18
Arquivos e Fontes Digitais: limites e possibilidades para o ofício de historiador BRUNO ALVES VALVERDE 1 * INTRODUÇÃO A compreensão do documento histórico como algo para além do registro textual se desenvolve a partir do século XX com o trabalho dos historiadores ligados a Escola de Annales, dentre outros. Jacques Le Goff no ensaio Documento/Monumento analisa a trajetória que levou a essa compreensão ampliada de documento, que passa a abarcar tudo aquilo que se relaciona com o Homem, o que o autor chama de revolução documental. Em paralelo a essa revolução, Le Goff destaca outra, a tecnológica, com a invenção do computador que permite o processamento dessa base documental crescente. Para o autor: o novo documento é armazenado e manejado nos bancos de dados. Ele exige uma nova erudição que balbucia ainda e que deve responder (...) às exigências do computador (...) (LE GOFF, 1996, p. 542). O presente trabalho se propôs a discutir esta erudição, que envolve as habilidades do historiador para lidar com esse novo documento. Vale acrescentar à fala do historiador francês que, mais do que armazenado e manejado nos bancos de dados, há também os documentos que nascem em tais bancos. O encontro do pesquisador com o documento envolve nestes casos o recurso a arquivos 2 e fontes digitais, desta forma, a noção de documento como fonte histórica é novamente ampliada com a tecnologia (CÂMARA; BENÍCIO, 2017). Aqui a discussão promovida pelos teóricos da Teoria Ator-Rede (TAR), em especial Bruno Latour, talvez tenha algo a acrescentar a reflexão, pois a TAR propõe uma abordagem das relações entre atores humanos e não-humanos que busca evidenciar a agência dos atores não- humanos. Tal abordagem permite lançar luzes sobre as intencionalidades e estruturas que rodeiam o ambiente digital e suscita a questão que move o presente artigo: Quais seriam as implicações, limites e possibilidades da atuação em ambiente digital para o historiador? A seguir procuro apresentar parte da discussão teórica que envolve essa temática, bem como apresentar duas experiências de pesquisa com arquivos e fontes digitais. A primeira delas 1 * Doutorando do Programa de Pós-Graduação em Política Científica e Tecnológica do Instituto de Geociências da Universidade Estadual de Campinas, em parceria com o Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Minas Gerais no âmbito do convênio DINTER/CAPES. 2 Ao usar o termo gostaria de me referir às instituições de memória como um todo, que incluem: arquivos, museus, bibliotecas e centros de documentação, segundo CASTRO e GASTAUD (2017).

Arquivos e Fontes Digitais: limites e possibilidades para ... · salienta que as fontes “tradicionais” não são mais confiáveis do que as fontes digitais, assim a busca pela

  • Upload
    others

  • View
    2

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: Arquivos e Fontes Digitais: limites e possibilidades para ... · salienta que as fontes “tradicionais” não são mais confiáveis do que as fontes digitais, assim a busca pela

Arquivos e Fontes Digitais: limites e possibilidades para o ofício de historiador

BRUNO ALVES VALVERDE1*

INTRODUÇÃO

A compreensão do documento histórico como algo para além do registro textual se

desenvolve a partir do século XX com o trabalho dos historiadores ligados a Escola de

Annales, dentre outros. Jacques Le Goff no ensaio Documento/Monumento analisa a trajetória

que levou a essa compreensão ampliada de documento, que passa a abarcar tudo aquilo que se

relaciona com o Homem, o que o autor chama de revolução documental. Em paralelo a essa

revolução, Le Goff destaca outra, a tecnológica, com a invenção do computador que permite o

processamento dessa base documental crescente. Para o autor: “o novo documento é

armazenado e manejado nos bancos de dados. Ele exige uma nova erudição que balbucia

ainda e que deve responder (...) às exigências do computador (...) (LE GOFF, 1996, p. 542)”.

O presente trabalho se propôs a discutir esta erudição, que envolve as habilidades do

historiador para lidar com esse novo documento. Vale acrescentar à fala do historiador francês

que, mais do que armazenado e manejado nos bancos de dados, há também os documentos

que nascem em tais bancos. O encontro do pesquisador com o documento envolve nestes

casos o recurso a arquivos2 e fontes digitais, desta forma, a noção de documento como fonte

histórica é novamente ampliada com a tecnologia (CÂMARA; BENÍCIO, 2017).

Aqui a discussão promovida pelos teóricos da Teoria Ator-Rede (TAR), em especial Bruno

Latour, talvez tenha algo a acrescentar a reflexão, pois a TAR propõe uma abordagem das

relações entre atores humanos e não-humanos que busca evidenciar a agência dos atores não-

humanos. Tal abordagem permite lançar luzes sobre as intencionalidades e estruturas que

rodeiam o ambiente digital e suscita a questão que move o presente artigo: Quais seriam as

implicações, limites e possibilidades da atuação em ambiente digital para o historiador? A

seguir procuro apresentar parte da discussão teórica que envolve essa temática, bem como

apresentar duas experiências de pesquisa com arquivos e fontes digitais. A primeira delas

1* Doutorando do Programa de Pós-Graduação em Política Científica e Tecnológica do Instituto de Geociências

da Universidade Estadual de Campinas, em parceria com o Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia

de Minas Gerais no âmbito do convênio DINTER/CAPES. 2 Ao usar o termo gostaria de me referir às instituições de memória como um todo, que incluem: arquivos,

museus, bibliotecas e centros de documentação, segundo CASTRO e GASTAUD (2017).

Page 2: Arquivos e Fontes Digitais: limites e possibilidades para ... · salienta que as fontes “tradicionais” não são mais confiáveis do que as fontes digitais, assim a busca pela

2

trata-se de um estudo conduzido acerca do Orçamento Participativo Digital de Belo

Horizonte, que utilizou como fonte primária os comentários tecidos no fórum disponível no

sítio eletrônico desta política participativa. A segunda diz respeito a um estudo, ainda em

curso, sobre o acervo epistolar de Charles Darwin disponibilizado em formato digital pelo

Darwin Correspondence Project, da Universidade de Cambridge. O objetivo aqui é

promover uma reflexão, a partir desses exemplos, das implicações do digital para o ofício do

historiador.

