Arte Naval - Cap. 07 Cabos

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    CAPTULO 7

    CABOS

    SEO A CLASSIFICAO GERAL; CABOS DE FIBRAS NATURAIS

    7.1. Classificao Os cabos, de um modo geral, podem ser classifica-dos, segundo a matria-prima utilizada em sua confeco, em cabos de fibra oude ao.

    a. Cabos de fibra(1) cabos de fibras naturais Confeccionados com as fibras do caule ou das

    folhas de algumas plantas txteis, tais como manilha, sisal, linho cnhamo, linhocultivado, coco, juta e algodo. Atualmente, os cabos de fibras naturais mais em-

    pregados a bordo so confeccionados com manilha e sisal; e(2) cabos de fibras sintticas Nesta categoria incluem-se os cabos

    confeccionados com matria plstica, entre elas nilon, polipropileno, polietileno,polister e kevlar.

    b. Cabos de ao Confeccionados principalmente com fios de arame deao, podendo ser utilizado o ferro na confeco de cabos de qualidade inferior.

    7.2. Matria-prima dos cabos de fibra natural Inmeras fibras naturaispodem ser empregadas na confeco de cabos, entre elas:

    a. Manilha Fibra de uma planta muito semelhante bananeira e, por issomesmo, chamada s vezes de bananeira selvagem; originria, principalmente, doArquiplago das Filipinas. A rvore tem altura de 4,5 a 6 metros e possui a matriatxtil no caule. uma fibra lisa, macia e sedosa; seu comprimento varia de 1,2 a 3metros. Apresenta uma resistncia trao de 21 kg/mm2.Devido a certos leosexistentes em sua composio, ela no sofre muito a ao da gua salgada.

    O cabo de manilha apenas 10% menos resistente que o de linho cnhamobranco, mais leve do que ele cerca de 22%, e tem ainda as vantagens de ser poucosensvel umidade e de possuir alguma flutuabilidade. Comparado com o cabo de

    linho alcatroado, ele mais forte e mais flexvel, porm deteriora-se mais rapida-mente. Quando molhado, no perde em resistncia, mas isso no exclui a necessi-dade de enxug-lo aps seu uso. Embora no passado tenha sido extensivamenteaplicado em quase todos os servios de bordo ( como espias, boas, nos aparelhosfixos e de laborar, retinidas, coseduras, fiis de toldo etc.), vem sendo substitudona maioria desses servios pelo sisal.

    b. Sisal Oriundo do Mxico, Haiti e frica. uma fibra encontrada nasfolhas de uma planta sem caule, muito semelhante ao p de abacaxi. O sisal muitas vezes empregado como substituto da manilha na manufatura de cabos, por

    ser mais barato, mas sofre muito a ao do tempo. Alm disso, a fibra do sisal no to lisa e macia como a da manilha, de modo que um cabo feito de sisal apresenta-se com asperezas e pontas salientes. Uma vantagem do sisal sobre a manilha aceitar melhor o alcatro. O sisal tem uma resistncia trao de cerca de 17kg/mm

    2, isto , 20% a menos que a manilha, e se enfraquece bastante com a umidade.

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    c. Linho cnhamo a fibra com que se faz o cabo comumente designadocabo de linho; a matria filamentosa est na casca que envolve o caule da plantachamada cnhamo. O caule do cnhamo atinge cerca de 4 metros de altura,produzindo um filamento maior que 3 metros, de cor prateada. O cabo confecciona-do com esta fibra possui grande resistncia e flexibilidade quando molhado, e suacor esbranquiada como um cabo de algodo.

    O cabo de linho cnhamo no alcatroado, tambm chamado cabo de linhobranco, o mais forte dos cabos de fibra. Entretanto, ele tem a desvantagem deabsorver facilmente a umidade, deteriorando-se sempre que exposto ao tempo, ra-zo por que se faz o tratamento das fibras do cnhamo com alcatro vegetal antesda manufatura do cabo; isso o preserva da umidade, mas diminui sua flexibilidade eo enfraquece.

    O cabo de linho cnhamo de grande bitola (grossura do cabo) pouco usadona Marinha do Brasil e, quando usado, quase sempre alcatroado. Mesmo nosaparelhos fixos dos navios, que no passado s empregavam cabo de linho alcatroado,o uso de cabo de ao quase que obrigatrio. O cabo de linho no alcatroado s usado nos grandes veleiros e nos aparelhos de laborar de grandes pesos, e,particularmente, nos pases de origem dessa fibra (Estados Unidos, Frana, Alemanhae outros). O linho cnhamo encontra grande aplicao nos cabos finos, fios e linhas.Nesta forma, ele usado como merlim, mialhar, linha alcatroada, fio de vela etc.

    d. Linho cultivado oLinun usitatissimum, uma planta cultivada em todoo mundo. A matria txtil encontra-se na casca em volta do caule; as de melhorqualidade so as que apresentam cor branca, marfim ou amarela, sendo as maisescuras de qualidade inferior. 30% menos resistente que o cnhamo, mas seupeso cerca de 40% inferior. uma fibra muito usada na confeco de linhas paraadrias de bandeiras.

    e. Coco Produz o chamado cabo do Cairo. bastante leve e pode flutuar,mas sua resistncia pequena. uma fibra usada nos servios em que o cabo devapermanecer imerso na gua e onde no se exija grande carga de ruptura, tais comodefensas, coxins, redes, cabos para pescadores etc. Apresenta a vantagem de noapodrecer com facilidade, porm mais fraco 30% que o cabo de manilha de mesmodimetro; apresenta uma cor avermelhada.

    f. Juta Nativa dos climas quentes, principalmente na ndia, desenvolve-sede preferncia nas margens do rios. Foi trazida para o Brasil e cultivada com xitopelos colonos japoneses na Amaznia; nessa regio denominada juta de Parintins.Quando novos, os cabos de juta flutuam. No utilizado normalmente a bordoporque as suas fibras se separam em pouco tempo quando em contato com a gua.Apresenta uma resistncia um pouco menor que a do linho branco e o peso 47%menor. A juta de melhor qualidade possui cor branco-prola, tem pouco menos de 2metros de comprimento e deve se apresentar bem enxuta. Industrialmente, a jutatem grande aplicao na manufatura de sacos.

    g. Algodo Matria txtil constituda por uma penugem filamentosa, fina,de cor branca ou amarelada, que envolve as sementes do algodoeiro, arbusto prpriodas regies quentes e midas. Desenvolve-se em todo o Brasil, embora a RegioNorte seja a mais favorvel ao seu cultivo, especialmente na Amaznia.

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    Muito usado na indstria de tecidos, o algodo tambm aproveitado para amanufatura de cabos finos, onde se exija pouca resistncia, ou para adornos. utilizado, especialmente, na confeco de linhas de barca e de prumo, fios de co-ser, cabos de enfeite, aranhas de maca etc.

    h. Linho da Nova Zelndia Matria filamentosa extrada das folhas da plantaPhormium tenax, que nativa da Nova Zelndia. A fibra assemelha-se da manilha,mas inferior em resistncia e por isso pouco empregada na indstria de cabos.

    i. Pita Matria txtil que se encontra nas folhas da planta chamada alo,procedente das Antilhas; 10% mais fraca que o linho branco, no recebe o alca-tro e apodrece com facilidade.

    j. Piaava Fibra extrada das folhas da planta chamada piaava (Attaliafunifera), da famlia das palmeiras; a qualidade mais apreciada a do Brasil, cultiva-da s margens do Rio Negro; tambm cultivada na Bahia, no Esprito Santo e emAlagoas. Sua resistncia cerca de 20% inferior do cnhamo, mas possui aspropriedades de flutuar e no apodrecer por efeito da gua do mar. A piaava no muito empregada na indstria de cordoaria, por serem as fibras muito rgidas, nopodendo ir mquina; os cabos de piaava so feitos a mo e so tranados.

    7.3. Construo dos cabos de fibra natural7.3.1. Manufatura Antes de ser submetida fiao, a matria filamentosa

    sofre diversas operaes, quais sejam:a. Curtimento Que pode ser feito a seco ou com auxlio de gua e tem por

    finalidade fazer desaparecer a substncia gomosa que liga as fibras txteis.

    b. Triturao A fim de fragmentar a parte lenhosa, os talos.c. Tasquinha Para separar os talos, deixando livre a parte txtil.Feito isto, as fibras so postas a enxugar e depois submetidas manipula-

    o, a qual tem por finalidade dividir o mais possvel, separando umas das outras asfibras txteis. Por fim, so elas inspecionadas, separadas por qualidade e postasem fardos para irem fiao.

    Para se assegurar a boa qualidade dos cabos, as fibras utilizadas devemestar secas, ser longas, novas e genunas, no adulteradas, sem defeitos, bemfiadas e uniformes.

    O cabo sempre feito a mquina, mas tambm poderia ser confeccionado amo. A primeira operao nas fbricas a cardao e a mquina que a executachama-se carda. A cardao tem por fim:

    (1) separar das fibras a pouca substncia lenhosa ou impurezas ainda aderentes;(2) isolar as fibras umas das outras, torn-las paralelas e posicion-las de

    modo que suas extremidades fiquem colocadas em pontos diversos no sentido docomprimento do feixe;

    (3) subdividir um feixe em muitos outros menores e iguais; e(4) separar os filamentos mais longos dos mais curtos e retirar especialmen-

    te aqueles muito curtos que, no servindo fiao, vo servir apenas para estopa.Enquanto se processa a cardao, as fibras passam por um banho de alca-tro, se so destinadas a cabo alcatroado, ou por um tratamento de leo lubrificanteespecial, se so destinadas a cabo branco. O leo tem por fim amaciar e lubrificaras fibras, para que sejam facilmente trabalhadas nas cardas, e ainda, criando uma

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    camada protetora nos filamentos, permitir que o cabo confeccionado resista melhor ao da umidade. Cerca de 10 a 15% do peso de um cabo branco consistem emleo de lubrificao.

    As fibras longas, que so aproveitadas na primeira cardao, vo constituiros cabos de primeira qualidade; as fibras que restam, mais curtas, podem ir nova-mente s cardas, mas somente para confeccionar os cabos de segunda qualidade,que no devem ser utilizados nos servios de bordo.

    7.3.2. Detalhes de construo A fabricao dos cabos realizada pelaunio e toro de determinado nmero de fios primrios, formando os fios que, nocabo, tomam o nome de fios de carreta. Esses, reunidos e retorcidos, tambm emcerto nmero, mas em sentido contrrio ao anterior, formam as pernas (cordes) docabo, que so reunidas, torcidas ou tranadas. Trs ou quatro pernas, torcidas todas

    juntas e em sentido inversoao anterior, formam um cabo.O cabo assim confeccionadochama-se cabo de massa(fig. 7-1), e sempre forma-do de trs ou quatro pernas,qualquer que seja sua bitola.Se fizermos um novo cabocomposto de trs destescabos de massa, teremos umcabo calabroteado (fig. 7-2).

    Na confeco de um cabo, a ao de torcer os vrios elementos que o cons-tituem chama-se cochar; as torcidas assim feitas chamam-se cochas, que podem

    ser para a direita ou para a esquerda, como apresentado na figura 7-3; cochas sotambm os intervalos entre as pernas de um cabo. A cocha de um cabo de 3 pernas o ngulo que as pernas fazem em relao ao eixo do cabo (fig. 7-4). A cocha doscabos tranados de 8 pernas est relacionada com o comprimento dos tranadosindividuais, tambm denominado comprimento de costura (fig. 7-5).

