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Arquivos e Fontes Digitais: limites e possibilidades para o ofício de historiador
BRUNO ALVES VALVERDE1*
INTRODUÇÃO
A compreensão do documento histórico como algo para além do registro textual se
desenvolve a partir do século XX com o trabalho dos historiadores ligados a Escola de
Annales, dentre outros. Jacques Le Goff no ensaio Documento/Monumento analisa a trajetória
que levou a essa compreensão ampliada de documento, que passa a abarcar tudo aquilo que se
relaciona com o Homem, o que o autor chama de revolução documental. Em paralelo a essa
revolução, Le Goff destaca outra, a tecnológica, com a invenção do computador que permite o
processamento dessa base documental crescente. Para o autor: “o novo documento é
armazenado e manejado nos bancos de dados. Ele exige uma nova erudição que balbucia
ainda e que deve responder (...) às exigências do computador (...) (LE GOFF, 1996, p. 542)”.
O presente trabalho se propôs a discutir esta erudição, que envolve as habilidades do
historiador para lidar com esse novo documento. Vale acrescentar à fala do historiador francês
que, mais do que armazenado e manejado nos bancos de dados, há também os documentos
que nascem em tais bancos. O encontro do pesquisador com o documento envolve nestes
casos o recurso a arquivos2 e fontes digitais, desta forma, a noção de documento como fonte
histórica é novamente ampliada com a tecnologia (CÂMARA; BENÍCIO, 2017).
Aqui a discussão promovida pelos teóricos da Teoria Ator-Rede (TAR), em especial Bruno
Latour, talvez tenha algo a acrescentar a reflexão, pois a TAR propõe uma abordagem das
relações entre atores humanos e não-humanos que busca evidenciar a agência dos atores não-
humanos. Tal abordagem permite lançar luzes sobre as intencionalidades e estruturas que
rodeiam o ambiente digital e suscita a questão que move o presente artigo: Quais seriam as
implicações, limites e possibilidades da atuação em ambiente digital para o historiador? A
seguir procuro apresentar parte da discussão teórica que envolve essa temática, bem como
apresentar duas experiências de pesquisa com arquivos e fontes digitais. A primeira delas
1* Doutorando do Programa de Pós-Graduação em Política Científica e Tecnológica do Instituto de Geociências
da Universidade Estadual de Campinas, em parceria com o Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia
de Minas Gerais no âmbito do convênio DINTER/CAPES. 2 Ao usar o termo gostaria de me referir às instituições de memória como um todo, que incluem: arquivos,
museus, bibliotecas e centros de documentação, segundo CASTRO e GASTAUD (2017).
2
trata-se de um estudo conduzido acerca do Orçamento Participativo Digital de Belo
Horizonte, que utilizou como fonte primária os comentários tecidos no fórum disponível no
sítio eletrônico desta política participativa. A segunda diz respeito a um estudo, ainda em
curso, sobre o acervo epistolar de Charles Darwin disponibilizado em formato digital pelo
Darwin Correspondence Project, da Universidade de Cambridge. O objetivo aqui é
promover uma reflexão, a partir desses exemplos, das implicações do digital para o ofício do
historiador.
1. AS TIC´S E OS NOVOS ESPAÇOS DE ATUAÇÃO DO HISTORIADOR
Nos últimos 30 anos com o desenvolvimento das Tecnologias de Informação e
Comunicação (TIC´s), percebe-se que a Internet tem assumido um papel central na mediação
das relações sociais. Pode-se dizer, como proposto por Anita Lucchesi a partir de Habermas,
que emerge na sociedade atual um novo espaço público. Segundo a autora (LUCCHIESI,
2013; p.3):
Neste espaço predominaria o diálogo e a racionalidade na mediação dos dilemas
coletivos. Jamais a desigualdade de voz e a coerção deveriam legitimar processos
que então deveriam ser, categoricamente, democráticos. O espaço público seria,
portanto, o espaço do cidadão (e por detrás deste a noção de cidadania, direitos e
igualdade) exercer toda sua liberdade, um ambiente em que a comunicação pudesse
ir ao encontro do desenvolvimento democrático.