1. AS TIC´S E OS NOVOS ESPAÇOS DE ATUAÇÃO DO HISTORIADOR

Nos últimos 30 anos com o desenvolvimento das Tecnologias de Informação e

Comunicação (TIC´s), percebe-se que a Internet tem assumido um papel central na mediação

das relações sociais. Pode-se dizer, como proposto por Anita Lucchesi a partir de Habermas,

que emerge na sociedade atual um novo espaço público. Segundo a autora (LUCCHIESI,

2013; p.3):

Neste espaço predominaria o diálogo e a racionalidade na mediação dos dilemas

coletivos. Jamais a desigualdade de voz e a coerção deveriam legitimar processos

que então deveriam ser, categoricamente, democráticos. O espaço público seria,

portanto, o espaço do cidadão (e por detrás deste a noção de cidadania, direitos e

igualdade) exercer toda sua liberdade, um ambiente em que a comunicação pudesse

ir ao encontro do desenvolvimento democrático.

Percebe-se no trecho acima uma perspectiva otimista a partir da relação entre as TIC´s e

democracia, que é consonante, por exemplo, com o posicionamento de outros autores como

Pierre Lévy (1999) e, no contexto brasileiro, Francisco Marques (2009). Tal perspectiva em

parte se concretizou com a proliferação de instituições participativas que se valeram de

alguma mediação via Internet, como o Orçamento Participativo Digital de Belo Horizonte.

Destaca-se ainda nesse período a vitoriosa campanha de Barack Obama à presidência dos

Estados Unidos da América, que lançou mão das TIC´s para atrair novos doadores e atingiu

um valor recorde de arrecadação de fundos.

Page 3: Arquivos e Fontes Digitais: limites e possibilidades para ... · salienta que as fontes “tradicionais” não são mais confiáveis do que as fontes digitais, assim a busca pela

3

Por outra mão, há o desenvolvimento de uma perspectiva mais crítica e até pessimista do

potencial das TIC´s para o fortalecimento democrático, sobretudo na última década. Ramos

Júnior e Rover (2010) consideram que para que as TIC´s levassem a um aprofundamento da

democracia seria necessário o desenvolvimento de uma espécie de cidadania digital, que

perpassaria o desenvolvimento pelos cidadãos das habilidades necessárias para o uso da

tecnologia, a inclusão digital, bem como o desenvolvimento da capacidade de reflexiva acerca

dos processos em tomam parte. No mesmo sentido, Ségòlene Royal (2009) pondera que na

internet há uma tendência maior de as pessoas construírem relações a partir de afinidades do

que se disporem a dialogar com pessoas de opiniões divergentes. Mais recentemente, tem

ganhado projeção e sido objetos de ataques o conceito de bolha de filtros, que vai ao encontro

do que é dito por Royal. As bolhas seriam processos “promovidos por sites como Google ou

Facebook, em que alguns sinalizadores (...) filtram o conteúdo que o usuário visualizará

conforme uma previsão do que seria de seu interesse (CÂMARA, BENÍCIO; 2017, p. 48)”.

Com os recentes acontecimentos nos Estados Unidos, na Grã-Bretanha e no Brasil e com a

crescente dispersão de boatos, agora sob a roupagem de fake news, a perspectiva crítica-

pessimista parece predominar entre os analistas. Ambas as perspectivas concordam, no

entanto, que a Internet se tornou um espaço de interação social com importância crescente.

Lucchesi (2014) parte da constatação da centralidade da Internet nas relações sociais para

contextualizar a emergência de um novo campo de estudos denominado História Digital (a

autora se refere às nomenclaturas Digital History e Storiografia Digitale, utilizadas

respectivamente nos EUA e na Itália). Lucchesi é considerada uma das principais autoras

deste campo no Brasil, que tem se ampliado com iniciativas como a da Revista Observatório3

ao produzir, em 2017 um dossiê, sobre o tema.

Segundo Lucchesi, esta nova abordagem historiográfica trata a tecnologia não como mera

ferramenta para a realização da pesquisa, mas faz uma crítica sobre sua capacidade de gerar

3 A Revista Observatório é um periódico conjunto entre Núcleo de Pesquisa e Extensão Observatório de Pesquisas Aplicadas ao Jornalismo e ao Ensino (OPAJE) da Universidade Federal do Tocantins (UFT) e o Grupo

de Pesquisa em Democracia e Gestão Social (GEDGS) da Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita

Filho (UNESP). Revista Observatório. Vol. 3, n. 4, Agosto. 2017. Disponível em:

<https://sistemas.uft.edu.br/periodicos/index.php/observatorio/article/view/3946/11267>. Acesso em 05 de jul.

2019.

Page 4: Arquivos e Fontes Digitais: limites e possibilidades para ... · salienta que as fontes “tradicionais” não são mais confiáveis do que as fontes digitais, assim a busca pela

4

um completo e novo ambiente de trabalho (LUCCHESI, 2014; P.47). Tal mudança se daria

em dois sentidos, primeiro com relação ao espaço de trabalho que ganha mobilidade e deixa

de se restringir aos arquivos e bibliotecas; o segundo sentido se dá pela incorporação do

ciberespaço4 como objeto de estudo e como local de trabalho, na medida em que ali novos

documentos surgem e se tornam acessíveis ao historiador. Em suma, a Internet e as TIC´s são

percebidas como ferramenta, fonte e como participante do trabalho do historiador, é também,

acrescenta Lucchesi, a forma pela qual o público passa a acessar este conhecimento.

Márcia Teixeira Cavalcanti (2017), na mesma toada de Lucchesi, considera que existe uma

tendência de virtualização da atuação dos centros de documentação, que vai além da

elaboração de um sítio eletrônico e envolve também a digitalização do acervo, o que

colaboraria para a preservação dos documentos. Em seu trabalho, Cavalcanti destaca que

apesar das facilidades abertas com a digitalização de acervos, há a necessidade de adaptação

do historiador ao novo ambiente de trabalho e uma maior aceitação desse tipo de pesquisa em

comparação com as que se valem do acesso in loco aos acervos.