    Fig. 7-2 Cabo calabroteado

    Fig. 7-1 Cabo de massa

    FibrasFios de carreta

    Cordes

    Cabo

    Direo da cocha

    Cabo de massa

    Fibras

    Fios de carreta

    Cordes

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    Os cabos mais usados so os de trs pernas, mas os cabos de maior bitolapodem ter quatro pernas, os quais so sempre cochados em torno de um outrocabo j confeccionado, mais fino que as pernas, e que toma o nome de madre docabo. A madre (alma, nos cabos de ao) no aumenta a resistncia do cabo, porque,sendo de menor bitola que as pernas, no possui a mesma elasticidade destas,mas, entretanto, d mais flexibilidade.

    Os cabos so geralmente cochados para a direita. Um cabo cochado para

    a direita quando, fazendo caminhar um ponto sobre uma das pernas, este pontodetermina uma espiral para a direita, isto , no sentido do movimento dos ponteirosde um relgio (hlice subindo da esquerda para a direita); ele cochado para aesquerda quando, fazendo caminhar um ponto sobre uma das pernas, este pontodetermina uma espiral para a esquerda, isto , no sentido contrrio ao movimentodos ponteiros de um relgio (hlice subindo da direita para esquerda).

    preciso no confundir esta regra, porque se cortarmos um cabo e olharmosde frente para a sua seo pode nos parecer que a toro no sentido contrrio.Conhece-se que um cabo cochado para a direita quando, estando de frente para o

    seu chicote, tem-se que torcer a mo no sentido do movimento dos ponteiros de umrelgio para poder descoch-lo.Para contrariar a tendncia a descochar que as torcidas sucessivas so

    feitas em sentidos alternados; num cabo de massa cochado para a direita, a primei-ra torcida dos filamentos para a confeco do fio de carreta uma cocha para a

    Fig. 7-3 Cabos cochados emsentidos diferentes

    Fig. 7-4 Cocha de um cabode trs pernas

    Fig. 7-5 Cocha de um cabotranado de oito pernas

    Cocha direita Cocha esquerda

    Cocha

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    direita. Neste caso, a terceira torcida, que a das pernas para formar o cabo, sertambm para a direita.

    O princpio da construo dos cabos baseia-se na oposio destas cochas;os fios de carreta, isoladamente, tendem a se descochar, mas como so cochadosem sentido contrrio ao da primeira cocha para compor umaperna, as duas tendncias se neutralizam. Da se deduz queuma perna neutra, isto , no apresenta tendncia paradescochar-se, mas ao torcermos as pernas para confeccionarum cabo, este estado de equilbrio fica alterado e o cabo teruma tendncia contnua a descochar. Por isto, necessriodar s pernas, quando elas passam na mquina para comporo cabo, uma toro extra, a qual deve ser apenas o suficientepara neutralizar a tendncia em sentido contrrio que elesadquirem ao serem cochados juntos.

    Em alguns tipos, especialmente nos cabos finos, as per-nas so tranadas, em vez de cochadas (torcidas); isto faz de-saparecer a tendncia para a coca, isto , a dobra que o cabotoma sobre si mesmo, no seio, mas diminui a elasticidade. Oscabos tranados (fig. 7-6) tm um nmero variado de pernas.Em um cabo tranado de 8 pernas, dispostas 2 a 2, empregam-se 4 pernas cochadas para a esquerda e 4 para a direita.

    H ainda pequenas variaes na fabricao dos cabos, especialmente nomodo como so constitudas as pernas: em uns, as fibras elementares de cada

    perna so torcidas em torno de um eixo longitudinal, em vez de serem torcidas emfios de carreta; em outro tipo, a perna constituda por duas ordens de fios decarreta do tamanho comum envolvendo oito fios de carreta mais grossos.

    Nas fbricas, depois de prontos, os cabos so enrolados em aduchas. importante notar que as aduchas so feitas sempre do mesmo modo, e por isto, aodesenrolar um cabo novo, tem que se desfazer a aducha num determinado sentido,contrrio quele em que o cabo foi enrolado.

    A tabela 7-1 apresenta as caractersticas dos cabos de sisal dos tipos torci-dos de 3 pernas e tranados de 8 pernas.

    7.4. Efeitos mecnicos da toro A toro dada a um cabo, isto , acocha, tem por fim impedir que as fibras escorreguem umas sobre as outras sob oesforo de trao, pelo atrito mtuo que elas adquirem. Com isto o cabo adquireuma ligeira elasticidade, em virtude do carter de mola em espiral que toma, masperde uma parte da resistncia inicial dos fios.

    Uma cocha bem apertada aumenta o atrito e tem ainda a vantagem de unirbem as fibras e fazer o cabo menos apto a receber umidade, mas aumentando-sedemais a cocha, enfraquece-se o cabo e aumenta-se a sua tendncia a tomar cocas.

    De um modo geral, quanto menor a toro mais forte ser o cabo. O grau de torodado aos cabos geralmente tal que o comprimento do cabo de 2/3 a 3/4 docomprimento das pernas que o compem.

    Sob o aspecto de resistncia, o cabo ideal seria aquele que tivesse todas asfibras solicitadas uniformemente na direo da linha axial do esforo, como indicado

    Fig. 7-6 Cabotranado

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    na figura 7-7, o que impossveldevido s tores sucessivas queo cabo necessariamente sofredurante a sua manufatura.

    A manilha tem uma resistn-cia trao de 21 kg/mmnas suasfibras elementares; um caboconfeccionado de manilha perde de30% a 60% dessa resistncia,conforme a bitola, principalmentedevido aos processos de toro quea fibra sofre.

    7.5. Elasticidade dos cabos A fibra no possui, como um fio de metal oude ao, um limite de elasticidade permanente, dentro do qual pode trabalhar indefi-nidamente sem deformao. Portanto, os cabos de fibra natural tm apenas a elas-ticidade que lhes d a espiral determinada pelo modo de cochar.

    Quando se estica um cabo novo, uma parte do alongamento se torna definiti-va, pois os fios de carreta tomam uma nova posio de equilbrio uns em relaoaos outros. A esta posio de equilbrio estvel corresponde um limite de elasticida-de permanente, que no deve ser excedido por um esforo de trao demasiado. Sefor atingido esse limite de elasticidade, o cabo pe-se em novo estado de equilbrioesttico, pois as fibras escorregaro um pouco, apesar da cocha, e a sua resistn-

    cia ruptura ficar diminuda. Por isso, nunca devemos submeter um cabo de fibraa esforos prximos de sua carga nominal de ruptura e, ao contrrio, d-se umgrande fator de segurana, na razo de 1 para 5, pelo menos, entre a carga detrabalho e a carga de ruptura.

    O alongamento mximo dos cabos brancos sujeitos a esforos de 7% a8% e dos cabos alcatroados, de 4% do comprimento. Se eles forem submetidos aum esforo maior que o seu correspondente limite de elasticidade, os fios decarreta, que ocasionalmente suportam maior tenso, comeam a se romper, fazendocom que os outros fios em sua volta tambm venham a ceder, at que os restantes

    sejam insuficientes para o esforo atribudo ao cabo todo, e este se parte. Aruptura pode comear indiferentemente na superfcie das pernas ou nos fiosinternos.

    Os cabos fixos de mastreao devem receber sempre um grau de tensoinferior ao limite de elasticidade permanente, levando-se em conta que eles ficamexpostos ao tempo, contraindo-se quando midos e distendendo-se ao secar.

    7.6. Efeitos da umidade A umidade no diminui a resistncia dos cabosde fibra natural; ao contrrio, considera-se que um cabo novo, quando molhado, tem

    sua resistncia aumentada de 10%. Porm, no significa que se deva molhar oscabos para aumentar sua resistncia. A gua torna o cabo mais pesado e diminuisua flexibilidade, tornando-o mais difcil de manobrar e dando-lhe tambm uma ten-dncia a tomar cocas. Alm disso, a gua ataca as fibras, fazendo-as apodrecercom o tempo.

    Fig. 7-7 Resistncia trao

    Esforo de traoFibras

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    A fibra que menos sofre a ao da umidade a manilha, devido a certos leosque lhe so prprios. A gua, entretanto, facilmente absorvida pelo cnhamo epelo sisal, diminuindo a coeso das fibras e fazendo o cabo inchar.

    A umidade altera tambm a elasticidade dos cabos de fibra natural, contrain-do-os quando molhados e distendendo-os ao secar. Da a razo por que, em tempomido, os cabos bem tesados e as voltas apertadas devem ser afrouxados, e osaparelhos de laborar solecados, a fim de lhes ser permitido contrair e distenderlivremente.

    Os cabos no-alcatroados no devem ser percintados ou forrados, pois acobertura no impede totalmente a umidade e esconde e aumenta o seu efeito,contribuindo para sua deteriorao.

    Para evitar a umidade, os cabos de linho cnhamo recebem um banho dealcatro vegetal, o qual deve ser dado nas fibras antes de sua manufatura, a fim dehaver melhor distribuio da substncia protetora. O alcatro diminui cerca de 12%a fora dos cabos novos e com o tempo vai alterar sensivelmente a estrutura dafibra, enfraquecendo-o mais. Considera-se geralmente um cabo de linho alcatroado30% menos resistente que o linho branco.

    Mesmo os cabos de manilha, que resistem melhor umidade, recebem umaproteo de um leo lubrificante especial. Esta lubrificao necessria durante amanufatura do cabo para amaciar as fibras elementares e tambm serve para proteg-lo contra a umidade, alm de diminuir o atrito interior dos filamentos entre si.Eliminando os inconvenientes da umidade, a lubrificao torna o cabo mais fcilpara a manobra, bem como aumenta a sua vida til.

    7.7. Comparao entre os cabos de trs e de quatro pernas Ao con-trrio do que parece, se de mesma matria-prima e dimetro, o cabo de quatropernas ligeiramente menos resistente que o de trs pernas; alm disso aquelepesa cerca de 5% mais, da o seu menor uso. Como mencionado anteriormente,um efeito mecnico da toro diminuir a resistncia trao das fibraselementares. Na figura 7-8 podemos observar que o ngulo A da espiral de umcabo de trs pernas menor que o ngulo B do cabo de quatro pernas. evidenteque ser necessria maior resistncia para suportar um mesmo esforo se as

    fibras so dirigidas num sentido mais afastado da linha axial da carga, isto , se ograu de toro maior. Portanto, um cabo de quatro pernas sofre um esforomaior que um de trs pernas para a mesma carga, atingindo, mais rapidamente,seu limite de ruptura.

    A figura 7-9 apresenta as sees transversais de um cabo de quatro pernas ede um cabo de trs pernas. V-se que o ltimo tem a sua parte central homogneaem toda a seo, enquanto o primeiro tem a madre, a qual estabelece umdesequilbrio no atrito mtuo dos filamentos, contribuindo para uma partio dasfibras interiores. evidente, pois, que um cabo de trs pernas resiste ao esforo de

    trao de modo mais uniforme.Ainda que um cabo de quatro pernas tenha um maior nmero de fibras por metrode comprimento, 1/13 dos fios de carreta que o compem encontram-se na madre, aqual, no tendo a mesma elasticidade das pernas do cabo, tende a se partir primeiro,modificando a cocha das pernas e permitindo que estas se rompam tambm.

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    Entretanto, devido madre, os cabos de quatro pernas so mais flexveis queos de trs pernas. Outra vantagem que eles apresentam uma maior superfcie de

    apoio, o que facilmente demonstrado pela comparao das figuras 7-9 (I) e (II);o cabo de quatro pernas aproxima-se mais da forma circular que o de trs pernas.Essa maior superfcie de apoio importante para os cabos de laborar, pois d maiorsuperfcie de atrito de encontro s roldanas. Por isso, e tambm por sua flexibilida-de, o cabo de quatro pernas indicado especialmente para os trabalhos de laborar.