Percebe-se no trecho acima uma perspectiva otimista a partir da relação entre as TIC´s e
democracia, que é consonante, por exemplo, com o posicionamento de outros autores como
Pierre Lévy (1999) e, no contexto brasileiro, Francisco Marques (2009). Tal perspectiva em
parte se concretizou com a proliferação de instituições participativas que se valeram de
alguma mediação via Internet, como o Orçamento Participativo Digital de Belo Horizonte.
Destaca-se ainda nesse período a vitoriosa campanha de Barack Obama à presidência dos
Estados Unidos da América, que lançou mão das TIC´s para atrair novos doadores e atingiu
um valor recorde de arrecadação de fundos.
3
Por outra mão, há o desenvolvimento de uma perspectiva mais crítica e até pessimista do
potencial das TIC´s para o fortalecimento democrático, sobretudo na última década. Ramos
Júnior e Rover (2010) consideram que para que as TIC´s levassem a um aprofundamento da
democracia seria necessário o desenvolvimento de uma espécie de cidadania digital, que
perpassaria o desenvolvimento pelos cidadãos das habilidades necessárias para o uso da
tecnologia, a inclusão digital, bem como o desenvolvimento da capacidade de reflexiva acerca
dos processos em tomam parte. No mesmo sentido, Ségòlene Royal (2009) pondera que na
internet há uma tendência maior de as pessoas construírem relações a partir de afinidades do
que se disporem a dialogar com pessoas de opiniões divergentes. Mais recentemente, tem
ganhado projeção e sido objetos de ataques o conceito de bolha de filtros, que vai ao encontro
do que é dito por Royal. As bolhas seriam processos “promovidos por sites como Google ou
Facebook, em que alguns sinalizadores (...) filtram o conteúdo que o usuário visualizará
conforme uma previsão do que seria de seu interesse (CÂMARA, BENÍCIO; 2017, p. 48)”.
Com os recentes acontecimentos nos Estados Unidos, na Grã-Bretanha e no Brasil e com a
crescente dispersão de boatos, agora sob a roupagem de fake news, a perspectiva crítica-
pessimista parece predominar entre os analistas. Ambas as perspectivas concordam, no
entanto, que a Internet se tornou um espaço de interação social com importância crescente.
Lucchesi (2014) parte da constatação da centralidade da Internet nas relações sociais para
contextualizar a emergência de um novo campo de estudos denominado História Digital (a
autora se refere às nomenclaturas Digital History e Storiografia Digitale, utilizadas
respectivamente nos EUA e na Itália). Lucchesi é considerada uma das principais autoras
deste campo no Brasil, que tem se ampliado com iniciativas como a da Revista Observatório3
ao produzir, em 2017 um dossiê, sobre o tema.
Segundo Lucchesi, esta nova abordagem historiográfica trata a tecnologia não como mera
ferramenta para a realização da pesquisa, mas faz uma crítica sobre sua capacidade de gerar
3 A Revista Observatório é um periódico conjunto entre Núcleo de Pesquisa e Extensão Observatório de Pesquisas Aplicadas ao Jornalismo e ao Ensino (OPAJE) da Universidade Federal do Tocantins (UFT) e o Grupo
de Pesquisa em Democracia e Gestão Social (GEDGS) da Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita
Filho (UNESP). Revista Observatório. Vol. 3, n. 4, Agosto. 2017. Disponível em:
<https://sistemas.uft.edu.br/periodicos/index.php/observatorio/article/view/3946/11267>. Acesso em 05 de jul.
2019.
4
um completo e novo ambiente de trabalho (LUCCHESI, 2014; P.47). Tal mudança se daria
em dois sentidos, primeiro com relação ao espaço de trabalho que ganha mobilidade e deixa
de se restringir aos arquivos e bibliotecas; o segundo sentido se dá pela incorporação do
ciberespaço4 como objeto de estudo e como local de trabalho, na medida em que ali novos
documentos surgem e se tornam acessíveis ao historiador. Em suma, a Internet e as TIC´s são
percebidas como ferramenta, fonte e como participante do trabalho do historiador, é também,
acrescenta Lucchesi, a forma pela qual o público passa a acessar este conhecimento.