Ora já que os arquivos e documentos se apresentam no ciberespaço, se a Internet é local da

ação humana, se há ali uma cibercultura5 (LÉVY, 1999), cabe ao historiador ir ao seu

encontro, ir onde o documento está (ALMEIDA, 2011). A digitalização de acervos abre

possibilidades de acesso, facilita a busca e permite ter uma compreensão do conteúdo total da

coleção (MARQUES, 2015). Por outro lado, este processo exige que o pesquisador reflita e

adéque sua critica documental. Como destaca Almeida (2011), a palavra de ordem é

adaptação, o que envolve não apenas a contextualização das ferramentas já utilizadas a um

novo ambiente, mas a aquisição de novas ferramentas, para o autor, os trabalhos feitos a partir

de arquivos e fontes digitais ainda carecem de uma discussão teórica e metodológica. O

historiador deve explicar sua metodologia de análise, a seleção das fontes e discutir a forma

pela qual as fontes foram preservadas. Ou seja, a atuação no ciberespaço, assim como nos

arquivos tradicionais, não pode se desenvolver sem que haja a problematização do

4 Segundo Lucchesi (2014), ciberespaço e uma expressão cunhada para descrever o terreno não físico criado por

sistemas de computado, que permite as pessoas podem se comunicarem, fazer pesquisas, compras e trabalhar por

exemplo. Neste espaço há objetos e formas de transporte próprio.

5 Segundo Lévy (1999), a cibercultura é o conjunto de técnicas de práticas, de atitudes, de modos de pensamento

e de valores que se desenvolvem juntamente com o ciberespaço.

Page 5: Arquivos e Fontes Digitais: limites e possibilidades para ... · salienta que as fontes “tradicionais” não são mais confiáveis do que as fontes digitais, assim a busca pela

5

documento, ao questionar sua produção, guarda, permanência e disponibilidade se torna

possível discutir o caráter monumental do documento.

A partir da curta revisão feita acima é possível pensar em algumas adaptações do

historiador ao ciberespaço. Por exemplo, o argumento de Le Goff de que todo documento é ao

mesmo tempo verdadeiro e falso pode fornecer uma chave para a análise de fake news. O fato

de estas notícias serem verdadeiras ou falsas não as invalida como objeto de estudo do

historiador, pelo contrário elas abordam questões que estão presentes no imaginário social. As

últimas eleições gerais do Brasil são ilustrativas neste sentido, pois parte das fake news

disseminadas buscavam caracterizar os candidatos de esquerda como inimigos da família,

algo que, falso ou não, está presente em nosso discurso político desde a década de 1960, pelo

menos. De semelhante modo, um comentário replicado ou copiado de forma muito parecida

em uma rede social, leva a uma suspeição (falsidade) com relação a sua autoria, mas ao

mesmo tempo pode ser indício de uma ação coordenada (verdade). Almeida (2011, p.21)

salienta que as fontes “tradicionais” não são mais confiáveis do que as fontes digitais, assim

a busca pela autenticidade documental, que sempre foi prioridade no trabalho do historiador,

se dá agora em um novo contexto.

Outro aspecto que merece a atenção do pesquisador é com relação a percepção do tempo

no ciberespaço. Como Bloch (2001) nos diz, a História é a ciência que estuda a Humanidade

no tempo, ou seja, a inteligibilidade da História se dá em sua relação com o Tempo. O que

leva a reflexão tanto sobre o estabelecimento de marcos temporal, quanto sobre a percepção

do Tempo pelo Homem que é alterada pela instantaneidade e pela diminuição de distâncias

promovidas na Internet (LÉVY, 1999). Várias são as implicações desses novos ambientes

para o trabalho do historiador, cabe, portanto, refinar o olhar para perceber as novas e

adaptadas relações entre autores, documentos, tecnologias e pesquisadores.

É justamente a crítica documental que me leva a considerar que a Teoria Ator-Rede (TAR)

tenha algo a contribuir para esta discussão. Explico-me. A TAR se desenvolve dentro do

campo de estudos sociais da ciência e tecnologia, a partir do último quartel do século XX, os

autores ligados a TAR advogam em favor de uma abordagem da ciência e da tecnologia que

agregue o natural e o social, cujos limites tênues são permeados por interações (LATOUR,

Page 6: Arquivos e Fontes Digitais: limites e possibilidades para ... · salienta que as fontes “tradicionais” não são mais confiáveis do que as fontes digitais, assim a busca pela

6

1993). De acordo com a TAR, o conhecimento seria o produto ou efeito da organização de

diversas peças em de uma rede de materiais heterogêneos, na qual pedaços e fragmentos

sociais, técnicos, conceituais, textuais são organizados e convertidos/traduzidos em produtos

científicos (LAW, 1992; p. 381). Tais redes seriam compostas não apenas por humanos, mas

também por animais, espaços físicos e qualquer tipo de material não-humano. Segundo John

Law (1992) essa abordagem é válida para a ciência, mas também para a vida social como um

todo, para o autor a relação entre humanos é mediada por objetos, que possuem agência,

moldam e são moldados pelas interações.

Em que pese a TAR não ser uma abordagem desenvolvida para a historiografia, o recurso a

ela é válido e útil se pretendemos tratar das implicações da tecnologia para o ofício do

historiador. Por este prisma, o historiador é convidado a se perguntar, por exemplo, sobre a

ação dos documentos na relação com os humanos de ontem e de hoje, sobre a infraestrutura

que mantém os arquivos e sobre este seu novo espaço de trabalho, mediado pelas TIC´s, como

já destacado acima.

A seguir, apresento dois exemplos de pesquisas nos quais que lanço mão de fontes e

arquivos digitais. No primeiro, faço o relato de uma experiência com fontes digitais a partir de

minha pesquisa de mestrado (VALVERDE, 2016), no segundo trago o relato de uma pesquisa

de doutorado em andamento.

2. RELATO I: ORÇAMENTO PARTICIPATIVO DIGITAL

O relato a seguir é originado de minha pesquisa de mestrado, com o título: Deliberar ou

Ratificar? Análise das mudanças institucionais no Orçamento Participativo de Belo

Horizonte e o impacto na participação popular (VALVERDE, 2016). Aqui, retomo a análise

feita à época com vistas a contextualizar o leitor e reavalio alguns aspectos a partir da

discussão feita na secção anterior.