    Fig. 7-8 ngulo de toro

    Fig. 7-9 Seo transversal de um cabo de fibra

    (I) Trs pernas (II) Quatro pernas

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    7.8. Comparao entre cabos calabroteados e cabos de massa Aprincipal vantagem do cabo calabroteado sobre o cabo de massa sua maior elas-ticidade. Alm disso, em igualdade de bitola, as pernas so mais finas nos caboscalabroteados e a diferena de tenso entre os fios centrais e os da periferia sermenor, acarretando maior uniformidade de resistncia. A gua penetra internamentecom mais dificuldade nos cabos calabroteados, o que lhes garante maior durao,e eles so, tambm, ligeiramente mais leves, cerca de 6%.

    Os cabos de massa so mais fortes que os cabos calabroteados de mesmodimetro e possuem maior flexibilidade, porque a toro sofrida pelas fibras me-nor. Os cabos calabroteados so hoje muito pouco usados; tendo pouca flexibilida-de, eles no servem para cabos de laborar, e tendo maior elasticidade, so menosapropriados que os cabos de massa para o aparelho fixo.

    Apesar da sua menor resistncia, a elasticidade dos cabos calabroteadoslhes permite, mais do que aos cabos de massa, suportar os choques ou lupadas.Por isso eles podem ser usados em trabalhos de salvamento, como nos cabos dereboque e espias, e, em geral, onde se desejar muita elasticidade sem considerar aflexibilidade.

    7.9. Medida dos cabos de fibra natural Os cabos de fibra natural podemser medidos pelo dimetro nominal ou pelo comprimento de sua circunfernciaretificada. O mais comum fazer-se a medida pela circunferncia em polegadas ou,mais raramente, em centmetros ou milmetros. Quando for dada a medida de umcabo de fibra natural, sem especificar como ela foi feita, entenda-se em polegadas.

    O comprimento das aduchas varivel em cada pas e tambm varia para oscabos de menor bitola. No Brasil comum fabricar aduchas com 220 metros. O maiorcabo de fibra de trs pernas usado a bordo dos navios de 305 milmetros (12 polegadas)de circunferncia. Contudo, h cabos de fibra de 381 milmetros (15 polegadas) decircunferncia. Os cabos de quatro pernas so fabricados em tamanhos diversos apartir de 31,7 milmetros (1 1/4 polegada). Os cabos calabroteados so fabricados de12,7 centmetros (5 polegadas) at 61 centmetros (24 polegadas), que o de maiortamanho. A tabela 7-2 apresenta as caractersticas de manilha no alcatroados.

    7.10. Cabos finos So cabos de pequena bitola, assim considerados aque-les cuja circunferncia igual ou menor que 38 milmetros (1 1/2 polegada). Elesso empregados nos diversos trabalhos marinheiros, e so quase sempre fabrica-dos com linho cnhamo, branco ou alcatroado. Os cabos finos so geralmentedesignados pelo nmero dos fios de carreta que contm, sendo de 21 fios o demaior tamanho; podem tambm ser medidos pela circunferncia, em milmetros ouem polegadas. O comprimento , em geral, medido em metros ou, nas medidasinglesas, em jardas ou braas. No comrcio so vendidos pela aducha, medida empeso. So os seguintes os diversos tipos de cabos finos:

    a. Linha alcatroada Fabricada do mesmo modo que os cabos de massacomuns, cochando-se trs pernas compostas cada uma de 2, 3, 4, 5, 6 ou 7 fios decarreta, formando as linhas alcatroadas de 6, 9, 12, 15, 18 ou 21 fios. usada nostrabalhos marinheiros em que se fizer necessrio um material mais forte e maispesado que o merlim. mais comumente empregada para engaiar e forrar os ca-

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    bos, para tomar botes nos cabos grossos, para ovns das enxrcias, degraus dasescadas de quebra-peito, massame das embarcaes midas ou para pear os objetosa bordo. A tabela 7-3 apresenta as caractersticas das linhas alcatroadas.

    b. Mialhar Forma-se cochando-se para a esquerda 2 ou 3 fios de carreta,constituindo uma perna de linho cnhamo alcatroado de qualidade inferior. Serveprincipalmente para forrar e engaiar os cabos, para fazer coxins, coseduras e paraos trabalhos marinheiros onde no haja necessidade de um acabamento perfeito. fornecido em palombas, isto , novelos que se podem desfazer durante o trabalho,tirando o chicote pelo centro. usado nos tamanhos de 6 a 22 milmetros de circun-ferncia. O mialhar branco, para mquinas, serve para engaxetamento e tambmpara forrar tubos, na falta de amianto. formado de uma perna de um nmerovarivel de fios e tem 19, 25 ou mais milmetros de circunferncia.

    c. Merlim Pode ser branco ou alcatroado, e usado nas bitolas de 12,7milmetros (1/2 polegada) a 25,4 milmetros (1 polegada) de circunferncia. Distin-gue-se do mialhar por sua confeco esmerada. Serve para tomar botes, falcaar,engaiar e forrar cabos, palombar e coser velas, para coxins e gaxetas e tambmpara todos os trabalhos marinheiros onde se deseja um bom acabamento. A tabela7-4 fornece os dados caractersticos do merlim.

    d. Fio de vela Barbante naval, fino mas muito forte, utilizado para toda aclasse de costuras de lonas e couros e para falcaar os cabos finos. constitudopor uma perna de 2 ou 3 fios finos de linho cnhamo branco, oscilando o seu dime-tro de 0,6 a 1,2 milmetro.

    e. Fio de palomba o fio de vela mais grosso, que serve para palombar,

    isto , coser as tralhas nas velas e toldos, por meio da agulha de palombar (agulhacurva). Pode-se, tambm, coser velas com fio de palomba. Palombadura a costu-ra feita nas tralhas de velas e toldos.

    f. Sondareza uma linha calabroteada, isto , aquela cujas pernas soformadas pela linha alcatroada.

    g. Filaa a reunio de pedaos de fio de carreta torcidos a mo.h. Linha de algodo Constituda por 6 a 24 fios de algodo, cochados em

    torno de uma madre. empregada para trincafios e aranhas das macas.i. Fio de algodo Composto por 3 a 8 filaas finas de algodo; tambm

    usado para coser, quando se exige melhor acabamento que com o fio de vela; servetambm para calafetos.

    j. Fio de linho cru Composto por 3 a 6 fios de linho branco ou em cores, usado para coser lona, couro etc.

    l. Arrebm Nome dado ao cabo de 1/2 polegada de circunferncia (12,7milmetros).

    7.11. Como desfazer uma aducha de cabos novos Nas fbricas, asaduchas so enroladas sempre num determinado sentido, que o sentido contrrioao da cocha do cabo. Dessa forma, o procedimento correto para desenrolar umcabo novo envolve, primeiramente, a retirada da cobertura de aniagem (a no serque se deseje cortar apenas um pedao do cabo e guardar a aducha); em seguida,procura-se a frente da aducha. Chamamos frente da aducha face em que visto o

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    ARTE NAVAL310

    chicote interno. Geralmente, ambos os chicotes do cabo so vistos na frente daaducha, mas o que nos interessa o chicote interno, aquele por onde se deu aprimeira das voltas internas da aducha.

    O modo correto de desfaz-la colocar a frente da aducha para baixo sobreo convs e, ento, puxar o chicote interno para cima, por dentro da aducha (fig. 7-10). Deste modo, desenrola-se o cabo no sentido contrrio quele em que foi enro-lado e as cocas so evitadas. A aducha estar numa posio errada para ser desfeitase o chicote interno estiver para cima; se tentarmos desfaz-la nesta posio, pu-xando o chicote interno, haver cocas, pois o cabo vai sendo torcido num sentidoque se soma toro j provocada pelas voltas na aducha. O mesmo efeito se darse tentarmos desfazer comeando pelo chicote externo.

    7.12. Como desbolinar um cabo Entende-se por desbolinar um cabodesfazer-se a tendncia que ele tem para tomar cocas. A operao de desbolinar seefetua sempre que um cabo novo cortado da pea, a fim de ser preparado para

    servir no aparelho, ou ento j estando em servio, por ocasio de o colher.Quando o cabo novo e foi desenrolado da aducha corretamente, basta tes-

    lo um pouco; se houver espao, estende-se o cabo no convs e, agentado um doschicotes, ala-se pelo outro com fora e durante algum tempo, at que ele, sendolargado por mo, fique brando e perca toda a tendncia para a coca.

    Na maioria dos casos, porm, deseja-se desbolinar o cabo em todo o seucomprimento, e no h espao para estend-lo no convs. Colhe-se, neste caso, ocabo em aducha em pandeiro (fig. 7-11), no sentido contrrio ao de sua cocha (os cabosso geralmente cochados para a direita; ento esta aducha ser feita para a esquerda,

    isto , em sentido contrrio ao do movimento dos ponteiros de um relgio); depois puxa-se, para cima e por dentro da aducha, o chicote que ficou em baixo, e faz-se novaaducha, agora no mesmo sentido da cocha do cabo. Isto far desaparecer qualquercoca, ou a torcida excessiva do cabo. Se este estiver torcido, a primeira aducha deveser pequena; se for pouca a toro, pode-se fazer uma aducha grande.

    Fig. 7-10 Como desfazer a aducha de um cabo novo

    Gato com tornel

    Se o cabo muito grosso

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    CABOS 311

    Antes de colher um cabo j em servio, preciso, muitas vezes, tambmdesbolin-lo. Se o cabo comprido, por exemplo uma espia, faz-se uma aducha empandeiro, no sentido contrrio ao da cocha, a comear pelo seio que est com voltadada nos cabeos do navio; depois mete-se o chicote por dentro dessa aducha,vira-se o pandeiro e faz-se, ento, a aducha a ficar, colhendo o cabo no sentido desua cocha, a comear pelo chicote.

    Se o cabo curto, como o tirador de uma talha, estende-se o mesmo noconvs e, tomando-se pelo seio, executa-se, com a mo, um movimento rotatrio,

    em sentido contrrio ao da cocha, de maneira que tal movimento v terminar nochicote do cabo e este fique depois direito e brando.O efeito das cocas maior nos cabos de maior bitola, porque, uma vez for-

    madas, no possvel restabelecer pernas retorcidas a sua posio correta.

    7.13. Como colher um cabo Chama-se colher um cabo arrum-lo emaducha, a fim de que ele no possa ficar enrascado e tenha sempre os chicoteslivres; isto, alm de mostrar um servio bem marinheiro, deixa o cabo pronto, emqualquer ocasio, para uso imediato. Existem trs modos de colher um cabo, quaissejam:

    a. Colher um cabo manobra Depois de ter sido desbolinado, o cabo colhido no convs, a comear pelo seio, em voltas circulares para a direita, umassobre as outras, constituindo um pandeiro (fig. 7-11). Este pandeiro , depois, sobrado,isto , virado a fim de que o seio do cabo fique do lado de cima, e o chicote embaixo.A aducha assim feita chama-se aducha em pandeiro, e diz-se que o cabo foi colhido manobra; quando se est no mar, os tiradores das talhas devem ser colhidos manobra. Tambm se pode colher o tirador em cima, na malagueta ou no cunho doturco; para isso, pendura-se o pandeiro, depois de ter enfiado por dentro dele o seio

    do cabo, o qual se torce sobre si mesmo e fica encapelado na extremidade superiordo referido cunho ou na malagueta, agentando a aducha.b. Colher um cabo inglesa Para colher um cabo inglesa (fig. 7-12),

    do-se voltas concntricas sobre o convs, a comear do seio que deu voltas nocunho ou na malagueta. As voltas so dadas no sentido do movimento dos ponteiros

    Fig. 7-11 Aducha em pandeiro

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    de um relgio (para os cabos cochados para a direita), a partir da maior, no ficandobem unidas, de modo que a aducha apresente um tamanho bem maior do querealmente vai ter. Quando se chegar ao chicote, que fica no centro da aducha,unem-se as voltas menores e gira-se o conjunto, de modo a ir unindo todas as voltasanteriormente dadas.

