse periodo, Foi uti- .lizado em Acarnania, no noroeste da Grecia, em portoes munici-pais normalmente atribuidos ao seculo V a.c., e alhures, em posi-coes de menor importancia no seculo IV, mas seu aparecimentonos portoes de Priene por volta de 300 a.c., marca uma epoca.:po is jamais ate entao, ao que se tern noticia, recebeu tal proemi-nencia em uma cidade grega de elevados padroes arquitetonicos.

    232 Sua utilizacao, no seculo seguinte, na parede do Eclesiasterio' damesma cidade, e ainda mais notavel, mas nada indica que nostempos pre-romanos a construcao arqueada, em algum dorniniogrego, rivalizasse seriamente com os rnetodos mais antigos-. NaItalia, 0arco e a ab6bada genuina talvez ocorressem em valas dedrenagem e tumulos ja na virada dos seculos VI e V a.c., embo-ra os celebres portoes arqueados da Etruria? datem, ao menos emsua maior parte, de urn periodo mais adiantado, 0 seculo III a.C,

    Ate este ponto, referimo-nos a ab6bada e a cupula simples-mente como recursos construtivos; resta considerar agora os mate-riais de que eram construidas, As ab6badas egipcias, com poucasexcecoes, eram de tijolo seco ao sol; as mais antigas ab6badas empedra que ali se conhecem datam de aproximadamente 700 a.c.Na Mesopotamia, as ab6badas eram sempre de tijolos, secos aosol ou cozidos. Podemos par em duvida se a ab6bada ou a cupu-la teriam conhecido algum desenvolvimento substancial em maosromanas caso 0unico material de que dispusessem fosse a pedralavrada, assentada a seco ou argamassada. Os problemas referen-

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    CONSTRU

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    274 ARQUIT~ GREGAEROMANA

    Fenicia, e Teofrasto conhecia e exaltava suas qualidades comoar-gamassa, 'porem, uma vez considerados todos os predecessores",deve-se admitir que 0concreto, tal como os romanos 0utiliza-ram do seculo II a.C, em diante, constituia, na verdade, um ma-terial novo e revolucionario. Moldado na forma de arcos, aboba-das e domos, rapidamente se solidificava em uma massa rigida,livre de muitas das tensoes e empuxos internos que afligem osconstrutores de estruturas similares em pedra ou tijolo. A princi-pal dificuldade residia no processo efetivo de edificacao", quan-do 0material ainda se encontrava sob forma liquida ou semili-quida, Nas paredes verticais que empregavam alvenaria solidacomo revestimento, a argamassa era aplicada tao logo cada fiadasucessiva de pedra se encontrava em posicao, e uma fina cama-d-:a. . doe P'--"\.L"3._ =-rg3_~=-SS-:a.. U"J:r:l_1._cl_a_

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    (a) Capite! de meia-coluna do"Tesouro de Atreu", Micenas

    (reconstituicao)

    LAMINA I

    (c) Maquete em terracota dotemplo de Hera, em Argos

    (reconstituicao)

    (b) Maquete em terracota do templo de Hera, em Argos

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    LAMINA II

    (a) Templo primitivo de (Artemis) Ortia, em Esparta

    (h) Capitel de Larissa, na E6lia

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    [Foro. Alinari](a) Tesouro de Sifno em Delfos (r~plica reconst ituida),a esfinge em primeiro plano nao tem reiacao alguma

    com 0'Tesouro

    [Foro. Alinari](b) Erecteu de Atenas, Portico das Donzelas (parcialmente restaurado,a cariatide escura e lima replica em terracota, arualmente substituida

    por uma replica em marmore)

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    LA MIN A V I

    Bo0-

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    Eclesiasterio, Priene

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    LAM INA V III

    (a) Bouleuterio, Mileto (reconstituicao)

    [Foto. Giani](b) I'rontao de santuario etrusco de Yuki (reconstituicao)

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    (a) Capitel do "Temple de Vesta", Tivoli ( recons ti tuicao)

    (b) Capitel "diagonal" de Pompeia (reconstituicao)

    (c) Capi tel "composite", Areo de Ti to,Roma (reconstituicao)

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    [Foto. Alinari](a) Templo Circular junto ao Tibre, Roma

    lf'oto. Alinart](b) TempJo c ia Fortuna Viril (?), Rorna

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    LAM INA X I

    (a) Khazna, Petra

    !TT1"'H""",,.uJltl.il~iH_

    (b) Maison Carree, Nimes

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    [Foto. Alinari](a) Entablamento do Templo da Concordia, Roma

    (rcconstituicao parcial)

    [Foto. Alinari](b) Entablamento do Templo de Vespasiano, Roma

    (replica, reconstituicao parcial)