Orçamento Participativo Digital (OP Digital) é uma política participativa desenvolvida no

município de Belo Horizonte, Minas Gerais. Tal política consistia na seleção pelos eleitores

de propostas (em geral, obras de médio e grande porte) para serem incorporadas ao

Page 7: Arquivos e Fontes Digitais: limites e possibilidades para ... · salienta que as fontes “tradicionais” não são mais confiáveis do que as fontes digitais, assim a busca pela

7

planejamento orçamentário da prefeitura. A prefeitura elaborava as propostas que

concorreriam e as disponibiliza para a seleção do público, que votava pela Internet. O OP

Digital foi criado em 2006 e teve quatro edições até o ano de 2013, seu objetivo principal era

facilitar e ampliar o número de participantes se comparada à modalidade presencial do

orçamento participativo, existente em Belo Horizonte desde 1993 (VALVERDE, 2016).

As duas primeiras edições do OP Digital, realizadas nos anos de 2006 e 2008, tiveram a

participação de aproximadamente 300 mil pessoas, o que resulta em uma média de

participantes 250% maior que a da modalidade presencial. Contudo a partir de 2011 esse

quadro se inverte, pois o OP Digital passou a atrair menos participantes do que a modalidade

presencial. Nas edições de 2011 e 2013, registrou-se ao todo 35 mil participantes no OP

Digital, contra 50 mil participantes nos dois ciclos correspondentes da modalidade presencial.

O acentuado decréscimo no número de participantes em um cenário de crescente expansão do

uso da Internet motivou minha dissertação de mestrado que buscou compreender este cenário

de crise a partir dos comentários feitos pela população no fórum Opinião do Cidadão,

disponível na página eletrônica do OP Digital do ano de 2013.

Os comentários tecidos no Opinião do Cidadão se tornaram, portanto, minhas fontes

primárias. Trata-se de arquivos primários digitais exclusivos na classificação criada por

Almeida (2011), pois são documentos que não existem em outro suporte, além do digital. A

recepção dos comentários pelo sítio eletrônico se deu durante o período de votação, entre os

dias dois e vinte de dezembro de 2013, foram 189 ao todo. O acesso aos comentários foi feito

pelo sítio eletrônico do OP Digital, foram analisados a partir da metodologia de Análise de

Conteúdo com o auxílio do software Atlas.ti. Os comentários foram agrupados em um total de

12 códigos, que dizem respeito ao conteúdo deles. A seguir apresento a essência dos

resultados.

Page 8: Arquivos e Fontes Digitais: limites e possibilidades para ... · salienta que as fontes “tradicionais” não são mais confiáveis do que as fontes digitais, assim a busca pela

8

A tabela 1 apresenta o total de ocorrências para cada um dos 12 códigos, o número de

ocorrências é superior ao de comentários, pois em cada comentário pode haver a ocorrência

de mais de um código. Os comentários que registraram críticas ou dúvidas com relação às

obras propostas representam (sempre aproximadamente) 27% do total, muitos destes

comentários co-ocorrem com os 13% dos comentários que cobram esclarecimentos da

prefeitura acerca de obras selecionadas em outras edições do OP Digital e ainda não iniciadas

ou finalizadas. Aqui, cabe o destaque para uma dessas obras não iniciadas, a Praça São

Vicente, vencedora da edição de 2008. A obra da Praça São Vicente se localiza na região

noroeste da capital e venceu uma disputa acirrada com outra obra o Portal Sul/Belvedere,

localizada na zona sul, onde os indicadores sociais são os mais elevados da cidade. A obra da

zona sul liderou a disputa, mas na segunda metade do período de votação houve uma intensa

mobilização social nas ruas e no fórum Opinião do Cidadão que provocou a reviravolta. Nos

anos seguintes, a obra do Portal Sul/Belvedere foi realizada com recursos da iniciativa privada

e a obra da Praça São Vicente não foi iniciada até o momento. Tal situação provocou

discussões no Opinião do Cidadão nas duas edições posteriores (VALVERDE, 2011; 2016).

Page 9: Arquivos e Fontes Digitais: limites e possibilidades para ... · salienta que as fontes “tradicionais” não são mais confiáveis do que as fontes digitais, assim a busca pela

9

De volta a apresentação dos códigos, temos que outros 13% dos comentários criticam o

Desenho Institucional6 do OP Digital e/ou sugerem mudanças nas regras, sobretudo no que

tange e à seleção das propostas candidatas. Os comentários que manifestam apoio ao OP

Digital e às obras totalizam 8%.

Das três obras candidatas, a obra Urbanização e a revitalização de espaços públicos foi a

que recebeu menos comentários, 2,25%, e foi justamente esta a obra vencedora da disputa. As

demais (Construção de espaço multiuso para eventos e Ampliação do sistema de

videomonitoramento) receberam juntas 21% dos comentários. A análise dos dados destacados

acima, bem como do conteúdo dos comentários, indica que o fórum foi utilizado mais para

apresentação de críticas e dúvidas pelos participantes com relação à política e às obras, do que

para a defesa ou apoio de uma obra como havia ocorrido em outras edições do OP Digital,

sobretudo no ano de 2008.

Apesar disto, as respostas da prefeitura a estes questionamentos representam apenas 10%

dos comentários, feitos todos nos últimos cinco dias de votação e são caracterizados pela

repetição, sem que fossem feitas explicações aprofundadas aos autores dos comentários. A

conclusão desta análise é que a prefeitura negligenciava a potencialidade de utilizar o fórum

para dialogar com a sociedade e a alijou do processo de elaboração do Desenho Institucional o

que provocou um desestímulo à participação. Feita esta apresentação, gostaria de relacionar

alguns pontos da pesquisa realizada com a proposta do presente artigo.

A prefeitura de Belo Horizonte manteve no ar até o ano de 2018, os sítios eletrônicos das

quatro edições do OP Digital, bem como manteve disponível os comentários feitos no fórum

Opinião do Cidadão. Em 2019, porém, todo este material foi retirado do ar. Almeida alerta

para esse caráter efêmero da Internet (ALMEIDA, 2001; p.16):

Muitos sites são retirados do ar sem aviso prévio e seu conteúdo pode ser perdido,

visto à sua inexistência em outro suporte. Dessa forma, o pesquisador (...) tem acesso

exclusivo a esse material, pois ele só é acessível em uma restrita janela temporal.

