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BANCO REGIONAL DE DESENVOLVIMENTO DO EXTREMO SUL AGÊNCIA DE FLORIANÓPOLIS - SANTA CATARINA GERÊNCIA DE PLANEJAMENTO ARMAZENAGEM DE GRÃOS EM SANTA CATARINA DEZEMBRO/2004

ARRMMA AZZEENNAGGEEMM DDEE GGRRÃÃOOSS EMM … de... · O presente estudo faz uma análise da produção e armazenagem de grãos em Santa Catarina e sua evolução, e está estruturada

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BBAANNCCOO RREEGGIIOONNAALL DDEE DDEESSEENNVVOOLLVVIIMMEENNTTOO DDOO EEXXTTRREEMMOO SSUULL AAGGÊÊNNCCIIAA DDEE FFLLOORRIIAANNÓÓPPOOLLIISS -- SSAANNTTAA CC AATTAARRIINN AA

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BBAANNCCOO RREEGGIIOONNAALL DDEE DDEESSEENNVVOOLLVVIIMMEENNTTOO DDOO EEXXTTRREEMMOO SSUULL

• DIRETOR-PRESIDENTE: Ø LÉLIO MIGUEL ANTUNES DE SOUZA

• VICE-PRESIDENTE E DIRETOR DE OPERAÇÕES:

Ø CARLOS FREDERICO MARÉS DE SOUZA FILHO

• DIRETOR FINANCEIRO: Ø AMADEU LUIZ DE MIO GEARA

• DIRETOR ADMINISTRATIVO: Ø GEOVAH JOSÉ DE FREITAS AMARANTE

• DIRETOR DE ACOMPANHAMENTO E RECUPERAÇÃO DE CRÉDITOS:

Ø CASILDO JOÃO MALDANER

• DIRETOR DE PLANEJAMENTO: Ø GERMANO MOSTARDEIRO BONOW

• CHEFE DO GABINETE DA DIRETORIA:

Ø JOÃO CARLOS GRANDO

• SUPERINTENDENTE AGFLO Ø DÁRIO BUZZI Coordenação: Dr. Nelson Casarotto Filho – Gerente de Planejamento Elaboração: Gerência de Planejamento Maria do Carmo Silveira Pereira – Administradora Revisão de Texto: Rosana França – Auxiliar Administrativo Apoio Administrativo: Marina Caramez Fares – Estagiária Design Capa: Fabrício Braun de Moraes – Estagiário

ARMAZENAGEM DE GRÃOS EM SANTA CATARINA B213 Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul. Armazenagem de grãos em Santa Catarina. Florianópolis, AGFLO/GEPLA, 2004. 78 p. 1. Sistema de Armazenagem 2. Grãos 3. Santa Catarina. I Pereira, Maria do Carmo

CDU 631.563(816.4)

APRESENTAÇÃO

O agronegócio catarinense, de reconhecida importância estratégica para a economia, vem registrando safras recordes que dão ao Estado de Santa Catarina o status de 11º maior produtor de alimentos enquadrados no grupo de lavouras temporárias do país, não obstante ocupar tão somente 1,12% do território nacional.

Os incontestáveis avanços de produção têm sido obtidos mediante sucessivos acréscimos de produtividade, alcançados apesar da topografia irregular do solo catarinense e da sua característica fundiária, com prevalência da pequena propriedade de origem familiar e, principalmente, apesar da redução da área de plantio que, na última década, atingiu 344 mil hectares.

Uma conjugação de fatores tem sido responsável por esses resultados, entre os quais se incluem o esforço empreendedor do agricultor catarinense, a maior profissionalização do setor, a incorporação de tecnologias de produção agrícola desenvolvidas pelas instituições de pesquisa, a utilização de máquinas tecnologicamente preparadas para assegurar maior produtividade na colheita.

Mas, se por um lado, o sucesso do agronegócio é motivo de comemoração, por outro lado, as limitações da logística de armazenamento são motivos de preocupação, principalmente para os produtores envolvidos, por não disporem de espaço suficiente para armazenar sua produção.

Nos últimos dez anos, enquanto a produção catarinense de grãos cresceu 32,0%, a capacidade estática de armazenamento cresceu somente 11,0%, correspondendo a um déficit de armazenagem da ordem de 50,4%, na safra de 2003.

Este estudo faz uma análise da produção e armazenamento dos principais grãos no Estado de Santa Catarina, abordando, principalmente, as características do Sistema Estadual de Armazenagem, o comportamento da oferta e demanda de armazenamento por meso e microrregiões homogêneas, baseado em dados do IBGE, da CONAB e no estudo Produção e Armazenagem de Grãos em Santa Catarina, realizado pelo BRDE, em 1996, cujos dados e formatação serviram de base e parâmetros de comparação, para a sua realização.

LISTA DE ILUSTRAÇÕES

LISTA DE TABELAS Tabela 1 - Santa Catarina - Número de Estabelecimentos Rurais por Classe de

Área –1995 .......................................................................................... 6

Tabela 2 - Santa Catarina - Utilização das Terras ................................................ 7

Tabela 3 - Santa Catarina - Utilização das terras por Mesorregiões

Geográficas ......................................................................................... 8

Tabela 4 - Santa Catarina – Produção e Área plantada dos principais produtos

agrícolas (Safra 2003) ......................................................................... 10

Tabela 5 - Santa Catarina – Produção das Principais Culturas por Microrregião

– 2003 (Mil Toneladas) ........................................................................ 16

Tabela 6 - Santa Catarina - Estimativa do Balanço de Oferta e Demanda de

Grãos – Safra 02/03 (Unidades em mil Toneladas) ............................ 17

Tabela 7 - Santa Catarina - População Residente 1980/2010 ............................. 18

Tabela 8 - Santa Catarina – Efetivo de Rebanhos em 2002 ................................ 19

Tabela 9 - Santa Catarina – Capacidade Estática de Armazenagem................... 23

Tabela 10 - Santa Catarina - Evolução da Capacidade Estática de

Armazenamento por Microrregião (1996/2003) .................................. 25

Tabela 11 - Dados de Capacidade Microrregião de Chapecó ............................... 32

Tabela 12 - Dados de Capacidade Microrregião de Concórdia ............................. 33

Tabela 13 - Dados de Capacidade Microrregião de Joaçaba ................................ 35

Tabela 14 - Dados de Capacidade Microrregião de São Miguel d`Oeste .............. 36

Tabela 15 - Dados de Capacidade Microrregião de Xanxerê ................................ 37

Tabela 16 - Dados de Capacidade Microrregião de Canoinhas ............................. 40

Tabela 17 - Dados de Capacidade Microrregião de Joinville ................................. 41

Tabela 18 - Dados de Capacidade Microrregião de São Bento do Sul .................. 42

Tabela 19 - Dados de Capacidade Microrregião de Campos de Lages ................. 44

Tabela 20 - Dados de Capacidade Microrregião de Curitibanos ............................ 45

Tabela 21 - Dados de Capacidade Microrregião de Blumenau .............................. 47

Tabela 22 - Dados de Capacidade Microrregião de Itajaí ......... ............................. 48

Tabela 23 - Dados de Capacidade Microrregião de Ituporanga ............................ 49

Tabela 24 - Dados de Capacidade Microrregião de Rio do Sul ............................. 51

Tabela 25 - Dados de Capacidade Microrregião de Florianópolis ........................ 53

Tabela 26 - Dados de Capacidade Microrregião de Tabuleiro ............................... 54

Tabela 27 - Dados de Capacidade Microrregião de Chapecó ............................... 55

Tabela 28 - Dados de Capacidade Microrregião de Chapecó ............................... 57

Tabela 29 - Dados de Capacidade Microrregião de Criciúma ............................... 58

Tabela 30 - Dados de Capacidade Microrregião de Tubarão ................................ 59

LISTA DE FIGURAS Figura 1 - Santa Catarina – Produção de Grãos – 1993-2003 ........................... 11

Figura 2 - Santa Catarina - Área Plantada de Grãos (Milhares de Hectares) .... 12

Figura 3 - Santa Catarina -Rendimentos médios dos grãos – 1993/2003 ......... 13

Figura 4 - Santa Catarina – Capacidade Estática de Armazenamento segundo

a modalidade ...................................................................................... 24

Figura 5 - Santa Catarina - Capacidade de armazenamento segundo a sua

localização.......................................................................................... 26

Figura 6 - Santa Catarina - Comparativo entre Produção Agrícola e

Capacidade Estática de Armazenamento 1992/2003 ........................ 28

Figura 7 - Santa Catarina – Mapa das Mesorregiões Geográficas e suas

Microrregiões ..................................................................................... 29

Figura 8 - Produção e Capacidade de armazenagem da Mesorregião

Oeste Catarinense ............................................................................. 31

Figura 9 - Produção e Capacidade de armazenagem da Mesorregião Norte

Catarinense ........................................................................................ 38

Figura 10 - Produção e Capacidade de armazenagem da Mesorregião

Serrana .............................................................................................. 43

Figura 11 - Produção e Capacidade de armazenagem da Mesorregião Vale do

Itajaí ................................................................................................... 46

Figura 12 - Produção e Capacidade de armazenagem da Mesorregião Grande

Florianópolis ....................................................................................... 52

Figura 13 - Produção e Capacidade de armazenagem da Mesorregião Sul

Catarinense ........................................................................................ 56

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ..................................................................................... 4

2 CARACTERÍSTICAS TERRITORIAIS E FUNDIÁRIAS DO ESTADO DE

SANTA CATARINA ................................................................................. 6

3 PRODUÇÃO E DEMANDA DE GRÃOS EM SANTA CATARINA ............10

3.1 Produção Agrícola .........................................................................10

3.1.1 Milho ________________________________________________________________

3.1.2 Arroz ..........................................................................................13

3.1.3 Feijão________________________________________________________________

3.1.4 Soja ________________________________________________________________

3.1.5 Trigo ________________________________________________________________

3.2 A Demanda de Grãos ....................................................................17

3.3 Perdas na Cadeia Produtiva de Grãos ............................................21

4 SISTEMA DE ARMAZENAGEM EM SANTA CATARINA .......................23

4.1 Produção de Grãos e Oferta de Armazenamento.............................27

4.2 Oferta e Demanda de Armazenagem por Microrregião Homogênea..29

4.2.1 Mesorregião Oeste Catarinense ___________________________________________

4.2.1.1 Microrregião de Chapecó.....................................................................31

4.2.1.2 Microrregião de Concórdia ..................................................................32

4.2.1.3 Microrregião Joaçaba............................................................................34

4.2.1.4 Microrregião de São Miguel do Oeste.............................................35

4.2.1.5 Microrregião de Xanxerê......................................................................36

4.2.2 Mesorregião Norte Catarinense ___________________________________________

4.2.2.1 Microrregião de Canoinhas .................................................................39

4.2.2.2 Microrregião de Joinville .......................................................................40

4.2.2.3 Microrregião de São Bento do Sul ....................................................41

4.2.3 Mesorregião Serrana ____________________________________________________

4.2.3.1 Microrregião Campos de Lages ........................................................43

4.2.3.2 Microrregião de Curitibanos ................................................................44

4.2.4 Mesorregião Vale do Itajaí________________________________________________

4.2.4.1 Microrregião de Blumenau ..................................................................46

4.2.4.2 Microrregião de Itajaí.............................................................................47

4.2.4.3 Microrregião de Ituporanga .................................................................49

4.2.4.4 Microrregião de Rio do Sul ..................................................................50

4.2.5 Mesorregião da Grande Florianópolis ________________________________

4.2.5.1 Microrregião de Florianópolis .............................................................52

4.2.5.2 Microrregião de Tabuleiro ....................................................................53

4.2.5.3 Microrregião de Tijucas ........................................................................54

4.2.6 Mesorregião Sul Catarinense _____________________________________________

4.2.6.1 Microrregião de Araranguá ..................................................................57

4.2.6.2 Microrregião de Criciúma.....................................................................58

4.2.6.3 Microrregião de Tubarão......................................................................58

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ..................................................................60

REFERÊNCIAS......................................................................................64

APÊNDICE A – TABELAS COM DADOS DE ARMAZENAGEM ................67

APÊNDICE B - NOVA LEI DE ARMAZENAMENTO ..................................72

APÊNDICE C - REGULAMENTAÇÃO DA LEI 9.973.................................75

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1 INTRODUÇÃO

Os investimentos em novas tecnologias agrícolas que permitiram aumentar substancialmente a produção de grãos, nos últimos anos, não foi acompanhada pelo investimento na ampliação, modernização e adequação das estruturas armazenadoras, levando o Brasil e, em particular, Santa Catarina, a sofrer as conseqüências da ineficiência de sua rede, pagando com elevadas perdas na cadeia agroalimentar, fato inconcebível para uma nação, cujo povo convive com graves problemas de nutrição.

Diversos são os fatores que dão origem a essas perdas, destacando-se como principais, a ineficiência no processo de colheita e na logística de transporte e a inadequada estrutura armazenadora, em termos quantitativos e qualitativos.

A carência de unidades armazenadoras tem obrigado ao produtor a fazer uso de instalações inadequadas em termos de ventilação, iluminação, impermeabilização e movimentação, sem controle ao ataque de insetos, roedores e fungos, provocando perdas físicas e comprometendo a qualidade dos grãos armazenados.

Uma das razões dessa defasagem, sem dúvida, tem sido a falta de recursos financeiros adequados ao perfil do setor, em termos de taxas e prazos, para investimentos na ampliação e modernização da rede armazenadora, uma vez que o último grande investimento do governo, na atividade, foi efetuado ao abrigo do Programa Nacional de Armazenagem – Pronazém, na década de 70. Hoje, a atividade dispõe de duas fontes alternativas de recursos para investimento, através do Programa de Incentivo à Irrigação e à Armazenagem – Moderinfra, e através do Programa de Desenvolvimento Cooperativo para Agregação de valor à Produção Agropecuária – Prodecoop.

Outra razão é a ineficiência, ainda vigente, no sistema armazenador, que gera dificuldades para eliminar, ou pelo menos, para reduzir as perdas ocorridas durante o processo de armazenagem . Apesar dos vários dispositivos legais que regulamentam a atividade, não existe uma uniformidade de procedimentos e parâmetros técnicos que devam ser seguidos e possam ser criteriosamente cobrados dos armazenadores.

Com o objetivo de modernizar o setor e dar maior credibilidade, eficiência e transparência nas atividades de guarda e conservação de produtos agropecuários, o governo federal, criou a Lei nº 9.973, que dispõe sobre o Sistema de Armazenamento dos Produtos Agropecuários . A nova lei institui, entre outros, a obrigatoriedade de certificação de qualidade, para as pessoas jurídicas que prestam serviços remunerados de guarda e conservação de produtos de terceiros .

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O sistema de certificação, por sua vez, estabelece os requisitos técnicos mínimos e as condições operacionais adequadas que as unidades armazenadores devem seguir, para atuarem com competência técnica e dentro de padrões de qualidade e de legalidade. A não obediência a tais critérios poderá resultar na aplicação de penalidades cabíveis, como suspensão e até exclusão do Sistema.

O presente estudo faz uma análise da produção e armazenagem de grãos em Santa Catarina e sua evolução, e está estruturada da seguinte forma: o capítulo 2 aborda as características fundiárias; o capítulo 3 analisa a produção e demanda de grãos no Estado; o capítulo 4 apresenta a análise da armazenagem em níveis de meso e microrregiões, e, por fim, o capítulo 5 apresenta as conclusões e recomendações.

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2 CARACTERÍSTICAS TERRITORIAIS E FUNDIÁRIAS DO ESTADO DE SANTA CATARINA

Santa Catarina possui uma extensão territorial de 95.442,9 Km2, que corresponde a 1,12 % da superfície do território nacional e a 16,57% da área da Região Sul.

O Estado apresenta uma estrutura fundiária, por tradição histórica e conformação geográfica, com predominância de unidades produtivas de pequeno porte. Segundo o Censo Agropecuário de 1995-1996 do IBGE, último dado oficial disponível, dos 203.347 estabelecimentos rurais registrados, que correspondem a 4,2% do total de estabelecimentos existentes no País, 65,2% eram constituídos por propriedades com menos de 20 ha e, algo em torno de 90%, com menos de 50 ha, ou seja, estabelecimentos caracterizados como pequena propriedade.

Aproximadamente 60% dos solos catarinenses incluem -se na categoria de baixa fertilidade natural, nos quais é necessário a utilização de algum tipo de correção para suprir as limitações ao desenvolvimento das culturas e elevar a fertilidade existente nas diferentes regiões. Já os solos que apresentam um grau de fertilidade natural elevado, abrangem 21% do território estadual e sua utilização é bastante diversificada, prestando-se as mais diversas culturas agrícolas.

Tabela 1 - Santa Catarina - Número de Estabelecimentos Rurais por Classe de Área – 1995(1)

Classe de Área (ha)

Número de Estabelecimentos

Área (ha)

1 a menos de 10 72.462 364.673 10 a menos de 20 60.051 838.076 20 a menos de 50 49.865 1.481.570 50 a menos de 200 16.705 1.428.939 200 a mais 4.154 2.499.587 Sem declaração 110 - TOTAL 203.347 6.612.846

FONTE: IBGE. Censo Agropecuário 1995-1996

Em 1995, a maior parte das terras de Santa Catarina era destinada para pastagens naturais (35%), seguida pelas matas e florestas plantadas e naturais (29%). A utilização para lavouras temporárias, aí incluídas as terras para lavoura em descanso, correspondia a 24% das terras catarinenses.

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Tabela 2 - Santa Catarina - Utilização das Terras

DISCRIMINAÇÃO ÁREA (ha)

Lavoura Permanente 126.580 Lavoura Temporária 1.443.840 Lavoura Temporária em descanso 153.894 Pastagens naturais 1.778.795 Pastagens plantadas 560.115 Matas e Florestas naturais 1.348.615 Matas e Florestas plantadas 561.549 Terras produtivas não utilizadas 139.965 TOTAL 6.612.846

FONTE: IBGE. Censo Agropecuário 1995-1996

A produção agrícola em Santa Catarina muito embora apresente diversificação nas diversas microrregiões tende, cada vez mais a uma homogeneização regional, influenciada pelas características edafoclimáticas de cada região.

A maior concentração de terras para lavouras permanentes e temporárias e áreas de pastagens plantadas , ocorre na Mesorregião Oeste Catarinense, que tem como base de crescimento a agricultura familiar. É considerada “celeiro” do Estado, concentrando 67% do valor da produção de milho, cultura essa intensamente integrada com a atividade agroindustrial de suínos e aves, predominante na região. As culturas de soja e feijão também contribuem significativamente na performance da sua economia, representando 57% e 42% de toda a produção catarinense.

