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ARTIGO DO CONGRESSO NACIONAL DE ENGENHARIAS DA MOBILIDADE
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II Congresso Nacional das
Engenharias da Mobilidade
26 a 30 de outubro
Joinville – Santa Catarina
SELEÇÃO DE MATERIAIS E PROCESSOS DE FABRICAÇÃO PARA
FUSELAGEM AEROESPACIAL
Vinícius Martins Freire
Félix Dal Pont Michels Júnior
Modesto Hurtado Ferrer UFSC - Universidade Federal de Santa Catarina.
Rua Dr. João Colin, 2700.
Bairro Santo Antônio. Joinville, SC. Brasil.
CEP: 89.218-035
Resumo: Neste trabalho é proposto um estudo sobre a seleção de materiais e processos para a fabricação da fuselagem
aeronáutica, mostrando a metodologia de cada método. O alumínio é o material mais utilizado na fabricação de
fuselagens, justamente por atender os requisitos necessários e ainda reduzir o peso da mesma, pois possui baixa massa
específica. O processo de fabricação da fuselagem aeroespacial engloba desde as operações de fundição da bauxita para
obter a alumina, e posteriormente à liga de alumínio (Processo de Hall-Héroult). Como também pelo processo de
laminação, para obtenção das chapas, as quais posteriormente passariam pelos processos de estampagem e/ou de
usinagem, para por fim, dar a forma final da peça e poderem ser anexadas ao perfil da aeronave.
Palavras-chave: Fuselagem; Liga Alumínio; Processo Hall-Héroult; Laminação; Estampagem.
1. INTRODUÇÃO
O presente trabalho tem como objetivo apresentar o método de fabricação da fuselagem aeroespacial, desde a
escolha do material até o método de manufatura da fuselagem. A fuselagem aeroespacial é a camada de proteção
exterior dos aviões, aeronaves, ônibus espaciais, satélites, etc. Ela ainda inclui a cabine de comando, o compartimento
de carga e os vínculos de fixação para outros componentes.
A montagem de um avião tem início com a fabricação das peças primárias como chapas metálicas, usinados,
compostos, tubos e cablagens (cabos elétricos). Depois, estas peças são unidas umas com as outras para possibilitar a
formação dos subconjuntos e conjuntos estruturais como, por exemplo, painéis, revestimentos, ferragens, longarinas,
nervuras, dentre outros. Consequentemente, estes subconjuntos e conjuntos vão se agregando e tomando forma através
dos gabaritos maiores e de junções, formando os segmentos. Os segmentos, por sua vez, são equipados com os sistemas
do avião como o ar condicionado, pneumático, combustível, hidráulico, elétrico, comandos de voo, motor e trens de
pouso. Após a realização da junção da asa/fuselagem inicia-se a interligação dos sistemas, testes e montagem final. Em
seguida é realizada a pintura, as atividades de preparação para voo e posteriormente a entrega ao cliente.
A fuselagem deve ser resistente e aerodinâmica, uma vez que deve suportar as forças que são criadas durante o
voo e sustentar o peso da aeronave. Consequentemente, as fuselagens têm apresentado formas de corpos longos com
perfis apontados, onde uma dimensão (o comprimento) é muito maior que as outras duas (largura e altura), as quais são
da mesma ordem de grandeza. Juntamente com os passageiros e a carga, contribuem com uma porção significativa do
peso de uma aeronave. O centro de gravidade da aeronave é a localização média do peso e é geralmente localizada no
interior da fuselagem.
Como já foi citada, a fuselagem deve ser resistente e aerodinâmica, uma vez que deve suportar as forças que são
criadas durante o voo e sustentar o peso da aeronave. As forças que atuam sobre uma aeronave são quatro: arrasto,
tração, peso e sustentação. Cada uma tem a sua respectiva função:
Sustentação:
É a força produzida pela asa, que tem a finalidade de sustentar o avião. A sustentação só ocorre quando o avião
se desloca para frente e atinge uma velocidade suficiente para que a asa produza a sustentação necessária. A sustentação
é influenciada pela área da asa, ângulo de ataque, densidade do ar, velocidade, peso, etc.
Peso:
É uma força vertical que age no sentido oposto a sustentação. Quando a aeronave se encontra estabilizada
verticalmente, o peso e a sustentação se igualam.