Márcia Teixeira Cavalcanti (2017), na mesma toada de Lucchesi, considera que existe uma
tendência de virtualização da atuação dos centros de documentação, que vai além da
elaboração de um sítio eletrônico e envolve também a digitalização do acervo, o que
colaboraria para a preservação dos documentos. Em seu trabalho, Cavalcanti destaca que
apesar das facilidades abertas com a digitalização de acervos, há a necessidade de adaptação
do historiador ao novo ambiente de trabalho e uma maior aceitação desse tipo de pesquisa em
comparação com as que se valem do acesso in loco aos acervos.
Ora já que os arquivos e documentos se apresentam no ciberespaço, se a Internet é local da
ação humana, se há ali uma cibercultura5 (LÉVY, 1999), cabe ao historiador ir ao seu
encontro, ir onde o documento está (ALMEIDA, 2011). A digitalização de acervos abre
possibilidades de acesso, facilita a busca e permite ter uma compreensão do conteúdo total da
coleção (MARQUES, 2015). Por outro lado, este processo exige que o pesquisador reflita e
adéque sua critica documental. Como destaca Almeida (2011), a palavra de ordem é
adaptação, o que envolve não apenas a contextualização das ferramentas já utilizadas a um
novo ambiente, mas a aquisição de novas ferramentas, para o autor, os trabalhos feitos a partir
de arquivos e fontes digitais ainda carecem de uma discussão teórica e metodológica. O
historiador deve explicar sua metodologia de análise, a seleção das fontes e discutir a forma
pela qual as fontes foram preservadas. Ou seja, a atuação no ciberespaço, assim como nos
arquivos tradicionais, não pode se desenvolver sem que haja a problematização do
4 Segundo Lucchesi (2014), ciberespaço e uma expressão cunhada para descrever o terreno não físico criado por
sistemas de computado, que permite as pessoas podem se comunicarem, fazer pesquisas, compras e trabalhar por
exemplo. Neste espaço há objetos e formas de transporte próprio.
5 Segundo Lévy (1999), a cibercultura é o conjunto de técnicas de práticas, de atitudes, de modos de pensamento
e de valores que se desenvolvem juntamente com o ciberespaço.
5
documento, ao questionar sua produção, guarda, permanência e disponibilidade se torna
possível discutir o caráter monumental do documento.
A partir da curta revisão feita acima é possível pensar em algumas adaptações do
historiador ao ciberespaço. Por exemplo, o argumento de Le Goff de que todo documento é ao
mesmo tempo verdadeiro e falso pode fornecer uma chave para a análise de fake news. O fato
de estas notícias serem verdadeiras ou falsas não as invalida como objeto de estudo do
historiador, pelo contrário elas abordam questões que estão presentes no imaginário social. As
últimas eleições gerais do Brasil são ilustrativas neste sentido, pois parte das fake news
disseminadas buscavam caracterizar os candidatos de esquerda como inimigos da família,
algo que, falso ou não, está presente em nosso discurso político desde a década de 1960, pelo
menos. De semelhante modo, um comentário replicado ou copiado de forma muito parecida
em uma rede social, leva a uma suspeição (falsidade) com relação a sua autoria, mas ao
mesmo tempo pode ser indício de uma ação coordenada (verdade). Almeida (2011, p.21)
salienta que as fontes “tradicionais” não são mais confiáveis do que as fontes digitais, assim
a busca pela autenticidade documental, que sempre foi prioridade no trabalho do historiador,
se dá agora em um novo contexto.
Outro aspecto que merece a atenção do pesquisador é com relação a percepção do tempo
no ciberespaço. Como Bloch (2001) nos diz, a História é a ciência que estuda a Humanidade
no tempo, ou seja, a inteligibilidade da História se dá em sua relação com o Tempo. O que
leva a reflexão tanto sobre o estabelecimento de marcos temporal, quanto sobre a percepção
do Tempo pelo Homem que é alterada pela instantaneidade e pela diminuição de distâncias
promovidas na Internet (LÉVY, 1999). Várias são as implicações desses novos ambientes
para o trabalho do historiador, cabe, portanto, refinar o olhar para perceber as novas e
adaptadas relações entre autores, documentos, tecnologias e pesquisadores.