    Esta aducha tambm muito empregada para colher o tirador de uma talhae, de modo geral, usada para enfeite, sempre que no haja necessidade de usoimediato do cabo. Seu modo de confeco permite realizar diversas figuras geom-tricas planas sobre o convs do navio. Um marinheiro hbil poder, assim, idealizardiferentes desenhos, como uma estrela, uma roda dentada, uma bandeira, umancora, um remo etc. A estes trabalhos marinheiros chamamos de piegas. Fazerpiegas confeccionar estes enfeites originais.

    c. Colher em cobros Para colher-se em cobros (fig. 7-13), comea-se peloseio do cabo (ou por um dos chicotes, se ambos estiverem livres), dando-se dobrassucessivas que vo sendo colocadas paralelamente umas s outras, como se v nafigura, at ser atingido o chicote. A essas dobras chama-se cobros. As correntes eamarras so sempre colhidas em cobros, quando colocadas sobre o convs paralimpeza ou pintura. As espias de grande bitola tambm so colhidas desta maneira.

    Como regra geral, quando se colhe um cabo manobra, ou em cobros, deve-

    se deixar para cima o chicote, ou o seio, conforme o exija a utilizao imediata maisprovvel do cabo.

    Fig. 7-13 Aducha em cobros

    Fig. 7-12 Aducha inglesa

    ( III )( I ) ( II )

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    CABOS 313

    A figura 7-14 mostra como deve ser colhido um cabo na mo.

    7.14. Uso e conservao dos cabos Os cabos de fibra natural que exis-tem no comrcio variam muito em qualidade. Os melhores, quando bem cochados,apresentam uma superfcie lisa com poucos fiapos projetando-se fora dos fios decarreta, mostrando-se as pernas homogneas e lustrosas. Os cabos de segundacardao no servem para os servios de bordo.

    Nunca se deve tentar um esforo mximo no cabo que j tenha sofrido uma

    nica vez uma tenso prxima de sua carga de ruptura, nem no cabo que j tenhasido usado em servio contnuo, sob esforos moderados, isso porque, em razo dolimite de elasticidade, as fibras escorregam um pouco umas sobre as outras, ape-sar da cocha, e s vezes separtem.

    Os cabos novos comas cochas bem apertadas eos cabos midos tm maiortendncia para tomar cocas

    (fig. 7-15). Esta tendnciatambm pode ser resultadode se ter posto o cabo e la-borar em torno de guinchos,cabrestantes ou roldanas,sempre num mesmo senti-do, pois isto altera a estruturado cabo. Convm, portanto,inverter o sentido depois de

    um certo tempo, fazendo ocabo gurnir pelo outro chico-te. Para uma espia, a regramelhor trocar a posiodos chicotes depois de cada

    Fig. 7-15 Resultado de colher um cabo com voltaspara a esquerda

    Fig. 7-14 Cabo colhido na mo

    Se colher na moesquerda, o polegardeve estar voltadopara o seio do cabo.

    Se colher na modireita, o polegardeve estar voltado

    para o chicote.

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    viagem. Isto no quer dizer que se deva inverter o cabo de um aparelho de laborar,passando o chicote do tirador para a arreigada fixa e vice-versa; neste caso particular,quando o cabo no for mais considerado em boas condies, deve ser substitudopor um novo e deixado para um servio de menor importncia.

    Quando chover, as espias devero ser colhidas sobre um xadrez de madeiramais alto que o convs, e os tiradores das talhas colocados nos cunhos dos turcosou na balaustrada de modo que, estando molhados, possa a gua escorrer e elesreceberem ventilao. Nas baldeaes, evite que os cabos sejam molhados pelagua salgada; a umidade aumenta de 10% a resistncia dos cabos de fibra e a manilharesiste bem ao corrosiva da gua, o que entretanto no implica molhar os cabos.

    No se deve recolher aos paiis os cabos que no estejam bem secos, prin-cipalmente as espias, que quase sempre se molham quando usadas. As espiasdevem ser guardadas safas no convs, ficando a secar colhidas em aduchas depandeiro sobre xadrezes de madeira. Quando molhadas com gua salgada, acon-

    selhvel deix-las na chuva ou dar-lhes, com mangueira, um banho de gua doce, afim de tirar-lhes o sal. Os cristais de sal fazem os cabos absorverem mais facilmen-te a umidade; assim, no sendo removidos, provocaro o apodrecimento mais rpidodos cabos quando guardados nos paiis.

    Os cabos devem ser guardados em paiis bem ventilados e secos; os paiisdo Mestre, colocados geralmente prximos ao compartimento de coliso, no bicode proa, no satisfazem estes requisitos. Os cabos a conservados devem ser leva-dos, rotineiramente, ao convs para tomar um banho de sol, s regressando aopaiol quando estiverem bem secos.

    Os cabos que forem tesados secos, particularmente os dos aparelhos delaborar, devem ser imediatamente solecados se molhados pela chuva. As adriasde sinais e a da bandeira devem dar volta de modo que lhes seja permitido a contrao,se vierem a ficar molhadas pela chuva. Pode-se, ao contrrio, aproveitar esta propri-edade que tm os cabos de se contrarem quando molhados, por exemplo, naspeias, botes e outros trabalhos marinheiros em que se do voltas bem apertadascom o cabo seco; quando molhadas pela ao da chuva, ou se lhes jogarmos guaem cima, as voltas ficaro mais seguras.

    No se deve alar os cabos arrastando-os sobre um cho spero, arenoso ou

    sobre pedras; isto faz cortar algumas fibras externas, enfraquecendo o cabo. Seuma espia ficou suja de lama, deve-se lav-la com gua doce. No deixe que oscabos fiquem coando uns aos outros, ou num balastre, ou em arestas; no permi-ta que trabalhem em roldanas de tamanho menor que o indicado, bastando paraisso consultar as tabelas respectivas no Captulo 9. No se deve deixar que oscabos tomem cocas ou trabalhem sob dobras acentuadas, especialmente se foremcabos de laborar. Se o cabo tem cocas, no o tese. Tire tambm as cocas de umcabo molhado antes de deix-lo secar.

    Se tiver de emendar os cabos, lembre-se sempre que a costura, por ser mais forte,

    a emenda prefervel quando no houver urgncia, ou quando ela deva ser permanente.Qualquer cido pernicioso vida de um cabo e tambm perigoso para osque o esto usando. Deve-se ter o cuidado de manter os cabos afastados de cidosou de gases cidos fortes. Um cabo mido absorve com facilidade estes gases, queatuaro nele com rapidez.

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    7.15. Carga de ruptura Carga de ruptura, fortaleza, resistncia trao,ou simplesmente resistncia de um cabo so os modos usuais de exprimir a menorcarga de trao capaz de parti-lo. Nos cabos de fibra natural ela varivel, poisdepende de fatores incertos, como as condies de colheita da fibra, a manufaturae o grau de toro do cabo; as fibras, mesmo selecionadas, podem no ser idnti-cas em duas colheitas sucessivas, e a manufatura e o grau de toro dependem dofabricante.

    As cargas de ruptura so dadas em tabelas fornecidas pelo fabricante docabo, bem como podem ser obtidas por frmulas empricas:

    a. Frmula geral A resistncia de um cabo, em quilogramas, dada pelafrmula: R = K c, em que: K um coeficiente emprico, varivel segundo a espciede cabo (de massa, calabroteado, branco ou alcatroado), o grau de toro e aqualidade de matria-prima empregada, e c a circunferncia em centmetros.

    Considerando que o valor do coeficiente K obtido por experincias feitas noprprio cabo, no se deve esperar boa aproximao para o valor de R, a no ser queseja conhecido o valor exato de K. Para fins prticos, entretanto, satisfazem osvalores a ele atribudos nos itens que se seguem.

    b. Para os cabos de massa, de linho cnhamo branco, com trs pernas:R = 67,5 c R, em quilogramas c, em centmetros

    c. Para os cabos de massa, de linho cnhamo alcatroado, com trs

    pernas:R = 58,5 c R, em quilogramas c, em centmetros

    d. Para os cabos de manilha, com trs pernas:R = 63,3 c R, em quilogramas c, em centmetros

    e. Para uso imediato, em cabos de manilha, quando no se conhece o

    valor de K, aplica-se a frmula:R = (c/4) R, em toneladas c, em centmetros

    7.16. Carga de trabalho A carga de trabalho, isto , a carga mxima aque se pode submeter um cabo em servio, determinada pela margem de segu-rana que se d a um cabo, a fim de no ser ultrapassado seu limite de elasticidadepermanente. Numa pea de qualquer aparelho e um cabo certamente o nunca se deve estimar para mais a carga de ruptura; prefervel estimar este valor

    para menos, pois assim se admite maior reserva de segurana. A resistncia doscabos diminui rapidamente com o uso e varia muito com a velocidade de movimen-to; levando isto em conta, e considerando outras causas influentes, podemosestabelecer diversos fatores de segurana, para a melhor utilizao dos cabos defibra, quais sejam:

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    ARTE NAVAL316

    a. Sob as melhores condies (cabo novo para ser usado por poucotempo)

    Carga de trabalho = 1/4 da carga de ruptura

    b. Sob as condies normais de servioCarga de trabalho = 1/5 da carga de ruptura

    c. Sob condies desfavorveis (cabo usado com freqncia, ou porum perodo indefinido, tal como as betas das talhas de embarcaes e apa-relhos de laborar em geral, depois de seis meses de uso contnuo)

    Carga de trabalho = 1/8 da carga de ruptura

    d. Sob condies mais desfavorveis (se o cabo trabalha com grandevelocidade de movimento)

    Carga de trabalho = 1/10 da carga de ruptura

    e. Se o cabo sujeito a lupadasCarga de trabalho = 1/12 da carga de ruptura

    7.17. Peso dos cabos O peso de 100 metros de cabo pode ser obtido,tambm, por frmulas empricas:

    P = 0,90 c, para os cabos de massa, de linho cnhamo alcatroado, com trs

    pernas.P = 0,84 c, para os cabos calabroteados de linho cnhamo.P = 0,80 c, para os cabos de massa, de linho cnhamo branco, com trs

    pernas.P = 0,70 c, para os cabos de massa, de manilha, com trs pernas.Em todos os casos, P em quilogramas, c em centmetros. As tabelas

    fornecidas pelos fabricantes tambm indicam os pesos dos cabos.

    7.18. Rigidez dos cabos Nos rigorosos clculos para determinao docabo de laborar que deve suportar determinado esforo, necessrio conhecer arigidez do cabo, isto , o inverso da flexibilidade. Chamando f a fora necessriapara vencer a resistncia, em quilogramas, produzida pela rigidez; d o dimetro docabo, em centmetros; F a resistncia, em quilogramas, produzida pelo objeto quese quer alar, isto , a carga til; D, o dimetro, em centmetros, da roldana outambor por onde gurne o cabo, teremos:

    (1) para um cabo de manilha usado

    (2) para um cabo de manilha novo

    Ao valor de f encontrado,devemos somar o valor da carga F que se deseja alar.