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Tabela 3 – Santa Catarina - Utilização das terras por Mesorregiões Geográficas

MESORREGIÕES

Área (ha) Oeste

Catari-nense

Norte Catari- nense

Serrana

Sul Catarinen-

se

Vale do Itajaí

Grande Florianó

polis Total

Lavoura Permanente 59.496 24.614 11.331 16.414 10.942 3.782 126.580

Lavoura Temporária

768.573 177.655 168.110 151.382 141.391 36.730 1.443.840

Temporária/Descanso 72.228 25.520 21.996 10.873 16.008 7.268 153.894

Pastagens Naturais 373.257 181.789 900.590 110.297 134.806 78.055 1.778.795

Pastagens Plantadas 239.596 43.153 94.519 68.475 82.398 31.974 560.115

Matas/Flo-restas Naturais

305.592 241.787 393.750 84.056 217.231 106.199 1.348.615

Matas/Flo-restas Plantadas

126.019 130.218 180.047 44.540 62.515 18.210 561.549

Produtivas/Não Utilizadas

57.134 18.314 19.972 10.977 24.669 8.900 139.965

Total 6.612.846 FONTE: IBGE. Censo Agropecuário 1995-1996

A Mesorregião Norte Catarinense é a segunda na classificação do Estado

em termos de utilização de terras para lavouras . Essa mesorregião, que tem uma atividade agrícola bastante diversificada, apresenta como principais culturas o fumo, que correspondeu a 21,8% do valor da produção registrada dessa cultura no Estado, em 2003, seguido pelo milho, com 13,0%.A soja e o cultivo do arroz são, também , importantes atividades agropecuárias desenvolvidas na região, representando 25,5% e 16,0% do valor da produção estadual, respectivamente.

Já a Mesorregião Serrana responde, no Estado, pela maior porção de terras destinadas a pastagens naturais e a matas e florestas, tanto naturais quanto plantadas. Responde, ainda, por 88,6% da produção do alho, 51,4% da produção de maçã e 79,3% do valor da produção da uva.

No Sul do Estado, áreas destinam -se, em sua maioria, ao uso de lavouras temporárias. Essa Mesorregião é grande produtora de arroz e fumo, respondendo

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por 61% e 28,4%, respectivamente, do valor da produção dessas culturas , em 2003.

No Vale do Itajaí, a maior parte das terras são ocupadas por matas e florestas naturais, seguidas pela ocupação por lavouras temporárias. Nessas, prevalecem os cultivos da cebola, mandioca, arroz, e, também, o fumo, que é cultivado no sistema de integração produtor-agroindústria. Na pecuária ganha destaque a produção de suínos.

Na Grande Florianópolis 36% do território da Mesorregião é ocupado por matas e florestas naturais; 27% por pastagens naturais e, apenas, 13% pela lavoura temporária. A região é líder na produção de tomate, responsável por 45,4% do valor da produção do Estado. É, também, grande produtora de hortifrutigranjeiros cuja produção abastece, principalmente, o mercado da capital. Outras culturas que se destacam em termos de áreas são, respectivamente, a cana, o arroz e a banana.

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3 PRODUÇÃO E DEMANDA DE GRÃOS EM SANTA CATARINA

3.1 Produção Agrícola

Apesar da sua pequena extensão territorial e de ter sua estrutura fundiária baseada na pequena propriedade de origem familiar, Santa Catarina tem uma participação expressiva no desenvolvimento da agropecuária do País. O Estado ocupava, em junho de 2003, a primeira posição na produção de maçã, cebola e suínos, a segunda na produção de fumo, alho e aves e a terceira na produção de arroz e trigo. O Estado, também, se destaca nacionalmente na produção de banana (4ª posição); de batata (5ª posição); de milho (6ª posição), feijão (7ª posição), de tomate (8ª posição) e de soja, ocupando a 10ª posição.

Tabela 4 - Santa Catarina – Produção e Área plantada dos principais produtos agrícolas (Safra 2003)

Variável Produto Produção Área (Hectare)

Alho (Tonelada) 15.656 2.145 Arroz (Tonelada) 1.034.558 143.670 Banana (Tonelada) 618.403 29.714 Batata - inglesa (1. Safra) (Tonelada) 90.707 7.305 Batata - inglesa (2. Safra) (Tonelada) 37.500 2.778 Batata - inglesa (3. Safra) (Tonelada) - - Cebola (Tonelada) 409.553 25.905 Feijão (1. Safra) (Tonelada) 136.694 104.881 Feijão (2. Safra) (Tonelada) 51.932 41.911 Feijão (3. Safra) (Tonelada) - - Fumo (Tonelada) 213.339 120.899 Maçã (Tonelada) 475.095 16.348 Mandioca (Tonelada) 538.930 28.417 Milho (1. Safra) (Tonelada) 4.310.934 856.427 Milho (2. Safra) (Tonelada) - - Soja (Tonelada) 712.175 257.086 Tomate (Tonelada) 129.096 2.507 Trigo (Tonelada) 171.969 77.541 TOTAL 1.717.534

FONTE : IBGE/SIDRA/PAM, Produção Agrícola Municipal.

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Nos últimos 10 anos, em termos gerais, a produção de grãos (trigo, arroz, feijão, milho e soja), aumentou 32,0%, enquanto a área plantada, foi reduzida em 19%.

Figura 1 – Santa Catarina – Produção de Grãos – 1993-2003

0

500

1.000

1.500

2.000

2.500

3.000

3.500

4.000

4.500

5.000

1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003

Milh

ares

de

Ton

elad

as

Trigo Feijão Milho Soja Arroz

FONTE: IBGE/SIDRA/PAM, Produção Agrícola Municipal.

Esse aumento foi obtido graças ao aumento de produtividade verificado nos últimos anos, que ocorreu com todas as culturas, como resultado do melhoramento integrado das técnicas culturais.

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Figura 2 - Santa Catarina - Área Plantada de Grãos (Milhares de Hectares)

0

200

400

600

800

1.000

1.200

1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003

Milh

ares

de

Hec

tare

s

Arroz Feijão Milho Soja Trigo

FONTE: IBGE/SIDRA/PAM, Produção Agrícola Municipal.

É o seguinte o desempenho dos principais grãos em Santa Catarina, analisados por cultura:

3.1.1 Milho

O milho, juntamente com a soja e o arroz, é um dos grãos mais produzidos no mundo. No Brasil, tem sido, historicamente, líder de produção, só perdendo essa posição nos últimos tempos para a soja, por razões ligadas às características de produção e, sobretudo, de mercado.

Em Santa Catarina, o milho é cultivado em praticamente todo o Estado e continua sendo o grão mais produzido. Segundo dados do IBGE (www.sidra.ibge.gov.br), no Sistema de Recuperação Automática-SIDRA, em Produção Agrícola Municipal, nos últimos 10 anos, a produção total do milho em Santa Catarina foi acrescida em 1,076 milhão de toneladas, enquanto a área plantada foi reduzida em 175 mil de hectares. A maior redução da área ocorreu no período 1995-1996, provocada pelo comportamento do mercado e pelas adversidades climáticas. O crescimento da produção deve-se ao grande incremento na produtividade desta cultura, que passou de uma média de 3,14 ton/ha, em 1993, para 5,03 ton/ha na safra passada, fruto das mudanças tecnológicas introduzidas no seu cultivo, onde se incluem a utilização de sementes

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de cultivares melhores, alterações no espaçamento e densidade de semeadura, de acordo com as características dos cultivares, além da conscientização dos produtores para a necessidade de melhoramento nas técnicas culturais. Figura 3 - Santa Catarina -Rendimentos médios dos grãos – 1993/2003

0,00

1,00

2,00

3,00

4,00

5,00

6,00

7,00

8,00

1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003

Ton

elad

as p

or H

ecta

re

Arroz Feijão Milho Soja Trigo

FONTE: IBGE/SIDRA/PAM, Produção Agrícola Municipal.

Esse rendimento1, apesar de bastante superior a media nacional que foi de 3,5 toneladas no ano passado, é ainda insatisfatório se comparado à produtividade de países como Itália (9,4 ton/ha) e Estados Unidos (8,7 ton/ha).

3.1.2 Arroz

Entre 1993 e 2003, a cultura do arroz em Santa Catarina foi a que mais cresceu em volume de produção. Apesar de manter praticamente a mesma extensão de área plantada, essa cultura vem, gradualmente, se firmando no Estado, sobretudo nos últimos três anos, quando a produção apresentou um acréscimo de 30%.

A produção de arroz alcançada em 2003, de 1,035 milhão de toneladas, excedeu todas as expectativas, superando em 12% a quantidade produzida no ano anterior. Esse cereal vem apresentando produção crescente ao longo dos últimos

1 Dados de USDA para jun/2003 in ICEPA - Síntese Anual da Agricultura de SC : 2002/2003

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anos , em decorrência principalmente do acréscimo da produtividade, cuja média atingiu 7,1 toneladas por hectare, mais que o dobro da produtividade média brasileira. Registre-se que a boa performance dos preços, também tem estimulado a expansão do cultivo do arroz irrigado no Estado, cuja área cultivada ocupa 94% do total destinado a orizicultura e 98,5% da quantidade produzida. A produtividade do arroz irrigado, a mais elevada do país, é resultado das pesquisas e do melhoramento genético, desenvolvido sob a coordenação da EPAGRI e da maior conscientização dos produtores envolvidos no seu cultivo.

Para os próximos anos, a expansão da produção do arroz em Santa Catarina, segundo Altmann (2002) deverá enfrentar crescente dificuldade, devido, entre outras razões, à escassez de água para o seu cultivo. A expectativa, portanto, é de um crescimento mais modesto em decorrência do aumento de produtividade. 3.1.3 Feijão

Devido a grande facilidade de adaptação de clima e solo, o feijão é cultivado em todas as microrregiões, levando Santa Catarina a ocupar a sétima posição na produção de feijão do país, com 189 mil toneladas colhidas , em 2003.

A cultura do feijão foi a única que apresentou uma queda em termos de volume de produção no Estado, nos últimos dez anos, equivalente a 36%. Também em relação a área plantada,o feijão foi o que mais reduziu a extensão de cultivo, sendo a extensão plantada atualmente, 59% menor do que a de 1993.

O rendimento médio vem registrando crescentes aumentos , atingindo, em 2003, o nível máximo de 1,29 toneladas por hectare, representando um crescimento de 30% sobre a média obtida nos últimos cinco anos .

Por ser uma cultura muito sensível às variações climáticas , comuns em Santa Catarina, essa leguminosa tem sido vítima de freqüentes frustrações de safra que interferem na sua qualidade e comprometem a competitividade frente a outras regiões do País, especialm ente as do Centro-Oeste e Sudeste. Por isso, segundo Altmann (2002) cultura do feijão no Estado não só não apresenta perspectiva de aumento nos próximos cinco anos, como tenderá, inclusive, a apresentar declínio na área cultivada.

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3.1.4 Soja

A cultura da soja em Santa Catarina que, nos anos 80, ocupava uma área superior a 400 mil hectares foi expressivamente reduzida ao longo dos anos. A topografia irregular do solo catarinense e a estrutura fundiária baseada na pequena propriedade, com baixa capacidade de investimento em capital e tecnologia, inviabilizaram o cultivo em pequena escala e foi, gradativamente, afastando muitos pequenos produtores do cultivo desta oleaginosa.

A partir de então, o que se observa é uma concentração da produção apenas nas microrregiões tradicionalmente produtoras como Xanxerê (34%), Canoinhas (24%) e Chapecó (16%), e o deslocamento da produção para outras regiões do Brasil, onde predominam grandes propriedades como, Paraná, Rio Grande do Sul, e Região Centro-Oeste.

A partir da queda verificada no início da década passada, tanto a produção quanto a área de cultivo de soja em Santa Catarina vem mantendo uma regularidade, com a ocorrência de, apenas , pequenas oscilações no decorrer do tempo. Em 2003, a área plantada de 257 mil hectares , excedeu em 5,3%, a ocupada no ano anterior, enquanto a produção de 712 mil toneladas correspondeu a um aumento de 34%, como conseqüência da melhoria da produtividade no seu cultivo, que hoje se situa entre as mais elevadas do País .

3.1.5 Trigo

Santa Catarina é o terceiro maior produtor de trigo do País, respondendo por 2,8% da produção brasileira. Perde apenas para o Paraná, que ocupa a liderança nacional e o Rio Grande do Sul, os quais respondem juntos por cerca de 90% do total produzido no Brasil.

Em 2003, a produção catarinense atingiu o nível recorde de 172 mil toneladas, fortemente concentrada nas microrregiões de Curitibanos e Xanxerê. Essa produção superou em 87% a atingida na safra anterior, e situou-se 27% acima da média de produção, alcançada no período de 1993 a 2003. Também com relação à área plantada, em 2003, registrou-se um incremento significativo de 50% na área plantada sobre a safra de 2002. Entre as principais razões à intensificação da área plantada estão as boas condições climáticas, a performance dessa cultura no mercado nacional e internacional, a elevação nos preços internos e a perspectiva de permanência do nível de preços na próxima comercialização.

A produtividade média alcançada na safra de 2003, de 2,22 toneladas por hectare, é o maior da história da triticultura catarinense.

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Tabela 5 - Santa Catarina – Produção das Principais Culturas por Microrregião – 2003 (Mil Toneladas)

Lavo

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Ara

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Tota

l

Arroz (em casca) 2,46 3,11 1,81 2,28 1,39 2,36 0,15 168,30 0,67 1,09 86,97 69,32 76,81 2,09 9,77 12,42 0,83 135,61 120,84 336,30 1.034,56

Feijão (em grão) 4,36 23,84 17,66 18,14 2,90 27,91 2,10 0,06 36,82 25,08 2,33 0,29 0,03 4,69 2,22 0,46 1,92 6,38 9,57 1,89 188,63

Milho (em grão) 558,79 944,55 581,12 481,75 339,74 510,03 56,04 4,44 289,34 156,69 119,50 18,54 0,08 83,42 20,08 5,30 22,04 46,61 42,25 30,64 4.310,93 Soja (em grão) 37,04 111,24 239,79 28,20 4,28 179,62 7,47 96,23 8,17 0,10 0,04 712,18

Trigo (em grão) 12,45 23,97 54,52 9,37 2,76 17,12 0,22 46,91 4,52 0,11 0,03 171,97 Total 615,09 1.106,70 894,90 539,74 351,06 737,04 65,97 172,80 469,97 195,53 209,01 88,15 76,91 90,26 32,07 18,18 24,79 188,59 172,66 368,83 6.418,26

FONTE: IBGE/SIDRA/PAM, Produção Agrícola Municipal. Elaboração: BRDE

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3.2 A Demanda de Grãos

Em Santa Catarina, o balanço de oferta e a demanda dos grãos, apresenta-se conforme o quadro abaixo:

Tabela 6 – Santa Catarina - Estimativa do Balanço de Oferta e Demanda de Grãos – Safra 02/03 (Unidades em mil Toneladas)

Demanda

Consumo

Oferta Animal

in natura Humano In natura Industrial

Reservas para

Sementes

Perdas Total Saldos

arroz 1.034,5 450,0 30,0 3,0 483,0 551,5

feijão 188,6 80,0 1,0 4,6 15,5 101,1 87,5

milho 4.311,0 4.411,9 90,0 150,0 3,0 215,0 4.869,9 -558,9

soja 712,2 6,0 4,0 1.150,0 22,0 21,3 1.203,3 -491,1

trigo 172 335,0 11,6 1,6 348,2 -176,2

Total 6.418,3 4.417,9 624,0 1.636,0 71,2 256,4 7.005,5 -587,2

FONTE: ICEPA, 2003b, p. 203 (1) Oferta de milho mais substituto Obs: Oferta atualizada IBGE 2003 – Produção Agrícola Municipal

Segundo informações do ICEPA (2003b), na safra 2002/2003 o Estado de

Santa Catarina apresentava um déficit de grãos da ordem de 587,2 mil toneladas, provocado pela insuficiência de cultivo, notadamente do milho, da soja e do trigo.

O maior déficit registrado foi na cultura do milho, da ordem de 558,9 mil toneladas, equivalente a 13% da quantidade produzida na safra 2002/2003.

Dos grãos produzidos, o milho é o que apresenta menor nível de consumo humano per capita, cuja média atinge, aproximadamente, 13 quilos por pessoa.

A demanda total no Estado, no período 2002/2003, atingiu cerca de 4,9 milhões de toneladas para uma produção de 4,3 milhões de toneladas, gerando um déficit da ordem de 558,9 mil toneladas.

Praticamente toda a produção do Estado é destinada para consumo interno e ainda parte vem do Paraná e do Rio Grande do Sul, proveniente dos excedentes de produção gerados nestes Estados.

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A demanda maior é pelo milho in natura, utilizado para al imentação animal. A avicultura é o maior consumidor, participando com 67% do consumo total de rações, a suinocultura, com 29% e a bovinocultura, especialmente a leiteira, com 4%. Tabela 7 - Santa Catarina - População Residente 1980/2010

Ano Rural Urbana Total 1980 1.474 2.154 3.628 1991 1.334 3.208 4.542 1996 1.310 3.565 4.875 2000 1.138 4.218 5.356

2010(1) 1.125 4.971 6.096 FONTE: IBGE (1) Estimativa do Instituto CEPA/SC Elaboração ICEPA (2003b)

Este grão é utilizado, também, como matéria-prima industrial, sendo que o maior segmento consumidor é do de fabricação de rações animais, associado ao farelo de trigo e soja. Na indústria alimentar participa, também, no processamento de produtos variados , tais como a fabricação de amidos, pães, massas, biscoitos, bolachas, etc...

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Tabela 8 - Santa Catarina – Efetivo de Rebanhos em 2002

Tipo de rebanho Microrregião Geográfica Suíno Aves

São Miguel do Oeste 504.387 7.910.176 Chapecó 738.083 22.093.715 Xanxerê 528.868 13.202.527 Joaçaba 1.031.775 27.333.036 Concórdia 1.306.952 31.549.778 Canoinhas 172.905 2.804.300 São Bento do Sul 13.063 1.857.335 Joinville 45.622 4.185.182 Curitibanos 96.309 2.234.650 Campos de Lages 68.306 609.750 Rio do Sul 129.060 2.538.920 Blumenau 56.281 2.267.821 Itajaí 15.623 6.517.806 Ituporanga 61.850 343.750 Tijucas 10.556 387.010 Florianópolis 7.926 3.148.472 Tabuleiro 19.769 530.308 Tubarão 446.181 3.752.369 Criciúma 51.440 4.487.790 Araranguá 49.157 4.412.100 Total 5.354.113 142.166.795

Fonte: ICEPA (2003b)

Segundo o ICEPA (2003b) a retenção do milho na propriedade é da ordem de 73% da produção. Essa retenção é elevada, porque muitos pequenos produtores utilizam o grão para sua própria alimentação, para criação de seus animais e para sementes.