Tração:
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É a força que permite que o avião se desloque e atinja velocidade suficiente para gerar sustentação. Essa força é
gerada pelo motor do avião.
Arrasto:
É a força que se opõe ao avanço da aeronave, ou seja, atrapalha o deslocamento da aeronave. Existem dois tipos:
o arrasto parasita e o arrasto induzido. Com o propósito de minimizar isso, são criadas superfícies cada vez mais
aerodinâmicas, como os “winglets” – formato aerodinâmico de dobra na ponta das asas – que diminuem o arrasto.
Esssas forças por sua vez geram cinco tipos de estresses estruturais na aeronave em voo:
Tensão:
Origina-se no momento em que o motor puxa a aeronave para frente, porém, a resistência do ar tenta trazê-la de
volta. O resultado é a tensão, que tende a esticar a aeronave.
Compressão:
É o oposto da tensão. Exemplo: pressão externa do ar sobre a estrutura da aeronave. Os suportes do trem de
pouso também estão sujeitos à compressão na hora da aterrissagem.
Flexão:
Combina tensão e compressão. Os apoios da asa são submetidos à flexão, enquanto a aeronave está em voo. O
lado inferior da longarina é submetido à tensão, enquanto que o lado superior é submetido à compressão.
Cisalhamento:
É o esforço que é executado especialmente nos parafusos e rebites que ligam as partes da fuselagem uma nas
outras.
Torção:
É o esforço produzido pelo motor da aeronave, pois exerce uma força de torção no eixo de manivela ou eixo da
turbina. Enquanto a aeronave se move para frente, o motor também tende a torcê-la para um dos lados, assim, a
fuselagem deve ser projetada com força suficiente para resistir a esses torques.
Como se pode notar a estrutura da aeronave deve suportar diversos tipos de forças e esforços, algo levado em
conta na escolha do material, e no seu processo de fabricação e que será abordado a seguir.
2. FUNDAMENTOS DO MATERIAL
As aeronaves devem ser construídas com materiais de baixo peso e alta resistência mecânica. Primordialmente,
as aeronaves eram feitos de madeira e lona. Posteriormente, passaram a usar metais leves e de maior resistência. Hoje, a
maior parte da estrutura é construída com titânio, aço e alumínio. Mas as fábricas já utilizam outros materiais, à base de
plástico e fibra de carbono para deixar as aeronaves comerciais mais leves. Essas combinações de plásticos e fibra de
carbono são chamadas de "materiais compósitos", de menor peso e grande resistência. Dentre os principais estão:
Ligas de Alumínio; Titânio; Fibra de Vidro; Fibra de Carbono; Ligas Metálicas em Geral; Materiais Compósitos.
Na fabricação de aviões alguns critérios de escolha de materiais são extremamente importantes. As fabricantes
de aviões querem materiais mais leves para que consumam menos combustível, pois além de reduzir custos na
operação, diminui as emissões de gases do efeito estufa. Mas esse desejo não pode afetar a segurança da aeronave e
para atingir esses objetivos, realizam frequentes estudos buscando desenvolver novos materiais ou melhorar os já
existentes, os critérios mais representativos na aeronáutica são resistência mecânica, resistência à oxidação, resistência à
fadiga e peso.
Fadiga:
Nas aeronaves ocorrem repetitivas cargas cíclicas, são cargas que acontecem no regime elástico, ou seja, o
material pode se alongar de forma imperceptível, ao aliviada a carga, a peça volta ao seu comprimento original.
Em um avião isso acontece em diferentes fases do voo, desde a decolagem até a aterrissagem, passando pela
subida, cruzeiro, turbulências e curvas, mesmo sendo cargas baixas acabam provocando deformações permanentes,
trincas e até colapso do material. É o que chamamos de fadiga.
A vida útil de um avião é o numero de ciclos que a estrutura pode suportar. Selecionar um material de alta
resistência à fadiga é proporcionar uma maior vida útil para uma aeronave.
Resistência à Oxidação:
Os aviões estão frequentemente em contato com a atmosfera, por isso é necessário selecionar materiais com
resistência à oxidação, caso contrário o preço de manutenção seria inviável, porque em materiais sem resistência a
oxidação há uma constante perda de átomos para a formação de óxidos, com isso seria necessário trocar determinadas
peças ou pintá-las em determinado tempo.