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    "Templo de Baco", Baalbek (reconstituicao)

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    UMINAXIV

    (a) Ponte Fabricia, Roma lFoto. Alin

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    LAMINA XV

    [Foto. Levy e Neurdein, Parisi"Temple de Diana", Nimes

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    UMINAXVI

    [Fcto. Alinari](a) Panteon, Roma

    [Foto. Alinari](b) Coliseu, Roma

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    L AM IN A XVII

    Panteon, Roma (reconstituicao)

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    Salao das Termas de Caracala, Roma (reconstituicao)

    LAMINA XVIII

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    (a) Templo Circular, Baalbek[Foro. Alinari]

    (b) Santa Constancia , Rorna

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    LAM INA XX

    [Foto. Levy e Neurdein, Paris](a) Cauea e scaenae frons de teatro, Orange

    [Foto. Levy e Neurdein, Paris](b) Fachada externa de scaena de teatro, Orange

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    LAM INA XXI

    [Foro. Levy e Neurdein, Paris](a) Areo de Tiberio, Orange

    (b) Porta Nigra, Trier

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    LAMINA XXII

    (a)

    (b)"Maison de la Colline", Delos: (a) planta reconstituida, (b) corte rcconstituido,(Extraido de Exploration arcbeologique de Delos, VIII, Lams. XVI-XVII, XVIII)

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    LAMINA xxnr

    (a)

    (b)Urna etrusca, talvez de Chiusi, vistas lateral e frontal

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    LAMINA XXIV

    . (a) Palacio de Dioc!eciano, Espalato, atrio do vestibulo ("Piazza del Duomo")

    (b) "Portae Aureo" do Palacio de Diocleciano, Espalato(reconstituicao - desenho de Hebrard)

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    mir uma consistencia ao concreto durante 0processo de solidifi-cacao, bem como concentrar e canalizar as tensoes e empuxosexercidos pela massa semiliquida, Regrageral, nada indica que ti-vessem alguma funcao efetiva depois da solidificacao do concre-to, embora ocasionalmente fossem tratadas, a maneira gotica, co-mo a estrutura da abobada ou, ao menos, 0revestimento de talestrutura, com a trama intermediaria tornada deliberadamentemais leve pela aplicacao de orificios decorativos e a utilizacao dematerials de preenchimento menos solidos, incluindo anforas va-zias. Os romanos nao costumavam assumir riscos e proviam deelaborados contrafortes as impostas de s,uas abobadas, emboraem muitos casos a soberba qualidade de sua argamassa de calprovavelmente tornasse superflua tal resistencia permanente quan-do 0concreto finalmente estivesse solidificado".

    Deve-se acrescentar que 0intradorso das abobadas porrve-zes era revestido com uma camada simples ou dupla de ladrilhoschatos aplicados a sua superficie, Houve quem defendesse a hi-potese de que esses ladrilhos formavam originalmente uma con-cha montada acima de um cimbre leve de madeira e que essaconcha aglutinava-se formando uma massa auto-suportante antesque 0peso total do concreto, que exigiria um cimbre maisresis-tente, fosse sobreposto. E duvidoso, porem, que esses ladrilhospudessem desempenhar tal funcao e talvez 0mais provavel e quese destinassem, como sugere Cozzo, a facilitar a aplicacao dos or-namentos de estuque. Todos esses metod os serao exemplificadosmais adiante no livro, quando tratarmos de monumentos espe-cificos,

    Os exernplos importantes mais antigos do uso do concretona cidade de Roma sao os podios ou .plataformas dos templos daConcordia e dos Dioscuros, Ambos datam do final do seculo II a.C.e acusam uma tecnica um tanto pobre. Em um periodo mais re-cuado do mesmo seculo comecarnos a encontrar em Pompeia 50-lidas paredes de cal e pedregulho, revestidas externamente compedras de formato irregular, um sistema denominado opus incer-tum por Vitnivio. as pontos aparentes, como quinas e batentesde portas, eram em bloc os de pedra. No seculo I, os pequenosblocos de revestimento tornararn-se mais regulares (padrao qua-

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    276 ARQUITETURA GREGA E ROMANAse-reticulado), mas 0 celebre padrao reticulado - bloc os pirami-dais de base quadrada assentados com a ponta voltada para den-tro, a maneira de urn diamante - e raro anteriormente a era deAugusto", da qual e particularmente caracteristica, muito emborase mantivesse em uso ate 0seculo II d.C. 0 uso de tijolos cozi-dos para quinas e batentes de portas e introduzido em Pompeia

    235 juntamente com 0padrao quase-reticulado na primeira meta dedo seculo I a.c., mas aparecem urn pouco antes como 0materialdas colunas da Basilica" e em algumas outras colunas na cidade.