É justamente a crítica documental que me leva a considerar que a Teoria Ator-Rede (TAR)
tenha algo a contribuir para esta discussão. Explico-me. A TAR se desenvolve dentro do
campo de estudos sociais da ciência e tecnologia, a partir do último quartel do século XX, os
autores ligados a TAR advogam em favor de uma abordagem da ciência e da tecnologia que
agregue o natural e o social, cujos limites tênues são permeados por interações (LATOUR,
6
1993). De acordo com a TAR, o conhecimento seria o produto ou efeito da organização de
diversas peças em de uma rede de materiais heterogêneos, na qual pedaços e fragmentos
sociais, técnicos, conceituais, textuais são organizados e convertidos/traduzidos em produtos
científicos (LAW, 1992; p. 381). Tais redes seriam compostas não apenas por humanos, mas
também por animais, espaços físicos e qualquer tipo de material não-humano. Segundo John
Law (1992) essa abordagem é válida para a ciência, mas também para a vida social como um
todo, para o autor a relação entre humanos é mediada por objetos, que possuem agência,
moldam e são moldados pelas interações.
Em que pese a TAR não ser uma abordagem desenvolvida para a historiografia, o recurso a
ela é válido e útil se pretendemos tratar das implicações da tecnologia para o ofício do
historiador. Por este prisma, o historiador é convidado a se perguntar, por exemplo, sobre a
ação dos documentos na relação com os humanos de ontem e de hoje, sobre a infraestrutura
que mantém os arquivos e sobre este seu novo espaço de trabalho, mediado pelas TIC´s, como
já destacado acima.
A seguir, apresento dois exemplos de pesquisas nos quais que lanço mão de fontes e
arquivos digitais. No primeiro, faço o relato de uma experiência com fontes digitais a partir de
minha pesquisa de mestrado (VALVERDE, 2016), no segundo trago o relato de uma pesquisa
de doutorado em andamento.
2. RELATO I: ORÇAMENTO PARTICIPATIVO DIGITAL
O relato a seguir é originado de minha pesquisa de mestrado, com o título: Deliberar ou
Ratificar? Análise das mudanças institucionais no Orçamento Participativo de Belo
Horizonte e o impacto na participação popular (VALVERDE, 2016). Aqui, retomo a análise
feita à época com vistas a contextualizar o leitor e reavalio alguns aspectos a partir da
discussão feita na secção anterior.
Orçamento Participativo Digital (OP Digital) é uma política participativa desenvolvida no
município de Belo Horizonte, Minas Gerais. Tal política consistia na seleção pelos eleitores
de propostas (em geral, obras de médio e grande porte) para serem incorporadas ao
7
planejamento orçamentário da prefeitura. A prefeitura elaborava as propostas que
concorreriam e as disponibiliza para a seleção do público, que votava pela Internet. O OP
Digital foi criado em 2006 e teve quatro edições até o ano de 2013, seu objetivo principal era
facilitar e ampliar o número de participantes se comparada à modalidade presencial do
orçamento participativo, existente em Belo Horizonte desde 1993 (VALVERDE, 2016).
As duas primeiras edições do OP Digital, realizadas nos anos de 2006 e 2008, tiveram a
participação de aproximadamente 300 mil pessoas, o que resulta em uma média de
participantes 250% maior que a da modalidade presencial. Contudo a partir de 2011 esse
quadro se inverte, pois o OP Digital passou a atrair menos participantes do que a modalidade
presencial. Nas edições de 2011 e 2013, registrou-se ao todo 35 mil participantes no OP
Digital, contra 50 mil participantes nos dois ciclos correspondentes da modalidade presencial.
O acentuado decréscimo no número de participantes em um cenário de crescente expansão do
uso da Internet motivou minha dissertação de mestrado que buscou compreender este cenário
de crise a partir dos comentários feitos pela população no fórum Opinião do Cidadão,
disponível na página eletrônica do OP Digital do ano de 2013.