Resistência Mecânica e Peso:
Na construção de meios de transportes levam-se em consideração diversos requisitos, há uma busca de materiais
com maior resistência com menor peso, na indústria aeronáutica estes dois requisitos são muito importantes.
É necessário escolher materiais resistentes para construção dos aviões, pois eles passam por diversos esforços
durante a utilização, ao mesmo tempo há uma necessidade de materiais leves para reduzir o consumo. A partir da
década de 30, com o desenvolvimento das chapas de alumínio, o metal tornou-se componente obrigatório do
revestimento dos aviões.
As ligas de alumínio são os materiais mais utilizados na fabricação de aeronaves. São empregadas em todos os
tipos e tamanhos de aeronaves, desde ultraleves até aeronaves de grande porte.
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Essas ligas possuem grande resistência estrutural, boa elasticidade, são inoxidáveis e possuem baixa massa
específica (cerca de 1/3 do aço estrutural), reduzindo consideravelmente o peso da aeronave.
Além do custo, há a segurança. Ao zelar pela vida dos milhões de passageiros que transporta, a indústria
aeronáutica reconhece no alumínio o material mais adequado para garantir isso aos passageiros. As principais
características do alumínio estão na relação resistência versus peso, na proteção contra a corrosão e na elasticidade. Por
isso, de longe é o material mais utilizado para construção aeronáutica desde a Segunda Guerra.
O alumínio possui uma combinação única de propriedades que o tornam um material de construção versátil,
altamente utilizável e atrativo. Na indústria aeroespacial moderna, usa-se o alumínio misturado com outros elementos
(ligas de alumínio), como: cobre, zinco e magnésio.
Segue abaixo algumas propriedades do alumínio comparadas a outros materiais:
Figura 1 – Propriedades do Alumínio Comparadas a Outros Materiais.
Características:
O baixo peso, pois o alumínio apresenta densidade - 2,7 g/cm3, aproximadamente 1/3 da densidade do aço. Uma
excelente condutividade térmica e elétrica (de 50 a 60% da condutividade do cobre) sendo vantajoso seu emprego em
trocadores de calor, evaporadores, aquecedores, cilindros e radiadores. Devido a sua distribuição favorável da tensão,
praticamente não existem picos de tensões. Apresenta ductilidade elevada e alta deformação, permitindo conformação
de componentes com elevadas taxas de deformação.
É também resistente à corrosão atmosférica, corrosão em meio aquoso, óleos e diversos produtos solventes.
Resistente a trincas e a evolução lenta de trincas e resistente à fadiga e ao desgaste. Apresenta estabilidade de forma
mesmo em baixas espessuras e não é percebida a fragilização a temperaturas muito baixas.
A resistência mecânica do alumínio puro é baixa (~90Mpa), entretanto, são empregados os seguintes
mecanismos de endurecimento:
Endurecimento por solução sólida (ligas não tratáveis);
Endurecimento por dispersão de partículas (ligas não tratáveis);
Encruamento (ligas não tratáveis);
Endurecimento por dispersão de partículas coerentes ou sub-microscópicas (ligas tratáveis
termicamente).
A principal limitação do alumínio é a sua baixa temperatura de fusão (660 °C), o que, limita a temperatura de
trabalho destas ligas.
Ligas de alumínio:
Ligas de alumínio, nas quais o principal ingrediente seja o magnésio, o manganês, o cromo ou o silício,
apresentam alguns desgastes em ambientes corrosivos. Já ligas com consideráveis percentagens de cobre são mais
suscetíveis ao ataque corrosivo. A percentagem total de ingredientes nas ligas de alumínio é da ordem de 6% a 7% (em
média).
De acordo com o produto a ser feito, as ligas de alumínio podem ser divididas em dois grupos:
LIGAS PARA TRABALHO E CONFORMAÇÃO (wrought alloys) – ligas destinadas à
fabricação de produtos semiacabados, como laminados planos (placas, chapas e folhas), laminados não
planos (tarugos, barras e arames) perfis extrudados e componentes forjados.
LIGAS PARA FUNDIÇÃO (cast alloys) – ligas destinadas a fabricação de componentes
fundidos.