6 Desenho institucional é a expressão utilização pela literatura de gestão pública para se referir às regras de

funcionamento e influencia os papéis que cada um dos atores exercerá no processo e, de certa forma, as relações

entre Estado e sociedade (AVRITZER, 2008).

Page 10: Arquivos e Fontes Digitais: limites e possibilidades para ... · salienta que as fontes “tradicionais” não são mais confiáveis do que as fontes digitais, assim a busca pela

10

Como se estivesse em um trabalho de “arqueologia de salvamento”, o historiador

torna-se responsável pela análise e também pela preservação da informação. Não fosse

a sua intervenção, o documento poderia ser perdido em caráter definitivo.

Um sítio eletrônico ao ser retirado do ar reacende a questão acerca da permanência dos

documentos. Há intencionalidades a serem investigadas tanto na destruição, quando na

conservação de documentos. Em Belo Horizonte, por exemplo. a destruição pode estar

relacionada a uma tentativa de diminuir a pressão popular pela execução das obras (como a da

Praça São Vicente) ou, ainda, a negação de uma política participativa criada pelo grupo

político que deixou o controle da prefeitura em 20167.

Diante disso, ao trabalhar com fontes digitais o pesquisador deve ter o cuidado de salvar os

dados em seu próprio computador. No caso em questão, a prefeitura produzia relatórios,

inclusive dos comentários, sobre cada edição e os disponibilizava na Internet e no arquivo

público. Ao se retirar do ar os sítios eletrônicos, o pesquisador perde, ou tem limitada, a

capacidade de compreender e criticar aquela tecnologia, como por exemplo, o funcionamento

e localização de cada ferramenta e as intencionalidades de sua construção, tendo-se em vista

que os artefatos tecnológicos não são neutros e possuem agência. Tal compreensão foi

essencial no desenvolvimento de meu trabalho. Além disso, os sítios eletrônicos foram a

minha primeira forma de acesso a esse tema e foi ali que percebi os comentários como um

elemento que poderia subsidiar uma análise do fracasso dessa política.

Outro aspecto que chama a atenção nessa revisão é com relação ao Tempo, sobretudo no

que tange a atuação da prefeitura no Opinião do Cidadão. Como tratado anteriormente, a

prefeitura responde, em parte, os comentários nos últimos cinco dias de votação, o que pode

significar de fato uma não-resposta. A ação morosa da prefeitura em um ambiente marcado

pela instantaneidade pode ter feito com que os cidadãos se sentissem ignorados.

Por fim, a compreensão dos comentários tecidos no fórum Opinião do Cidadão como nato-

digitais e, portanto, como pertencentes a cibercultura orienta o olhar em busca de suas

7 Em Belo Horizonte, entre 1993 e 2015, o Partido dos Trabalhadores e o Partido Socialista Brasileiro se

alternaram no comando da prefeitura, esses partidos foram responsáveis pela criação e desenvolvimento do

Orçamento Participativo em Belo Horizonte (VALVERDE, 2016).

Page 11: Arquivos e Fontes Digitais: limites e possibilidades para ... · salienta que as fontes “tradicionais” não são mais confiáveis do que as fontes digitais, assim a busca pela

11

conexões com outros espaços da Internet. Aqui faço uma pergunta que não fiz à época da

pesquisa, será que esses comentários se articulam com outros movimentos nas redes sociais

digitais? A insatisfação da sociedade com o desenvolvimento do OP Digital pode ter levado a

um boicote à participação, e as redes sociais digitais podem ter tomado parte no processo.

Lamentavelmente, sinto, que a janela temporal para se analisar este aspecto se fechou, pois

algumas das redes sociais daquele momento não existem mais, como o ORKUT.

3. RELATO II: DARWIN CORRESPONDENCE PROJECT

Ao contrário do primeiro, este caso trata-se de uma experiência de pesquisa em andamento,

com o arquivo digital do Darwin Correspondence Project (DCP), da biblioteca da

Universidade de Cambridge. O DCP é responsável pela custódia do acervo epistolar de

Charles Robert Darwin (1809-1882), o famoso naturalista autor de A Origem das Espécies,

dentre outras obras.

A comunicação epistolar é essencial para o desenvolvimento de Darwin como um homem

da ciência. Durante sua viagem ao redor do mundo a bordo do HMS Beagle (1831-1836),

quando era apenas um naturalista iniciante, as cartas assumem diversos sentidos em seu

trabalho, atuam como espaço para o esclarecimento de dúvidas, solicitação de referências

bibliográficas, discussão de suas descobertas com os correspondentes. Darwin coletou, ao

longo da viagem, diversos espécimes fósseis, minerais, animais e vegetais. Sua coleção, que

supera os cinco mil itens, foi enviada, parcialmente, para a Inglaterra, durante a viagem

(DESMOND, MOORE, 1995). Cada remessa era acompanhada por uma carta, que explicava

o conteúdo das remessas e serviam como um alerta caso houvesse algum extravio. Ao retornar

à Inglaterra, as cartas continuaram a acompanhar o trabalho de Darwin, durante os anos em

que residiu em Londres e, sobretudo quando se mudou para um distrito rural ao sul da capital.

As cartas auxiliaram Darwin a formar uma rede de colaboradores que lhe proporcionou tanto

o exame dos itens coletados durante a viagem, quanto o desenvolvimento de suas obras. Parte

das correspondências trocadas ao longo de 62 anos de prática epistolar estão disponíveis no

DCP e têm subsidiado diversos estudos (DARWIN, F, 1887), (MONTEGOMERY, 1987),

Page 12: Arquivos e Fontes Digitais: limites e possibilidades para ... · salienta que as fontes “tradicionais” não são mais confiáveis do que as fontes digitais, assim a busca pela

12

(DESMOND, MOORE, 1995), (VEAK, 2003), (HORTA, 2013), (REGNER, 2008),

(TOMIO, 2012).