    Tal e interessante tendo em vista que 0mais antigo exem-plar conhecido de tijolo cozido em urn edificio grego e sobremo-do semelhante. Trata-se de urn palacio helenistico" em Nipur, naMesopotamia, provavelmente data do do inicio do seculo III a.c.,grego no estilo, mas que possui colunas de tijolo cozido, em con-sonancia com a antiga pratica mesopotamica. Tais fatos reforcama hipotese de que 0tijolo cozido tenha-se introduzido no mun-do greco-romano_ a partir da Mesopotamia; pode-se encontia-lopor vezes no sul da Italia ao final do periodo helenistico, Obvia-mente ja se utilizavam tijolos muito antes desse periodo na Italia,assim como na Grecia, mas estes eram secos ao sol ou por vezesligeiramente cozidos, como no caso das muralhas de Arezzo(Arecio), na Etruria, mencionadas por Vitruvio e1S recentementedescobertas.o usa de tijolos cozidos para 0 revestimento de paredes,afora os pontos aparentes, dificilmente tera inicio antes da eraaugustiana, mas ganha crescente popularidade durante 0 Impe-rio. Ate 0principado de Nero, meados do seculo I d.C., tais tijo-los normalmente consistiam em ladrilhos quebrados e alisadosem uma das faces com 0 usn da serra, a partir de entao eramnormalmente fabricados para aquela finalidade, na forma de urntriangulo reto. Nos dois casos eles eram assentuados com a pon-ta voltada para dentro, como os bloc os do padrao reticulado. Porvolta da mesma epoca, ou pouco mais tarde, encontramos fiadasde amarracao compostas por ladrilhos grandes, os bipedales, quemediam do is pes romanos de lado, atravessando a intervalos to-da a espessura da parede. As mudancas gradativas no carater daargamassa, do material empregado como agregado e do tijolo

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    vern sendo estudadas nos ultimos anos de forma muito diligen-te e fornecem uma criterio de valor incalculavel para a datacaodos edificios imperiais, especialmente em Roma; os detalhes, to-davia, sao por demais tecnicos para serem aqui discutidos. Al-guns dos fenomenos refletem acontecimentos hist6ricos; nosanos que se seguiram ao incendio provocado por Nero em 64d.C., por exemplo, 0concreto esta repleto de fragmentos de edi-ficios incendiados.

    Cumpre acrescentar que era comum, desde os prim6rdios,revestir todos os edificios importantes com estuque, frequente-mente pintado com cores vibrantes, de modo que nem externanem internamente, onde com frequencia utilizava-se 0verniz demarmore, as superficies de pedregulho ou tijolos eostumavam fi-car a mostra".

    Antes de falarmos em detalhe acerca das construcoes espe-cificas aqui seleeionadas para ilustrar 0 desenvolvimento da cons-:..ruS,ilode estruturas arqueadas em concreto, podemos atentar pa-ra alguns exemplos proeminentes do uso de arcos e ab6badas dealvenaria do final do periodo republicano e inicio do Imperio; va- 236nos outros serao meneionados incidentalmente em pontos rnaisdiantados. Cabe observar que os areos romanos normalmente

    eram retos, mas, de resto quase sempre de curvatura circular, em-bora nem sempre formando urn sernicirculo cornpleto; porernocasionalmente as cupulas e ab6badas se utilizam de outras cur-vas, mas nao na forma g6ti.ca pontuda.

    Eneontramos, no seculo II a.c., uma atividade sem preee-dentes voltada para a construcao de arrojados areos de alvenarianas pontes e aquedutos de Roma. A Ponte Emilia, da qual sub-siste urn fragmento na "Ponte Rotto", foi erguida em 179 a.c., masos peg6es da construcao original provavelmente sustentavammna via de circulacao em madeira. Em 142 a.c. era provida deuma arcada, porem as mais antigas porcoes remanescentes da-1aII1, ao que tudo indica, de uma reconstrucao durante 0periodode Augusto. Mais antigos ainda que os areos originais da PonteEmilia sao aquelas que restaram do Aqueduto Marcie (Aqua Mar-cia), de 9,5 km, construido em 144 a.c. 0 vao de seus arcos e .deaproximadamente 5,5 m. 0 empreendimento exemplifiea 0crite-