    18 d Ff = D

    26 d Ff = D

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    CABOS 317

    7.19. Comparao dos cabosa. Cabos diferentes apenas nas bitolas Suponhamos vrios cabos da

    mesma matria-prima, mesmo tipo de manufatura, mas de bitolas diferentes. Deacordo com a frmula geral do art. 7.15, as cargas de ruptura esto entre si como osquadrados das respectivas circunferncias:

    b. Cabos diferentes apenas no tipo de confeco

    Carga de ruptura de um cabo de massa

    = 1,4Carga de ruptura de um cabo calabroteado

    Carga de ruptura de um cabo de trs cordes = 1,2 Carga de ruptura de um cabo de quatro cordes

    7.20. Consideraes prticasa. Deseja-se conhecer a carga de ruptura de um cabo de manilha, de

    7 centmetros de circunferncia

    De acordo com o que dissemos no art. 7.15, no se conhecendo o valor docoeficiente K, aplica-se a frmula: R = (c/4)Carga de ruptura = (7/4) = (1,75) = 3,063 toneladas

    b. Qual a carga de trabalho a que se pode submeter um cabo de manilhade 7 centmetros de circunferncia, sob condies normais de servio (art.7.16)

    Divide-se por 5 o valor anteriormente encontrado:Carga de trabalho = r = 3.063 quilogramas 5 = 612,6 quilogramas

    c. Qual o cabo de manilha de menor bitola que pode ser empregadopara suportar um peso de 612,6 quilogramas (arts. 7.15 e 7.16)

    Adotando o fator de segurana 5, teremos: r = R/5 => R = 3,063 t.

    d. Deseja-se conhecer qual o peso aproximado de uma aducha de 200metros de cabo de manilha, de trs cordes, de 7 centmetros de circunfe-rncia (art. 7.17)

    Aplicando a frmula do art. 7.17, teremos para 200 metros:P = 2 x 0,70 x 7 = 68,6 quilogramas

    Consultando a tabela 7-2 encontramos : P = 200 x 0,335 = 67 quilogramas.

    R C C = =

    R c c))

    @Sabendo que: => c = 3,06 x 16 7 centmetros( ) cR = 4

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    e. Deseja-se saber qual o comprimento de uma aducha de cabo demanilha de 7 centmetros de circunferncia e que pesa 68,6 quilogramas(art. 7.17)

    Sabemos que 100 metros deste cabo pesam: P = 0,70 c = 0,70 x 7 = 0,70x 49 = 34,3 quilogramas. Portanto, para uma aducha de 68,6 quilogramas, teremos:

    f. Quantas pernadas de um cabo de 4 centmetros de circunfernciaso necessrias para substituir um cabo de 7 centmetros de circunferncia(art. 7.19, a)

    g. Deseja-se saber qual o cabo de menor bitola que, usado com duaspernadas (n = 2), pode substituir uma espia de 7 centmetros (art. 7.19, a)

    h. Deseja-se saber qual a circunferncia do cabo de menor bitola quepode substituir trs cabos de 2,5 centmetros, suportando o mesmo esforo(art. 7.19, a)

    7.21. Caractersticas complementares dos cabos de fibra naturala. Tolerncias dimensionais Os valores indicados a seguir indicam os

    afastamentos e tolerncias dimensionais para os cabos de fibra naturalpeso os cabos estaro sujeitos a uma tolerncia de 5% (mais ou menos

    cinco por cento) no peso de qualquer bobina individual, desde que o peso total docabo, em qualquer lote de duas ou mais bobinas de mesma bitola e construo, novarie de mais de 3,5 % (trs e meio por cento) em relao ao peso total especificado.

    bitolas de identificao a circunferncia dos cabos no dever ser

    inferior circunferncia especificada pelo fabricante, e no dever exced-la almdas tolerncias para mais indicadas na tabela 7-5.b. Acabamento Os cabos devero ter acabamento natural, no devendo

    ser usada qualquer substncia para colorir o cabo, exceto a cor dos agentes lubrifi-cantes e/ou preservativos, de modo que no sejam alterados o peso ou a capacidade

    C 72

    49n = = = = 3 pernadas c 42 16( (

    2

    C 72 49n = = =

    c c2

    c2

    ( (

    2

    => 2c2= 49 => c = 4,95cm

    C23 = => c2

    C2= 18,75 => C = 4,3 cm

    68,6 x 100 = 200 metros 34,3

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    CABOS 319

    de carga de ruptura do cabo. Para evitar o desenrolamento, as extremidades deveroser cosidas ou firmemente amarradas com merlim ou falcaa.

    c. Embalagem de fornecimento Os cabos devero ser fornecidos embobinas (aduchas) com 220 m (duzentos e vinte metros) de comprimento de cabo,corretamentedobados e amarrados, pelo menos, em quatro locais eqidistantes,para evitar o deslocamento de camadas do cabo. As bobinas devero ser enfardadascom material de espcie e resistncia tais que no permitam danos mecnicos noscabos, principalmente esforamentos durante o transporte ou no armazenamento.

    d. Marcao / identificao As bobinas sero obrigatoriamenteidentificadas por etiqueta ou pintura, de modo indelvel e legvel, com as seguintesinformaes: qualidade e tipo do cabo; circunferncia (pol.) ou nmero de bitoladocabo; comprimento do cabo; pesos bruto e lquido; nome do fabricante; nmero deidentificao da bobina; e data de fabricao. Os cabos de sisal so identificadoscom fios vermelhos ou por uma fita da mesma cor.

    e. Extremidades dos cabos As extremidades dos cabos podem ser comluvas de PVC (mos protegidas) ou com sapatilhos.

    f. Tratamento e preservao Os fios de fibra natural devero ser tratadoscom lubrificante especial que contenha composto de cobre ou outro material preser-vativo. Para evitar a deteriorao, um agente antideteriorao poder ser usado emlugar ou em conjunto com o lubrificante normalmente utilizado.

    g. Descrio Os cabos de fibra natural devem ser designados da seguinte forma:(1) tipo de encordoamento / nmero de pernas;(2) material;

    (3) circunferncia nominal (mm e pol.) e dimetro nominal (DN) em mm ou pol;(4) comprimento, em metros;(5) extremidades; e(6) norma de especificao.Exemplo: cabo torcido, 3 pernas, sisal, DN12mm (circunferncia 38mm), ex-

    tremidades com luvas PVC, conforme norma de especificao tal.h. Certificados A apresentao do Certificado de Testes de Carga de

    Ruptura um item que deve ser considerado indispensvel nos processos deaquisio de cabos. tambm indispensvel a apresentao, pelo fabricante, do

    Certificado de Qualidade do Cabo, individualmente para cada bobina.i. Critrios de aceitabilidade Ao serem recebidos, os cabos de fibranatural devero ser submetidos Inspeo Visual e Dimensional e a EnsaiosDestrutivos. Na Marinha do Brasil essas inspees so realizadas em amostra dotamanho recomendado pela Norma NAR-001 (MIL-STD-105d), Nvel de InspeoNormal, Nvel de Qualidade Aceitvel (NQA) igual a 1 (um); os ensaios destrutivosdevero ser conduzidos de acordo com a Norma NAR-001, Nvel de Inspeo EspecialS-1 e Nvel de Qualidade Aceitvel (NQA) igual a 1 (um).

    j. Defeitos a serem considerados nos cabos de fibras naturais:

    (1) tipos, padres e dimenses em desacordo com as especificaes padro-nizadas;(2) presena de emendas, costuras, ns, dobraduras e afrouxamentos nas

    tores das pernas ou dos cabos;(3) falta de uniformidade nas circunferncias;

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    (4) presena de fios rompidos ou esforamentos;(5) embalagem em desacordo com as especificaes;(6) ausncia ou identificao incompleta;(7) inexistncia dos certificados necessrios; e(8) constatao de umidade, mofo e manchas ou tinturas.

    SEO B CABOS DE FIBRAS SINTTICAS

    7.22. Generalidades Com matrias plsticas fabricadas pelo homem e quepodem ser esticadas em forma de fios, fazem-se cabos de excelentes propriedades.

    A melhor fibra dos cabos de bordo o nilon, que apresenta qualidadessuperiores s fibras naturais. Nilon o nome dado por E.I. DuPont de NemoursCompany matria plstica derivada do petrleo. Comparando dois cabos de mes-mo dimetro, os cabos de nilon, dependendo de sua qualidade, tm uma resistnciade 2 a 3 vezes maior que a dos cabos de fibra natural.

    De uma maneira geral, com base na resistncia, cabos de nilon com ametade do dimetro dos de fibra natural podem fazer a mesma tarefa e possuremmaior elasticidade e resistncia ao desgaste, o que os torna adequados a diferentesusos, como, por exemplo, nos servios de reboque. Eles no absorvem umidade,sendo desnecessrio, e at inconveniente, faz-los secar ao sol; recebem perfeita-mente bem os ns e costuras e so de melhor aparncia que qualquer outro cabo.Quando cortados por uma faca quente, as pontas das fibras ficam coladas umas soutras, o que reduz a possibilidade de ficar o cabo descochado (destorcido); istono quer dizer, entretanto, que no se deva falcaar o chicote. A colagem daspontas das fibras pode ser feita com ferro quente e recomendada pelos fabricantes.

    A elasticidade do nilon de 25% a 33% de seu comprimento, isto , 2,5 a4,5 vezes a maior elasticidade que encontramos nas fibras naturais, o que umagrande vantagem em determinadas aplicaes, como reboque de navios e travamentode avies no pouso em navios-aerdromos.

    Para emprego em espias o nilon apresenta ainda vantagens adicionais: quan-do molhado, retm de 85% a 95% de sua resistncia quando seco; imerso na gua,pesa somente 11% de seu peso no ar. Considerando ainda que um cabo mais fino de

    nilon resiste ao mesmo esforo de uma espia mais grossa de fibra natural, pode-seavaliar como se torna muito mais fcil de manobrar, principalmente numa embarcaoque tenha de conduzir uma espia para terra ao atracar o navio, porque ele flutua.

    O cabo de nilon custa cerca de seis vezes, por quilograma, mais do que ode fibra natural. Mas ele muito mais durvel e mais resistente a graxas e cidos doque qualquer cabo de fibra natural. Contudo, as costuras nos cabos de nilon devemser bem apertadas, e devem ter mais uma cocha (torcida) do que nos cabos de fibranatural; deve-se evitar a exposio continuada dos cabos finos de nilon luz solar,pois os raios ultravioleta eventualmente danificam sua superfcie, mas este inconve-

    niente desprezvel nos cabos grossos.As caractersticas que um cabo de nilon apresenta demonstrando que estprximo ao limite de resistncia so o seu esticamento e a diminuio do dimetro.Os rudos de protesto que os cabos de fibra natural apresentam, quando por demaistensionados, s ocorrem nos cabos de nilon enquanto as pernas se reajustam.

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    CABOS 321

    Um aumento de 33% do seu comprimento normal e um aumento de 40%representa o seu ponto crtico. Porm, o cabo s se partir, com uma forte chicota-da, ao esticar cerca de 50%. Trabalhando-se com cabos de nilon sob volta, deve-se tomar cuidado com a fuso de suas fibras, devido ao calor gerado pelo atrito.

    H muitos outros cabos de matria plstica, com as mesmas caractersticasdo nilon, de nomes diferentes patenteados pelos fabricantes.Tem-se notcia de quea Marinha americana j utiliza espias de nilon com alma de Kevlar,material muitoresistente trao, porm muito vulnervel umidade. A principal vantagem oamortecimento da chicotada em caso de rompimento.

    7.23. Matria-prima dos cabos de fibra sinttica Dentre as matrias-primas utilizadas nos cabos de fibra sinttica, destacam-se as seguintes:

    a. Nilon a mais forte das fibras sintticas e apresenta uma alta capaci-dade de absoro de energia, alm de excepcional resistncia a sucessivos carre-

    gamentos. Foi a primeira poliamida a ser descoberta, sendo produzida a partir dodiamino hexametileno.