Somando-se as ligas conformáveis e as ligas para fundição, existem mais de 600 ligas reconhecidas
industrialmente. Estes dois grupos se subdividem em:
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LIGAS NÃO TRATÁVEIS - Não são endurecidas por meio de tratamento térmico.
LIGAS TRATÁVEIS TERMICAMENTE – São endurecidas por meio de tratamentos
térmicos.
Segue abaixo alguns exemplos de ligas tratáveis e não tratáveis de alumínio:
Figura 2 – Ligas tratáveis e não tratáveis do Alumínio.
E características obtidas com os elementos da liga do alumínio:
Figura 3 - Características e aplicações dos elementos de liga do Alumínio.
Ligas das Séries Aeronáuticas
As ligas de alumínio das séries aeronáuticas (2XXX e 7XXX) possuem como características principais os
elevados níveis de resistência mecânica que são aliadas à baixa densidade do metal e a facilidade de conformação e
usinagem.
Alumínio Aeronáutico Série 2XXX
As ligas de alumínio da série 2XXX são ligas com cobre (1,9 – 6,8)% e muitas vezes contêm adições de
manganês, magnésio e zinco. Seu endurecimento por solubilização tem sido amplamente estudado.
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São ligas tratáveis termicamente, podendo, após os tratamentos, atingir-se a resistência de aço baixo carbono
(450 MPa). A resistência à corrosão das ligas da série 2xxx é inferior a de outras ligas de alumínio.
Sob certas condições essas podem apresentar corrosão intergranular. As ligas desta série apresentam boa
usinabilidade e características de soldagem limitadas (exceto a liga 2219).
Os dois últimos dígitos não possuem significado numérico, apenas identificam diferentes ligas do mesmo grupo
(número sequencial) O segundo dígito indica modificações no limite de impurezas ou a adição de elementos de liga.
Essas ligas têm menores taxas de crescimento de trinca e, portanto, têm melhor desempenho em fadiga do que as ligas
da série 7XXX.
Portanto, estas são utilizadas nas asas e na parte inferior da fuselagem. As ligas utilizadas são 2224, 2324 e 2524
(ambas as versões modificadas de 2224). Estas ligas são geralmente compostas por 99,34% de alumínio puro para maior
resistência à corrosão.
Figura 4 – Tipos de Ligas de alumínio em uma aeronave.
Alumínio Aeronáutico Série 7XXX
O Zinco é o elemento de liga principal, adicionado em quantidades entre (1 – 8)%. Adições em conjunto com
Magnésio resultam em ligas tratáveis termicamente com resistência mecânica elevada. Normalmente, Cobre e Cromo
são adicionados em pequenas quantidades.
Combinações de (4 – 8)% de Zinco e (1 – 3)% de Magnésio no alumínio são usados para produzir a série 7XXX
das ligas alumínio-cobre trabalhadas tratáveis termicamente. Algumas dessas ligas desenvolvem propriedades de mais
alta resistência que qualquer liga a base de alumínio comercial.
Zinco e magnésio têm alta solubilidade no alumínio e desenvolve, não usualmente, características de
precipitação de dureza. Adição de cobre de (1 – 2)% aumenta as propriedades de resistência da liga Al-Zn-Mg dando
alta resistência à liga de alumínio para aeronaves.
A tabela abaixo lista as composições químicas e aplicações típicas das ligas Al-Zn-Mg e Al-Zn-Mg-Cu. A
fissuração por corrosão tem sido a maior restrição sobre o uso dessas ligas.
Tabela 1 – Comparação entre Ligas de Alumínio Aeronáutico.
PROPRIEDADES 7XXX 2XXX
Limite de Escoamento 260 – 470 MPa 290 MPa
Limite de Resistência 360 – 540 Mpa 430 Mpa
Condutividade Térmica 134 W/mºC 121 W/mºC
Alongamento 2% à 6% 11%
Módulo de Elasticidade 72.000 MPa 73.100 MPa
Dureza Brinell 104 – 161 HB 120 HB
Usinabilidade Boa Boa
Estabilidade Dimensional Ótima Boa
Tratamento Térmico
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A utilização de ligas (a inserção de outros elementos) não é o único método de aumentar a resistência do
alumínio.