O trabalho do DCP envolve localizar, reunir, tratar, fazer a transcrição paleográfica e

disponibilizar a correspondência de Darwin. O acesso a estes documentos podem ser feito de

três formas: pelas publicações, presencialmente na biblioteca de Cambridge e por meio do

sítio eletrônico do projeto

Com relação ao material impresso desde 1985 sob o título de The Correspondence of

Charles Darwin já foram publicados 26 volumes com as cartas produzidas entre os anos de

1821 e 1878, há a previsão de mais quatro volumes com o restante produzido até o ano de

1882. Também em 1985 foi publicado Calendar of the Correspondence of Charles Darwin:

1821-1882, que consiste em um guia descritivo de toda a coleção. Há ainda diversas outras

edições com cartas selecionadas quem abarcam temas específicos, como a viagem do Beagle

e a Evolução. Destaco também o trabalho de componentes do DCP em publicar artigos

autorais nos quais buscam divulgar temas ainda pouco explorados, como é o caso dos

trabalhos de Montgomery (1987) e Veak (2003).

Para a realização da consulta presencial é necessário registrar-se como usuário temporário

da biblioteca de Cambridge e em seguida solicitar acesso aos documentos desejados na sala

de leitura de manuscritos. A sala fica aberta entre às 9h00 e 18h50. Ali é possível ter acesso

aos documentos originais, o que permite observação de aspectos para além do texto, como o

traço da escrita dos correspondentes e sua modificação ao longo do tempo, os carimbos e

selos do serviço postal e os tipos de papéis utilizados. Há, contudo um grande inconveniente

quanto à organização da coleção. As cartas estão organizadas por autores e fixadas em uma

brochura. Assim cada brochura reúne um ou mais autores em ordem alfabética. Tal

organização dificulta a percepção do diálogo entre Darwin e seus correspondentes, pois exige

a consulta de várias brochuras.

O sítio eletrônico disponibiliza as cartas transcritas, com notas explicativas e está em

andamento a digitalização do acervo. É possível abrir uma carta em cada aba do navegador de

Internet, o que facilita a compreensão do diálogo entre os autores. O sítio disponibiliza ainda

uma série de ferramentas e instruções que auxiliam na pesquisa. Os correspondentes são

Page 13: Arquivos e Fontes Digitais: limites e possibilidades para ... · salienta que as fontes “tradicionais” não são mais confiáveis do que as fontes digitais, assim a busca pela

13

identificados em verbetes, localizados em mapas e organizados como pertencentes ao ciclo

familiar, científico ou ainda como críticos e leitores de Darwin, há uma linha do tempo

interativa com todas as cartas do projeto. Com o intuito de incentivar a pesquisa entre

estudantes, há a produção de materiais temáticos específicos para diferentes faixas etárias e

ainda áudios e vídeos com entrevistas, músicas e filmes sobre a obra de Darwin. A presente

descrição não abarca a totalidade das funcionalidades do sítio do DCP e a intenção não era

esta, mas sim deixar claro que é há um grande empenho da equipe do projeto para a guarda e

divulgação da coleção.

O sítio eletrônico foi minha porta de entrada para a correspondência de Darwin, mas fiz o

uso das outras três formas de acesso acima citadas. É desnecessário expressar as facilidades

que o acesso pela Internet traz consigo, sobretudo, no que diz respeito a flexibilidade de

horários para consulta e à redução de custos financeiros. Há, porém alguns desafios, o

principal deles tem sido manter uma postura crítica a fim de evitar a adesão à narrativa que

está posta pelo sítio eletrônico. Toda a disponibilidade de ferramentas e artigos relacionados

ao projeto pode levar a crer que algumas perguntas já estão suficientemente respondidas.

Tem-se, por exemplo, a classificação dada a John Stevens Henslow como correspondente-

chave, pelo projeto, e como parte do círculo científico de Darwin por Veak (ex-membro do

projeto) (2003) e também a classificação de Willian Fox como parte do círculo familiar.

Aceitar a priori estas sugestões pode ser um risco, pois a centralidade de cada correspondente

se dá em relação com a pergunta de pesquisa e com a trama a ser examinada. Com relação à

distinção entre os círculos familiar e científico o problema é considerar que não há uma

interseção nestes grupos, já que em um olhar um pouco mais aprofundado fica claro que:

Willian Fox além de primo de Darwin é também parte de sua rede de colaboradores e que

Darwin e seu tutor John Henslow constroem uma relação muito íntima a ponto do próprio

cogitar Darwin como padrinho de um de seus filhos.

Outro desafio que enfrento é bem descrito por Almeida (2011) ao dizer que “a grande

quantidade de fontes constitui um obstáculo perigoso. O impulso em buscar expandir a

análise pode levar o pesquisador a um labirinto de fontes”. O DCP reúne aproximadamente

Page 14: Arquivos e Fontes Digitais: limites e possibilidades para ... · salienta que as fontes “tradicionais” não são mais confiáveis do que as fontes digitais, assim a busca pela

14

15 mil cartas de Darwin, escritas ao longo do século XIX, aqui se impõe a questão de como

abarcar essa documentação de forma adequada a uma pesquisa de doutorado.

4. CONSIDERAÇÕES CONCLUSIVAS

Nesse trabalho procurei discutir as implicações do avanço da Internet para o trabalho do

historiador, não apenas como ferramenta, mas como local de trabalho e objeto de estudo dos

novos documentos que ali nascem ou são disponibilizados. Ao cumprir seu dever de ir ao

encontro dos documentos, agora em ambiência digital, o historiador deve rever seu arcabouço

teórico, a fim de adaptar sua pesquisa e compreender o funcionamento do ciberespaço. Tal

erudição de que falava Le Goff parece não mais balbuciar, mas já é possível ouvir algumas

frases.

Com a discussão teórica e com a revisão e relatos de minhas experiências busquei

apresentar algumas destas implicações, que envolvem: o conhecimento das tecnologias e suas

dinâmicas, a adaptação da crítica documental, a reflexão acerca do Tempo na Internet e um

uso crítico das ferramentas disponíveis. Na essência, estas considerações não são estranhas

aos historiadores, o que me leva a concordar com Almeida ao afirmar que (ALMEIDA, 2011:

25):

(...) a “História Digital” não implica em uma revolução metodológica. Ela necessita,

sem dúvida, de uma metodologia particular, porém fundamentada nos princípios

básicos já consagrados da pesquisa historiográfica, apenas adaptados ao formato

digital.