As exportações efetuadas pelo Estado tem sido ínfimas, atingindo somente U$ 959,0, em 2002, enquanto a importação registrada foi de US$ 19.342 (preços FOB), sendo a Argentina o principal país fornecedor.

Cerca de 60% da safra de milho é comercializada logo após a colheita. Estima-se que o desperdício esteja em torno de 10%, motivado, principalmente,

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por insuficiência e inadequação das estruturas de armazenamento e problemas graves na logística de transporte.

Com relação à soja, segundo Meneses et al. (apud SUGAI, 1998) o consumo humano representa 65% do consumo aparente em equivalentes grãos . Sua maior utilização é como matéria-prima industrial, utilizada na produção de óleo e na fabricação de alimentos , onde compõem intensivamente a produção de inúmeros derivados alimentícios ricos em nutrientes . É utilizada, também, na fabricação de ração para nutrição animal.

A demanda total no Estado, no período 2002/2003, atingiu cerca de 1,2 milhões de toneladas para uma produção de 712,2 mil toneladas, gerando um déficit da ordem de 491,1mil toneladas. (O déficit verificado foi coberto com importações, principalmente de outros estados produtores, como o Paraná, Rio Grande do Sul e Mato Grosso do Sul,) e de outros países , principalmente o Paraguai, cujo montante atingiu, em 2002, US$ 80,7 milhões (FOB). No mesmo período, as exportações do complexo soja, que compreende o grão in natura, o farelo e o óleo de soja, somaram US$ 41,7 milhões (FOB), provocando um saldo negativo na balança comercial deste produto, da ordem de US$ 39 milhões (FOB).

No que se refere ao feijão, o consumo no Brasil, segundo o IBGE 2, é de cerca de 15,05 quilos per capita/ano para as famílias com renda média mensal de até R$ 400, 00, caindo para 7,23 quilos per capita/ano nas famílias com renda média mensal de R$ 4.000,01 a R$ 6.000,00.

Em Santa Catarina, não obstante a redução que vem sendo verificada nos últimos anos, tanto em área plantada quanto em termos de quantidade produzida, esta tem sido suficiente para suprir o consumo interno e ainda gerar um excedente de produção, que na safra 2002/2003 foi da ordem de 101,1 mil toneladas.

Já o trigo, cujo consumo per capita no Brasil é de 52 kg, apresenta uma demanda estadual da ordem de 348,2 mil/t, para uma produção de 172 mil toneladas . O déficit registrado, de 176,2 mil/t, tem sido coberto por importações de outros estados, notadamente Paraná e Rio Grande do Sul e de outros países , principalmente, Argentina, num montante de US$ 45.654 mil (FOB). Do tal produzido pelo Estado, cerca de 13% foi reservado para sementes e o restante vendido para moinhos para compor processos industriais relacionados com a fabricação de farinha para consumo humano especialmente o mercado de massas, pães, bolos, doces e biscoitos e farelo de trigo para ração animal.

Relativamente ao consumo do arroz, segundo o IBGE 3, no Brasil a média é de cerca de 23,85 quilos per capita/ano nas famílias com renda média mensal de 2 POF (Pesquisa de Orçamentos Familiares) do IBGE, 2003. 3 POF (Pesquisa de Orçamentos Familiares) do IBGE, 2003.

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até R$ 400, 00, caindo para 19,94 quilos per capita/ano, nas famílias com renda média mensal de R$ 3.000,01 a R$ 4.000,00.

A produção de arroz, no Estado, absorve apenas 47% da quantidade produzida, sendo, portanto suficiente para suprir o consumo interno e ainda gerar um excedente de produção, que na safra 2002/2003 foi da ordem de 551,5 mil toneladas.

3.3 Perdas na Cadeia Produtiva de Grãos

Não existe no país estimativas cientificamente confiáveis para a determinação das perdas que acontecem ao longo da cadeia produtiva e de comercialização dos grãos. Todavia, sabe-se que elas têm atingido níveis expressivos e que prejudicam a qualidade e eficiência da cadeia agroalimentar.

Estimativas realizadas pela FAO e pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (apud LORINI, 2002) apontam que as perdas médias incidentes sobre os grãos armazenados no Brasil, foram aproximadamente de 10% sobre o total de grãos produzidos na safra 1999/2000.

Em Santa Catarina, segundo o ICEPA (2003b), as perdas na safra 2002/2003 chegaram a 256,4 mil toneladas, ou seja, o equivalente a 4,0% da oferta destes grãos no período. As maiores perdas ocorreram nas culturas de feijão e de milho, que atingiram, 8,2% e 5%, respectivamente.

Como fatores que contribuem para a ocorrência dessas perdas , incluem-se: a falta de infra-estrutura, a utilização de inadequadas tecnologias de plantio e colheita, sobretudo nas propriedades de natureza familiar, falta de conservação das rodovias, ausência de meios de transportes alternativos como hidrovias e ferrovias, carência de unidades armazenadoras estrategicamente localizados e tecnologicamente estruturados, entre outros.

Com relação às perdas no armazenamento, segundo Lorini (2002), pode-se citar como principal fator causador à inadequada estrutura armazenadora que é formada, em sua grande maioria, por grandes armazéns graneleiros, alguns sem sistema de aeração, ou no máximo dotados de um sistema ineficiente de controle de temperatura, onde os grãos permanecem depositados sem o indispensável monitoramento da temperatura, umidade e ataque de insetos.

Nas pequenas propriedades familiares, cuja presença é bastante forte em Santa Catarina, ainda é relativamente comum a secagem de produtos a céu aberto no campo e a utilização de paióis para a estocagem de grãos, sobretudo do milho

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em espiga, fornecido para consumo dos animais. Nesses precários sistemas de secagem e de armazenamento, os grãos estão sujeitos ao intenso ataque de insetos, roedores e fungos de toda ordem, acarretando significativas perdas para os agricultores.

Para reduzir as perdas que ocorrem ao longo cadeia produtiva, especialmente na etapa de armazenagem e também garantir a segurança alimentar da população e dar competitividade aos grãos produzidos no Brasil, o governo instituiu a Lei 9.973, de 29 de maio de 2000, que dispõe sobre o Sistema de Armazenagem dos Produtos Agropecuários que, entre outras obrigações, cria o Sistema de Certificação para ser desenvolvido de acordo com as regras e procedimentos do Sistema Brasileiro de Certificação.

A armazenagem, elo fundamental da cadeia produtiva e que pode contribuir para a diminuição dessas perdas , será analisada, a seguir, a partir do Capítulo 4.

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4 SISTEMA DE ARMAZENAGEM EM SANTA CATARINA

As informações sobre a rede de armazenagem no Brasil, não são totalmente precisas, devido as dificuldades existentes na atualização das informações das unidades cadastradas. Com a nova Lei de Armazenagem, prevê-se que esse problema seja sanado, uma vez que toda estrutura de armazenamento de natureza jurídica deverá, obrigatoriamente, ser cadastrada na CONAB, além de ser fiscalizada e manter as informações permanentemente atualizadas.

A atual capacidade estática de armazenagem de Santa Catarina, segundo o Cadastro Nacional de Unidades Armazenadoras da CONAB é de 3,35 milhões de toneladas , distribuídos nas 686 unidades, conforme demonstra o quadro a seguir.

Tabela 9 - Santa Catarina – Capacidade Estática de Armazenagem

Total Situação Cadastral

Nº U.A Capacidade(T) Credenciados 44 328.151 Descredenciados 2 3.312 Aptos Sem Contrato 171 778.289 Impedidos 284 1.333.131 Irregular Sicaf 185 908.328 Total Cadastrado 686 3.351.211

FONTE: CONAB (2004)

Conforme informações da CONAB, em Santa Catarina, apenas 6,4% das unidades armazenadoras estão regularmente credenciadas, enquanto que a maioria está impedidas de atuar (41,4%). As demais estão prestando serviços sem contrato (25%) ou encontram -se em situação irregular (27%), perante a Companhia.

Quanto à modalidade de armazenamento, 58,38% da capacidade estática estadual, correspondem a unidades armazenadoras sob a forma de silo, equivalente a uma capacidade de armazenamento de 1.884.556 toneladas de grãos; em segundo lugar, situam -se as unidades armazenadoras a granel que respondem por 25,35% (ou 820.110 toneladas) da capacidade estática de armazenagem do Estado, seguida pela estocagem convencional, ou seja, produtos em sacaria (272.232 toneladas) e, em último, os depósitos, cuja capacidade de armazenamento de 3.528 toneladas, corresponde a 0,17 % da capacidade de armazenamento total do Estado (CONAB, 2003).

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A modalidade de armazenamento a granel é a que apresenta maior perspectiva de crescimento no futuro. Os aperfeiçoamentos introduzidos no processo de colheita dos produtos e a nova tecnologia empregada nas atividades de recebimento e expedição das mercadorias, aliados aos elevados custos das embalagens estão induzindo o aumento dos investimentos na construção neste tipo de unidade, em detrimento dos demais. Além do mais, a armazenagem a granel, propicia uma elevação da capacidade dinâmica de armazenamento e, também, revela-se mais adequada às características do clima brasileiro que favorece a colheita dos produtos agrícolas em épocas diferenciadas, e sua permanência nos estoques em espaços de tempo relativamente menores (LORINI, 2002). Figura 4 - Santa Catarina – Capacidade Estática de Armazenamento segundo a modalidade

Silo 58,38%

Granel 25,35%

Depósito 0,17%

Convencional 16,10%

FONTE: CONAB/2003

Para efeito de comparação, em 1996, o armazenamento na modalidade silo representava 43,5% ; a granel, 25,3%; convencional, 31,3% e depósito, 0,8%.

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Tabela 10 - Santa Catarina - Evolução da Capacidade Estática de Armazenamento por Microrregião (1996/2003)

1996 (Toneladas)

2003 (Toneladas) Microrregiões

Convencional Depósito Granel Silos Total Convencional Depósito Granel Silos Total

Variação

%

Araranguá 135.513 4.086 83.770 223.369 51.121 2.924 341.964 396.009 77,29% Blumenau 27.550 4.300 24.000 29.000 84.850 9.363 34.272 43.635 -48,57% Campos de Lages 11.200 1.050 7.820 20.070 8.756 29.390 38.146 90,06% Canoinhas 68.540 900 83.400 43.610 196.450 64.579 80.331 74.414 219.324 11,64% Chapecó 152.703 147.360 272.136 572.199 85.546 150.445 300.333 536.324 -6,27% Concórdia 23.790 37.500 17.540 78.830 6.926 48.607 55.533 -29,55% Criciúma 37.107 300 65.083 102.490 10.967 134.642 145.609 42,07% Curitibanos 30.060 13.800 82.260 126.120 49.223 81.279 149.623 280.125 122,11% Florianópolis 3.940 12.850 16.790 4.300 11.660 15.960 -4,94% Itajaí 25.980 8.200 34.180 19.530 1.826 21.356 -37,52% Ituporanga 8.846 8.846 8.551 1.828 2.846 13.225 49,50% Joaçaba 38.650 35.500 69.540 143.690 22.671 16.903 125.179 164.753 14,66% Joinville 8.890 9.840 59.460 78.190 13.691 75 309.965 154.318 478.049 511,39% Rio do Sul 20.960 39.500 60.460 11.767 1.800 82.461 96.028 58,83% S. Bento Sul 0 1.040 1.040 S. Mig. Oeste 36.700 121.400 37.800 195.900 23.617 100.490 62.876 186.983 -4,55% Tabuleiro 0 400 400 Tijucas 340 4.000 4.340 0 -100,00% Tubarão 31.434 730 5.000 33.450 70.614 15.867 3.700 1.796 52.083 73.446 4,01% Xanxerê 79.030 122.015 172.470 373.515 114.379 74.177 281.095 469.651 25,74% TOTAL 741.233 20.156 599.225 1.030.289 2.370.747 520.984 5.603 820.110 1.888.629 3.235.326 36,47%

FONTE: BORN. (1996); CONAB (2003)

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A maior parte das estruturas de armazenamento do Estado, está concentrada na zona urbana (47,8%), e possuem uma capacidade de armazenamento equivalente a 1.545.191 toneladas. Os armazéns localizados nas zonas portuárias respondem por 14,4% da capacidade estática de armazenagem do Estado, podendo estocar 46.460 toneladas de grãos. Figura 5 - Santa Catarina - Capacidade de armazenamento segundo a sua localização

Fazenda4%

Rural34%

Urbana48%

Portuário14%

FONTE: CONAB (2003)

A área rural responde por 37,88%, equivalente a 1.225.541 toneladas da

capacidade de armazenamento do Estado, sendo 3,6% , ou 117.766 toneladas, localizada nas fazendas e 1.107.776 toneladas (34,2%) nas demais áreas da zona rural, porém, fora das propriedades rurais.

Segundo a CONAB/SC, ausência de uma ampla rede de armazenagem distribuída próximo aos pólos de produção, especialmente dentro da propriedade rural, juntamente com demais problemas de logística, como rodovias em estado precário de conservação, portos marítimos, entre outros, tem refletido negativamente no custo e qualidade do produto final, com reflexo na competitividade dos principais grãos produzidos no Estado.

A localização das estruturas armazenadoras deve estar relacionada com a logística de produção. O aumento da produção aliado ao curto período de colheita dos produtos agrícolas exige unidades armazenadoras bem distribuídas e em quantidade suficiente para atender a dinâmica do mercado. A instalação de

27

unidades coletoras próximas às áreas de produção diminuirá gastos com transportes, facilitará o intercâmbio entre o pólo produtor e o pólo consumidor e a comercialização do produto, trazendo amplas vantagens competitivas para toda a cadeia produtiva.

Nos países mais desenvolvidos e naqueles com intensa vocação agrícola a maior parte da capacidade estática de armazenagem está concentrada nas fazendas. Nos Estados Unidos, cerca de 65% ; na União Européia, 40% e na Argentina, 25%. (MATHIAS, 2004)

4.1 Produção de Grãos e Oferta de Armazenamento

A agricultura catarinense está cada vez mais competitiva, atingindo níveis de produtividade que, em várias culturas, superam as médias alcançadas no âmbito nacional. Esse resultado deve-se ao esforço, sem precedentes, das instituições de pesquisa ligadas ao setor agropecuário no desenvolvimento e aplicação de novas tecnologias e do empenho do agricultor na aplicação das novas técnicas culturais que conduzam o aumento de produtividade e da qualidade das principais culturas do Estado.

Porém, não obstante todo esse esforço do setor produtivo, os resultados muitas vezes não chegam a ser compensadores, devido às elevadas perdas na produção, em quantidade e qualidade, por falta de uma estrutura de armazenagem adequada às reais necessidades do Estado.

Para efeito de comparação, em 1992, a capacidade armazenadora estadual cadastrada na CONAB, era de 2,78 milhões de toneladas, para uma produção de 4,8 milhões de toneladas de grãos, o que correspondia a 58% da produção registrada.

Em 1996, a estrutura de armazenagem disponível no Estado era de 3,3 milhões de toneladas e atendia 92% da produção dos principais grãos, que naquele ano atingiu 3,59 milhões de toneladas.

Em dezembro de 2003, a capacidade estática de armazenamento baixou para 3,235 milhões de toneladas para abrigar uma safra recorde de produção de 6,418 milhões de toneladas. A capacidade estática de armazenagem corresponde a 50% dos grãos produzidos no Estado, registrando-se, assim, o maior déficit de armazenagem de grãos no Estado, com sérios prejuízos para os produtores envolvidos.

28

Figura 6 - Santa Catarina - Comparativo entre Produção Agrícola e Capacidade Estática de Armazenamento 1992/2003

0,00

1000,00

2000,00

3000,00

4000,00

5000,00

6000,00

1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003

mil t

Produção de grãos Capacidade de armazenagem

FONTE: CONAB (2003) – Capacidade: IBGE. Produção Agrícola Municipal - Produção

A grande diferença entre a capacidade estática de armazenagem dos armazéns do Estado de Santa Catarina e o volume de grãos disponível provoca um estrangulamento em toda a cadeia produtiva que tende a se agravar, sobretudo se for confirmada a previsão de aumento de produção para a próxima safra. Considerando que há um descompasso entre o aumento na produção e o aumento na capacidade de armazenagem, a elevação na oferta de grãos implicará num aviltamento dos preços, que resultará em prejuízos para o produtor no momento da comercialização do produto. A insuficiência de armazéns induz, também, à improvisação nos meios de estocagens, o que compromete a qualidade do grão, além de gerar desperdícios que refletirão no custo e no preço final do produto, afetando a competitividade do setor.

O problema só não tem sido mais grave devido à rapidez no escoamento que apresentam alguns produtos como a soja e, também, devido às diferentes épocas de colheita dos produtos .

O ideal seria que o Estado dispusesse de uma capacidade de armazenagem próxima à quantidade produzida na safra de grãos , para evitar estrangulamentos . Em países com vocação produtora de grãos, como os Estados

29

Unidos e o Canadá, a capacidade estática de armazenagem é de 120% e 200% , respectivamente.

4.2 Oferta e Demanda de Armazenagem por Microrregião Homogênea

Para o desenvolvimento do estudo sobre a capacidade armazenadora de Santa Catarina, utilizou-se a divisão oficial utilizada pelo IBGE, para as meso e microrregiões homogêneas, muito embora se saiba que as cadeias produtivas, nas quais inserem -se as unidades armazenadoras, nem sempre obedecem aos limites das fronteiras geográfico-regionais.

Figura 7 - Santa Catarina – Mapa das Mesorregiões Geográficas e suas Microrregiões

Elaboração: ICEPA (2003b)

A - MESORREGIÃO OESTE CATARINENSE

1 - Microrregião Geográfica de São Miguel d'Oeste 2 - Microrregião Geográfica de Chapecó 3 - Microrregião Geográfica de Xanxerê 4 - Microrregião Geográfica de Joaçaba 5 - Microrregião Geográfica de Concórdia

D - MESORREGIÃO VALE DO ITAJAÍ

11 - Microrregião Geográfica de Rio do Sul 12 - Microrregião Geográfica de Blumenau 13 - Microrregião Geográfica de Itajaí 14 - Microrregião Geográfica de Ituporanga

30

B - MESORREGIÃO NORTE CATARINENSE 6 - Microrregião Geográfica de Canoinhas 7 - Microrregião Geográfica de São Bento do Sul 8 - Microrregião Geográfica de Joinville

E - MESORREGIÃO GRANDE FLORIANÓPOLIS

15 - Microrregião Geográfica de Tijucas 16 - Microrregião Geográfica de Florianópolis 17 - Microrregião Geográfica de Tabuleiro

C - MESORREGIÃO SERRANA

9 - Microrregião Geográfica de Curitibanos 10 - Microrregião Geográfica de Campos de Lages

F - MESORREGIÃO SUL CATARINENSE

18 - Microrregião Geográfica de Tubarão 19 - Microrregião Geográfica de Criciúma 20 - Microrregião Geográfica de Araranguá

4.2.1 Mesorregião Oeste Catarinense

A Mesorregião Oeste Catarinense, concentra a maior parte dos grãos produzidos em Santa Catarina. Segundo o IBGE (Produção Agrícola Municipal), a produção da safra 2003 foi de 3.507.493 toneladas de grãos, correspondendo a 54,7% de toda a produção do Estado. É responsável por 67,0% do milho; 59,0% da soja; 60,0% do trigo, e 1,0% do arroz.