    O teste convencional de abraso mostrou que os cabos de nilon tm vidatil superior aos outros do grupo das fibras sintticas. A vida mais longa deste tipode cabo tem origem em trs fatores. O primeiro deles que as fibras poliamdicas(denominao genrica das resinas termoplsticas, em que se inclui o nilon) tmexcelente resistncia abraso. O segundo fator so os filamentos lubrificados queprotegem as fibras internas da abraso causada pela frico das pernas. O terceiroe ltimo fator a formao de um escudo protetor nas fibras rompidas na superfcie

    dos cabos durante a abraso, evitando danos nos filamentos internos.O comportamento dos cabos de nilon nos diversos testes de resistncia a

    que so submetidos durante seu uso superior a todos os outros produtos feitoscom resinas termoplsticas, com propriedades similares, mas de composies qu-micas diferentes, como podemos observar a seguir:

    absoro de gua a quantidade de gua absorvida pelos cabos de niloneqivale a 20% do seu peso, e eles sofrem pequena ou nenhuma transformaocom a absoro deste lquido. Mesmo aps longo contato com a gua, at emregies muito frias, os cabos se mantm flexveis e de fcil manuseio.

    abraso e frico a grande flexibilidade garante ao nilon uma alta resis-tncia abraso. Em testes de frico reversa sob tenso, os cabos de nilon tmuma resistncia 80 vezes superior aos de fibra natural de igual dimetro.

    resistncia ao tempo e ao sol os cabos de nilon possuem muito boaresistncia degradao pela luz solar e pelo tempo; os de dimetro superior a umapolegada dispensam cuidados especiais em relao aos raios solares.

    b. Polipropileno A utilizao do polipropileno no mercado de fios e cabosem geral deve-se s suas excelentes propriedades mecnicas e ao seu baixo pesoespecfico. No se deve dizer que esta fibra sinttica seja exatamente um produto

    forte, mas apresenta grandes vantagens quando empregada como cabo de reboque(shock line), pois flutua, facilitando a passagem do dispositivo.Os cabos de polipropileno quase no absorvem umidade e, mesmo quando

    molhados, so de fcil manuseio nas atracaes, para emendas quando necessrioou mesmo na confeco das mos.

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    ARTE NAVAL322

    c. Polietileno A grande aceitao do polietileno no mercado consumidordeve-se a uma combinao de propriedades qumicas e fsicas excelentes, quandoesta fibra se apresenta em alta densidade. O polietileno de alta densidade umpolmero poliolefnico obtido a partir da polimerao do etileno, com o qual soformadas macromolculas em forma de longas cadeias com segmentos idnticos.

    Dois fatores influem nas propriedades qumicas do polietileno de alta densi-dade: o peso molecular e a densidade das resinas. o fator densidade que vaideterminar a capacidade de permeabilidade aos lquidos e tambm aos gases. J opeso molecular influi sensivelmente na resistncia ao fissuramento sob tenso, empresena de agentes qumicos.

    A tima resistncia do polietileno a um grande nmero de agentes qumicos(lcalis, cidos, hidrocarbonetos etc.) resulta da composio de sua resina e de umalto grau de cristalinidade. Quanto mais alta a densidade de um polietileno e maioro seu peso molecular melhor ser a resistncia aos agentes qumicos.

    d. Polister uma fibra de tereftalato de polietileno, com peso especficode 1,38 g/cm3 e ponto de fuso de 260C.

    e.Kevlar Fibra da famlia da poliamida aromtica kevlar.O quadro a seguir apresenta as propriedades das principais fibras sintticas

    para uso em cabos navais.

    ONELITEILOP ONELIPORPILOP NOLIN RETSILOP

    ocifcepseoseP 59,0 19,0 41,1 83,1

    osufedotnoP 041 o C 561 o C 052 o C 062 o C

    augedorosbA alun alun osepod%9ta

    obacodod%1aroirefni

    obacodosep

    edadilibautulF aob etnelecxe acarf acarf

    acesarbifadedadicaneT)REINED/SRG(

    6 5,6 9 5,8

    osarbaaicntsiseR adaredom aob aobotium etnelecxe

    soiarsoaaicntsiseRateloivartlu

    adaredom aob aobotium etnelecxe

    adaglasaugaicntsiseRsomsinagroorcimae aobotium aobotium aobotium aobotium

    edagracadoarapmoC)%(oces/odimarutpur

    501ta 001ta 09-58 001

    euqohcoaorosbA adaredom aobotium etnelecxe aob

    ad%57meotnemagnolAarutpuredagrac

    %04 %73 %24 %92

    agracbosotnemagnolAetnatsnoc

    otla otla odaredom oxiab

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    CABOS 323

    7. 24. Mtodos de construo dos cabos de fibra sinttica A fabricaodos cabos realizada pela unio e toro de determinado nmero de fios primrios;reunio e retoro destes, at se chegar s pernas, que so reunidas, torcidas e/outranadas. Atualmente no mercado h dois tipos bsicos:

    a. Cabo torcido de trs pernas Cabos de seo circular. As pernas sofeitas com fio triplo de uma s espessura e todas devem ter igual nmero de fios. Asua arquitetura apresenta pernas com toro esquerda S e fechamento do cabocom toro direita Z e vice-versa (fig.7-16). O comprimento da toro de umaperna a extenso de um movimento espiral descrito pelos fios em volta do permetroda perna, ou seja, a extenso da passagem consecutiva de uma perna pela mesmageratriz do cabo (fig. 7-17).

    b. Cabo tranado de oito pernas (4x2) Cabos de seo quadrada. A suaarquitetura apresenta quatro pernas com toro esquerda S e quatro pernascom toro direita Z tranadas aos pares (fig. 7-18). um tipo de cabo que s

    fabricado de fibra sinttica. Os cabos tranados apresentam grande flexibilidade emestado seco ou molhado. O comprimento do tranado de um cabo a extenso queresulta de uma rotao descrita pelo fuso de tranar (fig. 7-19). A figura 7-20 apresentao esquema de construo do cabo tranado de 8 pernas.

    Fig. 7-17 Comprimento da toro deuma perna de um cabo torcido

    Fig. 7-16 Arquitetura de umcabo torcido

    Fig. 7-18 Arquitetura de umcabo tranado

    Fig. 7-19 Comprimento da toro deuma perna de um cabo tranado

    Perna

    Fio

    D

    Uma toro

    Uma toro

    Uma toro

    S

    S

    Z

    Z

    d

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    ARTE NAVAL324

    As tabelas 7-6 a 7-9 apresentam as caractersticas de diversos cabos defibra sinttica empregados a bordo. Ao contrrio dos cabos de fibra natural e

    semelhana dos cabos de ao, no comrcio, os cabos de fibra sinttica so maiscomumente especificados pelo seu dimetro, desde quetambm seja indicada acircunferncia que circunscreve o dimetro do cabo.

    7.25. Fusvel de espias Fusvel um cabo sinttico de pequena bitolapreso espia em dois pontos prximos da ala, cerca de uma braa e meia, de talmodo que se rompa, caso a espia estique alm de sua carga segura de trabalho.Quando este ponto atingido, o fusvel fica esticado, indicando que h o perigo de ocabo romper-se. A figura 7-21 apresenta um fusvel disposto numa espia de fibra

    sinttica (sem tenso e com tenso).Uma espia de fibra sinttica pode ser submetida repetidas vezes a sua cargasegura de trabalho, sem danificar o cabo ou reduzir sua vida til. Sob o ponto devista de segurana e economia, faz sentido ter o cuidado de no exceder a cargasegura de trabalho.

    Fig. 7-20 Esquema de construo de um cabo tranado de oito pernas

    Cabo

    Z (toro Z)

    S (toro S)

    Perna

    Fios retorcidos a 3

    Fio torcido

    Fio primrio

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    No quadro a seguir so mostrados os comprimentos dos fusveis, distnciasentre os pontos de fixao dos fusveis e a percentagem de elasticidade crtica paraos diversos tipos de cabos.

    7.26. Como selecionar um cabo visando a seu emprego Os quadros aseguir possibilitam a melhor escolha de um cabo sinttico, considerando o mtodode construo e a matria-prima empregada.

    OBACEDOPIT OTNEMIRPMOC

    LEVSUFOD AICNTSID

    MEGATNECREPEDADICITSALEED

    ACITRC

    odicrotnoliN lop04 lop03 %04

    odanartnoliNolpud lop84 lop04 %02

    odanartnoliN lop04 lop03 %04

    odicrotretsiloP lop04 lop43 %02

    oneliporpiloPodicrot lop63 lop03 %02

    EDODOTMOURTSNOC

    EDAGRACARUTPUR

    AICNTSISEROSARBA

    EDADICITSALE

    odicroT axiab rohlem atla

    olpudodanarT atla roip axiab

    odanarT aidm aidm amisstla

    Fig. 7-21 Fusvel de espia

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    ARTE NAVAL326

    Observaes:(1) em determinadas aplicaes, a elasticidade uma vantagem;(2) cabos de nilon e polister praticamente no sofrem decrscimo na carga

    de ruptura decorrente da exposio luz solar; mas os de polipropileno sim. Oscabos de polipropileno podem perder at 40% de sua resistncia ruptura em 3meses de exposio ao sol tropical;

    (3) quando um cabo sinttico submetido trao, ele estica; ao retirar-se acarga, ele volta ao comprimento original. Esta recuperao, no entanto, leva algumtempo. Se um cabo foi submetido a trao elevada por muito tempo, a sua recupe-rao total pode levar um ms. Felizmente, a maior parte desta recuperao ocorrenos primeiros trs minutos aps cessar a trao. Esta caracterstica dos cabossintticos chamada de memria. Por causa da memria, cabos sintticos nodevem ser aduchados em sarilhos tracionados por motores ou similar. Se um cabo

    colocado num sarilho, com trao motor (tensionado), as voltas em seu tamborentraro apertadas, no havendo espao para que o cabo recupere o seu compri-mento original; ento o cabo continuar a recuperao no sarilho, ficando cada vezmais apertado; em muitos casos, isto causar avaria ao sarilho e ao cabo por oca-sio de sua retirada; e

    (4) os cabos sintticos que forem submetidos a grandes traes podem apre-sentar reas brilhantes onde o cabo atritou contra cabeos e buzinas. Essas reasbrilhantes so causadas pela fuso das fibras de nilon ou pela tinta dos acessriosonde o cabo atritou. Aps longos perodos de uso, o cabo pode se apresentar cabe-

    ludo. Nos dois casos, o efeito sobre a resistncia ruptura desprezvel. Quandotal situao for excessiva e localizada, a parte danificada deve ser cortada, e feitaemenda atravs de uma costura.

    7.27. Principais utilizaes dos cabos de fibra a bordo O cabo ummaterial indispensvel em qualquer embarcao. Desde que o homem se aventu-rou aos mares, o cabo esteve sempre ao seu lado para auxili-lo a todo momentono ato de navegar. Quando surgiram as embarcaes a vela, o cabo teve papelfundamental, pois era grande o seu emprego no manejo dos velames. Com a

    chegada dos motores, o cabo teve o seu uso mais restrito s amarraes, aosreboques e na confeco de utenslios e acessrios navais. Atualmente, os cabosnavais so utilizados, principalmente, como retinida (cabo mensageiro), adrias,espias de amarrao (ou atracao), cabos de reboque e cabos especiais paraoffshore.

    AMIRP-AIRTAM EDAGRAC

    ARUTPURAICNTSISER

    OSARBA EDADICITSALE

    noliN atla rohlem atla

    retsiloP aidm aob axiab

    oneliporpiloP axiab roip aidm

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    CABOS 327

    Alm dessas aplicaes, os cabos de fibras tanto naturais quanto sintti-cas, so utilizados para confeco de escadas, redes de proteo e carga,defensas, cestas de transporte, estropos, eslingas para transporte de mercadorias,sistemas de abandono de emergncia, trabalhos marinheiros etc.