Os comentários tecidos no Opinião do Cidadão se tornaram, portanto, minhas fontes
primárias. Trata-se de arquivos primários digitais exclusivos na classificação criada por
Almeida (2011), pois são documentos que não existem em outro suporte, além do digital. A
recepção dos comentários pelo sítio eletrônico se deu durante o período de votação, entre os
dias dois e vinte de dezembro de 2013, foram 189 ao todo. O acesso aos comentários foi feito
pelo sítio eletrônico do OP Digital, foram analisados a partir da metodologia de Análise de
Conteúdo com o auxílio do software Atlas.ti. Os comentários foram agrupados em um total de
12 códigos, que dizem respeito ao conteúdo deles. A seguir apresento a essência dos
resultados.
8
A tabela 1 apresenta o total de ocorrências para cada um dos 12 códigos, o número de
ocorrências é superior ao de comentários, pois em cada comentário pode haver a ocorrência
de mais de um código. Os comentários que registraram críticas ou dúvidas com relação às
obras propostas representam (sempre aproximadamente) 27% do total, muitos destes
comentários co-ocorrem com os 13% dos comentários que cobram esclarecimentos da
prefeitura acerca de obras selecionadas em outras edições do OP Digital e ainda não iniciadas
ou finalizadas. Aqui, cabe o destaque para uma dessas obras não iniciadas, a Praça São
Vicente, vencedora da edição de 2008. A obra da Praça São Vicente se localiza na região
noroeste da capital e venceu uma disputa acirrada com outra obra o Portal Sul/Belvedere,
localizada na zona sul, onde os indicadores sociais são os mais elevados da cidade. A obra da
zona sul liderou a disputa, mas na segunda metade do período de votação houve uma intensa
mobilização social nas ruas e no fórum Opinião do Cidadão que provocou a reviravolta. Nos
anos seguintes, a obra do Portal Sul/Belvedere foi realizada com recursos da iniciativa privada
e a obra da Praça São Vicente não foi iniciada até o momento. Tal situação provocou
discussões no Opinião do Cidadão nas duas edições posteriores (VALVERDE, 2011; 2016).
9
De volta a apresentação dos códigos, temos que outros 13% dos comentários criticam o
Desenho Institucional6 do OP Digital e/ou sugerem mudanças nas regras, sobretudo no que
tange e à seleção das propostas candidatas. Os comentários que manifestam apoio ao OP
Digital e às obras totalizam 8%.
Das três obras candidatas, a obra Urbanização e a revitalização de espaços públicos foi a
que recebeu menos comentários, 2,25%, e foi justamente esta a obra vencedora da disputa. As
demais (Construção de espaço multiuso para eventos e Ampliação do sistema de
videomonitoramento) receberam juntas 21% dos comentários. A análise dos dados destacados
acima, bem como do conteúdo dos comentários, indica que o fórum foi utilizado mais para
apresentação de críticas e dúvidas pelos participantes com relação à política e às obras, do que
para a defesa ou apoio de uma obra como havia ocorrido em outras edições do OP Digital,
sobretudo no ano de 2008.
Apesar disto, as respostas da prefeitura a estes questionamentos representam apenas 10%
dos comentários, feitos todos nos últimos cinco dias de votação e são caracterizados pela
repetição, sem que fossem feitas explicações aprofundadas aos autores dos comentários. A
conclusão desta análise é que a prefeitura negligenciava a potencialidade de utilizar o fórum
para dialogar com a sociedade e a alijou do processo de elaboração do Desenho Institucional o
que provocou um desestímulo à participação. Feita esta apresentação, gostaria de relacionar
alguns pontos da pesquisa realizada com a proposta do presente artigo.
A prefeitura de Belo Horizonte manteve no ar até o ano de 2018, os sítios eletrônicos das
quatro edições do OP Digital, bem como manteve disponível os comentários feitos no fórum
Opinião do Cidadão. Em 2019, porém, todo este material foi retirado do ar. Almeida alerta
para esse caráter efêmero da Internet (ALMEIDA, 2001; p.16):
Muitos sites são retirados do ar sem aviso prévio e seu conteúdo pode ser perdido,
visto à sua inexistência em outro suporte. Dessa forma, o pesquisador (...) tem acesso
exclusivo a esse material, pois ele só é acessível em uma restrita janela temporal.