Para além da discussão aqui proposta acerca da inclusão do digital no ofício do historiador,

há outro movimento que de certa forma complementa a História Digital, é a chamada História

Pública, que propõe tal conhecimento como um direito de todos os públicos e tem se valido

do uso da Internet para a divulgação do conhecimento histórico, bem como para a interação

com os públicos externos à academia (LUCCHESI, 2014). Assim, percebe-se que a Internet e

as TIC´s se constituem como elementos da construção do saber histórico e, acredito, que a

Page 15: Arquivos e Fontes Digitais: limites e possibilidades para ... · salienta que as fontes “tradicionais” não são mais confiáveis do que as fontes digitais, assim a busca pela

15

atuação dos historiadores nesses espaços possa contribuir para uma compreensão criteriosa,

que supere um revisionismo falacioso, das relações entre o Homem e o Tempo.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ALMEIDA, F. O historiador e as fontes digitais: uma visão acerca da internet como fonte

primária para pesquisas históricas. Aedos, UFRGS, nº. 8, vol.3, Janeiro – Junho 2011.

Disponível em: http://seer.ufrgs.br/aedos/article/view/16776. Acesso em: 05 jul. 2019.

BLOCH, M. Apologia da história ou o ofício de historiador. Rio de Janeiro: Jorge Zahar

Ed., 2001.

CAVALCANTI. M. Os websites dos centos de documentação e a pesquisa histórica: uso

de fontes digitias. Revista Observatório, Palmas, v. 3, n. 5, p. 169-190, agosto. 2017.

CAMARA, S. BENÍCIO, M. História Digital: entre as promessas e armadilhas da sociedade

informacional. Revista Observatório, Palmas, v. 3, n. 5, p. 38-56, agosto. 2017. Disponível

em: https://sistemas.uft.edu.br/periodicos/index.php/observatorio/article/view/3596/11268.

Acesso em 08 jul. 2019.

CASTRO, Renata Brião de; GASTAUD, Carla Rodrigues. O que são centros de

documentação? O caso do Centro de Documentação do Centro de Estudos e Investigações

em História da Educação. Revista Linhas. Florianópolis, v. 18, n. 37, p. 263-282, maio/ago.

2017. Disponível em:

http://www.revistas.udesc.br/index.php/linhas/article/view/1984723818372017263. Acesso

em 08 de jul. 2019.

DARWIN CORRESPONDENCE PROJECT. Disponível em:

http://www.darwinproject.ac.uk. Acesso em 14 de maio de 2019.

DARWIN, C. A origem das espécies. Tradução de Joaquim Dá Mesquita Paul. Porto: Lello

& Irmão Editores, 1961.

. As cartas de Charles Darwin: uma seleta, 1825-1859. 2000 (Editadas por

Frederick Burkhardt). São Paulo, Editora da Unesp.

DARWIN, F. (Org.) The life and letters of Charles Darwin, including na autobiographical

chapter. Londres: John Murray, 1887. 3v.

DESMOND, A. MOORE, J. Darwin: a vida de um evolucionista atormentado. e Moore,

James São Paulo, Geração Editorial. 1995.

DE LAET, M.; MOL, A. The Zimbabwe Bush Pump: Mechanics of a Fluid Technology.

Social Studies of Science 30(2): 225-263, 2000.

Page 16: Arquivos e Fontes Digitais: limites e possibilidades para ... · salienta que as fontes “tradicionais” não são mais confiáveis do que as fontes digitais, assim a busca pela

16

FOUCAULT, M.. As Palavras e as Coisas: uma arqueologia das ciências humanas. São

Paulo: Martins Fontes, 1966.

GIL, A. Métodos e Técnicas de pesquisa Social. São Paulo, Atlas, 2012.

GOMES, L. 1889: Como um imperador cansado, um marechal vaidoso e um professor

injustiçado contribuíram para o fim da Monarquia e a Proclamação da República no Brasil.

São Paulo: Globo, 2013.

GOULD, S. Darwin e os grandes enigmas da vida. Maria Elisabeth Martinez. 2°

edição. São Paulo: Martins Fontes, 1992a.

. A Galinha e seus dentes e outras reflexões sobre história natural.

David Dana. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1992b.

. Pilares do tempo: ciência e religião na plenitude da vida. F. Rangel.

Rio de Janeiro: Rocco, 2002a.

. The Structure of Evolutionary Theory. Massachusetts: The

Belknap Press of Harward University Press, 2002b.

HORTA, M. O impacto do manuscrito de Wallace de 1858. Revista Scientiae Studia, vol.

01, n° 02, 2003. Disponível em

<http://www.scientiaestudia.org.br/revista/PDF/01_02_06_Marcio.pdf>. Acesso em 13 de

fev de 2008.

LATOUR, B. Ethnography of a ‘high-tech’ case: about Aramis, in Pierre Lemonnier (org.)

Technological Choices: Transformation in Material Cultures Since the Neolithic. London:

Routledge, 1993, pp. 372-398

. A vida de laboratório: A produção dos fatos científicos. Rio de Janeiro: Relume

Dumará, 1997.

. Ciência em ação: como seguir cientistas e engenheiros sociedade afora. Tradução de

Ivone C. Benedetti. 2. ed. São Paulo: Editora UNESP, 2011.

. Reagregando o Social. Bauru, SP: EDUSC/ Salvador, BA: EDUFBA, 2012.

LAW, John. Notes on the theory of the actor-network: Ordering, strategy, and

heterogeneity. Systems practice, v. 5, n. 4, p. 379-393, 1992.

LE GOFF, J. História e Memória. São Paulo: Ed. Unicamp, 1996.

LUCCHESI, A. Digital History e Storiografia Digitale: estudo comparado sobre a Escrita

da História no Tempo Presente (2001-2011). Dissertação (Mestrado em História Comparada).