Em decorrência, possui a maior estrutura de armazenagem do Estado, composta por 250 unidades armazenadoras, cuja capacidade estática abriga 1.447.449 toneladas, correspondendo a 43,7% da capacidade estática estadual. Dos armazéns cadastrados, 112 são do tipo silo, 105 do tipo convencional, 32 a granel e 1 depósito.

Quanto a localização, mesmo se tratando de uma região de vocação agrícola, a grande maioria das unidades (68%) está situada na área urbana, 30% na área rural, e somente 7 unidades estão localizadas na fazenda.

Com respeito à natureza jurídica, 47% pertencem à cooperativas, 52% à iniciativa privada e 1% à rede oficial de armazenagem .

O déficit de armazenagem da mesorregião é de 2.060.044 toneladas, equivalente a 59%% da safra de grãos de 2003.

31

Figura 8 – Produção e Capacidade de armazenagem da Mesorregião Oeste Catarinense

0

500.000

1.000.000

1.500.000

2.000.000

2.500.000

3.000.000

3.500.000

4.000.000

OesteCatarinense

(Mesorregião)

Chapecó Concórdia Joaçaba São MiguelD`Oeste

Xanxerê

Produção (t) Capacidade (t)

FONTE: CONAB (2003) e IBGE (Produção Agrícola Municipal) Elaboração: BRDE/SC 4.2.1.1 Microrregião de Chapecó

A Microrregião de Chapecó é a maior produtora de grãos de Santa Catarina. Produziu, em 2003, 1.106,7 mil toneladas , destacando-se como principais produtos agrícolas o milho, que representa 85,3% do total produzido, e a soja, com uma representatividade de 10,1% na produção total.

Apesar da produção atual ser praticamente a mesma registrada há 10 anos, quando a microrregião colheu 1.095,6 mil toneladas , a área plantada é 35,0% menor, comprovando a excelente produtividade alcançada. Dos produtos cultivados , apenas a soja apresentou expansão da área cultivada, enquanto que os demais tiveram sua área de cultivo significativamente reduzida.

Para abrigar sua produção, segundo dados da CONAB (2003), a microrregião dispõe de uma capacidade estática de 536.324 toneladas, distribuída em 89 unidades armazenadoras , das quais 46 são pertencentes a cooperativas e as demais são de propriedade privada. Comparada a 1996, a capacidade estática de armazenagem da microrregião foi reduzida em 6,27%, motivada pela redução da capacidade de armazenagem dos armazéns do tipo convencional, sem a devida compensação nos dem ais tipos de armazéns.

32

Das unidades existentes, 94% são dotadas de equipamentos para controle de ventilação e temperatura, enquanto que as demais não possuem qualquer sistema de controle de aeração e termometria, o que compromete a qualidade dos grãos e eleva, substancialmente, o risco de perdas.

Apesar da microrregião ser identificada como eminentemente agrícola, somente 33% da capacidade estática está armazenada em unidades localizadas na área rural, das quais apenas uma situa-se na fazenda. As demais, que equivalem a 65% da capacidade estática das unidades , estão localizadas na zona urbana.

O déficit de armazenagem da microrregião é de 570.380 toneladas, equivalente a 51,5% da safra de grãos de 2003.

Tabela 11 – Dados de Capacidade Microrregião de Chapecó

MICRORREGIÃO DE CHAPECÓ

Características Capac. (t)

Unidade % Características Capac. (t)

Unidade %

Armazém tipo: 536.234 Localização 536.324 Convencional 85.456 41 16 Fazenda 9.916 1 2 Graneleiro 150.445 10 28 Portuária Silos 300.333 38 56 Rural 178.738 28 33 Depósitos Urbana 347.670 60 65

Entidade 536324 Grãos Produzidos 1.106.704

Oficial Arroz 3.110 0,28 Cooperativa 288.688 46 54 Feijão 23.837 2,15 Privada 247.636 43 46 Milho 944.546 85,35 Equipamentos 536.324 Soja 111.242 10,05 Aeração/Termom. 501.466 68 94 Trigo 23.969 2,17 Nenhum 34.858 21 6

FONTE: CONAB (2003)/IBGE (Produção Agrícola Municipal) Elaboração: BRDE

4.2.1.2 Microrregião de Concórdia

A produção total de grãos da Microrregião de Concórdia, safra 2003, foi da ordem de 351.060, apresentando uma queda de 16,0% relativamente à produção

33

de 1994, que foi de 417.564 toneladas. A redução ocorreu para todas as culturas e, inclusive, na área plantada, que passou de 163.735 hectares para 84.827 hectares.

O milho é o produto de maior expressão econômica, representa 96,7% da produção de grãos da região.

A armazenagem hoje disponível na microrregião é da ordem de 55.533 para uma produção de 222.499 toneladas, e, portanto, muito aquém da sua necessidade efetiva. Comparado a 1996, a capacidade estática de armazenagem da microrregião foi reduzida em 29,6%.

Segundo dados da CONAB (2003), a microrregião dispõe de 11 unidades armazenadoras, 9 das quais são pertencentes a cooperativas e são dotadas de equipamentos de aeração e termometria e duas são de propriedade privada e não possuem qualquer sistema de controle de ventilação e temperatura.

Quanto a localização - 9 armazéns, que respondem por 87% da capacidade instalada, estão localizados na área urbana, enquanto, apenas 2 estão situados na área rural.

O déficit de armazenagem da microrregião é de 295.527 toneladas, equivalente a 84,2% da safra de grãos de 2003.

Tabela 12 - Dados de Capacidade Microrregião de Concórdia

MICRORREGIÃO DE CONCÓRDIA

Características Capac. (t)

Unidade % Características Capac. (t)

Unidade %

Armazém tipo: 55.533 Localização 55.533

Convencional 6.926 6 12 Fazenda

Graneleiro Portuária

Silos 48.607 5 88 Rural 7.332 2 13

Depósitos Urbana 48.201 9 87

Entidade 55533

Grãos Produzidos 351.060

Oficial Arroz 1389 0,40

Cooperativa 19.671 9 35 Feijão 2.896 0,82

Privada 35.862 2 65 Milho 339.737 96,77

Equipamentos 55.533 Soja 4.278 1,22

Aeração/Termom. 52.889 9 95 Trigo 2.760 0,79

Nenhum 2.644 2 5 FONTE: CONAB (2003)/IBGE (Produção Agrícola Municipal) Elaboração: BRDE

34

4.2.1.3 Microrregião Joaçaba

A Microrregião de Joaçaba produziu 539.742 toneladas de grãos na safra

2003, numa área de plantio de 114,5 mil hectares . Se comparada à marca alcançada em 1994, ocorreu um acréscimo de 42,2% na quantidade produzida, apesar da área plantada ter sido reduzida em 8,5%.

O produto de maior participação na produção agropecuária é o milho, que responde por 89,2% da produção de grãos da microrregião.

Para abrigar sua produção a microrregião dispõe de 35 armazéns que possuem uma capacidade estática de 164.753 toneladas. Comparado a 1996, a capacidade estática de armazenagem da microrregião foi aumentada em 14,7%.

Segundo dados da CONAB (2003), 24 unidades armazenadoras são da iniciativa privada, 8 pertencem às cooperativas da região e 3 são da rede oficial de armazenamento. Das unidades existentes, 93% são dotadas de equipamentos de aeração e termometria e 7 não possuem qualquer sistema de controle de ventilação e temperatura.

Quanto à localização, 20 armazéns, que respondem por 63% da capacidade instalada estão localizados na área urbana, e 15 estão situados na área rural.

O déficit de armazenagem da microrregião é de 374.989 toneladas, equivalente a 69,5% da safra de grãos de 2003.

35

Tabela 13 - Dados de Capacidade Microrregião de Joaçaba

MICRORREGIÃO DE JOAÇABA

Características Capac. (t)

Unidade % Características Capac. (t)

Unidade %

Armazém tipo: 164.753 Localização 164.753

Convencional 22.671 8 14 Fazenda 61.758 15 38

Graneleiro 16.903 3 10 Portuária 102.995 20 62

Silos 125.179 21 76 Rural

Depósitos Urbana

Entidade 164753

Grãos Produzidos 539.742

Oficial 7249 3 5 Arroz 2.284 0,42

Cooperativa 35.227 8 21 Feijão 18.138 3,36

Privada 122.277 24 74 Milho 481.753 89,26

Equipamentos 164.753 Soja 28.199 5,22

Aeração/Termom. 153.930 29 93 Trigo 9.368 1,74

Nenhum 10.823 6 7 FONTE: CONAB (2003)/IBGE (Produção Agrícola Municipal) Elaboração: BRDE

4.2.1.4 Microrregião de São Miguel do Oeste

A Microrregião de São Miguel d’Oeste produziu 615.088 toneladas de grãos

na safra 2003, numa área plantada de 149.690 hectares. Em comparação com 1994, esta marca representa um aumento de 10,0% na quantidade produzida e uma redução de 30,0% na área plantada.

O milho é o produto de maior participação na produção, correspondendo a 91,0% da produção de grãos da microrregião.

Para armazenar produção, segundo dados da CONAB (2003), a microrregião dispõe de 37 unidades armazenadoras, das quais 16 estão vinculadas a cooperativas e 21 são de propriedade privada. A capacidade estática é de 186.983 toneladas , correspondendo a 30,4% do total de grãos produzido.

Comparado a 1996, a capacidade estática de armazenagem da microrregião praticamente manteve-se inalterada, registrando uma pequena redução de 4,6%.

36

Das unidades existentes, 92% são dotadas de sistemas para controle de ventilação e temperatura, e as 8% restantes estão desprovidas de tais equipamentos.

Muito embora esta microrregião seja identificada como de intensa atividade agrícola, a capacidade estática localizada em área rural representa 40.585 toneladas e possibilita o recebimento de aproximadamente 22% da safra de grãos . O restante, que equivale a 77% das unidades, está localizada na zona urbana.

O déficit de armazenagem da microrregião é de 428.105 toneladas, equivalente a 70% da safra de grãos de 2003.

Tabela 14 - Dados de Capacidade Microrregião de São Miguel d`Oeste

MICRORREGIÃO DE SÃO MIGUEL D`OESTE

Características Capac. (t)

Unidade % Características Capac. (t)

Unidade %

Armazém tipo: 186.983 Localização 186.983

Convencional 23.617 16 13 Fazenda 2.062 1 1

Graneleiro 100.490 11 54 Portuária

Silos 62.876 10 33 Rural 40.585 12 22

Depósitos Urbana 144.336 24 77

Entidade 186983

Grãos Produzidos 615.088

Oficial Arroz 2455 0,40

Cooperativa 90.340 16 48 Feijão 4.360 0,71

Privada 96.643 21 52 Milho 558.786 90,85

Equipamentos 186.983 Soja 37.040 6,02

Aeração/Termom. 171.934 28 92 Trigo 12.447 2,02

Nenhum 15.049 9 8 FONTE: CONAB (2003)/IBGE (Produção Agrícola Municipal) Elaboração: BRDE 4.2.1.5 Microrregião de Xanxerê

A microrregião de Xanxerê é a segunda maior produtora de grãos de Santa Catarina. Na safra 2003 foram produzidas 894.899 toneladas de grãos , cultivados numa área de 202.262 hectares. O incremento obtido, relativamente à produção registrada em 1994, de 53,0%, foi fruto da elevada produtividade alcançado nos últimos 10 anos , já que a área cultivada foi 9,0% inferior àquele ano.

37

Os produtos de maior cultivo são o milho, cuja produção representa 65,0% do total de grãos da região, seguido pela soja, com 26,8%. A microrregião é a maior produtora de soja, concentrando 33,5% de toda a produção estadual.

A capacidade estática que a microrregião possui foi ampliada em 25,7% relativamente à existente em 1996. De acordo com os dados da CONAB (2003), hoje a capacidade estática está em 469.651 toneladas, distribuídas em 81 unidades armazenadoras, a maior parte delas sob a forma de silos (60%) e situadas na área urbana (81%).

Quanto à natureza jurídica das estruturas armazenadoras, 60% da capacidade estática é administrada pela iniciativa privada e as demais sob a forma de cooperativas.

O déficit de armazenagem da microrregião é de 425.248 toneladas, equivalente a 47,5% da safra de grãos de 2003. Tabela 15 - Dados de Capacidade Microrregião de Xanxerê

MICRORREGIÃO DE XANXERÊ

Características Capac. (t)

Unidade % Características Capac. (t)

Unidade %

Armazém tipo: 469.651 Localização 469.651 Convencional 114.379 39 24 Fazenda 4.142 5 0,9 Graneleiro 74.177 8 16 Portuária Silos 281.095 34 60 Rural 85.875 18 18,1 Depósitos Urbana 379.634 58 81

Entidade 469.651 Grãos Produzidos 894.899

Oficial Arroz 1.808 0,20 Cooperativa 190.854 42 40 Feijão 17.661 1,97 Privada 278.797 39 60 Milho 581.116 64,94 Equipamentos 469.651 Soja 239.790 26,80 Aeração/Termom. 412.288 59 87 Trigo 54.524 6,09 Nenhum 57.363 22 13

FONTE: CONAB (2003)/IBGE (Produção Agrícola Municipal) Elaboração: BRDE

38

4.2.2 Mesorregião Norte Catarinense

A Mesorregião Norte Catarinense, concentra 15,2%, ou 975.806 toneladas, dos grãos produzidos em Santa Catarina. É responsável por 13,0% do milho; 26,3% da soja; 10,1% do trigo, e 17,0% do arroz.

Possui uma estrutura de armazenagem composta por 98 unidades armazenadoras, cuja capacidade estática abriga 694.746 toneladas, corresponde a 71,0% da produção de grãos. Dos armazéns cadastrados, 44 são do tipo silo, 37 do tipo convencional, 16 a granel e 1 depósito.

No que diz respeito à localização, 51% das unidades estão situadas na área urbana, 39% na área rural, e somente uma unidade está localizada na fazenda.

Com relação à natureza jurídica, 66% pertencem à iniciativa privada, 31% a cooperativas, e 3% à rede oficial de armazenagem.

O déficit de armazenagem da mesorregião é de 281.060 toneladas, equivalente a 29,0% % da safra de grãos de 2003.

Figura 9 - Produção e Capacidade de armazenagem da Mesorregião Norte Catarinense

0

100.000

200.000

300.000

400.000

500.000

600.000

700.000

800.000

900.000

1.000.000

N. Catarinense(Mesorregião)

Canoinhas Joinville S. Bento do Sul

Produção (t) Capacidade (t)

(1) Mesorregião) FONTE: CONAB (2003)/IBGE (Produção Agrícola Municipal) Elaboração: BRDE

39

4.2.2.1 Microrregião de Canoinhas

A microrregião de Canoinhas é a terceira maior produtora de grãos de Santa Catarina e a que registrou o maior índice de crescimento da produção ao longo dos últimos dez anos, sendo a quantidade produzida na safra 2003, superior em 87,5% a registrada em 1994.

Não obstante esse crescimento é uma das microrregiões que apresenta maior defasagem na relação capacidade estática de armazenamento e produção agrícola. A produção de grãos , da ordem de 737.035 toneladas é 3,4 vezes superior à capacidade estática de estocagem da microrregião, que é de 219.324 toneladas .

Os grãos de maior produção agrícola são o milho e a soja, que têm uma participação de 69,2% e 24,3% na produção total, respectivamente.

Para abrigar sua produção, segundo dados da CONAB (2003), a microrregião dispõe de 76 unidades armazenadoras, das quais 30 são pertencentes a cooperativas e as demais são de propriedade privada.

Comparado a 1996, a capacidade estática de armazenagem da microrregião foi aumentada em 11,6%, muito embora o crescimento da produção tenha alcançado índices muito superiores.

Das unidades existentes, 52 são dotadas de equipamentos para controle de ventilação e temperatura, enquanto que as demais não possuem qualquer sistema de controle de aeração e termometria, o que compromete a qualidade dos grãos e eleva, substancialmente, o risco de perdas.

Apesar da microrregião ser identificada como eminentemente agrícola, a maior parte da capacidade estática, equivalente a 61,2%, está instalada em armazéns situados na área urbana. As demais unidades estão localizadas na zona rural, porém nenhum a instalada em área de fazenda.

O déficit de armazenagem da microrregião é de 517.711 toneladas, equivalente a 70,2% da safra de grãos de 2003.

40

Tabela 16 - Dados de Capacidade Microrregião de Canoinhas

MICRORREGIÃO DE CANOINHAS

Características Capac. (t)

Unidade % Características Capac. (t)

Unidade %

Armazém tipo: 219.324 Localização 219.324

Convencional 64.579 35 29 Fazenda

Graneleiro 80.331 13 37 Portuária

Silos 74.414 25 34 Rural 84.171 32 38

Depósitos Urbana 135.153 41 62

Entidade 219324

Grãos Produzidos 737.035

Oficial Arroz 2.355 0,32

Cooperativa 75.624 30 35 Feijão 27.910 3,79

Privada 143.700 43 65 Milho 510.030 69,20

Equipamentos 219.324 Soja 179.619 24,37

Aeração/Termom. 177.691 52 81 Trigo 17.121 2,32

Nenhum 41.633 21 19 FONTE: CONAB (2003)/IBGE (Produção Agrícola Municipal) Elaboração: BRDE 4.2.2.2 Microrregião de Joinville

A Microrregião de Joinville é a única que detém uma capacidade de armazenamento de grãos, registrada pela CONAB (2003), maior do que a produção regional. Isso se deve ao fato dos armazéns portuários de São Francisco do Sul, cuja capacidade estática é da ordem de 358.534 toneladas, estarem cadastrados nesta microrregião, mesmo atendendo as atividades de importação e de exportação de todas as demais microrregiões, inclusive de Joinville.

Por não atenderem exclusivamente as demandas de armazenamento da microrregião de Joinville onde se encontram cadastrados, os armazéns localizados em zona portuária foram extraídos do presente estudo, para não comprometerem a análise.

Considerando apenas a microrregião, existe uma capacidade estática de armazenamento de 119.515 toneladas para atender a uma produção de grãos da ordem de 172.800 toneladas, cultivadas numa área plantada de 20.136 hectares. Comparando com os dados de 1994, registrou-se um decréscimo, na área plantada de 29% e um acréscimo na produção de 7,3%.