    7.28. Recomendaes para conferncia e armazenamento Apsdefinidas as necessidades do material, so necessrias algumas providncias noque diz respeito conferncia do material adquirido, bem como no tocante aoarmazenamento do produto enquanto o mesmo no vai para bordo. Exija sempredo seu fabricante ou fornecedor o certificado de controle do cabo ou do lote decabos comprados.

    Instrua o responsvel pelo recebimento dos cabos a conferir alguns detalhesreferentes ao material adquirido, entre eles:

    (1) peso da aducha: compare com os pesos da tabela do fabricante. O

    peso pode variar para mais ou para menos (conforme especificao das normas)de 10% para os cabos at 14mm de dimetro e 5% para os de dimetro acima de16mm; e

    (2) determinao da bitola e metragem do cabo: pelas caractersticasespeciais das fibras, os cabos so fabricados com uma pr-tenso. De acordocom as normas vigentes, a fora a ser aplicada para a medio da bitola e dametragem do cabo aumenta conforme aumenta o dimetro do cabo.

    Resumidamente, recomenda-se:conferir primeiramente o peso do cabo, de forma a verificar se est dentro

    da tabela do fabricante;conferir todos os dados da etiqueta, do certificado e da nota fiscal;realizar uma inspeo visual, para que seja checada a matria-prima do

    cabo (nilon, polipropileno etc.) e se o cabo no tem aparentemente defeitos ouestragos causados pelo manuseio do transporte; e

    no havendo disponibilidade de equipamento apropriado para medida,tensione o mximo que puder um trecho da extremidade do cabo e, com uma fitamtrica ou barbante, circunde o cabo em no mnimo 3 diferentes lugares, paraverificar a circunferncia. Este procedimento vai Ihe dar sempre um valor aproximado

    do real.Observao: se necessrio dividir a aducha em vrios lances deve-se tomarcuidado. O mtodo prtico mais acertado dividi-la de acordo com o peso, e nocort-la aps estend-la no cho. O mais indicado solicitar ao fabricante, nahora da compra, que a aducha j venha dividida nos lances desejados.

    Recomenda-se ainda alguns cuidados no armazenamento e manuseio doscabos no estoque e no transporte, entre eles:

    procure usar paletes e empilhadeiras apropriados, sempre atentando paraque suas lanas sejam bem manuseadas, a fim de no esgarar o cabo;

    para levantamento do rolo, s use estropos de cabos de fibra. Nunca useestropos de cabos de ao; earmazene os cabos em lugar abrigado, arejado e seco. Mantenha-os longe

    de produtos qumicos e altas temperaturas. Procure sempre mant-los dentro daembalagem do fabricante, resguardando-os das intempries.

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    ARTE NAVAL328

    7.29. Procedimentos para inspeo A inspeo dos cabos um item defundamental importncia, e dever ser conduzida de modo a verificar os seguintesaspectos:

    a. Desgaste O desgaste externo de um cabo de fibra sinttica caracterizado

    por uma fina penugem uniformemente distribuda na superfcie das pernas; o interno,pode ser notado na forma de penugem entre as pernas. Nos cabos de fibra natural,o desgaste externo indicado por trechos achatados (onde h fibras rompidas); ointerno, poder ser detectado pelo aspecto de material pulverizado encontrado entreas pernas.

    b. Perda de resistncia A resistncia de cabos de fibra poder ser reduzida,significativamente, devido a carregamentos de choque e carregamentos dinmicosem nveis altos. Da mesma forma, pernas cortadas ou gastas afetam a resistnciado cabo.

    c. Puimento Um cabo sinttico pudo poder ser identificado pela presenade uma dura camada externa, composta de fibras fundidas por calor decorrente defrico (a frico causada pela oscilao do cabo sob grandes cargas). O puimentoem cabos de fibra natural toma a aparncia de fios rompidos localizados, penduradosno cabo. Esses cabos pudos tornam-se inconvenientes em sistemas mveis porqueeles travam em roldanas e cabrestantes.

    d. Estiramento Uma visvel reduo na circunferncia do cabo um indicativode ter ocorrido um estiramento (normalmente como resultado de um carregamentoexcessivo). Para determinar o estiramento, as circunferncias da rea reduzida e a

    seo normal do cabo devero ser medidas.e. Corte Um cabo sinttico danificado por corte usualmente apresentarchumaos e projeo das extremidades dos fios.

    f. Dobramento Uma distoro localizada formada por uma perna torcidana direo oposta normal conhecida como dobramento. Esta condio ocorreem cabos de fibra natural por causa de carregamento excessivo.

    g. Contaminao Por ferrugem, que pode ser reconhecida pela corcaracterstica marrom-avermelhado para preto mesclado com marrom. Normalmente,manchas de ferrugem aparecem em reas localizadas do cabo, decorrentes do

    contato com ao corrodo. A ferrugem no manchar o polipropileno, nem reduzirapreciavelmente a resistncia do polister. Manchas que so removidas com saboe gua em cabos de fibra que no sejam de polister no tm efeitos adversos naresistncia do cabo, porm manchas persistentes que se estendam para dentro daseo reta da fibra natural e da fibra de nilon podem diminuir a sua resistncia.Manchas de graxa ou leo, embora sem efeitos danosos imediatos sobre o cabo,pem em risco a sua operao e manuseio.

    7.30. Caractersticas complementares dos cabos de fibra sinttica

    a. Tolerncias dimensionais Os valores indicados a seguir indicam os astolerncias dimensionais admitidas para os cabos de fibra sinttica:

    peso do cabo por comprimento o quadro a seguir apresenta as tole-rncias admissveis no peso linear do cabo sob tenso prvia.

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    CABOS 329

    comprimento de fornecimento o quadro abaixo apresenta as varia-es admissveis para o comprimento de fornecimento.

    b. Acabamento Os cabos tero acabamento natural, na cor branco brilhante,sem qualquer impregnao ou aditivo. Para a estabilizao da forma dos cabostorcidos, ser admitido apenas o processo de calor (mnimo 120C ). Para evitar odesenrolamento, as pontas devero ser ligeiramente fundidas e recobertas por ma-terial protetor.

    c. Embalagem de fornecimento Os cabos devero ser fornecidos embobinas (aduchas) com 220 m (duzentos e vinte metros) de comprimento de cabo,corretamente dobados e amarrados, pelo menos, em quatro locais eqidistantes,para evitar o deslocamento de camadas do cabo. As bobinas devero ser enfardadascom material de espcie e resistncia tais que no permitam danos mecnicos noscabos, principalmente esforamentos durante o transporte ou no armazenamento.

    d. Extremidades dos cabos As extremidades dos cabos podem seapresentar da seguinte forma:

    (1) livres de mos extremidades construdas por amarrao, envoltas emfita plstica e com as pontas dos fios fundidas;

    (2) com as mos sem proteo; e(3) com as mos protegidas o material de proteo pode ser convencionado

    junto ao fabricante.e. Descrio Os cabos de fios sintticos devem ser designados da seguinte

    forma:(1) tipo de encordoamento / nmero de pernas;(2) material;

    LANIMONORTEMIDODICROTOBAC

    LANIMONORTEMIDODANARTOBAC

    SAICNRELOT

    mm41ta XXX %01-/+

    mm69ta41edamica 21a3 %5-/+

    LANIMONORTEMIDODICROTOBAC

    LANIMONORTEMIDODANARTOBAC

    SAICNRELOT

    mm8ta XXX %01+

    %2-

    mm41ta8edamica XXX %8+

    %2-

    mm84ta41edamica 6a3 %6+

    %2-

    mm69ta84edamica 21a7 %5+

    %2-

    24 a 96 mm

    24 a 48 mm

    56 a 96 mm

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    ARTE NAVAL330

    (3) cor;(4) dimetro nominal (em mm ou pol.) e circunferncia nominal (em mm ou

    pol.);(5) comprimento, em metros;

    (6) extremidades; e(7) norma de especificao.Exemplo: cabo torcido, 3 pernas, polister, branco, DN 40mm, circunferncia

    tal, com mos protegidas, conforme especificao tal.f. Marcao / identificao As bobinas sero obrigatoriamente identificadas

    por etiqueta ou pintura, de modo indelvel e legvel, com as seguintes informaes:qualidade e tipo do cabo; circunferncia (pol.) ou nmero de bitolado cabo; compri-mento do cabo; pesos bruto e lquido; nome do fabricante; nmero de identificaoda bobina; e data de fabricao. Os fios do cabo devem ser identificados de acordo

    com o quadro a seguir.

    g. Certificados A apresentao do Certificado de Resistncia Trao um item que deve ser considerado indispensvel nos processos de aquisio decabos. tambm indispensvel a apresentao pelo fabricante do Certificado deQualidade do Cabo, individualmente para cada aducha.

    h. Critrios de aceitabilidade Ao serem recebidos, os cabos de fibrasinttica devero ser submetidos a Inspeo Visual e Dimensional e a EnsaiosDestrutivos. Na Marinha do Brasil essas inspees so realizadas em amostra do

    tamanho recomendado pela Norma NAR-001(MIL-STD-105d), Nvel de InspeoNormal, Nvel de Qualidade Aceitvel (NQA) igual a 1 (um); os ensaios destrutivosdevero ser conduzidos de acordo com a Norma NAR-001, Nvel de Inspeo EspecialS-1 e Nvel de Qualidade Aceitvel (NQA) igual a 1 (um).

    i. Defeitos a serem considerados nos cabos de fibras sintticas(1) tipos, padres e dimenses em desacordo com as especificaes

    padronizadas;(2) presena de emendas tanto nas pernas como nos cabos, depois de

    prontos;

    (3) falta de uniformidade nos permetros;(4) presena de fios rompidos ou esforamentos;(5) embalagem em desacordo com as especificaes;(6) ausncia ou identificao incompleta; e(7) inexistncia dos certificados necessrios.

    OIF LARUTANROC AVITIDAROC

    noliN acnarb ____

    retsiloP acnarb aterp

    oneliteiloP acnarb luza

    oneliporpiloP acnarb aterpuoajnaral

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    CABOS 331

    SEO C CABOS DE AO

    7.31. Definiesa. Arames ou fios (fig. 7-22)

    Fios de ao carbono ou ao liga, obti-dos por laminao ou trefilao. Osfios devem ser contnuos;senecessrias, emendas so admitidas,desde que realizadas antes dotorcimento dos fios para formao daspernas e por caldeamento ou soldaeltrica (de topo).

    b. Perna (fig. 7-22) Conjuntode fios torcidos, em forma de hlice,podendo ou no ter um ncleo ou alma,de material metlico ou no.

    c. Cabo de ao (fig. 7-22) Conjunto de pernas dispostas em formade hlice, podendo ou no ter umcentro ou alma, de material metlicoou no, constituindo-se em um ele-mento flexvel de transmisso de fora.

    d. Cabo de ao polido Cabode ao constitudo por fios de ao, semqualquer revestimento.

    e. Cabo de ao galvanizado Cabo de ao constitudo por fios de aogalvanizados na sua bitola final, sem trefilao posterior.

    f. Cabo de ao galvanizado retrefilado Cabo de ao constitudo por fiosde ao galvanizados em uma bitola intermediria, retrefilados posteriormente.

    g. Alma (fig. 7-22) Ncleo em torno do qual as pernas so dispostas emforma de hlice. Nos cabos de fibra recebe a denomino de madre do cabo. A almapode ser constituda de fibras natural ou artificial, podendo ainda ser formada por

    uma perna ou um cabo de ao independente. Os seguintes tipos de almas sofabricados:

    AF (Alma de Fibra Natural) constituda de fibra natural, podendo ser desisal, algodo, juta etc.;

    AFA (Alma de Fibra Artificial) constituda de fibra sinttica, podendoser de nilon, polipropileno, polietileno ou sucedneo;

    AAIC alma constituda de cabo independente; eAA alma constituda preferencialmente do mesmo grau, mesma construo

    e nmero de fios iguais ao das outras pernas que constituem o cabo.

    h. Construo Termo genrico para indicar o nmero de pernas, o nmerode fios de cada perna e a sua disposio, o tipo de alma e a toro (cocha) do cabo.i. Composio dos cabos Maneira como os fios esto dispostos nas

    pernas, podendo ser de dois tipos: cabos compostos com fios de mesmo dimetroou de dimetros diferentes (Filler, Seale e Warrington).