Programa de Pós-graduação em História Comparada, Universidade Federal do Rio de Janeiro,

Rio de Janeiro, 2014. Disponível em: http://www.ppghc.historia.ufrj.br/index.php/teses-e-

dissertacoes/teses-e-dissertacoes/dissertacoes/26-digital-history-e-storiografia-digitale-estudo-

Page 17: Arquivos e Fontes Digitais: limites e possibilidades para ... · salienta que as fontes “tradicionais” não são mais confiáveis do que as fontes digitais, assim a busca pela

17

comparado-sobre-a-escrita-da-historia-no-tempo-presente-2001-2011/file. Acesso em 08 jul.

2019.

. História e historiografia digital: diálogos possíveis em uma nova esfera pública. In:

Simpósio Nacional de História: Conhecimento Histórico e Diálogo Social, XXVII, 2013,

Natal. Anais eletrônicos. Natal: ANPUH, 2013.

MARQUES, Fabrício. Resgate de conhecimento. Revista Pesquisa FAPESP, FAPESP,

nº231, 2015. Disponível em: http://revistapesquisa.fapesp.br/2015/05/15/resgate-de-

Conhecimento/?cat=politica. Acesso em: 10 jul. 2019.

MARQUES, Francisco. Internet e Participação Política no Caso do Estado Brasileiro:

Um Relato de Pesquisa. Em Questão. Porto Alegre, v. 15, n. 2, p. 219-247, Jul./Dez. 2009.

MONTGOMERY, W. Editing the Darwin Correspondence: A Quantitative Perspective.

The British Journal for the History of Science, v. 20, n.1, Jan. 1987, pp. 13-28, Londres.

Disponível em <https://www.cambridge.org/core/journals/british-journal-for-the-history-of-

science/article/editing-the-darwin-correspondence-a-quantitative-

perspective/7C20AE4F3545676B73114B41F4B8991D#fndtn-information>. Acesso em 10

Abr.2019.

MORAES, M. Epistolografia e crítica genética. Cienc. Cult., São Paulo , v. 59, n. 1, p. 30-

32, Mar. 2007 Available from

<http://cienciaecultura.bvs.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0009-

67252007000100015&lng=en&nrm=iso>. access on 24 Aug. 2018.

. Edição da correspondência de Mário de Andrade: Histórico e alguns

pressupostos. Patrimônio e Memória, São Paulo, v. 4, n. 2, p. 115-128, Jun.. 2009 .

Available from <http://pem.assis.unesp.br/index.php/pem/article/view/114/506>. access on

24 Aug. 2018.

PRATT, M. Os Olhos do Império: relatos de viagem e transculturação. São Paulo: EDUSC,

1999.

REGNER, A. Darwin: colecionador de cartas. In: Filosofia e história da ciência no Cone

Sul. Seleção de trabalhos do 5º Encontro. Organizadores: Roberto de Andrade Martins,

Cibelle Celestino Silva, Juliana Mesquita Hidalgo Ferreira, Lilian Al-Chueyr Pereira Martins

– Campinas: Associação de Filosofia e História da Ciência do Cone Sul (AFHIC), 2008.

viii,461 p.

RODRIGUES. D. Ciências sem Fronteiras: comunicação epistolar, redes de

correspondências e circulação das cartas de Agassiz no século das nações. Deise Simões

Rodrgiues: Orientadora, Regina Horta Duarte – Belo Horizonte, 2016. 266p. Tese

(Doutorado) Universidade Federal de Minas Gerais, Faculdade de Filosofia e Ciências

Humanas, Programa de Pós- Graduação em História. Disponível em:

Page 18: Arquivos e Fontes Digitais: limites e possibilidades para ... · salienta que as fontes “tradicionais” não são mais confiáveis do que as fontes digitais, assim a busca pela

18

<http://www.bibliotecadigital.ufmg.br/dspace/handle/1843/BUBD-ACWERB>. Acesso em

09 abr. 2019.

ROYAL, Ségòlene. A nova era da democracia participativa. Introdução. Revista

Observatório do Milênio de Belo Horizonte. Belo Horizonte: Ed. SMPL, v.2, n.1, 2009.

TOMIO, D. Circulando sentidos, pela escrita, nas aulas de ciências: com interlocuções

entre Fritz Müller e Charles Darwin e um coletivo de estudantes/Daniela Tomio:

Orientadora, Suzani Cassiani – Florianópolis, 2012. 368p. Tese (Doutorado) Universidade

Federal de Santa Catarina, Centro de Ciências Físicas e Matemáticas, Programa de Pós-

Graduação em Educação Científica e Tecnológica. Disponível em <

https://repositorio.ufsc.br/bitstream/handle/123456789/103421/315041.pdf?sequence=1&isA

llowed=y>. Acesso em 30 ago. 2017

VALVERDE, B. A sobrevivência do mais econômico: uma análise comparativa de teorias

de Carlos de Lineu, Jean Lamarck e Charles Darwin à luz do conceito de economia da

ciência de Ernst Mach. 2008. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Historia) –

Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas. Universidade Federal de Minas Gerais.

. Orçamento participativo digital, debates digitais? Uma análise das novas formas

de debate do orçamento participativo em belo horizonte a partir da implementação do OP

DIGITAL. Trabalho de Conclusão de Curso (Especialização)-Escola de Governo da Fundação

João Pinheiro. Belo Horizonte: Fundação João Pinheiro, 2011. 72p. Disponível em:

https://www.webartigos.com/artigos/orcamento-participativo-digital-debates-digitais/139677/.

Acesso em 24 mar. 2016.

. Deliberar ou ratificar? Análise das mudanças institucionais no orçamento

participativo de Belo Horizonte e o impacto na participação popular. Trabalho de Conclusão

Final (Mestrado) – Departamento de Administração, Programa de Pós-Graduação em

Administração Pública em Rede Nacional (PROFIAP), Universidade Federal de Viçosa,

2016. 70p. Disponível em:

http://www.locus.ufv.br/bitstream/handle/123456789/8557/texto%20completo.pdf?sequence=

1&isAllowed=y. Acesso em 08 de jul. 2019

VEAK, T. Exploring Darwin’s Correspondence: Some Important but Lesser Known

Correspondents and Projects (2003). Faculty Publications and Presentations. 12. Disponível

em: https://digitalcommons.liberty.edu/lib_fac_pubs/12. Acesso em 09 abr. 2019.