41

Para abrigar sua produção, segundo dados da CONAB (2003), a microrregião dispõe de 14 unidades armazenadoras (excluindo as localizadas na zona portuária), dotadas de equipamento de aeração e termometria, com exceção de uma que não dispõe de tais equipamentos .

Comparado a 1996, a capacidade estática de armazenagem da microrregião foi aumentada em 47% motivada, principalmente pela instalação de novas unidades armazenadoras do tipo silo.

O déficit de armazenagem da microrregião é de 53.285 toneladas, equivalente a 30,1% da safra de grãos de 2003.

Tabela 17 - Dados de Capacidade Microrregião de Joinville

MICRORREGIÃO DE JOINVILLE

Características Capac. (t)

Unidade % Características Capac. (t)

Unidade %

Armazém tipo: 478.049 Localização 478.049

Convencional 13.691 4 2,9 Fazenda

Graneleiro 309.965 6 65 Portuária 358.534 10 76

Silos 154.318 13 32 Rural 74.906 10 15

Depósitos 75 1 0,1 Urbana 44.609 4 9

Entidade 478.049

Grãos Produzidos 172.800

Oficial 117.300 4 24,5 Arroz 168.304 97,40

Cooperativa 40.823 4 8,5 Feijão 56 0,03

Privada 319.926 16 67 Milho 4.440 2,57

Equipamentos 478.049 Soja

Aeração/Termom. 475.004 21 99 Trigo

Nenhum 3.045 3 1 FONTE: CONAB (2003)/IBGE (Produção Agrícola Municipal) Elaboração: BRDE 4.2.2.3 Microrregião de São Bento do Sul

Na Microrregião de São Bento do Sul existe apenas um armazém. Localizado na área urbana, este armazém de natureza privada, é dotado de equipamento de controle de ventilação e termometria e possui uma capacidade armazenadora de 1.040 toneladas, para atender uma produção de grãos que, na

42

safra 2003, atingiu 65.971 toneladas . O milho é o produto mais representativo, atingindo 85,0% do volume colhido.

O déficit de armazenagem da microrregião é de 64.931 toneladas, equivalente a 98,4 % da safra de grãos de 2003. Tabela 18 - Dados de Capacidade Microrregião de São Bento do Sul

MICRORREGIÃO DE SÃO BENTO DO SUL

Características Capac. (t) Unidade % Características Capac.

(t) Unidade %

Armazém tipo: 1.040 Localização 1.040 Convencional Fazenda Graneleiro Portuária Silos 1.040 1 100 Rural Depósitos Urbana 1.040 1 100

Entidade 1.040 Grãos Produzidos 65.971

Oficial Arroz 148 0,22 Cooperativa Feijão 2.096 3,18 Privada 1.040 1 100 Milho 56.040 84,95 Equipamentos 1.040 Soja 7.470 11,32 Aeração/Termom. 1.040 1 100 Trigo 217 0,33 Nenhum

FONTE: CONAB (2003)/IBGE (Produção Agrícola Municipal) Elaboração: BRDE 4.2.3 Mesorregião Serrana

A Mesorregião Serrana concentra 10,3% da produção catarinense de grãos . Produziu na safra 2003, segundo o IBGE (Produção Agrícola Municipal), 665.505 toneladas de grãos, sendo responsável por 10,0% do milho produzido no Estado; 14,6% da soja e 30,0% do trigo.

Possui uma pequena estrutura de armazenagem , formada por 38 armazéns que totalizam um a capacidade estática de 295.153 toneladas, que corresponde a 44,0% de toda a produção da mesorregião. Dos armazéns cadastrados, 18 são do tipo convencional, 15 do tipo silo e 5 do tipo a granel.

43

Quanto à localização, 58% das unidades estão situadas na área rural, e os demais na área urbana.

Com relação à natureza jurídica, 63% pertencem a cooperativas, 34% à iniciativa privada, e apenas um armazém pertence à rede oficial de armazenagem.

O déficit de armazenagem da mesorregião é de 370.352 toneladas, equivalente a 56,0% % da safra de grãos de 2003.

Figura 10 - Produção e Capacidade de armazenagem da Mesorregião Serrana

0

100.000

200.000

300.000

400.000

500.000

600.000

700.000

Serrana (Mesorregião) Campos de Lages Curitibanos

Produção (t) Capacidade (t)

FONTE: CONAB (2003)/IBGE (Produção Agrícola Municipal) Elaboração: BRDE 4.2.3.1 Microrregião Campos de Lages

A Microrregião de Lages produziu, na safra de 2003, 195.533 toneladas de grãos. Para fazer frente a esta produção a microrregião dispõe de armazéns que possibilitam abrigar apenas 38.146 toneladas estáticas , déficit este que persiste mesmo após os investimentos realizados nos últimos sete anos e que possibilitaram um acréscimo na capacidade de armazenamento da ordem de 90%.

A microrregião não é uma grande produtora de grãos. Os produtos de maior representatividade são o milho (80,0%) e o feijão (12,8%) dos grãos cultivados na microrregião.

44

Dos 10 armazéns existentes, 6 são do tipo convencional e 4 são do tipo silo, sendo apenas um está situado na área rural e os demais na área urbana.

O déficit de armazenagem da microrregião é de 157.387 toneladas, equivalente a 80,5 % da safra de grãos de 2003. Tabela 19 - Dados de Capacidade Microrregião de Campos de Lages

MICRORREGIÃO DE CAMPOS DE LAGES

Características Capac. (t) Unidade % Características Capac.

(t) Unidade %

Armazém tipo: 38.146 Localização 38.146 Convencional 8.756 6 23 Fazenda Graneleiro Portuária Silos 29.390 4 77 Rural 3.044 1 8 Depósitos Urbana 35.102 9 92

Entidade 38.146 Grãos Produzidos 195.533

Oficial Arroz 1087 0,56 Cooperativa 30.102 6 79 Feijão 25.075 12,82 Privada 8.044 4 21 Milho 156.688 80,13 Equipamentos 38.146 Soja 8.168 4,18 Aeração/Termom. 32.008 6 84 Trigo 4.515 2,31 Nenhum 6.138 4 16

FONTE: CONAB (2003)/IBGE (Produção Agrícola Municipal) Elaboração: BRDE

4.2.3.2 Microrregião de Curitibanos

A produção de grãos da Microrregião de Curitibanos que na safra 2003 chegou a 469.972 toneladas cresceu 117,5% num período de dez anos, enquanto que a área plantada cresceu 20,0%.

A capacidade estática de armazenagem detida pela microrregião está calculada em 280.125 toneladas anuais, portanto insuficiente para abrigar toda a produção.

Os grãos mais produzidos na microrregião são o milho (61,5%), e a soja (20,4%).

45

A capacidade de armazenamento da microrregião está dis tribuída na rede armazenadora composta por 28 armazéns, dos quais 20 estão localizados na área rural e os demais na área urbana. Quanto à natureza jurídica, 21 dos armazéns pertencem a cooperativas da região e 7 à iniciativa privada.

O déficit de armazenagem da microrregião é de 189.847 toneladas, equivalente a 40,4% da safra de grãos de 2003.

Tabela 20 - Dados de Capacidade Microrregião de Curitibanos

MICRORREGIÃO DE CURITIBANOS

Características Capac. (t)

Unidade % Características Capac. (t)

Unidade %

Armazém tipo: 280.125 Localização 280.125 Convencional 49.223 12 18 Fazenda Graneleiro 81.279 4 29 Portuária Silos 149.623 12 53 Rural 219.147 20 78 Depósitos Urbana 60.978 8 22

Entidade 280125 Grãos Produzidos 469.972

Oficial Arroz 666 0,14 Cooperativa 238.797 21 85 Feijão 36.821 7,83 Privada 41.328 7 15 Milho 289.342 61,57 Equipamentos 280.125 Soja 96.233 20,48 Aeração/Termom. 250.657 20 90 Trigo 46.910 9,98 Nenhum 29.468 8 10

FONTE: CONAB (2003)/IBGE (Produção Agrícola Municipal) Elaboração: BRDE 4.2.4 Mesorregião Vale do Itajaí

Segundo dados do IBGE (Produção Agrícola Municipal), a mesorregião do Vale do Itajaí produziu na safra 2003, 464.334 toneladas de grãos nas diversas microrregiões que a compõe. Para abrigar sua produção a mesorregião dispõe de uma capacidade instalada de 147.244 toneladas estática, equivalente a 32,0% da safra colhida.

O grão de maior expressão na composição econômica da mesorregião é o arroz, nela estão concentrados 24,4% de toda a produção estadual, seguida pelo milho, com 6,7%; o trigo, com uma participação de 0,01% e a soja com 0,0015% .

46

O déficit de armazenagem da mesorregião é de 317.090 toneladas, equivalente a 68,0% % da safra de grãos de 2003. Figura 11 - Produção e Capacidade de armazenagem da Mesorregião Vale do Itajaí

0

50.000

100.000

150.000

200.000

250.000

300.000

350.000

400.000

450.000

500.000

Vale do Itajaí(Mesorregião)

Blumenau Itajaí Ituporanga Rio do Sul

Produção (t) Capacidade (t)

FONTE: CONAB (2003)/IBGE (Produção Agrícola Municipal) Elaboração: BRDE 4.2.4.1 Microrregião de Blumenau

A Microrregião de Blumenau produziu, em 2003, 88.150 toneladas de grãos, dos quais 78,6% referem -se à produção de arroz e 21,0% de milho. Não são produzidos na região os grãos soja e trigo.

A microrregião possui uma capacidade estática de 43.635 toneladas, portanto, inferior ao somatório de grãos produzidos. A rede de armazéns da microrregião é composta por 18 unidades de armazenamento, sendo 5 do tipo convencional e 13 unidades sob a forma de Silos. A quase totalidade (17 deles) são privados e apenas 1 pertence à cooperativa.

A relação entre capacidade estática de armazenamento e produção agrícola vem decrescendo. Em 1996 a capacidade estática era de 84.850 toneladas e a região dispunha de um sistema de armazenamento mais amplo, composto por 100

47

armazéns, distribuídos homogeneamente entre os tipos, convencional, graneleiro e silos e, em número bem reduzido, de depósitos. Hoje, segundo levantamento da CONAB (2003), a rede é dotada de uma capacidade estática 48,5% menor, composta apenas por 18 armazéns , dos quais 13 são do tipo silos e 5 convencional, sendo apenas um pertencente à cooperativa os demais pertencentes à rede privada.

O déficit de armazenagem da microrregião é de 44.515 toneladas, equivalente a 50,5% % da safra de grãos de 2003.

Tabela 21 - Dados de Capacidade Microrregião de Blumenau

MICRORREGIÃO DE BLUMENAU

Características Capac. (t)

Unidade % Características Capac. (t)

Unidade %

Armazém tipo: 43.635 Localização 43.635 Convencional 9.363 5 21 Fazenda Graneleiro Portuária 3.156 1 7 Silos 34.272 13 79 Rural 16.400 6 38 Depósitos Urbana 24.079 11 55

Entidade 43635 Grãos Produzidos 88.150

Oficial Arroz 69.316 78,63 Cooperativa 3.005 1 7 Feijão 292 0,33 Privada 40.630 17 93 Milho 18.542 21,03 Equipamentos 43.635 Soja Aeração/Termom. 42.620 16 97 Trigo Nenhum 1.015 2 3

FONTE: CONAB (2003)/IBGE (Produção Agrícola Municipal) Elaboração: BRDE

4.2.4.2 Microrregião de Itajaí

A produção de grãos, na safra de 2003, da Microrregião de Itajaí, foi de 76.914 toneladas, representando um crescimento de 83,8% sobre a produção registrada há dez anos atrás.

A microrregião não é uma grande produtora de grãos. O único produto de maior representatividade e que apresenta demanda significativa por armazenagem de grãos é o arroz que representa, 99,8% dos grãos cultivados na microrregião.

48

Para armazenar sua produção, a microrregião dispõe de 4 armazéns que possibilitam abrigar apenas 21.356 toneladas estáticas , evidenciando um déficit na armazenagem local, sobretudo do tipo silo para abrigar a produção de arroz. Dos 4 armazéns existentes, 2 situam-se na área rural e 2 na área urbana. Quanto ao tipo, 3 são do tipo convencional, que responde por 91% da capacidade estática de armazenamento da microrregião, e um é do tipo silo.

Comparativamente a 1996, a capacidade estática foi reduzida em 37,52%, apesar do incremento da produção.

O déficit de armazenagem da microrregião é de 55.558 toneladas, equivalente a 72 % da safra de grãos de 2003.

Tabela 22 - Dados de Capacidade Microrregião de Itajaí

MICRORREGIÃO DE ITAJAÍ

Características Capac. (t)

Unidade % Características Capac. (t) Unidade %

Armazém tipo: 21.356 Localização 21.356 Convencional 19.530 3 91 Fazenda Graneleiro Portuária Silos 1.826 1 9 Rural 10.601 2 49 Depósitos Urbana 10.755 2 51

Entidade 21356 Grãos Produzidos 76.914

Oficial Arroz 76.805 99,86 Cooperativa Feijão 30 0,04 Privada 21.356 4 100 Milho 79 0,10 Equipamentos 21.356 Soja Aeração/Termom. 12.581 3 59 Trigo Nenhum 8.775 1 41

FONTE: CONAB (2003)/IBGE (Produção Agrícola Municipal) Elaboração: BRDE

49

4.2.4.3 Microrregião de Ituporanga

A produção de grãos da Microrregião de Ituporanga atingiu, na safra 2003,

cerca de 90.260 toneladas, sendo o milho a principal cultura, representando 92,4% da produção regional.

Na última década o cultivo de grãos apresentou um acréscimo significativo de 45%, resultado da melhoria nas práticas e técnicas de cultivo com reflexo nos índices de produtividade das várias culturas.

A capacidade estática da rede armazenadora microrregional está situada em 13.225 ton/ano, 50,0% superior à verificada em 1996. A rede de armazenagem é composta por 11 armazéns, dos quais 8 possuem de sistema de aeração e termometria e representam 80% da capacidade instalada. Quanto à natureza jurídica, a iniciativa privada responde por 66% da capacidade estática, representada por 8 armazéns, enquanto os demais são geridos por cooperativas.

O déficit de armazenagem da microrregião é de 77.035 toneladas, equivalente a 85% da safra de grãos de 2003. Tabela 23 - Dados de Capacidade Microrregião de Ituporanga

MICRORREGIÃO DE ITUPORANGA

Características Capac. (t)

Unidade % Características Capac. (t)

Unidade %

Armazém tipo: 13.225 Localização 13.225 Convencional 8.551 8 65 Fazenda Graneleiro Portuária Silos 2.846 2 21 Rural 2.675 3 19 Depósitos 1828 1 14 Urbana 10.550 8 81

Entidade 13.225 Grãos Produzidos 90.260

Oficial Arroz 2.091 2,32 Cooperativa 4.433 3 34 Feijão 4.689 5,19 Privada 8.792 8 66 Milho 83.415 92,42 Equipamentos 13.225 Soja 37 0,04 Aeração/Termom. 10.507 8 80 Trigo 28 0,03 Nenhum 2.718 3 20

FONTE: CONAB (2003)/IBGE (Produção Agrícola Municipal) Elaboração: BRDE

50

4.2.4.4 Microrregião de Rio do Sul

Microrregião de Rio do Sul produziu na safra de 2003, cerca de 211.013 toneladas de grãos.

Nos últimos 10 anos a produção de grãos da microrregião cresceu 19%, enquanto a área cultivada sofreu uma redução de 22,7%.

A disponibilidade de armazéns para abrigar a produção é de 96.028 toneladas estáticas , 59% superior à existente em 1996, conseqüência dos investimentos realizados na construção de armazéns do tipo silo e a granel.

A maioria dos 17 armazéns da microrregião está localizado na área urbana (82%) e são dotados de equipamentos de aeração e termometria (88%) e pertencem à iniciativa privada (59%).

A Microrregião de Rio do Sul também não é uma grande produtora de grãos, sendo o milho e o arroz os produtos de maior expressão, que representam 56,6% e 41,2% da produção regional, respectivamente.Os demais grãos têm uma participação ínfima na demanda por armazenagem.

O déficit de armazenagem da microrregião é de 114.985 toneladas, equivalente a 54,5% da safra de grãos de 2003.

51

Tabela 24 - Dados de Capacidade Microrregião de Rio do Sul

MICRORREGIÃO DE RIO DO SUL

Características Capac. (t) Unidade % Características Capac.

(t) Unidade %

Armazém tipo: 96.028 Localização 96.028 Convencional 11.767 7 12 Fazenda Graneleiro 1.800 1 2 Portuária Silos 82.461 9 86 Rural 11.503 3 12 Depósitos Urbana 84.525 14 88

Entidade 96.028 Grãos Produzidos 209.010

Oficial Arroz 86.974 41,61 Cooperativa 52.269 7 55 Feijão 2.331 1,12 Privada 43.759 10 45 Milho 119.496 57,17 Equipamentos 96.028 Soja 99 0,05 Aeração/Termom. 92.180 15 96 Trigo 110 0,05 Nenhum 3.848 2 4

FONTE: CONAB (2003)/IBGE (Produção Agrícola Municipal) Elaboração: BRDE 4.2.5 Mesorregião da Grande Florianópolis

A mesorregião Grande Florianópolis é a menor produtora de grãos de Santa Catarina. Produziu na safra 2003, 75.043 toneladas de grãos, sendo o milho o grão de maior produção agrícola, com uma participação de 63,0% na produção da região.

Para abrigar sua produção, segundo dados da CONAB (2003), a mesorregião dispõe de 4 unidades armazenadoras, das quais 3 são pertencentes a cooperativas e uma é de propriedade privada, todas situadas na área rural. Esta estrutura de armazenagem possui uma capacidade estática de 10.294 toneladas, que corresponde a 14,0% de toda a produção da mesorregião.

O déficit de armazenagem da mesorregião é de 64.749 toneladas, equivalente a 86,0% % da safra de grãos de 2003.

52

Figura 12 - Produção e Capacidade de armazenagem da Mesorregião Grande Florianópolis

0

10.000

20.000

30.000

40.000

50.000

60.000

70.000

80.000

GrandeFlorianópolis

(Mesorregião)

Florianópolis Tabuleiro Tijucas

Produção (t) Capacidade (t)

FONTE: CONAB (2003)/IBGE (Produção Agrícola Municipal) Elaboração: BRDE

4.2.5.1 Microrregião de Florianópolis

A produção de grãos da Microrregião de Florianópolis chegou a 18.183 toneladas na safra de 2003, registrando um crescimento de 23% sobre a produção de 1994, ocupando, praticamente, a mesma área cultivada. Os principais grãos produzidos são o arroz (68,3%) e o milho (29,1%).

A capacidade estática de armazenagem da microrregião manteve-se inalterada nos últimos anos e, atualmente, está situada em 15.960 toneladas anuais, que corresponde a 87,7% da quantidade produzida.