    Fig. 7-22 Nomenclatura

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    ARTE NAVAL332

    j. Toro direita O torcimento das pernas de um cabo feito da direitapara a esquerda.

    l. Toro esquerda O torcimento das pernas de um cabo feito daesquerda para a direita.

    m. Toro regular (cocha comum) (fig. 7-23) A toro das pernas de umcabo tem o sentido oposto ao do torcimento dos fios que compem cada perna. Natoro regular, utiliza-se tanto a toro direita como a toro esquerda.

    n. Toro Lang (cochaLang) (fig. 7-23) A toro das pernas de um cabo temo mesmo sentido do torcimento dos fios que compem cada perna. Da mesma formaque a toro regular, pode utilizar tanto a toro direita como a toro esquerda.

    o. Cabo preformado Cabo constitudo de pernas nas quais a forma heli-coidal dada antes do fechamento do cabo; aquele que quando cortado e batidocontra uma superfcie mantm a sua extremidade com a mesma formao; ele nose abre.

    p. Passo do cabo (fig. 7-24) Distncia entre a passagem consecutiva deuma perna pela mesma geratriz do cabo de ao.

    Fig. 7-24 Passo de um cabo

    Fig. 7-23 Tipos de toro

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    q. Cabo no rotativo Cabos confeccionados com propriedades de evitartoro. So utilizados em equipamento onde existe apenas um ramo de cabo paraelevao de cargas ou, ainda, quando a altura de elevao da carga muito alta.Para se evitar tores ou rotaes durante o servio, recomenda-se o uso de gan-

    chos giratrios, com tornel.r. Carga a tenso de dimensionamento a que o cabo est submetido narelao de carga efetiva de trabalho e ruptura.

    s. Carga de ruptura mnima efetiva a fora mnima, expressa emquilonewtons (kn) e quilograma-fora (kgf) que deve ser atingida no ensaio deresistncia trao at ruptura.

    t. Carga de trabalho a maior fora efetiva, expressa em quilonewtons(kn) e quilograma-fora (kgf), esttica ou de esforo dinmico, resultante do trabalhoa que o cabo deve ser submetido.

    7.32. Consideraes gerais Os cabos de ao so constitudos por umnmero varivel de pernas, torcidas (cochadas) com inclinao uniforme e menorque a dos cabos de fibra, em torno de uma alma. As pernas so confeccionadascom um nmero tambm varivel de fios torcidos em torno de uma alma, que podeser de ao (AA) ou de fibra (AF ou AFA), conforme a relao flexibilidade-resistnciadesejada.

    A alma de fibra, em geral, d mais flexibilidade ao cabo de ao, podendo serconfeccionada com fios torcidos de fibras naturais ou fibras artificiais (sintticas).Essas ltimas apresentam as mesmas vantagens das fibras naturais, no se dete-rioram em contato com a gua ou substncias agressivas e no absorvem umidade,o que representa uma garantia contra o perigo de corroso no interior do cabo deao. A desvantagem da utilizao da fibra artificial seu elevado custo em relaos fibras naturais, o que limita seu uso a cabos especiais. Os fios de fibra da almadevero ser tratados, durante a fabricao, com lubrificao especial que contenhacomposto de cobre (Cu) ou outro material preservativo, a fim de evitar a deteriorao.

    A alma de ao garante maior resistncia aos amassamentos e aumenta aresistncia trao. Um cabo de seis pernas com alma de ao apresenta umaumento de 7,5% na resistncia trao e aproximadamente 10% no peso emrelao a um cabo com alma de fibra de mesmo dimetro e construo.

    As caractersticas dos cabos de ao e os processos de sua fabricao variamextraordinariamente, de acordo com as necessidades do servio desejado. A espciede matria-prima, o nmero e a disposio dos fios da perna, e das pernas no caboe o tipo de alma permitem fazer variar, em grande escala, as duas propriedadesmais desejadas no cabo de ao: resistncia e flexibilidade. Nos cabos de laborar,por exemplo, tem-se que assegurar uma certa flexibilidade, mesmo com prejuzo daresistncia. Nos aparelhos fixos dos navios, ao contrrio, exige-se um esforopermanente sobre o cabo, o que lega resistncia uma importncia mxima; nestecaso, a galvanizao se torna necessria, em virtude de sua exposio ao tempo.

    Os cabos de ao mais comuns so constitudos por seis pernas torcidas emtorno de uma alma de fibra , mas o nmero de fios por perna e a alma destas pernasdependem do grau de flexibilidade desejado.

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    Para um mesmo dimetro de perna, quanto maior for o nmero de fios maiorser a flexibilidade do cabo. Tambm sero mais flexveis os cabos cujas pernastiverem uma alma de fibra, em vez da alma de ao. O uso da alma de fibra nosomente contribui para a flexibilidade, mas tem ainda a vantagem de constituir umcoxim, no qual as pernas dos fios se apertam quando o cabo se distende sob oesforo de uma tenso forte, agindo assim, com a elasticidade prpria do fio e aespiral das torcidas, para reduzir o efeito de uma lupada. Sempre que o cabo forlubrificado, a alma absorve uma parte do lubrificante, servindo como depsito paraa lubrificao dos fios internos, diminuindo deste modo o atrito mtuo interior. Aresistncia de um cabo de determinado tipo depende do dimetro e da matria-prima de que feito.

    Os cabos de ao empregados a bordo so classificados em tipos padres,entre eles: 6x7; 6x12; 6x19; 6x24; 6x37. O nmero 6 indica o nmero de pernas eo segundo nmero mostra quantos fios tem cada perna. Assim, um cabo 6 x 12tem seis pernas de 12 fios. O mais usado o de 6 x 37, considerado aquele emque se renem as melhores qualidades desejadas de um cabo de ao, realizandoa combinao ideal entre a resistncia e a flexibilidade.

    H tambm outros tipos para servios especiais, como os cabos de aocujas pernas so percintadas exteriormente por uma percinta de ao, usados nosservios de salvamento de navios. Os cabos cujas pernas so forradas por ummerlim especial de linho cnhamo so muito usados nos navios mercantes. H oscabos cujas pernas tm fios mais grossos na parte externa, a fim de melhor resistirao desgaste pelo uso, e os de fios mais finos no interior, para dar maior flexibilida-

    de, pois sabemos que, para um mesmo dimetro, a flexibilidade varia na razoinversa da grossura dos fios. Para satisfazer requisitos para diferentes servios,os fabricantes disponibilizam no comrcio grande variedade de tipos de cabos deao.

    7.33. Matria-prima Convencionalmente, os cabos de ao so fabricadosem diversas qualidades, classificados pela resistncia de seus fios, de acordocom o quadro a seguir:

    Os aos mais empregados na construo de cabos utilizados na Marinha

    do Brasil atendem, geralmente, s classificaes PS (Ao arado) e MPS (Aomdio arado).

    O Mild Plow Steel (MPS) um ao de alta qualidade que era usado naconfeco de cabos empregados nos trabalhos de arar; mas ele nada tem a ver

    OARTAICNTSISER)mm/gkme(

    ANACIREMAOANIMONEDETNEDNOPSERROC

    032a002 ).S.P.I.E(leetSwolPdevorpmIartxE

    002a081 ).S.P.I(leetSwolPdevorpmI

    081a061 ).S.P(leetSwolP

    061a041 ).S.P.M(leetSwolPdliM

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    com a qualidade do material nos arados, para o que qualquer qualidade inferiorserve. O MPS empregado nos cabos tem a seguinte composio: carbono, de0,50 a 0,95, dependendo do dimetro do fio; fsforo e enxofre, at 0,050; manganse silcio, em quantidades diversas. Ele mais duro e sua resistncia 2,5 vezes

    maior que a do ferro. Sua resistncia de trao est representada pela carganominal de ruptura mnima de 1.370 N/mm2 (aproximadamente 140kg/mm2).O Plow Steel (PS) um ao de melhor qualidade, de grande resistncia,

    cerca de 3 vezes maior que a do ferro. O cabo fabricado deste material empregadono mar para reboque e servios de salvamento, para o que se exige uma granderesistncia e o menor peso possvel. Este o material mais forte empregado noscabos de ao de bordo. Sua resistncia de trao est representada pela carganominal de ruptura mnima de 1.570 N/mm2 (aproximadamente 160kg/mm2).

    O Improved Plow Steel (IPS) e o Extra Improved Plow Steel (EIPS) so aosde qualidades superiores, com resistncia trao representada, respectivamen-te, pela carga nominal de ruptura mnima de 1.770N/mm2(aproximadamente 180kg/mm

    2) e 1.960 N/m

    2(aproximadamente 200 kg/m

    2). So geralmente recomenda-

    dos para trabalhos pesados, como, por exemplo, servios de terraplenagem emgeral, perfuraes de poos de petrleo, dragagens e outros usos.

    7.34. Construo dos cabos de ao7.34.1. Manufatura Escolhida a matria-prima, que sai dos fornos em

    lingotes, so esses reaquecidos e transformados em vergalhes de 10cm x 10cmde seo. Cortados em pequenos comprimentos, esses vergalhes vo novamenteao forno e so transformados em barras mais finas, at se transformarem emvergalhes circulares de 6 a 12 milmetros de dimetro.

    Em seguida, passam-se os vergalhes, a frio, nas fieiras, que so prensasde dimetros decrescentes, at se ter o dimetro desejado. Como esta operaoa frio tem o efeito de endurecer e tornar quebradio o ao, h necessidade de sefazer, em intervalos, novos recosimentos, a fim de o tornar novamente macio parapassar na fieira seguinte. Durante esses trabalhos, realiza-se tratamento comlubrificantes tais como leos, sebo, ou gua com sabo, para facilitar a passagemnas prensas.

    Prontos os fios, eles so levados mquina que confecciona as pernas,torcendo-as em espiral. Para as diferentes aplicaes industriais, podemosencontrar uma grande variedade na disposio dos fios que constituem uma perna.Para os cabos de bordo, a regra usar-se uma camada de 6 fios torcidos em tornode um outro central, formando uma perna de 7 fios; se adicionarmos uma novacamada de 12 fios, teremos uma perna de 19, e mais 18 constituiro a perna de 37fios. Seis dessas pernas, torcidas em torno da alma, que pode ser de fibra ou deao, realizaro os diversos tipos, 6 x 7, 6 x 19, 6 x 37 (figs. 7-36a, 7-36b, 7-36c).Se, em torno de uma alma de fibra torcermos 12 fios, teremos uma perna de 12fios; se torcermos 9 fios em torno da alma de fibra e em torno deles torcemosmais 15 fios, teremos as pernas de 24 fios. Seis dessas pernas, torcidas em voltade uma alma de fibra, realizaro os tipos 6 x 12 e 6 x 24, com 7 almas de fibracada um (figs. 7-36d e 7-36e).