6 Desenho institucional é a expressão utilização pela literatura de gestão pública para se referir às regras de
funcionamento e influencia os papéis que cada um dos atores exercerá no processo e, de certa forma, as relações
entre Estado e sociedade (AVRITZER, 2008).
10
Como se estivesse em um trabalho de “arqueologia de salvamento”, o historiador
torna-se responsável pela análise e também pela preservação da informação. Não fosse
a sua intervenção, o documento poderia ser perdido em caráter definitivo.
Um sítio eletrônico ao ser retirado do ar reacende a questão acerca da permanência dos
documentos. Há intencionalidades a serem investigadas tanto na destruição, quando na
conservação de documentos. Em Belo Horizonte, por exemplo. a destruição pode estar
relacionada a uma tentativa de diminuir a pressão popular pela execução das obras (como a da
Praça São Vicente) ou, ainda, a negação de uma política participativa criada pelo grupo
político que deixou o controle da prefeitura em 20167.
Diante disso, ao trabalhar com fontes digitais o pesquisador deve ter o cuidado de salvar os
dados em seu próprio computador. No caso em questão, a prefeitura produzia relatórios,
inclusive dos comentários, sobre cada edição e os disponibilizava na Internet e no arquivo
público. Ao se retirar do ar os sítios eletrônicos, o pesquisador perde, ou tem limitada, a
capacidade de compreender e criticar aquela tecnologia, como por exemplo, o funcionamento
e localização de cada ferramenta e as intencionalidades de sua construção, tendo-se em vista
que os artefatos tecnológicos não são neutros e possuem agência. Tal compreensão foi
essencial no desenvolvimento de meu trabalho. Além disso, os sítios eletrônicos foram a
minha primeira forma de acesso a esse tema e foi ali que percebi os comentários como um
elemento que poderia subsidiar uma análise do fracasso dessa política.
Outro aspecto que chama a atenção nessa revisão é com relação ao Tempo, sobretudo no
que tange a atuação da prefeitura no Opinião do Cidadão. Como tratado anteriormente, a
prefeitura responde, em parte, os comentários nos últimos cinco dias de votação, o que pode
significar de fato uma não-resposta. A ação morosa da prefeitura em um ambiente marcado
pela instantaneidade pode ter feito com que os cidadãos se sentissem ignorados.
Por fim, a compreensão dos comentários tecidos no fórum Opinião do Cidadão como nato-
digitais e, portanto, como pertencentes a cibercultura orienta o olhar em busca de suas
7 Em Belo Horizonte, entre 1993 e 2015, o Partido dos Trabalhadores e o Partido Socialista Brasileiro se
alternaram no comando da prefeitura, esses partidos foram responsáveis pela criação e desenvolvimento do
Orçamento Participativo em Belo Horizonte (VALVERDE, 2016).
11
conexões com outros espaços da Internet. Aqui faço uma pergunta que não fiz à época da
pesquisa, será que esses comentários se articulam com outros movimentos nas redes sociais
digitais? A insatisfação da sociedade com o desenvolvimento do OP Digital pode ter levado a
um boicote à participação, e as redes sociais digitais podem ter tomado parte no processo.
Lamentavelmente, sinto, que a janela temporal para se analisar este aspecto se fechou, pois
algumas das redes sociais daquele momento não existem mais, como o ORKUT.
3. RELATO II: DARWIN CORRESPONDENCE PROJECT
Ao contrário do primeiro, este caso trata-se de uma experiência de pesquisa em andamento,
com o arquivo digital do Darwin Correspondence Project (DCP), da biblioteca da
Universidade de Cambridge. O DCP é responsável pela custódia do acervo epistolar de
Charles Robert Darwin (1809-1882), o famoso naturalista autor de A Origem das Espécies,
dentre outras obras.