53

Tabela 25 - Dados de Capacidade Microrregião de Florianópolis

MICRORREGIÃO DE FLORIANÓPOLIS

Características Capac. (t) Unidade % Características Capac.

(t) Unidade %

Armazém tipo: 15.960 Localização 15.960 Convencional 4.300 1 27 Fazenda 523 1 3 Graneleiro Portuária Silos 11.660 2 73 Rural Depósitos Urbana 15.437 2 97

Entidade 15960 Grãos Produzidos 18.183

Oficial 4300 1 27 Arroz 12.417 68,29 Cooperativa Feijão 462 2,54 Privada 11.660 2 73 Milho 5.304 29,17 Equipamentos 15.960 Soja Aeração/Termom. 11.660 2 73 Trigo Nenhum 4.300 1 27

FONTE: CONAB (2003)/IBGE (Produção Agrícola Municipal) Elaboração: BRDE 4.2.5.2 Microrregião de Tabuleiro

Na Microrregião do Tabuleiro existe apenas uma unidade armazenadora, cuja capacidade estática é de 400 toneladas, para abrigar uma produção de 24.791 toneladas de grãos, colhidos na safra 2003, dos quais 89,0% corresponde à cultura do milho. A produção da microrregião cresceu 10% nos últimos dez anos , enquanto a área cultivada foi reduzida em 14,4%.

O armazém, que é do tipo convencional, abriga apenas 1,6% da produção regional. Está organizado sob a forma de cooperativa, fica localizado na zona urbana e é dotado de equipamento de controle de aeração e termometria.

54

Tabela 26 - Dados de Capacidade Microrregião de Tabuleiro

MICRORREGIÃO DE TABULEIRO

Características Capac. (t) Unidade % Características Capac.

(t) Unidade %

Armazém tipo: 400 Localização 400 Convencional 400 1 100 Fazenda Graneleiro Portuária Silos Rural Depósitos Urbana 400 1 100

Entidade 400 Grãos Produzidos 24.791

Oficial Arroz 833 3,36 Cooperativa 400 1 100 Feijão 1.918 7,74 Privada Milho 22.040 88,90 Equipamentos 400 Soja Aeração/Termom. 400 1 100 Trigo Nenhum

FONTE: CONAB (2003)/IBGE (Produção Agrícola Municipal) Elaboração: BRDE 4.2.5.3 Microrregião de Tijucas

A produção de grãos da Microrregião de Tijucas , que em 2003 foi de 32.069 toneladas, cresceu 50,8% nos últimos dez anos, enquanto a área cultivada tem permanecido praticamente a mesma.

Mesmo com o crescimento registrado, a microrregião continua não dispondo de armazéns que possam ser considerados como suporte à produção local. O déficit de armazenagem da microrregião é, portanto, igual à produção.

55

Tabela 27 - Dados de Capacidade Microrregião de Tijucas

MICRORREGIÃO DE TIJUCAS

Características Capac. (t) Unidade % Características Capac.

(t) Unidade %

Armazém tipo: Localização Convencional Fazenda Graneleiro Portuária Silos Rural Depósitos Urbana

Entidade Grãos Produzidos 32.069

Oficial Arroz 9.772 30,47 Cooperativa Feijão 2.217 6,91 Privada Milho 20.080 62,61 Equipamentos Soja Aeração/Termom. Trigo Nenhum

FONTE: CONAB (2003)/IBGE (Produção Agrícola Municipal) Elaboração: BRDE 4.2.6 Mesorregião Sul Catarinense

A Mesorregião Sul Catarinense, concentra 11,4% dos grãos produzidos em Santa Catarina. Segundo o IBGE (Produção Agrícola Municipal), a produção da safra 2003 foi de 730.081 toneladas de grãos .

A estrutura de armazenagem é composta por 220 unidades armazenadoras, cuja capacidade estática abriga 614.794 toneladas, corresponde a 19% da capacidade estática estadual. Dos armazéns cadastrados, a maioria (143) são do tipo silo, 71 do tipo convencional, 3 a granel e 3 depósitos.

Quanto à localização, em se tratando de uma região de vocação agrícola, a grande maioria das unidades (150) está situada na área rural, 55 na área urbana e 17 unidades estão localizadas na fazenda, principalmente nas propriedades familiares .

56

Com respeito à natureza jurídica, 86%, ou 189 unidades pertencem à iniciativa privada e os demais estão vinculados a cooperativas. Não consta na mesorregião nenhuma unidade da rede oficial de armazenagem.

A mesorregião Sul Catarinense é a maior produtora de arroz de Santa Catarina, responsável por 57,0% da produção estadual. Esse cereal vem apresentando produção crescente ao longo dos últimos anos, em decorrência principalmente do acréscimo da produtividade.

Para os próximos anos, entretanto, a expectativa, é de um crescimento mais modesto em decorrência, basicamente do aumento de produtividade. Isso porque a maioria do arroz produzido na região é do tipo irrigado, e a escassez de água para o seu cultivo deverá restringir sua expansão.

O déficit de armazenagem da mesorregião é de 115.287 toneladas, equivalente a 16,0 % da safra de grãos de 2003.

Figura 13 - Produção e Capacidade de armazenagem da Mesorregião Sul Catarinense

0

100.000

200.000

300.000

400.000

500.000

600.000

700.000

800.000

Sul Catarinense(Mesorregião)

Araranguá Criciúma Tubarão

Produção (t) Capacidade (t)

FONTE: CONAB (2003)/IBGE (Produção Agrícola Municipal) Elaboração: BRDE

57

4.2.6.1 Microrregião de Araranguá

Esta microrregião produziu, em 2003, 368.828 toneladas de grãos, que equivalem a um crescimento de 58% nos últimos dez anos.

Dos grãos produzidos, 93% correspondem à cultura do arroz. Este cereal vem apresentando crescimentos constantes tanto em área cultivada quanto em produtividade, enquanto que os dem ais grãos estão em permanente queda.

A capacidade estática total da rede de armazenagem da microrregião, calculada em 396.009 toneladas anuais , aponta uma situação de equilíbrio em nível estático.

Nesta microrregião, 72% da capacidade estática está localizada em área rural (105 armazéns) e na fazenda (16 armazéns).

Tabela 28 - Dados de Capacidade Microrregião de Araranguá

MICRORREGIÃO DE ARARANGUÁ

Características Capac. (t)

Unidade % Características Capac. (t)

Unidade %

Armazém tipo: 396.009 Localização 396.009 Convencional 51.121 44 13 Fazenda 34.990 16 9 Graneleiro 2.924 3 1 Portuária Silos 341.964 100 86 Rural 250.788 106 63 Depósitos Urbana 110.231 25 28

Entidade 396.009 Grãos Produzidos 368.828

Oficial Arroz 336.300 91,18 Cooperativa 68.319 18 17 Feijão 1.890 0,51 Privada 327.690 129 83 Milho 30.638 8,31 Equipamentos 396.009 Soja Aeração/Termom. 380.533 132 96 Trigo Nenhum 15.476 15 4

FONTE: CONAB (2003)/IBGE (Produção Agrícola Municipal) Elaboração: BRDE

58

4.2.6.2 Microrregião de Criciúma

A produção de grãos da Microrregião de Criciúma, na safra 2003, chegou a 172.659 toneladas, dos quais 70,0% referem -se à colheita de arroz, 24,4% de milho e 5,6% de feijão. Não são cultivados na microrregião os grãos de soja e trigo.

A região foi beneficiada, nos últimos anos, com a construção de unidades armazenadoras do tipo silo, que propiciou a elevação da capacidade estática de armazenamento em 42,0%. Hoje, para fazer estocar a produção, a microrregião dispõe de 50 unidades armazenadoras que permitem o recebimento de 145.339 toneladas , e que corresponde a 84,2% da produção regional.

Tabela 29 - Dados de Capacidade Microrregião de Criciúma

MICRORREGIÃO DE CRICIÚMA

Características Capac. (t)

Unidade % Características Capac. (t)

Unidade %

Armazém tipo: 145.339 Localização 145.339 Convencional 10.697 11 7 Fazenda 4.369 1 3 Graneleiro Portuária Silos 134.642 39 93 Rural 90.304 35 62 Depósitos Urbana 50.666 14 35

Entidade 145339 Grãos Produzidos 172.659

Oficial Arroz 120.835 69,98 Cooperativa 30.584 6 21 Feijão 9.570 5,54 Privada 114.755 44 79 Milho 42.254 24,47 Equipamentos 145.339 Soja Aeração/Termom. 141.890 46 98 Trigo Nenhum 3.449 4 2

FONTE: CONAB (2003)/IBGE (Produção Agrícola Municipal) Elaboração: BRDE 4.2.6.3 Microrregião de Tubarão

A Microrregião de Tubarão produziu 188.594 toneladas de grãos na safra de 2003, 72,0% dos quais representado pela cultura do arroz e 24,7% do milho. Se comparado a 1994, a produção atual é 54,5% maior, motivado basicamente pela elevação no cultivo do arroz, cujo crescimento no período foi de 73,6%.

59

Para armazenar a sua produção a microrregião dispõe de uma capacidade estática de armazenagem da ordem de 73.446 toneladas/ano, distribuídas em 25 armazéns, dos quais 16 estão localizados na área rural e 9 na zona urbana.

O déficit de armazenagem da microrregião é de 115.148 toneladas, equivalente a 61,0% da safra de grãos de 2003.

Tabela 30 - Dados de Capacidade Microrregião de Tubarão

MICRORREGIÃO DE TUBARÃO

Características Capac. (t) Unidade % Características Capac.

(t) Unidade %

Armazém tipo: 73.446 Localização 73.446 Convencional 15.867 12 22 Fazenda Graneleiro 1.796 1 2 Portuária Silos 52.083 9 70 Rural 31.987 16 44 Depósitos 3700 3 6 Urbana 41.459 9 56

Entidade 73446 Grãos Produzidos 188.594

Oficial Arroz 135.609 71,91 Cooperativa 31.761 8 43 Feijão 6.377 3,38 Privada 41.685 17 57 Milho 46.608 24,71 Equipamentos 73.446 Soja Aeração/Termom. 59.148 15 80 Trigo Nenhum 14.298 10 20

FONTE: CONAB (2003)/IBGE (Produção Agrícola Municipal) Elaboração: BRDE

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5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A crescente pressão pela competitividade nos mercados interno e externo tem provocado uma redução nas margens de lucro dos grãos , obrigando os produtores a buscarem compensação em ganhos de escala e elevação dos índices de produtividade.

Como Santa Catarina tem uma estrutura fundiária com predominância da pequena propriedade de natureza familiar, onde cerca de 90% das unidades produtivas têm área inferior a 50 hectares e, portanto, difícil de obter-se ganhos de escala, a reduzida margem de lucro por hectare obtida com a comercialização dos grãos está modificando a estrutura produtiva das regiões e induzindo o êxodo rural. Como conseqüência, vem ocorrendo uma significativa redução no número de propriedades e no número de produtores que se dedicam ao cultivo de grãos .

Tais contingências têm concentrado a produção de grãos nas tradicionais regiões produtoras do Estado e forçado o deslocamento para outras regiões do Brasil que conjuguem solo e clima favoráveis e viabilizem a implantação de estruturas produtivas de maior porte, principalmente para o Centro-Oeste e algumas partes das regiões Norte e Nordeste. O resultado desse processo foi uma redução na área de cultivo de grãos de 19% nos últimos 10 anos . O aumento de 32% na produção, só foi possível graças a utilização de novas tecnologias que resultaram em incremento na produtividade.

A produtividade dos principais grãos , em vários casos superior a nacional, surpreende em razão da topografia irregular do solo catarinense e da estrutura fundiária que, baseada na pequena propriedade detém baixo poder de inversão na melhoria das condições do solo.

Mas, se de um lado o investimento em novas tecnologias agrícolas elevaram a produtividade dos grãos , por outro, a falta de investimentos em infra-estrutura não acompanhou essa evolução, resultando em perdas elevadas na cadeia produtiva e de comercialização. Essas perdas foram calculadas em 10% da safra 1999/2000, em estimativas realizadas pela FAO e pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (apud ICEPA, 2003b).

Em Santa Catarina, existe uma defasagem tanto quantitativa quanto qualitativa no sistema de armazenamento. O estudo mostra que, em 2003, Santa Catarina contava com 665 unidades de armazenamento capazes de comportar 3.235,32 mil toneladas de grãos, enquanto a produção de grãos alcançava 6.418,26 mil toneladas, acusando, portanto, a um déficit de 50,4%. Significa, portanto, que o investimento em construção de novas estruturas armazenadoras não acompanhou o crescimento da produção agrícola e a conseqüência disso é o

61

estrangulamento da rede de armazenamento, que não mais comporta qualquer incremento na produção.

Mesmo considerando a diferenciação nos períodos de colheita, que determina uma dinâmica de operação com entradas e saídas de mercadorias acontecendo ao longo dos diversos meses do ano, a estrutura armazenadora ainda continua deficitária, principalmente no período de janeiro a junho, onde ocorre o maior volume de colheita dos diversos grãos.

Os maiores déficits estão nas áreas próximas aos pólos de produção e, especialmente, dentro das pequenas e médias propriedades rurais. As microrregiões mais deficitárias são as de Canoinhas, com uma defasagem de 431,6 mil toneladas, Chapecó (233,5 mil toneladas ), Concórdia (167 mil toneladas), São Miguel do Oeste (164,4 mil toneladas); Joaçaba (135,3 mil toneladas); Rio do Sul (105,5 mil toneladas) Campos de Lages (132,3 mil toneladas), Curitibanos (141,4 mil toneladas) e Tubarão (141,4 mil toneladas).

A falta de espaços para armazenar os grãos colhidos , obriga os produtores a vendê-los a preços de mercado para liberar espaço para a nova safra. Como a venda é feita, geralmente, na safra, quando o mercado está saturado, a rentabilidade econômica é baixa porque os preços são regulados pela lei da oferta e procura. Para poder manter o produto estocado, enquanto aguarda a melhor época para comercializá-lo, o ideal seria que se dispusesse de uma capacidade de armazenagem mais próxima ao montante a ser estocado. Em países com vocação produtora de grãos, como os Estados Unidos e o Canadá, a capacidade estática de armazenagem é de 120% e 200% , respectivamente.

O déficit de armazenagem só não tem sido mais prejudicial à cadeia produtiva de grãos , porque o estado possui um sistema de cooperativas, considerado modelo no Brasil que, apesar de seus problemas operacionais e dentro de suas possibilidades, procura adotar procedimentos que possibilitem maior eficiência ao setor de armazenamento a ele vinculado. Outros fatores que contribuem para evitar uma crise maior no setor são: a sazonalidade de produção; a dinâmica de consumo e de comercialização de alguns produtos como a soja, que tem rápido escoamento; o trigo, que tem sua armazenagem primária ligada às unidades de beneficiamento, além de apresentar uma demanda industrial muito superior à produção.

O milho, que responde por 67% do total de grãos cultivados no estado, é o produto que apresenta maior dificuldade de armazenamento. A falta e/ou obsoletismo de armazéns, secadores e moegas para atender à demanda do milho, tem ocasionado graves problemas à cadeia produtiva deste cereal. A falta de unidades armazenadoras tem obrigado os produtores a buscar soluções alternativas , mas , quase sempre inadequadas, que acabam por comprometer a qualidade do milho e ocasionar perdas significativas. As soluções vão desde

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manter o milho por mais tempo na lavoura, principalmente o que vai ser usado na alimentação animal; enviar direto para o porto para ser exportado; vender no auge da colheita com preços achatados, utilizar-se de estruturas armazenadoras em condições inadequadas para conservação, entre outras . Este problema é agravado, ainda, pela insuficiência de secadores em determinadas regiões, sobretudo no pico da colheita, obrigando os produtores a submeter-se a longas filas de espera para secar o grão.

A pesquisa também evidenciou que, não obstante os investimentos realizados para aumentar a capacidade de armazenamento a granel, este tipo de unidade ainda é insuficiente para abrigar a safra estadual. Enquanto faltam armazéns do tipo a granel, sobram espaços ociosos em muitos armazéns convencionais (de produto ensacado). Na comparação com os resultados de 1996 apresentado no estudo realizado pelo BRDE, as unidades do tipo a granel e silo tiveram sua capacidade estática aumentada em 66%, enquanto as do tipo convencional foram reduzidas em 30%. No período 1996/2003, a capacidade estática total de armazenamento do estado aumentou 36,47%.

Com relação ao arroz, além da defasagem de armazenagem existente, grande parte dela está vinculada à indústria beneficiadora. Se por um lado esta vinculação limita o produtor a vender o produto a uma única indústria, por outro lhe traz benefícios, uma vez que a capacidade instalada industrial e a disponibilidade do insumo junto à fábrica lhe proporciona vantagens competitivas no momento da comercialização.

A armazenagem em nível de propriedade rural é insignificante, se comparada à necessidade diagnosticada. O estado conta apenas com 25 unidades armazenadoras na fazenda, cuja capacidade estática soma 54.489 toneladas, ou 3,6% da capacidade estadual, portanto, bem abaixo dos índices registrados nos países mais desenvolvidos e com intensa vocação agrícola, como os Estados Unidos que possuem cerca de 65% da capacidade armazenadora nas fazendas; na União Européia, 40% e na Argentina, 25%. Em Santa Catarina, a maioria dos armazéns situados nas fazendas pertence à Microrregião de Araranguá (60%), e estão vinculados a produção de arroz.

A deficiência de armazéns na fazenda é particularmente sentida no caso do milho, onde 73% da produção, segundo o ICEPA (2003b), fica retida na propriedade para alimentação da família dos produtores , para criação de seus animais e para sementes. A maior parte destes grãos está estocado em paióis improvisados sem qualquer dispositivo que assegure a manutenção da qualidade do produto, exposto ao ataque de roedores e de outras pragas. O custo do frete para transportar o milho para secagem e armazenagem em estruturas fora da área de produção, constitui-se também, em fator impeditivo para o produtor familiar. Por isso, é prática comum entre os pequenos produtores a secagem natural, com a

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planta ainda na lavoura, aumentando o risco de perdas e comprometendo a qualidade do produto.

A ausência de uma ampla rede de armazenagem distribuída próximo aos pólos de produção, especialmente dentro da propriedade rural, juntamente com demais problemas de logística, como rodovia em estado precário de conservação, portos marítimos deficitários, tem refletido negativamente no custo e qualidade do diversos grãos , com reflexo na sua competitividade tanto no mercado interno, quanto externo.

A situação está a exigir das instituições competentes uma ampla revisão de todo sistema logístico do agronegócio catarinense, baseada no planejamento integrado, que conduza à viabilização investimentos que na logística de toda a cadeia produtiva de grãos.