As ligas mais amplamente usadas na construção aeronáutica são endurecidas, mais por tratamento térmico, que
por trabalhos a frio. Essas ligas são designadas por símbolos um pouco diferentes:
W. Solução (sólida) tratada a quente, endurecimento instável.
T. Tratado para produzir endurecimento estável, outros que não utilize Flúor, Oxigênio ou Hidrogênio.
T2 - Normalizado (somente para produtos forjados).
T3 - Solução (sólida) tratada a quente e, após, trabalhada a frio.
T4 - Solução (sólida) tratada a quente.
T5 - Somente envelhecida artificialmente.
T6 - Solução (sólida) tratada a quente e, após artificialmente envelhecida.
T7 - Solução (sólida) tratada a quente e, então estabilizada.
T8 - Solução (sólida) tratada a quente, trabalhada a frio e , então, envelhecida artificialmente.
T9 - Solução (sólida) tratada a quente, artificialmente envelhecida e, então, trabalhada a frio.
T10 - Artificialmente envelhecida e, então, trabalhada a frio.
Dígitos adicionais podem ser adicionados do T1 até o T10 para indicar a variação no tratamento, o qual
significativamente altera as características do produto.
3. FUNDAMENTOS DO PROCESSO
O principal processo de obtenção do alumínio é o de Hall-Héroult, onde o óxido de alumínio (alumina), obtido
através do processo Bayer, é dissolvido em criolita (hexafluoraluminato de sódio) a qual irá sofrer o processo de
eletrólise, separando no cátodo, o alumínio líquido, e no ânodo, o dióxido de carbono. O processo de Hall-Héroult tem
como principal variável o ponto de fusão da mistura de criolita e alumina.
Segue abaixo, um diagrama de
funcionamento do processo Hall-Héroult.
Figura 5 – Funcionamento do Processo Hall-Héroult.
Após a aquisição do alumínio em sua forma pura, deve-se adicionar cobre (ou outro metal) para formar uma liga
de alumínio. Para essa adição do cobre deve-se dissolver o cobre dentro do alumínio fundido, o qual a altas
temperaturas possui uma solubilidade elevada, e quando solidificar irá formar um composto intermetálico em sua rede
cristalina, endurecendo a matriz através do efeito de precipitação. A solubilidade, temperatura e porcentagem de cobre
são aspectos chaves nesse processo. Para outras ligas o processo é semelhante.
Depois da obtenção da liga, pode-se haver um tratamento térmico do mesmo, que consiste no tratamento de
solução e no envelhecimento. No tratamento de solução a liga é aquecida até a temperatura de dissolução dos elementos
de liga, seguido então de um resfriamento rápido, prevenindo temporariamente a precipitação desses elementos. Ocorre
então a precipitação gradual das fases sobre as lacunas e discordâncias, alcançando um efeito de máximo endurecimento
(envelhecimento). Os efeitos desse tratamento são um aumento substancial no limite de escoamento e de resistência a
tração, além de uma redução na ductilidade. A temperatura, composição da liga e o resfriamento são parâmetros
importantes nesse processo.
O lingotamento consiste na solidificação do alumínio em lingotes, os quais serão utilizados nos processos de
conformação. O processo constitui no vazamento do alumínio em um distribuidor que irá distribuir uniformemente em
veios a liga de alumínio líquido que então sofre a solidificação, a qual impacta nas propriedades do material.
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A liga de alumínio passa então pelo processo de laminação. Esse processo constitui a deformação plástica do
material, modificando suas dimensões através da passagem do material por cilindros laminadores. Existem dois tipos de
laminação, a quente e a frio.
A laminação a quente promove reduções nas dimensões do lingote a temperaturas iguais ou maiores que a de
recristalização do metal. Utiliza-se uma série de laminadores reversíveis duplos ou quádruplos, geralmente reduzindo
50% da espessura por passe, chegando ao fim na casa dos 6 mm dependendo da aplicação, onde ele pode ser cortado em
chapas planas ou bobinado.