A comunicação epistolar é essencial para o desenvolvimento de Darwin como um homem
da ciência. Durante sua viagem ao redor do mundo a bordo do HMS Beagle (1831-1836),
quando era apenas um naturalista iniciante, as cartas assumem diversos sentidos em seu
trabalho, atuam como espaço para o esclarecimento de dúvidas, solicitação de referências
bibliográficas, discussão de suas descobertas com os correspondentes. Darwin coletou, ao
longo da viagem, diversos espécimes fósseis, minerais, animais e vegetais. Sua coleção, que
supera os cinco mil itens, foi enviada, parcialmente, para a Inglaterra, durante a viagem
(DESMOND, MOORE, 1995). Cada remessa era acompanhada por uma carta, que explicava
o conteúdo das remessas e serviam como um alerta caso houvesse algum extravio. Ao retornar
à Inglaterra, as cartas continuaram a acompanhar o trabalho de Darwin, durante os anos em
que residiu em Londres e, sobretudo quando se mudou para um distrito rural ao sul da capital.
As cartas auxiliaram Darwin a formar uma rede de colaboradores que lhe proporcionou tanto
o exame dos itens coletados durante a viagem, quanto o desenvolvimento de suas obras. Parte
das correspondências trocadas ao longo de 62 anos de prática epistolar estão disponíveis no
DCP e têm subsidiado diversos estudos (DARWIN, F, 1887), (MONTEGOMERY, 1987),
12
(DESMOND, MOORE, 1995), (VEAK, 2003), (HORTA, 2013), (REGNER, 2008),
(TOMIO, 2012).
O trabalho do DCP envolve localizar, reunir, tratar, fazer a transcrição paleográfica e
disponibilizar a correspondência de Darwin. O acesso a estes documentos podem ser feito de
três formas: pelas publicações, presencialmente na biblioteca de Cambridge e por meio do
sítio eletrônico do projeto
Com relação ao material impresso desde 1985 sob o título de The Correspondence of
Charles Darwin já foram publicados 26 volumes com as cartas produzidas entre os anos de
1821 e 1878, há a previsão de mais quatro volumes com o restante produzido até o ano de
1882. Também em 1985 foi publicado Calendar of the Correspondence of Charles Darwin:
1821-1882, que consiste em um guia descritivo de toda a coleção. Há ainda diversas outras
edições com cartas selecionadas quem abarcam temas específicos, como a viagem do Beagle
e a Evolução. Destaco também o trabalho de componentes do DCP em publicar artigos
autorais nos quais buscam divulgar temas ainda pouco explorados, como é o caso dos
trabalhos de Montgomery (1987) e Veak (2003).
Para a realização da consulta presencial é necessário registrar-se como usuário temporário
da biblioteca de Cambridge e em seguida solicitar acesso aos documentos desejados na sala
de leitura de manuscritos. A sala fica aberta entre às 9h00 e 18h50. Ali é possível ter acesso
aos documentos originais, o que permite observação de aspectos para além do texto, como o
traço da escrita dos correspondentes e sua modificação ao longo do tempo, os carimbos e
selos do serviço postal e os tipos de papéis utilizados. Há, contudo um grande inconveniente
quanto à organização da coleção. As cartas estão organizadas por autores e fixadas em uma
brochura. Assim cada brochura reúne um ou mais autores em ordem alfabética. Tal
organização dificulta a percepção do diálogo entre Darwin e seus correspondentes, pois exige
a consulta de várias brochuras.
O sítio eletrônico disponibiliza as cartas transcritas, com notas explicativas e está em
andamento a digitalização do acervo. É possível abrir uma carta em cada aba do navegador de
Internet, o que facilita a compreensão do diálogo entre os autores. O sítio disponibiliza ainda
uma série de ferramentas e instruções que auxiliam na pesquisa. Os correspondentes são
13
identificados em verbetes, localizados em mapas e organizados como pertencentes ao ciclo
familiar, científico ou ainda como críticos e leitores de Darwin, há uma linha do tempo
interativa com todas as cartas do projeto. Com o intuito de incentivar a pesquisa entre
estudantes, há a produção de materiais temáticos específicos para diferentes faixas etárias e
ainda áudios e vídeos com entrevistas, músicas e filmes sobre a obra de Darwin. A presente
descrição não abarca a totalidade das funcionalidades do sítio do DCP e a intenção não era
esta, mas sim deixar claro que é há um grande empenho da equipe do projeto para a guarda e
divulgação da coleção.