Especificamente com relação ao sistema de armazenamento, há necessidade de construção de uma rede perfeitamente ajustada às necessidades do setor, com instalação de unidades armazenadoras em pontos estratégicos e próximos aos centros produtores para facilitar o fluxo do produto entre as regiões, diminuir gastos com transportes e atender melhor os clientes.

A prioridade, todavia, é a construção de unidades armazenadoras nas pequenas propriedades rurais, dimensionadas para atender a produção, seja de forma individual ou coletiva, abrangendo a produção de grupos de produtores ou cooperativas. A armazenagem na fazenda, além da redução de custos e perdas no transporte, traz como benefício p aumento do nível de emprego na área rural, com a conseqüente elevação da renda do produtor, contribuindo para o desenvolvimento da região e evitando o êxodo rural.

Fundamental, ainda, para sanar as deficiências do sistema, é a observância à nova lei de armazenagem, com a implementação de melhorias nas condições operacionais, adequação e modernização das estruturas existentes, e atendimento aos requisitos exigidos para a qualificação e certificação das unidades.

Para qualificação de armazenamento, por sua vez, é imprescindível a ampliação dos atuais investimentos, com aportes de recursos em taxas e prazos compatíveis com as características do setor, para a construção e modernização de unidades, compra de equipamentos, treinamento de pessoal, entre outros. Somente assim, será possível tornar o sistema armazenador mais eficiente, a altura da importância estratégica que possui na cadeia do agronegócio catarinense.

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APÊNDICE A – TABELAS COM DADOS DE ARMAZENAGEM

Mesorregião Tipo de Armazenagem Entidade Localização Equipamentos Capacidade (t)

Convencional Depósito Granel Silo Cooperativa Oficial Privada Fazenda Portuário Rural Urbana Aeração Termomet.

Grande Florianópolis 2 1 1 3 1 4 2 2 16.360 Norte Catarinense 37 1 16 44 30 3 65 1 9 38 50 76 76 698.413

Oeste Catarinense 105 1 32 112 118 4 131 7 1 74 171 200 200 1.413.244

Serrana 18 5 15 24 1 13 22 16 26 26 318.271

Sul Catarinense 71 3 3 143 33 189 17 150 55 191 191 614.794

Vale do Itajaí 26 3 21 17 33 1 21 28 37 37 174.244

259 5 60 336 225 8 432 25 11 309 320 532 532 3.235.326 FONTE: CONAB 2003

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1. CAPACIDADE ESTÁTICA DE ARMAZENAGEM, POR MICRORREGIÃO, TIPO E LOCALIZAÇÃO

LOC

ALI

ZA

ÇÃ

O

Ara

rang

Blu

men

au

Cam

po d

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Can

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Cric

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polis

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aba

Join

ville

Rio

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Sul

S.B

ento

do

Sul

S.M

igue

l do

Oes

te

Tab

ulei

ro

Tub

arão

Xan

xerê

TO

TA

L

Tipo 1 Total 51121 9363 8756 64579 85546 6926 10697 49223 4300 1953

0 8551 22671 13691 1176

7 23617 40

0 1586

7 11437

9 520984 Convencional Fazenda 2123 2515 4638

Portuário 9900 9900

Rural 27821 3015 15318 21611 1294 8156 37121 8775 2675 10296 3791 2813 8064 1331

2 27222 191284

Urbana 21177 6348 8756 49261 63935 5632 2541 12102 4300 1075

5 5876 12375 8954 15553 40

0 2555 84642 315162

Tipo 2 Total 1828 75 3700 5603

Depósito Fazenda

Portuário

Rural 3700 3700

Urbana 1828 75 1903

Tipo 3 Total 2924 80331 15044

5 81279 16903 30996

5 1800 10049

0 1796 74177 820110 Granel Fazenda 450 450

Portuário

309965 309965

Rural 998 37612 24233 49951 14223 1800 10992 4536 144345

Urbana 1476 42719 12621

2 31328 2680 89498 1796 69641 365350

Tipo 4 Total 34196

4 3427

2 2939

0 74414 30033

3 4860

7 13464

2 14962

3 1166

0 1826 2846 12517

9 15431

8 8246

1 104

0 62876 5208

3 28109

5 188862

9 Silo Fazenda 32417 9916 4369 523 2062 1627 50914

Portuário 3156 38669 41825

Rural 22196

9 1338

5 3044 31241 13289

4 6038 82148 13207

5 1826 37239 71115 6890 21529 1497

5 54117 830485

Urbana 87578 1773

1 2634

6 43173 15752

3 4256

9 48125 17548 1113

7 2846 87940 44534 7557

1 104

0 39285 3710

8 22535

1 965405

TOTAL 39600

9 4363

5 3814

6 21932

4 53632

4 5553

3 14533

9 28012

5 1596

0 2135

6 1322

5 16475

3 47804

9 9602

8 104

0 18698

3 40

0 7344

6 46965

1 323532

6

69

2. CAPACIDADE ESTÁTICA DE ARMAZENAGEM, POR MICRORREGIÃO, TIPO E ENTIDADE

EN

TID

AD

E

Ara

rang

Blu

men

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Cam

po d

e La

ges

Can

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TA

L

Tipo 1 Total 51121 9363 8756 64579 85546 6926 10697 49223 4300 19530 8551 22671 13691 11767 23617 400 15867 114379 520984 Convencional Cooperativa 13471 4856 25915 48992 6926 2035 45188 1400 12546 1350 7194 11430 400 4174 71811 257688 Oficial 4300 2250 9900 16450 Privada 37650 9363 3900 38664 36554 8662 4035 19530 7151 7875 2441 4573 12187 11693 42568 246846 Tipo 2 Total 1828 75 3700 5603 Depósito Cooperativa 1828 1828 Oficial Privada 75 3700 3775 Tipo 3 Total 2924 80331 150445 81279 16903 309965 1800 100490 1796 74177 820110 Granel Cooperativa 30126 29589 81279 26687 1796 43874 213351 Oficial 103000 103000 Privada 2924 50205 120856 16903 206965 1800 73803 30303 503759 Tipo 4 Total 341964 34272 29390 74414 300333 48607 134642 149623 11660 1826 2846 125179 154318 82461 1040 62876 52083 281095 1888629 Silo Cooperativa 54848 3005 25246 19583 210107 12745 28549 112330 1205 22681 39473 45075 52223 25791 75169 728030 Oficial 4999 4400 9399 Privada 287116 31267 4144 54831 90226 35862 106093 37293 11660 1826 1641 97499 110445 37386 1040 10653 26292 205926 1151200 TOTAL 396009 43635 38146 219324 536324 55533 145339 280125 15960 21356 13225 164753 478049 96028 1040 186983 400 73446 469651 3235326

FONTE: CONAB, 2003

70

3. CAPACIDADE ESTÁTICA DE ARMAZENAGEM EM ARMAZÉNS COM SISTEMAS DE AERAÇÃO E TERMOMETRIA, POR MICRORREGIÃO, TIPO E LOCALIZAÇÃO

LOC

ALI

ZA

ÇÃ

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ento

do

Sul

S.M

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Oes

te

Tab

ulei

ro

Tub

arão

Xan

xerê

TOTA

L

Tipo 1 Total 35645 8348 2618 22946 50688 4282 7248 19755 1075

5 5833 15921 10721 7919 8568 40

0 3569 57016 272232 Convencional Fazenda 610 2515 3125

Portuário 9900 9900

Rural 20118 2250 7553 16199 1294 5888 19755 1496 7596 821 4492 2275 13784 103521

Urbana 14917 6098 2618 15393 34489 2988 1360 1075

5 4337 8325 7919 4076 40

0 1294 40717 155686

Tipo 2 Total 1828 1700 3528

Depósito Fazenda

Portuário

Rural 1700 1700 Urbana 1828 1828

Tipo 3 Total 2924 80331 15044

5 81279 16903 30996

5 1800 10049

0 1796 74177 820110 Granel Fazenda 450 450

Portuário

309965 309965

Rural 998 37612 24233 49951 14223 1800 10992 4536 144345

Urbana 1476 42719 12621

2 31328 2680 89498 1796 69641 365350

Tipo 4 Total 34196

4 3427

2 2939

0 74414 30033

3 4860

7 13464

2 14962

3 1166

0 1826 2846 12110

6 15431

8 8246

1 104

0 62876 5208

3 28109

5 188455

6

Silo Fazenda 32417 9916 4369 523 2062 1627 50914

Portuário 3156 38669 41825

Rural 22196

9 1338

5 3044 31241 13289

4 6038 82148 13207

5 1826 36949 71115 6890 21529 1497

5 54117 830195

Urbana 87578 1773

1 2634

6 43173 15752

3 4256

9 48125 17548 1113

7 2846 84157 44534 7557

1 104

0 39285 3710

8 22535

1 961622

TOTAL 38053

3 4262

0 3200

8 17769

1 50146

6 5288

9 14189

0 25065

7 1166

0 1258

1 1050

7 15393

0 47500

4 9218

0 104

0 17193

4 40

0 5914

8 41228

8 298042

6 FONTE: CONAB, 2003

71

4. CAPACIDADE ESTÁTICA DE ARMAZENAGEM EM ARMAZÉNS COM SISTEMAS DE AERAÇÃO E TERMOMETRIA, POR MICRORREGIÃO, TIPO E ENTIDADE

EN

TID

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do

Sul

S.M

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l do

Oes

te

Tab

ulei

ro

Tub

arão

Xan

xerê

TO

TA

L

Tipo 1 Total 35645 8348 2618 22946 50688 4282 7248 19755 10755 5833 15921 10721 7919 8568 400 3569 57016 272232

Convencional Cooperativa 7522 1418 12522 34304 4282 2035 19755 1400 10296 6159 2385 400 3094 41271 146843 Oficial 2250 9900 12150

Privada 28123 8348 1200 10424 16384 5213 10755 4433 3375 821 1760 6183 475 15745 113239 Tipo 2 Total 1828 1828

Depósito Cooperativa 1828 1828 Oficial

Privada Tipo 3 Total 2924 80331 150445 81279 16903 309965 1800 100490 1796 74177 820110

Granel Cooperativa 30126 29589 81279 26687 1796 43874 213351

Oficial 103000 103000 Privada 2924 50205 120856 16903 206965 1800 73803 30303 503759

Tipo 4 Total 341964 34272 29390 74414 300333 48607 134642 149623 11660 1826 2846 121106 154318 82461 1040 62876 52083 281095 1884556

Silo Cooperativa 54848 3005 25246 19583 210107 12745 28549 112330 1205 18898 39473 45075 52223 25791 75169 724247

Oficial 4999 4400 9399 Privada 287116 31267 4144 54831 90226 35862 106093 37293 11660 1826 1641 97209 110445 37386 1040 10653 26292 205926 1150910 TOTAL 380533 42620 32008 177691 501466 52889 141890 250657 11660 12581 10507 153930 475004 92180 1040 171934 400 57448 412288 2978726 FONTE: CONAB, 2003

72

APÊNDICE B - NOVA LEI DE ARMAZENAMENTO LEI Nº 9.973, DE 29 MAIO 2000. Dispõe sobre o sistema de armazenagem dos produtos agropecuários.

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA , faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:

Art 1º As atividades de armazenagem de produtos agropecuários, seus derivados, subprodutos e resíduos de valor econômico ficam sujeitas às disposições desta Lei.

Art 2º O Ministério da Agricultara e do Abastecimento criará sistema de certificação, estabelecendo condições técnicas e operacionais, assim como a documentação pertinente, para qualificação dos armazéns destinados à atividade de guarda e conservação de produtos agropecuários.

Parágrafo único. Serão arquivados na Junta Comercial o termo de nomeação de fiel e o regulamento interno do armazém.

Art 3º O contrato de depósito conterá, obrigatoriamente, entre outras cláusulas, o objeto, o prazo de armazenagem, o preço e a forma de remuneração pelos serviços prestados, os direitos e as obrigações do depositante e do depositário, a capacidade de expedição e a compensação financeira por diferença de qualidade e quantidade.

§ 1º O prazo de armazenagem, o preço dos serviços prestados e as demais condições contratuais serão fixados por livre acordo entre as partes.

§ 2º Durante o prazo de vigência de contrato com o Poder Público para fins da política de estoques, bem como nos casos de contratos para a guarda de produtos decorrentes de operações de comercialização que envolvam gastos do Tesouro Nacional, a título de subvenções de preços, o Ministério da Agricultura e do Abastecimento manterá disponível, na rede Internet, extratos dos contratos correspondentes contendo as informações previstas no caput deste artigo.

Art 4º Fica o Poder Executivo autorizado a regulamentar a emissão de títulos representativos de produtos agropecuários, além dos já existentes, aplicando-se à espécie os dispositivos da Lei nº 8.929, de 22 de agosto de 1944.

73

Art 5º Os critérios de preferência para a admissão de produtos e para a prestação de outros serviços nas unidades armazenadoras deverão constar do regulamento interno do armazém.

Art 6º O depositário é responsável pela guarda, conservação, pronta e fiel entrega dos produtos que tiver recebido em depósito.

§ 1º O depositário responderá por culpa ou dolo de seus empregados ou prepostos, pelos furtos, roubos e sinistros ocorridos com os produtos depositados, bem como pelos danos decorrentes de seu manuseio inadequado, na forma da legislação específica.

§ 2º O presidente, o diretor e o sócio-gerente da empresa privada, ou o equivalente, no caso de cooperativas, assim como o titular de firma individual, assumirão solidariamente com o fiel responsabilidade integral pelas mercadorias recebidas em depósito.

§ 3º O depositário oferecerá ao depositante garantias compatíveis com o valor do produto entregue em depósito, na forma que o Poder Executivo regulamentar.

§ 4º A indenização devida em decorrência dos casos previstos no § 1º será definida na regulamentação desta Lei.

§ 5º O depositário não é obrigado a se responsabilizar pela natureza, pelo tipo, pela qualidade e pelo estado de conservação dos produtos contidos em invólucros que impossibilitem sua inspeção, ficando sob inteira responsabilidade do depositante a autenticidade das especificações indicadas.

§ 6º Fica obrigado o depositário a celebrar contrato de seguro com a finalidade de garantir, a favor do depositante, os produtos armazenados contra incêndio, inundação e quaisquer intempéries que os destruam ou deteriorem.

Art 7º Poderão ser recebidos em depósitos e guardados a granel no mesmo silo ou célula produtos de diferentes depositantes, desde que sejam da mesma espécie, classe comercial e qualidade.

Parágrafo único. Na hipótese de que trata este artigo, o depositário poderá restituir o produto depositado ou outro, respeitadas as especificações previstas no caput .

Art 8º A prestação de serviços de armazenagem de que trata esta Lei não impede o depositário da prática de comércio de produtos da mesma espécie daqueles usualmente recebidos em depósito.

Art 9º O depositário tem direito de retenção sobre os produtos depositados, até o limite dos valores correspondentes, para garantia do pagamento de:

74

I - armazenagem e demais despesas tarifárias;

II - adiantamentos feitos com fretes, seguros e demais despesas e serviços, desde que devidamente autorizados, por escrito, pelo depositante; e

III - comissões, custos de cobrança e outros encargos, relativos a operação com mercadorias depositadas.

§ 1º O direito de retenção poderá ser oposto à massa falida do devedor.

§ 2º O direito de retenção não poderá ser exercido quando existir débito perante o depositante, decorrente de contrato de depósito, em montante igual ou superior ao dos créditos relativos aos serviços prestados.

Art 10. O depositário é obrigado:

I - a prestar informações, quando autorizado pelo depositante, sobre a emissão de títulos representativos do produto em fase de venda e sobre a existência de débitos que possam onerar o produto; e

II - a encaminhar informações ao Ministério da Agricultura e do Abastecimento, na forma e periodicidade que este regulamentar.

Art 11. O Ministério da Agricultura e do Abastecimento, diretamente, ou por intermédio dos seus conveniados, terá livre acesso aos armazéns para verificação da existência do produto e suas condições de armazenagem.

Art 12 (VETADO)

Art 13. O depositário que praticar infração das disposições desta Lei ficará sujeito às penas de suspensão temporária ou de exclusão do sistema de certificação de armazéns, aplicáveis pelo Ministério da Agricultura e do Abastecimento, conforme dispuser o regulamento, além das demais cominações legais.

Art 14. O Poder Executivo regulamentará o disposto nesta Lei no prazo de noventa dias, contados da data de sua publicação. Art 15. Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação. Brasília, 29 de maio de 2000; 179º da Independência e 112º da República. FERNANDO HENRIQUE CARDOSO Pedro Malan Marcus Vinicius Pratini de Moraes Alcides Lopes Tápias

Publicada no D.O.U. de 30 MAIO 2000 pág. 001 – Coluna 1

75

APÊNDICE C - REGULAMENTAÇÃO DA LEI 9.973, de 29 de maio de 2000 DECRETO Nº 3.855, DE 3 DE JULHO DE 2001 Regulamenta a Lei nº 9.973, de 29 de maio de 2000, que dispõe sobre o sistema de armazenagem dos produtos agropecuários, e dá outras providências.

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, no uso da atribuição que lhe confere o art. 84, inciso IV, da Constituição, e tendo em vista o disposto na Lei nº 9.973, de 29 de maio de 2000,

D E C R E T A :

CAPÍTULO I

DAS DEFINIÇÕES

Art. 1º Constitui atividade de armazenagem, sujeita ao disposto na Lei nº 9.973, de 29 de maio de 2000, o exercício da guarda e conservação de produtos agropecuários, seus derivados, subprodutos e resíduos de valor econômico, próprios ou de terceiros, por pessoas jurídicas de direito público ou privado, em estruturas apropriadas para esse fim.

Parágrafo único. O recebimento de produtos de terceiros, sem a transferência de sua propriedade, caracteriza atividade de armazenagem sujeita ao disposto neste Decreto.

Art. 2º Para fins deste Decreto, considera-se:

I - sistema de armazenagem: o conjunto das unidades armazenadoras do país destinadas à guarda e conservação de produtos agropecuários, seus derivados, subprodutos e resíduos de valor econômico;

II - unidade armazenadora: edificações, instalações e equipamentos organizados funcionalmente para a guarda e conservação dos produtos a que se refere o inciso I;

III - depositário: pessoa jurídica apta a exercer as atividades de guarda e conservação de produtos de terceiros;

IV - depositante: pessoa física ou jurídica responsável legal pelos produtos entregues a um depositário para guarda e conservação;

V - contrato de depósito: conjunto de direitos e obrigações que regulam a prestação de serviços pelo depositário ao depositante;

VI - fiel: pessoa física, idônea, formalmente indicada pelo depositário como responsável pela guarda e conservação dos produtos de que trata este Decreto; e

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VII - regulamento interno: conjunto de normas, regras e procedimentos operacionais estabelecidos pelo depositário, visando assegurar o funcionamento e a qualidade dos serviços por ele oferecidos.