Na laminação a frio, a matéria prima principal é muitas vezes o resultado da laminação a quente. As
temperaturas empregadas são abaixo da temperatura de recristalização do material. Geralmente se usa séries de
laminadores quádruplos não reversíveis ou reversíveis, sendo o não reversível o mais utilizado. Aqui se utilizam dois
recursos chamados de tensões avante e tensões a ré, as quais aliviam o esforço de compressão exercido pelos cilindros
ou ainda aumentam a capacidade de redução por passe. Segue abaixo imagem de chapas obtidas pelo processo de
laminação.
Figura 6 – Chapas de alumínio.
Para adquirir sua forma final as chapas passam pelos processos de estampagem e usinagem. No processo de
estampagem a chapa em temperatura ambiente é deformada apos ser prensada contra um molde. Após a realização da
estampagem, utiliza-se maquinas fresadoras CNC para ajustar as chapas às suas formas finais. Abaixo imagem de
cabine que foi obtida pelo processo de estampagem.
Figura 7 – Cabine de avião estampada.
4. RELAÇÃO ENTRE AS VARIÁVEIS DO PROCESSO E O COMPORTAMENTO DO MATERIAL
Processo de Hall-Héroult: A temperatura de fusão da mistura de criolita e alumina normalmente é diminuída pela
adição de fluoreto de alumínio podendo assim afetar a pureza do produto final que neste caso fica em torno dos 99%.
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Liga: Aqui a temperatura afeta a solubilidade do elemento, exemplo: magnésio a 932K e a 300K tem
respectivamente 1,8% e 0,3% em peso, de solubilidade. Além disso, a quantidade do elemento colocado na liga afeta às
propriedades do material.
Tratamento Térmico: Dependendo da liga, o envelhecimento durante o tratamento pode ocorrer de forma natural
ou pode-se necessitar do reaquecimento do material. Também por conta das altas temperaturas, as ligas são tratadas em
banhos de sal fundido, o qual possui uma alta taxa de transferência de calor, além de fornecer suporte ao metal,
prevenindo possíveis deformações. Além disso, o envelhecimento pode ser retardado ao se manter o material resfriado,
o que possibilita utilizar técnicas de conformação antes do material sofrer o envelhecimento.
Lingotamento: A solidificação é um processo muito importante. Se não houver controle no instante da
solidificação, eventuais defeitos de fabricação podem surgir, inviabilizando a utilização do material produzido. O modo
que acontece a solidificação afeta a nucleação e o crescimento, os quais por sua vez afetam as propriedades físicas do
material.
Laminação a quente: Aqui a temperatura e a porcentagem da redução de tamanho a cada passe, afeta o tamanho
do grão final. Quanto menores forem os cilindros de laminação menor será sua rigidez, porem haverá menor atrito e,
portanto, necessitará de menor potência, porém, essa diminuição de rigidez pode ocasionar flexões no cilindro.
Laminação a frio: Como na laminação a quente, quanto menores forem os cilindros de laminação menor será sua
rigidez, o que ocasiona flexões, porém haverá menor atrito e, portanto, necessitará de menor potência.
Estampagem: O tamanho, o tipo de ferramenta, a temperatura de trabalho e o material a ser estampados são
parâmetros que influenciam o produto final.
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
De acordo com o que foi apresentado neste presente estudo verificou-se que o alumínio possui diversas
propriedades importantes, como a resistência à corrosão, a resistência à fadiga e uma boa resistência estrutural, todas,
propriedades importantes no desenvolvimento de uma aeronave, aliadas ao baixo peso específico do material, tornando
assim as ligas de alumínio os materiais mais utilizados na fabricação de aeronaves.
Conclui-se também que o nível tecnológico exigido para a produção aeronáutica é alto, pois existe uma grande
exigência nos padrões de qualidade, confiabilidade e desempenho de seus produtos. Para manter esse padrão de
qualidade deve-se sistematizar todos os processos, pelos quais os produtos passam até chegarem a seu produto final.
Sistematização que foi realizada no trabalho, na forma de três processos, sendo eles: A obtenção do alumínio, a
laminação e a estampagem/usinagem.
É possível concluir que o processo de fabricação da fuselagem é de extrema dificuldade, pois são levadas em
conta, diversas análises, sejam de materiais, ou até de processos, onde cada aplicação deve ser analisada separadamente
para a devida aplicação. Algo que deve ser muito bem esquematizado, para não haver erros, que por muitas vezes são
fatais.
6. REFERÊNCIAS
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