O sítio eletrônico foi minha porta de entrada para a correspondência de Darwin, mas fiz o
uso das outras três formas de acesso acima citadas. É desnecessário expressar as facilidades
que o acesso pela Internet traz consigo, sobretudo, no que diz respeito a flexibilidade de
horários para consulta e à redução de custos financeiros. Há, porém alguns desafios, o
principal deles tem sido manter uma postura crítica a fim de evitar a adesão à narrativa que
está posta pelo sítio eletrônico. Toda a disponibilidade de ferramentas e artigos relacionados
ao projeto pode levar a crer que algumas perguntas já estão suficientemente respondidas.
Tem-se, por exemplo, a classificação dada a John Stevens Henslow como correspondente-
chave, pelo projeto, e como parte do círculo científico de Darwin por Veak (ex-membro do
projeto) (2003) e também a classificação de Willian Fox como parte do círculo familiar.
Aceitar a priori estas sugestões pode ser um risco, pois a centralidade de cada correspondente
se dá em relação com a pergunta de pesquisa e com a trama a ser examinada. Com relação à
distinção entre os círculos familiar e científico o problema é considerar que não há uma
interseção nestes grupos, já que em um olhar um pouco mais aprofundado fica claro que:
Willian Fox além de primo de Darwin é também parte de sua rede de colaboradores e que
Darwin e seu tutor John Henslow constroem uma relação muito íntima a ponto do próprio
cogitar Darwin como padrinho de um de seus filhos.
Outro desafio que enfrento é bem descrito por Almeida (2011) ao dizer que “a grande
quantidade de fontes constitui um obstáculo perigoso. O impulso em buscar expandir a
análise pode levar o pesquisador a um labirinto de fontes”. O DCP reúne aproximadamente
14
15 mil cartas de Darwin, escritas ao longo do século XIX, aqui se impõe a questão de como
abarcar essa documentação de forma adequada a uma pesquisa de doutorado.
4. CONSIDERAÇÕES CONCLUSIVAS
Nesse trabalho procurei discutir as implicações do avanço da Internet para o trabalho do
historiador, não apenas como ferramenta, mas como local de trabalho e objeto de estudo dos
novos documentos que ali nascem ou são disponibilizados. Ao cumprir seu dever de ir ao
encontro dos documentos, agora em ambiência digital, o historiador deve rever seu arcabouço
teórico, a fim de adaptar sua pesquisa e compreender o funcionamento do ciberespaço. Tal
erudição de que falava Le Goff parece não mais balbuciar, mas já é possível ouvir algumas
frases.
Com a discussão teórica e com a revisão e relatos de minhas experiências busquei
apresentar algumas destas implicações, que envolvem: o conhecimento das tecnologias e suas
dinâmicas, a adaptação da crítica documental, a reflexão acerca do Tempo na Internet e um
uso crítico das ferramentas disponíveis. Na essência, estas considerações não são estranhas
aos historiadores, o que me leva a concordar com Almeida ao afirmar que (ALMEIDA, 2011:
25):
(...) a “História Digital” não implica em uma revolução metodológica. Ela necessita,
sem dúvida, de uma metodologia particular, porém fundamentada nos princípios
básicos já consagrados da pesquisa historiográfica, apenas adaptados ao formato
digital.
Para além da discussão aqui proposta acerca da inclusão do digital no ofício do historiador,
há outro movimento que de certa forma complementa a História Digital, é a chamada História
Pública, que propõe tal conhecimento como um direito de todos os públicos e tem se valido
do uso da Internet para a divulgação do conhecimento histórico, bem como para a interação
com os públicos externos à academia (LUCCHESI, 2014). Assim, percebe-se que a Internet e
as TIC´s se constituem como elementos da construção do saber histórico e, acredito, que a
15
atuação dos historiadores nesses espaços possa contribuir para uma compreensão criteriosa,
que supere um revisionismo falacioso, das relações entre o Homem e o Tempo.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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