CAPÍTULO II

DO CONTRATO DE DEPÓSITO

Art. 3º A relação comercial entre o depositário e o depositante será definida no contrato de depósito, cujas cláusulas serão fixadas por livre acordo entre as partes, e que conterá, obrigatoriamente, o objeto, o prazo de armazenagem, o preço e a forma de remuneração pelos serviços prestados, os direitos e as obrigações do depositante e do depositário, a capacidade de expedição e as condições de compensação financeira por diferença de qualidade e quantidade do produto objeto do depósito.

§ 1º A resolução de litígios decorrentes da execução dos serviços contratados ao amparo deste Decreto deverá ser arbitrada, preferencialmente, na forma em que dispõe a Lei nº 9.307, de 23 de setembro de 1996.

§ 2º São nulas as cláusulas contratuais que restrinjam as responsabilidades do depositário previstas neste Decreto.

Art. 4º Os critérios de preferência para a admissão e expedição de produtos e para a prestação de outros serviços nas unidades armazenadoras deverão constar do regulamento interno do armazém e, quando necessário, do contrato de depósito.

Art. 5º Poderão ser recebidos em depósito e guardados a granel, no mesmo silo ou célula, produtos de diferentes depositantes, desde que sejam da mesma espécie, classe comercial e qualidade, conforme dispuser o contrato de depósito ou o regulamento interno do armazém.

Parágrafo único. Na hipótese de que trata este artigo, o depositário poderá restituir o produto depositado ou outro, respeitadas as especificações previstas no caput.

CAPÍTULO III

DAS RESPONSABILIDADES E OBRIGAÇÕES DO DEPOSITÁRIO

Art. 6º O depositário é responsável pela guarda, conservação da qualidade e da quantidade, e pela pronta e fiel entrega dos produtos que tiver recebido em depósito, na forma prevista no contrato de depósito, inclusive em caso de avaria, de vícios provenientes da natureza e do acondicionamento dos produtos.

§ 1º O depositário responderá por culpa ou dolo de seus empregados ou prepostos, pelos furtos, roubos e sinistros ocorridos com os produtos depositados, bem como pelos danos decorrentes de seu manuseio inadequado, na forma da legislação específica.

§ 2º O presidente, o diretor e o sócio-gerente de empresa privada, ou o equivalente no caso de cooperativas, assim como o titular de firma individual, assumirão,

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solidariamente com o fiel depositário, responsabilidade integral pelas mercadorias recebidas em depósito.

§ 3º Não poderão ser responsáveis pela prestação de serviços de armazenagem as pessoas previstas no § 2º que tiverem sofrido condenação pelos crimes de falência culposa ou fraudulenta, estelionato, abuso de confiança, falsidade ideológica, roubo ou furto e delitos na administração de patrimônio público, até o cumprimento da pena.

Art. 7º As indenizações decorrentes do disposto no artigo anterior deverão observar o contido no contrato de depósito e a legislação vigente.

§ 1º As indenizações deverão efetivar-se no prazo máximo de trinta dias, contados a partir da comunicação formal de qualquer das partes.

§ 2º À opção do depositante, as indenizações deverão ser realizadas em produto ou em espécie, neste caso em valor compatível com o de mercado à época em que for exigido o produto depositado, ressalvadas outras formas previstas no contrato de depósito.

§ 3º Independentemente das sanções cabíveis, o depositário também indenizará o depositante do valor integral dos ganhos obtidos com a venda e reposição, não autorizada, de produtos sob sua guarda.

§ 4º O depositário não é obrigado a se responsabilizar pela natureza, pelo tipo, pela qualidade e pelo estado de conservação dos produtos contidos em invólucros que impossibilitem sua inspeção, sendo o depositante responsável pela autenticidade das especificações indicadas nas respectivas embalagens.

§ 5º Fica o depositário obrigado a celebrar contrato de seguro com a finalidade de garantir, a favor do depositante, os produtos armazenados contra incêndio, inundação e quaisquer intempéries que os destruam ou deteriorem.

Art. 8º O depositário oferecerá ao depositante garantias compatíveis com o valor do produto entregue em depósito.

Parágrafo único. As garantias a que se refere o caput serão definidas de comum acordo entre as partes, devendo estar previstas no contrato de depósito ou em documento específico.

Art. 9º As pessoas jurídicas de que trata o art. 1º deste Decreto ficam obrigadas a fornecer ao Ministério da Agricultura e do Abastecimento:

I - informações relativas à identificação das unidades armazenadoras, que serão utilizadas para a constituição do Cadastro Nacional de Unidades Armazenadoras de Produtos Agrícolas, de que trata o art. 42 da Lei nº 8.171, de 17 de janeiro de 1991;

II - informações sobre os estoques próprios e de terceiros mantidos sob sua guarda.

78

Parágrafo único. Caberá aos responsáveis legais pelas unidades armazenadoras providenciar o fornecimento das informações mencionadas neste artigo.

Art. 10. As informações a que se refere o artigo anterior terão por finalidade exclusiva o registro estatístico do sistema de armazenagem e servirão de apoio à política agrícola e de armazenagem sob a responsabilidade do Ministério da Agricultura e do Abastecimento.

Parágrafo único. As informações de que trata o inciso II do artigo anterior só poderão ser divulgadas de forma agregada, de modo a preservar os interesses comerciais dos informantes, sujeitando-se os responsáveis pelo manuseio dessas informações às penalidades previstas em lei.

CAPÍTULO IV

DO COMÉRCIO DE PRODUTOS SIMILARES AOS RECEBIDOS EM DEPÓSITO

Art. 11. Somente os depositários cujas unidades armazenadoras estejam certificadas nos termos definidos neste Decreto poderão praticar o comércio de produtos similares aos recebidos em depósito.

Art. 12. A comercialização do produto recebido em depósito requer a prévia concordância formal do depositante, ou a de seu representante legal, devendo o documento de formalização ser mantido arquivado até o vencimento do contrato.

Parágrafo único. O depositário deverá manter registros específicos das operações de comercialização dos produtos de terceiros, podendo o Ministério da Agricultura e do Abastecimento expedir normativo regulamentando forma e procedimentos para sua execução.

CAPÍTULO V

DA EMISSÃO DE DOCUMENTOS

Art. 13. As unidades armazenadoras emitirão comprovante de depósito com numeração seqüencial em que constem, no mínimo, os seguintes dados: a identificação do depositante e do depositário, a especificação do produto, seu peso líquido e bruto, sua qualidade, a forma de acondicionamento, o número de volumes ou fardos, o endereço onde se encontra depositado, o valor dos serviços de armazenagem e a periodicidade de sua cobrança.

§ 1º O comprovante previsto no caput deste artigo deverá mencionar que o depósito sujeita-se ao disposto na Lei nº 9.973, de 2000, e neste Decreto.

§ 2º O comprovante será restituído ao depositário por ocasião da entrega da mercadoria, ou quando de sua substituição por outros títulos que venham a ser emitidos.

Art. 14. Ficam os Ministérios da Fazenda e da Agricultura e do Abastecimento autorizados a, em conjunto, regulamentar a emissão de títulos lastreados por produtos depositados segundo o disposto neste Decreto, aplicando-se-lhes o disposto nos arts. 10 e 19 da Lei n8.929, de 22 de agosto de 1994.

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§ 1º A regulamentação referida no caput deste artigo poderá condicionar a emissão desses títulos à qualificação das garantias de que trata o art. 8º deste Decreto.

§ 2º A autorização para a emissão dos títulos a que se refere o caput será concedida exclusivamente às unidades armazenadoras certificadas nos termos deste Decreto e normativos complementares.

Art. 15. Quando autorizado pelo depositante, o depositário é obrigado a prestar informações acerca da emissão de títulos representativos do produto de propriedade daquele, em fase de venda, assim como sobre a existência de débitos que possam onerar o produto.

Parágrafo único. Nas situações previstas no caput deste artigo, o depositário encaminhará ao depositante, no prazo de quinze dias, cópia das informações prestadas.

CAPÍTULO VI

DA CERTIFICAÇÃO DAS UNIDADES ARMAZENADORAS

Art. 16. Fica instituído, no âmbito do Ministério da Agricultura e do Abastecimento, o Sistema Nacional de Certificação de Unidades Armazenadoras, por intermédio do qual serão estabelecidas as condições técnicas e operacionais para a qualificação dos armazéns destinados à guarda e conservação de produtos agropecuários.

§ 1º O sistema de que trata o caput será desenvolvido de acordo com as regras e os procedimentos do Sistema Brasileiro de Certificação, com a participação dos segmentos representativos da atividade, e deverá dispor sobre as condições e a documentação exigíveis dos interessados.

§ 2º É obrigatória, nos termos e prazos que a regulamentação estabelecer, a certificação das unidades que prestem serviços remunerados de armazenagem de produtos a terceiros, inclusive dos estoques públicos.

§ 3º O Ministério da Agricultura e do Abastecimento poderá tornar obrigatória a certificação de outras unidades armazenadoras, além das hipóteses previstas neste Decreto.

Art. 17. As unidades armazenadoras não certificadas na forma prevista neste Decreto não poderão ser utilizadas para a guarda e conservação de produtos agropecuários objeto de financiamento à estocagem com recursos do Tesouro Nacional.

CAPÍTULO VII

DA VERIFICAÇÃO DOS ESTOQUES E CONDIÇÕES DE ARMAZENAGEM

Art. 18. O depositante tem o direito de acesso ao local de depósito para verificar as condições de guarda e conservação dos produtos entregues em depósito, assim como o exame da documentação a eles pertinentes, inclusive a prevista no parágrafo único do art. 12 deste Decreto.

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Art. 19. O Ministério da Agricultura e do Abastecimento fixará os critérios, as normas e os procedimentos destinados à inspeção para verificar a existência dos estoques e as condições de armazenagem.

§ 1º O depositário é obrigado a permitir, a qualquer tempo, o livre acesso dos técnicos do Ministério da Agricultura e do Abastecimento ou de seus conveniados, devidamente identificados e quando no exercício de suas atividades, a todas as instalações da unidade armazenadora, assim como o exame da documentação pertinente.

§ 2º Os técnicos encarregados da verificação a que se refere o caput deverão apresentar identificação funcional que os credenciem para a tarefa.

CAPÍTULO VIII

DO DIREITO DE RETENÇÃO DE PRODUTOS

Art. 20. O depositário tem o direito de retenção de produtos depositados, até o limite dos valores correspondentes, para garantia do pagamento de:

I - armazenagem e demais despesas tarifárias;

II - adiantamentos feitos com fretes, seguros e demais despesas e serviços, desde que devidamente autorizados, por escrito, pelo depositante; e

III - comissões, custos de cobrança e outros encargos, relativos a operação com mercadorias depositadas.

§ 1º O direito de retenção poderá ser oposto à massa falida do devedor.

§ 2º O direito de retenção não poderá ser exercido quando existir débito perante o depositante, decorrente de contrato de depósito, em montante igual ou superior ao dos créditos relativos aos serviços prestados.

CAPÍTULO IX

DAS PENALIDADES

Art. 21. Fica sujeita às penalidades previstas neste Capítulo a empresa armazenadora que deixar de:

I - observar as determinações constantes deste Decreto e demais normas complementares, relativas à prestação de serviços de armazenagem de produtos agropecuários, baixadas pelo Ministério da Agricultura e do Abastecimento;

II - dispor dos documentos comprobatórios de registro ou de certificação para a prestação de serviços de armazenagem, regularizados e atualizados;

III - fornecer as informações previstas no art. 9º deste Decreto;

IV - atender às exigências e respeitar os prazos estabelecidos pelas autoridades competentes;

V - formalizar o contrato de depósito;

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VI - cumprir com suas responsabilidades perante o depositante;

VII - indenizar o depositante na forma e nos prazos estabelecidos;

VIII - oferecer as garantias de que trata o art. 8º deste Decreto;

IX - obter a prévia autorização do depositante para a comercialização de produto sob sua guarda;

X - manter registros adequados relativos à comercialização dos produtos de propriedade de terceiros;

XI - permitir o livre acesso:

a) do depositante ou de seu representante à unidade armazenadora e aos documentos relativos aos produtos de sua propriedade;

b) de técnicos do Ministério da Agricultura e do Abastecimento, ou seus conveniados, nas condições especificadas neste Decreto; e

XII - cumprir penalidade imposta.

Art. 22. A infringência às disposições contidas na Lei nº 9.973, de 2000, neste Decreto e demais atos normativos dele decorrentes sujeita o infrator, sem prejuízo da responsabilização civil, fiscal e penal cabível, à aplicação das seguintes sanções:

I - suspensão temporária da certificação; e

II - exclusão do sistema de certificação.

Art. 23. A suspensão do sistema de certificação impede o depositário de operar nas circunstâncias em que esta é exigida e será aplicada nos seguintes casos:

I - descumprimento das exigências estabelecidas em ato de verificação;

II - utilizar instalações ou procedimentos operacionais inadequados e equipamentos não compatíveis com a atividade, insuficientes ou sem a devida manutenção, nos termos definidos pelo sistema de certificação; e

III - registro de certificação vencido.

Parágrafo único. No ato da suspensão da certificação, deverão ser estabelecidas as exigências e o prazo para o seu cumprimento.

Art. 24. A exclusão do sistema de certificação implica cancelamento da certificação recebida, o que impede o depositário de operar nas condições em que ela é exigida, sendo aplicada nos seguintes casos:

I - quando houver reincidência de infração já punida com suspensão do sistema de certificação;

II - quando ficar comprovado dolo, inidoneidade ou má fé; e

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III - quando não forem cumpridas ou sanadas as exigências relativas às irregularidades comprovadas e notificadas no momento da suspensão da certificação.

Parágrafo único. Fica estabelecido o prazo mínimo de um e máximo de cinco anos para a pena de exclusão prevista no caput deste artigo.

Art. 25. Nos casos de suspensão e de exclusão do sistema de certificação, ficam mantidas as responsabilidades do depositário sobre os estoques de terceiros em seus armazéns, até sua retirada pelos respectivos depositantes.

Art. 26. Caberá ao Ministério da Agricultura e do Abastecimento, ou seus conveniados, mediante abertura de processo administrativo:

I - a apuração imediata de fatos ou denúncias de seu conhecimento;

II - a citação dos infratores;

III - a aplicação e comunicação das penalidades aos infratores; e

IV - o registro das irregularidades no Cadastro Nacional de Unidades Armazenadoras de Produtos Agrícolas, depois de encerrado o respectivo processo apuratório.

Art. 27. O infrator poderá apresentar defesa por escrito, no prazo de quinze dias contados da data da citação, ao órgão federal local, representante do Ministério da Agricultura e do Abastecimento, ou seus conveniados, os quais terão trinta dias contados da data do recebimento da defesa, ou outro prazo legalmente estabelecido, para proceder ao julgamento do caso.

Art. 28. Após o julgamento, o órgão competente notificará o infrator, o qual, no caso de decisão condenatória, terá o direito de recorrer ao órgão central do Ministério da Agricultura e do Abastecimento, no prazo de quinze dias contados da data de recebimento da referida notificação.

§ 1º O Ministério da Agricultura e do Abastecimento definirá o órgão de sua estrutura responsável pela apreciação e julgamento dos recursos de que trata o caput deste artigo.

§ 2º A decisão final terá que ser tomada no prazo de sessenta dias e será comunicada ao infrator, por escrito.

Art. 29. Os atos de suspensão temporária ou exclusão do sistema de certificação serão publicados no Diário Oficial da União.

Art. 30. Em caso de recusa do infrator, ou de seu mandatário ou preposto, em assinar os documentos lavrados pela autoridade competente, o fato será consignado nos autos e termos apropriados, sendo eles remetidos ao autuado por via postal, com aviso de recebimento ou outro meio equivalente.

Art. 31. Quando o infrator, ou seu mandatário ou preposto, não puder ser notificado, pessoalmente ou por via postal, será feita a notificação por edital, a ser afixada nas dependências do órgão fiscalizador, em lugar público, pelo prazo de

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dez dias, ou divulgado, pelo menos uma vez, na imprensa oficial ou em jornal de circulação local.

CAPÍTULO X

DAS DISPOSIÇÕES FINAIS

Art. 32. Para o exercício das atividades comerciais de prestação remunerada de serviços de guarda e conservação dos produtos de que trata este Decreto é obrigatório, sem prejuízo de outras condições estabelecidas em lei, o arquivamento prévio, na Junta Comercial, do regulam ento interno do armazém e do termo de nomeação do fiel, bem como de suas alterações.

Art. 33. Todos os órgãos da administração pública que efetuarem o depósito de produtos agropecuários, para fins da política de estoques, bem como nos casos de contratos para a guarda de produtos decorrentes de operações de comercialização que envolvam gastos do Tesouro Nacional, a título de subvenção de preços, deverão fornecer ao Ministério da Agricultura e do Abastecimento extratos dos contratos correspondentes, para disponibilização na rede Internet, durante o prazo de sua vigência.

Parágrafo único. Os extratos de que trata o caput deverão informar o objeto, o prazo de armazenagem, o preço e a forma de remuneração pelos serviços prestados, os direitos e as obrigações do depositante e do depositário, a capacidade de expedição e a compensação financeira por diferença de qualidade e quantidade.

Art. 34. Fica a Companhia Nacional de Abastecimento responsável pela administração e controle, na forma que vier a ser regulamentada pelo Ministério da Agricultura e do Abastecimento, dos registros relativos ao sistema de certificação, ao Cadastro Nacional de Unidades Armazenadoras de Produtos Agrícolas e às informações sobre estoques, incluindo seu recebimento, processamento, arquivamento e divulgação, respeitado o disposto no parágrafo único do art. 10 deste Decreto.

§ 1º O Ministério da Agricultura e do Abastecimento disponibilizará os recursos necessários à execução dos serviços estabelecidos neste artigo.

§ 2º Os recursos de que trata o parágrafo anterior poderão ser complementados pela cobrança de tarifas relativas à prestação dos serviços de manutenção dos registros previstos neste Decreto.

Art. 35. O disposto nos arts. 8º e 12 deste Decreto não se aplica às operações que configurem o ato cooperativo previsto no art. 79 da Lei nº 5.764, de 16 de dezembro de 1971.

Art. 36. O disposto no inciso I do art. 9º e nos arts. 16 e 19 deste Decreto não se aplica às unidades armazenadoras submetidas aos procedimentos sobre inspeção sanitária e industrial de produtos de origem animal de que tratam as Leis nº 1.283, de 18 de dezembro de 1950, e nº 7.889, de 23 de novembro de 1989.

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Art. 37. Caberá ao Ministério da Agricultura e do Abastecimento deliberar sobre as dúvidas ou casos omissos decorrentes da aplicação deste Decreto.

Art. 38. Este Decreto entra em vigor na data de sua publicação.

Brasília, 3 de julho de 2001; 180º da Independência e 113º da República. FERNANDO HENRIQUE CARDOSO Pedro Malan Marcus Vinicius Pratini de Moraes