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    rio e a economia romana na escolha de materiais, pois foram aquiutilizadas, pela prime ira vez, tufos vulcanicos de especial resis-tencia, do Anio e de Gabii, para os pegoes, os arcos e 0duto, es-te teve as juntas preenchidas ainda com uma densa argamassa decal e terracota socada, mas 0preenchimento entre os areos eracom tufos de qualidade inferior. as mais antigos arcos de pontesque chegaram ate nos (com grandes modificacoes) sao aquelesda Ponte Mulvia (Ponte Molle), de 109 a.c., atraves da qual a ViaFlaminia atravessava 0Tibre, situada cerca de 3 km ao norte deRoma. Essa ponte, bern como a Ponte Fabricia (Lam, XIVa), de62 a.C. e em excelente estado de conservacao, nas quais foi usa-do 0travertino, muito embora com parcirnonia, podem ser con-sideradas tipicas de sua eategoria. Em ambos os casos, alem dosareos prineipais que interligam os pegoes, foram situados peque-nos arcos nos proprios pegoes, para economizar material e redu-zir 0peso. as vaos eram muito extensos: os da Ponte Mulvia ternaproximadamente 18 m e os da Ponte Fabricia aproximadarnen-te 24,5 m. Conhecemos, por interrnedio de Vitnivio, algo acercados diferentes metodos utilizados no preparo do leito do rio pa-ra a erecao dos pegoes, mas nao podemos discuti-los aqui. Emvarias dessas obras, e notadamente na Aqua Marcia, os arcos es-tao recuados com relacao aos pegoes, de modo a permitir a sus-tentacao do cimbre de madeira sem a necessidade de estruturade sustentacao na parte de baixo. : E comum esse tipo de solucaonas edificacoes romanas que se utilizam do arco e muitas vezesaparecem habilmente combinadas com as formas decorativas tra-dicionais. Podemos ver urn exemplo notavel da economia romanade eimbres na celebre Pont du Gard" (Lam. XIVb), a grande pon-te, com altura de aproximadamente 48,5 m, que sustentava 0aqueduto de Nimes, em sua maior parte subterraneo, na traves-

    237 sia ao vale do rio Gard ou Gardon, e que cuja construcao talvezdate do seculo I d.C.". Aqui, cada vao e composto por urn certonumero de arcos paralelos" simplesmente justapostos sem queestejam engatados; uma unica estrutura de madeira, extensa 0 su-ficiente para sustentar urn desses arcos, poderia bastar, assim,para todo 0 trabalho de construcao. a rnetodo, encontrado emoutras edificacoes romanas na Galia, foi imitado nas pontes me-

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    mente par frontoes triangulares e curvilineos, Entre esses nichoshavia colunas embutidas com capiteis composites que aparente-mente sustentariam urn entablamento completo e continuo, pro-jetado, incluindo arquitrave, friso, denticulos e cornija; no entan-to, varias dessas colunas na verdade desapareceram, sem que fos-se afetada a estabilidade do entablamento. As solidas nervuras ori-ginam-se acima das colunas e suas superficies dianteiras se proje-tam ate a face vertical da arquitrave, embora estejam recuadascom relacao a cornija. 0 peso da cobertura, pot-tanto, est a cien-tificamente concentrado sobre as partes solidas da parede, comao menos alguma colaboracao em potencial por parte das colu-nas. 0 empuxo era compensado em cada lado por uma aboba-da cilindrica mais baixa que cobria, em ambos os casos, uma salalateral estreia, invisiveis do exterior; cada uma dessas salas tinhasua abobada cilindrica disposta em tres secoes horizontais, cadaqual situada em urn nivel rna is elevado que a anterior, para aco-modar uma escadaria que levava, em cada lado, ate uma arcadaaberta, os pavimentos superiores das alas laterais=, 0 empuxo erafinalmente absorvido pelas espessas paredes externas dessas duassalas laterais. Algumas pontes e aquedutos romanos apresentammetodos algo semelhantes.

    , Talvez seja esta tambern a ocasiao mais indicada para dizeralgo acerca dos notaveis sistemas de cobertura em pedra encon-trados em edificacoes sirias do periodo imperial romano, sobre-tudo no Hauran, a leste e a norte do mar da Galileia, ate Alepo.Formam urn grupo de carater tao especial, a prolongar-se ininter-ruptamente pela arquitetura crista dos seculos v, VI e VII, que eimpossivel dar a elas aqui urn tratamento adequado. Algumas re-sidencias particulares serao mencionadas mais adiante=, deverabastar-nos aqui descrever urn notavel exemplar primitivo, a basi-lica (Fig. 99) existente em Shaqqa, no Hauran, datada presumi-velmente do ultimo quartel do seculo II d.C. Tratava-se de umaestrutura quase quadrada, em pedra, medindo na parte internacerca de 19,7 m de largura por cerca de 18,2 m de profundidade.Havia provavelrnente-um portico colunar na extremidade leste e,em cada extremidade, tres portas, das quais a central era bernrna is larga. 0 interior era dividido em nave central e naves late-

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    Fig. 99 . Basilica de Shaqqa (reconstituicao)