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Artigo sobre racismo - discriminação social que tem por base um conjunto de julgamentos pré-concebidos que avaliam as pessoas de acordo com suas características físicas, em especial a cor da pele.
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A dignidade da pessoa humana e o crime de racismo
O racismo é a discriminação social que tem por base um conjunto de
julgamentos pré-concebidos que avaliam as pessoas de acordo com suas
características físicas, em especial a cor da pele.
Por Jair Fontes de Mello
1. Introdução
A importância do tema se revela frente às questões, por vezes latente, por vezes
publicamente, do desrespeito do princípio da dignidade da pessoa humana, na
sua faceta da igualdade de raças, quanto ao crime de racismo
constitucionalmente previsto.
2. A dignidade da pessoa humana como direito fundamental
Primeiramente, deve-se observar o conceito de direito fundamental, a fim de
situar-se no tema.
Direitos fundamentais do homem constitui a expressão mais adequada a este
estudo, porque, além de referir-se a princípios que resumem a concepção do
mundo e informam a ideologia política de cada ordenamento jurídico, é
reservada para designar, no nível do direito positivo, aquelas prerrogativas e
instituições que ele concretiza em garantias de uma convivência digna, livre e
igual de todas as pessoas. No qualificativo fundamentais acha-se a indicação de
que se trata de situações jurídicas sem as quais a pessoa humana não se realiza,
não convive e, às vezes, nem mesmo sobrevive; fundamentais do homem no
sentido de que a todos, por igual, devem ser, não apenas formalmente
reconhecidos, mas concreta e materialmente efetivados. Do homem, não como
macho da espécie, mas no sentido de pessoa humana. Direitos fundamentais do
homem significa direitos fundamentais da pessoa humana ou direitos
fundamentais. É com esse conteúdo que a expressão direitos fundamentais
encabeça o Título II da Constituição, que se completa, como direitos
fundamentais da pessoa humana, expressamente, no art. 17.
Visto isto, e considerando que a dignidade da pessoa humana é um direito
fundamental insculpido na Constituição Federal Brasileira, conforme artigo 1º,
inciso III, passa-se a analisar este princípio constitucional fundamental.
Para José Afonso da Silva: "Dignidade da pessoa humana é um valor supremo
que atrai o conteúdo de todos os direitos fundamentais do homem, desde o
direito à vida."
3. O crime de racismo
Em primeiro lugar, necessário se fazer a conceituação do que vem a ser o crime
de racismo previsto constitucionalmente.
O racismo é a discriminação social que tem por base um conjunto de julgamentos
pré-concebidos que avaliam as pessoas de acordo com suas características
físicas, em especial a cor da pele. Baseada na preconceituosa idéia de
superioridade de certas etnias, tal forma de segregação está impregnada na
sociedade brasileira e acontece nas mais diversas situações.
A discriminação racista é considerada crime pela Constituição Federal que
apresenta diversas formas de punição para estes casos. Posto que o crime
representa o ódio ou aversão a todo um grupo, o racismo é um delito de ordem
coletiva, que ataca não somente a vítima, mas todo o ideal de dignidade
humana.
A Constituição da República assim dispõe:
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer naturaza,
garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a
inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à
propriedade, nos termos seguintes:
[...] XLII - a prática do racismo constitui crime inafiançável e imprescritível, sujeito
à pena de reclusão, nos termos da lei;
4. O Princípio da Dignidade da Pessoa Humana e seus subprincípios
O Princípio da Dignidade da Pessoa Humana exerce, como se verificou, uma
função ordenadora, confere unidade e consistência ao ordenamento jurídico
brasileiro. Tornou-se o fundamento de todo o sistema dos direitos fundamentais,
de maneira que estes constituem exigências, concretizações e desdobramentos
da dignidade da pessoa e que com base nesta é que devem ser interpretados.
A despeito de se cogitar uma eventual relativização do direito à dignidade em
termos de sua normatização, a DIGNIDADE representa o valor absoluto de cada
ser humano.
E, para se tornar viável a dignidade humana, cabe ao Estado o dever de respeito
(não pode violar os direitos), proteção (não pode permitir que direitos sejam
violados) e promoção (proporcionar condições básicas) para o pleno exercício
dos direitos fundamentais.
Por fim, observa-se que o princípio da dignidade da pessoa humana sustenta,
agrega e concentra o sistema constitucional ao redor de seus subprincípios:
liberdade, igualdade material, solidariedade e integridade psicofísica. Sem
olvidar, em vários casos, a interligação e, até mesmo, dependência existente
entre eles, a fim de salvaguardar os direitos humanos.
Por conseguinte, conforme observado, os seres humanos possuem concepções
ideológicas, econômicas, culturais, diferentes. Em temor à indiferença, faz-se
necessário analisar o indivíduo sob a ótica particular, submetendo cada caso a
tratamentos diferenciados. A violação, portanto, não consiste em tratar de forma
desigual a humanidade diversificada, mas, sim, de forma discriminatória, visto
que alguns grupos precisam de maior suporte pelo ordenamento jurídico e
político do que outros, de modo a merecer tratamento social peculiar.